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COMPLEXO MULTISSENSORIAL OS SENTIDOS COMO MODO DE VIVER A ARQUITETURA VANESSA BIELER UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES PRÓ-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CÂMPUS DE SANTO ÂNGELO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO VANESSA BIELER COMPLEXO MULTISSENSORIAL: OS SENTIDOS COMO MODO DE VIVER A ARQUITETURA SANTO ÂNGELO – RS 2018 VANESSA BIELER COMPLEXO MULTISSENSORIAL: OS SENTIDOS COMO MODO DE VIVER A ARQUITETURA Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Santo Ângelo. Orientadora: Maíra Oliveira Pires SANTO ÂNGELO – RS 2018 VANESSA BIELER COMPLEXO MULTISSENSORIAL: OS SENTIDOS COMO MODO DE VIVER A ARQUITETURA Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Santo Ângelo. Santo Ângelo, 29 de junho de 2018. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Orientadora: Prof. Arq. M.ª Maíra Oliveira Pires URI – Campus Santo Ângelo __________________________________________________ Prof. Arq. M.ª Mariana da Silva Ferreira URI – Campus Santo Ângelo __________________________________________________ Prof. Arq. M.ª Maria de Fátima Rocha Frees URI – Campus Santo Ângelo Dedico este trabalho a minha família por terem proporcionado esta etapa da minha vida, pelo apoio e compreensão em todos os momentos difíceis e à todos deficientes auditivos e visuais que além de tudo, lutam pelo seu lugar na sociedade. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por ter me sustentado nos momento de angústia e pela persistência nesta caminhada. A minha orientadora Maíra Oliveira Pires, por todo seu empenho e dedicação e pelos ensinamentos, os quais foram fundamentais para o desenrolar deste trabalho. A todos os professores, que através de conhecimentos e experiências contribuíram na minha formação acadêmica, preparando-me para vida profissional. As colegas, Juliane Eich, Laís Azolin Morais, Lauren Maso e Liege Ellwanger por compartilharem horas de estudos, angustias, conversas, desabafos e principalmente pelas brincadeiras e risadas, além das rotineiras noites em claro. Agradeço em especial, a Mariana Teichmann (in memória), que sempre me apoiou e esteve comigo durante esses quatro anos, sei que estás feliz e zelando por mim nesta nova etapa. Aos meus pais, Marli e Elmar, pelo amor incondicional, pelo incentivo e por compreenderem as horas de ausência. Vocês são exemplo, minha base de vida e se estou aqui o mérito também é de vocês, pois sem vocês nada disso seria possível. Ao meu namorado Jefersson, por me incentivar nos momentos de dificuldades, pelo amor, cuidado e carinho e principalmente por compreender as horas que não estive presente. Aos demais familiares e amigos e por fim a todos que de alguma forma fizeram parte desta conquista. Muito Obrigada! A arquitetura é a arte da reconciliação entre nós e o mundo, e esta mediação ocorre através dos sentidos. (Johani Pallasmaa) RESUMO O presente trabalho consiste na apresentação de embasamento teórico para a elaboração do projeto arquitetônico, denominado Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a arquitetura. O projeto será desenvolvido na cidade de Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, onde observou-se a necessidade de um espaço completo, levando em consideração sua localização e a escala da cidade na elaboração volumétrica. O tema proposto visa salientar a presença dos sentidos na arquitetura e além disso, viabilizar a inclusão social, um obstáculo enfrentado na sociedade pelos deficientes visuais e auditivos. A pesquisa foi desenvolvida a partir de análises dos condicionantes legais, do entorno e do lote escolhido, bem como estudos de casos e bibliográficos, referentes ao tema. Com isso, definiu-se as atividades que serão oferecidas, o funcionamento e a estrutura do local. Complementando com o memorial de intenções, zoneamento e a proposta volumétrica. Sendo assim, o Complexo Multissensorial, pretende proporcionar um espaço inovador e civilizado, priorizando a convivência entre usuários e à reintegração à sociedade, a reestruturação pessoal e familiar. Palavras-chave: Sentidos. Arquitetura. Inclusão Social. Deficientes Visuais e Auditivos. Reintegração à Sociedade. Reestruturação pessoal e familiar. ABSTRACT The present work consists of the presentation of theoretical basis for the elaboration of the architectural project, called Multisensory Complex: the senses as a way of living the architecture. The project will be developed in the city of Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, where it was observed the need for a complete, taking into account its location and the scale of the city in volumetric elaboration. The proposed theme aims to emphasize the presence of the senses in architecture and, in addition, to enable social inclusion, an obstacle faced in society by the visually and hearing impaired. The research was developed based on analyzes of the legal conditions, the environment and the chosen lot, as well as case studies and bibliographies, related to the theme. This defined the activities that will be offered, the operation and structure of the site. Complementing with the memorial of intentions, zoning and the volumetric proposal. Therefore, the Multisensory Complex aims to provide an innovative and civilized space, prioritizing the coexistence between users and the reintegration to society, personal and family restructuring. Keywords: Senses. Architecture. Social inclusion. Visual and Hearing Impaired. Reintegration to the Society. Personal and family restructuring. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1-Representação gráfica do Referencial teórico .................................. 23 Figura 2-Sistema Ocular ................................................................................. 24 Figura 3-Representação da "cela braile” com números convencionados dos pontos e Alfabeto Braile ............................................................................................ 25 Figura 4-Gráfico populacional - deficientes visuais ......................................... 27 Figura 5-Sistema Auditivo ............................................................................... 28 Figura 6-Alfabeto em LIBRAS ......................................................................... 30 Figura 7-Gráfico de perda auditiva. ................................................................ 31 Figura 8-Gráfico populacional - deficientes auditivos ..................................... 31 Figura 9-Localização de Santo Ângelo e a Capital do Estado. ....................... 40 Figura 10-Localização das Micro Regiões pelo Conselho Regional de Desenvolvimento no RS ............................................................................................ 41 Figura 11- Localização do lote de intervenção e quadra ................................ 42 Figura 12-Localização do lote de intervenção na cidade ................................ 42 Figura 13-Localização dos lotes de intervenção .............................................43 Figura 14 - Levantamento Planialtimétrico ...................................................... 44 Figura 15 - Cortes esquemáticos do lote ........................................................ 44 Figura 16- Levantamento de vegetações existentes no lote. .......................... 45 Figura 17-Vista aérea do lote, indicando a visada dos ângulos ...................... 46 Figura 18- Vista 05 ......................................................................................... 46 Figura 19- Vista 06 ......................................................................................... 46 Figura 20- Vista 07 ......................................................................................... 47 Figura 21- Vista 08 ......................................................................................... 47 Figura 22- Vista 09 ......................................................................................... 47 Figura 23- Vista 10 ......................................................................................... 47 Figura 24 - Localização edificações do entorno .............................................. 48 Figura 25- Mercado Maxxi .............................................................................. 48 Figura 26- Memorial Coluna Prestes .............................................................. 48 Figura 27- Sec. Mun. da Saúde ...................................................................... 49 Figura 28- Teatro Antônio Sepp ...................................................................... 49 Figura 29- Centro Municipal de Cultura .......................................................... 49 Figura 30- Receita Federal ............................................................................. 49 Figura 31- Hotel Avenida ................................................................................ 49 Figura 32- Biblioteca Municipal ....................................................................... 49 Figura 33- OAB Santo Ângelo ........................................................................ 50 Figura 34- Ministério Público .......................................................................... 50 Figura 35- Prédio da Acisa ............................................................................. 50 Figura 36- Prédio do Fórum ............................................................................ 50 Figura 37- Principais acessos das cidades de entorno ao local ..................... 51 Figura 38-Indicação da rota dos ônibus .......................................................... 52 Figura 39-Iluminação via RGE ........................................................................ 53 Figura 40-Local possui telefone público.......................................................... 53 Figura 41- Sinalização em frente .................................................................... 54 Figura 42- Sinalização esquina ....................................................................... 54 Figura 43- Sinalização horizontal .................................................................... 53 Figura 44- Sinalização vertical ........................................................................ 54 Figura 45- Rampas acessíveis. ...................................................................... 54 Figura 46- Sinalização horizontal .................................................................... 55 Figura 47- Sinalização horizontal .................................................................... 54 Figura 48- Sinalização horizontal .................................................................... 55 Figura 49- Estacionamento PCR (Receita Federal) ........................................ 54 Figura 50- cronograma do bairro, com horários e tipo de lixo. ........................ 55 Figura 51- Gráfico Climático de Santo Ângelo ................................................ 56 Figura 52-Estudo de incidência solar no lote .................................................. 57 Figura 53- Estudo de ventos, nas duas principais estações do ano. .............. 57 Figura 54- Zoneamento Urbano de Santo Ângelo .......................................... 58 Figura 55 - Fundação Iberê Camargo ............................................................. 66 Figura 56 - Rampas internas .......................................................................... 66 Figura 57 – Enquadramento da paisagem ...................................................... 66 Figura 58 - Planta de implantação .................................................................. 66 Figura 59 - Planta baixa Térrea ...................................................................... 67 Figura 60-Planta baixa do subsolo ................................................................. 67 Figura 61 - Planta baixa de cobertura ............................................................. 68 Figura 62 - Cortes da Fundação Iberê Camargo ............................................ 68 Figura 63 – Auditório....................................................................................... 69 Figura 64 – Sistema de ventilação do auditório .............................................. 69 Figura 65 - Placas saída de emergência ........................................................ 69 Figura 66 - Localização do Museu Joaquim Felizardo - POA ......................... 70 Figura 67- Fachada e acesso principal do museu .......................................... 71 Figura 68 – Exposição perma-nente – Sala 04 ............................................... 71 Figura 69 - Exposição perma-nente – Sala 04 ................................................ 71 Figura 70 - Expanção da cidade ..................................................................... 71 Figura 71 - Exposição pema-nente - Sala 01 .................................................. 72 Figura 72 - Replica fotográfica 3D .................................................................. 72 Figura 73-Caneta falante ................................................................................ 72 Figura 74 - Maquete com audiodescrição ....................................................... 72 Figura 75 - Maquete tátil com legenda em braile ............................................ 72 Figura 76 - Quadro tátil ................................................................................... 72 Figura 77 - Evolução da planta baixa do pavimento térreo ............................. 73 Figura 78 - Planta baixa atual do museu ........................................................ 73 Figura 79 - Croqui esquemático dos Eixos e localização de setores .............. 75 Figura 80- Volumetria do Museu ..................................................................... 76 Figura 81- Cruzamento do Eixos .................................................................... 76 Figura 82- Eixo da Continuidade .................................................................... 76 Figura 83- Eixo do Exílio ................................................................................. 76 Figura 84- Eixo do Holocausto ........................................................................ 76 Figura 85- Exposição temporária .................................................................... 76 Figura 86- Vazio da memória .......................................................................... 77 Figura 87- Planta baixa do Subsolo ................................................................ 77 Figura 88- Planta Baixa 2º e 3º pavimento do Museu Judaico de Berlim ....... 77 Figura 89- Corte do Museu ............................................................................. 78 Figura 90 - Esquema de setorização ..............................................................79 Figura 91-Organograma e Fluxograma Macro do Complexo Multissensorial . 84 Figura 92- Organograma Complexo Multissensorial ....................................... 85 Figura 93- Fluxograma Complexo Multissensorial .......................................... 86 Figura 94- Zoneamento Térreo Complexo Multissensorial ............................. 87 Figura 95 - Zoneamento Subsolo Complexo Multissensorial .......................... 87 Figura 96- Zoneamento Volumétrico: Fachada Leste e Sul ............................ 88 Figura 97-Zoneamento Volumétrico: Fachada Oeste e Sul ............................ 88 Figura 98- Proposta inicial de implantação do Complexo Multissensorial ...... 90 Figura 99- Estudo formal ................................................................................ 91 Figura 100- Croquis dos mobiliários propostos ............................................... 92 Figura 101- Acessos à área de intervenção ................................................... 93 Figura 102- Vista Fachada Oeste e Fachada Norte, com pórtico e acesso ao mirante ...................................................................................................................... 94 Figura 103- Vista Fachada Leste e Fachada Norte, com pórtico e acesso ao mirante ...................................................................................................................... 94 Figura 104- Vista Fachada Sudeste e Fachada Leste, labirinto ..................... 95 Figura 105- Vista Fachada Sudeste e Fachada Oeste, mirante e acesso secundário ................................................................................................................. 95 Figura 106- Vista do Pórtico, guarita e souveniers ......................................... 96 Figura 107- Jardim dos Bambús ..................................................................... 96 Figura 108- Acesso secundário, pelo estacionamento ................................... 96 Figura 109- Vista 01: Testada principal do Lote ............................................. 97 Figura 110- Vista 02: Testada princ. Voltada à Oeste .................................. 100 Figura 111- Vista 03: Testada princ. voltada à Leste .................................... 100 Figura 112- Vista 04:Acesso de serviço, Alibem ........................................... 100 Figura 113- Vista 11 ..................................................................................... 101 Figura 114- Vista 12 ..................................................................................... 101 Figura 115- Vista do Edifício Gaia, 12º andar ............................................... 101 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Classificação das Limitações Visuais ............................................. 27 Tabela 2- Índices Urbanísticos de Santo Ângelo do lote de intervenção ........ 59 Tabela 3 - Índices Urbanísticos de Santo Ângelo do lote de intervenção ....... 60 Tabela 4- Tabela do uso do solo .................................................................... 60 Tabela 5- Tabela de atividades dos usos do solo ........................................... 61 Tabela 6 - Cálculo da população, conforme a NBR 9077 ............................... 62 Tabela 7- Pré-dimensionamento do setor educacional ................................... 80 Tabela 8 - Pré-dimensionamento do setor administrativo ............................... 81 Tabela 9 - Pré-dimensionamento do setor comercial ..................................... 81 Tabela 10 - Pré-dimensionamento do setor cultural ....................................... 82 Tabela 11 - Pré-dimensionamento do setor de serviço .................................. 83 Tabela 12 - Pré-dimensionamento do setor de lazer ...................................... 83 Tabela 13 - Área total do projeto .................................................................... 84 SUMÁRIO 1. DEFINIÇÃO DO TEMA ...................................................................................... 17 1.1. Tema.............................................................................................................17 1.2. Conceito........................................................................................................17 1.3. Introdução.....................................................................................................17 1.4. Justificativa...................................................................................................18 1.5. Objetivos.......................................................................................................20 1.5.1. Objetivo Geral.......................................................................................20 1.5.2. Objetivos Específicos............................................................................20 1.6. Metodologia..................................................................................................21 1.6.1. Definição do tema..................................................................................21 1.6.2. Pesquisa Bibliográfica...........................................................................21 1.6.3. Definição do contexto e lote...................................................................21 1.6.4. Elaboração da proposta.........................................................................21 1.6.5. Lançamento do Partido Geral................................................................22 2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 22 2.1. Deficiência Visual.........................................................................................23 2.1.1. Sistema ocular, visão e a deficiência visual...........................................24 2.1.2. Classificação das limitações visuais......................................................26 2.2. Deficiência Auditiva......................................................................................27 2.2.1. Sistema auditivo, audição e a deficiência auditiva.................................28 2.2.2. Classificação das limitações auditivas...................................................30 2.3. Arquitetura Sensorial..................................................................................32 2.4. Equipamentos de Cultura como ferramenta de Inclusão...........................34 2.4.1. Cultura...................................................................................................35 2.4.2. Museu...................................................................................................36 2.4.3. O papel Social dos Museus...................................................................36 2.4.4. Acessibilidade em Espaços Culturais...................................................37 3. DEFINIÇÕES DO CONTEXTO E DO LOTE ...................................................... 39 3.1. Contexto Geral .............................................................................................39 3.2. Localização ..................................................................................................41 3.3. Justificativa e escolha do lote......................................................................43 3.4. Dimensões de lote e topografia...................................................................43 3.5. Levantamento Fotográfico – Lote e Entorno..............................................45 4. INFRAESTRUTURA .......................................................................................... 50 4.1. Acessos.........................................................................................................50 4.2. Transporte Coletivo......................................................................................514.3. Infraestrutura Urbana...................................................................................52 5. CONDICIONANTES CLIMÁTICOS ................................................................... 55 5.1. Clima..............................................................................................................55 5.2. Incidência Solar............................................................................................56 5.3. Ventos Predominantes.................................................................................57 6. LEGISLAÇÃO .................................................................................................... 58 6.1. Legislação Municipal....................................................................................58 6.2. Legislação Estadual.....................................................................................62 6.3. Legislação Federal.......................................................................................63 6.4. Normas Técnicas..........................................................................................63 7. ESTUDOS TIPOLÓGICOS ................................................................................ 64 7.1. Estudos de Caso In Loco.............................................................................65 7.1.1. Fundação Iberê Camargo......................................................................65 7.1.1.1. Ficha Técnica e Projeto...............................................................65 7.1.1.2. Análise Critica.............................................................................69 7.1.1.3. Referências Projetuais a serem aplicadas..................................70 7.1.2. Museu Joaqum José Felizardo..............................................................70 7.1.2.1. Ficha Técnica e Projeto...............................................................70 7.1.2.2. Análise Critica.............................................................................73 7.1.2.3. Referências Projetuais a serem aplicadas..................................74 7.2. Estudo de Caso Bibliográfico......................................................................74 7.2.1. Museu Judaico de Berlin........................................................................74 7.2.1.1. Ficha Técnica e Projeto...............................................................74 7.2.1.2. Análise Critica.............................................................................78 7.2.1.3. Referências Projetuais a serem aplicadas..................................78 8. DEFINIÇÃO DO PROGRAMA ........................................................................... 79 8.1. Setorização...................................................................................................79 8.2. Programa de necessidades e Pré-dimensionamento................................79 9. COMPLEMENTAÇÃO DA PESQUISA.............................................................. 84 9.1. Organograma................................................................................................85 9.2. Fluxograma...................................................................................................86 9.3. Zoneamento..................................................................................................87 9.4. Zoneamento Volumétrico.............................................................................88 9.5. Estudo de Conceituação..............................................................................88 9.6. Memorial de Intenções.................................................................................90 9.6.1. Implantação e Volumetria......................................................................91 9.6.2. Mobiliário...............................................................................................92 9.6.3. Paisagismo e Iluminação.......................................................................93 9.7. Proposta Volumétrica...................................................................................93 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 97 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 98 17 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 1. DEFINIÇÃO DO TEMA 1.1. Tema O presente trabalho tem como tema um Complexo Multissensorial, destinado à toda população, dispondo de um apoio especial aos portadores de deficiência auditiva e visual, na cidade de Santo Ângelo – RS. Atuará como um canal de difusão do conhecimento por meio de suas exposições elaboradas para despertar a curiosidade, valorizando a participação do visitante que, ao se envolver em experiências lúdicas e inusitadas, torna-se protagonista de seu próprio aprendizado. 1.2. Conceito O trabalho consiste em um Complexo multissensorial, que irá ressaltar a importância dos sentidos na arquitetura e além disso, salienta-se a dificuldade que deficientes visuais e auditivos enfrentam diariamente em relação à inclusão social, contendo assim um apoio especial à este público. A proposta do projeto contará com salas de exposições interativas, diversas oficinas, as quais serão destinadas à cursos de libras, audiodescrição, braile e até mesmo apoio familiar. Contará com café/bar interativo, diretrizes para um espaço de manutenção e apoio, salas multimídia com audiodescrição, este que por sua vez é inexistente na região. Contará também com espaços de convivência que proporcionem a integração entre sociedade e as pessoas com necessidades especiais. 1.3. Introdução Desde a Grécia Antiga, a cultura ocidental tem sido reprimida. Os renascentistas correlacionavam os sentidos com o corpo cósmico, onde a visão era associada ao fogo e à luz, a audição ao ar, olfato ao vapor, o paladar à água e o tato à terra. Através dessas diferentes representações que foram surgindo com o passar 18 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires do tempo, a visão se tornou o ponto principal do mundo perceptual e se tornou o único sentido “capacitado” a acompanhar a evolução tecnológica (Pallasmaa, 2011) Porém, com a ausência das demais esferas sensoriais, os espaços arquitetônicos estão se tornando insignificantes, o mérito está todo voltado para a monumentalidade e não para os sentimentos e emoções expressos no ambiente, provocando uma sensação de isolamento e alienação nas pessoas. Assim como na arquitetura, os sentidos devem ter magnitude na sociedade, esta, que por sua vez, têm menosprezado pessoas com necessidades especiais - dando enfoque aos deficientes auditivos e visuais – isolando-os e desvalorizando-os ao dizer que são incapacitados de algo, criando um círculo de rejeição social e até familiar. Muitas vezes por esse motivo, há dificuldade de encontrar espaços destinados à este público, são locais carentes de informação e acessibilidade, tirando deles a possibilidade de aprendizado e convívio social, excluindo-os do contexto. Percebe-se que a arquitetura está profundamente envolvida com questões da vivência humana, tanto no espaço como no tempo, no comportamento e nas suas reações. Portanto, os ambientes devem ser elaborados de modo que a atividade realizada naquele espaço seja aprimorado através de escolhas arquitetônicas corretas. Assim, propõe-se um local diferenciado, de qualidade, agradável, quebrando os padrões habituais a partir da arquitetura e da humanização dos espaços, visando uma contínua relação entre espaço/função e o usuário. O presente trabalho oferece uma estrutura incomum,trazendo várias experiências sensoriais ao decorrer de um equipamento cultural e coletivo. Além disso, será ferramenta fundamental em questão da inclusão social, trabalhando relações interpessoais e reestabelecendo convivências, juntamente de atividades culturais, fazendo com que as pessoas se coloquem no lugar das outras, vivenciando as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que percebem o mundo de outra maneira e com isso minimizando o preconceito e exclusão social. 1.4. Justificativa É inegável a significância da arquitetura na vida das pessoas e o quanto é influenciadora na organização da sociedade. Na contemporaneidade, o sentido da 19 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires visão predomina na arquitetura, restringindo a acessibilidade aos parâmetros arquitetônicos, canalizando a atenção apenas à beleza, grandiosidade e/ou funcionalidade, menosprezando o edifício e sua verdadeira identidade, tornando insignificante o que realmente quer nos transmitir. Segundo Pallasmaa (2011) a arquitetura não deve ser um mero instrumento da funcionalidade, conforto corporal ou prazer, perdendo sua tarefa mediática, mas precisa equilibrar-se e manter seus segredos e mistérios impenetráveis no sentido de ativar nossa imaginação e emoção. Continuamente salienta-se o caráter multissensorial da experiência arquitetônica: a noção de que a percepção da arquitetura se faz, ainda que inconscientemente, através da interação de todos os sentidos. Além do aprimoramento arquitetônico, outra questão precisa ser avaliada. Apesar de ser um assunto não recente, ainda há carência na questão de inclusão social, tanto por raça e cor, como de pessoas portadoras de necessidades especiais. A sociedade, sempre desqualificou os deficientes, isolando-os e privando-os de liberdade. Segundo dados de pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, residem no Rio Grande do Sul, cerca de 217.003 mil pessoa, onde destas, aproximadamente 72.988 mil possuem algum tipo de deficiência, podendo ser visual, auditiva e mental. (IBGE, 2010). Aprofundando a pesquisa à nível municipal, Santo Ângelo, possui como população residente, cerca de 76.275 mil pessoas, entre estas, 16.629 mil são portadoras de deficiência visual e auditiva. (IBGE 2010). Com isso, percebe-se a presença considerável de portadores de deficiência visual e auditiva no município, estes, que por sua vez, possuem grande dificuldade de inclusão, encarando na sociedade outra realidade de vida e muitas vezes, sendo rejeitados pela própria família, por não saberem lidar com a situação ou simplesmente por não aceitarem essa diferença. Pensando nessas situações, propõem-se um Complexo multissensorial, um espaço de iniciativa pública/privada, – pensado especialmente para o público alvo - onde além de as pessoas sentirem o local, interagirem com ele, descobrindo emoções e trazendo à tona memórias através de sabores, cheiros, toques, sons e a visão. Local 20 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires de apoio onde a inclusão social possa ser abordada, suas relações interpessoais serem trabalhadas e a convivência reestabelecida, juntamente de atividades culturais, fazendo com que as pessoas se coloquem no lugar das outras, vivenciando as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com necessidades especiais. 1.5. Objetivos 1.5.1. Objetivo geral Propor o projeto de um complexo multissensorial que ofereça uma experiência sensorial à toda população, através de exposições interativas, diversas oficinas, café/bar interativo, salas multimídia com audiodescrição e diretrizes para um espaço de manutenção e apoio. Espaços que possibilitem interação do público com a edificação em si e com as exposições em um espaço dinâmico. 1.5.2. Objetivos específicos Sensibilizar a população local para a importância da inclusão social, promovendo a integração entre sociedade e as pessoas com necessidades especiais; Alcançar equilíbrio sensorial na arquitetura; Aguçar a percepção sensorial dos visitantes; Propor espaços, onde os próprios usuários poderão criar suas obras de arte, ocasionando uma relação de ensino e aprendizado com o próximo, expressando sentimentos e expondo-os ao público; Suprir as necessidades do público alvo dispondo de acessibilidade universal a partir de uma arquitetura contemporânea; Proporcionar espaços de exposição, alimentação, reflexão, oficinas e lazer para os usuários; Disponibilizar espaço de aconselhamento e aprendizado para famílias que convivem com deficientes auditivos e visuais e têm dificuldades na adaptação de vida. 21 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 1.6. Metodologia Para o desenvolvimento do projeto, a metodologia será apresentada em uma sequência de etapas especificadas a seguir: 1.6.1. Definição do tema Pesquisas de referências, conceituação e a justificativa para a implantação de um complexo multissensorial, levando em consideração a relevância, a necessidade e as contribuições ao público alvo através de uma proposta arquitetônica completa e humanizada; 1.6.2. Pesquisa Bibliográfica Referências teóricas, levantamento e abordagem de documentos e publicações relativos ao tema, além de normas, estudo de casos bibliográficos e in loco, considerando aspectos conceituais, formais, funcionais e técnicas construtivas. Nestes, serão analisados aspectos positivos e negativos que possam embasar de forma eficaz a proposta em questão. 1.6.3. Definição do contexto e lote. Determinação do local onde será implantado o projeto, levando em consideração o contexto do lote, o espaço no qual estará inserido juntamente com todas as suas variáveis climáticas, sociais e urbanas. 1.6.4. Elaboração da Proposta. Estudo da disposição dos setores e fluxos gerais (zoneamento), promovendo uma relação harmoniosa e adequada entre os usuários, buscando o melhor funcionamento dos espaços. O processo construtivo partirá do estudo organizacional 22 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires (organograma) e funcional (fluxograma). Elaboração do programa de necessidades e pré-dimensionamento considerando a capacidade máxima estabelecida por norma. 1.6.5. Lançamento do Partido Geral Estruturação dos ambientes e espaços de forma mais aprofundada - Organograma, fluxograma e zoneamento juntamente com o programa de necessidade e o pré-dimensionamento, proposta volumétrica (forma/função), obtendo-se então uma base segura para o detalhamento do projeto arquitetônico. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Partindo de um conjunto de informações e estudos, contextualiza-se o Complexo Multissensorial, dividindo o referencial teórico em quatro etapas. Na primeira etapa, apresenta-se a deficiência visual, realçando o sistema ocular e suas partes, as causas da incapacidade visual, seguindo pela classificação da mesma. Do mesmo modo, a segunda etapa é referida, tratando-se da deficiência auditiva, apontando causas, trazendo a classificação da deficiência e a composição do sistema auditivo. Em seguida, o enfoque se dá a arquitetura sensorial, onde, por meio dela, é possível viabilizar ao visitante novas experiências, fazendo-o reviver memórias proporcionadas pelos sentidos, tornando capaz a interação entre usuário, natureza e edifício. Por fim e não menos importante, relata-se sobre os equipamentos de cultura, compreendendo o seu papel social, onde pode-seabordar, vivenciar e questionar assuntos esquecidos pela sociedade, como a inclusão social. Ainda, por meio dessa, é mencionada a necessidade da acessibilidade e a maneira em que está sendo aplicada, visto que são raros os centros acessíveis. Observa-se na Figura 1, a representação gráfica do abranger do referencial teórico. 23 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 1-Representação gráfica do Referencial teórico Fonte: Autora, 2018. 2.1. Deficiência Visual Os portadores de deficiencias visuais enfrentam diversas dificuldades para realizar atividades diárias, mas sobretudo a exclusão sofrida é ainda maior. São considerados por muitos como incapazes de trabalhar, estudar e até mesmo de sair de casa. No entanto, a aproximação ou convívio com uma pessoa com a referida deficiência pode mostrar suas capacidades e habilidades, como cita Clayette (1989): “Em todos os tempos, a cegueira preocupou o espírito dos homens. Os cegos sempre foram vistos com temor, compaixão, ou admiração, por sua capacidade de adaptação e seu talento”. (CLAYETTE, 1989, p. 03) As cidades e tudo o que nelas se encontram, não estão aptos à incluir e amparar estas pessoas e muitas vezes nem a própria família demonstra estar preparada para enfrentar esta condição, criando uma corrente de superproteção ou de rejeição. 24 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 2.1.1. Sistema ocular, visão e a deficiência visual O olho humano, é considerado um dos órgãos mais sensíveis do corpo, sendo protegido por várias estruturas, como as pálpebras, cílios e lágrimas. É um sistema óptico que capta figuras e nossas experiências visuais são proporcionadas pelo cérebro que interpreta as imagens que se formaram na retina. O paralelismo dos olhos possibilita um campo visual binocular vasto e que permite uma apreciação correta da distância e do relevo. O globo ocular, visto na Figura 2 é composto por três camadas, são elas: Externa: é desenvolvida pela esclera, mais conhecida como o “branco do olho” e a córnea, espécie de pele fina e transparente por onde a luz penetra. Intermediária: constituída pela coroide que nutri o olho, pelo corpo ciliar, responsável pela regulação da convexidade do cristalino e a íris, motivadora da cor dos olhos e regula a luminosidade através da pupila. Interna: corresponde à retina. É uma estrutura formada por camadas fotorreceptores que são os cones e bastonetes e por três camadas de células nervosas. Agregado ao corpo ciliar, encontra-se o cristalino, lente biconvexa e que juntamente com a córnea formam um sistema de lentes convergentes que focalizam a luz refletida dos objetos sobre a retina, numa região chamada fóvea. Figura 2-Sistema Ocular Fonte: Etcor. Acesso: 11 abr de 2018. 25 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires A deficiência visual caracteriza-se pelo comprometimento total ou parcial da capacidade visual de um ou ambos os olhos, sem possibilidade de correção através de lentes ou tratamentos clínicos e cirúrgicos. Pode ser causada de duas formas: Congênita: é aquela em que o indivíduo já nasce com ela, ocorrido pela má formação ocular ou cerebral e até por algumas doenças oculares hereditárias. Adquirida: é aquela que se adquire em algum momento da vida. Com isso, para facilitar a escrita e a leitura dos portadores, originou-se um alfabeto em Braile, com ênfase na integração dos deficientes visuais na sociedade. Sua primeira aparição foi na França em 1825 por Louis Braille. As “celas braile” são formadas por seis pontos em relevo, ordenado em colunas verticais com três pontos cada (Figura 3). Através dela, constitui-se sessenta e três sinais, onde vinte e seis são utilizados para alfabeto, dez para pontuação de uso internacional e o restante designado às necessidades especiais de cada língua, como por exemplo abreviaturas e letras acentuadas. Seu emprego ocorre de duas maneiras: por extenso (grau 1) ou abreviaturas (grau 2). Novos recursos para a produção do Braile têm sido utilizado de acordo com os avanços tecnológicos, pela automatização, impressoras elétricas e computadorizadas, assim como, pelas máquinas de datilografia e, manualmente, através de reglete e punção. Além disso, o áudio book, está se tornando essencial aos deficientes visuais, pela sua praticidade e condição de informações. Figura 3-Representação da "cela braile” com números convencionados dos pontos e Alfabeto Braile Fonte: Dreamstime. Acesso: 11 abr de 2018. 26 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 2.1.2. Classificação das limitações visuais A limitação visual é definida por diversas maneiras e altera suas condições de acordo com o país. No Brasil, é considerado cego, o indivíduo que apresenta acuidade visual inferior a 0,1 com campo visual abaixo de 20 graus, em relação as pessoas com visão reduzida, classifica-se com acuidade de 6/60 e 18/60 ou campo visual entre 20 e 50 graus, sem oportunidade de correções. Conforme Clayette (1989), a capacidade visual humana compreende muito além da acuidade visual, sendo esta, a capacidade que o olho tem de distinguir detalhes, contornos e forma de objetos. Há um aperfeiçoamento na visão binocular e da esfera visual, assim como a visão das cores, a apropriação quanto as mudanças radicais de luminosidade e sua inexplicável habilidade de resistir à ofuscação. Todavia, por meio do comprometimento da visão, pode-se partir de uma deficiência insignificante para uma de grande relevância. De acordo com os critérios da organização Mundial da Saúde (OMS), os diferentes graus da deficiência visual (Tabela 1) podem ser classificados em: Baixa Visão: consta os graus leves, moderados ou profundos. Pode ser atenuada através do uso de lentes de aumento e com o auxílio de bengalas e treinamentos de orientação. Próximo à cegueira: o portador ainda é capaz de distinguir luz e sombra no campo visual, porém necessita empregar o sistema braile e utiliza recurso de voz. Locomovem-se com o auxílio de bengala e precisam de treinamentos de orientação e mobilidade. Cegueira: ausência total da resposta visual, sem qualquer percepção de luz e sombra. Nestes casos, o sistema braile, o uso da bengala e os treinamentos de orientação e mobilidade são fundamentais. 27 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Tabela 1- Classificação das Limitações Visuais Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS), 2007 Segundo dados de pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,2010), há em Santo Ângelo, um número considerado de portadores de deficiência visual, como mostra a Figura 4, onde cerca de 12.284 mil pessoas se encontram entre os que não conseguem ver de modo algum, que possuem grande dificuldade ou que tem alguma dificuldade. Figura 4-Gráfico populacional - deficientes visuais Fonte: Autora, 2018. 2.2. Deficiência Auditiva Sem dúvida, o sentido da audição é de extrema importância ao ser humano. Por meio dele nota-se os diversos sons existentes no mundo, sejam altos, baixos, finos ou graves e se torna instrumento das relações sociais, como a música, por exemplo, a mais popular das artes, fornece ao homem as melhores emoções; os 1% 17% 82% NÃO CONSEGUEM DE MODO ALGUM GRANDE DIFICULDADE ALGUMA DIFICULDADE14% da população Angelopolitana possui Deficiência Visual 28 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires estímulos sonoros, vindos das coisas que estão ao redor, suprem as lacunas da visão e nos advertem da aproximação de múltiplos perigos. Todavia, para algumas pessoas isto é inviável. Muitos nascem com alguma deficiência auditiva e outros adquirem durante a vida, mas certamente todos passarão em algum momento pela temida deficiência auditiva. Ocasiona determinadas limitações e dificuldades em ouvir diálogos e outros sons no seu dia-a-dia, gerando o afastamento de amigos e familiares, pela falta de compreensão. 2.2.1. Sistema Auditivo, audição e a deficiência auditiva De grande importância e delicadeza, o ouvido, se torna insubstituível, traz inúmeros benefícios, dentre eles o equilíbrio e também por meio dela ocorre a audição. O aparelho auditivo está dividido em três partes: periférica (ouvido externo), intermediária ou transmissora (ouvido médio), e a parte central (ouvido interno). Assim, acontece o processo auditivo, através de captações dos sons e vibrações, tendo como receptor primário a orelha. Os sons, transportados pelo pavilhão e pelo canal auditivo, chegam ao tímpano onde provocam vibrações no martelo, bigorna e estribo. Esses tremores movimentam um líquido presente na cóclea, localizada no ouvido interno, transferindo sinais elétricos às extremidades dos nervos auditivos, conduzindo ao cérebro (Figura 5). Figura 5-Sistema Auditivo Fonte: Anatomia do Corpo Humano. Acesso: 13 abr de 2018. 29 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Assim, a deficiência auditiva, também conhecida como surdez, é definida por inúmeras maneiras, alterando suas condições de acordo com o local, descrita pela perda ou redução, parcial ou total da aptidão de detectar sons. Segundo Sales et al. (2010, apud Aragon e Santos, 2015, p.125) [...] “o indivíduo com incapacidade auditiva é aquele cuja percepção de sons não é funcional na vida comum. Aquele cuja percepção de sons ainda que comprometida, mas funcional com ou sem prótese auditiva, é chamado de pessoa com deficiência auditiva.” Já Campos (2014, apud Aragon e Santos, 2015, p. 125) define o surdo como: [...] “aquele que apreende o mundo por meio de contatos visuais, que é capaz de se apropriar da língua de sinais e da língua escrita e de outras, de modo a propiciar seu pleno desenvolvimento cognitivo, cultural e social.” A surdez pode ser congênita, através de má-formação do aparelho auditivo, ou adquirida, causada por lesões, doenças, envelhecimento e até mesmo por altos ruídos. É considerado surdo, o indivíduo cuja audição é nula e que tem uma diferença linguística e cultural. Considera parcialmente surdo, aquele que possui alguma limitação ou dificuldade auditiva. Pensando na melhoria da vida dos portadores, respeitando suas particularidades linguísticas e culturais, surgiu a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Ela teve sua origem baseada na linguagem Francesa, formando um conjunto de formas gestuais, com intenção de proporcionar a comunicação entre deficientes auditivos. Visto ser importante, tornou-se mundialmente utilizada, porém com características próprias de cada país dependendo da cultura do local e das expressões e regionalismos utilizados na linguagem comum. No Brasil, a língua brasileira de sinais (Figura 6) foi estabelecida através da Lei nº 10.436/2002, como a língua oficial das pessoas surdas. Além da gestualização da língua portuguesa, ela é formada por diferentes níveis linguísticos (sintaxe, semântica, morfologia, etc). A principal diferença está na modalidade de articulação, que é visual-espacial. Para se comunicar utilizando a língua brasileira de sinais, é preciso também conhecer as estruturas gramaticais para combinar as frases e estabelecer a comunicação de forma correta. 30 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 6-Alfabeto em LIBRAS Fonte: InfoEscola. Acesso: 13 abr de 2018. 2.2.2. Classificação das limitações auditivas A limitação auditiva pode ser classificada de três formas: quanto ao grau, ao tipo e através da época de instalação da perda. Dentre elas, a primeira é a mais utilizada e é descoberta através de avaliações audiológicas e outros exames. Os graus dividem-se em: Normal (0 a 25 dBNA): não possui dificuldade em ouvir sons. Leve (26 a 40 dBNA): perda auditiva leve, onde por exemplo, o portador ouve os sons das vogais, porém muitas das consoantes podem estar imperceptíveis. Moderado e Moderadamente Severo (41 a 70 dBNA): neste caso, poucos sons da fala podem ser notados em nível de voz natural, apenas sons fortes são percebidos, tornando limitada a comunicação. Severa (71 a 90 dBNA): o som da fala natural não é mais audível, poucos sons podem ser compreendidos, exceto sons graves. Profunda (> 91 dBNA): situação mais grave onde não há mais percepção de sons. Neste caso, a fala e/ou linguagem podem ser afetadas ou até ausentes. 31 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires As curvas apresentadas em Decibéis (dB) na Figura 7, demonstram o princípio da audição individual comparada à média normal de audição. Devido as diferenças individuais, é considerado normal até 20dB. Figura 7-Gráfico de perda auditiva. Fonte: Portal Otorrinolaringologia. Acesso: 13 abr de 2018. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,2010), os deficientes auditivos de Santo Ângelo, possuem índice bem menor que a dos deficientes visuais, totalizando em 4.345 mil pessoas, distribuídos em três grupos, os quais são vistos na Figura 8. Figura 8-Gráfico populacional - deficientes auditivos Fonte: Autora, 2018. 3% 14% 83% NÃO CONSEGUEM DE MODO ALGUM GRANDE DIFICULDADE ALGUMA DIFICULDADE 5% da população Angelopolitana possui Deficiência Auditiva 32 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 2.3. Arquitetura Sensorial Cada vez mais a arquitetura demostra ser importante no cotidiano de uma sociedade. Por meio dela, é possível criar uma linha do tempo histórica, sentimental, emocional e traz à tona lembranças arquivadas na memória. As experiências, independente de como, acontecem em um ambiente interno ou externo e se relacionam diretamente com formas e texturas, sabores e odores, sons e temperaturas, florando os sentidos de maneira que estabelece significado sobre um indivíduo. Neves, relata que: [...] “Estabelecemos conexões emocionais com o que reflete nossas singularidades, ressalta nossas qualidades e fortalece nossa identidade em todas as suas dimensões. Estabelecemos conexões emocionais com o que fortalece nossos vínculos conosco, com a sociedade e com o universo; com o que nos faz sentir necessários, importantes, únicos e parte de um todo; e com o que promove vivências de toda natureza.” (NEVES, 2017, p. 08) No entanto, a arquitetura contemporânea tem se esquecido de explorar o vasto campo dos sentidos, proporcionando maior ênfase à visão. Sobre esta questão, Pallasmaa afirma: “A falta de humanismo da arquitetura e das cidades contemporâneas podeser entendida como consequência da negligência com o corpo e os sentidos e um desequilíbrio de nosso sistema sensorial. O aumento da alienação, do isolamento e da solidão no mundo tecnológicode hoje, por exemplo, pode estar relacionado a certa patologia dos sentidos. É instigante pensar que essa sensação de alienação e isolamento seja frequentemente evocada pelos ambientes mais avançados em termos tecnológicos, como hospitais e aeroportos. O predomínio dos olhos e a supressão dos outros sentidos tende a nos forçar à alienação, ao isolamento e à exterioridade. A arte da visão, sem dúvida, tem nos oferecido edificações imponentes e instigantes, mas ela não tem promovido a conexão humana ao mundo. [...] a arquitetura modernista em geral tem abrigado o intelecto e os olhos, mas tem deixado desabrigados nossos corpos e demais sentidos, bem como nossa memória, imaginação e sonhos.” (PALLASMAA, 2011, p. 17) No decorrer da história, o homem perdeu sua confiança sobre os sentidos e com isso tornou a visão essencial em seus projetos, desconsiderando as coisas que o rodeia. Para Pallasmaa (2011), a visão separa as pessoas do mundo, pois seu campo de atuação é limitado comparado com os outros sentidos que unem a ele, conectando o usuário ao espaço projetado. Afirma que os sentidos são extensões do 33 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires tato, pois por meio dele é possível diferenciar profundidades, temperaturas, rigidez do material e peso. Precisa-se tocar algo para sentir alguma coisa. É incontestável, que a arquitetura desperte em seu contexto todos os sentidos simultaneamente, reforçando a questão de pertencimento e de ser instrumento de relação humana com o espaço e o tempo. Ao perder seu vínculo com a escala humana, as edificações deixam de ser atraentes e a arquitetura não tem mais sentido. Além disso, a percepção de um determinado espaço, pode ser visual ou por intermédio de sons e ecos emitidos, gerando uma reação de “retorno”, entre edifício e usuário, refletindo vivacidade, monumentalidade ou até solidão, relacionados às particularidades arquitetônicas da edificação e dos materiais empregados, que refletem e/ou absorvem o som, sem falar da unidade e coerência do material que resultarão em uma identidade sensorial do ambiente, transferindo ao usuário suas verdadeiras propriedades como sensações de frio e calor, áspero e liso. “A visão isola, enquanto o som incorpora; a visão é direcional, o som é onidirecional. O senso da visão implica exterioridade, mas a audição cria uma experiência de interioridade. Eu observo um objeto, mas o som me aborda; o olho alcança, mas o ouvido recebe. As edificações não reagem ao nosso olhar, mas efetivamente retornam os sons de volta aos nossos ouvidos.” (PALLASMAA, 2011, p.46) As memórias e recordações de espaços, lugares ou objetos, são fortemente representadas por aromas e sabores. Ocasionalmente é impossível recordar um local ou ambiente com exatidão, mas sem dúvida ficou gravado na memória o cheirinho do perfume da avó por exemplo, ou o gosto do bolo que ela fazia, assim como o espaço que a cercava. Os sistemas perceptivos, são classificados por: Sistema paladar-olfato: nesse o paladar e o olfato fundem-se, pois mesmo diferentes, têm uma conexão. Devido a difícil aplicabilidade do paladar em um projeto, tira-se proveito da socialização entre pessoas na hora das refeições. Apesar disso, o olfato se sobressai, pois é capaz de sentir odores à distâncias, além de armazenar na memória inúmeros cheiros, que mesmo passados anos, ao se deparar com aromas parecidos retomam lembranças. Segundo Neves (2017), esse sistema, é capacitado a suscitar a socialização e resgatar nossas memórias e emoções. 34 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Sistema háptico: nome originado do grego hapkitos, significa tocar. Por meio dele, há a percepção de toques ativos e passivos, a noção de temperaturas e umidade através da pele, e da cinestesia, que gera a percepção dos movimentos através do corpo. Para Pallasmaa (2011), o sistema háptico, conecta-nos com o resto do corpo, mediante o tato, havendo uma interação entre homem e materiais oriundos da natureza. Sistema básico de orientação: representa o equilíbrio e norteamento corporal na arquitetura, compreendendo o espaço como um todo, a escala e proporções de cada ambiente. Esse sistema necessita da visão para um desenvolvimento satisfatório. Sistema auditivo: Corresponde a habilidade de ouvir e direcionar por meio de sons e barulhos num determinado ambiente. O espaço auditivo deve permitir ao usuário a percepção total do local, estendendo o som em diversas direções, assim como a produção de ecos, som de passos, materiais, objetos e até mesmo o silêncio. Sistema visual: Assim como os outros, também possui sua importância arquitetônica, pois, através deste, transmite nas atmosferas o jogo de luz e sombra, transformando o espaço de acordo com a insolação solar, pelas suas diferentes cores de radiação, e estações do ano. Contudo, atualmente há uma sucessão de técnicas construtivas e de materiais, que possibilitam um equilíbrio sensorial na arquitetura, como o peso e solidez do concreto; a leveza e flexibilidade do aço; a transparência do vidro, que apesar de criticada pela incapacidade de produzir luz e sombra e restringe a privacidade, quando em locais apropriados, revela ao usuário uma nova experiência de relação entre interior e exterior, proporcionando contato direto entre obra e natureza. Sem dúvidas, a arquitetura não deve ser pensada apenas como um local funcional e monumental, mas sim reavivar as emoções, a imaginação e sonhos. 2.4. Equipamentos de Cultura como ferramenta de Inclusão Denominados patrimônios culturais, os museu e centros de cultura são equipamentos presenciais, desenvolvidos para propiciar ao usuário a sensação de pertencimento, por meio de interações sociais e de experiências históricas e artísticas, 35 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires estabelecendo relações de crenças, conhecimentos e costumes, investindo em novas tecnologias para que haja um relacionamento, não apenas entre pessoas, mas também entre edifício e usuário. Porém, apesar de possuírem esse avanço tecnológico, ainda há grande complexidade no emprego da acessibilidade e no desenvolvimento da comunicação sensorial. 2.4.1. Cultura De modo geral e popular, pode-se definir cultura como um conjunto de conhecimentos e crenças, assim como abrange as artes, costumes e hábitos auferidos por um indivíduo, tanto na família, quanto na sociedade em que é pertencente, diferenciando-se de acordo com as características de cada país. Ainda, pode ser definida através das ciências sociais, como um conjunto de ideias, ações, linguagem e técnicas sociais, desenvolvido em uma determinada coletividade. A cultura é uma preocupação contemporânea e está em constante desenvolvimento, pois baseia-se nos pensamentos e na evolução humana e suas múltiplas formas de existência. “A história da humanidade sempre foi marcada por contatos e conflitos entre culturas, isto é, entre modos diferentes de organizar a vida social, de conceber a realidade e expressá-la. A riqueza desse leque de formas culturais diz respeito a cada um de nós, pois nos faz pensar na sociedade à qual pertencemos e conhecer o sentido das práticas e costumes de outros povos. Afinal, as variações nas formas de família, nas maneiras de habitar ou de se vestir não são gratuitas...” (SANTOS, 1996, p. 02) Segundo Santos (1996), existem diversas maneiras de conceituar cultura, pois derivam de uma soma de preocupações, localizadas em duas concepções básicas: Preocupa-se com os aspectos de uma realidade social. Com isso, culturaé tudo aquilo que define a existência social de um povo ou nação, ou então de grupos no interior de uma sociedade. Usada basicamente, ao referenciar povos com realidades sociais distintas, seja na formação, no modo de vida ou nas maneiras de ver o mundo. 36 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Esta concepção, refere-se ao conhecimento, às ideias e crenças, do mesmo modo que cita as características de uma realidade social. Nesse caso, há um destaque no conhecimento e dimensões associadas. Assim a cultura está representada por uma esfera de domínio da vida social. 2.4.2. Museu Pode-se definir um museu mediante diversas maneiras, pela abordagem conceitual, por meio de sua funcionalidade, a definição de público, através das reflexões teóricas e práticas ou ainda de acordo com conteúdo expositivo, de comunicação, mediação e arquitetura. Entretanto, para maior precisão leva-se em conta o que consta no estatuto do Conselho Internacional de Museus – ICOM (2007), conceituando museu como, instituições permanentes, mas que não possuem fins lucrativos em prestabilidade a sociedade, permanecendo aberto ao público, demostrando o Patrimônio material e imaterial da raça humana, com a finalidade de proporcionar a educação, estudo e prazer. Ainda, de acordo com a Lei que institui o Estatuto de Museus, Lei nº 11.904 (BRASIL, 2009), afirma-se que: ”Considera-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.” (BRASIL, 2009, Art. 1º) 2.4.3. O papel Social dos Museus Em 1980, os centros de cultura, como os museus, conhecidos como locais ilustres e de alto padrão, estavam passando por transformações, demonstrando interesse pela arquitetura glamourosas e suas grandiosas exposições, com o objetivo de causar curiosidades e com isso atrair o público. (SARRAF, 2013) 37 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires As instituições museais, cada dia mais, auxiliam na demonstração da distinta área de conhecimentos, renomadas pelos seus contextos socioculturais, conquistando seu espaço como uma ciência humana. (SARRAF, 2013) Através dos equipamentos culturais, destaca-se como uma função, a comunicação, que por meio dessa entende-se o setor educativo e de exposições. Sem dúvidas, a comunicação sensorial ainda está engatinhando nos espaços culturais brasileiros, tornando-se objeto de estudo dentro da área da comunicação, considerada como indispensável no desenvolvimento humano e na coletividade do patrimônio artístico e cultura. Por vezes, as pessoas, no seu dia a dia deslocam-se e observam coisas, sem ao menos pressupor o real significado daquilo. Ignoram artes, sentimentos, acreditam que um objeto é apenas algo demonstrativo e que a arquitetura é uma estrutura imóvel e obsoleta. Porém, de certa forma, representada pelos equipamentos culturais, a arquitetura é muito além disso. Por meio dela pode-se transmitir inúmeras sensações através de uma interação proporcionada entre edifício e usuários, fazendo dela uma ferramenta de mediação. Essa mediação pode ocorrer por intermédio de uma produção de obras e/ou exposições, permitindo uma proximidade emocional, viabilizando autoconhecimento e a compreensão das experiências vividas por outras pessoas. Os centros de cultura e museus, tornam-se possuidores de testemunhos, que ao disponibilizar instrumentos interativos, esculturas, obras e tantas outras possibilidades, conduz o indivíduo a uma maior compreensão de si próprio, do próximo e da realidade como um todo. 2.4.4. Acessibilidade em Espaços Culturais Considerando a arquitetura como uma arte ou como uma técnica de implantação, que conceba, projete e construa um espaço que abrigue determinadas funções de um museu e de exposições distintas, além de dispor da conservação preventiva e ativa, do aprendizado e da recepção calorosa de visitantes, pode ser analisada como uma obra completa, integrando todos equipamentos existentes no espeço cultural. Com ela, possibilita-se o emprego de acessibilidade e informação ao 38 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires patrimônio cultural, desempenhando seu principal sentido com a sociedade, salientando a individualidade e reconhecimentos junto daquilo que a constitui. (SARRAF, 2013) A cultura brasileira ainda é primária tratando-se de recursos e desenvolvimento socioeducativo para implantação de locais adequados, devido principalmente ao desinteresse de toda população. Por se tratarem de espaços que necessitam de um relacionamento com o usuário, os estudos voltados às informações de mídias primárias, secundárias e terciárias possuem amplo setor de pesquisa. Mediante a mídia primária, salienta-se a linguagem corporal, usufruindo de seus sentidos para estabelecerem uma interação com o que lhes foi apresentado, tanto artístico, quanto arquitetônico, resultando no desenvolvimento de determinado indivíduo e seduzindo novos públicos à estes espaços. Além disso, novos desafios são apresentados pela sociedade inclusiva, em relação à comunicação, como a introdução da audiodescrição e escrita em braile, tradução em LIBRAS e legendas closed caption (texto, apresentado na parte inferior de uma tela, de programas tecnológicos) para que portadores de deficiência visuais e auditiva possam se locomover em determinado ambiente cultural e de lazer, sem qualquer obstáculo. Esse público, infelizmente, ainda sofre rejeição e exclusão, por serem considerados como uma pequena parcela de toda sociedade, muitas vezes perdendo sua “vez” em espaços públicos e manifestações. Referindo-se ainda à comunicação e a mediação sensorial, enfrenta-se no Brasil grandes desafios, onde atividades práticas e do cotidiano podem ser grande obstáculo para aquela parcela populacional. Com isso, diversificaram as atividades em intervenções culturais e educacionais, com a intenção de o patrimônio cultural fosse acessível à todos. No entanto, essas intervenções, têm se limitado ao uso das mídias secundarias e terciarias, deixando de lado os sentidos como um todo, para que através de imagens de multimídia e figuras ou textos haja uma comunicação Segundo Sarraf (2013) atualmente, vem sendo utilizado as formas tradicionais para a propagação de conhecimento dos livros e, para sair da mesmice tornando-a 39 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires mais atrativa, são usadas as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), desenvolvidas para o ensino por meio de computadores e internet. Sarraf (2013) ainda afirma, que esse modelo de comunicação subestima o ambiente rebuscado de sentidos e sensorialidades, que a perpetuação e a espontaneidade do patrimônio cultural proporcionam por sua natureza. Isso resulta na perda do ambiente e sua identidade, tornando-se um espaço nulodimensional. “Contextualizar os objetos museológicos alcança sentido se, ao mesmo tempo, contextualizamos o tema e o assunto diante do cotidiano das pessoas. Não basta expor contextualizando a partir da origem e trajetória do artefato, e sim expor fazendo com que se estabeleçam vínculos entre culturas, entre grupos e entre pessoas de culturas diferentes, e istosó se dá na comunicaçãode sentidos” (CURY,2005, apud Sarraf, 2013, p. 09) Por tudo isso, nota-se que pela acessibilidade, pode-se prever uma extensão de estratégias de mediações, onde possa envolver os sentidos. No momento, prepondera o sentido da visão, levando à uma relação superficial entre usuário ou visitantes de espaços culturais e museológicos, com o conteúdo exposto nesses. Consciente de que as pessoas compreendem o mundo através dos sentidos, ainda assim, as mediações exploram a visão, desviando as possíveis relações entre ela e indivíduo, de forma holística e irracional. 3. DEFINIÇÕES DO CONTEXTO E DO LOTE 3.1. Contexto geral A área de intervenção localiza-se no Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no Município de Santo Ângelo. A cidade, está, distante 459km de Porto Alegre (Figura 9). Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), o município possui uma área de 680,498 km², a uma altitude de 286 metros, com uma população de 76.275 habitantes e densidade demográfica de 112,09 hab./km². 40 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 9-Localização de Santo Ângelo e a Capital do Estado. Fonte: Google Maps A micro região das Missões (Figura 10) é constituída por 25 municípios sendo eles: Bossoroca, Caibaté, Cerro Largo, Dezesseis de Novembro, Entre-ijuís, Eugênio de Castro, Garruchos, Giruá, Guarani das Missões, Mato Queimado, Pirapó, Porto Xavier, Rolador, Roque Gonzales, Salvador das Missões, Santo Ângelo, Santo Antônio das Missões, São Luiz Gonzaga, São Miguel das Missões, São Nicolau, São Paulo das Missões, São Pedro do Butiá, Sete de Setembro, Ubiretama e Vitória das Missões. Fazendo divisa com a Micro Região Fronteira Oeste (Uruguaiana), Vale do Jaguari (Santiago), Noroeste Colonial (Ijui) e Fronteira Noroeste (Santa Rosa). 41 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 10-Localização das Micro Regiões pelo Conselho Regional de Desenvolvimento no RS Fonte: IBGE(2011) O município de Santo Ângelo está inserido na bacia do Rio Ijuí e tem como principal curso d’água urbano o Rio Itaquarinchim. Limita-se a Norte, com o município de Giruá; a Sul, com os municípios de Entre - Ijuís e Vitória das Missões; ao Leste e Nordeste, com o município de Catuípe; a Oeste, com o município de Guarani das Missões; e ao Nordeste, com o município de Sete de Setembro; 3.2. Localização Localizado na cidade de Santo Ângelo / RS, a área de intervenção é composta por dois lotes contíguos encontrados na Avenida Brasil, próximo ao Memorial Coluna Prestes, situados no centro da cidade. A quadra onde se encontra o lote é circundada pela Rua Florêncio de Abreu, Rua Vinte e Cinco de Julho e a Avenida Alfredo Leopoldo Fet., além da Av. Brasil e está aproximadamente 1,15 km da Catedral Angelopolitana, conforme as Figuras 11, Figura 12 e Figura 13. Esta união será realizada para suprir 42 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires a pequena testada de acesso encontrada em um dos lotes, possibilitando, desta forma, maior trabalhabilidade do local. Figura 11- Localização do lote de intervenção e quadra Fonte: Adaptado de Google Earth. Acesso: 07 abr de 2018. Figura 12-Localização do lote de intervenção na cidade Fonte: Google Earth. Acesso: 07 abr de 2018. 43 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 13-Localização dos lotes de intervenção Fonte: Adaptado de Google Earth. Acesso: 07 abr de 2018. 3.3. Justificativa e escolha do lote Os lotes escolhidos caracterizam-se por serem terrenos de fácil acesso e de boa localização, possuem testada principal voltada para a Avenida Brasil, uma das principais e mais movimentadas avenidas da cidade. Por serem terrenos em adversidades, há a junção desses, para que melhore as condições de projeto. A definição do mesmo justifica-se ainda pela grande dimensão da área desocupada, beneficiada pela união dos lotes, proporcionando maior possibilidade de trabalho na área. Além disso, a quadra e o entorno dessa porção urbana, dispõem de grande valor cultural e histórico. A existência do Memorial Coluna Prestes e de edificações de grande valor patrimonial, valorizam a área criando um “núcleo cultural”, cada qual com seu estilo arquitetônico, contribuindo com a paisagem de Santo Ângelo. São eles: O Memorial Coluna Prestes, o antigo Hotel Avenida, o prédio da Acisa, o Teatro Municipal Pe. Antônio Sepp, o Cine cisne, Centro Municipal de Cultura e a biblioteca municipal situada em frente à praça Leônidas Ribas. 3.4. Dimensões de lote e topografia A área de intervenção possui área de 29.776,04 m², tendo sua testada principal de 165,50 m com orientação solar para norte. Através de informações fornecidas pela Prefeitura Municipal de Santo Ângelo e com o auxílio do mapa do município, foi 44 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires possível realizar o levantamento planialtimetrico, onde nota-se uma topografia acidentada, com 15 metros de desnível, representada na Figura 14 e Figura 15. Figura 14 - Levantamento Planialtimétrico Fonte: Elaboração da Autora, 2018 Figura 15 - Cortes esquemáticos do lote Fonte: Elaboração da Autora, 2018 45 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires O lote possui um maciço de vegetação, onde percebe-se plantas de médio a grande porte, além de pequenos arbustos e algumas árvores isoladas nativas, como Aroeira, Cebolão, Canela Guaicá, Figueira e o Jasmim (Figura 16). Há vegetação rasteira em alguns locais pontuais do passeio público e parte do lote. O calçamento do passeio público é em concreto com pedra brita, se encontra em péssimas condições devido à falta de manutenção. Também não possui sinalização tátil, sendo existente apenas no passeio do Memorial Coluna Prestes. Em alguns locais, há a utilização do piso intertravado. Figura 16- Levantamento de vegetações existentes no lote. 3.5. Levantamento Fotográfico – Lote e Entorno O levantamento fotográfico irá possibilitar a análise do lote escolhido, entorno imediato e contexto urbano. Importante fator para elaboração do projeto, afim de levantar seus usos, gabaritos e infraestrutura. A Figura 17 apresenta os pontos de vistas das principais visuais do lote e do entorno imediato. O levantamento fotográfico da área de intervenção é composto por 13 imagens. As Figuras 109 a 112 mostram algumas vistas do entorno do lote, as Figuras 113 e 114 trazem vistas do lote e a Figura 115 mostra uma imagem geral do Fonte: Elaboração da Autora, 2018 46 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires lote a partir do edifício Gaia, todas disponíveis no apêndice. Já as Figuras 18 a 23, mostram as vistas do lote a seguir: Figura 17-Vista aérea do lote, indicando a visada dos ângulos Fonte: Google Earth. Figura 18- Vista 05 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 19- Vista 06 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 47 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira PiresFigura 20- Vista 07 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 21- Vista 08 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 22- Vista 09 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 23- Vista 10 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 O entorno do lote é composto, por edificações de uso comercial, prédios residenciais, edificações de uso misto e residências térreas. Apresenta grande relevância arquitetônica, destacando o Memorial Coluna Prestes, a Acisa, Teatro Municipal Pe. Antônio Sepp, além dos prédios históricos existentes no entorno. Esta parte da cidade detém grande número de prédios de serviços públicos. Dentre eles, o Fórum, Receita Federal, Secretaria Municipal de Saúde, OAB de Santo Ângelo, Ministério Público Promotoria de Justiça. Da mesma forma, há nas proximidades estabelecimentos de comércio varegista e atacadista como os 48 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires supermercados Maxxi, Nacional e Cotrisa. O entorno não possui estrutura e mobiliário adequado para utilização da população e visitantes. Os edifícios de destaque na área de entorno podem ser vistos de modo geral na Figura 24 e individualmente nas Figuras de 25 a 36. Figura 24 - Localização edificações do entorno Fonte: Elaboração da Autora, 2018 Figura 25- Mercado Maxxi Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 26- Memorial Coluna Prestes Fonte: Arquivo pessoal, 2018. 49 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 27- Sec. Mun. da Saúde Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 28- Teatro Antônio Sepp Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 29- Centro Municipal de Cultura Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 30- Receita Federal Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 31- Hotel Avenida Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 32- Biblioteca Municipal Fonte: Arquivo pessoal, 2018. 50 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 33- OAB Santo Ângelo Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 34- Ministério Público Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 35- Prédio da Acisa Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 36- Prédio do Fórum Fonte: Arquivo pessoal, 2018. 4. INFRAESTRUTURA 4.1. Acessos Os principais acessos da cidade até o lote de intervenção, ocorrem na direção Leste/Oeste partindo do município de Catuípe por meio da RS-218 e Avenida Sagrada Família até a Avenida Brasil (ACESSO 01); na direção Oeste/Leste pela RS-344, do município de Giruá, seguindo pela Rua dos Imigrantes, passando pela Catedral Angelopolitana até a Avenida Brasil (ACESSO 02); continuando na mesma direção, do município de Entre Ijuís, prosseguindo pela Avenida Ipiranga até a Rua Venâncio 51 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Aires seguindo a orientação Norte (ACESSO 03). Na Figura 37, pode-se observar todos estes percursos apresentados acima. Figura 37- Principais acessos das cidades de entorno ao local Fonte: Adaptado de Google Earth. Acesso: 22 abr de 2018. 4.2. Transporte Coletivo A cidade tem como principal empresa de transporte coletivo a Viação Tiaraju, possui também apoio do ônibus intermunicipal da linha que provém de Entre Ijuís. Através delas, é possível chegar próximo ao lote, pois ambas não possuem continuidade de fluxo na Av. Brasil (linha proposta em frente ao lote) e têm a Av. Venâncio Aires como rota principal. Rotas e paradas indicadas na Figura 38. 52 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 38-Indicação da rota dos ônibus Fonte: Google Earth. Acesso: 08 abr de 2018. 4.3. Infraestrutura Urbana O lote do projeto está bem localizado na cidade, com isso, é atendido com mais facilidade pela infraestrutura urbana e a manutenção do local é mais rápida que nos demais bairros. Atualmente a área dispõe de uma infraestrutura adequada e que apresenta: Rede de esgoto: o lote é abastecido pela rede de esgoto cloacal. Foi uma das primeiras redes implantadas na cidade, devido à ferrovia e é de responsabilidade da CORSAN. Rede de água: o abastecido de água potável é fornecida pela CORSAN. A área de intervenção já possui toda a infraestrutura necessária, é só realizar um pedido de ligação da rede. Energia elétrica: é de responsabilidade da RGE; No local há apenas a iluminação das ruas (Figura 39) Rede de telecomunicações: telefonia fixa (Figura 40), sinal de internet e possui sinal de todas as operadoras de telefonia móvel atuantes no país. 53 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 39-Iluminação via RGE Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 40-Local possui telefone público Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Dispões de boa sinalização de trânsito vertical (Figura 44) e horizontal (Figuras 41, 43, 46 a 49), nas proximidades do lote, apesar de que em alguns locais há necessidade de manutenção. Acessibilidade: A pavimentação das ruas que circundam o lote é asfáltico e deve ser imposto a implantação de passeios públicos padrões com acessibilidade para PCR (Figura 42 e 45) Figura 41- Sinalização em frente Figura 42- Sinalização esquina Figura 43- Sinalização horizontal do mercado Maxxi. da Receita Federal. Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Fonte: Arquivo pessoal, 2018. 54 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 44- Sinalização vertical Figura 45- Rampas acessíveis. Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 46- Sinalização horizontal Figura 47- Sinalização horizontal Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 48- Sinalização horizontal Figura 49- Estacionamento PCR (Receita Federal) Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Fonte: Arquivo pessoal, 2018. 55 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Coleta seletiva de lixo: A destinação dos resíduos sólidos urbanos é de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Santo Ângelo. No entanto a execução do serviço é feita por uma empresa terceirizada, a Via Norte, realizando o recolhimento em todas as ruas da área urbana de segunda a sábado. O itinerário da coleta de lixo é observado no quadro da Figura 50. Figura 50- cronograma do bairro, com horários e tipo de lixo. Fonte: Diário Missões. Acesso: 08 abr de 2018. 5. CONDICIONANTES CLIMÁTICOS 5.1. Clima A cidade de Santo Ângelo possui clima quente e temperado, conforme a classificação climática de Köppen-Geier,e sua temperatura média ao longo do ano é de 20.2 °C. O gráfico da Figura 51, mostra os índices pluviométricos nas barras, e na linha as temperaturas médias mensais. 56 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 51- Gráfico Climático de Santo Ângelo Fonte: Climate-data.Org. Acesso: 08 abr. de 2018. Há uma diferença de 50 mm de chuva entre o mês mais seco e o mês mais chuvoso. Durante o ano as temperaturas médias variam 10.2 °C. Em Santo Ângelo há uma pluviosidade significativa ao longo do ano, ainda no mês mais seco apresenta grande índice. O acumulado de pluviosidade do ano de 2017 foi de 1818 mm. Os meses mais secos, Agosto e março, apresentam precipitações de 135 mm. Já outubro, é o mês que apresenta maior precipitação, com uma média de 185 mm. A região possui uma temperatura média de 15,1 ºC, sendo que, o mês de Janeiro é considerado o mais quente do ano, com temperatura média de 25,3 ºC e Junho caracterizado pelas baixas temperaturas, que chega a média de 15,1 ºC. 5.2. Incidência Solar A localização do lote facilita a incidência solar, como indicada na Figura 52. A única edificação que o ladeia, possui o equivalente a dois pavimentos e mesmo estando em nível acima do local, não produz sombreamento, facilitando a implantação do projeto, visando respeitar as edificações de entorno. 57 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires O sol nascente e poente, podem ser usados como ponto positivo do projeto, pois na orientação leste, encontra-se um maciço de vegetação que acompanha a topografia, não causando impacto, pois há poucas árvores de grande porte. Na orientação oeste, encontra-se algumas espécies, formando também um pequeno maciço, mas apesar de arborizada é possível presenciar o jogo de luz e sombra. Figura 52-Estudo de incidência solar no lote Fonte: Adaptado de Google Earth. Acesso: 08 abr de 2018. 5.3. Ventos Predominantes Os ventos que predominam no município são sudeste e Sul, como mostra a Figura 53. Figura 53- Estudo de ventos, nas duas principais estações do ano. Fonte: Adaptado de Google Earth. Acesso: 08 abr de 2018. 58 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 6. LEGISLAÇÃO 6.1. Legislação Municipal Plano diretor de Santo Ângelo - Lei n° 3.526 de 27 de julho de 2011. O Plano Diretor (Figura 54) é o principal instrumento da política de desenvolvimento do município. Sua finalidade é orientar a atuação do Poder Público e da iniciativa privada na construção dos espaços urbano na oferta dos serviços públicos essenciais, visando assegurar melhores condições de vida para a população. Figura 54- Zoneamento Urbano de Santo Ângelo O lote está inserido na Zona Adensável, na Área Adensamento Secundário (AAS) e na Zona de Preservação Ambiental, na Área de Ocupação Restrita (AOR). Segundo o Plano Diretor, são: AAS - as áreas contidas dentro da Macrozona Urbana que não apresentam fragilidade ambiental, possuem um grande número de vazios urbanos, boas condições de infraestrutura, acesso ao transporte coletivo, equipamentos públicos, sendo comprovadamente capazes de absorver a quantidade de moradores desejada e um maior volume de atividades voltadas ao setor Fonte: Plano Direto de Santo Ângelo, 2011. 59 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires terciário, com possibilidade de absorver atividades ligadas ao setor secundário de baixo impacto; AOR - são áreas cuja função sócio-ambiental admite a transformação dos atributos naturais, em menor grau, sem prejuízo das normas que estabelecem critérios de proteção e preservação ambientais; Conforme o Art. 57. As Áreas de Adensamento Secundário (AAS), conforme previsão do artigo 43, inciso II, desta Lei, as edificações deverão obedecer aos seguintes índices urbanísticos: TO = 75% IA = 5 LM = 360 m² TP = 12,5% Conforme o Art. 67. As Áreas Ocupação Restrita (AOR), conforme previsão do artigo 44, inciso VI, desta Lei, obedecerão aos seguintes índices urbanísticos: TO= 30% IA = 1 LM = 360 m² Após a aquisição dos índices urbanísticos, estes, serão aplicados no lote de implantação do Complexo Multissensorial. Possui área total de 29.776,04 m², porém, será utilizado para a implantação do complexo apenas a parcela do lote inserida na Área de Adensamento Secundário, somando um total de 16.841,54 m², mantendo a área de Ocupação Restrita, de um total de 12.934,5 m², apenas para uso paisagista e desenvolvimento de atividades externas. Na Tabela 2 e Tabela 3 observa-se as áreas correspondentes de cada índice. Tabela 2- Índices Urbanísticos de Santo Ângelo do lote de intervenção Fonte: Plano Direto de Santo Ângelo, 2011. 60 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Tabela 3 - Índices Urbanísticos de Santo Ângelo do lote de intervenção Fonte: Plano Direto de Santo Ângelo, 2011. De acordo com a tabela Tabela 4, de uso do solo, pode-se observar que na área de Zona Adensável, as atividades propostas para o Complexo Multissensorial são de usos permissíveis e estão conforme a legislação municipal. Tabela 4- Tabela do uso do solo Fonte: Plano Direto de Santo Ângelo, 2011. De acordo com a tabela Tabela 5, de atividades dos usos do solo, analisa-se as classificações de usos disponibilizados pelo Plano Diretor da cidade. De acordo com a tabela o Complexo Multissensorial se enquadra como uso CS.1 - Comércio varejista e serviços tipo I, de CS.2 - Comércio varejista e serviços tipo II, de CS.13 – Serviços de diversão e lazer tipo I e CS.23 – Serviços de cultura. 61 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Tabela 5- Tabela de atividades dos usos do solo Fonte: Plano Direto de Santo Ângelo, 2011. Lei nº 3.998, de 09 de setembro de 2015. Dispõe sobre a proteção do Patrimônio Arquitetônico, Histórico e Cultural do Município de Santo Ângelo, e dá outras providências. Lei nº 4.047, de 16 de maio de 2016. O Código de Obras do município de Santo Ângelo, revisado em 2016, é um instrumento básico, que permite à administração municipal manter o controle e a fiscalização do espaço edificado e seu entorno, garantindo a segurança e a salubridade das edificações através de aspectos preventivos, também destaca a importância da acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais ou mobilidade reduzida. Na Tabela 6, observa-se o cálculo da população de acordo com a ocupação apresentada no Código de Obras. 62 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Tabela 6 - Cálculo da população, conforme a NBR 9077 Fonte: Código de Obras de Santo Ângelo, 2016. 6.2. Legislação Estadual Lei n° 10.846, de 19 de agosto de 1996 Institui o Sistema Estadual de Financiamento e Incentivo às Atividades Culturais, autoriza a cobrança de taxas de serviços das instituições culturais e dá outras providencias, transcreve sobre quais projetos culturais poderão ser beneficiados pela Lei de Incentivo à Cultura – LIC Lei nº 13.490, de 21 de julho de 2010, atualizada até a Lei nº 14.814, de30 de dezembro de 2015 Institui o Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais - PRÓ- CULTURA, e dá outras providências. Lei Complementar nº 14.555, de 02 de julho de 2014 Altera a Lei Complementar nº 14.376, de 26 de dezembro de 2013, que estabelece normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra Incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Lei Complementar n.º 14.690, de 16 de março de 2015 Altera a Lei Complementar n.º 14.376, de 26 de dezembro de 2013, que estabelece normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra Incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. 63 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires DECRETO nº 53.280, de 01 de novembro de 2016 Altera o Decreto nº 51.803, de 10 de setembro de 2014, que regulamenta a Lei Complementar nº 14.376, de 26 de dezembro de 2013, e alterações, que estabelece normas sobre segurança, prevenção e proteção contra incêndio nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do Sul. 6.3. Legislação Federal Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. Restabelece princípios da Lei n° 7.505, de 2 de julho de 1986, institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC) e dá outras providências, conhecida como Lei Rouanet. Lei nº 11.771, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre a Política Nacional de Turismo, define as atribuições do Governo Federal no planejamento, desenvolvimento e estímulo ao setor turístico; revoga a Lei no 6.505, de 13 de dezembro de 1977, o Decreto-Lei no 2.294, de 21 de novembro de 1986, e dispositivos da Lei no 8.181, de 28 de março de 1991; e dá outras providências. 6.4. Normas Técnicas ABNT NBR 9050 – Acessibilidade a edificações mobiliário, espaços e equipamentos urbanos (2015) Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. 64 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires ABNT NBR 9077 – Saídas de emergência em edifícios (2001) Fixa condições que as edificações devem possuir para que a população possa abandoná-las em caso de incêndio, de forma segura e permitir fácil acesso de auxílio externo para o combate ao fogo e a retirada da população. ABNT NBR 16537 – Acessibilidade - Sinalização tátil no piso - Diretrizes para elaboração de projetos e instalação (2016) Estabelece critérios e parâmetros técnicos observados para a elaboração do projeto e instalação de sinalização tátil no piso, seja para construção ou adaptação de edificações, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade para a pessoa com deficiência visual ou surdo-cegueira. ABNT NBR 10898 - Sistemas de Iluminação de Emergência Esta Norma fixa as características mínimas exigíveis para as funções a que se destina o sistema de iluminação de emergência a ser instalado em edificações, ou em outras áreas fechadas sem iluminação natural. ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 - Iluminação de Ambientes de Trabalho Esta norma especifica os requisitos de iluminação para locais de trabalho internos e os requisitos para que as pessoas desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, com conforto e segurança durante todo o período de trabalho. ABNT NBR 10152 - Níveis de ruído para conforto acústico (1987) Esta norma fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos, trazendo as questões relativas a riscos de danos à saúde em decorrência do ruído. 7. ESTUDOS TIPOLÓGICOS Ainda nos dias atuais, enfrenta-se a inexistência de locais públicos totalmente acessíveis. Por muitas vezes, ao citar a palavra “acessibilidade”, pensa-se em locais adapta dos aos cadeirantes e esquece-se da diversidade de pessoas com necessidades especiais. 65 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Devido a restrita parcela de locais culturais e museus adaptados, viu-se a necessidade de encontrar locais que dispusessem de uma boa organização e funcionalidade. Com isso optou-se em trabalhar com dois estudos tipológicos In loco e o bibliográfico, possuidores de programas de necessidades semelhantes ao do projeto ou que atendem ao mesmo público alvo, explorando nesses, função, volumetria e espacialidade. 7.1. Estudos de Caso In Loco 7.1.1. Fundação Iberê Camargo 7.1.1.1. Ficha Técnica e Projeto A Fundação Iberê Camargo, localiza-se na Av. Padre Cacique - 2000, às margens do lago Guaíba, conforme mostra a implantação da Figura 58. O terreno, por ser íngreme e arborizado, possuía pouca área para implantação. Desta forma, a solução encontrada foi a verticalização do edifício. Projetada com tecnologia de ponta, possui estrutura monolítica, onde as paredes maciças são as responsáveis por suportarem as cargas e estabilizar o conjunto. É o único edifício construído em concreto branco no país (Figura 55). A obra recebe um público variado, entre eles, estudiosos de arte e arquitetura e escolas. A visita inicia-se pelo último andar, conduzindo obrigatoriamente o visitante ás rampas (Figura 56), percorrendo as nove salas de exposição distribuídas nos três andares superiores. As aberturas, pouco encontradas, foram calculadas para enquadrar a paisagem e valorizá-la, sem tirar a atenção das obras expostas (Figura 57). Arquiteto: Álvaro Siza Vieira Área do terreno: 7.107,29 m² Ano de instituição: 1995 Tipo de projeto: Fundação Localização: Porto Alegre, RS Área do projeto: 9.363,59 m² Ano do projeto: 2003 – 2008 Materiais: Concreto branco e vidro 66 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 58 - Planta de implantação Fonte: Adaptado de MDC. Revista de arquitetura e urbanismo. Acesso: 05 de abr de 2018. O térreo do edifício, visto na Figura 59, acolhe os visitantes através de um grande átrio, dando acesso à recepção, chapelaria e à loja de souvenires e, ainda pode-se visualizar os três andares superiores, que apresentam o vazio do átrio, salas de exposições de grandes formatos e pequenos formatos, sanitários, elevadores e elevador de carga. Ainda no térreo encontra-se também o café/bistrô da Fundação, este, que por sua vez, possui uma vista privilegiada para o Guaíba. Figura 55 - Fundação Iberê Camargo Figura 56 - Rampas internas . Figura 57 – Enquadramento da paisagem Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 67 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 59 - Planta baixa Térrea Fonte: Adaptado de MDC. Revista de arquitetura e urbanismo. Acesso: 05 de abr de 2018. No subsolo (Figura 60), está instalado a biblioteca, o auditório com recursos audiovisuais, e o estacionamento para 100 veículos. Além disso, a área de utilidades e reserva técnica também se encontram no local. O acesso ao estacionamento é realizado por uma passarela subterrânea construída sob a Avenida, ligando os dois lados da pista. Todos os acessos à Fundação atendem pessoas portadoras de necessidades especiais, por meio de rampas e elevadores. Figura 60-Planta baixa do subsolo Fonte: Adaptado de MDC. Revista de arquiteturae urbanismo. Acesso: 05 de abr de 2018. Acesso público Acesso serviço 68 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires O sistema de iluminação do prédio é realizado por sensores computadorizados, baseados na luz externa que penetra na edificação através das claraboias de vidro leitoso como visto na Figura 61. Figura 61 - Planta baixa de cobertura Fonte: Adaptado de MDC. Revista de arquitetura e urbanismo. Acesso: 05 de abr de 2018. Na Figura 62, pode-se perceber melhor toda está estrutura citada anteriormente, através dos cortes AA’ e BB’. Figura 62 - Cortes da Fundação Iberê Camargo Fonte: Arco Projeto Design. Acesso em 04 de abr de 2018. Na Fundação Iberê Camargo, a temperatura e a umidade interior são gerenciadas por um controle inteligente de monitoramento que garante a proteção do acervo. O ar condicionado foi embutido nas paredes das salas de exposição, de modo a ficar invisível ao olhar do visitante, onde o ar circula através de duas aberturas, 69 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires localizadas nas extremidades de cada parede, já no auditório (Figura 63), a ventilação ocorre por baixo dos acentos (Figura 64). Para melhor conforto interno, as paredes foram revestidas com lã de rocha, isolando acusticamente e termicamente o edifício. Além da preocupação com a temperatura, há um sistema de aproveitamento da água da chuva, reutilizando esta água nos sanitários e para a rega da área verde do entorno mantendo sempre uma preocupação com o meio ambiente. Siza também se mostrou-se interessado numa identidade visual, criando alguns mobiliários e as placas que indicam as saídas do prédio (Figura 65). Figura 63 – Auditório Fonte: Arquivo pessoal 2018. Figura 64 – Sistema de ventilação do auditório Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 65 - Placas saída de emergência Fonte: Arquivo pessoal, 2018 7.1.1.2. Análise critica Volumetricamente simples, possui grande preocupação com o conforto dos visitantes, termicamente e acusticamente. Todos os acessos atendem pessoas portadoras de necessidades especiais, por meio de rampas e elevadores, porém ainda há uma barreira causada pela pavimentação inapropriada de alguns locais externos. O estacionamento por ser no subsolo, não possui altura suficiente para acesso de ônibus, prejudicando visitações e a acessibilidade. As exposições são bem organizadas, mas ainda não possuem uma comunicação visual de acesso, dificultando o entendimento do público. O edifício, mantêm um fluxo bem organizado, conduzindo o visitante de maneira que conheça todas exposições e basicamente conheça sobre uma das maiores obras do local, o Iberê Camargo. 70 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 7.1.1.3. Referências Projetuais a serem aplicadas Tratamento das aberturas a fim de enquadrar e valorizar a paisagem; Sistema de ventilação e iluminação; Uso da tecnologia; Reaproveitamento da água da chuva; Interferência mínima na natureza. 7.1.2. Museu Joaquim José Felizardo 7.1.2.1. Ficha técnica O Museu, foi inicialmente uma sede de chácara, onde residia Lopo Gonçalves, está instalado no Solar Lopo Gonçalves, localizado na rua João Alfredo – 582 (Figura 66) em Porto Alegre e se tornou um museu histórico da cidade. Figura 66 - Localização do Museu Joaquim Felizardo - POA Fonte: Adaptado de Google Earth. Acesso: 27 mai de 2018. Autor: Lopo Gonçalves Bastos Ano do projeto: 1845 - 1853 Tipo de projeto: Museu Localização: Porto Alegre, RS Ano de criação do museu: 1982 Materiais: Alvenaria rebocada e madeira 71 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires O local tem como missão promover a integração da sociedade com o patrimônio cultural do município. Abrange sobre a história de Porto Alegre e mostra arquivos fotográficos e outros registros que comprovam os acontecimentos. Recentemente, surgiu a ideia de uma exposição acessível, destinada aos deficientes visuais, com a intenção de proporcionar a integração entre a sociedade e pessoas com necessidades especiais. Esta exposição possui um acervo especial, como legendas em Braile, conta com a audiodescrição da caneta falante, maquetes táteis e uma diversidade de obras em 3D. As Figuras 67 a 76 mostram mais sobre este acervo. Figura 67- Fachada e acesso principal do museu Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 68 – Exposição perma- nente – Sala 04 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 69 - Exposição perma- nente – Sala 04 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 70 - Expanção da cidade Fonte: Arquivo pessoal, 2018 72 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 71 - Exposição pema- nente - Sala 01 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 72 - Replica fotográfica 3D Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 73-Caneta falante . Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 74 - Maquete com audiodescrição Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 75 - Maquete tátil com legenda em braile Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 76 - Quadro tátil . Fonte: Arquivo pessoal, 2018 As alterações em plantas baixas, foram inevitáveis com o passar do tempo. Na Figura 77, percebe-se as evoluções realizadas conforme a necessidade e utilidade do local, onde a última planta, a que permanece até os dias atuais, passou de uma simples residência para museu. A partir disso, houve alterações internas, para que os espaços se adequassem ao uso, como visto na Figura 78. 73 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 77 - Evolução da planta baixa do pavimento térreo Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 78 - Planta baixa atual do museu Fonte: Arquivo pessoal, 2018. 7.1.2.2. Análise critica O museu proporciona a integração entre sociedade e patrimônio cultural e, além disso entre sociedade e pessoas portadoras de necessidades especiais. Apesar de ser totalmente adaptado internamente, seu acesso principal é inapropriado, fazendo com que cadeirantes procurem o acesso secundário na lateral do museu. A pavimentação, ainda original, é um obstáculo para a acessibilidade, mantendo 74 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires caminho tortuoso e irregular. A exposição permanente acessível, é destinada principalmente aos deficientes visuais e para melhor desenvolvimento das visitas, há uma guia com determinado grau de capacidade visual qualificada para esta função. 7.1.2.3. Referências Projetuais a serem adotadas Exposições táteis e em 3D; Aplicação de audiodescrição nas obras expostas; Legendas táteis e em alfabeto língua portuguesa e braile; Forma de organização das exposições; 7.2. Estudo de Caso Bibliográfico 7.2.1. Museu Judaico de Berlim 7.2.1.1. Ficha técnica O Museu Judaico de Berlim, foi projetado como um anexo ao Museu Municipal de Berlim, o Kollegienhaus, atualmente, o antigo prédio barroco funciona como único meio de acesso ao museu contemporâneo, por meio de uma passagem subterrânea, guiando os visitantes à confluência dos três eixos principais (Figura79), que sinalizam as três possibilidades trilhadas pelos judeus alemães: Os Eixos do Holocausto, do Exílio e da Continuidade. Arquiteto: Daniel Libeskind Tipo de projeto: Museu Material: zinco, concreto e vidro Localização: Berlim, Alemanha Ano do projeto: 1988 - 1999 Ano de abertura: 2001 75 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 79 - Croqui esquemático dos Eixos e localização de setores Fonte: Zigada Zuca Blog de viagens. Acesso: 28 de mai de 2018. Para a volumetria do Museu Judaico, a estrela de Davi serviu como base, sendo desmembrada, criando uma espécie de raio (Figura 80). Suas paredes são permeadas de “cicatrizes” que se refletem em seu interior através das poucas aberturas e das vigas que rasgam os ambientes. Os eixos se cruzam e entrelaçam, formando um labirinto, que desorienta quem o percorre, por meio de corredores angulosos e estreitos, com leve inclinação do piso, causando a sensação de afunilamento e sufocamento, vistos na Figura 81. O Eixo da Continuidade, conduz o visitante a toda edificação por meio de escadas, sendo cortada por vigas baixas e inclinadas (Figura 82). Já o Eixo do Exilio, tem como objetivo o Jardim do Exílio (Figura 83), composto por 49 colunas de concreto perpendiculares ao piso que está levemente inclinado em consideração com a linha do horizonte, possuindo pavimentação irregular propositalmente em pontos definidos, sendo, além disso, a única saída do subsolo para o exterior. O Eixo do Holocausto, conduz o visitante até uma porta preta, que dá acesso à Torre do Holocausto, vista na Figura 84. Essa torre, é mais escura e isolada, iluminada apenas por um feixe de luz localizado a mais de trinta metros de altura, suas paredes são em concreto aparente, causando sensação de frieza e, ouve-se ecos produzidos por vozes e barulhos da cidade. 76 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Nos dois últimos pavimentos a exposição mais tradicional permite aos visitantes uma interação mais direta com os objetos e obras expostas do que com o edifício como mostra a Figura 85. Figura 80- Volumetria do Museu . Figura 81- Cruzamento do Eixos Figura 82- Eixo da Continuidade Figura 83- Eixo do Exílio . Figura 84- Eixo do Holocausto Figura 85- Exposição temporária A proposta do Museu sobrepõe ainda, através de um eixo reto que corta a edificação, seis trechos em que o pé direito é o equivalente à cinco andares, onde desses, apenas três podem ser visitados, entre eles o Vazio da Memória (Figura 86), criado pelo artista plástico Kadishman que propôs diversos discos de ferro cortados no formato de rostos, diferentes em questão de peso e tamanho, dispostos uns sobre os outros no piso de um longo corredor. O visitante, ao caminhar sobre as faces, produz o som do metal, criando ecos que remetem a gritos e correntes sendo arrastadas. Fonte: Zigada Zuca Blog de viagens. Acesso: 28 de mai de 2018. Fonte: Zigada Zuca Blog de viagens. Acesso: 28 de mai de 2018. 77 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 86- Vazio da memória Fonte: Zigada Zuca Blog de viagens. Acesso: 28 de mai de 2018. Para melhor entendimento do projeto, as planta baixa e cortes podem ser observados nas Figuras 87,88 e 89. Figura 87- Planta baixa do Subsolo Fonte: Zigada Zuca Blog de viagens. Acesso: 28 de mai de 2018. Figura 88- Planta Baixa 2º e 3º pavimento do Museu Judaico de Berlim Fonte: Zigada Zuca Blog de viagens. Acesso: 28 de mai de 2018. 78 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 89- Corte do Museu Fonte: Zigada Zuca Blog de viagens. Acesso: 28 de mai de 2018. 7.2.1.2. Análise Critica Repleto de ousadia, Libeskind usou e abusou dos sentidos no Museu e no decorrer das exposições. Por meio dele lembrança são articuladas e lidas nas entrelinhas da edificação que interage com visitantes e vivencia emoções. Iluminação existente, incide apenas pelos pequenos rasgos na fachada, tornando os espaços mais escuros e pouco ventilados. As fachadas, revestidas com zinco, sofrem alterações com o passar dos anos, devido à exposição ao clima. Apesar de tudo, o Museu não possui exposições acessíveis, tanto em questão de deficientes visuais e auditivos, quanto aos cadeirantes. 7.2.1.3. Referências Projetuais a serem adotadas Volumetria reta e com angulações, ponto forte das obras de Libeskind; Integração de ambientes internos e meio externo; 79 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 8. DEFINIÇÃO DO PROGRAMA 8.1. Setorização O Complexo Multissensorial caracteriza-se por apresentar diferentes abordagens, a fim de promover a reintegração dos deficientes visuais e auditivos á sociedade, a reestruturação pessoal e o acompanhamento familiar. Oferecendo diversas atividades interativas, artísticas, educacionais e de lazer. O programa foi dividido em seis setores como mostra a Figura 90, de acordo com seus usos e funções, organizando os espaços. São eles: administrativo, cultural, educacional, comercial, serviço e de lazer. Figura 90 - Esquema de setorização Fonte: Autora, 2018. 8.2. Programa de necessidades e Pré-dimensionamento O programa de necessidades e pré-dimensionamento, foram elaborados para atender as atividades propostas pelo projeto, realizadas dentro da setorização citada anteriormente. Essas etapas foram elaboradas a partir de pesquisas bibliográficas, estudos de caso, parâmetros de dimensionamento indicados em Neufert (2013), assim como legislações pertinentes como a NBR 9050 e o Código de Obras de Santo Ângelo, 80 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires as quais apresentam ambientes mínimos, visando maior segurança e conforto para os usuários. A seguir, o programa de necessidades, como pode-se observar na Tabela 7 a Tabela 12, apresenta a descrição de cada espaço, mobiliário e respectivas áreas e número de usuários, divididos através da setorização facilitando o entendimento. Tabela 7- Pré-dimensionamento do setor educacional Fonte: Autora, 2018. 81 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Tabela 8 - Pré-dimensionamento do setor administrativo Fonte: Autora, 2018. Tabela 9 - Pré-dimensionamento do setor comercial Fonte: Autora, 2018. 82 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Tabela 10 - Pré-dimensionamento do setor cultural Fonte: Autora, 2018. 83 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Tabela 11 - Pré-dimensionamento do setor de serviço Fonte: Autora, 2018. Tabela 12 - Pré-dimensionamento do setor de lazer Fonte: Autora, 2018. 84 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Para o cálculo da área construída após a soma das áreas, adicionou-se40% ao total da área útil representando paredes e circulações, compreendendo todos os setores anteriormente citados, vistos na Tabela 13. Tabela 13 - Área total do projeto Fonte: Autora, 2018. 9. COMPLEMENTAÇÃO DA PESQUISA Figura 91-Organograma e Fluxograma Macro do Complexo Multissensorial Fonte: Autora, 2018. 85 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 9.1. Organograma Figura 92- Organograma Complexo Multissensorial Fonte: Autora, 2018. 86 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 9.2. Fluxograma Figura 93- Fluxograma Complexo Multissensorial Fonte: Autora, 2018. 87 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 9.3. Zoneamento Figura 94- Zoneamento Térreo Complexo Multissensorial Fonte: Autora, 2018. Figura 95 - Zoneamento Subsolo Complexo Multissensorial Fonte: Autora, 2018. 88 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 9.4. Zoneamento Volumétrico Figura 96- Zoneamento Volumétrico: Fachada Leste e Sul Fonte: Autora, 2018. Figura 97-Zoneamento Volumétrico: Fachada Oeste e Sul Fonte: Autora, 2018. 9.5. Estudos de Conceituação Partindo de uma volumetria simples, o Complexo Multissensorial remete à arquitetura contemporânea, abraçando diversos movimento. O projeto irá ressaltar a importância dos sentidos na arquitetura e além disso, salientar as dificuldades que 89 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires deficientes visuais e auditivos enfrentam diariamente em relação à inclusão social, contendo assim um apoio especial para este público. Diante disso, o Complexo Multissensorial abrangerá uma gama de oficinas e exposições voltadas para este público e por meio delas será possível a interação entre usuários, fazendo com que vivenciem novas experiências e se coloquem no lugar das outras pessoas. Assim como as atrações culturais, o edifício em si será uma obra de arte, por meio dele os visitantes irão explorar seus sentidos, trazendo à tona emoções, sentimentos e memórias. O Complexo Multissensorial, apresenta uma forma horizontalizada, sendo disposta em dois volumes. O primeiro, considerado o bloco principal, recebe as exposições, oficinas, café/bar, salas multimídia, todo setor administrativo e de serviço, distribuído em uma volumetria irregular, disposta em ângulos e levemente curva, possui dois acessos, um principal e um secundário, assim como o acesso de serviço para o recebimento de obras. A cobertura, encontra-se com o solo, criando um acesso para o mirante, por onde será possível admirar todo o Complexo. Os materiais utilizados serão concreto branco, estruturas metálicas e vidro, por eles, será possível enfatizar a relação entre edifício e natureza, assim que rasgos dispostos irregulares nas fachadas, emolduram a paisagem exterior. Já o segundo volume, de forma simples e pura, contrapõe as curvas do primeiro e além disso, possui estrutura vazada, através de grandes rasgos de vidro e concreto branco, em estrutura metálica. Além de ser o pórtico, acesso principal, estão neste a loja de souveniers e a guarita. Sua cobertura levemente inclinada, propõe uma ligação entre acessos. Através dele também é possível o acesso ao jardim sensorial, onde a relação com o entorno prevalece, com a proposta de uma ciclovia e caminhos entre a vegetação maciça, envolvendo o lote com a malha urbana, percorrendo com bicicletas de acento duplo pela ciclovia interna, prolongando-se até a ciclovia proposta pelo Município, na Av. Venâncio Aires, criando uma conectividade entre os principais pontos culturais da cidade. Além disso, o jardim dos bambús é de extrema importância, localizado numa parcela mais íngreme do lote, são perfurados, provocando sons de flauta ao bater do vento, instigando o sentido da audição. Os canteiros sensoriais, estimulam o tato, olfato e paladar assim como os espelhos d’agua atiçam a audição e também o tato. Na Figura 98 pode-se observar a proposta inicial de implantação do Complexo Multissensorial. 90 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 98- Proposta inicial de implantação do Complexo Multissensorial Fonte: Autora, 2018. 9.6. Memorial de Intenções Com o intuito de promover o bem estar aos visitantes do Complexo Multissensorial, busca-se através da arquitetura dar ênfase ao conforto, segurança, a autonomia dos usuários, onde as pessoas possam sentir o local, interagir com ele, descobrindo emoções e trazendo à tona memórias. Lembrando sempre do público alvo, o local servirá de apoio, onde a inclusão social possa ser abordada, suas relações interpessoais serem trabalhadas e a convivência reestabelecida, juntamente de atividades culturais, fazendo com que as pessoas se coloquem no lugar das outras, vivenciando as dificuldades enfrentadas pelos portadores de necessidades especiais. Procurou-se projetar uma edificação de estilo contemporâneo, tirando partido da paisagem natural e seus condicionantes assim como da topografia, proporcionando aos usuários ambientes amplos, providos de iluminação e ventilação natural, conforto térmico e conforto visual por meios de diferentes materiais e volumes, dando maior importância à relação de interior e exterior por meio de rasgos dispostos irregularmente nas fachadas, trazendo uma conectividade entre usuário e natureza. 91 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 9.6.1. Implantação e Volumetria Terreno amplo e de topografia irregular, houve maior dedicação em questão de implantação. Por se tratar de um edifício totalmente acessível às pessoas portadoras de necessidades especiais, optou-se em guiar a edificação de acordo com a topografia do lote, beneficiando desta forma, a arquitetura proposta, integrando-a com a paisagem e também atendendo as necessidades estabelecidas. Criou-se a junção entre a arquitetura contemporânea e o espaço natural de forma ousada. A cobertura do Complexo Multissensorial se encontra com o solo, criando acesso à um mirante que proporciona aos visitantes uma visual do jardim sensorial e além disso, prolonga o espaço, criando caminhos, trazendo leveza e fluidez. A volumetria, portanto será composta por dois blocos, conforme organograma e fluxograma apresentado, os acessos são independentes e a forma volumétrica é uma mescla geométrica do triângulo, losango e do retângulo (Figura 99) com adições e subtrações da forma e cheios e vazios, assim como sua horizontalidade destacada e sua demarcação dos acessos. A proteção dos acessos é realizada por meio de uma cobertura diferenciada, com materiais opacos e translúcidos, já na edificação, serão utilizados os matérias como concreto branco, estrutura metálica, vidro e o aço. Figura 99- Estudo formal Fonte: Autora, 2018. 92 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 9.6.2. Mobiliário Para manter uma identidade visual, foram criados diversos mobiliários, tanto para áreas internas, quanto externas. Assim como a edificação, a proposta dos mobiliários têm seu diferencial, criados paratrazer à tona sentimentos, emoções ou até mesmo alguma lembrança vivida pelos usuários, são divertidos, delicados e sempre dispostos de maneira distinta. Os matérias utilizados, são a madeira, aço, vidro e até mesmo concreto. A Figura 100, apresenta alguns dos principais mobiliários, trazendo junto deles uma breve descrição. Figura 100- Croquis dos mobiliários propostos Fonte: Autora, 2018. 93 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 9.6.2. Paisagismo e iluminação O paisagismo desenvolvido de traçado orgânico, inicia-se através de uma nova configuração do espaço, trabalhando por meio dele a relação entre edifício e natureza, usufruindo do grande maciço vegetativo do terreno. Com isso, as árvores de médio e grande porte já existentes deverão ser mantidas e vegetação de pequeno porte e rasteira, inseridas no jardim com cuidado a fim de não bloquear a visual proporcionada pelo espaço e mantendo cuidado especial na escolha das espécies, para que por meio dessas o visitante possa sentir a textura de cada planta, o perfume das flores e além disso degustar algumas espécies, descobrindo novos sabores e sensações. O tratamento de piso será realizado através de materiais permeáveis, mantendo uma padronização de passeio público e privado. Há a valorização do pedestre nestes locais, através de um grande espaço cultural de livre transição, permeabilidade e segurança, onde serão realizadas trilhas, passeios ciclísticos, percursos de labirintos, tudo pensando no bem estar dos usuários, destinando uma pequena parcela do lote de intervenção aos veículos. Devido à grande área de jardim, é de extrema importância uma boa iluminação, trazendo segurança às pessoas que o frequentam e para isso, serão implantados postes de luzes médias e balizadores por toda área, além de luzes indiretas nas edificações, mobiliário e espelho d’água. 9.7. Proposta Volumétrica Figura 101- Acessos à área de intervenção Fonte: Autora, 2018. 94 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 102- Vista Fachada Oeste e Fachada Norte, com pórtico e acesso ao mirante Fonte: Autora, 2018. Figura 103- Vista Fachada Leste e Fachada Norte, com pórtico e acesso ao mirante Fonte: Autora, 2018. Jardim dos bambús Acesso de veículos Pórtico com guarita e loja de Souveniers Encontro da cobertura com o solo – Acesso ao mirante Acesso ao hall principal Mirante Labirinto Rasgos que emolduram a paisagem Mirante Hall principal Encontro da cobertura com o solo – Acesso ao mirante Pórtico com guarita e loja de Souveniers 95 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 104- Vista Fachada Sudeste e Fachada Leste, labirinto Fonte: Autora, 2018. Figura 105- Vista Fachada Sudeste e Fachada Oeste, mirante e acesso secundário Fonte: Autora, 2018. Jardim sensorial Jardim dos bambus Estacionamento Acesso secundário Mirante Rasgos que emolduram a paisagem Labirinto Espelhos d’agua marcando o acesso e como apoio ao jardim sensorial produzindo ruidos em forma de cascata. Café/Bar com grandes vãos de vidro, integrando meio interno e externo Espelhos d’agua marcando o acesso e como apoio ao jardim sensorial produzindo ruidos em forma de cascata. 96 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 106- Vista do Pórtico, guarita e souveniers Fonte: Autora, 2018. Figura 107- Jardim dos Bambús Fonte: Autora, 2018. Figura 108- Acesso secundário, pelo estacionamento Fonte: Autora, 2018. Estrutura metálica com rasgos irregulares na cobertura Bambus perfurados ACESSO PÚBLICO Pórtico Guarita Loja de Souveniers ACESSO PÚBLICO 97 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS É importante salientar a afeição do profissional de arquitetura e urbanismo na elaboração de projetos que contemplem espaços multiusos, no intuito de pensar na edificação como um organismo vivo. Esta se descreve na busca pela funcionalidade e o conforto dos usuários, aliados a uma forma convidativa, que, dentro do tema proposto – cultural e público - é de extrema importância. A escolha do tema firmou-se a partir da percepção das dificuldades enfrentadas diariamente por deficientes visuais e auditivos, onde assim como no Município de Santo Ângelo ou em qualquer outro local, sofrem por um isolamento social, muitas vezes considerados como incapazes. Através disso, cria-se um local para refletir, colocando-se no lugar das outras pessoas mantendo uma relação entre os usuários, para que a vida social possa ser reestabelecida. Confirmou-se através do embasamento teórico a importância do Complexo Multissensorial, pois além de buscar a inclusão social, será um meio de conectividade entre os centros culturais e históricos da cidade, atendendo a necessidade atual e inserindo atividades qualitativas deste meio, a fim de instigar maior participação da população local. Diante disso, através deste trabalho é possível afirmar a relevância e a importância das atividades relacionadas à cultura, resultando em uma edificação com programa diferenciado voltado a múltiplas atividades relacionadas a este tema. 98 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAGON, Carmen Aparecida; SANTOS, Isabela Bagliotti. Deficiência auditiva/surdez: conceitos, legislações e escolarização. 2015, 140 p. Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, Santa Catarina, 2015. Disponível em: <file:///C:/Users/UsuarioPc/Downloads/sumario6.pdf> Acesso em: 15 abr de 2018. CLAYETTE, S.Hugonnier. As deficiências visuais. São Paulo: Manole Ltda, 1989. CLIMATE. Clima: Santo Ângelo. Disponível em: <https://pt.climate- data.org/location/43786/ > Acesso em: 08 de abr. 2018. CONCEITO.DE. Conceito de Cultura. Disponivel em: <https://conceito.de/cultura> Acesso em: 19 de abr. 2018. DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François. Conceitos-chave de Museologia. 2013, 100 p. Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus: Pinacoteca do Estado de São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, São Paulo, 2013. Disponível em:<http://icom.museum/fileadmin/user_upload/pdf/Key_Concepts_of_Museology/C onceitos-ChavedeMuseologia_pt.pdf > Acesso em: 17 abr de 2018. DREAMSTIME. Alfabeto em Braile. Disponível em: <https://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-royalty-free-alfabeto-de-braille- isolado-no-branco-image29870217> Acesso em: 11 de abr. 2018. ESCRITÓRIO DA CIDADE DE SANTO ÃNGELO. Disponível em: <http://ecidadesa.blogspot.com.br/> Acesso em: 04 de abr. 2018. ETCOR. Fisiologia do olho. Disponível em: < http://etcor3.blogspot.com.br/2012/03/ fisiologia-do-olho.html > Acesso em: 11 de abr. 2018. IBRAM, Portal do Instituto Brasileiro de Museus. O que é museu. Disponível em: <http://www.museus.gov.br/os-museus/o-que-e-museu/> Acesso em: 17 de abr. 2018. ICOM, International Council of Museums. Definição de Museu. Disponível em: < http://icom.museum/the-vision/museum-definition/>Acesso em: 17 de abr. 2018. 99 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires INFOESCOLA. Lingua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Disponível em: <https://www.infoescola.com/portugues/lingua-brasileira-de-sinais-libras/> Acesso em: 13 de abr. 2018. NEVES, Juliana Duarte. Arquitetura sensorial: A Arte de projetar para todos os sentidos. 1 ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2017. PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele: A arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman, 2011. PORTAL OTORRINOLARINGOLOGIA. Graus de Perda Auditiva. Disponível em:<http://portalotorrinolaringologia.com.br/SURDEZ-graus.php> Acesso em: 13 de abr. 2018. PREFEITURA MUNICIPAL. Prefeitura Municipal de Santo Ângelo, RS. Disponível em: <http://www.santoangelo.rs.gov.br/>. Acesso em: 07 de abr. 2018. SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 16 ed. São Paulo: Brasiliense, 1996. Disponível em: <https://docs.google.com/file/d/0B_s6CZBufrouWDNraGVRQXB0bG8/edit> Acesso em: 19 de abr. 2018. SARRAF, Viviane Panelli. A Comunicação dos sentidos nos espaços culturais brasileiros: estratégias de mediação e acessibilidade para as pessoas com suas diferenças. 2013, 251 p. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, São Paulo, 2013. Disponível em: < http://www.museusacessiveis.com.br/arquivosDown/20140326143526_tesedigital.pd f > Acesso em: 19 abr de 2018. SAÚDE, Organização Mundial da. Relatório Mundial sobre a Deficiência. 2011, 360 p. Governo do estado de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: < http://www.fonoaudiologia.org.br/publicacoes/relatoriomundial.pdf > Acesso em: 13 abr. de 2018. 100 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Apêndice A – Levantamento fotográfico do lote e entorno Figura 109- Vista 01: Testada principal do Lote Figura 110- Vista 02: Testada princ. Voltada à Oeste Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Figura 111- Vista 03: Testada princ. voltada à Leste Figura 112- Vista 04:Acesso de serviço, Alibem Fonte: Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Fonte: Arquivo pessoal, 2018. 101 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires Figura 113- Vista 11 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 114- Vista 12 Fonte: Arquivo pessoal, 2018 Figura 115- Vista do Edifício Gaia, 12º andar Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Apêndice B – Pré-dimensionamento 102 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 103 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 104 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires 105 |ITFG|URI-SÂ| Complexo Multissensorial: os sentidos como modo de viver a Arquitetura| Acadêmica Vanessa Bieler | Orientadora Maira Oliveira Pires