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GERENCIAL I DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA E GERENCIAL ©2021. FATECNA - Faculdade CNA a Distância Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei Nº 9.610). Fotos Banco de imagens do SENAR Getty Images Shutterstock Informações e Contato SBN – Quadra 1, Bloco F. 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Você está iniciando o módulo Assistência técnica e as propriedades rurais. Observe no infográfico a sua posição no curso e atente-se ao seu progresso! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial Reconhecer os conceitos gerenciais da Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial. Você está aqui! Início da jornada Final da jornada Módulo 1 Metodologia da Assistência Técnica e Gerencial Aprimorar conhecimentos metodológicos para o desempenho necessário de ações de assistência técnica, destacando as competências requeridas ao exercício da atividade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial Calcular e interpretar indicadores técnicos e econômicos nas principais cadeias produtivas da pecuária ou da agricultura.Módulo 3 Gerencial II da Assistência Técnica e Gerencial Contextualizar os conceitos gerenciais da Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial. Módulo 5 Planejamento da Propriedade Rural Definir em que consiste o planejamento estratégico da propriedade rural assistida pela Metodologia de ATeG, facilitando sua compreensão e aplicabilidade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 7 Na prática, este módulo tem o objetivo de apresentar a você, os conceitos gerenciais da Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial, deixando claro o diferencial da metodologia, que focaliza o trabalho e não fica apenas na transferência de conhecimentos técnicos, mas também traz informações administrativas e gerenciais. Para isso, o módulo foi dividido em três temas: Tema 1 O Agronegócio Tema 2 Introdução ao Gerenciamento Tema 3 Renda Bruta da Atividade Nossa expectativa é que, ao final do módulo, você entenda os conceitos referentes à teoria geral de custos e aos efeitos da economia de escala no custo unitário de um produto, as dinâmicas de mercado e o reflexo das demandas e ofertas sobre o preço de um produto. Esperamos também que você fique familiarizado com conceitos importantes para o entendimento do gerenciamento do meio rural e sua correlação com a gestão de uma empresa rural, identificando suas peculiaridades. Tudo isso para que você possa se tornar um autêntico educador agente de transformações no campo, capaz de: • identificar os fatores de produção em uma propriedade rural que compõem a renda da atividade, • definir a alocação de custos da atividade de acordo com os critérios indicados na metodologia de ATeG, • calcular a renda bruta identificando os cenários de normalidade e de subatividade, • identificar o momento de usar a variação de inventário para correção de eventuais anomaliasmatemáticas, • aplicar o conceito de renda bruta na análise econômica de uma propriedade rural. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 8 Praticando… Agora que você conhece os temas que serão trabalhados no módulo, o que acha de ver esses conceitos de forma mais prática? Acesse o Ambiente de Estudos e assista a um vídeo que preparamos especialmente para você. Nele, você vai entender como poderá praticar e refletir durante todo o módulo, acompanhando a história do Técnico Marcelo e da Fazenda Santa Felicidade. Desafios da jornada Vale lembrar que o conteúdo é todo interligado. Por isso, você precisa conhecer o primeiro tema com todos os tópicos e realizar a Atividade de Passagem, para depois iniciar o tema seguinte. Observe os ícones a seguir e relembre os tipos de desafios que você encontrará ao longo do módulo! Pense e Decida Situações práticas e objetivas em que você deve analisar o cenário e tomar uma decisão. Não possui valor para a certificação. Atividade de Passagem Tem objetivo de verificar se você teve um bom aproveitamento em relação ao conteúdo do tema correspondente e libera o acesso ao tema seguinte. Estudo de Caso Obrigatório e de valor avaliativo, o Estudo de Caso consiste em uma questão reflexiva, relacionada aos temas estudados. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 9 Simulado Depois de passar por todos os temas do módulo e tiver completado a última atividade, você deverá responder o Simulado. Avaliação A Avaliação é obrigatória e tem como objetivo verificar o seu desempenho em cada módulo. Fórum O Fórum proporciona o debate e a troca de conhecimento entre você e o tutor. Existe um Fórum por módulo, que fica aberto durante todo o seu período de estudos nesta fase. Ah, não se esqueça: • Realize, no Ambiente de Estudos, a pesquisa de satisfação. • A nota do módulo é composta por uma média simples. • Para passar: Avaliação + Estudo de Caso / 2 = 6 ou mais. Lembre-se de que é essencial voltar ao final de cada tema para realizar a sua Atividade de passagem, combinado? Tenha uma ótima jornada de conhecimento e crescimento. Bons estudos! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 10 Tema 1: O agronegócio Introdução Você está iniciando o primeiro tema do módulo. O objetivo é que você conheça a evolução do agronegócio, entendendo sua importância hoje para obter a melhor gestão da propriedade rural. Além disso, é essencial que você compreenda os conceitos relativos à metodologia de ATeG, como o funcionamento das cadeias produtivas, a teoria geral de custos, a economia em escala e a elasticidade de preço – conhecimentos fundamentais para uma boa gestão. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 11 Ao final deste tema, você será capaz de: • reconhecer o histórico e a evolução do agronegócio, • analisar o setor rural brasileiro diante do contexto apresentado, • reconhecer a composição e a importância das cadeias produtivas, • identificar os conceitos da teoria geral de custos e os efeitos da economia de escala no custo unitário de um produto, • reconhecer o reflexo da demanda e da oferta em seu preço. Estrutura do tema Grandes são os desafios enfrentados pelos agentes da assistência técnica, por isso é necessário que todos estejam preparados e munidos de informações e conhecimentos. Para facilitar o entendimento deste conteúdo e garantir o acesso, cada tema é dividido em tópicos. Veja os cinco tópicos que compõem o tema e conheça o objetivo de cada um dos tópicos. Tema 1 Tópico 1 Tópico 2Tópico 5 Tópico 4 Tópico 3 Introdução ao agronegócio Compreender a origem do agronegócio e a partir de quando ele passou a ter essa denominação. Cadeias produtivas Desenvolver a visão sistêmica da cadeia produtiva. Elasticidade de preços Compreender as dinâmicas de mercado, uma vez que os produtores rurais, em sua maioria, são tomadores de preços, não formadores. Economia de escala Identificar corretamente os custos de produção, especialmente os de natureza fixa, associados às quantidades produzidas. Teoria geral de custos Conhecer os conceitos sobre custos de produção e a divisão clássica dos custos, de acordo com sua natureza. Tópicos legais, não é mesmo? Entendido o que esperar de cada um, siga em frente! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 12 Tópico 1: Introdução ao agronegócio Afinal, o que é o agronegócio? No decorrer deste tópico você vai conhecer a origem do conceito de agronegócio, a sua história, abrangência e importância para a movimentação econômica, em escala nacional e mundial. Com a diversificação da base produtiva das criações de animais e do desenvolvimento tecnológico, ocorreu a integração entre atividades agropecuárias, atividades industriais e serviços. Essa integração envolve atividades de produção agropecuária com indústrias de suporte* para as demais atividades de apoio e é chamada de agronegócio. Indústrias responsáveis pelo fornecimento de máquinas e equipamentos, insumos, processamento, armazenamento e comércio de alimentos. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 13 O começo Até meados da década de 1950, o negócio rural era entendido apenas como processos de transformação que aconteciam dentro das propriedades rurais. Ou seja, a produção de produtos primários que seriam ofertados ao mercado consumidor. Em 1957, os pesquisadores da Universidade de Harvard John Davis e Ray Goldberg usaram o termo “agribusiness”. Derivado de “agricultura”, esse termo abrange um conjunto de operações que envolve a produção, passa pela armazenagem e o processamento e se estende à distribuição de produtos agrícolas e derivados. Davis e Goldberg reconheceram que não era mais adequado analisar a economia rural nos moldes tradicionais (com setores isolados que fabricavam insumos, processavam os produtos e os comercializavam), mas sim como o conjunto de operações de todos os segmentos que contribuem para a produção rural. 1957 1980 Na década de 80, essa nova visão da agropecuária começou a ser usada no Brasil. Nessa época surgiram a Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) e o Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial da Universidade de São Paulo (Pensa/USP). O termo “agribusiness” se espalhou. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 14 Foi somente a partir da segunda metade da década de 1990 que o termo “agronegócio” começou a ser aceito e adotado nos livros-textos e na mídia, culminando com a criação dos cursos superiores de agronegócios em nível de graduação universitária. Pare para pensar Imagine uma propriedade familiar que produz frangos caipiras e hortaliças para vender nas feiras locais. Agora, pense em uma fazenda de gado para venda em grande escala a indústrias exportadoras. Em sua opinião, ambas podem ser consideradas agronegócios? Escreva aqui o que acha e revisite sua resposta depois de finalizar este tema! Hoje em dia Atualmente, o termo “agronegócio” é estigmatizado em determinados segmentos da sociedade, pois tem sua imagem vinculada diretamente a grandes áreas de cultivo e a grandes empresas. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 15 Indústria Serviços Cultivam a terra Criam animais Porém, o termo é abrangente e engloba todos aqueles que cultivam a terra e criam animais, em qualquer escala, além de qualquer indústria e serviço de apoio à produção de alimentos. O agronegócio na economia brasileira Para você entender melhor a importância do agronegócio dentro da economia brasileira, veja os números do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos valores monetários de todos os bens e serviços que um país produz em determinado período. No Brasil, uma parte significativa da economia vem do agronegócio, que representa 21,46% do PIB nacional, conforme mostra o gráfico a seguir. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnicae Gerencial pg. 16 Participação do PIB do Agronegócio no PIB Total - Brasil (% PIB Agro) 27.00 27.00 24.00 21.00 18.00 15.00 12.00 9.00 6.00 3.00 1995 1996 1997 1998 1999 22.47 2000 2001 2002 (% PIB Agro) 2003 24.07 2004 2005 2006 20.83 2008 21.79 2010 2012 19.82 20.24 20.50 21.46 20142007 2009 2011 2013 2015 Fontes: Cepea (PIB Agro) e IBGE (PIB Total): elaboração Cepea Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada / Cepea / Esalq / USP / Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil / CNA – 2016 Os processos de operações Entendida a importância do agronegócio para a economia brasileira, siga agora a lógica das operações contínuas. Por meio de uma visão sistêmica, é possível avaliar os processos que ocorrem antes da propriedade rural, os que ocorrem dentro dela e também os posteriores. Nessa visão, esses processos são denominados: Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 17 Antes da produção Produção e fornecimento de insumos, máquinas, equipamentos e serviços especializados. Depois da produção Transporte, industrialização, distribuição e comercialização. Durante a produção Preparo e manejo de solos, tratos culturais, irrigação, colheita e criação animal. DISTRIBUIDORA Entenda melhor cada conceito! Antes da produção Os segmentos deste conceito se referem a tudo que ocorre antes da atividade na propriedade rural. Destacam-se os insumos, que podem ser conceituados como os fatores de produção que propiciam a produção primária. Aplicando esse conceito básico à atividade agropecuária, podemos chamar de insumos todos os bens e serviços que propiciam a produção do setor agropecuário, ou seja, tudo o que facilita, melhora ou aumenta a produção. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 18 Insumos também são caracterizados por exigirem despesas consideradas diretas (pagamentos), pois é necessária sua aquisição. Exemplos de alguns insumos do agronegócio • Sementes • Energia • Água • Rações • Equipamentos • Máquinas • Implementos • Fertilizantes • Sais minerais • Produtos veterinários • Equipamentos de irrigação • Embalagens Além desses fatores, existe o segmento de indústrias e empresas especializadas em seu fornecimento. Durante a produção Este segmento agropecuário, por sua vez, se refere à produção propriamente dita e engloba desde o preparo inicial do solo até a obtenção do produto para ser comercializado. Essa etapa é aquela em que o produtor que possui domínio define: • cultura a ser implantada, • volume ou nível de intensificação/tecnificação, • período e escalonamento da safra, • armazenamento, • comercialização. A tomada de decisões gerenciais feitas pelo produtor nessa etapa, em parte se refletirá nas demais (antes e depois da produção). Isso porque pode gerar menor ou maior demanda de insumos e, consequentemente, maior ou menor oferta de produtos ao mercado consumidor. Depois da produção Este segmento é constituído pelos atos de processamento e distribuição dos bens ou serviços, desde aqueles produzidos pela atividade agropecuária até os produtos que chegam aos consumidores finais. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 19 Geralmente, o comércio, as agroindústrias e os prestadores de serviços (como assistência técnica, pesquisa, crédito, marketing etc.) são os agentes envolvidos nesse processo. Cabe destacar que esta etapa também está sujeita a certas características que não estão sob seu controle, por exemplo: • sazonalidade de culturas, • ataque de pragas e doenças, • intempéries climáticas, • alterações da demanda, • políticas públicas ligadas ao setor. A visão sistêmica do agronegócio potencializa benefícios para um desenvolvimento mais intenso e harmônico da sociedade brasileira. Para isso, é necessário vencer alguns desafios e conhecer as inter-relações das cadeias produtivas, de forma a indicar os requisitos para melhorar a competitividade, a sustentabilidade e a equidade. Resumindo o tópico Neste primeiro tópico, você: Conheceu a origem e a evolução do agronegócio no Brasil e no mundo. Reconheceu a importância do agronegócio para a economia brasileira. Entendeu como funcionam os processos das operações na prática. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 20 Tópico 2: Cadeias produtivas Você sabe efetivamente o que é uma cadeia produtiva na prática? Neste tópico você verá o que são cadeias produtivas e como analisá- las, entendendo sua estrutura, sua organização e seus melhores arranjos. A globalização, a evolução dos mercados consumidores e os avanços tecnológicos de processos produtivos têm refinado cada vez mais o conceito de cadeia produtiva. Inicialmente, ela foi definida como: Um conjunto de elementos que interagem em um processo produtivo para a oferta de produtos ou serviços ao mercado consumidor. O conceito de cadeia produtiva foi criado na França na década de 1960, quando foi definida como as sucessões de atividades ligadas à produção agropecuária. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 21 Especialmente no agronegócio, as cadeias produtivas podem ser vistas com a inter-relação de vários segmentos sob a lógica da oferta de bens e serviços ao mercado de produtos agropecuários in natura ou beneficiados. Nelas, o ciclo produtivo possui os processos já conhecidos: antes, durante e depois da produção. Antes da produção Produção e fornecimento de insumos, máquinas, equipamentos e serviços especializados. Depois da produção Transporte, industrialização, distribuição e comercialização. Durante a produção Preparo e manejo de solos, tratos culturais, irrigação, colheita e criação animal. DISTRIBUIDORA Ao analisar uma cadeia produtiva, é preciso ter uma visão sistêmica de todas as interligações, elos coordenados por diferentes estruturas sob a pressão exercida pelos consumidores. Apenas dessa maneira será possível identificar os pontos críticos do setor produtivo em questão e usar essa visão como ferramenta para gerar melhorias do início ao fim da cadeia. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 22 Você sabia? O termo “elo” no conceito da cadeia produtiva é uma alusão aos elos de uma corrente, que necessitam estar atrelados firmemente uns aos outros. Isso deve acontecer da mesma forma nos processos presentes na cadeia produtiva. Quanto maior for a integração entre os agentes identificados como elos das cadeias produtivas, nas mais diferentes etapas do trabalho, melhores serão os resultados alcançados, a qualidade do produto final e a eficiência do uso dos recursos físicos e financeiros. A figura a seguir representa esquematicamente uma cadeia produtiva com o exemplo de um produto de origem agropecuária. Observe! Ambiente institucional (leis, normas, resoluções, padrões de comercialização) Ambiente organizacional (órgãos do governo, instituições de crédito, empresas de pesquisa, agências credenciadoras) Fornecedores de insumos Mercado consumidor Agricultores Sistemas produtivos (1,2,3,4...) Processadores Agroindústrias Comerciantes Atacadistas Comerciantes Varejistas Fluxo de Capital Fluxo de Mercadoria É possível entender a visão sistêmica do agronegócio por meio do conceito de cadeia produtiva. Repare que existem vários elementos interligados e interdependentes, como: • os fornecedores de insumos (fertilizantes, defensivos e rações, por exemplo), crédito e sementes, • os agricultores, • os processadores, • os comerciantes atacadistas e varejistas, • o mercado consumidor. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 23 No esquema apresentado, os elementos da cadeia produtiva estão sujeitos a influências de dois ambientes: institucional e organizacional. Entenda! Ambiente Institucional Refere-se ao conjunto de normas, regulamentos, mecanismos, políticas, leis ambientais, trabalhistas, tributárias e comerciais, cujas característicasafetam significativamente a competitividade das cadeias produtivas. Esses são instrumentos que regulam as transações comerciais, ambientais e trabalhistas. Ambiente Organizacional É composto pelas próprias empresas (fornecedoras e agroindústrias), pelos agricultores/pecuaristas e pelas estruturas criadas para dar suporte ao funcionamento das cadeias produtivas, compreendidas por universidades, órgãos de pesquisa e normalização, órgãos de fiscalização e controle, associações, cooperativas e sindicatos. Os arranjos das cadeias produtivas não seguem padrões preestabelecidos, pois dependem de inúmeras variáveis que normalmente estão associadas aos contextos regionais e às exigências de mercado. Vejamos, por exemplo, a cadeia produtiva da soja. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 24 Insumos para produção Sementes, calcário, defensivos, fertilizantes etc. Distribuição Distribuidor, atacado, varejo, agente exportador como cooperativas, tradings e empresas privadas. Consumidor final Consumo interno como animal, humano e industrial / Consumo externo como grão, farelo e óleo. Máquinas e equipamentos agrícolas Pulverizador, trator. Unidade produtiva Produção de soja grão ou soja semente. Unidade armazenadora Cooperativas, empresas estatais e privadas. Indústria Farelo, óleo refinado, óleo bruto. A análise da cadeia produtiva A exigência dos consumidores aumentou, forçando o agronegócio a avançar nas operações de processamento e preservação de seus produtos. Isso resultou na expansão da atividade agropecuária, ultrapassando as divisas da propriedade rural e tornando as cadeias produtivas mais complexas. Por isso, é tão importante que você entenda bem o conceito de cadeia produtiva e saiba que ele não diz respeito somente ao setor produtivo e à propriedade rural, mas também a todos os componentes antes e depois da produção. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 25 Saiba Mais O termo “cadeia produtiva”, em outras metodologias, pode ser tratado como cadeia de valor. A abordagem sistêmica reconhece a importância de ações que afetam a competitividade da cadeia produtiva de maneira ampla e dos agentes que a integram. Assim, oferece o embasamento teórico necessário para a compreensão da forma como a cadeia funciona e aponta as variáveis que prejudicam o desempenho do sistema. De forma objetiva, a análise sistêmica permite identificar os gargalos ou elos fracos da atividade produtiva pertencente a essa cadeia. São esses elos que impedem o seu pleno desenvolvimento! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 26 A competitividade de uma cadeia produtiva é expressa pela sua capacidade de implementar um planejamento estratégico que lhe possibilite uma inserção sustentável no mercado. Portanto, as intervenções tecnológicas e as melhorias organizacionais obtidas por meio de boa coordenação são imprescindíveis para sua permanência, melhor inserção e estabilização no mercado. Assim, dentro da empresa rural, intervenções tecnológicas e melhorias organizacionais aumentam sua capacidade de obter maior vantagem competitiva. Organização e gerenciamento Quanto mais organizada e tecnologicamente desenvolvida for uma cadeia produtiva, mais competitividade terão os produtores rurais que dela participam. Gerenciar os segmentos de uma cadeia é determinante para a melhoria da produtividade. Entenda! É essencial considerar os itens que determinam a forma de coordenação da cadeia. São fatores que envolvem decisões, relações, estrutura e mecanismos administrativos, padrões de qualidade e eficácia de cada segmento. Estão inclusos: logística, sistema de produção, preços praticados e controles exercidos. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 27 Essa competência não é atribuída a determinado elemento da cadeia, mas ao conjunto articulado de ações e relações que promovem a governança. A governança também está presente na coordenação de uma cadeia produtiva, principalmente na estrutura dominante dentro dessa cadeia, que orienta e interfere em todo o processo produtivo e comercial. Essa interferência pode ser mais ou menos frágil ou intensa, o que determina o modo de produção e de comercialização dos produtos. Entenda! Na produção de hortaliças, são o mercado e, principalmente, o consumidor que determinam a qualidade do produto que irão adquirir, restando ao produtor atender aos padrões exigidos. Na produção de laranjas, a indústria é quem decide a quantidade de toneladas de matéria-prima que irá comprar de cada produtor, devendo atender ao mínimo viável para que ela busque seu produto no cultivo, ou seja, controlando o volume a ser comercializado Isso quer dizer que em um ambiente de liberdade econômica, a coordenação da cadeia produtiva geralmente é feita pelo mercado*. Conheça um exemplo prático de coordenação! O termo “mercado” não é restrito ao espaço físico onde produtos são comercializados; ele se refere também ao momento de interação entre compradores e vendedores de produtos ou serviços. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 28 Na prática Um bom exemplo de coordenação foi apresentado por uma cooperativa de agricultores japoneses, chamada Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), no Pará. Eles utilizavam um sistema agroflorestal baseado no cultivo sustentável com diversas espécies vegetais. Conforme Michinori Konagano, um dos diretores da cooperativa, o principal gargalo do setor é o mercado consumidor, o norteador dos processos. Esse exemplo é um modelo de geração de renda e desenvolvimento da região, especialmente quando se trabalha em sistemas de integração entre produtor e indústria. Nesse sistema, o primeiro se compromete em fornecer a produção, e o segundo proporciona todos os insumos (sementes, fertilizantes, defensivos etc.). Depois, a cooperativa promove e orienta sobre a adoção do sistema por outras famílias, comprando toda a produção ao final do ciclo. Em alguns ambientes, o mercado é extremamente agressivo. Em outros, é regulamentado por governos e normas internacionais. Existe também o ambiente saudável, em que o mercado é autorregulável, como será visto no tópico elasticidade de preço. Nesse ambiente saudável, o lado que predomina na coordenação da cadeia produtiva é o que for mais organizado, mais forte. Por exemplo: se os vendedores são organizados e unidos, é provável que a coordenação da cadeia produtiva caiba a eles. Em situação oposta, são os compradores que poderão coordenar a cadeia. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 29 No ramo do agronegócio, os produtores rurais não se enquadram na posição de coordenadores das cadeias produtivas, mas como meros tomadores de preços e não formadores de preços. Isso ocorre por causa da grande concorrência existente na produção rural. Diante disso, é fundamental que esses produtores conheçam a gestão da propriedade rural e das estruturas de custos de produção, para que mantenham a sua competitividade. Essa situação fica nítida quando percebemos que o cenário médio que se apresenta, dependendo da cadeia produtiva analisada, é o seguinte: do faturamento bruto do agronegócio fica na propriedade rural e 20% fica no setor de transformação, transporte, comércio e serviços de apoio. 80% Na prática Um exemplo prático disso ocorreu nos anos 1990, quando ocorreu a eliminação do tabelamento governamental de preços dos produtos lácteos. Naquela época, foi possível observar que no resultado do aumento dos preços praticados no mercado prevaleceram os interesses das indústrias sobre os dos produtores e consumidores. Houve aumentos reais de preços ao consumidor que não foram acompanhados na mesma proporção pelos reajustes dos preços pagos ao produtor. Entendendo melhor o que são cadeias produtivas, o que acha de pensar umpouco mais sobre isso? Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 30 Pense e decida Você começou a atender a uma atividade produtiva dentro de uma propriedade usando a metodologia de ATeG. Ao se aprofundar na gestão da atividade, percebeu que alguns pontos impactam diretamente na produtividade da propriedade. Concluiu, então, que uma análise precisa ser feita para gerar mudanças. Que tipo de análise é a ideal para esse caso? Por meio de uma análise sistêmica da atividade produtiva. Por meio de uma análise geral apenas da propriedade. Justifique aqui a sua escolha! Feedback A atribuição do técnico é exclusiva para o atendimento da atividade produtiva dentro da propriedade rural. Uma análise geral da propriedade não faz parte das suas atribuições, além de não gerar informações necessárias para as mudanças que precisam acontecer. Já a análise sistêmica da atividade produtiva permite identificar os gargalos ou elos fracos da cadeia, pois são eles que impedem o seu pleno desenvolvimento. A fragilidade ou inexistência de elos que compõem a atividade pode resultar no insucesso dela, seja qual for. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 31 Resumindo o tópico Neste segundo tópico, você: Compreendeu o que é e como funciona uma cadeia produtiva. Entendeu como analisar uma cadeia produtiva, explorando suas peculiaridades. Conheceu meios de gerenciamento e organização, identificando gargalos e melhorias. Tópico 3: Teoria geral de custos Muito se fala em custos em todo esse processo, mas você entende o que são custos e qual é a real importância deles? A partir de agora, você verá o que são custos e a sua forma de classificação, entendendo como usá-los para melhor planejamento da sua propriedade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 32 De forma geral, custos são despesas monetárias com os quais uma organização, uma pessoa ou um governo precisam arcar para atingir seus objetivos. Basicamente, são a soma dos valores monetários dos produtos e serviços usados na produção de outros bens ou serviços. A determinação e a avaliação dos custos na agropecuária apresentam características próprias, que precisam de muita atenção. O correto entendimento do custo de produção é complexo, por causa de alguns fatores da produção rural. São eles: Plantação simultânea de café e cereais e criação de animais para produção de leite ou corte. Produção diversificada na mesma propriedade A apropriação dos custos é subjetiva. Elevada participação da mão de obra familiar Em diferentes períodos, em que a apropriação dos custos é mais complexa. Altos investimentos em terras, benfeitorias e máquinas Em periodicidades anual, diária e mensal. Ciclos diferenciados entre culturas Comercialização em formatos de troca por insumos ou mercado futuro. Comercialização Os custos podem variar de safra para safra. Possibilidade de estocagem do produto Assim, para que o custo de produção seja o mais próximo da realidade, é fundamental ter um nível elevado de conhecimento e de registros da rotina da propriedade analisada. Isso porque a observação do processo é uma etapa fundamental para a apropriação correta de custos, realização de intervenções tecnológicas e auxílio no planejamento da atividade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 33 Identificação dos custos De modo geral, as empresas buscam minimizar os custos e a maximizar os lucros, seja no meio urbano seja no rural, já que o maior objetivo é se perpetuar no mercado. Porém, muitas vezes os produtores culpam os baixos preços pagos pelos seus produtos no mercado ou os altos custos de aquisição de insumos pelo fraco desempenho econômico das suas empresas ou ramo de atividade. Esses dois fatores, em determinados cenários, podem sim contribuir para o problema. Mas não devem ser vistos como os únicos! A falta de clareza por parte do administrador sobre os seus reais custos e/ ou sobre a gestão eficiente dos seus recursos físicos e financeiros também causam insucessos. A correta identificação das estruturas e a quantificação dos custos de produção definem: o patamar mínimo de produção; obter o equilíbrio de suas receitas; os preços que a empresa deve obter para: avaliar a maneira mais adequada de utilizar seus recursos produtivos, físicos e financeiros. Tome nota É importante ressaltar a necessidade de realizar as análises dentro de um espaço de tempo (ou ciclo produtivo) bem definido, uma vez que qualquer custo de produção deve ser atribuído a um período específico. Na metodologia de ATeG utilizada pelo Senar, a análise é realizada considerando um período de 12 meses. O custo total é subdivido em custos variáveis e custos fixos. Conheça melhor cada um deles! Highlight Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 34 Custos variáveis Em nossa metodologia, esse custo é conhecido como custo operacional efetivo (COE). São custos com os quais o produtor tem desembolso direto, sobre os quais ele possui total domínio. Se uma propriedade não tiver produção, os custos variáveis podem ser evitados. Assim, podemos afirmar que esses custos se alteram diretamente com a variação da produção. Ou seja: Mais produção, mais custo variável Menos produção, menos custo variável Além disso, os custos variáveis são consumidos dentro do mesmo ciclo de produção, em fertilizantes, herbicidas, inseticidas etc. Na prática Analise o exemplo! Um produtor de alface utilizava dois sacos de adubo e um de semente por safra na sua produção. Ele recebeu proposta para fornecer a um novo cliente, o que pode dobrar sua área de cultivo. Logo, precisou utilizar quatro sacos de adubo e dois de semente. Assim, pôde-se observar um aumento no uso de insumos por causa do crescimento da produção. Portanto, o desembolso monetário para a compra do adubo e da semente é um custo variável, pois aumenta quando é necessário aumentar a produção dentro do ciclo produtivo da alface. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 35 Custos fixos Esses custos existem mesmo que o bem não seja utilizado e permanecem inalterados no curto prazo, independentemente do nível de produção. Não estão sob o controle direto do produtor. Na maioria das vezes, eles são negligenciados pelos produtores – alguns nem mesmo sabem da sua existência. Quando isso acontece, a propriedade pode ficar sucateada, ou seja, o produtor não consegue renovar ou reformar suas benfeitorias, máquinas, equipamentos e permanece com uma lavoura já exaurida. Na metodologia de custos de produção, os custos fixos são originários de três fontes: Mão de obra familiar Na mão de obra familiar, é preciso obter o comparativo de valores quanto ao que o produtor receberia se executasse para terceiros a mesma atividade que exerce para si. Dessa forma, ele pode decidir se é mais atrativo continuar como empresário ou passar a vender sua capacidade de trabalho e tornar-se empregado. Remuneração do capital Custo de oportunidade* sobre o capital empregado na atividade. Na análise da remuneração do capital, caso ocorra antes da instalação do empreendimento, o empresário poderá optar entre diversas possibilidades de investimentos e retornos possíveis para o seu capital. Uma vez que se investe em determinada atividade, a oportunidade continua existindo enquanto houver capital empatado na atividade – máquinas, equipamentos e benfeitorias, que passarão a ter menor remuneração conforme forem esgotando sua vida útil. Depreciação Reserva destinada à substituição dos bens por motivo de desgaste. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 36 Refere-se a toda e qualquer possibilidade de rentabilização de um capital ou força de trabalho em outras atividades em comparação à que está sendo analisada. O que é efetivamente gerado pela empresa emresposta ao que foi ou será investido é comparado a outras possibilidades de investimentos dessas mesmas referências em outras atividades. Assim, o empreendedor consegue perceber as alternativas mais atrativas e obtém subsídios para tomar sua decisão administrativa. O custo de oportunidade corresponde a um percentual aplicado sobre o capital, determinado como a remuneração mínima esperada por disponibilizar o capital para realizar o processo produtivo. Vale destacar que no cenário da remuneração do capital, mesmo que se torne mais difícil a recuperação parcial desse capital com uma venda, ou mesmo que não se deseje deixar de exercer a atividade, esse custo continuará existindo. Na metodologia de ATeG, para essa finalidade comparativa é utilizada a remuneração média histórica da poupança, considerando-se então 6% como base referencial. Desse modo, o custo de oportunidade do capital investido corresponde, em média, 6% ao ano do valor do investimento. Isso é o que seria obtido com a aplicação do valor investido em caderneta de poupança, sem os riscos inerentes à produção. Custo unitário (CT) É o custo de cada unidade produzida, que chamamos de custo total unitário (CT unitário). O CT unitário é obtido pela divisão do custo total pela quantidade total de itens produzidos. No gráfico a seguir, é possível observar o comportamento básico das estruturas de custos e suas inter-relações. Ou seja, o comportamento de custos fixos (CF), custos variáveis (CV) e custos totais (CT) diante do volume produzido nas atividades agropecuárias. Observe! Custo de Oportunidade Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 37 CT CV CF Custo (R$) Produção Sabendo que o CF é parte integrante do CT, dá para notar que ele começa a partir do valor mínimo identificado do CF. Ele também será alterado de acordo com as variações do CV, atrelado diretamente ao volume produzido. O custo fixo, como o próprio nome diz, será sempre igual, mesmo que a produção se modifique para mais ou para menos. CT CV CF Custo (R$) Produção Observe que a curva do CT se torna mais inclinada, ou achatada, em relação ao CV, à medida que o volume de itens produzidos aumenta. Isso só é possível devido à diluição do CF em uma quantidade de itens maior. Quanto mais se produz, menor é o custo fixo médio (CFM). CT CV CF Custo (R$) Produção Da mesma forma, o CT jamais iniciará abaixo do CF e o CFM também jamais será menor do que o CV. Essas linhas não se cruzarão, pois à medida que o CV aumenta, o CT também aumenta. O primeiro é componente intrínseco do segundo e causa reflexos diretos em sua curva. CT CV CF Custo (R$) Produção Primeiro: próximo a zero, com a concavidade voltada para baixo. Ele aumenta a uma taxa decrescente e isso se reflete no CVM do produto, devido a um ganho de escala gerado pelo aumento da produção. Segundo: concavidade voltada para cima. O CV passa a crescer; esse efeito é chamado de Lei dos Rendimentos Decrescentes. Em relação ao CV, é possível observar dois momentos em sua curvatura. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 38 CT CV CF Custo (R$) Produção Sabendo que o CF é parte integrante do CT, dá para notar que ele começa a partir do valor mínimo identificado do CF. Ele também será alterado de acordo com as variações do CV, atrelado diretamente ao volume produzido. O custo fixo, como o próprio nome diz, será sempre igual, mesmo que a produção se modifique para mais ou para menos. CT CV CF Custo (R$) Produção Observe que a curva do CT se torna mais inclinada, ou achatada, em relação ao CV, à medida que o volume de itens produzidos aumenta. Isso só é possível devido à diluição do CF em uma quantidade de itens maior. Quanto mais se produz, menor é o custo fixo médio (CFM). CT CV CF Custo (R$) Produção Da mesma forma, o CT jamais iniciará abaixo do CF e o CFM também jamais será menor do que o CV. Essas linhas não se cruzarão, pois à medida que o CV aumenta, o CT também aumenta. O primeiro é componente intrínseco do segundo e causa reflexos diretos em sua curva. CT CV CF Custo (R$) Produção Primeiro: próximo a zero, com a concavidade voltada para baixo. Ele aumenta a uma taxa decrescente e isso se reflete no CVM do produto, devido a um ganho de escala gerado pelo aumento da produção. Segundo: concavidade voltada para cima. O CV passa a crescer; esse efeito é chamado de Lei dos Rendimentos Decrescentes. Em relação ao CV, é possível observar dois momentos em sua curvatura. Para deixar os conceitos de custo variável e custo fixo mais claros, assista ao vídeo Na voz do Especialista, no qual o Prof. Erno explica cada um deles para reforçar esse conhecimento. Acompanhe! Acesse o Ambiente de Estudos e assista a um vídeo que preparamos especialmente para você. Você perceberá que os conceitos de custo variável e custo fixo ficarão mais claro, com a explicação do Prof. Erno sobre cada um deles para reforçar esse conhecimento. Lei dos Rendimentos Decrescentes A Lei dos Rendimentos Decrescentes trata do momento em que a quantidade de um recurso é aumentada em quantidades iguais por unidade de tempo, enquanto a de outros recursos permanece constante. A quantidade total do produto vai aumentando, porém, ao chegar a determinado ponto, o acréscimo resultante no produto se tornará cada vez menor, até atingir um patamar e passar a decrescer. Esse movimento é chamado de produto marginal, seja ele crescente, decrescente ou negativo. Ele nos diz o quanto vai variar a quantidade de produto final dado o aumento de algum insumo. Observe o gráfico! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 39 A 0 2 4 6 8 10 12 1 2 3 4 5 6 7 8 B C D E F G H I Produto marginal crescente Produto marginal decrescente Produto marginal negativo Ele mostra a análise dos rendimentos decrescentes por meio do produto marginal (pontos de “A” até “I”), em diversos níveis de inserção de um fator de produção (eixo x: de “1” até “8”). Para esclarecer, conheça o exemplo da produção de melancia. Entenda! O produtor aumentou a quantidade de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) na adubação durante o ciclo da planta. Então, notou que a sua produção respondeu com maior ganho de frutos, consequentemente, um aumento do rendimento econômico. No primeiro momento, o produtor obteve um produto marginal crescente, pois as plantas responderam em ganho de frutos ao acréscimo desse fator de produção (NPK). Porém, ao aumentá-lo mais ainda, ele notou que houve crescimento, porém não tão acentuado como antes, ou seja, produto marginal decrescente. Ao continuar aumentando o fator de produção (NPK), ele teve uma elevação excessiva de custos, que não foi correspondida com o aumento da produção e resultou em um produto marginal negativo. Ao aumentar mais uma vez a quantidade de NPK para buscar um rendimento ainda maior de frutos, o produtor observou que os custos aumentaram, mas a produção reduziu e, consequentemente, teve prejuízo financeiro. É possível perceber um limite na resposta econômica ao aumento no custo (NPK). A partir desse ponto, o produtor passa a gastar mais e a ganhar menos. Highlight Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 40 Fica claro, então, que existe um limite na resposta econômica ao aumento no custo (ração) e que, a partir desse ponto, o produtor passa a gastar mais e ganhar menos. O que acha de entender melhor tudo isso? O Senar em Campo tem dois vídeos sobre custo da produção. Acesse o Ambiente de Estudos e assista aos vídeos para complementar tudo o que foi visto sobre esse assunto! Você também pode acessar os links: https://www.youtube.com/ watch?v=jJ6mySW1yiQ&list=PLpvd_ yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=25 https://www.youtube.com/ watch?v=JxDDwCliOew&list=PLpvd_ yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=18 Resumindo otópico Neste terceiro tópico, você: Conheceu a Teoria Geral de Custos, assimilando a importância do correto entendimento do custo de produção. Compreendeu o que são e como são compostos os custos variáveis, fixos e unitários. Entendeu o conceito da Lei dos Rendimentos Decrescentes e sua relevância na busca por resultados de produtos marginais crescentes. https://www.youtube.com/watch?v=jJ6mySW1yiQ&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=25 https://www.youtube.com/watch?v=jJ6mySW1yiQ&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=25 https://www.youtube.com/watch?v=jJ6mySW1yiQ&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=25 https://www.youtube.com/watch?v=JxDDwCliOew&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=18 https://www.youtube.com/watch?v=JxDDwCliOew&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=18 https://www.youtube.com/watch?v=JxDDwCliOew&list=PLpvd_yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=18 Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 41 Tópico 4: Economia de escala Você já ouviu falar sobre economia de escala? Qual será a relação desse conceito com o gerenciamento de uma propriedade? No decorrer deste tópico, você aprenderá sobre economia de escala, seus desdobramentos e como pensar no gerenciamento de custos para manter uma propriedade produtiva. A economia de escala é definida como a redução dos custos médios de produção de um bem na medida em que a quantidade produzida aumenta. Nas atividades agropecuárias, é muito comum ver essa redução devido à diluição de vários componentes de custos fixos, como mão de obra, animais, terra, máquinas e benfeitorias. Até certo limite, tais fatores não precisam ser aumentados para elevar a produção. Assim, até esse limite, o aumento da produção resultará na redução do custo médio total. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 42 Entenda melhor! O aumento na produção de milho pode reduzir os custos fixos médios de um item por saca produzida – basta considerar apenas o custo de um trator, representado pela depreciação anual do bem. Depreciação do trator: R$ 15.000,00/ano. Observe dois cenários. Se a produção anual for de 800 sacas (10 ha x 80 sc/ha) Custo do trator por saca de milho: 15.000,00/800 = R$ 18,75 Ao dividir o custo da depreciação do bem pela produção obtida, o custo ao produtor será de R$ 18,75 por cada saca de milho produzida. 1º Caso Se a produção anual for de 1.600 sacas (10 ha x 160 sc/ha) Custo do trator por saca de milho: 15.000,00/1.600 = R$ 9,37 Ao dividir o custo da depreciação do bem pela produção obtida, o custo ao produtor será de R$ 9,37 por cada saca de milho produzida.. 2º Caso Assim, é possível observar que quanto maior for a produção obtida, mantendo-se os mesmos custos com a depreciação, menor será o impacto do custo por saca de milho, ou seja, dá para diluir esse custo em um maior volume de produto, tornando-o mais barato ao produtor. É bem simples e fácil de calcular! Variação da escala Essa redução no custo unitário, em primeiro plano, é alcançada se a elevação da produção não vier acompanhada do aumento nos custos fixos. Ou seja, se a infraestrutura produtiva continuar sem alterações. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 43 O aumento da escala traz, potencialmente, a melhor utilização dos recursos disponíveis, mas somente até o limite da capacidade de utilização do bem. De maneira geral, o que diferencia a estrutura de custos de um empreendimento em pequena escala e em maior escala é o custo fixo, que se dilui com o aumento da produção. Por exemplo, um mesmo trator pode trabalhar na produção de 10 hectares ou de 50 hectares. Seu custo de depreciação por hectare será menor se trabalhar em 50 hectares, pois mantém o mesmo custo se trabalhar em 10 hectares. • Custo de depreciação / 10 = X • Custo de depreciação / 50 = menor que X Acompanhe um caso prático que ocorreu na propriedade do Sr. Ariovaldo! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 44 Fazenda Santa Felicidade Analisando os custos da Fazenda Santa Felicidade, o técnico Marcelo viu a possibilidade de reduzi-los. Assim, ele sugeriu ao Sr. Ariovaldo fazer parte da organização de produtores em “pool de compras”. Ou seja, entrar em cooperativas e associações ou outros grupos, que compram e contratam em conjunto, usufruindo da economia das compras em escala. Além da diluição dos custos fixos, é possível comprar insumos e contratar serviços a preços mais baixos, se maiores quantidades forem adquiridas. Aumentar a escala até o limite de uso dos custos fixos é fundamental para determinar o sucesso de qualquer atividade agropecuária. Em diversos casos, o maior gargalo no setor produtivo pode ser o baixo volume de produção diante do volume de recursos mobilizados para que a produção ocorra. Observe o gráfico! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 45 Representação da diluição do custo total médio de acordo com o volume produzido C us to t o ta l m éd io Produçãoq0 C us to t o ta l m éd io Produçãoq0 C us to t o ta l m éd io Produçãoq0 O “ponto q” representa a escala de produção ótima, em que é possível alcançar a produção máxima com os custos mínimos C us to t o ta l m éd io Produçãoq0 C us to t o ta l m éd io Produçãoq0 C us to t o ta l m éd io Produçãoq0 Os pontos à esquerda do “q” indicam que a produção deve ser ampliada para que se alcance o ótimo econômico. C us to t o ta l m éd io Produçãoq0 C us to t o ta l m éd io Produçãoq0 C us to t o ta l m éd io Produçãoq0 Os pontos da direita indicam que a produção deve ser readequada à estrutura produtiva, pois está sendo antieconômica. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 46 A compreensão da economia de escala e da gestão econômica, especialmente dos indicadores zootécnicos, agronômicos e econômicos, é necessária para acompanhar o cenário internacional, que pode apresentar alta nos custos. Os custos aumentam porque são pressionados principalmente pela inflação e pelas variações cambiais. Porém, esse mesmo aumento não ocorre nos preços pagos pelos produtos. Fusões e incorporações não são corriqueiras no setor rural, portanto, cabe a cada produtor melhorar a eficiência do seu processo produtivo para que não seja “forçado” a sair de suas atividades. Essa questão está estritamente atrelada à qualidade da gestão da propriedade, aos índices zootécnicos e agronômicos e à organização da cadeia produtiva. Circunstâncias da escala Podemos analisar a escala de produção em três diferentes circunstâncias: constante, crescente e decrescente. Ganhos constantes Ganhos crescentes Ganhos decrescentes Ocorre quando a variação do produto total é proporcional à variação da quantidade dos fatores de produção utilizada. Por exemplo: aumentando a utilização de todos os fatores de produção em 5%, o volume do produto também aumentará em 5%. Neste cenário, a variação na quantidade do produto total é maior do que a variação da quantidade dos fatores de produção utilizada. Por exemplo: aumentando a utilização de todos os fatores de produção em 5%, o volume do produto aumentará em 15%. Também chamado de deseconomia de escala, neste cenário a variação do produto não é proporcional à variação da quantidade dos fatores utilizada. Por exemplo: se a utilização de todos os fatores de produção aumentar em 10% e o volume produzido crescer em apenas 5%, observa-se uma queda na produtividade dos fatores. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 47 A economia de escala atrelada aos custos e ao correto gerenciamento das cadeias produtivas pode trazer muito sucesso ao seu trabalho. Resumindo o tópico Neste quarto tópico, você: Entendeu a definição de economia de escala nas atividades agropecuárias. Compreendeu a relevância da variaçãoda escala para a melhor utilização dos recursos. Conheceu as três circunstâncias da escala e sua relação com a correta gestão das cadeias produtivas. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 48 Tópico 5: Elasticidade de preços O que você sabe sobre elasticidade de preços? Neste tópico você conhecerá a elasticidade de preços da demanda, entendendo como calcular e como aplicar todos esses conceitos numa visão holística da economia e do agronegócio. A elasticidade permite a previsão de vendas e receitas que determinado setor pode obter. Isso possibilita a projeção do comportamento da demanda dos consumidores em relação: • às alterações de preços do mercado, • a produtos substitutos, • a produtos complementares, • à renda do consumidor. A elasticidade acontece porque existem equações de demanda e de oferta, que são os instrumentos utilizados para representar o comportamento do mercado dos produtos agrícolas. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 49 Entenda melhor sobre oferta e demanda! Assuntos do campo Agora, você entenderá o famoso conceito: oferta e demanda! Podemos definir oferta como a quantidade de itens que os produtores estão dispostos a vender por determinado preço, mantendo constantes os demais fatores que influenciam a oferta. Ela representa uma relação positiva entre o preço e a quantidade ofertada. Isso é importante, pois os produtores tendem a oferecer maiores quantidades de um produto em resposta aos aumentos persistentes dos preços desse produto. Já demanda é definida pela quantidade de produtos que os consumidores desejam e podem comprar à medida que muda o preço unitário. Nesse caso, de acordo com a lei da demanda, as quantidades demandadas tendem a diminuir em resposta ao aumento de preços. No ponto em que a demanda e a oferta se igualam, temos o equilíbrio do mercado. Nessa condição, os preços e as quantidades do produto no mercado são determinados e tendem a permanecer assim. Desse jeito fica mais simples entender essa relação, não é mesmo? Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 50 Os efeitos da demanda e da oferta Os produtos agrícolas largamente comercializados no mercado internacional, de maneira geral apresentam características semelhantes ao redor do mundo (commodities), globalizando seus mercados. Palavra de origem inglesa que significa “mercadoria”. O termo é aplicado para descrever produtos que possuem padrões internacionais e mercado globalizado, geralmente bens brutos que não passaram por agregação de valor (processamento). São exemplos de commodities agrícolas: milho, soja, suco de laranja, trigo, algodão etc. Assim, um efeito repentino em determinado país, grande exportador ou consumidor, poderá causar efeito contrário em outro. Um exemplo ocorreu na última década, com a alta dos principais grãos para produção de ração animal (milho e soja) por causa de um período de seca no ano de 2012. Isso aconteceu em uma região que representa grande parte da produção desses itens nos Estados Unidos. Mesmo o Brasil sendo um país de pouca tradição como exportador de milho, a escassez do grão restringiu a oferta interna. O mesmo acontece quando países com grandes produções têm suas safras afetadas por outros eventos. Ou ainda, que alcançam produções acima da média e acabam afetando outros países e continentes, por interferirem na oferta ou na demanda de algum produto. Foto: Wenderson Araujo/Trilux Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 51 Na prática Esses cenários reforçam a importância da atualização constante, tanto do técnico quanto do produtor. É essencial entender as dinâmicas do mercado internacional que podem impactar diretamente em sua produção em nível local. Entender a elasticidade faz parte disso, pois ela mostra a resposta do mercado às alterações de preço e pode ser utilizada para mensurar também a sensibilidade da demanda em relação às variações de preços de mercado. Informações ajudam a se preparar! Elasticidade de preço da demanda Essa elasticidade é definida com base na Lei da Demanda, que é a relação de aumento ou redução da demanda com referência no preço, quando reduções de preços implicam em aumento da demanda e vice-versa. A elasticidade no preço da demanda permite verificar quanto o consumo de determinado produto poderá variar quando acontecer variação em seu preço, o que pode ocorrer de forma elástica, unitária ou inelástica. Entenda! Demanda Elástica A demanda elástica significa que uma alteração percentual do preço provoca uma demanda para o produto superior à registrada no preço. P re ço Quantidade Demanda Preço aumenta = Receita total diminui Preço diminui = Receita total sobe Por exemplo: uma redução de 10% no preço ocasionou um aumento de 25% na demanda. A demanda unitária representa uma equiparação na alteração do preço e da demanda. Por exemplo: uma redução de 10% no preço aumentou em 10% a demanda. P re ço Quantidade Dem anda Receita total sem alterações Receita total sem alterações Na demanda inelástica, a alteração percentual no preço provoca uma demanda para o produto inferior à registrada no preço. Por exemplo: uma redução de 10% no preço ocasionou um aumento de 5% na demanda. P re ço Quantidade D em anda Preço aumenta = Receita total sobe Preço diminui = Receita total diminui Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 52 Demanda Unitária A demanda elástica significa que uma alteração percentual do preço provoca uma demanda para o produto superior à registrada no preço. P re ço Quantidade Demanda Preço aumenta = Receita total diminui Preço diminui = Receita total sobe Por exemplo: uma redução de 10% no preço ocasionou um aumento de 25% na demanda. A demanda unitária representa uma equiparação na alteração do preço e da demanda. Por exemplo: uma redução de 10% no preço aumentou em 10% a demanda. P re ço Quantidade Dem anda Receita total sem alterações Receita total sem alterações Na demanda inelástica, a alteração percentual no preço provoca uma demanda para o produto inferior à registrada no preço. Por exemplo: uma redução de 10% no preço ocasionou um aumento de 5% na demanda. P re ço Quantidade D em anda Preço aumenta = Receita total sobe Preço diminui = Receita total diminui Demanda Inelástica A demanda elástica significa que uma alteração percentual do preço provoca uma demanda para o produto superior à registrada no preço. P re ço Quantidade Demanda Preço aumenta = Receita total diminui Preço diminui = Receita total sobe Por exemplo: uma redução de 10% no preço ocasionou um aumento de 25% na demanda. A demanda unitária representa uma equiparação na alteração do preço e da demanda. Por exemplo: uma redução de 10% no preço aumentou em 10% a demanda. P re ço Quantidade Dem anda Receita total sem alterações Receita total sem alterações Na demanda inelástica, a alteração percentual no preço provoca uma demanda para o produto inferior à registrada no preço. Por exemplo: uma redução de 10% no preço ocasionou um aumento de 5% na demanda. P re ço Quantidade D em anda Preço aumenta = Receita total sobe Preço diminui = Receita total diminui Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 53 Para deixar ainda mais claro, acompanhe um exemplo prático! Analise a seguinte situação sobre a oferta de pescado ao longo do ano. Na prática Entre os produtores de abacaxi, é possível observar grande concentração de vendas durante os meses de dezembro e janeiro, período que está intimamente relacionado com a época de plantio da cultura (ciclo produtivo de 24 meses). Para analisar a tabela a seguir, considere as seguintes informações: • Valor básico do abacaxi por unidade: R$ 6,00 • Volume básico comercializado: 5.000 unidades • Receita total: R$ 30.000,00 Considerando respostas positivas e negativas à altae à queda dos valores, ocorrem as seguintes situações: Preços Tipo de demanda versus receita total Volume comercializado Elástica Inelástica Unitária % Quantidade Queda de 15% R$ 33.150,00 - - +30% 6.500 - R$ 26.775,00 - +5% 5.250 - - R$ 28.050,00 +10% 5.500 Alta de 15% R$ 24.150,00 - - -30% 3.500 - R$ 32.775,00 - -5% 4.750 - - R$ 31.050,00 -10% 4.500 No primeiro cenário, em que os preços baixaram de R$ 6,00 para R$ 5,10 (-15%), houve respostas superiores, inferiores e iguais na demanda, caracterizando os três ambientes de elasticidade (elástica, inelástica e unitária). No cenário de aumento de preços, existe resposta negativa na demanda. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 54 Resumindo o tópico Neste quinto tópico, você: Conheceu o conceito de elasticidade de preços e como ele permite a previsão de vendas e receitas. Entendeu como funciona a relação entre oferta e demanda, além dos efeitos dela no agronegócio a nível local e internacional. Compreendeu a elasticidade de preço da demanda, que pode ocorrer de forma elática, unitária e ineslástica. Encerramento do tema Você chegou ao final deste primeiro tema e, durante os estudos, pôde perceber a importância de identificar corretamente o custo de produção de um produto agropecuário e conhecer todos os conceitos envolvidos. Agora, finalizada esta etapa, será capaz de: Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 55 Destacar a origem do agronegócio e como essa extensa rede de agentes econômicos funciona, abrangendo as etapas de “antes, durante e depois da produção”. Reforçar a importância da cadeia produtiva e de cada elo para o sucesso do conjunto. Abordar a noção de custos gerais, escala e elasticidade, importantes para a análise de tendências de mercado e gestão da propriedade rural. Esta primeira etapa, recheada de conceitos fundamentais para a gestão no campo está no fim. Embora seja um conteúdo denso, é essencial para a excelência do seu trabalho na propriedade atendida! Acesse o Ambiente de Estudos e assista a mais um vídeo que preparamos especialmente para você. Para encerrar este tema, você acompanhará o Marcelo e o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade. Preste atenção aos detalhes para fixar os conhecimentos! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 56 Atividade de Passagem Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu! Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok? Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos. Questão Neste tema você estudou a introdução ao agronegócio, cadeias produtivas, teoria geral de custos e economia de escala. Com base no que foi visto até o momento, analise as afirmações abaixo e indique quais alternativas apresentam opções corretas: a. O conceito de agronegócio adotado atualmente não engloba os pequenos produtores rurais da agricultura familiar. b. Para estabelecimento e solidificação de uma cadeia produtiva, é necessária uma visão sistêmica do negócio. c. Segundo a Teoria Geral dos Custos, o custo total pode ser dividido em basicamente dois segmentos: fixos e variáveis. d. Mantendo a mesma infraestrutura produtiva e as tecnologias adotadas, ao se elevar a produção total, eleva-se também o custo fixo. e. Tanto a demanda quanto a oferta atuam fortemente sobre a dinâmica de preços praticados no mercado. I A, B e C II B, C e E III A, B e E IV B, C e D V B e D Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 57 Tema 2: Introdução ao gerenciamento Introdução Você está iniciando o segundo tema do módulo. O objetivo é que você reconheça o gerenciamento como um trabalho contínuo que envolve coletar dados, analisá-los, tomar decisões técnicas e administrativas e monitorar os resultados com uma nova coleta de dados, que inicia um novo ciclo. Ao final deste tema, você será capaz de: • dominar os conceitos que envolvem a gestão, o gerenciamento e a análise dos ambientes interno e externo, • identificar as peculiaridades do meio rural, que tornam a gestão no agronegócio um grande desafio. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 58 Estrutura do tema O produtor rural, muitas vezes, por causa da rotina de trabalho na fazenda, tem dificuldades para aplicar técnicas administrativas em seu negócio. São poucas as pessoas que dominam esses conceitos e técnicas como uma metodologia de cálculo de custo de produção. Diante desse cenário, você técnico de campo, precisa obter tais conhecimento para repassar ao produtor. Sendo assim, para facilitar o entendimento desse conteúdo, o tema está dividido em tópicos. Analise o tema e seus cinco tópicos para conhecer o objetivo de cada um deles. Tema 2 Tópico 1 Tópico 2Tópico 5 Tópico 4 Tópico 3 Conceitos administrativos Compreender alguns conceitos de gestão, gerenciamento, assistência técnica e sistema de produção, com seus níveis de intensificação – base para a sua formação. Gestão e gerenciamento na propriedade rural Entender como aplicar os conceitos de gestão e gerenciamento nas cadeias do agronegócio. Aplicação do gerenciamento em uma empresa rural Aprofundar os conhecimentos através do caso da Fazenda Santa Felicidade, utilizado no decorrer de todo o curso. Fatores que interferem na gestão no meio rural Entender a influência dos ambientes interno e externo no desenvolvimento das estratégias da empresa rural e no gerenciamento. Características peculiares de uma empresa rural Ampliar seus conhecimentos acerca das características peculiares de uma empresa rural e de como cada uma delas influencia na rotina do gerenciamento. Agora que você conhece o objetivo de cada um, siga em frente e ótimos estudos! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 59 Tópico 1: Conceitos administrativos Você entende a importância de separar e diferenciar a função de gestão da função de gerenciamento nas propriedades rurais? No decorrer deste tópico, você se aprofundará na forma de realizar a gestão do negócio rural, compreendendo as diferenças entre gestão e gerenciamento e os sistemas de produção existentes. No meio rural, muitas vezes o empresário, o gerente e o operador são a mesma pessoa. Em alguns momentos, eles se veem atuando em qualquer uma das funções. Especialmente em pequenas propriedades isso é relevante, pois a figura do empresário e gerente, na maioria das vezes, dá lugar à figura do “funcionário”. Ou seja, o produtor se envolve nas operações e tem dificuldades de gerir seu negócio. Por isso, é essencial diferenciar essas posições, conhecendo a diferença entre gestão e gerenciamento. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 60 Gestão O termo “gestão” originou-se entre os séculos 18 e 19 em decorrência do processo de industrialização da economia. Nessa época, foram criadas fábricas, máquinas a vapor e, junto com isso, apareceram problemas que até então não eram conhecidos. O conjunto formado por fábricas, máquinas e trabalhadores demandou o desenvolvimento de uma ferramenta capaz de definir objetivos e formas de atingi-los por meio do uso racional dos recursos disponíveis. Nesse sentido, a gestão poderia ser entendida como um “senso de direção”. Ou seja, a capacidade de identificar a situação em que uma pessoa ou empresa se encontra e os resultados que ela pretende obter. É possível dizer que gestão é um conjunto de pensamentos e atitudes que fundamentam a administração e a condução de um sistema de produção. Além disso, a gestão abrange também os aspectos técnicos, tecnológicos, de recursos humanos e, sobretudo, de valores e crenças que baseiam a tomada de decisão. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 61 O gestortem a função, em nível estratégico, de: • analisar resultados, • ajustar o presente, • projetar o futuro, • equacionar os ambientes internos e externos do negócio. Nesse sentido, é fundamental identificar: • as potencialidades e os limites da infraestrutura local, • os agentes com ação de interferência na produção agropecuária e como eles agem, • a tendência de evolução da região onde a propriedade está situada. Para que o produtor acompanhe as mudanças frequentes na economia mundial, a eficiência tecnológica e a gestão das atividades agrícolas são fundamentais. É preciso que ele: Produza com base em modelos de produção economicamente viáveis, ambientalmente corretos e socialmente justos. Conheça os ambientes internos e externos da propriedade e o “antes” e o “depois” da produção. Gestão e Planejamento A agricultura e a pecuária são influenciadas por diversos fatores, internos e externos. Acompanhar constantemente as oportunidades e as ameaças do meio externo é um fator-chave para a definição das melhores estratégias. Dessa forma, é criado um planejamento correto para o controle das forças e fraquezas da empresa, sendo definidas as melhores estratégias. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 62 A gestão de propriedades rurais tem por objetivo permitir que o produtor dirija sua propriedade otimizando o uso dos recursos físicos, naturais e econômicos e adote medidas e decisões assertivas com base na sua realidade. O processo de gestão das propriedades rurais implica em: • Planejamento. • Construção de metas. • Administração dos processos produtivos com base no conhecimento do ambiente externo, inclusive antes e depois da produção. A gestão não se refere somente à ação, mas também à tomada de decisões corretas compreendendo todos os elementos relevantes para que ela seja a melhor possível naquele contexto. Dessa forma, o processo de gestão da propriedade rural se torna mais eficiente, com decisões assertivas sobre o que, quando e como produzir, além da avaliação dos resultados obtidos. Pare para pensar Considerando o que foi visto até aqui, pense: você acredita que é necessária uma mudança de comportamento e de postura do produtor em relação à administração de sua propriedade durante a transição de “propriedade rural” para “empresa rural”? Escreva sua opinião aqui e a reveja, depois de obter mais informações sobre esse assunto! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 63 Gerenciamento O gerenciamento é a execução da administração na rotina de um negócio. O gerente atua de forma setorizada em nível operacional, conduzindo a interação entre as pessoas, os processos e os ambientes internos e externos ao negócio. Também é possível dizer que: O gerenciamento consiste na utilização das técnicas de gestão direcionadas ao uso do tempo e às atividades adequadas a uma administração assertiva. O processo de gerenciamento é cíclico: inicia com a coleta de dados transformados em indicadores que medem o esforço e os resultados. Posteriormente, os indicadores devem ser analisados e interpretados, pois serão a base para a tomada de decisões mais assertivas. Observe o ciclo! Coleta de dados Indicadores de esforço e resultado Desisões assertivas Análise e interpretação 2 3 1 4 Todas as decisões tomadas na empresa devem ser monitoradas, o que dá início a um novo ciclo do gerenciamento. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 64 Podemos dizer que esse processo é contínuo, pois ao longo do tempo o ambiente em que a empresa está inserida muda e as próprias características peculiares do meio rural fazem com que cada ciclo de produção seja único. Entenda melhor com o exemplo a seguir! Na prática Um produtor de mamão possui um manejo refinado, com um excelente controle fitossanitário. Mesmo assim, recentemente, teve sua propriedade atacada por uma nova praga. O ataque da praga agrícola provocou a perda de 100% da plantação. O produtor já tinha visto notícias sobre essa nova praga pela televisão e ouvido relatos em propriedades vizinhas, porém não acreditou que isso chegaria até ele. Logo, é possível concluir que o que deu certo em anos anteriores não necessariamente dará certo neste ano. Sistemas de produção O sistema de produção é composto por um conjunto de atividades e operações relacionadas a produção. Ou seja, é um conjunto de elementos interligados, que trabalham juntos em direção a um propósito comum, e é essa integração que vai determinar o resultado de todo o sistema: Os sistemas podem ser classificados de acordo com o nível de tecnologia utilizada: Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 65 Sistema de produção com baixo nível tecnológico (primitivo) Baseado em práticas agrícolas que refletem um baixo nível técnico-cultural. Praticamente não há aplicação de capital para manejo, melhoramento e conservação das condições e dos fatores de produção. As práticas agrícolas dependem fundamentalmente do trabalho braçal, podendo ser utilizada alguma tração animal com implementos agrícolas simples. Sistema de produção com médio nível tecnológico (pouco desenvolvido) Baseado em práticas agrícolas que refletem um nível tecnológico médio. É caracterizada pela aplicação modesta de capital e de resultados de pesquisa para o aperfeiçoamento e a conservação dos fatores de produção. As práticas agrícolas neste nível tecnológico são observadas quando o produtor utiliza, por exemplo, calagem, adubações com NPK, tratamentos fitossanitários simples e mecanização com base na tração animal ou motorizada. Sistema de produção com alto nível tecnológico (desenvolvido) Baseado em práticas agrícolas que refletem um alto nível tecnológico. É caracterizado pela aplicação e pelo uso intensivo de capital e de resultados de pesquisa para manejo, melhoramento, conservação e aprimoramento das técnicas de produção. É possível observar os melhoramentos tecnológicos em diferentes modalidades. A agricultura de precisão aliada ao sistema de plantio direto consolidado e ao uso de outras tecnologias de produção, como a irrigação, são fatores que caracterizam o alto nível tecnológico empregado. Entre eles, a motomecanização está presente nas diversas fases de operação agrícola. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 66 Assistência Técnica e Gerencial no meio rural Antes de finalizar o tópico, vale destacar a importância da Assistência Técnica e Gerencial no meio rural. Ela auxilia os produtores rurais: • na identificação e na solução de problemas na gestão e na produção agropecuária; • na definição de tecnologias para aperfeiçoar a utilização de recursos, aumentar a produtividade e contribuir para a melhoria da qualidade de vida do homem do campo. Resumindo o tópico Neste primeiro tópico, você: Entendeu que a origem do conceito de gestão ocorreu no decorrer do processo de industrialização econômica. Conheceu os sistemas de produção e a sua relevância para o melhor gerenciamento da propriedade rural. Conheceu as funções do gestor e a importancia do planejamento neste processo. Compreendeu o conceito de gerenciamento e o que o diferencia da gestão. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 67 Tópico 2: Gestão e gerenciamento da propriedade rural Como unir os conceitos de gestão e gerenciamento em uma propriedade rural? Neste tópico, você verá como gerir a propriedade rural de forma alinhada ao seu gerenciamento, conhecendo os recursos envolvidos, identificando e resolvendo os maiores problemas. Atualmente, a competitividade do mercado, por causa da globalização do setor, da modernização tecnológica e das exigências do mercado consumidor, está forçando o produtor a repensar suas estratégias, modernizar o processo de produção e implantar o gerenciamento eficiente da propriedade rural. Só dessa forma ele se manterá na atividade em médioe longo prazo. Propriedades rurais tecnificadas e bem geridas, a cada dia estão se especializando, produzindo em grande escala e diluindo os custos, principalmente os fixos. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 68 Você sabia? Não são apenas os custos fixos que são diluídos com o aumento da escala de produção — alguns custos variáveis também. Por exemplo: um funcionário (COE) é operador de máquinas em uma propriedade que cultiva 40 hectares de milho com uma produtividade de 120 sacas por hectare. Porém, com a realização de análise de solo, correção e fertilização seguindo as recomendações, passou a produzir 150 sacas por hectare. Os custos desse e de outros componentes do COE sofrem diluição. Isso resulta em uma agropecuária competitiva no mercado nacional e mundial. Determina que todo o setor agropecuário e agroindustrial caminhe para a inserção competitiva nos mercados, com amplo uso de tecnologias e modelos de gestão eficientes. O tradicionalismo no meio rural causou reflexos diretos em sua estrutura organizacional, que durante muitos anos foi caracterizada como uma gestão patronal. Isso significava pouca ou nenhuma tecnologia, tornando os resultados incertos e ainda mais dependentes de variações climáticas, como precipitação e umidade. Essa gestão precária somada a fatores culturais fez com que muitos produtores, ao longo do tempo, tivessem resultados econômicos insuficientes, desestimulando a atividade e comprometendo a sucessão familiar. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 69 Junto com o gerenciamento rural, também surgiu a utilização sistemática das ferramentas administrativas na rotina de uma atividade agropecuária. No meio rural, o gestor/gerente/sócio/administrador, que muitas vezes é a mesma pessoa, passou a se preparar para organizar os recursos e processos produtivos, e a dispor de capacidade gerencial para encontrar alternativas diante das alterações de mercado. Qualquer tipo de empresa rural, familiar ou não, é composta por um conjunto de recursos, conhecido como fatores de produção. Agora, acesse o Ambiente de Estudos e assista ao vídeo sobre as categorias dos fatores de produção. Confira todo o processo para continuar seus estudos! O processo de gestão da propriedade requer muita “habilidade com caneta e calculadora” e demanda diversas anotações e análises para que se tome decisões assertivas, que promovam a eficiência econômica do negócio. Etapas da gestão A gestão pode ser dividida em etapas, todas essenciais para o processo. Conheça cada uma delas a seguir: Análise das informações Registros Plano de ação e execução Monitoramento Ação corretiva e padronização de problemas Análise dos problemas O primeiro passo é fazer registros sistemáticos para definir os controles a serem realizados. Na implementação da gestão, é interessante que se comece pelo que é básico, e que o refinamento dos controles aconteça com a maturidade do gestor. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 70 Análise das informações Registros Plano de ação e execução Monitoramento Ação corretiva e padronização de problemas Análise dos problemas As informações registradas, técnicas e econômicas, permitem ao gestor produzir indicadores para serem analisados. Ou seja, medidas que mostram se o negócio segue no rumo previsto. Análise das informações Registros Plano de ação e execução Monitoramento Ação corretiva e padronização de problemas Análise dos problemas A definição e a avaliação dos indicadores permitem ao gestor identificar problemas no seu negócio, como um desvio nos indicadores – resultados não esperados para determinada medição. Veja mais alguns exemplos de problemas mostrados pelos indicadores: ? Pela tecnologia aplicada, esperava- se um rendimento no milho de 150 sacos/ hectare plantado, mas a produção obtida foi de 120 sacos/hectare. O gestor planejou comprometer até 35% de seu faturamento com fertilizantes, mas o real foi de 52%. O gestor esperava um ganho de peso do rebanho de corte de 600 g/dia, mas o resultado obtido foi de 345 g/dia. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 71 Análise das informações Registros Plano de ação e execução Monitoramento Ação corretiva e padronização de problemas Análise dos problemas Em uma propriedade rural, com todos os seus setores funcionando ao mesmo tempo, diversos desvios de indicadores podem acontecer. Então, o que corrigir primeiro? O fato é que, por limitação de recursos (financeiros, mão de obra, terra etc.), não se consegue corrigir tudo de uma vez. Dessa forma, é necessário analisar os problemas e priorizar as ações. De maneira geral, devemos nos preocupar primeiro com o que mais impacta economicamente o negócio. “Administrar nada mais é do que atender a necessidades ilimitadas com recursos escassos.” Análise das informações Registros Plano de ação e execução Monitoramento Ação corretiva e padronização de problemas Análise dos problemas Definidos o problema e a sua causa, o gestor monta um plano de ação para resolver o desvio do indicador. Ou seja, organiza: • o que precisa ser feito, • quem é o responsável pela execução, • como deve ser feita a correção, • quanto deve ser investido nessa correção, • quando deve ser feita a intervenção • com qual frequência deve ser realizada essa intervenção. O gestor deve sempre designar a equipe para a implementação do plano de ação e selecionar as pessoas mais compatíveis com a proposta. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 72 Análise das informações Registros Plano de ação e execução Monitoramento Ação corretiva e padronização de problemas Análise dos problemas O monitoramento é um ponto crítico do processo de gerenciamento nas empresas rurais. O gestor, ao tomar determinada decisão, não deve supor que o problema está resolvido. Muitas vezes, o desafio está apenas começando. Dessa forma, o gestor deve, periodicamente, voltar aos indicadores e identificar se eles seguem dentro do esperado. Cada atividade possui sua frequência de monitoramento, pois os ciclos produtivos são muito diferentes. Por isso, é muito importante que o gestor tenha bem estruturado seu programa de monitoramento e a frequência de análise muito bem definida. Análise das informações Registros Plano de ação e execução Monitoramento Ação corretiva e padronização de problemas Análise dos problemas Como os desafios e os desvios estão sempre presentes, sempre será necessário um novo ciclo de análise para correções mais assertivas. Porém, quando a intervenção realizada no problema é dada como assertiva, ou seja, a correção do indicador ocorreu efetivamente, é preciso padronizar essa intervenção. A ação corretiva deve fazer parte dos processos de produção da empresa. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 73 Essas etapas serão mais aprofundadas nos demais módulos do curso. Continue firme nos estudos para ver esses conceitos aplicados na prática. O processo cíclico do gerenciamento O gerenciamento é um processo contínuo, mas o que deu certo no ciclo produtivo ou safra anteriores pode não dar certo no atual! Isso ocorre porque na agropecuária existem algumas características peculiares e efeitos adversos que tornam cada ciclo produtivo único. É sempre importante que o gestor monitore não apenas os resultados, mas também todos os processos empregados no ciclo produtivo para que, ao final, o resultado não decepcione. Resumindo o tópico Neste segundo tópico, você: Conheceu a importância da gestão e do gerenciamento para uma agropecuária competitiva. Entendeu quais são as categorias dos fatores de produção. Compreendeu o processo da gestão e suas etapas. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 74 Tópico3: Características peculiares em uma empresa rural Você sabe quantos aspectos relativos ao seu negócio devem ser observados durante uma gestão? A partir de agora, você conhecerá vários fatores que podem influenciar o seu gerenciamento e a sua gestão na propriedade rural, além dos tipos de produção, riscos envolvidos e produtos resultantes. A gestão do agronegócio exige que o gestor esteja preparado para as imprevisibilidades que fazem parte da realidade do setor. É preciso aprender a reconhecer fatores que podem fazer toda a diferença para sua gestão e gerenciamento. Veja quais fatores podem ser previstos e entendidos! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 75 Dependência do clima É a característica peculiar mais citada pelos pesquisadores e muitas outras dependem dela. O clima condiciona a maior parte das explorações agropecuárias e influencia as decisões sobre a época de plantio, os tratos culturais, as colheitas e a escolha de variedades e espécies vegetais e animais. As condições climáticas interferem em: Catástrofes naturais, como geadas, alagamentos, chuvas de granizo ou ventos fortes. Lixiviação do solo (extração ou solubilização dos nutrientes do solo, que são carreados pela água para camadas mais profundas do solo, via infiltração, ou para cursos de água). Desempenho das plantas, pois as condições podem afetar o consumo de alimentos, a reprodução e outros aspectos. Disponibilidade de água. Questões sanitárias, tanto na agricultura quanto na pecuária, pois condições de excesso de umidade favorecem o aparecimento de doenças fúngicas e bacterianas – frio e seca podem favorecer doenças virais. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 76 Dependência de condições biológicas Por mais que sejam aplicadas tecnologias para a melhoria do desempenho dos animais e vegetais, as condições biológicas estão sempre presentes e são limitantes para o processo produtivo agropecuário. Mesmo em condições climáticas adequadas, as pragas e doenças são uma constante na produção agropecuária. Na prática Imagine uma situação em que os preços dos insumos, comparados ao preço pago a uma caixa de tomate, inviabilizem a atividade. Não será possível “desligar” as plantas até que a atividade volte a ser rentável, certo? As plantas precisam dos insumos para sobreviver e produzir seus frutos. Da mesma forma, sem os insumos necessários, as condições fisiológicas farão com que se produzam menos tomates por planta. Assim, não haverá como suplantar o preço dos insumos com o da produção de tomate. A terra como fator da produção Na agropecuária, a terra é fator de produção. Por isso, é importante conhecer bem a sua, pois em diversas situações o fator terra pode ser um limitante na produção. Analise as condições químicas, físicas, biológicas e topográficas. Tome decisões racionais para sua adequada utilização. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 77 Veja um exemplo da importância da terra para a produção. Na prática Variedades de milho de alta tecnologia têm dificuldades de expressar sua produtividade quando a condição de fertilidade e estrutura do solo é limitada. Isso pode comprometer muito o desempenho e a produtividade das plantas. Dessa forma, é preciso primeiro conhecer a área (a terra) para, só então, definir a melhor variedade a ser utilizada, pois todo o processo se inicia pela análise de solo. Tempo de produção maior do que o tempo de trabalho O processo produtivo agropecuário se desenvolve, em algumas de suas fases, independentemente da existência do trabalho. Em outros setores da economia, como na indústria, por exemplo, somente o trabalho modifica a produção. É possível concluir que, na produção agropecuária, o tempo de produção não é igual ao tempo de trabalho consumido para a obtenção do produto final: Pense no exemplo na produção de soja: ...o desenvolvimento da semente ocorre durante a fase reprodutiva da planta. Independentemente da presença de mão de obra, do proprietário, gerente ou operário na propriedade… ...assim como a planta continua seu desenvolvimento vegetativo. ...as plantas demandarão luminosidade, nutrientes e água para viver e se desenvolver. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 78 Trabalho disperso e ao ar livre No setor agropecuário, normalmente não existe fluxo contínuo de produção e uma tarefa pode também não depender de outra, como ocorre na indústria. As atividades estão dispersas por toda a empresa e podem ocorrer em locais distantes uns dos outros, dependendo do ambiente natural da propriedade. Não há relação, por exemplo, entre o trabalho executado por uma equipe que reforma as cercas da propriedade e o de “limpeza” das pastagens. Outra característica que se apresenta no setor rural é o trabalho ao ar livre. Positiva sob certos aspectos (sem existência de poluição, por exemplo), essa característica se reveste de aspectos negativos, como a sujeição ao frio, ao calor e às chuvas. Incidência de risco Toda e qualquer atividade econômica está sujeita a riscos. Na agropecuária, os riscos assumem proporções ainda maiores, pois as explorações podem ser afetadas por problemas causados por: Clima (seca, geada, granizo) Ataque de pragas e moléstias Grandes flutuações de preços que caracterizam o setor Sistema de competição econômica A agropecuária está sujeita a um forte sistema de competição que tem as seguintes características: Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 79 A união desses fatores significa que o empresário rural não consegue controlar os preços de seus produtos, ditados pelo mercado, que podem até ser inferiores aos custos de produção. Produtos Normalmente apresentam pouca diferenciação entre si Entrada e saída de produtores no negócio Por maior que seja a produção de uma propriedade, ela pouco significa na oferta global do produto. Grande número de produtores e consumidores Isso faz da agropecuária um mercado próximo à concorrência perfeita. A realidade do campo Ao trabalhar em uma propriedade rural, você pode se deparar com a questão dos produtos não uniformes. Na agropecuária, ao contrário da indústria, existem dificuldades em se obter produtos uniformes quanto à forma, ao tamanho e à qualidade. Esse fato é decorrente das condições biológicas. Para o empresário rural, isso acarreta custos adicionais com classificação e padronização, além de receitas mais baixas, devido ao menor valor dos produtos que apresentarem pior qualidade. Alto custo de saída e/ou entrada No negócio agropecuário, algumas explorações exigem altos investimentos em benfeitorias, máquinas e, consequentemente, enfrentam condições adversas de preço e mercado. Estas devem ser suportadas a curto prazo, pois o prejuízo, ao abandonar a exploração, poderá ser maior. Entenda! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 80 A cultura de café pode ser considerada exploração de alto custo de entrada. As culturas anuais de milho e soja são explorações de menor custo de saída. O empresário rural deve levar em consideração tudo o que foi apresentado e, dessa forma, assumir ações administrativas eficazes para atenuar e modificar os efeitos prejudiciais dessas características. Vale reforçar que as teorias da administração, ao serem transferidas ao setor rural, devem ser adaptadas a condições específicas. Pense e decida Imagine a seguinte situação em uma propriedade com produção de morango: O preço dos insumos, comparado ao preço pago por kg da fruta, está inviabilizando a atividade. Não é possível “desligar” as plantas até que a atividade volte a ser rentável, então elas precisam dos insumos para sobreviverem e produzirem seus frutos. Sem os insumos necessários, as condições fisiológicas das plantas farão com que cada planta produza poucos frutos pordia. Assim, não será possível suplantar o preço dos insumos com o da produção de moranguinhos. Diante deste cenário, o que deve ser feito? Diminuir o ciclo Continuar o ciclo Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 81 Justifique aqui a sua escolha! Feedback Atente-se ao cenário com calma e planejamento! Diminuir o ritmo, enxugar o ciclo e cortar despesas, muitas vezes agrava o problema, afetando a produção de forma grave. É muito importante compreender que uma cadeia produtiva precisa, independentemente do comportamento do mercado, concluir o seu ciclo. Ações para controlar a situação podem ser feitas, como eliminar plantas com pouca produção e que demandam exigência nutricional, manter aquelas mais produtivas e reduzir despesas extras. Resumindo o tópico Neste terceiro tópico, você: Conheceu os fatores que influenciam a gestão e o gerenciamento da propriedade. Entendeu como funciona o sistema de competição econômica e suas características. Compreendeu a relevância do alto custo de saída e de entrada para a eficiencia econômica da propriedade rural. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 82 Tópico 4: Fatores que interferem na gestão de uma empresa rural Os vários fatores que afetam a gestão de um empreendimento agropecuário podem ser de natureza externa ou interna. Você já parou para pensar quantos deles podem influenciar o seu planejamento? No decorrer deste tópico, você vai acompanhar mais de perto as características que podem comprometer a gestão e o gerenciamento da propriedade, conhecendo os sistemas de produção. Todo gestor precisa entender e dominar as questões e os fatores que envolvem o ambiente externo. Isso porque, mesmo sem poder controlar, é possível organizar a tomada de decisões internas para obter melhores resultados. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 83 Ambiente externo (da porteira para fora) Existem diversos fatores, da porteira para fora, que influenciam a tomada de decisões e os resultados do negócio agropecuário. Conheça os principais! Variações cambiais A alta no dólar aumenta a atratividade das exportações e pode elevar os preços. O valor do dólar influencia tanto o preço dos insumos quanto o dos produtos exportados. Entenda acompanhando o exemplo do valor do saco de milho e a variação do dólar! Saco de milho US$ 12,00 Dólar × R$ 4,00 Saco de milho em reais = R$ 48,00 Saco de milho US$ 12,00 Dólar × R$ 5,00 Saco de milho em reais = R$ 60,00 Cenário com a alta do dólar Este cenário favorece o produtor de milho, mesmo que a moeda desvalorizada (o real) faça com que os preços dos insumos importados aumentem. Safra/entressafra e variações climáticas A sazonalidade da produção faz com que, nos períodos de colheita, os preços dos produtos agrícolas caiam devido à alta oferta. Esse é um comportamento do mercado conhecido por todos. Sazonalidade é a situação em que a produção se dá, ou então é menor ou maior em determinados períodos do ano, relativamente rígidos. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 84 Se o produtor se organizar e se estruturar, ele pode armazenar sua produção nesse período e vender no período de escassez/entressafra, quando os preços são mais altos. Assim, na prática, o produtor: se organiza e se estrutura compra e estoca grãos no período de safra nesse período os preços são mais baixos consegue melhor resultado financeiro Além disso, o empresário rural deve saber lidar com o fator clima, pois com o uso de previsões e do histórico do comportamento climático, ele pode tomar as melhores decisões de plantio, colheita, estoque e comercialização. Políticas agrícolas, legislação e aspectos culturais O empresário rural não cria as políticas, mas deve compreender as que existem para melhorar os resultados da propriedade rural. Entre outras ações do governo, há políticas de: • crédito subsidiado, • assistência técnica, • incentivos fiscais. É importante estar ciente de que mudanças legais podem influenciar a utilização da terra (restrições ambientais) e a exigência de qualidade dos produtos (legislação sanitária), havendo ainda outras implicações. Além disso, o empresário rural deve considerar os aspectos culturais, que podem ultrapassar os limites econômicos e científicos. Muitas decisões de produção são tomadas com base na tradição, e não na busca pelo melhor resultado econômico. Na prática Um bom exemplo na agricultura é o fato de que algumas pessoas ainda tomam decisões de plantio, colheita, entre outras ações, com base nas fases da lua. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 85 Vale destacar mais alguns fatores da porteira para fora. São eles: Economia do país Tecnologia Disponibilidade de fornecedores Situações de crise ou de crescimento econômico podem promover diversas alterações no consumo dos produtos agropecuários, afetando a disponibilidade de mão de obra no meio rural, entre outros rearranjos nas forças do mercado. Acompanhar o avanço da tecnologia também é muito importante para a sustentabilidade de qualquer negócio, pois utilizar tecnologias adequadas à sua realidade pode resultar em redução do custo de produção e, consequentemente, melhorar os resultados econômicos do negócio. Ficar na dependência de poucos fornecedores, ou até mesmo de um só, certamente reduz a competitividade do produtor rural, já que o preço dos insumos será ditado pelo fornecedor. Para evitar isso, o produtor pode buscar novos fornecedores no mercado ou, em caso de pequenos produtores, se organizar em associações, cooperativas e clubes de compra para reduzir seus custos. Ambiente interno O ambiente interno é o nível de ambiente da empresa rural ou de outro setor, contido internamente que, normalmente, tem implicação imediata e específica na administração. Também representa o conjunto de recursos de produção que estão sob a tomada de decisão do gestor. Ou seja, é o que ele constantemente vai monitorar, agir e corrigir para que a empresa alcance seus objetivos. Highlight Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 86 Alguns aspectos fazem parte do ambiente interno e devem ser monitorados. Aspectos organizacionais: rede de comunicação; estrutura da organização; registro dos sucessos; hierarquia de objetivos; política, procedimentos e regras; habilidade da equipe administrativa. Aspectos de produção: layout e disposição das instalações da propriedade; uso de tecnologia; aquisição de insumos; controle de custos; controle de estoques; uso de subcontratação. Aspectos financeiros: liquidez; lucratividade; atividades; oportunidades de investimento, remuneração do capital, ponto de equilíbrio. Aspectos pessoais: relações trabalhistas; práticas de recrutamento; programas de treinamento; sistema de avaliação de desempenho; sistema de incentivos; rotatividade e absenteísmo. Aspectos de marketing e comercialização: compradores existentes; estratégias do produto, de preço, de negociação e de distribuição. Muitas vezes, os gestores acreditam que o ambiente interno da empresa se encontra limitado à área de produção, porém ele engloba muito mais do que isso. Um diagnóstico detalhado e setorizado dos aspectos acima citados é fundamental para a boa gestão da empresa rural. No diagnóstico e análise do ambiente interno são elencados os pontos fortes e fracos daqueles aspectos citados. Isso deve ser realizado de forma setorizada, pois permitirá uma análise profunda sobre cada setor. Com base nesse diagnóstico, o gestor poderá elaborar um plano de ação que alinhe os recursos aos objetivos da empresa. Análise dos ambientes e tomada de decisão Para obter sucesso na gestão de um negócio, é necessário que o gestor acompanhe as mudanças nos ambientes externo e interno de forma contínua, observando todos os aspectos. Highlight Módulo 2 GerencialI da Assistência Técnica e Gerencial pg. 87 Essa análise contínua permite ao gestor: Explorar oportunidades de melhores negócios de compra e venda Minimizar riscos Dimensionar a produção de acordo com os períodos mais atrativos para o negócio Na prática Uma propriedade produtora de trigo tinha, historicamente, altos gastos com fertilizantes químicos. Para resolver esse problema, a propriedade contratou um consultor. Identificaram que a grande utilização de fertilizante ocorria por causa da baixa disponibilidade de nutrientes no solo. Identificaram a possibilidade de captar um financiamento de custeio a juros baixos para comprar, no período de entressafra (quando os preços estão mais baixos), grande parte do fertilizante destinado à produção de trigo. Criaram um planejamento estratégico para melhorar as condições de fertilidade do solo da propriedade, principalmente por meio do uso de corretivos e cobertura vegetal, a fim de reduzir o volume de fertilizante químico utilizado. Viram a oportunidade de estocá-lo utilizando o mesmo fertilizante por mais de uma safra. Essa estratégia permitiu forte redução no uso de fertilizante químico e no custo de produção de trigo. INTERNO EXTERNO Junto com o proprietário, o consultor fez uma análise dos ambientes interno e externo. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 88 É importante ter em mente que o produtor não consegue mudar os preços de mercado dos produtos, porém, conhecendo bem o mercado, ele pode escolher a melhor época para comprar ou vender. Fazer a análise pode demandar experiência, por isso você, técnico, deverá fazê-la junto com o produtor. O Senar em Campo tem um vídeo mostrando como essa parceria no momento da análise é essencial para o gerenciamento e a melhoria da propriedade rural. Acesse o Ambiente de Estudos e assista ao vídeo do Senar em Campo sobre a história de sucesso em uma propriedade produtora de cacau (BA). Você também pode acessar o link a seguir: https://www.cnabrasil.org.br/videos/senar-em- campo-hist%C3%B3rias-de-sucesso-cacau- ibirapitanga-ba Resumindo o tópico Neste quarto tópico, você: Entendeu que os fatores internos e externos são os principais agentes de interferência em uma empresa rural. Compreendeu a importância da análise desses ambientes para uma gestão eficiente. Conheceu os fatores relacionados ao ambiente externo, também conhecido como “da porteira para fora”. Conheceu os fatores relativos ao ambiente interno de uma propriedade rural, também conhecido como “da porteira para dentro”. https://www.cnabrasil.org.br/videos/senar-em-campo-hist%C3%B3rias-de-sucesso-cacau-ibirapitanga-ba https://www.cnabrasil.org.br/videos/senar-em-campo-hist%C3%B3rias-de-sucesso-cacau-ibirapitanga-ba https://www.cnabrasil.org.br/videos/senar-em-campo-hist%C3%B3rias-de-sucesso-cacau-ibirapitanga-ba Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 89 Tópico 5: Aplicação do gerenciamento em uma empresa rural E como funciona essa análise em uma propriedade rural? Neste tópico, você conhecerá alguns dados importantes da Fazenda Santa Felicidade, que vão basear a análise da propriedade, com cálculos de custos e o levantamento de fatores internos e externos para um gerenciamento completo. Vale dizer que a Fazenda Santa Felicidade é uma propriedade produtora de alface. Embora essa cadeia seja a escolhida, todos os conceitos estudados neste curso podem ser aplicados em qualquer cadeia produtiva. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 90 Fazenda Santa Felicidade Visto o contexto da fazenda, agora conheça os números! A produção de alface na propriedade, destinada à venda para atacado e varejo, teve uma pequena variação nos últimos 12 meses. Então, o produtor comprometeu-se com seus clientes a produzir as quantidades listadas, conforme a tabela a seguir. Produto Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12 Venda no atacado 28.000 27.800 27.900 27.950 28.000 28.000 27.950 28.000 28.000 28.150 28.100 28.050 Venda a varejo 2.000 2.200 2.100 2.050 2.000 2.000 2.050 2.000 2.000 1.850 1.900 1.950 Total 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 Observe, agora, os preços de mercado praticados para a venda de alface no atacado e a varejo a cada mês. Produto Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12 Preço no atacado (R$) 0,70 0,65 0,68 0,75 0,73 0,70 0,71 0,68 0,67 0,72 0,75 0,70 Preço a varejo (R$) 1,20 1,18 1,15 1,16 1,14 1,25 1,20 1,25 1,15 1,20 1,25 1,25 Esta tabela mostra o consumo de alface pela família a cada mês. Produto Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12 Consumo 31 28 31 30 31 30 31 31 30 31 30 31 Diante desses números, é possível observar algumas informações financeiras importantes. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 91 Resíduos Os resíduos orgânicos gerados pela produção de alface são utilizados para a produção de composto. No último ano, foram produzidas 1.200 sacas de 50 kg de composto, das quais o produtor comercializou 500 sacas a R$ 32,00 cada, o que totaliza R$ 16.000,00. O restante do composto está na propriedade em diferentes fases de processamento. Custos Para a produção de composto, alguns insumos foram adquiridos, sendo lançados no custo operacional efetivo da atividade. Mão de Obra A mão de obra nessa propriedade é familiar, com contratação de serviços temporários esporadicamente. Nos últimos 12 meses, foram contratadas 30 diárias do Joaquim, um diarista da região. O serviço realizado pelo senhor Ariovaldo e família, se fosse contratado, foi avaliado em R$ 1.600,00/mês na média. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 92 Inventário de benfeitorias Observe na tabela todas as benfeitorias que ocorreram na propriedade. Item Quantidade Utilização na atividade de horticultura Valor unitário novo (R$) Valor total (R$) Vida útil (anos) Idade (anos) Galpão de 96 m² de madeira (depósito) 1 100% 30.000,00 30.000,00 20 10 Galpão de 80 m² de madeira (máquinas)* 1 80% 20.000,00 16.000,00 20 23 Banheiros 1 100% 1.000,00 1.000,00 20 10 Estufa de 40 m x 50 m 4 100% 15.000,00 60.000,00 15 5 Estufa de produção de mudas 10 m x 20 m 1 100% 1.500,00 1.500,00 15 16 Poço artesiano** 1 80% 7.000,00 5.600,00 20 22 Unidade de lavagem de hortaliças 1 100% 1.800,00 1.800,00 20 5 Unidade de produção de compostagem*** 1 50% 1.000,00 500,00 20 5 TOTAL 116.400,00 *O galpão de máquinas possui 80% de uso, pois o espaço é dividido com equipamentos utilizados na atividade de silvicultura. **O poço artesiano também é utilizado para o uso doméstico da família. ***A unidade de produção de compostagem não é somente utilizada para a produção de composto, mas também para armazenamento de outros resíduos. Apenas 30% do composto é comercializado. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 93 Inventário de máquinas e equipamentos Agora, observe o inventário das máquinas e equipamentos da Santa Felicidade. Item Quantidade Utilização na produção de alface Valor unitário novo (R$) Valor total (R$) Vida útil (anos) Idade (anos) Caminhão-baú – Câmara fria 1 100% 80.000,00 80.000,00 15 5 Pulverizador costal 3 100% 100,00 300,00 10 5 Carrinho de mão 3 100% 200,00 600,00 5 1 Ferramentas diversas* 1 80% 2.300,00 1.840,00 10 12 Sistema de irrigação 1 100% 10.000,00 10.000,00 15 16 Trator 65 CV* 1 80% 50.000,00 40.000,00 15 16 Enxada rotativa encanteiradora 1 100% 1.000,00 1.000,00 15 5 Semeadora de hortaliças manual 1 100% 400,00 400,00 15 5 Computador com impressora* 1 80% 2.500,00 2.000,00 5 7 Equipamento para lavagem de hortaliças 1 100% 1.200,00 1.200,00 5 2 Bebedouro tipo gelágua1 100% 300,00 300,00 5 2 TOTAL 137.640,00 *As ferramentas diversas, o trator e o computador também auxiliam na atividade de silvicultura, por isso não foram destinados em 100% para a produção de alface. Inventário de móveis, utensílios e outros bens Você também pode acompanhar os números do inventário móveis, utensílios e outros bens importantes para a propriedade. Observe! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 94 Item Quantidade Utilização na produção de alface Valor unitário novo (R$) Valor total (R$) Vida útil (anos) Idade (anos) Mesa de escritório 1 100% 250,00 250,00 10 5 Armário com fichário* 1 80% 350,00 280,00 10 12 Mesa para computador e impressora 1 100% 200,00 200,00 10 11 Bandeja para produção de mudas (com 200 células)** 500 100% 9,00 4.500,00 5 2 Equipamento de proteção individual (EPI) 1 100% 80,00 80,00 5 2 Caixas de PVC*** 300 100% 20,00 6.000,00 5 2 TOTAL 11.310,00 *O armário com fichário é utilizado também para o gerenciamento da atividade de silvicultura, por isso não é destinado seu uso em 100% para a produção de alface. **A quantidade de bandejas é necessária pela produção de muda ser realizada em escala, e por isso haverá bandejas ocupadas em todo o ciclo. ***A quantidade de caixas de PVC é necessária para atender às demandas de colheita e de comercialização da alface. Inventário dos serviços preliminares Veja agora o levantamento dos serviços preliminares da Santa Felicidade. Itens Quantidade Valor unitário Valor total Elaboração de projeto 1 R$ 800,00 R$ 800,00 Análise da água 1 R$ 100,00 R$ 100,00 Legalização sanitária 1 R$ 500,00 R$ 500,00 Análise de solo 2 R$ 40,00 R$ 80,00 Aração e gradagem (terceirizado) (hora-máquina) 20 R$ 80,00 R$ 1.600,00 Programa de capacitação 1 - - TOTAL R$ 3.080,00 Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 95 Na tabela a seguir você pode observar os gastos realizados nas operações da fazenda e as despesas com a família nos últimos 12 meses. Despesas de custeio (Custo Operacional Efetivo) Valor anual (R$) Mão de obra temporária (diarista) 3.300,00 Técnico agrícola (assessoria) 2.400,00 Sementes 11.700,00 Fertilizantes químicos 6.000,00 Adubos orgânicos 1.170,00 Substrato 7.800,00 Gastos com alimentação da família 11.543,00 Fungicida 720,00 Inseticida 960,00 Despesas com vestuário da família 500,00 Energia 1.600,00 Combustível 2.280,00 Material escolar para filhos 1.000,00 Aquisição de resíduos orgânicos para compostagem 2.000,00 Embalagens 1.800,00 Impostos sobre vendas (% vendas) 2.401,20 INSS + impostos + contribuição sindical 4.350,00 Reparos de benfeitorias 5.000,00 Reparos de máquinas e equipamentos 3.500,00 Outros gastos de custeio 2.000,00 Total 72.024,20 O que em outras metodologias é chamado de despesas de custeio ou custos variáveis, na metodologia de ATeG, chamamos de Custo Operacional Efetivo (COE). Todos esses dados da Fazenda Santa Felicidade se referem à realização do resgate, por isso o levantamento de dados foi dos últimos 12 meses de produção e foram apurados pelas notas fiscais de compra. A análise do Custo Operacional Efetivo deverá ser feita tomando como base o período de 12 meses, ou seja, trata-se de um indicador anual. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 96 Resumindo o tópico Neste quinto tópico, você: Conheceu dados importantes da Fazenda Santa Felicidade. Entendeu como os resultados podem ser analisados na realidade de uma empresa rural. Compreendeu que os conceitos de gestão e gerenciamento podem ser utilizados em qualquer cadeia produtiva. Encerramento do tema Você chegou ao final do segundo tema e, durante os estudos, pôde conhecer as características peculiares da empresa rural e os fatores que interferem na gestão no meio rural, entendendo que os conceitos administrativos são fundamentais para o gerenciamento. Agora, finalizada esta etapa, será capaz de: Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 97 Destacar a origem do agronegócio e como essa extensa rede de agentes econômicos funciona, abrangendo as etapas de “antes, durante e depois da produção”. Reforçar a importância da cadeia produtiva e de cada elo para o sucesso do conjunto. Abordar a noção de custos gerais, escala e elasticidade, importantes para a análise de tendências de mercado e gestão da propriedade rural. Esta etapa, recheada de conceitos essenciais para a gestão no campo, está no fim. Embora seja um conteúdo denso, é muito importante para o seu trabalho na propriedade rural! Agora, para finalizar o tema, acesse o Ambiente de Estudos e assista ao vídeo para acompanhar o Marcelo e o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 98 Atividade de Passagem Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu! Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok? Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos. Questão Com base no que foi estudado neste tema, escolha a alternativa que apresenta as afirmações corretas. a. A gestão pode ser entendida como o senso de direção do negócio, ou seja, coletar dados, analisá-los e tomar decisões que permitam alcançar os resultados esperados. b. Atualmente, a globalização do setor agrícola e a modernização tecnológica são fatores que permitem que os produtores não se preocupem com a gestão do negócio, uma vez que as atividades agropecuárias estão sendo muito lucrativas para eles, não sendo necessário que se preocupem com os custos da atividade. c. Gerenciar negócios no meio rural é mais fácil, pois as decisões do gestor é que definem o resultado, não existindo influência de clima, solo, aspectos biológicos ou econômicos. d. A agropecuária está submetida a um sistema de competição no qual a entrada ou saída de produtores pouco altera a oferta, devido ao seu grande número. e. O ambiente externo influencia os resultados do negócio: flutuações cambiais, variações na política agrícola, variações climáticas, mudanças legais e aspectos culturais podem mudar a rota do gestor que busca um bom resultado para o negócio. 1. A, B, C, D e E 2. B, C e E 3. A, D e E 4. B, C e D 5. B e D Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 99 Tema 3: Renda bruta da atividade Introdução Você está iniciando o terceiro tema do módulo. O objetivo é que você conheça os componentes da renda, entendendo os critérios para definição dos custos nas atividades, as peculiaridades no cálculo da renda bruta na bovinocultura de leite, e que também aprenda a realizar o cálculo da renda bruta. São conhecimentos fundamentais para a realidade financeira de qualquer propriedade rural. Ao final deste tema, você será capaz de: • compor de forma correta a renda de uma atividade; • usar critérios para alocar os custos entre atividades e dentro de uma mesma atividade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 100 Estrutura do tema É muito comum, nas propriedades rurais, trabalhar com mais de uma atividade agropecuária ou mesmo com atividades secundárias ao negócio principal da propriedade. E, muitas vezes, a gestão do negócio fica comprometida, pois o produtor não consegue separar o custo e a renda dessas atividades distintas. Isso pode fazer com que uma atividade lucrativa esconda o prejuízo da outra e a atividade mais onerosa esconda o lucro da atividade lucrativa. Compreender esses aspectos financeiros é essencial para a renda da propriedade. Dessa forma, para facilitar o entendimento do conteúdo, esse tema está dividido em tópicos. Observe o tema junto aos cinco tópicos e conheça o objetivo de cada um deles. Tema 3 Tópico 1 Tópico 2Tópico 5 Tópico 4 Tópico 3 Tópico 1 - Componentes da renda Conhecer oscomponentes da renda bruta das atividades e os conceitos que os envolvem. Critérios para definição dos custos nas atividades Entender os critérios para alocação dos custos entre atividades diferentes e dentro de uma mesma atividade. Tópico 5 – Aplicação do cálculo da renda bruta Aplicar conceitos sobre renda em um estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade. Peculiaridades no cálculo da renda bruta na produção de alface Reconhecer as peculiaridades que envolvem o cálculo da renda bruta na produção de alface, entendendo o conceito, a função, a aplicação e as vantagens do cálculo da variação da produção de composto como componente dessa renda. Tópico 3 - Cálculo da renda bruta Ampliar seus conhecimentos acerca dos conceitos de renda bruta e ver a sua aplicação em um estudo de caso. Agora que você conhece o objetivo de cada um, siga em frente e ótimos estudos! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 101 Tópico 1: Componentes da renda Afinal, o que é renda na realidade de uma propriedade rural? No decorrer deste tópico, você aprenderá o que é a renda bruta, como calcular essa renda e os fatores e produtos que fazem parte dela. A primeira coisa a saber, para seguir em frente no módulo, é a fórmula para obtenção da renda bruta. Observe! Subprodutos do sistema de produção (RSub) Renda Bruta Produção total × Preço médio ponderado (PMP) Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 102 O preço médio ponderado – também conhecido como preço médio real – ao ser apurado, não se baseia apenas nos preços diferentes recebidos no período analisado (12 meses), mas leva em consideração as quantidades comercializadas em cada preço recebido. Entenda o cálculo, acompanhando um exemplo prático! Na prática PMP: Resultado ((preço 1 × produção 1) (preço 3 × produção 3)) (produção 1 + produção 2 + produção 3) + + (preço 2 × produção 2) Resultado ((1,20 × 28.500) (1,40 × 35.000) (28.500 + 32.000 + 35.000) + + (1,35 × 32.000) Resultado 34.200 49.000 95.500 + + 43.200 PMP = R$ 1,3235 126.400 95.500 três preços diferentes 12 meses 3 meses Preço 1 Produção 1 28.500 unidades 32.000 unidades 35.000 unidades Produção 2 Produção 3 R$ 1,20 TOTAL TOTAL TOTAL 4 meses Preço 2 R$ 1,35 5 meses Preço 3 R$ 1,40 Para calcular o preço médio ponderado, essas informações não são suficientes. Então, seguem mais algumas. Uma propriedade de produção de alface recebeu durante o período analisado: 12 meses / Três preços diferentes Veja como ficou o preço médio ponderado, usando a fórmula: Seguindo essa fórmula, é possível apurar com segurança o preço médio ponderado. Porém, a forma de cálculo usada normalmente lá no campo é a inversa: apuramos o total recebido no ano e dividimos pela quantidade total comercializada. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 103 Agora que sua matemática foi testada, você consegue dizer se identificou quais são todos os itens que compõem uma renda bruta? Pode ter certeza de que você se depara com eles quase todos os dias. Então, conheça cada um deles melhor! Produção A produção é o somatório das unidades produzidas em uma atividade em determinado período de tempo, ou seja, o total produzido na área destinada para a atividade. Para a análise de rentabilidade, a produção é medida anualmente, permitindo um comparativo entre as atividades de um mesmo período. Especialmente na agricultura, por exemplo, existem atividades com ciclos produtivos superiores e inferiores a um ano. Nesses casos, a análise de rentabilidade é feita para o ciclo produtivo e os indicadores são ajustados para um ano, permitindo comparação com outras atividades. Veja alguns exemplos: Toneladas de mandioca por hectare Quilos de tomate por planta Metros cúbicos de madeira Caixas de laranja Sacas de milho por área Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 104 Produtividade A produtividade é um indicador medido em relação a um dos fatores de produção em determinado período de tempo. Por exemplo, o fator “terra” pode determinar alguns indicadores de produtividade em relação a uma unidade de área (hectares ou metros quadrados). Litros de vinho por ha/ano Quilogramas de soja/ha/ano Toneladas de laranja/ha Quilogramas de morango/m² Sacas de milho/ha Unidade de brócolis/ha/ano Arrobas/ha/ano Unidade de repolho/m² Caixas de tomate/ha No gerenciamento das atividades agropecuárias, é sempre bom se atentar aos fatores de produção que influenciam na produtividade e representam maior estoque de capital ou maior custo operacional. Os fatores de produção que representam maior estoque de capital nas atividades agropecuárias normalmente são a terra ou as construções. Dessa forma, os indicadores de produtividade da terra (hectares) ou das construções (m²) são importantes insumos para a comparação de eficiência das atividades na utilização da área de produção. A mão de obra é outro importante componente do custo. Ela tem sua produtividade medida quando dividimos a produção total pelo número de colaboradores ou pela quantidade de outros fatores de produção que um colaborador é capaz de cuidar. Por exemplo: Arrobas/dia/homem Plantas/dia/homem Quilos/dia/homem Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 105 Na agricultura, mede-se também a produtividade individual das plantas para poder avaliar seu desempenho mediante sua genética e as condições de produção. Por exemplo: Número de sementes/planta de soja Espigas de milho/planta Quilos de pepino/planta Produtos consumidos pela mão de obra É importante destacar a necessidade de se contabilizar, na renda e nas despesas, os produtos consumidos na propriedade, que muitas vezes são desconsiderados pelo produtor. Cada unidade produzida e consumida na propriedade teve um custo de produção, que não pode ser desprezado. Pare para pensar Considere uma propriedade que possua produção diária de 200 kg de tomate e na qual a mão de obra consuma 1,5 kg por dia. Ao final de um ano, o tomate consumido (547,5 kg) representará a produção de 2,73 dias da propriedade. Como contornar isso? Escreva o que acredita ser uma medida para essa situação. Depois de passar pelos tópicos, volte e reveja sua resposta! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 106 Na fruticultura e na horticultura, a produção destinada ao consumo da família deve ser contabilizada como um componente de renda e de custo da atividade, pois esses produtos deixam de ser comercializados e se tornam um custo de produção das atividades. Subprodutos Os subprodutos são produtos gerados em consequência de uma atividade principal e devem compor a renda e os custos da atividade, quando são consumidos na propriedade. Observe! Subproduto da olericultura Venda de composto como adubo orgânico na produção agrícola. O composto é um subproduto gerado a partir dos resíduos da olericultura. Atividades secundárias As atividades secundárias são as que interagem com a atividade principal da propriedade, porém não se destinam ao mercado. A decisão da sua existência está sob domínio do produtor. As atividades secundárias não devem compor a renda, porém seus custos de produção devem ser considerados como despesa da atividade principal. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 107 Observe um exemplo relativo à produção de café. Na prática O café processado é vendido para restaurantes e lanchonetes. Essa unidade processadora será tratada como uma outra atividade secundária, que possui uma estrutura de custo própria, na qual o café é um insumo. Um produtor de café adquiriu um torrador e um moedor. Então, passou a processar parte de sua produção. Nesse cenário, o produtor deve “vender” o café in natura para a sua nova unidade processadora a preço de mercado. Qual é a diferença entre subproduto e atividades secundárias? O subprodutonão se desvincula do produto principal. Ou seja, se a atividade principal existir, o subproduto também vai existir. Se existe cana-de-açúcar -> existe açúcar mascavo Subproduto O nível de exploração do subproduto depende da capacidade e do interesse do produtor, mas sua existência não. A atividade secundária pode ter ou não ter ligação com a atividade principal, mas sua existência depende do produtor. Atividade Secundária Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 108 Resumindo o tópico Neste primeiro tópico, você: Entendeu a importância da renda bruta, a sua fórmula e a forma de realizar o cálculo. Conheceu o Preço Médio Ponderado (PMP) e como realizar análises a partir do seu cálculo. Conheceu melhor os componentes da renda bruta e a importância de cada um deles para a propriedade rural. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 109 Tópico 2: Critérios de definição de custos entre as atividades Como saber quanto deve ser destinado para o custo do produto e para o custo da produção? Neste tópico, você vai entender como funciona o rateio de custos e seu cálculo, assim como a melhor forma de alocação das receitas da propriedade. Dentro das diversas cadeias produtivas do agronegócio, a alocação de custos se torna um desafio, já que, muitas vezes, é difícil separar os valores de determinados itens com total isenção. Na produção de pêssego e figo, por exemplo, quando se usa a depreciação de um pulverizador, como saber quanto deve ser destinado para o custo da produção de pêssego e quanto para o custo da produção de figo? Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 110 Para que se possa analisar com coerência os diversos tipos de sistemas dentro de uma mesma atividade, a metodologia de ATeG utiliza a seguinte lógica: Para determinar e dividir os custos entre atividades: rateio de custos com base na participação de cada produto na renda da propriedade alocação de receitas e custos Entenda melhor cada uma das formas apresentada! Rateio de custos com base na participação de cada produto na renda da propriedade O método de rateio é indicado para análise de atividades que possuem um produto principal e outros subprodutos, com uma separação dos centros de custos complexa. Observe os exemplos. Consorciação de culturas Em uma propriedade na qual o milho-pipoca é o produto principal, como contabilizar o custo com depreciação do sistema de irrigação já que, na mesma área, há produção de melão e de abóbora? Como essa separação é muito difícil por meio de critérios simples, os custos de depreciação são rateados entre milho-pipoca, abóbora e melão na proporção da renda gerada por esses produtos. O mesmo pode ser pensado para a mão de obra, o combustível e outras despesas da consorciação de culturas. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 111 Produção de uva e ameixa Na produção de uva e de ameixa, quanto do valor da depreciação do trator deve ser contabilizado para a produção de uva e quanto para a produção de ameixa? A lógica é a mesma. O rateio consiste em assumir que o custo de um produto é proporcional à renda gerada por ele para toda a atividade. Isso pode ser expresso pela fórmula a seguir: Custo do produto Custo da atividade Renda do produto Renda da atividade Entenda o conceito, acompanhando o exemplo! Na prática Uma propriedade, cuja produção é baseada na consorciação com espécies de hortaliças, vende: • Alface R$ 3.000,00 • Beterraba R$ 7.000,00 • Custo total = R$ 5.000,00 Como calcular o custo de produção da beterraba? Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 112 R$ 7.000,00 + R$ 3.000,00 R$ 10.000,00 R$ 700,00 R$ 5.000,00 R$ 3.500,00 +R$ 7.000,00 R$ 5.000,00 R$ 10.000,00 R$ 700,00 + Renda total da consorciação Custo da prodição de beterraba Custo da beterraba = R$ 3.500,00 (a beterraba representa 70% da renda) A renda da atividade é a soma da renda da alface com a da beterraba. Entenda o cálculo: Muitos se questionam se esse método define com precisão os custos de cada produto ou subproduto. É importante ressaltar que esse critério não permite ao gestor definir com precisão os custos inerentes a cada produto ou subproduto. Porém, como a distribuição dos custos é feita de forma proporcional e a renda gerada por produto é contabilizada efetivamente, o gestor pode inferir na relação custo-benefício de cada atividade. Alocação de receitas e custos Essa metodologia de cálculo de custos consiste em registrar custos e receitas para cada atividade, seja principal ou secundária. Em outras palavras, consiste em separar o controle de cada atividade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 113 Entenda o gráfico a seguir! ● Produção diária: 300 kg ● Produção vendida para a indústria na forma in natura: 200 kg ● Produção destinada à fabricação de ● conservas: 100 kg ● Preço de venda do pepino: R$ 1,00/kg ● Preço de venda da conserva: R$ 6,00/unidade ● Sendo gastos 300 g de pepino para se produzir uma unidade de conserva ● Custo total: R$ 0,80/kg Considere uma propriedade que produza pepino com os seguintes dados: Para calcular a renda da produção de pepino, deve-se considerar: Nesse caso, deve-se utilizar o preço de mercado do pepino, ou seja, o pepino entra na produção de conservas com o custo de R$ 1,00/kg, que é o componente do custo de produção da produção de conservas. vende o produto atividade principal produção de pepino segunda atividade produção de conservas A separação de valores permite que o produtor avalie as duas atividades de forma independente, identificando situações críticas e tomando as decisões mais assertivas. Pense no exemplo do infográfico: Se o custo de produção de pepino for maior do que seu preço de mercado, o produtor poderá tomar a decisão de manter apenas a atividade de produção de conservas e adquirir o pepino de outro produtor. Se o valor da conserva for menor em relação ao custo com o seu processamento, o produtor poderá decidir entregar toda a sua produção de pepino para a indústria Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 114 Resumindo o tópico Neste segundo tópico, você: Conheceu os critérios para definição de custos entre as atividades e a sua importância para a renda da propriedade rural. Entendeu como definir e dividir os custos por meio de rateio com base na participação de cada produto. Entendeu como definir e dividir os custos alocando receitas e custos, registrando e separando o controle de cada atividade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 115 Tópico 3: Cálculo da renda bruta Você sabe como calcular a renda bruta? A partir de agora, você conhecerá a melhor forma de calcular a renda bruta, aplicando todo o conhecimento que construiu ao longo deste curso. A renda bruta de uma atividade corresponde ao somatório das riquezas produzidas por ela, isto é, são os preços multiplicados pelas quantidades. Algumas atividades agropecuárias possuem um produto principal e outros secundários – nesses casos, a renda bruta é calculada conforme a fórmula a seguir. Renda Bruta Quantidade produzida do produto principal X Preço médio ponderado Somatório das quantidades produzidas de subprodutos X Preço unitário dos subprodutos Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 116 É comum ocorrerem vários eventos de venda de produtos agropecuários ao longo do ano. Nesse caso, a renda bruta daquele ano é obtida pela soma da renda em cada evento. Estudo de caso: a produção de erva-mate da Fazenda Santa Rita Nos últimos anos, o Brasil alcançou excelentes índices de produção, tornando- se uma boa opção de emprego e renda. Isso se deve, além de inúmeros outros fatores, à qualidade do sistema produtivo nacional e à confiança crescente no conceito de alimento saudável,especialmente pela produção de erva- mate de qualidade. Muitas propriedades obtiveram resultados positivos por causa dos índices de produção. Um exemplo é a Fazenda Santa Rita. Conheça! Fazenda Santa Rita* • É a propriedade do sr. José Maria. • A atividade principal é a produção de erva-mate. • No ano passado, ela produziu muito bem, e o sr. José Maria está “só sorrisos”! * Propriedade hipotética para exemplificar os cálculos de renda bruta da atividade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 117 O resultado de todo o esforço, uma grande produção, foi a venda da forma que você verá na sequência. Mas antes, conheça uma informação curiosa e importante! Saiba Mais O surgimento do termo e do símbolo “arroba” é basicamente uma questão histórica e cultural. Na Idade Média, os livros eram escritos à mão e, para simplificar o trabalho, utilizavam-se símbolos de entrelaçamento de duas letras, pois na época tinta e papel eram artigos de grande valia. Veio, então, a arroba, que é uma junção do termo em latim ad. Após o surgimento de tecnologias que facilitaram a escrita (máquina de escrever), os símbolos continuaram a ser utilizados corriqueiramente. A arroba era utilizada na época como forma de comercialização de vários produtos. Então o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis com a definição que se conhece hoje. Arroba veio do árabe ar-ruba, que significa a quarta parte, ou seja, uma arroba (14,68 kg) correspondia a um quintar (outra medida árabe), equivalente a 58,75 kg. A medida árabe foi arredondada e, hoje, é utilizada na comercialização de erva-mate. No Brasil, uma arroba corresponde a 15 kg Tabela de vendas da Fazenda Santa Rita O sr. José Maria possui em sua propriedade cinco plantas matrizeiras, cujas sementes são colhidas e vendidas a um viveirista especializado na produção de mudas. Observe os resultados na tabela! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 118 Mês Venda de erva- mate (@) Venda de sementes (kg) Valor unitário (R$) Valor total (R$) Janeiro Fevereiro 80 15,00 1.200,00 Março 686 12,00 8.232,00 Abril Maio 114 14,00 1.596,00 Junho Julho Agosto 1.015 10,00 10.150,00 Setembro Outubro 622 14,00 8.708,00 Novem-bro Dezembro 563 15,00 8.445,00 Total 3.000 38.331,00 Ao analisar os dados apresentados, é possível ver que ainda não foi calculado o preço médio, obtido pela divisão da renda bruta anual pela produção total do ano. Então, veja o passo a passo desse cálculo. Primeiro, analise os dados: Produção em arrobas = 3.000 Renda bruta total com venda das arrobas = R$ R$ 37.131,00 Preço médio/arroba = R$ 37.131,00/3.000 = R$ 12,377/arroba Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 119 Para calcular a renda bruta da atividade: Renda bruta do produto principal = Venda das arrobas no ano = 3.000 x R$ 12,377 = R$ 37.131,00 Renda bruta do subproduto = produção de mudas no ano = 80 x R$ 15,00 = R$ 1.200,00 A soma desses valores é a renda bruta da atividade: = R$ 37.131,00 + R$ 1.200,00 = R$ 38.331,00 Caso parte da produção seja utilizada para o consumo da família, o valor desse produto deverá compor a renda bruta da atividade, e, para calcular o valor, toma-se como base o preço recebido no período. Agora, para concluir esse conhecimento, reflita um pouco. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 120 Pare para pensar Entendido como calcular a renda bruta quando o assunto é erva-mate, você consegue dizer se esse mesmo tipo de cálculo se aplica a outras culturas? Resumindo o tópico Neste terceiro tópico, você: Conheceu a Fazenda Santa Rita e sua atividade. Viu o resultado das vendas da propriedade relativo à produção de erva-mate. Compreendeu o passo a passo do cálculo da renda bruta da propriedade considerando a sua atividade principal. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 121 Tópico 4: Peculiaridades no cálculo da renda bruta Existem diferenças nas culturas que impactam na renda bruta da atividade? No decorrer deste tópico, você entenderá como as peculiaridades da cultura da produção de alface impactam no cálculo da renda bruta da atividade. Participação da renda da alface na renda da atividade da olericultura O composto é um componente (insumo) no processo de produção de alface. É produzido pelo uso de restos culturais da área de produção, esterco e outros resíduos de origem animal ou vegetal. Na renda da propriedade que somente produz alface, existe uma estabilidade no faturamento anual, em que a receita vem da alface, porém também há a possibilidade de auferir receita do composto excedente. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 122 Dessa forma, ela teria duas atividades produtivas distintas de finalidade econômica. No caso de ter uma renda constante e estabilizada da produção do composto, ela teria status de “atividade produtiva de finalidade econômica”. Em alguns casos, devido a uma necessidade inesperada de recursos financeiros, poderá haver a venda de composto acima do esperado. Sobre essa renda... Assim, a receita do composto não poderia ser classificada como proveniente da atividade de olericultura. Então, será possível observar um acréscimo repentino na renda anual. Outra questão importante, que pode ter interferência direta na renda da produção da atividade, está no uso do espaçamento entre plantas, que diretamente se refletirá na renda bruta total. Aspectos da participação da renda da alface na renda da atividade da olericultura Agora, analise alguns possíveis cenários para entender melhor por que o espaçamento influencia na participação da alface na renda da atividade. Para começar, observe os três cenários apresentados: Área de produção Espaçamento Número de plantas Preço de venda (R$) / planta Receita do alface (R$) % da receita em relação ao menor orçamento Entre linhas (m) Entre plantas (m) 100m² 0,15 0,15 4444 0,8 R$ 3.555,56 xxxxx 0,2 0,2 2500 0,8 R$ 2.000,00 -44% 0,3 0,3 1111 0,8 R$ 888,89 -75% Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 123 Entenda melhor cada cenário! Neste cenário, observa-se que, com uma densidade de plantas maior, a área produziu um maior número de plantas. Porém, a renda da produção da alface está 44% menor do que o exemplo de menor espaçamento. Cenários B e C – Espaçamento de 0,2 m x 0,2 m Neste cenário, normalmente a propriedade dispõe de solos com pouca fertilidade e não utiliza mecanismos para melhorar sua qualidade. Assim, com menor densidade de plantas por metro quadrado, a produção e a renda em relação à venda de alface são comprometidas. Neste cenário, a composição da renda da atividade reduziu em 75% a capacidade de geração de renda. Cenário A – Espaçamento 0,3 m x 0,3 m A respeito da especialização na produção de alface, normalmente ocorre pouco descarte da produção. Isso se deve a um trabalho mais qualificado, em que o nível tecnológico é maior, e ao uso viável de um espaçamento menor, aumentando a produção. Na produção especializada, as plantas têm um desenvolvimento rápido, e isso se deve à maximização dos recursos de produção. Em consequência disso, há um aumento no custo variável, mas que é compensado pela comercialização da alface ser bem maior. Cenário D – Espaçamento de 0,15 m x 0,15 m Observe um exemplo de resultado obtido em uma propriedade produtora de alface que vendia ocasionalmente composto. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 124 Na prática Veja os dados de uma propriedade produtora de alface: • Área total de produção de alface: 100 m2 • Número de safras no ano: 6 • Preço de venda da alface: - Safra 1: R$ 0,85/un. - Safra 2: R$ 0,90/un. - Safra 3: R$ 0,74/un. - Safra 4: R$ 0,50/un. - Safra 5: R$ 0,83/un. - Safra 6: R$ 0,92/un. • Espaçamento utilizado: 0,2 m x 0,2 m • Na safra 4, ocorreu a venda de 3.000 kg de compostoexcedente. • Preço do composto: R$ 1,00/kg. Calcule: 1. Receita bruta total de alface Considerando... - Safra 1: R$ 0,85/un. x 2.500 plantas = R$ 2.125,00 - Safra 2: R$ 0,90/un. x 2.500 plantas = R$ 2.250,00 - Safra 3: R$ 0,74/un. x 2.500 plantas = R$ 1.850,00 - Safra 4: R$ 0,50/un. x 2.500 plantas = R$ 1.250,00 - Safra 5: R$ 0,83/un. x 2.500 plantas = R$ 2.075,00 - Safra 6: R$ 0,92/un. x 2.500 plantas = R$ 2.300,00 Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 125 Receita total da alface = R$ 2.125,00 + R$ 2.250,00 + R$ 1.850,00 + R$ 1.250,00 + R$ 2.075,00 + R$ 2.300,00 Receita total da alface = R$ 11.850,00 2. Receita da venda do composto Receita do composto = 3.000 kg x R$ 1,00 Receita do composto = R$ 3.000,00 3. Receita da atividade da propriedade Composição da receita total da propriedade Item Renda bruta Total por safra Alface Composto Safra 1 R$ 2.125,00 R$ 2.125,00 Safra 2 R$ 2.250,00 R$ 2.250,00 Safra 3 R$ 1.850,00 R$ 1.850,00 Safra 4 R$ 1.250,00 R$ 3.000,00 R$ 4.250,00 Safra 5 R$ 2.075,00 R$ 2.075,00 Safra 6 R$ 2.300,00 R$ 2.300,00 Total no ano R$ 11.850,00 R$ 3.000,00 R$ 14.850,00 Na análise de rentabilidade da propriedade produtora de alface, percebe-se que 20,2% da receita bruta total da propriedade, no ano estudado, foram provenientes da venda, ocasional, do composto. Logo, será necessário um olhar crítico na hora de analisar e comparar a rentabilidade da propriedade com outras propriedades que desenvolvam a mesma atividade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 126 Acesse o Ambiente de Estudos e assista a um vídeo que preparamos especialmente para você. Você vai ampliar o entendimento sobre renda bruta, com a explicação do Prof. Erno e um maior detalhamento sobre esse conceito. Acompanhe! Resumindo o tópico Neste quarto tópico, você: Conheceu a participação da renda da alface na renda da atividade da olericultura. Entendeu como realizar análise de rentabilidade da propriedade produtora de alface. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 127 Tópico 5: Aplicação do cálculo da renda bruta Como compor a renda da propriedade incluindo esses novos conceitos? Neste tópico, você vai analisar os dados da Fazenda Santa Felicidade para aplicar a metodologia de ATeG. Agora, será preciso compreender como é a composição da renda dessa propriedade. Juntos, o Sr. Ariovaldo e o Técnico de Campo Marcelo fizeram seus cálculos, a partir dos dados que você acabou de ver. Para calcular a renda bruta de uma atividade, é preciso somar a renda obtida por produto dessa atividade no intervalo de 12 meses a qualquer outra renda gerada, por exemplo, a venda de sucatas. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 128 a atividade olerícola, para calcular a renda, primeiramente devemos calcular a produção. A produção é o resultado da soma dos componentes. Alface vendida no atacado Alface vendida a varejo Alface usada no consumoProdução Uma vez definida a produção, encontramos a renda da alface multiplicando os componentes. Unidade de alface produzida Preço médio ponderado da alface vendida no período Renda da produção de alface Vale destacar que é preciso fazer a multiplicação da alface vendida, pois esse número reflete a oportunidade de mercado para o restante da produção (alface consumo, atacado e varejo). Por fim, para definir a renda da atividade da olericultura, somamos a renda da alface comercializada no atacado e a varejo com a renda da venda de composto. Renda da alface Venda de composto Renda da atividade olerícola Para facilitar o entendimento, as rendas de cada item serão obtidas separadamente e depois somadas. Renda da venda de alface no atacado Esta renda é obtida somando as rendas mensais -> a renda mensal é obtida multiplicando o volume vendido em cada mês pelo preço praticado naquele mês. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 129 Observe a tabela! Mês Alface (unidade) Preço (R$) Renda mensal (R$) 1 28.000 x 0,70 = 19.600,00 2 27.800 x 0,65 = 18.070,00 3 27.900 x 0,68 = 18.972,00 4 27.950 x 0,75 = 20.962,50 5 28.000 x 0,73 = 20.440,00 6 28.000 x 0,70 = 19.600,00 7 27.950 x 0,71 = 19.844,50 8 28.000 x 0,68 = 19.040,00 9 28.000 x 0,67 = 18.760,00 10 28.150 x 0,72 = 20.268,00 11 28.100 x 0,75 = 21.075,00 12 28.050 x 0,70 = 19.635,00 Somatório das rendas mensais = R$ 236.267,00 Renda da venda de alface a varejo Esta renda é calculada da mesma forma, multiplicando o volume pelo preço de mercado, pois é considerado que o produtor vendeu a alface para ele mesmo. Essa renda é calculada da mesma forma, multiplicando o volume pelo preço de mercado, pois se considera que o produtor vendeu a alface direto ao consumidor. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 130 Observe na tabela, o cálculo da renda da alface vendida a varejo. Mês Alface (unidades) Preço (R$) Renda mensal (R$) 1 2.000 x 1,20 = 2.400,00 2 2.200 x 1,18 = 2.596,00 3 2.100 x 1,15 = 2.415,00 4 2.050 x 1,16 = 2.378,00 5 2.000 x 1,14 = 2.280,00 6 2.000 x 1,25 = 2.500,00 7 2.050 x 1,20 = 2.460,00 8 2.000 x 1,25 = 2.500,00 9 2.000 x 1,15 = 2.300,00 10 1.850 x 1,20 = 2.220,00 11 1.900 x 1,25 = 2.375,00 12 1.950 x 1,25 = 2.437,50 Somatório das rendas mensais = R$ 28.861,50 Renda da alface consumida pela família Esta alface é contabilizada na renda para que se possa fazer o débito nos custos que estamos calculando. O cálculo está baseado nos valores de venda a varejo. Observe! Mês Alface (unidade) Preço (R$) Renda mensal (R$) 1 31 x 1,20 = 37,20 2 28 x 1,18 = 33,04 3 31 x 1,15 = 35,65 4 30 x 1,16 = 34,80 5 31 x 1,14 = 35,34 6 30 x 1,25 = 37,50 7 31 x 1,20 = 37,20 8 31 x 1,25 = 38,75 9 31 x 1,15 = 35,65 10 30 x 1,20 = 36,00 11 31 x 1,25 = 38,75 12 30 x 1,25 = 37,50 Somatório das rendas mensais = R$ 437,38 Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 131 Renda obtida da venda de composto Consiste na soma dos valores obtidos em venda, multiplicando o preço pela quantidade vendida em cada mês do ano. Acompanhe o que foi vendido! Item Quantidade (sacas) Preço (R$) Total (R$) Composto 500 x 32,00 = 16.000,00 Renda total da venda de composto = R$ 16.000,00 Cálculo da participação da renda da alface na renda da atividade Agora, deve-se calcular, separadamente, a renda da alface e a renda da atividade da olericultura. Renda da alface Renda Valor (R$) Renda da alface do mês 1 22.037,20 Renda da alface do mês 2 20.699,04 Renda da alface do mês 3 21.422,65 Renda da alface do mês 4 23.375,30 Renda da alface do mês 5 22.755,34 Renda da alface do mês 6 22.137,50 Renda da alface do mês 7 22.341,70 Renda da alface do mês 8 21.578,75 Renda da alface do mês 9 21.095,65 Renda da alface do mês 10 22.524,00 Renda da alface do mês 11 23.488,75 Renda da alface do mês 12 22.110,00 Total 265.565,88 Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 132 Renda da atividade R$ 265.565,88 R$ 16.000,00 R$ 281.565,88 Renda da atividade = Resultado Renda da alface Renda da atividade R$ 265.565,88 R$ 281.565,88 = = 94,31% Somatório das rendas ou riquezas produzidas pela atividade da olericultura Para finalizar os cálculos, ainda se devem considerar as riquezas que foram produzidas pela atividade olerícola da Fazenda Santa Felicidade. Observe! Produto Valor (R$) Renda da alface no atacado 236.267,00 Renda da alface a varejo 28.861,50 Alface consumida pela família 437,38 Venda de composto 16.000,00 TOTAL 281.565,88 Análise resumida da composição da renda A composição da renda foi apresentada de forma separada para cada item, para ajudá-lo a desenvolver um raciocínio ponderado, porém essa composição pode ser realizada de maneira mais simples. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 133 Em cada mês, é possível somar toda a alface produzida e multiplicar o resultado obtido pelo preço(é variável de acordo com o mercado que o produto e direcionado), gerando um valor parcial mensal da renda. Depois, soma a renda dos 12 meses e adiciona a venda de composto. Acompanhe nas tabelas! Alface Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Total de unidades produzidas 30.031 30.028 30.031 30.030 Vendido no atacado (R$) 19.600,00 18.070,00 18.972,00 20.962,00 Vendido a varejo (R$) 2.400,00 2.596,00 2.415,00 2.378,00 Consumo (R$) 37,20 33,04 35,65 34,80 Renda em alface (R$) 22.037,20 20.699,04 21.422,65 23.374,80 Alface Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Total de unidades produzidas 30.031 30.030 30.031 30.031 Vendido no atacado (R$) 20.440,00 19.600,00 19.844,00 19.040,00 Vendido a varejo (R$) 2.280,00 2.500,00 2.460,00 2.500,00 Consumo (R$) 35,34 37,50 37,20 38,75 Renda em alface (R$) 22.755,34 22.137,50 22.341,70 21.578,75 Alface Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12 Total de unidades produzidas 30.031 30.030 30.031 30.030 Vendido no atacado (R$) 18.760,00 20.268,00 21.075,00 19.635,00 Vendido a varejo (R$) 2.300,00 2.220,00 2.375,00 2.437,50 Consumo (R$) 35,65 36,00 38,75 37,50 Renda em alface (R$) 21.095,65 22.524,00 23.488,75 22.110,38 Total de unidades de alface produzidas anualmente: 360.365. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 134 Renda Valor (R$) Renda da alface do mês 1 22.037,20 Renda da alface do mês 2 20.699,04 Renda da alface do mês 3 21.422,65 Renda da alface do mês 4 23.374,80 Renda da alface do mês 5 22.755,34 Renda da alface do mês 6 22.137,50 Renda da alface do mês 7 22.341,70 Renda da alface do mês 8 21.578,75 Renda da alface do mês 9 21.095,65 Renda da alface do mês 10 22.524,00 Renda da alface do mês 11 23.488,75 Renda da alface do mês 12 22.110,00 Venda composto 16.000,00 Total (R$) 281.565,88 Dessa forma, podemos dizer que a renda da alface foi composta por toda a produção, inclusive a destinada ao consumo e pela venda de composto. Resumindo o tópico Neste quinto tópico, você: Retornou aos dados da Fazenda Sanata Felicidade para acompanhar o cálculo da renda da propriedade. Conheceu todas as rendas relacionadas à produção da propriedade. Entendeu como realizar o passo a passo desses cálculos, analisando tabelas essenciais. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 135 Encerramento do tema Você chegou ao final do terceiro tema e, durante os estudos, pôde entender como compor a renda de uma atividade, incluindo toda produção obtida, mesmo a que foi doada, utilizada como insumo ou consumida por colaboradores. Compreendeu que depois, cada um desses itens será contabilizado como custo, possibilitando enxergar quanto da renda foi comprometido em descarte, perda, consumo ou doação. Agora, finalizada essa etapa, você será capaz de: Calcular a renda bruta de uma propriedade rural, considerando os componentes que fazem parte dela e as peculiaridades de cada cadeia produtiva. Identificar os critérios para rateio e alocação de custos importantes para a avaliação separada de subprodutos e atividades secundárias. Atribuir corretamente o que foi apurado de renda bruta para o negócio, sempre considerando os conceitos preconizados pela metodologia ATeG. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 136 Você está no final de mais uma etapa completa de informações importantes para um gerenciamento financeiro eficiente. O conteúdo é intenso, mas essencial para o seu trabalho na propriedade rural! Acesse mais uma vez o Ambiente de Estudos e assista a um vídeo sobre o Marcelo e o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade. Confira cada etapa de suas atividades! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 137 Atividade de Passagem Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu! Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok? Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos. Questão A renda de um negócio deve ser dimensionada corretamente, assim como o rateio dos custos, para que possamos avaliar o resultado econômico de um negócio. Com relação à renda bruta, analise as proposições e assinale a alternativa que contém a sequência correta: 1. A renda de um negócio é o somatório das riquezas por ele produzida. 2. A renda obtida com a venda de subprodutos de um negócio é considerada um dos componentes da renda dele. 3. As rendas obtidas de atividades secundárias, assim como seus custos, devem ter uma contabilidade separada da atividade principal, para que se possa avaliar a viabilidade nos diferentes negócios. Exemplo: separar renda e custo da alface da renda e custo do composto. 4. Na atividade olerícola, a ampliação da produção de composto é feita pela própria propriedade, o crescimento dessa produção NÃO deve ser considerado uma riqueza do negócio no ano da avaliação. 5. Um subproduto não se desvincula do produto principal, ou seja, existindo a atividade principal, haverá o subproduto. Explorá-lo ou não é uma decisão do administrador (um exemplo disso é o esterco que pode ser descartado, usado em lavouras ou vendido), ao passo que ter uma atividade secundária é outro negócio, que parte integralmente da decisão do administrador. 1. A, B, C e E 2. B, C e D 3. A, C, D e E 4. C, D e E 5. A, B e C Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 138 Encerramento do módulo Durante este módulo foram abordados conceitos importantes, que ajudam a compreender o agronegócio sob uma visão holística, assim como o gerenciamento da empresa rural. Dentro de cada tema, foram aprofundados assuntos fundamentais. Relembre! As mudanças ocorridas na agropecuária brasileira nas últimas décadas, em um cenário no qual foi possível observar as margens de lucro se estreitando e passando a exigir um comportamento mais profissional do produtor rural habituado com gestão e mão de obra familiares. A transformação do agronegócio brasileiro em uma extensa rede de agentes econômicos, antes, dentro e depois da porteira, em um processo intersetorial chamado de “cadeia produtiva”. O entendimento financeiro relativo à renda bruta da atividade, aspecto essencial para a gestão e o gerenciamento de uma propriedade rural, considerando as diversas peculiaridades existentes em cada atividade da cadeia produtiva. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 139 O objetivo é que você seja capaz de atribuir corretamente o que foi apurado de renda bruta para o seu negócio, sempre considerando os conceitos preconizados pela metodologia de ATeG. A partir de agora você está preparado para realizar um amplo diagnóstico da cadeia produtiva onde atua, podendo encontrar de maneira mais eficiente pontos de estrangulamentos antes, dentro ou fora da porteira. Antes de finalizar este módulo, acesse o Ambiente de Estudos e assista ao vídeo de encerramento. Siga em frente e acesse, no ambiente de Estudos, o Estudo de Caso, o Simulado e a sua Avaliação. Sucesso e até o próximo módulo! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 140 Final de etapa Parabéns pelo seu percurso até aqui! Este é mais um momento para você aplicar os seus conhecimentos! Então, para finalizar o módulo, você deverá realizar três atividades. Veja nos ícones a explicação sobre o que deve ser feito! Estudo de Caso Será apresentada para você uma situação-problema relacionada aos temas estudados no módulo. Responda, fazendo uma análise da situação. A partir deste módulo, você deverá responder ao estudo de caso em forma de texto, ok? Essa atividade será corrigida pelo tutor, que dará uma nota e um feedback. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 141 Simulado São 17 questões objetivas sobre os três temas deste módulo. Você pode realizar o Simulado três vezes, permitindo que você se preparebem para a Avaliação. A realização dessa atividade é obrigatória, porém não vale nota. Ela é uma ótima oportunidade para verificar o seu conhecimento, estudar e ter uma prévia de como será a Avaliação. Aproveite! Avaliação Depois de realizar o Simulado, você terá acesso à Avaliação. Ela também é composta por 17 questões objetivas de múltipla escolha e é composta por todo o conteúdo estudado no módulo. Essa atividade é obrigatória e vale nota. O seu desempenho nela será contabilizado na sua média. A correção é automática, ou seja, é o LMS que fará a correção da atividade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 142 Onde acessar? Para acessar essas atividades, observe o menu do seu Ambiente de Estudos e depois identifique-as na aba Minhas Avaliações. Início | Ambientação | Conteúdo | Biblioteca | Minhas Avaliações | Turma | Comunicação | Importante! A Avaliação estará disponível somente depois que você passar pelo Simulado. Comece apenas quando tiver a segurança e a confiança necessárias nos seus estudos, pois você terá somente uma tentativa de acerto. Ah! Caso falte energia durante a avaliação, não se preocupe, pois o sistema de avaliações, incluindo o Simulado, são salvos automaticamente. Você não perderá nada do que já respondeu! Para obter informações mais detalhadas sobre o acesso ou se tiver qualquer dúvida, por favor, entre em contato pelo Tira-Dúvidas ou pelo e-mail faleconoscoead@faculdadecna.com.br ou ainda pelo telefone 0800 006 4849 de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, no horário de Brasília. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 143 Gabarito das questões Tema 1 Alternativa correta: II. B, C e E Item B: entende-se que, ao adotar uma visão sistêmica e holística, os gestores devem compreender que todos os que atuam para o fornecimento de um produto ou serviço fazem parte do agronegócio, mesmo os de menor escala, como é o caso da agricultura familiar. Tal compreensão corrobora com a perenidade das cadeias produtivas a longo prazo, tornando o negócio sustentável econômica, social e ambientalmente. Item C: os custos de produção podem ser divididos em custos variáveis e custos fixos. Este último possui a característica de não se alterar em curto e médio prazos, mantendo a mesma infraestrutura e tecnologias de produção, mesmo isso que eleve ou reduza a produção. Item E: no que tange ao mercado, os preços pagos pelos produtos sofrem elevada influência, tanto pela demanda quanto pela oferta, de acordo com seus deslocadores. É o que os especialistas chamam de “lei da oferta e da demanda”. Tema 2 Alternativa correta: III. A, D e E Item A: está correto. Ele contempla a definição do que é gestão. Item B: está incorreto. A globalização e a modernização no setor vêm tornando os produtores capazes de abastecer o mercado com um custo menor. Isso aumenta o desafio gerencial para todos os produtores. Aqueles que não estão se adequando acabam forçados a sair do mercado. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 144 Item C: também está incorreto. A tomada de decisões do gestor define os rumos dos negócios. Isso não é diferente no meio rural, porém, no agronegócio as previsões feitas pelos gestores podem não se realizar, pois nesse meio o gestor está submetido a condições praticamente incontroláveis, como condições biológicas (ex.: surgimento de uma nova doença) e condições climáticas (ex.: geada ou chuva de granizo). Item D: está correto. No mercado de commodities agrícolas existe um grande número de produtores e a entrada ou saída de um produtor em nada afeta a oferta do produto, independentemente do volume por ele produzido. Item E: também está correto. O ambiente externo influencia muito nos resultados da empresa rural. É necessário que o gestor esteja atento ao comportamento de fornecedores e clientes, flutuações cambiais (estas influenciam muito nos preços dos principais insumos), mudanças legais e outros fatores. Um exemplo disso é que uma falha ambiental pode fechar um negócio rural Tema 3 Alternativa correta: I. A, B, C e E Item A: está correto, pois a renda de um negócio é exatamente a somatória de toda a riqueza por ele produzida. O produto da multiplicação é produção x preço de comercialização. É importante que se adicione à renda os resultados obtidos com a venda dos subprodutos (também frutos da multiplicação produção de subprodutos x preço) e a variação da produção de composto, ou seja, quanto de riqueza foi produzida em composto, porém não comercializada, no período em que está se contabilizando renda/custo. Lembrando que, segundo a metodologia de ATeG, essa avaliação é feita anualmente. Item B: está correto. Conforme citado anteriormente, a renda proveniente da venda dos subprodutos é considerada no cálculo da renda total da atividade principal. Isso se dá porque o subproduto é uma consequência da atividade principal, na qual dificilmente conseguiríamos separar os custos. Por exemplo, quanto do custo de produção da cana-de-açúcar foi destinado à produção do melado. Outro exemplo: quanto do custo da adubação para uma planta de figo foi destinado para produzir mais figos e quanto do custo da adubação é usado a fim de que ela gere bons ramos para produção de mudas (subproduto). Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 145 Item C: está correto. As atividades secundárias em uma propriedade rural podem ter seus custos contabilizados em separado. A existência delas independe da atividade principal. Por exemplo, um produtor de conservas de pepino pode ir ao mercado comprar o pepino e não precisará produzir. Outro exemplo seria que o produtor de uva pode contratar a mão de obra para podar suas plantas; ele não precisa obter o conhecimento para realizar a poda. Em todos os exemplos citados, o produtor deve contabilizar em separado, para que uma atividade não cubra a ineficiência da outra. Sabe-se que, no mercado, o produtor tem a alternativa de buscar pelo outro produto. Item D: está incorreto, pois a variação da produção de composto em um determinado período deve ser contabilizada como renda. O custo necessário para produzir esse composto estará contabilizado junto aos demais custos do negócio, logo, essa riqueza também deve ser avaliada. Lembrando que, no cálculo da variação da produção de composto, retiramos o valor das compras realizadas no período, pois essa riqueza veio do caixa da empresa rural, e esse produto não foi produzido com o custo da propriedade. Item E: está correto. Na semelhança das explicações das alternativas B e C é que se explica que essa alternativa também é verdadeira. O subproduto também é resultado de uma atividade qualquer, obtido pelos mesmos custos que ela precisa para ter o produto principal, mais os custos de explorá-lo. As atividades secundárias não dependem da principal para existir, logo, podem e devem ter sua contabilidade separada. Até o próximo módulo! Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 146 Referências BAHIA, J. Veja a importância de um bom gerenciamento para a empresa. Revista Gestão e Negócios. Disponível em: http://revistagestaoenegocios. uol.com.br/artigos/veja-a-importancia-de-um-bom-gerenciamento-para-a- empresa/3016/#. Acesso em: 11 jan. 2017. BERNARDO, L. T., QUEIROZ, A. M. A elasticidade-preço da demanda e a elasticidade-preço da oferta nas commodities agrícolas milho e soja no Brasil. Revista Eletrônica de Economia da Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, v. 7, n. 2, p. 48-65, 2011. Disponível em: https://www.revista.ueg. br/index.php/economia/article/view/8418. Acesso em: 13 out. 2016. DALCIN, D.; OLIVEIRA, S. V.; TROIAN, A. Gestão rural e a tomada de decisão: estudo de caso no setor olerícula. In: SOBER. 48ª Congresso SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural: tecnologias, desenvolvimento e integração social. Campo Grande, 25 a 28 jul.2010. Disponível em: https://docplayer.com.br/12322352-Gestao-rural-e-a-tomada- de-decisao-estudo-de-caso-no-setor-olericula.html. Acesso em: 8 fev. 2021. UECKER, G. L., BRAUN, M.; UECKER, A. D. A gestão dos pequenos empreendimentos rurais num ambiente competitivo global e de grandes estratégias. In: XLIII Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural – Anais... SOBER, 2005, Ribeirão Preto-SP, 2005. http://revistagestaoenegocios.uol.com.br/artigos/veja-a-importancia-de-um-bom-gerenciamento-para-a-empresa/3016/# http://revistagestaoenegocios.uol.com.br/artigos/veja-a-importancia-de-um-bom-gerenciamento-para-a-empresa/3016/# http://revistagestaoenegocios.uol.com.br/artigos/veja-a-importancia-de-um-bom-gerenciamento-para-a-empresa/3016/# https://www.revista.ueg.br/index.php/economia/article/view/8418 https://www.revista.ueg.br/index.php/economia/article/view/8418 https://docplayer.com.br/12322352-Gestao-rural-e-a-tomada-de-decisao-estudo-de-caso-no-setor-olericu https://docplayer.com.br/12322352-Gestao-rural-e-a-tomada-de-decisao-estudo-de-caso-no-setor-olericu