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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 
 
 
 
ESA 2023 
LITERATURA 
Professora Luana Signorelli 
www.estrategiamilitares.com.br 
AULA 04 
Realismo e Naturalismo 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
2 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 Sumário 
INTRODUÇÃO 4 
1.0 REALISMO: A NOVA LINGUAGEM DA REPRESENTAÇÃO 4 
1.1 Contexto europeu 8 
1.2 O cientificismo 10 
1.3 Características gerais do Realismo 12 
1.4 Realismo versus Naturalismo 14 
1.5 Quadro sinóptico de características 18 
2.0 REALISMO E NATURALISMO EM PORTUGAL 18 
2.1 A Questão Coimbrã 19 
2.2 Antero de Quental 21 
2.3 Eça de Queirós 23 
3.0 REALISMO E NATURALISMO NO BRASIL 38 
3.1 Machado de Assis 39 
 3.1.1 Romances 45 
 3.1.2 Contos 56 
3.1 Aluísio de Azevedo 59 
3.1 Raul Pompeia 65 
4.0 A ARTE DO FINAL DO SÉCULO XIX 69 
4.1 Realismo 70 
4.2 Impressionismo 71 
4.3 Escultura 72 
4.4 Realismo no Brasil 72 
4.5 Interpretação de obra realista 72 
5.0 QUADRO SINÓPTICO 73 
6.0 CRÍTICA LITERÁRIA 75 
7.0 QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 77 
7.1. Lista de fixação 91 
7.2. Gabarito 144 
8.0 QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 144 
8.1. Lista de fixação comentada 169 
9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 259 
9.1. Referências bibliográficas das imagens 259 
10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 260 
 
 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
3 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 
Professora Luana Signorelli 
Exército Brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@profa.luana.signorelli Professora Luana 
Signorelli 
/luana.signorelli 
Luana Signorelli @luanasignorelli1 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
4 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 
Carruagem de terceira 
classe (1864) de Honoré 
Daumier (1808-1879). 
 
INTRODUÇÃO 
 
Hoje nós vamos dar continuidade ao nosso Curso de Literatura para ESA 2023. Lembrem-se 
sempre do nosso lema: 
 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. 
 
Segundo o nosso cronograma de aulas, hoje estudaremos o seguinte: 
 
AULA TÓPICOS ABORDADOS 
 
AULA 04 
Realismo: características gerais. Diferenciação entre Realismo e 
Naturalismo. Contexto em Portugal: obras e autores mais importantes. 
Contexto no Brasil: obras e autores mais importantes. Comparação entre 
Romantismo e Realismo. Artes: Realismo. 
 
Hoje abordaremos quadros sinópticos de obras mais importantes. O quadro sinóptico é um 
material de apoio que irá poder ajudá-los pouco antes da prova, por se tratar de conteúdos grandes com 
muita informação. Tanto é que se quiserem ler a obra inteira, cuidado com os spoilers. Hoje em particular, 
vamos fazer a interpretação de texto e a análise sintática ao longo da própria aula. 
Então, vamos lá, não percamos tempo! 
 
1.0 Realismo: a nova linguagem da representação 
 
Vamos começar essa aula de hoje observando a figura abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
5 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 Este quadro expressa com muita clareza a nova estética realista. Impressiona, à primeira vista, a 
escolha dos indivíduos representados. O foco não é a elite, muito menos homens ou mulheres idealizados. 
O pintor escolheu passageiros da terceira classe, ou seja, pessoas que viviam em condições miseráveis, 
fato que pode ser observado nas roupas simples, no amontoado das gentes e no cansaço evidente dos 
personagens da primeira fila. Essa imagem traduz visualmente aquilo que o Realismo literário também 
expressa. 
Assim como na pintura, o cotidiano passa a ser matéria da literatura. Observe, a título de 
comparação, os dois fragmentos descritivos, um do Romantismo, outro do Realismo. 
 
 
 
 
 
DESCRIÇÃO ROMÂNTICA 
 “Afastemos indiscretamente uma dobra do reposteiro que recata 
a câmara nupcial. 
 É uma sala em quadro, toda ela de uma alvura deslumbrante, que 
realça o azul celeste do tapete de riço recamado de estrelas e a bela 
cor de ouro das cortinas e do estofo dos móveis. 
A um lado, duas estatuetas de bronze dourado representando o 
amor e a castidade sustentam uma cúpula oval de forma ligeira, donde 
se desdobram até o pavimento, bambolins de cassa finíssima. 
[…] 
Correu-se uma cortina, e Aurélia entrou na câmara nupcial. Seu 
passo deslizou pela alcatifa de veludo azul marchetado de alcachofras 
de ouro, como o andar com que as deusas perlustravam no céu a 
galáxia quando subiam ao Olimpo.” 
(Senhora, José de Alencar) 
 
DESCRIÇÃO REALISTA 
 “A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada, 
com uma portinha pequena. Logo à entrada um cheiro mole 
e salobro enojou-a. A escada, de degraus gastos, subia 
ingrememente, apertada entre paredes onde a cal caía, e a 
umidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, uma 
janela com um gradeadozinho de arame, parda do pó 
acumulado, coberta de teias de aranha, coava a luz suja do 
saguão. E por trás de uma portinha, ao lado, sentia-se o 
ranger de um berço, o chorar doloroso de uma criança.” 
(O primo Basílio, Eça de Queirós) 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
ANÁLISE DAS DESCRIÇÕES 
Nos dois casos, temos a descrição de um ambiente que servirá de cenário para o encontro 
amoroso: o quarto no qual Aurélia receberá Fernando Seixas, seu marido (Senhora); e o corredor que dá 
a acesso ao quarto alugado, no qual Luísa encontrará seu amante, Basílio (O primo Basílio). 
A cena, portanto, é bastante banal, prosaica. No caso da descrição romântica, José de Alencar 
tenta dar especialidade que um quarto não possui, o ambiente está acima do ordinário. Tal fato pode ser 
notado pelo uso de adjetivos tais como “deslumbrante”, “bela”, “finíssima”, mas não apenas por esses 
recursos. 
As duas estátuas representam o amor e a castidade e o narrador compara Aurélia com as deusas 
do Olimpo. Os objetos ao redor expressam a própria pureza da personagem e lhe dão superioridade 
moral. Sugere-se que, para uma pessoa tão nobre, até mesmo o ambiente é superlativo, mesmo que isso 
custe a verossimilhança e o bom gosto. 
 
Verossimilhança: essa palavra é muito importante para a crítica 
literária. Um texto literário é ficcional, ou seja, ele não versa sobre 
o que aconteceu, mas sobre o que poderia ter ocorrido. Apesar de 
ser fruto da imaginação, o romance tenta recriar um ambiente ou 
uma história que não poderia contrariar o espaço real ou o tempo 
cronológico. Por exemplo, o uso de um narrador morto em 
Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma licença da 
verossimilhança. 
 
A escolha dos objetos que serão descritos não tem compromisso com o real, mas com o que eles 
simbolizam. O tapete é azul-celeste, numa alusão à natureza tão cara aos românticos. Essa tonalidade se 
contrapõe ao dourado das cortinas e estofados, cor relacionada à nobreza dos metais. Isso sem falar no 
outro tapete de veludo azul com bordado de alcachofra dourada. O único compromisso do autor é com 
a simbologia dos elementos descritos. 
Na descrição de Eça de Queirós, os elementos não têm qualquer significado. Ao enumerar, o 
narrador se mantém fiel à verossimilhança. O leitor deve ser convencido de que essa escada poderia ter 
existido, dada a descrição exaustiva de pequenos detalhes. 
Observe que não há transposição entre objeto e valores morais ou espirituais (uma escada não 
representa algo como pureza, por exemplo). A materialidade dos objetos se impõe, portanto nada é 
idealizado. Pelo contrário. 
Vale, nesse ponto, uma observação sobre os tipos de adjetivos e os efeitos produzidos no texto. 
Há atributos mais “objetivos” e outros “subjetivos”. Um vocábulo como “bem” ou “mal” reflete um 
julgamento de quem emite a opinião (subjetivo). Já as palavras “branco”, “liso”, “rugoso” etc. são 
independentes da vontade de quem descreve. Eça abusa desse expediente de objetividade. Além disso, 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 inclui adjetivosque revelam imperfeições em expressões como “casa amarelada”, “degraus gastos” e “luz 
suja”. 
Por fim, vale a pena destacar a escolha dos objetos a serem descritos. Ele faz questão de direcionar 
o olhar do leitor para detalhes que depõem contra o item descrito. Há nódoas na parede, pó acumulado, 
cal se despregando da parede etc. 
Você deve estar percebendo, corujinha esperta, que o Realismo parece ser o oposto do 
Romantismo. Vejamos o que escreveu sobre isso o maior nome do movimento em Portugal, Eça de 
Queirós. (LOPES; SARAIVA, 1985). 
 
"[O Realismo] É a negação da arte pela arte; é a proscrição do 
convencional, do enfático e do piegas. É a abolição da retórica 
considerada como arte de promover a comoção usando da 
inchação do período, da epilepsia da palavra, da congestão do 
tropos 'realismo'. 
 É a análise com o fito na verdade absoluta. – Por outro lado, o 
Realismo é uma reacção contra o Romantismo: o Romantismo era 
a apoteose do sentimento; – O Realismo é a anatomia do carácter. 
É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos 
– para condenar o que houver de mau na nossa sociedade." 
 
 
ALMEIDA, Belmiro. Arrufos (1887). Disponível em: Ficheiro da Wikipedia. 
Disponível em: https://tinyurl.com/y65wgvdy. Acesso em: 24 set. 2020. 
Figura: Pixabay 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Pertencente ao Realismo, a obra de Belmiro Almeida caracteriza-se como uma falência da 
instituição do casamento na classe burguesa. Percebe-se a indiferença do homem para com o sofrimento 
da mulher, representado não só pelo semblante choroso dela, como também pela rosa caída no chão. O 
adultério e o fatalismo eram temas comuns representados na arte realista do século XIX. 
 
1.1. CONTEXTO EUROPEU 
 
Figura 1 – Referências da esquerda para a direita no sentido horário 
 
O século XIX foi abalado por uma série de revoltas e de ideias que mudariam a cara da Europa. Os 
conflitos refletiam a luta pela consolidação do poder da burguesia e a tensão entre proletários e 
proprietários. Em 1815, Napoleão é derrotado em Waterloo. No mesmo ano, os embaixadores de diversos 
países do continente se reúnem para redefinir as fronteiras entre as nações. Na prática, isso significou o 
retorno da monarquia ao poder. 
Em 1848, Paris assiste a uma nova revolta em moldes muito parecidos aos da Revolução Francesa. 
A burguesia, descontente com o governo monárquico, alia-se aos operários de Paris. Essa revolta foi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1840 
Proudhon 
publica O que 
é a 
propriedade 
privada?..., 
marco do 
Socialismo. 
Utópico. 
1848 
Marx publica 
O Manifesto 
Comunista. 
1857 
Gustave 
Flaubert 
publica 
Madame 
Bovary, 
marco do 
Realismo 
francês 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 vitoriosa para a rica classe social, mas não para o proletariado. Os operários organizam protestos que 
serão violentamente reprimidos em junho de 1848. 
Novamente, em 1871, a luta entre burguesia nacional e operários se repete na França. Os 
proletários organizados tomam Paris e estabelecem um governo comunitário. A burguesia francesa, 
assustada e incapaz de fazer frente aos rebelados, alia-se a um inimigo histórico, a Alemanha, e consegue 
enfim vencer a guerra. 
Nesse percurso histórico, a divisão entre duas classes com interesses contraditórios se torna 
evidente. A “traição” da burguesia significa uma pá de cal nos anseios de uma sociedade mais justa, ideário 
promovido desde a Revolução Francesa. 
O impacto no pensamento político é grande com consequências nos movimentos sociais. Os dois 
grandes teóricos do socialismo viveram no século XIX. Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), filósofo 
francês que, juntamente com outros escritores, lançou as bases do Anarquismo e do Socialismo Utópico 
(segundo Marx), escreveu O que é a propriedade? Pesquisa sobre o princípio do Direito e do governo. O 
pensador defendia a tese de que a propriedade é roubo. Imagine como a obra foi recebida pelas elites do 
mundo inteiro… 
O outro pensador, Karl Marx (1818-1883), filósofo, sociólogo, 
jornalista e revolucionário, escreveu O capital e O manifesto do 
Partido Comunista, um tratado analítico-panfletário que tinha o 
propósito de preparar as massas para a Revolução. Defendeu o 
“Socialismo Científico” para se opor às ideias de Proudhon que, para 
ele, eram ingênuas. 
Toda essa agitação social e política migra para a cultura. 
Escritores e artistas começam a representar a classe dos 
trabalhadores que se faz notar (como tema no quadro de Gustave 
Coubert, por exemplo). Além disso, esse gosto amargo de traição, 
resíduo de 1848 e 1871, tinge a forma como a burguesia se vê. O 
escritor, ele próprio filho dessa classe social, registra o cotidiano 
medíocre e hipócrita dessa nova ordem. Ao simplesmente registrar 
com senso crítico agudo, sem idealizar, como faziam os românticos, os 
escritores exibem a vergonha de uma nova era. 
 
Então, o escritor era um burguês e falava 
mal da própria burguesia? 
Lembra-se da aula anterior que mencionou 
a grande ambiguidade da sociedade burguesa? Ela 
prometeu ideais libertários e precisa deles, mas não 
consegue cumpri-los. Dessa ambiguidade surgem 
os movimentos de ideias e movimentos literários. 
No Realismo essa crítica é mais cortante. 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
Fo
n
te
: 
P
ix
ab
ay
. 
 
E de onde vinham as ideias que levaram operários e artistas a se revoltarem? 
 
É isso o que iremos estudar agora. 
 
1.2. O CIENTIFICISMO 
No final do século XVIII, a Revolução Industrial muda as relações de trabalho. A introdução de 
máquinas como o tear mecânico, a fiandeira e a lançadeira móvel, entre outros equipamentos, aumenta 
a produtividade. Tais engenhocas, produtos de novas técnicas baseadas na racionalização dos processos 
de produção, aumentam a riqueza de forma exponencial. 
A ciência/tecnologia deixa de ser área de interesse de diletantes empenhados em discutir o 
funcionamento do mundo para fazer parte do cotidiano. O conhecimento científico avança e impacta a 
saúde, a indústria, a agricultura e as comunicações. Foi possível usar conceitos de física para o uso 
controlado dos raios X, para a produção de eletricidade e para a invenção do telefone, só para citar alguns 
exemplos. 
O método utilizado pela ciência mostra-se tão eficiente que 
surge como tábua de salvação para a resolução de qualquer problema 
enfrentado pelo ser humano. Até para problemas políticos? 
Problemas sociais? Problemas de relacionamento? 
Vários pensadores acreditavam que sim. 
Se fosse possível encontrar as causas da ação humana e criar 
leis e teorias sobre esse mundo à parte da realidade física, seria viável 
organizar a sociedade de uma maneira mais eficiente. Essa ideia levou 
os pensadores a tentar estender o método científico para áreas aparentemente resistentes a esse artifício. 
É no século XIX que são lançadas as sementes da nova historiografia e geografia, da psicologia e da 
sociologia. 
 
 
 
 
 
esse otimismo exagerado com o método científico e à tentativa de submeter outras áreas da vida 
humana a essa mesma lógica denominaremos cientificismo. Por conta do cenário de pandemia 
global devido à Covid-19, é muito provável que este tema seja explorado de alguma forma. 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 O primeiro ímpeto dessa tendência se traduz em várias teorias filosóficas: positivismo, 
darwinismo, evolucionismo, determinismo e o racismo científico. 
 
 
 
 
 
 
TEORIAS DO SÉCULO XIX 
 
 
 
• Sistema criado por Auguste Comte (1798-1857). Considerada a ciência como modelo
por excelência do conhecimento humano em detrimento das especulações metafísicas
(místicas) ou teológicas. Tudo poderia e deveria ser explicado e organizadopelo
conhecimento científico.
POSITIVISMO
• Conjunto de doutrinas que dão sustentação à tese positivista, pois considera a
concepção filosófica evolucionista – o desenvolvimento inevitável do real em direção a
estados mais aperfeiçoados – um modelo explicativo fundamental para o incessante
fluxo de transformação do mundo natural, biológico e espiritual (Dicionário Houaiss
Eletrônico/modificado).
EVOLUCIONISMO
• Aplicação não justificada cientificamente do conceito de seleção natural de Charles
Robert Darwin (1809-1882) na compreensão das relações humanas. A análise social é
feita pela ótica da luta e da lei do mais forte ou do mais apto. Percebe-se a
solidariedade como um artifício social que mascara os conflitos.
DARWINISMO
• Princípio segundo o qual os fenômenos, inclusive sociais, estão ligados entre si por
rígidas relações de causalidade e leis universais que excluem o acaso, a
indeterminação e a liberdade. Segundo essa ideia, o homem é determinado pela raça,
pela história e pelo ambiente. Como se o lema fosse: “Diga-me a que raça você
pertence, onde você mora e sua época histórica e direi quem você é”.
DETERMINISMO
• É a crença pseudocientífica de que existem evidências que justificam a
superioridade de uma raça sobre outra. Usando como critério o desenvolvimento
da escrita e da ciência, ou europeus acreditavam que a raça branca era superior; a
amarela, intermediária, e a negra e a indígena, inferiores, por não terem nem
escrita nem técnicas sofisticadas.
RACISMO CIENTÍFICO OU BIOLÓGICO
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
A literatura deve ser uma espécie de documento da sociedade, 
deve fazer refletir sobre a realidade social
CIENTIFICISMO 
Incluir no texto literário a 
visão:
Positivista, determinista, 
darwinista 
ESTILO /TEMAS
Observação da realidade, 
descricionismo, análise 
psicológica
Nesse contexto, os escritores tentam dar um outro status à Literatura. Não se trata de um texto 
ficcional para entreter leitoras, mas uma narrativa com forte carga de verossimilhança capaz de provar as 
ideias cientificistas da época. Torna-se comum, nesse período, o gênero romance de tese, no qual o autor 
cria uma história muito próxima da realidade para provar uma opinião. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO REALISMO 
 
Vamos resumir o que já vimos? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
O QUE É OBJETIVIDADE E COMO IDENTIFICÁ-LA NO TEXTO? 
Objetividade se refere a um estilo pautado por recursos linguísticos cujos efeitos levam o leitor a 
acreditar que aquela opinião tem caráter geral, e não particular. 
Objetividade vem da palavra “objeto” e se refere à forma analítica e impessoal como tratamos 
determinado assunto. Se tivermos de fazer um texto sobre, por exemplo, uma cadeira, adotaremos uma 
linguagem com poucos adjetivos valorativos, poucos advérbios e faremos uma enumeração de traços que 
não despertaria qualquer emoção. Essa situação mudaria de figura se alguém pedisse que você 
descrevesse a cadeira onde seu avô, de quem você tem muitas saudades, se sentava regularmente. Um 
jornalista que cobre uma tragédia, por mais emocionado que esteja, deve adequar a linguagem para que 
ela seja informativa, não emotiva. 
Observe o exemplo abaixo. A linguagem científica com seus termos precisos, uso da terceira 
pessoa e referencialidade cria a ilusão de uma verdade inquestionável. A poesia vai em outra direção. O 
poeta se vale da primeira pessoa, utiliza figuras de linguagem, pontuação expressiva para criar a ilusão de 
que se expressa uma emoção, mesmo que o assunto seja astronomia. 
 
OBJETIVIDADE SUBJETIVIDADE 
POR QUE AS ESTRELAS TÊM CORES DIFERENTES? 
PETRÔNIO DE TILIO NETO, 12 ANOS, JAÚ (SP). 
(...) 
RAMIRO DE LA REZA, DO OBSERVATÓRIO 
NACIONAL DO RIO DE JANEIRO (RJ), RESPONDE: 
 
AS ESTRELAS TÊM CORES DIFERENTES PORQUE TÊM 
TEMPERATURAS DIFERENTES. AS CORES SÃO 
DEFINIDAS APENAS PELAS EMISSÕES NA CHAMADA 
FAIXA ÓPTICA, A REGIÃO DO ESPECTRO QUE O OLHO 
HUMANO, NU OU COM LUNETA, É CAPAZ DE 
CAPTAR. O OLHO HUMANO NÃO VÊ, POR EXEMPLO, 
NEM NO INFRAVERMELHO NEM NO ULTRAVIOLETA. 
DA FAIXA VISÍVEL, SUA EFICIÊNCIA É MAIOR NO 
AMARELO. 
FOLHA DE SÃO PAULO – CADERNO MAIS! 
01/08/93. 
“Ouvir Estrelas” 
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo, 
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto... 
 
E conversamos toda a noite, 
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 
 
Direis agora: “Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?” 
 
E eu vos direi: “Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e de entender estrelas”. 
 
O que você vai encontrar no movimento do Realismo? 
 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 
 
1.4. REALISMO VERSUS NATURALISMO 
Assim como no Romantismo ocorreu uma vertente exagerada em relação aos pressupostos do 
movimento, no Realismo acontece algo parecido a partir de dois autores que dão respostas diferentes 
aos desafios impostos pelo século XIX. 
Gustave Flaubert (1821-1880), escritor francês, dá início ao Realismo com a publicação de 
Madame Bovary (1857). O público, acostumado às histórias adocicadas de heroínas virgens que 
finalmente encontravam o amor verdadeiro, espantou-se com a narrativa de uma mulher já casada e fútil, 
que se entregava a um amante que passa pela cidade onde mora. A história parecia cotidiana demais e 
imoral demais para a sensibilidade da época. Além disso, os leitores se irritaram com a descrição quase 
fotográfica das cenas. 
O romance foi proibido e Flaubert foi acusado de 
“imoralidade”. Os críticos perceberam que se expunha a hipocrisia 
burguesa no coração da própria classe, a família, e acusavam o autor 
de investir contra sua própria classe social. Essa é a vertente que 
define o Realismo. 
Já o francês Émile Zola (1840-1902) tomou outro caminho. Ele 
não foi apenas um escritor, mas também jornalista e importante 
crítico político. Em 1866, publica Thérèse Raquin, obra em que mistura 
ficção com as ideias cientificistas, compondo aquilo que se 
convencionou chamar de “romance de tese”, um gênero ficcional cuja 
histórica tem a finalidade de revelar uma verdade social. 
Mas é com Germinal que o autor consolida essa nova vertente 
que ficará conhecida como Naturalismo. O protagonista do romance 
não é exatamente um herói solitário, mas um personagem coletivo, os 
trabalhadores de uma mina de carvão que, motivados pelas péssimas 
condições em que viviam e pelos ideais socialistas, revoltam-se e 
organizam uma greve geral. A manifestação é reprimida com violência. 
Para escrever a obra, Zola passou dois meses trabalhando em uma mina de carvão. O Naturalismo surge 
como uma grande novidade temática (inclusive no que diz respeito à aproximação com a ciência). 
Crítica à burguesia, à família, ao casamento, à Igreja e ao clero
Combate à idealização romântica
Visão objetiva da 
realidade
Descritivismo; 
verossimilhança
Realce aos defeitos e 
imperfeições
Personagens complexas 
(esféricas): profundidade 
psicológica.
Émile Zola 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 Além disso, Zola se vale de uma linguagem sem rodeios, utiliza termos considerados “não 
literários” e inclui algumas palavras próprias das ciências naturais. Para se ter uma ideia, seguem dois 
fragmentos textuais do Naturalismo: um do próprio Zola (Germinal) e outro de Aluísio Azevedo (O 
homem). 
 
TEXTO I 
“o poço engolia magotes de vinte e de trinta homens, e com tal facilidade que nem 
parecia senti-los pela goela.” 
“[...] a corda,para dar o sinal embaixo, era puxada quatro vezes, convenção que queria 
dizer 'aí vai carne' e que avisava da descida desse carregamento de carne humana.” 
 
TEXTO II 
“Pobre velha! Consumia-se numa infernal complicação de moléstias; eram intestinos, era 
cabeça, eram pernas, era o diabo! Parecia uma decomposição em vida: fedia como coisa 
podre! Já se não alimentava pela boca; os seus gemidos eram arrotos de ovo choco, e os 
humores que ela expelia por toda a parte do corpo empesteavam a casa inteira. […]” 
 
Perceberam como o personagem, nesses casos, não têm qualquer especialidade? A tese dos 
naturalistas é a de que o homem não se diferencia do animal. Como expressar isso? 
 
 
 
 
 
 
Pense rápido, qual a diferença entre homem e animal? A racionalidade. Tire a razão, resta o quê? 
O corpo. Eles irão focalizar o corpo usando os seguintes recursos: 
Comparações entre homens e animais (zoomorfismo). Exemplo: “daquele lameiro, e multiplicar-
se como larvas no esterco” (O cortiço, Aluísio Azevedo). 
 Destacar aspectos fisiológicos que nos igualam aos animais, o cheiro, o hálito, o suor etc. 
Exemplo: “os seus gemidos eram arrotos de ovo choco”. 
 Focalizar comportamentos movidos pelo instinto. Exemplo: “Não era a inteligência nem a razão 
o que lhe apontava o perigo, mas o instinto, o faro sutil e desconfiado de toda a fêmea pelas outras, 
quando sente o seu ninho exposto.” 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REALISMO NATURALISMO 
Origem: França (1857) 
Gustave Flaubert – Madame Bovary 
Origem: França (1867) 
Émile Zola – Thérèse Raquin 
Representava desvios morais. 
Representava desvios sociais e sexuais, 
mazelas. 
Romance documental, fotografa a realidade para 
dar impressão de vida real, psicologismo. 
Retrato da alta burguesia da segunda metade do 
século XIX. 
Romance experimental, que pretende apoiar-
se na experimentação científica e numa tese, 
no determinismo, no evolucionismo, no 
homem é fruto do meio. 
Impassibilidade. Narrador em um ângulo neutro, 
não há interesse em agradar ao público, mas sim 
em retratar a realidade tal qual ela é. 
Arte engajada, preocupações políticas e 
sociais. 
Seleciona os temas, tem aspirações estéticas. 
Detém-se nos aspectos mais torpes e 
degradantes. 
Reproduz a realidade exterior bem como a 
interior, por meio da análise psicológica. 
Centra-se nos aspectos externos: atos, gestos, 
ambientes, personagens e seus instintos, 
animalização, zoomorfismo. 
Volta-se para a psicologia, para o indivíduo. 
Nomes: Dom Casmurro, Quincas Borba, 
Memórias póstumas de Brás Cubas. 
Volta-se para o coletivo, para a biologia, a 
patologia, centra-se mais no social. 
Retrata e critica as classes dominantes, a alta 
burguesia. 
Espelha camadas inferiores: o proletariado, os 
marginais, o povão. 
É indireto na interpretação, o leitor tira as suas 
conclusões: sutil, sugere. 
É direto na interpretação, expõe conclusões, 
cabendo ao leitor aceitá-las ou discuti-las: 
grotesco, mostra. 
Grande preocupação com o estilo. 
O estilo é relegado ao segundo plano; no 
primeiro, há denúncia. 
 
Eis abaixo outros conceitos quanto à Literatura do período que podem lhes ajudar. 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 LIBERDADE DETERMINISMO 
OUTRORA UMA NOVELA ROMÂNTICA, EM LUGAR DE 
ESTUDAR O HOMEM, INVENTAVA-O. 
Hoje o romance estuda-o na sua 
realidade social. 
 OUTRORA NO DRAMA, NO ROMANCE, CONCEBIA-SE 
O JOGO DAS PAIXÕES A PRIORI. 
Hoje, analisa-se a posteriori, por 
processos tão exatos como os da própria 
fisiologia. 
 
 
 
 
 
 
O Romantismo partia do princípio (a priori) de que o homem era livre e, nas narrativas, 
os protagonistas tinham a liberdade de inventar desejos que poderiam ser satisfeitos 
pela força de vontade; o Realismo partia da análise posterior (a posteriori), sob a 
perspectiva de que o homem não tinha liberdade e de que o personagem simplesmente 
seguia as determinações do seu instinto ou de seu meio social. 
 
Fatalismo. Doutrina segundo a qual os acontecimentos são 
fixados com antecedência pelo destino; atitude moral ou 
intelectual segundo a qual tudo acontece porque tem de 
acontecer, sem que nada possa modificar o rumo dos 
acontecimentos; atitude dos que acreditam nessas ideias; 
doutrina filosófica que propensa um rígido determino, 
equivalente à curva mítica ou religiosa na inexorabilidade do 
destino (dicionário Houaiss). Exemplo: no romance Anna 
Kariênina do realista russo Liév Tolstói, a protagonista 
presencia no início do livro uma pessoa que morreu sobre os 
trilhos do trem, sendo que ao fim do romance ela decide se 
suicidar da mesma maneira. 
 
 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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 1.5. QUADRO SINÓPTICO DE CARACTERÍSTICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.0 Realismo e Naturalismo em Portugal 
 
QUESTÕES RELEVANTES/CONSEQUÊNCIAS 
 
 1865: Questão Coimbrã. 
 1915: Publicação da Revista Orpheu → Modernismo. 
 
 
• Enfrentamento da realidade (Realismo) e não fuga da realidade (Romantismo)
• Análise (Realismo) e não fantasia (Romantismo)
• Racionalidade (Realismo) e não sentimentalismo (Romantismo)
• Relações humanas baseadas no interesse financeiro (Realismo) e não relações
humanas baseadas no idealismo (Romantismo)
• Adultério (Realismo) e não amor eterno (Romantismo)
REALISMO
• Mistura entre ficção e cientificismo (Positivismo; Darwinismo; Determinismo)
• Temas: agrupamentos sociais, comportamentos pautados pelos instintos (violência,
adultério, homossexualidade).
• Forma: linguagem simples, agressiva, às vezes chula; incorporação de termos
cientificistas; zoomorfismo; destaque a aspectos fisiológicos.
• Romance de tese.
NATURALISMO
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 
 
Se há duas palavras que podem definir a segunda metade do século XX para os portugueses, estas 
palavras são “crise” e “humilhação”. Depois da perda do Brasil como colônia, Portugal não conseguiu mais 
se estabilizar. A partir do momento em que a Monarquia Constitucional se consolida no país, uma questão 
parece assombrar os intelectuais lusitanos: como fazer para tirar o país do atraso em que ele se encontra? 
Essa questão se tornará ainda mais contundente pelo fato de que Portugal, finalmente, se ligará 
por via férrea a Paris. A circulação física de pessoas leva à circulação de ideias. Desembarcam, no solo de 
Camões, todas as vertentes do cientificismo que encontrarão nas mentes dos jovens de Coimbra uma boa 
acolhida. 
A pobreza grassa no país. A maior fonte de renda continua a ser o Brasil – imigrantes que partem 
para a ex-colônia fazem remessas generosas de dinheiro. A fundação do partido comunista demonstra a 
influência estrangeira e a existência de um movimento organizado em torno do operariado ou do 
campesinato. 
Em 1890, o Reino Unido exige a retirada imediata das forças militares portuguesas da região 
compreendida entre Angola e Moçambique, na África. Portugal, sem condições de resistir, cede aos 
caprichos ingleses sem sequer tentar uma negociação. A antiga potência marítima teve de renunciar às 
suas pretensões, de forma humilhante. 
Some-se a isso a bancarrota financeira de 1891 e você entenderá o pessimismo e o ponto de vista 
crítico que irão pairar sobre o país. 
 
2.1. A QUESTÃO COIMBRÃ 
A situação de Portugal era a seguinte: diante de um país que dormia em berço esplêndido, a 
Universidade de Coimbra se mantinha como polo de divulgação das ideias gestadas na longínqua 
“Europa”, que já estava na segunda Revolução Industrial. Os jovens que circulavam nesse ambiente 
acadêmico não se conformavam com a pasmaceira lusitana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1836 1871
 
 1814 
1875 1891 
Revolução 
de Setembro 
Ultimato 
Britânico/ 
Crise 
financeira 
Conferências do 
CasinoLisbonense 
Fundação 
do Partido 
Socialista 
Bancarrota 
do Estado 
português 
 
1890 
1850-1864 - Linhas 
Férreas/ Interligação 
com a Europa 
 
 
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A questão coimbrã representa, no plano cultural, esse grito de alerta. Em resumo, a questão 
opunha os poetas românticos com sua literatura conformista aos jovens coimbrãos que defendiam um 
caráter revolucionário na literatura. 
 
 
 
Fonte das imagens: Pixabay. 
 
 
Feliciano de Castilho (1800-1875), 
representante da 1ª geração romântica 
e defensor da arte espiritual do 
Romantismo, ao escrever o prefácio do 
livro de Pinheiro Chagas, critica os 
jovens de Coimbra. 
 
 
 
 A Questão Coimbrã em 4 lances 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
v 
 
Antero de Quental (1842-1891), jovem 
poeta, publica o livro Odes Modernas, 
no qual defende que a poesia deve ser 
revolucionária. 
Antero de Quental escreve uma carta 
aberta que circula em Coimbra e 
Lisboa. Sob o título “bom senso e bom 
gosto”, ele ataca diretamente Castilho: 
“A futilidade num velho desgosta-me 
tanto como a gravidade numa criança. 
V. ex.ª precisa menos cincoenta annos 
de edade, ou então mais cincoenta de 
reflexão.” Pinheiro Chagas (1842-1895), poeta 
romântico protegido de Feliciano de 
Castilho, responde acusando Antero de 
um materialismo ambíguo. 
 
 
 
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 Essa polêmica, apesar de ser restrita aos círculos intelectuais, levou à difusão dos ideais realistas. 
O movimento se consolidará em 1871, no que ficou conhecido como Conferências do Casino Lisbonense. 
Antero de Quental, influenciado por Proudhon, propôs a um grupo de intelectuais que discutissem as 
novas ideias científicas e a situação de Portugal. 
Entre as conferências, algumas chamavam atenção até pelo título, “Causas da decadência dos 
povos peninsulares”, “Os historiadores críticos de Jesus” e “O socialismo”. Somente cinco das dez 
programadas ocorreram, pois as últimas foram proibidas a pretexto de que as ideias ali discutidas 
atacavam a religião e as instituições do Estado. 
Em Portugal, consideram-se dois grandes nomes do movimento: Antero de Quental e Eça de 
Queirós. O primeiro é um grande representante da poesia realista. O segundo é considerado um dos 
maiores romancistas em Língua Portuguesa. Os dois nos dão, em alguma medida, uma ideia das mudanças 
pelas quais passavam a cultura e a Literatura no final do século XIX. 
 
2.2. ANTERO DE QUENTAL 
Antero Tarquínio de Quental (1842-1891) teve uma trajetória intensa e trágica. Nascido de uma 
família abastada da região dos Açores, pôde, aos 16 anos, ingressar no curso de direito da Universidade 
de Coimbra. Na época, Coimbra fervia com as ideias cientificistas que circulavam nos grandes centros 
europeus e, ali, a tradição religiosa do jovem foi posta à prova. 
Logo, não somente cedeu às novas ideias do século 
como também se tornou um dos líderes dos estudantes. Em 
1865, Antero edita “Odes Modernas”, livro no qual ele rompe 
com o Romantismo e defende uma poesia libertária e 
combatente. Assim começou o episódio da Questão Coimbrã, 
como já mencionado anteriormente. 
Entra em contato com as ideias socialistas, aprende 
tipografia e torna-se operário. Entre 1866 e 1868 vivencia a 
experiência de ser operário em Paris. Volta a Lisboa e começa 
intensa atividade de militância. Inicialmente, participa do 
círculo intelectual que promoveu as conferências do Casino 
Lisbonense em 1871. Foi um dos fundadores do Partido 
Socialista Português. Colaborou com diversos periódicos, 
muitos deles de tendências socialistas. 
Em 1873, herda uma quantia que lhe permite viver de 
rendimentos. Contrai tuberculose. Em 1881, retira-se para 
Vila do Conde, onde vive um pouco mais sossegado. Ainda se 
envolve com política, pois participa da Liga Patriótica do 
Norte, em resposta ao ultimato inglês em 1890. Em 1891, o poeta já dava sinais de depressão profunda 
e, no mesmo ano, comete suicídio. 
Essa trajetória bastante movimentada está expressa na sua poesia. Nunca abandonou de fato o 
ímpeto religioso por uma busca de algo que fosse além do trivial e do cotidiano. Percebem-se alguns 
temas que sucedem na poesia. 
 
 
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  Inicialmente, desenvolve uma poesia romântica de cunho religioso; 
na fase de Coimbra, torna-se combativo, defende a razão e parece vislumbrar uma época de 
mudanças; 
 na fase final, o poeta assimila certo pessimismo influenciado pela filosofia do budismo. 
Além dessas fases, é possível fazer outra classificação a partir das poesias do poeta. Ele oscila entre 
o otimismo, que se reflete no uso de expressões que se referem à luz e à luminosidade, e o pessimismo, 
marcado pela escuridão. 
Essa força de dissolução que se percebe nos temas caros ao poeta encontra contraponto na forma: 
Antero de Quental foi um dos maiores sonetistas em Língua Portuguesa. A fragmentação interna do poeta 
parece necessitar de uma forma que dê alguma permanência fincada na tradição literária. 
Para se ter uma ideia da produção de Antero, seguem-se dois sonetos. No primeiro, pode-se 
perceber a fase combativa, luminosa, na qual o poeta defendia que as ideias poderiam ser guias para os 
homens. No segundo, predomina o pessimismo existencial. 
 
 
Força é pois ir buscar outro caminho! 
Lançar o arco de outra nova ponte 
Por onde a alma passe — e um alto monte 
Aonde se abre à luz o nosso ninho. 
 
Se nos negam aqui o pão e o vinho, 
Avante! é largo, imenso esse horizonte... 
Não, não se fecha o mundo! e além, defronte, 
E em toda a parte há luz, vida e carinho! 
 
Avante! os mortos ficarão sepultos... 
Mas os vivos que sigam, sacudindo 
Como o pó da estrada os velhos cultos! 
 
Doce e brando era o seio de Jesus... 
Que importa? havemos de passar, seguindo, 
Se além do seio D’Ele houver mais luz! 
 
Esse soneto já abre a primeira estrofe com a tese do poeta: “é preciso buscar outro caminho!”. 
Parece uma conclamação à coletividade que, aliás, aparece ao final da primeira estrofe, quando o poeta 
usa o pronome “nosso”, ou seja, na primeira pessoa do plural. 
Essa necessidade não é vista como impossível. O eu lírico incentiva seus leitores “avante” e, por 
fim, faz uma comparação com a perspectiva religiosa “doce e brando era o seio de Jesus...”. Na 
comparação, o além D’Ele promete ser melhor, pois haverá mais luz. 
 
 
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Fonte: Pixabay. 
Nesse poema, Antero parece comungar com as ideias filosóficas correntes de que a ciência e o 
conhecimento indicavam um avanço progressista das sociedades. A religião fora uma fase, para além da 
fé, haveria a ciência e um mundo melhor a ser buscado. Nesse texto não se observa traço de pessimismo. 
O tom é totalmente outro no poema que se segue: 
 
No Turbilhão 
(A Jaime Batalha Reis) 
 
No meu sonho desfilam as visões, 
Espectros dos meus próprios pensamentos, 
Como um bando levado pelos ventos, 
Arrebatado em vastos turbilhões... 
N'uma espiral, de estranhas contorsões, 
E d'onde saem gritos e lamentos, 
Vejo-os passar, em grupos nevoentos, 
Distingo-lhes, a espaços, as feições... 
 
— Fantasmas de mim mesmo e da minha alma, 
Que me fitais com formidável calma, 
Levados na onda turva do escarcéu, 
 
Quem sois vós, meus irmãos e meus algozes? 
Quem sois, visões misérrimas e atrozes? 
Ai de mim! ai de mim! e quem sou eu?!... 
 
Nesse poema, que manifesta quase uma análise da subjetividade, o eu lírico se vale do sonho para 
mostrar sua fragmentação. O eu dividido se reflete em espectros de seus próprios pensamentos. O 
resultado disso são lamentos e gritos. Essas imagens, fantasmas do próprio poeta, surgem com algozes. 
O poema é inconclusivo. O poeta não reconheceseus fantasmas e não reconhece a si mesmo. 
As duas obras mais famosas publicadas em vida são Odes Modernas e Sonetos Completos. 
 
2.3. EÇA DE QUEIRÓS 
 
Eça de Queirós (1845-1900) é considerado um dos grandes 
escritores em língua portuguesa. Mudou os rumos da Literatura e da 
própria língua portuguesa ao adotar um estilo mais enxuto e trazer para 
a prosa literária a linguagem próxima à do jornalismo. Com suas obras, 
conquistou fama internacional em vida. 
José Maria da Eça de Queirós nasceu em Póvoa do Varzim, em 
1845, e morreu na França, em 1900. Chama a atenção em sua biografia o 
fato de seus pais só terem se casado quando ele tinha quase 4 anos. O 
 
 
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 fato em si aponta para uma família na qual as tradições não eram levadas tão a sério, o que, sem dúvida, 
deve ter colaborado para que ele se mostrasse sempre desconfiado diante das tradições. 
Na adolescência foi para um internato e, depois, para Coimbra, onde se formou em Direito. Na 
cidade universitária conheceu Antero de Quental, que o influenciou na sua verve crítica. Escreveu artigos 
que foram publicados depois com o título de Prosas Bárbaras. 
Em 1866, mudou-se para Lisboa, onde exerceu advocacia e jornalismo. Em 1871, participou das 
Conferências do Casino Lisbonense. Mais tarde, em 1870, começa sua carreira pública, sendo nomeado 
administrador do Concelho de Leiria. Três anos depois, ingressou na carreira diplomática. Casou-se aos 
40 anos e teve 4 filhos. Morreu em Neuilly-Sur-Seine, cidade próxima de Paris. 
A imagem que ficou para a história é a de um escritor combativo, crítico cortante, irônico, 
acertando, com suas opiniões, “o homem de bem”, as instituições falidas e corrompidas. Através da 
Literatura, ele ambicionava traçar um retrato da sociedade portuguesa sem condescendência, deixando 
as ossadas à mostra para a repugnância de quem observava a cena. Há certo pessimismo e fastio com os 
homens da sua época, que será parcialmente reduzido com o passar dos anos, deixando despontar uma 
ponta de esperança somente nos seus romances finais. 
Vale destacar e relembrar que os críticos dividem sua produção literária em 3 fases: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Prosas Bárbaras: textos influenciados pelos 
românticos da terceira fase (idealização social)
• Traços românticos
1ª fase
• O Crime do Padre Amaro (1874); Primo Basílio
(1878) e Os Maias (1888), obras 
realistas/naturalistas (crítica, patologia social, 
hipocrisia)
• Crítica das instituições portuguesas: Igreja, 
pequena burguesia (classe média), elite, 
pessimismo;
2ª fase
• A Ilustre Casa de Ramires (1900), A Cidade e as 
Serras (1901, obra póstuma), obras pós-
realistas (valorização de Portugal, caráter mais 
alegórico do que realista)
• Romance de tese, exaltação da simplicidade 
portuguesa, esperança.
3ª fase
 
 
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Na última fase, Eça de Queirós parece se reconciliar com os homens. Em A cidade e as serras, o 
personagem principal, Jacinto (o próprio Eça?), cansado da civilização e dos cientificismos, encontra paz 
para sua alma junto ao povo simples das serras portuguesas. 
Nessa obra, ele abandona a crítica mordaz e cria um enredo alegórico. Jacinto é o próprio Portugal 
e há nesse enredo uma lição para os “homens de bem” perdidos de sua época. Quase chega a ser uma 
fábula moderna. Algo semelhante ocorre em A ilustre casa de Ramires. 
 
CARACTERÍSTICAS DO AUTOR 
 
 
 
Seguem algumas das obras mais importantes do autor. 
 
 O primo Basílio 
Romance publicado em 1877, retrata com bastante fidelidade a 
sociedade portuguesa. O autor investe contra a classe média lusitana, 
correndo o risco de construir personagens estereotipados. 
Encontramos o “corno” típico, a mulher fútil, a amiga má companhia 
etc. Desponta como personagem complexa a empregada, Juliana, que 
desperta no leitor sentimentos de raiva, de pena e de compreensão. 
A obra foi inspirada em Madame Bovary, e alguns críticos 
insistem em ver nisso certa falta de criatividade. O romance lusitano, 
assim como o francês, se estrutura em torno da traição e do adultério. 
Eça, apesar da evidente imitação, transpõe o enredo para a realidade 
portuguesa com uma maestria ímpar, até porque se vale de uma linguagem sem adjetivação romântica, 
mudando a estilística da língua portuguesa na escrita. 
DESCRITIVISMO
IRONIA
LINGUAGEM OBJETIVA
ANÁLISE DE CARÁTER
Fi
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P
ix
ab
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Enredo 
O enredo tem como protagonista Luísa, esposa de Jorge, um engenheiro bem colocado em um 
ministério. O cotidiano do casal é extremamente banal. O momento mais excitante dessa vida a dois 
acontece quando Jorge recebe seus amigos. 
O grupo é composto por D. Felicidade, que sente atração pelo Conselheiro Acácio, outro ilustre 
integrante da turma, sujeito caricato e que vomita uma erudição vazia. Há ainda Ernestinho, um arremedo 
de escritor romântico; Julião, um estudante de Medicina, crítico oportunista da sociedade portuguesa; e 
Sebastião, único personagem que não é caricato e que se mantém leal ao drama humano seja de Luísa, 
seja de Jorge. 
 Os amigos discutem sobre frivolidades como se fossem as coisas mais importantes do mundo. 
Essas “palestras” entediantes ocupam uma parte significativa dos primeiros capítulos e são extremamente 
irritantes para o leitor. É como se o leitor sentisse na pele o tédio desse estilo de vida. 
 Por motivos profissionais, Jorge vai ficar algumas semanas longe de Luísa, vai para o Alentejo. No 
ínterim, Basílio, primo de Luísa, retorna de Paris para ficar algum tempo em Lisboa. Decide visitar a prima 
e, como lhe parecesse bem apessoada, resolve seduzi-la. 
 A tarefa não foi difícil. Luísa era ávida leitora de romances românticos e sonhava com um amor 
mais ardente e aventuroso. Eles trocam várias cartas e se encontram algumas vezes num quarto 
denominado por Basílio de “Paraíso”. 
 Juliana, a empregada ressentida, recolhe algumas dessas cartas comprometedoras à espera do 
momento certo para chantagear a patroa. Luísa não tem dinheiro nem ideia de como conseguir a quantia 
exigida pela empregada. Para piorar, Jorge retorna e a relação com Basílio esfria. 
 Nesse contexto, ocorrem várias peripécias que têm como motivação a resolução do impasse. Luísa 
tenta ter relações com um homem rico, mas não consegue; faz concessões a Juliana, começa a trabalhar 
no lugar da empregada e, lógico, pede dinheiro a Basílio, que se retira de Portugal. 
 Desesperada, confia seu problema a Sebastião, que se prontifica a ajudá-la. Acompanhado de um 
policial, o amigo de Jorge aborda a empregada com ameaças, momento em que ela, assustada, morre 
devido a um aneurisma. Tudo parece estar resolvido. 
• Narrador: terceira pessoa, onisciente e que se propõe a apresentar de forma fria e
distante os fatos que serão narrados; uso de discurso indireto.
• Tempo: não tem data definida, mas passa-se na segunda metade do século XIX; a
narrativa é linear.
• Espaço: o espaço predominante é Lisboa. Percebe-se a intenção de Eça em criticar
a sociedade lisboeta.
FICHA DE LEITURA
 
 
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 Luísa, dada a situação estressante, adoece. 
Jorge fica ao lado dela, cuidando da saúde da amada. 
Nesse momento, o marido recebe uma carta de Paris. 
Basílio escrevera se justificando por não poder ajudá-
la a esconder o adultério. Como ela está acamada, 
Jorge abre a correspondência e descobre tudo. Luísa, 
ao saber disso, entra em desespero e morre. Jorge se 
muda. Basílio volta a Lisboa e, ao saber da morte da 
amante, lamenta não ter mais diversão em Lisboa. 
 
Interpretação 
O romance pertence à segunda fase do autor. A configuração do círculo de amizadesde Jorge é 
muito importante para Eça, pois através deles o autor dispara farpas críticas aos lisboetas, que se 
consideravam a camada pensante de Portugal. 
 Em alguma medida, o leitor de Eça reconheceria algum vício exposto na obra de forma irônica e 
risível. Vamos aos tipos: 
 Indivíduo moralista, arrogante e cheio de erudição fútil, mas que 
tinha uma amante bem mais jovem (Conselheiro Acácio). 
 Senhora moralista, mas que tinha desejos sexuais e vontades 
imorais (D. Felicidade). 
 Jovem ambicioso e inteligente capaz de tecer críticas próprias e 
contundentes, mas que as usa como forma de ascensão social (Julião). 
 Escritor romântico que finge criticar a sociedade quando, na 
verdade, adapta o enredo para conseguir aplauso do público valendo-se de 
uma narrativa óbvia (Ernestinho). 
 Mulher casada que poderia fingir-se de esposa ideal, contanto 
que pudesse manter seus relacionamentos adúlteros em segredo (Luísa). 
Ao lado, cartaz do filme “O primo Basílio” (2007). Fonte: Imdb. 
 
O primo Basílio (1878) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 26 (XVI) capítulos. 
PERSONAGENS 
Luísa, Jorge, D. Felicidade, Conselheiro Acácio, Ernestinho, Basílio, 
Sebastião. 
TEMPO Segunda metade do século XIX; a narrativa é linear. 
ESPAÇO Predominantemente Lisboa. 
ENREDO 
Luísa é esposa de Jorge, um engenheiro bem colocado em um ministério. 
O cotidiano do casal é extremamente banal. O momento mais excitante 
dessa vida a dois acontece quando Jorge recebe seus amigos. 
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CONFLITO 
Por motivos profissionais, Jorge vai ficar algumas semanas longe de 
Luísa, vai para o Alentejo. No ínterim, Basílio, primo de Luísa, retorna de 
Paris para ficar algum tempo em Lisboa. Decide visitar a prima e, como 
lhe parecesse bem apessoada, resolve seduzi-la, o que não foi difícil – 
ela era uma ávida leitora romântica. 
CLÍMAX 
Juliana, a empregada ressentida, recolhe algumas dessas cartas 
comprometedoras à espera do momento certo para chantagear a 
patroa. Luísa não tem dinheiro nem ideia de como conseguir a quantia 
exigida pela empregada. Para piorar, Jorge retorna e a relação com 
Basílio esfria. Desesperada, Luísa confia seu problema a Sebastião. 
Acompanhado de um policial, ele aborda a empregada com ameaças, 
que morre devido a um aneurisma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRECHO DE “O PRIMO BASÍLIO” 
 Sebastião fechou a porta da sala de jantar, pousou o candeeiro sobre a mesa, onde havia 
ainda um prato com côdeas de queijo e um fundo de vinho num copo, deu alguns passos fazendo 
estalar nervosamente os dedos, e parando bruscamente diante de Juliana: 
 – Dê cá umas cartas que roubou à senhora... 
 Juliana teve um movimento para correr à janela, gritar. 
 Sebastião agarrou-lhe o braço, e fazendo-a sentar com força sobre a cadeira: 
 – Escusa de ir à janela gritar, a polícia já está dentro de casa. Dê cá as cartas, ou para a 
enxovia! 
 Juliana entreviu num relance um quarto tenebroso no Limoeiro, o caldo do rancho, a enxerga 
nas lajes frias... 
 – Mas que fiz eu? — balbuciava. – Que fiz eu? 
 – Roubou as cartas. Dê-as para cá, avie-se. 
 Juliana, sentada à beira da cadeira, apertando desesperadamente as mãos, rosnava por entre 
os dentes cerrados: 
 – A bêbeda! A bêbeda! 
Comentários 
 A cena representa uma cena íntima desesperada entre Sebastião tentando preservar os 
segredos epistolares de Luísa e Juliana tentando revelá-los. Nesse sentido, o texto realista evidencia-
se cheio de intrigas. 
 
 
 
 
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 Os Maias 
Esse é considerado o último livro da fase crítica de Eça de Queirós. Nele, o escritor tem como foco 
a classe mais alta de Portugal. O enredo, centrado em alguns personagens românticos, serve para que o 
autor se posicione contra o movimento anterior. Vale-se do tema de um amor proibido entre irmãos. 
 
 
 
Enredo 
A saga dos Maias começa com o casamento de Afonso, rico proprietário, com Maria Eduarda. 
Desse enlace, nasce Pedro Maia. O filho teve uma educação romântica e católica. A mãe, por quem o 
rapaz tinha verdadeira adoração, morre e Pedro se apaixona perdidamente por Maria Monforte, filha de 
um negociante de escravos. 
O pai de Pedro se opõe ao casamento e o filho se afasta do convívio paterno. O casal tem 2 filhos, 
Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Maria Monforte se apaixona por um italiano e abandona o marido e um 
dos filhos. Pedro retorna desolado apenas com o filho mais velho, Carlos. Pedro se suicida. 
Restam avô e neto. Carlos se forma em medicina. 
Monta um consultório e começa a clinicar. Conhece uma 
jovem encantadora, Maria Eduarda, que acredita ser esposa 
de Castro Gomes. O jovem amante compra uma quinta 
afastada para encontrá-la. 
Castro, enfim, revela a Carlos que Maria Eduarda não 
é sua mulher, mas sua amante. O jovem fica animado com a 
perspectiva de poder se casar com ela. Mas ocorre a 
reviravolta. Um tal Sr. Guimarães chega de Paris com uma 
revelação trágica: Maria Eduarda seria filha de Monforte, 
logo, irmã de Carlos. 
O avô, Afonso, morre. Maria Eduarda foge para a 
França e se casa. Carlos parte numa longa viagem. No final do 
romance, encontramos Carlos recordando o passado junto 
com seu amigo João da Erga. A conversa com o amigo 
transcorre com muita ironia e pessimismo. 
 
• Narrador: terceira pessoa, onisciente.
• Tempo: segunda metade do século XIX, com flashbacks que permitem reconstituir a
história familiar de 3 gerações. O momento em que avô e neto se instalam no
casarão chamado “Ramalhete”, em 1875.
• Espaço: o espaço predominante é Lisboa.
FICHA DE LEITURA
 
 
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 Interpretação 
O romance é perpassado pelo pessimismo e tragédia. Expressa o mal-estar que pairava sobre 
Portugal. Eça, aparentemente já desencantado com a política, investiga o próprio povo como causa da 
decadência do país. No texto, surgem alguns elementos dessa crítica. Há uma discussão sobre a educação 
de Carlos – se ele deveria frequentar uma escola católica, portuguesa ou protestante, ou seja, inglesa. A 
mãe determina que seja uma educação lusitana. Carlos refletirá esse espírito nada prático, romântico e 
indolente. Pensa em ajudar a nação, em fundar uma revista, mas, basicamente, frequenta as rodas sociais 
afrancesadas e se entrega a uma paixão que e se revelará trágica. 
Além desses elementos já interpretados, o narrador ou mesmo os personagens vão destilando 
críticas ao colonialismo, aos impostos e aos governantes. 
 
Os Maias (1878) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA Livro Primeiro (X capítulos); Livro Segundo (VIII capítulos). 
PERSONAGENS 
Afonso, Pedro Maia, Maria Eduarda, Maria Monforte, Castro Alves, 
João da Ega. 
TEMPO 
Segunda metade do século XIX, com flashbacks que permitem reconstituir 
a história familiar de 3 gerações. O ano quando o avô e neto se instalam 
no casarão é 1875. 
ESPAÇO Predominantemente Lisboa. 
ENREDO 
A saga dos Maias começa com o casamento de Afonso, rico proprietário, 
com Maria Eduarda. Desse enlace, nasce Pedro Maia. O filho teve uma 
educação romântica e católica. A mãe morre e Pedro se apaixona por 
Maria Monforte, filha de um negociante de escravos. 
CONFLITO 
O pai de Pedro se opõe ao casamento e o filho se afasta do convívio 
paterno. O casal tem 2 filhos, Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Maria 
Monforte se apaixona por um italiano e abandona o marido e um dos 
filhos. Pedro retorna desolado apenas com o filho mais velho, Carlos. 
Pedro se suicida. 
CLÍMAX 
Restam avô e neto. Carlos se forma em medicina. Conhece uma jovem 
encantadora, Maria Eduarda. O jovem amante compra uma quinta 
afastada para encontrá-la. Mas ocorre a reviravolta. Um tal Sr. 
Guimarães chega de Paris com uma revelação trágica: MariaEduarda 
seria filha de Monforte, logo, irmã de Carlos. 
DESFECHO 
O avô, Afonso, morre. Maria Eduarda foge para a França e se casa. 
Carlos parte numa longa viagem. No final do romance, encontramos 
Carlos recordando o passado junto com seu amigo João da Ega. A 
conversa com o amigo transcorre com muita ironia e pessimismo. 
 
 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Ao lado, cartaz da minissérie “Os Maias” 
(2001), em 44 episódios. Fonte: Imdb. 
TRECHO DE “OS MAIAS” 
 “Ega declarou muito decididamente ao sr. Sousa Neto que era pela escravatura. Os 
desconfortos da vida, segundo ele, tinham começado com a libertação dos negros. Só podia ser 
seriamente obedecido quem era seriamente temido... Por isso ninguém agora lograva ter seus 
sapatos bem envernizados, o seu arroz bem cozido, a sua escada bem lavada, desde que não tinha 
criados pretos em quem fosse lícito dar vergastadas... Só houvera duas civilizações em que o homem 
conseguira viver com razoável comodidade: a civilização romana e a civilização especial dos 
plantadores da Nova Orleães. Por quê? Porque numa e noutra existira a escravatura absoluta, a 
sério, com o direito de morte!... ” (QUEIRÓS, 2000, p. 271). 
Comentários 
 Aqueles jovens veneravam Victor Hugo, dizendo que ele é o campeão heroico das verdades 
eternas, e que ele não era um homem, era um mundo. Eles ainda compactuavam o que chamavam 
de a Ideia Nova. Em particular, João da Ega é importante, porque ele é essa personagem 
dialeticamente contraditória, bancando o democrata, mas no fundo é um falso moralista e machista, 
dizendo que era dever da mulher primeiro ser bela, e depois ser estúpida, e que a mulher só devia 
ter duas prendas: saber cozinhar e amar bem. Enfim, Ega se passava por intelectual, mas não 
consegue se livrar da sua máscara e maneiras burguesas, e por isso comparado ao Mefistóteles, do 
Fausto de Goethe, tendo inclusive indo fantasiado assim para o baile dos judeus Cohen. 
 Entre esses jovens também está o Alencar, escritor de Elvira e do poema A Democracia, versos 
históricos. Carlos quando se forma e arranja uma espécie de escritório junto com laboratório, onde 
vai para não fazer nada, não trabalhar, matando as suas horas de ócio escrevendo. A civilização lhe 
custava caro, esse tédio infindável. Nesse sentido, na Alemanha havia mais comércio, em Portugal 
era fastio total. Ega também escrevia para matar o tempo, e era morto pelo que escrevia, nunca 
tendo terminado um escrito. A sua grande obra prima chamar-se-ia Memórias dum átomo, e tinha 
uma forma autobiográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
A cidade e as serras 
A cidade e as serras é uma obra da terceira 
fase de Eça de Queirós, momento em que seu 
criticismo se arrefece e ele faz uma revisão de suas 
convicções. Outrora um feroz crítico do atraso 
português, agora aos 50 e poucos anos, entende o 
atraso econômico como uma espécie de benção 
para o espírito humano. 
Ele escreveu um texto curto (novela) com 
características de romance de tese. Eça de Queirós 
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 cria uma narrativa para “provar” que o estilo de vida simples da serra supera o da cidade e suas 
comodidades tecnológicas. 
 
 
 
Enredo 
O protagonista, o rico Jacinto, nasce em Paris rodeado de todas as comodidades tecnológicas da 
época, tornando-se entusiasta da ciência e da modernidade. Acredita que a ciência (teórica) e a potência 
(tecnológica) serão capazes de trazer a felicidade perene ao ser humano. 
Nesse momento de otimismo, conhece José Fernandes, narrador da obra. O amigo serve como 
contraponto crítico, pois encara as crenças de Jacinto com ceticismo. Na segunda visita que José 
Fernandes faz ao amigo, percebe que a ilusão cientificista do protagonista vai se transformando em tédio 
e desilusão. 
A multidão de Paris lhe parece entediante, os aparelhos tecnológicos não lhe despertam mais a 
paixão e as relações pessoais e amorosas parecem ser circunstanciais e fúteis. É nesse ponto que o 
cosmopolita amigo de José Fernandes recebe uma carta avisando que houve uma tempestade na região 
de Tormes, onde fica a propriedade de Jacinto e os restos mortais de seus antepassados foram 
descobertos. Ele deveria ir para as serras para participar do sepultamento. 
Em verdade, Jacinto jamais saíra de Paris, e essa viagem, para ele, tem o gosto amargo da barbárie, 
pelo menos é como ele pensa inicialmente. A caminho, o trem para na Espanha, pois haverá uma 
baldeação. Todas as roupas e artigos de luxo ficam no vagão estacionado na plataforma, enquanto, em 
outro comboio, o protagonista e José Fernandes partem para Tormes sem nada, a não ser a roupa do 
corpo. 
Chegando na estação, há outro contratempo: ninguém do solar o espera. Ele 
consegue um cavalo para si e um burro para José Fernandes. Irritado, ele pretende ir 
para Lisboa no dia seguinte. Mas aos poucos vai sendo seduzido pelas serras, pela 
culinária do local, pelo colhimento caloroso que recebe e pela beleza da região. 
José Fernandes, quando o encontra, percebe que o amigo está mudado, está 
feliz, entusiasmado com o novo modo de vida. Mas, mesmo aí, Jacinto começa 
• Narrador: primeira pessoa, narrador-testemunha. Quem conta a história é José
Fernandes, amigo do protagonista. Trata-se de um narrador muito limitado, ele só
pode contar o que o protagonista disse para ele ou o que ele viu como testemunha.
No caso dessa obra, isso se justifica. José Fernandes encarna a forma de viver do
camponês lusitano e, na sua rusticidade, ele consegue ver o que há de ridículo no
comportamento do sofisticado Jacinto.
• Tempo: Final do século XX, época em que já era possível observar invenções como
telefone, telégrafo e automóvel, que são mencionados no livro (Eça morreu em 1900
e o romance foi terminado a posteriori).
• Espaço: como o nome já diz, o livro se divide em dois espaços: a cidade, que remete
a Paris; e o campo, região de Tormes, onde Jacinto tem sua propriedade rural.
FICHA DE LEITURA
 
 
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 perceber que há problemas. Entra em contato com a pobreza extrema de alguns camponeses e vivencia 
a experiência de ser confundido com D. Sebastião, o rei renascentista que morreu no século XVI e que, 
segundo a lenda, voltaria para trazer glória a Portugal. 
O príncipe de grã-ventura, como era chamado, casa-se com uma mulher simples da região, 
Joaninha, e resolve trazer aparatos tecnológicos para melhorar a vida dos moradores da Serra. A novela 
(uma espécie de romance curto) termina com final feliz e uma nota de esperança de que seria possível 
conciliar esses dois mundos, cidade e serras. 
 
Interpretação 
Essa novela representa a “conversão” de Eça de Queirós. É interessante notar que o autor, em sua 
juventude, defendia o cientificismo e, agora, vê essa fé na ciência como algo exagerado. Jacinto 
desenvolvera uma teoria: a de que a Suma Ciência junto com a Suma Potência poderia levar o indivíduo à 
felicidade. Ora, guardadas as devidas diferenças, o próprio Eça pensava dessa forma, lá pelos idos de 1871. 
A cidade de Paris representava o que havia de mais moderno em 1900; as serras, o que havia de 
mais atrasado. A opção pelas serras mostra um certo desencanto do próprio Eça em relação à tecnologia. 
A indicação do livro para leitura no século XXI cai como uma luva para aqueles que precisam estar atentos 
à ilusão tecnológica. Há trechos bem escritos e muito expressivos de condenação do mundo tecnológico 
se considerado à luz do humanismo. 
Vale a pena destacar ainda a alegoria utilizada pelo autor. Jacinto é uma figura mitológica, seria 
um jovem muito bonito por quem Apolo se apaixona. O deus desce do Olimpo para se aproximar do jovem 
e brinca de arremessar o disco das olimpíadas com o rapaz. Zéfiro, enciumado, muda a trajetória do discoque atinge Jacinto e o mata. Desconsolado, Apolo transforma o amado em uma flor que nasce no campo. 
Na história de Eça, algo parecido acontece. Jacinto morre na tórrida 
 
A cidade e as serras (1901) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 26 (XVI) capítulos. 
PERSONAGENS Jacinto, José Fernandes, Joaninha. 
TEMPO Final do século XX (telégrafo e automóvel). 
ESPAÇO Paris e Tormes. 
ENREDO 
Jacinto nasce em Paris rodeado de todas as comodidades tecnológicas 
da época, tornando-se entusiasta da ciência e da modernidade. Acredita 
que a ciência (teórica) e a potência (tecnológica) serão capazes de 
trazer a felicidade perene ao ser humano. 
CONFLITO 
Nesse momento de otimismo, conhece José Fernandes, narrador da obra. 
O amigo serve como contraponto crítico, pois encara as crenças de 
Jacinto com ceticismo. Jacinto percebe que a ilusão cientificista do 
protagonista vai se transformando em tédio e desilusão. 
CLÍMAX 
Houve uma tempestade na região de Tormes, onde fica a propriedade 
de Jacinto e os restos mortais de seus antepassados foram descobertos. A 
caminho, no trem para a Espanha haverá uma baldeação. Todas as 
 
 
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 roupas e artigos de luxo ficam no vagão estacionado na plataforma e 
partem só com a roupa do corpo. 
DESFECHO 
José Fernandes, quando o encontra, percebe que o amigo está mudado, 
está feliz, entusiasmado com o novo modo de vida. O príncipe de grã-
ventura, como era chamado, casa-se com uma mulher simples da região, 
Joaninha, e resolve trazer aparatos tecnológicos para melhorar a vida 
dos moradores da Serra. Termina com final feliz e uma nota de esperança 
de que seria possível conciliar esses dois mundos, cidade e serras. 
 
TRECHOS DE "A CIDADE E AS SERRAS" 
 
TRECHO I 
 Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este Príncipe concebera a ideia de que o 
“homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado”. E por homem civilizado o meu 
camarada entendia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas 
desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os mecanismos 
inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um magnífico Adão, quase onipotente, quase 
onisciente, e apto portanto a recolher [...] todos os gozos e todos os proveitos que resultam de Saber 
e Poder... [...] 
 Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo, que [...] estavam 
largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivíduos, como a das nações, se realiza 
pelo ilimitado desenvolvimento da Mecânica e da erudição. Um desses moços [...] reduzira a teoria 
de Jacinto [...] a uma forma algébrica: 
 
Suma ciência
Suma felicidade
Suma potência


 =


 
 
 E durante dias, do Odeon à Sorbona, foi louvada pela mocidade positiva a Equação Metafísica 
de Jacinto. 
Eça de Queirós, A cidade e as serras. 
 
Comentários 
 A equação elaborada por Jacinto, durante o período que vivia em Paris, para sintetizar a 
felicidade, torna-se ao fim do romance uma equação que resultava em servidão ou dependência, já 
que o protagonista percebe que era como um escravo da tecnologia, que deveria torná-lo feliz. 
 
TEXTO II 
 Mas o meu novíssimo amigo, debruçado da janela, batia as palmas – como Catão para chamar 
os servos, na Roma simples. E gritava: 
 – Ana Vaqueira! Um copo de água, bem lavado, da fonte velha! 
 Pulei, imensamente divertido: 
 – Oh Jacinto! E as águas carbonatadas? E as fosfatadas? E as esterilizadas? E as sódicas?... O 
meu Príncipe atirou os ombros com um desdém soberbo. E aclamou a aparição de um grande copo, 
todo embaciado pela frescura nevada da água refulgente, que uma bela moça trazia num prato. Eu 
admirei sobretudo a moça... Que olhos, de um negro tão líquido e sério! No andar, no quebrar da 
cinta, que harmonia e que graça de ninfa latina! 
 E apenas pela porta desaparecera a esplêndida aparição: 
 
 
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 – Oh Jacinto, eu daqui a um instante também quero água! E se compete a esta rapariga trazer 
as coisas, eu, de cinco em cinco minutos, quero uma coisa!... Que olhos, que corpo... Caramba, 
menino! Eis a poesia, toda viva, da serra... 
 O meu Príncipe sorria, com sinceridade: 
 – Não! Não nos iludamos, Zé Fernandes, nem façamos Arcádia. É uma bela moça, mas uma 
bruta... Não há ali mais poesia, nem mais sensibilidade, nem mesmo mais beleza do que numa linda 
vaca turina. Merece o seu nome de Ana Vaqueira. Trabalha bem, digere bem, concebe bem. Para 
isso a fez a Natureza, assim sã e rija 
 (...). 
Eça de Queirós, A cidade e as serras. 
 
Comentários 
 O fragmento reproduz uma cena passada na Quinta de Tormes, local em que Jacinto passa a 
morar depois de se ter mudado de Paris. O estranhamento de Zé Fernandes face ao pedido de Jacinto 
para que lhe tragam água da fonte, ao invés das águas sofisticadas que sempre preferira, a beleza 
natural de Ana Vaqueira, assim como a simplicidade do cenário remetem personagens e leitor às 
paisagens bucólicas descritas pelos autores clássicos que tematizavam o locus amoenus e o inutila 
truncat, como base essencial para se atingir o equilíbrio e a felicidade. 
 A expressão “nem façamos Arcádia” alude ironicamente à visão idealizada de Zé Fernandes 
relativamente aos dotes físicos de Ana Vaqueira, dona de beleza invulgar, mas, como trabalhadora 
braçal e rude, seria insensível a apelos sentimentais. 
 
 A ilustre casa de Ramires 
O romance foi publicado em 1900, portanto reflete a terceira fase do autor. A ironia cáustica dá 
lugar a uma narrativa mais equilibrada e sóbria. Nessa obra o autor deixa transparecer o otimismo e a 
esperança em relação a Portugal. 
Chama a atenção a estrutura narrativa em que o autor, à maneira de Almeida Garret, organiza 
duas histórias em tempos diferentes e depois as entrelaça. 
 
 
 
Enredo 
Gonçalo é um português de ascendência nobre que na atualidade está falido e tem dívidas a pagar. 
O arrendamento de suas terras não cobre as despesas. Assim, a política lhe parece a maneira mais fácil 
• Narrador: dois narradores em terceira pessoa. Há um narrador que conta a história
de Gonçalo, e Gonçalo conta a história de seu antepassado.
• Tempo: como é um romance que lida com o passado, há três marcações históricas.
Gonçalo encontra um poema romântico sobre os heróis de sua família da década de
1840; agora, na década de 1890, ele resolve reescrever a história que se passa no
século XII.
• Espaço: há menção a vários locais, mas predomina a Torre da aldeia de Santa
Irineia.
FICHA DE LEITURA
 
 
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de sair dessa situação. Contudo, quem ocupava o lugar de deputado da sua região era um inimigo seu que 
tinha mais influência no governo e entre os aldeões. Ele se resolve, então, pela fama. Haveria de, através 
da Literatura, fazer-se conhecido. Decide escrever a história de Tructesindo Ramires, um antepassado da 
época dos primeiros reis de Portugal. 
O narrador passa a contar o que aconteceu à linhagem 
de tal nobre protagonista. De forma até irônica, ele vai 
mostrando o declínio da família a partir de 1640, data da 
Restauração (época em que termina a união das duas coroas, a 
de Portugal com a da Espanha, e os lusitanos restauram sua 
Monarquia). 
A narrativa do declínio tem como contrapartida, no 
presente, a constante humilhação de Gonçalo. Um arrendatário 
seu, irritado e bêbado, lança pedras no solar e o nobre senhor 
da torre se esconde covardemente. Ele refaz o contrato com 
outro arrendatário, mas sem formalizar a ação comercial. Parte 
em seguidapara Oliveira, onde encontra alguns desafetos. Sua 
vida medíocre vai sendo contraposta à dos aventureiros do 
passado. 
No romance histórico que ele está escrevendo, 
Tructesindo se indispõe com o novo rei, pois tinha prometido a D. Sancho que seria o protetor de D. 
Sancha. Vai à guerra contra D. Afonso II, mesmo sabendo que poderia perder a batalha. Essa demanda 
real é cumprida ao mesmo tempo que o cavaleiro vinga a morte de seu filho. O assassino de seu herdeiro 
é Lopo Baião, também fiel vassalo de D. Afonso. A vingança se concretiza. 
Quando volta ao solar, sofre nova humilhação. O atual arrendatário, irritado com a falta de palavra 
de Gonçalo, põe-no a correr e ele é socorrido pelos empregados. 
Seu inimigo político morre e abre-se uma possibilidade de ele entrar para a política. Para tanto, 
precisa se aproximar de André Cavaleiro, mesmo sabendo que tal senhor usaria esse pretexto para seduzir 
a irmã de Gonçalo. O protagonista fica entre a política e a honra familiar. 
De fato, embora as coisas se encaminhem na política, André começa a visitar sua irmã em 
momentos que seu cunhado não está. 
Sua redenção começa com um objeto. Ele descobre um antigo chicote de prata perdido no sótão. 
Após sonhar com os antepassados, ele se torna menos tolerante. Vai andar a cavalo e reage a um valentão 
que sempre o molestava. A notícia de sua valentia se espalhou. 
Tornou-se deputado e teve êxito literário. Instala-se em Lisboa. 
Contudo, quatro meses depois consegue uma concessão na África. Hipoteca suas terras e parte 
para a colônia, abandonando a política. Quatro anos depois retorna a seu país, abastado, com saúde 
redobrada e orgulhoso de si. 
 
Interpretação 
Esse romance é o mais significativo da terceira fase do autor. Gonçalo é uma alegoria do próprio 
Portugal. Descendente de ilustres guerreiros medievais, a nação se encontra degradada e humilhada. O 
 
 
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 jovem nobre que se esconde e foge de um arrendatário figurativiza o Ultimato Britânico, quando a 
Inglaterra humilhou o país. 
Se até a metade do romance Eça faz uma alegoria da condição de Portugal, na metade seguinte 
ele expressa, através do desenlace da sua narrativa, certo otimismo e uma prescrição de como deveria 
ser a pátria que ele ama. 
A certeza que anima o autor é a de que a Lusitânia será grande novamente. A saída para isso, 
expressa na trajetória de Gonçalo, passa pela revalorização do colonialismo e pelo desprezo à política. 
É fácil perceber nesse enredo traços culturais que servirão de base para a era de Salazar, ou seja, 
da ditadura que se estabeleceu em Portugal e que perdurou de 1926 até 1975. Afinal, durante o 
salazarismo, a política se restringia a decretos de gabinete e à economia colonial. Tirando esse lado 
sinistro, a estrutura do texto e a linguagem bem cuidada fazem do romance uma obra de notáveis 
qualidades. 
 
A ilustre casa de Ramires (1900) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 12 (XII) capítulos. 
PERSONAGENS 
Gonçalo Ramires, Titó, Castanheiro, Videirinha, André Cavaleiro, 
Gracinha. 
TEMPO 
Como é um romance que lida com o passado, há três marcações históricas. 
Gonçalo encontra um poema romântico sobre os heróis de sua família da 
década de 1840; agora, na década de 1890, ele resolve reescrever a 
história que se passa no século XII. 
ESPAÇO Predominantemente Torre da Aldeia de Santa Irineia. 
ENREDO 
Gonçalo é um português de ascendência nobre que na atualidade está 
falido e tem dívidas a pagar. O arrendamento de suas terras não cobre 
as despesas. quem ocupava o lugar de deputado da sua região era um 
inimigo seu. Para sair dessa, tenta a fama na Literatura. 
CONFLITO 
Decide escrever a história de Tructesindo Ramires, um antepassado da 
época dos primeiros reis de Portugal. O narrador passa a contar o que 
aconteceu à linhagem de tal nobre protagonista. De forma até irônica, 
ele vai mostrando o declínio da família a partir de 1640, data da 
Restauração. 
CLÍMAX 
 A narrativa do declínio tem como contrapartida, no presente, a constante 
humilhação de Gonçalo. Um arrendatário seu, irritado e bêbado, lança 
pedras no solar e o nobre senhor da torre se esconde covardemente. Sua 
vida medíocre é contraposta à dos aventureiros do passado. 
DESFECHO 
O inimigo político morre e abre-se uma possibilidade de ele entrar para 
a política. Tornou-se deputado e teve êxito literário. Instala-se em Lisboa. 
 
 
 
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Abolição 
Início da crise mundial 
que vai até 1890 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1881 
1870
30 
Governo 
Floriano Peixoto 
1891 
Realismo 
Proclamação 
da República 
1888-1889 1873
30 
1871
30 
1894 1893 1880 
 
TRECHO DE “A ILUSTRE CASA DE RAMIRES” 
 Mas Gonçalo, que abominava aquela lenda, a silenciosa figura degolada, errando por noites de 
inverno entre as ameias da Torre com a cabeça nas mãos – despegou da varanda, deteve a Crônica 
imensa: 
 (...) 
 Despido, soprada a vela, depois de um rápido sinal-da-cruz, o Fidalgo da Torre adormeceu. Mas 
no quarto, que se povoou de sombras, começou para ele uma noite revolta e pavorosa. André 
Cavaleiro e João Gouveia romperam pela parede, revestidos de cotas de malha, montados em 
horrendas tainhas assadas! E lentamente, piscando o olho mau, arremessavam contra o seu pobre 
estômago pontoadas de lança, que o faziam gemer e estorcer sobre o leito de pau-preto. Depois era, 
na Calçadinha de Vila-Clara, o medonho Ramires morto, com a ossada a ranger dentro da armadura, 
e El-Rei D. Afonso II, arreganhando afiados dentes de lobo, que o arrastavam furiosamente para a 
batalha das Navas. Ele resistia, fincado nas lajes, gritando pela Rosa, por Gracinha, pelo Titó! Mas D. 
Afonso tão rijo murro lhe despedia aos rins, com o guante de ferro, que o arremessava desde a 
Hospedaria do Gago até a Serra Morena, ao campo da lide, luzente e fremente de pendões e de 
armas. E imediatamente seu primo de Espanha, Gomes Ramires, Mestre de Calatrava, debruçado do 
negro ginete, lhe arrancava os derradeiros cabelos, entre a retumbante galhofa de toda a hoste 
sarracena e os prantos da tia Louredo trazida como um andor aos ombros de quatro Reis!... (...) 
 
Comentários 
 Como romance histórico, a História é recontada por meio de artifícios literários, como o excesso 
de descrição. A atuação política de Gonçalo tem por cenário o período que a história política de 
Portugal denomina Regeneração. Facções da burguesia emergente das revoluções liberais 
alternavam-se no poder e transitavam do Partido “Histórico” para o “Regenerador” e vice-versa, 
sem qualquer constrangimento, ao sabor de conveniências eleitorais. É o que fez Gonçalo para 
lançar-se candidato. Representante da aristocracia decadente, desenvolve uma política 
caracteristicamente paternalista. Nessa direção, ampara a mulher e os filhos pequenos do agricultor 
José Casco de Bravaes, que primeiro mandou prender e depois soltar, quando percebeu nele um 
eleitor potencial. Distribui favores, aproxima-se dos pobres, acerca-se dos correligionários com 
práticas eleitorais clientelistas. 
3.0 Realismo e Naturalismo no Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 O Realismo ocorre num momento muito particular da 
História do Brasil. A corte se consolida como o grande espaço 
urbano do país, com seus bailes e vida cultural significativa 
para uma ex-colônia. Um estilo refinado pautado pela 
imitação dos franceses se impõe nos gestos, na erudição na 
formação do carioca. Pode-se observar esse ambiente até um 
pouco artificial e afetado nas obras de José de Alencar e 
Machado de Assis. 
Ao mesmo tempo, o Império está no meio de uma crise 
que vai desembocar na República. Desde o fim da Guerra do 
Paraguai, o Brasil enfrenta uma crise financeira – o custo da 
guerrafoi alto – e social. Os escravos participaram no conflito 
impondo ao status quo o reconhecimento de pertencimento à 
nação brasileira. 
 A Lei do Ventre Livre e a fundação do Partido 
Republicano evidenciam uma realidade social muito mais 
complexa. Os negros e os párias sociais que só tinham aparecido nos romances românticos de forma 
cômica ou na posição de vilões, ocuparão um espaço significativo, quando não o lugar de protagonista 
(no romance O bom-crioulo, de Adolfo Caminha – 1867-1897 –, autor naturalista). Em vários contos e em 
alguns romances de Machado de Assis, os negros aparecem não mais submetidos a estereótipos, mas em 
cenas que começam a dar uma noção da complexidade social da nação. 
O Realismo/Naturalismo, no Brasil, seguiu trajetórias variadas. Aluísio Azevedo e Adolfo Caminha 
adotam a linguagem mais grosseira e se valem das ideias cientificistas. Machado de Assis, em alguns 
momentos, ironiza a moda filosófica, criticando-a sob a perspectiva de pensadores clássicos, além de 
manter fiel a uma linguagem elegante como se fosse um lorde inglês nos trópicos. Raul Pompeia parece 
indiferente a essas escolas, realizando um Realismo próprio que se aproxima do que depois virá a ser 
chamado de Expressionismo. 
 
3.1. MACHADO DE ASSIS 
 Vamos começar com o mais importante autor do 
Realismo e da Literatura Brasileira. As histórias de Machado de 
Assis são mais simples, nada rocambolescas, até porque, vamos 
combinar, ninguém, na vida real, viveria tantas peripécias 
quanto as que eram experimentadas pelos heróis românticos. 
 Apesar disso, a narrativa, dada a ambiguidade e a ironia, 
traduz uma complexidade própria do ser humano. As 
intervenções do escritor e a análise dos personagens tomam o 
espaço destinado à ação. 
Filho de gente humilde, aos 15 anos publica os primeiros 
versos e é aprendiz de tipógrafo (executor de serviços 
Fo
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te
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 tipográficos de composição, paginação ou impressão). Posteriormente, 
irá ganhar a vida sendo jornalista, profissão a qual lhe rendeu grandes 
contatos políticos e literários. Porém, não estava totalmente satisfeito 
com tal ofício. Aos 27 anos, ingressa no serviço público, em que ficaria até 
o fim da vida. 
Foi o fundador e presidente da Academia Brasileira de Letras 
(ABL), criada em 1897 e baseada no modelo da Academia Francesa de 
Letras (Académie Française). Segundo o crítico literário brasileiro Roberto 
Schwarz, na caricatura, “foi possivelmente o maior escritor brasileiro”. 
Morreu em 1908 no Rio de Janeiro. 
O estilo machadiano é tão particular que, abaixo do quadro biográfico, você encontrará algumas 
das características do texto do autor. 
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) nasceu no bairro do Livramento, região modesta do 
Rio de Janeiro. Seus pais eram humildes, o mulato Francisco José de Assis, pintor de paredes, e Maria 
Leopoldina. Contudo logo ficou órfão de pai e mãe e foi criado pela madrasta, a lavadeira Maria Inês. Na 
adolescência trabalhou vendendo balas e doces. Com 15 anos, conseguiu trabalhar como tipógrafo na 
Imprensa Nacional, dirigida, na época, por Manuel Antônio de Almeida, que o encorajou a se tornar 
escritor. 
Entre 1855 e 1869, trabalha em jornais, inicialmente como revisor e, posteriormente, como 
jornalista. Publica, em 1864, uma coletânea de poemas, “Crisálidas”. Com 30 anos casa-se com Carolina 
Xavier de Novais, uma portuguesa culta que o influenciará, revelando ao escritor os clássicos da Literatura 
Universal. 
 
A partir de 1872, o escritor publica seus romances. Os quatro 
primeiros (Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia) 
são românticos. Como Memórias Póstumas de Brás Cubas 
(1881), o escritor enverada pelo Realismo. Não se entrega 
totalmente à moda literária. Construiu um estilo próprio que 
destoa em vários pontos do Realismo tradicional. Quanto ao 
Naturalismo, praticamente o ignorou, em alguns pontos 
percebe-se, inclusive, sua verve crítica em relação aos 
“ismos” que serviram de base para o Naturalismo. 
 
O Realismo de Machado tenta o impossível. Retratar as bases “reais” do comportamento humano. 
Ele deixa o fenômeno, aquilo que geralmente é o foco do Realismo, para submergir nas motivações 
psicológicas de seus personagens. 
Teve contato com vários dos principais escritores do século XIX, foi amigo de José de Alencar e 
recepcionou Castro Alves quando o poeta passou pela corte. Participou da fundação da Academia 
Brasileira de Letras em 1897. Sua esposa morreu em 1904, e Machado entrou em depressão. Mesmo 
assim, algumas obras ainda foram lançadas depois dessa data: Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires 
(1908) e Relíquias da casa velha (1906). 
 
 
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 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO AUTOR 
 
• Os fatos aparecem conforme são lembrados pelo narrador ou pelas personagens.
Corresponde à digressão: ação ou resultado de se desviar do assunto tratado; desvio,
afastamento de um objetivo; evasiva, pretexto, subterfúgio; recurso literário us. para
esclarecer, detalhar, ilustrar ou criticar um assunto (dicionário Aulete).
• O objetivo principal é o retardamento do texto, brincando com as instâncias de
essência e aparência, pois o que parece mais importante (o enredo) de repente passa
a não ser mais, deixando-se entrever outros detalhes.
NARRATIVA NÃO LINEAR
• A obra de Machado de Assis flerta com o niilismo (não acreditar em nada; o Nada
Absoluto), com uma visão negativa do mundo e do homem. Muitos de seus
personagens são cínicos ou hipócritas.
• É uma vertente que influenciou Machado de Assis por ser contemporâneo do
decadentismo francês, com Charles Baudelauire, por exemplo, e dos movimentos
pessimistas de transição do século XIX para o XX. Verifica-se pessimismo
especialmente no “Capítulo das Negativas” de Memórias póstumas de Brás Cubas.
PESSIMISMO
• As tendências filosóficas (positivismo, darwinismo, determinismo) são muitas vezes
questionadas pelo autor.
• Esse aspecto está presente no emplasto de Brás Cubas, um remédio mágico que
curaria toda a humanidade, quando no fundo Brás Cubas só queria descobri-lo por
fama própria. Também está em Quincas Borba, quando Machado de Assis critica o
surgimento de tantas tendências no século XIX, muitas vezes até mesmo sem
embasamento ou com fundamentos cruéis.
DESCRENÇA NO CIENTIFICISMO
• E humor ácido, advinda da tradição inglesa do humour, bem como o riso são muitas
vezes o modo de lidar com o mundo que o autor encara negativamente. Ficou
conhecido pelo humor machadiano.
IRONIA
• A metalinguagem é tanto uma função de linguagem quanto um efeito de texto em
que se verifica a linguagem se remetendo a ela mesma. Porém, pode ser um filme se
remetendo a ele mesmo; ou uma fotografia se remetendo a ela mesma → trata-se de
algo se remetendo a si mesmo.
• O comentário do escritor sobre a própria escrita, os próprios capítulos, a própria
obra etc. é um traço evidente de suas obras. Frequentemente, as obras contêm
informações sobre os capítulos, sobre a relação com o leitor, sobre o estilo de escrita
entre outros.
METALINGUAGEM
 
 
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 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO AUTOR 
 
 
DISCURSO INDIRETO LIVRE 
 “Além da variedade de discursos diretos e indiretos, a narrativa de ficção, a partir das últimas 
décadas do século XIX, utiliza um tipo de discurso que consiste na combinação dos já existentes, 
misturando valores estilísticos de um e de outro: é o discurso indireto livre, que recebeu 
denominações diversas dos autores que o estudaram (discurso velado, direto impropriamente dito, 
discurso vivido). 
 (...) O discurso indireto livre, em muitos casos, não deixa claro quem está com a palavra, se o 
narrador ou a personagem. O que permite distinguir é estar sendo relatadoo pensamento da 
personagem, o qual é dela e não do narrador; por mais que este com ela se identifique. Este tipo de 
discurso tem, portanto, um cunho acentuadamente psicológico, daí a sua voga no romance realista 
que pretendia apresentar com maior profundidade o mundo interior das suas criaturas: seus estados 
emotivos, devaneios, reflexões, perturbações alucinatórias, autoanálise etc. O narrador podia ficar 
por trás delas, em atitude neutra ou irônica”. (MARTINS, 2011, p. 251, grifos meus). 
 
• O uso de imperativos, vocativos ou de perguntas direcionadas ao leitor muitas vezes
de forma jocosa representa o jogo de aproximação/afastamento do narrador; ora ele
quer conquistar e convencer o leitor, ora quer se mostrar superior. Em todo caso,
para o bem ou para o mal, parte do pressuposto de que vai ser lido. Na teoria literária,
esse leitor ideal é denominado de narratário.
• Exemplo: “E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et Tartufe? Ai,
amiga minha, a resposta é naturalmente a mesma, – também ela comia bem, dormia
largo e fofo, – coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame, quando quer
amar. Se esta última reflexão é o motivo secreto da vossa pergunta, deixai que vos
diga que sois muito indiscreta, e que eu não me quero senão com dissimulados.”
(Machado de Assis – Quincas Borba, grifos meus).
DIÁLOGO COM O LEITOR
• Recursos tais como análise dos pensamentos, das sensações e do abismo entre
desejo e convenções sociais fazem parte importante do enredo.
• Opera o trânsito entre a crítica e a denúncia dos costumes sociais (externo) com as
opiniões íntimas (interno). Muitas vezes é empregada a técnica literária do discurso
indireto livre.
PSICOLOGISMO
• Trata-se da menção a outros autores e obras, internacionais e nacionais, inclusive do
próprio autor. O ideal é não procurar todos os autores, pois isso pode atrapalhá-los e
distraí-los. De qualquer forma, os mais importantes serão analisados mais à frente.
• No caso de Machado de Assis, há muita intertextualidade com a Bíblia e outros
autores do cânone, com quem não só quer dialogar, como também rivalizar.
• A intertextualidade também pode ser interna, como é o caso do personagem
Conselheiro Aires, que está presente tanto no romance Esaú e Jacó quanto no
Memorial de Aires.
INTERTEXTUALIDADE
 
 
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(EsPCEx – 2018) 
“Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram 
aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, 
o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição 
nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como 
a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras 
partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa 
buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, 
puxar-me e tragar-me.” 
ASSIS. Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática,1999. p.55 (fragmento) 
 
Com "Casmurro, obra" publicada em 1899, depois de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881) 
e de "Quincas Borba" (1891), Machado de Assis deixa marcas indeléveis de que a Literatura 
Brasileira vivia um novo período literário, bem diferente do Romantismo. Nessas obras, nota-se 
uma forma diferente de sentir e de ver a realidade, menos idealizada, mais verdadeira e crítica: 
uma perspectiva realista. O trecho apresentado acima representa essa perspectiva porque o 
narrador 
a) exagera nas imagens poéticas traduzidas por “fluido misterioso”, “praia”, “cabelos espalhados 
pelos ombros” em uma realização imagética da mulher que o tragava como fazem as ondas de um 
mar em ressaca. 
b) deixa-se levar pelas ondas que saíam das pupilas de Capitu em um fluido, misterioso e enérgico, 
que o arrasta depressa como uma vaga que se retira da praia em dias de ressaca, não adiantando 
agarrar-se nem aos braços nem aos cabelos da moça. 
c) retira-se da praia como as vagas em dias de ressaca por não ser capaz de dizer a Capitu o que está 
sentindo ao olhá-la nos olhos sem quebrar a dignidade mínima daquele momento em que duas 
pessoas apaixonam-se. 
d) solicita à “retórica dos namorados” uma comparação que seja, ao mesmo tempo, exata e poética 
capaz de descrever os olhos de Capitu, revelando a dificuldade de apresentar uma verdade que não 
estrague a idealização romântica. 
e) ridiculariza a retórica dos românticos ao afirmar que os olhos de Capitu pareciam com uma ressaca 
do mar e, por isso, não seria capaz de descrevê-los de maneira poética, traduzindo, assim, o realismo 
literário de sua época. 
 
Comentários: 
 Questão de interpretação de texto literário; conhecimento de movimentos literários e 
conhecimento de autores e obras do cânone. 
 
 
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Minissérie: Capitu (2008). 
Sinopse: aliando o enredo realista com uma 
trilha sonora moderna, a série em 5 capítulos 
expõe o íntimo das personagens envolvidas 
nesse drama, com uma visão lúdica e poética. 
Bentinho veste as roupas de todos, um poco 
de tudo, trapos das pessoas que passaram por 
sua vida. Pois narrar também é isso. 
Alternativa A: incorreta. Não necessariamente exagero. A presença de imagens poéticas não 
ocorre em exagero. Predomina a perspectiva realista, uma vez que o narrador espera uma 
aproximação que seja uma “comparação exata”. 
 Alternativa B: incorreta. Não é como se nada adiantasse. Inclusive, ele tenta: “Para não ser 
arrastado”. O narrador afirma que lutava contra a força que o arrastava. 
 Alternativa C: incorreta. Ele estava mais apaixonado por ela que ela por ele. O narrador 
não está presente à beira-mar. Ele relembra uma expressão empregada por José Dias. 
 Alternativa D: correta – gabarito. Apaixonado que estava, tende ao Romantismo. O 
narrador procura equilibrar razão e emoção, mas entra em conflito pois não quer que a amada 
perca sua aura. 
 Alternativa E: incorreta. Há um embate entre escolas aqui e nenhuma vence. O narrador 
busca a retórica dos românticos, empregando descrição poética em relação a seus olhos, espelho 
da alma. 
 
Gabarito: D. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Romantismo
Realismo
 
 
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 3.1.1 ROMANCES 
 
 Memórias póstumas de Brás Cubas 
Publicado em 1881, inaugura o Realismo no Brasil, bem 
como O mulato de Aluísio de Azevedo inaugura o Naturalismo. 
Sua forma e estilo são experimentais: o autor mistura influências 
de Laurence Sterne (1713-1768), na caricatura, e de Almeida 
Garret. Sterne é um escritor irlandês cuja obra-prima é A vida e 
as opiniões de Tristram Shandy (1759), com quem Machado de 
Assis aprendeu muito de sua ironia. A narrativa bêbada, com 
idas e vindas, com digressões e comentários metalinguísticos, 
traduz o sarcasmo próprio do narrador protagonista. 
Nas obras posteriores, o autor utilizará as técnicas 
desenvolvidas nesse romance de forma mais equilibrada. 
 
 
 
 
Enredo 
Brás Cubas escreve suas memórias. Começa pela infância, quando descreve sua formação de 
caráter sob a égide da permissividade paterna. Quando adolescente, envolve-se com Marcela, uma 
cortesã interessada nas condições financeiras do protagonista. O pai, por esse motivo, envia o filho para 
Coimbra, onde deverá se tornar bacharel. 
A mãe morre, ele volta de Portugal e encontra algum apoio em Eugênia, uma moça muito bonita, 
coxa e filha bastarda. As condições sociais da moça levam o narrador a desprezá-la, apesar do evidente 
interesse. 
Finalmente, interessa-se por uma mulher de sua classe, Virgília.Contudo, ela fica entre dois 
pretendentes: o pavoneado Brás Cubas e o ambicioso Lobo Neves. Escolhe o último. 
O pai morre, ele briga com a irmã por causa da herança. Nessa época solitária, já maduro, ele se 
encontra com a antiga pretendente. Ela continua casada, mas, como o narrador não é ciumento, eles se 
tornam amantes. 
• Narrador: primeira pessoa, um defunto autor que, por estar morto, pode revelar os
podres dos homens sem que sofra qualquer retaliação. Trata-se de um narrador
sarcástico, cínico e ressentido que se compraz em humilhar o leitor.
• Tempo: abrange o tempo de vida do narrador, 1805-1869; narrativa não linear, cortada
por digressões, flashbacks e diálogo com o leitor.
• Espaço: Rio de Janeiro.
FICHA DE LEITURA
 
 
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 Começam as peripécias para esconder da sociedade e do 
marido corno a traição. O casal aluga uma casa na Gamboa que servirá 
de refúgio amoroso. D. Plácida, uma agregada conhecida de Virgília, 
finge ser a dona do local. Ela é costureira e serve de álibi perfeito para 
uma mulher que deve fazer diversas provas na costureira. 
Virgília fica grávida, o que faz o narrador pensar 
romanticamente em fugir com ela, mas em seguida perde a criança. 
Brás Cubas fica sem qualquer herdeiro. Lobo Neves é nomeado para 
ocupar um cargo em outra província e o casal vai embora do Rio. 
Começa uma fase entediante para o personagem principal. Ele 
reencontra um amigo louco, Quincas Borba, com quem discute teorias 
filosóficas esdrúxulas. Reconcilia-se com a irmã, que consegue arranjar 
uma pretendente para se casar com Brás, Nhá Loló. O casamento não 
se realiza, pois a moça morre antes. 
Ele morre de pneumonia no momento quando tentava criar um 
emplasto para curar todas as moléstias. Ele faz essa afirmação, mas 
insinua que não era o interesse pelo bem da humanidade que o 
motivava, mas a possibilidade de ver seu nome no jornal como sendo 
o de um grande benfeitor. 
 
Interpretação 
A interpretação pode ser feita a partir de dois polos: o da análise psicológica e o da crítica à elite 
escravocrata brasileira. 
Em relação à crítica social, Machado de Assis cria um personagem da elite que contará sua história 
em primeira pessoa. Se estivesse vivo, não poderia ser sincero, esconderia suas intenções sob um discurso 
moralista. Como está morto, ele vai revelando sua futilidade e falha ética. 
Brás Cubas nasceu em uma família abastada, mas sem muito escrúpulo, a não ser o da conquista 
da consideração pública. Como personagem típico de uma sociedade escravocrata, Brás Cubas poderia 
dispor dos negros a sua volta e das pessoas miseráveis, sempre com alguma fineza e elegância. É o que 
ele faz durante sua vida. Ele respeita somente aqueles que pertencem a sua classe social. 
Essa forma de dispor das pessoas migra para a própria estrutura do texto. O narrador, caprichoso, 
comanda a narrativa fazendo interrupções, digressões despropositadas, intervenções irônicas, desafiando 
a inteligência do leitor, quando não, insinuando incapacidade intelectual de quem o lê. 
A estrutura social hipócrita do Império permitiu que Machado de Assis visse com mais nitidez a 
diferença entre intenções subjetivas e julgamento social. Entre esses dois extremos, há espaço para 
ressentimentos, moralismos, remorsos e justificativas que ele capta ao deixar expostos os pensamentos 
do protagonista. Há vários momentos em que Brás Cubas revela que seu ato humanitário tem como 
origem a vontade de ser aplaudido publicamente. 
 
 
 
Cartaz do filme “Memórias 
póstumas de Brás Cubas” 
(2001). Fonte: Imdb. 
 
 
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Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 160 (CLX) curtos capítulos. 
PERSONAGENS 
Brás Cubas; Prudêncio; Marcela; Eugênia; Virgília; Dona Plácida; cunhado 
Cotrim; Lobo Neves; Quincas Borba → intertextualidade interna. 
TEMPO 
Abrange o tempo de vida do narrador, 1805-1869; narrativa não linear, 
cortada por digressões, flashbacks e diálogo com o leitor. 
ESPAÇO 
Brás Cubas escreve suas memórias. Começa pela infância, quando 
descreve sua formação de caráter sob a égide da permissividade 
paterna. Quando adolescente, envolve-se com Marcela, uma cortesã 
interessada nas condições financeiras do protagonista. Ambos os pais 
morrem. Brás Cubas encontra algum apoio em Eugênia, uma moça muito 
bonita, coxa e filha bastarda. As condições sociais da moça levam o 
narrador a desprezá-la. 
ENREDO 
Finalmente, interessa-se por uma mulher de sua classe, Virgília. Contudo, 
ela fica entre dois pretendentes: o pavoneado Brás Cubas e o ambicioso 
Lobo Neves. Escolhe o último. 
CONFLITO 
Finalmente, interessa-se por uma mulher de sua classe, Virgília. Contudo, 
ela fica entre dois pretendentes: o pavoneado Brás Cubas e o ambicioso 
Lobo Neves. Escolhe o último. 
CLÍMAX 
Virgília fica grávida, o que faz o narrador pensar romanticamente em 
fugir com ela, mas em seguida perde a criança. Começa uma fase 
entediante para o personagem principal. Ele reencontra um amigo louco, 
Quincas Borba, com quem discute teorias filosóficas esdrúxulas. 
DESFECHO 
Ele morre de pneumonia no momento quando tentava criar um emplasto 
para curar todas as moléstias. Seu legado é um grande nada. 
 
 
 
 
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(EsPCEx – 2022) 
“"Eu bem sei que, para titilar-lhe os nervos da fantasia, devia padecer um grande desespero, 
derramar algumas lágrimas, e não almoçar. (...) A realidade pura é que eu almocei, como nos 
demais dias." 
 
Nesse trecho de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", Machado de Assis dirige-se ao leitor e 
informa como a história deveria ser contada, mas prefere dizer a verdade. Com isso, o autor faz 
uma crítica ao seguinte estilo de época da literatura: 
a) Realismo, por imprimir uma realidade distorcia apenas para agradar o leitor. 
b) Simbolismo, por recorrer à "fantasia" e apresentar um conflito falso entre matéria e espírito. 
c) Barroco, por apresentar uma linguagem rebuscada e usar figura de linguagem em "titilar-lhe os 
nervos da fantasia". 
d) Naturalismo, por apresentar a necessidade animalesca do homem diante de uma fome irônica. 
e) Romantismo, por insinuar que os românticos simulariam padecimentos em vez de contar a 
verdade. 
Comentários: 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de movimentos literários. 
Alternativa A: incorreta. ”Memórias póstumas de Brás Cubas” (1881) é o romance que 
introduz o Realismo no Brasil e na passagem em particular ele não se autocritica. Tampouco 
imprime realidade distorcida; pelo contrário: emprega verossimilhança, uma técnica literária 
que representa a realidade tal qual ela é. 
Alternativa B: incorreta. Embora Simbolismo e Realismo sejam movimentos contemporâneos 
entre si (fim do século XIX), o Realismo ocorreu na prosa e o Simbolismo na poesia. 
Alternativa C: incorreta. O trecho acima mescla estilo rebuscado, a partir do verbo “titilar”, 
que significa fazer cócegas ou carinho (dicionário Aulete), com estilo corriqueiro, prosaico e 
mundano: “A realidade pura é que eu almocei”. 
Alternativa D: incorreta. O Naturalismo também ocorre junto ao Realismo (fim do século XIX), 
mas ambos são movimentos diferentes entre si. No trecho, Brás Cubas não está almoçando 
porque essa é uma necessidade biológica sua, mas sim porque vem de uma classe privilegiada 
(burguesia), o que lhe permite fazer sua refeição. Enquanto no Naturalismo a visão do ser 
humano é animalizado, no Realismo as personagens são complexas e psicológicas. 
Alternativa E: correta – gabarito. Porque no Romantismo, movimento anterior ao Realismo, a 
visão de mundo predominante era o idealismo, tendendo a representar o mundo de forma 
exagerada, no caso, o padecimento demasiado. ”Memórias póstumas de Brás Cubas” (1881) nãosó introduz o Realismo no Brasil, como também é um divisor de águas na própria carreira 
machadiana, dividindo sua produção em duas fases: uma romântica e outra realista. 
 
Gabarito: E. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 Quincas Borba 
Dez anos depois de Memórias póstumas de Brás 
Cubas, surge este interessante romance que, embora 
leve um nome próprio no título, apresenta como 
protagonista Rubião. Amigo do filósofo Quincas Borba, 
aproxima-se deste no fim da vida e por sorte do destino 
acaba sendo herdeiro universal de toda sua herança 
quando o amigo morre, inclusive, com o cachorro com o 
mesmo nome: Quincas Borba. 
Porém, uma série de oportunistas se acercam de 
Rubião que, ingênuo e depois enlouquecendo, não 
consegue manter seu patrimônio. Entre os 
aproveitadores está o casal Palha. Rubião acaba por se 
apaixonar por Sofia, mas nunca conquista nada com ela. 
 
Quincas Borba (1891) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 
CCI (201) capítulos. São na maioria das vezes capítulos curtos, alguns de 
um parágrafo só. Os capítulos não são nomeados (em contraposição a 
Memórias póstuma de Brás Cubas, cujos capítulos eram nomeados). 
PERSONAGENS 
Quincas Borba (filósofo); Quincas Borba (cachorro); Rubião; Sofia. 
Cristiano Palha; Camacho; Carlos Maria; Maria Benedita. Tipos 
previsíveis. Outras personagens: Major Siqueira; Dona Tonica; Tia 
Augusta. 
TEMPO Entre 1867 e 1871. Logo, o enredo ocorre no Brasil – Segundo Império. 
ESPAÇO Rio de Janeiro (Botafogo) e Barbacena (Minas Gerais).. 
ENREDO 
Rubião era amigo do filósofo Quincas Borba, que viera a falecer sem 
deixar herdeiros. Inesperadamente, Rubião torna-se o seu herdeiro 
universal, ganhando não só o dinheiro, mas também o cachorro que levara 
o mesmo nome do dono. Indo ao Rio de Janeiro para resolver questões 
do testamento, acaba por conhecer Cristiano Palha, que se aproveita da 
sua nova condição financeira, e sua esposa Sofia, por quem se apaixona. 
CONFLITO 
Impasse de Rubião. Sofia é capaz de trair o marido Palha, mas não com 
ele. Rubião se torna enciumado e obcecado, adentrando em um ciclo 
obsessivo. 
CLÍMAX 
Rubião enlouquece. Sofia tem medo dele e depois um sentimento médio: 
nem remorso, mas certamente não amor. 
DESFECHO 
Rubião é internado numa casa de saúde; mas foge de lá e volta para a 
sua cidade natal – Barbacena – com o cachorro, Quincas Borba. O 
primeiro morre, seguido do segundo depois de 3 dias. 
 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 Dom Casmurro 
O romance foi publicado 18 anos após Memórias póstumas. A crítica considera a obra mais bem-
acabada do escritor. No texto, os recursos literários utilizados de forma exagerada no primeiro romance 
realista são manejados com mais cuidado, sem que se perca a essência de Machado: a análise psicológica 
e a ambiguidade. 
 
 
 
Enredo 
No primeiro capítulo somos apresentados a Bentinho, um senhor que pretende “atar as duas 
pontas da vida” e fazer um balanço para entender o que aconteceu em seu casamento. De forma 
retrospectiva, lembra-se da adolescência e de seu encantamento por Capitu, filha de vizinhos próximos 
que tinham a proteção de sua mãe. 
O narrador sugere que Capitu o teria seduzido: por atração amorosa ou por interesse financeiro? 
O narrador tem dúvidas quanto a isso. Sua empolgação com a moça encontra um obstáculo: como D. 
Glória tinha perdido um filho, prometera que o próximo, Bentinho, seria padre. 
Bentinho segue para o seminário. Lá, ele conhece Ezequiel Escobar, seu grande amigo. Ao mesmo 
tempo, o jovem se aproxima de José Dias, um agregado e conselheiro de D. Glória, para que ele interceda 
a seu favor. José Dias não gosta de Capitu, mas imagina que poderia viajar para a Europa ao lado de 
Bentinho se o garoto não se tornasse padre. 
Capitu conquista D. Glória, que agora vê com pesar a ausência do filho. 
Bentinho revela para a mãe que não tem vocação religiosa, e é Escobar quem 
encontra uma solução: ela prometera para Deus formar um padre, não era 
imprescindível que fosse Bentinho. D. Glória, então, envia ao seminário um escravo 
que se tornará padre. 
Bentinho e Capitu se casam. Depois de alguns anos nasce o filho Ezequiel. 
Escobar também se casa e os amigos se frequentam. Com o passar do tempo, o 
protagonista vai se tornando desconfiado. Ezequiel morre e, no velório, o narrador 
observa que Capitu teria demonstrado um sentimento além do normal para alguém 
que seria simplesmente amigo do casal. Nesse ponto, ele descreve o olhar enigmático 
de Capitu com a seguinte expressão: “olhos de ressaca”. 
• Narrador: primeira pessoa, um senhor casmurro, ou seja, ensimesmado, resolve
contar sua história para provar que não teria sido injusto com sua esposa.
• Tempo: segunda metade do século XIX; a narrativa começa em 1857 quando o
protagonista tem 14 anos.
• Espaço: Rio de Janeiro.
FICHA DE LEITURA
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 Bentinho fica atormentado. Começa a ver nas feições de Ezequiel traços de Escobar. Torna-se 
insuportável. Capitu parte para o exterior com o Filho e morre na Europa. Ezequiel retorna ao Brasil, mas 
tem uma recepção fria e distante por parte do pai. Morre de febre tifoide durante uma viagem para 
Jerusalém. 
Ao final do livro, ele conclui que Capitu o traiu, mesmo sem ter conseguido dar uma prova 
substancial durante toda a narrativa. 
 
 
 
Dom Casmurro (1899) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 148 (CXLVIII) capítulos curtos. 
PERSONAGENS Bento; Capitu; Dona Glória; Escobar; Ezequiel; José Dias. 
TEMPO 
Segunda metade do século XIX; a narrativa começa em 1857, o 
protagonista tem 14 anos. 
ESPAÇO Rio de Janeiro. 
ENREDO 
De forma retrospectiva, Bentinho lembra-se da adolescência e de seu 
encantamento por Capitu, filha de vizinhos próximos que tinham a 
proteção de sua mãe. Sua empolgação com a moça encontra um 
obstáculo: como D. Glória tinha perdido um filho, prometera que o 
próximo, Bentinho, seria padre. 
CONFLITO 
Bentinho segue para o seminário. Lá, ele conhece Ezequiel Escobar, seu 
grande amigo. Ao mesmo tempo, o jovem se aproxima de José Dias, um 
agregado e conselheiro de D. Glória, para que ele interceda a seu favor. 
José Dias não gosta de Capitu, mas imagina que poderia viajar para a 
Europa ao lado de Bentinho se o garoto não se tornasse padre. É Escobar 
quem encontra uma solução: ela prometera para Deus formar um padre, 
não era imprescindível que fosse Bentinho. D. Glória, então, envia ao 
seminário um escravo que se tornará padre. 
CLÍMAX 
Bentinho e Capitu se casam. Depois de alguns anos nasce o filho Ezequiel. 
Escobar também se casa e os amigos se frequentam. Com o passar do 
tempo, o protagonista vai se tornando desconfiado. Ezequiel morre e, no 
velório, o narrador observa que Capitu teria demonstrado um sentimento 
além do normal para alguém que seria simplesmente amigo do casal. 
Nesse ponto, ele descreve o olhar enigmático de Capitu com a seguinte 
expressão: “olhos de ressaca”. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
DESFECHO 
Bentinho fica atormentado. Começa a ver nas feições de Ezequiel traços 
de Escobar. Torna-se insuportável. Capitu parte para o exterior com o 
Filho e morre na Europa. Ezequiel retorna ao Brasil, mas tem uma 
recepção fria e distante por parte do pai. Morre de febre tifoide durante 
uma viagem para Jerusalém. Ao final do livro, ele conclui que Capitu o 
traiu, mesmo sem ter conseguido dar uma prova substancial durante toda 
a narrativa. 
 
TRECHO DE “DOM CASMURRO” 
 Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras humanas, sejam velhas ou novas. Onze 
meses depois, Ezequiel morreu de uma febre tifóide, e foi enterrado nas imediações de Jerusalém, 
onde os dous amigos da universidade lhe levantaram um túmulo com estainscrição, tirada do 
profeta Ezequiel, em grego: "Tu eras perfeito nos teus caminhos." Mandaram-me ambos os textos, 
grego e latino, o desenho da sepultura, a conta das despesas e o resto do dinheiro que ele levava; 
pagaria o triplo para não tornar a vê-lo. 
 Como quisesse verificar o texto, consultei a minha Vulgata, achei que era exato, mas tinha ainda 
um complemento: "Tu eras perfeito nos teus caminhos, desde o dia da tua criação." Parei e perguntei 
calado: "Quando seria o dia da criação de Ezequiel?" Ninguém me respondeu. Eis aí mais um mistério 
para ajuntar aos tantos deste mundo. Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro. 
Machado de Assis – Dom Casmurro. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/6wfv6yy. Acesso em: 11 de abril de 2020. 
 
Comentários 
 No fragmento, observa-se o processo de uma construção e uma convicção tão acirrada que os 
ânimos se exaltam e a razão se oblitera. O ciúme é tão doentio e xucro, isto é, casmurro mesmo, que 
chega a desejar o mal de Ezequiel, pois via nele Escobar, que tinha como certo que era amante. 
Independentemente de Ezequiel ser mesmo filho ou não de Bentinho, este mostra para com aquele 
uma frieza chocante. A relação entre ambos é baseada na distância, até no elemento pecuniário. 
 
 Esaú e Jacó 
O livro foi publicado em 1904, depois da Proclamação da República. O título é extraído da Bíblia e 
faz referência à disputa entre irmãos. Nesse romance, Machado envereda por um enredo mais simples e 
se vale do narrador em terceira pessoa, fato que torna a narrativa “mais comportada”. 
A crítica costuma destacar o fato de que, nitidamente, o autor faz uma alegoria da passagem da 
Monarquia à República. Trata-se do romance em que o autor expôs sua opinião sobre o contexto político 
em que vivia. 
 
• Narrador: o texto teria sido encontrado nos cadernos do Conselheiro Aires, mas
ele não é o narrador. O narrador de fato é onisciente em terceira pessoa.
• Tempo: inicia-se com a previsão da vidente sobre os gêmeos em 1871 indo até os
primeiros anos da República.
• Espaço: Rio de Janeiro.
FICHA DE LEITURA
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 Enredo 
Natividade, grávida de gêmeos, consulta 
uma cabocla para saber do destino das crianças. 
Seriam grandes, mas rivais na vida. 
Os dois crescem idênticos na aparência, 
mas opostos no caráter. Paulo se torna 
republicano e ingressa na Faculdade de Direto; 
Pedro, monarquista e cursa Medicina. Forma-se 
um triângulo amoroso, quando os dois se 
apaixonam por Flora, filha de um político 
oportunista chamado Batista. 
O pai é nomeado para presidente de uma província ao norte, portanto a moça deverá 
abandonar o Rio. Mas, então, é proclamada a República. As circunstâncias mudam e, para 
felicidade dos irmãos, ela deve ficar na capital. 
Indecisa, vai para a casa da irmã do Conselheiro Aires, contudo adoece e morre. Não resta 
aos irmãos outra coisa senão dar atenção às respectivas carreiras. Os dois são eleitos deputados, 
mas atuam em lados opostos. 
Natividade, em seu leito de morte, pede aos dois que se reconciliem. Os irmãos abalados 
atendem ao desejo materno, mas por pouco tempo. Logo recomeçam as brigas e eles terminam 
separados. 
 
Interpretação 
Do ponto de vista da análise psicológica, o enredo envolvendo gêmeos permite ao autor explorar 
a ambiguidade e dualidade do ser humano. Um representa o espírito, outro, o coração. A paixão por uma 
única mulher permite explorar a indecisão que ronda o indivíduo. 
Contudo a história pode ser lida como alegoria da transição entre os regimes políticos. Os gêmeos 
são idênticos e opostos. No Brasil, republicanos e monarquistas retoricamente se contrapõem sem que 
isso os distinga na prática. 
 
Esaú e Jacó (1904) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 121 (CXXI) capítulos. 
PERSONAGENS Natividade; Paulo; Pedro; Flora; Aires → intertextualidade interna. 
TEMPO 
Inicia-se com a previsão da vidente sobre os gêmeos em 1871 indo até 
os primeiros anos da República. 
ESPAÇO Rio de Janeiro. 
ENREDO 
Natividade, grávida de gêmeos, consulta uma cabocla para saber do 
destino das crianças. Seriam grandes, mas rivais na vida. Os dois crescem 
idênticos na aparência, mas opostos no caráter. Paulo se torna 
Fo
n
te
: P
ix
ab
ay
. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 republicano e ingressa na Faculdade de Direto; Pedro, monarquista e 
cursa Medicina. Forma-se um triângulo amoroso, quando os dois se 
apaixonam por Flora, filha de um político oportunista chamado Batista. 
CONFLITO 
O pai é nomeado para presidente de uma província ao norte, portanto a 
moça deverá abandonar o Rio. Mas, então, é proclamada a República. 
As circunstâncias mudam e, para felicidade dos irmãos, ela deve ficar na 
capital. 
CLÍMAX 
Indecisa, vai para a casa da irmã do Conselheiro Aires, contudo adoece 
e morre. Não resta aos irmãos outra coisa senão dar atenção às 
respectivas carreiras. Os dois são eleitos deputados, mas atuam em lados 
opostos. 
DESFECHO 
Natividade, em seu leito de morte, pede aos dois que se reconciliem. Os 
irmãos abalados atendem ao desejo materno, mas por pouco tempo. Logo 
recomeçam as brigas e eles terminam separados. 
 
 Memorial de Aires 
Último romance do autor, publicado em 1908. Narrativa não linear à moda de Memórias póstumas 
de Brás Cubas. O título já diz ao que se presta: um memorial, ou seja, um conjunto de folhas esparsas com 
eventos interessantes dignos de serem lembrados pelo Conselheiro Aires e que foram anotados na forma 
de diário. 
 
 
Enredo 
Marcondes Aires, diplomata aposentado, viúvo e solitário, acompanha com interesse a história do 
casal Aguiar. 
Aguiar e D. Carmo estão casados há mais de 20 anos, mas não têm filhos. A mulher dirige todo seu 
carinho de mãe para o afilhado, Tristão, e para uma viúva, Fidélia, chegando a chamá-la de “minha filha”. 
Tristão viaja para a Europa, onde se forma em Medicina. D. Carmo sente saudades “do filho”, que 
vai deixando de enviar cartas. Contudo a notícia de que o jovem retornará da Europa reanima o casal 
Aguiar. 
Ao chegar ao Brasil, D. Carmo apresenta ao afilhado Fidélia. Eles se apaixonam, se casam e vão 
para a Europa, deixando os Aguiar sozinhos novamente. 
• Narrador: em primeira pessoa, quando o Conselheiro fala de si; em terceira pessoa,
quando ele conta circunstâncias envolvendo outros personagens.
• Tempo: inicia-se com a previsão da vidente sobre os gêmeos em 1871 indo até os
primeiros anos da República.
• Espaço: Rio de Janeiro.
FICHA DE LEITURA
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 Essa história é entrecortada pela própria história do Conselheiro. Ele 
conhece Fidélia, fala de seu interesse por ela a sua irmã, que o desafia a 
conquistá-la. Aires faz uma aposta, ele tinha certeza de que a viúva jamais se 
casaria novamente. 
Ele, que já não tinha muita esperança de ser correspondido, desiste de 
seu projeto de se casar novamente, quando percebe que Tristão e Fidélia estão 
apaixonados. Aires parece querer se juntar à solidão do casal Aguiar. 
 
Interpretação 
Trata-se de um belo tratado da condição humana, principalmente no momento quando o indivíduo 
pode fazer um balanço de sua vida na velhice. Apesar de triste, a história não envereda para o 
sentimentalismo barato, seja por conta da forma lacunar própria de um diário, seja pela sabedoria e 
equilíbrio, traços distintivos do Conselheiro. 
O Conselheiro parece construir uma narrativa como jogo de espelhos. Ao observar a vida dos 
personagens ao seu redor, ele vai reconstruindo a própria biografia. No desejo de se casar com Fidélia, 
ele espelha a tentativa de fuga do tédio e da solidão que também assombram o casal Aguiar. Mas, se para 
o casal não há saída, para o arguto observador dos homens, resta a própria atividade de escrita. 
 
Memorialde Aires (1908) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA Diário. Última entrada: 30 de agosto / sem data. 
PERSONAGENS Aires, casal Aguiar, Tristão, Fidélia. 
TEMPO Começo das anotações: 1888, ano da abolição; fim das anotações: 1889. 
ESPAÇO Rio de Janeiro. 
ENREDO 
Marcondes Aires, diplomata aposentado, viúvo e solitário, acompanha 
com interesse a história do casal Aguiar. Aguiar e D. Carmo estão casados 
há mais de 20 anos, mas não têm filhos. A mulher dirige todo seu carinho 
de mãe para o afilhado, Tristão, e para uma viúva, Fidélia, chegando a 
chamá-la de “minha filha”. 
CONFLITO 
Tristão viaja para a Europa, onde se forma em Medicina. D. Carmo sente 
saudades “do filho”, que vai deixando de enviar cartas. Contudo a notícia 
de que o jovem retornará da Europa reanima o casal Aguiar. 
CLÍMAX 
Ao chegar ao Brasil, D. Carmo apresenta ao afilhado Fidélia. Eles se 
apaixonam, se casam e vão para a Europa, deixando os Aguiar sozinhos 
novamente. Essa história é entrecortada pela própria história do 
Conselheiro. Ele conhece Fidélia, fala de seu interesse por ela a sua irmã, 
que o desafia a conquistá-la. Aires faz uma aposta, ele tinha certeza de 
que a viúva jamais se casaria novamente. 
DESFECHO 
Ele, que já não tinha muita esperança de ser correspondido, desiste de 
seu projeto de se casar novamente, quando percebe que Tristão e Fidélia 
estão apaixonados. Aires parece querer se juntar à solidão do casal 
Aguiar. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
13 de maio 
 Enfim, lei. Nunca fui, nem o cargo me consentia ser propagandista da abolição, mas confesso 
que senti grande prazer quando soube da votação final do Senado e da sanção da Regente. Estava 
na Rua do Ouvidor, onde a agitação era grande e a alegria geral. [...] Ainda bem que acabamos com 
isto. Era tempo. Embora queimemos todas as leis, decretos e avisos, não poderemos acabar com os 
atos particulares, escrituras e inventários, nem apagar a instituição da História, ou até da Poesia. 
ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. São Paulo: Ática, 2007. p. 38-39. (Série Bom livro). 
 
3.1.2 CONTOS 
 
Papéis avulsos 
Publicado em 1882, é o terceiro livro de Machado na sua fase realista. O autor adverte que, apesar 
do título, “papeis avulsos”, há uma analogia no que se refere aos temas abordados. Vários contos giram 
em torno da diferença entre o desejo individual e a apreciação pública, numa sociedade em que o jogo 
social tinha muito valor. Além disso, como não podia deixar de ser, a ironia e o pessimismo já estão 
marcando presença. Para se ter uma ideia da qualidade dos contos, destacarei três: “O espelho”, “Teoria 
do medalhão” e o incrível “O alienista”. 
 
 Teoria do Medalhão. Um pai resolve aconselhar seu filho sobre como obter sucesso na vida. O 
filho deveria se submeter à opinião das pessoas mais influentes, raramente manifestar suas próprias 
ideias, possuir um vocabulário limitado e preferir o humor simples à ironia. 
 
 O espelho. Aos 25 anos, Jacobina se torna Alferes da Guarda Nacional. Isso muda seu status e 
todos ao seu redor o chamam de Sr. Alferes. Vai passar uns dias na casa de Tia Marcolina que, para fazer 
um agrado ao Sr. Alferes, coloca no quarto dele um grande espelho. Contudo, por motivos de força maior, 
ele acaba ficando sozinho no sítio. Sem a consideração dos outros, a imagem dele desaparece, não 
consegue mais se ver no espelho. O protagonista resolve colocar a farda e, para sua surpresa, sua imagem 
volta a aparecer com nitidez. Somente com a farda sua “alma exterior” preenchia “a alma interior”. 
 
 O alienista. Dr. Bacamarte retorna ao Brasil e à Itaguaí com fama de médico psiquiatra 
reconhecido em Portugal, Espanha e Brasil. Na cidade, ele funda, com o apoio das autoridades, a Casa 
Verde, um hospício. Ele vai observando o comportamento das pessoas e interna aquelas que têm padrão 
desviante de comportamento. Ele acaba por encarcerar boa parte dos habitantes da cidade. Se todos têm 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 comportamento de desvio, menos ele, então ele é o louco! Ao chegar a essa conclusão, ele solta a todos 
e se tranca na Casa Verde. 
 
Histórias sem data 
Publicado em 1884, esse livro reúne 18 contos publicados em periódicos cariocas. Nessa data 
Machado já tinha se consolidado como autor realista com Memórias póstumas e preparava Quincas 
Borba. Dois contos se destacam: “Noite de almirante” e “A igreja do Diabo”. 
 
 Noite de almirante. Deolindo, marinheiro, sai do navio para encontrar sua amada. Os colegas, 
cheios de inveja, dizem que ele terá uma noite de almirante. Quando chega em terra, descobre que sua 
namorada fora morar com um mascate. Pensa me matá-la. Quando a encontra, jura que vai se matar se 
ela não voltar com ele. Não se matou e, no dia seguinte, voltou para o navio sem desmentir os amigos 
que cumprimentavam o “almirante”. 
 
 A igreja do Diabo. Essa história teria sido narrada num velho manuscrito beneditino. Há muito 
tempo, o Diabo resolveu criar uma igreja que invertia os conceitos de virtude e vício. Ninguém poderia 
praticar o bem, o roubo era bem-visto, todos deveriam mentir etc. Contudo, logo que tal Igreja se 
institucionalizou, os fiéis faziam às escondidas o que era proibido: davam esmolas, restituíam o objeto 
roubado, falavam a verdade etc. 
 
Várias histórias 
Coletânea de contos lançada em 1896, reúne 16 contos publicados na Gazeta de Notícias. 
Observam-se, nos livros, as características já consagradas do autor: o pessimismo, a ironia, análise 
psicológica e descrença no conhecimento. Alguns contos se destacam: “A causa secreta”, “O enfermeiro” 
e “A cartomante”. 
 
 
 
 
 
 A causa secreta. Fortunato, casado com Maria Luiza, torna-se grande amigo de Garcia, com 
quem abre uma casa de saúde em sociedade. O amigo fica surpreso ao ver Fortunato torturando um rato: 
percebe a índole sádica do amigo. No final da trama, Maria Luiza morre e, de novo, há certo prazer para 
Fortunato em observar seu sofrimento e do seu amigo que chora pela mulher que amou em segredo. 
 
 O enfermeiro. Esse conto narra a história de um enfermeiro que, num acesso de raiva, esgana 
o rico Felisberto, ação que precipita a morte do velho. O rapaz consegue se desvencilhar das provas. Ele 
herda os bens do Sr. Felisberto. Devido ao remorso e ao peso na consciência, pensa em doar todo o 
dinheiro, mas, como as pessoas da cidade o elogiam pela paciência com o ricaço morto, fica com o 
dinheiro e, com o tempo, esquece-se da culpa interna. 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
A ESCRAVIDÃO levou consigo ofícios e aparelhos, como 
terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns 
aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro 
ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de 
folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez 
aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dous 
para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um 
cadeado. Com o vício de beber. perdiam a tentação de furtar, 
porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam 
com que matar a sede, e aí ficavam dous pecados extintos, e a 
sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas 
a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, 
e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, 
na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. 
Máscara de folha de flandres. Fonte: 
Ficheiro Wikipedia. Disponível em: 
https://tinyurl.com/vs4wsndn. 
Acesso em: 11 mar. 2021. 
 A cartomante. Rita é casada com Vilela, mas mantém relações com Camilo, com quem se 
encontra frequentemente. Certa feita, ela diz ao amante que foi à cartomante. Camilo desdenha da 
crendice da amada.Camilo recebe cartas de alguém que diz saber da relação entre ele e Rita. Ele se afasta 
da amada. Um dia recebe uma carta de Vilela, que desejava conversar com o amigo. Camilo, apavorado, 
resolve ir à Cartomante que lhe assegura que nenhum mal lhe acometerá. Tranquilo, ele entra na casa de 
Vilela. Depara com Rita morta e, em seguida, é morto pelo marido traído. 
Machado de Assis também foi cronista, lembrando que ele já trabalhou na imprensa. Por 
exemplo, “Bons dias!” é uma obra que reúne 49 crônicas na coluna publicada de 1888 a 1889 
na Gazeta de Notícias. 
TRECHO DE “PAI CONTRA MÃE” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste 
grossa também à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, 
naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, 
mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. Há meio século, os escravos fugiam com 
frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem 
pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia 
alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da 
propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. (...) 
 Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas 
folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por 
onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: "gratificar-
se-á generosamente", ou "receberá uma boa gratificação". Muita vez o anúncio trazia em cima ou 
ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. 
Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoutasse. 
 Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento 
da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações 
reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, 
ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à 
desordem. 
Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://tinyurl.com/xtaf74nb. Acesso em: 11 mar. 2021. 
 
Comentários 
 O narrador muda do ponto de vista em terceira pessoa, objetivo, para a primeira pessoa do 
plural – “nós” – para se aproximar do leitor e fazê-lo de cúmplice. Pensando como o status quo da 
época, isto é, mantendo a mentalidade média, defendia a escravidão. Usa vários subterfúgios para 
tentar explicar que a escravidão não era tão ruim assim. Publicado pela primeira vez em “Relíquias 
da Casa Velha” (1906), esse conto debate a escravidão de uma maneira crítica e irônica, como se ela 
tivesse sido uma benfeitora, gerando empregos na época, como é o caso de capturar escravos 
fugidos. 
 
3.2. ALUÍSIO DE AZEVEDO 
 
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (1857-1913) é natural de São 
Luís do Maranhão e era irmão do teatrólogo e jornalista Artur Azevedo. Aos 
19 anos foi para o Rio de Janeiro na companhia do irmão. Em 1879, com a 
morte do pai, volta para o Maranhão, onde lança seu primeiro romance, 
ainda romântico. Em 1881, dá início ao “Movimento Naturalista no Brasil” 
com a publicação do romance O mulato. A obra indignou a sociedade de São 
Luís, que chegou a chamá-lo de “Satanás da cidade”. Em virtude disso, Aluísio 
Azevedo voltou para o Rio de Janeiro decidido a ser escritor. 
Oscilou entre livros românticos, mais vendáveis, e outros mais 
realistas. Da fase naturalista, destacam-se O cortiço, Casa de pensão e O 
mulato. 
Em 1895, Aluísio Azevedo ingressa na carreira diplomática. 
 Vamos às obras. 
 O mulato 
 
 
• Narrador: em terceira pessoa.
• Tempo: a história se desdobra em dois tempos: no presente, em que o personagem
principal, Raimundo, se movimenta, e outro no passado, que envolve a descoberta
de seu passado familiar.
• Espaço: São Luís do Maranhão.
FICHA DE LEITURA
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
Enredo 
José, um abastado fazendeiro de São Luís, tem um filho com a escrava, Domingas. O proprietário 
tem afeição especial pelo menino bastardo, mas o rapaz fica órfão cedo. A mãe enlouquecera e o pai fora 
morto pelo Pe. Diogo, ex-amante da mulher de José. 
Na verdade, esse trio amoroso foi bastante trágico. José matara sua mulher na frente do amante. 
Os dois fizeram um pacto de silêncio, mas o padre resolvera se vingar do marido. 
Raimundo, o protagonista de fato, recebeu a herança e foi enviado a Portugal para completar seus 
estudos. De volta ao Brasil, ele se apaixona pela prima. O pai da moça não aprova tal relacionamento por 
preconceito. O rapaz engravida a prima e está disposto a se casar com ela, quando é assassinado por Luís 
Dantas (empregado do tio), a quem a moça tinha sido prometida em casamento. O assassino fora 
influenciado pelo padre, pois temia ser descoberto por Raimundo. 
Interpretação 
A obra tematiza, sobretudo, o racismo presente na sociedade brasileira. Contudo outros temas 
polêmicos também podem ser observados na obra: crítica social (há um desfile de personagens grotescos 
representantes da elite maranhense); anticlericalismo e o predomínio da falta de caráter. 
 
O mulato (1881) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 19 capítulos. 
PERSONAGENS José, Domingas, Raimundo, Dantas. 
TEMPO 
A história se desdobra em dois tempos: no presente, em que o personagem 
principal, Raimundo, se movimenta, e outro no passado, que envolve a 
descoberta de seu passado familiar. 
ESPAÇO São Luís do Maranhão. 
ENREDO 
José, um abastado fazendeiro de São Luís, tem um filho com a escrava, 
Domingas. O proprietário tem afeição especial pelo menino bastardo, 
mas o rapaz fica órfão cedo. A mãe enlouquecera e o pai fora morto 
pelo Pe. Diogo, ex-amante da mulher de José. 
CONFLITO 
Na verdade, esse trio amoroso foi bastante trágico. José matara sua 
mulher na frente do amante. Os dois fizeram um pacto de silêncio, mas o 
padre resolvera se vingar do marido. 
CLÍMAX 
Raimundo, o protagonista de fato, recebeu a herança e foi enviado a 
Portugal para completar seus estudos. De volta ao Brasil, ele se apaixona 
pela prima. O pai da moça não aprova tal relacionamento por 
preconceito. 
DESFECHO 
O rapaz engravida a prima e está disposto a se casar com ela, quando 
é assassinado por Luís Dantas (empregado do tio), a quem a moça tinha 
sido prometida em casamento. O assassino fora influenciado pelo padre, 
pois temia ser descoberto por Raimundo. Representa anticlericalismo e 
o predomínio da falta de caráter. 
 
 
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 O cortiço 
 
 
 
Enredo 
Nesse romance, o autor consegue a façanha de contar uma narrativa de uma coletividade. Ele se 
vale de uma narrativa central, a ascensão de João Romão, o proprietário do cortiço, entremeada pelas 
histórias particulares dos habitantes da estalagem. 
Inicialmente, o narrador apresenta a história do protagonista que dá alma ao cortiço, o português 
João Romão. Tendo trabalhado miseravelmente para um outro conterrâneo, fica com uma soma em 
dinheiro e o armazém onde trabalhava quando seu patrão retorna para Portugal. Ele se junta com uma 
escrava, Bertoleza, e apropria-se do dinheiro que 
ela está guardando para comprar a alforria. 
Consegue fazer isso forjando uma carta de alforria. 
Compra o terreno adjacente ao armazém e começa 
a construir casinhas. Ele e Bertoleza trabalham dia 
e noite semdescanso para ampliar o negócio. 
Consegue comprar mais umas braças do terreno, o 
que inclui a pedreira que logo ele começa a 
explorar. Ele é descrito como alguém que tem febre 
em acumular, não gasta seu dinheiro com nada e, 
quando pode, apropria-se do que é dos outros. 
No sobrado ao lado, vem morar um rico 
comerciante: Miranda. Mudou-se para o bairro, com a finalidade de afastar a mulher adúltera, Dona 
Estela, dos fregueses e dos caixeiros que trabalhavam para ele. A relação entre eles era de ódio. Parte da 
fortuna do comerciante vinha do dote da mulher, ele tinha então que suportar a relação. Tinham uma 
filha Zulmira, uma menina obediente e enjeitada. No sobrado, viviam o Botelho, um velho agregado, e 
Henrique, filho de um rico cliente que mandara o filho para a capital para que ele se preparasse para o 
curso de medicina. 
Esses dois polos, inicialmente, opõem-se. João Romão e Miranda se indispõem por conta do 
terreno adjacente ao sobrado. Miranda quer comprá-lo para ampliar seu quintal, João Romão não quer 
vendê-lo. 
Feita a apresentação do conflito inicial, o narrador passa a focar nos habitantes do cortiço e 
apresenta seus moradores. Ele começa pelas lavadeiras: Machona (uma mulher autoritária), Augusta 
• Narrador: em terceira pessoa.
• Tempo: a narrativa se passa em algum momento entre 1880 e 1890; em relação ao
tempo da contação da história, a narrativa é linear e os fatos são contados em
ordem cronológica.
• Espaço: Rio de Janeiro – sobrado e cortiço.
FICHA DE LEITURA
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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 Carne Mole (honesta), Albino (lavadeiro), Marciana e sua filha Florinda, Leocádia (mulher infiel), Paula ou 
Bruxa (feiticeira) e Dona Isabel e sua filha Pombinha. 
Chega um outro personagem que terá muita importância para a trama: Jerônimo, um português, 
honesto, trabalhador e bom pai de família que chega ao cortiço para trabalhar como cavouqueiro para 
João Romão. Conhece Rita Baiana, por quem é seduzido. A mulata representa a sensualidade tanto da 
raça (segundo o narrador) quanto do próprio país tropical. Indispõe-se com o amante dela, Firmo, brigam 
e Jerônimo, ferido, acaba recolhendo-se ao hospital por um tempo. 
O narrador passa, então, a acompanhar outra história, a de D. Isabel e de sua filha Pombinha. A 
mulher tivera uma vida boa, mas após a morte do seu marido, teve que se recolher ao cortiço, esperando 
que sua filha, casando-se com um bom homem, poderia tirá-las daquela estalagem. O problema era que 
a menina ainda não menstruara. No dia em que houve a briga entre Firmo e Jerônimo, aconteceu também 
um outro embate: entre Pombinha e Léonie, uma prostituta que frequentava o cortiço e era bem querida 
de todos. 
A menina e a mãe tinham ido visitar Léonie. Dona Isabel, depois do almoço, retirou –se para 
dormir, deixando a filha em companhia da prostituta. A cortesã, quando se viu a sós com a menina, atirou-
se sobre ela, seduzindo-a e a despertando para o sexo. No dia seguinte, a jovem sentiu-se mal e teve a 
sua primeira menstruação. 
Nesse ponto, o narrador retoma a história de João Romão. O vendeiro, agora, tinha dado para 
invejar o Miranda, pois este conquistara um título de barão. Começa uma transformação interior desse 
personagem. Agora, o homem, descontente com sua vida de mascate, começa a pensar no prestígio 
social. O velho Botelho sugere ao vendeiro que se case com a filha do Miranda. 
 
Com os fios narrativos assim emaranhados, o narrador começa a preparar o desfecho. Jerônimo 
retorna do hospital e mata Firmo, abandona sua mulher e filha e vai morar com Rita Baiana. Torna-se 
displicente. 
Pombinha casa-se como o seu noivo, mas logo percebe que ela não poderia confiar no sexo 
masculino. Trai algumas vezes seu esposo, que acaba por abandoná-la. Resolve então aventurar-se na 
vida de sua mestra, Léonie. Torna-se também prostituta e D. Isabel morre de desgosto. 
O cortiço passa por mudanças. A Bruxa, na tentativa de se vingar de João Roma, põe fogo no 
cortiço. Porém, o homem tinha colocado toda a propriedade no seguro. João Romão lucra com a tragédia. 
Constrói um sobrado maior do que o do Miranda, moderniza o cortiço e agora torna-se burguês com 
negócios variados. Já circula na Rua do Ouvidor, lugar de exibição da elite endinheirada. Falta-lhe o 
casamento. 
O impedimento é Bertoleza, precisa livrar-se da negra. Botelho, ao saber que ela é escrava ainda, 
aconselha João Romão a denunciá-la aos donos como negra fujona. Botelho o ajuda na empreitada. No 
capítulo final, os guardas chegam para prendê-la e devolvê-la ao dono. Percebendo o que vai acontecer, 
 
 
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 Bertoleza se mata, enquanto entra no sobrado de João Romão uma comissão de abolicionistas que vinha 
trazer-lhe “o diploma de sócio benemérito”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Interpretação 
O Cortiço representa, entre nós, o exemplar mais bem formulado do Naturalismo. Aluísio Azevedo 
fez uma pesquisa de campo para descrever a vida em tal circunstância. Apresenta uma espécie de 
romance de tese, pois os personagens são determinados pelo meio, pela raça e pela situação histórica. 
Os mulatos e negros são representados como inferiores e marcados pela animalidade: Rita Baiana é pura 
sensualidade e Bertoleza é representada como se fosse um animal de carga. Ambas, diz o narrador, 
procuravam instintivamente nos parceiros brancos uma forma de melhorar sua raça. 
Outros elementos que submetem os homens a todo tipo de baixeza são o calor e a sensualidade. 
O sol dos trópicos e a sensualidade de Rita Baiana arrastam Jerônimo para a degradação moral. Também 
Pombinha, dada sua interpretação enviesada da realidade, própria de quem cresceu num monturo (dirá 
o narrador), deixa-se levar pela volúpia. 
Resta João Romão, que, sabendo se aproveitar desses indivíduos inferiores, consegue o êxito de 
um burguês que lutou até conseguir um lugar na sociedade. Aluísio Azevedo carrega nas tintas de um 
português cruel que se aproveita de brasileiros, expressando, nesse romance, um sentimento antilusitano 
bastante evidente no final do século XIX. 
Ao final do romance, percebe-se que não há mocinhos e que a liberdade é uma ilusão. 
 
O cortiço (1890) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 23 capítulos. 
PERSONAGENS 
João Romão, Bertoleza, Miranda, Jerônimo, Rita Baiana, Piedade, 
Pombinha. 
TEMPO 1890. 
ESPAÇO Cortiço do Rio de Janeiro. 
ENREDO 
Trata-se da uma narrativa de uma coletividade. O narrador se vale de 
uma narrativa central, a ascensão de João Romão, o proprietário do 
 
 
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 cortiço, entremeada pelas histórias particulares dos habitantes da 
estalagem. Ele se junta com uma escrava, Bertoleza, e apropria-se do 
dinheiro que ela está guardando para forjar uma carta de alforria. 
Compra o terreno adjacente ao armazém e começa a construir casinhas. 
Ele e Bertoleza trabalham dia e noite sem descanso para ampliar o 
negócio. Opõe-se ao rico vizinho Miranda. 
CONFLITO 
É narrado o trabalho das lavadeiras. Chega um outro personagem que 
terá muita importância para a trama: Jerônimo, um português, honesto, 
trabalhador. Conhece Rita Baiana, por quem é seduzido. Outra história, 
a de D. Isabel e de sua filha Pombinha, mas ela menstrua e tem um 
relacionamento lésbico, Léonie, prostituta que frequentava o cortiço. 
CLÍMAX 
Com os fios narrativos assim emaranhados, o narrador começa a preparar 
o desfecho. Jerônimo retorna do hospital e mata Firmo, abandona sua 
mulher e filha e vai morar com Rita Baiana. Pombinha casa-se como o seu 
noivo, mas logo percebe que ela não poderia confiar no sexo masculino. 
Trai algumas vezes seu esposo, que acaba por abandoná-la. 
DESFECHO 
No capítulo final, os guardas chegam para prender Bertoleza e devolvê-
la ao dono. Percebendo o que vai acontecer, Bertolezase mata; João 
Romão uma comissão de abolicionistas que vinha trazer-lhe “o diploma 
de sócio benemérito”. 
 
TRECHOS DE “O CORTIÇO” 
 
TRECHO I 
 Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. 
 Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando 
aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma 
quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e 
esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti 
mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a 
cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em 
torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela 
saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele 
amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem 
de cantaridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência 
afrodisíaca. 
Aluísio Azevedo, O cortiço. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/vnce3dke. Acesso em: 11 mar. 2021. 
 
Comentários 
 O trecho aborda uma síntese de impressões sensoriais causadas pela mulher, que também é 
animalizada, chegando a ser comparada com lagarta, muriçoca e larva. 
 
TRECHO II 
 E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão 
português: e Jerônimo abrasileirou-se. A sua casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado que a 
entristecia; já apareciam por lá alguns companheiros de estalagem, para dar dois dedos de palestra 
nas horas de descanso, e aos domingos reunia-se gente para o jantar. A revolução afinal foi 
 
 
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 completa: a aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca sucedeu à broa; a carne-
seca e o feijão-preto ao bacalhau com batatas e cebolas cozidas; a pimenta-malagueta e a pimenta-
de-cheiro invadiram vitoriosamente a sua mesa; o caldo verde, a açorda e o caldo de unto foram 
repelidos pelos ruivos e gostosos quitutes baianos, pela muqueca, pelo vatapá e pelo caruru; a couve 
à mineira destronou a couve à portuguesa; o pirão de fubá ao pão de rala, e, desde que o café encheu 
a casa com o seu aroma quente, Jerônimo principiou a achar graça no cheiro do fumo e não tardou 
a fumar também com os amigos. 
Aluísio de Azevedo – O cortiço. Domínio público. 
Fonte: https://tinyurl.com/c454sss. Acesso em: 11 mar. 2021. 
 
Comentários 
 Nesse fragmento, constata-se um processo de mudança de costumes e construção de uma nova 
identidade. O que pode se constatar com o neologismo “abrasileirou-se”. Isto é, João Romão, 
comerciante imigrante vindo de Portugal, adapta-se aos costumes das terras brasileiras, costumes 
estes que vão desde à culinária até o fumo, por exemplo: “Jerônimo principiou a achar graça no 
cheiro do fumo e não tardou a fumar também com os amigos”. 
 
3.3. RAUL POMPEIA 
Raul Pompeia (1863-1895) nasceu no município de 
Angra dos Reis e, ainda criança, mudou-se para o Rio de 
Janeiro. Sua família era abastada, o que lhe permitiu frequentar 
os melhores colégios da corte. Depois de terminar os estudos 
no Colégio D. Pedro II, ele se muda para São Paulo, onde cursa 
Direto na Faculdade do Largo de São Francisco. 
Inicialmente, foi bem recebido pelo corpo docente, mas 
logo depois se indispõe com alguns catedráticos por sua defesa 
da causa republicana e abolicionista. Depois de sua passagem 
por São Paulo, Pompéia retorna ao Rio e passa a escrever em 
vários jornais, além de ocupar um cargo público já na 
República. Com a ascensão de Floriano Peixoto, o escritor, por 
apoiar o militar, passa a acumular desafetos. Prudente de 
Morais se torna presidente e, por causa de um discurso 
inflamado a favor de Peixoto, Raul Pompéia foi demitido do cargo de Diretor da Biblioteca Nacional. 
Nessa época, polemizou com Olavo Bilac e Luís Murat. Sentiu-se ultrajado pelo artigo “Um louco 
no cemitério”. Em 25 de dezembro de 1895 suicidou-se, deixando um bilhete no qual declarava ser “um 
homem de honra”. 
 
 O Ateneu 
O Ateneu foi publicado no ano de 1888 e costuma ser classificado como uma obra realista. 
Estilisticamente, o texto não segue alguns pressupostos do Realismo. O narrador não é em terceira 
 
 
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 pessoa, mas em primeira, e a linguagem incorpora alguns elementos naturalistas sem que se perceba com 
nitidez o estofo cientificista. Isso tem a ver com a própria natureza do romance. 
O enredo gira em torno das lembranças de Sérgio, da época em que ele ficou num internato. A 
crítica costuma destacar que se trata de um álter ego do próprio autor. Ou seja, o protagonista, embora 
seja um ente ficcional, incorpora muitas circunstâncias que foram vividas pelo próprio Pompéia. 
A estada de Sérgio no Internato foi perturbadora e deixou marcas profundas no adulto que agora 
conta sua adolescência. Por conta disso, ao descrever os personagens e as situações, o narrador os 
deforma, criando imagens que parecem saídas de um filme expressionista. 
 
 
 
Enredo 
O narrador conta os episódios mais marcantes dos dois 
anos que passou no internato. Aos 11 anos, o pai leva o menino 
para se matricular no Ateneu. As palavras dele: “vais encontrar 
o mundo” são proféticas. Na instituição, o menino se depara 
com a hipocrisia, mandos e desmandos, sistemas de proteção e 
a sexualidade – a sua e a dos outros internos. 
Ao entrar, recebe um conselho de não admitir 
protetores. Contudo, no primeiro dia de aula de educação 
física, na piscina, alguém o puxa e o Sanches o salva. Aceita a 
orientação do novo colega que o ajuda nos estudos, mas que se 
aproxima pegajosamente dele. 
Tenta se isolar, torna-se místico e aproxima-se de 
Franco, um garoto ressentido e maldoso que prepara uma 
vingança contra os colegas. Quebra garrafas e joga os cacos na piscina esperando que os meninos se 
machuquem, quando forem nadar. Sérgio, atormentado pelo remorso, não consegue dormir. No dia 
seguinte, por sorte, a piscina tinha sido esvaziada e os meninos não puderam se banhar. Termina a fase 
de aproximação com Franco. 
Torna-se amigo de Bento, um rapaz forte e misterioso. Sente-se protegido pelo garoto, mas logo 
essa relação desperta os ciúmes de um antigo rival. O inimigo de Sérgio estimula uma briga entre Bento 
e Malheiro, que tinha como pivô o próprio narrador. Depois disso, Bento muda de comportamento para 
com o protagonista. 
• Narrador: primeira pessoa memorial; Sérgio, já mais velho, lembra-se do que
passou no colégio interno.
• Tempo: o tempo cronológico abrange o período em que Sérgio entra no internato
até o incêndio que destrói o prédio. Predomina o tempo psicológico, daí os
fragmentos de história, os flashbacks e as impressões de momento.
• Espaço: o internato no Rio de Janeiro.
FICHA DE LEITURA
Fo
n
te
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P
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 Começa a fase de Egbert, um bonito rapaz de origem inglesa. Tornam-se inseparáveis e, por conta 
das boas notas que tiraram, são convidados para jantar com o diretor, Aristarco, e sua mulher. Sérgio fica 
encantado por Dona Ema. A amizade por Egbert começa a esfriar. 
Sérgio muda de dormitório. Entra em cena a camareira Ângela, que desperta a sexualidade dos 
meninos. Há solenidades de final de ano com a presença de vultos da cidade: a Princesa Regente e o 
Ministro do Império. 
Os meninos se preparam para deixar o colégio. Contudo Sérgio, doente, foi obrigado a ficar na 
enfermaria durante as férias, sendo atendido por D. Ema. 
Nessemomento, tem sensações ambíguas: amor filial, carinho e erotismo. É nessas circunstâncias 
que, um dia, Sérgio testemunha o incêndio do Ateneu. Américo, um menino antissocial, era o suspeito do 
ato de vandalismo. 
 
Interpretação 
O Ateneu surge como microcosmo da sociedade. O autor, com seus personagens, vai denunciando 
uma sociedade marcada por adulações, hipocrisia e jogo de poder. Escancara a violência própria do 
sistema educacional. Num determinado episódio, Sérgio descobre que a família de Franco não arcava mais 
com as despesas do colégio particular, fato que faria qualquer aluno ser desligado da instituição. Contudo 
Franco continua a frequentar as aulas, pois, como péssimo aluno, é castigado com frequência. Fica clara 
a necessidade cruel de bodes expiatórios no sistema educacional. 
Alunos de pais mais influentes recebiam atenção especial de Aristarco, e boa parte das solenidades 
não tinham função didática, eram puro marketing. Os alunos não eram melhores que o corpo docente: 
invejosos, ciumentos e hipócritas, reproduziam a dinâmica dos adultos. 
A classificação da obra é um caso à parte. A crítica costuma destacar uma 
sobreposição de estilos: parnasiano, simbolista, naturalista, impressionista e 
expressionista. Neste estudo resumido da obra, não cabe mostrar como essas 
características se apresentam em trechos descritos ou narrativos. A filiação ao Realismo 
se impõe, seja pela marcação temporal – foi publicado em 1888, data de vigência da 
escola literária –, seja pela análise do caráter humano e das relações sociais. 
 
O Ateneu (1888) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 12 (XII) capítulos. 
PERSONAGENS Sérgio; Franco; Bento; Egberto; Aristarco; dona Ema. 
TEMPO 
O tempo cronológico abrange o período em que Sérgio entra no internato 
até o incêndio que destrói o prédio. Predomina o tempo psicológico, daí os 
fragmentos de história, os flashbacks e as impressões de momento. 
ESPAÇO O internato no Rio de Janeiro. 
ENREDO 
 O narrador conta os episódios mais marcantes dos dois anos que passou 
no internato. Aos 11 anos, o pai leva o menino para se matricular no Ateneu. 
Na instituição, o menino se depara com a hipocrisia, mandos e desmandos, 
sistemas de proteção e a sexualidade – a sua e a dos outros internos. 
 
 
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CONFLITO 
Tenta se isolar, torna-se místico e aproxima-se de Franco, um garoto 
ressentido e maldoso que prepara uma vingança contra os colegas. Termina 
a fase de aproximação com Franco. 
CLÍMAX 
Torna-se amigo de Bento, um rapaz forte e misterioso. Começa a fase de 
Egbert, um bonito rapaz de origem inglesa. 
DESFECHO 
Sérgio muda de dormitório. Entra em cena a camareira Ângela, que 
desperta a sexualidade dos meninos. Há solenidades de final de ano com 
a presença de vultos da cidade: a Princesa Regente e o Ministro do Império. 
Os meninos se preparam para deixar o colégio. Contudo Sérgio, doente, 
foi obrigado a ficar na enfermaria durante as férias, sendo atendido por 
D. Ema. Nesse momento, tem sensações ambíguas: amor filial, carinho e 
erotismo. É nessas circunstâncias que, um dia, Sérgio testemunha o incêndio 
do Ateneu. Américo, um menino antissocial, era o suspeito do ato de 
vandalismo. 
 
 
 
 
 
TRECHO DE “O ATENEU” 
 A doutrina cristã, anotada pela proficiência do explicador, foi ocasião de dobrado ensino que 
muito me interessou. Era o céu aberto, rodeado de altares, para todas as criações consagradas da 
fé. Curioso encarar a grandeza do Altíssimo; mas havia janelas para o purgatório a que o Sanches se 
debruçava comigo, cuja vista muito mais seduzia. E o preceptor tinha um tempero de unção na voz 
e no modo, uma sobranceria de diretor espiritual, que fala do pecado sem macular a boca. Expunha 
quase compungido, fincando o olhar no teto, fazendo estalar os dedos, num enlevo de abstração 
religiosa; expunha, demorando os incidentes, as mais cabeludas manifestações de Satanás no 
mundo. Nem ao menos dourava os chifres, que me não fizessem medo; pelo contrário, havia como 
que o capricho de surpreender com as fantasias do Mal e da Tentação, e, segundo o lineamento do 
Sanches, a cauda do demônio tinha talvez dois metros mais que na realidade. Insinuou-me, é certo, 
uma vez, que não é tão feio o dito, como o pintam. 
 O catecismo começou a infundir-me o temor apavorado dos oráculos obscuros. Eu não 
acreditava inteiramente. Bem pensando, achava que metade daquilo era invenção malvada do 
Sanches. E quando ele punha-se a contar histórias de castidade, sem atenção à parvidade da matéria 
do preceito teológico, mulher do próximo, Conceição da Virgem, terceiro-luxúria, brados ao céu pela 
sensualidade contra a natureza, vantagens morais do matrimônio, e porque a carne, a inocente 
carne, que eu só conhecia condenada pela quaresma e pelos monopolistas do bacalhau, a pobre 
carne do beef, era inimiga da alma; quando retificava o meu engano, que era outra a carne e guisada 
de modo especial e muito especialmente trinchada, eu mordia um pedacinho de indignação contra 
as calúnias à santa cartilha do meu devoto credo. Mas a coisa interessava e eu ia colhendo as 
informações para julgar por mim oportunamente. 
 Na tabuada e no desenho linear, eu prescindia do colega mais velho; no desenho, porque 
achava graça em percorrer os caprichosos traços, divertindo-me a geometria miúda como um 
brinquedo; na tabuada e no sistema métrico, porque perdera as esperanças de passar de medíocre 
como ginasta de cálculos, e resolvera deixar a Maurílio ou a quem quer que fosse o primado das 
cifras. 
Artista Alegoria Suicídio
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
Nesse trecho, o narrador comenta suas reações ao ensino 
que recebia no colégio. As entidades referidas no primeiro 
parágrafo dizem respeito à dualidade Bem e Mal, contextualizadas 
na religião cristã através de Deus (“céu” e “Altíssimo”) e Demônio 
(Satanás”, “chifres”, “cauda”). Enquanto ao primeiro estão 
associados o Bem e as Virtudes, ao segundo se associam o pecado 
e a condenação, eterna (Inferno) ou temporária (Purgatório). 
Fonte: Shutterstock. 
Em dois meses tínhamos vencido por alto a matéria toda do curso; e, com este preparo, sorria-me o 
agouro de magnífico futuro, quando veio a fatalidade desandar a roda. 
(Raul Pompéia. O Ateneu. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal Popular, 1963.) 
 
Comentários 
 
 
4.0 A Arte no Final do Século XIX 
 
Nas Artes Plásticas, assim como na Literatura, percebe-se, na segunda metade do século XIX, uma 
reação ao sentimentalismo exacerbado, característica do Romantismo. O tema retratado pelo artista, de 
certa forma, passa a determinar a técnica utilizada. O pintor, tentando se aproximar da realidade e recusar 
a evasão, dá maior nitidez e definição na pintura, tentando captar as cores como as vemos. 
 Observem a mudança temática radical entre um e outro movimento. 
O nome do quadro ao lado é: “Dois 
homens observando a lua” de Caspar David 
Friedrich (1774-1840). O nome da pintura por si 
nos dá uma das características mais importantes 
do Romantismo, a evasão. Os homens encontram-
se de costas para quem observa o quadro, 
conduzindo o olhar do espectador para a 
natureza. A lua ocupa o centro da tela e a árvore, 
em primeiro plano, toma quase todo o plano 
pictórico. O declive acidentado e a árvore 
retorcida obrigam o intérprete a encontrar beleza 
na natureza bruta e na incomensurabilidade de 
um mundo que parece esmagar os homens, mas 
que, por isso mesmo, enche-o de admiração. 
 
 
O foco da arte realista é outro: o próprio homem. Se há algum esmagamento, ele não ocorre por 
forças místicas do mundo, mas pelas próprias relações sociais, que surgem como determinantes de como 
as pessoas vivem. A beleza deve estar no cotidiano, mesmo que miserável. A arte nas mãos de Honoré 
Daumier, por exemplo, vai além do “belo pelo belo”, devendo servircomo expressão de denúncia social. 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 4.1. REALISMO 
Aliás, a história do pintor nos dá uma boa ideia do Realismo na pintura. Nasceu em 1808 em 
Marselha e morreu em 1879 em Valmondois. Na adolescência, começa a se interessar por artes e teve 
aulas no ateliê de um ex-aluno de David. Trabalhou como ilustrador. Em 1831, por causa de uma 
caricatura na qual ridicularizava o rei Luís Felipe, foi preso. Em liberdade, assina contrato com revistas de 
ilustrações e caricaturas de Paris. 
Em 1843, produziu litografias sobre os inconvenientes do transporte 
ferroviário. Desse estudo, ele produziu a obra com a qual começamos a aula “O vagão 
de terceira classe”. A intenção dele era descrever com maior precisão a realidade 
social ou humana, quase como um documentário. 
O artista acreditava que: 
 
 havia uma luta entre homem e natureza (não, a natureza não era confidente do sujeito!) ou luta 
entre classes sociais; 
 a realidade seria determinada por questões materiais; e 
 havia momentos na simplicidade do cotidiano que poderiam revelar muito sobre a condição 
humana. 
Os detalhes da imagem são surpreendentemente perturbadores. A mulher em primeiro plano olha 
fixamente para o espectador numa atitude de resignação, mas também de acusação. A criança que se 
recosta nela dorme, denunciando o cansaço. Alguns passageiros do segundo plano também olham para 
frente numa atitude de desafio ao olhar de quem os observa. A mulher ao lado amamenta o filho, alheia 
a tudo e a todos. Trata-se da apoteose do cotidiano. 
A obsessão pelo “real” pode ser observada em 
algumas das obras significativas desse período. A 
francesa Rosa Bonheur (1822-1899) se especializou na 
pintura de animais, que manifesta uma pesquisa quase 
científica voltada para a representação figurativa. Um 
outro exemplo dessa confluência entre ciência e arte 
pode ser percebido no quadro “A clínica de Agnew”, do 
americano Thomas Eakins (1844-1916). Pintor realista, 
ele provocou polêmica ao pintar uma cirurgia de câncer 
de mama feita pelo Dr. Agnew diante de uma galeria de 
estudantes e médicos. 
 
 
Outro autor que provocou controvérsia foi Gustave Coubert (1819-1877). Influenciado por 
Velázques, vale-se do claro e escuro para dar dramaticidade ao cotidiano dos trabalhadores (“Os 
quebradores de pedra”, por exemplo). A pedido de um diplomata turco, Gustave Coubert produziu uma 
das mais polêmicas obras de arte. Trata-se do quadro “A origem do mundo”, uma representação realista 
do púbis de uma mulher deitada de pernas abertas. Não se vê o rosto da modelo, apenas o seu quadril 
exposto. A imagem incomoda até hoje. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Thomas_Eaki
ns,_The_Agnew_Clinic_1889.jpg, acessado em 
11.09.2019) 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 
4.2. IMPRESSIONISMO 
 
Mas afinal o que é o real? Ora, além de não ser 
possível responder com precisão essa pergunta, o artista 
do fim do século XIX tinha plena consciência de que a arte 
era representação, era uma espécie de imagem de 
segunda mão, já que um quadro representava o que o olho 
do artista captou para que o espectador pudesse agora 
captar a imagem da imagem. 
Influenciados pelas teorias físicas sobre a cor, os 
impressionistas radicalizaram a representação da 
realidade. A cor era resultado da refração da luz, portanto, 
uma ilusão. A realidade dessa ilusão deveria ser captada. Nada de pinturas em estúdio ou em lugares 
fechados. A luz estava lá fora, nos parques, lagos e campos. O artista, como um cientista, deveria registrar 
essa iluminação e estudá-la, pintando a mesma cena em diferentes horas do dia. Além, disso, deveria 
provocar o espectador para que ele se tornasse consciente da ilusão. O uso de pontos, o famoso 
pontilhismo, para pintar o quadro expõe o trabalho do artista. De perto, o quadro é um amontoado de 
pontos, de longe, percebe-se a figura. 
Os temas eram menos miseráveis do que aqueles retratados pelos realistas. 
 
Era comum a representação da burguesia em momentos de descontração. Contudo isso não 
impediu algumas obras mais ousadas, como “O piquenique”, de Monet, no qual se observam homens, na 
paisagem bucólica, sobriamente vestidos conversando com uma mulher totalmente despida, uma 
prostituta. Por sua vez, Edgar Degas (1834-1917) pintou algumas obras que lembram o Naturalismo, seja 
pelo contorcionismo de algumas de suas bailarinas ou pelo quadro cujo título já é um espanto: “O 
estupro”. 
O Impressionismo foi apresentado ao público em 1874. Os impressionistas rejeitavam as 
idealizações, a perspectiva do Renascimento e a pintura de estúdio. Foi iniciado por Claude Monet (1840-
1926) e seguido por Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), Paul Cézanne (1839-1906), Edgar Degas (1834-
1917), entre outros. 
 
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O pensador. Fonte: Pixabay. 
4.3. ESCULTURA 
A escultura também segue o caminho das artes em geral. Os 
artistas abandonam o idealismo próprio tanto do neoclassicismo 
quanto do Romantismo e adotam outras formas de expressão para 
captar melhor a conturbada metade final do século XIX. Os escultores 
deixam de lado os temas mitológicos e dão preferência a temas mais 
contemporâneos, às vezes com nítida intenção política. 
François-Auguste-René Rodin (1840-1917) foi o mais importante 
escultor desse período. Suas obras apresentam traços da escultura 
clássica, mas o seu realismo e a impressão do seu gesto de esculpir na 
própria obra tornam a peça algo único. Segundo o sociólogo e filósofo 
Georg Simmel (1858-1918), Rodin conseguia fixar momentos 
passageiros como um beijo, uma angústia ou um instante de reflexão. 
Em suas obras, aparece a tensão entre a pedra bruta e o movimento 
humano, como se fossem formas sendo despertadas do mármore. 
 
 
4.4. REALISMO NO BRASIL 
 
A história das artes no Brasil começa de forma institucional com a vinda da 
família real, que traz para o Brasil a missão francesa. Artistas como Taunay (1755-
1830) e Debret (1768-1848) deixam uma grande quantidade de quadros que 
exprimem o cotidiano no Brasil. Em 1826, a Academia Imperial de Belas-Artes abriu 
seus cursos. Surge uma arte acadêmica que abrangia retratos, temas bíblicos e 
históricos. Batalha do Avaí (1877) e Independência ou Morte (1888), de Pedro 
Américo (1843-1905), exemplificam esse tipo de arte. 
 Mas foi Almeida Junior (1850-1899) que altera os rumos da pintura dita 
acadêmica. Depois de concluído o curso de Belas-Artes, ele recebe uma bolsa de 
estudos dada pelo Imperador e vive em Paris entre 1876-1882. Quando retorna, 
expõe quadros com temática mais cotidiana como Leitura, Picando fumo e O 
violeiro. Nas duas últimas, observa-se inspiração regionalista. Alteram-se os temas 
consagrados pela academia. A imitação dos clássicos e dos temas mitológicos ou 
heroicos cede lugar para o cotidiano. Principais nomes dessa nova vertente 
artística: Belmiro Barbosa de Almeida (1858-1935) e Benedito Calixto (1853-1927). 
 
 
4.5. INTERPRETAÇÃO DE OBRA REALISTA 
As obras realistas são fáceis de serem interpretadas. A preocupação social e a procura por um 
estilo ou técnica capaz de produzir um efeito de verossimilhança que aproxima a pintura da fotografia dá 
o tom no Realismo. 
“Puxão de orelha” 
Almeida Junior 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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 Nesse sentido, o tema torna-se o elemento que mais facilmente permite a classificação da obra. 
Os pintores focalizam o cotidiano mais banal ou os momentos de revelação das questões sociais. Não se 
procura a beleza de imediato, mas a apreciação técnica pela capacidade de o artista conseguir eternizar 
o momento com verossimilhança, como se o grande elogio fosse: “como essaimagem parece com o real”. 
 
5.0 Quadro Sinóptico 
 
 
MOVIMENTO CARACTERÍSTICAS 
REALISMO 
Representa desvios morais para expor a hipocrisia social; romance 
documental; finalidade: “fotografar a realidade”; explorar as 
motivações mais íntimas dos indivíduos. 
NATURALISMO 
Representa os desvios sociais a partir de explicações deterministas 
de cunho sexual ou social; romance de tese; arte engajada; 
exploração de questões sociais. 
 
 
PORTUGAL 
 
AUTOR OBRAS/CARACTERÍSTICAS 
EÇA DE QUEIRÓS 
OBRAS (ROMANCES) 
 O crime do Padre Amaro (1875). 
 O primo Basílio (1878). 
 Os Maias (1888). 
 A ilustre casa de Ramires (1900). 
 A cidade e as serras (1901). 
CARACTERÍSTICAS 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
  Denúncia da sociedade portuguesa a partir da crítica das classes 
que a compões: clero, elite e classes médias. 
 Na fase final do escritor, reconcilia-se com Portugal. 
 Crítica moralista e pessimista em relação ao país. 
 Romance como meio de análise da sociedade. 
 Linguagem enxuta, precisa e “jornalística”. 
 Descrições precisas e longas. 
 
ANTERO DE QUENTAL 
OBRA (POESIA) 
 Odes modernas (1865). 
CARACTERÍSTICAS 
 Participou da polêmica que dá início ao Realismo em Portugal 
(Questão Coimbrã, uma discussão literária que opôs românticos a 
Realistas). 
 Elabora uma poesia de elogio à Razão; propõe uma literatura 
engajada que deve conduzir a Humanidade ao progresso. 
 Apresenta fases: pré-realista, realista/combativa e existencial 
(influência do niilismo e o budismo). 
 Oscila entre otimismo e pessimismo profundo. 
BRASIL 
 
AUTOR OBRAS/CARACTERÍSTICAS 
MACHADO DE ASSIS 
OBRAS (ROMANCES) 
 Memórias póstumas de Brás Cubas (1881). 
 Quincas Borba (1891). 
 Dom Casmurro (1899). 
 Esaú e Jacó (1904). 
 Memorial de Aires (1908). 
OBRAS (CONTOS) 
 Papéis avulsos (1882). 
 Histórias sem data (1884). 
 Várias histórias (1896). 
CARACTERÍSTICAS 
 Psicologismo: Machado de Assis tem uma visão única da alma 
humana, consegue como poucos esquadrinhar as motivações não 
confessáveis de seus personagens. 
 Denuncia a hipocrisia através de intrigas envolvendo a traição 
conjugal efetiva ou imaginada. 
 Romances marcados pelo pessimismo e pela crítica ao cientificismo 
da época. 
 Descreve o comportamento da elite carioca do final do Império. 
 Na forma, observam-se os seguintes elementos: narrativa não 
linear, ironia, diálogo com o leitor e digressão. 
 
ALUÍSIO AZEVEDO 
OBRAS (ROMANCES) 
 O mulato (1881). 
 O cortiço (1890). 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 CARACTERÍSTICAS 
 Em O Cortiço, produz um romance de tese. As histórias dos 
moradores do cortiço servem para que o autor comprove as ideias 
deterministas. 
 Focaliza as mazelas sociais; gosto por aspectos fisiológicos 
degradantes, comparações entre homens e animais e plantas e 
exploração dos desejos sexuais. 
RAUL POMPÉIA 
OBRA (ROMANCE) 
 O Ateneu (1888). 
CARACTERÍSTICAS 
 Critica o sistema educacional que para o autor é um microcosmo 
da sociedade. 
 Relações entre os jovens marcadas pela hipocrisia, interesse, 
sensualidade etc. 
 Espécie de romance memorialista. O narrador em primeira pessoa 
expressa suas impressões da época em que viveu no internato. 
 Linguagem marcada por hipérboles caricatas e deformação dos 
personagens apresentados. 
 
 
6.0 Crítica Literária 
 
Pois bem, alunos. O ideal é que a Crítica Literária dialogue com os termos abordados em cada aula. 
Nesse sentido, hoje escolhi dois texto: 
  Lucia Miguel Pereira – Machado de Assis (estudo crítico e biográfico). 
 Roberto Schwarz – Um mestre na periferia do capitalismo. 
 
TEXTO I 
 
CAPÍTULO XIV – O CRIADOR: OS GRANDES ROMANCES 
 Oliveira Lima, que conheceu de perto Machado de Assis, diz que o Brás Cubas é uma “fotografia 
da sua alma”. Talvez fosse mais preciso dizer espelho da sua visão de mundo. 
 A Mário de Alencar, que lhe perguntou um dia como, depois de ter escrito Helena, pôde escrever 
o Brás Cubas, explicou o romancista que se modificara porque perdera todas as ilusões sobre os 
homens. 
 Depois da crise por que passou em 1879, já não os via com os mesmos olhos, com os olhos afeitos 
ao aspecto convencional, mas com a visão interior, implacável e penetrante. Através das palavras 
polidas, descobria o sentimento egoísta ou cínico, através do sorrido e dureza do coração. A sua 
vocação de romancista realizava-se plenamente, a um tempo tormento e delícia. Tormento de não 
poder crer nas criaturas, de lhes perceber todos os cálculos, todas as espertezas, mas delícia suprema 
de apreciar o jogo dos sentimentos, de ver como nascem e morrem as paixões, de ser o espectador 
que aprecia o jogo dos sentimentos, de ver como nascem e morrem as paixões, de ser o espectador 
que aprecia há um tempo a plateia e os bastidores. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 Desse tormento e dessa delícia nasceu o seu humorismo, fruto da simpatia humana aliada ao pendor 
crítico, da piedade jungida à lucidez, da ternura unida à inteligência. Ao lado do coração que 
compadecia, estava o espírito que buscava explicações, que observava friamente as reações. 
 Muito mais do que a influência dos ingleses, foi esse dualismo, essa dissociação que levou 
Machado ao cultivo do humour. 
 Qualquer psicólogo, dotado de grande visão de conjunto, sem prejuízo da observação minuciosa, 
e que não possua nenhuma inclinação mística, cairá quase fatalmente no humorismo. Porque, 
observada em si mesma, a agitação humana tem uma aparência de inutilidade que a torna burlesca. 
Essa sensação de falta de sentido da vida, misturada a um sentimento de compaixão pelos vãos 
esforços do homem, fez de Machado de Assis o grande humorista que se revelou no Brás Cubas. 
 (...) 
 Que é, afinal, esse Brás Cubas? 
 O primeiro dos tipos mórbidos em que Machado extravasou as próprias esquisitices de 
nevropata. 
 Uma natureza complexa, cheia de contradições, ambicioso e retraído, vaidoso e displicente, 
apaixonado e indiferente. Sua alma “foi tablado em que se deram peças de todo gênero, o drama 
sacro, o austero, o piegas, a comédia louçã, a desgrenhada farsa, os autos, as bufonerias.” 
 E ele, como que desdobramento da personalidade, assistia a essas peças, via-se. Com isso gastou 
os seus dias todos, numa autoanálise estéril e empolgante. 
 (...) 
 Sem dúvida eram, todas essas, sensações que Machado experimentava, mas embrionariamente, 
pois reagiu contra elas na vida, só as deixando espraiarem-se nos livros. É que, nele, o espírito cruel 
se compensava pelo coração bem formado. 
 Em Brás Cubas, ao contrário, tudo foi contaminado. O sadismo, no romancista um pendor 
puramente intelectual, foi reforçado no seu herói pela educação. 
 Narrando-lhe a primeira infância, Machado de Assis, tão acusado de se haver alheado aos grandes 
problemas do seu tempo, traçou sem digressões, sem palavras difíceis, a crítica da organização servil 
e familiar de então. Mostrou o mal que fez a escravidão a brancos e negros. Sem o moleque Prudêncio 
para lhe servir de cavalo, sem as pretas para alvos passivos das suas judiarias, sem os costumes 
relaxados que a promiscuidade das escravas com os sinhô-moços facilitava, o Brás Cubas não teria 
sido o que foi. 
 Também a vaidade do menino era cultivada pela beata administração dos pais. Tudo contribuiu 
para fazer dele um perfeito egoísta. 
 Representou o resultado do meio e da educação viciada agindo sobre o temperamento mórbido. 
PEREIRA, Lucia Miguel. Machado de Assis (estudo crítico e biográfico). 
Brasília: Senado Federal, 2019 (p. 190-192, grifos meus). 
 
 Já introduzimos a figura da crítica literária brasileira Lucia Miguel Pereira 
anteriormente. Neste trecho em particular, a pensadora explora o traço 
estilístico humorístico machadiano.Esse humor não é só cômico, pois também 
advém de uma visão desiludida do mundo. Afinal, Machado de Assis era filho 
da época que nasceu, tendo compartilhado traços do decadentismo francês. 
Brás Cubas seria mórbido também por causa disso. O que é interessante em 
sua construção o fato é de ele poder se ver, como se estivesse encenando em 
um palco, já que é um defunto-autor que narra suas peripécias post mortem. 
Outra distinção importante é o que está representado no livro e a opinião do 
próprio autor, que nem sempre coincidem. Logo, Machado de Assis é capaz de 
criar Brás Cubas sem, contudo, compartilhar de seu cinismo e suas atrocidades. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
TEXTO II 
 
 Mas passemos ao Humanitismo, a mais célebre das filosofias machadianas. Como sugere o 
nome, trata-se de uma sátira à floração oitocentista de ismos, com alusão explícita à religião 
comtiana da humanidade. Os raciocínios fazem pensar em mais outras filiações, já que em lugar dos 
princípios positivistas afirmam a luta de todos contra todos, à maneira do darwinismo social. A 
própria guerra generalizada, contudo, não passa de ilusão, pois tem fundamento monista: 
Humanitas é o princípio único de todas as coisas, residindo igualmente nas partes vencida e 
vencedora, no condenado e no algoz, de sorte que não há perda alguma onde parece haver uma 
desgraça. Daí que a dor não existe nem tem cabimento. “(...) substancialmente, é Humanitas que 
corrige em Humanitas uma infração à lei de Humanitas” [Memórias póstumas de Brás Cubas]. 
 A par das teses da struggle for life, o Humanitismo inclui o elogio da sociedade hierárquica e 
ritualizada, difícil de conciliar com aquelas primeiras. A inconsistência contribui para o tom geral de 
disparate, sem prejuízo de captar admiravelmente a aspiração por “ordem e progresso” de várias 
teorias sociológicas do tempo, que ao propósito científico e antitradicional uniam uma posição 
conservadora, bem como formas sucedâneas de providencialismo e culto religioso. 
SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo – Machado de Assis. 3. ed. 
São Paulo: Editora 34, 1997, p. 155. 
 
Roberto Schwarz (1938-...), além de ser um dos maiores críticos 
literários brasileiros ainda vivos, é também um dos maiores críticos 
literários de Machado de Assis. Ele chega a dizer que Machado de 
Assis estava tão à frente de seu tempo que ainda não somos 
contemporâneos dele. No romance Quincas Borba, há uma sátira às 
várias doutrinas que surgiram no fim do século XIX, muitas sem nem 
mesmo embasamento e algumas até cruéis, como é o caso da fria 
Humanitas, cunhada pelo filósofo antes de morrer. 
Roberto Schwarz sugere que o lema “Ao vencedor as 
batatas!” seja a tradução abrasileirada da expressão clássica 
inventada por Herbert Spencer (1820-1903): surviving the fittest 
(sobrevivência do mais apto). Suas ideias encontram-se em seus First Principles of a New System of 
Philosophy (Primeiros princípios para um novo sistema de filosofia). Distorção e oposto do humanismo e 
humanitismo – dos quais, pelo menos por causa do nome, parece ter sido derivada –, a filosofia de 
Humanitas prescreve que a ordem do mundo favorece a hierarquia. Pode ser considerada como uma 
sátira do darwinismo, sátira porque é como se fosse um darwinismo “que não deu certo”. 
 
7.0 Questões sem Comentários 
 
Prezados alunos, eis algumas informações práticas antes de começarem. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 A aula de hoje abordou muitos tópicos essenciais para a sua compreensão de texto. Vamos trazer 
exercícios variados para a sua fixação. Então, vamos resolver questões das seguintes fontes e organizadas 
dessa maneira: 
QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 
• Questões anteriores da Prova da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx); 
• Questões autorais da Professora Luana Signorelli que já caíram nos Simulados; Provões de 
Bolsa; SPRINTS; Salas VIPs; Chivunks de 2020; e Jornadas de 2021 (Operação Tenente Iporan; 
Premonição; Revisão de Véspera) do Estratégia Militares para EsPCEx. Podemos contemplar 
questões dos materiais tanto dos anos anteriores quanto deste ano que ainda não foram 
publicadas. 
 
LISTA DE FIXAÇÃO 
• Nesta seção, a finalidade é trazer questões de outras bancas militares cuja tipologia se 
assemelhe à sua prova, especialmente questões anteriores da Prova da Escola de Sargentos 
das Armas (ESA); 
• Questões autorais da Professora Luana Signorelli que já caíram nos Simulados; Provões de 
Bolsa; SPRINTS; Salas VIPs; Chivunks de 2020; e Jornadas de 2021 (Horas da Verdade; Operação 
Sargento Max Wolff; Premonição; Revisão de Véspera) do Estratégia Militares para ESA. 
Podemos contemplar questões dos materiais tanto dos anos anteriores quanto deste ano que 
ainda não foram publicadas. 
 
 
Para complementar seu estudo cada vez mais, em cada questão eu indicarei a 
tipologia de questão para treinarmos ao máximo o modelo de exercício que 
costuma cair nas suas provas. E você pode contar com mais treino a partir dos 
nossos simulados inéditos e gratuitos nos fins de semana. 
 
 
1. (ESA – 2022) TEXTO a ser utilizado para responder as próximas 3 questões. 
 
"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em 
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo 
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou 
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a 
segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua 
morte, não a pôs no intróito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco." (Trecho 
do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis) 
 
O autor personagem decidiu iniciar sua narrativa pelo fim, pois: 
a) todos gostam de ouvir sobre a morte de alguém. 
b) escritor que é escritor sempre faz dessa forma. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 c) é comum para esse tipo de narrativa. 
d) ninguém tinha feito assim antes. 
e) a história é de terror. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
2. (ESA – 2022) Qual a diferença entre "AUTOR DEFUNTO" e "DEFUNTO AUTOR"? 
a) são sinônimos. 
b) o primeiro iniciou sua carreira após a morte e o segundo, em vida. 
c) o primeiro foi autor em vida e o segundo, só após a morte. 
d) o primeiro escreve sobre a sua morte e o segundo, após a sua morte. 
e) o primeiro tem como tema em sua obra a morte e o segundo, o ato de escrever. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
3. (ESA – 2022) Nesse trecho do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis o 
autor-personagem faz uma comparação com Moisés. Essa comparação é baseada em ambos: 
a) serem amigos. 
b) falaram de suas mortes. 
c) serem escritores. 
d) gostarem da vida. 
e) gostarem do novo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
4. (ESA – 2014) Marque a alternativa que apresenta informação correta sobre autor e obra 
representativos da literatura brasileira 
a) Aluísio de Azevedo escreveu “O Cortiço”, obra em que fica evidente a zoomorfização das 
personagens. 
b) Machado de Assis escreveu “Dom Casmurro”, romance idealista sobre a experiência do amor 
inacessível. 
c) Raul Pompéia escreveu “Lira dos Vinte Anos”, e é um representante do mal-do-século no 
Romantismo. 
d) Gregório de Matos escreveu peças teatrais populares e de conteúdo religioso para catequizar os 
indígenas. 
e) Olavo Bilac escreveu “Navio Negreiro” e “Vozes da África”, poemas com evidentes intenções 
abolicionistas. 
_____________________________________________________________________________________5. (ESA – 2014) Sobre as obras e os autores do Realismo-Naturalismo no Brasil é correto afirmar que 
a) o teatro dessa época teve muitos adeptos dentre os quais podemos citar José de Alencar. 
b) Aluízio Azevedo e Machado de Assis produziram obras numa linha naturalista bem definida. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 c) Raul Pompéia é um autor significativo dessa época, porém suas obras mostram apenas traços 
impressionistas. 
d) o principal autor desse período é Adolfo Caminha que trabalhou dentro de uma linha realista mais 
definida. 
e) a parte mais significativa da obra de Machado de Assis é representada por seus romances e contos. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
6. (ESA – 2011) A obra literária que marca o final do romantismo e o início do realismo no Brasil é 
a) “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães. 
b) “A Moreninha”, de Joaquim Manoel de Macedo. 
c) “O Guarani”, de José de Alencar. 
d) “O Ateneu”, de Raul Pompéia. 
e) “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
7. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2o Simulado ESA 2021) 
A literatura deve ser uma espécie de documento da sociedade, deve fazer refletir sobre a realidade 
social. O descritivismo e uma visão positivista marcavam os temas e estilos desse movimento. Essas 
são características que identificam as obras de autores 
a) trovadores. 
b) românticos. 
c) árcades. 
d) realistas. 
e) naturalistas. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
8. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 5o Simulado ESA 2021) 
Leia o poema abaixo para se responder ao que se pede. 
 
A ELA 
(...) Suas faces purpurinas 
De rubras cores divinas 
De mago brilho e condão; 
Meigas faces que harmonia 
Inspirada em doce poesia 
Ao meu terno coração! 
 
Sua boca meiga e breve, 
Onde um sorriso de leve 
Com doçura se realiza 
 
Ornando purpúrea cor, 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 Celestes lábios de amor 
Que com neve se harmoniza (...). 
Machado de Assis – Poesias Dispersas. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/ybl4oqzo. Acesso em: 11 de maio de 2020. 
 
Esse poema de Machado de Assis se enquadra em qual fase e por quê? 
a) Fase madura, por causa de seu psicologismo. 
b) Fase excelente, devido à sua adjetivação. 
c) Fase romântica, haja vista o seu sentimentalismo. 
d) Fase mediana, graças à denúncia social. 
e) Fase realista, observada no estilo rebuscado. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
9. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3o Simulado ESA 2022) 
Leia o trecho abaixo e responda ao que se pede. 
 
Deles, só o canapé pareceu haver compreendido a nossa situação moral, visto que nos ofereceu 
os serviços da sua palhinha, com tal insistência que os aceitamos e nos sentamos. Data daí a opinião 
particular que tenho do canapé. Ele faz aliar a intimidade e o decoro, e mostra a casa toda sem sair da 
sala. Dous homens sentados nele podem debater o destino de um império, e duas mulheres a graça de 
um vestido – mas, um homem e uma mulher só por aberração das leis naturais dirão outra cousa que 
não seja de si mesmos. 
 
Sobre as obras e os autores do Realismo-Naturalismo no Brasil é correto afirmar que o trecho acima 
a) corresponde a uma obra do Naturalismo, sendo de autoria de Aluísio Azevedo, por causa de sua 
animalização evidente. 
b) é uma obra naturalista, por causa de sua aproximação com o ideal neoclássico da natureza, sendo 
de autoria de Artur Azevedo. 
c) simboliza uma obra do realista de Raul Pompeia, por causa do uso das teorias científicas do fim do 
século XIX, como o determinismo. 
d) é considerado um excerto de uma obra realista, uma vez que utiliza um pensamento intertextual, 
como as teorias de Rousseau. 
e) representa uma passagem de uma obra realista de Machado de Assis, sendo capaz de estabelecer 
uma reflexão entre o objetivo e o subjetivo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
10. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 5o Simulado ESA 2022) 
Fizeram parte do Naturalismo Brasileiro os seguintes autores: 
a) Padre Manuel Nóbrega, Padre José Anchieta e Padre Antonio Vieira. 
b) Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Castro Alves. 
c) Aluísio Azevedo, Artur Azevedo e Adolfo Caminha. 
d) Machado de Assis, Raul Pompeia e Aluísio de Azevedo. 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 e) Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
11. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 7o Simulado ESA 2022) 
Leia o trecho abaixo para responder à questão. 
 
Vaguei pelas ruas e recolhi-me às nove horas. Não podendo dormir, atirei-me a ler e escrever. Às 
onze horas estava arrependido de não ter ido ao teatro, consultei o relógio, quis vestir-me, e sair. 
Julguei, porém, que chegaria tarde; demais, era dar prova de fraqueza. Evidentemente, Virgília 
começava a aborrecer-se de mim, pensava eu. E esta ideia fez-me sucessivamente desesperado e frio, 
disposto a esquecê-la e a matá-la. Via-a dali mesmo, reclinada no camarote, com os seus magníficos 
braços nus, — os braços que eram meus, só meus, — fascinando os olhos de todos, com o vestido 
soberbo que havia de ter, o colo de leite, os cabelos postos em bandos, à maneira do tempo, e os 
brilhantes, menos luzidios que os olhos dela... Via-a assim, e doía-me que a vissem outros. Depois, 
começava a despi-la, a pôr de lado as joias e sedas, a despenteá-la com as minhas mãos sôfregas e 
lascivas, a torná-la, — não sei se mais bela, se mais natural, — a torná-la minha, somente minha, 
unicamente minha. 
 
Esse trecho inicia o capítulo 64, intitulado "A transação", do romance realista Memórias póstumas de 
Brás Cubas de Machado de Assis. Nesse trecho em particular, o narrador protagonista revela-se 
a) indeciso, obsessivo e possessivo. 
b) altruísta, amoroso e apaixonado. 
c) compulsivo, resignado e solícito. 
d) ganancioso, cínico e irônico. 
e) debochado, sardônico e indulgente. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
12. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 8o Simulado ESA 2022) 
Leia o trecho abaixo para responder ao que se pede. 
 
Raimundo pediu um espelho; colocou-o defronte da boca de Maria do Carmo, observou-o depois 
e disse secamente: 
— Está morta. 
Foi um berreiro geral. Etelvina caiu para trás, estrebuchando num histérico; Manuel arredou a filha 
daquele lugar. Acudiram todos os de casa. Os ânimos que o vinho entorpecia, acordaram como por 
encanto. A situação incontinente tornou-se lúgubre. 
AZEVEDO, Aluísio de. O mulato. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/2ep2xbzn. Acesso em: 28 jul. 2021. 
 
Alinhado à estética naturalista, quanto à cena apresentada pode-se afirmar que as personagens: 
a) não superam a realidade imediata da morte da mulher, porém se esforçam, porque para serem 
fortes e se adaptarem precisariam comprovar o evolucionismo. 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 b) tentam se controlar ao presenciarem um assassinato, mas não conseguem, pois são conduzidas 
pelo positivismo que lhes ajudava no aperfeiçoamento espiritual. 
c) estão diante de uma cena inexorável, o que se adequa aodeterminismo típico da escola, o que 
acentua traços caricaturais em condições funestas. 
d) ilustram um comportamento patológico de indivíduos que agem por instinto, pois a animalização 
nessas personagens se faz evidente. 
e) criticam a atitude homicida de Raimundo, o que se enquadra no idealismo comum no movimento, 
já que as personagens se encontram embriagadas. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
13. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 10o Simulado ESA 
2022) Émile Zola foi quem primeiro introduziu essa escola na Europa, com o romance de tese. O 
movimento incorpora a representação das minorias, o retrato das patologias e o zoomorfismo, a partir 
da crença de que o ser humano é biológico. Nesse sentido, o principal representante deste movimento 
no Brasil é: 
a) Gregório de Matos. 
b) José de Alencar. 
c) Álvares de Azevedo. 
d) Adolfo Caminha. 
e) Aluísio de Azevedo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
14. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 11o Simulado ESA 2022) 
Chamado de Bruxo do Cosme, este escritor é responsável pela dissolução da escola romântica no Brasil. 
A partir da adoção de um narrador em primeira pessoa que volta da morte para contar cinicamente a 
sua própria história, ______ estabelece o vínculo entre a crítica dos comportamentos exteriores 
justificados a partir da personalidade individual. 
 
Preenchendo-se adequadamente a lacuna tem-se: 
a) Machado de Assis. 
b) Raul Pompeia. 
c) Manuel Antonio de Almeida. 
d) Joaquim Manoel de Macedo. 
e) Aluísio de Azevedo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
15. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 12o Simulado ESA 
2022) A partir da leitura do texto, responda à pergunta. 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 "Durante os meus trinta e tantos anos de diplomacia algumas vezes vim ao Brasil, com licença. O 
mais do tempo vivi fora, em várias partes, e não foi pouco. Cuidei que não acabaria de me habituar 
novamente a esta outra vida de cá. Pois acabei. Certamente ainda me lembram cousas e pessoas de 
longe, diversões, paisagens, costumes, mas não morro de saudades por nada. Aqui estou, aqui vivo, 
aqui morrerei." 
ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/uk9j6cb2. Acesso em: 19 ago. 2021. 
 
O Conselheiro Aires, típica personagem machadiana que aparece em mais de uma obra, na passagem 
acima aventura-se no gênero do diário pessoal. No seu registro memorialístico, recorda o momento 
de sua aposentadoria. Nesse contexto, o trecho grifado equipara-se semanticamente a: 
a) "Verdade é que quem tinha consigo estes trastes estava com as armas e uniforme do ofício; porém 
isso não bastava; o pobre rapaz estava em apertos" 
b) "E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: 
e Jerônimo abrasileirou-se" 
c) "Então meu pai propôs-lhe ficar ali vivendo, com pequeno ordenado. José Dias recusou, dizendo 
que era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre" 
d) "À proporção que Brás acertava com o nome de cada letra, a ia apagando a mestra gentil com a 
ponta do pé buliçoso e faceiro, para escrever outra e outra até o fim do abecedário" 
e) "Basta considerar que, diante de tão estranho espetáculo, fiquei absolutamente sem medo; perdi 
a reflexão, apenas sabia ouvir e contemplar." 
_____________________________________________________________________________________ 
 
16. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Chivunk ESA 2021) O 
movimento literário que se caracterizou pelo pioneirismo na representação de classes marginalizadas 
foi o 
a) Quinhentismo. 
b) Humanismo. 
c) Naturalismo. 
d) Barroco. 
e) Byronismo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
17. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2º Provão de Bolsas 
ESA) O Naturalismo brasileiro teve maior expressão com: 
a) Aluísio de Azevedo, na história baseada em fatos reais, “Casa de pensão”. 
b) Adolfo Casais Monteiro, no romance “O Bom-Crioulo”. 
c) Machado de Assis, na sua fase primeva, com “Helena”. 
d) Eça de Queirós, em sua obra “O crime do padre Amaro”. 
e) Antero de Quental, no livro “O primo Basílio”. 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 _____________________________________________________________________________________ 
 
18. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 6º Provão de Bolsas 
ESA) Marque a alternativa que apresenta informação correta sobre autor e obra representativos da 
Literatura Brasileira. 
a) Raul Pompeia escreveu “O ateneu”, uma obra autobiográfica que conta uma experiência pré-
adolescente. 
b) Álvares de Azevedo escreveu “Noite na taverna”, uma obra da segunda geração escrita na forma de 
teatro. 
c) José de Alencar escreveu romance histórico, caracterizado por “Ubirajara”, e prosa urbana, como 
“Guerra dos Mascates”. 
d) Mário Quintana é um escritor de contos populares e folclóricos, conhecido pelo “Auto da 
Compadecida”. 
e) Clarice Lispector inovou a forma do poema, passando da métrica rígida para o poema-piada, um 
gênero essencialmente curto. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
19. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 10º Provão de Bolsas 
ESA) 
 
”Feitos os quinze anos, ela começou pouco a pouco a descobrir em si estranhas mudanças; 
percebeu, sentiu que uma transformação importante se operava no seu espírito e no seu corpo: 
sobressaltavam-na terrores infundados; acometiam-na tristezas sem motivo justificável. Um dia, 
afinal, acordou mais preocupada; assentou-se na rede, a cismar. E, com surpresa, reparou que seus 
membros ultimamente se tinham arredondado; notou que em todo seu corpo a linha curva suplantara 
a reta e que as suas formas eram já completamente de mulher.” 
AZEVEDO, Aluísio de. O mulato. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/yy9bdffg. Acesso em: 11 out. 2020. 
 
A partir do texto acima, é correto afirmar que 
a) Ana Rosa é uma mulher que é determinada por causa de sua etnia mulata. 
b) no trecho constata-se o evolucionismo, pois Ana Rosa se torna mulher. 
c) o positivismo é verificado no otimismo de Ana Rosa para vencer seus sentimentos. 
d) a união entre corpo e espírito é equilibrada depois que Ana Rosa entende suas mudanças. 
e) Ana Rosa é uma mulher determinada pelas suas condições biológicas. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
20. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3º Provão de Bolsas 
ESA) Leia o trecho para responder à pergunta. 
 
“Capitu quis que lhe repetisse as respostas todas do agregado, as alterações do gesto e até a 
pirueta, que apenas lhe contara. Pedia o som das palavras. Era minuciosa e atenta; a narração e o 
 
 
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 diálogo, tudo parecia remoer consigo. Também se pode dizer que conferia, rotulava e pregava na 
memória a minha exposição. Esta imagem é porventura melhor que a outra, mas a ótima delas é 
nenhuma. Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem. 
Se ainda o não disse, aí fica. Se disse, fica também. Há conceitos que se devem incutir na alma do 
leitor, à força de repetição.” 
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/252vytdn. Acessoem: 19 mar. 2021. 
 
O trecho acima é extraído de um romance realista. O que é correto inferir quanto ao narrador? 
a) Trata-se de um narrador em primeira pessoa, que admite sua insegurança juvenil frente à parceira 
que, segundo ele, revela ser uma pessoa esperta e intuitiva. 
b) O narrador em primeira pessoa relata a história a partir do ponto de vista do agregado, o meio-
termo, que transita na relação do jovem casal. 
c) Consiste em um narrador em terceira pessoa e é o típico contador de histórias do Realismo, 
adotando uma perspectiva imparcial e impessoal. 
d) A metalinguagem, uma das principais características estilísticas de Machado de Assis, é ignorada 
pelo narrador, completamente apaixonado. 
e) O narrador sabe se colocar em um lugar acima da história, podendo narrá-la a partir de uma posição 
privilegiada e neutra. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
21. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 4º Provão de Bolsas 
ESA) O Naturalismo é um movimento literário baseado na comparação do ser humano com um 
organismo biológico, a partir da descrição fisiológica. Nesse sentido, assinale o trecho abaixo em que 
essa característica pode ser observada. 
a) "O Bom-Crioulo da corveta, sensual e uranista, cheio de desejos inconfessáveis, perseguindo o 
aprendiz de marinheiro como quem fareja urna rapariga que estreia na libertinagem o Bom-Crioulo 
erotômano da rua da Misericórdia, caindo em êxtase perante um efebo nu (...)" 
b) "Queria a educação como nos colégios da Europa, segundo vira em certo pedagogista, onde as 
meninas desenvolvem-se física e moralmente como a rapaziada de calças, com uma rapidez 
admirável, tornando-se por fim excelentes mães de família (...)". 
c) "Assim, eram às vezes muito quentes as sobremesas do Miranda, quando, entre outros assuntos 
palpitantes, vinha à discussão o movimento abolicionista que principiava a formar-se em torno da lei 
Rio Branco." 
d) "Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos 
campos-santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas 
creem na mocidade " 
e) "Parecia uma decomposição em vida: fedia como coisa podre! Já se não alimentava pela boca; os 
seus gemidos eram arrotos de ovo choco, e os humores que ela expelia por toda a parte do corpo 
empesteavam a casa inteira. " 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
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22. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) 
Quanto à Literatura Brasileira, marque a alternativa correta. 
a) Padre Antonio Vieira foi um importante escritor barroco, tendo escrito poesias de vários tipos, como 
satírica e religiosa. 
b) Gregório de Matos escreveu “Sermão da Sexagenária”, uma obra confessional jesuítica conhecida 
pela metalinguagem. 
c) Aluísio de Azevedo foi um escritor realista brasileiro, cujas obras iniciais eram objetivas e depois se 
tornam subjetivas. 
d) Raul Pompeia foi o principal escritor realista, tendo produzido a obra-prima sobre sua infância, 
“Crônica de saudades”. 
e) Machado de Assis foi um ícone do Realismo Brasileiro, apesar de suas primeiras obras seguirem 
tendência romântica. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
23. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) 
Sobre as obras e os autores do Realismo-Naturalismo no Brasil é correto afirmar que 
a) “O Cortiço” é um romance naturalista machadiano, em que o protagonista João Romão recebe 
ironicamente uma medalha de condecoração pela causa abolicionista. 
b) “Dom Casmurro” é um romance escritor em primeira pessoa, o que faz com que o ponto de vista 
dessa obra seja ambíguo, revelando o psicologismo das personagens. 
c) “O mulato” é um romance escritor por Raul Pompeia, sendo que o protagonista Raimundo consegue 
se casar com a amada Ana Rosa. 
d) “Memórias póstumas de Brás Cubas” é um romance escritor a partir de um foco narrativo objetivo, 
que serve justamente para criticar os comportamentos burgueses. 
e) “O alienista” é um romance cujo protagonista é Simão Botelho, um médico renomado que testa em 
si a vacina que seria cura para toda a humanidade. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
24. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) 
Membro da elite, desde a infância judiava do escravo Prudêncio. Na adolescência, conheceu a partir 
da cortesã Marcela que os seres humanos se relacionam por interesse. Na fase adulta, mantém 
adultério com Virgília, mesmo ela sendo casada com Lobo Neves. Ela engravida, mas perde o filho. O 
personagem aludido é: 
a) José Dias. 
b) Bentinho. 
c) Brás Cubas. 
d) Quincas Borba. 
e) Rubião. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
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25. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) O 
principal representante do teatro naturalista brasileiro é: 
a) Artur Azevedo. 
b) Aluísio de Azevedo. 
c) Raul Pompeia. 
d) Adolfo Caminha. 
e) Machado de Assis. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
26. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) Leia 
o trecho abaixo para responder à questão. 
 
CAPÍTULO 95 
Flores de antanho 
Onde estão elas, as flores de antanho? Uma tarde, após algumas semanas de gestação, esboroou-
se todo o edifício das minhas quimeras paternais. Foi-se o embrião, naquele ponto em que se não 
distingue Laplace de uma tartaruga. Tive a notícia por boca do Lobo Neves, que me deixou na sala, e 
acompanhou o médico à alcova da frustrada mãe. Eu encostei-me à janela, a olhar para a chácara, 
onde verdejavam as laranjeiras sem flores. Onde iam elas as flores de antanho? 
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/j98v32vw. Acesso em: 09 abril 2021. 
 
O termo “antanho” significa outrora, antigamente. A partir da visão global da obra, depreende-se que 
a) é estabelecida uma situação temporal entre passado e presente, e por meio da obsessão com as 
flores de antanho o narrador se distancia do seu problema real. 
b) o narrador encara positivamente o ocorrido, tentando consolar a família, seu cunhado e a irmã 
depois da perda do filho prematuro. 
c) a intertextualidade é o foco principal, a partir do qual o narrador faz uma digressão para chegar às 
teorias cientificistas naturalistas. 
d) as flores são uma metáfora de esperança para o filho vindouro, cuja chegada é comemorada entre 
os amigos íntimos, especialmente Lobo Neves. 
e) é evidente o pessimismo presente no trecho, pois as flores representam o luto diante da partida de 
um ente querido, como é o caso do sobrinho. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
27. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) 
Machado de Assis é um escritor conhecido por aproveitar personagens em mais de um romance. Isso 
ocorre por exemplo com: 
a) Brás Cubas e Simão Bacamarte. 
b) Quincas Borba e Conselheiro Aires. 
 
 
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 c) Cândido Neves e Quincas Borba. 
d) Bentinho e Conselheiro Aires. 
e) Quincas Borba e Prudêncio. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
28. (Estratégia Militares 2021 – QuestãoAutoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) Leia 
o trecho abaixo para responder ao que se pede. 
 
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando 
aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma 
quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e 
esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti 
mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a 
cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em 
torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade 
da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor 
setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de 
cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência 
afrodisíaca. 
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/9j7ar5ff. Acesso em: 27 abril 2021. 
 
O excerto do romance acima pode ser considerado naturalista por causa de várias características, 
EXCETO: 
a) a visão do homem como ser biológico. 
b) a primazia dos sentidos e do erotismo. 
c) o rigor formal e o pessimismo no amor. 
d) o excesso de descrição e detalhes. 
e) o determinismo do homem como fruto do meio. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
29. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) 
Quanto ao Realismo Português, faz parte da terceira fase da produção de Eça de Queirós o romance: 
a) Prosas bárbaras. 
b) O crime do Padre Amaro. 
c) Os Maias. 
d) A cidade e as serras. 
e) A ilustre casa de João Romão. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
30. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) 
Quanto aos movimentos literários do Naturalismo e Realismo, assinale a alternativa INCORRETA. 
 
 
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 a) Embora Aluísio de Azevedo seja o principal escritor naturalista brasileiro, outros nomes que podem 
ser citados nessa mesma estética são o do seu próprio irmão e de Adolfo Caminha. 
b) Um romance fundamental para o Realismo foi “Memórias póstumas de Brás Cubas”, que introduziu 
o Realismo no Brasil e dividiu a carreira machadiana, passando da fase romântica para a realista. 
c) No Brasil, Machado de Assis foi o escritor realista mais conhecido, embora Raul Pompeia também 
tenha sido um escritor contemporâneo relevante. 
d) Em Portugal, o Realismo ocorreu tanto na prosa quanto na poesia, sendo que os principais 
representantes foram, respectivamente, Eça de Queirós e Antero de Quental. 
e) A principal obra de Raul Pompeia é “Uma tragédia no Amazonas”, que conta a história de como o 
menino Sérgio presenciou um incêndio em seu colégio interno. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
31. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) Uma 
das principais características do estilo machadiano é a metalinguagem. Identifique o trecho no qual 
ela foi aplicada. 
a) “Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, 
erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-
la” 
b) “(...) contava o Egito e os seus milhares de séculos, sem se perder nos algarismos; tinha a cabeça 
aritmética do pai. Eu, posto que a ideia da paternidade do outro me estivesse já familiar, não gostava 
da ressurreição.” 
c) “Quaisquer que fossem as cores, eram tintas novas, tábuas novas, uma reforma que ele, mais por 
economia que por afeição, não quisera fazer; mas a afeição valia muito. Agora que ia trocar de tabuleta 
sentia perder algo do corpo (...)” 
d) “Era convidá-lo a sair da própria pele. Política valia tudo. Que também houvesse política lá fora, 
sim; mas que tinha ele com ela? Teófilo não sabia nada do que ia por fora, exceto a nossa dívida em 
Londres, e meia dúzia de economistas.” 
e) “(...) mas enfim a melhor, se devemos falar a linguagem usual. Se, porém, empregarmos outra 
sublime, a melhor parte foi a restante, como eu terei honra de lhes dizer nas poucas páginas deste 
livro.” 
_____________________________________________________________________________________ 
 
32. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Hora da Verdade ESA 
2022) Quanto aos seus conhecimentos literários, assinale o que for INCORRETO. 
a) O Quinhentismo é uma escola incipiente cuja produção literária é escrita em âmbito colonial. 
b) Gil Vicente foi um dramaturgo que escreveu teatro de costumes moralizante e não religioso. 
c) O Romantismo Tardio foi uma tentativa de desvencilhamento do idealismo do início da escola. 
d) Eça de Queirós é um autor enquadrado tanto no Realismo quanto no Naturalismo, a depender da 
obra. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 e) Adolfo Caminha foi um escritor realista, tendo publicado seu romance “O Ateneu” com base 
biográfica. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
33. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Premonição ESA 2022) 
Embora diferentes entre si, o Realismo e o Naturalismo costumam compartilhar entre si o pendor pela 
objetividade. Nesse aspecto em particular, eles se diferenciam do Romantismo, movimento anterior, 
que costumava valorizar: 
a) a defesa da causa social. 
b) a evasão da realidade. 
c) o pessimismo decadentista. 
d) a visão taciturna da vida. 
e) o nacionalismo fanático. 
 
7.1. Lista de Fixação 
 
34. (EsPCEx – 2013) Leia o fragmento abaixo: 
 
“AO LEITOR 
Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, cousa é que admira e 
consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem 
leitores de Stendhal, nem cinquenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na 
verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um 
Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. 
Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse 
conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a 
gente frívola não achará nele o seu romance usual, ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor 
dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.” 
 
O fragmento acima é parte da obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, publicada em folhetim em 
1880 e editada em livro em 1881. Essa obra, de autoria de 
a) Machado de Assis, é uma das mais conhecidas do Naturalismo no Brasil. 
b) Guimarães Rosa, é tida como a mais importante produção do Modernismo no Brasil. 
c) Aluísio Azevedo, lançou no Brasil o movimento denominado Naturalismo. 
d) Machado de Assis, é apontada como o marco inicial do Realismo no Brasil. 
e) Aluísio Azevedo, encerra o Romantismo e inicia o Realismo brasileiro. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
35. (EsPCEx – 2011) Assinale a alternativa correta, quanto à Literatura Brasileira. 
 
 
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 a) A primeira geração poética do Romantismo está voltada para a expressão dos próprios sentimentos 
e frustrações.b) A fase de maturidade de Machado de Assis é essencialmente problematizadora; trata da questão 
existencialista. 
c) Canaã é um romance de tese e integra a literatura dos jesuítas. 
d) O Simbolismo é uma afirmação do Naturalismo (linguagem) e do Parnasianismo (estética). 
e) O Barroco explora o antropocentrismo, resgatando características renascentistas: culto à forma e 
linguagem rebuscada. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
36. (EsPCEx – 2010) “Cultivado no Brasil por Machado de Assis, é uma narrativa voltada para a análise 
psicológica e crítica da sociedade a partir do comportamento de determinados personagens.” 
O texto acima refere-se ao romance 
a) sertanejo. 
b) fantástico. 
c) histórico. 
d) realista. 
e) romântico. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
37. (EsPCEx – 2007) Em 1880, Zola publicou suas teorias sobre o romance experimental em que 
expunha ideias como esta: “o romance experimental substitui o estudo do homem abstrato e 
metafísico pelo do homem natural, sujeito a leis físico-químicas e determinado pela influência do 
meio”. 
Observa-se, nessas palavras, a ênfase cientificista e determinista do 
a) Arcadismo. 
b) Classicismo. 
c) Realismo. 
d) Naturalismo. 
e) Barroco. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
38. (EsPCEx – 2006) Machado de Assis é tido pela crítica literária como um dos mais importantes 
escritores da literatura brasileira. Quanto a sua produção literária, é correto afirmar que 
a) foi dividida em duas fases, em função dos temas abordados e da linguagem utilizada, constituindo 
ambas a principal produção da escola realista, iniciada com a publicação do romance Ressurreição. 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 b) a parte mais significativa da obra de Machado de Assis é a poesia, principalmente a produzida na 
primeira fase, na qual o autor se mostra um perfeito parnasiano, produzindo muitos sonetos com 
grande preocupação formal. 
c) as duas fases da obra machadiana possuem características tão distintas que podem ser colocadas 
em períodos literários também distintos: a primeira fase no Romantismo e a segunda no Realismo, cujo 
marco inicial é Memórias Póstumas de Brás Cubas. 
d) inicia com obras marcadamente inovadoras, sendo um autor bastante singular já em sua primeira 
fase. Nesta fase está a parte mais significativa de sua obra, que perde força e criatividade na fase 
seguinte. 
e) as duas fases machadianas marcam claramente o tipo de obra a que o autor se dedica: a primeira 
fase é poética, com vasta produção de sonetos parnasianos; e, na segunda fase, o autor abandona a 
poesia, iniciando a produção de romances e contos. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
39. (EsPCEx – 2015) Sobre o Realismo, é correto afirmar que 
a) em Portugal, as obras mais importantes do período foram escritas em versos por Almeida Garrett. 
b) os autores do período privilegiaram a subjetividade e a emoção, criando obras em primeira pessoa. 
c) na polêmica conhecida como "Questão coimbrã", Antero de Quental defende que a poesia era 
espaço do belo e não de questões sociais. 
d) em suas obras, os realistas expressam a insatisfação com a ganância e a hipocrisia da sociedade 
burguesa. 
e) as classes mais pobres e os fatos cotidianos são excluídos das obras do período. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
40. (EsPCEx – 2004) No romance de memórias que tem como subtítulo “Crônica de saudades”, o autor 
retoma indiretamente os anos que passou interno em um colégio. Nessa obra, o narrador-personagem 
procura expor o que existe em sua memória, refletindo sobre seu passado, à luz de uma profunda 
desilusão. Essas afirmações referem-se ao romance: 
a) “O seminarista” – Bernardo Guimarães 
b) “Noite na taverna” – Álvares de Azevedo 
c) “O ateneu” – Raul Pompéia” 
d) “Memórias Póstumas de Brás Cubas” – Machado de Assis. 
e) “Memórias de um Sargento de Milícias” – Manoel Antônio de Almeida 
_____________________________________________________________________________________ 
 
41. (EsPCEx – 2003) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES 
 
A CAROLINA 
 
 
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 1 Querida, ao pé do leito derradeiro 
2 Em que descansas dessa longa vida, 
3 Aqui venho e virei, pobre querida, 
4 Trazer-te o coração do companheiro. 
 
5 Pulsa-lhe aquele afeto derradeiro 
6 Que, a despeito de toda a humana lida, 
7 Fez a nossa existência apetecida 
8 E num recanto pôs o mundo inteiro. 
 
9 Trago-te flores – restos arrancados 
10 Da terra que nos viu passar unidos 
11 E ora mortos nos deixa e separados. 
 
12 Que eu, se tenho nos olhos malferidos 
13 Pensamentos de vida formulados, 
14 São pensamentos idos e vividos. 
(Machado de Assis) 
 
Nesse poema, é correto afirmar que o eu-lírico 
a) comenta com um amigo as saudades que sente da amada, que partira para sempre. 
b) dirige-se a sua amada, que se encontra muito doente. 
c) leva flores à amada como um pedido de reconciliação por alguma falta cometida. 
d) faz uma promessa à beira do túmulo onde jaz a sua amada. 
e) demonstra saudade e arrependimento por não ter tido tempo de declarar o seu amor. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
42. (EsPCEx – 2003) Nos versos 2 e 10 ocorrem, respectivamente, as figuras de linguagem: 
a) Metáfora e Perífrase. 
b) Metonímia e Onomatopeia. 
c) Eufemismo e Prosopopeia. 
d) Hipérbole e Eufemismo. 
e) Metáfora e Ironia. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
43. (EsPCEx – 2003) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES 
 
“‘Vais encontrar o mundo’, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. ‘Coragem para a luta!’ Bastante 
experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada 
exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra 
fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera 
brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. (…) Eu tinha onze anos.” 
 
"O Ateneu", romance do qual foi extraído o fragmento, foi publicado em 1888. Sobre esta obra, 
considerando o autor, a escola literária vigente na época e suas características, pode-se afirmar que 
a) foi escrita por Machado de Assis, em pleno período realista, o que pode ser comprovado pelas ironias 
presentes no fragmento. 
b) seu autor é Raul Pompéia, maior representante do Parnasianismo, que é uma escola racionalista, e 
isso se comprova pela quase ausência de adjetivos no fragmento. 
c) é de autoria de Aluísio Azevedo, que também escreveu O cortiço, um outro romance 
experimentalista, característica básica do Naturalismo. 
d) é uma das muitas de Machado de Assis, em que o pessimismo e a análise psicológica da personagem 
trazem a marca do Realismo. 
e) é a mais famosa de Raul Pompéia, na qual o autor afasta-se do Naturalismo, apesar de manter 
algumas características desse estilo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
44. (EsPCEx – 2011) Nesse fragmento, extraído do romance "O Ateneu", o narrador afirma que 
a) a educação materna cria em torno das crianças um ambiente que não as prepara adequadamente 
para a vida. 
b) o carinho materno, nos primeiros anos de vida, é essencial para se enfrentar, posteriormente, a 
rotina de um internato. 
c) cada faseda vida – infância, adolescência e maturidade – é permeada por atividades que preparam 
o indivíduo para as etapas seguintes. 
d) a vida escolar, apesar de rigorosa, é o complemento necessário à educação iniciada no ambiente 
doméstico. 
e) os cuidados maternos tornam a pessoa mais sensível e, em função disso, ela melhor pode enfrentar 
o mundo exterior. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
45. (EsPCEx – 2002) Introdutor da técnica realista do romance em Portugal 
a) Antero de Quental 
b) Almeida Garrett 
c) Eça de Queirós 
d) Fialho de Almeida 
e) Camilo Castelo Branco 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
 
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 46. (EsPCEx – 2001) 
 
Meti os dedos no bolso do colete que trazia no corpo e senti umas moedas de cobre; eram os 
vinténs que eu deveria ter dado ao almocreve, em lugar do cruzado em prata. Porque, enfim, ele não 
levou em mira nenhuma recompensa ou virtude, cedeu a um impulso natural, ao temperamento, aos 
hábitos do ofício; acresce que a circunstância de estar, não mais adiante nem mais atrás, mas 
justamente no ponto do desastre, parecia constituí-lo simples instrumento da Providência; e, de um 
ou de outro modo, o mérito do ato era positivamente nenhum. Fiquei desconsolado com esta reflexão, 
chamei-me pródigo, lancei o cruzado à conta das minhas dissipações antigas; tive (por que não direi 
tudo?) tive remorsos. 
(Machado de Assis - Memórias Póstumas de Brás Cubas) 
 
O fragmento acima é o final do episódio em que o narrador-personagem, salvo de ferir-se gravemente 
com a disparada do animal em que cavalgava, avalia a gratidão dele para com o seu salvador. Analise-
o cuidadosamente e assinale a alternativa em que a declaração sobre ele corresponda à característica 
realista. 
a) Trata-se de um texto predominantemente dissertativo, pois relata uma das aventuras vividas pela 
personagem. 
b) A presença da dissertação nesse fragmento, comum na Escola a que pertence, é decorrência da visão 
crítica que o caracteriza. 
c) assunto abordado (explicação para os atos humanos) no texto acima apresenta uma única causa: a 
Providência, tema frequente neste estilo de época. 
d) A mudança que se vai operando no comportamento do homem ante o dinheiro, à medida que o 
tempo passa, escapa à conclusão de qualquer escritor realista. 
e) Como se pode observar, o excesso de detalhes da narrativa afasta-se das características do Realismo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
47. (EsPCEx – 2000) O romance realista brasileiro, tal como o conhecemos, focaliza principalmente 
a) as camadas marginalizadas da sociedade. 
b) aspectos sociais e psicológicos nas relações humanas. 
c) o preconceito racial. 
d) a defesa das instituições, como o casamento, por exemplo. 
e) a formação da nacionalidade. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
48. (EsPCEx – 2000) Leia as afirmações abaixo: 
 
I – "Traduz um retorno ao equilíbrio e à simplicidade dos modelos greco-romanos." 
II – "O romance é encarado como um instrumento de denúncia e combate, uma vez que focaliza os 
desequilíbrios sociais." 
 
 
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 III – "A natureza do homem, como a dos demais seres vivos, é determinada por circunstâncias 
exteriores." 
IV – "O homem em conflito entre a razão e a fé, entre os sentidos e o espírito." 
V – "Enfoque espiritualista da mulher, envolvendo-a num clima de sonho onde predomina o vago, o 
impreciso e o etéreo." 
 
Referem-se ao Realismo e/ou Naturalismo as afirmativas: 
a) I e II. 
b) IV e V. 
c) III e IV. 
d) I e V. 
e) II e III. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
49. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1o Simulado EsPCEx 
2021) Leia o trecho de "Esaú e Jacó" de Machado de Assis para responder à questão. 
 
– Pois reforme tudo. Pintura nova em madeira velha não vale nada. Agora verá que dura pelo resto 
da nossa vida. 
– A outra também durava; bastava só avivar as letras. 
Era tarde, a ordem fora expedida, a madeira devia estar comprada, serrada e pregada, pintado o fundo 
para então se desenhar e pintar o título. Custódio não disse que o artista lhe perguntara pela cor das 
letras, se vermelha, se amarela, se verde em cima de branco ou vice-versa, e que ele, cautelosamente, 
indagara do preço de cada cor para escolher as mais baratas. Não interessa saber quais foram. 
Quaisquer que fossem as cores, eram tintas novas, tábuas novas, uma reforma que ele, mais por 
economia que por afeição, não quisera fazer; mas a afeição valia muito. Agora que ia trocar de tabuleta 
sentia perder algo do corpo, — coisa que outros do mesmo ou diverso ramo de negócio não 
compreenderiam, tal gosto acham em renovar as caras e fazer crescer com elas a nomeada. São 
naturezas. Aires ia pensando em escrever uma Filosofia das Tabuletas, na qual poria tais e outras 
observações, mas nunca deu começo à obra. 
Machado de Assis – Esaú e Jacó. Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/y2hfh5px. Acesso em: 13 fev. 2020. 
 
Quanto ao trecho lido, é correto afirmar que 
a) o narrador permite fazer suas próprias intrusões, hierarquizando e julgando o que é importante ou 
não narrar. 
b) a escrita se afasta do método convencional, testando novos tipos de pontuação para expressar o 
drama do personagem. 
c) o personagem Aires leva este nome pois é um argentino, nascido em Buenos Aires, o qual critica a 
sovinice do artista. 
 
 
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 d) Custódio pode se identificar com o artista, o qual sofre profundamente pelas suas economias 
perdidas na troca da tabuleta. 
e) o estilo se caracteriza como simples e fluido, pois o narrador deixa o leitor conhecer os pensamentos 
íntimos das personagens. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
50. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2o Simulado EsPCEx 
2021) Quanto ao Naturalismo, todas as alternativas estão corretas, EXCETO: 
a) Romance experimental, que pretende apoiar-se na experimentação científica e numa tese, no 
determinismo, no evolucionismo, no homem é fruto do meio. 
b) Centra-se nos aspectos externos: atos, gestos, ambientes, personagens e seus instintos, 
animalização, zoomorfismo. 
c) Reproduz a realidade exterior bem como a interior, por meio da análise psicológica. É indireto na 
interpretação, o leitor tira as suas conclusões: sutil, sugere. 
d) Volta-se para o coletivo, para a biologia, a patologia, centra-se mais no social. Arte engajada, 
preocupações políticas e sociais. 
e) O estilo é relegado ao segundo plano; no primeiro, há denúncia. Detém-se nos aspectos mais torpes 
e degradantes. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
51. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3o Simulado EsPCEx 
2021) Os Naturalistas acreditavam no romance experimental, que pretende apoiar-se na 
experimentação científica e numa tese, no determinismo, no evolucionismo, na premissa de que o 
homem é fruto do meio. Sua arte era engajada e tinha preocupações políticas e sociais. No fim do 
século XIX, centraram-se nos aspectos mais torpes e degradantes, bem como nos externos: atos, 
gestos, ambientes, personagens e seus instintos, animalização, zoomorfismo etc. Essas características 
ficam bem claras no seguinte trecho naturalista de Aluísio de Azevedo: 
a) “Aqueles homens gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de insolação, a quebrarem, a 
espicaçarem,a torturarem a pedra.” 
b) “Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da 
escravidão.” 
c) “Silêncio absoluto nas fileiras da marinhagem. Cada olhar tinha um brilho especial de indiscreta 
curiosidade.” 
d) “Oh! que não seria o colégio, tradução concreta da alegoria, ronda angélica de corações à porta de 
um templo, dulia permanente das almas jovens no ritual austero da virtude!” 
e) “O poço engolia magotes de vinte e de trinta homens, e com tal facilidade que nem parecia senti-
los pela goela.” 
 
 
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 _____________________________________________________________________________________ 
 
52. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3o Simulado EsPCEx 
2021) Após ler o excerto de "Dom Casmurro" de Machado de Assis, responda à questão. 
 
Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras humanas, sejam velhas ou novas. Onze 
meses depois, Ezequiel morreu de uma febre tifóide, e foi enterrado nas imediações de Jerusalém, 
onde os dous amigos da universidade lhe levantaram um túmulo com esta inscrição, tirada do profeta 
Ezequiel, em grego: "Tu eras perfeito nos teus caminhos." Mandaram-me ambos os textos, grego e 
latino, o desenho da sepultura, a conta das despesas e o resto do dinheiro que ele levava; pagaria o 
triplo para não tornar a vê-lo. 
Como quisesse verificar o texto, consultei a minha Vulgata, achei que era exato, mas tinha ainda 
um complemento: "Tu eras perfeito nos teus caminhos, desde o dia da tua criação." Parei e perguntei 
calado: "Quando seria o dia da criação de Ezequiel?" Ninguém me respondeu. Eis aí mais um mistério 
para ajuntar aos tantos deste mundo. Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro. 
Machado de Assis – Dom Casmurro. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/6wfv6yy. Acesso em: 11 de abril de 2020. 
 
No fragmento, observa-se o processo de uma 
a) nacionalidade tornada exótica diante de países estrangeiros e desconhecidos. 
b) construção e uma convicção tão acirrada que os ânimos se exaltam e a razão se oblitera. 
c) individuação que leva em consideração a complexidade da alteridade. 
d) trajetória rumo ao respeito parental entre os membros mais íntimos da família. 
e) inovação de elementos cientificistas, pois os amigos de Ezequiel estudam na faculdade. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
53. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1º Simulado SPRINT 
EsPCEx 2021) 
 
A CAROLINA 
Querida, ao pé do leito derradeiro 
Em que descansas dessa longa vida, 
Aqui venho e virei, pobre querida, 
Trazer-te o coração do companheiro. 
 
Pulsa-lhe aquele afeto derradeiro 
Que, a despeito de toda a humana lida, 
Fez a nossa existência apetecida 
E num recanto pôs o mundo inteiro. 
 
Trago-te flores – restos arrancados 
Da terra que nos viu passar unidos 
E ora mortos nos deixa e separados. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Que eu, se tenho nos olhos malferidos 
Pensamentos de vida formulados, 
São pensamentos idos e vividos. 
(Machado de Assis) 
 
Embora escritor realista, Machado de Assis apresentou outra fase que pode ser observada no soneto 
acima. A que movimento literário condiz essa fase e que verso o caracteriza? 
a) BARROCO = “Em que descansas dessa longa vida” 
b) ARCADISMO = “Pulsa-lhe aquele afeto derradeiro” 
c) SIMBOLISMO = “Trago-te flores – restos arrancados” 
d) ROMANTISMO = “E ora mortos nos deixa e separados.” 
e) PARNASIANISMO = “São pensamentos idos e vividos.” 
_____________________________________________________________________________________ 
 
54. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2º Simulado Rodada 
Avançada Chivunk EsPCEx 2021) Leve em consideração o trecho do romance Dom Casmurro de 
Machado de Assis a seguir. 
 
“O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, 
senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é 
diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que 
perde; mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à 
pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas 
autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia 
enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam 
são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos. Quanto às amigas, 
algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três 
fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal 
frequência é cansativa.” 
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Fonte: Domínio Público. 
 
A partir do trecho, pode-se inferir que o narrador. 
a) valoriza a passagem do tempo, pois goza de boa saúde na velhice e está cercado de bons amigos. 
b) critica a prática social da escrita desvinculada da realidade, pois se propõe a uma análise comprovada 
dos fatos. 
c) debocha do leitor, a quem chama de “senhor”, a quem acusa de ser tão idoso quanto ele próprio. 
d) conduz a sua narrativa a partir de idade avançada, já com certo receio de que não será capaz da 
tarefa. 
e) mergulha em total pessimismo, pois não enxerga outra solução para a vida a não ser narrá-la em 
forma de diário. 
 
 
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 _____________________________________________________________________________________ 
 
55. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3º Simulado Rodada 
Avançada Chivunk EsPCEx 2021) 
 
“Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente 
despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outras 
notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, 
eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa 
floresta incendiada (...). 
E aquela música de fogo doidejava no ar como um aroma quente de plantas brasileiras, em torno 
das quais se nutrem, girando, moscardos sensuais e besouros venenosos, freneticamente, bêbedos 
do delicioso perfume que os mata de volúpia.” 
 
A estética do texto acima permite enquadrá-lo no: 
a) Barroco. 
b) Arcadismo. 
c) Romantismo. 
d) Naturalismo. 
e) Simbolismo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
56. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3º Simulado Rodada 
Avançada Chivunk EsPCEx 2021) 
 
Aristarco todo era um anúncio. Os gestos, calmos, soberanos, eram de um rei — o autocrata 
excelso dos silabários; a pausa hierática do andar deixava sentir o esforço, a cada passo, que ele fazia 
para levar adiante, de empurrão, o progresso do ensino público; o olhar fulgurante, sob a crispação 
áspera dos supercílios de monstro japonês, penetrando de luz as almas circunstantes — era a educação 
da inteligência; o queixo, severamente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a lisura das 
consciências limpas — era a educação moral. A própria estatura, na imobilidade do gesto, na mudez 
do vulto, a simples estatura dizia dele: aqui está um grande homem... não veem os cavados de 
Golias?!... Retorça-se sobre tudo isto um par de bigodes, volutas maciças de fios alvos, torneadas a 
capricho, cobrindo os lábios fecho de prata sobre o silêncio de ouro, que tão belamente impunha como 
o retraimento fecundo do seu espírito,— teremos esboçado, moralmente, materialmente, o perfil do 
ilustre diretor. Em suma, um personagem que, ao primeiro exame, produzia-nos a impressão de um 
enfermo, desta enfermidade atroz e estranha: a obsessão da própria estátua. Como tardasse a estátua, 
Aristarco interinamente satisfazia-se com a afluência dos estudantes ricos para o seu instituto. De fato, 
os educandos do Ateneu significavam a fina flor da mocidade brasileira. 
 
A partir da descrição acima, constata-se que o julgamento que a personagem tem de Aristarco é: 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 a) realista. 
b) idealista. 
c) distorcido. 
d) familiar. 
e) saudoso. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
57. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1o Simulado EsPCEx 
2022) Dividida em duas fases, a obra de Machado de Assis começou romântica e se desenvolveu até a 
maturidade realista. Assinale a alternativa que indica o romance divisor entre essas duas fases e o(s) 
motivo(s) de sua importância. 
a) "Quincas Borba", porque o Humanitismo introduziu o debate entre Realismo e Naturalismo. 
b) "Helena", romance da maturidade com a mesma temática do adultério que outras obras da fase. 
c) "Esaú e Jacó", responsável por inaugurar o principal traço estilístico machadiano, que é a 
ingenuidade. 
d) "Papéis avulsos", romance o qual ajuda a instaurar o estilo machadiano depois de sua poesia. 
e) "Memórias póstumas de Brás Cubas", pois introduz o Realismo no Brasil. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
58. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2o Simulado EsPCEx 
2022) 
 
"ERA UMA VEZ uma agulha, que disse a um novelo de linha: 
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa 
neste mundo? 
— Deixe-me, senhora." 
 
No trecho acima, há um exemplo de transposição de características antropomórficas a seres 
inanimados, procedimento que é conhecido como ______, e esse texto pode ser classificado como 
______. 
a) prosopopeia / romântico. 
b) sinestesia / simbolismo. 
c) hipérbato / barroco. 
d) personificação / realista. 
e) pleonasmo / parnasiano. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 59. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 4o Simulado EsPCEx 
2022) Relacione corretamente as informações da primeira coluna com as da segunda quanto a 
romances realistas e naturalistas brasileiros. 
 
 
1 – Prudêncio é uma personagem importante, 
pois é um escravo. Quando o protagonista é 
criança, ele serve aos seus vis propósitos, sendo 
usado como um cavalo de brinquedo. 
 
( ) A normalista 
 
2 – Uma das personagens desse romance é 
Pombinha, que vai redescobrindo sua 
sexualidade ao longo da trama. Começa por 
noivar com João da Costa, mas acaba entregue 
ao homoerotismo e à prostituição. 
 
( ) O cortiço 
 
3 – Camacho é um político que também é dono 
do Jornal Atalaia. Tenta convencer o novo rico 
Rubião a ingressar na vida política e chega a 
escrever uma matéria elogiosa ao amigo. 
 
( ) Quincas Borba 
 
4 – Maria do Carmo é uma moça do interior cuja 
mãe faleceu e o pai tentava fugir da seca. 
Visando à boa educação da moça, entregou-a 
para ser criada pelo padrinho. 
 
( ) Memórias póstumas de Brás Cubas 
 
A sequência correta é: 
a) 3 – 2 – 1 – 4 
b) 2 – 4 – 3 – 1 
c) 4 – 2 – 1 – 3 
d) 4 – 3 – 1 – 2 
e) 4 – 2 – 3 – 1 
_____________________________________________________________________________________ 
 
60. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 5o Simulado EsPCEx 
2022) Leve em consideração a passagem a seguir e atenda ao comando. 
 
"Não! Ela não podia admitir o celibato, principalmente para a mulher!... “Para o homem — ainda 
passava... viveria triste, só; mas em todo o caso — era um homem... teria outras distrações! Mas uma 
pobre mulher, que melhor futuro poderia ambicionar que o casamento?. . que mais legítimo prazer do 
que a maternidade; que companhia mais alegre do que a dos filhos, esses diabinhos tão feiticeiros?..” 
Além de que, sempre gostara muito de crianças: muita vez pedira a quem as tinha que lhas mandasse 
 
 
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 a fazer-lhe companhia, e, enquanto as pilhava em casa, não consentia que mais ninguém se 
incomodasse com elas; queria ser a própria a dar-lhes a comida, a lavá-las, a vesti-las, e acalentá-las E 
estava constantemente a talhar camisinhas e fraldas, a fazer toucas e sapatinhos de lã, e tudo com 
muita paciência, com muito amor, justamente como, em pequenina, ela fazia com as suas bonecas." 
AZEVEDO, Aluísio de. O mulato. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/45nns77p. Acesso em: 11 maio 2021. 
 
Depreende-se a partir da leitura que 
a) há preconceito velado contra a figura feminina que opressivamente e contra sua vontade se vê 
obrigada a formar uma família. 
b) a representação da burguesia é veementemente moral, pois a personagem está em um baile quando 
se recorda do celibato. 
c) é observada a teoria oitocentista do determinismo, uma vez que a mulher é relegada ao seu papel 
biológico. 
d) uma das críticas do realismo é a denúncia da falência das instituições sociais, como o casamento, 
por isso a personagem precisa segurar o marido dando-lhe um filho. 
e) consiste em um texto naturalista, porque o evolucionismo presente situa o papel da mulher nos 
estágios aperfeiçoados da sociedade. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
61. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 6o Simulado EsPCEx 
2022) Leve em consideração o trecho abaixo para responder à próxima questão. 
 
 "Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio a abraçar-me os pés. 
Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre 
assembleia que correspondesse ao ato que eu acabava de publicar, brindando ao primeiro dos 
cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os 
lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, 
recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo. 
No dia seguinte, chamei Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza: 
 — Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um 
ordenado, um ordenado que… 
 — Oh! meu senhô! fico." 
ASSIS, Machado. Bons dias! Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/38b56x28. Acesso em: 19 jun. 2021. 
 
A partir desse excerto de crônica realista e dos seus conhecimentos acerca dessa escola literária, 
assinale o que for correto. 
a) O ponto de vista do texto é objetivo, pois a verossimilhança é a principal característica do 
movimento. 
b) O narrador demonstra uma falsa bondade ao libertar seu escravo, quando no fundo queria atenção. 
 
 
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 c) Porque a estética realista critica a burguesia, o trecho evidencia a organização da rebelião dos 
escravos. 
d) A família do narrador não apoiava a libertação do escravo, pois ainda se mostravam conservadores. 
e) Ao libertar o escravo, o narrador aponta um caminho rumo à superação das desigualdades sociais. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
62. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 7o SimuladoEsPCEx 
2022) Leia o trecho abaixo a seguir para responder ao que se pede. 
 
Reinavam no Ateneu duas perniciosas influências que contrabalançavam eficazmente o 
porejamento de doutrina a transudar das paredes, nos conceitos de sabedoria decorativa dos quadros, 
e ainda mesmo a polícia das aparições ubíquas e subitâneas do diretor. Coisa difícil de precisar, como 
a disseminação na sociedade, do princípio do mal, elemento primário do dualismo teogônico. O meio, 
filosofemos, é um ouriço invertido: em vez da explosão divergente dos dardos — uma convergência de 
pontas ao redor. Através dos embaraços pungentes cumpre descobrir o meato de passagem, ou aceitar 
a luta desigual da epiderme contra as puas. Em geral, prefere-se o meato. 
As máximas, o diretor, a inspeção dos bedéis, por exemplo, eram três espinhos; as referidas influências 
eram mais dois. A mocidade ia transigindo do melhor jeito com as bicudas imposições das 
circunstâncias. 
Representavam-se as influências dissolventes por duas espécies de encarnação, fundidas em 
hibridismo de disparate — a da forma feminina personificada em Ângela, a canarina, ou antes a 
camareira de D. Ema, e a de um encontro de tábuas humildes, conjuntadas às pressas, por força do 
prosaísmo incivil de um episódio da economia orgânica. 
POMPEIA, Raul. O Ateneu. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/9l5ynjju. Acesso em: 20 jul. 2021. 
 
A partir das imagens construídas a partir do narrador-protagonista Sérgio, é correto afirmar que: 
a) Expõe que o personagem prefere a via mais fácil, pois meato é o que se situa no meio, preferindo 
ceder às convenções sociais e aos castigos impostos pelo diretor, apenas porque deseja estar em sua 
casa, mais próximo da empregada e de sua mulher. 
b) Deposita na disseminação do mal em sociedade as raízes de seus problemas amorosos, pois só 
consegue enxergar a realidade de maneira maquiavélica, aproximando-se, nesse sentido, das 
personagens planas românticas. 
c) O rapaz se encontra em um impasse que explica as duas forças contrárias abalando seu estado de 
espírito. Sendo um pré-adolescente no colégio interno, ele não tem contado com muitas mulheres, 
portanto, projeta na camareira e na esposa do chefe seus ideais femininos. 
d) A composição linguística lembra os rebuscamentos barrocos, no sentido de tentar convencer o 
drama espiritual que vive a personagem, em seu embate entre tentar se manter fiel à educação 
religiosa e ingressar na vida sexual. 
e) As duas figuras femininas se plasmam em uma só num complexo mosaico formado pela imaginação 
do protagonista, recurso usado em momentos de tédio no internato, quando pensa em como 
funcionam os relacionamentos na sociedade. 
 
 
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 _____________________________________________________________________________________ 
 
63. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 8o Simulado EsPCEx 
2022) Quanto ao Naturalismo no Brasil, assinale a opção INCORRETA. 
a) Aluísio de Azevedo tinha um irmão, chamado Artur Azevedo, conhecido por ser dramaturgo. 
b) O romance pioneiro foi de autoria de Aluísio de Azevedo, principal escritor naturalista brasileiro. 
c) Aluísio de Azevedo escreveu "Casa de Pensão", um romance baseado na Questão Capistrano. 
d) Machado de Assis foi um autor que criticava a escola, especialmente, as teorias do fim do século XIX. 
e) Um dos escritores do movimento foi Raul Pompeia, autor conhecido pelo seu romance "O mulato". 
_____________________________________________________________________________________ 
 
64. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 9o Simulado EsPCEx 
2022) Apesar de escritas na primeira pessoa do singular, estes romances realistas expõem a essência 
humana, analisando comportamentos exteriores a partir da personalidade e psicologismo das 
personagens. Os narradores protagonistas, portanto, servem de máscaras mediadoras para o autor 
estabelecer sua crítica social. As obras são: 
a) "Helena" e "A mão e a luva". 
b) "Esaú e Jacó" e "Memorial de Aires". 
c) "Memórias de um sargento de milícias" e "Quincas Borba". 
d) "Memórias póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro". 
e) "Papéis avulsos" e "Histórias sem data". 
_____________________________________________________________________________________ 
 
65. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 10o Simulado EsPCEx 
2022) 
 
Pois, senhores, nem o ilustre brasileiro, nem este criado do leitor, éramos os mais precavidos dos 
homens. Há dias, a gente que saia de uma conferência republicana, foi atacada por alguns indivíduos: 
naturalmente houve tumulto, pancadas, pedradas, ferimentos, recorrendo os atacados aos apitos, 
para chamar a polícia, que acudiu prestes. Pouco antes, dois soldados brigaram com o cocheiro ou 
condutor de um bonde, atracaram-se com ele, os passageiros intervieram, e, não conseguindo nada, 
recorreram aos apitos e a polícia acudiu. 
Estes apitos retinem-me ainda agora no cérebro. Por Ulisses! pelo artificioso e prudente Ulisses — 
Nunca imaginei que toda a gente andasse aparelhada desse instrumento, na verdade útil. 
ASSIS, Machado de. Bons dias! Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/38b56x28. Acesso em: 18 ago. 2021. 
 
A crônica é um curto gênero narrativo que, muitas vezes, serve de lente de aumento da realidade. 
Considerando-se que o escritor realista Machado de Assis contribuiu com crônicas como o caso acima 
para a Gazeta entre os anos de 1888-89, o narrador evidencia-se 
 
 
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 a) pasmo quanto ao abuso de certos instrumentos de poder. 
b) subserviente para com a autoridade a quem temia. 
c) minucioso em descrever um protesto monarquista. 
d) criterioso na narração dos costumes sociais burgueses. 
e) perplexo em relação ao desfecho funesto do caso. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
66. (Estratégia Militares – Chivunk EsPCEx 2021 – Profa. Luana Signorelli) O texto a seguir se refere a 
que romancista brasileiro? 
Nasceu no município de Angra dos Reis e, ainda criança, mudou-se para o Rio de Janeiro. Além de 
escritor, também foi desenhista e escultor, demonstrando temperamento sensível. Sua obra é marcada 
pela mistura de estilos e seu o enredo de seu principal livro conta a situação de Sérgio, um menino que 
narra suas experiências em um internato. 
a) José de Alencar. 
b) Cruz e Souza. 
c) Machado de Assis. 
d) Raul Pompeia. 
e) Aluísio de Azevedo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
67. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2º Provão de Bolsas 
EsPCEx) Leia o trecho de "O cortiço" de Aluísio de Azevedo. 
 
E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: 
e Jerônimo abrasileirou-se. A sua casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado que a entristecia; já 
apareciam por lá alguns companheiros de estalagem, para dar dois dedos de palestra nas horas de 
descanso, e aos domingos reunia-se gente para o jantar. A revolução afinal foi completa: a aguardente 
de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca sucedeu à broa; a carne-seca e o feijão-preto ao 
bacalhau com batatas e cebolas cozidas; a pimenta-malagueta e a pimenta-de-cheiro invadiram 
vitoriosamente a sua mesa; o caldo verde, a açorda e o caldo de unto foram repelidos pelos ruivos e 
gostosos quitutes baianos, pela muqueca, pelo vatapá e pelo caruru; a couve à mineira destronou a 
couve à portuguesa; o pirão de fubá ao pão de rala, e, desde que o café encheu a casa com o seu aroma 
quente, Jerônimo principiou a achar graça no cheiro do fumo e não tardou a fumar também com os 
amigos. 
Aluísio de Azevedo– O cortiço. Domínio público. 
Fonte: https://tinyurl.com/c454sss. Acesso em: 11 fev. 2020. 
 
Nesse fragmento, constata-se um processo de 
a) superioridade racial diante das comunidades tropicais. 
b) depressão da personagem que se deprime longe do lar europeu. 
 
 
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 c) mudança de costumes e construção de uma nova identidade. 
d) produção do romance de 30, com sua temática social. 
e) valorização da cor local em detrimento do estrangeiro. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
68. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 9º Provão de Bolsas 
EsPCEx) 
 
Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade 
dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. 
Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas 
perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. 
Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura 
ao crepúsculo — a paisagem é a mesma de cada lado beirando a estrada da vida. 
Eu tinha onze anos. 
POMPEIA, Raul. O ateneu. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/yc2s4ay4. Acesso em: 11 set. 2020. 
 
A partir do trecho, é correto constatar que o narrador é 
a) impessoal, sem chegar à nenhuma opinião conclusiva. 
b) condescendente, sentindo pena de quem não assiste ao pôr do sol. 
c) testemunha, elegendo um secundário para conduzir o enredo. 
d) protagonista, resgatando a partir de outro plano reminiscências infantis. 
e) projetado, sendo estilizado e ficcionalizado a ponto de distorção. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
69. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 10º Provão de Bolsas 
EsPCEx) 
 
Capítulo LIV — A pêndula 
Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que 
nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-
me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um 
instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da 
morte, e a contá-las assim: 
— Outra de menos... 
— Outra de menos... 
— Outra de menos... 
— Outra de menos... 
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater 
nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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 acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao 
despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre. 
Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias 
tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam 
para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados. 
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento). 
 
A partir do trecho, é correto inferir que 
a) a preocupação de Brás Cubas é puramente moral, pois ele receia que o diabo contando as horas irá 
levá-lo ao inferno. 
b) Brás Cubas, enquanto apaixonado por Capitu, tenta conter o fluxo do tempo, pois deseja voltar a se 
encontrar com a amada. 
c) o trecho consiste em uma reflexão quanto à passagem do tempo e o poder que Brás Cubas gostaria 
de ter para controlá-lo. 
d) o excerto é orientado para a doutrina principal predominante no período, o racionalismo, uma vez 
que defende as criações humanas. 
e) o maior legado que a humanidade pode deixar para a posteridade é a consciência de que tempo é 
dinheiro e não pode ser perdido. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
70. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1º Provão de Bolsas 
EsPCEx) O romance realista brasileiro focaliza questões importantes, tais como 
a) o trânsito entre o psicologismo via análises comportamentais e crítica da sociedade burguesa, sendo 
um exemplo "Dom Casmurro" de Machado de Assis. 
b) a denúncia de desigualdades sociais no meio dos trabalhadores contra a sociedade de classes, como 
se evidencia em "O germinal" de Émile Zola. 
c) a animalização do ser humano que é transformado em uma besta humana por causa das relações 
sociais degradadas, constituindo um exemplo "O primo Basílio" de Eça de Queirós. 
d) o impressionismo causado por apelos imagéticos na representação da memória subjetiva, como é 
indicado em "O Ateneu" de Raul Pompeia. 
e) o zoomorfismo na comparação do ser humano a animais torpes e degradantes, sendo rebaixado até 
a alienação, como em "O cortiço" de Aluísio de Azevedo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
71. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3º Provão de Bolsas 
EsPCEx) Leia o trecho abaixo para responder ao que se pede. 
 
Amâncio, já na Corte, só de pensar no bruto, ainda sentia os calafrios dos outros tempos, e com eles 
vagos desejos de vingança. Um malquerer doentio invadia-lhe o coração, sempre que se lembrava do 
mestre e do pai. Envolvia-os no mesmo ressentimento, no mesmo ódio surdo e inconfessável. 
 
 
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 Todos os pequenos da aula tinham birra do Pires. Nele enxergavam o carrasco, o tirano, o inimigo e 
não o mestre; mas, visto que qualquer manifestação de antipatia redundava fatalmente em castigo, as 
pobres crianças fingiam-se satisfeitas; riam muito quando o beberrão dizia alguma chalaça e afinal, 
coitadas! iam-se habitualmente ao servilismo e à mentira. 
Os pais ignorantes, viciados pelos costumes bárbaros do Brasil, atrofiados pelo hábito de lidar com 
escravos, entendiam que aquele animal era o único professor capaz de “endireitar os filhos”. 
AZEVEDO, Aluísio de. Casa de pensão. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/3f9nn5bc. Acesso em: 19 mar. 2021. 
 
Quanto à estética, esse texto pode poder classificado como naturalista por causa de que característica? 
a) "ainda sentia os calafrios dos outros tempos, e com eles vagos desejos de vingança" = revanchismo. 
b) "Um malquerer doentio invadia-lhe o coração, sempre que se lembrava do mestre e do pai" = 
cientificismo. 
c) "Envolvia-os no mesmo ressentimento, no mesmo ódio surdo e inconfessável" = determinismo. 
d) "viciados pelos costumes bárbaros do Brasil, atrofiados pelo hábito de lidar com escravos" = racismo. 
e) "entendiam que aquele animal era o único professor capaz de 'endireitar os filhos'" = zoomorfismo. 
 
 
72. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 5º Provão de Bolsas 
EsPCEx) Leve em consideração o trecho abaixo. 
 
Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos 
que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a 
mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um 
pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo — a paisagem é a mesma 
de cada lado beirando a estrada da vida. 
POMPEIA, Raul. O Ateneu. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/9l5ynjju. Acesso em: 08 jun. 2021. 
 
Essa passagem é descrita como se fosse uma pintura, a partir de uma técnica com breves pinceladas 
emque há a formação de contornos tênues. A partir dessa informação e da construção pictórica do 
texto, é possível associar sua estética com a vanguarda do: 
a) Dadaísmo. 
b) Cubismo. 
c) Orfismo. 
d) Expressionismo. 
e) Impressionismo. 
 
 
73. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 6º Provão de Bolsas 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 EsPCEx) Leia o trecho abaixo e responda à questão. 
 
CAPÍTULO XIII / A EPÍGRAFE 
Ora, aí está justamente a epígrafe do livro, se eu lhe quisesse pôr alguma, e não me ocorresse 
outra. Não é somente um meio de completar as pessoas da narração com as ideias que deixarem, mas 
ainda um par de lunetas para que o leitor do livro penetre o que for menos claro ou totalmente escuro. 
Por outro lado, há proveito em irem as pessoas da minha história colaborando nela, ajudando o autor, 
por uma lei de solidariedade espécie de troca de serviços, entre o enxadrista e os seus trebelhos. 
Se aceitas a comparação, distinguirás o rei e a dama, o bispo e o cavalo, sem que o cavalo possa 
fazer de torre, nem a torre de peão. Há ainda a diferença da cor, branca e preta, mas esta não tira o 
poder da marcha de cada peça, e afinal umas e outras podem ganhar a partida, e assim vai o mundo. 
Talvez conviesse pôr aqui, de quando em quando, como nas publicações do jogo, um diagrama das 
posições belas ou difíceis. Não havendo tabuleiro, é um grande auxílio este processo para acompanhar 
os lances, mas também pode ser que tenhas visão bastante para reproduzir na memória as situações 
diversas. Creio que sim. Fora com diagramas! Tudo irá como se realmente visses jogar a partida entre 
pessoa e pessoa, ou mais claramente, entre Deus e o Diabo. 
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/3zfp4zuh. Acesso em: 04 ago. 2021. 
 
Típica obra da fase machadiana realista, o narrador evidencia uma relação de ______ com o leitor. 
Preenchendo a lacuna, tem-se: 
a) petulância 
b) indiferença 
c) desconfiança 
d) credulidade 
e) cooperação 
 
 
74. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Último Provão de 
Bolsas EsPCEx – Definitivo) Leia o trecho abaixo para responder à questão. 
 
CAPÍTULO L / UM MEIO-TERMO 
Meses depois fui para o seminário de S. José. Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na 
véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma 
exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão 
que me aflige. Entretanto, se eu me ativer só à lembrança da sensação, não fico longe da verdade; aos 
quinze anos, tudo é infinito. Realmente, por mais preparado que estivesse, padeci muito. Minha mãe 
também padeceu, mas sofria com alma e coração; demais, o Padre Cabral achara um meio-termo, 
experimentar-me a vocação; se no fim de dous anos, eu não revelasse vocação eclesiástica, seguiria 
outra carreira. 
– As promessas devem ser cumpridas conforme Deus quer [...]. 
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/252vytdn. Acesso em: 06 out. 2021. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
112 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 
Nessa passagem em particular, o narrador lança mão de um recurso expressivo atípico para sua escola, 
que é o(a): 
a) hipérbato, haja vista o pendor para o convencimento conceptista. 
b) metáfora, pois o narrador no convento se sentia um pastor de rebanhos. 
c) ironia, expressando relação com as paródias modernistas. 
d) intertextualidade, porque o diálogo bíblico revela-se teocêntrico. 
e) hipérbole, evidenciando resquícios de sentimentalismo romântico. 
 
 
75. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
A ESCOLA era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia 
— uma segunda-feira, do mês de maio — deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a ver 
onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de S. Diogo e o Campo de Sant’Ana, que não era 
então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, 
alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse 
comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. Aqui vai a razão. 
ASSIS, Machado de. “Conto de escola”. Fonte: Domínio Público. 
Acesso em: https://tinyurl.com/y47uqowl. Acesso em: 29 jul. 2020. 
 
O problema social que explora esse trecho realista é o(a): 
a) darwinismo. 
b) eutanásia. 
c) gentrificação. 
d) infraestrutura. 
e) êxodo. 
 
 
76. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
Adeus, ignaro. Não contes a ninguém o que te acabo de confiar, se não queres perder as orelhas. 
Cala-te, guarda, e agradece a boa fortuna de ter por amigo um grande homem, como eu, embora não 
me compreendas. Hás de compreender-me. Logo que tornar a Barbacena, dar-te-ei em termos 
explicados, simples, adequados ao entendimento de um asno, a verdadeira noção do grande homem. 
Adeus; lembranças ao meu pobre Quincas Borba. Não esqueças de lhe dar leite; leite e banhos; adeus, 
adeus... Teu do coração, 
ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Fonte: Domínio Público. 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 O trecho acima está escrito no gênero textual da carta. Embora seja de autoria de uma personagem 
criada pelo próprio Machado de Assis, é possível identificar uma característica machadiana, que é: 
a) pessimismo. 
b) loucura. 
c) ironia. 
d) metafísica. 
e) religiosidade. 
 
 
 
77. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
Era João Romão quem lhes fornecia tudo, tudo, até dinheiro adiantado, quando algum precisava. 
Por ali não se encontrava jornaleiro, cujo ordenado não fosse inteirinho parar às mãos do velhaco. E 
sobre este cobre, quase sempre emprestado aos tostões, cobrava juros de oito por cento ao mês, um 
pouco mais do que levava aos que garantiam a dívida com penhores de ouro ou prata. 
Não obstante, as casinhas do cortiço, à proporção que se atamancavam, enchiam-se logo, sem 
mesmo dar tempo a que as tintas secassem. Havia grande avidez em alugá-las; aquele era o melhor 
ponto do bairro para a gente do trabalho. Os empregados da pedreira preferiam todos morar lá, 
porque ficavam a dois passos da obrigação. 
AZEVEDO, Aluísio de. O cortiço. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/yyem3bty. Acesso em: 29 jul. 2020. 
 
Observa-se da conduta da personagem João Romão que ele 
a) exagera nos preços exorbitantes à baixa população. 
b) chega a ser enganado, tendo sido o seu negócio roubado. 
c) está doente de tal forma que a patologia repulsiva é descrita. 
d) valoriza seus empregados de uma forma igualitária e justa. 
e) tendia a medir tudo pelos interesses pecuniários. 
 
 
78. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
Quanto aos romances de Machado de Assis, associe os dados da primeira coluna com os da segunda. 
 
(1) Quincas Borba ( ) Rubião torna-se herdeiro universal, mas cai 
na lábia de oportunistas, tendo alcançado a 
ruína não só financeira como também a 
espiritual. 
(2) Memórias póstumas de Brás Cubas 
 
( ) Já decadente e mais para o fim da vida, o 
conselheiro Marcondes escreve em forma de 
diário, num tom mais melancólico. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 (3) Dom Casmurro 
 
( ) Natividade sobre o Morro do Castelo em 
busca de uma profecia capaz de guiar os destinos 
dos filhos que está gestando. 
(4) Esaú e Jacó 
 
( ) Trata as pessoas com quem convive de 
maneirasmuito variadas a depender de sua 
classe social: Prudêncio com tortura, por 
exemplo. 
(5) Memorial de Aires 
 
( ) Um lar de pessoas frustradas, desde prima 
Justina a José Dias, Bentinho cresceu em meio a 
personagens que não se sobressaíram na vida. 
 
A sequência correta está indicada na alternativa: 
a) 1 – 5 – 4 – 2 – 3 
b) 2 – 4 – 5 – 1 – 3 
c) 1 – 3 – 4 – 5 – 2 
d) 2 – 4 – 3 – 5 – 1 
e) 3 – 2 – 1 – 4 – 5 
 
 
79. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
Perpétua compartia as alegrias da irmã, as pedras também, o muro do lado do mar, as camisas 
penduradas às janelas, as cascas de banana no chão. Os mesmos sapatos de um irmão das almas, que 
ia a dobrar a esquina da Rua da Misericórdia para a de São José, pareciam rir de alegria, quando 
realmente gemiam de cansaço. Natividade estava tão fora de si que, ao ouvir-lhe pedir: "Para a missa 
das almas!" tirou da bolsa uma nota de dois mil-réis, nova em folha, e deitou-a à bacia. A irmã chamou-
lhe a atenção para o engano, mas não era engano, era para as almas do purgatório. 
ASSIS, Machado de. Esaú de Jacó. Fonte: Domínio Público. 
 
Machado de Assis é um importante escritor brasileiro. A partir do excerto, é possível depreender que 
as relações humanas são 
a) movidas pela mera bondade cristã. 
b) consolidadas no humanitismo de boa-fé. 
c) mediadas por interesses monetários. 
d) guiadas por decisões conscientes. 
e) justificadas pela reciprocidade. 
 
 
80. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
Entre as obras de contos mais famosas de Machado de Assis está: 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 a) “A legião estrangeira”. 
b) “Papéis avulsos”. 
c) “A mão e a luva”. 
d) “Sagarana”. 
e) “O juiz de paz na roça”. 
 
 
81. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
Calaram-se todos, inclinaram-se os bustos, atentos, esperando. Aqui fiquei com medo; lembrou-
me que eles, que veem tudo o que se passa no interior da gente, como se fôssemos de vidro, 
pensamentos recônditos, intenções torcidas, ódios secretos, bem podiam ter-me lido já algum pecado 
ou gérmen de pecado. Mas não tive tempo de refletir muito; S. Francisco de Sales começou a falar. 
ASSIS, Machado de. “Entre santos”. 
Disponível em: https://tinyurl.com/yyqpunta. Acesso em: 29 jul. 2020. 
 
A principal característica realista verificada no trecho é: 
a) metalinguagem. 
b) darwinismo. 
c) determinismo. 
d) ostracismo. 
e) verossimilhança. 
 
 
82. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luís do Maranhão parecia entorpecida 
pelo calor. Quase que se não podia sair à rua: as pedras escaldavam; as vidraças e os lampiões 
faiscavam ao sol como enormes diamantes, as paredes tinham reverberações de prata polida; as folhas 
das árvores nem se mexiam; as carroças d’água passavam ruidosamente a todo o instante, abalando 
os prédios; e os aguadeiros, em mangas de camisa e pernas arregaçadas, invadiam sem-cerimônia as 
casas para encher as banheiras e os potes. Em certos pontos não se encontrava viva alma na rua; tudo 
estava concentrado, adormecido; só os pretos faziam as compras para o jantar ou andavam no ganho. 
AZEVEDO, Aluísio de. O mulato. 
Disponível em: https://tinyurl.com/yy9bdffg. Acesso em: 29 jul. 2020. 
 
A característica naturalista que prevalece no trecho é: 
a) detalhismo. 
b) pontilhismo. 
c) abolicionismo. 
d) humanitismo. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 e) intimismo. 
 
 
83. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
Foi na última semana do derradeiro mês que a tia Mônica deu ao casal o conselho de levar a criança 
que nascesse à Roda dos enjeitados. Em verdade, não podia haver palavra mais dura de tolerar a dous 
jovens pais que espreitavam a criança, para beijá-la, guardá-la, vê-la rir, crescer, engordar, pular... 
Enjeitar quê? enjeitar como? Candinho arregalou os olhos para a tia, e acabou dando um murro na 
mesa de jantar. A mesa, que era velha e desconjuntada, esteve quase a se desfazer inteiramente. Clara 
interveio. – Titia não fala por mal, Candinho 
ASSIS, Machado de. “Pai contra mãe”. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/4u3kqpk. Acesso em: 29 jul. 2020. 
 
Considerando a imagem da mulher nas diferentes manifestações literárias, pode-se afirmar que o 
trecho acima consiste num exemplo de mulher 
a) romântica, uma vez que tanto Clara quanto Mônica são idealizadas. 
b) parnasiana, já que a filha do casal é exaltada e colocada num pedestal. 
c) naturalista, pois a mulher sofre uma doença e se submete ao marido. 
d) realista, porque se vê diante de uma decisão dura em sua vida pessoal. 
e) simbolista, tendo em vista que a mulher de Cândido Neves enlouqueceu. 
 
 
84. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
Acerca dos escritores do Realismo/Naturalismo, associe as informações da primeira coluna com as da 
segunda. 
 
(1) Machado de Assis ( ) Nasceu em família abastada e na vida adulta, por apoiar 
Floriano Peixoto, acumulou desafetos. Entre suas obras estão 
Uma tragédia do Amazonas (1880). 
(2) Aluísio de Azevedo 
 
( ) Maranhense, oscilou entre livros românticos, mais 
vendáveis, e outros mais realistas. Da fase naturalista, 
destacam-se Casa de pensão e O mulato. 
(3) Raul Pompeia 
 
( ) Proveniente de família humilde, cedo se tornou tipógrafo e 
era um autodidata. Começou sua obra com características de 
um movimento literário e acabou por fundar outro. 
 
A sequência correta é: 
a) 3 – 2 – 1 
b) 3 – 1 – 2 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 c) 1 – 2 – 3 
d) 1 – 3 – 2 
e) 2 – 3 – 1 
 
 
85. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
 
 
Reinavam no Ateneu duas perniciosas influências que contrabalançavam eficazmente o 
porejamento de doutrina a transudar das paredes, nos conceitos de sabedoria decorativa dos quadros, 
e ainda mesmo a polícia das aparições ubíquas e subitâneas do diretor. Coisa difícil de precisar, como 
a disseminação na sociedade, do princípio do mal, elemento primário do dualismo teogônico. O meio, 
filosofemos, é um ouriço invertido: em vez da explosão divergente dos dardos — uma convergência de 
pontas ao redor. Através dos embaraços pungentes cumpre descobrir o meato de passagem, ou aceitar 
a luta desigual da epiderme contra as puas. Em geral, prefere-se o meato. 
POMPEIA, Raul. O ateneu. Disponível em: https://tinyurl.com/yc2s4ay4. Acesso em: 29 jul. 2020. 
 
Raul Pompeia, nesse trecho, estabelece um(a) 
a) observação da dualidade insuperável da vida. 
b) constatação especulativa sobre a realidade. 
c) registro histórico acerca da primeira guerra. 
d) documentação formal em forma de cartas. 
e) formalismo típico da estática parnasiana. 
 
 
86. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
Julgue os itens a seguir quanto ao Realismo. 
 
I. Um exemplo de escritor realista russo é Tolstói. 
II. É um traço típico realista a narrativa não linear. 
III. O positivismo considera a ciência como modelo de conhecimento por excelência. 
 
A sequência de itens corretos é: 
a) I. 
b) II. 
c) III. 
d) I e II. 
e) I e III. 
 
 
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87. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
O Naturalismo volta-se para o coletivo,para a biologia, a patologia, centra-se mais no social. Podem 
ser percebidos fundamentos seus no trecho: 
a) “Mas as mulheres ainda queriam vingar-se. Rodeavam-no, farejando como lobas. Todas 
arquitetavam um ultraje que as desafogasse. 
 Ouviu-se a voz áspera da Queimada: 
 — Vamos castrá-lo como a um gato!” 
 
b) “'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço 
Brinca o luar — dourada borboleta; 
E as vagas após ele correm... cansam 
Como turba de infantes inquieta.” 
 
c) “Tua boca voraz se farta e ceva 
Na carne e espalhas o terror maldito, 
O grito humano, o doloroso grito 
Que um vento estranho para és limbos leva.” 
 
d) “Horas profundas, lentas e caladas 
Feitas de beijos sensuais e ardentes, 
De noites de volúpia, noites quentes 
Onde há risos de virgens desmaiadas...” 
 
e) “Depois, numa espécie bárbara de ascese, decide provar da barata morta. 
 Ao esmagar a barata, e depois degustar seu interior branco, operou-se em G.H. uma revelação.” 
 
 
88. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
“ADÃO, Pai dos Homens, foi criado no dia 28 de Outubro, às 2 horas da tarde”. Essa frase que introduz 
o conto “Adão e Eva no Paraíso” de Eça de Queirós indica as nuances abaixo, EXCETO: 
a) preciosismo. 
b) cientificismo. 
c) descricionismo. 
d) ironia. 
e) intolerância. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 
89. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
– Nem eu te digo outra coisa. É difícil, come tempo, muito tempo, leva anos, paciência, trabalho, 
e felizes os que chegam a entrar na terra prometida! Os que lá não penetram, engole-os a obscuridade. 
Mas os que triunfam! E tu triunfarás, crê-me. Verás cair as muralhas de Jericó ao som das trompas 
sagradas. Só então poderás dizer que estás fixado. Começa nesse dia a tua fase de ornamento 
indispensável, de figura obrigada, de rótulo. Acabou-se a necessidade de farejar ocasiões, comissões, 
irmandades; elas virão ter contigo, com o seu ar pesadão e cru de substantivos desadjetivados, e tu 
serás o adjetivo dessas orações opacas, o odorífero das flores, o anilado dos céus, o prestimoso dos 
cidadãos, o noticioso e suculento dos relatórios. E ser isso é o principal, porque o adjetivo é a alma do 
idioma, a sua porção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo do 
vocabulário. 
ASSIS, Machado de. “Teoria do medalhão”. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/yaamykj. Acesso em: 29 jul. 2020. 
 
O tom da narrativa é 
a) apelativo. 
b) referencial. 
c) metalinguístico. 
d) fático. 
e) emotivo. 
 
 
90. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
E tinha razão. De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. Eram furiosos, eram 
mansos, eram monomaníacos, era toda a família dos deserdados do espírito. Ao cabo de quatro meses, 
a Casa Verde era uma povoação. Não bastaram os primeiros cubículos; mandou-se anexar uma galeria 
de mais trinta e sete. O Padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tantos doidos no 
mundo, e menos ainda o inexplicável de alguns casos. Um, por exemplo, um rapaz bronco e vilão, que 
todos os dias, depois do almoço, fazia regularmente um discurso acadêmico, ornado de tropos, de 
antíteses, de apóstrofes, com seus recamos de grego e latim, e suas borlas de Cícero, Apuleio e 
Tertuliano. O vigário não queria acabar de crer. Quê! um rapaz que ele vira, três meses antes, jogando 
peteca na rua! 
ASSIS, Machado de. “O alienista”. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/24cz7l5. Acesso em: 29 jul. 2020. 
 
Associe a alternativa em que a característica do movimento literário do Realismo condisser com o 
trecho selecionado. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 a) Diálogo com o leitor = “O Padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tantos doidos 
no mundo” 
b) Metalinguagem = “fazia regularmente um discurso acadêmico, ornado de tropos, de antíteses, de 
apóstrofes” 
c) Evolucionismo = “Não bastaram os primeiros cubículos; mandou-se anexar uma galeria de mais trinta 
e sete.” 
d) Psicologismo = De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. 
e) Digressão = Ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação. 
 
 
91. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
“Força é pois ir buscar outro caminho! 
Lançar o arco de outra nova ponte 
Por onde a alma passe — e um alto monte 
Aonde se abre à luz o nosso ninho.” 
 
A temática do poema é 
a) árcade, porque a ponte é natural. 
b) romântica, pois é idealizada. 
c) parnasiana, porque é estanque. 
d) realista, indicando mudança de rumo. 
e) naturalista, pois há apego à morte. 
 
 
92. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
“Qualquer que seja ou venha a ser o nosso destino, somos nós que o fazemos". 
– Liev Tolstói, Anna Kariênina 
 
Essa frase indica uma característica realista. Assim, ela pode ser interpretada como: 
a) o ser humano deve ter um final trágico. 
b) deve se viver como se fosse o último dia. 
c) o ser humano tem as rédeas de sua vida. 
d) o trabalho constante dignifica o homem. 
e) o ser humano é responsável pelos seus crimes. 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
93. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
Para se certificar chamou Juliana. 
Houve um ruído domingueiro de saias engomadas. Juliana entrou, arranjando nervosamente o 
colar e o broche. Devia ter quarenta anos e era muitíssimo magra. As feições, miúdas, espremidas, 
tinham a amarelidão de tons baços das doenças de coração. Os olhos grandes, encovados, rolavam 
numa inquietação, numa curiosidade, raiados de sangue, entre pálpebras sempre debruadas de 
vermelho. Usava uma cuia de retrós imitando tranças, que lhe fazia a cabeça enorme. Tinha um tique 
nas asas do nariz. E o vestido chato sobre o peito, curto da roda, tufado pela goma das saias — mostrava 
um pé pequeno, bonito, muito apertado em botinas de duraque com ponteiras de verniz. 
Os coletes não estavam prontos, disse com uma voz muito lisboeta; não tivera tempo de os meter 
em goma. 
— Tanto lhe recomendei, Juliana! — disse Luísa. — Bem, vá. Veja como se arranja! Os coletes hão 
de ficar à noite na mala! 
QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/y2syq47c. Acesso em: 31 jul. 2020. 
 
A partir do excerto, julgue os itens a seguir. 
a) Há um choque entre as mulheres diferentes entre si. 
b) As mulheres se compreendem bem, inclusive, são amigas. 
c) Luísa está doando roupas à empregada Juliana. 
d) Juliana, a serva, acabou de estragar as roupas da patroa. 
e) Parentes próximas, Juliana é irmã do primo Basílio. 
 
 
94. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
Quanto ao Realismo Português, julgue os itens a seguir. 
 
I. Antero de Quental foi o maior romancista. 
II. A primeira fase de Eça de Queirós foi romântica, assim como a de Machado de Assis. 
III. Em A cidade e as serras, há a junção de dois mundos diferentes. 
 
A sequência de itens corretos é: 
a) I. 
b) II. 
c) III. 
d) I e II. 
e) II e III. 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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95. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2021) 
 
Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu 
desvairado em busca do dono, e amanheceu morto narua, três dias depois. Mas, vendo a morte do 
cão narrada em capítulo especial, é provável que me perguntes se ele, se o seu defunto homônimo é 
que dá o título ao livro, e por que antes um que outro, — questão prenhe de questões, que nos levariam 
longe... Eia! chora os dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso ri-te! É a mesma coisa. O 
Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os 
risos e as lágrimas dos homens. 
ASSIS, Machado. Quincas Borba. Fonte: Domínio Público. 
 
Nesse trecho, observam-se algumas atitudes do narrador. Entre elas, qual é a única que NÃO se 
verifica? 
a) Ironia. 
b) Metalinguagem. 
c) Tragicomédia. 
d) Evasão. 
e) Digressão. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
96. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Leia o texto a seguir para responder às próximas 2 questões. 
 
CAPÍTULO LX / QUERIDO OPÚSCULO* 
Assim fiz eu ao Panegírico** de Santa Mônica, e fiz mais: pus-lhe não só o que faltava da santa, 
mas ainda cousas que não eram dela. Viste o soneto, as meias, as ligas, o seminarista Escobar e vários 
outros. Vais agora ver o mais que naquele dia me foi saindo das páginas amarelas do opúsculo. 
Querido opúsculo, tu não prestavas para nada, mas que mais presta um velho par de chinelas? 
Entretanto, há muita vez no casal de chinelas um como aroma e calor de dous pés. Gastas e rotas, não 
deixam de lembrar que uma pessoa as calçava de manhã, ao erguer da cama, ou as descalçava à noite, 
ao entrar ela. E se a comparação não vale, porque as chinelas são ainda uma parte da pessoa e tiveram 
o contacto dos pés, aqui estão outras lembranças, como a pedra da rua, a porta da casa, um assobio 
particular, um pregão de quitanda, como aquele das cocadas que contei no cap. XVIII. 
Justamente, quando contei o pregão*** das cocadas, fiquei tão curtido de saudades que me 
lembrou fazê-lo escrever por um amigo, mestre de música, e grudá-lo às pernas do Capítulo. Se depois 
jarretei**** o Capítulo, foi porque outro músico, a quem o mostrei, me confessou ingenuamente não 
achar no trecho escrito nada que lhe acordasse saudades. Para que não aconteça o mesmo aos outros 
profissionais que porventura me lerem, melhor é poupar ao editor do livro o trabalho e a despesa da 
gravura. Vês que não pus nada, nem ponho. Já agora creio que não basta que os pregões de rua, como 
os opúsculos de seminário, encerrem casos, pessoas e sensações; é preciso que a gente os tenha 
conhecido e padecido no tempo, sem o que tudo é calado e incolor. 
Mas, vamos ao mais que me foi saindo das páginas amarelas. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
123 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/252vytdn. Acesso em: 04 jun. 2021. 
*opúsculo = obra impressa de poucas páginas; folheto. 
**Panegírico = discurso em louvor de alguém; que exalta. 
***pregão = divulgação oral, feita por leiloeiros e corretores; convencimento. 
****jarretei = amputei, decepei. 
 
O Realismo Brasileiro deve muito à figura de Machado de Assis, que criou o seu próprio método 
representativo, pois consegue falar da objetividade externa e social a partir da psicologia interna das 
personagens. Quanto aos recursos estilísticos observados nesse capítulo, aponte entre as alternativas 
abaixo aquilo que for INCORRETO. 
a) Há ironia no que concerne à representação: o narrador diz que, para quem não viveu a experiência, 
não importa sua representação, pois todo o esforço parecerá calado e incolor. 
b) Faz-se evidente a metalinguagem em mais de um nível: explicitamente, a partir da alusão ao próprio 
livro, e depois implicitamente, mediante o uso de discursos de mais de um tipo. 
c) A mistura da Literatura com outras Artes como a música é um pastiche, o qual endossa o 
enfraquecimento do texto, que perde seu caráter literário. 
d) Um dos traços desse romance é o memorialismo, pois Bentinho deseja atar as duas pontas da vida, 
e para isso muitas vezes fica no meio-termo. 
e) As chinelas funcionam como um pretexto digressivo, já que o protagonista deseja fugir da realidade 
pacata do seminário para se refugiar no conforto da lembrança familiar. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
97. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
“Dom Casmurro” (1899) é um marco no Realismo Brasileiro. No entanto, o narrador revela-se 
a) apaixonado, já que a alusão ao opúsculo e às chinelas nada mais são do que a tentativa de escapar 
de Capitu. 
b) satisfeito, porque encontrou na amizade com Escobar alegria que nunca sentiu em nenhuma outra 
relação. 
c) contraditório, pois insiste em chamar de breve um livro que parece estar fazendo questão de 
prolongar. 
d) maldoso, especialmente depois da recusa de um dos amigos músicos, o que levou a procurar o outro. 
e) seguro, assim que estava tentando provar seu ponto de vista, faz uma pesquisa meticulosa até 
publicar seu livro. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
98. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Leve em consideração o trecho abaixo. Depois da leitura atenta, responda ao que se pede: 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
124 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 Teobaldo encarava tudo isso com verdadeiro orgulho, sem que aliás ninguém de tal desconfiasse. 
Sentia-se vitorioso, não pelo dinheiro, que esse muito pouco lhe podia lisonjear o amor-próprio, mas 
pelo bom resultado dos planos que ele concebera para chegar a seus fins. 
Consistia o seu sistema no seguinte: desde que a inesperada morte do comendador lhe fez ver 
quão magra era a fortuna de Branca, o seu primeiro cuidado foi esconder de todos a verdade e manter 
a ilusão em que se achavam a respeito dos bens do morto; o que não podia ser muito difícil nas 
circunstâncias especiais em que falecera o velho. Então, para melhor cegar ao público, Teobaldo tomou 
da metade do que lhe trouxe a mulher e dedicou-a exclusivamente ao luxo, reservando a outra metade 
para o comércio. 
– As aparências são tudo! considerava ele, ainda dominado pelas teorias paternas. Julguem-me 
rico e hão de ver se em breve o não serei de fato! 
AZEVEDO, Aluísio de. O Coruja. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/wvd76zr8. Acesso em: 04 jun. 2021. 
 
Nesse trecho, observa-se a influência dos seguintes costumes típicos do século XIX: 
a) heroicização da personagem; uso da mitologia e apego aos bens materiais. 
b) inversão de valores; patriarcalismo e jogo entre essência e aparência. 
c) racionalismo, cálculo frio das ações e lema voltado para o perfeccionismo. 
d) crítica à classe burguesa, exploração das zonas psicológicas e ironia. 
e) escárnio contra a figura feminina, valorização da virilidade e afeição à máquina. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
99. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Quanto aos autores e obras apresentados, assinale a alternativa que contiver relações corretas. 
a) Na obra “Crônicas de saudades”, o protagonista é Dom Casmurro, um jovem de 11 anos que pela 
primeira vez deixa a família para entrar no colégio interno. 
b) O romance “Memórias póstumas de Brás Cubas” ainda está próximo da vertente romântica, uma 
vez que o protagonista encontra a mulher ideal e se casa com ela. 
c) “Casa de Pensão” é um romance naturalista de Aluísio de Azevedo cujo protagonista é Amâncio, um 
estudante proveniente da província que vai estudar no Rio de Janeiro. 
d) Machado de Assis escreveu não só romances, como também contos, sendo que “A Igrejado Diabo” 
foi publicado em “Papéis avulsos”. 
e) “O Cortiço” foi a obra que introduziu o Naturalismo no Brasil. Na cena final do livro, há a defesa da 
causa abolicionista, o que era uma das crenças pessoais machadianas. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
100. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Acerca do Naturalismo, marque a opção adequada. 
a) No Brasil, o Naturalismo manifestou-se a partir de duas vertentes diferentes: a partir das obras 
científicas de Machado de Assis, e por outro lado com as obras introspectivas de Álvares de Azevedo. 
b) Inaugurou-se em primeira instância na Itália, país onde os movimentos sociais foram intensos, com 
Marinetti, o que motivou a luta armada contra a burguesia em prol das minorias. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 c) Começou diretamente no Brasil a partir das obras poéticas de Álvares de Azevedo, cujo pessimismo 
indicava a descrença contra a classe social burguesa. 
d) Foi introduzido originalmente na França, tendo sido o escritor principal Émile Zola, e no Brasil a 
grande força de expressão foi Aluísio de Azevedo. 
e) Primeiramente surgiu na Alemanha, a partir do movimento “tempestade e ímpeto”, e no Brasil 
encontrou potência nas obras de Artur Azevedo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
101. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
O fim do século XIX foi marcado pela presença de várias teorias que persistiram até o início do século 
XX. A ênfase nessas crenças reaparece em um movimento literário, que é o: 
a) Pré-Modernismo. 
b) Pós-Naturalismo. 
c) Pós-Modernismo. 
d) Ultrarrealismo. 
e) Ultrarromantismo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
102. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Machado de Assis não só é um dos autores mais contemplados pela crítica literária, como também um 
dos mais traduzidos, havendo muito interesse pela sua obra, tanto no cenário nacional quanto no 
estrangeiro. Assinale as opções que contemplam romances da sua fase juvenil. 
a) “Ressurreição”; “Iaiá Garcia”; “Bons dias!”. 
b) “Helena”; “A mão e a luva”; “Memorial de Aires”. 
c) “Memórias póstumas de Brás Cubas”; “Dom Casmurro”; “Esaú e Jacó”; 
d) “Iaiá Garcia”; “Helena”; “Memórias póstumas de Brás Cubas”. 
e) “A mão e a luva”; “Ressurreição; “Iaiá Garcia”. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
103. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Entre os trechos de crítica literária abaixo, assinale aquele que diz respeito ao romance machadiano 
“Memórias póstumas de Brás Cubas”. 
a) “O leitor terá sentido a dubiedade da exposição, que traz os antagonismos costumeiros, entre 
espontâneo e voluntário, sincero e simulado, sentimento e interesse. A dubiedade se repete com 
frequência, às vezes em versão carregada. Guiomar é fria, refletida em excesso, dada a imposturas e 
táticas? Mas sempre no interesse de seu bom natural. ” (Roberto Schwarz, adaptado). 
b) “A poesia do notável fluminense, pondo de parte certa feição patriótica, que se acha nas Americanas, 
tem três notas capitais: uma sonhadora e pessoal, outra humorista e docemente irônica, a terceira de 
certa curiosidade por coisas estranhas, por quadros afastados e peregrinos” (Sílvio Romero). 
c) “Pedro e Paulo são menos personagens que a encarnação duma binomia radical no ser humano. E 
não fossem gêmeos, por certo viveriam diversa situação dramática: por pouco Machado ingressa no 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 exame de anomalias exibidas por gêmeos, e do sexo masculino, ao contrário de sua natural tendência 
para conceder primazia às personagens femininas” (Massaud Moisés). 
d) “Por muitos aspectos o seu livro é um texto segundo, que tomou de empréstimo não apenas a ideia 
de descrever a vida do trabalhador pobre no quadro de um cortiço, mas um bom número de motivos 
e pormenores, mais ou menos importantes” (Antonio Candido, adaptado). 
e) “Narrando-lhe a primeira infância, Machado de Assis, tão acusado de se haver alheado aos grandes 
problemas do seu tempo, traçou sem digressões, sem palavras difíceis, a crítica da organização servil e 
familiar de então. Mostrou o mal que fez a escravidão a brancos e negros. Sem o moleque Prudêncio 
para lhe servir de cavalo, não teria sido o que foi” (Lúcia Miguel Pereira, adaptado). 
_____________________________________________________________________________________ 
 
104. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Sobre o Realismo/Naturalismo em Portugal, analise as alternativas seguintes para em seguida marcar 
a correta. 
a) Nesse período, a obra poética mais importante foi “Odes modernas”, escrita por Almeida Garrett. 
b) O que foi predominante no período foi um misticismo, procurando vias para conviver com a 
objetividade. 
c) Autores canônicos no gênero prosaico foram Antero de Quental de Cezário Verde, com suas obras 
revolucionárias. 
d) Eça de Queirós foi o poeta mais conhecido, sendo que suas personagens são hipócritas e banalizadas. 
e) Antero de Quental foi o principal envolvido na Questão Coimbrã, movimento intelectual que 
afrontou o Romantismo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
105. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Leia o excerto abaixo e atenda ao comando. 
 
“A filha era a flor do cortiço. Chamavam-lhe Pombinha. Bonita, posto que enfermiça e nervosa ao 
último ponto; loura, muito pálida, com uns modos de menina de boa família. A mãe não lhe permitia 
lavar, nem engomar, mesmo porque o médico a proibira expressamente.” 
 
Esse trecho evidencia uma técnica literária ______, apresentando uma personagem ______. 
Preenchendo-se as lacunas, tem-se: 
a) idealista | virgem. 
b) descritiva | patológica. 
c) objetiva | saudável. 
d) regionalista | doente. 
e) argumentativa | virtuosa. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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 106. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Romance com narrador em primeira pessoa, de cunho memorialista, que se propõe a analisar 
minuciosamente a formação do personagem, desde o abandono do que ele considera como estufa 
sentimental e familiar, até o momento em que ele já se apresenta cínico e desiludido com a vida, depois 
do episódio alegórico do incêndio ao final da obra. 
É correta a associação: 
a) “Memórias póstumas de Brás Cubas” – Machado de Assis. 
b) “Memórias de um sargento de milícias” – Manuel Antônio de Almeida. 
c) “O Ateneu: crônica de saudades” – Raul Pompeia. 
d) “Recordações do escrivão Isaías Caminha” – Lima Barreto. 
e) “Memorial de Aires” – Aluísio de Azevedo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
107. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Leve em consideração a passagem do Canto V do poema “Potira” de Machado de Assis para responder 
às próximas 2 questões. 
 
Longo tempo correra. Amplo silêncio 
Reinou entre ambos. Do tamoio a fronte 
Pouco a pouco despira o torvo aspecto. 
Ao trabalhado espírito, revolto 
De mil sinistros pensamentos, volve 
 
Benigna calma. Tal de um rio engrossa 
O volume extensíssimo das águas 
Que vão enchendo de pavor osecos, 
Vencendo no arruído o vento e o raio, 
E pouco a pouco atenuando as vozes, 
Adelgaçando as ondas, tornam mansas 
Ao primitivo leito. Ei-lo se inclina, 
Para tomar nos braços a formosa 
Por cujo amor incendiara a aldeia 
Daquelas gentes pálidas de Europa. 
 
Ponto fora da curva da produção machadiana, sua poesia representa ligação com correntes 
passadistas. Entre as opções abaixo, assinale a INCORRETA. 
a) Discurso elevado. 
b) Heroísmo indígena. 
c) Poema épico. 
d) Ironia cética. 
e) Exaltação nativista. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 108. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Nesse poema, é correto afirmar que o eu lírico 
a) vale-se da adjetivação para conferir maior carga dramática às nobres ações dos personagens. 
b) dirige-se ao leitor em primeira pessoa, tentando convencer-lhe da grandeza de sua obra. 
c) resvala para uma reflexão metalinguística ao se referir ao próprio estilo como trabalho espiritual. 
d) critica as teorias do fim do século XIX, especialmente o cientificismo, pois resgata o valor da 
natureza. 
e) usa um tom sentimental, pois o poeta projeta na amada deitada no leito sua própria esposa 
Carolina. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
109. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Leia atentamente o trecho em sequência. 
 
Perto de mim vi o Franco. Sempre de penitência; em pé, cara contra a parede. Como Silvino dava-
lhe as costas, divertia-se a pegar moscas para arrancar a cabeça e ver morrer o bichinho na palma da 
mão. Perguntei-lhe por que estava de castigo. Sem olhar, de mau modo: “Lá sei! disse ele. Porque me 
mandaram”. E continuou a pegar as moscas. Franco era um rapazola de quatorze anos, raquítico, de 
olhos pasmados, face lívida, pálpebras pisadas. À fronte, com a expressão vaga dos olhos e obliquidade 
dolorida dos supercílios, pousava-lhe uma névoa de aflição e paciência, como se vê no Flos 
sanctorum*. A parte inferior do semblante rebelava-se; um canto dos lábios franzia-se em contração 
constante de odiento desprezo. Franco não ria nunca. Sorria apenas, assistindo a uma briga séria, 
interessando-se pelo desenlace como um apostador de rinha, enfurecendo-se quando apartavam. 
Uma queda alegrava-o, principalmente perigosa. Vivia isolado no círculo da excomunhão com que o 
diretor, invariavelmente, o fulminava todas as manhãs, lendo no refeitório perante o colégio as notas 
da véspera. 
POMPEIA, Raul. O Ateneu. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/9l5ynjju. Acesso em: 04 jun. 2021. 
*Flor dos santos = coletânea de histórias de santos publicada na Península Ibérica. 
 
Depreende-se, a partir do texto e do conhecimento desse romance canônico, o seguinte: 
a) embora seja uma obra com foco narrativo subjetivo, o narrador se detém na descrição 
pormenorizada de elementos exteriores, como é o caso da fisionomia de seus amigos, importantes 
pois vão formar seu círculo de confiança. 
b) como se trata de um texto naturalista, a função do texto predominante é a injuntiva, no sentido de 
que o narrador sugere para seus amigos uma série de conselhos, como regras da boa convivência. 
c) no fim do século XIX, a educação brasileira deixava de ser elitista e religiosa para se tornar laica. O 
narrador descreve um momento em que ele e seus colegas estão tendo dificuldade em aceitar essa 
transição. 
d) o caráter do texto é explicitamente experimentalista; em se tratando de um romance de tese, o 
narrador quer comprovar que seus amigos são boas pessoas, por isso se esforça em descrevê-los nos 
mínimos detalhes. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 e) o que marca a obra desse autor é a mistura de estilos; por exemplo, nessa passagem, o narrador 
Bentinho descreve seus amigos de maneira romântica, de forma que eles parecem melhores do que 
na verdade são. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
110. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Embora sejam obras de autores diferentes, o que “Dom Casmurro” de Machado de Assis e “O Ateneu” 
de Raul Pompeia apresentam em comum são aspectos como: 
a) narrador em primeira pessoa e subjetivismo a partir da expressão íntima e evasiva. 
b) narrador em primeira pessoa, junto ao foco no aspecto transitório e temporal da vida. 
c) narrador em terceira pessoa, usado intencionalmente para atacar sistemas arraigados. 
d) narrador em terceira pessoa, ressaltando a imparcialidade ao criticar o modo de vida burguês. 
e) transição do narrador em terceira pessoa para primeira, delineando protagonistas psicológicos. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
111. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Os principais escritores realistas portugueses são: 
a) Almeida Garrett e Alexandre Herculano. 
b) Almeida Garrett e Eça de Queirós. 
c) Camilo Castelo Branco e Almeida Garrett. 
d) Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós. 
e) Eça de Queirós e Antero de Quental. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
112. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Leia os trechos abaixo para responder ao que se pede. 
 
“Todos os oráculos têm o falar dobrado, mas entendem-se. Natividade acabou entendendo a cabocla, 
apesar de lhe não ouvir mais nada; bastou saber que as coisas futuras seriam bonitas, e os filhos 
grandes e gloriosos para ficar alegre e tirar da bolsa uma nota de cinquenta mil-réis.” (Machado de 
Assis – Esaú e Jacó). 
 
“Todas as famílias felizes se parecem, as famílias infelizes são infelizes cada qual ao seu modo. Tudo 
estava em desordem na casa Oblonski. Prevenida de que o marido entretinha uma ligação com a 
antiga preceptora francesa dos seus filhos, a princesa se recusara a viver sob o mesmo teto que ele” 
(Liev Tolstói – Anna Kariênina). 
 
Sobre essas obras realistas, é correto afirmar que 
a) para além da objetividade outra técnica comum ao movimento é o historicismo, sendo que essa 
crítica é comum em ambos os romances: a Monarquia cede lugar à República. 
b) são romances de nacionalidades diferentes, então é bastante diferente as vidas retratadas, já que 
no primeiro trecho prevalece o misticismo religioso e na segunda uma hierarquia monárquica. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 c) as passagens se iniciam com provérbios generalizantes e depois relatam situações diversas: no 
primeiro trecho, transações pecuniárias, no segundo, dramas familiares. 
d) como temática mais relevante nessa escola literária evidencia-se em ambos os trechos a presença 
do adultério, motivo pelo qual as personagens estão preocupadas. 
e) o que há de mais divergente entre os trechos reside na constatação das desigualdades sociais: no 
Brasil, ainda havia escravidão, enquanto na Rússia havia sistema em castas. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
113. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Leia o capítulo abaixo, transcrito na íntegra, para responder à questão. 
 
CAPÍTULO 16 
Uma Reflexão Imoral 
Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido haver dito, no 
capítulo 14, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma coisa 
que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática.Bons 
joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados? Um terço ou um quinto do 
universal comércio dos corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual é ainda mais 
obscura do que imoral, porque não se entende bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que 
a mais bela testa do mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos 
bela, nem m nos amada. Marcela, por exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me... 
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/j98v32vw. Acesso em: 04 jun. 2021. 
 
Para além dos recursos mais explícitos nesse texto, como a metalinguagem e a ironia, infere-se que o 
narrador 
a) acaba por se tornar completamente vingativo: já que Marcela o deixara, ele também a trai com 
Virgília. 
b) aproveita a ocasião em que examina sua vida amorosa para também pensar na profissional, 
desejando ser joalheiro. 
c) analisa friamente o triângulo amoroso no qual ele próprio estava envolvido, apesar da incapacidade 
de entendê-lo. 
d) é um membro da elite e, por causa de sua posição privilegiada, conseguiu atrair Marcela a ponto 
de se casarem. 
e) apresenta dificuldade em aceitar a rejeição, tentando esconder sua insegurança por meio de 
máscaras. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
114. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Presente em dois romances machadianos, a Humanitas é uma filosofia que ______ as teorias do século 
XIX. Completando-se a lacuna, tem-se: 
a) deprecia 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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 b) preconiza 
c) precede 
d) concilia 
e) descobre 
_____________________________________________________________________________________ 
 
115. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
O romance naturalista brasileiro, tal como o conhecemos, focaliza alguns aspectos. Entre o que é 
apresentado abaixo, assinale o que for INCORRETO. 
a) A denúncia da realidade é feita por meio de mecanismos sutis, sendo que para interpretar os textos 
é preciso entender inferências e subentendidos. 
b) É importante a consciência crítica dos autores que entendiam que a infraestrutura brasileira 
destacava, cada vez mais, a oposição entre centro e periferia. 
c) A representação das classes minoritárias é um importante avanço social, no sentido de que pela 
primeira vez negros e homossexuais aparecem como protagonistas de obras. 
d) Como a visão de mundo era a de que o homem é um organismo vivo, é frequente a alusão a traços 
biológicos e fisiológicos do corpo, mesmo que repugnantes. 
e) A descrição minuciosa de objetos é tão marcante que os textos chegam a manifestar excesso de 
verossimilhança, o que nesse sentido até aproxima o movimento da estética parnasiana. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
116. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Leve em consideração as assertivas a seguir. 
 
I – Os modelos literários inspiravam-se no resgate aos valores da Antiguidade Clássica. 
II – Movimentos da Era Moderna que giravam em torno das críticas sociais. 
III – O zoomorfismo era uma tática que permite a aproximação do ser humano com o mundo natural. 
IV – O homem é invariavelmente fruto do meio, da raça e do ambiente. 
V – Uma via de resolver o sentimento de fatalismo era a partir de presença de personagens que se 
suicidavam. 
VI – O pessimismo tomou o espírito dos intelectuais que enlouqueciam ou se suicidavam. 
 
Referem-se ao Realismo e/ou Naturalismo as afirmativas: 
a) I, II e IV. 
b) II, III e V. 
c) I, II, IV e V. 
d) II, III, IV e V. 
e) I, II, IV e VI. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 117. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Quanto aos movimentos literários do fim do século XIX, associe as informações da primeira coluna 
com as da segunda. 
 
(1) Realismo O cientificismo, que é o entusiasmo em achar que a crença na 
ciência é a única salvadora, fez com que as obras fossem 
extremamente detalhistas, ao ponto de tentarem alcançar a 
perfeição. 
(2) Naturalismo Foi o movimento mais influenciado pelas teorias emergentes, 
como evolucionismo, determinismo e positivismo, fazendo com 
que o romance fosse um campo experimental para tentar essas 
hipóteses. 
(3) Parnasianismo Ao contrário das outras escolas contemporâneas, essa nega o 
materialismo e a racionalidade que até então foram muito 
defendidas e estavam em voga. 
(4) Simbolismo Esse movimento constata o declínio da burguesia a partir da 
representação da falência das instituições sociais, como religião 
e casamento. 
 
 
A sequência correta é: 
a) 3 – 2 – 1 – 4 
b) 3 – 2 – 4 – 1 
c) 4 – 2 – 1 – 3 
d) 4 – 2 – 3 – 1 
e) 2 – 3 – 4 – 1 
_____________________________________________________________________________________ 
 
118. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Sobre o romance “O Ateneu”, é INCORRETO afirmar que entre: 
a) as projeções infantis que realiza Sérgio, uma delas se associa com Ema, esposa do diretor Aristarco, 
que para ele parecia uma substituição da mãe, embora em outros momentos tivesse apelo sexual. 
b) os parentes do narrador, encontram-se no centro familiar o pai e a mãe, sendo que o primeiro o 
saúda em ocasião de sua partida e a segunda tentava protegê-lo, sendo responsável por ele ainda ver 
o mundo com olhos lúdicos. 
c) as teorias possíveis para a obra, uma delas é a de haver um duplo narrador, pois o Sérgio pré-
adolescente não tem a mesma visão de mundo que a mesma personagem, mas quando já é adulto. 
d) os colegas do protagonista, a afinidade vai se alterando de acordo com a fase sentida por ele: a 
amizade com Franco se distancia, pois ele é maldoso e vingativo, e depois começa a com Egbert. 
e) os vários estilos amalgamados no livro, um deles é a idealização romântica, pois a obra tem um final 
feliz, sendo que Sérgio volta para casa e reencontra a mãe. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
119. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Leia o trecho abaixo e depois responda ao que é solicitado. 
 
Casava-se, pois não! estava disposta a isso, e até compreendia e sentia melhor que ninguém o 
quanto precisava, por conveniência mesmo da sua própria saúde, arrancar-se daquele estado de 
solteira que já se ia prolongando por demais. Estava disposta a casar, que dúvida! Mas também não 
queria fazer alguma irreparável doidice, que tivesse de amargar em todo o resto da sua vida... Nem se 
julgava nenhuma criança, para não saber o que lhe convinha e o que não lhe convinha! Enfim, a sua 
intenção era, como se diz em gíria de boa sociedade: "Casar bem". Sim! uma vez que o casamento era 
arranjado daquele modo; uma vez que tinha de escolher friamente um homem, a quem se havia de 
entregar por convenção, queria ao menos escolher um dos menos difíceis de aturar; um homem de 
gênio suportável, com um pouco de mocidade e uma fortuna decente. 
AZEVEDO, Aluísio de. O homem. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/fyxraznc. Acesso em: 04 jun. 2021. 
 
Critica-se, nesse trecho, sobretudo: 
a) a convenção social consagrada que considera na relação o status em detrimento da afeição. 
b) a busca da personagem pelo melhor marido para dar continuidade à perfeiçãohereditária. 
c) a fatalidade inescapável de o homem ser considerado animal, porque o que prevalece é o instinto. 
d) a impossibilidade de as doenças serem tratadas e por isso o casamento é tido como patológico. 
e) a fala irônica da mãe da personagem que motiva a filha a buscar pelo melhor companheiro por 
aparência. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
120. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022) 
Associe as informações da primeira coluna com as da segunda acerca da parte da prosa de Machado 
de Assis que não são seus romances, mas sim crônicas e contos. 
 
(1) Papéis avulsos Trata-se de um compêndio reunindo as 49 crônicas na coluna que 
foram publicadas de 1888 a 1889 na Gazeta de Notícias. 
(2) Várias histórias Coletânea de contos lançada em 1896, reúne 16 contos publicados na 
Gazeta de Notícias, entre os quais se destacam: “A causa secreta”; “O 
enfermeiro” e “A cartomante”. 
(3) Histórias sem 
data 
Publicado em 1882, é o terceiro livro de Machado na sua fase realista. 
Apesar do título, os contos apresentam temática específica, que giram 
em torno da diferença entre o desejo individual e a apreciação pública, 
numa sociedade em que o jogo social tinha muito valor. 
(4) Bons dias! A despeito do título, esse livro foi publicado em 1884, agrupando 18 
contos publicados em periódicos cariocas. As referências mais 
marcantes são: “Noite de almirante” e “A igreja do Diabo”. 
 
 
Alinhando os dados corretamente, tem-se: 
a) 3 – 2 – 1 – 4 
b) 3 – 2 – 4 – 1 
 
 
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 c) 4 – 2 – 1 – 3 
d) 4 – 2 – 3 – 1 
e) 2 – 3 – 4 – 1 
_____________________________________________________________________________________ 
 
121. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Premonição EsPCEx 
2022) Leia o trecho abaixo para responder à questão. 
 
 De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam,—
um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor 
tesoura da vila, o mais belo discurso do ano, etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; 
mas era conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos 
vereadores,—aquele justamente que mais se opusera à criação da Casa Verde,—desfrutava a 
reputação de perfeito educador de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; 
mas, tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas 
pessoas afirmavam ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, 
mas só devida à absoluta confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo 
regímen mereciam o desprezo do nosso século. 
ASSIS, Machado de. O alienista. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/2ekytwdx. Acesso em: 14 set. 2021. 
 
De acordo com a estética realista, a reiteração da conjunção adversativa contribui no(a) 
a) reforçamento da ironia. 
b) contribuição metalinguística. 
c) esforço intertextual. 
d) diálogo explícito com o leitor. 
e) maquievalismo oitoscentista. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
122. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Revisão de Véspera 
EsPCEx 2022) 
 
“Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a ideia de fundar uma 
igreja. Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso 
que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Vivia, 
por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos. Nada fixo, nada 
regular. Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as 
outras religiões, e destruí-las de uma vez.” 
 
O trecho por si só propõe uma inversão de valores, o que na estilística é conhecido como ______, 
sendo um dos principais traços da estética ______. Preenchendo-se as lacunas: 
a) metalinguagem / barroca. 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 b) metáfora / árcade. 
c) sinestesia / simbolista. 
d) ironia / realista. 
e) hipérbole / naturalista. 
 
_____________________________________________________________________________________ 
 
123. (ITA – 2021) Leia o trecho destacado de “Teoria do medalhão”: “Melhor do que tudo isso, porém, 
que afinal não passa de mero adorno, são as frases feitas, as locuções convencionais, as fórmulas 
consagradas pelos anos, incrustradas na memória individual e publica. Essas fórmulas têm a vantagem 
de não obrigar a outros a um esforço inútil.” 
Assinale a alternativa que explicita corretamente o significado de “esforços inútil” no contexto. 
a) Decorar frases feitas. 
b) Pensar. 
c) Estudar retórica. 
d) Estudar gramática. 
e) Saber outras línguas. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
124. (ITA – 2020) Leia atentamente o trecho destacado e assinale a alternativa que apresenta apenas 
a(s) afirmação(ões) correta(s). 
 
O assombro de Itaguaí. E agora prepare-se o leitor para o mesmo assombro em que ficou a vila, ao 
saber um dia que os loucos da Casa Verde iam todos ser postos na rua. 
– Todos? 
– Todos. 
– É impossível; alguns, sim, mas todos... 
– Todos. Assim o disse ele no ofício que mandou hoje de manhã à câmara. 
[Contos, p. 315]. 
 
I. O narrador combina diferentes gêneros - crônica histórica, poesia etc. – para registrar a linguagem 
popular. 
II. O diálogo com o leitor tem o objetivo de envolvê-lo na narrativa. 
III. O título e o diálogo com o leitor evidenciam a ironia do narrador. 
 
a) ( ) I e II são corretas. 
b) ( ) Apenas II é correta. 
c) ( ) II e III são corretas. 
d) ( ) Apenas I é correta. 
e) ( ) Todas as anteriores são incorretas. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
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125. (ITA – 2020) Leia o trecho destacado para responder às PRÓXIMAS DUAS questões. 
 
... O vereador fez esta reflexão: —Nada tenho que ver com a ciência; mas se tantos homens em 
quem supomos juízo são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o alienista? 
[Contos, p. 299]. 
 
Assinale a alternativa correta: 
a) A dificuldade de diferenciar claramente entre razão e loucura mostra que Simão Bacamarte sempre 
foi plenamente razoável. 
b) Simão Bacamarte nunca desejou distinguir entre razão e loucura, como ele mesmo afirma e o 
vereador concorda. 
c) O trecho, em discurso direto, revela as influências românticas no estilo realista do autor. 
d) A intenção satírica da narrativa é ofuscada pelo discurso direto. 
e) A suspeita levantada pelo vereador evidencia a comédia de erros e as contradições do protagonista. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
126. (ITA – 2019) Acerca do sentido da narrativa, o trecho destacado permite afirmar que 
a) conforme afirma Padre Lopes, apenas a teologia distingue nitidamente entre razão e loucura. 
b) apenas quem for cientista, como Simão Bacamarte, e não louco, tem condições de distinguir 
nitidamente entre razão e loucura. 
c) só é louco quem, como D. Evarista, não consegue estabelecer normas para a própria vida. 
d) a tentativa de distinguir clara e distintamente entre razão e loucura é uma presunção absurda, 
própria de pessoas desequilibradas, como se revela o protagonista. 
e) como exemplifica a prisão da esposa do boticário, saber como e quando tolerar infrações e desvios 
da norma dominante não basta para assegurar que alguém é perfeitamenterazoável. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
127. (ITA – 2019) No Realismo, o adultério subverte o ideal romântico de casamento. Machado de 
Assis, porém, costuma tratá-lo de modo ambíguo, valendo-se, por exemplo, do ciúme masculino ou da 
dubiedade feminina. Com isso, em seus romances, a traição nem sempre é comprovada, ou, mesmo 
que desejada pela mulher, não se consuma. Constatamos tal ambiguidade em Quincas Borba, quando 
a) Palha se enraivece com os olhares de desejo que os homens dirigem a Sofia nos eventos sociais. 
b) Sofia decide não contar ao marido que Rubião a assediou certa noite, no jardim da casa deles. 
c) Palha, mesmo interessado na riqueza de Rubião, decide confrontá-lo ao perceber o assédio dele a 
Sofia. 
d) Sofia tenta esconder do marido o interesse que tem por Carlos Maria, que a seduziu em um baile. 
e) Sofia, mesmo interessada em Carlos Maria, faz de tudo para que Maria Benedita se case com ele. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
 
 
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 128. (ITA – 2018) Em várias passagens de Quincas Borba, de Machado de Assis, as personagens 
interpretam erroneamente alguns fatos ou fazem ilações equivocadas a partir de algumas falas. Vemos 
isso, por exemplo, no episódio em que, a partir do relato que ouve de um cocheiro, Rubião se convence 
de que 
a) D. Tonica planeja casar-se com ele a qualquer custo. 
b) Palha pretende desfazer os negócios que tem com ele. 
c) Sofia deseja casá-lo com Maria Benedita. 
d) Sofia e Carlos Maria são amantes. 
e) Maria Benedita e Carlos Maria namoram em segredo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
129. (ITA – 2012) O texto abaixo é o início da obra "Dom Casmurro", de Machado de Assis. 
 
Uma noite dessas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz 
aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, 
falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser 
que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos 
três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. 
[...] No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. 
Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal 
pegou. 
[...] Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que 
lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de 
fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não 
tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. 
 
Considere as afirmações abaixo referentes ao trecho, articuladas ao romance: 
 
I. O narrador já apresenta seu estilo irônico de narrar. 
II. O narrador assume uma alcunha que o caracteriza ao longo do enredo. 
III. Os eventos narrados no trecho inicial desencadeiam o conflito central da obra. 
IV. O título Dom Casmurro não caracteriza adequadamente o personagem Bentinho. 
 
Estão corretas apenas 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) II e III. 
d) II e IV. 
e) III e IV. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
130. (ITA – 2011) A figura da prostituta aparece em diversos romances do século XIX. Por exemplo: 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
I. Em "Lucíola", a protagonista Lúcia deixa a prostituição depois que se apaixona por Paulo, o que 
significa que o amor verdadeiro pode regenerar a mulher. 
II. Em "Memórias póstumas de Brás Cubas", Marcela consegue seduzir o jovem Brás Cubas, que lhe dá 
dinheiro e bens materiais, mas ela morre pobre. 
III. Ao final de "O cortiço", Pombinha rompe com o casamento e opta pela prostituição, e faz isso, em 
boa medida, por vontade própria. 
 
Está(ão) correta(s) 
a) apenas I. 
b) apenas I e II. 
c) apenas I e III. 
d) apenas II e III. 
e) todas. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
131. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 5º Simulado ITA 2021) 
 
– Nem eu te digo outra coisa. É difícil, come tempo, muito tempo, leva anos, paciência, trabalho, 
e felizes os que chegam a entrar na terra prometida! Os que lá não penetram, engole-os a obscuridade. 
Mas os que triunfam! E tu triunfarás, crê-me. Verás cair as muralhas de Jericó ao som das trompas 
sagradas. Só então poderás dizer que estás fixado. Começa nesse dia a tua fase de ornamento 
indispensável, de figura obrigada, de rótulo. Acabou-se a necessidade de farejar ocasiões, comissões, 
irmandades; elas virão ter contigo, com o seu ar pesadão e cru de substantivos desadjetivados, e tu 
serás o adjetivo dessas orações opacas, o odorífero das flores, o anilado dos céus, o prestimoso dos 
cidadãos, o noticioso e suculento dos relatórios. E ser isso é o principal, porque o adjetivo é a alma do 
idioma, a sua porção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo do 
vocabulário. 
ASSIS, Machado de. “Teoria do medalhão”. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/yaamykj. Acesso em: 29 jul. 2020. 
 
Com base no trecho destacado, é possível dizer que 
a) o substantivo, por nomear seres e coisas, é a classe sintática mais importante em uma linguagem. 
b) no trecho, observa-se predominância do sentimentalismo exacerbado, presente no egoísmo e no 
uso do pronome “eu”. 
c) o texto consiste numa crítica contra movimentos literários anteriores, como o Romantismo e o 
Naturalismo. 
d) assim na gramática como na vida, as palavras e pessoas ocupam posições hierarquizadas. 
e) como traço estilístico machadiano principal, verifica-se o romance de tese, na qual o narrador busca 
por comprovações. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
132. (EFOMM – 2021) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
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Um caso de burro 
Machado de Assis 
Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei logo 
de começar por ela esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no leitor 
menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a 
importância; os gostos não são iguais. 
Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o lugar onde era o antigo passadiço, ao 
pé dos trilhos de bondes, estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso de burros, 
donde concluí que não estaria deitado, mas caído. Instantes depois, vimos (eu ia com um amigo), vimos 
o burro levantar a cabeça e meio corpo. Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos fechavam-
se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente, que parecia estar próximo do 
fim. 
Diante do animal havia algum capim espalhado e uma lata com água. Logo, não foi abandonado 
inteiramente; alguma piedade houve no dono ou quem quer que seja que o deixou na praça, com essa 
última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler 
esta, receba daqui um aperto de mão. O burro não comeu do capim, nem bebeu da água; estava já 
para outros capins e outras águas, em campos mais largos e eternos. Meia dúzia de curiosos tinha 
parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara, e se não sentia o desejo 
de dar com ela na anca do burro para espertá-lo, então eu não sei conhecer meninos,porque ele não 
estava do lado do pescoço, mas justamente do lado da anca. Diga-se a verdade; não o fez – ao menos 
enquanto ali estive, que foram poucos minutos. Esses poucos minutos, porém, valeram por uma hora 
ou duas. Se há justiça na Terra valerão por um século, tal foi a descoberta que me pareceu fazer, e aqui 
deixo recomendada aos estudiosos. 
O que me pareceu, é que o burro fazia exame de consciência. Indiferente aos curiosos, como ao 
capim e à água, tinha no olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho interior e profundo. Este 
remoque popular: por pensar morreu um burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos que a 
princípio o viram; o pensamento não é a causa da morte, a morte é que o torna necessário. Quanto à 
matéria do pensamento, não há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual foi o exame da 
consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso tempo que ali gastei. Sou outro 
Champollion, porventura maior; não decifrei palavras escritas, mas ideias íntimas de criatura que não 
podia exprimi-las verbalmente. 
E diria o burro consigo: 
“Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que mereça remorso. Não furtei, não 
menti, não matei, não caluniei, não ofendi nenhuma pessoa. Em toda a minha vida, se dei três coices, 
foi o mais, isso mesmo antes haver aprendido maneiras de cidade e de saber o destino do verdadeiro 
burro, que é apanhar e calar. Quando ao zurro, usei dele como linguagem. Ultimamente é que percebi 
que me não entendiam, e continuei a zurrar por ser costume velho, não com ideia de agravar ninguém. 
Nunca dei com homem no chão. Quando passei do tílburi ao bonde, houve algumas vezes homem 
morto ou pisado na rua, mas a prova de que a culpa não era minha, é que nunca segui o cocheiro na 
fuga; deixava-me estar aguardando autoridade.” 
“Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de haver 
pensado sequer na perturbação da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a 
própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução declarado os direitos do burro, tais 
direitos não existem. Nenhum golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os obrigou. 
Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de governo, teve em conta os interesses da minha 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 espécie. Qualquer que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um pouco temperada 
pela teima que é, em resumo, o meu único defeito. Quando não teimava, mordia o freio dando assim 
um bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei por sóis nem chuvas; bastava 
sentir o freguês no tílburi ou o apito do bonde, para sair logo. Até aqui os males que não fiz; vejamos 
os bens que pratiquei.” 
“A mais de uma aventura amorosa terei servido, levando depressa o tílburi e o namorado à casa 
da namorada – ou simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia ao bonde podia mirar a 
moça que estava na janela. Não poucos devedores terei conduzido para longe de um credor importuno. 
Ensinei filosofia a muita gente, esta filosofia que consiste na gravidade do porte e na quietação dos 
sentidos. Quando algum homem, desses que chamam patuscos, queria fazer rir os amigos, fui sempre 
em auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara. Em fim…” 
Não percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado que pesaroso. Contente da descoberta, 
não podia furtar-me à tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer. A consideração, 
porém, de que todos os burros devem ter os mesmos dotes principais, fez-me ver que os que ficavam 
não seriam menos exemplares do que esse. Por que se não investigará mais profundamente o moral 
do burro? Da abelha já se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também, coletivamente 
falando, isto é, que as suas instituições políticas são superiores às nossas, mais racionais. Por que não 
sucederá o mesmo ao burro, que é maior? 
Sexta-feira, passando pela Praça Quinze de Novembro, achei o animal já morto. 
Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver, espetáculo repugnante; mas a infância, como a 
ciência, é curiosa sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim passam os trabalhos deste 
mundo. Sem exagerar o mérito do finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também 
não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século. Requiescat in pace. 
 
Sobre o texto lido, podemos afirmar que 
a) o narrador mostra-se seguro quanto ao gosto do leitor pelo fato a ser narrado. 
b) o conflito que move a narrativa é a expectativa quanto ao comportamento de um menino diante da 
cena de quase (iminente) morte do burro. 
c) toda a narrativa se passa em poucos minutos, como é comum em crônicas. 
d) o texto é marcado pelo cotidiano, com fatos ocorridos em local onde o cronista passa 
rotineiramente. 
e) no final da narrativa, o cronista se mostra consternado e triste pela morte do animal. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
133. (EFOMM – 2021) No texto lido, a existência de um burro morrendo na praça levou o cronista a 
escrever sobre o fato avistado porque 
a) ele achou interessante que, estando próximo da morte, o animal parecia fazer um exame de 
consciência cujo conteúdo ele presume ter descoberto. 
b) lhe chamou a atenção o fato de o dono do burro ter deixado água e comida para o animal no 
momento do abandono. 
c) o animal teve uma morte lenta e, depois de morto, permaneceu na rua por um certo tempo, 
chamando a atenção de algumas crianças. 
d) avistar aquela cena o deixou triste e pesaroso, levando-o à profunda reflexão. 
 
 
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 e) aquela cena só chamou a atenção de poucas pessoas, e nenhuma delas tentou ajudar o bicho. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
134. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Sala VIP: 21/07/2021) 
O conto “O caso da vara” de Machado de Assis se classifica na sua fase: 
a) romântica, por causa do heroísmo de João Carneiro que salva seu afilhado. 
b) romântica, pela idealização no relacionamento entre Sinhá Rita e João Carneiro. 
c) realista, já que o narrador se revela sardônico quanto aos comportamentos sociais. 
d) realista, porque Lucrécia é uma personagem petulante a qual se mostra irônica. 
e) realista, até pela manifestação do tom metalinguístico que invade a narração. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
135. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Sala VIP: 21/07/2021) 
Entre as passagens abaixo, extraídas do conto realista “O caso da vara” de Machado de Assis, 
identifique aquela na qual houver ironia. 
a) “Damião fugiu do seminário às onze horas da manhã de uma sexta-feira de agosto. Não sei bem o 
ano, foi antes de 1850.” 
b) “Não assentara no ponto de refúgio, porque a saída estava determinada para mais tarde; uma 
circunstância fortuita a apressou.” 
c) “Tal foi a entrada. Pouco tempo depois fugiu o rapaz ao seminário. Aqui o vemos agora na rua, 
espantado, incerto, sem atinar com refúgio nem conselho” 
d) “Onde morava? Estava tão atordoado, que só daí a alguns minutos é que lhe acudiu a casa; era no 
Largo do Capim.” 
e) “Não nada, nunca! redarguia Damião, abanando a cabeça e beijando-lhe as mãos, e repetia que era 
a sua morte. Sinhá Rita hesitou ainda muito tempo” 
_____________________________________________________________________________________ 
 
136. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Sala VIP: 21/07/2021) 
Leia os momentos finais do conto “O caso da vara” de Machado de Assis para responder à próxima 
questão. 
 
 “A vara estava à cabeceira da marquesa, do outro lado da salaSinhá Rita, não querendo soltar a 
pequena, bradou ao seminarista. 
 — Sr. Damião, dê-me aquela vara, faz favor? 
 Damião ficou frio... Cruel instante! Uma nuvem passou-lhe pelos olhos. Sim, tinha jurado 
apadrinhar a pequena, que por causa dele, atrasara o trabalho... 
 — Dê-me a vara, Sr. Damião! 
 Damião chegou a caminhar na direção da marquesa. A negrinha pediu-lhe então por tudo o que 
houvesse mais sagrado, pela mãe, pelo pai, por Nosso Senhor... 
 — Me acuda, meu sinhô moço!” 
ASSIS, Machado de. O conto da vara. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/a47rxwaf. Acesso em: 13 jul. 2021. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
142 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 
É correto afirmar, pelo drama familiar estabelecido, que o protagonista Damião 
a) faz conluio com a patroa no ato de punição contra a escrava que não queria trabalhar. 
b) recorda-se do tempo de seminário e tenta praticar os ensinamentos morais cristãos. 
c) vai de encontro à sinhá, pois consegue enxergar bondade nas ações da menina. 
d) intercede em favor da criada, já que pretende honrosamente adotar a criança. 
e) titubeou ao ser convocado por causa de uma promessa que tinha feito. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
137. (Estratégia Militares 2022– Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1o Simulado ESA 2023) 
A partir da leitura, atenda ao comando da questão. 
 
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de 
machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que 
escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias 
entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas 
despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em 
não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as 
ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não 
descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam 
lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá 
ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das 
hortas. 
AZEVEDO, Aluísio de. O cortiço. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/2jz4kn5f. Acesso em: 02 jan. 2022. 
 
Encontra-se acima uma passagem de um paradigmático romance naturalista brasileiro. Quanto a essa 
escola, assinale o que for INCORRETO. 
a) O excesso na descrição narrativa corrobora para a verossimilhança da cena, bem como para a 
objetividade do narrador. 
b) A mulher é sensualizada, a partir da exibição de partes de seu corpo consideradas eróticas, mesmo 
em condição de trabalho. 
c) O uso do vocabulário técnico e científico se justifica pela superioridade do tema abordado, como os 
contemporâneos parnasianos. 
d) O zoomorfismo se observa em certa nomenclatura para se referir a homens e mulheres, como se 
eles fossem meros procriadores. 
e) O narrador não se preocupa ao expor fatos torpes e degradantes, a exemplo de algumas ações e 
descrição do ambiente. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
138. (Estratégia Militares 2022 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1o Simulado EsPCEx 
2023) 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
143 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra 
coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, 
um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava 
fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da 
travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas 
seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, 
recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, 
fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas 
obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a 
boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo 
rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, 
eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito 
robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, 
fazia o por simples formalidade: em particular dava-me beijos. 
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/mvdumcba. Acesso em: 03 jan. 2022. 
 
Quanto ao caráter de Brás Cubas, pelo que foi apresentado, é possível caracterizá-lo como: 
a) egoísta, especialmente nos maus tratos ao pai. 
b) altruísta, no sentido de ajudar o escravo Prudêncio. 
c) volátil, agindo de acordo com seus próprios interesses. 
d) cético, demonstrando o costume de sua ironia refinada. 
e) perspicaz, sabendo já jovem manipular todos a seu redor. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
139. (Estratégia Militares 2022 – Questão Inédita e Autoral – Professora Luana Signorelli) Principais 
escritores do Realismo Brasileiro e Português respectivamente: 
a) Machado de Assis e Antero de Quental. 
b) Machado de Assis e Eça de Queirós. 
c) Manuel Antônio de Almeida e Eça de Queirós. 
d) Joaquim Manuel Macedo e Antero de Quental. 
e) Eça de Queirós e Machado de Assis. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
140. (Estratégia Militares 2022 – Questão Inédita e Autoral – Professora Luana Signorelli) Movimentos 
do fim do século XIX que compartilham da objetividade: 
a) Arcadismo e Naturalismo 
b) Romantismo e Realismo 
c) Realismo e Naturalismo 
d) Romantismo e Naturalismo 
e) Barroco e Arcadismo 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
 
144 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 
7.2. Gabarito 
 
 
 
 
 
1. D 
2. C 
3. B 
4. A 
5. E 
6. E 
7. E 
8. C 
9. E 
10. C 
11. A 
12. C 
13. E 
14. A 
15. A 
16. C 
17. A 
18. A 
19. E 
20. A 
21. E 
22. E 
23. B 
24. C 
25. A 
26. A 
27. B 
28. C 
29. D 
30. E 
31. E 
32. E 
33. B 
34. D 
35. B 
36. D 
37. D 
38. D 
39. D 
40. C 
41. D 
42. C 
43. E 
44. A 
45. C 
46. B 
47. B 
48. E 
49. A 
50. C 
51. A 
52. B 
53. D 
54. D 
55. D 
56. C 
57. E 
58. D 
59. D 
60. C 
61. B 
62. C 
63. E 
64. E 
65. A 
66. D 
67. C 
68. D 
69. C 
70. A 
71. E 
72. A 
73. E 
74. E 
75. D 
76. C 
77. E 
78. A 
79. C 
80. B 
81. E 
82. A 
83. D 
84. A 
85. B 
86. D 
87. A 
88. E 
89. C 
90. B 
91. D 
92. C 
93. A 
94. E 
95. D 
96. C 
97. C 
98. B 
99. C 
100. D 
101. A 
102. E 
103. E 
104. E 
105. B 
106. C 
107. D 
108. A 
109. A 
110. B 
111. C 
112. E 
113. E 
114. E 
115. A 
116. D 
117. B 
118. E 
119. A 
120. C 
121. A 
122. D 
123. B 
124. C 
125. E 
126. E 
127. D 
128. D 
129. A 
130. E 
131. D 
132. D 
133. A 
134. C 
135. B 
136. E 
137. C 
138. C 
139. B 
140. C
 
 
8.0 Questões com Comentários 
 
1. (ESA – 2022) TEXTO a ser utilizado para responder as próximas 3 questões. 
 
"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em 
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo 
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou 
propriamente um autor defunto,mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a 
segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua 
morte, não a pôs no intróito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco." (Trecho 
do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis) 
 
O autor personagem decidiu iniciar sua narrativa pelo fim, pois: 
a) todos gostam de ouvir sobre a morte de alguém. 
b) escritor que é escritor sempre faz dessa forma. 
c) é comum para esse tipo de narrativa. 
d) ninguém tinha feito assim antes. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
e) a história é de terror. 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e 
conhecimento de autores e obras do cânone. 
Alternativa A: incorreta. Cuidado com absolutismos: “todos”. Outro cuidado a ser tomado diz 
respeito à diferença entre forma e conteúdo. O narrador no texto debate quanto à forma que pretende 
narrar (começando do fim e não do início), e não necessariamente quanto ao conteúdo (morte). 
Alternativa B: incorreta. Cuidado com absolutismos: “todos”. É comum (sinônimo de vulgar nesse 
contexto) que os escritores comecem a narrativa pelo início, algo que o Brás Cubas não quer fazer. A partir 
disso, toma a escolha oposta. 
Alternativa C: incorreta. Pelo contrário, é incomum. 
Alternativa D: correta – gabarito. “Memórias póstumas de Brás Cubas” (1881) é a obra que 
introduz o Realismo no Brasil. Machado de Assis já escrevia há um tempo, mas suas obras ainda se 
caracterizavam na fase romântica. Fazia parte de sua ambição criar algo novo, fugindo do senso comum 
da época. Quando aperfeiçoa o seu estilo, cria um defunto autor que fala na primeira pessoa e começa o 
livro, já logo no primeiro capítulo que se intitula “Óbito do autor”, justificando seu método literário e 
demonstrando uma de suas principais características estilísticas: a metalinguagem. Sua ousadia se 
observa nas colocações de Brás Cubas, que também deseja narrar como os grandes, equiparando-se ao 
exemplo de Moisés, pois deseja fugir de tudo o que é vulgar, pretendendo ser único. E não é que deu 
certo! 
Alternativa E: incorreta. É uma história banal de um homem burguês que não trabalhou, não 
formou família, não teve filhos. Suas frustrações são descritas no último capítulo, o das negativas. 
 
Gabarito: D. 
 
 
2. (ESA – 2022) Qual a diferença entre "AUTOR DEFUNTO" e "DEFUNTO AUTOR"? 
a) são sinônimos. 
b) o primeiro iniciou sua carreira após a morte e o segundo, em vida. 
c) o primeiro foi autor em vida e o segundo, só após a morte. 
d) o primeiro escreve sobre a sua morte e o segundo, após a sua morte. 
e) o primeiro tem como tema em sua obra a morte e o segundo, o ato de escrever. 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e 
conhecimento de autores e obras do cânone. 
Alternativa A: incorreta. Relações de sinonímia na semântica indicam termos com sentido igual ou 
parecido. Não é o caso, pois a mera inversão faz com que as expressões ganhem novas acepções. 
Alternativa B: incorreta. O primeiro é o “autor defunto”; a ênfase (pois a palavra vem primeiro) 
está sendo dada no autor, uma pessoa que, para escrever, precisa estar viva. 
Alternativa C: correta – gabarito. Há uma inversão estilística e intencional. A ordem direta em 
língua portuguesa é substantivo + adjetivo, mas o termo “defunto” pode assumir ambas as funções 
morfológicas, a depender de onde sintaticamente se localiza. Quanto o termo “autor” vem na frente, 
destaca-se o cargo, a função da pessoa viva. Quando “defunto” vem na frente, destaca-se o fato de que a 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
pessoa está morta, chamando atenção para esse fato, que deveria ser impactante. A morte não é apenas 
um marco temporal limitante, mas sim é usada por Machado de Assis como uma licença poética. Melhor 
fosse que Brás Cubas narrasse tudo depois da morte, pois, assim, estaria ele numa posição privilegiada. 
Alternativa D: incorreta. A preposição “sobre” transmite ideia semântica de conteúdo. Cuidado: é 
preciso aprestar atenção à oposição entre forma e conteúdo. Essa inversão diz respeito à forma (maneira 
de encarar a narrativa) e não sobre o conteúdo em si necessariamente (a morte). 
Alternativa E: incorreta. Pelos mesmos motivos da letra D, a inversão nesse contexto é 
predominantemente uma questão formal e não temática. 
 
Gabarito: C. 
 
 
3. (ESA – 2022) Nesse trecho do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis o 
autor-personagem faz uma comparação com Moisés. Essa comparação é baseada em ambos: 
a) serem amigos. 
b) falaram de suas mortes. 
c) serem escritores. 
d) gostarem da vida. 
e) gostarem do novo. 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e 
conhecimento de autores e obras do cânone. 
Alternativa A: incorreta. Não eram brothers, não! Moisés é uma personagem bíblica e Brás Cubas 
é um burguês do século XIX. São anacrônicos entre si (não são do mesmo tempo). 
Alternativa B: correta – gabarito. A intertextualidade é uma das principais características 
estilísticas de Machado de Assis, especialmente a intertextualidade com as escrituras sagradas da Bíblia. 
A intertextualidade é um efeito de texto a partir do qual um autor estabelece diálogo com outro. No caso, 
a partir da oração subordinada adjetiva explicativa, entre vírgulas: “que também contou a sua morte”, 
Brás Cubas que ressaltar esse traço comparativo quanto à temática do que está sendo narrado. 
Alternativa C: incorreta. Moisés recebe a palavra divina e depois escreve as leis sagradas em 
tábuas, mas não é esse o critério usado para a comparação. 
Alternativa D: incorreta. Não são os gostos individuais que estão sendo destacados a partir da 
comparação. 
Alternativa E: incorreta. Brás Cubas enquanto escritor queria narrar de forma que considerava 
inovadora; porém, Moisés é uma figura tradicional. 
 
Gabarito: B. 
 
 
4. (ESA – 2014) Marque a alternativa que apresenta informação correta sobre autor e obra 
representativos da literatura brasileira 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
a) Aluísio de Azevedo escreveu “O Cortiço”, obra em que fica evidente a zoomorfização das 
personagens. 
b) Machado de Assis escreveu “Dom Casmurro”, romance idealista sobre a experiência do amor 
inacessível. 
c) Raul Pompéia escreveu “Lira dos Vinte Anos”, e é um representante do mal-do-século no 
Romantismo. 
d) Gregório de Matos escreveu peças teatrais populares e de conteúdo religioso para catequizar os 
indígenas. 
e) Olavo Bilac escreveu “Navio Negreiro” e “Vozes da África”, poemas com evidentes intenções 
abolicionistas. 
 
Comentários 
Questão de conhecimento do movimento literário/autores e obras do cânone. 
Alternativa A: correta – gabarito. Trata-se de uma obra paradigmática do Naturalismo. 
 Alternativa B: incorreta. “Dom Casmurro” foi escrito por Machado de Assis, mas não é romance 
idealista. É uma obra realista que realiza uma análise crítica e pessimista da sociedade burguesa e do 
casamento, tendo como tema o adultério. 
 Alternativa C: incorreta. “Lira dos Vinte Anos” foi escrito por Álvares de Azevedo, e não por Raul 
Pompéia. Além disso, Raul Pompéia é um escritor Realista/Impressionista, não é um representante da 
poesia mal-do-século do Romantismo. 
 Alternativa D: incorreta. Quem escreveu peças teatrais populares e de conteúdo religioso para 
catequizar os indígenas foi o Padre José de Anchieta, durante o Quinhentismo. Gregório de Matos 
escreveu poesias religiosas, líricas e satíricas. 
 Alternativa E: incorreta. Quem escreveu “Navio Negreiro” e “Vozes da África”, poemas com 
evidentes intenções abolicionistas, foi o poeta Castro Alves, razão por que é conhecidocomo “O poeta 
dos escravos”. 
 
Gabarito: A. 
 
 
5. (ESA – 2014) Sobre as obras e os autores do Realismo-Naturalismo no Brasil é correto afirmar que 
a) o teatro dessa época teve muitos adeptos dentre os quais podemos citar José de Alencar. 
b) Aluízio Azevedo e Machado de Assis produziram obras numa linha naturalista bem definida. 
c) Raul Pompéia é um autor significativo dessa época, porém suas obras mostram apenas traços 
impressionistas. 
d) o principal autor desse período é Adolfo Caminha que trabalhou dentro de uma linha realista mais 
definida. 
e) a parte mais significativa da obra de Machado de Assis é representada por seus romances e contos. 
 
Comentários 
Questão de conhecimento do movimento literário/autores e obras do cânone. 
 Alternativa A: incorreta. José de Alencar é do Romantismo. No Realismo, predominou a prosa. 
Movimentos literários no qual o teatro foi mais importante foram: Humanismo (teatro vicentino); 
Romantismo (basta lembrar de Martins Pena) e incontáveis exemplos no Modernismo. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 Alternativa B: incorreta. Aluísio de Azevedo, sim, mas Machado de Assis é realista. 
 Alternativa C: incorreta. Não são só impressionistas, mas também realistas. Na realidade, a obra 
desse autor configurou uma sobreposição de estilos: parnasiano, simbolista, naturalista, impressionista e 
expressionista. 
Alternativa D: incorreta. Adolfo Caminha segue uma vertente mais naturalista, tendo escrito O 
Bom-Crioulo (1895), um dos romances pioneiros na representação da homossexualidade. 
 Alternativa E: correta – gabarito. O escritor realista se destacou pela produção de romances como: 
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1899) e Esaú e Jacó 
(1904). Em relação aos contos, o autor também se sobressaiu com a publicação de Papéis avulsos (1882) 
em que se destacam contos específicos como “O espelho”, “Teoria do medalhão” (que será cobrado, por 
exemplo, na prova ITA 2021) e “O alienista” (cobrado, por exemplo, na prova ITA 2021). Outro livro de 
contos importante é Histórias sem data (1884). Dois contos se ressaltam: “Noite de almirante” e “A igreja 
do Diabo”. 
 
Gabarito: E. 
 
 
6. (ESA – 2011) A obra literária que marca o final do romantismo e o início do realismo no Brasil é 
a) “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães. 
b) “A Moreninha”, de Joaquim Manoel de Macedo. 
c) “O Guarani”, de José de Alencar. 
d) “O Ateneu”, de Raul Pompéia. 
e) “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. 
 
Comentários 
Questão de conhecimento do movimento literário/autores e obras do cânone. 
Alternativa A: incorreta. Cuidado: não é a obra que inicia o Romantismo, mas sim uma obra de 
transição. 
 Alternativa B: incorreta. Essa obra é um importante marco no Romantismo, mas sua produção é 
mais do início do Romantismo do que do final. 
 Alternativa C: incorreta. Essa obra compõe o Ciclo Indianista de José de Alencar, junto com 
Iracema e Ubirajara. 
Alternativa D: incorreta. Essa é uma obra do Realismo, considerada também com alguns traços 
impressionistas. 
 Alternativa E: correta – gabarito. A obra literária que marca o final do Romantismo e o início do 
Realismo no Brasil é “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Aqui, há o fim da 
idealização, do idealismo e o foco passa a ser até mesmo menos no romance urbano para o romance 
social, psicológico. 
 
Gabarito: E. 
 
 
7. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2o Simulado ESA 2021) 
A literatura deve ser uma espécie de documento da sociedade, deve fazer refletir sobre a realidade 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
social. O descritivismo e uma visão positivista marcavam os temas e estilos desse movimento. Essas 
são características que identificam as obras de autores 
a) trovadores. 
b) românticos. 
c) árcades. 
d) realistas. 
e) naturalistas. 
 
Comentários 
Questão de conhecimento/identificação do movimento literário. 
Alternativa A: incorreta. O Trovadorismo foi um movimento medieval que só ocorreu na Europa. 
No Brasil, na mesma época, a literatura era colonial, representada pelo Quinhentismo (século XVI). 
 Alternativa B: incorreta. Os românticos (século XIX) estavam preocupados com a classe social da 
burguesia; apenas no Condoreirismo a preocupação social começa a ser o foco. Porém, no Romantismo 
predominava o Idealismo e não o Positivismo. 
 Alternativa C: incorreta. Os árcades (século XVIII) valorizavam o bucolismo, o pastoralismo, o 
desapego à sociedade (fugere urbem). Não queriam criticar a sociedade, apenas fugir dela. 
 Alternativa D: incorreta. Atenção: as características até são parecidas, pois, afinal, os dois 
movimentos eram concomitantes (ocorreram no mesmo período), mas a diferença é o Positivismo: 
sistema criado por Auguste Comte (1798-1857) que se propõe a ordenar as ciências experimentais, 
considerando-as o modelo por excelência do conhecimento humano, em detrimento das especulações 
metafísicas ou teológicas; comtismo (dicionário Houaiss). 
 Alternativa E: correta – gabarito. No caso, trata-se da definição do romance de tese, típica do 
Naturalismo. Também marcava o período o determinismo. 
 
Gabarito: E. 
 
 
8. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 5o Simulado ESA 2021) 
Leia o poema abaixo para se responder ao que se pede. 
 
A ELA 
(...) Suas faces purpurinas 
De rubras cores divinas 
De mago brilho e condão; 
Meigas faces que harmonia 
Inspirada em doce poesia 
Ao meu terno coração! 
 
Sua boca meiga e breve, 
Onde um sorriso de leve 
Com doçura se realiza 
 
Ornando purpúrea cor, 
Celestes lábios de amor 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
Que com neve se harmoniza (...). 
Machado de Assis – Poesias Dispersas. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/ybl4oqzo. Acesso em: 11 de maio de 2020. 
 
Esse poema de Machado de Assis se enquadra em qual fase e por quê? 
a) Fase madura, por causa de seu psicologismo. 
b) Fase excelente, devido à sua adjetivação. 
c) Fase romântica, haja vista o seu sentimentalismo. 
d) Fase mediana, graças à denúncia social. 
e) Fase realista, observada no estilo rebuscado. 
 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de autor e obra do cânone. 
Alternativa A: incorreta. Não é a fase madura (realista), mas, sim, a romântica. 
 Alternativa B: incorreta. A fase excelente é sinônimo da realista. Cuidado: há adjetivação excessiva 
nesse poema, mas essa característica não está associada diretamente à sua respectiva classificação. 
Exemplos dessa adjetivação: “purpurina”, “divina”, “meiga”, “breve”, “celestes”. 
 Alternativa C: correta – gabarito. Atenção: embora Machado de Assis seja um escritor realista, a 
sua obra da juventude ainda manifestava traços românticos. O foco na mulher idealizada, elevada ao 
sublime, ao “celeste” em suas próprias palavras, e o sentimentalismo exacerbado são aspectos que nos 
fazem enquadrar esse poema na sua fase romântica. 
 Alternativa D: incorreta. É, sim, a fase mediana, sinônimo da romântica, mas a denúncia social é 
uma expressão do Realismo. 
 Alternativa E: incorreta. Embora seja mesmo um traço do Realismo, esse poema se enquadra na 
fase romântica. 
 
Gabarito: C. 
 
 
9. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3o Simulado ESA 2022) 
Leia o trecho abaixo e responda ao que se pede. 
 
Deles, só o canapé pareceu haver compreendido a nossa situação moral, visto que nos ofereceu 
os serviços da sua palhinha, com tal insistência que os aceitamos e nos sentamos. Data daí a opinião 
particular que tenho do canapé. Ele faz aliar a intimidade e o decoro, e mostra a casa toda sem sair da 
sala. Dous homens sentados nele podem debater o destinode um império, e duas mulheres a graça de 
um vestido – mas, um homem e uma mulher só por aberração das leis naturais dirão outra cousa que 
não seja de si mesmos. 
 
Sobre as obras e os autores do Realismo-Naturalismo no Brasil é correto afirmar que o trecho acima 
a) corresponde a uma obra do Naturalismo, sendo de autoria de Aluísio Azevedo, por causa de sua 
animalização evidente. 
b) é uma obra naturalista, por causa de sua aproximação com o ideal neoclássico da natureza, sendo 
de autoria de Artur Azevedo. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
c) simboliza uma obra do realista de Raul Pompeia, por causa do uso das teorias científicas do fim do 
século XIX, como o determinismo. 
d) é considerado um excerto de uma obra realista, uma vez que utiliza um pensamento intertextual, 
como as teorias de Rousseau. 
e) representa uma passagem de uma obra realista de Machado de Assis, sendo capaz de estabelecer 
uma reflexão entre o objetivo e o subjetivo. 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário; conhecimentos do movimento literário e autores e 
obras do cânone. 
Alternativa A: incorreta. É uma obra realista e não naturalista. Além disso, não há comparação do 
ser humano com os animais. 
Alternativa B: incorreta. É uma obra realista e não naturalista. Artur Azevedo foi um autor 
naturalista que escreveu teatro predominantemente, tendo sido irmão de Aluísio Azevedo. Ademais, o 
trecho fala sobre canapé, uma parte da mobília interior da casa. Trata-se de um ambiente urbano, 
burguês, e não da natureza. 
Alternativa C: incorreta. É uma obra de Machado de Assis e não de Raul Pompeia. 
Alternativa D: incorreta. Rousseau é um filósofo do Século das Luzes (século XVIII) e não há 
intertextualidade nesse trecho. 
Alternativa E: correta – gabarito. Trata-se de um trecho do romance “Dom Casmurro” (1899). A 
partir de uma análise sobre o móvel do canapé, um pequeno sofá requintado, ou seja, um elemento da 
realidade objetiva, estipula-se uma reflexão sobre os seres humanos no geral. 
 
Gabarito: E. 
 
 
10. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 5o Simulado ESA 2022) 
Fizeram parte do Naturalismo Brasileiro os seguintes autores: 
a) Padre Manuel Nóbrega, Padre José Anchieta e Padre Antonio Vieira. 
b) Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Castro Alves. 
c) Aluísio Azevedo, Artur Azevedo e Adolfo Caminha. 
d) Machado de Assis, Raul Pompeia e Aluísio de Azevedo. 
e) Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira. 
 
Comentários 
Questão de conhecimento de autores do cânone/conhecimento do movimento literário. 
Alternativa A: incorreta. Padre Manuel Nóbrega e Padre José Anchieta são autores quinhentistas 
e Padre Antonio Vieira é um autor barroco. 
Alternativa B: incorreta. Todos são escritores românticos: Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu 
são da segunda geração romântica e Castro Alves da terceira. 
Alternativa C: correta – gabarito. Inclusive, Aluísio Azevedo e Artur Azevedo eram irmãos. 
Alternativa D: incorreta. Machado de Assis é um escritor realista, tal como também costuma ser 
classificado Raul Pompeia pelos críticos. 
Alternativa E: incorreta. Todos são escritores modernistas da primeira geração. 
 
 
 
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Gabarito: C. 
 
 
11. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 7o Simulado ESA 2022) 
Leia o trecho abaixo para responder à questão. 
 
Vaguei pelas ruas e recolhi-me às nove horas. Não podendo dormir, atirei-me a ler e escrever. Às 
onze horas estava arrependido de não ter ido ao teatro, consultei o relógio, quis vestir-me, e sair. 
Julguei, porém, que chegaria tarde; demais, era dar prova de fraqueza. Evidentemente, Virgília 
começava a aborrecer-se de mim, pensava eu. E esta ideia fez-me sucessivamente desesperado e frio, 
disposto a esquecê-la e a matá-la. Via-a dali mesmo, reclinada no camarote, com os seus magníficos 
braços nus, — os braços que eram meus, só meus, — fascinando os olhos de todos, com o vestido 
soberbo que havia de ter, o colo de leite, os cabelos postos em bandos, à maneira do tempo, e os 
brilhantes, menos luzidios que os olhos dela... Via-a assim, e doía-me que a vissem outros. Depois, 
começava a despi-la, a pôr de lado as joias e sedas, a despenteá-la com as minhas mãos sôfregas e 
lascivas, a torná-la, — não sei se mais bela, se mais natural, — a torná-la minha, somente minha, 
unicamente minha. 
 
Esse trecho inicia o capítulo 64, intitulado "A transação", do romance realista Memórias póstumas de 
Brás Cubas de Machado de Assis. Nesse trecho em particular, o narrador protagonista revela-se 
a) indeciso, obsessivo e possessivo. 
b) altruísta, amoroso e apaixonado. 
c) compulsivo, resignado e solícito. 
d) ganancioso, cínico e irônico. 
e) debochado, sardônico e indulgente. 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de autores e obras do cânone. 
Alternativa A: correta – gabarito. É indeciso, pois no fundo quer ir ao teatro, mas muda de opinião 
toda hora; acaba decidindo por ficar em casa. Obsessivo porque a figura que domina seu pensamento é 
Virgília, parecendo controlar todas suas ações. Por fim, possessivo, já que faz do seu objetivo supremo ter 
Virgília, o que é irônico uma vez que ele nem sai de casa. 
Alternativa B: incorreta. Nenhum desses adjetivos se aplica a Brás Cubas nesse trecho. Observa-se 
o encontro da personagem consigo mesma e Brás Cubas se perturba, já que não consegue o que quer 
nem tem fibra para persistir na luta. 
Alternativa C: incorreta. Compulsivo e resignado, sim, mas não solícito. Brás Cubas não se revela 
prestativo. 
Alternativa D: incorreta. Cuidado: todos esses adjetivos são aplicados a Brás Cubas em outros 
momentos dessa narrativa, mas, nessa passagem em particular, o máximo que ele consegue manifestar é 
ironia. 
Alternativa E: incorreta. Indulgente é aquele que tem disposição para desculpar/perdoar, o que 
não é o caso. 
 
Gabarito: A. 
 
 
 
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12. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 8o Simulado ESA 2022) 
Leia o trecho abaixo para responder ao que se pede. 
 
Raimundo pediu um espelho; colocou-o defronte da boca de Maria do Carmo, observou-o depois 
e disse secamente: 
— Está morta. 
Foi um berreiro geral. Etelvina caiu para trás, estrebuchando num histérico; Manuel arredou a filha 
daquele lugar. Acudiram todos os de casa. Os ânimos que o vinho entorpecia, acordaram como por 
encanto. A situação incontinente tornou-se lúgubre. 
AZEVEDO, Aluísio de. O mulato. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/2ep2xbzn. Acesso em: 28 jul. 2021. 
 
Alinhado à estética naturalista, quanto à cena apresentada pode-se afirmar que as personagens: 
a) não superam a realidade imediata da morte da mulher, porém se esforçam, porque para serem 
fortes e se adaptarem precisariam comprovar o evolucionismo. 
b) tentam se controlar ao presenciarem um assassinato, mas não conseguem, pois são conduzidas 
pelo positivismo que lhes ajudava no aperfeiçoamento espiritual. 
c) estão diante de uma cena inexorável, o que se adequa ao determinismo típico da escola, o que 
acentua traços caricaturais em condições funestas. 
d) ilustram um comportamento patológico de indivíduos que agem por instinto, pois a animalização 
nessas personagens se faz evidente. 
e) criticam a atitude homicida de Raimundo, o que se enquadra no idealismo comum no movimento, 
já que as personagens se encontram embriagadas. 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento sobre movimentos literários. 
Alternativa A: incorreta. O evolucionismo é a defesa do desenvolvimento inevitável do real em 
direção a estados mais aperfeiçoados. 
Alternativa B: incorreta.As personagens não buscam engrandecimento espiritual; pelo contrário, 
exasperam-se. 
Alternativa C: correta – gabarito. O que predomina na cena é o fatalismo, bem como o 
comportamento exagerado das personagens. 
Alternativa D: incorreta. Apesar de ser uma característica naturalista, ela não se verifica no trecho. 
Alternativa E: incorreta. Idealismo é típico do Romantismo e não do Naturalismo. 
 
Gabarito: C. 
 
 
13. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 10o Simulado ESA 
2022) Émile Zola foi quem primeiro introduziu essa escola na Europa, com o romance de tese. O 
movimento incorpora a representação das minorias, o retrato das patologias e o zoomorfismo, a partir 
da crença de que o ser humano é biológico. Nesse sentido, o principal representante deste movimento 
no Brasil é: 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
a) Gregório de Matos. 
b) José de Alencar. 
c) Álvares de Azevedo. 
d) Adolfo Caminha. 
e) Aluísio de Azevedo. 
 
Comentários 
Questão teórica sobre movimentos literários. 
Alternativa A: incorreta. Gregório de Matos foi um poeta barroco. 
Alternativa B: incorreta. José de Alencar foi um prosador romântico. 
Alternativa C: incorreta. Álvares de Azevedo foi um escritor da segunda geração romântica na lírica. 
Não foi naturalista. 
Alternativa D: incorreta. Cuidado: Adolfo Caminha também foi um escritor naturalista brasileiro, 
mas não o principal. 
Alternativa E: correta – gabarito. Émile Zola introduziu o Naturalismo na Europa a partir da 
publicação da obra "Thérèse Raquin". O crítico literário Antonio Candido equipara o romance "O cortiço" 
de Aluísio de Azevedo a "L'Assommoir" de Zola. 
 
Gabarito: E. 
 
 
14. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 11o Simulado ESA 2022) 
Chamado de Bruxo do Cosme, este escritor é responsável pela dissolução da escola romântica no Brasil. 
A partir da adoção de um narrador em primeira pessoa que volta da morte para contar cinicamente a 
sua própria história, ______ estabelece o vínculo entre a crítica dos comportamentos exteriores 
justificados a partir da personalidade individual. 
 
Preenchendo-se adequadamente a lacuna tem-se: 
a) Machado de Assis. 
b) Raul Pompeia. 
c) Manuel Antonio de Almeida. 
d) Joaquim Manoel de Macedo. 
e) Aluísio de Azevedo. 
 
Comentários 
Questão teórica de conhecimento de movimentos literários/autores e obras do cânone. 
Alternativa A: correta – gabarito. O romance aludido é "Memórias póstumas de Brás Cubas" 
(1881), introdutor do Realismo no Brasil e divisor de águas na carreira machadiana, dividindo-a em duas 
fases: romântica e realista. 
Alternativa B: incorreta. É um autor realista contemporâneo de Machado de Assis, mas não 
recebeu tal alcunha. 
Alternativa C: incorreta. É um escritor romântico e, o comando mencionava a dissolução do 
Romantismo. 
Alternativa D: incorreta. Pelos mesmos motivos da letra C, era um autor romântico. 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
Alternativa E: incorreta. É um escritor naturalista e não realista. 
 
Gabarito: A. 
 
 
15. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 12o Simulado ESA 
2022) A partir da leitura do texto, responda à pergunta. 
 
"Durante os meus trinta e tantos anos de diplomacia algumas vezes vim ao Brasil, com licença. O 
mais do tempo vivi fora, em várias partes, e não foi pouco. Cuidei que não acabaria de me habituar 
novamente a esta outra vida de cá. Pois acabei. Certamente ainda me lembram cousas e pessoas de 
longe, diversões, paisagens, costumes, mas não morro de saudades por nada. Aqui estou, aqui vivo, 
aqui morrerei." 
ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/uk9j6cb2. Acesso em: 19 ago. 2021. 
 
O Conselheiro Aires, típica personagem machadiana que aparece em mais de uma obra, na passagem 
acima aventura-se no gênero do diário pessoal. No seu registro memorialístico, recorda o momento 
de sua aposentadoria. Nesse contexto, o trecho grifado equipara-se semanticamente a: 
a) "Verdade é que quem tinha consigo estes trastes estava com as armas e uniforme do ofício; porém 
isso não bastava; o pobre rapaz estava em apertos" 
b) "E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: 
e Jerônimo abrasileirou-se" 
c) "Então meu pai propôs-lhe ficar ali vivendo, com pequeno ordenado. José Dias recusou, dizendo 
que era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre" 
d) "À proporção que Brás acertava com o nome de cada letra, a ia apagando a mestra gentil com a 
ponta do pé buliçoso e faceiro, para escrever outra e outra até o fim do abecedário" 
e) "Basta considerar que, diante de tão estranho espetáculo, fiquei absolutamente sem medo; perdi 
a reflexão, apenas sabia ouvir e contemplar." 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento de movimentos literários e semântica. 
Alternativa A: incorreta. Esse é um trecho do romance romântico "Memórias de um sargento de 
milícias" de Manuel Antônio de Almeida. Leonardinho precisava trabalhar para ajudar o barbeiro que lhe 
criou como filho adotivo. A qualidade de bastardia fez com que um filho, mesmo criado em casa, seja 
considerado agregado, de tal forma que precisa gerar renda a fim de ajudar na administração doméstica. 
Alternativa B: correta – gabarito. Esse é um trecho do romance naturalista "O cortiço" de Aluísio 
de Azevedo. Por "abrasileirar-se", o narrador quis dizer que João Romão, um imigrante português, 
acostumou-se com os costumes da terra brasileira, assim como o Conselheiro Aires achou vias de 
reabituar-se à sua terra natal. 
Alternativa C: incorreta. Esse é um trecho do romance realista "Dom Casmurro" de Machado de 
Assis. A afirmação é irônica, pois José Dias recusa só para fazer média, quando para ele na verdade seria 
mais conveniente aceitar. 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
Alternativa D: incorreta. Esse é um trecho do romance romântico "Til" de José de Alencar. A 
personagem está aprendendo a ler. 
Alternativa E: incorreta. Esse é um trecho do conto "Entre santos", de Machado de Assis. A 
personagem está numa igreja de noite e o espetáculo se remete à conversa entre as estátuas dos santos. 
 
Gabarito: A. 
 
 
16. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Chivunk ESA 2021) O 
movimento literário que se caracterizou pelo pioneirismo na representação de classes marginalizadas 
foi o 
a) Quinhentismo. 
b) Humanismo. 
c) Naturalismo. 
d) Barroco. 
e) Byronismo. 
 
Comentários 
Questão inspirada na prova da ESA 2015. Pode ser que a ESA cobre um movimento literário a partir 
da sua importância, da sua origem, do seu pioneirismo ou de sua inovação, por exemplo. 
Alternativa A: incorreta. O homem quinhentista era colonial. As classes sociais que se opuseram, 
inclusive culturalmente, foram os portugueses e os indígenas. Porém, a maioria dos indígenas tem cultura 
ágrafa (não escreviam). Se apenas os portugueses escreviam, eram deles o ponto de vista representado 
nesse tipo de literatura. 
Alternativa B: incorreta. A representação do homem na literatura humanista era universal e 
tipificada. 
Alternativa C: correta – gabarito. Autores como Aluísio de Azevedo e Adolfo Caminha 
representaram escravos, prostitutas e homossexuais, por exemplo. 
Alternativa D: incorreta. O homem barroco tinha uma visão de mundo teocêntrica; ou seja, 
predominante, hegemônica. 
Alternativa E: incorreta. Byronismo é uma das tendências do romantismo, que leva esse nome 
inspirando-se em Lorde Byron, uma figura boêmia. Não era bem um marginalizado, mas sim a figura do 
modo de vida predominante na época. 
 
Gabarito: C. 
 
 
17. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – ProfessoraLuana Signorelli – 2º Provão de Bolsas 
ESA) O Naturalismo brasileiro teve maior expressão com: 
a) Aluísio de Azevedo, na história baseada em fatos reais, “Casa de pensão”. 
b) Adolfo Casais Monteiro, no romance “O Bom-Crioulo”. 
c) Machado de Assis, na sua fase primeva, com “Helena”. 
d) Eça de Queirós, em sua obra “O crime do padre Amaro”. 
e) Antero de Quental, no livro “O primo Basílio”. 
 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
Comentários 
Questão de reconhecimento de autores e obras. O enunciado foi inspirado na prova da ESA 2018-
19. No comando, “maior expressão” diz respeito àquilo que é predominante. 
Alternativa A: correta – gabarito. A obra foi baseada num fato real: a Questão Capistrano, crime 
que sensibilizou o Rio de Janeiro em 1876-77, envolvendo dois estudantes, em situação muito próxima à 
da narração de Aluísio de Azevedo. Sua obra mais conhecida, no entanto, é O cortiço. 
Alternativa B: incorreta. Cuidado: Adolfo Casais Monteiro é um escritor português, não brasileiro. 
Quem escreveu O Bom-Crioulo foi Adolfo Caminha. 
Alternativa C: incorreta. Machado de Assis se enquadra no Realismo e não no Naturalismo. Porém, 
realista é sua fase madura, pois a sua fase primeva é considerada romântica, na qual se inserem romances 
como Helena, justamente, mas também Iaiá Garcia e A mão e a luva. 
Alternativa D: incorreta. Trata-se de um escritor português. Alguns críticos o enquadram no 
Realismo e outros no Naturalismo. Além dessa obra, Os Maias é outro romance importante de sua autoria. 
Alternativa E: incorreta. Essa obra não é de Antero de Quental, mas sim de Eça de Queirós. 
Tampouco Antero de Quental é brasileiro, mas sim um poeta português. 
 
Gabarito: A. 
 
 
18. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 6º Provão de Bolsas 
ESA) Marque a alternativa que apresenta informação correta sobre autor e obra representativos da 
Literatura Brasileira. 
a) Raul Pompeia escreveu “O ateneu”, uma obra autobiográfica que conta uma experiência pré-
adolescente. 
b) Álvares de Azevedo escreveu “Noite na taverna”, uma obra da segunda geração escrita na forma de 
teatro. 
c) José de Alencar escreveu romance histórico, caracterizado por “Ubirajara”, e prosa urbana, como 
“Guerra dos Mascates”. 
d) Mário Quintana é um escritor de contos populares e folclóricos, conhecido pelo “Auto da 
Compadecida”. 
e) Clarice Lispector inovou a forma do poema, passando da métrica rígida para o poema-piada, um 
gênero essencialmente curto. 
 
Comentários 
Questão de conhecimento de autores e obras do cânone. 
Alternativa A: correta – gabarito. É um escritor enquadrado no movimento do Realismo, mas cujo 
estilo é considerado impressionista. 
Alternativa B: incorreta. Cuidado: está tudo correto, mas “Noite na taverna” é um texto escrito em 
prosa. A peça de teatro famosa de Álvares de Azevedo é “Macário”. 
Alternativa C: incorreta. Atenção: as designações estão trocadas. “Ubirajara” integra o ciclo 
indianista, junto com “Iracema” e “O Guarani” e “Guerra dos Mascates” que é um romance histórico. 
Alternativa D: incorreta. O autor contemporâneo associado a essas características é Ariano 
Suassuana. 
Alternativa E: incorreta. Clarice Lispector é reconhecida pela sua prosa, e não poesia. Quem 
escreveu poema-piada foi o modernista da primeira geração Oswald de Andrade. Este é um gênero 
essencialmente humorístico. 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
Gabarito: A. 
 
 
19. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 10º Provão de Bolsas 
ESA) 
 
”Feitos os quinze anos, ela começou pouco a pouco a descobrir em si estranhas mudanças; 
percebeu, sentiu que uma transformação importante se operava no seu espírito e no seu corpo: 
sobressaltavam-na terrores infundados; acometiam-na tristezas sem motivo justificável. Um dia, 
afinal, acordou mais preocupada; assentou-se na rede, a cismar. E, com surpresa, reparou que seus 
membros ultimamente se tinham arredondado; notou que em todo seu corpo a linha curva suplantara 
a reta e que as suas formas eram já completamente de mulher.” 
AZEVEDO, Aluísio de. O mulato. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/yy9bdffg. Acesso em: 11 out. 2020. 
 
A partir do texto acima, é correto afirmar que 
a) Ana Rosa é uma mulher que é determinada por causa de sua etnia mulata. 
b) no trecho constata-se o evolucionismo, pois Ana Rosa se torna mulher. 
c) o positivismo é verificado no otimismo de Ana Rosa para vencer seus sentimentos. 
d) a união entre corpo e espírito é equilibrada depois que Ana Rosa entende suas mudanças. 
e) Ana Rosa é uma mulher determinada pelas suas condições biológicas. 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do movimento literário. 
Alternativa A: incorreta. Embora o título do romance seja O mulato, a desinência está no masculino 
e não no feminino. 
Alternativa B: incorreta. Cuidado: o evolucionismo é o conjunto de doutrinas que acreditam no 
desenvolvimento inevitável do real em direção a estados mais aperfeiçoados. 
Alternativa C: incorreta. Positivismo é uma doutrina criada por Augusto Comte, e não condiz com 
o otimismo. 
Alternativa D: incorreta. Não é equilibrada; o corpo se sobressai. Tratando-se de um texto 
naturalista, há primazia do corpo, que se altera a despeito das perturbações sentimentais de Ana Rosa. 
Alternativa E: correta – gabarito. O trecho narra como Ana Rosa se vê diante da mudança de seu 
corpo de um estado para outro, uma vez que ela está se tornando mulher. As forças da natureza se 
sobrepõem. 
 
Gabarito: E. 
 
 
20. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3º Provão de Bolsas 
ESA) Leia o trecho para responder à pergunta. 
 
“Capitu quis que lhe repetisse as respostas todas do agregado, as alterações do gesto e até a 
pirueta, que apenas lhe contara. Pedia o som das palavras. Era minuciosa e atenta; a narração e o 
diálogo, tudo parecia remoer consigo. Também se pode dizer que conferia, rotulava e pregava na 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
memória a minha exposição. Esta imagem é porventura melhor que a outra, mas a ótima delas é 
nenhuma. Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem. 
Se ainda o não disse, aí fica. Se disse, fica também. Há conceitos que se devem incutir na alma do 
leitor, à força de repetição.” 
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/252vytdn. Acesso em: 19 mar. 2021. 
 
O trecho acima é extraído de um romance realista. O que é correto inferir quanto ao narrador? 
a) Trata-se de um narrador em primeira pessoa, que admite sua insegurança juvenil frente à parceira 
que, segundo ele, revela ser uma pessoa esperta e intuitiva. 
b) O narrador em primeira pessoa relata a história a partir do ponto de vista do agregado, o meio-
termo, que transita na relação do jovem casal. 
c) Consiste em um narrador em terceira pessoa e é o típico contador de histórias do Realismo, 
adotando uma perspectiva imparcial e impessoal. 
d) A metalinguagem, uma das principais características estilísticas de Machado de Assis, é ignorada 
pelo narrador, completamente apaixonado. 
e) O narrador sabe se colocar em um lugar acima da história, podendo narrá-la a partir de uma posição 
privilegiada e neutra. 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e 
conhecimento de autor e obra do cânone. 
Alternativa A: correta – gabarito. Bentinho é um filho único que sempre viveu no âmbito familiar, 
protegido pela mãe viúva. Quando cresce e tem que lidar com a vida adulta, tem dificuldades e 
desconfianças. É apaixonado pela amiga de infância, Capitu, quem ele considera mais madura queele. No 
fundo, tenta justificar que Capitu sempre foi maliciosa desde a juventude, tentando comprovar que desde 
cedo ela já era uma traidora em potencial. 
Alternativa B: incorreta. O agregado é José Dias, mas Bentinho narra a partir de seu próprio ponto 
de vista. 
Alternativa C: incorreta. O narrador é em primeira pessoa e não em terceira. 
Alternativa D: incorreta. A metalinguagem não é ignorada, tanto é que há uma tentativa do 
narrador de justificar seu método de narração para o leitor: “Há conceitos que se devem incutir na alma 
do leitor, à força de repetição.” 
Alternativa E: incorreta. A narração de Bentinho não é neutra, mas sim passional. 
 
Gabarito: A. 
 
 
21. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 4º Provão de Bolsas 
ESA) O Naturalismo é um movimento literário baseado na comparação do ser humano com um 
organismo biológico, a partir da descrição fisiológica. Nesse sentido, assinale o trecho abaixo em que 
essa característica pode ser observada. 
a) "O Bom-Crioulo da corveta, sensual e uranista, cheio de desejos inconfessáveis, perseguindo o 
aprendiz de marinheiro como quem fareja urna rapariga que estreia na libertinagem o Bom-Crioulo 
erotômano da rua da Misericórdia, caindo em êxtase perante um efebo nu (...)" 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
b) "Queria a educação como nos colégios da Europa, segundo vira em certo pedagogista, onde as 
meninas desenvolvem-se física e moralmente como a rapaziada de calças, com uma rapidez 
admirável, tornando-se por fim excelentes mães de família (...)". 
c) "Assim, eram às vezes muito quentes as sobremesas do Miranda, quando, entre outros assuntos 
palpitantes, vinha à discussão o movimento abolicionista que principiava a formar-se em torno da lei 
Rio Branco." 
d) "Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos 
campos-santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas 
creem na mocidade " 
e) "Parecia uma decomposição em vida: fedia como coisa podre! Já se não alimentava pela boca; os 
seus gemidos eram arrotos de ovo choco, e os humores que ela expelia por toda a parte do corpo 
empesteavam a casa inteira. " 
 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento de movimentos literários e 
identificação de trechos. 
Alternativa A: incorreta. Esse é um trecho do romance “O Bom-Crioulo” (1895) do autor naturalista 
Adolfo Caminha. São descritas outras características naturalistas: o apelo à sensualidade e ao 
homoerotismo. 
Alternativa B: incorreta. Esse é um trecho do romance “A normalista” (1893) do autor naturalista 
Adolfo Caminha. É mencionado o contexto histórico de educação de mulheres no fim do século XIX. 
Alternativa C: incorreta. Esse é um trecho do romance “O cortiço” (1890) do autor naturalista 
Aluísio de Azevedo. É abordado o contexto histórico do movimento abolicionista. 
Alternativa D: incorreta. Esse é um trecho do romance “Dom Casmurro” (1899) de Machado de 
Assis. É uma obra realista e não naturalista. 
Alternativa E: correta – gabarito. Esse é um trecho da obra “O homem” de Aluísio de Azevedo. 
Uma velha padece de moléstias e a descrição de sua doença mostra-se repugnante. 
 
Gabarito: E. 
 
 
22. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) 
Quanto à Literatura Brasileira, marque a alternativa correta. 
a) Padre Antonio Vieira foi um importante escritor barroco, tendo escrito poesias de vários tipos, como 
satírica e religiosa. 
b) Gregório de Matos escreveu “Sermão da Sexagenária”, uma obra confessional jesuítica conhecida 
pela metalinguagem. 
c) Aluísio de Azevedo foi um escritor realista brasileiro, cujas obras iniciais eram objetivas e depois se 
tornam subjetivas. 
d) Raul Pompeia foi o principal escritor realista, tendo produzido a obra-prima sobre sua infância, 
“Crônica de saudades”. 
e) Machado de Assis foi um ícone do Realismo Brasileiro, apesar de suas primeiras obras seguirem 
tendência romântica. 
 
 
 
AULA 04 – REALISMO E NATURALISMO – ESA 2023 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
Comentários 
Questão teórica de autores e obras do cânone/conhecimento do movimento literário. Observação: 
é comum a banca cobrar vários autores e movimentos literários em uma mesma questão. Trata-se da 
questão coringa. 
Alternativa A: incorreta. Padre Antonio Vieira escreveu prosa (sermões e cartas). O importante 
poeta barroco brasileiro, que escreveu poesia satírica e religiosa, foi Gregório de Matos. 
Alternativa B: incorreta. O autor do “Sermão da Sexagenária” é Padre Antonio Vieira. 
Alternativa C: incorreta. Foi um escritor naturalista e não realista. 
Alternativa D: incorreta. O principal escritor realista brasileiro foi Machado de Assis. 
Alternativa E: correta – gabarito. A produção machadiana consta de duas fases: a primeira é juvenil 
e romântica, ao passo que a segunda é madura e realista. 
 
Gabarito: E. 
 
 
23. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) 
Sobre as obras e os autores do Realismo-Naturalismo no Brasil é correto afirmar que 
a) “O Cortiço” é um romance naturalista machadiano, em que o protagonista João Romão recebe 
ironicamente uma medalha de condecoração pela causa abolicionista. 
b) “Dom Casmurro” é um romance escritor em primeira pessoa, o que faz com que o ponto de vista 
dessa obra seja ambíguo, revelando o psicologismo das personagens. 
c) “O mulato” é um romance escritor por Raul Pompeia, sendo que o protagonista Raimundo consegue 
se casar com a amada Ana Rosa. 
d) “Memórias póstumas de Brás Cubas” é um romance escritor a partir de um foco narrativo objetivo, 
que serve justamente para criticar os comportamentos burgueses. 
e) “O alienista” é um romance cujo protagonista é Simão Botelho, um médico renomado que testa em 
si a vacina que seria cura para toda a humanidade. 
 
Comentários 
Questão teórica de autores e obras do cânone/conhecimento do movimento literário. 
Alternativa A: incorreta. Aluísio de Azevedo é o autor de “O cortiço”, um romance naturalista. 
Machado de Assis é um escritor realista e autor de outras obras, como “Memórias póstumas de Brás 
Cubas”, por exemplo. 
Alternativa B: correta – gabarito. Embora seja um romance realista, um dos questionamentos do 
próprio livro é quanto à verossimilhança. Lembrando que a metalinguagem também é uma característica 
do estilo machadiano. 
Alternativa C: incorreta. Foi um romance escritor por Aluísio de Azevedo e não Raul Pompeia. 
Alternativa D: incorreta. Cuidado: foi escritor a partir de um foco narrativo subjetivo, pois é 
composto na primeira pessoa do singular. Justamente porque Brás Cubas é um narrador-defunto é que 
Machado de Assis, enquanto autor, consegue criticar os comportamentos da classe burguesa, sendo Brás 
Cubas um típico representante dela. 
Alternativa E: incorreta. Não é um romance, mas sim uma novela. O protagonista de “O alienista” 
é Simão Bacamarte; Simão Botelho é um personagem do romance ultrarromântico português “Amor de 
perdição”, de Camilo Castelo Branco. 
 
Gabarito: B. 
 
 
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Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 
24. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) 
Membro da elite, desde a infância judiava do escravo Prudêncio. Na adolescência, conheceu a partir 
da cortesã Marcela que os seres humanos se relacionam por interesse. Na fase adulta, mantém 
adultério com Virgília, mesmo ela sendo casada com Lobo Neves. Ela engravida, mas perde o filho. O 
personagem aludido é: 
a) José Dias. 
b) Bentinho. 
c) Brás Cubas. 
d) Quincas Borba. 
e) Rubião. 
 
Comentários 
Questão de conhecimento de obra do cânone. 
Alternativa A: incorreta. José Dias é um personagem de “Dom Casmurro”. Ele é um agregado

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