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<p>EXPLICAR o processo de</p><p>hematopoise (produção das linhagens celulares e</p><p>seus fatores regulatórios);</p><p>DIFERENCIAR as estruturas e funções das células</p><p>sanguíneas;</p><p>CONHECER a organização estrutural e funcional</p><p>das hemoglobinas;</p><p>4- CONHECER os tipos de hemoglobina;</p><p>Heme provém da palavra grega “haime” que significa</p><p>“sangue”. Hematopoiese consiste no processo de</p><p>divisão, diferenciação e maturação celular, desde a</p><p>célula mais primitiva – célula estaminal – até aos</p><p>diferentes tipos de células sanguíneas. Estes processos</p><p>estão dependentes de diferentes genes existentes nas</p><p>células.</p><p>A célula estaminal, ou célula pluripotencial, tem a</p><p>capacidade de se dividir, e assim de se auto-renovar,</p><p>bem como de se diferenciar nos vários tipos de células.</p><p>As células do sangue têm um tempo de vida limitado e</p><p>necessitam de se renovar de forma continuada e</p><p>constante; em algumas situações pode haver</p><p>necessidade de aumentar a produção, como por</p><p>exemplo, quando há uma perda de sangue ou, no caso</p><p>de uma infecção, em que são necessários mais glóbulos</p><p>brancos. A produção das células é controlada pelos</p><p>diferentes fatores de crescimento. (ROBBINS, 2019).</p><p>O local de formação das células sanguíneas muda ao</p><p>longo do tempo. Nas fases iniciais da vida do embrião a</p><p>hematopoiese ocorre principalmente na vesícula</p><p>vitelínica. Em seguida passa a acontecer no fígado fetal,</p><p>e posteriormente se concentra predominantemente na</p><p>medula óssea, onde continua até a vida adulta.</p><p>Os diferentes tipos de células sanguíneas (hemácias,</p><p>leucócitos e plaquetas) se originam de um precursor</p><p>comum, uma célula-tronco indiferenciada. A</p><p>diferenciação em cada tipo celular se dá através de</p><p>processos conhecidos como eritropoiese (hemácias),</p><p>granulocitopoiese ou mielopoiese (granulócitos),</p><p>monopoiese (monócitos), linfopoiese (linfócitos) e</p><p>trombocitopoiese (plaquetas). (ROBBINS, 2019).</p><p>*Fases da hematopoiese</p><p>*Fase mesoblástica: fase inicial da hematopoiese na</p><p>vida intra-uterina. Ocorre na vesícula vitelínica e surge</p><p>por volta de duas semanas de gestação. O nome dessa</p><p>fase faz referência ao mesoderma do saco vitelínico,</p><p>onde o processo ocorre. Esse período é conhecido</p><p>também como fase extra-embrionária da hematopoiese.</p><p>Os grupamentos celulares do saco vitelínico têm</p><p>potencial para se diferenciar em células vasculogênicas</p><p>ou hematopoieticas, e por isso são chamadas de</p><p>hemangioblastos. As células mais periféricas se</p><p>diferenciam em endotélio, formando, portanto, vasos</p><p>sanguíneos, enquanto as demais vão dar origem</p><p>principalmente a eritroblastos primitivos (células</p><p>precursoras das hemácias).</p><p>*Fase hepática: segunda fase intrauterina da</p><p>hematopoiese. Ocorre no fígado hepático entre a 4ª e a</p><p>6ª semanas de vida intrauterina com a migração de</p><p>células para o desenvolvimento do fígado fetal. Os</p><p>principais órgãos que contribuem com a formação</p><p>celular na fase hepática são o baço, o timo e os</p><p>linfonodos contribuem com a produção de linfócitos. o</p><p>*Fase medular: produção das células sanguíneas</p><p>passa a ser realizada na medula óssea a partir da 11ª</p><p>semana gestacional, até a vida pós-natal.</p><p>No período pós-natal todas as células sanguíneas são</p><p>derivadas primariamente da medula óssea. Os linfócitos</p><p>T sofrem diferenciação no timo, mas são originados de</p><p>células da medula óssea que migraram para aquele</p><p>órgão. (DRAKE, 2017).</p><p>A medula óssea é o tecido que existe dentro dos</p><p>ossos e que constitui a nossa “ fábrica do sangue”. É</p><p>formada por vasos sanguíneos, tecido adiposo, e</p><p>diversos tipos de células: as células precursoras dos</p><p>diferentes glóbulos do sangue, também chamadas</p><p>células estaminais ou pluripotenciais, os fibroblastos e</p><p>plasmócitos.</p><p>Na criança existe medula em quase todos os ossos,</p><p>mas ao longo dos anos vai-se alterando esta</p><p>distribuição, a medula óssea vermelha vai</p><p>progressivamente sendo substituída por medula óssea</p><p>amarela no adulto existe, quase exclusivamente, nos</p><p>ossos da bacia, costelas e no esterno. (JUNQUEIRA,</p><p>2017).</p><p>As células sanguíneas se originam todas de um</p><p>precursor comum indiferenciado, as chamadas células-</p><p>tronco pluripotentes. Ao se dividir, essas células dão</p><p>origem a células-filhas, que por sua vez podem</p><p>permanecer como células-tronco pluripotentes,</p><p>contribuindo para a manutenção da população desse</p><p>grupo celular, ou se diferenciar em outros tipos</p><p>celulares.</p><p>As células-tronco possuem, portanto, algumas</p><p>características especiais, que as distinguem dos demais</p><p>tipos celulares envolvidos na hematopoiese:</p><p>Formam novas células tronco, mantendo a sua</p><p>população inalterada, um processo conhecido como</p><p>autorrenovação. São capazes de se diferenciar e</p><p>originar diferentes linhagens celulares sanguíneas.</p><p>São capazes de colonizar a medular óssea e</p><p>reconstituir o sistema hematopoiético caso esse seja</p><p>destruído. Essa habilidade permite que essas células</p><p>sejam usadas em transplantes de medula óssea.</p><p>As unidades formadoras de colônias (do inglês CFU,</p><p>Colony-Forming Units) e podem dar origem a uma ou</p><p>mais linhagens hematopoéticas. Por exemplo, o</p><p>precursor CFU-G (Colony-Forming Unit – Granu- locytic)</p><p>produz apenas granulócitos, enquanto o CFU-GM</p><p>(Colony-Forming Unit – Granulocytic/Monocytic) produz</p><p>granu- lócitos e monócitos. Quanto mais diferenciado o</p><p>precursor, menor é o número de tipo celular a que pode</p><p>dar origem.</p><p>Quando as células-tronco pluripotentes se diferenciam</p><p>elas dão origem a duas linhagens celulares principais,</p><p>as células mieloides, que eventualmente vão originar as</p><p>hemácias, os granulócitos, os monócitos e as plaquetas,</p><p>e as células linfoides, que formam os linfócitos. Essas</p><p>células mieloides e linfoides possuem menor potencial</p><p>de diferenciação do que as células-tronco pluripotentes,</p><p>e são conhecidas como células progenitoras</p><p>multipotentes.</p><p>Ao se dividir, as células progenitoras podem formar</p><p>novas células progenitoras, para manter a sua</p><p>população, ou se diferenciar em células precursoras,</p><p>chamadas de blastos. É nessas células que as</p><p>características que diferenciam cada linhagem celular</p><p>sanguínea são observadas pela primeira vez. Os</p><p>blastos não possuem a capacidade de produzir novos</p><p>blastos, e portanto de manter a sua população, mas</p><p>apenas células que irão amadurecer e se desenvolver</p><p>em células sanguíneas. (TAVLOS, 2016).</p><p>A regulação da hematopoese é dependente tanto de</p><p>interação célula-célula quanto de fatores de crescimen-</p><p>to solúveis presentes nos diferentes microambientes,</p><p>compondo os nichos hematopoéticos. Os fatores de</p><p>crescimento são glicoproteínas secretadas pelas células</p><p>estromais que atuam na sobrevivência, na proliferação e</p><p>diferenciação das células hematopoéticas. São citocinas</p><p>e hormônios que se ligam a receptores específicos nas</p><p>su- perfícies das células-tronco e células progenitoras</p><p>exer- cendo atividades modulatórias sobre elas. Esses</p><p>fatores não possuem uma função única, podendo ser</p><p>relevantes para a sobrevivência das células-tronco em</p><p>uma dada as- sociação de citocinas ou ser importantes</p><p>para a função de células diferenciadas em outra nova</p><p>combinação. Os efeitos da associação desses fatores</p><p>podem ocorrer de duas formas: a) permitindo a</p><p>proliferação e diferencia- ção de células que, sem o</p><p>estímulo, morreriam ou per- maneceriam quiescentes;</p><p>ou b) agindo em sinergismo na proliferação de uma</p><p>subpopulação específica de células precursoras.</p><p>Durante o estágio embrionário, as linhagens estro-</p><p>mais da AGM produzem altas quantidades de fatores</p><p>que estimulam a expansão de células-tronco e a</p><p>formação de precursores hematopoéticos. São mais</p><p>comuns, nesta fase, a expressão de BMP-4 (Bone</p><p>Morphogentic Protein-4), uma proteína da família do</p><p>TGF- - - -Nerve</p><p>Growth</p><p>Factor); e da quimiocina (C-C) MIP-Υ (Macrophage</p><p>Inflammatory Protein-Υ). No fígado fetal, angiopoitina 2</p><p>e 3 e IGFBP-2 (Insulin Growth Factor Binding Protein-2)</p><p>foram identificadas como os principais fatores</p><p>responsáveis pela manutenção da autorrenovação das</p><p>CTHs, além de sua expansão e diferenciação.</p><p>Os osteoblastos secretam G-CSF (Granulocyte</p><p>Colony-Sti- mulating Factor), GM-CSF (Granulocyte-</p><p>Macrophage Colony-Sti- mulating Factor) e interleucina</p><p>6 (IL-6), os quais estimulam sobrevivência e</p><p>diferenciação das CTHs. Ainda, osteoblastos produzem</p><p>angiopoetina, trombopoetina, WNT, Nocht, N-caderina e</p><p>esteopoetina que, embora os mecanismos de ação</p><p>ainda sejam desconhecidos, regulam o número de CTH</p><p>no nicho.</p><p>Na regulação da mielopoese, que dá origem a</p><p>hemácias, granulócitos, monócitos e megacariócitos, a</p><p>IL-3 e o GM- -CSF atuam em um amplo espectro de</p><p>precursores imaturos, enquanto que o G-CSF e M-CSF</p><p>são necessários para o desenvolvimento de células</p><p>granulocíticas e monocíticas maduras, respectivamente.</p><p>Ademais, o GM-CSF inibe a migração, aumenta a</p><p>atividade fagocítica e induz a Citotoxicidade</p><p>Dependente de Anticorpos (antibody-dependent</p><p>cytotoxicity, ADCC) dos neutrófilos polimorfonucleares</p><p>do sangue. Já o G-CSF induz a síntese de superóxido e</p><p>estimula a ADCC dos neutrófilos, e o M-CSF ativa</p><p>macrófagos maduros. (GARRIDO, 2019).</p><p>Na regulação da eritropoese, a eritropoetina exerce um</p><p>papel essencial nos processos de maturação e</p><p>apoptose dos precursores da linhagem eritroide. Sua</p><p>produção é controlada pelo teor de O2 do sangue</p><p>arterial que irriga as células peritubulares no córtex</p><p>renal. Além dela, o ligante Kit, a IL-3 e o GM-CSF</p><p>também participam na regulação da pro- liferação e</p><p>diferenciação.</p><p>A linfopoese é regulada principalmente por interleuci-</p><p>nas, tais como IL-7 e IL-6, que exercem importante</p><p>função na proliferação dos precursores de linfócitos B,</p><p>ao passo que IL-2, IL-3 são mais relevantes aos</p><p>precursores de cé- lulas T. Deve ser lembrado que a</p><p>diferenciação das células T se faz no timo, e que as vias</p><p>envolvidas na proliferação/ ativação dos linfócitos serão</p><p>discutidas em outro capítulo.</p><p>In vitro, a megacariocitopoese é regulada por fatores</p><p>que atuam nos precursores imaturos associados a</p><p>várias linhagens, tais como IL-3, IL-6, GM-CSF e ligante</p><p>Kit, e o número de precursores megacariocíticos</p><p>depende diretamente da presença da combinação</p><p>desses fatores. Entretanto, a diferenciação dos</p><p>megacariócitos e a produção de plaquetas são</p><p>controladas in vivo pelo número de plaquetas no sangue</p><p>periférico, o qual não afeta a produção desses fatores.</p><p>O fator responsável por esta modulação é a</p><p>Trombopoetina (TPO), produzida principalmente no</p><p>fígado, que atua através do receptor da família das</p><p>citocinas chamado Mpl. (DRAKE, 2018).</p><p>O processo de formação das hemácias, a eritropoiese</p><p>ou eritropoese, começa a partir de uma célula-tronco</p><p>pluripotente, assim como na formação das demais</p><p>células sanguíneas. Essa célula pluripotente dá origem</p><p>a uma célula da linhagem mieloide.</p><p>Conforme mencionado anteriormente, as células</p><p>mieloides possuem potencial para se diferenciar em</p><p>hemácias, granulócitos, monócitos ou plaquetas. O</p><p>principal estímulo para a formação de hemácias é a</p><p>presença de um hormônio chamado eritropoietina,</p><p>secretado pelos rins em resposta à detecção da</p><p>redução da quantidade de oxigênio no sangue. Alguns</p><p>outros fatores químicos participam da estimulação da</p><p>diferenciação das células mieloides em hemácias,</p><p>especialmente a interleucina 3. (DRAKE, 2018)</p><p>Após iniciar o processo de transformação em uma</p><p>hemácia, uma célula mieloide passa por diversos</p><p>estágios de maturação. Ela recebe um nome diferente</p><p>para cada um desses estágios: proeritroblasto,</p><p>eritroblasto basófilo, eritroblasto policromático,</p><p>eritroblasto ortocromático (ou acidófilo), reticulócito e,</p><p>por fim, hemácia, ou eritrócito.</p><p>Os proeritroblastos são células relativamente grandes,</p><p>que apresentam um citoplasma basófilo e um único</p><p>núcleo celular, contendo cromatina arranjada de</p><p>maneira frouxa, além de um nucléolo visível. Sob</p><p>influência da eritropietina, os proeritroblastos se</p><p>diferenciam em eritroblastos basófilos, cujo citoplasma é</p><p>intensamente basófilo, como o próprio nome diz. Essas</p><p>células possuem mais polissomos (locais de síntese de</p><p>hemoglobina), e não possuem nucléolos visíveis.</p><p>Conforme os eritroblastos basófilos se diferenciam, o</p><p>tamanho das células é reduzido, bem como o número</p><p>de polissomos. O resultado são os eritroblastos</p><p>policromáticos, cujo citoplasma possui áreas basófilas</p><p>(polissomos remanescentes) e áreas acidófilas (áreas</p><p>de deposição de hemoglobina). A fase final de</p><p>reticulócito as hemácias perdem as orgnelas.</p><p>O processo de maturação dos granulócitos é</p><p>conhecido como granulocitopoiese, ou granulocitopoese</p><p>ou ainda mielopoiese. Essas células são caracterizadas</p><p>pela presença de dois tipos de grânulos que contêm</p><p>proteínas: os grânulos azurófilos e os grânulos</p><p>específicos. Os grânulos azurófilos são corados pelos</p><p>corantes básicos das misturas usuais (Giemsa, Wright),</p><p>e contêm enzimas lisossomais, enquanto os grânulos</p><p>específicos contêm diferentes proteínas, conforme o tipo</p><p>de granulócito (neutrófilos, eosinófilos ou basófilos).</p><p>Os neutrófilos são células muito importantes no</p><p>combate a infecções bacterianas. Assim, seus grânulos</p><p>específicos são ricos em enzimas proteolíticas, que</p><p>atuam destruindo proteínas bacterianas; em lisozima,</p><p>que ataca as paredes celulares e em mieloperoxidase,</p><p>que gera espécimes de oxigênio tóxico que destroem</p><p>bactérias invasoras.</p><p>Os grânulos específicos dos basófilos contêm</p><p>histamina e outros agentes inflamatórios que promovem</p><p>uma resposta inflamatória nos locais de lesão ou</p><p>infecção. Os grânulos específicos dos eosinófilos</p><p>contém catepsina e outras proteínas tóxicas que atuam</p><p>na destruição de parasitos. (ROBBINS, 2016).</p><p>O mieloblasto é a célula mais imatura que está</p><p>destinada a se tornar um granulócito. A seguir essa</p><p>célula passa por diversos estágios de maturação:</p><p>promielócito, mielócito, metamielócito, granulócito com</p><p>núcleo em bastão e enfim granulócito maduro</p><p>(neutrófilo, eosinófilo ou basófilo).</p><p>O mieloblasto é uma célula contendo um núcleo</p><p>grande com um ou dois nucléolos, e um citoplasma</p><p>basófilo contendo grânulos azurófilos. Ao se diferenciar,</p><p>essa célula perde um pouco de citoplasma, tornando-se</p><p>um promielócito, uma célula menor, mais basófila, com</p><p>núcleo esférico ou indentado. Os promielócitos já</p><p>contém grânulos específicos (neutrófilos, eosinófilos ou</p><p>basófilos).</p><p>Quando se torna um mielócito, o citoplasma perde a</p><p>sua basofilia e adquire grande quantidade de grânulos</p><p>específicos. Por isso existem diferentes tipos de</p><p>mielócitos: os mielócitos neutrófilos, os mielócitos</p><p>basófilos e os mielócitos eosinófilos. Os seus núcleos</p><p>podem ser esféricos ou riniformes (em forma de rim).</p><p>Os metamielócitos correspondem à próxima etapa do</p><p>amadurecimento dos granulócitos, e possuem núcleos</p><p>com uma indentação profunda, indicando o início da</p><p>lobulação característica das células maduras. Na</p><p>próxima fase essas células são conhecidas como</p><p>granulócitos com núcleos em bastão, ou ainda</p><p>bastonetes, e isso se deve ao fato de seus núcleos</p><p>possuírem o formato de um bastão. Aqui cabem</p><p>algumas ressalvas: a identificação dos basófilos e dos</p><p>eosinófilos com núcleo em bastão é muito difícil, de</p><p>forma que apenas os neutrófilos são normalmente</p><p>caracterizados nessa fase de bastonetes; além disso, a</p><p>identificação dos metamielócitos basófilos não é</p><p>possível nas preparações citológicas usuais. Na última</p><p>etapa de maturação os núcleos dos bastonetes sofrem</p><p>modificações. O núcleo dos neutrófilos é segmentado</p><p>em 2 ou 3 lóbulos. Os eosinófilos possuem um único</p><p>núcleo riniforme, enquanto os basófilos possuem</p><p>núcleos bilobulados. (TAVIAN, 2013).</p><p>A trombocitopoiese, também conhecida como</p><p>trombocitopoese</p><p>ou megacariocitopoiese, é o processo</p><p>de formação das plaquetas. A célula mais imatura que</p><p>dará origem às plaquetas é o megacarioblasto, uma</p><p>célula com núcleo grande de formato oval ou riniforme,</p><p>numerosos nucléolos e citoplasma intensamente</p><p>basófilo. Essas células são poliploides, contendo uma</p><p>quantidade muito maior de DNA que as demais células</p><p>somáticas do organismo.</p><p>Os megacarioblastos se diferenciam em</p><p>megacariócitos, células grandes, com núcleo lobulado</p><p>sem nucléolos. Seu citoplasma é menos basófilo do que</p><p>as suas precursoras, e contém numerosas granulações</p><p>que darão origem aos cromômeros das plaquetas.</p><p>Durante o processo de diferenciação dos</p><p>megacarioblastos em megacariócitos ocorre a formação</p><p>de numerosos grânulos citoplasmáticos no complexo de</p><p>Golgi, que contém substâncias como o fator de</p><p>crescimento derivado das plaquetas, o fator de von</p><p>Willebrand e o fator IV da coagulação sanguínea.</p><p>Em determinado momento, o citoplasma dos</p><p>megacariócitos sofre fragmentação, dando origem às</p><p>plaquetas, que são justamente os fragmentos</p><p>citoplasmáticos dos megacariócitos.</p><p>Os linfócitos se originam a partir de células de</p><p>linhagem linfoide. A primeira célula dessa linhagem é</p><p>conhecida como linfoblasto. Trata-se de uma célula</p><p>relativamente grande, arredondada, com citoplasma</p><p>basófilo. A ausência de grânulos azurófilos permite</p><p>diferenciar essa célula dos mieloblastos, já que os</p><p>linfoblastos também possuem citoplasma basófilo.</p><p>Os linfoblastos se diferenciam em prolinfócitos, células</p><p>de menores dimensões, com citoplasma basófilo que</p><p>pode conter alguns grânulos azurófilos. Os prolinfócitos</p><p>vão se diferenciar nos linfócitos circulantes.</p><p>O processo de amadurecimento dos linfócitos</p><p>acontece no timo (linfócitos T) e na medula óssea</p><p>(linfócitos B). Nos tecidos periféricos os linfócitos B se</p><p>diferenciam em plasmócitos, células produtoras de</p><p>imunoglobulinas. (ROBBINS, 2019).</p><p>O sangue é um fluido viscoso, levemente alcalino (pH,</p><p>7,4), cuja cor varia de vermelho brilhante a vermelho-</p><p>escuro e que corresponde a aproximadamente 7% do</p><p>peso do corpo. O volume total do sangue de um adulto</p><p>médio é de cerca de 5 L, e ele circula por todo o corpo,</p><p>dentro dos limites do sistema circulatório.</p><p>O sangue é principalmente um meio de transporte.</p><p>Por seu intermédio, os leucócitos, dos quais alguns são</p><p>fagocitários e representam uma das primeiras barreiras</p><p>contra infecção, percorrem todo o corpo e podem</p><p>concentrar-se nos tecidos atingidos por infecção,</p><p>atravessando a parede dos capilares. O sangue</p><p>transporta oxigênio e gás carbônico, o primeiro ligado à</p><p>hemoglobina dos eritrócitos e o segundo ou ligado à</p><p>hemoglobina ou dissolvido no plasma sob a forma de</p><p>bicarbonato. Transporta escórias do metabolismo, que</p><p>são removidas do sangue pelos órgãos de excreção.</p><p>Tem ainda papel regulador na distribuição de calor, do</p><p>equilíbrio acidobásico e do equilíbrio osmótico. Serve</p><p>também como veículo de distribuição dos hormônios, o</p><p>sangue possibilita a troca de mensagens químicas entre</p><p>órgãos distantes. (JUNQUEIRA, 2017).</p><p>O hematócrito é uma medida da proporção de</p><p>hemácias no sangue. O valor é expresso como um</p><p>percentagem ou uma fração de hemácias no sangue.</p><p>Por exemplo, um hematócrito de 40% significa que há</p><p>40 ml de hemácias em 100 ml de sangue. O hematócrito</p><p>se eleva quando o número de hemácias aumenta ou</p><p>quando o volume de plasma diminui, como na</p><p>desidratação. O hematócrito diminui até menos que o</p><p>normal, indicando anemia, quando reduz a produção.</p><p>Quando sangue é retirado do corpo e colocado em um</p><p>tubo de ensaio, ele coagula, exceto quando a luz do</p><p>tubo tenha sido revestida com um anticoagulante, como</p><p>a heparina. O sangue com anticoagulante (heparina),</p><p>centrifugado, sedimenta-se em várias camadas. A</p><p>camada inferior, mais densa (celular) são as hemácias,</p><p>e constituem cerca de 45% do volume sanguíneo. Esta</p><p>percentagem do volume dos eritrócitos é o hematócrito.</p><p>A camada imediatamente superior é chamada papa</p><p>leucocitária e representa a camada de sedimentação</p><p>dos leucócitos. Sobre os leucócitos repousa uma</p><p>delgada camada de plaquetas, não visíveis a olho nu. A</p><p>fração sobrenadante transparente acima das hemácias</p><p>sedimentadas é o plasma. Embora o hematócrito seja</p><p>toda a parte celular do sangue não-coagulado, no ponto</p><p>de vista prático, pode-se caracterizar o hematócrito</p><p>como a quantidade de hemácias presente no sangue.</p><p>(GUYTON, 2019).</p><p>O soro é obtido após a coleta, coagulação da amostra</p><p>e posterior centrifugação, sendo que nenhum</p><p>anticoagulante é utilizado. O objetivo é que haja a</p><p>formação de coágulo, e nesse processo os fatores da</p><p>coagulação, plaquetas e fibrinogênio são consumidos.</p><p>Então, de forma simplificada, o soro é a parte líquida</p><p>do sangue sem o fibrinogênio e fatores da coagulação</p><p>enquanto o plasma é a parte líquida do sangue com o</p><p>fibrinogênio e fatores da coagulação.</p><p>No laboratório, é possível obter o plasma da amostra</p><p>através da adição de um anticoagulante no tubo de</p><p>coleta. Existem vários tipos de anticoagulantes, como</p><p>por exemplo o EDTA, o citrato de sódio, a heparina etc.</p><p>O plasma é uma solução aquosa contendo</p><p>componentes de pequeno e elevado peso molecular,</p><p>que correspondem a 10% do seu volume. As proteínas</p><p>plasmáticas correspondem a 7%, e os sais inorgânicos,</p><p>a 0,9%, sendo o restante formado por compostos</p><p>orgânicos diversos, tais como aminoácidos, vitaminas,</p><p>hormônios e glicose.</p><p>O plasma é um veículo para o transporte de moléculas</p><p>diversas. Entre as proteínas do plasma podem ser</p><p>citados a albumina, as alfa, beta e gamaglobulinas e o</p><p>fibrinogênio. A albumina representa um papel</p><p>fundamental na manutenção da pressão osmótica do</p><p>sangue. As gamaglobulinas são anticorpos, são</p><p>chamadas de imunoglobulinas. O fibrinogênio é</p><p>necessário para a formação de fibrina, na etapa final da</p><p>coagulação do sangue. Diversas substâncias, que são</p><p>insolúveis ou pouco solúveis em água, podem ser</p><p>transportadas pelo plasma devido ao fato de se</p><p>combinarem com a albumina ou com as α e β-</p><p>globulinas, as quais atuam como transportadoras.</p><p>Os eritrócitos são células anucleadas</p><p>em forma de disco bicôncavo. Apresentam uma</p><p>coloração rósea-clara, quando corados pela</p><p>hematoxilina-Eosina, com um halo central mais claro em</p><p>conseqüência da biconcavidade. Este halo central nos</p><p>eritrócitos normais corresponde a 1/3 do diâmetro da</p><p>célula. Durante sua maturação na medula óssea, o</p><p>eritrócito perde o núcleo e as outras organelas, não</p><p>tendo, portanto, a possibilidade de renovar os sistemas</p><p>enzimáticos, proteínas estruturais, lipídios e</p><p>polissacarídeos, essências para a vida do corpúsculo,</p><p>possuindo um tempo de vida limitado de cerca de 120</p><p>dias. Após esse período, sua membrana torna-se mais</p><p>rígida, sendo incorporada pelo sistema retículo-</p><p>endotelial, baço, fígado, e tendo seus componentes</p><p>reaproveitados, inclusive o componente proteico da</p><p>membrana, como a hemoglobina, para a formação de</p><p>novas hemácias. A quantidade de hemácias presente</p><p>no sangue de um indivíduo normal é na ordem de 3 a 4</p><p>milhões por decilitro de sangue. Se for analisada a</p><p>quantidade de leucócitos (células brancas), outro grupo</p><p>células presente, é observada uma quantidade muito</p><p>inferior, sendo de 5 mil a 8 mil leucócitos por decilitro de</p><p>sangue. Por isso, considera-se, na prática, que quase</p><p>todo o hematócrito é constituído de células vermelhas.</p><p>(ROSS, 2018).</p><p>O diâmetro dos eritrócitos varia de 6 μm a 8,5 μm. A</p><p>função dos eritrócitos é o transporte de O2 e CO2.</p><p>Os leucócitos são células que participam das defesas</p><p>celulares e imunocelulares do organismo.</p><p>Constantemente os leucócitos deixam os capilares por</p><p>diapedese e migram para o local da inflamação. São</p><p>produzidos na medula óssea vermelha, permanecendo</p><p>temporariamente no sangue. Possuem 2 classificações,</p><p>os granulócitos e os agranulócitos.</p><p>Os granulócitos,</p><p>também conhecidos por</p><p>polimorfonucleares, são assim chamados por</p><p>apresentarem granulações específicas no citoplasma e</p><p>núcleo multilobulados, dispondo seu núcleo de forma</p><p>irregular. Eles distinguem-se em três tipos de</p><p>granulócitos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos.</p><p>Os agranulócitoS dispõem seu núcleo sem</p><p>lobulações, possuindo uma forma mais regular, e seu</p><p>citoplasma não apresenta granulações especificas</p><p>sendo chamados de mononucleares. Há dois tipos de</p><p>agranulócitos: os linfócitos e os monócitos.</p><p>(JUNQUEIRA, 2017).</p><p>O número normal de leucócitos no adulto é de 4.500 a</p><p>11.500 por microlitro (mm3) de sangue. O aumento no</p><p>número de leucócitos o sangue chama-se leucocitose e</p><p>a diminuição leucopenia. A contagem do número de</p><p>leucócitos circulantes, feita pelo hemograma, pode</p><p>apontar para a existência de diversos tipos de</p><p>infecções; do mesmo modo, a análise morfológica do</p><p>núcleo e do citoplasma dos leucócitos pode ser decisivo</p><p>para o diagnóstico de diferentes doenças e síndromes.</p><p>Os neutrófilos são os leucócitos mais presentes no</p><p>sangue, representando cerca de 60 a 65% dos</p><p>leucócitos do sangue circulante normal.</p><p>Os neutrófilos contêm grânulos específicos muito</p><p>pequenos e grânulos azurófilos. Os grânulos azurófilos</p><p>contêm fosfatase ácida e outras enzimas lisosômicas.</p><p>Os grânulos específicos contêm enzimas que matam as</p><p>bactérias fagocitadas.</p><p>São células arredondadas, e apresenta seus núcleos</p><p>formados por 2 a 5 lóbulos, ligados entre si por finas</p><p>pontes de cromatina. Dependendo da quantidade de</p><p>lóbulos nucleares, os neutrófilos dividem-se em bi, tri,</p><p>tetra e pentalobulado. Com mais de 5 lóbulos são</p><p>chamadas ‘hipersegmentadas’, sendo essas células</p><p>muito velhas. A célula muito jovem não apresenta seu</p><p>núcleo em lóbulos, e sim em um segmento, sendo então</p><p>chamado de neutrófilo bastonete.</p><p>Eles estão relacionados a infecções do tipo</p><p>bacteriana. Constituem a primeira linha de defesa</p><p>celular contra a invasão de microorganismos, sendo</p><p>fagócitos ativos de partículas de pequenas dimensões.</p><p>Os núcleos dos neutrófilos das pessoas do sexo</p><p>feminino, mostram-se constantemente um pequeno</p><p>apêndice, muito menor do que um lóbulo nuclear, com a</p><p>forma de uma raquete. Essa raquete contém a</p><p>cromatina sexual, constituída por um cromossomo X</p><p>heterocromático (condensado) que não transcreve seus</p><p>genes. (ROBBINS, 2019).</p><p>O neutrófilo é uma célula que se apresenta em seu</p><p>estágio final de diferenciação, realizando uma síntese</p><p>proteica muito restrita. Mostra poucos perfis do retículo</p><p>endoplasmático granuloso, raros ribossomos livres,</p><p>poucas mitocôndrias e complexo de Golgi rudimentar.</p><p>Os eosinófilos representam cerca de 2-4% dos</p><p>leucócitos. Essas células tem aproximadamente o</p><p>mesmo tamanho dos neutrófilos. O núcleo é</p><p>segmentado apresentando geralmente 2 lóbulos</p><p>(bilobulado). Apresentam granulações azurófilas e</p><p>específicas acidófilas que se coram pela eosina. Os</p><p>grânulos específicos contém a proteína básica principal,</p><p>a proteína catiônica do eosinófilo e a neurotoxina</p><p>derivada dos eosinófilos, as duas primeiras das quais</p><p>são agentes altamente eficientes no combate aos</p><p>parasitos. Os grânulos azurófílos inespecíficos são</p><p>lisossomos contendo enzimas hidrolíticas semelhantes</p><p>às encontradas nos neutrófilos. Estas funcionam na</p><p>destruição de vermes parasitários e na hidrólise de</p><p>complexos antígeno-anticorpos internalizados pelos</p><p>eosinófilos. Em algumas parasitoses e nas doenças</p><p>alérgicas o número de eosinófilos aumenta. No</p><p>eosinófilo o retículo endoplasmático, as mitocôndrias e o</p><p>aparelho de Golgi são pouco desenvolvidos. (ROBBINS,</p><p>2019).</p><p>Os basófilos são os leucócitos</p><p>circulantes mais raros, correspondem menos de 1% dos</p><p>leucócitos. Apresentam núcleo volumoso, geralmente</p><p>com aspecto de letra S. O citoplasma é carregado de</p><p>grânulos maiores do que os outros granulócitos</p><p>contendo histamina, heparina, fatores quimiotáticos para</p><p>eosinófilos e neutrófilos. Essas granulações quando</p><p>coradas pelos corantes panóticos apresentam-se de cor</p><p>violeta. Seus grânulos são metacromáticos. Participam</p><p>dos processos alérgicos e possuem receptores para</p><p>imunoglobulinas E eles liberam seus grânulos e as</p><p>substâncias ativas neles contidas para o meio</p><p>extracelular, sob a ação dos mesmos estímulos que</p><p>promovem a expulsão dos grânulos dos mastócitos. Os</p><p>basófilos e os mastócitos são células diferentes, pois</p><p>apresentam diferenças em sua origem e morfologia. Os</p><p>basófilos têm um papel na hipersensibilidade imediata</p><p>(asma brônquica) e tardia (reação alérgica cutânea) e</p><p>na propagação da resposta imunológica. (ROBBINS,</p><p>2019).</p><p>Os linfócitos são responsáveis pela defesa</p><p>imunológica do organismo. Essas células reconhecem</p><p>moléculas estranhas existentes em diferentes agentes</p><p>infecciosos. Combatendo por meio de resposta humoral</p><p>(produção de imunoglobulinas) e resposta citotóxica</p><p>mediada por células. Eles representam de 20 a 30% dos</p><p>leucócitos na circulação. Podendo ser encontrados nos</p><p>mais variados tamanhos, com diâmetro variável entre 6</p><p>e 8 μ.m, conhecidos como linfócitos pequenos; e uma</p><p>pequena porcentagem de linfócitos maiores, que podem</p><p>alcançar 18 μm de diâmetro.</p><p>Apresentam núcleo arredondado e excêntrico com</p><p>cromatina densa. Seu citoplasma é muito escasso com</p><p>basofilia discreta e granulações azurófilas.</p><p>Os linfócitos podem ser divididos em 2 tipos, T e B. A</p><p>célula precursora dos linfócitos se origina na medula</p><p>óssea. Os linfócitos B estão envolvidos na defesa</p><p>humoral do organismo, pois se diferenciam-se em</p><p>plasmócitos, que por sua vez, produzem os anticorpos.</p><p>Os linfócitos T são os mais numerosos no sangue.</p><p>Estes são fundamentais pelas respostas imunitárias de</p><p>base celular, que não dependem dos anticorpos</p><p>circulantes. A função dos linfócitos T é facilitar a</p><p>produção de anticorpos pelos linfócitos B. Graças a</p><p>estas células, quando um antígeno invade o organismo</p><p>pela segunda vez, a resposta imunitária em geral é</p><p>muito mais intensa e mais rápida. (ROBBINS, 2019)</p><p>Apesar de, morfologicamente, eles serem</p><p>indistinguíveis uns dos outros, eles podem ser</p><p>reconhecidos imunocitoquimicamente pelas diferenças</p><p>em seus marcadores de superfície. Aproximadamente</p><p>80% dos linfócitos circulantes são células T, e o restante</p><p>são células B.</p><p>Os monócitos são os maiores</p><p>leucócitos circulantes, e representam de 4 a 8% dos</p><p>leucócitos na circulação sanguínea, possuem diâmetro</p><p>entre 15 e 22 μm. O núcleo é grande ovóide, em forma</p><p>de rim ou ferradura. Devido ao arranjo pouco denso de</p><p>sua cromatina, o núcleo dos monócitos é mais claro do</p><p>que o dos linfócitos, possuindo de dois ou três</p><p>nucléolos, que algumas vezes podem ser vistos nos</p><p>esfregaços comuns. (ROSS, 2016).</p><p>O citoplasma dos monócitos possuem uma pequena</p><p>quantidade de polirribossomos e retículo</p><p>endoplasmático granuloso (pouco desenvolvido).</p><p>Encontram-se muitas mitocôndrias pequenas, e</p><p>complexo de Golgi grande, participando da formação</p><p>dos grânulos azurófilos. A superfície celular mostra</p><p>muitas microvilosidades e vesículas de pinocitose.</p><p>Os monócitos do sangue representam uma fase na</p><p>maturação da célula mononuclear fagocitária originada</p><p>na medula óssea. Esta célula passa para o sangue,</p><p>onde permanece apenas por alguns dias, e,</p><p>atravessando por diapedese a parede dos capilares e</p><p>vênulas, penetra alguns órgãos, transformando-se em</p><p>macrófagos, que constituem uma fase mais avançada</p><p>na vida da célula, fazendo parte do sistema fagocítário</p><p>mononuclear.</p><p>As plaquetas são corpúsculos anucleados e</p><p>apresentam forma irregular. São fragmentos do</p><p>citoplasma de células gigantes poliploides localizadas</p><p>na medula óssea chamadas megacariócitos. Possuem</p><p>forma discoide com diâmetro variável entre 2 e 4μm e</p><p>são responsáveis pela coagulação sanguínea e auxiliam</p><p>na reparação da parede dos vasos sanguíneos. Sua</p><p>vida média é de nove dias. O número de plaqueta no</p><p>sangue periférico varia de 150.000 a 400.000</p><p>plaquetas/μL de sangue.</p><p>Em preparações de esfregaço</p><p>sanguíneo, as plaquetas usualmente aparecem</p><p>aglutinadas e apresentam coloração azul-clara.</p><p>As plaquetas possuem um sistema de canais chamado</p><p>sistema canalicular aberto, que se comunica com</p><p>invaginações da membrana plasmática, permitindo que</p><p>o seu interior se comunique facilmente com a sua</p><p>superfície. Essa comunicação é importante, pois</p><p>garante a liberação de moléculas armazenadas nas</p><p>plaquetas. O citoplasma é divido em duas regiões: 1) o</p><p>hialômero, região mais clara localizada na periferia rica</p><p>em filamentos de actina e miosina, responsáveis pela</p><p>contração da plaqueta e pela emissão de finos</p><p>prolongamentos chamadas de filopódios; 2) o</p><p>granulômetro, região mais central que apresenta</p><p>grânulos delimitados por membrana contendo ADP,</p><p>ATP, serotonina, fibrinogênio, histamina, cálcio e alguns</p><p>fatores de crescimento.</p><p>A hemoglobina é uma molécula complexa encontrada</p><p>nas células vermelhas do sangue, responsável pelo</p><p>transporte de oxigênio e dióxido de carbono pelo corpo.</p><p>Ela é composta por duas partes principais: o heme e a</p><p>globina.</p><p>O heme é uma estrutura contendo ferro que se liga ao</p><p>oxigênio. Ele consiste em um anel porfirínico com um</p><p>átomo de ferro no centro. O ferro é capaz de se ligar</p><p>reversivelmente ao oxigênio, formando uma ligação</p><p>estável que permite o transporte eficiente de oxigênio</p><p>pelo sangue.</p><p>A globina, por sua vez, é uma proteína composta por</p><p>cadeias de aminoácidos. Existem diferentes tipos de</p><p>cadeias de globina, como a alfa e a beta, que se</p><p>combinam para formar a estrutura completa da</p><p>hemoglobina. Essas cadeias são responsáveis por</p><p>estabilizar o heme e promover a ligação do oxigênio.</p><p>A combinação das quatro cadeias de globina com os</p><p>quatro grupos heme forma a molécula de hemoglobina.</p><p>Cada molécula de hemoglobina pode transportar até</p><p>quatro moléculas de oxigênio. Quando o oxigênio se liga</p><p>ao heme, a hemoglobina adquire uma cor vermelha</p><p>brilhante, característica das células vermelhas do</p><p>sangue. (GARRIDO, 2013).</p><p>A estrutura da hemoglobina é altamente adaptada</p><p>para sua função de transporte de gases. A combinação</p><p>do heme e da globina permite que ela se ligue ao</p><p>oxigênio nos pulmões e o libere nos tecidos periféricos,</p><p>onde é necessário.</p><p>Além disso, a estrutura quaternária da hemoglobina,</p><p>formada pelas quatro cadeias de globina, confere</p><p>estabilidade e eficiência ao transporte de gases.</p><p>Existem diferentes tipos de hemoglobina presentes no</p><p>organismo humano, sendo os mais comuns a</p><p>hemoglobina A (HbA), a hemoglobina A2 (HbA2) e a</p><p>hemoglobina fetal (HbF).</p><p> Hemoglobina A (HbA): É o tipo mais comum</p><p>de hemoglobina em adultos saudáveis. É</p><p>composta por duas cadeias de globina alfa e</p><p>duas cadeias de globina beta. Responsável pelo</p><p>transporte de oxigênio dos pulmões para os</p><p>tecidos e dióxido de carbono dos tecidos para</p><p>eles.</p><p> Hemoglobina A2 (HbA2): Representa cerca de</p><p>2-3% da hemoglobina em adultos saudáveis. É</p><p>formada por duas cadeias de globina alfa e</p><p>duas cadeias de globina delta. Sua função</p><p>ainda não é totalmente compreendida, mas</p><p>acredita-se que esteja envolvida na regulação</p><p>do transporte de oxigênio.</p><p> Hemoglobina fetal (HbF): Encontrada em fetos</p><p>e recém-nascidos, diminuindo gradualmente</p><p>nos primeiros meses de vida. É composta por</p><p>duas cadeias de globina alfa e duas cadeias de</p><p>globina gama. Possui uma afinidade maior pelo</p><p>oxigênio do que a HbA, permitindo o suprimento</p><p>adequado de oxigênio para o feto durante a</p><p>gestação.</p><p> Variantes genéticas da</p><p>hemoglobina: Mutações nas cadeias de</p><p>globina podem levar a variações na estrutura e</p><p>função da hemoglobina. Algumas dessas</p><p>variantes estão associadas a distúrbios</p><p>hematológicos, como a anemia falciforme e a</p><p>talassemia. (ROBBINS, 2019).</p><p>A hemoglobina desempenha várias funções vitais no</p><p>organismo, incluindo o transporte de oxigênio e dióxido</p><p>de carbono, a regulação do pH sanguíneo e a produção</p><p>de energia. Seu estudo é fundamental para</p><p>compreender e tratar doenças relacionadas ao sistema</p><p>circulatório e garantir um funcionamento saudável do</p><p>corpo humano. Confira algumas funções:</p><p> Transporte de oxigênio: A principal função da</p><p>hemoglobina é transportar oxigênio dos</p><p>pulmões para os tecidos do corpo. A</p><p>hemoglobina se liga ao oxigênio nos pulmões,</p><p>formando a oxi-hemoglobina, e libera o oxigênio</p><p>nos tecidos, onde se converte em desoxi-</p><p>hemoglobina.</p><p> Transporte de dióxido de carbono: Além do</p><p>transporte de oxigênio, a hemoglobina também</p><p>desempenha um papel importante no transporte</p><p>de dióxido de carbono dos tecidos para os</p><p>pulmões. O dióxido de carbono se liga à</p><p>hemoglobina nos tecidos, formando a</p><p>carbamino-hemoglobina, e é liberado nos</p><p>pulmões.</p><p> Regulação do pH: A hemoglobina também atua</p><p>na regulação do pH sanguíneo. Ela pode se</p><p>ligar a íons de hidrogênio, ajudando a manter o</p><p>equilíbrio ácido-base do sangue.</p><p> Armazenamento de gases: A hemoglobina</p><p>também pode armazenar pequenas</p><p>quantidades de gases como óxido nítrico e</p><p>monóxido de carbono, desempenhando funções</p><p>adicionais no organismo, como a regulação do</p><p>fluxo sanguíneo e a sinalização celular.</p><p> Produção de energia: Durante o transporte de</p><p>oxigênio, a hemoglobina participa do processo</p><p>de produção de energia nas células. O oxigênio</p><p>fornecido pela hemoglobina é utilizado pelas</p><p>células para a produção de ATP, a principal</p><p>fonte de energia do organismo.</p><p> Importância clínica: O estudo da função da</p><p>hemoglobina é essencial para o diagnóstico e</p><p>monitoramento de doenças, como anemias e</p><p>distúrbios hematológicos. Alterações na função</p><p>da hemoglobina podem indicar problemas de</p><p>saúde e ajudar os profissionais médicos no</p><p>tratamento adequado.</p><p> Pesquisas e avanços: A pesquisa contínua</p><p>sobre a função da hemoglobina contribui para</p><p>avanços no campo da hematologia e da</p><p>medicina em geral. Novas terapias e</p><p>tratamentos podem ser desenvolvidos com base</p><p>no conhecimento da função da hemoglobina.</p><p>É importante</p><p>ressaltar que a produção de hemoglobina é um</p><p>processo contínuo e dinâmico. O organismo regula</p><p>cuidadosamente a produção de eritrócitos e de</p><p>hemoglobina conforme as necessidades do corpo.</p><p>Dessa forma, a produção da hemoglobina ocorre de</p><p>maneira equilibrada para garantir um suprimento</p><p>adequado de oxigênio aos tecidos e órgãos do corpo</p><p>humano.</p><p>A produção da hemoglobina ocorre principalmente nos</p><p>eritrócitos, também conhecidos como glóbulos</p><p>vermelhos, que são células sanguíneas especializadas.</p><p>A síntese da hemoglobina começa com a produção de</p><p>precursores chamados de eritroblastos na medula</p><p>óssea. Esses eritroblastos passam por um processo de</p><p>maturação, no qual a hemoglobina é sintetizada e</p><p>incorporada nas células.</p><p>Durante a síntese da hemoglobina, ocorrem várias</p><p>etapas importantes. A primeira etapa envolve a</p><p>produção da globina, a qual é a parte proteica da</p><p>hemoglobina. A globina é sintetizada a partir do RNA</p><p>mensageiro (mRNA) presente nas células precursoras</p><p>dos eritrócitos.</p><p>Em seguida, ocorre a produção do grupo heme, que é</p><p>uma molécula contendo ferro que se liga à globina.</p><p>A medula óssea desempenha um papel fundamental</p><p>na produção da hemoglobina. É na medula óssea</p><p>vermelha, localizada no interior de ossos como o</p><p>esterno, as costelas e os ossos do quadril, que ocorre a</p><p>hematopoiese, ou seja, a produção de células</p><p>sanguíneas, incluindo os eritrócitos.</p><p>Na medula óssea, células chamadas de células-tronco</p><p>hematopoéticas se diferenciam em eritroblastos, a qual</p><p>são as células precursoras dos eritrócitos. Esses</p><p>eritroblastos passam por um processo de maturação</p><p>controlado, no qual a hemoglobina é sintetizada e</p><p>incorporada às células.</p><p>A medula óssea fornece o ambiente adequado e os</p><p>fatores necessários para a produção eficiente da</p><p>hemoglobina. (ROBBINS, 2019).</p><p>JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa. Histologia básica I L.C.Junqueira e</p><p>José Carneiro.12 .ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.</p><p>ROBBINS, S., Cotran, R., Kumar,</p><p>V., Abbas, A. and Aster, J. (2015).</p><p>Pathologic Basis of Disease. 9th ed. Philadelphia, PA: Saunders</p><p>Elsevier.</p><p>TAVIAN, M. and Peault, B. (2005). Embryonic development of the</p><p>human hematopoietic system. The International Journal of</p><p>Developmental Biology, 49(2-3), pp.243-250.</p><p>TRAVLOS, G. (2006). Normal Structure, Function, and Histology of</p><p>the Bone Marrow. Toxicologic Pathology, 34(5), pp.548-565.</p><p>WILKINS, B. (1992). Histology of normal haemopoiesis: bone</p><p>marrow histology. I. Journal of Clinical Pathology, 45(8), pp.645-649.</p>