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<p>Indaial – 2022</p><p>SurdoS</p><p>Prof. Reginaldo Aparecido Silva</p><p>Prof. Warley Martins dos Santos</p><p>1a Edição</p><p>Tradução e</p><p>InTerpreTação</p><p>noS eSTudoS</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2022</p><p>Elaboração:</p><p>Prof. Reginaldo Aparecido Silva</p><p>Prof. Warley Martins dos Santos</p><p>Revisão, Diagramação e Produção:</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Impresso por:</p><p>S586t</p><p>Silva, Reginaldo Aparecido</p><p>Tradução e interpretação nos estudos surdos. / Reginaldo Aparecido Silva;</p><p>Warley Martins dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.</p><p>298 p.; il.</p><p>ISBN 978-65-5663-760-0</p><p>ISBN Digital 978-65-5663-761-7</p><p>1. Comunidade surda. – Brasil I. Santos, Warley Martins dos. II. Centro</p><p>Universitário Leonardo Da Vinci.</p><p>CDD 370</p><p>Prezado acadêmico!</p><p>É com grande motivação que apresentamos a você este livro didático referente</p><p>a Disciplina Tradução e Interpretação nos Estudos Surdos. Foi desenvolvido com muito</p><p>carinho e dedicação de modo que você possa ter uma base teórica consistente e uma</p><p>leitura prazerosa para conduzi-lo ao conhecimento e aprendizagem concernente às</p><p>discussões que envolvem a Tradução, Interpretação e os Estudos Surdos.</p><p>Está iniciando agora seus estudos no universo surdo? Já é veterano de atuação,</p><p>mas agora cursa Letras-Libras? Seja bem-vindo!</p><p>Como atuantes na Comunidade Surda iremos contextualizar, a partir de nossas</p><p>experiências e com base teórica, aspectos essenciais à Tradução e Interpretação em</p><p>contribuição ao universo surdo.</p><p>Traduzir e Interpretar nunca foi fácil (há quem diga que é), sempre envolveu</p><p>trabalho e continua a ser trabalhoso. Dois mundos, duas línguas, duas estruturas</p><p>distintas, dois trabalhos, uma fronteira: mediar, não com precisão, mas com equivalência,</p><p>pensando sempre em como o nativo entenderá os enunciados da outra língua.</p><p>É sabido que desde sempre o ato de traduzir faz parte da humanidade, sendo</p><p>assim, é impossível não pensarmos em tradução no cotidiano. Ainda que passe</p><p>despercebido, traduzimos a todo momento de nossas vidas. Traduzimos desde ao abrir</p><p>os olhos, após despertar do sono, e interpretamos o que talvez tenhamos sonhado</p><p>nesse sono. Então, é impossível nos distanciarmos dessa atividade intrigante que faz</p><p>parte de tudo que está em nós e para nós, principalmente nesse mundo moderno e</p><p>tecnologicamente em evolução que vivemos.</p><p>Mesmo tendo em mente que a tradução e a interpretação são necessárias e</p><p>que a atividade linguística é indissociável, temos que levar em consideração outro fator</p><p>importantíssimo, a razão para realizarmos essas atividades, se assim for o seu interesse</p><p>no mundo surdo, reconhecer que há múltiplas idiossincrasias que devemos reaprender.</p><p>O reaprender é constante, nunca estaremos prontos, pois evoluímos na compreensão à</p><p>medida do tempo, em cada período em que nos encontramos na história.</p><p>Assim, esses detalhes têm a ver com os Estudos Surdos, um dos propósitos</p><p>centrais do presente material. Na primeira seção, você irá rever conceitos e compreender</p><p>o que é tradução, interpretação e quais são os tipos. Apresentaremos os conceitos sobre</p><p>os Estudos Surdos e os processos históricos de tradução e interpretação, sua origem</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>e compreensão. Os estudos terão o intuito de contribuir à sua formação de modo que</p><p>compreendam a essência e tenham a nítida reponsabilidade de como é estar, presenciar,</p><p>experienciar e atuar nesse universo.</p><p>Informações sobre o andamento das políticas públicas ao longo dos anos em</p><p>defesa, contribuição e apoio à Comunidade Surda bem como a corrida para a que a</p><p>profissão do tradutor-intérprete de língua de sinais (TILSP) seja regulamentada em</p><p>âmbito nacional, serão abordadas.</p><p>É sabido que a tradução-interpretação está ligada diretamente ao cotidiano</p><p>social e educacional do sujeito surdo. Assim, esse material além de apresentar as</p><p>concepções teóricas, visa também problematizar e subsidiar uma gama de exemplos que</p><p>correlacionam ao processo de tradução e interpretação da língua em geral, enfatizando</p><p>nesse contexto a Língua de Sinais no Brasil, a Língua brasileira de sinais – Libras ou LSB.</p><p>Nos últimos anos a Libras têm recebido mais destaque, seu status linguístico</p><p>tem ganhado espaço devido aos muitos estudos e o protagonismo da Comunidade</p><p>Surda em mostrar que sua língua é realmente um idioma. A partir disso, é necessário,</p><p>como futuros profissionais da área, conhecerem, mesmo que de modo breve, o campo</p><p>dos estudos de Tradução e Interpretação e seus tipos de tradução que montam esse</p><p>quebra-cabeças.</p><p>Na Unidade 1, retomaremos a compreensão sobre o que é Tradução e Interpretação</p><p>e quais são os tipos, a partir do delineamento apresentado por Roman Jakobson, além</p><p>de outros conceitos segundo os autores Gile, Rónai, Machado Schleiermacher, Mounin,</p><p>Maria Cristina Pires Pereira, dentre outros. Também será abordado sobre o que são os</p><p>Estudos Surdos na contemporaneidade.</p><p>Na Unidade 2, apresentaremos, a partir das experiências, além das semelhanças</p><p>e diferenças de atuação do profissional tradutor e intérprete, algumas das razões que</p><p>os levam, a cometer equívocos na Tradução e Interpretação nos diversos ambientes por</p><p>não aplicar os processos adequados dos estudos da tradução e interpretação. Orientá-</p><p>los, como sugestão, por meio de atividades práticas tradutórias e interpretativas.</p><p>Na Unidade 3, será apresentado um panorama das legislações que permeiam</p><p>a área de tradução bem como a educação de surdos e as propostas das políticas nesta</p><p>área em âmbito nacional nos últimos 31 anos. Será visto como tem sido, nesses últimos</p><p>anos, a crescente demanda de cursos de formação do TILSP e o seu trabalho nas</p><p>diferentes esferas da sociedade.</p><p>GIO</p><p>Você lembra dos UNIs?</p><p>Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas</p><p>vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico</p><p>como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará</p><p>você a entender melhor o que são essas informações</p><p>adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura</p><p>dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará</p><p>informações adicionais e outras fontes de conhecimento que</p><p>complementam o assunto estudado em questão.</p><p>Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os</p><p>acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir</p><p>de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual</p><p>– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a</p><p>leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que</p><p>você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados</p><p>através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo</p><p>continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada</p><p>com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo</p><p>o espaço da página – o que também contribui para diminuir</p><p>a extração de árvores para produção de folhas de papel, por</p><p>exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto</p><p>de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este</p><p>livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a</p><p>possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular,</p><p>tablet ou computador.</p><p>Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo</p><p>layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual</p><p>adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de</p><p>relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os</p><p>materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade,</p><p>possa continuar os seus estudos com um material atualizado</p><p>e de qualidade.</p><p>Para finalizarmos, um mini glossário (e com link dos vídeos), um conjunto lexical</p><p>básico em Libras, será apresentado, isso porque entendemos ser imprescindíveis,</p><p>a você acadêmico, à sua jornada nesse universo comunicativo ímpar. Desenvolver</p><p>habilidades interpretativas só é possível quando se entende bem a proposta de ensino-</p><p>aprendizagem do idioma visuoespacial da língua de sinais.</p><p>Bons estudos!</p><p>Prof. Reginaldo Silva</p><p>Prof. Wharlley dos Santos</p><p>Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a</p><p>você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais</p><p>que possuem o código</p><p>Contexto múltiplo, desde o</p><p>intrassocial até o internacional.</p><p>Uso da tecnologia</p><p>Indispensáveis,</p><p>ferramentas e materiais</p><p>para a escrita são</p><p>essenciais.</p><p>Dispensável, pode ocorrer com</p><p>nada mais do que o próprio</p><p>corpo.</p><p>Contato com o</p><p>cliente/ público</p><p>Indireto, mínimo ou</p><p>inexistente, muitas</p><p>vezes com um grande</p><p>intervalo de tempo entre o</p><p>processo de tradução e a</p><p>entrega do produto.</p><p>Direto, significativo e efetivo,</p><p>muitas vezes com o público</p><p>presente no momento da</p><p>interpretação.</p><p>FONTE: Rodrigues (2018, p. 303-304)</p><p>6 OS DIFERENTES TIPOS DE INTERPRETAÇÃO</p><p>6.1 INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA E CONSECUTIVA</p><p>A partir de agora, você verá como essas interpretações, simultânea e consecutiva,</p><p>se dão na prática e a especificidade de cada uma. Como exposto por Cavallo (2019, p.</p><p>13):</p><p>No século XX, foram documentados os primeiros usos oficiais da</p><p>interpretação chamada “de conferências”, sobretudo em suas</p><p>formas mais tradicionais, isto é, consecutiva e simultânea. Enquanto</p><p>a interpretação consecutiva passou a ser adotada a partir de 1919</p><p>(Conferência de Paz de Paris), a simultânea foi inaugurada durante</p><p>uma conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em</p><p>Genebra, em 1927 (PHELAN, 2001, p. 2). Porém, devido a dificuldades</p><p>31</p><p>técnicas, essa última modalidade se difundiu de forma oficial</p><p>somente após sua utilização no decorrer do julgamento dos oficiais</p><p>nazistas em Nuremberg, entre novembro de 1945 e outubro de 1946.</p><p>Assim, temos duas modalidades tradicionais de interpretação, as quais são</p><p>extremamente importantes saber, conhecer e entendê-las, mas há outros tipos que,</p><p>somadas a essas, enriquecem o domínio e a prática do profissional, e assim como uma</p><p>caixa de ferramentas, no momento de atuação, o profissional consegue escolher qual</p><p>ou quais serão úteis para o trabalho de qualidade. Limitaremos aqui apenas às duas</p><p>modalidades de interpretação: simultânea e consecutiva.</p><p>6.1.1 Interpretação Consecutiva</p><p>Conforme Setton (2010) a interpretação consecutiva era o modelo tradicional</p><p>de tradução antes da chegada dos equipamentos tecnológicos e das técnicas de</p><p>interpretação simultânea a partir de meados do século XX. A esse ofício, à época, em que</p><p>era necessário definir de forma mais complexa os assuntos e as questões internacionais</p><p>discutidas, o método informal de tradução frase por frase era inadequado, pois os</p><p>palestrantes preferiram falar por vários minutos em um tempo.</p><p>A partir dessa inadequação, os intérpretes desenvolveram uma técnica de</p><p>"estendido" consecutivo, a qual usavam notas - talvez únicas para interpretar -</p><p>baseadas em alguns princípios gerais de abreviatura, simbolização e layout, adaptados</p><p>individualmente em diferentes tipos de discurso por cada intérprete. Esta técnica é hoje</p><p>amplamente usada em reuniões internacionais menores, conferências de imprensa e</p><p>privadas, além de reuniões diplomáticas ou de negócios (SETTON, 2010).</p><p>Assim, diferentemente da simultânea, a interpretação consecutiva consiste na</p><p>disposição de tempo ampliado, dando ao profissional condições cognitivas e de consulta</p><p>a outros materiais como base e sustentação às negociações terminológicas do discurso</p><p>e às adequações e equivalências necessárias. Ainda que disponha de tempo para esse</p><p>ofício, a duração de uma reunião e/ou material se estende, o que pode, por parte do</p><p>contratante, por exemplo, solicitar ao profissional contratado um relatório completo,</p><p>preciso, claro e renderização fluente com o mínimo de hesitação, redundância ou</p><p>consulta (SETTON, 2010).</p><p>DICA</p><p>Para saber sobre outras modalidades de interpretação, veja Cavallo</p><p>(2019), Seção 2 - Modalidade da Interpretação.</p><p>CAVALLO, P. Reelaboração de um modelo de competência do</p><p>intérprete de conferências. Disponível em: http://hdl.handle.</p><p>net/10183/204527. Acesso em: 12 maio. 2021.</p><p>32</p><p>Esse tipo de interpretação é pouco utilizado pelos TILSP tendo em vista que</p><p>nosso par linguístico não interfere, quando estão em processo de produção um no outro.</p><p>A interpretação consecutiva é um dos tipos de tradução mais utilizados em</p><p>contextos em que se tem línguas orais, pois por utilizarem a mesma modalidade de</p><p>produção e recepção, ambas não podem ser produzidas e recebidas ao mesmo tempo,</p><p>assim são necessários turnos de fala, alternando língua fonte e em um segundo</p><p>momento a língua alvo. Esse modo de interpretação toma aproximadamente o dobro do</p><p>tempo da tradução simultânea, e não permite uma fluência natural em uma demanda</p><p>interpretativa. Por outro lado, possui uma precisão maior do que a interpretação</p><p>simultânea, além de não necessitar de equipamentos especiais, mas apenas dos</p><p>recursos naturais de articulação de uma língua. Não menos importante, o esforço</p><p>cognitivo dispensado nesta modalidade é menor que na modalidade simultânea, a qual</p><p>veremos, brevemente, a partir de agora.</p><p>6.1.2 Interpretação Simultânea</p><p>Este tipo de interpretação é o mais utilizado por nós TILSP em vários contextos</p><p>de atuação tendo em vista que nosso par linguístico não se sobrepõe. Ela corresponde “a</p><p>tradução oral espontânea e simultânea de um texto oral à medida que este é produzido”</p><p>(ALBIR, 2016, p. 70, tradução SANTOS, 2020, p. 38). O primeiro registro deste tipo de</p><p>interpretação surge nos Julgamentos de Nuremberg pós segunda guerra mundial. Tendo</p><p>em vista que nossas línguas de trabalho são produzidas por diferentes articuladores</p><p>naturais, isto é, possuem diferentes modalidades de produção e recepção, tal fator</p><p>torna este tipo de interpretação o mais comum e possível no par Libras-Português.</p><p>Utilizada em grandes eventos, basicamente, esta modalidade envolve um</p><p>espaço físico no qual palestrantes e o público-alvo se encontram para um evento e se</p><p>posicionam em duas vias de comunicação.</p><p>A primeira se dá quando um palestrante está discursando na língua oral, ou seja,</p><p>em nosso caso, falando ao microfone em língua portuguesa (LP) e ao mesmo tempo</p><p>o profissional tradutor-intérprete do par linguístico língua de sinais/língua portuguesa</p><p>(TILSP) está posicionado ao seu lado, ou no mesmo espaço físico – no palco por exemplo</p><p>– em um espaço reservado, em um ponto fixo, realizando a interpretação simultânea,</p><p>ouvindo o discurso e ao mesmo tempo interpretando, presencialmente, para a língua de</p><p>sinais (LS) (figuras 22 e 23) sem o uso de equipamentos, a título de exemplo, uma cabine</p><p>(figuras 24 e 25), usada por intérpretes de Línguas Orais - ILOs (NOGUEIRA, 2016).</p><p>a interpretação simultânea, não usa, na maioria dos casos,</p><p>equipamentos especiais, salvo em casos de grandes eventos, nos</p><p>quais a imagem do intérprete é veiculada em telões ou em casos</p><p>vocalização/verbalização (interpretação da LS para o Português),</p><p>nos quais são usados os equipamentos de som, quando necessário</p><p>(RODRIGUES, 2013, p. 39).</p><p>33</p><p>FIGURA 22 - INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA PRESENCIAL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2SI2rMQ>. Acesso em: 10 maio. 2021</p><p>FIGURA 23 - INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA PRESENCIAL</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>ATENÇÃO</p><p>Na literatura encontramos duas siglas, TILS e TILSP, que, embora</p><p>se assemelhem, podem se confundir em seus conceitos. Assim,</p><p>basicamente TILS refere-se a área de pesquisa em que o profissional</p><p>atua, isto é, Tradução e Interpretação de Línguas Sinalizadas, em que</p><p>o processo acontece de/entre/para línguas sinalizadas. Por outro lado,</p><p>TILSP, é o profissional que atua entre o par linguístico Libras-português,</p><p>isto é, um par linguístico específico dentre os mais diversos pares que</p><p>envolvem uma língua sinalizada e uma língua vocalizada.</p><p>34</p><p>FIGURA 24 - CABINE DE INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3i0vgyB>. Acesso em: 10 maio. 2021</p><p>FIGURA 25 - CABINE DE INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA</p><p>A esses equipamentos, Nogueira (2016) explica que são utilizados com o</p><p>objetivo de ter uma recepção adequada das vozes, do idioma que irá interpretar, já que</p><p>a cabine é à prova de som e não sobrepõem outras vozes. Nesse ato, o profissional em</p><p>isolamento, está munido de outros equipamentos como microfones, receptores sem fio</p><p>e fones de ouvido.</p><p>FONTE:</p><p><https://bit.ly/3p2KxjM>. Acesso em: 10 mai. 2021</p><p>DICA</p><p>O filme apresenta uma profissional intérprete, Silvia Broome (Nicole</p><p>Kidman), que atua na ONU e que se encontra em uma “saia justa”</p><p>quando ouve uma ameaça de morte, enunciada num raro dialeto que</p><p>apenas ela e uma restrita minoria de pessoas conseguem compreender,</p><p>a um chefe de Estado ao mais alto nível da organização. A partir disso,</p><p>tenta a todo o custo desmascarar a trama. Sob proteção, passa a ser</p><p>vítima ou suspeita no envolvimento da ameaça.</p><p>35</p><p>A segunda via de interpretação, é o inverso da primeira. Ela ocorre quando o</p><p>palestrante é uma pessoa Surda e o seu discurso será realizado integralmente na LS.</p><p>Desta forma, o profissional TILS fará ao mesmo tempo a interpretação direta, ou seja,</p><p>a interpretação da LS para a LP. Esta via de interpretação é bem temida por muitos</p><p>profissionais, visto que nem sempre ambos, TILSP e o surdo, se conhecem; geralmente</p><p>isso ocorre por questões de regionalismo e variação linguística. Portanto, vale lembrar</p><p>que, ainda que se ouça em alguns casos, o profissional não fará a verbalização</p><p>ou vocalização e muito menos a voz da pessoa Surda. Ele traduzirá de um idioma</p><p>visuoespacial, a LS, para o idioma oral auditivo, a LP.</p><p>FIGURA 26 - INTERPRETAÇÃO DIRETA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3wDmeeS>. Acesso em: 10 maio. 2021</p><p>FIGURA 27 - INTERPRETAÇÃO DIRETA</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>Nessas duas vias, temos outros espaços físicos – muito mais utilizados no</p><p>período de distanciamento social por conta da COVID-19 – o espaço virtual de atuação</p><p>(Figuras 28 e 29). Vale lembrar que, essas vias de interpretação podem ser realizadas</p><p>tanto por pessoas Surdas como não-surdas desde que compreendam fluentemente as</p><p>línguas que estão sendo mediadas virtualmente, isso também se aplica no espaço em</p><p>que eventos são realizados presencialmente.</p><p>36</p><p>FIGURA 28 - INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA VIRTUAL</p><p>FONTE: Os autores</p><p>FIGURA 29 - INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA VIRTUAL</p><p>FONTE: Os autores</p><p>FIGURA 31 - INTERPRETAÇÃO JURÍDICA SIMULTÂNEA VIRTUAL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3g5xVFc>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>[...] é uma habilidade cognitiva complexa usada para servir de</p><p>comunicação entre falantes de diferentes contextos linguísticos e</p><p>culturais. Implica a transposição oral da mensagem de um idioma</p><p>de origem, a língua-fonte, para um idioma de destino, a língua-alvo,</p><p>enquanto a mensagem está sendo entregue. O intérprete, portanto,</p><p>deve ouvir o locutor e produzir, ao mesmo tempo, sua própria fala</p><p>(RUSSO, 2010, p. 333).</p><p>37</p><p>A atuação nesta via de interpretação exige do profissional um trabalho cognitivo</p><p>bem complexo. A competência é um aspecto importante, pois permite que o profissional</p><p>realize a operação necessária para concluir com êxito o processo de tradução, já que</p><p>ela faz parte do conhecimento básico e das habilidades necessárias para se comunicar</p><p>(ALBIR, 2010).</p><p>Ainda que algumas poucas empresas/instituições, no Brasil, disponibilizem do</p><p>atendimento na modalidade virtual de vídeo, quando não há um profissional presencial,</p><p>para atender a pessoa Surda, ainda sim, este trabalho se torna complexo. No período</p><p>de pandemia, este atendimento se tornou mais emergente, e assim, para facilitar a</p><p>comunicação em uma necessidade imediata de modo eficaz e acessível, fforam criadas</p><p>diretrizes para vídeo remoto de interpretação (VRI) – para atuação desse profissional –</p><p>para atender a demanda emergente do ofício, nos mais variados contextos, inclusive na</p><p>esfera jurídica, como, por exemplo, nos Estados Unidos (Figura 31).</p><p>As habilidades e competências desse profissional não são precipitadas. Antes</p><p>de atuar nesse contexto, recebem um treinamento de como lançar mão das diretrizes,</p><p>do uso dos equipamentos de VRI bem como de outras ferramentas que os auxiliam</p><p>durante o evento e manter a confidencialidade virtual. E o mais importante é que todos,</p><p>sem exceção, “devem ser aprovados pelo Conselho Judicial e se encontrar na Lista de</p><p>Mestre de Intérpretes Judiciais do conselho estando assim vinculados pelos mesmos</p><p>padrões profissionais e de ética daqueles que atuam presencialmente” (JUDICIAL</p><p>COUNCIL OF CALIFORNIA, 2012, p. 7, tradução nossa).</p><p>38</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:</p><p>• Aprendemos que durante a história da tradução essa atividade foi conceituada de</p><p>diversas formas, desde uma atividade empírica pouco refletida até uma atividade</p><p>altamente cognitiva realizada em um processo complexo que pode ser aprendida.</p><p>• Temos basicamente três tipos diferentes de tradução, que pode ser realizada entre</p><p>línguas diferentes (interlingual), dentro da mesma língua (intralingual) e entre</p><p>diferentes sistemas de linguagem, isto é, o verbal e o não-verbal (intersemiótica).</p><p>• Para estudar tal fenômeno Holmes (1972) propõe a separação dos Estudos da</p><p>Tradução, da então linguística, sendo a primeira agora como uma área independente</p><p>que busca identificar e mapear diferentes formas de tradução.</p><p>• A interpretação, uma das subáreas dos Estudos da Tradução, começa a ser estudada</p><p>e em 1990 estabelece uma área de pesquisa nova independente dos estudos da</p><p>tradução, em que podemos observar de mais perto a atividade interpretativa.</p><p>• Ainda que as interpretações, simultânea e consecutiva, se assemelham, elas</p><p>são diferentes em suas execuções, pois uma não dispõe de tempo para consulta</p><p>e a outra possibilita ao profissional lançar mão de recursos didáticos, físicos e/</p><p>ou virtuais, para que o trabalho tenha base terminológica e lexicográfica com as</p><p>adequações e equivalências necessárias e relevantes ao discurso.</p><p>• Podemos tipificar os modos de realização da interpretação, que para o escopo deste</p><p>livro, se resume em simultânea, ou seja, a produção do texto traduzido ao passo que</p><p>o texto original é produzido em fluxo e a interpretação consecutiva, que é realizada</p><p>em turnos de fala divididos entre o intérprete e o orador.</p><p>39</p><p>1 Sabendo que a interpretação é um subtipo da tradução, podemos observar que</p><p>ambos os processos buscam levar um texto de uma língua para a outra. Faça um</p><p>resumo das diferenças entre esses dois processos.</p><p>2 Tendo em vista que nossas línguas de trabalho possuem diferentes modalidades de</p><p>produção e recepção, a qual fator pode-se crer ser o primordial para que os TILSP</p><p>prefiram atuar na interpretação simultânea e não na consecutiva?</p><p>3 Quando lemos nas literaturas alguns termos, muito das vezes é necessário saber</p><p>em que contexto esse se encontra. Ao lermos a palavra Surdo com a grafia em “S”</p><p>maiúsculo, ela traz referência e um sentido. De acordo com o que você aprendeu na</p><p>Disciplina, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:</p><p>( ) Refere-se a pessoa surda que luta pelos seus direitos políticos, linguísticos e</p><p>culturais.</p><p>( ) Engloba uma categoria de alteridade, que envolve a mulher/o homem surda/o em</p><p>suas diferentes peculiaridades.</p><p>( ) As peculiaridades sistemáticas são: faixa etária, raça, classe, religiosa e posição</p><p>geográfica, financeira e política.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V - V - V</p><p>b) ( ) F - V - V</p><p>c) ( ) V - V - F</p><p>d) ( ) V - F - F</p><p>4 Você aprendeu que os Estudos Surdos tiveram início na década de 1970. A partir de</p><p>lá, o povo surdo, começou a se empoderar reivindicando seus direitos. No entanto,</p><p>por outra razão nasce os Estudos Surdos. Com base no que você estudou, esse</p><p>nascimento se deu de que forma? Analise as questões abaixo e escolha a alternativa</p><p>CORRETA:</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>40</p><p>a) ( ) Como pertencentes de uma maioria linguística, ao invés de um grupo de pessoas</p><p>ligadas pela capacidade, a motivação, a ação e as produções interculturais, não</p><p>deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a surgir, e a</p><p>Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos nascem sem a</p><p>influência clínica e ouvintista.</p><p>b) ( ) Como pertencentes de uma minoria extralinguística, ao invés de um grupo de</p><p>pessoas ligadas pela incapacidade, a motivação a ação e as produções</p><p>culturais,</p><p>não deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a ser</p><p>criados, e a Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos</p><p>nascem sem a influência excludente ouvintista.</p><p>c) ( ) Como pertencentes de uma minoria linguística, ao invés de um grupo de pessoas</p><p>ligadas pela incapacidade, a motivação, a ação e as produções culturais, não</p><p>deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a surgir, e a</p><p>Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos nascem sem a</p><p>influência clínica e ouvintista.</p><p>d) ( ) Como pertencentes de uma minoria linguística, ao invés de um grupo de pessoas</p><p>ligadas pela incapacidade, a motivação a ação e as produções culturais, não</p><p>deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a surgir, e a</p><p>Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos nascem com</p><p>opressão, mas se desligam da influência clínica e ouvintista.</p><p>5 O profissional TILSP atua em duas ou mais línguas diferentes. Tendo em vista que</p><p>essas línguas de trabalho possuem diferentes modalidades de produção e recepção,</p><p>a qual fator pode-se crer ser o primordial para que esse profissional prefira atuar na</p><p>interpretação simultânea e não na consecutiva?</p><p>41</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Por muito tempo o povo surdo e não menos importante, de modo geral, todos os</p><p>diferentes, todos os “anormais”, foram oprimidos pela sociedade. Foram excluídos de seus</p><p>direitos básicos, por exemplo, a educação. Foram, e ainda são rotulados, educacional e</p><p>socialmente como um grupo inferior e deficiente, por membros da sociedade que se</p><p>encontram engessados no passado excludente, opressor, normalizador e filantrópico,</p><p>além da visão reduzida, ignorando tudo o que diz respeito à evolução dos estudos do</p><p>povo surdo, da sua cultura e alteridade e da singularidade linguística de sua educação.</p><p>Embora a Comunidade Surda seja composta de pessoas surdas e não-surdas, há</p><p>também a Comunidade surdocega que tem se mobilizado para ter uma representatividade</p><p>mais significativa na sociedade. Sobre esta, apresentamos brevemente sobre o seu</p><p>status na Região ibero-Latina-Americana.</p><p>Na América Latina e no Caribe, já existem profissionais com bacharelado em</p><p>guia interpretação de nível universitário reconhecido pala Universidade Especializada</p><p>das Américas. Outros países como México, Chile e Equador, o guia-intérprete ainda é</p><p>empírico e ainda não são reconhecidos e não há Associações como há aqui no Brasil</p><p>(LEBRE, 2021). No Peru, em seu Catálogo Nacional de Capacitação, existe um programa</p><p>de estudos de guia-intérpretes para pessoas com surdocegueira. Na Colômbia, os guia-</p><p>intérpretes são reconhecidos por Lei, ainda que haja profissionais empíricos; no ano de</p><p>1997, quando houve um grande encontro no país, alguns desses receberam formação.</p><p>Diferentemente do Brasil, em Portugal e na Espanha já existe regulamentação</p><p>do profissional. Na Espanha, a ONCE (Organização Nacional de Cegos da Espanha)</p><p>desenvolve um trabalho já há muito tempo de formação. Infelizmente a dificuldade</p><p>de regulamentação em toda a região ibero-Latina-Americana ainda é muito tardia, as</p><p>reivindicações são árduas. Ainda que haja um reconhecimento, esse é ignorado; apesar</p><p>de existir uma Lei, ela não é seguida (BRASIL, 2020).</p><p>TÓPICO 3 -</p><p>OS ESTUDOS SURDOS</p><p>UNIDADE 1</p><p>42</p><p>DICA</p><p>Surdo: a grafia em ‘S’ maiúsculo refere-se ao sujeito surdo, a pessoa que</p><p>luta pelos seus direitos políticos, linguísticos e culturais, ou seja, que faz</p><p>parte da Comunidade Surda [...] engloba uma categoria de alteridade, que</p><p>envolve a mulher/o homem surda/o em suas diferentes peculiaridades:</p><p>etária, de raça, de classe, religiosa, de posição geográfica etc. (SILVA, 2019,</p><p>p. 70).</p><p>Além de terem sido excluídos dos sistemas de ensino, não puderam contar as</p><p>suas próprias histórias e desafios, pois não tinham “voz” para relatar suas angústias,</p><p>experiências e conquistas. Suas histórias foram roubadas e contadas, não como</p><p>exatamente eram e são, mas como eram vistas a partir das imagens produzidas por</p><p>aqueles que os controlavam (SILVA, 2019). O sentido aqui empregado por “não ter voz”</p><p>significa o não ter direito de se posicionar, a proibição de se defender, o bloqueio rígido</p><p>de se retratar, a inviabilidade empregada - ainda mais com a restrição de uso da língua</p><p>de sinais para se expressar.</p><p>Diante os fatos, tiveram que lutar por muitos anos para serem reconhecidos</p><p>como humanos capazes e com potencialidades para realizar quaisquer ofícios, desde</p><p>que lhes oportunize e lhes deem acessibilidade. Em plena celeuma contemporânea,</p><p>o trabalho em conjunto dessa minoria linguística, o povo surdo vem com grande</p><p>empoderamento para reconquistar o seu espaço de direito na sociedade. Os Surdos</p><p>como a(u)tores e protagonistas trazem consigo suas reais vozes, o seu real eu, e não os</p><p>seus “eus” inventados por outros não surdos, como menciona Silva (2019).</p><p>NOTA</p><p>Mesmo que haja legislações, municipais e estaduais que instituem</p><p>ações educativas e um Projeto de Lei que institui o Dia Nacional</p><p>da Pessoa Surdocega (BRASIL, 2019; BRASIL, 2020), neste texto,</p><p>ao mencionarmos “povo surdo”, incluímos também as pessoas</p><p>surdocegas, pois, além de não serem menos importantes, dependem</p><p>também para a comunicação entre os pares do profissional Tradutor e</p><p>Intérprete e do Guia-intérprete de Língua de Sinais/Língua portuguesa</p><p>– na modalidade de grande complexidade na mediação comunicativa</p><p>(BRASIL, 2000; 2010; LEBRE, 2021).</p><p>43</p><p>Eles são referências e têm propriedade de falar sobre a pessoa com surdez, sua</p><p>cultura, suas alteridades e especificidades. De suas reais experiências socioculturais,</p><p>somadas ao significativo modo de comunicação por meio da Língua de Sinais, do</p><p>movimento e da resistência frente ao ouvintismo, surge então os Estudos Surdos!</p><p>NOTA</p><p>Ouvintismo: Termo academicamente designado a estudar o surdo</p><p>‘do ponto de vista da deficiência, da clinicalização e da necessidade</p><p>de normalização [...] deriva de uma proximidade particular que se dá</p><p>entre ouvintes e surdos, na qual o ouvinte sempre está em posição</p><p>de superioridade [...] de poder, de dominação em graus variados,</p><p>em que predomina a hegemonia por meio do discurso do saber’</p><p>[...] ‘conjunto de representações dos ouvintes, a partir do qual o</p><p>surdo é obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte [...]</p><p>é nesse olhar-se, e nesse narrar-se que acontecem as percepções</p><p>do ser deficiente, do não ser ouvinte; percepções que legitimam as</p><p>práticas terapêuticas habituais’ [...] e por consequência adicional, a</p><p>indiferença, a opressão e a exclusão (SILVA, 2019, p. 24).</p><p>2 ESPECIFICIDADES E O CONCEITO SURDO</p><p>O que são os Estudos Surdos?</p><p>Não é um estudo, e muito menos uma novidade, que descreve o povo surdo,</p><p>como eles são, o que fazem ou deixam de fazer, em que moram ou não moram. Ainda</p><p>que em território brasileiro esses estudos tenham começado, amadurecido no início</p><p>do século XXI e vem se intensificando, foram constituídos a partir de alguns cursos</p><p>na década de 1970 para oferecer seus primeiros programas de diplomação no início</p><p>dos anos 1980 na Universidade de Boston e Universidade Estadual da Califórnia em</p><p>Northridge. Outras Universidades, desde então, iniciaram suas ofertas de graduação,</p><p>lato senso e stricto senso nesses Estudos, e por sua vez</p><p>[...] um número crescente de programas de concessão de grau em</p><p>Estudos Surdos, conferências nacionais e internacionais, revistas e</p><p>jornais, e um crescente corpo de pesquisas e publicações continuam</p><p>a lançar luz sobre as implicações únicas linguísticas, culturais e</p><p>epistemológicas da formação de uma variedade de Surdos da raça</p><p>humana (BAUMAN; MURRAY, 2014, p. 68).</p><p>44</p><p>Para compreendermos mais o que são, é necessário rever brevemente os</p><p>Estudos Culturais. Embasado na pesquisa da professora surda Strobel (2008), nos</p><p>Estudos Culturais, é possível perceber as lutas políticas de diversos grupos, procurando</p><p>perceber os diferentes olhares de muitas manifestações culturais, principalmente</p><p>aqueles que enfatizam</p><p>resistências presentes nos povos surdos às práticas ouvintistas,</p><p>não é uma disciplina específica, mas a interdisciplinaridade visa os estudos de aspectos</p><p>culturais da sociedade.</p><p>Assim podemos compreender o que são os Estudos Surdos.</p><p>São “as teorias pesquisadas no ‘Ser Surdo’, representação como sujeitos</p><p>linguísticos e culturais diferentes, pertencimento ao povo surdo” (STROBEL, 2008, p. 19).</p><p>Se constituem enquanto um programa de pesquisa em educação,</p><p>onde as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a história, a</p><p>arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas, localizadas</p><p>e entendidas a partir da diferença, a partir de seu reconhecimento</p><p>político (SKLIAR, 2010, p. 5).</p><p>São “definidos como um espaço de investigações que avança em contato com</p><p>as teorias que os impulsionam [...] nos remetem a questão do lugar teórico em que se</p><p>situam” (PERLIN; STROBEL, 2009, p. 25-26).</p><p>O espaço aberto aos sujeitos surdos na academia propiciou um movimento</p><p>que vem expandindo-se. Esse movimento chama atenção à participação desses, de</p><p>modo que façam parte com efetividade do processo de produção de conhecimento</p><p>(QUADROS, 2006).</p><p>Nos Estudos Surdos, compõem-se de pesquisadores, informantes surdos que</p><p>estão “desconstruindo e construindo saberes”, se constituindo identitariamente como</p><p>sujeitos Surdos. De suas pesquisas, as conquistas tomam espaço com seus relatos</p><p>mais vívidos, pois são registrados, produzidos por eles mesmos; os superviventes desse</p><p>sistema opressor. Como menciona Quadros (2006, p. 10)</p><p>(...) esses autores desconstruíram mitos, saberes e pensares [...]</p><p>passaram a olhar o outro surdo noutra dimensão, a partir da diferença,</p><p>tendo a própria pesquisa como provocadora das desconstruções e</p><p>construções de outros saberes [...] pesquisadores que começaram</p><p>a refletir sobre muitas das questões que estão sendo debatidas e</p><p>trazidas para a sociedade no contexto das políticas educacionais e</p><p>linguísticas no campo dos Estudos Surdos.</p><p>45</p><p>3 OS ESTUDOS SURDOS E A COMUNIDADE SURDA</p><p>Esse advento dos sujeitos Surdos em suas produções desmantela as</p><p>negligências ocorridas em suas histórias. Já não temem o ouvintismo e se empoderam,</p><p>em todo o território nacional, reivindicando seus direitos e a valorização do Ser Surdo.</p><p>Como representantes da diferença cultural protagonizam pesquisas e facilitam,</p><p>ao serem expostos, um espaço democrático que respeita suas identidades e alteridades,</p><p>que os legitima como grupo linguístico, minoritário em números, porém culturalmente</p><p>desmedido em suas produções significativamente relevantes. Não mais se “definem-</p><p>se os surdos como linguisticamente pobres, intelectualmente primitivos e concretos,</p><p>socialmente isolados e psicologicamente imaturos e agressivos” (SKLIAR, 2012, p. 115).</p><p>Assim, expressa a pesquisadora surda, Karin Strobel, que “os povos surdos estão cada</p><p>vez mais motivados pela valorização de suas ‘diferenças’ e assim respiram com mais</p><p>orgulho e riqueza das suas condições culturais!” (STROBEL, 2008, p. 39-40).</p><p>Os Estudos Surdos na atualidade, também estão engajados na Cultura Indígena.</p><p>Pesquisas sobre o sujeito Surdo nesse contexto, sobre os Surdos indígenas, rompem a</p><p>barreira da opressão sociolinguística de outrora e sua língua de sinais é apresentada com</p><p>ricas e significativas recordações ímpares. Nesse contexto, há produções acadêmicas</p><p>e literárias, e outras no prelo, que contribuem ainda mais para o protagonismo do</p><p>Surdo indígena. Esses sujeitos apresentam recordações inventariadas ocularmente e</p><p>reproduzidas gestualmente de geração em geração.</p><p>DICA</p><p>Para mais detalhes sobre o conceito de “supervivente”, leia os livros</p><p>Orrú (2017). “O re-inventar da inclusão: os desafios da diferença no</p><p>processo de ensinar e aprender”, ou, Orrú (2021) “A Inclusão menor e</p><p>o paradigma da distorção” (SILVA, 2019, p. 23).</p><p>Nesses estudos não há espaço para rótulos que interpretam o Surdo, a pessoa</p><p>com surdez, como alguém deficiente ou com alguma síndrome e que esteja em</p><p>sofrimento. O conceito de surdez não tem espaço para o conceito da deficiência auditiva,</p><p>conceito este bem disseminado no contexto médico, mas bem repelido nos Estudos</p><p>Surdos. Porém, abre espaço para o sujeito que não é diferente, mas é singular em sua</p><p>diferença, não é deficiente, é usuário da Língua de Sinais, é militante, é protagonista</p><p>(SILVA, 2019).</p><p>46</p><p>NOTA</p><p>O termo gestual aqui utilizado refere-se à modalidade da língua de sinais, ou</p><p>seja, língua gestual-visual/espaço-visual (FERREIRA, 2010).</p><p>Ao se verem “como pertencentes a uma minoria linguística ao invés de um grupo</p><p>de pessoas ligadas pela incapacidade” e motivados por ações e produções culturais,</p><p>não deixaram se calar novamente, trabalhos significativos começam a surgir, e a Cultura</p><p>Surda começa então a ser difundida nascendo aí os Estudos Surdos, sem influência</p><p>clínica e muito menos ouvintista (BAUMAN; MURRAY, 2014, p. 68).</p><p>Pesquisadores, surdos e não surdos, promovem essa acessibilidade por meio</p><p>de registros escritos e gráficos que valorizam a língua de sinais, a comunicação gesto</p><p>visual, dos índios surdos no Mato Grosso do Sul e da “Língua de Sinais utilizada pelos</p><p>índios surdos Urubus-Kaapor na Floresta Amazônica” (VILHALVA, 2012, p. 33). Essa</p><p>decorrência visa valorizar as “línguas de minorias como patrimônio histórico e cultural</p><p>da humanidade, em especial, [...] a língua terena sinalizada...” (CEZAR; SOUZA; PONNIK,</p><p>2020, p. 347).</p><p>Para não perder essas identidades culturais e assegurá-las como patrimônio</p><p>histórico-cultural da humanidade e não permitir a sua extinção, seja pelo encolhimento</p><p>desse povo como minoria da minoria, ou pelo risco eminente de morte causado pela</p><p>crise mundial sanitária com a Pandemia – COVID-19, a acessibilidade ocorre também</p><p>em forma de história em quadrinhos sinalizada (HQ). A título de exemplo, temos a</p><p>recém-lançada HQ, em 2021. Literatura essa que apresenta a história do povo terena</p><p>por meio de uma personagem surda indígena e que relata a sua vivência, a reprodução</p><p>de artefatos culturais e fatos ocorridos pelo povo terena, difundidos via documentos e</p><p>sabedoria dos anciãos indígenas terena (CEZAR; SOUZA; PONNICK, 2020).</p><p>47</p><p>NOTA</p><p>Aqui o termo “ancião”, em latim antianus, refere-se a pessoa respeitada,</p><p>aquela de idade mais avançada, os avós da comunidade, que passa</p><p>informações de geração em geração.</p><p>COVID-19:</p><p>nome oficial da doença causada pelo novo</p><p>coronavírus também conhecida como Sars-</p><p>Cov-2 em razão do Sars-Cov-1 (ou apenas Sars),</p><p>nome dado a epidemia na China em 2002, por</p><p>ser consideradas ‘irmãs’. Em inglês, Sars-Cov-2</p><p>significa: ‘severe acute respiratory syndrome</p><p>coronavirus 2’, em tradução livre: Síndrome</p><p>Respiratória Aguda Grave do Coronaviurs 2</p><p>(CEZAR; SOUZA; PONNICK, 2020, p. 348).</p><p>FIGURA 31 – HQ SINALIZADA SOL: A PAJÉ SURDA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u2N92R>. Acesso em: 18 fev. 2021</p><p>FIGURA 32 – LIVRO: ÍNDIOS SURDOS: MAPEAMENTO DAS LÍNGUAS DE SINAIS NO MATO GROSSO DO SUL</p><p>FONTE: <http://bit.ly/3jjhaH3>. Acesso em: 18 fev. 2021</p><p>48</p><p>FIGURA 33 – LIVRO: EPISTEMOLOGIAS DOS ESTUDOS SURDOS - LÍNGUA, CULTURA E EDUCAÇÃO SOB O</p><p>SIGNO DA DIVERSIDADE CULTURAL</p><p>FONTE: <http://bit.ly/38A6L5V>. Acesso em: 18 fev. 2021</p><p>FIGURA 34 – LIVRO: AS LÍNGUAS DE SINAIS INDÍGENAS EM CONTEXTOS INTERCULTURAIS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/32gx3q3>. Acesso em: 18 fev. 2021</p><p>A partir dessas produções, tendo como protagonista o Surdo em suas exclusivas</p><p>expressões, esses</p><p>Estudos Surdos [...] compreendem a surdez como uma construção</p><p>histórica e social, entendendo a cultura surda como espaço no qual</p><p>as identidades surdas são constituídas e reconhecendo que elas são</p><p>efeito de pertencimento cultural do povo surdo (COSTA, 2020, p. 96).</p><p>As informações significativas no uso de sua língua matriz, reforça a produção</p><p>de ensino-aprendizagem dentro do contexto intercultural (GOMES, 2020, p. 130) e não</p><p>deixa extinguir-se pelo fato de não haver quem as registre e as valorize.</p><p>49</p><p>4 PROTAGONISMO CONTEMPORÂNEO</p><p>O reconhecimento desses estudos vai além do simples</p><p>achismo ou pressupostos,</p><p>estereótipos criados pelo povo não surdo, com limitações literárias e de pesquisa.</p><p>Reconhecer e respeitar as diferenças torna-se fundamental para que a liberdade de</p><p>expressão linguística tenha seu patamar de inclusão, ainda que a exclusão coexista</p><p>na globalização dos povos bem como suas culturas na contemporaneidade (GOMES,</p><p>2020, p. 132). Além disso, saber e reconhecer que o povo surdo – protagonistas surdos –</p><p>fizeram e fazem parte de muitos contextos históricos da humanidade, seja na invenção</p><p>científica - que contribui beneficamente até hoje - seja na Arte, na Astronomia, no</p><p>Cinema, na Música, na Política, enche-nos de orgulho e muito mais a eles, com grandes</p><p>modelos de que a luta continua, mesmo com grandes desafios de acessibilidade,</p><p>comunicativo e linguístico.</p><p>Reconhecer essas celebridades – protagonistas em grandes pesquisas,</p><p>idealizações e descobertas – é respeitar suas singularidades e potencialidades, e não</p><p>negar a sua identidade surda; e muito menos filantropar ou creditar como coitados que</p><p>chegaram a esse patamar por ajuda beneficente de alguém ou de “alguéns”. Há de se</p><p>considerar que muitas dessas celebridades se sobressaíram porque aprenderam a falar</p><p>e ler os lábios, e isso, na sociedade normalizadora, faz total diferença na representação</p><p>social, porém, suas identidades surdas são mascaradas. Como menciona Strobel (2007,</p><p>p. 27):</p><p>[...] quanto mais insistem em colocar ‘máscaras’ nas suas identidades</p><p>e quanto mais manifestações de que para os surdos é importante</p><p>falar para serem aceitos na sociedade, mais eles ficam nas próprias</p><p>sombras, com medos, angústias e ansiedades. As opressões das</p><p>práticas ouvintistas são comuns na história passada e presente para</p><p>o povo surdo.</p><p>FIGURA 35 – PESQUISADORA KARIN STROBEL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3ejvQp3>. Acesso em: 18 fev. 2021</p><p>50</p><p>Muitos ainda desconhecem esses personagens que foram e são camuflados,</p><p>e que são (des)conhecidos. No entanto, foram, brevemente alguns, reapresentados na</p><p>produção dos Estudos Surdos, pela pesquisadora e professora, doutora Karin Strobel</p><p>(STROBEL, 2007; MOURA, 2020, p. 206) e que agora apresentamos a você, não na</p><p>totalidade, mas de modo ampliado, outros alguns, dessas celebridades surdas no</p><p>Quadro 2 a seguir.</p><p>FIGURA 37 – LIVRO ESTUDOS SURDOS II</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3eNQRXT>. Acesso em: 18 fev. 2021</p><p>DICA</p><p>Quer ampliar suas pesquisas?</p><p>Leia o livro e compreenda mais sobre os/as</p><p>“Heróis/Heroínas Surdos/As Brasileiros/As:</p><p>busca de significados na comunidade surda</p><p>gaúcha” A pesquisa e as provocações desta</p><p>obra “adicionam a questão sobre os efeitos</p><p>que provocam, na comunidade surda e</p><p>nos espaços educacionais, a definição e</p><p>a identificação dos heróis surdos” além</p><p>de “reconhecer as lutas por significados,</p><p>mas também por constituir novos atores</p><p>políticos [...] contribui para que a sociedade</p><p>em geral adote outros conhecimentos que</p><p>a enriqueçam no seu conjunto” (RANGEL;</p><p>KLEIN, 2020).</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2NJtNj7. Acesso</p><p>em: 12 fev. 2021</p><p>51</p><p>QUADRO 2 – CELEBRIDADES SURDAS ESTRANGEIRAS E NACIONAIS</p><p>Jonathan Swift</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u8Oq8D>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>Ludwig van Beethoven</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vmJJs6>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>Slava Raškaj</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3e5anjv>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Laura Dewey Bridgman</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xz1ne6>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>Foi autor, escritor anglo-irlandês, poeta e clérigo.</p><p>Tornou-se reitor da Catedral de São Patrício,</p><p>em Dublin. Considerado pela  Encyclopædia</p><p>Britannica o principal satirista inglês. Conhecido</p><p>por famosas obras dentre elas  “As Viagens de</p><p>Gulliver”.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u8Oq8D>; <https://bit.</p><p>ly/2QGCdtm>. Acesso em: 28 fev. 2021</p><p>Artista plástica croata. Surda desde o nascimento,</p><p>devido às dificuldades de comunicação, se se</p><p>afastou aos poucos das pessoas, depois que seu</p><p>talento foi notado. Até os quinze anos, morou em</p><p>uma instituição para crianças surdas em Viena,</p><p>Áustria. Artista independente teve seu próprio</p><p>ateliê, em uma sala de antigo necrotério, onde</p><p>provavelmente pintou seu autorretrato. Devido à</p><p>depressão crônica, agressão e outros sintomas</p><p>psicológicos, foi internada em 1902 e morreu em 29</p><p>de março de 1906.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3e5anjv>. Acesso em: 22 fev.</p><p>2021</p><p>Contraiu escarlatina aos dois anos de idade, o que</p><p>a fez perder os sentidos da audição, visão, olfato</p><p>e paladar. Mesmo com esses déficits conseguiu,</p><p>de forma rudimentar, se comunicar por gestos</p><p>com sua família. Estudou na Escola Perkins para</p><p>Cegos, em 1837 e foi professora de Anne Sullivan.</p><p>Ao final de sua educação formal, em 1850, já havia</p><p>aprendido história, literatura, matemática e filosofia.</p><p>Foi conhecida como a primeira mulher  surdocega</p><p>estado-unidense, a estudar a língua inglesa, cerca</p><p>de 50 anos antes de Helen Keller.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xCpmc8>. Acesso em: 28</p><p>fev. 2021</p><p>Compositor alemão, do período de transição entre</p><p>o  Classicismo  e o Romantismo. Considerado um</p><p>dos pilares da  música ocidental, permanece até</p><p>hoje como um dos compositores mais respeitados</p><p>e mais influentes de todos os tempos. Por volta dos</p><p>26 anos foi diagnosticada a sua perda auditiva e 20</p><p>anos depois já estava completamente surdo.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vmJJs6>; <https://bit.</p><p>ly/3t7T05E>. Acesso em: 28 fev. 2021</p><p>52</p><p>Goya</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u4iulW>. Acesso em: 5</p><p>mar. 2021</p><p>E. Huet</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3e9rJeP>. Acesso em:</p><p>25 abr. 2021</p><p>Gastão de Orléans, Conde d’Edu</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3t2Hw3m>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Henrietta Swan Leavitt</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2PyHJh2>. Acesso em:</p><p>28 abr. 2021</p><p>Francisco José de Goya y Lucientes foi um dos</p><p>maiores mestres da pintura espanhola. Aos 46</p><p>anos, contraiu uma doença séria e desconhecida,</p><p>transmitida por um amigo, numa viagem a</p><p>Andaluzia em  1792. Ficou temporariamente</p><p>paralítico, parcialmente cego e totalmente surdo.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u4iulW>. Acesso em: 5 de</p><p>mar. 2021</p><p>E. Huet, surdo francês que criou as primeiras</p><p>instituições oficiais de ensino para surdos no Brasil</p><p>e no México. Pioneiro na influência às línguas de</p><p>sinais nesses dois importantes países da América</p><p>Latina. Fundou em 1856, com o apoio de D. Pedro</p><p>II, o Instituto Nacional de Educação de Surdos –</p><p>INES/RJ.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3e9rJeP>. Acesso em: 25</p><p>abr. 2021</p><p>Luís Filipe Maria Fernando Gastão (Louis</p><p>Philippe Marie Ferdinand Gaston). Foi um</p><p>nobre  francês, tendo sido  conde d'Eu. Era neto</p><p>do rei  Luís Filipe I de França. Tornou-se  príncipe</p><p>imperial consorte do Brasil. “Nada consta sobre</p><p>sua surdez” nas bibliotecas, mas ela é confirmada</p><p>no livro biográfico da Princesa Isabel “Isabel, a</p><p>Redentora dos Escravos”, de Robert Daibert Junior</p><p>(2004).</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3t2Hw3m>. Acesso em: 22</p><p>fev. 2021</p><p>Foi uma  astrônoma  estado-unidense  famosa por</p><p>seu trabalho sobre  estrelas variáveis. “Descobriu</p><p>a Lei do período-luminosidade que permite</p><p>descobrir a distância de uma estrela baseada na</p><p>luminosidade”.</p><p>FONTE: <https://youtu.be/a9KQSl-BPrA>. Acesso</p><p>em: 28 abr. 2021</p><p>53</p><p>Thomas Edson</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xLwa7m>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Oliver Heaviside</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2QKI40F>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Douglas Tilden</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xwTyFI>. Acesso em: 5</p><p>de mar. 2021</p><p>Alice von Battenberg</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3nvZZUS>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Thomas Alva Edson. De outras dezenas,</p><p>uma de suas invenções foi a lâmpada elétrica</p><p>incandescente. “Acredita-se que a causa principal</p><p>de sua surdez tenha sido uma crise de febre</p><p>escarlate (escarlatina) durante a infância”.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xLwa7m>. Acesso em: 22</p><p>fev. 2021</p><p>Foi um escultor americano. Ficou surdo, vítima</p><p>de um surto de escarlatina, aos 4 anos de</p><p>idade. Esculpiu muitas estátuas que estão hoje</p><p>localizadas em São Francisco, Berkeley e na área</p><p>da baía de São Francisco.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xApsRL>. Acesso em: 5 de</p><p>mar. 2021</p><p>Victoria Alice Elisabeth Julie Marie von</p><p>Battenberg, conhecida</p><p>como Princesa Alice von</p><p>Battenberg. Mãe do Duque de Edimburgo (Príncipe</p><p>Philip, morto em 09 de abril de 2021). Preocupada</p><p>com a pronúncia, foi percebido por sua mãe o</p><p>atraso e a demora para aprender a falar. Após</p><p>consulta, foi diagnosticada com surdez congênita.</p><p>Aprendeu a ler lábios, e com a ajuda da princesa</p><p>Vitória, aprendeu a escrever em inglês e alemão.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3nvZZUS>. Acesso em: 22</p><p>fev. 2021</p><p>Matemático e engenheiro eletricista  inglês. Como</p><p>físico, previu a existência da ionosfera, camada</p><p>eletricamente condutora na atmosfera superior</p><p>que reflete as ondas de rádio, permitindo ser</p><p>transmitidas entre continentes. Possivelmente,</p><p>uma doença infantil deixou-o surdo, o que fez,</p><p>anos mais tarde se isolar e viver solitariamente os</p><p>últimos 25 anos de sua vida.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2QKI40F>; <https://bit.</p><p>ly/3u6pKNU>. Acesso em: 22 fev. 2021</p><p>54</p><p>Helen Keller</p><p>FONTE: <https://bit.ly/332XDmU>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>Konstantin Tsiolkovski</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3aPXuYs>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>Annie Jump Cannon</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vytQP8>. Acesso em:</p><p>5 mar. 2021</p><p>Robert Grant Aitken</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2PALym1>. Acesso em:</p><p>5 mar. 2021</p><p>Helen Adams Keller. Escritora,  conferencis-</p><p>ta e ativista social norte-americana. Foi a primeira</p><p>pessoa surdocega da história a conquistar um ba-</p><p>charelado. Ficou surdocega aos 18 meses de ida-</p><p>de devido a uma doença diagnosticada na época</p><p>como "febre cerebral" que possivelmente tenha</p><p>sido escarlatina ou meningite. Foi aluna de Laura</p><p>Bridgman, e de Anne Sullivan.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3eGofj7>. Acesso em: 28 fev.</p><p>2021</p><p>Astrônoma  estadunidense, cujo trabalho</p><p>de catalogação foi fundamental para a</p><p>atual  classificação estelar. Desenvolveu</p><p>o Esquema de Classificação de Harvard, que foi a</p><p>primeira tentativa de organizar e classificar estrelas</p><p>baseadas em suas temperaturas e tipos espectrais.</p><p>Alguns atribuem, sem saber exatamente a causa,</p><p>a sua quase total perda auditiva à escarlatina, que</p><p>deve ter ocorrido entre a infância e a idade adulta.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vytQP8>. Acesso em: 5 mar.</p><p>2021</p><p>Foi instrutor de matemática e mediu posições</p><p>e órbitas computadas para cometas e satélites</p><p>naturais de planetas. Ingressou na Sociedade</p><p>Astronômica do Pacífico em 1894, e cinco anos</p><p>depois foi eleito presidente dessa instituição. Era</p><p>parcialmente surdo e usava aparelho auditivo.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u9p9v1>. Acesso em: 5 mar.</p><p>2021</p><p>Konstantin Eduardovich Tsiolkovski. Cientista con-</p><p>siderado como sendo um dos pais fundadores do</p><p>foguetismo e pioneiro na  teoria astronáutica mo-</p><p>derna.Tornou-se parcialmente surdo aos 10 anos</p><p>de idade vítima da escarlatina. Por causa da surdez</p><p>não foi aceito nas escolas elementais, tornando-se</p><p>assim autodidata.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3aPXuYs>. Acesso em: 28</p><p>fev. 2021</p><p>55</p><p>Olaf Hassel</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2S5TNqY>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>Howard Hughes</p><p>FONTE: <https://bit.ly/332XDmU>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>Francisco Goulão</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3t44gQG>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Lou Ferrigno</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vokhSQ>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Foi um astrônomo amador norueguês. Descobriu o</p><p>cometa Jurlov-Achmarof-Hassel em abril de 1939</p><p>e da nova V446 Herculis em 7 de março de 1960.</p><p>Sua surdez foi descoberta quando tinha 1 ano de</p><p>idade. Estudou na escola para surdos “Christiania</p><p>Public School for the Deaf” onde aprendeu a ser</p><p>um designer.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3sZl6jr>. Acesso em: 28 fev.</p><p>2021</p><p>Francisco Goulão. Professor e artista plástico</p><p>português.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vlDODE>. Acesso em: 22</p><p>fev. 2021</p><p>Louis Jude Ferrigno. Ícone da comunidade surda,</p><p>ator e fisiculturista, mundialmente conhecido pela</p><p>sua atuação no filme "O incrível Hulk". Descobriu a</p><p>surdez aos 3 anos de idade. Após seu nascimento,</p><p>devido a uma infecção no ouvido mal tratada,</p><p>perdeu 80% da audição. Aprendeu a ler lábios</p><p>sozinho.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3t6sr0G>. Acesso em: 22 fev.</p><p>2021</p><p>Howard Robard Hughes Jr.  Foi um aviador,</p><p>engenheiro aeronáutico, industrial, produtor de</p><p>cinema, diretor cinematográfico  norte-americano,</p><p>e um dos homens mais ricos do mundo. Ficou</p><p>famoso ao quebrar o recorde mundial de</p><p>velocidade em um avião, construir aviões, produzir</p><p>o filme Hell's Angels e por se tornar dono de uma</p><p>das maiores empresas aéreas norte-americana,</p><p>a  TWA. Aos quatro anos, devido a otosclerose</p><p>hereditária, já havia herdado a surdez parcial.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u4WvuV>. Acesso em: 28</p><p>fev. 2021</p><p>56</p><p>Ronald Reagan</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xzCAX8>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>Bill Clinton</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3e3Q3iw>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Peter Townshend</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Paul Stanley</p><p>FONTE: <https://amzn.to/3gPuwvM>. Acesso</p><p>em: 22 fev. 2021</p><p>Ronald Wilson Reagan. Foi ator e político norte-</p><p>americano, o 40º presidente dos Estados Unidos.</p><p>Aos 19 anos de idade, seu problema auditivo</p><p>começou a surgir devido a um disparo de arma</p><p>de fogo perto de sua orelha direita, enquanto</p><p>atuava em um filme. Em 1983, Reagan, com 72</p><p>anos, começou a usar o aparelho auditivo, feito</p><p>sob medida e tecnologicamente avançado em seu</p><p>ouvido direito, depois de ter maior dificuldade em</p><p>ouvir sons agudos.</p><p>FONTE: <https://nyti.ms/2RbDDMa>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>William Jefferson Blythe III. Político e ex-Presidente</p><p>dos Estados Unidos da  América. Há anos já</p><p>reclamava sobre a sua perda auditiva. E a descobriu</p><p>em seus exames médicos anuais. Por orientação,</p><p>começou a fazer uso de aparelho auditivo. A causa</p><p>vem das horas de exposição ao alto som, da banda</p><p>em que era membro, na sua juventude.</p><p>FONTE: <https://lat.ms/3vnmJZU>. Acesso em: 22</p><p>fev. 2021</p><p>Peter Dennis Blandford Townshend. Guitarrista,</p><p>cantor, compositor e escritor britânico. Conhecido</p><p>por ser membro da banda  rock  The Who. Devido</p><p>à exposição frequente ao volume alto e, fones de</p><p>ouvido, tem surdez parcial e tinitus.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 28</p><p>abr. 2021</p><p>Stanley Bert Eisen é o  guitarrista,  vocalista,</p><p>compositor, fundador e líder do grupo Kiss. Nasceu</p><p>com uma microtia de nível 3, uma deformidade</p><p>congênita da cartilagem do ouvido externo, e</p><p>ocorre em aproximadamente 1 em cada 8.000</p><p>a 10.000 nascimentos. Em 2013 disse: “estou</p><p>praticamente surdo do meu lado direito, pois não</p><p>há acesso para o som entrar [...] tenho um aparelho</p><p>auditivo implantado há anos [...] tem sido um</p><p>ajuste contínuo para mim, pois meu cérebro nunca</p><p>processou o som vindo do meu lado direito”.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/32ZkHTJ>. Acesso em: 22</p><p>fev. 2021</p><p>57</p><p>Bono Vox</p><p>FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Robert Redford</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>William Shatner</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Holly Hunter</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3eGyLqB>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Paul David Hewson. Líder da banda irlandesa U2.</p><p>Sofre há muitos anos de tinnitus, um “zumbido”</p><p>que geralmente é associado à perda auditiva,</p><p>dentre as causas, a exposição a ruídos extremos.</p><p>FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em: 29</p><p>abr. 2021</p><p>Premiado ator canadense e vencedor de prêmios</p><p>como Emmy e Globo de Ouro. Após um acidente no</p><p>estúdio gravação, lida com o zumbido nos ouvidos.</p><p>Usa um aparelho especial que auxilia o cérebro a</p><p>desviar a atenção do zumbido. É defensor ferrenho</p><p>da American Tinnitus Association.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 29</p><p>abr. 2021</p><p>Atriz norte-americana. Ganhou o Oscar, o BAFTA,</p><p>o Globo de Ouro e o prêmio de melhor atriz no</p><p>Festival de Cinema de Cannes pela atuação no</p><p>filme “O Piano”. Tem perda auditiva severa no</p><p>ouvido esquerdo.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u9xyhW>. Acesso em: 28</p><p>abr. 2021</p><p>Robert Redford Jr. Ator duas vezes vencedor</p><p>do Oscar. Sofreu perda auditiva após contrair uma</p><p>infecção no ouvido durante uma acrobacia com</p><p>água.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 29</p><p>abr. 2021</p><p>58</p><p>Amy Ecklund</p><p>FONTE:</p><p><https://bit.ly/2Sdo33o>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Deanne Bray-Kotsur</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2ScYZJQ>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Whoopi Goldberg</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Jane Lynch</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u9xyhW>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Caryn Elaine Johnson. Atriz, apresentadora,</p><p>comediante e vencedora do Oscar pela atuação</p><p>no filme “Ghost”. Usa aparelhos auditivos nos dois</p><p>ouvidos. Segundo ela, acredita que foi causado por</p><p>ouvir música alta quando era jovem.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 29</p><p>abr. 2021</p><p>Atriz,  dubladora,  escritora,  cantora  e  comedian-</p><p>te americana. Conhecida pelo seu papel na série</p><p>musical “Glee”. É surda de um ouvido devido a da-</p><p>nos nos nervos. Há especulações que sua surdez</p><p>tenha sido causada por uma febre alta quando</p><p>criança. Descobriu aos sete anos quando brinca-</p><p>va com o seu irmão, que alternava o rádio entre</p><p>um ouvido e outro. Disse que não podia fazer isso,</p><p>pois só conseguia ouvir apenas de um lado.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u6qEKw>; <https://bit.</p><p>ly/3u9xyhW>. Acesso em: 28 abr. 2021</p><p>Atriz conhecida pelos seus trabalhos em "The</p><p>Accusation" e “Abigail” em "The Guiding Light" cuja</p><p>personagem basea-se em sua vida real. Perdeu a</p><p>capacidade auditiva aos 6 anos, faz leitura labial e</p><p>é usuária da Língua de Sinas Americana (ASL). A</p><p>partir do ano de 1999 recebeu o implante coclear o</p><p>que lhe permitiu a ouvir novamente.</p><p>FONTE: <https://cbsn.ws/3vnNttg>. Acesso em: 22</p><p>fev. 2021</p><p>Deanne Bray-Kotsur. Conhecida como a primeira</p><p>pessoa surda a estrelar um papel na televisão no</p><p>filme “The Binge: Sue Thomas, F.B.Eye”, um drama</p><p>inspirado na história real de uma agente surda que</p><p>trabalha para o F.B.I. Cresceu com o pai solteiro,</p><p>que não era fluente na Língua de Sinais Americana</p><p>(ASL), mas tinha contato com uma família surda</p><p>em sua vizinhança, que a expôs à comunidade</p><p>surda e sua cultura.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2Px8JNW>. Acesso em: 22</p><p>fev. 2021</p><p>59</p><p>Jodie Foster</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3u9xyhW>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Marlee Matlin</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xDePxp>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2021</p><p>Heather Whitestone McCallum</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3gPDGZc>. Acesso em:</p><p>22 fev. 2021</p><p>Anthony Natale</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3aVw43o>. Acesso em:</p><p>15 mar. 2021</p><p>Alicia Christian "Jodie" Foster. Atriz, diretora e</p><p>produtora de cinema norte-americana. Tem perda</p><p>auditiva e usa aparelhos.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 28</p><p>abr. 2021</p><p>Surda profunda desde os dezoito meses de idade.</p><p>Com um súbito aumento de febre, sua surdez</p><p>foi causada pelo vírus Haemophilus influenzae,</p><p>causador da meningite. E há a suspeita, segundo</p><p>seus médicos, que a meningite foi contraída</p><p>simultaneamente devido a uma infecção sangüínea</p><p>grave. Tornou-se a primeira Miss América com</p><p>deficiência em 17 de setembro de 1994.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2SdrSFM>. Acesso em: 22</p><p>fev. 2021</p><p>Ator americano atuou em muitos filmes e programas</p><p>de televisão e no teatro. No filme “Opus Mr. Holland</p><p>(1995)”, interpretou Coltrane “Coll” Holland na idade</p><p>de 15 anos, filho do professor Holland.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3aVw43o>. Acesso em 18</p><p>mar. 2021</p><p>Marlee Beth Matlin. Atriz  norte-americana e</p><p>membra da Associação Nacional dos Surdos</p><p>(National Association of the Deaf). Única atriz surda</p><p>a ganhar o Óscar de melhor atriz como protagonista.</p><p>Ganhou o Globo de Ouro em decorrência de seus</p><p>trabalhos na televisão e cinema. Foi a personagem</p><p>Sarah Norman em “Filhos do Silêncio”. É surda</p><p>desde os 18 meses de idade, adquiriu a habilidade</p><p>da fala.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xDePxp>; <https://bit.</p><p>ly/3t5gg4q>. Acesso em: 28 fev. 2021</p><p>60</p><p>Howie Seago</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3nDI0vK>. Acesso em:</p><p>15 mar. 2021</p><p>Jeff Bravin</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3tc3MI2>. Acesso em:</p><p>15 mar. 2021</p><p>Russell Harvard</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xDevio>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Matt Hamill</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2Rgjy7q>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Diretor e ator de teatro, e ator de televisão. É</p><p>membro da companhia do Oregon Shakespeare</p><p>Festival, em Ashland, Oregon, desde 2009. É o</p><p>primeiro ator surdo a se apresentar na história do</p><p>festival. Na família paterna havia problemas de</p><p>audição. Nasceu surdo e tem quatro irmãos, dois</p><p>deles, um com surdez e outro com perda auditiva.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3nDI0vK>. Acesso em: 15</p><p>mar. 2021</p><p>Russell Wayne Harvard. Ator americano.</p><p>Estreou no cinema em “There Will Be Blood”. Foi</p><p>protagonista no filme biográfico “The Hammer”,</p><p>interpretando o lutador surdo Matt Hamill. Filho</p><p>surdo de família surda de terceira geração. Devido</p><p>à sua capacidade de fala e audição residual, capaz</p><p>de ouvir alguns sons com o uso de um aparelho</p><p>auditivo, se identifica como surdo e considera a</p><p>língua de sinais americana sua primeira língua.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xDevio>. Acesso em: 29 abr.</p><p>2021</p><p>Matthew S. Hamill. Atleta estadunidense  lutador</p><p>de MMA e Wrestling (luta olímpica/profissional).</p><p>É tema de um filme lançado com o título "The</p><p>Hammer", interpretado pelo também ator surdo,</p><p>Russel Harvard, apresentando seu ingresso</p><p>no Wrestling. Surdo de nascença, para não ser</p><p>tratado como diferente das outras crianças, e</p><p>por insistência da mãe e do avô, aprendeu a ler,</p><p>escrever e a falar.</p><p>FONTE: <https://glo.bo/3aSTjep>. Acesso em: 29</p><p>abr. 2021</p><p>Membro atuante e engajado na comunidade surda.</p><p>Diretor executivo da The American School for the</p><p>Deaf (ASD). A mais antiga escola integral para</p><p>surdos dos Estados Unidos, fundada em 1817, em</p><p>Hartford, Connecticut. Foi o protagonista do filme</p><p>que levava o nome do personagem, Jonas, em “E</p><p>seu nome é Jonas”.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3tc3MI2>. Acesso em: 28 fev.</p><p>2021</p><p>61</p><p>Rob Lowe</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2QMFo2B>. Acesso em:</p><p>28 abr. 2021</p><p>Halle Berry</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3t7JvmW>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Lauren Ridloff</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3aTbOPK>. Acesso em:</p><p>15 mar. 2021</p><p>Derrick Coleman</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Ator de cimena. Na infância adquiriu a surdez por</p><p>conta de um vírus, é surdo unilateral do ouvido</p><p>direito.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3gQllLu>. Acesso em: 29 abr.</p><p>2021</p><p>Atris e ex-professora americana. É mais conhecida</p><p>como uma ex-Miss América Surdos (2000 –</p><p>2002, como  Lauren Teruel). Atuou em como</p><p>Sarah Norman em  “Children ou a Lesser God“,</p><p>como Connie na  série “The Walking Dead” e</p><p>recentemente, 2021, é escalada como a heroína</p><p>Makkari no filme, de super-heróis, “Eternals” do</p><p>Universo Cinematográfico da Marvel. Somente</p><p>descobriu sua surdez com dois anos de idade,</p><p>pois seus pais achavam que tinha um atraso no</p><p>desenvolvimento da fala.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3e88OkA>. Acesso em: 23</p><p>abr. 2021</p><p>O primeiro jogador surdo de basquete americano.</p><p>Foi diagnosticado com perda auditiva aos 3 anos</p><p>de idade; usa aparelhos auditivos além da fazer</p><p>leitura labial, principalmente durante o jogo.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 29</p><p>abr. 2021</p><p>Maria Halle Berry. Atriz  tenha perda auditiva</p><p>de 80% no ouvido esquerdo após ser vítima de</p><p>violência doméstica.</p><p>FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em: 29</p><p>abr. 2021</p><p>62</p><p>Millie Bobby Brown</p><p>FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Millie Simmonds</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2PHeKrB>. Acesso em:</p><p>15 mar. 2021</p><p>Nyle DiMarco</p><p>FONTE: <https://imdb.to/3tbq50s>. Acesso</p><p>em: 15 mar. 2021</p><p>Emmanuelle Laborit</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3aQEbhE>. Acesso em:</p><p>5 mar. 2021</p><p>Estrela mirim da aclamada série "Stranger Things".</p><p>Atriz, cantora e a mais nova a ser nomeada como</p><p>Embaixadora da UNICEFÉ parcialmente surda,</p><p>devido a evolução da perda auditiva que teve após</p><p>o seu nascimento.</p><p>FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em: 29</p><p>abr. 2021</p><p>Modelo americano, ator e surdo ativista. Em 2015,</p><p>foi o primeiro surdo do “America's Next Top Model”</p><p>Ciclo 22 da CW. Em 2016 venceu a 22ª temporada da</p><p>competição de dança “Dancing with the Stars”. Sua</p><p>língua matriz é a Língua de Sinais Amerciana (ASL)</p><p>e usa fluentemente o inglês escrito, além de fazer</p><p>leitura labial.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/338hyBc>;</p><p><https://imdb.</p><p>to/3tbq50s>. Acesso em: 15 mar. 2021</p><p>Autora do livro autobiográfico “O grito da gaivota”.</p><p>Venceu o  prémio Molière  da revelação teatral,</p><p>sendo a atriz surda pioneira a receber tal premiação.</p><p>Tornou-se ainda a embaixatriz da Língua de Sinais</p><p>Francesa. Só aos 7 anos de idade que veio a</p><p>conhecer a língua de sinais francesa.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3eFX34a>. Acesso em: 5</p><p>mar. 2021</p><p>Millicent "Millie" Simmonds. Atriz americana.</p><p>Surda desde os onze meses de idade, já atuou</p><p>em filmes e como reconhecimento, foi nomeada</p><p>ao  “Critics' Choice Movie Awards” de 2019  na</p><p>categoria de melhor atriz jovem. Está no elenco do</p><p>filme “Um Lugar Silencioso” (2018).</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3nGEb9m>. Acesso em: 28</p><p>mar. 2021</p><p>63</p><p>Brenda Costa</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3e4JcoJ>. Acesso em:</p><p>5 mar. 2021</p><p>Maria Otávia Cordazzo</p><p>FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em:</p><p>29 abr. 2021</p><p>Vanessa Lima Vidal</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2RjWdSl>. Acesso em:</p><p>18 abr. 2021</p><p>“João Avião”</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3fFWQPU>. Acesso em:</p><p>22 abr. 2021</p><p>Brenda Costa. Modelo  brasileira e ex-nadadora.</p><p>Autora do livro autobiográfico “Bela do Silêncio”.</p><p>Mesmo sendo surda  de nascença, consegue se</p><p>comunicar pela fala com os não surdos, devido</p><p>às aulas de terapia da fala desde os dois anos de</p><p>idade. Em 2007 submeteu-se à cirurgia de implante</p><p>coclear.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3e0GoZU>. Acesso em: 5</p><p>mar. 2021</p><p>Vanessa Lima Vidal. É Modelo e foi a segunda</p><p>colocada no  Miss Brasil 2008  e a primeira</p><p>candidata com surdez a concorrer ao título de Miss</p><p>Brasil. Autora do Livro autobiográfico “A Verdadeira</p><p>Beleza”.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vDA3cD>. Acesso em: 18</p><p>abr. 2021</p><p>João Paulo Marinho, mais conhecido como João</p><p>Avião, é pioneiro na profissão no Brasil. Nasceu</p><p>em Maceió/AL e somente aos dois anos de idade</p><p>os pais descobriram a surdez. A causa foi em</p><p>decorrência de rubéola contraída pela mãe durante</p><p>a gestação. Foi oralizado, por escolha da família,</p><p>devido ao receio de exclusão e sofrimento no</p><p>período escolar. Atualmente reside em Nova York.</p><p>Fez Curso de Piloto e é formado em Ciências da</p><p>Computação. Segue reivindicando seus direitos de</p><p>poder pilotar aviões comerciais.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3g5ahYT>. Acesso em: 22</p><p>abr. 2021</p><p>Atriz catarinense tem perda severa da audição;</p><p>faz leitura labial para atuar e consegue escutar via</p><p>aparelho auditivo.</p><p>FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em: 29</p><p>abr. 2021</p><p>FONTE: Os autores</p><p>64</p><p>DICA</p><p>Para quem ainda não assistiu, “Crisálida”</p><p>é a primeira série brasileira de ficção, em</p><p>Libras e português, e está disponível na</p><p>Netflix no Brasil e em Portugal.</p><p>No Brasil, há centenas de protagonistas atores e autores, youtubers, militantes</p><p>e professores Surdos (MONTEIRO, 2018). Esses são referências e a representatividade</p><p>dos Estudos Surdos no Brasil. Suas produções encontram-se acessíveis e ao alcance do</p><p>público. Muitas dessas encontramos nas literaturas impressas e digitais e nos canais do</p><p>Youtube. A lista não finda por aqui. Nos faltaria espaço para apresentar todos. Esses são</p><p>os que representam o povo surdo em sua singularidade linguística, artística e cultural</p><p>em território brasileiro e internacional. Abrimos um parêntese nesse final para abranger</p><p>a diversidade surda em nosso contexto.</p><p>Assim como em outros países, há também no Brasil aqueles surdos que</p><p>ouvem, ou seja, surdos que lançaram mão de recursos tecnológicos auditivos, e fazem</p><p>o uso do Implante Coclear (I.C). Ainda que alguns optem por não usar a Libras e/ou</p><p>não se identificarem com ela, são também protagonistas de suas histórias, vivências e</p><p>experiências, as quais revelam suas singularidades e que merecem o nosso respeito.</p><p>Das centenas apresentamos alguns:</p><p>FIGURA 37 – SURDOS BRASILEIROS</p><p>65</p><p>1. Alexandre Bet da Rosa Cardoso <https://bit.ly/3gVTDNk></p><p>2. Ana Regina Souza e Campello <https://bit.ly/3eMux0P></p><p>3. Andrei Borges <https://bit.ly/3xK1Z0G></p><p>4. Angela Eiko Okumura <https://bit.ly/2QLmHfP></p><p>5. Antônio Campos de Abreu <https://bit.ly/2QPfVFJ></p><p>6. Bruno Straforini <https://bit.ly/3eTEs4O></p><p>FONTE: Os autores</p><p>13. Flaviane Reis <https://bit.ly/33acr3a></p><p>14. Gabriel Isaac <https://bit.ly/2QERz1D></p><p>15. Germano Dutra: <https://bit.ly/337CRmj></p><p>16. Gladis Perlin: <https://bit.ly/3gS4UhH></p><p>17. Heloise Gripp <https://bit.ly/3gWdCeP></p><p>18. João Gabriel <https://bit.ly/2QEWH5T></p><p>FONTE: Os autores</p><p>7. Carlos Júnior <https://bit.ly/3nHFWCQ></p><p>8. Clarissa Guerretta <https://bit.ly/3gSuzH2></p><p>9. Cleiton César <https://bit.ly/3ebeaf7></p><p>10. Cristiane Esteves <https://bit.ly/3vxpIz9></p><p>11. Everaldo Ferreira <https://bit.ly/3nGZbwt></p><p>12. Fábio de Sá <https://bit.ly/3ue3v94></p><p>FONTE: Os autores</p><p>19. Karin Strobel <https://bit.ly/3h0zcif></p><p>20. Karol Clorado <https://bit.ly/336t53E></p><p>21. Kitana Dreams <https://bit.ly/3ubXY2R></p><p>22. Larissa Jorge <https://bit.ly/336t53E></p><p>23. Leo Castilho <https://bit.ly/3vzKdev></p><p>24. Leo Viturinno <https://bit.ly/336t53E></p><p>FONTE: Os autores. Acesso em: 18 fev. 2021</p><p>FIGURA 38 – SURDOS BRASILEIROS</p><p>FIGURA 39 – SURDOS BRASILEIROS</p><p>66</p><p>25. Lucas Ramon <https://bit.ly/2PNees8></p><p>26. Maisa Silva <https://bit.ly/3tiz28E></p><p>27. Marianne Rossi Stumpf <https://bit.ly/3nGYu6z></p><p>28. Miriam Royer <https://bit.ly/2QOd93F></p><p>29. Nathalia da Silva <https://bit.ly/3xIfQVa></p><p>30. Nayara Rodrigues da Silva <https://bit.ly/3nEyoRs></p><p>FONTE: Os autores</p><p>37. Rimar Segala <https://bit.ly/2QFHQbp></p><p>38. Roberto Castejon <https://bit.ly/336t53E></p><p>39. Rodrigo Custódio <https://bit.ly/3xPaOGz></p><p>40. Rosani Suzin <https://bit.ly/2QPfRWv></p><p>41. Sandro Pereira <https://bit.ly/3ue3v94></p><p>42. Shirley Vilhalva <https://bit.ly/3aScqoU></p><p>FONTE: Os autores</p><p>31. Neivaldo Zovico <https://bit.ly/3ubzVkA></p><p>32. Nelson Pimenta <https://bit.ly/3takqrF></p><p>33. Patrícia Rezende <https://bit.ly/3aUeGMm></p><p>34. Paulo Bulhões <https://bit.ly/339ZRkK></p><p>35. Peterson Henrique <https://bit.ly/3xFXd3Y></p><p>36. Priscila Gaspar <https://bit.ly/3gQuVOq></p><p>FONTE: Os autores</p><p>43. Silvia Andreis-Witkoski <https://bit.ly/2QFDD7D></p><p>44. Sueli Ramalho Segala <https://bit.ly/2RmcwOw></p><p>45. Sylvia Lia <https://bit.ly/3nHFHaU></p><p>46. Tainá Borges <https://bit.ly/3aV9gRt></p><p>47. Valdo Nóbrega <https://bit.ly/33aLjRE></p><p>48. Vanessa Vidal <https://bit.ly/2RjWdSl></p><p>FONTE: Os autores</p><p>FIGURA 40 – SURDOS BRASILEIROS</p><p>Com tantas personalidades que (des)conhecemos, vale a pena refletir em</p><p>quantas outras mais são (des)conhecidas ao redor do mundo. Por estarmos em um</p><p>período na história em que os direitos humanos estão sendo levados em conta, pelo</p><p>menos em algumas partes do mundo, quantos outros protagonistas surdos foram ou</p><p>ainda estão ocultos, mascarados na sociedade em que vivem? Como percebemos no</p><p>Quadro 2, o perfil ocidental e europeu predomina, mas, e nos outros continentes, não há</p><p>personalidades surdas que tiveram algum papel importante na história? Será que ainda</p><p>estão encarcerados na filosofia oralista, normalizadora e opressora?</p><p>A isso, sujeitos Surdos de diferentes classes sociais, conhecidos ou não, são</p><p>vistos em algum momento, em algum evento social, reservando-se da sua condição</p><p>auditiva. Podemos atribuir isso, de certa forma, que muito tem a ver com a classe social,</p><p>o padrão de vida, e as relações sociais em que este sujeito se encontra e é exposto. Para</p><p>67</p><p>alguns, a vulnerabilidade, conforme retrata a história, pode ser um dos fatores que os</p><p>coibiram ou ainda coíbe, e que os impossibilita de ter a garantia de voz na sociedade em</p><p>que vivem (SILVA, 2019; LANE, 1992).</p><p>Ainda que o povo surdo tenha sofrido com barbáries, punições e castigos</p><p>severos, pelo fato de querer apenas se comunicar em sua língua, são modelos heroicos</p><p>para outros surdos a continuarem o uso de seu idioma, de se reconhecerem e orgulharem</p><p>do Ser Surdo e desmistificar estereótipos criados pela sociedade, independentemente</p><p>do que venha acontecer. O movimento surdo nunca parou, mesmo às escondidas, na</p><p>inclusão menor, alimenta(va)m o desejo de terem uma identidade e uma cultura própria,</p><p>sem desistir, conseguiram chegar aonde estão, e continuam no avanço de grandes</p><p>conquistas; tendo recentemente mais reconhecimento</p><p>e sendo valorizados pela lente</p><p>da diversidade humana sem intervenções clínicas da normalização e reabilitação</p><p>(BAUMAN; MURRAY, 2014; LANE, 1992).</p><p>DICA</p><p>A Coleção Estudos Surdos – Série Pesquisa, foi produzida entre os</p><p>anos de 2006 e 2009, organizada pelas professoras Ronice Müller</p><p>de Quadros (Vol. I, II, III e IV), Gladis Perlin (Vol. II) e Marianne Rossi</p><p>Stumpf (Vol. IV). É uma coleção que deve fazer parte do nosso acervo</p><p>de leitura e pesquisa. Quer saber mais sobre ela e obter os livros</p><p>gratuitamente? Acesse: https://bit.ly/3eNQRXT.</p><p>68</p><p>O protagonismo surdo desde então tem se consolidado cada vez mais. O</p><p>movimento surdo se encontra na marcha modificadora, derrubando paradigmas e</p><p>desmistificando estereótipos. O povo surdo tem se desenvolvido, e em grande potência,</p><p>não somente academicamente, mas nas diversas esferas em que desejam atuar, tendo</p><p>ou não acessibilidade, a qual é garantido o seu direito (BRASIL, 2000; 2002; 2005;</p><p>2015). Seu ingresso no ensino superior é uma prova que evidencia “claramente suas</p><p>resistências para se manter nesse espaço” (SILVA, 2019, p. 64).</p><p>Até 2016, um total de mais de 148 Surdos tem se dedicado na formação superior,</p><p>e como mestres e doutores, estão ativos em diversos campos, especialmente na área da</p><p>linguística, com o foco nas línguas de sinais bem como, mais recentemente, nas línguas</p><p>de sinais indígenas. Destarte, significativamente, os Estudos Surdos impulsionam</p><p>riquíssimas pesquisas, pesquisas de protagonistas surdos que não dependem de outrem</p><p>para narrar suas vivências (SILVA, 2019, p. 64; MONTEIRO, 2018; GOMES; VILHALVA, 2021;</p><p>GOMES, 2020).</p><p>Há no Brasil legislações que elevam as reivindicações das pessoas surdas</p><p>quanto ao seu acesso na educação bem como à acessibilidade comunicacional. Essas</p><p>ocorrem com mais ênfase, principalmente após o início do Século XXI, impulsionando</p><p>todo um movimento e empoderamento do povo surdo.</p><p>DICA</p><p>Para conhecer mais sobre a Inclusão Menor, que diz respeito às lutas</p><p>“nos bastidores” daqueles que lutam pelos direitos de acessibilidade</p><p>e inclusão, recomendamos a leitura dos livros da professora Silvia</p><p>Ester Orrú, doutora em Educação e pesquisadora dos estudos</p><p>tendo a diferença como valor humano: a coexistência da inclusão/</p><p>exclusão na contemporaneidade; mecanismos de exclusão na escola</p><p>e sociedade; processos dialógicos inovadores e inclusivos para uma</p><p>educação democrática; inclusão e diferença no contexto escolar e</p><p>universitário; direitos humanos; direitos das mulheres; inclusão,</p><p>diferença e direitos sociais na América Latina. Indicamos esses dois</p><p>fantásticos livros para você não somente ler, mas para compreender</p><p>as lutas que ocorrem desde outrora.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vKIkfw>. Acesso em: 18 fev. 2021</p><p>< ORRÚ, Sílvia Ester. O</p><p>re-inventar da inclu-</p><p>são: os desafios da di-</p><p>ferença no processo de</p><p>ensinar e aprender. Pe-</p><p>trópolis, RJ: Vozes, 2017.</p><p>> ORRÚ, Sílvia Ester. A</p><p>Inclusão menor e o</p><p>paradigma da distor-</p><p>ção. Petrópolis, RJ: Vo-</p><p>zes, 2021.</p><p>69</p><p>ESTUDOS FUTUROS</p><p>DICA</p><p>As Legislações brasileiras devem fazer parte do nosso estudo e</p><p>contribuir para o avanço da educação de qualidade da Comunidade</p><p>Surda. Por serem “delicadas”, deve se estabelecer um estudo minucioso</p><p>e de análises para que sejam cumpridas e/ou venham a estabelecer as</p><p>disposições já sancionadas. Você vai revisitar as Políticas Públicas que</p><p>fazem parte do arcabouço legislativo no território brasileiro e aprender</p><p>mais sobre algumas básicas e importantes na Unidade III.</p><p>Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Lei da Acessibilidade.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3yUWk8v. Acesso em: 5 fev. 2021.</p><p>Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Reconhecimento da Libras.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3uFfKux. Acesso em: 5 fev. 2021.</p><p>Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei</p><p>10.436 (Lei da Libras).</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3yTCvyi. Acesso em: 5 fev. 2021.</p><p>Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão</p><p>de Tradutor e Intérprete de Libras.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 mai. 2021.</p><p>Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Lei Brasileira de Inclusão (LBI).</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3fHA3Dy. Acesso em: 5 fev. 2021.</p><p>Quer ampliar suas pesquisas?</p><p>No link a seguir, você encontrará o Livro Educação de surdos</p><p>em debate das professoras pesquisadoras Silvia Andreis-Witkoski</p><p>e Marta Rejane Proença Filietaz. Nele há um artigo intitulado</p><p>“Estudos surdos no século 21: “Deaf-gain” e o futuro da diversidade</p><p>humana” de H-Dirksen L. Bauman e Joseph J. Murray.</p><p>Disponível em: http://bit.ly/3umm4s5.</p><p>Chegamos até aqui elevando os Estudos Surdos em sua mais relevante atuação,</p><p>no que diz respeito à educação e do movimento sociocultural que avança com todo</p><p>vigor. Porém, há de se dizer que, há uma ameaça que ronda esse terreno: as novas</p><p>tecnologias.</p><p>70</p><p>Como declaram Bauman e Murray (2014, p. 75), “novas tecnologias de</p><p>normalização estão sendo aplicadas a pessoas surdas”, mesmo que haja intercâmbios</p><p>de entendimento e compreensividade por parte do povo surdo, “procedimentos não</p><p>são aceitos ou recomendados pela Comunidade Surda por encará-los como meios</p><p>normalizadores e hostis contra os surdos” (SILVA, 2019, p. 48).</p><p>No cenário atual, familiares de sujeitos surdos, após o diagnóstico da</p><p>surdez, têm percebido – diferentemente de outras décadas – assim</p><p>como os próprios sujeitos têm entendido as escolhas que as famílias</p><p>têm feito, que o uso do IC concomitante à LS possibilita a adaptação</p><p>simétrica e coesa entre esses dois universos e mais tarde poderão</p><p>fazer suas escolhas: se irão apenas “ouvir” com a prótese eletrônica,</p><p>se farão uso da LS como meio de comunicação ou se utilizarão ambas</p><p>as possibilidades (SILVA, 2019, p. 49).</p><p>Com base nos autores e na história, o povo surdo já passou por diversos</p><p>enfrentamentos.</p><p>Considerando que os primeiros 30 anos de Estudos Surdos poderiam</p><p>ser resumidos pelo esforço para redefinir a identidade surda a partir</p><p>da patologia para a identidade cultural, o futuro dos Estudos Surdos</p><p>enfrenta as consequências reais de biopoder (BAUMAN e MURRAY,</p><p>2014, p. 72).</p><p>Nesse século, os avanços tecnológicos levam o povo surdo mais uma vez</p><p>superviverem ao poder ouvintista controlador dos corpos surdos; e agora mais</p><p>organizados com avanços que dão a opção às famílias evitar conceberem bebês surdos</p><p>(BAUMAN; MURRAY, 2014; SILVA, 2019).</p><p>É importante esclarecer que, quaisquer apontamentos não têm a intenção de</p><p>propor, defender ou contrariar as decisões tomadas.</p><p>Independentemente das decisões que são tomadas, oportunizar</p><p>formas de comunicação, sejam elas pelo uso ou não do IC, somadas</p><p>ou não à LS ou outras tecnologias, é extremamente necessário</p><p>para que a indiferença e a exclusão do outro não ocorram, pois a</p><p>inclusão não admite rótulos por diagnósticos e nem pelas escolhas</p><p>que foram feitas pelo sujeito. A essas escolhas deve prevalecer – não</p><p>a tolerância, a concordância e nem o aceitar – apenas o respeito às</p><p>suas preferências que lhes pareçam satisfatórias. E por que não às</p><p>suas especificidades ímpares de sujeito pertencente à uma minoria</p><p>linguística (SILVA, 2019, p. 50).</p><p>Assim, sem acirrar discussões mais profundas e sem contextos, o que fugiria</p><p>do objetivo desse Tópico, há de se concordar com Garcia (2018, p. 22) sobre tais</p><p>possibilidades e procedimentos, ele diz que “é preciso duvidar das certezas clínicas</p><p>assim como, muitas pessoas, duvidam da necessidade da formação e fortalecimento</p><p>da comunidade surda e do uso e direito a LIBRAS”.</p><p>71</p><p>Devido a esses procedimentos e as abordagens educacionais que não</p><p>empregam a língua de sinais, subentende-se que a não exposição desta, precocemente</p><p>às crianças surdas de modo natural, está diminuindo. Assim, esse impacto, causado</p><p>pelos procedimentos tecnológicos, é negativo, proeminente e irreversível, conforme</p><p>aponta Johnston (2004).</p><p>Ainda que Johnston apresente este impacto que influencia negativamente</p><p>sobre a comunidade surda, é importante, assim como Silva (2019) nos apresentou</p><p>que</p><p>as escolhas devem prevalecer respeitosamente às preferências, Bauman e Murray</p><p>(2014, p. 74) reforçam “que o implante em si não é a ameaça, mas sim os métodos de</p><p>ensino que foram projetados para crianças com implantes cocleares”.</p><p>Para finalizarmos este Tópico, é importante sabermos que os Estudos Surdos,</p><p>ainda que púbere, bem novo para nós residentes brasileiros, é de longa data discutidos e</p><p>vai além do imediatismo confrontado pelo povo surdo, desempenham um fundamental</p><p>papel na vida dos sujeitos Surdos em todas as áreas em que propõem atuar. Aos que</p><p>se aproximam do povo surdo, devem entender que seu protagonismo está avançando</p><p>e consolidando suas reivindicações, essas que foram por um longo período coibidas, e</p><p>que agora, assim como flechas nas mãos de um arqueiro habilidoso, alveja o alvo com</p><p>precisão.</p><p>INTERESSANTE</p><p>Acesse o Canal Libras em Prática no Youtube e veja o Projeto</p><p>“Literaturas do Universo Surdo de A à Z”.</p><p>O Projeto é composto de uma série de dezenas de vídeos, em</p><p>que são apresentadas, em ordem alfabética, “todas” as literaturas,</p><p>nacionais e estrangeiras, com títulos que trazem assuntos desse</p><p>universo. Há a possibilidade de encontrar títulos gratuitos para</p><p>download. Disponível em: https://bit.ly/3seTual.</p><p>72</p><p>Transitar nesse espaço, conhecer e presenciar, in loco, o protagonismo surdo,</p><p>e de modo remoto – se inclui aqui o período pandêmico – nos permite entender suas</p><p>inúmeras produções e com elas mergulhar mais ainda em suas histórias de identidades,</p><p>experiências, posturas e tramas socioculturais registradas na linha do tempo da</p><p>história. Somadas às literaturas, também por eles produzidas, nos inspiram a contribuir</p><p>significativamente, como pesquisadores, mediadores educacionais e profissionais</p><p>tradutores-intérpretes das línguas envolvidas, à sua vanguarda contemporânea,</p><p>diligente e sem regresso.</p><p>Portanto, no/para os Estudos Surdos, compete-nos a aprofundar nos estudos,</p><p>de nossa língua materna – nesse caso a língua portuguesa no Brasil – e nos estudos</p><p>de tradução. Estar a par dos conceitos, das competências e habilidades tradutórias,</p><p>e não somente nos manter na base mediana sem contexto e superficial, é atestar o</p><p>apoio qualitativo e responsável ao povo surdo. Ao contrário, a imobilidade nos estudos</p><p>e como consequência a inaptidão, não será possível elevar a qualidade do trabalho que</p><p>realizar-se-á no contexto em que os protagonistas estarão presentes. É emergente</p><p>empenharmos nesses estudos, pois, ao colaborarmos no seu desenvolvimento, no</p><p>avanço da Comunidade Surda, estaremos em plena evidência nas ações desse campo,</p><p>de modo significativo e positivo, ancorados à prática proficiente, ou de modo negativo,</p><p>indo de encontro com a proposta do povo surdo.</p><p>73</p><p>INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA INTERMODAL: SOBREPOSIÇÃO, PERFORMANCE</p><p>CORPORAL-VISUAL E DIRECIONALIDADE INVERSA</p><p>Carlos Henrique Rodrigues</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>As discussões acerca da modalidade das línguas de sinais e de seus efeitos têm</p><p>se constituído como um aspecto central aos estudos que têm como foco a identificação,</p><p>a descrição e a compreensão do impacto da modalidade sobre as línguas. Investiga-se</p><p>de que maneira os modos de produção e de recepção das línguas podem influenciar</p><p>ou não suas características estruturais. Hoje, essas pesquisas são um campo profícuo</p><p>para a investigação tanto das restrições e das possibilidades características de cada</p><p>modalidade de língua quanto para o escrutínio daquelas propriedades que, por não</p><p>estarem submissas à modalidade, constituem-se como universais linguísticos.</p><p>O fato de somente as pesquisas das línguas de sinais poderem evidenciar quais</p><p>seriam aquelas características e propriedades dependentes ou não da modalidade de</p><p>língua tem feito com que os Estudos Linguísticos das Línguas de Sinais se apresentem,</p><p>cada vez mais, como um promissor campo de pesquisas. Nesse sentido, é possível</p><p>inferir que as afirmações e descobertas que não consideram a modalidade de língua</p><p>podem, inclusive, estar deixando de vislumbrar elementos centrais do funcionamento</p><p>da língua, de sua interface, de sua estrutura, de suas propriedades etc.</p><p>Nos campos dos Estudos da Tradução e dos Estudos da Interpretação não é</p><p>diferente. A questão da modalidade de língua tem trazido à tona aspectos singulares</p><p>aos processos tradutórios e interpretativos intermodais1. Os efeitos de modalidade</p><p>na tradução e na interpretação envolvendo línguas gestuais-visuais é uma temática</p><p>recente que tem instigado diversos teóricos desses campos disciplinares, os quais</p><p>passaram a incluir em seus programas as pesquisas sobre a tradução e/ou sobre a</p><p>interpretação de/para línguas de sinais.</p><p>Considerando essa importância que os efeitos de modalidade têm logrado no</p><p>campo da Linguística, apresentaremos sucintamente o tema da diferença de modalidade</p><p>entre línguas orais e de sinais e, em seguida, faremos uma reflexão sobre as implicações</p><p>da modalidade gestual-visual para os processos tradutórios e interpretativos, assim</p><p>como sobre a especificidade que o tema da intermodalidade traz ao campo dos Estudos</p><p>da Tradução e da Interpretação de Línguas de Sinais no que tange à formação de seus</p><p>profissionais.</p><p>LEITURA</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>74</p><p>¹Neste texto, utilizamos o termo intermodal (entre línguas de duas modalidades</p><p>distintas) em oposição ao termo intramodal (entre línguas de mesma modalidade).</p><p>Entretanto, existem autores que utilizam os termos bimodal em oposição a unimodal</p><p>(NICODEMUS, EMMOREY, 2013; NAPIER, LEESON, 2015) e bilíngue unimodal em oposição</p><p>a bilíngue bimodal (SAWBEY, NICODEMUS, 2011).</p><p>2 LÍNGUA E MODALIDADE</p><p>A conclusão de que tanto o sinal quanto a fala são veículos para</p><p>a linguagem é uma das descobertas empíricas mais cruciais das</p><p>últimas décadas de pesquisa em qualquer área da linguística. Isso</p><p>é crucial, pois altera nossa própria definição do que é língua. (MEIER,</p><p>2004, p. 4, tradução nossa).</p><p>É evidente que a utilização de uma língua depende de sua expressão por</p><p>sistemas de produção e de sua percepção por sistemas de recepção. Esses sistemas</p><p>físicos ou biológicos, por meio dos quais as línguas se realizam, constituem o que</p><p>entendemos ser a modalidade. Nesse sentido, como afirma McBurney:</p><p>[...] a modalidade de uma língua pode ser definida como sendo os</p><p>sistemas físicos ou biológicos de transmissão por meio dos quais</p><p>a fonética de uma língua se realiza. Existem sistemas diferentes</p><p>de produção e percepção. Para as línguas orais a produção conta</p><p>com o sistema vocal e a percepção depende do sistema auditivo.</p><p>[…] Línguas de sinais, por outro lado, dependem do sistema gestual</p><p>para a produção e do sistema visual para a percepção. (2004, p. 351,</p><p>tradução nossa).</p><p>A produção/articulação das línguas de modalidade vocal-auditiva se realiza</p><p>através de um conjunto de órgãos que compõem o aparelho fonador. Na produção</p><p>da fala vocal-auditiva temos a ação ativa ou não de diferentes partes, basicamente</p><p>internas ao corpo, tais como pulmões, brônquios, traqueia, diafragma, laringe (na qual</p><p>se localizam as pregas vocais), faringe, língua, palatos, fossas nasais, dentes, lábios etc.</p><p>A articulação das línguas vocais-auditivas, por se realizar de maneira interna ao corpo,</p><p>é quase totalmente invisível. Durante a fonação, percebemos visivelmente a olho nu</p><p>apenas os lábios e parte dos dentes e da língua.</p><p>Por outro lado, as línguas de sinais realizam-se de maneira externa ao corpo</p><p>por meio de seu movimento no espaço. O sinal gestual-visual envolve a articulação de</p><p>diferentes partes do corpo, as quais constituem a língua, basicamente a cabeça, o tronco</p><p>e os braços. Nesse sentido, temos a combinação de diversos movimentos corporais, os</p><p>quais envolvem: (I) expressões faciais, marcadas por ações dos olhos, sobrancelhas e</p><p>boca; (II) movimentos de braços, com destaque para as formas e movimentos das mãos,</p><p>pulsos e dedos; e (III) movimentos de tronco e cabeça, dentre outros.</p><p>75</p><p>QUADRO 1 – Diferenças entre línguas orais e de sinais</p><p>FONTE: Os autores</p><p>Podemos afirmar, portanto, que a linguagem,</p><p>QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo</p><p>interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse</p><p>as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade</p><p>para aprimorar os seus estudos.</p><p>QR CODE</p><p>ENADE</p><p>LEMBRETE</p><p>Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma</p><p>disciplina e com ela um novo conhecimento.</p><p>Com o objetivo de enriquecer seu conheci-</p><p>mento, construímos, além do livro que está em</p><p>suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,</p><p>por meio dela você terá contato com o vídeo</p><p>da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-</p><p>res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de</p><p>auxiliar seu crescimento.</p><p>Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que</p><p>preparamos para seu estudo.</p><p>Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!</p><p>Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um</p><p>dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de</p><p>educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar</p><p>do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem</p><p>avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo</p><p>para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,</p><p>acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!</p><p>SUMÁRIO</p><p>UNIDADE 1 - TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NOS ESTUDOS SURDOS ............................. 1</p><p>TÓPICO 1 - HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA INTERPRETAÇÃO E TRADUÇÃO</p><p>EM LÍNGUA DE SINAIS E LÍNGUAS ORAIS ........................................................3</p><p>1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3</p><p>2 QUESTÕES GERAIS SOBRE AS LÍNGUAS ..........................................................................4</p><p>3 AS MODALIDADES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO DAS LÍNGUAS .....................................5</p><p>4 AS MODALIDADES DE USO DAS LÍNGUAS ........................................................................6</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 12</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 13</p><p>TÓPICO 2 - OS FENÔMENOS LINGUÍSTICOS TRANSLATIVOS .......................................... 15</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15</p><p>2 HISTÓRIA DA TRADUÇÃO: UM BREVE RELATO .............................................................. 15</p><p>3 OS TIPOS DE TRADUÇÃO.................................................................................................. 17</p><p>3.1 TRADUÇÃO INTRALINGUAL ...............................................................................................................17</p><p>3.2 TRADUÇÃO INTERLINGUAL.............................................................................................................. 18</p><p>3.3 TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA .........................................................................................................22</p><p>4 OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO .......................................................................................... 24</p><p>5 OS ESTUDOS DA INTERPRETAÇÃO .................................................................................27</p><p>6 OS DIFERENTES TIPOS DE INTERPRETAÇÃO ................................................................ 30</p><p>6.1 INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA E CONSECUTIVA .......................................................................30</p><p>6.1.1 Interpretação Consecutiva .......................................................................................................31</p><p>6.1.2 Interpretação Simultânea........................................................................................................32</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 38</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 39</p><p>TÓPICO 3 - OS ESTUDOS SURDOS ..................................................................................... 41</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 41</p><p>2 ESPECIFICIDADES E O CONCEITO SURDO..................................................................... 43</p><p>3 OS ESTUDOS SURDOS E A COMUNIDADE SURDA ......................................................... 45</p><p>4 PROTAGONISMO CONTEMPORÂNEO ............................................................................. 49</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................73</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................................81</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 83</p><p>REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 85</p><p>UNIDADE 2 - O PROFISSIONAL TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS .............. 93</p><p>TÓPICO 1 - O INTÉRPRETE E O INTERPRETAR; O TRADUTOR E O TRADUZIR .................95</p><p>1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................95</p><p>2 TRADUZIR OU INTERPRETAR? ........................................................................................96</p><p>3 O TRABALHO DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO COM LÍNGUAS</p><p>DE MODALIDADES DIFERENTES ...................................................................................105</p><p>4 ESPECIFICIDADES DA INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS SINALIZADAS ......................108</p><p>4.1 ESPECIFICIDADES NO ATO INTERPRETATIVO ...........................................................................108</p><p>4.1.1 Linearidade versus Simultaneidade ....................................................................................108</p><p>4.1.2 Code-blending .........................................................................................................................109</p><p>4.1.3 Lagtime ......................................................................................................................................109</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................111</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 112</p><p>TÓPICO 2 - A TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO COMO PROCESSO .................................... 115</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 115</p><p>2 OS ESTUDOS PROCESSUAIS DA TRADUÇÃO ............................................................... 116</p><p>3 COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA (CT) ................................................................................ 119</p><p>4 ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO ........................................................122</p><p>5 PROBLEMAS DE TRADUÇÃO ..........................................................................................124</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 127</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................128</p><p>TÓPICO 3 - ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL TILSPTILSP ................................. 131</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 131</p><p>2 ESFERA EDUCACIONAL, JURÍDICA E MIDIÁTICA .........................................................133</p><p>2.1 ESFERA EDUCACIONAL ...................................................................................................................</p><p>enquanto capacidade humana,</p><p>manifesta-se por meio da língua em duas modalidades distintas: a modalidade</p><p>vocal-auditiva e a modalidade gestual-visual (STOKOE, 1960; KLIMA, BELLUGI, 1979;</p><p>BRITO, 1995; MEIER, COMIER, QUINTO-POZOS, 2004; QUADROS, KARNOPP, 2004). Ao</p><p>contrário do que já se acreditou e defendeu, os sons não são elementos cruciais para</p><p>o desenvolvimento da linguagem ou para a língua. Dito de outro modo, a linguagem</p><p>humana não está restrita à modalidade vocal-auditiva como acreditavam importantes</p><p>linguistas, tais como Charles Hockett2 (1960). Enfim, como já apontamos acima, “[…]</p><p>existem pelo menos duas modalidades de língua, a modalidade vocal-auditiva das</p><p>línguas orais e a modalidade gestual-visual das línguas de sinais” (MEIER, 2004, p. 1,</p><p>tradução nossa).</p><p>2Charles Hockett apresentou um conjunto de treze características definidoras</p><p>da linguagem humana. Para ele a primeira dessas características e a mais óbvia, da qual</p><p>decorrem algumas outras, seria o canal vocal-auditivo.</p><p>3 EFEITOS DA MODALIDADE DE LÍNGUA</p><p>Ao incluirmos as línguas de sinais no programa (de pesquisa) da</p><p>linguística, a variável da modalidade é inserida e podemos ter a</p><p>esperança de fazer a distinção entre as propriedades essenciais da</p><p>língua e os efeitos de modalidade. (COSTELLO, 2015, p. 2).</p><p>LÍNGUAS ORAIS LÍNGUAS DE SINAIS</p><p>Produção interna ao corpo</p><p>Articuladores bem menores que os</p><p>das línguas de sinais</p><p>Articulação praticamente invisível</p><p>Vinculadas diretamente à respiração</p><p>Braços e mãos disponíveis durante a</p><p>produção da língua</p><p>Consolidam-se em sinais acústicos</p><p>Demandam uma largura de banda</p><p>(bandwidth) menor</p><p>Têm como meio basicamente o</p><p>tempo, sendo unidimensionais</p><p>Dependem de recepção auditiva</p><p>(dependência da propagação de</p><p>sons)</p><p>Mais antigas e de longo interesse da</p><p>Linguística</p><p>Produção externa ao corpo</p><p>Articuladores muito maiores que os das</p><p>línguas orais</p><p>Articulação visível</p><p>Não vinculadas ou pouco vinculadas à</p><p>respiração</p><p>Trato vocal disponível durante a produção da</p><p>língua</p><p>Consolidam-se em sinais gestuais</p><p>Demandam uma largura de banda</p><p>(bandwidth) maior</p><p>Têm como meio a junção tempo- espaço,</p><p>sendo multidimensionais</p><p>Dependem de recepção visual (dependência</p><p>da disponibilidade de luz)</p><p>Mais jovens e de recente interesse da</p><p>Linguística</p><p>76</p><p>Se em um primeiro momento os linguistas concentraram seus esforços em</p><p>identificar e apresentar o que há de comum entre as línguas orais e as de sinais, no intuito</p><p>de comprovar o status linguístico das últimas, atualmente percebemos a ampliação de</p><p>pesquisas voltadas à diferença intrínseca às línguas de sinais, à sua especificidade em</p><p>relação às orais e à diferença entre as próprias línguas de sinais, inclusive, no intuito de</p><p>trazer contribuições do estudo dessas línguas à Linguística.</p><p>Atualmente, enquanto alguns estudiosos destacam que a diferença de</p><p>modalidade entre as línguas orais e as de sinais é um fator central na compreensão</p><p>dessas línguas, outros reafirmam que as similaridades são mais importantes já que</p><p>evidenciariam universais linguísticos demonstrando, portanto, que certas propriedades</p><p>linguísticas estão para além da modalidade de língua. De qualquer maneira, independente</p><p>do objetivo e do enfoque de cada pesquisador, é fato que o estudo das línguas de</p><p>sinais tem contribuído significativamente com o aperfeiçoamento e com o avanço da</p><p>linguística e de suas áreas afins, ao apresentar outro modo de produção e percepção da</p><p>língua com seus efeitos e não efeitos.</p><p>O primeiro ponto importante em relação à questão dos efeitos de modalidade</p><p>é a identificação daqueles aspectos inerentes à linguagem humana que transcendem</p><p>a modalidade, ou seja, que por não estarem submissos a ela mantêm-se independente</p><p>da modalidade de língua. Nesse sentido, é possível identificar propriedades, tais como</p><p>a dualidade ou dupla articulação, a produtividade, o caráter discreto, a estruturação</p><p>sintática, o funcionamento do processamento linguístico, a lateralização cerebral,</p><p>o processo de aquisição da linguagem etc. Essas características estão para além da</p><p>modalidade.</p><p>Entendendo que existem qualidades independentes da modalidade e, por sua</p><p>vez, intrínsecas à linguagem humana, é importante que se conheçam os reais efeitos</p><p>que a modalidade teria sobre a língua. Ao realizar uma reflexão sobre esses possíveis</p><p>efeitos da diferença de modalidade, a partir de uma breve revisão de estudos clássicos</p><p>das línguas de sinais, Quadros explica que:</p><p>alguns estudos têm se ocupado no sentido de identificar e analisar os</p><p>efeitos da modalidade da língua na estrutura linguística. As evidências</p><p>têm sido identificadas como consequências das diferenças nos</p><p>níveis de interface articulatório-perceptual. Algumas investigações</p><p>têm ainda levantado algumas hipóteses quanto à (sic) possíveis</p><p>diferenças no nível da interface conceptual implicando em uma</p><p>semântica enriquecida em função de propriedades visuais-espaciais</p><p>(2006, p. 171-2).</p><p>Os efeitos da modalidade estão relacionados diretamente às características</p><p>fonéticas da língua. Enquanto nas línguas orais os fonemas correspondem às unidades</p><p>sonoras, nas línguas de sinais eles correspondem às formas das mãos, aos pontos de</p><p>articulação e aos movimentos, por exemplo. O fato de as línguas de sinais realizarem-se</p><p>por meio dos movimentos do corpo no espaço (mais especificamente da parte superior</p><p>77</p><p>do corpo, da cintura para cima), ou seja, de o corpo constituir-se em língua, permite</p><p>que algumas características se destaquem: a simultaneidade, a iconicidade, a sintaxe</p><p>espacial, a visibilidade necessária do falante, a possibilidade de uso concomitante da</p><p>modalidade vocal-auditiva, dentre outras.</p><p>As propriedades gestuais, espaciais e visuais inerentes às línguas de sinais</p><p>contribuem para a sinteticidade dessas línguas e oferecem, portanto, a possibilidade</p><p>de exploração da simultaneidade na produção de sinais e sentenças, de uso</p><p>estruturado do espaço para as relações sintáticas, de economia pelo não emprego de</p><p>preposições, conjunções e artigos e de ampliação da densidade dos sinais. De acordo</p><p>com Hohenberger, Happ e Leuninger, “a possibilidade de codificação simultânea de</p><p>informação linguística aumenta a densidade de informação dos sinais. Eles podem ser</p><p>compostos por diversos morfemas realizados ao mesmo tempo” (2004, p. 138).</p><p>Verifica-se, então, que as línguas de sinais possuem especificidades decorrentes</p><p>da modalidade em sua estruturação fonológica e morfológica, em sua organização</p><p>sintática que explora o espaço, em seu sistema pronominal e em sua concordância</p><p>verbal (STOKOE, 1960; KLIMA; BELLUGI, 1979; BRITO, 1995; MEIER; COMIER; QUINTO-</p><p>POZOS, 2004; QUADROS; KARNOPP, 2004).</p><p>4 TRADUÇÃO, INTERPRETAÇÃO E MODALIDADE DE LÍNGUA</p><p>Os efeitos de modalidade sobre as línguas de sinais também impactam os</p><p>processos tradutórios e interpretativos que envolvem essas línguas (PADDEN, 2000;</p><p>QUADROS; SOUZA, 2008; WURM, 2010; RODRIGUES, 2013; SEGALA; QUADROS, 2015).</p><p>Embora as características intrínsecas à tradução e à interpretação de línguas orais</p><p>sejam partilhadas pelos processos tradutórios e interpretativos que envolvem línguas</p><p>de sinais, esses processos possuem suas especificidades. Ao refletir sobre o incipiente</p><p>campo dos Estudos da Tradução e da Interpretação de Línguas de Sinais, Rodrigues e</p><p>Beer afirmam que:</p><p>as línguas de sinais marcam a tradução e a interpretação, assim</p><p>como o traduzir e o interpretar, com a questão da modalidade</p><p>gesto-visual. Além disso, a intensificação da presença de tradutores</p><p>e de intérpretes de sinais em diversas esferas sociais, desde as</p><p>intrassociais até as internacionais, assim como a ampliação dos</p><p>pesquisadores interessados em investigar os processos tradutórios</p><p>e interpretativos de/para/entre línguas de sinais, oferecem diversas</p><p>contribuições e desafios aos ET [Estudos da Tradução] e aos EI</p><p>[Estudos da Interpretação] do século XXI. (2015, p. 42).</p><p>Considerando a questão da modalidade de língua aplicada à tradução e à</p><p>interpretação, temos como delinear dois tipos</p><p>de processos: os intramodais e os</p><p>intermodais. Os processos intramodais são aqueles que ocorrem entre línguas de</p><p>uma mesma modalidade, seja entre duas línguas orais ou entre duas línguas de sinais</p><p>(Português-Inglês, Francês-Espanhol, ASL-Libras, BSL-LSF etc.). Já os processos</p><p>intermodais são aqueles que se realizam entre uma língua oral e outra de sinais (Inglês-</p><p>78</p><p>ASL, Francês-Libras, LSF-Inglês, Português-Libras etc.), os quais são o foco de nossa</p><p>reflexão neste texto.</p><p>É importante reiterar que os processos tradutórios e interpretativos que</p><p>envolvem línguas de sinais diferenciam-se daqueles processos que envolvem apenas</p><p>línguas orais. Essa diferenciação pode ser analisada a partir da perspectiva dos efeitos</p><p>de modalidade da língua sobre a tradução e sobre a interpretação. Além disso, o processo</p><p>interpretativo intermodal, por diversas razões, é bem mais comum e, consequentemente,</p><p>mais investigado que o processo tradutório intermodal.</p><p>Primeiramente, temos que levar em conta que as línguas de sinais são jovens,</p><p>se comparadas às línguas orais, e que, por sua vez, seu reconhecimento e estudo pela</p><p>Linguística são muito recentes. Como línguas jovens, elas ainda não possuem um</p><p>sistema de escrita de uso efetivo e com significativa circulação social. Outro aspecto</p><p>importante é o fato de que a necessidade de inclusão das pessoas surdas por meio de</p><p>seu acesso aos bens e serviços sociais básicos, por exemplo, fez com que a interpretação</p><p>se destacasse como essencial e prioritária, ganhando assim grande visibilidade.</p><p>Esses fatos, unidos à questão da modalidade gestual-visual, fizeram com que os</p><p>processos tradutórios intermodais para a língua de sinais, dependentes da performance</p><p>corporal do tradutor registrada em vídeo, se tornassem um fenômeno bem mais recente</p><p>que a interpretação intermodal, que pode ser realizada sem apoio de nenhum recurso</p><p>tecnológico. Assim, como apontou Wurm, é possível verificar que “devido à possibilidade</p><p>de se trabalhar com TFs [textos fonte] registrados e de se gravar e regravar os TAs [textos</p><p>alvo] com tempo potencialmente ilimitado e sem os participantes primários, a noção de</p><p>tradução de língua de sinais vem ganhando destaque” (2010, p. 20, tradução nossa).</p><p>Hoje, com os avanços tecnológicos e o fácil acesso aos recursos de registro,</p><p>edição e veiculação de materiais em vídeo, as traduções para a língua de sinais têm</p><p>crescido bastante, bem como a circulação de materiais originalmente produzidos em</p><p>língua de sinais com legenda e/ou dublagem em língua oral. De acordo com Napier e</p><p>Leeson:</p><p>a tradução de língua de sinais proporciona oportunidades para que</p><p>os intérpretes surdos e ouvintes trabalhem e as práticas emergentes</p><p>incluem traduções de conteúdo de site, instrumentos de avaliação</p><p>educacional, ferramentas de avaliação psiquiátrica, folhetos</p><p>informativos, relatórios de conferências e livros infantis (2015, p. 380,</p><p>tradução nossa).</p><p>É importante destacar que a tradução de línguas de sinais pode envolver a</p><p>79</p><p>escrita, mas o que tem sido mais comum é o registro em vídeo do corpo do tradutor</p><p>como língua. Isso faz com que os tradutores intermodais surdos e ouvintes, que</p><p>têm seu texto alvo em língua de sinais, sejam sempre visíveis ao seu público e que,</p><p>muitas vezes, sejam vistos como o único autor do texto. Além disso, no processo de</p><p>interpretação intermodal que tem como texto alvo a língua de sinais ocorre o mesmo, já</p><p>que os intérpretes de sinais precisam estar visíveis diante do público.</p><p>A interpretação intermodal que tem como língua alvo a língua de sinais será o</p><p>foco de nossa reflexão a seguir. Contudo, é indispensável reconhecer que no caso da</p><p>interpretação intermodal da língua de sinais para a língua oral também teremos efeitos</p><p>de modalidade, os quais podem se distinguir dos demais efeitos por terem o texto alvo</p><p>em língua oral falada.</p><p>5 A MODALIDADENA INTERPRETAÇÃO PARA A LÍNGUA DE SINAIS</p><p>[…] eu analiso a interpretação simultânea de língua de sinais com</p><p>foco em duas dimensões: interpretação entre línguas de distintas</p><p>modalidades e interpretação entre duas diferentes línguas. Como</p><p>discuto, há uma interação entre ambas: algumas vezes, a tarefa é</p><p>orientada pela modalidade e, outras vezes, pela estrutura. Quando</p><p>os intérpretes de língua de sinais interpretam, essas duas dimensões</p><p>se unem de maneiras interessantes e […] oferecem meios para</p><p>se compreender a interpretação simultânea entre línguas orais</p><p>(PADDEN, 2000, p. 170).</p><p>Nesta parte, nosso foco restringe-se à interpretação simultânea intermodal da</p><p>língua oral para a de sinais (i.e. o processo de sinalização), mais especificamente a três</p><p>temas referentes aos possíveis efeitos de modalidade: (I) a possibilidade da sobreposição</p><p>de línguas durante o processo interpretativo (code-blending); (II) a performance</p><p>corporal-visual requerida do profissional na interpretação da língua oral para a de sinais;</p><p>e (III) a preponderância da atuação dos intérpretes na direcionalidade inversa, ou seja,</p><p>na interpretação da língua oral (L1) para a de sinais (L2).</p><p>Entendemos, assim como diversos teóricos, que a interpretação corresponde</p><p>a uma forma de tradução oral humana realizada em um contexto comunicativo</p><p>compartilhado com pouca ou nenhuma possibilidade de uso de apoio externo. Portanto,</p><p>o processo interpretativo é “uma forma de Tradução em que a versão inicial e final em</p><p>outra língua é produzida com base no tempo de oferecimento de um enunciado na</p><p>língua fonte” (PÖCHHACKER, 2004, p. 11, grifos dos autores).</p><p>Em seu modo simultâneo, a interpretação caracteriza-se pela percepção da fala</p><p>ou da sinalização na língua fonte simultaneamente à produção da fala ou da sinalização</p><p>na língua alvo, sendo que há, muitas vezes, a premência de se iniciar o processo</p><p>interpretativo antes de o enunciado na língua fonte estar completo. Considerando isso,</p><p>definimos a interpretação simultânea intermodal como a realização, sob pressão de</p><p>tempo, da translação da enunciação de um discurso de uma língua para outra e de</p><p>80</p><p>uma modalidade para outra, sendo que o texto alvo deve ser oferecido obrigatória e</p><p>imediatamente em sua versão final, ou seja, em sua primeira e única produção, segundo</p><p>o tempo de oferecimento do texto fonte.</p><p>FONTE: RODRIGUES, C. H. Interpretação simultânea intermodal: sobreposição, performance corporal-visu-</p><p>al e direcionalidade inversa. Revista Da Anpoll, v. 1, n. 44, 111–129, 2018. Disponível em: https://doi.</p><p>org/10.18309/anp.v1i44.1146. Acesso em: 15 mar. 2021.</p><p>81</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:</p><p>• A Comunidade Surda foi e ainda tem sido rotulada, educacional e socialmente</p><p>como um grupo inferior e deficiente, por membros da sociedade que se encontram</p><p>engessados no passado excludente, opressor, normalizador e filantrópico, além da</p><p>visão reduzida, ignorando tudo o que diz respeito à evolução dos estudos do povo</p><p>surdo, da sua cultura e alteridade e da singularidade linguística de sua educação.</p><p>• Entendemos que em plena celeuma contemporânea, a essa minoria linguística, o</p><p>povo surdo vem com grande empoderamento para reconquistar o seu espaço de</p><p>direito na sociedade.</p><p>• Aprendemos que, ainda que em território brasileiro os Estudos Surdos tenham</p><p>começado, amadurecido no início do século XXI e tem se intensificando, eles foram</p><p>constituídos na década de 1970 por meio da oferta de cursos e programas de</p><p>diplomação.</p><p>• Destacamos que os Estudos Surdos, se constituem em um programa de pesquisa</p><p>em educação, em que as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a</p><p>história, a arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas, localizadas e</p><p>entendidas a partir da diferença, a partir de seu reconhecimento político.</p><p>• É importante saber que nesses estudos não há espaço para rótulos que interpretam</p><p>o Surdo, a pessoa com surdez, como alguém deficiente ou com alguma síndrome e</p><p>que esteja em sofrimento. Que o conceito de surdez não tem espaço para o conceito</p><p>da deficiência auditiva, conceito este bem disseminado</p><p>no contexto médico, mas</p><p>bem repelido nos Estudos Surdos.</p><p>• Consideramos que os Estudos Surdos na atualidade também estão engajados na</p><p>Cultura Indígena, nas pesquisas sobre o sujeito Surdo nesse contexto. Isso rompe</p><p>a barreira da opressão sociolinguística e sua língua de sinais é apresentada com</p><p>ricos e significativos registros, por meio de produções acadêmicas e literárias que</p><p>contribuem e contribuirão ainda mais para o protagonismo do Surdo indígena.</p><p>• Compreendemos que o reconhecimento desses estudos vai além do simples</p><p>achismo ou pressupostos, estereótipos criados pelo povo não surdo, com limitações</p><p>literárias e de pesquisa.</p><p>82</p><p>• A importância de reconhecer e respeitar as diferenças se torna fundamental para</p><p>que a liberdade de expressão linguística tenha seu patamar de inclusão, ainda</p><p>que a exclusão coexista na globalização dos povos bem como suas culturas na</p><p>contemporaneidade.</p><p>• O movimento surdo nunca parou, mesmo às escondidas, na inclusão menor,</p><p>alimenta(va)m o desejo de terem uma identidade e uma cultura própria, sem desistir,</p><p>conseguiram chegar aonde estão, e continuam no avanço de grandes conquistas.</p><p>• Os Estudos Surdos, ainda que seja novo para nós aqui no Brasil, vem de longa</p><p>sendo discutido e vai além do imediatismo confrontado pelo povo surdo além de</p><p>desempenhar um fundamental papel na vida dos sujeitos Surdos em todas as áreas</p><p>em que propõem atuar.</p><p>83</p><p>1 Vimos que os Estudos Surdos tiveram seu início há bastante tempo e desde então as</p><p>discussões estão pautadas em:</p><p>I- Narrar a história do povo surdo por meio dos registros literários alocados apenas</p><p>nas escolas municipais.</p><p>II- Somente ofertar Cursos acadêmicos para os surdos de modo que possam conseguir</p><p>ter uma formação superior.</p><p>III- A partir da década de 1970 muitos programas de diplomação começaram a difundir</p><p>esses estudos.</p><p>IV- Na constituição de pesquisas em que as identidades, as línguas, os projetos</p><p>educacionais, a história, a arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas,</p><p>e tendo os próprios surdos como protagonistas.</p><p>Assinale as alternativas corretas:</p><p>a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.</p><p>b) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.</p><p>c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.</p><p>d) ( ) Apenas a sentença II e III está correta.</p><p>2 Durante seus estudos, você observou que os Estudos Surdos também estão ativos</p><p>em outra área apresentando outras realidades e fomentando a sua valorização</p><p>cultural e linguística. Que área é essa?</p><p>I- Os saberes da comunidade surda indígena apenas do Amazonas e suas literaturas.</p><p>II- A valorização do patrimônio cultural do povo indígena e sua língua de sinais por</p><p>meio de projetos de produção literária.</p><p>III- A pesquisa e produção, tendo como protagonismo artefatos culturais do povo surdo</p><p>terena relatados por uma personagem surda.</p><p>IV- A acessibilidade em forma de história sinalizada e fotonovela gravadas na</p><p>comunidade indígena.</p><p>Assinale as alternativas corretas:</p><p>a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.</p><p>b) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.</p><p>c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.</p><p>d) ( ) Apenas a sentença III está correta.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>84</p><p>3 Como observado, o estudo das modalidades de produção e recepção de uma</p><p>língua é muito importante para um intérprete ou tradutor-intérprete, pois, a partir</p><p>desses estudos podemos entender de maneira mais clara os efeitos de modalidade</p><p>existentes na tradução no par Libras/Português. Sobre as modalidades de produção</p><p>e recepção da língua, analise as sentenças a seguir.</p><p>I. A Libras é uma língua de modalidade visual-espacial em vista que sua produção</p><p>é dada a partir de movimentos corporais e a sua reflexão através dos estímulos</p><p>visuais.</p><p>II. O português é uma língua vocal auditiva sua modalidade de produção é a partir da</p><p>produção vocal e sua percepção a partir do sistema auditivo.</p><p>III. A Língua brasileira de sinais pode ser utilizada em sua modalidade para pessoas</p><p>surdocegas.</p><p>IV. O Braille é a única possibilidade de registro da modalidade escrita tátil da língua</p><p>portuguesa.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Apenas a assertiva I está correta.</p><p>b) ( ) As assertivas II e III estão corretas.</p><p>c) ( ) Apenas a assertiva III e IV estão corretas.</p><p>d) ( ) Nenhuma das alternativas.</p><p>4 Durante seus estudos, conseguiu compreender o que são e para que serve os Estudos</p><p>Surdos? Descreva com suas palavras, com base no que aprendeu, o que são e para</p><p>que servem.</p><p>5 Quais dos protagonistas surdos que viu neste estudo você já conhecia? Descreva</p><p>brevemente sobre ele(s).</p><p>85</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALBIR, A. H. A aquisição da competência tradutória: aspectos teóricos e didá-</p><p>ticos. In: PAGANO, A.; MAGALHÃES, C.; ALVES, F. Competência em tradução:</p><p>Cognição e discurso. Belo Horizonte: Editora UFMG. 2005.</p><p>ALBIR, A. H. Traducción y traductología. Cátedra, 2016.</p><p>ANDRADE, M. L. C. V. de O. Língua: modalidade oral/escrita. In: Universidade</p><p>Estadual Paulista. Prograd. Caderno de Formação: Formação de Professores</p><p>Didática Geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, v. 11, 2011. Disponível em: ht-</p><p>tps://bit.ly/3DBq4Zn. Acesso em: 13 out. 2021.</p><p>BAUMAN, H. D. L.; MURRAY, J. J. Estudos surdos no século 21: “Deaf-gain” e</p><p>o futuro da diversidade humana. In: ANDREIS-WITKOSKI, S.; FILIETAZ, M. R. P.</p><p>(org.). 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Routledge, 2002.</p><p>93</p><p>O PROFISSIONAL</p><p>TRADUTOR E INTÉRPRETE</p><p>DE LÍNGUA DE SINAIS</p><p>UNIDADE 2 —</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• Entender as funções básicas do profissional tradutor e do intérprete;</p><p>• Reconhecer a importância do trabalho do profissional tradutor e intérprete e suas</p><p>especificidades;</p><p>• Conhecer as especificidades da interpretação de Línguas de Sinais;</p><p>• Aprender como se dá a atuação do profissional tradutor e intérprete em suas áreas</p><p>de atuação;</p><p>• Compreender a importância das distintas atribuições do profissional tradutor e</p><p>intérprete;</p><p>• Identificar como o Código de Ética orienta a atuação do profissional tradutor e</p><p>intérprete independente da esfera de atuação.</p><p>Esta unidade está dividida em três super tópicos. Durante seus estudos ou no final de</p><p>cada unidade, você encontrará atividades que contribuirão para seu conhecimento e</p><p>aprendizado dos conteúdos apresentados.</p><p>TÓPICO 1 – O INTÉRPRETE E O INTERPRETAR, O TRADUTOR E O TRADUZIR</p><p>TÓPICO 2 – A TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO COMO PROCESSO</p><p>TÓPICO 3 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL TILSP</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure</p><p>um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>94</p><p>CONFIRA</p><p>A TRILHA DA</p><p>UNIDADE 2!</p><p>Acesse o</p><p>QR Code abaixo:</p><p>95</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>O INTÉRPRETE E O INTERPRETAR; O</p><p>TRADUTOR E O TRADUZIR</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>A todos os envolvidos em algum tipo de ofício, deve-se ter em mente uma</p><p>base funcional e profissional consistente que o leve à excelência no trabalho. Essa</p><p>excelência está longe de ser a perfeita, sem erros, mas uma excelência de compreensão</p><p>e responsabilidades do/no processo em que estará inserido e/ou mediando. Quando</p><p>falamos de idiomas, essa excelência tem início às condições de poder atuar em dois</p><p>mundos linguísticos e distintos, no nosso caso, a Língua de Sinais e a Língua portuguesa.</p><p>É de extrema importância, para quem atua ou atuará nessa esfera, ter</p><p>consolidada as funções básicas do profissional tradutor-intérprete, não as funções</p><p>equivocadas de filantropia, pedagógica ou do papel deste profissional na área em que</p><p>atua, mas as funções de conhecimento técnico à prática comum do ofício (BRASIL,</p><p>2005; 2010; SANTA CATARINA, 2013). Conhecer o básico, não quer dizer que deva ser</p><p>simplório, superficial, mas que deva ser básico como um pilar norteador para um bom</p><p>trabalho em exigência da demanda em que atuará.</p><p>Desempenhar funções sem conhecê-las, não tendo a base necessária, é</p><p>impossível mediar com qualidade dois idiomas com estruturas diferentes, públicos</p><p>distintos e múltiplos contextos. Conhecer os tipos de execuções nos momentos</p><p>tradutórios e interpretativos é essencial. Suas funções podem ser confundidas devido</p><p>às semelhanças e diferenças significativas.</p><p>Prezado aluno, neste tópico você irá aprender quais são as funções básicas</p><p>do tradutor e do intérprete, como se dá o trabalho de tradução e interpretação</p><p>com</p><p>língua de modalidades distintas, as especificidades das línguas de sinais em seus atos</p><p>interpretativos.</p><p>96</p><p>FIGURA 1 – TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3lZW6bV>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>FIGURA 2 – TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUAS ORAIS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3yH55SY>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>2 TRADUZIR OU INTERPRETAR?</p><p>Uma das atividades mais antigas da humanidade é realizar transferência</p><p>linguística entre línguas diferenciadas, a todo tempo estamos fazendo essa atividade</p><p>inclusive na nossa própria língua, quando precisamos reformular o que estamos dizendo</p><p>para alguém que não nos entende. Então, qual seria a diferença entre essas duas formas</p><p>de transferência linguística? Isso que vamos discutir nessa seção.</p><p>Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 10.436</p><p>(Lei da Libras). Disponível em: https://bit.ly/3yTCvyi. Acesso em: 5 fev. 2021</p><p>Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de</p><p>Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 maio. 2021</p><p>IMPORTANTE</p><p>97</p><p>Todavia se faz necessário visitar, primeiramente, o que os dicionários trazem</p><p>sobre esse verbete com um olhar inteiramente voltado ao vocábulo e não ao conceito</p><p>científico. No Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tido como um dos mais</p><p>completos atualmente, encontramos a seguinte entrada: “1. Versão de uma língua para</p><p>outra [...]; 2. Obra traduzida; 3. Transposição de uma mensagem de uma forma gráfica</p><p>para outra [...]; 4. Explicação do significado de algo; 5. Processo pelo qual se converte</p><p>uma linguagem em outra” (HOUAISS, 2001, p. 1863).</p><p>Tendo por certo culturalmente bem como pelo senso comum, a tradução é</p><p>tratada em Houaiss como o movimento de mensagens gráficas, ou seja, escritas de</p><p>uma língua para outra, entretanto não aborda a questão de forma mais aprofundada.</p><p>No Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, que é um dicionário da língua</p><p>portuguesa publicado no Brasil e em outros países, inclusive em outras línguas, pela</p><p>editora Melhoramentos, a tradução é tratada da seguinte forma:</p><p>[...] 1. Transladar, verter de uma língua para outra [...]; 2. Interpretar:</p><p>Traduzir uma atitude, uma reação; 3. Demonstrar, explicar, manifestar,</p><p>revelar [...]; 4. Conhecer-se, demonstrar-se, manifestar-se [...]; 5.</p><p>Traduziu em escritas as manifestações da sua inteligência. Traduzir</p><p>em vulgar: transladar, verter de língua estrangeira para língua</p><p>materna (MICHAELIS, 2000, s. p.).</p><p>FIGURA 4 – TRADUÇÃO DE IDIOMAS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3ADa87D>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2VQgAsU>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>FIGURA 3 – TRADUÇÃO DE LÍNGUAS</p><p>98</p><p>Percebe-se que aqui o conceito de tradução é trazido de uma forma ampla pela</p><p>primeira definição como simples versão de uma língua para outra de qualquer texto, não</p><p>especificando a modalidade – se escrita ou oral. As outras definições pouco evidenciam</p><p>a complexidade do conceito. Por sua vez, a entrada para tradução no Dicionário Aurélio,</p><p>utilizado em larga escala em nosso país, encontramos os seguintes dizeres: “do lat.</p><p>traducere, “conduzir além”, “transferir”; 1. transpor, transladar de uma língua para outra;</p><p>2. revelar, explicar, manifestar, explanar [...]; 4. transladar de uma língua para outra;</p><p>verter [...]” (FERREIRA, 2010, p. 1972).</p><p>FIGURA 5 – TRABALHO DE TRADUÇÃO DE DOCUMENTOS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3iMLvPX>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>Podemos observar que se trata de uma definição um pouco mais enxuta. Nela</p><p>encontramos que a tradução se trata de um ato de transferir, que pouco contribui para o</p><p>entendimento do processo envolvido nesta atividade. A definição trazida pelo Dicionário</p><p>Aurélio, tal qual as outras encontradas no Houaiss e Michaelis, não nos dão pistas</p><p>de como esse conceito é aplicado na prática. Todavia, no Dicionário informal online,</p><p>encontramos uma pequena pista que nos leva a iniciar uma reflexão, pois para ele a</p><p>tradução é transformar uma palavra/frase/texto de uma linguagem para outra, nota-se</p><p>que aqui já se começa a ter noção que a tradução parte de um texto escrito, mesmo</p><p>estando esta definição bem precária.</p><p>Há muito tempo este conceito de tradução vem sendo estudado por diversos</p><p>teóricos. Iniciamos a discussão deste conceito por Jakobson (1959) que realizou seu</p><p>trabalho, versando sobre o conceito de tradução com base em teorias linguísticas</p><p>vigentes até os dias de hoje. Para ele, a tradução trata da troca de signos verbais</p><p>em uma língua por outros signos da mesma língua, de uma língua diferente ou até</p><p>mesmo em um sistema de signos não-verbais, ou seja, dizer a mesma coisa com outras</p><p>palavras, signos e símbolos (AUBERT, 1994). Ainda em seu trabalho, Jakobson cunhou</p><p>três vertentes tradutórias, até hoje conhecidas: a intralingual que é a troca de signos</p><p>na mesma língua; a interlingual, em línguas diferentes; e a intersemiótica, por meio de</p><p>signos não-verbais.</p><p>99</p><p>FIGURA 6 – TRADUÇÃO INTRALINGUAL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3iKV8yg>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>FIGURA 7 – TRADUÇÃO INTERLINGUAL</p><p>FONTE: <encurtador.com.br/cnxAH>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>FIGURA 8 – TRADUÇÃO INTERLINGUAL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2VW7UBx>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>100</p><p>FIGURA 9 – TRADUÇÃO INTERLINGUAL – PORTUGUÊS PARA LIBRAS</p><p>FONTE: <https://amzn.to/3CJEKpU>; <https://bit.ly/3iKQLn8>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>FIGURA 10 – TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA – CHAPELEIRO MALUCO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3CI7LCa>; <https://bit.ly/3jPcQjJ>; <https://bit.ly/3lWsI6D>; <https://bit.ly/3yIt9oF>.</p><p>Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>Já nos anos 70, a tradução ainda era conceituada segundo os estudos linguísticos</p><p>como uma mera transferência de códigos que se limitavam à palavra ou à frase. Nesse</p><p>contexto, surge a tradução como uma transferência de signos comunicativos verbais</p><p>e não-verbais que podiam ser levados de uma língua para outra em busca de uma</p><p>comunicação efetiva (BASSNETT, 2003). Em conformidade com seu contemporâneo</p><p>Jakobson (1959), a tradução é tida como uma ação humana básica para estabelecer</p><p>comunicação com usuários de outras línguas.</p><p>Catford (1980) nos versa, de forma ampla, que a tradução é exercida quando</p><p>temos uma substituição de material textual e equivalente, de uma língua para outra,</p><p>sendo este conceito aplicado em uma operação que se realiza naturalmente entre</p><p>línguas distintas.</p><p>Em seu trabalho intitulado “A Tradução Vivida”, Paulo Rónai, tradutor húngaro-</p><p>brasileiro, dá continuidade às três tipologias de tradução trazidas por Jakobson (1959) - a</p><p>tradução interlingual, intralingual e intersemiótica. Sendo a tradução interlingual o objetivo</p><p>da investigação desse trabalho, nos ateremos ao que o autor versa sobre ele. A tradução</p><p>101</p><p>interlingual é muitas vezes pensada, no senso comum, como uma atividade mecânica</p><p>realizada pelo tradutor de substituição das palavras, uma a uma, pelas equivalentes em</p><p>outra língua (RÓNAI, 1981). Na realidade, porém, as palavras e até mesmo as frases estão</p><p>sujeitas a ambiguidades, e seu sentido depende das outras palavras e frases associadas</p><p>a elas, o que faz da tradução uma atividade seletiva, reflexiva e complexa.</p><p>Contemporâneo de Rónai, Arrojo (1986) utiliza a expressão “a ciência da</p><p>tradução”, claramente entendida como Estudos da Tradução, em que o processo de</p><p>tradução é compreendido como um mero transporte de significados, assim como define</p><p>Rónai anos antes, que deveriam se tornar objetivos através de um método de tradução.</p><p>Nessa concepção, “o texto original deveria ser visto como um objeto estável, com ideias</p><p>e pressupostos absolutamente claros” (ARROJO, 1986, p. 12). Sendo assim, a tarefa de</p><p>traduzir seria apenas a de transportar o significado supostamente ligado ao original,</p><p>sem inferir nele.</p><p>Passando por Pagura (2010), observamos que o conceito de tradução está</p><p>atrelado ao produto e não ao meio em que as palavras serão levadas de uma língua para</p><p>outra, sendo que o tradutor, trabalhando com palavras escritas,</p><p>terá como TA palavras</p><p>escritas de igual forma.</p><p>Em 2004, um novo estudo, sobre os procedimentos de tradução, a autora</p><p>Barbosa (2004) nos traz um novo olhar da tradução, como uma atividade humana</p><p>realizada através de estratégias mentais, empregadas na tarefa de transferir significados</p><p>de um código linguístico para outro.</p><p>Por fim Lee-Jahnke et al. (2013) concebe que a tradução como uma operação</p><p>interlinguística na qual é necessário interpretar o sentido de um determinado texto de</p><p>partida, texto fonte (TF), produzindo um novo texto, texto alvo (TA) e estabelecendo em</p><p>nível de palavras uma relação de equivalência. Assim, demonstra-se que o processo</p><p>Para aprofundar nos seus estudos e ampliar seus</p><p>conhecimentos no universo tradutório, recomendamos</p><p>a leitura do livro do autor Paulo Rónai.</p><p>O livro “A tradução vivida” é composto de vários</p><p>trabalhos sobre tradução, rico em exemplos e</p><p>assuntos práticos.</p><p>Disponível em: https://amzn.to/3agmBCO. Acesso em:</p><p>12 mai. 2021</p><p>DICA</p><p>102</p><p>tradutório não se completa apenas com o auxílio de um bom dicionário (ALVES et al.,</p><p>2014), mas sim com um conjunto complexo de saberes que permite ao tradutor analisar</p><p>e atribuir palavras, em línguas diferentes, que possuam relação de equivalência.</p><p>Nota-se neste breve e retrospecto histórico de autores, que o conceito de</p><p>tradução foi se aprimorando com o tempo para suprir demandas que iam emergindo</p><p>com a práxis do TILSP. Outrora, o conceito de tradução estava embebido da linguística</p><p>e impunha de forma dura aos profissionais a ideia de que tudo que estava no TF deveria</p><p>estar ipsis verbis no TA.</p><p>Passaremos agora ao que os autores trazem sobre a interpretação e como</p><p>esse conceito, pensado para as línguas orais, é tão evidenciado nas línguas de sinais.</p><p>Todavia, assim como fizemos na seção anterior com a tradução, se faz necessário</p><p>visitar primeiramente o que os dicionários nos dizem sobre a interpretação. Novamente,</p><p>consultando o Houaiss, o conceito de interpretação é tratado como “ato ou efeito</p><p>de interpretar”, sem muitos detalhes, por sua vez o Dicionário Michaelis, nos traz</p><p>esta conceituação: “sf (lat interpretatione) 1. Ato ou efeito de interpretar. 2. Modo de</p><p>interpretar. 3. Tradução, versão. 4. Explicação. 5. Modo como atores desempenham os</p><p>seus papéis numa composição dramática” (MICHAELIS, 2000, s. p.).</p><p>Ao ler essa entrada no dicionário, percebemos que as definições, assim como</p><p>as encontradas para a tradução no mesmo dicionário, são generalistas e redundantes, e</p><p>nenhuma delas evidencia o processo pelo qual se perfaz a interpretação. Porém, se nota</p><p>na terceira definição que o conceito de interpretação pode ser tradução ou versão. Já</p><p>na quinta definição, encontramos uma aplicação para a palavra interpretação na linha</p><p>das belas artes.</p><p>No senso comum, a interpretação é uma atividade de mediação linguística</p><p>que consiste em transmitir um discurso de tipo oral em outra língua, oral ou de sinais,</p><p>resultando em discurso equivalente a uma língua diferente, quer de tipo oral, quer de</p><p>língua de sinais.</p><p>Assim como a tradução, a interpretação também vem sendo pesquisada com</p><p>o passar dos anos e ganhou um novo status, o de área de pesquisa, como os então</p><p>denominados Estudos da Interpretação (EI) que surgiram no final da década de 90 em</p><p>âmbito internacional a partir da fala de Daniel Gile em Viena no ano de 1992. Todavia,</p><p>para esse trabalho foram escolhidos alguns autores, a partir dessa mesma data, em</p><p>cujos trabalhos podemos encontrar a definição desse conceito.</p><p>A expressão em latim ipsis verbis significa “com as mesmas palavras” (DICIO,</p><p>s. d.).</p><p>NOTA</p><p>103</p><p>Por sua vez, Ferreira (2010) descreve que o ato interpretativo é manifestado</p><p>pela substituição, de forma simultânea ou consecutiva, da faixa oral do TF para um novo</p><p>TA por palavras equivalentes, demonstrando assim uma simplificação muito grande do</p><p>conceito.</p><p>Pagura (2010) versa que a interpretação, enquanto intermediação linguística</p><p>oral entre falantes de idiomas diferentes, existe há milhares de anos corroborando com</p><p>a passagem bíblica da Torre de Babel sendo, certamente, anterior à tradução escrita,</p><p>uma vez que a escrita é posterior à linguagem oral.</p><p>Para Pöchhacker et al. (2010, p. 62), “outro pressuposto básico é que a</p><p>interpretação é uma forma de tradução, no seu sentido amplo, pois ao longo da maior</p><p>parte da história, a interpretação era simplesmente interpretação, havendo pouca</p><p>necessidade de subcategorizações”.</p><p>Em Rodrigues (2013), encontramos alguns aspectos que fazem da tradução um</p><p>processo diferenciado da interpretação. Para ele, a interpretação constitui uma tradução</p><p>humana em tempo real, em que as condições de produção de um TA estão diretamente</p><p>ligadas ao fator tempo que, nesse caso, é escasso, já que a modalidade é simultânea.</p><p>O desafio está na distinção das intenções enunciativas atrelada ao processamento das</p><p>informações a serem interpretadas e às questões interculturais impostas pelo público</p><p>ao qual se destina essa interpretação.</p><p>Nota-se, que o conceito de interpretação não é trabalhado de forma ampla pelos</p><p>autores, como o de tradução já demonstrado acima. Supõe-se que pelo surgimento</p><p>dos EI nos anos 90, a tradução e a interpretação, com características tão distintas, se</p><p>somam no decorrer do processo para produzir um produto midiático.</p><p>Durante a revisão bibliográfica do referencial teórico deste trabalho, encontrou-</p><p>se diversos autores que tratam tanto a tradução quanto a interpretação como processos</p><p>que se interpenetram por possuírem a mesma função e o mesmo objetivo (SANTOS,</p><p>2020).</p><p>Apesar de o fenômeno da tradução ser posterior ao da interpretação na linha</p><p>histórica da humanidade e de existirem distinções que podem ser observadas entre</p><p>esses dois conceitos, diversos autores defendem em seus trabalhos a hipótese de que</p><p>esses conceitos se interpenetram. Rodrigues (2013) afirma que são diferentes e similares</p><p>ao mesmo tempo, o que torna complexa a questão da diferenciação. Nicoloso (2016)</p><p>também considera a tradução e a interpretação como áreas próximas, porém distintas.</p><p>Em ambos os trabalhos observamos a distinção desses conceitos, demonstrando que é</p><p>na diferença entre eles que notamos sua proximidade.</p><p>Entende-se que:</p><p>104</p><p>O propósito principal tanto da tradução quanto da interpretação é</p><p>fazer com que uma mensagem expressa em determinado idioma</p><p>seja transposta para outro, a fim de ser compreendida por uma</p><p>comunidade que não fale o idioma em que essa mensagem foi</p><p>originalmente concebida (PAGURA, 2003, p. 223).</p><p>Observa-se que ambos os processos versam com o objetivo de transmitir uma</p><p>mensagem expressa em texto oral, porém uma distinção entre estes se faz necessária,</p><p>mesmo quando Bianchini (2015), assim como alguns estudiosos, nos afirmam que não</p><p>há, no entanto, como distanciar a interpretação totalmente da tradução, pois ambas as</p><p>profissões têm muito em comum.</p><p>Conclui-se, em consonância com Magalhães Jr. (2007) que, em meio</p><p>ao processo, as ações de traduzir e/ou interpretar se complementam – uma irá</p><p>necessariamente sempre precisar da outra. Visando nomear este processo híbrido de</p><p>tradução e interpretação, Silvério et al. (2012) propõe que ele seja conceituado como</p><p>tradução-interpretação, que será utilizada também neste trabalho, por se entender que:</p><p>[...] o domínio do texto oral e do texto escrito pressupõe diferentes</p><p>habilidades, sendo que o intérprete precisa não somente conhecer</p><p>a língua, mas dominar as sutilezas, nuances e especificidades da</p><p>expressão oral das línguas em que atua, ainda que não domine bem</p><p>a escrita dessas línguas (SILVÉRIO et al. 2012, p. 2).</p><p>Para ser intérprete, o conhecimento do texto oral e do texto escrito é de</p><p>profunda necessidade pois, ao transportar essas mensagens, esse conhecimento dita</p><p>as escolhas lexicais realizadas pelo profissional.</p><p>Associando essa distinção dos conceitos de tradução e de interpretação,</p><p>aplicados aos mapeamentos de Willians e Chesterman (2002) e da Editora Saint Jerome</p><p>(2008, apud VASCONCELLOS, 2008; NICOLOSO,</p><p>2015), à ideia de que tradução e</p><p>interpretação são atividades gêmeas (NICOLOSO, 2015).</p><p>Filme “Un Traductor” (Um Tradutor). Um professor</p><p>de literatura russa, é obrigado a trabalhar na</p><p>Universidade de Havana como tradutor, entre</p><p>médicos e crianças, vítimas do desastre nuclear</p><p>de Chernobyl, enviadas até Cuba para tratamento</p><p>médico do acidente nuclear.</p><p>FONTE: Disponível em: https://bit.ly/3uIx3e8. Acesso</p><p>em: 17 maio. 2021</p><p>DICA</p><p>105</p><p>3 O TRABALHO DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO COM</p><p>LÍNGUAS DE MODALIDADES DIFERENTES</p><p>Muitos TILSP têm grandes dificuldades para iniciar sua profissão, dadas as</p><p>diferenças existentes entre essas duas línguas. Primeiramente, a Libras é uma língua</p><p>de modalidade visuoespacial e a Língua Portuguesa (LP), oral-auditiva. Por modalidade</p><p>de uma língua entende-se os sistemas físicos ou biológicos de transmissão por meio</p><p>dos quais a fonética de uma língua se realiza (MCBURNEY, 2004 apud RODRIGUES,</p><p>2013). Essas questões linguísticas geram um grande desafio para o profissional quando</p><p>precisa verter textos, orais e escritos, de uma língua para outra. Outras discrepâncias e</p><p>similaridades foram notadas por Quadros (2004), são elas:</p><p>QUADRO 1 – DISCREPÂNCIAS E SIMILARIDADES</p><p>FONTE: Adaptado de Quadro (2004)</p><p>Libras LP</p><p>Possui a modalidade visual-espacial,</p><p>organizando suas relações no espaço de</p><p>sinalização.</p><p>Articula-se de forma oral, em que as</p><p>informações são emitidas por voz, e</p><p>recepcionadas pela audição.</p><p>Baseada em experiências visuais,</p><p>captadas pela visão do usuário e</p><p>interações culturais.</p><p>Baseia-se exclusivamente no som.</p><p>Sintaxe especializada. Sintaxe linear.</p><p>Estrutura tópico-comentário como</p><p>estruturação primordial.</p><p>Evita este tipo de estruturação.</p><p>A língua de sinais utiliza a estrutura de</p><p>foco através de repetições sistemáticas.</p><p>Este processo não é comum na língua</p><p>portuguesa.</p><p>A língua de sinais utiliza as referências</p><p>anafóricas através de pontos</p><p>estabelecidos no espaço que exclui</p><p>ambiguidades.</p><p>Ambiguidades são possíveis</p><p>tranquilamente.</p><p>A língua de sinais não tem marcação de</p><p>gênero.</p><p>O gênero é marcado a ponto de ser</p><p>redundante em todas as palavras.</p><p>Valor gramatical às expressões faciais.</p><p>Fator não é considerado como</p><p>relevante na língua portuguesa, apesar</p><p>de poder ser substituído pela prosódia.</p><p>Escrita ainda não definida. Escrita alfabética.</p><p>106</p><p>Para o profissional vencer essa discrepância e similaridades, ele deve investir em</p><p>apreender sobre as características inerentes a essas línguas. Todavia, as discrepâncias</p><p>e similaridades demonstram que a diferença dessas modalidades linguísticas causa</p><p>efeitos de modalidade, como nos define Rodrigues (2013, p. 43), completando que “[...]</p><p>são muitas as similaridades entre as línguas orais e as de sinais, as quais demonstram</p><p>que as propriedades do sistema linguístico não estão reduzidas à modalidade da língua,</p><p>mas a transcendem”.</p><p>Um problema que o TILSP pode enfrentar é a desconsideração destas diferenças</p><p>linguísticas implícitas em suas línguas de trabalho. A questão mais crítica na tradução e</p><p>interpretação entre essas duas línguas, está diretamente relacionada à falta de atenção</p><p>dada às diferenças linguísticas envolvidas neste ato, como nos mostra Quadros (2004).</p><p>Graças a essas discrepâncias linguísticas, o processo tradutório requer uma</p><p>série de estratégias cognitivas que auxiliam o profissional TILSP a realizá-lo de forma</p><p>satisfatória e sirvam de apoio ao processo. Com esse intento Alves (2014) e Pagano</p><p>(2014) nos apresentam os subsídios externos e internos. Pagano (2014) nos conta que</p><p>a consulta de textos paralelos na língua para qual se traduz é apenas uma estratégia a</p><p>fim de garantir uma tradução bem-sucedida, porém ainda são escassos os materiais de</p><p>leitura que abordam especificamente as estratégias de busca de subsídios externos no</p><p>ato tradutório. Todavia, pelo fato de a Libras ainda não possuir um sistema definido de</p><p>escrita tampouco um arrazoado mínimo de publicações nesse sistema, faz com que os</p><p>subsídios externos se baseiam em corpos de vídeos em plataformas como YouTube e</p><p>até mesmo nos próprios usuários da língua, com o objetivo de se buscar mais elementos</p><p>que facilitem o processo tradutório.</p><p>Filme “The Terminal” (O Terminal). Viktor Navorski</p><p>(Tom Hanks) cidadão europeu, sem saber inglês,</p><p>viaja à Nova York, Estados Unidos, para realizar</p><p>um sonho. Durante a viagem, seu país sofre um</p><p>golpe de estado, e ao chegar no aeroporto, seu</p><p>passaporte é invalidado, impedindo-o de entrar</p><p>nos Estados Unidos e de retornar ao seu país de</p><p>origem devido ao fechamento das fronteiras. Sem</p><p>comunicação naquele país consegue com enorme</p><p>dificuldade entender o que ocorre nos noticiários.</p><p>Eis aí a falta de um tradutor-intérprete para mediar</p><p>a situação.</p><p>FONTE: Disponível em: https://bit.ly/3uFgW0X.</p><p>Acesso em: 17 maio. 2021</p><p>DICA</p><p>107</p><p>Por sua vez, Alves (2014) demonstra que outra estratégia é a busca de</p><p>subsídios internos tais como o conhecimento enciclopédico, ou seja, por meio de</p><p>nosso conhecimento de mundo, incluindo nossa bagagem cultural e o conhecimento</p><p>procedimental que nos ensina a utilizar o conhecimento que já adquirimos. Quando</p><p>aplicamos esse pressuposto observamos uma necessidade de fazer com que o TILSP</p><p>atuante nesse contexto desenvolva sua competência referencial (QUADROS, 2004) a</p><p>fim de dominar os conteúdos que permeiam o contexto.</p><p>Para investigar os processos envolvidos na tradução e interpretação de forma</p><p>mais profícua, Rodrigues (2002) apresenta uma nova linha de pesquisa nos ET, os</p><p>Estudos Processuais, visando a pesquisa dos processos tradutórios.</p><p>[...] A abordagem processual nos estudos em tradução surgiu</p><p>originariamente na Alemanha, mais especificamente na metade dos</p><p>anos oitenta através dos nomes Hans P. Krings, Frank G. Königs, Hans</p><p>H. Hönig e Paul Kußmaul. De uma forma geral, pode ser constatado</p><p>que o interesse na investigação do processo da tradução [...]</p><p>(RODRIGUES, 2002, p. 24).</p><p>Estando essa área mapeada em Willians e Chesterman (2002) como a subárea</p><p>(10) Processo Tradutório, e na Saint Jerome (2008, apud VASCONCELLOS, 2008;</p><p>NICOLOSO, 2015) como a subárea (16) Estudos do Processo Tradutório, o surgimento</p><p>da área de pesquisa dos Estudos Processuais, nos anos 80, pode ser justificado nas</p><p>palavras de Rodrigues (2002) pela falta de trabalhos na literatura existente sobre os</p><p>modelos empíricos do processo de tradução e o papel que o Tradutor-Intérprete assume</p><p>no ato tradutório. Todos esses fatores somados culminaram no surgimento dos Estudos</p><p>Processuais para que estes pontos específicos fossem contemplados.</p><p>Sabemos que são diversas as contribuições dos Estudos processuais, utilizados</p><p>nas experiências linguísticas e tradutórias que os profissionais Tradutores-Intérpretes</p><p>acumulam no exercício da profissão, influenciando significativamente a forma com que</p><p>estes profissionais atuam (RODRIGUES, 2002).</p><p>Diversos são os elementos específicos envolvidos no processo de interpretação</p><p>entre línguas de diferentes modalidades (RODRIGUES, 2013). Nesse sentido, estes</p><p>elementos específicos foram classificados pelo mesmo autor como efeitos da modalidade</p><p>da interpretação.</p><p>Apresentamos um estudo empírico-experimental que teve como objetivo refletir</p><p>sobre algumas características processuais relacionadas ao desempenho cognitivo dos</p><p>TILSP quando submetidos ao processo tradutório de um texto em LP para outro em LS.</p><p>108</p><p>4 ESPECIFICIDADES DA INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS</p><p>SINALIZADAS</p><p>Como observado na Unidade 1, o par linguístico em que trabalhamos possui</p><p>modalidades de produção e de usos diferentes, sendo assim surgem especificidades no</p><p>ato interpretativo que são inerentes a essa divergência de modalidade, são os chamados</p><p>efeitos de modalidade. Tal temática tem chamado a atenção de diversos pesquisadores</p><p>a partir dos Estudos da Tradução e da Interpretação de Línguas Sinalizadas (ETILS) como</p><p>vemos em Padden (2000), Quadros e Souza (2008), Wurm (2010), Rodrigues, (2013),</p><p>Quadros e Segala (2015).</p><p>4.1 ESPECIFICIDADES</p><p>NO ATO INTERPRETATIVO</p><p>As particularidades das modalidades interpretativas é o que coloca o</p><p>profissional tradutor intérprete em grandes desafios. Não há um padrão linguístico para</p><p>todas as línguas, sejam elas orais ou sinalizadas. Em cada idioma, é possível encontrar</p><p>particularidades inerentes ao povo e/ou à região em que ele é falado. Esses pormenores</p><p>linguísticos é que dão ao idioma o conceito de língua, com organização de elementos</p><p>e estruturas que possibilitam a comunicação entre os pares, surdos-surdos, surdos-</p><p>ouvintes, ouvintes-ouvintes.</p><p>4.1.1 Linearidade versus Simultaneidade</p><p>O primeiro deles é a linearidade versus a simultaneidade às estruturas básicas de</p><p>produção das nossas línguas de trabalho; a língua portuguesa é uma língua fonética linear,</p><p>isto é, sua articulação é realizada a partir da produção de sons (fonemas) intercalados</p><p>por silêncios (respiração), se por exemplo pegarmos a palavra casa, foneticamente ela</p><p>é pronunciada/kaza/, ou seja, intercala 4 fonemas entre dois espaços de silêncio, um</p><p>antes e um depois da produção desses. Já a Libras possui uma articulação simultânea,</p><p>isto é, seus elementos básicos são produzidos ao mesmo tempo, pois se pegarmos o</p><p>sinal da palavra casa, nele podemos observar, sendo articulados ao mesmo tempo, a</p><p>configuração de mão, ponto de articulação e orientação de mãos. Assim, em espaço</p><p>curto de tempo se produz muito mais sinais do que palavras (QUADROS; KARNOPP,</p><p>2004; QUADROS, 2019; SILVA, 2021; SANTOS, 2021).</p><p>Tendo em vista suas articulações sendo realizadas de maneira diferentes é</p><p>possível existir uma alternância de códigos linguísticos por um único usuário causando</p><p>assim um code-switching, que acontece quando um interlocutor alterna entre</p><p>diferentes línguas, ou variedades linguísticas de um mesmo idioma, no contexto de um</p><p>único discurso. Segundo Weinreich (1953) em meados das décadas 1940 e 1950, muitos</p><p>109</p><p>estudiosos consideravam a alternância de códigos como sendo um uso sub-padrão da</p><p>língua. Desde os anos 1980, no entanto, a maioria dos estudiosos tendem a considerá-la</p><p>como um fenômeno normal, natural em ambientes multilíngues.</p><p>4.1.2 Code-blending</p><p>Em contraposição ao code-switching temos o code-blending que é o fenômeno</p><p>observável quando se utiliza dois códigos linguísticos distintos simultaneamente, como</p><p>por exemplo falar em português e Libras ao mesmo tempo (QUADROS; SOUZA, 2012, p.</p><p>329). No Brasil ele também é conhecido como bimodalismo, ou seja, a utilização de dois</p><p>modais diferentes para estabelecer a comunicação, porém a questão é que em pessoas</p><p>ouvintes que preponderantemente tem o português como primeira língua, isto é, a</p><p>língua que é aprendida e utilizada em casa, ao utilizarem esse efeito em simultâneo com</p><p>a Libras tendem a tornar a essa mais convergente com o português, muita das vezes</p><p>articulando a mesma como uma espécie de interferência linguística que chamamos de</p><p>Português Sinalizado, ou seja, a estruturação da língua portuguesa articulada com os</p><p>sinais da Libras.</p><p>4.1.3 Lagtime</p><p>Um terceiro efeito que podemos elencar é o lagtime. Tendo em vista que se</p><p>produz muito mais sinais do que palavras em português, você pode imaginar que para</p><p>interpretar de Libras para Português o TILSP necessita de um tempo de processamento</p><p>da informação para conseguir produzir o texto na língua de chegada, este tempo se</p><p>chama lagtime, numa interpretação simultânea ele é observável exatamente no atraso</p><p>em relação a interpretação da mensagem já produzida, numa interpretação consecutiva</p><p>ele é muito maior e permite que o intérprete se aproxime mais do texto original, ou seja,</p><p>tenha mais semelhança interpretativa (RODRIGUES, 2013).</p><p>Filme “Arrival” (A Chegada). Uma linguista, Dra.</p><p>Louise Banks (Amy Adams), especialista em seres</p><p>interplanetários, é procurada por militares para</p><p>traduzir, decifrar os sinais e desvendar, se as marcas</p><p>que foram deixadas na Terra pelos visitantes</p><p>alienígenas, representam ou não uma ameaça.</p><p>No entanto, a resposta para todas as perguntas</p><p>e mistérios pode ameaçar a vida de Louise e a</p><p>existência de toda a humanidade.</p><p>FONTE: Disponível em: https://bit.ly/3g1uleG.</p><p>Acesso em: 17 maio. 2021</p><p>DICA</p><p>110</p><p>Filme “Babel”. Como sabemos, o termo Babel</p><p>remete-nos a uma “confusão” de línguas,</p><p>conforme vimos brevemente na Unidade I. Este</p><p>drama apresenta atores que atuam nos idiomas</p><p>inglês, espanhol, francês, língua japonesa de</p><p>sinais, japonês, berbere e árabe. Devido a tantos</p><p>idiomas, os personagens passam por situações</p><p>tensas de comunicação.</p><p>Em uma das cenas, após a esposa ser ferida</p><p>em Marrocos, o marido, ambos americanos,</p><p>é obrigado a lidar com os nativos daquele país</p><p>que não falam sua língua, não se comunicam em</p><p>inglês e não há nenhum tradutor-intérprete para</p><p>mediar o socorro.</p><p>FONTE: Disponível em: https://bit.ly/3uFgW0X.</p><p>Acesso em: 17 maio. 2021.</p><p>DICA</p><p>111</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:</p><p>• Uma das atividades mais antigas da humanidade é realizar transferência linguística</p><p>entre línguas diferenciadas e que a todo tempo estamos fazendo essa atividade</p><p>inclusive na nossa própria língua quando precisamos reformular o que estamos</p><p>dizendo para alguém que não nos entende.</p><p>• O conceito de tradução vem sendo estudado por diversos teóricos.</p><p>• A tradução trata da troca de signos verbais em uma língua por outros signos da</p><p>mesma língua, de uma língua diferente ou até mesmo em um sistema de signos</p><p>não-verbais, ou seja, dizer a mesma coisa com outras palavras, signos e símbolos.</p><p>• No trabalho de Jakobson (1959), foi cunhada três vertentes tradutórias, até hoje</p><p>conhecidas: a intralingual que é a troca de signos na mesma língua; a interlingual,</p><p>em línguas diferentes; e a intersemiótica, por meio de signos não-verbais.</p><p>• As especificidades da interpretação no par Libras-português, a partir dos efeitos de</p><p>modalidade que atravessam o processo tradutório, possuem diferentes modalidades</p><p>quando as nossas línguas de trabalho estão em ação, e essas colocam o profissional</p><p>TILS em grandes desafios.</p><p>• As diferentes especificidades de interpretação, quando as línguas de trabalho estão</p><p>em ação, tem suas particularidades em diferentes modalidades: a Linearidade</p><p>fonética da Língua da portuguesa, ou seja, sua articulação realizada a partir da</p><p>produção de sons versus a Simultaneidade da Libras, isto é, seus elementos básicos</p><p>produzidos ao mesmo e em curto espaço de tempo e articulados por meio dos</p><p>parâmetros linguísticos da Libras; Code-blending, fenômeno observável quando</p><p>se utiliza dois códigos linguísticos distintos simultaneamente; Lagtime, e tempo de</p><p>processamento da informação para conseguir produzir o texto na língua de chegada</p><p>com um atraso em relação a interpretação da mensagem já produzida.</p><p>• Os pormenores linguísticos que dão ao idioma o conceito de língua, são organizados</p><p>por elementos e estruturas que possibilitam a comunicação entre os pares, surdos-</p><p>surdos, surdos-ouvintes, ouvintes-ouvintes.</p><p>112</p><p>1 Uma das atividades mais antigas da humanidade é realizar transferência linguística</p><p>entre línguas diferenciadas e que a todo tempo estamos fazendo essa atividade</p><p>inclusive na nossa própria língua quando precisamos reformular o que estamos</p><p>dizendo para alguém que não nos entende. Sobre essas atividades, um famoso</p><p>Dicionário da Língua Portuguesa diz que:</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) a tradução é tratada como o movimento de mensagens gráficas, ou seja, escritas</p><p>de uma língua para outra, entretanto não aborda a questão de forma mais</p><p>aprofundada;</p><p>b) ( ) a tradução é transladar, ou seja, verter de uma língua para outra língua de sinais</p><p>ou outra qualquer que seja a língua materna;</p><p>c) ( ) a tradução é traduzir uma atitude, uma reação atípica de um grupo de pessoas,</p><p>surdas ou não surdas e/ou de diferentes nacionalidades;</p><p>d) ( ) a tradução é a manifestação e a revelação de escritas em um idioma passado</p><p>para outro desconhecido, entretanto não aborda a questão de forma mais</p><p>aprofundada.</p><p>2 Há muito</p><p>tempo o conceito de tradução vem sendo estudado por diversos teóricos</p><p>e um deles é Jakobson (1959), realizou seu trabalho, versando sobre o conceito de</p><p>tradução com base em teorias linguísticas vigentes até os dias de hoje. Para ele, a</p><p>tradução trata:</p><p>Analise as sentenças a seguir:</p><p>I- Da troca de signos verbais em uma língua por outros signos da mesma língua;</p><p>II- De uma língua diferente ou até mesmo em um sistema de signos não-verbais;</p><p>III- De três vertentes tradutórias, até hoje conhecidas: a intralingual que é a troca de</p><p>signos na mesma língua; a interlingual, em línguas diferentes; e a intersemiótica,</p><p>por meio de signos não-verbais.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a sentença III está correta.</p><p>c) ( ) Todas as sentenças estão corretas.</p><p>d) ( ) Somente a sentença I e II estão corretas.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>113</p><p>3 Nos anos 70, a tradução ainda era conceituada segundo os estudos linguísticos</p><p>como uma mera transferência de códigos que se limitavam à palavra ou à frase. De</p><p>acordo com essa afirmação e no que você estudou nesta Unidade, classifique V para</p><p>as sentenças verdadeiras e F para as falsas:</p><p>( ) Naquele contexto, surgiu a tradução como uma transferência de signos</p><p>comunicativos verbais e não-verbais que podiam ser levados de uma língua para</p><p>outra em busca de uma comunicação efetiva.</p><p>( ) Em conformidade com outro linguista contemporâneo, a tradução é tida como</p><p>uma ação humana básica para estabelecer comunicação com usuários de outras</p><p>línguas.</p><p>( ) De forma ampla, que a tradução é exercida quando temos uma substituição de</p><p>recursos materiais e pouco equivalentes, de uma língua para outra língua de sinais.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – F – F.</p><p>b) ( ) V – V – F.</p><p>c) ( ) F – V – F.</p><p>d) ( ) F – F – V.</p><p>4 De acordo com o que você estudou os efeitos de modalidade, na interpretação no</p><p>par Libras-português, viu que existem diferentes especificidades de interpretação</p><p>quando as línguas de trabalho estão em ação e têm suas particularidades em</p><p>diferentes modalidades. Sobre essas modalidades, associe os itens, utilizando o</p><p>código a seguir:</p><p>I- Linearidade</p><p>II- Simultaneidade</p><p>III- Code-switching</p><p>IV- Code-blending</p><p>V- Lagtime</p><p>( ) Propriedade da língua que permite que todos os seus articuladores, ou seja, tudo</p><p>aquilo que é necessário para sua produção seja executado ao mesmo tempo.</p><p>( ) Pempo de processamento de informação necessário para que o TILSP possa</p><p>compreender o contexto do texto que se está sendo produzido para aí sim começar</p><p>sua interpretação.</p><p>( ) Possibilidade de produção de uma língua gestual e de uma língua vocal ao mesmo</p><p>tempo pelo mesmo falante.</p><p>( ) Alternância de código linguístico necessário a um falante de línguas que possuem</p><p>a mesma modalidade de produção e recepção.</p><p>( ) Propriedade observada na produção de cada uma das unidades mínimas de uma</p><p>língua vocal quando executadas uma a uma com intervalos de silêncio entre as</p><p>produções segmentais.</p><p>114</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) II - V - IV - III - I</p><p>b) ( ) III - V - IV - II - I</p><p>c) ( ) II - IV - V - III - I</p><p>d) ( ) III - V - II - IV - I</p><p>5 Jakobson (1959) inovou ao categorizar diferentes tipos de tradução observando seu</p><p>processo, a língua de partida e de chegada, bem como o sistema linguístico a qual</p><p>os textos em questão estavam registrados. Sobre os tipos de tradução elaborados</p><p>pelo autor, e com base no que estudo nesta disciplina, associe os itens, utilizando o</p><p>código a seguir:</p><p>I- Tradução Interlingual</p><p>II- Tradução Intralingual</p><p>III- Tradução Intersemiótica</p><p>( ) Uma música em Inglês sendo traduzida para uma música em Português.</p><p>( ) Um texto em Libras escrito sendo traduzido para um texto em Libras oral.</p><p>( ) Um filme em inglês sendo traduzido para um livro em inglês.</p><p>( ) Um classificador em Libras sendo traduzido para um desenho.</p><p>( ) Um intérprete de Libras traduzindo o discurso de um surdo para um público ouvinte.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) I - III - II - III – I.</p><p>b) ( ) II - III - I - I – II.</p><p>c) ( ) I - II - III - III – I.</p><p>d) ( ) II - I - I - III – II.</p><p>115</p><p>A TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO COMO</p><p>PROCESSO</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Quando se ouve o termo “tradução”, muitas vezes o contexto está associado</p><p>a uma relação literária ou audiovisual. Geralmente quando se aprecia o gênero</p><p>cinematográfico, muitos optam por assistir ao filme no idioma original, desejando ouvir/</p><p>ler o conteúdo na fonte. Porém, quando o mesmo termo é citado por alguém, logo, para</p><p>quem atua como profissional da área, já pressupõe que algum texto - escrito, oral ou</p><p>audiovisual - está sendo ou será estudado por outrem(ens), de modo que lançar-se-á</p><p>mão de um corpus para que o trabalho seja realizado.</p><p>FIGURA 11 – ASPECTOS PROCESSUAIS DA TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3ADYU2x>. Acesso em: 13 ago. 2021</p><p>Traduzir e/ou interpretar são processos dinâmicos que demandam tempo,</p><p>saúde cognitiva, conhecimentos linguísticos e técnicos, além da interdependência de</p><p>outros pares munidos de recursos que poderão subsidiar com qualidade o trabalho final</p><p>(SILVA, 2019).</p><p>Com base nessas questões que demandam estudo cabal, sério e minucioso</p><p>processo de tradução e interpretação de idiomas distintos, é inadmissível, nos tempos</p><p>modernos, desconhecer informações relevantes sobre o idioma que irá mediar, a segunda</p><p>língua/língua alvo, das especificidades do papel do profissional tradutor e intérprete e</p><p>muito menos do idioma que tem como primeira língua (SILVA, 2018).</p><p>UNIDADE 2 TÓPICO 2 -</p><p>116</p><p>Para saber mais sobre o termo “interdependente” e suas</p><p>aplicações na contemporaneidade, e das relações sociais de poder,</p><p>recomendamos a leitura do livro “Os estabelecidos e os outsiders:</p><p>Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena</p><p>comunidade” dos autores Elias e Scotson (2000).</p><p>NOTA</p><p>2 OS ESTUDOS PROCESSUAIS DA TRADUÇÃO</p><p>A abordagem processual aplicada aos Estudos da Tradução (ET) se desenvolveu</p><p>de forma mais acadêmica a partir de 1980, todavia anterior a este período temos</p><p>Vázquez-Ayora (1977, p. 221, grifo nosso), que já afirmava que tal atividade pode ser</p><p>entendida como:</p><p>[…] o processo tradutório consiste em analisar a expressão</p><p>textual da língua original […] e equivalentes na língua de chegada e,</p><p>finalmente, transformar estas estruturas da língua de chegada em</p><p>expressões estilisticamente apropriadas.</p><p>Tal década nos traz trabalhos de suma importância para entender como a</p><p>tradução se dá enquanto um processo complexo realizado a partir de uma sucessão de</p><p>atividades até o texto pronto, que em tempos anteriores era o único a ser considerado</p><p>uma tradução propriamente dita. Destacam-se nessa época os trabalhos desenvolvidos</p><p>por Krings, (1986), Königs (1987) e Lörscher (1991). Seus trabalhos vão na contramão dos</p><p>seus antecessores que definia apenas o texto como uma tradução e não refletiam “a</p><p>realidade da tradução tal como vivenciada pelos próprios tradutores (RODRIGUES, 2002)</p><p>que acreditavam que as perspectivas teóricas existentes até agora não explicavam o</p><p>que de fato acontecia na prática.</p><p>Especificamente, a abordagem processual da tradução investiga,</p><p>amparada por métodos validados no campo da psicologia cognitiva</p><p>e psicolinguística experimental, o processamento da informação</p><p>durante o processo da tradução e, também, quais variáveis exercem</p><p>uma influência no processo da tradução (i.e., proficiência dos</p><p>tradutores, o texto a ser traduzido) (RODRIGUES, 2002, p. 24-25).</p><p>Dessa forma surge a abordagem processual da tradução, também conhecida</p><p>como Estudos Processuais da Tradução para investigar de que forma essa operação</p><p>acontece no cognitivo do intérprete pois podemos entender que ao transferir</p><p>informações linguísticas entre línguas o profissional realiza um complexo processo</p><p>mental que demanda “sofisticadas habilidades de processamento de informação”</p><p>(BELL, 1998, p. 185, tradução nossa) uma vez</p><p>134</p><p>2.2 ESFERA JURÍDICA ............................................................................................................................ 136</p><p>2.3 ESFERA MIDIÁTICA ...........................................................................................................................138</p><p>3 ATRIBUIÇÕES DISTINTAS: RESPONSABILIDADES EQUIVALENTES ...........................146</p><p>4 CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL TILSP ................................................................ 147</p><p>5 PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS ..................................................................................152</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................156</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................164</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................166</p><p>REFERÊNCIAS ....................................................................................................................168</p><p>UNIDADE 3 —LEGISLAÇÕES CONTRIBUINTES À ÁREA DE TRADUÇÃO,</p><p>INTERPRETAÇÃO E GUIA-INTERPRETAÇÃO ...................................................... 177</p><p>TÓPICO 1 — LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL</p><p>TRADUTOR INTÉRPRETE E GUIA-INTÉRPRETE .......................................... 179</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 179</p><p>2 LEGISLAÇÕES VIGENTES À FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL TILS E GILSP ................180</p><p>2.1 CONTRATEMPOS NA LEGISLAÇÃO .................................................................................................181</p><p>2.2 ANÁLISE PORMENORIZADA ...........................................................................................................184</p><p>3 QUESTÕES ÉTICAS RELACIONADAS AO TILSP ............................................................190</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................194</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................196</p><p>TÓPICO 2 - A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NOS ESTUDOS SURDOS:</p><p>(IN)FORMAÇÃO E PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS .................................... 197</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 197</p><p>2 FORMAÇÃO PRÁTICA X STATUS PROFISSIONAL ......................................................... 197</p><p>2.1 INGRESSO PRECIPITADO E A IN-FORMAÇÃO ARTIFICIAL .....................................................200</p><p>3 PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS FUTURAS ................................................................ 202</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 211</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................212</p><p>TÓPICO 3 - TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS: DICIONARIZAR-SE</p><p>OU CONTEXTUALIZAR-SE .............................................................................215</p><p>1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................215</p><p>2 ARCABOUÇO LEXICAL....................................................................................................215</p><p>3 MINIGLOSSÁRIO BÁSICO .............................................................................................. 223</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 260</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 270</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 271</p><p>REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 274</p><p>1</p><p>UNIDADE 1 -</p><p>TRADUÇÃO E</p><p>INTERPRETAÇÃO NOS</p><p>ESTUDOS SURDOS</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• Distinguir o que é tradução e interpretação;</p><p>• Rever os tipos de tradução e seus respectivos usos;</p><p>• Identificar o que são os Estudos Surdos e a sua relevância na contemporaneidade;</p><p>• Reconhecer as especificidades da Comunidade Surda;</p><p>• Conhecer os protagonistas Surdos contemporâneos.</p><p>Esta unidade está dividida em três super tópicos. Durante seus estudos ou no final de</p><p>cada unidade, você encontrará atividades que contribuirão para seu conhecimento e</p><p>aprendizado dos conteúdos apresentados.</p><p>TÓPICO 1 – HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA INTERPRETAÇÃO E TRADUÇÃO EM LÍNGUA DE</p><p>SINAIS E LÍNGUAS ORAIS</p><p>TÓPICO 2 – OS TIPOS DE TRADUÇÃO</p><p>TÓPICO 3 – OS ESTUDOS SURDOS</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure</p><p>um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>2</p><p>CONFIRA</p><p>A TRILHA DA</p><p>UNIDADE 1!</p><p>Acesse o</p><p>QR Code abaixo:</p><p>3</p><p>HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA</p><p>INTERPRETAÇÃO E TRADUÇÃO</p><p>EM LÍNGUA DE SINAIS E</p><p>LÍNGUAS ORAIS</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Apenas o ser humano usa a linguagem verbal, algo que nos torna singulares</p><p>no planeta Terra, essa capacidade especial de conversar é vista, pelos cientistas, como</p><p>uma das principais partes do processo de evolução desse ser, por isso as pessoas se</p><p>interessam, há muito tempo, pelas origens da linguagem verbal.</p><p>É através da língua, uma das mais complexas características que nos tornam</p><p>humanos, esse código complexo de comunicação começa a ser usado por volta de</p><p>500 a 400 mil anos atrás para atender diversas necessidades biológicas das quais</p><p>não discutiremos nesse momento, porém não existe consenso entre os antropólogos</p><p>ou linguistas acerca de quando e como teria surgido a linguagem nos seres humanos</p><p>(ou em seus ancestrais). As estimativas variam consideravelmente, sendo que alguns</p><p>cientistas apontam para a existência de linguagem há 2 milhões de anos, enquanto</p><p>outros preferem localizá-la há quarenta mil anos. Logo após o desenvolvimento da</p><p>linguagem verbal, sua prática, precisou ser sistematizada através de um código de</p><p>comunicação, isto é, uma língua.</p><p>Podemos entender a língua como qualquer código desenvolvido naturalmente</p><p>pelo ser humano, de forma não premeditada, como resultado da facilidade inata para a</p><p>linguagem possuída pelo intelecto humano. Essas línguas podem ser tanto orais, como</p><p>o Português, ou de sinais, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras).</p><p>Neste tópico, refletiremos sobre as questões gerais sobre as línguas, mas não</p><p>adentraremos em questões linguísticas da estrutura de seu funcionamento, mas sim de</p><p>sua expressão natural e em um segundo momento trataremos sobre a prática da língua</p><p>observando suas formas de produção e recepção de acordo com os tipos existentes</p><p>atualmente.</p><p>TÓPICO 1 - UNIDADE 1</p><p>4</p><p>Septuaginta  é o nome da versão da  Bíblia hebraica  traduzida em</p><p>etapas para o  grego koiné, entre o século I a.C. e o século III a.C.,</p><p>em Alexandria, por 72 rabinos, sendo escolhidos 6 de cada uma das</p><p>tribos de Israel, essa versão também foi conhecida como Versão dos</p><p>Setenta. FONTE: <https://goo.gl/zbHSuJ>. Acesso em: 21 abr. 2021.</p><p>NOTA</p><p>2 QUESTÕES GERAIS SOBRE AS LÍNGUAS</p><p>Já antes de Cristo, os filósofos gregos sofistas buscavam definir o ser humano</p><p>como “um animal racional” e “social”. Tais teóricos consideram o ser humano como</p><p>um animal racional ou um animal social. Seus esforços visavam defini-lo de maneira</p><p>excepcional como um animal que fala, é a língua que caracteriza e diferencia esse ser</p><p>dos demais assim como a racionalidade, que esse carrega, bem como a sociabilidade e</p><p>com o comportamento fundamental</p><p>que a tradução/interpretação não envolva</p><p>apenas o domínio de línguas de maneira bilíngue, mas também uma série de processos</p><p>mentais que são complexos na resolução de problemas e dificuldades de tradução.</p><p>117</p><p>Nesse contexto, diversas teorias tratam sobre os processos tradutórios aos</p><p>quais são submetidas essas línguas no ato interpretativo. Em Freire (2008), encontramos</p><p>duas teorias que versam sobre o processo pelo qual o intérprete passa para realizar a</p><p>interpretação.</p><p>Partindo da interpretação simultânea, como modalidade, o autor tem por base</p><p>uma tríade de esforços para que o TILS realize sua tarefa, sendo:</p><p>FIGURA 12 – ESQUEMA DO PROCESSO INTERPRETATIVO DESENVOLVIDO POR GILE (GILE, 1995 apud FREI-</p><p>RE, 2008).</p><p>FONTE: Os autores</p><p>Existe ainda um quarto esforço, o da coordenação que, como elemento</p><p>controlador destes esforços, coloca os outros três esforços em ordem. Primeiramente</p><p>o intérprete se esforça para fazer a audição dos elementos linguísticos contidos no</p><p>discurso a ser interpretado. Posteriormente, realiza a análise deste conteúdo textual,</p><p>colocando-o de acordo com as regras linguísticas e gramaticais da LA. Em seguida se</p><p>inicia o esforço da produção, em que o material textual é produzido conforme a análise</p><p>do intérprete.</p><p>Todas essas informações, recém produzidas, ficam armazenadas por um certo</p><p>período, evidenciando assim o esforço da memória de curto prazo como vemos em Gile</p><p>(1995 apud FREIRE, 2008). Em contrapartida a todos esses processos, para que o TILS</p><p>realize seu trabalho a contento, o esforço de coordenação coloca todas as coisas em</p><p>ordem, fazendo com que o ciclo se feche e reinicie constantemente, enquanto durar a</p><p>interpretação.</p><p>Diversos são os elementos específicos envolvidos no processo de interpretação</p><p>entre línguas de diferentes modalidades (RODRIGUES, 2013). Nesse sentido, esses</p><p>elementos específicos foram classificados pelo mesmo autor como efeitos da modalidade</p><p>da interpretação.</p><p>118</p><p>Ainda em Freire (2008) encontramos a Théorie du Sens (Teoria dos Sentidos) ou,</p><p>como ele a nomeia, Teoria Interpretativa da Tradução, desenvolvida pela intérprete de</p><p>conferências e pesquisadora Danica Seleskovitch, em 1959, prosseguida por Marianne</p><p>Lederer. Para estas autoras, a interpretação se baseava em um sistema tripartite de</p><p>atuação, representado pelo diagrama abaixo:</p><p>FIGURA 13 - DIAGRAMA DO PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO BASEADO EM SELESKOVITCH & LEDERER,</p><p>1989 apud FREIRE, 2008.</p><p>FONTE: Os autores</p><p>Observamos nesse processo cíclico que a interpretação é dada no momento em</p><p>que o intérprete captura o sentido linguístico do TF dado oralmente e acrescenta a ele o</p><p>conhecimento que possui para interpretá-lo, levando esse texto a uma desverbalização,</p><p>em que as palavras são trocadas por outras à escolha do profissional que, por fim,</p><p>transmite esse TA na língua desejada, já que o objetivo da interpretação é apreender</p><p>o que foi produzido em uma língua e transportar essa mesma realidade – ou sentido</p><p>– para outra língua (SELESKOVITCH; LEDERER, 1989 apud FREIRE, 2008), ou seja, o</p><p>aspecto fundamental desse modelo é que o intérprete compreende a mensagem em</p><p>termos não verbais; ou seja, a interpretação não se trata de traduzir palavras, nem de</p><p>transferência verbal, nem de diferenças entre dois idiomas.</p><p>Como observado tanto a Teoria do Modelos de Esforços de Gile quanto a Teoria</p><p>Interpretativa da Tradução de Seleskovitch apontam para um processo tripartite de</p><p>ações em que a tradução é o produto dessas atividades.</p><p>Uma das principais autoras, já nos anos 2000, ao equiparar a tradução a um</p><p>processo, foi Albir (2005, p. 41) que defendia que tal atividade consistia […] processos</p><p>interpretativo e comunicativo que consiste na reformulação de um texto com os meios</p><p>de outra língua e que se desenvolve em um contexto social e com uma finalidade</p><p>determinada”, isso é, trouxe para esse, um conceito dividido em quatro elementos, a</p><p>saber: (1) um processo interpretativo em que o profissional precisa interpretar, ou seja,</p><p>entender o que se quer dizer com o texto fonte e como se está dizendo; (2) que gera um</p><p>119</p><p>texto novo reformulado a partir de elementos linguísticos e extralinguísticos da língua</p><p>alvo; (3) se desenvolve em um contexto social que demanda acesso à informações como</p><p>educação, saúde e justiça por exemplo; (4) possui uma finalidade, quer dizer, levar ao</p><p>público destinatário informações que cumprem a um objetivo definido.</p><p>Cabe ainda salientarmos que Orozco e Albir (2002) definem que os estudos</p><p>relacionados a essa área são heterogêneos pois tratam sobre a didática da tradição,</p><p>competência tradutória, processo tradutório, problemas de tradução, estratégias de</p><p>tradução, protocolos verbais como instrumento de avaliação de um processo tradutórios,</p><p>assim trataremos algumas temáticas dessas nas próximas seções.</p><p>3 COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA (CT)</p><p>Vamos lembrar que o artigo 2 da Lei 12.319/2010, define que “o tradutor e</p><p>intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de maneira</p><p>simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da</p><p>Língua Portuguesa”, mas, o que significa ser competente?</p><p>Você já pensou qual a diferença entre um falante bilíngue, ou seja, que domina</p><p>as duas línguas de trabalho, de um intérprete? É sobre isso que vamos tratar nessa</p><p>sessão. A diferença entre esses dois indivíduos é o que chamamos de competência,</p><p>A desverbalização compreende o processo de memorizar o sentido</p><p>do que foi dito sem supervalorizar a memorização das palavras com</p><p>que esse sentido foi expresso. Assim, torna-se menos dificultosa</p><p>e mais precisa a reprodução espontânea do sentido expresso no</p><p>discurso oral em língua estrangeira na língua materna (FREIRE,</p><p>2008, p. 152).</p><p>Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a</p><p>educação especial, o atendimento educacional especializado (AEE).</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2S9LF9d. Acesso em: 6 maio. 2021.</p><p>Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão</p><p>de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 maio. 2021.</p><p>NOTA</p><p>IMPORTANTE</p><p>120</p><p>tal competência é aplicável para que a mensagem a ser interpretada possa ser precisa</p><p>e apropriada, permitindo que a comunicação flua naturalmente entre os usuários de</p><p>línguas diferentes.</p><p>Uma competência é, segundo Lasnier (2000)</p><p>um complexo saber como agir resultante da integração, da</p><p>mobilização e organização de uma combinação de capacidades,</p><p>habilidades (que podem ser cognitivas, afetivas, psicomotoras</p><p>ou sociais) e conhecimentos (conhecimento declarativo) [ou seja,</p><p>saber o que serão] utilizados eficientemente em situações com</p><p>características similares (apud Azevedo e Vasconcellos, 2013, p. 32).</p><p>Tal competência, em tradutores é nominada de Competência Tradutória (CT)</p><p>sendo definida como: (1) um conhecimento que vai para além de saber as duas línguas;</p><p>(2) um conhecimento que é especializado, ou seja, precisa ser estudado em diversos</p><p>níveis de conhecimento; (3) é composta de um conhecimento declarativo, ou seja,</p><p>saber conceituar, e processual, saber agir mediante a determinadas situações; (4) um</p><p>composto de conhecimentos agrupados em conhecimentos relacionados, habilidades</p><p>e atitudes; (5) um sistema organizado de conhecimentos que são mobilizados de acordo</p><p>com as situações interpretativas que emergem na prática profissional; (6) depende</p><p>de uma série de outros conhecimentos que vão desde a experiência do tradutor e o</p><p>contexto de tradução.</p><p>Alguns teóricos apresentam diversas categorias de conhecimentos que</p><p>compõem a CT, um deles é Roberts (1992 apud QUADROS, 2004, p. 73-74), que divide a</p><p>CT em aspectos que se somados, resultam na CT, são eles:</p><p>• Linguística: que é a habilidade de manipular, com excelência,</p><p>as línguas envolvidas no processo de interpretação, isto é, a</p><p>Libras e principalmente a Língua Portuguesa. Lembre-se que</p><p>os intérpretes precisam ter um excelente conhecimento de</p><p>ambas as línguas envolvidas</p><p>na interpretação, demonstrando</p><p>ter habilidade para distinguir as ideias principais das ideias</p><p>secundárias e determinar os elos que determinam a coesão do</p><p>discurso, extraindo o sentido dela.</p><p>• Transferência: não é qualquer um que conhece duas línguas</p><p>que tem capacidade para transferir a mensagem de uma</p><p>língua para a outra; essa competência envolve habilidade</p><p>para compreender a articulação do significado no discurso da</p><p>língua fonte, habilidade para interpretar o significado da língua</p><p>fonte para a língua alvo (sem distorções, adições ou omissões),</p><p>habilidade para transferir uma mensagem na língua fonte para</p><p>língua alvo sem influência da língua fonte e habilidade para</p><p>transferir da língua fonte para língua alvo de forma apropriada</p><p>do ponto de vista do estilo.</p><p>• Metodológica: habilidade em usar diferentes modos de</p><p>interpretação (simultâneo, consecutivo e outros), habilidade</p><p>para escolher o modo apropriado diante das circunstâncias,</p><p>habilidade para retransmitir a interpretação, quando necessário,</p><p>habilidade para encontrar o item lexical e a terminologia</p><p>121</p><p>adequada avaliando e usando-os com bom senso, habilidade</p><p>para recordar itens lexicais e terminologias para uso no futuro.</p><p>• Na Área ou Referencial: conhecimento requerido para</p><p>compreender o conteúdo de uma mensagem que está sendo</p><p>interpretada, imagina um TILSP que atua na escola e desconhece</p><p>como uma escola funciona? Ele não vai dar conta de realizar a</p><p>sua atividade interpretativa, por isso ele precisa conhecer muito</p><p>bem o seu espaço de trabalho para conseguir efetuar uma boa</p><p>interpretação.</p><p>• Bicultural: profundo conhecimento das culturas que</p><p>subjazem as línguas envolvidas no processo de interpretação</p><p>tais como: conhecimento das crenças, valores, experiências e</p><p>comportamentos dos utentes da língua fonte e da língua alvo</p><p>e apreciação das diferenças entre a cultura da língua fonte e a</p><p>cultura da língua alvo.</p><p>• Técnica ou Profissional: habilidade para posicionar-se</p><p>apropriadamente para interpretar, habilidade para usar diferentes</p><p>ferramentas que fazem parte do ato interpretativo, envolve</p><p>até conhecer o local de atuação onde você vai realizar a sua</p><p>interpretação.</p><p>Observa-se que a diferenciação entre estes tipos de conhecimentos é de</p><p>fundamental importância, porém não é suficiente, pois para além de saber o que</p><p>é, é necessário também saber por que empregar os conhecimentos declarativo</p><p>e procedimental em determinada situação. Todavia, a qualificação da CT, em um</p><p>A presença do tradutor-intérprete de</p><p>Língua Brasileira de Sinais, em sala de aula</p><p>e em outros ambientes educacionais, é</p><p>importante para que os alunos surdos</p><p>usuários da Libras tenham acesso aos</p><p>conteúdos escolares, contribuindo para a</p><p>melhoria do atendimento e o respeito à</p><p>diversidade linguística e sociocultural dos</p><p>alunos surdos de nosso país.</p><p>Esse livro tem como objetivo apoiar e</p><p>incentivar o desenvolvimento profissional</p><p>de tradutores e intérpretes de Libras/</p><p>Língua Portuguesa.</p><p>A versão eletrônica deste livro está</p><p>disponível para download gratuito em</p><p>formato PDF.</p><p>FONTE: https://bit.ly/3yPCATe. Acesso em:</p><p>17 maio. 2021.</p><p>DICA</p><p>122</p><p>conhecimento especializado, traz avanços na busca de uma definição do que é uma CT,</p><p>tendo em vista que esta pressupõe uma série de conhecimentos, habilidades e atitudes</p><p>organizados que são mobilizados em momentos oportunos na prática tradutória.</p><p>4 ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO</p><p>Como observamos anteriormente a partir da Teoria Interpretativa da Tradução</p><p>(SELESKOVITCH; LEDERER, 1989 apud FREIRE, 2008) e a Teoria do Modelo dos Esforços</p><p>da Interpretação (GILE, 1995 apud FREIRE, 2008), no ato interpretativo o TILSP necessita</p><p>tomar uma série de decisões que vão, segundo Seleskovitch, de uma desverbalização,</p><p>ou seja, a extração de sentido com a metáfora da roupa utilizada pela autora, ou ainda,</p><p>segundo Gile a audição e análise das mensagens que estão sendo produzidas no</p><p>discurso passando pela análise do que se quer dizer até a produção dessa interpretação.</p><p>Nesse ínterim, cabe ao profissional tomar decisões e fazer escolhas de quais palavras,</p><p>na língua alvo, levarão aquele sentido até o público que necessita dessa informação.</p><p>Santiago (2012) apresenta uma problemática terminológica dentro dos Estudos</p><p>Processuais da Tradução para definir o que seriam procedimentos e o que seriam</p><p>estratégias, que em suma possuem mesma função no ato tradutório, todavia precisam</p><p>ser clarificados quanto às suas definições. Segundo a autora</p><p>Pretendo apresentar aqui os procedimentos técnicos ou estratégias</p><p>de tradução/interpretação. Aqui coloco o primeiro questionamento,</p><p>já que a tarefa de um locutor está imbricada em escolhas, farei uma</p><p>escolha desde aqui consciente do termo a ser utilizado neste texto</p><p>(SANTIAGO, 2012, p. 35).</p><p>Assim como a autora, também optamos por utilizar o termo estratégia, mas</p><p>primeiramente, precisamos expor que o conceito de procedimento “está diretamente</p><p>ligado à maneira de agir, à conduta e ao comportamento, outro conceito aplicado é o</p><p>de ação ou método de realizar um trabalho de forma correta para atingir uma meta”</p><p>(SANTIAGO, 2012, p. 35), uma variação do termo é procedimento técnico que ainda</p><p>nas palavras da autora “pode assumir um sentido mais específico, pois a palavra técnico</p><p>traz consigo o sentido de algo padrão ou operacional” (SANTIAGO, 2012, p. 35) já o</p><p>conceito de estratégia, o que seja utilizado por nós, “e tende a considerar as condições</p><p>do contexto, envolvendo um processo decisório ao pensar em uma dada atividade,</p><p>e usando uma atividade formalizada para chegar a um objetivo pré-determinado”.</p><p>(SANTIAGO, 2012, p.35).</p><p>Ao observar o conceito podemos lembrar que o termo estratégia é muito utilizado</p><p>em âmbito bélico, todavia é hoje presente em muitos outros contextos científicos,</p><p>porém a autora faz uma interessante relação entre as estratégias de guerra frente às</p><p>estratégias utilizadas por TILSP, vejamos:</p><p>123</p><p>FONTE: Santiago (2012, p. 36)</p><p>Tal escolha terminológica, realizada por nós, vai ao encontro com a definição de</p><p>Bordenave (1987, p. 2) e Barbosa (2004, p. 11; 2020, p. 11) que concordam que a tradução</p><p>é uma “atividade humana realizada através de estratégias mentais empregadas na</p><p>tarefa de transferir significados de um código linguístico para outro” (grifos nossos).</p><p>Quem inicia, em âmbito teórico a discussão sobre as estratégias de tradução foram Vinay</p><p>e Darbelnet (1977) que primeiramente publicaram um resumo em 1958 e expandiram a</p><p>publicação em 1977.</p><p>Claro que aqui não se cabe detalhar cada uma dessas estratégias tendo em</p><p>vista que apenas Barbosa (2020) aponta 14 diferentes, há outros autores, que vão</p><p>definir muitas outras incontáveis. No entanto, você poderá encontrar mais informações,</p><p>como leitura complementar, no livro “Libras e sua Tradução em pesquisa: interfaces,</p><p>reflexões e metodologias”, no Capítulo 5 intitulado como “A atuação de intérpretes de</p><p>língua de sinais: revisitando os códigos de conduta ética” (SANTOS, 2017, p. 92). Santos</p><p>é professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (UFSC/UFES), e</p><p>doutor em estudos da linguística, e é um dos principais divulgadores da necessidade do</p><p>desenvolvimento de estratégias por TILSP a partir de seu curso/canal denominado de</p><p>“Traduz Aí: descomplicando o processo de tradução no par Libras-português” que pode</p><p>ser encontrado no YouTube.</p><p>QUADRO 1 - A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE ESTRATÉGIA NA GUERRA E NA TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO.</p><p>Princípios</p><p>Fundamentais</p><p>Na guerra Na tradução/Interpretação</p><p>Do campo de</p><p>batalha</p><p>conhecer o campo da batalha;</p><p>lugares para atacar e para</p><p>refugiar-se</p><p>entender as condições,</p><p>o contexto da tradução/</p><p>interpretação</p><p>Da concentração</p><p>das forças</p><p>o estado de suas tropas;</p><p>as tropas devem saber que</p><p>estão treinadas; ficar em</p><p>guarda mesmo depois de uma</p><p>aparente vitória</p><p>preparação; organização dos</p><p>recursos línguísticos; a cada</p><p>novo enunciado uma nova</p><p>tradução</p><p>Do ataque</p><p>saber o que fazer e o que não</p><p>pode fazer; saber tirar proveito</p><p>de todas</p><p>as situações</p><p>concentração dispensada na</p><p>tradução; implementação de</p><p>procedimentos</p><p>Das forças</p><p>diretas e indiretas</p><p>gestão das contingências,</p><p>saber o que temer ou esperar;</p><p>controle do inimigo</p><p>gestão do inesperado; o</p><p>fantasma da intraduzibilidade;</p><p>e a relação com “o outro”</p><p>124</p><p>Para mais informações sobre as estratégias de</p><p>tradução, leia gratuitamente o Livro “Libras e</p><p>sua Tradução em pesquisa: interfaces, reflexões</p><p>e metodologias”, o capítulo 5 intitulado como</p><p>“A atuação de intérpretes de língua de sinais:</p><p>revisitando os códigos de conduta ética”,</p><p>acessando o link: https://bit.ly/3vvcenT.</p><p>FONTE: ALBRES, N. A. Libras e sua tradução em</p><p>pesquisa: interfaces, reflexões e metodologias.</p><p>Biblioteca Universitária, UFSC. 2017. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3vvcenT. Acesso em: 17 maio.</p><p>2021.</p><p>Para conhecer as 14 diferentes estratégias</p><p>de tradução, apontadas por Barbosa (2020),</p><p>recomendamos a leitura do livro “Procedimentos</p><p>Técnicos da Tradução: uma nova proposta''.</p><p>FONTE: http://bit.ly/3rwuT0h. Acesso em: 17 maio.</p><p>2021.</p><p>Outra leitura importante é a do livro “Análise</p><p>textual em tradução: bases teóricas, métodos e</p><p>aplicação didática”, de Christiane Nord, que pode</p><p>ser baixado gratuitamente.</p><p>FONTE: https://bit.ly/3uOGVDo. Acesso em: 17</p><p>mai. 2021.</p><p>DICA</p><p>DICA</p><p>5 PROBLEMAS DE TRADUÇÃO</p><p>Você já presenciou algum TILSP, em atuação profissional, quando realiza o</p><p>processo de interpretação, ou até mesmo quando ele começa a gaguejar na interpretação</p><p>de Libras-português, a interpretação direta – popularmente conhecida como dar voz</p><p>ao surdo, verbalização ou vocalização – utilizando expressões como “é..... é..... é....” ou</p><p>até mesmo os vícios de linguagem como “né... então... ãn...”? Pois bem, quando isso</p><p>acontece, o processo interpretativo, realizado no cognitivo do intérprete, está travado</p><p>pois se esbarrou em um problema de tradução, mas você sabe o que é um problema de</p><p>tradução?</p><p>125</p><p>Nas palavras de Nord (2018, p. 263), “um problema de tradução é uma tarefa</p><p>de transferência objetiva (ou intersubjetiva) que todo tradutor, deve resolver durante</p><p>um processo específico de tradução”, ou seja, é naquele momento em que o TILSP se</p><p>pergunta “como traduzir isso?”</p><p>A autora ainda categoriza quatro tipos diferentes de problemas de tradução</p><p>(NORD, 2018, p. 263), são eles:</p><p>• problemas de tradução pragmáticos (PTP), que surgem do</p><p>contraste entre a situação na qual o Texto Fonte é/ou foi utilizado</p><p>e a situação para a qual o Texto Alvo é produzido (por exemplo,</p><p>a orientação ao público de um texto ou referências dêiticas de</p><p>tempo e lugar);</p><p>• problemas de tradução relacionados a convenções (PTC),</p><p>que surgem das diferenças nas convenções comportamentais</p><p>entre as culturas fonte e alvo (por exemplo, convenções de</p><p>gênero, de mensuração ou de tradução);</p><p>• problemas de tradução de ordem linguística (PTL), que</p><p>surgem de diferenças estruturais entre as línguas fonte e alvo</p><p>(por exemplo, a tradução do gerúndio do inglês para o alemão ou</p><p>das partículas modais do alemão para o português);</p><p>• problemas de tradução específicos (PTE), que surgem</p><p>de características específicas do Texto Fonte (por exemplo, a</p><p>tradução de um trocadilho).</p><p>Tendo em vista que a autora atua com línguas orais, ou seja, um processo</p><p>tradutório entre línguas vocais, cabe exemplificarmos cada um dos problemas de</p><p>tradução quando trabalhados no par Libras-português.</p><p>Quando tratamos dos problemas relacionados a PTP estamos falando de diversos</p><p>níveis de registros, ou seja, nível de formalização/informalização de um determinado</p><p>texto, também podemos identificar as questões relacionadas à tridimensionalização do</p><p>texto frente a linearidade da produção do texto em português.</p><p>Já quando observamos os PTC estão colocados na mesa questões relacionadas</p><p>aos elementos extralinguísticos ligados ao público-alvo do texto, quando, por exemplo,</p><p>estamos trabalhando com questões auditivas para com um público que é surdo. Quando</p><p>falamos sobre o “sinal de batismo” em Libras, por exemplo, temos um elemento de</p><p>divergência extralinguístico já que tal sinal é uma metonímia linguística para identificar</p><p>uma pessoa por completo, diferente do nome em português que identifica o indivíduo</p><p>sem caracterizá-lo.</p><p>Já os PTL estão relacionados às divergências linguísticas existentes entre o</p><p>texto fonte e o texto alvo no que tange questões linguísticas, uma delas que podemos</p><p>exemplificar é, por exemplo, a quantidade de palavras existentes em uma determinada</p><p>língua, ao analisarmos nosso par linguístico, a Libras possui muito menos possibilidades</p><p>linguísticas do que o português, assim o TILSP necessita encontrar os elementos</p><p>gestuais-visuais que se equivalham, mas isso nem sempre é uma tarefa fácil.</p><p>126</p><p>Por fim os PTE estão relacionados a divergências dos gêneros textuais</p><p>existentes entre nossas línguas, isto é, uma música em Libras não é a mesma coisa que</p><p>uma música em português, uma piada assume características diferentes em ambas as</p><p>línguas e no ato interpretativo o TILSP vai precisar não apenas interpretar as intenções</p><p>enunciativas, mas, sobretudo, moldar o gênero textual de acordo com a língua.</p><p>Para ampliar mais o seu conhecimento, acesse e</p><p>baixe gratuitamente e leia o Capítulo “Português</p><p>e Libras em diálogo: os procedimentos de</p><p>tradução e o campo do sentido” de Santiago</p><p>(2012) neste livro: Libras em Estudo:</p><p>tradução/interpretação. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/2YQgJdU.</p><p>Você também poderá baixar os outros livros</p><p>desta coleção gratuitamente, acessando o</p><p>Projeto “Literaturas do Universo Surdo de A à</p><p>Z”, Letra #L - parte 2, disponível em: https://bit.</p><p>ly/3seTual.</p><p>FONTE: SANTIAGO, V. A. A. Português e Libras</p><p>em diálogo: os procedimentos de tradução</p><p>e o campo do sentido. ALBRES, N. A. Libras</p><p>em Estudo: tradução/interpretação. São</p><p>Paulo: Feneis, 2012. Disponível em: https://bit.</p><p>ly/2YQgJdU. Acesso em: 17 maio. 2021.</p><p>DICA</p><p>127</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:</p><p>• Traduzir e/ou interpretar são processos dinâmicos que demandam tempo, saúde</p><p>cognitiva, conhecimentos linguísticos e técnicos, além da interdependência de</p><p>outros pares munidos de recursos que poderão subsidiar com qualidade o trabalho</p><p>final.</p><p>• Devido a demanda de atuação e responsabilidades do profissional TILSP, é</p><p>inadmissível que este desconheça informações relevantes e as especificidades</p><p>sobre o idioma o qual irá mediar.</p><p>• Temos um conceito dividido em quatro elementos, a saber: (1) um processo</p><p>interpretativo; (2) gerador de um texto novo reformulado a partir de elementos</p><p>linguísticos e extralinguísticos da língua alvo; (3) o desenvolvimento de um contexto</p><p>social; e (4) a finalidade de levar ao público-alvo informações que estão sendo</p><p>mediadas.</p><p>• Há 6 Competências Tradutórias básicas: (1) o conhecimento que vai para além de</p><p>saber as duas línguas; (2) um conhecimento que é especializado, ou seja, precisa ser</p><p>estudado em diversos níveis de conhecimento; (3) o conhecimento declarativo, ou</p><p>seja, saber conceituar, e processual, saber agir mediante a determinadas situações;</p><p>os (4) conhecimentos agrupados em conhecimentos relacionados, habilidades e</p><p>atitudes; (5) um sistema organizado de conhecimentos que são mobilizados de</p><p>acordo com as situações interpretativas que emergem na prática profissional; e o</p><p>(6) uma gama de outros conhecimentos que vão desde a experiência do tradutor e</p><p>o contexto de tradução.</p><p>• Há outras categorias que compõem as Competências Tradutórias: a Linguística, a</p><p>de Transferência, a Metodológica, a de Área ou Referencial, a Bicultural, e a</p><p>Técnica ou Profissional.</p><p>• Ao atuar, o Tradutor e Intérprete de Libras, poderá lançar mão de uma série de</p><p>estratégias de tradução quando surgir a necessidade para tais. Ao fazer isso, ele</p><p>não compromete o processo tradutório, pois, ao realizá-las de forma satisfatória,</p><p>essas servirão como apoio garantindo assim uma tradução e/ou interpretação</p><p>bem-sucedida.</p><p>128</p><p>1 A divergência textual existente entre o nosso par linguístico se demonstra</p><p>como um</p><p>problema de tradução. A qual problema está associado essa divergência como nos</p><p>demonstra Nord (2018, p. 263)?</p><p>a) ( ) problemas de tradução pragmáticos (PTP)</p><p>b) ( ) problemas de tradução relacionados a convenções (PTC)</p><p>c) ( ) problemas de tradução de ordem linguística (PTL)</p><p>d) ( ) problemas de tradução específicos (PTE)</p><p>2 Como você observou nesta disciplina, tanto a Teoria do Modelos de Esforços de</p><p>Gile quanto a Teoria Interpretativa da Tradução de Seleskovitch apontam para um</p><p>processo tripartite de ações em que a tradução é o produto dessas atividades. Albir</p><p>(2005) equiparou a tradução a um processo e defendeu que a atividade consiste no</p><p>processo interpretativo e comunicativo. Sobre a defesa de Albir (2005) quanto aos</p><p>conceitos divididos e com base no que você estudou analise as questões abaixo.</p><p>I- Processo em que o profissional precisa interpretar, ou seja, entender o que se quer</p><p>dizer com o texto fonte e como se está dizendo.</p><p>II- Processo que gera um texto novo reformulado a partir de elementos linguísticos e</p><p>extralinguísticos da língua alvo.</p><p>III- Processo que se desenvolve em um contexto social que demanda acesso às</p><p>informações como educação, saúde e justiça por exemplo.</p><p>IV- Processo que possui uma finalidade, quer dizer, levar ao público destinatário</p><p>informações que cumprem a um objetivo definido.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Apenas a assertiva I, II e IV estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a assertiva I, II e III estão corretas.</p><p>c) ( ) Todas as assertivas estão corretas.</p><p>d) ( ) Apenas a assertiva I, III e IV estão corretas.</p><p>3 Como você viu neste Tópico “uma competência é, segundo Lasnier (2000, p. 31), o</p><p>saber como agir complexo e resultante de uma integração, uma soma de mobilização</p><p>e organização da combinação de capacidades e de habilidades, que podem</p><p>ser cognitivas, afetivas, psicomotoras ou sociais, e de conhecimento. A isso, tal</p><p>competência é nominada de Competência Tradutória (CT) e definidas como:</p><p>De acordo com essas proposições, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para</p><p>as falsas:</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>129</p><p>( ) um conhecimento que vai para além de saber as duas línguas.</p><p>( ) um conhecimento que é especializado, ou seja, precisa ser estudado em diversos</p><p>níveis de conhecimento dos sujeitos surdos.</p><p>( ) é composta de um conhecimento declarativo, ou seja, saber conceituar, e</p><p>processual, saber agir mediante a determinadas situações.</p><p>( ) um sistema organizado de conhecimentos que são mobilizados de acordo com as</p><p>situações interpretativas que emergem na prática profissional.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – F – F – V.</p><p>b) ( ) V – F – V – V.</p><p>c) ( ) F – V – F – F.</p><p>d) ( ) F – F – V – V.</p><p>4 Como apresentado por Silva e Santos (2021), Catford (1980) nos versa, de forma</p><p>ampla, que a tradução é exercida quando temos uma substituição de material textual</p><p>e equivalente, de uma língua a outra, sendo este conceito aplicado em uma operação</p><p>que se realiza naturalmente entre línguas distintas. Baseado no que você estudou</p><p>até agora e aprendeu nesse estudo, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As três tipologias de tradução são: a tradução intralingual, intalinguagem e</p><p>intersemiótica.</p><p>b) ( ) As três tipologias de tradução são: a tradução interlingual, intralingual e</p><p>intersemiologia.</p><p>c) ( ) As três tipologias de tradução são: a tradução interlingual, intralingual e</p><p>intersemiótica.</p><p>d) ( ) As três apologias de tradução são: a tradução interlingual, intralingual e</p><p>intersemiótica.</p><p>5 Sabemos que são diversas as contribuições dos estudos processuais que são</p><p>utilizados nas experiências linguísticas e tradutórias, e que os profissionais TILSP/</p><p>GILSP acumulam no exercício da sua profissão sendo influenciados significativamente</p><p>na forma de como atuam. Analise as sentenças abaixo.</p><p>I- Quando se aprende a Língua de Sinais, principalmente a utilizada em casa, os</p><p>efeitos de simultaneidade tendem a ficar mais divergentes com o português.</p><p>II- As especificidades das modalidades tradutórias é o que coloca o profissional</p><p>tradutor intérprete em grande desenvolvimento.</p><p>III- Os pormenores linguísticos das modalidades é que dão à Libras o conceito de língua,</p><p>como organização de elementos estruturais possibilitadores da comunicação</p><p>surdocega.</p><p>IV- O par linguístico em que se trabalha, possui modalidades de produção e de usos</p><p>diferentes, surgindo assim especificidades no ato interpretativo denominado de</p><p>efeitos de modalidade.</p><p>130</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Somente a sentença IV está correta.</p><p>b) ( ) Somente a sentença II está correta.</p><p>c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.</p><p>d) ( ) Todas as sentenças estão corretas.</p><p>131</p><p>TÓPICO 3 -</p><p>ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL</p><p>TILSP</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Assim como em cada profissão, em cada ofício existente, há um começo de</p><p>lutas, percalços, dificuldades e grandes surpresas, além de demandas emergentes e</p><p>muito significativas. A eclosão baseada no status momentâneo daquela demanda traz</p><p>consigo um nicho de possibilidades de ingresso e permanência contínua ou temporária.</p><p>Quando nos damos conta de que, na Educação, a necessidade de recursos humanos é</p><p>emergente, logo pensamos na formação de qualidade para atender os profissionais que</p><p>atuarão neste contexto. Ainda assim, quando esses profissionais irão atuar, ou mediar,</p><p>dois idiomas distintos, duas estruturas linguísticas de modalidades diferentes e que</p><p>demandam uma formação específica ancorada em competências e habilidades básicas,</p><p>técnicas e estratégias, e não somente pedagógica, e muito menos simplória e rasa,</p><p>como já mencionamos anteriormente.</p><p>FIGURA 14 – INTERPRETAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL</p><p>FONTE: <https://shutr.bz/3iELFZh>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>UNIDADE 2</p><p>132</p><p>FIGURA 15 – INTERPRETAÇÃO NO CONTEXTO MÉDICO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3srwExz>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>FIGURA 16 – INTERPRETAÇÃO NO CONTEXTO JURÍDICO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3CK3COi>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>FIGURA 17 – INTERPRETAÇÃO EM CONTEXTOS OFICIAIS</p><p>FONTE: <https://shutr.bz/3CBj5A2>. Acesso em: 10 ago. 2021</p><p>Desde o reconhecimento da Libras como meio de comunicação oficial da</p><p>comunidade surda no Brasil (BRASIL, 2002), a demanda de profissionais TILSP tem</p><p>ampliado principalmente após a regulamentação desta Lei (BRASIL, 2005) e do</p><p>133</p><p>reconhecimento dessa profissão (BRASIL, 2010). Não somente após os anos 2000 que</p><p>a demanda é emergente. Antes disso, a Comunidade Surda já se encontrava à mercê</p><p>de profissionais TILSP voluntários para atuar nos espaços em que ela se encontrava</p><p>e necessitava dos serviços de tradução e interpretação. No entanto, vale lembrar que</p><p>muitos desses trabalhos eram realizados por voluntários sem formação específica, e</p><p>muito das vezes sem as competências tradutórias e habilidades de interpretação.</p><p>O tempo passou, novas contribuições à formação deste profissional têm surgido</p><p>- ainda que não tenhamos um padrão ou um currículo organizado para a formação</p><p>específica em cada esfera - e muitas discussões, nos últimos 10 anos tem ocorrido.</p><p>Essas, de grande relevância e oriundas de eventos organizados por pesquisadores</p><p>linguísticas, tratam da necessidade da formação de qualidade desse profissional.</p><p>Para tanto, as esferas que este profissional atua, são inúmeras, porém, neste tópico</p><p>abordaremos brevemente apenas três delas: educacional, jurídica e midiática.</p><p>Além disso, prezado acadêmico, você verá quais são as atribuições distintas,</p><p>o código de ética que rege esse profissional e a problematização dos equívocos que</p><p>ocorrem durante o seu trabalho, no ato tradutório e interpretativo.</p><p>2 ESFERA EDUCACIONAL, JURÍDICA E MIDIÁTICA</p><p>Neste subtópico você verá como se dá a inserção do profissional TILSP nessas</p><p>esferas de atuação e emergentes em todo o território brasileiro, e porque não em</p><p>muitos outros países em que as Línguas de Sinais (LS) são reconhecidas, e muito mais</p><p>emergentes durante o período de pandemia da COVID-19 a partir de 2020.</p><p>Para saber</p><p>mais sobre a história, o surgimento do profissional TILSP e o</p><p>seu processo de inserção na sociedade com o trabalho voluntário até a</p><p>sua profissionalização. Acesse e leia “A historicidade do TILS - tradutor</p><p>e intérprete de língua de sinais do anonimato ao reconhecimento”</p><p>em Araújo (2017, p. 149-163). Disponível em: https://doi.org/10.46401/</p><p>ajh.2015.v7.2664.</p><p>Para saber quais os países têm suas Línguas de Sinais reconhecidas</p><p>legalmente, acesse e leia a pesquisa “O ingresso e a formação acadêmica</p><p>do sujeito surdo: singularidades, conquistas e desafios da educação</p><p>inclusiva no espaço universitário” em Silva (2019, p. 45-47) disponível</p><p>em: https://bdtd.unifal-mg.edu.br:8443/handle/tede/1453.</p><p>INTERESSANTE</p><p>DICA</p><p>134</p><p>2.1 ESFERA EDUCACIONAL</p><p>Na esfera educacional, há muitas e contraditórias inserções precipitadas que</p><p>traz à tona a fragilidade do sistema e dos processos de contrato deste profissional, o</p><p>qual irá atuar em um dos campos de mais responsabilidade, principalmente no que</p><p>diz respeito ao contexto de acessibilidade na perspectiva de educação inclusiva. Como</p><p>apontam Costa e Albres (2019, p. 312), ao contratar o TILSP, há uma indefinição “nos</p><p>papéis desses profissionais ou mesmo uma inquietação quanto ao perfil profissional do</p><p>intérprete nesse contexto”.</p><p>Esses contratos, geralmente temporários, fazem menção da formação</p><p>específica que o profissional deve ter para atuar na educação. Na maioria das vezes,</p><p>o perfil profissional prescrevido nos editais de contrato é o do sujeito com formação</p><p>em licenciaturas, somadas a cursos de Libras, e não o de bacharel em tradução e</p><p>interpretação. Isso nos leva a entender que este profissional não atuará apenas como</p><p>um TILSP, mas sim como professor auxiliar e mediador de outras atividades, em outros</p><p>contextos vinculados à educação, os quais, em ambiente educativo, a instituição poderá</p><p>lhe atribuir (COSTA; ALBRES, 2019). A título de exemplo, a atuação poderá acontecer em</p><p>sala de aula inclusiva e/ou em salas de recursos, em apoio ao Atendimento Educacional</p><p>Especializado - AEE em que há alunos surdos matriculados (BRASIL, 2011).</p><p>FIGURA 18 - INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS EM SALA DE AULA</p><p>FONTE: <http://tilsmeirsp.blogspot.com/2017/03/aspectos-descritos-por-um-tils-pensados.html>. Acesso</p><p>em: 12 maio. 2021</p><p>Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação</p><p>especial, o atendimento educacional especializado (AEE). Disponível em:</p><p>https://bit.ly/2S9LF9d. Acesso em: 6 maio. 2021.</p><p>IMPORTANTE</p><p>135</p><p>Para mais detalhes dessa inserção precipitada e frágil, acesse e leia o artigo</p><p>“O TRADUTOR-INTÉRPRETE DE LIBRAS NA EDUCAÇÃO: Inserção Precipitada</p><p>e a Invisibilidade nas Competências e a Formação Fragilizada”. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3uPM4uM.</p><p>Compreender as atribuições deste profissional, independentemente de</p><p>onde ele atua, é essencial para que, do ponto de vista ético com a área de</p><p>atuação e do público-alvo que será atendido, a execução de suas atribuições</p><p>seja de qualidade e responsável (QUADROS, 2007). Falaremos mais sobre</p><p>essa inserção precipitada e frágil na Unidade 3.</p><p>DICA</p><p>ESTUDOS FUTUROS</p><p>Na contemporânea e reivindicada educação inclusiva, a inserção desses</p><p>profissionais vai além da prática, das funções e do campo de atuação específica do</p><p>TILSP. Ao fazerem uma análise das atribuições do TILSP nesse contexto, em que a</p><p>diversidade do ambiente educacional bem como das especificidades de cada alunado</p><p>surdo deve ser levado em conta, Albres e Rodrigues (2018, p. 34) concluíram que:</p><p>Todas as atividades vinculadas aos IE [intérprete educacional] são singulares</p><p>e dependentes do contexto da sala de aula, da necessidade de cada aluno, das</p><p>características de cada disciplina e, até mesmo, da empatia e articulação com cada</p><p>professor regente. Essas diversas atribuições dos IE evidenciam a complexidade da</p><p>atuação e reiteram, uma vez mais, a importância de uma formação adequada que</p><p>envolva aspectos linguísticos, extralinguísticos, atitudinais, tradutórios, interpretativos,</p><p>didáticos e pedagógicos.</p><p>É exatamente nessa questão, em que o profissional atuará numa gama</p><p>complexa e diversa, que nós vemos a fragilidade do sistema e da inserção precipitada</p><p>desse sujeito. Uma reflexão importante e significativamente inquietante, para além da</p><p>inserção nessa esfera, é saber que muitos ingressos dispõem de certificação superior,</p><p>em pós-graduação, que os qualifica como Especialistas na área de atuação, e muito</p><p>das vezes sem ao menos ter tido algum contato com a comunidade surda, tendo</p><p>apenas o conhecimento de suas singularidades, especificidades bem como de sua</p><p>cultura, pautado nas bases teóricas ao longo de um curso com variante entre 360 e 460</p><p>horas, e não com base experienciadas, o envolvimento linguístico, in loco, junto a essa</p><p>comunidade (SILVA, 2018).</p><p>136</p><p>Para conhecer mais sobre as atribuições do</p><p>Tradutor e Intérprete de Libras, acesse, baixe</p><p>gratuitamente e leia o Livro “O Tradutor e In-</p><p>térprete de Língua Brasileira de Sinais e</p><p>Língua Portuguesa” de Quadros (2007) dis-</p><p>ponível em: https://bit.ly/3abkhNd.</p><p>FONTE: QUADROS, R. M. O Tradutor intérpre-</p><p>te de língua de sinais e língua portuguesa. 2.</p><p>ed. Brasília: MEC: SEESP, 2007. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3abkhNd. Acesso em: 17 maio.</p><p>2021.</p><p>Outro livro importante e que também traz con-</p><p>siderações sobre as atribuições e formação do</p><p>TILSP, é o livro “Intérpretes Educacionais de</p><p>Libras: Orientações para prática profissional”</p><p>que pode ser baixado gratuitamente.</p><p>FONTE: SANTA CATARINA. Intérpretes educacio-</p><p>nais de Libras: orientações para a prática profis-</p><p>sional. Florianópolis: DIOESC, 2013. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3fOEpaD. Acesso em: 15 maio.</p><p>2021.</p><p>DICA</p><p>2.2 ESFERA JURÍDICA</p><p>A esfera jurídica, ou esfera pública jurídica, conforme apresenta Gonçalves</p><p>(2018, p. 143), “pode ser entendida como a fronteira entre as instituições jurídicas e a</p><p>sociedade”. Também, é uma dinâmica realidade, pois o seu corpus, ou a sua coleção de</p><p>documentos e outras especificidades a ela inerentes, se diversifica a cada novos direitos</p><p>criados e vinculações inseridas, além da remoção daqueles que foram substituídos</p><p>(DRE, s.d.). Por ser um espaço de conexão entre instituições jurídicas e sociedade</p><p>civil (GONÇALVES, 2018), entendemos que esse contexto apresenta grandes desafios</p><p>quando o aproximamos da área de atuação do profissional Tradutor e Intérprete de</p><p>Língua de Sinais.</p><p>A esta área de atuação, não há pesquisas e profissionalização, em território</p><p>brasileiro, que subsidiem a formação dos profissionais TILSP. Mas, as poucas e crescentes</p><p>produções que vêm sendo divulgadas, além das apresentações via plataformas de</p><p>vídeo nas redes sociais, mostram o quão desafiador e complexo é o trabalho do tradutor</p><p>e intérprete.</p><p>137</p><p>FIGURA 19 – INTÉRPRETES SURDOS NO TRIBUNAL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3sjIUQv>. Acesso em 12 maio. 2021.</p><p>FIGURA 20 – INTÉRPRETES SURDOS NO TRIBUNAL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3CODguw>. Acesso em: 12 maio. 2021</p><p>Os serviços que o sistema judiciário oferta, fomenta uma enorme necessidade</p><p>de planejar e implementar ações que venham a oferecer subsídios à prática da</p><p>“profissionalização de intérpretes de Libras-Português que atuam no campo jurídico”</p><p>(RECKELBERG; SANTOS, 2019, p. 3). Mesmo incipiente no Brasil, em outros países a</p><p>profissionalização desse profissional é bem mais evoluída. Pensar na promoção</p><p>profissional deste, é levá-lo à habilitação de qualidade que garanta a acessibilidade</p><p>dos surdos brasileiros nesse espaço. Implementar serviços de interpretação de Libras-</p><p>português no Judiciário brasileiro é uma realidade emergente, como apontam Santos e</p><p>Beer (2017).</p><p>[...] ressaltamos que no Brasil o campo da interpretação de Língua</p><p>Brasileira de Sinais (Libras) para o Português, e vice-versa em</p><p>contextos jurídicos é incipiente, tanto no que se refere à pesquisa</p><p>quanto à atuação propriamente dita. Tal área carece de pesquisas</p><p>que evidenciem as principais demandas, dificuldades e desafios</p><p>dos intérpretes nesse contexto específico de trabalho.</p><p>Além disso,</p><p>a necessidade de formação específica para os intérpretes de Libras-</p><p>138</p><p>português que atuam no contexto jurídico é urgente, uma vez que</p><p>a comunidade surda tem cada vez mais buscado seus direitos</p><p>(SANTOS; BEER, 2017, p. 292).</p><p>2.3 ESFERA MIDIÁTICA</p><p>Na esfera midiática, em alta nos dias de hoje, podemos observar que a primeira</p><p>inserção desse profissional se deu ainda em 1989, como vemos em Bianchini (2015),</p><p>uma das aparições mais remotas da inserção de TILSP, podendo não ser a primeira</p><p>no Brasil, realizando interpretação simultânea em contextos políticos foi na campanha</p><p>política do então candidato à Presidência da República, Guilherme Afif Domingos, que</p><p>teve no vídeo a companhia do TILSP Paulo Favalli.</p><p>Para saber mais sobre como é complexo o trabalho do tradutor e</p><p>intérprete na esfera jurídica, além das demandas e experiências que</p><p>estes profissionais têm, acesse as “Aulas abertas sobre Tradução e</p><p>Interpretação de Libras no Contexto Jurídico Brasileiro” do Grupo de</p><p>Pesquisa LingCognit – Linguagem & Cognição: escolhas tradutórias e</p><p>interpretativas, no Youtube.</p><p>Você poderá assistir a aula “O Tradutor Juramentado como auxiliar da</p><p>Justiça no Brasil”, partes 1 e 2, acessando estes links: Parte 1: https://</p><p>youtu.be/KReEeCBWOGU; Parte 2: https://youtu.be/GqtSr0C54hg. No</p><p>canal você encontrará outros temas, como:</p><p>“O ensino prático de sinais manuais jurídicos em Libras”; “(Des)Encontros</p><p>de Tradutores e Intérpretes de Línguas de Sinais em contextos jurídicos</p><p>e policiais”; “Uma análise do perfil de Tradutores/Intérpretes de Libras-</p><p>Português no contexto político televisivo brasileiro”; “Linguística Forense</p><p>No Brasil: desafios e oportunidades para tradução e interpretação das</p><p>línguas naturais”; “Formação e experiência do Tils no contexto político</p><p>com uso terminologias jurídicas”; “Acessibilidade Comunicacional:</p><p>tradução/interpretação no contexto jurídico”; e “Os Bastidores da</p><p>Interpretação no Judiciário”.</p><p>INTERESSANTE</p><p>139</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995) – acervo pessoal</p><p>FIGURA 21 - CAMPANHA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DE GUILHERME AFIF COM JANELA DE LIBRAS</p><p>GRAVADO EM 1989 E DISPONIBILIZADO NO YOUTUBE DIA 07 DE AGOSTO DE 2011</p><p>FONTE: <https://youtu.be/IqxIu17ybM0>. Acesso em: 12 maio 2021</p><p>Já nos anos 1990, a Federação Nacional da Educação e Integração do Surdo</p><p>(FENEIS), publicou uma cartilha denominada “O que é o Intérprete de Língua de Sinais</p><p>para Pessoas Surdas” (Figura 22), publicada em 1995, que apresentou à sociedade civil</p><p>a forma como este tipo de tradução deveria ser exercida.</p><p>FIGURA 22 - CARTILHA O QUE É O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS PARA PESSOAS SURDAS?</p><p>140</p><p>FIGURA 23 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - CONSULTAS</p><p>E AVALIAÇÕES MÉDICAS</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>FIGURA 24 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - HOSPITAIS</p><p>E CLÍNICAS</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>FIGURA 25 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - REUNIÕES</p><p>PROFISSIONAIS</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>141</p><p>FIGURA 26 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS -</p><p>TREINAMENTO FORMAL</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>FIGURA 27 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - REUNIÕES</p><p>ESCOLARES</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>FIGURA 28 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - EVENTOS</p><p>RELIGIOSOS</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>142</p><p>FIGURA 29 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - NO</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>FIGURA 30 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - AUDIÊNCIAS</p><p>PÚBLICAS</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>FIGURA 31 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - SHOWS</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>143</p><p>FIGURA 32 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS -</p><p>TELEJORNAIS</p><p>FONTE: Adaptado de Feneis (1995)</p><p>Com o passar do tempo surgiram as legislações que buscam normatizar</p><p>a presença do TILSP em âmbito audiovisual. A primeira delas é a Lei nº 10.098/00,</p><p>conhecida como Lei da Acessibilidade, que nos seus artigos 18 e 19 pauta a necessidade</p><p>de inserção desse, veja:</p><p>Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais</p><p>intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-</p><p>intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à</p><p>pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de</p><p>comunicação.</p><p>Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens</p><p>adotarão plano de medidas técnicas com o objetivo de permitir o</p><p>uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, para garantir o</p><p>direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência</p><p>auditiva, na forma e no prazo previstos em regulamento.</p><p>Como observado nos itens presentes na legislação a inserção desse profissional</p><p>seria, a partir de agora, uma realidade, porém o contraponto para a realização dessa</p><p>questão era a escassez de profissionais habilitados para atuar nesse tipo de demanda.</p><p>Em pouco tempo, em apenas dois anos, foi sancionada a Lei nº 10.436/02, conhecida</p><p>como a Lei da Libras, e que trouxe mais um reforço legal para a inserção do TILSP em</p><p>diferentes contextos.</p><p>Já no ano de 2004, temos então Decreto nº 5.296/04 que regulamentou as</p><p>Leis 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas</p><p>que especifica, e a 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais</p><p>e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de</p><p>deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências, respectivamente.</p><p>Nesta legislação de fato foram dados os mecanismos que fariam com que a Lei</p><p>10.098/00 pudesse ser cumprida nos limites que foram estipulados.</p><p>144</p><p>Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis</p><p>nos 10.048, de 8 de novembro de 2000 e estabelece normas gerais e</p><p>critérios básicos para a promoção da acessibilidade.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3g6Ga3l. Acesso em: 6 maio. 2021.</p><p>Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Lei da Acessibilidade.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3yUWk8v. Acesso em: 5 fev. 2021.</p><p>Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Reconhecimento da Libras.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3uFfKux. Acesso em: 5 fev. 2021.</p><p>Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão</p><p>da Pessoa com Deficiência (LBI).</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3fHA3Dy. Acesso em: 7 maio. 2021.</p><p>A terminologia “Pessoas Portadoras de Deficiência” (PcD), que aparece</p><p>em muitos documentos oficiais bem como nas literaturas, “tornou-</p><p>se bastante popular, acentuadamente entre 1986 e 1996” no Brasil.</p><p>Comumente utilizada nas literaturas e legislações, ainda permanecem</p><p>seus registros. Infelizmente muitos, desinformados ou não, ignoram</p><p>os novos conceitos e o ponderamento das pessoas com deficiência,</p><p>pois, elas não portam deficiência, assim, como por exemplo, um</p><p>documento ou outro objeto. Mesmo que ecoe na mídia e até mesmo</p><p>entre profissionais de educação, é muito importante atualizar nosso</p><p>vocabulário, harmonizando assim com as novas terminologias e</p><p>legislação vigente (SASSAKI, 2003; BRASIL, 2015).</p><p>FONTE: SASSAKI, R. K. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão.</p><p>In: VEET VIVARTA (org.). Mídia e deficiência. Brasília: Andi, Fundação Banco</p><p>do Brasil, 2003. Disponível em: http://www.andi.org.br/publicacao/midia-</p><p>e-deficiencia. Acesso em: 7 maio. 2021.</p><p>IMPORTANTE</p><p>ATENÇÃO</p><p>No intuito de normatizar de que forma a acessibilidade seria instituída na</p><p>televisão, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) instituiu a Norma Brasileira</p><p>(NBR) 15.290/2005, tratando de que forma a acessibilidade em comunicação seria</p><p>veiculada na televisão. Objetivando</p><p>Estabelece[r] diretrizes gerais a serem observadas para acessibilidade</p><p>em comunicação na televisão, consideradas as diversas condições</p><p>de percepção e cognição, com ou sem a</p><p>ajuda de sistema assistivo</p><p>ou outro que complemente necessidades individuais (ABNT, 2005,</p><p>p. 1).</p><p>145</p><p>Portaria MJ nº 1.220, de 11 de julho de 2007, regulamenta as</p><p>disposições relativas ao processo de classificação indicativa de obras</p><p>audiovisuais destinadas à televisão e congêneres.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3pkgTH7. Acesso em: 7 maio. 2021.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Em seu item 7, encontramos as diretrizes para a Janela de Libras, sendo esta da</p><p>ordem de ¼ de largura por ½ da altura, para que o TILS exerça sua função.</p><p>FIGURA 33 - TAMANHO DA JANELA DE LIBRAS PROPOSTO PELA ABNT</p><p>FONTE: Adaptado de <http://goo.gl/z6ncL9>. Acesso em: 12 out. 2021</p><p>A Secretaria Nacional de Justiça (SNJ), lança em 2009 uma cartilha, em parceria</p><p>como o Ministério da Justiça, motivada pelo não entendimento, das pessoas Surdas,</p><p>sobre a Classificação Indicativa (Figura 14), instituída pela Portaria MJ nº 1.220, de 11 de</p><p>julho de 2007, veiculada em Libras pelas emissoras de televisão.</p><p>146</p><p>FIGURA 34 - CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA DETERMINADA PELO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3gahirh>. Acesso em: 7 maio. 2021</p><p>Sendo a televisão uma fonte de informações, como já se apontou, que atrai</p><p>um grande público, inclusive pessoas Surdas, é premente refletir sobre técnicas</p><p>específicas de transmissão da informação para que este público possa ter acesso à</p><p>programação oferecida pelas emissoras. Apesar de as tecnologias atuais ofertarem</p><p>uma acessibilidade maior para os surdos, isso ainda não ocorre de modo totalmente</p><p>satisfatório nas emissoras de televisão brasileiras.</p><p>Sabe-se que muito ainda há o que se fazer, mas tal espaço de atuação se</p><p>demonstra como profícuo para a inserção do intérprete, o que precisa ficar claro é que</p><p>não se buscou aqui fazer um panorama sobre a inserção do TILSP em âmbito audiovisual,</p><p>para mais informações sugere-se a leitura de Nascimento (2020) e Santos (2020) que</p><p>abordam tal área de maneira mais abrangente.</p><p>3 ATRIBUIÇÕES DISTINTAS: RESPONSABILIDADES</p><p>EQUIVALENTES</p><p>A inserção de TILSP em âmbito jurídico, em território brasileiro, é uma das mais</p><p>novas conquistas dos profissionais da Tradução no par Libras-Português, já que apenas</p><p>em 2016, a partir da Resolução 230 de 22 de junho de 2016, foi possível a nomeação de</p><p>tradutor e intérprete de Libras sempre que figurar no processo de pessoa com deficiência</p><p>auditiva ou surda (BRASIL, 2016) – ressaltando a diferenciação dada pelo Decreto</p><p>5.626/05 assinado 11 anos atrás – “escolhido dentre aqueles devidamente habilitados</p><p>e aprovados em curso oficial de tradução e interpretação de Língua(gem) Brasileira de</p><p>147</p><p>Sinais ou detentores do certificado de proficiência em Tradução e Interpretação de”</p><p>Libras-português, o famigerado Prolibras, nos termos do art. 19 do referido Decreto</p><p>no ano de 2005, “o qual deverá prestar compromisso e, em qualquer hipótese, será</p><p>custeado pela administração dos órgãos do Judiciário” (BRASIL, 2016, Incisos IV e V;</p><p>BRASIL, 2005).</p><p>4 CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL TILSP</p><p>A Lei Federal 12.319, de 01 de setembro de 2010, nos mostra em seu art. 7º que,</p><p>“o intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores éticos</p><p>a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial”</p><p>(BRASIL, 2010, grifo nosso). Você pode observar que grifamos a questão de valores que</p><p>são relacionados à ética, mas, o que são esses valores? De que forma eles podem ser</p><p>mensurados? Como desenvolvemos esse aspecto ético para a atuação profissional,</p><p>acredito que para começarmos nossa conversa precisamos primeiro estudar um pouco</p><p>o que é a ética.</p><p>Um dos autores consagrados no que tange a ética é Cortina (2003, p. 18), sobre</p><p>ela, afirma que: “embora a ética esteja na moda [nos dias atuais], e todo mundo fale</p><p>dela [se discute em muitos espaços], ninguém chega realmente a acreditar que ela</p><p>Resolução 230, de 22 de junho de 2016, orienta a adequação das</p><p>atividades dos órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares</p><p>nomeando o profissional TILSP e Guia-Intérprete - GI, devidamente</p><p>habilitado, para assegurar a acessibilidade da pessoa surda, surdocega</p><p>e/ou com deficiência auditiva, por meio das diferentes formas de</p><p>comunicação. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2301.</p><p>Acesso em: 7 maio. 2021.</p><p>“O exame Prolibras [foi] um exame de</p><p>proficiência que objetiva[va] certificar</p><p>instrutores e professores de língua de sinais</p><p>e tradutores e intérpretes de língua de sinais”.</p><p>Quer conhecer mais sobre este exame?</p><p>Acesse e baixe gratuitamente, o livro “Exame</p><p>Prolibras”.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3wQXMXE. Acesso</p><p>em: 9 maio. 2021.</p><p>IMPORTANTE</p><p>DICA</p><p>148</p><p>seja importante, e mesmo essencial para viver” e para ser um profissional de sucesso</p><p>pois, nenhum profissional está dispensado a aplicação de valores éticos relacionados à</p><p>prática de sua profissão, seja ela qual for. Lembre-se que a ética é uma daquelas coisas</p><p>que todo mundo diz que sabe o que são (mesmo que pelo senso comum), mas que não</p><p>são fáceis de explicar, quando alguém pergunta; mesmo assim, a todo momento em</p><p>nosso cotidiano, vai aparecer uma questão que envolve a ética, como vemos explica</p><p>Valls (1994).</p><p>Vamos começar a conceitualizar, segundo o Dicionário Michaelis, a ética pode</p><p>ser definida como o</p><p>Ramo da filosofia que tem por objetivo refletir sobre a essência dos</p><p>princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tais como</p><p>a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e do</p><p>mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base</p><p>as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o</p><p>comportamento humano (s. d).</p><p>E por extensão ela também pode ser entendida como um “conjunto de princípios,</p><p>valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou de grupo social ou de uma</p><p>sociedade: Parece que não há mais ética na política”. Por conceituação, a Ética pode ser</p><p>entendida como “o que marca a fronteira da nossa convivência. [...] é aquela perspectiva</p><p>para olharmos os nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos [...] é o</p><p>conjunto de seus princípios e valores que orientam a minha conduta” como vemos em</p><p>Cortella (2017, p. 102).</p><p>Num sentido menos filosófico e associado a nossa prática, podemos compreender</p><p>um pouco melhor sobre o que se trata esse conceito examinando certas condutas do</p><p>nosso dia a dia, na lida cotidiana, quando nos referimos por exemplo, ao comportamento</p><p>de alguns profissionais tais como um TILSP e até mesmo um professor.</p><p>Por mais que você pense que a Ética é um campo filosófico demais, muita das</p><p>vezes distante da nossa prática profissional, para ser estudado na formação do TILSP,</p><p>o campo de atuação dela é abrangente e sua reflexão pode ser levada para todas as</p><p>áreas humanas pois, seu principal objetivo é teorizar, explicar e defender o melhor</p><p>comportamento do ponto de vista dos valores considerados por uma sociedade como</p><p>ideais.</p><p>Lei nº 12.319, de 02 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão</p><p>de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 maio. 2021.</p><p>IMPORTANTE</p><p>149</p><p>Nas palavras de Sour (2011, p. 19) “uma série de confusões podem ser associadas</p><p>ao estudo da ética, assim ele considera que existem três tipos de noções que podem</p><p>causar estas confusões”, são elas:</p><p>1. A ética possui essência descritiva, ou seja, corresponde a juízo de valores, isto é,</p><p>quem tem boa conduta pode ser considerado como uma pessoa ética. Por outro lado,</p><p>quem não condiz com as expectativas sociais pode ser considerado “sem ética”. Aqui</p><p>observamos que a ética é reduzida a uma concepção simplista se tornando um mero</p><p>adjetivo.</p><p>2. A ética é prescritivista, logo ela pode ser ensinada como um “sistema de normas</p><p>morais ou a um código de deveres” (SOUR, 2011, p. 19), ou seja, os padrões morais</p><p>que deveriam conduzir categorias sociais ou organizações passam a se chamar de</p><p>código de ética, nesse sentido de prescrição a ética e moral tornam-se sinônimo</p><p>indissociável.</p><p>3. A ética é reflexiva, nesse sentido, ela corresponde a uma teoria sistemática</p><p>aplicada como objeto de investigação que, ao transitar por diferentes áreas, pode</p><p>ser considerada como: filosófica, refletindo possíveis maneiras de viver e científica,</p><p>podendo estudar, observar, descrever e explicar a moralidade como um fenômeno</p><p>social.</p><p>Qual a necessidade de se estudar ética para a atuação do profissional Tradutor/</p><p>Intérprete de Libras-português? Tavares (2013, p.7) tal disciplina baliza as práticas</p><p>atribuindo a elas a qualidade de morais ou não, neste sentido estudar a ética profissional</p><p>qualifica cada vez mais a mão de obra no serviço da interpretação, isto é “estudar ética,</p><p>falar de ética, refletir sobre a ética é, portanto, entender toda a dimensão da sociedade,</p><p>da humanidade. A ética, por si só, não vai elaborar um manual de condutas, nem</p><p>tampouco elencar um rol de atitudes certas e erradas” (TAVARES, 2013 p. 9).</p><p>A ética profissional é um campo de pesquisa da Deontologia, área da filosofia</p><p>moral contemporânea, segundo a qual as escolhas profissionais são moralmente</p><p>necessárias, proibidas ou permitidas. Segundo Flew (1979) a deontologia fundamenta-</p><p>se em dois conceitos: a razão prática e a liberdade, ou seja, agir por dever é o modo de</p><p>conferir à ação o valor moral. A deontologia também se refere ao conjunto de princípios</p><p>e regras de conduta, também conhecidos como deveres inerentes a uma determinada</p><p>profissão, no nosso caso a de Tradutor/Intérprete de Libras. Assim, cada profissional</p><p>está sujeito a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão, conforme</p><p>o Código de Ética de sua categoria profissional. Nesse caso, podemos entender a</p><p>deontologia como o conjunto codificado, por determinada categoria profissional, das</p><p>obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área, no exercício de sua</p><p>profissão. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não</p><p>exatamente a qualidade moral, mas a correção de suas intenções e ações, em relação a</p><p>direitos, deveres ou princípios, nas relações entre a profissão e a sociedade.</p><p>150</p><p>“Tradicionalmente ela é entendida como</p><p>um estudo ou uma reflexão, científica ou</p><p>filosófica, e eventualmente até teológica, sobre</p><p>os costumes ou sobre as ações humanas. Mas</p><p>também chamamos de ética a própria vida,</p><p>quando conforme aos costumes considerados</p><p>corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou</p><p>dos costumes, e pode ser a própria realização</p><p>de um tipo de comportamento” (VALLS, 1994,</p><p>p. 7).</p><p>Para aprofundar mais a sua leitura sobre</p><p>“Ética”, recomendamos a leitura do livro “O</p><p>que é ética?” de Álvaro L. M. Valls.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3ijrbFG. Acesso</p><p>em: 9 maio. 2021.</p><p>DICA</p><p>Como já observamos na disciplina de Fundamentos da Tradução e Interpretação,</p><p>“à medida em que a língua de sinais do país passou a ser reconhecida enquanto língua</p><p>de fato, os surdos passaram a ter garantias de acesso a ela enquanto direito linguístico”</p><p>(QUADROS, 2004, p. 13). No Brasil a primeira legislação que prescreve a presença de</p><p>TILSP para a acessibilidade comunicacional se fazer tangível foi a Lei 10.098, de 19</p><p>de dezembro de 2000, em que estabelece normas gerais e critérios básicos para a</p><p>promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade</p><p>reduzida, e dá outras providências, definindo que</p><p>Art. 18º O Poder Público implementará a formação de profissionais</p><p>intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-</p><p>intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à</p><p>pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de</p><p>comunicação (BRASIL, 2000).</p><p>A formação do então “Tradutor e Intérprete de Linguagem de Sinais”, cargo</p><p>criado em 1984 constante no Plano de Cargos e Carreiras dos Técnicos-Administrativos</p><p>em Educação (PCCTAE) publicado na Lei nº 11.091, de 12 de janeiro de 2005, já estava</p><p>sendo pautada em nível federal, lembrando que o norte para essa discussão foram os</p><p>dois Encontros Nacionais de Intérpretes de Línguas Sinais, organizado pela Feneis, que</p><p>em 1988 “propiciou, pela primeira vez, o intercâmbio entre alguns intérpretes do Brasil e</p><p>a avaliação sobre a ética do profissional intérprete” (QUADROS, 2004, p. 14). Acreditamos</p><p>que a Lei 10.098/2000, foi o resultado de várias discussões provenientes do antigo site,</p><p>e já descontinuado, de intérpretes da Fenei.</p><p>151</p><p>Lei nº 11.091, de 12 de janeiro de 2005. Estruturação do Plano de Carreira</p><p>dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação, no âmbito das Instituições</p><p>Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/34LpEk1. Acesso em: 7 maio. 2021.</p><p>A terminologia “Tradutor e Intérprete de Linguagem de Sinais”, aparece</p><p>pela primeira vez na década de 1980, porém o contexto histórico que</p><p>levou a este ser nomeado dessa forma ainda se demonstra como um</p><p>mistério, todavia, no mesmo pode ser encontrado na Lei nº 11.091, de 12</p><p>de janeiro de 2005, que “dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreira</p><p>dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PPCTAE) no âmbito das</p><p>Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação”.</p><p>Porém, a partir da Lei nº 12.319/10, que reconhece a profissão do TILSP,</p><p>a nova terminologia: “Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais -</p><p>LIBRAS”, aparece, de acordo com a Lei de Libras (BRASIL, 2002; 2005).</p><p>Fonte: <https://bit.ly/34LpEk1>. Acesso em: 7 maio. 2021.</p><p>IMPORTANTE</p><p>ATENÇÃO</p><p>Não é possível, buscarmos uma linha histórica para a profissionalização do</p><p>TILSP. Observamos que essa atividade surge a partir de práticas voluntárias que aos</p><p>poucos foram se aperfeiçoando e se profissionalizando ainda nos anos 80, pois, “a</p><p>medida em que os surdos foram conquistando o seu exercício de cidadania” (QUADROS,</p><p>2004, p. 13) os profissionais TILSP estavam de certa forma nos “bastidores” mediando a</p><p>comunicação. Alguns acreditam que somente este segundo elemento foi o responsável</p><p>pela profissionalização do TILSP, mas, não apenas isso, a organização institucional destes</p><p>profissionais também foi um fator importante para o desenvolvimento da profissão.</p><p>O ato de traduzir ou interpretar envolve a habilidade do profissional em produzir</p><p>um texto novo a partir de um discurso formulado, por terceiros, embebecido de</p><p>ideias e enunciados (SOBRAL, 2008) em línguas diferentes. Traduções em línguas de</p><p>modalidade diferentes, como a que realizamos em nossa atividade profissional, mantém</p><p>esta finalidade, se considerarmos a Língua Portuguesa, sendo esta produzida pelo</p><p>aparelho fonador e percebida pela audição e a Libras, produzida por uma combinação</p><p>de movimentações corporais e percebidas pela visão.</p><p>152</p><p>FIGURA 35 – O PROCESSO DA INTERPRETAÇÃO</p><p>FONTE: Os autores</p><p>Ao longo da história, aos poucos a prática profissional, no que se refere ao</p><p>processo de interpretação, necessitou ser aperfeiçoada. Para que isso viesse a ocorrer,</p><p>Encontros Nacionais, de 1988 e 1992, propuseram a criação de um Departamento de</p><p>Intérpretes, ainda na Feneis, que deveria se encarregar de padronizar a atuação deste</p><p>profissional.</p><p>Ainda em 1992, durante o II Encontro Nacional de Intérpretes, realizado no Rio</p><p>de Janeiro, um dos TILSP mais renomados do nosso país, apresentou uma proposta</p><p>de um Código de Ética, com base em documento semelhante ao usado nos Estados</p><p>Unidos, datado de 28 e 29 de janeiro de 1965, que estipulava questões éticas a serem</p><p>seguidas pelos profissionais intérpretes estadunidenses e assim surgem as normativas</p><p>éticas para este profissional.</p><p>Esses encontros organizados pela Feneis, não se tem registros pormenorizados</p><p>do que aconteceu, bem como das resoluções e propostas, se houveram, que foram</p><p>tomadas naqueles anos. Mas é sabido que esses foram o marco histórico que</p><p>possivelmente possibilitou e promoveu as futuras discussões, as quais, nos últimos dez</p><p>anos, puderam levar ao reconhecimento do TILSP no Brasil (BRASIL, 2010).</p><p>5 PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS</p><p>Buscando uma padronização no agir ético dos TILSP,</p><p>a Federação Brasileira</p><p>das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de</p><p>Língua de Sinais (Febrapils), procura, segundo seu site orientar, apoiar e consolidar as</p><p>diversas associações de Tradutores, Intérpretes e Guia-intérpretes de Língua de Sinais,</p><p>nominadas de APILS, buscando, em diversas frentes, realizar um trabalho de parceria</p><p>junto com tais associações, para que se esteja em defesa dos interesses da categoria.</p><p>153</p><p>A instituição ainda, atua sob três grandes pilares, sendo: (I) a formação inicial</p><p>e continuada dos profissionais TILSP; (II) a profissionalização destes para uma atuação</p><p>à luz do código de conduta e ética como comentamos durante todo este material; e</p><p>por fim (III) o engajamento político e articulado destes para construir uma consciência</p><p>coletiva sobre a importância política da profissão. Assim sendo, “a Febrapils compreende</p><p>que os laços de parceria e proximidade com a comunidade surda são fundamentais, [...]</p><p>(para) garantir um serviço de excelência de tradução e interpretação de língua de sinais”</p><p>(FEBRAPILS, s. d).</p><p>Em sua página oficial, http://febrapils.org.br, a instituição busca defender os</p><p>interesses da categoria através da edição de diversos documentos tais como: o Código</p><p>de Conduta Ética, Guia de Contratação do serviço de TILS, documentos institucionais</p><p>como o Estatuto Social, notas técnicas, notas públicas e declarações diversas.</p><p>Gostaríamos de chamar a atenção para as notas técnicas, segundo o site do Ministério</p><p>Público do Paraná (MPPR), tais documentos, ou seja, os documentos norteadores de</p><p>uma profissão são “elaborados por técnicos especializados em determinado assunto</p><p>[...] devendo conter histórico e fundamento legal, (sempre) baseados em informações</p><p>relevantes” (MPPR, s. d; SILVA, 2020, p. 92).</p><p>A Nota Técnica 01/2017, tem por objetivo trazer parâmetros para a atuação</p><p>profissional em materiais audiovisuais televisivos e virtuais (FEBRAPILS, s. d). Tal</p><p>orientação técnica buscou orientar uma melhor utilização do serviço de tradução tendo</p><p>em vista que no ano de 2016, conforme Santos (2020), a inserção do profissional TILSP</p><p>em contextos audiovisuais é incerto, todavia a cada dois anos uma nova legislação</p><p>é sancionada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) buscando estabelecer a Legenda</p><p>de Libras (BIANCHINI, 2015; SANTOS, 2016; 2020). Nesse sentido diversas atuações</p><p>incompatíveis com o agir ético são observadas, e o mesmo documento orienta uma</p><p>melhor prática para este tipo de atuação.</p><p>A Nota Técnica 02/2017, buscou complementar a nota anterior, buscando</p><p>estabelecer as normas ideais para a contratação dos serviços de interpretação de</p><p>Libras/Português, seu principal objetivo foi “sistematizar parâmetros e procedimentos</p><p>adotados para a organização de equipes de trabalhos na realização de atividades de</p><p>interpretação e guia-interpretação de Libras para a Língua Portuguesa e vice-versa”</p><p>(FEBRAPILS, 2017, p. 1). Nela podemos encontrar a definição para o que é e como são</p><p>organizadas equipes de intérpretes, de igual forma, são elencados os principais fatores</p><p>Nota Técnica 01/2017. Atuação do Tradutor, Intérprete e Guia-Intérprete de</p><p>Libras e Língua Portuguesa em Materiais Audiovisuais Televisivos e Virtuais.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3pkuxKa. Acesso em: 20 maio. 2021.</p><p>IMPORTANTE</p><p>154</p><p>que contribuem para a necessidade de atuação de uma equipe de intérpretes. Outros</p><p>documentos ainda podem ser encontrados na página da instituição, sempre pautados</p><p>em levar os profissionais TILSP a um agir ético, sensato e de responsabilidade.</p><p>Após discutirmos todas estas questões, observamos que os Códigos de Conduta</p><p>Ética dos TILSP estão presentes no Brasil, desde 2004. Agora passados 17 anos de sua</p><p>implementação, será que alguma coisa mudou em nossa profissão?</p><p>A profissão do TILSP foi reconhecida pela Lei nº 12.319/2010, uma conquista de</p><p>toda uma categoria, bem como das associações de TILSP, que nos últimos anos foram</p><p>pensadas com o intuito de criar representatividade a esta categoria em espaços políticos</p><p>em que ela ainda não se fazia presente. Ao total, no Brasil, desde 2004, 9 associações</p><p>que representam a categoria profissional dos Tradutores Intérpretes de Libras foram</p><p>criadas, nominalmente, Santos (2017, p. 97) as cataloga dessa forma:</p><p>• Associação Catarinense de Tradutores e Intérpretes de Língua</p><p>de Sinais (ACATILS);</p><p>• Associação Gaúcha de Intérprete de Língua de Sinais (AGILS);</p><p>• Associação dos Profissionais Intérpretes e Tradutores de Libras</p><p>(APILCE);</p><p>• Associação dos Profissionais Tradutores/Intérpretes de Língua</p><p>Brasileira de Sinais do Distrito Federal e Entorno (APILDF);</p><p>• Associação dos Profissionais Intérpretes de LIBRAS do Espírito</p><p>Santo (APILES);</p><p>• Associação dos Profissionais Tradutores/Intérpretes de Língua</p><p>Brasileira de Sinais do Rio de Janeiro (APILRJ);</p><p>• Associação dos Profissionais Intérpretes e Guias-Intérpretes da</p><p>Língua de Sinais Brasileira do Estado de São Paulo (APILSBESP);</p><p>• Associação dos Profissionais Intérpretes da Língua de Sinais do</p><p>Estado de Minas Gerais (APILSEMG);</p><p>• Associação dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-</p><p>Intérpretes de Língua de Sinais do Paraná (APTILS).</p><p>A preocupação com a conduta dos atos pessoais e profissionais, como os do</p><p>TILSP, atravessa a nossa sociedade desde há muito tempo, desde tempos imemoriais,</p><p>podemos dizer. Bakhtin, um dos maiores teóricos do século passado, entrelaçou, por</p><p>várias vezes, uma discussão filosófica com seus pares sobre a constituição de uma</p><p>prática ética, em um de seus manuscritos intitulado Filosofia do Ato (BAKHTIN, 1920-</p><p>1924, apud SOBRAL, 2008). Tal preocupação passou a ser adotada pelas associações</p><p>Nota Técnica 02/2017. Sobre a contratação do serviço de Interpretação</p><p>de Libras/Português e Profissionais Intérpretes de Libras/Português –</p><p>Revezamento e Trabalho em Equipe.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3fPO9Td. Acesso em: 20 maio. 2021.</p><p>IMPORTANTE</p><p>155</p><p>Na contemporaneidade tem se falado muito sobre ética</p><p>nas mais diversas áreas: ética na política, na economia,</p><p>nas relações entre pessoas, grupos e povos.</p><p>Ainda que veementemente se ouça falar dela, muitos</p><p>se perguntam, o que seria propriamente a ética? O</p><p>que a distingue de outras ciências humanas? Ética</p><p>profissional: o que é? Como a ética vê o ser humano?</p><p>Para aprofundar mais ainda sua leitura sobre a temática</p><p>“Ética”, poderá ler também o livro “Fundamentos de</p><p>ética geral e profissional” de Marculino Camargo.</p><p>Disponível em: https://amzn.to/3ijjKhP. Acesso em: 9</p><p>maio. 2021.</p><p>DICA</p><p>dos profissionais TILSP e unificada na Febrapils, sendo esta, uma entidade profissional</p><p>autônoma, sem fins lucrativos ou econômicos, fundada em 22 de setembro de 2008, de</p><p>duração indeterminada, com personalidade jurídica de direito privado, qualificável como</p><p>de interesse público e pertencente ao território brasileiro como encontramos no site da</p><p>instituição.</p><p>Cabe aqui salientarmos que não são todos os intérpretes que atuam no mercado</p><p>de trabalho, têm uma formação acadêmica, então muitas habilidades são desenvolvidas</p><p>de forma empírica e desorganizada, fazendo com que a edição de um Código de Ética</p><p>profissional se torne um documento norteador para boas práticas.</p><p>Aplicando este conceito à prática da interpretação, temos Gesser</p><p>(2011) que nos mostra o quão importante se faz o profissional</p><p>tradutor/intérprete reflita sobre os Preceitos Éticos que envolvem</p><p>seu ato, de forma a conduzir seu trabalho [...] na prática (SANTOS,</p><p>2017, p. 95).</p><p>Para que esta reflexão, proposta por Gesser (2011), faça sentido, você precisa</p><p>primeiramente se questionar de que forma podemos identificar que nossa prática</p><p>profissional está de acordo com os preceitos éticos estabelecidos pela nossa categoria?</p><p>“Quando pensamos sobre as nossas ações, temos mais consciência sobre nós mesmos,</p><p>isto é, sobre nossas limitações, qualidades e fraquezas” (GESSER, 2011, p. 13).</p><p>As perspectivas na contemporaneidade estão cada vez mais fortes e evidentes.</p><p>Elas estão sendo conduzidas</p><p>com o objetivo de regulamentar o exercício da profissão,</p><p>dando assim mais embasamento legal, habilitação, formação, proficiência e valorização</p><p>profissional na atuação dos TILS que reivindicam – para além da tradução e interpretação</p><p>voluntária apenas – uma visibilidade coerente e digna do ofício.</p><p>156</p><p>INTÉRPRETES DE LIBRAS-PORTUGUÊS: DIFICULDADES E DESAFIOS NO</p><p>CONTEXTO JURÍDICO</p><p>Saimon Reckelberg</p><p>Silvana Aguiar dos Santos</p><p>Introdução</p><p>Com as novas políticas de inclusão na área educacional, deu-se maior</p><p>visibilidade à figura do intérprete de Libras-português. Frente a essas novas realidades,</p><p>a educação propicia maior autonomia ao indivíduo surdo, proporcionando-lhe melhor</p><p>inserção em sociedade. Sujeitos surdos, antes à margem de alguns serviços sociais</p><p>comuns, conquistam maior autonomia e podem reivindicar seus direitos linguísticos.</p><p>As demandas dos surdos criaram espaços de trabalho para o profissional intérprete em</p><p>diferentes esferas.</p><p>Em função da falta de direitos linguísticos assegurados pelo âmbito jurídico, por</p><p>muitos anos os surdos tiveram dificuldades de acessar os espaços jurídicos, mas hoje</p><p>reivindicam serviços de tradução e de interpretação também nesses contextos, antes</p><p>pouco explorados ou não vislumbrados como demandas necessárias de interpretação.</p><p>A inserção de tradutores e de intérpretes de Libras-português nesses setores, bem</p><p>como a capacitação desses mesmos profissionais frente a essas novas demandas, é</p><p>uma reivindicação dos surdos em todo o país.</p><p>O contexto jurídico pode apresentar várias situações em que pessoas surdas</p><p>estejam envolvidas. Fazer um boletim de ocorrência, requerer benefícios concedidos</p><p>pela assistência social, deslocar-se a um fórum local, iniciar algum processo civil em</p><p>órgãos públicos, participar como testemunha, júri ou réu em um tribunal, entre outras</p><p>situações, são exemplos de serviços e de situações que demandam tradutores ou</p><p>intérpretes de Libras-português. Santos (2016, p. 118) amplia essas considerações com</p><p>alguns outros possíveis contextos de atuação de intérpretes, ao observar que: “Mesmo</p><p>antes do processo judicial em si, os profissionais podem ser convocados para interpretar</p><p>outras situações: instrução para investigação, tomada de depoimento em delegacia,</p><p>assessoria jurídica e outros”.</p><p>Se, por um lado, o campo profissional no Brasil ainda é emergente e conta</p><p>com uma série de desafios; por outro, a pesquisa também segue os mesmos rumos.</p><p>Desse modo, pensando nos desdobramentos e nos contextos de atuação profissional,</p><p>mas também como campos que podem se tornar objetos de pesquisa nos Estudos da</p><p>Tradução, trazemos a proposta da Figura 1 a seguir para nortear essa discussão.</p><p>LEITURA</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>157</p><p>FONTE: Reckelberg (2018, p. 15)</p><p>Cada vez mais a presença de surdos nesses ambientes e, consequentemente,</p><p>de intérpretes, ressalta a importância de profissionalização, de formação e de pesquisas</p><p>voltadas para a preparação desses profissionais e para sua atuação, frente às novas</p><p>demandas, de modo a realizar a interpretação com maior eficiência. É exatamente neste</p><p>ponto que reside o problema sobre o qual nos debruçamos. Quais são as dificuldades e</p><p>os desafios apontados pelos intérpretes de Libras-português que atuam nos contextos</p><p>jurídicos?</p><p>Alguns relatos informais desses profissionais revelam dificuldades com as</p><p>terminologias usadas, formalidades processuais e protocolos, os quais geram temores</p><p>e relutância na hora da atuação. Tal situação poderia ser minimizada se tivéssemos</p><p>cursos de formação e de investimento em pesquisa adequados a esses profissionais.</p><p>Russel (2002), Roberson, Russel e Shaw (2011), Fonseca (2007) e Santos (2016) são</p><p>alguns dos autores que abordam a área dos estudos da interpretação jurídica. Com base</p><p>em seus textos, pretende-se esclarecer algumas questões pertinentes à interpretação</p><p>de línguas de sinais registradas em contextos jurídicos.</p><p>Dessa forma, este artigo desenvolve-se a partir de um diálogo entre os</p><p>principais referenciais teóricos da interpretação de línguas de sinais no âmbito jurídico.</p><p>Na sequência, tratamos da construção da pesquisa pautada em uma abordagem</p><p>qualitativa e de cunho exploratório, tomando como instrumento um questionário</p><p>aplicado no primeiro semestre de 2018. Por fim, apresentamos a discussão dos dados em</p><p>que ressaltamos dois resultados principais: os contextos de atuação e as dificuldades</p><p>enfrentadas pelos intérpretes que atuam na esfera jurídica. Defendemos a ideia de que</p><p>esses resultados podem oferecer dados úteis para o planejamento e a implementação</p><p>de ações para a profissionalização de intérpretes de Libras- português que atuam no</p><p>campo jurídico, tema também resgatado nas considerações finais.</p><p>Figura 1 - O Contexto Jurídico e seus desdobramentos</p><p>158</p><p>1. Diálogos sobre interpretação de línguas de sinais no Judiciário</p><p>Em várias partes do mundo e independentemente dos distintos sistemas</p><p>jurídicos, a atuação de intérpretes de línguas de sinais no Judiciário tem se deparado</p><p>com diferentes contextos de trabalho, tais como: tribunais, audiências, delegacias,</p><p>repartições públicas. Contudo, ainda que tais espaços ofereçam vagas no mercado</p><p>de trabalho para atuação de profissionais, nem sempre os desafios, as dificuldades e</p><p>o próprio contexto se tornam objetos de pesquisa. Consequentemente, os diálogos</p><p>teóricos oriundos de pesquisas empíricas nem sempre se apresentam na mesma</p><p>velocidade com que proliferam as oportunidades de atuação profissional. O Brasil é um</p><p>exemplo dessa disparidade entre a atuação profissional e a produção acadêmica no que</p><p>se refere à interpretação de línguas de sinais no Judiciário, pois pouquíssimos trabalhos</p><p>foram produzidos nos últimos anos, destacando-se: Santos (2016), Gianotto, Manfroi</p><p>e Marques (2017), Beer (2016), Santos e Beer (2017) e Santos e Sutton-Spence (2018).</p><p>Santos (2016) apresenta uma série de questões problemáticas que emergem</p><p>da atuação de intérpretes de Libras-português na esfera jurídica e destaca três pontos.</p><p>O primeiro deles refere-se à diversidade dos meios e dos modos como os profissionais</p><p>são encaminhados até o Judiciário. Além disso, muitos desses encaminhamentos estão</p><p>entrelaçados por relações de amizades entre o profissional da interpretação e a pessoa</p><p>surda, o que colabora para que se perpetue o desconhecimento do papel, das funções</p><p>e das atribuições de trabalho dos intérpretes de Libras-português. Um terceiro ponto</p><p>abordado por Santos (2016) trata das dificuldades com a terminologia específica da área</p><p>jurídica, enfrentada pelos profissionais da interpretação.</p><p>Todas essas observações constatadas por Santos (2016) geram impactos na</p><p>profissionalização e na institucionalização dos serviços de interpretação de Libras-</p><p>português em contextos jurídicos. Os resultados deste trabalho evidenciaram que a</p><p>prática eficaz de um modus operandi não depende exclusivamente dos intérpretes, mas</p><p>também da compreensão dos próprios operadores do direito no que tange aos direitos</p><p>linguísticos das pessoas surdas e do reconhecimento dessas pessoas que acessam o</p><p>Judiciário.</p><p>Por esse viés, os resultados apontados por Gianotto, Manfroi e Marques (2017)</p><p>contribuíram significativamente para mostrar a perspectiva das comunidades surdas</p><p>quanto ao acesso ao âmbito jurídico. Os autores apresentam o argumento dos surdos</p><p>como réus ou vítimas nos tribunais de justiça e discutem os direitos e os desafios legais</p><p>implicados nessa relação. Em um primeiro momento, os autores debatem sobre o</p><p>conceito de inclusão e as garantias legais para efetivar essa inclusão. Gianotto, Manfroi</p><p>e Marques (2017) problematizam os processos criminais no Tribunal de Justiça e no</p><p>Ministério Público, expondo, na sequência, elementos importantes no julgamento dos</p><p>surdos no âmbito processual criminalístico. Os autores destacam que:</p><p>159</p><p>O ato interrogatório representa momento ímpar para o réu e para a</p><p>vítima, notadamente, quando se tratar de um deficiente auditivo. É</p><p>quando ele pode se declarar de modo a promover sua autodefesa,</p><p>que se fundamentam na linguagem.</p><p>Não sabemos ao certo em que momento preciso o ser humano inicia o uso</p><p>de um sistema de comunicação para ilustrar sua linguagem, o que podemos assentir</p><p>é a origem da multiplicidade linguística existente no mundo. Diversos teóricos como</p><p>Seligmann-Silva (1998), Rodrigues (2000), Derridá (2002) e Vasconcellos e Bartholamei</p><p>(2009) recorrem à passagem da Torre de Babel para buscar entendimento sobre a</p><p>diversidade linguística existente no mundo de hoje.</p><p>Nos escritos sagrados, há cerca de 2420 anos a.C., o livro de Gênesis,</p><p>inspirado por Deus e escrito por Moisés, traduzido posteriormente para</p><p>o grego na versão Septuaginta, podemos ler que todas as pessoas</p><p>falavam a mesma língua na referida época, quando os descendentes</p><p>de Noé decidiram construir uma torre em formato de templo, a Torre</p><p>de Babel. Deus, então, interveio nesse plano, confundindo as línguas</p><p>para que o povo não se entendesse e a construção fosse dada por</p><p>encerrada (SANTOS, 2016, p. 19).</p><p>Até os dias atuais, diferentes povos e até mesmo povos que coabitam o mesmo</p><p>território geográfico utilizam diferentes sistemas de comunicação aprimorados com o</p><p>passar do tempo a partir do uso social e individual desse sistema a qual chamamos de</p><p>língua.</p><p>Ao buscarmos no dicionário, uma língua pode ter diferentes definições, 13 no</p><p>total segundo o dicionário Michaelis, das quais duas podemos selecionar duas principais,</p><p>a primeira o órgão muscular e a segunda um código de comunicação que coloca a</p><p>linguagem em prática.</p><p>5</p><p>Em linhas gerais podemos conceituar a língua como um instrumento complexo</p><p>de comunicação composto por unidades segmentadas que quando juntas e combinadas,</p><p>possibilitam que um determinado grupo de usuários consiga produzir estruturas simples</p><p>e complexas objetivando estabelecer duas ações: comunicar e compreender.</p><p>Claro que essa não é a única definição, pois se observamos a perspectiva analítica</p><p>sobre este conceito temos: (1) códigos majoritariamente orais das quais se originam</p><p>as línguas orais; (2) fenômenos que ocorrem dentro de uma determinada comunidade</p><p>ou cultura, estando a ela intrinsecamente ligados; (3) está ao alcance de qualquer ser</p><p>humano e assimilados intuitivamente por todos da mais tenra idade podendo também</p><p>ser aprendido formalmente fora do ambiente familiar; e (4) apresenta em constante</p><p>mutação aleatória e incontrolável sendo de tempos em tempos padronizadas por</p><p>dicionários.</p><p>Ao dividirmos as línguas podemos agrupá-las de duas formas: quanto ao seu</p><p>modo de produção e recepção, bem como suas modalidades de uso, nas sessões</p><p>seguintes detalharemos estas questões.</p><p>3 AS MODALIDADES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO DAS</p><p>LÍNGUAS</p><p>Um dos primeiros aspectos que nos chamam a atenção é que as línguas possuem</p><p>meios de produção e de recepção dos elementos que a compõe, estas características</p><p>podem ser englobadas naquilo que chamamos de modalidade, pois “[...] a modalidade</p><p>de uma língua pode ser definida como sendo os sistemas físicos ou biológicos de</p><p>transmissão por meio dos quais sua fonética se realiza” (MCBURNEY, 2004, p. 351 –</p><p>tradução RODRIGUES, 2018, p. 304).</p><p>Assim, com base no disposto acima entendemos que existam diferentes</p><p>modalidades de produções e recepções para diferentes tipos de língua, a saber: orais e</p><p>de sinais. Quando observamos nosso par linguístico de trabalho podemos observar que</p><p>“para as línguas orais a produção conta com o sistema vocal e a percepção depende do</p><p>sistema auditivo”, já as “línguas de sinais, por outro lado, dependem do sistema gestual</p><p>para a produção e do sistema visual para a percepção”. (MCBURNEY, 2004, p. 351,</p><p>traduzido por RODRIGUES, 2018, p. 2).</p><p>Propomos que estudem primeiramente a língua portuguesa, ela é uma língua</p><p>vocal, ou seja, se expressa por meio da passagem de ar pelas pregas vocais produzindo</p><p>assim o som a ser articulado na composição de uma palavra. Ainda pode ser considerada</p><p>uma língua falada pois pelo senso comum associamos a produção da voz à produção da</p><p>fala, ou seja, sua emissão se dá por sinais acústicos. Já sua recepção se dá pela audição</p><p>com a captação da onda sonora pelo pavilhão auditivo, sendo conduzido para o ouvido</p><p>médio e interno até ser interpretado pelo cérebro. Por isso a língua portuguesa possui</p><p>modalidade vocal-auditiva.</p><p>6</p><p>Agora passaremos à Língua de sinais brasileira, no caso a Libras, ela é uma língua</p><p>gestual, ou seja, é articulada a partir da movimentação do corpo de maneira a formar</p><p>uma unidade, associada a ela temos o adjetivo de ser sinalizada, isto é, a movimentação</p><p>do corpo produz sua unidade mínima de sentido completo que é nominado de sinal. Por</p><p>sua vez, a percepção desse tipo de língua se dá a partir da visão, em que as informações</p><p>são captadas pela luz que atravessa a córnea e chega à íris, que regula a quantidade</p><p>de luz recebida por meio de uma abertura chamada pupila, assim ela é transferida</p><p>para a retina que converte essa luz em impulsos nervosos que são transformados em</p><p>percepção visual pelo nosso cérebro, portanto, a Libras possui uma modalidade gestual-</p><p>visual ou gestovisual ou visuoespacial.</p><p>4 AS MODALIDADES DE USO DAS LÍNGUAS</p><p>Assim como as modalidades de produção e recepção das línguas, elas ainda</p><p>possuem diferentes formas de serem utilizadas pelo ser humano, ou seja, diferentes</p><p>modalidades de uso como vemos em Marcuschi (1997, p. 126), “estes usos podem se</p><p>dar de três formas: de maneira oral pela fala, de maneira escrita pelo letramento e de</p><p>maneira tátil pela percepção da pele”. Cabe ainda ressaltar que segundo Andrade (2011,</p><p>p. 50), “essas modalidades não são antagônicas em si, porém se alternam de acordo</p><p>com a necessidade do usuário quanto ao tipo de texto que o mesmo precisa produzir</p><p>em determinado momento cotidiano”.</p><p>Ao observamos a primeira modalidade, a oral, ela se dá a partir da fala, fala esta</p><p>que é ancorada na produção textual-discursiva oral, ou seja, não necessita de nenhuma</p><p>tecnologia além do órgão fonador, para línguas vocais-auditivas, ou da movimentação</p><p>corporal, para línguas gestuais visuais. Cabe ainda ressaltar que tal produção é</p><p>espontânea e efervescente, ou seja, não deixa registro em suporte algum a não ser que</p><p>seja gravada por um processo tecnológico à parte da sua produção. Andrade (2011, p.</p><p>51), ainda destaca algumas características interessantes sobre a fala:</p><p>(1) necessidade da interação face a face (os interlocutores</p><p>estão nos mesmos espaços físico e tempo); (2) planejamento</p><p>simultâneo ou quase simultâneo à execução, ao passo que você</p><p>fala automaticamente ela é materializada; (3) acesso imediato à</p><p>reação do ouvinte a partir da recepção da fala e; (4) possibilidade</p><p>de redirecionar o texto, posteriormente, uma mudança de assunto</p><p>repentina.</p><p>Podemos ainda ressaltar que a fala enquanto modalidade de uso da língua é</p><p>observável em ambas as nossas línguas de trabalho, independente da modalidade de</p><p>produção e recepção da língua, ou seja, é possível falar em português ou em Libras pois</p><p>na primeira temos a emissão de sinais acústicos e percepção auditiva e na segunda</p><p>sinais gestuais com percepção visual articulando assim a oralidade.</p><p>7</p><p>Já a modalidade escrita é uma tecnologia de representação abstrata pois não</p><p>dá conta de representar todos os fenômenos existentes na oralidade como a prosódia,</p><p>gesto e olhar (ANDRADE, 2011, p. 21), “dessa forma apresenta elementos inerentes à</p><p>mesma e que estão ausentes na oralidade a partir de sinais gráficos convencionados por</p><p>uma normativa”. Cabe ressaltar de igual forma que o letramento enquanto modalidade</p><p>de uso da língua é observável, novamente, em nossas línguas de trabalho, independente</p><p>da modalidade de produção e recepção da língua, ou seja, é possível escrever em</p><p>português ou em Libras a partir de sinais gráficos percebidos pela visão em ambas as</p><p>línguas, articulando assim o letramento. Vejamos os exemplos:</p><p>As línguas vocais auditivas dispõem de um sistema de escrita de signos</p><p>segmentados em grafemas (riscos) que representam fonemas (sons), tal sistema é</p><p>o</p><p>apresentando sua versão dos fatos. É claro que esse momento</p><p>representa oportunidade especial para que o magistrado possa criar</p><p>convicções acerca do interrogado. Salienta-se que o ato interrogatório,</p><p>pode resultar comprometido quando não há a presença de um</p><p>competente intérprete de LIBRAS, visto que a pessoa deficiente</p><p>auditiva não tem em princípio, condições de entender a ritualística</p><p>estabelecida. (GIANOTTO; MANFROI; MARQUES, 2017, p. 89).</p><p>Gianotto, Manfroi e Marques (2017) compartilham das reflexões apresentadas</p><p>por Santos, Santos Filho e Oliveira (2010), os quais também defendem a premissa de</p><p>um julgamento inclusivo nos tribunais de justiça, evidenciando a relevância de que os</p><p>operadores do direito reconheçam os direitos linguísticos das pessoas surdas. Para</p><p>atingir esse objetivo, os autores problematizam o significado do termo inclusão nos</p><p>tribunais de justiça, nas leis brasileiras, e apresentam reflexões sobre o julgamento das</p><p>pessoas surdas no âmbito processual criminalístico.</p><p>Ainda nessa perspectiva, o trabalho de Beer (2016) integra a discussão sobre</p><p>políticas linguísticas das comunidades surdas no ordenamento jurídico e direitos</p><p>linguísticos respaldado no aporte dos direitos fundamentais. O argumento central</p><p>defendido por Beer (2016) mostra como a Teoria dos Direitos Fundamentais “pode</p><p>ajudar a (re)pensar a questão dos direitos linguísticos, para que estes sejam capazes</p><p>de impactar e orientar a participação igualitária, ativa e plena dos surdos brasileiros na</p><p>sociedade atual” (BEER, 2016, p. 3). Todos esses trabalhos apresentados até o momento</p><p>mostram diferentes e importantes perspectivas que precisam ser consideradas na</p><p>implementação dos serviços de interpretação de Libras-português no Judiciário</p><p>brasileiro.</p><p>Inicialmente, a necessidade de uma perspectiva tríade, isto é, contendo</p><p>o ponto de vista de intérpretes de línguas de sinais, das comunidades surdas e dos</p><p>operadores do direito foi apresentada por Russel (2002). A autora canadense conduziu</p><p>uma investigação sobre intérpretes de línguas de sinais na esfera jurídica tomando</p><p>como base quatro julgamentos simulados. Tal material constituiu a espinha dorsal do</p><p>livro Interpreting in legal contexts: Consecutive and simultaneous interpretation, o</p><p>qual concorreu significativamente para a formação de intérpretes de línguas de sinais</p><p>nessa área. Santos e Beer (2017) contribuíram para a circulação dessa obra no Brasil ao</p><p>realizarem a resenha desse livro, apresentando um panorama dos temas, dos capítulos</p><p>e das principais discussões trazidas por Russel (2002).</p><p>Santos e Beer (2017, p. 289) destacaram pontos centrais na obra de Russel</p><p>(2002), dentre eles, o fato de que não somente línguas, mas modalidades diferentes</p><p>estão implicadas no processo de interpretação de línguas de sinais nos contextos</p><p>jurídicos. Talvez, a questão da modalidade (interpretação de/para línguas de sinais)</p><p>possa suscitar ainda mais questionamentos em virtude do desconhecimento, por parte</p><p>da sociedade e do Judiciário, dos métodos e soluções de trabalho usados por intérpretes</p><p>160</p><p>de línguas de sinais. Russel (2002, 2005) explica que, embora haja quem afirme que</p><p>intérpretes de línguas de sinais e intérpretes de línguas orais são muito diferentes, na</p><p>verdade, o que os diferencia é a modalidade empregada no processo de interpretação.</p><p>Em alguns casos, essas distintas modalidades podem contribuir para crenças</p><p>equivocadas sobre a atuação dos profissionais. Um exemplo disso pode ser observado</p><p>no uso da interpretação consecutiva, amplamente disseminada e recomendada como a</p><p>mais apropriada em algumas situações que ocorrem no ambiente jurídico. O mito de que</p><p>apenas os intérpretes de línguas orais estariam aptos a utilizarem o modo consecutivo</p><p>não se sustenta. Russel (2002, 2005) apresenta resultados de pesquisas realizadas</p><p>que mostram o papel e a relevância da interpretação consecutiva na formação e no</p><p>treinamento de intérpretes de línguas de sinais, bem como alguns desafios enfrentados</p><p>por programas que optam pelo ensino desse modo de interpretação.</p><p>Russel (2005) salienta que algumas dessas percepções não são exclusivas dos</p><p>consumidores dos serviços de interpretação, mas também dos próprios intérpretes que</p><p>possuem uma compreensão distorcida do uso desse modo de interpretação. Em alguns</p><p>casos, Russel (2005) discute seus dados de pesquisa com exemplos de depoimentos</p><p>dos intérpretes que relatam percepções inadequadas, tais como: não levam em</p><p>consideração a acurácia desse modo de interpretação, alegam que a interpretação</p><p>consecutiva não é um modo utilizado no mundo real, que a comunidade surda não</p><p>gosta desse tipo de interpretação, dentre outros elementos. Para Russel (2002, 2005),</p><p>tanto a comunidade surda quanto os intérpretes poderiam revisar e ressignificar o modo</p><p>de interpretação consecutivo nas práticas e nas interações realizadas, especialmente</p><p>na esfera jurídica.</p><p>Ainda que Russel (2002) tenha trabalhado com julgamentos simulados, a</p><p>interpretação consecutiva destacou-se e confirmou a eficácia para usos em tribunais,</p><p>ao evidenciar a precisão das informações interpretadas nesse âmbito. Obviamente,</p><p>nem todos os profissionais envolvidos (operadores do direito ou intérpretes de línguas</p><p>de sinais) na pesquisa de Russel (2002, 2005) concordam com o uso da interpretação</p><p>consecutiva, mas, ainda assim, tal modo se apresenta como uma importante tomada de</p><p>decisão das equipes a favor da qualidade dos serviços de interpretação de línguas de</p><p>sinais. É bastante frequente, nos discursos informais, intérpretes de Libras-português</p><p>reclamarem da falta de segurança em realizar a interpretação simultânea em contextos</p><p>que desconhecem a sinalização das pessoas surdas, especialmente se esta estiver</p><p>nervosa ou ansiosa perante alguma situação jurídica.</p><p>A realidade brasileira depara-se, de forma geral, com uma série de dificuldades</p><p>e desafios no que tange à profissionalização e, consequentemente, apresenta uma</p><p>constante demanda por formação especializada, tal como a existente em países como</p><p>Canadá, Estados Unidos e Inglaterra, para mencionar alguns. A implementação dos</p><p>serviços de interpretação de Libras-português nos contextos jurídicos, por formação</p><p>161</p><p>e por profissionalização, não depende exclusivamente dos intérpretes de línguas de</p><p>sinais, mas de todos os envolvidos. Essa demanda também foi apresentada por Santos</p><p>e Beer (2017) ao concluírem a resenha do livro de Russell (2002):</p><p>[...] ressaltamos que no Brasil o campo da interpretação de Língua</p><p>Brasileira de Sinais (Libras) para o Português, e vice-versa em</p><p>contextos jurídicos é incipiente, tanto no que se refere à pesquisa</p><p>quanto à atuação propriamente dita. Tal área carece de pesquisas</p><p>que evidenciem as principais demandas, dificuldades e desafios</p><p>dos intérpretes nesse contexto específico de trabalho. Além disso,</p><p>a necessidade de formação específica para os intérpretes de Libras-</p><p>português que atuam no contexto jurídico é urgente, uma vez que a</p><p>comunidade surda tem cada vez mais buscado seus direitos (2017,</p><p>p. 292).</p><p>As considerações trazidas por Santos e Beer (2017) dialogam diretamente</p><p>com as constatações de Rodrigues (2010), que indaga: um único intérprete reuniria</p><p>as competências, conhecimentos, habilidades e estratégias necessárias ao exercício</p><p>profissional em esferas distintas? As questões trazidas por Rodrigues (2010), Santos e</p><p>Beer (2017) entre outros, evidenciam que não basta somente idealizar a formação no</p><p>plano do discurso, mas definir ações concretas que possam colaborar positivamente</p><p>com a qualidade dos serviços de interpretação de Libras-português no âmbito jurídico.</p><p>Uma das primeiras ações que consideramos importante foi conhecer as experiências,</p><p>as dificuldades e os desafios enfrentados por intérpretes de línguas de sinais que atuam</p><p>na esfera jurídica na cidade de Florianópolis. Por esse motivo, na próxima seção, será</p><p>apresentada a construção do “passo a passo” metodológico desta pesquisa.</p><p>2. Construção do método</p><p>O acesso à comunicação</p><p>e às melhorias de acessibilidade comunicacional para</p><p>as pessoas surdas tem sido um discurso bastante frequente no Judiciário brasileiro.</p><p>Na maioria dos casos, a concepção que permeia a criação de leis sobre Libras na área</p><p>jurídica ainda é a da deficiência, da patologia, da surdez e, por conta disso, a necessidade</p><p>de acessibilidade é um recurso importante dentro dessa vertente. Ao abordarem a</p><p>tradução e a interpretação de línguas de sinais na esfera jurídica, Rodrigues e Santos</p><p>(2018) frisam que “é importante que se mencione que o exercício da cidadania de</p><p>diversas comunidades por meio da garantia de direitos linguísticos é uma discussão</p><p>recente no campo das Ciências Jurídicas” (2018, p. 15). Os autores também discutem</p><p>sobre as mudanças e as implicações geradas no Judiciário, quando este se propõe a</p><p>visualizar a língua como um direito linguístico, algo bastante incipiente no país.</p><p>Em Florianópolis, na região metropolitana, local de coleta dos dados desta</p><p>pesquisa, destacam-se diversos órgãos jurídicos, tais como: fóruns, tribunais e</p><p>delegacias. Contudo, não se tem registros de intérpretes de Libras no quadro de</p><p>funcionários dessas instituições. De acordo com Reckelberg (2018), ao buscar</p><p>informações sobre a atuação de intérpretes de Libras-Português nos presídios e nas</p><p>Casas de Custódia de Florianópolis, obteve-se em resposta ao Ofício No 0475/2018 os</p><p>162</p><p>seguintes dados: “dois apenados surdos na região, sendo: (1) Um apenado na Colônia</p><p>Penal Agrícola de Palhoça, que segundo relatado não se comunica pela língua brasileira</p><p>de sinais e (2) Um apenado no Complexo Penitenciário do Estado, que nunca utilizou</p><p>intérprete para se comunicar” (RECKELBERG, 2018, p. 48).</p><p>Entretanto, a raridade dos registros de intérpretes de línguas de sinais atuantes</p><p>nos fóruns, nas delegacias, nos presídios e nas Casas de Custódia de Florianópolis, não</p><p>quer dizer que a demanda não exista. Por esse motivo, a decisão metodológica neste</p><p>artigo foi investir em uma pesquisa de abordagem qualitativa, de cunho exploratório</p><p>que pudesse coletar dados mais precisos sobre a experiência dos intérpretes de Libras-</p><p>português que já atuaram nessas instâncias. Sampieri, Colado e Lucio (2012) enumeram</p><p>as características de uma pesquisa qualitativa e afirmam que ela “permite desenvolver</p><p>perguntas e hipóteses antes, durante e depois da coleta e análise dos dados” (SAMPIERI;</p><p>COLADO; LUCIO, 2012, p. 33). Os autores ainda explicam o passo a passo metodológico</p><p>para o desenho de uma pesquisa qualitativa e, de modo esquemático, sintetizam as</p><p>principais partes, a saber: ideia, formulação do problema, imersão inicial no campo,</p><p>concepção do desenho do estudo, definição da amostra inicial do estudo, coleta de</p><p>dados, análise dos dados, interpretação de resultados, elaboração do relatório de</p><p>resultados.</p><p>Assim sendo, destacamos a questão norteadora deste artigo: Quais são as</p><p>principais dificuldades e os desafios enfrentados por intérpretes de Libras-português</p><p>na prestação de serviços de interpretação ao Judiciário? Para isso, como instrumento</p><p>de coleta de dados, utilizamos um questionário, o qual foi criado com a ferramenta</p><p>Formulários Google, encontrada online.</p><p>A coleta de dados foi realizada nos meses de março e abril de 2018 e, dentre</p><p>inúmeros intérpretes, nove mostraram-se dispostos a colaborar, os quais responderam</p><p>ao questionário enviado como parte de uma pesquisa de trabalho de conclusão de</p><p>curso. O questionário continha onze perguntas abertas, justamente para incentivar</p><p>os participantes a relatarem experiências de interpretação de/para línguas de sinais</p><p>vivenciadas em tribunais, delegacias, presídios, salas de conciliação e outros. Essas</p><p>onze perguntas foram distribuídas em quatro seções, a saber: o contexto jurídico e seus</p><p>desafios, a comunidade surda, o Judiciário e a percepção do intérprete. Neste trabalho,</p><p>descrevemos e analisamos apenas os dados referentes às dificuldades e aos desafios</p><p>enfrentados pelos intérpretes de Libras-português no contexto jurídico.</p><p>3. Discussão dos dados</p><p>O modo como o intérprete de Libras-português gerencia as dificuldades e os</p><p>desafios enfrentados na prestação de serviços ao Judiciário catarinense pode ser um</p><p>passo inicial para a profissionalização desse grupo. Registrar práticas, construir rotinas</p><p>de trabalho e analisar os desafios enfrentados são atividades que podem oferecer</p><p>163</p><p>indícios concretos para intérpretes que desejam se profissionalizar nesse âmbito; afinal,</p><p>refletir sobre o fenômeno da interpretação ou, ainda, as decisões tomadas em torno</p><p>dessa prática são fundamentais para o empoderamento dessa categoria.</p><p>Na próxima seção discutimos os dados coletados, tomando como base as</p><p>respostas dos participantes da pesquisa organizadas em duas categorias, quais sejam:</p><p>o contexto de atuação de intérpretes de Libras-português e as dificuldades enfrentadas</p><p>por esses profissionais na esfera jurídica.</p><p>(Continua...)</p><p>FONTE: RECKELBERG, S.; SANTOS, S. A. dos. Intérpretes de libras-português: dificuldades e desafios no</p><p>contexto jurídico. Revista Sinalizar, [S. l.], v. 4, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.5216/rs.v4.57747.</p><p>Acesso em: 14 maio. 2021.</p><p>164</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:</p><p>• Ainda que haja inúmeras áreas de atuação do profissional TILSP, a esfera educacional</p><p>é bem emergente e demanda uma formação de qualidade, específica e ancorada</p><p>em competências, habilidades básicas, técnicas e estratégicas para atender os</p><p>educandos com qualidade.</p><p>• Após o reconhecimento da Libras como meio de comunicação oficial a demanda</p><p>de profissionais TILSP seria um fato, e por conseguinte a sua regulamentação pelo</p><p>Decreto nº 5.626/05 ampliaria o espaço desse profissional para além do voluntariado</p><p>que anteriormente era executado na necessidade dos serviços de tradução e</p><p>interpretação.</p><p>• Nos últimos 10 anos, devido à grande e emergente demanda de profissionais TILSP,</p><p>muitos eventos têm sido organizados, por pesquisadores linguísticas, com o intuito</p><p>de discutir e fomentar a formação de qualidade deste profissional, que, das muitas</p><p>esferas existentes, que têm atuado com mais ênfase na esfera educacional, jurídica</p><p>e midiática.</p><p>• Mesmo emergente, a esfera educacional possui contradições, quando diz respeito</p><p>à contratação precipitada do profissional TILSP, e se encontra fragilizada, tendo que</p><p>seguir um padrão de exigências da formação do profissional descrito nos editais,</p><p>mas que ainda desconhece as atribuições e o perfil profissional do intérprete nesse</p><p>contexto.</p><p>• Na esfera educacional, há muitas e contraditórias inserções precipitadas que</p><p>traz à tona a fragilidade do sistema e dos processos de contrato do profissional</p><p>TILSP. Essa fragilidade pode ficar comprometida já que a área de atuação é um dos</p><p>campos de mais responsabilidade, principalmente no que diz respeito ao contexto</p><p>de acessibilidade na perspectiva de educação inclusiva.</p><p>• Na esfera jurídica, mesmo incipiente no Brasil, a promoção de formação desse</p><p>profissional também é emergente, visto que os surdos brasileiros têm reivindicado</p><p>seus direitos mais do que nunca, é necessário que haja profissionais habilitados,</p><p>que possam garantir a qualidade na mediação comunicativa além da acessibilidade,</p><p>nesse espaço.</p><p>165</p><p>• A esfera midiática, e principalmente no período pandêmico, tem estado em alta</p><p>elevando o reconhecimento da Libras, do povo surdo bem como dos profissionais</p><p>TILS. Mas tem-se um precedente, antes mesmo do reconhecimento da língua de</p><p>sinais no Brasil, desse profissional logo no fim dos anos 80, em aparições mais</p><p>remotas realizando interpretação simultânea em contextos políticos.</p><p>• A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) instituiu a Norma Brasileira</p><p>(NBR) 15.290/2005, tratando de que forma a acessibilidade em comunicação seria</p><p>veiculada na televisão por meio da janela de Libras, ampliando assim a divulgação</p><p>de informações bem como as programações para um público específico: as pessoas</p><p>Surdas.</p><p>• Com respeito</p><p>ao Código de Ética, para ser um profissional de sucesso, ninguém está</p><p>isento de aplicar os valores éticos relacionados à prática de sua profissão, seja ela</p><p>qual for. E o seu campo de atuação é abrangente e sua reflexão pode ser levada</p><p>para todas as áreas humanas com um objetivo principal: o de teorizar, explicar e</p><p>defender o melhor comportamento do ponto de vista dos valores considerados por</p><p>uma sociedade como ideais.</p><p>• Há uma série de confusões que se associam ao estudo da ética, e considera que</p><p>há três tipos de noções que podem causar estas confusões, a saber: a essência</p><p>descritiva, a que corresponde a juízo de valores; a prescritivista, a que se ensina</p><p>como um sistema de normas morais ou a um código de deveres; e a reflexiva, que</p><p>corresponde a uma teoria sistemática aplicada como objeto de investigação que</p><p>transita em por diferentes áreas.</p><p>• A ética profissional é um campo de pesquisa da Deontologia, essa é uma área</p><p>da filosofia moral contemporânea, segundo a qual as escolhas profissionais são</p><p>moralmente necessárias, proibidas ou permitidas; e fundamenta-se em dois</p><p>conceitos: a razão prática e a liberdade. E se refere ao conjunto de princípios e</p><p>regras de conduta, conhecidos também como deveres inerentes a uma determinada</p><p>profissão.</p><p>• Ainda que não haja um registro pormenorizado da profissionalização do TILSP, e</p><p>que suas atividades surgiram a partir de práticas voluntárias e foram aos poucos</p><p>se aperfeiçoando e se profissionalizando ainda nos anos 80, subentende-se que os</p><p>encontros realizados naquela época, pela classe, foram os responsáveis pelo seu</p><p>reconhecimento pela Lei nº 12.319/10.</p><p>• O ato de traduzir ou interpretar envolve a habilidade do profissional em produzir um</p><p>texto novo a partir de um discurso formulado, por terceiros, embebecido de ideias</p><p>e enunciados em línguas diferentes. E suas perspectivas, na contemporaneidade,</p><p>estão cada vez mais evidentes, estão sendo conduzidas com o objetivo de</p><p>regulamentar o exercício da profissão, dando-lhes mais embasamento legal,</p><p>habilitação, formação, proficiência e valorização profissional.</p><p>166</p><p>1 É possível observar fenômenos diferenciados na interpretação no par Libras-</p><p>português de outras interpretações, esses fenômenos são chamados de Efeitos de</p><p>modalidade. Em suas palavras como podemos conceituar e quais são estes efeitos?</p><p>2 Quando você vê uma frase em português e conhecendo os sinais em Libras</p><p>correspondentes a cada palavra dessa frase, você efetua a substituição dele</p><p>simplesmente pelo princípio de que para cada palavra se tem um sinal você está</p><p>realizando uma interferência na língua, ou seja, o Português Sinalizado, a qual efeito</p><p>de modalidade esta interferência está ligada?</p><p>a) ( ) code-switching</p><p>b) ( ) lagtime</p><p>c) ( ) code-blending</p><p>d) ( ) multimodalidade</p><p>3 Com respeito à ética, vimos que em um sentido menos filosófico e associado à prática</p><p>do profissional tradutor e intérprete, pode-se compreender melhor sobre o que se</p><p>trata o conceito examinando certas condutas do dia a dia. Ainda que se pense que</p><p>a Ética se encontra em um campo filosófico demais, e às vezes distante da prática</p><p>profissional, ainda sim o campo de atuação é abrangente e sua reflexão pode ser</p><p>levada para todas as áreas humanas. Com base no que viu e nas palavras de Sour</p><p>(2011) há uma série de confusões associadas ao estudo da ética. Ele aponta três</p><p>delas, quais são?</p><p>a) ( ) A ética de essência descritiva; a ética prescritivista; a ética reflexiva.</p><p>b) ( ) A ética de essência descritiva e ativa; a ética de prescrição profissional; a ética</p><p>refletora.</p><p>c) ( ) A ética de essencial e normalizadora; a ética de subsistência profissional; a ética</p><p>reflexiva e consciente.</p><p>d) ( ) A ética de essencialista e normalizadora; a ética de existência profissional; a ética</p><p>reflexiva e consciente.</p><p>4 Você aprendeu nesta disciplina que no senso comum, a interpretação é uma</p><p>atividade de mediação linguística que consiste em transmitir um discurso de tipo oral</p><p>em outra língua, oral ou de sinais, resultando em discurso equivalente a uma língua</p><p>diferente, quer de tipo oral, quer de língua de sinais. Essa, assim como a tradução,</p><p>possui também outro status.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>167</p><p>a) ( ) A interpretação é identificada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de</p><p>área de pesquisa, que a partir na década de 80, são denominados Estudos da</p><p>Interpretação (EI).</p><p>b) ( ) A interpretação é pesquisada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de</p><p>área de pesquisa, que a partir na década de 90, são denominados Estudos da</p><p>Interpretação (EI).</p><p>c) ( ) A interpretação é pesquisada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de</p><p>área de pesquisa, que a partir na década de 80, são denominados Estudos da</p><p>Interpretação (EI).</p><p>d) ( ) A interpretação é pesquisada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de</p><p>área de pesquisa, que a partir na década de 90, são denominados Estudos da</p><p>Interpretação (ET).</p><p>5 Você aprendeu que a tradução apresenta vários conceitos e uma ampla definição do</p><p>termo pelos dicionários, conforme vimos nos estudos. Embora haja várias definições</p><p>e estudos, há um conceito bem difundido e estudado nos dias de hoje. Com base no</p><p>que você aprendeu nesse estudo, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Jakobson conceitua a tradução como a troca de signos verbais em uma língua</p><p>por outros signos da mesma língua, de uma língua diferente ou até mesmo em</p><p>um sistema de signos não-verbais, que o leva a dizer a mesma sentença com</p><p>outros signos, palavras, e símbolos.</p><p>b) ( ) Jakobson e Bakhtin conceituam a tradução como a troca de signos verbais</p><p>em uma língua por outros signos da mesma língua, de uma língua diferente ou</p><p>até mesmo em um sistema de signos não-verbais, que o leva a dizer a mesma</p><p>sentença com outros signos, palavras, e símbolos.</p><p>c) ( ) Jakobson conceitua a tradução como a troca de signos verbais em uma língua</p><p>por outros signos do mesmo idioma, de uma língua diferente ou até mesmo em</p><p>um sistema de signos verbais, que o leva a dizer a mesma coisa com outras</p><p>palavras, signos e símbolos.</p><p>d) ( ) Jakobson e Bakhtin conceituam a tradução como a mudança de signos verbais em</p><p>uma língua de sinais por outros signos da mesma língua ou de uma língua pouco</p><p>sinalizada ou até mesmo em um sistema de signos não-verbais, que o leva a dizer a</p><p>mesma sentença com outros signos, palavras, e símbolos.</p><p>168</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABNT. 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Trabalho de Con-</p><p>clusão de Curso em Bacharelado em Letras-Libras da Universidade Federal de</p><p>Santa Catarina, UFSC. 2016.</p><p>SANTOS, W. dos. A Tradução Português-Libras em Debates Políticos Te-</p><p>levisionados No Brasil: intermodalidade e competência interpretativa. Dis-</p><p>sertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução,</p><p>UFSC. 2020. Disponível em: https://bit.ly/34QNZER. Acesso em: 12 abr. 2021.</p><p>SANTOS, W. dos. A atuação de intérpretes de língua de sinais: revisitando os</p><p>códigos de conduta ética. In: ALBRES, N. de. A. Libras e sua tradução em</p><p>pesquisa: interfaces, reflexões e metodologias. Biblioteca Universitária, UFSC.</p><p>2017.</p><p>SANTOS, W. dos. Intermodalidade na Interpretação. 2020. Disponível em:</p><p>https://youtu.be/_-eZWC1914E. Acesso em: 11 ago. 2021.</p><p>SANTOS, S. A.; BEER, H. Interpreting in legal contexts: Consecutive and simul-</p><p>taneous interpretation. Cadernos de Tradução, Florianópolis, v.37, n.2, 2017.</p><p>Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-7968.2017v37n2p288. Acesso em:</p><p>5 maio. 2021.</p><p>SILVA, R. A. TRADUTOR-INTÉRPRETE DE LIBRAS NA EDUCAÇÃO: Inserção Pre-</p><p>cipitada e a Invisibilidade nas Competências e a Formação Fragilizada. Revista</p><p>Virtual de Cultura Surda, n.23, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3uPM4uM.</p><p>Acesso em: 13 maio. 2021.</p><p>SILVA, R. A. Estratégias de Internacionalização Desenvolvidas pelos</p><p>Programas de Pós-Graduação Nota 7. Dissertação (Mestrado em Educação)</p><p>Universidade de Brasília, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3jYNPCq. Acesso</p><p>em: 12 ago. 2021.</p><p>SILVA, R. A. Os Parâmetros da Língua de Sinais. Youtube, 2021. Disponível</p><p>em: https://youtu.be/R2HB5E58gYM. Acesso em: 10 ago. 2021.</p><p>175</p><p>SILVÉRIO, C. C. P.; et al. Reflexões Sobre o Processo de Tradução-Interpreta-</p><p>ção para uma Língua de Modalidade Espaço-Visual. Anais do III Congresso</p><p>Nacional de Pesquisas em Tradução e Interpretação de Libras e Língua</p><p>Portuguesa. Florianópolis, 2012. Disponível em: http://goo.gl/iv0QVx. Acesso</p><p>em: 24 abr. 2021.</p><p>SOBRAL, A. U. Dizer o “mesmo” a outros: ensaios sobre tradução. SBS Ed.,</p><p>Special Book Services, 2008.</p><p>SOUR, R. H. Casos de ética empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.</p><p>TAVARES, F. R. Ética, política e sociedade. Indaial: Uniasselvi, 2013.</p><p>VALLS, Á. L. M. O que é ética? ed.9. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Bra-</p><p>siliense, 1994.</p><p>VASCONCELLOS, M. L. O nome e a natureza dos Estudos da Tradução: Inserção</p><p>da Tradução e Interpretação de Língua de Sinais (TILS) no campo disciplinar</p><p>desde a década de 70 até os desdobramentos de 2008. In: Anais, 1º Con-</p><p>gresso Nacional de Pesquisa em Tradução e Interpretação de Língua de Sinais</p><p>Brasileira, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2008. Dispo-</p><p>nível em: https://www.congressotils.com.br/anais/anais2008.html. Acesso em:</p><p>13 out. 2021.</p><p>VÁZQUEZ-AYORA, G. Introducción a la traductología: curso básico de tra-</p><p>ducción. Georgetown University Press, 1977.</p><p>VINAY, J. P; DARBELNET, J. Stylistique comparée du fraçais et de Van-</p><p>glais: Méthode de traduction. Paris, Didier, 1977. Nova edição revista e corrigi-</p><p>da. Primeira edição: 1958.</p><p>WEINREICH, U. The Russification of Soviet minority languages. Probs. Com-</p><p>munism, v. 2, 1953.</p><p>WILLIAMS, J; CHESTERMAN, A. The map: a beginner's guide to doing research</p><p>in translation studies. Routledge, 2002.</p><p>WURM, S. Translation across modalities: the practice</p><p>of translating writ-</p><p>ten text into recorded signed language: an ethnographic case study. 2010.</p><p>Tese de Doutorado. Heriot-Watt University. Disponível em: http://hdl.handle.</p><p>net/10399/2407. Acesso em: 28 abr. 2021.</p><p>176</p><p>177</p><p>LEGISLAÇÕES CONTRIBUINTES</p><p>À ÁREA DE TRADUÇÃO,</p><p>INTERPRETAÇÃO E GUIA-</p><p>INTERPRETAÇÃO</p><p>UNIDADE 3 —</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• Identificar os documentos legais que sustentam a atuação do profissional TILSP/</p><p>GILSP;</p><p>• Reconhecer que a legalidade ampara qualitativamente o trabalho de TILSP/GILSP;</p><p>• Distinguir os conceitos sobre o profissional TILSP/GILSP e suas atribuições éticas;</p><p>• Concluir que as perspectivas futuras de ingresso e atuação do TILSP/GILSP vão</p><p>além da formação básica;</p><p>• Saber que, estar dicionarizado não dá condições de atuar como um profissional</p><p>tradutor e intérprete de Língua de Sinais e não subsidia habilidades e competências</p><p>tradutórias.</p><p>Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará</p><p>autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL TRADUTOR</p><p>INTÉRPRETE E GUIA-INTÉRPRETE</p><p>TÓPICO 2 – A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NOS ESTUDOS SURDOS: (IN)FORMAÇÃO E</p><p>PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS</p><p>TÓPICO 3 – PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS FUTURAS</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure</p><p>um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>178</p><p>CONFIRA</p><p>A TRILHA DA</p><p>UNIDADE 3!</p><p>Acesse o</p><p>QR Code abaixo:</p><p>179</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A FORMAÇÃO</p><p>DO PROFISSIONAL TRADUTOR</p><p>INTÉRPRETE E GUIA-INTÉRPRETE</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Legislação. Quando se depara com este termo, se não atua na esfera jurídica, a</p><p>pessoa logo se sente perdida estando diante de uma rede de informações complexas</p><p>e que exige um conhecimento perito para entender as entrelinhas desse arcabouço. É</p><p>verdade que, quando se lê o termo, ele não finda, pois dele se deriva outras dezenas</p><p>de instrumentos legais, como: Projetos de Lei, Leis Ordinárias e Delegadas, Decretos,</p><p>Portarias, Medidas Provisórias, Estatutos, Pareceres, entre outros.</p><p>No entanto, mesmo com tantos documentos e cada um com uma finalidade, o</p><p>Brasil, possui uma Constituição Democrática – aprovada em 22 de setembro de 1988 –</p><p>uma lei fundamental, a lei suprema que tem como objetivo “assegurar o exercício dos</p><p>direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento,</p><p>a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e</p><p>sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida” (BRASIL, 1988). Ainda</p><p>que a temática nos leve a inúmeros caminhos para discussões legais, não será nesta</p><p>Unidade que iremos abordá-los e muito menos discorrer sobre todo o coletivo de leis.</p><p>Prezado acadêmico, chegamos à nossa última Unidade, em que iremos</p><p>apresentar um panorama das legislações, bem como uma revisita em sua história,</p><p>que permeiam a área de tradução, interpretação e guia-interpretação na educação de</p><p>surdos e as propostas das políticas públicas nessa área em âmbito nacional nos últimos</p><p>31 anos, e mais (ANEXO I). Além disso, a crescente demanda de cursos de formação do</p><p>TILSP e o seu trabalho nas diferentes esferas da sociedade.</p><p>No último tópico, finalizaremos com um miniglossário, um conjunto lexical básico</p><p>em Libras, sem o objetivo de dicionarizar você, e engessar o seu campo de atuação,</p><p>aprendizagem e desenvolvimento na esfera tradutória e interpretativa, isso porque</p><p>entendemos ser imprescindíveis à sua jornada nesse universo comunicativo.</p><p>Constituição da República Federativa do Brasil.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3w0tdOv. Acesso em: 25 maio. 2021.</p><p>IMPORTANTE</p><p>180</p><p>2 LEGISLAÇÕES VIGENTES À FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL</p><p>TILS E GILSP</p><p>A formação de TILSP no Brasil ainda é complexa e multifacetada tendo em vista</p><p>que tal profissão, ainda hoje, 2021, apresenta caráter assistencialista, é pouco regulada</p><p>e possui uma legislação conflituosa. Nesta seção vamos refletir sobre tais legislações e</p><p>como elas influenciam para o status atual da profissão.</p><p>Nossa primeira parada se dá em 2002, a partir da Lei nº 10.436 conhecida</p><p>como a “Lei da Libras”, tal legislação, visa dispor sobre a Língua Brasileira de Sinais</p><p>e dar outras providencias. Aprovada em governo de esquerda, buscou reconhecer a</p><p>Libras como “meio legal de comunicação e expressão [...] oriundos de comunidades</p><p>de pessoas surdas do Brasil” (BRASIL, 2002). A partir de tal sanção a Libras passa a ser</p><p>uma língua que precisa de uma atenção especial em instituições públicas e empresas</p><p>concessionárias de serviços públicos em âmbito educacional e de saúde buscando dar</p><p>acessibilidade comunicacional a esta comunidade.</p><p>Cabe salientar que a primeira vez que a Libras figura na legislação federal não foi</p><p>na Lei 10.436/02, mas dois anos antes na Lei nº 10.098, sancionada em 19 de dezembro</p><p>de 2000, mais precisamente no Capítulo VII, art. 18, que visa estipular a acessibilidade</p><p>nos sistemas de comunicação e sinalização implementando a “formação de intérpretes</p><p>de [...] linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de</p><p>comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de</p><p>comunicação” (BRASIL, 2000, grifos nossos).</p><p>LLogo, em dois anos antes, aparece a indicação da necessidade de formação</p><p>de Tradutores/Intérpretes de Libras-português (TILSP/GILSP) e, dois anos depois, a</p><p>língua em si é demandada em serviços públicos. O mesmo governo de esquerda inicia</p><p>uma discussão com a categoria profissional visando estabelecer uma nova legislação</p><p>que contemplasse a profissão, ou o status de profissional para atender essas novas</p><p>demandas.</p><p>Assim, ainda em 2004, a Deputada Maria do Rosário (PT/RS), apresentou o</p><p>Projeto de Lei (PL) nº 4.673 em dezembro do mesmo ano visando “reconhecer a profissão</p><p>de Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências”, cabe-nos</p><p>ressaltar que os GILSP ficaram de fora do escopo do projeto. Dividido em quatro artigos</p><p>e um parágrafo único, o projeto visava em linhas gerais: (I) reconhecer o exercício da</p><p>profissão pautando sua atuação, no art. 1; (II) formação em nível superior ou de pós-</p><p>graduação (aqui entendida como hiperônimo para qualquer formação em grau acima</p><p>da graduação), no art. 2; (III) uma possível solução para quem não tinha, à época, a</p><p>formação em nível de graduação, no parágrafo único e ; (IV) conhecimentos, habilidades</p><p>e atitudes necessárias para a atuação profissional (BRASIL, 2004a).</p><p>181</p><p>A justificativa para a transformação do Projeto em Lei trouxe uma série de</p><p>argumentos para tal, desses destacamos: a. dados do Instituto Brasileiro de Geografia</p><p>e Estatística (IBGE) identificando a presença de 5.750.809 pessoas com problemas</p><p>relacionados à surdez, cabe aqui salientar que não necessariamente essas pessoas</p><p>são surdas enquanto identidade antropológica; b. dados do Ministério da Educação e</p><p>Cultura (MEC) identificando a matrícula de 56.024 alunos surdos nos anos iniciais e finais</p><p>e 2.401 no ensino médio, desses apenas 3,6% matriculados concluíram esse processo</p><p>de educação; c. a necessidade de suprir tal demanda com uma atuação profissional.</p><p>2.1 CONTRATEMPOS NA LEGISLAÇÃO</p><p>Agora vamos aos problemas dessa legislação. Observamos que a atuação</p><p>seria mediante a formação em nível superior, todavia em 2004 tal curso não existia em</p><p>nenhuma instituição de ensino superior no Brasil, o que dificultou sua implementação</p><p>naquele momento. Ao observar o trâmite dessa legislação o relator do projeto, Deputado</p><p>Leonardo Picciani (PMDB/RJ) aprova tal legislação, no âmbito da Comissão de Trabalho,</p><p>Administração e Serviço Público (CTASP), lembrando que o profissional já vinha atuando</p><p>como mediador linguístico desde os anos 80 nas palavras do relator, fato que observamos</p><p>em Quadros (2004), assim foi encaminhado o parecer favorável à aprovação</p><p>dele.</p><p>Após tal parecer o projeto recebeu nova numeração, fato comum no âmbito</p><p>político brasileiro, porém pouco explicado os motivos de tais práticas, a partir de 2005 o</p><p>Projeto assume o número de 5.127 sob a autoria do Deputado Jefferson Campos (PSB/</p><p>SP) a partir da Mesa Diretora da Câmara de Deputados Federais que foi apensado ao</p><p>projeto anterior. Cabe aqui salientar que nesse novo projeto houve algumas alterações</p><p>na sua redação, a saber:</p><p>(i) após o art. 2 foi inserido um parágrafo único que previa a</p><p>atuação do TILSP na justiça na função de Tradutor Juramentado em</p><p>depoimentos juramentados em juízo e outras questões de cunho</p><p>legal e reconhecidas pelos respectivos tribunais;</p><p>(ii) O art. 5 que se refere ao at. 3 do Projeto de Lei anterior, trazia a</p><p>obrigatoriedade do reconhecimento do Conselho de Classe para sua</p><p>atuação. Subsequente a este artigo, três incisos definiam o perfil dos</p><p>profissionais que necessitariam do registro neste conselho sendo:</p><p>Profissional Ouvinte, de nível superior; Profissional Ouvinte, de nível</p><p>médio e; Profissional surdo;</p><p>(iii) Foi acrescido ainda um parágrafo único após o art. 5 dando aos</p><p>profissionais, sem formação, um prazo de 10 anos para readequação</p><p>permitindo sua atuação desde que certificados pelo Exame Nacional</p><p>de Proficiência em Tradução e Interpretação de Libras - Língua</p><p>Portuguesa, já que recém havia sido aprovado o Decreto 5.626 em 22</p><p>de dezembro de 2005.</p><p>182</p><p>A tradução pública, comumente conhecida como tradução juramentada</p><p>é a tradução feita por um tradutor público, também chamado de</p><p>tradutor juramentado sendo este habilitado em um ou mais idiomas</p><p>estrangeiros e português, é nomeado e matriculado na junta comercial</p><p>do seu estado de residência após aprovação em concurso público</p><p>(ORLANDO, 2015). A função é pautada no Decreto nº 13.606, de 21 de</p><p>outubro de 1943 que foi revogado pela Medida Provisória nº 1.040, de</p><p>2021 (BRASIL, 2021).</p><p>NOTA</p><p>O relator desse novo projeto novamente foi o Deputado Leonardo Picciani</p><p>(PMDB/RJ) mais uma vez encaminhou a aprovação do projeto, porém como era o final</p><p>do ano de 2006 todos os projetos foram arquivados de acordo com o artigo 105 do</p><p>Regimento Interno da Câmara que diz</p><p>Art. 105. Finda a legislatura, arquivar-se-ão todas as proposições que</p><p>no seu decurso tenham sido submetidas à deliberação da Câmara e</p><p>ainda se encontrem em tramitação, bem como as que abram crédito</p><p>suplementar, com pareceres ou sem eles, salvo as:</p><p>I - com pareceres favoráveis de todas as Comissões;</p><p>II - já aprovadas em turno único, em primeiro ou segundo turno;</p><p>III - que tenham tramitado pelo Senado, ou dele originárias;</p><p>IV - de iniciativa popular;</p><p>V - de iniciativa de outro Poder ou do Procurador-Geral da República.</p><p>Parágrafo único. A proposição poderá ser desarquivada mediante</p><p>requerimento do Autor, ou Autores, dentro dos primeiros cento e</p><p>oitenta dias da primeira sessão legislativa ordinária da legislatura</p><p>subsequente, retomando a tramitação desde o estágio em que se</p><p>encontrava (BRASIL, 1989).</p><p>Nesse momento temos a aprovação do Decreto 5.626/05 que visou regulamentar</p><p>a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais</p><p>- Libras, e o artigo 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Aqui começa as</p><p>divergências entre a, então futura, Lei nº 12.319/10, pois o decreto traz em seu Capítulo</p><p>V a formação do TILSP, e não cita o GILSP, aos moldes do que foi pensado no Projeto nº</p><p>4.673 do ano anterior, ou seja, a formação em nível superior a partir do agora nominado</p><p>como “curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras-português”</p><p>(BRASIL, 2005). Todavia como tal curso não existia na época foi dado um prazo de</p><p>transição de 10 anos, isto é, que se encerraria em 2015, para a implementação e oferta</p><p>desse curso nas instituições de ensino superior brasileiras. Como medida paliativa para a</p><p>contratação de TILSP, na ausência de uma política pública, Santos (2020) comenta que</p><p>foi idealizada uma avaliação por competências, das quais a mais conhecida é o Exame</p><p>Prolibras, para certificar e autorizar a atuação de profissionais em âmbito educacional.</p><p>183</p><p>Voltando ao PL da Lei dos TILSP, a Deputada Maria do Rosário (PT/RS)</p><p>solicitou o desarquivamento da matéria em 2007, e assim foi feito tendo em vista seu</p><p>desarquivamento o projeto necessitou tramitar novamente na CTASP, agora sob a</p><p>relatoria da Deputada Maria Helena (PSB/RR), novamente no final no ano, agora em 2006,</p><p>foi entregue o relatório encaminhando o referido projeto para aprovação e passando o</p><p>prazo regimental não foram apresentadas emendas ao projeto, ou seja, foi aprovado</p><p>na íntegra como estava redigido. O próximo movimento do projeto foi em 2008, com a</p><p>solicitação da retirada da pauta a pedido da relatora do PL, assim o projeto foi devolvido</p><p>à relatoria que o colocou para aprovação novamente em dezembro na comissão, tendo</p><p>seu relatório completamente aprovado no âmbito da CTASP no final de 2008.</p><p>Em 2009, logo no começo do ano, o projeto foi encaminhado para a principal</p><p>comissão da Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC),</p><p>como próxima instância de apreciação. No primeiro momento, o Deputado João Campos</p><p>(PSDB/GO) foi designado como relator da matéria, apresentando seu parecer no início</p><p>do segundo semestre de 2009. O projeto teve sua constitucionalidade, juridicidade e</p><p>técnica legislativa aprovada nos termos da CTASP, assim foi encaminhado, novamente</p><p>no final do ano, agora em 2009, para a Mesa Diretora e não foram apresentados recursos</p><p>para vetar, modificar ou emendar o projeto que ainda permanecia com o número de</p><p>5.127 de 4 anos atrás.</p><p>Seu próximo movimento foi a produção da sua redação final, ou seja, somar o</p><p>Projeto nº 4.673/2004 com o nº 5.127/2005 em um único documento que deveria ser</p><p>reencaminhado à CCJ para parecer dessa redação. Dessa vez tal função foi indicada ao</p><p>Deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB/RS), e no dia 10 de dezembro de 2009, o Projeto</p><p>tem sua aprovação por unanimidade. Novamente o projeto foi arquivado nos termos 163</p><p>e parágrafo 4º do 164º do Regimento interno da Câmara, todavia as justificativas para</p><p>esse arquivamento não estão explícitas no histórico de tramitação da proposta.</p><p>Ao chegar no Senado, em 12 de agosto de 2010, o Projeto de Lei nº 4.673/04,</p><p>ganhou nova numeração. Para o nosso desconforto – naquele momento em que</p><p>já estava sendo registrado todos esses pormenores sobre o TILSP e dos quais agora</p><p>ampliamos para você acadêmico – o Projeto passa a ser nominado como Projeto de Lei</p><p>da Câmara nº 325/09, sendo automaticamente enviado para a Presidência da República</p><p>para sanção final. Assim no dia 01 de setembro de 2010, foi sancionada a Lei nº 12.319</p><p>que regulamentou, ou pelo menos tentou regulamentar, a profissão de Tradutores/</p><p>Intérpretes de Libras-português, deixando o GILSP de fora; cabe ainda frisar que a</p><p>legislação foi vetada parcialmente nos seus artigos 3º, 8º e 9º.</p><p>184</p><p>2.2 ANÁLISE PORMENORIZADA</p><p>Como você pode observar, essa legislação passou por diversas mãos e</p><p>apresentou, em sua redação final, muitas inconsistências quando consideramos</p><p>as legislações que lhe precederam. Partindo do pressuposto que você já conhece a</p><p>legislação, vamos focar nossa atenção para os artigos que ficaram de fora da mesma,</p><p>buscando a redação anterior e os motivos pelos quais os artigos foram vetados.</p><p>Comecemos pelo artigo 3º, que em sua redação final ficou redigido como, “Art.</p><p>3o  –  É requisito para o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete a habilitação</p><p>em curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua</p><p>Portuguesa” e o “Art. 8º - Norma específica estabelecerá a criação de Conselho Federal</p><p>e Conselhos Regionais que cuidarão da aplicação da regulamentação da profissão, em</p><p>especial da fiscalização do exercício profissional”. As razões para que este artigo fosse</p><p>vetado constam na Mensagem nº 532, de 1º de setembro de 2010 e foram consultados</p><p>o Ministérios da Justiça e o Ministério do Trabalho</p><p>e Emprego acertando que:</p><p>O projeto dispõe sobre o exercício da profissão do Tradutor e</p><p>Intérprete de Libras, considerando as necessidades da comunidade</p><p>surda e os possíveis danos decorrentes da falta de regulamentação.</p><p>Não obstante, ao impor a habilitação em curso superior específico</p><p>e a criação de conselhos profissionais, os dispositivos impedem o</p><p>exercício da atividade por profissionais de outras áreas, devidamente</p><p>formados nos termos do art. 4º da proposta, violando o art. 5º, inciso</p><p>XIII da Constituição Federal (BRASIL, 2010c).</p><p>O que observamos é que o Decreto nº 5.626/05, ao estabelecer que a formação</p><p>em nível superior era o requisito mínimo para atuação, isso deixou de fora muitos</p><p>profissionais que já atuavam no contexto educacional. Ficariam de fora da atuação a</p><p>partir da promulgação dessa legislação, como medida paliativa o exame nacional de</p><p>proficiência, conhecido como Prolibras, serviu bem para certificar e dar a chancela do</p><p>governo para com a atuação destes profissionais que não tinham, em sua maioria, o</p><p>ensino superior; por isso a formação mínima com o nível superior foi vetada na redação</p><p>final da legislação. Outro ponto importante foi a regulamentação de um conselho</p><p>profissional, que necessita de outras normatizações para que possa ser implementado</p><p>e, já que não se tem mais como mínimo o nível superior, tal instituição perde seus efeitos</p><p>tornando-se pouco útil.</p><p>O outro artigo vetado foi o 9º, que dizia que “ficam convalidados todos os efeitos</p><p>jurídicos da regulamentação profissional disciplinados pelo Decreto nº 5.626, de 22 de</p><p>dezembro de 2005” (BRASIL, 2005). A mesma mensagem de veto, supracitada, traz à</p><p>tona que o Decreto no 5.626, de 2005, não trata de ‘regulamentação profissional’ pois, seu</p><p>principal norte é regulamentar a Lei nº 10.436, de 2002, que reconhece a Libras como</p><p>meio legal de comunicação e expressão da Comunidade Surda Brasileira, e o artigo 18, da</p><p>Lei nº 10.098, de 2000, que estabelece a obrigação de o poder público cuidar da formação</p><p>de intérpretes de língua de sinais, neste sentido estes efeitos tornam-se nulos.</p><p>185</p><p>Mensagem nº 532, de 1º de setembro de 2010. O documento pode ser</p><p>acessado em sua íntegra nesse link: https://bit.ly/3eilSCh (BRASIL, 2010c).</p><p>Acesso em: 17 jun. 2021.</p><p>É muito importante saber que, no Brasil, o surdo teve seu direito de</p><p>expressão sociolinguístico garantido somente no ano de 2002 quando</p><p>foi promulgada a Lei nº 10.436 reconhecendo a LS como meio legal de</p><p>comunicação e expressão no país [...], não reconhecida ainda como língua</p><p>oficial, mas exposta como tal nos Artigos 3º e 112º da LBI. Há outros países</p><p>que, mesmo tendo Comunidade Surda falantes da Língua de Sinais, o seu</p><p>reconhecimento ainda não ocorreu; assim também há outros que não a</p><p>reconhecem como meio de comunicação de seus cidadãos surdos (SILVA,</p><p>2019). Resumindo, a Libras NÃO É a segunda Língua oficial do Brasil.</p><p>Para saber mais e enriquecer seus conhecimentos, você, prezado</p><p>acadêmico, poderá ver os países que reconhecem legalmente as Línguas de</p><p>Sinais por tipo de Legislação, e os que ainda não têm, lendo as páginas 45</p><p>e 46 de Silva (2019), disponível neste link: https://bit.ly/2M6Sqph. Também,</p><p>para aprofundar ainda mais sua pesquisa, poderá ler o artigo “The Legal</p><p>Recognition of Sign Languages” (O reconhecimento legal das línguas de sinais</p><p>– tradução direta) Meulder (2015), disponível em: https://bit.ly/2VgMrTd.</p><p>Acesso em: 12 jun. 2021.</p><p>O exame Prolibras (foi) um exame de</p><p>proficiência que objetiva(va) certificar</p><p>instrutores e professores de língua</p><p>de sinais e tradutores e intérpretes</p><p>de língua de sinais. Para conhecer</p><p>mais sobre esse exame, acesse, baixe</p><p>gratuitamente, e leia o livro “Exame</p><p>Prolibras” por meio do QR Code ou no</p><p>link disponível em: http://www.prolibras.</p><p>ufsc.br/livro/. Acesso em: 9 maio. 2021.</p><p>NOTA</p><p>ATENÇÃO</p><p>DICA</p><p>DICA</p><p>186</p><p>Como você pode observar as legislações, a respeito da profissão do Tradutor/</p><p>Intérprete de Libras-português, se contradizem, são confusas e dá pouca segurança</p><p>jurídica para a atuação do profissional. Uma importante instância, para o debate de</p><p>políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência, é a Comissão de Defesa dos</p><p>Direitos das Pessoas com Deficiência (CPD) com uma instância propositiva. A Deputada</p><p>Erika Kokay (PT/CE), a partir de um requerimento, sugere a criação de uma subcomissão</p><p>especial para discutir e propor regulamentação relacionadas ao exercício profissional</p><p>dos Tradutores/Intérpretes de Libras-português e guia-intérpretes, que foi aprovado na</p><p>Reunião Ordinária do dia 17 de maio de 2017. O norte desta discussão, se dá pelo fato da</p><p>profissão do TILSP que, nos termos em que está regulamentada pela Lei nº 12.319/10,</p><p>causa desvalorização e insegurança na atuação do profissional, graças aos problemas</p><p>apresentados anteriormente.</p><p>Assim é proposto o Projeto de Lei nº 9.382 de 2017, apresentado no dia 19 de</p><p>dezembro de 2017, que “dispõe sobre o exercício profissional e condições de trabalho</p><p>do profissional tradutor, guia-intérprete e Tradutores/Intérpretes de Libras-Português,</p><p>revogando a Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010” como consta na página de</p><p>tramitação do projeto na Câmara dos Deputados. Desta forma, a saga dos profissionais</p><p>TILSP, começa agora (BRASIL, 2017a).</p><p>Em 2018, o projeto foi encaminhado, como de praxe, à CTASP, que trata exatamente</p><p>sobre o serviço e as profissões. Chegando lá, foi designada à relatoria da Deputada Gorete</p><p>Pereira (PR-CE) no dia 21 de maio de 2018. Cabe frisar que agora estamos em um governo</p><p>de direita, pode ser um detalhe sutil, mas com o passar do tempo você verá como esse é</p><p>um detalhe importante.</p><p>No segundo semestre de 2018, a relatoria apresentou seu parecer final</p><p>acompanhado do seu voto, apontando a relatoria que “não há dúvida de que os</p><p>profissionais de que trata a presente proposição não são apenas figuras essenciais para</p><p>que se possa efetivar a integração linguística entre surdos e ouvintes” já que não são</p><p>a única forma de acessibilidade dessas pessoas, “mas profissionais cuja atuação se</p><p>torna decisiva para que a pessoa surda e surdocega consiga ter pleno acesso aos meios</p><p>de comunicação, cultura e lazer” (BRASIL, 2019) como vemos na lei de acessibilidade</p><p>(BRASIL, 2000).</p><p>“No espectro político, a direita descreve uma visão ou posição específica</p><p>que aceita a hierarquia social ou desigualdade social como inevitável,</p><p>natural, normal ou desejável. Esta postura política geralmente justifica esta</p><p>posição com base no direito natural e na tradição”.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3jQLeMK>. Acesso em: 18 jun. 2021.</p><p>NOTA</p><p>187</p><p>Tramitação do projeto na Câmara dos Deputados. Toda a tramitação do</p><p>projeto pode ser acessada neste link: https://bit.ly/3bdV8kg. Acesso em:</p><p>17 jun. 2021.</p><p>Cabe salientar que na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) o curso</p><p>é nomeado Bacharelado em Tradução e Interpretação de Libras.</p><p>NOTA</p><p>NOTA</p><p>Notamos que, a partir do discurso da Deputada Gorete Pereira (PR-CE), a mesma</p><p>entende a importância deste Projeto de Lei, bem como suas contribuições para que as</p><p>pessoas surdas e surdocegas possam ter pleno acesso a seus direitos básicos como</p><p>cidadãos brasileiros, porém, ao citar consulta à Associação de Profissionais da Língua de</p><p>Sinais da região metropolitana do Cariri (APILSMC) e a Associação Cratense de Defesa da</p><p>Pessoa Surda (ACDPS), a relatora observou que o Projeto não contempla, a priori, os TILSP</p><p>de nível médio que já estavam contemplados pela Lei nº 12.319/10, sendo que este nível é</p><p>o que mais atua no campo profissional nos tempos atuais como vemos em (FÓRUM, 2014).</p><p>A deputada ainda relata que isso lhe causou uma preocupação no fato de que,</p><p>se aprovado o texto atual, em diversas regiões de nosso país não haverá número de</p><p>profissionais suficiente para suprir as necessidades da comunidade surda, tendo em</p><p>vista que o Bacharelado em Letras-Libras, naquela época, ainda não era capilarizado no</p><p>país, existindo então apenas 9 universidades federais que ofertavam o curso. Mesmo</p><p>demonstrando essa preocupação, a Deputada aprovou o projeto anexando a este uma</p><p>emenda sobre os portadores de diploma de tradutor, guia-intérprete e intérprete de Libras-</p><p>Língua Portuguesa, em nível médio, já que estes estão em maior número no Brasil. Como</p><p>apresenta Brasil (2005), os diplomas são emitidos por cursos de educação profissional</p><p>reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC), cursos de formação continuada</p><p>promovidos por instituições de ensino superior reconhecidas pelo MEC ou instituições</p><p>credenciadas por Secretarias de Educação, e cursos realizados por organizações da</p><p>sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja</p><p>convalidado por uma das instituições com carga horária mínima de 1.200 (mil e duzentas)</p><p>horas/aula, ou seja, uma possível solução para a falta de profissionais em locais longe das</p><p>capitais.</p><p>188</p><p>Com o fim do ano de 2018, o projeto foi arquivado mais uma vez. Como você</p><p>pode ver anteriormente, com base no já conhecido artigo 105 do Regimento Interno, no</p><p>dia 28 de fevereiro de 2019, a Deputada Erika Kokay (PT/DF) requereu o desarquivamento</p><p>do projeto fazendo com que esse volte ao seu caminho de tramitação que até então se</p><p>mostrou longo e burocrático.</p><p>Diferente da Lei nº 12.319, com o PL nº 9.382 foram realizadas audiências públicas</p><p>em diversos estados brasileiros a partir de 2019, sendo os Deputados Lucas Vergílio</p><p>(SOLIDARI-GO) e Maurício Dziedricki (PTB-RS) requerentes de tais eventos a serem</p><p>realizados de maneira conjunta nas Comissões de Defesa dos Direitos das Pessoas com</p><p>Deficiência (CPD) e de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), visando</p><p>debater a relevância da aprovação do PL nº 9.382/2017a.</p><p>O Projeto de Lei nº 9.382 de 2017, chega a CTASP, e para a relatoria do mesmo,</p><p>é escolhida a Deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP). Portanto, doze dias depois,</p><p>a Deputada Erika Kokay (PT-DF) solicita urgência para a tramitação do projeto com base</p><p>no artigo 155 do Regimento Interno que versa sobre:</p><p>Art. 115. Serão escritos e despachados no prazo de cinco sessões, pelo</p><p>Presidente, ouvida a Mesa, e publicados com a respectiva decisão no</p><p>Diário da Câmara dos Deputados, os requerimentos que solicitem: I -</p><p>informação a Ministro de Estado; II - inserção, nos Anais da Câmara,</p><p>de informações, documentos ou discurso de representante de outro</p><p>Poder, quando não lidos integralmente pelo orador que a eles fez</p><p>remissão (BRASIL, 1989).</p><p>Assim, o projeto, a partir do pedido de urgência, é encaminhado diretamente</p><p>para a CCJC que o recebe, e infelizmente, em face do encerramento da sessão naquele</p><p>dia, não foi debatido.</p><p>Foi assim emitido o parecer da relatoria sob a assinatura da Deputada Professora</p><p>Marcivania (PCdoB-AP), dizendo que a Lei nº 12.319/10 “não atende às necessidades da</p><p>população surda e surdocega e não lhes garante os direitos de cidadania assegurados</p><p>pela Constituição e pela legislação infraconstitucional”, expondo assim a votação pela</p><p>aprovação do Projeto de Lei nº 9.382, de 2017.</p><p>Neste momento o projeto retorna para a CCJC, com um relatório redigido pelo</p><p>então Deputado Herculano Passos (MDB-SP), que retornou o documento quase que</p><p>imediatamente à relatora da CTASP, Deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP),</p><p>para a elaboração de um substitutivo para o Projeto de Lei, neste substitutivo foram</p><p>atrelados, relacionados sobre:</p><p>(i) A Ementa da Lei passa a ser que a mesma tem por base</p><p>“regulamentar a profissão de Tradutor, Intérprete e Guia-Intérprete</p><p>da Língua Brasileira de Sinais – Libras.</p><p>(ii) No art. 1º são definidas as funções do tradutor e intérprete e do</p><p>guia-intérprete, no seu primeiro parágrafo e a atividade profissional.</p><p>189</p><p>(iii) No art. 4º são definidas as formações básicas para atuação</p><p>profissional como portadores de diploma em cursos superiores</p><p>de bacharelado em tradução e interpretação em Libras - Língua</p><p>Portuguesa ou em Letras com habilitação em tradução e</p><p>interpretação de Libras e Língua Portuguesa, oficiais ou reconhecidos</p><p>pelo Ministério da Educação; dos portadores de diploma em cursos</p><p>superiores em outras áreas que possuírem diplomas de cursos de</p><p>extensão, formação continuada ou especialização, com carga horária</p><p>mínima de 360 (trezentos e sessenta horas) e tenham sido aprovados</p><p>em exame de proficiência em tradução e interpretação em Libras -</p><p>Língua Portuguesa.</p><p>(iv) Por fim no art. 5º fica revogado que tratava sobre o Exame nacional</p><p>de proficiência.</p><p>Como você pode observar, dessa vez foi realizado um novo projeto que substituiu</p><p>o projeto original, e aqui observa-se que os principais pontos trabalhados neste novo</p><p>substitutivo geram entorno da formação do TILSP. Quando iniciamos este tópico, não</p><p>estava sendo aplicado um eufemismo, ou seja, um emprego suave de palavras para</p><p>abrandar a situação, para exemplificar a complicação que cerca a formação do TILSP e</p><p>do GILSP.</p><p>Foi encaminhada então para a CCJC e responsabilizado o Deputado Herculano</p><p>Passos (MDB/SP) para redigir seu relatório, e para a surpresa de todos o relator votou</p><p>contra o PL alegando sua inconstitucionalização, ou seja, segundo o parlamentar a</p><p>proposta não estava em acordo com os princípios constitucionais brasileiros. Segundo</p><p>seu parecer “a liberdade profissional é a mais ampla possível, sendo inconstitucional</p><p>qualquer [proposta de] restrição desproporcional ou desarrazoada” (BRASIL, 2019), isto</p><p>é, segundo ele, QUALQUER (uma ênfase em maiúsculo) pessoa pode executar uma</p><p>profissão que necessita de conhecimentos, habilidades e atitudes específicas para ser</p><p>realizada. Nesse momento a Deputada proponente original do projeto apresentou seu</p><p>voto em separado alegando:</p><p>É indiscutível que se verificam, no caso dos tradutores, guias-</p><p>intérpretes e intérpretes de Libras – Língua Brasileira de Sinais:</p><p>a) a necessidade de grau elevado de conhecimento técnico ou</p><p>científico para o desempenho da profissão; e</p><p>b) a existência de risco potencial de dano efetivo resultante do</p><p>exercício profissional (BRASIL, 2019).</p><p>Após tal afirmação, sem comentários à parte, a tradução, interpretação e</p><p>guia-interpretação não pode ser realizada por qualquer pessoa. Em contrapartida, a</p><p>Deputada Erika Kokay (PT/DF) apresentou seu voto em separado buscando demonstrar a</p><p>importância de tal legislação a partir da “a necessidade de grau elevado de conhecimento</p><p>técnico ou científico para o desempenho da profissão; e a existência de risco potencial</p><p>de dano efetivo resultante do exercício profissional” (BRASIL, 2019, p. 2).</p><p>Ao encerrar o ano de 2019 a mesma autora encaminhou uma solicitação para</p><p>a tramitação em caráter extraordinário, todavia, ela não foi apreciada em virtude do</p><p>encerramento da sessão, ainda no dia dez do último mês do ano, foi discutida por diversos</p><p>190</p><p>deputados a matéria e assim foi aprovada em votação em turno único o inteiro teor do</p><p>Projeto de Lei. Como resultado, em 22 de dezembro de 2019 a lei foi completamente</p><p>aprovada na Câmara seguindo para o Senado, aguardando desde então, a apreciação, os</p><p>votos e aprovação dos parlamentares.</p><p>3 QUESTÕES ÉTICAS RELACIONADAS AO TILSP</p><p>A ética profissional é um campo de pesquisa da deontologia, área da filosofia</p><p>moral contemporânea, segundo a qual as escolhas profissionais são moralmente</p><p>necessárias, proibidas ou permitidas. Segundo Flew (1979) a deontologia fundamenta-</p><p>se em dois conceitos: a razão prática e a liberdade, ou seja, agir por dever é o modo de</p><p>conferir à ação o valor moral. A deontologia também se refere ao conjunto de princípios</p><p>e regras de conduta, também conhecidos como deveres inerentes a uma determinada</p><p>profissão, no nosso caso a de Tradutores/Intérpretes de Libras-português. Assim, cada</p><p>profissional está sujeito a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão,</p><p>conforme o Código de Ética de sua categoria profissional. Nesse caso, podemos entender</p><p>a deontologia como o conjunto codificado, por determinada categoria profissional, das</p><p>obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área, no exercício</p><p>de sua</p><p>profissão. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não</p><p>exatamente a qualidade moral, mas a correção de suas intenções e ações, em relação a</p><p>direitos, deveres ou princípios, nas relações entre a profissão e a sociedade.</p><p>Como apresenta Gesser (2011), os surdos, a partir da Lei da Libras, passaram</p><p>a ter direitos de acessibilidade, ainda que já tivessem, como descrito em Brasil (2000).</p><p>Também, Quadros (2004, p. 13) diz que “à medida em que a língua de sinais do país</p><p>passou a ser reconhecida enquanto língua de fato, os surdos passaram a ter garantias de</p><p>acesso a ela enquanto direito linguístico”. No Brasil a primeira legislação que prescreve</p><p>a presença de TILSP para a acessibilidade comunicacional se fazer tangível foi a Lei</p><p>nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, em que estabelece normas gerais e critérios</p><p>básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou</p><p>com mobilidade reduzida, e dá outras providências, definindo que</p><p>Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010b, regula-</p><p>menta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua</p><p>Brasileira de Sinais – Libras.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 25</p><p>maio. 2021.</p><p>Prezado aluno, você também poderá assistir a</p><p>reportagem, que aborda brevemente sobre a Lei /10,</p><p>acessando este QR Code.</p><p>IMPORTANTE</p><p>191</p><p>Art. 18º O Poder Público implementará a formação de profissionais</p><p>intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-</p><p>intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à</p><p>pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de</p><p>comunicação.</p><p>Não é possível, buscarmos uma linha histórica para a profissionalização,</p><p>observamos que essa atividade surge a partir de práticas voluntárias que aos poucos</p><p>foram se aperfeiçoando e se profissionalizando ainda nos anos 80, pois, “a medida em</p><p>que os surdos foram conquistando o seu exercício de cidadania” (QUADROS, 2004, p.</p><p>13) a demanda de profissionais crescia. Alguns acreditam que somente esse segundo</p><p>elemento foi o responsável pela profissionalização do TILSP mas, não apenas isso, a</p><p>organização institucional destes profissionais também foi um fator importante para o</p><p>desenvolvimento da profissão.</p><p>O ato de traduzir ou interpretar envolve a habilidade do profissional em produzir</p><p>um texto novo a partir de um discurso formulado, por terceiros, embebecido de</p><p>ideias e enunciados (SOBRAL, 2008) em línguas diferentes. Traduções em línguas de</p><p>modalidade diferentes, como a que realizamos em nossa atividade profissional, mantém</p><p>essa finalidade, se considerarmos a Língua Portuguesa, sendo esta produzida pelo</p><p>aparelho fonador e percebida pela audição e a Libras, produzida por uma combinação</p><p>de movimentações corporais e percebidas pela visão (SACKS, 1998).</p><p>Aos poucos esta prática profissional necessitou ser aperfeiçoada, e para isso</p><p>os Encontros Nacionais, de 1988 e 1992, propuseram a criação de um Departamento de</p><p>Intérpretes, ainda na Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS),</p><p>que deveria se encarregar de padronizar a atuação deste profissional. Em 1992, durante</p><p>o II Encontro Nacional de Intérpretes, realizado no Rio de Janeiro, um dos TILSP mais</p><p>renomados do nosso país, Ricardo Sander, apresentou uma proposta de um Código</p><p>de Ética com base em documento semelhante, usado nos Estados Unidos, datado de</p><p>28 e 29 de janeiro de 1965, que estipulava questões éticas a serem seguidas pelos</p><p>intérpretes estadunidenses e assim surgem as normativas éticas para este profissional.</p><p>Os Códigos de Ética, que aqui serão nomeados de Códigos de Conduta</p><p>Ética, como demonstra Santos (2017, p. 96), “são documentos permeados por várias</p><p>orientações para a prática ética que o profissional deve tomar como norte para balizar</p><p>sua atuação.” Não se deve tomar o Código de Conduta Ética como um documento</p><p>quadrado, engessado, imutável, preso ao tempo e que apenas contém uma série de</p><p>regras, mas, estes devem ser escritos numa tentativa de orientar as práticas daqueles</p><p>profissionais vinculados às instituições que organizaram estes documentos.</p><p>A profissão do TILSP foi reconhecida, a pouco, pela Lei nº 12.319 de 01 de</p><p>setembro de 2010, uma conquista de toda uma categoria sem dúvida, bem como das</p><p>associações de TILSP, que nos últimos anos foram pensadas com o intuito de criar</p><p>representatividade a esta categoria em espaços políticos em que tal profissão ainda não</p><p>se fazia presente.</p><p>192</p><p>O código de ética é um instrumento que orienta o profissional</p><p>intérprete na sua atuação. A sua existência justifica-se a partir do</p><p>tipo de relação que o intérprete estabelece com as partes envolvidas</p><p>na interação. O intérprete está para intermediar um processo</p><p>interativo que envolve determinadas intenções conversacionais e</p><p>discursivas. Nestas interações, o intérprete tem a responsabilidade</p><p>pela veracidade e fidelidade das informações. Assim, ética deve estar</p><p>na essência desse profissional (QUADROS, 2004, p. 31).</p><p>A profissão de Tradutores/Intérpretes de Libras-português é perpassada por</p><p>diversas concepções, olhares e experiências. Os Códigos de Conduta Ética, todos</p><p>citados acima, possivelmente não comportam toda esta multiplicidade de demandas,</p><p>mas como observamos ele traz em sua redação valores que podem ser discutidos por</p><p>diferentes vertentes teóricas. Takahashi (2015, p. 37) afirma “que a competência individual</p><p>está ligada à motivação, assim como também depende das condições nas quais o</p><p>indivíduo se encontra em seu trabalho”, nesse sentido o TILSP necessita desenvolver a</p><p>competência profissional, ou seja uma série de conhecimentos, habilidades e atitudes</p><p>para exercer sua atividade profissional, porém</p><p>Segundo Anderson (1983), o conhecimento [...] consiste em saber</p><p>o quê. É fácil de verbalizar, se adquire através de exposição e</p><p>seu processamento é essencial controlado. [Existe outro tipo de</p><p>conhecimento] o procedimental, [que] por sua vez, consiste em saber</p><p>como. É difícil verbalizar, se adquirido através da prática e se processa</p><p>essencialmente de maneira automática. Trata-se, pois, de dois tipos</p><p>de conhecimento adquiridos por vias distintas (ALBIR, 2005, p. 21,</p><p>apud SANTOS, 2017, p. 76, grifo nosso).</p><p>Observa-se que a diferenciação entre estes tipos de conhecimentos é importante,</p><p>porém não é suficiente, pois, para além de saber o que, e saber como é necessário, também</p><p>é necessário saber por que empregar todos estes conhecimentos em determinada</p><p>situação em que a ética é colocada em xeque.</p><p>O cuidado com os valores éticos das pessoas é uma preocupação importante</p><p>das instituições que atualmente formam TILPS em todo território. Projetos como o</p><p>“Traduz Aí”, por exemplo, contribuem significativamente para práticas éticas a partir</p><p>do conhecimento teórico-prático que lhes é fornecido durante sua formação, estas</p><p>instituições passam a instigar os estudantes a refletirem sobre estes preceitos éticos.</p><p>Sugerimos uma leitura complementar do artigo “Atuação de</p><p>intérpretes de língua de sinais: revisitando os códigos de conduta</p><p>ética” de Dos Santos (2017). Disponível no Portal do Letras-Libras da</p><p>Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) neste link: https://bit.</p><p>ly/2woObNS. Acesso em: 14 jun. 2021.</p><p>NOTA</p><p>193</p><p>Prezado acadêmico, para saber mais sobre as questões</p><p>relacionadas à ética do profissional Tradutor/Intérprete</p><p>de Libras-Português, recomendamos que assista</p><p>a discussão sobre o trabalho do TILSP “Ética do</p><p>Intérprete”, realizada no Canal Traduz Aí!, acessando</p><p>este link: https://bit.ly/3xpRwqn ou o QR Code.</p><p>DICA</p><p>Como podemos observar, na prática profissional, “os problemas éticos se</p><p>distinguem da moral pela sua característica genérica”, ou seja, nada relacionado em</p><p>profundidade com a aplicação de tal ciência, “enquanto a moral se caracteriza pelos</p><p>problemas da vida cotidiana” como discutimos anteriormente, observamos que “o</p><p>que há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade das</p><p>consequências de suas ações” (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90).</p><p>alfabeto, todavia seu surgimento é impossível de ser datado. Na língua portuguesa</p><p>temos o alfabeto românico, ou também conhecido latino composto de 26 letras sendo</p><p>5 grafemas para vogais e 21 grafemas para consoantes.</p><p>FIGURA 1 - ALFABETO LATINO UTILIZADO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO</p><p>FONTE: Os autores</p><p>Em uma língua gestual-visual em sua modalidade escrita a possibilidade se dá a</p><p>partir da escrita de sinais (ES) que no Brasil possui três diferentes sistemas de notação, a</p><p>saber: Escrita de Língua de Sinais (ELiS) desenvolvido pela professora Mariângela Estelita</p><p>em 1997 e aprimorado em 2008, utilizado em pequena escala na Universidade Federal</p><p>de Goiás (UFG); o segundo sistema brasileiro é o Sistema de Escrita para Libras (SEL)</p><p>desenvolvido pela professora Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira na Universidade</p><p>Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB); o terceiro é o SignWritting, sistema internacional</p><p>de notações de línguas gestuais-visuais desenvolvido a partir das notações de Valerie</p><p>Sutton que foram descobertas por pesquisadores da Língua de Sinais Dinamarquesa da</p><p>Universidade de Copenhagen.</p><p>A B C D E F G H I J K L M</p><p>N O P Q R S T U V W X Y Z</p><p>8</p><p>FIGURA 2 - RELAÇÃO DE MODALIDADE DA LÍNGUA COM A MODALIDADE DE USO DA LÍNGUA</p><p>FONTE: Rodrigues (2018, p. 9)</p><p>A terceira modalidade é trazida por Rodrigues (2018) em caráter inédito, se trata</p><p>da modalidade de uso tátil que pode ser percebida tanto em línguas de modalidade</p><p>vocal-auditiva quanto gestual-visual; vamos detalhar essa questão para você. Quando</p><p>estamos falando de línguas vocais auditivas, lembre-se elas são produzidas pelo</p><p>aparelho fonador, mas nessa modalidade elas são percebidas pelo tato, geralmente por</p><p>pessoas surdocegas, cegas ou com baixa visão, já que esse é o sentido sensorial mais</p><p>comumente utilizado por estas pessoas como vemos em Vilela (2020).</p><p>Para percepção da modalidade oral de uso de uma língua vocal-auditiva temos</p><p>o Tadoma ou leitura labial tátil, que segundo Vilela (2020, p. 110)</p><p>se trata de uma leitura orofacial a partir do tato sendo realizada a partir</p><p>do posicionamento do dedo polegar na bochecha, dedo indicador no</p><p>canto da boca e o dedo médio na outra bochecha ficando os outros</p><p>dedos dispostos no maxilar e garganta do interlocutor fazendo com</p><p>que este usuário perceba os elementos da articulação da modalidade</p><p>oral de uma língua vocal-auditiva.</p><p>Já uma língua gestual-visual é percebida na modalidade oral a partir da</p><p>articulação do que chamamos de Língua de Sinais Tátil, que é:</p><p>um sistema não alfabético que corresponde a Libras utilizada pelos</p><p>surdos do Brasil. Dessa forma, surdocego [usuários naturais desta</p><p>modalidade podem continuar utilizando] a língua de sinais [...] nessa</p><p>nova condição (VILELA, 2020, p. 102).</p><p>9</p><p>FIGURA 3 - FORMA DE PERCEPÇÃO DO TADOMA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3dX4N2k>. Acesso em: 28 abr. 2021</p><p>FIGURA 4 - FORMA DE PRODUÇÃO (HOMEM) E RECEPÇÃO (MULHER) DA LIBRAS TÁTIL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3nt1OBW>. Acesso em: 28 abr. 2021</p><p>Você pode ver como este método funciona assistindo ao vídeo “Febrapils</p><p>Entrevista: Surdocega Sofia Indalecio, que usa Tadoma para se comunicar”</p><p>no canal da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais</p><p>Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais. Vídeo</p><p>disponível em: https://youtu.be/Bmoc6zTLBp8.</p><p>Você pode ver como a Libras tátil funciona assistindo ao vídeo “Hélio</p><p>Fonseca e Regiane Pereira - Casa do Pai surdocego”. Vídeo disponível em:</p><p>https://youtu.be/A3U0EWH1XuU.</p><p>DICA</p><p>DICA</p><p>10</p><p>Já a percepção da modalidade escrita tátil de uso de uma língua vocal-auditiva</p><p>temos o Braille, código criado por Louis Braille composto por um conjunto de 6 pontos</p><p>em relevo que codificam toda a língua portuguesa a partir de um padrão específico para</p><p>cada letra do alfabeto latino. No Brasil o sistema é utilizado por pessoas cegas e com</p><p>baixa visão para a leitura de textos finalizados em impressoras Braille ou produzidos</p><p>diretamente a partir de máquinas de escrita manual Braille. Já as pessoas surdocegas</p><p>podem de igual forma utilizar o sistema Braille, porém esse ainda pode variar em um</p><p>outro sistema tátil o Braille digital que é “realizado na mão da pessoa surdocega (os</p><p>dedos indicador e médio) [ou] de seu interlocutor” em que “os dedos indicador e médio</p><p>são comparados a celas braille e cada falange dos dedos representa a marcação dos</p><p>pontos em relevo” (VILELA, 2020, p. 105-06).</p><p>FIGURA 5 - SISTEMA BRAILLE</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2PAQE1G>. Acesso em: 28 abr. 2021</p><p>FIGURA 6 - EXEMPLO DO BRAILLE DIGITAL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2SbS4AA>. Acesso em: 28 abr. 2021</p><p>11</p><p>Para aprofundar mais o seu conhecimento, leia os livros que abordam</p><p>sobre os três diferentes sistemas de notação, a saber: 1. Escrita de</p><p>Língua de Sinais (EliS) sistema brasileiro de escrita das línguas de sinais; 2.</p><p>Sistema de Escrita para Libras (SEL); e, 3. SignWriting, sistema internacional</p><p>de notações de línguas gestuais-visuais. E o Livro sobre a educação de</p><p>surdocegos e a sua escrita.</p><p>BARRETO, M.;</p><p>BARRETO, R.</p><p>Escrita de sinais</p><p>sem mistérios.</p><p>Belo Horizonte:</p><p>edição do autor,</p><p>2012.</p><p>BARROS, M. E.</p><p>ELiS-sistema</p><p>brasileiro de</p><p>escrita das</p><p>línguas de</p><p>sinais. Penso</p><p>Editora, 2015.</p><p>CORREIA, I. C.</p><p>A evolução da</p><p>escrita da língua</p><p>de sinais no Brasil.</p><p>João Pessoa: Ideia,</p><p>2019. Disponível</p><p>em: https://bit.</p><p>ly/3xSYPYu. Acesso</p><p>em: 28 abr. 2021.</p><p>VILELA, E. G.</p><p>Educação de</p><p>Surdocegos:</p><p>Perspectivas e</p><p>Memórias. Editora</p><p>Appris, 2020.</p><p>DICA</p><p>12</p><p>Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:</p><p>• Aprendemos que as línguas sugiram de maneira natural para sanar uma necessidade</p><p>de estabelecer comunicação, elas se comportam como códigos complexos que</p><p>quando organizados formam sentenças que transmitem o pensamento de um ser</p><p>para o outro.</p><p>• As línguas podem ser agrupadas em pelo menos dois tipos, quando observado seu</p><p>modo de produção e recepção, as línguas vocais e as línguas gestuais.</p><p>• Quanto à modalidade podemos classificar as línguas de acordo com a forma como</p><p>elas são expressas e recebidas por outro ser, a língua portuguesa é categorizada</p><p>como uma língua vocal-auditiva, pois é produzida pela passagem do ar nas pregas</p><p>vocais e percebida pela audição. Já a Libras é produzida por movimentos corporais</p><p>e percebida pela visão, tornando-a de modalidade gestual-visual.</p><p>• Quanto ao uso, essas também podem ser categorizadas, mas dessa vez em três.</p><p>A primeira é a modalidade escrita que vale tanto para o português quando para a</p><p>Libras a partir do sistema de Escrita de Sinais, que no Brasil é o SignWriting. Já a</p><p>segunda modalidade é a oral em ambas as línguas. A terceira é a tátil, mescla em si</p><p>tanto a modalidade oral, quanto a escrita para cegos e surdocegos que necessitam</p><p>deste terceiro sentido para percepção das informações.</p><p>• O ser humano em sua plenitude comunicativa adapta suas necessidades</p><p>comunicacionais de acordo com a ausência da audição como sentido neurossensorial,</p><p>por isso, foram desenvolvidos alguns sistemas para o registro da modalidade escrita</p><p>da língua de sinais, a partir do já citado SW, a ELis e o SEL. Na ausência da visão e da</p><p>audição, outras possibilidades foram desenvolvidas para o registro da modalidade</p><p>de uso escrita da língua como o Braille e para a modalidade oral de uso o Tadoma e</p><p>a Libras Tátil.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>13</p><p>1 Uma língua possui diferentes modalidades, a saber a modalidade de produção e</p><p>recepção de uma língua, bem como a forma com que essa língua é utilizada. Nesse</p><p>sentido, quais as contribuições você poderia elencar, para a formação do profissional</p><p>Tradutor/Intérprete de Libras-português, de se estudar este conteúdo?</p><p>2 Com base nesse estudo, entendemos que existem diferentes modalidades de</p><p>produções e recepções para diferentes tipos de língua. Quais são elas?</p><p>3 Como observado, o estudo das modalidades de produção e recepção de uma</p><p>língua é muito importante para um intérprete ou tradutor-intérprete, pois, a partir</p><p>desses estudos podemos entender de maneira mais clara os efeitos de modalidade</p><p>Precisamos entender</p><p>que o que se espera de um profissional é que ele se comporte eticamente (VALLS, 2004;</p><p>SANTOS, 2017).</p><p>A principal função da ética, como você pode observar, é sugerir qual o melhor</p><p>comportamento que cada pessoa, grupo social ou profissional tem ou venha a ter na</p><p>sua prática social. Tal filosofia indica o que é certo ou errado, o que é bom ou mau sob</p><p>a ótica da filosofia. Porém, esse comportamento, profissional ou social, sempre partirá</p><p>do ponto de vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social.</p><p>Tal ciência nos auxilia no esclarecimento e na demonstração da realidade vivenciada de</p><p>cada povo, procurando sempre elaborar diversos conceitos conforme o comportamento</p><p>correspondente de cada grupo social.</p><p>Atualmente, poucos são os trabalhos que discutem a questão do Código de</p><p>Conduta Ética do TILSP no Brasil. Por outro lado, existem vários trabalhos e livros já</p><p>publicados internacionalmente sobre as questões éticas e a atuação de TILSP, que</p><p>trabalham com diferentes pares linguísticos.</p><p>194</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:</p><p>• Há inúmeros instrumentos legais, cada um com uma finalidade, porém em território</p><p>brasileiro, há a Constituição Democrática, a lei suprema que objetiva assegurar o</p><p>exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o</p><p>desenvolvimento, a igualdade e a justiça dos cidadãos.</p><p>• A formação de TILSP no Brasil ainda é complexa e multifacetada tendo em vista que</p><p>tal profissão, ainda hoje, 2021, apresenta caráter assistencialista, é pouco regulada</p><p>e possui uma legislação conflituosa.</p><p>• Há ainda a necessidade de formação de Tradutores/Intérpretes de Libras-português</p><p>e Guias-Intérpretes de Libras-português (TILSP/GILSP) de modo emergente, visto</p><p>que a demanda de pessoas Surdas aumenta constantemente em serviços públicos.</p><p>• Ainda que cheia de conflitos, a Lei nº 12.319, após anos de tramitações, reconhece a</p><p>profissão do Intérprete da Língua Brasileira de Sinais e aguarda a sua regulamentação</p><p>pelo Projeto de Lei nº 9.382 de 2017.</p><p>• A tradução pública, comumente conhecida como tradução juramentada é a</p><p>tradução feita por um tradutor público, também chamado de tradutor juramentado</p><p>sendo este habilitado em um ou mais idiomas estrangeiros e português.</p><p>• As legislações, a respeito da profissão do Tradutor/Intérprete de Libras-português,</p><p>se contradizem, são confusas e dá pouca segurança jurídica para a atuação do</p><p>profissional.</p><p>• Diferente da Lei nº 12.319, com o PL nº 9.382 foram realizadas audiências públicas</p><p>em diversos estados brasileiros a partir de 2019 visando debater a relevância da</p><p>aprovação do PL nº 9.382/2017.</p><p>• A ética profissional é um campo de pesquisa da deontologia, área da filosofia</p><p>moral contemporânea, segundo a qual as escolhas profissionais são moralmente</p><p>necessárias, proibidas ou permitidas. Assim, cada profissional está sujeito a uma</p><p>deontologia própria a regular o exercício de sua profissão, conforme o Código de</p><p>Ética de sua categoria profissional.</p><p>• A deontologia como o conjunto codificado, são normas estabelecidas pelos próprios</p><p>profissionais, tendo em vista não exatamente a qualidade moral, mas a correção de</p><p>suas intenções e ações, em relação a direitos, deveres ou princípios, nas relações</p><p>entre a profissão e a sociedade.</p><p>195</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 • A atividade de atuação do TILSP surge a partir de práticas voluntárias que foram aos</p><p>poucos se aperfeiçoando e se profissionalizando na década 80. Porém, essa prática</p><p>necessitou ser aperfeiçoada a partir dos encontros promovidos naquela década.</p><p>• No Brasil, na atualidade, são poucos os trabalhos que discutem a questão do</p><p>Código de Conduta Ética do TILSP, diferentemente de outros países que já possuem</p><p>publicações abordando essas questões nas diferentes esferas de atuação e pares</p><p>linguísticos.</p><p>196</p><p>1 Baseado no que você estudou até aqui, pode observar que há várias legislações, até</p><p>mesmo conflituosas, que pautam a formação do TILSP no Brasil, neste sentido quais</p><p>são essas legislações? Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Lei 10.436 de 22 de abril de 2002; Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005.</p><p>b) ( ) Lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000; Lei 13.146 de 06 de julho de 2015.</p><p>c) ( ) Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005; Lei 12.319 de 01 de setembro de 2010.</p><p>d) ( ) Decreto 13.606 de 21 de outubro de 1943; Lei 5.127 de 15 de dezembro de 2004.</p><p>2 Segundo a legislação vigente (BRASIL, 2005) “Artigo 20 - Nos próximos dez anos, a</p><p>partir da publicação deste Decreto, o Ministério da Educação ou instituições de ensino</p><p>superior por ele credenciadas para essa finalidade promoverão, anualmente, exame</p><p>nacional de proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa”.</p><p>Qual o nome do principal exame relacionado a este artigo?</p><p>I- Vestibular em Letras-Libras</p><p>II- Exame Prolibras</p><p>III- Exame ToEfL</p><p>IV- Exame de Proeminência em Libras</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a sentença II está correta.</p><p>c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.</p><p>d) ( ) Somente as sentenças I e II estão corretas.</p><p>3 A deontologia também se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta,</p><p>também conhecidos como deveres inerentes a uma determinada profissão, no nosso</p><p>caso a de Tradutor/Intérprete de Libras-português, segundo o texto o que é um</p><p>Código de Conduta Ética?</p><p>4 Vimos nesse estudo que não é possível, buscarmos uma linha histórica para a</p><p>profissionalização do TILSP. Observamos que a atividade de atuação deste, surgiu</p><p>a partir de práticas voluntárias que aos poucos foram se aperfeiçoando e se</p><p>profissionalizando ainda nos anos 80. Com base no que viu, disserte sobre como,</p><p>desde então o profissional TILSP vem se profissionalizando.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>197</p><p>A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NOS</p><p>ESTUDOS SURDOS: (IN)FORMAÇÃO E</p><p>PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Vimos nas unidades anteriores que a tradução e interpretação exige de todos os</p><p>profissionais habilidades e competências para a execução do ofício. Diferentemente de</p><p>muitos conceitos, infelizmente engessados em cursos básicos presencial e/ou virtual,</p><p>em todo o território brasileiro, esse profissional – aluno aprendiz recém-chegado – não</p><p>se encontra pronto para atuar apenas com algumas horas de curso e muito menos com</p><p>uma “mala” repleta de sinais de A à Z sem contextos.</p><p>Pensar em uma formação de qualidade, faz você acadêmico, ter uma</p><p>perspectiva profissional incrível, desde que se conscientize na atuação de qualidade</p><p>no universo surdo. Vimos que nos estudos surdos, o protagonismo Surdo tem ampliado</p><p>grandemente no nosso país, assim, a sua formação dependerá de cada passo que</p><p>percorrer em busca de novas informações para ampliar e aprimorar as suas habilidades</p><p>como um bom profissional na área.</p><p>Prezado acadêmico, no Tópico 2, abordaremos algumas questões, das muitas</p><p>existentes, que envolvem a formação do TILSP nesses primeiros anos do século XXI.</p><p>Além de expor muitas políticas públicas, conforme Tabela 1, que se desenrolam ao longo</p><p>de trinta e poucos anos (Anexo I).</p><p>2 FORMAÇÃO PRÁTICA X STATUS PROFISSIONAL</p><p>É verdade, como exposto, que nos últimos anos a procura de formação continuada,</p><p>no que diz respeito à formação de TILSP/GILPS, tem gerado um movimento enorme</p><p>na promoção de cursos, devido a fatores legais, como por exemplo, a regulamentação</p><p>da Libras e o reconhecimento da profissão do Tradutor/Intérprete de Libras-português</p><p>em 2010 (BRASIL, 2005; 2010). Ainda que inúmeros cursos promovam uma formação</p><p>programada, nem sempre promovem uma formação adequada que venha a atender as</p><p>demandas emergentes da profissão. Há dezenas de cursos, com promessas milagrosas</p><p>de formação, alguns com 600 horas e conteúdo formatado em 100 aulas, por exemplo,</p><p>que dão garantia de se tornar um intérprete de língua de sinais, porém, SER um TILSP/</p><p>GILSP vai além das horas dispensadas em cursos de curta duração.</p><p>UNIDADE 3 TÓPICO 2 -</p><p>198</p><p>Assim,</p><p>existentes na tradução no par Libras/Português. Sobre as modalidades de produção</p><p>e recepção da língua assinale as alternativas verdadeiras:</p><p>I- A Libras é uma língua de modalidade visual-espacial em vista que sua produção</p><p>é dada a partir de movimentos corporais e a sua reflexão através dos estímulos</p><p>visuais.</p><p>II- O português é uma língua vocal auditiva sua modalidade de produção é a partir da</p><p>produção vocal e sua percepção a partir do sistema auditivo.</p><p>III- A Língua brasileira de sinais pode ser utilizada em sua modalidade para pessoas</p><p>surdocegas.</p><p>IV- O Braille é a única possibilidade de registro da modalidade escrita tátil da língua</p><p>portuguesa.</p><p>Com base nas assertivas acima, considere:</p><p>a) ( ) Apenas a assertiva I está correta.</p><p>b) ( ) As assertivas II e III estão corretas.</p><p>c) ( ) Nenhuma das alternativas</p><p>4 Por muito tempo as pessoas com deficiência e a Comunidade Surda, rotuladas como</p><p>anormais, sofreram opressão da sociedade. Por conta disso foram proibidos de ter</p><p>seus direitos básicos principalmente o da educação. Mas, além dessa exclusão, o que</p><p>mais foi negado aos sujeitos surdos? Com base no que você aprendeu, assinale a</p><p>alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Foi negada a liberdade de produzir suas próprias histórias, pois não tinham</p><p>“voz” e equipamentos de registros para relatar suas angústias, experiências e</p><p>conquistas.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>14</p><p>b) ( ) Foi negada a liberdade de contar as suas próprias histórias e desafios, pois não</p><p>tinham “voz” para relatar suas angústias, experiências e conquistas.</p><p>c) ( ) Foi negada a liberdade de sinalizar em língua de sinais e contar as suas próprias</p><p>histórias e desafios, pois não tinham outros surdos para relatar suas angústias,</p><p>experiências e conquistas.</p><p>d) ( ) Foi negada a liberdade de contar as suas próprias produções, relatando suas</p><p>histórias e desafios, pois não tinham “voz” das mãos para relatar suas angústias,</p><p>experiências e conquistas.</p><p>5 Durante seus estudos, você observou que os Estudos Surdos também estão ativos</p><p>em outra área apresentando outras realidades e fomentando a sua valorização</p><p>cultural e linguística. Que área é essa?</p><p>I- Os saberes da comunidade surda indígena do Amazonas e suas literaturas.</p><p>II- A valorização do patrimônio cultural do povo indígena e sua língua de sinais por</p><p>meio de projetos de produção literária.</p><p>III- A pesquisa e produção, tendo como protagonismo artefatos culturais do povo surdo</p><p>terena relatados por uma personagem surda.</p><p>IV- A acessibilidade em forma de história sinalizada e fotonovela gravadas na</p><p>comunidade indígena.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) Todas as sentenças estão corretas.</p><p>b) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.</p><p>c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.</p><p>d) ( ) Apenas a sentença III está correta.</p><p>15</p><p>OS FENÔMENOS LINGUÍSTICOS</p><p>TRANSLATIVOS</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Ao passo que as pessoas diferenciavam suas línguas com o passar do tempo,</p><p>atividades translativas, isto é, passagem de textos escritos ou orais entre línguas</p><p>precisavam ser utilizadas para que diferentes povos pudessem estabelecer comunicação.</p><p>Esses processos translativos são a tradução e a interpretação. A tradução, por ter uma</p><p>característica de registro, ao passo em que ela está sendo realizada ficou registrada nos</p><p>anais da história. Por sua vez, a interpretação, que não goza de mesma sorte, já que não há</p><p>necessidade de registro para ser realizada, teve sua história perdida nas areias do tempo.</p><p>Ao passo que entendemos como essas duas atividades são realizadas podemos</p><p>caracterizá-las, tipificá-las e dessecá-las quanto ao seu funcionamento. Neste tópico</p><p>trabalharemos com um breve relato da história da tradução, em que estudaremos as</p><p>mudanças que os conceitos de tradução e de interpretação sofreram com o tempo</p><p>buscando descrevê-los quanto a sua prática.</p><p>2 HISTÓRIA DA TRADUÇÃO: UM BREVE RELATO</p><p>Por mais que você provavelmente já tenha estudado esse conteúdo em outra</p><p>disciplina, se faz necessário refletir sobre a pergunta que não quer calar: o que é Tradução?</p><p>Essa pergunta pode ser pensada como uma variável matemática, pois dependendo do</p><p>autor, essa assume diferentes valores, os quais dependem da época, da prática e das</p><p>visões sociais. Assim, para respondê-la precisamos “levar em conta uma dimensão</p><p>histórica” (OUSTINOFF, 2011, p. 8). Se fizermos essa mesma pergunta fora do meio</p><p>acadêmico, buscando uma resposta calcada no senso comum, é possível que tenhamos</p><p>como resposta que a tradução é “transferência de informações de uma língua para outra”.</p><p>Além disso, é possível que as pessoas relacionem a tradução à escrita, destacando o fato</p><p>de que para se traduzir é necessário o uso da escrita.</p><p>A escrita, base do senso comum para a tradução, pode ser considerada como “um</p><p>procedimento do qual atualmente nos servimos para imobilizar, isto é, fixar a linguagem</p><p>articulada”. Todavia, ela não pode ser reduzida a apenas um instrumento, já que ela tem a</p><p>função de “guarda, [...] isto é, realiza o pensamento que até então permanece em estado</p><p>de possibilidade” (HIGOUNET, 2003, p. 9), pois nossos antepassados tinham acesso</p><p>apenas à cultura oral, ou seja, a cultura era passada de geração a geração através de</p><p>transmissão de informações a partir da oralidade. Em determinado momento, os símbolos</p><p>UNIDADE 1 TÓPICO 2 -</p><p>16</p><p>que permitiram que essa oralidade pudesse ser gravada e reproduzida foram aos poucos</p><p>consolidando-se como um sistema gráfico e se transformando até chegar aos sistemas</p><p>de escrita que possuímos atualmente.</p><p>Então, para entendermos os seus diferentes tipos, o primeiro ponto a abordarmos</p><p>é como o conceito da tradução foi e vem sendo entendido através dos tempos. Há uma</p><p>proposta de Steiner (2005) que considera, sobretudo, a forma como a atividade tradutória</p><p>é conceituada, praticada e teorizada em uma linha temporal para sua organização</p><p>histórico-temporal.</p><p>Em sua visão, Steiner (2005), o primeiro período estaria voltado às discussões</p><p>para a forma com que se deveria, como geralmente, realizar a tradução, ora como uma</p><p>tradução palavra-por-palavra, isto é, para cada palavra na língua fonte a substituição por</p><p>sua equivalente na língua alvo ora como tradução de sentido, em que o que importava era</p><p>o seu conteúdo e não a forma como esse texto estava escrito. Nesse primeiro, chamado</p><p>de Período Clássico da Tradução, o que estava em discussão era a tradução realizada por</p><p>um “orador” e não por um intérprete como conhecemos atualmente.</p><p>Quando Cícero trata o tradutor como orador, ele tem por pretensão dizer que,</p><p>nesta função, o profissional necessitava utilizar “os mesmos pensamentos e suas formas,</p><p>bem como suas figuras, com palavras adequadas ao nosso costume” (CÍCERO, 1996, p.</p><p>38-40; V, 14; VII, 23 apud FURLAN, 1996. p. 17), ou seja, aplicar a tradução palavra-por-</p><p>palavra. Portanto, as traduções não eram realizadas por uma vertente voltada ao que</p><p>entendemos por tradução de sentidos na função de intérprete e a tradução enquanto</p><p>“orador”, já que esse tinha como função “traduzir palavra por palavra (verbum pro verbo,</p><p>em latim), reproduzindo-as inclusive no mesmo número […] em que se encontravam no</p><p>original” (FURLAN, 1996, p. 17). Acreditamos, ainda que durante este período foi a primeira</p><p>vez que a palavra “intérprete” tenha sido empregada em relação ao processo de tradução.</p><p>No segundo período da tradução, elencado por Steiner (2005), temos a tradução</p><p>sendo mais teorizada através da hermenêutica, que se trata da disciplina que tem por</p><p>objeto a interpretação de textos religiosos ou filosóficos, entendida como a “investigação</p><p>do que significa ‘compreender’ um fragmento de linguagem oral ou escrita e a tentativa</p><p>de diagnosticar esse processo em termos de um modelo geral do significado” (STEINER,</p><p>2005, p. 260). Ainda nesse período, o contraste entre teoria e prática continua em foco</p><p>na forma como se fazia a tradução, pois os profissionais da época pensavam a teoria (da</p><p>tradução) a partir da sua prática, isto é, uma teoria empírica o famoso “é fazendo que se</p><p>aprende”,</p><p>criando, em diversos casos, uma receita de tradução que era prescrita para os</p><p>novos profissionais que estavam em processo de aprendizagem.</p><p>Já no terceiro período, em meados do século XX, surgiram as primeiras máquinas</p><p>de traduzir, como a Enigma por exemplo, ou seja, ferramentas mecânicas que realizariam a</p><p>tradução de maneira automática, sem a interferência humana, se valendo da consolidada</p><p>de tradução palavra-por-palavra, numa ação de substituir as palavras de textos escritos</p><p>em uma língua por palavras de uma outra língua.</p><p>17</p><p>Com isso, a tradução demonstrou imensa afinidade com a Linguística já que até</p><p>então bastava substituir palavras, gerando o que foi chamado por Jakobson, de “Aspectos</p><p>Linguísticos da Tradução”. Esses estudos entendiam a tradução como mera atividade de</p><p>substituição linguística, em que o objetivo era substituir palavras de uma língua pelas de</p><p>outra com base em algum traço de sinonímia.</p><p>3 OS TIPOS DE TRADUÇÃO</p><p>Roman Osipovich Jakobson (em russo: Роман Осипович Якобсон) foi um</p><p>pensador russo e é considerado um dos mais importantes linguistas do século XX e</p><p>um pioneiro da análise estrutural da linguagem, da poesia e da arte. Em seus estudos o</p><p>pesquisador buscou decompor os processos da tradução e de que forma ela acontece,</p><p>assim surgem os três principais tipos de tradução na publicação “Aspectos Linguísticos</p><p>da Tradução” em 1959.</p><p>3.1 TRADUÇÃO INTRALINGUAL</p><p>Tradução Intralingual ou reformulação é o tipo de tradução mais comum que</p><p>existe, pois desde quando aprendemos uma língua utilizamos esse tipo de tradução,</p><p>que se comporta com a reformulação de um texto dentro da mesma língua em que</p><p>esse texto está escrito se valendo do princípio da sinonímia, isto é, a relação que se</p><p>estabelece entre palavras de sentidos semelhantes. Para exemplificar quando lemos</p><p>um texto utilizado no contexto jurídico, mesmo estando escrito em português, as</p><p>vezes podemos não entender o que ali está escrito, pois está em um nível de registro</p><p>muito alto, agora se um advogado nos explicar o que está escrito, ele está fazendo</p><p>uma tradução intralingual, ou seja, uma reformulação de um texto em português para o</p><p>próprio português.</p><p>Outro exemplo, é quando uma mesma obra, um best-seller, é reescrita com</p><p>a finalidade de atingir vários públicos de idades distintas, assim observamos também</p><p>uma prática de tradução intralingual. Dentre muitas obras, uma das mais conhecidas é</p><p>a “Quem mexeu no meu queijo?” de Spencer Johnson (Figura 7).</p><p>DICA</p><p>Enigma foi uma máquina eletromecânica de criptografia com rotores.</p><p>Utilizada tanto para criptografar como para descriptografar códigos de</p><p>guerra, foi usada de várias formas na Europa a partir dos anos 1920.</p><p>Sugerimos assistir ao filme “O jogo da Imitação” para entender mais sobre</p><p>a máquina.</p><p>18</p><p>FIGURA 7 – LIVROS “QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO?” – VERSÕES EM PORTUGUÊS</p><p>FONTE: <https://amzn.to/3yHYiZh>. Acesso em: 9 ago. 2021</p><p>FIGURA 8 – LIVROS “QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO?” – VERSÕES EM ESPANHOL E INGLÊS</p><p>FONTE: <https://amzn.to/3CEAiZt>. Acesso em: 9 ago. 2021</p><p>3.2 TRADUÇÃO INTERLINGUAL</p><p>O segundo tipo é o que conhecemos por tradução propriamente dita, isto é, a</p><p>tradução interlingual, ou seja, um texto em uma determinada língua sendo traduzido</p><p>para uma outra língua diferente da língua em que o texto está escrito. No nosso caso a</p><p>tradução que acontece entre a Libras e o Português é uma tradução interlingual, pois</p><p>são línguas diferentes que se divergem quanto ao sistema linguístico, estilo e realidade</p><p>extralinguística.</p><p>Esse tipo de tradução é bem mais comum na contemporaneidade, principalmente</p><p>pelo advento da globalização. Os recursos tecnológicos, bem como os de informação</p><p>geral, proporcionam conhecimento à sociedade como um todo. Assim, com vistas às</p><p>mais diversas literaturas existentes, podemos ter uma mesma obra traduzida para</p><p>19</p><p>diversos idiomas. A título de exemplo, temos as Escrituras Sagradas, que são a biblioteca</p><p>mais traduzida de todos os tempos; e “atualmente, ela  está disponível inteira ou em</p><p>parte em mais de 3 mil idiomas” (JW.ORG, s. d).</p><p>Há muitas outras obras que foram traduzidas em centenas de idiomas e que</p><p>também são best-sellers, e algumas até para a língua de sinais, como no caso do gênero</p><p>literário nonsense “As Aventuras de Alice no País das Maravilhas”, conhecido em sua</p><p>forma abreviada “Alice no País das Maravilhas” do autor Charles Lutwidge Dodgson, sob o</p><p>pseudônimo de Lewis Carroll (WIKIPÉDIA, s. d; MATOS, 2017).</p><p>FIGURA 9 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM INGLÊS</p><p>FONTE: <https://amzn.to/3AMqM4X>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>NOTA</p><p>O termo nonsense em suas traduções, refere-se a: “sem sentido”,</p><p>“contrassenso” ou “absurdo”. É uma expressão da língua inglesa que</p><p>caracteriza algo sem sentido, sem lógica ou coerência. Esse termo aparece</p><p>nas obras de autores como Edward Lear e Lewis Carroll. Esse último, ao usar</p><p>o termo “nonsense” vem provocar o surrealismo e também o dadaísmo, um</p><p>movimento artístico da denominada vanguarda nos tempos modernos,</p><p>que teve início em 1916, em Zurique, Suíça, no período da Primeira Guerra</p><p>Mundial (BARRENTO, 1990; WIKIPÉDIA, s. d).</p><p>20</p><p>FIGURA 10 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM RUSSO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2VEfhgt>; <https://amzn.to/3CEqcry>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>FIGURA 11 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM FRANCÊS</p><p>FONTE: <https://amzn.to/3iB9wJl>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>FIGURA 12 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM PORTUGUÊS</p><p>FONTE: <https://amzn.to/3xDpSWj>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>21</p><p>FIGURA 13 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÃO EM LIBRAS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3t1GQMU>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>Além das inúmeras traduções e da diversidade gráfica da obra de Lewis Carroll</p><p>(Figuras 9 a 13), há outras que também tiveram grandes tiragens ao longo dos anos, nos</p><p>mais diversos idiomas, e mais comercializados da história (LEITE, 2015; Figuras 14 e 15).</p><p>E não muito menos importante, muitas também foram traduzidas intersemioticamente,</p><p>a tradução da obra de arte verbal em obra de arte não-verbal, no caso de filmes, curtas</p><p>ou longa metragens. Isso é o que você verá no próximo subtópico.</p><p>FIGURA 14 – O PEQUENO PRÍNCIPE - OBRA TRADUZIDA EM DIFERENTES IDIOMAS</p><p>FONTE: <https://amzn.to/3iDF55y>; <https://bit.ly/2VJz1iX>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>FIGURA 15 – O PEQUENO PRÍNCIPE - OBRA TRADUZIDA EM DIFERENTES IDIOMAS</p><p>FONTE: <https://amzn.to/37Ceuj0>; <https://bit.ly/3CFQnhl>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>22</p><p>3.3 TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA</p><p>O terceiro tipo é a tradução intersemiótica, também conhecida como</p><p>transmutação. É necessário frisarmos aqui que, ela não tem relação direta com a língua,</p><p>mas sim com os sistemas em que a linguagem é dividida, isto é, o sistema verbal,</p><p>que compreende às palavras de uma determinada língua que pode ser utilizada em</p><p>modalidade oral ou escrita e o sistema não verbal que utiliza qualquer elemento visual/</p><p>auditivo para comunicação, por exemplo, você já deve ter sabido que um livro ou outro,</p><p>que alcança o patamar de best-seller, isto é, um sucesso de vendas que se torna uma</p><p>produção cinematográfica. Quando você transforma um livro em um filme você tem uma</p><p>tradução intersemiótica.</p><p>FIGURA 16 – FILME ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÃO EM INGLÊS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3CGWAtJ>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>NOTA</p><p>As obras mencionadas anteriormente também tiveram suas produções</p><p>no formato de filmes em vários idiomas, formatos e artes gráficas. Para</p><p>conhecer as outras obras e as diferentes artes gráficas de “Alice no País</p><p>das Maravilhas”, acesse o link: https://bit.ly/3k2HN47.</p><p>23</p><p>FIGURA 17 – FILME ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM PORTUGUÊS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3jJ4JFf>; <https://bit.ly/3yEt5WJ>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>FIGURA 18 – FILME “O PEQUENO PRÍNCIPE” – VERSÕES EM PORTUGUÊS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3yFQCqw>; <https://bit.ly/3fV2xcD>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>FIGURA 19 – FILME “QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO?” – VERSÃO EM PORTUGUÊS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2V3ebup>. Acesso em: 11 ago. 2021</p><p>24</p><p>Cabe ressaltar ainda que, ao passo que Jakobson categorizava a tradução</p><p>em seus diversos tipos, tal organização visava atender aos Estudos Linguísticos da</p><p>tradução, ou seja, sua observação levou em consideração apenas aspectos linguísticos</p><p>relacionados a troca ou não de informações entre diferentes línguas, ou seja, o estudo</p><p>do processo de realização dessas traduções foi renegado para estudos posteriores uma</p><p>vez que o texto final produzido por um tradução não recebia a mesma atenção das</p><p>pesquisas naquele momento.</p><p>4 OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO</p><p>Nos anos 1970, a tradução ainda é conceituada e abordada no campo dos</p><p>Estudos Linguísticos, como vimos em Jakobson (1959) anteriormente, com ênfase</p><p>nas semelhanças e diferenças entre as línguas e no modo como se deve realizar a</p><p>transferência de material linguístico e textual. Nesse contexto, vemos que a tradução,</p><p>nesse tempo, é tratada como sendo a mera transferência de sistemas verbais e</p><p>não-verbais (BASSNETT, 2003) de comunicação. Assim, de modo geral, a tradução</p><p>é entendida como uma ação humana, mecânica, visando não somente, e apenas, a</p><p>substituição de material linguístico, mas, sim e, o estabelecimento da comunicação</p><p>entre falantes de diferentes línguas.</p><p>Nessa mesma época outro grande pesquisador surge, James Holmes</p><p>(1972) apresentou em um congresso um trabalho intitulado The Name and Nature</p><p>of Translations Studies (o nome e a natureza dos Estudos da Tradução, em tradução</p><p>nossa), que fora publicado posteriormente, em 1988 como vemos em Vasconcellos e</p><p>Bartholamei Júnior, (2009). O objetivo desse trabalho era estabelecer a separação do</p><p>que ele nomeou como Estudos da Tradução dos Estudos Linguísticos, tal separação</p><p>se justifica no conceito de tradução proposto pelo autor que ia muito além de apenas</p><p>substituir palavras, mas sim um complexo processo que envolve muito mais do que um</p><p>par linguístico.</p><p>Por definição, Holmes entende que os Estudos da Tradução (ET) abarcam “toda</p><p>e qualquer atividade de translação de material linguístico de uma língua para outra”</p><p>(RODRIGUES; BEER, 2015, p. 20). Nesse sentido, os ET seriam abrangentes englobando</p><p>o fenômeno da tradução e do traduzir e da interpretação e do interpretar de maneira</p><p>completa pois os:</p><p>Estudos de Tradução é uma disciplina acadêmica que estuda a</p><p>teoria e prática da tradução. É, por natureza, um campo multilíngue</p><p>e interdisciplinar de estudos, visto que estabelece relações com a</p><p>linguística, os estudos culturais, a filosofia, as ciências da informação</p><p>entre outros. (DE TORO, 2007, p. 9 – tradução nossa).</p><p>25</p><p>Difundida na década de 1970, contemporânea a Holmes temos Vázquez-Ayora</p><p>(1977, p. 221), que afirma que:</p><p>[…] o processo tradutório consiste em analisar a expressão textual da</p><p>língua original […] e equivalentes na língua de chegada e, finalmente,</p><p>transformar estas estruturas da língua de chegada em expressões</p><p>estilisticamente apropriadas.</p><p>Contemporânea a esses autores, temos House (1977/1981, p. 72) que define</p><p>a tradução como “[…] substituição de um texto na língua de partida por um texto</p><p>pragmática e semanticamente equivalente na língua de chegada”. Nessa perspectiva,</p><p>a tradução como uma atividade que envolve textos a partir de sua relação semântica e</p><p>pragmática, vai além da mera substituição de palavras ditas equivalentes (RODRIGUES,</p><p>2018, p. 287).</p><p>Na década de 1980, Delisle (1980, p. 91-92) faz uma definição interessante, em</p><p>suas palavras:</p><p>[...] a atividade tradutora se define, pois, como a operação que</p><p>consiste em determinar o significado dos signos linguísticos em</p><p>função de um ‘querer dizer’ concretizado em uma mensagem e em,</p><p>posteriormente, restituir integralmente essa mensagem por meio dos</p><p>signos de outra língua.</p><p>Nessa definição, observamos que o traduzir envolve a construção de sentidos</p><p>nos textos. A tradução é uma operação com mensagens, com aquilo que o texto quer</p><p>dizer, com o objetivo de que os textos na outra língua possam conter a mensagem da</p><p>língua original. Assim, o que conduz a tradução é a mensagem e não a forma do texto</p><p>apenas.</p><p>Visando ao aperfeiçoamento deste campo disciplinar, inaugurado na literatura</p><p>por Holmes (1972), Williams e Chesterman (2002) nos apresentam um mapeamento de</p><p>áreas de pesquisa, publicado em The Map. Williams e Chesterman incorporam à sua</p><p>proposta de áreas de pesquisa dos ET algumas das mudanças vivenciadas pelo campo</p><p>na segunda metade do século XX, por exemplo, a tradução multimídia, que faz interface</p><p>com esta pesquisa. Vejamos um esquema apresentando essas áreas de pesquisa:</p><p>NOTA</p><p>O conceito de translação é entendido como todo e qualquer processo de</p><p>transferência de informação linguística-textual entre línguas sem marcar</p><p>se esse processo seria de tradução ou interpretação, como encontramos</p><p>em Pöchhacker (2009).</p><p>26</p><p>FIGURA 21 - MAPEAMENTO DOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO, SEGUNDO WILLIAMS E CHESTERMAN (2002)</p><p>FONTE: Santos (2020, p. 32)</p><p>No mapa de Williams e Chesterman (2002), observamos a indicação de doze</p><p>subáreas de pesquisa dos ET: (1) Tradução e análise textual; (2) Avaliação e controle de</p><p>qualidade da tradução; (3) Tradução de gêneros do discurso; (4) Tradução multimídia;</p><p>(5) Tradução e tecnologia; (6) História da Tradução; (7) Tradução e Ética; (8) Terminologia</p><p>e Glossários; (9) Interpretação; (10) Processo Tradutório; (11) Formação de Tradutores; e</p><p>(12) Tradução como profissão. Cabe salientar que na área referente às pesquisas sobre</p><p>Interpretação, “os autores agrupam os diferentes tipos de interpretação em tópicos;</p><p>um deles – Tipos Especiais de Interpretação – refere-se à interpretação de línguas de</p><p>sinais e interpretação para surdos” (VASCONCELLOS, 2010, p. 129). Esse mapeamento</p><p>evidencia formas mais contemporâneas de se observar e, consequentemente,</p><p>pesquisar o fenômeno tradutório em suas multifacetadas manifestações e já apresenta</p><p>textualmente a interpretação envolvendo línguas de sinais.</p><p>Outro “mapeamento” bem atual, na verdade uma organização de (sub)áreas de</p><p>publicação, foi realizado mundialmente pela conhecida Editora Saint Jerome Publishing.</p><p>Segundo Vasconcellos (2010, p. 129), a Saint Jerome é a “mais impor tante editora de obras</p><p>vinculadas aos Estudos da Tradução no mun do ocidental”. A organização sistemática</p><p>das publicações, nas palavras de Vasconcelos (2010, p. 129-130) e de Rodrigues (2013,</p><p>p. 21-22), seriam realizadas a partir das seguintes subáreas:</p><p>(1) Tradução Audiovisual e Multimídia; (2) Tradução Bíblica e de</p><p>textos religiosos; (3) Bibliografias; (4) Interpretação em contextos</p><p>comunitários e de prestação de serviços; (5) Interpretação</p><p>Simultânea e de Conferências; (6) Estudos Contrastivos e</p><p>Comparados; (7) Estudos baseados em Corpus; (8) Interpretação</p><p>Legal e Jurídica; (9) Avaliação e controle de qualidade; (10) História</p><p>27</p><p>da Tradução e Interpretação; (11) Estudos Interculturais; (12) Estudos</p><p>da Interpretação; (13) Tradução Literária; (14) Tradução Automática e</p><p>auxiliada pelo computador; (15) Trabalhos em categorias múltiplas;</p><p>(16) Estudos do processo tradutório; (17) Metodologia de Pesquisa;</p><p>(18) Interpretação em Língua de Sinais; (19) Tradução técnica e</p><p>especializada; (20) Terminologia e Lexicografia; (21) Tradução e</p><p>gênero; (22) Tradução e ensino de língua; (23) Tradução e Política;</p><p>(24) Tradução e indústria de prestação de serviços linguísticos; (25)</p><p>Políticas de Tradução; (26) Teoria da Tradução; e (27) Formação de</p><p>Tradutores e Intérpretes.</p><p>De modo geral, o que temos com essas diferentes visões e tentativas de</p><p>sistematização do campo dos Estudos da Tradução (ET) é que as pesquisas realizadas</p><p>nessa área são diversas e inclusive interdisciplinares. Além disso, é possível ver que</p><p>novas (sub)áreas mais especializadas vão se consolidando e encontrando espaço,</p><p>como ocorre com os processos tradutórios/interpretativos envolvendo línguas de</p><p>sinais. Embora essas sistematizações coloquem em destaque apenas a interpretação</p><p>de línguas de sinais, vale notar que nos últimos anos, a tradução de línguas de sinais</p><p>também tem crescido</p><p>e se tornado campo de trabalho e foco de pesquisas.</p><p>5 OS ESTUDOS DA INTERPRETAÇÃO</p><p>Assim como a tradução, a interpretação pode ser observada de diferentes</p><p>perspectivas, em múltiplos contextos, em processos diferenciados e em suas diversas</p><p>modalidades. De modo geral, pode-se considerar que o campo disciplinar dos Estudos</p><p>da Interpretação (EI) seria “duas décadas mais jovem do que a área de Estudos da</p><p>Tradução” (QUENTAL et al, 2017, p. 1). Isso não quer dizer que a atividade interpretativa</p><p>seja mais recente que a tradutória ou que as pesquisas sobre a interpretação não</p><p>existiam concomitantemente às pesquisas sobre a tradução.</p><p>Segundo Carneiro (2017), Daniel Gile provavelmente foi um dos primeiros a</p><p>utilizar a nomenclatura Interpretation Studies ou Interpreting Studies. Ele teria usado</p><p>esse termo em seu discurso de abertura do Congresso de Estudos da Tradução na</p><p>Universidade de Viena, em 1992. Posteriormente, em 1993, o mesmo termo foi utilizado</p><p>em Salevsky (1993) em uma publicação intitulada de The Distinctive Nature of Interpreting</p><p>Studies que nos oferece uma explanação geral das questões que são abordadas dentro</p><p>desta área de estudo. Para ele:</p><p>em cada subárea dos Estudos da Tradução (aqui usada como um</p><p>hiperônimo para Estudos de Tradução e Interpretação), existe a</p><p>formulação de uma teoria centrada nos conceitos, estruturas e</p><p>problemas metodológicos [relacionados à interpretação]. [Pois,]</p><p>(1) fornece uma definição de interpretação, (2) as estruturas</p><p>[relacionadas aos] Estudos da Interpretação (EI) de acordo com</p><p>teorias gerais, especiais e particulares para domínios teóricos e</p><p>aplicados e (3) enfatiza o problema da validade das investigações</p><p>experimentais como um dos principais questão metodológica no EI”</p><p>(SALEVSKY, 1993, p. 1, tradução nossa).</p><p>28</p><p>Como podemos observar, o conceito de interpretação destaca-se nos anos</p><p>1990, a partir das discussões traçadas em âmbito internacional no contexto europeu.</p><p>Por mais que entendamos que a interpretação surge no mundo antes da tradução,</p><p>tendo em vista a já citada passagem da Torre de Babel na seção anterior, partimos da</p><p>premissa de que como o texto registrado possui mais durabilidade, exatamente pelo</p><p>seu registro físico, já que a evanescência da fala, característica da interpretação, não</p><p>possui naturalmente registro palpável. Assim, a tradução, antes dos recentes avanços</p><p>tecnológicos, ocupou mais o foco central das pesquisas.</p><p>Em consonância com o apresentado acima, Carneiro (2017, p. 1) acredita que</p><p>a busca pela afirmação de um campo disciplinar autônomo para a interpretação se</p><p>deu com a publicação de comentários e observações sobre a prática dos intérpretes</p><p>que atuavam no contexto de conferência discutindo “modelos teóricos e empíricos,</p><p>metodologias e paradigmas”.</p><p>Embora a localização da interpretação no campo dos ET seja ambígua,</p><p>no sentido de ser posta como uma subárea ou (sub)disciplina, nos</p><p>últimos anos, tivemos a reivindicação, por parte dos teóricos da</p><p>interpretação, de um campo disciplinar específico com o mesmo</p><p>reconhecimento e status dos ET (RODRIGUES; BEER, 2015, p. 21).</p><p>Os EI enfocam, entre outros, o processo cognitivo dos intérpretes durante a</p><p>interpretação e a formação de novos profissionais. Para Pöchhacker (2016, p. 41), algumas</p><p>questões, tais como: “como fazer?” e “o que compõe o processo interpretativo?” fazem</p><p>parte da área, já que buscam esclarecer “de que forma” a interpretação é realizada e/ou</p><p>possa ser ensinada.</p><p>Como dito anteriormente, aprendemos a falar muito antes de aprendermos</p><p>a escrever. Sendo assim, pode-se afirmar que a interpretação surge como atividade</p><p>humana muito antes da tradução, pois “interpretar é uma antiga prática humana”</p><p>(PÖCHHACKER, 2016, p. 41, tradução nossa) corroborando, mais uma vez, o apresentado</p><p>por Derrida (2002) sobre a antiguidade da diversidade linguística expressa com o</p><p>simbolismo da Torre de Babel.</p><p>Uma das contribuições dos EI são as pesquisas que visam definir o conceito</p><p>de interpretação, inclusive, diferenciando-o do de tradução. A interpretação tem sido</p><p>definida como tradução oral, a qual visa ao estabelecimento da comunicação entre</p><p>falantes de diferentes línguas numa situação e/ ou contexto específico (PAGURA, 2003,</p><p>p. 210).</p><p>Se considerarmos a antiguidade dos processos, podemos afirmar que os</p><p>processos interpretativos são bem mais antigos que os tradutórios. Entretanto, se</p><p>considerarmos o registro histórico dessas atividades, temos que a tradução possui</p><p>mais registros históricos e mais antigos, por seu caráter escrito, que a interpretação</p><p>caracterizada pela oralidade. Shuttleworth e Cowie (1997) afirmam que “a história da</p><p>29</p><p>interpretação não é bem documentada, embora seja geralmente aceito que, como</p><p>atividade [a interpretação é] mais antiga que a tradução escrita” (SHUTTLEWORTH;</p><p>COWIE, 1997, p. 83, tradução nossa).</p><p>Embora consideremos que a interpretação também pode ser definida como um</p><p>“[...] processos interpretativo e comunicativo que consiste na reformulação de um texto</p><p>com os meios de outra língua e que se desenvolve em um contexto social e com uma</p><p>finalidade determinada” (ALBIR, 2005, p. 41), é importante destacar alguns aspectos</p><p>singulares que vão diferenciar a tradução, propriamente dita, da interpretação.</p><p>Vejamos alguns desses aspectos gerais supracitados, que podem nos ajudar a</p><p>entender a conceituação da interpretação, ainda que nem sempre estejam presentes:</p><p>(1) a interpretação envolve um texto oral que está sendo produzido em fluxo contínuo,</p><p>sem registro fixo ou seja após sua produção o texto imediatamente se desfaz; (2) o modo</p><p>de produção ou de execução da atividade é em contato direto com o destinatário da</p><p>interpretação, podendo este estar presente fisicamente ou por mediação de tecnologia;</p><p>(3) as etapas relacionadas ao processo de interpretação podem até contar com uma</p><p>preparação prévia, porém, mesmo com esta preparação, a realização será imediata; (4)</p><p>as características do produto final da interpretação que não depende necessariamente</p><p>de registro. Sabemos que estas não são todas as características que envolvem</p><p>esta atividade tão complexa, mas é um entendimento pertinente dos aspectos de</p><p>singularizam essa atividade em relação à tradução.</p><p>Se formos comparar a prática da tradução com a prática da interpretação,</p><p>observando suas características de realização temos:</p><p>QUADRO 1 - OBSERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS À TRADUÇÃO E À INTERPRETAÇÃO</p><p>PROCESSOS</p><p>CARACTERÍSTICAS TRADUÇÃO INTERPRETAÇÃO</p><p>Competência</p><p>e habilidades</p><p>linguísticas</p><p>Priorização daquelas</p><p>necessárias para lidar</p><p>com a modalidade escrita:</p><p>habilidades de leitura e de</p><p>escrita.</p><p>Priorização daquelas</p><p>necessárias para lidar com a</p><p>modalidade oral: habilidades</p><p>de escuta e de fala.</p><p>Ritmo de trabalho</p><p>O profissional define o</p><p>seu ritmo de acordo com</p><p>pressão do tempo.</p><p>O autor do discurso impõe</p><p>seu ritmo ao profissional que</p><p>precisa se ajustar a ele.</p><p>Apresentação do</p><p>texto fonte</p><p>O texto está disponível</p><p>em um suporte (físico ou</p><p>virtual), pode ser relido e o</p><p>profissional pode revê-lo o</p><p>quanto for necessário.</p><p>O texto está em fluxo</p><p>constante e, na maioria dos</p><p>casos, não pode ser visto</p><p>novamente ou repetido,</p><p>mesmo que o profissional</p><p>necessite.</p><p>30</p><p>Modo de realização</p><p>do trabalho</p><p>O trabalho pode ser</p><p>pausado ou organizado</p><p>em etapas.</p><p>É quase impossível</p><p>interromper, protelar ou</p><p>fragmentar o trabalho.</p><p>Apoio externo</p><p>(materiais e outros</p><p>recursos)</p><p>O apoio externo pode ser</p><p>buscado em glossários,</p><p>em dicionários, em</p><p>colegas e em outras</p><p>traduções.</p><p>Há pouco ou nenhum apoio</p><p>externo, basicamente</p><p>recorre-se à memória ou,</p><p>imediatamente, ao colega de</p><p>trabalho, ainda que de forma</p><p>limitada.</p><p>Possibilidade de</p><p>correção antes da</p><p>entrega do texto alvo</p><p>O texto pode ser</p><p>completamente revisado</p><p>e, se for necessário,</p><p>realizar ajustes e</p><p>alterações.</p><p>Não há como realizar</p><p>nenhuma alteração sem que o</p><p>público a veja.</p><p>Aspectos situacionais</p><p>da atividade</p><p>Contexto limitado</p><p>centrado no espaço de</p><p>trabalho do tradutor.</p>

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