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Degeneração e Morte Celular Jeyson Césary Lopes, DSc. Degenerações Degeneração: lesão reversível secundária a alterações bioquímicas que resultam em acúmulo de substâncias no interior de células, sendo esta a sua característica morfológica principal. Degenerações • Sua classificação depende da natureza da substância acumulada: 1. Acúmulo de água e eletrólitos; hidrópica; 2. Acúmulo de proteínas; hialina e mucoide; 3. Acúmulo de lipídeos; esteatose e as lipidoses; 4. Acúmulo de carboidratos; glicogenoses. Degeneração Hidrópica • Entrada de fluido extracelular e eletrólitos em uma célula. • Causada por distúrbios no equilíbrio hidroeletrolítico (retenção de eletrólitos e água em células). • Reversível se não muito intensa ou prolongada. Causas: 1. Hipóxia – Redução da produção de ATP; 2. Hipertermia exógena ou endógena – Aumento do consumo de ATP; 3. Toxinas que lesam diretamente a membrana; 4. Substâncias inibidoras de ATPase Na/K dependente. Degeneração Hidrópica • Características Macroscópicas: aumento de volume e peso do órgão (tumefação, cápsula tensa, consistência pastosa), palidez, compressão vascular pelas células tumefeitas e/ou coloração acinzentada clara. Degeneração Hidrópica • Características Microscópicas: citoplasma opaco, granuloso, turvo, refringente, com transparência diminuída mascarando o núcleo/ tumefação turva. Degeneração Hidrópica Tecido normal Degeneração Hidrópica Degeneração Hialina • Acúmulo de material intracelular de natureza proteica, conferindo aspecto hialino, as células e tecidos afetados. • Mecanismos: – Penetração no citoplasma de proteínas complexas, com precipitação ou coagulação das mesmas; – Ocorre em células dos túbulos proximais, nas proteinúrias, células da vilosidades intestinais do intestino delgado no recém nascido aleitado com colostro. Degeneração Hialina Degeneração de fibras musculares esqueléticas e cardíacas: Ação de endotoxinas bacterianas e da agressão de células T e macrófagos, onde ocorre a desintegração dos microfilamentos desses tecidos (miocardite e miosite chagásica). Degeneração Hialina • Corpúsculo hialino de Mallory: formado por filamentos intermediários associados a outras proteínas do citoesqueleto. Encontrados em hepatócitos de alcoólatras, esteato-hepatite, cirrose juvenil e carcinoma hepatocelular. Degeneração Hialina • Corpúsculos de Councilman Rocha Lima: presentes em hepatites virais, especialmente na febre amarela, correspondem a hepatócitos em apoptose. Degeneração Hialina • Corpúsculo de Russel: ocorre em indivíduos com proteinúria onde a degeneração excessiva de proteínas é encontrada no epitélio tubular renal. Degeneração Hialina Esteatose Conceito: Acúmulo reversível de lipídeos no citoplasma de células que metabolizam muita gordura, onde normalmente não seriam evidenciados histologicamente, formando vacúolos. Comum no fígado, epitélio tubular renal e miocárdio, mas pode estar também nos músculos esqueléticos e pâncreas. Etiologia: • Hipóxia: redução da síntese de ATP, gera aumento de ácidos graxos pelo excesso de acetil-CoA (redução da oxidação no ciclo de Krebs); • Desnutrição proteico–calórica: Carência de proteínas causa deficiência de fatores lipotropicos, reduzindo a formação de lipoproteínas e excreção dos triglicerídeos; Esteatose • Agentes tóxicos: lesam o RER diminuindo a síntese protéica (diminui a síntese de lipoproteínas). Também provocam esteatose pelo bloqueio na utilização de triglicerídeos. • Ingestão abusiva de etanol: O etanol é oxidado acetil CoA (aumento de acetil CoA), aumento da síntese de ácidos graxos (acúmulo de triglicérides nas células). A esteatose neste caso pode ser agravada pela desnutrição. Esteatose • Patogênese – Interferência no metabolismo dos ácidos graxos da célula aumentando sua síntese ou dificultando sua utilização, transporte ou excreção. – Causada por agentes tóxicos, hipóxia, alterações na dieta e distúrbios metabólicos de origem genética. Esteatose Esteatose A interferência no metabolismo lipídico causa: Aumento da síntese de lipídeos por lipólise, ingestão excessiva ou a partir do excesso de acetil-CoA; Redução na utilização dos triglicerídeos ou ácidos graxos para síntese de lipídeos mais complexos, devido a carência de fatores nitrogenados e de ATP; Menor formação de lipoproteínas por deficiência na síntese das apoproteínas; Distúrbios no deslocamento e fusão das lipoproteínas com a membrana plasmática (alterações funcionais do citoesqueleto). • Aspectos Macroscópicos: – Fígado: hepatomegalia, consistência diminuída, bordas arredondadas e coloração amarelada. – Coração: palidez e consistência diminuída; em outros casos (hipóxia), surgem faixas amareladas visíveis através do endocárdio. – Rins: aumentam volume e peso, tornando amarelado. Esteatose Esteatose • Microscópicos: – Triglicerídeos em vesículas revestidos por membranas (lipossomos) apresentando um grande vacúolo de gordura no citoplasma com núcleo periférico (esteatose macrovesicular) ou com núcleo centralizado (esteatose microvesicular). • Evolução e consequências: – Hepatócitos esteatóticos podem se romper e formar cistos gordurosos (reações inflamatórias). – Embolia gordurosa a partir da ruptura dos cistos gordurosos na circulação, o que é facilitado por traumatismos. – Na esteatose difusa, panlobular, pode haver manifestações de insuficiência hepática. – No etilismo crônico, pode ser acompanhada de fibrose pericelular, que pode evoluir para cirrose. – No coração, a esteatose difusa pode agravar a insuficiência desse órgão. Esteatose Lipidoses • Acúmulo intracelular de lipídeos não TG. – Colesterol e seus ésteres. • As lipidoses podem ser localizadas ou sistêmicas. • Depósitos de Colesterol: podem ser formados nas artérias (aterosclerose), na pele (xantomas) e em sítios de inflamações crônicas. – Aterosclerose: depósitos de colesterol encontrados na íntima das artérias de médio e grande calibre, interior de macrófagos e de músculo liso que migram da artéria média. – Xantomas: Lesões epiteliais em forma de nódulos ou placas que, quando superficiais, têm cor amarelada. Aparecem em condições de hipercolesterolemia. Características Macroscópicas: placas amareladas, amolecidas, na íntima (ateromas). Características Microscópicas: macrófagos e músculo liso tumefeitos, microvaculadas (aspecto esponjoso). Com a ruptura celular, o colesterol vai para o interstício onde forma cristais rombóides, com colagenização da íntima e calcificação dos depósitos de colesterol (aterosclerose). Lipidoses - Aterosclerose Aterosclerose Lipidoses Xantoma Eruptivo Glicogenoses Doenças genéticas caracterizadas pelo acúmulo de glicogênio no interior das células do fígado, rins, músculos esqueléticos e coração. Têm como processo básico a deficiência de enzimas do processo de degradação. Quando o glicogênio não é quebrado por deficiência enzimática, este se acumula no órgão. A não liberação de glicose para a circulação acarreta uma série de consequências. Glicogenoses • A morte celular, é resultante de várias causas, incluindo isquemia (redução do fluxo sanguíneo), infecção e toxinas. • Constitui também um processo normal e essencial na embriogênese, no desenvolvimento dos órgãos e na manutenção da homeostasia. • Pode ser programada, regulada ou acidental. Morte Celular • Duas vias principais de morte celular, a necrose e a apoptose. • A privação de nutrientes induz uma resposta celular adaptativa chamada autofagia que pode matar a célula. • Diferentes tipos de estresse podem induzir alterações nas células e tecidos diferentes das adaptações típicas, lesão celular e morte. Morte Celular Morte Celular Necrose • Manifestação final de uma célula que sofreu lesões irreversíveis. • Estado de morte celular ou tecidual em um organismo ainda vivo. • Causada por agentes físicos, químicos, biológicos, Hipóxia e isquemia Alterações nucleares• Picnose: volume reduzido, hipercorado. • Cariorrexe: distribuição irregular da cromatina. • Cariólise: dissolução da cromatina e perda da coloração do núcleo. Necrose de Coagulação • Citoplasma com aspecto de substância coagulada • Fase inicial: contornos celulares nítidos • Macro: esbranquiçado, com saliência do órgão • Causa mais frequente: isquemia Macro Micro Necrose de Coagulação Necrose Liquefativa • Consistência mole, semifluida ou liquefeita. • Anóxia no tecido nervoso, supra-renal e mucosa gástrica • Liberação de grande quantidade de enzimas lisossômicas • Comum nas infecções bacterianas Necrose Liquefativa Macro Micro Necrose Caseosa • Massa de queijo: do latim caseum. • Massa homogênea, acidófila, alguns núcleos picnóticos, e principalmente núcleos fragmentados (caiorrexe). • Perdem totalmente o contorno. • Comum na tuberculose. Macro Micro Necrose Caseosa Necrose Gomosa • Variedade na necrose de coagulação • Tecido com aspecto compacto e elástico, ou fluido e viscoso • Goma sifilítica Esteatonecrose • Necrose enzimática do tecido adiposo • Comum na pancreatite Esteatonecrose OBRIGADO!!!