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<p>INTRODUÇÃO</p><p>À EDUCAÇÃO A</p><p>DISTÂNCIA - EAD</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Identificar a importância da competência socioemocional no currículo.</p><p>> Analisar o vínculo do estudante com a IEs e os envolvidos nos processos de</p><p>ensino e aprendizagem.</p><p>> Descrever atividades práticas relacionadas à humanização no EAD.</p><p>Introdução</p><p>Já há alguns anos, as práticas tradicionais de ensino têm sido revistas, dando lugar</p><p>aos currículos voltados para o desenvolvimento de competências. As competências</p><p>pressupõem a capacidade de mobilização e uso dos conhecimentos adquiridos</p><p>nas instituições educacionais, para o enfrentamento de demandas diversas.</p><p>Assim como no ensino presencial, na educação a distância (EAD) o currículo</p><p>deve estar voltado para o desenvolvimento de competências. As competências</p><p>socioemocionais ganham uma grande relevância, por serem necessárias</p><p>para que os educandos construam uma identidade digital e se engajem nos</p><p>conteúdos e atividades propostos. Cabe às instituições de ensino (IEs) que</p><p>oferecem cursos EAD identificar o perfil do aluno e propor ações educativas.</p><p>Essas ações devem não só possibilitar o desenvolvimento das competências</p><p>previstas no currículo, mas também oportunizar as competências socioemo-</p><p>cionais necessárias ao estabelecimento de vínculos entre elas e os estudantes.</p><p>Neste capítulo você vai estudar o papel da competência socioemocional</p><p>no currículo e o vínculo entre os alunos, a IES e outros envolvidos nos</p><p>A humanização</p><p>da EAD</p><p>Maria Elena Roman de Oliveira Toledo</p><p>processos de ensino e aprendizagem. Vai, além disso, conhecer algumas ações</p><p>já desenvolvidas e bem-sucedidas, a fim de desenvolver subsídios para o</p><p>planejamento e a implantação de ações pertinentes às especificidades da</p><p>sua realidade educativa.</p><p>Competência socioemocional no currículo</p><p>O termo “competência” surgiu nos anos 1970, no âmbito empresarial, para</p><p>nomear o que caracteriza uma pessoa que é capaz de realizar determinada</p><p>tarefa de maneira eficiente. Desde então, esse termo passou a ser utilizado de</p><p>forma bastante generalizada, estando presente em quase todas as propostas</p><p>de desenvolvimento e formação profissional. No mundo empresarial,</p><p>expressões como “gestão por competências”, “formação por competências”,</p><p>“desenvolvimento profissional por competências”, dentre outras, são bastante</p><p>comuns (ZABALA; ARNAU, 2010).</p><p>De acordo com Perrenoud (2000, p. 16), a noção de competência designa</p><p>“uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar</p><p>um tipo de situação”. As competências não se constituem como saberes e</p><p>atitudes, mas promovem a mobilização, a integração e a orquestração de</p><p>tais recursos. Essa mobilização ocorre quando o indivíduo se depara com</p><p>situações análogas a outras, já vivenciadas anteriormente.</p><p>São múltiplos os significados da noção de competência. Eu a definirei aqui como</p><p>sendo uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação,</p><p>apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Para enfrentar uma situação</p><p>da melhor maneira possível, deve-se, via de regra, pôr em ação e em sinergia vários</p><p>recursos cognitivos complementares, entre os quais estão os conhecimentos</p><p>(PERRENOUD, 1999, p. 4).</p><p>Portanto, um indivíduo é considerado competente quando consegue, diante</p><p>de uma situação-problema determinada, identificar e mobilizar os saberes</p><p>já construídos e criar estratégias utilizando recursos cognitivos diversos que</p><p>lhe possibilitem o enfrentamento da demanda.</p><p>Pouco tempo depois que o termo foi usado nos contextos empresariais, essas</p><p>ideias passaram a permear discussões na área da educação, primeiramente</p><p>em relação à formação profissional dos educadores e, depois, em relação</p><p>às diferentes etapas e aos diferentes níveis educacionais. A relevância do</p><p>desenvolvimento das competências a partir das práticas educativas começou a</p><p>ser discutida, sobretudo, porque as práticas tradicionais de ensino precisavam</p><p>A humanização da EAD2</p><p>ser revisadas (ZABALA; ARNAU, 2010). Algumas mudanças eram necessárias,</p><p>como passar a considerar o contexto de vida do estudante e rever a forma</p><p>de avaliação baseada em memorização.</p><p>O currículo tradicional baseado em conteúdo, muitas vezes, impõe obstáculos</p><p>na identificação do significado em relação ao contexto em que o aluno vive e</p><p>sua função social, quer histórica, científica, cultural, profissional, cotidiana. Além</p><p>disso, tendo provas ou verificações como forma de avaliação, acaba-se destacando</p><p>a memorização em vez da aprendizagem. Pouco conteúdo é construído como</p><p>conhecimento, porque não há uma participação ativa do indivíduo no processo</p><p>(BEHAR, 2013, p. 24).</p><p>O desenvolvimento de competências demanda um rompimento com as</p><p>práticas tradicionais pautadas pela memorização e pela mecanização dos</p><p>procedimentos. Isso significa mudar a perspectiva de centralização das ações</p><p>educativas na figura do professor para o aluno e a aprendizagem (BEHAR, 2013).</p><p>O currículo voltado para o desenvolvimento de competências deve fazer</p><p>parte de todas as modalidades educativas (presencial, híbrida e a distância).</p><p>Na EAD, as competências socioemocionais são muito importantes, porque,</p><p>para que o aluno faça o curso virtual com sucesso, é fundamental que ele</p><p>tenha automotivação e autodisciplina, já que o ambiente on-line é livre</p><p>e, justamente por isso, demanda responsabilidade, comprometimento e</p><p>disciplina (BEHAR, 2013).</p><p>As competências socioemocionais têm sido compreendidas como um</p><p>construto multidimensional que abarca variáveis emocionais (como</p><p>autoconhecimento e autocontrole), cognitivas (como empatia) e comportamentais</p><p>(perseverança, decisões responsáveis e comportamentos prossociais). Essas</p><p>variáveis contribuem para um desenvolvimento saudável ao longo de toda a</p><p>vida do indivíduo (DAMÁSIO, 2017).</p><p>Além disso, o aluno precisa saber trabalhar em conjunto com seus colegas</p><p>(que em geral são apenas conhecidos nos ambientes virtuais) para atingir os</p><p>objetivos de aprendizagem propostos (BEHAR, 2013).</p><p>Pesquisas têm demonstrado que os indivíduos com maiores níveis de</p><p>competências socioemocionais apresentam atitudes mais positivas em relação</p><p>a si mesmos, como autoestima mais alta, mais autoeficiência e persistência</p><p>frente aos objetivos, melhores relacionamentos interpessoais, além de mais</p><p>comprometimento e melhor desempenho acadêmico. Essas atitudes são</p><p>A humanização da EAD 3</p><p>fundamentais para que o aluno dos cursos a distância assuma um compromisso</p><p>com sua formação acadêmica, a partir da construção de vínculos sólidos com a</p><p>IE em que está matriculado e com os parceiros de aprendizagem (professores,</p><p>tutores e colegas) (DAMÁSIO, 2017).</p><p>Uma competência socioemocional muito importante nos ambientes</p><p>virtuais de aprendizagem é a empatia. Entende-se por empatia</p><p>a capacidade de assumir a perspectiva dos outros e de utilizar habilidades</p><p>para entender suas necessidades e sentimentos, agindo com generosidade</p><p>e consideração. Uma pessoa considerada empática é capaz de construir</p><p>relacionamentos próximos, bem como ajudar, apoiar e dar assistência tanto</p><p>material quanto imaterial para outras pessoas. A empatia deve ser praticada</p><p>tanto entre alunos e professores/tutores quanto entre os próprios estudantes,</p><p>contribuindo para a construção de um ambiente mais humanizado (INSTITUTO</p><p>AYRTON SENNA, 2020).</p><p>Como vimos, a adoção de um currículo voltado para o desenvolvimento</p><p>de competências é fundamental, nos cursos de ensino a distância, para que</p><p>os conhecimentos construídos possam ser utilizados em diferentes contex-</p><p>tos. Além das competências previstas no currículo, a partir dos conteúdos</p><p>propostos, as competências socioemocionais têm um papel fundamental</p><p>na trajetória acadêmica dos alunos de cursos em EAD, por possibilitarem a</p><p>tomada de atitudes fundamentais para o engajamento no curso e nas ati-</p><p>vidades e, para o estabelecimento de vínculos com a IE e com os diferentes</p><p>atores envolvidos nos processos de ensino e de aprendizagem.</p><p>O estudante e as IEs</p><p>A EAD demanda bastante disciplina e</p><p>autonomia por parte dos alunos, dada a</p><p>natureza das situações de ensino e de aprendizagem. Exige do estudante uma</p><p>postura ativa diante do conhecimento, porque ele não vai apenas sentar-se</p><p>em uma cadeira e ouvir o professor falar e transmitir os conteúdos, como</p><p>ocorre em muitos cursos presenciais. Precisa ler os materiais e organizar seus</p><p>estudos por conta própria. Por não conseguirem isso, muitos alunos acabam</p><p>tendo dificuldade para aprender e abandonando o curso (CARVALHO JUNIOR;</p><p>BARBOSA; CASTRO, 2021).</p><p>Os alunos da EAD têm perfis bastante diversos no que diz respeito aos</p><p>gostos, conhecimentos, culturas e idades. Conhecer esses perfis é fundamental</p><p>para todos aqueles que trabalham com a EAD, para que possam adotar</p><p>A humanização da EAD4</p><p>estratégias que garantam o engajamento dos alunos nas atividades, bem</p><p>como sua permanência nos cursos. Saber quem é o aluno virtual e quais são</p><p>suas demandas ajuda o professor no planejamento de cursos que atendam</p><p>às necessidades e que sejam, verdadeiramente, focados nos educandos</p><p>(BEHAR, 2013).</p><p>Para que o engajamento dos alunos nos cursos seja garantido, é necessário</p><p>oportunizar a eles treinamento e suporte acerca das tecnologias utilizadas</p><p>no curso, acesso a serviços como os do campus da universidade, serviços de</p><p>apoio aos estudantes e um eficiente sistema de comunicação, com devolutivas</p><p>e avaliações, dentre outros.</p><p>Nem sempre os alunos virtuais conseguem se adaptar ao ensino a</p><p>distância, seja por conta de questões pessoais (trabalho, família, vida</p><p>social), seja pela falta de experiência com a tecnologia. Algumas pessoas</p><p>estão na “fase de alfabetização e letramento digital”, o que significa que</p><p>ainda estão aprendendo a lidar com as tecnologias geralmente usadas num</p><p>curso a distância. Então, elas acabam tendo que aprender, além do conteúdo</p><p>programado, os recursos tecnológicos necessários para acompanhar o curso</p><p>(BEHAR, 2013, p. 162).</p><p>De acordo com o Censo EAD.BR, publicado pela Associação Brasileira</p><p>de Educação a Distância em 2010, muitos dos alunos que se matriculam na</p><p>EAD estão longe dos estudos acadêmicos já há algum tempo e têm pouca</p><p>experiência com o uso de recursos digitais. Por isso, é muito importante</p><p>que as instituições que oferecem cursos nessa modalidade conquistem</p><p>os alunos, apresentando a eles as inovações e as possibilidades da EAD e</p><p>que identifiquem as competências exigidas nesse processo. Com isso, elas</p><p>conseguirão antecipar e minimizar conflitos e problemas, aumentando a</p><p>motivação necessária para os processos de aprendizagem (BEHAR, 2013).</p><p>Além disso, muitas vezes, o aluno da EAD chega ao curso com concepções,</p><p>estratégias e formas de atuar diferentes das necessárias, por trazerem, muito</p><p>arraigadas, formas de agir características do ensino presencial. A mudança de</p><p>paradigmas, portanto, embora demande tempo, deve ser objeto de atenção</p><p>das IEs que oferecem cursos a distância (BEHAR, 2013).</p><p>A criação de uma identidade virtual ocorre, com mais facilidade, para os</p><p>estudantes que já têm mais experiência com o uso de tecnologias digitais. A</p><p>familiaridade com as tecnologias, construída a partir das práticas cotidianas,</p><p>auxilia o aluno a se apropriar das ferramentas e dos procedimentos. Para</p><p>Behar (2013, p. 164), o desenvolvimento de tal identidade demanda os três</p><p>pontos fundamentais a seguir.</p><p>A humanização da EAD 5</p><p>� Atuação estratégica: organização do tempo, formas de comunicação, disposição,</p><p>motivação para a temática, etc.</p><p>� Compreensão das características do grupo, bem como das tarefas, dos objetivos</p><p>do curso e do contexto em que está inserido; e, por fim,</p><p>� Condições tecnológicas, que se referem à conexão do aluno, à utilização das</p><p>ferramentas e à familiaridade com a tecnologia.</p><p>Para que esses três pontos sejam contemplados, faz-se necessário que</p><p>os responsáveis pelos cursos oferecidos na modalidade EAD conheçam e</p><p>compreendam os diferentes perfis dos educandos e proponham ações edu-</p><p>cativas que contemplem suas necessidades reais.</p><p>Como vimos, nos ambientes de aprendizagem virtuais, assim como nos</p><p>presenciais, é muito importante que as práticas tradicionais de ensino, centra-</p><p>lizadas no professor, sejam substituídas por outras, centralizadas no aluno e</p><p>nos processos de aprendizagem. A revisão das práticas educativas possibilita</p><p>a adoção de um currículo voltado para o desenvolvimento de competências.</p><p>Para que as competências do currículo sejam atingidas e os alunos se</p><p>engajem no ensino, as IEs proponentes de cursos devem conhecer os perfis</p><p>dos educandos, para identificar suas necessidades e propor ações educativas</p><p>que possam atendê-las. Esse atendimento oportuniza o estabelecimento</p><p>de vínculos entre o estudante e a IE e se constitui como um facilitador dos</p><p>processos de aprendizagem.</p><p>Práticas de humanização na EAD</p><p>Muitas discussões sobre a EAD recaem sobre o relacionamento do estudante com</p><p>a IE concedente dos cursos e com seus pares, que envolvem racionalidade e o</p><p>campo dos afetos humanos. Essas questões são vistas como limitações da EAD</p><p>e, como tal, com potencial para mitigar o seu valor. Para que a desvalorização</p><p>seja superada, as IEs devem adotar processos didáticos que favoreçam a parti-</p><p>cipação, a comunicação e a interação entre todos os participantes do curso, em</p><p>um ambiente de aprendizagem colaborativo (CLEMENTINO, 2011; VERGARA, 2007).</p><p>Para que os cursos oferecidos na modalidade a distância sejam humani-</p><p>zados, um aspecto relevante, que deve ser objeto de atenção por parte IEs,</p><p>são os processos comunicativos. Isso porque:</p><p>Em cursos a distância, como uma das formas prioritárias de conexão com os partici-</p><p>pantes se dá por meio das palavras em uma tela, diferentes formas de comunicação</p><p>e interação devem ser pensadas, para suprir as possíveis dificuldades que os alunos</p><p>sintam: a distância física do grupo e do tutor; sentir-se sozinho com o computador;</p><p>aguardar as respostas às perguntas feitas; etc... (CLEMENTINO, 2011, p. 3).</p><p>A humanização da EAD6</p><p>Adotar processos comunicativos eficientes e adequados ao alunado do</p><p>curso facilita o entendimento e a apropriação dos conteúdos, ao mesmo</p><p>tempo que permite o desenvolvimento de sentimentos de relação pessoal</p><p>que geram nos alunos prazer e motivação para a aprendizagem. Três são</p><p>os elementos a serem contemplados nos processos comunicativos para a</p><p>humanização dos ambientes de aprendizagem virtuais: as interações, os</p><p>feedbacks e o atendimento personalizado (CLEMENTINO, 2011).</p><p>As interações são pontos fundamentais para o sucesso das ações edu-</p><p>cativas oferecidas na modalidade EAD. Confira no Quadro 1 três tipos de</p><p>interações nos ambientes virtuais de aprendizagem: aluno-conteúdo, aluno-</p><p>-professor e aluno-aluno.</p><p>Quadro 1. Tipos de interações nos ambientes virtuais</p><p>Interação</p><p>aluno-conteúdo</p><p>Interação entre o aprendiz e o conteúdo ou tema de estudo:</p><p>processo fundamental para a aprendizagem, porque</p><p>possibilita mudanças na compreensão do aprendiz.</p><p>Interação</p><p>aluno-professor</p><p>Interação entre o aprendiz e o especialista que preparou</p><p>o material ou algum outro especialista que atue como</p><p>instrutor: na EAD, os instrutores buscam alcançar</p><p>os objetivos compartilhados com todos os outros</p><p>educadores. Procuram estimular e manter a motivação do</p><p>estudante para a aprendizagem, incluindo a autodireção e</p><p>a automotivação.</p><p>Interação</p><p>aluno-aluno</p><p>Interação interaprendiz, entre um aprendiz e outros</p><p>aprendizes, sozinhos ou em grupos, com ou sem a</p><p>presença de um instrutor em tempo real: aspecto</p><p>fundamental para a aprendizagem e para a manutenção</p><p>do interesse dos alunos, por conta do sentimento de</p><p>pertencer a um grupo.</p><p>Fonte: Adaptado de Moore e Kearsley (2013).</p><p>A interação entre o aprendiz e o conteúdo ou tema de estudo estabelece</p><p>uma conversação didática interna (MOORE; KEARSLEY, 2013) e, por meio</p><p>dela, os estudantes conversam consigo mesmos sobre as informações que</p><p>encontram nos diferentes materiais disponibilizados no ambiente virtual</p><p>de aprendizagem. Essa interação é fundamental, porque possibilita</p><p>mu-</p><p>danças na compreensão do aprendiz sobre os temas abordados e provoca</p><p>transformações nas suas estruturas cognitivas a partir da construção de</p><p>novos conhecimentos.</p><p>A humanização da EAD 7</p><p>Os materiais didáticos dos cursos oferecidos na modalidade a distân-</p><p>cia têm um papel fundamental para promover novas aprendizagens,</p><p>manter a motivação e construir um ambiente virtual mais humanizado. A lingua-</p><p>gem utilizada nesses materiais deve possibilitar a autonomia dos estudantes na</p><p>realização dos seus estudos. Na EAD, a linguagem tem um papel fundamental</p><p>para facilitar aprendizagens e ajudar no vínculo entre professor/tutor e aluno,</p><p>porque permite a interlocução dos agentes do processo educativo. Por isso, ela</p><p>precisa ser de fácil interpretação, adequada ao público que se pretende atender</p><p>e passível de adaptações e atualizações (PERCILIO; OLIVEIRA, 2018).</p><p>A interação entre o aluno e o professor que preparou o material ou outro</p><p>profissional responsável pela mediação pedagógica nos ambientes virtuais é</p><p>importante para que os estudantes se apropriem dos objetivos propostos ao</p><p>curso e para que se mantenham motivados à aprendizagem. Nessa interação,</p><p>os profissionais da educação devem apoiar os percursos de aprendizagem</p><p>dos estudantes e orientá-los para que tenham cada vez mais autonomia,</p><p>autodireção e automotivação.</p><p>Por sua vez, a interação dos estudantes com seus pares, seja com a pre-</p><p>sença de um mediador ou não, é fundamental para construir o sentimento</p><p>de pertencimento a um grupo e para a motivação que é consequente dele.</p><p>Os feedbacks dizem respeito às observações do aluno e às respostas das</p><p>equipes a essas observações, constituindo-se como uma via de mão dupla.</p><p>Mostram o acompanhamento da trajetória dos estudantes mediante a dispo-</p><p>nibilização de informes e avaliações das atividades realizadas no ambiente</p><p>virtual. Eles permitem, além disso, elucidar entendimentos errados e solucionar</p><p>dúvidas sobre notas e atividades (CLEMENTINO, 2011; VERGARA, 2007).</p><p>Vale ressaltar que os feedbacks aqui mencionados são aqueles que con-</p><p>tribuem, efetivamente, para os processos de aprendizagem dos estudantes,</p><p>não os que são automáticos, dados pelo próprio sistema. Isso porque as</p><p>mensagens automáticas têm:</p><p>[…] elementos comunicativos frios e distantes que transmitem ao aluno a sensa-</p><p>ção de estar conversando com uma máquina. Exatamente o contrário do que a</p><p>intercomunicação didática para cursos on-line valoriza: comunicação interpessoal;</p><p>mensagem em tom de conversação […]; atenção para com o aluno; atendimento</p><p>pessoal e individualizado (CLEMENTINO, 2011, p. 8).</p><p>Na escrita dos feedbacks, devemos sempre considerar quem vai recebê-</p><p>-lo. A mensagem precisa ser sempre gentil e procurar transmitir confiança,</p><p>A humanização da EAD8</p><p>para que seja um instrumento de humanização dos processos de ensino e</p><p>aprendizagem e possa oferecer um atendimento personalizado a cada um.</p><p>O atendimento personalizado é um elemento fundamental para a promoção</p><p>do envolvimento emocional e sentimental dos participantes dos cursos de</p><p>EAD. Nas interações constantes nos ambientes virtuais de aprendizagem, os</p><p>estudantes acabam por compartilhar suas vivências individuais, bem como</p><p>suas demandas e temores. Com isso, com o tempo, é possível identificar</p><p>as especificidades dos alunos e buscar interagir com cada um de maneira</p><p>individualizada e personalizada (CLEMENTINO, 2011).</p><p>Como vimos, a EAD demanda dos alunos o desenvolvimento de competên-</p><p>cias socioemocionais, para que avancem em seus percursos de aprendizagem</p><p>num ambiente diferente do das aulas presenciais. No entanto, nesses per-</p><p>cursos, ele não está sozinho. As IEs proponentes de cursos de EAD precisam</p><p>adotar estratégias que oportunizem a construção dessas competências, no</p><p>que diz respeito tanto ao conteúdo quanto a aspectos socioemocionais. É</p><p>importante que essas estratégias, ao mesmo tempo, garantam um ambiente</p><p>virtual de aprendizagem mais humanizado, porque eles favorecem a constru-</p><p>ção de novos conhecimentos, o engajamento dos estudantes e minimizam a</p><p>desmotivação e a evasão.</p><p>Referências</p><p>BEHAR, P. A. (org.). Competências em educação a distância. Porto Alegre: Penso, 2013.</p><p>CARVALHO JUNIOR, A. F. P.; BARBOSA, L. G.; CASTRO, L. V. A relação entre as dificuldades</p><p>na aprendizagem e a evasão de alunos na EaD: um estudo de caso. Revista Educação</p><p>Pública, v. 21, n. 16, 2021.</p><p>CLEMENTINO, A. Processos comunicativos que humanizam os cursos a distância online.</p><p>In: CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 17., 2011, Manaus.</p><p>Anais [...]. São Paulo: ABED, 2011.</p><p>DAMÁSIO, B. F. Mensurando habilidades socioemocionais de crianças e adolescentes:</p><p>desenvolvimento e validação de uma bateria (nota técnica). Trends in Psychology, v.</p><p>25, n. 4, 2017.</p><p>INSTITUTO AYRTON SENNA. Empatia: como as competências socioemocionais podem</p><p>ajudar você a atravessar o período de isolamento. Instituto Ayrton Senna, 2020. Dis-</p><p>ponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais-para-crises/</p><p>competencia-socioemocional-empatia.html. Acesso em: 19 jul. 2022.</p><p>MOORE, M. G.; KEARSLEY, G. Educação a distância: sistemas de aprendizagem on-line.</p><p>3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013.</p><p>PERCILIO, A. C. M.; OLIVEIRA, P. V. A utilização da linguagem na elaboração do material</p><p>didático para EAD. CIET:EnPED, 2018.</p><p>PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.</p><p>A humanização da EAD 9</p><p>PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Penso, 2000.</p><p>VERGARA, S. C. Estreitando relacionamentos na educação a distância. Cadernos</p><p>EBAPE.BR, v. 5, 2007.</p><p>ZABALA, A.; ARNAU, L. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Penso, 2010.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos</p><p>testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da</p><p>publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas</p><p>páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores</p><p>declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou</p><p>integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>A humanização da EAD10</p>