Prévia do material em texto
METODOLOGIA DA PESQUISA METODOLOGIA DA PESQUISA M etodologia da Pesquisa Elisabete Ana da Silva Elisabete Ana da Silva Wheslley Rimar Bezerra Wheslley Rimar Bezerra GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Esta disciplina tem como principal objetivo prepará-la(o) para a elaboração e a apre- sentação de trabalhos cientí� cos, colocando em evidência as principais característi- cas dos gêneros acadêmicos, os quais carregam especi� cidades e a necessidade de cuidados, de observação de critérios e rigores, já que há normas estabelecidas que devem ser compreendidas e seguidas por todos os que pretendem elaborá-los em qualquer etapa de sua formação acadêmica. As normas aqui mencionadas referem-se não só àquelas que compreendem as estru- turas textuais, a linguagem predominante, a formatação exigida, mas também aos aspectos que fazem parte da comunicação cientí� ca como um todo. Desde orientações sobre leitura cientí� ca, técnicas de estudo e pesquisa, os gêneros textuais relacionados, a organização, até a apresentação de cada um deles, espera-se que os métodos expostos tragam a segurança de que poderá oferecer aos seus avalia- dores trabalhos carregados de qualidade e correção. SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_CAPA.indd 1,3 31/03/2021 11:08:35 © Ser Educacional 2020 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Elisabete Ana da Silva Wheslley Rimar Bezerra DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 2 31/03/2021 11:00:50 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 3 31/03/2021 11:00:51 Unidade 1 - Técnicas de estudo, artigo científico, gêneros acadêmicos e apresen- tação gráfica. Objetivos da unidade .......................................................................................................... 13 Técnicas de estudo .............................................................................................................. 14 Leitura científica e redação científica ............................................................................ 18 Estilo da redação técnico-científica ........................................................................... 19 Parágrafo no texto técnico-científico ......................................................................... 22 Textos científicos: leitura, compreensão de contextos e compreensão de intertextos ...23 Trabalhos científicos ........................................................................................................... 24 Gêneros acadêmicos ........................................................................................................... 27 Resumo ............................................................................................................................. 27 Resenha ........................................................................................................................... 28 Esquema ........................................................................................................................... 29 Fichamento ...................................................................................................................... 30 Paper ................................................................................................................................ 30 Artigo científico .............................................................................................................. 31 Ensaio científico ................................................................................................................... 32 Apresentação gráfica .................................................................................................... 33 Normas metodológicas e elementos da estrutura do artigo científico ..................... 35 Elementos pré-textuais .................................................................................................. 36 Elementos textuais ......................................................................................................... 37 Elementos pós-textuais ................................................................................................. 40 Apresentação de ilustrações e tabelas ....................................................................... 41 Sintetizando .......................................................................................................................... 43 Referências bibliográficas ................................................................................................ 44 Sumário SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 4 31/03/2021 11:00:51 Sumário Unidade 2 - Seminário, pôster e projeto científicos e referências bibliográficas Objetivos da unidade .......................................................................................................... 47 Seminários científicos ........................................................................................................ 48 A prática do seminário em sala de aula ...................................................................... 48 A preparação para o seminário de caráter científico ............................................... 51 O desenvolvimento e a conclusão do seminário ....................................................... 54 Pôster científico .................................................................................................................. 55 A estrutura do pôster científico .................................................................................... 56 Projetos científicos ............................................................................................................. 57 A elaboração de projetos científicos .......................................................................... 58 A apresentação do projeto científico ......................................................................... 59 Referências bibliográficas: NBR 6023 da ABNT ............................................................ 61 Diferença entre referência e bibliografia .................................................................... 62 Estrutura das referências bibliográficas ..................................................................... 64 Sintetizando ...........................................................................................................................70 Referências bibliográficas ................................................................................................. 71 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 5 31/03/2021 11:00:51 Sumário Unidade 3 - Estruturas, abreviações e ética das citações bibliográficas Objetivos da unidade .......................................................................................................... 75 Citações bibliográficas: NBR 10520/2002 da ABNT ....................................................... 76 Sistemas de chamadas ................................................................................................. 78 Estrutura de citações ........................................................................................................... 79 Citação direta .................................................................................................................. 80 Citação indireta ................................................................................................................ 83 Citação de citação .......................................................................................................... 84 Vantagens e desvantagens dos sistemas de citação ............................................... 90 Abreviação de títulos: NBR 6032/1989 da ABNT ............................................................. 91 Regras de abreviação .................................................................................................... 92 Regras de abreviação de títulos ................................................................................... 93 Nomes de pessoas .......................................................................................................... 95 O perigo do plágio ................................................................................................................ 96 Ética ................................................................................................................................... 96 Sintetizando .......................................................................................................................... 98 Referências bibliográficas ................................................................................................ 99 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 6 31/03/2021 11:00:51 Sumário Unidade 4 - Modalidades e técnicas da pesquisa científica Objetivos da unidade ........................................................................................................ 101 Pesquisa científica ............................................................................................................ 102 Delimitação do tema .................................................................................................... 107 Campo da aplicação científica ................................................................................... 108 A entrada no campo ...................................................................................................... 109 Modalidade de pesquisa................................................................................................... 110 Métodos ......................................................................................................................... 117 Técnicas ............................................................................................................................... 118 Coleta de dados ............................................................................................................ 119 Análise e interpretação de dados .............................................................................. 126 Apresentação dos resultados ..................................................................................... 126 Pesquisa em impresso e on-line (Bireme, Lilacs, SciELO e Google Acadêmico).....127 Bireme e Lilacs .............................................................................................................. 127 SciELO ............................................................................................................................ 128 Google Acadêmico ....................................................................................................... 129 Sintetizando ........................................................................................................................ 130 Referências bibliográficas .............................................................................................. 131 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 7 31/03/2021 11:00:52 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 8 31/03/2021 11:00:52 Esta disciplina tem como principal objetivo prepará-la(o) para a elaboração e a apresentação de trabalhos científi cos, colocando em evidência as principais características dos gêneros acadêmicos, os quais carregam especifi cidades e a necessidade de cuidados, de observação de critérios e rigores, já que há normas estabelecidas que devem ser compreendidas e seguidas por todos os que pretendem elaborá-los em qualquer etapa de sua formação acadêmica. As normas aqui mencionadas referem-se não só àquelas que compreendem as estruturas textuais, a linguagem predominante, a formatação exigida, mas também aos aspectos que fazem parte da comunicação científi ca como um todo. Desde orientações sobre leitura científi ca, técnicas de estudo e pesquisa, os gêneros textuais relacionados, a organização, até a apresentação de cada um deles, espera-se que os métodos expostos tragam a segurança de que poderá oferecer aos seus avaliadores trabalhos carregados de qualidade e correção. METODOLOGIA DA PESQUISA 9 Apresentação SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 9 31/03/2021 11:00:52 A todos aqueles que buscam o conhecimento através da pesquisa para seu desenvolvimento pessoal e de nossa sociedade. A professora Elisabete Ana da Silva é pós-graduada em Língua Portuguesa – Programa de Estudos Pós-graduados em Língua Portuguesa – Departamento de Português da Pontifícia Universidade Ca- tólica de São Paulo – PUC – conclusão em 2002; graduada em Letras – Curso de Lín- gua Portuguesa e Literatura Portuguesa, na Pontifícia Universidade Católica – PUC, concluído em 1985. Trabalha ministrando aulas no Ensino Fun- damental II, no Ensino Médio e no Curso de Magistério (Gramática, Redação, Lite- ratura e Entendimento de Texto) desde 1986, junto à rede particular de ensino, em São Paulo, capital; é docente nos cursos de Pedagogia e Recursos Humanos em Centro Universitário, ministrando aulas de Leitura e Produção Textual, desde 2017. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1186750490003710 METODOLOGIA DA PESQUISA 10 A autora SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 10 31/03/2021 11:00:52 Dedico esta obra à minha esposa, que sempre me incentivou a buscar novos conhecimentos, sendo ela um grande pilar em minha vida, dando sustentação em todos os momentos. O professor Wheslley Rimar Bezerra possui especialização em Tecnologias e Inovações Web pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC (2019) e é bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Nove de Julho – UNI- NOVE (2012). É professor de linguagens de programa- ção nas disciplinas de Desenvolvimento Web, Mobile e Desktop. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1406103899812666 O autor METODOLOGIA DA PESQUISA 11 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 11 31/03/2021 11:00:52 TÉCNICAS DE ESTUDO, ARTIGO CIENTÍFICO, GÊNEROS ACADÊMICOS E APRESENTAÇÃO GRÁFICA 1 UNIDADE SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 12 31/03/2021 11:01:16 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer os diversos tipos de trabalhos científicos; Compreender as características dos gêneros acadêmicos; Conhecer os elementos que compõem a comunicação científica; Compreender os elementos que fazem parte da apresentaçãográfica de um artigo científico; Entender a organização dos elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Técnicas de estudo Leitura científica e redação científica Estilo da redação técnico-cien- tífica Parágrafo no texto técnico- -científico Textos científicos: leitura, compreensão de contextos e compreensão de intertextos Trabalhos científicos Gêneros acadêmicos Resumo Resenha Esquema Fichamento Paper Artigo científico Ensaio científico Apresentação gráfica Normas metodológicas e ele- mentos da estrutura do artigo científico Elementos pré-textuais Elementos textuais Elementos pós-textuais Apresentação de ilustrações e tabelas METODOLOGIA DA PESQUISA 13 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 13 31/03/2021 11:01:17 Técnicas de estudo O desenvolvimento de um trabalho técnico-científi co exige uma postura diferenciada no que se refere às suas etapas e ela deve ter início desde as primeiras decisões. A partir da escolha do objeto de es- tudo, da questão da pesquisa de seu interesse, você deve organizar um pla- no de atividades, pois faz-se necessária a máxima organização para que tenha sucesso ao fi nal de todo seu empenho. Gilberto Andrade Martins, no livro Manual para elaboração de monografi as e dissertações, de 2002, propõe um roteiro inicial de pesquisa, visto que a or- ganização dos passos a serem dados é de extrema importância, e, levando-se em conta as características individuais de cada trabalho, podemos observar a síntese dos itens desse roteiro como um procedimento de abertura: 1. Escolha do tema-problema; 2. Identifi cação das limitações sobre o que será abordado; 3. Formulação de objetivos; 4. Levantamento bibliográfi co; 5. Leitura do material selecionado com registros; 6. Análise e interpretação dos dados coletados; 7. Elaboração de conclusões; 8. Elaboração de introdução; 9. Registro de bibliografi as e anexos; 10. Revisão geral; 11. Digitação; 12. Entrega e/ou apresentação. No entanto, outras preocupações devem fi car em evidência, entre elas, te- mos as técnicas de estudo e você pode lembrar-se de ações como grifar tre- chos lidos, fazer releituras, fazer uso de mnemônicos, elaborar resumos etc.; entretanto, não se trata disso neste momento. METODOLOGIA DA PESQUISA 14 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 14 31/03/2021 11:01:22 EXPLICANDO Mnemônico, segundo Houaiss (2004, p. 500), é relativo à memória, aquilo que ajuda a reter na memória; relaciona-se a técnicas para desenvolver a memória por meio de processos de combinação e associação de ideias. Isso quer dizer que a elaboração de esquemas, mapas mentais, símbolos ou frases de efeito, assim como o uso de palavras que permitam essa rápida associação e assimilação fazem parte da mnemônica. Obviamente, as formas mencionadas são bastante usadas pelos estudan- tes em geral, porém, é preciso evidenciar que existem diferentes formas de pesquisa que geram diferentes tipologias de estudos, pois estamos tratando da elaboração de um texto técnico-científico e, de acordo com o seu objeto de interesse, podem ser combinadas duas ou mais modalidades, não recaindo sobre um único indicativo. Temos quatro gêneros de técnicas de estudo, intercomunicados, são eles: a) Pesquisa teórica: aquela que se dedica ao estudo de teorias; b) Pesquisa metodológica: aquela que se dedica aos modos de fazer-se ciência; c) Pesquisa empírica: aquela que se dedica a codificar o que é possível ser medido dentro da realidade social; d) Pesquisa prática: aquela voltada para a intervenção na realidade social. DIAGRAMA 1. TÉCNICAS DE ESTUDO (TIPOS DE PESQUISAS) Pesquisa (técnicas de estudo) Teórica (estudo de teorias) Metodológica (modos de fazer ciência) Empírica (mensuração da realidade) Prática (intervenção na realidade) METODOLOGIA DA PESQUISA 15 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 15 31/03/2021 11:01:22 Assim, levando em consideração que você deverá observar o objeto de estudo de seu trabalho, a seguir, serão evidenciadas algumas modalidades de pesquisa geradas a partir dos gêneros mencionados, para que seja possível decidir quais os procedimentos mais adequados a esse estudo: 1. Análise de conteúdo: com a ocorrência de análise de conteúdos escritos em jornais e revistas e que são usados como fontes de informações; 2. Bibliográfico: estudo das contribuições científicas sobre determinado assunto; 3. Censo: levantamento de informações de todos os integrantes do universo pesquisado; 4. Clínico: baseado em técnicas de entrevistas, da história de vida, do acon- selhamento, de psicodiagnósticos; 5. Comparativo: trata-se de um procedimento científico que examina casos, fenômenos ou coisas por analogia, descobrindo aspectos em comum, regula- ridades e princípios; 6. Crítico-dialético: apoia-se na dinâmica da realidade e na relação teoria e prática; suas propostas são críticas e com o objetivo de desvendar conflitos de interesses; 7. De campo: corresponde à coleta direta de informações em locais nos quais acontecem os fenômenos em estudo; 8. Dedutivo: apresenta um conjunto de proposições particulares contidas e verdades universais, partindo de uma premissa de valor universal para uma particularidade, justifica-se pela verdade, pela coerência e não contradição; 9. Descritivo: tem como objetivo a descrição das características de determi- nado fenômeno ou população; 10. Documental: reúne, classifica e distribui documentos de todo gênero das atividades humanas; 11. Empírico-analítica: faz utilização de técnicas de coleta, analisando dados quantitativos para validação de provas científicas; 12. Entrevista: ocorre um processo de interação social, baseada em interlo- cutores que assumem papéis, respectivamente de entrevistador e de entrevis- tado; pode ocorrer em profundidade, em grupo ou de forma não diretiva; 13. Estatístico: leva em conta a obtenção, organização, análise e apresenta- ção de dados numéricos; METODOLOGIA DA PESQUISA 16 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 16 31/03/2021 11:01:22 14. Estudo de caso: refere-se ao estudo de interações ambientais de uma unidade social, num recorte temporal; 15. Experimental: é aquele que tenta descobrir relações causais; 16. Fenomenológico: consiste em uma visão intelectual do objeto, com base e intuição, propondo uma reflexão contínua sobre a importância dos processos adotados; 17. Fenomenológico-hermenêutica: faz utilização de técnicas não quanti- tativas, trabalhando com estudos teóricos e análise de documentos e textos, apresentando propostas críticas, busca processos lógicos de interpretação; 18. Histórica: reconstruindo o passado de forma sistemática, faz-se a ve- rificação de evidências e delineação de conclusões; 19. Indutivo: parte do particular para a generalização como produto de um trabalho de coleta de dados particulares; 20. Laboratório: realizado em recinto fechado, exige instrumentação, ob- jetivos, manipulação de instrumentos; 21. Levantamento: caracterizado pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento deseja-se conhecer; 22. Método redutivo: observam o que, através da ciência, é permiti- do conhecer, descobrir, descrever e predizer em relação a fenômenos de ocorrência real; 23. Observacional: trata-se de procedimentos empíricos, ou seja, baseados na experiência; 24. Pesquisa de avaliação: trata-se de um tipo especial de pesquisa aplica- da, elaborada para avaliar programas de melhoramentos dentro da sociedade; 25. Semiótico: estuda os sinais e seus significados, dando relevância à importância e precisão dos símbolos. Outros procedimentos ainda poderiam ser elencados, tais como correla- cional, desenvolvimentista, projetivo, psicodrama, sociodrama, história de vida, história oral, etnográfico, estudo de mercado, exploratório etc.; entre- tanto, a enumeração feita engloba a maioria utilizada. Assim, as modalidades de estudo podem ocorrerde for- ma simultânea durante a realização de suas pesquisas, sua escolha quanto às técnicas adequadas dependerá do obje- to de estudo e dos objetivos que desejará alcançar. METODOLOGIA DA PESQUISA 17 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 17 31/03/2021 11:01:22 Leitura científica e redação científica A preparação para a elaboração de um texto técnico-científi co exige a lei- tura de diversos outros textos, alguns apresentando maior ou menor grau de difi culdade. Marshall McLuhan, na obra Os meios de comunicação com exten- são do homem, de 1964, classifi cou como de informação fria ou de informação quente ao referir-se aos meios de comunicação, mas conseguimos transpor essa classifi cação para quaisquer tipos de textos escritos, pois as noções de frio e quente relacionam-se à concentração de informações, respectivamente, com baixo grau de tensão e complexidade e com alto grau. Evidentemente, essas concentrações exigem menos ou mais do leitor e de seu repertório. Estando nessa situação, procure realizar uma leitura global que lhe permita uma ideia geral do texto e de como está estruturado. Em seguida, preocupe-se em destacar ideias, fazendo anotações, tentando observá-las de forma mais crítica, verifi cando, de modo mais refl exivo, como aparecem os argumentos que dão base às mesmas, ou seja, como o autor de- fende os seus pontos de vista. Assim, evite fazer anotações logo de início, seja paciente e permita-se a releitura para maior assimilação do que é apresentado. DIAGRAMA 2. PASSOS DA LEITURA CIENTÍFICA Leitura científi ca Leitura global (inicialmente) Leitura crítico-refl exiva A redação científi ca deve ter elaboração que se caracterize pela objetivida- de, visto que aquilo que se pretende destacar é o conteúdo das afi rmações que são feitas, ou seja, o que é enunciado deve ter destaque e não o enunciador; isso quer dizer que a subjetividade deve ser deixada de lado, neutralizando a presença desse enunciador. METODOLOGIA DA PESQUISA 18 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Unidade 1.indd 18 12/04/2021 10:25:19 O texto de caráter científi co deve apresentar um discurso de persuasão e, nesse caso, torna-se mais convincente quando elaborado de modo a criar efei- tos de sentido de objetividade, sem a presença de verbos e pro- nomes que indiquem a primeira pessoa do singular, explorando verbos que indicam a certeza e o valor denotativo das palavras, além de fazer uso da língua padrão na sua expressão formal. Estilo da redação técnico-científica O texto técnico-científi co carac- teriza-se por abordar temática refe- rente à ciência, na qual se usa o ins- trumental teórico com o propósito de possibilitar a discussão científi ca na área para qual o texto se remete. É importante notar que o estilo de redação usado em artigos científi cos não segue as mesmas características dos artigos jornalísticos ou até mesmo dos textos literários e publicitários. A linguagem da discussão científi ca tem suas próprias características por empregar a linguagem técnica em seu nível padrão, respeitando as regras gramaticais e com estilo próprio, de acordo com a especifi cidade de cada área. Sobre o estilo de redação na comunicação científi ca: [...] um artigo científi co exige que o autor expresse o que sabe sobre o tema, utilize a língua vernácula de maneira precisa e ex- ponha as ideias de maneira simples e com palavras que não se- jam rebuscadas. Deve-se usar linguagem padrão (por exemplo: homem) e não a expressão coloquial (por exemplo: camarada) e nunca gíria (por exemplo: cara, careta). Atenção especial ao uso, ou não, do jargão (termos técnicos), pois infl uencia a compreen- são do leitor do periódico em que irá publicar (SECAF, 2004, p. 47). METODOLOGIA DA PESQUISA 19 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Unidade 1.indd 19 12/04/2021 10:28:18 Alguns aspectos devem ser observados na redação técnico-científica, como ensina Israel Azevedo, no livro O prazer da produção científica (1998), seu texto terá de perseguir os princípios básicos de qualquer comunicação, como cla- reza, concisão, correção, encadeamento, consistência, contundência, precisão, originalidade e fidelidade, entre outros compromissos. Após essas definições teóricas, é importante priorizar algumas característi- cas na hora de produzir o seu artigo: a) Coerência: Via de regra, em cada etapa do artigo científico se imprime uma sequência que deve ser repetida. Por exemplo, a sequência de ideias que foi anunciada no resumo deve estar detalhada na introdução e seguir o mesmo ordenamento no desenvolvimento. Nas considerações finais, deve-se evidenciar os aspectos essenciais do artigo, na ordem em que foram apresentados no desenvolvimen- to. Isso quer dizer que, entre as etapas do texto, não pode ocorrer contradição de ideias, elas devem estar organizadas de tal forma que não ocorram trechos que apresentem falta de sentido diante de algo que já foi mencionado, por isso, a releitura do texto deve ser constante. b) Objetividade: Os assuntos em pauta, na linguagem científica, devem ser abordados de maneira simples, evitando expressões evasivas, com significados dúbios e palavras de difícil compreensão. Na redação técnico-científica, deve-se perse- guir com afinco a objetividade, como reforça Antônio Gil, em Métodos e técni- cas em pesquisa social, de 2002, o texto deve ser escrito em linguagem direta, evitando-se que a sequência seja desviada com considerações irrelevantes. A argumentação deve apoiar-se em dados e provas e não em considerações e opiniões pessoais. c) Concisão: Procure dizer o máximo com o menor número de palavras. Novamente de acordo com Azevedo (1998, p. 113), a concisão se obtém com o exercício de reescrever. A cada vez que se faz isso, descobre-se uma re- petição de ideias ou de palavras, nota-se voca- bulário supérfluo, encontra-se uma maneira de dizer a mesma coisa com menos palavras. METODOLOGIA DA PESQUISA 20 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 20 31/03/2021 11:02:27 d) Clareza: O texto científico deve primar pela redação clara, não deixando margem às diferentes in- terpretações. É fundamental que se evitem co- mentários irrelevantes e redundantes. Um bom teste para a clareza de seu texto é soli- citar sua leitura por outra pessoa. Se ela fizer alguma pergunta, não responda. Tome o texto e o reescreva. Depois, repi- ta o teste (AZEVEDO, 1998, p. 112). e) Precisão: Toda palavra utilizada deve traduzir exatamente a ideia a ser tratada. Um vocabulário preciso é aquele que evita linguagem rebuscada, prolixa e atinge seu propósito. Deve-se utilizar uma nomenclatura aceita no meio científico de cada área. f) Imparcialidade: O trabalho científico deve evitar ideias preconcebidas. Todo posicionamen- to adotado em um texto deve amparar-se em fatos e dados evidenciados pela pesquisa. O autor deve primar por manter seu posicionamento e suas escolhas de pesquisa sem assumir uma postura unilateral. g) Encadeamento: O texto deve ter uma sequência lógica e fluida para não prejudicar o entendi- mento do público, indicando como deve ser uma boa redação técnico-científica: [...] encadeie as frases, os parágrafos, os tópicos e os capítulos entre si. Procure tornar cada frase um desenvolvimento do que veio antes, numa sequência lógica, tanto para explicar, quanto para demonstrar, detalhar, restringir ou negar. Cada parágrafo deve estar em harmonia e em tranquila transição com o anterior e com o posterior. O mesmo vale para tópicos e capítulos (AZE- VEDO, 1998, p. 119). h) Impessoalidade: O texto deve ser impessoal, por isso é conveniente que seja redigido na terceira pessoa e que se evitem afirmações como: “a minha pesquisa”, “o meu estudo”, “o meu artigo”. O que se postula é que se use “esta pesquisa”, “este estudo”, “este artigo”. METODOLOGIA DA PESQUISA 21 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 21 31/03/2021 11:02:27CARACTERÍSTICAS DA REDAÇÃO TÉCNICO- CIENTÍFICA OBJETIVIDADE IMPESSOALIDADE ENCADEAMENTO IMPARCIALIDADE CONCISÃO CLAREZA PRECISÃO COERÊNCIA DIAGRAMA 3. CARACTERÍSTICAS DA REDAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA Parágrafo no texto técnico-científico Escrever na linguagem exigida pela comunidade científi ca não é nenhum bicho de sete cabeças. Mesmo assim, é comum isso gerar desconfortos. Como devo iniciar a escrita? Como se deve iniciar um parágrafo? De acordo com Victoria Secaf, no livro Artigo cientifi co: do desafi o à conquista, publicado em 2004: o parágrafo tem por fi nalidade expressar etapas do raciocí- nio e, portanto, conter uma única ideia; não se trata de divisões estáticas e sim que o parágrafo seguinte tenha uma relação com anterior. Cada parágrafo tem um objetivo a ser cumprido e cada qual com etapas de raciocínio. E cada raciocínio existente no parágrafo deve ter sequência lógica. Ou seja, não pode ser disposto de qualquer maneira, pois se isso ocorrer, pode levar o leitor a não compreender seu raciocínio ou, até mesmo, levá-lo a se perder no raciocínio exposto. O parágrafo é uma parte do texto que tem por fi nalidade expressar as eta- pas do raciocínio. Por isso, a sequência dos parágrafos, seu tamanho e sua complexidade dependem da própria natureza do raciocínio. METODOLOGIA DA PESQUISA 22 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 22 31/03/2021 11:02:27 Enfi m, pode-se dizer que o parágrafo tem estrutura semelhante à de um texto composto por vários parágrafos. Ou seja, é com- posto por introdução, desenvolvimento e conclusão. Cada pa- rágrafo contém uma argumentação completa, levando a uma conclusão. Após concluir esse argumento, mude de parágrafo. EXPLICANDO O argumento é um tipo de enunciado que fundamenta o ponto de vista e aumenta o poder de persuasão do texto, contribui para o trabalho de neutralização da figura do enunciador e para o efeito de objetividade do texto. Os tipos de argumentos mais usados na redação técnico- -científica são os argumentos de autoridade, aqueles apoiados na consensualidade, os de comprovação pela experiência ou pela obser- vação e de fundamentação lógica, entre outros encontrados durante a realização das pesquisas (FIORIN; PLATÃO, 2005). Textos científicos: leitura, compreensão de contextos e compreensão de intertextos A leitura de um texto compreende mais do que a mera decodifi cação do código vigente, isto é, não basta que o leitor consiga identifi car letras, pala- vras, frases e períodos; ler signifi ca conseguir apreender e compreender o seu conteúdo, ou seja, ocorrem processos cognitivos que permitem que esse leitor apodere-se das ideias registradas por outros. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, utilizados para a tomada de deci- sões sobre os caminhos da educação em nosso país, declaram que: [...] a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do signifi cado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do sistema de escrita etc (2001, p. 53). Assim, precisamos entender que nenhum texto é isolado em si mesmo e tam- bém não representa uma manifestação da individualidade do seu produtor: De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma METODOLOGIA DA PESQUISA 23 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 23 31/03/2021 11:02:27 simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem sempre alguma intenção por trás (FIORIN; PLATÃO, 2005, p. 13). Isso quer dizer que uma boa leitura não pode estar baseada em observação de fragmentos de um texto, pois determina-se cada parte do mesmo pelo con- texto em que se encaixa. Ainda, aquele que produz o texto tem em mente que encontrará um leitor capaz de entender as suas partes e relacioná-las ao todo, assim como relacio- nar esse texto à sua situação de produção, ou seja, ao seu contexto. Entendem-se por contexto as circunstâncias que podem ser relativas aos fatos, a recortes num período histórico, a conjunturas específi cas etc.; o produtor do texto pressupõe que a leitura conseguirá atingir as informações que estão por trás dele. Também, em muitos momentos, o leitor tem que lidar com a intertextuali- dade, isto é, a relação entre textos, ocorrendo citações explícitas ou implícitas, exigindo que seu universo cultural e o conjunto de informações que carrega permitam-lhe o reconhecimento dessas relações. É, portanto, do repertório do leitor, do seu acúmulo de conhecimentos, que depende a sua percepção das relações intertextuais e das referências que são feitas de um texto para outro. Faz-se necessário, desse modo, que ampliemos nossa capacidade de leitu- ra, buscando não só a sua prática constante, mas também a aquisição de co- nhecimentos diversos, para que ampliemos nossa compreensão dos diversos contextos e das relações intertextuais. Evidentemente, durante a realização de um trabalho de caráter técnico- -científi co, ressalta-se essa necessidade. Trabalhos científicos Na vida acadêmica, o estudante depara-se com diversos tipos de trabalhos científi cos, dentre eles: trabalhos de graduação, trabalho de conclusão de cur- so, monografi a, dissertação e tese. Cada um deles apresenta peculiaridades, como a sistemática, a investigação ou a fundamentação. Contudo, mesmo que cada trabalho seja elaborado com fi nalidades específi cas, é possível visualizar neles um padrão que compreende – de modo geral – introdução, desenvolvi- mento e conclusão. A seguir, conheceremos algumas características específi cas dos trabalhos científi cos. METODOLOGIA DA PESQUISA 24 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 24 31/03/2021 11:02:27 Trabalhos de graduação No decorrer da sua graduação, é bem provável que o estudante tenha elaborado trabalhos para disciplinas diversas. Eles não necessariamente ti- nham como pretensão atingir o cunho científico dos trabalhos de excelência da área em que estudou, mas oportu- nizar o desenvolvimento de um racio- cínio aos moldes das pretensões cien- tíficas. É possível mencionar que os trabalhos de graduação também têm como propósito permitir uma revisão bibliográfica ou literária de um deter- minado assunto ou assimilar conteúdo específico de uma área científica. Trabalhos de conclusão de curso O trabalho de conclusão de curso (TCC) é tido como uma monografia sobre um assunto específico. Este trabalho possibilita a investigação sobre determinados temas ou fenômenos por meio da análise, reflexão e produ- ção textual, bem como, muitas vezes, da defesa oral da pesquisa perante uma banca examinadora. Na monografia de graduação, é suficiente a revisão bibliográfica, ou revi- são de literatura. É mais um trabalho de assimilação de conteúdo, de confec- ção de fichamentos e, sobretudo, de reflexão. É uma pesquisa bibliográfica, o que não exclui a capacidade investigativa de conclusões ou afirmações de autores consultados. Monografia Como se pode verificar literalmente, monografia é um trabalho intelectual concentrado em um único assunto. A monografia, exigida para a obtenção do título de especialista em alguns cursos de pós-graduação lato sensu, é seme- lhante ao TCC, apresentado em cursos de graduação. Por isso, alguns pen- sadores, acreditam que não há razão para falar em três níveis: monografia, dissertação e tese. Todos são trabalhos monográficos, dissertativos, mas com características distintas. METODOLOGIA DA PESQUISA 25 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 25 31/03/2021 11:02:35 A diferença entre eles está no grau acadêmico: o graduando faz a mono- grafia, enquanto quem busca o mestrado faz a dissertação e o doutorando de- senvolve a tese. Apesar da diferenciação, o texto não deixade ser monografia, cada qual com a sua peculiaridade. Dissertação A dissertação, que ultimamente se destina aos trabalhos de cursos de pós- -graduação stricto sensu (mestrado), busca principalmente a reflexão acerca de um determinado tema ou problema, o que ocorre pela exposição das ideias de maneira ordenada e fundamentada. Dessa forma, como resultado de um trabalho de pesquisa, a dissertação deve ser um estudo mais completo possí- vel em relação ao tema escolhido. De acordo com a NBR 14724 (2011, p. 2), dissertação é um documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estu- do científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de siste- matização do candidato. Tese A tese, a exemplo da dissertação dirigida para o mestrado, cumpre o pa- pel do trabalho de conclusão de pós-graduação stricto sensu (doutorado). Caracteriza-se como um avanço significativo na área do conhecimento em estudo. De acordo com a NBR 14724 (2011, p. 4), tese é um documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. A tese tem a finalidade de abordar algo novo em um determinado campo do conhecimento, de forma a promover uma descoberta ou dar uma real contri- buição para a ciência. Para Odilia Fachin, na obra Fundamentos de metodologias, publicada em 2003, a tese é entendida como um trabalho científico habitual- mente exigido nos cursos de pós-graduação e que deve ser defendido oral- mente em público. A tese deve apresentar um estudo original que traga uma contribuição para a sociedade científica, com rigor na argumentação, apresen- tação de provas das afirmações e profundidade das ideias. METODOLOGIA DA PESQUISA 26 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 26 31/03/2021 11:02:35 DIAGRAMA 4. TRABALHOS CIENTÍFICOS Textos científi cos Trabalhos científi cos Trabalho de graduação Trabalho de conclusão de curso (TCC) Monografi a Dissertação Tese Gêneros acadêmicos Quando pensamos nos trabalhos referentes à Metodologia da Pesquisa Científi ca, outra subdivisão de grande importante é a que defi ne os gêneros acadêmicos. São os tipos de trabalhos de curta duração, que servem para o aluno desenvolver seu conhecimento sobre determinado assunto durante o curso e reforçar seu aprendizado. A seguir, você conhecerá as peculiaridades dos gêneros mais utilizados tan- to durante a graduação como na pós. Resumo O resumo é a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto. Seu objetivo é fornecer elementos capazes de permitir ao leitor decidir so- bre a necessidade de consulta ao texto original e/ou transmitir informações de caráter complementar. METODOLOGIA DA PESQUISA 27 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 27 31/03/2021 11:02:35 É a condensação de um texto, colocando em destaque os elementos de maior interesse e importância. Sua fi nalidade é difundir as informações con- tidas em livros, artigos ou outros documentos e auxiliar o estudante nos seus estudos teóricos, assim como ajudar o profi ssional a relembrar o assunto e praticar da melhor forma possível. Uma modalidade específi ca desse tipo de trabalho é o resumo crítico. Ele é uma redação técnica que avalia de forma sintética a importância de uma obra científi ca ou literária. O que difere o resumo do resumo crítico é sua estrutura, que apresenta a crítica como quarta etapa, logo após introdução, desenvolvimento e conclusão. Resenha A resenha é uma descrição que faculta o exame e o julgamento de um tra- balho (teatro, cinema, obra literária, experiência científi ca, tarefa manual etc.). A apresentação do conteúdo deve ser elaborada de maneira impessoal, sem demonstração satírica ou cômica, contendo posicionamentos de ordem técni- ca diante do objeto de análise, seguidos de um resumo do conteúdo e possível demonstração de sua importância. Em geral, a resenha crítica é elaborada por um cientista que, além do co- nhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico. Mas, naturalmen- te, como no caso desta disciplina, também pode ser realizada por estudantes, como um exercício de compreensão e crítica. A resenha visa apresentar uma síntese das ideias fundamentais da obra. Dicas de como fazer uma resenha: 1. Identifi que a obra: coloque os dados bibliográfi cos essenciais; 2. Apresente a obra: situe o leitor, descrevendo em poucas linhas o conteú- do do texto; 3. Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo; 4. Descreva o conteúdo: aqui sim, utilize de três a cinco parágrafos para resumir claramente o texto; 5. Analise de forma crítica: nessa parte, e apenas nessa parte, você opina. Argumente baseando-se em teorias de outros autores e faça comparações. Dê asas ao seu senso crítico; METODOLOGIA DA PESQUISA 28 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 28 31/03/2021 11:02:35 6. Recomende a obra: você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora analise o público que se interessará pela obra; 7. Identifi que o autor: fale brevemente da vida e de algumas outras obras do escritor ou pesquisador; 8. Assine e identifi que-se: no último parágrafo você escreve seu nome e resume seu currículo. Esquema Os esquemas são enunciados de palavras-chave em torno das quais é possí- vel organizar grandes quantidades de conhecimento. Representam uma enor- me economia de palavras e oferecem a vantagem de destacar e visualizar o essencial do assunto em análise, podendo ainda ser facilmente reformulados. Sua utilização nos ajuda a compreender e recordar os acontecimentos, a es- tabelecer relações entre eles ou entre diversos fatores e a entender a infl uência que esses acontecimentos ou fatores exercem uns sobre os outros. Há vários tipos de esquemas, entre eles: • Lineares: quando organizam a informação na horizontal e na vertical; • Circulares: que organizam a informação em círculo; • Piramidais: caso a informação dispõe-se em forma hierárquica, de pirâmide; • Sistemáticos: quando a informação se organiza em forma de quadro, re- presentando as relações de interdependência de um fenômeno. Para fazer um esquema, a primeira meta deve ser identifi car as ideias-chave do texto e ordená-las, escolhendo para isso o modelo mais adequado para a situação. Use setas para estabelecer relações entre os conceitos. Exemplo: esquema para uma história em quadrinhos. • Pense em alguma história e registre-a no bloco de anotações como se fosse um roteiro; • Crie os diálogos entres os personagens da história; • Em um papel, desenhe as cenas da história. Desenhe balões e escreva com o lápis dentro deles as falas de cada personagem; • Se for necessário, faça esclarecimentos sobre a cena no rodapé da folha; • Cole as cópias do seu rosto no espaço reservado; METODOLOGIA DA PESQUISA 29 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 29 31/03/2021 11:02:35 • Faça o acabamento com carvão preto e trabalhe os detalhes com nuan- ces de cinza. Fichamento O fi chamento é um valioso recurso de estudo que os pesquisadores lançam mão para a realização de uma obra didática, científi ca ou de outra natureza. É um recurso de memória, imprescindível, sobretudo na elaboração de mono- grafi as. É usado, também, em seminários e em aulas expositivas. A prática contínua do fi chamento contribui para que o estudante aprimore pontos de vista e julgamentos, percebendo que é possível reverter um peque- no trabalho inicial em ganho de tempo futuro, quando for preciso escrever so- bre determinado assunto. Os fi chamentos podem ser os seguintes: de citação, de resumo, de esboço e de indicaçãobibliográfi ca, entre outros. O mais utilizado nas avaliações na universidade é o fi chamento de citação, que obedece cinco normas: 1. Toda citação deve vir entre aspas; 2. Após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída a citação; 3. A transcrição tem de ser textual; 4. A supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se, no local da omissão, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou no fi nal do texto e, entre parênteses, no meio; 5. A supressão de um ou mais parágrafos deve ser assinalada, utilizando-se uma linha completada por pontos. Paper É um pequeno texto elaborado sobre um tema pré-determinado, resultado de estudos ou de pesquisas científi cas, no qual o aluno irá desenvolver análi- ses e argumentações, com objetividade e clareza, orientando-se em fatos ou opiniões de especialistas. O objetivo do paper é estimular o aluno no aprofun- damento de um assunto, já exercitando a elaboração de trabalhos sob uma linguagem acadêmico-científi ca. Espera-se o desenvolvimento de um ponto de METODOLOGIA DA PESQUISA 30 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 30 31/03/2021 11:02:35 vista acerca de um tema, uma tomada de posição defi nida e a expressão dos pensamentos de forma original. Deve ser escrito em terceira pessoa. Os propósitos de um paper são quase sempre os de formar um pro- blema, adequar hipóteses, cotejar da- dos, prover uma metodologia própria e, fi nalmente, concluir. O paper é: • uma síntese de suas descobertas sobre um tema e seu julgamento, avalia- ção, interpretação sobre essas descobertas; • um trabalho que deve apresentar originalidade quanto às ideias; • um trabalho que deve reconhecer as fontes que foram utilizadas, que mostra que o pesquisador é parte da comunidade acadêmica. O paper não é: • um resumo de um artigo ou livro (ou outra fonte); • ideias de outras pessoas, repetidas não criticamente; • um conjunto de citações; • opinião pessoal não evidenciada, não demonstrada; • cópia do trabalho de outra pessoa. Artigo científico O objetivo principal do artigo científi co é levar ao conhecimento do públi- co interessado alguma ideia nova ou abordagem diferente sobre determinado tema já estudado, sobre a existência de aspectos ainda não explorados em algu- ma pesquisa ou a necessidade de esclarecer uma questão ainda não resolvida. A principal característica do artigo científi co é que suas afi rmações devem estar baseadas em evidências, sejam elas oriundas de pesquisa de campo ou comprovadas por argumentos que sustentem as conclusões expostas no arti- go e que passaram pelo crivo da comunidade científi ca. O autor pode expres- sar seu parecer, desde que demonstre ao leitor qual o processo lógico que o levou a chegar à aquela conclusão. METODOLOGIA DA PESQUISA 31 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 31 31/03/2021 11:02:42 Algumas falhas mais comuns na investigação científi ca são: • falta de clareza dos propósitos; • falta de originalidade do material; • má organização no material expositivo; • repetição de palavras, conceitos e informações; • desatualização bibliográfi ca; • excessiva dependência das fontes; • incorreção ou incoerência no sistema de referenciação das fontes; • inadequação na defi nição dos termos. Os artigos podem se apresentar de duas formas, conforme a ABNT (sigla de Associação Brasileira de Normas Técnicas, um órgão privado e sem fi ns lucrati- vos que se destina a padronizar as técnicas de produção feitas no país). Artigo original: apresenta temas ou abordagens próprias. Via de regra, es- tes artigos relatam resultados de pesquisa, bem como desen- volvem e analisam dados não publicados. Artigo de revisão: tem como propósito resumir, analisar e discutir informações já publicadas que, geralmente, resultam de revisão de trabalhos já publicados, revisões bibliográfi cas. ASSISTA Para a compreensão da importância da ABNT para toda a so- ciedade, sugerimos que assista ao vídeo 7- Institucional ABNT e Sebrae, que expõe o processo de normatização e de elabora- ção de regras, sendo explicado por analistas que cuidam disso. Certamente, compreenderá a relevância do atendimento às re- gras para acrescentar valor ao seu trabalho técnico-científi co. Ensaio científico No seu dia a dia, quando procura artigos científi cos do seu interesse ou da área de sua atuação, você deve ter percebido que eles podem, na sua apre- sentação, formatação e organização, ter pequenas diferenças entre si. Diante disso, você poderá pensar de que forma se deve organizar o artigo científi co. Por isso, veremos como elaborar um artigo científi co para sua pesquisa ou con- clusão de curso, respeitando as normas de organização, formatação e caracte- rísticas do texto técnico-científi co, as quais estão em consonância com a ABNT. METODOLOGIA DA PESQUISA 32 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 32 31/03/2021 11:02:45 DIAGRAMA 5. OS GÊNEROS ACADÊMICOS Gêneros acadêmicos Resumo Resenha Esquema Fichamento Paper Artigo científi co Ensaio científi co Apresentação gráfica Para a apresentação gráfi ca do artigo científi co, é necessário se atentar às seguintes indicações: • Papel: folha branca de tamanho A4 (21 cm x 29,7 cm); • Margens: esquerda e superior de 3 cm; direita e inferior de 2 cm; • Espaçamento entrelinhas: 1,5; • Parágrafo: de 1,25 cm (geralmente 1 tab), com uma linha em branco en- tre um parágrafo e outro; • Formato do texto: justifi cado; • Tipo e tamanho da fonte: Times New Roman, tamanho 12. METODOLOGIA DA PESQUISA 33 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 33 31/03/2021 11:02:45 Importante: Nas citações longas, notas de rodapé, número de página e fontes de ilustrações e tabelas use Times New Roman, de tamanho 10. • Título: tamanho 18 e negrito; • Subtítulo: tamanho 16 e negrito; • Paginação: as páginas são numeradas com algarismos arábicos, colocados no canto superior direito da página, a 2 cm da borda superior: • A primeira folha, que apresenta a identificação do artigo, não é paginada, embora seja contada; • A paginação é iniciada na segunda folha e segue até o final do trabalho, inclusive nos elementos pós-textuais opcio- nais (apêndices e anexos). • Extensão do artigo: de 8 a 12 páginas. Veja a proporção dos elementos do artigo sugerida no Quadro 1; • Títulos e subtítulos internos: os títulos de primeiro nível devem ser colocados em letras maiúsculas e em negrito (por exemplo: 3 ADMINISTRA- ÇÃO); subtítulos de segundo nível devem iniciar com a primeira letra maiús- cula e seguir com letras minúsculas em negrito (por exemplo: 3.1 Administra- ção científica); e subtítulos de terceiro nível, em letras minúsculas e apenas a primeira letra do título maiúscula (salvo nomes próprios) e sem negrito (por exemplo 3.1.1 Histórico da administração científica). A numeração de títulos e subtítulos deve ser alinhada à margem esquerda; • Itálico: utiliza-se para grafar as palavras em língua estrangeira, como checkin, resumen e workaholic, por exemplo. A seguir, apresentaremos um exemplo da organização, formato e apre- sentação do artigo científico: TÍTULO DO ARTIGO Subtítulo Nome do Autor Nome do Coautor Resumo Palavras-chave: METODOLOGIA DA PESQUISA 34 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 34 31/03/2021 11:02:45 TITLE Subtitle Abstract Keywords: 1 INTRODUÇÃO 2 ESTRATÉGIAS PARA IDENTIFICAR O PAPEL DO CANDIDATO 2.1 Entrevista 2.2 Testes 2.2.1 Avaliação da entrevista 2.2.2 Avaliação dos testes 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS Normas metodológicas e elementos da estrutura do artigo científico O modelo de apresentação do artigo científi co seguirá, por razões de nor- matização, a estrutura de artigos científi cos apresentada nesta unidade, que está em consonância com a NBR 6022 (2003), sendo imprescindível o uso e o cumprimento das normas estabelecidas a seguir. Pré-textuais: • Título; • Subtítulo (opcional);• Autores; • Resumo; • Palavras-chave. Textuais: • Introdução; • Desenvolvimento; • Considerações fi nais. Pós-textuais: • Referências (obrigatório); • Apêndice(s) (opcional(is) e não recomendado(s); • Anexo(s) opcional(is) e não recomendado(s). METODOLOGIA DA PESQUISA 35 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 35 31/03/2021 11:02:45 QUADRO 1. MODELO DE APRESENTAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO Elementos pré-textuais Os elementos pré-textuais são compostos por informações essenciais, con- forme explicação e modelo a seguir. Título do trabalho: letra 18, centralizado, maiúsculas e negrito. Subtítulo, se houver: letra 16, centralizado, negrito, maiúsculas e minúscu- las. Após o subtítulo, deixar duas linhas de tamanho 12 em branco. Estudante: nome do estudante, com letra 12, centralizado, negrito, maiús- culas e minúsculas, com nota de rodapé indicando a titulação e o e-mail. Coautor: nome do orientador, com letra 12, centralizado, negrito, maiúscu- las e minúsculas, com nota de rodapé indicando a titulação (especialista, mes- tre, doutor) e o e-mail; (deixar duas linhas de tamanho 12 em branco). Resumo: a palavra “resumo” deve ser em letra 12, negrito, alinhado à esquerda. Após a palavra “resumo”, deixar uma linha de tamanho 12 em branco. Esse item deve ter apenas um parágrafo de, no máximo, 250 palavras (aproximadamente 15 linhas), sem recuo na primeira linha. Use espacejamento simples, justifi cado, tamanho 12. Palavras-chave: é preciso escolher de três a seis palavras ou termos mais im- portantes do conteúdo, frequentemente já expressos no resumo. São separados entre si, fi nalizados por ponto e iniciados com letra maiúscula. A expressão “Pa- lavras-chave” deve ser em fonte 12, negrito, alinhada à esquerda. Por exemplo: Palavras-chave: Conhecimento. Ciência. Metodologia Científi ca. Atenção: Após as palavras-chave, deixar duas linhas de tamanho 12 em branco. Título e subtítulo do trabalho em inglês: utilizar as mesmas regras de formatação do texto em português. Após, deixar duas linhas em branco em fonte tamanho 12. Subtítulo (opcional) Resumo Título Autores Palavras-chave PRÉ-TEXTUAIS Introdução Desenvolvimento Considerações fi nais TEXTUAIS Referências (obrigatório) Apêndice Anexo PÓS-TEXTUAIS METODOLOGIA DA PESQUISA 36 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 36 31/03/2021 11:02:45 Abstract (resumo em inglês): escrever “Abstract” em fonte Times New Ro- man, tamanho 12, negrito, alinhado à esquerda. Deixar uma linha em branco. O abstract deve ter a mesma formatação do resumo em português. Deixar uma linha em branco. Keywords: palavras-chave em inglês. Devem ter a mesma formatação do resumo em português. Deixar uma linha em branco. DIAGRAMA 6. ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS Subtítulo (se houver) AbstractCoautor Título do trabalho Estudante KeywordsTítulo e subtítulo em inglêsResumo Palavras-chave Elementos pré-textuais Elementos textuais A introdução, o desenvolvimento e as considerações fi nais fazem parte dos elementos textuais. Então, leia atentamente o que se postula sobre cada qual. Introdução Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, a introdução é a parte inicial do texto, na qual devem constar a delimitação do assunto tra- tado, objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. A introdução deve anunciar a ideia central do trabalho, delimitando o ponto de vista enfocado em relação ao assunto e à extensão. Deve situar o problema ou o tema abordado, no tempo e no espaço, enfocar a relevância do assunto e apresentar o objetivo central do artigo. METODOLOGIA DA PESQUISA 37 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 37 31/03/2021 11:02:46 [...] na introdução não se deve repetir ou parafrasear o resu- mo, nem antecipar conclusões e recomendações, mas é um convite para a leitura do texto integral. Assim, esta parte é im- portante para que o leitor penetre na problemática abordada, familiarizando-se com os termos e o conteúdo da pesquisa (MARTINS, 2002, p. 221). A finalidade da introdução é situar o leitor no tema, definindo conceitos, apresentando os objetivos do artigo e as linhas de pensamento relevantes para o estudo do assunto e as possíveis controvérsias, explicitando qual dessas linhas o autor seguirá e a justificativa para sua escolha. Também é aconselhável que o autor, nos últimos parágrafos da introdução, apresente a estrutura do artigo. A introdução é a apresentação inicial do trabalho, a qual possibilita uma visão global do assunto tratado (contextualização), com definição cla- ra, concisa e objetiva do tema. E a delimitação precisa das fronteiras do estudo em relação ao campo selecionado, ao problema e aos objetivos a serem estudados. Desenvolvimento O desenvolvimento é a parte principal do texto, que contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto. Divide-se em seções e subseções, que variam em função da abordagem do tema e do método. Não existe exa- tamente uma norma rígida que oriente esta seção do artigo. O texto, no desenvolvimento, poderá conter ideias de autores, dados da pesquisa (caso for pesquisa de campo, colocar gráficos e tabelas auxiliares) e interpretações. O desenvolvimento do assunto é a parte mais importante e extensa do texto em que é exigido raciocínio lógico e clare- za. Seu objetivo é proporcionar uma exposição clara da ideia principal, fundamentando-as de modo racional com os resul- tados da investigação (MARTINS, 2002, p. 221). O desenvolvimento do trabalho é a parte principal, mais extensa e con- sistente. São apresentados os conceitos, teorias, citações das autoridades do assunto que você está abordando, principais ideias sobre o tema focalizado, além de aspectos metodológicos, resultados e interpretação do estudo. METODOLOGIA DA PESQUISA 38 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 38 31/03/2021 11:02:46 Considerações finais A conclusão é a parte final do texto, na qual se apresentam conclusões cor- respondentes aos objetivos ou hipóteses. As considerações finais devem limi- tar-se a uma síntese da argumentação desenvolvida no corpo do trabalho e dos resultados obtidos. É importante lembrar que elas devem estar fundamenta- das nos resultados obtidos na pesquisa: [...] deve ser breve, clara, objetiva, apresentar visão analítica do corpo do trabalho, inter-relacionando-o e levando em conta o problema inicial do estudo. É redigida tendo em vista os resulta- dos obtidos. É decorrente dos dados obtidos ou fatos observa- dos, portanto não se deve introduzir novos argumentos, apenas demonstrar o que foi encontrado no decorrer do estudo (FA- CHIN, 2003, p. 165). Nesta parte do trabalho, podem ser discutidas recomendações e sugestões para o prosseguimento no estudo do assunto. Portanto, neste item, não se deve trazer nada de novo. Ainda, sugere-se que não se utilizem citações nesta seção. As considerações finais devem apresentar deduções lógicas correspon- dentes aos propósitos previamente estabelecidos do trabalho, apontando o alcance e o significado de suas contribuições. Também podem indicar questões dignas de novos estudos, além de sugestões para outros trabalhos. DIAGRAMA 7. ELEMENTOS TEXTUAIS Elementos textuais Introdução Desenvolvimento Considerações finais METODOLOGIA DA PESQUISA 39 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 39 31/03/2021 11:02:46 Elementos pós-textuais Agora, vamos falar um pouco sobre os elementos pós-textuais do artigo científi co: DICA Sugere-se que os elementos pós-textuais – apêndices e anexos – não sejam incluídos no artigo. Referências As referências são defi nidas como um conjunto padronizado de elemen- tos descritivos, retirados de um docu- mento, que permite sua identifi cação individual. As referências fazem parte do todo, em virtude de que o corpo do artigo está sustentado em informações pes- quisadas também nas autoridades do assunto em questão, os quaisforam citados no corpo do trabalho. E, dessa forma, as referências permitirão que o leitor tenha acesso às obras, aos do- cumentos e aos artigos científi cos que foram citados no interior do trabalho. Apêndice (opcional) Texto ou documento elaborado pelo autor que visa complementar o traba- lho. Os apêndices são identifi cados por letras maiúsculas consecutivas, segui- das de travessão e respectivo título. Anexo (opcional) Texto ou documento não elaborado pelo autor do trabalho, que comple- menta, comprova ou ilustra o seu conteúdo. Os anexos são identifi cados por letras maiúsculas consecutivas, seguidas de travessão e respectivo título. Por exemplo: ANEXO B – Estrutura organizacional da Empresa Alfa. METODOLOGIA DA PESQUISA 40 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 40 31/03/2021 11:02:59 DIAGRAMA 8. ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS Elementos pós-textuais Referências Apêndice (opcional) Anexo (opcional) Apresentação de ilustrações e tabelas Ao elaborar um artigo, o estudante não fará necessariamente somente o uso da argumentação para um enfoque contrário ao já postulado sobre o as- sunto ou para oferecer soluções para assuntos controversos à sua área de es- tudo. Também não usará somente citações de autoridades do assunto para embasar o que tende a defender ou refutar. No decorrer do artigo, o aluno pode usar outros elementos para ilustrar ou, até mesmo, dar mais credibilidade às ideias que tenciona defender. Para isso, poderá fazer o uso de ilustrações, tabelas e até mesmo gráfi cos. Sendo assim, veja a seguir como esses itens devem aparecer no artigo científi co. Formato de apresentação de elementos do texto: Ilustrações (desenhos, fotografi as, organogramas, quadros e outros) As ilustrações devem ser centralizadas, com legenda numerada partindo de 1. O título da ilustração deve ser precedido pela palavra que a identifi que (exemplo: Figura) e pelo seu respectivo número. A posição do título é centrali- zada e a seguir da ilustração. METODOLOGIA DA PESQUISA 41 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 41 31/03/2021 11:02:59 A fonte ou nota explicativa deve estar centralizada e abaixo da figura, em fonte Times New Roman, tamanho 10: Tabelas A legenda da tabela deve ser precedida pela palavra “Tabela” e pelo seu respectivo número. A posição do título é centralizada e acima da tabela. A fonte fica no final da tabela, também centralizada, tamanho 10, espaçamento sim- ples entrelinhas e seguindo os padrões estabelecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Gráficos Os gráficos apresentam dados numéricos em forma gráfica para melhor visualização. O mesmo procedimento de títulos deve ser adotado para os gráfi- cos, ou seja, usar a palavra “Gráfico”, seu respectivo número e seu título. A po- sição do título é centralizada e acima do gráfico. A fonte fica no final do gráfico, também centralizada, tamanho 10 e espaçamento simples entrelinhas. Notas de rodapé As notas de rodapé devem ter o propósito de servir como apoio explica- tivo e devem ficar sempre no pé da página. A nota deverá estar separada do resto do texto por uma linha. As notas, a exemplo das figuras, também devem ser numeradas partindo de 1. Sugere-se utilizar o recurso de notas do próprio Word para inserir notas de rodapé no texto (comando: inserir notas). O próprio Word administrará a numeração. A posição do texto da nota no pé da página deve ser alinhada à esquerda. Palavras estrangeiras Sempre que possível, evite o estrangeirismo. Se for inevitável, use termos em língua estrangeira, estes deverão ser escritos usando o modo itálico. METODOLOGIA DA PESQUISA 42 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 42 31/03/2021 11:02:59 Sintetizando Muitas são as dificuldades mencionados pelos estudantes diante das exi- gências estabelecidas para a elaboração de textos técnico-científicos. As nor- mas que regem a elaboração e a apresentação dessas produções exigem rigor em sua observação, por isso os critérios precisam ser compreendidos e a obe- diência às normas deve prevalecer. Sendo assim, iniciamos esta unidade abordando as principais técnicas de estudo, expondo detalhes sobre como é feita a leitura e a redação científica para que não reste dúvidas quanto aos termos. Na sequência, nos voltamos para os textos científicos, com enfoque na leitura e compreensão dos mesmos. Nos tópicos seguintes, abordamos os gêneros de trabalho acadêmico – re- sumo, resenha, esquema, fichamento, paper e artigo científico – explorando detalhes sobre cada um deles, com informações necessárias para diferenciá- -los e produzi-los. Um dos pontos principais do conteúdo desta unidade também é apresenta- ção gráfica, na qual expomos os detalhes de formatação exigidos conforme a norma ABNT, algo primordial em qualquer conteúdo acadêmico. Por fim, focamos nas normas metodológicas e elementos estruturais de um artigo científico, algo que também denota muita atenção e faz parte das exi- gências técnicas. METODOLOGIA DA PESQUISA 43 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 43 31/03/2021 11:02:59 Referências bibliográficas 7- INSTITUCIONAL ABNT E SEBRAE.WMV. Postado por Abntweb. (09min. 18s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pUqhFwYm- nuA>. Acesso em: 19 dez. 2019. ANDRADE, M. M. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: no- ções práticas. São Paulo: Atlas, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520. Informação e docu- mentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: trabalhos acadêmi- cos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e docu- mentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e docu- mentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2002. AZEVEDO, I. B. O prazer da produção científica: diretrizes para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Piracicaba: UniMEP, 1998. BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Makron Books, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pes- quisas envolvendo seres humanos. Brasília, Diário Oficial da União, 16 out. 1996. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. 3. ed. Brasília: MEC, 2001. CERVO, A. L. BERVIAN, P. A. Metodologia científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001. COLLIS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação. Porto Alegre: Bookman, 2005. DENCKER, A. F. M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. São Paulo: Fu- tura, 2000. FACHIN, O. Fundamentos da metodologia. São Paulo: Saraiva, 2003. FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2005. METODOLOGIA DA PESQUISA 44 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 44 31/03/2021 11:03:00 GIL, A. C. Métodos e técnicas em pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006. HOUAISS, A. Houaiss da língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. LABES, E. M. Questionário: do planejamento à aplicação na pesquisa. Chapecó: Grifos, 1998. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2001. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2001. MARTINS, G. A. Manual para Elaboração de Monografias e Dissertações. São Paulo: Atlas, 2002. MCLUHAN, M. Os meios de comunicação com extensão do homem. São Paulo: Cultrix, 1964. OLIVEIRA, S. L. Metodologia científica aplicada ao direito. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.SECAF, V. Artigo científico: do desafio à conquista. São Paulo: Martinari, 2004. SILVA, R. Modalidades e etapas da pesquisa e do trabalho científico. São José: USJ, 2008. TRIOLA, M. F. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Cien- tíficos Editora, 1999. METODOLOGIA DA PESQUISA 45 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 45 31/03/2021 11:03:00 SEMINÁRIO, PÔSTER E PROJETO CIENTÍFICOS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2 UNIDADE SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 46 31/03/2021 11:03:23 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); Conhecer as características da produção e da apresentação do seminário científico; Conhecer as características da produção e da apresentação do pôster científico; Conhecer as especificidades da produção de um projeto científico; Compreender a utilização de referências bibliográficas. Seminários científicos A prática do seminário em sala de aula A preparação para o seminário de caráter científico O desenvolvimento e a conclu- são do seminário Pôster científico A estrutura do pôster científico Projetos científicos A elaboração de projetos cien- tíficos A apresentação do projeto científico Referências bibliográficas: NBR 6023 da ABNT Diferença entre referência e bibliografia Estrutura das referências bibliográficas METODOLOGIA DA PESQUISA 47 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 47 31/03/2021 11:03:24 Seminários científicos O dicionário Larousse da Língua Portuguesa, em sua edição de 2001, defi ne a palavra “seminário” como congresso científi co ou cultural, com exposição se- guida de debates, ou uma aula de nível universitário, com exposição e discus- são de temas específi cos. Logo, quem participa de um seminário espera que aquele que o expõe esteja qualifi cado e preparado não somente para expor suas ideias, mas para desfazer dúvidas posteriores e debater seus argumentos com outras pessoas. É preciso ter em mente que a busca por refl exões mais profundas sobre uma determinada questão ou um problema é o alvo de um seminário cientí- fi co. Deste modo, ele é um método importante de estudo, sobretudo quando voltado ao mundo universitário. A prática do seminário em sala de aula Em outros momentos da vida escolar, antes da graduação, é habitual orga- nizar seminários. Com o objetivo de que todos os alunos tomem contato com determinadas ideias, a atividade é proposta e os temas são escolhidos ou divi- didos em grupos que se encarregam deles. Feita a divisão de tarefas, na hora de iniciar o trabalho relativo aos temas, os estudantes sentem-se desprepara- dos, realizando exposições orais desorganizadas ou sem aprofundamento. En- quanto isso, os demais estudantes não se sentem preparados para o momento de expor os temas que não lhes cabem. Em síntese, por essas e outras causas, nem sempre o seminário atende aos objetivos propostos. Já na graduação, pelas defi nições de Antônio Joaquim Severino, no livro Metodologia do trabalho científi co, publicado em 2002, o seminário leva seus participantes a um contato estrei- to com um texto básico, criando condições de análise rigorosa, levando-os à compreensão da mensagem central do texto e de seu conteúdo temático, gerando condições de interpretar o conteúdo, adotando uma postura crítica em relação à sua mensagem, e de discus- são do problema enfocado, mesmo que ele seja apontado de forma implícita. METODOLOGIA DA PESQUISA 48 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 48 31/03/2021 11:03:24 Fonte: SEVERINO, 2002. (Adaptado). •Seminário •Participantes Contato com o texto Discussão/ debate Análise •Compreensão da mensagem •Compreensão do conteúdo •Interpretação do conteúdo •Crítica e julgamento DIAGRAMA 1. OBJETIVOS DO SEMINÁRIO É esperado, portanto, que não apenas quem fez o seminário esteja a par do tema abordado, mas que os demais participantes estejam preparados para a recepção do tema, seu entendimento e discussão. Assim, o seminário vai além do conhecimento sobre determinado problema ou do resultado da pesquisa. Como Maria Margarida de Andrade aponta, no livro Como preparar tra- balhos para cursos de pós-graduação: noções práticas, de 2002, a etimologia da palavra “seminário” remonta ao termo latino seminarium, que remete à ideia de “semente”. Isso quer dizer que o seminário traz em si o germinar de sementes na forma de ideias e pesquisas. Para que isso se efetive, algumas condições são exigidas. Dentre elas, a autora elenca: a) Capacidade de pesquisa; b) Capacidade de organização, reflexão e análise sistemática de fatos; c) Hábito de raciocínio lógico, com interpretação crítica de trabalhos mais avançados; d) Exatidão e honestidade intelectual nos trabalhos. A pesquisa é a essência do seminário, uma vez que ele leva à discussão e ao debate. Para isso, é necessário que as competências que permitem a orga- nização das ideias, a análise, a interpretação e a crítica sejam desenvolvidas, contribuindo para a formação dos participantes. METODOLOGIA DA PESQUISA 49 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 49 31/03/2021 11:03:24 EXPLICANDO Competência corresponde à habilidade, saber, aptidão e idoneidade. Entende-se que é competente aquele que é suficiente e hábil, que se desenvolveu e é capaz de, no caso, organizar as ideias, analisá-las, inter- pretá-las e discuti-las. Para a ocorrência de um seminário, os participantes devem ter contato com o texto a ser abordado com antecedência, a fim de que se proceda uma leitura analítica que possibilite ponderações durante sua apresentação. Fonte: SEVERINO, 2002. (Adaptado). DIAGRAMA 2. CONDIÇÕES EXIGIDAS PARA O SEMINÁRIO •Capacidade de pesquisa •Capacidade de organização de ideiasSeminário •Raciocínio lógico •Interpretação crítica Análise e reflexão •Exatidão •Honestidade intelectualFormação Por outro lado, o participante deve empregar a escuta dinâmica durante o seminário, lembrando que, com base em Hendrie Weisinger, autor de Inteligên- cia emocional no trabalho, de 1997: A maioria de nós nasce sabendo ouvir, mas saber escutar é uma técnica que temos que aprender. A escuta dinâmica é uma prática da inteligência emocional que traz um alto grau de au- toconsciência para o processo de compreender e reconhecer a METODOLOGIA DA PESQUISA 50 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 50 31/03/2021 11:03:24 outra pessoa e responder a ela. A função da autoconsciência é observar o modo como permitimos que nossos fi ltros pessoais bloqueiem e às vezes transformem as informações que devería- mos estar recebendo, como também evitar que sejamos conta- giados pelo subentendido emocional das afi rmações de outrem (p. 135). Desta maneira, para que o sucesso de um seminário seja alcançado, levan- do à formação de todos os participantes do evento, há que se valer da escuta dinâmica, mas sem qualquer tipo de fi ltro pessoal, tais como predileção, sele- ção de fatos ou distração, visto que são elementos que interferem na análise, interpretação e crítica. A preparação para o seminário de caráter científico Durante a graduação, alguns professores podem solicitar ao estudante que organize um seminário científi co, visto que não apenas quem já exerce a profi s- são faz esse tipo de atividade. Mas, para elaborar um seminário, não basta rea- lizar a leitura de determinado texto e apresentá-lo posteriormente. De início, com a leitura, o texto é analisado e um fi chamento é produzido. EXPLICANDO Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins, nas páginas 328 e 329 do livro Temas de Filosofi a, de 2005, descrevem o fi chamento como uma técnica de estudo que se resume a anotações das partes mais relevantes de um texto que, num levantamento mais completo sobre certo tema, é separado em tópicos. Visto que um assunto apresenta uma sequência de subdivisões, é possível ainda fazer uma fi cha separadapara cada ideia, indicando o tópico e o subtópico ao qual faz referência. Esse tipo de trabalho exige organização e planejamento do percurso e da expo- sição do seminário, contando com o auxílio de um professor ou coordenador que indique uma bibliografi a básica, orientando o estudante após a defi nição do tema no que diz respeito à seleção de fontes como livros, revistas, artigos, depoimentos, documentos (leis, registros de cartórios ou cartas), teses, insti- tuições, pesquisas e relatórios, sites específi cos etc. METODOLOGIA DA PESQUISA 51 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 51 31/03/2021 11:03:24 No entanto, cabe ao estudante pesquisar, se aprofundar sobre o tema e buscar informações novas em todas as fontes disponíveis, de modo a tomar posse do assunto e se tornar uma espécie de autoridade sobre ele, fazendo com que as etapas de preparação e comunicação do seminário sejam desem- penhadas com qualidade. É importante ressaltar que uma das principais fontes de informação na atualidade é a internet, que, através de sites de buscas, permite o levantamen- to de infinitas possibilidades de fontes sobre temas e assuntos variados. Po- rém, em geral, sites de confiança pertencem a museus, universidades, jornais, revistas, fundações de pesquisa, institutos culturais etc. Logo, é preciso buscar fontes fidedignas e que não lancem por terra nossas pesquisas. Nesse momento, para fins de orientação, a presença do profes- sor ou coordenador é necessária. Ao final da exposição, ele inter- medeia os debates e promove uma apreciação orien- tadora e crítica do trabalho exposto. Entretanto, se a situação é a do profissional cujo seminário está sob sua total responsabilidade, um roteiro básico para seminários é sugerido no livro Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práti- cas, publicado em 2002 por Andrade: a) Escolha do tema; b) Delimitação do assunto; c) Pesquisa ampla, principalmente bibliográfica; d) Anotações, em fichas, do material coletado; e) Análise e seleção do material; f) Plano geral do trabalho, bem pormenorizado; g) Organização do assunto em tópicos; h) Elaboração de um roteiro a ser distribuído entre os participantes; i) Redação de fichas-guia para orientar a exposição; j) Preparação do material de ilustração, como cartazes, slides e projeções; k) Revisão crítica do conteúdo, com verificação do material de ilustração, do roteiro, e das fichas que guiarão a exposição; l) Fixação de critérios e ensaio para definir o vocabulário a ser empregado, uso de ilustrações, tempo para a exposição e espaço para debates. METODOLOGIA DA PESQUISA 52 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 52 31/03/2021 11:03:24 DIAGRAMA 3. SÍNTESE DO ROTEIRO DE SEMINÁRIO Escolha do tema e delimitação do assunto Análise e seleção do material Anotações, fichamento Preparação do material de ilustração Critérios de apresentação e espaço para debates Pesquisa bibliográfica Plano geral, organização em tópicos, elaboração de roteiro e fichas Revisão crítica e verificação do que será apresentado Fonte: ANDRADE, 2002, p. 92. (Adaptado). Além disso, o tema deve ser interessante para quem executar o trabalho de pesquisa, ressaltando o item alusivo à delimitação do assunto. Escolhido o tema, as possibilidades de pesquisa podem ser tantas que o encarregado pelo seminário se perde diante dos inúmeros caminhos a se tomar. A presença do orientador é vital nestes momentos, auxiliando em relação à focalização do tema, levando o olhar de quem pesquisa a se concentrar em um determinado ponto. Quando não há quem cumpra tal papel, cabe ao pesquisador ficar atento para não se perder frente às opções, o que pode incidir em um trabalho superficial e que não contribua para a formação dos participantes. Quanto às ilustrações, Andrade (2002) sugere atenção aos detalhes, devendo-se optar pela elaboração de cartazes, slides e material de projeção com poucos dizeres, considerando fontes e tamanhos que facilitem a leitura, com desenhos bem feitos, simples e claros, acompanhados de legendas (se indispensáveis). Antes do seminário, outros artigos merecem atenção, como a verificação dos meios físicos ou virtuais que servirão de base para a materialização do texto. De nada adiantará preparar em detalhes todos os itens se, por exemplo, não houver computador e projetor, se uma tomada não estiver funcionando ou se a luminosi- dade for excessiva e não permitir que os participantes acompanhem a exposição. METODOLOGIA DA PESQUISA 53 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 53 31/03/2021 11:03:24 O desenvolvimento e a conclusão do seminário Observados todos os itens, é chegada a hora da exposição. A fi m de evitar improvisações, surge a obrigação de um novo planejamento de ações, como Severino (2002) indica, na página 70 de seu livro: a) Introdução, feita por um professor ou coordenador; b) Apresentação, ponderando as obrigações e os procedimentos a serem adotados pelos participantes durante o seminário, no caso de seminários fei- tos em grupo, e cronograma das atividades previstas; c) Introdução breve sobre o tema do seminário; d) Eventual revisão da leitura do texto de base do seminário; e) Execução, de forma coordenada, das atividades previstas; f) Apresentação, realizada pelo coordenador, introdutória ao momento de discussão geral da refl exão feita pelo(s) responsável(eis) pelo seminário; g) Síntese fi nal, no caso da sala de aula, sob cuidado do professor que, nesse momento, orienta, realiza sua crítica e avaliação. Introdução e apresentação Introdução do tema do seminário e esclarecimentos sobre texto-base Tarefas a serem cumpridas, procedimentos, cronograma Execução coordenada das atividades programadas pelo(s) participante(s) Apresentação introdutória à discussão geral sobre refl exão Síntese Fonte: SEVERINO, 2002, p. 70. (Adaptado). O grau de complexidade varia, dependendo dos diferentes tipos de se- minários e dos objetivos a serem alcançados. Além do mais, ele também deve ser interessante para os participantes, imaginando que as pessoas se prepararam para o evento. DIAGRAMA 4. ROTEIRO DE DESENVOLVIMENTO DO SEMINÁRIO METODOLOGIA DA PESQUISA 54 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 54 31/03/2021 11:03:24 Pôster científico De acordo com a NBR 6022, editada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em 2006, o pôster científi co é um instrumento de comunica- ção cuja exibição acontece em diversos suportes, sintetizando e divulgando o conteúdo de uma pesquisa. Em encontros de caráter científi co ou conferências, o uso do pôster científi co é corrente, dado que sua fi nalidade é proporcionar, atingindo um grande número de pessoas, dados fundamentais a respeito da pesquisa. Com o pôster científi co, ou pôster acadêmico, é possível mostrar os frutos da pesquisa científi ca de forma rápida, diferenciada e com uma exposição de maior tempo, se comparada à exposição oral. Para sua elaboração, se conta com o auxílio de um designer gráfi co, mas o próprio autor é capaz de executar tal tarefa, isto sem contar o entendimento sobre o conteúdo a ser transmitido para o público e como a pesquisa resultou em seu trabalho. O pôster está presente em eventos com vários trabalhos científi cos e, em alguns deles, o autor do trabalho fi ca ao lado do pôster, convidando o público, o que permite uma troca de ideias individualizada com os interessados sem a presença do pesquisador, o que conta como vantagem na divulgação e visua- lização do conteúdo da pesquisa. O pôster traz tanto linguagem verbal quanto imagens e gráfi cos, permanecendo em exposição em locais abertos, conforme determinam os organizadores do evento. Colocados em paredes ou divisórias, nas quais são afi xados com cordões em pequenas tiras de madeiras, os pôsteres são confeccionados em papel, plástico ou outros materiais. Por isso, a NBR 15437/2006recomenda que suas dimensões sejam de 0,60 m a 0,90 m de largura, de 0,90 m a 1,20 m de altura e que o pôster seja legível a uma distância de, ao menos, um metro. Todavia, o suporte escolhido pode ser o meio eletrônico. O pôster precisa ter certo impacto visual. Por isso, é necessário se preocu- par com a escolha de um leiaute, isto é, uma forma de diagramação dos dados e das imagens que seja agradável para o leitor. O conteúdo deve ser organiza- do de forma simples e lógica, concebendo a sequência de elementos do canto superior esquerdo para o canto inferior direito. A Associação Brasileira de Lin- guística – ABRALIN (2019) faz as seguintes recomendações: METODOLOGIA DA PESQUISA 55 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 55 31/03/2021 11:03:24 a) Escolha um leiaute simples, colorido, atraente e criativo, mas sem exageros, posto que mais de três cores distraem o leitor; b) No que tange às fontes escolhidas, facilite a legibilidade, escolhendo fontes grandes (Arial ou Times New Roman, de 18 a 26, com títulos em caixa-alta e negri- to, de 40 a 50), prevalecendo o mesmo para as fi guras, devendo-se optar pelo contraste (fonte clara sobre fundo escuro, ou vice-versa); c) Ao usar imagens ou gráfi cos, opte por uma confi guração sim- ples e bem organizada; d) Não exagere na quantidade de textos ele é apenas o ponto de partida para o desenvolvimento das discussões durante a divulgação de sua pesquisa; e) Não elimine espaços em branco, a presença deles é signifi cativa para que não haja a impressão de excesso de informações; f) Faça a distribuição do texto em colunas, deixando espaço entre elas; g) Não escreva parágrafos muito longos, mantendo regularidade no número de linhas para cada um e buscando compreensão, concisão e correção gramatical. A estrutura do pôster científico Os elementos que fazem parte do conteúdo do pôster cientí- fico são: a) Título e, se houver, subtítulo, aparecendo na parte su- perior do pôster. O subtítulo vem separado por dois-pontos (:) ou abaixo do título; b) Nome completo do autor ou dos autores da pesquisa, abaixo do título e do subtítulo. Na sequência, devem aparecer o nome do orientador e elementos adicionais, como o nome da instituição na qual foi efetuada a pesquisa, cidade, es- tado e país, além do endereço eletrônico, em campo separado ao fi nal do pôster; c) Resumo sobre o problema estudado, os objetivos, a metodologia usada e os resultados alcançados, não excedendo cem palavras; palavras-chave são colocadas separadamente, após o resumo; d) O conteúdo é organizado em colunas, considerando os itens: Introdu- ção, Metodologia, Resultados, Discussão e Conclusão. No conteúdo são in- seridas tabelas, ilustrações ou gráfi cos; e) E, por fi m, são apresentadas as Referências, seguindo a NBR 6023. METODOLOGIA DA PESQUISA 56 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 56 31/03/2021 11:03:24 DIAGRAMA 5. ESTRUTURA DO PÔSTER (SUGESTÃO) TÍTULO (E SUBTÍTULO, SE HOUVER) NOME COMPLETO DO(S) AUTOR(ES) NOME COMPLETO DO ORIENTADOR RESUMO RESULTADOS E DISCUSSÃO xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx INTRODUÇÃO xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx METODOLOGIA CONCLUSÃO xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Informações complementares (autor e orientador): Instituição, cidade, estado. (Gráfi cos ou ilustrações) Se bem organizado, o pôster científi co cumpre seu papel de exibir as partes mais notáveis da pesquisa, com indicações sobre quem a realizou e orientou, seu processo de realização, os resultados obtidos e sua base de referência. Jun- te-se a isso uma redação clara e precisa, com boa argumentação, acompanha- da de ilustrações ou gráfi cos, caracterizados pela clareza e pela simplicidade, e uma boa organização visual. Projetos científicos O termo “projeto” tem acepções como plano para a realização de um ato, uma intenção, um esboço inicial de um trabalho que se pretende de- sempenhar ou a demonstração de algo que alguém planeja ou pretende fazer. Portanto, projetar é um passo básico para a efetivação de uma ideia e o início de uma estratégia para a concretização de algo. METODOLOGIA DA PESQUISA 57 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 57 31/03/2021 11:03:25 A expressão “projeto científico” diz respeito aos passos iniciais para a materialização do trabalho científico, isto é, o momento em que ele come- ça a tomar vida. Não se pode, porém, confundir o projeto de pesquisa com um mero planejamento ou um plano para as pesquisas, nem imaginar para ele o detalhamento esperado para o trabalho científico em si. A elaboração de projetos científicos Como lembra Andrade (2002), há a necessidade de composição e de de- monstração de um projeto científi co, por exemplo, nos casos de obtenção de bolsa de estudos; para conseguir o patrocínio para uma pesquisa; ao fi nal de um curso, para ser mostrado a um orientador; ou para ingressar em um curso de pós-graduação, pleiteando a continuidade de estudos em busca de uma es- pecialização, um mestrado ou um doutorado, deixando o possível orientador a par da pesquisa que pretende ampliar. Projetos dessa natureza oferecem ao examinador inicial não só os aspec- tos científi cos da pesquisa, como também os aspectos práticos do desen- volvimento do trabalho, visto que as questões técnicas e as exigências pre- vistas pelas instituições devem estar explícitas. Conforme Severino (2002) defi ne, na página 159 de sua obra, um projeto bem feito acaba desempe- nhando várias funções, tais como: a) A defi nição e o planejamento do percurso para o desenvolvimento do trabalho do próprio estudante/pesquisador, a fi m de adquirir disciplina com o trabalho, sendo fi el aos procedimentos elencados, cumprindo a organização, a sequência e os prazos que ele mesmo estabelece no projeto; b) Possibilitar o atendimento às exigências dos professores no aspecto didático; c) Possibilitar que os orientadores avaliem os aspectos gerais do trabalho de pesquisa e as possibilidades de desenvolvimento, facilitando a orientação e a apresentação de novas perspectivas de ampliação da análise; d) Fornecer condições de discussão e avaliação à banca examinadora para a qualifi cação do trabalho do estudante; e) Contribuir para a concretização, no caso de solicitação de bolsa de estu- dos ou de fi nanciamento de pesquisas; METODOLOGIA DA PESQUISA 58 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 58 31/03/2021 11:03:25 f) Embasar a coordenação de programas de pós-graduação para a aceita- ção de candidatos, em especial nos cursos de doutorado. A apresentação do projeto científico Alguns elementos são fundamentais para o projeto de pesquisa tais como: • Folha de rosto – com indicação da entidade destinatária do projeto, o título do trabalho, sua fi nalidade, autoria, local e data; • Título – mesmo que provisório, seu valor está no fato de ele indicar o assunto do trabalho. Severino (2002) indica que a nomeação da pesquisa deve ter um títu- lo geral e um título técnico, sendo este último apontado como um subtítulo que especifi ca o tema abordado; • Delimitação do assunto – é o item fundamental do projeto, já que delimita o tema e o problema da pesquisa. Neste item, o problema e o conteúdo, alvos do estudo, são caracterizados e desdobrados; • Objetivos gerais e específi cos – neste ponto, o autor determina o que pre- tende com a pesquisa e quais resultados aguarda conseguir, fazendo referência ao tema em geral e, em seguida, a pontos específi cos do assunto escolhido; • Justifi cativa – o autordeclara por qual motivo escolheu o tema e sua impor- tância; • Objeto da pesquisa – evidencia a tese ou hipótese do que se pretende de- monstrar. Tais informações devem estar inequívocas desde o início, tomando-se o cuidado de preparar hipóteses sobre algo que ainda precisa ser demonstrado, caso contrário, não há avanço de conhecimento com sua pesquisa. • Metodologia – esse item aborda os métodos utilizados na pesquisa e as técni- cas escolhidas; • Cronograma – delimita momentos e etapas do desenvolvimento da pesquisa, estabelecendo quantas semanas ou meses serão reservados para cada etapa; METODOLOGIA DA PESQUISA 59 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 59 31/03/2021 11:03:30 EXPLICANDO De acordo com Severino (2002), os métodos são procedimentos mais amplos de raciocínio, enquanto as técnicas tratam do funcionamento dos métodos. Os métodos de pesquisa são baseados em experiências, como o trabalho de campo, ou feitos em laboratórios, através de pesquisa teórica, histórica ou uma mescla de maneiras de pesquisa. • Orçamento – em alguns casos, são indicados os recursos humanos ou materiais imperativos para que o projeto seja realizado, mencionando a pre- visão de custos; • Bibliografia básica – contém os textos fundamentais em que a proble- mática escolhida é enfocada. Organizada com base nas normas da Associa- ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), espera-se que ela seja ampliada com o decorrer das pesquisas. O já mencionado autor Severino, em Metodologia do trabalho científico, pu- blicado em 2002, faz algumas consideracões sobre delimitação do assunto, objetivos e justificativas: Esta etapa do projeto pode-se iniciar com uma apresentação em que se coloca inicialmente a gênese do problema, ou seja, como o autor chegou a ele, explicitando-se os motivos mais relevantes que levaram à abordagem do assunto; em seguida, pode ser feita uma contraposição aos trabalhos que já versa- ram sobre o mesmo problema, elaborando-se uma espécie de estado de questão, [...]. Esclarecido o tema e delimitado o pro- blema, o autor deve apresentar as justificativas, não apenas mas sobretudo aquelas baseadas na relevância social e científi- ca da pesquisa proposta. A seguir, o autor expõe os objetivos que o trabalho visa atingir relacionados com as contribuições que pretende fazer. Após isto, pode explicitar suas hipóteses (p. 161). O texto, no caso do projeto de pesquisa, deve ser coeso, conciso e sem uso de linguagem coloquial, contemplando a gramática normativa, e sem linguagem figurada. Para formular os objetivos, são usados verbos no infi- nitivo. Para a descrição da metodologia, conforme Andrade, os verbos são empregados no futuro. METODOLOGIA DA PESQUISA 60 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 60 31/03/2021 11:03:30 DIAGRAMA 6. PROJETO DE PESQUISA Título Delimitação do assunto Objetivos gerais e específi cos Objeto da pesquisaJustifi cativa Metodologia Bibliografi a básica OrçamentoCronograma Fonte: SEVERINO, 2002. (Adaptado). Desta forma, o projeto de pesquisa organiza todo o trabalho científi co e é um instrumento que não só conduz as atividades, mas também a análise, as orienta- ções e as avaliações que cabem a professores e coordenadores, fornecendo con- dições para que os orientadores atuem da melhor maneira possível. Evidentemente, o projeto sofre alterações em vários pontos durante a pesqui- sa, o que é visto de forma positiva mediante seu aprofundamento. Não obstante, ele não é um simples planejamento, pois ele traz a essência da monografi a que será produzida. Referências bibliográficas: NBR 6023 da ABNT Na composição de um artigo, são consultados vários documentos, cita- dos no decorrer do texto. Nesta parte do curso, será abordado como são feitas as referências desses documentos. A NBR 6023, da Associação Brasi- leira de Normas Técnicas (ABNT), estabelece elementos a serem incluídos e a sua exposição, contemplando a bibliografia utilizada e as orientações sobre as convenções a serem observadas. É primordial que elas sejam ve- rificadas sempre que produzir um trabalho de caráter técnico-científico, bem como suas possíveis atualizações, visto que as fontes de consulta es- tão a cada dia contando com recursos que passam por mudanças cons- tantes. METODOLOGIA DA PESQUISA 61 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 61 31/03/2021 11:03:30 Entende-se por referências a relação de fontes (livros, artigos, leis...) usadas no decorrer da pesquisa e são apresentadas, obrigatoriamente, ao final dos textos acadêmicos e científicos. Referências são o conjunto de elementos que, retirados de um docu- mento, possibilitam a sua identificação. Sua finalidade é dar ao leitor do texto as fontes da pesquisa e compo- sição do artigo, assim como permitir que ele tenha acesso às obras con- sultadas. Após as considerações finais do artigo, estão as referências, um elemento pós-textual obrigatório e que deve estar em ordem alfabética e alinhado à esquerda. Diferença entre referência e bibliografia Quando se fala em referências, é preciso entender como o termo é uti- lizado. Obras de referência são aquelas que dão começo à pesquisa biblio- gráfica e que ajudam a identificar e localizar as obras de consulta. Para Andrade (2002): As obras de referência são constituídas pelos dicionários es- pecífi cos das várias ciências, enciclopédias thesaurus, catálogos de editoras e bibliotecas, abstracts de revistas especializadas, repertórios bibliográfi cos etc. Tais obras propiciam informações gerais sobre determinado assunto, facilitando a tarefa de loca- lizar outras, de caráter específi co, que virão a constituir o apoio bibliográfi co do trabalho (p. 53). As obras de referência, no entanto, não constituem a única base bibliográfi ca de um trabalho científi co. A partir delas, há uma multiplicação de fontes, uma vez que elas geram outras indicações bibliográfi cas. Do mesmo modo, existem as referências no corpo do texto. A citação de uma passagem é inserida no texto colocando-se ao fi nal desta o nome do autor, o ano e, entre parênteses, a página. As referências completas aparecem na bibliografi a fi nal. Caso se trate da síntese de um trecho, as referências devem ser colocadas acrescentando-se Cf. no início e entre parênteses. As referências bibliográfi cas, fontes bibliográfi cas ou apenas bibliografi a designam a bibliografi a levantada du- rante o trabalho científi co e organizada na parte fi nal do trabalho. METODOLOGIA DA PESQUISA 62 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 62 31/03/2021 11:03:30 A princípio, ela é composta durante o fichamento, que traz não apenas um relatório organizado de suas leituras, incluindo temas, sínteses, tre- chos relevantes e justificativas para a seleção desses dados, mas também os autores e as obras consultadas, ano de publicação, páginas e editoras. As referências bibliográficas listam documentos que, como relata An- drade, na página 54 de sua publicação, são manuscritos, livros, revistas, jornais ou qualquer outro impresso, documentos reproduzidos, xeroco- piados, obtidos em gravações de áudio ou vídeo, mapas, esboços, plantas, teses e dissertações não publicadas, palestras, aulas, sites etc. O propósito das referências bibliográficas é levar o leitor às fontes da pesquisa que resultou no trabalho científico e, por isso, todos os documentos consultados ou repor- tados no corpo do trabalho são indicados nas referências, de forma que o leitor tenha con- dições de retomá-los, seja para aprofundar a problemática, fazer uma revisão do trabalho ou por qualquer outro motivo. DIAGRAMA 6. PROJETO DE PESQUISA Obras de referência Referência no corpo do texto Referências bibliográficas METODOLOGIA DA PESQUISA 63 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 63 31/03/2021 11:03:30 Estrutura das referências bibliográficas A seguir, estão exemplos de como fazer as referências dosdocumentos utilizados para o projeto. Livros Os elementos essenciais são: • Autor: último sobrenome em maiúsculas, seguido dos prenomes ape- nas iniciados por maiúsculas. Exceções: nomes espanhóis entram pelo pe- núltimo sobrenome, sobrenomes ligados por traço de união são grafados juntos e sobrenomes que indicam parentesco (como Júnior, Filho e Neto) acompanham o último sobrenome; • Título: em negrito, sublinhado ou itálico; • Subtítulo (se houver): separado do título por dois-pontos, sem des- taque; • Edição: a partir da segunda, o número da edição é assinalado seguido de ponto e da palavra edição (ed.), no idioma da publicação. Não se anota a primeira edição e as demais são anotadas como 2. ed., 3. ed., e assim por diante; • Local da publicação: quando há mais de uma cidade, a primeira é men- cionada na publicação seguida de dois-pontos; • Editora: apenas o nome que a identifi que, seguido de vírgula; • Data: ano de publicação. Casos específi cos: • Livro com um autor: SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: DRUCKER, Peter Ferdinand. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1999. • Livro com subtítulo: SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do livro: subtítulo do livro. Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: SERRANO, Pablo Jimenez. Epistemologia do Direito: para melhor com- preensão da ciência do Direito. Campinas: Alí- nea Editora, 2007. METODOLOGIA DA PESQUISA 64 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 64 31/03/2021 11:03:31 • Livro com autor espanhol: SOBRENOMES DO AUTOR, Prenomes. Título do livro: (subtítulo quando houver). Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: SÁNCHEZ GAMBOA, Silvio Anci- zar. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. Chapecó: Argos, 2007. • Livro com autor com sobrenome separado por traço: SOBRENOMES DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: MERLEAU-PONTY, Maurice. O visível e o invisível. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1992. • Livro com sobrenome indicando parentesco: SOBRENOMES DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: DALLEGRAVE NETO, José Affonso. Responsabilidade civil no direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008. • Livro com sobrenome iniciado com prefixos: SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Edição. Local da pu- blicação: Editora, Ano. Ex.: McDONALD, Ralph E. Emergências em pediatria. 6. ed. São Paulo: SARVIER, 1993. • Livro com dois autores: SOBRENOME DO PRIMEIRO AUTOR, Prenomes; SOBRENOME DO SE- GUNDO AUTOR, Prenomes. Título do livro: (subtítulo quando houver). Edição. Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: WARAT, Luis Alberto; PÊPE, Albano Marcos. Filosofia do Direito: uma introdução crítica. São Paulo: Moderna, 1996. • Livro com três autores: SOBRENOME DO PRIMEIRO AUTOR, Prenomes; SOBRENOME DO SEGUNDO AUTOR, Prenomes; SOBRENOME DO TERCEIRO AUTOR, Prenomes. Título do livro: (subtítulo quando houver). Edição. Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: ARRUDA, Maria Cecília Coutinho de; WHITAKER, Maria do Carmo; RAMOS, José Maria Rodriguez. Fundamentos de ética empresarial e econômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. • Livro com mais de três autores: SOBRENOME DO PRIMEIRO AUTOR, Prenomes et al. Título do livro: (sub- título quando houver). Edição. Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: ANDERY, Maria Amália et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 6. ed. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo; São Paulo: EDUC, 1996. METODOLOGIA DA PESQUISA 65 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 65 31/03/2021 11:03:31 • Livro com organizador (Org.), coordenador (Coord.) ou editor (Ed.): SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. (Org. ou Coord. ou Ed.). Título do livro: (subtítulo quando houver). Edição. Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: SOUZA, Osmar de; LAMAR, Adolfo Ramos (Org.). Educação em perspectiva: interfaces para a interlocução. Florianópolis: Insular, 2006. • Livro cujo autor é uma entidade (quando uma entidade coletiva assu- me integral responsabilidade por um trabalho, ela é tratada como autor): ENTIDADE. Título: (subtítulo quando houver). Edição. Local da publicação: Editora, Ano. Ex.: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: resumo: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. No caso dos livros citados em parte, as regras são as seguintes: • Quando o autor do capítulo é o mesmo da obra: SOBRENOME DO AUTOR DA PARTE REFERENCIADA, Prenomes. Título da parte referenciada. In: ______. Título do livro. Local: Editora, ano. Página inicial e final. Ex.: ABRANTES, Paulo. (Org.). Naturalizando a Epistemologia. In: ______. Epistemo- logia e cognição. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1994. p. 171-215. • Quando o autor do capítulo não é o mesmo da obra: SOBRENOME DO AUTOR DA PARTE REFERENCIADA, Prenome. Título da par- te referenciada. In: SOBRENOME DO AUTOR OU ORGANIZADOR, Prenomes. (Org.). Título do livro. Local: Editora, ano. Página inicial e final. Ex.: SILVA, Rubia da; FISCHER, Juliane. Tecendo um diálogo da prática pedagógica: atividades de- senvolvidas na educação infantil. In: SOUZA, Osmar de; LAMAR, Adolfo Ramos. (Org). Educação em perspectiva: interfaces para a interlocução. Florianópolis: Insular, 2006. p. 81-94. Teses, dissertações e trabalhos acadêmicos SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título. Ano. Tese, dissertação ou tra- balho acadêmico (grau e área) – Unidade de Ensino, Instituição, Local, Data. Ex.: SILVA, Renata. O turismo religioso e as transformações socioculturais, econômicas e ambientais em Nova Trento – SC. 2004. 190 f. Dissertação (Mestrado em Turismo e Hotelaria) – Centro de Educação Balneário Camboriú, Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, 2004. URBANESKI, Vilmar. Epistemologia social, ciências cognitivas e educação. 2006. 116 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Ciências da Educa- ção, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2006. METODOLOGIA DA PESQUISA 66 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 66 31/03/2021 11:03:31 Enciclopédias NOME DA ENCICLOPÉDIA. Local da publicação: Editora, ano. Ex.: ENCI- CLOPÉDIA TECNOLÓGICA. São Paulo: Planetarium, 1974. Jornal • Jornal no todo: NOME DO JORNAL. Cidade, data. Ex.: FOLHA DE S.PAULO. São Paulo, 11 jan. 2009. • Artigo de jornal com autor definido: SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Títu- lo do jornal, Cidade, data (dia, mês, ano). Suplemento, número da página, coluna. Ex.: PRATES, Luis Carlos. Quindim com café. Diário Catarinense, Florianópolis, 3 fev. 2009. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/diario- catarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2390841.xml&tem- plate=3916.dwt&edition=11632§ion=1328http>. Acesso em: 3 fev. 2009. • Artigo de jornal sem autor definido: TÍTULO do artigo (apenas a primeira palavra em maiúscula). Título do jor- nal, Cidade, data (dia, mês, ano). Suplemento, número da página, coluna. Ex.: EFEITOS da lei seca. Folha de S.Paulo, São Paulo, 14 mar. 2009. Opinião, p. 2. Revista • Revista no todo: NOME DA REVISTA. Local de publicação: editora (se não constar no títu- lo), número do volume (v._), número do exemplar (n._), mês. Ano. ISSN. Ex.: REVISTA TRIBUNA JURÍDICA. Indaial: Editora Asselvi, v. 1, n. 4, jan./jun. 2008. ISSN 1807-6114. • Coleção de revistas no todo: TÍTULO DO PERIÓDICO. Local de publicação: editora, data (ano) do pri- meiro volume e, se a publicação descontinuou, do último. Periodicidade. Número do ISSN (se disponível). Ex.: CONTRAPONTOS. Itajaí: Univali, 2001. Semestral. ISSN 1519-8227. • Artigo de revista com autor definido: SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Título da re- vista, local da publicação, número do volume (v._), número do fascículo (n._), pá- ginas inicial-final do artigo, mês. Ano. Ex.: PICH, Roberto Hofmeister. Autorização epistêmica e acidentalidade. Veritas, Porto Alegre, v. 50, n. 4, p.249-276, dez. 2005. METODOLOGIA DA PESQUISA 67 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 67 31/03/2021 11:03:31 • Artigo de revista sem autor definido: TÍTULO do artigo (apenas a primeira palavra em maiúscula). Título da revista, local da publicação, número do volume, número do fascículo, pá- gina inicial final do artigo, mês. Ano. Ex.: 20 CENTROS e nenhuma central. HSM Management, São Paulo, v. 1, n. 72, p. 39-45, jan./fev. 2009. Casos específicos: • Quando a editora não puder ser identificada, utiliza-se a expressão sine nomine, abreviada e entre colchetes [s.n.]; • Quando o local de publicação não for identificado, utiliza-se a expres- são sine loco, abreviada e entre colchetes [s.l.]; • Quando o local e a editora não aparecem na publicação, se indica en- tre colchetes [s.l.: s.n.]; • Quando o local, a editora e a data não forem identificadas, se indica entre colchetes [s.n.t.] (sem notas tipográficas). Anais NOME DO EVENTO, Número do evento (se houver), ano de realização, local. Título do documento (anais, atas, tópico temático etc.). Local: Edi- tora, ano de publicação. Número de páginas ou volume (se houver). Ex.: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, 20., 1997, Poços de Caldas. Livro de resumos. São Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 1997. Entrevistas No título, omite-se o nome do entrevistador quando ele é o autor do trabalho. Quando a entrevista é concedida em função do cargo ocupado pelo entrevistado, acrescentam-se o cargo, a instituição e o local ao título. • Entrevistas não publicadas: SOBRENOME DO ENTREVISTADO, Prenome. Título. Local, data (dia, mês. ano). Ex.: SUASSUNA, Ariano. Entrevista concedida a Marco Antô- nio Struve. Recife, 13 set. 2002. • Entrevistas publicadas: SOBRENOME DO ENTREVISTADO, Prenomes. Título da entrevista. Refe- rência da publicação (livro ou periódico). Nota da entrevista. Ex.: SOUZA, Mauricio de. A Mônica quer namorar. Veja, ed. 2.098, ano 423, n. 5, p. 19-23, dez. 1999. Entrevista concedida a Duda Teixeira. METODOLOGIA DA PESQUISA 68 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 68 31/03/2021 11:03:31 Internet Nome do autor; título do documento ou da web page (ou do frame). Título do trabalho maior contendo a fonte (website); informações sobre a publica- ção (incluindo a data da publicação e/ou da última revisão); endereço ele- trônico (URL); data do acesso e outras particularidades dignas de menção na fonte. Ex.: GRAYLING. A. C. A epistemologia. The blackwell companhion to philosophy. Cambridge, Massachusetts: Blackwell Publishers Ltd, 1996. Disponível em: <http://www.geocities.com/marcofk2/grayling.htm>. Acesso em: 10 maio 2007. Jurisdição Título (especificação da legislação, número e data). Ementa. Dados da Publicação. Ex.: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. SANTA CATARINA (Estado). Lei n. 5.345, de 16 de maio de 2002. Autoriza o desbloqueio de Letras Financeiras do Tesouro do Estado e dá outras pro- vidências. Diário Oficial do Estado, Poder Executivo, Florianópolis, 16 jun. 2002. Seção 3, p. 39. METODOLOGIA DA PESQUISA 69 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 69 31/03/2021 11:03:31 Sintetizando A metodologia é um aspecto de extrema importância em qualquer ativida- de de caráter científico, se mostrando como uma alavanca que proporciona o sucesso em seminários científicos. Os seminários são parte integrante do co- tidiano das salas de aula, mas ocorrem em simpósios, conferências e congres- sos nos quais pesquisadores divulgam seus trabalhos e colocam em discussão seus resultados. Suas formas de organização resultam em oportunidades de formação para todos os envolvidos. Um dos elementos que promove a exposição de seminários e de pesquisas é o pôster científico, cuja função é expor trabalhos científicos de forma rápida e visual, colocando-os em evidência de modo resumido, e demonstrando temas, metodologias usadas, resultados obtidos, conclusões e referências bibliográfi- cas utilizadas no processo. Nesta esfera de atividades, estão os projetos científicos, que oferecem a coordenadores e avaliadores a motivação e a organização previstas pelo pes- quisador para o trabalho científico, permitindo que tenham um panorama do que é desejado, promovendo orientações, intervenções e avaliações sobre o processo e seus resultados. Como em qualquer atividade investigativa nesse contexto, cabe a observa- ção das normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o que confere um dos aspectos que dá credibilidade à materialização de uma tarefa científica. Certamente, a busca constante por conhecimentos que ampliem a formação, bem como a correção das formas de apresentação ao difundi-los expande o peso de seus esforços. METODOLOGIA DA PESQUISA 70 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 70 31/03/2021 11:03:31 Referências bibliográficas ABRALIN. Associação Brasileira de Linguística. Criando uma apresentação de pôster eficaz. 30 mar. 2019. Disponível em: <http://www.abralin.org/cir- culares/abralin50/poster.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2020. ANDRADE, M. M. Como preparar trabalhos para cursos de pós-gradua- ção: noções práticas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3. ed. rev. São Pau- lo: Moderna, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6022: Infor- mação e documentação – Artigo em publicação periódica científica impres- sa – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6023: Infor- mação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10520: Infor- mação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14724: Traba- lhos acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15437: Infor- mação e documentação – Pôsteres técnicos e científicos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2006. AZEVEDO, I. B. O prazer da produção científica: diretrizes para a elabora- ção de trabalhos acadêmicos. 6. ed. Piracicaba: UniMEP, 1998. BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia científi- ca: um guia para a iniciação científica. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, out. 1996. Seção 1, p. 21082-21085. . CENCI, A. V. O que é ética? Elementos em torno de uma ética geral. Passo Fundo: Ed. do autor, 2000. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. METODOLOGIA DA PESQUISA 71 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 71 31/03/2021 11:03:31 CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001. COLLIS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. COMPETÊNCIA. In: MICHAELIS. Dicionário de língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2008. CRIANDO um Pôster no Powerpoint.avi. Postado por PET Infoinclusão. (3min. 27s). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=zGxkiU3FTIY>. Acesso em: 08 jan. 2020. DENCKER, A. F. M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 4. ed. São Paulo: Futura, 2000. FACHIN, O. Fundamentos da metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. GIL, A. C. Métodos e técnicas em pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006. INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO (ICPG). Equipe de Metodo- logia do Trabalho Científico. Blumenau: ICPG, 2008. LABES, E. M. Questionário: do planejamento à aplicação na pesquisa. Cha- pecó: Grifos, 1998. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 6. ed.São Paulo: Atlas, 2001. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2001. MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. OLIVEIRA, S. L. Metodologia científica aplicada ao direito. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. PROJETO. In: MICHAELIS. Dicionário de língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2008. SEMINÁRIO. In: LAROUSSE. Dicionário da Língua Portuguesa. Paris: La- rousse; São Paulo: Ática, 2001. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez, 2002. SILVA, R. Modalidades e etapas da pesquisa e do trabalho científico. São José: USJ, 2008. METODOLOGIA DA PESQUISA 72 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 72 31/03/2021 11:03:31 TRIOLA, M. F. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC, 1999. WEISINGER, H. Inteligência emocional no trabalho. 8. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. METODOLOGIA DA PESQUISA 73 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 73 31/03/2021 11:03:31 ESTRUTURAS, ABREVIAÇÕES E ÉTICA DAS CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 3 UNIDADE SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 74 31/03/2021 11:03:56 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer as regras da Agência Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); Entender como utilizar de maneira correta citações a partir das regras da ABNT; Compreender como utilizar as abreviaturas a partir das regras da ABNT em periódicos científicos. Citações bibliográficas: NBR 10520/2002 da ABNT Sistemas de chamadas Estrutura de citações Citação direta Citação indireta Citação de citação Vantagens e desvantagens dos sistemas de citação Abreviação de títulos: NBR 6032/1989 da ABNT Regras de abreviação Regras de abreviação de títulos Nomes de pessoas O perigo do plágio Ética METODOLOGIA DA PESQUISA 75 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 75 31/03/2021 11:03:56 Citações bibliográficas: NBR 10520/2002 da ABNT Ao escrever um artigo científi co, além de se ter uma série de requisi- tos a serem respeitados, o aluno não irá construir o seu texto baseado so- mente em suas ideias e experiências particulares. Ele precisará, obrigato- riamente, fazer menção ao que outros autores reconhecidos pela comunida- de científi ca da sua área retratam so- bre o assunto que está pesquisando para elaborar o trabalho. Nesta hora, algumas dúvidas po- dem surgir: de que maneira posso citar outros autores no decorrer do meu artigo? Como se fazem as citações desses autores? Aqui você terá acesso a defi - nição de citação, aos contextos nos quais ela terá serventia, os tipos de citação, e como fazê-la ao elaborar um artigo. Você encontrará também sistemas de chamada, além das formas de citação e indicação de autores na citação conforme as regras estabelecidas pela Agên- cia Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT. EXPLICANDO A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) defi ne citação como a menção de uma informação extraída de outra fonte. Contudo, ou- tros autores também possuem diferentes defi nições sobre as citações. Para Colzani (2001 apud SILVA; URBANESKI, 2009, p. 85) “citação é uma inser- ção, num texto, de informações colhidas de outra fonte, para esclarecimento do tema em discussão, para sustentar, para refutar ou apenas para ilustrar o que se disse”. Já para Barros e Lehfeld (2000, p. 107), “as citações ou transcrições de docu- mentos bibliográfi cos servem para fortalecer e apoiar a tese do pesquisador ou para documentar sua interpretação”. METODOLOGIA DA PESQUISA 76 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 76 31/03/2021 11:04:03 Pode-se afirmar que são motivos pelos quais se utilizam citações: • Permitir ao leitor ir ao texto original do autor citado; • Possibilitar a identificação do legítimo “autor” das ideias apresentadas no trabalho; • Dar credibilidade e autoridade ao texto; • Reforçar e fundamentar o texto em outros autores que discutem o assunto em questão; • Corroborar com as ideias expostas no trabalho. A citação, como já mencionado, é a transcrição de ideias alheias. Santos (2007, p. 121-122) ensina que: Textos técnicos e científicos devem lançar mão de citações por dois bons motivos. O primeiro é que, normalmente, citam-se autores de outros textos já publicados. Isto é, autores cujas ideias já foram pu- blicamente expostas, submetidas ao juízo e reconhecimento da co- munidade de leitores e da comunidade científica. Se as ideias perma- necem (e da forma como permanecem), seu autor merece menção, como conhecedor do assunto exposto, como autoridade científica. Segundo, ao se referenciar certo autor, fazem-se, a um só tempo, um ato de justiça intelectual (atribuir-se a ideia a seu “dono”) e um ato de honestidade científico-acadêmica (o autor que cita e referencia reconhece que a ideia não é sua). As citações são de extrema importância para o artigo científico. Mas elas não substituem a redação do trabalho. Os problemas mais comuns quanto à citação são: • Escassez de citações, atribuindo-se ao autor pensamentos que são de outrem; • Excesso de citações, o que faz do trabalho uma enorme colcha de retalhos; • Documentação inadequada (por inexistência, insuficiência ou incorreção) das fontes empregadas; • Presença no texto de informações que poderiam ir para as notas, o que permi- tiria deixar a redação mais limpa; • Falta de diálogo com as fontes, usadas, às vezes, apenas para abonar o pensa- mento do autor, sem discussão; • Inadequada transição entre o texto do autor e o texto citado, o que dificulta a identificação de quem está falando (AZEVEDO, 1998, p. 120). METODOLOGIA DA PESQUISA 77 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 77 31/03/2021 11:04:03 Sistemas de chamadas As citações no texto devem ser feitas de maneira uniforme e de acordo com o estilo do pesquisador ou critério adotado pela revista em que o artigo plei- teará a publicação. Contudo, as citações devem seguir as prescrições da NBR 10520, de 2002 (Figura 1). Figura 1. Captura de tela de um documento ofi cial ABNT (NBR 10520/2002). Ao elaborar o artigo, quanto ao sistema de chamada, a indicação das fontes citadas pode ocorrer de duas formas: através do sistema numérico ou do sistema autor-data. Sistema numérico No sistema numérico, a numeração é única e consecutiva, em algarismos ará- bicos. Nesse sistema, não deve ser iniciada uma nova numeração a cada nova página do trabalho. A fonte é indicada de forma completa em nota de rodapé e apresentada de acordo com as normas de referência bibliográfi ca. Caso seja necessário o uso do sistema numérico, é importante ressaltar que as notas de referências contidas nas notas de rodapé devem constar na lista de referências. Quando se usa nota de rodapé, não se usa o sistema numérico. Sistema Autor-data Nesse sistema, o leitor pode identifi car a fonte completa da citação na lista de referências, organizada em ordem alfabética, no fi nal do trabalho. METODOLOGIA DA PESQUISA 78 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 78 31/03/2021 11:04:04 O formato da citação no sistema autor-data é feito pelo sobrenome do autor ou pela instituição responsável ou, ainda, pelo título de entrada (caso a autoria não esteja declarada), seguido pela data de publicação do documento e página da citação, separados por vírgula. De acordo com a NBR 10520 (2002), se o sobrenome do autor, a instituição, o responsável ou o título estiver incluído no texto, a informação deve ser apresenta- da com letras maiúsculas e minúsculas. Exemplos: 1.Para Teixeira (1998, p. 35), “a ideia de que a mente funciona como um compu- tador digital e que este último pode servir de modelo ou metáfora para conceber a mente humana iniciou a partir da década de 40”. 2.“A ideia de que a mente funciona como um computador digital e que este último pode servir de modelo ou metáfora para conceber a mente humana inicioua partir da década de 40” (TEIXEIRA, 1998, p. 35). Quando o nome do autor citado estiver entre parênteses, deve ser escrito com todas as letras em maiúscula, conforme o exemplo 2. No caso de uso das citações com dois ou mais documentos de um mesmo autor que foram publicados no mesmo ano, estes devem ser diferenciados pelo acréscimo de letras minúsculas do alfabeto após o ano, conforme exemplo a se- guir: (SILVA, 2008a) (SILVA, 2008b) (SILVA, 2008c) Caso haja dois autores com o mesmo sobrenome e mes- ma data de publicação, acrescentam-se as iniciais de seu prenome, conforme exemplo a seguir: (SILVA, M., 2004) (SILVA, C., 2004) Estrutura de citações Há alguns modelos distintos de citações que podem ser utilizados pelos alunos durante seus projetos. Nesta parte do estudo, você conhecerá os mais utilizados. METODOLOGIA DA PESQUISA 79 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 79 31/03/2021 11:04:04 ASSISTA Para compreender melhor o mecanismo de implementa- ção das citações, assista ao vídeo Como fazer citações ABNT. Citação direta A citação direta, de acordo com a NBR 10520 (2002, p. 2), é a “Transcrição literal da parte da obra do autor consultado”. Ou seja, nesse tipo de citação deve-se respeitar redação, ortografi a, sinais gráfi cos e pontuação do texto ori- ginal, fazendo uma cópia fi el do autor consultado. Citação direta curta A citação curta é de até três linhas e deve ser inserida entre aspas, no inte- rior do parágrafo, conforme exemplifi cado na Figura 2. Deve indicar a(s) página(s) Usar aspas duplas Figura 2. Exemplo de citação direta curta. Fonte: UMESP, 2002. Acesso em: 10/01/2020. Exemplos: 1. No parágrafo: Sobrenome do autor ou dos autores (data, n. da página). De acordo com Sabadell (2000, p. 31), “o objeto da ciência jurídica é exami- nar como funciona o ordenamento jurídico. Como diz Kelsen, o direito é um conjunto de normas em vigor [...]”. 2. No fi nal da citação (SOBRENOME DO AUTOR OU AUTORES, data, n. da página). “O objeto da ciência jurídica é examinar como funciona o ordenamento jurí- dico. Como diz Kelsen, o direito é um conjunto de normas em vigor [...]” (SABA- DELL, 2003, p. 31). METODOLOGIA DA PESQUISA 80 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 80 31/03/2021 11:04:05 Citação direta longa As citações diretas com mais de três linhas devem aparecer em parágrafo distinto, com recuo de 4 centímetros da margem esquerda, espaçamento sim- ples, sem aspas e em fonte 10, conforme detalhado na Figura 3. Não usar aspas duplas A fonte deverá ser menor que a do texto Fazer recuo de 4 cm Deve indicar a(s) página(s) Figura 3. Exemplo de citação direta longa. Fonte: UMESP, 2002. Acesso em: 10/01/2020. Exemplos: 1. Para Goldman (2001, p. 58): Objetivo fundamental da educação, isto é, dos sistemas escolares, em todos os níveis, é o de prover os estudantes com conhecimento e desenvolver habilida- des intelectuais que elevem as suas habilidades de aquisição de conhecimento. Isto, de qualquer modo, é a imagem tradicional, e eu não conheço nenhuma boa razão para abandoná-la. 2. Objetivo fundamental da educação, isto é, dos sistemas escolares, em to- dos os níveis, é o de prover os estudantes com conhecimento e desenvolver habi- lidades intelectuais que elevem as suas habilidades de aquisição de conhecimen- to. Isto, de qualquer modo, é a imagem tradicional, e eu não conheço nenhuma boa razão para abandoná-la (GOLDMAN, 2001, p. 58). Citação direta: omissão A omissão é um recurso utilizado quando não é necessário citar integralmen- te o texto de um autor. Porém, deve-se ter o cuidado para não alterar o sentido do texto original. No texto, a omissão é indicada por reticências entre colchetes [...]. As omissões podem aparecer no início, no fim e no meio de uma citação. METODOLOGIA DA PESQUISA 81 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 81 31/03/2021 11:04:06 Exemplos: 1. De acordo com Reale (1990, p. 554), “os fenomenólogos pretendem des- crever os modos típicos como as coisas e os fatos se apresentam à consciência [...] A fenomenologia não é a ciência dos fatos e sim, ciências das essências”. 2. “Os fenomenólogos pretendem descrever os modos típicos como as coi- sas e os fatos se apresentam à consciência [...] A fenomenologia não é a ciência dos fatos e sim, ciências das essências.” (REALE, 1990, p. 554). Citação direta: destaque Quando existe a necessidade de enfatizar alguma palavra, expressão ou frase em uma citação direta, pode-se grifá-la. Mas, ao fazer isso, é preciso usar o recurso tipográfico negrito na parte do texto a ser destacada e a expressão: grifo nosso. Essa expressão deve vir entre parênteses, após a indi- cação da página em que foi retirada a citação. Quando já existe destaque no texto original, mantém-se este des- taque indicando sua existência pela expressão grifo do autor ou grifo dos autores entre parênteses. Exemplos: 1. Hoje, equipados com novas ferramentas e novos conceitos, essas discipli- nas, com um novo quadro de pensadores, denominados cientistas cognitivos, investigam muitas das questões que já preocupavam os gregos há aproxima- damente 2500 anos, conforme Gardner (1995, p. 18, grifo nosso): Assim como seus antigos colegas, os cientistas cognitivos de hoje perguntam o que significa conhecer algo e ter crenças pre- cisas, ou ser ignorante ou estar errado. Eles procuram entender o que é conhecido - os objetos e sujeitos do mundo externo - e as pessoas que conhece - seu aparelho perceptivo, mecanismo de aprendizagem, [sic] memória e racionalidade. Eles investi- gam as fontes do conhecimento: de onde vem, como é ar- mazenado e recuperado, como ele pode ser perdido? 2. Hoje, equipados com novas ferramentas e novos conceitos, essas discipli- nas, com um novo quadro de pensadores, denominados cientistas cognitivos, investigam muitas das questões que já preocupavam os gregos há aproxima- damente 2500 anos. METODOLOGIA DA PESQUISA 82 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 82 31/03/2021 11:04:06 Citação indireta A citação indireta é a interpretação das ideias de um ou mais autores do texto em questão. Porém, deve ser mantido o sentido original do texto. A citação indireta não é a transcrição literal das palavras do autor; não deve estar entre aspas ou em parágrafo distinto. No entanto, devem ser indicado(s) o(s) autor(es) e o ano da obra, conforme Figura 4. Assim como seus antigos colegas, os cientistas cognitivos de hoje perguntam o que signifi ca conhecer algo e ter crenças pre- cisas, ou ser ignorante ou estar errado. Eles procuram entender o que é conhecido - os objetos e sujeitos do mundo externo - e as pessoas que conhece - seu aparelho perceptivo, mecanismo de aprendizagem, [sic] memória e racionalidade. Eles inves- tigam as fontes do conhecimento: de onde vem, como é armazenado e recuperado, como ele pode ser perdido? (GARDNER, 1995, p. 18, grifo nosso). Usar fonte igual ao texto Não deve indicar a(s) página(s) Não deve usar aspas Figura 4. Exemplo de citação indireta. Fonte: UMESP, 2002. Acesso em: 10/01/2020. Exemplos: 1. No parágrafo: Sobrenome do autor (data) Uma das preocupações atuais com o avanço das Ciências Cognitivas é, de acordo com Teixeira (2004), que a própria ideia de mente seja dissolvida ou, ain- da, reduzida à atividade cerebral. METODOLOGIA DA PESQUISA 83 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 83 31/03/2021 11:04:08 2. Ao final do parágrafo: (SOBRENOME DO AUTOR, data) Uma das preocupações atuais com o avanço das Ciências Cognitivas é que a própria ideia de mente seja dissolvida ou, ainda, reduzida à atividade cerebral. (TEIXEIRA, 2004). Citação de informação verbal Outro tipo de citação é proveniente de informações verbais de pales- tras, debates, jornais de TV ou documentários, por exemplo. Ao fazer uso dessa forma de citação, deve-se indicar, entre parênteses, a expressão “in- formação verbal” no final da citação, mencionandoos dados disponíveis em nota de rodapé. Cite, pelo menos, o autor da frase (cargo ou atividade), local (cidade) e data (dia, mês e ano). Exemplo: As empresas que queiram manter-se no mercado deverão investir tam- bém na qualificação humana. (Informação verbal). Na nota de rodapé: ______________________ 1. Paulo Mattos de Azevedo, Diretor Presidente da XXX, em palestra pro- ferida para empresários do setor metalúrgico, no dia 24 de abril de 2008. Importante: as informações que forem passadas por meio de entre- vista só serão utilizadas se o pesquisador tiver uma autorização do en- trevistado para citar seu nome em nota de rodapé e nas referências; caso contrário, o pesquisador indica em rodapé uma informação genérica para o leitor. Citação de citação Nesse caso, é a citação de parte de um texto encontrado em um deter- minado autor, referente a outro autor, ao qual não se teve acesso. Utiliza-se apenas quando não houver possibilidade de acesso ao documento original. Essa citação é indicada pela expressão apud, que signifi ca “citado por”. No texto, a citação da citação deve seguir a seguinte ordem: autor do documento não consultado, seguido da expressão latina apud (citado por), em formato normal (sem itálico), e o autor da obra consultada, conforme observável no exemplo da Figura 5. METODOLOGIA DA PESQUISA 84 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 84 31/03/2021 11:04:08 Fonte não consultada Significa: citado por Fonte consultada Figura 5. Exemplo de citação de citação. Fonte: UMESP, 2002. Acesso em: 10/01/2020. Exemplos: 1. Para o movimento iluminista, a luz da razão possibilitaria esclarecer as pes- soas, ou seja, reeducá-las, longe das ideias medievais, das trevas, do preconceito e das superstições. Neste sentido, para Kant (1784 apud REALE; ANTISERI, 1990, p. 669): O iluminismo é a saída do homem do estado de menoridade que ele deve imputar a si mesmo. Menoridade é a incapacidade de valer-se de seu próprio intelecto sem a guia de outro. Essa menoridade é imputável a si mesmo se sua causa não de- pende de falta de inteligência, mas sim de falta de decisão e co- ragem de fazer usos de seu próprio intelecto sem ser guiado por outro. Sapere aude! Tem a coragem de servir-te de tua própria inteligência! Esse é o lema do iluminismo. Perceba que o autor está citando Kant, no entanto, como não houve acesso à obra original, o filósofo está sendo citado a partir da referência a ele realizada por Reale e Antiseri. 2. Para o movimento iluminista, a luz da razão possibilitaria esclarecer as pes- soas, ou seja, reeducá-las, longe das ideias medievais, das trevas, do preconceito e das superstições. Nesse sentido: O iluminismo é a saída do homem do estado de menoridade que ele deve imputar a si mesmo. Menoridade é a incapacidade de valer-se de seu próprio intelecto sem a guia de outro. Essa me- noridade é imputável a si mesmo se sua causa não depende de falta de inteligência, mas sim de falta de decisão e coragem de fazer usos de seu próprio intelecto sem ser guiado por outro. METODOLOGIA DA PESQUISA 85 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 85 31/03/2021 11:04:09 Sapere aude! Tem a coragem de servir-te de tua própria inteli- gência! Esse é o lema do iluminismo (KANT, 1784 apud REALE; ANTISERI, 1990, p. 669). Na citação de citação, a referência se inicia pelo nome do autor não con- sultado. Desta forma, a ordem das informações é: referência do autor não consultado, seguido da expressão apud e referência do autor consultado. Indicação dos autores na citação Com se não bastassem as diversas variedades de citações, também é im- portante ter atenção às diferentes maneiras de citação para trabalhos com número variado de autores: Citação de trabalhos de um autor: Para Mclnerny (2004, p. 20), “a ex- pressão ‘prestar’ atenção é muito efi - caz. Faz-nos lembrar que atenção tem um ‘custo’. Atenção requer uma rea- ção ativa e enérgica a cada situação, às pessoas e aos elementos que dela fazem parte”. Ou “A expressão ‘prestar’ atenção é muito efi caz. Faz-nos lembrar que atenção tem um ‘custo’. Atenção re- quer uma reação ativa e enérgica a cada situação, às pessoas e aos ele- mentos que dela fazem parte” (McINERNY, 2004, p. 20). Citação de trabalhos de dois autores: Assim, conforme Warat e Pêpe (1996, p. 50), “Kelsen imagina que o objeto de um saber jurídico não pode ser mais do que o conjunto das normas positi- vas de um Estado, aprendidas do ponto de vista de suas formas”. Ou “Kelsen imagina que o objeto de um saber jurídico não pode ser mais do que o conjunto das normas positivas de um Estado, aprendidas do ponto de vista de suas formas” (WARAT; PÊPE,1996, p. 50). Veja outro exemplo na Figura 6. METODOLOGIA DA PESQUISA 86 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 86 31/03/2021 11:04:20 Sempre usar “e” entre os autores, quando a citação for fora do parêntese Usar ; (ponto e vígula) entre autores, quando a citação for dentro do parêntese Figura 6. Exemplo de citação de trabalhos de dois autores. Fonte: UMESP, 2002. Acesso em: 10/01/2020. Citação de trabalhos de três autores: Assim, ao refletirem sobre quais condutas devem ser aceitas nos negó- cios, algumas discussões de cunho ético têm se feito presentes principalmen- te segundo Arruda, Whitake e Ramos (2003, p. 53) com “o ensino de Ética em faculdades de Administração e Negócios tomou impulso nas décadas de 60 e 70, principalmente nos Estados Unidos, quando alguns filósofos vieram tra- zer sua contribuição”. Ou Assim, ao refletirem sobre quais condutas devem ser aceitas nos negó- cios, algumas discussões de cunho ético têm se feito presentes principalmen- te com “o ensino de Ética em faculdades de Administração e Negócios tomou impulso nas décadas de 60 e 70, principalmente nos Estados Unidos, quando alguns filósofos vieram trazer sua contribuição” (ARRUDA; WHITAKE; RAMOS, 2003, p. 53). Confira outros exemplos na Figura 7. METODOLOGIA DA PESQUISA 87 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 87 31/03/2021 11:04:22 Usar ; (ponto e vírgula) entre os autores e usar “e” entre o penúltimo e último autor quando estiver fora do parêntese Usar ; (ponto e vírgula) entre os autores quando for dentro do parêntese Figura 7. Exemplo de citação de trabalhos de três autores. Fonte: UMESP, 2002. Acesso em: 10/01/2020. Citação de trabalhos de mais de três autores: Nesse caso as variações são maiores. O correto é citar apenas o sobreno- me do primeiro autor, seguido da expressão latina et al. Wittmann et al. (2006, p. 19) afirmam que “a pós-graduação é uma prática social decisiva no processo da (des)alienação das pessoas”. Ou “A pós-graduação é uma prática social decisiva no processo da (des)aliena- ção das pessoas” (WITTMANN et al., 2006, p. 19). Veja outros exemplos na Figura 8. Deverá citar apenas o 1º (primeiro) autor Utilize a expressão et al. Significa: demais autores Use (ponto) da abreviação e a (vírgula), é o padrão de apresentação Figura 8. Exemplo de Citação de trabalhos de mais de três autores. Fonte: UMESP, 2002. Acesso em: 10/01/2020. METODOLOGIA DA PESQUISA 88 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 88 31/03/2021 11:04:30 Quando houver coincidência de sobrenomes de autores, acrescentam-se as iniciais de seus prenomes. No caso de persistência de coincidência, colo- cam-se os prenomes por extenso, até que a coincidência seja desfeita, como podemos ver a seguir: • Struve, O Struve, Otto Struve, Otto W. • Struve, O Struve, Otto Struve, Otto H. • Struve, F Struve, Friedrich Struve, Friedrich G. • Struve, F Struve, Friedrich Struve, Friedrich A. Veja mais exemplos na Figura 9. Acrescentar as iniciais de seus prenomes Se as iniciais forem iguais, coloque os prenomes por extenso Figura 9. Exemplo de citação de autores com mesmo sobrenome. Fonte: UMESP, 2002. Acesso em: 10/01/2020. As citações indiretas de diversos documentos da mesma autoria, publica- dos emanos diferentes e mencionados simultaneamente, possuem as suas datas separadas por vírgula. Exemplo: De acordo com Struve (1996, 2002), uma crença e uma atividade religiosa/ espiritual ativa têm um efeito curativo significativo pela mudança de atitu- des específicas e alterações de comportamento, baseados principalmente em uma convicção espiritual. METODOLOGIA DA PESQUISA 89 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 89 31/03/2021 11:04:32 Você pode, ainda, deparar-se com citações de diversos documentos de um mesmo autor, publicados em um mesmo ano, as quais são diferenciadas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espaçamento, conforme a lista de referências. Exemplo: Estudos epidemiológicos analisando as possíveis rotas de transmissão de hepatite aguda verifi caram que a transmissão por via sexual é a principal rota de contaminação, mostrando-se, inclusive, muito mais comum que o uso de droga intravenosa. (STRUVE et al., 1992, 1995a, 1995b, 1996a, 1996b, 1996c). Você poderá encontrar citações indiretas de diversos documentos de vá- rios autores, mencionados simultaneamente e, nesse caso, devem ser sepa- radas por ponto e vírgula, em ordem alfabética. Exemplo: A função de Struve H1(z) mostrou-se a ferramenta mais efi ciente para mo- delar o alcance da frequência auditiva de baixa intensidade no cálculo da im- pedância acústica. (AARTS; JANSSEN, 2003; BOISVERT; VAN BUREN, 2002; KEE- FE; LING; BULEN, 1992; KRUCKLER et al., 2000; WITTMANN; YAGHJIAN, 1991). Vantagens e desvantagens dos sistemas de citação Os sistemas de citação mencionados são muito importantes e devem ser utilizados. No entanto, é importante conhecer as vantagens e desvantagens contidas nesses sistemas, conforme especifi cado no Quadro 1. QUADRO 1. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS SISTEMAS DE CITAÇÃO Sistema autor-data Sistema numérico V A N T A G E N S • Possibilita a inclusão ou exclusão de referências da lista geral, a qualquer momento. • Permite a imediata identifi cação do autor, sem recorrer à lista de referências. • Permite maior fl exibilidade na citação de referências, facilitando a utilização ora apenas do número, ora autor e número e ora autor, número e ano. • Facilita, ainda, a citação no texto de referências de autores corporativos ou autoria indefi nida. • Causa mínima interrupção na leitura do texto, quando se usa somente o número. METODOLOGIA DA PESQUISA 90 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 90 31/03/2021 11:04:32 D E S V A N T A G E N S • Quando são muitos os autores citados em relação ao mesmo tópico, a leitura do texto fi ca prejudicada devido às interrupções na leitura inerentes a esse sistema. • O número de regras de pontuação a ser observado neste sistema é maior do que no sistema numérico. • Traz difi culdades na citação de referências de autores corporativos ou autoria indefi nida, exigindo, muitas vezes, soluções artifi ciais para a citação. • Difi culta a inclusão e exclusão de referências da lista fi nal, a qualquer momento, o que tende a desaparecer quando os manuscritos são preparados com softwares específi cos. Fonte: FSP, s.d. Acesso em: 13/01/2020. Abreviação de títulos: NBR 6032/1989 da ABNT A NBR 6032/1989 (Figura 10), por sua vez, é uma norma técnica que se refere aos padrões que devem ser adotados para a abreviação de títulos de periódicos e publicações seriadas, como defi nido no próprio nome da regra. A ideia deste documento é unifi car o entendimento para a correta aplica- ção de abreviaturas, de modo a facilitar as citações, referências e legendas bibliográfi cas dos documentos acima citados. Figura 10. Captura de tela de um documento ofi cial ABNT (NBR 6032/1989). Nos tópicos a seguir, vamos entender quais são as regras contidas na NBR 6032. METODOLOGIA DA PESQUISA 91 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 91 31/03/2021 11:04:33 Regras de abreviação Para se abreviar palavras, uma das maneiras que mais se utiliza é a supressão da parte fi nal da palavra, substituindo-a por um ponto. Conforme exemplos a seguir: Palavra: abreviatura Abreviação: abrev. Palavra: fi losofi a Abreviação: fi l. Palavra: impressão Abreviação: impr. No entanto, algumas regras precisam ser seguidas para a correta abreviação das palavras. São elas: • Palavras com menos de cinco letras não devem possuir abreviações, exceto as palavras mencionadas na NBR 6032. Observe o Quadro 2: QUADRO 2. EXEMPLOS DE ABREVIATURAS PARA PALAVRAS COM MENOS DE CINCO LETRAS Palavras com menos de cinco letras Abreviatura São S. Sul S. Obs.: Por coincidência, as duas palavras citadas como exemplo possuem a mesma abreviação. • Em algumas palavras, pode-se utilizar a contração em uma abreviatura (ex: bel, para bacharel ou ltda. para limitada); • As palavras que terminam com os sufi xos “grafi a”, “nomia” e “logia”, podem ser abreviadas até as letras iniciais dos sufi xos. São elas: gr para grafi a, n para nomia e l para logia. Observe o exemplo a seguir: Palavra: Radiografi a Abreviação: Radiogr. Palavra: Astronomia Abreviação: Astron. Palavra: Geologia Abreviação: Geol. METODOLOGIA DA PESQUISA 92 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 92 31/03/2021 11:04:33 Regras de abreviação de títulos Quanto aos títulos, se forem formados por apenas uma palavra, seja ela simples ou composta, precedida ou não de artigo, não devem ser abrevia- dos. Veja alguns exemplos de títulos que não podem ser abreviados (com e sem artigo): • O princípio; • O pica-pau; • Oceanos; • Guarda-chuva; • A Constituição. Além disso, vejamos outras regras muito importantes para a correta apli- cação de abreviações em títulos: • A palavra que inicia o título sempre deve ter a primeira letra maiúscula; • Ao abreviar um título, deve-se manter a ordem das palavras do mesmo modo como estão no título original; • Artigos, preposições e conjunções devem ser suprimidos nas abrevia- ções, exceto quando não estão no início do título e quando são importantes para o entendimento do título; • Se o título do periódico científi co for composto por uma sigla, ela deve ser mantida e abreviam-se as outras palavras do título. No Quadro 3 você verá uma lista com diversas abreviaturas contidas na NBR 6032/1989: QUADRO 3. LISTA DE ABREVIATURAS DA NBR 6032/1989 Palavra Abreviatura Abdominal Abdom. Academia Acad. Aclimação Aclim. Açúcar Açúc. Açucareiro Açuc., açuc. Acústica Acúst. Altitude Alt. METODOLOGIA DA PESQUISA 93 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 93 31/03/2021 11:04:33 Balanço Bal. Balística Balíst. Bancário Banc., banc. Barômetro Barôm. Beneficência Benef. Conselho Cons. Conservação Conserv. Constituição Const. Construção Constr. Consultoria Consult. Contabilidade Contab. Contribuição Contr. Convenção Conv. Decisão Decis. Decoração Decor. Decreto Dec. Defesa Def. Deficiência Defic. Departamento Depto. Desenho Des. Desenvolvimento Desenv. Diário D. Diário Oficial D.O. Difusão Dif. Direção Dir. Diretriz Diretr. Doutor Dr. Eclético ecl. Edição Ed. Educação Educ. Eletricidade Eletr. Empresa Emp. Enciclopédia Encicl. Energia Energ. Enfermagem Enferm. METODOLOGIA DA PESQUISA 94 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 94 31/03/2021 11:04:33 Nomes de pessoas Se o título do periódico científi co possuir o nome de uma pessoa, esse nome não poderá ser abre- viado, ou seja, podem ser abreviadas somente as outras palavras que compõem o título. Veja um exemplo fi ctício de título de periódico com abre- viaturas: Título: Memórias de João Cabral de Melo Neto Abreviação: Mem. João Cabral de Melo Neto Engenharia Eng. Ensino Ens. Equipamento Equip. Escola Esc. Escrita Escr. Especial esp. Fábrica Fáb. Faculdade Fac. Família Fam. Farmácia Farm. Fazenda Faz. Federação Fed. Federal fed. Físico Fís., fís. Floresta Fl. Floricultura Floric. Gazeta G. Generalização Gen. Genética Genét. Gráfi caGráf., gráf. Gramática Gram. Hospital Hosp. Humanidade Hum. Humano hum. METODOLOGIA DA PESQUISA 95 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 95 31/03/2021 11:04:33 O perigo do plágio As normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) são essen- ciais no apoio à confecção de materiais científi cos, visto que, além de gerar padrões, proporcionam credibilidade aos materiais produzidos. Com isso, podemos afi rmar que a não utilização de suas regras e diretrizes pode, por vezes, desprestigiar ou invalidar os documentos. Ao contrário do que muita gente pensa, não é errado utilizar a ideia de um outro autor em sua própria obra. Na verdade, as pesquisas científi cas se baseiam em um compilado de ideias de outros autores somados aos seus pensamentos. No entanto, um cuidado que todo pesquisador deve ter, principalmente quando falamos em citações de autores, por exemplo, é o de sempre referen- ciar o autor pesquisado, visto que a transcrição de sua obra, sem as devidas referências, caracteriza-se como plágio, ou seja, apropriação indevida de uma obra intelectual, o que, inclusive, é crime. Ou seja, a cópia (transcrição) de parte de uma obra em sua pesquisa aca- dêmica pode ser feita, mas sempre com a indicação dos autores. EXPLICANDO Obra intelectual é tudo aquilo que é criado, produzido ou inventado por uma pessoa ou grupo de pessoas. Geralmente atribuímos o conceito de obra intelectual para livros e pesquisas científi cas. Ética A ética, em uma defi nição geral, pode ser classifi cada e interpretada como um conjunto de valores de uma pessoa em sua individualidade, ou de valores de um grupo que vive em sociedade. Com isto em mente, podemos dizer que o ato de plágio, além de confi gurar-se como crime, pode ser interpretado como falta de ética ou um desvio de caráter. Pithan e Vidal (2017) afi rmam que: A questão ética deve ser levada em conta quando tratamos do tema “plágio” no ambiente acadêmico. Na elaboração de mono- grafi as, dissertações e teses, os acadêmicos têm a oportunidade METODOLOGIA DA PESQUISA 96 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 96 31/03/2021 11:04:33 de exercitar técnicas de elaboração de investigação científica. Entretanto, a dimensão ética, notadamente na publicação dos resultados da pesquisa, deve estar presente para garantirmos o que se tem denominado como “integridade científica” ou “inte- gridade na pesquisa” (PITHAN; VIDAL, 2017). A melhor maneira de se evitar plágios sobre o objeto de pesquisa é ter do- mínio total sobre o assunto. Como então, pode-se adquirir o domínio técnico sobre o tema pesquisado? Ao utilizar um grande número de fontes de pesqui- sa, alinhadas com a sua dedicação e muito estudo, certamente o resultado será relevante e satisfa- tório, pois assim você terá repertório suficiente para obter um material acadêmico totalmente au- têntico e livre de plágios. Portanto, tenha em mente que, em qualquer área de atuação, seja ela acadêmica ou não, a ética deve ser um pilar de sustentação e, com isso, deve prevalecer em todas as situações, pois seus valores norteiam o padrão comportamental humano. METODOLOGIA DA PESQUISA 97 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 97 31/03/2021 11:04:33 Sintetizando Querido(a) aluno(a), com a sensação de dever cumprido, concluímos mais uma etapa de formação do seu conhecimento. Especificamente nessa unidade, você pôde conhecer de maneira bem detalhada as principais regras descritas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a produção de ma- teriais acadêmicos. Entendemos como funciona o processo para a inserção de citações de au- tores em pesquisas e materiais acadêmicos em geral, tais como monografias, teses de mestrado ou trabalhos de conclusão de curso (TCC). Além disso, mais adiante, vimos como devem ser adicionadas as abreviatu- ras em títulos de periódicos científicos, observando as especificidades da NBR 6032/1989. Por conseguinte, mais ao final desta unidade, abordamos um assunto de grande importância: o plágio. Com isso, insistimos no cuidado que o pesqui- sador deve ter na formulação de documentos científicos, afim de evitar cópias ilegais. Por fim, continue se dedicando à compreensão de como devem ser formu- lados os materiais acadêmicos, de modo a produzi-los de com excelência, se valendo do apoio das normas técnicas. METODOLOGIA DA PESQUISA 98 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 98 31/03/2021 11:04:33 Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10520. Informação e documentação - Citações em documentos - Apresentação. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <https://www.usjt.br/arq.urb/arquivos/nbr10520-original.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6032. Abreviação de títulos de periódicos e publicações seriadas - Citações em documentos - Apre- sentação. Rio de Janeiro, 1989. Disponível em: <https://ppgipc.cienciassociais.ufg. br/up/378/o/NBR_6032_-_1989.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2020. AZEVEDO, I. B. O prazer da produção científica: diretrizes para a elaboração de trabalhos acadêmicos. 6. ed. Piracicaba: UniMEP, 1998. BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2000. COMO fazer citações ABNT. Postado por VCR Tutoriais. (9min. 35s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=o-w7TZyHwPs>. Acesso em: 10 jan. 2020. FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FSP). Como citar referências no texto. Disponível em: <http://www.biblioteca.fsp.usp.br/~bi- blioteca/guia/a_cap_03.htm>. Acesso em: 13 jan. 2020. PITHAN, L.; VIDAL, T. R. A. O plágio acadêmico como um problema ético, jurídico e pedagógico. Revista Direito & Justiça, n. 1, p. 77-82, jan./jun. 201, v. 39. Disponível em: <http://observa.pucpr.br>. Acesso em: 31 dez. 2019. SANTOS, A. R. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 7. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007. SILVA, R.; URBANESKI, V. Metodologia do trabalho científico. Indaial: Centro Uni- versitário Leonardo da Vinci, 2009. UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO (UMESP). Manual de citação para tra- balhos acadêmicos: segundo ABNT NBR 10520, ago. 2002. Disponível em: <http:// portal.metodista.br/biblioteca/servicos/manual-de-citacao>. Acesso em: 10 jan. 2020. METODOLOGIA DA PESQUISA 99 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 99 31/03/2021 11:04:33 MODALIDADES E TÉCNICAS DA PESQUISA CIENTÍFICA 4 UNIDADE SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 100 31/03/2021 11:04:57 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer os conceitos, interesses e motivações da pesquisa científica; Compreender os aspectos fundamentais para a delimitação do tema de uma pesquisa científica; Conhecer o campo de aplicação científica; Identificar modalidades, métodos e técnicas de pesquisa; Analisar e interpretar dados, bem como apresentar resultados. Pesquisa científica Delimitação do tema Campo da aplicação científica A entrada no campo Modalidade de pesquisa Métodos Técnicas Coleta de dados Análise e interpretação de dados Apresentação dos resultados Pesquisa em impresso e on- -line (Bireme, Lilacs, SciELO e Google Acadêmico) Bireme e Lilacs SciELO Google Acadêmico METODOLOGIA DA PESQUISA 101 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 101 31/03/2021 11:04:58 Pesquisa científica A pesquisa científi ca é uma ativi- dade desenvolvida pelos investigado- res com o intuito de entender melhor o mundo à sua volta e propiciar novas descobertas, impactando em apri- moramento da qualidade da vida in- telectual e refl etindo nos modelos de desenvolvimento econômico e social. As atividades de pesquisa requerem do investigador o planejamento, o co- nhecimento e a adequação às normas científi cas. O estudo e a pesquisa estão presentes em toda a vida doacadêmico e, por isso, é tão importante que o estudante compreenda algumas questões a eles relacionadas. O desenvolvimento de estudos científi cos se torna uma ex- periência prática e teórica do pesquisador e da comunidade científi ca em que se insere, pois, assim, é possível refl etir sobre acontecimentos ocorridos na sociedade da qual faz parte. EXPLICANDO A pesquisa tem por objetivo a produção de novos conhecimentos por meio da utilização de procedimentos científi cos. Contribui para o trato dos problemas e processos do dia a dia nas mais diversas atividades humanas, no ambiente de trabalho, nas ações comunitárias, no processo de formação e outros. Diversos autores já publicaram suas percepções e conceitos sobre pesquisa e muitos salientam que é um processo de perguntas e investigação sistemática e metódica, e que amplia o conhecimento humano. Sendo assim, é necessário compreender que a ciência, desenvolvida por meio da pesquisa, é um conjunto de procedimentos sistemáticos baseados nos raciocínios lógico e analítico, com o objetivo de encontrar soluções para os problemas propostos, mediante o emprego de métodos científi cos e defi nição de tipos de pesquisa. METODOLOGIA DA PESQUISA 102 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 102 31/03/2021 11:05:02 TABELA 1. OBJETIVOS DE UMA PESQUISA O conhecimento se torna uma premissa para o desenvolvimento do ser hu- mano e a pesquisa como a consolidação da ciência. Existe a possibilidade de o aluno pesquisador desenvolver estudos cientí- ficos para construir e gerar novos conhecimentos, mas, principalmente, para contribuir com a evolução de informações em uma determinada área de atua- ção profissional. O pesquisador utiliza conhecimentos teóricos e práticos. Para que isso ocorra, é necessário ter habilidades para a utilização de técnicas de análise, en- tender os métodos científicos e os procedimentos com o objetivo de encontrar respostas para as perguntas formuladas. Jill Collis e Roger Hussey ressaltam em sua obra Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação, de 2005, que o obje- tivo da pesquisa pode ser: Revisar e sintetizar o conhecimento existente; Investigar alguma situação ou problema existente; Fornecer soluções para um problema; Explorar e analisar questões mais gerais; Construir ou criar um novo procedimento ou sistema; Explicar um novo fenômeno; Gerar novo conhecimento; Uma combinação de quaisquer dos itens anteriores. O aluno pesquisador necessita de métodos e procedimentos precisos, pla- nejamento eficaz, critérios e instrumentos adequados que passem confiança e credibilidade tanto aos envolvidos no processo quanto no resultado do trabalho. O método da pesquisa e outras questões relacionadas ao seu estudo serão de acordo com o tipo de trabalho que desenvolve, já que os resultados das investi- gações podem ser encontrados sob a forma de trabalhos técnico-científicos, pu- blicados em revistas científicas, em eventos e em instituições de Ensino Superior. METODOLOGIA DA PESQUISA 103 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 103 31/03/2021 11:05:02 É necessário compreender que a pesquisa consolida a ciência de determi- nada área, divulgando, por meio de trabalhos técnico-científicos nos cursos de graduação e pós-graduação, os conhecimentos práticos e teóricos descobertos pelos pesquisadores por meio do uso de métodos científicos que impulsionam o crescimento humano. O pesquisador deve se preocupar, então, em estabelecer um planejamento e execução da pesquisa, pois essas duas características fazem parte de um proce- dimento sistematizado que compreende etapas que podem ser definidas como: 1. Definição do tema; 2. Formulação do problema; 3. Determinação de objetivos; 4. Justificativa; 5. Fundamentação teórica; 6. Metodologia; 7. Coleta de dados; 8. Análise e discussão dos resultados; 9. Conclusão dos resultados; 10. Redação e apresentação da pesquisa. Inicialmente, o investigador deve se preocupar com as três primeiras etapas (tema, problema e objetivos), que são fundamentais para começar a pesquisa e compõem o projeto de trabalho que será abordado mais adiante. As demais etapas também serão comentadas ao longo desta disciplina. Portanto, para o desenvolvimento adequado do estudo científico, são ne- cessários o planejamento cuidadoso e a investigação, de acordo com as nor- mas da metodologia científica, tanto aquela referente à forma quanto a refe- rente ao conteúdo. Interesses e motivações de pesquisa Como dito anteriormente, a pesquisa foca no estudo e na descoberta de no- vos conhecimentos e assuntos que são importantes para o avanço da humani- dade. Entretanto, a temática a ser estudada deve ser também importante para o pesquisador para que ele tenha real interesse em seu desenvolvimento e que se sinta motivado a ler, analisar, testar, relatar e publicar seus estudos. Quanto mais interesse o pesquisador tiver em determinado assunto e quanto mais ele quiser saber sobre algo, mais prazeroso será seu desenvolvimento. METODOLOGIA DA PESQUISA 104 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 104 31/03/2021 11:05:02 A produção do artigo é uma etapa importante na vida acadêmica, portanto, o estudante não deve encará-la como uma obrigação. Para que a escrita não se trans- forme num fardo, basta analisar com atenção alguns fatores antes de começar. É fundamental lembrar que a escolha deve fazer com que se sinta realizado ao escre- ver sobre o assunto. Quando o autor da pesquisa não se motiva com o assunto e não se sente instigado em estudar o tema, possivelmente mais ninguém terá interesse. É preciso encarar este momento como uma oportunidade de estudar e aprender mais sobre um tema que é relevante para o pesquisador e para a sociedade. É possível selecionar um assunto a partir da análise de alguns aspectos: Relevância do assunto: Cervo e Bervian apresentam, em Metodologia científica (2002, p. 74), que “o assunto de uma pesquisa é qualquer tema que necessita melho- res definições, melhor precisão e clareza do que já existe sobre o mesmo”. Deve-se pensar em uma justificativa para a realização do trabalho dentro da- quele tema escolhido. Para isso, é preciso questionar se o tema é importante, se é um novo método ou uma nova forma criada em algum mercado, se apresentará soluções mais específicas e que tem relevância para uma determinada comunidade. É necessário apresentar ao leitor as contribuições práticas e teóricas geradas por meio das formas sugeridas e também apresentar argumentos que convençam o leitor sobre a importância do seu tema de pesquisa. O assunto pesquisado deve ser atual, pois dificilmente alguém terá interesse em ler, estudar, analisar e discutir sobre algo ultrapassado e que não irá ajudar na cons- trução do conhecimento. Por isso, o pesquisador deve se manter sempre atualizado sobre o que está sendo estudado em sua área profissional e de pesquisa. Existem alguns questionamentos importantes para se pensar durante a escolha do tema, como pode ser observado na Tabela 2. TABELA 2. QUESTÕES PARA AVALIAR NO MOMENTO DA ESCOLHA DO TEMA DA PESQUISA Relevância científica Relevância social Interesse Viabilidade O que essa pesquisa pode acrescentar à ciência em que se inscreve? Que benefício poderá trazer à comunidade com a divulgação do trabalho? O que levou o pesquisador a se iniciar e por que escolher por este tema? Em termos gerais, quais são as possibilidades concretas dessa pesquisa vir a se realizar? Fonte: AZEVEDO, 1998. METODOLOGIA DA PESQUISA 105 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 105 31/03/2021 11:05:02 Inclinações e possibilidades da pesquisa: as possibilidades de pesquisa po- dem ser consideradas quando se tem envolvimento com o tema. Isso porque o grau de dificuldade para discuti-lo se torna menor e, assim, o pesquisador conse- guirá elaborar algumas etapas do trabalho commais rapidez. Ele deve estar ciente de que, se escolher um tema com o qual não tem vínculo anterior algum, mesmo sendo desafiador e enriquecedor, pode proporcionar frustração, em virtude do tempo e dos prazos que devem ser cumpridos. É importante refletir sobre o conteúdo apresentado nas disciplinas cursadas, seja na graduação ou pós-graduação. Possivelmente, o pesquisador encontrará al- gum assunto interessante a ser discutido e que pode se transformar em um artigo. Pode-se buscar, também, um tema em seu ambiente profissional, pois, muitas vezes, dessa realidade é possível extrair um tópico interessante de estudo. No dia a dia é possível, por exemplo, perceber que alguns alunos da turma X têm dificul- dades de aprendizagem. Então, se pode pesquisar a dificuldade de aprendizagem de um determinado grupo de alunos, verificando os aspectos familiares, emocio- nais ou outros. Outro exemplo: o pesquisador percebe que, em um determinado setor da em- presa na qual atua, muitos funcionários desistem do emprego e pedem demissão. Então, ele pode pesquisar sobre as causas da alta rotatividade de funcionários no setor Y da empresa B. Lembre-se de que, quando se propõe a produzir conhecimento, deve-se fa- zê-lo com dedicação, rigor científico, seriedade e comprometimento. Aliás, a leitura de publicações da área de estudo em questão (revistas, livros, dissertações, teses) pode despertar a curiosidade em aprofundar algum tema. A escolha do tema da pesquisa geralmente é um momento de angústia para o pesquisador. Este deve considerar alguns critérios: • Conhecimento prévio de autores, temas, assuntos, matérias; • Disponibilidade de tempo e de recursos para a pesquisa; • Existência de bibliografia disponível sobre o assunto; • Possibilidade de orientação e supervisão adequada dentro do assunto; • Relevância e fecundidade do assunto. A definição do tema deverá ser guiada não apenas por razões intelectuais, mas por questões como a instituição, o nível de conhecimento e a perspectiva profissional. METODOLOGIA DA PESQUISA 106 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 106 31/03/2021 11:05:02 Delimitação do tema Após a escolha do assunto a ser pesquisado, uma das tarefas iniciais na elaboração do artigo deve ser a delimitação do tema. Nesse processo, é preciso levar em conta alguns fatores. Caso o pesquisador não lhes dê atenção, correrá o risco de descobrir, no meio do caminho, que a escolha foi equivocada. Para a realização dessa etapa, não existem regras fi xas. Porém, alguns en- caminhamentos podem guiar o pesquisador nesse momento: • Identifi car as publicações mais recentes sobre o tema; • Verifi car os temas mais importantes para não fi car com muitos temas, mas focar em um subtítulo; • Conversar com orientadores para concentrar-se nas informações mais re- levantes. Há outras técnicas que podem ajudar no processo de delimitação, entretan- to, elas podem não funcionar para alguns assuntos. A primeira é a divisão do assunto em suas partes constitutivas; a segunda é a defi nição da compreensão dos termos, que implica a enumeração dos elementos constitutivos ou explica- tivos que os conceitos envolvem. Fixar circunstâncias de tempo (quadro históri- co, cronológico) e de espaço (quadro geográfi co) também contribui para indicar os limites do assunto. Por exemplo, o tema de qualidade total é muito amplo e deve ser delimitado. A ideia da delimitação é segmentar o tema, como se fosse passá-lo por um funil. EXEMPLIFICANDO Exemplos de delimitação do tema qualidade total: • Aplicabilidade da qualidade total nas empresas têxteis de Brusque; • Implantação da qualidade total nas empresas metalúrgicas de São Bernardo do Campo; • Análise da implantação da qualidade total na hotelaria de Salvador. Ao se especifi carem as informações (onde, em que região, cidade, estado?), em que nível (no ensino fundamental, médio ou superior?) e qual o enfoque (estatístico, fi losófi co, histórico, psicológico, sociológico?), indicam-se as cir- cunstâncias para pesquisa e discussão. Ou seja, defi nem-se a extensão e a pro- fundidade do artigo. METODOLOGIA DA PESQUISA 107 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 107 31/03/2021 11:05:02 Campo da aplicação científica Agora chegou a hora da investigação. O trabalho de campo se apresenta como uma possibilidade de conseguirmos não só uma aproximação com aquilo que desejamos conhecer e estudar, mas também de criar um conhecimento, par- tindo da realidade presente no campo. O cientista, em sua tarefa de descobrir e criar, necessita, em um primeiro momento, questionar. Esse questionamento é que nos permite ultrapassar a simples descoberta para, por meio da criativi- dade, produzir conhecimentos. Quando defi nimos bem o campo de interesse é possível partir para um rico diálogo com a realidade. Assim, o trabalho de campo deve estar ligado a uma vontade e a uma identifi cação com o tema a ser estuda- do, permitindo uma melhor realização da pesquisa proposta. A relação do pesquisador com os sujeitos a serem estudados também é de extrema importância. Isso não signifi ca que as diferentes formas de investigação não sejam fundamentais e necessárias. Para muitos pesquisadores, o trabalho de campo fi ca circunscrito ao levantamento e à discussão da produção bibliográ- fi ca existente sobre o tema de seu interesse. Esse esforço de criar conhecimento não desenvolve o que originalmente consideramos como um trabalho de campo propriamente dito. Essa forma de investigar, além de ser indispensável para a pesquisa básica, nos permite articular conceitos e sistematizar a produção de uma determinada área de conhecimento. Ela visa criar novas questões num processo de incorpo- ração. Além dessas considerações, podemos dizer que a pesquisa bibliográfi ca coloca frente a frente os desejos do pesquisador e os autores envolvidos em seu horizonte de interesse. Esse esforço em discutir ideias e pressupostos tem como lugar privilegiado de levantamento as bibliotecas, os centros especializados e ar- quivos. Nesse caso, trata-se de um confronto de natureza teórica que não ocorre diretamente entre pesquisador e atores sociais que estão vivenciando uma rea- lidade peculiar dentro de um contexto sócio-histórico. Após essas observações, é hora de nos aproximarmos mais da ideia de cam- po que pretendemos explicitar. Pode-se defi nir campo de pesquisa como o re- corte que o pesquisador faz em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação. METODOLOGIA DA PESQUISA 108 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 108 31/03/2021 11:05:02 A título de exemplo, podemos citar o seguinte recorte: o estudo da percepção das condições de vida dos moradores de uma comunidade. Para esse estudo, a comunidade corresponde a um campo empiricamente determinado. Além do recorte espacial, ao tratar de pesquisa social, o lugar primordial é o ocupado pelas pessoas e grupos convivendo numa dinâmica de interação social. Essas pessoas e grupos são sujeitos de uma determinada história a ser investigada, sendo necessária uma construção teórica para transformá-los em objetos de es- tudo. Partindo da construção teórica do objeto de estudo, o campo torna-se um palco de manifestações de intersubjetividades e interações entre pesquisador e grupos estudados, propiciando a criação de novos conhecimentos. Defi nido o objeto com uma devida fundamentação teórica, construídos os instrumentos de pesquisa, e delimitado o espaço a ser investigado, faz-se neces- sário concebermos a fase exploratória do campo para que possamos entrar no trabalho propriamente dito. Seguindo esses passos, devemos observar alguns cuidados relativos à entrada no trabalho de campo. A entrada no campo Vários são os obstáculos que podem difi cultar ou até mesmo inviabilizar essa etapa da pesquisa. Portanto, cabem algumas considerações:Buscar aproximação com as pessoas da área selecionada para o es- tudo: essa aproximação pode ser facilitada por meio do conhecimento de moradores ou daqueles que mantêm sólidos laços de intercâmbio com os sujeitos a serem estudados. De preferência, deve ser uma aproximação gra- dual, possibilitando que cada dia de trabalho possa ser refl etido e avaliado com base nos objetivos preestabelecidos. É fundamental consolidarmos uma relação de respeito efetivo pelas pessoas e pelas suas manifestações no interior da comunidade pesquisada. Apresentar proposta de estudo aos grupos envolvidos: é importante estabelecer uma situação de troca. Os grupos devem ser esclarecidos sobre aquilo que pretendemos investigar e sobre as possíveis repercussões favo- ráveis advindas do processo investigativo. É preciso termos em mente que a busca das informações que pretendemos obter está inserida num jogo coo- perativo em que cada momento é uma conquista baseada no diálogo e que METODOLOGIA DA PESQUISA 109 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 109 31/03/2021 11:05:02 foge à obrigatoriedade. Ou seja, os grupos envolvidos não são obrigados a uma colaboração sob pressão, até porque isso caracterizaria um processo de coerção, que inviabilizaria a efetiva interação. Dar atenção à postura em relação ao problema a ser estudado: às vezes, o pesquisador entra em campo considerando que tudo o que vai en- contrar serve para confi rmar o que ele considera já saber, ao invés de com- preender o campo como possibilidade de novas revelações. Esse compor- tamento pode difi cultar o diálogo com os elementos envolvidos no estudo, além de poder gerar constrangimentos entre pesquisador e grupos envolvi- dos e poder implicar no surgimento de falsos depoimentos. Ter cuidado teórico-metodológico com a temática a ser explorada: a atividade de pesquisa não se restringe ao uso de técnicas refi nadas para ob- tenção de dados. Assim, a teoria informa o signifi cado dinâmico daquilo que ocorre e que buscamos captar no espaço em estudo. Para conseguirmos um bom trabalho de campo, há necessidade de se ter uma programação bem defi nida de suas fases exploratórias e de trabalho de campo propriamente dito. É no processo desse trabalho que são criados e fortalecidos os laços de amizade, bem como os compromissos fi rmados entre o investigador e a população investigada, propiciando o retorno dos resultados alcançados para essa população e a viabilidade de futuras pesquisas. Modalidade de pesquisa A pesquisa é uma atividade direcionada para a elucidação de problemas por meio da utilização de procedimentos científi cos. Dessa forma, ao desenvol- ver uma pesquisa, é necessária a compreensão das modalidades da pesquisa, bem como das formas de coleta e análise de dados. Um documento científi co se inicia com uma in- trodução, seguida pelo desenvolvimento (deli- mitação do tema, a defi nição dos objetivos de estudo, procedimentos metodológicos, funda- mentação teórica, análise e interpretação das informações coletadas), considerações fi nais e referências. METODOLOGIA DA PESQUISA 110 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 110 31/03/2021 11:05:02 Assim, é comum que o aluno pesquisador questione: quais as caracterís- ticas do meu estudo? Que tipo de pesquisa pretendo desenvolver? Qual a ne- cessidade de aplicação de questionários ou entrevistas para esse tema? Como devo coletar e apresentar os dados? É necessário fundamentar meu trabalho com literaturas? A elaboração de pesquisas pode ser uma experiência prática, para que bus- quem refletir, sistematizar e testar os conhecimentos teóricos e instrumentais aprendidos durante o ensino formal e de pesquisa. Portanto, a pesquisa propõe uma reflexão de fatos e dados, estimulando o estudante a analisar e julgar, quando oportuno, de forma ética e profissional, ampliando seus conhecimentos. Seu espírito crítico e ético lhe possibilitará que se destaque na procura de soluções para os problemas da sociedade em que vive e aceite suas responsabilidades sociais. Muitos autores já publicaram suas percepções e conceitos sobre pesquisa e vários salientam que é um processo de perguntas e investigação, é sistemática e metódica e aumenta o conheci- mento humano. CITANDO “A pesquisa parte [...] de uma dúvida ou problema e, com o uso do método científico, busca uma reposta ou solução” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 63). Assim, o pesquisador utilizará seus conhecimentos teóricos e práticos. Para tal, é necessário que tenha habilidades para a utilização de técnicas de análise, que entenda os métodos científicos e os procedimentos para que possa atingir o objetivo de encontrar respostas para as perguntas formuladas no estudo. É importante lembrar que a pesquisa científica é uma atividade que se volta ao esclarecimento de situações-problema ou novas descobertas. Dessa forma, é indispensável que se use processos científicos que, por sua vez, são bem diversos, dependendo do campo de conhecimento. O artigo científico também deve apresentar os ca- minhos e formas utilizados no estudo. Assim, é im- portante citar as modalidades ou tipos da pesquisa e características do trabalho. As pesquisas podem ser classificadas quanto: METODOLOGIA DA PESQUISA 111 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 111 31/03/2021 11:05:03 • Às bases lógicas da investigação (métodos dedutivo, indutivo, hipotéti- co-dedutivo, dialético ou fenomenológico); • À natureza da pesquisa (básica ou aplicada); • À abordagem do problema (qualitativa, quantitativa ou ambas combinadas); • À realização dos objetivos (descritiva, exploratória ou explicativa); • Ao propósito da pesquisa (aplicada, avaliação de resultados, avaliação for- mativa, proposição de planos ou pesquisa-diagnóstico); • Aos procedimentos técnicos (bibliográfico, documental, levantamento, estudo de caso, participante, pesquisa ação, experimental e ex-post-facto). Do ponto de vista das bases lógicas da investigação, pode ser: Método dedutivo: parte de um co- nhecimento geral para entender algo específico. Nesse caso, a verdade da premissa (conhecimento geral) é sufi- ciente para garantir a verdade da con- clusão (conhecimento específico). Método indutivo: parte do pres- suposto que o conhecimento deve ser construído com base na experiência, sem levar em conta princípios pree- xistentes. Desse ponto de vista, cria- mos generalizações quando fazemos observações e experimentos concretos. Ao contrário do dedutivo, o método indutivo parte do específico para o geral, tirando conclusões abrangentes com base em casos particulares. Como o conteúdo da conclusão geral é maior que o conteúdo das premissas, não se pode dizer que a verdade das premissas ga- rante a verdade da conclusão. Método hipotético-dedutivo: toda vez que não temos resposta para uma pergunta, estamos diante de um problema. Para solucioná-lo, devemos formu- lar hipóteses, mas será que as hipóteses bastam para acabar com a dúvida? Não, elas precisam ser testadas ou falseadas. O cientista deve olhar com sus- peita para todas as afirmações que escuta por aí. Elas só devem ser considera- das verdadeiras depois de aprovadas no teste de falseabilidade. METODOLOGIA DA PESQUISA 112 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 112 31/03/2021 11:05:09 Método dialético: parte do princípio que não existe uma verdade absoluta esperando que algum cientista possa desvendá-la. De acordo com a dialética, as teses devem ser sempre colocadas em uma espécie de ringue. A finalidade é fazer com que ideias opostas “lutem” uma contra a outra até que tenhamos uma nova solução para o problema em estudo. Depois de chegarmos à nova solução (sínte- se), devemos fazer com que ela “brigue” com sua antítese, e assim por diante. Na ótica do método dialético, a construção do conhecimento nunca chega ao fim: o importante é manter acesa a chama da reflexão e sempre colocar à prova nossasconclusões. É um método bastante útil em pesquisas qualitativas. Método fenomenológico: busca descrever o fenômeno do jeito que ele é. Isso não é feito por meio da indução nem por meio da dedução, mas com a ajuda da interpretação. A ideia não é descobrir uma verdade ou revelar o que antes era um mistério para a ciência: o importante é interpretar o mundo à nossa volta, refletindo sobre ele. Essa reflexão é um processo bastante subjetivo, que varia de pessoa para pessoa, portanto, não devemos esperar que estudos diferentes cheguem sempre à mesma conclusão. O método fenomenológico é frequente- mente utilizado na pesquisa qualitativa. Do ponto de vista da sua natureza, pode ser: Pesquisa básica: objetiva produzir conhecimentos novos, úteis para o avan- ço da ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses uni- versais. Assim, o pesquisador busca satisfazer uma necessidade intelectual pelo conhecimento, e sua meta é o saber. Pesquisa aplicada: gera conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve interesses locais e visa à aplicação de suas descobertas na solução de um problema. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, pode ser: Pesquisa quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que sig- nifica traduzir, em números, opiniões e informações para classificá-los e analisá-los. Requer o uso de técnicas estatísticas e de recursos (percentagem, média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, entre outros). As- sim, a pesquisa quantitativa é focada na mensuração de fenômenos, envolvendo a coleta e análise de dados numéricos e aplicação de testes estatísticos. METODOLOGIA DA PESQUISA 113 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 113 31/03/2021 11:05:09 Pesquisa qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mun- do real e o indivíduo, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do indivíduo, que não pode ser traduzido em números. A inter- pretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o ins- trumento-chave. A pesquisa qualitativa utiliza técnicas de dados, como a obser- vação participante, história ou relato de vida, entrevista, entre outros. Do ponto de vista de seus objetivos, pode ser: Pesquisa exploratória: proporciona maior proximidade com o problema, vi- sando torná-lo explícito ou definir hipóteses, e procura aprimorar ideias ou des- cobrir intuições. Também possui um planejamento flexível, envolvendo, em geral, levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos similares. Assume as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. Esse tipo de pesquisa é vol- tado para pesquisadores que possuem pouco conhecimento sobre o assunto pes- quisado, pois, geralmente, há pouco ou nenhum estudo publicado sobre o tema. Pesquisa descritiva: visa descrever as características de determinada popu- lação, ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A forma mais comum de apresentação é o levantamento, em geral realizado mediante questionário ou observação sistemática, que oferece uma descrição da situação no momento da pesquisa. Metodologia indicada para orientar a forma de co- leta de dados quando se pretende descrever determinados acontecimentos. É direcionada a pesquisadores que têm conhecimento aprofundado a respeito dos fenômenos e problemas estudados. Pesquisa explicativa: aprofunda o conhecimento da realidade porque ex- plica a razão, o porquê das coisas e, por isso, é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos acontecimentos. Caracteriza-se pela utilização do método experimental (nas ciências físicas ou naturais) e observacional (nas ciências sociais). Geralmente, utiliza as formas de pesquisa experimental e ex-post-facto. Método adequado para pesquisas que procuram estudar a influência de determinados fatores na determinação de ocorrência de fatos ou situações. METODOLOGIA DA PESQUISA 114 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 114 31/03/2021 11:05:09 Do ponto de vista do propósito da pesquisa, pode ser: Pesquisa aplicada: é usada para estudar o problema em um contexto, bus- cando soluções para os desafios enfrentados nesse ambiente específico. Esse tipo de pesquisa é bem ligado à prática, mas nem por isso pode deixar de in- cluir uma reflexão teórica. Avaliação de resultados: avaliar nada mais é do que atribuir valor. Para isso, é preciso escolher critérios para avaliação e, dependendo do caso, a ava- liação pode incluir uma comparação. O mais indicado é fazer uma avaliação de resultados para comparar o antes e o depois de cada etapa. Avaliação formativa: o objetivo é aperfeiçoar um processo ou um sistema. Isso só é possível quando o pesquisador está familiarizado com o objeto de estudo e tem condições de mudá-lo. Em primeiro lugar, é necessário fazer um diagnóstico do sistema, identificando os problemas e as oportunidades que não são aproveitadas. Depois, é hora de traçar um plano para eliminar os pon- tos fracos e melhorar o sistema como um todo. Proposição de planos: serve para solucionar os problemas de uma orga- nização e planejar o que vai ser feito daquele momento em diante. Os planeja- mentos financeiros e de marketing são exemplos disso. Pesquisa-diagnóstico: é indicada quando queremos avaliar a situação inter- na ou externa de uma organização. Você pode, por exemplo, fazer um diagnósti- co interno sobre o desempenho econômico da empresa ou levantar informações sobre os mercados nos quais ela pode entrar no futuro (diagnóstico externo). Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, pode ser: Pesquisa bibliográfica: utiliza material já publicado, constituído basica- mente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, com informações dispo- nibilizadas na internet. Quase todos os estudos fazem uso do levantamento bibliográfico e algumas pesquisas são desenvolvidas exclusivamente por fontes bibliográficas. Sua princi- pal vantagem é possibilitar ao inves- tigador a cobertura de uma gama de acontecimentos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar di- retamente. METODOLOGIA DA PESQUISA 115 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 115 31/03/2021 11:05:16 Pesquisa documental: elaborada a partir de materiais que não recebe- ram tratamento analítico, documentos de primeira mão, como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc.; ou, ainda, documentos de segunda mão que, de alguma forma, já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, etc. Levantamento: envolve a interrogação direta de pessoas cujo comporta- mento em relação ao problema estudado se deseja conhecer para, em seguida, mediante análise quantitativa, identificar as conclusões correspondentes aos dados coletados. O levantamento feito com informações de todos os integran- tes do universo da pesquisa origina um censo. Ele usa técnicas estatísticas, análise quantitativa, permite a generalização das conclusões para o total da população e, assim, para o universo pesquisado, permitindo o cálculo da mar- gem de erro. Os dados são mais descritivos que explicativos. Estudo de caso: envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. O estudo de caso pode abranger análise de exame de registros, observação de acontecimentos, entrevistas estruturadas e não estruturadas, ou qualquer ou- tra técnica de pesquisa.Seu objeto pode ser um indivíduo, um grupo, uma or- ganização, um conjunto de organizações ou, até mesmo, uma situação. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é sugerido nas fases iniciais da pesquisa de temas complexos para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. Pesquisa-ação: concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e par- ticipantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Implica o contato direto com o campo de estudo, envolvendo o reconhecimento visual do local, a consulta a documentos diversos e, sobretudo, a discussão com representantes das categorias sociais envolvidas na pesquisa. É delimitado o universo da pesquisa e recomenda-se a seleção de uma amostra. É importante a elaboração de um plano de ação envolvendo os objetivos que se pretende atingir, a população a ser beneficiada, a definição de medidas, procedimentos e formas de controle do processo, e de avaliação de seus resultados. METODOLOGIA DA PESQUISA 116 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 116 31/03/2021 11:05:16 Pesquisa participante: realizada por meio da integração do investigador, que as- sume uma função no grupo a ser pesquisado, mas sem seguir a uma proposta pré-de- fi nida de ação. A intenção é adquirir conhecimento mais profundo do grupo. O grupo investigado tem ciência da fi nalidade, dos objetivos da pesquisa e da identidade do pesquisador. Permite a observação das ações no próprio momento em que ocorrem. Essa pesquisa necessita de dados objetivos sobre a situação da população; isso envol- ve a coleta de informações socioeconômicas e tecnológicas que são de natureza idên- tica aos adquiridos nos tradicionais estudos de comunidades. Os dados podem ser agrupados por categorias, como: geográfi cos, econômicos, educacionais, entre outros. Pesquisa experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecio- nam-se as variáveis que seriam capazes de infl uenciá-lo e defi nem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. A pesquisa ex- perimental necessita de previsão de relações entre as variáveis a serem estudadas e o seu controle. Dessa forma, na maioria das situações, é inviável quando se trata de objetos sociais. É geralmente utilizada nas ciências naturais. Pesquisa ex-post-facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos. O pesquisador não tem controle sobre as variáveis; é um tipo de pesquisa experi- mental, diferindo apenas pelo fato do fenômeno ocorrer naturalmente sem que o investigador tenha controle sobre ele, ou seja, o pesquisador é um mero observador do acontecimento. Assim, o pesquisador deve citar e explicar os tipos de pesquisa que o estudo trata, justifi cando cada item de classifi cação e a relação com o tema e objetivos da pesquisa. Deve-se fazer uso de citações para enriquecer a argumenta- ção. Toda e qualquer fonte deve ser referenciada, precisando data e página, quando tratar-se de citação direta. Métodos A pesquisa científi ca exige uma organização para que realmente saia do papel e atinja seu objetivo fi nal. Para isso, é preciso que o aluno conheça e saiba executar os métodos de procedimento. Os métodos mais utilizados nos projetos acadêmicos e suas respectivas características são: • Método histórico: investiga eventos do passado a fi m de compreender os mo- dos de vida do presente, que só podem ser explicados a partir da reconstrução da cultura e da observação das mudanças ocorridas ao longo do tempo; METODOLOGIA DA PESQUISA 117 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 117 31/03/2021 11:05:16 • Método estatístico: no campo biológico, verifi ca as variabilidades das popu- lações; no campo cultural, levanta diversifi cações dos aspectos culturais. Os da- dos, depois de coletados, são reduzidos a termos quantitativos, demonstrados em tabelas, gráfi cos, quadros, etc.; • Método etnográfi co: refere-se à análise descritiva das sociedades humanas e grupos sociais (de pequena escala). Mesmo o estudo descritivo requer alguma generalização e comparação, implícita ou explícita. Refere-se a aspectos culturais e consiste no levantamento e na descrição de todos os dados possíveis sobre as sociedades e grupos, com a fi nalidade de conhecer melhor seus estilos de vida e cultura específi cos; • Método comparativo ou etnológico: permite verifi car diferenças e seme- lhanças apresentadas pelo material coletado. Compara padrões, costumes, estilos de vida, culturas e verifi ca diferenças e semelhanças a fi m de obter melhor com- preensão dos grupos sociais pesquisados; • Método monográfi co ou estudo de caso: estudo em profundidade de deter- minado caso ou grupo humano, sob todos os seus aspectos. Permite a análise de instituições, de processos culturais e de todos os setores da cultura; • Método genealógico: estudo do parentesco com todas as suas implicações sociais: estrutura familiar, relacionamento de marido e mulher, pais e fi lhos e de- mais parentes; informações sobre o cotidiano, a vida cerimonial (nascimento, ca- samento, morte), etc. Técnicas A técnica se identifi ca com a parte prática da pesquisa. É comum haver confusão entre os métodos e as práticas da pesquisa. Mas é pos- sível defi nir da seguinte maneira: enquanto o método é consti- tuído de procedimentos gerais, extensivos às diversas áreas do conhecimento, a técnica abrange procedimentos mais específi cos, em determinada área do conhecimento. Vários são os itens fundamentais nas técni- cas de pesquisa. A seguir, vamos conhecer al- guns deles. METODOLOGIA DA PESQUISA 118 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 118 31/03/2021 11:05:16 Coleta de dados Neste item, é necessário que o aluno pesquisador apresente como foi organizada e operacionalizada a coleta dos dados relativos ao processo de pesquisa. Todas as formas que usou de coleta devem ser mencionadas (lei- turas, entrevistas, questionários, documentos, observação), assim como quais fontes foram utilizadas na coleta dos dados (identifi cando o ambiente, a população e a amostra para a pesquisa). Os modelos de coleta mais comuns são: Coletas bibliográfi cas: o aluno precisa apresentar o tema proposto, fundamentando-o com uma revisão crítica de fontes de pesquisa relacio- nadas ao tema macro (área de estudo/tema/delimitação do tema) e micro (referente aos objetivos). Para tal, deve relacionar sua visão sobre o tema fundamentado a acontecimentos atuais e trabalhos já realizados na área, bem como a opiniões de autores. A fundamentação teórica, revisão da literatura ou revisão bibliográfi ca apresenta os conceitos teórico-empíricos que nortearam o trabalho. Pode- -se pontuar, por meio das referências utilizadas, as ideias com as quais o aluno compactua ou não. Entretanto, deve-se utilizar outros autores para estabelecer o confronto, se houver. O texto deve ser construído expressan- do as leituras e diálogos teóricos com os autores pesquisados. O aluno pode construir seu texto preocupando-se em: • Produzi-lo a partir do maior número possível de material bibliográfi co publicado; • Usar material e informações de primeira mão, evitando o uso do apud; • Contemplar, apenas, os trabalhos pertinentes e relacionados ao tema, sem desviar do foco de pesquisa; • Restringir-se não apenas às ideias veiculadas nos livros técnico-cientí- fi cos; • Apresentar as publicações de periódicos especializados. EXPLICANDO O apud signifi ca citado por material de segunda mão. É uma informação de um autor e citado pelo autor que você está pesquisando. METODOLOGIA DA PESQUISA 119 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 119 31/03/2021 11:05:16 Coletas documentais: é comum, em algumas áreas de conhecimento, a coleta de dados em pre- feituras, organizações governamentaisou, então, em setores específicos de empresas privadas. Essas informações devem ser comentadas no texto com as mesmas regras metodológicas das literaturas, já que possuem autoria. Muitas vezes, a pesquisa envolve a utilização de materiais que estão localizados internamente em instituições públicas ou privadas. Exemplos: 1. As informações documentais foram coletadas no projeto pedagógico da escola e nos registros dos alunos, arquivados na secretaria da escola; 2. Os dados foram coletados no programa de desenvolvimento da empresa, no banco de dados do RH e nos relatórios dos setores. Questionário Com essa técnica de investigação, composta por questões apresentadas por escrito às pessoas, o aluno pode identificar o conhecimento de opiniões, cren- ças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas , entre outros. Para elaborar um questionário, deve-se refletir sobre os objetivos da pes- quisa e passá-los para questões específicas. São as respostas que apresenta- rão as informações necessárias para testar as hipóteses ou esclarecer o pro- blema da pesquisa. As etapas do questionário podem ser: 1. Pesquisa (análise dos objetivos e problema); 2. Elaboração do questionário; 3. Testagem ou pré-teste; 4. Distribuição e aplicação; 5. Tabulação dos dados; 6. Análise e interpretação dos dados. Há três tipos de questões em relação à forma: questões fechadas, ques- tões abertas e questões relacionadas. No questionário do tipo questões fechadas, apresenta-se ao respondente um conjunto de alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor representa sua situação ou ponto de vista. METODOLOGIA DA PESQUISA 120 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 120 31/03/2021 11:05:16 A pergunta com escala visa medir o grau, não a qualidade e apresenta uma gradação nas respostas. A escala pode ser apresentada pela atribuição de nota, de preferência, de atitude. Observações: • Não se oferece um número muito grande de alternativas, pois isso poderá confundir o entre- vistado e prejudicar a escolha; • Nas questões com diversas alternativas, deve-se sempre colocar a opção “outras” para não ter que listar todas as possíveis opções; • Ter apenas uma resposta para o entrevistado assinalar; • Quando houver necessidade de mais de uma resposta (exemplo: quais atividades de lazer você prefere?), deve-se deixar claro que pode ser assinalada mais de uma opção na pergunta e ter cuidado na tabulação. Nas questões abertas, apresenta-se a pergunta e se deixa um espaço em branco para que a pessoa escreva sua resposta sem qualquer restrição, exem- plo: como você considera a atual gestão do presidente da república? Entretanto, questionários com muitas questões abertas retornam com mui- tas delas não respondidas. Também é conveniente lembrar que, nesse caso, a tabulação das respostas se torna mais complexa. As questões relacionadas são aquelas dependentes da resposta dada a outra questão anterior. TABELA 3. EXEMPLOS DE QUESTÕES FECHADAS Qual seu time de futebol? (_) Flamengo (_) Vasco (_) Fluminense (_) Botafogo (_) Sem Time (_) Outro _______________________________ Em que medida você concorda com a portabilidade nos serviços de telefonia celular? (_) Concordo plenamente (_) Concordo (_) Não tenho opinião (_) Discordo (_) Discordo plenamente. METODOLOGIA DA PESQUISA 121 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 121 31/03/2021 11:05:16 TABELA 4. QUESTÕES RELACIONADAS • A pergunta não deve sugerir respostas; • A questão deve se referir a uma única ideia de cada vez; • O questionário não deve ultrapassar o número de 30 questões; • Iniciar pelas questões que definem o perfil do entrevistado (sexo, faixa etária, renda, etc.); • Na sequência, começar pelas questões mais gerais e, depois, apresentar as de maior especificidade; • As perguntas devem ser ordenadas em uma sequência lógica; • Incluir apenas perguntas que realmente tenham relação com o problema; • Iniciar com as questões mais fáceis e impessoais, deixando as mais difíceis e íntimas para o fim; • Evitar perguntar o nome, pois as respostas são mais livres e sinceras; • Não obrigar o entrevistado a fazer cálculos; • Ter uma boa apresentação gráfica (caracteres, diagramação, espaçamento, entrelinhas); • Apresentar as instruções de preenchimento adequado ao questionário; • Citar, na apresentação do questionário, o objetivo da pesquisa e os envolvi- dos (entidade). Antes de iniciar a aplicação definitiva do questionário, o pesquisador deve rea- lizar um pré-teste. Ele serve para evidenciar possíveis falhas na redação do ques- tionário, como complexidade das questões, imprecisão na redação, questões des- necessárias, constrangimentos aos informantes, exaustão, etc. O pré-teste deve ser aplicado de 10 a 20 provas, a elementos pertencentes à população pesquisada. Para a distribuição do questionário, após a adequação do pré-teste, o pesqui- sador pode utilizar os seguintes meios: correio, e-mail, telefone, pessoalmente (in- dividual ou em grupo) ou on-line. - Você pratica algum esporte? (_) Sim (responda à questão seguinte) (_) Não (responda à questão número 11) - Qual o seu esporte preferido? (_) Natação (_) Corrida (_) Futebol (_) Outro_________________ METODOLOGIA DA PESQUISA 122 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 122 31/03/2021 11:05:16 Para todos os meios, é necessário ter precauções com a aplicação, o preenchi- mento e o retorno dos questionários. Para a delimitação da população/amostra e o tratamento estatístico, o aluno deve atender a dois momentos: seleção e defini- ção do universo, e organização do questionário/tabulação. O aluno deve compreender que a amostra de uma pesquisa pode ser dividida em quatro tipos: • Amostragem causal ou aleatória simples: sorteio/seleção espontânea da amostra; • Amostragem sistemática: quando a população se encontra ordenada, como, por exemplo, em subgrupos. Quando se conhece a proporção e a dis- persão geográfica; • Amostragem proporcional estratificada: definida por variáveis (sexo, idade, etc.); • Amostragem probabilística: possibilidade de todos os elementos serem pesquisados – aleatoriedade da amostra. Conhecer a probabilidade de ocor- rência de um evento. O estudante deve proceder à tabulação de questionários e se voltar à amplitu- de das variáveis/categorias, ao cruzamento de variáveis, à tabulação manual e o processamento eletrônico. Na utilização de gráficos, deve se preocupar com pro- porcionalidade, título, grandezas numéricas, relações e outros. A análise dos dados consiste em relacionar, comparar, medir, identificar, agru- par, classificar, concluir, deduzir. Os procedimentos de análise são a definição de variáveis e a tabulação (adotando uma ou mais variáveis como referência). É ne- cessário buscar, nos trabalhos publicados em revistas científicas, anais de eventos ou sites da área de estudo em questão e verificar se há explicação sobre a técnica de questionário e como aconteceu a pesquisa e a análise dos dados. Geralmente a estrutura da entrevista é colocada em apêndice no final do trabalho. Entrevista O pesquisador pode utilizar uma técnica de coleta de dados que se volte diretamente para as pessoas, tendo um contato mais direto, buscando saber a opinião delas sobre algo: a entrevista. Se o aluno utilizar a entrevista em seu estudo, deve saber que é uma técnica que também exige planejamento, pois é necessário delinear o objetivo a ser alcançado e cuidar de sua elaboração, desenvolvimento e aplicação. METODOLOGIA DA PESQUISA 123 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 123 31/03/2021 11:05:16 As entrevistas poderão ser estruturadas (com perguntas definidas) ou semiestruturadas (permite maior li- berdade ao pesquisador). Nos estudos exploratórios, a entrevista informal visa abordar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador. Então, se for o caso, o estudante pode usar o tipo de en- trevista menos estruturadapossível, que só se distingue da simples con- versação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. Dessa for- ma, utiliza-se informantes-chave que podem ser especialistas no tema em estudo, líderes formais ou informais, personalidades, entre outros. Em situações experimentais, com o objetivo de explorar a fundo alguma experiência vivenciada, é interessante que o pesquisador utilize a entrevista focalizada. Esse tipo de entrevista é utilizado com grupos de pessoas que pas- saram por uma experiência específica, como assistir a um filme, presenciar um acidente, etc. A entrevista por pauta apresenta certo nível de estruturação, pois se guia por uma relação de pontos de interesse do entrevistador, ordenadas e relacio- nadas entre si. São feitas poucas perguntas diretas e o entrevistado pode falar livremente. O desenvolvimento de uma relação fixa de perguntas feitas para entrevistar alguém, cuja ordem e redação permanecem invariáveis para todos os entre- vistados (que geralmente são em grande número) é a entrevista estruturada. Dicas: • A data da entrevista deverá ser marcada com antecedência e a situação em que se realiza deve ser discreta; • Registrar os dados imediatamente (anotando-os ou utilizando gravador); • Certificar-se de possuir permissão do entrevistado para registrar os dados e utilizá-los na pesquisa; METODOLOGIA DA PESQUISA 124 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 124 31/03/2021 11:05:17 • Obter e manter a confiança do entrevistado; • Deixar o entrevistado à vontade; • Dispor-se mais a ouvir do que a falar; • Manter o controle da entrevista (temas); • Iniciar pelas perguntas que tenham menos possibilidade de provocar re- cusa; • Não emitir opinião. Técnica de observação Esta técnica é muito comum em várias áreas de pesquisa e é importante compreender um pouco mais como funciona. A observação pode ser estru- turada ou não estruturada. De acordo com o nível de participação do ob- servador, pode ser participante ou não participante. A observação parti- cipante tende a utilizar formas não estruturadas, pode-se adotar a seguinte classificação, que combina os dois critérios considerados: observação sim- ples, observação participante e observação sistemática. Na observação simples, o pesquisador permanece alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar e observa de maneira espontânea os fatos que ocorrem. Nesse caso, ele assume o papel de expectador. A observação participante ocorre por meio do contato direto do inves- tigador com o fenômeno observado para recolher as ações dos atores em seu contexto natural, considerando sua perspectiva e seus pontos de vista. Sendo assim, ele assume o papel de ator, desenvolvendo um papel no grupo que está estudando. Nas pesquisas cujo objetivo é a descrição precisa dos fenômenos ou teste de hipóteses, é frequentemente utilizada a observação sistemática. Pode ocorrer em situações de campo ou laboratório. Antes da coleta de dados, é necessária a elaboração de um plano específico para a organização e o registro das informações. Para tal, é preciso estabelecer, antecipadamente, as categorias necessárias à análise da situação. A observação se constitui elemento fundamental para a pesquisa e é utilizada de forma exclusiva ou con- jugada a outras técnicas. Pode-se definir a observação como o uso dos sentidos com vistas a adquirir conhecimentos do cotidiano. METODOLOGIA DA PESQUISA 125 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 125 31/03/2021 11:05:17 Análise e interpretação de dados Após defi nir as formas de coletar informações e dados para o estudo, é necessário refl etir sobre as formas de analisá-los e interpretá-los. O objetivo da análise é reunir as informações de forma coerente e organi- zada, visando responder o problema de pesquisa. A interpretação proporciona um sentido mais amplo aos dados coletados, fazendo a relação entre eles. Esta etapa pode ser de caráter quantitativo ou qualitativo, e várias técnicas poderão ser utilizadas para o tratamento dos da- dos. É conveniente que se realize uma análise descritiva, apresentando uma visão geral dos resultados e, na sequência, analise os dados cruzados que possibilitam perceber as relações entre as categorias de informação e a aná- lise interpretativa. A estatística na análise e interpretação de dados pode ser classifi cada como: estatística descritiva (descrição e análise sem inferências e conclusões) e es- tatística indutiva (inferências, conclusões, tomadas de decisão e previsões). A pesquisa deve prezar pela necessidade de apresentação, formal e ofi cial, dos resultados do estudo, explicitação dos objetivos, da metodologia e dos resul- tados e priorizar a fi dedignidade na transmissão das descobertas feitas. Todas as informações importantes constatadas na pesquisa são apresentadas em forma de texto ou de elementos de apoio ao texto, se for necessário, como fi guras, quadros, gráfi cos e tabelas. Pode-se apresentar um quadro compreen- dendo o período em que se realizaram as atividades da pesquisa. Apresentação dos resultados O pesquisador deve apresentar os resultados da pesquisa conforme os pre- ceitos da ciência, com redação técnico-científi ca e as exigências da área de co- nhecimento. Assim, os resultados expõem o tema proposto, fundamentando-o com uma revisão crítica, de fontes de pesquisa relacionadas ao tema, de forma ampla para depois especifi cá-la. É necessário que o investigador relacione sua visão sobre o tema fundamentado aos acontecimentos atuais e trabalhos já realizados na área, bem como as opiniões de autores. Para tal, é necessário o cumprimento das normas ABNT NBR 10520 (2002). METODOLOGIA DA PESQUISA 126 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 126 31/03/2021 11:05:17 As informações podem ser apresentadas por meio de elementos de apoio ao texto, conforme as regras metodo- lógicas. O modelo de apresentação do documento deverá seguir as regras defi nidas para sua tipologia (monografi a, artigo científi co e outros) e a instituição solicitante (universidade, revista científi ca, evento, outros). Pesquisa em impresso e on-line (Bireme, Lilacs, SciELO e Google acadêmico) Agora que já conhecemos e entendemos o mecanismo das técnicas de pes- quisa, vamos explorar as principais bases de pesquisa que estão disponíveis tanto no universo digital (on-line), quanto de modo impresso. Para isso, é pre- ciso compreender de antemão que estas ferramentas são amplamente reco- nhecidas e possuem grande valor para a comunidade acadêmica, sobretudo quando falamos em pesquisas científi cas. Decerto, os pesquisadores utilizam mais de um acervo para realizar suas pesquisas. Isso é uma grande vantagem, pois as pesquisas fi cam mais ricas, contendo informações de inúmeras fontes. Nos tópicos que se seguem, vamos conhecer alguns exemplos destas bases de pesquisa. Bireme e Lilacs Iniciando nossa lista, temos a Bireme, sigla para Biblioteca Regional de Medici- na, porém atualmente chamada de Centro Latino-Americano e do Caribe de Infor- mação em Ciências da Saúde. Esta organização é responsável pela disseminação de informações referentes às áreas da saúde. Ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde) e OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), a Bireme possui um acervo físico muito amplo, com milhões de artigos e documentos científi cos. Além da Bireme, temos a Lilacs, sigla que representa a Literatura Latino-Ame- ricana e do Caribe em Ciências da Saúde (Figura 1), ferramenta bem conhecida e bastante utilizada por pesquisadores também da área da saúde e mantida pela (OPAS/OMS). Pode-se dizer que a Lilacs reúne materiais científi cos sobre saúde publicados a partir do ano 1982 de autores latino-americanos e do Caribe. METODOLOGIA DA PESQUISA 127 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 127 31/03/2021 11:05:17 Dentro do acervo da Lilacs é possível encontrar teses, inúmeros relatórios téc-nico-científi cos, como artigos de revistas renomadas. Todo este conteúdo está co- nectado à área da saúde. Figura 1. Captura de tela do site Lilacs. Fonte: Lilacs, 2019. Acesso em: 17/12/2019. Figura 2. Captura de tela do site SciELO. Fonte: SciELO. Acesso em: 17/12/2019. SciELO Assim como as ferramentas anteriores, a Scientifi c Electronic Library Online (SciELO) é uma base de pesquisa on-line que pode ser utilizada na busca de refe- rências para a produção de materiais científi cos. Por possuir um amplo acervo de conteúdos, ela está entre as preferidas dos pesquisadores. Em seu portal (Figura 2) é possível fazer buscas de artigos por ano de publicação, nome do autor, título do artigo, entre outros. METODOLOGIA DA PESQUISA 128 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 128 31/03/2021 11:05:20 Google Acadêmico Para fi nalizar, seguindo a linha dos principais exemplos de ferramentas de pes- quisa científi ca, podemos também mencionar o Google Acadêmico (Figura 3). Essa ferramenta, pertencente à gigante de buscas homônima, está entre as mais utili- zadas pelos pesquisadores, visto que ela possui um acervo enorme de materiais científi cos que, diga-se de passagem, são de alta confi abilidade. Figura 3. Captura de tela do site Google Acadêmico. Fonte: Google Acadêmico. Acesso em: 17/12/2019. METODOLOGIA DA PESQUISA 129 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 129 31/03/2021 11:05:20 Sintetizando Prezado aluno, é com grande alegria e satisfação que finalizamos essa uni- dade, bem como a disciplina Metodologia Científica como um todo. Nesse pe- ríodo de muito aprendizado, tomamos o cuidado de abordar todos os princi- pais conceitos que permeiam o desenvolvimento de pesquisas científicas, de modo a facilitar a sua compreensão sobre o tema, auxiliando-o na produção de materiais técnicos cada vez mais consistentes. Nessa unidade, especificamente, conhecemos em detalhes como é elabo- rada uma pesquisa científica, desde a delimitação do tema, passando pela escolha do método de pesquisa, coleta, análise de dados e apresentação de resultados. Além disso, ao final, foram apresentadas as principais bases de conteúdo utilizadas por pesquisadores e universitários no desenvolvimento de pesquisas científicas, tais como Bireme, Lilacs, SciELO e Google Acadêmico. Todos esses acervos, além de muitos outros, são de uso gratuito e podem ser acessados a qualquer momento pelos pesquisadores. Dessa forma, com a sensação de dever cumprido, desejamos que você siga firme na busca por conhecimento, tendo sempre em vista o aprimoramento constante na produção de materiais científicos, projetados para serem cada vez mais técnicos e bem articulados, embasados em pesquisas profundas e corretamente referenciadas. METODOLOGIA DA PESQUISA 130 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 130 31/03/2021 11:05:20 Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520. Informação e do- cumentação – citações em documentos – apresentação. Disponível em: <https:// www.usjt.br/arq.urb/arquivos/nbr10520-original.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: trabalhos acadêmi- cos – apresentação. Disponível em: <https://www.ufjf.br/ppgsaude/files/2008/10/ nbr_14724_apresentacao_de_trabalhos.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e do- cumentação. Artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Disponível em: <https://posticsenasp.ufsc.br/files/2014/04/abntnbr6022.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2020. AZEVEDO, I. B. O prazer da produção científica: diretrizes para a elaboração de trabalhos acadêmicos. 6. ed. Piracicaba: UniMEP,1998. BARROS, A. J. P.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2000. CERVO, A.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. são Paulo: Cortez, 2001. COLLIS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. DENCKER, A. F. M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 4. ed. São Paulo: Futura, 2000. GIL, A. C. Métodos e técnicas em pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. GIL, A. C. Métodos e técnicas em pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006. GOOGLE ACADÊMICO. Disponível em: <https://scholar.google.com.br/>. Acesso em: 10 jan. 2019. ICPG – INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO. Equipe de metodologia do trabalho científico. Blumenau: ICPG, 2008. LABES, E. M. Questionário: do planejamento à aplicação na pesquisa. Chapecó: Grifos, 1998. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. METODOLOGIA DA PESQUISA 131 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 131 31/03/2021 11:05:21 LILACS. Disponível em: <https://lilacs.bvsalud.org/>. Acesso em: 10 jan. 2019. LILACS. Componentes da metodologia. Disponível em: <http://metodologia.lila- cs.bvsalud.org/php/level.php?lang=pt&component=74&item=5>. Acesso em: 10 jan. 2019. MINAYO, M. C. S. Pesquisa social. Teoria, método e criatividade. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. SCIELO. Disponível em: <https://scielo.org/>. Acesso em: 10 jan. 2019. SILVA, R. Modalidades e etapas da pesquisa e do trabalho científico. São José: USJ, 2008. METODOLOGIA DA PESQUISA 132 SER_METODOLOGIA DA PESQUISA_Completo.indd 132 31/03/2021 11:05:21