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<p>Direito da Propriedade</p><p>Direito Civil</p><p>Diretor Executivo</p><p>DAVID LIRA STEPHEN BARROS</p><p>Gerente Editorial</p><p>CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA</p><p>Projeto Gráfico</p><p>TIAGO DA ROCHA</p><p>Autoria</p><p>NATHALIA ELLEN SILVA BEZERRA</p><p>AUTORIA</p><p>Nathalia Ellen Silva Bezerra</p><p>Sou formada em Direito, com uma experiência técnico-profissional</p><p>na área de Direito do Trabalho e Previdenciário. Também atuo como</p><p>conciliadora e advogada, tendo em vista a colocação em prática e a</p><p>valorização dos meios alternativos de solução de conflitos, desde que</p><p>os mesmos foram implementados pelo Código de Processo Civil de</p><p>2015. Ao longo da minha vida acadêmica, sempre demonstrei um grande</p><p>interesse pela escrita, dessa forma, espero que por meio desse material</p><p>e da experiência vivenciada, você consiga adquirir e ampliar os seus</p><p>conhecimentos para que possa exercer uma vida profissional plena. o</p><p>Direito Civil sempre foi um dos campos jurídicos que mais despertou o</p><p>meu interesse e com o qual me identifiquei de forma profunda durante</p><p>a minha jornada acadêmica. Além disso, atualmente sou mestranda do</p><p>Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal</p><p>de Campina Grande. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a</p><p>integrar seu elenco de autores independentes.</p><p>Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo</p><p>e trabalho. Conte conosco!</p><p>ICONOGRÁFICOS</p><p>Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez</p><p>que:</p><p>OBJETIVO:</p><p>para o início do</p><p>desenvolvimento de</p><p>uma nova compe-</p><p>tência;</p><p>DEFINIÇÃO:</p><p>houver necessidade</p><p>de se apresentar um</p><p>novo conceito;</p><p>NOTA:</p><p>quando forem</p><p>necessários obser-</p><p>vações ou comple-</p><p>mentações para o</p><p>seu conhecimento;</p><p>IMPORTANTE:</p><p>as observações</p><p>escritas tiveram que</p><p>ser priorizadas para</p><p>você;</p><p>EXPLICANDO</p><p>MELHOR:</p><p>algo precisa ser</p><p>melhor explicado ou</p><p>detalhado;</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>curiosidades e</p><p>indagações lúdicas</p><p>sobre o tema em</p><p>estudo, se forem</p><p>necessárias;</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>textos, referências</p><p>bibliográficas e links</p><p>para aprofundamen-</p><p>to do seu conheci-</p><p>mento;</p><p>REFLITA:</p><p>se houver a neces-</p><p>sidade de chamar a</p><p>atenção sobre algo</p><p>a ser refletido ou dis-</p><p>cutido sobre;</p><p>ACESSE:</p><p>se for preciso aces-</p><p>sar um ou mais sites</p><p>para fazer download,</p><p>assistir vídeos, ler</p><p>textos, ouvir podcast;</p><p>RESUMINDO:</p><p>quando for preciso</p><p>se fazer um resumo</p><p>acumulativo das últi-</p><p>mas abordagens;</p><p>ATIVIDADES:</p><p>quando alguma</p><p>atividade de au-</p><p>toaprendizagem for</p><p>aplicada;</p><p>TESTANDO:</p><p>quando o desen-</p><p>volvimento de uma</p><p>competência for</p><p>concluído e questões</p><p>forem explicadas;</p><p>SUMÁRIO</p><p>Situações Jurídicas ..................................................................................... 12</p><p>Aspectos Introdutórios Sobre as Situações e as Relações Jurídicas ....... 12</p><p>Aspectos Gerais Sobre as Relações Jurídicas ........................................................... 14</p><p>Conceito e Teorias ....................................................................................................... 15</p><p>Estrutura da Relação Jurídica ............................................................................. 17</p><p>Relação Jurídica e Situação Jurídica ................................................................................ 20</p><p>Bens Jurídicos .............................................................................................22</p><p>Aspectos Introdutórios sobre os Bens Jurídicos ......................................................22</p><p>Distinção entre Coisa e Bem Jurídico...............................................................................23</p><p>Conceito de Bem Jurídico ........................................................................................................26</p><p>Bens Corpóreos e Incorpóreos .............................................................................................27</p><p>Patrimônio ............................................................................................................................................ 30</p><p>Classificações dos Bens ..........................................................................32</p><p>Aspectos Gerais sobre as Classificações dos Bens Jurídicos ........................32</p><p>Bens Considerados em si Mesmos ....................................................................................34</p><p>Bens Imóveis ...................................................................................................................34</p><p>Bens Móveis .....................................................................................................................35</p><p>Bens Fungíveis e Consumíveis ......................................................................... 36</p><p>Bens Divisíveis ............................................................................................................... 38</p><p>Bens Singulares e Coletivos ............................................................................... 39</p><p>Dos Bens Reciprocamente Considerados ................................................................... 40</p><p>Bens Públicos .................................................................................................................................... 41</p><p>Aquisições, Modificações e Perda dos Direitos ..............................43</p><p>Aspectos Introdutórios Sobre Aquisições, Modificações e Perda de</p><p>Direito .......................................................................................................................................................43</p><p>Aquisição de Direitos ....................................................................................................................44</p><p>Aquisição de Direitos no Âmbito Patrimonial ..........................................44</p><p>Classificação Quanto o Processamento da Aquisição de</p><p>Direitos ................................................................................................................................ 46</p><p>Classificação Quanto à Extensão da Aquisição de Direitos ..........47</p><p>Classificação Quanto ao Processo Formativo da Aquisição de</p><p>Direitos .................................................................................................................................47</p><p>Outros Aspectos da Aquisição de Direitos ............................................... 48</p><p>Conservação ou Defesa de Direitos ................................................................................. 50</p><p>Modificação de Direitos ............................................................................................................. 50</p><p>Espécies de Modificação de Direitos ........................................................... 50</p><p>Extinção dos Direitos .................................................................................................................... 51</p><p>9</p><p>UNIDADE</p><p>03</p><p>Direito Civil</p><p>10</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Já aprendemos os pontos mais gerais acerca do Direito Civil,</p><p>contudo, essa área é tão ampla que apresenta pontos mais específicos</p><p>que precisam ser estudados em razão da sua importância no campo</p><p>das relações privadas. Além disso, a compreensão desse estudo se faz</p><p>necessária, pois, são assuntos que estão presentes em nosso cotidiano e</p><p>que, muitas vezes, não observamos ou ignoramos por conta da falta de</p><p>conhecimento. Por isso, durante esta unidade iremos ampliar e melhorar</p><p>as nossas compreensões sobre a temática em pauta.</p><p>Desta feita, iremos aprender as definições e principais características</p><p>acerca do funcionamento das situações jurídicas, dos bens jurídicos,</p><p>das classificações dos bens e das aquisições, modificações e perdas de</p><p>direitos, levando ainda em consideração os fatores que podem ocasionar</p><p>os mesmos e o que deve ser feito para que situações violadoras de</p><p>direitos civis sejam dirimidas e evitadas.</p><p>Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste</p><p>universo!</p><p>Direito Civil</p><p>11</p><p>OBJETIVOS</p><p>Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3 – DIREITO DA PROPRIEDADE.</p><p>Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes</p><p>competências profissionais até o término</p><p>quando a última parcela for quitada, dessa</p><p>forma para que a aquisição seja feita em sua integralidade é preciso que</p><p>a obrigação também seja cumprida de forma integral, conforme Oliveira</p><p>(1998).</p><p>Em conformidade com Oliveira (1998), a expectativa de direito</p><p>se relaciona a mera possibilidade de se adquirir um direito, assim essa</p><p>expectativa precisa ser regulada pelo ordenamento jurídico, dessa</p><p>forma há a esperança de que o direito seja adquirido, mas em razão de</p><p>externalidades pode ser que essa aquisição seja efetuada ou não. Um</p><p>exemplo, já abordado em unidade anterior, é o caso do nascituro que</p><p>possui uma expectativa de direitos, porém só poderá ser dotado de</p><p>sua personalidade jurídica se nascer com vida, caso contrário nunca irá</p><p>adquirir a mencionada personalidade.</p><p>O direito eventual é aquele que depende de certas circunstâncias</p><p>para que aconteça, assim o interesse do titular ainda não foi completado,</p><p>em razão da falta de atendimento de todos os requisitos necessários e</p><p>em conformidade com o ordenamento jurídico, tendo em vista o exposto</p><p>por Oliveira (1998). É o caso dos filhos que irão herdar os direitos dos pais,</p><p>após o falecimento destes. Salienta-se que o direito eventual e o direito</p><p>condicional não se confundem, pois o direito condicional, segundo</p><p>Oliveira (1998), como o próprio norma afirma depende condições, sendo</p><p>essas derivadas de evento futuro e incerto, porém o direito em si já está</p><p>pronto e constituído, sendo necessário que a condição em questão ocorra</p><p>para que a aquisição seja efetuada, um exemplo desse tipo de direito é</p><p>a mãe que promete ao filho um iPhone, caso o mesmo ingresse numa</p><p>universidade para cursar direito.</p><p>Direito Civil</p><p>50</p><p>Conservação ou Defesa de Direitos</p><p>É importante destacar que apenas adquirir os direitos não é</p><p>suficiente, por isso é necessário que sejam estabelecidos métodos que</p><p>garantam a sua manutenção e conservação, dessa maneira as medidas</p><p>podem ser preventivas ou repressivas.</p><p>Nesse sentido, as medidas serão preventivas quando visam</p><p>proteger o direito de uma violação que ainda não ocorreu, podendo ainda</p><p>serem judiciais ou extrajudiciais. Na medida em que serão repressivas</p><p>quando o dano já tiver sido efetuado e for necessário que se estabeleçam</p><p>medidas que busquem restaurar o direito que foi violado, dessa forma</p><p>serão judiciais apenas.</p><p>Modificação de Direitos</p><p>Os direitos não são imutáveis, dessa maneira com o passar do</p><p>tempo pode ser que ocorram modificações nos mesmos, porém sem</p><p>que haja a perda de sua identidade, assim a modificação será configurada</p><p>quando houver uma mudança em sua estruturação, mas não houver uma</p><p>deformidade relativa a substância dos mesmos.</p><p>Espécies de Modificação de Direitos</p><p>As modificações que cercam os direitos podem ocorrer de diversas</p><p>maneiras, porém a doutrina apresenta duas classificações principais</p><p>referentes a essas modificações, estabelecendo que as modificações</p><p>mais recorrentes são as objetivas e as subjetivas.</p><p>Nesse sentido, as modificações objetivas podem ser</p><p>compreendidas como as alterações que atingem o objeto das relações</p><p>jurídicas, podendo as mesmas serem quantitativas ou qualitativas,</p><p>assim as primeiras irão ocorrer quando a referida modificação ocorrer</p><p>em razão da quantidade do objeto, podendo o mesmo ter sofrido um</p><p>aumento ou uma diminuição, sem que a qualidade seja atingida, por sua</p><p>vez as modificações objetivas qualitativas se referem a modificação do</p><p>conteúdo do objeto, havendo a manutenção do valor. Um exemplo de</p><p>Direito Civil</p><p>51</p><p>modificação objetiva qualitativa é aquele que a venda acordada se refere</p><p>a sacas de feijão, mas posteriormente essas sacas forem substituídas por</p><p>arroz, em acordo das partes.</p><p>Já as modificações subjetivas se referem ao titular do direito, mas</p><p>não há uma alteração da relação jurídica firmada inicialmente, esse tipo</p><p>de modificação também é denominado sucessão, podendo ocorrer tanto</p><p>entre vivos, como em razão da morte de um dos envolvidos. Além disso, os</p><p>sujeitos presentes na relação jurídicas também podem ser aumentados,</p><p>passando a envolver mais pessoas do que envolvia anteriormente.</p><p>Extinção dos Direitos</p><p>Levando em consideração que os direitos podem ser adquiridos</p><p>e modificados, também existe a possibilidade de que se extingam,</p><p>assim essas são as fases da “vida” do direito em conformidade com o</p><p>estabelecido por Venosa (2004, p. 387), tendo em vista que segundo o</p><p>autor, “os direitos nascem, têm existência mais ou menos longa, com ou</p><p>sem modificações, e se extinguem, morrem”.</p><p>Nesse sentido, várias podem ser as causas que resultem a extinção</p><p>dos direitos, sendo algumas dessas situações apresentadas a seguir:</p><p>os direitos podem ser extintos por meio da alienação, da renúncia, do</p><p>abandono, da decadência, da confusão, do perecimento, da prescrição, do</p><p>falecimento do titular, nos casos dos direitos personalíssimos, da condição</p><p>resolutiva, do término do prazo, da desapropriação e a perempção.</p><p>É importante ainda esclarecer que a extinção dos direitos não pode</p><p>ser confundida com a perda dos mesmos, pois na extinção ocorre o</p><p>desaparecimento do direito que antes pertencia ao titular em questão, na</p><p>medida em que na perda há o desligamento do direito do titular, porém o</p><p>direito continua existindo e passa a ser possuído por terceiro.</p><p>Direito Civil</p><p>52</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo</p><p>tudinho? Agora, só para termos certeza de que você</p><p>realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,</p><p>vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido</p><p>que a aquisição de direitos é pressuposto fundamental</p><p>para que o domínio dos mesmos seja estabelecido, dessa</p><p>maneira o direito pode ser adquirido por meio originário</p><p>ou derivado, podendo ainda ser gratuito ou oneroso,</p><p>simples ou complexo, ou se ser formado por título singular</p><p>ou título universal, tendo aprendido o que cada uma</p><p>dessas classificações quer dizer. Em seguida passamos</p><p>a compreender que não é importante apenas adquirir</p><p>os direitos, mas sim, estabelecer formas para que os</p><p>mesmos sejam conservados e defendidos. Posteriormente,</p><p>aprendemos que os direitos não são imutáveis, já que</p><p>podem passar por modificações objetivas ou subjetivas,</p><p>não havendo alteração na substância do direito em si. Por</p><p>fim, estudamos a extinção dos direitos pode se dá por meio</p><p>da alienação, da renúncia, do abandono, da decadência, da</p><p>confusão, do perecimento, da prescrição, do falecimento do</p><p>titular, nos casos dos direitos personalíssimos, da condição</p><p>resolutiva, do término do prazo, da desapropriação e a</p><p>perempção.</p><p>Direito Civil</p><p>53</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o código</p><p>civil. Diário Oficial da União. Brasília, DF: Presidência da República,</p><p>[2002]. Disponível Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/</p><p>leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 19 jan 2022.</p><p>BANDEIRA DE MELLO, C. A. Curso de Direito Administrativo. São</p><p>Paulo: Malheiros, 2009</p><p>BEVILÁQUA, C. Teoria geral do direito civil. Rio de Janeiro: Editora</p><p>Paulo de Azevedo, 1955.</p><p>CORRÊA, D. M. Fato jurídico, situação jurídica e relação jurídica,</p><p>2017. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/</p><p>fato-juridico-situacao-juridica-e-relacao-juridica/. Acesso em: 24 jan 2022.</p><p>DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva,</p><p>2015.</p><p>FERREIRA, R.M.A. Os bens jurídicos e suas principais classes,</p><p>2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/42537/os-bens-juridicos-</p><p>e-suas-principais-classes. Acesso em: 24 jan 2022.</p><p>FIÚZA, C. Direito Civil: Curso Completo. Belo Horizonte: Del Rey,</p><p>2004.</p><p>GAGLIANO, P. S.; FILHO, R.P. Novo Curso de Direito Civil. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2007.</p><p>GONÇALVES, C.R. Direito Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva,</p><p>2011.</p><p>GONÇALVES, C.R. Direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2012.</p><p>LACERDA, V. Direito Civil: Bens, 2015. Disponível em: https://vwavee.</p><p>jusbrasil.com.br/artigos/394018532/direito-civil-bens.</p><p>Acesso em: 24 jan</p><p>2022.</p><p>Direito Civil</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm</p><p>54</p><p>MOTA, S. Relação Jurídica, 2017. Disponível em: https://www.</p><p>recantodasletras.com.br/textosjuridicos/4604305. Acesso em: 24 jan 2022.</p><p>NOGUEIRA, M. de C. Fatos jurídicos: uma breve análise conceitual,</p><p>2015. Disponível em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/</p><p>Artigos/42919/fatos-juridicos-uma-breve-analise-conceitual. Acesso em:</p><p>24 jan 2022.</p><p>OLIVEIRA, J. D. de. Dos fatos jurídicos, 1998. Disponível em: http://</p><p>jurisdictio.tripod.com/textos/dc/ap-dcii.htm. Acesso em 18 jan 2020.</p><p>RÁO, V. O Direito e a vida dos direitos. São Paulo: RT, 1999.</p><p>RIBEIRO, L. P. Bens, 2006. Disponível em: https://www.direitonet.</p><p>com.br/artigos/exibir/2631/Bens. Acesso em: 24 jan 2022.</p><p>RODRIGUES, S. Direito Civil 1. São Paulo: Saraiva, 2003.</p><p>SANTOS, E. E. dos. As relações jurídicas, 2006. Disponível em:</p><p>https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/as-relacoes-</p><p>juridicas/.  Acesso em: 24 jan 2022.</p><p>SILVA, R.B. A importância do conceito de relação jurídica.</p><p>Disponível em: https://jus.com.br/artigos/14332/a-importancia-do-</p><p>conceito-de-relacao-juridica. Acesso em: 24 jan 2022.</p><p>TELES, N.M. Direito penal: parte geral. São Paulo: Atual, 2004.</p><p>TEPEDINO, G.; BARBOZA, H.H.; BODIN, M.C. VENOSA, S. de S. Direito</p><p>Civil: Parte Geral. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>VENOSA, S.de S. Direito Civil: Parte Geral. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>FREITAS, A. T. de. Esboço. Rio de Janeiro: MJNI, 1952.</p><p>TOLEDO, F. de A. Princípios básicos de direito penal. Saraiva: São</p><p>Paulo, 2012</p><p>Direito Civil</p><p>Situações Jurídicas</p><p>Aspectos Introdutórios Sobre as Situações e as Relações Jurídicas</p><p>Aspectos Gerais Sobre as Relações Jurídicas</p><p>Conceito e Teorias</p><p>Estrutura da Relação Jurídica</p><p>Relação Jurídica e Situação Jurídica</p><p>Bens Jurídicos</p><p>Aspectos Introdutórios sobre os Bens Jurídicos</p><p>Distinção entre Coisa e Bem Jurídico</p><p>Conceito de Bem Jurídico</p><p>Bens Corpóreos e Incorpóreos</p><p>Patrimônio</p><p>Classificações dos Bens</p><p>Aspectos Gerais sobre as Classificações dos Bens Jurídicos</p><p>Bens Considerados em si Mesmos</p><p>Bens Imóveis</p><p>Bens Móveis</p><p>Bens Fungíveis e Consumíveis</p><p>Bens Divisíveis</p><p>Bens Singulares e Coletivos</p><p>Dos Bens Reciprocamente Considerados</p><p>Bens Públicos</p><p>Aquisições, Modificações e Perda dos Direitos</p><p>Aspectos Introdutórios Sobre Aquisições, Modificações e Perda de Direito</p><p>Aquisição de Direitos</p><p>Aquisição de Direitos no Âmbito Patrimonial</p><p>Classificação Quanto o Processamento da Aquisição de Direitos</p><p>Classificação Quanto à Extensão da Aquisição de Direitos</p><p>Classificação Quanto ao Processo Formativo da Aquisição de Direitos</p><p>Outros Aspectos da Aquisição de Direitos</p><p>Conservação ou Defesa de Direitos</p><p>Modificação de Direitos</p><p>Espécies de Modificação de Direitos</p><p>Extinção dos Direitos</p><p>desta etapa de estudos:</p><p>1. Identificar e entender as situações jurídicas.</p><p>2. Definir o conceito de bens jurídicos sob o aspecto do direito civil.</p><p>3. Classificar os bens jurídicos no contexto do direito civil.</p><p>4. Entender os cenários das aquisições, modificações e perda dos</p><p>direitos.</p><p>Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao</p><p>conhecimento?</p><p>Ao trabalho!</p><p>Direito Civil</p><p>12</p><p>Situações Jurídicas</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo você será capaz de identificar o</p><p>que são e como acontecem as situações jurídicas, sendo</p><p>que ainda iremos aprender a definição e as principais</p><p>características relativas as relações jurídicas presente no</p><p>âmbito do Direito Civil. Isto será fundamental para o exercício</p><p>de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta</p><p>competência? Então vamos lá. Avante!</p><p>Aspectos Introdutórios Sobre as Situações</p><p>e as Relações Jurídicas</p><p>Nas unidades anteriores pudemos aprender que o Direito Civil é</p><p>responsável por regular as relações firmadas entre os indivíduos, assim</p><p>as relações jurídicas possuem como origem a necessidade e a existência</p><p>dos relacionamentos presentes na vida em sociedade, por isso essas são</p><p>de interesse e objeto de estudo do Direito.</p><p>Sob um ponto de vista mais formal é correto dizer que as relações</p><p>jurídicas possuem como ponto de partida os fatos jurídicos, que</p><p>acabam envolvendo os acontecimentos naturais ou voluntários que</p><p>expressam algum nível de relevância para o sistema jurídico, assim os</p><p>fatos jurídicos responsáveis por despertar o interesse ou o campo de</p><p>atuação pertencente à esfera jurídica irão gerar uma identificação entre</p><p>o fato ocorrido e determinada norma jurídica, dessa maneira surgindo</p><p>um conjunto de direitos, deveres e obrigações que decorrem do fato em</p><p>questão, levando em consideração os ensinamentos de doutrinadores</p><p>como Gonçalves (2011).</p><p>É importante ressaltar que nem todo fato é capaz de produzir</p><p>interesse e relevância para o âmbito jurídico, dessa forma para que o fato</p><p>seja dotado de juridicidade é preciso que seja previsto de forma prévia</p><p>pelo ordenamento jurídico que o enquadre como tal.</p><p>Direito Civil</p><p>13</p><p>Outro aspecto importante a ser esclarecido é a distinção entre</p><p>fato e ato jurídico, já que esses dois termos não podem ser confundidos.</p><p>Assim, em conformidade com o ensinado por Celso Antônio Bandeira de</p><p>Mello (2009, p/370), o fato jurídico é um gênero do qual o ato jurídico é</p><p>espécie, dessa forma o mencionado autor conceitua ato jurídico como</p><p>sendo “qualquer acontecimento a que o Direito imputa e enquanto</p><p>imputa efeito jurídicos”, na medida em que os fatos jurídicos são situações</p><p>simples que apresentam consequência no âmbito jurídico, sendo estas</p><p>fixadas por lei, nesse sentido o autor apresente uma regra geral acerca da</p><p>distinção presente entre os termos ato jurídico e fato jurídico, a partir da</p><p>qual conclui que:</p><p>Toda vez que se estiver perante uma dicção prescritiva</p><p>de direito (seja ela oral, escrita, expressada por mímica ou</p><p>sinais convencionais) estar-se-á perante um ato jurídico; ou</p><p>seja, perante um comando jurídico. Quando, diversamente,</p><p>se esteja ante um evento não prescritivo ao qual o Direito</p><p>atribua consequências jurídicas estar-se-á perante um fato</p><p>jurídico. (MELLO, 2009, p.370)</p><p>Em outras palavras, os fatos jurídicos podem ser compreendidos</p><p>como todo acontecimento que seja capaz de produzir efeitos jurídicos,</p><p>independentemente deste ser natural ou humano. Os fatos jurídicos</p><p>categorizados como decorrentes das ações humanas são justamente os</p><p>atos jurídicos, sendo esses responsáveis por criar, modificar ou extinguir</p><p>as relações jurídicas. É importante destacar que os negócios jurídicos</p><p>também são fatos jurídicos decorrentes da conduta pessoal, ou seja,</p><p>da vontade humana, contudo essa temática será abordada em unidade</p><p>posterior.</p><p>Direito Civil</p><p>14</p><p>Aspectos Gerais Sobre as Relações</p><p>Jurídicas</p><p>Diante do exposto até aqui já pudemos compreender que as relações</p><p>jurídicas estão presentes em nosso cotidiano, se fazendo presente nos</p><p>mais diversos setores das nossas vidas, já que se manifestam nas esferas</p><p>pessoais, profissionais e sociais, dessa maneira ao nos relacionarmos com</p><p>outras pessoas, mesmo que não notemos, estamos firmando relações</p><p>jurídicas, dessa maneira a quantidade de relações firmada no âmbito</p><p>jurídico é tão ampla que é praticamente impossível que as legislações</p><p>consigam dispor acerca de todas, por isso o Direito é um campo que</p><p>precisa estar em constante atualização para que possa continuar tendo</p><p>efetividade e aplicação com base nas necessidades e nas vontades</p><p>humanas.</p><p>Dessa maneira, querido aluno, antes de adentrar nos detalhes</p><p>acerca das relações jurídicas presentes no âmbito das relações privadas</p><p>pertencentes ao Direito Civil, você consegue imaginar alguma situação</p><p>prática cotidiana que comprove a presença das relações jurídicas no</p><p>cotidiano humano?</p><p>Se a sua resposta a essa pergunta foi não, fique tranquilo, pois</p><p>iremos aprender os principais aspectos sobre esse tema em detalhes.</p><p>Contudo, de fato as relações jurídicas estão presentes em nosso dia a</p><p>dia, assim podemos citar como exemplos de relações jurídicas o vínculo</p><p>firmado entre o locador e o locatário que estabelecem um contrato de</p><p>locação, assim como a relação resultante do casamento ou da união</p><p>estável.</p><p>Direito Civil</p><p>15</p><p>Conceito e Teorias</p><p>Segundo Vicente Ráo (1999) um dos primeiros conceitos atribuídos</p><p>as relações jurídicas foi estabelecido por Savingy, o qual apresenta</p><p>tais relações como sendo o vínculo jurídico formado entre as pessoas,</p><p>podendo também ser firmado entre indivíduos e grupos, ou até mesmo</p><p>entre grupos, no qual cada uma das partes que compõe a relação possui</p><p>uma função distinta e um papel determinado a ser cumprido, assim uma</p><p>das partes deve prestar algum serviço e/ou produto a outra. É importante</p><p>destacar ainda que as relações jurídicas irão surgir a partir da manifestação</p><p>de vontade das partes envolvidas.</p><p>Desde o estabelecimento do conceito de relações jurídicas esse</p><p>termo passou a ser utilizado nas mais diversas legislações civilistas do</p><p>mundo, estando presente no Código Civil brasileiro de 1916, assim como</p><p>no atual Código Civil Brasileiro, que está em vigor desde 2002.</p><p>Apesar do conceito apresentado, as mudanças ocorridas no</p><p>meio jurídico tiveram como resultado a criação de duas teorias relativas</p><p>à definição das relações jurídicas, sendo essas denominados teoria</p><p>personalista e teoria normativista.</p><p>Assim, os adeptos da teoria personalista, também conhecida como</p><p>teoria subjetivista, em conformidade com o pensamento de Rodrigo Brum</p><p>Silva, acreditam que a relação é firmada a partir do vínculo entre dois ou</p><p>mais indivíduos e/ou grupos, que possua como origem uma relação</p><p>social e possa ter como resultado a promoção de consequências jurídicas,</p><p>assim possui dois fatores determinantes sendo esses a relação social e a</p><p>transformação da relação de fato em relação de direito, correspondendo</p><p>a ordem material e a ordem formal, respectivamente.</p><p>As vantagens trazidas por essa teoria para o campo estrutural e</p><p>formal são importantes, contudo parte da doutrina tece duras críticas</p><p>a essa corrente teórica, já que com base na sua definição alguns tipos</p><p>de relações jurídicas acabam ficando excluídas, como, por exemplo,</p><p>aquelas relações que apresentam somente um sujeito ou pessoa, como</p><p>nos assuntos relativos aos direitos personalíssimos, já estudados em</p><p>momento anterior.</p><p>Direito Civil</p><p>16</p><p>Por sua vez, a teoria normativista, também denominada teoria</p><p>objetivista, estabelece que a relação jurídica será firmada entre os sujeitos</p><p>e o ordenamento jurídico, sendo a união oficializada com base nos termos</p><p>presentes na norma jurídica, dessa maneira as partes presentes na relação</p><p>em questão não se encontram em situação de oposição, mas foram uma</p><p>colaboração recíproca, que deve ser regida em conformidade com as</p><p>mencionadas normas. Em outras palavras,</p><p>o ordenamento jurídico será</p><p>responsável por se encontrar em um dos lados da relação, na medida que</p><p>o outro é composto pelos sujeitos que terão seus interesses regulados</p><p>pela norma.</p><p>A teoria normativista supre a crítica destinada a teoria personalista,</p><p>já que por meio dela é possível que as relações jurídicas sejam firmadas</p><p>entre as pessoas e grupos compostos por essas, mas também entre</p><p>um sujeito e uma coisa, ou entre pessoas e lugares, e assim por diante,</p><p>eliminando a restrição apresentada pela teoria anterior. Apesar de suprir</p><p>esse quesito, críticas distintas a esse fator acabam surgindo, assim</p><p>Francisco Amaral apresenta as três principais críticas destinadas a teoria</p><p>normativista, sendo essas</p><p>1. O direito disciplina e organiza as relações entre homens</p><p>na tutela de seus interesses;</p><p>2. A relação jurídica supõe um poder jurídico a que se</p><p>contrapõe correspondente dever, não podendo este se</p><p>dirigir contra coisas, ou lugares, mas sim, contra pessoas;</p><p>3. É inconcebível um poder de uma pessoa sem a</p><p>correspondente limitação com as demais. (AMARAL, 2000,</p><p>p. 161)</p><p>Assim, as críticas destinadas à teoria objetivista acabam sendo</p><p>maiores e mais duras, já que na tentativa de sanar as lacunas presentes</p><p>na teoria personalista, acaba estabelecendo o ordenamento jurídico e a</p><p>própria como norma como parte da relação jurídica, sendo esse um fato</p><p>inconcebível. Se as relações jurídicas fossem realmente estabelecidas</p><p>dessa maneira então as pessoas e os grupos integrantes das relações</p><p>jurídicas não teriam autonomia para dispor acerca dos seus interesses,</p><p>pois apenas a norma seria objeto da mencionada relação, não podendo</p><p>Direito Civil</p><p>17</p><p>ser estabelecidos critérios externos a mesma, mesmo que fornecida a</p><p>devida obediência legal.</p><p>É importante ainda salientar que, ao contrário do que afirma a teoria</p><p>normativa, as relações jurídicas só podem ser firmadas entre as pessoas</p><p>e os grupos que essas possam vir a compor, não sendo admitidas as</p><p>supostas relações jurídicas firmadas entre as pessoas, as coisas e os</p><p>lugares, já que esses são considerados como elementos externos a</p><p>relação, não integrando os seus elementos, como será visto adiante.</p><p>Estrutura da Relação Jurídica</p><p>A relação jurídica, como vimos, pode ser compreendida como o</p><p>vínculo estabelecido entre duas ou mais pessoas em razão de interesses</p><p>em comum ou voltados para determinado objeto, devendo ser levada em</p><p>consideração nessa relação as normas presentes no ordenamento jurídico</p><p>brasileiro. Diante disso, existem quatro elementos que compõe a estrutura</p><p>da relação jurídica presente no Direito Civil, estando essas representadas</p><p>na Figura 1, tendo essa figura sido elaborada em conformidade com os</p><p>ensinamentos de Silva (2010).</p><p>Figura 1 - Estrutura da relação jurídica</p><p>Sujeito</p><p>Estrutura da</p><p>Relação Jurídica</p><p>Objeto Vínculo Garantia</p><p>Ativo Passivo</p><p>Fonte: Elaborado pela autora (2020).</p><p>Direito Civil</p><p>18</p><p>Nesse sentido, o primeiro elemento estrutural a ser destacado no</p><p>âmbito das relações jurídicas é o sujeito, sendo que esse se subdivide em</p><p>sujeito ativo e passivo, tendo em vista que as relações não são unilaterais.</p><p>Assim, todos os sujeitos presentes nas relações em questão possuem</p><p>direitos e deveres.</p><p>Exemplo Com o intuito de esclarecer o fato de todos os sujeitos</p><p>presentes nas relações jurídicas possuírem direitos e deveres, imagine a</p><p>seguinte situação: João decide comprar um imóvel localizado no Bairro X,</p><p>já que a residência fica mais próxima ao seu local de trabalho, diante disso</p><p>entra em contato com o vendedor do referido imóvel, o senhor Mário, que</p><p>o informa que a residência custa R$150mil reais, estabelecendo ainda a</p><p>forma de pagamento. Satisfeito com o valor e depois de realizar a visita</p><p>ao seu futuro imóvel, José decide efetuar a compra e o devido contrato</p><p>é firmado com Mário, assim o imóvel é entregue após o pagamento da</p><p>entrada no valor de R$15mil, sendo o restante dividido em 30 meses.</p><p>Nesse exemplo temos uma relação jurídica, na qual João e Mário são os</p><p>sujeitos, sendo que João possui o direito de receber o imóvel, na medida</p><p>em que apresente o dever de pagar o valor acordado, na medida em que</p><p>Mário apresenta o dever de entregar o imóvel, enquanto possui o direito</p><p>de receber o mencionado pagamento. Diante disso, querido aluno(a),</p><p>acredito que tenha ficado mais clara a afirmação de que todos os sujeitos</p><p>presentes na relação jurídica apresentam tanto direitos como deveres e</p><p>não apenas um desses.</p><p>Levando em consideração o exemplo acima, quem você acredita</p><p>que está ocupando o papel de sujeito ativo e quem é o sujeito passivo?</p><p>O sujeito ativo é aquele que ocupa a posição de credor na relação,</p><p>aquele que possui o direito de exigir seu cumprimento, na medida em</p><p>que o sujeito passivo ocupa o lugar de devedor da prestação principal,</p><p>conforme Ráo (1999). Assim, respondendo ao questionamento acima,</p><p>o sujeito ativo seria Mário, já que a sua parte de entregar o imóvel foi</p><p>cumprida e o mesmo possui o direito de cobrar o pagamento das parcelas</p><p>acordadas, sendo, portanto, o credor da relação, na medida em que João</p><p>seria o devedor, e consequentemente estaria ocupado a posição de</p><p>sujeito passivo.</p><p>Direito Civil</p><p>19</p><p>O outro elemento estrutural referente à relação jurídica é o objeto,</p><p>sendo esse o elemento sobre o qual os sujeitos fixam o acordo, assim,</p><p>ainda considerando o exemplo fornecido, o objeto das relações jurídicas</p><p>entre João e Mário seria o imóvel. Não deve ser confundido com o</p><p>conteúdo dos direitos. Em outras palavras o objeto da relação jurídica</p><p>poderá ser entendido como tudo aquilo que possa ser submetido ao uso,</p><p>as necessidades e aos interesses dos sujeitos de direito.</p><p>Por fim, ainda levando em consideração os ensinamentos de Raó</p><p>(1999) e Silva (2010), o último elemento que integra a estrutura das relações</p><p>jurídicas é o vínculo, sendo esse compreendido como o elo, a conexão, o</p><p>laço jurídico estabelecido entre as partes, sendo responsável por atribuir</p><p>a cada um dos sujeitos uma função dentro da relação jurídica. É a partir do</p><p>vínculo que os sujeitos podem pretender ou exigir algo, desde que esse</p><p>“algo” determinado ou determinável. A origem do vínculo pode surgir com</p><p>base no contrato ou na própria legislação.</p><p>É importante ainda destacar um outro elemento, sendo que esse</p><p>é citado por alguns doutrinadores e por outros não, mas entendemos</p><p>o mesmo como elemento estrutural das relações jurídicas, sendo esse</p><p>a garantia. É por meio da garantia que serão estabelecidas sanções</p><p>para o caso do contrato ou da norma não ser cumprida, dessa forma</p><p>a sanção para ser validade deve ser fixada em conformidade com as</p><p>formas de coerção legais e adequadas, assim a garantia será responsável</p><p>por fornecer justiça, por assegurar a efetividade e a segurança jurídica</p><p>referente a relação em estudo, conforme Santos (2006). Diante disso, é</p><p>em virtude da garantia que o direito se torna subjetivo exigível.</p><p>Direito Civil</p><p>20</p><p>Relação Jurídica e Situação Jurídica</p><p>As relações jurídicas nascem por meio dos fatos jurídicos, assim</p><p>essa é apenas uma das razões que expressa a mutabilidade apresentada</p><p>pelas relações jurídicas, sendo essas dinâmicas e não estáticas, em</p><p>outras palavras, essa afirmação é o mesmo que dizer que o sujeito ativo,</p><p>a depender do momento poderá passar a ser sujeito passivo, e vice-</p><p>versa, conforme Correa (2017). Essa foi uma das evoluções relativas às</p><p>mencionadas relações, demonstrando a complexidade que as situações</p><p>jurídicas podem representar.</p><p>Assim, dispor acerca das situações jurídicas é o mesmo que falar</p><p>sobre os interesses relativos aos sujeitos, sob o ponto de vista de que</p><p>a oposição fixa entre sujeito ativo e passivo não existe mais, já que as</p><p>atuais possibilidades jurídicas e o cenário social tornam esse aspecto mais</p><p>flexível e moldável.</p><p>É importante ainda mencionar que as situações jurídicas serão</p><p>objetivas relativas aos fatos presentes nas normas jurídicas,</p><p>na medida</p><p>em que as situações jurídicas subjetivas terão como base as previsões</p><p>estabelecidas em conformidade com os negócios jurídicos, assunto que</p><p>será abordado em momento posterior.</p><p>Dessa maneira, atualmente as situações jurídicas ocupam um</p><p>espaço muito maior do que a simples oposição entre o que é subjetivo e</p><p>aquilo que é objetivo, tendo em vista que busca abranger os avanços e as</p><p>evoluções presentes nos mais diversos setores sociais.</p><p>Direito Civil</p><p>21</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo</p><p>tudinho? Agora, só para termos certeza de que você</p><p>realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,</p><p>vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido</p><p>que as relações jurídicas estão presentes em nosso</p><p>cotidiano, mesmo quando não as percebemos, sendo que</p><p>tais relações são estabelecidas por meio dos fatos jurídicos,</p><p>que por sua vez são gênero do qual os atos jurídicos são</p><p>considerados espécies, portanto, não podendo haver</p><p>confusão entre esses dois conceitos. Além disso, também</p><p>aprendemos qual é o conceito de relação jurídica e as</p><p>discussões relativas às teorias normativas e personalistas,</p><p>em seguida passamos a estudar os elementos da relação</p><p>jurídica, sendo esses os sujeitos ativos e passivos, o objeto,</p><p>a garantia e o vínculo. Por fim, pudemos compreender que</p><p>as evoluções e os avanços naturais a essência humana</p><p>promovem impactos as relações e as situações jurídicas,</p><p>sendo necessários que essas se tornem mais flexíveis,</p><p>assim a pessoa presente na relação jurídica pode iniciar a</p><p>mesma na posição de sujeito ativo e terminar como sujeito</p><p>passivo, pois esse âmbito do direito civil é marcado por</p><p>dinamicidade.</p><p>Direito Civil</p><p>22</p><p>Bens Jurídicos</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo você será capaz de analisar</p><p>qual é a importância desempenhada pelos bens jurídicos</p><p>perante o direito civil, assim durante essa unidade iremos</p><p>estudar os aspectos gerais acerca dessa temática. Isto será</p><p>fundamental para o exercício de sua profissão. E então?</p><p>Motivado para desenvolver esta competência? Então</p><p>vamos lá. Avante!</p><p>Aspectos Introdutórios sobre os Bens</p><p>Jurídicos</p><p>Desde os primórdios, grande parte da vida humana e das relações</p><p>jurídicas firmadas giravam em torno do que os seres humanos possuem</p><p>ou tem, diante disso surgiram desdobramentos como o direito voltado</p><p>para a propriedade e a necessidade da proteção dos aspectos relativas</p><p>a mesma. Assim, a vida em sociedade faz com que os seres humanos</p><p>passem a dar valor a certas coisas e apresentar desejos direcionados a</p><p>determinados objetos, dessa forma nascem as disputas estabelecidas</p><p>entre os indivíduos, bem como são despertados sentimentos de</p><p>competição, concorrência, inveja, entre outros.</p><p>A valoração destinada aos objetos pode surgir em razão de uma</p><p>diversidade de fatores, sendo a maior parte desses naturais da convivência</p><p>humana e da vida em sociedade, já que resultam da satisfação das</p><p>necessidades, da escassez, da simples realização de desejos e vontade</p><p>ou ainda da utilidade desempenhada pelo bem em questão.</p><p>Assim, antes que iniciemos o nosso estudo acerca dos bens de</p><p>forma mais aprofundada é primeiro necessário que estabeleçamos uma</p><p>distinção entre bens e coisas, tendo em vista que a confusão entre esses</p><p>dois conceitos é comum no linguajar cotidiano, sendo uma temática</p><p>responsável por promover debates até mesmo entre doutrinadores</p><p>consagrados, por isso a distinção entre esses dois termos será abordada</p><p>Direito Civil</p><p>23</p><p>em tópico próprio para que possamos entender melhor o mesmo apesar</p><p>da sua complexidade e divergências.</p><p>Distinção entre Coisa e Bem Jurídico</p><p>É fato que no âmbito do Direito Civil coisa e bem são de suma</p><p>importância para a regulação de vários direitos relacionados a vida</p><p>humana, porém estabelecer o conceito e a distinção entre essas suas</p><p>definições não é uma tarefa fácil, principalmente, quando levamos</p><p>em conta a variedade de opiniões e pontos de vistas possuídos pelos</p><p>doutrinadores sobre a temática, já que existem algumas divergências</p><p>entre os mesmos.</p><p>Parte da confusão relativa à distinção entre os conceitos de coisa</p><p>e bem ocorre pois enquanto que o Código Civil de 1916 não indicava</p><p>diferenças entre coisa e bem, ambos os termos eram entendidos como</p><p>sinônimos, ora sendo utilizado a terminologia “bem”, oram sendo utilizado</p><p>“coisa”.</p><p>Entretanto, com a entrada em vigor do Código Civil de 2002 passou</p><p>a ser verificada uma mudança, já que o termo “bem” foi utilizado no Livro</p><p>2, e durante toda a parte geral, da mencionada legislação, na medida em</p><p>que “coisa” passou a estar presente em outro espaço do Código Civil,</p><p>demonstrando que “bem” e “coisa”, em conformidade com atual Código</p><p>Civil não poderiam ser entendidos como iguais, assim foram iniciadas as</p><p>polêmicas discussões acerca das suas diferenças.</p><p>Nesse sentido, Cezar Fiúza (2004, p.171) apresenta coisa como</p><p>uma espécie de bem, dessa forma o bem pode ser compreendido como</p><p>“tudo aquilo que é útil às pessoas”. Na medida em que coisa é entendida</p><p>como “todo o bem suscetível de avaliação econômica e apropriação pela</p><p>pessoa”, ainda em conformidade com os ensinamentos de Fiúza (2004,</p><p>p.171). Assim, o autor em questão entende bem como um conceito mais</p><p>amplo do que aquele possuído por coisa, já que abrange situações que</p><p>não são dotadas de valor econômico, como, por exemplo, aspectos</p><p>relativos à vida, a saúde e a liberdade.</p><p>Direito Civil</p><p>24</p><p>Contudo, o posicionamento de Cezar Fiúza (2004) apresenta</p><p>críticas, assim alguns doutrinadores acabam possuindo opinião distinta,</p><p>e até mesmo oposta ao que o autor aponta como fator de distinção entre</p><p>os dois conceitos, dessa maneira Maria Helena Dinis e Silvio de Salvo</p><p>Venosa ao falarem sobre bem e coisa, afirmam que bem é espécie do</p><p>qual coisa é gênero. Desta feita, sob esse ponto de vista o conceito mais</p><p>abrangente seria pertencente a coisa e não a bem. Assim, conforme</p><p>Clóvis Beviláqua</p><p>a palavra coisa, ainda que, sob certas relações,</p><p>corresponda, na técnica jurídica, ao termo bem, todavia</p><p>dele se distingue. Há bens jurídicos, que não são coisas:</p><p>a liberdade, a honra, a vida, por exemplo. E, embora o</p><p>vocábulo coisa seja, no domínio do direito, tomado em</p><p>sentido mais ou menos amplo, podemos afirmar que</p><p>designa, mais particularmente, os bens que são, ou podem</p><p>ser, objeto de direitos reais. Neste sentido dizemos direito</p><p>das coisas. (BEVILAQUA, 1955 p. 152 apud GONÇALVES,</p><p>2011, p.265)</p><p>Nesse sentido, Silvio Rodrigues apresenta um entendimento ainda</p><p>mais limitado acerca daquilo que pode ser enquadrado como bem</p><p>jurídico, já que de acordo com o seu posicionamento, as coisas possuíram</p><p>conceito mais abrangente e os bens serão espécies desses, sendo</p><p>considerados bens aquilo que apresentar valor econômico, diante disso</p><p>afirma que</p><p>Ainda dentro do conceito econômico, nem todas as coisas</p><p>úteis são consideradas bens, pois, se existirem em grande</p><p>abundância na natureza, ninguém se dará ao trabalho de</p><p>armazená-las. Assim, nada mais útil ao homem do que</p><p>o ar atmosférico, mas, como ele abunda na natureza,</p><p>não é um bem econômico. Desse modo, poder-se-iam</p><p>definir bens econômicos como aquelas coisas que,</p><p>sendo úteis ao homem, existem em quantidade limitada</p><p>no universo, ou seja, são bens econômicos as coisas úteis</p><p>e raras, porque só elas são suscetíveis de apropriação.</p><p>(RODRIGUES, 2003, p. 115)</p><p>Direito Civil</p><p>25</p><p>Salienta-se ainda que há um terceiro posicionamento utilizado por</p><p>outros doutrinadores, sendo que esses não apresentam distinções entre</p><p>as diferenciações correspondentes a coisa e bem, usando os dois termos</p><p>como sinônimos.</p><p>Aluno(a), como foi dito inicialmente, essa é uma temática que ainda</p><p>não foi pacificada pela doutrina, por isso é fonte de divergência, porém</p><p>ao longo dos ensinamentos contidos nesse e-book iremos adotar o</p><p>posicionamento apresentado por Maria Helena Diniz (2015), por meio do</p><p>qual coisa é um conceito mais abrangente.</p><p>Sob essa ótica as coisas</p><p>irão abranger assuntos que vão além do</p><p>jurídico e/ou do econômico, englobando até mesmo aquilo que não</p><p>pode ser considerado como objeto de direito, como por exemplo o</p><p>universo. Assim, as coisas são tudo que existe, excluindo o homem, na</p><p>medida em que os bens serão entendidos como coisas úteis, apropriáveis</p><p>e dotadas de valor econômico. Ressalta-se ainda que como o Código Civil</p><p>de 2002 dispõe sobre os bens jurídicos que possuem valor econômico,</p><p>entende-se que essa legislação adota o mesmo posicionamento que o</p><p>escolhido por nós, existindo também controvérsias doutrinárias sobre</p><p>essa afirmação, esclarecendo mais uma vez que esse é o posicionamento</p><p>adotado no presente e-book.</p><p>Dessa forma, seguiremos o aprendizado sobre os aspectos gerais</p><p>dos bens jurídicos, levando em consideração a abordagem de que bem é</p><p>espécie, da qual coisa é gênero. Vamos adiante!</p><p>Direito Civil</p><p>26</p><p>Conceito de Bem Jurídico</p><p>Toda ciência apresenta um objeto de estudo, assim no campo</p><p>das Ciências Jurídicas essa realidade não é diferente, assim levando</p><p>em consideração os assuntos abordados pelo Direito Civil precisamos</p><p>entender o conceito e a classificação relativa aos bens, dessa forma a</p><p>definição será apresentada no presente no tópico, na medida em que as</p><p>classificações abordadas pelo Código Civil serão discutidas em capítulo</p><p>próprio.</p><p>É importante lembrar que o Direito Civil possui como base as</p><p>relações jurídicas estabelecidas entre as pessoas, independente dessas</p><p>serem físicas ou jurídicas, tendo em vista a satisfação dos desejos e</p><p>necessidades dessas pessoas por meio da aquisição de bens. Diante</p><p>disso, e levando em consideração os elementos estruturais pertencentes</p><p>as relações jurídicas que aprendemos no capítulo anterior, podemos</p><p>afirmar que os objetos das relações jurídicas sãos os bens, podendo esse</p><p>ser compreendido como tudo que possa ser submetido ao poder e ao uso</p><p>dos sujeitos de direito.</p><p>Nesse sentido, os bens jurídicos podem ser entendidos como todos</p><p>os objetos materiais ou imateriais que apresentem alguma utilidade para</p><p>os seres humanos, seja essa física ou ideal, em conformidade com Clóvis</p><p>Beviláqua (1955). Assim, Rodrigues (2003, p.115) determina que “para a</p><p>economia política, bens são aquelas coisas que, sendo úteis aos homens,</p><p>provocam a sua cupidez e, por conseguinte, são objetos de apropriação</p><p>privada. ”</p><p>É importante ainda destacar que nem todo bem pode ser</p><p>considerado como sendo um bem jurídico, dessa forma será considerado</p><p>jurídico o bem que seja dotado de utilidade física ou imaterial, sendo</p><p>objeto de uma relação jurídica, independentemente de ser pessoal</p><p>ou real. Desta feita para Teles (2004 p. 46) “são bens jurídicos a vida, a</p><p>liberdade a propriedade, o casamento, a família, a honra, a saúde, enfim,</p><p>todos os valores importantes para a sociedade”.</p><p>Direito Civil</p><p>27</p><p>Por sua vez ao apresentar o conceito de bem jurídico Toledo (1994,</p><p>9.16) determina que “bens jurídicos são valores éticos sociais que o Direito</p><p>seleciona, com o objetivo de assegurar a paz social, e coloca sob a sua</p><p>proteção para que não sejam expostos a perigo de ataque ou a lesões</p><p>efetivas. ”</p><p>Enquanto que o aclamado doutrinador civilista Gonçalves (2011,</p><p>p.266) conceitua bem como “as coisas materiais, concretas, úteis aos</p><p>homens e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação, bem</p><p>como as de existência imaterial economicamente apreciáveis. ”</p><p>Aluno, para que você possa entender melhor o que é um bem</p><p>segue alguns exemplos de objetos que se enquadram como tal: a sua</p><p>casa é um bem jurídico, um carro, um livro, um CD, além disso as suas</p><p>roupas, o seu smartphone e a sua televisão também são bens.</p><p>Bens Corpóreos e Incorpóreos</p><p>Uma das classificações relativas aos bens jurídicos que era</p><p>abordada pelo Direito Romano, mas que não foi recepcionada pelo</p><p>Código Civil de 2002 é a distinção estabelecida entre os bens corpóreos</p><p>e incorpóreos, em razão dessa não recepção é que esses dois bens estão</p><p>sendo apresentados nesse tópico e não no capítulo posterior, pois mesmo</p><p>que não esteja presente entre as classes de bens jurídicas presentes na</p><p>legislação atual ainda exercem certa importância para o estabelecimento</p><p>de outros conceitos relativos ao âmbito do Direito Civil.</p><p>Gonçalves (2011) ao citar afirmação apresentada por Teixeira de</p><p>Freitas (1952) informa que a não recepção se deu em razão da divisão</p><p>entre a coisa, como objeto material, e o direito não é uma classificação</p><p>considerada prática, por isso acabou sendo ignorada. Contudo, o nível</p><p>de abstração apresentado por essa divisão é utilizado no que se refere a</p><p>alguns institutos específicos do direito civil, já que a relação jurídica pode</p><p>ter como base tanto os objetos dotados de existência material, como</p><p>aqueles que apresentam existência abstrata.</p><p>Direito Civil</p><p>28</p><p>Nesse sentido, é imprescindível para o nosso conhecimento</p><p>entender que os bens corpóreos serão aqueles que existem no plano</p><p>físico, sendo concretos, tangíveis e visíveis, na medida em que os bens</p><p>incorpóreos por serem dotados de um certo grau de abstração acabam</p><p>sendo enquadrados com aqueles que não existem no plano físico, e</p><p>portanto, não são concretos.</p><p>Na tentativa de esclarecer esses dois conceitos, aluno, pense na</p><p>sua casa, você consegue ver sua casa? Consegue pegar sua na casa?</p><p>A sua casa existe fisicamente? Tenho certeza que você respondeu “sim”</p><p>para todas essas perguntas, isso quer dizer que a sua casa é um bem</p><p>corpóreo. Por outro lado, agora eu quero que você pense na sua saúde,</p><p>mesmo sabendo que ela é um direito fundamental para sua existência,</p><p>você consegue pegar na sua saúde? Consegue ver a sua saúde? A sua</p><p>saúde existe no plano físico? Agora, sei que mesmo compreendendo</p><p>a importância exercida pela saúde e o que significa ter saúde, você</p><p>respondeu aos meus questionamentos com “não”, isso quer dizer que a</p><p>sua saúde é um bem incorpóreo.</p><p>É importante ainda ressaltar que os bens corpóreos e incorpóreos</p><p>não são sinônimos para os bens tangíveis e intangíveis, respectivamente,</p><p>essa seria uma visão correta perante o Direito dos Romanos, mas as</p><p>diversas modificações científicas e sociais que vivenciamos acabaram</p><p>por estabelecer critérios que torna possível essa distinção, dessa forma,</p><p>por exemplo, alguns tipos de gases podem ser enquadrados com bens</p><p>intangíveis, porém isso não os tornam incorpóreos, pois mesmo que não</p><p>possamos vê-los ou pegá-los, sabemos que esses existem e podem ser</p><p>percebidos por outros sentidos humanos, sendo esse mesmo critério</p><p>aplicado para as formas de energia.</p><p>Assim, em outras palavras, os bens corpóreos podem ser entendidos</p><p>como aquilo que possui existência física, material e/ou que possa ser</p><p>percebido por qualquer um dos sentidos humanos, ou seja, tanto pelo</p><p>tanto, quanto pelos outros quatro sentidos, por isso afirmar que todo</p><p>bem corpóreo é tangível não está correto, já que alguns bens intangíveis</p><p>podem ser enquadrados como corpóreos. Por sua vez, a relação dos bens</p><p>incorpóreos com a abstração se tornou ainda maior, já que passaram a ser</p><p>Direito Civil</p><p>29</p><p>compreendidos como aquilo que possui uma existência abstrata ou ideal,</p><p>conforme Gonçalves (2011, p.267), assim são entendidos como “criações</p><p>da mente reconhecidas pela ordem jurídica”.</p><p>Diante disso, mesmo que essa classificação não esteja presente de</p><p>forma expressa no texto do Código Civil de 2002, a mesma é utilizada,</p><p>ainda que de forma indireta, já que os direitos reais só se aplicam</p><p>sobre os bens corpóreos, excluindo do seu campo de atuação os bens</p><p>considerados como incorpóreos. Outra prova de que esses conceitos</p><p>são utilizados se manifesta quando falamos na transferência dos bens,</p><p>pois os bem corpóreos podem ser transferidos por meio da compra e</p><p>venda, da doação e da permuta, na medida em que os bens incorpóreos</p><p>se transferem por meio da cessão, sendo exemplo disso, a cessão de</p><p>créditos.</p><p>Salienta-se ainda que existem situações em que</p><p>a posse passa</p><p>a ser aplicada aos bens incorpóreos, principalmente, com os avanços</p><p>tecnológicos vinculados aos meios virtuais. Além disso, os conceitos</p><p>de propriedade e de domínio não podem ser confundidos, tendo em</p><p>vista que a propriedade pode se referir tanto a bens corpóreos, quanto</p><p>incorpóreos, na medida em que o domínio só faz menção aqueles.</p><p>Direito Civil</p><p>30</p><p>Patrimônio</p><p>Levando em consideração o aprendido no tópico anterior, podemos</p><p>afirmar que tanto os bens corpóreos, como os incorpóreos integram</p><p>o patrimônio da pessoa humana e devem ser protegidos como tal.</p><p>Assim, o patrimônio pode ser compreendido como o conjunto de bens</p><p>pertencentes às pessoas físicas e/ou jurídicas, sendo que esse ser objeto</p><p>das relações jurídicas econômicos, podendo ser abordados pelos direitos</p><p>reais e pelos direitos de obrigação ou pessoais.</p><p>Nesse sentido, “o patrimônio é formado pelo conjunto de relações</p><p>ativas e passivas, e esse vínculo entre os direitos o as obrigações do</p><p>titular, constituído por força de lei, infunde ao patrimônio o caráter de</p><p>universalidade de direito” (RODRIGUES, 2003 apud LACERDA, 2016).</p><p>Assim, o patrimônio pode ser dividido em global ou ativo, sendo o</p><p>primeiro referente a todas as relações jurídicas que envolvam conteúdo</p><p>econômico, na medida em que o segundo é mais restrito, estando</p><p>relacionado apenas às relações jurídicas em que a pessoa é credora, e</p><p>consequentemente, sujeito ativo da mencionada relação.</p><p>Salienta-se ainda que só poderá ser considerado patrimônio</p><p>aquilo que tenha valor pecuniário, dessa maneira as qualidades pessoais</p><p>destinadas ao ganho de dinheiro não podem ser enquadradas como</p><p>patrimônio, bem como os direitos não-patrimoniais, sendo, por exemplo,</p><p>alguns desses relativos às relações afetivas, aos direitos personalíssimos</p><p>e que não possuem valor econômico.</p><p>Direito Civil</p><p>31</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo</p><p>tudinho? Agora, só para termos certeza de que você</p><p>realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,</p><p>vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido</p><p>que os bens jurídicos estão presentes em nosso cotidiano</p><p>de diversas maneiras, sendo esse um assunto regulado</p><p>pelo Código Civil e responsável por gerar algumas</p><p>polêmicas no campo doutrinário e jurisprudencial, sendo</p><p>exemplo dessas discussões a não pacificação relativa a</p><p>diferença existente entre bem e coisa, já que o CC/2002</p><p>adota as duas nomenclaturas, mas em momentos distintos,</p><p>contudo adotamos a postura de que o conceito de coisa</p><p>é mais amplo, sendo, portanto, gênero do qual bem é</p><p>espécie. Em seguida, passamos a compreender com base</p><p>nas definições de doutrinadores renomados aquilo que</p><p>pode ser conceituado como bem jurídico. Ao longo desse</p><p>capítulo, também entendemos que mesmo que os bens</p><p>corpóreos e incorpóreos não integrem a classificação</p><p>presente no atual código civil brasileiro são utilizados pelo</p><p>mesmo de forma indireta e exercem importância para esse</p><p>ramo jurídico. Por fim, entendemos o que é o patrimônio,</p><p>que pode pertencer as pessoas físicas e as pessoas</p><p>jurídicas, englobando os passivos e os ativos.</p><p>Direito Civil</p><p>32</p><p>Classificações dos Bens</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo você será capaz de entender</p><p>quais são as classificações referentes aos bens jurídicos</p><p>presentes no Código Civil, além disso passaremos a</p><p>compreender cada uma dessas classificações e as suas</p><p>implicações. Isto será fundamental para o exercício de</p><p>sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta</p><p>competência? Então vamos lá. Avante!.</p><p>Aspectos Gerais sobre as Classificações</p><p>dos Bens Jurídicos</p><p>Querido aluno, no capítulo anterior nós pudemos compreender</p><p>quais são os conceitos gerais acerca dos bens jurídicos, tendo como foco</p><p>ainda a diferenciação entre esses e as coisas, ainda que essa distinção</p><p>seja compreendida como polêmica. Assim, de maneira geral os bens</p><p>possuem natureza patrimonial, já que todo bem pode se incorporar ao</p><p>patrimônio das pessoas, sejam essas jurídicas ou físicas. Ressaltando</p><p>ainda que existem aqueles bens são não-patrimoniais, já que se referem a</p><p>bens que não podem ter o seu valor econômico calculado.</p><p>A doutrina apresenta várias classificações acerca das categorias</p><p>e classificações dos bens jurídicos, contudo, em nosso estudo iremos</p><p>abordar as classificações apresentadas pelo texto normativo presente no</p><p>Código Civil Brasileiro de 2002.</p><p>Nesse sentido, a classificação dos bens leva em consideração</p><p>diversos critérios, sendo alguns específicos e outros mais amplos, sendo</p><p>ainda válido destacar que o fato de um bem se encaixar em uma dada</p><p>categoria não o torna pertencente unicamente a esse espaço, já que</p><p>pode pertencer a mais de uma classificação ao mesmo tempo, tendo</p><p>em vista que diversos fatores são observados, ora sendo dada ênfase</p><p>às relações jurídicas, ora as qualidade físicas dos bens e em outros</p><p>Direito Civil</p><p>33</p><p>momentos ainda fazendo referência ao titular do domínio e a relação da</p><p>qual o bem jurídico faz parte.</p><p>Desta feita, quando observamos o disposto no Código Civil de 2002</p><p>podemos verificar que o Livro II pertencente a Parte Geral, em título único,</p><p>apresenta três capítulos distintos contendo as mais variadas classificações,</p><p>sendo essas: I) Dos bens considerados em si mesmos; II) Dos bens</p><p>reciprocamente considerados e III) Dos bens públicos, sendo que os bens</p><p>considerados em si mesmos apresentam ainda cinco categorias que são</p><p>abordadas em detalhes pelos dispositivos do mencionado código, sendo</p><p>essas seções referentes a, em conformidade com o CC/2002: I) Dos bens</p><p>imóveis; II) Dos bens móveis; III) Dos bens fungíveis e consumíveis; IV) Dos</p><p>bens divisíveis; V) Dos bens singulares e coletivos, como representado</p><p>pela Figura 2.</p><p>Figura 2 – Classificação dos Bens Jurídicos</p><p>Fungíveis e</p><p>consumíveis</p><p>Imóveis Móveis Divisíveis</p><p>Singulares e</p><p>Coletivos</p><p>Dos bens</p><p>consideráveis</p><p>em si mesmos</p><p>Dos bens</p><p>reciprocamente</p><p>considerados</p><p>Dos bens</p><p>públicos</p><p>Classificação</p><p>Fonte: Elaborado pela autora com base no Código Civil (2002).</p><p>Salienta-se ainda que dois tipos de bens foram retirados do Código</p><p>Civil de 2002, quando comparado o seu texto com o contido no Código</p><p>Civil de 1916, dessa forma os bens relativos as coisas foram do comércio</p><p>e aos bens de família deixaram de ser abordados nesse espaço, já que</p><p>foram abordados de maneira distinto e associados a assuntos mais</p><p>conexos com a sua natureza.</p><p>Direito Civil</p><p>34</p><p>Diante disso, nos tópicos a seguir iremos estudar as classificações</p><p>destacadas pelo Código Civil no espaço referente aos bens,</p><p>correspondendo a categorização destacada acima, então, vamos lá,</p><p>mergulhar nessa fonte de conhecimento e ampliar os nossos horizontes.</p><p>Bens Considerados em si Mesmos</p><p>Os bens considerados em si mesmo, como dito no tópico anterior,</p><p>englobam subcategorias classificatórias, envolvendo os bens imóveis,</p><p>os bens móveis, os bens fungíveis e consumíveis, bem como os bens</p><p>divisíveis, os bens singulares e coletivos. Assim, vamos estudar cada uma</p><p>dessas classificações a seguir.</p><p>Bens Imóveis</p><p>Uma das principais classificações presentes no campo dos bens</p><p>considerados em si mesmos é relativo aos bens móveis e imóveis, sendo</p><p>inclusive uma distinção e conceitos que faz parte do nosso cotidiano,</p><p>tanto como profissionais do âmbito jurídico, como cidadãos em si.</p><p>Assim, os bens imóveis são abordados pelos artigos de 79 a</p><p>81 do Código Civil de 2002, sendo definido no caput do mencionado</p><p>artigo 79 como sendo “o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou</p><p>artificialmente” (Brasil, 2002), dessa maneira não são os aspectos naturais</p><p>e originais da natureza que se atrelam ao solo e são considerados imóveis,</p><p>mas também aqueles construídos pelo homem e que seja incorporado</p><p>ao mesmo, dessa maneira um grande exemplo de imóvel artificial são</p><p>as casas, inclusive, o termo imóvel muitas vezes é usado como sinônimo</p><p>para o termo casas.</p><p>Além disso, podemos citar como imóvel natural as árvores e plantas</p><p>rasteiras, deixando bem claro que não são todos os tipos de plantas que</p><p>podem ser consideradas imóveis, já que aquelas que se encontram em</p><p>vasos removíveis, como o próprio nome afirma, podem ser removidas, e,</p><p>portanto, deslocadas. Dessa forma, são considerados bens imóveis para</p><p>os efeitos legais “I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os</p><p>asseguram e II - o direito à sucessão aberta.”</p><p>Direito Civil</p><p>35</p><p>Salienta-se ainda que o artigo 81 determina quais os bens que são</p><p>imóveis por ficção aplicada ao âmbito jurídico, sendo esses:</p><p>Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:</p><p>I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando</p><p>a sua unidade, forem removidas para outro local;</p><p>II - os materiais provisoriamente separados de um prédio,</p><p>para nele se reempregarem. (BRASIL, 2020)</p><p>Nesse sentindo, esses são aqueles bens considerados imóveis a</p><p>partir de determinações legais, assim pode ser citado como exemplo</p><p>a herança que por determinação do direito sucessório passe a ser</p><p>considerado como imóvel em razão do regime jurídico aplicável.</p><p>Bens Móveis</p><p>Por sua vez, em conformidade com o artigo 82 do Código Civil</p><p>Brasileiro de 2002, os bens móveis são aqueles “suscetíveis de movimento</p><p>próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou</p><p>da destinação econômico-social” (BRASIL, 2002).</p><p>Dessa maneira, essa é uma definição que se contrapõe a</p><p>apresentada acerca dos bens imóveis, já que os primeiros podem ser</p><p>transportados, enquanto os segundos não, assim um smartphone (Figura</p><p>3) é um bem móvel.</p><p>Figura 3 - Exemplo de bem móvel</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>Direito Civil</p><p>36</p><p>Dentro dos bens móveis ainda há outra subdivisão, já que os bens</p><p>móveis podem ser compreendidos por sua natureza, por determinação ou</p><p>por antecipação. Dessa forma, os bens móveis por natureza são aqueles</p><p>dotados de movimentos próprios, podendo ainda ser semoventes, que se</p><p>movem por si só, ou propriamente ditos, e que assim dependem de força</p><p>alheia para que se movam.</p><p>Já os bens móveis por determinação legal são os presentes</p><p>no artigo 83 do Código Civil, sendo esses: “I - as energias que tenham</p><p>valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações</p><p>correspondentes; e III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e</p><p>respectivas ações” (Brasil, 2002). Por fim, os bens por antecipação são</p><p>aqueles que se incorporam ao solo, mas desde o princípio possuem o</p><p>interesse e a intenção de que essa separação ocorra, para que o bem</p><p>possa ser convertido em bem móvel.</p><p>Bens Fungíveis e Consumíveis</p><p>Para que falemos na classificação relativa aos bens fungíveis e</p><p>consumíveis, também é necessário que passemos a entender o que</p><p>pode ser considerado como bem infungível e consumível. Dessa forma</p><p>a distinção presente entre os bens fungíveis e os infungíveis possui</p><p>relação com a natureza apresentada pelos bens, tendo em vista que</p><p>os bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros,</p><p>devendo ser levado em conta apenas os atributos relativos a quantidade,</p><p>as características e a natureza dos mesmos, em conformidade com</p><p>o artigo 85 do Código Civil, na medida em que os bens infungíveis</p><p>apresentam traços que demarcam as suas peculiaridades, assim não</p><p>podem ser substituídos, já que estão sendo negociados em razão dos</p><p>traços exclusivos que possuem.</p><p>Exemplo: Assim, para que você possa compreender melhor o</p><p>assunto imagine um vaso de flores simples e comum, existem vários</p><p>outros tipos de vasos semelhantes a esses, dessa forma se algum</p><p>imprevisto ou acidente acontecer com o mencionado vaso ele poderia</p><p>ser facilmente substituído por outro. Agora imagine a situação em que</p><p>João se interessou em adquirir determinado vaso pois o mesmo possui</p><p>Direito Civil</p><p>37</p><p>origem histórica, sendo um vaso que era utilizado pela rainha Mary Stuart</p><p>da Escócia, assim os demais vasos não cumpriram o papel assumido por</p><p>esse vaso em questão, já que apenas aquele pertenceu a rainha Mary,</p><p>enquanto os demais não. Diante disso, o vaso comum e simples é um</p><p>bem fungível, na medida em que o vaso que pertenceu a rainha Mary</p><p>Stuart é um bem infungível.</p><p>Por sua vez, os bens consumíveis, segundo o artigo 86 do</p><p>Código Civil de 2002, “são consumíveis os bens móveis cujo uso importa</p><p>destruição imediata da própria substância, sendo também considerados</p><p>tais os destinados à alienação”. Em outras palavras, os bens consumíveis</p><p>podem ser compreendidos como aqueles que se esgotam, se acabam ou</p><p>que são destruídos após a sua utilização, sendo esses os consumíveis de</p><p>fato, envolvendo a comida e os descartáveis, entre outros, sendo também</p><p>entendido como consumível aqueles bens que são objeto de alienação,</p><p>denominados consumíveis de direito, salienta-se que nesse caso o bem</p><p>poderá ser consumível para o vendedor, ao mesmo tempo em que é</p><p>inconsumível para o quem o adquire, conforme Gonçalves (2011).</p><p>Diante disso, conforme Gonçalves (2011), os bens inconsumíveis</p><p>são aqueles que não podem ser destruídos com a sua utilização, dessa</p><p>forma podem ser usados por repetidas vezes sem que a sua essência ou</p><p>função seja afetada, um exemplo seria um livro, já que ao adquirirmos o</p><p>livro podemos lê-lo várias vezes até que mesmo não sirva mais para uso,</p><p>podendo ser que o mesmo passe por gerações, a depender da maneira</p><p>que seja utilizado.</p><p>Ressalta-se ainda que um bem originalmente consumível pode se</p><p>tornar inconsumível a depender das circunstâncias que envolvam a relação</p><p>jurídica, dessa forma um exemplo é uma garrafa de vinho guardada como</p><p>recordação de um casamento, assim se tornará inconsumível por aquilo</p><p>que representa, e não por sua natureza.</p><p>Direito Civil</p><p>38</p><p>Bens Divisíveis</p><p>Os bens divisíveis são abordados pelos artigos 87 e 88 do Código</p><p>Civil de 2002, sendo compreendidos como aqueles bens que podem</p><p>ser fracionados sem que isso resulte em alteração na sua substância</p><p>ou importe na diminuição significativa do seu valor, também não sendo</p><p>capaz de proporcionar prejuízo ao uso e as finalidades a que se destinam,</p><p>em conformidade com o Código em questão.</p><p>Mesmo que os bens indivisíveis não sejam conceituados pelo</p><p>determinado instrumento legal, a sua definição pode ser concluída</p><p>em contraposição a apresentada, dessa maneira os bens indivisíveis</p><p>podem ser entendidos como aqueles que não apresentam possibilidade</p><p>de serem divididos, seja essa indivisibilidade resultante da sua própria</p><p>natureza ou atribuída por determinação legal ou por convenção entre as</p><p>partes envolvidas, tendo em vista o disposto por Gonçalves (2011). Um</p><p>notebook (Figura 4), por exemplo, é um bem indivisível.</p><p>Figura 4 - Exemplo de bem indivisível</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>Direito Civil</p><p>39</p><p>Ressalta-se que mesmo que originalmente determinado bem seja</p><p>divisível por sua natureza, o mesmo pode passar a ser considerado como</p><p>indivisível em razão de uma determinação legal ou por vontade das partes</p><p>envolvidas na relação jurídicas em questão.</p><p>Bens Singulares e Coletivos</p><p>A última classificação pertencente aos bens consideráveis em si</p><p>mesmos é relativa aos bens singulares e aos bens coletivos. Dessa maneira,</p><p>os bens singulares são aqueles considerados em sua individualidade e</p><p>representados por sua unidade autônoma, assim podem ser subdivididos</p><p>em simples e compostos. Assim, em conformidade com o artigo 89 do</p><p>Código Civil de 2002, os bens singulares são definidos como “os bens</p><p>que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos</p><p>demais” (BRASIL, 2002).</p><p>Por sua vez, os bens coletivos são formados a partir da junção de</p><p>vários bens entendidos como singulares, que apresentam como resultado</p><p>um bem homogêneo em sua totalidade. O conceito atribuído aos bens</p><p>coletivos pelo Código Civil de 2002, por meio do artigo 90, se relaciona</p><p>com a “universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que,</p><p>pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária”, enfatizando</p><p>ainda no parágrafo único do mencionado artigo que “os bens que formam</p><p>essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias”</p><p>(BRASIL, 2002).</p><p>Um exemplo que pode ser apresentado com o intuito de esclarecer</p><p>esses conceitos pode ser visto a seguir: um boi é considerado como um</p><p>bem singular, contudo o gado é composto por diversos bois, e pode ser</p><p>compreendido como dotado de homogeneidade, havendo inclusive troca</p><p>e venda relativa ao gado. Outro exemplo de fácil entendimento se refere</p><p>aos livros, já que um livro é entendido como um bem singular, na medida</p><p>em que uma biblioteca é um bem coletivo.</p><p>Direito Civil</p><p>40</p><p>Dos Bens Reciprocamente Considerados</p><p>Os bens reciprocamente considerados são abordados pelos</p><p>artigos 92 a 97 do Código Civil de 2002 e a principal referência feita a</p><p>essa classificação mencionada a divisão entre o bem principal e os bens</p><p>acessórios, assim a primeira coisa que precisamos compreender sobre os</p><p>bens acessórios é que esses só irão existir se houver um bem principal,</p><p>possuindo muitas das características referentes ao mesmo.</p><p>Nesse sentido, o Código Civil de 2002, no artigo 92, define bem</p><p>principal como o “bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente”,</p><p>na medida em que o bem acessório é conceituado como sendo o bem</p><p>“cuja existência supõe a do principal”, também em conformidade com o</p><p>mencionado artigo. Diante disso, ainda é importante destacar que os bens</p><p>acessórios podem ser classificados em frutos, produtos, rendimentos,</p><p>pertenças, benfeitorias, partes integrantes e aquisições, diante disso</p><p>iremos destacar algumas dessas categorias.</p><p>Assim, os frutos podem ser compreendidos com os as utilidades</p><p>que o bem principal produz de forma periódica, e mesmo que colhidos</p><p>não diminuem o seu valor ou produção, já que são produzidos de maneira</p><p>periódica, assim para que um bem acessório seja considerado fruto</p><p>é preciso que atenda aos requisitos da periodicidade, inalterabilidade</p><p>da substância do bem principal e possibilidade de ser separado do</p><p>principal sem causar danos ao mesmo. Já os produtos também são as</p><p>utilidades produzidos pelo bem principal, contudo, não apresenta como</p><p>característica a periodicidade, constituindo assim um bem principal</p><p>esgotável. Por sua vez, as pertenças são bens móveis que não são</p><p>considerados parte integrante do bem principal, sendo utilizados de forma</p><p>duradoura e relacionados ao serviço ou melhorias de outros bens. Outra</p><p>categoria relativa aos bens acessórios recebem o nome de rendimentos,</p><p>sendo que esses se relacionam a espécies dos frutos, não possuindo</p><p>autonomia, também são denominados frutos civis.</p><p>Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou</p><p>necessárias.</p><p>§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que</p><p>não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem</p><p>mais agradável ou sejam de elevado valor.</p><p>§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.</p><p>Direito Civil</p><p>41</p><p>§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem</p><p>ou evitar que se deteriore.</p><p>Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos</p><p>ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do</p><p>proprietário, possuidor ou detentor. (BRASIL, 2002)</p><p>Por fim, conforme apresentado pelos os artigos 96 e 97 do Código</p><p>Civil de 2002, as benfeitorias são bens acessórios que são incorporados</p><p>ao principal por atitudes resultantes de ações do homem, possuindo</p><p>como objetivo conservar, melhorar ou tornar algo mais belo.</p><p>Bens Públicos</p><p>Os bens públicos são abordados pelos artigos de 98 a 103 do</p><p>Código Civil de 2002, e de maneira geral, podem ser compreendidos</p><p>como aqueles bens que pertencem às pessoas jurídicas de direito</p><p>público, tendo em vista que aqueles que não se encaixam nessa definição</p><p>serão compreendidos como bens particulares. Nesse sentido, o artigo 99</p><p>do código em estudo é o responsável por apresentar quais serão os bens</p><p>considerados públicos, sendo esses:</p><p>I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares,</p><p>estradas, ruas e praças;</p><p>II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos</p><p>destinados a serviço ou estabelecimento da administração</p><p>federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de</p><p>suas autarquias;</p><p>III - os dominicais, que constituem o patrimônio das</p><p>pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito</p><p>pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.</p><p>Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário,</p><p>consideram-se dominicais os bens pertencentes às</p><p>pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado</p><p>estrutura de direito privado. (BRASIL, 2002)</p><p>Salienta-se ainda que os bens públicos são de uso comum do</p><p>povo, assim quando for necessário a utilização especial de algum desses</p><p>espaços, deve-se levar em conta o seu caráter inalienável, na medida</p><p>em que conservarem a sua qualificação, em conformidade com as</p><p>legislações, como determina o artigo 100 do Código Civil de 2002.</p><p>Direito Civil</p><p>42</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo</p><p>tudinho? Agora, só para termos certeza de que você</p><p>realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,</p><p>vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido</p><p>que os bens jurídicos além de serem importantes em si</p><p>mesmo, ainda apresentam uma vasta classificação que</p><p>demonstram a sua relevância para o nosso aprendizado,</p><p>sendo que essa classificação se configura da seguinte</p><p>maneira: I) Dos bens considerados em si mesmos; II)</p><p>Dos bens reciprocamente considerados e III) Dos bens</p><p>públicos, sendo que os bens considerados em si mesmos</p><p>apresentam ainda cinco categorias que são abordadas</p><p>em detalhes pelos dispositivos do mencionado código,</p><p>sendo essas seções referentes a, em conformidade com o</p><p>CC/2002: I) Dos bens imóveis; II) Dos bens móveis; III) Dos</p><p>bens fungíveis e consumíveis; IV) Dos bens divisíveis; V)</p><p>Dos bens singulares e coletivos. Em seguida aprendemos</p><p>em detalhes cada uma dessas classificações e pudemos</p><p>chegar à conclusão de que as categorias conversam entre</p><p>si, já que mesmo que sejam distintas podem ser associadas</p><p>de alguma forma.</p><p>Direito Civil</p><p>43</p><p>Aquisições, Modificações e Perda dos</p><p>Direitos</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo você será capaz de compreender</p><p>como ocorrer a aquisição, a modificação e a extinção</p><p>dos Direitos presentes no âmbito do Direito Civil, sendo</p><p>imprescindível o entendimento desse tema em razão</p><p>dos próximos que serão discutidos. Isto será fundamental</p><p>para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para</p><p>desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.</p><p>Aspectos Introdutórios Sobre Aquisições,</p><p>Modificações e Perda de Direito</p><p>Até o presente momento estamos estudando as disposições</p><p>presentes na Parte Geral do Código Civil de 2002, assim até aqui já</p><p>pudemos verificar que um assunto está interconectado ao outro, podendo</p><p>essa relação ser estabelecida de forma direta ou indireta, dessa forma</p><p>muitos dos conteúdos abordados anteriormente são fundamentais para</p><p>a compreensão das aquisições, modificações e extinção de direitos,</p><p>assim como esse assunto é de uma importância para o entendimento dos</p><p>negócios jurídicos que serão melhores estudados na próxima unidade.</p><p>Assim, iremos partir para o estudo acerca de cada um desses</p><p>momentos jurídicos, dando ênfase aos principais pontos relativos ao</p><p>tema.</p><p>Direito Civil</p><p>44</p><p>Aquisição de Direitos</p><p>Segundo Gonçalves (2011), a aquisição de direitos pode acontecer</p><p>por meio da incorporação ao patrimônio e da personalidade do titular.</p><p>Aquisição de Direitos no Âmbito Patrimonial</p><p>A aquisição do direito irá ocorrer quando esse é atribuído ao seu</p><p>titular, sob esse ponto de vista no campo do direito patrimonial a aquisição</p><p>ocorrerá quando o domínio for estabelecido, tendo em vista que a</p><p>propriedade se subordina ao mesmo. No campo do direito patrimonial os</p><p>direitos podem ser adquiridos de duas formas, sendo essas pelo modo</p><p>originário ou pelo modo derivado.</p><p>Em conformidade com Gonçalves (2011), o modo originário o direito</p><p>será classificado dessa maneira quando o seu surgimento for simultâneo a</p><p>apropriação do bem,</p><p>não havendo, assim, interposições ou transferências</p><p>de uma pessoa para a outra. Em outras palavras ocorrerá quando não</p><p>houver sido estabelecido um vínculo entre o atual proprietário e o anterior,</p><p>assim o direito está surgindo pela primeira vez, portanto, não havendo</p><p>interferência por parte do titular anterior.</p><p>Com o intuito de esclarecer essa aquisição de direito, imagine o</p><p>trabalho exercido por um pescador x, ao pescar um peixe ocorrerá a</p><p>aquisição originária, pois o referido animal em momento anterior não</p><p>pertencia a ninguém e passou a ser do pescador x, a partir do momento</p><p>em que foi pescado pelo mesmo, por outro lado, se você se dirigir a feira</p><p>com o intuito de comprar o peixe, mesmo que aquele animal passe a</p><p>ser seu, a aquisição não se deu de forma originária, pois você precisou</p><p>estabelecer um vínculo com o vendedor do peixe.</p><p>É importante salientar que nem sempre a aquisição originária terá</p><p>como objeto um bem que não pertenceu a ninguém anteriormente, já que</p><p>o critério para que essa aquisição ocorra pelos moldes originários está no</p><p>fato de que não exista um vínculo entre o atual e o anterior proprietário, de</p><p>maneira que não ocorra interposições ou transferências de uma pessoa</p><p>para a outra. Desta feita, existem situações em que o bem já esteve sob o</p><p>domínio de alguém em momento anterior, mas não houve a transferência</p><p>Direito Civil</p><p>45</p><p>ao titular pelo anterior proprietário, devendo ainda ser levado em conta os</p><p>casos em que a propriedade tiver sido tomada de forma natural e violenta</p><p>por outrem, não tendo havido a transferência.</p><p>Dessa maneira, um outro exemplo será apresentado com o intuito</p><p>de esclarecer essa hipótese de aquisição, assim imagine a situação em</p><p>que você se aproprie de um bem abandonado, não haverá a transferência</p><p>e aquisição será originária pois o vínculo com o bem encontrado será</p><p>estabelecido no momento de sua apropriação e domínio. Também é um</p><p>exemplo as hipóteses de usucapião que é uma aquisição originária, e</p><p>que em alguns casos é caracterizada pela presença de violência, quando</p><p>for concedida contra a vontade do atual proprietário, assim o bem terá</p><p>sido adquirido de forma originária e sem a formação do vínculo com o</p><p>proprietário, não havendo a transferência, mas sim, a aquisição por meio</p><p>de decisão judicial.</p><p>Por sua vez, ainda segundo Gonçalves (2011), a aquisição por</p><p>modo derivado, ao contrário do verificado na aquisição de modo</p><p>originário, irá ocorrer quando houver o estabelecimento do vínculo entre</p><p>o proprietário atual e o anterior, dessa maneira será necessário que</p><p>ocorra a transferência do direito de uma pessoa para a outra, assim o</p><p>direito adquirido irá permanecer com todas as qualidades ou os defeitos</p><p>presentes anteriormente.</p><p>Um exemplo de aquisição por modo derivado são todas aquelas</p><p>que possuem como base os contratos de compra e venda, no qual duas</p><p>partes estão envolvidas, um fornecendo o valor em pecúnia determinado</p><p>e o outro adquirindo o bem jurídico em questão, seja esse uma casa, um</p><p>carro, um livro, um smartphone e assim por diante.</p><p>Salienta-se ainda que um fato importante da aquisição do modo</p><p>derivado consiste na ideia de que ninguém pode transmitir mais do que</p><p>possui, por isso a transferência ocorre com as características pertencentes</p><p>ao titular anterior, sendo transferidos juntamente com a aquisição de</p><p>todos os ônus pertencentes ao direito.</p><p>Direito Civil</p><p>46</p><p>Não entendeu? Pense no seguinte exemplo, você deseja adquirir</p><p>um imóvel que está à venda, contudo, o mesmo possui dívidas de IPTU,</p><p>mas mesmo assim você efetua a compra. Dessa forma, será transferido</p><p>para a sua propriedade, tanto a casa quanto as dívidas relacionadas a</p><p>mesma.</p><p>Diante do exposto, a principal diferença entre a aquisição originária</p><p>e a aquisição derivada tem como escopo a existência da relação entre o</p><p>proprietário atual e o que o antecedeu, pois se essa existir a aquisição será</p><p>derivada, caso não exista será originária.</p><p>Classificação Quanto o Processamento da Aquisição</p><p>de Direitos</p><p>Além da aquisição ser originária ou derivada existem outras</p><p>classificações responsáveis por categorizar a aquisição de direitos, dessa</p><p>maneira a aquisição pode ser onerosa ou gratuita. Dessa forma, aquisição</p><p>será onerosa quando for necessário que ocorra uma contraprestação</p><p>entre as partes envolvidas na relação jurídica, assim voltamos para o</p><p>exemplo da compra e venda da casa, já que aqui teremos duas partes</p><p>que irão se beneficiar com o acordo estabelecido e ter os seus interesses</p><p>atendidos, pois uma parte passará a ser proprietário da casa, na medida</p><p>em que a outra passará a ter o dinheiro correspondente a venda.</p><p>Por sua vez, a aquisição gratuita se caracteriza pelo fato de apenas</p><p>uma das partes se beneficiar com a aquisição, em outras palavras, apenas</p><p>um lado dos envolvidos irão obter vantagem a partir da relação jurídica</p><p>firmada, isso ocorre, por exemplo, nos casos de sucessão hereditária, no</p><p>qual o autor da herança não será beneficiado com a partilha, mas sim, os</p><p>seus ascendentes ou descendentes, não havendo contraprestação, tendo</p><p>em vista os ensinamentos apresentados pela obra de Gonçalves (2011).</p><p>Direito Civil</p><p>47</p><p>Classificação Quanto à Extensão da Aquisição de</p><p>Direitos</p><p>Outra classificação que merece destaque é a que categoriza a</p><p>aquisição de direitos com base em sua extensão, dessa maneira pode se</p><p>dá por título singular e por título universal.</p><p>Assim, a classificação da aquisição de direitos a título singular se</p><p>refere a aquisição que ocorre com base em bens determinados, assim,</p><p>mais uma vez mencionado o contrato de compra e venda da casa, a</p><p>aquisição se refere a uma casa determinada e não a qualquer casa, assim</p><p>se o imóvel em questão por algum motivo não estiver mais disponível o</p><p>contrato não poderá ser efetuado e a aquisição não irá ocorrer.</p><p>Já a aquisição de direitos a título universal apresenta um caráter</p><p>mais genérico, tendo em vista que se refere à aquisição sobre todos os</p><p>direitos que estão sendo transferidos, assim um exemplo é a sucessão</p><p>que ocorre em casos de morte, pois o herdeiro passará a ser dono de</p><p>todos os direitos do seu antecessor.</p><p>Classificação Quanto ao Processo Formativo da</p><p>Aquisição de Direitos</p><p>A última classificação referente a aquisição de direitos é aquela que</p><p>se refere ao seu processo formativo, sendo que esse pode ocorrer de</p><p>forma simples ou complexa. Assim, será simples quando a aquisição de</p><p>direitos se realizar em apenas um ato, na medida em que será complexa</p><p>quando o processo de aquisição de direitos precisar de mais de um ato</p><p>para que seja formado. Dessa forma, como exemplo de uma aquisição de</p><p>direito por processo formativo simples temos a assinatura em um cheque,</p><p>na medida em a usucapião é uma aquisição de direito por processo</p><p>complexo.</p><p>Direito Civil</p><p>48</p><p>Outros Aspectos da Aquisição de Direitos</p><p>Além das mencionadas classificações é importante para o campo da</p><p>aquisição de direitos, o entendimento sobre o que pode ser compreendido</p><p>como direito atual, direito futuro, expectativa de direito, direito eventual e</p><p>direito convencional.</p><p>Figura 5 - Aspectos extras da aquisição de direitos</p><p>Aquisição</p><p>de Direitos</p><p>Direito atual</p><p>Direito eventual</p><p>Direito futuro</p><p>Expectativa de</p><p>Direito</p><p>Direito</p><p>Convencional</p><p>Fonte: Elaborado pela autora com base em Oliveira, 1998.</p><p>Segundo Oliveira (1998), o direito atual faz menção aos direitos que</p><p>já foram incorporados ao domínio do titular e em razão disso já podem</p><p>ser exercidos pelos mesmos da maneira que o proprietário desejar, assim</p><p>um smartphone que já foi comprado e entregue pode ser utilizado para o</p><p>que o dono desejar, seja esse um uso simples ou excêntrico. Por sua vez,</p><p>o direito futuro é aquele que ainda não foi incorporado ou constituído,</p><p>mas que existe a possibilidade de que o seja, um exemplo é automóvel</p><p>Direito Civil</p><p>49</p><p>que esteja sendo pago em parcelas, a propriedade do mesmo só será</p><p>transferida em sua totalidade</p>

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