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<p>A construção do conhecimento:</p><p>entre a memória e silenciamento</p><p>História</p><p>1º bimestre – Aula 02</p><p>Ensino Médio</p><p>● A produção do conhecimento;</p><p>● Narrativas de diversos povos</p><p>em diferentes temporalidades.</p><p>● Compreender como o</p><p>conhecimento histórico</p><p>produziu ou silenciou</p><p>memórias, identidades e</p><p>culturas.</p><p>● Para você, o que significa</p><p>conhecimento?</p><p>● A partir da História do Colonialismo, da</p><p>escravidão no Brasil, dos processos de</p><p>Ditadura civil-militar pela América</p><p>Latina, do Holocausto, que</p><p>silenciamentos foram produzidos?</p><p>● Você possui conhecimento de alguma</p><p>história ou outros fatos históricos que</p><p>foram silenciados?</p><p>Vire e converse</p><p>Figura. Jacques Arago.</p><p>“Escrava Anastácia”, 1817-1818.</p><p>Fonte: Formas de silenciamento do</p><p>colonialismo e epistemicídio:</p><p>Apontamentos para o debate.</p><p>A partir da figura ilustrativa e de acordo com Grada Kilomba,</p><p>a máscara foi uma peça muito concreta, um instrumento real que se tornou</p><p>parte do projeto colonial europeu por mais de 300 anos. Ela era composta</p><p>por um pedaço de metal colocado no interior da boca do sujeito negro,</p><p>instalado entre a língua e a mandíbula e fixado por detrás da cabeça por</p><p>duas cordas, uma em torno do queixo e a outra em torno do nariz e da testa.</p><p>Oficialmente, a máscara era usada pelos senhores brancos para evitar que</p><p>africanos/escravizados comessem cana-de-açúcar, cacau ou café enquanto</p><p>trabalhavam nas plantações, mas sua principal função era implementar um</p><p>senso de mudez e de medo. (2010. p.1).</p><p>Memória e História, desde o início das origens estão intimamente</p><p>relacionadas. A memória, como propriedade de armazenar e atualizar</p><p>informações, proporciona à História narrar as ações humanas tanto do</p><p>presente quanto do passado mais longínquo. A História, então, surge</p><p>como filha da memória. E “a memória, onde cresce a história, que por sua</p><p>vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro”.</p><p>(LE GOFF, 1990:478).</p><p>Retomando conceitos</p><p>As disputas pelas memórias dos acontecimentos vividos ou negados não é</p><p>um problema novo na história. Num certo sentido, desde os primórdios da</p><p>humanidade esse problema está presente. Somente algumas memórias</p><p>continuaram vivas no tempo, conquistando posições hegemônicas e</p><p>tornando-se referência para pensar o próprio passado. Comunidades,</p><p>grupos e classes sociais produziram determinadas versões dos fatos,</p><p>algumas das quais foram registradas em pinturas, esculturas,</p><p>monumentos, genealogias, através da escrita, conservadas nas tradições</p><p>orais, etc. Para que determinadas experiências conquistassem uma</p><p>posição hegemônica foi necessário silenciar outras, que fossem relegadas</p><p>ao esquecimento e, por conseguinte, excluídas das memórias.</p><p>Referência. MARCON, Telmo.</p><p>Silenciamento</p><p>Como certos passados, sistematicamente examinados pelos historiadores,</p><p>amplamente debatidos e largamente documentados, podem ser</p><p>simplesmente negados, silenciados ou apresentados como invenções</p><p>motivadas por interesses particulares?</p><p>O que leva grupos e indivíduos a duvidarem da existência de</p><p>determinados fatos históricos, silenciando, negando vozes e memórias de</p><p>pessoas e grupos, a partir de determinados eventos históricos como do</p><p>holocausto, das ditaduras civis-militares na América Latina, dos</p><p>incontáveis genocídios ao redor do mundo ou da escravidão?</p><p>Referência: Adaptado de: Negacionismo: História, Historiografia e Perspectivas de Pesquisa. (Valim,</p><p>Patrícia; Avelar, Alexandre de Sá e Bevernage, Berber)</p><p>O silenciamento histórico ocorre quando certos acontecimentos ou</p><p>perspectivas são deliberadamente omitidos ou suprimidos da narrativa</p><p>histórica oficial. Isso pode acontecer por meio da censura, da exclusão</p><p>de certos pontos de vista ou da minimização de grupos marginalizados.</p><p>O resultado é uma representação distorcida da história, que serve aos</p><p>interesses daqueles que detêm o poder.</p><p>Em Resumo:</p><p>1. Busque em um dicionário os significados das palavras silenciamento e</p><p>negação e estabeleça as diferenças entre ambas e seus diferentes</p><p>mecanismos de atuação, bem como os objetivos previstos.</p><p>Todo Mundo</p><p>Escreve</p><p>Silenciamento, podemos compreender uma prática de omissão, de</p><p>suprimir ou negligenciar informações, perspectivas ou grupos específicos</p><p>na narrativa histórica. Isso pode ser feito através da censura, exclusão</p><p>deliberada ou minimização de certos aspectos da história.</p><p>Negação, envolve a recusa em aceitar a ocorrência de eventos históricos</p><p>estabelecidos. Isso pode incluir negações de genocídios, crimes contra a</p><p>humanidade ou outros eventos significativos, muitas vezes apoiados por</p><p>argumentos pseudocientíficos, revisionismo ou fontes deliberadas de</p><p>evidências.</p><p>Correção</p><p>Por definição/mecanismos:</p><p>Silenciamento: Pode ser realizado para promover uma narrativa</p><p>específica, muitas vezes para preservar o poder ou status quo, ou para</p><p>evitar o confronto com eventos desconfortáveis do passado.</p><p>Negação: normalmente é usada para avançar uma agenda política,</p><p>ideológica ou nacionalista, rejeitando a responsabilidade por ações</p><p>passadas, ou para minar a revisão de grupos ou eventos específicos.</p><p>Correção</p><p>Objetivos:</p><p>O texto a seguir contém trechos de dois relatos sobre os indígenas</p><p>brasileiros:</p><p>O primeiro é do padre Jerônimo Rodrigues; e o segundo, do aventureiro</p><p>inglês Anthony Knivet.“</p><p>● 'I...] a mais preguiçosa gente que se pode achar, porque desde pela</p><p>manhã até a noite, e toda a vida, não tem ocupação alguma: tudo é</p><p>buscar de comer, estarem deitados nas redes’; fora de todo o gênero</p><p>de trabalho’;</p><p>● 'gente indolente, que não se importa com nada, deitando o dia todo,</p><p>preguiçosamente, nas suas moradias, e nunca saindo para outras</p><p>regiões, exceto para procurar víveres'[...].</p><p>Referência: Adaptado de: SOUZA, Laura de Mello e.</p><p>Todo Mundo Escreve</p><p>A comparação entre os relatos do padre Jerônimo Rodrigues e o aventureiro</p><p>inglês Anthony Knivet trata, claramente, de uma abordagem etnocêntrica, na</p><p>qual os observadores julgam o estilo de vida de outro grupo com base em seus</p><p>próprios valores culturais.</p><p>As expressões como "a mais preguiçosa gente que se pode achar" e "fora de</p><p>todo o gênero de trabalho" apontam um forte viés negativo em relação ao</p><p>grupo de indígenas. No entanto, é importante abordar com cautela, pois elas</p><p>refletem preconceitos culturais, falta de compreensão ou apropriação de</p><p>estereótipos.</p><p>Além disso, é crucial considerar o contexto histórico e as motivações por trás</p><p>dessas observações. Muitas vezes, relatos como esse podem ser influenciados</p><p>pelas atitudes dominantes da época, como o eurocentrismo durante a era das</p><p>explorações.</p><p>Correção</p><p>“As descobertas que, elaboradas e reelaboradas pela inteligência ao longo</p><p>de milênios, formaram o imenso acervo de conhecimentos integrados que é</p><p>a cultura, têm sua expressão mais ampla e mais precisa na língua que se</p><p>desenvolveu como parte e como instrumento dessa cultura. [...] Perdida a</p><p>língua de forma abrupta, sob pressão de outro povo que tenta impor outra</p><p>cultura, perde-se a maior parte daquele conhecimento pela destruição do</p><p>sistema de referência que o mantinha integrado e operante. Em geral, a</p><p>cada língua indígena desaparecida corresponde um complexo cognitivo rico</p><p>em especificidades que se perde para o povo afetado e para todo o gênero</p><p>humano”. Referência: RODRIGUES, Aryon D. Línguas indígenas brasileiras.</p><p>Vire e Converse</p><p>O perigo do desaparecimento</p><p>das línguas indígenas</p><p>Com base no fragmento textual anterior, reflita sobre as seguintes</p><p>questões e responda ao que se pede :</p><p>1. Analise a frase "Perdida a língua de forma abrupta, sob pressão de outro</p><p>povo que tenta importar outra cultura, perde-se a maior parte desse</p><p>conhecimento...". Como essa situação pode ser interpretada como uma</p><p>forma de poder e dominação cultural? Descreva.</p><p>2. Produza um texto dissertativo-argumentativo que tenha por objetivo</p><p>refletir sobre a importância da preservação das línguas indígenas</p><p>como uma estratégia</p><p>vital para a manutenção da diversidade cultural e</p><p>do conhecimento humano.</p><p>1. Essa situação pode ser interpretada como uma forma de poder e</p><p>dominação cultural, pois a imposição vem acompanhada pelos valores e</p><p>narrativas baseados na identidade cultural do grupo dominante. A perda</p><p>da língua, nesse caso, é um ato simbólico que enfraquece a autonomia e a</p><p>coesão cultural da comunidade afetada, tornando-a mais suscetível à</p><p>influência do grupo dominante. A destruição do sistema de referência</p><p>cultural integrado pela língua contribui para a subjugação, a perda de</p><p>identidade e o silenciamento desses grupos.</p><p>2. A preservação das línguas indígenas é uma questão crucial que vai além do</p><p>âmbito linguístico, sendo uma estratégia vital para a manutenção da</p><p>diversidade cultural e do conhecimento humano. O fragmento textual</p><p>destaca a conexão intrínseca entre língua e cultura, enfatizando que a</p><p>perda abrupta da língua representa a destruição de um vasto acervo de</p><p>conhecimentos integrados ao longo de milênios.</p><p>Correção</p><p>Na tirinha do Armandinho, a quebra de</p><p>expectativa ocorre no último quadrinho, em</p><p>decorrência do questionamento referente</p><p>ao descobrimento do Brasil, devido a:</p><p>Ref. Tirinhas Armandinho.</p><p>A. Armandinho não aparenta domínio sobre a história do Brasil e, por isso,</p><p>questiona quem está ministrando o conteúdo por uma informação já</p><p>citada no primeiro quadrinho.</p><p>B. Ao longo da história do Brasil, a versão dos povos indígenas foi</p><p>desconsiderada em decorrência das informações falsas contadas pelos</p><p>povos tradicionais.</p><p>C. A crítica na charge está no fato de, na maioria das vezes, os povos</p><p>indígenas serem desconsiderados na história do Brasil, o que gera a</p><p>sensação que não havia habitantes quando os portugueses chegaram</p><p>em terras brasileiras.</p><p>Na tirinha do Armandinho, a quebra de expectativa ocorre no último</p><p>quadrinho, quando Armandinho questiona: "Como assim?" em resposta à</p><p>explicação sobre o descobrimento do Brasil. A expectativa quebrada aqui está</p><p>relacionada à perspectiva tradicional e eurocêntrica do descobrimento do</p><p>Brasil que, normalmente, é ensinada nas escolas, destacando a chegada dos</p><p>exploradores europeus. Alternativa C.</p><p>Ao questionar a versão dos índios, Armandinho aponta para a necessidade de</p><p>considerar diferentes perspectivas históricas e culturais. Essa quebra de</p><p>expectativa é uma crítica sutil à narrativa hegemônica que, muitas vezes,</p><p>superou ou minimizou as histórias e experiências dos povos indígenas.</p><p>A carga destaca a importância da diversidade de vozes na construção da</p><p>história e evidencia como a versão oficial, muitas vezes, deixa de lado os relatos</p><p>e pontos de vista dos povos originários. Pode-se interpretar a tirinha como um</p><p>convite à reflexão sobre a importância de incluir múltiplas narrativas na</p><p>compreensão do passado.</p><p>● Compreendemos como o conhecimento</p><p>histórico produziu ou silenciou memórias,</p><p>identidades e culturas.</p><p>KARNAL, Leandro e TARSCH, Flavia Galli. A memória evanescente. IN: PINSKY, Carla B; LUCA, Tania Regina</p><p>de. (org.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 09.</p><p>LEMOV, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso,</p><p>2023.</p><p>LE GOFF, Jacques. História e memória. Trad. Bernardo Leitão [et al]. Campinas: Editora da Unicamp, 1990.</p><p>MARCON, Telmo. Cultura popular e memória: Desafios e potencialidades pedagógicas. Disponível em:</p><p>https://www.anped.org.br/sites/default/files/gt06155int.pdf.</p><p>RODRIGUES, Aryon D. Línguas indígenas brasileiras. Brasília, DF: Laboratório de Línguas Indígenas da</p><p>UnB,2013. Disponível em:</p><p>http://www.letras.ufmg.br/lali/PDF/L%C3%ADnguas_indigenas_brasiliras_RODRIGUES,Aryon_Dall%C2%</p><p>B4Igna.pdf.</p><p>SOUZA, Laura de Mello e. O diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial.</p><p>São Paulo: Companhia das Letras, 1986. p.61 e 62.</p><p>Lista de imagens e vídeos</p><p>Slide 3 – Fonte: Martins, Mireile Silva e Moita, Júlia Francisca Gomes Simões. Formas de</p><p>silenciamento do colonialismo e epistemícidio: Apontamentos para o debate. Imagem. A máscara</p><p>facial de metal como instrumento concreto de silenciamento do colonialismo. Disponível em:</p><p>https://eventos.ufu.br/sites/eventos.ufu.br/files/documentos/mireile_silva_martins.pdf.</p><p>Slide 9 – Fonte: Martins, Mireile Silva e Moita, Júlia Francisca Gomes Simões. Formas de</p><p>silenciamento do colonialismo e epistemicídio: Apontamentos para o debate. Imagem. A máscara</p><p>facial de metal como instrumento concreto de silenciamento do colonialismo. Disponível em:</p><p>https://eventos.ufu.br/sites/eventos.ufu.br/files/documentos/mireile_silva_martins.pdf.</p><p>Slide 10 – Fonte: Imagem. Creative Commons. Disponível em:</p><p>https://c0.wallpaperflare.com/preview/862/418/405/3dman-character-3dmodel-human.jpg.</p><p>Slide 17 –Referência: Adaptado. Imagem / Exercício. Descobrimento do Brasil – Armandinho.</p><p>Disponível em: https://tirasarmandinho.tumblr.com/search/descobrimento%20do%20brasil%20</p><p>Slide 1</p><p>Slide 2</p><p>Slide 3</p><p>Slide 4</p><p>Slide 5</p><p>Slide 6</p><p>Slide 7</p><p>Slide 8</p><p>Slide 9</p><p>Slide 10</p><p>Slide 11</p><p>Slide 12</p><p>Slide 13</p><p>Slide 14</p><p>Slide 15</p><p>Slide 16</p><p>Slide 17</p><p>Slide 18</p><p>Slide 19</p><p>Slide 20</p><p>Slide 21</p><p>Slide 22</p>