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1 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
FACULDADE DE VETERINÁRIA 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVAS TECNOLOGIAS EM VACINAS DE ANIMAIS DE 
COMPANHIA 
 
 
 
 Maria da Graça Uarth Caetano 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2011 
 2 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
FACULDADE DE VETERINÁRIA 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVAS TECNOLOGIAS EM VACINAS DE ANIMAIS DE 
COMPANHIA 
 
 Maria da Graça Uarth Caetano 
 
 Monografia apresentada à 
 Faculdade de Veterinária como 
 requisito parcial para obtenção 
 do grau de Especialista em 
 Análises Clínicas Veterinárias. 
 
 Orientador: Itabajara da Silva Vaz Junior 
Porto Alegre 
2011 
 
 3 
UNIVARSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
FACULDADE DE VETERINÁRIA 
CURSO DE ESPECIALISTA EM ANÁLISES CLÍNICAS 
VETERINÁRIAS 
 
 
Aluna: Maria da Graça Uarth Caetano 
 
Monografia apresentada como parte integrante dos requisitos de avaliação do Curso de 
Especialista em Análises Clínicas Veterinárias. 
 
 
Aprovado por: 
 
........................................................................................ 
Professor Orientador – Itabajara da Silva vaz Junior 
 
....................................................................................... 
Professora Membro da Banca – Adriana Seixas 
 
....................................................................................... 
Professor Membro da Banca – Claudio W. Canal 
 
 
Porto Alegre 
2011 
 
 4 
 
 
 
 
Resumo 
 
Avanços na tecnologia de produção das vacinas têm modificado a forma de abordagem 
da prevenção de doenças em animais de companhia, não apenas pelo surgimento de doenças 
emergentes que requererão nossa atenção, mas os métodos tradicionais de imunização 
deverão ser submetidos a um olhar crítico. O modo como a tecnologia de produção vacinal 
tem evoluído ao longo dos anos forçará os Médicos Veterinários a reverem seus conceitos de 
seleção e uso de vacinas. Assim como a ciência continua a redefinir nossa abordagem na 
prevenção de doenças, a tecnologia vacinal continuará como uma área de pesquisa inovadora 
e desafiadora dos próximos anos. 
Palavras-chaves: recombinante, canino, felino, vacina, imunidade 
 
 
 
Abstract 
 
Advances in production of vaccines have modified the approach to prevention of 
diseases in pets. Not only the appearance of emerging diseases that require our attention, but 
traditional methods of immunization must undergo a careful look. The vaccine production 
methods have been improved and it will induce veterinarians to review the concepts of 
selection and use of vaccines. The science continues to redefine our approach to disease 
prevention and, the vaccine technology will continue as an important area research area. 
Keywords: recombinant, canine, feline, vaccination. 
 
 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 07 
2 IMUNIDADE................................................................................................... 08 
2.1 Imunizações: Ativa e Passiva............................................................................ 12 
3 HISTÓRIA DA PRIMEIRA VACINA......................................................... 14 
3.1 Revolução da Ciência....................................................................................... 15 
4 OBJETIVO DAS IMUNIZAÇÕES.............................................................. 17 
5 COMPONENTES DA VACINA................................................................... 19 
5.1 Processamentos de vacinas............................................................................... 19 
5.2 Vacinas para animais de companhia................................................................ 21 
5.2.1 Vacinas atenuadas (vivas modificadas)............................................................ 22 
5.2.2 Vacinas inativadas (mortas).............................................................................. 23 
5.2.3 Vacinas recombinantes..................................................................................... 25 
5.2.3.1 Vacinas recombinantes de subunidade............................................................. 26 
5.2.3.2 Vacinas recombinantes de gene deletado......................................................... 30 
5.2.3.3 Vacinas recombinantes vetoriais...................................................................... 31 
5.2.3.4 Vacinas de DNA.............................................................................................. 35 
6 CONCLUSÃO................................................................................................ 39 
 REFERÊNCIAS............................................................................................. 40 
 
 
 6 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1. Células fagocitárias do sistema imunológico: Neutrófilo, Mastócito, 
Macrófago..................................................................................................... 
 
08 
Figura 2. Diapedese...................................................................................................... 09 
Figura 3. Estrutura Anticorpos IgG, IgA, IgE, IgD e IgM........................................... 10 
Figura 4. Linfócito B.................................................................................................... 11 
Figura 5. Linfócito T.................................................................................................... 11 
Figura 6. Memória Imunológica.................................................................................. 12 
Figura 7. Jenner inoculando Phipps............................................................................. 14 
Figura 8. Produção de vacinas.................................................................................... 21 
Figura 9. Vacina atenuada........................................................................................... 23 
Figura 10. Vacina inativada.......................................................................................... 24 
Figura 11. Esquema de produção de vacina recombinante de subunidade................. 29 
Figura 12. Vacina recombinante vetorial...................................................................... 33 
Figura 13. Esquema de produção de vacina recombinante vetorial............................. 34 
Figura 14. Vacina de DNA-Equinos............................................................................. 38 
 
 
 
 
 
 7 
 
 
 
 
 
1 – INTRODUÇÃO 
 
Nos tempos atuais, buscar informações sobre novos rumos na Medicina Veterinária se 
faz necessário uma vez que os animais de companhia são cada vez mais introduzidos nos 
grupos familiares. Neste aspecto, o papel do veterinário é fundamental como veículo de 
auxílio médico, assim como orientador e informador dos males que podem afetar os animais 
e, indiretamente, os humanos. A gama de doenças que envolvem os animais de companhia é 
extensa e precisa ser tratada com seriedade e responsabilidade, uma vez que a desinformação 
sobre prevenção de tais doenças porparte dos proprietários pode contribuir para a 
disseminação das doenças. 
Além dos aspectos clínicos, tratamentos e também a prevenção de doenças infecciosas, 
através das imunizações, contribuem para o controle efetivo de doenças nos animais de 
companhia. As novas tecnologias em produção de vacinas seguras e eficazes num futuro 
próximo substituirão de forma efetiva as vacinas tradicionais. Apesar disso, ainda se utilizam 
as vacinas atenuadas e inativadas na grande maioria das atividades rotineiras das clínicas 
veterinárias, poucas utilizam uma vacina de tecnologia mais avançada, a vacina recombinante. 
As vacinas tradicionais desempenham seu papel e conferem uma boa resposta 
imunológica desde que o hospedeiro esteja apto para responder satisfatoriamente através de 
um sistema imunológico competente. Efeitos adversos podem ser esperados uma vez que a 
produção destas vacinas necessita de adjuvantes e a presença do agente infeccioso vivo 
(atenuado) ou morto (inativado). 
As vacinas recombinantes, através de sua tecnologia de fabricação que utiliza a biologia 
molecular, confere a vacina uma segurança efetiva, uma vez que o agente infeccioso sofre 
vários processos de neutralização do seu potencial infeccioso e com isso impossibilita o 
desenvolvimento da doença. 
Portanto, na retomada de seus conceitos, Médicos Veterinários devem reformular seus 
protocolos vacinais, uma vez que com isso, certamente estarão contribuindo para uma geração 
de animais de companhia mais saudáveis e resistentes às doenças. 
 
 8 
 
 
 
 
2 – IMUNIDADE 
 
O termo imunidade é derivado da palavra latina Immunitas, que se refere à proteção 
contra processos legais que os senadores romanos sofriam durante seu mandato. 
Historicamente, imunidade significava proteção contra doenças, em particular contra doenças 
infecciosas. As células e moléculas responsáveis pela imunidade formam o sistema 
imunológico e a sua resposta coletiva e coordenada à introdução de substâncias estranhas é 
chamada de resposta imunológica (ABBAS et al., 2008). 
A imunologia, em sua forma moderna, é uma ciência experimental em que as 
explicações dos fenômenos imunológicos são baseadas na observação de experimentos. A 
evolução da imunologia como uma disciplina ligada a pesquisas dependeu de nossa 
habilidade em manipular as funções do sistema imunológico em condições controladas. 
 A primeira linha de defesa são as barreiras mecânicas compreendendo a pele e as 
mucosas. A pele é queratinizada impedindo a entrada da maioria dos microrganismos, já as 
mucosas, além de possuírem uma defesa em nível celular, eliminam secreções que irão 
combater e eliminar a maioria dos agentes patogênicos. Porém, devido a algumas injúrias na 
pele, essa barreira mecânica é quebrada entrando em ação a segunda linha de defesa que é a 
linha dos fagócitos. Os fagócitos são células com grande capacidade de fagocitose, ou seja, de 
englobar uma partícula para destruí-la (GUYTON & HALL, 1996). 
 Existem principalmente duas células fagocitárias, os macrófagos e os neutrófilos 
(Figura 1). Os macrófagos são células fagocitárias do tecido conjuntivo propriamente dito, 
tem origem nos monócitos (Figura 1) sanguíneos que migram para o tecido conjuntivo 
propriamente dito, crescem e vão constituir a segunda linha de defesa (USP, 2004). 
 (1) (2) 
Figura 1: Células fagocitárias do sistema imunológico:Neutrófilo (1),Mastócito (2), Macrófago (3). 
Fonte: UNIFESP-Escola Paulista de Medicina: http://www.virtual.emp.br/material/tis/curr-bio/trab2004/2ano/imuno/index.htm 
 9 
 
 Quando os macrófagos teciduais necessitam de auxílio contra o agente invasor, os 
neutrófilos, que são sanguíneos, migram em defesa do macrófago atravessando as paredes dos 
vasos por um processo conhecido como diapedese (Figura 2). Neste processo inflamatório, há 
uma resposta de defesa do organismo para que possa ocorrer a migração das células 
sanguíneas para o tecido conjuntivo. Durante sua função, os mastócitos liberam, entre outras 
moléculas, a histamina que é vasodilatadora, provocando a dilatação dos capilares e com isso 
favorecendo a saída dos neutrófilos para a região onde está ocorrendo à inflamação. A 
dilatação dos capilares facilita o extravasamento plasmático que dificulta para o agente 
agressor penetrar mais profundamente nos tecidos (GUYTON & HALL, 1996). 
 
 
 Figura 2: Diapedese. Fonte:Ivan Roitt, Fundamentos da Imunologia 
 
 A imunidade humoral é mediada pelas moléculas presentes no sangue e nas secreções 
das mucosas, chamadas de anticorpos que são produzidas pelos linfócitos B (Figura 3) 
(também chamados de células B). Os anticorpos (Ac) reconhecem antígenos microbianos, 
neutralizam a infecciosidade dos microrganismos e os preparam para serem eliminados por 
diversos mecanismos efetores. A imunidade humoral é o principal mecanismo de defesa 
contra microrganismos extracelulares e suas toxinas, pois os anticorpos podem se ligar a eles 
e ajudar na sua eliminação. Os próprios anticorpos são especializados e diferentes tipos de 
anticorpos podem ativar mecanismos efetores diferentes (Abbas et. al., 2008). 
 
Neutrófilo 
Vaso 
Sanguíneo 
Sítio de infecção 
Oligossacarídeo 
específico 
Célula endotelial 
Lectina 
 10
 
 Figura 3: Linfócito B. Fonte: UNIFESP-Escola Paulista de Medicina: http://www.virtual.emp.br/material/tis/curr- 
bio/trab2004/2ano/imuno/index.htm 
 
 Os anticorpos combatem microrganismos que tenham ultrapassado a barreira mecânica 
e escapado da resposta imune inata. Uma molécula de anticorpo possui uma estrutura básica 
composta de duas cadeias leves idênticas e duas cadeias pesadas idênticas. Tanto as cadeias 
leves quanto as pesadas contêm uma série de unidades repetidas, cada uma com 
aproximadamente 110 aminoácidos, que se dobram em uma forma globular chamada de 
domínio da Ig. Alguns aminoácidos dessas alças são críticos para o reconhecimento do 
antígeno. Ambas as cadeias leves e pesadas possuem uma região aminoterminal variável (V) 
que participa no reconhecimento do antígeno e de regiões constantes HA carboxiterminais; as 
regiões C das cadeias pesadas possuem as funções efetoras (Abbas et. al., 2008). 
 Antígeno é toda partícula, seja ela, vírus, bactéria, protozoário, substâncias químicas, 
qualquer substância estranha ao organismo que seja capaz de estimular o sistema 
imunológico. Quando um agente infeccioso penetra em um organismo, existem vários 
detectores que irão desencadear a secreção de anticorpos específicos para este agente. O fato 
de que para cada antígeno existe um anticorpo específico é chamada especificidade 
(GUYTON & HALL, 1996). 
 Existem cinco classes de anticorpos, as imunoglobulinas IgM, IgG, IgA, IgD e IgE 
(Figura 3). A imunoglobulina IgG compreende 75% dos anticorpos séricos de um animal 
normal e a IgE, que constitui uma pequena porcentagem dos anticorpos mas está envolvido 
com a alergia. A classe IgM também é importante porque uma grande parte dos anticorpos 
produzidos durante a resposta primária é deste tipo. Estes anticorpos possuem 10 sítios de 
ligação, o que os torna eficazes na proteção do organismo contra invasores (GUYTON & 
HALL, 1996). 
 
 11
 
 Figura 4: Estrutura de Anticorpos IgG, IgA, IgE, IgD e IgM. Fonte: Ivan Roitt, Fundamentos da Imunologia 
 
Muitas vezes, as células são invadidas por microrganismos, porém existe uma célula 
chamada de linfócito T citotóxico ou CD8 (Figura 5) que monitora estas invasões. Quando a 
célula CD8 reconhece uma célula que tenha sido invadida por um vírus ou que esteja alterada 
no caso de um tumor, o linfócito T se liga a esta célula e a destrói. Logo, a finalidade da 
célula CD8 é identificarcélulas que não pertencem ao organismo, que tenham sido alteradas 
ou que sofreram uma infecção viral (UNIFESP, 2004). 
 
 
 Figura 5: Linfócito T. Fonte: UNIFESP-Escola Paulista de Medicina: http://www.virtual.emp.br/material/tis/curr- 
bio/trab2004/2ano/imuno/index.htm 
 
 
A exposição do sistema imunológico a um antígeno estranho aumenta sua habilidade em 
responder novamente àquele antígeno. Respostas à exposição posteriores ao mesmo antígeno, 
chamadas de respostas imunológicas secundárias, em geral, ocorrem mais rapidamente, são de 
maior intensidade e, com frequência, são qualitativamente diferentes da primeira resposta, ou 
 12
resposta imunológica primária ao antígeno (Figura 6). A memória imunológica é específica, 
pois cada exposição ao antígeno expande o clone de linfócitos específicos para cada antígeno. 
Além disso, a estimulação de linfócitos inativos pelos antígenos gera células de memória de 
longa duração. Essas células de memória possuem características especiais que as tornam 
mais eficientes na eliminação do antígeno do que os linfócitos naive que ainda não foram 
expostos ao antígeno (GUYTON & HALL, 1996). 
 
 
 Figura 6: Esquema da memória imunológica. Fonte: Abbas. Imunologia Molecular e Celular 
 
 
2.1 – IMUNIZAÇÕES ATIVA E PASSIVA 
 
 Imunização ativa acontece quando há o contato direto com o antígeno e esta induz a 
resposta imune. A imunização pode ser natural ou artificial. A imunização é ativa natural 
porque houve contato direto com o antígeno que causa a doença. Imunização ativa artificial é 
o contato induzido pelo homem, em geral com o antígeno não patogênico. Um antígeno 
inofensivo (não patogênico) contém epítopos semelhantes aos apresentados por um patógeno 
que pode ser, por exemplo, um vírus ou bactéria que seja incapaz de causar doença. Sendo 
assim, uma reação é induzida no sistema imunológico contra epítopos inoculados. Quando um 
antígeno não atenuado entra em contato com o organismo que recebeu o antígeno atenuado, 
desenvolverá uma resposta imunológica mais rápida evitando assim, que desenvolva a doença 
 13
porque já apresenta memória. Este é o princípio da vacinação. A vacinação é uma medida 
profilática porque faz com que o organismo combata o antígeno antes que este seja capaz de 
efetivamente provocar doença (NELSON & COUTO, 2006). 
 Imunização passiva é aquela em que o anticorpo é fornecido antes do animal ter contato 
com o Ag, por exemplo, no contato com veneno de um animal peçonhento, neste caso não a 
tempo do organismo reconhecer o antígeno e produzir os anticorpos, logo, é administrado o 
soro que é uma solução de anticorpos que foi produzido por outro animal. O antígeno 
atenuado é injetado em animais de laboratório e o sistema imune deste animal produz os 
anticorpos. Esses anticorpos são retirados e purificados e é produzido o soro que, com esses 
anticorpos, dará combate imediato ao antígeno peçonhento. Neste caso o organismo não é 
capaz de produzir células de memória (GUYTON & HALL, 1996). 
 A imunização passiva natural pode tornar um indivíduo imune pela transferência de 
plasma, é um método eficaz para conferir resistência rapidamente, sem que haja a necessidade 
de se esperar uma resposta imunológica ativa. Um exemplo de imunidade passiva é a 
transferência de anticorpos maternos para o feto, o que possibilita que os neonatos combatam 
infecções antes que adquiram a habilidade de produzir anticorpos. Esta imunidade passiva é 
conferida via amamentação e também passagem de anticorpo via placenta que protegerá o 
neonato até o final da lactação momento em que já está desenvolvendo seu sistema 
imunológico. Esta imunização dura um curto espaço de tempo suficiente para proteger o 
organismo do neonato (NELSON & COUTO, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14
 
 
 
 
3 – HISTÓRIA DA PRIMEIRA VACINA 
 
 Em 1796, Edward Jenner, um médico inglês, num período de epidemia, observou que 
um número expressivo de pessoas mostrava-se imune a varíola. Todas eram ordenhadoras e 
tinham se contaminado com o cowpox, uma doença do bovino semelhante à varíola, pela 
formação de pústulas, mas que não causava a morte dos animais. Após uma série de 
experiências, constatou que estes indivíduos mantinham-se refratários à varíola, mesmo 
quando inoculados com o vírus. Neste período, Jenner inoculou Jammes Phipps, um menino 
de oito anos com o pus retirado de uma pústula de Sarah Nelmes, uma ordenhadora infectada 
com o cowpox. O garoto contraiu uma infecção extremamente benigna e, dez dias depois 
estava recuperado. Meses depois, Jenner inoculava Phipps com pus varioloso (Figura 7). O 
menino não adoeceu. Era a descoberta da vacina. A partir de então, Jenner começou a 
imunizar crianças com material retirado diretamente das pústulas dos animais. Em 1798, 
divulgava sua descoberta no trabalho Um Inquérito sobre as Causas e os Efeitos da Vacina da 
Varíola (ABBAS et al., 2008). 
 
 
 Figura 7: Jenner inoculando Phipps. Fonte: http://pt.ars-curandi.wikia.com 
 
 Jenner enfrentou várias resistências. A classe médica demonstrava ceticismo. Os 
variolizadores, que na época tentavam provocar a doença de forma mais branda fazendo com 
que os não-doentes tivessem contato com roupas íntimas e objetos de pessoas doentes, 
fizeram ferrenha oposição. Grupos religiosos alertavam para o risco de degeneração da raça 
 15
humana pela contaminação com material bovino: a vacalização ou minotaurização, como foi 
chamada. Mas, em pouco tempo, a vacina conquistou a Inglaterra. Em 1799, era criado o 
primeiro instituto vacínico em Londres e, em 1802, sob os auspícios da família real, fundava-
se a Sociedade Real Jenneriana para a Extinção da Varíola (PLOTKIN, 2005). 
 A descoberta de Jenner logo se espalhou pelo mundo. A partir de 1800, a Marinha 
Britânica começou a adotar a vacinação. Napoleão Bonaparte introduziu-a em seus exércitos e 
fez imunizar seu filho. Nas Américas, chegou pelas mãos do médico Benjamin Waterhouse, 
de Harvard, popularizando-se, a partir de 1801, quando o presidente Thomas Jefferson foi 
vacinado (SAÚDE., 2011). 
 O imunizante chegou a Portugal em 1799, dentro de um pequeno frasco. D. Pedro, 
futuro imperador do Brasil e seu irmão foram inoculados. Em 1804, o marquês de Barbacena 
trouxe a vacina para o Brasil, transportando-a pelo Atlântico, por seus escravos, que iam 
passando a infecção vacinal, um para o outro, braço a braço, durante a viagem (SAÚDE.gov, 
2011). 
 A oposição à vacina jamais cessou. Camponesas francesas recusavam-se a imunizar 
seus filhos na esperança de que a varíola lhes trouxesse tal degradação física, que os tornasse 
inaptos para o serviço militar e, portanto, para a guerra. Vacinadores eram obrigados a pagar 
para conseguir voluntários que se deixassem inocular, conservando o vírus vacinal. Para 
muitos a imunização causava repulsa, porque o fluido vacinal era conservado em jovens 
confiados a caridade pública, muitos portadores de doenças venéreas e outras moléstias. 
Foram registrados casos de sífilis, eripsela e hepatite B (está última doença ainda 
desconhecida) associados à vacina. Mas nada contribuiu tanto para a resistência a vacinação 
quanto as epidemias de varíola na década de 1820, quando um grande número de imunizados 
adoeceu. Descobriu-se então que a proteção não era eterna. Era preciso revacinar-se. Além 
disso, a conservação da linfa braço a braço não só adulterava o fluido vacinal, como, com o 
tempo, fazia com que este perdesse sua potência. A solução foi retornar ao vírus original: o da 
cowpox ou varíola das vacas. Apesar de toda a oposição a vacinação aos poucos foi se 
generalizando, mesmo que sob pressão governamental. Ela se tornou obrigatória na Baviera, 
em 1807, na Dinamarca, em 1810, na Suécia, em 1814, em vários estados germânicos, em 
1818,na Prússia, em 1835 e, finalmente, na Inglaterra, em 1853 (SAÚDE.gov, 2011). 
 
3.1 – REVOLUÇÃO NA CIÊNCIA 
 
 Em julho de 1885, chegava ao laboratório de Louis Pasteur um menino alsaciano de 
nove anos, Joseph Meister, que havia sido mordido por um cão raivoso. Pasteur que vinha 
desenvolvendo pesquisas na atenuação do vírus da raiva injetou na criança material 
proveniente da medula de um coelho infectado. Ao todo, foram 13 inoculações, cada uma 
com material mais virulento. Meister não chegou a contrair a doença. Em 26 de outubro, o 
 16
cientista francês comunicava a Academia de Ciências a descoberta do imunizante contra a 
raiva, que chamou de vacina em homenagem a Jenner (SAÚDE.gov, 2011). 
 Louis Pasteur já era famoso quando salvou Meister. Desenvolvera pesquisa sobre 
fermentação, elaborando um método para a conservação da cerveja, a pasteurização. 
Formulou a teoria da origem microbiana das doenças. Comprovou que o carbúnculo era 
causado por um microrganismo e descobriu o estafilococo. Desenvolveu imunizações contra a 
cólera das galinhas e o carbúnculo no gado. As vacinas de Pasteur foram às primeiras obtidas 
seguindo uma metodologia científica. Portanto, o desenvolvimento racional de vacinas 
seguras e eficazes foi dado por Louis Pasteur e seus colaboradores. Pasteur observou que as 
bactérias de uma cultura de aviseptica Pasteurella parecia menos virulenta sobre o cultivo 
prolongado e que os animais inoculados com esta cultura estavam protegidos contra a cepa 
virulenta. Desde então, o princípio geral tornou-se para adaptar o patógeno em uma cultura in 
vitro e, posteriormente, testar sua eficácia e segurança através da vacinação de animais de 
laboratório. Quase que imediatamente após a descoberta de que utilizando bactérias atenuadas 
poderiam ser usadas como vacinas, se descobriu que, em alguns casos, bactérias mortas pelo 
calor também eram eficazes. Estes foram os pilares para o desenvolvimento de vacinas e 
muitas das vacinas atuais são baseadas nestes princípios (SCHTTERS, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17
 
 
 
 
 
4 – OBJETIVOS DAS IMUNIZAÇÕES 
 
 Schatzmayr (2003) relata que os objetivos principais das imunizações são prevenir o 
desenvolvimento do quadro clínico do indivíduo e, ao se alcançar um nível de imunidade 
elevado em grandes segmentos da população, se obter o controle ou mesmo a eliminação de 
determinada doença. Em relação ao ser humano, essa eliminação foi alcançada nas Américas 
com a varíola e poliomielite. O desenvolvimento de vacinas depende fundamentalmente do 
conhecimento dos mecanismos imunológicos envolvidos na resposta às infecções, bem como 
dos mecanismos de patogênese das infecções. 
As vacinas e kits de diagnóstico são importantes ferramentas para diagnóstico e 
prevenção de um grande conjunto de doenças que afetam a espécie humana e as espécies 
animais. Existem ainda diversos soros para tratamento, como os antiofídicos, antirrábico e 
antitetânico. Ao conjunto de vacinas e kits de diagnóstico denominamos produtos 
imunobiológicos. Sempre que seja tecnicamente possível e os estudos epidemiológicos 
demonstrarem a importância de uma dada doença ou um dado agente etiológico, a melhor 
forma de enfrentar o problema é por medidas profiláticas (CRAVEIRO, 2008). 
 Toxóides induzem a imunidade humoral, mas pouca ou nenhuma imunidade celular. 
Vacinas de vírus morto contêm componentes imunogênicos e as respostas imunes contra os 
componentes não imunogênicos são inteiramente irrelevantes para a prevenção de infecções e 
pode mesmo interferir e reduzir a resposta imunológica aos componentes imunogênicos. 
Podem também causar efeitos colaterais adversos devido aos componentes indesejáveis, tais 
como endotoxinas (WEGENER apud SHAMS, 2005). 
Vacinas de vírus vivos atenuados e modificados são capazes de induzir imunidade 
humoral e celular mediada por respostas imunes, e nos últimos anos tem havido uma grande 
quantidade de pesquisas e debates sobre o atual protocolo e recomendações para a vacinação 
com vacinas de vírus vivos modificados (SHAMS, 2005). 
 Em veterinária, os estudos sobre vacinação abordam um amplo espectro de objetivos. 
Fornecer abordagens de custo eficaz para prevenir e controlar as doenças infecciosas em 
animais, para melhorar o seu bem-estar e para diminuir o custo de produção são os objetivos 
primários. Também, a vacinação em massa de animais tem sido considerada como um meio 
de prevenir a incidência de zoonoses. Além disso, devido aos programas de vacinação em 
massa, o consumo de diferentes medicamentos veterinários tem sido reduzido 
 18
significativamente. Com a vacinação, além de melhorar o setor de saúde animal em si, 
também tem melhorado substancialmente a saúde pública. Embora o uso generalizado das 
vacinas, contribui consideravelmente para a melhoria da saúde pública e animal em todo o 
mundo, há deficiências graves e estão longe de ser perfeitas. Vacinas convencionais são 
geralmente onerosas para produzir, necessitam de adjuvantes e múltiplas doses para induzir 
imunidade ideal, pode interferir com os anticorpos maternos e, consequentemente, conferem 
pouca ou nenhuma proteção em recém-nascidos (CHAPPUIS apud SHAMS, 2005). 
Atualmente o uso de vacinas em animais pode ser dividido nas seguintes classes: 1- 
vacinas para animais de produção, aqui se incluem vacinas aplicadas na forma injetável, típica 
para bovinos, suínos, ovinos e caprinos; vacinas injetáveis ou administradas na água, para 
peixes; vacinas administradas na água ou via aspersão, para aves; 2 – vacinas para animais de 
companhia, onde se incluem cães, gatos e equinos, são usualmente injetáveis, mas existem 
também de aplicação intra-nasal; 3 – vacinas para controle de animais silvestres que possam 
ser reservatório de microorganismos patogênicos para o homem, como é o caso da raposa em 
relação à raiva (CRAVEIRO, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19
 
 
 
 
 
5 – COMPONENTES DA VACINA 
 
Uma vacina é composta por diversos componentes. Antígeno: responsável por 
promover a resposta imune no organismo a ser protegido. É muito comum uma vacina conter 
diversos antígenos, de modo que com um manejo simplificado dos animais, podemos deixá-
los protegidos contra diversas doenças; Adjuvante: é uma substância, como hidróxido de 
alumínio ou saponina, que aumenta a resposta imune; Conservantes ou estabilizantes: como 
por exemplo, o fenol e o timerosal. O timerosal é um conservante que contém mercúrio, é 
mais eficaz contra as bactérias, durabilidade melhor em prateleira, melhora a estabilidade da 
vacina, apresenta potência e segurança (CRAVEIRO, 2008). 
 
5.1 – PROCESSAMENTO DE VACINAS 
 
A produção industrial de vacinas envolve uma série de etapas. Para que se tenha uma 
produção eficiente, cada uma dessas etapas deve ser otimizada, para que o processo industrial 
resulte numa vacina com qualidade e preço competitivo (Figura 8). 1- Cepas: é essencial 
dispor-se de cepas eficientes, ou seja, que sejam produtoras dos antígenos de interesse. Essas 
estirpes devem passar por programas de melhoramento genético para serem cada vez mais 
eficientes. É fundamental estruturar de modo adequando o Banco de Cepas, de modo a não 
perder as características requeridas dos microorganismos, visto que eles representam um 
patrimônio da empresa; 2 – Cultivo em escala de bancada: nesta etapa estabelecem-se as 
melhores condições ambientais para o máximo crescimento celular ou de produção do 
antígeno de interesse (proteína). As condições a serem otimizadas, a depender do processo 
ser conduzido na presença de oxigênio (aeróbio) ou na sua ausência (anaeróbio), são: 
temperatura, pH, potencial redox, concentração da fonte de carbono, concentração de macro-
nutrientes, concentração de micro-nutrientes. Algumas substâncias geradas no metabolismo 
microbiano, ao longo do processo fermentativo também podem precisar ter suas 
concentraçõescontroladas, pois podem ser fontes inibidoras dos processos, aqui se inclui o 
amônio, o lactato, etc. Para que se alcance altas taxas de conservação dos substratos no 
produto desejado, o tipo de biorreator onde será conduzido o processo também pode ser um 
fator determinante da viabilidade do processo. Busca-se um comportamento cinético que 
assegure a máxima produção do produto de interesse, bem como que tal ocorra no menor 
 20
tempo possível; isso é importante para que o volume dos equipamentos de produção, bem 
como o gasto com insumos, sejam os menores possíveis, de forma a contribuir para o menor 
custo de produção possível. Os biorreatores podem ser muito diferentes, principalmente 
quando se compara a produção das vacinas virais com as bacterianas. Biorreatores, dotados de 
sistemas de agitação são normalmente empregados para produção de vacinas bacterianas. A 
produção de vacinas virais é mais complexa, pois se tem que, inicialmente, produzir as células 
(de mamífero, tipo BHK, ou de insetos, como de Spodoptera frugiperda), para posteriormente 
infectar e promover a produção massiva de vírus. Diversos sistemas podem ser utilizados, 
desde biorreatores dotados de sistema de agitação, quando as células não precisam ficar 
ancoradas (caso da vacina anti-aftosa), ou sistemas ancorados (caso dos antígenos da vacina 
para proteção contra doenças do complexo respiratório/reprodutivo), como garrafas roller, 
bandejas “cell factories”, cubos “cell cubes” e biorreatores com micro-carregadores; 3 – 
Cultivo em escala industrial: nesta etapa, faz-se ajustes do processo para que o aumento de 
escala efetuado não implique em perda de eficiência. Para tanto, o próprio projeto do 
biorreator industrial deve ser feito mediante critérios adequados de escalonamento 
considerando relações geométricas, coeficientes de transferência de oxigênio, potência para a 
agitação fornecida ao meio líquido por unidade de volume, etc; 4 – Inativação do agente: 
para vacinas inativadas, é necessário proceder à inativação do agente, o que pode ser feito por 
via química ou térmica. Em ambos, os casos é necessário determinar a cinética de inativação, 
de forma a ter uma vacina inócua; 5 – Separação, purificação e concentração do produto: 
não basta produzir bem os antígenos de interesse, é necessário que as operações unitárias 
utilizadas no processo sejam eficientes, para que não se perca parte do antígeno nessas 
operações subsequentes; 6 – Formulação: Esta última etapa consiste em se adicionar o 
adjuvante e eventuais preservantes, de modo que a vacina tenha a máxima eficiência e seja 
estável por longos períodos de armazenamento. As condições de armazenamento são de 2 a 
8°C. Existem vários tipos de adjuvantes comerciais utilizados em vacinas aquosas ou vacinas 
em emulsão. Alguns deles são de tal modo eficientes que pode-se obter a resposta imune 
desejada, mesmo com quantidades muito pequenas de antígeno; isto tem evidentemente um 
grande impacto no custo da vacina produzida; 7 – Controle de qualidade: Os controles de 
qualidade são efetuados durante o processo de produção e também no produto final obtido. Os 
controles de processo incluem o pH, confirmação de inativação, quantificação do antígeno e 
pureza (ou seja a ausência de outros microorganismos contaminantes). No produto final faz-se 
controle do pH, aspectos visuais, esterilidade/pureza, inocuidade e teste de potência. O teste 
de potência é feito através de métodos imunoquímicos: in vivo – realizado em animais de 
biotério (camundongos, cobaios e coelhos) e nas espécies-alvo para as quais a vacina é 
indicada; in vitro – ELISAs, soro-neutralização, Lf, ToBI, etc (CRAVEIRO, 2008). 
 21
 
 Figura 8: Produção de vacinas. Fonte:www.aen.pr.gov.br 
 
 
5.2 – VACINAS PARA ANIMAIS DE COMPANHIA 
 
 As vacinas disponíveis comercialmente para uso veterinário são para combate de 
doenças virais e bacterianas; quando se refere aos parasitas, ainda não foram verificados 
produtos eficientes (CRAVEIRO, 2008). 
 Nelson & Couto (2006) relatam que vacinas estão disponíveis para algumas doenças 
infecciosas de cães e gatos e podem ser administradas para prevenir infecções ou limitar a 
doença. A vacinação estimula as respostas imunes, humoral, mucosal ou mediada por células. 
A resposta imune humoral é caracterizada pela produção de anticorpos das classes IgM, IgG e 
IgA, que são produzidos pelos linfócitos B ou plasmócitos, após a apresentação de antígenos 
pelas células apresentadoras de antígenos. A ligação do anticorpo com o agente infeccioso ou 
sua toxina auxilia na prevenção de infecções ou de doenças porque facilita a aglutinação (dos 
vírus), melhora fagocitose (devido à opsonização que é o processo que facilita a ação do 
sistema imune por fixar opsoninas ou fragmentos do complemento na superfície bacteriana, 
permitindo a fagocitose), neutraliza toxinas, bloqueia a ligação na superfície celular, inicia a 
cascata de complemento (é composto por proteinas de membrana plasmática e solúveis no 
sangue e participam das defesas inatas e adquiridas e promove a toxicidade celular 
dependente de anticorpos). As respostas dos anticorpos são mais eficazes no controle de 
agentes infecciosos durante a replicação extracelular ou a produção de toxinas. A resposta 
imune mediada por células depende, principalmente dos linfócitos T. Os linfócitos específicos 
para o antígeno podem mediar à destruição dos agentes infecciosos ou a eliminação dos 
antígenos pela produção de citocinas, que estimulam os outros leucócitos, incluindo 
macrófagos, neutrófilos e células NK. A imunidade mediada por células é necessária para o 
controle da maioria das infecções associadas a células. 
 
 22
 
5.2.1 – VACINAS ATENUADAS ( vivas modificadas) 
 
Os processos de atenuação de virulência tradicionalmente utilizados para a obtenção de 
vacinas vivas se baseiam na passagem dos vírus em células de hospedeiros diversos e em 
diferentes condições e temperaturas, levando a seleção de mutantes menos virulentos, sendo 
frequentemente difícil definir com clareza os mecanismos dessa atenuação. Assim, por 
exemplo, nunca foi possível reproduzir as mutações que geraram a vacina contra a febre 
amarela, apesar de serem utilizadas as mesmas condições experimentais. O avanço da 
biologia molecular permitiu reconhecer algumas mutações envolvidas com a modificação de 
virulência de alguns vírus, como o da poliomielite, sendo este o mais bem estudado desse 
ponto de vista. O contínuo progresso da biologia molecular deverá permitir o 
desenvolvimento de partículas virais com modificações dirigidas que levem à criação de 
partículas atenuadas e estáveis, em condições de serem aplicadas como imunizantes 
(SCHATZMAYR, 2003). 
 Vacinas atenuadas geralmente apresentam uma massa antigênica baixa e raramente 
induzem reações no local de aplicação da vacina; podem ser administradas localmente (p. Ex., 
vacina intranasal de Bordetella brochiseptica atenuada) ou parenteralmente (p.ex., vacina para 
cinomose canina com vírus atenuado). Entretanto, essas vacinas são vivas e precisam se 
replicar no hospedeiro para estimular uma resposta imune (NELSON & COUTO, 2006). 
 Os autores também descrevem sobre as vantagens das vacinas atenuadas que se referem 
a proteção rápida, imunidade prolongada, podem requerer apenas uma dose, adjuvantes não 
são necessários, baixo custo de produção, induzem boa resposta mediada por células, induzem 
potencialmente respostas com IgA, importante na proteção de mucosas, e podem estimular a 
produção de interferon (uma proteína produzida por todos os animais vertebrados para 
defendê-los de agentes externos como vírus, bactérias e células de tumores); as desvantagens 
estão relacionadas à reversão potencial da virulência, virulência potencial para os 
imunossuprimidos, potencialmente imunodepressoras e efeitos adversos fatais, conservação 
mais difícil. 
 Azevedo (2002) descreve que neonatossão capazes de reagir imunologicamente a 
antígenos, porém a resposta é menor e lenta. O título de anticorpos maternos do neonato 
dependerá do título da mãe sendo a principal rota de transferência de imunoglobulinas, o 
colostro e a gema nas aves. Existem 2 a 18% de transferência de imunoglobulinas pela 
placenta, em carnívoros. Este título protege por algumas semanas, porém inativa as vacinas. O 
colostro deixa o neonato com títulos de anticorpos quase iguais aos da mãe, com o tempo, 
perdem-se em ordem: IgA, IgM e IgG. Quanto maior a ninhada, menor a quantidade de 
imunoglobulinas que cada um recebe. O autor coloca que veterinários podem utilizar doses 
repetidas de vacinas (com 2 a 4 semanas de intervalo) para suplementar o bloqueio dos 
anticorpos colostrais, isso, porém depleta mais rapidamente o nível de anticorpos circulantes. 
A indicação de vacinas atenuadas é em surtos, para a produção de imunidade de mucosa e 
 23
para rotina de vacinação. Vacinas atenuadas existem contra parvovirose, cinomose, hepatite 
infecciosa, bordetelose, parainfluenza, panleucopenia, calicivirose, rinotraqueíte e raiva 
(Figura 9). 
 
 
 Figura 9: Vacina Atenuada. Fonte: Pfizer Saúde Animal 
 
 
 
5.2.2 – VACINAS INATIVADAS (mortas) 
 
 As vacinas inativadas incluem vírus mortos, bactérias mortas (bacterinas) e vacinas de 
subunidades, são produzidas da mesma forma que as atenuadas, porém os agentes são 
desnaturados sem destruir a imunogenicidade. De modo geral, as vacinas inativadas requerem 
uma massa antigênica maior do que as vacinas atenuadas para estimular a resposta imune, 
uma vez que elas não se replicam no hospedeiro. As vacinas inativadas estimulam resposta 
imune de menor magnitude e menor tempo de duração do que vacinas atenuadas, a menos que 
sejam adicionadas adjuvantes. Os adjuvantes melhoram a resposta imune ao estimular a 
captação dos antígenos pelos macrófagos que os processam e apresentam aos linfócitos. Os 
adjuvantes podem causar ou potencializar os efeitos adversos da reação à vacina; a indução de 
sarcomas associados à vacina (ou ao sítio da injeção) pode ser um exemplo. A maioria das 
vacinas com adjuvantes estudadas em gatos induz reações piogranulomatosas que podem 
passar por transformação maligna para sarcoma nos tecidos moles (NELSON & COUTO, 
2006). 
O sarcoma pós-vacinal felino, também chamado sarcoma das partes moles, sarcoma de 
locais de injeção, é uma patologia de ocorrência crescente na clínica de pequenos animais e é 
um desafio para os médicos veterinários, pois é de difícil tratamento e potencialmente 
 24
evitáveis. Desenvolve-se após a aplicação de substâncias injetáveis, principalmente vacinas. A 
formação de um nódulo no local da aplicação, em geral, é decorrente de uma resposta 
inflamatória desencadeada pela vacina, sendo considerada normal e até esperada em até 3% 
dos animais. Os nódulos pós-vacina costumam desaparecer em 15 dias, a não ser que evoluam 
para a formação de um granuloma, reação de hipersensibilidadede tipo IV ou tardia, no local 
da aplicação. Considere-se normal a persistência de um pequeno granuloma no local de 
aplicação por um período de três meses, desde que não evolua em tamanho e a partir de então, 
preconiza-se a realização de medidas diagnósticas precisas, como biópsia incisional e 
excisional (MARTINS, 2008). 
No momento da fabricação das vacinas inativadas, os vírus ou bactérias são mortos 
utilizando-se um elemento químico, geralmente, a formalina ou fenol. Fragmentos mortos de 
microrganismos que causam a doença (geralmente bactérias e vírus) são colocados na vacina. 
Como os antígenos estão mortos, a potência vacinal o tempo é menor, resultando em 
imunidade com menor duração. Então, várias doses de vacinas são geralmente necessárias 
para fornecer a melhor proteção (ANDRADE et. al., 2003). 
 Para Azevedo (2002), calor e luz costumam destruir a antigenicidade das vacinas 
inativadas. As vantagens da vacina inativada em relação às atenuadas é o fato de não reverter 
à virulência, tem sua atividade aumentada com adjuvantes e maior estabilidade na estocagem. 
Como desvantagem, a vacina inativada precisa de, no mínimo, duas doses para conferir 
proteção, aumenta o risco de alergias, pela maior massa antigênica, duração da imunidade é 
mais curta, restrita às vias parenterais e, frequentemente, necessita de adjuvantes. Segundo 
Azevedo, está indicada na prenhez, animais debilitados ou imunossuprimidos e neonatos 
privados de colostro que não receberam soroterapia. Vacinas inativadas existem contra 
coronavirose, parvovirose, hepatite infecciosa, bordetelose, leptospirose, panleucopenia, 
calicivirose, rinotraqueíte, leucemia viral felina e raiva (Figura 10). 
 
 
 Figura 10: Vacina Inativada. Fonte: Merial do Brasil 
 
 
5.2.3 – VACINAS RECOMBINANTES 
 25
 
As práticas convencionais de desenvolvimento de vacinas têm sido, com o passar dos 
anos, substituídas por uma nova metodologia que aperfeiçoa as a produção de vacinas, tendo 
como base a identificação de alvos potenciais, formas mais eficazes de administração dos 
antígenos e apresentação destes as células do sistema imune. As vacinas convencionais, 
baseadas no patógeno inteiro, podem apresentar alguns riscos na administração, como o 
desenvolvimento da doença. Neste sentido, a engenharia genética vem despontando como 
alternativa para o melhoramento das vacinas já existentes e no desenvolvimento de novas 
vacinas, as chamadas vacinas recombinantes. Estas vacinas podem ser desenvolvidas de 
diversas maneiras, dependendo do antígeno em questão e do tipo de resposta imune que se 
busca desencadear contra ele (HARTWIG, 2006). 
Para Juliano (2004), com os avanços científicos, uma nova geração de vacinas, 
conhecidas como recombinantes, decorrentes de manipulação genética, tem sido 
implementadas. Como estas vacinas não apresentam o patógeno íntegro, elas são altamente 
seguras e são capazes de centralizar a resposta do sistema imune em antígenos específicos que 
estão relacionados com a proteção imunológica contra a doença, ou seja, não é necessário 
expor o sistema imune a uma série de antígenos. Além disso, as vacinas recombinantes 
permitem diversas rotas de administração. Podem também funcionar como vacinas 
marcadoras, ou seja, podem ser usadas em conjunto com um teste diagnóstico que permite 
diferenciar o animal vacinado do animal que entrou em contato com o patógeno. 
Conforme o autor, com o objetivo de regulamentar o uso das vacinas recombinantes, o 
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA – United States Departament of 
Agriculture) as classificou em três categorias de acordo com a tecnologia utilizada: 
Categoria I: Vacinas recombinantes de subunidade; 
Categoria II: Vacina de genes deletados; 
Categoria III: Vacinas vetoriais. 
Além disso, a tecnologia recombinante também compreende as vacinas de DNA que 
estão sendo amplamente pesquisadas para uso, tanto em humanos quanto em animais 
(JULIANO, 2004). 
Nos dias atuais vacinas recombinantes (indicadas com um “r” antecedendo o antígeno, 
p.ex. rCDV para o vírus da cinomose canina), encontram-se autorizadas e disponíveis para 
administração a várias espécies, incluindo cães, gatos, cavalos, furões e humanos. 
Diferentemente das vacinas com vírus morto ou com vírus vivo-modificado, pelo fato do 
agente patogênico não estar presente na vacina, não há possibilidade das vacinas 
recombinantes dos tipos I ou III induzirem a doença que pretendem prevenir. 
Fundamentalmente, o que distingue uma vacina recombinante das convencionais (vírus morto 
e MLV), é a habilidade da vacina recombinante em induzir uma resposta protetora utilizando 
apenas frações selecionadas do vírus ou bactéria patogênica. Na realidade, vírus vivos 
modificados (p.ex., CDV) e bactérias (p.ex., B. bronchiseptica) replicam-se no paciente e são 
 26
capazes de causaremos sinais de infecção que a vacina pretendia prevenir. Além disso, a 
vacina de vírus vivo atenuado (p.ex., cinomose) replica-se no interior do hospedeiro e pode 
aparecer em locais distantes daquele onde fora inoculado (FORD, 2009). 
A obtenção de uma molécula de DNA recombinante, através da ligação de um 
fragmento de DNA de interesse com o DNA de um vetor, é um processo relativamente 
simples. Entretanto, problemas especiais surgem quando o fragmento de interesse constitui 
uma fração pequena de DNA total. Este é o caso encontrado comumente quando o objetivo é 
o isolamento de genes presentes em uma única cópia num genoma complexo, ou quando o 
objetivo é o isolamento de clones portadores do DNA complementar à RNA mensageiro raro. 
Deste modo, é claro que quando queremos clonar um determinado gene ou DNA 
complementar da mensagem ou mensagens por ele codificado(s) é necessário à obtenção de 
coleções de clones recombinantes, portadores de moléculas representantes de todo genoma, 
ou de coleções de clones de cDNAs derivados de toda a população de mensageiros da célula 
ou do tecido de interesse. Essas coleções de clones de DNA recombinante são chamadas de 
bibliotecas: Biblioteca Genômica, no caso dos clones terem sido obtidos a partir do DNA 
genômico ou Biblioteca cDNA, no caso dos clones terem sido construídos a partir de DNA 
complementar (NASCIMENTO et al., 2003). 
Conforme os mesmos autores o DNA de organismos superiores é bastante complexo: 
por exemplo, o genoma � infoide do mamífero é composto de aproximadamente 3x109 pares 
de base. Portanto se o fragmento de interesse tiver 3000 pb, ele compreenderá somente uma 
parte em 106 de uma preparação do DNA total. De modo similar, uma espécie de RNAm 
particularmente rara pode compreender somente uma parte em 105 ou 106 da fração de RNA 
mensageiro de uma célula. Deste modo, para que seja garantida a presença na biblioteca de 
pelo menos uma versão de todas as sequências da população alvo, um dos pontos principais 
na construção de bibliotecas úteis é a obtenção de grande quantidade de clones. Embora a 
solução deste problema envolva estratégias específicas no preparo do DNA alvo e na escolha 
do vetor de clonagem, em linhas gerais a construção de bibliotecas genômicas e de cDNAs 
segue um procedimento básico bastante semelhante. 
 
5.2.3.1 – VACINAS RECOMBINANTES DE SUBUNIDADES 
 
 As vacinas de subunidades podem ser superiores às vacinas inativadas que utilizam o 
microrganismo inteiro, porque somente as partes imunogênicas dos microrganismos são 
usadas. Isso reduz o potencial de reações vacinais. Produzidas por técnicas de biologia 
molecular, reduzem a alergenicidade. Essas vacinas contêm apenas os antígenos importantes 
para conferir imunidade. As vantagens da vacina de subunidade é que não provoca doença 
pós-vacinal, contém reduzida quantidade de proteína estranha e é mais potente. As 
desvantagens estão relacionadas à produção onerosa e dificuldades na manufatura. São 
especialmente indicadas em prenhez, animais debilitados ou imunossuprimidos e para 
diminuir a alergenicidade de vacinas inativadas ou quando as vacinas vivas causam doenças. 
 27
Vacinas de subunidade existem contra leptospirose (envelope bacteriano), bordetelose 
(antígeno de parede celular), leucemia viral (glicoproteína gp70 e antígeno P45) e raiva 
(glicoproteína G) (AZEVEDO, 2002). 
As vacinas de subunidade são baseadas em frações do microrganismo e estão entre as 
mais produzidas e administradas para prevenção de uma ampla gama de enfermidades. 
Atualmente, o exemplo clássico de vacina de subunidade é a vacina contra hepatite B 
humana, que vem sendo utilizada há vários anos. A substituição das purificações 
convencionais, mais trabalhosas e complexas, pela produção de proteínas recombinantes 
heterólogas, que apresentam maior rentabilidade com um custo menor, tem sido cada vez 
mais comum (HARTWIG, 2006). 
As proteínas recombinantes heterólogas são produzidas tanto em organismos 
procariotos como em eucariotos e, uma vez expressas, podem ser rapidamente purificadas e 
administradas aos animais em altas concentrações. Isto, somado a novas estratégias de 
apresentação de antígeno e a uma nova geração de adjuvantes, aumentará significativamente o 
potencial destas subunidades de antígenos de induzirem uma imunidade celular e humoral 
(CLARK; CASSIDY-HANLEY apud HARTWIG, 2006). 
A bactéria E. coli é um importante microrganismo utilizado na expressão de proteínas 
recombinantes. Uma ampla variedade de antígenos já foi expressa neste microrganismo. No 
entanto, em alguns casos a estimulação do sistema imune por estes antígenos pode ser 
variável, pois uma série de fatores pode intervir, tais como: características peculiares do 
antígeno, formas de apresentação destes ao sistema imune e via de imunização utilizada. 
Sistemas de expressão de proteínas baseadas em E. coli ou em leveduras, podem gerar uma 
conformação incorreta da proteína, acarretando ausência de epítopos conformacionais 
requeridos na produção de anticorpos neutralizantes e protetores no hospedeiro. Similarmente, 
a formação de agregados proteicos (corpúsculo de inclusão), comumente formados devido a 
níveis muito elevados de expressão, compromete a estrutura tridimensional nativa das 
proteínas. Em contraste, níveis baixos de expressão podem estar relacionados com a 
degradação das proteínas por proteases do hospedeiro, frequência de códon e toxicidade da 
proteína recombinante para a célula hospedeira e, além disso, a incapacidade destes sistemas 
de expressão efetuar modificações pós-traducionais e a dificuldade de expressarem estas 
proteínas para o sobrenadante do cultivo (HARTWIG, 2006). 
Para sua fabricação, primeiramente deve-se conhecer os antígenos, ou seja, as proteínas 
imuno-protetoras do patógeno. Dentre estas, deve-se escolher aquela que seja crucial para a 
sobrevivência do microrganismo, para que a proteção adquirida com a vacina não seja 
prejudicada por mutações no patógeno. Com a escolha do antígeno, o DNA que codifica deve 
ser isolado e inserido em outro microrganismo, que sintetizará a proteína antigênica. O 
antígeno é posteriormente purificado e inoculado no animal, onde desencadeará uma resposta 
imune protetora (VAN KAMEM apud JULIANO, 2004). 
Uma série de vacinas de subunidade baseadas no método recombinante vem sendo 
testadas na imunização contra vários patógenos, tanto na área médica quanto veterinária. A 
 28
proteína MPB83 de Mycobacterium bovis foi clonada e expressa em E. coli, para 
desenvolvimento e avaliação de uma vacina de subunidade contra tuberculose bovina. A 
imunização via oral de suínos com a proteína recombinante FaeG, obtida de E. coli 
enterotoxigênica (ETEC), foi capaz de induzir imunidade sistêmica e de mucosas específicas 
contra a proteína heteróloga (HARTWIG, 2006). 
Um exemplo de tecnologia de subunidade se refere À vacina RECOMBITEK® Lyme 
(MERIAL), que protege cães contra Borrelia burgdorferi, causadora da doença de Lyme, 
transmitida por carrapatos, composta pela proteína OspA da Borrelia burgdorferi em E. coli. 
Age como vacina inativada e o processo de produção de uma vacina de subunidade é 
semelhante ao utilizado para produção de insulina recombinante para o tratamento de diabetes 
e fatores de coagulação. Este processo de produção é realizado obtendo-se DNA de Borrelia 
burgdorferi, com parte que codifica para a proteína de superfície A (OspA), este DNA é 
inserido no plasmídeo, criando um plasmídeo recombinante que é inserido em uma E. coli. A 
E. coli é multiplicada em cultura e o plasmídeo recombinante proporciona a produção de 
OspA pela E .coli que é lisada se extraindo a OspA. A OspA é utilizada para produzir a 
RECOMBITEK Lyme, sem adjuvante (Figura 1) (SIMSON, 2009). 
 
 29
 
 Figura11: Esquema de produção da vacina recombinante de subunidade. Fonte: Simson 
 
As bactérias são muito utilizadas para sintetizar o antígeno recombinante de interesse, 
pois muitas delasjá estão bem caracterizadas e apresentam um baixo custo de manutenção. 
Algumas vezes, o sistema de expressão bacteriano não é recomendado quando o objetivo é a 
produção de vacinas de subunidade virais, pois células procarióticas não fazem as 
modificações pós-translacionais necessárias para a síntese de proteínas virais, fazendo com 
que as proteínas recombinantes produzidas tenham uma estrutura diferente das proteínas do 
patógeno e, por isso, não sejam capazes de induzir uma resposta protetora no animal 
(BABIUK, 1999). 
 30
Existem estratégias para aperfeiçoar a produção de uma proteína recombinante como, 
por exemplo, promotores que aumentam os níveis de proteína sintetizada, sequências 
sinalizadas que fazem com que a proteína recombinante seja excretada pela célula facilitando 
a purificação do produto e técnicas que minimizam a degradação proteolítica da molécula de 
interesse. É também possível, através dessa técnica, desenvolver proteínas quiméricas 
contendo epítopos importantes de diferentes patógenos ou proteínas quiméricas contendo 
imunomoduladores, como citocinas, que podem aumentar a resposta imune desencadeada 
com a vacina de subunidade (BABIUK, 1999). 
A Leucogen® (VIRBAC batch k242), outra vacina de subunidade disponível 
comercialmente apresenta um antígeno que é uma proteína não glicosilada derivada da 
glicoproteína de envelope do vírus da leucemia felina do subgrupo A, expresso também em E. 
coli e administrado com adjuvante. Essa vacina pode proteger contra três subtipos do vírus da 
leucemia felina de forma eficaz (JARRET & CANIERE apud JULIANO, 2004). 
As principais vantagens da vacina de subunidade é a segurança, menor competição 
antigênica, já que poucos componentes imunogênicos são encontrados na vacina, e a 
possibilidade de produzir vacinas contra proteínas importantes comuns para vários membros 
da mesma família de vírus (BABIUK, 1999). 
 
5.2.3.2 – VACINA RECOMBINANTE DE GENE DELETADO 
 
Deleções representam a retirada de um segmento genômico da partícula viral, com a 
consequente eliminaçãoda s´ntese de uma ou mais proteínas, reduzindo na atenuação da 
amostra para o hospedeiro. Essas proteínas podem ser responsáveis pela virulência da amostra 
ou por um mecanismo de fuga do sistema imunológico. Como muitas dessas deleções são de 
difícil restauração pelos vírus, considera-se que constituem um mecanismo seguro de se obter 
mutantes ainda imunizantes, porém de mais baixa virulência (BABIUK, 1999). As deleções 
têm sido mais facilmente obtidas em vírus maiores, nos quais ocorrem regiões não essenciais 
para a replicação (SCHATZMAYR, 2003). 
Atualmente, não existem vacinas comerciais atenuadas pela deleção de genes para 
animais de companhia, porém pesquisas estão sendo feitas com sucesso usando-se esta 
tecnologia na tentativa de se proteger contra diversas doenças nestes animais, como por 
exemplo, contra coronavírus felino e herpes vírus felino tipo 1 (HAIJEMA, et al.; 2004). 
Outra razão para se deletar genes de um organismo é a necessidade diferenciar animais 
vacinados de animais infectados, como no caso da vacina IBRAXION® IBRV (inativada) 
(MERIAL). Muito útil em programas de erradicação, essa vacina é composta por um herpesvírus 
bovino tipo 1, cepa ST, do qual foram deletados os genes que codificam para a proteína gE. Essa 
vacina induz a produção de anticorpos seroneutralizantes contra herpesvírus, protegendo os animais da 
doença, porém não induz produção de anticorpos anti-gE. Isso permite que, com um simples teste de 
 31
anticorpos anti-gE os animais infectados sejam identificados como positivos, e os vacinados não 
positivos (SIMSON, 2009). 
 
5.2.3.3 – VACINAS RECOMBINANTES VETORIAIS 
 
As vacinas recombinantes em sua maioria utilizadas em medicina de animais de 
companhia são classificadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos como 
vacinas de categoria III, também chamadas de “vacinas por vetor”. Esses produtos são 
caracterizados pelo fato de segmentos definidos de DNA isolados do genoma de um vírus 
patogênico sejam recombinados com o DNA de um vírus vetor. O vírus vetor, que carrega o 
DNA recombinante, é em seguida administrado tais quais as vacinas de vírus. Apesar do vírus 
vetor não ter um papel destacado na imunização do paciente contra o vírus patogênico 
desejado, ele é efetivamente capturado pelas células apresentadoras de antígenos (p.ex., 
macrófagos e células dentríticas), que processam o antígeno recombinante e apresentam 
aminoácidos fundamentais (proteínas) a linfócitos. A ativação subsequente de linfócitos B e T 
culminam uma resposta imune humoral e celular direcionada especificamente contra as 
proteínas do vírus patogênico (FORD, 2009). 
Os vetores podem ser tanto homólogos nos quais a espécie alvo da vacina é um 
hospedeiro natural para o vírus vetor, ou heterólogos, quando a espécie alvo da vacina não é o 
hospedeiro natural para o vetor. Essas proteínas do patógeno que são secretadas pelo vetor 
estimulam a produção de anticorpos ou são quebradas em pequenos peptídios que são 
transportados para a superfície celular levando a uma resposta celular por linfócitos T 
citotóxicos CD8. O sinal imunogênico pode ser ampliado quando o vetor vivo inicia múltiplos 
ciclos de replicação (ELLIS apud JULIANO, 2004). 
Diversos tipos diferentes de vírus vetores de vacinas recombinantes estão sendo 
estudados neste momento. Retrovírus, adenovírus e herpesvírus, além de diversos poxvírus, 
são exemplos de vírus conhecidos para a atuação no papel de vetores vacinais. Hoje, o único 
vírus vetor utilizado em vacinas de animais de companhia é o vírus canaripox. Em geral, 
poxvírus são apropriados como vetores vacinais, pois o genoma destes é extenso e pode 
acomodar, em diferentes porções, múltiplas inserções de DNA de um organismo não 
relacionado. No entanto, é importante notar que nem todos os vírus vetores são iguais. Da 
mesma forma, nem todos poxvírus vetores partilham as mesmas características; este é um 
ponto importante, considerando as semelhanças das vacinas com novos vetores de poxvírus 
que estão em estudo e que podem ser introduzidas na medicina de animais de companhia em 
um futuro próximo (FORD, 2009). 
Os vetores bacterianos apresentam um custo relativamente baixo, são de fácil manuseio 
e seguros, pois cepas bacterianas não patogênicas têm sido desenvolvidas e continuam 
atenuadas mesmo quando inoculadas em animais imunossuprimidos. Além disso, o 
tratamento com antibióticos é possível se alguma reação adversa acontecer durante os testes 
clínicos. Muitas vezes, esse tipo de vetor permite que a vacina seja administrada oralmente, e 
 32
o tropismo de bactérias entéricas para o tecido � infoide associado às mucosas intestinais 
permite o desenvolvimento de imunidade de mucosa (SHATA et al., 2000). 
É importante que os médicos veterinários entendam as vantagens clínicas por trás do 
uso de vacinas recombinantes em vez de mortas ou vivas atenuadas. Porém, é também 
importante entender as diferenças entre os vários tipos de vacinas recombinantes. Por 
exemplo, o vírus canarypox representa, particularmente, um vetor único quanto à segurança e 
eficácia. Desta forma, obteve a licença para uso em vacinas para equinos, caninos, felinos e 
furões. O fato importante é que, se comparado com vacina ou poxvírus de guaxinim, o vetor 
canarypox não possui a capacidade de se replicar em mamífero. O vírus canarypox é 
designado como um vetor não replicante. Desta maneira, não é esperado o desenvolvimento 
de anticorpos contra este vetor com o decorrer das vacinações. Além disso, vacinas com vetor 
canarypox mostraram a habilidade de promoverem uma resposta de reforço em cães e cavalos 
previamente vacinados com vacinas convencionais (FORD, 2009). 
Bactérias e vírus têm sido muito estudados para sua utilização como vetores. Os vírus 
são excelentes vetores, pois infectam as células de forma eficiente, incluindo as células 
apresentadoras de antígeno (APCs) evitando, portanto, a necessidade de apresentaçãocruzada. 
Além disso, as proteínas do vetor podem atuar como potentes adjuvantes na imunização. A 
principal desvantagem decorre dos animais que são imunes ao vetor onde a memória 
imunológica limita a sua replicação reduzindo a resposta imune contra a proteína 
recombinante. Isto pode ser parcialmente contornado escolhendo-se um vetor o qual o 
hospedeiro não foi previamente exposto (BABIUK, 1999). 
A escolha do vetor viral é determinada por muitos fatores, dentre os quais, o grupo de 
hospedeiros do vetor, replicação no alvo animal, expressão de antígenos estranhos, tamanho 
do genoma, indução da imunidade protetora, duração de imunidade, custo de produção, 
segurança e estabilidade do vírus recombinante, são alguns dos mais importantes 
(YOKOYAMA et al., 1997). 
Tanto as vacinas vivas atenuadas quanto as vacinas recombinantes vetoriais induzem a 
formação de imunidade humoral e celular. Para alguns agentes infecciosos (como o vírus da 
cinomose canina), a intensidade da produção de anticorpos pós-vacinais apresenta boa 
correlação com o nível de proteção do indivíduo (imunidade). Para outros, a concentração 
sérica de anticorpos não se correlaciona bem com o nível de proteção, como no caso da 
leucemia viral felina (FeLV). Esta é uma das razões pela qual a determinação da concentração 
sérica de anticorpos e interferências sobre a imunidade do indivíduo deve ser analisada com 
cautela na dependência do agente infeccioso em questão. Por este motivo, estudos de 
imunização de indivíduos devem ser realizados com testes de desafio do microrganismo 
virulento, de modo a determinar de modo efetivo o grau de proteção conferido pela vacina 
(BRANDÃO, 2008). 
Como exemplo, a vacina RECOMBITEK® Cinomose (Figura12). Nesta vacina, o vírus 
da cinomose tem seu RNA purificado, codificando-se para proteína F(fusão) e proteína HA 
(hemaglutinina), na sequência o RNA é reversamente transcrito para cDNA. Este cDNA é 
inserido no genoma do vírus da bouba de canário (ALVAC), criando a semente da vacina 
 33
recombinante de cinomose. O vírus recombinante é multiplicado em cultivo celular e após o 
cultivo, este vírus recombinante é adicionado aos demais antígenos para produzir a vacina. 
Após a aplicação da vacina no cão por via subcutânea, o vírus penetra nas células do animal 
sendo o DNA viral transcrito e ao tentar se replicar na célula, inicia a produção das proteínas 
HA e F que são expressas pela célula do cão. As células do sistema imune do cão fagocitam 
as proteínas estranhas HA e F e as apresentam aos linfócitos, sendo assim, o cão desenvolve 
imunidade aos antígenos HA e F, ficando protegido contra cinomose (Figura13) (SIMSON, 
2004). 
 
 
 
 Figura 12: Vacina recombinante vetorial. Fonte: Merial 
 
 34
 
 Figura13: Esquema de produção de vacina recombinante vetorial. Fonte: Simson 
 
As vacinas vetoriais foram desenvolvidas na tentativa de buscar a eficácia e segurança 
testadas em várias espécies de mamíferos: baixa imunidade ao vetor, boa capacidade para 
inserção de vários genes adicionais, espectro estreito em hospedeiros, baixo risco, ciclo de 
replicação intracitoplasmático e termoestável. Como exemplo temos a PUREVAX® 
(MERIAL) a nova vacina contra raiva para gatos é uma vacina sem adjuvante composta pelo 
vetor ALVAC que expressa o gene do vírus da raiva com ótimos níveis de segurança e 
proteção para os animais vacinados (JULIANO, 2004). 
 35
A EURIFEL FeLV® (MERIAL), contra o vírus da leucemia felina, leva a imunidade 
protetora que se desenvolve a partir da expressão de antígenos env e gag num vetor ALVAC 
sem a necessidade da administração simultânea de adjuvante. Essa vacina mostrou-se 
eficiente para proteger animais expostos a cepas altamente virulentas. Além disso, ela pode 
ser associada a outras vacinas felinas sem interferir em sua eficácia como é o caso da vacina 
EURIFEL RCCP FeLV® (MERIAL) (POULET et al., apud JULIANO, 2004). 
As vacinas baseadas em vetores têm suas limitações, pois tem como base os 
microrganismos vivos. Os vírus, por exemplo, utilizados como vetores neste tipo de vacina 
apresentam problemas quanto à proliferação, pois o crescimento de grandes quantidades 
destes organismos fora do corpo do indivíduo não é fácil. Bactérias também podem ser usadas 
como vetores vacinais. Neste caso o material genético inserido provoca a exibição de 
antígenos de outros microrganismos na superfície bacteriana, induzindo resposta imune. No 
entanto, são necessários vários ensaios com estes organismos para garantir a segurança na sua 
administração em humanos e animais, pois o principal problema das vacinas vetorizadas é a 
imunidade contra o vetor (vírus ou bactéria) (HARTWIG, 2006). 
 
5.2.3.4 – VACINAS DE DNA 
 
Em 1990, Wolff e seus colegas foram os primeiros a relatarem a expressão bem 
sucedida de DNA plasmidial no tecido muscular de camundongos. Alguns anos mais tarde foi 
relatado que a injeção de DNA codificando uma proteína antigênica do vírus da gripe conferiu 
imunidade camundongos. Vários trabalhos têm descrito e discutido a imunidade protetora 
induzida pelo DNA contra a grande variedade de vírus, bactérias e protozoários. Também tem 
sido investigada para o tratamento do câncer, doenças autoimunes. A administração de um 
simples plasmídeo pode induzir a um amplo espectro de respostas imunes. Eles incluem a 
ativação de linfócitos T CD8, implicado na defesa do hospedeiro contra patógenos 
intracelulares através de linfócitos T citotóxicos e os linfócitos CD4, que secretam citocinas 
desempenhando papel na produção de células B de anticorpos específicos (DUFOUR, 2001). 
Na última década, o grande avanço da biologia molecular permitiu a introdução de 
novas estratégias para a obtenção e a produção de antígenos e foram aprimoradas novas 
maneiras de se administrar e apresentar esses antígenos para as células do sistema imune. As 
vacinas gênicas ou de terceira geração surgiram com a introdução de genes, que codificam 
antígenos potencialmente imunogênicos, em vetores virais ou em DNA plasmidial 
(RODRIGUES, 2004). 
O gene que codifica o antígeno de interesse é inserido num plasmídeo que é purificado e 
injetado por diversas vias no organismo, sendo que a mais comum é a intramuscular. O DNA 
é incorporado pelas células do animal vacinado e entra para o núcleo onde o gene do antígeno 
é transcrito, o mRNA é transportado para o citoplasma e, consequentemente o antígeno é 
sintetizado, secretado e apresentado associado à molécula de MHC de classe I na superfície 
 36
celular para os linfócitos T de modo a desenvolver uma resposta imune protetora (ELLIS, 
2001). 
Um estudo avaliou fatores que determinam a eficiência da transferência do gene e da 
imunogenicidade conferida pela inoculação do plasmídeo. Posteriormente, a inoculação de 
DNA que codifica uma proteína imunogênica do vírus influenza conferiu imunidade protetora 
em camundongos (Kano, et al., 2007). A partir destes resultados, o entendimento sobre o 
mecanismo imunológico induzido por este tipo de vacina despertou interesse da comunidade 
científica. 
O sucesso com imunização com DNA depende, principalmente, da natureza dos 
antígenos, da frequência e via de administração, da concentração de DNA administrada, da 
localização celular do antígeno codificado pelo plasmídeo (secretado, ligado à membrana ou 
citoplasmático), da idade do hospedeiro e da espécie dos animais vacinados (RAINCZUK, 
2003). 
As vacinas de DNA oferecem uma série de vantagens quando comparadas às vacinas 
clássicas, em termos econômicos e técnicos. O custo de produção das vacinas gênicas em 
larga escala é consideravelmente menor ao custo da produção das vacinas compostas de 
fração subcelular, proteínas recombinantes e peptídeos sintéticos (WHALEN, 1996). O 
controle de qualidade é mais fácil, a comercialização não necessita de uma refrigeração, poisestas vacinas são estáveis à temperatura ambiente e podem ser liofilizadas (WAINE, 1995). 
Estes fatores facilitam o transporte, a distribuição e o estabelecimento de amplos programas 
de imunizações em regiões de difícil acesso, o que seria interessante para a realidade 
brasileira e de outros países em desenvolvimento (AZEVEDO, 1999). 
A principal vantagem da vacina de DNA é que assim como as vacinas atenuadas ela 
induz a produção de anticorpos e de resposta imune celular, tanto de linfócitos T auxiliares 
(CD4) quanto T citotóxico (CD8). Adicionalmente as vacinas gênicas não são afetadas pelos 
anticorpos maternos, não apresentam risco de reversão da atenuação e podem ser produzidas 
contra agentes infecciosos de difícil cultivo e atenuação. A vacina pode ainda ser 
coadministrada para multiagentes ou multiepitopos de um determinado agente infeccioso 
(HAN, 1999). 
Um dos vetores utilizados nas vacinas de DNA é o plasmídeo bacteriano, desenvolvido 
originalmente para expressão in vitro de proteínas em células de mamíferos. Os plasmídeos 
apresentam maior segurança biológica, baixo custo, fácil produção, relativa estabilidade e 
capacidade genômica de 2 a 19 kilobase, que podem ser transferidos para as células 
musculares (ULMER, 2006). 
Os plasmídeos utilizados como vacinas devem conter os seguintes elementos essenciais: 
• Um promotor de expressão para células de mamíferos 
• Sinal de poliadenilação (poliA) do transcrito (mRNA) 
• Um marcador de seleção 
 37
• Uma origem de replicação procariótica 
• Sítio de múltipla clonagem onde é inserido o gene de interesse. 
Outras sequências também são importantes como intron que aumenta atividade do 
promotor, peptídio sinal e sequência de seis nucleotídeos com função imunoestimulatória 
(GLENTING, 2005). 
A tecnologia DNA recombinante permite modificações nas sequências gênicas, 
objetivando a melhoria na resposta imunológica do hospedeiro, tais como incorporações de 
sequências imunoestimulatórias (ISS), sequências de genes que codificam interleucinas e gene 
virais que codificam proteínas que melhoram a propagação em células (KANO et al., 2007). 
Apesar deste tipo de vacina ser eficiente em levar a formação de uma resposta imune 
celular, ela normalmente não desencadeia uma grande produção de anticorpos específicos. 
Esta técnica ainda é nova e mais estudos são necessários para que se entenda como o 
plasmídeo é agregado e como as células apresentadoras de antígeno estariam envolvidas. Um 
ponto que ainda está em discussão neste tipo de vacinação é a possibilidade do plasmídeo 
integrar-se ao genoma da célula do hospedeiro, levando a consequências indesejáveis, como 
por exemplo, a ativação de oncogenes, inativação de genes supressores de tumores, mutações 
e alterações nos cromossomos (LILJEQVIST & STAHL apud JULIANO, 2004). 
Poderá haver riscos gerados com as vacinas de DNA, como a integração do plasmídeo 
ao genoma hospedeiro, gerando mutagênese pela ativação protoconcogenes ou pela inativação 
de genes supressores de tumor, estão sendo avaliados. Estudos têm mostrado baixa 
probabilidade de ocorrer integração do plasmídeo. Outros riscos incluem a indução de 
tolerância, devido à apresentação do antígeno em longo prazo, ou reações autoimunes devido 
à indução de anticorpos anti-DNA. Os níveis destes anticorpos têm aumentado de 20-30% em 
seres humanos, mas não induzem qualquer doença com os títulos apresentados, ao contrário 
do aumento de 100-1000 vezes detectado em pacientes com doenças autoimunes (HENKE 
apud KANO, 2007). 
A vacina de DNA, no que se refere a recentes avanços para aumentar sua 
imunogenicidade, tem apresentado baixa imunogenicidade em primatas, entretanto duas 
vacinas foram recentemente licenciadas para animais, uma contra o vírus da febre do Nilo em 
equinos WEST NILE-INNOVATOR®DNA (Figura14) e a outra, contra vírus da necrose 
hematopoiética em salmão, APEX®-IHN (ULMER et al., apud KANO, 2007). 
 
 38
 
 Figura14: Vacina de DNA-Equinos. Fonte:Fort Dodge 
 
Provavelmente, a falha de várias vacinas de DNA em induzir forte resposta imune é a 
pequena produção de antígenos, a liberação celular do DNA plasmidial e a estimulação 
ineficiente. Os esforços para aumentar estes aspectos da vacina de DNA aumentam sua 
eficácia em animais (ULMER, et al., 2006). 
Portanto, a vacina de DNA, é um dos mais novos e mais promissores tipos de vacinas, 
apesar de não ter ainda resultados em seres humanos. Experimentos com animais mostram 
que a injeção intramuscular de plasmídeo contendo DNA “nu” resulta na produção da 
proteína modificada por esse DNA. Essas proteínas permanecem no organismo receptor e 
desencadeiam uma resposta imune. A segurança desse tipo de vacina é incerta, mas estão 
sendo consideradas muitas aplicações, especialmente contra câncer e vírus que possuem altas 
taxas de mutação como influenza e HIV (ANDRADE apud KANO, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 39
6 - CONCLUSÃO 
 
 
Quando se fala em evolução, nos reportamos a mudanças de estilo, de conceitos. Para 
que as novas visões em todas as áreas do mundo sejam alcançadas, se faz necessário a 
mudança individual e coletiva dos indivíduos no que se refere ao desapego aos parâmetros 
convencionais. 
Na medicina humana assim como na medicina veterinária, avanços significativos foram 
atingidos ao longo de décadas, demonstrando, através das pesquisas e descobertas, novas 
formas de tratamento de muitas doenças até então consideradas como incuráveis ou 
intratáveis. 
O avanço tecnológico, principalmente dos produtos farmacêuticos tanto, para humanos 
quanto para animais, representa papel fundamental na cura e prevenção de doenças. Neste 
aspecto as novas gerações de vacinas produzidas através da biologia molecular estão 
despontando como proposta fundamental e promissora na prevenção de doenças 
infectocontagiosas. 
As vacinas de tecnologia tradicional são ainda as mais utilizadas nos animais de 
companhia. Provavelmente, esta conduta protocolar esteja alicerçada a desinformação das 
novas propostas vacinais. Resta, portanto, estimular aos profissionais a busca de novos 
conhecimentos a respeito dos avanços tecnológicos e seus benefícios, visando o bem-estar 
animal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40
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