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<p>Bacilos Gram-Negativos</p><p>Fermentadores</p><p>by ERICA SARGES</p><p>Características Básicas</p><p>Os bacilos gram-negativos fermentadores são</p><p>microrganismos que possuem a habilidade de fermentar</p><p>açúcares. Suas características incluem a presença de</p><p>uma parede celular delgada, membrana externa</p><p>lipopolissacarídica e a capacidade de crescer aeróbica ou</p><p>anaerobicamente.</p><p>Os bacilos gram-negativos fermentadores são um grupo de bactérias que</p><p>possuem algumas características distintas:</p><p>1. Morfologia: São bacilos, o que significa que têm formato de bastonete.</p><p>2. Cor Gram: No teste de coloração de Gram, essas bactérias não</p><p>mantêm o corante violeta de cristal, o que as torna gram-negativas.</p><p>Características Básicas</p><p>- Mais de 40 gêneros;</p><p>-Ubíquos: Podem ser encontradas em qualquer lugar, porém principalmente no</p><p>TGI;</p><p>- Imóveis ou Móveis (flagelos peritríquios);</p><p>- Fímbrias: adesão superfície e mucosa</p><p>-Não são esporuladas</p><p>- Anaeróbios facultativos</p><p>- Fermentam a glicose</p><p>- Podem fermentar ou não a lactose</p><p>- Catalase-positiva (2H2O2 → H2O + O2 ) e oxidase negativa</p><p>- Amplamente encontrados no solo, água de rios, lagos, esgotos, etc.</p><p>- Possuem estrutura antigênica complexa, fermentam diferentes carboidratos.</p><p>- Um dos grupos mais importantes de patógenos de humanos.</p><p>- Locais de infecção: urinárias (90%), gastroenterites (diarreias e disenterias), septicemias e</p><p>pneumonias (pacientes internados ou imunocomprometidos)</p><p>- Marcadores de contaminação ambiental: Coliformes fecais (termotolerantes). Bactérias,</p><p>principalmente a E. coli, que estão presentes no intestino de animais de sangue quente,</p><p>fermentando a lactose em temperaturas de 45 a 47 graus. Sendo assim, ao encontrarmos algo</p><p>contaminado por E. coli, indica poluição fecal</p><p>- Coliformes totais: São encontrados no ambiente naturalmente e não indicam</p><p>comprometimento da água mas pode indicar contaminação por outras bactérias patogênicas</p><p>(Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter)</p><p>- Mais comuns na rotina: E. coli, Shigella, Salmonella e Yersina enterocolitica</p><p>Bactérias Patogênicas</p><p>Intestinais: Conhecendo</p><p>os Vilões</p><p>Sorologia</p><p>- Algumas espécies são divididas em tipos sorológicos, tomando-se por base</p><p>a especificidade imunológica dos antígenos</p><p>- Antígeno O (membrana externa - LPS): Elemento termo resistente.</p><p>- Lipídeo A (endotoxina): É um componente do LPS que é liberado durante a</p><p>multiplicação ou a morte da bactéria, ativando macrófagos e elementos da</p><p>inflamação.</p><p>- Antígeno H: Presença de flagelo</p><p>- Antígeno K ou Vi: Cápsula</p><p>- Além da finalidade epidemiológica, no caso de E. coli e Y. enterocolitica,</p><p>serve para caracterizar sorotipos enteropatogênicos.</p><p>Patogenicidade</p><p>- Endotoxinas: a função dessa toxina do lipídio A, componente do LPS, que é liberado após a lise</p><p>celular, causa liberação de citocinas, leucocitose, trombocitepenia, coagulação intravascular</p><p>disseminada, febre, diminuição da circulação periférica, choque e morte.</p><p>- Bacteriocinas: Consegue destruir (lise) outras bactérias, diminuindo a competição</p><p>- Cápsula: Dificulta a fagocitose e a ação do complemento</p><p>- Variação antigênica: as expressões dos antígenos capsular K e flagelar H estão sob controle</p><p>genético do microrganismo. Cada um desses antígenos pode ser altamente expresso ou não,</p><p>uma característica que protege a bactéria da morte mediada pelo anticorpo.</p><p>Patogenicidade</p><p>- Sistema de secreção tipo III: Injeção de proteínas bacterianas nas células hospedeiras, similar a uma</p><p>seringa</p><p>- Sequestro de fatores de crescimento do meio: sideróforos, aerobactinas. Rouba ferro das</p><p>Células</p><p>- Resistência ao soro: resiste a ação do sistema complemento</p><p>- Resistência a antimicrobianos: Recombinação genética Faz conjugação bacteriana</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>É o mais comum e mais importante membro da família Escherichia.</p><p>DOENÇAS: gastroenterite, infecções extra intestinais como infecções do trato</p><p>urinário (ITUs), meningites e sepses.</p><p>• EPEC, ETEC, EHEC, EIEC, EAEC -causa gastroenterite.</p><p>• EHEC- causa colite hemorrágica (HC) e síndrome urêmica hemolótica (HUS).</p><p>Bacilos Gram negativos,</p><p>Anaeróbios facultativo</p><p>Fermentadores,</p><p>Oxidase negativos</p><p>Fermenta lactose</p><p>Localização mais comum – trato gastrointestinal</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>Fatores de Virulência</p><p>- Adesinas: Fímbrias agregativas de aderência</p><p>- Exotoxinas: Termolábeis, Shiga (morte celular) e Hemolisina HlyA (faz</p><p>hemólise)</p><p>E. coli Patogênicas (Patotipos)</p><p>- Clones altamente adaptados, portadores de combinações de genes de</p><p>virulência.</p><p>- Grande diversidade de sorotipos: muitos antígenos: O, H e K</p><p>- Uns causam infecções intestinais e outros extraintestinais (trato urinário,</p><p>sepse e meningite)</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>Está presente no trato gastrointestinal. Porém essas bactérias</p><p>podem ser oportunistas quando os intestinos são perfurados e a</p><p>bactéria entra no peritônio, causando doenças intestinas e</p><p>extraintestinais pois adquiriram fatores de virulência específicos</p><p>codificados nos plasmídeos, nas ilhas de patogenicidade ou no DNA</p><p>de bacteriófagos.</p><p>EPIDEMIOLOGIA</p><p>E.coli como patógeno:</p><p>• O bacilo gram negativo mais comum isolado de</p><p>paciente com sepse.</p><p>• Responsável por causar mais de 80% de todas as ITUs</p><p>adquiridas na comunidade, bem como infecções hospitalares.</p><p>• Causa relevante gastroenterite</p><p>Gastroenterite</p><p>E. coli tem 5 principais cepas que causamgastroenterite:</p><p>Enteropatogênica (EPEC); causa diarreia secretora envolvendo o intestino delgado.</p><p>Enterotoxigênica (ETEC); causa diarreia secretora envolvendo o intestinodelgado.</p><p>Enteroagregativa (EAEC); causa diarreia secretora envolvendo o intestino delgado.</p><p>Entero-hemorrágica (EHEC); causa diarreia secretora envolvendo o intestino grosso.</p><p>Enteroinvasiva (EIEC); causa diarreia secretora envolvendo o intestino grosso.</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>E. coli Enteropatogênica (EPEC)</p><p>- Principal causa de diarreia no primeiro ano de vida. A frequência diminui</p><p>com o aumento da idade.</p><p>- Principal sintoma clínico é a diarreia aguda aquosa.</p><p>- Transmissão: Contato direto</p><p>- Aderência íntima às células epiteliais.</p><p>- Mecanismo central de patogenicidade: Adere nas vilosidades intestinais e a</p><p>destrói (anexa e apaga), deixando a célula lisa, acumulando actina</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>E. coli Enterotoxigênica (ETEC): Diarréia dos viajantes</p><p>- Transmissão: Água e alimentos contaminados.</p><p>- Nome dado devido aos turistas que vem ao Brasil (por exemplo) e não estão acostumados com as E.</p><p>coli daqui</p><p>- Causa diarreia branda até diarreia grave com desidratação. Semelhante a cólera</p><p>- Geralmente duração de 1 a 2 dias.</p><p>- Casos extremos: choque.</p><p>- Patogenicidade: Colonização da mucosa intestinal</p><p>- Fatores de colonização (CF): Adesinas e produção de enterotoxinas (induzem secreção de eletrólitos e</p><p>diminuem a absorção de água).</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>E. coli Enteroagregativa (EAEC)</p><p>- As bactérias são caracterizadas pelo padrão de adesão às células epiteliais intestinais causando</p><p>um desiquilíbrio: agregativo (“pilha de tijolos”).</p><p>- Adesinas</p><p>- Formam biofilmes: Gera má absorção de fluidos e solutos</p><p>- Diarréia persistente (>7 dias) principalmente em crianças, podendo causar desnutrição e atraso no</p><p>crescimento</p><p>- Toxinas: East-1: aumento de água e eletrólitos lúmen, Pet: altera citoesqueleto da actina, Pic:</p><p>mucinase, Alfa-hemolisina.</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>E. coli Enterohemorrágica (EHEC) ou Produtora de Toxina Shiga (STEC)</p><p>- Patotipo produtor de toxina Shiga (Stx) (ou Verotoxina, Vtx): Ao invadir o interior das células,</p><p>exerce sua atividade tóxica inibindo a síntese proteica, que resulta na morte celular. Leva a hemólise</p><p>e extravasamento de ureia</p><p>- Transmissão: Água e alimentos contaminados</p><p>- Surtos de colite hemorrágica</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>E. coli Enterohemorrágica (EHEC) ou Produtora de Toxina Shiga (STEC)</p><p>- Diarréia sanguinolenta + dor abdominal</p><p>- Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU): Dose infectante baixa em água e alimentos contaminados</p><p>(cerca de 100 bactérias). Danos ao glomérulo</p><p>renal</p><p>- Anemia hemolítica+ plaquetopenia+ trombocitopenia + insuficiência renal aguda</p><p>- Pode causar: Púrpura, apendicite, cistite hemorrágica, anormalidades neurológicas</p><p>- Mortalidade 5%. 30% dos pacientes ficam com sequelas graves</p><p>- Outros fatores de virulência: Enterohemolisina, toxina citoletal distensora (CDT): bloqueia ciclo</p><p>celular eucariótico,</p><p>Danos microvasculares.,Trombose, Necrose (cérebro, rins, fígado)</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>E. coli Enteroinvasora (EIEC)</p><p>- São capazes de invadir e destruir o epitélio do cólon. Formação de cauda de actina.</p><p>- Plasmídeo Inv: codifica as proteínas de invasão. Se a amostra está sem o plasmídeo, ela é</p><p>avirulenta.</p><p>- Causa disenteria: Inflamação do intestino, causando diarréia com sangue, muco ou pus</p><p>- Sistema de Secreção Tipo III: Injeção de proteínas bacterianas nas células</p><p>- Dose infectante alta: 106 bactérias.</p><p>- Patogenicidade muito semelhante a disenteria bacilar de Shigella → Quadros clínicos</p><p>indistinguíveis.</p><p>- Pode progredir para uma ulceração crônica</p><p>Shigella</p><p>- São imóveis, não formam esporos e são patógenos intracelulares facultativos</p><p>- Alta especificidade para humanos e primatas</p><p>- S. dysenteriae (causa surtos epidêmicos, formas severas de disenteria e é a causa da</p><p>maioria dos casos fatais de shigelose), S. flexneri e S. sonnei (são endêmicos e causam a</p><p>maioria das infecções)</p><p>- Responsáveis por 5-15% dos casos de diarreia no mundo</p><p>- Disseminação é principalmente via Oro-fecal (pessoa-pessoa). Pode ocorrer através de</p><p>água e alimentos contaminados</p><p>- Dose infectante é baixa: de 10 a100 bactérias.</p><p>- Alta resistência a acidez estomacal. Infecção ocorre no intestino grosso</p><p>Shigella</p><p>Fatores de Virulência</p><p>- Plasmídeo de virulência: São genes essenciais para aderência, invasão e replicação intracelular.</p><p>Incluem IPA (plasmídeo de invasão), ICSA (motilidade) e ICSB (rompe o vacúolo).</p><p>- Aderem e invadem as células da mucosa diferenciadas e se reproduzem, formando colônias</p><p>- Sistema de Secreção do tipo III</p><p>- Cromossomal: Podem conferir resistência aos antibióticos Estreptomicina, Ampicilina,</p><p>Cloranfenicol e Tetraciclina. Além disso, a parte cromossomal que confere os genes para a</p><p>produção de Enterotoxinas</p><p>- Enterotoxinas de Shigella 1 e 2 (ShET1 e ShET2): São encontradas em secreção intestinal e</p><p>contribuem para a fase aquosa da diarreia</p><p>- Toxina de Shiga: Produzida por S. dysenteriae. Causa lesões vasculares no cólon, rins e SNC.</p><p>Complicações podem levar ao óbito (Síndrome Hemolítica Urêmica)</p><p>Shigella</p><p>Shigelose (Disenteria Bacilar)</p><p>- Infecção aguda do intestino causado pela Shigella spp.</p><p>- Causa severa destruição do tecido, impedindo a absorção de água, nutrientes e solutos</p><p>- Diarreia aquosa, fezes contendo sangue e muco: disenteria</p><p>- Cólicas abdominais, diarreia, febre e fezes sanguinolentas</p><p>- Autolimitada: 2 a 7 dias de sintomas</p><p>- Grupos de risco: Pacientes imunocomprometidos ou com falta de cuidados médicos</p><p>Em casos graves: Deficiência de proteínas e de vitamina B12 + perda de eletrólitos</p><p>- Danos neurológicos.</p><p>Salmonella</p><p>Causa intoxicação alimentar e em casos graves, pode provocar graves infecções e até</p><p>mesmo a morte.</p><p>- Possuem antígenos O, H e K</p><p>- Salmonella typhi (causadora de doenças sistêmicas e Febre Tifóide) e Salmonella</p><p>typhimurium (um dos agentes causadores das gastroenterites)</p><p>- Se desenvolvem no trato gastrointestinal de homens e animais</p><p>- Relacionado a hábitos alimentares - Disseminada por meio de água ou alimentos</p><p>contaminados, principalmente os derivados de aves como o ovo.</p><p>- Não faz parte da microbiota normal</p><p>Salmonella</p><p>- Salmonella passa pelo o estômago do hospedeiro, uma vez que é resistente ao pH ácido</p><p>- A bactéria chega no intestino, onde se adere as microvilosidades, causando diarreia</p><p>- Com as microvilosidades destruídas, a salmonela invade as células epiteliais e as</p><p>células M do trato intestinal, se multiplicando em vesículas no interior dessas células.</p><p>- Ocasionalmente, essas bactérias podem atravessar a membrana das células e cair no</p><p>sistema linfático ou serem fagocitadas.</p><p>- Podem sobreviver nos macrófagos, sendo disseminada para outros locais do corpo</p><p>Salmonella</p><p>Febre Tifoide/ Entérica</p><p>- Ocorre de 10 a 14 dias após a infecção.</p><p>- Febres altas, gradual e constante.</p><p>- Calafrios, cefaleia, dor abdominal, abdome sensível a palpação e distendido, astenia, prostação,</p><p>mialgia anorexia, náusea, taquicardia, tosse, hepatomegalia, esplenomegalia e exantema macular</p><p>centrípeto (tórax e abdome).</p><p>- Complicações: Confusão mental, delírios, encefalopatia hepática, sangramento intestinal,</p><p>perfuração intestinal e abdome agudo.</p><p>- Roséolas por todo o corpo.</p><p>Salmonella</p><p>Salmonelas Não Tifoides: Salmoneloses ou Enterocolites</p><p>- Infecções Entéricas e Extra intestinais: Bacteremia, Meningite, Empiema</p><p>subdural, abscessos, osteomielite e infecções do trato urinário;</p><p>- Infecções entéricas: Febre, náusea, vômitos, diarréia com ou sem sangue e</p><p>cólicas abdominais;</p><p>Klebsiella pneumoniae</p><p>Klebsiella pneumoniae</p><p>- Trato gastrointestinal e respiratório</p><p>- Não está associada a diarreias</p><p>- Oportunistas: Vivem normalmente na microbiota, mas são causa frequente de pneumonia,</p><p>sepse, feridas e meningite</p><p>- Presença de cápsula proeminente: Possibilita a resistência a fagocitose de macrófagos e</p><p>escape da imunidade humoral.</p><p>- Disseminação: Mãos ou superfícies contaminadas. Responsável por muitas infecções</p><p>hospitalares</p><p>- Indivíduos crônicos: Infecções de vias biliares</p><p>- Linhagens Multirresistentes: Possuem genes que codificam enzimas Carbapenemases</p><p>(inativam vários antibióticos)</p><p>- KPC: Variedade resistente aos carbapenêmicos- Superbactéria</p><p>- Linhagens Hipervirulentas: São virulentas até para imunocompetente</p><p>- Há também a combinação entre multirresistentes e hipervirulentas</p><p>Atividade: Montar o esquema de diagnóstico de espécie</p><p>de cada bactéria.</p><p>Quais testes para diagnósticos?</p><p>Quais testes bioquímicos?</p><p>Qual o tratamento?</p><p>INDIVIDUAL</p><p>Entregar próxima aula</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p><p>Diagnóstico</p><p>- Se for intestinal: Exame de fezes</p><p>- Cultura em meios seletivos (Mac Conkey)</p><p>- Identificação de sorotipo: ELISA</p><p>Diagnóstico Laboratorial</p><p>- Coloração de Gram: Detecta que são Gram-</p><p>- Cultivo: Características bioquímicas da bactéria em meio</p><p>ágar sangue (hemólise) ou McConkey</p><p>(faz fermentação- muda a cor do meio)</p><p>- Meio Ágar McConkey: Os fermentadores de lactose (E. coli,</p><p>Klebsiella, Enterobacter) mudam</p><p>a cor do meio</p><p>- Provas bioquímicas</p><p>Provas bioquímicas - Interpretação</p><p>Escherichia coli (E. coli)</p>