Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

EXECUÇÃO PENAL
EXECUÇÃO PENAL
Maria Luíza Carvalho
Alunos, pedimos, encarecidamente, que não grifem o material na nuvem do ADOBE e nem comentem. Isso atrapalha a visualização dos demais alunos. Faça o download do PDF e, assim, vocês terão no meio eletrônico de vocês o material para que possam realizar qualquer marcação / anotação. 
At.te, 
Equipe EAA
1. Execução Penal...................................................................................... 1
a. Introdução..............................................................................................................1
b. Princípios............................................................................................................... 7
c. Partes.....................................................................................................................12
d. Direitos e Deveres............................................................................................. 17
e. Faltas Disciplinares..........................................................................................22
f. Regimes de Cumprimento de Pena........................................................... 30
g. Progressão de Regime................................................................................... 35
h. Regressão...........................................................................................................44
i. Remição................................................................................................................ 49
j. Autorização de Saída.......................................................................................56
k. Livramento Condicional.................................................................................58
l. Incidentes da Execução.................................................................................. 63
m. Agravo em Execução.....................................................................................73
1.Execução Penal
a. Introdução
i. Função dúplice da Execução Penal
● A finalidade do processo executivo traduz uma
perspectiva retrospectiva, no sentido de fazer
cumprir, dar efetividade à sentença condenatória
ou à decisão de decretação de prisão cautelar, mas
também prospectiva, ou seja, um olhar voltado não
somente para a retribuição ao mal causado pelo
apenado, visando também à sua ressocialização.1
● Esse raciocínio se aplica às medidas de
segurança?
○ Sim. A LEP (Lei de Execuções Penais - Lei nº
7.210/84) aplica-se tanto para condenações
quanto para absolvições impróprias, isto é,
aquelas sentenças que reconhecem a
inimputabilidade do agente, mas aplicam
medida de segurança, seja ela internação
compulsória seja tratamento ambulatorial.
ii. Funções da pena
● Caráter geral
○ O caráter geral da pena significa dizer que ele
terá efeitos sobre todos, sobre toda a
sociedade indistintamente, transcendendo a
pessoa do condenado. Trata-se de um efeito
exemplar da condenação sobre o corpo
social.
● Caráter especial
1 Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
1
Guest 1
Guest 1
Guest 1
Guest 1
Guest 1
○ O caráter especial diz respeito ao efeito sobre
o próprio indivíduo apenado, aquele que
cometeu o fato. São os desdobramentos que
se espera que a pena tenha sobre agente.
● Aspecto positivo
○ A perspectiva positiva atrela-se com a ideia
de reforço de determinada conduta.
● Aspecto negativo
○ Por outro lado, a matriz negativa está
vinculada com a intimidação, repressão e
dissuasão da prática de crimes.
● A pena em abstrato, portanto, congrega as
funções preventivas gerais positivas e negativas.
■ Perceba, quando o legislador cria um
tipo penal, estabelece uma pena, ele
está fazendo isso para todos. Qualquer
um pode merecer uma potencial
reprimenda. Então, as penas têm que
se voltar a todos.
■ Então, traz-se esse poder de
intimidação negativo, porque impõe
um não fazer. Por outro lado, tem o viés
positivo também. Há essa prevenção
geral positiva, no sentido de afirmar a
validade da norma desafiada.
● Cuida-se aqui do efeito
dissuasório da pena e da
reafirmação da norma validada,
da reafirmação do bem jurídico
de modo genérico.
○ Teoria das Janelas Quebradas
2
■ A teoria criminológica, em apertada
síntese, afirma que quando há
permissividade para pequenas
violações, naturalmente as violações se
multiplicam.
● A teoria remonta da década de
1980 e foi testada no metrô de
Nova York.
○ A ideia seria colocar um
carro em um bairro nobre e
um outro carro em uma
localidade com índices de
criminalidade maiores.
■ O carro da localidade
mais criminógena foi
rapidamente
depredado, ao passo
que o carro situado
na área nobre
permaneceu intacto.
■ A partir daí, os
pesquisadores
efetuaram pequenos
danos no automóvel.
Então, o carro foi
depredado igual ao
outro.
○ Qual foi a construção feita
a partir daí? Quando você
permite pequenas
violações, naturalmente, a
sensação de não haver
3
vigilância, até mesmo
impunidade, faz com que
se perpetuem, se
multipliquem as outras
violações.
● A pena em concreto revela a função retributiva e
preventiva especial da pena.
■ A função retributiva da pena consiste
em devolver ao apenado uma resposta
proporcional ao mal causado por ele.
■ A função especial positiva e negativa
agem sobre o sujeito pretendendo que
ele seja reinserido na sociedade como
um cidadão funcional, bem como não
se torne reincidente na prática delitiva.
iii. Natureza jurídica da execução penal
● Atividade de natureza administrativa
○ É uma corrente hoje minoritária. Superada
principalmente pelo fato de que a
participação do juiz no âmbito de aplicação
da pena é fundamental. Tanto é assim que é
extenso o rol de competências judiciais.2
Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer
modo favorecer o condenado;
II - declarar extinta a punibilidade;
III - decidir sobre:
2 Art. 66
4
a) soma ou unificação de penas;
b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena;
d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
f) incidentes da execução.
IV - autorizar saídas temporárias;
V - determinar:
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e
fiscalizar sua execução;
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em
privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de
direitos;
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
substituição da pena por medida de segurança;
e) a revogação da medida de segurança;
f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
5
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra
comarca;
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do
artigo 86, desta Lei.
i) (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de
segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais,
tomando providências para o adequado funcionamento e
promovendo, quando for o caso, a apuração de
responsabilidade;
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal
que estiver funcionando em condições inadequadas ou com
infringência aos dispositivos desta Lei;
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
○ Atividade jurisdicional
■ Possui muitos adeptos em razão de um
dos princípios da LEP ser a
jurisdicionalidade, mas desconsidera
que uma parte importante da
execução da pena perpassa e depende
6
da atividade administrativa do diretor
da unidade prisional.
○ Natureza mista
■ É a mescla das posições anteriores.
Reconhece a vasta competência
judicial para as matérias elencadas no
art. 66, da LEP, mas prestigia as
funções do diretor do presídio.
■ Há uma intersecção muitogrande do
executivo com o judiciário aqui, em
sede de execução penal. Um
argumento forte nesse sentido é a
competência concorrente dos entes
federativos em matéria de direito
penitenciário.
● Exemplos de funções do diretor:
○ Permissão de saída
temporária;
○ Apuração de falta grave;
○ Aplicação de sanções.
b. Princípios
i. Destaca-se, de antemão, que todos os princípios penais e
processuais penais se aplicam indistintamente na
execução penal.
■ Exemplo: Irretroatividade da norma
mais gravosa.
ii. Legalidade
● Significa dizer que são assegurados todos os
direitos não atingidos pela sentença. Isso não é
mais uma reafirmação daquela máxima que se
aplica não apenas ao direito penal, mas em direito
7
como um todo de que em matéria de restrição de
direitos a interpretação deve ser sempre restritiva.
○ Evidentemente, a legalidade estrita não é
incompatível com a discricionariedade
judicial.
■ Dito de outra forma, se a lei confere
mais de uma possibilidade para o juiz,
ele poderá aplicar a melhor solução ao
caso concreto desde que fundamente
sem que isso consista em violação ao
princípio da legalidade.
● Caso concreto: Condenado em livramento
condicional comete crime. O cometimento de
outra infração penal no curso da execução é falta
grave e pode gerar como consequência a regressão
de regime. É possível esse raciocínio? STJ entendeu
que não por considerar bis in idem, na medida em
que a lei já prevê como sanção ao cometimento de
crime durante o livramento a revogação do
benefício.
iii. Igualdade
● Não haverá qualquer distinção racial, social,
religiosa ou política.
● Concepção aristotélica -> tratar os iguais como
iguais (igualdade formal) e os desiguais na medida
de sua desigualdade (igualdade material).
● E quanto a sexo e idade? Isso é uma exceção ao
princípio da igualdade. Há unidades prisionais
destinadas a ambos os gêneros e unidades
especiais para idosos. Menores de idade não
cumprem pena, mas medidas protetivas ou
sócio-educativas em estabelecimentos próprios.
8
○ Em regra, a natureza do delito não interfere
na execução da pena, de modo que são
todos tratados indistintamente. Contudo, se
o crime for federal, poderá ser determinado o
cumprimento da pena no presídio federal.
■ IMPORTANTE: Os presídios federais
normalmente são destinados como
estabelecimentos de segurança
máxima. Nesse sentido, é possível que
mesmo criminosos estaduais
cumpram pena em presídio federal e
criminosos federais sejam direcionados
para o presídio estadual.
● O caráter hediondo do crime não
interfere no local de
cumprimento da pena, apenas
com relação à progressão,
livramento e benefícios.
● Art. 295 do CPP.3
○ Foi declarado inconstitucional pelo STF na
ADPF 334.
○ O preso provisório que detivesse diploma de
curso superior não estaria no mesmo espaço
que os demais. O preso definitivo, sim,
mesmo com diploma, cumpriria pena com
todos indistintamente.
■ STF declarou inconstitucional por se
tratar de um indefensável critério de
quebra de isonomia.
3 Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente,
quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
(...)
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
9
iv. Individualização da execução
● Não só no momento da dosimetria da pena, tem
lugar a sua individualização. Isto porque na
execução penal são considerados também
aspectos subjetivos do apenado.
○ É denominado mérito carcerário.
■ Quer dizer que mesmo duas pessoas,
que tenham cometido crimes idênticos
e recebido a mesma pena, não
necessariamente sairão ao mesmo
tempo.
● Pode ser que um tenha
cometido faltas graves, não
tenha remido pena, etc., o que
faria com que sua saída
demorasse mais.
○ O próprio desenrolar do processo de
execução será uma forma de individualizar
sua pena.
v. Participação Comunitária
● Significa dizer que a previsão do Conselho da
Comunidade trata da percepção de que é
necessário na execução penal haver um
acompanhamento social por parte do juiz, do
Ministério Público, da Defensoria Pública, da
comunidade, da população civil e da própria OAB
para que se possa pensar em medidas, realizar
fiscalizações, propor soluções de forma que sempre
haja ali um processo de execução pautado nas
necessidades de ressocialização.
○ Esse princípio caminha junto com o da
Humanidade da penas, previsto na
10
Convenção Interamericana de Direitos
Humanos e na Constituição quando há
vedação expressa, por exemplo, das sanções
coletivas, das sanções em celas escuras,
quando há limitações, a vedação ao excesso,
ao desvio de penas.
■ No informativo 854 do STF,
estabeleceu-se que é possível que
alguém que seja preso em condições
degradantes venha entrar com uma
ação de responsabilidade civil contra o
Estado requerendo o dano moral. E o
Estado até alegou nessa interessante
discussão que a reserva do possível e o
próprio STF se manifestou no sentido
de que não é possível alegar a reserva
do possível. E por que não? Perdão a
redundância, mas por que não seria
cabível essa alegação? Porque a
reserva do possível se aplica
principalmente para casos de direitos
sociais, manifestação prestacional por
parte do Estado, direitos de saúde,
educação, onde o Estado demanda-se
um fazer do Estado. Enquanto que na
execução da pena de forma
degradante não se trata de uma
demanda prestacional, se trata da
indenização pela violação de um
direito. Responsabilidade civil do
Estado de maneira pura.
11
○ É importante destacar que tem um princípio
reeducativo que caminha junto com um
princípio comunitário, é todo um esforço
para trazer esse sujeito de volta ao seio social,
isso já conta até com previsão na Resolução
113 do CNJ, que são ações voltadas à
integração do apenado e a própria LEP, a
partir do artigo 11, estabelece diversas
espécies de assistência ao apenado e até
mesmo ao egresso.
vi. Jurisdicionalidade
● O processo se desenvolverá perante uma
autoridade investida de jurisdição.
○ Reforça aquela noção de que a execução
penal não é uma atividade administrativa, ou
pelo menos não só administrativa, os
incidentes são decididos pelo magistrado.
vii. Contraditório e Ampla Defesa
● O apenado tem o direito de se manifestar em todas
as oportunidades em decorrência do princípio do
devido processo legal. Não apenas se manifestar,
mas de ter tempo hábil para se manifestar, de
conhecer aquilo sobre o que vai se manifestar, de
ter a possibilidade de influir na decisão do juiz, não
apenas se manifestar de forma formal, mas
também substancial.
c. Partes
i. O processo de execução penal é sempre indivisível e
individual.
● Isso quer dizer que mesmo havendo várias ações
penais em face de ummesmo réu, o cumprimento
dessas penas, através das respectivas Cartas de
12
Execução de Sentença, serão processadas nos
mesmos autos.
ii. Exequente: Estado
● Ainda que exista a ação penal privada, o exequente
vai ser, na execução penal, sempre o Estado.
iii. Executado: Apenado
● Pode ser o preso, provisório ou definitivo, ou aquele
sujeito em medida de segurança, que é a figura do
internado.
○ É possível execução provisória da pena? Não,
segundo o STF.
■ Então como o preso provisório estará
cumprindo pena?
● Segundo o STF, o preso
provisório, ainda que não tenha
havido sequer condenação, pode
usufruir dos benefícios da
execução penal (Súmula 716).4
● Portanto, para fins de execução
penal exige-se título, ainda que
não seja um título definitivo.
Título pode ser provisório, mas
ele precisa existir. O que é o
título? É a denominada carta de
execução de sentença.
○ Há quem sustente,
minoritariamente, que em
caso de prisão preventiva,
se o réu já fizer jus à
progressão, deve o juiz, de
4 S. 716/STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de
regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
13
ofícioou a requerimento,
decretar outra medida
cautelar compatível com o
regime mais brando, à luz
do princípio da
homogeneidade.
iv. Aplica-se à LEP a decisões homologatórias de
transação penal?
● Questão muito acirrada, visto que o agente não
estará cumprindo uma pena determinada por
sentença condenatória. Trata-se um acordo com o
Ministério Público.
○ Contudo, o STF pacificou a questão com a
súmula vinculante 35.5
■ Assim, a transação e sua respectiva
homologação não fazem coisa julgada
material, de modo que poderá ser
oferecida denúncia caso sejam
descumpridas as cláusulas.
● Portanto, o cumprimento da
transação é feito perante o juiz
natural da causa, não perante o
juiz da execução.
v. Competência
● A competência do juiz da execução é sempre o
local onde o réu está efetivamente preso.
○ Essa determinação é relevante para o caso de
múltiplos crimes em diferentes localidades.
Mesmo havendo condenações no Rio de
5 A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
requisição de inquérito policial.
14
Janeiro, São Paulo e no Amapá, se o réu está
preso em Minas Gerais por conta de um
processo anterior, é no juízo da execução
mineiro onde serão concentradas todas as
Cartas de Execução de Sentença.
■ Se o preso estiver em uma unidade
prisional federal, a competência será da
JF. (Súmula 192 do STJ6 e art. 2º da Lei
nº 11.671/087)
○ E em casos de foro por prerrogativa de
função?
■ O STF, na ação penal 470, firmou
entendimento de que o tribunal que
condenou o Tribunal do Foro, vai
executar. Claro, medidas de
fiscalização, de cumprimento, podem
ser delegadas, como nós vamos ver em
relação também ao caso da sursis e da
PRB.
■ E quanto à pena de multa? Qual o juízo
competente?
● A pena de multa é executada
pelo MP no juízo da execução.
● Competência para execução de medidas de
segurança
○ Segue o mesmo raciocínio do preso comum.
Logo, a competência se firmará no local onde
7 Art. 2o A atividade jurisdicional de execução penal nos estabelecimentos penais federais será
desenvolvida pelo juízo federal da seção ou subseção judiciária em que estiver localizado o
estabelecimento penal federal de segurança máxima ao qual for recolhido o preso.
6 S. 192/STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do estado a execução das penas impostas a
sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos
à administração estadual.
15
o internado está cumprindo a medida de
segurança.
○ E se for tratamento ambulatorial?
■ Será no competente o juízo do local de
domicílio do executado.
● Penas Restritivas de Direitos e Sursis da pena
○ Será do juízo de conhecimento.
■ Nesses casos, perceba, se o juízo da
condenação substituiu por prestação
de serviços à comunidade, mas esse
sujeito saiu lá do Paraná e veio aqui
para o Rio de Janeiro, na prática,
muitas vezes há transferência dessa
execução.
● E se o juiz para onde foi
transferida a execução não
concordar?
○ Será instaurado um conflito
negativo de competência.
■ STJ se manifestou no
sentido de que
permanecerá com o
juízo da condenação.
vi. Pena de multa
● Havia entendimento de que a pena de multa era
de atribuição da Fazenda Pública (Procuradoria da
Fazenda).
● Contudo, o STF, na ADI 3150, firmou entendimento
de que seria o MP o principal legitimado para a
cobrança, em razão do caráter de sanção penal.
○ A Fazenda Pública seria legitimada
extraordinária, em caso de inércia do MP.
16
■ O Ministério Público teria 90 dias para
executar perante o juízo da execução.
Caso não o fizesse, a Fazenda
executaria no juízo da execução fiscal.
● O pacote anticrime alterou o art.
51, CP.8 Quando entrou em vigor
o pacote de crime, a execução da
pena de multa passou a ser,
necessariamente, perante os
juízes da execução penal e com
atribuição exclusiva do MP.
d. Direitos e Deveres
● Art. 39, LEP: Deveres do preso
Art. 39. Constituem deveres do condenado:
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da
sentença;
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa
com quem deva relacionar-se;
III - urbanidade e respeito no trato com os demais
condenados;
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou
coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à
disciplina;
8 Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
17
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens
recebidas;
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das
despesas realizadas com a sua manutenção, mediante
desconto proporcional da remuneração do trabalho;
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que
couber, o disposto neste artigo.
○ Esse rol é taxativo, em consequência do princípio
da legalidade. Como se está diante de
possibilidades que, caso descumpridas, podem
gerar uma sanção, essa interpretação deve ser
restritiva, sendo vedada a analogia.
○ A ideia desse artigo é de que os deveres ligam-se
com uma conduta retilínea no processo de
execução penal. É aquele sujeito que está preso,
que cumpre com o que se espera dele.
■ Embora o rol seja taxativo, os deveres do
preso não se resumem a eles.
18
● Por exemplo, o Art. 146-C da LEP9
estabelece os deveres relativos à
manutenção do monitoramento
eletrônico.
● Art. 41: Direitos do preso
Art. 41 - Constituem direitos do preso:
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o
trabalho, o descanso e a recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais,
artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis
com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional,
social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
9 Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento
eletrônico e dos seguintes deveres:
I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e
cumprir suas orientações;
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de
monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
19
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências
da individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do
estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em
defesa de direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de
correspondência escrita, da leitura e de outros meios de
informação que não comprometam a moral e os bons
costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente,
sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária
competente. (Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003)
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV
poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato
motivado do diretor do estabelecimento.
○ Esse rol é exemplificativo. Isto porque se trata de
normas garantidoras de direitos, cabendo analogia.
Ademais, vimos acima que todos os direitos do
20
preso não alcançados pela sentença são mantidos,de modo que todos os direitos previstos no
ordenamento serão resguardados sem a
necessidade de constar desse rol.
○ Importante ressaltar o direito à assistência ao
preso.
■ São instrumentos de ressocialização, para
que o sujeito não simplesmente cumpra a
pena num viés retributivo, mas num viés que
tenha o escopo de ressocializar, de trazê-lo
de volta ao corpo social enquanto um sujeito
cumpridor de seus deveres.
○ Um dos direitos previstos é a entrevista pessoal,
reservada com seu advogado.
■ A inexistência de oportunidade dessa
entrevista é causa de nulidade na instrução.
○ Alguns desses direitos podem vir a ser restritos ou
suspensos. Por exemplo, o contato com o mundo
exterior, a hipótese de visita, o trabalho podem ser
suspensos, mas todas essas suspensões são
limitadas, nenhuma delas é permanente. O próprio
isolamento, quando feito, também tem um prazo
limitado, porque a ideia é, acima de todas as coisas,
punir quando o sujeito comete uma falta grave,
mas não alijá-lo.
○ Preso tem direito a voto?
■ 1ª corrente (minoritária): seriam suspensos
os direitos políticos se a execução da pena
fosse incompatível com o exercício desses
direitos.
■ 2ª corrente (majoritária) não haveria
suspensão, ou seja, o preso poderia votar. O
21
que prevalece é que deve-se observar os
próprios efeitos da condenação, devendo ser
relembrado o art. 15, III da CF.10 Assim, o preso
provisório tem direito a voto, ao passo que o
definitivo não tem, enquanto perdurarem os
efeitos da condenação, estando com seus
direitos políticos suspensos.
e. Faltas Disciplinares
i. Disciplina: A disciplina na execução penal é trabalhada
através de recompensas, em caso de bom
comportamento, e sanções, para o cometimento de
faltas graves.
● As recompensas previstas na LEP são o elogio e a
regalia.
○ Embora soe pejorativo, regalia não é um
benefício ilícito. Por exemplo, a visita
conjugal é uma regalia.
ii. Faltas graves: Não haverá falta nem sanção disciplinar
sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.
(Art. 45, LEP). Trata-se do princípio da legalidade
insculpido na legislação infraconstitucional.
● Além disso, as sanções não poderão colocar em
perigo a integridade física e moral do condenado, é
vedado o emprego de cela escura e são vedadas as
sanções coletivas. (Art. 45, §§1º, 2º e 3º). É a
positivação do princípio da individualização e da
humanização das penas.
○ O que é a cela escura? É aquele cubículo, que
remonta até mesmo ao tempo da ditadura,
onde o sujeito era colocado numa cela, às
10 Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
(...)
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
22
vezes de um quadradinho, de 1m2, que não
permitia movimentação, sem iluminação
nenhuma. Isso claramente consiste em
tortura.
● A LEP é uma norma geral. Portanto, não desce
minúcias acerca da execução do dia a dia do direito
penitenciário. O que mais importa em sede de
judiciário são as faltas graves. A falta média e a falta
leve são tratadas nos regulamentos. Então, isso é
uma matéria extremamente pulverizada, que varia
para cada ente federativo.
● Há quem defenda que a falta grave de possuir
instrumento que possa afetar a integridade física,
depende de perícia.
● E o porte de chip, fone ou cabo USB?
○ 1ª Corrente: Não se trata de falta grave por
não constituir elemento essencial do
aparelho celular. Esse já foi o entendimento
dominante, mas hoje é a posição minoritária.
○ 2º Corrente: Atualmente, a corrente
majoritária é no sentido de que mesmo não
consistindo o objeto elemento essencial do
aparelho, configura-se a falta grave.
● Procedimento Disciplinar
○ É a forma pela qual se apura o fato definido
como falta grave.11
○ Esse procedimento tramita na penitenciária,
ou seja, tem caráter administrativo. Nele terá
que ser ouvido o apenado, com a assistência
de uma defesa técnica, não havendo lugar
11Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento para sua apuração,
conforme regulamento, assegurado o direito de defesa.
23
para a Súmula Vinculante nº 5.12 O diretor do
estabelecimento vai instaurar, quando ficar
constatada a infração e depois de terminado
esse processo, haverá a remessa ao juiz que o
homologará e decretará os efeitos.
■ E se não houver advogado? Há
precedentes no STF de que a realização
de audiência de justificação com a
presença de advogado supre a
nulidade.
● A presença de defesa técnica não
é um fim em si mesma. Serve
para garantir que o apenado
conheça da imputação, possa se
manifestar sobre ela e influa na
decisão do magistrado, tendo
prazo razoável para preparar sua
manifestação.
○ Em caso de tentativa? Há redução da
sanção? Embora seja intuitivo pensarmos
nisso com o mesmo raciocínio do direito
penal, no procedimento disciplinar a
tentativa é punida com a mesma sanção da
falta grave consumada.
■ Isso pode gerar discussões de
proporcionalidade e individualização,
mas ainda não houve uma posição
jurisprudencial que acolhesse essa
tese. O que prevalece é que foi uma
opção expressa do legislador, que parte
12 SV 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.
24
da seguinte premissa: qualquer
movimento contrário à ordem e à
disciplina, independentemente da
consumação, já demonstra ausência de
disciplina.
○ No Procedimento Disciplinar, o
interrogatório deve ser o último ato? Todos
conhecemos a discussão em processo penal,
que, com a reforma de 2008, tirou o
interrogatório como primeiro ato da
instrução e passou ao último. Isso se aplica
ao PD? Sim. Seguindo essa linha, é cediço
que o interrogatório não é apenas um meio
de prova, mas um meio de defesa, devendo
ser o último ato para permitir a maior
cognição possível dos elementos de prova
para o apenado.
■ Essa é a regra. No entanto, o STJ já tem
relativizado esse entendimento no
âmbito de processos administrativos.
● Efeitos da falta grave
Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
I - advertência verbal;
II - repreensão;
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41,
parágrafo único);
25
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado,
nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo,
observado o disposto no artigo 88 desta Lei.
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.
○ Atenção: Não é possível prazo de suspensão
ou restrição superior a 30 dias.
○ Interrupção do prazo para a contagem da
progressão de regime: Súmula 534/STJ.13 O
prazo para progressão começará a contar do
zero retroagindo a partir da prática da
infração.
■ Não atinge indulto ou comutação de
penas, tampouco o livramento
condicional. Súmula 535/STJ e 441/STJ.14
● Isto ocorre porque porque esses
benefícios dizem respeito ao
cumprimento da pena
horizontal, não vertical da pena
(ressocialização progressiva)
○ Por exemplo: é
perfeitamente possível que
um condenado em regime
fechado preencha os
requisitos para o
livramento condicional.
14 A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto; A falta
grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
13 S. 534 STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
infração.
26
■ Também não atinge a data base para
fins de saída temporária ou trabalho
extramuros.
○ Outras consequências: revogação da saída
temporária (não confundir com a alteração
da data base), regressão de regime e perda
dos dias remidos.
■ A perda dos dias remidos possui a
limitação de 1/3. Ou seja,
independentemente da gravidade da
falta, só poderá ser retirado até 1/3 dos
dias remidos.
● Há quem defenda que o mínimo
que pode ser retirado é de 1 dia e
há quem endosse que o mínimo
é de 1/6, por se tratar da fração
mínima prevista na legislação.Não há posição majoritária nesse
aspecto.
● Reconhecida a falta grave, a
perda do tempo de remido pode
alcançar dias anteriores à
infração disciplinar, ainda que
não declarados pelo juízo no
cômputo da remição.
○ Sob nenhuma hipótese,
poderão os dias ser
posteriores ao
cometimento da falta
grave.
● Observação: Concurso de Faltas.
27
○ 1ª Corrente: A lei de execução penal não
dispõe acerca do concurso de faltas. Então,
deve-se aplicar as sanções previstas
isoladamente para cada uma delas e vão ser
executadas de forma progressiva.
○ 2ª Corrente: Somente poderá ser aplicada
uma sanção, nesse caso a mais grave, se
forem diferentes as sanções, para evitar o bis
in idem.
■ Esse tema não é pacífico.
● Todas essas consequências devem ser
determinadas por decisão judicial devidamente
fundamentada, sob pena de nulidade.
iii. Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)
● Somente o juiz pode aplicar essa sanção, mas não
pode fazer de ofício. É preciso requerimento do
diretor do presídio, ou de outra autoridade
administrativa. O MP também pode requerer.
● O RDD já existia, mas foi alterado substancialmente
após o pacote anticrime.
○ Prazo: Era de 360 dias até 1/6 da pena; agora
é de até 2 anos, podendo ser repetido em
caso de falta grave da mesma espécie.
○ Pode haver cumprimento de pena integral
no RDD? Sim, desde que, cumulativamente,
preencham-se os seguintes requisitos: .alto
risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal ou da sociedade e
fundadas suspeitas de envolvimento ou
participação, a qualquer título, em
organização criminosa, associação criminosa
28
ou milícia privada, independentemente da
prática de falta grave.
■ Sem esses requisitos, deverá ser
renovado a cada falta grave nova com
duração de dois anos.
○ Outras restrições do RDD: cela individual,
restrição de banho de sol, visita a cada 15 dias
por apenas duas horas, audiências realizadas
por videoconferência, proibição de
transpassar objetos
○ Observação: O preso, após o 6 primeiros
meses no RDD, que não tenha recebido
visitas, poderá fazer um contato telefônico
que será gravado com uma pessoa da família
até duas vezes por mês e por dez minutos.
○ O RDD é constitucional? Sim. A lei goza de
presunção legal. Além disso, não é um novo
regime de cumprimento de pena, não sendo
sequer desproporcional. A lei só veda celas
escuras, sanções coletivas e nada disso se
insere no RDD.
■ Para quem defende a
inconstitucionalidade, o argumento é
basicamente calcado na dignidade,
afirmando que é uma pena cruel,
degradante, desumana e
desproporcional.
iv. Prescrição
● Não existe previsão na LEP. Portanto, aplica-se o
prazo de 3 anos que é o menor em matéria de
prescrição penal.
29
○ Enquanto o preso está foragido, não corre o
prazo prescricional. É o caso de uma falta
grave permanente.
○ A recaptura faz iniciar o prazo prescricional.
○ Se ficar o apenado mais de 3 anos foragido,
haverá a prescrição mesmo assim, visto que,
muito provavelmente o apenado já fará jus a
nova progressão, pois a data da nova
progressão é a data da falta.
f. Regimes de Cumprimento de Pena
i. Em primeiro lugar, importante destacar que a execução
penal possui um caráter progressivo. Nesse sentido, há
um caminhar natural para a pretendida ressocialização
do apenado, seja pelo decurso do tempo seja pelo mérito
(remição por estudo ou trabalho). Em suma, o apenado
voltará aos poucos para sua aptidão ao convívio social.
ii. Sistemas penitenciários
● Pensilvânico: Nesse sistema, o isolamento seria
contínuo e absoluto, não havendo trabalho externo
e aplicando uma política de silêncio total. Havia,
portanto, um completo isolamento do apenado de
qualquer convívio social. Detém uma componente
religiosa de expiação da culpa do sujeito através do
cumprimento da pena.
● Auburniano: Aqui o trabalho era realizado
diuturnamente, com o recolhimento noturno.
Contudo, embora o trabalho pudesse ser realizado
em conjunto, era vedada a comunicabilidade oral
entre os presos. O trabalho não visava à
ressocialização, mas apenas os fins econômicos.
● Progressivo (inglês): Esse é o sistema adotado no
Brasil. Há um período de isolamento que,
30
paulatinamente, é substituído por diversos graus
de liberdade e autonomia, conquistadas pelo
apenado. Assim, com o tempo, é possível que o
apenado trabalhe externamente e até mesmo
cumpra parte da pena em liberdade.
iii. Regimes de cumprimento
● A primeira noção a ser trazida é que a pena de
reclusão admite os regimes fechado, semiaberto e
aberto, ao passo que a pena de detenção admite
apenas os regimes semiaberto e aberto.
○ Regime fechado: Nesse regime, aplicado em
regra para penas superiores a 8 anos, o
apenado fica recluso, dentro do presídio,
podendo realizar trabalhos e estudos
intramuros.
■ Frise-se que nem sempre há trabalho
interno.
● O preso poderá remir pena
mesmo assim? Não. Mesmo
tendo direito de trabalhar e
sendo dever do Estado promover
esse trabalho, não é possível
computar tempo de remição se
não houver trabalho efetivo. STJ
vedou, portanto, a chamada
remição ficta.
● E se houver trabalho, mas ele não
puder ser remunerado pela
ausência de recursos? A
jurisprudência admitiu esse
trabalho para permitir a remição,
já que de outro modo não
31
haveria como prestigiar o preso
que trabalhasse, dificultando sua
reinserção social.
○ Regime semiaberto: No semiaberto, há a
possibilidade de o preso transitar pela
unidade prisional, retornando para a cela
apenas à noite. O regime inicial semiaberto
se dá nos casos em que a pena aplicada fica
entre 4 e 8 anos. Caso o preso tenha direito, é
possível aplicar as saídas temporárias, além
do trabalho e estudo extramuros. Exige
cercas, muros altos, portão de ferro, controle
de saída para os que deram trabalho às sete,
para retornar às 19, celos sem luz nem
mordomia, onde há colônia industrial ou
agrícola penal, os detentos que não têm
emprego podem trabalhar dentro dos
próprios presídios, quando não há colônia, os
condenados de regime semiaberto
compreendem no centro de progressão
penitenciária, trabalham ou estudam fora
durante o dia.
■ Quando o regime inicial é o
semiaberto, dispensa-se a fração legal
de 1/6. Isto porque, antigamente, antes
da alteração do pacote anticrime, o
cumprimento dessa fração
automaticamente geraria a progressão
de regime para o aberto, não fazendo
sentido o trabalho extramuros.
● Destaque para a possibilidade de
trabalho extramuros no regime
32
fechado: APENAS obras públicas
e entidades particulares.
○ Regime aberto: Em regra, o sujeito que
recebe uma pena inferior a 4 anos cumprirá
pena nesse regime. Caso ele seja reincidente,
é possível colocá-lo em regime mais gravoso,
que seria legalmente o regime fechado.
Contudo, a súmula 269/STJ15 veio para
permitir que, mesmo reincidente, o juiz
pudesse colocá-lo no regime semiaberto.
Esse regime é cumprido em casas de
albergado, desde que esteja trabalhando ou
demonstre a impossibilidade.
● É vedada a colocação em regime mais gravoso se a
pena foi aplicada no mínimo legal com base
apenas na gravidade em abstrato da conduta.16
Claro que é possível a fixação de regime mais
gravoso se devidamente fundamentada a decisão
em elementos concretos do caso.
○ Nesse sentido, foi aprovado o texto da
proposta de Súmula Vinculante nº 139: “É
impositiva a fixação de regime aberto e a
substituição por PRD quando se tratar de
tráfico privilegiado e se circunstâncias
judiciais forem favoráveis e o sujeito não for
reincidente.
iv. Crimes Hediondos
16 S. 440/STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata
do delito.
15 S. 269/STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a
pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
33
● Os crimes hediondos possuíamregime de
cumprimento integralmente fechado, ou seja, não
admitiam progressão.
○ Evidentemente, o STF reputou essa
disposição legal inconstitucional, por violar a
individualização da pena. Veja, dois apenados
por crime hediondo em concurso, que
praticaram a mesma conduta e receberam a
mesma pena. Um deles apresentava
excelente comportamento e outro era
reincidente em faltas graves. Ambos teriam
de ficar em regime fechado por todo o
cumprimento da pena. Claramente viola a
individualização da pena. O STF, em virtude
da ausência de previsão legal, determinou
que a fração de cumprimento seria de 1/6.
■ Contudo, a lei de crimes hediondos foi
alterada para prever as frações de 2/5 e
3/5 para progressão. Gerou-se um
problema de direito intertemporal, que
foi solucionado com a súmula 471/STJ.
● Súmula 471/STJ: Os condenados
por crimes hediondos ou
assemelhados cometidos antes
da vigência da Lei nº 11.464/2007
sujeitam-se ao disposto no art.
112 da Lei nº 7.210/84 (Lei de
Execução Penal) para a
progressão de regime prisional.
○ Também é inconstitucional que o regime
inicial seja sempre o fechado. Portanto, é
34
possível que o regime inicial seja aberto ou
semiaberto para crimes hediondos.
g. Progressão de Regime
i. Tem natureza jurídica de incidente da Execução Penal.
● Há autores que defendem que incidentes da
execução penal são apenas aqueles previstos a
partir do art. 180 da LEP.
ii. Quem pode requerer? O MP, o próprio apenado, o seu
defensor, ou até mesmo o juiz pode preferir, de ofício.
iii. Requisitos:
● Objetivos: São os percentuais de cumprimento
mínimos.
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado
for primário e o crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for
reincidente em crime cometido sem violência à
pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) (Vigência)
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o
apenado for primário e o crime tiver sido cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado
for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) (Vigência)
35
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o
apenado for condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, se for primário; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o
apenado for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Vigência)
a) condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
b) condenado por exercer o comando, individual ou
coletivo, de organização criminosa estruturada para
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
c) condenado pela prática do crime de constituição
de milícia privada; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019) (Vigência)
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o
apenado for reincidente na prática de crime
hediondo ou equiparado; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) (Vigência)
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o
apenado for reincidente em crime hediondo ou
36
equiparado com resultado morte, vedado o
livramento condicional.
Obs: Mulher gestante ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com
deficiência, os requisitos para progressão de
regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei
nº 13.769, de 2018)
I - não ter cometido crime com violência ou grave
ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018)
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou
dependente; (Incluído pela Lei nº 13.769, de
2018)
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena
no regime anterior; (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018)
IV - ser primária e ter bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento; (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018)
V - não ter integrado organização criminosa.
● Subjetivos
37
○ Boa conduta carcerária:
○ Exame criminológico: Antes era previsto
como etapa obrigatória. Atualmente é
facultativo, desde que devidamente
fundamentado, como bem elucida a parte
final da Súmula vinculante 2617 e a súmula
439/STJ.18
○ O sujeito que é reincidente não específico no
crime hediondo com resultado morte, ele
responde como se ele fosse primário no
hediondo.
■ Ou seja, se o apenado houver cometido
um crime hediondo com resultado
morte e depois cometer um crime
hediondo sem resultado morte, ele
será um reincidente não específico. Por
ausência de percentual especial para
essa situação, o apenado deverá
progredir como se fosse primário, de
acordo com o STJ.
● Especiais
○ Progressão no regime aberto exige a
aceitação de seu programa e das condições
impostas pelo Juiz.
Art. 114. Somente poderá ingressar no regime
aberto o condenado que:
18 S. 439/STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.
17 SV 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de
julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de
exame criminológico.
38
I - estiver trabalhando ou comprovar a
possibilidade de fazê-lo imediatamente;
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou
pelo resultado dos exames a que foi
submetido, fundados indícios de que irá
ajustar-se, com autodisciplina e senso de
responsabilidade, ao novo regime.
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do
trabalho as pessoas referidas no artigo 117
desta Lei.
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições
especiais para a concessão de regime aberto,
sem prejuízo das seguintes condições gerais
e obrigatórias:
I - permanecer no local que for designado,
durante o repouso e nos dias de folga;
II - sair para o trabalho e retornar, nos
horários fixados;
III - não se ausentar da cidade onde reside,
sem autorização judicial;
IV - comparecer a Juízo, para informar e
justificar as suas atividades, quando for
determinado.
39
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições
estabelecidas, de ofício, a requerimento do
Ministério Público, da autoridade
administrativa ou do condenado, desde que
as circunstâncias assim o recomendem.
■ É vedado ao juiz aplicar uma condição
não prevista em lei que consista em
uma modalidade de cumprimento de
pena.
● Ex.: Para progredir ao regime
aberto, o apenado deve prestar
serviços à comunidade. Isso está
vedado pois é uma das formas de
penas restritivas de direitos.19
○ Crimes contra a administração pública
■ Só poderá progredir de regime quem
comprovar o ressarcimento ao Erário, a
reparação do dano com os acréscimos
legais.
○ Dispensa legal de trabalho para progressão
■ O condenado maior de 70, o
condenado acometido de doença
grave, o condenado com filho
deficiente físico ou mental, ou a
condenada gestante.
● Para fins de progressão, o trabalho pode ser feito
em empresa familiar? Segundo o STJ, pode. É
muito difícil conseguir emprego e impedir que o
preso seja contratado por parente reduz ainda mais
19 S. 493/STJ: É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao
regime aberto.
40
essa possibilidade de conseguir uma ocupação
lícita. Outro ponto, o Estado deve empregar todos
os esforços para ressocializar a população
carcerária. Por fim, não há vedação na LEP.
● Esse raciocínio se aplica também
à remição da pena.
● Progressão na prisão provisória○ Como já mencionado, o ideal é o
requerimento de uma medida cautelar
diversa da prisão compatível com o grau de
liberdade atingida, em prestígio ao princípio
da homogeneidade.
○ Contudo o STF, por meio da súmula 716, já
colacionada, admite a aplicação de
benefícios aos presos provisórios. Há uma
grande crítica a essa posição em razão da
vedação ao cumprimento antecipado de
pena.
● Base de cálculo para progressão e benefícios
○ A jurisprudência é pacífica no sentido de que
a progressão e os benefícios são calculados a
partir das penas somadas.
■ Havia uma tese de que, como a
limitação de pena privativa de
liberdade é de 40 anos (antes do
pacote anticrime era de 30 anos), o
cálculo deveria ser em cima desses 40
anos.
● Contudo, é assente na
jurisprudência que o cálculo
deve ser feito em cima das penas
aplicadas.
41
○ Caso contrário, seria
vantajoso cometer muitos
crimes. Pense: pratiquei
dois latrocínios, recebendo
uma pena de 60 anos
(duas penas máximas). Se
fosse possível fazer a conta
em cima do máximo em
abstrato (40 anos), seria
conveniente praticar os
crimes em concurso.
● Natureza da decisão que concede a progressão
○ Natureza declaratória.
■ A decisão apenas reconhece um direito
adquirido pelo preenchimento dos
requisitos legais.
● A partir daí, tem-se que se o
sujeito cumpriu os requisitos
para progressão em 20.12.2019,
mas o juiz só decidiu em
04.07.2020, é a data do
preenchimento que contará para
a próxima progressão.
○ É inadmissível a chamada
progressão per saltum de
regime prisional (S.
491/STJ). Contudo, a
regressão pode ser per
saltum.
■ Isso não quer dizer
que a demora na
declaração da
42
progressão vá
prejudicar o
apenado. Veja: O
sujeito cumpriu dois
anos de pena, em
tese poderia
progredir. Só que o
sujeito teve uma
demora de analisar
esse pedido e o
sujeito já está
cumprindo pena há
cinco anos no regime
fechado. Nesse caso,
ele pode ir direto
para o regime aberto,
até mesmo em
observância da
Súmula Vinculante
56.20
● Inadimplemento da pena de multa
○ Não obsta a progressão de regime, em regra.
■ Só é possível vetar a progressão se, e
somente se, o apenado dispuser dos
meios para pagar a multa e não o faz
porque pretende frustrar os objetivos
da pena.
● Prisão domiciliar humanitária
20 SV 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE
641.320/RS.
43
○ A prisão albergue domiciliar é limitada para
os casos previstos em lei, desde que estejam
em regime aberto.
■ Porém, o STJ admite a possibilidade
também de quem esteja no regime
fechado ou no regime semiaberto.
● É o caso tanto do homem quanto
da mulher, que tem um filho
pequeno, das mulheres
gestantes, a mulher que tem um
filho menor de 12 anos ou
deficiente e tem também a
prisão albergue domiciliar
humanitária por questões de
saúde e etária (70 anos).
h. Regressão
i. Trata-se da possibilidade de sair de um regime menos
severo para um mais gravoso. É por essa razão que a
própria lei permite a regressão per saltum. É possível o
sujeito ir do aberto para o fechado, mas nunca poderá ir
do fechado para o aberto. Por que? A ideia é que o
sujeito, ao longo da sua execução, vá adquirindo senso de
responsabilidade.
ii. Está prevista nos artigos 118 e 146 da LEP.
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará
sujeita à forma regressiva, com a transferência para
qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o
condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
44
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena,
somada ao restante da pena em execução, torne
incabível o regime (artigo 111).
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se,
além das hipóteses referidas nos incisos anteriores,
frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a
multa cumulativamente imposta.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior,
deverá ser ouvido previamente o condenado.
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos
cuidados que deverá adotar com o equipamento
eletrônico e dos seguintes deveres: (Incluído
pela Lei nº 12.258, de 2010)
I - receber visitas do servidor responsável pela
monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e
cumprir suas orientações; (Incluído pela Lei nº
12.258, de 2010)
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de
danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de
2010)
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz
45
da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
I - a regressão do regime; (Incluído pela Lei nº
12.258, de 2010)
iii. A falta grave interrompe o prazo para a progressão e ela
também pode ensejar a regressão de regime. O crime
culposo e a contravenção penal,por sua vez, não geram
por si só a regressão de regime, mas podem ser levados
em conta na análise de outros benefícios.
● Súmula 526/STJ.21
○ Não viola a presunção de inocência, pois não
se trata de um reconhecimento sumário da
responsabilidade penal. Apenas haverá um
procedimento disciplinar que bastará para a
regressão, sem qualquer implicação no
julgamento criminal.
○ No procedimento disciplinar, o STJ admite
inclusive a regressão cautelar.
iv. A unificação das penas por crime anterior pode ensejar
a regressão se o quantum das penas somadas for
incompatível com o regime atual.
● Art. 111, LEP.22
○ O regime será determinado pelas penas
somadas no mesmo processo ou em
processos distintos ou, ainda, com a
22 Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos
distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou
unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.
Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena ao restante da
que está sendo cumprida, para determinação do regime.
21 S. 526/STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como
crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
46
condenação posterior com o remanescente
da pena exequenda.
● No caso de PRD sobrevindo uma PPL, há
disposição expressa de conversão da primeira
também PPL. Mas no caso de PPL sobrevindo
uma PRD? É uma lacuna normativa.
○ Nos termos do artigo 76 do Código Penal23,
deve-se executar primeiramente a pena mais
grave.
● A detração deve ser feita no momento da
sentença ou só na execução penal?
○ A detração é a diminuição do tempo de pena
já cumprido provisoriamente, por conta de
internação no Brasil ou no estrangeiro ou por
conta de prisão administrativa.
■ 1ª Corrente: Não deve ser feita no
momento da sentença. Por quê? Viola
os princípios da individualização da
pena. Seria uma nova etapa de fixação
da pena. Fixar-se-ia a pena e depois
haveria a redução para fixação de
regime. Além disso, viola o juiz natural,
que seria o juízo da execução a aplicar
a detração. Viola também a isonomia,
pois na prisão provisória o juiz da
condenação fica adstrito ao requisito
objetivo da progressão, não podendo
aferir o mérito carcerário.
■ 2ª Corrente: Quem entende que deve
ser feita a detração na sentença
argumenta que se consideraria a
23 Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave.
47
detração para fixar o regime, mas ela
não teria a ver com a progressão de
regime em si. Consequentemente,
seria simplesmente uma operação de
abatimento da pena cumprida na
fixação do regime inicial. Assim, não
seria uma quarta etapa de aplicação da
pena,não violaria a isonomia e,
consequentemente, a competência
seria do próprio juízo da condenação.
● Cabe detração em PRD?
○ Sim. O código penal somente fala de atração
na hipótese de pena privativa de liberdade,
mas a interpretação literal do texto poderia
levar à conclusão de que o benefício não
caberia na PRD. Contudo, é possível analogia
in bonam partem.
● É possível a detração do tempo de prisão
cautelar na medida de segurança? É possível,
mas não vai ser para que reduza de qualquer forma
o tempo total da medida, porque a medida
perdura enquanto perdurar a periculosidade do
agente.
○ O que vai ser feito? Antecipação da
reavaliação.
v. A frustração dos fins da execução ou o não pagamento
da multa.
● Imagine que o sujeito tem condições de cumprir a
pena de multa, no entanto pede ao juiz para
parcelar. O juiz defere e concede a progressão, com
o compromisso assumido de quitar as parcelas. O
48
inadimplemento injustificado ensejará a regressão
de regime.
vi. É possível regredir per saltum? Ou para um regime
mais gravoso que o da sentença condenatória?
● Segundo o STJ, é possível porque, na verdade, a
regressão per saltum é admitida. Não há óbice na
regressão para regime mais gravoso que o da
sentença. Não há nenhuma violação à coisa
julgada. Há apenas a aplicação de uma sanção
disciplinar.
i. Remição
i. Direito público subjetivo que possibilita ao apenado
reduzir a sua pena diante de atividades de caráter
ressocializador.
ii. O tempo é remido é computado como pena cumprida
para todos os efeitos.
● Isso significa que, se o sujeito foi condenado a 5
anos e tem 180 dias remidos e cumpriu já 6 meses,
o remanescente de pena será de 4 anos, podendo
o sujeito já ter direito a progressão de regime,
trabalho externo, indulto, comutação, dentre outros
benefícios.
○ Em suma, não interessa a natureza da pena
cumprida, se foi cumprida fisicamente ou se
foi pena remida.
iii. Remição pelo trabalho
● Serve para todos os tipos de trabalho. Sendo assim,
não interessa se o trabalho é manual, intelectual,
agrícola, industrial, braçal ou externo.
○ O preso do regime fechado, contudo, só
pode trabalhar em trabalho externo se ele
49
tiver cumprido um sexto da pena e se for em
obras públicas.
■ A obra só pode ter no máximo de 10%
do seu pessoal sendo esses presos no
trabalho extramuros.
○ O preso no regime semiaberto também
pode remir pelo trabalho. Súmula 562/STJ.24
■ O STJ, no entanto, tem o entendimento
de que no caso do apenado que for
condenado diretamente no regime
semiaberto, ele poderia, no dia
seguinte, já começar a trabalhar. Esse
entendimento jurisprudencial diz que
um sexto da pena seria exigido para
o regime fechado. E, no mais, que o
tempo de pena cumprido no regime
fechado pode ser usado ali,
eventualmente, já para a concessão do
regime semiaberto.
■ No regime aberto não pode. Um dos
requisitos estabelecidos pela LEP para
o sujeito ir para o regime aberto é que
ele esteja trabalhando ou que ele
comprove a impossibilidade de fazer.
Então perceba como a LEP na cabeça
do legislador tinha todo um processo
que fechado, ficaria ali na cela, na
cadeia, depois ele iria para o
semiaberto, ele sairia durante o dia,
teria suas atividades, faria o que
24 É possível a remição de parte do tempo de execução da pena quando o condenado, em regime
fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros.
50
quisesse na rua, voltaria para dormir no
presídio com aquele rigor, com aquela
cela fechada. E aí quando ele saísse
durante o dia, ele poderia ir procurar
um emprego, fazer atividades, etc.
Voltaria para a prisão e aí quando ele
atingisse o lápis de progressão de
tempo para ir para o aberto, ele já teria
muitas das vezes um emprego na
cabeça do legislador. Então, seria
excepcional a hipótese do sujeito não
conseguir emprego. Claro, se ele
estaria trabalhando já, não faria sentido
ele remir pena, porque é uma
obrigação, de certa forma, que foi
imposta a ele.
● Como é feita a fiscalização?
○ Apresenta-se uma carta do empregador. O
juiz da execução penal determina uma
inspeção, tem uma equipe, um setor de
fiscalização que vai lá nessa empresa, eles
perguntam se tem câmera, se tem
monitoração, quanto tempo fica gravado.
Eles veem a atividade que o sujeito vai
desempenhar. Eles entregam um relatório
com base no qual será analisada a
idoneidade da empresa.
● Presos políticos e provisórios: não estão
obrigados ao trabalho. No caso dos provisórios,
caso decidam trabalhar, será apenas admitido o
trabalho interno.
51
● Os maiores de 60 anos, doentes, deficientes:
exercerão uma ocupação condizente com a sua
condição.
● Horário especial de trabalho: é permitido ao preso
que realiza trabalho na manutenção e conservação
do estabelecimento.
○ Segundo o STJ, a recusa do apenado ao
trabalho consiste em falta grave.
○ Se o preso, ainda que sem autorização,
efetivamente trabalhar aos domingos,
feriados, esses dias deverão ser computados.
● Prazo: 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho.
● Quais os direitos trabalhistas do preso?
Basicamente, direito à remuneração (3/4 do salário
mínimo) e à previdência social. Não está sujeito à
CLT.
○ Se não cabe CLT, qual a carga horária? De 6 a
8 horas. A cada 6 horas extras (isto é, a hora
que exceder as 8 horas ordinárias de
trabalho) o preso terá um dia a mais de
trabalho para remição.
○ Informativo 870/STF: Menos do que 6 horas
não é dia de trabalho, mas as horas são
computadas até se formarem um dia.
● É possível aproveitar os dias remidos em pena de
outro processo? Sim, desde que a segunda
condenação advenha de um fato anterior.
○ Imagine o seguinte caso: João foi preso
provisoriamente e remiu pena. Contudo, foi
absolvido. Em seguida, foi preso novamente,
por um fato anterior ao tempo em que
52
estava preso. Nesse caso, será possível
aproveitar os dias remidos, segundo o STJ.
iv. Remição pelo estudo
● As atividades de estudo poderão ser desenvolvidas
de forma presencial ou por metodologia à
distância.
● É possível cumular remição de trabalho com
estudo? Sim. Para os presos nos regimes fechado e
semiaberto.
● Cabe remição pelo estudo para o regime aberto?
Sim. É possível.
● Prazo: A cada 12 horas de estudo, há remição de
um dia de pena. Essas 12h devem ser distribuídas
em 3 dias, sem prejuízo de horas extras.
● Informativo 677/STJ: O tempo excedido de estudo,
superior a 12 horas, deve ser computado para
remição.
■ A hora extra de estudo não tem
previsão legal, mas seria um tanto
quanto desproporcional simplesmente
desconsiderar essa atividade.
● Remição pelo ENEM e pelo ENCCEJA: Tema
controvertido.
○ 1ª Posição: Não é cabível a remição de pena
por aprovação do Enem a quem já tinha o
Enem, quem já tinha o ensino médio.
Violação da proporcionalidade.
○ 2ª Posição: Caberá a remição sem o adicional
de 1/3 pela conclusão do curso.
v. Remição Ficta
● Como vimos, mesmo tendo direito de trabalhar e
sendo dever do Estado promover esse trabalho,
53
não é possível computar tempo de remição se não
houver trabalho efetivo. STJ vedou, portanto, a
chamada remição ficta.
■ Portanto, só cabe para o caso de preso
incapacitado por acidente de trabalho,
já que sua impossibilidade de trabalhar
é pessoal e não estrutural, sendo
permitida a continuidade da remição.
● É a única hipótese de remição
ficta.
● O tempo a remir em função das horas de estudo é
acrescido de um terço, se o sujeito concluir o
ensino fundamental ou superior.
vi. A remição será sempre declarada pelo juiz da execução,
ouvidos o MP e a Defesa.
vii. Crimes hediondos não obstam a remição.
viii. Medida de segurança: Não cabe remição emmedida de
segurança.
ix. Remição pela leitura
● É preciso ler o livro, no prazo de 21 a 30 dias, e fazer
uma resenha, de acordo com o CNJ.
● Prazo: A cada livro lido são 4 dias remidos.
○ É possível remir até 48 dias por ano com
base em leitura.
x. Informativo 613/STJ: O apenado que participarde coral
tem direito a remição por uma interpretação extensiva
dos institutos, totalmente cabível por conta dos fins da
pena e de se tratar de uma atividade ressocializadora.
xi. Instituto Plácido de Sá Carvalho:
● Trata-se de uma unidade prisional no Complexo
Penitenciário de Gericinó, no bairro de Bangu, no
Rio de Janeiro.
54
○ Era uma unidade prisional com péssimas
condições, de modo que foi fiscalizada pela
Corte Interamericana de Direitos Humanos,
que determinou uma série de medidas para
a redução das mazelas, dentre elas o
cômputo em dobro da pena.
■ É possível que a fração de redução seja
menor, caso o exame criminológico
recomende.
■ O STJ já entendeu que mesmo após as
reformas na unidade o cômputo ainda
será em dobro.
■ Não se aplica para condenados por
crimes contra a vida, contra a
dignidade sexual e contra a
integridade física.
xii. Perda dos dias remidos
● Como vimos, em caso de falta grave, o juiz poderá
revogar até 1/3 dos dias remidos, recomeçando a
contagem a partir da data da infração.
○ Excepciona-se a fuga, que se conta da
recaptura, por se tratar de falta grave
permanente.
○ 1/3 é o limite máximo de revogação. Como
vimos anteriormente no estudo das faltas
graves, é preciso que o juiz fundamente,
havendo corrente no sentido de que o
mínimo seria 1 dia e corrente que defende
que o mínimo seria 1/6 por ser a menor fração
prevista em lei.
○ Informativo 559/STJ: Magistrado tem o
poder-dever de revogar os dias remidos. Ou
55
seja, não é lícito ao juiz não aplicar nenhuma
perda.
○ É possível alcançar os dias remidos antes da
infração não homologados, mas os
posteriores não podem ser perdidos..
j. Autorização de Saída
i. Trata-se de um gênero de benefícios penais do qual a
permissão de saída e a saída temporária são espécies.
ii. Permissão de saída
● Cabível nos regimes fechado e semiaberto, bem
como para presos provisórios.
● Possui finalidades específicas, todas de caráter
humanitário. São elas a necessidade de tratamento
médico e o falecimento ou doença grave do
cônjuge, companheira, ascendente, descendente
ou irmão.
● Pode ser conferido pelo próprio Diretor do presídio,
sem prejuízo de eventual decisão judicial, não
demandando prova robusta, até mesmo porque
esse ônus é do Estado e não pode ser transferido
ao apenado, tampouco podendo ser razão para o
indeferimento o comportamento do requerente.
● Haverá sempre escolta, já que não se trata de um
benefício destinado à ressocialização, senão para o
atendimento de uma finalidade específica, sendo
sua duração limitada estritamente à consecução
dessa finalidade.
○ Daí porque também não cabe a monitoração
eletrônica. A auto responsabilidade do
apenado é incompatível com o regime
fechado e semiaberto.
iii. Saída temporária
56
● Cabível apenas no semiaberto, pois se trata de um
instrumento de ressocialização, diferentemente da
permissão de saída.
● Requisito objetivo: 1/6 da pena para primário e 1/4
da pena para reincidente.
○ A jurisprudência admite que essa fração seja
cumprida no regime fechado. Até mesmo
porque, se o apenado fosse cumprir no
regime semiaberto, ele provavelmente já
teria direito à progressão, de modo que a
saída se tornaria inócua. É a mesma lógica do
trabalho extramuros.
● Requisitos subjetivos: comportamento adequado
e compatibilidade do benefício com os objetivos da
pena.
● Finalidades: Visita à família (Visitação Periódica ao
Lar - VPL), realização de cursos ou prática de
atividades que concorram para a ressocialização.
● É possível, diferentemente da permissão de saída, a
determinação de monitoramento eletrônico, visto
que se trata de benefício que visa à ressocialização,
além do fornecimento do endereço e da proibição
de frequentar bares, casas noturnas e
estabelecimentos congêneres.
○ É possível também que o magistrado
determine condições especiais não previstas
em lei a depender do caso concreto.
■ Exemplo: Condenado por estupro de
vulnerável pode ser proibido de
frequentar lugares com maior
circulação de crianças.
57
● Hipóteses de revogação: praticar fato definido
como crime doloso, for punido por falta grave,
desatender as condições impostas na autorização
ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso.
○ Essa revogação é automática. Ou seja, o juiz
apenas declarará a revogação, não sendo
lícito ponderar sobre a manutenção do
benefício.
■ Para readquirir o direito, será preciso a
absolvição no processo penal, o
cancelamento da punição disciplinar
ou a demonstração do merecimento
do condenado.
■ Embora a falta grave revogue o
benefício, não será possível utilizá-la
para interromper o prazo para nova
saída temporária. Ela terá de ser
avaliada como requisito subjetivo
negativo.
● Duração: É possível até 35 dias por ano, com
intervalo mínimo de 45 dias entre cada saída.
○ Essa é a razão do calendário de saídas
temporárias. 5 saídas de uma semana em
datas comemorativas como natal, páscoa, dia
das mães, dia dos pais, etc.
○ Os tribunais superiores já estabeleceram que
o prazo do benefício é contado em dias, não
em horas.
k. Livramento Condicional
i. Direito subjetivo do apenado. Trata-se de uma liberdade
precária e condicional.
58
ii. Importante frisar que, como já explicado em tópico
acima, o livramento condicional não é um benefício
verticalizado, ou seja, que compõe a progressão. É
possível, por exemplo, que o apenado saia do regime
fechado para o livramento condicional sem que isso
incorra em progressão per saltum, que inclusive é vedada
pela súmula 491 do STJ, como já vimos.
● Trata-se, portanto, de um benefício lateralizado.
iii. Não se aplica a quem cumpre PRD ou pena de multa. É
apenas para presos.
iv. Requisitos
● Objetivo: A pena total deve ser superior a dois
anos, devendo ter sido cumpridos 1/3 para
primários e com bons antecedentes, 1/2 para
reincidentes em crime doloso
(independentemente dos antecedentes) ou 2/3
para condenados por crime hediondo, primários ou
reincidentes.
○ É vedado o livramento para reincidentes
específicos em crimes hediondos e para
crimes hediondos com resultado morte
(Novatio Legis in Pejus do pacote anticrime)
■ A reincidência específica em crime de
hediondo significa que ele cometeu
um crime de hediondo ou equiparado
e depois ele cometeu um novo delito
hediondo ou equiparado.
○ Tráfico de drogas: Dar-se-á o livramento
condicional após o cumprimento de dois
terços da pena, vedada sua concessão ao
reincidente específico. Se for reincidente
específico em crime de tráfico, não vai ter
59
livramento condicional, assim como
atualmente não tem livramento condicional
aquele que comete crime hediondo com
resultado morte.
● Subjetivo: Bom comportamento, bom
desempenho no trabalho, aptidão para
subsistência, não cometimento de falta grave nos
últimos 12 meses e a perspectiva de que o apenado
não voltará a delinquir.
○ Informativo 776 do STJ: A falta grave nos
últimos 12 meses é diferente do bom
comportamento, que pode ser anterior a
esses 12 meses.
● Formal: Reparação do dano, salvo a
impossibilidade de fazê-lo.
v. Condições a serem cumpridas no livramento:
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as
condições a que fica subordinado o livramento.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as
obrigações seguintes:
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for
apto para o trabalho;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da
execução, sem prévia autorização deste.
60
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional,
entre outras obrigações, as seguintes:
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à
autoridade incumbida da observação cautelar e de
proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não frequentar determinados lugares.
● A condições facultativas são exemplificativas,
sendo lícito que o juiz determine quaisquer outras.
vi. Existe interesse do réu em recorrerpara aumentar a
pena? Em tese, sim. Imagine que o sujeito foi condenado
a uma pena de 1 ano e 11 meses. Por apenas ummês, não
será possível a ele ser concedido o livramento
condicional. Se a ele não for cabível o benefício do sursis
da pena ou a conversão em PRD, ele terá de cumprir
pena em razão de apenas 1 mês.
vii. Revogação
● Obrigatória
○ A revogação decorrerá de uma sentença
condenatória irrecorrível por crime doloso
cometido na vigência do benefício ou por
crime anterior, se a soma das penas
inviabilizar o livramento.
■ Uma consequência prática relevante é
que, nessas hipóteses, o tempo
cumprido de livramento condicional
não é descontado da pena, ou seja, se
ele cumpriu 1 ano e 6 meses de
61
livramento, mas foi condenado nesses
moldes, esse tempo será perdido.
■ Não poderá ser concedido novo
livramento para aquele montante de
pena em que houve a revogação. Ou
seja, o apenado terá de cumprir a pena
restante e depois, para a nova
condenação, é que serão calculados os
benefícios de outro livramento.
● Exemplo: Restavam dois anos de
pena. O livramento condicional
foi concedido e após 1 ano, houve
condenação transitada em
julgado por crime doloso
praticado no curso do livramento
a 6 anos. Esse ano de livramento
será perdido. Então o apenado
cumprirá 2 anos e, depois, haverá
o cálculo em cima dos 6 anos
pelos quais foi condenado.
■ E se não houver suspensão do
período de prova a tempo de nova
condenação, de modo que o apenado
termine o período de prova antes do
trânsito em julgado da condenação?
S. 617/STJ: A ausência de suspensão ou
revogação do livramento condicional
antes do término do período de prova
enseja a extinção da punibilidade pelo
integral cumprimento da pena.
■ E há falta grave no livramento?
Segundo o STJ, não configura falta
62
grave o cometimento de um novo
crime no curso do livramento. O
benefício vai ser revogado, o tempo
que o reeducando esteve solto não será
descontado da pena, e ele também,
obviamente, não vai poder obter um
novo benefício em relação àquela
mesma pena.
● Facultativa
○ Nesse caso, caberá ao juiz analisar com base
na conveniência para a consecução dos
objetivos do cumprimento da pena quando o
apenado descumprir quaisquer das
condições impostas no livramento ou for
condenado com trânsito em julgado a pena
não privativa de liberdade por crime ou por
contravenção.
l. Incidentes da Execução
i. Incidentes são questões controversas secundárias e
acessórias que surgem no curso de um processo e que
precisam ser julgadas antes da decisão do mérito da
causa principal. Sob a perspectiva legal, são aqueles
previstos no art. 180 e seguintes da LEP.
● Entretanto, importante salientar que há diversos
incidentes não previstos expressamente como tais,
a exemplo da progressão, da remição,
homologação de faltas graves, etc.
ii. Conversões
● Trata-se de uma conversão de umamodalidade de
pena em outra. Ou seja, de pena privativa de
liberdade em restritiva de direitos ou vice-versa,
63
sendo classificadas como positiva ou negativa,
respectivamente.
● Conversão em PRD: Pena privativa de liberdade
não superior a 2 anos, regime aberto, cumprimento
de 1/4 da pena e antecedentes e personalidade
favoráveis.
○ Há divergência doutrinária sobre se esses
dois anos de cumprimento de pena seriam
dois anos totais ou seriam dois anos no
momento da conversão.
■ Nucci defende que os 2 anos são
verificados no momento da conversão,
abrangendo penas superiores com
regime inicial aberto.
● Em que pese se tratar de
hipótese interessante, na prática
é difícil de ser verificada. É que o
Código Penal e as legislações
posteriores trouxeram diversos
benefícios executórios mais
benéficos. Então, por exemplo, o
sujeito que chegue nesse
patamar de pena, provavelmente
ele já terá atingido os requisitos
para um livramento condicional.
Ou mesmo, ele, de acordo com a
pena, às vezes sequer terá uma
pena aplicada. A pena já será
convertida em restritiva de
direitos pelo próprio juízo da
condenação. Talvez o juízo da
condenação já tenha, inclusive,
64
suspendido a pena, uma
suspensão condicional da pena,
no extremo do artigo 77 do
Código Penal.
● Conversão em PPL: O descumprimento de
qualquer restrição imposta na sentença
condenatória, o cometimento de falta grave ou a
prática de um novo crime doloso acarretam a
conversão da PRD em PPL.
○ A pena restritiva pecuniária, isto é, pena de
multa ou pagamento de prestação à vítima,
estão excluídas da conversão.
■ Já que se aplica o mesmo critério do
inadimplemento da multa, serão
inscritas, ou serão as dívidas de valor
inscritas para fins de execução penal,
de execução fiscal. Serão executadas
pelo Ministério Público, como nós
vimos no tópico específico, mas essas
penas não serão convertidas para
privativa de liberdade.
iii. Excesso e desvio da execução
● Haverá excesso ou desvio de execução sempre que
algum ato for praticado além dos limites fixados na
sentença, em normas legais ou regulamentares.
● O excesso diz respeito ao quantitativo de pena,
enquanto o desvio se liga ao não atingimento de
sua finalidade. O desvio pode ser favorável, por
exemplo, o cumprimento em regime semiaberto
quando a condenação determinava regime
fechado. O excesso, por sua vez, será sempre
desfavorável.
65
○ Outro exemplo de desvio favorável, é a saída
temporária superior a 35 dias.
● O cumprimento de pena em situação degradante
é um desvio de finalidade. Para corrigir isso, cabe
ao apenado ingressar com ação de
responsabilidade civil em face do Estado, não
cabendo a este se valer da tese da reserva do
possível, visto que é dever do Estado prover
condições dignas de cumprimento de pena.
● Se o sujeito é acometido de doença mental
superveniente e não é posto em internação no
hospital de custódia (que seria uma forma especial
de conversão), haverá desvio de execução.
○ Detalhe: A superveniência de
inimputabilidade por doença mental não
implica necessariamente na conversão em
medida de segurança. Essa é uma
consequência facultativa. A única
consequência obrigatória é a internação em
hospital de custódia. Logo, é possível que o
apenado cumpra pena em hospital de
custódia sem cumprir medida de segurança.
■ Se o apenado recuperar sua sanidade?
Deverá ser posto em liberdade, pois
não há previsão legal para a conversão
de medida de segurança e internação
em PPL.
iv. Anistia e Indulto
● A anistia é o esquecimento jurídico e tem por
objeto fatos e não pessoas. Só pode ser concedida
mediante lei, de caráter irrevogável, oriunda do
Congresso Nacional, possuindo efeitos ex tunc. É
66
uma causa de extinção da punibilidade que afeta
todos os efeitos penais, primários e secundários (a
graça, por exemplo, como se verá, extingue apenas
os efeitos primários da condenação, ou seja, a pena
propriamente dita).25
○ Porém, não afeta os efeitos extrapenais (arts.
91 e 92, CP).
Art. 91 - São efeitos da condenação:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - tornar certa a obrigação de indenizar o
dano causado pelo crime; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a perda em favor da União, ressalvado o
direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) dos instrumentos do crime, desde que
consistam em coisas cujo fabrico, alienação,
uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem
ou valor que constitua proveito auferido pelo
agente com a prática do fato criminoso.
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens
ou valores equivalentes ao produto ou
proveito do crime quando estes não forem
25 Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória),
mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais.
67
encontrados ou quando se localizarem no
exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de
2012)
§ 2º Na hipótese do § 1o, as medidas
assecuratórias previstas na legislaçãoprocessual poderão abranger bens ou valores
equivalentes do investigado ou acusado para
posterior decretação de perda.
(Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por
infrações às quais a lei comine pena máxima
superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá
ser decretada a perda, como produto ou
proveito do crime, dos bens correspondentes
à diferença entre o valor do patrimônio do
condenado e aquele que seja compatível
com o seu rendimento lícito. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput
deste artigo, entende-se por patrimônio do
condenado todos os bens: (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - de sua titularidade, ou em relação aos
quais ele tenha o domínio e o benefício
direto ou indireto, na data da infração penal
ou recebidos posteriormente; e
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
68
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou
mediante contraprestação irrisória, a partir
do início da atividade criminal.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O condenado poderá demonstrar a
inexistência da incompatibilidade ou a
procedência lícita do patrimônio.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser
requerida expressamente pelo Ministério
Público, por ocasião do oferecimento da
denúncia, com indicação da diferença
apurada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve
declarar o valor da diferença apurada e
especificar os bens cuja perda for decretada.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática
de crimes por organizações criminosas e
milícias deverão ser declarados perdidos em
favor da União ou do Estado, dependendo da
Justiça onde tramita a ação penal, ainda que
não ponham em perigo a segurança das
pessoas, a moral ou a ordem pública, nem
ofereçam sério risco de ser utilizados para o
cometimento de novos crimes.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
69
Art. 92 - São também efeitos da
condenação: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
I - a perda de cargo, função pública ou
mandato eletivo, nos crimes praticados com
abuso de poder ou violação de dever para
com a Administração Pública quando a pena
aplicada for superior a quatro anos;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a perda de cargo, função pública ou
mandato eletivo: (Redação dada pela
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
a) quando aplicada pena privativa de
liberdade por tempo igual ou superior a um
ano, nos crimes praticados com abuso de
poder ou violação de dever para com a
Administração Pública; (Incluído pela
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
b) quando for aplicada pena privativa de
liberdade por tempo superior a 4 (quatro)
anos nos demais casos. (Incluído pela
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
II – a incapacidade para o exercício do poder
familiar, da tutela ou da curatela nos crimes
dolosos sujeitos à pena de reclusão
cometidos contra outrem igualmente titular
70
do mesmo poder familiar, contra filho, filha
ou outro descendente ou contra tutelado ou
curatelado; (Redação dada pela Lei nº
13.715, de 2018 )
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando
utilizado como meio para a prática de crime
doloso. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este
artigo não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
○ Não há empecilho para que a anistia seja
condicionada, de modo que não se tornará
geral, mas parcial, excluindo aqueles que não
preencherem as condições legais.
○ A anistia própria ocorre antes do trânsito em
julgado da sentença, ao passo que a
imprópria ocorre após.
● O indulto é feito por meio de decreto do presidente
da república, que inclusive pode ser delegado aos
ministros, à AGU e à própria PGR, atingindo apenas
a pretensão executória e por isso que ele não afeta
os efeitos penais secundários, ele afeta só o efeito
penal primário, que é a pena.
○ Na verdade, no indulto, não se apaga o fato,
apaga-se somente a pretensão executória, os
efeitos secundários continuarão a existir.
71
○ Iniciativa pode ser do MP, do conselho
penitenciário, do próprio apenado, ou de
ofício (tradição do indulto natalino).
○ Qual a diferença entre o indulto e a graça?
A graça é individual, enquanto o indulto é
coletivo.
○ A comutação da pena é uma espécie de
indulto? Para alguns seria um indulto parcial,
para outros não. Enquanto o indulto diz
respeito à extinção da pena, a comutação diz
respeito somente a uma diminuição da pena.
Então, a comutação não necessariamente
extingue a punibilidade.
○ O indulto se aplica até mesmo para penas
decorrentes de acordo de colaboração
premiada.
● Constituição veda anistia e graça para crimes
hediondos.
○ E o indulto? Existe grande controvérsia.
■ É interessante levantar a tese de que,
na verdade, o indulto não estaria
impedido, mas prevalece, em sede
jurisprudencial, que é constitucional
você impedir também aos crimes
hediondos o indulto.
● Como se trata de regra
constitucional e a graça é espécie
do indulto, não há porque
permitir indulto para crimes
hediondos.
72
● O mesmo raciocínio se aplica
para a comutação da pena
(indulto parcial).
● É possível indultar antes do trânsito em julgado?
○ Apenas se houver trânsito em julgado para a
acusação, momento em que a pena não
poderá mais ser majorada.
■ Caso contrário, o sujeito poderia ser
indultado pendente apelação do MP e
o tribunal aumentaria a pena, deixando
o réu sem direito ao indulto, por
exemplo.
● Na ADI 5874, entendeu o STF que a concessão do
indulto não está vinculada à política criminal
estabelecida pelo Legislativo, tampouco adstrita à
jurisprudência, muito menos a qualquer espécie de
prévia consulta ao Conselho Nacional de Política
Criminal. Em resumo, é da discricionariedade do
Presidente da República.
m. Agravo em Execução
i. Único recurso cabível em sede de Execução Penal. E o
HC? HC não é recurso, é ação autônoma de impugnação.
E os embargos de declaração? São cabíveis, mas não
discutem omérito da decisão propriamente dito.
ii. Não possui efeito suspensivo.
● Exceção: art. 179 da LEP.26
iii. Qual o rito?
● Quando a LEP era um projeto de lei, tramitava
paralelamente o projeto de CPP que mencionava o
agravo de instrumento. Por isso que a LEP não
26 Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a
liberação.
73
mencionou o rito deste agravo, uma vez que seria o
rito do agravo previsto no CPP. Porém, apenas a
LEP entrou em vigor, razão pela qual deveríamos
usar o rito do agravo de instrumento do CPC, em
tese.
○ Contudo, não é isso que prevalece.
■ Segundo jurisprudência e a doutrina, é
justamente a aplicação do rito do
recurso em sentido estrito.
■ Ou seja, prazo de cinco dias para
interposição, dois dias para razões e
juízo de retratação após as
contrarrazões.
● Ensejou a súmula 700/STF: É de
cinco dias o prazo para
interposição de agravo contra
decisão do juiz da execução
penal.
iv. Efeitos:
● Suspensivo: Não possui. Apenas no caso do art. 179
e quando requerido e deferido pela parte.
● Devolutivo: A matéria recorrida será devolvida para
apreciação do Judiciário, dessa vez perante o
tribunal.
● Regressivo ou iterativo: Diz respeito à
possibilidade do juízo de retratação pelo
magistrado.
● Extensivo: Estende-se sobre os capítulos da
decisão, mesmo que não impugnados
especificamente, e aos demais sujeitos processuais
que estejam em situação similar.
74
○ S. 604/STJ: "Não cabe mandado de
segurança em matéria criminal para atribuir
efeitos extensivos".
75

Mais conteúdos dessa disciplina