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Sociologia e Antropologia na Saúde
Saúde e doença ao longo da história
Relacionar muitas doenças com a presença de um agente patogênico, isto é, algo como vírus, bactéria, fungos, etc., capaz de nos causar doenças.
Relação saúde-doença com seus aspectos puramente biológicos.
Descobrir “quem” é o responsável pela enfermidade.
E o melhor profissional para entender, diagnosticar e tratar sujeitos saudáveis e doentes é o médico.
Mas você sabia que nem sempre foi assim?
E você já pensou com o contexto sociocultural pode influenciar no processo saúde-doença assim como nos tratamentos e percepções em relação ao assunto?
Na história de muitos povos, saúde e doença eram tratados pelo xamã(homem inspirado pelos espíritos) , um sujeito conhecedor de rezas, símbolos e rituais, capaz de trabalhar com os poderes da natureza e dos espíritos no intuito de restabelecer a saúde física e mental dos membros do seu povo.
Saúde, para o xamã, envolvia muito mais do que simples ausência de doenças, era entendida como um estado de harmonia: com a própria visão de mundo, com a natureza (animais, plantas, minerais, etc.) (cf. Barros, 2008) e com o mundo espiritual. 
Já em outros lugares, como na Grécia Antiga, muitos dos problemas de saúde enfrentados pelos sujeitos, especialmente a loucura, eram interpretados como responsabilidade e vontade dos deuses gregos.
Idade Média: doenças, especialmente a loucura eram entendidas como obras do demônio ou daqueles que pactuavam com os poderes do diabo, como os acusados de feitiçaria ou bruxaria.
Iluminismo: ruptura com as explicações religiosas e a predominância do racionalismo e dos métodos científicos de investigação.
Os saberes que produzia passaram explicar, não somente como funcionava o mundo, mas também como os corpos adoeciam ou permaneciam saudáveis. 
O desenvolvimento das experiências e instrumentos científicos, como por exemplo, o microscópio;
Constatou-se que não eram os deuses ou os demônios que provocavam as doenças, mas as condições ambientais e orgânicas eram as responsáveis pelas enfermidades e o saber médico era o mais indicado para tratar tais casos.
No Brasil...
Os três primeiros séculos, após a chegada portuguesa em terras nacionais, foram marcados pelas práticas populares em saúde, que misturavam elementos da cultura negra, indígena e cristã, e eram executadas por benzedeiros e curandeiros (cf. Montero, 1985)
Instalação da família real portuguesa no Brasil a partir de 1808, com a estruturação do ensino médico no país, como a abertura das Escolas de Medicina na Bahia e no Rio de Janeiro. 
Tal fato contribuiu para que as práticas populares perdessem sua hegemonia e passassem a competir com o saber médico. Para se firmar como conhecimento hegemônico, a medicina valeu-se da ideia de “charlatanismo” das práticas populares e quem as praticassem poderiam ser denunciados à polícia! 
Essa “perseguição” não foi suficiente para eliminar as práticas populares, mas fragmentou o conhecimento tradicional e colaborou para que benzedores e curandeiros fossem relegados às periferias urbanas (cf. Montero, 1985).
Sociologia da
Saúde
Fim do século XVIII: Revolução Industrial.
As condições de trabalho, a vida da população trabalhadora e os problemas sociais da época despertaram o interesse do conhecimento médico; 
“Médicine Sociale”= Medicina Social 
Competia ao corpo médico “melhorar as classes inferiores”; 
Na Alemanha, em que seus teóricos destacavam a importância das condições sociais para o processo saúde-doença, assim como, percebiam a saúde como uma questão de interesse social. 
“Medicina social” ou “Sociologia médica”
Atenção para as relações: 
Paciente
Sociedade
Médico 
Em 1929, o médico Henry Sigerist, foi pioneiro ao retirar o foco da medicina e enfatizar a importância da pessoa doente no contexto social. 
Em 1935, o médico Lawrence Henderson realizou uma palestra denominada “Physician and Patient as a Social System” (“A relação médico/paciente como um sistema social”), chamando atenção para a questão da comunicação entre médicos e seus pacientes (cf. Nunes, 2007).
Distanciamento entre o saber médico-científico e conhecimento popular:
Crescente medicalização da saúde e consequente distanciamento em relação ao conhecimento popular; 
Sujeitos perdessem sua autonomia sobre a própria saúde, passando a serem dependentes exclusivamente do saber médico-científico que, por sua vez, nem sempre é acessível ou compreensível para todos que o procuram.
Contribuições do materialismo histórico ( Karl Marx)
para pensar o processo saúde-doença
Evidenciou como as desigualdades sociais influenciam na manutenção da saúde. 
Ao estudar os anos de 1938-1940 da cidade de Nova Iorque, constatou-se as diferenças de mortalidade infantil entre brancos e negros (66% maior para negros em relação aos brancos), como também, percebeu que havia diferenças semelhanças entre grupos de brancos com rendas diferentes e entre os que moravam na zona rural e na área urbana (cf. Nunes, 2007: 79).
Saúde e doença não se restringem ao âmbito biológico, estão relacionados a: formas de organização da sociedade; a lógica dos interesses econômicos; a relações de poder e a representações sociais (Laurell, 1983); 
As desigualdades sociais, desencadeadas pela divisão social do trabalho e pela distribuição desigual de bens e recursos entre as classes sociais, influenciam os perfis patológicos das coletividades. 
Mas será que o processo de produção capitalista ainda hoje é tão influente no processo
saúde-doença?
A Antropologia na saúde
Uma das principais contribuições da Antropologia para a saúde é “relativizar conceitos biomédicos” (Minayo, 2009); 
As explicações baseadas na ciência e na biologia são importantes, entretanto, não constituem as únicas formas de interpretação e compreensão do processo saúde-doença;
“Todas as culturas possuem conceitos sobre o que é ser doente ou saudável”, que extrapolam as teorias médico-científicas.
Você já deve ter ouvido expressões como: “ele pegou um vento gelado e aí ficou gripado”. Não queremos deslegitimar essa explicação, contudo, você percebe que não há menção ao vírus da gripe, que seria a interpretação biomédica para a doença?
Mesmo que não acreditemos na relação “vento gelado-gripe”, temos de reconhecer que expressões como essa são difundidas em nosso senso comum.
As formas de compreender o corpo e seu funcionamento, por sua vez, determinarão “os tipos de recursos e práticas aceitas em cada sociedade” (Víctora, 2000: 19).
O xamã entende as doenças como provenientes da desarmonia do sujeito com suas visões de mundo, com a natureza e com os espíritos. Dessa forma, seus tratamentos não se restringirão à doença orgânica, mas envolverão os aspectos psicoespirituais. 
Antropologia Médica
“A forma como as pessoas, em diferentes culturas e grupos sociais, explicam as causas dos problemas de saúde, os tipos de tratamento nos quais elas acreditam e a quem recorrem quando adoecem. Ela também é o estudo de como essas crenças e práticas relacionam-se com as alterações biológicas, psicológicas e sociais no organismo humano, tanto na saúde quanto na doença. A antropologia médica, por fim, é o estudo do sofrimento humano e das etapas pelas quais as pessoas passam para explicá-lo e aliviá-lo.” (Helman, 2009:11)
Dessa forma, depreende-se que para entender o processo saúde-doença e tratamentos é fundamental considerar o contexto sociocultural do grupo estudado.
Ajudaria a apreender os significados socialmente atribuídos a saúde-doença.
Pesquisa etnográfica pode ser de grande valia para os estudos da saúde.

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