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Unidade 02 Orçamento de Obras Planejamento, Orçamento e Controle de Obras Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria FERNANDA MICHAELSEN GISELLY SANTOS MENDES AUTORIA Fernanda Michaelsen Sou formada em engenharia civil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com uma experiência técnico-profissional na área de planejamento, orçamento e controle de obras de mais de 8 anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Giselly Santos Mendes Sou Mestre em Qualidade Ambiental pela Universidade FEEVALE/ RS, graduada em Tecnologia de Polímeros - Ênfase em Gestão da Qualidade e Administração de Empresas. Experiência na área da garantia da qualidade, auditorias internas, processos industriais, materiais poliméricos, ensaios mecânicos e sistemas de gestão ISO 9001, ISO 14001. Atuação na iniciação científica e aperfeiçoamento acadêmico nas temáticas de inovação, gestão do conhecimento organizacional, gestão ambiental, sustentabilidade e inovação ambiental. Por isso fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Tipos de custo de obra e formas de identificá-los .......................10 Os custos diretos e indiretos ................................................................................................... 10 Matriz de custos do projeto ..................................................................................................... 14 Elaboração de orçamento de obras ...................................................19 Orçamento estimativo.................................................................................................................. 19 Orçamento preliminar ..................................................................................................................23 Orçamento analítico ......................................................................................................................24 Análise das condicionantes, visita técnica e levantamento de quantidades .....................................................................................................................25 Discriminação dos custos diretos ....................................................................26 Discriminação dos custos indiretos ................................................................27 Cotação de preço ........................................................................................................27 Definição de encargos sociais e trabalhistas, lucro e BDI .............28 Planilhas de custo unitário em orçamento de obras ...................33 Planilha ..................................................................................................................................................33 Composição de custo ..................................................................................................................35 Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da construção civil (Sinapi) ...................................................................................................................... 39 Sistema de Custos Referenciais de Obra (Sicro) .................................. 40 Diagrama de Pareto e sua aplicação no orçamento de obras .43 O conceito ............................................................................................................................................43 A curva ABC ........................................................................................................................................ 46 Vantagens da curva ABC ....................................................................................... 49 7 UNIDADE 02 Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 8 INTRODUÇÃO As previsões apontam um cenário bastante otimista para a indústria da construção para os próximos anos, com perspectiva de grande aumento na geração de empregos. Isso mesmo. A área de Planejamento faz parte da cadeia de decisão de uma empresa, sendo fundamental para definição dos projetos, obras e empreendimentos que serão realizados, além de escolher a forma mais vantajosa de executá-los. Uma das importantes fases do planejamento é a orçamentação. Nessa etapa, os projetos e especificações técnicas são analisados para elaboração da planilha de orçamento do projeto. Por meio dos orçamentos, entendemos se a obra é economicamente viável e se irá possibilitar à empresa alcançar o lucro esperado. Um profissional capacitado, capaz de considerar diversas variáveis, é fundamental para a área de orçamentos de uma empresa. Interessado? Ao longo desta unidade letiva, você vai aprender muito sobre a orçamentação, vamos lá! Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender os tipos de custos e formas de identificá-los em um orçamento de obra; 2. Aplicar as técnicas e os processos de orçamentação em projetos de obras; 3. Construir planilhas de custo unitário para se chegar à matriz de custos da obra; 4. Aplicar o princípio do diagrama de Pareto em um orçamento de obra. Curioso para ampliar seus conhecimentos sobre orçamentos de obras? Ótimo! Então, vamos seguir em frente! Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 10 Tipos de custo de obra e formas de identificá-los OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de compreender os diferentes tipos de custos e também formas de identificá-los em um orçamento de obras. A etapa de levantamento e identificação dos custos é extremamente importante para determinar se um projeto será ou não interessante (ou até mesmo possível) economicamente. É por meio do entendimento da estrutura de custos de um empreendimento que podemos torná-lo mais rentável e gerar maior retorno para a empresa. E então? Interessado em aprender como desenvolver essa competência? Então, vamos em frente! Os custos diretos e indiretos Você concorda que, antes de iniciar um projeto, é comum nos perguntarmos quanto ele vai custar, certo? E, dependendo da resposta, podemos desistir de realizá-lo, não é mesmo? Para termos uma ideia preliminar do quanto será necessário gastar para executar um projeto, podemos realizar uma estimativa inicial dos custos envolvidos. Podemos usar como referência outros orçamentos similares já realizados como referência global ou mesmo índices específicossetoriais, como o Custo Unitário Básico (CUB) por m² de construção. Uma estimativa de custo, porém, não considera aspectos específicos e detalhamentos que só são contemplados com uma análise criteriosa na orçamentação, e, portanto, não devem ser utilizados para elaboração de propostas comerciais (DIAS, 2011). Você sabe o que é o CUB? É o Custo Unitário Básico, um indicador de grande importância na construção civil. É utilizado como um parâmetro para avaliação do custo por metro quadrado de obra, considerando que as exigências legais sejam cumpridas. Os Sindicatos da Indústria Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 11 da Construção Civil são responsáveis pelo cálculo e divulgação mensal desse índice. SAIBA MAIS: O CUB / m² representa o custo parcial da obra, ou seja, alguns itens não estão contemplados no cálculo desse parâmetro e devem ser calculados e considerados separadamente. Por exemplo: fundações, rebaixamentos de lençol freático, equipamentos, áreas de urbanização e recreação, entre outros, devem ser levados em conta de acordo com o projeto específico de cada empreendimento, bem como a contratação dos projetos, impostos e taxas, e remunerações do construtor e do incorporador. Para mais informações sobre o CUB / m², acesse o link clicando aqui. Ao processo de determinação de um orçamento damos o nome de orçamentação. Para sua realização, diversas etapas devem ser seguidas e analisadas, de forma a contemplar o maior número de variáveis e itens possíveis. Primeiramente, precisamos identificar e compreender os elementos que vão compor o orçamento, levantar a quantidade de cada um deles e analisar particularidades e especificidades (MATTOS, 2006). Podemos dizer que um bom planejador é aquele que reúne competências e habilidades diversificadas que permitam, acima de tudo, uma visão ampla do objetivo do projeto e a capacidade de segmentá- lo em uma sequência lógica de subetapas e atividades, determinando a duração, relação de interdependência, recursos necessários e orçamento de cada uma delas. É aquele que, de posse das informações técnicas necessárias, consegue estabelecer um “plano” de como executar o escopo e o que será necessário para atingir o objetivo. Além disso, um bom planejador deve acompanhar o andamento do seu “plano” e ajustar o que for necessário para garantir a realização do projeto. Resumidamente, podemos dizer que, para determinar um orçamento, devemos considerar os custos diretos (mão de obra, material Planejamento, Orçamento e Controle de Obras http://www.cub.org.br/saiba-mais 12 e equipamentos aplicados na obra), os custos indiretos (despesas do canteiro de obras, equipes de supervisão e apoio, taxas), além, é claro, dos impostos e lucro. Quer conhecer como classificar os custos? Vamos em frente! Podemos classificar os custos por meio de diversas metodologias. Cada empresa ou organização pode classificar os custos de formas diferentes, em função de sua estrutura e procedimentos internos. De forma geral, podemos classificar os custos em: • Custos diretos – aqueles relacionados à compra de materiais, utilização de equipamentos, gastos com mão de obra e demais insumos necessários para a realização da atividade. São diretamente vinculados ao produto do projeto. • Custos indiretos – aqueles relacionados às despesas gerais, ou também aqueles gastos feitos pela empresa para mais de um projeto, que depois podem ser rateados (atribuídos conforme critério específico para cada obra). Podemos citar como exemplo as despesas para manutenção e operação do escritório, pagamento do pessoal administrativo, assessoria jurídica, propaganda, entre outros. • Custos fixos – são aqueles que praticamente não variam com a quantidade de trabalho ou volume de produção. Por exemplo, o custo com o aluguel da sala comercial onde será realizada a pré-venda do empreendimento é o mesmo, não importando se a construção está 25% ou 100% concluída. É importante ressaltar que o custo fixo tem uma capacidade máxima de atendimento (amplitude) e que, se ela for superada, os custos poderão variar. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 13 Figura 1 – Gráfico custo fixo Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Barbosa et al. (2011). • Custos variáveis – são aqueles que variam, em função da quantidade de trabalho do projeto, de forma proporcional e direta (BARBOSA et al., 2011). Figura 2 – Gráfico custo variável Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Barbosa et al. (2011). Além dos tipos de custos acima descritos, podemos citar ainda: • Custos semivariáveis – são aqueles que variam de forma não proporcional em relação à variação do volume (ou quantidade) de trabalho. • Custos totais – constituídos pelo custo variável e pelo custo fixo ou semivariável (LIMMER, 1997). Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 14 Matriz de custos do projeto Bom, agora que já conhecemos a classificação dos custos, vamos aprender uma maneira geral de identificá-los e então montar a matriz de custo preliminar do orçamento. Primeiramente, vamos pensar nos custos diretos do projeto. Como já vimos, os custos diretos são aqueles que estão associados diretamente ao serviço de campo, ou seja, ao empreendimento que está sendo construído. Vamos separar esses custos em fixos e variáveis. • Mão de obra da equipe de campo, envolvida diretamente com a execução da obra – é um custo variável, quanto maior for a quantidade de serviço a ser realizado, geralmente precisaremos de uma equipe maior para conclusão dos serviços dentro do prazo. • Materiais de obra – é um custo variável, ou seja, se aumentar o número de pavimentos, tipo de um edifício, a quantidade de material para execução do escopo também aumentará. Na sequência, vamos identificar aqueles custos que são necessários e que, mesmo não estando associados diretamente com a construção em si, são imprescindíveis para a conclusão do projeto. Tais valores também serão separados em custos fixos e variáveis. • Materiais da administração empresarial e do projeto, e pessoal da administração empresarial – é um custo fixo, geralmente os valores da administração permanecerão inalterados até uma certa amplitude de serviços. • Custo do técnico de segurança que atende todas as obras da empresa – é um custo variável, pois, dependendo do porte da obra, o rateio da quantidade de horas que o profissional dispenderá no projeto pode ser aumentado ou diminuído. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 15 Figura 3 – Matriz de custos Fonte: Elaborado pelas autoras (2021). A classificação dos custos depende de particularidades de cada empresa e não é raro um orçamentista ficar com dúvidas na hora de classificar um custo como direto ou indireto. Porém, o crucial é considerar o custo no orçamento, pois, independentemente de ser classificado como direto ou não, o valor total da obra será o mesmo (MATTOS, 2006). Outros fatores podem impactar, e muito, na determinação de um orçamento. Mesmo quando falamos de objetos aparentemente iguais, as particularidades devem ser consideradas. Como assim? Vamos usar como exemplo a seguinte situação: você fez um orçamento completo para a construção de uma casa em sua pequena cidade natal, localizada no litoral. Lá o clima é quente, o terreno é plano e quase não tem vegetação. Estava tudo programado para a construção de sua casa, mas você foi promovido e terá de mudar de cidade. Irá para uma grande metrópole, situada em um local montanhoso, com florestas e clima bastante frio. Você acha que poderá usar o mesmo orçamento, mesmo que o desenho da casa seja igualzinho? Já podemos imaginar que não será possível replicar os custos em situações diferentes. Mesmo que o orçamento inicial seja usado como base, as especificidades deverão ser consideradas e os custos revisados. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 16 As condiçõeslocais, como clima, vegetação, relevo e tipo de solo, deverão ser estudadas, pois podem alterar a solução da fundação prevista, gerar a necessidade de rebaixar o lençol freático, ser necessário contratar empresa para limpeza e destocamento da vegetação. A localidade da obra também influencia fortemente nas questões logísticas e de acesso às fontes de matérias-primas, na disponibilidade de mão de obra, na facilidade de acesso de equipamentos de grande porte, nas alíquotas de impostos e taxas. Se a sua obra for em uma cidade grande, provavelmente o acesso aos materiais será facilitado. Porém, a mobilização de grandes equipamentos em uma via urbanizada pode não ser tão simples, assim como possivelmente haverá restrições para o uso de explosivos para detonação de um solo rochoso. Outro fator importante refere-se à política de preços praticada pela empresa que executará o projeto. Se a empresa tiver uma estrutura grande, pode ser que a taxa de administração central que será repassada para seu contrato seja maior, por exemplo (MATTOS, 2006). E se considerarmos que após ter estudado todas essas particularidades e ter alterado o orçamento, você demore um ano para decidir construir a sua casa na nova cidade, será que o orçamento revisado ainda será válido? A temporalidade é um outro fator que impacta bastante o orçamento. O valor de aquisição dos insumos pode se alterar ao longo do tempo, novas leis podem ser sancionadas e ocorrer alterações nas alíquotas de impostos, e novas técnicas construtivas podem surgir e otimizar a execução de um determinado serviço. Levando todos esses fatores em conta, fica claro que devemos revisar e adequar sempre nossos orçamentos a situação atual, não é verdade? Mesmo que todas as etapas da orçamentação tenham sido adequadamente cumpridas, é importante ressaltar que um orçamento de obra bem executado tem pouquíssimas chances de ser exato. Isso Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 17 não quer dizer que algo foi feito de forma errada: todo orçamento é uma aproximação. A função do orçamento é fornecer uma estimativa, de maneira mais precisa possível, dos custos para execução do contrato. Precisamos estar cientes de que alguns fatores não poderão ser sempre definidos com exatidão, por exemplo, as chuvas, flutuações de demanda e oferta do mercado, paralisações, disponibilidade de materiais e matéria prima. Quando falamos em imprecisões e pensamos no risco vinculado aos parâmetros que não podemos controlar ou prever com exatidão, geralmente temos o ímpeto de incluir uma “margem de segurança”. Podemos chegar a pensar que um orçamento bem executado é aquele que prevê todos os riscos e garante uma alta lucratividade. Porém, tanto os preços muito baixos quanto os muito altos são perigosos para a empresa proponente. O primeiro, porque as chances de concretização do lucro esperado vão sendo reduzidas pela falta de precisão do orçamento, cujas despesas adicionais acabam “comendo” parte do lucro. Já o segundo, porque o fator de majoração foi tão alto que tornou o preço ofertado pouco competitivo (MATTOS, 2006). Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 18 RESUMINDO: O orçamento de uma obra é uma etapa bastante importante, não é mesmo? Para garantir que você entendeu bem o que vimos até aqui, vamos resumir tudo o que estudamos. Você aprendeu que, antes de decidir pela execução de um projeto, uma das primeiras coisas que pensamos é o quanto ele irá custar. Não é diferente quando falamos de empresas e organizações. A elaboração correta do orçamento de um projeto é um fator essencial para definir se é viável ou não o executar, assim como se o lucro esperado é interessante para o dono do empreendimento ou o construtor. Você deve ter assimilado também que os custos para execução de um projeto podem ser diretos, aqueles que são associados diretamente à execução da obra; ou indiretos, aqueles que são necessários para execução do escopo, mas que não estão associados diretamente à realização da obra. Vimos, ainda, que os custos podem ser fixos, quando não se alteram em função da variação da quantidade de trabalho a ser executada; ou variáveis, quando variam proporcionalmente com a variação da quantidade de trabalho. Você deve ter entendido também que diversos fatores impactam em um orçamento, como: as políticas da empresa; as condições locais, como clima, tipo de solo, vegetação; e a temporalidade. Pronto para aumentar seus conhecimentos sobre orçamentos de obras? Então, vamos adiante! Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 19 Elaboração de orçamento de obras OBJETIVO: Neste capítulo, você vai conhecer técnicas para elaborar o orçamento de uma obra. Você vai aprender a escolher a metodologia de orçamento que melhor se encaixa com o tipo de estudo que está realizando e também como elaborar, de forma rápida, estimativas de custo que podem auxiliar a decidir se a construção é ou não é viável economicamente. Você irá compreender que um orçamento é composto por diferentes custos e que, além dos custos dos serviços diretos, outras considerações importantes devem ser feitas na hora de calcular o valor de uma obra. Quer saber mais? Então, vamos em frente! Orçamento estimativo Para começar, é importante entender que o grau de detalhamento de um orçamento depende da precisão requerida para a fase de estudo do projeto. Se você está recém-iniciando no estudo de sua construção, pode não ser necessário elaborar um orçamento extensivo de todas as etapas da execução, até mesmo porque a obtenção das informações necessárias pode não ser tão fácil assim. Podemos classificar os orçamentos em relação ao grau de detalhamento, da seguinte forma: • Orçamento estimativo – trata-se de uma avaliação de custo expedita, isto é, com base em outros projetos similares realizados, dados históricos e indicadores genéricos. É utilizado quando queremos ter uma ordem de grandeza do custo da obra. • Orçamento preliminar – trata-se de um estudo um pouco mais detalhado, levando em consideração as quantidades dos principais serviços e referência de valores dos insumos, além de Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 20 serviços mais representativos. Por ser baseado em informações mais fundamentadas, possui um grau de incerteza inferior. • Orçamento analítico ou detalhado – visa a detalhar da forma mais aproximada possível o custo real da obra. São utilizadas composições de custos para os serviços envolvidos e realizada uma coleta de preços dos insumos e atividades terceirizadas (MATTOS, 2006). Nas fases iniciais de estudo de um projeto, o orçamento estimativo fornece uma ideia geral do porte do empreendimento e de seus custos. Para essa estimativa, usamos índices e parâmetros já consolidados no mercado. O CUB / m² construção é o mais usado em construção civil e retrata o custo parcial da construção de projetos de diversos padrões. Como já vimos no capítulo anterior, ele é fornecido pelos sindicatos de cada estado, sendo atualizado mensalmente. Consulte o site do Sindicato da Indústria e Construção do estado onde você mora e pesquise mais a respeito! Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 21 Figura 4 – Caracterização dos projetos-padrão, conforme a ABNT NBR 12721:2006 Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 22 Fonte: Elaborado pelas autoras com base na NBR 12721 (ABNT, 2006). Dependendo da área de atuação de cada empresa, pode ser necessário utilizar outros parâmetros de referência. Para construção de loteamentos, por exemplo, pode-se utilizar o Custo de Urbanização – Avaliação de Glebas, atualizado mensalmente pela editora PINI (MATTOS, 2006). Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 23 Orçamento preliminar Para orçamentos com um nível de detalhamento maior, podemos aprimorar a estimativa inicialmente realizada, fazendo uso de indicadores (da própria construtora ou de recomendaçõesda literatura técnica geral). A ideia é refinar um pouco mais a análise, levantando custos das atividades mais representativas. Ao olharmos pacotes de serviço menores, os erros tendem também a serem reduzidos, pois diminuímos algumas das incertezas e compreendemos melhor o projeto. Com base em levantamentos preliminares e cotações ou pesquisa de custo dos insumos/serviços, podemos ter uma ideia mais precisa dos custos de certas atividades e compor o orçamento preliminar do projeto. Vejamos alguns indicadores de obras de construção civil: Taxa de forma: entre 12 e 14 m² por m³ de concreto • Para cálculo preliminar da área de forma que será necessária para estruturar. Taxa de aço: entre 83 e 88 kg por m³ de concreto para estruturas abaixo de 10 pavimentos; e entre 88 e 100 kg por m³ de concreto para estruturas com mais de 10 pavimentos. • Para cálculo preliminar do peso de ferragem (armação) que será necessária para estrutura. Sabemos que as solicitações dos diversos componentes estruturais demandarão densidades e quantidades específicas, porém trata-se de um número médio. Espessura média: entre 12 e 16 cm para estruturas abaixo de 10 pavimentos; e entre 16 e 20 cm para estruturas com mais de 10 pavimentos. • Para cálculo preliminar do volume de concreto, a espessura média é aquela que o volume de concreto do pavimento atingiria se fosse distribuído regularmente pela área do pavimento, considerando apenas e superestrutura do prédio (não incluída as fundações e outras estruturas complementares) (MATTOS, 2006). Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 24 Vejamos a seguir um exemplo de utilização desses indicadores. EXEMPLO: para um prédio de cinco andares com área construída de 1.800 m², estimar o volume de concreto, o peso de armação e a área de formas. Sabemos que: Área construída = Ac = 1.800 m² Número de andares = 5 andares Volume de concreto = Vconc = Ac x espessura média Peso de armação = Vconc x taxa de aço Área de forma = Vconc x taxa de forma O primeiro passo é calcularmos o volume de concreto que será utilizado. Como o prédio possui 5 andares, vamos adotar a espessura de 14 cm. Volume de concreto = Vconc = 1.800 m² x 0,14 m = 252 m³ Com o volume de concreto, podemos obter as demais informações requeridas. Para estruturas com menos de 10 pavimentos, a taxa de aço geralmente fica entre 83 e 88 kg por m³ de concreto. Adotando 85 kg por m³ de concreto temos: Peso de armação = 252 m³ x 85 kg / m³ = 21.420 kg de aço A taxa de forma média é entre 12 e 14 m² por m³ de concreto. Adotando 13 m² por m³ de concreto vamos ter: Área de forma = 252 m³ x 13 m² / m³ = 3.276 m² Por mais que as estimativas e os orçamentos preliminares auxiliem no processo de entendimento do custo de uma obra, o cálculo detalhado é a maneira mais confiável de se obter o custo de forma precisa. Orçamento analítico Para definição de um orçamento detalhado, com o objetivo de prever o custo total da obra, deve-se utilizar o orçamento analítico. Sua Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 25 elaboração consiste em compor os valores unitários para as atividades necessárias à realização do escopo, considerando os recursos utilizados para sua execução – os custos diretos: mão de obra, material, hora de equipamento. Somam-se aos custos diretos os valores com a equipe técnica, pessoal administrativos, taxas e gastos com manutenção, ou seja, todos os custos indiretos associados ao projeto. De forma a facilitar a elaboração do orçamento analítico, apresentamos a seguir um breve roteiro que guiará você nas etapas da orçamentação. Preparado? Análise das condicionantes, visita técnica e levantamento de quantidades O orçamentista precisa compreender o projeto a ser executado. Para isso, deve fazer estudos aprofundados dos projetos, especificações técnicas, localização e condições do entorno da obra, entre outras especificidades. O conjunto de projetos de uma obra pode conter um material bastante extenso: são projetos arquitetônicos, estruturais, hidrossanitários, elétricos, de prevenção contra incêndios, paisagismo, entre outros. Porém, os dados neles constantes são preciosos para a elaboração do orçamento. Muitas vezes nos detalhes das pranchas, notas, tabelas e quadros estão informações importantes para a definição dos valores dos serviços. O caderno de especificações técnicas é o documento que reúne a descrição qualitativa dos materiais a serem empregados. É nele que constam, por exemplo, informações como o padrão de piso a ser usado, os ensaios requeridos e tolerâncias dimensionais. Sempre que possível, deve-se realizar uma visita técnica ao local da obra para avaliar as condições reais do local, bem como verificar se há alguma interferência importante e não relacionada ao projeto, se as vias de acesso permitem uma mobilização adequada, se há infraestrutura mínima para implantação do canteiro de obras (luz, água, esgoto, terreno que não interfira no local da obra ou aluguel próximo ao empreendimento). Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 26 É fundamental que o orçamentista consiga definir qual o nível de análise necessário em relação ao estudo requerido e qual a complexidade do empreendimento em que está trabalhando. Além de saber o que fazer, deve também saber o quanto de cada serviço deve ser feito. Para isso, os serviços identificados devem ser quantificados, por meio de um cuidadoso levantamento de quantidades, que irão compor a planilha de serviços e quantitativos da obra (MATTOS, 2006). IMPORTANTE: Nos casos de licitações públicas, o órgão contratante geralmente envia, juntamente com o edital, uma planilha de serviços e quantitativos, que será utilizada por todas as empresas interessadas em participar do processo licitatório. Mesmo as quantidades tendo sido fornecidas, é fundamental que o orçamentista faça seu próprio levantamento, a fim de identificar divergências ou incoerências nas quantidades, além de evitar distorções no orçamento. Discriminação dos custos diretos Os custos diretos são aqueles relativos aos serviços de campo. Para obter os valores de tais serviços, geralmente fazemos uso das composições de preços unitários, nas quais são descritos todos os insumos necessários para execução do serviço, discriminando seu consumo (a quantidade necessária daquele insumo para executar uma unidade de serviço). Para facilitar a compreensão das composições de preço unitários, podemos pensar da seguinte forma: quanto de cada insumo será necessário gastar para fazer o serviço esperado? Podemos classificar os insumos em três categorias básicas: 1. Materiais – cimento, areia, placa de porcelanato, lata de tinta, tijolos etc. 2. Equipamentos – betoneira, lixadeira, escavadeira, entre outros. 3. Mão de obra – pedreiro, servente, carpinteiro, eletricista etc. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 27 Serviço é o pacote de trabalho mensurável executado com o conjunto de insumos (TOGNETTI; LAPO, 2020). Muitos órgãos ou editoras especializadas fornecem como referência composições de preço unitário, o que facilita bastante o processo. No próximo capítulo, aprenderemos mais sobre as composições unitárias de preço. Discriminação dos custos indiretos Além de conhecermos os serviços envolvidos diretamente na obra, precisamos estar atentos às despesas indiretas, como os custos com despesas gerais (material de escritório, limpeza); pessoal técnico e de apoio (engenheiros, encarregados, apontador); mobilização e desmobilização de canteiro de obras, assim como as taxas e emolumentos. Tais custos, apesar de essenciais, não estarão listados na planilha de serviços e quantidades da obra. Cotação de preço Agora que já entendemos o projeto, levantamos suas quantidades, relacionamos os custos diretos, suas composições unitárias e discriminamos os custos indiretos, é hora de colocarmos o valor monetário em cadaum desses itens. O processo de cotação pode ser feito por meio de pesquisas de mercado, consultando fornecedores da região da obra. É muito importante levar em conta os fatores de localidade, temporalidade e especificidades na hora de realizar e utilizar uma cotação de preços. Além do custo do insumo em si, não podemos esquecer de considerar outros gastos, como frete, cobranças adicionais pelo descarregamento e impostos. Caso a cotação enviada pelo fornecedor indique frete FOB, ou seja, free on board = livre a bordo, o comprador será responsável por arcar com as despesas de transporte, carregamento, seguro, entre outras. Ou então o frete indicado seja CIF, logo, cost, insurance and freight = custo, seguro e frete, é o fornecedor que se responsabilizará pelos valores, situação popularmente conhecida como “posto obra”. Deve-se sempre estar muito atento às especificações da cotação, se coincidem com as do produto cotado. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 28 Se você não tem nenhum parâmetro para avaliar se o preço de um insumo está caro ou barato, como você sabe se o preço dado pelo fornecedor está coerente? Bem, a solução pode estar em realizar mais de uma cotação e verificar a variação entre eles. Essa conduta é utilizada por muitas empresas, de forma a garantir a assertividade dos preços utilizados em seus orçamentos (MATTOS, 2006). Definição de encargos sociais e trabalhistas, lucro e BDI Nesta etapa, serão definidos o percentual de impostos que vão incidir sobre a hora dos trabalhadores e os benefícios pagos pelo empregador que devem compor o custo da mão de obra, os chamados encargos sociais e trabalhistas. Sabemos que o custo de um operário para a empresa é bem superior ao seu salário-base. Se esses valores não forem contemplados, o desbalanço do orçamento pode ser bastante representativo. Cada empresa tem suas particularidades e encargos variáveis, que devem ser considerados na hora de definir a porcentagem de encargos que incidirá sobre a mão de obra no orçamento, de acordo com sua política interna. Como já vimos, a planilha de serviços e quantidades explícitas, geralmente, possui os serviços diretos que serão necessários para execução do projeto. Porém, além desses, temos diversos outros custos indiretos que devem ser, de alguma forma, incorporados ao orçamento. E não podemos esquecer do lucro! Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 29 IMPORTANTE: Lucro ou lucratividade? É importante conhecermos a correta definição dos termos para evitarmos confusões. Lucro é a expressão monetária da diferença entre as receitas e as despesas. Dizer que uma empresa teve um lucro de R$ 100 mil reais pode parecer um ótimo negócio, porém, não sabemos o quanto ela investiu. Dependendo do montante (suponha que ela tenha investido R$ 1 milhão de reais), o resultado pode parecer bem menos interessante, não é verdade? Lucratividade é a relação entre o lucro e a receita. É a medida de relatividade do lucro, expressa em percentual. Dizer que uma empresa tem uma lucratividade de 10% significa que 10% do valor do contrato se transformou em ganho. A Bonificação e Despesas Indiretas (BDI) é um fator de majoração que tem por objetivo incluir os custos indiretos, lucro e impostos no custo total do orçamento. Ela inclui: • Despesas indiretas para execução do projeto. • Custos da administração central (escritório matriz). • Custos financeiros. • Impostos. • Contingência para fatores imprevistos. • Lucro. O índice BDI representa o percentual que deve ser aplicado sobre o Custo Direto (CD) para se chegar ao Preço de Venda (PV). FÓRMULA: A determinação do preço de venda é uma etapa muito importante e, geralmente, é uma das fases em que mais se cometem erros em um orçamento. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 30 O preço de venda de uma obra é composto por todos seus custos (diretos, indiretos, acessórios – administração central, custos financeiros e contingências), lucro e impostos. Mas atenção! Os impostos e o lucro devem ser calculados sobre o preço de venda! Confuso? O exemplo a seguir irá facilitar a compreensão. Imagine que uma obra foi orçada em R$ 100,00. A empresa almeja uma lucratividade de 12% e os impostos na localidade atingem o patamar de 8%. Se aplicarmos ambas as taxas percentuais sobre os R$ 100,00 orçados, chegaremos, erradamente, ao preço de R$ 120,00. É fácil verificar que algo está errado se fizermos uma simples verificação: Preço de venda = R$ 120,00; Impostos = 8% x R$ 120,00 = R$ 9,60; Lucro = 12% x R$ 120,00 = R$ 14,40. R$ 120,00 – R$ 9,60 – R$ 14,40 = R$ 96,00, ERRADO - menor que os R$ 100,00 iniciais que haviam sido orçados para execução do projeto! A forma correta de calcular o preço de venda é fazer a conta de trás para frente, fazendo sobrar exatamente o valor orçado para o projeto. Preço de venda – (% lucratividade + % impostos) x Preço de venda = R$ Preço orçado. Para o exemplo acima: PV - (0,12 + 0,08) x PV = 100 PV x (1 - 0,12 - 0,08) = 100 PV = 100/ (1 - 0,2) = 100 / 0,8 = R$ 125,00 CORRETO! Podemos definir a fórmula para cálculo do preço de venda como: FÓRMULA: Em que: i% = somatória de todas as incidências sobre preço de custo (%) Apresentamos a seguir outra fórmula bastante utilizada para cálculo do BDI: Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 31 FÓRMULA: Onde: CI%= custo indireto (% custo direto) AC%= administração central (% sobre os custos diretos mais indiretos) CF%= custo financeiro (% sobre os custos diretos mais indiretos) IC% = imprevistos e contingências (% sobre os custos diretos mais indiretos) LO%= lucro operacional (% sobre o preço de venda) IMP%= impostos (% sobre o preço de venda) Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 32 RESUMINDO: Realizar um orçamento de obra é uma tarefa que envolve diversos conhecimentos, não é verdade? Mas, como vimos neste capítulo, existem diversos métodos que podem auxiliar você nesse processo. Para garantir que você compreendeu o tema de estudo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que existem orçamentos com maiores ou menores graus de detalhamento e que a seleção do método de orçamento depende muito da precisão requerida. Vimos que, em etapas iniciais do estudo de um projeto, geralmente são elaborados orçamentos estimativos com base em índices e parâmetros correlatos ao tipo de obra que será executada; nas obras de construção civil, por exemplo, um dos parâmetros mais utilizados é o CUB / m² – Custo Unitário Básico de construção por metro quadrado –para projetos padrão definidos na NBR 12721:2006. Aprendemos também que, para orçamentos que requerem uma precisão maior, podemos utilizar o orçamento preliminar, que envolve indicadores para cálculo das quantidades de serviço do plano, sem ser necessário gastar muito tempo na fase de levantamento, bem como preços de referência ou de tabelas específicas para definição do valor da construção. Por fim, vimos que o orçamento analítico traz uma precisão maior, já que são identificadas as condições do entorno da obra e das condicionantes da contratação, são levantados os serviços e quantidades para execução da obra, identificados os custos indiretos envolvidos na construção, realizadas as cotações para obtenção do custo dos insumos, verificados os impostos e o lucro estipulado pela construtora, para, ao final, ser definido o preço de venda do empreendimento. No capítulo seguinte, vamos aprender sobre as composições de custo unitário dos serviços. Está preparado? Vamos em frente! Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 33 Planilhas de custo unitário em orçamento de obras OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você saberá como elaborar uma planilha de custos unitários para uma construção. Você será capaz de preparar as composições de custos unitários do serviço e conhecerá fontes e bases de dados que podem auxiliar bastante no desenvolvimentodesse processo. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos em frente! Planilha Uma planilha de orçamento com custos unitários é a definição do termo projeto utilizado na bibliografia relacionada a gerenciamento. Você provavelmente já viu uma planilha desse tipo, mesmo que não tenha sido em sua experiência profissional ou estudantil. Mesmo assim, vamos analisar a figura a seguir, que contém um exemplo de planilha de preços, e entender cada uma de suas partes. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 34 Figura 5 – Planilha de preços unitários Fonte: Elaborado pelas autoras (2021). Bem, vamos iniciar pelo cabeçalho. É muito importante que a obra que está sendo orçada seja corretamente identificada. Além da identificação da construção, as empresas costumam indicar quem é o cliente, ou seja, quem é a pessoa (física ou jurídica) que está solicitando o orçamento, bem como o local em que a obra será executada. Informações sobre a data em que o documento foi gerado e qual a revisão correspondente são fundamentais para organização interna da empresa. Lembre-se de que a empresa não irá realizar apenas um orçamento para um único cliente, então precisamos facilitar a organização e localização das propostas. Na sequência, são indicados o número do item de planilha (comumente associados a uma macrotarefa – número inteiro, que será decomposta em serviços menores – os subitens), a indicação do código Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 35 de composição utilizado, a descrição do serviço, a unidade de medida usada, o quantitativo de serviço levantado, o custo unitário do serviço – obtido por meio da composição de preço unitário, e o percentual de majoração – o BDI do projeto. Com esses elementos obtidos na fase de orçamentação, podemos preencher as colunas referentes ao preço de venda, ou seja, ao preço unitário – que é o valor unitário multiplicado pelo fator de majoração - e por fim, o preço total – que é o preço unitário multiplicado pelo quantitativo de serviço. Somando todos os preços totais de cada serviço, obtemos o orçamento total da obra. Não existe um modelo padrão de planilha de preços utilizada por todas as empresas, porém, os elementos citados são os mais comumente utilizados. Você deve ter compreendido como obter quase todas as informações da planilha, com exceção da composição de preço unitário – que leva ao custo unitário de cada serviço. Não se preocupe, vamos aprender como as composições unitárias funcionam agora mesmo! Composição de custo O custo unitário de um serviço é a soma dos custos necessários para sua execução, por unidade de produção, de acordo com as especificações do projeto. Uma composição de custo retrata quais recursos e insumos serão necessários para a execução de um determinado serviço e qual o consumo de cada um desses itens para a completa realização. Assim como as planilhas de preço, não existe uma regra específica que defina um modelo único para montagem das composições de valor, e cada empresa pode utilizar o padrão que melhor se adeque à sua estrutura. Em alguns casos, como em licitações públicas, pode ser exigido que o orçamento seja entregue conforme moldes específicos do órgão contratante, devendo o orçamentista usar o formato indicado no edital de licitação. Para compreender melhor o que é uma composição de custos unitários, vejamos a figura a seguir. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 36 Figura 6 – Composição de preços unitários Fonte: Elaborado pelas autoras (2021). Conforme composição, podemos verificar: • Qual a quantidade de cada material que será necessário para preparação de 1 m³ de concreto. • O custo total para execução unitária do serviço. • Qual insumo com maior incidência no custo do serviço (nesse caso, o cimento). • O custo total com materiais (R$ 270,45), de mão de obra (R$ 157,59) e de equipamentos (R$ 1,12) para execução do serviço. Outra observação interessante e bastante útil é que, a partir da composição unitária, podemos estimar o tempo de duração da atividade e dimensionar as equipes. Você reparou que a quantidade dos recursos de trabalhadores e de equipamentos é dada em horas? Isso mesmo! Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 37 Sabendo o quanto de serviço deve ser feito e o tempo necessário para executar cada unidade deles, podemos calcular a duração das atividades. Você deve estar se perguntando, como saber os índices que devem ser usados para cada composição, principalmente os referentes a equipamentos e mão de obra? Pois bem, para o caso de materiais, a visualização é mais clara, pois geralmente conseguimos calcular por meio dos projetos e especificações técnicas os consumos necessários, e adicionamos a eles percentuais de perda para contemplar aquelas quantidades que serão “perdidas” durante a execução, como a quebra de placas de porcelanato do piso, tijolos com defeito etc. Já para equipamentos e mão de obra, o índice a ser usado pode não ser tão fácil assim de obter. O ideal é que cada empresa desenvolva sua própria base de índices por meio do acompanhamento e apropriação dos resultados obtidos em campo durante a execução do serviço. Esses números devem ser sempre aprimorados e atualizados, já que fatores como experiência da equipe, supervisão e motivação, podem impactar bastante. Como alternativa, a literatura técnica apresenta índices para diversos serviços e seu uso é bastante difundido no processo de orçamentação. Temos de lembrar sempre que se tratam de índices teóricos para uma determinada condição de trabalho e que a aferição e adequação às condições reais verificadas em campo tornam o orçamento muito mais assertivo. Os índices podem ser entendidos como o inverso da produtividade (MATTOS, 2006). • Produtividade – taxa de produção de uma pessoa ou equipe, ou equipamento; a quantidade de unidades de trabalho produzidas em um intervalo de tempo. IMPORTANTE: Produtividade e produção não são a mesma coisa! Produção é a quantidade de unidades de serviço feitas em um certo período. Produtividade é a rapidez com que a produção é alcançada! Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 38 Se o índice de um armador no serviço de armação com aço CA-50 é 0,10 kg / h, a sua produtividade é de 10 kg / h. Outra maneira de apresentar a composição de um serviço é levando em conta a hora de trabalho de uma equipe (equipamentos e mão de obra) – as chamadas composições por produção. Nesse caso, enquanto materiais, subempreiteiros e transportes permanecem relacionados a uma unidade de medição do serviço, os custos dos equipamentos e de trabalhadores referem-se a um múltiplo da unidade de medição, função da produtividade da equipe. Vamos analisar os campos da composição por produção apresentada na figura seguinte. Figura 7 – Composição de preços por produção Fonte: Adaptado do Sistema de Custos Referenciais de Obras (DNIT, 2021). Note que, no cabeçalho da composição, além da unidade de medição do serviço, é apresentada a produtividade da equipe, ou seja, a informação de quantas unidades de serviço a equipe produz por hora trabalhada. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 39 Sendo assim, na hora de calcular o custo horário de execução de uma unidade do serviço, o custo horário total de equipamentos somado ao custo horário total de mão de obra deve ser dividido pela produção da equipe. Para a composição apresentada na figura, temos: Produção da equipe = 33,20 m Custo horário total de equipamentos (Che) = R$ 119,59 Custo horário total de mão de obra (Chm) = R$ 17,66 Custo horário total de execução (Ch) = Che + Chm = R$ 137,25 Custo unitário de execução Fontes de composições de custo Como já vimos, para determinação do custo de um serviço, o pacote de trabalho deve ser desmembrado, relacionando os materiais, mão de obra e equipamentos necessários para sua execução. Sempreque possível, devem-se utilizar dados históricos da própria empresa para definição das equipes e suas produtividades. Mas, se o serviço que preciso compor é novo ou se quero ter certeza de que considerei todos insumos e recursos de forma correta, como fazer? Existem diversas fontes de referência que disponibilizam composições de custo para os mais variados serviços, que podem ser utilizadas para balizamento na hora de elaborar um orçamento. Vamos citar alguns exemplos de fontes de composições de custo. Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da construção civil (Sinapi) Breve histórico: base de dados implementada em 1969 pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o objetivo de fornecer informações sobre custos e índices da construção civil. Foi adotado pela CAIXA, Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 40 passando a ser utilizado também para análise de custos de obras habitacionais. Desde 2003, é utilizado como parâmetro para elaboração do orçamento de construções e serviços de engenharia contratados e executados com recursos do orçamento da União. O Sinapi é a principal referência de custos para obras urbanas, sendo utilizado em todo o Brasil. Suas publicações ocorrem mensalmente, com referências específicas para cada estado do país. São fornecidos custos dos insumos e composições de valores detalhados para diversos serviços da construção civil. As composições de custo são unitárias. As informações disponibilizadas são públicas e podem ser consultadas por meio do endereço eletrônico clicando aqui. No mesmo endereço, podem ser consultados também documentos que explicitam metodologia, conceitos, parâmetros, premissas e outras considerações adotadas pelo Sinapi (CAIXA..., 2020). São apresentadas as composições analíticas de cada serviço, relacionando os insumos necessários e seus correspondentes índices (ou coeficientes). São disponibilizadas tabelas com as cotações dos insumos e valor de subcomposições, podendo então ser determinado o custo unitário do serviço. Figura 8 – Composição analítica de insumos fornecida pelo Sinapi Fonte: Adaptado de CAIXA... (2009). Sistema de Custos Referenciais de Obra (Sicro) Utilizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o sistema busca disponibilizar referências de custos de serviços e insumos para os modais rodoviários, aquaviários e ferroviários. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras https://www.caixa.gov.br/poder-publico/modernizacao-gestao/sinapi/Paginas/default.aspx 41 Pelo endereço eletrônico fornecido clicando aqui, o usuário pode acessar os manuais de custos de infraestrutura e transportes – nos quais as metodologias, conceitos e premissas utilizadas são explicados, bem como acessar as referências de preço para cada estado das cinco regiões do país. Figura 9 – Composição analítica de custos fornecidos pelo Sicro Fonte: Adaptado de DNIT (2020). Além das fontes citadas, diversos outros órgãos possuem suas próprias referências de preço. Algumas referências não são públicas e são comercializadas por editoras especializadas, caso da Tabela de Composições de Preços para Orçamento (TCPO), da Editora Pini, que contém composições analíticas unitárias de insumos para diversos serviços da construção, porém, sem os preços, que devem ser cotados conforme região de interesse. É interessante ressaltar que cada fonte pode ser mais adequada para uma determinada atividade. Sabe o motivo? Você concorda que executar um determinado volume de escavação de vala em uma avenida de uma grande metrópole será, em termos gerais, mais complicado do que realizar o mesmo volume de escavação de vala em uma área rural com quase nenhuma movimentação ou interferência? É por essa razão que cada órgão divulga as composições representativas do tipo de serviços que executa, considerando recursos e produtividades de acordo Planejamento, Orçamento e Controle de Obras https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/custos-e-pagamentos/custos-e-pagamentos-dnit/sistemas-de-custos/sicro 42 com a sua área de atuação. Sempre que possível, utilize referências publicadas por órgãos ou agências relacionadas com o tipo de obra que você está orçando! RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que para a preparação de um orçamento analítico é necessária a elaboração das composições de custos dos serviços envolvidos. Você deve ter entendido também que cada empresa pode, e deve, elaborar suas próprias composições de valores dos serviços, levando em consideração seus próprios indicadores (produtividade dos trabalhadores, fatores de perda dos materiais, entre outros), mas que órgãos e agências específicas divulgam composições referenciais que podem auxiliar na tarefa de orçamentação. Vimos que as composições de custo podem ser unitárias – quando discriminam o consumo de equipamentos, mão de obra e de materiais necessários para execução de uma unidade do serviço –, ou ainda, composições por produção – quando discriminam o consumo de equipamentos e mão de obra em função da produtividade da equipe –, enquanto o consumo de materiais continua sendo apresentado em relação a uma unidade do trabalho. Vimos ainda que, com todos os custos unitários dos serviços constantes na planilha de obra, podemos montar a chamada planilha de preços, na qual o valor de cada atividade é multiplicado pelo fator de majoração calculado (BDI), resultando no preço de venda do serviço. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 43 Diagrama de Pareto e sua aplicação no orçamento de obras OBJETIVO: Agora já sabemos a importância do orçamento no planejamento de obras, aprendemos quais são os tipos de custos e meios de elaborar uma planilha orçamentária de obra. Você parou para pensar em quão complexo pode ser um orçamento de uma construção com muitos itens? Será que existe uma maneira de identificar os itens mais relevantes para que esses sejam avaliados da forma mais completa possível? Neste capítulo, você vai aprender como utilizar o diagrama de Pareto para identificar a quais itens você deve dar mais atenção. Está pronto para começar? Vamos lá! A elaboração de um orçamento analítico de uma obra complexa pode ser bastante trabalhosa. Dependendo da quantidade de itens relacionados na planilha de orçamento, pode ser necessário priorizar alguns elementos e dar mais atenção a eles. Mas como decidir quais serviços são mais relevantes? O conceito O princípio de Pareto pode nos ajudar a fazer essa seleção. Como já vimos na unidade anterior, a técnica, também chamada Lei 80/20, ou ainda de “poucos significativos, muitos insignificantes”, consiste em identificar os serviços que representam a parte mais significativa do orçamento, o que geralmente segue a proporção: 20% dos serviços representam 80% do orçamento (BARBOSA et al., 2011). Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 44 VOCÊ SABIA? Esse interessante conceito foi concebido por um economista italiano, chamado Vilfredo Pareto, que, ao estudar a distribuição de renda da população, constatou que 80% da riqueza estava concentrada em 20% da população. Essa relação 80/20 foi identificada também em outros estudos, das mais diversas áreas, como: • 80% dos lucros são gerados por 20% dos produtos. • 80% das receitas são garantidas por 20% dos clientes. • 20% das causas provocam 80% dos efeitos. • 20% dos esforços garantem 80% dos resultados. Fonte: Tognetti (2015). Vejamos o exemplo apresentado na figura seguinte. Figura 10 – Tabela resumo dos valores e percentuais de uma obra fictícia Fonte: Elaborado pelas autoras (2021). Para tabulação dos dados, de posse dos itens e dos seusrespectivos valores, devemos lançá-los na planilha em ordem decrescente de valor, do mais alto para o mais baixo. Assim, conseguimos ter ideia de quais serviços representam mais em relação ao valor total do projeto. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 45 Ao lado da coluna de valor do item, apresentamos o valor acumulado, seguido pelos percentuais simples e acumulados de cada um deles em relação ao total da obra. O diagrama de Pareto do exemplo é apresentado na figura a seguir. Figura 11 – Diagrama de Pareto uma obra fictícia Fonte: Elaborado pelas autoras (2021). Com o diagrama, fica fácil analisar que devem ser priorizadas as ações relativas aos serviços de pavimentação, que é o mais representativo deles. Vamos supor que você, por algum motivo, precise reduzir o orçamento total do projeto. Vale a pena concentrar os esforços na busca por melhores cotações de insumos ou serviços de terraplenagem? Por mais que a solução encontrada seja interessante economicamente, o serviço de terraplenagem representa muito pouco (pouco mais de 1%) no total da obra e pouco irá impactar no valor total da construção. Já, por outro lado, se uma cotação mais competitiva for obtida para o serviço de pavimentação, os esforços terão sido muito mais efetivos e o reflexo será mais facilmente percebido no valor total do projeto. Mas, se eu ainda não tiver o orçamento analítico pronto, como posso utilizar o princípio de Pareto? Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 46 Pois bem, você pode realizar um orçamento preliminar para definir as atividades que terão maior impacto financeiro e então detalhar e estudar de forma mais precisa os custos dessas atividades. Você pode também utilizar composições de fontes de referência, como o Sinapi e o Sicro, para estimar o custo das atividades e, a partir da curva, considerando esses custos, refinar o orçamento. ACESSE: Quer saber mais sobre o princípio de Pareto e suas aplicações? Acesse o link clicando aqui e amplie seus conhecimentos! A curva ABC Outra forma de aplicação bastante utilizada da Lei 80/20 é a chamada curva ABC. Ela pode ser usada tanto para análise dos insumos, quanto dos serviços envolvidos no projeto. A curva ABC de insumos nada mais é do que uma lista dos insumos que serão utilizados na obra, ordenados de forma decrescente em função de seu custo. Para obter essa relação, precisamos: a. Saber o consumo de cada um dos insumos em cada um serviço da planilha e multiplicar pelo quantitativo do serviço e totalizar. b. Multiplicar o custo unitário de cada insumo pela quantidade que será usada em cada serviço e totalizar. c. Depois de obter os totais dos quantitativos e dos custos dos insumos, colocá-los em uma lista em ordem decrescente em relação ao custo. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras https://rexperts.com.br/curva-abc/ 47 Figura 12 – Curva ABC Fonte: Elaborado pelas autoras (2021). O termo “curva” tem origem na forma do gráfico gerado ao representar a percentagem acumulada de cada insumo no valor total da obra. Porém, comumente a curva ABC é apresentada de forma tabular, e as letras “ABC” representam as faixas de representatividade do custo dos insumos em relação ao total da obra: • Faixa A – insumos que se encontram acima do % acumulado de 50%. • Faixa B – insumos entre os limites de % acumulado de 50% e 80%. • Faixa C – insumos restantes (MATTOS, 2006). Figura 13 – Curva ABC de insumos uma obra fictícia Fonte: Elaborado pelas autoras (2021). Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 48 No exemplo apresentado na figura, constam apenas insumos do tipo material, mas isso não é uma regra. A curva ABC de insumos pode conter também horas trabalhadas de mão de obra, por exemplo! Obter a relação de insumos de uma obra pode não ser tarefa fácil. Felizmente, hoje em dia são diversos os softwares de orçamento que já fornecem relatórios específicos com as curvas ABC de insumos e de serviços do projeto, depois é claro, de todas as informações serem lançadas de forma correta. A mesma classificação adotada para os insumos pode ser realizada para os serviços da planilha orçamentária. A curva ABC de serviços corresponde à tabulação das atividades em ordem decrescente, considerando o percentual de cada um deles em relação ao total, e também o percentual acumulado. Figura 14 – Curva ABC de serviços de uma obra fictícia Fonte: Elaborado pelas autoras (2021). Analisando a figura, podemos assegurar que a execução do piso é o serviço com maior “peso”, ou seja, é a atividade cujo custo é mais representativo em relação ao valor total da obra. Assim, a tarefa que deverá ser executada com maior atenção é a execução do piso. Isso vale para todas etapas da construção: na etapa de orçamento – encontrar um fornecedor com um bom preço poderá tornar o orçamento mais competitivo e garantir a contratação; na etapa de compra – caso o insumo não possa ser comprado pelo valor orçado, o impacto Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 49 de um aumento refletirá fortemente no orçamento total, podendo reduzir o lucro esperado; e durante as etapas de execução e controle – se o engenheiro de campo não estiver atento, a atividade pode ser executada com um desperdício de material acima do previsto na composição de custos, o que resultará em gastos superiores ao previsto. Gerar a curva ABC da obra é fundamental não só para o orçamentista como também para o engenheiro, que irá executar a construção. Será nesses itens que o gerente de obra deverá focar e destinar os maiores esforços para obter o resultado esperado! Vantagens da curva ABC • Fica fácil saber quais são os insumos que impactam de forma mais expressiva no orçamento da obra – são aqueles do topo da tabela! • Os esforços em cotações e negociações devem ser concentrados nos insumos pertencentes a faixa A da curva, pois o reflexo no orçamento total será maior. • Com a identificação dos insumos/serviços mais relevantes, a negociação pode ser feita de forma mais criteriosa, inclusive com a participação direta do gerente do contrato, que poderá auxiliar na identificação técnica de alternativas que sejam interessantes para o resultado do contrato. • O responsável deve estar sempre atento aos insumos/serviços do topo da tabela! Quanto mais para cima ele estiver, mais significativa será a influência de um desconto ou de um acréscimo do preço! (MATTOS, 2006). Planejamento, Orçamento e Controle de Obras 50 RESUMINDO: Ferramentas de tomada de decisão e definição de prioridades podem auxiliar muito a tornar o serviço assertivo, não é verdade? Com as dicas de uso do princípio de Pareto que vimos nesse capítulo, fica mais fácil elaborar o orçamento de seus próximos projetos. Vamos repassar o que vimos aqui para garantir que você compreendeu o tema de estudo? Aprendemos que a elaboração do orçamento de uma construção pode ser uma atividade bastante trabalhosa, ainda mais quando trabalhamos com obras complexas e com muitas atividades. Vimos que, mesmo sabendo que um orçamento analítico completo e atualizado é a forma de obter um orçamento mais aproximado do real, podemos fazer uso de técnicas que nos auxiliarão a definir onde concentrar esforços e realizar estudos mais cuidadosos. Aprendemos que o princípio de Pareto, também conhecido por Lei 80/20, indica quais são os itens enquadrados como mais significativos em relação ao total, e que esse princípio pode ser utilizado para conhecer quais as tarefas e insumos da obra que impactam mais no orçamento total do projeto. Vimos que a utilização da curva ABC de insumos e de serviços trazem grandes vantagens para a etapa de orçamento, mas não só para ela, como também para as fases de compras, execução e controle da construção. Muito interessante, não é? Esses conhecimentos irão ajudar você na orçamentação de seus projetos! Planejamento, Orçamento e Controle de Obras51 REFERÊNCIAS ABNT. NBR 12721: avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2006. BARBOSA, C. et al. Gerenciamento de custos em projetos. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. SINAPI - Metodologias e conceitos: Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil. 8. ed. Brasília: CAIXA, 2020. Disponível em: https://www.caixa.gov. br/Downloads/sinapi-manual-de-metodologias-e-conceitos/Livro1_ SINAPI_Metodologias_e_Conceitos_8_Edicao.pdf. Acesso em: 20 jul. 2021. CBIC. CUB/m² - Custo Unitário Básico - Indicador dos custos do setor da Construção Civil, 2021. Disponível em: http://www.cub.org.br/. Acesso em: 20 jul. 2021. DIAS, P. R. V. Engenharia de custos: uma metodologia de orçamentação para obras civis. 9. ed. Rio de Janeiro: Sindicato dos Editores de Livros, 2011. DNIT. Sicro: Sistema de Custos Referenciais de Obras, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e- pesquisa/custos-e-pagamentos/custos-e-pagamentos-dnit/sistemas- de-custos. Acesso em: 20 jul. 2021. LIMMER, C. V. Planejamento, Orçamentação e Controle de Projetos e de Obras. Rio de Janeiro: Editora Livros Técnicos e Científicos, 1997. MATTOS, A. D. Como preparar orçamentos de obras: dicas para orçamentistas, estudos de caso, exemplos. São Paulo: Editora PINI, 2006. Planejamento, Orçamento e Controle de Obras TOGNETTI, G. C. Curva ABC em orçamento de obras: como ser 4x mais eficiente na redução de custos!. [S. I.]: RExperts, 2015. Disponível em: https://rexperts.com.br/curva-abc/. Acesso em: 20 jul. 2021. TOGNETTI, G. C.; LAPO, G. N. Real Estate no Brasil: guia completo para investimentos imobiliários. 1. ed. São Paulo: RExperts Consultoria e Educação, 2020. Tipos de custo de obra e formas de identificá-los Os custos diretos e indiretos Matriz de custos do projeto Elaboração de orçamento de obras Orçamento estimativo Orçamento preliminar Orçamento analítico Análise das condicionantes, visita técnica e levantamento de quantidades Discriminação dos custos diretos Discriminação dos custos indiretos Cotação de preço Definição de encargos sociais e trabalhistas, lucro e BDI Planilhas de custo unitário em orçamento de obras Planilha Composição de custo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da construção civil (Sinapi) Sistema de Custos Referenciais de Obra (Sicro) Diagrama de Pareto e sua aplicação no orçamento de obras O conceito A curva ABC Vantagens da curva ABC