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UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 43 4. FORMA E DIMENSÕES DA TERRA A curiosidade do homem primitivo fez com que ele se interessasse pelo planeta em que vivia. Na observação de alguns fenômenos, surgiram superstições, ritos e cultos. De início foram usadas apenas observações astronômicas no estudo da geometria terrestre, e junto com as consequentes descobertas, permitiram na melhor compreensão dos eventos, resultando várias culturas e civilizações. Nos seus trabalhos de rotina, a Geodésia (ciência que estuda a forma e dimensões da Terra, seu campo gravitacional e as variações temporais) adota sistematicamente o elipsoide de revolução como modelo geométrico para representar a Terra. Para chegar a esta solução, o homem passou por várias iniciativas pois desde a origem da humanidade, há especulações sobre a forma da Terra. 4.1 Formas da Terra: breve histórico Ao longo da história,considerou-se a terra de várias formas: plana, esférica, elipsoidal, geoidal. a) Plana: até o século IV AC, os sábios da época acreditavam que a Terra era plana, com forma retangular, circundada pelos mares. No limite das águas com o espaço, havia seres mitológicos, o que inibia as aventuras marítimas. Anaxímenes defendia que a Terra era retangular, e que flutuava sobre um oceano infinito, o qual era mantido no espaço por um colchão de ar. b) Esférica: vários estudiosos começaram a defender a esfericidade da Terra: -Tales de Mileto (625-547 a.C): foi o primeiro defensor da esfericidade terrestre, afirmando também que a mesma girava em torno do Sol. - Pitágoras de Samos (580-500 a.C): foi filósofo e matemático grego, fundador da escola de Crotona, introduziu a idéia da Terra esférica. - Aristóteles (384-322 a.C): filósofo e matemático, admitia a esfericidade da Terra, considerando-a imóvel. Introduziu os primeiros conceitos referentes à força de gravidade terrestre, e trouxe argumentos positivos sobre a esfericidade terrestre, que são: 1) o contorno circular da sombra projetada pela Terra nos eclipses da Lua; 2) a variação do aspecto do céu estrelado com a latitude; 3) a diferença no horário de observação de um mesmo eclipse para observadores situados em diferentes meridianos. - Eratóstenes (276 -175 a.C): matemático, astrônomo e geógrafo grego. Foi diretor da Biblioteca de Alexandria. Investigou as medidas da Terra e calculou o meridiano terrestre. Cabe aqui uma explanação mais detalhada do seu experimento. Eratóstenes provou a esfericidade da Terra, calculando sua circunferência, a partir da diferença de latitudes entre 2 cidades egípcias: Alexandria e Syene (atual Assuan, situada às margens do Rio Nilo, suposta situar-se sobre o Trópico de Câncer, já que a tradição preconizava que “no dia de solstício de verão, o astro-rei iluminava o fundo de um poço”). Ao mesmo tempo, não estava a pico em Alexandria, fazendo surgir a projeção de uma sombra que fazia um ângulo de 7°12´ com a vertical. Ele usou um gnômon (vara), obtendo para a distância zenital meridiana do Sol (no solstício de verão), na cidade de Alexandria, o valor de 1/50 da circunferência (7°12´). Veja figura ilustrativa do experimento abaixo. Figura 4.1: Experimento de Eratóstenes - Fonte: www.filosofia-irc.org e www.profeblog.es http://www.filosofia-irc.org/ http://www.profeblog.es/ UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 44 Para prosseguir no experimento, era preciso conhecer a distância Alexandria-Syene, o que não era difícil, face aos trabalhos de agrimensura dos egípcios no vale do Rio Nilo, e que era de 5.000 estádias (300 milhas ou cerca de 787,5 km).Considerando finalmente que as duas cidades estão situadas num mesmo meridiano, Eratóstenes obteve para o comprimento do arco de 1°, o valor de 694,4 estádias, que corresponde para a circunferência equatorial, a 250.000 estádias ou 39.375km. Foi o primeiro matemático da antiguidade que encontrou um valor tão próximo do real (40.074,15km), e que perdurou por muitos séculos. Hoje sabe-se que Syene está a 3° a leste de Alexandria. Figura 4.2 – Cidades de Alexandria e Aswan. Fonte: https://www.tripsinegypt.com e https://images.memphistours.com/ - João Picard (1620 - 1682): astrônomo francês que introduziu várias melhorias no instrumental de medidas angulares, e que mediu o arco de meridiano de Paris e Amiens, em função do qual, calculou o raio da Terra, obtendo 6275 km. Foi quem realizou a primeira medida da era moderna para dimensões da Terra. c) Elipsoidal: esta fase inicia-se com as investigações teóricas de Newton (1642 - 1727), que foi um físico e matemático inglês, cujas especulações não admitiam harmonização entre o movimento de rotação e a forma perfeitamente esférica do planeta. Outrossim, considerava, como conseqüência da força centrífuga, um eixo polar mais curto (achatamento polar), abrindo perspectivas para a era elipsoidal. Já Cassini (1625 - 1712): foi um astrônomo francês, diretor do Observatório de Paris, que ao prosseguir os trabalhos de triangulações iniciados por Picard, concluiu que o comprimento de um arco de meridiano decresce com o aumento da latitude, resultando para a Terra um achatamento equatorial e alongamento nos polos. A contradição entre a teoria de Newton ( apoiado por Huygens) e as conclusões de Cassini originaram uma polêmica entre as duas escolas européias: os adeptos de uma Terra achatada e os adeptos de uma Terra alongada, controvérsia esta fundamental para o início da Geodésia Moderna. Para esclarecer a dúvida, a Academia de Ciências de Paris patrocinou a medição de dois arcos de meridiano: um próximo do Equador e outro próximo do Pólo Ártico. A expedição equatorial (1735-1744), foi enviada para o Peru, hoje Equador, (latitude = 1° 30’S). Este grupo mediu dois arcos de meridiano com aproximadamente 3° de amplitude e obteve num deles, para o arco de 1°, o comprimento de 110.614 m. A expedição polar (1736-1737) foi enviada para a Lapônia (latitude = 66° 20’ N, norte da Escandinávia), e obteve para o arco de 1°, o comprimento de 111.948 m, o que confirmava a teoria newtoniana sobre a Terra achatada, conforme figura abaixo. Conclui-se então que a Terra tem a forma de uma esfera achatada por causa de sua rotação (elipsoidal), sendo que o raio é maior no Equador por causa da maior força centrífuga, tendendo a acelerar a massa central para fora. Atualmente, tem-se que o arco de 1° de latitude mede 111,133 km, e o arco de 1° de longitude mede 111,413 km. https://www.tripsinegypt.com/ UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 45 Figura 4.3: Teorias de Cassini e Newton d) Geoidal: no início do século XIX, cientistas de renome lançaram as bases de uma nova teoria que atribui à Terra uma forma mais irregular e complexa do que a do modelo elipsoidal. - Listing (1872), a forma da Terra é o geoide: superfície do nível médio das águas dos mares, em equilíbrio, prolongada através dos continentes e normal (90°) em cada ponto à direção da gravidade. - J.K.F. Gauss (1777-1855): definiu a forma geoidal. Muitos o consideram o “pai da Geodésia”. - Stokes (1819-1903): desenvolveu os fundamentos teóricos para a representação do geoide no seu famoso trabalho “On the variation of gravity and the surface of the Earth”, no qual faz uso das anomalias gravimétricas para o cálculo das alturas geoidais. Figura 4.4: Esfera x Elipsoide x Geoide Na realidade, pode-se afirmar que a Terra não tem uma só forma, pois depende do ponto de vista. Tanto a concepção da Terra plana como esférica,são aproximações aceitáveis para determinados fins. Nos limites da Topografia (lida com pequenas áreas), a Terra é considerada plana; para muitos cálculos astronômicos, é considerada esférica (também na definição de linhas da rede geográfica). Para os geodesistas, que lidam com medidas continentais, a Terra tem forma irregular, representada por sua real superfície topográfica, embora não seja adequada para desenvolvimentos matemáticos necessários ao cálculo da posição de pontos terrestres. É necessária uma forma geométrica, com tratamento matemático para desenvolvimento de fórmulas, que mais se aproxime da Terra, que é o elipsoide. Sendo assim, é interessante apresentar as 3 superfícies de trabalho envolvidas (Figura 4.5): 1) superfície topográfica: é o modelo real,irregular, não havendo definições matemáticas para sua representação. Também chamada de superfície física da Terra (SF), é a superfície limitante do relevo topográfico (continental ou oceânico), sobre a qual são realizadas as medições de distâncias, ângulos, etc. 2) superfície elipsoidal: as observações geodésicas efetuadas na superfície física, são reduzidas à superfície elipsoidal para todos os cálculos geodésicos, adotando-se para a Terra, o elipsoide de revolução. É a superfície do modelo geométrico no qual são efetuados os cálculos geodésicos e UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 46 desenvolvidas as fórmulas. O elipsoide é formado a partir de uma elipse rotacionada em torno do seu semieixo menor (b). 3) superfície geoidal: é a equipotencial que coincide com o nível médio dos mares não perturbados (Fisher, 1975). É uma superfície equipotencial do campo da gravidade que melhor se aproxima do nível médio dos oceanos em toda a Terra (Vanicek & Krakiwsky, 1982). É irregular, sendo impossível obter-se um modelo matemático exato que a represente. É uma superfície ondulada, definida pelo nível médio dos mares (em repouso), prolongada através dos continentes, de maneira que as linhas verticais cruzem perpendicularmente esta superfície em todos os pontos. O geoide depende do campo de gravitacional terrestre e da distribuição de massa no interior da Terra, variando sensivelmente em regiões de cadeia de montanhas e depressões. Em vários lugares do planeta, o geoide confunde-se sensivelmente com o elipsoide, com divergências mínimas. Nos casos mais acentuados, há afastamento de dezenas de metros (sob cadeias de montanhas). 4.2 A Esfera Terrestre Figura 4.5: Superfície Física x elipsoide x geoide Sabe-se que trata de uma aproximação, pois a Terra não é uma esfera perfeita. Muitos conceitos ficam mais facilmente compreensíveis, adotando-se o modelo esférico num primeiro momento. A Terra gira em torno de seu eixo em 23 horas 56 minutos e 4,09 segundos, e completa uma revolução em pouco mais de 365,25 dias. No seu movimento de revolução, a Terra ocupa uma órbita plana de forma elíptica, e o círculo máximo formado pela interseção do plano da órbita terrestre em torno do Sol com a esfera terrestre, chama-se eclíptica. O plano do equador está inclinado em cerca de 23°27´08” em relação à eclíptica, valor que não é constante devido à atuação do Lua e do Sol, que originam a precessão dos equinócios e a nutação. Precessão é uma alteração na direção de um eixo de rotação de um corpo giratório. A nutação corresponde às irregularidades do movimento precessional dos equinócios pela variação das posições da Lua e de outros corpos celestes em relação à eclíptica. Essa oscilação regular durante a revolução anual origina os equinócios que se verificam em 21 de março e 23 de setembro. Quando o movimento oscilatório passa de um hemisfério para outro, temos os solstícios de 21 de junho e 21 de dezembro, conforme figura 4.6 (OLIVEIRA, 1988). Fonte: www.astro.iag.usp.br Fonte: www.astropt.org Figura 4.6: Precessão e Nutação Com a intenção de permitir a localização de um ponto sobre a superfície terrestre, recorre-se aos sistemas de coordenadas, que se baseiam em linhas de referência específicas. A rede geográfica é uma delas. http://www.astro.iag.usp.br/ http://www.astropt.org/ UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 47 4.2.1 Linhas de Rede Geográfica “ Rede geográfica é o conjunto formado por paralelos e meridianos, que são as linhas de referência que cobrem o globo terrestre com a finalidade de permitir a localização precisa de qualquer ponto sobre sua superfície, bem como orientar a confecção de mapas” (DUARTE,2006). As linhas da rede geográfica são os meridianos (dispostos no sentido Norte-Sul) e paralelos (dispostos no sentido Leste-Oeste). O conjunto de paralelos e meridianos utilizados por uma dada projeção é denominado rede (grid), quadriculado, ou, reticulado. Tendo sido construído o reticulado, os pontos da carta serão referidos a esse sistema e são localizados por suas coordenadas geográficas. -Meridianos; os meridianos são círculos máximos, e são linhas de referência Norte-Sul. Os meridianos são semi-circunferências de círculos máximos, cujas extremidades são os dois pólos geográficos da Terra. O plano de cada meridiano contém o eixo da Terra (linha que une os pólos). Qualquer meridiano divide a Terra em 2 hemisférios, mas internacionalmente adotou-se a convenção que o Meridiano de Greenwich, que passa em Londres, é o meridiano-base para definir os hemisférios ocidental e oriental, e também é o meridiano origem de contagem das longitudes. Tem-se também a designação de meridiano superior e inferior. O meridiano superior refere-se à linha Norte-Sul geográfica que passa pelo local do observador, e contém o zênite (ponto da esfera celeste na vertical da cabeça do observador). O meridiano inferior situa-se diametralmente oposto ao anterior, e contém o nadir (ponto situado oposto ao zênite, abaixo do observador). O meridiano inferior também é conhecido como antimeridiano. O antimeridiano (180 graus) do meridiano origem serve como base para o traçado da Linha Internacional de Mudança de Data (usada na definição de fusos horários). -Paralelos: o esferoide ou o elipsoide de referência cortados por planos perpendiculares ao eixo da Terra dão origem aos paralelos, que são circunferências cujos planos estão em toda a sua extensão, a uma mesma distância do plano do Equador, e unem pontos de mesma latitude. São sempre perpendiculares ao eixo da Terra, e cruzam os meridianos segundo ângulos retos. Apenas um deles é um círculo máximo (Equador); os demais, tanto no Hemisfério Norte, quanto no Hemisfério Sul, diminuem de tamanho na medida em que se afastam do Equador, até se transformarem em cada pólo, num ponto. A medida em graus dos paralelos inicia-se no Equador, indo até 90° em cada hemisfério. Figura 4.7: Meridianos e paralelos 4.2.2 Paralelos com nomes especiais Alguns paralelos recebem nomes especiais, definidos a partir de situações estratégicas relacionadas com o movimento de rotação da Terra, e também do movimento de revolução (que demarca o plano da Eclíptica), conceitos estes aprofundados na Astronomia. Os paralelos conhecidos por nomes especiais são: UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 48 a) Equador: origem de contagem dos graus dos paralelos (único paralelo que é círculo máximo). Seu plano é perpendicular ao eixo da Terra, e está eqüidistante dos pólos geográficos. Divide a Terra nos hemisférios Norte ( setentrional ou boreal ) e Sul ( meridional ou austral ). b) Trópicos: tem-se o Trópico de Câncer (hemisfério Norte)e Trópico de Capricórnio (hemisfério Sul). Possuem latitudes simétricas (23°27´N e S), e servem de limites entre as zonas tropicais ou temperadas, e a zona tórrida (intertropical ou equatorial). c) Círculos Polares: são paralelos de latitudes simétricas (66°32´ N e S), denominados Círculo Polar Ártico e Círculo Polar Antártico respectivamente, servindo de limite entre as zonas tropicais ou temperadas e as zonas glaciais ou polares. A determinação da posição dos trópicos e círculos polares relaciona-se com o movimento de rotação da Terra, inclinação do eixo do planeta, e o movimento de revolução. O movimento de rotação define o surgimento do eixo (eixo imaginário em torno do qual gira o planeta), cujas extremidades são os pólos geográficos. O movimento de revolução determina o plano da Eclíptica (εε´). A Eclíptica é o círculo máximo da esfera celeste que corresponde à órbita terrestre em torno do Sol. O eixo de rotação da Terra é inclinado em relação ao eixo da Eclíptica. A inclinação do eixo determina a posição dos paralelos especiais: o eixo da Terra é perpendicular ao Equador, e o chamado eixo da Eclíptica é perpendicular ao plano da mesma. Os 2 eixos formam um ângulo de 23°27´ entre si (o mesmo ocorre entre os planos do Equador e da Eclíptica). O plano da Eclíptica define na superfície terrestre os dois trópicos, ao passo que o eixo da Eclíptica determina a posição dos círculos polares (vide figura 4.8a). Na figura 4.8b tem-se a posição dos equinócios e solstícios. Figura 4.8a: Eclíptica e posição de trópicos e círculos polares Figura 4.8b: Eclíptica e posição dos equinócios e solstícios. Fonte: http://homepage.ufp.pt/ http://homepage.ufp.pt/ UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 49 4.3 O Elipsoide de Referência A Terra pode ser aproximada por um elipsoide de revolução, o qual foi gerado pela rotação de uma elipse em torno do eixo polar. Esta superfície é considerada como a mais próxima da forma real da Terra e que tenha tratamento matemático, em substituição ao geoide. Esta aproximação do geoide pelo elipsoide só é possível mediante as seguintes condições: a) coincidência do centro do elipsoide com o centro de gravidade da Terra; b) coincidência do plano equatorial do elipsoide com o plano do equador terrestre; c) minimização dos desvios em relação ao geoide. Para atender a última condição efetuam-se ligações entre o geoide e o elipsoide em pontos conhecidos como datum geodésico. É determinada a distância entre o elipsoide e o geoide (ondulação geoidal N) e o desvio da vertical i (ângulo entre a vertical (normal ao geoide) e a normal ao elipsoide). Devido aos vários “data” usados, surgem diferentes figuras de referência, originando elipsoides distintos (mais de 70). Nos dias de hoje busca-se a unificação dos elipsoides, com uso de técnicas GNSS, etc. São exemplos de elipsoides de referência: Nome do elipsoide Ano Semi-eixo maior a (m) Achatamento =1/f Airy 1830 6 377 563,396 1/299,3249646 Bessel 1866 6 377 397,155 1/299,1528128 GRS 67 1967 6 378 160,0 1/298,247167427 GRS 80 1980 6 378 137,0 1/298,257222101 Internacional Hayford 1909 6 378 388,0 1/297 Sul Americano 1969 6 378 160,0 1/298,25 WGS 84 1984 6 378 137,0 1/298,257223563 Clarke 1866 6 378 206,4 1/294,979 4.3.1 Definição dos Parâmetros Um elipsoide de revolução fica perfeitamente definido por meio de dois parâmetros; o semieixo maior a e o semieixo menor b. Em Geodésia, entretanto, é tradicional considerar como parâmetros o semieixo maior a e o achatamento α (ou 1/f), que serão definidos na sequência.A figura a seguir representa uma elipse com seus 2 focos F1 e F2, sendo que a distância compreendida entre eles é a distância focal (2c). Figura 4.9 – Parâmetros do elipsoide Quanto mais próximos os focos entre si, mais a elipse se assemelha à circunferência. O centro O da elipse é o ponto médio do segmento F1F2. A distância OF1 é igual a c. O eixo focal (x) que contém os focos UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 50 intercepta a elipse em dois pontos A e B. O segmento AB define o eixo maior da elipse (2 a). O eixo normal (z) que passa pelo centro da elipse, perpendicularmente ao eixo focal, define na elipse os pontos P1 e P2. O segmento P1P2 denomina-se eixo menor da elipse (2b). Na figura tem-se que: a – semieixo maior b – semieixo menor α – achatamento c – semidistância focal (segmento OF1) O achatamento é dado por: α = (a – b) / a = (1 – b/a ) A 1ª. excentricidade e é dada por: e = c / a Elevando-se ambos os membros ao quadrado: e2 = c2 / a2 e sendo c2 = a2 – b2 tem-se: e2 = (a2 – b2) / a2 ou também e2 = 1 – (b2/a2) A expressão anterior é a da chamada primeira excentricidade. Dela decorre que: b2 = a2(1− e2 ) e também b = a Aplicando-se algumas substituições, tem-se que: 4.4 O Elipsoide no Brasil e Caracterização do SIRGAS2000 Em 1924, foi recomendada a adoção do elipsoide de Hayford, como Elipsoide Internacional de Referência, recomendação seguida também pelo Brasil. Toda a rede brasileira referida ao datum “Córrego Alegre” (vértice Córrego Alegre-MG) usou os parâmetros do elipsoide de Hayford. Posteriormente utilizou- se um outro vértice próximo (vértice Astro-Chuá), cujas coordenadas foram determinadas astronomicamente, e considerando-se nulos a ondulação geoidal N (separação entre elipsoide e geoide) e o desvio da vertical ( existe portanto tangência entre elipsoide e geoide, pois há coincidência entre a normal e a vertical do ponto). Em seguida, foram feitos estudos gravimétricos na região do vértice Chuá (MG), com nova determinação de coordenadas do vértice, usando-se o elipsoide da Associação Internacional de Geodesia. A América do Sul já havia adotado esse elipsoide em 1969. Com o final da etapa de ajustamento em 1978, o SAD-69 (South American Datum), com origem no vértice Chuá, passou a ser adotado oficialmente no Brasil como novo datum. Os elementos do elipsoide GRS-67 utilizados pelo Sistema Geodésico Sul-Americano são: a= 6378160,0m e 1/f)= 1/298,25. Com o advento dos satélites artificiais, surgiu um novo elipsoide para todo o mundo, o WGS-84 (World Geodetic System), que é geocêntrico. No caso dos elipsoides de Hayford e de 1967, os mesmos são topocêntricos, ou seja, a origem situa-se na superfície terrestre. Já o WGS-84 e o GRS-80 são geocêntricos (origem no centro de massa da Terra). O Sistema Geodésico Brasileiro viveu uma fase de transição, utilizando o SAD-69 e SIRGAS (Sistema Internacional de Referência Geodésico para as Américas), no período compreendido entre fev/2005 e fev/2015. O SIRGAS2000 foi adotado oficialmente no Brasil em fev/2005-Res.PR. 01/05, e utiliza o elipsoide GRS80. A partir de fev/2015 passou a ser o único datum usado no Brasil. Em nov/2020 passou a ser Sistema de Referência Geodésico para as Américas (www.sirgas.org.pt/web-site-history/). Com esta variedade de sistemas, conviveu-se com o problema das transformações de um sistema para outro, o que ainda pode ocorrer caso o produto cartográfico disponível esteja num sistema antigo. Daí recorre-se a parâmetros oficiais de transformação divulgados pelos órgãos competentes (IBGE). A seguir é apresentada uma tabela em ordem cronológica dos “data” usados no Brasil. e2 = 2 − 2 http://www.sirgas.org.pt/web-site-history/ UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 51 Datum Elipsoide usado Origem Córrego Alegre Hayford Vértice Córrego Alegre-MG PSAD-56 (Provisional South American Datum of 1956) HayfordVértice La Canoa-Venezuela Astro Datum Chuá Hayford Vértice Chuá-MG SAD-69 (South American Datum 1969) Elipsoide de Referência Internacional de 1967 (GRS-67) Vértice Chuá-MG SIRGAS2000 - Sistema Internacional de Referência Geodésico para as Américas GRS-80 Geocêntrico Caracterização do SIRGAS2000 (conforme a res. R.PR-1/2005 e R.PR-1/2015): • Sistema Geodésico de Referência: Sistema de Referência Terrestre Internacional - ITRS (International Terrestrial Reference System). • Figura geométrica para a Terra: Elipsoide do Sistema Geodésico de Referência de 1980 (Geodetic ReferenceSystem 1980 – GRS80 ) com semieixo maior a = 6.378.137 m e Achatamento f=1/298,257222101. • Origem: Centro de massa da Terra. • 21 estações de referência da rede continental SIRGAS2000, estabelecidas no Brasil e que constituem a estrutura de referência que materializa o sistema SIRGAS2000 no Brasil. • Época de Referência das coordenadas: 2000,4. Fig. 4.10 – Rede de referência SIRGAS [Fonte: www.sirgas.org].(2015) e tabela de coordenadas de pontos SIRGAS. Em 2017, o IBGE publicou “Especificações e Normas para Levantamentos Geodésicos associados ao Sistema Geodésico Brasileiro”, resultado da evolução tecnológica e metodológica ocorrida nos levantamentos e no tratamento de informações coletadas para estabelecimento das Redes Geodésicas que materializam o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB). O objetivo da norma é estabelecer requisitos mínimos de precisão, com orientações a serem adotadas nos levantamentos geodésicos visando o estabelecimento, manutenção e densificação das redes geodésicas de referência que materializam o SGB nas vertentes planialtimétrica, altimétrica e gravimétrica (IBGE, 2017). Em 2018 publicou o REALT2018 - Reajustamento da Rede Altimétrica com Números Geopotenciais do IBGE, que leva em conta a força da gravidade. Já em 05/08/2021 foi publicado pelo IBGE o modelo de conversão hgeoHNOR2020 que permite a obtenção da altitude normal, conhecida a altitude geométrica ou elipsoidal do ponto (IBGE,2021). http://www.sirgas.org/ UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 52 N = = a 1 − e 2sen 2 4.5 Elementos do Elipsoide Alguns conhecimentos da Geometria do Elipsoide serão abordados de forma concisa. Na figura a seguir, tem-se um ponto P na superfície física da Terra, de coordenadas (ϕ,λ,h). Por este ponto passa uma linha chamada normal (nn´), que é perpendicular ao elipsoide, e que define o ponto P´ no elipsoide. A altitude geométrica (ou elipsoidal) do ponto P é designada por h (segmento PP´). Pelo mesmo ponto P na superfície física da Terra, passa uma linha chamada vertical (v), a qual é perpendicular ao geoide (superfície geoidal). Pode-se definir: Figura 4.11 – Geometria do elipsoide a) Seção Normal: qualquer seção que contenha a normal nn´ que passa por um ponto específico. b) Seção Meridiana: é uma seção normal que contém o semieixo menor b. c) Grande Normal N: na figura é o segmento P´Q, desde o ponto P´ na superfície do elipsoide até o ponto Q, definido pelo cruzamento da linha nn´ com o eixo polar PNPS. Uma de suas aplicações é no processo de conversão de coordenadas geodésicas (ϕ,λ,h) em cartesianas (X,Y,Z). d) Pequena Normal N´: dado pelo segmento P´R da normal, do ponto P´ até R no Equador. e também e) Longitude: é o ângulo formado entre o meridiano origem de Greenwich e o meridiano local, representado por λ. f) Latitude geodésica ou elipsóidica: é o ângulo formado pela normal ao elipsoide no ponto (nn´) e o plano do equador. É indicada por øG. g) Latitude geográfica ou astronômica: é o ângulo formado entre a vertical (normal ao geoide) e o Equador. É representada por øA. N´= = 1 − e2 sen 2 a(1− e2 ) N´= N (1− e2 ) UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 53 R0 = M N = b /(1 − e sen ) 2 h ≈ H + N h) Desvio da vertical (i)_: ângulo formado entre a vertical ao geoide e a normal ao elipsoide. Seu valor é de poucos segundos de arco (muito pequeno) i) Raio de Curvatura da Seção Meridiana M: Definido em cada ponto pela expressão: 𝑀 = 𝑎 (1- 𝑒2 )/√(1 - 𝑒2 𝑠𝑒𝑛2 𝛟)3 j) Raio de Curvatura 1º. Vertical: tem a mesma expressão que a grande Normal N. k) Raio Médio de Curvatura: é a média geométrica entre M e N. l) Raio de um Paralelo: é dado por O cálculo dos elementos anteriores depende dos parâmetros do elipsoide (a-semieixo maior, α- achatamento) escolhido, e da latitude (ø). Os sistemas de coordenadas permitem definir a posição de pontos sobre uma superfície (plana, esférica ou elipsóidica). Para o elipsoide e esfera, é usual o emprego de um sistema de coordenadas cartesiano e curvilíneo (paralelos e meridianos vistos anteriormente). ABORDAGEM ALTIMÉTRICA Para completar estas noções gerais básicas, falta a definição da coordenada altimétrica. Têm-se: a) Altitude ortométrica: distância que vai do ponto considerado até o geoide, contada sobre a vertical ao mesmo. O segmento representado por H na figura 4.12 é a altitude ortométrica do ponto P. Apresenta significado físico, obtida por nivelamento geométrico de precisão. b) Altitude geométrica ou elipsoidal h: distância contada sobre a normal ao elipsoide, do ponto até ao elipsoide. Tem apenas significado geométrico. Se for conhecida a ondulação geoidal ou altura geoidal (N), que é a separação entre geoide e elipsoide, pode-se obter h através da expressão: A expressão anterior é uma aproximação pelo fato de H e N não serem colineares (vide figura 4.12 a seguir). Os aparelhos GPS (Global Positioning System) fornecem a altitude geométrica. O nivelamento geométrico de precisão fornece a altitude ortométrica H. Os modelos de ondulação geoidal (MAPGEO2015, foi o último gerado) fornecem os valores da ondulação geoidal N. Os valores de ondulação geoidal N são positivos quando o geoide está acima do elipsoide e negativos quando o geoide está abaixo do elipsoide. O modelo MAPGEO2015 (com resolução de 5´de arco, que significa em torno de 9km) do IBGE foi concebido para efetuar a conversão de altitudes (antes era o MAPGEO2010). Um Sistema de Interpolação de Ondulações Geoidais permite aos usuários obter a ondulação geoidal (N) em um ponto ou conjunto de pontos, cujas coordenadas estejam referidas ao SIRGAS2000. O modelo geoidal em SIRGAS2000 está disponível no site do IBGE (www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia). c) Altitude Normal HN: medida ao longo da linha vertical normal, ortogonalmente às superfícies equipotenciais do campo normal. Por não considerar o campo real, a altitude normal não se refere rigorosamente ao geoide, mas sim a uma superfície próxima a ele, denominada quase-geoide. r = N cos ø http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia) UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 54 Figura 4.12 – Altitude ortométrica H e geométrica h e MAPGEO2015 Figura 4.13 – Altitude geométrica (elipsoidal) h, altitude do SGB (HN) e modelo hgeoHNOR2020 O referencial altimétrico a ser usado coincide com a superfície equipotencial do campo de gravidade da Terra que contém o nível médio do mar definido pelas observações maregráficas na baia de Imbituba, litoral de Santa Catarina (de 1949-1957). O Datum Vertical é o Marégrafo de Imbituba. No passado já foi usado o Marégrafo de Torres-RS. No estado do Amapá usa-se o Marégrafo Porto Santana. DATUM consiste de um marco geodésico horizontal ou vertical, usado como ponto origem do sistema geodésico (referência). Até 30/07/2018, oIBGE disponibilizava ao usuário as altitudes ortométricas H do tipo normal das RRNN (referências de nível) do SGB (Sistema geodésico Brasileiro). O documento REALT2018 considera as novas altitudes oficiais para o Brasil, que é a altitude normal HN, compatível com o SIRGAS2000 e seguindo a tendencia mundial de unificação de redes altimétricas. Ao consultar informações no site do IBGE, observar a altitude que consta, uma vez que a partir de 2018, várias RRNN (Referências de Nível) já tem a altitude Normal registrada na monografia da RN que faz parte do BDG - Banco de Dados Geodésicos. As novas altitudes normais se mantêm relacionadas aos referenciais altimétricos atualmente vigentes no Brasil: Imbituba-SC e Santana-AP. O modelo de conversão hgeoHNOR2020 divulgado pelo IBGE em 05/08/2021 permite a obtenção da separação entre o elipsoide de referência das altitudes geométricas em SIRGAS2000 e as superfícies de referência da realização REALT 2018 da componente vertical do Sistema Geodésico Brasileiro - SGB (data verticais de Imbituba e Santana) (IBGE,2021). Assim, o fator para conversão η, que é extraído do modelo hgeoHNOR2020 permite obter altitudes normais modeladas (HN mod), pela expressão compatíveis com o REALT 2018, a partir de altitudes geométricas (h), que são resultantes de medições GNSS em regiões que não dispõe de cobertura adequada HN mod = h – η UFRGS – Disciplina: Universidade Federal do Rio Grande do Sul GEO 05013 – Cartografia Geral I – IGEO – Departamento de Geodésia Professor: Gilberto Gagg – Versão Preliminar 55 da Rede Altimétrica de Alta Precisão (RAAP), ou seja, onde não há estações altimétricas do SGB. Exercícios OBS: Pelo nível de precisão envolvido nos cálculos, deve-se adotar pelo menos 7 casas decimais nos cálculos parciais envolvendo as funções trigonométricas e outros. 1) Transforme os ângulos (GMS) em fração decimal do grau: a) 45°35´25” b) 12°56´08” c) 68°12´49,5” 2) Considere o elipsoide definido pelos parâmetros: a = 6378160,0m e α = 1/298,25. Calcule os seguintes elementos: a) Semieixo menor b b) Excentricidade primeira ao quadrado c) Grande Normal para latitude ø=30° N. d) Pequena Normal para ø=30°N. e) Raio de Curvatura da seção meridiana para ø=30°N. f) Raio de Curvatura da Seção Primeiro Vertical para ø=30°N. g) Raio Médio de Curvatura para ø=22°30N. h) Raio do paralelo para latitude ø=22°N. 3) Admita que um elipsoide hipotético de α = 1/298,25 tenha a=10m. Quanto medirá b? 4) Considerando o elipsoide de parâmetro α = 1/298,257223563, calcular a pequena normal de um ponto em que ø = 35°S, cujo raio de paralelo mede 5.181.765,45m. PS: Não usar o valor de a. 5) Considerando o elipsoide de parâmetros a = 6.378.137,0m e b = 6.356.752,3142m, calcule a grande normal, pequena normal e raio do paralelo para ø = 31°45´37”S. Resp: 1. a) 45,590277777°, b) 12,9355555°, c) 68,21375° 2. a) b=6.356.774,719 m b) e2= 0,006694542 c)N= 6.383.504,066m d)N´= 6.340.769,431m e)M= 6.351.399,358m f) igual c g) N= 6.38.1288,852m M= 6.344.789,433m Ro=6.363.012,972m h) N= 6.381.158,080m r= 5916506,745m 3. b= 9,9665m 4. N=6.325.767,586m, e2= 0,00669438, N´= 6.283.420,494m 5. e2= 0,00669438, N = 6.384.060,184m, N´=6.341.322,859m, r= 5.428.097,085m BIBLIOGRAFIA DUARTE,P.A Fundamentos de Cartografia, EDUSC, 2006. IBGE, 2008 Disponível em www.ibge.gov.br OLIVEIRA, C., Curso de Cartografia Moderna, 1988 VANICEK,P. & KRAKIWSKY,E.J., Geodesy: the concepts. 1982 www.filosofia-irc.org www.profeblog.es www.astro.iag.usp.br www.astropt.org www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia www.sirgas.org].(2015) IBGE, 2017. Especificações e Normas para Levantamentos Geodésicos associados ao Sistema Geodésico Brasileiro. Rio de Janeiro, 2017. IBGE, 2019. Reajustamento da Rede Altimétrica com Números Geopotenciais. 2ª. ed, 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101666.pdf IBGE, 2021. Modelo hgeoHNOR2020 para conversão de altitudes geométricas em altitudes normais. Série Relatórios Metodológicos v.47, Rio de Janeiro, 2021. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101841.pdf http://www.ibge.gov.br/ http://www.filosofia-irc.org/ http://www.profeblog.es/ http://www.astro.iag.usp.br/ http://www.astropt.org/ http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia http://www.sirgas.org/ https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101666.pdf https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101841.pdf