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<p>AUDITORIA CONTÁBIL E</p><p>TRIBUTÁRIA</p><p>AULA 2</p><p>Prof. Paolla Hauser</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Olá, aluno. Bem-vindo. Na aula de hoje vamos conceituar quais são os</p><p>objetivos da auditoria e avaliar como o auditor pode se assegurar contra fraudes</p><p>contábeis.</p><p>Vamos falar também sobre a primeira etapa de procedimentos de</p><p>auditoria, conforme normas de auditoria e processos documentais. Assim,</p><p>entraremos nas evidências de auditoria para definir de que forma o auditor pode</p><p>assegurar que as informações contidas nas demonstrações contábeis estejam</p><p>livres de distorções. Seguiremos, dessa forma, tratando da responsabilidade do</p><p>auditor sobre as demonstrações contábeis. Por fim, falaremos dos conceitos de</p><p>amostragem para fins de testes de auditoria.</p><p>CONTEXTUALIZANDO</p><p>Os processos de auditoria exigem uma série de regras e procedimentos</p><p>que devem ser adotados pelas firmas de auditoria, para que o trabalho do auditor</p><p>seja corretamente aplicável. Por isso que, para trabalhar com auditoria, é</p><p>necessário que o auditor realize exame de qualificação técnica, a fim de garantir</p><p>que este conheça as regras aplicáveis sobre seus trabalhos.</p><p>As normas de auditoria são específicas a cada tipo de trabalho, e o auditor</p><p>precisa planejar seus testes, de acordo com cada empresa que será auditada.</p><p>Por esse motivo o trabalho da auditoria não é tão rotineiro, pois cada empresa</p><p>exige uma seleção de testes diferentes.</p><p>Hoje iniciaremos os conceitos básicos para os trabalhos de auditoria,</p><p>como procedimentos iniciais, evidências e amostragem.</p><p>TEMA 1 – OBJETIVOS DA AUDITORIA</p><p>Já é de seu conhecimento que o objetivo da auditoria das demonstrações</p><p>contábeis é o de expressar uma opinião e assegurar que tais demonstrações</p><p>representem adequadamente a posição patrimonial e financeira.</p><p>Além disso, a revisão da auditoria ainda assegura que as operações</p><p>realizadas entre origens e aplicações de recursos correspondam aos períodos</p><p>examinados, em conformidade com as normas contábeis.</p><p>A NBCTA200 dispõe que:</p><p>3</p><p>O objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas</p><p>demonstrações contábeis por parte dos usuários. Isso é alcançado</p><p>mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as</p><p>demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos</p><p>relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro</p><p>aplicável. No caso da maioria das estruturas conceituais para fins</p><p>gerais, essa opinião expressa se as demonstrações contábeis estão</p><p>apresentadas adequadamente, em todos os aspectos relevantes, em</p><p>conformidade com a estrutura de relatório financeiro. A auditoria</p><p>conduzida em conformidade com as normas de auditoria e exigências</p><p>éticas relevantes capacita o auditor a formar essa opinião.</p><p>Veja que a auditoria tem a capacidade de aumentar o grau de confiança</p><p>dos usuários sobre as demonstrações contábeis elaboradas pela administração</p><p>da empresa. O auditor irá emitir uma opinião em um documento denominado de</p><p>parecer do auditor (que você conhecerá melhor posteriormente), contendo as</p><p>informações necessárias para que o usuário possa tomar sua decisão.</p><p>É importante entendermos aqui que as demonstrações contábeis são de</p><p>responsabilidade da administração da entidade e não dos auditores, uma vez</p><p>que estes devem analisar tais informações para poder então emitir uma opinião.</p><p>As normas de auditoria exigem do auditor julgamento profissional para a</p><p>revisão das demonstrações, mantendo o ceticismo profissional ao longo do</p><p>planejamento e execução da auditoria.</p><p>De acordo com a NBCTA 200, na execução da auditoria, o auditor deve,</p><p>entre outras coisas:</p><p>• identificar e avaliar os riscos de distorção relevante, independentemente</p><p>se causados por fraude ou erro, com base no entendimento da entidade</p><p>e de seu ambiente, inclusive o controle interno da entidade;</p><p>• obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluir se</p><p>existem distorções relevantes por meio do planejamento e aplicação de</p><p>respostas (procedimentos de auditoria) apropriadas aos riscos avaliados;</p><p>e</p><p>• formar uma opinião a respeito das demonstrações contábeis com base</p><p>em conclusões obtidas das evidências de auditoria obtidas.</p><p>Para Attie (2018, p. 12), “o objetivo principal da auditoria pode ser descrito,</p><p>em linhas gerais, como sendo o processo pelo qual o auditor se certifica da</p><p>veracidade da totalidade das demonstrações contábeis preparadas pela</p><p>companhia auditada”.</p><p>4</p><p>Já a NBC TA diz que “o auditor que realiza auditoria de acordo com as</p><p>normas de auditoria é responsável por obter segurança razoável de que as</p><p>demonstrações contábeis, como um todo, não contém distorções relevantes,</p><p>causadas por fraude ou erro”.</p><p>É importante salientar que a auditoria é uma revisão por amostragem e</p><p>não por totalidade, como diz o autor no seu conceito inicial. É claro também que</p><p>todas as análises de auditoria precisam ser evidenciadas e seguras para evitar</p><p>distorções e erros.</p><p>Assim, o auditor se utiliza dos procedimentos de auditoria que possam lhe</p><p>assegurar a efetividade das informações constantes nas demonstrações</p><p>contábeis. Além disso, o auditor deve ainda cercar-se de procedimentos que</p><p>permitam garantir que não exista omissão de fatos ou valores nas</p><p>demonstrações contábeis que sejam importantes para seu entendimento.</p><p>A NBCTA 200 descreve sobre os objetivos gerais do auditor como sendo:</p><p>(a) obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis</p><p>como um todo estão livres de distorção relevante,</p><p>independentemente se causadas por fraude ou erro, possibilitando</p><p>assim que o auditor expresse sua opinião sobre se as</p><p>demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos</p><p>relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório</p><p>financeiro aplicável; e</p><p>(b) apresentar relatório sobre as demonstrações contábeis e</p><p>comunicar-se como exigido pelas NBCs TA, em conformidade com</p><p>as constatações do auditor.</p><p>Primeiramente, o auditor deve obter segurança sobre as informações</p><p>constantes nas demonstrações contábeis a fim de que elas não apresentem</p><p>distorções relevantes, seja por erro contábil ou mesmo por fraude da</p><p>administração.</p><p>Quando usamos o termo distorções, considere que estamos tratando de</p><p>informações contábeis (contas/valores) distorcidas, seja por erro,</p><p>desconhecimento ou até mesmo por alterações feitas como fraude, a fim de</p><p>maquiar alguma informação constante no balanço da empresa para passar a</p><p>informação incorreta aos investidores, por exemplo.</p><p>Lembre-se do caso Eron, visto anteriormente.</p><p>Veja um exemplo de fraude contábil descoberta na GE, publicada pela</p><p>revista Exame:</p><p>5</p><p>GE é acusada de maior fraude da história, de US$ 38 bilhões</p><p>"Acreditamos que a fraude de 38 bilhões de dólares que</p><p>encontramos é apenas a ponta do icebergue", escreveu o</p><p>especialista Markopolos</p><p>Por Karin Salomão</p><p>Publicado em: 21/08/2019 às 06h00</p><p>A GE está envolvida em mais um escândalo de fraude contábil. Um</p><p>relatório extenso sobre os balanços da companhia acusa a</p><p>companhia de esconder mais de 38 bilhões de dólares em perdas</p><p>nos últimos anos e de mascarar a real situação financeira da</p><p>companhia. O valor encoberto pela fraude seria superior a 40% do</p><p>valor de mercado da companhia, que estaria à beira da insolvência.</p><p>O estudo, divulgado na semana passada, foi feito pelo especialista</p><p>contábil Harry Markopolos, um dos primeiros especialistas a apontar</p><p>para o esquema o esquema de Bernie Madoff, ex-investidor que</p><p>criou a maior pirâmide financeira da história, com perdas de 65</p><p>bilhões de dólares.</p><p>O relatório afirma que a fraude financeira da GE pode ser "maior</p><p>que a Enron e Worldcom". A Enron, uma companhia de energia,</p><p>serviços e commodities norte-americana, pediu falência como</p><p>consequência de um escândalo divulgado em 2001. Investigações</p><p>descobriram que executivos usavam lacunas contábeis para</p><p>esconder dívidas e inflar o valor da companhia. O esquema da</p><p>Worldcom foi</p><p>descoberto logo em seguida, em 2002, quando</p><p>auditorias internas descobriram contas falsas para inflar ativos e</p><p>receitas.</p><p>"Meu time passou os últimos sete meses analisando a contabilidade</p><p>da GE e acreditamos que a fraude de 38 bilhões de dólares que</p><p>encontramos é apenas a ponta do icebergue", escreveu</p><p>Markopolos.</p><p>A investigação analisou oito dos maiores contratos de cuidado de</p><p>longo prazo da divisão de seguros, bem como contratos de seus</p><p>concorrentes. Segundo as acusações, a companhia estaria</p><p>escondendo perdas de seus investidores por meio de comunicados</p><p>regulatórios falsos.</p><p>Segundo a análise, a GE muda o formato de seus relatórios</p><p>financeiros com certa frequência para impedir que analistas façam</p><p>projeções mais longas. A investigação também aponta falta de</p><p>transparência na divulgação dos custos reais dos produtos vendidos</p><p>e de despesas administrativas.</p><p>No mesmo dia em que o relatório foi divulgado, as ações da GE</p><p>despencaram 14%. Os papéis já se recuperaram, mas continuam</p><p>4% mais baixos que antes da divulgação do relatório.</p><p>Resposta</p><p>Em comunicado, divulgado em resposta às acusações, a GE</p><p>afirmou que as acusações de Markopolos não têm mérito.</p><p>"A companhia nunca se encontrou, falou ou teve contato com o</p><p>senhor Markopolos e estamos extremamente desapontados que um</p><p>indivíduo sem conhecimento direto da GE escolheria fazer</p><p>acusações tão sérias e infundadas. A GE opera com os níveis mais</p><p>altos de integridade e confia nos seus balanços financeiros.</p><p>Continuamos focados em manter o nosso negócio todos os dias,</p><p>seguindo o caminho estratégico que traçamos", escreveu a</p><p>empresa.</p><p>A companhia ainda menciona que Markopolos reconhece que está</p><p>sendo compensado por fundos de hedge não nomeados. Segundo</p><p>a companhia, o objetivo de tais fundos é levar a uma venda das</p><p>ações da companhia no curto prazo, para gerar volatilidade. Ou</p><p>seja, Markopolos teria divulgado o relatório para benefício próprio.</p><p>Outros casos</p><p>Não é a única investigação envolvendo a companhia, que fechou o</p><p>ano de 2018 com prejuízo. A GE é investigada pelo Departamento</p><p>6</p><p>de Justiça (DoJ) e o pelo órgão de regulação da Bolsa de Valores</p><p>nos EUA, a SEC, desde janeiro de 2018.</p><p>A SEC iniciou uma investigação sobre as práticas contábeis da</p><p>divisão de seguros, depois que a companhia anunciou um grande</p><p>aumento das reservas dessa divisão, com gastos de 15 bilhões de</p><p>dólares nos próximos cinco anos.</p><p>O órgão regulatório aumentou o escopo das investigações em</p><p>outubro do ano passado, após a divulgação dos resultados do</p><p>terceiro trimestre de 2018, que demonstraram um custo alto de 22</p><p>bilhões de dólares de seu setor de energia, a Alstom.</p><p>O setor energético da empresa não consegue se recuperar da</p><p>queda dos preços de eletricidade e da redução nas encomendas de</p><p>turbinas. Por isso, esses ativos sofreram uma desvalorização de 22</p><p>bilhões de dólares, o que afetou os resultados da divisão.</p><p>Na ocasião, o diretor financeiro da companhia, Jamie Miller, disse</p><p>que "estamos cooperando com a SEC e o DOJ enquanto eles</p><p>continuam a trabalhar sobre esses assuntos".</p><p>Também no ano passado, ela fechou um acordo preliminar de 1,5</p><p>bilhão de dólares com autoridades dos Estados Unidos pela</p><p>aquisição de hipotecas de alto risco antes da crise financeira de</p><p>2008. As hipotecas por uma de suas unidades foram adquiridas</p><p>entre 2005 e 2007, antes do início da crise financeira global.</p><p>Há cerca de dez anos, a SEC multou a companhia por fraude na</p><p>contabilidade, alegando que a empresa "enganou investidores ao</p><p>reportar resultados enganosos e materialmente falsos em seus</p><p>relatórios financeiros".</p><p>O órgão afirmou que a GE usou métodos contábeis impróprios para</p><p>aumentar os lucros e receitas reportados. A companhia concordou</p><p>em pagar uma penalidade de 50 milhões de dólares para fechar o</p><p>caso, mas não negou nem confirmou as acusações.</p><p>Após as investigações e denúncias, a companhia ainda precisa</p><p>esclarecer os números em seus últimos balanços, para comprovar</p><p>a solidez de sua contabilidade (Salomão, 2019).</p><p>De acordo com a NBCTA 2002, quando não for possível obter segurança</p><p>razoável, o auditor poderá se abster de emitir opinião. Estudaremos mais sobre</p><p>os tipos de opinião em outra ocasião.</p><p>TEMA 2 – PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA I</p><p>O trabalho da auditoria exige uma série de procedimentos que estejam</p><p>em conformidade com as normas de auditoria. Inclusive, as próprias firmas de</p><p>auditoria são auditadas por outras firmas pares (exame pelos pares), pelo menos</p><p>uma vez a cada ciclo de quatro anos, conforme define a Norma Brasileira de</p><p>Contabilidade, NBC PA 11, de 8 de dezembro de 2017, que entrou em vigor em</p><p>janeiro de 2019.</p><p>Desta forma, as firmas que realizem trabalhos fora das normas constituem</p><p>infração disciplinar sujeita às penalidades previstas nas alíneas “c” a “g” do Art.</p><p>27 do Decreto-Lei n. 9.295/1946, alterado pela Lei n. 12.249/2010, e ao Código</p><p>de Ética Profissional do Contador.</p><p>7</p><p>Ao estabelecer e executar procedimentos de auditoria, o auditor deve</p><p>considerar a relevância e a confiabilidade das informações a serem utilizadas</p><p>como evidência de auditoria, incluindo informações obtidas de fonte de</p><p>informações externa (NBCTA500).</p><p>Almeida (2012, p. 49) diz que “os procedimentos de auditoria representam</p><p>um conjunto de técnicas que o auditor utiliza para colher as evidências sobre as</p><p>informações das demonstrações financeiras”.</p><p>Para Lins (2014, p. 63), “o processo de auditoria, em linhas gerais,</p><p>compreende três grandes fases: planejamento, procedimentos de auditoria para</p><p>obtenção de evidências e emissão do parecer.”.</p><p>A NBCTA 520 diz que os objetivos do auditor são:</p><p>(a) obter evidência de auditoria relevante e confiável ao usar</p><p>procedimentos analíticos substantivos; e</p><p>(b) planejar e realizar procedimentos analíticos próximo do final da</p><p>auditoria que auxiliam o auditor a formar uma conclusão geral sobre se as</p><p>demonstrações contábeis são consistentes com o entendimento que o</p><p>auditor possui sobre a entidade.</p><p>Os procedimentos são as técnicas que o auditor deve utilizar para que</p><p>possua evidência de suas análises, como uma forma de demonstrar como os</p><p>fatos contábeis estão ocorrendo e, ainda, se prevenir, em caso de dúvida por</p><p>parte da administração da empresa, sobre determinada informação retirada das</p><p>demonstrações.</p><p>A NBCTA 2002 descreve que:</p><p>Os procedimentos aplicados no exame das demonstrações contábeis</p><p>são aqueles que, a juízo do auditor, permitem uma conclusão quanto à</p><p>razoabilidade das operações e aos seus reflexos nas demonstrações</p><p>contábeis.</p><p>Os procedimentos aplicados em uma auditoria e a extensão de sua</p><p>aplicação são determinados pelo julgamento do auditor, que deve considerar a</p><p>natureza e os problemas da empresa e observar a qualidade e eficiência de seus</p><p>procedimentos contábeis e seus controles internos.</p><p>Lins (2014) explica que os procedimentos de auditoria compreendem</p><p>duas partes básicas:</p><p>• testes de transações; e</p><p>8</p><p>• testes de saldos.</p><p>2.1 Testes de transações</p><p>Consistem no exame de documentos que suportam os lançamentos</p><p>contábeis. Esses testes podem ainda ser divididos em três fases:</p><p>a) obtenção do universo de documentos que compõem o saldo da</p><p>conta. Exemplo: a listagem das notas fiscais no caso da conta clientes</p><p>ou fornecedores;</p><p>b) de posse da listagem de todos os documentos, o passo seguinte</p><p>é selecionar aqueles que serão objeto de verificação. A seleção</p><p>documental deve ser, obrigatoriamente, aleatória/randômica, ou seja,</p><p>o auditor não deve interferir na seleção; e</p><p>c) De posse dos documentos selecionados (amostragem), o</p><p>auditor procede às análises e evidencia nos papeis de trabalho os</p><p>procedimentos de auditoria executados e as suas constatações.</p><p>2.2 Testes de saldos</p><p>Os testes de saldos são procedimentos de confirmação dos saldos das</p><p>contas por meio de exames extracontábeis, como o inventário físico e</p><p>circularização (conformação com terceiros).</p><p>Vejamos a seguir os procedimentos de auditoria</p><p>para se obter evidências</p><p>que serão consideradas para a emissão do parecer.</p><p>• Contagem física (inventário) – esse procedimento é utilizado para as</p><p>contas do ativo e consiste em identificar fisicamente o bem escriturado</p><p>nas demonstrações contábeis. Por exemplo, contagem do estoque, dos</p><p>bens do ativo imobilizado e até saldo de dinheiro em caixa.</p><p>• Confirmação com terceiros (circularização) – é o procedimento</p><p>utilizado para confirmar, bens de propriedade da empresa em poder de</p><p>terceiros, direitos a receber e obrigações a pagar, por exemplo.</p><p>• Conferência de cálculos – é um procedimento de revisão e recalculo dos</p><p>cálculos elaborados pela contabilidade, a fim de garantir que estejam</p><p>corretos para evitar distorções nas demonstrações, por exemplo:</p><p>valorização de estoque, depreciação ou amortização de bens e direitos,</p><p>PECLD, tributos diretos, encargos trabalhistas, entre outros.</p><p>• Inspeção de documentos – analisar os documentos elaborados pela</p><p>própria empresa que são utilizados para confirmar e controlar informações</p><p>que foram escrituradas na contabilidade. São documentos hábeis que</p><p>suportam os lançamentos contábeis, por exemplo, relatório de despesas,</p><p>9</p><p>mapa de ativo imobilizado, registro de empregado, notas fiscais, contratos</p><p>com terceiros, apólices de seguro, escritura de imóveis etc.</p><p>2.3 Procedimento substantivo e analítico</p><p>A NBCTA 330 trata do conceito de procedimentos substantivos, sendo: “o</p><p>procedimento de auditoria planejado para detectar distorções relevantes no nível</p><p>de afirmações”. Os procedimentos substantivos incluem: (i) testes de</p><p>detalhes (de classes de transações, de saldos de contas e de divulgações); (ii)</p><p>procedimentos analíticos substantivos e (iii) testes de controle.</p><p>O procedimento substantivo é empregado quando o auditor quiser obter</p><p>provas suficientes sobre determinadas transações, lhe proporcionando</p><p>fundamentação para sua opinião.</p><p>Destacamos como teste substantivo:</p><p>• verificação da existência real de transações e registros;</p><p>• a não existência de transações além daquelas que já estão registradas;</p><p>• que as informações obtidas sobre determinadas informações estejam na</p><p>sua totalidade; e</p><p>• que os registros estejam corretamente divulgados.</p><p>O procedimento substantivo pode evidenciar se os saldos e transações</p><p>estão apresentados de forma correta pela empresa. O teste de controle é o</p><p>procedimento de auditoria planejado para avaliar a efetividade operacional dos</p><p>controles na prevenção ou detecção e correção de distorções relevantes no nível</p><p>de afirmações.</p><p>Segundo a NBCTA 520, o termo procedimento analítico significa</p><p>avaliações de informações contábeis por meio de análise das relações plausíveis</p><p>entre dados financeiros e não financeiros.</p><p>Os procedimentos analíticos compreendem, também, o exame necessário</p><p>de flutuações ou relações identificadas que são inconsistentes com outras</p><p>informações relevantes ou que diferem significativamente dos valores</p><p>esperados.</p><p>Os procedimentos analíticos incluem, por exemplo, levar em consideração</p><p>comparações de informações contábeis e financeiras da entidade:</p><p>• informações comparáveis de períodos anteriores;</p><p>10</p><p>• resultados previstos pela entidade, tais como orçamentos ou previsões,</p><p>ou expectativas do auditor, como uma estimativa de depreciação; e</p><p>• informações de entidades do mesmo setor de atividade, como a</p><p>comparação entre índices de vendas e contas a receber com as médias</p><p>do setor ou com outras entidades de porte comparável do mesmo setor</p><p>(NBCTA).</p><p>Os procedimentos analíticos incluem, também, levar em consideração as</p><p>relações. Por exemplo:</p><p>• elementos das informações contábeis que se esperaria que se</p><p>adequassem a um padrão previsível com base na experiência da</p><p>entidade, como porcentagens da margem bruta; e</p><p>• informações contábeis e informações não contábeis relevantes, como</p><p>custos com folha de pagamento e número de empregados (NBCTA).</p><p>TEMA 3 – RESPONSABILIDADE DO AUDITOR EM RELAÇÃO À FRAUDE</p><p>A norma que trata da responsabilidade do auditor em relação à fraude, no</p><p>contexto das demonstrações contábeis, é a NBCTA 240. Segundo essa norma,</p><p>as distorções que possam estar presentes nas demonstrações contábeis podem</p><p>originar-se de fraude ou de erro. O que vai definir ser um ou outro é a intenção</p><p>ou não da ação que resultou na distorção.</p><p>A NBCTA 240 descreve que, embora a fraude constitua um conceito</p><p>jurídico, o auditor não estabelece juridicamente se a fraude ocorreu ou não,</p><p>apesar de suspeitar ou, em raros casos, identificar a ocorrência de fraude.</p><p>(a) Fraude é o ato intencional de um ou mais indivíduos da</p><p>administração, dos responsáveis pela governança, empregados ou</p><p>terceiros, que envolva dolo para obtenção de vantagem injusta ou</p><p>ilegal.</p><p>(b) Fatores de risco de fraude são eventos ou condições que</p><p>indiquem incentivo ou pressão para que a fraude seja perpetrada ou</p><p>ofereçam oportunidade para que ela ocorra.</p><p>A fraude é o ato intencional de um ou mais indivíduos da administração,</p><p>dos responsáveis pela governança, empregados ou terceiros que envolva dolo</p><p>para a obtenção de vantagem injusta ou ilegal.</p><p>A distinção de fraude ou erro está no fato de ser ou não intencionais,</p><p>porém, o auditor ao realizar seus trabalhos está preocupado com a fraude que</p><p>11</p><p>causa distorção relevante nas demonstrações contábeis, sendo dois tipos de</p><p>distorções importantes e relevantes ao auditor: (i) distorções decorrentes de</p><p>informações contábeis fraudulentas e (ii) distorções decorrentes da apropriação</p><p>indébita de ativos.</p><p>Pode haver uma oportunidade percebida de perpetrar uma fraude quando</p><p>um indivíduo acredita que o controle interno pode ser burlado, por exemplo,</p><p>porque ele ocupa um cargo de confiança ou tem conhecimento de deficiências</p><p>específicas no controle interno.</p><p>A informação financeira fraudulenta envolve distorções intencionais,</p><p>inclusive omissões de valor ou divulgações nas demonstrações contábeis para</p><p>enganar os usuários destas.</p><p>Ela pode ser causada pelas tentativas da administração de manipular os</p><p>ganhos de modo a enganar os usuários das demonstrações contábeis,</p><p>influenciando suas percepções do desempenho e da lucratividade da entidade.</p><p>Essa manipulação de ganhos pode começar com pequenos atos ou com o ajuste</p><p>inadequado de premissas e mudanças de julgamento pela administração.</p><p>Lembra do caso da Eron?</p><p>Informações contábeis fraudulentas podem decorrer do seguinte:</p><p>• manipulação, falsificação (inclusive de assinatura) ou alteração de</p><p>registros contábeis ou documentos comprobatórios que serviram de base</p><p>à elaboração de demonstrações contábeis;</p><p>• mentira ou omissão intencional nas demonstrações contábeis de eventos,</p><p>operações ou outras informações significativas; e</p><p>• aplicação incorreta intencional dos princípios contábeis relativos a</p><p>valores, classificação, forma de apresentação ou divulgação.</p><p>3.1 Características</p><p>A fraude, seja ela na forma de informações contábeis fraudulentas ou de</p><p>apropriação indevida, envolve o incentivo ou a pressão para que ela seja</p><p>cometida, por exemplo.</p><p>Pode existir incentivo ou pressão para a informação financeira fraudulenta</p><p>quando a administração sofre pressão, de fontes externas ou internas, para</p><p>alcançar metas de ganhos ou resultados financeiros previstos em especial</p><p>12</p><p>porque as consequências do insucesso no cumprimento dos objetivos</p><p>financeiros para a administração podem ser significativas.</p><p>Do mesmo modo, os indivíduos podem ter um incentivo para se</p><p>apropriarem de ativos porque, por exemplo, estão vivendo além de suas</p><p>possibilidades. Outro exemplo é a possibilidade de haver uma oportunidade</p><p>percebida de perpetrar uma fraude quando um indivíduo acredita que o controle</p><p>interno pode ser burlado, quando ele ocupa um cargo de confiança ou tem</p><p>conhecimento de deficiências específicas no controle interno.</p><p>Em alguns casos, a administração pode cometer fraude por meio de</p><p>técnicas, como</p><p>registrar lançamentos fictícios no livro diário, em especial no final</p><p>do período contábil, de forma a manipular resultados operacionais ou alcançar</p><p>outros objetivos, ajustar indevidamente as premissas e alterar os julgamentos</p><p>utilizados para estimar saldos contábeis, omitir, antecipar ou atrasar o</p><p>reconhecimento, nas demonstrações contábeis, de eventos e operações que</p><p>tenham ocorrido durante o período.1</p><p>3.2 Responsabilidade</p><p>A principal responsabilidade pela prevenção e detecção da fraude é dos</p><p>responsáveis pela governança da entidade e da sua administração. Já o auditor</p><p>é responsável por obter segurança razoável de que as demonstrações</p><p>contábeis, como um todo, não contenham distorções relevantes causadas por</p><p>fraude ou erro. Leis, regulamentos ou requisitos éticos relevantes podem exigir</p><p>que o auditor realize procedimentos adicionais e tome medidas adicionais.</p><p>Por exemplo, as normas profissionais (NBCs PG 100, 200 e 300 e NBC</p><p>PA 400 e NBC PO 900) requerem que o auditor tome medidas para responder a</p><p>não conformidade identificada ou suspeita de não conformidade com leis e</p><p>regulamentos e determine se medidas adicionais são necessárias.</p><p>O risco de não ser detectada uma distorção relevante decorrente de</p><p>fraude é mais alto do que o risco de não ser detectada uma distorção decorrente</p><p>de erro. Isso porque a fraude pode envolver esquemas sofisticados e</p><p>cuidadosamente organizados, destinados a ocultá-la, tais como falsificação,</p><p>1 Leia esta matéria sobre a identificação de fraude por parte do auditor. Disponível em:</p><p><https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/503952/noticia.html?sequence=1&isAllow</p><p>ed=y>. Acesso em: 21 set. 2021.</p><p>13</p><p>omissão deliberada no registro de operações ou prestação intencional de falsas</p><p>representações ao auditor.</p><p>Veja essa pesquisa publicada pela big four PWC</p><p>Fonte: PWC Brasil, 20202.</p><p>Podemos encontrar mais fraudes ainda nas demonstrações, como:</p><p>• registrar lançamentos fictícios no livro diário, em especial no final do</p><p>período contábil, de forma a manipular resultados operacionais ou</p><p>alcançar outros objetivos;</p><p>• ajustar indevidamente as premissas e alterar os julgamentos utilizados</p><p>para estimar saldos contábeis;</p><p>2 Disponível em: <https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/servicos/assets/consultoria-</p><p>negocios/2020/pesquisa_sobre-fraudes-e-crimes-economicos-2020-pwc-brasil.pdf>. Acesso</p><p>em: 21 set. 2021.</p><p>14</p><p>• omitir, antecipar ou atrasar o reconhecimento, nas demonstrações</p><p>contábeis, de eventos e operações que tenham ocorrido durante o</p><p>período das demonstrações contábeis que estão sendo apresentadas;</p><p>• omitir, dificultar ou deturpar divulgações requeridas pela estrutura de</p><p>relatório financeiro aplicável ou divulgações que são necessárias para a</p><p>apresentação adequada;</p><p>• ocultar ou não divulgar fatos que possam afetar os valores registrados nas</p><p>demonstrações contábeis;</p><p>• encobrir fatos que possam afetar os valores registrados nas</p><p>demonstrações contábeis;</p><p>• contratar operações complexas que são estruturadas para refletir</p><p>erroneamente a situação patrimonial ou o desempenho da entidade; e</p><p>• alterar registros e condições relacionados a operações significativas e não</p><p>usuais.</p><p>Outro termo que temos ouvido muito nos últimos tempos, e que é</p><p>considerada uma fraude, é contabilidade criativa. A chamada contabilidade</p><p>criativa é uma forma de alterar as informações apresentadas nos balanços, ou</p><p>até mesmo omiti-las, para que os resultados sejam apresentados de forma mais</p><p>vantajosa, para a empresa que os disponibilizou, maquiando, assim, problemas</p><p>que podem estar acontecendo com a entidade, enganando os usuários e</p><p>investidores.3</p><p>Mas qual é a responsabilidade do auditor sobre fraudes contábeis? De</p><p>acordo com a NBCTA 240, a principal responsabilidade pela prevenção e</p><p>detecção da fraude é dos responsáveis pela governança da entidade e sua</p><p>administração.</p><p>Independente disso, o auditor deve sempre manter o ceticismo</p><p>profissional, como previsto na NBC TA 200, durante a auditoria, reconhecendo</p><p>a possibilidade de existir distorção relevante decorrente de fraude, não obstante</p><p>a experiência passada do auditor em relação à honestidade e integridade da</p><p>administração e dos responsáveis pela governança da entidade.</p><p>3 Veja essa matéria da revista Isto é sobre a chamada contabilidade criativa nas contas</p><p>públicas: Disponível em: <https://www.istoedinheiro.com.br/contabilidade-criativa-marca-</p><p>votacao/>. Acesso em: 21 set. 2021.</p><p>15</p><p>A não ser que existam razões para crer o contrário, o auditor deve</p><p>aceitar os registros e os documentos como legítimos. Caso as</p><p>condições identificadas durante e auditoria levem o auditor a acreditar</p><p>que um documento pode não ser autêntico ou que os termos no</p><p>documento foram modificados sem que o fato fosse revelado ao</p><p>auditor, este deve investigar o caso (ver item A9).</p><p>Quando as respostas às indagações junto à administração ou aos</p><p>responsáveis pela governança são inconsistentes, o auditor deve</p><p>investigar as inconsistências.</p><p>O auditor é responsável por obter segurança razoável de que as</p><p>demonstrações contábeis não contenham distorções relevantes, causadas por</p><p>fraude ou erro. A NBCTA 200 já descreve que, devido às limitações inerentes da</p><p>auditoria, há um risco inevitável de que algumas distorções relevantes das</p><p>demonstrações contábeis podem não ser detectadas, apesar de a auditoria ser</p><p>planejada e realizadas de acordo com as normas de auditoria.</p><p>A NBCTA 240 dispõe ainda, em seu item 9, que:</p><p>9. O auditor pode ter responsabilidades adicionais nos termos de</p><p>leis, de regulamentos ou de requisitos éticos relevantes com relação à</p><p>não conformidade por parte da entidade com leis e regulamentos,</p><p>incluindo fraude, que podem diferir desta Norma ou ir além desta ou de</p><p>outras normas de auditoria, como, por exemplo (ver item A6):</p><p>(a) resposta à não conformidade identificada ou suspeita de não</p><p>conformidade com leis e regulamentos, incluindo exigências</p><p>relacionadas com comunicações específicas com a administração e os</p><p>responsáveis pela governança, avaliando a adequação de sua</p><p>resposta à não conformidade e determinando se medidas adicionais</p><p>são necessárias;</p><p>(b) comunicação da não conformidade identificada ou suspeita de</p><p>não conformidade com leis e regulamentos a outros auditores (por</p><p>exemplo, na auditoria de demonstrações contábeis de grupo); e</p><p>(c) exigências de documentação relacionada com a não</p><p>conformidade identificada ou suspeita de não conformidade com leis e</p><p>regulamentos.</p><p>O cumprimento de quaisquer responsabilidades adicionais pode fornecer</p><p>mais informações que são relevantes para o trabalho do auditor de acordo com</p><p>esta e outras normas de auditoria (por exemplo, informações relacionadas com</p><p>a integridade da administração ou, quando apropriado, dos responsáveis pela</p><p>governança).</p><p>No Brasil, a Resolução CFC n. 1.530/2017 dispõe sobre os procedimentos</p><p>a serem observados pelos profissionais e organizações contábeis, quando do</p><p>exercício de suas funções, para cumprimento das obrigações previstas na Lei n.</p><p>9.613/1998 e alterações posteriores, que dispõe sobre os crimes de "lavagem"</p><p>ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema</p><p>financeiro para ilícitos previstos nessa lei; e cria o Conselho de Controle de</p><p>Atividades Financeiras (Coaf).</p><p>16</p><p>Essa norma determina que operações que possam configurar indícios de</p><p>ocorrência de ilícitos, quando identificadas pelo auditor, devem ser comunicadas</p><p>diretamente ao Coaf4.</p><p>Ainda sobre a responsabilidade do auditor, a norma trata:</p><p>• discussão entre a equipe de trabalho – requer a discussão entre os</p><p>membros da equipe de trabalho e que o sócio (ou responsável técnico) do</p><p>trabalho determine os assuntos que devem ser comunicados aos</p><p>membros da equipe não envolvidos na discussão;</p><p>• procedimentos de avaliação de risco e atividades relacionadas – para</p><p>conhecer a entidade e o seu ambiente,</p><p>dos trabalhos de auditoria. A amostra selecionada pelo auditor</p><p>20</p><p>deve ter relação com o volume de transações realizadas pela empresa ou em</p><p>determinada área.</p><p>É importante lembrar que no trabalho da auditoria existem riscos e que a</p><p>amostra deve incluir os riscos. A NBC TA 530 diz:</p><p>Risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor, com</p><p>base em amostra, pudesse ser diferente se toda a população fosse</p><p>sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O risco de amostragem</p><p>pode levar a dois tipos de conclusões errôneas:</p><p>(a) no caso de teste de controles, em que os controles são</p><p>considerados mais eficazes do que realmente são ou no caso de teste</p><p>de detalhes, em que não seja identificada distorção relevante, quando,</p><p>na verdade, ela existe. O auditor está preocupado com esse tipo de</p><p>conclusão errônea porque ela afeta a eficácia da auditoria e é provável</p><p>que leve a uma opinião de auditoria não apropriada.</p><p>(b) no caso de teste de controles, em que os controles são</p><p>considerados menos eficazes do que realmente são ou no caso de</p><p>teste de detalhes, em que seja identificada distorção relevante,</p><p>quando, na verdade, ela não existe. Esse tipo de conclusão errônea</p><p>afeta a eficiência da auditoria porque ela normalmente levaria a um</p><p>trabalho adicional para estabelecer que as conclusões iniciais estavam</p><p>incorretas.</p><p>Risco não resultante da amostragem é o risco de que o auditor chegue a</p><p>uma conclusão errônea por qualquer outra razão que não seja relacionada ao</p><p>risco de amostragem. Anomalia é a distorção ou o desvio que é</p><p>comprovadamente não representativo de distorção ou desvio em uma</p><p>população.</p><p>5.1 População para amostra</p><p>“A população é a totalidade dos dados do qual o auditor deseja tirar a</p><p>amostra para chegar a uma conclusão” (Crepaldi, 2013, p. 438). A população vai</p><p>depender do tipo de teste que o auditor deseja realizar. Se ele precisar fazer uma</p><p>amostra para testar contas a receber, por exemplo, sua população será a</p><p>listagem de clientes a receber. Caso ele queira testar margens ou custos dos</p><p>itens de estoque, sua população será uma listagem de notas fiscais de compra</p><p>e venda, para a realização da amostra.</p><p>O auditor pode ainda fazer subpopulações para tornar a amostra mais</p><p>eficiente, dependendo o tamanho da população.</p><p>21</p><p>Vejamos um exemplo:</p><p>5.2 Tamanho da amostra</p><p>Para definir qual será o tamanho da amostra, o auditor precisa considerar</p><p>o risco de amostragem, assim como quais erros são esperados ou toleráveis. O</p><p>erro tolerável é o erro máximo que o auditor está disposto a aceitar sobre a</p><p>população. Já o erro esperado é quando o auditor já espera por erro e, assim,</p><p>acaba aumentando a amostra a fim de concluir que a população não possui erro</p><p>maior que o tolerável.</p><p>5.3 A seleção da amostra</p><p>A seleção deve ter itens que possam expressar a população de forma</p><p>representativa, considerando: grau de confiança sobre o sistema de controles</p><p>internados da empresa; base de seleção; fonte de seleção; número de itens</p><p>selecionados.</p><p>Temos os seguintes tipos de seleção para a amostra:</p><p>Considere de que o objetivo da auditoria é testar a validade</p><p>de contas a receber.</p><p>Dependendo da distribuição dos valores a receber por saldo</p><p>de devedores, a população precisa ser estratificada.</p><p>Assim, o auditor separou a população em subpopulação:</p><p>a. Saldos superiores a R$ 2.0000,00</p><p>b. Saldos entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00</p><p>c. Saldos entre R$ 100,00 e R$ 1.000,00</p><p>d. Saldos inferiores a R$ 100,00</p><p>Assim, a amostra pode ser definida em</p><p>a. Totalidade</p><p>b. 50%</p><p>c. 20%</p><p>d. 5%</p><p>22</p><p>Seleção aleatória ou randômica é a que assegura que todos os itens</p><p>da população tenham idêntica possibilidade de serem escolhidos.</p><p>Seleção sistemática ou por intervalo é aquela em que a seleção de</p><p>itens é procedida de maneira que haja sempre um intervalo constante</p><p>entre cada item selecionado, seja a seleção feita diretamente da</p><p>população a ser testada, ou por categorias dentro da população.</p><p>Seleção casual pode ser uma alternativa aceitável para a seleção,</p><p>desde que o auditor tente extrair uma amostra representativa da</p><p>população, sem intenção de incluir ou excluir unidades específicas</p><p>(Crepaldi, 2013, p. 443).</p><p>A NBCTA 540 dispõe sobre a amostragem em auditoria7.</p><p>TROCANDO IDEIAS</p><p>Sempre ouvimos falar sobre fraudes contábeis ou contabilidade criativa.</p><p>Leia o material sobre o tema no link a seguir e comente aqui sobre a ética do</p><p>contador e auditor diante de tais procedimentos, muitas vezes, indicado pelos</p><p>diretores e proprietários das empresas.</p><p>Disponível em:</p><p><https://revista.crcmg.org.br/rmc/article/download/357/167>. Acesso em: 21 set.</p><p>2021.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>(QTG 2020) Ao planejar e executar os testes de controle, é correto afirmar que</p><p>o auditor:</p><p>a) obtém evidência de auditoria sobre a efetividade operacional dos</p><p>controles durante período intermediário, sendo que o auditor deve obter</p><p>evidência de auditoria das alterações significativas nesses controles após</p><p>o período intermediário e determinar a evidência de auditoria adicional a</p><p>ser obtida para o período remanescente.</p><p>b) pode executar como procedimento apenas a indagação para obter</p><p>evidência de auditoria sobre a efetividade operacional dos controles, uma</p><p>vez que o auditor parte da premissa que as respostas da administração</p><p>são corretas e verdadeiras.</p><p>c) deve testar apenas os controles diretos, ou seja, mesmo que os controles</p><p>a serem testados dependam de outros controles (controles indiretos), não</p><p>7 Para ter acesso à norma completa, acesse o link a seguir. Disponível em:</p><p><https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCTA540(R2)&arquivo=</p><p>NBCTA540(R2).doc>. Acesso em: 21 set. 2021.</p><p>23</p><p>é necessário obter evidência de auditoria que suporte a operação efetiva</p><p>destes controles.</p><p>d) obtém evidência de auditoria sobre o funcionamento sistemático dos</p><p>controles apenas no período final, não sendo necessário evidências</p><p>adicionais de auditoria.</p><p>Resposta:</p><p>Letra A. Obtém evidência de auditoria sobre a efetividade operacional dos</p><p>controles durante período intermediário, sendo que o auditor deve obter</p><p>evidência de auditoria das alterações significativas nesses controles após o</p><p>período intermediário e determinar a evidência de auditoria adicional a ser obtida</p><p>para o período remanescente.</p><p>NBC TA 330 (R1) – parágrafos de 11 e 12</p><p>Época dos testes de controle:</p><p>11. O auditor deve testar os controles para uma data específica ou</p><p>ao longo do período no qual o auditor pretende confiar nesses</p><p>controles, de acordo com os itens 12 e 15, para fornecer base</p><p>apropriada para a confiança pretendida pelo auditor (ver item A32).</p><p>Uso da evidência de auditoria obtida durante um período intermediário</p><p>12. Se o auditor obtém evidência de auditoria sobre a efetividade</p><p>operacional dos controles durante período intermediário, o auditor</p><p>deve:</p><p>(a) obter evidência de auditoria das alterações significativas nesses</p><p>controles após o período intermediário; e</p><p>(b) determinar a evidência de auditoria adicional a ser obtida para o</p><p>período remanescente (ver itens A33 e A34).</p><p>FINALIZANDO</p><p>Nessa aula, tratamos sobre os conceitos de objetivo, procedimentos e</p><p>evidências de auditoria. Aprendemos que, além da obrigatoriedade que algumas</p><p>empresas têm em ter seus balanços auditados, o fato da empresa possuir uma</p><p>opinião de um auditor externo poderá obter mais confiança sobre as suas</p><p>demonstrações, perante o mercado e investidores.</p><p>Aprendemos também sobre a responsabilidade do auditor nessas peças</p><p>contábeis, que, indícios de fraude, em regra, não são identificadas no processo</p><p>de auditoria, mas que podem ser identificados por meio de indícios e que tais</p><p>indícios devem ser reportados ao Coaf.</p><p>Por fim, falamos sobre a amostragem populacional, sabemos que a</p><p>auditora não testa as contas em sua totalidade em função de aspectos restritivos</p><p>relacionados a tempo</p><p>ou dedicação de horas frente, focando, assim, nas contas</p><p>24</p><p>com maior relevância e representatividade do todo e que a amostra deve seguir</p><p>regras para evitar distorções ou erros.</p><p>25</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 8. ed. São Paulo,</p><p>Atlas, 2012</p><p>ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>CREPALDI, S. A. Auditoria Contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2013</p><p>CFC. NBCTA 200: dispõe sobre os objetivos gerais do auditor independente e a</p><p>condução da auditoria em conformidade com normas de auditoria. Disponível em</p><p><https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA2</p><p>00(R1)>. Acesso em: 21 set. 2021.</p><p>_____. NBCTA 240: dispõe sobre a responsabilidade do auditor em relação a</p><p>fraude, no contexto da auditoria de demonstrações contábeis. Disponível em:</p><p><https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA2</p><p>40(R1)>. Acesso em: 21 set. 2021.</p><p>_____. NBCTA 330: dispõe sobre a resposta do auditor aos riscos avaliados.</p><p>Disponível em:</p><p><https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA3</p><p>30(R1)>. Acesso em: 21 set. 2021.</p><p>_____. NBCTA 500: dispõe sobre a evidência de auditoria. Disponível em:</p><p><https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA5</p><p>00(R1)>. Acesso em: 21 set. 2021.</p><p>_____. NBCTA 520: dispõe sobre procedimentos Analíticos. Disponível em:</p><p><https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2009/001221>.</p><p>Acesso em: 21 set. 2021.</p><p>_____. NBCTA 540: dispõe sobre a auditoria de estimativas contábeis e</p><p>divulgações relacionadas. Disponível em:</p><p><https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCTA5</p><p>40(R2)&arquivo=NBCTA540(R2).doc>. Acesso em: 21 set. 2021.</p><p>LINS, L. dos S. Auditoria: uma abordagem prática com ênfase na auditoria</p><p>externa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.</p><p>26</p><p>SALOMÃO, K. GE é acusada de maior fraude da história, de US$ 38 bilhões.</p><p>Exame, ago. 2019. Disponível em: <https://exame.com/negocios/o-que-envolve-</p><p>o-novo-escandalo-contabil-da-ge/>. Acesso em: 21 set. 2021.</p>ou dedicação de horas frente, focando, assim, nas contas 
 
 
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com maior relevância e representatividade do todo e que a amostra deve seguir 
regras para evitar distorções ou erros. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 8. ed. São Paulo, 
Atlas, 2012 
ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
CREPALDI, S. A. Auditoria Contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2013 
CFC. NBCTA 200: dispõe sobre os objetivos gerais do auditor independente e a 
condução da auditoria em conformidade com normas de auditoria. Disponível em 
<https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA2
00(R1)>. Acesso em: 21 set. 2021. 
_____. NBCTA 240: dispõe sobre a responsabilidade do auditor em relação a 
fraude, no contexto da auditoria de demonstrações contábeis. Disponível em: 
<https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA2
40(R1)>. Acesso em: 21 set. 2021. 
_____. NBCTA 330: dispõe sobre a resposta do auditor aos riscos avaliados. 
Disponível em: 
<https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA3
30(R1)>. Acesso em: 21 set. 2021. 
_____. NBCTA 500: dispõe sobre a evidência de auditoria. Disponível em: 
<https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA5
00(R1)>. Acesso em: 21 set. 2021. 
_____. NBCTA 520: dispõe sobre procedimentos Analíticos. Disponível em: 
<https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2009/001221>. 
Acesso em: 21 set. 2021. 
_____. NBCTA 540: dispõe sobre a auditoria de estimativas contábeis e 
divulgações relacionadas. Disponível em: 
<https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCTA5
40(R2)&arquivo=NBCTA540(R2).doc>. Acesso em: 21 set. 2021. 
LINS, L. dos S. Auditoria: uma abordagem prática com ênfase na auditoria 
externa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
 
 
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SALOMÃO, K. GE é acusada de maior fraude da história, de US$ 38 bilhões. 
Exame, ago. 2019. Disponível em: <https://exame.com/negocios/o-que-envolve-
o-novo-escandalo-contabil-da-ge/>. Acesso em: 21 set. 2021.

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