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Enterobactérias Objetivos de aula ✓Compreender as características básicas comuns à família Enterobactereacea e as diferenças entre gê neros; ✓Associar os principais fatores de virulência que caracterizam os diferentes patotipos de E. coli; ✓Entender a epidemiologia envolvida entre os diferentes patotipos de E. coli e sorotipos de Salmonella (população alvo e fontes de infecção). ✓Compreender a diferença na patogenia da Salmonelose gastroenterica e a febre tifoide; Família Enterobacteriaceae ✓Também chamados de coliformes; ✓ 42 gêneros descritos com mais de 100 espécies; ✓20 espécies de importância clínica – variam de comensais à patógenos obrigatórios ; (desde gastroenterites a meningites sépticas podem ser causadas, ou seja, causam uma grande variedade de infecções). ✓Distribuição: água, solo, microbiota intestinal humana e animal; Não está presente apenas em intestino de humanos, nos de animais também e, assim, existe a presença de enterobacterias nos mais diferentes ambientes como solo, agua, entre outros. Por isso, que são bactérias que participam do conceito de saúde única. Saúde única = é justamente que as saúdes não são dissociadas, ou seja, não cuidamos da saúde humana sem nos preocupar com a saúde do animal, além da saúde do meio ambiente. Exemplo: fezes de animais com E. coli contaminam o ambiente e essa contaminação atinge os alimentos, chegando nos seres humanos. Características gerais Bastonetes Gram negativos Fermentadores de açúcares 1. Bactérias gram-negativas (LPS compondo a membrana externa dessa bactéria. Deixa a parede menos permeável). 2. São fermentadoras de açúcar. 3. Podem ser classificadas em sorotipos: classificadas de acordo com o antígeno que possuem na parede (existem 3 principais: flagelar, capsular e o antígeno O que está no LPS). Para diferenciar uma da outra, basta utilizar 2 sorotipos. Família Enterobacteriaceae ✓Classificação em sorotipos: ▪ Antígeno O – LPS; ▪ Antígeno K – Capsular; ▪ Antígeno H – Flagelar; Exemplo: E. coli O157: H7 Classificação com relação ao metabolismo da Lactose: Fermentadores Escherichia Klebsiella Enterobacter Citrobacter Serratia Não Fermentadores Proteus Shigella Salmonella Yersinia Doenças relacionadas à Família Enterobacteriaceae ✓ Podem acometer todas as zonas corpóreas ▪ Doenças Gastrointestinais: ▪ Doenças supurativas (Mastites, abcessos...); ▪ Meningites; ▪ Septicemia; ▪ Infecção do Trato Genito-urinário; ▪ Doenças sistêmicas (peste; febre tifoide) Se está fora do intestino, está associado a processos infecciosos como doença gastrointestinal causando diarreias, doença supurativas, abcessos, meningite, sepse, infecção urinária, entre outras. Escherichia coli Diversidade patogênica associado aos diferentes patotipos; Patotipos Enteropatogênicos (E. coli diarreiogênicas) ✓E. coli Enteropatogênica clássica (EPEC); ✓E. coli Enterotoxigênica (ETEC); ✓E. coli Enterohemorrágica (EHEC); ✓E. coli Enteroinvasora (EIEC); ✓E. coli Enteroagregativa (EAEC); Patotipos extra-intestinais (ExPEC) ✓E. coli uropatogênica (UPEC); ✓E. coli associada a meningite/sepse (MNEC) **** Todos os tipos podem evoluir para infecções sistêmicas (Bacteremias) Possui um genoma básico. Escheria coli comensal é a que fica na sua microbiota intestinal produzindo vitaminas, é a que auxilia na fisiologia. O grande problema é que a Escheria coli é capaz de doar e receber genes e se tornando um patógeno (depende de que gene adquiriu ao longo da sua evolução). E. coli enteropatogenicas = há a capacidade de produzir uma toxina super potente contra humanos. Capacidade de colonizar o epitélio urinário. Associadas a doenças gastroentéricas = enteropatogenica clássica, enterotoxigenica, enterohemorragica, enteroinvasora e enteroagregativa. Extra intestinais= associada a meningite séptica Todas as E. coli são capazes de evoluírem para infecções sistémicas Patogenia E. coli: associadas a diarreia em crianças porque justamente as crianças não tiveram resposta imune eficiente para conter a infecção, normalmente é o primeiro contato da criança com a E. coli. E. coli Enteropatogênica clássica (EPEC) Principal causa de diarreia em países em desenvolvimento Principalmente em recém-nascidos e em crianças até os dois anos; EPEC típica (humanos) X EPEC atípica (humanos e animais) Fatores de Virulência e Patogenia: ✓Adesão primária: Colonização do epitélio intestinal (ID e IG); ✓Adesão íntima com formação de pedestais: Lesões do tipo “attaching and effacing” → destruição das microvilosidades intestinais desregulação na troca de íons → acúmulo de líquido no lumen E. coli Enteropatogênica clássica (EPEC) = Diarreia aquosa com muco Há dois tipos de E. coli enteropatogenicas: 1. Típicas: transmissão entre humanos (falta de higiene correta e contamina alimentos ou lugares com grande aglomeração de pessoas) 2. Atípicas: além de humanos, coloniza também animais (consumo de alimentos contaminados com fezes de animais) O principal fator de virulência das enterobactérias é um sistema de secreção que leva as microvilosidades (função de aumentar a reabsorção) intestinais, a bactéria gruda no epitélio intestinal e comanda o citoesqueleto dessa célula. Então a capacidade de absorção dessa célula caiu. Normalmente o máximo que acontece é diarreia abundante com muco. Faz lesão do tipo AE. E. coli Enterohemorrágica (EHEC) ✓Causadora de surtos com diarreia sanguinolenta ✓Principal sorotipo associado - O157:H7 – bovinos são reservatórios; ✓Agente etiológico da colite hemorrágica → dor abdominal intensa, diarreia aquosa, diarreia sanguinolenta; Fatores de virulência ▪ Sistema de secreção do tipo III: Lesão A/E; ▪ Toxina Shiga – absorção sistêmica -> Complicações fatais!!! (esse tipo de E. Coli além de fazer lesão do tipo AE, produz a toxina SHIGA. É a E.coli que mais assusta porque essa toxina além de ter uma ação no endotélio intestinal também tem ação sistêmica (podendo causar uma síndrome além do intestino e levar o paciente a óbito). Quando sistêmica = Síndrome hemolíticourêmica • Surtos ou casos esporádicos; • Reservatórios são os animais domésticos em geral, principalmente os bovinos e os ovinos; • Alimentos de origem de ruminantes são principal fonte de infecção; fezes bovinas contaminando alimentos (ex.: contaminação de alface nos EUA causando surto; hambúrguer na chapa). A infecção ocorre principalmente por ingestão de carne e leite crus. O problema da toxina SHIGA é que a E. coli faz lesão de pdestal causando diarreia, a e. coli não penetra, mas a toxina consegue penetrar e ocasiona a morte da célula endotelial, gera uma reação inflamatória e extravasamento de sangue. Assim, há diarreia sanguinolenta. Problema adicional = também há receptores para essa toxina no endotélio renal e, dessa forma, há insuficiência renal aguda e ocorre síndrome hemolítica uremica (é extremamente grave). E. coli Enterotoxigênica(ETEC) ✓ Associada com a diarreia aquosa abundante; ✓ Transmissão por água e alimentos; ✓ Agentes da Diarreia dos Viajantes (quando turistas viajam para regiões endêmicas) e em crianças de até 5 anos; ✓ Também são agentes de diarreia em animais de produção ✓ Produzem enterotoxinas que atuam nas células epiteliais Fatores de Virulência ✓Enterotoxinas : ▪ Termolábil (LT): Desequilíbrio hidrossalino = perda de água e acidose metabólica; ▪ Termoestável (ST); (essa toxina se matem mesmo no cozimento) Diarreia aquosa e abundante = desidratação E. coli Entero-invasora(EIEC) ✓Intracelular obrigatório Patogenese: ✓Invade a célula epitelial do cólon, lisa o fagossomo e se move através das célulaspor mobilização do citoesqueleto = Invasão e destruição do epitélio intestinal: ▪ Diarreia aquosa -> Forma disentérica: Sangue e leucócitos nas fezes. ✓Pode ocasionar colite inflamatória invasiva mas geralmente causa diarreia aquosa; ✓Causa diarreia em crianças com ˃2 anos; ✓Reservatório – seres humanos. (lugares que há acumulo de pessoas) E. coli Enteroagregativa(EIAC) Patogenese: ✓Bactérias possuem fatores autoagregativos – empilhamento de tijolos; ✓Adere ao epitélio do intestino delgado e grosso → Estimulação da secreção de muco pelo epitélio –BIOFILME ESPESSO; ✓Encurtamento das microvilosidades com inflamação branda = diarreia persistente por mais de 2 semanas; ✓Diarréia aguda e persistente em crianças e adultos; Resumo Gastrenterite por Escherichia coli Patotipos Extra- intestinais E. coli Uropatogênica (UPEC) ✓Agente mais comum de infecção urinária – 85% dos casos de infecções comunitárias – E. coli uropatogênica; fazem adesão ao epitélio do trato urinário. ✓Mulheres mais susceptíveis: ✓ Anatomia; ✓ Maior nº de receptores na mucosa. E. coli associada à meningite/sepse- MNEC ✓ Causa mais comum de meningite neonatal por Gram-negativos; ✓Letalidade – 15-40%; ✓Disseminação hematogênica. Essa bactéria resiste ao soro/ sangue. Consegue se disseminar mais. Salmonella sp ✓ Classificação taxonômica de Kaufmann & White: Salmonella entérica (tem mais relevância clinica) e Salmonella bongori ✓ São classificados em sorotipos S. Typhi e S. Paratyphi – causa febre tifoide em Humanos; não tem reservatório em animais e não tem transmissão de humano para animais. S. Gallinarum e S. Pullorum – patogênicas para aves; S. Enteritidis e S. Typhimurium – Sem hospedeiro específico - ZOONOSE ✓ Reservatórios: TGI de animais incluindo o homem (S. typhi, S. paratyphi); ✓ Fonte de infecção: Solo, água, vegetais e alimentos proveniente de animais infectados (Leite e derivados, ovos...); Ovos – contaminação por rachadura ou a partir de oviduto infectado - Longo período de estocagem em temperatura ótima. ✓ Transmissão: Fecal – oral (ingestão de alimentos contaminados); A transmissão pessoa – pessoa também pode ocorrer, principalmente em ambiente hospitalar e em casos de higiene precária. Salmonella sp. – Patogenia da gastroenterite Acesso ao organismo por via oral → resistência à barreira ácida do estômago → (1) adesão (fímbrias) e (2) invasão da mucosa intestinal por endocitose induzida → (3) multiplicação intracelular → (4) reação inflamatória e destruição da mucosa = diarreia → (5) alguns casos: disseminação sistêmica Febre entérica - FEBRE TIFÓIDE -Causada pelos sorotipos: S. Typhi e S. Paratyphi; -Humanos são reservatórios: ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes; -Mais comum em lactentes e indivíduos idosos; - Pode evoluir para choque séptico. Enterobactérias - Diagnóstico Laboratorial ✓São de fácil crescimento em meios simples; ✓Amostras muito contaminadas (Fezes, leite de mastite, amostras purulentas, urina...): ▪ Meios seletivos; ▪ Meios indicadores – Diagnóstico presuntivo;