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1 GESTÃO SOCIOAMBIENTAL Profª. Dra. Amanda Justino Acha 2 GESTÃO SOCIOAMBIENTAL PROFª. DRA. AMANDA JUSTINO ACHA 3 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Esp. Izabel Cristina da Costa Revisão técnica: Prof. Elton Simomukay Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza Mendes Leite Fernanda Cristine Barbosa Prof. Esp. Guilherme Prado Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza P. Campos © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza- ção escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 4 GESTÃO SOCIOAMBIENTAL 1° edição Ipatinga, MG Faculdade Única 2021 5 Graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual do Norte Fluminen- se Darcy Ribeiro (2014); Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Salgado de Olivei- ra (2019); Mestre (2016), Doutora (2020) e Pós - Doutora em Produção Vegetal (2021), com ên- fase em Produção e Tecnologia de Sementes e Grãos, pela Universidade Estadual do Norte Flu- minense Darcy Ribeiro (UENF). Fiscal Ambien- tal em obras de Dragagens realizadas em áreas Portuárias (2022). Atualmente sendo Assesso- ra Docente da Direção Acadêmica de Ciências Humanas e Tecnologias no Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO). AMANDA JUSTINO ACHA Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali- ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link : http://lattes.cnpq.br/0429183539575384 Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado. 6 LEGENDA DE Ícones Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 7 UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 UNIDADE 4 SUMÁRIO 1.1 Introdução ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................10 1.2 O Homem e a Natureza .............................................................................................................................................................................................................................................................11 1.3 O Processo de Urbanização ...................................................................................................................................................................................................................................................12 1.4 Impactos da Industrialização no Meio Ambiente ..................................................................................................................................................................................................14 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................................................................................................................................................................16 2.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................21 2.2 Empresas Diante da Contaminação Ambiental .....................................................................................................................................................................................................21 2.3 Gestão Ambiental e Competitividade ..........................................................................................................................................................................................................................22 2.4 Avaliação do Impacto Ambiental ....................................................................................................................................................................................................................................24 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................26 3.1 Introdução ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................31 3.2 Fundamentação ...........................................................................................................................................................................................................................................................................31 3.3 Desenvolvimento Sustentável no Âmbito Empresarial ....................................................................................................................................................................................33 34. A base do desenvolvimento sustentável ....................................................................................................................................................................................................................35 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................37 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS AS EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 4.1 Princípios da gestão ambiental nas empresas .......................................................................................................................................................................................................42 4.2 Práticas da gestão ambiental na empresa ...............................................................................................................................................................................................................45 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................47O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS 5.1 Conceito ...............................................................................................................................................................................................................................................................................................51 5.2 Gestão ambiental e marketing verde ............................................................................................................................................................................................................................51 5.3 Propaganda enganosa ............................................................................................................................................................................................................................................................53 5.4 Como fazer? ....................................................................................................................................................................................................................................................................................54 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................57 MARKETING VERDE 6.1 Importância no gerenciamento das empresas ......................................................................................................................................................................................................61 6.2 Gestão ambiental e auditoria ambiental ....................................................................................................................................................................................................................62 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................................................................................................................................................................................................65 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................................................................................................................................68 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................................................................................................................................69 AUDITORIA AMBIENTAL UNIDADE 5 UNIDADE 6 8 O N FI R A N O L I C V R O UNIDADE 1 Nesta unidade você vai estudar sobre a evolução da relação do homem com a natureza, chegando à industrialização e processo de urbanização. No decorrer da leitura serão abordados fatos que te levarão a entender como as ações do homem influenciaram na crise ambiental que vivemos hoje. UNIDADE 2 Nesta unidade você vai estudar sobre a relação das empresas diante das questões ambientais atuais, como elas se posicionam diante dos problemas e estratégias utilizadas para amenizar os problemas causados por elas mesmas. UNIDADE 3 .Nesta unidade você vai entender sobre desenvolvimento sustentável, envolvendo sua definição, como alcançá-lo, ações das empresas e a base para atingir as metas ambientais estipuladas. UNIDADE 4 Nessa unidade você vai entender a importância da gestão ambiental nas empresas, assim como os princípios importantes e as práticas necessárias para alcançar os objetivos. UNIDADE 5 Nessa unidade você vai entender o conceito de marketing verde e sua relação com a gestão ambiental nas empresas. Também vai conseguir identificar os pontos importantes para garantir a idoneidade do marketing ofertado e conhecer as principais empresas que utilizam o marketing verde de forma eficiente. UNIDADE 6 Nessa unidade você vai entender a importância da auditoria ambiental para as empresas, como ela funciona, sua relação com a gestão e orientação de como alcançar aprovação em uma auditoria. 9 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS 10 1.1 INTRODUÇÃO Os problemas ambientais estão causando preocupações cada vez maiores, pois a qualidade de vida no planeta está cada vez mais comprometida. A água, por exemplo, é um recurso natural de grande importância para a sobrevivência do ser humano, animais e plantas, e está tendo seu uso cada dia mais limitado e com baixa qualidade para consumo. Outro grande problema é a intensificação do efeito estufa, resultante de ações do homem como o desmatamento e queima de combustíveis fósseis, que gera alterações climáticas e consequentemente desastres ambientais. Essas situações se resumem em uma crise ambiental. Para entendermos como a crise ambiental surgiu, é importante termos conhecimento da relação inevitável entre o desenvolvimento da sociedade humana e natureza, conforme a figura 1. Nos primórdios, o homem utilizava as cavernas como abrigos. Para a sua sobrevivência, passou a desenvolver técnicas de cultivo agrícola e domesticação de animais, sempre modificando o ambiente natural. Com o uso extensivo dessas áreas, foram surgindo as primeiras aglomerações humanas e assim as organizações sociais. Assim, passaram a explorar novos campos e consequentemente, causar novas modificações no ambiente natural, para alguns autores chamada de impacto ambiental. Para o CONAMA nº 001 de 1986, o termo impacto ambiental se refere a: “Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; IV - a qualidade dos recursos ambientais. ” Se levarmos em consideração que qualquer alteração provocada em um ambiente natural causa um impacto ambiental - positivo ou negativo, foi a partir desse momento que tudo começou. O homem fazendo uso das suas habilidades intelectuais, começou a intervir e explorar o meio ambiente de forma que viesse atender às suas necessidades, causando modificações na estrutura social e investindo conhecimento em tecnologias. Essa fase representada pela revolução industrial, marcou o início da urbanização, que por sua Figura 1: Questionamento sobre como chegamos à crise ambiental Fonte: Adaptado de https://bit.ly/3rDW0ba. Acesso em: 14 jan. 2022. 11 vez, se deu de forma acelerada e desorganizada, causando diversos problemas sociais e ambientais. No trabalho de Pott e Estrela (2017), os autores relatam sobre alguns desastres ambientais causados pela urbanização desordenada logo após a revolução industrial. A contaminação do ar que aconteceu na Bélgica em 1930, provocando a morte de 60 pessoas, é um exemplo. Em Londres ocorreu o evento “A Névoa Matadora”, causando a morte de mais de quatro mil pessoas. Também tem caso de contaminação de água no Japão em 1956. Com o crescimento das indústrias, também foram aumentando os problemas ao ambiente e à saúde humana, que ao longo dos anos resultaram em acidentes industriais, com contaminações de grandes proporções, como visto nos dias de hoje. Além disso, a intensificação que vem ocorrendo no campo industrial, como o desenvolvimento e incorporação de novas tecnologias, já está refletindo como problema para sociedade e causado aflição quanto a desigualdade, tensão social e fragmentação política. A chamada Quarta Revolução Industrial vem trazendo a inteligência artificial, a robótica, as neurotecnologias, as biotecnologias, tecnologias energéticas, entre outros avanços que a população mais vulnerável tem menosacesso, sendo necessário uma política que garanta uma distribuição mais justa e se atente aos possíveis riscos e danos ao meio ambiente (HAUBENTHAL E FÜHR, 2020). O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90. GLOSSÁRIO 1.2 O HOMEM E NATUREZA Caro leitor, se você usar o seu poder crítico, conseguirá olhar a relação do homem com natureza de formas diferentes. Em um primeiro momento você verá que é uma relação em constante evolução, em outro momento como uma relação de autodestruição (MENDES, 2014). Essas duas visões controversas são justificadas pela evolução do processo histórico da relação entre o homem e natureza, sendo fundamental esse conhecimento para o entender as intervenções humanas no espaço. A relação entre homem e natureza teve início nos primórdios, quando o homem passou a utilizar as cavernas como abrigo, para se proteger dos animais selvagens e condições climáticas adversas. Como forma de se fixar nas áreas ocupadas, o homem passou a desenvolver técnicas de cultivo agrícola e domesticação de animais, iniciando a chamada Revolução Neolítica. Com o uso extensivo dessas áreas, foram formando grupos e assim as organizações sociais. Em conjunto, as comunidades formadas passaram a construir abrigos em menor tempo, aperfeiçoar ferramentas e a desenvolver táticas de caça juntos ou a dividir tarefas (PASSOS e OLIVEIRA, 2016). Para a sua sobrevivência e em busca de melhorar suas condições de vida, o ser humano sempre alterou o ambiente natural. Tendo condições de pensar em suas ações antes de executá-las na natureza, teve seu campo de alcance ampliado, 12 consequentemente, aumentando os impactos no ambiente natural (DIAS, 2019). No princípio, o comportamento do homem para com a natureza era de grande respeito, uma relação de exploração racional, pois ele via a natureza e o que ela fornecia como recurso essencial à sua sobrevivência, uma benção divina. Desta forma, o homem temia à vingança dos deuses, o que conduzia ao consumo regular dos recursos naturais. As pessoas se viam como seres ligados à natureza. Porém, a passagem da idade média para idade moderna, trouxe mudanças para essa relação que perduram até os dias de hoje. Pois, o homem fazendo uso das suas habilidades intelectuais, começou a intervir e explorar o meio ambiente de forma que viesse atender às suas necessidades. As grandes mudanças não ocorreram somente na estrutura social, mas também na ênfase dada às tecnologias (DE ALBURQUEQUE, 2007). Foi a mudança na ênfase dada às tecnologias que sus- tentam e elevam a vida para as tecnologias simboliza- das pela lâmina: tecnologias destinadas a destruir e do- minar. Essa tem sido a ênfase tecnológica ao longo de grande parte da história registrada. E é essa ênfase tec- nológica, em vez da tecnologia por si só, que hoje amea- ça toda a vida no planeta (EISLER, 1989, p. 21). Antes da fase de mudança, a economia era agrária, natural e sustentável. A produção era para o consumo diário, não havia preocupação em produzir além do necessário para comercializar. A partir da segunda metade do século XVIII, com a revolução industrial, foram desencadeadas mudanças que levaram ao consumismo, individualismo e competitividade, e assim, exploração de recursos naturais de forma desordenada. A partir desse momento, a natureza passa a ser vista pelo homem como um objeto que precisa de possuído e dominado, o que vem acarretando diversas complicações sócio- ambiental ao longo dos anos (PASSOS; OLIVEIRA, 2016). Revolução Neolítica - Além da descoberta de técnicas para a agricultura, a Revolução Neolítica envolve o processo de sedentarização a partir do surgimento dos primeiros po- voados e vilas, com adensamento das populações, resultado gradual do excedente da produção agrícola e do novo modo de vida sedentário (De FIGUEREDO, 2018) GLOSSÁRIO 1.3 O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO A urbanização implica no aumento populacional e consequentemente na demanda de consumo dos recursos naturais para suprir as necessidades crescentes de consumo que esgotam os recursos naturais do planeta e geram resíduos que poluem o ar, água e o solo, sendo assim o debate sobre urbanização e um desenvolvimento sustentável é inevitável. Esse processo se iniciou no final do século XIX e foi intensificado em dois períodos históricos; no final da idade média e após a revolução industrial, períodos de desenvolvimento do capitalismo. A implantação da tecnologia no meio rural elevou a produção agrícola e dispensou 13 a mão de obra humana, provocando o êxodo rural e concentração dessas pessoas nas cidades em busca de boas condições de sobrevivência, dando início a urbanização. A indústria por sua vez, aproveitou essa mão de obra, gerando empregos e iniciando uma nova forma de organização que cresce de significativamente até os dias atuais. Assim, foi na cidade que a burguesia conseguiu se destacar e onde a indústria se fortaleceu (PASSOS; OLIVEIRA, 2016). A construção das indústrias se deu em áreas compactas nas periferias das cidades, locais de fácil acesso ao transporte. A população que fornecia a mão de obra barata e descartável, passou a ocupar as áreas ao redor das indústrias, formando bairros operários. Quanto maiores eram os grupos, mais destrutivo era o ambiente natural. Nos países mais desenvolvidos, a urbanização se deu de forma sequencial. O crescimento das cidades se deu de forma estratégica, sem pressa para absorver a população que vinha do meio rural, existindo um planejamento na infraestrutura urbana (moradia, água, esgoto, luz). Com isso, os problemas urbanos não cresceram como nos países subdesenvolvidos. No Brasil, a ocupação das áreas urbanas se deu de forma acelerada e desorganizada, devido a elevada velocidade em que ocorreu o êxodo rural no país. Essa falta de planejamento trouxe algumas consequências, entre elas grandes problemas de ordem social e ambiental, destacando o alto número de favelas, infraestrutura precária, muita violência, poluição de todas as modalidades, desemprego e muitos outros, pois as cidades não conseguem absorver o quantitativo populacional que recebem (NOBREGA et al., 2013). Devido ao incentivo do poder público brasileiro, a ocupação das regiões ocorreu de forma diferenciada, onde as regiões sul e sudeste se destacaram com maior número de moradores na região urbana. No estudo de Nobrega et al. (2013), os autores destacam que o aumento desenfreado da população na área urbana, influencia diretamente a qualidade de vida dos habitantes das cidades, pois tanto a infraestrutura quanto os subsídios necessários para suprir as demandas básicas da população, não acompanham esse crescimento. Os mesmos autores destacam sobre a problematização da urbanização: Esta superpopulação nos grandes centros trouxe inú- meros problemas como o cresci-mento caótico da- quelas cidades e das regiões metropolitanas. Sérios problemas de infraestrutura, principalmente no que se refere a serviços como água, energia, saneamento bási- co, hospitais. Sistema de transporte coletivo deficitário, uma grande pressão social com relação a problemas de moradia, com o surgimento de favelas, cortiços, lotea- mentos clandestinos em áreas de preservação ambien- tal, habitações ilegais. Somado a todos esses aspectos se instalou grandes desigualdades sociais, aumento das taxas de desemprego e, finalmente, a saturação de di- versos setores de trabalho (NOBREGA et al., 2013, p. 24). Nota-se que a urbanização foi essencial para o desenvolvimento da sociedade, mas o reflexo da sua falta de planejamento é visto até hoje. 14 E agora, você compreendeu como ocorreu o processo de urbanização e como chagamos à crise ambiental que vivemos hoje? Está aqui um mapa mental para ajudar sequência dos fatos e assim fixar melhor o conteúdo. FIQUEATENTO 1.4 IMPACTOS DA INDUSTRIALIZAÇÃO NO MEIO AMBIENTE No início da industrialização, os danos causados ao meio ambiente eram de pequena proporção, pois a população era pequena e a produção era em baixa escala. O problema é que o crescimento econômico sem planejamento foi seguido por um aumento continuo na degradação do meio ambiente, interferindo em todos os ciclos biogeoquímicos, causando um desequilíbrio na natureza. A visão equivocada que o homem tinha de que os recursos naturais não tinham fim, levou ao consumo excessivo de recursos naturais; contaminação do solo, do ar e da água; desmatamento, entre outros. As consequências desses atos afetam o planeta nos dias de hoje (DIAS, 2019). Dentre os problemas causados pela industrialização ao meio ambiente e à saúde humana, destaca-se o descarte irregular dos resíduos (sólido, liquido ou gasoso) resultantes do processo de fabricação dos produtos. Exemplos de resíduos são citados por Ribeiro (2004): Escória de produção de ferro e aço; Resíduos de minerais não metálicos; Sucatas de matais ferrosos; Resíduos do sistema de controle de emissão gasosa contendo substancias não tóxicas; Resíduos pastosos de estações de tratamento de efluentes contendo substancias não tóxicas; Gesso; Rejeito de flotação; Finos de carvão; Resíduos de bauxita, entre outros. Devido à má gestão recebidas, ao longo dos anos esses problemas resultaram em acidentes industriais, com contaminações de grandes proporções, alguns casos 15 podendo ser vistos no vídeo 1 - “9 maiores desastres ambientais do mundo”. Em decorrência dos grandes problemas ambientais causados pela produção industrial, o setor produtivo está mais preocupado e disposto a não ser mais o grande vilão da sociedade. Para mais informações sobre os danos causados pelas indústrias no Brasil e no mundo, deixo aqui algumas sugestões para conhecimento e aprofundamento no assunto estudado. Livro 1: “Avaliação de impactos ambientais” – Capítulos 3 e 4. Disponível em: ht- tps://bit.ly/3vXDf5S. Acesso em: 12 mar. 2021. Livro 2: “Impactos ambientais e desastres ecológicos” - Capítulo 2. Disponível em: https://bit.ly/3N47pdM. Acesso em: 12 mar. 2021. Vídeo 1: “9 maiores desastres ambientais do mundo”. Disponível em: https://bit. ly/3N4qQ6b. Acesso em: 12 mar. 2021. Vídeo 2: “Os maiores desastres "naturais" do Brasil”. Disponível em: https://bit. ly/3vT2jv1. Acesso em: 12 mar. 2021. BUSQUE POR MAIS O Jornal Plural Curitiba, divulgou uma matéria sobre o descarte irregular de me- dicamentos no meio ambiente e suas consequências. “O Brasil está entre países que mais consumem medicamentos no mundo. Ocu- pando o 10° lugar no ranking em 2019, as estimativas são que o país chegue à 6.ª posição, movimentando US$ 38,4 bilhões em vendas, em 2024. As informações são da Abradimex (Associação Brasileira dos Distribuidores de Medicamentos Especiais e Excepcionais). Por conta desse alto consumo da população, muitos medicamentos acabam descartados, seja porque venceram ou por desuso, mas não de maneira correta. O descarte incorreto desses resíduos afeta diretamente o meio ambiente. ” Disponível em: https://bit.ly/3PbWcK2. Acesso em 01/02/2022. Associando essa informação com o que foi estudado nessa unidade, você é capaz de pontuar as principais causas para esse problema? VAMOS PENSAR? 16 FIXANDO O CONTEÚDO 1. “O planeta vem sofrendo ao longo do tempo a interferência direta do ser humano na natureza com fins na extração de matéria-prima, recursos naturais ou obtenção de alguma vantagem. O que se pode observar é a ocorrência de uma mudança da visão e comportamento do homem no decorrer da história. ” (PASSOS e OLIVEIRA, 2016) Considerando o comportamento do homem perante a natureza, assinale a alternativa correta. a) O medo de se esgotar os recursos naturais era o moderador do comportamento dos homens primitivos, impedindo uma intervenção desastrosa, ou, sem uma justificativa plausível ante a destruição natural. b) A relação do homem com a natureza, onde se destaca a exploração dos bens naturais, sempre foi baseada na sua necessidade. c) O consumismo, o individualismo e a competitividade foram apenas consequências da Revolução Industrial, não tendo relação com o comportamento do homem perante a natureza. d) O homem passou a ter uma relação conflituosa com a natureza, como consequência, as grandes crises ambientais que vivemos hoje. e) As crises ambientais vistas atualmente, existiam desde os primórdios, porém não eram divulgadas. 2. (ENEM-2010 - Adaptada). Se por um lado, o ser humano, como animal, é parte integrante da natureza e necessita dela para continuar sobrevivendo, por outro, como ser social, cada dia mais sofistica os mecanismos de extrair da natureza recursos que, ao serem aproveitados, podem alterar de modo profundo a funcionalidade harmônica dos ambientes naturais. A relação entre a sociedade e a natureza vem sofrendo profundas mudanças em razão da tecnologia. A partir da leitura do texto, identifique a possível consequência do avanço da tecnologia sobre o meio natural. a) A sociedade aumentou o uso de insumos químicos – agrotóxicos e fertilizantes – e, assim, os riscos de contaminação. b) O homem, a partir da evolução técnica, conseguiu explorar a natureza e difundir harmonia na vida social. c) As degradações produzidas pela exploração dos recursos naturais são reversíveis, o que, de certa forma, possibilita a recriação da natureza. d) O desenvolvimento técnico, dirigido para a recomposição de áreas degradadas, superou os efeitos negativos da degradação. e) As mudanças provocadas pelas ações humanas sobre a natureza foram mínimas, uma vez que os recursos utilizados são de caráter renovável. 17 3. (UECE – 2012 - ADAPTADA). “A questão ambiental deve ser compreendida como um produto da intervenção da sociedade sobre a natureza. Diz respeito não apenas a problemas relacionados à natureza, mas às problemáticas decorrentes da ação social. ” RODRIGUES, Arlete Moysés. Produção do e no espaço - problemática ambiental urbana. Ed. Hucitec, 1998, p. 8. A partir do excerto acima, pode-se concluir corretamente que os problemas ambientais globais residem: a) Na forma como o homem em sociedade apropria-se da natureza. b) Nas relações de consumo e não nas relações de produção. c) Principalmente na forma de exploração dos recursos naturais não renováveis. d) Apenas nas relações de produção, porque estas não têm vinculação com o consumo. e) Na preocupação em utilizar os recursos naturais de maneira racional. 4. (UEA - 2014). A questão colocada em debate pela charge é: a) O desenvolvimento que não pode ser alcançado com a presença de áreas verdes. b) A falta de materiais de proteção individual para as pessoas próximas às caçambas. c) O caráter efêmero das construções civis que um dia serão destruídas. d) A situação precária dos trabalhadores ligados ao transporte de carga no brasil. e) O descarte irregular de lixo e os impactos ambientais e sociais implicados. 5. (UEG - 2010). Invadindo espaços As cidades que antes serviam para abrigar os cidadãos, hoje são o ambiente típico dos automóveis. Nos países em desenvolvimento, a ação do poder público em favor do automóvel foi e tem sido tão eficaz que fica cada vez mais difícil para os moradores das cidades viver com um mínimo de conforto sem um automóvel particular. Só os que, em razão do seu padrão de renda, não podem almejar ter um carro sujeitam-se ao ineficiente sistema de transporte público. Neles perdem várias horas do dia, muitos dias por ano, alguns anos de vida. 18 Se as condições fossem outras, se o transporte público fosse mais eficiente, menor seria a parcela de renda que boa parte da população precisa reservar para compra e manutenção de um carro particular, menores seriam as demandas por investimentos públicos no sistema viário, maiores seriam as disponibilidades da renda pessoal para outras atividades, incluindo lazer, e maiores seriam os recursos que o poderpúblico poderia destinar para melhorar a qualidade de vida de uma população. OKUBARO, Jorge J. O automóvel, um condenado? São Paulo: Senac, 2001. p. 52-53. (Adaptado). De acordo com a análise do texto acima, é CORRETO afirmar: a) O elevado custo, os problemas de congestionamento das grandes cidades (ônibus, automóveis, caminhões) são os maiores responsáveis pela poluição atmosférica nos centros urbanos, ocasionando a redução na qualidade de vida da população. b) A baixa tarifa do transporte urbano é um incentivo ao trabalhador, independentemente do tempo gasto para o deslocamento entre a casa e o trabalho, o que resulta em ganho no orçamento no final do mês. c) A qualidade do transporte coletivo urbano, fruto de estratégias de planejamento, acaba por estimular a utilização do transporte coletivo, diminuindo o número de veículos nos grandes centros urbanos. d) A crescente preocupação com o planejamento urbano pelos órgãos oficiais do governo tem trazido melhorias na condução do tráfego e a diminuição dos custos na infraestrutura viária. 6. (UFMT- 2008). A dinâmica ambiental se expressa pelo comportamento dos elementos da natureza, bem como pelos aspectos socioeconômicos da sociedade. Sobre o assunto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) A relação entre a sociedade e a natureza forma um conjunto fundamental para a compreensão das análises socioambientais do espaço geográfico. ( ) O processo de desmatamento pode ocasionar o rompimento do ciclo hidrológico, a perda do solo pelo processo erosivo bem como alterações no comportamento das variáveis climáticas. ( ) Como agente de transformação das relações entre os homens e destes com a natureza, a industrialização implicou a urbanização baseada na defesa ambiental, implementando medidas antipoluidoras e protecionistas. Assinale a sequência correta. a) V, V, V b) F, F, V c) F, V, V d) V, V, F e) V, F, F 7. (UEPA- 2012). O crescimento precipitado das cidades em decorrência do acelerado desenvolvimento tecnológico da segunda metade do século XX produziu um espaço 19 urbano cada vez mais fragmentado, caracterizado pelas desigualdades e segregação espacial, subemprego e submoradia, violência urbana e graves problemas ambientais. Sobre os problemas socioambientais nos espaços urbano-industriais é correto afirmar que: a) Os resíduos domésticos e industriais aliados aos numerosos espaços marginalizados, problemas de transportes, poluição da água e do solo, bem como os conflitos sociais são grandes desafios das cidades na atualidade. b) As ações antrópicas, em particular, as atividades ligadas ao desenvolvimento industrial e urbano têm comprometido a qualidade das águas superficiais, sem, contudo, alcançar os depósitos subterrâneos. c) Os conflitos sociais existentes no espaço urbano mundial estão associados à ampliação de políticas públicas para melhoria de infraestrutura que provocou o deslocamento de milhões de pessoas do campo para a cidade. d) A violência urbana, problema agravado nos últimos anos, está associada à má distribuição de renda, à livre comercialização de armas de fogo e à cultura armamentista existente na maioria dos países europeus. e) A chuva ácida ocorrida nos países ricos industrializados apresenta como consequências, a destruição da cobertura vegetal, alteração das águas, embora favoreça a fertilização dos solos agricultáveis. 8. (FADESP – 2019). A sociedade humana tem utilizado os recursos naturais desde o aparecimento do homem no planeta Terra, contudo foi a partir da Revolução Industrial que a degradação do meio ambiente cresceu de forma exponencial. A respeito do domínio da sociedade moderna sobre o meio ambiente, é correto afirmar que: a) A consciência humana sobre as questões ambientais e a descoberta de que os recursos naturais são infinitos, ou seja, podem ser usados até mesmo de forma abusiva, proporcionou uma maior preservação do planeta Terra. b) A industrialização da sociedade provocou várias transformações no planeta Terra, entre elas a aceleração do crescimento demográfico e um notável aumento na poluição do ar, das águas, dos solos, além de intensos desmatamentos. c) A humanidade, desde a década de 1970, vem tomando consciência de que apenas algumas pequenas áreas isoladas sofrem uma intensa degradação ambiental, portanto, a maior parte da biosfera encontra-se em perfeito estado de preservação. d) O aumento do aquecimento global tem levado os governos a propor medidas que estimulem o crescimento de gases do efeito estufa, já que esses gases são responsáveis pela preservação da biodiversidade. e) O homem sempre usufruiu dos benefícios da natureza de forma consciente, no entanto, alguns recursos não são renováveis, causando o desequilíbrio ambiental que se vive hoje. 20 AS EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE 21 Vimos até aqui o quanto as ações do homem são responsáveis pelo caos ambiental em que vivemos. No entanto, uma cobrança externa gerada por diferentes grupos – Estado, comunidade local, mercado e fornecedores, tem deixado os empresários mais conscientes e dispostos a deixarem de ser os grandes vilões da sociedade. Para controlar e reduzir os danos ambientais causados pelas empresas, medidas de intervenção são tomadas de forma regulamentada pelo Estado, e de maneira informal pela comunidade. Essas cobranças são motivadoras, tendo como consequência melhora nas condições de competitividade entre as empresas, além de oferecer retorno dos consumidores, fornecedores e grupos organizados. Cada empresa possui uma estratégia de condução das operações ambientais, chamado de modelo de gestão. De acordo com Barbiere (2007), gestão ambiental pode ser definida como práticas administrativas e operacionais, cujo objetivo é atender positivamente às questões ambientais. As técnicas utilizadas variam de acordo com as necessidades da empresa em questão, que envolvem fatores internos e externos. A escolha das estratégias que serão utilizadas na política ambiental, depende dos objetivos das empresas, onde ela escolhe ser uma empresa: que não cumpre as leis; que cumpre as leis; que cumpre as leis e realiza ações além do requerido; que deseja se destacar no meio comercial e ambiental. A avaliação do impacto ambiental é um instrumento utilizado na política ambiental preventiva, cuja importância se dar pelo fato de ser utilizada na identificação, quantificação e como recurso para minimizar as consequências dos impactos causados pela indústria ao meio ambiente. Após a avaliação e discussão do documento elaborado, caso seja aprovado, as empresas recebem a “licença ambiental”. No entanto, há uma grande dificuldade em obter a licença ambiental devido o não cumprimento das exigências necessárias para regulamentação ambiental por parte das empresas. 2.1 INTRODUÇÃO 2.2 EMPRESAS DIANTE DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL Com a conscientização dos impactos causados pela indústria ao meio ambiente, uma cobrança externa foi gerada por diferentes grupos – Estado, comunidade local, mercado e fornecedores. Barbieri (2007) afirma que medidas de intervenção começaram a ser tomadas pelo Estado apenas na década de 1930. Inicialmente as medidas tratavam os problemas de modo isolado e localizado, somente após 1980 que passaram a ser tratados de forma generalizada e interdependente. De forma regulamentada, o Estado impõe limitações no uso dos recursos naturais pelas empresas, em busca de cuidar da saúde da população e proteger o ambiente natural. Sendo esse controle imposto sob regime das leis ambientais, é função do Estado atuar na fiscalização do cumprimento dessas ordens, aplicando multas ou até fechando suas instituições como forma de punição (DIAS, 2019). Também foi regulamentado a cobrança pelo uso dos bens ambientais utilizados pelas indústrias e os danos causados por elas ao meio ambiente, a fim de utilizar esse investimento na recuperação do ambiente modificado. No entanto, o Estado também oferece benefícios às empresas queoptam por operar com ações que descontaminam 22 o meio ambiente, promovendo benefícios privados (BARBIERI, 2007). Funcionando como uma cadeia, o cumprimento das ações ambientais impostas pelo Estado, de forma motivadora, melhora as condições de competitividade entre as empresas, além de ter retorno de alguma forma dos consumidores, fornecedores e grupos organizados. Esse controle é dado pelas resoluções do CONAMA. Informalmente, a população também cobra por mudanças de ações contaminantes pelas empresas. A cobrança por parte desse grupo acaba sendo de maior eficiência, uma vez que são os consumidores exigindo e os primeiros que sofrem as consequências, afetando as decisões das empresas. Importante lembrar que apesar de ser uma cobrança de maneira informal, a comunidade local é formada por educadores, cientistas, jornalistas, ecologistas, intelectuais, entre outros grupos não leigos sobre o assunto, ou seja, no mínimo cobranças necessárias. Em resposta às cobranças, as empresas estão adotando estratégias de prevenção de forma que ocorra redução dos resíduos poluentes, gere redução de custos de produção, favoreça sua posição no mercado e por fim, melhore a qualidade do produto. Ações como melhoria na gestão das práticas adotadas ao longo do processo de produção, já favorecem a redução de contaminantes, sem necessidade de novos investimentos. Além disso, com práticas eficientes também é possível prevenir contaminação, sem perder competitividade (DIAS, 2019). O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90. GLOSSÁRIO 2.3 GESTÃO AMBIENTAL E COMPETITIVIDADE A gestão ambiental tem se destacado cada vez mais quando o assunto é competitividade entre empresas, uma vez que o processo produtivo é beneficiado com as estratégias aplicadas. Fazer uso de uma gestão voltada para as questões ambientais tem como objetivo atingir o desenvolvimento sustentável, ao respeitar os limites do meio ambiente. Por sua vez, ela representa a operacionalização da política ambiental. De forma individual, cada empresa possui uma demanda única e assim necessita de uma estratégia especifica de condução das operações ambientais, o que chamamos de modelo de gestão. Esse modelo varia de acordo com as necessidades da empresa em questão, que envolvem fatores internos e externos. A escolha das estratégias que serão utilizadas na política ambiental, depende dos objetivos das empresas, onde ela escolhe ser uma empresa: que não cumpre as leis; que cumpre as leis; que cumpre as leis e realiza ações além do requerido; que almeja alcançar o sucesso comercial e ambiental; ou que deseja ser uma referência em cunho ambiental. Importante destacar que as estratégias que serão utilizadas devem ser pensadas de forma que processo de produção utilize tecnologias mais “limpas” e que o produto seja ecologicamente aceitável, preferencialmente, aplicando a estratégia dos 3R: Reutilização, Redução e Reciclagem. De acordo com Silva et al. (2017), para eficiência do modelo de 23 gestão implantado, é necessário que todos os funcionários da empresa estejam cientes e sigam suas condutas com base na política ambiental implementada; competência e uma equipe especializada; apoio e comprometimento dos líderes; integração com outros sistemas; disponibilidade de recursos financeiros, entre outros fatores externos, como incentivos para obter certificação e informações atualizadas sobre legislação ambiental. Quando as ações voltadas para as questões ambientais são efetivas, a valorização das empresas é uma consequência, assim como de seus produtos, por um mercado consumidor que está cada vez mais exigente. Mesmo visando a redução ou prevenção dos impactos ambientais, uma gestão ambiental eficiente e proativa (que vai além das exigidas pela legislação) também promove redução nos custos de produção, redução no uso de recursos naturais, redução nas etapas do processo produtivo, sendo possível até otimização dos meios de transporte. Sendo assim, a escolha e eficiência do modelo de gestão aplicado é o que garante vantagens comparativas e competitivas às empresas perante o mercado industrial (DIAS, 2019). Exemplos de ferramentas sustentáveis mais utilizadas pelas empresas, de acordo com Butieri e dos Santos Neto (2014): Produção Mais Limpa; Neutralização de Carbono; Administração da Qualidade Ambiental Total (TQEM); Atuação Responsável; Ecoeficiência e ISSO 14000. Tecnologias Limpas – de acordo com Esteves, 2018, p. 16: “O conceito simplificado de Tec- nologia Limpa pode ser apresentado como um conjunto de soluções que viabilizem o uso dos recursos naturais, de forma a alterar ou implementar processos industriais que visem o consumo consciente das matérias primas e minimizem os desperdícios, ou seja, buscasse o crescimento econômico industrial consciente e a promoção humana. ” GLOSSÁRIO Leia sobre esse caso que aconteceu no município de Alto Alegre do Pindaré, a 219 km de São Luís – MA, divulgada pelo site Ambiente Brasil em 28/08/2018. Disponí- vel em: https://bit.ly/3P83qyE. Acesso em: 15 mar. 2021.) “Empresa Pelicano foi multada por cometer um crime ambiental no muni- cípio de Alto Alegre do Pindaré, a 219 km de São Luís. Segundo um empresário da cidade, que prefere não se identificar, um terreno de nove hectares que havia sido alugado por ele à empresa foi usado para enterrar lixo e até material poluente e tóxico. O contrato de aluguel durou dois anos e meio, e só próximo de assinar o documento de devolução do terreno foi que o proprietário recebeu a denúncia de que o local estava com sinais de contaminação ” (AMBIENTE BRASIL, 2018, online). Agora veja as ações tomadas: “Sobre os crimes ambientais apresentados no terreno, a Secretaria de Meio Ambiente de Alto Alegre do Pindaré informou que decidiu interditar o local por três anos. Já a Empresa Pelicano disse que todos os itens do acordo feito com a Prefeitura estão sendo cumpridos e que está só aguardando a autorização do VAMOS PENSAR? 24 proprietário do terreno e da Prefeitura para iniciar o trabalho de recuperação da área. ” (AMBIENTE BRASIL, 2018, online). Após ter conhecimento dessa situação, se coloque no lugar de gestor ambiental da em- presa e posteriormente no lugar de dono do terreno. Como você reagiria nas diferentes posições, quais ações você tomaria? 2.4 AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente, qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causa um impacto ambiental. Como consequência, afetam a saúde e o bem-estar da população, interferem nas atividades sociais e econômicas, assim como nas condições sanitárias do meio ambiente, além prejudicar a qualidade dos recursos naturais. No Brasil, a avaliação do impacto ambiental foi introduzida na legislação em 1981, exigindo que as empresas passassem a realizar um estudo prévio do impacto ambiental de suas atividades, antes de excuta-las. Esse levantamento prévio está associado ao licenciamento ambiental, serve como suporte para a tomada de decisão do órgão licenciador quanto à viabilidade ambiental do projeto (SÁNCHEZ, 2015). Sendo assim, após avaliação e discussão do documento, caso seja aprovado, as empresas recebem a “licença ambiental”. De acordo com Dias (2019), a avaliação do impacto ambiental é um instrumento utilizado na política ambiental preventiva, cuja importância se dar pelo fato de ser utilizada na identificação, quantificação e como recurso para minimizar as consequências dos impactos causados pela indústria ao meio ambiente. No entanto, as empresas enfrentam dificuldades em obter a licença ambiental devido às exigências exageradas na regulamentação ambiental, os custos de implantação elevados, falta de preparo técnico da fiscalização, entre outras causas.No estudo de Cremonez et al. (2014), os autores citam alguns métodos utilizados para avaliação do impacto ambiental, como AD HOC, Método Checklist, Matrizes de Interação, Redes de Interações, Superposição de Cartas, Modelos de Simulação, Metodologias Quantitativas e AMBITEC – AGRO. Você sabe como funciona a multa ambiental? Nesse vídeo você terá a oportunidade de entender melhor o que é a multa ambiental, como ela é aplica- da e calculada. “Multa Ambiental” Disponível em: https://bit.ly/3M5tCbi. Acesso em: 15 mar. 2021. FIQUE ATENTO 25 Para aprofundar seus estudos sobre impactos ambientais, deixo algumas su- gestões literárias importantes: Livro 1: “Avaliação de Impactos Ambientais” STEIN, Ronei. T. Avaliação de Impactos Ambientais. Grupo A, 2018. b9788595023451. Disponível em: https://bit.ly/3Fvf5D3. Acesso em: 21 jan. 2022. Artigo 1: “Avaliação de impactos ambientais nos países do Mercosul” Rocha, E. C., Canto, J. L. D., & Pereira, P. C. (2005). Avaliação de impactos am- bientais nos países do Mercosul. Ambiente & Sociedade, 8, 147-160. Artigo 2: “Avaliação de impactos ambientais do desastre de Brumadinho-MG pela proposição de valores de referência” Gomes, F. B. R., de Souza Fagundes, P. B. S., Castro, S. R., & de Melo Ribeiro, C. B. (2020). Avaliação de impactos ambientais do desastre de Brumadinho-MG pela proposição de valores de referência. Revista Mineira de Recursos Hídricos, 1(1). BUSQUE POR MAIS 26 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (UFLA - 2011). Ao questionar a racionalidade humana, a charge tem por objetivo principal: a) Relacionar o desmatamento à extinção das aves. b) Mostrar que os interesses econômicos se sobrepõem à preservação ambiental. c) Mostrar que o uso de veículos contribui para o aumento da poluição atmosférica. d) Relacionar a expansão agrícola ao processo de degradação ambiental. 2. (UEPB - 2011). Sobre a globalização dos problemas ambientais é correto afirmar: I. Após a Revolução Industrial, a Natureza passou a ser vista como uma fonte de recursos econômicos a ser explorada por meio de instrumentos cada vez mais sofisticados, criados pela ciência e pela tecnologia. Nesse processo, o meio ambiente foi submetido a uma contínua devastação, pondo em risco o equilíbrio do planeta e afetando a vida de toda a humanidade. II. Nas últimas décadas do século XX, com o agravamento dos problemas ambientais, a sociedade se mobilizou para deter os efeitos nocivos das atividades econômicas, predatórias e poluentes. III. Os grupos ecológicos se multiplicaram e a pressão social resultou na aprovação pelos poderes públicos de leis de proteção ao meio ambiente. IV. No âmbito internacional, a preservação do meio ambiente passou a constituir elemento importante de um país para negociar a comercialização de seus produtos e recebimento de empréstimos. Está(ão) correta(s) a) Apenas a proposição I b) Todas as proposições 27 c) Apenas as proposições II e IV d) Apenas as proposições I e II e) Apenas as proposições I e III 3. (UFOP – 2010 - Adaptada). Na atualidade, proteger o meio ambiente consiste em assumir atitudes cotidianas, pessoais e coletivas. Assinale a medida que está totalmente de acordo com essa assertiva. a) O uso de materiais descartáveis favorece a economia de água. b) Implantação de indústrias de reciclagem nas áreas de preservação natural com o objetivo de gerar mais recursos econômicos. c) Redução nas etapas de produção e no tempo de vida dos produtos lançados. d) Aprimoramento das técnicas de manejo agrícola, considerando-se as características do solo e do clima, com o objetivo de atenuar os processos erosivos. e) Uso moderado de defensivos agrícolas para aumentar a produção, não havendo necessidade da orientação de um profissional. 4. (UEPB – 2009). Um produto trouxe a seguinte etiqueta ilustrada abaixo: O apelo panfletário demonstra: a) A força adquirida pelos grupos ambientalistas, ao exigirem que todos os produtos sejam fabricados de forma a preservar o meio ambiente. b) A tomada de consciência ambiental pela população, sobretudo nas camadas mais jovens, a qual prioriza apenas o consumo de bens cuja produção seja ecologicamente correta. c) A preocupação dos empresários com a fabricação de bens que sejam ecologicamente sustentáveis, como forma de garantir a preservação da natureza e a futura continuidade do sistema capitalista. d) A exigência dos governos para que toda forma de produção e consumo seja ecologicamente sustentável, garantindo, assim, a saúde do planeta e a qualidade de 28 vida das gerações futuras. e) A apropriação capitalista do discurso sobre as questões ambientais (utilizando-se das atuais preocupações ecológicas que ganham força com os ambientalistas) para ampliar seus lucros, camuflando a verdade de que toda forma de consumo é de algum modo danosa à natureza. 5. (Itame – 2019). Atualmente, em virtude do comprometimento da vida no planeta, cresceu o debate a nível internacional sobre as questões ambientais mundiais. É cada vez mais comum, o estudo sobre os impactos ambientais para que haja conscientização da população e de governantes sobre a necessidade de se praticar um desenvolvimento sustentável. Dentro deste contexto, as informações ambientais iniciais necessárias para o reconhecimento de determinada área e adjacências, para elaboração de um estudo de impacto ambiental, são: a) Os compromissos de consulta pública, imagens de satélite e o plano de gestão. b) O levantamento de dados socioambientais, considerações sobre os impactos significativos e o plano de trabalho. c) Os memoriais descritivos do projeto, procedimentos de análise de impactos e o plano de gestão. d) Os memoriais descritivos do projeto, plantas relativas ao projeto e os mapas topográficos oficiais. e) Reuniões com grupos responsáveis 6. (UNINOEST - 2009). Entre os impactos ambientais causados nos ecossistemas pelo homem, podemos citar: I. Destruição da biodiversidade. II. Erosão e empobrecimento dos solos. III. Enchentes e assoreamento dos rios. IV. Desertificação. V. Proliferação de pragas e doenças. Assinale a alternativa que melhor representa os impactos consequentes do desmatamento: a) Apenas I b) Apenas V c) Apenas III, IV e V d) Apenas I, II, III e V e) I, II, III, IV e V 7. Os problemas ambientais afetam todo o nosso planeta, causando consequências graves na fauna, flora, solo, águas, ar, entre outros. Esses problemas são reflexos de qualquer alteração no meio ambiente – em uma ou mais de suas componentes – provocada por uma ação humana. Essas ações podem ser caracterizadas como: 29 a) Ambientação. b) Impacto ambiental. c) Resiliência. d) Mecanismo de controle. e) Qualidade ambiental. 8. (FUNDEP – 2020). Sendo o ambiente um bem público, sua manutenção, além da diminuição da poluição, é do interesse de todos. Os impactos dos poluentes oriundos das atividades industriais têm gerado mudanças no meio ambiente e causado desastres climáticos e ecológicos. A gestão ambiental surgiu para tratar da atuação das atividades industriais, visando estabelecer mecanismos de prevenção e controle que possam conter os efeitos causados durante o ciclo de vida econômico do produto. Sobre a gestão ambiental empresarial, assinale a alternativa correta. a) A gestão ambiental empresarial avalia a eficiência do uso dos materiais e a mensuração dos impactos ambientais a fim de obter informações para operacionalização dos 3 Rs: reutilização, redução e reciclagem. b) O desenvolvimento sustentável das Nações Unidas indica que a gestão ambiental empresarial é uma combinação entre a contabilidade financeira e a contabilidade de lucros. c) A gestão ambiental empresarial foca nos custos externos e repassa os custos internos à sociedade, já que a população é quem utiliza os produtos. d) A gestão ambiental empresarial busca o entendimento do equilíbrio entre as complexas relações econômicas e ambientais e não consideram as questões sociais, pois estas não comprometem o desenvolvimento futuro da empresa. e) A gestãoambiental empresarial possui um modelo padrão que deve ser seguido por todos que desejam implantar ações ambientais em suas instituições. 30 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 31 3.1 INTRODUÇÃO Como já vimos, os problemas ambientais que enfrentamos nos dias de hoje, como efeito estufa, chuva ácida, desertificação, variações climáticas, entre outros, são reflexos das práticas dos nossos antepassados. Com a finalidade de criar um desenvolvimento que permita às futuras gerações melhores condições ambientais, foram surgindo movimentos que estimulam o desenvolvimento sustentável. Esses movimentos funcionam como um incentivo para que o ser humano utilize os recursos naturais de forma racional e ao mesmo tempo procure estratégias para diminuir os problemas ambientais, pensando nas futuras gerações. Desde então, as práticas aplicadas proporcionaram melhorias com o passar dos anos, mas muito ainda tem que ser feito diante dos impactos já causados, visando atitudes mais sustentáveis. Quando se fala de problemas ambientais, surge a preocupação com os recursos naturais e então, além de pensar na herança para as futuras gerações, busca-se atender as demandas atuais e futuras com uso de técnicas que permitem o uso dos recursos naturais por longo período, sem haver preocupação com seu esgotamento, mesmo com imprevistos que possam vir acontecer durante este período. Essa técnica chamamos de “sustentabilidade”, que muitas vezes é utilizada como sinônimo de “desenvolvimento sustentável”. É um equívoco associá-la ao termo desenvolvimento, porém ela também busca alternativas viáveis, estratégias justas para a evolução da sociedade envolvendo questões ambientais e sociais. Com os movimentos estimulando sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, as empresas se uniram com objetivo evoluir com o planejamento ambiental proposto se baseando em razões que sustentam a ecoeficiência. Essas razões envolvem o uso dos recursos naturais, as ações para a população, cumprimento das leis e retorno financeiro. É o equilíbrio entre elas que dita o sucesso na execução dos projetos elaborados pela gestão ambiental das empresas. 3.2 FUNDAMENTAÇÃO O comportamento dos nossos antepassados durante o desenvolvimento das cidades, refletem nos problemas ambientais que enfrentamos nos dias de hoje, como efeito estufa, chuva ácida, desertificação, variações climáticas, entre outros (AQUINO et al., 2015). Com o agravamento das consequências, movimentos foram surgindo a fim de proporcionar um desenvolvimento que permita uma herança diferente para as gerações futuras, o desenvolvimento sustentável. O termo desenvolvimento sustentável surgiu nos debates ocorridos a partir da Conferência de Nairobi em 1982, na qual foi criada a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esta comissão divulgou em 1987 o documento chamado de Nosso futuro comum, também conhecido como Relatório Brundtland que definiu o desenvolvimento sustentável como um processo de utilização dos recursos naturais e tecnologia de forma que atenda às necessidades da geração atual sem comprometer as futuras, alcançando o crescimento econômico com uso de tecnologia mais eficiente e menos poluente. Embora esse seja um conceito amplamente utilizado de desenvolvimento sustentável, não é a única definição, sendo considerado por alguns como um projeto social 32 e político para elevar a qualidade de vida da população. Afirmam que o desenvolvimento sustentável deve ser assegurado e estendido a todos os povos, principalmente aos mais pobres, porém, de uma forma compatível com a preservação do meio ambiente. Relatório de Brundtland segundo Pies e Graf (2015, pág. 2): “O Relatório de Brundtland faz parte de uma série de iniciativas que têm uma visão críti- ca do método usado pelas cidades e pelos países industrializados e discutem sobre os riscos do uso desordenado e impensável dos recursos naturais.” GLOSSÁRIO Em suma, o desenvolvimento sustável busca estabelecer uma relação harmônica entre o homem e a natureza, almejando prosperidade econômica, mas em conjunto com a proteção ambiental. O incentivo é de que o ser humano utilize os recursos naturais de forma racional e ao mesmo tempo busque reduzir os problemas ambientais, pensando nas gerações futuras. Desde então, as práticas aplicadas trouxeram algumas melhorias ao longo dos anos, mas muito ainda tem que ser feito diante dos impactos já causados, visando atitudes mais sustentáveis. O termo “sustentabilidade” que geralmente é utilizado como sinônimo de “desenvolvimento sustentável”, ele não está necessariamente associado ao termo desenvolvimento, porém ela também busca alternativas viáveis, estratégias justas para a evolução da sociedade envolvendo questões ambientais e sociais. Suas práticas são de ações imediatas, buscando melhor qualidade de vida por meio de planos projetados à tecnologia e meio ambiente. De acordo com Aguilar et al. (2015), uma atividade é considerada sustentável quando pode ser mantida por um longo período, de forma a não se esgotar nunca, apesar dos imprevistos que possam vir acontecer durante este período. Desta forma, o desenvolvimento sustentável é o que promove a sustentabilidade, seja em empresas ou órgãos não governamentais. Como estratégia de desenvolvimento sustentável a ser aderida diversos países, foi criada a Agenda 2030. Em suma, o plano principal é reduzir a pobreza e melhorar as condições de vida no planeta. Para isso, foram planejados 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e 169 metas a serem alcançadas em conjunto. Os trabalhos envolvem ações em áreas de importância crucial para humanidade e para o planeta (MUNDO, 2016). Dentre os aspectos considerados no desenvolvimento sustentável; preservar a diversidade genética, manter os ciclos ecológicos, uso consciente das espécies e ecossistemas, são os principais. Desta forma, entre os principais objetivos das políticas ambientais, encontram- se a busca por alterar a qualidade do desenvolvimento, manter o nível populacional sustentável, conservar e melhorar a base de recursos naturais e administrar os riscos. 33 Desdobramento sobre desenvolvimento sustentável segunda a visão de outros autores: De acordo com Vizel et al. (2012, pág. 13): “Desenvolvimento sustentável é também ideologia, pois máscara e distorce o real ao fazer das suas ideias a versão dominante, mas não verdadeira de algo, e seu com- partilhamento como necessidade central nos discursos empresariais demonstra como a ideologia se impôs ante a reflexão permanente e contínua da realidade, motivando justamente o aparecimento da sustentabilidade. O termo surgiu e ganhou força como forma de promover uma ideologia materializada em ações modestas para dissuadir a opinião pública, evitando que a realidade se apresente como ela realmente é. A sustenta- bilidade é um termo contraditório por se apresentar como uma verdade salvadora, como um mito salvador ante o apocalipse eminente. A sustentabilidade apresenta-se como termo esclarecido, ou seja, como algo ins- trumental que afeta a sociedade tal como qualquer outro conhecimento científico das ciências tradicionais. Para que ela se torne conhecimento emancipado para o indivíduo e para a coletividade, precisa fazer parte de uma “práxis” transformadora, em que a con- dição humana seja o fim em si mesma e não os interesses econômicos concentrados nas mãos de poucos. ” FIQUE ATENTO 3.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO ÂMBITO EMPRESARIAL Para as empresas e indústrias, as políticas que envolvem o desenvolvimento sustentável devem atender às demandas alimentares de todos os povos e nações; devem se preocupar com a estabilidade e segurança dos ecossistemas e condições climáticas; além de se atentar para as atividades do homem, que não devem comprometer as gerações futuras. O cumprimento de tais premissas depende de fatores como: • Necessidade do conhecimento humano, onde a capacidade de ter pensamentos críticos e iniciativasque o homem possui, são fundamentais para evolução do processo; • Necessidade das fontes ecológicas, onde a disponibilidade de recursos naturais permite o homem desenvolver os seus projetos; • Necessidade de recursos financeiros, na qual são fundamentais para que o planeamento seja posto em ação. Com a necessidade de um planejamento estratégico nas empresas para avançar com o desenvolvimento sustentável, em 1997 foi criado o Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). O conselho reúne um grupo de empresas que são bem expressivas no país, onde suas ações em defesa do desenvolvimento sustentável envolvem discussões de planejamento e execução, realização de seminários, reuniões, debates, trabalhos com organizações não governamentais e instituições acadêmicas. Essas ações são fundamentais para que sejam aplicadas estratégias eficientes. 34 Figura 1: Consta Um Modelo De Sustentabilidade Seguido Por Uma Empresa Fonte: Adaptado de CORAL (2002 p.129) No entanto, é importante destacar que para eficiência do planejamento estratégico, as empresas devem se atentar aos interesses de seus diferentes públicos de interesse: fornecedores, consumidores, colaboradores, entre outros. Desta forma, o desafio do conselho é se organizar de forma que consiga promover um desenvolvimento sustentável atendendo aos interesses de todos os envolvidos. Além dos fatores importantes para um planejamento estratégico, é importante ter consciência que para se alcançar o desenvolvimento sustentável no país, são necessárias mudanças em questões importantes como: a produção agrícola; sustentabilidade nas cidades; infraestrutura sustentável; redução da desigualdade e investimento em ciência e tecnologia (ARAÚJO et al., 2006). A estratégia utilizada por essas organizações, com objetivo de atingir seus objetivos, se baseia em razões que sustentam a ecoeficiência. Essas razões são divididas entre: físicas, onde encontramos os recursos naturais; sociais, que envolvem as ações para a população, cumprimento das leis e geração de empregos; éticas, relacionado ao tratamento cedido aos funcionários; negócios, que é a resultante das atividades anteriores. A gestão eficiente de tais razões resulta em oportunidades que impulsionam a rentabilidade e o desenvolvimento sustentável, promovendo benefícios ao meio ambiente como: uso de combustível alternativo e aproveitamento de resíduos; uso racional dos recursos renováveis; produtos com tempo de vida maior; e redução de poluentes. Embora as organizações estejam em busca de estratégias para sustentabilidade ambiental, a maior preocupação ainda é com a organização interna, dando mais atenção ao processo de produção e produto. Sem dúvidas já é uma evolução no âmbito empresarial, se considerarmos que o ajuste interno reflete no impacto externo. 35 Para saber mais um pouco como funciona as questões ambientais dentro das empresas, segue algumas referências para conhecimento: Livro 1: “Gestão Ambiental na Empresa” Denis, D., Oliveira, E. C. Gestão Ambiental na Empresa, 3ª edição. Grupo GEN, 2018. 9788597017168. Disponível em: https://bit.ly/3950Fh0. Acesso em: 31 jan. 2022. Artigo 1: “Responsabilidade social corporativa: uma contribuição das empresas para o desenvolvimento sustentável ” Kraemer, M. E. P. (2005). Responsabilidade social corporativa: uma contribuição das empresas para o desenvolvimento sustentável. Revista Eletrônica de Ciên- cia Administrativa, 4(1), 1-50. BUSQUE POR MAIS 3.4 A BASE DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O desenvolvimento sustentável nas organizações é baseado em três dimensões, sendo elas: econômica, social e ambiental. Com relação às questões econômicas, a preocupação ao elaborar as estratégias ambientais é de que elas sejam capazes de dar retorno ao investimento realizado pelo capital privado. Em termos sociais, as empresas devem se atentar às condições de trabalho oferecidas a seus funcionários, devem fornecer oportunidades para a diversidade populacional (raças, etnias, deficiências, classes sociais, entre outros fatores), além de participarem ativamente das atividades ambientais oferecidas à sociedade. Quando se refere à dimensão ambiental, as empresas devem se preocupar com a ecoeficiência de seus processos produtivos, de forma que durante o processo consigam uma produção mais limpa, que assumam responsabilidade ambiental e promovam o uso racional dos recursos naturais. Ecoeficiência – “As empresas ecoeficientes são aquelas que conseguem benefícios eco- nômicos – rapidez em seus processos e qualidade de seus produtos, com redução nos custos associados aos desperdícios de água, energia e materiais – à medida que alcan- çam benefícios ambientais por meio da redução progressiva da geração de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas, inserindo em seu processo gerencial o conceito de prevenção da poluição e de riscos ocupacionais. ” Sisinno e Moreira, 2005, p. 2. GLOSSÁRIO 36 Figura 2: Triângulo representando o equilíbrio dinâmico da sustentabilidade Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3FvYEqb. Acesso em: 15 mar. 2021. Como pode ser observado na figura 2, é importante que essas três dimensões estejam interligadas, havendo um equilíbrio dinâmico entre elas. Desta forma, as organizações responsáveis por cada pilar devem se estar unidas, a fim de manter o equilíbrio de suas atividades. Pois, se não houver comunicação e acordo entre as partes, vai haver desequilíbrio e insustentabilidade do sistema. Em uma matéria divulgada pelo Bonde News, foi relatado uma preocupação com as questões ambientais nas empresas: “... a sustentabilidade assumirá um maior destaque nos próximos 3 anos. 59% das organizações pesquisadas veem a sustentabilidade ambiental como uma de suas principais prioridades no futuro, em comparação com 38% que já mencio- nam como prioridade hoje. No entanto, há um grande espaço entre a intenção e a ação em tornar os negócios sustentáveis. 86% das organizações pesquisadas na região possuem uma estratégia de sustentabilidade como uma de suas prio- ridades. Ainda assim, somente 37% das empresas na América Latina tomaram ações para atingir seus objetivos ambientais. Ou seja, apenas 49% das que veem a sustentabilidade como uma prioridade conseguem alcançar suas metas am- bientais. ” Disponível em: https://bit.ly/3P7pMA8. Acesso em 01/02/2022. Com base nessa noticia e no seu estudo até aqui, você atuando como um gestor ambiental em uma empresa, mesmo diante das dificuldades enfrentadas, quais ações você tomaria para de fato ter resultados sustentáveis? VAMOS PENSAR? 37 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (UDESC - 2013). A definição de desenvolvimento sustentável mais usualmente utilizada é a que procura atender às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras. Isso significa optar pelo consumo de bens produzidos com tecnologia e materiais menos ofensivos ao meio ambiente, utilização racional dos bens de consumo, evitando-se o desperdício e o excesso e ainda, após o consumo, cuidar para que os eventuais resíduos não provoquem degradação ao meio ambiente. Principalmente: ações no sentido de rever padrões insustentáveis de consumo e minorar as desigualdades sociais. O Brasil está em uma posição privilegiada para enfrentar os enormes desafios que se acumulam. Abriga elementos fundamentais para o desenvolvimento: parte significativa da biodiversidade e da água doce existente no planeta; grande extensão de terras cultiváveis. De acordo com esta definição, o desenvolvimento sustentável pressupõe: a) Traçar um novo modelo de desenvolvimento econômico para nossa sociedade com o uso racional dos recursos naturais disponíveis e indisponíveis. b) A redução do consumo das reservas naturais com a consequente estagnação do desenvolvimento econômico e tecnológico; c) A preservação do equilíbrio global e do valor das reservas de capital natural, o que não justifica a desaceleração do desenvolvimento econômico e políticode uma sociedade; d) A distribuição homogênea das reservas naturais entre as nações e as regiões em nível global e regional. e) Definir os critérios e instrumentos de avaliação do custo-benefício e os efeitos socioeconômicos e os valores reais do consumo e da preservação. 2. (UPE - 2014). Ao fazer o estudo bibliográfico sobre um determinado assunto do conteúdo programático do vestibular da Universidade de Pernambuco (UPE), um vestibulando encontrou e anotou a seguinte definição: “É aquele que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.” Trata-se da definição CORRETA de: a) Crescimento neomalthusiano ambiental. b) Desenvolvimento sustentável. c) Ecodesenvolvimento neoliberal. d) Desenvolvimento ambiental. e) Ecodesenvolvimento darwinista. 3. (UNIFOR - 2012). TERRA, NOSSO LAR. A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a 38 Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra são um dever sagrado. (Trecho do preâmbulo da Carta da Terra, disponível em: https://bit.ly/3L1Fsl8. Acesso em: 15 mar. 2021). Em 22 de abril de 1970, o Senador norte- americano, Gaylord Nelson, convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição. Mais de 20 milhões de pessoas nos Estados Unidos preocupados com a visível degradação planetária engajaram-se ao movimento. A partir de 1990, o Dia da Terra passou a ser adotado em vários países, tornando-se evento internacional. A comemoração do Dia da Terra é uma forma de chamar a atenção da população mundial para: I. A necessidade urgente da preservação e recuperação dos recursos naturais. I. A motivação da sociedade global para a urgência do desafio da sustentabilidade planetária. I. A falta de necessidade de se considerar os efeitos da poluição industrial, mas sim as suas causas. Está correto, apenas, o que se afirma em: a) I b) II c) III d) I e II e) I e III 4. (UNEAL - 2011). O conceito de Desenvolvimento Sustentável parte do princípio de que: a) Para sustentar o consumo da população mundial, a destruição do meio ambiente deveria ser contida nos países pobres. b) O atendimento às necessidades básicas das populações, no presente, não deve comprometer os padrões de vida das gerações futuras. c) O padrão básico de vida populacional tem esgotado os recursos naturais e a alternativa seria rever o modo de viver nas grandes cidades. d) O desenvolvimento industrial deve diminuir, adaptando um novo modo de vida às gerações atuais e otimizando o uso de produtos artesanais. e) A diminuição da retirada de recursos naturais renováveis e não renováveis buscam estabelecer novas formas de convívio com o meio agropecuário. 5. Toda empresa que de fato se importa com o futuro do planeta e enxerga pautas ambientais como essenciais para a realização de suas atividades, deve conhecer os três pilares da sustentabilidade. Afinal, são esses pilares que vão nortear as práticas sustentáveis no dia a dia de trabalho. 39 Quais são os três pilares que apoiam o conceito de desenvolvimento sustentável? a) Florestal, financeiro e humano. b) Ambiental, econômico e social. c) Sanitário, humanístico e cultural. d) Humano, financeiro e ambiental. e) Humanitário, sanitário e social. 6. (ENEM 2009). No presente, observa-se crescente atenção aos efeitos da atividade humana, em diferentes áreas, sobre o meio ambiente, sendo constante, nos fóruns internacionais e nas instâncias nacionais, a referência à sustentabilidade como princípio orientador de ações e propostas que deles emanam. A sustentabilidade explica-se pela a) Incapacidade de se manter uma atividade econômica ao longo do tempo sem causar danos ao meio ambiente. b) Incompatibilidade entre crescimento econômico acelerado e preservação de recursos naturais e de fontes não renováveis de energia. c) Interação de todas as dimensões do bem-estar humano com o crescimento econômico, sem a preocupação com a conservação dos recursos naturais que estivera presente desde a Antiguidade. d) Proteção da biodiversidade em face das ameaças de destruição que sofrem as florestas tropicais devido ao avanço de atividades como a mineração, a monocultura, o tráfico de madeira e de espécies selvagens. e) Necessidade de se satisfazer as demandas atuais colocadas pelo desenvolvimento sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades nos campos econômico, social e ambiental. 7. (UFPB 2008). Sobre o desenvolvimento sustentável, discutido atualmente em todo o mundo pelos movimentos sociais e movimentos ambientalistas, pode-se afirmar: I. É fruto da Terceira Revolução Industrial e tem como princípio básico o uso racional dos recursos naturais e das fontes de energias renováveis, na produção de equipamentos resultantes do desenvolvimento tecnológico. II. Estabeleceu-se a partir da implantação da nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT), na qual os países ricos responsabilizam-se por um tipo de pro dução industrial, com baixa emissão de gases tóxicos, dando margem aos países pobres a ampliarem a sua produção e consequente emissão de gases. III. Resulta dos debates acerca dos problemas ambientais e configura-se como uma forma de progresso econômico que compromete o meio ambiente e tem como princípio o uso racional dos recursos naturais disponíveis e indisponíveis. Está (ão) correta (s) apenas: a) I e II b) II c) II e III d) I 40 e) I e III 8. (URCA 2018/1). Está havendo no mundo todo debates em torno da necessidade de um novo modelo e estilo de desenvolvimento. Apesar do crescimento da praticas aparentemente antagônicas em relação à conservação da biodiversidade, há uma preocupação internacional em refletir sobre soberania alimentar, não uso de produtos químicos, fortalecimento de práticas agroecológicas fortalecendo a interface conservação/ desenvolvimento em quase todos os níveis da sociedade atual. Estamos falando de: a) Economia de mercado; b) Modelo de Desenvolvimento Sustentável; c) Redução da biodiversidade no mundo; d) Modelo econômico de desenvolvimento socialista; e) Diminuição de práticas conservacionistas. 41 O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS 42 4.1 PRINCÍPIOS DA GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS Já é de amplo conhecimento que a preservação ambiental é fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável. Vimos anteriormente o grande interesse por parte das indústrias pelas questões ambientais, por diversos fatores, entre eles competitividade comercial e obrigatoriedade baseada em legislação. No entanto, esse ramo ainda enfrenta grandes dificuldades em alcançar suas metas ambientais. Assim, é importante que as empresas que possuem o sistema de gestão ambiental em funcionamento ou aquelas que ainda estão definindo seus protocolos devem ter em mente os princípios básicos da gestão ambiental empresarial. A eficiência da gestão ambiental está baseada em alguns princípios, na qual a prática levará ao alcance desejado. Observe na tabela 1 os princípios definidos pela Câmara de Comércio Internacional, que foram relatados por Danaire e Oliveira (2018), e entenda o que deve ser considerado no processo de melhorar o desempenho ambiental das empresas: PRINCÍPIOS DA GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS Prioridade organizacional Reconhecer que a questão ambiental está entre as principais priorida- des da empresa e que ela é uma questão-chave para o Desenvolvimen- to Sustentável. Estabelecerpolíticas, programas e práticas no desenvolvimento das operações que sejam adequadas ao meio ambiente. Gestão integrada Integrar as políticas, programas e práticas ambientais intensamente em todos os negócios, como elementos indispensáveis de administração em todas suas funções. Processo de melhoria contínua Continuar melhorando as políticas corporativas, os programas e a per- formance ambiental, tanto no mercado interno quanto externo, levando em conta o desenvolvimento tecnológico, o conhecimento científico, as necessidades dos consumidores e os anseios da comunidade, tendo como ponto de partida as regulamentações ambientais. Educação do pessoal Educar, treinar e motivar o pessoal, no sentido de que possam desem- penhar suas tarefas de forma responsável em relação ao ambiente. Prioridade de enfoque Educar, treinar e motivar o pessoal, no sentido de que possam desem- penhar suas tarefas de forma responsável em relação ao ambiente. Produtos e serviços Desenvolver e fabricar produtos e serviços que não sejam agressivos ao ambiente e que sejam seguros em sua utilização e consumo, que sejam eficientes no consumo de energia e de recursos naturais e que possam ser reciclados, reutilizados ou armazenados de forma segura. Orientação ao consumidor Orientar e, se necessário, educar consumidores, distribuidores e o públi- co em geral sobre o correto e seguro uso, transporte, armazenagem e descarte dos produtos produzidos. Equipamentos e operacionaliza- ção Desenvolver, desenhar e operar máquinas e equipamentos levando em conta o eficiente uso de água, energia e matérias-primas, o uso susten- tável dos recursos renováveis, a minimização dos impactos negativos ao ambiente e a geração de poluição e o uso responsável e seguro dos resíduos existentes. 43 Pesquisa Conduzir ou apoiar projetos de pesquisas que estudem os impactos am- bientais das matérias-primas, produtos, processos, emissões e resíduos associados ao processo produtivo da empresa, visando à minimização de seus efeitos. Enfoque proativo Modificar a manufatura e o uso de produtos ou serviços e mesmo os processos produtivos, de forma consistente com os mais modernos conhecimentos técnicos e científicos, no sentido de prevenir as sérias e irreversíveis degradações do meio ambiente. Fornecedores e subcontratados Promover a adoção dos princípios ambientais da empresa junto dos subcontratados e fornecedores encorajando e assegurando, sempre que possível, melhoramentos em suas atividades, de modo que elas sejam uma extensão das normas utilizadas pela empresa. Planos de emergência Desenvolver e manter, nas áreas de risco potencial, planos de emergên- cia, idealizados em conjunto entre os setores da empresa envolvidos, os órgãos governamentais e a comunidade local, reconhecendo a reper- cussão de eventuais acidentes. Transferência de tecnologia Contribuir na disseminação e transferência das tecnologias e métodos de gestão que sejam amigáveis ao meio ambiente junto aos setores privado e público. Contribuição ao esforço comum Contribuir no desenvolvimento de políticas públicas e privadas, de pro- gramas governamentais e iniciativas educacionais que visem à preser- vação do meio ambiente. Transparência de atitude Propiciar transparência e diálogo com a comunidade interna e externa, antecipando e respondendo a suas preocupações em relação aos riscos potenciais e impacto das operações, produtos e resíduos. Atendimento e divulgação Medir a performance ambiental. Conduzir auditorias ambientais regu- lares e averiguar se os padrões da empresa cumprem os valores estabe- lecidos na legislação. Prover periodicamente informações apropriadas para a Alta Administração, acionistas, empregados, autoridades e o público em geral. Quadro 1: Princípios da gestão ambiental nas empresas Fonte: Adaptado de Danaire e Oliveira (2018, p. 61.) Sendo assim, entende-se que a base da gestão ambiental nas empresas, envolve um conjunto de ações e que estão correlacionadas. Com o objetivo de ter um padrão global de qualidade para produtos e serviços, mais de 140 países se uniram e criaram a ISO (International Organization for Standardization), que é uma federação mundial dos organismos nacionais de normalização. No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é a entidade responsável por representar o país perante a ISO (MARIANI, 2006). Assim, de acordo com as normativas da NBR ISO 14001, que regulamentam a implantação do sistema de gestão ambiental nas empresas, os princípios mínimos que devem ser considerados pelas empresas são (DIAS, 2019): PRINCÍPIOS DA GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS EXIGIDOS PELA NBR ISO 14001 Política ambiental Garantir que suas atividades, produtos e serviços sejam apropriados à natu- reza, em termos de escala e impactos ambientais. Além disso, é importante que a política planejada seja documentada e disponibilizada ao público e aos funcionários, se atentando para o fato de haver comprometimento com as questões ambientais de forma contínua e cumprimento das leis. 44 Planejamento Estabelecer e manter objetivos e metas ambientais documentados. Implementa- ção e operação Ter estrutura e responsabilidades definidas, a fim de manter o controle e possuir uma gestão eficiente. Importante que os funcionários estejam sem- pre treinados e bem orientados sobre sua participação nas ações ambien- tais, além de existir uma comunicação eficiente. Todo planejamento e ação deve ser documentado. Verificação e ação corretiva Monitoramento, medição constante e registros, para agir com ações de correção ou prevenção. Revisão pela gerência Análise crítica da política implantada, a fim de manter uma melhoria contí- nua. Quadro 2: Princípios Da Gestão Ambiental Nas Empresas Exigidos Pela Nbr Iso 14001 Fonte: DIAS (2019) O processo de gestão ambiental nas empresas está profundamente ligado às normas que são elaboradas pelas instituições sobre o meio ambiente. Essas normas impõem limites e definem condições de operação. O descumprimento dessas leis, afetam consideravelmente os investimentos da empresa e sua competitividade no mercado. Como forma de reduzir os danos causados pelas suas atividades ao meio ambiente, as empresas têm adotado métodos corretivos. Porém, utilizar uma política ambiental planejada reduz a necessidades dessas correções e evita danos maiores ao meio ambiente, durante o processo de produção e vida do produto gerado. As normas ISO 14000 são uma família de normas que buscam estabelecer ferramentas e sistemas para administração ambiental de uma organização. Veja no quadro abaixo todas que compõem essa família: FIQUE ATENTO Figura 3: Normas passíveis de certificação Fonte: Soledade et al. (2007) 45 4.2 PRÁTICAS DA GESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA O uso de estratégias adequadas auxilia na eficiência da gestão implantada. Considerar alguns pontos específicos é importante para o sucesso da gestão, como fazer um levantamento dos pontos fortes e fracos da empresa quando o assunto são as questões ambientais, e aplicar correções onde existem falhas. É importante também considerar quais as oportunidades relacionadas à questão ambiental e quais ameaças pertinentes a elas. A análise e discussão dessas questões permitirá que a empresa elabore um plano de gestão com maior eficiência, dando atenção a todos os setores envolvidos, desde o planejamento até os resultados financeiros e ambientais. Além disso, a estrutura organizacional dentro da empresa é de grande importância no processo. Sabe-se que em muitas empresas é comum o funcionário ter acumulo de função, porém quando se trata de questões ambientais, existir um setor responsável pelas questões ambientais dentro de uma empresa, traz a consequência de ter um serviço elaborado com mais atenção e dedicação, principalmente nas empresas com potencial poluidor elevado. Lidar com os ricos ambientais possíveis é um ponto que também deve ser levado em consideração dentro da gestão ambientalnas empresas. No entanto, muitos dos problemas ambientais globais são causados pelas mudanças climáticas, se tornando um grande desafio para as empresas que precisam ter conhecimento dos riscos enfrentados e tomar decisões objetivas e confiáveis, a fim de reduzir a emissão de contaminantes pelos próximos anos. As estratégias tomadas devem contribuir com a sustentabilidade global, tendo a preocupação de atender às necessidades das atuais e futuras gerações. Para auxiliar nas decisões, a norma da gestão ambiental ISO 4001 é uma ferramenta fundamental, pois preenche os requisitos necessários para que as empresas enfrentem as ameaças ambientais previstas pelas agências internacionais e que afetarão os negócios nos próximos anos. É imprescindível que as empresas estejam preparadas e articuladas para enfrentar os problemas ambientais, pois além de ganharem poder de competição no mercado, é o futuro do planeta que está em jogo. Observe o trecho retirado da reportagem “Mudanças climáticas elevam risco de acidentes graves com barragens” de Fábio Rodrigues, divulgada pelo site Um só Planeta: “ Embora a adoção de melhores práticas pelas empresas seja bem-vinda, tam- bém é fundamental que a regulação eleve a barra, exigindo mais. Sob comando de Carlos Bocuhu, a equipe do Proam está construindo uma representação jun- to ao Ministério Público para que as mudanças climáticas passem a ser conside- radas dentro das regras de licenciamento ambiental de barragens de minera- ção. “O dimensionado [dos projetos] é feito com base na série histórica. Mas nós temos uma nova realidade”, diz. ” Nesse trecho fica evidente que as mudanças climáticas têm influenciado nos ris- VAMOS PENSAR? 46 cos de rompimento das barragens em mineradoras e que há necessidade de mudanças nas legislações para evitar tais problemas. Disponível: https://bit.ly/37x4hYG. Acesso em: 15 mar. 2021. Levando em consideração a Constituição Federal 1988, em as atividades de extração mi- neral ficam submetidas a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei n. 6938/1981) e à Resolução 001/1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), você como ges- tor ambiental e prevendo as consequências das alterações climáticas, quais mudanças você faria nas mineradoras para evitar riscos de rompimento das barragens? Havendo mudanças nas leis, exigindo mais segurança das barragens, como essas mudanças afe- tariam a empresa? 1. Para aprofundar seus conhecimentos, leia mais sobre gestão ambiental nas empresas no Livro “Introdução à Gestão Ambiental Empresarial: Abordando Economia, Direito, Contabilidade e Auditoria” – Capítulo I. Disponível em: https://bit.ly/3yltvnP. Acesso em: 20 mar. 2021. 2. Entenda mais sobre planos de gestão ambiental no livro “Licenciamento Am- biental”, no capítulo “Plano de Gestão Ambiental”. Disponível em: https://bit.ly/3kWDND4. Acesso em: 20 mar. 2021 BUSQUE POR MAIS 47 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (VUNESP – 2013). Na atualidade, as organizações se veem obrigadas a demonstrar um desempenho ambiental correto, em um contexto de uma legislação cada vez mais exigente e de preocupação das partes interessadas em relação às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável. Com esse propósito, a) ao estabelecer e manter procedimentos para investigar e corrigir não conformidades, a organização deverá contemplar os seguintes elementos básicos: identificação dos responsáveis pela falha, estimativa dos custos diretos e indiretos associados e possíveis implicações para auditorias das entidades certificadoras e fiscalização do órgão regulador ambiental. b) a organização deverá estabelecer metas ambientais que sejam exequíveis em face da tecnologia de produção e controle de que dispõe, de maneira que seja possível estipular um padrão de emissão de efluentes que seja compatível com a capacidade de assimilação do ecossistema representado pela sua circunvizinhança. c) a empresa deverá instituir um Sistema de Gestão Ambiental independente das demais atividades gerenciais do estabelecimento, que possua a necessária autonomia para garantir que os interesses da gestão de outras áreas técnicas ou administrativas não estabeleçam competição com os objetivos definidos pela política ambiental. d) organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam por ela ser controlados e sobre os quais presume-se que ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impacto significativo sobre o meio ambiente. e) é producente que as organizações realizem periodicamente, a cargo de sua alta administração, análises críticas do desempenho de seu sistema de gestão ambiental, considerando os relatórios das auditorias que, para preservarem o caráter de independência desejável, não devem ser empreendidas por técnicos identificados ou caracterizados como partes interessadas. 2. A eficiência da gestão ambiental está baseada em alguns princípios, na qual a prática levará ao alcance desejado. Sobre os princípios da Gestão Ambiental nas Empresas, pode-se afirmar que: a) A questão ambiental não precisa estar entre as prioridades da empresa, mas deve ser lembrada durante a gestão. b) Se houver um planejamento inicial com políticas corporativas eficientes, não há necessidade e alteração dos processos ao longo do tempo. c) A equipe executora dos projetos ambientais, uma vez treinada, sempre será eficiente e saberá contornar os problemas. d) Avaliar as questões ambientais antes iniciar um novo projeto é importante para priorizar as necessidades reais. e) Pensar em produtos que não sejam agressivos ao meio ambiente não significa que eles, necessariamente, devem ser eficientes no consumo de energia e de recursos naturais, e que possam ser reciclados, reutilizados ou armazenados de forma segura. 48 3. Ao implantar e certificar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), é notório que a organização é alçada a um patamar de maior competitividade, pois formaliza seu compromisso com as questões ambientais. No que se refere às oportunidades de negócios para as empresas que adotam um SGA está correto afirmar que: a) As relações comerciais para as empresas que possuem SGA são sempre facilitadas junto aos países estrangeiros. b) As relações comerciais somente são dificultadas para as empresas químicas e petroquímicas que não possuem um SGA certificado. c) As relações comerciais para as empresas com SGA certificado, somente foram facilitadas na década de 1990. d) As relações comerciais para as empresas com SGA certificado, somente são facilitadas para negócios realizados com países europeus. e) As relações comerciais para as empresas que possuem SGA, são as mesmas das empresas que não tem o sistema implantado e certificado. 4. (CETREDE – 2021) No tocante à gestão ambiental entre as empresas e o meio ambiente, leia atentamente as afirmações a seguir e marque (V) para as afirmativas VERDADEIRAS e (F) para as FALSAS. ( ) A questão ambiental é uma realidade que faz parte definitivamente das empresas modernas. ( ) Os consumidores estão cada vez mais atentos em relação às marcas que utilizam, dando preferência àquelas que desempenham projetos de cunho social ou ambiental. ( ) A política ambiental de uma empresa deve estar mais voltada para o cumprimento das normais legais do que para elaboração de uma política que represente seus produtos e serviços. ( ) Para que uma empresa obtenha um certificado ISO 14001, é necessário que administre e controle os resíduos que ela gera durante o processamento e uso do produto. Marque a alternativa que indica a sequência CORRETA. a) V – F – V – V. b) F – F – V – V. c) V – V – F – V. d) V – F – V – F. e) F – V – V – F. 5. (IESES – 2021). A Norma ISO 14000 é composta por várias normas, segundo a ABNT. Assinale a alternativa correta: a) ISO 14031 – são normas sobre as Auditorias Ambientais e asseguram credibilidade a todo processo de certificação ambiental, visandoas auditorias de terceiras partes. b) ISO 14001 – trata do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) direcionada à certificação por terceiras partes. c) ISO 14004 – são normas sobre Desempenho Ambiental, que estabelecem as diretrizes para medição, análise e definição do desempenho ambiental de uma organização. 49 d) ISO 14010 – trata do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), sendo destinada ao uso interno da Empresa, ou seja, corresponde ao suporte da gestão ambiental. e) Nenhuma das alternativas anteriores 6. A finalidade da ISO 14.000 é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades sociais e econômicas. Em relação as suas verificações e ações corretivas, assinale a alternativa incorreta: a) Definição de responsabilidade e autoridade para tratar e investigar as conformidades e implementar ações corretivas e preventivas, de forma a reduzir impactos. b) Estabelecimento de procedimentos para monitoramento e medição periódicas das operações e atividades que possam resultar em impacto ambiental. c) Estabelecimento de programa (s) e procedimentos para auditorias periódicas do sistema de gestão ambiental. d) Estabelecimento de análises críticas periódicas do sistema de Gestão Ambiental, para assegurar sua conveniência, adequação e eficácia contínuas. e) Nenhuma das anteriores 7. (GUALIMP – 2019 / Adaptada). A norma ABNT NBR ISO 14001 especifica os requisitos para um sistema de gestão ambiental que uma organização pode usar para aumentar seu desempenho ambiental. Os resultados pretendidos de um sistema de gestão ambiental coerente com a política ambiental da organização incluem: a) Aumento do desempenho ambiental e aumento e melhoria dos postos de trabalho. b) Aumento do desempenho ambiental e atendimento aos requisitos legais. c) Alcance dos objetivos do cliente e aumento de produção. d) Valorização do funcionário e reconhecimento do governo. e) Nenhuma das anteriores. 8. (CESGRANRIO – 2005 / Adaptada). - Dos itens que se seguem, o que apresenta as vantagens derivadas do desenvolvimento e implantação de um Sistema de Gestão Ambiental nas empresas é: a) Melhoria da imagem da empresa junto a clientes e operários b) aumento de custos e ações judiciais c) redução do volume dos negócios e redução dos custos diários d) redução da possibilidade de obter financiamentos e créditos e) desvalorização do produto 50 MARKETING VERDE 51 5.1 CONCEITO As preocupações atuais com as questões ambientais, têm levado o mercado consumidor ficar cada vez mais exigente em adquirir produtos cujo a linha de produção seja baseada na preservação da natureza. O chamado marketing verde, ecológico ou ambiental, é uma forma de apresentar ao mercado os seus produtos, sempre priorizando atender às especificações da legislação ambiental e as expectativas dos consumidores, em relação ao meio ambiente. Ele entrou em destaque no mercado comercial dos Estados Unidos no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, com as atividades do dia do Planeta Terra e o lançamento de produtos e programas de marketing ecologicamente corretos (KOTLER e KELLER, 2006). A utilização do marketing verde pelas empresas vai além das divulgações, de acordo com Xavier e Chiconatto (2014) ela incorpora uma ampla gama de atividades, incluindo a modificação de produtos, alterações de processos de produção, mudanças de embalagem, bem como a alteração da publicidade. Porém, o objetivo deve sempre promover desenvolvimento, aperfeiçoamento, promoção e distribuição de produtos que não agridem o ambiente natural. No estudo de Xavier e Chiconatto (2014), os autores descrevem possíveis razões das empresas optarem por adotar o marketing verde, sendo elas: as instituições percebem que o marketing verde pode ser utilizado para desenvolver seus projetos e alcançar seus objetivos; buscam ser mais responsáveis socialmente; pressão das legislações e concorrentes; e redução de custos associados às atitudes corretas perante o meio ambiente. 5.2 GESTÃO AMBIENTAL E MARKETING VERDE O uso do marketing verde não pode ser resumido em apenas promoção do produto, ambientalmente correto, que a empresa quer oferecer. A gestão deve utilizar esse momento para articular as relações entre o consumidor, a empresa e meio ambiente, de forma que haja uma interação benéfica para todas as partes, havendo uma preocupação com o que é exposto e o que realmente é realizado, pois qualquer falha na linha de produção diferente do que é divulgado leva à redução de confiabilidade do cliente. Desta forma, fica evidenciado mais uma vez que o processo de gestão ambiental não pode ser fragmentado, e toda decisão a ser tomada deve levar em consideração todo o conjunto. As estratégias que serão desenvolvidas para o marketing verde devem estar relacionadas ao produto que será oferecido e com o público consumidor, definidas como: Produto Verde – É aquele que cumpre as mesmas funções de produtos similares, porém causa danos menores ao meio ambiente durante todo o ciclo de vida. Sua classificação é dada de acordo com sua composição, capacidade de ser reciclado, se agride o meio ambiente e características da embalagem, além de ser avaliado o processo de produção. Do ponto de vista ambiental, as avaliações dos produtos são dadas com base nas normas ISO 14001, que oferece suporte para avaliação dos produtos e das condições da empresa. Além disso, também é classificado com base na análise do ciclo de vida do 52 produto – produção, venda, consumo e eliminação. Como forma de garantia de que o produto oferecido é ambientalmente correto, ou seja, um “produto verde”, foi criado a rotulagem ambiental – selo verde. Esses rótulos têm a função de fornecer informações objetivas aos consumidores, assegurando a qualidade ambiental do produto e dos processos produtivos a ele associados. O uso da rotulagem ambiental nos produtos deve seguir alguns princípios, como: devem ser verificáveis a qualquer momento; serem concedidos por organizações idôneas; não devem criar barreiras comerciais; devem utilizar a ciência como base para verificar as condições ecológicas; devem levar em consideração o ciclo de vida completo do produto e serviço; e ainda devem estimular a melhoria do produto. Preço ecológico – Envolve o valor geral dado ao produto pelo consumidor, os valores ambientais que ele carrega e os custos de produção. O preço do produto que será disponibilizado no mercado, na maioria das vezes, define o nível de aceitação do mesmo pelo consumidor. No entanto, muitas vezes o valor de uso a médio e longo prazo é relevante e o preço não se torna um fator significativo. Sem contar que o fato de o produto ter atributos ecológicos, para os consumidores ele possui valor agregado, o que tem sido levado em consideração no mercado atual. É importante que o consumidor tenha acesso a todas as informações de produção e funções ecológicas dos produtos, para que entenda o preço que é requerido. Distribuição do produto ecológico – Envolve todo o processo de levar o produto dos fabricantes até o consumidor. Faz parte do instrumento de marketing verde a escolha do canal de distribuição, localização e dimensão dos pontos de venda, propagandas e logística de venda e distribuição. É importante que nessa etapa seja considerado o consumo mínimo dos recursos e a redução na geração de resíduos durante a distribuição de física dos produtos. Sendo necessário também, criar um sistema eficiente de distribuição inversa para os resíduos que podem ser incorporados ao sistema produtivo como matéria prima secundária. A comunicação ecológica – Tem como objetivo informar sobre os atributos do produto, principalmente os aspectos positivos em relação ao meio ambiente e informar o posicionamento da empresa perante os problemas ambientais. Deve ser a ferramenta utilizada para sustentar a imagem da empresa, destacando suas atitudes ecologicamente corretas junto à sociedade. Por meio dessa ferramenta, o cliente deve ficar ciente do valor agregado aoproduto que será adquirido e até mesmo influenciá-lo a ter atitudes ecologicamente corretas, por meio de seus exemplos. Algumas atividades envolvem o trabalho de conscientização ecológica, informação sobre os produtos e o processo de fabricação, entre outras atividades que facilitem a divulgação do produto e permita educar a sociedade sobre questões ambientais. Com as exigências do mercado consumidor por produtos ecologicamente corretos, as em- presas estão se empenhando em atender essa necessidade para se manterem competiti- vas no mercado comercial. No estudo de Xavier e Chiconatto (2014), p. 5, os autores citam exemplos de algumas empresas que têm se esforçado para se tornar mais responsáveis ambientalmente, na ten- FIQUE ATENTO 53 tativa de melhor satisfazer as necessidades de seus consumidores, são elas: Google: investiu 200 milhões de dólares numa rede submarina de transmissão de energia eólica. Mcdonalds: substituiu suas embalagens concha com papel manteiga por causa do aumen- to de consumo preocupação em relação à produção de poliestireno e depleção do ozônio. Indústrias Pesqueiras: modificaram as suas técnicas de pesca devido à crescente preocupa- ção sobre redes de deriva, e da morte de golfinhos. Xerox Corporation: introduziu um processo produtivo de máquinas de fotocópia de "alta qualidade" que utilizam papel reciclado em uma tentativa de satisfazer as demandas das empresas para produtos menos prejudiciais ao ambiente. Rede Pão de Açúcar: substituiu sacolas plásticas antigas por outras mais resistentes, tirando de circulação mais de 97 milhões de sacolinhas por ano. Unilever: Lançou a versão líquida e concentrada do amaciante líder de mercado no Brasil a fim de reduzir o impacto ambiental gerado por sua produção do sabão General Eletric (GE): em 2005 lançou uma linha de dezessete produtos verdes, incluindo lâm- padas com maior eficiência energética. 5.3 PUBLICIDADE ENGANOSA Diante de tantas vantagens que o marketing verde proporciona, é inevitável algumas empresas quererem se aproveitar de forma indevida, ou seja, aderem o movimento verde sem considerar com precisão suas atitudes futuras, reivindicações ou a eficácia de seus produtos. O marketing utiliza da oportunidade de inovação e faz afirmações “verdes” que não são reais ou exageradas, o que os críticos chamam de “greenwashing”. Assim, ao utilizarem políticas de marketing falsas e enganosas, comprometem a idoneidade do movimento, principalmente prejudicando aquelas empresas que atuam com ética e que merecem reconhecimento pelo envolvimento com a sustentabilidade. - Lembrando que o marketing verde vai além da promoção ou publicidade de produtos utilizando termos “ambientalmente corretos”: livre de fosfato; amigável ozônio; recarregável; amigo do ambiente; reciclável, entre outros. Essa prática tem se tornado comum, o que exige uma atenção maior dos consumidores e uma fiscalização mais intensificada por parte das autoridades. Casos como, a venda de um produto cancerígeno em uma embalagem de plástico reciclado; propaganda de cigarros orgânicos ou pesticidas ecológicos; afirmar que o produto é totalmente natural, sendo que existem produtos naturais perigosos (metanol e urânio); exibir rótulos induzindo o consumidor acreditar que o produto é certificado, porém não é; entre outros casos, são exemplos de marketing verde falso. De acordo com Xavier e Chiconatto (2014), alguns países adotaram regulamentações governamentais relacionadas ao marketing ambiental para proteger os consumidores, com leis que buscam reduzir a produção de mercadorias perigosas ou subprodutos, limitar o consumo e uso de produtos nocivos pela indústria e buscam garantir que todos os tipos de consumidores tenham a capacidade de avaliar se os produtos são realmente responsáveis ambientalmente. No Brasil, o processo de fiscalização por parte do governo no marketing verde ainda está em processo de desenvolvimento, porém algumas regras já são aplicadas, como o controle da quantidade de resíduos perigosos produzidos pelas empresas, retorno de embalagens e reuso de produtos (Xavier e Chiconatto, 2014). 54 O objetivo das empresas líderes no mercado ambiental, cujo a política de sustentabilidade transfere confiança aos consumidores, é adotar um marketing verde transparente. Essa seria uma alternativa para garantir confiança do consumidor e maior competitividade no mercado comercial. Na reportagem do G1 em 27/10/2021: “Apple e Samsung são novamente notifica- das pelo governo por venda de celulares sem carregadores. Empresas dizem que querem promover consumo sustentável, mas Ministério da Justiça e Segurança Pública alega que elas não seguiram orientações para conscientizar clientes so- bre o tema. ” Disponível em: http://glo.bo/3kVaRes. Acesso em: 20 mar. 2021. As empresas de telefonia Apple e Samsung afir mar. mam que sua opção em não fornecer os carregadores é por questões ambientais, no entanto não deixam claro como querem alcançar esse objetivo. Com o seu conhecimento sobre o marketing verde, você considera esse caso como um marketing falso? Em sua opinião, a justificativa das empresas é válida e redu- ziria os problemas ambientais? VAMOS PENSAR? 5.4 COMO DEVE SER? Foi criado um modelo de marketing verde, na qual deve-se considerar os 4Ps para que ele seja eficiente e real, conforme na figura abaixo. Figura 4: Mix dos 4Ps do marketing verde Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3N1pqJr. Acesso em: 20 mar. 2021. A importância dos Ps: Produto – eles devem ser ecológicos e além de não contaminar o ambiente, deve proteger e eliminar danos ambientais existentes, apresentando certificações, rotulagens e marketing de relacionamento envolvidos no seu desenvolvimento. Preço – considerando os custos de produção, acabam sendo mais caros do que os produtos convencionais. Praça – ter uma logística de distribuição eficiente, atendendo as demandas do público-alvo com produtos locais e sazonais, tendo preocupações com os canais e meios de distribuição além do ciclo de vida e logística reversa. 55 Promoção – usar da divulgação para promover a empresa, apresentando para o mercado a preocupação da empresa com as questões ambientais, investimento em projetos e ações, além disso apresentação dos produtos criados. Os autores Belz e Peattie (2009) vão além dos 4Ps utilizados pelo marketing verde, e falam da importância dos 4Cs na condução da estratégia de vender um produto “verde”. Os 4Cs se resumem em: Cliente; Custo; Comunicação e Conveniência, conforme a figura abaixo: Figura 5: Os 4Cs do Marketing Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3w0UAeo. Acesso em: 20 mar. 2021. A utilização dos Cs está relacionada ao significado dos P, onde o foco da empresa é o cliente e não o produto. Cliente – necessidade de conhecer o cliente e oferecer produtos que satisfaçam suas necessidades, levando em conta os aspectos sociais e ambientais. Custo – levar em consideração, além dos custos do produto e/ou serviço oferecido, os custos psicológico, sociais e ambientais da obtenção, utilização e eliminação de um produto. Comunicação – vai além de apresentar o produto ao cliente. A comunicação deve ser dialogada e com trocas de informações para construir confiança e credibilidade. Conveniência – oferecer produtos ao cliente que sejam de fácil acesso e uso. Resumindo a relação dos 4Ps e 4Cs, ou seja – PRODUTO x CLIENTE, veja o esquema representado na figura abaixo. Figura 6: Esquema da relação entre PRODUTO x CLIENTE (4Ps e 4Cs) do mix de marketing verde. Fonte: Disponível em: https://bit.ly/39604LS. Acesso em: 20 mar. 2021. 56 Conforme se ver no esquema representado, o produto sempre deve atender às necessidades do cliente. Ambas as informações devem ser pensadas em conjunto, para assim, alcançar êxito no marketing verde. Conheça grandes empresas que utilizam o marketing verde e que alcançaram sucesso em seus projetos: https://bit.ly/3kVxxLN. Acesso em: 20 mar. 2021 BUSQUE POR MAIS 57 FIXANDO OCONTEÚDO 1. (IBGE – 2014). Atualmente as certificações e rotulagens ambientais, os chamados “selos verdes”, são fatores importantes a serem considerados pelo ponto de vista do marketing de uma empresa, isso porque os consumidores estão mais atentos e exigentes, não só com as características gerais do produto, mas também com as incorporações das variáveis ambientais. Embora existam vários tipos de selos ambientais adaptados a cada setor produtivo, há alguns princípios comuns a todos: I. Devem ser verificáveis a qualquer momento, para se evitar fraude; II. Devem ser concedidos por organizações independentes e de idoneidade reconhecida; III. Não deve criar barreiras comerciais; IV. Devem estimular a melhoria do serviço e produto sem considerar o tempo de vida útil do produto; Estão corretas as afirmativas: a) II e III. b) I, II e III. c) II, III e IV. d) I, II e IV. e) I e IV. 2. (FUNDEP – 2019). Segundo Marcos Rocha (2015), assinale a alternativa que melhor define “marketing verde”. a) Refere-se à mudança da mentalidade da empresa na compra e aquisição de produtos e serviços. b) Trata-se de uma política para privilegiar ações de seus colaboradores para economia de recursos naturais e sua preservação. c) Trata-se de uma política que abre espaço para que líderes empresariais e governantes usem dados favoráveis para sustentar seus negócios. d) Refere-se à inclusão da empresa e de seus fornecedores em ações relacionadas à preservação do meio ambiente e seus organismos vivos. e) Nenhuma das anteriores. 3. (FCC – 2013). A ideia de sustentabilidade vem ganhando espaço em nossos dias em todos os setores da vida. No espaço organizacional, fala-se de um “novo paradigma para as empresas”, que leve em conta as preocupações ambientais. Certamente, a área do Marketing está sendo afetada por essa nova visão de mundo. Apresenta um efeito da noção de sustentabilidade sobre o Marketing: a) O abandono do chamado “marketing verde”. b) O estudo e a criação de embalagens não recicláveis. 58 c) O deslocamento do foco da promoção do consumo para a promoção do consumo responsável. d) A obsolescência planejada dos produtos. e) O desenvolvimento de produtos ambientalmente menos seguros. 4. Nas organizações, a sustentabilidade é o ponto de interseção entre estratégias de negócio e demandas políticas, sociais e econômicas aliadas à preservação do meio ambiente. A dimensão institucional, mercadológica e administrativa da comunicação, nesse contexto, adquire relevância, otimizando o relacionamento com os públicos estratégicos e, de uma maneira mais abrangente, com a opinião pública, no trabalho de construção da sustentabilidade. Sobre a comunicação no marketing verde é possível afirmar: a) É apenas uma forma de persuadir o cliente b) Ganha confiança do governo c) Aumenta as vendas e ganha credibilidade d) Deve conter o mínimo de explicação e ser convincente e) Nenhuma das anteriores 5. No marketing verde, deve-se conhecer o consumidor, mas também os impactos do consumo dos produtos e serviços para a sociedade em geral e para o meio ambiente. Durante o planejamento é importante levar em conta: a) A reversão de parte da renda da empresa para setores menos privilegiados da sociedade. b) A implantação de ações para combater o consumismo. c) Os três vetores: lucros da empresa, satisfação do consumidor e benefícios ao meio ambiente. d) A satisfação total do consumidor direto, oferecendo o que ele deseja. e) Nenhuma das alternativas anteriores 6. Diante de tantas vantagens que o marketing verde proporciona, é inevitável algumas empresas quererem se aproveitar de forma indevida, ou seja, aderem o movimento verde sem considerar com precisão suas atitudes futuras, reivindicações ou a eficácia de seus produtos. A essa atitude é dado o nome: a) Falsos verdes b) Greenprodutc c) Produtos ecológicos fake d) Fakegreen e) Greenwashing d) Nenhuma das alternativas anteriores 7. No Brasil, o processo de fiscalização por parte do governo no marketing verde ainda está em processo de desenvolvimento, porém algumas regras já são aplicadas. Está incluso nessas regras: 59 a) Retorno de embalagens de fertilizantes b) Uso de tratamento de esgoto c) Uso de produtos orgânicos d) Preferência por produtos nacionais e) Nenhuma das anteriores 8. A Nestlé, a Coca Cola e a Natura são exemplos de empresas que demonstram que é possível ser bem-sucedida e continuar crescendo enquanto apresenta uma preocupação e uma responsabilidade perante a sociedade e a sustentabilidade do planeta. Essas empresas utilizam o marketing verde como estratégia de levar essas informações ao consumidor. Durante o planejamento elas utilizam o conhecido mix do marketing - os 4Ps, cujo definição: a) Poder, Praça, Preço, Produto b) Produto, Praça, Perda, Promoção c) Praça, Promoção, Preço, Participação d) Praça, Preço, Produto, Promoção e) Promoção, Produto, Produção, Preço 60 AUDITORIA AMBIENTAL NAS EMPRESAS 61 6.1 IMPORTÂNCIA NO GERENCIAMENTO DAS EMPRESAS O termo auditoria segundo o dicionário, é definida como “exame analítico e pericial que segue o desenvolvimento das operações contábeis, desde o início até o balanço” (FERREIRA, 2004, p. 160). Por meio da auditoria ambiental é possível caracterizar a situação da empresa com relação a poluição do ar, águas e resíduos sólidos e fornecer um diagnóstico, favorecendo as tomadas de decisão que servirão para a sua melhoria ambiental (VIEIRA, 2011). Para Machado (2004), auditoria ambiental funciona como um procedimento de exame e avaliação, que ocorre de forma periódica ou esporádica, em relação ao meio ambiente. Por meio dessa fiscalização as empresas são acompanhadas quanto ao cumprimento das normas legais exigidas para com o meio ambiente, e assim são tomadas medidas apropriadas de correção, suspensão ou manutenção das atividades. Ela pode ser pública ou privada, interna ou externa, sendo realizada pelo poder público ou pela própria empresa. Na resolução utilizada pela CONAMA 306/2002 – Anexo I / definição II, consta a definição ditada pela ISO 14010 (ABNT, 1996): Processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evi- dências que determinem se as atividades, eventos, sis- temas de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a estes estão em con- formidade com os critérios de auditoria estabelecidos nesta Resolução, e para comunicar os resultados desse processo (BRASIL, 2002). Algumas empresas ainda não reconhecem a auditoria ambiental como uma ferramenta de valor para seu empreendimento. Sendo assim, um bom gestor deve apresentar os seus benefícios ao cliente, como por exemplo: destacar o comprometimento da empresa com as questões ambientais e contribuir no processo de gestão, auxiliando nas decisões. De acordo com Vieira (2011), a razão básica para se fazer uma auditoria ambiental é a sobrevivência. O autor ainda afirma que os motivos principais seriam: cumprir a legislação, amenizar a pressão pública e prevenir sansões. • A legislação é uma forma de garantir o cumprimento das atividades, visto que nem todos ainda são conscientes dos problemas ambientais. • A sociedade está cada vez mais consciente dos problemas ambientais e preocupada com essas questões devido aos últimos acidentes e desastres ambientais ocorridos, como: deslizamento de terras, rompimento de barragens, avanço do mar, entre outros problemas que causam riscos à sobrevivência no planeta, com isso a pressão pública sobre as empresas aumenta. • Evitar serem punidas por violarem as leis, é um motivo de aderirem a auditoria ambiental, como uma ferramenta até mesmo preventiva. Com a preocupação das empresas em se manter de acordo com as normas ambientais, a auditoria ambiental auxilia nas tomadas de decisões, já que sempre estão tendo conhecimento sobre suas atividades operacionais, permitindo maior controle dos gastos, evitando custos com excedentes ou até mesmo multas. Sendo assim, pode-se62 afirmar que a eficiência do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) está diretamente ligada à auditoria ambiental (RODRIGUES et al., 2014). De forma geral, o objetivo principal da auditoria ambiental é avaliar se empresa segue em conformidade com a legislação e política ambiental do país, buscando sempre melhorar as ações de forma que reduza os problemas ambientais. Como consequência, ganham credibilidade no mercado, favorecendo as relações comerciais. As normas que regem a auditoria ambiental no Brasil são as NBR 19011/2002 e CONAMA 306/2002, se destacando perante a ISO 14000 por ter maior aplicabilidade nas auditorias internas e utilização por pequenas e medias empresas, além de permitir qualificação de auditores e auditorias que unem a gestão de qualidade e ambiental. 6.2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E AUDITORIA AMBIENTAL De acordo com Vieira (2011), a auditoria ambiental é importante para avaliar a saúde ambiental de uma organização, diagnosticando riscos que possam se transformar em sérios problemas ambientais. Cabe a auditoria ambiental orientar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), já que é a primeira etapa para se obter certificação da ISO 14000. No entanto, a auditoria ambiental é sempre posterior ao estudo prévio de impacto ambiental. Ela avalia se as orientações e metodologias contidas no estudo são eficazes. Cientes de que o SGA e auditoria ambiental possuem uma estreita relação, é importante as empresas terem conhecimento de como conduzir ambas as ferramentas de forma eficiente, para que assim, consigam o retorno prometido. A sequência operacional das auditorias, possuem etapas de planejamento, preparação, execução e emissão de relatório. Na Tabela 1, essas etapas são detalhadas de acordo com Rodrigues et al. (2014, p. 15): 1ª Etapa – Planejamento da auditoria. Contempla a definição dos objetivos e escopo (foco) da auditoria, a definição dos critérios a serem utilizados como referência e a definição dos recursos necessários. O seu objetivo define o tipo de auditoria a ser realizada. 2ª Etapa – Preparação da auditoria. Compreende a definição da equipe de auditoria, aná- lise preliminar de documentos, elaboração do plano de auditoria e dos instrumentos para sua realização (protocolo e lista de verificação) e estudo da legislação e normas aplicáveis à auditoria. A preparação ou elaboração dos instrumentos necessários, cartas, memoran- dos, questionários, listas de verificação, ou a adaptação dos instrumentos já existentes são fundamentais ao sucesso da auditoria. 3ª Etapa – Execução da auditoria. Constituída por quatro atividades: reunião de abertura; coleta e avaliação das evidências; constatações (de conformidade ou não conformidade); e reunião de encerramento e de apresentação dos resultados. Seu objetivo é obtenção, análise e avaliação de evidências (informações físicas, documentais, comportamentais, ver- bais) em relação ao cumprimento dos critérios estabelecidos para a auditoria. A coleta de evidências pode envolver o exame de documentos, entrevistas e observações. 4ª Etapa – Relatório de auditoria. Fase de informação dos resultados da auditoria. Contem- pla a definição do conteúdo, formato e distribuição do relatório e a definição do plano de ação. O Plano de Ação deve conter as não conformidades, as ações corretivas e seu acom- panhamento pela equipe de auditoria. Quadro 3: Etapas de uma auditoria ambiental Fonte: Rodrigues et al. (2004, p. 15) 63 A resolução do CONAMA 306/2002, é fundamental para orientação dos auditores. No Anexo II, também é possível encontrar o conteúdo mínimo das auditorias ambientais. Em desta- que para o plano de auditoria, é importante que tenha: O escopo - para descrever a extensão e os limites de localização física e de atividades da empresa. Preparação da auditoria – definição e análise da documentação; visita prévia à instalação auditada; formação da equipe de auditores; definição das atribuições dos auditores; defini- ção da programação e planos de trabalho para execução de auditoria; e consulta prévia aos órgãos ambientais. Execução da auditoria – realizar entrevistas com os gerentes e os responsáveis pelas ativida- des e funções da instalação; realizar inspeções e vistorias; analisar informações, observações e documentos; concluir a auditoria e elaborar o relatório final. FIQUE ATENTO Nota-se que todas as etapas são importantes e necessitam de informações primordiais para as tomadas de decisões ao final da avaliação, auxiliar de forma eficiente nas Prestações de Contas Ambientais (PCAs), prevenir riscos de impactos ambientais e melhorar o desempenho da equipe. É importante que auditoria ambiental seja feita regularmente, como forma de garantir o acompanhamento integral. Pois ela é realizada com base em dados coletados ao longo do tempo até o período atual. Nem todas as auditorias ambientais são obrigatórias, no entanto cabe ao proprietário definir sua necessidade conforme seus interesses comerciais e econômicos. Porém, de acordo com Vieira (2011), a preservação e a preocupação com o meio ambiente são uma tendência indiscutível, e aqueles que não se adequarem a elas, estarão sujeitos a ficar fora do mercado. No caso das auditorias obrigatórias, o órgão público elabora um termo de responsabilidade cujo as empresas devem executar suas atividades de acordo. Ao final da auditoria deve-se analisar as conclusões, ou seja, se a instituição está em conformidade ou não, em relação aos critérios estabelecidos inicialmente. Caso tenha necessidade de um plano de ação, ele deve conter no mínimo: ações corretivas e preventivas; cronograma físico de execução das ações previstas; indicação da área de execução e cronograma de avaliação do cumprimento das ações (BRASIL, 2002). 1. Para aprofundar seus conhecimentos, leia mais sobre auditoria ambiental no Livro “Introdução à Gestão Ambiental Empresarial: Abordando Economia, Direito, Contabilidade e Auditoria” – Capítulo III. Disponível em: https://bit.ly/3Pcbk9X. Acesso em: 28 mar. 2021. 2. Entenda mais sobre fiscalização ambiental no livro “Licenciamento Ambien- tal”, no capítulo “Programas de Controle Ambiental”. Disponível em: https://bit.ly/3M5411R. Acesso em: 28 mar. 2021. BUSQUE POR MAIS 64 Leia a reportagem do jornal Tempo Novo, publicada em 03 de abril de 2022 e analise a situ- ação para responder o questionamento logo abaixo: VAMOS PENSAR? Na reportagem acima, a empresa em questão possui uma PPP – Parceria Público Privada, na qual tem por objetivo maximizar as ações ambientais e promover o desenvolvimento sustentável. Porém, após uma auditoria provar diversas irregularidades nas condutas am- bientais da empresa, ela foi multada. Ao analisar a situação em questão, relate sobre a importância da auditoria ambiental e sua frequência. 65 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (IBFC – 2021 / Adaptada). Auditoria Ambiental possui diversos intuitos, podendo visar ao licenciamento, à certificação ou à conservação da biodiversidade. Analise as afirmativas abaixo: I. A auditoria de sistema de gestão ambiental avalia o cumprimento dos princípios estabelecidos no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da empresa e suas adequações e eficácias. II. A Auditoria de sítios é destinada a otimizar a gestão dos recursos, a melhorar a eficiência do processo produtivo e, consequentemente, minimizar a geração de resíduos, o uso de energia ou de outros insumos. III. A Auditoria de certificação avalia a conformidade da empresa com princípios estabelecidos nas normas pela qual a empresa esteja desejando se certificar. Assinale a alternativa correta: a) Apenas as afirmativas II e III estão corretas b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas c) As afirmativas I, II e III estão corretas d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas e) Nenhuma das anteriores 2. A auditoria é uma ferramenta de gestão utilizada no monitoramento e verificação da implementação efetiva das políticas da qualidade e/ou ambientais de uma organização. Sobre as auditorias, assinalea afirmativa correta. a) A auditoria não possui natureza impeditiva, visando bloquear ações que causem danos ao ambiente b) Ao final de uma auditoria são apontadas apenas as irregularidades encontradas na organização c) As auditorias são obrigatórias em todas as empresas e são feitas normalmente por grandes empresas. d) A auditoria ambiental deve ser sistemática, documentada, periódica e objetiva. e) Nenhuma das alternativas anteriores 3. (IBFC – 2021). A ISO (International Standardization Organization) é uma organização não governamental que atua como uma federação mundial de organismos nacionais de normatização. Sobre as normas ISO 14000 de gestão ambiental, assinale a alternativa correta. a) A certificação ambiental é obrigatória para qualquer produto ou processo produtivo b) Etiquetas de advertência ou alerta fazem parte dos critérios da certificação ambiental c) A certificação ambiental difere da certificação convencional, que é baseada em normas 66 de qualidade mínima ou critérios de excelência d) A certificação ambiental deve ser aplicada de forma generalizada, seguindo os mesmos critérios independentemente do tipo de produto, família de produtos ou processos e) Nenhuma das anteriores 4. (CETREDE – 2021). No que se refere à certificação ambiental, analise as alternativas a seguir e marque a CORRETA. a) As normas ISO série 14000 estabelecem os critérios para a certificação ambiental. b) A conformidade entre o SGA de uma determinada empresa e os critérios estabelecidos na norma técnica não é condição para certificação ambiental dela, desde que não tenha anulado o seu SGA. c) É possível, nos casos previstos na legislação ambiental, que as indústrias químicas obtenham a certificação ambiental, mesmo sem ter um SGA implantado. d) No Brasil, a emissão do Certificado Ambiental é de responsabilidade do Secretaria Estadual do Meio Ambiente. e) A certificação ambiental é uma participação involuntária em um programa de gerenciamento ambiental. 5. (CALEGARIOX SERVIÇOS – 2019 / Adaptada). Assinale a alternativa que representa um Instrumento de Gerenciamento Ambiental: a) Recuperação de Áreas Degradadas e auditoria ambiental. b) Auditoria Ambiental e análise de riscos ambientais. c) Análise de Riscos Ambientais e recuperação de áreas degradadas. d) Investigação de Passivo Ambiental e reflorestamento. e) Nenhuma das anteriores. 6. (FUNCAB – 2015 / Adaptada). No licenciamento ambiental de uma atividade poluidora, o órgão ambiental responsável emite a Licença de Instalação, exigindo entre as restrições, que um determinado empreendimento que será implantado, instale uma rede de esgoto. Esse tipo de medida é denominado como de cunho: a) Compensatório. b) Proativo. c) Mitigador. d) Sustentável. e) Preventivo 7. (FADESP – 2018). Em relação às auditorias ambientais previstas na Resolução CONAMA nº 306 de 2002, é correto afirmar que as (o): a) auditorias ambientais devem envolver análise das evidências objetivas com o objetivo de determinar se a instalação do empreendedor auditado atende aos critérios estabelecidos no licenciamento ambiental. b) constatações de não conformidade devem ser documentadas de forma clara e comprovadas por evidências objetivas de auditoria e deverão ser objeto de um plano de 67 ação. c) relatório de auditoria ambiental é de responsabilidade técnica dos empreendedores auditados. d) plano de ação é de responsabilidade da equipe de auditoria e deverá contemplar as ações corretivas para as não conformidades apontadas pelo relatório de auditoria. e) relatório de auditoria ambiental e o plano de ação deverão ser apresentados anualmente ao órgão ambiental competente, para incorporação ao processo de licenciamento ambiental da instalação auditada. 8. (FCC- 2016). De acordo com a NBR ISO 14010 (ABNT,1996c) a auditoria ambiental: a) Diz respeito ao documento que organiza os procedimentos que deverão ocorrer na empresa auditada, sem preocupação com uma sequência de etapas. Neste processo não há necessidade de comprovação das informações obtidas entre os funcionários, bastando, somente, a impressão dos mesmos sobre o desempenho ambiental da empresa. b) Retrata o desempenho ambiental de uma organização em um dado momento. É encarada pelas empresas como uma ferramenta de gestão usada para identificar os problemas ocasionados pelas atividades durante determinado período, no final dos processos produtivos. c) É obrigatória em todas as empresas, pois proporciona a agilização de processos de pedidos de licença e o aumento do número de visitas de fiscalização, havendo muitos benefícios para os clientes que não adotam as normas nacionais relacionadas ao meio ambiente. d) É a contratação de seguro ambiental para um empreendimento, sem, entretanto, haver a necessidade da realização de uma inspeção técnica das instalações e atividades fabris que ocorrem em todas as unidades da organização. É um processo relacionado apenas aos aspectos jurídicos. e) É o processo de verificação, executado para avaliar evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistema de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente. 68 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO UNIDADE 1 UNIDADE 3 UNIDADE 5 UNIDADE 2 UNIDADE 4 UNIDADE 6 QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 A QUESTÃO 8 B QUESTÃO 1 B QUESTÃO 2 B QUESTÃO 3 D QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 E QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 A QUESTÃO 1 E QUESTÃO 2 B QUESTÃO 3 D QUESTÃO 4 B QUESTÃO 5 B QUESTÃO 6 E QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 B QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 B QUESTÃO 6 A QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 A QUESTÃO 1 B QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 E QUESTÃO 7 A QUESTÃO 8 D QUESTÃO 1 B QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 A QUESTÃO 5 B QUESTÃO 6 E QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 E 69 BARBIERI, J. 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