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<p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>PRISÃO EM FLAGRANTE</p><p>A origem etimológica da palavra “prisão” é o latim prensio, derivação de prehensio,</p><p>do verbo prehendere, que significa agarrar, prender.</p><p>Inicialmente cumpre destacar a determinação constitucional acerca das prisões:</p><p>Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado</p><p>de sentença penal condenatória;</p><p>(...)</p><p>LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e</p><p>fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de</p><p>transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;</p><p>Tais dispositivos trazem para o mundo jurídico 2 preceitos básicos acerca da</p><p>prisão: necessidade e indispensabilidade da providência, a serem aferidas em decisão</p><p>fundamentada da autoridade judicial.</p><p>Com base nisso, frisa-se que a prisão é medida excepcionalíssima, devendo ser</p><p>aplicado somente quando esta medida se mostra indispensável para a aplicação da lei penal,</p><p>para a investigação ou para a instrução, além de servir para evitar a prática de infrações penais</p><p>(NECESSIDADE). Deve-se observar também a gravidade do crime, circunstâncias do fato e</p><p>condições pessoais do indiciado ou acusado (ADEQUAÇÃO/INDISPENSABILIDADE) –</p><p>arts. 282 e 312/CPP</p><p>- Tipos de prisões:</p><p>*¹ Vide súmula nº 419 do STJ e Súmula Vinculante nº 25</p><p>PRISÕES</p><p>CAUTELAR /PROCESSUAL/</p><p>PROVISÓRIA</p><p>- Necessidade de se obter uma investigação ou</p><p>instrução probatória;</p><p>--> Medida cautelar (meio)</p><p>PENA</p><p>- Advém da imposição de sentença condenatória,</p><p>com trânsito em julgado;</p><p>--> Efetiva sanção penal (fim)</p><p>CIVIL Decorrente de obrigação alimentar*¹</p><p>ADMINISTRATIVA Decorrente de infrações penais militares</p><p>PARA</p><p>AVERIGUAÇÃO</p><p>Privação momentânea da liberdade fora das</p><p>hipóteses de flagrante e sem ordem judicial, com</p><p>finalidade de investigação. É INCONSTITUCIONAL e</p><p>configura o crime de abuso de autoridade.</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>A matéria “Prisões” passou por uma primeira reforma legislativa com o advento da lei</p><p>nº 12.403 de 2011. A referida legislação trouxe relevantes alterações acerca das prisões e</p><p>liberdade provisória, inserindo inúmeras alternativas ao cárcere.</p><p>A partir da citada lei, passou-se a ter duas diferentes modalidades de cautelares no</p><p>processo penal:</p><p>a) Prisões;</p><p>b) medidas cautelares, diversas da prisão</p><p>Com esta reforma processual penal, tentou-se assumir, em definitivo, a natureza</p><p>cautelar de toda a prisão antes do trânsito em julgado, além de ampliar o leque de alternativas</p><p>para proteção da regular tramitação do processo penal com a previsão de diversas outras</p><p>modalidades de medidas cautelares.</p><p>Antes de adentrar ao tema principal proposto, faz-se necessário entender as</p><p>características comuns das medidas cautelares de natureza penal.</p><p>Características das medidas cautelares:</p><p>a) Acessoriedade: a medida cautelar depende do “processo” principal (judicial ou</p><p>investigativo).</p><p>b) Preventividade: destina-se a prevenir a ocorrência de danos irreparáveis enquanto</p><p>não se alcança o final do processo-crime.</p><p>c) Instrumentalidade hipotética e qualificada: A medida cautelar é o instrumento para</p><p>assegurar a eficácia do processo de conhecimento e este, por sua vez, é o instrumento utilizado</p><p>pelo Estado para poder exercer o jus puniendi.</p><p>d) Provisioriedade: sua eficácia é provisória. Ao se alcançar o resultado do processo,</p><p>a cautelar torna-se desnecessária.</p><p>e) Revogabilidade (variabilidade): depende da persistência da dos motivos que a</p><p>evidenciaram.</p><p>f) Não definitividade: a sua decisão não faz coisa julgada.</p><p>g) Jurisdicionalidade: resulta da cláusula de reserva de jurisdição, consubstanciada</p><p>pela necessidade de controle jurisdicional sobre a medida cautelar.</p><p>h) Sumariedade: em razão da natureza urgente, o juiz exerce uma cognição sumária,</p><p>permanecendo em nível superficial (limitada em sua profundidade). Em outras palavras, não</p><p>se busca um juízo de certeza, basta uma probabilidade de dano e de direito, que são,</p><p>respectivamente, o periculum libertatis e o fumus comissi delicti.</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>Espécies de cautelares:</p><p>a) Patrimonial: relacionadas à reparação do dano e/ou perdimento de bens como efeito</p><p>da condenação. Ex.: arresto, sequestro, hipoteca.</p><p>b) Probatórias: visam a obtenção de provas para instruir o processo. Ex.: busca</p><p>domiciliar; produção antecipada de provas.</p><p>c) Pessoais: são as medidas restritivas ou privativas de locomoção - Medidas cautelares</p><p>diversas da prisão que estão previstas no art. 319 e 320/CPP (medida menos gravosa) e</p><p>cautelares ad custodiam (ultima ratio)</p><p>PRISÕES CAUTELARES:</p><p>* Não é pacificado o entendimento acerca da prisão</p><p>domiciliar como espécie de prisão provisória.</p><p>Por se tratar de medida cautelar, a ocorrência das prisões cautelares pressupõe-se a</p><p>coexistência do fumus commissi delicti e do periculum libertatis.</p><p>Fumus Commissi Delicti consiste na existência de indícios de autoria e prova</p><p>de materialidade da infração em apuração.</p><p>Periculum Libertatis diz respeito à necessidade de segregação do acusado,</p><p>antes mesmo da condenação.</p><p>PRISÃO EM FLAGRANTE:</p><p>A palavra flagrante vem do latim flagrare, “flamejar, arder”, com o significado de</p><p>“ação ainda quente”, o momento em que essa ação está sendo feita.</p><p>PRISÕES</p><p>CAUTELARES</p><p>FLAGRANTE</p><p>PREVENTIVA</p><p>TEMPORÁRIA</p><p>DOMICILIAR *</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>É uma forma de prisão que pode ser aplicada a quem é pego no momento do ato</p><p>criminoso ou logo após fazê-lo.</p><p>Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:</p><p>I - está cometendo a infração penal;</p><p>II - acaba de cometê-la;</p><p>III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer</p><p>pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;</p><p>IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis</p><p>que façam presumir ser ele autor da infração.</p><p>- Natureza Jurídica da Prisão em Flagrante:</p><p>Como exposto acima, majoritariamente, a natureza jurídica da prisão em flagrante é</p><p>de prisão cautelar.</p><p>No entanto, o doutrinador Renato Brasileiro, apresenta um entendimento muito</p><p>interessante e lógico. Ele defende que, depois que a prisão em flagrante passou a não mais</p><p>justificar, por si só, a subsistência da prisão provisória do agente, em decorrência da</p><p>necessidade da realização da audiência de custódia, ocasião em que o juiz analisará a</p><p>possibilidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, ela passou a ter</p><p>caráter precautelar. Ou seja, a prisão em flagrante objetiva apenas a captura do agente para</p><p>apresentá-lo à autoridade judicial, não se dirige, portanto, a garantir a eficácia do processo</p><p>judicial, sendo está a finalidade de uma medida cautelar.</p><p>Para ele, atualmente, só seriam medidas cautelares de natureza pessoal: a prisão</p><p>temporária; a prisão preventiva (derivada, originária ou subsidiária) e; liberdade provisória</p><p>com ou sem fiança, cumulada ou não com as medidas cautelares diversas da prisão.</p><p>- Fases da prisão em flagrante:</p><p>1ª) Captura;</p><p>2ª) Condução coercitiva;</p><p>3ª) Lavratura do auto de prisão em flagrante (elaboração do APF);</p><p>4ª) Recolhimento à Prisão.</p><p>A partir do momento em que a autoridade judiciária é comunicada acerca da detenção,</p><p>o ato converte-se em ato judicial.</p><p>- Tipos de flagrante:</p><p>a) Obrigatório (compulsório): Forças policiais tem o dever, mesmo fora do</p><p>expediente de trabalho, pois configura estrito cumprimento do dever legal - Art. 301.</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>Ressalta-se que o artigo 301 do CPP faz referência apenas à polícias, excluindo,</p><p>portanto, as autoridades judiciárias e do MP. Tal obrigatoriedade também não abrange os</p><p>militares das forças</p><p>armadas quando presenciarem a prática de um crime comum. Este dever</p><p>jurídico incumbe apenas às Polícias Civis e Militares Estaduais e à Polícia Federal, nos termos</p><p>do art. 301 do CPP e §§4º e 5º do art. 144 da Constituição Federal. Assim, o art. 243 do CPPM,</p><p>que impõe dever jurídico aos militares para prenderem quem se encontrar em flagrante delito,</p><p>deve ser interpretado restritivamente, apenas para abranger os crimes militares definidos em</p><p>lei.</p><p>O descumprimento do dever de prender em flagrante, quando possível, desde que</p><p>por desleixo, preguiça ou por interesse pessoal, podendo caracterizar o crime de prevaricação</p><p>e infração administrativa.</p><p>b) Facultativo: Qualquer do povo pode prender - Art. 301;</p><p>c) Próprio (perfeito, verdadeiro, real ou propriamente dito): Acontece quando o</p><p>agente está cometendo o delito – Art. 302, inciso I - ou quando o agente acabou de cometer o</p><p>delito e ainda está no local do crime - Art. 302, inciso II.</p><p>d) Impróprio (quase-flagrante ou irreal): Ocorre quando o indivíduo é perseguido</p><p>logo após a prática do crime - Art. 302, inciso III.</p><p>Para a configuração dessa espécie de flagrante é necessária a conjunção de 3</p><p>fatores:</p><p>a) Requisito de atividade: Perseguição;</p><p>b) Requisito temporal: Logo após a prática do crime;</p><p>c) Requisito circunstancial: Situação que faça presumir ser autor da</p><p>infração.</p><p>Segundo Fernando Capez, “logo após” compreende todo o espaço de tempo</p><p>necessário para a polícia chegar ao local, colher provas elucidadoras da ocorrência do crime</p><p>e dar início à perseguição. Não há um critério objetivo para definir o que seja o logo após,</p><p>devendo a questão ser examinada a partir do caso concreto.</p><p>Não é necessário que a perseguição tenha se iniciado de imediato e irá se estender</p><p>no tempo enquanto houver a necessidade, dispensando contato visual, desde que seja</p><p>contínua/ininterrupta.</p><p>A interpretação doutrinária e jurisprudência acerca da perseguição decorre do</p><p>próprio texto legal:</p><p>Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município</p><p>ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar,</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se</p><p>for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.</p><p>§ 1º - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:</p><p>a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o</p><p>tenha perdido de vista;</p><p>b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado,</p><p>há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no</p><p>seu encalço.</p><p>e) Presumido (ficto ou assimilado): Ocorre quando o agente é encontrado logo</p><p>depois pratica o delito, por acaso, com objetos, que façam presumir que praticou a infração -</p><p>Art. 302, inciso IV.</p><p>Neste caso, o sujeito não é perseguido, mas localizado, ainda que casualmente, na</p><p>posse de instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.</p><p>Exemplo: Quando alguém rouba um carro e, um tempo depois, é parado em uma</p><p>blitz de rotina da polícia que constata a ocorrência do roubo e, por isso, leva o condutor até a</p><p>delegacia e lá a vítima o reconhece.</p><p>f) Esperado: Ocorre quando a polícia se coloca em campana e logra prender o</p><p>autor do crime. Ressalta-se que nesse caso, não existe induzimento ou instigação de ninguém</p><p>interessado em realizar a prisão, logo, por meio de uma análise de oportunidade do delegado</p><p>de polícia, espera-se o melhor momento para efetuar a prisão.</p><p>Exemplo: A polícia recebe a informação de que um determinado banco seria</p><p>assaltado em dia e horário determinado, e se coloca em posição de vigilância para realizar a</p><p>prisão dos criminosos.</p><p>g) Postergado (diferido, retardado, protelado, ação controlada): Nasceu com o</p><p>combate ao crime organizado – Lei nº 9.034/95. Permite que a polícia retarde a prisão em</p><p>flagrante na esperança de efetivá-la no momento mais oportuno para a colheita de provas;</p><p>captura de infratores e/ou enquadramento no crime exponencial da organização (infiltração</p><p>do agente).</p><p>• Imediatamente</p><p>após</p><p>•Flagrante</p><p>PRÓPRIO</p><p>"Acaba de</p><p>cometê-</p><p>la"</p><p>•Lapso temporal</p><p>suficiente para</p><p>perseguição</p><p>•Flagrante</p><p>IMPRÓPRIO</p><p>"Logo</p><p>após"</p><p>•Sem</p><p>perseguição</p><p>•Flagrante</p><p>PRESUMIDO</p><p>"Logo</p><p>depois"</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>Está atualmente regulamentado no artigo 8º da Lei nº 12.850/2013:</p><p>Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou</p><p>administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela</p><p>vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a</p><p>medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e</p><p>obtenção de informações.</p><p>§1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será</p><p>previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá</p><p>os seus limites e comunicará ao Ministério Público.</p><p>§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter</p><p>informações que possam indicar a operação a ser efetuada.</p><p>§3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz,</p><p>ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o</p><p>êxito das investigações.</p><p>§4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da</p><p>ação controlada.</p><p>A mesma providência passou a ser prevista na lei nº 11.343/2006, em seu artigo</p><p>53, inciso II:</p><p>Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes</p><p>previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante</p><p>autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes</p><p>procedimentos investigatórios:</p><p>I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída</p><p>pelos órgãos especializados pertinentes;</p><p>II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores</p><p>químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem</p><p>no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar</p><p>maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem</p><p>prejuízo da ação penal cabível.</p><p>Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será</p><p>concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação</p><p>dos agentes do delito ou de colaboradores.</p><p>Obs.: O flagrante Postergado difere do flagrante esperado, pois nesse, o agente é</p><p>obrigado a efetuar a prisão em flagrante no primeiro momento em que ocorrer o delito, não</p><p>podendo escolher um momento posterior que considerar mais adequado.</p><p>AGENTE DE INTELIGÊNCIA x AGENTE INFILTRADO: Aquele tem ação</p><p>preventiva e genérica e este tem função repressiva e investigativa, visando a obtenção de</p><p>elementos probatórios relacionados a fatos supostamente criminosos. Para a atuação do agente</p><p>infiltrado, exige-se autorização judicial ou, ao menos, uma comunicação prévia ao juiz.</p><p>h) Preparado (provocado, delito de ensaio, delito putativo por obra do agente</p><p>provocador): Ocorre quando a situação flagrancial sofre a intervenção de terceiros (particular</p><p>ou agente público), antes da prática do crime. Existe a figura do agente provocador que de</p><p>forma insidiosa, instiga o agente com o objetivo de prendê-lo em flagrante.</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>Exemplo: Policial que encomenda um documento com uma pessoa que está sendo</p><p>investigada pelo crime de falsificação de documento e no momento da entrega, efetiva a prisão</p><p>em flagrante.</p><p>Neste sentido, importante ressaltar o entendimento do STF:</p><p>Súmula 145/STF: Não há crime, quando a preparação do</p><p>flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.</p><p>O entendimento jurisprudencial e doutrinário é no sentido de que não só a prisão</p><p>é ilegal, como o fato praticado é atípico, pois caracteriza</p><p>em flagrante.</p><p>i) Candidatos:</p><p>Nos quinze dias que antecedem as eleições, o candidato só poderá ser preso em</p><p>flagrante. Nenhuma outra forma de prisão pode ser cumprida nesse período.</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>NÃO PODEM SER</p><p>PRESOS EM</p><p>NENHUMA</p><p>HIPÓTESE</p><p>SÓ PODEM SER PRESOS</p><p>EM FLAGRANTE POR</p><p>CRIMES</p><p>INAFIANÇÁVEIS</p><p>EM CERTAS ÉPOCAS</p><p>SÓ PODEM SER</p><p>PRESOS EM</p><p>FLAGRANTE</p><p>Presidente da República Deputados e Senadores</p><p>Eleitor, nos 5 dias</p><p>anteriores e nas 48 horas</p><p>posteriores ao</p><p>encerramento da eleição</p><p>Agentes diplomáticos</p><p>Juízes de Direito e membros</p><p>do MP</p><p>Candidatos nos 15 dias</p><p>anteriores ao pleito</p><p>Menores de idade</p><p>Advogados, por crime</p><p>cometido no exercício da</p><p>profissão</p><p>Membros das mesas</p><p>receptoras e fiscais dos</p><p>partidos, no dia da eleição</p><p>- Julgados importantes:</p><p>TRÁFICO DE DROGAS. CRIME PERMANENTE. NULIDADE DE</p><p>PROVAS. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO. AUTORIZAÇÃO DO</p><p>PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL. 1. O crime de tráfico de drogas é</p><p>permanente sendo desnecessária a autorização judicial ou consentimento do</p><p>morador, quando há situação de flagrante. 2. Não há nulidade de provas</p><p>por violação de domicílio se a busca no local onde o réu morava se deu</p><p>após abordagem pessoal em via pública, na qual ele foi encontrado na</p><p>posse de drogas, e com o consentimento da proprietária do imóvel no</p><p>qual o réu residia gratuitamente. 3. Apelação não provida. (TJ-DF</p><p>00082566420178070001 DF 0008256-64.2017.8.07.0001, Relator: J.J.</p><p>COSTA CARVALHO, Data de Julgamento: 18/03/2021, 1ª Turma Criminal,</p><p>Data de Publicação: Publicado no PJe: 06/04/2021. Pág.: Sem Página</p><p>Cadastrada.)</p><p>HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE REVISÃO CRIMINAL.</p><p>TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E ASSOCIAÇÃO PARA O</p><p>TRÁFICO. INVASÃO DOMICILIAR EFETUADA POR POLICIAIS DA</p><p>GUARDA MUNICIPAL SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. DENÚNCIA</p><p>ANÔNIMA E FUGA DO SUSPEITO PARA O INTERIOR DE SUA</p><p>RESIDÊNCIA AO AVISTAR A VIATURA POLICIAL. AUSÊNCIA DE</p><p>JUSTA CAUSA. NULIDADE DAS PROVAS OBTIDAS NA BUSCA E</p><p>APREENSÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.</p><p>HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE</p><p>OFÍCIO. 1. O Superior Tribunal de Justiça, alinhando-se à nova</p><p>jurisprudência da Corte Suprema, também passou a restringir as hipóteses de</p><p>cabimento do habeas corpus, não admitindo que o remédio constitucional</p><p>seja utilizado em substituição ao recurso ou ação cabível, ressalvadas as</p><p>situações em que, à vista da flagrante ilegalidade do ato apontado como</p><p>coator, em prejuízo da liberdade do paciente, seja cogente a concessão, de</p><p>ofício, da ordem de habeas corpus (AgRg no HC 437.522/PR, Rel. Ministro</p><p>FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07/06/2018, DJe</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>15/06/2018). 2. O Supremo Tribunal Federal definiu, em repercussão geral,</p><p>que o ingresso forçado em domicílio sem mandado judicial apenas se revela</p><p>legítimo - a qualquer hora do dia, inclusive durante o período noturno -</p><p>quando amparado em fundadas razões, devidamente justificadas pelas</p><p>circunstâncias do caso concreto, que indiquem estar ocorrendo, no interior</p><p>da casa, situação de flagrante delito (RE n. 603.616/RO, Rel. Ministro</p><p>Gilmar Mendes) DJe 8/10/2010). Nessa linha de raciocínio, o ingresso em</p><p>moradia alheia depende, para sua validade e sua regularidade, da existência</p><p>de fundadas razões (justa causa) que sinalizem para a possibilidade de</p><p>mitigação do direito fundamental em questão. É dizer, somente quando o</p><p>contexto fático anterior à invasão permitir a conclusão acerca da ocorrência</p><p>de crime no interior da residência é que se mostra possível sacrificar o direito</p><p>à inviolabilidade do domicílio. Precedentes desta Corte. 3. Assim, "a mera</p><p>denúncia anônima, desacompanhada de outros elementos preliminares</p><p>indicativos de crime, não legitima o ingresso de policiais no domicílio</p><p>indicado, estando, ausente, assim, nessas situações, justa causa para a</p><p>medida" (HC 512.418/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA</p><p>TURMA, julgado em 26/11/2019, DJe 03/12/2019.) 4. A existência de</p><p>denúncia anônima de tráfico de drogas no local associada ao avistamento de</p><p>um indivíduo correndo para o interior de sua residência não constituem</p><p>fundamento suficiente para autorizar a conclusão de que, na residência em</p><p>questão, estava sendo cometido algum tipo de delito, permanente ou não.</p><p>Necessária a prévia realização de diligências policiais para verificar a</p><p>veracidade das informações recebidas (ex: "campana que ateste</p><p>movimentação atípica na residência"). Precedentes: RHC 89.853/SP, Rel.</p><p>Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 18/02/2020,</p><p>DJe 02/03/2020; RHC 83.501/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA</p><p>TURMA, julgado em 06/03/2018, DJe 05/04/2018; REsp 1.593.028/RJ, Rel.</p><p>Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em</p><p>10/03/2020, DJe 17/03/2020. 5. Aliás, em recente decisão, a Colenda Sexta</p><p>Turma deste Tribunal proclamou, nos autos do HC 598.051, da relatoria do</p><p>Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sessão de 02/03/2021 (....) que os</p><p>agentes policiais, caso precisem entrar em uma residência para</p><p>investigar a ocorrência de crime e não tenham mandado judicial, devem</p><p>registrar a autorização do morador em vídeo e áudio, como forma de</p><p>não deixar dúvidas sobre o seu consentimento. A permissão para o</p><p>ingresso dos policiais no imóvel também deve ser registrada, sempre que</p><p>possível, por escrito. E apresentou as seguintes conclusões: a) Na hipótese</p><p>de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos de standard</p><p>probatório para ingresso no domicílio do suspeito sem mandado judicial, a</p><p>existência de fundadas razões (justa causa), aferidas de modo objetivo e</p><p>devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa ocorre</p><p>situação de flagrante delito. b) O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese</p><p>ser classificado como crime de natureza permanente, nem sempre autoriza a</p><p>entrada sem mandado no domicílio onde supostamente se encontra a droga.</p><p>Apenas será permitido o ingresso em situações de urgência, quando se</p><p>concluir que do atraso decorrente da obtenção de mandado judicial se possa,</p><p>objetiva e concretamente, inferir que a prova do crime (ou a própria droga)</p><p>será destruída ou ocultada. c) O consentimento do morador, para validar o</p><p>ingresso de agentes estatais em sua casa e a busca e apreensão de objetos</p><p>relacionados ao crime, precisa ser voluntário e livre de qualquer tipo de</p><p>constrangimento ou coação. d) A prova da legalidade e da voluntariedade do</p><p>consentimento para o ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso</p><p>de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa</p><p>que autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível,</p><p>testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada em áudio-</p><p>vídeo, e preservada tal prova enquanto durar o processo. e) A violação a</p><p>essas regras e condições legais e constitucionais para o ingresso no</p><p>domicílio alheio resulta na ilicitude das provas obtidas em decorrência</p><p>da medida, bem como das demais provas que dela decorrerem em</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>relação de causalidade, sem prejuízo de eventual responsabilização</p><p>penal dos agentes públicos que tenham realizado a diligência. 6. No caso</p><p>concreto, a leitura dos depoimentos prestados em Juízo, no 1º grau de</p><p>jurisdição, demonstra que os policiais adentraram a residência dos pacientes</p><p>sem sua prévia permissão e sem prévia autorização judicial, baseados apenas</p><p>em denúncia anônima, desacompanhada de outros elementos preliminares</p><p>indicativos de crime, e no fato de que, ao ver a viatura policial, um dos</p><p>pacientes e seu irmão adolescente teriam corrido para o interior de sua</p><p>residência. 7. Reconhecida a ilegalidade da entrada da autoridade</p><p>policial no domicílio do paciente sem prévia autorização judicial, a prova</p><p>colhida na ocasião (05 sacos plásticos,</p><p>com 30 porções de cocaína cada</p><p>um, com peso total de 64g, uma balança de precisão e R$ 627,00 em</p><p>dinheiro) deve ser considerada ilícita. 8. Já tendo havido condenação dos</p><p>pacientes no 1º grau de jurisdição, confirmada por apelação criminal</p><p>transitada em julgado, deve ser anulado o título judicial condenatório</p><p>que se ampara unicamente nas provas colhidas na busca e apreensão</p><p>reconhecida como ilícita e em provas dela derivadas. 9. Habeas corpus</p><p>não conhecido. Ordem concedida de ofício, para reconhecer a nulidade das</p><p>provas de tráfico de entorpecentes e de associação para o tráfico coletadas</p><p>em busca e apreensão ilegal e, consequentemente, anular a sentença que</p><p>condenou os pacientes pelos delitos previstos no art. 33, caput, e 35, c.c. o</p><p>artigo 40, VI, todos da Lei 11.3434/06, devendo eles serem absolvidos de</p><p>ambos os delitos por ausência de provas da materialidade do delito (art. 386,</p><p>II, do CPP). (STJ - HC: 625504 SP 2020/0298864-2, Relator: Ministro</p><p>REYNALDO SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento: 09/03/2021,</p><p>T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/03/2021)</p><p>- Crimes:</p><p>- Crimes de ação penal privada ou condicionada à representação: Admite</p><p>prisão em flagrante, porém o respectivo auto de prisão somente poderá ser lavrado se houver</p><p>requerimento do ofendido ou de seu representante legal ou se for apresentada a representação,</p><p>respectivamente.</p><p>- Homicídio e lesão corporal na direção de veículo automotor: O artigo 301</p><p>do CTB veda a prisão em flagrante do conduto que preste imediato e integral socorro para a</p><p>vítima.</p><p>- Infrações de menor potencial ofensivo:</p><p>Art. 69, parágrafo único, da Lei 9099/95. Ao autor do fato que, após a</p><p>lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o</p><p>compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem</p><p>se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,</p><p>como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de</p><p>convivência com a vítima.</p><p>O parágrafo único do artigo 69 da Lei 9.0099/95 deve ser interpretado de forma</p><p>extensiva, pois nestas infrações, como já afirmado, poderá ocorrer a prisão em flagrante, como</p><p>realidade prática, ou seja, a captura e a apresentação ao Delegado de Polícia de alguém que</p><p>está cometendo ou acaba de cometer uma infração penal. Mas não poderá haver a prisão em</p><p>flagrante como realidade formal, ou seja, apresentado o autor do fato, não será lavrado o auto</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>de prisão em flagrante, mas apenas o termo circunstanciado de ocorrência e o termo de</p><p>compromisso. No entanto, caso não assuma o compromisso de comparecer ao Juizado, o auto</p><p>de prisão em flagrante será lavrado nos termos do artigo 304 do Código de Processo Penal.</p><p>- Auto de prisão em flagrante:</p><p>O referido auto deve ser lavrado no prazo de 24 horas a contar do ato da prisão,</p><p>pois o artigo 306, §1º do CPP exige que seja encaminhada cópia dele ao juiz competente</p><p>dentro do prazo mencionado.</p><p>Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão</p><p>comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à</p><p>família do preso ou à pessoa por ele indicada.</p><p>§1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será</p><p>encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o</p><p>autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a</p><p>Defensoria Pública.</p><p>- Procedimento para a lavratura do Auto de Prisão em flagrante:</p><p>Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o</p><p>condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do</p><p>termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das</p><p>testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a</p><p>imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas</p><p>assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.</p><p>§1º Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a</p><p>autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou</p><p>de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para</p><p>isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.</p><p>§2º A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em</p><p>flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos</p><p>duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.</p><p>§3º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo,</p><p>o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham</p><p>ouvido sua leitura na presença deste.</p><p>§4º Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação</p><p>sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma</p><p>deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos</p><p>filhos, indicado pela pessoa presa.</p><p>Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa</p><p>designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso</p><p>legal.</p><p>Apresentação do</p><p>preso</p><p>Oitiva do condutor</p><p>Oitiva</p><p>dastestemunhas</p><p>(pelo menos 2)</p><p>Oitiva da vítima</p><p>Interrogatório do</p><p>preso</p><p>Lavratura do auto de</p><p>prisão</p><p>Entrega da nota de</p><p>culpa ao preso em 24</p><p>horas</p><p>Remessade cópia do</p><p>flagrante ao juízo e</p><p>ao defensor público</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>• Nota de culpa: É o documento por meio do qual a autoridade dá ciência ao</p><p>preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das testemunhas. A</p><p>nota deve ser assinada pela autoridade e entregue ao preso, mediante recibo</p><p>no prazo de 24 horas a contar da efetivação da prisão.</p><p>Art. 306, §2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a</p><p>nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do</p><p>condutor e os das testemunhas.</p><p>Se o preso se recusar a assinar o recibo, a autoridade deve elaborar uma certidão</p><p>constando o incidente, que deverá ser também assinada por outras 2 pessoas.</p><p>É importante frisar que eventuais irregularidades da nota de culpa não acarretam</p><p>a nulidade do auto de prisão em flagrante. Porém, a ausência da nota de culpa no prazo legal</p><p>acarreta a ilegalidade da prisão.</p><p>Todavia, segundo o STJ, eventuais atrasos na entrega no prazo legal da nota de</p><p>culpa constituem meras irregularidades, não determinando a nulidade do ato processual</p><p>regularmente válido.</p><p>- Providências que devem ser tomadas pelo juiz ao receber a cópia da prisão em</p><p>flagrante:</p><p>Como pode-se perceber com a leitura do artigo 306 do Código de Processo Penal, não</p><p>existe a previsão de que a autoridade policial, após a lavratura do auto de prisão em flagrante,</p><p>deva apresentar o autuado à autoridade judiciária. A obrigatoriedade que consta no citado</p><p>artigo é quanto a comunicação e envio de cópias dos autos do IP. Contudo, foram</p><p>implementados por volta de 2015, em diversas unidades da federação, normas emanadas do</p><p>Poder Judiciário local, que estabelecem a obrigatoriedade de a pessoa presa ser apresentado</p><p>ao magistrado, no mesmo prazo de 24 horas, para que, após manifestação do Ministério</p><p>Público e do Defensor, possa deliberar sobre a necessidade de manutenção da prisão.</p><p>A Convenção Americana de Direitos Humanos (1969), do qual o Brasil é signatário,</p><p>já impunha a apresentação do preso a um juiz. Esse procedimento ficou conhecido como</p><p>audiências de custódia ou audiência de apresentação.</p><p>Após o questionamento quanto a validade das audiências de Custódia por meio de uma</p><p>ação direta de inconstitucionalidade (ADI 5240) e de uma arguição de descumprimento de</p><p>preceito fundamental (ADPF 347), ocasiões em que o STF entendeu pela constitucionalidade</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>de tal ato, o Conselho Nacional de Justiça aprovou a resolução nº 213/2015, regulamentando</p><p>em todo o território nacional</p><p>o procedimento nas audiências de custódia.</p><p>Com o Pacote Anticrime, o ato passou a ser expressamente previsto em Lei - Arts. 287</p><p>e 310 do CPP.</p><p>A audiência de custódia tem dupla finalidade:</p><p>a) Tutelar a integridade física do preso;</p><p>b) Analisar a legalidade da prisão e a necessidade da sua manutenção.</p><p>A Resolução do CNJ determina que toda pessoa presa seja apresentada a uma</p><p>autoridade judiciária, abrangendo o flagrante e outras prisões, como a prisão temporária e a</p><p>prisão preventiva. No entanto, o Poder Judiciário, mesmo nas Capitais mais desenvolvidas,</p><p>não tem condições operacionais de realizar a audiência de custódia com os presos com</p><p>mandados de prisão.</p><p>O Pacote anticrime só disciplinou a audiência de custódia no que tange à prisão em</p><p>flagrante, diferentemente do que restou estabelecido no Pacto de São José da Costa Rica. No</p><p>entanto, em dezembro de 2020, o Ministro Edson Fachin (STF) decidiu que a audiência de</p><p>custódia deve ser realizada em todos os tipos de prisão, ou seja, prisão em flagrante, prisões</p><p>cautelares (temporárias e preventivas) e para cumprimento de pena.</p><p>Antes de analisar a pertinência daquela prisão, o juiz deverá:</p><p>1. Informar ao custodiado sobre o seu direito de permanecer em silêncio;</p><p>2. Assegurar que a pessoa não esteja algemada, salvo em casos de</p><p>resistência e fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física</p><p>própria ou alheia, devendo, nesses casos, ser justificada por escrito a</p><p>necessidade do uso de algemas;</p><p>3. Questionar se lhe foi dada a oportunidade de se consultar com seu</p><p>defensor previamente;</p><p>4. Indagar sobre como se deu a prisão, o tratamento em todos os locais por</p><p>onde ele passou (do momento da prisão até a audiência de custódia);</p><p>5. Questionar sobre a ocorrência de eventual tortura e/ou maus tratos;</p><p>6. Verificar se houve a realização de exame de corpo de delito.</p><p>https://canalcienciascriminais.com.br/tag/stf/</p><p>https://canalcienciascriminais.com.br/tag/audiencia-de-custodia/</p><p>https://canalcienciascriminais.com.br/tag/audiencia-de-custodia/</p><p>https://canalcienciascriminais.com.br/tag/prisao/</p><p>https://canalcienciascriminais.com.br/tag/prisao-em-flagrante/</p><p>https://canalcienciascriminais.com.br/tag/pena/</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>Após os questionamentos acima, o juiz deferirá ao Ministério Público e à defesa</p><p>perguntas compatíveis com a natureza do ato, devendo indeferir perguntas relativas ao mérito</p><p>dos fatos.</p><p>Além disso, o juiz deverá se atentar à realização do exame de corpo de delito ad</p><p>cautelam. No caso de o custodiado não ter sido submetido ao exame; ou se no laudo constarem</p><p>registros se mostrarem insuficientes; se existir a alegação de tortura e maus tratos for após a</p><p>realização do exame ou; se o exame tiver sido realizado na presença de alguma agente policial</p><p>(em hipótese alguma o exame pode ser realizado na presença de agentes policiais), o juiz</p><p>deverá determinar a realização de novo exame.</p><p>Em seguida o juiz poderá:</p><p>Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de</p><p>até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá</p><p>promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado</p><p>constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério</p><p>Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:</p><p>I - relaxar a prisão ilegal; ou</p><p>II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os</p><p>requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas</p><p>ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou</p><p>III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.</p><p>§1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou</p><p>o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III</p><p>do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940</p><p>(Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade</p><p>provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos</p><p>processuais, sob pena de revogação.</p><p>§2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização</p><p>criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito,</p><p>deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.</p><p>§3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da</p><p>audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá</p><p>administrativa, civil e penalmente pela omissão.</p><p>§4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo</p><p>estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia</p><p>sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada</p><p>pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata</p><p>decretação de prisão preventiva. (Este parágrafo está com a eficácia suspensa</p><p>pela decisão liminar pelo Ministro Luiz Fux, em 21/01/2020, nas ADIs 6.298,</p><p>6.299, 6.300 e 6305).</p><p>a) Relaxamento de Prisão:</p><p>O relaxamento da prisão incide na prisão ilegal e esta medida está respaldada na</p><p>Constituição Federal:</p><p>Art. 5º, LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade</p><p>judiciária;</p><p>As hipóteses de ilegalidade da prisão que levam ao relaxamento são:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art312...</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>a.1) Falta de formalidade essencial na lavratura do auto. Exemplos: ausência da</p><p>oitiva do condutor; falta de entrega da nota de culpa;</p><p>a.2) Inexistência de hipótese de flagrante. Exemplo: pessoa presa muitos dias após</p><p>o cometimento do crime;</p><p>a.3) Atipicidade da conduta;</p><p>a.4) Excesso de prazo da prisão.</p><p>ATENÇÃO! Antes da lei 12.403/2011 era comum o relaxamento por excesso de prazo</p><p>em razão da demora na realização da instrução criminal. Atualmente, essa hipótese tem se</p><p>tornado cada vez mais rara, pois o flagrante é convertido em prisão preventiva na audiência</p><p>de custódia e, com a entrada em vigor do Pacote Anticrime, tornou-se obrigatória a revisão</p><p>quanto à necessidade da manutenção da prisão preventiva a cada 90 dias, mediante decisão</p><p>fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal, nos termos do parágrafo único do</p><p>artigo 316.</p><p>→ Contra decisão que relaxa prisão em flagrante cabe Recurso em Sentido Estrito</p><p>(artigo 581, V, do CPP). Já a decisão que mantém o indiciado preso pode ser atacada pela via</p><p>de habeas corpus.</p><p>b) Conversão do flagrante em prisão preventiva:</p><p>Quando a prisão em flagrante é legal e o juiz verifica se estão presentes os requisitos</p><p>dos artigos 312 e 313 do CPP.</p><p>O artigo 310 do CPP, exige, ainda, que o juiz análise a possibilidade (suficiência e</p><p>adequação) de aplicação e qualquer outra medida cautelar diversa da prisão as quais estão</p><p>previstas nos artigos 319 e 320 do CPP.</p><p>→ A decisão que decreto ou denega a prisão preventiva tem natureza interlocutória</p><p>simples. Contra decisão que denega o pedido de prisão preventiva cabe Recurso em Sentido</p><p>Estrito (artigo 581, V, do CPP). Já a decisão que a decreta pode ser atacada pela via de habeas</p><p>corpus.</p><p>c) Concessão de liberdade provisória:</p><p>Se o juiz da audiência de Custódia entender ausentes os requisitos para a decretação</p><p>na prisão preventiva e no caso de a prisão ter sido legal, o juiz deverá conceder liberdade</p><p>provisória, com ou sem fiança dependendo do caso, podendo, ainda, cumular e liberdade</p><p>provisória com qualquer das medidas cautelares diversas da prisão.</p><p>Professora Ana Paula Correia de Souza</p><p>Direito Processual Penal I</p><p>O link abaixo é de uma reportagem sobre a audiência de custódia:</p><p>https://globoplay.globo.com/v/8117397/</p><p>→ Contra decisão que concede liberdade</p><p>provisória cabe Recurso em Sentido Estrito</p><p>(artigo 581, V, do CPP) e contra ela que indefere cabe habeas corpus.</p><p>Após realizada a audiência de custódia, o Ministério Público oferecerá a denúncia e</p><p>o processo andará normalmente.</p><p>https://globoplay.globo.com/v/8117397/</p>provisória cabe Recurso em Sentido Estrito (artigo 581, V, do CPP) e contra ela que indefere cabe habeas corpus. Após realizada a audiência de custódia, o Ministério Público oferecerá a denúncia e o processo andará normalmente. https://globoplay.globo.com/v/8117397/