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Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA Resumo – Direito Penal Aplicado – Prof. Silvio – 4° Bimestre * Recurso em Sentido Estrito - RESE: - Cabimento: Art. 581, CC: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa. É RESE secundum eventum litis, pois da decisão que recebe a denúncia ou queixa não cabe RESE, mas sim habeas corpus (tendo em vista que o juiz está violando direito de locomoção do réu). II - que concluir pela incompetência do juízo; É RESE secundum eventum litis, pois só cabe quando o juiz se declara incompetente e não competente. No Júri, da decisão que declara a desclassificação do crime cabe RESE. III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; As exceções do processo penal estão previstas no Art. 95, CPP: suspeição, impedimento, coisa julgada, litispendência, etc. No processo penal as exceções são processadas em autos apartados em processo incidental. Se o juiz julgar procedente a exceção, cabe RESE, mas se julgar improcedente a exceção cabe habeas corpus. Portanto, é RESE secundum eventum litis. IV – que pronunciar o réu; Cabe RESE da decisão de pronúncia, pois é uma decisão interlocutória. Já a impronúncia é decisão terminativa de mérito (sentença) e dela cabe apelação do artigo 593, II, CPP. V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; Cabe RESE de todas as decisões sobre fiança; quando o juiz concede liberdade provisória; revoga prisão preventiva; indefere pedido de prisão preventiva ou se relaxar a prisão em flagrante. VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; Decisão que declara ou não declara a extinção da punibilidade. A extinção da punibilidade pode ser reconhecida a qualquer tempo e fase do processo. Se declarar ou não declarar a extinção da punibilidade durante a ação, é uma decisão interlocutória da qual cabe RESE. Mas se decidir sobre a extinção da punibilidade em uma sentença, cabe apelação, mesmo que da matéria seja cabível RESE. X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; Essa decisão tem que ser de primeira instância. O juiz de primeira instância julga HC contra ato de delegado de polícia. Nesse caso, impetra HC contra o juiz, o qual será julgado pelo TJ ou TRF. Se o tribunal conceder o HC, cabe Recurso Especial ou Recurso Extraordinário de acordo com a matéria. Se o tribunal negar o HC, cabe Recurso Ordinário Constitucional (ROC – art. 105, CF) o qual será julgado pelo STJ. Antes, os advogados entravam com HC Substitutivo, mas o STF entendeu que não cabe mais esse HC, pois não cabe HC quando houver recurso previsto para aquela determinada decisão. XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; REVOGADOS TACITAMENTE. XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; Quando o juiz anular o processo cabe RESE, mas se ele não reconhecer a nulidade, não cabe RESE, mas sim HC para tentar anular o processo ou alegar em preliminar de apelação. Da decisão que não anula o processo não cabe RESE. XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; Inclui ou exclui jurado da lista do Tribunal do Júri. Se alguém não concordar com a inclusão/exclusão de alguém ou de si mesmo na lista de jurados cabe RESE. XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; Decisão que denegar ou julgar deserta a apelação. Denegar = não julgar. No CPP, o recurso é interposto no juízo de primeiro grau e é esse juízo quem faz o juízo de admissibilidade do recurso. Julgar deserta = se não forem recolhidas as custas recursais que só existem na Ação Penal Privada se o querelante ou querelado não forem pobres (pois se forem pobres há benefício da justiça gratuita). XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; Suspender o processo por qualquer motivo. Quem não concordar com a suspensão entra com RESE. XVII - que decidir sobre a unificação de penas; Unificação de penas. Quando for crime continuado e houver várias condenações, pede a unificação das penas com aumento da continuidade delitiva. TACITAMENTE REVOGADO. XVIII - que decidir o incidente de falsidade; Decisão que decidir o incidente da falsidade documental. Instaura processo incidental em que o juiz vai decidir se o documento do processo é falso. Seja qual for a decisão (documento é declarado falso ou verdadeiro), cabe RESE. XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; XX - que impuser Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA medida de segurança por transgressão de outra; XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774; XXII - que revogar a medida de segurança; XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação; REVOGADOS TACITAMENTE. XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples. TACITAMENTE REVOGADO. - Estão revogados: O inciso VI foi EXPRESSAMENTE REVOGADO. Cabia RESE contra absolvição sumária no Júri. Está errado, pois da absolvição cabe apelação. Os incisos XI; XII; XVII e XIX a XXIII foram TACITAMENTE REVOGADOS, pois tratam de decisões do juiz das execuções criminais. Até 1994 cabia RESE dessas decisões. Porém, em 1994 entrou em vigor a Lei de Execuções Penais que criou o recurso de agravo em execução. Art. 197, LEP: Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo. OBS: Prazo do agravo em execução: a lei é omissa quanto ao prazo e, com isso, surgiram duas correntes. Para a primeira corrente aplicava-se, por analogia, o prazo do agravo de instrumento do CPC. Para a segunda corrente, se o agravo em execução está substituindo o RESE, deve-se, por analogia, aplicar o prazo deste. A segunda corrente é a utilizada atualmente. Súmula 700, STF: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal. - Competência e Prazo: é uma peça dúplice. a) Petição de Interposição: proposta perante o juiz que proferiu a decisão recorrida. Prazo de 05 dias (preclusivo). b) Razões Recursais: proposta perante o TJ ou TRF. Prazo de 02 dias (não preclusivo). Primeiro interpõe o recurso; o juiz recebe e intima para apresentar as razões. Pode apresentar os dois juntos ou cada um sem seu respectivo prazo. Prazo preclusivo: perdeu o prazo não tem mais como interpor. Contado em dias corridos. Não preclusivo: se perder o prazo o juiz ainda pode receber depois. Isso ocorre porque o CPP diz que o juiz pode julgar o recurso inclusive sem as razões recursais. - Forma de Interposição: a) Nos próprios autos: só faz o recurso e não junta nenhuma peça, pois é anexado aos autos principais. Protocola o recurso, junta nos autos principais e sobe tudo para o Tribunal. Isso ocorre quando o processo não tem como seguir se o RESE não for julgado. Ex: rejeição da denúncia. Cabe nas seguintes hipóteses: Art. 581, I, III, IV, VIII e X. b) Por instrumento: o advogado junta as peças necessárias ao recurso e só ele sobe para o Tribunal. O processo original continua no juízo de primeiro de grau. Cabe nas seguintes hipóteses: Art. 581, II, VII, IX e XVIII. - peças facultativas: junta o que quiser. Se não juntar essas peças, não ocorre nada. - peças obrigatórias: são três – 1) decisão recorrida; 2) certidão da publicação da intimação (certidão expedida pelo cartório dizendo em qual dia foi feita a publicação); 3) petição de interposição. Isso serve para provar que o recurso é tempestivo. Se não juntar essas peças, o recurso não será conhecido/recebido e julgado. -Efeitos: 1) Efeito Devolutivo: em regra só tem efeito devolutivo, não suspendendo a execução da decisão recorrida. 2) Efeito Suspensivo: porém, excepcionalmente, terá efeito suspensivo em quatro situações: 1- contra decisão de pronúncia. Se houver prisão preventiva, o efeito suspensivo não revoga a prisão, pois ele não foi preso em decorrência da pronúncia. O RESE suspende o julgamento pelo Tribunal do Júri, pois enquanto o Tribunal não julgar o RESE o autor não poderá ir a Júri. Portanto, o efeito suspensivo suspende o julgamento pelo Tribunal do Júri e não a prisão, podendo o autor ser preso desde logo. 2- contra decisão que denega (não recebe) ou julga deserta a apelação. Quem decide se recebe ou não a apelação é o juiz de 1° instância. Se ele não receber a apelação e o MP interpor RESE, terá efeito suspensivo, pois se não tivesse esse efeito a decisão desde logo seria executada. Nesse caso, a decisão fica suspensa até o Tribunal julgar o RESE. 3- contra decisão que julga perdida a fiança. Se o juiz declarar perdida a fiança e o réu recorrer sem o efeito suspensivo, a fiança será recolhida. 4- contra decisão que julga quebrada a fiança. Também tem efeito suspensivo. O STJ já declarou que não cabe MS para dar efeito suspensivo ao RESE, pois o cabimento de MS é para direito líquido e certo e o efeito suspensivo não é direito líquido e certo. Nos demais casos em que cabe RESE não terá efeito suspensivo. 3) Efeito Regressivo (iterativo): no RESE é possível o juízo de retratação. Por esse efeito, o juiz pode se http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art774 Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA retratar e mudar sua decisão. OBS: No processo penal, o juízo de retratação é cabível apenas para o RESE e Agravo em Execução e em mais nenhum recurso. O RESE é interposto perante o juízo da decisão recorrida. O juiz, nesse caso, tem duas opções: a) faz o juízo de manutenção (sustentação) -> mantém a sentença. b) faz o juízo de retratação -> o próprio juiz muda a sua decisão. Quando isso acontece, a parte vencedora se torna vencida e poderá ingressar com novo RESE desde que a decisão admita RESE (tem que ser RESE pro et contra, ou seja, deve ser cabível da decisão em ambos os sentidos). Só é admissível a retratação uma única vez, ou seja, o juiz não pode se retratar e depois se retratar novamente. Depois que se retratar os autos sobe para o Tribunal decidir. Se o juiz não se manifestar se vai fazer a retratação ou não, o Tribunal não pode julgar o processo. Ou seja, o Tribunal não julga o processo sem que o juiz de primeira instância tenha se manifestado acerca da retratação, pois se não é supressão de instância e o julgamento será nulo. Caso o juiz não se manifeste, o Tribunal tem que voltar os autos para primeira instância para ele se manifestar. * Recurso de Apelação: - Conceito: é o recurso interposto contra sentença, decisão definitiva ou decisão com força de definitiva de primeira para segunda instância, para o reexame de matéria de fato ou de direito, com possibilidade de modificação parcial ou total do julgado. OBS: 1- O recurso de apelação é cabível contra sentença, decisão definitiva ou decisão com força de definitiva. Esses são os atos judiciais que admitem a apelação. 2- Só cabe recurso de apelação contra decisão do juiz de primeira instância. Não cabe contra decisão do Tribunal. 3- Tem efeito devolutivo amplo, ou seja, devolve ao Tribunal toda matéria de fato ou de direito impugnada na decisão de primeira instância. Tudo que o juiz de primeira instância decidiu o Tribunal pode reexaminar (recurso de cognição ampla). Há países que só admitem o reexame de matérias de direito. OBS: O Recurso Especial e o Recurso Extraordinário possuem limitação no reexame. O recurso especial só cabe em situações especiais e só admite o reexame de matérias de direito. O recurso extraordinário, além de permitir o reexame apenas de matérias de direito, necessita da repercussão geral do recurso (o assunto interessa a um número indeterminado de pessoas). 4- No recurso de apelação o Tribunal pode modificar total ou parcialmente a sentença de primeira instância. Admite-se apelação parcial (recurso de uma parte da sentença) ou total (recurso de toda a sentença). OBS: Alguns recursos só admitem que se impugne toda a decisão, mas a regra geral é que se possa impugnar apenas parte dela. - Cabimento: Art. 593, CPP: Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; Das sentenças absolutórias ou condenatórias. Ou seja, que julga improcedente ou procedente, total ou parcialmente, o pedido condenatório. OBS: Apresentada a resposta à acusação, o juiz pode absolver ou não absolver sumariamente (julgamento antecipado da lide). Dessa sentença absolutória cabe apelação. Mas se o juiz não absolver sumariamente, o juiz marca audiência de instrução e julgamento. Das sentenças proferidas no Juizado Especial Criminal também cabe Apelação. Sentença de absolvição imprópria (aplica medida de segurança) também cabe Apelação. II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; Das decisões definitivas ou com força de definitivas. No processo há os seguintes atos: a) despacho: não tem conteúdo decisório, logo é irrecorrível. b) decisões interlocutórias: tem conteúdo decisório, mas não julga o mérito. São dividas em: simples (relacionadas com o andamento ou a regularidade do processo. Ex: decisão de recebimento da denúncia ou queixa) ou mista (encerram o processo ou uma etapa do processo sem julgar o mérito. Ex: pronúncia). Essa decisão interlocutória mista também é chamada de decisão com força de definitiva. c) sentenças: as sentenças absolutória e condenatória julgam o mérito. Mas também existe a sentença terminativa de mérito que julgam o mérito sem condenar ou absolver, como, por exemplo, a sentença declaratória da extinção da punibilidade. Essa sentença terminativa de mérito também é chamada de decisão definitiva. RESUMO: A) Despacho: irrecorrível. B) Decisão interlocutória simples: cabe RESE. C) Sentença absolutória ou condenatória: cabe apelação. D) Decisão interlocutória mista (decisão com força de definitiva) ou decisão definitiva: cabe apelação se não couber RESE ou se a matéria objeto do RESE foi decidida em sentença. Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; Se for nulidade posterior à pronúncia, cabe apelação. Se anterior à pronúncia, cabe RESE. b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; Recorre da decisão do juiz presidente. d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. É a mais comum na prática. Pede para que o julgamento seja anulado, pois há soberania nos veredictos, e pede também que haja julgamento por novo conselho de sentença. OBS: 1- Pode interpor apelação com base nas alíneas “a, b, c” quantas vezes forem necessárias, pois não tem limite. Mas, em relação à alínea “d”, só pode apelar uma vez. 2- A sentença do novo julgamento no Júri não pode ser maior que aquela que recorreu desde que o réu seja condenado pelo mesmo crime (vedação da reformatio in pejus). Mas, se no segundo julgamento, o réu for condenado por outro crime, a sentença pode ser maior que àquela que foi apelada. - Juízo de Retratação: o recurso de apelação não admite juízo de retratação. O juiz de primeira instância recebe e encaminha os autos do recurso para o Tribunal. - Legitimidade e interesse: Art. 577, CPP: O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. Não há limitação na legitimidadeno processo penal, pois é ampla. A) Por parte da acusação: o recurso pode ser interposto pelo MP ou pelo Querelante. * O querelante pode apelar contra o réu na ação penal privada. Ele não pode pedir a absolvição do réu (querelado), pois se não, não haverá sentença tendo em vista que se extingue a punibilidade pela perempção. * O assistente de acusação (só existe na ação penal pública) só pode apelar se o MP não apelar e seu prazo se inicia quando terminar o do MP. Nesse caso, é chamada de apelação supletiva ou subsidiária. O assistente só pode apelar se o MP não apelar porque não pode haver duas apelações para mais de uma sentença. Art. 598, CPP: Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo. O assistente de acusação não pode apelar antes (junto com o MP) em razão do princípio da unirecorribilidade (de cada decisão só cabe apenas um recurso). Se o MP apelar, o assistente pode apresentar razões à apelação do MP e, nesse caso, subirão para o Tribunal as duas razões recursais. * A vítima que não é parte do processo, pois não se habilitou como assistente litisconsorcial, também tem legitimidade para ingressar com a apelação. Seu cônjuge, ascendentes, descendentes e irmãos também têm essa legitimidade. B) Por parte da defesa: o recurso pode ser interposto pela defesa ou pelo réu. Há legitimidade dupla. * O MP não pode apelar em favor do réu se na denúncia ele tiver pedido a condenação. Porém, se o MP tiver pedido a absolvição do réu na denúncia, ele pode apelar em favor do réu. Ademais, o MP pode apelar em ação penal privada, desde que não seja contra o réu, pois não é o titular da ação (não tem legitimidade). Todavia, pode apelar em favor do réu em ação penal privada, pois é fiscal da lei. * O réu também tem legitimidade para apelar no processo penal. O réu tem que ser intimado pessoalmente no processo penal e, na sua intimação, o oficial de justiça apresenta um termo de recurso ou termo de renúncia ao recurso. A legitimidade é dupla, pois o réu tem legitimidade e o advogado também, sendo que um pode apelar contra a vontade do outro. Ex: réu renunciou o direito ao recurso e o advogado apresentou recurso -> é válido e o vice versa também é válido. OBS: A defesa pode apelar em sentença absolutória? R: 1- Art. 386, CPP: O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I - estar provada a inexistência do fato; II - não haver prova da existência do fato; III - não constituir o fato infração penal; IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena, ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; VII – não existir prova suficiente para a condenação. O juiz pode absolver o réu por sete motivos. Dependendo do motivo, a decisão faz coisa julgada também no cível e no administrativo. Ex: se ficar provado que o fato não existiu faz coisa julgada nas três esferas. Porém, há casos que só faz coisa julgada no processo criminal, tal como a falta de provas. Portanto, o réu (mesmo sem advogado) pode apelar em processo que foi absolvido para mudar o motivo da absolvição e resolver o processo, fazendo coisa julgada no cível e no administrativo também. 2- Sentença de absolvição imprópria: o juiz julga improcedente o pedido, mas é aplicada uma sanção de Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA medida de segurança. Quando isso ocorre, o réu pode apelar, mesmo que houve uma absolvição, porque foi aplicada uma sanção. - Renúncia: a renúncia é o ato de não recorrer. Não é deixar transcorrer o prazo sem interpor o recurso, mas sim é manifestar o desejo de não interpor o recurso de apelação. Acontece sempre antes da interposição do recurso. Em relação à acusação, o MP não pode renunciar ao direito de recorrer, pois há previsão do princípio da indisponibilidade da ação penal pública. Portanto, o MP não pode renunciar expressamente ao direito de recorrer, mas na prática ele pode apenas deixar de recorrer, pois não é obrigado. Já o assistente de acusação e o querelante podem renunciar ao direito de recurso. - Desistência: é desistir de um recurso que já foi interposto. Em relação à acusação, o MP não pode desistir de recurso que já interpôs. Art. 576, CPP: O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. Porém, o MP não é obrigado a recorrer, mas se ele interpuser o recurso, não poderá mais desistir. O recurso de apelação subirá para o Tribunal com ou sem suas razões. Já o assistente de acusação e o querelante podem desistir do recurso já interposto. OBS: A apelação do assistente de acusação é uma apelação supletiva/subsidiária, ou seja, só pode apelar se o MP não apelar. Se o assistente de acusação apelar e depois desistir do recurso, o MP pode retomar a titularidade do recurso e apresentar seu recurso. Em relação à defesa, o acusado e o advogado/defensor podem interpor recurso. O acusado pode desistir do recurso já interposto. O advogado pode desistir do recurso já interposto. Defensor público e dativo também podem desistir de recurso já interposto. Súmula 705, STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta. O acusado não pode renunciar e nem desistir de recurso se ele estiver sem advogado no processo, pois se o fizer, essa desistência/renúncia não tem validade. Ademais, se o réu desistir ou renunciar o recurso de apelação, o advogado ainda pode apelar em nome do réu, pois prevalece a vontade de quem quer apelar. E se o réu quiser recorrer e o advogado desistir do recurso, também prevalece a vontade de quem quer apelar. - Fungibilidade recursal: se interpor um recurso errado, o Tribunal recebe aquele recurso como se fosse o certo, desde que não haja erro grosseiro ou má-fé.