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Prévia do material em texto

Organizado por CP Iuris 
ISBN 978-65-5701-089-1 
DIREITO AMBIENTAL 
SISTEMATIZADO 
4ª edição 
Brasília 
2023
SOBRE O AUTOR
RAFAEL ROCHA. Procurador Federal em exercício no Núcleo de Atuação Prioritária 
em Improbidade Administrativa da Procuradoria-Regional Federal da 1ª Região. Ex-
Promotor de Justiça do MPBA.
SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1. MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL ..................................... 7 
 ......................................................................................................................................... 19 
SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE — SISNAMA .................................................. 19 
1.1. CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO E CRIAÇÃO DO SISNAMA
 ................................................................................................................... 20 
1.2. ESTRUTURA DO SISNAMA ............................................................................................ 21 
1.2.2. Órgão Consultivo e Deliberativo ................................................................... 23 
1.2.3. Órgão Central .............................................................................................. 27 
1.2.4. Órgãos Executores ....................................................................................... 27 
1.2.5. Órgãos Seccionais ........................................................................................ 28 
1.2.6. Órgãos Locais............................................................................................... 29 
1.3. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE .......................................................................... 29 
1.3.1. Criação e diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente ......................... 30 
1.3.2. Constitucionalização da Tutela Ambiental e da Política Nacional do Meio 
Ambiente .............................................................................................. 38 
1.4. OBJETIVOS ................................................................................................................. 49 
1.5. INSTRUMENTOS ........................................................................................................... 52 
1.5.1. Licenciamento ambiental ............................................................................. 54 
1.5.2. Avaliações de Impacto Ambiental ................................................................ 84 
1.5.3. Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente — Sinima — e 
Cadastro Ambiental Rural — CAR.......................................................... 91 
1.5.4. Cadastro Técnico Federal ............................................................................. 95 
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA ........................... 99 
2.1. CRIAÇÃO DO SNUC .................................................................................................... 102 
2.5.1. Unidades de Conservação da Natureza ...................................................... 113 
2.5.2. Zonas de Amortecimento ........................................................................... 134 
DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS - DETEPS .................... 136 
2.2.2. Delimitação das Áreas de Reserva Legal .................................................... 167 
SISTEMA NACIONAL E GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS - SNGRH ................. 185 
2.2.1. Conselho Nacional de Recursos Hídricos ..................................................... 192 
2.3. POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS ................................................................... 201 
2.4. OBJETIVOS ............................................................................................................... 207 
2.5. INSTRUMENTOS ......................................................................................................... 208 
2.5.1. Outorgas .................................................................................................... 210 
2.5.2. Cobrança pelos Usos dos Recursos Hídricos ................................................ 217 
SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS...................................... 221 
1. RELEMBRANDO O MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL — MTA ......... 222 
2.1. CRIAÇÃO DO SISRESPIA E DEFINIÇÃO DA TRÍPLICE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS . 225 
2.2. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ............................................. 228 
file:///C:/Users/EDITORA-CP01/Downloads/E-book%20direito%20ambiental%202022%20revisado%20(2)%20(1)%20(1).docx%23_Toc125527361
file:///C:/Users/EDITORA-CP01/Downloads/E-book%20direito%20ambiental%202022%20revisado%20(2)%20(1)%20(1).docx%23_Toc125527363
file:///C:/Users/EDITORA-CP01/Downloads/E-book%20direito%20ambiental%202022%20revisado%20(2)%20(1)%20(1).docx%23_Toc125527381
file:///C:/Users/EDITORA-CP01/Downloads/E-book%20direito%20ambiental%202022%20revisado%20(2)%20(1)%20(1).docx%23_Toc125527386
file:///C:/Users/EDITORA-CP01/Downloads/E-book%20direito%20ambiental%202022%20revisado%20(2)%20(1)%20(1).docx%23_Toc125527389
file:///C:/Users/EDITORA-CP01/Downloads/E-book%20direito%20ambiental%202022%20revisado%20(2)%20(1)%20(1).docx%23_Toc125527397
2.2.1. Teoria Geral da Responsabilidade Administrativa ...................................... 231 
2.3. RESPONSABILIDADE CIVIL E TUTELA PROCESSUAL ............................................................... 248 
2.3.1. Responsabilidade Objetiva ......................................................................... 251 
2.3.2. Responsabilidade Solidária......................................................................... 256 
2.3.3. Responsabilidade Imprescritível ................................................................. 262 
2.3.4. Inversão do Ônus da Prova ......................................................................... 264 
2.3.5. Desconsideração da Personalidade Jurídica ............................................... 267 
2.3.6. Dano Moral Coletivo .................................................................................. 268 
2.3.7. Obrigação de Fazer, de Não Fazer e de Indenizar ....................................... 270 
2.4. RESPONSABILIDADE PENAL ........................................................................................... 271 
GABARITO ...................................................................................................................... 273 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 275 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
7 
 
 
MICROSSISTEMA JURÍDICO DE 
TUTELA AMBIENTAL 
 1 
 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
8 
 
1. COMPREENDENDO O MICROSSISTEMA JURÍDICO DE 
TUTELA AMBIENTAL 
É cada vez mais urgente e necessária a correta e completa compreensão do 
Direito Ambiental no Brasil, porquanto se trata do ramo do Direito que disciplina 
um dos maiores e mais importantes conflitos mundiais da atualidade e do futuro: 
A necessidade de desenvolvimento econômico para a prosperidade das nações com 
a adequada e suficiente preservação ambiental do planeta. 
A centralidade desse polêmico conflito é constatada diariamente com as 
notícias veiculadas pelos órgãos de imprensa, revelando calorosas discussões e 
guerras de narrativas sobre o acerto ou o desacerto das políticas públicas 
ambientais no Brasil e no mundo. 
Os noticiários demonstram, por exemplo, que países ricos e desenvolvidos 
fazem exigências ambientais ao Brasil como condições para a manutenção e o 
estabelecimento de importantes acordos comerciais internacionais, sobretudo 
envolvendo os Estados Unidos da América, a União Europeia e o Mercosul. 
Empresas multinacionais, bancos internacionais e portentosos fundos financeiros 
também esperam a comprovação da eficácia das políticas públicasambientais 
voltadas à redução de desmatamentos e dos níveis de gases amplificadores do 
efeito estufa como condição para a manutenção ou a realização de investimentos 
em negócios no Brasil, com potencial para elevar os níveis de emprego e de renda 
em nossa sociedade. 
Para além disso, o Brasil possui uma das maiores florestas do mundo, e a 
maior área agriculturável do planeta (com potencial), por isso, há extrema 
importância de analisar influência do efeito estufa e conquistar mercados 
internacionais do agronegócio hoje pertencentes às Nações ricas, como a França e 
os Estados Unidos. 
Internamente, as consequências dos maiores desastres ambientais da 
humanidade, como o que ocorreu na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, 
impulsionam debates para tornar a legislação ambiental ainda mais rigorosa, o que 
conflita com interesses de grupos que detêm poder político e econômico. 
Esse cenário demonstra a essencialidade da compreensão deste ramo do 
Direito no Brasil. 
Em razão disso, o adequado conhecimento do Direito Ambiental é cada vez 
mais exigido nas várias fases e etapas dos concursos públicos, sobretudo das 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
9 
 
carreiras jurídicas, com o consequente aumento do número de questões objetivas, 
a exploração desses temas em questões dissertativas e em peças prático-
profissionais, bem como a apresentação de aprofundados questionamentos em 
fases orais. 
Porém, a compreensão dessa disciplina não é nada fácil, diante da ausência 
de um Código Ambiental que pudesse organizar, sistematizar e consolidar as 
dezenas de leis federais, estaduais e municipais — algumas até pré-constitucionais 
—, decretos, resoluções e até mesmo posicionamentos extraídos de acórdãos e de 
súmulas dos Tribunais. 
Apenas para exemplificar a complexidade dessa disciplina, sua correta 
compreensão exige uma adequada interpretação, por exemplo, das seguintes leis 
e atos normativos: 
• Constituição da República; 
• Lei Federal n.º 5.197/67: Lei de Proteção à Fauna; 
• Lei Federal n.º 6.938/81: instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente; 
• Lei Federal n.º 7.643/87: criminalização da pesca de cetáceos; 
• Lei Federal n.º 7.661/88: instituiu o Plano Nacional de Gerenciamento 
Costeiro; 
• Resoluções do Conama: resoluções 1/86, 9/87, 237/97 etc. (mais de 500 
resoluções do CONAMA); 
• Lei Federal n.º 9.795/99: instituiu a Política Nacional de Educação 
Ambiental; 
• Lei Federal n.º 10.650/03: disciplinou o acesso público aos dados e 
informações ambientais; 
• Lei Federal n.º 11.428/06: Lei de proteção à Mata Atlântica; 
• Lei Federal n.º 11.794/08: disciplinou o uso de animais em experimentos 
científicos; 
• Lei Federal n.º 12.114/09: instituiu o Fundo Nacional sobre Mudança do 
Clima; 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
10 
 
• Lei Federal n.º 12.187/09: instituiu a Política Nacional sobre Mudança 
do Clima; 
• Lei Federal n.º 12.533/11: Dia de Conscientização Sobre as Mudanças 
Climáticas; 
• Lei Complementar Federal n.º 140/11: definiu as competências 
ambientais das entidades políticas; 
• Decreto Federal n.º 8.437/15: ampliou a competência federal para o 
licenciamento ambiental; 
• Lei Federal n.º 9.985/00: instituiu o Sistema Nacional das Unidades de 
Conservação da Natureza; 
• Lei Federal n.º 13.668/18: aprovou o novo marco legal das unidades de 
conservação da natureza; 
• Lei Federal n.º 11.284/06: Lei de gestão de florestas públicas; 
• Lei Federal n.º 12.651/12: instituiu o novo Código Florestal; 
• Lei Federal n.º 14.119/21: instituiu a Política Nacional de Pagamento por 
Serviços Florestais; 
• Lei Federal n.º 9.433/97: instituiu a Política Nacional de Recursos 
Hídricos; 
• Lei Federal n.º 12.334/10: instituiu a Política Nacional de Segurança de 
Barragens; 
• Lei Federal n.º 11.445/07: instituiu a Política de Saneamento Básico; 
• Decreto Federal n.º 10.588/20: regulamentou a Política de Saneamento 
Básico; 
• Lei Federal n.º 12.305/10: instituiu a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos; 
• Decreto Federal n.º 10.240/20: regulamentou a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos; 
• Decreto Federal n.º 10.388/20: regulamentou a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos; 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
11 
 
• Lei Federal n.º 9.605/98: disciplinou os crimes e infrações ambientais; 
• Lei Federal n.º 13.731/18: disciplinou a destinação de parte dos valores 
das multas ambientais; 
• Decreto Federal n.º 6.514/08: instituiu um verdadeiro código federal de 
infrações ambientais. 
Logo, não é possível se compreender adequadamente desse vastíssimo 
conjunto de normas, que estão unidas por princípios e lógica jurídica comuns, senão 
como um legítimo microssistema jurídico próprio, no qual deve haver um diálogo 
entre suas diversas fontes normativas, de forma coordenada, para garantir 
harmônica e correta aplicação e interpretação dos seus diversos institutos jurídicos, 
que devem ser aplicados reciprocamente, afastando-se assim possíveis antinomias 
e suprindo-se lacunas aparentes. 
Portanto, as diversas normas ambientais só podem ser adequadamente 
compreendidas como elementos integrantes desse genuíno Microssistema Jurídico 
De Tutela Ambiental (MTA), constituído por princípios jurídicos próprios e 
específicos, e que propicia a utilização de institutos previstos isoladamente em leis 
específicas na interpretação, aplicação e integração de todas as demais leis do 
microssistema. 
Veja-se, por exemplo, que a correta e completa aplicação das infrações 
administrativo-ambientais exige a interpretação harmônica de, ao menos, 3 (três) 
normas do MTA. Isso se dá porque as sanções administrativas por ilícitos 
ambientais estão definidas no art. 72 da Lei Federal n.º 9.605/98. Todavia, esse 
diploma legal não estabeleceu o rol das infrações administrativo-ambientais, que 
restou instituído pelo Decreto Federal n.º 6.514/08. Porém o Decreto não 
estabeleceu quais são os órgãos ambientais competentes para lavrar autos de 
infração e aplicar multas ambientais. 
Daí porque deve-se utilizar o art. 6º da Lei Federal n.º 6.938/81 para a 
definição desses órgãos ambientais (IBAMA, ICMBio, órgãos seccionais etc.), apesar 
dessa norma não prever quais são as autoridades competentes (dos órgãos 
ambientais) legitimadas a aplicar sanções administrativas decorrentes de ilícitos 
ambientais, cabendo ao art. 70, §1º da Lei Federal n.º 9.605/98 a indicação das 
autoridades competentes (servidores designados para as atividades de 
fiscalização), e a definição do fundamento legal para a tipificação das infrações 
ambientais em decreto. 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
12 
 
Um outro exemplo que aponta para existência do Microssistema Jurídico 
de Tutela Ambiental – MTA – refere-se à necessidade da interpretação harmônica 
de, ao menos, 4 (quatro) normas do MTA para a correta e completa aplicação do 
instituto do licenciamento ambiental. 
Essa regra se dá porque, muito embora a exigência nacional do prévio 
licenciamento ambiental tenha sido instituída pelo art. 10 da Lei Federal n.º 
6.938/81, seu conceito legal e as regras sobre a distribuição das competências para 
o licenciamento ambiental estão definidas nos arts. 2º, 7º, 8º e 9º (dentre outros) 
da Lei Complementar n.º 140/11. Além disso, exceções à exigência do prévio 
licenciamento estão contempladas no art. 8º, §3º e art. 52, caput da Lei Federal n.º 
12.651/12, e as regras sobre os tipos de licenças ambientais e seus prazos de 
validades foram definidas na Resolução n.º 273/97 – CONAMA. 
Portanto, ocorre aqui o mesmo fenômeno existente entre as diversas 
normas que compõem o microssistema jurídico de tutela coletiva (Lei da ação civil 
pública, Lei da ação popular, título III do código de defesa do consumidor etc.). 
Esses são os motivos do porquê, à semelhança do que ocorre com o 
microssistemade tutelas coletivas, é utilizado o diálogo entre suas fontes para sua 
correta e completa interpretação e aplicação, existindo aqui, também, o mesmo 
fenômeno a fundamentar a existência de um novo microssistema jurídica, desta vez 
de tutela ambiental. 
Logo, somente com esse diálogo entre as diversas fontes, é que será 
possível a adequada compreensão e interpretação das diversas normas ambientais, 
razão pela qual há de se reconhecer a existência deste Microssistema Jurídico de 
Tutela Ambiental. 
Contudo, não é preciso se preocupar em tentar compreender agora as 
interpretações apontadas acima, haja vista que isso só será possível mais a frente, 
com uma visão teórica de todos os institutos. 
Neste momento é preciso compreender apenas a estrutura básica deste 
Microssistema Jurídico, sob uma ótica mais prática, para se entender que ele é 
basicamente formado por quatro sistemas principais: 
• Sisnama: Sistema Nacional do Meio Ambiente; 
• SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza; 
• SINGRH: Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
13 
 
• Sisrespia: Sistema de Responsabilização por Ilícitos Ambientais. 
Portanto, na prática, o MTA estrutura-se fundamentalmente apenas com 
esses quatro sistemas principais que, se bem compreendidos, conduzirão ao 
correto raciocínio jurídico necessário para a harmônica e coordenada intepretação 
das diversas leis ambientais, conforme imagem a seguir: 
 
 
 
Desse modo, com o estudo adequado do primeiro sistema integrante do 
MTA (o Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama) será possível 
compreender os seguintes pontos principais: 
• Sua estrutura: constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para as ações de preservação, fiscalização e recuperação 
do meio ambiente no Brasil. Será possível se apreender a composição e 
as atribuições desses órgãos/entidades ambientais (IBAMA, CONAMA 
etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: deverão ser implementadas, total 
ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura 
do Sisnama. Será possível se apreender a Política Nacional do Meio 
Ambiente – PNMA e outras associadas (Política Nacional sobre Mudança 
do Clima – PNMC, por exemplo), estudando-se os: 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
14 
 
a) Objetivos: da PNMA e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, a serem cumpridos, total ou parcialmente, pelos órgãos 
e entidades componentes da estrutura do Sisnama; 
b) Instrumentos: da PNMA e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, que se constituem em genuínas ferramentas jurídicas 
disponibilizadas principalmente para os órgãos e entidades 
componentes da estrutura do Sisnama, para propiciar o 
cumprimento dos objetivos da própria PNMA e das demais políticas 
ambientais associadas. 
Assim, por exemplo, o IBAMA (entidade da estrutura do Sisnama) poderá 
se utilizar do licenciamento ambiental (um dos instrumentos da PNMA) para 
compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente 
(um dos objetivos da PNMA) através do estabelecimento de condições 
(condicionantes) para a autorização do funcionamento de empreendimento 
causador de degradação ambiental, propiciando, com isso, a implementação da 
própria Política Nacional do Meio Ambiente. 
Em seguida, compreendidas as lições iniciais relativas ao Sisnama, será 
estudado o segundo sistema integrante do MTA, o Sistema Nacional de Unidades 
de Conservação da Natureza (SNUC), para se compreender os seguintes pontos 
principais: 
• Sua estrutura: constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para administrar, preservar e fiscalizar as unidades de 
conservação da natureza (parques nacionais, por exemplo) no Brasil. 
Será possível se apreender a composição e as atribuições desses 
órgãos/entidades ambientais (ICMBIO etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: deverão ser implementadas, total 
ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura 
do SNUC. Será possível se apreender a Política Nacional de Unidades de 
Conservação – PNUC – e outras associadas, estudando-se os: 
a) Objetivos: da PNUC, e do próprio SNUC, a serem cumpridos, total 
ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da 
estrutura do SNUC; 
b) Instrumentos: instituídos pela Lei da PNUC, e pelas demais políticas 
ambientais associadas (pelo código florestal, por exemplo), que se 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
15 
 
constituem em genuínas ferramentas jurídicas disponibilizadas 
principalmente para os órgãos e entidades componentes da 
estrutura do SNUC, para propiciar o cumprimento dos seus 
objetivos e da PNUC. 
Assim, por exemplo, o ICMBIO (entidade da estrutura do SNUC) poderá se 
utilizar da zona de amortecimento (lídimo instrumento instituído pela Lei da PNUC) 
para ampliar a proteção de paisagens naturais existentes em unidades de 
conservação (um dos objetivos do SNUC) através do estabelecimento de restrições 
ao uso de recursos naturais no entorno das unidades de conservação, propiciando, 
com isso, a implementação da própria Política Nacional de Unidades de 
Conservação. 
Em seguida, compreendidas também as lições relativas às unidades de 
conservação da natureza e aos demais espaços territoriais especialmente 
protegidos instituídos pelo novo código florestal, será estudado o terceiro sistema 
integrante do MTA, o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
(SINGRH), para se compreender os seguintes pontos principais: 
• Sua estrutura: constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para a preservar e fiscalizar as águas no Brasil. Será 
possível se apreender a composição e as atribuições desses 
órgãos/entidades ambientais (Agência Nacional de Águas e Saneamento 
Básico (ANA), CNRH, Comitês de Bacias Hidrográficas etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: deverão ser implementadas, total 
ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura 
do SINGRH. Será possível se apreender a Política Nacional de Recursos 
Hídricos – PNRH – e outras associadas (Política Nacional de Segurança 
de Barragens, Política Nacional de Saneamento Básico e Política 
Nacional de Resíduos Sólidos, por exemplo), estudando-se os: 
a) Objetivos: da PNRH, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, a serem cumpridos, total ou parcialmente, pelos órgãos 
e entidades componentes da estrutura do SINGRH; 
b) Instrumentos: da PNRH, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, que se constituem em genuínas ferramentas jurídicas 
disponibilizadas principalmente para os órgãos e entidades 
componentes da estrutura do SINGRH, para propiciar o 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
16 
 
cumprimento dos objetivos da própria PNRH e das demais políticas 
ambientais associadas. 
Assim, por exemplo, a ANA (entidade da estrutura do SINGRH) poderá se 
utilizar da outorga (um dos instrumentos da PNRH) para assegurar à atual e às 
futuras gerações a necessária disponibilidade de água (um dos objetivos da PNRH) 
através do controle do uso da água para consumo humano, irrigação etc., 
propiciando a implementação da própria Política Nacional Recursos Hídricos. 
Eis o raciocínio que deve prevalecer para se compreender os três primeiros 
sistemas. 
Finalmente, após compreendidas todas as lições relativas ao SISNAMA, 
SNUC e SINGRH, será estudado o quarto sistema integrante do MTA, o Sistema de 
Responsabilização por Ilícitos Ambientais (Sisrespia), que incidirá sobre aqueles 
que descumprirem as regras ambientais estudadas nos três primeiros sistemas, 
para se compreender os seguintes pontos principais: 
• A tríplice responsabilização: cível, administrativa e criminal dos 
infratores da legislação ambiental; 
• Tutelaprocessual ambiental: administrativa, cível e criminal decorrente 
da prática de ilícitos ambientais, inclusive com a adequada compreensão 
dos precedentes e das súmulas do e. STJ e c. STF sobre o meio ambiente; 
• Os princípios ambientais: uma revisão dos princípios tipicamente 
ambientais, com sua aplicação prática, para proporcionar sua adequada 
compreensão. 
Assim, por exemplo, no Sisrespia serão estudadas todas as características 
da responsabilidade civil ambiental (objetiva, solidária, imprescritível, com 
inversão do ônus da prova, com desconsideração da personalidade jurídica, com 
dano moral coletivo, com obrigação de fazer, de não fazer e de indenizar etc.) 
atribuídas pela jurisprudência do e pelo STJ, além de uma completa análise das 
infrações administrativo-ambientais e dos crimes ambientais. 
Dessa forma, compreendendo-se adequadamente cada um dos sistemas 
integrantes do Microssistema Jurídico de Tutela Ambiental (MTA) será possível a 
adequada compreensão e interpretação das seguintes normas ambientais: 
RAFAEL ROCHA MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA AMBIENTAL • 1 
17 
 
 
E assim se estabelecerá o necessário raciocínio jurídico sobre o Direito 
Ambiental. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
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 SISTEMA NACIONAL DO MEIO 
AMBIENTE — SISNAMA 
 2
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
20 
 
1. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
1.1. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente Humano e Criação do SISNAMA 
Em junho de 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, foi realizada a 
Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano (CNUMAH), primeira 
reunião global para se discutir os problemas ambientais causados pela degradação 
do meio ambiente no mundo, na qual se reuniram representantes de cerca de 112 
(cento e doze) Países, inclusive do nosso Brasil. 
Também conhecida como Conferência de Estocolmo, a CNUMAH aprovou 
o primeiro documento internacional relevante contendo diretrizes mundiais de 
melhoria e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, a 
Declaração sobre o Meio Ambiente. Trata-se de documento sem força jurídica 
vinculante. 
Embora sem força jurídica vinculante, o documento inspirou a criação do 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), instituído em 
dezembro de 1972 como agência da ONU (órgão do sistema ONU), responsável pela 
promoção da conservação ambiental no mundo. 
Isto é, foi por proposta do Pnuma que se criou a importante Comissão 
Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU (Cmed), 
responsável, por exemplo, pela publicação do famoso Relatório Brundtland — 
denominado Nosso Futuro Comum — em 1987, considerando a fonte do conceito 
de desenvolvimento sustentável no mundo: É o desenvolvimento que atende as 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
21 
 
necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de 
atender suas próprias necessidades. 
QUESTÃO 
1. (Analista Judiciário do TRF 3. FCC — 2019) (adaptada). O conceito de 
desenvolvimento sustentável, tal como tratado no Relatório Brundtland, elaborado 
pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento criada pela 
Assembleia das Nações Unidas, predica que: se deve satisfazer as necessidades 
presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas 
próprias necessidades. 
( ) Certo ( ) Errado 
Além disso, a Declaração sobre o Meio Ambiente também se tornou fonte 
de inspiração para a instituição e mudanças de marcos legais ambientais dos Países. 
Exemplo: no Brasil, a Declaração sobre o Meio Ambiente inspirou a criação 
da antiga Secretaria Especial do Meio Ambiente, vinculada ao Ministério do Interior 
e aprovada pelo Decreto Federal n.º 73.030/73, primeiro órgão da Administração 
Pública Federal com função específica de promover a conservação do meio 
ambiente e o uso racional dos recursos naturais, razão pela qual é considerado o 
embrião do atual Sisnama. 
A Declaração também se constituiu em fonte de inspiração para a 
aprovação da Lei Federal n.º 6.938/81, que finalmente instituiu o Sistema Nacional 
do Meio Ambiente (SISNAMA), constituído pelo conjunto de órgãos e entidades 
públicas responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental do Brasil, 
tendo como seu órgão central a antiga Secretaria Especial do Meio Ambiente, 
posteriormente convertida no atual Ministério do Meio Ambiente, através da Lei 
Federal n.º 8.490/92. 
1.2. Estrutura do SISNAMA 
 
 
 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
22 
 
A estrutura do Sisnama é composta pelos órgãos e entidades da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as 
fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da 
qualidade ambiental no Brasil. 
QUESTÃO 
1. (Juiz Federal do TRF3. Cebraspe – 2011). Considerando a Lei n.º 
6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema 
Nacional do Meio Ambiente, é correto afirmar que o Sistema Nacional do Meio 
Ambiente é constituído pelos órgãos e entidades da União, dos estados, do DF e 
dos municípios, bem como pelas fundações instituídas pelo poder público, 
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. 
( ) Certo ( ) Errado 
Assim, todos os órgãos e entidades municipais, estaduais e federais 
destinados à conservação ambiental integram estes sisnama, razão pela qual 
devem atuar de forma coordenada, observando-se as diretrizes emanadas pelo seu 
órgão central e todas as resoluções aprovadas pelo órgão consultivo e deliberativo, 
consoante veremos mais abaixo. 
Trata-se de estrutura funcionalmente particionada, conforme imagem a 
seguir: 
 
É importante destacar que os órgãos são classificados em categorias bem 
definidas, cada um deles com sua composição e atribuições próprias, conforme se 
observará nos tópicos seguintes. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
23 
 
 
QUESTÃO 
2. (Juiz do TJSC. Cebraspe – 2019). O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina 
(IMA/SC) é o órgão ambiental da esfera estadual catarinense responsável pela 
execução de programas e projetos de proteção ambiental, bem como pelo controle 
e pela fiscalização de atividades potencialmente causadoras de degradação 
ambiental. De acordo com a Lei n.º 6.938/81, o IMA/SC compõe o Sistema Nacional 
do Meio Ambiente (SISNAMA) na qualidade de 
A) órgão superior. 
B) órgão supervisor. 
C) órgão local. 
D) órgão seccional. 
E) órgão consultivo e deliberativo. 
1.2.1. Órgão Superior 
O órgão superior da estrutura do Sisnama é o Conselho de Governo, 
presidido pelo Presidente da República ou, de acordo com sua determinação, pelo 
Vice-Presidente da República, e integrado pelos Ministros de Estado e pelo Chefe 
de Gabinete do Presidente da República, cuja função é assessorar o Presidente na 
formulação da política nacional e diretrizes para a preservação do meio ambiente. 
Pode funcionar de forma plenária ou através de Câmaras temáticas 
instituídas pelo Poder Executivo Federal. 
1.2.2. Órgão Consultivo e Deliberativo 
O órgão consultivo e deliberativo do Sisnama é o Conselho Nacional do 
Meio Ambiente (CONAMA), órgão colegiado que integra a estrutura administrativa 
do Ministério do Meio Ambiente, e que detém a competência normativa para 
aprovar resoluções regulamentares à legislação ambiental de observância 
obrigatória por todos os demais órgãos do Sisnama. 
Ou seja, os órgãos ambientais federais, estaduais, distritais e municipais são 
obrigados a cumprir e respeitar as normas ambientais emanadas pelo Conama. Daí 
porque é o Conama,sem dúvida, o órgão mais importante da estrutura do Sisnama. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
24 
 
Assim, por exemplo, apesar de se tratar de autarquia estadual, o Instituto 
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) está obrigado a seguir os 
procedimentos da Resolução n.º 237/97 do Conama nos processos de 
licenciamento ambiental de sua competência estadual, sob pena de nulidade, em 
respeito ao poder normativo conferido ao Conama. 
Registre-se que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem confirmado esse 
poder normativo do Conama até mesmo quanto a normas que inovam no 
ordenamento jurídico, desde que promovam ampliação da proteção ambiental já 
estabelecida em leis, conforme se observa na decisão unânime de plenário que 
referendou medida cautelar concedida nas ADPFs 747, 748 e 749 para suspender 
os efeitos da Resolução n.º 500/20 do Conama que revogara suas Resoluções n.º 
284/01, 302/02 e 303/02 responsáveis, respectivamente, pela exigência de 
licenciamento ambiental em empreendimentos de irrigação, pela definição de 
limites em áreas de preservação permanente em reservatórios artificiais e pelo 
estabelecimento de proteção em áreas de dunas, manguezais e restingas, mesmo 
ciente de que os temas objeto destas três últimas resoluções foram totalmente 
disciplinados em lei (no código florestal) de forma diversa do que previsto nas 
antigas resoluções do Conama. 
Diante das relevantíssimas funções exercidas pelo Conama é importante se 
perquirir sobre sua composição. 
Deveras, ele é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e conta com a 
composição definida pelo Decreto Federal n.º 99.274/90, haja vista que fora 
concedida medida cautelar nos autos da ADPF 623 para suspender os efeitos do 
Decreto Federal n.º 9.806/19, que havia reduzido a composição do Conama para 
apenas 23 (vinte e três) participantes, conforme abaixo: 
• redução de 11 (onze) para 4 (quatro) representantes de entidades 
ambientalistas com assento no Conselho; 
• redução do mandato das entidades ambientalistas de 2 (dois) 
anos para 1 (um) ano, passando a ser vedada a recondução; 
• substituição do método de escolha das entidades 
representantes desse setor, que se fazia por processo eleitoral 
dentre as organizações cadastradas perante o Ministério do 
Meio Ambiente, pelo método de sorteio; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
25 
 
• elegibilidade para o assento no Conselho apenas das 
entidades ambientalistas ditas de âmbito nacional; 
• perda de assento no Conselho de órgãos de ligação 
estreita com o meio ambiente, como o Instituto Chico Mendes 
da Biodiversidade (ICMBio) e a Agência Nacional de Águas 
(ANA), bem como do Ministério da Saúde e de entidades ligadas à 
questão indígena; 
• redução de assentos para os Estados, que tinham 
direito a indicar um representante cada, para apenas cinco, 
sendo um para cada região geográfica; 
• redução dos assentos dos Municípios de oito para 
apenas duas vagas, restritas às capitais (o que desconsidera os 
Municípios do interior); 
• extinção dos cargos de conselheiros sem direito a 
voto, que eram ocupados por representantes do Ministério 
Público Federal, dos Ministérios Públicos estaduais e da 
Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da 
Câmara dos Deputados. 
QUESTÃO 
3. (Promotor de Justiça do MPTO. Cebraspe – 2012). A respeito do SISNAMA, 
assinale a opção correta. 
a) Somente o governo federal possui direito a voto na plenária do CONAMA. 
b) Não compõem o SISNAMA as secretarias de meio ambiente dos municípios. 
c) O CONAMA, órgão colegiado do SISNAMA, possui funções consultivas e 
deliberativas. 
d) O IBAMA não é mais o órgão executor do SISNAMA desde a criação do 
ICMBio. 
e) A presidência do CONAMA é exercida pelo ministro chefe da Casa Civil. 
 
Outrossim, além de exercer a importante função normativa, o Conama foi 
instituído com a finalidade de: 
• Assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de 
políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
26 
 
• Deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões 
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e 
essencial à sadia qualidade de vida; 
Também é de competência do CONAMA: 
• Estabelecer normas e critérios para o licenciamento ambiental de 
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, mediante proposta do 
IBAMA; 
• Determinar a perda ou a restrição de benefícios fiscais, concedidos em 
caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em 
linhas de financiamentos em estabelecimentos oficiais de crédito, 
mediante representação do IBAMA (como forma de punição por ilícitos 
ambientais); 
• Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle 
de poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, 
mediante audiência dos Ministérios competentes; 
• Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à 
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional 
dos recursos ambientais, principalmente os hídricos; 
• Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das 
alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos 
públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e 
municipais, bem assim a entidades privadas, as informações 
indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e 
respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa 
degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas 
patrimônio nacional. 
QUESTÃO 
4. (Juiz do TJPA. Cebraspe – 2019). O CONAMA faz parte do SISNAMA. 
Considerando-se a composição do SISNAMA e as suas atribuições, é correto afirmar 
que o CONAMA 
a) tem como finalidade deliberar, no âmbito de sua competência, sobre 
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado 
e essencial à sadia qualidade de vida. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
27 
 
b) tem a função de assessorar o presidente da República na formulação da 
política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os 
recursos ambientais. 
c) tem a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como 
órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio 
ambiente. 
d) é órgão federal que detém a responsabilidade de fazer executar a política 
e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente. 
e) é órgão interestadual que detém a responsabilidade de executar programas 
e projetos e controlar e fiscalizar atividades capazes de provocar degradação 
ambiental. 
1.2.3. Órgão Central 
Compete ao Ministério do Meio Ambiente o exercício das funções de órgão 
central do SISNAMA, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e 
controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais 
fixadas para o meio ambiente. 
Observação: vale destacar que a pasta do Meio Ambiente fora elevada à 
condição de Ministério ainda em 1992, nos termos do art. 21 da Lei Federal n.º 
8.490, que transformou a antiga Secretaria do Meio Ambiente no atual Ministério 
do Meio Ambiente. 
Portanto, compete ao Ministério do Meio Ambiente coordenar e 
supervisionar a Política Nacional do Meio Ambiente. 
1.2.4. Órgãos Executores 
São considerados órgãos executores do SISNAMA as duas autarquias 
ambientais federais vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente: 
• O Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis – IBAMA; 
• O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO. 
RAFAEL ROCHA.SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
28 
 
Foram instituídas com a finalidade de executar e fazer executar a política e 
as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as 
respectivas competências. 
O IBAMA tem como competências: 
• O exercício do poder de polícia ambiental federal: Fiscalizando 
atividades e lavrando autos de infrações ambientais; 
• O licenciamento ambiental cuja competência pertença à União: 
Concedendo licenças ambientais para o exercício de atividades 
potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos ambientais. 
Por outro lado, o ICMBIO, que foi instituído em 2007, faz a gestão das 
unidades de conservação da natureza federais, a exemplo dos parques nacionais. 
1.2.5. Órgãos Seccionais 
São considerados órgãos seccionais do SISNAMA todos os órgãos e 
entidades ambientais estaduais e distritais: Conselhos Estaduais do Meio 
Ambiente, Secretarias Estaduais do Meio Ambiente, Autarquias Estaduais do 
Meio Ambiente etc. 
São responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e 
fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental. 
Na prática, em cada Estado da Federação e no Distrito Federal há um 
Conselho Estadual do Meio Ambiente, que também exerce o poder normativo 
ambiental no âmbito estadual/distrital e cujas resoluções são de observância 
obrigatória por todos os órgãos ambientais do Estado e dos respectivos Municípios. 
Trata-se dos órgãos e entidades ambientais instituídos pela legislação 
estadual para exercer, ao menos, duas competências: 
• O exercício do poder de polícia ambiental estadual: fiscalizando 
atividades e lavrando autos de infrações ambientais; 
• O licenciamento ambiental cuja competência pertença ao respectivo 
estado: concedendo licenças ambientais para o exercício de atividades 
potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos ambientais. 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
29 
 
QUESTÃO 
5. (Juiz do TJSC. Cebraspe – 2019). O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina 
(IMA/SC) é o órgão ambiental da esfera estadual catarinense responsável pela 
execução de programas e projetos de proteção ambiental, bem como pelo controle 
e pela fiscalização de atividades potencialmente causadoras de degradação 
ambiental. De acordo com a Lei n.º 6.938/1981, o IMA/SC compõe o Sistema 
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) na qualidade de 
a) órgão superior. 
b) órgão supervisor. 
c) órgão local. 
d) órgão seccional. 
e) órgão consultivo e deliberativo. 
1.2.6. Órgãos Locais 
São considerados órgãos locais do SISNAMA todos os órgãos e entidades 
ambientais municipais: Conselhos Municipais do Meio Ambiente, Secretarias 
Municipais do Meio Ambiente, Autarquias Municipais do Meio Ambiente etc. 
Consoante expressamente previsto no art. 6º da Lei da PNMA (Lei n.º 
6.389/1981), esses órgãos são responsáveis pelo controle e fiscalização das 
atividades ambientais, em suas respectivas jurisdições. 
Trata-se dos órgãos e entidades ambientais instituídos pela legislação 
municipal para exercer, ao menos, duas competências: 
• O exercício do poder de polícia ambiental municipal: fiscalizando 
atividades e lavrando autos de infrações ambientais; 
• O licenciamento ambiental cuja competência pertença ao respectivo 
município: concedendo licenças ambientais para o exercício de 
atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos 
ambientais. 
1.3. Política Nacional do Meio Ambiente 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
30 
 
 
1.3.1. Criação e diretrizes da Política Nacional do 
Meio Ambiente 
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída pela Lei Federal 
n.º 6.938/81 com a finalidade geral de preservação, melhoria e recuperação do 
meio ambiente propício à vida, para assegurar, no Brasil, as condições 
necessárias: 
• Ao desenvolvimento socioeconômico; 
• Aos interesses da segurança nacional; 
• À proteção da dignidade da vida humana. 
Com ela foram estabelecidos princípios (diretrizes), objetivos e 
instrumentos jurídicos necessários à adequada fiscalização, ao controle e à 
conservação dos recursos naturais no Brasil. Ou seja, com a instituição da PNMA, 
os órgãos e entidades ambientais foram reestruturados e passaram a contar com 
um conjunto de ferramentas jurídicas destinadas a propiciar uma efetiva 
preservação ambiental no Brasil. 
Assim, cabe aos órgãos e entidades integrantes da estrutura do SISNAMA a 
implementação da PNMA no país, respeitando-se o conjunto de princípios 
(diretrizes) por ela instituídos como orientadores da atuação governamental (art. 
2º da Lei Federal n.º 6.938/81), conforme abaixo: 
• Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; 
• Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
31 
 
• Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas 
representativas; 
• Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente 
poluidoras; 
• Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso 
racional e a proteção dos recursos ambientais; 
• Acompanhamento do estado da qualidade ambiental; 
• Recuperação de áreas degradadas; 
• Proteção de áreas ameaçadas de degradação; 
• Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, 
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser 
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; 
• Educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação 
da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na 
defesa do meio ambiente. 
Todavia, vale ressaltar que os princípios definidos pela PNMA, em verdade, 
se constituem em diretrizes para atuação estatal, razão pela qual não são 
considerados e não podem ser confundidos com os princípios tipicamente 
ambientais que serão estudados posteriormente (da prevenção, precaução, 
poluidor-pagador etc.). 
QUESTÃO 
6. (Juiz do TJPR. Cebraspe – 2019). Os princípios expressos na Lei n.º 6.938/1981 
— Política Nacional do Meio Ambiente — incluem 
A) o estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de 
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais. 
B) a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar e a recuperação 
de áreas degradadas. 
C) o desenvolvimento sustentável e o poluidor pagador. 
D) o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para 
o uso racional de recursos ambientais. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
32 
 
Conforme apontado acima, um dos princípios orientadores da ação 
governamental da PNMA é a promoção da educação ambiental em todos os níveis 
de ensino, posteriormente constitucionalizado como um dos deveres do Poder 
Público, nos termos do art. 225, §1º, inciso VI da Constituição da República: 
Art. 225. 
[...] 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao 
Poder Público: 
[...] 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio 
ambiente; 
Após a constitucionalização desta diretriz, foi instituída ainda, nos termos 
da Lei Federal n.º 9.795/99, uma Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), 
finalmente definindo o que se entende por educação ambiental: 
Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por 
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores 
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências 
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso 
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua 
sustentabilidade. 
Logo, seja como um dos princípios (diretrizes) da PNMA, seja como dever 
constitucional doPoder Público, a educação ambiental, voltada para a construção 
de valores para a conservação do meio ambiente, deve ser implementada como um 
componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar 
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo 
educativo, em caráter formal e não-formal. 
Apesar disso, contudo, a educação ambiental não compõe disciplina 
específica no currículo de ensino, salvo quanto aos cursos de pós-graduação e 
extensão, quando então será facultada a criação de disciplina específica, nos 
termos da Lei Federal n.º 9.795/99: 
Art. 10. 
[...] 
§ 1º A educação ambiental não deve ser implantada como 
disciplina específica no currículo de ensino. 
§ 2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas 
voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
33 
 
quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina 
específica. 
QUESTÕES 
7. (Juiz de Direito do TJMT. Vunesp – 2018) (adaptada). A respeito da Política 
Nacional de Educação Ambiental, pode se afirmar que a educação ambiental deve 
ser implementada como disciplina específica no currículo da educação básica. 
( ) Certo ( ) Errado 
8. (Promotor de Justiça do MPSC. 2016). Segundo recente alteração da Lei n. 
9.795/99, a educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa 
integrada, contínua e temporânea em todos os níveis e modalidades do ensino 
formal, devendo ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino. 
( ) Certo ( ) Errado 
Ela será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e 
permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. Deveras, as 
atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser 
desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes 
linhas de atuação inter-relacionadas: 
• Capacitação de recursos humanos; 
• Desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações; 
• Produção e divulgação de material educativo; 
• Acompanhamento e avaliação. 
Observação: vale ressaltar que a dimensão ambiental deve constar dos 
currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. 
Registre-se, ainda, que a PNEA deve ser executada, dentre outros, pelos 
órgãos do SISNAMA, nos termos do art. 1º do Decreto Federal n.º 4.281/02: 
Art. 1o A Política Nacional de Educação Ambiental será 
executada pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema 
Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, pelas instituições 
educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, pelos 
órgãos públicos da União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, envolvendo entidades não governamentais, 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
34 
 
entidades de classe, meios de comunicação e demais 
segmentos da sociedade. [grifo nosso] 
Por fim, é importante apontar os objetivos fundamentais da educação 
ambiental definidos pela PNEA: 
• O desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente 
em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos 
ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, 
científicos, culturais e éticos; 
• A garantia de democratização das informações ambientais; 
• O estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a 
problemática ambiental e social; 
• O incentivo à participação individual e coletiva, permanente e 
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, 
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor 
inseparável do exercício da cidadania; 
• O estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis 
micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade 
ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, 
igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e 
sustentabilidade; 
• O fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a 
tecnologia; 
• O fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e 
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. 
Portanto, além de ser em um dos princípios (diretrizes) da PNMA, a 
educação ambiental se constitui em dever constitucional do Poder Público e deve 
ser executada através da implementação de sua Política Nacional própria, a PNEA. 
Além disso, a PNMA ainda estabelece importantes conceitos legais que 
devem ser utilizados para a correta interpretação e aplicação das diversas normas 
ambientais do Microssistema Jurídico de Tutela Ambiental, a exemplo do conceito 
do Meio Ambiente, conforme abaixo: 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
35 
 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, 
abriga e rege a vida em todas as suas formas; 
Em verdade, nos termos da jurisprudência do STF, a defesa do meio 
ambiente deve contemplar não só o meio ambiente natural ou físico (os recursos 
naturais, como a fauna, flora, recursos hídricos etc.), mas também o meio ambiente 
cultural (relativo ao patrimônio cultural definido nos arts. 215 e 216 da CF), o meio 
ambiente artificial (decorrente da ação humana, conforme estabelecido pela 
política urbana prevista no art. 182 da CF) e o meio ambiente do trabalho ou 
laboral (relativo à saúde e a segurança nos locais de trabalho, conforme previsto 
no art. 200, inciso VIII da CF): 
[...] A incolumidade do meio ambiente não pode ser 
comprometida por interesses empresariais nem ficar 
dependente de motivações de índole meramente econômica, 
ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, 
considerada a disciplina constitucional que a rege, está 
subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que 
privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que 
traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio 
ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio 
ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente 
laboral. [...] (ADI 3540 MC, Relator(a): CELSO DE MELLO, 
Tribunal Pleno, julgado em 01/09/2005, DJ 03-02-2006 PP-
00014 EMENT VOL-02219-03 PP-00528). 
QUESTÕES 
9. (Juiz de Direito do TJBA. Cebraspe – 2019) De acordo com a jurisprudência do 
STF, o conceito de meio ambiente inclui as noções de meio ambiente 
a) artificial, histórico, natural e do trabalho. 
b) cultural, artificial, natural e do trabalho. 
c) natural, histórico e biológico. 
d) natural, histórico, artificial e do trabalho. 
e) cultural, natural e biológico. 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
36 
 
A PNMA ainda estabelece os seguintes conceitos legais que também devem 
ser utilizados em todo o Microssistema Jurídico de Tutela Ambiental: 
• Degradação ambiental: a alteração adversa das características do meio 
ambiente; 
• Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades 
que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da 
população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e 
econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio 
ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os 
padrões ambientais estabelecidos; 
• Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e 
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os 
elementos da biosfera, a fauna e a flora; 
• Poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de 
degradação ambiental. 
QUESTÃO 
10. (Promotor de Justiça do MPSP. 2013) Paraos fins da Lei n.º 6.938, de 31 de 
agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, entende-
se por 
I. meio ambiente o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química, estética, urbana e paisagística que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas; 
II. poluidor a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, 
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
37 
 
III. poluição a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que 
direta ou indiretamente, entre outras, prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-
estar da população e criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
IV. degradação da qualidade ambiental a alteração, adversa ou não, das 
características do meio ambiente; 
V. recursos ambientais a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, 
os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna 
e a flora. 
Está CORRETO somente o contido nos itens 
a) I, II e IV. 
b) III, IV e V. 
c) II, III e V. 
d) II, III e IV. 
e) I, IV e V. 
Consoante acima, o conceito legal de poluidor é alargado para alcançar 
qualquer pessoa, natural ou jurídica, de direito público ou privado, que seja 
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação 
ambiental. 
Exemplo: se o órgão ambiental municipal (órgão local) concede, por meio 
de conluio e fraude, uma licença ambiental inválida (por falta de competência), e o 
beneficiário – de posse dessa licença ambiental – promove o desmatamento de 
grande área de vegetação nativa, ambos serão considerados poluidores. O 
beneficiário da licença, sem dúvida, será o poluidor direto, ao posso que o 
município será o poluidor indireto. Desse modo, ambos poderão figurar no polo 
passivo de uma ação civil pública movida para condená-los na obrigação de reparar 
e indenizar os danos ambientais causados. 
Desse exemplo é possível se extrair a relevantíssima função do conceito 
alargado de poluidor, que também permitirá a responsabilização daqueles que 
contribuírem apenas indiretamente para a poluição ou degradação do meio 
ambiente. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
38 
 
QUESTÃO 
11. (Promotor de Justiça do MPMT. FCC – 2019). Segundo prevê o art. 225 da 
Constituição Federal “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo 
para as presentes e futuras gerações”. Nesse caso, 
A) degradação ambiental e poluição são expressões que se equivalem. 
B) como cabe ao Poder Público o dever de defender o meio ambiente, jamais 
poderá ser responsabilizado por sua degradação. 
C) o poluidor será sempre a pessoa física ou jurídica de direito privado, 
responsável, direta ou indiretamente, pela degradação ambiental. 
D) o poluidor será a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação 
ambiental. 
E) a poluição será sempre ilícita. 
1.3.2. Constitucionalização da Tutela Ambiental e da 
Política Nacional do Meio Ambiente 
Apesar dos importantes avanços no sistema de proteção ambiental 
promovidos com a aprovação da Lei Federal n.º 6.938/81, que instituiu o SISNAMA 
e o PNMA, é certo que a tutela do meio ambiente somente restou 
constitucionalizada com a aprovação do art. 225 da Constituição da República atual, 
em 1988, que elevou o meio ambiente ecologicamente equilibrado à condição de 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, passando a ser 
esse o fundamento constitucional da proteção ambiental em nosso ordenamento 
jurídico: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. [grifo nosso] 
Dessa forma, o meio ambiente ecologicamente equilibrado passou à 
condição de direito fundamental de terceira geração com o advento da atual 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
39 
 
Constituição da República, inspirada nos princípios firmados pela Declaração sobre 
o Meio Ambiente aprovada na Conferência de Estocolmo de 1972. Esta é a razão 
do porquê não se poderia, por exemplo, simplesmente extinguir ou revogar a 
PNMA, sob pena de se violar os comandos constitucionais de proteção ambiental. 
Além disso, o Constituinte originário elevou à condição de Patrimônio 
Nacional os seguintes biomas brasileiros: 
• Floresta Amazônica; 
• Mata Atlântica; 
• Serra do Mar; 
• Pantanal Mato-Grossense; 
• Zona Costeira. 
Com isso, esses biomas passaram a ostentar proteção constitucional 
especial, razão pela qual sua exploração está sujeita a regras mais rigorosas 
estabelecidas pela legislação ambiental infraconstitucional. Sua exploração só 
poderá ocorrer dentro de condições que assegurem a preservação dos seus 
recursos naturais: 
Art. 225. 
[...] 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra 
do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são 
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, 
dentro de condições que assegurem a preservação do meio 
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
Assim, por exemplo, a Lei Federal n.º 11.428/06 (Lei da Mata Atlântica), 
como regra, proíbe a supressão de vegetação primária e secundária em estágio 
avançado e médio de regeneração na Mata Atlântica, cuja intervenção somente 
será excepcionalmente permitida nos casos de utilidade pública, de pesquisas e de 
práticas preservacionistas, sob pena da caracterização crime ambiental (art. 38-A 
da Lei Federal n.º 9.605/98): 
Art. 20. O corte e a supressão da vegetação primária do Bioma 
Mata Atlântica somente serão autorizados em caráter 
excepcional, quando necessários à realização de obras, 
projetos ou atividades de utilidade pública, pesquisas 
científicas e práticas preservacionistas. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
40 
 
[...] 
Art. 21. O corte, a supressão e a exploração da vegetação 
secundária em estágio avançado de regeneração do Bioma 
Mata Atlântica somente serão autorizados: 
I - em caráter excepcional, quando necessários à execução de 
obras, atividades ou projetos de utilidade pública, pesquisa 
científica e práticas preservacionistas; 
[...] 
Art. 23. O corte, a supressão e a exploração da vegetação 
secundária em estágio médio de regeneração do Bioma Mata 
Atlântica somente serão autorizados: 
I - em caráter excepcional, quando necessários à execução de 
obras, atividades ou projetos de utilidade pública ou de 
interesse social, pesquisa científica e práticas preservacionistas; 
Outro exemplo é o art. 10 da Lei Federal n.º 12.651/12 (novo código 
florestal) que restringe novas supressões da vegetação nativa nos pantanais e 
planícies pantaneiras, situadas sobretudo no Pantanal Mato-Grossense, 
consoante será estudado em tópico futuro: 
Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a 
exploração ecologicamente sustentável, devendo-se 
considerar as recomendações técnicas dos órgãos oficiais de 
pesquisa, ficando novas supressões de vegetação nativa para 
uso alternativo do solo condicionadas à autorização do órgão 
estadual do meio ambiente, com base nas recomendações 
mencionadas neste artigo. 
A Lei Federal n.º 7.661/881 também disciplina a utilização racional dos 
recursos da Zona Costeira, que deve observaras disposições do Plano Nacional de 
Gerenciamento Costeiro – PNGC: 
Art. 3º. O PNGC deverá prever o zoneamento de usos e 
atividades na Zona Costeira e dar prioridade à conservação e 
proteção, entre outros, dos seguintes bens: 
I - recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, 
parcéis e bancos de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas 
fluviais, estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias; 
promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas; 
florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas; 
II - sítios ecológicos de relevância cultural e demais unidades 
naturais de preservação permanente; 
 
1 Regulamentada pelo Decreto Federal n.º 5.300/04. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
41 
 
III - monumentos que integrem o patrimônio natural, histórico, 
paleontológico, espeleológico, arqueológico, étnico, cultural e 
paisagístico. 
[...] 
Art. 5º. O PNGC será elaborado e executado observando 
normas, critérios e padrões relativos ao controle e à 
manutenção da qualidade do meio ambiente, estabelecidos 
pelo CONAMA, que contemplem, entre outros, os seguintes 
aspectos: urbanização; ocupação e uso do solo, do subsolo e 
das águas; parcelamento e remembramento do solo; sistema 
viário e de transporte; sistema de produção, transmissão e 
distribuição de energia; habitação e saneamento básico; 
turismo, recreação e lazer; patrimônio natural, histórico, 
étnico, cultural e paisagístico. 
§ 1º Os Estados e Municípios poderão instituir, através de lei, 
os respectivos Planos Estaduais ou Municipais de 
Gerenciamento Costeiro, observadas as normas e diretrizes do 
Plano Nacional e o disposto nesta lei, e designar os órgãos 
competentes para a execução desses Planos. 
§ 2º Normas e diretrizes sobre o uso do solo, do subsolo e das 
águas, bem como limitações à utilização de imóveis, poderão 
ser estabelecidas nos Planos de Gerenciamento Costeiro, 
Nacional, Estadual e Municipal, prevalecendo sempre as 
disposições de natureza mais restritiva. 
Não obstante isso, não há que se confundir Patrimônio Nacional com bem 
federal ou da União, haja vista que aquela locução revela proclamação de defesa 
de interesses do Brasil diante de eventuais ingerências estrangeiras, apenas isso, 
conforme assentado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Portanto, 
esses biomas constitucionalmente considerados como patrimônio nacional não 
constituem patrimônio da União, mas sim pertencem aos respectivos Estados e 
Municípios onde estão situados. 
Logo, as infrações decorrentes de violação da vegetação desses biomas 
tidos como patrimônio nacional, por si sós, não são de competência da Justiça 
Federal, conforme será estudado no Sisrespia. 
E frise-se: Os relevantíssimos biomas cerrado e caatinga, que ocupam 
grande parte do território do Brasil, não são considerados patrimônio nacional 
pela Constituição da República, por um verdadeiro lapso do Constituinte 
originário de 1988. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
42 
 
QUESTÃO 
12. (Juiz de Direito do TJAC. Vunesp – 2019) (adaptada). Todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (Caput do artigo 225 
da CF/88) 
Nesse sentido, é correto afirmar que a Floresta Amazônica brasileira, a 
Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense, o Cerrado, a Zona da 
Mata e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á na forma 
da lei. 
( ) Certo ( ) Errado 
Ainda é importante ressaltar que, com a constitucionalização da tutela 
ambiental, os animais passaram a ostentar proteção contra práticas cureis, que 
foram vedadas pelo Constituinte originários, nos seguintes termos: 
Art. 225. 
[...] 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a 
crueldade. 
Daí porque a proibição da caça de animais prevista no art. 2º da Lei Federal 
n.º 5.197/67 e a proibição da pesca de cetáceos (baleias e golfinhos) tipificada como 
crime no art. 2º da Lei Federal n.º 7.643/87 foram recepcionadas pela Constituição 
da República de 1988, haja vista que se constituem em práticas cruéis. 
Assim, somente se admite a caça de controle, haja vista que propicia o 
reequilíbrio do ecossistema contra o aumento desproporcional de certos animais 
predadores em determinadas localidades, com fundamento em estudos 
ambientais, e a caça científica, consoante decidido no julgamento da ADI n.º 5977 
pelo c. STF e previsto na Lei Federal n.º 5.197/67: 
Art. 2º. 
[...] 
§ 2º Será permitida mediante licença da autoridade 
competente, a apanha de ovos, lavras e filhotes que se 
destinem aos estabelecimentos acima referidos, bem como a 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
43 
 
destruição de animais silvestres considerados nocivos à 
agricultura ou à saúde pública. 
[...] 
Art. 14. Poderá ser concedida a cientistas, pertencentes a 
instituições científicas, oficiais ou oficializadas, ou por estas 
indicadas, licença especial para a coleta de material destinado 
a fins científicos, em qualquer época. 
Assim, práticas conhecidas como “farra do boi”, “briga ou rinha de galos”, 
caça profissional (causadora de extinção de espécies), esportiva ou amadorística 
(TRF4, EI na AC n.º 2004.71.00.021481-2/RS), e a vaquejada, regulamentadas em 
leis estaduais, são proibidas e foram consideradas inconstitucionais pelo Supremo 
Tribunal Federal ante a proteção constitucional dos animais insculpida no art. 
225, §1º, inciso VII da CR/88 (ex.: ADI n.º 4983). 
 
QUESTÃO 
13. (Procurador do Município da PGM/Inhapi-AL. Copeve/Ufal – 2015). A respeito 
do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto na Constituição 
Federal de 1988 e das regras estabelecidas para proteção da fauna e da flora 
brasileiras, é correto afirmar: 
A) embora a Constituição de 1988 restrinja a prática de atividades que 
impliquem maus-tratos contra animais, a legislação penal em vigor tipifica como 
crime apenas o ato praticado contra animais silvestres nativos. 
B) o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado impede qualquer 
forma de violência ou prática de ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animal 
silvestre, ressalvadas as práticas autorizadas na lei complementar em vigor. 
C) as regras voltadas à proteção do meio ambiente, na Constituição Federal 
de 1988, têm estatura de direito fundamental, tipificando como ilícitas quaisquer 
atividades econômicas que impliquem a emissão de poluentes tóxicos e 
degradação do meio ambiente natural. 
D) a Constituição de 1988 traz regra expressa que veda práticas que 
submetam os animais a crueldade e, já serviu de fundamento para que o STF se 
pronunciasse sobre a inconstitucionalidade da prática de “briga de galo” e da 
manifestação conhecida como “farra do boi”. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
44 
 
E) para assegurar o direito ao meio ambiente equilibrado, a Constituição de 
1988 veda a exploração de recursos minerais que implique degradação do meio 
ambiente natural, devendo ser responsabilizada criminalmente pessoa física ou 
jurídica que desenvolva a atividade. 
Também em razão da tutela constitucional dos animais, o art. 32 da Lei 
Federal n.º 9.605/98 tipificou como crime as práticas que lhes causem maus-
tratos.2 
Registre-se que o depósito e a guarda de animais silvestres, consistentes 
naqueles que vivem naturalmente fora do cativeiro (considerados propriedade do 
Poder Público3), a exemplo dos micos, papagaiosetc., só se legitimam com a prévia 
autorização dos órgãos do Sisnama4, sob pena de se caracterizar a prática de crime 
ambiental5. 
Outras práticas cruéis certamente também serão proibidas, como a prova 
bulldog em rodeios, que utiliza bezerros e que já deixou um animal tetraplégico na 
festa do peão de Barretos/SP, em 2011, e a produção e comercialização de foie 
gras, que consiste no patê de fígado de gansos submetidos a uma vida confinada e 
com alimentação forçada para que o órgão do animal fique hiperdesenvolvido.6 
Portanto, como visto, em nosso ordenamento jurídico há uma destacada 
preocupação com o bem-estar dos animais, razão pela qual — dentre as 
concepções filosóficas e ético-ambientais abaixo — considera-se que a Constituição 
da República adotou o antropocentrismo moderado (ADI n.º 4983) ou com doses 
do biocentrismo, porquanto conferiu especial proteção aos animais, 
independentemente dos interesses do homem: 
• Antropocentrismo (clássico): A proteção ambiental tem como única 
finalidade servir ao homem; 
• Ecocentrismo: Valor não instrumental dos ecossistemas, que devem ser 
considerados em si mesmos, independentemente de qualquer interesse 
humano, podendo ser defendidos até mesmo contra os seres humanos. 
 
2 Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou 
domesticados, nativos ou exóticos; 
3 Prevalece que são de propriedade da União. 
4 Nos termos da Resolução n.º 457/13. 
5 Art. 29 da Lei Federal n.º 9.605/98. 
6 Será apreciado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE n.º 1.030.732. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
45 
 
Foi a opção adotada, por exemplo, pelo art. 72 da Constituição da 
República do Equador de 2008 (a natureza com sujeito de direitos); 
• Biocentrismo: Valor intrínseco dos demais animais, 
independentemente da existência do homem, em especial dos 
mamíferos, que são seres sencientes (percepção de dor e prazer). Foi a 
opção adotada pelo projeto de lei da Câmara 27/2018 que passa a 
considerar os animais não humanos com natureza jurídica sui generis e 
como sujeitos com direitos despersonificados, vedando seu tratamento 
como coisa (já aprovado na Câmara e no Senado, aguardando a revisão 
pela Câmara); 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
46 
 
QUESTÃO 
14. (Juiz de Direito do TJSP. Vunesp – 2017) (adaptada). Considere a reflexão de 
Michel Serres em O contrato natural: “O retorno à natureza! O que implica 
acrescentar ao contrato exclusivamente social a celebração de um contrato natural 
de simbiose e de reciprocidade em que a nossa relação com as coisas permitiria o 
domínio e a possessão pela escuta admirativa, a reciprocidade, a contemplação e o 
respeito, em que o conhecimento não suporia já a propriedade nem a ação o 
domínio, nem estes os seus resultados ou condições estercorárias. Um contrato de 
armistício na guerra objetiva um contrato de simbiose: o simbiota admite o direito 
do hospedeiro, enquanto o parasita – o nosso atual estatuto – condena à morte 
aquele que pilha e o habita sem ter consciência de que, a prazo, se condena a si 
mesmo ao desaparecimento. O parasita agarra tudo e não dá nada; o hospedeiro 
dá tudo e não agarra nada. O direito de dominação e de propriedade reduz-se ao 
parasitismo. Pelo contrário, o direito de simbiose define-se pela reciprocidade: 
aquilo que a natureza dá ao homem é o que este lhe deve dar a ela, tornada sujeito 
de direito.” 
Pode-se afirmar que, nessa reflexão, o autor propõe 
A) que os fundamentos filosóficos do direito ambiental devem se fundar numa 
ética antropocêntrica clássica, e não numa defesa ingênua do meio ambiente, que 
não existe como uma esfera desvinculada das ações, ambições e necessidades 
humanas. 
B) a predominância do humano deve implicar uma ética utilitarista sobre a 
natureza, uma vez que é situado ele em padrão mais elevado entre os seres do 
mundo, e ser ela essencial para satisfação de suas necessidades. 
C) uma alteração no eixo metodológico e paradigmático do direito ambiental 
do antropocentrismo clássico para um biocentrismo moderado em que a natureza, 
pelos valores que representa em si mesma, venha receber proteção e, por seu 
próprio fundamento, missão jurídica e ética do Homem. 
D) que os fundamentos éticos e filosóficos do direito ambiental devem ter em 
consideração a visão humanística – razão cartesiana centrada no sujeito (ser 
humano) cindido do objeto (natureza) – da qual decorre a circunstância de que a 
dimensão do humano deve ser a medida sob todo o mundo natural. 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
47 
 
Por fim, é importante ressaltar que – aparentemente – essa dose de 
biocentrismo adotada pelo Constituinte originário quando estabeleceu relevante 
tutela constitucional aos animais, ao vedar práticas cruéis contra eles, restou 
mitigada com a aprovação da emenda constitucional n.º 96/17, pela qual o 
Congresso Nacional, em verdadeira reação do Poder Legislativo (efeito backlash) à 
decisão do STF na ADI n.º 4983 (inconstitucionalidade de lei estadual que autorizava 
a vaquejada), buscou readmitir a prática da vaquejada no país, desde que seja 
considerada prática desportiva e manifestação cultural tida como bem de natureza 
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro: 
Art. 225. 
§1º [...] 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a 
crueldade. [...] 
 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º 
deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas 
que utilizem animais, desde que sejam manifestações 
culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição 
Federal, registradas como bem de natureza imaterial 
integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser 
regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar 
dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional 
n.º 96, de 2017) 
E a Lei Federal n.º 13.364/16 já havia declarado a vaquejada, o rodeio e o 
laço (o laço foi incluído pela Lei Federal n.º 13.873/19) como manifestações 
culturais nacionais elevadas à condição de bens de natureza imaterial integrantes 
do patrimônio cultural brasileiro, de modo a torná-las práticas constitucionais, 
agora à luz da emenda constitucional n.º 96/17. A Lei ainda delegou às respectivas 
associações responsáveis pela promoção dessas práticas a competência para 
aprovar regulamentos que assegurem o bem-estar dos animais, transferindo a 
elas – portanto – o exercício do poder de polícia ambiental, pasmem! 
Art. 2º O rodeio, a vaquejada e o laço, bem como as respectivas 
expressões artísticas e esportivas, são reconhecidos como 
manifestações culturais nacionais e elevados à condição de 
bens de natureza imaterial integrantes do patrimônio cultural 
brasileiro, enquanto atividades intrinsecamente ligadas à vida, 
à identidade, à ação e à memória de grupos formadores da 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc96.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc96.htm
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
48 
 
sociedade brasileira. (Redação dada pela Lei n.º 13.873, de 
2019) 
 
Art. 3º-B. Serão aprovados regulamentos específicos para o 
rodeio, a vaquejada, o laço e as modalidades esportivas 
equestres por suas respectivas associações ou entidades legais 
reconhecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento. (Incluído pela Lei n.º 13.873, de 2019) 
§ 1º Os regulamentos referidos no caput deste artigo devem 
estabelecer regras que assegurem a proteção ao bem-estar 
animal e preversanções para os casos de descumprimento. 
Vale ressaltar que, apesar de a Lei Federal n.º 13.364/16 ter sido aprovada 
antes da EC 96/17, eventual alegação de inconstitucionalidade originária, diante 
da vedação à constitucionalidade superveniente (conforme a jurisprudência do c. 
STF), resta afastada, haja vista que a mencionada lei foi quase que integralmente 
alterada e reafirmada pela Lei Federal n.º 13.873/19, portanto já na égide do novo 
texto constitucional. 
Por fim, cabe destacar que a prática de rodeio também se encontra 
regulamentada na Lei Federal n.º 10.519/02, que veda o uso de apetrechos que 
possam causar injúrias ou ferimentos aos animais, sobretudo de esporas com 
rosetas pontiagudas e de aparelhos de choques elétricos, sob pena de multa de 
até R$ 5.320,00, além de advertência ou suspensão das atividades. 
QUESTÃO 
15. (Procurador do Estado da PGE/PI. Cebraspe – 2014). Na Festa da Farra do Boi, 
realizada em Santa Catarina, tradicionalmente, populares se divertem com o fato 
de submeter animais bovinos a sofrimentos físicos de naturezas diversas. O STF, ao 
julgar a polêmica que envolve essa festividade, manifestou-se, por maioria, pela 
proibição de sua realização. A respeito desse assunto, assinale a opção correta. 
A) A apreciação do tema em tela envolve a análise de dois bens 
constitucionalmente protegidos e contidos no conceito de meio ambiente: as 
manifestações culturais e a fauna nacional. 
B) A caracterização da Festa da Farra do Boi como manifestação cultural não 
tem relevância na análise do referido tema, uma vez que, havendo conflito entre 
normas de proteção ao meio ambiente e normas de proteção ao patrimônio 
cultural, prevalecem as primeiras. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13873.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13873.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13873.htm#art3
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
49 
 
C) A crueldade contra animais é um conceito subjetivo, de sorte que só se 
considera cruel a prática que submeta o animal a dor extrema. 
D) A proibição de realização da referida festividade encontra respaldo no 
princípio constitucional da função ecológica da propriedade. 
E) A CF, ao proibir práticas que submetam animais a crueldade, contraria a 
visão antropocêntrica do direito ambiental e passa a considerar os animais, ao lado 
dos seres humanos, como titulares de direitos. 
1.4. Objetivos 
 
 
Os órgãos que compõem a estrutura do Sisnama são responsáveis pela 
implementação da Política Nacional do Meio Ambiente — PNMA — e, por isso, 
devem buscar o cumprimento dos seus objetivos específicos. 
São objetivos específicos da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA: 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
50 
 
A compatibilização do desenvolvimento econômico social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico indica que se 
deve buscar o desenvolvimento sustentável do País, conformando a prosperidade 
da Nação através do desenvolvimento da economia (com avanços tecnológicos e 
industriais etc.) com o respeito à preservação ambiental, tal qual idealizado no 
Relatório Brundtland, Nosso Futuro Comum, elaborado pela Comissão Mundial 
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU – CMED – e publicado em 
1987. 
O estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de 
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais se constitui em 
relevantíssimo objetivo da PNMA. Conforme visto linhas atrás, a PNMA considera 
como poluição a degradação da qualidade ambiental, ou seja, qualquer atividade 
que – direta ou indiretamente – promova alterações adversas nas características 
do meio ambiente. Desse modo, pelo amplíssimo conceito legal acima destacado, 
qualquer atividade humana causa poluição. O simples sair de casa dirigindo seu 
veículo, movido a gasolina, já promoverá alterações adversas nas características 
do meio ambiente com os gases emitidos pela queima do combustível fóssil. 
Assim, deve-se distinguir a poluição admissível ou minimamente 
necessária para a vida, da poluição inadmissível e que constitui, por isso, infração 
às normas ambientais. Esse processo de distinção se constitui justamente no 
estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental, um dos objetivos 
buscados pela PNMA. 
O desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para 
o uso racional de recursos ambientais e difusão de tecnologias de manejo do meio 
ambiente, divulgação de dados e informações ambientais e formação de uma 
consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e 
do equilíbrio ecológico estabelece que o Poder Público deve fomentar a criação e 
distribuição de equipamentos tecnológicos cada vez mais avançados que possam 
contribuir para a conservação do meio ambiente através do uso mais eficiente dos 
recursos naturais e da diminuição da poluição. 
A preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua 
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção 
do equilíbrio ecológico propício à vida determina objetivo nuclear da PNMA, 
instituído com a finalidade central de buscar a preservação do meio ambiente e de 
seus recursos naturais, sendo – por isso – necessária a conscientização de que esses 
recursos são esgotáveis, razão pela qual devem ser utilizados de forma eficiente e 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
51 
 
racional para se manter sua disponibilidade permanente, inclusive para as futuras 
gerações, além de se buscar sua reparação e restauração se eventualmente 
sofrerem algum tipo de degradação. 
A imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou 
indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de 
recursos ambientais com fins econômicos estabelece um dos objetivos mais 
relevante da PNMA, haja vista que busca garantir a um só tempo a 
responsabilização do poluidor pelos danos ambientais causados e sua obrigação de 
efetivamente reparar esses danos ou, quando impossível sua reparação, indenizá-
los (princípio ambiental do poluidor-pagador). Esse objetivo ainda estabelece que 
também os usuários de recursos ambientais, extraídos de forma lícita e regular, 
sejam obrigados a contribuir por sua utilização, daí porque esses bens ambientais 
passam a ser dotados de valor econômico para induzir e conscientizar seu uso 
racional e se evitar desperdícios (princípio ambiental do usuário-pagador). 
Por fim, a definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à 
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, do Territórios e dos Municípios visa a fomentar o 
estabelecimento de áreas que receberão especial ação do Poder Público quanto à 
manutenção, a preservação e a recuperação da qualidade ambiental e do equilíbrio 
ecológico, ou seja, o estabelecimento de espaços territoriais que receberão 
especial ação e proteção do Poder Público, como por exemplo a instituição de 
parques e áreas de proteção ambiental, o que será estudado no segundo sistema, 
no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC. 
 
QUESTÃO 
16. (Juiz de Direito do TJSP. Vunesp – 2014). Não é objetivo da Política Nacional do 
Meio Ambiente (PNMA): 
A) desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para 
o uso racional dos recursos ambientais. 
B) promoção da proteção do patrimônio cultural local, observada a ação 
fiscalizadora municipal e estadual. 
C) a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a 
preservação da qualidade do meio ambientee do equilíbrio ecológico. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
52 
 
D) definição das áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade 
e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. 
1.5. Instrumentos 
 
Os órgãos e entidades que compõem a estrutura do Sisnama devem 
implementar a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA –, cumprindo seus 
objetivos. Para isso, se utilizarão do conjunto de instrumentos ambientais que 
foram disponibilizados pela Lei da PNMA, consistentes em verdadeiras ferramentas 
jurídicas. 
Assim, por exemplo, o IBAMA (entidade da estrutura do Sisnama) poderá 
se utilizar do licenciamento ambiental (um dos instrumentos da PNMA) para 
compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio 
ambiente (um dos objetivos da PNMA) através do estabelecimento de condições 
(condicionantes) para a autorização do funcionamento de empreendimento que 
é causador de degradação ambiental, propiciando — com isso — a 
implementação da própria Política Nacional do Meio Ambiente. 
São instrumentos da PNMA, a serem utilizados pelos órgãos e entidades do 
Sisnama: 
• O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
• O zoneamento ambiental; 
• As avaliações de impactos ambientais; 
• O licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
53 
 
• Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade 
ambiental; 
• A criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder 
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção 
ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; 
• O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 
• O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa 
Ambiental; 
• As penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento 
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação 
ambiental. 
• A instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser 
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e 
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; 
• A garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; 
• O Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras 
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais; 
• Os instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão 
ambiental, seguro ambiental e outros. 
É importante ressaltar que as penalidades disciplinares se constituem em 
um dos mais importantes instrumentos da PNMA, porém somente serão estudadas 
no Sisrespia. 
 
QUESTÃO 
17. (Promotor de Justiça do MPTO. Cebraspe – 2012). Os instrumentos da Política 
Nacional do Meio Ambiente incluem o 
A) licenciamento ambiental, o zoneamento ecológico e o plano de manejo 
econômico das florestas. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
54 
 
B) estudo de impacto ambiental e o manejo seletivo das espécies endêmicas. 
C) relatório de impacto ambiental e o desenvolvimento de pesquisas 
biotecnológicas. 
D) zoneamento ambiental e o projeto de desenvolvimento de pesquisa 
biomarinha. 
E) licenciamento ambiental e o zoneamento ambiental. 
Vamos estudar os seguintes instrumentos, considerados mais relevantes: 
 
1.5.1. Licenciamento ambiental 
O licenciamento ambiental se constitui, sem dúvida, no mais importante 
e notório instrumento da PNMA, ferramenta jurídica à disposição dos órgãos do 
Sisnama para que possam viabilizar a implementação dessa Política Nacional e o 
cumprimento dos seus objetivos. 
Trata-se de procedimento administrativo destinado a autorizar ou não 
atividades e empreendimentos que sejam utilizadores de recursos ambientais, 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
55 
 
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental. 
Assim, a construção, a instalação, a ampliação e o funcionamento de 
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou 
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental dependerão e somente poderão funcionar com o prévio 
licenciamento ambiental promovido pelos órgãos da estrutura do SISNAMA, sob 
pena de crime ambiental7, de multa e de embargo da atividade, nos termos do 
art. 10, caput da Lei Federal n.º 6.938/81: 
Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento 
de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, 
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental 
dependerão de prévio licenciamento ambiental. 
Em verdade, o licenciamento ambiental se constitui em legítimo exercício 
do poder de polícia administrativo-ambiental exercido pelos órgãos do Sisnama, 
que poderão, com fundamento na legislação ambiental, restringir direitos 
individuais para fazer preponderar o respeito aos interesses de toda coletividade 
relativos à preservação do meio ambiente, nos termos do art. 78 do Código 
Tributário Nacional: 
[...] 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, 
interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de 
fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, 
à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do 
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes 
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade 
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais 
ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar n.º 31, de 
1966) 
Por meio dele, busca-se prevenir graves danos ao meio ambiente, ou 
mitigá-las por meio de exigências condicionantes à expedição das licenças 
ambientais. 
 
7 Art. 60 da Lei Federal n.º 9.605/98. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ACP/acp-31-66.htm#art7segunda
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ACP/acp-31-66.htm#art7segunda
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ACP/acp-31-66.htm#art7segunda
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
56 
 
Daí porque, por exemplo, se determinada rede de supermercados 
pretender instalar uma nova unidade em imóvel urbano com vegetação nativa 
situado na cidade de Presidente Dutra/BA (Capital mundial da pinha), somente 
poderá fazê-lo após se submeter ao procedimento de licenciamento ambiental 
perante o órgão competente do Sisnama. Da mesma forma, se uma empresa do 
agronegócio pretender implantar um projeto de irrigação para cultivo de mangas e 
uvas em extensa área situada na zona rural de Juazeiro/BA também dependerá de 
prévio procedimento de licenciamento ambiental. 
E isso demonstra a relevância desse instrumento da PNMA, com potencial 
para impactar em quase todas as atividades e empreendimentos a serem 
implementados no Brasil. 
Além disso, todos os casos de pedidos de licenciamento ambiental, sua 
renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial, bem como 
em periódico regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de 
comunicação mantido pelo órgão ambiental competente. 
Também é importante destacar que, como sabido, pela prestação de 
serviços administrativos é possível se instituir e cobrar um tributo: A taxa de 
serviço, nos termos do art. 145, inciso II da Constituição da República c/c art. 77 
do Código Tributário Nacional, respectivamente in verbis: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federale os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: [...] II - taxas, em razão 
do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou 
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, 
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
 
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo 
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas 
respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício 
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou 
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao 
contribuinte ou posto à sua disposição. 
Com esse fundamento, e para remunerar os serviços de licenciamento 
ambiental federal exercidos pelo IBAMA (órgão executor do Sisnama), 
especialmente quanto às despesas administrativas decorrentes das atividades 
extraordinárias que são realizadas nos processos de licenciamento ambiental, a 
União instituiu a cobrança de taxa de serviço, nos termos do art. 17-A da Lei 
Federal n.º 6.938/81: 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
57 
 
Art. 17-A. São estabelecidos os preços dos serviços e produtos 
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis - Ibama, a serem aplicados em âmbito 
nacional, conforme Anexo a esta Lei. 
Os serviços, considerados fatos geradores deste tributo, estão relacionados 
no Anexo da respectiva lei (licenciamento para transporte nacional e exportação da 
fauna silvestre, licenciamento ambiental geral, autorização de supressão vegetal 
etc.). 
Registre-se, ainda, que os valores das taxas de licenciamento ambiental 
devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do 
serviço prestado, nos termos do art. 13, §3º da Lei Complementar Federal n.º 
140/11: 
Art. 13. 
[...] 
§ 3º Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e 
outros serviços afins devem guardar relação de 
proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço 
prestado pelo ente federativo. 
E assim como a União instituiu sua taxa de serviço para remunerar os 
serviços federais de licenciamento ambiental, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios também poderão fazê-lo nos termos de sua respectiva legislação, para 
remunerar os serviços de licenciamento ambiental de sua competência, haja vista 
que a competência constitucional para instituição de taxas é comum. 
Por fim, é importante destacar a existência de quatro situações nas quais 
a legislação federal dispensou o prévio licenciamento ambiental para o 
desenvolvimento de certas atividades potencialmente poluidoras: 
• Atividades de segurança nacional: Por exemplo, a construção de bases 
militares em localidades estratégicas para a segurança nacional, ainda 
que em área de floresta, desde que caracterizada a urgência 
decorrente, por exemplo, de situação de risco ou de agressão ao 
território nacional; 
• Atividades e empreendimentos previstos no preparo e emprego das 
Forças Armadas: Definidos em ato do Poder Executivo; 
• Obras de defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes 
em áreas urbanas: Desde que esteja caracterizada a urgência, como Por 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
58 
 
exemplo, a realização de obras de contenção de encostas e de morros 
para se evitar mais deslizamentos decorrentes de fortes chuvas, e se 
prevenir acidente; 
• Atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental em pequenas 
propriedades rurais familiares (até 4 módulos fiscais): Dependerão 
apenas de simples declaração ao órgão ambiental, como por exemplo a 
abertura de pequenas vias de acesso e construção de pontes e 
pontilhões necessários à travessia de cursos d’água ou acesso a eles, em 
área de preservação permanentes ou em reservas legais. 
Além das situações acima, previstas na legislação federal, poderiam os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios aprovar leis dispensando o prévio 
licenciamento ambiental em novos casos? 
Para se responder a essa questão primeiro deve-se compreender as regras 
de competência constitucional para se legislar sobre o meio ambiente e, por 
conseguinte, sobre licenciamento ambiental. 
A Constituição da República estabelece que a competência para se legislar 
sobre o meio ambiente é concorrente entre a União e os Estados-Membros: 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca, 
fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos 
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
[...] 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico; 
Desse modo, a competência legislativa concorrente criou verdadeiro 
“condomínio legislativo” entre a União, os Estados e o Distrito Federal, cabendo 
à União a aprovação de normas gerais sobre o meio ambiente (conceitos, 
princípios, procedimentos etc.) e aos Estados-Membros o exercício da 
competência complementar quando já existente norma geral sobre o meio 
ambiente, ou a competência legislativa plena (supletiva) quando inexistente 
norma federal de caráter geral. 
Portanto, considerando-se que a União já estabeleceu a norma geral 
sobre a exigência de prévio licenciamento ambiental gravada no art. 10 da Lei 
Federal n.º 6.938/81, a complementação da legislação federal por Estados-
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
59 
 
Membros para atendimento de interesses regionais não permite a dispensa da 
exigência de prévio licenciamento ambiental para atividades potencialmente 
poluidoras, sob pena de se caracterizar patente inconstitucionalidade formal pela 
violação da norma constitucional que distribui a competência legislativa entre os 
Entes da Federação (ADI 5312). 
Os Estados-Membros poderão editar normas ambientais mais protetivas 
ao meio ambiente para atender suas peculiaridades regionais, no exercício de sua 
competência constitucional concorrente para complementar as normas federais, 
haja vista que a sobreposição de opções políticas por graus variáveis de proteção 
ambiental constitui circunstância própria do estabelecimento de competência 
concorrente sobre a matéria, consoante assentado, à unanimidade, pelo plenário 
do Supremo Tribunal Federal em verdadeira virada jurisprudencial no julgamento 
da ADI 5996. 
Vale ressaltar também que a ampliação indiscriminada dos casos de 
dispensa de prévio licenciamento ambiental implicaria em proteção deficiente ao 
direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, razão pela qual 
poder-se-ia configurar gravíssima inconstitucionalidade material. 
Quanto aos Municípios, vige a mesma restrição, haja vista que possuem 
competência constitucional apenas para legislar sobre assuntos de interesse local 
e suplementar a legislação federal e a estadual, no que couber. 
Portanto, os Municípios poderão suplementar a legislação estadual e 
federal no limite do seu interesse local, desde que esse regramento seja harmônico 
com a disciplina estabelecida pelos demais Entes Federados, sob pena de afrontar 
a norma inserta no art. 24, VI da Constituição da República (RE 586.224/SP). 
E esse raciocínio jurídico deve ser aplicado em quaisquer situações em 
que se constate antinomia entre normas ambientais da União e dos demais Entes 
Federados, conforme se observa das conclusões abaixo: 
• É formalmente inconstitucional lei estadual que autoriza supressão de 
vegetal em Área de Preservação Permanente para a realização de 
construções, pois o Código Florestal (lei federal que prevê as normas 
gerais sobre o tema, nos termos do art. 24, § 1º, da Constituição da 
República) não permite edificação recreativa em área de preservação 
permanente (ADI 4988/TO);RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
60 
 
• É formalmente inconstitucional lei municipal que reduz o tamanho da 
Área de Preservação Permanente em cursos d’água, pois o Código 
Florestal (lei federal que prevê as normas gerais sobre o tema, nos 
termos do art. 24, § 1º, da Constituição da República) já estabeleceu o 
tamanho mínimo (AREsp 1312435/RJ. STJ); 
• É formalmente inconstitucional lei municipal que proíbe a queima da 
palha da cana-de-açúcar e o uso do fogo em atividades agrícolas, pois o 
Código Florestal (lei federal que prevê as normas gerais sobre o tema, 
nos termos do art. 24, § 1º, da Constituição da República) já disciplinou 
a questão (RE 586.224/SP). 
Por fim, é importante destacar que compete privativamente à União 
legislar sobre águas, energia, jazidas, minas e recursos minerais, e atividades 
nucleares, razão pela qual o raciocínio jurídico acima destacado não se aplica a 
estes casos. 
QUESTÃO 
18. (Juiz Federal do TRF3. 2016). Assinale a alternativa correta. Acerca da 
competência de legislar em matéria ambiental prevista na Constituição: 
A) É de competência concorrente entre União, Estados e Municípios a edição 
de normas gerais acerca de proteção do meio ambiente e controle de poluição. 
B) Inexiste competência da União para legislar sobre proteção ambiental em 
porção territorial limitada a um Estado ou que não tenha alcance em todo o 
território nacional, como, por exemplo, a vedação de pesca em um único estado da 
federação. 
C) Segundo posicionamento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, viola a 
Constituição Federal a edição de norma estadual que vise a suprimir requisito legal 
previsto em lei federal mais restritivo para determinada modalidade de 
licenciamento ambiental, sem justificada peculiaridade local. 
D) É de competência concorrente entre União, Estados e Municípios a edição 
de normas de responsabilidade por danos ao meio ambiente. 
E) Todas as alternativas anteriores estão corretas. 
1.5.1.1. Competência no Licenciamento Ambiental 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
61 
 
Neste tópico estudaremos os cinco importantes aspectos da competência 
relativa aos processos de licenciamento e de fiscalização ambientais. 
 
1.5.1.1.1. Competência no Processo de Licenciamento 
Ambiental 
Para se compreender corretamente a competência no processo de 
licenciamento ambiental deve-se estudar a competência constitucional material 
sobre o meio ambiente. 
Deveras, a competência constitucional material para a proteção do meio 
ambiente é comum, razão pela qual não só a União, mas todos os demais Entes 
Federados (Estados, DF e Municípios) devem promover ações concretas de 
fiscalização e preservação ambiental, nos termos do art. 23 da Constituição da 
República: 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios: [...] VI - proteger o meio 
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
Daí porque os Estados, o DF e os Municípios não devem apenas esperar as 
ações dos órgãos ambientais federais, mas sim promover ações concretas de 
preservação ambiental em seus respectivos territórios. 
Para organizar a distribuição cooperativa dessas competências 
constitucionais materiais, relativas à preservação ambiental, evitando-se 
possíveis conflitos federativos entre os Entes Políticos, o Constituinte estabeleceu 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
62 
 
a necessidade de aprovação de Leis Complementares para a fixação de normas de 
federalismo cooperativo em matéria ambiental: 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios: [...] Parágrafo único. Leis 
complementares fixarão normas para a cooperação entre a 
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo 
em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em 
âmbito nacional. 
Sobreveio então a aprovação da Lei Complementar Federal n.º 140/11, 
que promoveu a correta distribuição das competências constitucionais materiais 
relativas à preservação do meio ambiente entre todos os Entes Federados: 
Art. 1º Esta Lei Complementar fixa normas, nos termos dos 
incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da 
Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações 
administrativas decorrentes do exercício da competência 
comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, 
à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em 
qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da 
fauna e da flora. 
Desse modo, a mencionada lei complementar federal promoveu a 
distribuição das competências para o licenciamento ambiental entre os Entes da 
Federação, que serão exercidas exclusivamente pelos órgãos e entidades do 
Sisnama, afastando assim possíveis conflitos de atribuições que, aliás, ocorriam 
frequentemente quando essa distribuição era regida apenas pela Resolução n.º 
237/97 – Conama. 
Na distribuição levou-se em consideração basicamente a conjugação 
gradual de três critérios: 
• Dominialidade do bem público que será afetado: Por esse critério, o 
licenciamento ambiental caberia ao Ente da Federação detentor do bem 
afetado, como por exemplo, no caso de atividades que possam afetar 
terras indígenas cujas propriedade e competência são da União; 
• Da dimensão do impacto ou dano ambiental: Por esse critério, as 
atividades causadoras de mero impacto local seriam licenciadas pelos 
Municípios; as causadoras de impacto regional, pelos Estados; e as 
causadoras de impacto nacional, pela União; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23vi
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23vii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23p
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23p
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
63 
 
• Do Ente da Federação instituidor da unidade de conservação: Por esse 
critério, o licenciamento ambiental caberia ao Ente da Federação 
responsável pela criação da unidade de conservação da natureza. 
Assim, conforme estabelecido no art. 7º, inciso XIV, da Lei Complementar 
Federal n.º 140/11, compete à União, através do seu órgão executor do Sisnama, o 
IBAMA, promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: 
• localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país 
limítrofe; 
• localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma 
continental ou na zona econômica exclusiva; 
• localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; 
• localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação da natureza 
federais (salvo se a unidade for classificada como Área de Proteção 
Ambiental – APA); 
• localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados; 
• de caráter militar; 
• destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, 
armazenar e dispor material radioativo ou que utilizem energia nuclear 
em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da 
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); ou 
• relativas à implantação, regularização e manutenção de rodovias 
federais ou pavimentação e ampliação de sua capacidade se a rodovia 
federal possuir extensão igual ou superior a 200 quilômetros; 
• relativas à implantação, ampliação da capacidade e regularização de 
ferrovias federais; 
• relativas à implantação e ampliação da capacidade de hidrovias federais 
cujo somatório dos trechos de intervenções seja igual ou superior a 200 
quilômetrosde extensão; 
• relativas a usinas hidrelétricas e termelétricas com capacidade igual ou 
superior a 300 megawatt, e eólicas nos casos offshore e zona de 
transição terra-mar; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
64 
 
• relativas a portos organizados, terminais de uso privado e a exploração 
e produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, 
nas hipóteses definidas no Decreto Federal n.º 8.437/158. 
 
8 [...] IV - portos organizados, exceto as instalações portuárias que movimentem carga em volume 
inferior a 450.000 TEU/ano ou a 15.000.000 ton/ano; V - terminais de uso privado e instalações 
portuárias que movimentem carga em volume superior a 450.000 TEU /ano ou a 15.000.000 
ton/ano; VI - exploração e produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos nas 
seguintes hipóteses: a) exploração e avaliação de jazidas, compreendendo as atividades de aquisição 
sísmica, coleta de dados de fundo (piston core), perfuração de poços e teste de longa duração 
quando realizadas no ambiente marinho e em zona de transição terra-mar (offshore); b) produção, 
compreendendo as atividades de perfuração de poços, implantação de sistemas de produção e 
escoamento, quando realizada no ambiente marinho e em zona de transição terra-mar (offshore); e 
c) produção, quando realizada a partir de recurso não convencional de petróleo e gás natural, em 
ambiente marinho e em zona de transição terra-mar (offshore) ou terrestre (onshore), 
compreendendo as atividades de perfuração de poços, fraturamento hidráulico e implantação de 
sistemas de produção e escoamento; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
65 
 
QUESTÃO 
19. (Promotor de Justiça do MPSC. 2016). De acordo com a Lei Complementar n. 
140/11 (Licenciamento Ambiental), encontram-se entre as ações administrativas da 
União, promover o licenciamento ambiental de: empreendimentos e atividades 
localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 
localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; localizados ou desenvolvidos em 
unidades de conservação instituídas pela União, inclusive em Áreas de Proteção 
Ambiental (APAs). 
( ) Certo ( ) Errado 
Resposta: errado. 
20. (Delegado de Polícia da PCPE. Cebraspe – 2016). Determinada sociedade 
empresária pretende realizar, no mar territorial que banha o município de Recife-
PE, atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. 
Nessa situação, de acordo com a Lei Complementar n.º 140/2011, o licenciamento 
ambiental dessa atividade será promovido pelo(a) 
a) município de Recife ou, caso ele não possua órgão ambiental capacitado 
para promover esse licenciamento, pelo estado de Pernambuco. 
b) União. 
c) município de Recife. 
d) estado de Pernambuco. 
e) estado de Pernambuco ou, caso ele não possua conselho de meio 
ambiente, pela União. 
Trata-se de rol taxativo, que somente pode ser ampliado com alterações 
no Decreto Federal n.º 8.437/15, após proposição da Comissão Tripartite Nacional 
(formada paritariamente por representantes dos Poderes Executivos da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios), considerados os critérios de porte, 
potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento. 
Registre, por importante, que, além da exigência de prévio licenciamento 
ambiental federal para a implantação de Usinas nucleares, sua localização deve ser 
aprovada por lei federal, sem o que não poderão ser instaladas (art. 225, § 6º da 
CR/88). 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
66 
 
Aos Municípios, nos termos do art. 9º, inciso XIV, da Lei Complementar 
Federal n.º 140/11, foram reservados apenas dois casos nos quais seus órgãos e 
entidades ambientais locais, integrantes do Sisnama, promoverão o licenciamento 
ambiental de empreendimentos e atividades potencialmente poluidores ou 
utilizadores de recursos ambientais, quais sejam: 
• Atividades que possam causar impacto ambiental de âmbito local, 
conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de 
Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor 
e natureza da atividade: Frise-se que a definição das atividades 
causadoras de mero impacto ambiental local é da competência dos 
Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, órgão colegiado, razão pela 
qual eventual classificação promovida por Decreto Estadual será 
inválida; 
• Empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de 
conservação da natureza municipais (salvo se a unidade for classificada 
como Área de Proteção Ambiental — APA). 
Assim, nos termos do art. 8º, inciso XIV, da Lei Complementar Federal n.º 
140/11, compete aos Estados-Membros, através dos seus órgãos e entidades 
seccionais, integrantes do Sisnama, promover o licenciamento ambiental 
residualmente, ou seja, de todos os demais empreendimentos e atividades 
potencialmente poluidores cuja competência não tenha sido expressamente 
distribuída à União e aos Municípios, podendo se destacar ainda a competência 
para: 
• Aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre; 
• Aprovar o licenciamento ambiental de atividades localizadas ou 
desenvolvidos em unidades de conservação da natureza estaduais 
(salvo se a unidade for classificada como Área de Proteção Ambiental — 
APA). 
Por fim, nos termos do art. 10 da Lei Complementar Federal n.º 140/11, 
compete ao Distrito Federal, através dos seus órgãos e entidades seccionais, 
integrantes do Sisnama, promover o licenciamento ambiental de todas as 
atividades de competência dos Estados-Membros e dos Municípios, porquanto o 
DF não é dividido em Municípios. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
67 
 
Com essa rígida distribuição de competências, não deve haver sobreposição 
nos processos de licenciamento ambiental, haja vista que os empreendimentos e 
atividades são licenciados ou autorizados ambientalmente por um único ente 
federativo, em conformidade com a distribuição das competências acima 
demonstrada (art. 13, caput da Lei Complementar Federal n.º 140/11). 
Todavia, admite-se que os demais entes federativos interessados possam 
se manifestar ao órgão competente pelo licenciamento, de maneira não vinculante, 
respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento. 
É importante destacar ainda que, quando decorrente de licenciamentos 
ambientais, a supressão de vegetação (desmatamento lícito), que ocorre, por 
exemplo, quando o órgão ambiental autoriza o desmatamento de determinada 
área para a implantação de um projeto de irrigação ou para a implantação de uma 
rodovia, é autorizada pelo próprio ente federativo licenciador, que expedirá, além 
da licença ambiental para aquela atividade, um outro documento denominado 
Autorização de Supressão Vegetal — ASV. 
Concluindo o estudo das competências para licenciamento ambiental, resta 
a definição quanto às atividades que possam impactar ambientalmente as 
Unidades de Conservação da Natureza do tipo Área de Proteção Ambiental — APA 
(serão estudadas no próximo sistema — SNUC). 
Neste caso, não deve prevalecer o critério do Ente da Federação instituidor 
da Unidade, mas sim o critério do grau do impacto ambiental conjugado com outros 
elementos, independentemente, portanto, de se tratar de APA federal, estadual ou 
municipal: 
• Competência municipal: Atividades e empreendimentos que possam 
causar mero impacto local em APAs municipais, estaduais ou federais, 
desde que fora dos casos relacionados no próximo item; 
• Competência federal: Atividades e empreendimentos que possam 
impactar em APAs municipais, estaduais ou federais, desde que sejam: 
a) Desenvolvidos no Brasil e em país limítrofe; 
b) Desenvolvidos na zona econômica exclusiva,no mar territorial e na 
plataforma continental; 
c) Desenvolvidos em dois ou mais Estados; 
d) Com caráter militar; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
68 
 
• Competência estadual: Em todos os demais casos (residual). 
Assim, por exemplo, o licenciamento ambiental de empreendimento 
desenvolvido em dois ou mais Estados que possa impactar em Área de Proteção 
Ambiental municipal será de competência federal (do IBAMA), e não municipal. 
QUESTÃO 
21. (Promotor de Justiça do MPPI. Cebraspe – 2019). Uma empresa que utiliza 
recursos ambientais efetivamente poluidores pretende construir um 
empreendimento em uma unidade de conservação do tipo área de proteção 
ambiental, criada por decreto estadual e localizada no mar territorial. Nessa 
situação, para o desenvolvimento de suas atividades, a empresa deverá requerer o 
licenciamento ambiental 
A) no IBAMA. 
B) na Secretaria Estadual de Meio Ambiente. 
C) na Secretaria Municipal de Meio Ambiente. 
D) no Ministério do Meio Ambiente. 
E) no Instituto Chico Mendes de Biodiversidade. 
1.5.1.1.2. Competência para Fiscalização e Aplicação 
de Multas Ambientais 
 
 
Trata-se da prerrogativa legal que possuem os órgãos e entidades da 
estrutura do Sisnama para lavratura de autos de infração com aplicação de sanções 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
69 
 
administrativo-ambientais, também como manifestação do poder de polícia 
ambiental. 
Esta prerrogativa não segue a rígida distribuição de competências para o 
licenciamento ambiental, uma vez que aqui a competência para se exercer a 
fiscalização ambiental é comum, de modo que todos os órgãos e entidades da 
estrutura do Sisnama poderão exercê-la livremente, em benefício de uma efetiva 
proteção ambiental. 
Assim, por exemplo, um órgão ambiental municipal poderá exercer 
fiscalização e até mesmo aplicar multas a uma determinada empresa responsável 
por obra pública federal que tenha sido licenciada pelo IBAMA, se restar 
caracterizada infração à legislação ambiental. Da mesma forma, o IBAMA poderá 
exercer fiscalização em atividades licenciadas por qualquer Estado ou Município. 
Questão interessante ocorre quando um determinado infrator é autuado 
simultaneamente pelos órgãos ambientais municipal, estadual e federal em razão 
de um mesmo ato, o que poderia inclusive caracterizar bis in idem. 
Aliás, isso foi o que ocorreu no caso do rompimento da barragem de rejeitos 
de famosa mineradora ocorrido na cidade de Brumadinho/MG, quando foram 
lavrados autos de infrações pelos órgãos ambientais do Sisnama de todos os Entes 
Federados envolvidos, da seguinte forma: 
• IBAMA: Aplicou multas no importe de R$ 250.000.000,00; 
• Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 
de Minas Gerais – Semad: Aplicou multas de mais de R$ 99.000.000,00; 
• Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do 
Município de Brumadinho/MG – Sema: Aplicou multas de mais de R$ 
108.000.000,00; 
• Secretaria de Meio Ambiente de Juatuba/MG (Município vizinho 
impactado): Aplicou multas de mais de R$ 50.000.000,00. 
Partindo-se do pressuposto do que todas as multas foram lavradas em 
razão do mesmo fato, seria legítimo se exigir da famosa mineradora autuada o 
pagamento de todas as multas? 
Neste caso, não, haja vista que ninguém pode ser punido mais de uma vez 
em razão do mesmo ato ilícito, sob pena de se caracterizar o odioso bis in idem. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
70 
 
Em casos como esse deve prevalecer apenas o auto de infração lavrado 
pelo órgão ambiental do Ente da Federação originalmente competente para o 
licenciamento ambiental, nos termos da Lei Complementar Federal n.º 140/11: 
Art. 17. 
[...] 
§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício 
pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização 
da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou 
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais 
com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de 
infração ambiental lavrado por órgão que detenha a 
atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o 
caput. 
Assim, sempre que houver a lavratura simultânea de autos de infração 
por órgãos ambientais municipais, estaduais e federais deve-se apurar qual deles 
tinha a competência privativa para o licenciamento ambiental, pois prevalecerá o 
auto de infração lavrado por ele, independentemente do valor da multa aplicada 
ou de quando o auto de infração fora lavrado. 
 
QUESTÃO 
22. (Juiz de Direito do TJPR. Cebraspe – 2019). Dentro de um parque municipal que 
consiste em unidade de conservação criada por decreto municipal, o IBAMA 
constatou a existência de habitações particulares licenciadas pelo estado no qual o 
município se encontra inserido. Tanto o IBAMA quanto a secretaria de meio 
ambiente do município lavraram seus respectivos autos de infração. 
Nessa situação hipotética, no que se refere à competência para a autuação, 
A) o auto de infração do IBAMA deve prevalecer sobre o municipal. 
B) o auto de infração do município deve prevalecer sobre o do IBAMA. 
C) nenhum dos autos de infração é válido. 
D) ambos os autos de infração são válidos e exigíveis. 
 
Todavia, é importante ressaltar que não há na legislação solução jurídica 
para a seguinte situação: Suponhamos que, no exemplo do caso de 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
71 
 
Brumadinho/MG, os autos de infração tenham sido lavrados apenas pelo IBAMA 
e pela Sema (Secretaria do Meio Ambiente do Município), não obstante a 
competência para o licenciamento ambiental seja da Semad (Secretária do Meio 
Ambiente do Estado de Minas). Portanto, neste caso não teria havido a lavratura 
de auto de infração pelo órgão ambiental que seria originalmente competente 
para o licenciamento, por entender, por exemplo, que não teria havido infração, 
razão pela qual não seria possível a aplicação da regra inserta no art. 17, § 3º, in 
fine da Lei Complementar Federal n.º 140/11. 
Assim, questiona-se: No caso proposto, qual auto de infração prevaleceria? 
Aquele lavrado pelo IBAMA ou pela Sema? 
Como dito, não há resposta para tais questionamentos na Lei 
Complementar Federal n.º 140/11. Creio que, em casos como esse, deve ser 
utilizado o critério do porte, potencial poluidor e natureza da atividade para se 
definir qual auto de infração deve prevalecer, haja vista que esse foi o critério 
residual utilizado em várias passagens na Lei Complementar Federal n.º 140/11 
(art. 7º, inciso XIV, alínea “h”, in fine e parágrafo único, in fine; art. 9º, inciso XIV, 
alínea “a”, in fine). Desse modo, no caso proposto, se da infração ambiental 
decorresse apenas dano ambiental de pequeno porte, local, deveria prevalecer o 
auto de infração lavrado pela Sema, ao passo que, se o dano fosse de grande porte 
e com grande potencial poluidor, então deveria prevalecer o auto de infração 
lavrado pelo IBAMA. 
Questão também importante e que deve ser esclarecida é a parcial 
antinomia existente entre o art. 17, § 3º, in fine da Lei Complementar Federal n.º 
140/11 e o art. 76, caput da Lei Federal n.º 9.605/98, respectivamente in verbis: 
Art. 17. 
[...] 
§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício 
pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização 
da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou 
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais 
com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de 
infração ambiental lavrado por órgão que detenha a 
atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o 
caput. 
 
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, 
Municípios, Distrito Federalou Territórios substitui a multa 
federal na mesma hipótese de incidência. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
72 
 
Segundo a regra inserta no art. 76, caput, da Lei Federal n.º 9.605/98, 
quando houver aplicação simultânea de multa por órgão ambiental municipal ou 
estadual e órgão ambiental federal, relativamente ao mesmo fato, o pagamento 
da multa imposta por Estados ou Municípios substituirá a multa federal. 
Ocorre que esta regra fora derrogada pelo art. 17, § 3º, in fine da Lei 
Complementar Federal n.º 140/11 que estabeleceu nova sistemática para os casos 
de lavratura simultânea de autos de infração por órgãos ambientais municipais, 
estaduais e federais, determinando novo critério definidor do auto de infração 
prevalecente. Ora, a norma posterior revoga a anterior quando seja com ela 
incompatível, nos termos do art. 2º, §1º da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro — LINDB: 
Art. 2º 
[...] 
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o 
declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule 
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
Assim, parece-me que, a partir da entrada em vigor do art. 17, § 3º, in fine 
da Lei Complementar Federal n.º 140/11, o pagamento das multas ambientais 
aplicadas por Estados ou Municípios não deve substituir multa ambiental aplicada 
pelo órgão ambiental federal, sobretudo quando o licenciamento ambiental da 
respectiva atividade também for de competência federal. 
Registre-se, desde já, que a solução adotada pelo c. STJ no REsp 
1.132.682/RJ, publicado em 12/03/2020, não afasta a derrogação aqui defendida e 
nem a nova sistemática adotada pela nova lei, haja vista que o caso objeto do 
mencionado julgamento ocorreu ainda no ano de 2002, portanto antes mesmo da 
aprovação da Lei Complementar Federal n.º 140/11, sendo certo que em casos de 
infração deve-se aplicar a lei então vigente em respeito ao princípio do tempus regit 
actum. 
Vale ressaltar ainda que qualquer pessoa identificada, ao constatar 
infração ambiental, pode dirigir representação aos órgãos e entidades da 
estrutura do Sisnama para efeito do exercício de seu poder de polícia. 
Além disso, nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da 
qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá 
determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando 
imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
73 
 
1.5.1.1.3. Competência ou Ação Supletiva 
 
 
Consoante visto linhas atrás, a Lei Complementar Federal n.º 140/11 
promoveu a distribuição das competências para o licenciamento ambiental entre 
os Entes da Federação de modo a se evitar eventuais conflitos de atribuições, 
razão pela qual os empreendimentos e atividades são licenciados 
ambientalmente por um único ente federativo. 
Não obstante isso, podem surgir situações nas quais os Entes da 
Federação, originalmente competentes, não possam conduzir processos de 
licenciamento ambiental, como por exemplo quando a competência para se 
licenciar determinada atividade for de um determinado Município que ainda não 
instituiu seu órgão ambiental local, da estrutura do Sisnama. Frise-se, cabe aos 
órgãos do Sisnama a competência para o licenciamento ambiental, razão pela 
qual sem eles não será possível a concessão de licenças ambientais. 
O que fazer em situações como essa? 
A própria Lei Complementar Federal n.º 140/11 estabeleceu importante 
mecanismo para afastar eventuais crises, denominado: ação ou competência 
supletiva para o licenciamento ambiental. 
A ação ou competência supletiva consiste na ação do Ente da Federação 
que substitui o Ente Federativo originariamente competente para o 
licenciamento ambiental, nas hipóteses autorizadas pela Lei Complementar 
Federal n.º 140/11. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
74 
 
 Assim, os Entes Federados devem atuar em caráter supletivo 
(substituição) nas ações administrativas de licenciamento e de autorização 
ambiental, nos seguintes casos (art. 15 da Lei Complementar Federal n.º 140/11): 
• Inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente 
no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações 
administrativas estaduais ou distritais até a sua criação; 
• Inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente 
no Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas 
municipais até a sua criação; 
• Inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente 
no Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações 
administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos; 
• Quando o órgão ambiental do Ente da Federação originalmente 
competente descumpre os prazos para a conclusão do processo de 
licenciamento ambiental. 
Portanto, nos casos acima, a legislação autoriza a atuação supletiva em 
substituição ao Ente da Federação originalmente competente, para garantir que 
os interessados possam obter o licenciamento ambiental de que necessitam para 
o início de suas atividades. 
Quanto à última hipótese de competência supletiva, quando o Ente da 
Federação originalmente competente descumpre os prazos para a conclusão do 
licenciamento ambiental, é importante ressaltar que estes prazos estão definidos 
na Resolução n.º 237/97 — Conama. 
Em verdade, o Conama estabeleceu prazos máximos, razão pela qual o 
órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise diferenciados 
para cada modalidade de licenças, em função das peculiaridades da atividade ou 
empreendimento a ser licenciado, conforme abaixo: 
• Regra geral: Em regra, os órgãos ambientais devem concluir os 
processos de licenciamento ambientais em até 6 (seis) meses; 
• Regra especial: O prazo será de até 12 (doze) meses nos casos de 
licenciamento de atividades que possam causar significativa 
degradação ambiental, que exigirá estudo prévio de impacto 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
75 
 
ambiental com seu respectivo relatório impacto sobre o meio ambiente 
(EIA/RIMA). 
Assim, os órgãos ambientais licenciadores devem observar os prazos 
estabelecidos pelo Conama para a tramitação dos processos de licenciamento (art. 
14 da Lei Complementar Federal n.º 140/11), sob pena de se instaurar a 
competência supletiva do órgão ambiental do Ente da Federação mais abrangente, 
conforme visto acima. 
Todavia, as exigências de complementação de informações, de 
documentos ou de estudos — que devem ser comunicadas de uma única vez ao 
empreendedor, ressalvadas aquelas decorrentes de fatos novos –, feitas pela 
autoridade licenciadora, suspendem o prazo para tramitação dos processos de 
licenciamento, que continua a fluir após o seu atendimento integral pelo 
empreendedor 
Desse modo, o decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da 
licença ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que 
dela dependa ou decorra. Nesse caso, como visto acima, surge a competência 
supletiva pela qual Ente da Federação diverso substituirá o Ente Federativo 
originariamente competente para o licenciamento ambiental. Também será 
possível a impetração de mandado de segurança buscando provimento judicial 
que determine ao órgão ambiental competente a apreciação do pedido 
administrativo de licenciamento ambiental no prazo estabelecido pela legislação. 
Registre-se, ainda, que o órgão ambiental somente será considerado 
capacitado para conduzir processos de licenciamento ambiental quando possuir 
técnicos próprios ou em consórcio público, devidamente habilitados e em número 
compatível com a demanda das açõesadministrativas de sua competência (art. 
5º, parágrafo único, da Lei Complementar Federal n.º 140/11). 
Daí porque os Entes da Federação não devem apenas simular a existência 
de órgãos ambientais capacitados, os instituindo sem nenhuma estrutura 
administrativa, sem quadro próprio de servidores que possuam adequada 
qualificação técnica e tenha número suficiente para atender as demandas, sem a 
definição de protocolos estabelecendo procedimentos etc., sob pena de 
perderem suas competências ambientais definidas na Lei Complementar Federal 
n.º 140/11 e de nulificarem os licenciamentos ambientais daí decorrentes. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
76 
 
É por isso que a existência de órgão ambiental capacitado e de conselho 
do meio ambiente são condições sine qua non para o exercício das competências 
estabelecidas na Lei Complementar Federal n.º 140/11. 
1.5.1.1.4. Competência ou Ação Subsidiária 
 
 
Como dito, consoante visto linhas atrás, a Lei Complementar Federal n.º 
140/11 promoveu a distribuição das competências para o licenciamento 
ambiental entre os Entes da Federação de modo a se evitar eventuais conflitos de 
atribuições, razão pela qual os empreendimentos e atividades são licenciados 
ambientalmente por um único ente federativo. 
Porém, isso não quer dizer que os Entes da Federação não possam 
cooperar entre si para viabilizar o adequado licenciamento ambiental de suas 
competências. Ao contrário, essa cooperação é expressamente prevista na 
legislação como ação ou competência subsidiária. 
Trata-se do apoio técnico, científico, administrativo, financeiro ou por 
outras formas de cooperação fornecido por órgão ambiental de outros Entes 
Federados após a solicitação do órgão ambiental do Ente da Federação 
originalmente competente para licenciamento ambiental. 
Ou seja, a ação ou competência subsidiária se constitui na ação do Ente 
da Federação que visa a auxiliar no desempenho de atribuições ambientais 
quando solicitado pelo Ente Federativo originariamente detentor da competência 
para o licenciamento ambiental. 
Assim, por exemplo, o órgão ambiental local do Município de Irecê/BA, 
originalmente competente para o licenciamento ambiental de um 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
77 
 
empreendimento que funcionará em um dos seus parques municipais (unidade 
de conservação da natureza municipal), pode solicitar apoio técnico, científico, 
administrativo ou financeiro ao órgão ambiental seccional do Estado da Bahia ou 
ao IBAMA (órgão executor da estrutura do Sisnama, da União) de forma a 
viabilizar o licenciamento ambiental demandado. 
QUESTÃO 
23. (Promotor de Justiça do MPSC. 2016). De acordo com a Lei Complementar n. 
140/11, para seus fins, consideram-se: atuação subsidiária: ação do ente da 
Federação que se substitui ao ente federativo originariamente detentor das 
atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar; atuação supletiva: 
ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das atribuições 
decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo 
originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar. 
( ) Certo ( ) Errado 
1.5.1.1.5. Delegação de Competência 
 
Concluindo o estudo de todos os aspectos da competência sobre os 
processos de controle, licenciamento e fiscalização ambiental, faremos agora uma 
análise sobre a possibilidade de delegação das competências ambientais previstas 
na Lei Complementar Federal n.º 140/11. 
Apesar da rígida distribuição, entre os Entes da Federação, das 
competências para o licenciamento ambiental estabelecida na Lei Complementar 
Federal n.º 140/11, é certo que eles podem delegar entre si suas competências 
ambientais originais através de convênios que, inclusive, poderão ser firmados 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
78 
 
por prazo indeterminado (art. 5º, parágrafo único, da Lei Complementar Federal 
n.º 140/11). 
É dizer: O Ente federativo poderá delegar, mediante convênio firmado 
com outro Ente Federado, a execução de ações administrativas e competências 
para licenciamento ambiental a ele atribuídas. 
Todavia, para isso, o Ente Federativo destinatário da delegação 
(delegatário) deve comprovar a existência de: 
• Órgão ambiental capacitado (que possui técnicos próprios ou em 
consórcio público, devidamente habilitados e em número compatível 
com a demanda das ações administrativas a serem delegadas); 
• Conselho de Meio Ambiente (órgão colegiado com poder normativo 
municipal). 
Assim, por exemplo, o órgão ambiental local do Município de Ipirá/BA 
poderá receber, através de convênio, delegação das competências para o 
licenciamento ambiental pertencentes ao IBAMA (órgão executor do Sisnama, da 
União), podendo — por isso — passar a conduzir os processos de licenciamento 
ambiental federais, desde que comprove a existência de órgão ambiental 
municipal capacitado e de conselho municipal de meio ambiente, sob pena de 
serem tidos como inválidos os licenciamentos ambientais concedidos. 
1.5.1.2. Licenças Ambientais 
Após compreendidas todas as lições importantes sobre o procedimento de 
licenciamento ambiental (procedimento administrativo), finalmente passaremos 
ao estudo de todos os aspectos relevantes relativos à licença ambiental, ato 
administrativo expedido ao final dos processos de licenciamento ambiental, e que 
materializa a autorização da implementação de atividades potencialmente 
poluidoras ou utilizadoras de recursos ambientais. 
Neste tópico, portanto, estudaremos os três importantes aspectos relativos 
às licenças ambientais. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
79 
 
 
 
A licença ambiental é conceituada como ato administrativo pelo qual o 
órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de 
controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física 
ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou 
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou 
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar 
degradação ambiental. 
A definição de sua natureza jurídica, porém, ainda é divergente, 
formando-se duas correntes doutrinárias. 
Uma primeira corrente a considera com natureza jurídica de licença 
administrativa, sendo por isso vinculada e não precária. Por outro lado, uma 
segunda corrente a considera como mera autorização administrativa, por isso 
discricionária e precária. 
Ora, se considerarmos que a licença ambiental possui natureza jurídica de 
licença administrativa, então – para sua concessão – o interessado só precisará 
comprovar o preenchimento dos requisitos legais, sendo certo que ela não 
poderia ser posteriormente suspensa sem a comprovação da prática de alguma 
infração ambiental, após o devido processo legal. 
Por outro lado, se a considerarmos como mera autorização, então sua 
concessão seria discricionária, razão pela qual os órgãos ambientais poderiam 
avaliar a conveniência e a oportunidade para sua concessão. Além disso, mesmo 
concedida, poderia vir a ser suspensa por razões de interesse público, porque 
precária. 
Trata-se de questão relevantíssima, pois poderá afetar o princípio da 
segurança jurídica e, por isso, influenciar a tomada de decisões quanto a 
investimentos vultosos relativos a empreendimentos que podem gerar grandes 
benefícios à população (criação de empregos, elevação da renda, geração de 
tributos, sustentabilidade ambiental etc.). 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
80 
 
Imagine a seguinte situação: Uma grandeempresa multinacional pretende 
fazer um investimento de 5 bilhões de reais na implantação de grande 
empreendimento na região do semiárido (sertão) baiano, com potencial para 
impulsionar a economia de 10 municípios e gerar benefícios diretos e indiretos para 
uma população de cerca de 500 mil pessoas. Para a implantação do 
empreendimento, como sabemos, exigir-se-á prévio licenciamento ambiental. 
A grande empresa multinacional assumiria o risco desse empreendimento 
se a licença ambiental tivesse natureza jurídica apenas de autorização? É dizer: 
mesmo ciente de que, a qualquer momento, por mera conveniência e 
oportunidade, o órgão ambiental poderia sustar sua licença, a multinacional 
promoveria o empreendimento? 
É uma pergunta reflexiva apenas para se demostrar que não se trata de 
mera discussão acadêmica, mas sim de importante questão, com repercussões 
práticas. 
Tenho que a licença ambiental possui natureza jurídica de licença 
administrativa sui generis, haja vista que – apesar de vinculada, o que assegura 
sua concessão se cumpridos os requisitos da legislação ambiental – é precária, e 
por isso poderá ser suspensa ou cancelada supervenientemente por razões de 
interessa ambiental, consoante prevê o art. 19, inciso III, da Resolução n.º 237/97 
do Conama: 
Art. 19. O órgão ambiental competente, mediante decisão 
motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de 
controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença 
expedida, quando ocorrer: 
I - violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou 
normas legais; 
II - omissão ou falsa descrição de informações relevantes que 
subsidiaram a expedição da licença; 
III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. 
Esclarecida a questão, ainda devemos conhecer os tipos ou modalidades 
de licenças ambientas previstas na legislação, com seus respectivos prazos de 
vigência. 
As licenças ambientais estão classificadas na legislação ambiental conforme 
os tipos, funções e prazos que passaremos a estudar. 
Em regra, o licenciamento ambiental segue procedimento trifásico, com a 
expedição sucessiva de três licenças distintas. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
81 
 
Na primeira etapa, será expedida a Licença Prévia (LP). Por essa licença o 
órgão ambiental competente aprova a localização e concepção do 
empreendimento, atividade ou obra que se encontra na fase preliminar do 
planejamento, atestando a sua viabilidade ambiental, estabelecendo os 
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua 
implantação, bem como suprindo o requerente com parâmetros para lançamento 
de efluentes líquidos e gasosos, resíduos sólidos, emissões sonoras, além de exigir 
a apresentação de propostas de medidas de controle ambiental em função dos 
possíveis impactos ambientais a serem gerados. 
Seu prazo de validade é de, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma 
de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento, 
sendo certo que não poderá ultrapassar o máximo de 5 (cinco) anos. 
Na segunda etapa, será expedida a Licença de Instalação (LI). Por essa 
licença o órgão ambiental competente autoriza a instalação do empreendimento, 
atividade ou obra de acordo com as especificações constantes dos planos, 
programas e projetos aprovados, fixando cronograma para execução das medidas 
mitigadoras e da implantação dos sistemas de controle ambiental. 
Seu prazo de validade é de, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma 
de instalação do empreendimento, sendo certo que não poderá ultrapassar o 
máximo de 6 (seis) anos. 
Na terceira e última etapa do licenciamento, será expedida a Licença de 
Operação (LO). Por essa licença o órgão ambiental competente finalmente 
autoriza a operação (funcionamento) da atividade, obra ou empreendimento, 
após a verificação do efetivo cumprimento das medidas de controle ambiental e 
condicionantes determinadas nas licenças anteriores. 
Seu prazo de validade é de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 
(dez) anos. 
Essas são as licenças ambientais mais comuns. Todavia, ainda encontramos 
na legislação ambiental outras importantes licenças. 
A Licença de Alteração geralmente está condicionada à existência de 
Licença de Instalação (LI) ou Licença de Operação (LO), concedida quando 
porventura ocorrer modificação no contrato social do empreendimento, 
atividade ou obra, ou qualificação de pessoa física. Nesses casos o interessado 
deverá providenciar a licença de alteração para modificar as licenças de instalação 
ou de operação em seu benefício. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
82 
 
A Licença de Ampliação poderá ser concedida para a realização de 
ampliações ou ajustes em empreendimento ou atividade já implantados e 
licenciados. 
Há também a Licença de Instalação e de Operação (LIO) que substitui os 
procedimentos administrativos do licenciamento de instalação e do 
licenciamento de operação ordinários, unificando-os. 
Através da LIO o órgão ambiental autoriza, em uma única fase, a 
instalação e a operação de atividade ou empreendimento. Deve ser solicitada 
antes de iniciar-se a implantação do empreendimento ou atividade, estando sua 
concessão condicionada às medidas e condições de controle ambiental 
estabelecidas pelo órgão ambiental. 
Também existe a previsão da Licença Prévia e de Instalação (LPI) que, 
agora, substitui os procedimentos administrativos do licenciamento prévio e do 
licenciamento de instalação ordinários, unificando-os. Antes de iniciar-se a 
implantação do empreendimento ou atividade, em uma única fase o órgão 
ambiental atesta a viabilidade ambiental e autoriza a instalação da atividade ou 
empreendimento, estabelecendo as condições e medidas de controle ambiental 
necessárias. Geralmente será concedida quando a análise de viabilidade 
ambiental não depender de estudos ambientais, podendo ocorrer 
simultaneamente à análise dos projetos de implantação. 
Por fim, também é muito comum a existência de Licença Ambiental 
Simplificada (LAS), concedida antes de iniciar-se a implantação do 
empreendimento ou atividade e, em uma única fase, atesta a viabilidade 
ambiental, aprova a localização e autoriza a implantação e a operação de 
empreendimento ou atividade, estabelecendo as condições e medidas de 
controle ambiental que deverão ser atendidas. A concessão da LAS geralmente 
está associada à classificação do empreendimento quanto ao grau de impacto 
ambiental gerado, sendo aplicada a empreendimentos ou atividades de pequeno 
ou micro porte e baixo potencial poluidor. A Licença Única (LU) substitui os 
procedimentos administrativos ordinários do licenciamento prévio, de instalação 
e operação do empreendimento ou atividade, unificando-os na emissão de uma 
única licença, exigindo-se as devidas condições e medidas de controle ambiental. 
O fundamento para o estabelecimento dessas diversas licenças ambientais 
encontra-se na famosa Resolução n.º 237/97 do Conama. 
Portanto, esses são os tipos de licenças ambientais previstos na legislação. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
83 
 
Concluindo o estudo das questões importantes relativas à licença 
ambiental, é importante ressaltar a disciplina legal de sua renovação e de sua 
prorrogação automática. 
A Lei Complementar Federal n.º 140/11 determina que, se a renovação das 
licenças ambientais for requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) 
dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, sua 
validade prorrogar-se-á automaticamente até a decisão definitiva do órgão 
ambiental competente, ainda que essa decisão só ocorra após o fim do prazo 
original. 
Trata-se da instituição da prorrogação tácita de licenças ambientaisjá 
emitidas, desde que o requerente solicite sua renovação com antecedência 
mínima de 120 dias do fim do prazo original, de modo a manter a continuidade 
das atividades e empreendimentos já regularmente em funcionamento. 
Por fim, ressaltamos que os órgãos ambientais condicionarão a expedição 
de licenças ambientais ao atendimento de certas restrições e medidas de 
controle, de modo a viabilizar a tutela preventiva do meio ambiente, condições 
essas conhecidas como condicionantes ambientais. São, geralmente, medidas: 
• Preventivas: Que buscam evitar o dano ambiental, quando possível; 
• Mitigadoras: Que buscam atenuar esses danos ambientais, quando não 
for possível evitá-los; 
• Compensatórias: Decorrentes dos impactos negativos ao meio 
ambiente. 
Assim, as licenças ambientais somente serão expedidas se o interessado 
conseguir comprovar o cumprimento de todas as condicionantes ambientais 
exigidas pelo órgão ambiental competente. 
 
QUESTÕES 
24. (Delegado de Polícia da PCGO. UEG – 2018). A empresa “BC Industrial” funciona 
regularmente licenciada há dez anos e está com sua licença de operação vencida 
desde 31 de janeiro de 2017. Munido dos documentos técnicos legalmente 
exigidos, o empreendedor requereu, em 1º de outubro de 2016, a renovação da 
licença perante o órgão estadual de meio ambiente. Não houve, entretanto, 
resposta sobre esse pleito. Neste caso, 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
84 
 
A) verifica-se a prática de infração administrativa ambiental, pois a licença de 
operação encontra-se vencida há mais de 120 (cento e vinte) dias 
B) o pleito de renovação deverá ser negado pelo órgão ambiental, pois deveria 
haver sido requerido com a antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias úteis 
do vencimento da licença. 
C) a empresa estará em situação regular enquanto o órgão ambiental não se 
pronuncie sobre o pedido de renovação da licença de operação. 
D) há direito líquido e certo do empreendedor à renovação da licença de 
operação, já que comprovou, perante o órgão ambiental, atender a todos os 
requisitos técnicos para o funcionamento da atividade. 
E) deve-se protocolar novo requerimento perante o órgão ambiental, diante 
da prescrição intercorrente que se operou no processo, que está sem decisão há 
mais de 1 (um) ano. 
25. (Juiz de Direito do TJRO. Vunesp – 2019). A construção, instalação, ampliação 
e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, 
de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento ambiental. 
Acerca do tema, pode-se afirmar que 
A) as atividades que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito 
local são licenciadas pelo IBAMA. 
B) compete ao Município licenciar atividades localizadas em Áreas de 
Proteção Ambiental (APAS) instituídas pelo Município. 
C) o decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença 
ambiental, implica sua emissão tácita e autoriza a prática de ato que dela dependa 
ou decorra. 
D) a União é competente para promover o licenciamento ambiental de 
empreendimentos e atividades localizados em terras indígenas. 
E) a licença de localização caracteriza a fase preliminar do processo de 
licenciamento, da qual se segue a licença de operação. 
1.5.2. Avaliações de Impacto Ambiental 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
85 
 
 
 
Passamos agora ao estudo do segundo instrumento da Política Nacional 
do Meio Ambiente — PNMA —, as avaliações de impactos ambientais — AIAs. 
As avaliações de impactos ambientais constituem os estudos relativos aos 
aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação 
de atividade ou empreendimento, apresentados como subsídios para a análise da 
licença requerida. 
Portanto, a AIA é um gênero do qual são espécies: estudo prévio de 
impacto ambiental, relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, 
relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de 
recuperação de área degradada e análise preliminar de risco, relatório de impacto 
ambiental etc. 
Em verdade, as avaliações de impactos ambientais se constituem em um 
dos requisitos para a obtenção de licenças ambientais, haja vista que é através 
delas que os órgãos ambientais poderão mensurar os impactos ambientais que 
serão causados pelo empreendimento a ser licenciado. 
Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades 
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de 
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou 
indiretamente, afetem a qualidade dos recursos ambientais. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
86 
 
Assim, por exemplo, se determinada empresa desejar implantar projeto 
de irrigação para cultivo de manga palmer em uma área de 100 Hectares com 
vegetação nativa na zona rural da cidade de Uibaí/BA, deverá apresentar um dos 
tipos de Avaliação de Impacto Ambiental exigidos pelo órgão ambiental 
licenciador como condição para a obtenção do licenciamento ambiental desta 
atividade. Essa Avaliação de Impacto Ambiental deverá demonstrar, por exemplo, 
que naquela área não há espécimes raras da fauna ou da flora, não há nascentes 
ou olhos d’água ou não há paisagens naturais pouco alteradas de notável beleza 
cênica. 
Daí porque essas Avaliações de Impactos Ambientais são tão necessárias, 
pois sem elas não seria possível mensurar os impactos ambientais da atividade que 
se busca licenciar. 
A realização da AIA e seus custos são de responsabilidade exclusiva do 
empreendedor interessado que deverá, após concluída, submetê-la ao órgão 
ambiental competente para análise. Geralmente são contratadas empresas 
especializadas em consultoria ambiental, devidamente inscritas no Cadastro 
Técnico Federal, que serão responsáveis técnica e solidariamente pelas 
conclusões da AIA, podendo inclusive ser responsabilizadas criminalmente10 pela 
eventual inserção de dados falsos no documento. 
É relevantíssimo observar que existe um tipo especial de Avaliação de 
Impacto Ambiental denominada Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA ou 
Epia. 
Trata-se de um tipo especial de avaliação de impacto ambiental porque é o 
único exigido pela própria Constituição da República, daí porque não poderá ser 
dispensada por ato infraconstitucional em hipótese alguma: 
Art. 225: 
[...] 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do 
meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se 
dará publicidade; 
 
10 Art. 69-A da Lei Federal n.º 9.605/98. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
87 
 
Todavia, ela somente será exigida nos casos de atividade consideradas 
potencialmente causadora de significativa degradação ambiental, cabendo à 
legislação ambiental definir o alcance dessa expressão. 
Em verdade, significativa degradação ambiental indica que haverá uma 
portentosa degradação ao meio ambiente. Podemos encontrar na Resolução n.º 
1/86 do Conama um rol exemplificativo de atividades consideradas 
potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental, razão pela 
qual nesses casos a AIA exigida será necessariamente o EIA. 
 Demais disso, para todo EIA exigir-se-á também um Relatório de Impacto 
Ambiental – RIMA –, por isso essa avaliação de impacto ambiental sempre é 
indicada pela abreviação EIA/RIMA, nos termos da Resolução n.º 1/86 do 
Conama: 
Art. 2º Dependerá de elaboração de estudo de impacto 
ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental – 
RIMA[...] 
O RIMA, na verdade, se constitui em documentoque traduz as 
informações do EIA em linguagem acessível, ilustrada por mapas, cartas, quadros, 
gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam 
entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as 
consequências ambientais de sua implementação: 
[...] Art. 9º O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá 
as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no 
mínimo: 
Vale ressaltar que, nos termos da Lei Federal n.º 10.650/03, os registros 
de protocolo, de aprovação e de rejeição do EIA devem ser permanentemente 
publicados: 
Art. 4o Deverão ser publicados em Diário Oficial e ficar 
disponíveis, no respectivo órgão, em local de fácil acesso ao 
público, listagens e relações contendo os dados referentes aos 
seguintes assuntos: 
[...] 
VII - registro de apresentação de estudos de impacto 
ambiental e sua aprovação ou rejeição. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
88 
 
Por fim, é importante destacar ainda que a legislação ambiental 
estabelece casos nos quais exigir-se-á a realização de audiência pública para 
apresentação das conclusões do EIA/RIMA à sociedade. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
89 
 
 
Resolução n.º 237/97 do Conama: 
Art. 3º A licença ambiental para empreendimentos e atividades 
consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de 
significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo 
de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre 
o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, 
garantida a realização de audiências públicas, quando couber, 
de acordo com a regulamentação. 
 
Resolução n.º 1/86 do Conama: 
Art. 11. 
[...] 
§ 2º Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental 
e apresentação do RIMA, o órgão estadual competente ou a 
SEMA ou, quando couber o Município, determinará o prazo 
para recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos 
públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário, 
promoverá a realização de audiência pública para informação 
sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do 
RIMA. 
 
Resolução n.º 9/87 do Conama: 
Art. 1º A Audiência Pública referida na Resolução Conama n.º 
1/86, tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do 
produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas 
e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito. 
A realização de audiência pública para apresentar as conclusões do 
EIA/RIMA será obrigatória nos seguintes casos, nos termos da Resolução n.º 9/87 
do Conama: 
• Por determinação do órgão ambiental licenciador; 
• Por solicitação do Ministério Público; 
• Por solicitação de entidade civil; 
• Por solicitação de 50 ou mais cidadãos. 
Trata-se de exigência cuja inobservância nulificará todo o procedimento 
de licenciamento ambiental: 
Resolução n.º 9/87 do Conama: 
Art. 2º 
[...] 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
90 
 
§ 2º No caso de haver solicitação de audiência pública e na 
hipótese do Órgão Estadual não realizá-la, a licença concedida 
não terá validade. 
QUESTÕES 
2. (Juiz de Direito do TJMS. FCC – 2020). O Ministério Público ajuizou uma 
ação civil pública visando à declaração de nulidade de licenciamento ambiental 
conduzido por estudo ambiental diverso do Estudo de Impacto Ambiental e 
Respectivo Relatório (EIA-RIMA). O Magistrado deverá 
A) julgar, de forma antecipada, a ação procedente, uma vez que o EIA-RIMA é 
obrigatório no licenciamento ambiental. 
B) julgar, de forma antecipada, a ação improcedente, diante da presunção de 
legalidade do ato administrativo. 
C) determinar a produção de prova pericial para aferir a necessidade de 
elaboração do EIA-RIMA no licenciamento ambiental. 
D) determinar a produção de prova testemunhal para aferir a necessidade de 
elaboração do EIA-RIMA. 
E) extinguir o processo, sem resolução de mérito, por verificar a ausência de 
interesse processual. 
 
3. (Juiz de Direito do TJRJ. Vunesp – 2019). A audiência pública tem por fim 
expor aos interessados o conteúdo do projeto ou empreendimento em exame e do 
seu respectivo RIMA. Sobre essa temática, é correto afirmar que 
A) é realizada quando o órgão de meio ambiente licenciador julgar necessário 
ou quando solicitado por 40 ou mais cidadãos. 
B) o fator político não influi no processo de tomada de decisão. 
C) havendo sua solicitação e, na hipótese do órgão estadual não realizá-la, a 
licença concedida não terá validade. 
D) a participação popular é vinculante e condicionante da decisão 
administrativa. 
E) a ata da audiência pública vincula o parecer final do licenciador quanto à 
admissibilidade do exame do projeto. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
91 
 
 
Com isso, concluímos o estudo deste segundo instrumento da PNMA. 
1.5.3. Sistema Nacional de Informações sobre o Meio 
Ambiente — Sinima — e Cadastro Ambiental Rural — 
CAR 
 
 
Passamos agora ao estudo do quarto instrumento da Política Nacional do 
Meio Ambiente — PNMA —, o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio 
Ambiente — Sinima. 
Trata-se de relevante instrumento da PNMA consistente em plataforma, 
instituída e coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, que reúne, consolida 
e faz a gestão de todas as informações ambientais existentes nos órgãos e 
entidades da estrutura do Sisnama, para garantir o adequado uso dessas 
informações pelos próprios órgãos ambientais, melhorando assim a gestão do 
meio ambiente, bem como para permitir seu pleno acesso público. 
O Sinima deverá reunir, entre outras, as seguintes informações 
ambientais11: 
 
11 Lei Federal n.º 10.650/03 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
92 
 
• Pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão; 
• Pedidos e licenças para supressão de vegetação; 
• Autos de infrações e respectivas penalidades impostas pelos órgãos 
ambientais; 
• Lavratura de termos de compromisso de ajustamento de conduta; 
• Reincidências em infrações ambientais; 
• Recursos interpostos em processo administrativo ambiental e 
respectivas decisões; 
• Registro de apresentação de estudos de impacto ambiental e sua 
aprovação ou rejeição; 
• Demais informações ambientais relativas à gestão florestal, a resíduos 
sólidos etc. 
Esse sistema nacional é organizado e mantido pela União com a 
colaboração dos Estados-Membros e dos Municípios, que também deverão 
instituir, respectivamente, seus sistemas estaduais e sistemas municipais de 
informações sobre o meio ambiente. 
Também faz parte do Sinima o Cadastro Ambiental Rural – CAR12 –, que 
se constitui em registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para 
todos os imóveis rurais, e que foi instituído pelo Código Florestal (art. 29 da Lei 
Federal n.º 12.651/12). 
O CAR tem a finalidade de integrar as informações ambientais das 
propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, 
monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao 
desmatamento. 
Assim, a inscrição no Cadastro Ambiental Rural – CAR – é obrigatória para 
todas as propriedades e posses rurais. Sua inscrição, atualmente, é por prazo 
indeterminado nos termos da Lei Federal n.º 13.887/19 que revogou o prazo final 
anteriormente fixado em 31/12/2017 prorrogado até 31/12/2018. 
 
12 O Sistema do Cadastro Ambiental Rural — SICAR é regulamentado pelo Decreto Federal n.º 
7.830/12. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
93 
 
Desse modo, não haverá consequências jurídicas diretas pela não 
inscrição dos imóveis rurais no CAR, haja vista que não há mais prazo definido. 
Contudo,é importante esclarecer que a inscrição dos imóveis rurais no CAR 
passou a se constituir em requisito exigido em diversos procedimentos com 
repercussões ambientais (licenciamento ambiental, regularização ambiental, 
registro da reserva legal, acesso a programas de apoio governamental, obtenção 
de autorização de supressão vegetal, instituição de servidão ambiental, acesso a 
crédito agrícola e a financiamentos em instituições financeiras oficiais etc.). 
A inscrição no Cadastro Ambiental Rural – CAR – não será considerada 
título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse e não 
elimina a obrigatoriedade de inscrição do imóvel no Cadastro Nacional de Imóveis 
Rurais – CNIR – previsto na Lei Federal n.º 5.868/72 e gerido pelo Instituto 
Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA – e pela Secretaria da Receita 
Federal – SRF. 
É importante ressaltar, ainda, que a inscrição deve ser realizada 
preferencialmente nos órgãos ambientais municipais e estaduais, e que foi 
instituído procedimento simplificado13 para a inscrição de pequenas propriedades 
rurais familiares14, assim consideradas aquelas exploradas mediante o trabalho 
pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural e com área de até 
quatro módulos fiscais. 
Por fim, registre-se que os proprietários e possuidores dos imóveis rurais 
que os inscreveram no CAR até 31 de dezembro de 2020 passaram a ter o direito 
à adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) previsto no novo código 
florestal. Além disso, após 31 de dezembro de 2017, as instituições financeiras só 
concederão crédito agrícola, em qualquer de suas modalidades, para 
proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no CAR (Regra declarada 
constitucional pelo STF na ADC n.º 42) (art. 78-A da Lei Federal n.º 12.651/12). 
 
QUESTÃO 
4. (Promotor de Justiça do MPSC. 2016). Sobre o Cadastro Ambiental Rural 
(CAR), a Lei n. 12.651/12 estabelece que a inscrição do imóvel rural no CAR deverá 
 
13 Obrigatória apenas a apresentação de documento de identificação do proprietário ou possuidor 
rural e comprovação da propriedade ou posse, além de croqui indicando o perímetro do imóvel, as 
Áreas de Preservação Permanente e os remanescentes que formam a Reserva Legal. 
14 Art. 3º da Lei Federal n.º 11.326/06. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
94 
 
ser feita, preferencialmente, no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e 
dos Recursos Naturais Renováveis), que, nos termos do regulamento, exigirá do 
proprietário ou possuidor rural, entre outras questões, a identificação do 
proprietário ou possuidor rural e a comprovação da propriedade ou posse. 
( ) Certo ( ) Errado 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
95 
 
1.5.4. Cadastro Técnico Federal 
 
 
Passamos agora ao estudo do sexto instrumento da Política Nacional do 
Meio Ambiente — PNMA —, o Cadastro Técnico Federal — CTF. 
Trata-se de um cadastro público eletrônico instituído pelo IBAMA, órgão 
executor do Sisnama, para registro obrigatório de todos aqueles que atuam com 
atividades e instrumentos de defesa ambiental ou que sejam potencialmente 
poluidores ou utilizadores de recursos ambientais. 
Para melhor gestão das informações, esse Cadastro Técnico Federal foi 
dividido em dois (art. 17 da Lei Federal n.º 6.938/81): 
• CTF de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental – CTF/AIDA15: 
Para registro obrigatório, por exemplo, de empresas de consultoria 
ambiental, de gerenciamento de resíduos sólidos ou de indústrias de 
equipamentos de controle da poluição ambiental; 
 
15 Resolução n.º 01/88 do Conama e Instrução Normativa n.º 10/2013 do Ibama. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
96 
 
• CTF de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos 
recursos ambientais – CTF/APP16: Para registro obrigatório, por 
exemplo, de empresas com atividades de extração, produção, 
transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao 
meio ambiente ou de produtos da fauna e da flora (são mais de 400 mil 
empresas cadastradas no Brasil). 
As pessoas naturais e jurídicas que estejam enquadradas nos anexos das 
Instruções Normativas n.º 10/2013 e n.º 06/2013 do IBAMA e que não se inscrevem 
no CTF respectivo incorrerão em infração ambiental punível com multa de: 
• R$ 50,00 (cinquenta reais), se pessoa física; 
• R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), se microempresa; 
• R$ 900,00 (novecentos reais), se empresa de pequeno porte; 
• R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), se empresa de médio porte; 
• R$ 9.000,00 (nove mil reais), se empresa de grande porte. 
É por isso que até mesmo as floriculturas são obrigadas a registro no CTF, 
haja vista que o comércio interno de plantas vivas e outros produtos oriundos da 
flora nativa dependerá da inscrição no Cadastro Técnico Federal de Atividades 
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, além da 
respectiva licença ambiental a ser emitida pelo órgão estadual do Sisnama. Para 
exportação de plantas vivas e outros produtos da flora exigir-se-á licença do órgão 
federal do Sisnama (art. 37 da Lei Federal n.º 12.651/12). 
Por fim, é importante destacar que também são obrigados a registro no 
Cadastro Técnico Federal os estabelecimentos comerciais responsáveis pela 
comercialização de motosserras e aqueles que as adquirirem. Para porte e uso de 
motosserras17 exigir-se-á a respectiva licença, que será renovada a cada 2 anos.18 
 
QUESTÃO 
5. (Juiz de Direito do TJBA. Cebraspe – 2019). 
 
16 Instrução Normativa n.º 06/2013 do Ibama. 
17 Art. 69 da Lei Federal n.º 12.651/12 (Novo Código Florestal). 
18 Disciplinado no art. 45 do código ambiental de 1965 (Lei Federal n.º 4.771/65). 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • 2 
97 
 
• Víctor é doutor em fauna aquática e pretende trabalhar como consultor em 
estudos para licenciamentos ambientais. 
• Uma empresa pretende extrair minérios e, para isso, solicitou o licenciamento 
ambiental ao órgão estadual competente. 
Considerando essas situações hipotéticas, assinale a opção correta, acerca do CTF, 
previsto na Política Nacional de Meio Ambiente — Lei n.º 6.938/1981. 
A) Víctor e a empresa deverão ter CTFs das respectivas atividades para 
concretizarem suas pretensões. 
B) Apenas Víctor deverá ter CTF, pois não se exige esse instrumento de pessoa 
jurídica. 
C) Apenas a empresa deverá ter CTF, pois não se exige esse instrumento de 
pessoa física. 
D) Nem de Víctor nem da empresa é exigido CTF para concretizarem suas 
pretensões, mas ambos deverão estar inscritos no SINIMA. 
E) Apenas a empresa deverá ter CTF; para Víctor, o CTF poderá ser dispensado 
e substituído pela inscrição da atividade no SINIMA. 
 
Com isso, concluímos o estudo dos instrumentos mais relevantes da PNMA. 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
99 
 
 
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES 
DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA 
 3
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
100 
 
1. RELEMBRANDO O MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA 
AMBIENTAL — MTA 
Estamos estudando o Microssistema Jurídico de Tutela Ambiental — MTA 
—, que, sob uma ótica mais prática, é basicamente formado por quatro sistemas 
principais: 
 
 
Com o adequado estudo do Sistema Nacional do Meio Ambiente — 
Sisnama — foi possível compreender os seguintes pontos principais: 
• Sua estrutura: Constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para as ações de preservação, fiscalização e recuperação 
do meio ambiente no Brasil. Foi possível se apreender a composição e 
as atribuições desses órgãos/entidades ambientais (IBAMA, Conama 
etc.); 
• Políticasnacionais correlacionadas: Que deverão ser implementadas, 
total ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da 
estrutura do Sisnama. Foi possível se apreender a Política Nacional do 
Meio Ambiente – PNMA – e outras associadas, estudando-se os: 
• Objetivos: Da PNMA, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, a serem cumpridos, total ou parcialmente, pelos órgãos e 
entidades componentes da estrutura do Sisnama; 
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101 
 
• Instrumentos: Da PNMA, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, que se constituem em genuínas ferramentas jurídicas 
disponibilizadas principalmente para os órgãos e entidades 
componentes da estrutura do Sisnama, para propiciar o cumprimento 
dos objetivos da própria PNMA e das demais políticas ambientais 
associadas. 
Agora passaremos a estudar o segundo sistema integrante do MTA, o 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza — SNUC —, para se 
compreender os seguintes pontos principais: 
• Sua estrutura: Constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para administrar, preservar e fiscalizar as unidades de 
conservação da natureza (parques nacionais, por exemplo) no Brasil. 
Será possível se apreender a composição e as atribuições desses 
órgãos/entidades ambientais (ICMBIO etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: Que deverão ser implementadas, 
total ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da 
estrutura do SNUC. Será possível se apreender a Política Nacional de 
Unidades de Conservação – PNUC – e outras associadas, estudando-se 
os: 
o Objetivos: Da PNUC, e do próprio SNUC, a serem 
cumpridos, total ou parcialmente, pelos órgãos e 
entidades componentes da estrutura do SNUC; 
o Instrumentos: Instituídos pela Lei da PNUC, e pelas 
demais políticas ambientais associadas (pelo código 
florestal, por exemplo), que se constituem em 
genuínas ferramentas jurídicas disponibilizadas 
principalmente para os órgãos e entidades 
componentes da estrutura do SNUC, para propiciar o 
cumprimento dos seus objetivos e da PNUC. 
2. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA 
NATUREZA 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
102 
 
 
2.1. Criação do SNUC 
A instituição de Unidades de Conservação da Natureza, como espaços 
especialmente protegidos, atualmente disciplinada pela Lei do SNUC, não é 
novidade, haja vista que estava prevista em nossos dois primeiros códigos 
florestais, aprovados respectivamente pelo Decreto Federal n.º 23.793/3419 e pela 
Lei Federal n.º 4.771/6520. Sua criação também foi prevista como um dos 
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA: 
Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente: [...] VI - a criação de espaços territoriais 
especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual 
e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de 
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; 
Posteriormente, foi inserida na Constituição da República de 1988 como 
uma obrigação do Poder Público: 
Art. 225. 
[...] 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao 
Poder Público: [...] III - definir, em todas as unidades da 
Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos [...] 
Todavia, foi somente em 05 de junho de 1992, em meio às discussões da 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – 
Cnumad – (Eco 92 ou Cúpula da Terra), ocorrida no Rio de Janeiro/RJ, que o 
 
19 Primeiro código florestal brasileiro: Arts. 5º e 9º. 
20 Segundo código florestal brasileiro: Art. 5º. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
103 
 
Presidente da República encaminhou à Câmara dos Deputados o projeto de lei n.º 
2.892/92 para a instituição de um Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
da Natureza, o SNUC. 
Naquele momento havia muitas preocupações com a aceleração do ritmo 
de extinção de espécies vitais ao planeta, especialmente na década anterior. Daí 
porque se buscou o estabelecimento de uma rede de áreas naturais protegidas. 
Tratava-se de uma responsabilidade assumida pelo Estado brasileiro 
perante a Nação e à comunidade internacional, de preservar seu imenso 
patrimônio genético e sua biodiversidade. 
Na elaboração do projeto, desenvolveu-se o trabalho de audiências de 
vários setores da sociedade e do Conselho Nacional do Meio Ambiente – 
CONAMA –, que aprovou a minuta do projeto em sua 24ª Reunião Ordinária. 
Assim, após longos 7 anos de tramitação no Congresso Nacional, finalmente 
foi aprovada e sancionada a Lei Federal n.º 9.985/00 que instituiu o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza — SNUC —, ora objeto de nosso 
estudo. 
2.2 Estrutura do SNUC 
 
 
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza — SNUC — 
é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais, 
distritais e municipais. 
Assim, com a entrada em vigor da Lei Federal n.º 9.985/00, todas as 
unidades de conservação municipais, estaduais, distritais e federais passaram a 
integrar o SNUC, razão pela qual todas as unidades de conservação e áreas 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
104 
 
protegidas que haviam sido criadas com base na legislação anterior tiveram que 
ser reavaliadas, no prazo de 2 anos, com o objetivo de definir sua nova 
classificação. Essa reavaliação teria de ser realizada por ato normativo do mesmo 
nível hierárquico que criou as unidades, proposto pelo respectivo órgão executor. 
O SNUC é gerido por um conjunto de órgãos e entidades com estrutura 
funcionalmente particionada, conforme imagem a seguir: 
 
 
É importante destacar que os órgãos são classificados em categorias bem 
definidas, cada um deles com sua composição e atribuições próprias, conforme 
veremos nos tópicos abaixo. 
2.2.1. Órgão Consultivo e Deliberativo 
O órgão consultivo e deliberativo do SNUC é o Conselho Nacional do Meio 
Ambiente — CONAMA —, órgão colegiado que integra a estrutura administrativa 
do Ministério do Meio Ambiente, e que detém a competência normativa para 
aprovar resoluções regulamentares à legislação ambiental, de observância 
obrigatória por todos os demais órgãos do SNUC. 
Ou seja, os órgãos ambientais estaduais, distritais e municipais são 
obrigados a cumprir e respeitar as normas ambientais emanadas pelo Conama. Daí 
porque é o Conama, sem dúvida, o órgão mais importante da estrutura do SNUC. 
Trata-se de órgão com atribuições para acompanhar a implementação do 
Sistema. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
105 
 
Sua composição e suas funções já foram amplamente estudadas no capítulo 
do Sisnama. 
2.2.2. Órgão Central 
Compete ao Ministério do Meio Ambiente as funções de órgão central do 
SNUC, com a finalidade de coordenar o sistema. 
Também deve organizar e manter o Cadastro Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza, com a colaboração do IBAMA e dos órgãos estaduais e 
municipais competentes. 
O Cadastro Nacional de Unidades de Conservação da Natureza conterá os 
dados principais de cada unidade de conservação, incluindo, dentre outras 
características relevantes, informações sobre espécies ameaçadas de extinção, 
situação fundiária, recursos hídricos, clima, solos e aspectos socioculturais e 
antropológicos. 
O Ministério do Meio Ambiente divulgará e colocará à disposição do 
público interessado os dados constantes do Cadastro. 
2.2.3. Órgãos Executores 
São considerados órgãos executores do SNUC as duas autarquias 
ambientais federais vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente: O Instituto 
Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA – e o 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Icmbio. 
O Icmbio foi instituídoem 200721 com as funções de implementar o SNUC, 
subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de conservação 
federais. Portanto, ele é responsável pela gestão das unidades de conservação da 
natureza federais, como por exemplo os parques nacionais. 
Por outro lado, o IBAMA atua apenas em caráter supletivo no SNUC. 
Ainda são considerados órgãos executores todos os órgãos e entidades 
ambientais estaduais, distritais e municipais com as funções de implementar o 
SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de conservação 
estaduais e municipais, nas respectivas esferas de atuação. 
 
21 Lei Federal n.º 11.516/07. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
106 
 
2.3. Política Nacional de Unidades de Conservação — 
PNUC 
 
 
A Política Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – PNUC – se 
constitui em importante política pública ambiental instituída pela Lei Federal n.º 
9.985/00 com a finalidade geral de regular os procedimentos de criação e de 
classificação das unidades de conservação de todas as esferas da Federação. 
Ela definiu importantes diretrizes que devem reger o SNUC (art. 5º da Lei 
Federal n.º 9.985/00): 
• Assegurar que, no conjunto das unidades de conservação, estejam 
representadas amostras significativas e ecologicamente viáveis das 
diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e 
das águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico 
existente; 
• Assegurar os mecanismos e procedimentos necessários ao 
envolvimento da sociedade no estabelecimento e na revisão da política 
nacional de unidades de conservação; 
• Assegurar a participação efetiva das populações locais na criação, 
implantação e gestão das unidades de conservação; 
• Buscar o apoio e a cooperação de organizações não-governamentais, de 
organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de 
estudos, pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, 
atividades de lazer e de turismo ecológico, monitoramento, 
manutenção e outras atividades de gestão das unidades de 
conservação; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
107 
 
• Incentivar as populações locais e as organizações privadas a 
estabelecerem e administrarem unidades de conservação dentro do 
sistema nacional; 
• Assegurar, nos casos possíveis, a sustentabilidade econômica das 
unidades de conservação; 
• Permitir o uso das unidades de conservação para a conservação in situ 
de populações das variantes genéticas selvagens dos animais e plantas 
domesticados e recursos genéticos silvestres: A conservação in situ é a 
conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e 
recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais 
e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde 
tenham desenvolvido suas propriedades características; 
• Assegurar que o processo de criação e gestão das unidades de 
conservação sejam feitos de forma integrada com as políticas de 
administração das terras e águas circundantes, considerando as 
condições e necessidades sociais e econômicas locais; 
• Considerar as condições e necessidades das populações locais no 
desenvolvimento e adaptação de métodos e técnicas de uso sustentável 
dos recursos naturais; 
• Garantir às populações tradicionais cuja subsistência dependa da 
utilização de recursos naturais existentes no interior das unidades de 
conservação meios de subsistência alternativos ou a justa indenização 
pelos recursos perdidos: A população tradicional é aquela que já residia 
na unidade antes de sua criação e que se mantinha através da 
exploração de recursos naturais por gerações; 
• Garantir uma alocação adequada dos recursos financeiros necessários 
para que, uma vez criadas, as unidades de conservação possam ser 
geridas de forma eficaz e atender aos seus objetivos; 
• Buscar conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e 
respeitadas as conveniências da administração, autonomia 
administrativa e financeira; 
• Buscar proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de 
unidades de conservação de diferentes categorias, próximas ou 
contíguas, integrando as diferentes atividades de preservação da 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
108 
 
natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e 
recuperação dos ecossistemas. 
Por fim, vale destacar que o Poder Público deve realizar o levantamento 
nacional das terras devolutas com o objetivo de definir áreas destinadas à 
conservação da natureza. 
2.4. Objetivos do SNUC 
 
 
Os órgãos responsáveis pela gestão do SNUC devem implementá-lo, 
inclusive observando-se as diretrizes da Política Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza – PNUC –, buscando o cumprimento dos objetivos do 
sistema. 
São objetivos do SNUC, que devem ser perseguidos por seus órgãos 
gestores (art. 4º da Lei Federal n.º 9.985/00): 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
109 
 
 
Vamos estudar cada um deles. 
O primeiro objetivo do SNUC é contribuir para a manutenção da 
diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas 
jurisdicionais. 
Considera-se diversidade biológica a variabilidade de organismos vivos de 
todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, 
marinhos e outros ecossistemas aquáticos, e os complexos ecológicos de que 
fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre 
espécies e de ecossistemas. 
Trata-se da razão principal que justificou a aprovação da lei do SNUC, haja 
vista que existiam muitas preocupações com a aceleração do ritmo de extinção 
de espécies vitais ao planeta. 
Daí porque também se constitui em objetivo do SNUC a proteção das 
espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
110 
 
Em razão disso, as espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção 
constarão de relação revista e atualizada periodicamente que será elaborada e 
divulgada pelo IBAMA, órgão executor do SNUC. Os órgãos ambientais estaduais 
e municipais serão incentivados pelo IBAMA a elaborem suas relações regionais 
e locais. 
Além disso, sem prejuízo da criação de unidades de conservação da 
natureza, para proteção das florestas e de outras formas de vegetação o Poder 
Público federal, estadual e municipal poderá: 
• Proibir ou limitar o corte das espécies da flora raras, endêmicas, em 
perigo ou ameaçadas de extinção, bem como das espécies necessárias 
à subsistência das populações tradicionais, delimitando as áreas 
compreendidas no ato, fazendo depender de autorização prévia, 
nessas áreas, o corte de outras espécies: Espécies endêmicas são 
aquelas encontradas somente em uma determinada área ou região, 
sendo, portanto, exclusivas daquele local; 
• Declarar qualquer árvore imune de corte por motivo de sua localização, 
raridade, beleza ou condição de porta-sementes; 
• Estabelecer exigências administrativas sobre o registro e outras formas 
de controle de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à extração, 
indústria ou comércio de produtos ou subprodutos florestais. 
Também em razão do objetivo do SNUC apontado acima, somente 
excepcionalmente o IBAMA poderá permitir a captura de exemplares de espécies 
ameaçadas de extinção, destinadas a programas de criação em cativeiro ou 
formação de coleções científicas. 
É também por isso que o SNUC visa a contribuir para a preservação e a 
restauração da diversidade de ecossistemas naturais e a valorizar econômica e 
socialmente a diversidade biológica. 
A promoção do desenvolvimento sustentável foi também alçada a 
objetivo do SNUC, como forma de se buscar o desenvolvimento sustentável do 
País com respeito à preservaçãoambiental, tal qual idealizado no Relatório 
Brundtland, Nosso Futuro Comum, elaborado pela Comissão Mundial sobre o 
Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU – CMED – e publicado em 1987. 
A proteção das paisagens naturais e pouco alteradas, de notável beleza 
cênica, consta como importante objetivo do SNUC com a finalidade de preservar 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
111 
 
também sítios e locais de rara beleza natural, os quais poderão contribuir para a 
promoção da educação e interpretação ambiental, da recreação em contato com a 
natureza e do turismo ecológico que também se constitui em objetivo do SNUC. 
O SNUC previu ainda como objetivo a proteção e recuperação dos 
recursos hídricos e edáficos. Fatores edáficos são aqueles que regulam o solo e 
que influenciam a distribuição e abundância da flora e fauna. 
Esse sistema nacional não pode se descuidar do dever de proteção dos 
recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, 
respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as 
social e economicamente, haja vista que esse também é um dos seus objetivos. 
A população tradicional é aquela que já residia na área da unidade de 
conservação antes de sua criação e que se mantinha através da exploração de 
recursos naturais, por gerações. 
Por fim, são também objetivos do SNUC a proteção das características 
relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, 
paleontológica e cultural, e a recuperação e restauração dos ecossistemas 
degradados. 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
112 
 
QUESTÃO 
6. (Promotor de Justiça do MPES. Vunesp – 2013). É objetivo do Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação, conforme Lei n.º 9.985/2000. 
A) proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica. 
B) buscar proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de 
unidades de conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas 
respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as 
diferentes atividades de preservação da natureza, uso sustentável dos recursos 
naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas. 
C) buscar conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e 
respeitadas as conveniências da administração, autonomia administrativa e 
financeira. 
D) oferecer apoio e a cooperação de organizações não governamentais, de 
organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, 
pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de 
turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das 
unidades de conservação. 
E) assegurar a participação efetiva das populações locais na criação, 
implantação e gestão das unidades de conservação. 
2.5. Instrumentos do SNUC 
 
 
Os órgãos e entidades responsáveis pela gestão do SNUC devem 
implementar a Política Nacional de Unidades de Conservação – PNUC – e, para isso, 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
113 
 
se utilizarão do conjunto de instrumentos ambientais que foram disponibilizados, 
ou seja, conjunto de ferramentas jurídicas que foram institucionalizadas pela lei do 
SNUC para propiciar a consecução de seus objetivos. 
Assim, por exemplo, o Icmbio (entidade da estrutura do SNUC) poderá se 
utilizar da zona de amortecimento (genuíno instrumento instituído pela Lei da 
PNUC) para ampliar a proteção de paisagens naturais existentes em unidades de 
conservação (um dos objetivos do SNUC) através do estabelecimento de restrições 
ao uso de recursos naturais no entorno das unidades de conservação, propiciando 
– com isso – a implementação da própria Política Nacional de Unidades de 
Conservação. 
Serão estudados os seguintes institutos jurídicos, verdadeiras ferramentas 
jurídicas da PNUC, que devem ser utilizadas pelos órgãos e entidades do SNUC: 
 
 
 
Apesar de não classificados expressamente como instrumentos, na 
prática todos esses institutos jurídicos são instrumentos dessa Política Pública 
Ambiental, porquanto são eles que propiciam a implementação do SNUC e da 
PNUC. 
Vamos estudar cada um deles nos tópicos seguintes. 
2.5.1. Unidades de Conservação da Natureza 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
114 
 
A lei da PNUC define Unidade de Conservação como sendo espaço 
territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com 
características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com 
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, 
ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. 
Assim, as Unidades de Conservação da Natureza possuem natureza jurídica 
de espaços territoriais especialmente protegidos, onde as atividades humanas 
(plantação, construção, desmatamento etc.) sofrem restrições decorrentes da 
legislação ambiental. 
São bons exemplos de unidades de conservação os conhecidos Parques 
Nacionais da Chapada Diamantina, na Bahia, e da Chapada dos Veadeiros, no Goiás. 
Portanto, as Unidades de Conservação são espécies do gênero espaços 
territoriais especialmente protegidos. Outras espécies de espaços territoriais 
especialmente protegidos são as áreas de reserva legal, as áreas de preservação 
permanentes etc. (serão estudadas mais a frente). 
Deveras, a criação de espaços territoriais especialmente protegidos se 
constitui em obrigação constitucional de todas os Entes da Federação: 
Art. 225. 
[...] 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos [...] 
Daí porque não só a União, mas também os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios devem instituir unidades de conservação da natureza em seus 
territórios. 
Por fim, vale ressaltar que os mapas e cartas oficiais devem indicar as 
áreas que compõem unidades de conservação da natureza integrantes do SNUC, 
sendo certo que o Poder Executivo Federal submeterá à apreciação do Congresso 
Nacional, a cada dois anos, um relatório de avaliação global da situação das 
unidades de conservação federais do País. 
Após a correta compreensão da natureza jurídica das unidades de 
conservação, vamos estudar: 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
115 
 
 
2.5.1.1. Formas de Criação 
Os órgãos executores responsáveis pela gestão do SNUC poderão propor 
a criação de unidades de conservação, que somente poderão ser instituídas por 
ato do Poder Público, nos termos da Lei da PNUC: 
Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do 
Poder Público. 
Todavia, a lei não definiu quais atos do Poder Público (decreto, portaria, 
resolução etc.) poderiam instituir unidades de conservação da natureza. Apesar 
disso, entende-se que as unidades de conservação somente podem ser criadas por 
decretos dos Chefes dos Poderes Executivos ou por lei formal. 
Desse modo, por exemplo, com a publicação de decreto de Chefe do Poder 
Executivo se aperfeiçoa a criação da unidade de conservação, uma vez que nele são 
definidos os limites territoriais da unidade, sua finalidade (objeto), o órgão 
responsável por sua administração, sua denominação e as restrições às quais 
estarão sujeitas as atividades nos seus limites territoriais. 
Apesar de aperfeiçoada a criação da unidade com a publicação do seu ato 
de instituição (decreto ou lei), por vezes restarão pendentes relevantes 
providências sem as quais a plena proteção dos recursos naturais da unidade nem 
sempre estará assegurada. A providência relevante, comumente pendente nesses 
casos, é a regularização fundiária. 
É que as propriedades privadas que ficarem inseridas dentro das unidades 
de conservação de posse e domínio público devem ser, em regra, desapropriadascom prévia e justa indenização em dinheiro. Porém, o Poder Público nem sempre 
possuirá recursos financeiros suficientes para promover as indenizações 
necessárias às desapropriações, de modo que a regularização fundiária dessas 
áreas pode ficar pendente por anos. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
116 
 
Já a denominação de cada unidade de conservação deverá basear-se, 
preferencialmente, em sua característica natural mais significativa, ou em sua 
denominação mais antiga, dando-se prioridade, neste último caso, às designações 
indígenas ancestrais. 
Vale ressaltar que o subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na 
estabilidade do ecossistema, integram os limites das unidades de conservação. 
Por fim, é importante destacar que, excepcionalmente, apenas uma 
categoria de unidade de conservação da natureza poderá ser criada por simples 
termo de compromisso firmado perante o órgão ambiental, e não por decreto ou 
lei. É a Reserva Particular do Patrimônio Natural, que será estudada mais à frente. 
O termo firmado dever ser averbado na margem da inscrição do respectivo imóvel 
no registro público de imóveis competente. 
2.5.1.2. Requisitos para Criação 
 
 
A criação ou ampliação de uma unidade de conservação deve ser precedida 
de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a 
dimensão e os limites mais adequados para a unidade (art. 22, § 2º da Lei Federal 
n.º 9.985/00). 
Os estudos técnicos se constituem nas análises científicas conduzidas por 
profissionais capacitados, com a finalidade de fundamentar e motivar o surgimento 
de uma nova unidade de conservação em determinada área. 
Compete ao órgão executor do SNUC proponente da criação da nova 
unidade de conservação elaborar os estudos técnicos preliminares. Para garantir a 
realização desses estudos, o Poder Público poderá decretar limitações 
administrativas provisórias ao exercício de atividades e empreendimentos efetiva 
ou potencialmente causadores de degradação ambiental, quando, a critério do 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
117 
 
órgão ambiental competente, houver risco de dano grave aos recursos naturais ali 
existentes. 
Ficam ressalvadas da limitação administrativa provisória apenas as 
atividades agropecuárias, outras atividades econômicas em andamento e as obras 
públicas licenciadas. Porém, mesmo assim, na área submetida a limitação 
administrativa provisória, não serão permitidas atividades que importem em 
exploração a corte raso da floresta e demais formas de vegetação nativa. 
Considera-se exploração a corte raso o desmatamento e limpeza total da área. 
A destinação final da área submetida a limitação administrativa provisória 
deve ser definida no prazo de 7 (sete) meses, improrrogáveis, findo o qual ficará 
extinta a limitação. 
Além disso, a consulta pública deve fornecer as informações adequadas e 
inteligíveis (compreensíveis e acessíveis) à população local e a outras partes 
interessadas, tendo como finalidade subsidiar a definição da localização, da 
dimensão e dos limites mais adequados para a unidade. Ela consiste em reunião 
pública ou, a critério do órgão ambiental competente, outras formas de oitiva da 
população local e de outras partes interessadas. 
Daí porque o órgão executor competente para a realização da consulta 
pública deve indicar, de modo claro e em linguagem acessível, as implicações e 
restrições que incidirão sobre a população residente da área que ficará no interior 
e no entorno da unidade da conservação proposta. Cabe ao órgão executor 
proponente de nova unidade de conservação realizar a consulta pública. Registre-
se que, mesmo para ampliação dos limites de unidade de conservação, a consulta 
pública não pode ser substituída por parecer emitido por conselho consultivo da 
unidade (MS n.º 24.184/STF). 
É importante ressaltar que, excepcionalmente, a consulta pública não será 
obrigatória apenas na criação de duas categorias de unidades de conservação. A 
estação ecológica e a reserva biológica, que serão estudadas mais à frente. 
Por fim, a ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem 
modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser 
feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a 
unidade, desde que realizados os estudos técnicos e a consulta pública. 
QUESTÃO 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
118 
 
7. (Juiz de Direito do TJPR. Cebraspe – 2019). Conforme a Lei n.º 9.985/2000, 
que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), 
os requisitos necessários à criação de uma unidade de conservação, exceto no caso 
de estação ecológica ou reserva biológica, são 
A) a publicação de lei autorizadora, a realização de estudos técnicos para 
identificação da localização, da dimensão e dos limites adequados da unidade, e a 
elaboração de licenciamento ambiental. 
B) a edição de ato autorizador do Poder Executivo e a realização de estudos 
técnicos e de consulta pública para a identificação da localização, da dimensão e 
dos limites adequados da unidade. 
C) a edição de ato autorizador do Poder Executivo, a elaboração de 
licenciamento ambiental, a realização de consulta pública e a verificação da 
existência de população tradicional residente no local. 
D) a publicação de lei autorizadora, a elaboração de licenciamento ambiental, 
a identificação da dimensão e dos limites da unidade e a verificação da existência 
de população tradicional residente no local. 
2.5.1.3. Formas de Alteração e de Extinção 
 
 
A extinção, supressão ou qualquer alteração que reduza os limites 
(tamanho da área) ou a proteção de unidades de conservação exigirá aprovação de 
lei específica, ainda que a unidade tenha sido criada por decreto. 
Logo, não se aplica aqui o princípio do paralelismo das formas, consoante 
assentado no texto constitucional e na lei da PNUC, respectivamente in verbis: 
Art. 225. 
[...] 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
119 
 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas 
somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção; 
 
Lei Federal n.º 9.985/00: 
Art. 22. 
[...] 
§ 7o A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de 
conservação só pode ser feita mediante lei específica. 
Assim, por exemplo, apesar de ter sido criado pelo Decreto Federal 
1.713/37, o parque nacional de Itatiaia (primeira unidade de conservação criada no 
Brasil), não poderá ter seus limites reduzidos por outro decreto federal. 
Por fim, é importante destacar que, por unanimidade, o plenário do 
Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4717, decidiu que é 
inconstitucional a diminuição, por meio de medida provisória, de espaços 
territoriais especialmente protegidos. 
Desse modo, nem mesmo por medida provisória (com força de lei) será 
possível se restringir os limites ou a proteção de unidades de conservação da 
natureza, ainda que tenham sido criadas por meros decretos. 
QUESTÃO 
8. (Juiz de Direito do TJPR. Cebraspe – 2019). Considere que, em 1999, a 
União tenha criado, por decreto presidencial, determinada unidade de 
conservação. Nessa situação, de acordo com a CF, a União 
A) poderá alterá-la por meio de decreto. 
B) poderá suprimi-la por meio de decreto. 
C) somente poderá alterá-la ou suprimi-la por meio de lei. 
D) poderá alterá-la por meio de portaria do Ministério do Meio Ambiente. 
E) terá cometido ato nulo, já que o ato de criação dessa unidade deveria ter 
sido a lei. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
120 
 
2.5.1.4. Classificaçãodas Unidades de Conservação 
 
 
As unidades de conservação da natureza integrantes do SNUC dividem-se 
em dois grupos com características específicas: Unidades de Proteção Integral e 
Unidades de Uso Sustentável. Além disso, há ainda um modelo adotado 
internacionalmente. 
Em regra, as unidades de ambos os grupos necessitarão de plano de 
manejo, consistente no documento técnico mediante o qual, com fundamento 
nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu 
zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos 
recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à 
gestão da unidade. Deve ser elaborado em até 5 anos e abranger inclusive a zona 
de amortecimento e os corredores ecológicos. 
O Plano de Manejo aprovado deve estar disponível para consulta pública 
na sede da unidade de conservação e no centro de documentação do respectivo 
órgão executor gestor do SNUC. 
As unidades do grupo de proteção integral possuem as seguintes 
características gerais: 
• Proteção integral: Consiste na manutenção dos ecossistemas livres de 
alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso 
indireto dos seus atributos naturais: O uso indireto consiste naquele que 
não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais; 
• Objetivo básico: Preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso 
indireto dos seus recursos naturais; 
• Conselho Consultivo: Cada unidade de conservação de Proteção 
Integral disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
121 
 
responsável por sua administração e constituído por representantes de 
órgãos públicos e de organizações da sociedade civil, além de, quando 
for o caso, representantes de proprietários de terras localizadas na 
unidade e das populações tradicionais residentes, conforme se dispuser 
em regulamento e no ato de criação da unidade; 
• Taxa de visitação: Os recursos obtidos pelas unidades de conservação 
do Grupo de Proteção Integral mediante a cobrança de taxa de visitação 
e outras rendas decorrentes de arrecadação, serviços e atividades da 
própria unidade serão destinados à manutenção da unidade, à 
regularização fundiária e à manutenção de outras unidades de 
proteção integral; 
• Natureza jurídica da área: A área de uma unidade de conservação do 
Grupo de Proteção Integral é considerada zona rural para todos os 
efeitos legais. Sua zona de amortecimento não pode ser transformada 
em zona urbana, conforme estudaremos mais à frente; 
• Categorias: São 5 categorias (Estação Ecológica, Reserva Biológica, 
Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre). 
Serão estudadas logo mais. 
 
QUESTÃO 
9. (Procurador Jurídico da Prefeitura de Planalto da Serra/MT. 2019) 
(adaptada). É CORRETO afirmar que o uso indireto é aquele que não envolve 
consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Por outro lado, as unidades do grupo de uso sustentável possuem as 
seguintes características gerais: 
• Uso sustentável: Consiste na exploração do ambiente de maneira a 
garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos 
processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos 
ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável: 
Admite-se o uso direto de parcela dos recursos, consistente naquele 
que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
122 
 
• Objetivo básico: Compatibilizar a conservação da natureza com o uso 
sustentável de parcela dos seus recursos naturais; 
• Categorias: São 7 categorias (Área de Proteção Ambiental, Área de 
Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, 
Reserva da Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva 
Particular do Patrimônio Natural). Serão estudadas logo mais. 
Vale ressaltar que as unidades de conservação do grupo de Uso 
Sustentável podem ser transformadas, total ou parcialmente, em unidades do 
grupo de Proteção Integral por instrumento normativo do mesmo nível 
hierárquico daquele que criou a unidade, desde que realizados os estudos 
técnicos e a consulta pública. 
Também é importante apontar que, em regra, as unidades de 
conservação são geridas e administradas por órgão executor do SNUC (Icmbio, 
órgãos ambientais estaduais etc.). Assim, o órgão gestor do SNUC poderá receber 
recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou internacionais, com ou 
sem encargos, provenientes de organizações privadas ou públicas ou de pessoas 
físicas que desejarem colaborar com a sua conservação, ficando responsável pela 
administração dos recursos obtidos, que serão utilizados exclusivamente na sua 
implantação, gestão e manutenção da unidade. 
Todavia, as unidades também poderão ser geridas por organizações da 
sociedade civil de interesse público — Oscips — com objetivos afins aos da 
unidade,22 mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável por sua 
gestão (termo de parceria). A Oscip deve encaminhar anualmente relatórios de suas 
atividades para apreciação do órgão executor e do conselho da unidade. 
Cada categoria de unidades de conservação integrantes do SNUC será 
objeto de regulamento específico. 
Por fim, é relevante ressaltar que, em regra, é proibida a introdução nas 
unidades de conservação de espécies não autóctones (não nativas ou naturais da 
região que habita). 
 
22 Lei Federal n.º 9.790/99. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
123 
 
2.5.1.4.1. Unidades de Proteção Integral 
 
 
Compreendidas as regras gerais sobre as unidades de conservação, 
passaremos ao exame específico de cada uma delas, a começar pelas cinco 
categorias de unidades de conservação da natureza do grupo de proteção integral. 
O exame dessas unidades envolve basicamente três critérios: Domínio da 
área, possibilidade de pesquisas científicas e possibilidade de visitação pública. 
A Estação Ecológica (Esec) tem como objetivo a preservação da natureza e 
a realização de pesquisas científicas. Ela possui as seguintes características: 
• Domínio: É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares 
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas; 
• Pesquisa científica: A pesquisa científica depende de autorização 
prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está 
sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como 
àquelas previstas em regulamento; 
• Visitação pública: É proibida a visitação pública, exceto quando com 
objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o plano de manejo 
da unidade ou regulamento específico; 
• Só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de: 
Medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; manejo 
de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica; coleta de 
componentes dos ecossistemas com finalidades científicas; pesquisas 
científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele 
causado pela simples observação ou pela coleta controlada de 
componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
124 
 
máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de 
um mil e quinhentos hectares. 
QUESTÃO 
10. (Analista do SLU/DF. Cebraspe – 2019). Estações ecológicas são unidades 
de posse e de domínio público, porém é vedada a desapropriação de áreas 
particulares que estejam dentro dos limites territoriais de uma estação ecológica 
se tais áreas forem preexistentes à criação dessa unidade de conservação. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
A Reserva Biológica (ReBio) tem como objetivo a preservação integral da 
biota e demais atributos naturais existentes em seuslimites, sem interferência 
humana direta ou modificações ambientais. Ela possui as seguintes características: 
• Domínio: É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares 
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas; 
• Pesquisa científica: A pesquisa científica depende de autorização 
prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está 
sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como 
àquelas previstas em regulamento; 
• Visitação pública: É proibida a visitação pública, exceto aquela com 
objetivo educacional, de acordo com regulamento específico; 
• Permite, de forma excepcional, interferência humana direta ou 
modificações ambientais, para adoção das medidas de recuperação de 
seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para 
recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os 
processos ecológicos naturais. 
O Parque Nacional (PN) tem como objetivo básico a preservação de 
ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica. Ele possui as 
seguintes características: 
• Domínio: É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares 
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas; 
• Pesquisa científica: A pesquisa científica é possível, dependendo de 
autorização prévia do órgão responsável pela administração da 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
125 
 
unidade, e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, 
bem como àquelas previstas em regulamento; 
• Visitação pública: A visitação pública é possível, inclusive com 
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, 
de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico, 
estando sujeita às normas e restrições estabelecidas no plano de 
manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por 
sua administração, e àquelas previstas em regulamento; 
• Quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, 
respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal. 
QUESTÃO 
11. (Analista do SLU/DF. Cebraspe – 2019). Estações ecológicas são unidades 
de posse e de domínio público, porém é vedada a desapropriação de áreas 
particulares que estejam dentro dos limites territoriais de uma estação ecológica 
se tais áreas forem preexistentes à criação dessa unidade de conservação. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
O Monumento Natural (Monat) tem como objetivo básico preservar sítios 
naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Ele possui as seguintes 
características: 
• Domínio: Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja 
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra 
e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Havendo 
incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas 
ou não havendo concordância do proprietário às condições propostas 
pelo órgão responsável pela administração da unidade para a 
coexistência do Monumento Natural com o uso da propriedade, a área 
deve ser desapropriada; 
• Pesquisa científica: Não há proibição expressa para pesquisas 
científicas; 
• Visitação pública: A visitação pública é possível, estando sujeita às 
condições e restrições estabelecidas no plano de manejo da unidade, às 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
126 
 
normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e 
àquelas previstas em regulamento. 
QUESTÃO 
12. (Promotor de Justiça do MPSC. Consulplan – 2019). A categoria de unidade 
de conservação de proteção integral, denominada Monumento Natural, não pode 
ser constituída por áreas particulares. 
( ) Certo ( ) Errado 
O Refúgio De Vida Silvestre (Rvs) tem como objetivo proteger ambientes 
naturais onde se assegurem condições para a existência ou reprodução de espécies 
ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Ele possui as 
seguintes características: 
• Domínio: Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja 
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra 
e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Havendo 
incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas 
ou não havendo concordância do proprietário às condições propostas 
pelo órgão responsável pela administração da unidade para a 
coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a 
área deve ser desapropriada; 
• Pesquisa científica: A pesquisa científica depende de autorização 
prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está 
sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como 
àquelas previstas em regulamento; 
• Visitação pública: A visitação pública é possível, estando sujeita às 
condições e restrições estabelecidas no plano de manejo da unidade, às 
normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e 
àquelas previstas em regulamento. 
Com isso, concluímos o estudo das características mais relevantes das 
unidades de conservação do grupo de proteção integral. 
2.5.1.4.2. Unidades de Uso Sustentável 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
127 
 
 
 
Agora passaremos ao exame das sete categorias de unidades de 
conservação da natureza do grupo de uso sustentável: 
O exame dessas unidades envolve basicamente três critérios: Domínio da 
área, possibilidade de pesquisas científicas e possibilidade de visitação pública. 
A Área De Proteção Ambiental (Apa) tem como objetivos básicos proteger 
a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a 
sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Ela possui as seguintes 
características: 
• Domínio: É constituída por terras públicas ou privadas. Respeitados os 
limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições 
para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área 
de Proteção Ambiental; 
• Pesquisa científica: As condições para a realização de pesquisa científica 
nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da 
unidade. Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário 
estabelecer as condições, observadas as exigências e restrições legais; 
• Visitação pública: As condições para a realização de visitação pública 
nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da 
unidade. Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário 
estabelecer as condições, observadas as exigências e restrições legais; 
• Conselho: Disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável 
por sua administração e constituído por representantes dos órgãos 
públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente; 
• É uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, 
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
128 
 
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das 
populações humanas. 
 
QUESTÃO 
13. (Perito Criminal Federal do DPF. Cebraspe – 2013). Acerca de legislação 
ambiental aplicada à geologia, julgue o item subsequente. Entre as unidades de uso 
sustentável, a área de proteção ambiental é, em geral, extensa, com certo grau de 
ocupação humana e dotada de atributos abióticos, bióticos e estéticos; a área de 
relevante interesse ecológico é, em geral, de pequena extensão, com pouca ou 
nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
A Área De Relevante Interesse Ecológico (Arie) tem como objetivo manter 
os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível 
dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da 
natureza. Ela possui as seguintes características: 
• Domínio:É constituída por terras públicas ou privadas. Respeitados os 
limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições 
para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área 
de Relevante Interesse Ecológico; 
• Pesquisa científica: Não há proibição expressa para pesquisas 
científicas; 
• Visitação pública: Não há proibição expressa para visitação pública; 
• É uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma 
ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que 
abriga exemplares raros da biota regional. 
A Floresta Nacional (Flona) tem como objetivo básico o uso múltiplo 
sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos 
para exploração sustentável de florestas nativas. Ela possui as seguintes 
características: 
• Domínio: É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares 
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
129 
 
• Pesquisa científica: É permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia 
autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às 
condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em 
regulamento; 
• Visitação pública: É permitida, condicionada às normas estabelecidas 
para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua 
administração; 
• Conselho: Disporá de um Conselho Consultivo presidido pelo órgão 
responsável por sua administração e constituído por representantes dos 
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população 
residente; 
• Populações tradicionais: É admitida a permanência de populações 
tradicionais que a habitavam quando de sua criação, em conformidade 
com o disposto em regulamento e no plano de manejo da unidade; 
• É uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente 
nativas; 
• Quando criada pelo Estado ou Município, será denominada, 
respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal. 
 
QUESTÃO 
14. (Advogado da União da AGU. Cebraspe – 2015). Acerca da criação e da 
gestão de florestas públicas nacionais, julgue o item subsequente. A floresta 
nacional é unidade de conservação de uso sustentável, de posse e de domínio 
públicos, cuja criação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública 
que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados 
para a unidade, com vistas ao seu objetivo básico de uso múltiplo sustentável dos 
recursos florestais e pesquisa científica. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
A Reserva Extrativista (Resex) tem como objetivos básicos proteger os 
meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos 
recursos naturais da unidade. Ela possui as seguintes características: 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
130 
 
• Domínio: é de domínio público, com uso concedido às populações 
extrativistas tradicionais através de contrato, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas; 
• Pesquisa científica: É permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia 
autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às 
condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em 
regulamento; 
• Visitação pública: É permitida, desde que compatível com os interesses 
locais e de acordo com o disposto no plano de manejo da área; 
• Conselho: Disporá de um Conselho Deliberativo presidido pelo órgão 
responsável por sua administração e constituído por representantes dos 
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população 
residente, sendo responsável pela aprovação do plano de manejo; 
• Populações extrativistas: É admitida a permanência de populações 
tradicionais que a habitavam quando de sua criação, em conformidade 
com o disposto em regulamento e no plano de manejo da unidade; 
• É uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja 
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na 
agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. 
São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística 
ou profissional; 
• A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em 
bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às 
demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o 
disposto em regulamento e no plano de manejo da unidade. 
A Reserva Da Fauna (Refau) é uma área natural com populações animais 
de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas 
para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos 
faunísticos. Ela possui as seguintes características: 
• Domínio: é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares 
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas; 
• Pesquisa científica: não há proibição expressa para pesquisas 
científicas. A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
131 
 
das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e 
regulamentos; 
• Visitação pública: pode ser permitida, desde que compatível com o 
manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão 
responsável por sua administração; 
• É proibida a caça amadorística ou profissional; 
A Reserva De Desenvolvimento Sustentável (RDS) tem como objetivo 
básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios 
necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e 
exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, 
conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, 
desenvolvido por estas populações. Ela possui as seguintes características: 
• Domínio: é de domínio público, com uso concedido às populações 
tradicionais através de contrato, sendo que as áreas particulares 
incluídas em seus limites serão, quando necessário, desapropriadas; 
• Pesquisa científica: é permitida e incentivada, sendo voltada à 
conservação da natureza, à melhor relação das populações residentes 
com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia 
autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às 
condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em 
regulamento; 
• Visitação pública: é permitida e incentivada, desde que compatível com 
os interesses locais e de acordo com o disposto no plano de manejo da 
área; 
• Conselho: disporá de um Conselho Deliberativo presidido pelo órgão 
responsável por sua administração e constituído por representantes dos 
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população 
residente, sendo responsável pela aprovação do plano de manejo que 
deve as zonas de proteção integral, de uso sustentável e de 
amortecimento e corredores ecológicos; 
• É admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais 
em regime de manejo sustentável e a substituição da cobertura vegetal 
por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às 
limitações legais e ao Plano de Manejo da área; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
132 
 
• É uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência 
baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos 
naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições 
ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na 
proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. 
A Reserva Particular Do Patrimônio Natural (RPPN) tem como o objetivo 
conservar a diversidade biológica. Ela possui as seguintes características: 
• Domínio: é uma área privada, gravada com perpetuidade; 
• Pesquisa científica: permitida, nos termos do regulamento; 
• Visitaçãopública: permitida com objetivos turísticos, recreativos e 
educacionais, nos termos do regulamento; 
• Criação: é a única unidade que pode ser criada por simples ato do órgão 
competente do SISNAMA. A perpetuidade constará de termo de 
compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a 
existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição 
no Registro Público de Imóveis. No âmbito federal, cabe ao IBAMA. 
QUESTÃO 
15. (Promotor de Justiça do MPGO. 2019) (adaptada). Segundo as disposições 
da Lei Federal n.º 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza - SNUC, é incorreto afirmar que, na Reserva Particular do 
Patrimônio Natural, conforme se dispuser em regulamento, somente serão 
permitidas a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e 
educacionais. 
( ) Certo ( ) Errado 
Com isso, é concluído o estudo das características mais relevantes das 
unidades de conservação do grupo de uso sustentável. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
133 
 
2.5.1.4.3. Modelo Internacional 
 
 
Por fim, além das unidades de conservação dos grupos de proteção integral 
e de uso sustentável, há ainda uma categoria especial classificada como Reserva da 
Biosfera, não sendo encaixada em nenhum dos grupos. 
A Reserva Da Biosfera (Rebio) consiste em modelo adotado 
internacionalmente de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos 
naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, o 
desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a 
educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de 
vida das populações. 
A Rebio é reconhecida pelo Programa Intergovernamental "O Homem e a 
Biosfera — MAB", estabelecido pela Unesco, organização da qual o Brasil é 
membro. Ela possui as seguintes características: 
• Domínio: é constituída por terras públicas ou privadas; 
• Pesquisa científica: não há proibição expressa para pesquisas 
científicas. O desenvolvimento de atividades de pesquisa é um dos 
objetivos básicos da Rebio; 
• Visitação pública: não há proibição expressa para visitações. A educação 
ambiental é um dos objetivos básicos da Rebio e pode ser promovida 
com visitações; 
• Conselho: disporá de um Conselho Deliberativo constituído por 
representantes de instituições públicas, de organizações da sociedade 
civil e da população residente; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
134 
 
• Pode ser integrada por unidades de conservação já criadas pelo Poder 
Público, respeitadas as normas legais que disciplinam o manejo de cada 
categoria específica. 
Vale ressaltar que a finalidade do Programa "O Homem e a Biosfera — 
MAB" é fomentar a criação de espaços territoriais especialmente protegidos em 
vários países do mundo. 
Por fim, após o estudo específico de todas as modalidades de unidades de 
conservação, é importante destacar que a exploração comercial de produtos, 
subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, 
biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidade de 
conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do 
Patrimônio Natural, dependerá de prévia autorização e sujeitará o explorador a 
pagamento. 
Vale ressaltar ainda que as populações tradicionais residentes em unidades 
de conservação nas quais sua permanência não seja permitida serão indenizadas 
ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo 
Poder Público em local e condições acordados entre as partes. 
QUESTÃO 
16. (Procurador do Estado da PGE/AM. Cebraspe – 2016). Acerca de 
competências ambientais legislativas, ação popular e espaços territoriais 
especialmente protegidos, julgue o item a seguir. Segundo o SNUC, a reserva da 
biosfera é constituída por áreas de domínio público ou privado. 
( ) Certo ( ) Errado 
2.5.2. Zonas de Amortecimento 
 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA • 3 
135 
 
A zona de amortecimento é conceituada como o entorno de uma Unidade 
de Conservação (UC), onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e 
restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre 
a unidade (art. 2º, inciso XVIII da Lei Federal n.º 9.985/00). 
 
 
 
Seus limites são geralmente definidos no próprio ato de criação da 
respectiva unidade. Também poderão ser definidos posteriormente por ato do 
órgão do SNUC, gestor da unidade. 
Vale ressaltar que o órgão responsável pela administração da unidade 
estabelecerá normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos 
da zona de amortecimento, sendo certo que o plano de manejo da unidade de 
conservação deve abranger sua zona de amortecimento. 
Por fim, com exceção da APA e da RPPN, todas as demais unidades de 
conservação devem possuir uma zona de amortecimento para minimizar os 
impactos negativos sobre a unidade (art. 25 da Lei Federal n.º 9.985/00). 
QUESTÃO 
17. (AGU. Cebraspe – 2013). Com base na Lei n° 9.985/2000, que instituiu o 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), julgue o item 
seguinte: As unidades de conservação da natureza, em especial as áreas de 
proteção ambiental e as reservas particulares do patrimônio natural, devem possuir 
uma zona de amortecimento e corredores ecológicos, cujos limites físicos, uso e 
ocupação serão definidos no ato de criação da unidade. 
( ) Certo ( ) Errado 
Zona de Amortecimento 
UC 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
136 
 
 
DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS 
ESPECIALMENTE PROTEGIDOS - 
DETEPS 
 4
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
137 
 
1. RELEMBRANDO O MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA 
AMBIENTAL — MTA 
Está sendo estudado o Microssistema Jurídico de Tutela Ambiental (MTA), 
que, sob uma ótica mais prática, é basicamente formado por quatro sistemas 
principais: 
 
 
Com o adequado estudo do SISNAMA, foi possível compreender os 
seguintes pontos principais: 
• Sua estrutura: constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para as ações de preservação, fiscalização e recuperação 
do meio ambiente no Brasil. Foi possível se apreender a composição e 
as atribuições desses órgãos/entidades ambientais (IBAMA, CONAMA 
etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: deverão ser implementadas, total 
ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura 
do SISNAMA. Foi possível se apreender a Política Nacional do Meio 
Ambiente – PNMA e outras associadas, estudando-se os: 
a) Objetivos: da PNMA, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, a serem cumpridos, total ou parcialmente, pelos órgãos 
e entidades componentes da estrutura do SISNAMA; 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
138 
 
b) Instrumentos: Da PNMA, e das demais políticas nacionais 
ambientais associadas, que se constituem em genuínas ferramentas 
jurídicas disponibilizadas principalmente para os órgãos e entidades 
componentes da estrutura do SISNAMA, para propiciar o 
cumprimento dos objetivos da própria PNMA e das demais políticas 
ambientais associadas. 
Também foi estudado o segundo sistema integrante do MTA, o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), no qual foi possível a 
compreensão dos seguintes pontos principais: 
• Sua estrutura: constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para administrar, preservar e fiscalizar as unidades de 
conservação da natureza (parques nacionais, por exemplo) no Brasil. Foi 
possível se apreender a composição e as atribuições desses 
órgãos/entidades ambientais (ICMBIO etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: deverão ser implementadas, totalou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura 
do SNUC. Foi possível se apreender a Política Nacional de Unidades de 
Conservação – PNUC – e outras associadas, estudando-se os: 
a) Objetivos: da PNUC, e do próprio SNUC, a serem cumpridos, total 
ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da 
estrutura do SNUC; 
b) Instrumentos: instituídos pela Lei da PNUC, e pelas demais políticas 
ambientais associadas (pelo código florestal, por exemplo), que se 
constituem em genuínas ferramentas jurídicas disponibilizadas 
principalmente para os órgãos e entidades componentes da 
estrutura do SNUC, para propiciar o cumprimento dos seus 
objetivos e da PNUC. 
Todavia, apesar da análise completa de todos os aspectos relevantes do 
SNUC, ainda se faz necessário o estudo dos Demais Espaços Territoriais 
Especialmente Protegidos (DETEPs), que não estão previstos na Lei do SNUC, mas, 
sim, na Lei Federal n.º 12.651/12 (novo código florestal). 
Esses espaços territoriais especialmente protegidos (Eteps) que ora serão 
estudados, apesar de previstos no novo Código Florestal (CFLO), também seguem 
as mesmas regras gerais para criação, alteração, supressão e extinção dos espaços 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
139 
 
territoriais protegidos previstos na Lei do SNUC, daí porque os estudaremos neste 
capítulo, após compreendidas as regras gerais da PNUC. 
2. DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE 
PROTEGIDOS — DETEPS 
Antes da análise específica dos espaços territoriais especialmente 
protegidos previstos no novo Código Florestal (CFLO), é importante destacar suas 
normas gerais sobre a proteção da vegetação, as áreas de Preservação 
Permanente, as áreas de Reserva Legal, o controle dos incêndios florestais, e seus 
instrumentos econômicos e financeiros. 
Esse novo código florestal tem como objetivo central o fomento ao 
desenvolvimento sustentável, reafirmando, portanto, objetivos e diretrizes já 
estudados na Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e na Política Nacional de 
Unidades de Conservação da Natureza (PNUC), buscando atender aos seguintes 
princípios (diretrizes) (art. 1º-A da Lei Federal n.º 12.651/12): 
• Afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das 
suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da 
biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do 
sistema climático, para o bem-estar das gerações presentes e futuras; 
• Reafirmação da importância da função estratégica da atividade 
agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação 
nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da 
qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos 
mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia; 
• Ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, 
consagrando o compromisso do País com a compatibilização e 
harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, 
do solo e da vegetação; 
• Responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de 
políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de suas 
funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais; 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
140 
 
• Fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para 
o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das 
florestas e demais formas de vegetação nativa; 
• Criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a 
preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o 
desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis. 
QUESTÃO 
18. (Juiz de Direito do TJPA. Vunesp – 2014). Em relação aos princípios 
aplicáveis à Lei n.º 12.651/2012, que estabelece normas gerais sobre a proteção da 
vegetação, áreas de preservação permanente e áreas de reserva legal, bem como 
a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da 
origem dos produtos florestais e o controle e prevenção de incêndios florestais, e 
prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos, é 
correto afirmar que a lei atenderá, entre outros, ao princípio 
A) das responsabilidades comuns mais diferenciadas da União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de 
políticas somente voltadas para a preservação da vegetação nativa e de suas 
funções ecológicas e sociais nas áreas rurais, urbanas e urbanizáveis. 
B) do fomento à pesquisa científica e inovação tecnológica na busca de novas 
soluções para o uso sustentável do solo, da água e do ar, bem como a preservação 
das florestas e demais formas de vegetação, além de incentivos econômicos para a 
recuperação da vegetação de forma integrada. 
C) da afirmação da função socioambiental da atividade agropecuária e do 
papel das florestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilidade, no 
crescimento econômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira 
e na presença do Brasil especificamente no mercado internacional de alimentos. 
D) da ação governamental de proteção e uso sustentável das florestas e 
demais formas de vegetação, de forma que o País assuma o compromisso de 
harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da 
vegetação de forma ampla, buscando atingir o ideal de sustentabilidade. 
E) da afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das 
suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, 
do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem-
estar das gerações presentes e futuras. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
141 
 
 
Daí porque, para contribuir com esses princípios (diretrizes), os órgãos 
central e executores do SISNAMA (Ministério do Meio Ambiente, IBAMA e ICMBIO) 
criarão e implementarão, com a participação dos órgãos estaduais, indicadores de 
sustentabilidade, a serem publicados semestralmente, com vistas a aferir a 
evolução do desenvolvimento sustentável. 
Registre-se, desde já, que o CFLO autorizou a Câmara de Comércio Exterior 
(Camex) a adotar medidas de restrição às importações de bens de origem 
agropecuária ou florestal produzidos em países que não observem normas e 
padrões de proteção do meio ambiente compatíveis com as estabelecidas pela 
legislação brasileira, de modo que a legislação ambiental do Brasil é exemplo para 
o mundo, conforme veremos. 
Assim, compreendidas essas normas gerais do CFLO, será passado a estudar 
os Demais Espaços Territoriais Especialmente Protegidos (DETEPs) consistentes nas 
Áreas de Preservação Permanente (APPs), Áreas de Reserva Legal (RLs) e Áreas de 
Uso Restrito (AURs), além da correta compreensão das Áreas de Uso Alternativo do 
Solo (Auas) e das Áreas Consolidadas (ACs) conforme imagem abaixo: 
 
2.1. Áreas de Preservação Permanente — APP 
Neste tópico será abordado os três importantes aspectos das áreas de 
preservação permanente — APPs. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
142 
 
 
2.1.1. Conceito e Natureza Jurídica 
São consideradas APPs aquelas protegidas, cobertas ou não por vegetação 
nativa (natural), com função ambiental de preservar os recursos hídricos, a 
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de 
fauna e da flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. 
QUESTÃO 
19. (Promotor de Justiça do MPSC. Consulplan – 2019). A Lei Federal n. 
12.651/2012, conhecida como Código Florestal, define como área de preservação 
permanente somente a coberta por vegetação nativa, com a função ambiental de 
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológicae a 
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar 
o bem-estar das populações humanas. 
( ) Certo ( ) Errado 
Esses Eteps foram originalmente definidos pelo antigo código florestal de 
196523, no qual atualmente estão contemplados em nosso novo código e, 
consoante apontado linhas atrás. 
Em verdade, são espaços territoriais protegidos em si, mas com finalidade 
ecológica específica de proteção de certas áreas ambientais adjacentes. 
Exemplo: as faixas das margens de rios são consideradas APPs, pois têm a 
função ambiental de evitar o assoreamento (acúmulo de terra) dos leitos dos rios 
(função de preservar recursos hídricos). 
 
23 Lei Federal n.º 4.771/65. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
143 
 
 
Mata ciliar24 
 
Da mesma forma, são também consideradas APPs as encostas com 
declividade superior a 45, pois têm a importante função de manter a estabilidade 
geológica para se evitar deslizamentos de terras causadores de acidentes graves. 
 
Encosta25 
Portanto, cada APP foi instituída com função ambiental protetiva 
específica, conforme será visto pela frente. 
Elas se constituem em limitações administrativas restritivas e genéricas do 
exercício do direito de propriedade, fundadas em sua função socioambiental, razão 
pela qual essas limitações são impostas a todos os proprietários de imóveis, 
urbanos e rurais, nos quais existam essas áreas especialmente protegidas, sem 
gerar nenhum direito à indenização26. 
 
25 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-
dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html>. Acessado em: 18/12/2020. 
25 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-
dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html>. Acessado em: 18/12/2020. 
26 Recurso Especial n.º 1.233.257. 
http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html
http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html
http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html
http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
144 
 
Consequentemente, o CFLO estabeleceu que as florestas existentes no 
território nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de 
utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os 
habitantes do País, de modo que os direitos de propriedade são exercidos com as 
limitações que a legislação em geral e o próprio código estabelecem: 
• De manter, preservar e recuperar a vegetação nativa da APP; 
• De não realização de construções, plantações e mineração, ou qualquer 
outro tipo de intervenção e supressão da vegetação da APP. 
E o CFLO definiu que estas e outras obrigações ambientais, por ele 
impostas, são propter rem, ou seja, possuem natureza real, razão pela qual se 
aderem ao próprio imóvel e, por isso, são transmitidas ao sucessor no caso de 
transferência de domínio ou posse da área, de modo que eventuais intervenções 
ou desmatamentos promovidos pelo atual proprietário passarão à 
responsabilidade do novo proprietário, adquirente da área a qualquer título, sobre 
quem recairão as obrigações (propter rem) de recuperação da vegetação, de 
mantê-la e preservá-la. 
Por fim, registre-se que as APPs, como espaços territoriais especialmente 
protegidos que são, podem ser criadas ou instituídas por lei (ope legis) ou por 
decreto dos chefes dos Poderes Executivos federal, estaduais, distrital e municipais, 
sendo certo que somente poderão ser extintas por lei em sentido estrito, ainda 
que tenham sido criadas por decreto, em respeito ao disposto no art. 225, §1º, 
inciso III, da Constituição da República: 
Art. 225. 
[...] 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas 
somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção; 
Com isso, é concluída a análise das regras gerais sobre as APPs. Será 
estudado agora cada um desses espaços especialmente protegidos. 
2.1.2. Tipos de Áreas de Preservação Permanente – 
APPs 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
145 
 
 
 
O novo CFLO incorporou, com alterações, o rol de APPs existente no Código 
Florestal de 1965, na Lei Federal n.º 7.511/86, na Lei Federal n.º 7.803/89 e na 
medida provisória n.º 2.166-67/01, definindo as seguintes áreas como de 
preservação permanente: 
 
 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
146 
 
O primeiro tipo de APP definido pelo CFLO é mais conhecido como mata 
ciliar, consistindo nas faixas marginais de qualquer curso d’água natural, perene27 
e intermitente28, excluídos os efêmeros29, desde a borda da calha do leito regular. 
Ela possui as seguintes características: 
 
Mata ciliar30 
• Largura mínima de: 
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) 
metros de largura; 
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 
(dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 
(cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura 
superior a 600 (seiscentos) metros; 
 
27 Corpo de água lótico que possui naturalmente escoamento superficial durante todo o período do 
ano. 
28 Corpo de água lótico que naturalmente não apresenta escoamento superficial por períodos do 
ano. 
29 Corpo de água lótico que possui escoamento superficial apenas durante ou imediatamente após 
períodos de precipitação. 
30 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-
dos-recursos-hidricos-dos-ecossistemas-aquaticos.html>. Acessado em: 18/12/2020. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
147 
 
• Prática de aquicultura: nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos 
fiscais31, é admitida a prática da aquicultura e a infraestrutura física 
diretamente a ela associada, inclusive na APP tida como mata ciliar e no 
entorno de lagos e lagoas naturais, desde que não implique em novas 
supressões da vegetação nativa e se adote práticas sustentáveis de 
manejo (regra declarada constitucional pelo STF na ADC n.º 42); 
• Agricultura de vazante: é admitido, para a pequena propriedade ou 
posse rural familiar32, o plantio de culturas temporárias e sazonais de 
vazante de ciclo curto na faixa de terra33 que fica exposta no período de 
vazante dos rios ou lagos, desde que não implique supressão de novas 
áreas de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do 
solo e seja protegida a fauna silvestre (Regra declarada constitucional 
pelo STF na ADC n.º 42). 
O segundo tipo de APP definido pelo CFLO refere-se às áreas no entorno 
dos lagos e lagoas naturais, com as seguintes características: 
• Largura mínima de: 
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com 
até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 
(cinquenta) metros; 
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; 
• Acumulações com superfície inferior a 1 hectare: Nos entornos de 
acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 
(um) hectare, não há APP. Contudo, somente será permitida nova 
supressão de áreas de vegetação nativacom autorização do órgão 
ambiental competente do SISNAMA (Regra declarada constitucional 
pelo STF na ADC n.º 42). 
O terceiro tipo de APP definido pelo CFLO refere-se às áreas no entorno dos 
reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de 
 
31 Módulo fiscal é uma unidade de medida, em hectares, cujo valor é fixado pelo Instituto Nacional 
de Colonização e Reforma Agrária — Incra — para cada município. 
32 Aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar 
rural e com área de até quatro módulos fiscais, nos termos do art. 3º da Lei Federal n.º 11.326/06. 
33 Áreas marginais a cursos d’água sujeitas a enchentes e inundações periódicas (várzea de 
inundação ou planície de inundação). 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
148 
 
cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento, 
com as seguintes características: 
• Largura mínima: definida no licenciamento ambiental; 
• Acumulações com superfície inferior a 1 hectare: nos entornos de 
acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 
(um) hectare, não há APP. Contudo, somente será permitida nova 
supressão de áreas de vegetação nativa com autorização do órgão 
ambiental competente do SISNAMA (Regra declarada constitucional 
pelo STF na ADC n.º 42); 
• Reservatório artificial para geração de energia ou abastecimento 
público: na implantação de reservatório d’água artificial destinado a 
geração de energia ou abastecimento público, o empreendedor é 
obrigado a adquirir, desapropriar ou instituir servidão administrativa 
nas áreas de preservação permanente criadas em seu entorno, 
conforme estabelecido no licenciamento ambiental, observando-se a: 
a) Faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros, 
em áreas rurais; 
b) Faixa mínima de 15 (metros) metros e máxima de 30 (trinta) metros, 
em áreas urbanas; 
• Plano ambiental de conservação e uso do entorno do reservatório34: 
na implantação de reservatórios artificiais, o empreendedor, no âmbito 
do licenciamento ambiental, elaborará Plano Ambiental de Conservação 
e Uso do Entorno do Reservatório, em conformidade com o termo de 
referência expedido pelo órgão competente do SISNAMA, não podendo 
o uso dessa área exceder a 10% (dez por cento) do total da APP. Deverá 
ser apresentado ao órgão ambiental concomitantemente com o Plano 
Básico Ambiental35 e aprovado até o início da operação do 
empreendimento, não constituindo a sua ausência impedimento para 
 
34 Conjunto de diretrizes e proposições com o objetivo de disciplinar a conservação, recuperação, o 
uso e ocupação do entorno do reservatório artificial, respeitados os parâmetros estabelecidos nesta 
Resolução e em outras normas aplicáveis. Disciplinado na Resolução n.º 302/02 do Conama. 
35 Trata-se de estudo ambiental exigido pelos órgãos do Sisnama nos procedimentos de 
licenciamento, geralmente exigido para a liberação da Licença de Instalação. Também conhecido 
como Projeto Básico Ambiental (PBA), deve apresentar, de forma detalhada, as medidas de controle 
e os programas ambientais propostos. Previsto, por exemplo, na Resolução n.º 06/87 do Conama. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
149 
 
a expedição da licença de instalação (Regra declarada constitucional 
pelo STF na ADC n.º 42); 
• Reservatórios artificiais não decorrentes de represamento de curso 
naturais: não há APP no entorno de reservatórios artificiais de água que 
não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água 
naturais (Regra declarada constitucional pelo STF na ADC n.º 42). 
O quarto tipo de APP definido pelo CFLO refere-se às áreas no entorno das 
nascentes36 e dos olhos d’água37 perenes, qualquer que seja sua situação 
topográfica. Todavia, no julgamento conjunto da ADC 42 e ADIN 4903 o Supremo 
Tribunal Federal promoveu interpretação conforme ao dispositivo para reconhecer 
que também as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água intermitentes 
são APPs. Elas possuem a seguinte característica: 
• Tamanho: raio mínimo de 50 (cinquenta) metros. 
QUESTÃO 
20. (Promotor de Justiça do MPSC. Consulplan – 2019). De acordo com decisão 
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI n. 4.903, foi 
reconhecida a caracterização das nascentes e olhos d'água intermitentes como 
áreas de preservação permanente, de modo que, atualmente, a proteção do 
entorno destas áreas abrange o raio mínimo de 50 (cinquenta) metros no entorno 
das nascentes e dos olhos d’água perenes e intermitentes, nos termos do art. 4º, 
IV, da Lei Federal n. 12.651/2012. 
( ) Certo ( ) Errado 
O quinto tipo de APP definido pelo CFLO refere-se às áreas de encostas ou 
partes destas com declividade superior a 45º (quarenta e cinco graus), com a 
seguinte característica: 
 
36 Afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água. 
37 Afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
150 
 
 
Encosta38 
• Tamanho: equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior 
declive. 
O sexto tipo de APP definido pelo CFLO refere-se às restingas, como 
fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues, com as seguintes características: 
 
Restinga de Jurubatiba, Macaé/RJ39 
• Tamanho: toda extensão; 
• Conceito: é o depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma 
geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde 
se encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, 
com cobertura vegetal em mosaico, encontrada em praias, cordões 
arenosos, dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio 
sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais 
interiorizado; 
 
38 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-
dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html>. Acessado em: 18/12/2020. 
39 Fonte: <https://www.ICMBio.gov.br/portal/ultimas-noticias/4-destaques/4857-ICMBio-inaugura-
complexo-de-visitacao-do-parque-da-restinga-de-jurubatiba>. Acessado em: 18/12/2020. 
http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html
http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
151 
 
• Resoluções do CONAMA: o STF deferiu, à unanimidade, medida cautelar 
para suspender os efeitos da Resolução n.º 500/20 – CONAMA, com a 
imediata restauração da vigência e eficácia da anteriormente revogada 
Resolução n.º 303/2002 – CONAMA que estabelece parâmetros, 
definições e limites para APPs em restingas, em faixa mínima de 
trezentos metros, medidos a partir da linha de preamar máxima. 
O sétimo tipo de APP definido pelo CFLO refere-se aos manguezais, com as 
seguintes características: 
 
Manguezal40 
• Tamanho: Toda extensão; 
• Conceito: É o ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, 
sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou 
arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural 
conhecida como mangue, com influência fluviomarinha, típica de solos 
limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da 
costa brasileira, entre os Estados do Amapá e de Santa Catarina; 
• Resoluções do CONAMA: O STF deferiu, à unanimidade, medida 
cautelar para suspender os efeitos da Resolução n.º 500/20 – CONAMA, 
com a imediata restauração da vigência e eficácia da anteriormente 
revogada Resolução n.º 303/2002 – CONAMA que estabelece 
parâmetros, definições e limites para APPs em manguezais. 
O oitavo tipo de APP definido pelo CFLO refere-se às bordas dos tabuleiros 
ou chapadas, até alinha de ruptura do relevo, com as seguintes características: 
 
40 Fonte: <https://geodireito.com.br/index.php/2018/04/21/ICMBio-lanca-atlas-dos-manguezais-do-
brasil/>. Acessado em: 18/12/2020. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
152 
 
 
 
Borda de tabuleiro ou chapada41 
• Tamanho: em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções 
horizontais; 
• Conceito: paisagem topográfica plana, com declividade média inferior a 
dez por cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a 10 
(dez) hectares, terminada de forma abrupta em escarpa, e 
caracterizando-se por grandes superfícies a mais de 600 (seiscentos) 
metros de altitude; 
• Resoluções do CONAMA: o STF deferiu, à unanimidade, medida cautelar 
para suspender os efeitos da Resolução n.º 500/20 – CONAMA, com a 
imediata restauração da vigência e eficácia da anteriormente revogada 
Resolução n.º 303/2002 – CONAMA que estabelece parâmetros, 
definições e limites para APPs em chapadas. 
O nono tipo de APP definido pelo CFLO refere-se ao topo de morros, 
montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação 
média maior que 25º, com a seguinte característica: 
 
 
41 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-
dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html>. Acessado em: 18/12/2020. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
153 
 
Topo de morros, montes, montanhas e serras42 
• Tamanho: equivalente às áreas delimitadas a partir da curva de nível 
correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação 
sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal 
determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos 
ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação. Ou 
seja, correspondente ao terço superior da elevação. 
O décimo tipo de APP definido pelo CFLO refere-se às áreas em altitude 
superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação, com a 
seguinte característica: 
 
Áreas em altas altitudes43 
• Tamanho: Toda extensão. 
 
 
42 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-
dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html>. Acessado em: 18/12/2020. 
43 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-
dos-solos-manutencao-da-recarga-hidrica.html>. Acessado em: 18/12/2020. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
154 
 
O último tipo de APP definido pelo CFLO refere-se às áreas em veredas e 
adjacências, com as seguintes características: 
 
Veredas44 
• Tamanho: A faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima 
de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso 
e encharcado; 
• Conceito: Espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou 
cabeceiras de cursos d`água, onde há ocorrência de solos hidromórficos, 
caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo 
(Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica; 
• Resoluções do CONAMA: O STF deferiu, à unanimidade, medida 
cautelar para suspender os efeitos da Resolução n.º 500/20 – CONAMA, 
com a imediata restauração da vigência e eficácia da anteriormente 
revogada Resolução n.º 303/2002 – CONAMA que estabelece 
parâmetros, definições e limites para APPs em veredas. 
 
 
44 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-
dos-recursos-hidricos-dos-ecossistemas-aquaticos.html>. Acessado em: 18/12/2020. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
155 
 
QUESTÃO 
21. (Promotor de Justiça do MPPI. CEBRASPE – 2019). De acordo com o Código 
Florestal, considera-se área de preservação permanente 
A) a faixa marginal de curso d’água efêmero, desde a borda da calha do leito 
maior, em largura mínima de 30 metros, para os cursos d’água de menos de 10 
metros de largura. 
B) a faixa marginal de curso d’água perene, desde a borda da calha do leito 
maior, em largura mínima de 10 metros, para os cursos d’água de menos de 30 
metros de largura. 
C) os manguezais, até o limite de 200 metros, contados da borda da calha do 
leito maior do curso d’água. 
D) a área no entorno das nascentes, intermitentes ou perenes, qualquer que 
seja a sua situação topográfica, em um raio mínimo de 50 metros. 
E) as bordas dos tabuleiros ou chapadas, em toda a sua extensão. 
É importante destacar ainda que são passíveis de indenização as restrições 
impostas com a instituição de APPs declaradas de interesse social por ato dos 
chefes dos Poderes Executivos que inviabilizem o usufruto da propriedade 
particular. O CFLO autoriza a criação dessas APPs exclusivamente com as seguintes 
finalidades: 
• Conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos 
de terra e de rocha; 
• Proteger as restingas ou veredas; 
• Proteger várzeas: São áreas marginais a cursos d’água sujeitas a 
enchentes e inundações periódicas; 
• Abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; 
• Proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou 
histórico; 
• Formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; 
• Assegurar condições de bem-estar público; 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
156 
 
• Auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades 
militares. 
• Proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional: 
São os pantanais e as superfícies terrestres cobertas de forma periódica 
por águas, cobertas originalmente por florestas ou outras formas de 
vegetação adaptadas à inundação. 
Registre-se, por fim, que as APPs são isentas do Imposto Territorial Rural 
(ITR), nos termos do art. 10, §1º, inciso II, alínea “a”, da Lei Federal n.º 9.393/96. 
Assim, concluímos o estudo dos aspectos relevantes relativos a cada uma 
das áreas de preservação permanente. 
2.1.3. Intervenção e Supressão em Áreas de 
Preservação Permanente — APPs 
 
 
A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação 
Permanente (APP), por se tratar de espaço territorial especialmente protegido, só 
pode ocorrer nas excepcionais hipóteses autorizadas pelo próprio CFLO, após 
prévio licenciamento ambiental45, promovido por órgão competente do SISNAMA. 
Em suma, a realização de construções, plantações, atividades 
agropecuárias etc., com a consequente supressão da vegetação nativa em APPs, 
somente serão permitidas nas seguintes situações previstas no CFLO: 
• Casos de Utilidade Pública: previstos no CFLO, desde que se comprove 
a inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade 
proposta mediante processo administrativo próprio, nos termos da 
interpretação conforme à Constituição determinada no julgamento da 
ADC n.º 42 pelo STF. Assim, além da necessidade de que a atividade ou 
 
45 Resolução n.º 369/06 do Conama c/c decisão da ADC 42. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
157 
 
empreendimento propostos estejam previstos no rol das hipóteses de 
utilidade pública estabelecidas no CFLO, o interessado deve comprovar 
que não existe uma alternativa técnica ou de localização para a 
atividade pretendida, como condição para a obtenção do licenciamento 
ambiental necessário à intervenção na APP; 
• Casos de Interesse Social: previstos no CFLO, desde que se comprove a 
inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta 
mediante processo administrativo próprio, nos termos da interpretação 
conforme à Constituição determinada no julgamento da ADC n.º 42 pelo 
STF. Assim, além da necessidade de que a atividade ou empreendimento 
propostos estejam previstos no rol das hipóteses de utilidade pública 
estabelecidas no CFLO, o interessado deve comprovar quenão existe 
uma alternativa técnica ou de localização para a atividade pretendida, 
como condição para a obtenção do licenciamento ambiental necessário 
à intervenção na APP; 
• Casos de Baixo Impacto Ambiental. 
QUESTÃO 
22. (Promotor de Justiça do MPSC. Consulplan – 2019). Como regra geral, a Lei 
Federal n. 12.651/2012 somente admite a intervenção ou a supressão de vegetação 
nativa em Área de Preservação Permanente nas hipóteses de utilidade pública e de 
baixo impacto ambiental por esta previstas. 
( ) Certo ( ) Errado 
São casos de utilidade pública que permitem, excepcionalmente e com 
prévio licenciamento ambiental, a supressão da vegetação nativa em APPs: 
• As atividades de segurança nacional e proteção sanitária; 
• As obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços 
públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos 
parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, 
saneamento, energia, telecomunicações, radiodifusão, bem como 
mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro 
e cascalho; 
• Atividades e obras de defesa civil; 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
158 
 
• Atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na 
proteção das funções ambientais das APPs. 
• Ampliação dos casos: outras atividades similares devidamente 
caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, 
quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento 
proposto, definidas em ato do chefe do Poder Executivo federal. 
Portanto, consoante acima, além do rol taxativo, há uma autorização legal 
ao Presidente da República para ampliação dos casos de utilidade pública 
permissivos de supressão da vegetação em APPs via decreto federal e cuja 
constitucionalidade restou declarada no julgamento da ADI 4903 pelo STF. 
Observação: vale ressaltar que a supressão de vegetação nativa protetora 
de nascentes, dunas e restingas em APPs somente poderá ser autorizada e 
licenciada nesses casos de utilidade pública. Logo, não poderá ocorrer nos casos 
de interesse social ou de baixo impacto ambiental. 
Por outro lado, os casos de interesse social que permitem, 
excepcionalmente e com prévio licenciamento ambiental, a supressão da 
vegetação nativa em APPs estão abaixo relacionados: 
• As atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação 
nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da 
erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies 
nativas; 
• A exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena 
propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades 
tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal 
existente e não prejudique a função ambiental da área; 
• A implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e 
atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais 
consolidadas; 
• A regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados 
predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas 
consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei n.º 11.977, 
de 7 de julho de 2009; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11977.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11977.htm
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
159 
 
• Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água 
e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes 
integrantes e essenciais da atividade; 
• As atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, 
outorgadas pela autoridade competente; 
• Ampliação dos casos: outras atividades similares devidamente 
caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, 
quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, 
definidas em ato do chefe do Poder Executivo federal. 
Outrossim, aqui também há autorização legal ao Presidente da República 
para ampliação dos casos de interesse social permissivos de supressão da 
vegetação em APPs, via decreto federal e cuja constitucionalidade restou declarada 
no julgamento da ADI 4903 pelo STF. 
Por fim, são casos de baixo impacto ambiental que permitem, 
excepcionalmente e com prévio licenciamento ambiental, a supressão da 
vegetação nativa em APPs: 
• Abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e 
pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d’água, ao 
acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de 
produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável; 
• Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água 
e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso 
da água, quando couber; 
• Implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo; 
• Construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno 
ancoradouro; 
• Construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de 
comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e 
tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo 
esforço próprio dos moradores; 
• Construção e manutenção de cercas na propriedade; 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
160 
 
• Pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros 
requisitos previstos na legislação aplicável; 
• Coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e 
produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a 
legislação específica de acesso a recursos genéticos; 
• Plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas 
e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da 
vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área; 
• Exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e 
familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, 
desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente 
nem prejudiquem a função ambiental da área; 
• Ampliação dos casos: outras ações ou atividades similares, 
reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do 
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos 
Estaduais de Meio Ambiente. 
Novamente houve uma autorização legal para ampliação dos casos de 
intervenção, desta vez nos casos de baixo impacto ambiental permissivos de 
supressão da vegetação em APPs, porém (neste caso) através de ato do CONAMA 
ou dos Conselhos de Meio Ambiente Estaduais, que poderão aprovar resoluções 
estabelecendo novos casos. 
Observação: é importante apontar que o CFLO autoriza o acesso de pessoas 
e animais às Áreas de Preservação Permanente para obtenção de água e para 
realização de atividades de baixo impacto ambiental (art. 9º do CFLO). Apesar do 
lapso do legislador, considera-se que, mesmo nesses casos, exigir-se-á o prévio 
licenciamento ambiental para se autorizar tais atividades, com fundamento na 
exigência nacional prevista no art. 10 da Lei Federal n.º 6.938/81. 
Com isso, é finalizado o estudo do extenso rol de casos que permitem a 
supressão da vegetação nativa em APPs. 
Contudo, é importante destacar que essas excepcionais hipóteses de 
supressão da vegetação em APP previstas no CFLO não podem ser ampliadas por 
leis estaduais, sob pena de serem declaradas formalmente inconstitucionais por 
violação da regra que determina a competência legislativa concorrente entre União 
e Estados-Membros para se legislar sobre o meio ambiente inserta no art. 24 da 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
161 
 
Constituição da República, definidora do denominado “condomínio legislativo”, 
consoante assentado pelo STF (ADI 4988/TO). 
Vale ressaltar que, como exceção da exceção, o novo código florestalautoriza a intervenção e supressão da vegetação nativa em APPs sem a necessidade 
de prévio licenciamento ambiental, nos seguintes casos: 
• Para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança 
nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e 
mitigação de acidentes em áreas urbanas; 
• A realização de atividades de baixo impacto ambiental46 promovidas 
nas pequenas propriedades e posses familiares47, que dependerão de 
simples declaração ao órgão ambiental competente, desde que esteja o 
imóvel devidamente inscrito no CAR. 
Por fim, o CFLO também autoriza a intervenção ou a supressão de 
vegetação nativa em restingas e manguezais para execução de obras habitacionais 
e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse 
social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda, 
desde que em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida. 
2.2. Áreas de Reserva Legal – RL 
 
46 Ressalvados os casos de implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e 
efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber, e de 
pesquisa científica relativa a recursos ambientais, que necessariamente dependerão de prévio 
licenciamento ambiental. 
47 Aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar 
rural e com área de até quatro módulos fiscais, nos termos do art. 3º da Lei Federal n.º 11.326/06. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
162 
 
Conforme apontado linhas atrás, além dos espaços territoriais 
especialmente protegidos estudados no SNUC, a Lei Federal n.º 12.651/12 (novo 
CFLO) definiu outros Eteps de igual relevância. 
Esses Demais Espaços Territoriais Especialmente Protegidos – DETEPs –, 
apesar de previsto pelo novo CFLO, também seguem as mesmas regras gerais para 
criação, alteração, supressão e extinção dos espaços territoriais protegidos 
previstos na Lei do SNUC, daí porque iniciamos seu estudo no tópico anterior, após 
a compreensão das regras gerais da PNUC. 
Já concluímos a análise dos aspectos relevantes das APPs, primeiro tipo de 
Espaços Territoriais Especialmente Protegidos (ETEP) instituído pelo novo Código 
Florestal. 
Agora serão abordadas as áreas de Reserva Legal (RLs), que são impostas a 
todos os imóveis rurais do Brasil e que seguem regras específicas estabelecidas pelo 
CFLO. 
Portanto, neste tópico estudaremos os três importantes aspectos das áreas 
de Reserva Legal: 
 
2.2.1. Conceito e Natureza Jurídica 
São consideradas RLs aquelas localizadas no interior de propriedades ou 
posses rurais, delimitadas nos termos do CFLO, com a função de: 
• Assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais 
do imóvel rural; 
• Auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos; 
• Promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a 
proteção de fauna silvestre e da flora nativa. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
163 
 
Esses ETEPs foram originalmente definidos pelo antigo Código Florestal de 
1965 e atualmente estão contemplados no novo Código, consoante apontado 
linhas atrás. 
Em verdade, são espaços territoriais protegidos em si, mas com função 
ecológica geral de contribuir para a manutenção do meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, por isso visando: 
• Ao uso econômico sustentável dos recursos; 
• À conservação e reabilitação dos processos ecológicos; 
• À conservação da biodiversidade; 
• À proteção da fauna silvestre e da flora nativa. 
As RLs se constituem em limitações administrativas restritivas e genéricas 
do exercício do direito de propriedade, fundadas em sua função socioambiental 
(art. 186, inciso II da CR/88), razão pela qual essa limitação foi imposta a todos os 
proprietários de imóveis rurais, que são obrigados a reservar parte de suas 
propriedades para preservar a vegetação nativa, sem direito a nenhuma 
indenização por isso49. 
Daí porque o CFLO estabeleceu que as florestas existentes no território 
nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às 
terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do país, 
de modo que os direitos de propriedade são exercidos com as limitações que a 
legislação em geral e o próprio código estabelecem. 
Assim, aos proprietários, aos possuidores e até mesmo aos meros 
ocupantes, pessoas naturais ou jurídicas, de direito público ou privado, de imóveis 
rurais são impostas as obrigações de manter e preservar a vegetação nativa dessas 
áreas, não podendo promover nelas nenhum tipo de desmatamento. A imagem 
abaixo mostra como a RL deve ser mantida: 
 
49 Recurso Especial n.º 1.240.122. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
164 
 
 
Reserva Legal50 
É por isso que existem pequenas áreas com florestas naturais preservadas 
em imensas áreas com pastos ou plantações (milho, soja, algodão etc.), muitas 
vezes no meio das plantações, conforme se observa facilmente ao longo de algumas 
rodovias do Brasil. Elas são RLs, conforme mostra a imagem abaixo: 
 
Reserva Legal51 
O CFLO definiu que estas e outras obrigações ambientais, por ele impostas 
(manter e preservar a vegetação nativa nas RLs), são propter rem, ou seja, têm 
natureza real, razão pela qual se aderem ao próprio imóvel e são transmitidas ao 
sucessor no caso de transferência de domínio ou posse da área, de modo que 
eventuais intervenções ou desmatamentos promovidos pelo atual proprietário 
passarão à responsabilidade do novo proprietário, adquirente da área a qualquer 
 
50 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/reserva-legal_qual-deve-ser-o-tamanho-da-
reserva-legal.html>. Acessado em: 20/12/2020. 
51 Fonte: <http://www.mpgo.mp.br/portal/noticia/liminares-determinam-regularizacao-de-areas-
de-protecao-ambiental-em-propriedades-rurais-de-rio-verde#.X98vuthKiUl>. Acessado em: 
20/12/2020. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
165 
 
título, sobre quem recairão as obrigações (propter rem) de recuperação da 
vegetação, de mantê-la e preservá-la. 
Logo, a vegetação da RL não pode ser suprimida ou desmatada. 
Registre-se que as RLs, como espaços territoriais especialmente protegidos 
que são, podem ser criadas ou ampliadas por lei (ope legis) ou por ato do poder 
público federal, sendo certo que somente poderão ser extintas por lei em sentido 
estrito, ainda que tenham sido criadas por decreto, em respeito disposto no art. 
225, §1º, inciso III, da Constituição da República: 
Art. 225. 
[...] 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas 
somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção; 
Observação: por fim, é importante destacar que, diferentemente do que 
ocorre nas áreas de preservação permanente (APPs), onde não se admite nenhum 
tipo de exploração, o CFLO autorizou a exploração florestal econômica em áreas de 
reserva legal – RL. 
Desse modo, apesar de a RL não poder ser suprimida, ela poderá ser 
utilizada para exploração econômica dos seus produtos florestais, desde que se 
observe as seguintes regras: 
• Cobertura vegetal: vedadas a descaracterização da cobertura vegetal e 
a adoção de práticas que prejudiquem a conservação da vegetação 
nativa, devendo-se assegurar a manutenção da diversidade das 
espécies; 
• Exploração comercial: exige-se prévia aprovação de plano de manejo 
florestal sustentável – PMFS52 – por órgão ambiental competente do 
SISNAMA para exploração florestal comercial da RL. Os órgãos do 
SISNAMA deverão estabelecer procedimentos simplificado53 de 
 
52 Conduzir o manejo de espéciesexóticas com a adoção de medidas que favoreçam a regeneração 
de espécies nativas. 
53 Obrigatória apenas a apresentação de documento de identificação do proprietário ou possuidor 
rural e comprovação da propriedade ou posse, além de croqui indicando a área a ser objeto do 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
166 
 
elaboração, análise e aprovação dos PMFS para exploração madeireira 
comercial nas pequenas propriedades ou posses rurais familiares54; 
• Exploração eventual não comercial para consumo no próprio imóvel 
(todas as propriedades): independe de autorização dos órgãos 
competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão 
ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, limitada a 
exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos; 
• Coleta de produtos não madeireiros: é livre a coleta de produtos 
florestais não madeireiros, tais como frutos, cipós, folhas e sementes 
etc.,55 observando-se os períodos de coleta e os volumes definidos em 
regulamento, a época da maturação dos frutos e sementes e as técnicas 
que não coloquem em risco as espécies coletadas; 
• Pequenas propriedades ou posses rurais familiares56(Apenas as 
pequenas propriedades): a exploração florestal eventual, sem propósito 
comercial direto ou indireto, para consumo no próprio imóvel (o 
suprimento, para uso no próprio imóvel, de lenha ou madeira serrada 
destinada a benfeitorias e uso energético nas propriedades e posses 
rurais), limitada a retirada anual de material lenhoso a 2 (dois) metros 
cúbicos por hectare, não necessita de autorização e nem de prévia 
declaração ao órgão ambiental57; 
• Suspensão imediata das atividades: é obrigatória a suspensão imediata 
das atividades de exploração em RLs desmatadas irregularmente, 
consoante assentado pelo STF (ADC 42). 
 
 
manejo seletivo, estimativa do volume de produtos e subprodutos florestais a serem obtidos com o 
manejo seletivo, indicação da sua destinação e cronograma de execução previsto. 
54 Aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar 
rural e com área de até quatro módulos fiscais, nos termos do art. 3º da Lei Federal n.º 11.326/06. 
55 Técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e da espécie coletada no caso 
de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes. 
56 Aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar 
rural e com área de até quatro módulos fiscais, nos termos do art. 3º da Lei Federal n.º 11.326/06. 
57 Não podendo comprometer mais de 15% (quinze por cento) da biomassa da Reserva Legal, nem 
ser superior a 15 (quinze) metros cúbicos de lenha para uso doméstico e uso energético, por 
propriedade ou posse rural, por ano, salvo no caso de posse coletiva de populações tradicionais ou 
de agricultura familiar, cujos limites serão adotados por unidade familiar. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
167 
 
QUESTÃO 
23. (Advogado da União da AGU. Cebraspe – 2015). De acordo com o Código 
Florestal, julgue o próximo item, referente à proteção de florestas e às 
competências em matéria ambiental, previstas na Lei Complementar n.º 140/2011. 
A regularidade da reserva legal envolve a conservação de sua vegetação nativa, de 
modo que a exploração econômica dessa área deve ser feita mediante plano de 
manejo sustentável previamente aprovado pelo órgão ambiental competente do 
SISNAMA, sem prejuízo da observância das demais normas ambientais pertinentes. 
( ) Certo ( ) Errado 
Como exceção da exceção, o novo Código Florestal autoriza intervenção e 
supressão da vegetação nativa em áreas de RL sem a necessidade de prévio 
licenciamento ambiental, para: 
• A realização de atividades de baixo impacto ambiental58 (estudadas 
linhas atrás) promovidas em pequenas propriedades e posses 
familiares,59 que dependerão apenas de simples declaração ao órgão 
ambiental competente, desde que o imóvel esteja devidamente inscrito 
no CAR. 
Com isso, acaba a análise das regras gerais sobre as RLs. Agora será tratado 
o tamanho desses espaços especialmente protegidos. 
2.2.2. Delimitação das Áreas de Reserva Legal 
 
 
 
58 Ressalvados os casos de implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e 
efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber, e de 
pesquisa científica relativa a recursos ambientais, que necessariamente dependerão de prévio 
licenciamento ambiental. 
59 Aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar 
rural e com área de até quatro módulos fiscais, nos termos do art. 3º da Lei Federal n.º 11.326/06. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
168 
 
O novo CFLO incorporou, com alterações, as regras sobre as áreas de RL 
existentes no código florestal de 1965, na Lei Federal n.º 7.803/89 e na medida 
provisória n.º 2.166-67/01. 
Os tamanhos das RLs foram definidos pelo novo CFLO através do 
estabelecimento de percentuais que devem incidir sobre o tamanho total da área 
dos imóveis rurais. 
Esses percentuais variarão conforme o tipo de bioma e a localização dos 
imóveis rurais. 
Assim, para imóveis rurais situados fora da Amazônia legal, o percentual de 
reserva legal corresponde a 20% (vinte por cento) da sua área total, 
independentemente do tipo de bioma. 
 
Reserva Legal de 20%60 
Exemplo: os imóveis ruais situados nos Estados da região sul e sudeste, 
bem como aqueles situados no Distrito Federal e na região nordeste (salvo parte 
do Maranhão), devem reservar 20% (vinte por cento) de sua área para manter e 
preservar a vegetação nativa, de modo que nessas áreas resta vedado qualquer tipo 
de desmatamento. 
Por outro lado, para imóveis rurais situados na Amazônia legal, os 
percentuais de reserva legal variam com tipo de bioma da seguinte forma: 
• 80% (oitenta por cento): para áreas com florestas; 
• 35% (trinta e cinco por cento): para áreas com cerrado; 
 
60 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/reserva-legal_qual-deve-ser-o-tamanho-da-
reserva-legal.html>. Acessado em: 20/12/2020. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
169 
 
• 20% (vinte por cento): para áreas com campos gerais. 
Considera-se Amazônia Legal as áreas dos Estados do Acre, Pará, 
Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao 
norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano 
de 44º W, do Estado do Maranhão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Amazônia Legal61 
É importante ressaltar que os tamanhos das reservas legais – RL – em 
imóvel situado em área de formações florestais, de cerrado ou de campos gerais na 
Amazônia legal serão definidos considerando-se separadamente os respectivos 
percentuais definidos. 
Assim, por exemplo, para a definição da reserva legal – RL – de um imóvel 
rural situado no Município Porto Velho/RO em que haja os três tipos de bioma 
(floresta, cerrado e campos gerais), os percentuais incidirão separadamente em 
cada um deles, de modo que neste imóvel a RL equivalerá a 80% da sua área com 
floresta, 35% da sua área com cerrado e 20% da sua área com campos gerais. 
 
61Fonte:<https://ambientes.ambientebrasil.com.br/amazonia/floresta_amazonica/floresta_amazoni
ca_-_localizacao.html>. Acessado em: 17/01/2023. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
170 
 
QUESTÃO 
24. (Juiz de Direito do TJPA. Cebraspe – 2019). Rafael é proprietário de um 
imóvel rural com vegetação de floresta no estado do Pará. Esse imóvel deixou de 
ter área de reserva legal porque o proprietário anterior a suprimiu. Nessa situação, 
Rafael 
A) não tem obrigação de reflorestar a referida área, porque não foi ele quem 
causou a degradação. 
B) deve reflorestar 50% de sua propriedade.C) deve reflorestar 30% de sua propriedade. 
D) deve reflorestar 80% de sua propriedade. 
E) deve reflorestar 20% de sua propriedade. 
Isto posto, serão abordados os seis aspectos importantes relativos à RL: 
 
 
O primeiro deles refere-se ao seu registro. A área de RL deve ser averbada 
na matrícula do imóvel, no respectivo cartório de registro imobiliário competente 
e com gratuidade, sendo certo que essa averbação ficará dispensada quando a RL 
for registrada no Cadastro Ambiental Rural – CAR. O registro deve observar ainda: 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
171 
 
• A necessária indicação das coordenadas geográficas da RL, com pelo 
menos um ponto de amarração, mediante apresentação de planta e 
memoria descritivo; 
• No caso de posse do imóvel, sem comprovação de propriedade, a RL é 
assegurada por termo de compromisso, com força de título executivo 
extrajudicial, firmado entre o possuidor e o órgão do SISNAMA, devendo 
constar, no mínimo, sua localização e as obrigações assumidas, sendo 
certo que a eventual transferência da posse implica a sub-rogação das 
obrigações assumidas; 
• Para o registro da RL no CAR de pequenas propriedades rurais 
familiares,62 assim consideradas aquelas exploradas mediante o 
trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural e 
com área de até quatro módulos fiscais, o responsável apresentará os 
dados identificando a área proposta de RL, cabendo aos órgãos 
competentes do SISNAMA, ou instituição por ele habilitada, realizar a 
captação das respectivas coordenadas geográficas, sendo gratuito o 
registro, que deve ser realizado com apoio técnico e jurídico do Poder 
Público. 
O segundo aspecto importante refere-se à localização da RL dentro do 
imóvel rural, cuja definição caberá ao órgão estadual do SISNAMA, ou instituição 
por ele habilitada, após a inscrição do imóvel no CAR.63 A definição da localização 
deve observar ainda: 
• A possibilidade de formação de corredores ecológicos com outras RLs, 
com APPs, com unidades de conservação da natureza e com demais 
espaços protegidos; 
• A existência de zoneamento ecológico-econômico; 
• O plano de bacia hidrográfica; 
• As áreas de fragilidade ambiental e aquelas de maior importância para 
a biodiversidade; 
 
62 Art. 3º da Lei Federal n.º 11.326/06. 
63 Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da área de reserva legal, ao 
proprietário ou possuidor rural não poderá ser imputada sanção administrativa, inclusive restrição a 
direitos, por qualquer órgão ambiental competente integrante do Sisnama, em razão da não 
formalização da área de reserva legal. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
172 
 
O terceiro aspecto relevante refere-se à impossibilidade de alteração da 
destinação da área de RL, mesmo quando houver o desmembramento do imóvel 
ou sua transmissão a qualquer título. 
O quarto aspecto que é preciso destacar refere-se à possibilidade de 
diminuição do tamanho das RLs. O CFLO estabelece três possibilidades de redução 
do tamanho da RL, que foi originalmente fixada em 80% (oitenta por cento) para 
áreas de floresta em imóveis situados na Amazônia legal: 
• Redução pelo Município: de 80% (oitenta por cento) para até 50% 
(cinquenta por cento) — o Poder Público poderá promover essa 
redução, para fins de recomposição, quando o Município tiver mais de 
50% (cinquenta por cento) da área ocupada por unidades de 
conservação da natureza de domínio público e por terras indígenas 
homologadas (Regra declarada constitucional pelo STF na ADC n.º 42); 
• Redução pelo Estado-Membro: de 80% (oitenta por cento) para até 50% 
(cinquenta por cento) — o Poder Público Estadual, ouvido o Conselho 
Estadual do Meio Ambiente, poderá promover essa redução, quando o 
Estado tiver Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE – aprovado e tiver 
mais de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por 
unidades de conservação da natureza de domínio público, devidamente 
regularizadas, e por terras indígenas homologadas (Regra declarada 
constitucional pelo STF na ADC n.º 42); 
• Redução pela União: De 80% (oitenta por cento) para até 50% 
(cinquenta por cento) — quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-
Econômico (ZEE) estadual, realizado segundo metodologia unificada, o 
Poder Público Federal poderá promover essa redução em imóveis64 com 
área rural consolidada, exclusivamente para fins de regularização, 
mediante recomposição, regeneração ou compensação da RL, excluídas 
as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e dos recursos 
hídricos e os corredores ecológicos. 
O quinto aspecto que é preciso se salientar refere-se à possibilidade de 
aumento do tamanho das áreas das RLs. O CFLO dispõe que, quando indicado pelo 
Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) estadual, realizado segundo metodologia 
 
64 Neste caso o proprietário ou possuidor de imóvel rural que resolver manter reserva legal — RL — 
conservada e averbada em área superior aos novos percentuais reduzidos, evidentemente poderá 
instituir servidão ambiental sobre a área excedente e solicitar a emissão de cota de reserva 
Ambiental. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
173 
 
unificada, o Poder Público Federal poderá ampliar as áreas de RL, em qualquer 
parte do país, em até 50% (cinquenta por cento) dos percentuais normais, para 
cumprimento de metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de 
emissão de gases de efeito estufa (redução de GEE em respeito aos compromissos 
assumidos no Protocolo de Kyoto e no Acordo de Paris). 
Por fim, o último aspecto refere-se à possibilidade de se computar as APPs 
no cálculo das RLs nos imóveis já registrados no CAR. Esse cômputo não alterará o 
regime original de restrições das APPs. 
Exemplo: se em um determinado imóvel rural situado na cidade de Morro 
do Chapéu/BA, com área total de 100 (cem) hectares, houver uma APP equivalente 
a 10 (dez) hectares, decorrente das margens de um rio adjacente à propriedade, 
será possível computá-la para alcançar os 20 hectares de RL exigidos pelo CFLO 
(vinte por cento da área total do imóvel fora da Amazônia Legal). Desse modo, a RL 
de 20 (vinte) hectares será constituída por 10 (dez) hectares de área de reserva 
legal propriamente dita e 10 (dez) hectares relativos à APP da margem do rio 
adjacente. 
Esse cômputo deve observar os seguintes requisitos: 
• Esse benefício não pode implicar na conversão de novas áreas para o 
uso alternativo do solo, ou seja, não pode autorizar novos 
desmatamentos de vegetação nativa, salvo quando a soma das APPs 
com as demais florestas e outras formas de vegetação nativa existentes 
no imóvel ultrapassarem 80% (oitenta por cento) área total localizada 
em áreas de floresta na Amazônia Legal; 
• A APP a ser computada65 deve estar conservada ou em processo de 
recuperação, conforme comprovação perante o órgão estadual do 
SISNAMA; 
• O cômputo das APPs em RLs teve sua constitucionalidade declarada pelo 
STF no julgamento da ADC n.º 42. 
 
 
65 O cômputo de APPs nas RLs aplica-se a todas as modalidades de cumprimento da reserva legal, 
abrangendo a regeneração, a recomposição e a compensação. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
174 
 
QUESTÃO 
25. (Promotor de Justiça do MPSC. 2016). De acordo com a Lei n. 12.651/12, 
será admitido o cômputo da Reserva Legal do imóvel no cálculo do percentual da 
Área de Preservação Permanente, desde que: o benefício previsto neste artigo não 
implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo; a área a ser 
computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme 
comprovação do proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; o 
proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro 
Ambiental Rural (CAR), nos termos da referidaLei. 
( ) Certo ( ) Errado 
Ainda é importante apontar que o CFLO instituiu a denominada Reserva 
Legal em Condomínio ou Coletiva, que consiste na possibilidade do 
estabelecimento de uma grande área formada pela soma e unificação de diversas 
áreas de reserva legal adjacentes vinculadas a vários imóveis rurais, que deve 
corresponder ao total de reserva legal exigido de todos os imóveis rurais 
participantes. 
Exemplo: se os imóveis rurais adjacentes “A”, “B”, “C” e “D”, situados no 
Município de Casa Nova/BA, cada um deles com área total de 10 (dez) hectares, 
formarem uma Reserva Legal em Condomínio com área total 8 (oito) hectares, será 
indiferente se os imóveis “A” ou “B”, por exemplo, reservarem uma área de apenas 
10% (dez por cento) (um hectare) para reserva legal, haja vista que a reserva legal 
coletiva de 8 (oito) hectares representa exatamente a soma dos 2 (dois) hectares 
de reserva legal devidos por cada um deles, de modo que a Reserva Legal Coletiva 
compensará as obrigações ambientais de todos. 
 Por fim, é relevante esclarecer o que se entende por “Reserva Legal” 
Excedente, que consiste na manutenção facultativa de área de vegetação nativa 
(natural) com tamanho superior a reserva legal mínima exigida. Neste caso, a área 
excedente poderá ser utilizada pelo proprietário para criação de servidão ambiental 
e até mesmo emissão de Cotas de Reserva Ambiental (CRA) que poderão ser 
comercializadas com terceiros para compensar sua RL mínima, conforme já 
estudado no tópico das servidões ambientais. 
Excepcionalmente, as pequenas propriedades rurais familiares,66 assim 
consideradas aquelas exploradas mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar 
 
66 Art. 3º da Lei Federal n.º 11.326/06. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
175 
 
e empreendedor familiar rural e com área de até quatro módulos fiscais, poderão 
cumprir a manutenção da área de RJ, não apenas com vegetação nativa (natural), 
mas, também, com os plantios de árvores frutíferas, ornamentais ou industriais, 
compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio 
com espécies nativas da região em sistemas agroflorestais. 
2.2.3. Casos de Dispensa da Reserva Legal 
 
 
O novo CFLO dispensa a obrigação de instituição de áreas de reserva legal 
em imóveis rurais em alguns casos, nos quais (excepcionalmente) será possível 
explorar e até desmatar a integralidade da vegetação da área do imóvel, sempre 
mediante prévia autorização do órgão ambiental competente. 
Logo, a instituição de área de reserva legal – RL – restou dispensada em três 
casos: 
• Em imóveis rurais adquiridos para a implantação de empreendimentos 
de abastecimento público de água e tratamento de esgoto (regra 
declarada constitucional pelo STF na ADC n.º 42); 
• Em imóveis rurais adquiridos ou desapropriados por detentor de 
concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial de 
energia hidráulica, nos quais funcionem empreendimentos de geração 
de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de 
transmissão e de distribuição de energia elétrica (regra declarada 
constitucional pelo STF na ADC n.º 42); 
• Em imóveis rurais adquiridos ou desapropriados com o objetivo de 
implantação e ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias (regra 
declarada constitucional pelo STF na ADC n.º 42). 
 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
176 
 
QUESTÃO 
26. (Procurador do Estado do Amazonas. Cebraspe – 2016). No que diz 
respeito à PNRH, à proteção da vegetação nativa (Lei n.º 12.651/2012) e à 
gestão de florestas públicas (Lei n.º 11.284/2006), julgue o item que se 
segue. 
A manutenção de área com cobertura vegetal nativa, a título de reserva 
legal, não é obrigatória para imóveis rurais desapropriados com a finalidade 
de exploração de potencial de energia hidráulica (geração de energia 
elétrica) e de ampliação de capacidade de rodovias. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Portanto, nesses casos a área total (cem por cento) dos imóveis rurais 
poderão ser exploradas e desmatadas, sempre com autorização dos órgãos 
ambientais, sem a necessidade de constituição de uma RL mínima. 
Observação: é importante ressaltar que a inserção do imóvel rural em 
perímetro urbano definido mediante lei municipal não desobriga o proprietário ou 
possuidor da manutenção da área de RL, que só será extinta concomitantemente 
com o registro do parcelamento do solo para fins urbanos, aprovado segundo a 
legislação específica e consoante as diretrizes do plano diretor do Município. 
Assim, ainda que o Município aprove uma lei ampliando os limites de sua 
área urbana para incorporar imóveis que, até então, ficavam em sua área rural, 
esses imóveis permaneceram obrigados a manter e preservar a vegetação nativa 
em suas RLs, pelo menos até que haja alteração de sua destinação com a aprovação 
e o registro de projeto de loteamento urbano nos termos da Lei Federal n.º 
6.766/79. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
177 
 
QUESTÃO 
27. (Juiz de Direito do TJPR. PUC-PR – 2014). O novo Código Florestal (Lei 
12.651/2012) traz diversas disposições concernentes à Área de Reserva Legal, 
sendo CORRETO afirmar que: 
A) Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão 
de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela 
legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são obrigados a promover 
a recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos na 
nova Lei. 
B) A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa 
pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa 
física ou jurídica, de direito público ou privado, não sendo admitida sua exploração 
econômica. 
C) A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei 
municipal desobriga o proprietário ou posseiro na manutenção da área de Reserva 
Legal. 
D) Todo imóvel rural, localizado em qualquer região do País, deve manter área 
com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da 
aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os 
percentuais mínimos em relação à área do imóvel e excetuados os casos 
expressamente previstos na Lei. 
Essas áreas de RL são isentas do Imposto Territorial Rural (ITR), nos termos 
do art. 10, §1º, inciso II, alínea “a”, da Lei Federal n.º 9.393/96. 
2.3. Áreas de Uso Alternativo do Solo – AUAS 
 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
178 
 
Até aqui foi concluída a análise dos aspectos relevantes das áreas de 
preservação permanentes – APPs –, das áreas de reserva legal – RLs – e das 
chamadas áreas de uso restrito – AURs, todas elas previstas no novo Código 
Florestal. 
Agora, em conclusão, serão analisadas as áreas de uso alternativo do solo 
(AUAS), ressaltando os seguintes aspectos: 
 
2.3.1. Conceito e Regras Gerais 
O primeiro aspecto importante a ser estudado refere-se ao conceito da 
AUAS, que consiste na área remanescente após descontados todas os ETEPs 
eventualmente existentes no imóvel, urbano ou rural, tais coma as APPs, RLs e as 
AURs etc. 
Portanto, excluídas as APPs, a RL e qualquer outro espaço territorial 
protegido, todo o restante da área do imóvel é considerado de uso alternativo do 
solo, conforme imagem abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
É nessa AUAS que pode haver a substituição de vegetação nativa por 
outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração 
e transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos 
ou outras formas de ocupação humana. 
Área de uso alternativo do solo 
Reserva Legal 
APP 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
179 
 
Assim, na AUAS o proprietário efetivamentepoderá promover livre 
exploração, plantando, construindo, minerando etc., portanto, sendo passível de 
desmatamento lícito, com prévia autorização do órgão competente do SISNAMA 
mediante expedição de Autorização de Supressão Vegetal – ASV. 
QUESTÃO 
28. (Promotor de Justiça do MPRS. 2016) (adaptada). Assinale a alternativa 
que NÃO está de acordo com o disposto na Lei Federal n.º 12.651/2012 do Código 
Florestal. 
A) Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por 
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a 
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de 
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. 
B) Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse 
urbana com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos 
recursos naturais do imóvel, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos 
ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a 
proteção de fauna silvestre e da flora nativa. 
C) Uso Alternativo do Solo: substituição de vegetação nativa e formações 
sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, 
industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte, 
assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana. 
D) Manejo Sustentável: administração da vegetação natural para a obtenção 
de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de 
sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou 
alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de 
múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e 
serviços. 
E) Área Verde Urbana: espaços, públicos ou privados, com predomínio de 
vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano 
Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis 
para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, 
melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, 
manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais. 
 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
180 
 
Exemplo: imagina-se a existência de um imóvel rural situado no município 
de Luís Eduardo Magalhães/BA, com área total de 10 (dez) hectares, na qual exista 
uma APP correspondente à um hectare e uma RL também correspondente à um 
hectare. Após a exclusão das áreas relativas à APP e à RL remanescerão 8 (oito) 
hectares que corresponderão à área de uso alternativo do solo. Logo, nesses 8 (oito) 
hectares remanescentes o proprietário do imóvel poderá promover o 
desmatamento lícito da vegetação nativa para a implantação, por exemplo, de 
cultivo de soja, milho, algodão etc. 
 
Área que possui APP e RL67 
 
Apesar de ser livre a exploração, a supressão de vegetação nativa em área 
de uso alternativo do solo, pública ou privada, dependerá do cumprimento dos 
seguintes requisitos: 
• CAR: comprovação do registro do imóvel no cadastro ambiental rural – 
CAR; 
• ASV: prévia expedição de Autorização de Supressão Vegetal (ASV), a ser 
emitida pelo órgão estadual competente do SISNAMA, salvo quando a 
supressão for decorrente de procedimento de licenciamento ambiental 
para a implementação de determinada atividade, quando então caberá 
ao próprio órgão licenciador competente do SISNAMA68 (federal, 
estadual, distrital ou municipal) a concessão da autorização de 
supressão; 
 
67 Fonte: <http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/reserva-legal_qual-deve-ser-o-tamanho-da-
reserva-legal.html>. Acessado em: 20/12/2020. 
68 Art. 13, §2º da Lei Complementar Federal n.º 140/11. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
181 
 
• Espécies ameaçadas: a supressão de vegetação que abrigue espécie da 
flora ou da fauna ameaçada de extinção, segundo lista oficial publicada 
pelos órgãos federais, estaduais, distritais ou municipais do SISNAMA, 
ou espécies migratórias, dependerá da adoção de medidas 
compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da 
espécie; 
• Reposição florestal: as pessoas físicas ou jurídicas que detenham 
autorização para supressão de vegetação nativa – ASV – também são 
obrigadas a promover uma reposição florestal, consoante já estudado. 
QUESTÃO 
29. (Juiz de Direito do TJSP. Vunesp – 2013). A supressão de vegetação nativa 
para uso alternativo do solo depende de 
A) autorização do órgão municipal e cadastramento do imóvel no CAR. 
B) autorização do órgão federal e cadastramento do imóvel no CAR. 
C) autorização do órgão estadual e cadastramento do imóvel no CAR. 
D) domínio exclusivamente privado, autorização do órgão federal e 
cadastramento do imóvel no CAR. 
Especificamente quanto a este último requisito, consoante já estudado, 
trata-se da aplicação prática do princípio ambiental do usuário-pagador, segundo o 
qual aqueles que se utilizam dos recursos naturais, ainda que licitamente, devem 
pagar por sua utilização, haja vista que não são infinitos. Essa ideia fora extraída de 
interpretação evolutiva do princípio 16 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, aprovada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) (Eco 92 ou Cúpula da Terra), aliás 
conforme positivado no art. 4º da Lei da PNMA (Lei Federal n.º 6.938/81): 
Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
[...] 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de 
recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de 
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins 
econômicos. 
Isso porque a supressão da vegetação nativa com base em Autorização de 
Supressão Vegetal (ASV) tem como consequência o desmatamento da área, que se 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
182 
 
destinará ao uso alternativo do solo — AUAS — para plantações, construções etc., 
promovendo uma eliminação de toda e qualquer vegetação existente no local. Esse 
é o motivo de se exigir a reposição florestal nesse caso. 
Assim, a reposição florestal deve consistir na compensação do volume de 
matéria-prima extraído de vegetação natural pelo volume de replantio de espécies 
nativas, para geração de estoque ou recuperação de cobertura florestal. 
Exemplo: se determinada pessoa, após a emissão de ASV, promover o 
desmatamento a corte raso de área de uso alternativo do solo equivalente a 80 
(oitenta) hectares, com vegetação nativa esparsa cujo volume equivale a 15 
(quinze) hectares, não necessariamente deverá promover uma reposição florestal 
de 80 (oitenta) hectares, mas sim uma reposição equivalente ao volume da 
vegetação extraída, relativo à 15 (quinze) hectares. 
Na reposição florestal deverão ser priorizados projetos que contemplem a 
utilização de espécies nativas do mesmo bioma de onde ocorreu a supressão da 
vegetação nativa e de deve ser efetivada no Estado-Membro de origem, conforme 
determinações do órgão competente do SISNAMA. 
É por isso que muitas vezes, ao longo das rodovias do Brasil, podemos 
constatar grandes florestas plantadas, sobretudo de eucaliptos, que se destinam à 
reposição florestal obrigatória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Floresta de eucaliptos69 
 
69Fonte:< https://conexaoplaneta.com.br/blog/florestas-do-amapa-correm-risco-de-serem-
dizimadas-por-plantacoes-de-soja-e-eucalipto/>. Acessado em: 17/01/2023. 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
183 
 
 
Observação: somente a supressão de vegetação nativa (natural, não 
plantada pelo homem) é que gerará a obrigação de reposição florestal, daí porque 
eventual desmatamento de florestas plantadas não impõe a reposição. 
É importante ressaltar que o detentor da ASV (donoda área rural) fica 
desonerado da obrigação da reposição florestal, desde que tenha sido promovida 
por aquele que comprar e utilizar, como matéria-prima, a madeira e demais 
produtos florestais extraídos da vegetação nativa licitamente desmatada. 
Registre-se que o requerimento de autorização para supressão vegetal 
deve consignar: 
• A localização do imóvel, das APPs, da RL e das AURs, por coordenada 
geográfica, com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do 
imóvel: No caso de supressão da vegetação em APPs, não autorizada 
(desmatamento ilícito) e ocorrida após 22 de julho de 2008, é vedada a 
concessão de autorização de supressão vegetal – ASV – para área de uso 
alternativo do solo – AUAS –, enquanto não for efetivamente promovida 
a recomposição da vegetação da APP violada (Regra declarada 
constitucional pelo STF na ADC n.º 42); 
• A reposição ou compensação florestal: Equivalente ao volume de 
madeira e demais produtos que serão extraídos; 
• A comprovação da utilização efetiva e sustentável das áreas que já 
foram convertidas, ou seja, a comprovação de que as áreas desmatadas 
já estão sendo utilizadas para plantação, construção etc.; 
• A destinação da área de uso alternativo a ser desmatada: Para 
plantação, construção etc. 
Por fim, o CFLO proíbe a conversão (desmatamento) de vegetação nativa 
para uso alternativo do solo no imóvel rural que possuir áreas abandonadas. 
Assim, se no imóvel já houver áreas desmatadas não utilizadas para nenhuma 
finalidade, portanto, abandonadas, o órgão ambiental não poderá autorizar novos 
desmatamentos na área de uso alternativo do solo (regra declarada constitucional 
pelo STF na ADC n.º 42). 
RAFAEL ROCHA DEMAIS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS • 4 
184 
 
QUESTÃO 
30. (Promotor de Justiça do MPGO. 2019) (adaptada). Segundo o disposto na 
Lei Federal n. 12.651/2012 (Código Florestal), é incorreto afirmar que não é 
permitida a conversão de vegetação nativa para uso alternativo do solo no imóvel 
rural que possuir área abandonada. 
( ) Certo ( ) Errado 
2.3.2. Áreas de Uso Alternativo do Solo e Controle do 
Desmatamento 
O segundo aspecto relevante a ser estudo diz respeito ao controle do 
desmatamento, definido no CFLO. 
Conforme apontado, o desmatamento da vegetação nativa em AUAS só se 
legitima mediante prévia expedição de ASV, observando-se as demais condições 
legais, sob pena de se caracterizar desmatamento ilegal. 
Assim, cabe aos órgãos ambientais do SISNAMA o controle do 
desmatamento ambiental, e o embargo de obras e atividades implementadas 
através de desmatamentos ilícito e uso do solo de forma irregular, como medida 
administrativa voltada a impedir a continuidade do dano ambiental, a propiciar a 
regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à recuperação da área degradada. 
Vale ressaltar que o embargo deve restringir-se aos locais onde 
efetivamente ocorreram desmatamentos ilegais, portanto não alcançando as 
atividades de subsistência ou as demais atividades realizadas no imóvel não 
relacionadas com a infração. 
Por fim, consoante já estudado, as informações sobre o imóvel embargado, 
caracterizando o exato local da área embargada e informando em que estágio se 
encontra o respectivo procedimento administrativo, devem ser publicadas, 
inclusive, por meio da internet e no sistema nacional de informações sobre o meio 
ambiente (Sinima), resguardados os dados protegidos pela legislação. O 
interessado poderá solicitar ao órgão ambiental a emissão de certidão em que 
conste a atividade, a obra e a parte da área do imóvel objetos do embargo. 
 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
185 
 
 
SISTEMA NACIONAL E GERENCIAMENTO 
DE RECURSOS HÍDRICOS - SNGRH 5
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
186 
 
1. RELEMBRANDO O MICROSSISTEMA JURÍDICO DE TUTELA 
AMBIENTAL (MTA) 
Está sendo estudado o Microssistema Jurídico de Tutela Ambiental (MTA), 
que, sob uma ótica mais prática, é basicamente formado por quatro sistemas 
principais: 
 
 
Com o adequado estudo do Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(SISNAMA) foi possível compreender os seguintes pontos principais: 
• Estrutura: constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para as ações de preservação, fiscalização e recuperação 
do meio ambiente no Brasil. Foi possível se apreender a composição e 
as atribuições desses órgãos/entidades ambientais (IBAMA, CONAMA 
etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: deverão ser implementadas, total 
ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura 
do SISNAMA. Foi possível se apreender a Política Nacional do Meio 
Ambiente (PNMA) e outras associadas, estudando-se os: 
• Objetivos: da PNMA, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, a serem cumpridos, total ou parcialmente, pelos órgãos e 
entidades componentes da estrutura do SISNAMA; 
• Instrumentos: da PNMA, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, que se constituem em genuínas ferramentas jurídicas 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
187 
 
disponibilizadas principalmente para os órgãos e entidades 
componentes da estrutura do SISNAMA, para propiciar o cumprimento 
dos objetivos da própria PNMA e das demais políticas ambientais 
associadas. 
Também foi o segundo sistema integrante do MTA: o Sistema Nacional de 
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), no qual foi possível a compreensão 
dos seguintes pontos principais: 
• Estrutura: constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para administrar, preservar e fiscalizar as unidades de 
conservação da natureza (parques nacionais, por exemplo) no Brasil. Foi 
possível se apreender a composição e as atribuições desses 
órgãos/entidades ambientais (ICMBIO etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: deverão ser implementadas, total 
ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura 
do SNUC. Foi possível se apreender a Política Nacional de Unidades de 
Conservação (PNUC) e outras associadas, estudando-se os: 
• Objetivos: da PNUC, e do próprio SNUC, a serem cumpridos, total ou 
parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura do 
SNUC; 
• Instrumentos: instituídos pela Lei da PNUC, e pelas demais políticas 
ambientais associadas (pelo código florestal, por exemplo), que se 
constituem em genuínas ferramentas jurídicas disponibilizadas 
principalmente para os órgãos e entidades componentes da estrutura 
do SNUC, para propiciar o cumprimento dos seus objetivos e da PNUC. 
Além disso, também foram estudados os Demais Espaços Territoriais 
Especialmente Protegidos (DETEPs) (APPs, RLs, AURs, AUAS etc.) previstos na Lei 
Federal n.º 12.651/12 (novo código florestal), mas que também seguem as mesmas 
regras gerais para criação, alteração, supressão e extinção dos espaços territoriais 
protegidos previstos na Lei do SNUC, com as especificidades definidas pelo CFLO. 
Agora será analisado o terceiro sistema integrante do MTA — o Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGRH), para se compreender 
os seguintes pontos principais: 
• Estrutura: constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para a preservar e fiscalizar as águas no Brasil. Será 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
188 
 
possível se apreender a composição e as atribuições desses 
órgãos/entidades ambientais (Agência Nacional de Águas e Saneamento 
Básico (ANA), CNRH, Comitês de Bacias Hidrográficas etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: deverão ser implementadas, total 
ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura 
do SINGRH. Será possível se apreender a Política Nacional de Recursos 
Hídricos (PNRH) e outras associadas, estudando-se os: 
• Objetivos: da PNRH, e das demais políticasnacionais ambientais 
associadas, a serem cumpridos, total ou parcialmente, pelos órgãos e 
entidades componentes da estrutura do SINGRH; 
• Instrumentos: da PNRH, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, que se constituem em genuínas ferramentas jurídicas 
disponibilizadas principalmente para os órgãos e entidades 
componentes da estrutura do SINGRH, para propiciar o cumprimento 
dos objetivos da própria PNRH e das demais políticas ambientais 
associadas. 
2. SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS 
HÍDRICOS 
 
2.1. Criação do SINGRH 
A gestão, classificação e uso das águas foram originalmente disciplinados 
pelo nosso código de águas, aprovado pelo vetusto Decreto Federal n.º 24.643/34, 
bem como pelo antigo código de águas minerais, aprovado pela Decreto-Lei n.º 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
189 
 
7.841/45, em grande parte não recepcionados pela Constituição da República atual 
e, também em grande parte, derrogados pela Lei Federal n.º 9.433/97 e por outras 
leis mais recentes, razão pela qual não serão objeto de nosso estudo. 
O uso racional dos recursos hídricos foi originalmente previsto como um 
dos princípios (diretrizes) da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA – definida 
na Lei Federal n.º 6.938/81 já estudada: 
Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo 
a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental 
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao 
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança 
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos 
os seguintes princípios: 
[...] 
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; 
Posteriormente, a Constituição da República de 1988 atribuiu à União a 
competência para a instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos (SINGRH), atribuindo também a este ente a competência privativa para 
legislar sobre águas: 
Art. 21. Compete à União: 
[...] 
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos 
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso. 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
[...] 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e 
radiodifusão; 
Além disso, a propriedade das águas também restou disciplinada na 
Constituição da República de 1988: 
Art. 20. São bens da União: 
[...] 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos 
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de 
limites com outros países, ou se estendam a território 
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos 
marginais e as praias fluviais; 
 
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as águas 
superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
190 
 
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as 
decorrentes de obras da União; 
Apesar disso, ainda restava pendente sua regulamentação 
infraconstitucional. Assim, somente em 14 de dezembro de 1991, poucos meses 
antes do início da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento — CNUMAD (Eco 92 ou Cúpula da Terra) –, ocorrida no Rio de 
Janeiro/RJ, o Presidente da República encaminhou à Câmara dos Deputados o 
projeto de Lei n.º 2.249/91, para a instituição e regulamentação do Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, o SINGRH, em cumprimento ao 
desejo do Constituinte de 1988. 
O projeto visava a assegurar o uso integrado e harmônico dos recursos 
hídricos, considerando a sua crescente importância estratégica para o País, bem 
como a eliminar ou, ao menos, minimizar os conflitos existentes quanto ao seu 
aproveitamento, o que demandava a criação deste sistema nacional. 
A redação final do projeto foi aprovada pelo grupo de trabalho instituído 
pelo Decreto Federal n.º 99.400/90, propondo medidas visando ao 
estabelecimento da Política Nacional de Recursos Hídricos e a instituição do 
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 
Assim, após longos 6 (seis) anos de tramitação no Congresso Nacional, 
finalmente foi aprovada e sancionada a Lei Federal n.º 9.433/97, que instituiu o 
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGRH) e respectiva 
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). 
Registre-se, por fim, que a Lei Federal n.º 9.433/97 incorporou diversos 
princípios básicos para gestão da água previstos na Declaração de Dublin, aprovada 
na Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente realizada em Dublin, na 
Irlanda, em janeiro de 1992. 
2.2. Estrutura do SINGRH 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
191 
 
 
 
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGRH) é 
composto pelo conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios responsáveis pela coordenação e gestão integrada das 
águas do Brasil. 
A estrutura do SINGRH tem a seguinte composição: 
 
 
Conforme será visto, são esses os órgãos e entidades que promovem a 
administração de todas as águas federais e estaduais do Brasil, para manter sua 
disponibilidade, sua qualidade e seu uso múltiplo. 
Assim, todos os órgãos e entidades municipais, distritais, estaduais e 
federais com função de gestão dos recursos hídricos integram a estrutura deste 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
192 
 
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGRH), razão pela qual 
devem atuar de forma harmônica para: 
• Coordenar a gestão integrada das águas; 
• Arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos 
hídricos; 
• Implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; 
• Planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos 
recursos hídricos; 
• Promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. 
Por isso, a partir de agora, será abordada a composição e as atribuições de 
cada um desses órgãos e entidades do SINGRH, nos tópicos seguintes. 
2.2.1. Conselho Nacional de Recursos Hídricos 
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) se constitui em órgão 
colegiado, consultivo e deliberativo, que atualmente integra a estrutura 
administrativa do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)70 e que detém a 
competência normativa para estabelecer diretrizes complementares para a 
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), de observância 
obrigatória por todos os demais órgãos do SINGRH. 
Exemplo: apesar de se tratar de autarquia estadual, o Instituto do Meio 
Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (INEMA) está obrigado a seguir as diretrizes 
e critérios gerais para fixação de usos de recursos hídricos considerados 
insignificantes estabelecidos na Resolução n.º 184/2016 do CNRH, haja vista que os 
atos normativos do Conselho Nacional são de observância obrigatória por todos os 
demais órgãos e entidades do SINGRH, ainda que estaduais ou municipais. 
Daí porque é o CNRH, sem dúvida, um dos órgãos mais importantes da 
estrutura do SINGRH. 
Logo, diante das relevantíssimas funções exercidas pelo CNRH, é 
importante se perquirir sobre sua composição. 
 
70 Art. 30, inciso IV da Lei Federal n.º 13.844/19. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
193 
 
Ele é presidido pelo Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional e 
conta com a composição definida pelo Decreto Federal n.º 10.000/19 na seguinte 
proporção (mandato de quatro anos) 
• 19 (dezenove) representantes dos diversos Ministérios do Poder 
Executivo Federal; 
• 9 (nove) representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de 
Recursos Hídricos; 
• 6 (seis) representantes dos usuários71 dos recursos hídricos; 
• 3 (três) representantes das Organizações Civis de recursos hídricos72: 
São os consórcios ou associações de usuáriosde recursos hídricos, 
organizações técnicas e de ensino e pesquisa em recursos hídricos, 
organizações não governamentais da área de recursos hídricos ou 
outras reconhecidas pelos Conselhos de Recursos Hídricos. 
O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá 
exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de 
Recursos Hídricos, sendo certo que seu Secretário-Executivo será o titular do órgão 
integrante da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Regional, responsável 
pela gestão dos recursos hídricos (Departamento de Recursos Hídricos e de 
Revitalização de Bacias Hidrográficas). 
Além de exercer a importante função normativa do sistema, quanto aos 
recursos hídricos, o CNRH ainda exerce as seguintes atribuições: 
• Promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os 
planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; 
• Arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes 
entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; 
• Deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos 
cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão 
implantados; 
 
71 A Resolução n.º 126/11 — CNRH — instituiu o Cadastro de Usuários de Recursos Hídricos (COREH) 
para fins de habilitação para atuação no Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). 
72 A Resolução n.º 106/10 — CNRH — instituiu o Cadastro de Organizações Civis de Recursos 
Hídricos (COREH) para fins de conhecimento da demanda pelo uso da água. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
194 
 
• Deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos 
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia 
Hidrográfica; 
• Analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos 
hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; 
• Estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política 
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), aplicação de seus instrumentos 
e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
(SINGRH); 
• Aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e 
estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos: Após 
a aprovação da proposta de decreto de criação pelo CNRH, a instituição 
de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União será 
efetivada por ato do Presidente da República; 
• Acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos 
Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de 
suas metas; 
• Estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de 
recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. 
Por fim, vale destacar que a Secretária-Executiva deve prestar apoio 
administrativo, técnico e financeiro ao CNRH e instruir os expedientes originários 
dos Conselhos Estaduais e dos Comitês de Bacia Hidrográficas, além de elaborar seu 
programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual a ser submetida à 
aprovação do CNRH. 
Portanto, o CNRH consiste em um dos órgãos mais relevantes do SINGRH. 
2.2.2. Agência Nacional de Águas e Saneamento 
Básico 
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) consiste em 
autarquia federal sob regime especial, com certa autonomia administrativa e 
financeira, vinculada atualmente ao Ministério do Desenvolvimento Regional 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
195 
 
(MDR)73 e responsável pela implementação, no âmbito de suas competências, da 
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). 
Ela é dirigida por uma Diretoria Colegiada composta por 5 (cinco) membros 
nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal, para 
mandatos não coincidentes de 5 (cinco) anos, vedada a recondução, sendo um 
deles o Diretor-Presidente, e terá em sua estrutura uma Procuradoria (da 
Procuradoria-Geral Federal, vinculada à Advocacia-Geral da União), uma Ouvidoria 
e uma Auditoria. 
A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos, diretrizes e 
instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e será desenvolvida 
em articulação com órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGRH). 
Registre-se, por fim, que a ANA poderá delegar ou atribuir a agências de 
água ou de bacia hidrográfica a execução de atividades de sua competência. 
2.2.3. Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos 
Os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CONERH) devem ser 
instituídos pelos respectivos Estados-Membros, com a composição e as atribuições 
definidas pela legislação local. 
Da Lei Federal n.º 9.433/97 é possível se extrair as seguintes atribuições 
mínimas dos Conselhos Estaduais: 
• Instância recursal de decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica 
estaduais; 
• Indicar representantes para o CNRH; 
• Definir captações e lançamentos insignificantes em águas estaduais; 
• Autorizar a criação de agências de águas em bacias estaduais; 
• Demais atribuições fixadas pela legislação estadual. 
Portanto, as atribuições desses Conselhos Estaduais serão definidas pela 
legislação estadual. 
 
73 Art. 66 da Lei Federal n.º 13.844/19. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
196 
 
2.2.4. Comitês de Bacias Hidrográficas 
Os Comitês de Bacia Hidrográfica são órgãos colegiados com atribuições 
normativos, deliberativas e consultivas sobre a respectiva bacia hidrográfica74 cuja 
criação dependerá de aprovação do respectivo Conselho de Recursos Hídricos a 
quem deve se reportar diretamente. 
Esses Comitês terão como área de atuação: 
• A totalidade de uma bacia hidrográfica; 
• A sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da 
bacia, ou de tributário desse tributário; 
• O grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas. 
Relembre-se que a bacia hidrográfica ou bacia de drenagem é a área por 
onde a água da chuva escorre para um rio principal e seus afluentes, em razão do 
relevo e da geografia local. A geografia da região da bacia conduz a água por 
riachos e rios menores que seguirão para um rio principal situado no ponto mais 
baixo do relevo. 
Daí porque a bacia hidrográfica é formada, muitas vezes, por rios federais 
e rios pertencentes a mais de um Estado-Membro. Assim, é importante destacar 
que somente os Comitês de Bacias Hidrográficas, cujos cursos de água principais 
sejam de domínio da União, serão vinculados ao Conselho Nacional de Recursos 
Hídricos. 
A Resolução n.º 32/03 – CNRH – instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional 
para estabelecer uma base organizacional que contemple bacias hidrográficas 
como unidade do gerenciamento de recursos hídricos para a implementação da 
Política Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos. Considera-se como região hidrográfica o espaço territorial 
brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias 
hidrográficas contíguas com características naturais, sociais e econômicas 
homogêneas ou similares, com vistas a orientar o planejamento e gerenciamento 
dos recursos hídricos: 
 
 
74 Resolução n.º 5/00 — CNRH 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
197 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Divisões das bacias hidrográficas nacionais (colocar rodapé) 
Os Comitês de Bacia Hidrográfica possuem a seguinte composição: 
• Representantes da União: em bacias compostas por rios fronteiriços e 
transfronteiriços de gestão compartilhada a representação da União 
deverá incluir um representante do Ministério da Relações Exteriores. 
A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica de atuação 
restrita a rios estaduais dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos 
regimentos; 
• Representantes dos Estados e do Distrito Federal em cujos territórios se 
situem,ainda que parcialmente, suas respectivas áreas de atuação; 
• Representantes dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua 
área de atuação; 
• Representantes dos usuários das águas de sua área de atuação; 
• Representantes das entidades civis de recursos hídricos com atuação 
comprovada na bacia; 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
198 
 
• Representantes da Fundação Nacional do Índio – FUNAI – (como parte 
da representação da União) e das comunidades indígenas ali residentes 
ou com interesse na bacia, nos Comitês cujos territórios das bacias 
abranjam terras indígenas. 
QUESTÃO 
31. (Procurador do Estado da PGE/BA. Cebraspe – 2014). Os comitês de bacia 
hidrográfica são constituídos por usuários das águas e por entidades civis de 
recursos hídricos com atuação comprovada na bacia, entre outros membros, 
conforme dispõe a Lei n.º 9.433/1997. 
( ) Certo ( ) Errado 
É importante destacar que os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos 
por um Presidente e um Secretário eleitos por seus membros. 
Registre-se, ainda, que o número de representantes de cada setor e os 
critérios para sua indicação serão estabelecidos nos regimentos dos comitês, 
limitada a representação dos Poderes Executivos da União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios à metade do total de membros. 
As competências dos Comitês de Bacia estão definidas na própria Lei 
Federal n.º 9.433/97: 
• Promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e 
articular a atuação das entidades intervenientes; 
• Arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos 
relacionados aos recursos hídricos; 
• Aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; 
• Acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e 
sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; 
• Propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos 
Hídricos as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca 
expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de 
direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios destes; 
• Estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos 
e sugerir os valores a serem cobrados; 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
199 
 
• Estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso 
múltiplo, de interesse comum ou coletivo. 
Por fim, é relevante destacar que, das decisões dos Comitês de Bacia 
Hidrográfica75 caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de 
Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência. 
QUESTÃO 
32. (Juiz Federal do TRF5. Cebraspe – 2017). 
Os comitês de bacias hidrográficas são 
A) competentes para implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações 
sobre Segurança de Barragens. 
B) competentes para outorgar o direito de uso de recursos hídricos em corpos 
de água de domínio da União, mediante permissão. 
C) incompetentes para aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia. 
D) incompetentes para arbitrar administrativamente conflitos relacionados a 
recursos hídricos. 
E) incompetentes para o exercício do poder de polícia. 
2.2.5. Órgãos dos Poderes Públicos Federal, 
Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de 
Gestão de Recursos Hídricos 
Todos os órgãos e entidades estaduais, distritais e municipais cujas 
competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos também integram 
o SINGRH, razão pela qual também devem se submeter às normas emanadas do 
Conselho Nacional de Recursos Hídricos. 
2.2.6. Agências de Água 
As Agências de Água são órgãos que exercem as funções administrativas de 
secretaria-executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica 
cuja criação dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos 
 
75 Os Comitês de Bacia Hidrográfica cujo curso de água principal seja de domínio da União serão 
vinculados ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, nos termos do art. 1º, §2º da Resolução n.º 
05/00 — CNRH. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
200 
 
ou dos respectivos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, mediante solicitação 
de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica. 
Portanto, são órgãos que se reportam diretamente aos Comitês de Bacia 
Hidrográfica. Sua criação depende da comprovação de viabilidade financeira 
assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação, e 
da prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica que 
serão secretariados. 
Consoante apontado no art. 44 da Lei Federal n.º 9.433/97, compete às 
Agências de Água: 
• Manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em 
sua área de atuação; 
• Manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; 
• Efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de 
recursos hídricos; 
• Analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem 
financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos 
Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela 
administração desses recursos; 
• Acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com 
a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação; 
• Gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de 
atuação; 
• Celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a 
execução de suas competências; 
• Elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do 
respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; 
• Promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos 
em sua área de atuação; 
• Elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo 
Comitê de Bacia Hidrográfica; 
• Propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica: 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
201 
 
a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para 
encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos 
Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes; 
b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; 
c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo 
uso de recursos hídricos; 
d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou 
coletivo. 
Por fim, destaca-se que, enquanto não estiverem constituídas as Agências 
de Água, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Conselhos Estaduais de 
Recursos Hídricos poderão delegar o exercício das funções de competência das 
Agências às organizações civis de recursos hídricos, por prazo determinado.77 
2.3. Política Nacional de Recursos Hídricos 
 
 
A Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH – foi instituída pela Lei 
Federal n.º 9.433/97 com as finalidades gerais de assegurar o uso integrado e 
harmônico dos recursos hídricos, considerando a sua crescente importância 
estratégica para o País, e de eliminar ou, ao menos, minimizar os conflitos 
existentes quanto ao seu aproveitamento. 
 
77 Exemplo: Resolução n.º 38/04 — CNRH — que delegou atribuições que seriam da agência de água 
da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul à Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica 
do Rio Paraíba do Sul, pelo prazo de 2 anos. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
202 
 
Ela deve ser implementada pelos órgãos e entidades que compõem a 
estrutura do SINGRH, e se baseia em relevantes fundamentos: 
 
O primeiro fundamento da PNRH refere-se à dominialidade das águas, que 
são totalmente públicas desde a Constituição da República de 1988. A água, 
portanto, é um bem de domínio público, partilhado entre a União e os Estados-
Membros, nos termos da Constituição da República: 
Art. 20. São bens da União: 
[...] 
III - os lagos, rios e quaisquer correntesde água em terrenos 
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de 
limites com outros países, ou se estendam a território 
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos 
marginais e as praias fluviais; 
 
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as águas 
superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em 
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as 
decorrentes de obras da União; 
Deveras, os rios, lagos e lagoas são bens públicos desde a Constituição da 
República de 1934, nos termos do seu art. 20, incisos I e II, e do seu art. 21, inciso 
I, c/c art. 29 do Decreto n.º 24.643/34 (código de águas). Contudo, somente com a 
Constituição da República atual houve a expressa publicização das águas 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
203 
 
subterrâneas (aquíferos), das nascentes (águas emergentes) e das águas em 
depósito. 
Registre-se que os Municípios não possuem domínio sobre as águas 
nacionais, que são de propriedade da União e dos Estados-Membros, consoante 
apontado acima. 
É importante ressaltar que pertencem à União os potenciais de energia 
hidráulica (gerada por usinas hidrelétricas), que se destaca da propriedade das 
águas em si, ainda que situados em rios estaduais, nos termos do art. 20 da 
Constituição da República: 
Art. 20. São bens da União: 
[...] 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
Daí porque compete à União a concessão de potenciais de energia 
hidráulicas para geração de energia elétrica em qualquer curso d’água do Brasil, 
ainda que de propriedade dos Estados-Membros. 
O segundo fundamento da PNRH refere-se à água como recurso natural 
limitado e dotado de valor econômico. Logo, em se tratando de recurso limitado, 
seu uso deve ser racional de modo a manter o nível de sua disponibilidade para as 
atuais e futuras gerações. Daí porque também deve ser dotada de valor econômico, 
pois isso seguramente induzirá o uso sem desperdícios. 
Lembremos aqui que apenas 2,5% da água existente na Terra é doce, e 
somente cerca de 0,7% está disponível para o abastecimento das cidades e 
atendimento dos animais.78 
Portanto, com base neste importante fundamento, a PNRH deve promover 
a conscientização da população sobre a necessidade do uso eficiente dos recursos 
hídricos, e propiciar a efetiva cobrança pelo seu uso, conforme veremos mais à 
frente. 
O terceiro fundamento da PNRH refere-se aos usos prioritários dos recursos 
hídricos em casos de escassez, quais sejam: O consumo humano e a dessedentação 
de animais (saciar a sede dos animais). 
 
78 Fonte: <https://conselhonacionaldaagua.weebly.com/aacutegua-no-planeta-terra.html>. 
Acessado em: 17/01/2023. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
204 
 
Assim, a PNRH deve ser implementada de tal forma que garanta o uso 
prioritário das águas para consumo humano e dessedentação de animais, se 
constatada situação de escassez de água. 
Daí porque, nesses casos (escassez), os demais usos dos recursos hídricos 
destinados a contemplar atividades industriais, de irrigação, de navegabilidade, de 
geração de energia elétrica etc., podem ser suspensos para garantir os usos 
prioritários (consumo humano e dessedentação de animais). 
 
QUESTÃO 
33. (Promotor de Justiça do MPSC. Consulplan – 2016). 
A Lei Federal n. 9.433/1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, 
prevê o uso prioritário das águas para fins energéticos. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
O quarto fundamento da PNRH estabelece que a gestão dos recursos 
hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas, ou seja, deve 
propiciar os diversos usos das águas para o consumo humano, para saciar os 
animais, para atender a demanda do setor industrial, para as irrigações do setor 
agrícola, para usos recreativos, para a navegabilidade etc. 
 
QUESTÃO 
34. (Procurador do Estado da PGE/AM. Cebraspe – 2016). No que diz respeito 
à PNRH, à proteção da vegetação nativa (Lei n.º 12.651/2012) e à gestão de 
florestas públicas (Lei n.º 11.284/2006), julgue o item que se segue. Conforme os 
fundamentos da PNRH, a gestão de tais recursos deve sempre proporcionar o uso 
múltiplo das águas. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Demais disso, o quinto fundamento da PNRH refere-se à bacia hidrográfica 
como unidade territorial básica para implementação desta Política Nacional e 
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGRH. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
205 
 
Logo, os Municípios não são considerados unidade territorial básica para a 
implementação da PNRH, e sim a bacia hidrográfica. 
 
QUESTÃO 
35. (Promotor de Justiça do MPSC. Consulplan – 2019). Dentre os 
fundamentos em que a Política Nacional de Recursos Hídricos se baseia, está 
definida a bacia hidrográfica como a unidade territorial para implementação da 
Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Relembre-se que a bacia hidrográfica ou bacia de drenagem é a área por 
onde a água da chuva escorre para um rio principal e seus afluentes, em razão do 
relevo e da geografia local. A geografia da região da bacia conduz a água por riachos 
e rios menores que seguirão para um rio principal situado no ponto mais baixo do 
relevo. 
A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a 
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades, sendo este o 
último fundamento da PNRH. É exatamente por isso que os órgãos colegiados 
(Conselhos de Recursos Hídricos, Comitês de Bacia etc.) são compostos por 
representantes do Poder Público, dos usuários e de organizações civis de recursos 
hídricos, conforme já estudamos na estrutura do SINGRH. 
Assim, na implementação da PNRH e considerando os fundamentos 
apontados acima, compete ao Poder Executivo federal: 
• Tomar as providências necessárias à implementação e ao 
funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos – SINGRH; 
• Outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e 
fiscalizar os usos, na sua esfera de competência: Em rios federais; 
• Implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em 
âmbito nacional; 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
206 
 
• Promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão 
ambiental. 
Aos Poderes Executivos estaduais e do Distrito Federal, na implementação 
da PNRH em suas respectivas esferas de competência e à semelhança do que ocorre 
com o Poder Executivo Federal, compete: 
• Outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e 
fiscalizar os seus usos: Em rios estaduais; 
• Realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica; 
• Implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em 
âmbito estadual e do Distrito Federal; 
• Promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão 
ambiental. 
Vale ressaltar que os Municípios também participam da implementação 
da PNRH promovendo, com os Poderes Executivos estaduais, a integração das 
políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e 
de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos. 
Logo, os Municípios deverão integrar suas políticas urbanas de saneamento 
básico, de ocupação do solo (plano diretor) e de meio ambiente às políticas federal 
e estaduais de uso da água. 
Em conclusão, é importante ressaltar que devem ser observadas as 
seguintes diretrizes gerais de ação para a implementação da PNRH: 
• A gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos 
aspectos de quantidade e qualidade; 
• A adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, 
bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas 
regiõesdo País; 
• A integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; 
• A articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores 
usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; 
• A articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
207 
 
• A integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas 
estuarinos e zonas costeiras. 
Por fim, a União deve se articular com os Estados-Membros para o 
gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum. 
2.4. Objetivos 
 
 
Os órgãos e entidades que compõem a estrutura do SINGRH devem 
implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH –, respeitando seus 
fundamentos e suas diretrizes gerais de ação, para a consecução dos 4 (quatro) 
objetivos elegidos pelo art. 2º da Lei Federal n.º 9.433/97, consistentes em: 
 
 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
208 
 
O primeiro objetivo da PNRH visa a assegurar à atual e às futuras gerações 
a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos 
respectivos usos, razão pela qual os órgãos da estrutura do SINGRH devem adotar 
todas as medidas de conscientização, fiscalização e controle dos recursos hídricos 
previstas na Lei Federal n.º 9.433/97 para garantir níveis permanentes de águas 
com qualidade suficiente para os diversos usos. 
Trata-se do objetivo fundamental da PNRH, razão pela qual o Constituinte 
originário determinou a instituição do SINGRH. 
Daí porque também se constitui em objetivo da PNRH a prevenção e a 
defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do 
uso inadequado dos recursos naturais, com o propósito de manter a perene 
disponibilidade dos recursos hídricos a longíssimo prazo para atender as demandas 
da sociedade e dos animais, mesmo diante de eventos hidrológicos críticos (secas 
prolongadas etc.). 
Também foi por isso que a Lei Federal n.º 13.501/17 incluiu entre os 
objetivos da PNRH o incentivo e a promoção da captação, da preservação e do 
aproveitamento de águas pluviais, de modo a fomentar e financiar ações que 
propiciem às pessoas o depósito das águas das chuvas, para diminuir a pressão de 
demanda das águas dos rios, lagos, lagoas e aquíferos. 
Por fim, a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo 
o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável é também 
objetivo da PNRH, novamente com o propósito de manter a disponibilidade da 
água de forma permanente, inclusive para a navegação. 
2.5. Instrumentos 
 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
209 
 
Consoante vimos, os órgãos e entidades que compõem a estrutura do 
SINGRH devem implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH – e 
cumprir seus objetivos. 
Para isso, esses órgãos do SINGRH deverão se utilizar do conjunto de 
instrumentos ambientais que foram disponibilizados pela Lei Federal n.º 9.433/97 
para propiciar o efetivo cumprimentos desses objetivos. Portanto, esses 
instrumentos ambientais se constituem em verdadeiras ferramentas jurídicas 
fundamentais para a efetiva implementação da PNRH e dos seus objetivos. 
Daí porque a correta compreensão desses instrumentos é essencial para se 
estabelecer o adequado raciocínio jurídico-ambiental sobre o tema dos recursos 
hídricos. 
Assim, por exemplo, a ANA (entidade da estrutura do SINGRH) poderá se 
utilizar da outorga (um dos instrumentos da PNRH) para assegurar à atual e às 
futuras gerações a necessária disponibilidade de água (um dos objetivos da PNRH) 
através do controle do uso da água para consumo humano, irrigação etc., 
propiciando – com isso – a implementação da própria PNRH. 
Portanto, por essas razões passaremos ao estudo dos seguintes 
instrumentos da PNRH: 
 
 
Registre, desde já, que a compensação a Municípios, embora prevista no 
rol de instrumentos da PNRH, restou vetada no art. 24 da Lei Federal n.º 9.433/97, 
razão pela qual não está disponível. 
 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
210 
 
QUESTÃO 
36. (Juiz Federal do TRF2. 2018). De acordo a Lei n. 9.433/97, são instrumentos 
da Política Nacional de Recursos Hídricos: 
A) a compensação a Estados membros da Federação. 
B) a outorga dos direitos de disposição de recursos hídricos. 
C) a cessão gratuita pelo uso de recursos hídricos. 
D) a gestão centralizada dos recursos hídricos. 
E) os Planos de Recursos Hídricos. 
 
Vamos ver cada um dos instrumentos nos tópicos seguintes. 
2.5.1. Outorgas 
Consoante vimos linhas atrás, as águas são totalmente públicas desde a 
Constituição da República de 1988, sendo, portanto, bens de domínio público 
pertencentes à União e aos Estados-Membros. 
Assim, sendo bens públicos, as águas só podem ser utilizadas com prévia 
autorização do seu respectivo Ente Federado proprietário. 
Essa prévia autorização estatal traduz-se na outorga dos direitos de uso de 
recursos hídricos, instrumento da PNRH consistente em ato administrativo de 
consentimento estatal necessário para a utilização dos recursos hídricos e que 
confere ao seu beneficiário o simples direito de seu uso, por tempo determinado. 
Logo, a outorga não acarreta a alienação, total ou parcial das águas, que 
são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso, condicionado à disponibilidade 
hídrica e a eventual regime de racionamento. Seu prazo de validade não pode 
exceder a 35 (trinta e cinco) anos, renováveis, contados da data da publicação do 
respectivo ato administrativo que confere a outorga, respeitados os seguintes 
limites de prazo79 parciais (intermediários): 
 
79 Os prazos de vigência das outorgas de direito de uso de recursos hídricos serão fixados em função 
da natureza e do porte do empreendimento, levando-se em consideração, quando for o caso, o 
período de retorno do investimento. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
211 
 
• Até dois anos, para início da implantação do empreendimento objeto 
da outorga; 
• Até seis anos, para conclusão da implantação do empreendimento 
projetado. 
O outorgado interessado em renovar sua outorga deverá apresentar 
requerimento, com antecedência mínima de 90 (noventa) dias da data de término 
da outorga, que ficará automaticamente prorrogada até que ocorra deferimento 
ou indeferimento do referido pedido. 
É importante ressaltar que a outorga do direito de uso das águas conferida 
originalmente ao outorgado comporta transferência a terceiros, por alienação ou 
cessão, conservando-se as mesmas características e condições da outorga original, 
podendo ser feita, total ou parcialmente, quando aprovada pela autoridade 
outorgante, que providenciará novo ato administrativo indicando o novo titular. 
Frise-se que o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos 
tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos das 
águas e do seu efetivo exercício dos direitos de acesso a ela, e deve preservar seus 
usos múltiplos. 
Assim, estão sujeitos a prévia outorga pelo Poder Público os direitos dos 
seguintes usos de recursos hídricos, atendidos sempre os critérios gerais previsto 
na Resolução n.º 16/01 – CNRH: 
• Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de 
água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo 
de processo produtivo: Derivar significa desviar a água do seu curso 
original através da ação humana; 
• Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou 
insumo de processo produtivo: Portanto, mesmo para a perfuração de 
poços artesianos se faz necessária a outorga do Poder Público; 
• Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos 
ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou 
disposição final: O lançamentode esgoto em corpos de água deve 
observar as condições e os padrões definidos pelas Resoluções n.º 
357/05 e n.º 430/11 do Conama; 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
212 
 
• Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos: Neste caso a outorga 
estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, estudado 
mais à frente. Além disso, para licitar a concessão ou autorizar o uso de 
potencial de energia hidráulica, a Agência Nacional de Energia Elétrica – 
ANEEL – deverá promover, junto à autoridade outorgante competente, 
a prévia obtenção de declaração de reserva de disponibilidade 
hídrica;80 
• Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água 
existente em um corpo de água: A construção de eclusa ou de outro 
dispositivo de transposição hidroviária de níveis em corpo de água de 
domínio da União serão precedidas de declaração de reserva de 
disponibilidade hídrica81 a ser requerida pelo Ministério dos Transportes 
ou pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ –, 
conforme o caso. Quando o corpo de água for de domínio dos Estados 
ou do Distrito Federal, a declaração de reserva de disponibilidade hídrica 
será obtida em articulação com a respectiva unidade gestora de 
recursos hídricos, conforme a legislação do Estado-Membro. 
Além disso, a concessão da outorga deverá observar os planos de recursos 
hídricos e, em especial: 
• As prioridades de uso estabelecidas; 
• A classe em que o corpo de água estiver enquadrado, em consonância 
com a legislação ambiental; 
• A preservação dos usos múltiplos previstos; 
• A manutenção das condições adequadas ao transporte aquaviário, 
quando couber. 
Vale ressaltar que a outorga de direito de uso de recursos hídricos para 
concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia 
hidrelétrica, bem como suas prorrogações, vigorará por prazo coincidente com o 
 
80 Nos termos do art. 11, §1º da Resolução n.º 16/01 — CNRH — a declaração de reserva de 
disponibilidade hídrica será transformada, pela respectiva autoridade outorgante, em outorga de 
direito de uso de recursos hídricos à entidade que receber da ANEEL a concessão ou a autorização 
de uso do potencial de energia hidráulica. 
81 A declaração de reserva de disponibilidade hídrica será transformada automaticamente pelo 
respectivo poder outorgante em outorga de direito de uso de recursos hídricos à instituição ou 
empresa que for responsável pela construção e operação de eclusa ou de outro dispositivo de 
transposição hidroviária de níveis. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
213 
 
do correspondente contrato de concessão ou ato administrativo de autorização, 
sendo ela uma condição para o licenciamento ambiental destas atividades. 
Portanto, é relevantíssimo destacar que, sempre que se tratar de atividades 
ou empreendimentos potencialmente poluidores e que também se utilizarão de 
recursos hídricos (Projetos agropecuários com irrigação, abertura de canais para 
navegação, barragens hidrelétricas etc.82), serão necessários o prévio licenciamento 
ambiental e a outorga de usos de água, sendo certo que a outorga se constituirá 
em uma das condições para o licenciamento ambiental destas atividades .83 
Por fim, a outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder 
Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal, observando-se que o Poder 
Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade responsável pela efetivação 
de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob domínio da União, conforme 
abaixo: 
• Competência da União: A Agência Nacional de Águas e Saneamento 
Básico – ANA – exercerá essa competência, dará publicidade aos 
pedidos de outorga de direito de uso de recursos hídricos federais por 
meio de publicação em seu sítio eletrônico, e publicará os atos 
administrativos que deles resultarem no Diário Oficial da União e em site 
eletrônico. Serão considerados, nos casos de bacias hidrográficas 
compartilhadas com outros países, os respectivos acordos e tratados 
internacionais; 
• Competência dos Estados-Membros: Exercida pelo órgão gestor dos 
recursos hídricos definido pela legislação do respectivo Estado-Membro. 
O Poder Executivo Federal poderá delegar84 aos Estados e ao Distrito 
Federal a competência para concessão de outorga de direito de uso de recurso 
hídrico de domínio da União. 
A legislação da ANA ainda estabelece a possibilidade de concessão de 
outorgas preventivas de uso de recursos hídricos, que não confere o imediato 
 
82 Art. 2º, inciso VII da Resolução n.º 001/86 — Conama. 
83 Art. 10, §1º da Resolução n.º 273/97 — Conama: No procedimento de licenciamento ambiental 
deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o 
tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e 
ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para 
o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. 
84 A ANA poderá delegar ou atribuir a agências de água ou de bacia hidrográfica a execução de 
atividades de sua competência. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
214 
 
direito de uso desses recursos, mas tem a finalidade de declarar a disponibilidade 
de água e reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o 
planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos. O prazo de 
validade da outorga preventiva será fixado levando-se em conta a complexidade 
do planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de três anos. 
Além disso, é importante destacar que a Lei Federal n.º 9.433/97 
estabeleceu casos de uso de recursos hídricos que independem de outorga pelo 
Poder Público, a serem definidos em regulamento, quais sejam: 
• O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de 
pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; 
• As derivações, captações, acumulações e lançamentos considerados 
insignificantes: 
 
QUESTÃO 
37. (Analista da CODHAB/DF. Quadrix – 2018). No que diz respeito ao regime 
de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, julgue o item subsequente. Estão 
sujeitos à outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos 
hídricos: extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo 
de processo produtivo; utilização da água para a satisfação das necessidades de 
pequenos núcleos populacionais distribuídos no meio rural; e aproveitamento dos 
potenciais hidrelétricos. 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Os critérios específicos de vazões ou acumulações de volumes de água 
consideradas insignificantes, para fins de dispensa da outorga, serão estabelecidos 
nos planos de recursos hídricos, por proposta dos Comitês de Bacia Hidrográfica. 
Para rios federais, a Resolução n.º 1.940/17 – ANA definiu os usos insignificantes 
que independem, portanto, de outorga, ressalvados os casos deliberados de forma 
diversa pelo CNRH. 
Por fim, a definição da natureza jurídica da outorga, porém, ainda é 
divergente, formando-se duas correntes doutrinárias. Uma primeira corrente a 
considera com natureza jurídica de licença administrativa, sendo por isso vinculada 
e não precária. Por outro lado, uma segunda corrente a considera como mera 
autorização administrativa, por isso discricionária e precária. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
215 
 
Tenho que a outorga possui natureza jurídica de licença administrativa sui 
generis, haja vista que – apesar de vinculada, o que impõe sua concessão a todos 
que cumprirem os requisitos da legislação ambiental – é precária porque poderá 
ser suspensa, parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, sem 
gerar qualquer direito de indenização ao usuário, nas seguintes circunstâncias:• Não cumprimento, pelo outorgado, dos termos da outorga; 
• Ausência de uso por três anos consecutivos; 
• Necessidade premente de água para atender a situações de 
calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; 
• Necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental; 
• Necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, 
para os quais não se disponha de fontes alternativas; 
• Necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do 
corpo de água. 
A suspensão da outorga só poderá ser efetivada se devidamente 
fundamentada em estudos técnicos que comprovem a necessidade do ato, e 
implica automaticamente no corte ou na redução dos usos outorgados, nos termos 
da Resolução n.º 16/01 – CNRH. 
A outorga de direito de uso de recursos hídricos extingue-se, sem 
qualquer direito de indenização ao usuário, nas seguintes circunstâncias: 
• Morte do usuário, se pessoa física; 
• Liquidação judicial ou extrajudicial do usuário, se pessoa jurídica; 
• Término do prazo de validade de outorga sem que tenha havido 
tempestivo pedido de renovação. 
No caso de morte, os herdeiros ou inventariantes do usuário outorgado, 
se interessados em prosseguir com a utilização da outorga, deverão solicitar, em 
até 180 (cento e oitenta) dias da data do óbito, a retificação do ato administrativo 
da portaria, que manterá seu prazo e condições originais e, posteriormente, será 
emitida nova portaria em nome dos herdeiros. 
 
QUESTÃO 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
216 
 
38. (Juiz Federal do TRF2. 2017). Quanto à outorga de direito de uso de 
recursos hídricos, assinale a opção correta: 
A) A outorga é de competência exclusiva da Agência Nacional de Águas. 
B) Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos deve ser 
destinado ao consumo humano e à dessedentação de animais e, em seguida, às 
prioridades de uso estabelecidas no Plano de Recursos Hídricos aplicável a cada 
corpo hídrico. 
C) A outorga só será suspensa nos casos de não cumprimento, pelo outorgado, 
dos termos estabelecidos ou de necessidade premente de água para atender a 
situações de calamidade, sempre mediante processo administrativo em que se 
assegure ampla defesa. 
D) A outorga deverá observar o uso específico para o qual o corpo hídrico tiver 
sido destinado, vedado o seu uso múltiplo. 
E) Desde que respeite a classe em que o corpo de água estiver enquadrado, a 
outorga não fica condicionada às prioridades de uso. 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
217 
 
2.5.2. Cobrança pelos Usos dos Recursos Hídricos 
 
 
Consoante estudamos no tópico anterior, o uso de recursos hídricos 
pressupõe a prévia outorga do Poder Público. Além disso, o uso desse recurso 
ambiental também exige a correspondente contraprestação financeira do seu 
beneficiário, em respeito ao princípio ambiental do usuário-pagador, segundo o 
qual aqueles que se utilizam dos recursos naturais, ainda que licitamente, devem 
pagar por sua utilização, haja vista que não são infinitos. Essa ideia fora extraída de 
interpretação evolutiva do princípio 16 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, aprovada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD – (Eco 92 ou Cúpula da Terra), aliás, 
conforme positivado no art. 4º da Lei da PNMA (Lei Federal n.º 6.938/81): 
Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: [...] VII - 
à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de 
recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de 
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins 
econômicos. 
Essa contraprestação é exigida através da cobrança pelos usos dos 
recursos hídricos, que se constitui em mais um dos instrumentos da PNRH, com 
os seguintes objetivos: 
• Reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma 
indicação de seu real valor; 
• Incentivar a racionalização do uso da água; 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
218 
 
• Obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e 
intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. 
Portanto, todos os usos de recursos hídricos que estão sujeitos à outorga 
serão cobrados pelos Entes da Federação detentores do respectivo corpo d’água. 
Essa cobrança, por óbvio, não tem natureza jurídica de tributo, mas sim de tarifa, 
sendo certo que, na fixação dos valores a serem cobrados, devem ser observados 
os seguintes critérios: 
• Nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu 
regime de variação; 
• Nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o 
volume lançado e seu regime de variação e as características físico-
químicas, biológicas e de toxidade do afluente. 
Vale ressaltar que a Lei Federal n.º 9.433/97 estabelece destinação para a 
aplicação dos valores arrecadados com a cobrança pelos usos de recursos 
hídricos, que deverão ser aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que 
foram gerados, e serão utilizados: 
• No financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos 
Planos de Recursos Hídricos; 
• No pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo 
dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGRH: Neste caso, a aplicação 
dos recursos fica limitada à 7,5% (sete e meio por cento) do total 
arrecadado. 
 
QUESTÕES 
39. (Procurador Municipal de Manaus/AM. Cebraspe – 2018) (adaptada). 
Julgue o próximo item, relativo a recursos hídricos e florestais. Valores arrecadados 
com a cobrança pelo uso de recursos hídricos podem ser aplicados em bacia 
hidrográfica distinta daquela em que forem gerados tais valores. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
219 
 
40. (Técnico da Embasa. Cebraspe – 2013). Acerca da Lei n.º 9.433/1997, que 
institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), julgue o item seguinte. 
Serão utilizados no pagamento de despesas de implantação e custeio 
administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos os valores arrecadados com a cobrança pelo 
uso de recursos hídricos, limitados a 7,5% do total arrecadado. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Além disso, os valores arrecadados com a cobrança pelos usos dos recursos 
hídricos ainda poderão ser aplicados, a fundo perdido (não reembolsáveis), em 
projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a 
qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água. 
Por fim, é importante ressaltar que a cobrança pelos uso dos recursos 
hídricos para o aproveitamento dos seus potenciais hidrelétricos ocorre através dos 
mecanismos de participação no resultado de sua exploração, ou por compensação 
financeira, nos termos do art. 20, §1º da Constituição da República: 
Art. 20. São bens da União: 
[...] 
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da 
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos 
para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos 
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar 
territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação 
financeira por essa exploração. 
Logo, a participação no resultado da exploração, ou sua respectiva 
compensação financeira, são asseguradas inclusive para os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios, mesmo não sendo eles os detentores dos potenciais 
hidrelétricos, e será de 7% (sete por cento) sobre o valor da energia elétrica 
produzida, a ser paga por titular de concessão ou autorização para exploração de 
potencial hidráulico aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios em cujos 
territórios selocalizarem instalações destinadas à produção de energia elétrica, ou 
que tenham áreas invadidas por águas dos respectivos reservatórios, e a órgãos da 
administração direta da União, com a seguinte distribuição: 
• 6,25% (seis inteiros e vinte e cinco centésimos por cento) do valor da 
energia produzida serão distribuídos entre os Estados, Municípios e 
RAFAEL ROCHA SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS • 5 
220 
 
órgãos da administração direta da União, nos termos do art. 1º da Lei 
no 8.001/90; 
• 0,75% (setenta e cinco centésimos por cento) do valor da energia 
produzida serão destinados ao Ministério do Meio Ambiente, para 
aplicação na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos 
e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, nos 
termos do art. 22 da Lei no 9.433/97. 
Por fim, registre-se que esta última parcela de 0,75% (setenta e cinco 
centésimos por cento) do valor da energia produzida se constitui no pagamento 
pelo uso de recursos hídricos, razão pela qual deve ser aplicada nos termos do art. 
22 da Lei Federal n.º 9.433/97 (aplicação prioritariamente na bacia hidrográfica em 
que foram gerados e para financiamento dos programas previstos nos Planos de 
Recursos Hídricos e de despesas para integração e custeio dos órgãos do SINGRH). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8001.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8001.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm#art22
RAFAEL ROCHA. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS • 6 
 
221 
 
 
SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO 
POR ILÍCITOS AMBIENTAIS 
 6
RAFAEL ROCHA. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS • 6 
 
222 
 
1. RELEMBRANDO O MICROSSISTEMA JURÍDICO DE 
TUTELA AMBIENTAL — MTA 
Estamos concluindo o estudo do Microssistema Jurídico de Tutela 
Ambiental – MTA –, que, sob uma ótica mais prática, é basicamente formado por 
quatro sistemas principais: 
 
 
Com o adequado estudo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – 
Sisnama – foi possível compreender os seguintes pontos principais: 
• Sua estrutura: Constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para as ações de preservação, fiscalização e recuperação 
do meio ambiente no Brasil. Foi possível se apreender a composição e 
as atribuições desses órgãos/entidades ambientais (IBAMA, Conama 
etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: Que deverão ser implementadas, 
total ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da 
estrutura do Sisnama. Foi possível se apreender a PNMA – e outras 
associadas, estudando-se os: 
• Objetivos: Da PNMA, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, a serem cumpridos, total ou parcialmente, pelos órgãos e 
entidades componentes da estrutura do Sisnama; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS • 6 
 
223 
 
• Instrumentos: Da PNMA, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, que se constituem em genuínas ferramentas jurídicas 
disponibilizadas principalmente para os órgãos e entidades 
componentes da estrutura do Sisnama, para propiciar o cumprimento 
dos objetivos da própria PNMA e das demais políticas ambientais 
associadas. 
Também estudamos o segundo sistema integrante do MTA, o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC –, no qual foi possível 
a compreensão dos seguintes pontos principais: 
• Sua estrutura: Constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para administrar, preservar e fiscalizar as unidades de 
conservação da natureza (parques nacionais, por exemplo) no Brasil. Foi 
possível se apreender a composição e as atribuições desses 
órgãos/entidades ambientais (ICMBIO etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: Que deverão ser implementadas, 
total ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da 
estrutura do SNUC. Foi possível se apreender a Política Nacional de 
Unidades de Conservação – PNUC – e outras associadas, estudando-se 
os: 
• Objetivos: Da PNUC, e do próprio SNUC, a serem cumpridos, total ou 
parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da estrutura do 
SNUC; 
• Instrumentos: Instituídos pela Lei da PNUC, e pelas demais políticas 
ambientais associadas (pelo código florestal, por exemplo), que se 
constituem em genuínas ferramentas jurídicas disponibilizadas 
principalmente para os órgãos e entidades componentes da estrutura 
do SNUC, para propiciar o cumprimento dos seus objetivos e da PNUC. 
Também foram estudados os Demais Espaços Territoriais Especialmente 
Protegidos – Deteps – (APPs, RLs, AURs, AUAS etc.) previstos na Lei Federal n.º 
12.651/12 (novo código florestal), mas que também seguem as mesmas regras 
gerais para criação, alteração, supressão e extinção dos espaços territoriais 
protegidos previstos na Lei do SNUC, com as especificidades definidas pelo CFLO. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS • 6 
 
224 
 
Além disso, fizemos uma completa análise do terceiro sistema integrante 
do MTA, Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGRH –, para 
se compreender os seguintes pontos principais: 
• Sua estrutura: Constituída pelo conjunto de órgãos e entidades públicas 
competentes para a preservar e fiscalizar as águas no Brasil. Foi possível 
se apreender a composição e as atribuições desses órgãos/entidades 
ambientais (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA –, 
CNRH, Comitês de Bacias Hidrográficas etc.); 
• Políticas nacionais correlacionadas: Que deverão ser implementadas, 
total ou parcialmente, pelos órgãos e entidades componentes da 
estrutura do SINGRH. Foi possível se apreender a Política Nacional de 
Recursos Hídricos – PNRH – e outras associadas, estudando-se os: 
• Objetivos: Da PNRH, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, a serem cumpridos, total ou parcialmente, pelos órgãos e 
entidades componentes da estrutura do SINGRH; 
• Instrumentos: Da PNRH, e das demais políticas nacionais ambientais 
associadas, que se constituem em genuínas ferramentas jurídicas 
disponibilizadas principalmente para os órgãos e entidades 
componentes da estrutura do SINGRH, para propiciar o cumprimento 
dos objetivos da própria PNRH e das demais políticas ambientais 
associadas. 
Finalmente, após compreendidas todas as lições relativas ao Sisnama, 
SNUC e SINGRH, será estudado o quarto sistema integrante do MTA, o Sistema de 
Responsabilização por Ilícitos Ambientais – Sisrespia –, que incidirá sobre aqueles 
que descumprirem as regras ambientais estudadas nos três primeiros sistemas, 
para se compreender os seguintes pontos principais: 
• A tríplice responsabilização: Cível, administrativa e criminal dos 
infratores da legislação ambiental; 
• Tutela processual ambiental: Administrativa, cível e criminal decorrente 
da prática de ilícitos ambientais, inclusive com a adequada compreensão 
dos precedentes e das súmulas do e. STJ e c. STF sobre o meio ambiente; 
• Os princípios ambientais: Revisão dos princípios tipicamente 
ambientais, com sua aplicação prática, para proporcionar sua adequada 
compreensão. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS • 6 
 
225 
 
2. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS 
AMBIENTAIS 
 
2.1. Criação do Sisrespia e Definição da Tríplice 
Responsabilização por Ilícitos Ambientais 
Agora que já compreendemos as regras gerais sobre o meio ambiente 
disciplinadoras da proteção ambiental no Brasil, podemos estudar o Sistema de 
Responsabilização que recairá sobre aqueles que as violarem e cometerem ilícitos 
ambientais. 
Esse Sistema de Responsabilização por Ilícitos Ambientais – Sisrespia – 
surgiu, de forma muito tímida, no antigo código florestal de 1965, pois — apesar da 
tipificação de contravenções penais85 para punir criminalmente aquelesque 
descumprissem suas regras ambientais — não havia a estruturação de órgãos para 
o exercício do poder de polícia ambiental, nem tampouco existia uma adequada 
caracterização da figura do poluidor. Também não havia ampla definição de 
infrações administrativo-ambientais.86 
Posteriormente, seguindo-se a lógica do código florestal de 1965, foram 
tipificadas originalmente contravenções penais87 no “código” da fauna (Lei Federal 
n.º 5.197/67), e crimes ambientais no código da pesca88 (Decreto-Lei n.º 221/67), 
também com a intenção de punir criminalmente aqueles que descumprissem suas 
regras ambientais. 
 
85 Revogadas pelo novo CFLO. 
86 Existia uma única previsão de infração administrativa passível de multa ambiental para empresas 
industriais grande consumidoras de matéria prima florestal que não mantivessem plantio de árvores 
para seu consumo (revogada pelo novo CFLO). 
87 Em grande parte derrogadas pelas regras gerais e pelo Capítulo V, seção I da Lei Federal n.º 
9.605/98. 
88 Quase que integralmente revogado pela Lei Federal n.º 11.959/09. 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS • 6 
 
226 
 
Assim, somente com a publicação da Lei Federal n.º 6.938/81 (Lei da 
Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA) é possível se afirmar que de fato 
surgiu um verdadeiro Sistema de Responsabilização por Ilícitos Ambientais – 
Sisrespia –, haja vista que finalmente houve a estruturação de órgãos ambientais 
para o exercício do poder de polícia ambiental fiscalizador (órgãos e entidades da 
estrutura do Sisnama), a adequada caracterização da figura do poluidor e a 
necessária previsão da tríplice responsabilização administrativa, cível e criminal 
para aqueles que descumprissem as medidas necessárias à preservação ambiental. 
Logo, a constituição do Sisrespia decorreu da definição: 
• De Órgãos com Poder de Polícia Ambiental (órgãos e entidades da 
estrutura do Sisnama); 
• Da Tríplice Responsabilização por Ilícitos Ambientais; 
• Da Adequada Caracterização da Figura do Poluidor. 
Isto posto, com a publicação da Lei Federal n.º 6.938/81 (PNMA), além da 
clara definição e estruturação de órgãos ambientais para o efetivo exercício do 
poder de polícia ambiental, finalmente foi instituído, como instrumento da PNMA, 
um regime de Tríplice Responsabilização administrativa, cível e criminal para 
aqueles que descumprissem as medidas necessárias à preservação ambiental, 
especialmente nos termos do seu art. 14, in verbis: 
Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente: [...] 
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não 
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou 
correção da degradação ambiental. 
 
Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação 
federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas 
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e 
danos causados pela degradação da qualidade ambiental 
sujeitará os transgressores: 
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no 
mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações 
Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos 
de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, 
vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo 
Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios; 
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais 
concedidos pelo Poder Público; 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS • 6 
 
227 
 
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de 
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; 
IV - à suspensão de sua atividade. 
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste 
artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da 
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados 
ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O 
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade 
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos 
causados ao meio ambiente. 
Desse modo, com a entrada em vigor da Lei da Política Nacional do Meio 
Ambiente – PNMA – (já estudada) as condutas consistentes em ilícitos ambientais 
passaram a ficar sujeitas simultaneamente a uma Tríplice Responsabilização, com 
sanções administrativas (multas, perda de incentivos fiscais e creditícios e 
suspensão de atividades) e criminais previstas na legislação ambiental, além da 
responsabilização cível com a imposição da obrigação de indenizar e/ou reparar os 
danos causados. 
Esse regime de Tríplice Responsabilização do poluidor infrator fora 
constitucionalizado nos termos do art. 225, §3º da Constituição da República de 
1988: 
Art. 225. 
[...] 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, 
a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. 
Assim, por exemplo, aquele que, à época, destruísse a vegetação nativa em 
áreas de preservação permanente deveria ser responsabilizado: 
• Administrativamente: Com sanções de multas, perda de incentivos 
fiscais e creditícios e suspensão de atividades, nos termos do art. 14 da 
Lei Federal n.º 6.938/81 c/c art. 36 do revogado Decreto Federal n.º 
88.351/83; 
• Civilmente: Com a obrigação de indenizar e/ou reparar os danos 
ambientais causados, nos termos do art. 14, §1º da Lei Federal n.º 
6.938/81; 
• Criminalmente: Com sanções de prisão simples ou multa, nos termos do 
art. 26, “a” da revogada Lei Federal n.º 4.771/65 (antigo CFLO). 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS • 6 
 
228 
 
Logo, a partir da publicação da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – 
PNMA –, todos que cometerem ilícitos ambientais devem sofrer a incidência do 
Sisrespia e, por isso, ficam sujeitos à Tríplice Responsabilização administrativa, cível 
e penal. 
Além disso, a Lei da PNMA passou a conceituar adequadamente a figura do 
poluidor, o considerando como qualquer pessoa, natural ou jurídica, de direito 
público ou privado, que seja responsável, direta ou indiretamente, pela causação 
de degradação ao meio ambiente. 
Daí porque até mesmo as pessoas jurídicas, inclusive de direito público, 
poderão ser responsabilizadas pela prática de ilícitos ambientais, conforme 
estudaremos nos tópicos seguintes. 
2.2. Responsabilidade Administrativa e Evolução 
Histórica 
 
Consoante vimos, as regras sobre a Responsabilidade Administrativa 
decorrente de ilícitos ambientais somente foram definidas, de forma ampla, com a 
publicação da Lei Federal n.º 6.938/81 (PNMA), que definiu a Tríplice 
Responsabilização (administrativa, cível e penal) do poluidor infrator e estabeleceu 
as espécies de sanções administrativas aplicáveis, nos termos do seu art. 14, in 
verbis: 
Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação 
federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas 
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e 
danos causados pela degradação da qualidade ambiental 
sujeitará os transgressores: 
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no 
mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações 
Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos 
RAFAEL ROCHA. SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO POR ILÍCITOS AMBIENTAIS • 6 
 
229 
 
de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, 
vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo 
Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios; 
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais 
concedidos pelo Poder Público; 
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de 
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; 
IV - à suspensão de sua atividade. 
Além disso, o caput do art. 14 da Lei da PNMA também definiu,

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