Prévia do material em texto
<p>58</p><p>Lição 4</p><p>A BASE DO SERMÃO</p><p>Nas Lições anteriores, estudamos os aspectos relacionados com o</p><p>pregador: sua vida física, moral e espiritual. Já nesta Lição, trataremos</p><p>mais do aspecto técnico relacionado com a pregação. Começaremos pela</p><p>base do sermão, que é o texto bíblico, pois este pode ser parte de um</p><p>versículo, ou um versículo ou ainda um bloco de versículos.</p><p>A Bíblia é a fonte infinita da pregação. Um sermão sem um texto</p><p>bíblico por base é semelhante a uma construção sobre a areia. Não</p><p>importa quão grande e bela seja a construção, já está condenada ao</p><p>desmoronamento. Como a raiz de uma planta é essencial ao seu cresci-</p><p>mento, assim o texto bíblico é para o desenvolvimento do sermão.</p><p>Aprenderemos, nesta Lição, os aspectos relativos ao texto bíblico</p><p>do sermão: sua escolha, sua importância, sua interpretação e a sua</p><p>colocação no sermão.</p><p>59</p><p>Esboço da Lição</p><p>1. O Texto Bíblico Básico do Sermão</p><p>2. A Escolha de Textos Bíblicos (Parte 1)</p><p>3. A Escolha de Textos Bíblicos (Parte 2)</p><p>4. A Interpretação de Textos Bíblicos</p><p>5. Como Estudar o Texto Bíblico</p><p>Objetivos da Lição</p><p>Ao concluir o estudo desta Lição, você deverá ser capaz de:</p><p>1. Expor as cinco razões para o uso do texto bíblico na pregação;</p><p>2. Explicar porque se deve dar elevada importância à escolha</p><p>de textos bíblicos;</p><p>3. Apresentar uma referência bíblica como exemplo de texto</p><p>que apele à imaginação dos ouvintes;</p><p>4. Citar as três regras básicas de interpretação de textos bíblicos;</p><p>5. Mencionar os três princípios que ensinam como estudar um</p><p>texto bíblico.</p><p>Hom</p><p>ilética I</p><p>60 TEXTO 1</p><p>O TEXTO BÍBLICO BÁSICO DO SERMÃO</p><p>O que significa a palavra texto? Proveniente do latim textus = narra-</p><p>tiva, exposição; do verbo latino texere, texto quer dizer tecer, construir</p><p>sobrepondo ou entrelaçando. Aplicada às coisas do espírito, a palavra</p><p>texto quer dizer compor ou organizar o pensamento em obra escrita ou</p><p>declamada. Dentre as várias acepções, temos: conjunto das palavras de</p><p>um autor, em livro, folheto, documento; passagem da Bíblia que se toma</p><p>para servir de tema ou assunto de um sermão etc.</p><p>O texto é o tecido que dá roupagem à pregação, isto é, a textura</p><p>ou base do sermão. Na pregação, o texto refere-se à porção escolhida</p><p>das Escrituras, com base na qual o sermão será desenvolvido, isto é, será</p><p>tecido. O texto escolhido pode ser parte de um versículo, ou um versículo</p><p>ou ainda um bloco de versículos.</p><p>Nos primórdios da Igreja, a pregação era expositiva, sem a preocu-</p><p>pação de retórica. Os pregadores discorriam sobre passagens das</p><p>O TEXTO BÍBLICO BÁSICO DO SERMÃO</p><p>“E perseveravam na doutrina dos após-</p><p>tolos e na comunhão, no partir do pão</p><p>e nas orações. Em cada alma havia te-</p><p>mor; e muitos prodígios e sinais eram</p><p>feitos por intermédio dos apóstolos.</p><p>Todos os que creram estavam juntos e</p><p>tinham tudo em comum.” (Atos 2.42-44).</p><p>O texto acima nos mostra como era a Igreja</p><p>Primitiva e vemos que a expressão “doutrina</p><p>dos apóstolos”, nada mais era do que o ensi-</p><p>no que eles receberam do próprio Jesus, con-</p><p>forme pode ser comprovado, por exemplo, em</p><p>Atos 3.6 “Pedro, porém, lhe disse: Não possuo</p><p>nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso</p><p>te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,</p><p>anda!” ou seja, a demonstração da autoridade</p><p>de Jesus para operar milagres.</p><p>O que vemos também em Atos 8.35 ou Atos</p><p>16.31, é que os discípulos fazem uso dos ensi-</p><p>nos de Jesus, do poder e autoridade que lhes</p><p>foram dados pelo Senhor. Não fazem ou falam</p><p>de algo próprio.</p><p>Assim também deve ser a conduta do prega-</p><p>dor. Como atalaia ou anunciador das boas novas,</p><p>deve fundamentar a sua mensagem na Bíblia Sa-</p><p>grada e não em textos próprios ou de terceiros.</p><p>A mensagem deve ter coerência, sentido,</p><p>fundamentação e alcançar o seu objetivo</p><p>(orientação, exortação, edificação, consolar</p><p>etc.) sendo ministrada em amor, bondade e,</p><p>tal como manifestada por Jesus Cristo, tendo</p><p>como alvo a salvação e a transformação de vi-</p><p>das através da ação do Espírito Santo.</p><p>É importante destacar que como servo de</p><p>Deus e arauto da Sua Palavra, o pregador ne-</p><p>cessita cuidar para que a pregação seja bíblica,</p><p>isto é; baseada na Bíblia e não como às vezes</p><p>ocorre, preparada em discurso confuso, hu-</p><p>mano e utilizando-se de um texto bíblico (sem</p><p>contexto com o assunto) apenas para dar uma</p><p>aparência de mensagem divina. Coisas tais não</p><p>edificam, não alcançam êxito e, seguramente</p><p>não produzem efeito na vida dos ouvintes.</p><p>Lição 4 - A Base do Serm</p><p>ão</p><p>61Escrituras e depois as explicavam aos seus ouvintes. Havia também o</p><p>costume de se fazer a leitura de um texto bíblico do AT e, em seguida,</p><p>parágrafo por parágrafo, ia sendo comentado pelo dirigente. A esses</p><p>comentários eram adicionadas notas explicativas à margem ou na parte</p><p>inferior da página do livro.</p><p>Os judeus tinham o costume de ler longos textos bíblicos nas</p><p>sinagogas e explaná-los. Jesus usou este método quando foi à sinagoga</p><p>de Nazaré, onde leu o texto do Livro de Isaías e depois o comentou</p><p>(Lc 4.18,19; Is 61.1,2a). Paulo, em Antioquia, na sua primeira viagem</p><p>missionária, fez um amplo discurso numa sinagoga de judeus. A leitura</p><p>de textos das Escrituras era um hábito nas reuniões judaicas. As Escri-</p><p>turas eram honradas e tinham lugar de primazia nas reuniões (Ne 8.8;</p><p>At 13.27; 15.21).</p><p>No século II da Era Cristã, quando a pregação começou a tomar</p><p>vulto através da oratória e da retórica, alguns pregadores da época,</p><p>como Orígenes, começaram a deixar de lado o uso de textos das</p><p>Escrituras. Ainda hoje, alguns pregadores tendem a substituí-las por</p><p>pregações ocas e inexpressivas; mensagens sem conteúdo bíblico, por</p><p>isso, sem unção.</p><p>A. P. Gibbs, em seu livro Pregai a Palavra, apresenta cinco razões</p><p>para a necessidade do uso de textos bíblicos nas pregações, quais sejam:</p><p>1. Dá autoridade à mensagem.</p><p>2. Exerce influência irrestrita para que o pregador se</p><p>mantenha dentro do seu tema.</p><p>3. Unifica o sermão.</p><p>4. Prepara o povo para o sermão.</p><p>5. Serve para promover variedade na pregação.</p><p>O uso das Escrituras na pregação é imprescindível porque reforça o</p><p>conceito de que a Palavra de Deus é a força motriz da pregação.</p><p>Ao anunciar um texto bíblico como base de seu sermão, o</p><p>pregador está implicitamente proclamando a autoridade da Palavra de</p><p>Deus. Esta autoridade é recíproca, tanto ao pregador quanto ao texto</p><p>bíblico apresentado. Ao usar um texto para iniciar sua mensagem, ao</p><p>pregador é concedida a autoridade das Escrituras na proporção em que</p><p>ele as cita e expõe.</p><p>Hom</p><p>ilética I</p><p>62 EXERCÍCIOS</p><p>Marque “C” para certo e “E” para errado.</p><p>___4.01 A palavra texto se deriva do verbo texere, que quer dizer tecer,</p><p>construir, reunir, compor.</p><p>___4.02 O texto a ser escolhido para um sermão deve ser sempre um</p><p>capítulo inteiro de um dos livros da Bíblia.</p><p>___4.03 Os judeus tinham por costume ler todo o NT nas sinagogas</p><p>e explicá-los.</p><p>___4.04 A leitura do texto das Escrituras era um hábito nas reuniões judaicas.</p><p>TEXTO 2</p><p>A ESCOLHA DE TEXTOS BÍBLICOS</p><p>Parte 1</p><p>Já vimos o que é um texto e qual a sua importância na pregação. Estuda-</p><p>remos agora que para um sermão devem ser escolhidos textos adequados.</p><p>Certos princípios e regras merecem a devida atenção quanto à</p><p>escolha de textos, para evitar interpretações distorcidas e equivocadas.</p><p>A escolha deve ser feita com cuidado e espírito de constante oração. Eis,</p><p>portanto, algumas regras que nos ajudam na escolha de texto ou textos</p><p>para uso em nossas pregações:</p><p>1. Escolha textos que expressem pensamentos completos,</p><p>preferivelmente.</p><p>Ex.: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu</p><p>o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não</p><p>pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16).</p><p>2. Escolha textos claros para você mesmo, bem como para</p><p>o povo a quem vai pregar.</p><p>Ex.: “porque o salário do pecado é a morte, mas o dom</p><p>gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso</p><p>Senhor.” (Rm 6.23).</p><p>3. Evite textos obscuros, principalmente quando se trata de</p><p>textos-base para pregação.</p><p>Lição 4 - A Base do Serm</p><p>ão</p><p>63 Ex.: “Portanto, deve a mulher,</p><p>por causa dos anjos, trazer</p><p>véu na cabeça...” (1Co 11.10).</p><p>4. Escolha textos objetivos.</p><p>Textos que respondam às necessidades mais prementes do</p><p>povo ao qual ministrará a Palavra de Deus. Ex.: “pois, todos</p><p>pecaram e carecem da glória de Deus.” (Rm 3.23).</p><p>5. Escolha textos sobre os quais não há dificuldades de</p><p>interpretação (hermenêutica).</p><p>Isto é, escolha textos de fácil interpretação. Ex.: “Respondeu-</p><p>-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém</p><p>vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14.6).</p><p>6. Escolha textos sobre os quais não há dúvidas, como João 9.31.</p><p>“Sabemos que Deus não atende a pecadores...”. Se você observar</p><p>o contexto deste texto, entenderá o que o versículo quer dizer.</p><p>7. Escolha textos dentro dos limites da sua capacidade para</p><p>explaná-los.</p><p>Um comentário inseguro acerca de um texto que você</p><p>não conhece inteiramente, desapontará seu auditório.</p><p>A ESCOLHA DE TEXTOS BÍBLICOS</p><p>Para a ministração de um sermão textual, o</p><p>mais recomendado é comentar o texto palavra</p><p>por palavra. Logicamente na Bíblia Sagrada exis-</p><p>tem textos muito bons para este tipo de sermões,</p><p>mas nem todos são adequados para tal desen-</p><p>volvimento, e muitos deles não podem ser trata-</p><p>dos dessa maneira simples, pois resultariam em</p><p>esboços de idéias sem uma ordem lógica.</p><p>Para quem está iniciando na pregação é reco-</p><p>mendado que se escolha textos menores consi-</p><p>derando que eles concentram melhor as ideias</p><p>do que os maiores, e isso ajuda a prender a aten-</p><p>ção do ouvinte. Além disso, a multiplicidade de</p><p>ideias dificulta a unidade, e a pregação corre o</p><p>risco de se expandir para mais de um assunto.</p><p>Ocorrendo, porém a escolha de um texto</p><p>longo é importante selecionar bem as ideias</p><p>principais e concentrar-se somente nelas.</p><p>Lembremo-nos que a oração é primordial</p><p>para a busca do texto certo, mas existem ainda</p><p>outros dois componentes que são tão impor-</p><p>tantes quanto, ou seja: o conhecimento bíblico</p><p>e sem dúvida, a participação efetiva do Espírito</p><p>Santo. É ele, que conhece o coração e a neces-</p><p>sidade de cada um dos presentes. Quem pode</p><p>orientar melhor sobre qual texto deverá ser</p><p>utilizado para que a Palavra seja ministrada?</p><p>A escolha do texto bíblico também deve le-</p><p>var em conta o público presente e o objetivo</p><p>do culto (evangelístico, edificação, ensino bí-</p><p>blico etc.). Um aspecto a ser observado com</p><p>bastante atenção é que não de deve escolher</p><p>um texto sem contexto, pois isso abrirá uma</p><p>imensa brecha para interpretações errôneas</p><p>e até mesmo o surgimento de explanações</p><p>contendo heresias.</p><p>Hom</p><p>ilética I</p><p>64 Ex.: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o</p><p>enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o</p><p>iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se</p><p>compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é</p><p>rico em perdoar.” (Is 55.6,7).</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>Associe a coluna “A” de acordo com a coluna “B”</p><p>Coluna “A”</p><p>Alguns critérios quanto aos textos a serem usados em um sermão:</p><p>___4.05 Que expressem pensamentos completos.</p><p>___4.06 Que sejam claros ao próprio pregador e, por conseguinte, aos</p><p>ouvintes.</p><p>___4.07 Que não apresente dificuldades hermenêuticas, isto é, texto</p><p>de fácil interpretação.</p><p>Coluna “B”</p><p>Exemplos:</p><p>A. Romanos 6.23.</p><p>B. João 14.6.</p><p>C. João 3.16.</p><p>TEXTO 3</p><p>A ESCOLHA DE TEXTOS BÍBLICOS</p><p>Parte 2</p><p>Já constatamos que a escolha de textos bíblicos para sermões exige</p><p>do pregador todo cuidado possível. No Texto anterior estudamos alguns</p><p>requisitos sobre a escolha dos textos. Vejamos outras regras importantes</p><p>e indispensáveis à pregação de sermões.</p><p>1. Escolher textos, mesmo que sejam bastante conhecidos</p><p>do seu auditório.</p><p>Lição 4 - A Base do Serm</p><p>ão</p><p>65 Não os evitemos. A Palavra de Deus é sempre nova e incom-</p><p>parável. Dwight L. Moody, um famoso evangelista americano,</p><p>certa feita, em Nova Iorque, pregou por uma semana usando</p><p>como base o conhecido texto de João 3.16. Cada vez que</p><p>pregava, entregava aos seus ouvintes uma mensagem diferente.</p><p>2. Escolher textos que justifiquem o tema de seu sermão.</p><p>Textos que representem o nosso sermão. Texto e tema se</p><p>irmanam na pregação. Deve haver uma legítima relação</p><p>entre aquilo que se pretende falar e o texto bíblico escolhido</p><p>como base.</p><p>3. Escolher textos que despertem o interesse e a atenção do</p><p>auditório.</p><p>A Bíblia contém inúmeros textos que despertam a atenção dos</p><p>ouvintes. Porém, é necessário procurar aqueles que são mais</p><p>adequados ao público específico que o pregador irá ministrar.</p><p>4. Escolher textos que antes falaram ao coração do pregador.</p><p>Antes que tenhamos que convencer os ouvintes com uma</p><p>verdade, estejamos absolutamente certos de que ela nos</p><p>convencera primeiramente; isto confere convicção e firmeza</p><p>ao que se vai dizer. Esta convicção e segurança acerca de</p><p>um texto provêm da ação do Espírito Santo; assim sendo,</p><p>permitamos que nossa alma seja completamente absorvida</p><p>pela Palavra de Deus.</p><p>5. Escolher textos que apelem à imaginação dos ouvintes.</p><p>Textos que apresentem algo que ver, algo que sentir e algo</p><p>que fazer. Apelar à imaginação dos ouvintes com a escolha</p><p>inteligente de um texto implica em dizer uma verdade</p><p>concreta através de meios os quais possam levar o auditório</p><p>a meditar sobre a verdade exposta.</p><p>A Bíblia apresenta a história de um certo profeta que usou</p><p>uma parábola para apelar à imaginação e à consciência do</p><p>rei Davi. Para sensibilizar a consciência do rei sobre seu</p><p>pecado, Natã não fez um longo discurso sobre o perigo do</p><p>pecado de adultério, mas apelou à imaginação do rei. No</p><p>final da história ele fez a devida aplicação direta e pessoal</p><p>ao rei, dizendo: “... Tú és o homem...” (2Sm 12.7).</p><p>Hom</p><p>ilética I</p><p>66 O texto que usamos como preâmbulo da mensagem é como</p><p>a isca que o pescador usa no anzol; nele deve estar expresso o</p><p>nosso propósito como embaixadores dos interesses do reino</p><p>de Deus. Não nos importemos se tivermos que voltar a citar</p><p>o texto sempre e sempre enquanto pregamos; isto ajuda os</p><p>ouvintes a verem a dignidade de nossos objetivos e o quanto</p><p>estamos dispostos a alcançá-los.</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>Marque “C” para certo e “E” para errado.</p><p>___4.08 O pregador deve evitar a escolha de textos bíblicos muito</p><p>conhecidos.</p><p>___4.09 Ao preparar um sermão, deve-se cuidar para que o texto</p><p>escolhido tenha perfeita identificação com o tema.</p><p>___4.10 O pregador deve analisar bem o texto escolhido para a sua</p><p>mensagem, de modo que a comunicação fale ao seu próprio</p><p>coração.</p><p>TEXTO 4</p><p>A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS BÍBLICOS</p><p>A Bíblia não pode ser interpretada a bel-prazer daqueles que a leem.</p><p>Ao formar a base de um sermão, o pregador deve obedecer as regras que</p><p>determinam o sentido do texto escolhido para a pregação, a fim de evitar</p><p>desvios doutrinários ou o uso de interpretações supérfluas que podem</p><p>acarretar danos espirituais aos seus ouvintes.</p><p>A seguir veremos três regras básicas para a interpretação de um</p><p>texto da Bíblia.</p><p>1. Interpretar fiel e corretamente o texto</p><p>É dever do pregador interpretar e aplicar o texto de acordo com o</p><p>seu sentido real, tendo o cuidado de não forçá-lo a dizer além do que</p><p>diz; para tanto, é necessário que o pregador tenha em mente a limitação</p><p>das Escrituras. Daí, devemos verificar inicialmente a linguagem usada</p><p>no texto, se é literal ou figurada.</p><p>Lição 4 - A Base do Serm</p><p>ão</p><p>67A Bíblia é um livro repleto de linguagem figurada, por isso mesmo,</p><p>do pregador é exigido o máximo de cuidado quanto à sua interpretação.</p><p>Conhecer as línguas originais em que foram escritos o AT e o NT,</p><p>maneiras e costumes bíblicos, contribui eficazmente para uma correta e</p><p>fiel interpretação da Palavra de Deus.</p><p>2. Recorrer ao contexto</p><p>Recorrer ao contexto significa examinar o que precede e o que</p><p>sucede o texto escolhido. Há uma regra em Hermenêutica Bíblica que</p><p>afirma que não se deve interpretar um texto bíblico isoladamente,</p><p>mas sempre recorrer ao seu contexto. Há textos que, analisados isola-</p><p>damente, parecem estranhos, o que não acontece quando analisados</p><p>à luz de seus contextos.</p><p>Paulo C. Porter escreve: “o hábito de se tomar isoladamente</p><p>um versículo</p><p>ou alguma expressão que apóie o nosso próprio</p><p>pensamento, embora não seja o sentido real da passagem, é erro</p><p>grave de acomodação”.</p><p>A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS BÍBLICOS</p><p>A interpretação dos textos bíblicos deve ser</p><p>realizada tendo sempre em mente que se trata</p><p>da Palavra de Deus, e, sendo assim, não deve</p><p>e tampouco pode ser interpretada de maneira</p><p>pessoal e ao bel-prazer.</p><p>A hermenêutica bíblica tem como objetivo</p><p>auxiliar o estudante da Bíblia a usar métodos</p><p>de interpretações confiáveis e estabelecer</p><p>princípios fundamentais da exegese bíblica (é o</p><p>estudo da interpretação gramatical e sistemá-</p><p>tica das Escrituras Sagradas) como base para o</p><p>estudo do texto em sua diversidade histórica,</p><p>linguística e cultural. O pregador deve obser-</p><p>var com muita atenção para que a sua interpre-</p><p>tação bíblica não ocorra de maneira errônea</p><p>através do uso da exegese ou da eisegese.</p><p>É importantíssimo atentar para estas duas</p><p>expressões que, embora um pouco parecidas,</p><p>trazem significados totalmente diferentes, uma</p><p>vez que a primeira vale-se de regras e métodos</p><p>apropriados e corretos em suas investigações e</p><p>conclusões e a segunda é simplesmente a ma-</p><p>nipulação do texto para dizer o que ele não diz.</p><p>Enquanto a exegese trata de buscar, extrair,</p><p>explicar o texto, de acordo com métodos cor-</p><p>retos, a eisegese nada mais é do que alguém</p><p>forçar um texto a ser interpretado como uma</p><p>verdade que não é. Isto é perigoso e nefasto</p><p>na ministração da Palavra de Deus.</p><p>A exegese busca compreender o sentido do</p><p>texto dentro do seu contexto (quem disse o que,</p><p>para quem, quando, em quais condições sociais,</p><p>religiosas, em que época etc.). Seu objetivo é</p><p>proporcionar uma mensagem que seja inteligí-</p><p>vel ao homem e possa conduzi-lo ao Senhor.</p><p>É este método que precisamos utilizar</p><p>para que, verdadeiramente, a pregação seja</p><p>a transmissão da Palavra de Deus e que al-</p><p>cançará o coração dos ouvintes, levando-os</p><p>a compreender o imenso amor e cuidado de</p><p>Deus para com a humanidade.</p><p>Hom</p><p>ilética I</p><p>68 3. Explicar as Escrituras pelas próprias Escrituras</p><p>Essa terceira regra ensina que a Bíblia interpreta a própria Bíblia.</p><p>Realmente, o confronto da Bíblia com a Bíblia resolve aparentes contradições,</p><p>esclarece, define, completa e enriquece o texto com pensamentos. A Bíblia é</p><p>um todo. A todas as perguntas propostas pela Bíblia ela mesma as responde.</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>Assinale com “x” a alternativa correta.</p><p>4.11 Ao formar a base de um sermão, o pregador deve</p><p>___a) obedecer às regras que determinam o sentido do texto</p><p>escolhido.</p><p>___b) evitar desvios doutrinários.</p><p>___c) evitar uso de interpretações supérfluas.</p><p>___d) Todas as alternativas estão corretas.</p><p>4.12 Pregador que interpreta fielmente o texto bíblico é aquele que</p><p>___a) faz sua explanação, obedecendo seu sentido real.</p><p>___b) prega de modo a despertar sensacionalismo.</p><p>___c) faz uso de diversas ilustrações.</p><p>___d) Nenhuma das alternativas está correta.</p><p>4.13 O pregador cuidadoso com a escolha do texto para um sermão,</p><p>certamente</p><p>___a) prende-se à sua análise, isoladamente.</p><p>___b) recorre ao seu contexto.</p><p>___c) apropria-se em seus próprios conceitos.</p><p>___d) Nenhuma das alternativas está correta.</p><p>TEXTO 5</p><p>COMO ESTUDAR O TEXTO BÍBLICO</p><p>Para a interpretação da Bíblia, algumas regras são indispensáveis. No</p><p>Texto anterior, estudamos três dessas regras básicas. Agora aprenderemos como</p><p>estudar e conhecer um texto para poder usá-lo eficazmente num sermão. Em</p><p>primeiro lugar, deve-se procurar responder às seguintes perguntas:</p><p>Lição 4 - A Base do Serm</p><p>ão</p><p>69– POR QUEM? PAR A QUEM? POR QUÊ?</p><p>QUANDO? ONDE? e COMO? foi escrito o texto.</p><p>Entendemos que os textos foram escritos em épocas distantes da</p><p>nossa, porém devemos saber como Deus falou e guiou os escritores no</p><p>passado. Em segundo lugar, devemos procurar descobrir o que Deus quer</p><p>falar a nós hoje. No estudo do texto bíblico, três princípios que devem</p><p>ser analisados pelo pregador são:</p><p>1. O que significou o texto na época. Sem conhecimento</p><p>do significado do texto quando ele foi escrito torna difícil</p><p>uma interpretação correta. Por isso devemos considerar</p><p>QUANDO?, a QUEM? e POR QUÊ? foi escrito aquele</p><p>texto. Respondidas estas perguntas, o campo de aplicação</p><p>do texto para nossa época e nossas vidas torna-se mais fácil.</p><p>Rico material didático tratando das maneiras e costumes</p><p>bíblicos ajudam na pesquisa. Ao tomar conhecimento da</p><p>época, o pregador entende muito mais o significado daquele</p><p>texto e como ele pode ser usado e aplicado hoje.</p><p>2. Estudar o texto à luz da Bíblia no seu todo. Às vezes, o texto</p><p>por si mesmo se interpreta; entretanto, há textos que exigem</p><p>um estudo primoroso e amplo, e a melhor maneira de realizar</p><p>este estudo é comparando o texto-chave com outros. Os textos</p><p>paralelos contribuem consideravelmente para o conhecimento</p><p>da relação entre os textos. Nenhum texto pode ser interpre-</p><p>tado isoladamente. Não deve chocar-se com o ensino geral da</p><p>Bíblia. Por isso, toda interpretação isolada acarreta incalculáveis</p><p>prejuízos espirituais para o pregador e para seus ouvintes.</p><p>3. Aplicar a interpretação do texto à vida atual. Isto significa</p><p>aplicar o sentido do texto à nossa presente situação. A Bíblia</p><p>não deve ser pregada apenas no sentido histórico, porque ela</p><p>possui, por sua dinâmica espiritual, uma tríplice significação:</p><p>a) Histórica, por tratar de fatos e de pessoas do passado;</p><p>b) Atual, por tratar do desejo divino de despertar no</p><p>homem o interesse e a busca da santificação plena;</p><p>c) Futura, por tratar de coisas que ainda não foram</p><p>reveladas, mas que o serão muito em breve.</p><p>Hom</p><p>ilética I</p><p>70 Não nos precipitemos em interpretar as Escrituras de qualquer</p><p>maneira. Acima de todas as virtudes, recomenda-se prudência e oração</p><p>em espírito.</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>Associe a coluna “A” de acordo com a coluna “B”</p><p>Coluna “A”</p><p>___4.14 Perguntas que devem ser respondidas pelo pregador no estudo</p><p>de um texto.</p><p>___4.15 Terá melhor entendimento do texto se tiver conhecimento da</p><p>época em que ele foi escrito.</p><p>___4.16 Ao ser estudado pelo pregador deverá ser analisado à luz da</p><p>Bíblia como um todo.</p><p>___4.17 Deve ser apresentada não apenas visando o sentido histórico,</p><p>mas aplicando-a à vida atual.</p><p>Coluna “B”</p><p>A. O texto.</p><p>B. A mensagem do pregador.</p><p>C. Por quem, quando, a quem, por quê, onde e como foi escrito o texto?</p><p>D. O pregador.</p><p>REVISÃO DA LIÇÃO</p><p>Assinale com “x” a alternativa correta.</p><p>4.18 Razões da necessidade do uso de textos bíblicos nas pregações:</p><p>___a) confere autoridade à mensagem.</p><p>___b) unifica o sermão.</p><p>___c) prepara o povo para o sermão.</p><p>___d) Todas as alternativas estão corretas.</p><p>Lição 4 - A Base do Serm</p><p>ão</p><p>714.19 O pregador consciente da sua responsabilidade</p><p>___a) escolhe textos que expressem pensamentos completos.</p><p>___b) evita textos obscuros.</p><p>___c) escolhe textos objetivos.</p><p>___d) Todas as alternativas estão corretas.</p><p>4.20 Cabe ao pregador zeloso escolher textos</p><p>___a) que justifiquem o seu sermão.</p><p>___b) que despertem a atenção do auditório.</p><p>___c) que antes falem ao seu próprio coração.</p><p>___d) Todas as alternativas estão corretas.</p><p>4.21 É básico à interpretação de um texto bíblico</p><p>___a) fazê-lo fiel e corretamente.</p><p>___b) recorrer ao contexto que o envolve.</p><p>___c) explicá-lo segundo a própria Escritura.</p><p>___d) Todas as alternativas estão corretas.</p><p>4.22 É indispensável ao pregador saber</p><p>___a) quanto ao texto escolhido, o que ele significou na época</p><p>em que foi escrito.</p><p>___b) que deve estudar a Bíblia, à luz da própria Bíblia, no seu</p><p>todo.</p><p>___c) aplicar o texto escolhido à vida atual, não se atendo</p><p>somente à História.</p><p>___d) Todas as alternativas estão corretas.</p>