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Indaial – 2022
do EsportE
Prof. Lucas Barreto Klein
1a Edição
pEdagogia
Elaboração:
Prof. Lucas Barreto Klein
Copyright © UNIASSELVI 2022
 Revisão, Diagramação e Produção: 
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
K64p
Klein, Lucas Barreto
Pedagogia do esporte. / Lucas Barreto Klein – Indaial: 
UNIASSELVI, 2022.
192 p.; il.
ISBN 978-85-515-0513-7 
ISBN Digital 978-85-515-0514-4
1. Educação Física Escolar. - Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo da Vinci.
CDD 796
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso curso. 
Convidamos você para começar os estudos em Pedagogia do Esporte.
Este livro será seu guia de estudos e foi preparado especialmente para você! 
Aqui vamos conversar sobre o tema da Pedagogia do Esporte em suas diferentes 
abordagens e perspectivas voltadas ao contexto da Educação Física Escolar. 
Esperamos que seja uma jornada rica e prazerosa pelos caminhos do universo 
investigativo, e que este material possa proporcionar momentos de aprendizagem, 
reflexão e crítica sobre o tema estudado.
 
Na Unidade 1, aprenderemos conceitos e definições sobre os princípios 
introdutórios ao esporte e a pedagogia a partir do contexto sócio-histórico do 
surgimento do esporte na modernidade e os elementos de transição para o esporte 
contemporâneo, do papel da pedagogia do esporte, e a base de conhecimento para 
intervenção no esporte.
Em seguida, na Unidade 2, conheceremos as diferentes manifestações e divisões 
de práticas dos esportes coletivos e individuais e suas potencialidades pedagógicas a 
partir de uma análise da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Por fim, na Unidade 3, estudaremos sobre as novas tendências e abordagens 
em Pedagogia do Esporte, trazendo para você acadêmico, orientações didático-
metodológicas para o ensino dos esportes.
Ao final desta disciplina esperamos que você se sinta preparado para avançar 
em suas pesquisas e práticas pedagógicas!
 
Boa leitura e bons estudos!
 
Prof. Lucas Barreto Klein
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu 
conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de 
aprendizagem, por meio dela você terá contato 
com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais 
complementares, entre outros, todos pensados e construídos na 
intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - PRINCÍPIOS E INTRODUÇÃO AO ESPORTE E À PEDAGOGIA ...........1
TÓPICO 1 - CONTEXTO SÓCIO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO ESPORTE ....... 3
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 O ESPORTE COMO FENÔMENO MODERNO: GÊNESE E DIFUSÃO ......................4
3 ELEMENTOS DE TRANSIÇÃO DO ESPORTE MODERNO PARA O ESPORTE 
CONTEMPORÂNEO..................................................................................................8
4 PROCESSO DE ESPORTIVIZAÇÃO DE PRÁTICAS CORPORAIS: A 
CONSTITUIÇÃO DO ETHOS ESPORTIVO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ........................11
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 15
AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 16
TÓPICO 2 - O PAPEL DA PEDAGOGIA DO ESPORTE ........................................... 19
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 19
2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA PEDAGOGIA DO ESPORTE .............................20
3 PRINCIPAIS CORRENTES TEÓRICAS DA PEDAGOGIA DO ESPORTE..............23
4 PRINCIPAIS METODOLOGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOS ESPORTES .....26
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................32
TÓPICO 3 - BASE DE CONHECIMENTO PARA INTERVENÇÃO NO ESPORTE....... 35
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................35
2 O PROFESSOR ENQUANTO PEDAGOGO DO ESPORTE ....................................36
3 CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS DO PEDAGOGO DO ESPORTE ............. 41
4 AS PRINCIPAIS FONTES DE APRENDIZAGEM DO PEDAGOGO DO ESPORTE ........44
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 47
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 51
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................52
REFERÊNCIAS .......................................................................................................54
UNIDADE 2 — A PRÁTICA DOS ESPORTES COLETIVOS E INDIVIDUAIS ............59
TÓPICO 1 — OS 4 TIPOS DE MANIFESTAÇÕES ESPORTIVAS ............................. 61
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................61
2 ESPORTE EDUCACIONAL .................................................................................62
3 ESPORTE DE PARTICIPAÇÃO ............................................................................66
4 ESPORTE DE RENDIMENTO ..............................................................................69
5 ESPORTE DE FORMAÇÃO ...................................................................................71
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................78
TÓPICO 2 - DIVISÃO DOS ESPORTES .................................................................. 81
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 81
2 ESPORTES DE CAMPO E TACO ..........................................................................82
3 ESPORTES DE COMBATE ..................................................................................83
4 ESPORTES DE INVASÃO ....................................................................................86
5 ESPORTES DE MARCA E PRECISÃO .................................................................88
6 ESPORTES DE PAREDE E REDE .......................................................................90
7 ESPORTES TÉCNICO-COMBINATÓRIOS ..........................................................92
RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................95
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................96
TÓPICO 3 - CONVERSANDO COM A BNCC ...........................................................99
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................99
2 POTENCIALIDADES PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DOS ESPORTES ........102
3 ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO “ESPORTE ESCOLAR” ................................. 107
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 112
RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................119
AUTOATIVIDADE .................................................................................................120
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 122
UNIDADE 3 — TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS DOS ESPORTES .......................... 127
TÓPICO 1 — NOVAS TENDÊNCIAS EM PEDAGOGIA DO ESPORTE .................... 129
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 129
2 PEDAGOGIA TRADICIONAL X PEDAGOGIA NOVA ..........................................130
3 PRINCÍPIOS DAS NOVAS TENDÊNCIAS EM PEDAGOGIA DO ESPORTE ....... 136
4 ENSINO DE HABILIDADES PARA A VIDA POR MEIO DO ESPORTE ................140
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................146
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 147
TÓPICO 2 - NOVAS ABORDAGENS EM PEDAGOGIA DO ESPORTE ...................149
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................149
2 A INICIAÇÃO ESPORTIVA UNIVERSAL ...........................................................150
3 O JOGO COMO EIXO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM .............. 156
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................161
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 162
TÓPICO 3 - ORIENTAÇÕES DIDÁTICO-METODOLÓGICAS PARA O ENSINO 
DOS ESPORTES ................................................................................................... 165
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 165
2 PLANEJAMENTO: O QUE, POR QUÊ E COMO ENSINAR? ............................... 166
3 ESTRATÉGIAS E POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÕES NA PRÁTICA 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................................................... 172
4 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE ENSINO .................................................. 179
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................182
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................186
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 187
REFERÊNCIAS .....................................................................................................189
1
UNIDADE 1 - 
PRINCÍPIOS E INTRODUÇÃO 
AO ESPORTE E À PEDAGOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reconhecer elementos que definem o esporte enquanto fenômeno da cultura;
• identificar o papel da pedagogia do esporte;
• selecionar as principais fontes de conhecimento do professor;
• avaliar os princípios introdutórios do esporte e da pedagogia.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – CONTEXTO SÓCIO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO ESPORTE
TÓPICO 2 – O PAPEL DA PEDAGOGIA DO ESPORTE
TÓPICO 3 – BASE DE CONHECIMENTO PARA INTERVENÇÃO NO ESPORTE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
CONTEXTO SÓCIO HISTÓRICO DO 
SURGIMENTO DO ESPORTE
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo(a) ao Livro Pedagogia do Esporte. 
Você está tendo o primeiro contato com o conteúdo que será abordado durante 
a disciplina de Pedagogia do Esporte, e já que estamos iniciando esta unidade, vamos 
introduzir você ao primeiro tema que será apresentado. 
Vamos lá?
Esta é uma unidade de base essencialmente teórica que abordará os princípios 
introdutórios do esporte e da pedagogia, e para atendermos a estes objetivos 
organizamos para você três tópicos de estudos.
No Tópico 1, vamos tratar do contexto sócio histórico do surgimento do esporte. 
O objetivo deste tópico é proporcionar a você, acadêmico, conhecimentos relacionados 
as características que definem o esporte enquanto fenômeno da cultura moderna, 
apresentar elementos e características de transição do esporte moderno para o esporte 
contemporâneo, e falar sobre o processo de esportivização de práticas corporais no 
contexto da Educação Física Escolar.
No Tópico 2, abordaremos sobre o papel da pedagogia do esporte, enfatizando 
os seguintes conteúdos:
• Conceitos e definições da pedagogia do esporte
• Principais correntes teóricas da pedagogia do esporte
• Principais metodologias de ensino-aprendizagem dos esportes
Por fim, no Tópico 3, faremos análises a partir da base de conhecimento para 
intervenção no esporte, enfatizando os seguintes conteúdos:
• O professor enquanto pedagogo do esporte
• Conhecimentos e competências do pedagogo do esporte
• As principais fontes de aprendizagem do pedagogo do esporte
4
LEMBRETE
O Livro Didático será seu guia de estudos! Nele vamos encontrar o conteúdo 
necessário para aprendizagem, autoatividades, dicas e encaminhamentos 
para você buscar se aprofundar no tema apresentado.
Mas, você sabe quando o termo esporte surgiu? 
Apesar do avanço científico e tecnológico em nossos tempos atuais, é realmente 
difícil precisar com exatidão uma data que defina o tal surgimento dos esportes, 
principalmente pelo fato de que há teorias que defendem que as raízesdo esporte 
se encontram na era dos seres primitivos em diferentes culturas que relacionavam 
o movimento humano como andar, correr, nadar e saltar com as atividades de 
sobrevivência, tais como a caça, as lutas e a pesca, entre outras atividades, e aos rituais 
e práticas religiosas dos diferentes povos da antiguidade (TUBINO, 1993). 
Neste Livro Didático, não apenas para avançarmos na linha do tempo histórico, 
abordaremos o conceito de esporte enquanto fenômeno e produto da cultura humana, 
mostrando como a sociedade capitalista industrial passou a institucionalizar as práticas 
corporais, os rituais religiosos e os jogos pré-desportivos já existentes.
2 O ESPORTE COMO FENÔMENO MODERNO: 
GÊNESE E DIFUSÃO
Segundo Bracht (2005, p. 13), “o esporte moderno refere-se a uma atividade 
corporal de movimento com caráter competitivo surgida no âmbito da cultura europeia 
por volta do século XVIII, e que com esta, expandiu-se para o resto do mundo”.
A gênese do termo esporte moderno aparece na obra dos sociólogos Norbert 
Elias e Erick Dunning, A busca da excitação: desporto e lazer no processo civilizacional, 
de 1986. Contrariamente aos jogos populares tradicionais, práticas e rituais religiosos 
que ocorriam durante as atividades festivas do dia a dia nos momentos de lazer 
nas civilizações antigas, os autores mostram que os esportes modernos têm como 
característica a formulação de tempos, locais e regras específicas (MARTINS; 
ALTMANN, 2007).
5
Segundo Martins e Altmann (2007), as principais características do esporte 
moderno são:
• Ser um jogo.
• Apresentar elementos de competição.
• Ser uma atividade formadora.
• Proporcionar igualdade formal de chances entre os participantes.
• Criação de tempo e espaços próprios para a prática, como por exemplo: estádio, pista, 
quadra etc.
• Possuir um código universal das regras e um calendário próprio para que a atividade 
seja padronizada em qualquer lugar que aconteça.
INTERESSANTE
Elias e Dunning (1986) mostram em seus estudos que a primeira atividade que 
apresentou as características do esporte moderno foi a caça à raposa, que 
ocorria, com mais frequência, na Inglaterra do século XVIII e início do século XIX. 
Essa prática se tornou altamente especializada, com a criação de organizações e 
convenções próprias.
Num contexto de transformação dos padrões e estilo de vida social na 
Europa do século XVII e XVIII, sobretudo, pelo fato do crescimento do movimento de 
urbanização e industrialização que ocorria nos grandes centros capitalistas acarretou, 
consequentemente, no declínio das funções dos jogos tradicionais populares, que 
estavam relacionados as festas comemorativas ou religiosas e rituais de guerra 
(BRACHT, 2005).
Trazemos como exemplo o Harspatum, apresentado a seguir na Figura 1, um 
jogo atlético praticado pelos antigos romanos no século III A.C, disputado por duas 
equipes em um terreno retangular demarcado e dividido pela metade por uma linha, 
no qual os jogadores de cada equipe podiam passar uma pequena bola entre eles, e o 
objetivo do jogo era enviar a bola ao campo contrário.
INTERESSANTE
Diversos povos da antiguidade registram jogos culturais com uso de bolas 
e aspectos similares aos esportes modernos e brincadeiras populares 
existentes até hoje, como por exemplo: o Epísquiro praticado na Grécia 
Antiga, o Kemari no Japão, o Pok ta Pok pela civilização Maia (México), o Tsu-
chu na China, entre outros.
6
FIGURA 1 – HARPASTUM (ROMA, SÉC. III A.C)
FONTE: <http://guerrafriapoliticafutebol.blogspot.com/2014/06/origem-do-futebol-harpastum.html>. 
Acesso em: 16 dez. 2021.
O clássico historiador holandês Johan Huizinga, autor da obra Homo Ludens, 
publicada originariamente em 1938, afirma que o elemento lúdico do jogo é uma 
dimensão própria da existência humana e sua apropriação, mas também de outras de 
suas manifestações culturais por estruturas organizadas com base na competição e na 
busca da melhor performance, é um processo que se instala efetivamente na Europa 
do final do século XVIII. Impulsionado pela consolidação de um ideário de valorização 
da atividade muscular, com vistas ao aprimoramento físico-mental-espiritual do novo 
homem, concebido pelos ideais iluministas (JESUS, 1999).
É neste contexto que os jogos populares passam por um processo de 
ressignificação, pois ao serem classificados pelo poder do Estado como violentos e 
perigosos, sendo proibidos de serem praticados em locais públicos, o único lugar 
possível de ser praticado foi no interior das escolas. 
Ao passarem a ocupar o tempo livre dos estudantes da burguesia inglesa, os 
jogos populares foram sendo regulamentados e se tornando próximos daquilo que 
chamamos hoje de esporte moderno (BETTI, 1991; BRACHT, 2005). 
Já em meados do século XIX o modelo esportivo predominante passou a ser 
aquele praticado pela classe média europeia emergente, que deu origem aos vários 
jogos esportivos e sua organização de regras, associações, federações, técnicas e 
padrões de conduta para os praticantes. 
7
Importante destacar que nos anos de 1830 a Educação Física encontrava-
se amplamente presente nas escolas públicas inglesas, e com ela, havia o incentivo 
oficial para a prática de tradicionais jogos populares que, submetidos a uma crescente 
regulamentação e institucionalização, resultaram na criação de diversas modalidades 
esportivas de ampla aceitação mundial até os dias de hoje, tais como o futebol e o rúgbi. 
Foi neste período que as escolas públicas inglesas funcionaram como uma 
espécie de laboratório de invenção dos esportes modernos (AUGUSTIN, 1995).
INTERESSANTE
Associação Cristã de Moços (ACM), entidade religiosa fundada no ano de 1844 
em Londres (Inglaterra), que tem suas ramificações também no Brasil, foi 
responsável pela criação das primeiras regras oficiais do futsal. Esta mesma 
entidade é também considerada inventora do basquetebol e do voleibol nos 
Estados Unidos.
Pode-se dizer então que a gênese do esporte moderno está associada ao 
resultado de uma mudança dos elementos presentes na cultura corporal de movimento 
das classes populares e burguesas da Inglaterra dos séculos XVII e XVIII e sua difusão 
aconteceu, inicialmente, a partir da regulamentação e sistematização destas práticas 
no interior das escolas públicas da época (BRACHT, 2005). 
Ainda que a igreja tenha sido uma forte aliada neste processo difusor, pois com 
o objetivo de atrair cada vez mais fiéis, construíam ao lado de seus templos campos 
de futebol, onde eram disputadas partidas após as cerimônias nos finais de semana 
(SIGOLI; DE ROSE JR, 2004). 
IMPORTANTE
O esporte moderno se desenvolveu paralelamente ao processo de 
urbanização e industrialização presente na época, herdando deles as 
características de racionalização, sistematização, a orientação para o 
resultado e as comparações objetivas entre indivíduos ou equipes.
A partir deste ponto vista teórico conceitual, os esportes modernos podem ser 
considerados como um produto da sociedade industrial capitalista. E o que difere mais 
precisamente os esportes modernos dos jogos antigos é sua natureza e finalidade. 
8
Os esportes modernos, em resumo, apresentam grande estrutura jurídico-
organizacional, estatuto internacional, regras precisas, aperfeiçoamento constante dos 
atletas em busca de  resultados e recordes, e realiza-se em espaços especificamente 
elaborados para tal fim, com medições e formas precisas (ELIAS; DUNNING, 1986).
3 ELEMENTOS DE TRANSIÇÃO DO ESPORTE MODERNO 
PARA O ESPORTE CONTEMPORÂNEO
Certamente você já experimentou a sensação de torcer para seu time quando 
ele passava por um momento decisivo em busca de uma vitória ou título importante, 
certo? Seja no sofá de sua casa assistindo televisão, ou em meio ao público no estádio, 
essa via chamada de esporte espetáculo ou esporte de entretenimento é uma das 
principais características em nossa sociedade contemporânea, no qual, mesmo de 
longe podemos acompanhar competições e consumir o produto que nos é ofertado. 
Vamos entenderum pouco sobre como ocorreu essa transição de um esporte 
(moderno) voltado para constituição de grupos sociais e ocupação do tempo livre da 
burguesia, para um esporte que é capaz de influenciar nossos hábitos e costumes 
mesmo quando nos tornamos apenas torcedores!
Com a criação de uma forma de cultura universal, com regras padronizadas 
e normas de conduta que se pautam na competição entre indivíduos e entidades, 
o esporte moderno foi capaz de produzir inúmeros tipos de práticas e se espalhar 
rapidamente pelo mundo. Porém, assim como qualquer outro produto da cultura, o 
esporte vem sofrendo transformações graduais em seus sentidos e significados sociais. 
Tais mudanças passaram a ocorrer de forma mais significativa a partir da 
segunda metade do século XX, em um período marcado por adventos históricos 
importantes, como o final da segunda guerra mundial e início da guerra fria, no qual o 
uso político, a popularização, mundialização e espetacularização do esporte passaram 
a tomar maiores proporções (PRONI, 1998; MARQUES; GUTIERREZ; ALMEIDA, 2008).
IMPORTANTE
O esporte foi utilizado como potente ferramenta política, principalmente 
ao longo do século XX no período entre guerras, devido a sua capacidade 
de comparações de performances e de enfrentamento entre nações, 
sobretudo nas edições dos jogos olímpicos. Ganhar medalhas, tornou-se um 
símbolo não somente de orgulho nacional, mas também da superioridade 
de um sistema político sobre o outro.
9
Nesse período ocorre também o fortalecimento da perspectiva espetacular 
do esporte, pois para que seu uso político fosse eficiente, era necessário fazer desse 
fenômeno uma manifestação cultural e econômica importante. 
Tal movimento ampliou os limites geográficos e culturais do esporte, tornando 
mais conhecido e valorizado em todo o planeta (PRONI, 1998; MARQUES; GUTIERREZ; 
ALMEIDA, 2008). Proporcionando, inclusive, a criação de novas formas de manifestação 
de práticas corporais, devido esse fenômeno ter alcançando diferentes povos e culturas, 
tais como o surf, skate entre outros que passaram a reivindicar seu status de esporte e 
atualmente tornaram-se modalidades olímpicas.
FIGURA 2 – SKATISTAS EM SÃO PAULO (1978)
FONTE: <http://horadoskate.com/skate-no-brasil/>. Acesso em: 29 dez. 2021.
Estados e investidores da iniciativa privada contribuíram para a transformação 
desse fenômeno num mundo de mercado, aproveitando-se do interesse do público pelo 
espetáculo esportivo e sua capacidade de dialogar com inúmeras formas de cultura.
O esporte assume então um status de produto e criador de novos mercados e 
bens associados a ele, expandindo seus limites geográficos e causando impacto direto 
na vida social em diferentes povos e culturas (MARQUES, 2011).
O crescimento da globalização e a hegemonia do mercado capitalista 
conduziram o esporte a um modelo atual mais unificado de organização, que se faz 
ligado à comercialização, disseminação e divulgação das práticas esportivas, sendo 
este um fenômeno ligado tanto as práticas de lazer, como atividade amadora ou quanto 
espetáculo de consumo (MARQUES; GUTIERREZ; ALMEIDA, 2008).
10
Os grandes eventos esportivos da atualidade, não apenas os tradicionais jogos 
olímpicos, copas do mundo de futebol, NBA, entre outros, são produtos do movimento 
de globalização que atingem milhões de espectadores em praticamente todas as 
nações do planeta. 
Ao final do século XX os esportes se tornaram uma potente ferramenta de 
publicidade, empresas como Adidas, Nike e outras, passaram a investir maciçamente em 
atletas, clubes, federações e competições, em paralelo a isso, as redes internacionais de 
televisão passaram a pagar cada vez mais caro pela transmissão de eventos esportivos 
(PRONI, 1998).
INTERESSANTE
Você sabia que a copa do mundo de futebol realizada em 1994 nos Estados 
Unidos, edição em que a seleção brasileira conquistou o tetracampeonato, 
bateu todos os recordes de público mantidos até os dias de hoje. Este fato 
foi proporcionado pelo alto investimento da indústria norte-americana em 
publicidade e propaganda no evento.
Por fim, outra característica importante presente no esporte contemporâneo é 
a institucionalização de sentidos, que transcendem a hegemonia do alto rendimento, 
ligando os indivíduos ao universo da prática esportiva enquanto ação promotora da 
saúde, de valores educacionais, inclusão social, lazer, entre outros. 
Nesse movimento o esporte contemporâneo se apresenta sob diversos aspectos 
comerciais de possibilidades de práticas, tais como as academias ou arenas de esportes, 
pelo consumo de artigos esportivos, entre outros (TUBINO, 1992; PRONI, 1998).
Para Bracht (2005), neste modelo de esporte existe uma preocupação com a 
visão do corpo como constitutiva de um homem integral. Nota-se essa transformação, 
por exemplo, na mudança do paradigma pedagógico frente ao esporte, no qual, no 
início do século XX, o ideal da prática esportiva para crianças na escola e em clubes 
tinha ligação com a formação precoce de atletas e a busca por talentos, visando formar 
representantes da pátria ou homens fisicamente ativos, prontos para o trabalho. 
Questões presentes em inúmeras reflexões da sociologia e pedagogia do 
esporte nos dias de hoje, como a refutação à especialização precoce e a busca por 
promoção do bem-estar do aluno perante a prática, não eram temas frequentemente 
abordados. Porém, há hoje em dia, uma maior preocupação com a educação para o 
esporte, voltada a possibilitar a prática de forma interessante e prazerosa para a criança, 
buscando incorporá-la em seu estilo de vida, independe de ela se tornar atleta ou não 
(GONZALEZ; PEDROSO, 2012).
11
DICA
Antes de avançarmos em nossos estudos, vamos assistir um breve vídeo 
sobre a origem da Educação Física moderna? confira neste link do Youtube: 
https://www.youtube.com/watch?v=TQ7ho5MO2Kk
4 PROCESSO DE ESPORTIVIZAÇÃO DE PRÁTICAS 
CORPORAIS: A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS ESPORTIVO 
NA EDUCAÇÃO FÍSICA
Atualmente, o esporte é motivo de importantes investimentos em recursos 
financeiros e materiais nas escolas públicas e privadas, sendo considerado um fator 
fundamental para a educação de crianças e jovens, atribuindo-se a ele, inclusive, o 
papel de livrar as pessoas do consumo de drogas (BASSANI; TORRI; VAZ, 2003).
Destacamos que as práticas culturais presentes em nossa sociedade atual vêm 
sendo escolarizadas como um dos temas de ensino da Educação Física. 
Sabemos também que a Educação Física, enquanto disciplina escolar, trata 
pedagogicamente os temas da cultura corporal, tais como os jogos, a ginástica, as 
danças, as lutas, os esportes etc. e que ao longo do tempo modificou sua forma de 
pensar e intervir (COLETIVO DE AUTORES, 1992; KUNZ, 2001).
Diversas correntes e movimentos filosófico-pedagógicos influenciaram a 
Educação Física escolar brasileira, que vem se legitimando desde o final do século XIX. 
As abordagens educacionais da Educação Física, apesar de terem sofrido importantes 
modificações e influências de diversas frentes teóricas, de algum modo, ainda hoje 
atravessam a formação do profissional e suas práticas pedagógicas.
INTERESSANTE
Você sabia que a Universidade de São Paulo (USP) foi quem criou a primeira 
turma em nível superior para o curso de Educação Física no ano de 1934? 
Anterior a esse período, desde 1910, havia somente a possibilidade de 
formar-se no curso provisório do exército, no qual participavam, em sua 
maioria, militares e tinham como professores ex-atletas e médicos, tendo o 
curso duração de apenas cinco meses.
12
Para melhor nos localizarmos no tempo histórico de evolução e legitimação da 
Educação Física escolar brasileira, associado ao tema dos esportes como ferramenta 
didática de ensino, a seguir apresentamos um breve resumo das principais abordagens 
que contribuíram para a disseminação e legitimação da disciplina nos currículos 
escolares, desde seu surgimento até os dias atuais:
• Abordagem higienista (até 1930): concepção dominante da Educação Físicadesde 
seu surgimento, nela a preocupação principal é com os hábitos de higiene e saúde, 
valorizando tanto o desenvolvimento físico quanto moral dos estudantes, a partir dos 
exercícios ginásticos fundamentados pelas escolas alemãs, francesas e suecas.
• Abordagem militarista (1930 a 1945): no modelo militarista, a Educação Física 
escolar é utilizada em um projeto de eugenia e de formação de uma geração para a 
defesa da pátria e construção de uma identidade relacionada a ordem moral e cívica. 
As atividades se pautavam essencialmente na prática de exercícios físicos, não 
havendo distinção entre as aulas de Educação Física e formação militar.
• Abordagem pedagogicista (1945 a 1964): concepção também chamada de 
biopsicossocial, em oposição contrária à escola tradicional, foi inspirada nos 
fundamentos da Escola Nova e buscava efetivar um caráter mais liberal educacional 
à Educação Física, sendo esta capaz de produzir uma prática para além do sentido da 
promoção da saúde e da disciplina moral.
• Abordagem esportivista (1964 a 1985): concepção na qual se observou a 
ascensão do esporte no interior das escolas, a Educação Física passa a ser sinônimo 
de esportes, havendo quase que uma exclusão de outros conteúdos de ensino. 
Nessa época, os governos militares que assumiram o poder, passaram a investir 
pesadamente nas políticas de esporte, na tentativa de fazer da Educação Física uma 
base ideológica de promoção de resultados esportivos.
• Abordagem sociocultural (predominância atual): a partir das críticas teóricas 
e conceituais sobre as abordagens anteriormente citadas da Educação Física 
escolar, surgem novas discussões sobre diversos temas e objetivos possíveis para 
a elaboração de projetos de intervenção da disciplina nos currículos escolares, tais 
como, o sedentarismo, as infecções sexualmente transmissíveis, o combate às 
drogas, os primeiros socorros, as práticas alternativas, entre outros. Nesse contexto 
são criados importantes documentos e parâmetros que influenciam fortemente as 
novas propostas pedagógicas da Educação Física escolar, entre eles a LDB (Lei de 
Diretrizes e Bases da educação) os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e a 
BNCC (Base Nacional Comum Curricular), presentes atualmente nos projetos políticos 
pedagógicos das unidades escolares.
A partir, sobretudo do uso do esporte como ferramenta de polarização 
política, e sua consequente disseminação nas escolas brasileiras, destacamos que os 
elementos que compõem a estrutura interna dos esportes de rendimento, tais como: 
competição, seletividade, respeito às regras, etc. tornaram-se dominantes, porém, 
consequentemente, a relação do saber técnico sobre a presença do esporte na escola 
passou a receber críticas e a ser repensado a partir do final da década de 1980.
13
ESTUDOS FUTUROS
Na Unidade 3 deste Livro Didático retomaremos a discussão sobre as 
novas tendências em pedagogia do esporte e sua crítica ao modelo 
tradicional de ensino.
O período que estamos falando (segunda metade do século XX) é marcado por 
um grande processo de disseminação e desenvolvimento quantitativo do esporte, no 
qual este passa a se tornar elemento hegemônico da cultura de movimento, não apenas 
no interior das aulas de Educação Física. 
No Brasil, as condições para o desenvolvimento do esporte, quais sejam, o 
desenvolvimento industrial, com a consequente urbanização da população e a ampliação 
dos meios de comunicação de massa, estavam mais do que antes, presentes. 
É exatamente a partir do grande desenvolvimento do esporte pelo mundo que, 
para Bracht (2005), irá dar-se o fato mais marcante na história da Educação Física 
escolar, que é a sua subordinação ao esporte de rendimento, sendo a ela colocada a 
tarefa de fornecer a base para o esporte de alto rendimento, ou seja, a escola passa a 
ser vista como a base da pirâmide esportiva.
FIGURA 3 – MODELO DE PIRÂMIDE ESPORTIVA
   FONTE: <https://www.efdeportes.com/efd207/educacao-fisica-escolar-e-esporte-se-tornaram-
sinonimos.htm>. Acesso em: 21 dez. 2021.
ESPORTE DE 
RENDIMENTO
ESPORTE DE MASSA 
(CLUBES)
ESPORTE ESCOLAR
14
É neste período esportivista, justamente, que a Educação Física conquista 
sua legitimidade pedagógica enquanto disciplina obrigatória nos currículos escolares, 
porém, segundo a teoria crítica, ela consequentemente perde sua autonomia ao servir os 
ideários políticos e atendendo aos interesses da indústria do entretenimento esportivo.
Para Gonzalez e Pedroso (2012), ainda hoje percebemos que a principal 
estratégia de ensino dos conteúdos escolares na Educação Física brasileira é a prática e 
a reprodução de modalidades esportivas, por vezes sem o aprofundamento necessário 
para garantir a qualidade do processo de ensino e aprendizagem do aluno.    
15
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O esporte moderno se desenvolveu a partir da ressignificação de elementos da cultura 
popular presente nos povos da antiguidade, tais como os jogos com bola e rituais 
religiosos, em meados do século XVIII, sobretudo no interior das escolas e igrejas que 
passaram a regulamentar as práticas corporais, criando assim um cenário favorável a 
disseminação dos esportes por meio de disputas locais e até internacionais. 
• O esporte apresenta características próprias que o diferem do jogo e da brincadeira, 
tais como: possuir regras fixas, ser uma prática regulamentada por um órgão superior 
(federações, entre outros), ser uma atividade competitiva, possuir tempo e espaços 
pré-definidos, proporcionar a igualdade formal de chances entre os participantes e 
ser uma atividade formadora. 
• O movimento de globalização e o uso político dos esportes, sobretudo a partir da 
segunda metade do século XX, que contribuíram para a disseminação e quantificação 
das práticas esportivas em diferentes culturas, o que acabou influenciando, 
consequentemente, nos conteúdos da educação física escolar. 
• As características internas do esporte fizeram com que ele se tornasse conteúdo 
hegemônico da Educação Física escolar, contribuindo para sua legitimidade enquanto 
disciplina pedagógica obrigatória no componente curricular.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
1 Vimos ao longo deste tópico que existem elementos que diferenciam o conceito 
de esporte, sobretudo em sua origem histórico cultural, da relação com os jogos 
praticados pelos povos da antiguidade, chamados pela literatura de jogos pré-
desportivos. Com base no que você aprendeu, assinale a alternativa CORRETA que 
apresenta os fatores que originaram os esportes modernos no contexto da sociedade 
europeia do século XVIII:
a) ( ) O processo de globalização que dominou o período da revolução industrial foi um 
dos fatores determinantes para a expansão dos esportes.
b) ( ) A proibição dos jogos populares, que passaram a ser praticados no interior dos 
clubes associativos.
c) ( ) O processo de industrialização, urbanização e a regulamentação das práticas 
culturais nas escolas e igrejas.
d) ( ) A criação de eventos esportivos que passaram a atrair novos praticantes dos 
esportes em diversos locais do mundo.
2 Considerando o conteúdo estudado e o que você aprendeu sobre as principais 
características que definem o conceito de esporte, analise as sentenças a seguir e 
assinale apenas as alternativas CORRETAS:
I- O esporte é uma atividade de caráter competitivo, que precisa, necessariamente, 
possuir regras universais.
II- O esporte é praticado desde a antiguidade, em jogos populares e rituais religiosos 
que existiam em diferentes povos humanos.
III- O esporte promove a igualdade formal de chances, buscando o máximo da eficiência 
técnica de seus participantes.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
AUTOATIVIDADE
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3 Vimos que a Educação Física escolar passou por diversas transformações ao longo 
do tempo, sendoela influenciada por diferentes concepções teórico filosóficas em 
relação a sua prática e objetivos. Com base concepções históricas da Educação Física 
escolar apresentadas anteriormente, classifique V para as sentenças verdadeiras e F 
para as falsas:
( ) No período da abordagem esportivista ocorreu um grande avanço quantitativo no 
desenvolvimento da Educação Física escolar, com os esportes tendo se tornado 
elemento central no conteúdo trabalhados nas escolas.
( ) O período higienista trouxe para o plano da Educação Física escolar discussões 
críticas acerca de temas relacionados ao sedentarismo, sexualidade, uso de drogas, 
construção de hábitos de vida saudáveis, entre outros.
( ) O período pedagogicista, também chamado de biopsicossocial, que defendia 
o sentido da Educação Física enquanto promotora da educação para além da 
promoção da saúde, nasceu como movimento contrário a militarização, que 
promovia o sentido da formação moral e cívica nas aulas de Educação Física. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 Sabemos que a globalização é um processo de aproximação entre as diversas 
sociedades e nações existentes por todo o mundo, seja no âmbito econômico, social, 
cultural ou político. Neste contexto, vimos que o esporte foi fortemente influenciado 
por esse processo de transformação social ocorrido a partir da segunda metade do 
século XX. Baseado nesta afirmação, disserte sobre o período em que o esporte se 
tornou ícone central na indústria do entretenimento. 
5 A partir da Figura 3, que apresenta a indicação de pirâmide de desenvolvimento do 
esportista de alto rendimento, tendo em sua base o esporte escolar, vimos que foi 
justamente nesse período que a Educação Física passou a ter representatividade 
pedagógica nos currículos escolares. A partir desta afirmação, disserte sobre as 
causas de consequências deste período da história da Educação Física escolar.
18
19
PAPEL DA PEDAGOGIA DO ESPORTE
1 INTRODUÇÃO
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - O 
Olá, acadêmico! Vamos dar continuidade aos nossos estudos em Pedagogia do 
Esporte, este é o segundo tópico da Unidade 1 de nosso Livro Didático. 
Você está preparado?
 
A partir deste momento nossos estudos serão direcionados para a importância 
e o papel da pedagogia do esporte, para isso, vamos trazer para o debate conceituados 
autores da literatura científica e exemplos práticos que ajudam a tornar mais rico, 
objetivo e dinâmico o nosso plano de estudos.
Para dar destes objetivos específicos, este tópico está dividido em outros três 
subtópicos:
• Conceitos e definições da pedagogia do esporte
• Principais correntes teóricas da pedagogia do esporte
• Principais metodologias de ensino-aprendizagem dos esportes
Por fim, após um breve resumo geral do tópico estudado, vamos realizar as 
autoatividades para fixar nossos conhecimentos sobre o assunto!
Mesquita, Pereira e Graça (2009) mostram que há um ponto de inflexão quanto 
ao processo de ensino, aprendizagem e treinamento (E-A-T) dos esportes coletivos, 
ocorrido a partir do movimento reformador dos métodos de ensino dos jogos esportivos 
coletivos iniciado no final da década de 1960 e início dos anos 1970, sendo redobrado 
ao longo dos anos 1990, sobretudo no contexto da produção científica-acadêmica no 
continente europeu.
Estes movimentos, segundo Ghidetti (2020), são inspirados em novas teorias 
de aprendizagem, cognitivistas e construtivistas, e influenciaram decisivamente na 
legitimação do subcampo da Pedagogia do Esporte também no Brasil.
Apenas para tomar como exemplo, Galatti et al. (2019) mostram que 2% das 
publicações em destacados periódicos científicos de Educação Física (119 de 2738 
artigos) tinham como tema central a “Pedagogia do Esporte” entre os anos de 2010 e 
2015, o que mostra que há um avanço em termos de estudos e publicações nesta área 
de estudos, porém, há também lacunas a serem preenchidas.
20
2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA PEDAGOGIA DO ESPORTE
Antes de falarmos especificamente sobre conceitos e definições da pedagogia 
do esporte, avaliamos ser necessário apresentar o conceito mais amplo de pedagogia, 
pois é esta quem fornece a base para nossos estudos. 
A pedagogia é a ciência que tem como objeto de estudo a educação e o processo 
de ensino e aprendizagem. 
Definido a partir de González e Fensterseifer (2005), a pedagogia é ciência 
da reflexão crítica e, ao mesmo tempo, experiência permanente dirigida do sistema 
de conjunto das medidas organizacionais e dos procedimentos didáticos, que devem 
conduzir um coletivo de educadores e educandos ao pensamento e à ação coletivas.
Para Libâneo (2002), a pedagogia não se refere única e exclusivamente ao 
modo como se ensina, sua área de conhecimento e objeto de investigação superam as 
perspectivas metodológicas e procedimentais, constituindo-se como teoria prática e 
prática teórica, designando ao professor as responsabilidades de um pedagogo, as quais 
podem se resumir em dar-lhe um tratamento, uma direção pedagógica (intencional, 
consciente, organizada), transformando os conhecimentos produzidos pelos homens 
em meio as suas constantes interações.
ATENÇÃO
Podemos então sintetizar que a palavra pedagogia está conectada para além 
da simples condução ao saber, ao conhecimento sistematizado e com tal 
finalidade utiliza várias formas, meios e métodos para atingir o seu fim.
Neste sentido, as ciências pedagógicas se interessam pelas práticas esportivas 
corporais, por estas também serem elementos da civilização e campo de criação da 
humanidade, revelando genuinamente sua natureza humana, suas razões e padrões, 
intencionalidades, metas e valorizações sociais, implicando na educabilidade do sujeito no 
e pelo esporte, na obrigação de fazer na humanidade a humanização dos seres humanos, 
registrando o sujeito em cada sujeito (SCAGLIA, 1999; GRAÇA, 2001; BENTO, 2006).
 Sendo assim, a pedagogia do esporte pode ser definida como um 
campo de conhecimento que estuda a intervenção do processo de ensino, treinamento 
e aprendizagem relacionados ao esporte e a educação. 
21
Ou seja, a pedagogia do esporte atua na elaboração de fundamentos teóricos a 
respeito da sistematização, organização e análises referentes a aplicação de diferentes 
metodologias para a prática dos esportes, com objetivo de aprimorar o desenvolvimento 
humano e a qualidade de vida. 
Assim, a pedagogia do esporte pode ser classificada como uma ciência, em uma 
subárea da Educação Física, que focaliza as intervenções educacionais intencionais no 
contexto do esporte e do movimento humano (BARBANTI, 2003). 
Nesse cenário ela assume a responsabilidade de conduzir a relação didática 
entre teoria e prática, atendendo ao “para quê”, “porquê”, “quê”, “quando” e “como” 
ensinar esporte, levando em consideração os diferentes ambientes de ensino e prática, 
e as distintas faixas etárias.
DICA
Antes de avançarmos em nossos estudos, vamos assistir um breve vídeo sobre 
o que é Pedagogia do Esporte? A partir de uma interpretação pro professor Dr. 
Lucas Leonardo, criador do canal Pedagogia do Esporte no Youtube? Confira no 
link: https://www.youtube.com/watch?v=5iDcb1mkFzs. 
Neste canal você vai encontrar outros vídeos que podem ajudá-lo nos 
estudos e compreensão sobre a temática!
Segundo Bento (1991), o esporte por si só é pedagógico e, por consequência, 
educativo, sobretudo pelo fato de que proporciona obstáculos, exigências, desafios 
para se experimentar, observando regras e lidando com o outro. Ainda para este autor, 
a pedagogia do esporte deve se assumir enquanto área responsável por estruturar o 
processo de ensino e aprendizagem dos esportes, tanto em ambiente de educação 
formal, quanto no informal e não formal.
DICA
Para Gohn (2006, p. 28), a educação formal é aquela desenvolvida nas 
escolas, com conteúdos previamente demarcados; a informal como aquela 
que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização– na 
família, bairro, clube, amigos etc., carregada de valores e cultura própria, de 
pertencimento e sentimentos herdados; e a educação não formal é aquela 
que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de compartilhamento 
de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas cotidianas.
22
Mas, você sabe quais os objetivos da pedagogia do esporte?
Resumidamente, ela tem como objetivos contribuir para o desenvolvimento 
social e a formação intelectual dos estudantes, proporcionando experiências práticas 
que exercitem habilidades de trabalho em grupo, mas também habilidades individuais. 
Tomando o esporte enquanto ferramenta pedagógica, podemos trabalhar 
fatores morais como o respeito, a persistência, o cumprimento de regras, saber vencer 
e perder, lidar com as emoções, entre outros fatores importantes.
E, para além dos valores morais e sociais citados anteriormente, a partir da 
pedagogia do esporte é possível também desenvolver a saúde das crianças, dos jovens, 
dos adultos e idosos, tendo em vista que no cenário atual em que vivemos as pessoas 
estão cada vez mais conectadas aos aparelhos móveis, favorecendo o sedentarismo, e 
acabam deixando de lado atividades físicas antes comuns em nosso dia a dia. 
Neste contexto, não somente a Educação Física escolar, mas também as 
escolas de esportes, academias, entre outros espaços, têm como tarefa a boa utilização 
de ferramentas pedagógicas para o desenvolvimento de habilidades e técnicas 
corporais importantes para a promoção da saúde e construção hábitos de vida, tais 
como: resistência, força, equilíbrio, coordenação etc.
FIGURA 4 – TECNOLOGIA E INFÂNCIA NA ATUALIDADE
FONTE: <https://projetomedicina.com.br/blog-redacao/temas/as-consequencias-do-
sedentarismo-infantil-na-atualidade/>. Acesso em: 30 dez. 2021.
Diante desta realidade, a escola, obviamente, assume a principal responsabilidade 
de apresentar a prática esportiva para as crianças, tendo no professor de Educação 
Física a figura central nesse processo. 
23
A seguir, vamos trazer as principais correntes teóricas que influenciaram, e 
ainda influenciam, a constituição da práxis pedagógica do professor e como podemos 
utilizar este conhecimento para qualificar nossas intervenções.
3 PRINCIPAIS CORRENTES TEÓRICAS DA PEDAGOGIA 
DO ESPORTE
As correntes pedagógicas são concepções que contribuem para a condução de 
um trabalho docente mais consciente. 
Historicamente tanto o esporte, quanto a Educação Física em geral, foram 
fortemente influenciadas pela pedagogia tecnicista tradicional, que privilegiava 
excessivamente a transmissão e repetição de conteúdos, muitas vezes desenvolvidos 
de forma autoritária pela figura do professor e sem qualquer vínculo com o contexto 
social a que se destinava.
Você já deve ter ouvido falar sobre o termo tecnicismo, então vamos conhecer 
um pouco mais sobre o jeito tecnicista de ensinar? 
Em reportagem a revista Nova Escola (2014), o pedagogo Dr. Alcides Scaglia, 
professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), traz importantes 
apontamentos sobre o assunto, ao dizer que não é pecado seguir o método tradicional e 
tecnicista de ensino, mas é um grave erro desenvolver este método sem compreender 
suas bases teóricas. 
Ou seja, utilizar-se do método tecnicista significa acreditar que o mundo 
é construído por padrões e comportamentos manipuláveis, entendendo que o ser 
humano veio vazio ao mundo e que este precisa ser modelado uniformemente a partir 
da transmissão de saberes de alguém mais experiente, no caso, o professor. 
Neste sentido, ser professor é ser responsável pelo preenchimento do aluno, de 
modo a obter padrões e comportamentos ditos como ideais.
24
FIGURA 5 – ENSINO DA TÉCNICA PADRÃO NO FUTEBOL
FONTE: <http://carlosbizzocchi.blogspot.com/2017/04/o-intelectual-o-futebol-e-educacao.html>. 
Acesso em: 30 dez. 2021.
Ainda segundo este autor, podemos encontrar na literatura o termo 
metodologia tecnicista ou analítica, na qual ambas concentram suas preocupações no 
desenvolvimento e aperfeiçoamento meramente técnico do movimento humano. 
Partindo de um olhar mais abrangente sobre este método, o clássico e genuíno 
tecnicista, ao elaborar seu plano de aula, busca fragmentar o todo (jogo) em partes, 
onde cada fração é trabalhada de forma descontextualizada da exigência do todo, tendo 
como objetivo central o desenvolvimento do automatismo de um movimento técnico a 
ser aplicado no jogo.
Outra característica marcante na abordagem tradicional (tecnicista/analítica) 
é o fato de ela não contemplar a possibilidade de desordem, pois ela se fundamenta 
nos pressupostos do controle, da ordem e do progresso contínuo do ensino e da 
aprendizagem.
Em oposição a esta vertente de ensino surgem outros movimentos na Educação 
Física escolar, principalmente a partir do final da década de 1970. 
Atualmente coexistem diversas concepções de ensino na área da Educação 
Física, todas elas tendo em comum a tentativa de romper com a pedagogia tradicional.
Para elaboração deste material selecionamos cinco abordagens para serem 
brevemente apresentadas:
25
• Psicomotricidade: a educação psicomotora refere-se a formação de base 
indispensável a toda criança e foi o primeiro movimento mais articulado que surge 
a partir da década de 1970 em contraposição ao modelo esportivista até então 
dominante. Nele o compromisso da Educação Física é com o desenvolvimento da 
criança, com o ato de aprender, com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, 
ou seja, busca garantir a formação integral do aluno (Soares, 1996). Essa concepção 
inaugura uma nova fase de preocupações para o professor de Educação Física 
que extrapola os limites biológicos e de rendimento corporal, passando a incluir e 
a valorizar o conhecimento de origem psicológica. O autor que mais influenciou o 
pensamento psicomotricista no país foi sem dúvida, o francês Jean Le Boulch (1982). 
• Desenvolvimentista: este modelo é explicitado, no Brasil, principalmente na obra 
Educação física escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista 
(Tani et al, 1988). A proposta explicitada é uma abordagem dirigida especificamente 
para crianças de quatro a quatorze anos e busca nos processos de aprendizagem e 
desenvolvimento uma fundamentação para a Educação Física escolar, na tentativa 
de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do desenvolvimento 
fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na aprendizagem motora e, em função 
dessas características, sugerir aspectos ou elementos relevantes para a estruturação 
da Educação Física escolar. Grande parte do modelo conceitual desta abordagem 
relaciona-se com o conceito de habilidade motora e como estas habilidades mudam 
ao longo da vida do indivíduo, desde a concepção até a morte.
• Construtivista: o livro Educação de corpo inteiro (1989) do professor João 
Batista Freire teve papel determinante na divulgação das ideias construtivistas da 
Educação Física, embora o autor tenha também recebido outras influências, como 
da psicomotricidade, por exemplo. No construtivismo, a intenção é a construção 
do conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo, numa relação que 
extrapola o simples exercício de ensinar e aprender. Essa abordagem teve o mérito 
de levantar a questão da importância de a Educação Física escolar considerar o 
conhecimento que a criança já possui, independentemente da situação formal de 
ensino, porque a criança, como ninguém, é uma especialista em brinquedo. Na 
proposta construtivista o jogo como conteúdo e estratégia tem papel privilegiado, 
sendo considerado o principal modo de ensinar, um instrumento pedagógico, um 
meio de ensino, pois enquanto joga ou brinca a criança aprende. Sendo que esse 
aprender deve ocorrer num ambiente lúdico e prazeroso para a criança.
• Crítico-superadora: a proposta crítico-superadora utiliza o discurso da justiça 
social como ponto de apoio e é baseada no marxismo tendo recebido na Educação 
Física grande influência dos educadoresJosé Libâneo e Demerval Saviani. O 
trabalho mais marcante dessa abordagem foi publicado em 1992, no livro intitulado 
Metodologia do ensino da Educação Física, publicada por um Coletivo de autores. 
Essa pedagogia levanta questões de poder, interesse, esforço e contestação. 
Acredita que qualquer consideração sobre a pedagogia mais apropriada deve versar 
não somente sobre questões de como ensinar, mas também sobre como adquirimos 
esses conhecimentos, valorizando a questão da contextualização dos fatos e do 
resgate histórico. Esta percepção é fundamental na medida em que possibilitaria a 
compreensão, por parte do aluno, de que a produção da humanidade expressa uma 
determinada fase e que houve mudanças ao longo do tempo.
26
• Crítico-emancipatória: uma das principais obras publicadas dentro desta perspectiva 
é de autoria do professor Elenor Kunz (1989) intitulada Transformação didático-
pedagógica do esporte. Nesse livro, o autor busca apresentar uma reflexão sobre as 
possibilidades de ensinar os esportes pela sua transformação didático-pedagógica, de 
tal modo que a Educação Física contribua para a reflexão crítica e emancipatória de 
crianças e jovens. Para o autor, o ensino escolar necessita, dessa forma, basear-se 
numa concepção crítica. Assim, a tarefa da Educação Física crítica é a de promover 
condições para que essas estruturas autoritárias sejam suspensas e o ensino possa 
caminhar no sentido de uma emancipação, possibilitada pelo uso da linguagem.
DICA
Para aprofundar seu conhecimento sobre as diferentes correntes e teorias 
presentes na história da Educação Física você deve buscar na íntegra os 
autores e suas obras apresentadas! Há disponível na internet também Lives 
e resumos sobre o conteúdo apresentado.
4 PRINCIPAIS METODOLOGIAS DE ENSINO-
APRENDIZAGEM DOS ESPORTES
Chegamos ao final deste tópico de estudo e aqui traremos uma revisão 
bibliográfica presente a obra de Reverdito, Scaglia e Paes (2009) faz um panorama e 
análises conceituais sobre as principais abordagens clássicas em Pedagogia do Esporte, 
além de outras importantes referências investigativas.
Este conhecimento é necessário para avançarmos em nossos estudos! 
Vamos lá?
Quando buscamos referências clássicas sobre a teoria dos jogos esportivos 
coletivos percebemos que existem importantes obras e autores, que partem de 
distintas abordagens, mas que, no fim das contas, buscam atender aos mesmos 
objetivos metodológicos, principalmente em permitir uma iniciação e formação 
esportiva consciente, crítica e reflexiva, fundamentada sobre os pilares da diversidade, 
inclusão, cooperação e autonomia dos indivíduos, sustentando sua prática pedagógica 
na transcendência sobre a simples repetição do movimento humano, a partir 
das inteligências múltiplas, dos aspectos psicológicos, princípios filosóficos e da 
aprendizagem social (REVERDITO; SCAGLIA; PAES, 2009). 
27
Ou seja, do ponto de vista conceitual, temos uma ruptura com o modelo de 
ensino tradicional citado no subtópico anterior.
Neste contexto, as metodologias de ensino-aprendizagem dos esportes estão 
condicionadas à essencialidade complexa do jogo, em que o jogar somente se aprende 
jogando, portanto, utiliza-se de atividades lúdicas, jogos pré-desportivos, brincadeiras 
populares, jogos reduzidos, jogos condicionados e situacionais, que envolvem o 
praticante em um ambiente rico e estimulante de desenvolvimento e aprendizagem 
(PAES; BALBINO, 2005). 
Vamos mostrar a você algumas das principais obras que atendem a essa 
perspectiva:
• O ensino dos desportos colectivos (BAYER, 1994). Esta pode ser considerada uma 
das primeiras obras a trazer uma abordagem para os esportes coletivos a partir do 
ensino das estruturas do jogo: os princípios operacionais (ataque, defesa, transições), 
as regras de ação e os gestos técnicos que, segundo o autor, encontram-se presente 
nas famílias dos jogos coletivos e são passíveis de transferência de aprendizagem. 
• O ensino dos jogos desportivos. Os autores Garganta (1995) e Graça (1995) trazem 
em suas obras a caracterização de uma abordagem em pedagogia do esporte 
sobre o jogo e o indivíduo que joga, sendo o jogo formativo por excelência quando, 
dependendo da metodologia, induz ao desenvolvimento da cooperação e da 
inteligência, nas quais é referencial para uma cultura esportiva, articulando os 
aspectos fundamentais dos jogos e o conceito à natureza aberta das habilidades, 
regulada pelos constrangimentos surgidos dos fatores exteriores. Sua prática 
pedagógica está pautada pela especificidade de equipe, entendida como um 
microssistema social complexo e dinâmico, articulando os aspectos fundamentais 
dos jogos e pelos conhecimentos gerais em pedagogia. Contudo, em Garganta (1995) 
e Graça (1995), mesmo sendo possível em sua caracterização visualizar uma linha 
de pensamento, no qual permite aproximar a prática científica e pedagógica e que 
nos permite entendê-las enquanto abordagens, nas estratégias-metodologias os 
autores trazem conceitos e orientações que revelam singularidades específicas de 
suas obras. Para Garganta (1995), a estratégia-metodologia orientada para o ensino 
do esporte, especificamente os jogos coletivos, deverão acontecer por meio dos jogos 
condicionados, unidades funcionais, orientados para compreensão do jogo (razões 
do fazer) e integrado a sua especificidade técnica (modo de fazer), contemplando 
uma prática transferível a partir da assimilação dos princípios comuns nos jogos, 
através de formas jogadas acessíveis, motivantes e desafiadoras. Em Graça (1995), a 
estratégia-metodologia esta pautada para a aprendizagem das habilidades básicas 
para os jogos, para o desenvolvimento da capacidade de jogo, por meio de jogos, 
atividades simplificadas e modificadas, combinando a exercitação e formas de jogos, 
facilitando a transferência da exercitação para os jogos, através de situações que 
exijam duplas tarefas (o que e como), em função das especificidades das habilidades 
abertas para os jogos e seu caráter multidimensional. A fundamentação trazida 
28
pelos autores em suas obras está para uma teoria dos jogos esportivos coletivos, 
sustentados por uma abordagem fenômeno-estrutural, para uma prática transferível 
das similitudes comuns aos jogos, e sistêmica para a compreensão, operacionalização 
e otimização da totalidade complexa fenomenal do jogo.
• Escola da bola: um ABC para iniciantes nos jogos esportivos (KRÖGER; ROTH,2002); 
Iniciação esportiva universal I: da aprendizagem motora ao treinamento técnico 
(GRECO, 1998); Iniciação esportiva universal II: metodologia da iniciação esportiva 
na escola e no clube (GRECO; BENDA, 1998). Encontramos consensos dentre 
as suas obras para uma abordagem em pedagogia do esporte apenas em sua 
fundamentação. Na caracterização de sua obra para a pedagogia do esporte, de 
acordo com Kröger e Roth (2002), constitui-se de uma ação pedagógica orientada 
para o desenvolvimento da cultura do jogar, uma escola da bola natural, livre e variada, 
orientada e universal a todos os esportes. Em suas estratégias-metodologias, Kröger 
e Roth (2002), defendem o ensino dos jogos coletivos por meio de jogos situacionais 
e de uma aprendizagem incidental, para o desenvolvimento da capacidade de jogo e 
das capacidades coordenativas, privilegiando os fatores de pressão (tempo, precisão, 
complexidade, organização, variabilidade, carga), determinantes da motricidade, 
para o desenvolvimento das habilidades com bola e da construção de movimentos 
específicos aos esportes (técnica). Enquanto que, em Greco e Benda (1998) e 
Greco (1998), apresenta-se para a iniciação esportiva universal, pautada em uma 
aprendizagem incidental, sobre o controle e desenvolvimento das capacidades, em 
meio às interrelações estabelecidas entre professor e aluno, facilitar o desenvolvimento 
das capacidades coordenativas, fundamentais para a construção e constituição do 
potencial do indivíduo, oferecendo-lhe a possibilidade de compartilhar decisões e 
conscientização político-social,contextualizada em sua ação. Greco e Benda (1998) 
e Greco (1998), defendem um proposta orientada para o desenvolvimento das 
capacidades coordenativas, inicialmente da aprendizagem motora ao treinamento 
da técnica, através de jogos e exercícios dirigidos, de perseguição e estafetas, 
em conformidade com o desenvolvimento da capacidade de jogo ao treinamento 
tático, por meio de jogos funcionais e situacionais, privilegiando fatores de pressão 
(tempo, precisão, complexidade, organização, variabilidade e carga), determinantes 
da motricidade. Entretanto, tanto Kröger e Roth (2002) e Greco e Benda (1998) e 
Greco (1998) fundamentam suas obras sobre uma visão na qual compreendem como 
progressista, na integração entre as ciências biológicas e pedagógicas, subsidiados 
pelas teorias de controle e aprendizagem motora, da psicologia geral e cognitiva, nas 
áreas da aprendizagem formal e incidental e criatividade.
• O futebol que se aprende e o futebol que se ensina (SCAGLIA, 1999); O futebol e o 
jogo/brincadeira de bola com os pés: todos semelhantes, todos diferentes (SCAGLIA, 
2003); Pedagogia do futebol (FREIRE, 2003). Estes autores trazem em suas obras a 
caracterização de uma abordagem em pedagogia do esporte pautada em princípios 
pedagógicos, em que o processo seja estabelecido em função do sujeito que joga, 
respeitando suas motivações intrínsecas e humanitude, no comprometimento com o 
ensinar e com a sua transformação, promovendo o desenvolvimento de sua autonomia, 
criticidade e a compreensão do fazer, integrada à sua cultura corporal e social. A prática 
29
pedagógica sustenta-se sobre a diversidade e os princípios pedagógicos do ensinar 
esportes a todos, ensinar esporte bem a todos, ensinar mais que esportes e ensinar 
a gostar de esportes. Sua estratégia-metodologia está pautada na aprendizagem 
do jogo por meio do jogo jogado, sendo o ensino orientado para compreensão do 
jogo, com o objetivo do desenvolvimento da capacidade tática (cognitiva) em direção 
à especificidade técnica (motora específica), privilegiando situações de jogos e 
brincadeiras populares da cultura infantil, metodicamente orientados pelo jogo-
trabalho. Os autores apoiam-se nos fundamentos das abordagens interacionista e 
do pensamento sistêmico-complexo, para as bases da teoria do jogo, privilegiando o 
aprendizado na interação entre a capacidade de aprender e das diferentes produções 
culturais já existentes, sendo o jogo principal ambiente dessa interação.
DICA
Vale pena assistirmos a este seminário no canal Pedagogia do Futsal, no 
Youtube. 
Você encontra no link: https://www.youtube.com/watch?v=fuFJEdtJmQw 
sobre o tema jogar para aprender! Com a participação dos professores 
Alcides Scaglia, Lucas Leonardo e Wilton Santana. Nesse canal, você 
vai encontrar também outros vídeos que podem ajudar nos estudos e 
compreensão sobre a temática!
As obras citadas acima fundamentam os principais estudos atuais em 
Pedagogia do Esporte, sobretudo por apresentarem características de transformação 
e problematização, orientadas para o processo de formação de sujeitos conscientes, 
críticos e reflexivos por meio do esporte. 
Tais metodologias trazem o compromisso com o ensinar, nos quais o processo é 
estabelecido em função do sujeito que joga, valorizando sua cultura corporal e social, sobre 
os pilares da diversidade e orientada para todos, além da contextualização e a valorização 
de um ambiente formativo, mediado e facilitado pela ação do professor-educador.
Segundo Ghidetti (2020), na mediação dos saberes corporais produzidos nos 
jogos esportivos, o subcampo da Pedagogia do Esporte avançou significativamente em 
conceitos que se interrelacionam e possibilitam uma probabilidade de resolver a questão 
da função social da Educação Física, atuando não apenas na questão da reprodução de 
gestos motores, técnicas e regras presentes nos esportes de alto rendimento, mas na 
transformação da própria prática esportiva.
30
ESTUDOS FUTUROS
Retomaremos, de forma mais aprofundada, os estudos das tendências 
pedagógicas de ensino dos esportes na Unidade 3 deste Livro Didático!
31
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A pedagogia é a ciência que estuda um conjunto de técnicas, princípios, métodos e 
estratégias da educação e do ensino produzidos pela humanidade ao longo tempo, 
tendo a pedagogia do esporte como uma de suas subáreas. 
• A pedagogia do esporte pode ser definida como um campo de conhecimento que 
estuda os diferentes métodos de intervenção do processo de ensino, treinamento e 
aprendizagem relacionados ao esporte e a educação.
• A pedagogia tradicional de ensino da Educação Física e dos esportes, também 
chamada de tecnicismo, possui elementos importantes para a história desta 
disciplina, porém, atualmente, exigentes diversas correntes e abordagens críticas 
que superam seu modo de intervir, tanto do ponto de vista teórico, quanto prático. 
• É importante que o professor de Educação Física adquira conhecimento sobre as 
diferentes correntes e abordagens produzidas ao longo da história, para que ele possa 
selecionar e desenvolver a forma coerente de intervenção na sua prática pedagógica.
32
1 Vimos que a pedagogia é a ciência que tem como objeto de estudo a educação e o 
processo de ensino e aprendizagem e que a pedagogia do esporte pode ser definida 
como um campo de conhecimento que estuda a intervenção do processo de ensino, 
treinamento e aprendizagem relacionados ao esporte e a educação, sendo classificada 
como uma ciência, em uma subárea da Educação Física. A partir desta afirmação, 
assinale a alternativa CORRETA sobre os objetivos da pedagogia do esporte:
a) ( ) Organizar espaços de formação e desenvolvimento das habilidades esportivas 
no contexto escolar.
b) ( ) Contribuir para o desenvolvimento social e a formação intelectual dos estudantes, 
promover a saúde a partir do desenvolvimento de habilidades e técnicas corporais.
c) ( ) Promover disputas e desenvolver a performance máxima de crianças e 
adolescentes, sendo elas atletas de rendimento ou não.
d) ( ) Identificar, selecionar e promover talentos esportivos desde a iniciação no 
contexto da Educação Física escolar.
2 Ao final deste tópico de estudo apresentamos a revisão de importantes obras e 
autores presentes na literatura científica que trazem um panorama geral, e análises 
conceituais sobre as principais abordagens atuais em pedagogia do esporte, a partir 
do que você aprendeu, analise as sentenças a seguir:
I- Escola da bola: um ABC para iniciantes nos jogos esportivos (KRÖGER; ROTH,2002) 
defende a elaboração de uma ação pedagógica orientada para o desenvolvimento 
da cultura do jogar, uma escola da bola natural, livre e variada, orientada e universal 
a todos os esportes. 
II- O ensino dos desportos colectivos (BAYER, 1994) pode ser considerada uma das 
primeiras obras a trazer uma abordagem para os esportes coletivos a partir do ensino 
das estruturas do jogo: os princípios operacionais (ataque, defesa, transições), as 
regras de ação e os gestos técnicos que, segundo o autor, encontram-se presente 
nas famílias dos jogos coletivos e são passíveis de transferência de aprendizagem. 
III- Pedagogia do futebol (FREIRE, 2003) apresenta a iniciação esportiva universal, 
pautada em uma aprendizagem incidental, sobre o controle e desenvolvimento 
das capacidades, em meio às interrelações estabelecidas entre professor e aluno, 
tendo como objetivo facilitar o desenvolvimento das capacidades coordenativas, 
fundamentais para a construção e constituição do potencial do indivíduo, 
oferecendo-lhe a possibilidade de compartilhar decisões e conscientização 
político-social, contextualizada em sua ação.
AUTOATIVIDADE
33
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 Em oposição ao modelo tradicional tecnicistade ensino da Educação Física, sobretudo 
a partir do final da década de 1970, surgem outros movimentos que coexistem 
atualmente, tendo todas elas em comum a tentativa de romper com a pedagogia 
tradicional. A partir dessa afirmação classifique V para as sentenças verdadeiras e F 
para as falsas:
( ) Crítico-superadora: refere-se a formação de base indispensável a toda criança e 
foi o primeiro movimento mais articulado que surge a partir da década de 1970 em 
contraposição ao modelo esportivista até então dominante.
( ) Psicomotricidade: a proposta explicitada é uma abordagem dirigida 
especificamente para crianças de quatro a quatorze anos e busca nos processos 
de aprendizagem e desenvolvimento uma fundamentação para a Educação Física 
escolar, na tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, 
do desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na aprendizagem 
motora e, em função dessas características, sugerir aspectos ou elementos 
relevantes para a estruturação da Educação Física escolar. 
( ) Crítico-emancipatória: uma das principais obras publicadas dentro desta 
perspectiva é de autoria do professor Elenor Kunz (1989) intitulada Transformação 
didático-pedagógica do esporte. Nesse livro, o autor busca apresentar uma reflexão 
sobre as possibilidades de ensinar os esportes pela sua transformação didático-
pedagógica, de tal modo que a Educação Física contribua para a reflexão crítica e 
emancipatória de crianças e jovens.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 Vimos que as correntes pedagógicas são concepções que contribuem para a 
condução de um trabalho docente mais consciente. Historicamente tanto o esporte, 
quanto a Educação Física em geral, foram fortemente influenciadas pela pedagogia 
tecnicista tradicional, que privilegiava excessivamente a transmissão e repetição de 
conteúdos, muitas vezes desenvolvidos de forma autoritária pela figura do professor 
e sem qualquer vínculo com o contexto social a que se destinava. A partir dessa 
afirmação disserte esta forma de ensino na Educação Física escolar.
34
5 Vimos que as ciências pedagógicas se interessam pelas práticas esportivas 
corporais, por estas também serem elementos da civilização e campo de criação da 
humanidade, revelando genuinamente sua natureza humana, suas razões e padrões, 
intencionalidades, metas e valorizações sociais, implicando na educabilidade do 
sujeito no e pelo esporte, na obrigação de fazer na humanidade a humanização dos 
seres humanos, registrando o sujeito em cada sujeito, nesse sentido ela assume a 
responsabilidade de conduzir a relação entre teoria e prática, atendendo ao “para 
quê”, “porquê”, “quê”, “quando” e “como” ensinar esporte, levando em consideração 
os diferentes ambientes e as distintas faixas etárias. A partir do que foi estudado, 
disserte sobre o papel da pedagogia do esporte.
35
TÓPICO 3 - 
BASE DE CONHECIMENTO PARA 
INTERVENÇÃO NO ESPORTE
1 INTRODUÇÃO
UNIDADE 1
Olá, acadêmico! Chegamos ao último tópico da nossa primeira Unidade do Livro 
Didático da disciplina de Pedagogia do Esporte. 
Você está pronto para começarmos? 
A partir deste momento nossos estudos serão direcionados para a base de 
conhecimento necessária para intervenção no esporte por parte de professores de 
Educação Física e pedagogos do esporte, para isso, vamos trazer conceituados autores 
e exemplos práticos para tornar mais objetivo e dinâmico o nosso plano de estudos.
Este tópico está dividido em outros três subtópicos.
No primeiro, falaremos sobre o papel do professor enquanto pedagogo do esporte.
No segundo, apresentaremos conhecimentos e competências do pedagogo 
do esporte.
No terceiro, falaremos sobre as principais fontes de aprendizagem do pedagogo 
do esporte.
Em seguida traremos uma Leitura Complementar sobre o tema central desta 
Unidade de estudo e, por fim, após um breve resumo geral do tópico estudado, vamos 
realizar as autoatividades para fixar nossos conhecimentos sobre o assunto!
Freire (1996), destaca algumas responsabilidades, obrigações e princípios, 
quando aponta certas exigências em relação ao ato de ensinar: 
• Ensinar exige rigorosidade metódica.
• Ensinar exige pesquisa.
• Ensinar exige respeito aos saberes do educando.
• Ensinar exige criticidade.
• Ensinar exige estética e ética.
• Ensinar exige corporeificação das palavras pelo exemplo.
• Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação.
• Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática.
36
• Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando.
• Ensinar exige bom senso
• Ensinar exige reconhecimento e a assunção da identidade cultural.
• Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível.
Ao professor é importante aprender a gostar do que faz antes de realizar 
qualquer ensinamento (FREIRE, 2003).
DICA
Assista esse breve vídeo sobre as teorias do desenvolvimento e da 
aprendizagem no canal do Youtube do professor João Batista Freire, segue 
o link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=8vADCHJBHkg. 
Neste canal você vai encontrar outros vídeos que podem ajudar nos estudos 
e compreensão sobre a temática!
2 O PROFESSOR ENQUANTO PEDAGOGO DO ESPORTE
Você sabe qual o papel do professor enquanto pedagogo do esporte?
Ao tratarmos o esporte pedagogicamente, os conteúdos abordados, além de 
terem significados aos praticantes, precisam ultrapassar a esfera da prática motora, 
sendo parte de um processo de ensino, vivência e aprendizagem que privilegie o 
ensino de valores e comportamentos, questões históricas e culturais sobre o esporte 
e as modalidades aprendidas, a discussão sobre a ética no esporte, a influência da 
mídia, o respeito, entre outros conhecimentos que fazem parte do universo esportivo 
e contribuem para o aspecto educacional e social da prática esportiva (MACHADO; 
GALATTI; PAES, 2014). 
Conforme mostramos anteriormente, em instituições de ensino formal (escolas 
e universidades) e não formal (clubes, prefeituras e projetos sociais), o trabalho com 
o esporte deve ser organizado e sistematizado a partir de objetivos educacionais 
intencionalmente estruturados, visando o pleno desenvolvimento dos participantes 
(MACHADO; GALATTI; PAES, 2014). 
 
Entre as diferentes maneiras de organizar os conteúdos estudados daremos ênfase 
aos procedimentos adotados a partir de três referenciais da Pedagogia do Esporte:
• Técnico-tático: que trata das questões motoras, físicas, fundamentos e sistemas 
de cada modalidade, além da escolha metodológica para sua aplicação prática.
• Histórico-culturais: que trata das regras, histórias sobre o esporte e as modalidades 
esportivas.
37
• Socioeducativo: que trata dos valores e modos de comportamento que podem 
ser estimulados se intencionalmente organizados e sistematizados como conteúdo 
esportivo, que visa fortalecer o trato pedagógico com os conteúdos esportivos na 
medida em que busca tratar dos conhecimentos que caracterizam o esporte como 
um elemento cultural e social. 
O quadro a seguir, retirado de Machado, Galatti e Paes (2014), adapto das obras 
de partes das obras de Galatti, Darido e Paes (2010), Machado (2012) e Machado, Galatti 
e Paes (2014), sintetizam os três referenciais da Pedagogia do Esporte que ajudam na 
compreensão do papel do professor enquanto pedagogo: 
QUADRO 1 – REFERENCIAIS DA PEDAGOGIA DO ESPORTE
FONTE: Machado, Galatti e Paes (2014, p. 407)
Neste sentido, o professor de Educação Física, enquanto pedagogo do esporte, 
independente do espaço de atuação, deve atuar enquanto mediador e facilitador da 
aprendizagem dos conteúdos a serem trabalhados.
38
FIGURA 6 – PROFESSOR ENQUANTO MEDIADOR DA APRENDIZAGEM
FONTE: <https://br.guiainfantil.com/educacao-fisica/186-iniciacao-da-crianca-no-esporte.html>. 
Acesso em: 30 dez. 2021.
Seja no contexto escolar ou em outros locais de ensino de modalidades 
esportivas (academias, clubes etc.), vimosque atualmente o professor deve fundamentar 
suas atividades em metodologias ativas de aprendizagem, com foco na dinâmica e 
funcionalidade das lógicas internas do jogo, conduzindo o processo de ensino com base 
nas relações de cooperação e oposição, tanto nas ações coletivas quanto individuais.
NOTA
As metodologias ativas de aprendizagem consistem em formas de ensino 
nas quais os estudantes são estimulados a participarem do processo de 
forma mais direta. Tendo como objetivo estimular o sujeito a sair de sua zona 
de conforto e colocá-lo como protagonista do processo de aprendizagem.
Ao desenvolver a autonomia e o protagonismo em seu processo de formação, 
o estudante passa a exercer um papel ativo em seu próprio desenvolvimento, criando 
laços e memórias afetivas positivas com a prática esportiva, para tanto é importante 
também que o núcleo familiar possua hábitos de vida saudáveis e bom relacionamento 
com a prática esportiva.
39
FIGURA 7 – BOAS PRÁTICAS EM FAMÍLIA
FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/familia-feliz-fazendo-atividades-ao-ar-livre-design-
de-personagem_4450414.htm>. Acesso em: 30 dez. 2021.
Frente a este cenário, o professor deve atuar enquanto mediador da aprendizagem 
dos diferentes esportes individuais e coletivos, estimulando na interação de seus 
aprendizes entre o já conhecido e o novo, direcionando o estudante a compreender os 
princípios da lógica interna dos esportes e da elaboração de técnicas e estratégias que 
levem a eficiência de ação do aprendiz diante da situação de aprendizagem, para que 
ele possa utilizar o conhecimento adquirido ao longo de toda a vida.
Ou seja, o que deve ser ensinado nos esportes é algo que vá além do aprendizado 
puramente do jogo em si e de seus fundamentos e habilidades específicas. Deve-
se, claro, ampliar a aquisição de condutas motoras dos aprendizes, mas também seu 
entendimento crítico do esporte enquanto produto da cultura, promovendo por meio da 
práxis pedagógica sentimento de solidariedade, cooperação, autonomia, criatividade, 
hábitos saudáveis de vida, valores éticos, estéticos, sociais e morais.
Você sabe quais são as melhores estratégias para reter a aprendizagem?
O médico psiquiatra norte-americano William Glasser (1925-2013), desenvolveu a 
terapia da realidade e a teoria da escolha, a partir da abordagem pedagógica conhecida 
por pirâmide de aprendizagem, a fim de evidenciar os níveis de retenção de aprendizagem 
de um indivíduo de acordo com a forma que ele se relaciona com o conteúdo.
40
FIGURA 8 – PIRÂMIDE DE APRENDIZAGEM ATIVA
FONTE: <https://econexao.com.br/sem-titulo-2/>. Acesso em: 28 dez. 2021.
Neste sentido, o professor que segue as metodologias ativas de aprendizagem 
pode utilizar diferentes estratégias de ensino de habilidades técnicas, táticas e sociais, 
para uso do esporte como ferramenta de formação para a vida!
Segundo consta na BNCC, os benefícios das metodologias ativas no processo 
de ensino-aprendizagem estão em reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, 
comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, 
resiliente, produtivo e responsável.
ESTUDOS FUTUROS
Retomaremos este tema, de forma mais aprofundada, na Unidade 3 
deste Livro Didático, ao trazermos exemplos de propostas de ensino dos 
esportes associados às habilidades para a vida (life skills).
41
3 CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS DO PEDAGOGO 
DO ESPORTE
Para se tornar um bom professor em esportes, é preciso dominar as habilidades 
técnicas da modalidade. 
Correto? Vamos refletir sobre esta afirmação.
Se isso fosse uma verdade absoluta, o professor de Educação Física escolar 
não conseguiria dar conta dos conteúdos a serem trabalhados ao longo dos anos de 
formação de seus estudantes, ou então, apenas para tomarmos como ilustração, o 
Pelé (rei do futebol) deveria ser considerado o melhor professor de futebol de todos os 
tempos, pois ainda não surgiu ninguém capaz de superar seu desempenho atlético, e 
assim seria também com Falcão, no futsal, Gustavo Kuerten, no tênis, Airton Senna, 
na fórmula 1, entre tantos outros exemplos. Para se tornar um bom professor é preciso 
adquirir habilidades específicas, que chamamos de competência docente.
Mas, você sabe o que é competência docente?
O conceito de competência é multidimensional e interdependente na relação 
entre o professor, os estudantes, o contexto cultural e os valores sociais.
Em educação, o conceito de competência surge como alternativa a aptidão, 
conhecimento e habilidade. É a competência que permite ao professor aprender a 
enfrentar e regular adequadamente um conjunto de tarefas e situações educativas. 
Neste sentido, entendemos que a competência profissional do professor de 
Educação Física envolve sua capacidade de articular o conhecimento teórico à execução 
prática, tendo percepção crítica e reflexiva sobre o que e como desenvolver o conteúdo 
de ensino.
A competência docente é resultado de vários elementos da prática pedagógica 
que envolve os sujeitos nela presentes. De acordo com o presidente da Associação 
Ibero-americana de Didática Universitária, Miguel Ángel Zabalza, há dez competências 
essenciais para a atuação do docente, sendo estas:
• Planificar o processo de ensino e aprendizagem: competência fundamental que 
organiza o que se espera ensinar e o que se espera que se aprenda.
• Selecionar e apresentar os conteúdos disciplinares: muito mais que apenas 
aplicar um manual, é necessário saber selecionar os recursos e os conteúdos da aula.
• Oferecer informações e explicações compreensíveis: saber explicar e dar exemplos.
• Manejar as novas tecnologias: os docentes devem crescer neste sentido para 
poder aproveitar as ferramentas no ensino e oferecer uma educação que esteja 
adaptada à realidade atual.
42
• Administrar as metodologias do trabalho didático:  é importante que os 
professores conheçam diversas metodologias para poder aplicar em diferentes 
situações (seja na aula magistral ou em trabalhos de grupo, seja em metodologias 
mais atuais ou como suporte).
• Relacionar-se construtivamente com os estudantes: uma boa relação e 
comunicação com os alunos ajuda ao processo formativo, dando a atenção requerida 
individual e ampliando a possibilidade de transmitir o conhecimento.
• Orientar os estudantes e os colegas: é um processo básico na educação a 
orientação ao aluno. Mais ainda, o professor deve conseguir orientar os colegas, num 
trabalho colaborativo, além de poder assistir a classes de outros, poder trabalhar em 
projetos conjuntos, comentar as dificuldades etc.
• Avaliar o aprendizado, e o processo usado: é importante saber avaliar bem se o 
conhecimento foi adquirido.
• Refletir e pesquisar sobre o ensino: para atuar profissionalmente, devemos estar 
continuamente aprendendo. E essa aprendizagem vem da pesquisa e da reflexão 
sobre a prática docente.
• Implicar-se institucionalmente com o centro de educação e o trabalho 
em equipe: esta é uma competência transversal, sendo importante que o professor 
se envolva com os colegas e participe de um objetivo comum, sendo esta espécie de 
obrigação moral.
IMPORTANTE
Para se tornar pedagogo do esporte não é preciso apenas dominar o 
conteúdo específico da modalidade!
FIGURA 9 – PROFESSOR PRECISA TER DIDÁTICA
FONTE: <http://edfcompartilhaprofessor.blogspot.com/2019/02/o-treinador-de-futsal.html/>. 
Acesso em: 28 dez. 2021.
43
Já Milistetd (2015), em sua tese de doutorado, mostra que os currículos dos 
cursos de graduação em Educação Física, em sua maioria, caracterizam as competências 
a serem desenvolvidas de forma generalizada, assumindo com similaridades a atividade 
profissional nos diversos contextos de atuação do profissional de Educação Física. 
Tendo como os seguintes princípios básicos:
• Intervir profissionalmente de forma ética no contexto onde está inserido.
• Zelar pela segurança dos participantes.
• Planejar atuar e avaliar programas e atividades de esporte, lazer e saúde.
• Observar, tomar decisões,gravar e avaliar.
• Dominar recursos, conhecimentos e competências técnicas da sua ação.
• Empregar pedagogia adequada.
• Compreender implicações socioculturais, políticas, econômicas e ambientais 
inerentes a sua intervenção profissional.
• Alinhar princípios de formação humana e social.
• Desenvolver autonomia para a autoaprendizagem.
• Refletir e aprender.
• Coordenar e gerir equipes técnicas e multidisciplinares.
• Organizar equipes de trabalho.
• Liderar e influenciar.
• Gerir relações.
• Ser um educador inovador.
• Desenvolver a capacidade de liderança e comunicação.
• Contribuir para o desenvolvimento de valores humanos, políticos e ético e morais.
• Contribuir para a produção de novos conhecimentos.
Apesar das competências identificadas nos currículos de formação em nível 
superior em Educação Física não serem destinadas somente para a atuação em 
pedagogia do esporte, este autor mostra que há uma forte correspondência entre estes 
princípios e as competências exigidas pela International Sport Coachinh Framework 
(ISCF), entidade referência em formação de treinadores esportivos.
44
NOTA
Na tentativa de oferecer uma linguagem comum e de equalizar as necessidades e os 
objetivos formativos de treinadores esportivos, o Conselho Internacional para a Excelência 
de Treinadores (ICCE) em conjunto com a Associação de Federações Internacionais de 
Esportes Olímpicos de Verão (ASOIF) e a Universidade Metropolitana de Leeds (LMU), 
publicou recentemente o International Sport Coaching Framework (ISCF). O objetivo do ISCF 
é servir como uma referência para o desenvolvimento de treinadores ao redor do mundo. 
O Framework se apresenta como um modelo ajustável às necessidades de 
diferentes esportes, países e organizações, fornecendo parâmetros para a 
preparação e certificação de treinadores. Dentre as áreas de atuação dos 
treinadores esportivos, o Framework destaca dois contextos principais: 
Esporte Participação e Esporte Rendimento. O Esporte Participação possui o 
foco na prática esportiva como meio para o desenvolvimento da saúde e do 
lazer, promovendo aprimoramento pessoal, adoção de estilo de vida saudável, 
socialização e divertimento entre participantes. O Esporte Rendimento possui 
o foco no aumento das capacidades de desempenho esportivo, desde atletas 
emergentes até de atletas de alto rendimento (MILISTEDT, 2015).
4 AS PRINCIPAIS FONTES DE APRENDIZAGEM DO 
PEDAGOGO DO ESPORTE
No Brasil, a formação universitária é reconhecida pela Lei 9696 de 1º de setembro 
de 1998, também conhecida como Lei do CREF, que dispõe sobre a regulamentação 
da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos 
Regionais de Educação Física. De acordo com este marco regulatório nacional, recai aos 
cursos em nível superior, oferecer formação ampla com bases humanas, pedagógicas, 
biológicas e sociais aos futuros profissionais. Para tanto, os cursos devem utilizar 
variadas formas de ensino, como aulas teóricas e práticas, práticas pedagógicas 
curriculares, estágios curriculares, entre outras experiências de aprendizagem para 
o desenvolvimento de conhecimentos e competências dos futuros profissionais de 
Educação Física (MILISTEDT, 2015).
 
Interessa nesse momento compreender de que forma os pedagogos esportivos 
aprendem e desenvolvem suas habilidades pedagógicas. Com base em pressupostos 
da área da educação, Nelson et al. (2006) utilizam três tipos de aprendizagem:
• Aprendizagem formal: certificações em instituições de ensino, tais como as 
universidades, institutos, entre outros.
• Aprendizagem não-formal: certificações em atividades organizadas como 
seminários, cursos livres, clínicas etc.
• Aprendizagem informal: experiências diárias, interação com seus pares, 
observação, conversas etc.
45
DICA
Nos últimos anos cresceu exponencialmente as possibilidades de acesso a 
informações e conteúdos ricos em aprendizagem, principalmente por meio 
de plataformas virtuais como as Lives, Podcasts, entre outras ferramentas.
Milistedt (2015) mostra que, mais recentemente, ampliou-se o entendimento 
sobre os tipos de aprendizagem profissional, demonstrando ser mais viável utilizar os 
termos “contextos de aprendizagem” e “situações de aprendizagem”. Enquanto que o 
contexto se refere ao cenário onde ocorre o processo de aprendizagem, a situação é a 
percepção do indivíduo sobre a própria aprendizagem neste cenário.
Essa definição avança no entendimento de que a aprendizagem é um processo 
individual, pois a filtragem das informações externas irá depender da biografia (estrutura 
cognitiva) de cada indivíduo, suas expectativas e motivação (orientação para a 
aprendizagem).
Neste sentido, Trudel et al. (2013) justificam que a utilização dos termos situações 
mediadas, situações não-mediadas e situações internas de aprendizagem são mais 
adequadas para definir as vias pelas quais os profissionais da área esportiva aprendem.
• Situações mediadas: caracterizadas como oportunidades de aprendizagem que 
não são definidas pelo aprendiz, no qual o contexto é controlado por outras pessoas, 
entre os quais, experts e instrutores que definem o conteúdo a ser trabalhado e a 
forma do seu desenvolvimento.
• Situações não-mediadas: definidas como oportunidades de aprendizagem 
escolhidas pelos próprios agentes, sendo uma aprendizagem não estruturada que 
pode ocorrer de forma inconsciente, por meio da experiência adquirida ou pela 
socialização com outros atores no próprio ambiente esportivo.
• Situações internas: oportunidades de aprendizagem que não estão relacionadas 
às informações externas, mas aos momentos em que os agentes reorganizam o 
conhecimento advindo de diferentes experiências em sua estrutura cognitiva e, 
consequentemente, atingem níveis profundos de aprendizagem.
Importante destacar que, ao estar fundamentada na perspectiva de como 
o pedagogo do esporte aprende, a formação vislumbra a possibilidade de oferecer 
oportunidades de aprendizagem mais significativas aos agentes, onde o novo conhecimento 
emerge com base nos conhecimentos e experiências prévias de cada indivíduo. 
46
A importância de utilizar diferentes situações de aprendizagem coloca 
o profissional de Educação Física como um agente ativo na construção do seu 
conhecimento, partilhando suas experiências com colegas e instrutores, discutindo 
problemas reais e experimentando novos caminhos na tentativa ampliar sua capacidade 
de intervenção e, consequentemente, atingindo níveis profundos de aprendizagem 
(MILISTEDT, 2015).
FIGURA 10 – PROFESSOR PESQUISADOR
FONTE: <https://nossaciencia.com.br/oportunidades/professor-substituto-de-artes-desenho-e-
design-digital/>. Acesso em: 28 dez. 2021.
IMPORTANTE
Recai aos estudantes, professores ainda em formação, buscarem outras 
fontes de experiência e aprendizagens para qualificar sua trajetória 
formativa e ampliar a rede de relações, importante para a inserção no 
mercado profissional.
47
O FUTEBOL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: PROPOSTA 
PEDAGÓGICA BASEADA EM JOÃO BATISTA FREIRE
João Batista Freire
“Quando vejo uma criança, ela me inspira dois sentimentos, 
ternura pelo que ela é, e respeito pelo que pode ser”. 
Jean Piaget
 
 
Para Freire (2006), o futebol brasileiro foi gerado nos centros urbanos, onde se 
jogavam as famosas “peladas” nas chamadas várzeas. Com o processo de urbanização 
nas grandes metrópoles brasileiras, essas várzeas onde as crianças brincavam e 
jogavam bola foram desaparecendo. Então, as crianças que viviam nas grandes cidades 
encontraram nas quadras de futebol de escolas, clubes, condomínios, igrejas e locais 
possíveis para a prática, um refúgio para brincar e jogar bola, orientadas por professores 
ou não.
 
Na rua e nos “rachas” no campinho as crianças são livres, agem segundo a sua 
determinação, criam seu mundo de fantasias. Todo mundo ensina todo mundo, criança 
ensina criança, mais velho ensina mais novo. Até demonstram malícia e crueldade.
 
Como afirmamos anteriormente, o futebol é um fenômeno urbano,que era jogado 
na rua. Devido à eliminação desses espaços onde praticavam brincadeiras referentes 
ao futebol, com frequência cada vez maior, os alunos chegavam às escolas sem a 
experiência adequada, o que não permitia uma base para desenvolver suas habilidades 
esportivas. Portanto, a escola deve trabalhar as formas básicas de movimentos para 
enriquecer a motricidade da criança ou do adolescente.
 
Como apresenta Freire (2006, p.08), “escola não é rua e nunca será demais 
repetir isto. Professores são profissionais especialistas em ensinar e devem se orientar 
por ideias, teorias, princípios”, sem desconsiderar conhecimentos trazidos pelo aluno.
 
Concordamos com o mesmo autor em trabalhar com quatro princípios básicos 
norteadores: ensinar futebol a todos, ensinar futebol bem a todos, ensinar mais que 
futebol a todos e ensinar a gostar do esporte.
 
LEITURA
COMPLEMENTAR
48
As práticas comuns do futebol na várzea, nos clubes ou nas escolas, costumam 
dar atenção somente para os mais habilidosos. O futebol deve ser ensinado a “todos”, “[…] 
de modo que aqueles que já sabem jogar futebol devem ser orientados para aprender a 
jogar melhor; aqueles que sabem muito pouco ou nada de futebol devem receber toda 
a atenção até que aprendam, no mínimo, o suficiente” (FREIRE, 2006, p.9).
 
É preciso ensinar futebol bem a todos. O autor acredita que todos podem 
jogar futebol de qualidade, alguns em menor, outros em maior tempo. Todo processo 
pedagógico exige paciência, mas se ensinarmos o mesmo, bem a todos, os alunos 
mostrarão habilidades para jogar futebol.
 
Além disso, devem ensinar mais que futebol a todos, mas também promoverem 
atividades onde os alunos aprendam a conviver em grupo, construir regras, discuti-
las e até discordar, podendo mudá-las, para que haja uma rica contribuição para seu 
desenvolvimento moral e social. Contribuir para o desenvolvimento da inteligência do 
aluno, não pensando apenas no craque, mas em sua condição humana; discutir sobre 
os acontecimentos da aula, colocando-o em situações desafiadoras, estimulando-o a 
criar suas próprias soluções para situações- problemas e falar sobre elas, levando-o a 
compreender suas ações.
 
Devemos ensinar ao aluno gostar do esporte, ensinar o futebol com brincadeiras, 
com diversão, com carinho, com atenção, com liberdade, pois antes de qualquer 
ensinamento, o aluno precisa aprender a gostar do que faz, sem precisarmos enganar 
os alunos com promessas de um futuro glorioso e levá-los a engolir treinamentos 
exaustivos, práticas desagradáveis, tristes, repetitivas ou autoritárias e fazer com que 
acreditem que isso os transforme em futuros craques. É fácil entender que o aluno 
costuma gostar mais daquilo que lhe é prazeroso do que aquilo que lhe causa sofrimento.
 
Saber ensinar as crianças de uma maneira simples e de fácil entendimento, 
para que elas gostem do esporte e tenham prazer em praticá-lo, desenvolvendo suas 
habilidades com qualidade e competência. E principalmente transformar essa criança 
num futuro cidadão é uma das mais difíceis e desgastantes tarefas humanas – quem 
ensina sabe disso.
 
A escola não é o único lugar onde aprendemos e desenvolvemos coisas 
importantes. As brincadeiras de rua, jogos infantis, histórias/experiências de vida e muitas 
outras atividades fora do âmbito escolar serão fundamentais para o desenvolvimento 
motor e intelectual do aluno. Uma bagagem de experiências formará bases sólidas para 
a inteligência, afetividade e sociabilidade do aluno; por outro lado, uma bagagem pobre 
levará ao comprometimento dessas estruturas.
 
49
Na escola devemos promover atividades com qualidade para o aprendizado, 
preservando o lúdico. Preservar esse espaço lúdico, trazendo essa cultura para dentro 
da escola, é de grande mérito e prestígio para que esse aprendizado não perca seu 
ambiente natural. Mas é evidente e inevitável que adaptações sejam necessárias para 
se ensinar futebol na escola.
 
O autor Freire (2006) diz que esse conhecimento trazido pelo indivíduo durante 
toda a sua vida de fora do ambiente escolar não pode ser ignorado pelos professores. 
Temos que trabalhar em cima deste conhecimento durante as aulas de educação física 
escolar. Essa meta de construção de conhecimento, respeitando o universo cultural 
dos alunos, explorando a gama múltipla de possibilidades educativas de sua atividade 
lúdica, propõe tarefas cada vez mais complexas e desafiadoras.
 
“O construtivismo na área de educação física tem o mérito de considerar o 
conhecimento que o aluno previamente já possui, resgatando sua cultura de jogos 
e brincadeiras. A abordagem busca envolver essa cultura no processo de ensino e 
aprendizagem, aproveitando as brincadeiras de rua, os jogos de regras, as rodas 
cantadas e outras atividades que compõem o universo cultural dos alunos. Ela 
representa uma alternativa aos métodos diretivos de ensino, pois o aluno constrói o 
seu conhecimento a partir da interação com o meio, resolvendo problemas” (DARIDO; 
SANCHES NETO, 2005, p. 11).
 
Portanto, a proposta privilegia o jogo como principal conteúdo, porque enquanto 
se joga ou brinca, a criança aprende em um ambiente lúdico e prazeroso. E a avaliação 
caminha no sentido de evitar punições, com ênfase no processo de autoavaliação 
(DARIDO; SANCHES NETO, 2005).
 
Como mostra os Parâmetros Curriculares Nacionais, é preciso saber que:
 
“A proposta teve o mérito de levantar a questão da importância de se considerar 
o conhecimento que a criança já possui na Educação Física escolar, incluindo os 
conhecimentos prévios dos alunos no processo de ensino aprendizagem. Essa 
perspectiva também procurou alertar os professores sobre a importância da participação 
ativa dos alunos na solução de problemas” (BRASIL, 1998, p.24).
 
Podemos perder um pouco desse ambiente de aprendizagem das brincadeiras 
de rua, mas com a inclusão de bons profissionais nas escolas, podemos produzir um 
efeito real positivo, para se ensinar futebol.
 
Não precisamos ter pressa. Principalmente quando se trata de criança, nada 
pode ser mudado na vida dela de um dia para o outro. Como cita Freire (2006, p.23), 
“[…] a criança, quando chega à escola de esportes, deve continuar brincando de 
esportes, sendo que as sistematizações para aquisição de técnicas devem ocorrer 
lentamente, sutilmente”. Seguindo o pensamento e adaptando nas aulas de educação 
50
física, precisamos que o aluno brinque de praticar esportes, jogos, lutas, ginástica; 
desenvolvam conhecimento sobre o próprio corpo; sejam expostos a atividades rítmicas 
e expressivas, blocos de conteúdos que devem ser trabalhados nas aulas de educação 
física apresentados (BRASIL, 1998).
 
O brincar de praticar esportes faz com que o aluno aprenda a construir suas 
habilidades motoras, combinar essas habilidades e socializá-las, enriquecer sua motricidade, 
favorecendo as construções intelectuais, sociais e motoras do (FREIRE, 2006).
 
Apresentamos uma proposta pedagógica, fundamentada por João Batista 
Freire, buscando acrescentar algo na formação dos profissionais que atuam na educação 
física escolar, para que tratem a disciplina com mais atenção e respeito, transformando 
a educação física em uma disciplina respeitada pelos alunos e corpo escolar, que não 
seja só a hora da diversão, mas da aprendizagem e do desenvolvimento psicomotor, 
socioafetivo e cognitivo-moral.
 
 
Bibliografia
BRASIL, Ministério de Educação e do Desporto. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e 
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FREIRE, J. B. Pedagogia do futebol. 2° ed. Campinas-SP: Autores Associados, 2006.
FONTE: <https://universidadedofutebol.com.br/2009/06/01/o-futebol-nas-aulas-de-educacao-
fisica-escolar-proposta-pedagogica-baseada-em-joao-batista-freire/>.Acesso em: 27 dez. 2021.
51
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O professor deve atuar enquanto figura mediadora da aprendizagem dos esportes, 
estimulando na interação de seus aprendizes entre o conhecido e o novo, 
direcionando o estudante a compreender os princípios da lógica da elaboração de 
técnicas e estratégias que levem a eficiência de ação do aprendiz diante da situação 
de aprendizagem.
• O conceito de competência pedagógica é multidimensional e interdependente na 
relação entre o professor, os estudantes, o contexto cultural e os valores sociais.
• De que forma os pedagogos esportivos aprendem e desenvolvem suas habilidades 
para elaboração de suas intervenções práticas.
52
1 Vimos ao longo deste tópico sobre a importância de o professor de Educação Física 
atuar em conexão com seus estudantes e projetos de ensino, sobretudo a partir das 
diferentes metodologias ativas de aprendizagem existentes e produzidas por autores 
presentes na literatura científica. Com base nessa afirmação, assinale a alternativa 
correta sobre a pirâmide de aprendizagem de William Glasser:
a) ( ) Temos mais de 20% de chance de aprender quando lemos sobre o conteúdo que 
estamos estudando.
b) ( ) Temos cerca de 95% de chance de aprender quando ensinamos o conteúdo que 
estamos estudando aos outros.
c) ( ) Aprendemos cerca de 70% quando vemos e ouvimos sobre o conteúdo que 
estamos estudando.
d) ( ) Temos cerca de 30% de chance de aprender quando vemos e ouvimos sobre o 
conteúdo estudado.
2 Vimos também que o conceito de competência é multidimensional e interdependente 
na relação entre o professor, os estudantes, o contexto cultural e os valores sociais. 
Sobre esta afirmação, analise as sentenças a seguir que trazem as competências 
docente para o professor Miguel Ángel Zabalza:
I- Selecionar e apresentar os conteúdos disciplinares; avaliar o aprendizado, e o 
processo usado; manejar as novas tecnologias.
II- Planificar o processo de ensino e aprendizagem; relacionar-se construtivamente com 
os estudantes, orientar os estudantes e os colegas; implicar-se institucionalmente 
com o centro de educação e o trabalho em equipe.
III- Oferecer informações e explicações compreensíveis; administrar as metodologias 
do trabalho didático, refletir e pesquisar sobre o ensino.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a alternativa I.
b) ( ) Alternativas II e III.
c) ( ) Alternativas I e III.
d) ( ) Somente alternativa II.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
AUTOATIVIDADE
53
3 No Brasil, a formação universitária é reconhecida pela Lei 9696 de 1º de setembro de 
1998 que dispõe sobre a regulamentação da Profissão de Educação Física e cria os 
respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física. De acordo 
com este marco regulatório nacional classifique V para as sentenças verdadeiras e F 
para as falsas:
( ) Recai aos cursos em nível superior, oferecer formação ampla com bases humanas, 
pedagógicas, biológicas e sociais aos futuros profissionais.
( ) Os cursos de Educação Física devem atuar como certificadores e regulamentadores, 
exclusivamente, de treinadores esportivos que pretendem atuar no esporte de 
alto rendimento.
( ) Os cursos devem utilizar variadas formas de ensino, como aulas teóricas e práticas, 
práticas pedagógicas curriculares, estágios curriculares, entre outras experiências 
de aprendizagem para o desenvolvimento de conhecimentos e competências dos 
futuros profissionais de Educação Física.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F -V.
4 Disserte sobre o texto O futebol nas aulas de Educação Física escolar: proposta 
pedagógica baseada em João Batista Freire apresentado na Leitura Complementar, 
abordando os principais tópicos estudados neste tópico.
5 Vimos sobre a importância de utilizar diferentes situações de aprendizagem para 
colocar o profissional de Educação Física como um agente ativo na construção do seu 
conhecimento. Neste contexto, disserte sobre as atitudes esperadas pelo professor 
em formação na busca de sua qualificação e atualização.
54
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TUBINO, M. J. G. “O que é Esporte?”. Brasília: Editora Brasiliense, 1993.
59
A PRÁTICA DOS ESPORTES 
COLETIVOS E INDIVIDUAIS
UNIDADE 2 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reconhecer as diferentes manifestações esportivas vigentes;
• identificar as características dos esportes coletivos e individuais;
• selecionar conteúdos para a prática dos esportes no contexto escolar;
• avaliar as potencialidades pedagógicas para o ensino dos esportes.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – OS 4 TIPOS DE MANIFESTAÇÕES ESPORTIVA
TÓPICO 2 – DIVISÃO DOS ESPORTES
TÓPICO 3 – CONVERSANDO COM A BNCC
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
60
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 2!
Acesse o 
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61
TÓPICO 1 — 
OS 4 TIPOS DE MANIFESTAÇÕES 
ESPORTIVAS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo à segunda unidade do nosso Livro Didático da 
disciplina Pedagogia do Esporte; e já que estamos iniciando mais uma etapa de estudos, 
vamos introduzir você aos temas que serão abordados.
Vamos lá?
A unidade 2 tem como tema central apresentar definições conceituais e 
exemplos sobre a prática dos esportes coletivos e individuais, e para atendermos a 
estes objetivos organizamos para você três tópicos de estudos.
No Tópico 1, abordaremos sobre os tipos de manifestações esportivas vigentes 
em nossa legislação, sendo estes:
• Esporte educacional.
• Esporte de participação.
• Esporte de rendimento.
• Esporte de formação.
No Tópico 2, apresentaremos a divisão e a categorização dos diferentes esportes 
coletivos e individuais existentes, sendo estes:
• Esportes de campo e taco.
• Esportes de combate.
• Esportes de invasão.
• Esportes de marca e precisão.
• Esportes de parede e rede.
• Esportes técnico-combinatórios.
Por fim, no Tópico 3, faremos análises das potencialidades pedagógicas e da 
organização do conteúdo dos esportes no contexto escolar em conversa com a Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC).
62
LEMBRETE
O Livro Didático será seu guia de estudos! Nele vamos encontrar o conteúdo 
necessário para aprendizagem, autoatividades, dicas e encaminhamentos 
para você buscar se aprofundar no tema apresentado. Neste primeiro tópico 
utilizamos como base a Lei 9615/98, também conhecida como Lei Pelé, que 
institui as normas e diretrizes gerais do desporto nacional, inspirado nos 
fundamentos constitucionais do Estado brasileiro.
INTERESSANTE
A Lei Pelé foi promulgada em 24 de março de 1998, substituindo a Lei Zico de 
1993. Ela surgiu durante o governo Fernando Henrique Cardoso, quando Pelé 
era Ministro dos Esportes, por isso ela ficou conhecida por este nome. Assim 
como as demais Leis em vigência no território nacional, a Lei Pelé sofreu algumas 
alterações ao longo dos últimos anos. Precisamos ficar atentos as atualizações!
2 ESPORTE EDUCACIONAL 
“É uma irresponsabilidade pedagógica trabalhar o esportena escola que tem por consequências provocar vivências de 
sucesso para uma minoria e vivências de insucesso ou de 
fracasso para a maioria.” 
(Elenor Kunz)
Conforme apresenta a Lei Pelé, fundamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB) que estabelece que a Educação Física é obrigatória no currículo 
da educação básica, o esporte educacional deve ser praticado, prioritariamente, nos 
estabelecimentos escolares, mas também pode se manifestar fora da escola, como por 
exemplo em programas e projetos que utilizam o esporte como ferramenta de inserção 
social. Além disso, a Constituição Federal vigente desde 1988 determina que, em matéria 
de esportes, ele tenha prioridade na distribuição dos recursos públicos (SANTOS, 2018; 
TUBINO, 2010).
IMPORTANTE
O principal objetivo do esporte educacional é o desenvolvimento integral 
do indivíduo e sua formação para o exercício da cidadania e prática do 
lazer. Para isso, deve-se evitar a seletividade, a competitividade excessiva 
e a especialização precoce de seus participantes, conforme veremos ao 
longo deste tópico de estudos (NOGUEIRA; MENDONÇA, 2015).
63
Para Tubino (2010) o conceito de esporte educacional é fruto do modo 
como intelectuais e organismos internacionais de diversas áreas do conhecimento 
denunciaram o uso político-ideológico do esporte e avaliaram as exacerbações do alto 
rendimento. O esporte aparece em matérias de grandes organismos internacionais 
pontuando a necessidade de todos participarem de atividades físicas, não como uma 
obrigação, mas como um direito a presença de um esporte que fomente a participação, 
ao invés da seleção dos mais aptos, a defesa das práticas esportivas como ferramenta 
de educação moral e o papel do Estado no fomento de atividades físicas e esportivas 
(NOGUEIRA; MENDONÇA, 2015).
LEMBRETE
Você se lembra que na unidade anterior deste Livro Didático falamos sobre o uso 
dos esportes como ferramenta de ideologia política?
Pois o conceito de esporte educacional surge justamente para combater 
esta ideia, sendo elaborada a partir da Carta Internacional da Educação Física e 
esporte da Unesco, publicada no ano de 1978. Este importante documento apresenta 
alternativas para transcender a visão do esporte apenas como performance e busca 
por resultado, estando fundamentado em valores como coeducação, emancipação, 
participação e cooperação. Tendo também como objetivo alcançar o desenvolvimento 
integral do indivíduo, a partir dos quatro pilares da educação: Conhecer, Conviver, 
Fazer e Ser, para a formação de competências à cidadania plena, na busca da 
inclusão e transformação social.
64
FIGURA 1 – OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO (UNESCO)
FONTE: <https://cristofani.org/blog/qual-o-alvo-dos-quatro-pilares-da-educacao>. 
Acesso em: 12 jan. 2022.
Em paralelo a isso, por ocasião das disputas dos Jogos Escolares Brasileiros 
(JEBS), primeira competição de cunho escolar de abrangência nacional, que se iniciou 
no ano de 1969, ganha força o debate sobre o esporte educacional. Os jogos escolares, 
que deveriam ter um caráter eminentemente educativo, apresentam outro significado, 
ou seja, o de competições de alto rendimento reproduzindo todas as suas características, 
inclusive desfigurando o conceito de esporte educação, levando como consequência a 
exclusão e a competitividade exacerbada. 
Tubino (2001, p. 38) ainda completa dizendo que, neste contexto de atuação, 
deve ser “evitada à seletividade, a segregação social e a hipercompetitividade, com 
vistas a uma sociedade livremente organizada, cooperativa e solidária”.
Somente em 1993, a Lei n° 8672/1993 e o Decreto n° 981/1993 reforçam 
o conceito de esporte educacional ao afirmar que a hipercompetitividade e a alta 
seletividade invalidam a prática esportiva educacional. 
65
Em 1995, com a criação do Ministério Extraordinário do Esporte e do INDESP 
(Instituto Nacional do Desenvolvimento do Esporte), foi elaborado um documento-
ensaio com os princípios fundamentais do esporte educacional, sendo estes:
• Princípio da coeducação: concepção da educação que, como um processo 
unitário de integração e modificação recíproca, considera a heterogeneidade (sexo, 
idade, nível socioeconômico, condição física etc.) dos atores sociais envolvidos e, 
fundamenta-se nas experiências vividas de cada um dos participantes, estruturando 
a atuação pedagógica apoiada na ação e reflexão.
• Princípio da cooperação: união de esforços no exercício constante da busca 
do desenvolvimento de ações conjuntas para a realização de objetivos comuns, 
fundamentada no potencial cooperativo e no sentimento comunitário de cada 
um dos participantes do processo, estreitando, assim, os laços de solidariedade, 
parceria e confiança mútua, de forma a fortalecer as habilidades em perseverar, 
em compartilhar sucessos e insucessos, em compreender e aceitar o outro, como 
elementos constitutivos do processo de coevolução do homem.
• Princípio da emancipação: busca da independência, autonomia e liberdade do 
ser humano, fundamentando-se nos princípios da educação transpessoal, pelo qual 
o aprendiz é encorajado a despertar, a se tornar autônomo, a indagar, a explorar 
todos os cantos e frestas da experiência consciente, a procurar os significados, a 
testar os limites exteriores, a verificar as fronteiras e as profundidades do próprio 
eu oportunizando assim, o desenvolvimento por intermédio da criatividade e da 
autenticidade, da capacidade de discernir criticamente e elaborar genuinamente as 
suas próprias razões de existir.
• Princípio da participação: valorização do processo de interferência do homem 
na realidade na qual está inserido, fundamentado nos princípios de cogestão, 
corresponsabilidade, integração e favorecendo seu comprometimento, como ator-
construtor dessa mesma realidade, propiciando o gerenciamento das questões 
de seu interesse, tendo em vista o processo de organização social decorrente do 
exercício de seus direitos e responsabilidades.
• Princípio do regionalismo: respeito, proteção e valorização das raízes e heranças 
culturais, como sinergias constitutivas do todo, considerando a singularidade inerente 
aos diversos mundos culturais, surgidos da relação intrínseca entre seus elementos, 
de forma a resgatar e preservar a sua identidade cultural, no processo de construção 
do coletivo.
• Princípio da totalidade: fortalecimento da unidade do homem (consigo, com o outro 
e com o mundo), considerando a emoção, a sensação, o pensamento e a intuição 
como elementos indissociáveis, favorecendo assim o desenvolvimento do processo 
de autoconhecimento, autoestima e autossuperação, visando a preservação de sua 
individualidade em relação às diversas outras individualidades, tendo em vista o 
contexto uno e diverso no qual está inserido.
66
Neste contexto há um reconhecimento da importância da presença do esporte 
na escola, no entanto se enfatiza a necessidade de priorizar o desenvolvimento do 
indivíduo e não apenas o desenvolvimento de habilidades técnicas dos esportes. 
O esporte educacional, voltado prioritariamente às crianças e adolescentes 
que se encontram regularmente matriculadas nas escolas, mas também para jovens 
e adultos universitários, tem como objetivo o desenvolvimento integral, respeitando-
se as dimensões física, moral e mental, e, ainda, atua como ferramenta de inclusão 
social. Ele está relacionado diretamente à aplicação das aulas de Educação Física como 
instrumento científico de orientação, controle e desenvolvimento das capacidades e 
habilidades dos alunos (SANTOS, 2018; SEVEGNAMI et al., 2019).
INTERESSANTE
Estudos apontam que o esporte é um fator de motivação escolar. Por isso, 
investir na prática esportiva, além de ser um caminho certeiro para inspirar cada 
vez mais alunos a se dedicarem às diferentes modalidades, descobrirem novos 
estilos de vida e aprenderem sobre valores fundamentais à vida em sociedade, 
também pode ser uma estratégia para que os jovens mantenham o interesse na 
educação (SOARES; SILVA, 2019).3 ESPORTE DE PARTICIPAÇÃO
O esporte de participação, segundo tipo de manifestação esportiva vigente, 
é aquele praticado de modo voluntário, livremente pelas pessoas, sem que haja 
necessidade de se cumprir as regras oficiais das modalidades, estando associado 
intimamente com o lazer e o tempo livre e ocorre em espaços não comprometidos com 
o tempo e fora das obrigações da vida diária (TUBINO, 2001). 
Este mesmo autor ainda faz referência a essa dimensão do esporte dizendo 
que a integração entre povos através de parcerias e alianças desenvolvidas entre as 
comunidades é que fortalece esses grupos (comunidades). Por tudo isso, é que podemos 
perceber que essa dimensão juntamente com o esporte educação, quando trabalhado 
seguindo seus preceitos e objetivos reais, podem estar mais interrelacionadas com os 
caminhos democráticos em relação a prática do esportiva (SEVEGNAMI et al., 2019).
Sendo assim, seu principal objetivo é influenciar positivamente, a partir do 
princípio do prazer lúdico, nas interações entre as pessoas, sendo fundamental para 
contribuir nos aspectos da vida social, buscando a promoção da saúde, preservação do 
meio ambiente e a educação relacional para todos (SANTOS, 2018). 
67
IMPORTANTE
Fica evidente que nesta dimensão do esporte há preocupação com o 
prazer, diversão, e integração social entre povos, e não o comprometimento 
exacerbado em obter vitórias ou novos êxitos, sendo um espaço de práticas 
onde as pessoas podem praticar e sentir-se bem.
Para Almeida e Gutierrez (2008), esse tipo de manifestação esportiva apresenta 
as seguintes características aos praticantes:
• Favorecer uma prática esportiva que elimine diferenças no sentido de democratizar o 
bem-estar.
• Perceber a facilidade de acesso à prática das atividades físicas e esportivas oferecidas 
por uma estrutura de funcionamento organizada com segurança para a integridade 
pessoal de todos.
• Realizar atividades físicas sem pretensão de superar índices individuais, ou seja, para 
apenas sentir-se integrado ao meio ambiente.
• Sentir-se satisfeito pela convivência com as pessoas.
• Ser atraído para a prática de um esporte despojado de comparações atléticas.
• Tornar possível a realização do convívio social e seu aproveitamento, decorrente do 
esporte.
Ainda que o esporte de participação esteja relacionado a forma mais livre de sua 
prática, podemos considerá-lo também como um potente mercado de trabalho para os 
profissionais de Educação Física. 
Sabemos que há programas governamentais que utilizam esta ferramenta como 
forma de desenvolvimento social, e que, além disso, há uma crescente procura de jovens 
e adultos em aprender as técnicas e regras de esportes para o lazer, principalmente em 
esportes de areias, tais como o beach tennis, beach soccer, futevôlei, vôlei, entre outros.
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FIGURA 2 – PROGRAMA ESPORTE PARA TODOS
FONTE: <http://paulista.pe.gov.br/site/noticias/detalhes/1964>. Acesso em: 12 jan. 2022.
FIGURA 3 – AULA DE BEACH TENNIS
FONTE: <https://www.mogidascruzes.sp.gov.br/noticia/parque-da-cidade-tem-inscricoes-abertas-
para-aulas-gratuitas-de-beach-tennis>. Acesso em: 12 jan. 2022.
INTERESSANTE
O esporte de participação ganhou força a partir do movimento Esporte para 
Todos (EPT), que surgiu no Brasil em 1973, fundamentado em princípios que 
defendiam a democratização das atividades físicas e esportivas. O principal 
objetivo do EPT era conduzir as condutas da população, disseminando 
práticas esportivas orientadas para o lazer e a recreação (TEIXEIRA, 2009; 
(SEVEGNAMI et al., 2019).
69
4 ESPORTE DE RENDIMENTO
O esporte de rendimento, terceiro tipo de manifestação esportiva, é caracterizado 
como esporte de alta competitividade, ou esporte-espetáculo, tendo sua atividade 
centrada na finalidade de obter resultados, o que equivale a dizer obter resultados 
provenientes dos mais altos rendimentos.
Este tipo de esporte pode ser praticado de maneira profissional, quando o atleta 
recebe salário, ou de forma não profissional (amadora).
LEMBRETE
Vimos na unidade 1 deste Livro Didático sobre a transformação das práticas 
corporais e dos jogos populares em esportes e, consequentemente, no 
mercado esportivo, tendo este tipo de manifestação ganhado destaque em 
nossa cultura e influenciando fortemente nossos hábitos de consumo.
Neste sentido, o esporte de rendimento compreende as modalidades esportivas 
praticadas conforme regras nacionais e internacionais, com vistas à obtenção de 
resultados e à competição entre seus praticantes, tendo como finalidade a integração 
entre as pessoas e comunidades de diferentes nações.
São exemplos dessa manifestação esportiva as modalidades disputadas nos 
Jogos Olímpicos e Paralímpicos, como o atletismo, o basquete, o futebol, entre outros. 
Mas também aqueles organizados por confederações, federações e ligas amadoras.
De acordo com a Lei Pelé, o Sistema Nacional do Desporto deve reunir pessoas 
físicas e jurídicas, assim como instituições privadas com ou sem fins lucrativos para 
determinar as responsabilidades necessárias para o aprimoramento do esporte de 
rendimento. Sendo assim, funções de coordenação, administração e normatização dos 
esportes de rendimento devem ficar sob responsabilidade de instituições como:
• Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
• Entidades nacionais (Ex.: Confederação Brasileira de Basketball – CBB).
• Entidades regionais (Ex.: Federação Catarinense de Futsal – FCFS).
• Ligas regionais e nacionais.
• Comitê Brasileiro de Clubes (CBC).
• Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos (CBCP).
70
IMPORTANTE
Darido e Rangel (2008) fazem referência a essa dimensão do esporte 
expondo que o mesmo apresenta uma tendência a ser praticado 
pelos talentos esportivos selecionados, o que marca o seu caráter 
antidemocrático. Nessa tendência o esporte segue uma linha que quem 
o pratica são considerados os melhores, pois um dos objetivos é a vitória, 
deixando de lado o caráter de democracia, onde quem quisesse praticar 
poderia praticar. É justamente a partir dessas características que quando o 
esporte de rendimento é trabalhado dentro das escolas a literatura crítica 
fica aguçada, mostrando que essa dimensão pode trazer malefícios para os 
alunos, como por exemplo, a especialização precoce, o selecionamento e 
a exclusão daqueles considerados não aptos para a prática dos esportes.
A crítica surge a partir da supervalorização dos esportes no contexto escolar, 
potencializado pela realização dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs), que nasceu em 
1976, sendo realizado anualmente até 2004 e tendo retornado ao programa do governo 
no ano de 2021. Segundo o Conselho Nacional do Esporte, o evento proporciona aos 
estudantes-atletas o desenvolvimento dos valores do esporte, intercâmbio 
esportivo e cultural e a chance de se tornarem atletas profissionais, tendo 
como objetivos:
• Contribuir para o desenvolvimento integral do aluno como ser social, autônomo, 
democrático e participante, estimulando o pleno exercício da cidadania por meio 
do esporte.
• Fomentar a prática do esporte escolar com fins educativos.
• Garantir o conhecimento do esporte de modo a oferecer mais oportunidade de acesso 
à prática do esporte escolar aos alunos.
• Possibilitar a identificação de talentos esportivos nas escolas.
Associado aos eventos esportivos de alto rendimento destacamos também 
a existência de programas de incentivo, como o bolsa atleta, criado no ano de 2005. 
Dentre as diversas categorias, atualmente em vigência, duas chamam a atenção por 
tratar do esporte de rendimento aos jovens em idade escolar: categoria atleta estudantil 
e categoria atleta de base. Ambas as categorias possuem o pré-requisito de atender 
ao público jovem entre 14 e 20 anos de idade, devidamente matriculados em escolas 
públicas ou privadas. Para concorrer a esta bolsa o jovem atleta deverá comprovar sua 
participação e obtenção de resultados esportivos em competições federativas no ano 
anterior ao pleito.
Por vezes há uma confusão na interpretação desta relaçãoentre esporte de 
rendimento, esporte escolar e esporte de formação.
Vamos falar um pouco mais sobre este assunto!
71
5 ESPORTE DE FORMAÇÃO
O esporte de formação, quarto tipo de manifestação esportiva, se caracteriza 
por ser aquele que oferece iniciação esportiva aos atletas que buscam adquirir 
conhecimentos para aperfeiçoar sua capacidade técnica esportiva, não somente para 
fins competitivos, mas também com finalidade recreativa.
LEMBRETE
Vimos na Unidade 1 deste Livro Didático que o processo de iniciação 
e formação esportiva, principalmente o treinamento com crianças e 
adolescentes, não deve visar apenas o alto rendimento, mas um processo de 
ensino-aprendizagem integral, ou seja, um processo pedagógico que auxilie 
no desenvolvimento dos aspectos atléticos e sociais.
Segundo a literatura acadêmica tradicional (ZAKHAROV; GOMES, 1992; 
WEINECK, 1999; GRECO, 2000; BOMPA, 2001), independentemente de seu potencial 
esportivo, os indivíduos devem percorrer determinadas fases em seu processo de 
formação, sendo estas:
• Iniciação básica geral: que procure desenvolver todas as capacidades e habilidades 
motoras básicas, priorizando um trabalho multilateral e variado até aproximadamente 
11/12 anos de idade (início da primeira fase puberal – pubescência), na qual as 
crianças e adolescentes que não têm potencial para o esporte de alto rendimento 
devem ser orientadas para que o utilizem como forma de lazer e saúde.
• Especialização ou formação específica: que consiste em treinamento físico, 
técnico e tático específico para a modalidade escolhida, a partir dos 13 anos de idade, 
período no qual o adolescente se aproxima da segunda fase puberal.
• Alto rendimento: estabilização e aprimoramento dos aspectos desenvolvidos 
na fase anterior com o objetivo de performance, recomendado para a fase final da 
adolescência.
• Direção: fase de readaptação do atleta após encerrar sua carreira esportiva para que 
ele utilize o esporte como lazer e saúde.
NOTA
Greco (2000) acrescenta ainda a fase de orientação, que sob a base da 
iniciação básica geral, pode-se começar com a orientação técnica de duas 
modalidades esportivas, de preferência complementares.
72
Por se tratar de um importante tema da Educação Física, vamos nos aprofundar 
um pouco mais na questão da iniciação esportiva, chamando a atenção para os possíveis 
malefícios da especialização precoce.
A iniciação esportiva é definida como um período em que a criança começa a 
aprender, de forma específica e planejada, determinada prática esportiva (SANTANA, 
2005), sendo considerado, como visto anteriormente, o primeiro passo na formação 
esportiva, onde se procura ensinar os aspectos básicos de uma ou mais modalidades. 
Para Oliveira e Paes (2004), é um período que abrange desde o momento em que 
as crianças se iniciam nos esportes, geralmente na escola, até a decisão por praticarem 
uma modalidade específica.
FIGURA 4 – INICIAÇÃO ESPORTIVA ESCOLAR
FONTE: <https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/iniciacao-esportiva-desperta-gosto-pela-
atividade-fisica-em-criancas/50829>. Acesso em: 18 jan. 2022.
Quando falamos em crianças em idade escolar, consideramos este ser o período 
da vida em que a aprendizagem de habilidades ou desenvolvimento de aptidões e 
competências se faz de forma mais facilitada (LOPES; MAIA, 2000).
73
IMPORTANTE
Côté et al. (2005) relatam a existência de períodos chave no desenvolvimento 
desportivo e enfatizam que a participação da criança numa ampla variedade 
de atividades esportivas colabora com o enriquecimento de seu repertório 
motor. Essa diversificação das práticas permite também fomentar 
habilidades, providenciando uma contribuição ativa no que diz respeito 
ao desenvolvimento psicomotor e multilateral dos aprendizes. Este tipo de 
abordagem multilateral facilita o desenvolvimento da motivação intrínseca, 
a qual está relacionada com a longevidade desportiva e proporciona 
estímulos diversos que permitem uma aquisição motora geral.
Importante falarmos também sobre as diferentes abordagens encontradas 
na literatura acadêmica com relação as etapas da formação esportiva. Autores como 
Almeida (1996), Arena e Bohme (2000), Paes (2001) e Greco e Benda (1998) classificam 
as fases a partir da idade cronológica. Já Freire (2003) prefere levar em consideração a 
bagagem cultural do aprendiz, como podemos ver a seguir:
• Almeida (1996) defende que a iniciação esportiva deve ser dividida em três fases: a 
primeira chamada de iniciação esportiva deve ocorrer entre os 8 e 9 anos de idade 
e tem como objetivo a aquisição de habilidades motoras e destrezas específicas e 
globais, realizada através de formas básicas de movimento e de jogos pré-esportivos. 
A segunda fase chamada de aperfeiçoamento esportivo, deve ocorrer entre os 10 e os 
11 anos de idade e tem como objetivo introduzir os elementos técnicos fundamentais, 
táticas gerais e regras através de jogos educativos e atividades esportivas com regras. 
Já a terceira e última fase, deve ocorrer entre os 12 e 13 anos de idade e tem como 
objetivo o aperfeiçoamento das técnicas individuais, dos sistemas táticos, além da 
aquisição das qualidades físicas necessárias à prática dos esportes.
• Arena e Bohme (2000) desenvolveram sua proposta no sentido de alertar sobre os 
problemas que podem advir de uma especialização precoce. Desta forma, consideram 
que o processo de treinamento seja realizado através de uma preparação planejada e 
sistematizada. Segundo as autoras, isso deve ocorrer em três fases: a primeira sendo 
a iniciação e formação básica geral (12-13 anos), a segunda o treinamento específico 
(período destinado ao aprimoramento dos gestos específicos da modalidade) a 
partir dos 13 anos de idade, e a terceira fase sendo a estabilização das capacidades 
coordenativas com o aumento otimizado das capacidades condicionais (a partir dos 
17-18 anos de idade).
• Paes (2001) centra a atenção nas aulas de Educação Física. Essa proposta de iniciação 
esportiva apresenta um caráter multidisciplinar e está dividida em quatro fases: a 
primeira compreende os alunos de 07 e 08 anos de idade, no qual o trabalho enfatiza o 
domínio corporal e a manipulação de bolas e objetos. A segunda os alunos com idades 
entre 09 e 10 anos, no qual as habilidades a são desenvolvidas mais especificamente. 
A terceira entre os 11 e 12 anos idade, no qual o trabalho é centrado nos fundamentos 
básicos das principais modalidades esportivas. Por último, com os alunos entre 13 e 14 
anos de idade, trabalha-se o jogo e os sistemas ofensivos e defensivos.
74
• Greco e Benda (1998) dividem o processo de ensino-aprendizagem-treinamento 
a longo prazo em fases, no qual cada fase possui referências etárias e conteúdo 
específicos que devem ser trabalhados em função das características do praticante 
e da tarefa, sendo que o processo é dividido em nove fases: pré-escolar (4 a 6 anos), 
com vivências diversificadas de movimentos, a fim de desenvolver um repertório 
motor extenso; fase universal (6 a 12 anos), voltada a uma preparação geral, a fim 
de criar uma base ampla e variada de movimentos que ressaltam o aspecto lúdico; 
fase de orientação (12 a 14 anos), no qual ocorre a automatização de grande parte 
dos movimentos trabalhados na fase anterior, liberando a cognição para a realização 
de movimentos concomitantes; fase de direção (14 a 16 anos) com vivências de duas 
ou três modalidades esportivas diferentes, porém complementares em um sentido 
psicomotor e início do aperfeiçoamento e especialização de técnicas específicas 
para cada modalidade esportiva; fase de especialização (16 a 18 anos) no qual 
ocorre a concretização da especialização da modalidade escolhida, com otimização 
e aperfeiçoamento dos conhecimentos técnico e tático; fase de aproximação/
integração (18 a 21 anos) no qual ocorre a transição do jovem para uma possível 
carreira esportiva; fase de alto nível (a partir dos 21 anos) no qual ocorre o máximo do 
desempenho esportivo; fase de readaptação com o objetivode destreinar de maneira 
saudável um atleta que por qualquer motivo tenha deixado de seguir no treinamento 
de alto nível; fase de recreação e saúde, em destaque para pessoas com mais de 16 
anos que optem por ter o esporte em um nível de menor comprometimento, ou seja, 
em participação de programas de atividade física que assegurem os efeitos positivos 
na manutenção da função fisiológica.
• Freire (2003) apresenta uma abordagem específica para o futebol e divide em seis 
fases de formação. A primeira compreende crianças entre os 6 e 7 anos de idade. 
Nessa fase, o importante é o brincar, todavia já deve haver um conceito de regras a 
fim de que as mesmas possam assimilar, conhecer e obedecer as regras. Na segunda 
fase (7 aos 9 anos), o número de brincadeiras diminui e o número e complexidade de 
regras aumenta. Na terceira fase, com crianças entre os 9 e os 11 anos, através de 
atividades lúdicas, inicia-se o rodízio de posições para que os alunos experimentem 
todas as posições no campo de jogo. Dos 11 aos 13 anos, durante a quarta fase, 
introduz-se o conceito de táticas e o rodízio de posições deve ser ainda trabalhado. Na 
quinta fase (13 aos 15 anos), início da preparação física e conceitos de ataque-defesa 
e defesa-ataque. Na última fase (15 aos 16 anos) se deve trabalhar os conceitos de 
tática, além de intensificar a preparação física e o aprimoramento técnico.
Notamos que as etapas de formação esportiva, mesmo que fundamentadas por 
diferentes bases teóricas, apresentam uma lógica comum em seu desenvolvimento. 
Neste sentido, a utilização de uma ou de outra tem relação com o contexto e as 
possibilidades nas quais o professor estiver inserido. Queremos deixar evidente a 
importância de uma iniciação esportiva que busque o desenvolvimento amplo do 
ser humano, sendo a mesma apresentada por uma divisão etária, exigindo assim do 
professor o estabelecimento de objetivos, conteúdos, metodologias e avaliações 
diferenciadas, principalmente para evitar a especialização precoce.
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Você sabe a diferença entre iniciação esportiva e especialização precoce? 
Pois bem, vimos até aqui que é altamente positivo e recomendado que a 
criança, desde a muito cedo, passe a ter convívio com a prática esportiva, no entanto, 
é importante destacarmos sobre os cuidados com sua prática excessiva e unilateral.
NOTA
A iniciação ou especialização esportiva precoce caracteriza-se por cargas de 
treino muito intensas, que promovem rápidos desenvolvimentos da prestação 
desportiva nas fases iniciais, mas que levam a um esgotamento prematuro da 
capacidade de rendimento, promovendo aquilo que se designa por barreiras 
de desenvolvimento.
A especialização precoce se refere ao resultado da aplicação de sistemas de 
treino não adequados ou a utilização dos sistemas de treino dos adultos com crianças 
ou jovens. 
Voser, Neto e Vargas (2007) definem iniciação desportiva precoce como 
atividade esportiva desenvolvida antes da puberdade, caracterizada por uma alta 
dedicação aos treinamentos (mais de 10 horas semanais) e principalmente por ter uma 
finalidade eminentemente competitiva.
Os problemas relacionados com a especialização precoce na iniciação esportiva 
na vida de uma criança vão além de apenas problemas relacionados ao desenvolvimento 
físico e motor de uma criança. Segundo aponta Kunz (1989), a formação escolar 
deficiente e a reduzida participação em atividades, brincadeiras e jogos do mundo 
infantil, indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade na infância, poderão 
afetar de forma negativa e significativa o futuro de uma criança.
76
FIGURA 5 – ESPECIALIZAÇÃO ESPORTIVA PRECOCE
FONTE: <https://www.cienciadabola.com.br/blog/especializacao-esportiva-precoce>. 
Acesso em: 18 jan. 2022.
 Este tipo de treinamento acontece possivelmente por dois motivos: a falta 
de conhecimento do professor e/ou as ações (pressões, ideias, valores) oriundas 
do sistema, na qual ao observar um grande potencial na criança, os professores se 
preocupam com a elevação do seu rendimento e incentivam a obtenção de resultados 
imediatos na modalidade.
77
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A Lei Pelé, de 1998, dividiu as manifestações esportivas em 4 tipos: esporte 
educacional, esporte de participação, esporte de rendimento e esporte de formação. 
• O esporte educacional consiste, basicamente, naquele que se encontra inserido 
obrigatoriamente nos currículos escolares, mas também se manifesta no ensino 
superior e em ambientes fora da escola. 
• O esporte de participação consiste, basicamente, naquele praticado em forma de 
lazer e ocupação do tempo livre, podendo também estar associado a programas 
sociais e aulas particulares.
• O esporte de rendimento consiste, basicamente, naquele praticado por atletas 
profissionais ou amadores, com vistas a obtenção de resultados e máxima 
performance atlética. 
• O esporte de formação consiste, basicamente, naquele praticado por crianças, 
adolescentes e jovens em idade escolar, que tem sua iniciação esportiva na escola, 
mas também podem praticar em espaços paralelos que oferecem formação 
especializada em determinada modalidade.
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1 Com base nos quatro tipos de manifestações esportivas apresentadas neste tópico 
de estudos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O esporte de formação atende, preferencialmente, ao público de crianças, 
adolescentes e jovens em idade escolar, que buscam a aprendizagem de 
determinadas modalidades esportivas.
b) ( ) O esporte escolar deve, exclusivamente, atuar no campo da aprendizagem e 
desenvolvimento dos aspectos motores de seus alunos praticantes.
c) ( ) O esporte de participação busca, exclusivamente, o desenvolvimento dos 
aspectos sociais de seus participantes.
d) ( ) O esporte de rendimento atende, preferencialmente, ao público de crianças, 
adolescentes e jovens em idade escolar, que buscam a aprendizagem de 
determinadas modalidades esportivas.
2 Considerando as fases do desenvolvimento esportivo (ZAKHAROV; GOMES, 1992; 
WEINECK, 1999; GRECO, 2000; BOMPA, 2001) presentes na literatura acadêmica 
tradicional e resumidas neste tópico de estudos, analise as sentenças a seguir:
I- A fase de alto rendimento busca a readaptação do atleta após encerrar sua carreira 
esportiva para que ele utilize o esporte como lazer e saúde.
II- A especialização ou formação específica consiste em treinamento físico, técnico e 
tático específico para a modalidade escolhida, sendo recomendada a partir dos 13 
anos de idade aproximadamente, na segunda fase puberal do adolescente.
III- A iniciação básica considera a estabilização e aprimoramento dos aspectos 
desenvolvidos precocemente pela criança.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
AUTOATIVIDADE
79
3 O esporte de rendimento, terceiro tipo de manifestação esportiva, é caracterizado 
como esporte de alta competitividade, ou esporte-espetáculo, tendo sua atividade 
centrada na finalidade de obter resultados, o que equivale a dizer obter resultados 
provenientes dos mais altos  rendimentos. Baseado nesta afirmação, classifique V 
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
(        ) O esporte de rendimento compreende as modalidades esportivas praticadas 
conforme regras nacionais e internacionais, com vistas à obtenção de resultados e 
à competição entre seus praticantes, tendo como finalidade a integração entre as 
pessoas e comunidades de diferentes nações.
(    ) De acordo com a Lei Pelé, a responsabilidade pela gestão do Sistema Nacional do 
Desporto, é de instituições privadas com ou sem fins lucrativos, tais como como as 
confederações, federações e ligas amadoras.
(    ) São exemplos dessa manifestação esportiva as modalidades disputadas nos Jogos 
Olímpicos, Paralímpicos e Escolares, sendo que este último deve ser tratado de formaexclusiva na organização curricular do ensino dos esportes no contexto escolar.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - V - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 Ao longo deste tópico estudamos sobre os diferentes tipos de manifestações esportiva, 
alertando a você, acadêmico, sobre a importância da organização do conteúdo a ser 
trabalhado com crianças em fase de iniciação esportiva. A partir daquilo que você 
aprendeu, disserte sobre a questão da especialização esportiva precoce, trazendo 
sua definição e possíveis consequências.
5 Conforme apresenta a Lei Pelé, fundamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB) que estabelece que a Educação Física é obrigatória 
no currículo da educação básica, o esporte educacional deve ser praticado, 
prioritariamente, nos estabelecimentos escolares, mas também pode se manifestar 
fora da escola, como por exemplo em programas e projetos que utilizam o esporte 
como ferramenta de inserção social. Além disso, a Constituição Federal vigente desde 
1988 determina que, em matéria de esportes, ele tenha prioridade na distribuição dos 
recursos públicos. Neste contexto, disserte sobre os princípios que fundamentam o 
esporte educacional.
80
81
DIVISÃO DOS ESPORTES
1 INTRODUÇÃO
UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 
Olá, acadêmico! Vamos dar continuidade aos nossos estudos em Pedagogia do 
Esporte, este é o segundo tópico da Unidade 2 do nosso Livro Didático. 
Você está preparado?
 
A partir deste momento abordaremos sobre a divisão dos esportes, mostrando 
suas diferentes definições e exemplificando suas múltiplas possibilidades enquanto 
conteúdo de ensino da Educação Física escolar.
INTERESSANTE
Os esportes são popularmente divididos por esportes coletivos e individuais, 
mas você sabia que existem categorizações que buscam construir uma 
relação de aproximação entre as diferentes modalidades? Esta divisão mais 
detalhada nos ajuda na distribuição dos conteúdos de ensino, conforme 
veremos no último tópico desta unidade. 
Para dar conta destes objetivos específicos, este tópico está dividido em outros 
seis subtópicos:
• Esportes de campo e taco
• Esportes de combate
• Esportes de invasão
• Esportes de marca e precisão
• Esportes de parede e rede
• Esportes técnico-combinatórios
82
IMPORTANTE
Fique atento não somente nas descrições e definições dos diferentes tipos 
de esportes, as figuras ilustrativas mostram que não é necessário o uso de 
materiais e espaços especializados para serem trabalhados os conteúdos, 
você, futuro professor, poderá utilizar de objetos alternativos de fácil 
acesso, como por exemplo: caixas de papelão, balões, garrafas plásticas, 
tampinhas, entre outros!
2 ESPORTES DE CAMPO E TACO
Os esportes de campo e taco são definidos por modalidades que têm como 
objetivo a proteção de sua base de jogo e rebater a bola de forma que a equipe adversária 
demore a assumir o seu controle, buscando percorrer o maior número de vezes as bases 
(ou a maior distância entre as bases) enquanto os defensores não recuperam o controle 
da bola e, assim, somar pontos em busca da vitória.
 
São exemplos de esportes de campo e taco:
• Beisebol
• Críquete
• Golfe
• Tacobol
• Softbol
Estes esportes possuem habilidades motoras em comum, e para realização de 
suas partidas é necessário ter objetos como taco e bola. 
Vamos ver alguns exemplos desses esportes sendo trabalhados na Educação 
Física escolar?
83
FIGURA 6 – BEISEBOL NA ESCOLA
FONTE: <http://blogdaprozu.blogspot.com/2016/01/beisebol-no-contexto-escolar.html/>. 
Acesso em: 20 jan. 2022.
FIGURA 7 – TACOBOL NA ESCOLA
FONTE: <https://noticias.itapevi.sp.gov.br/jei-inicia-competicao-de-jogo-de-taco-em-itapevi/>. 
Acesso em: 20 jan. 2022.
3 ESPORTES DE COMBATE
Os esportes de combate são as lutas e artes marciais transformadas em esportes, 
sendo que cada uma das modalidades possui suas regras e técnicas predefinidas.
O objetivo dos esportes de combate é realizar pontos superando seu adversário, 
seja dominando-o ou levando-o ao nocaute. Podendo estes serem realizados no corpo 
a corpo ou com uso de objetos.
84
São exemplos de esportes de combate:
• Boxe
• Capoeira
• Caratê
• Esgrima
• Jiu-jitsu
• Judô
• Kendo
• Kung-fu
• Luta Greco-romana
• Luta Livre
• MMA
• Muay Thai
• Taekwondo
NOTA
Existem diversas outras possibilidades de esportes de combate, devido suas 
ramificações e origens culturais. Listamos aqui apenas alguns exemplos 
destas práticas!
Vamos ver alguns exemplos desses esportes sendo trabalhados na Educação 
Física escolar?
85
FIGURA 8 – BOXE NA ESCOLA
FONTE: <http://lisoboxe.blogspot.com/2016//>. Acesso em: 20 jan. 2022.
FIGURA 9 – CAPOEIRA NA ESCOLA
FONTE: <https://www.sismmac.org.br/noticias/10/alem-dos-muros-da-escola/8233/oficina-de-
capoeira-em-escolas-retorna-com-foco-na-musicalidade>. Acesso em: 20 jan. 2022.
INTERESSANTE
Entre os esportes citados, a capoeira está presente na cultura brasileira 
desde o tempo dos escravos. A capoeira é mais do que um esporte, é um 
misto de luta, arte, dança, ritmos e música, é uma forma de expressão cultural 
que reúne nossas raízes históricas, tradição e muitos benefícios para a saúde!
86
FIGURA 10 – ESGRIMA NA ESCOLA
FONTE: <http://ivanesporte.blogspot.com/2016/01/esgrima.html>. Acesso em: 20 jan. 2022.
4 ESPORTES DE INVASÃO
Os esportes de invasão possuem como objetivo principal o ataque ao campo 
adversário e a conquista de sua meta. Nesses esportes é possível perceber, entre outras 
semelhanças, que as equipes jogam em quadras ou campos retangulares. Em uma 
das linhas de fundo (ou num dos setores ao fundo), fica a meta a ser atacada, e na 
outra linha de fundo a que deve ser defendida. Para atacar a meta do adversário, uma 
equipe precisa, necessariamente, ter a posse de bola (ou objeto usado como bola) para 
avançar sobre o campo do adversário (geralmente fazendo passes) e criar condições 
para fazer os gols, cestas ou touchdown. Só dá para chegar lá conduzindo, lançando ou 
batendo (com um chute, um arremesso, uma tacada) na bola, ou no objeto usado como 
bola, em direção à meta. Nesse tipo de esporte, ao mesmo tempo em que uma equipe 
tenta avançar a outra tenta impedir os avanços. E para evitar que uma chegue à meta 
defendida pela outra, é preciso reduzir os espaços de atuação do adversário de forma 
organizada e, sempre que possível, tentar recuperar a posse de bola para daí partir para 
o ataque (GONZÁLEZ; BRACHT, 2012).
São exemplos de esportes de invasão:
• Basquetebol
• Futebol americano
• Futebol
• Futsal
• Hóquei
• Polo aquático
• Rugby
 
87
Talvez estes sejam os esportes mais praticados no ambiente escolar, sobretudo 
pela popularidade e praticidade de suas práticas. Já que, basicamente, é necessário ter 
uma bola, equipes e alvos!
Vamos ver alguns exemplos desses esportes sendo trabalhados na Educação 
Física escolar?
FIGURA 11 – BASQUETEBOL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
FONTE: <https://miudinhos.com.br/aulas-especializadas/>. Acesso em: 20 jan. 2022.
FIGURA 12 – FUTSAL ADAPTADO NA ESCOLA (INCLUSÃO)
FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/18613/inclusao-com-educacao-fisica-adaptada-
professor-ensina-sobre-acessibilidade>. Acesso em: 20 jan. 2022.
88
FIGURA 13 – RÚGBY NA ESCOLA
FONTE: <https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/rugby-ganha-forca-nas-escolas-
municipais/24789>. Acesso em: 20 jan. 2022.
5 ESPORTES DE MARCA E PRECISÃO
Os esportes de marca são aqueles em que os competidores disputam através 
da comparação entre suas marcas ou registros em tempos, distâncias ou pesos. Nas 
corridas, por exemplo, vence quem realizar o percurso no menor tempo possível. Nos 
arremessos, a meta é atingir a maior distância. Já nos levantamentos de peso, vence 
quem levantar a maior quantidade de peso.
Já os esportes de precisão têm como objetivo atingir ou se aproximar de um alvo 
fixo ou móvel. São caracterizados pelo arremesso ou lançamento de um objeto com o 
objetivo de acertá-lo ou aproximá-lo de um alvo específico,estático ou em movimento. 
O objeto que deve acertar o alvo pode ser projetado de diferentes maneiras dependendo 
da modalidade, por exemplo, pode ser projetado por uma arma, como no caso do tiro 
e do arco e flecha ou pode ser golpeado com um taco, como no golfe e na sinuca, ou 
lançado com as mãos, como a bocha.
São exemplos de esportes de marca:
• Atletismo
• Automobilismo
• Canoagem
• Ciclismo
• Natação
• Crossfit
• Escalada
89
• Esqui alpino
• Hipismo
• Levantamento de peso
• Remo
• Salto de esqui
• Triatlo
• Vela
São exemplos de esportes de precisão:
• Bocha
• Boliche
• Curling
• Dardo
• Tiro
• Sinuca
INTERESSANTE
Pra você entender melhor as diferenças e semelhanças entre os esportes 
de marca e precisão, assista este breve vídeo no Youtube, no endereço 
eletrônico: https://www.youtube.com/watch?v=R_m5cnUqTs8
Você verá as inúmeras possibilidades presentes para pensar o contexto do 
desenvolvimento motor a partir desses esportes.
Vamos ver alguns exemplos desses esportes sendo trabalhados na Educação 
Física escolar?
FIGURA 13 – ARREMESSO DE PESO NA ESCOLA
FONTE: <https://jornalmaisbraganca.com.br/2020/03/11/1-circuito-escolar-de-atletismo-foi-
realizado-no-final-de-semana/>. Acesso em: 22 jan. 2022.
90
FIGURA 14 – PAREDÃO DE ESCALADA 
FONTE: <https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2012/10/22/criancas-da-emei-agostinho-
pattaro-ganham-paredinha-de-escalada-da-fef/>. Acesso em: 22 jan. 2022.
FIGURA 15 – BOLICHE COM GARRAFAS PET
FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/5717/com-boliches-dados-e-argolas-a-turma-
aprende-a-fazer-calculos/>. Acesso em: 22 jan. 2022.
6 ESPORTES DE PAREDE E REDE 
Os esportes de parede são aqueles em que os competidores alternam-se 
atacando a bola e rebatendo-a contra uma parede de rebote, como no caso do squash. 
O ponto ocorre quando um dos jogadores não consegue responder aos ataques 
adversários.
91
Já esportes de rede possuem como objetivo geral, jogar a bola por cima de uma 
rede para o campo adversário, de modo a dificultar a sua devolução. São caracterizados 
pelo lançamento ou rebatimento da bola em direção à quadra adversária quando os 
oponentes não podem devolvê-la da mesma forma.
São exemplos de esportes de parede e rede:
• Badminton
• Beach Tennis
• Futevôlei
• Padel
• Squash
• Tênis
• Tênis de mesa
• Vôlei
Vamos ver alguns exemplos desses esportes sendo trabalhados na Educação 
Física escolar?
FIGURA 16 – BADMINTON (PETECA)
FONTE: <https://campos.rj.gov.br/exibirNoticia.php?id_noticia=26451/>. Acesso em: 22 jan. 2022.
92
FIGURA 17 – VÔLEI NA ESCOLA
FONTE: <https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/atleta-olimpico-de-volei-visita-escola-municipal-
e-alunos-do-pase/36370/>. Acesso em: 22 jan. 2022.
7 ESPORTES TÉCNICO-COMBINATÓRIOS 
Os esportes técnicos-combinatórios são aqueles em que atletas cumprem uma 
rotina de movimentos e são avaliados por uma banca de juízes. Os juízes julgam o grau 
de dificuldade da execução e a precisão dos movimentos. São modalidades nas quais 
o importante é a realização técnica do movimento. Este é analisado e comparado aos 
movimentos realizados por outros e julgado segundo padrões técnicos estabelecidos de 
acordo com a modalidade.
São exemplos de esportes técnico-combinatórios:
• Breakdance
• Ginástica artística
• Ginástica rítmica
• Patinação artística
• Saltos ornamentais
• Slackline
• Surfe
Vamos ver alguns exemplos desses esportes sendo trabalhados na Educação 
Física escolar?
93
FIGURA 18 – GINÁSTICA AO AR LIVRE
FONTE: <https://www.redeicm.org.br/auxiliadora/educacao-infantil-motricidade-ginastica-geral/>. 
Acesso em: 22 jan. 2022.
FIGURA 19 – SLACKLINE
FONTE: <https://www.cep.pr.gov.br/Noticia/Nas-aulas-de-slackline-estudantes-treinam-o-
equilibrio-e-concentracao/>. Acesso em: 22 jan. 2022.
94
IMPORTANTE
Os esportes técnico-combinatórios, assim como as múltiplas variedades 
presentes no atletismo (esporte de marca), possuem elementos básicos 
fundamentais para o desenvolvimento das capacidades condicionais (força, 
velocidade, resistência e flexibilidade) e das capacidades coordenativas 
(agilidade, equilíbrio, memória motora, orientação tempo-espaço, reação e 
ritmo) das crianças!
95
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os esportes são divididos em categorias que buscam construir uma relação de 
aproximação entre as regras, espaços, objetos e habilidades presentes nas diferentes 
modalidades. 
• As seis categorias existentes são: esportes de campo e taco; combate; invasão; 
marca e precisão; parede e rede; técnico-combinatórios.
• A divisão dos esportes tem a função de auxiliar o professor de Educação Física na 
montagem e distribuição dos conteúdos de ensino. 
• O professor poderá trabalhar os diferentes tipos de esportes a partir da reutilização e 
adaptação de materiais e espaços, tendo como pano de fundo as definições gerais de 
cada categoria de esporte existente.
96
1 Com base nas características e definições apresentadas sobre os esportes de 
combate, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Os esportes de combate são lutas e artes marciais, portanto fazem uma apologia 
à violência e não devem ser trabalhadas no contexto escolar.
b) ( ) O objetivo dos esportes de combate é dominar e levar ao nocaute, de forma 
agressiva, qualquer adversário.
c) ( ) Os esportes de combate são as lutas e artes marciais transformadas em 
esportes, sendo que, cada uma das modalidades possui suas regras e técnicas 
pré-definidas.
d) ( ) Os esportes de combate são as lutas e artes marciais transformadas em 
esportes, sendo geridas por uma única confederação internacional que 
universaliza suas regras.
 
2 Considerando as características e definições apresentadas sobre os esportes de 
invasão, analise as sentenças a seguir:
I- Nesses esportes é possível perceber, entre outras semelhanças, que as equipes 
jogam em quadras ou campos retangulares.
II- São exemplos de esportes de invasão: basquetebol, futebol, handebol e voleibol.
III- Os esportes de invasão possuem como objetivo principal o ataque ao campo 
adversário e a conquista de sua meta.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
AUTOATIVIDADE
97
3 Com base nas características e definições apresentadas sobre os esportes de campo 
e taco, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Os esportes de campo e taco são definidos por modalidades que têm como objetivo 
a proteção de sua base de jogo e rebater a bola de forma que a equipe adversária 
demore a assumir o seu controle, buscando percorrer o maior número de vezes as 
bases (ou a maior distância entre as bases) enquanto os defensores não recuperam 
o controle da bola e, assim, somar pontos em busca da vitória.
( ) Os esportes de campo e taco são aqueles em que os competidores alternam-se 
atacando a bola e rebatendo-a contra uma parede de rebote, como no caso do 
squash. O ponto ocorre quando um dos jogadores não consegue responder aos 
ataques adversários.
( ) São exemplos de esportes de campo e taco: beisebol, padel e tênis de mesa.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 Vimos ao longo deste tópico que a Educação Física escolar apresenta múltiplas 
possibilidades de intervenção, sobretudo a partir da utilização de diferentes de tipos 
de esportes. Com relação a este tema estudado, disserte sobre as divisões dos 
esportes, o motivo da existência destas categorizações, e de que forma estes podem 
ser trabalhados no contexto escolar. 
5 Os esportes técnicos-combinatórios são aqueles em que atletas cumprem uma rotina 
de movimentos e são avaliados por uma banca de juízes. Os juízes julgam o grau de 
dificuldade da execução e a precisão dos movimentos. São modalidades nas quais o 
importante é a realizaçãotécnica do movimento. Este é analisado e comparado aos 
movimentos realizados por outros e julgado segundo padrões técnicos estabelecidos 
de acordo com a modalidade. A partir dessa definição, disserte sobre a importância 
desses esportes para o desenvolvimento das crianças e adolescentes, exemplificando 
possibilidades de modalidades que podem ser trabalhadas no contexto escolar.
98
99
TÓPICO 3 - 
CONVERSANDO COM A BNCC
1 INTRODUÇÃO
UNIDADE 2
Olá, acadêmico! Chegamos ao último tópico deste Livro Didático. 
Aqui, vamos realizar apontamentos sobre a Base Nacional Comum Curricular 
(BNCC) e suas relações com a Educação em geral, e com a Educação Física e o ensino 
dos esportes em específico.
Para darmos conta destes objetivos separamos este tópico em outros dois 
subtópicos:
• Potencialidades pedagógicas para o ensino dos esportes
• Organização do conteúdo “esporte escolar”
Ao final deste tópico, traremos também uma leitura complementar, além do 
resumo e de autoatividades que nos ajudam a fixar o conteúdo estudado.
Antes de começarmos, vamos falar um pouco sobre a trajetória da BNCC no 
contexto da educação nacional. Você está preparado?
A BNCC tem sido um dos assuntos mais falados na educação nos últimos anos 
e começou a ser elaborada no ano de 2015, a partir de uma análise sobre os documentos 
curriculares brasileiros realizada por especialistas indicados por secretarias municipais e 
estaduais de educação e por universidades.
Nos anos de 2015 e 2016 foram realizadas consultas públicas sobre as 
necessidades de melhorias no documento, possibilitando a participação mais direta da 
população. Esta iniciativa fez com que mais de 12 milhões de contribuições, a maioria 
realizada por profissionais da área da educação, fossem enviadas ao Ministério da 
Educação (MEC). 
INTERESSANTE
Você sabia que a BNCC é documento oficial que mais recebeu sugestões e 
contribuições na história do país?
100
Devido à alta demanda de críticas e sugestões, somente no ano de 2017 o 
MEC concluiu a sistematização dos conteúdos e encaminhou a terceira versão do 
texto ao Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão responsável por regulamentar 
o sistema nacional de educação, instituir e orientar a implementação da BNCC e 
realizar audiências públicas regionais sobre o documento. Ao final deste mesmo ano 
o texto introdutório da Base e as partes referentes à Educação Infantil e ao Ensino 
Fundamental foram aprovadas e oficializadas, já o texto sobre o Ensino Médio foi 
homologado somente em 2018.
Mas, você sabe o que é a BNCC?
A BNCC é um documento que pretende apontar as diretrizes sobre o que é 
ensinado nas escolas do Brasil, englobando todas as fases da educação básica, desde 
a Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Trata-se de uma espécie de referência 
dos objetivos de aprendizagem de cada uma das etapas de sua formação. Longe de ser 
considerado um currículo, a BNCC é uma ferramenta que busca orientar a elaboração 
do currículo específico de cada escola, considerando as particularidades metodológicas, 
sociais e regionais de cada instituição.
Ou seja, a Base estabelece os objetivos de aprendizagem que se quer alcançar, 
por meio da definição de competências e habilidades essenciais, enquanto o currículo 
irá determinar como esses objetivos serão alcançados, traçando as estratégias 
pedagógicas mais adequadas. 
O principal objetivo da Base é garantir a educação com equidade, por meio da 
definição das competências essenciais para a formação do cidadão em cada ano da 
educação básica.
INTERESSANTE
Apesar de sua recente elaboração e definição, a ideia de uma base curricular 
comum às escolas de todo o Brasil já existe desde a promulgação da Constituição 
de 1988, cujo artigo 210 prevê a criação de uma grade de conteúdos fixos a 
serem estudados no Ensino Fundamental. Entre os anos de 1997 e 2000, 
segundo estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDB),  foram criados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para os 
Ensinos Fundamental e Médio.  Somente mais tarde, por meio do Programa 
Currículo em Movimento, incluiu-se uma proposta para o desenvolvimento de 
uma grade também para a Educação Infantil.
101
Vamos aprender como está estruturado cada etapa da educação básica!
O texto da Educação Infantil é organizado por campos de experiências e se 
baseia em seis direitos da criança à aprendizagem e ao desenvolvimento:
• Brincar.
• Conhecer-se.
• Conviver.
• Explorar.
• Expressar.
• Participar.
E em cinco campos de experiências:
• Corpo, gestos e movimento.
• Escuta, fala, pensamento e imaginação.
• Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
• O eu, o outro e o nós,
• Traços, sons, cores e formas.
FIGURA 20 – BNCC EDUCAÇÃO INFANTIL
FONTE: <https://www.somospar.com.br/bncc-base-nacional-comum-curricular/>. 
Acesso em: 25 jan. 2022.
Por sua vez, o Ensino Fundamental, é dividido em cinco áreas do conhecimento:
• Ciências da Natureza (Ciências).
• Ciências Humanas (Geografia e História).
• Ensino Religioso.
• Linguagens (Artes, Educação Física, Língua Portuguesa e Língua Inglesa).
• Matemática.
102
FIGURA 21 – BNCC ENSINO FUNDAMENTAL
FONTE: <https://www.somospar.com.br/bncc-base-nacional-comum-curricular/>. 
Acesso em: 25 jan. 2022.
Por fim, o documento referente ao Ensino Médio é organizada em quatro áreas 
do conhecimento:
• Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
• Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
• Linguagens e suas Tecnologias.
• Matemática e suas Tecnologias.
IMPORTANTE
O documento que oferece a Base aos currículos nacionais vem sofrendo 
constantes alterações em seu texto ao longo dos anos. Fique atento as 
suas atualizações!
A seguir vamos falar sobre o lugar da Educação Física, e dos esportes, na BNCC.
2 POTENCIALIDADES PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO 
DOS ESPORTES
Ao considerar que o esporte desenvolvido na escola seja apropriado como um 
elemento da cultura a ser vivenciado ao longo da vida, a referência precisa ser o esporte 
praticado a partir de códigos como a saúde, a sociabilidade e o divertimento. Nesse 
sentido, essa perspectiva assume uma interface com uma das competências que o 
documento traz sobre o usufruto das práticas corporais de forma autônoma, visando 
potencializar o envolvimento do aprendiz em contextos de lazer, ampliar as redes de 
sociabilidade e a promoção da saúde (BRASIL, 2018).
103
Consta no documento oficial da BNCC (2018) que a Educação Física é o 
componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de 
codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades 
expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história. 
A partir desta concepção, o movimento humano está sempre inserido no âmbito da 
cultura e não se limita a um deslocamento espaço-temporal de um segmento corporal 
ou de um corpo todo. 
Nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como fenômeno cultural 
dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório. Desse modo, é 
possível assegurar aos aprendizes a (re)construção de um conjunto de conhecimentos 
que permitam ampliar sua consciência a respeito de seus movimentos e dos recursos 
para o cuidado de si e dos outros e desenvolver autonomia para apropriação e utilização 
da cultura corporal de movimento em diversas finalidades humanas, favorecendo sua 
participação de forma confiante e autoral na sociedade (BRASIL, 2018). 
Importante destacar que a Educação Física oferece uma série de possibilidades 
para enriquecer a experiência das crianças, jovens e adultos na Educação Básica, 
permitindo o acesso a um vasto universo cultural. Esse universo compreende saberes 
corporais, experiências estéticas, emotivas, lúdicas e agonistas, que se inscrevem, mas 
não se restringem, à racionalidade típica dos saberes científicos que, comumente, orienta 
as práticas pedagógicas na escola. Experimentar e analisar as diferentes formas de 
expressão que não se alicerçam apenasnessa racionalidade é uma das potencialidades 
desse componente na Educação Básica (BRASIL, 2018). 
Há três elementos fundamentais comuns às práticas corporais: movimento 
corporal como elemento essencial; organização interna (de maior ou menor grau), pautada 
por uma lógica específica; e produto cultural vinculado com o lazer/entretenimento e/ 
ou o cuidado com o corpo e a saúde. Portanto, entende-se que essas práticas corporais 
são aquelas realizadas fora das obrigações laborais, domésticas, higiênicas e religiosas, 
nas quais os sujeitos se envolvem em função de propósitos específicos, sem caráter 
instrumental (BRASIL, 2018).
Cada prática corporal propicia ao sujeito o acesso a uma dimensão de 
conhecimentos e de experiências aos quais ele não teria de outro modo. A vivência da 
prática é uma forma de gerar um tipo de conhecimento muito particular e insubstituível 
e, para que ela seja significativa, é preciso problematizar, desnaturalizar e evidenciar a 
multiplicidade de sentidos e significados que os grupos sociais conferem às diferentes 
manifestações da cultura corporal de movimento. Logo, as práticas corporais são textos 
culturais passíveis de leitura e produção. Esse modo de entender a Educação Física 
permite articulá-la à área de Linguagens, resguardadas as singularidades de cada um 
dos seus componentes, conforme reafirmado nas Diretrizes Curriculares Nacionais 
(BRASIL, 2018).
104
Na BNCC, cada uma das práticas corporais tematizadas compõe uma das seis 
unidades temáticas abordadas ao longo do Ensino Fundamental. Cabe destacar que 
a categorização apresentada não tem pretensões de universalidade, pois se trata de 
um entendimento possível, entre outros, sobre as denominações das manifestações 
culturais tematizadas na Educação Física escolar, tais como: brincadeiras, danças, 
esportes, ginásticas, jogos, lutas, entre outros (BRASIL, 2018).
Neste ponto, a unidade temática Esportes reúne tanto as manifestações mais 
formais dessa prática quanto as derivadas. 
LEMBRETE
Conforme estudamos na Unidade 1, o esporte é uma das práticas mais conhecidas da 
contemporaneidade por sua grande presença nos meios de comunicação e se caracteriza por 
ser orientado pela comparação de um determinado desempenho entre indivíduos ou grupos 
(adversários), regido por um conjunto de regras formais, institucionalizadas 
por organizações (associações, confederações e federações), as quais definem 
as normas de disputa e promovem o desenvolvimento das modalidades em 
todos os níveis de competição. No entanto, essas características não possuem 
um único sentido ou somente um significado entre aqueles que o praticam, 
especialmente quando o esporte é realizado no contexto do lazer, da educação 
e da saúde. Como toda prática social, o esporte é passível de recriação por 
quem se envolve com ele (BRASIL, 2018).
As práticas derivadas dos esportes mantêm, essencialmente, suas características 
formais de regulação das ações, mas adaptam as demais normas institucionais aos 
interesses dos participantes, às características do espaço, ao número de jogadores, 
ao material disponível etc. Isso permite afirmar, por exemplo, que, em um jogo de dois 
contra dois em uma cesta de basquetebol, os participantes estão jogando basquetebol, 
mesmo não sendo obedecidos os 50 artigos que integram o regulamento oficial da 
modalidade (BRASIL, 2018) 
Portanto, na estruturação dessa unidade temática, é utilizado um modelo 
de classificação baseado na lógica interna, tendo como referência os critérios de 
cooperação, interação com o adversário, desempenho motor e objetivos táticos da 
ação. Esse modelo possibilita a distribuição das modalidades esportivas em categorias, 
privilegiando as ações motoras intrínsecas, reunindo esportes que apresentam exigências 
motrizes semelhantes no desenvolvimento de suas práticas. Assim, são apresentadas 
sete categorias de esportes, note-se que as modalidades citadas na descrição das 
categorias servem apenas para facilitar a compreensão do que caracteriza cada uma 
das categorias. Portanto, não são prescrições das modalidades a ser obrigatoriamente 
tematizadas na escola (BRASIL, 2018).
105
É importante destacar que a organização das unidades temáticas se baseia 
na compreensão de que o caráter lúdico está presente em todas as práticas corporais, 
ainda que essa não seja a finalidade da Educação Física na escola. Ao brincar, dançar, 
jogar, praticar esportes, ginásticas ou atividades de aventura, para além da ludicidade, 
os estudantes se apropriam das lógicas intrínsecas (regras, códigos, rituais, 
sistemáticas de funcionamento, organização, táticas etc.) a essas manifestações, 
assim como trocam entre si e com a sociedade as representações e os significados 
que lhes são atribuídos. Por essa razão, a delimitação das habilidades privilegia oito 
dimensões de conhecimento:
• Análise: associada aos conceitos necessários para entender as características 
e o funcionamento das práticas corporais (saber sobre). Essa dimensão reúne 
conhecimentos como a classificação dos esportes, os sistemas táticos de uma 
modalidade, o efeito de determinado exercício físico no desenvolvimento de uma 
capacidade física, entre outros.
• Compreensão: associada ao conhecimento conceitual, refere-se ao esclarecimento 
do processo de inserção das práticas corporais no contexto sociocultural, reunindo 
saberes que possibilitam compreender o lugar das práticas corporais no mundo. Em 
linhas gerais, essa dimensão está relacionada a temas que permitem aos estudantes 
interpretar as manifestações da cultura corporal de movimento em relação às 
dimensões éticas e estéticas, à época e à sociedade que as gerou e as modificou, às 
razões da sua produção e transformação e à vinculação local, nacional e global. Por 
exemplo, pelo estudo das condições que permitem o surgimento de uma determinada 
prática corporal em uma dada região e época ou os motivos pelos quais os esportes 
praticados por homens têm uma visibilidade e um tratamento midiático diferente dos 
esportes praticados por mulheres. 
• Construção de valores: vincula-se aos conhecimentos originados em discussões 
e vivências no contexto da tematização das práticas corporais, que possibilitam a 
aprendizagem de valores e normas voltadas ao exercício da cidadania em prol de 
uma sociedade democrática. A produção e partilha de atitudes, normas e valores 
(positivos e negativos) são inerentes a qualquer processo de socialização. No 
entanto, essa dimensão está diretamente associada ao ato intencional de ensino e 
de aprendizagem e, portanto, demanda intervenção pedagógica orientada para tal 
fim. Por esse motivo, a BNCC se concentra mais especificamente na construção de 
valores relativos ao respeito às diferenças e no combate aos preconceitos de qualquer 
natureza. Ainda assim, não se pretende propor o tratamento apenas desses valores, 
ou fazê-lo só em determinadas etapas do componente, mas assegurar a superação 
de estereótipos e preconceitos expressos nas práticas corporais. 
• Experimentação: refere-se à dimensão do conhecimento que se origina pela vivência 
das práticas corporais, pelo envolvimento corporal na realização das mesmas. São 
conhecimentos que não podem ser acessados sem passar pela vivência corporal, 
sem que sejam efetivamente experimentados. Trata-se de uma possibilidade única 
de apreender as manifestações culturais tematizadas pela Educação Física e do 
estudante se perceber como sujeito “de carne e osso”. Faz parte dessa dimensão, 
106
além do imprescindível acesso à experiência, cuidar para que as sensações geradas 
no momento da realização de uma determinada vivência sejam positivas ou, pelo 
menos, não sejam desagradáveis a ponto de gerar rejeição à prática em si.
• Fruição: implica a apreciação estética das experiências sensíveis geradas pelas 
vivências corporais, bem como das diferentes práticas corporais oriundas das mais 
diversas épocas, lugares e grupos. Essa dimensão está vinculada com a apropriação 
de um conjunto deconhecimentos que permita ao estudante desfrutar da realização 
de uma determinada prática corporal e/ou apreciar essa e outras tantas quando 
realizadas por outros. 
• Protagonismo comunitário: refere-se às atitudes/ações e conhecimentos 
necessários para os aprendizes participarem de forma confiante e autoral em decisões 
e ações orientadas a democratizar o acesso das pessoas às práticas corporais, 
tomando como referência valores favoráveis à convivência social. Contempla a 
reflexão sobre as possibilidades que eles e a comunidade têm (ou não) de acessar 
uma determinada prática no lugar em que moram, os recursos disponíveis (públicos 
e privados) para tal, os agentes envolvidos nessa configuração, entre outros, bem 
como as iniciativas que se dirigem para ambientes além da sala de aula, orientadas 
a interferir no contexto em busca da materialização dos direitos sociais vinculados a 
esse universo
• Reflexão sobre a ação: refere-se aos conhecimentos originados na observação 
e na análise das próprias vivências corporais e daquelas realizadas por outros. Vai 
além da reflexão espontânea, gerada em toda experiência corporal. Trata-se de um 
ato intencional, orientado a formular e empregar estratégias de observação e análise 
para: resolver desafios peculiares à prática realizada; apreender novas modalidades; 
e adequar as práticas aos interesses e às possibilidades próprios e aos das pessoas 
com quem compartilha a sua realização. 
• Uso e apropriação: refere-se ao conhecimento que possibilita ao aprendiz ter 
condições de realizar de forma autônoma uma determinada prática corporal. Trata-
se do mesmo tipo de conhecimento gerado pela experimentação (saber fazer), 
mas dele se diferencia por possibilitar ao aprendiz a competência necessária para 
potencializar o seu envolvimento com práticas corporais no lazer ou para a saúde. 
Diz respeito àquele rol de conhecimentos que viabilizam a prática efetiva das 
manifestações da cultura corporal de movimento não só durante as aulas, como 
também para além delas. 
Visto as potencialidades pedagógicas para o ensino dos esportes no contexto 
escolar, vamos trazer agora orientações sobre a organização deste conteúdo!
107
3 ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO “ESPORTE ESCOLAR”
Considerando os pressupostos apresentados anteriormente, e em articulação 
com as competências gerais da educação básica e as competências específicas da área 
de Linguagens, o componente curricular de Educação Física deve garantir aos alunos o 
desenvolvimento de competências específicas.
Apesar de não serem definidos como Educação Física, a BNCC menciona 
aprendizados essenciais relacionados ao corpo na educação de crianças entre 0 e 
5 anos e 11 meses de idade, grupo este que compõem a etapa da Educação Infantil. 
Vejamos alguns pontos em destaque:
Os bebês (zero a 1 anos e 6 meses) devem aprender a:
• Imitar gestos e movimentos de outras crianças, adultos e animais.
• Movimentar as partes do corpo para exprimir corporalmente emoções, necessidades 
e desejos.
• Perceber as possibilidades e os limites de seu corpo nas brincadeiras e interações 
das quais participam.
• Utilizar os movimentos de preensão, encaixe e lançamento, ampliando possibilidades 
de manuseio de diferentes objetos.
• Vivenciar diferentes ritmos, velocidades e fluxos nas interações e brincadeiras (em 
danças, balanços, escorregadores etc.).
As crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) devem 
aprender a:
• Desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para 
desenhar, pintar, rasgar, folhear, entre outros.
• Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como em frente, atrás, 
no alto, embaixo, dentro, fora etc., ao se envolver em brincadeiras e atividades de 
diferentes naturezas.
• Explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar), combinando 
movimentos e seguindo orientações.
As crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) devem aprender a:
• Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações 
e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, 
teatro, música.
• Criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em brincadeiras, jogos e atividades 
artísticas como dança, teatro e música.
• Demonstrar valorização das características de seu corpo e respeitar as características 
dos outros (crianças e adultos) com os quais convivem.
108
Vejamos algumas possibilidades de trabalhar o conteúdo Esporte a partir destes 
eixos de aprendizagem!
FIGURA 22 – GINÁSTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
FONTE: O autor (2018)
FIGURA 23 – JUDÔ NA EDUCAÇÃO INFANTIL
FONTE: O autor (2018)
109
A etapa seguinte da educação básica, o Ensino Fundamental, traz para a 
Educação Física competências específicas (BRASIL, 2018) e descreve melhor suas 
funções e objetivos:
• Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a 
organização da vida coletiva e individual. 
• Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, 
ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho 
coletivo e o protagonismo.
• Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e 
combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos 
seus participantes. 
• Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética 
corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir 
posturas consumistas e preconceituosas. 
• Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes 
práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam. 
• Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de 
aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação 
do acervo cultural nesse campo. 
• Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade 
cultural dos povos e grupos. 
• Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e 
produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário. 
• Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os 
processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais. 
• Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento 
em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde. 
Neste contexto, a sugestão dada pela Base ao conteúdo Esporte na distribuição 
ao longo do currículo, é intervir no 1º e 2º anos do Ensino Fundamental a partir de:
• Discutir a importância da observação das normas e das regras dos esportes de marca 
e de precisão para assegurar a integridade própria e as dos demais participantes.
• Experimentar e fruir, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo, a prática 
de esportes de marca e de precisão, identificando os elementos comuns a esses 
esportes.
Já para o 3º ao 5º ano:
• Diferenciar os conceitos de jogo e esporte, identificando as características que 
os constituem na contemporaneidade e suas manifestações (profissional e 
comunitária/lazer).
110
• Experimentar e fruir diversos tipos de esportes de campo e taco, rede/parede e invasão, 
identificando seus elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas 
básicas para sua execução, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo.
Para o 6º e 7º anos:
• Analisar as transformações na organização e na prática dos esportes em suas 
diferentes manifestações (profissional e comunitário/lazer).
• Experimentar e fruir esportes de marca, precisão, invasão e técnico-combinatórios, 
valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
• Planejar e utilizar estratégias para solucionar os desafios técnicos e táticos, tanto nos 
esportes de marca, precisão, invasão e técnico-combinatórios como nas modalidades 
esportivas escolhidas para praticar de forma específica.
• Praticar umou mais esportes de marca, precisão, invasão e técnico-combinatórios 
oferecidos pela escola, usando habilidades técnico-táticas básicas e respeitando regras.
• Propor e produzir alternativas para experimentação dos esportes não disponíveis e/
ou acessíveis na comunidade e das demais práticas corporais tematizadas na escola.
Por fim, para o 8º e 9º anos:
• Experimentar diferentes papéis (jogador, árbitro e técnico) e fruir os esportes de 
rede/parede, campo e taco, invasão e combate, valorizando o trabalho coletivo e o 
protagonismo.
• Formular e utilizar estratégias para solucionar os desafios técnicos e táticos, tanto nos 
esportes de campo e taco, rede/parede, invasão e combate como nas modalidades 
esportivas escolhidas para praticar de forma específica.
• Identificar as transformações históricas do fenômeno esportivo e discutir alguns 
de seus problemas (doping, corrupção, violência etc.) e a forma como as mídias os 
apresentam.
• Identificar os elementos técnicos ou técnico-táticos individuais, combinações 
táticas, sistemas de jogo e regras das modalidades esportivas praticadas, bem como 
diferenciar as modalidades esportivas com base nos critérios da lógica interna das 
categorias de esporte: rede/parede, campo e taco, invasão e combate.
• Praticar um ou mais esportes de rede/parede, campo e taco, invasão e combate 
oferecidos pela escola, usando habilidades técnico-táticas básicas.
• Verificar locais disponíveis na comunidade para a prática de esportes e das demais 
práticas corporais tematizadas na escola, propondo e produzindo alternativas para 
utilizá-los no tempo livre.
Na última etapa da educação básica, o Ensino Médio, a BNCC orienta que 
os alunos experimentem novas brincadeiras, esportes, danças, lutas, ginásticas 
e práticas corporais de aventura. Mas nessa etapa de ensino, eles precisam ser 
desafiados a refletir sobre essas práticas de modo social ou cultural.
111
Neste sentido, os professores devem colaborar na conscientização sobre as 
potencialidades e os limites do corpo, a importância de uma vida ativa e a manutenção 
da saúde. É importante também discutir a utilização dos espaços públicos e privados 
para o desenvolvimento de práticas corporais, em prol da cidadania e seu protagonismo 
comunitário.
Esse conjunto de experiências poderá desenvolver o autoconhecimento e o 
autocuidado com o corpo e a saúde, a socialização e o entretenimento.
Neste contexto, os esportes assumem grande potencial na tomada de decisões 
éticas em defesa dos direitos humanos e dos valores democráticos.
Assim como na Educação Infantil, o documento da BNCC não traz um 
direcionamento específico para a Educação Física na etapa do Ensino Médio, devendo 
ela, e o conteúdo Esportes, serem ampliadas e aprofundas em interlocução com as 
demais unidades temáticas.
INTERESSANTE
Sobre a Educação Física na BNCC para o Ensino Médio assista a este breve vídeo 
no Youtube, que você encontra no endereço eletrônico: https://www.youtube.
com/watch?v=wPPU9_NKdLU 
Este canal oferece outros materiais com explicações e exemplificações sobre as 
atualizações da Base.
112
PRESSUPOSTOS ORIENTADORES PARA O ENSINO DOS “FUTEBÓIS” NA 
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR...
Ricardo Rezer
Inicialmente, penso ser necessário esclarecer a concepção de “futebóis” que 
orienta este texto. Se por um lado, futsal e futebol são modalidades específicas, há 
a necessidade de uma mediação pedagógica para o ensino de seus elementos no 
contexto escolar. Na concepção aqui assumida, “futebóis” apresenta-se como uma 
possibilidade que permite a EF tratar pedagogicamente o futebol e o futsal a partir 
de uma compreensão crítica que lhe confira o status de conhecimento da cultura 
corporal de movimento, sendo tratado como um objeto de estudo do professor e, 
consequentemente, como um tema importante a ser ensinado na EF escolar, sem 
desconsiderar seus elementos específicos. Concordando com Damo (2007), “futebóis” 
não é simplesmente um neologismo de ocasião. Porém, é um termo usado com pouca 
frequência e resgata o reconhecimento da diversidade desse fenômeno, manifesto na 
linguagem cotidiana como: futebol de várzea, de salão, de praia, de botão, futevôlei, 
totó, futsal, “pelada”, “racha”, entre outros. A seguir, apresento (com todo o risco que 
isso pressupõe) alguns referenciais orientadores para o ensino dos “futebóis” que venho 
desenvolvendo conjuntamente com estudantes do curso de EF da Unochapecó, na 
disciplina de “Teoria, Prática e Metodologia do Futebol e do Futsal”, em articulação com 
o Grupo de Pesquisas Pedagógicas em EF (GPPEF). 
A seguir, apresento seis tematizações que podem ser desenvolvidas em 
diferentes fases escolares da EF: Brincadeiras de bola com os pés, Resgate de jogos 
populares/de rua, Jogos esportivos, Aprofundamento técnico-tático, Jogos eletrônicos 
e Jogos de salão.
FASE I – Tematizações sugeridas do 1º. Ao 5º. Ano (ou Pré a 4ª. Série) do 
Ensino Fundamental, aproximadamente entre 06 e 11 anos de idade 
Brincadeiras de bola com os pés… 
Em diferentes línguas, jogar e brincar são expressos em uma única palavra. Tais 
manifestações podem ser muito interessantes para constituir situações de ensino na 
EF escolar, resgatando uma riqueza inalienável no contexto da infância. Ou como bem 
se refere Benjamin (2002), onde as crianças brincam, há tesouros enterrados. Assim, 
LEITURA
COMPLEMENTAR
113
podemos aprender a descobrir diferentes tesouros e, concordando com Kunz (1994), 
o jogo pode representar possibilidades para viver experiências bem-sucedidas nesse 
âmbito com desdobramentos para toda a vida. Nessa direção, o jogo passa a representar 
uma importante possibilidade pedagógica para a EF, conforme a seguir: 
• Período propício para experimentação e descoberta: importante constituir espaços 
para experimentar as possibilidades de relação com a bola, em diferentes situações, 
em que seja possível ousar nas possibilidades interpretativas e a bola venha a 
constituir-se como um brinquedo prazeroso na relação com o próprio corpo.
• Propostas de aulas desenvolvidas com diversidade de materiais: é importante 
destacar a articulação da bola com outros materiais (cordas, bambolês, bastões 
etc.), de modo que as crianças tenham possibilidade de explorar intensamente as 
possibilidades dos arranjos materiais (sobre arranjos materiais, ver KUNZ, 1994). 
• Conhecimento a ser ensinado: “novas” formas de relacionamento com a bola, 
individual e coletivamente (permitir a socialização das experiências entre os alunos, 
em que eles aprendam com o professor e também entre si). 
• Explorar a capacidade mimética dos alunos, entendendo mimeses como a possibilidade 
de representar algo que não somos, ou como se refere Benjamin (1994, p. 108), “[...] 
é o homem que tem a capacidade suprema de produzir semelhanças”. Encenações 
proporcionam um adentrar a um mundo mágico, imaginário e extremamente 
desafiante, onde somos introduzidos nos mistérios do mundo lúdico. Ou então, “como 
um leão chuta a bola?”. 
• Fomentar o “Eu consigo”. O desenvolvimento de vivências positivas pode permitir 
uma ampliação da participação dos alunos nas aulas. Geralmente gostamos daquilo 
que conseguimos realizar com certa “eficiência”, o que se trata de tarefa pedagógica 
para a EF. 
• Introdução à tática: tema pouco explorado nessa fase escolar, por ser considerada 
como muito complexo. Porém, se considerarmos a tática como uma capacidade 
de leitura de jogo, que venha a permitir maiores possibilidades para resolver os 
problemas nele apresentados, por meio da decisão mais adequada (REZER; SAAD, 
2005), é possível desafiar os alunos sobre “como se resolve os problemas do jogo?”, 
mesmo que se trate de um simples jogo de “bobinho”, em que ele precisa decidir para 
quem, quando e de que forma joga a bola. Esses desafios podem ser considerados no 
coletivo e proporcionados aos alunos na forma de questionamentos que podem ser 
alvo de reflexões a serem desenvolvidas em aula.
Resgate de jogos populares/de rua…
A questão anterior,“o-que-fazer”, será agora revisitada a partir de um processo 
de exploração das memórias dos estudantes – do que brincam fora da escola, quais os 
“jogos de bola” experienciados, enfim, suas experiências –, em um processo de resgate 
de jogos populares/de rua de “futebóis”. Isso possibilita a vivência, em aula, de memórias 
individuais que se manifestaram no coletivo, em um processo de socialização de 
conhecimentos construídos fora da escola, onde se evidencia a preocupação em “olhar” 
114
por cima do muro da escola. Na EF escolar, o jogar precisa apresentar-se como espaço 
para aquisição de conhecimentos em um planejamento com fins a serem alcançados. 
Essa intencionalidade pedagógica permite diferenciar o jogo da rua do jogo da EF. Tais 
experiências pedagógicas podem caracterizar-se como um lugar para ampliar de forma 
crítica o conhecimento sobre jogo/esporte, resgatando e socializando conhecimentos 
oriundos “da rua”. Nessa direção, promover a possibilidade de que os alunos organizem 
seus próprios jogos, pode permitir um interessante exercício de cidadania (discussão, 
problematização e acordos), de respeito às diferenças (gênero, raça, etnia, colegas 
com maior facilidade ou dificuldade para jogar), bem como a desconstrução de 
tabus (por exemplo, o erro – percebido como algo “negativo”, é um indicativo vivo da 
necessidade de aprender mais; rendimento – bastante questionado, “render mais” é 
uma possibilidade interessante, quando compreendido como o aumento do arcabouço 
de conhecimentos para lidar com os desafios do cotidiano, por exemplo, na EF). As 
tematizações de experiências podem ser abordadas a partir dos próprios estudantes, 
observando a importância do professor não “ficar refém” dessas experiências. Porém, 
observar essas referências evidencia uma tendência de forte significado para os 
“autores” dos jogos, em que eles provavelmente, por se sentirem sujeitos do processo, 
participarão das aulas. Nessa direção, o professor trata com o conhecimento trazido de 
“fora para dentro”, a “partir disso”, sem “ficar nisso”. Respeitar e resgatar a cultura lúdica, 
articulada com o que a EF escolar tem a ensinar (ver tematização anterior, por exemplo), 
parece apresentar-se como uma equação possível de contribuir com a eficácia de uma 
intervenção. Um resgate da cultura lúdica dos estudantes pode “fazer aparecer” o que 
se “faz” fora da aula, trazendo uma riqueza que não pode ser desprezada. 
FASE II – Tematizações sugeridas para alunos de 6º. Ao 9º. Ano (5ª. A 8ª. 
Séries) do Ensino Fundamental, aproximadamente entre 11 e 14 anos de idade 
Jogos esportivos (o jogo fica “sério”)... 
Os jogos esportivizados constituem-se como uma construção humana, 
dotada de um arcabouço de conhecimentos a serem tratados no âmbito escolar. 
Nesse momento, torna-se pertinente maiores aproximações da EF com o esporte 
institucionalizado, em um processo que se assemelha à aquisição de conhecimentos 
de, por exemplo, língua portuguesa, que permitam ao sujeito ler e a escrever com 
correção, clareza e coerência. Para que seja possível aos estudantes estabelecerem 
relações de diálogo com situações sistematizadas do futebol/futsal, cabe trabalhar tais 
conteúdos em aula. Isso pode permitir um grau de autonomia, em que os estudantes 
tenham condições de “jogar bem” (isso não quer dizer que os estudantes precisam se 
tornar jogadores de excelência ou profissionais, mas que consigam, ao final de 12 anos 
no âmbito da EF escolar, reconhecer e se relacionar de forma competente e crítica com 
o futebol/ futsal, tanto como espectadores, leitores ou jogadores). Dessa forma, ensinar 
conhecimentos relativos aos “futebóis” em suas manifestações sistematizadas trata-se 
de uma responsabilidade da EF. Isso traz, como tema de aula, conhecimentos específicos 
que permitam um “olhar” mais apurado dos estudantes para esse conteúdo. Da mesma 
115
forma que se faz necessário um processo de alfabetização, que permita a comunicação 
linguística entre os seres humanos, se faz necessário um processo de alfabetização 
esportiva, que permita uma relação de diálogo entre os jogadores no plano do futsal/
futebol. Para isso, a ênfase em jogos que desafiem a resolução de problemas de ordem 
tática pode permitir a ampliação da capacidade de leitura de jogo e, por consequência, 
uma ampliação das experiências dos estudantes, que permitam uma ampliação de seu 
conhecimento específico, a partir de uma ampliação da capacidade de “leitura de jogo”. 
Nessa direção, esse período escolar deve possibilitar condições objetivas para jogar bem 
e sentir-se bem, tanto como sujeito como parte integrante de um coletivo que joga. Isso 
implica discutir as relações dialéticas e contraditórias entre competição e cooperação, 
lembrando que não é possível haver jogo sem princípios mínimos de cooperação. Por 
exemplo, se uma equipe não cooperar e aceitar jogar com outra, não há jogo. Ou, se 
não houver um mínimo de cooperação entre a própria equipe, o jogo acaba na primeira 
cobrança de lateral, em razão do fato de a bola ter de ser passada para que o jogo reinicie, 
entre outras situações que poderiam ser citadas. Isso permite considerar a importância 
de articular o jogar coletivamente com o outro time e não somente contra o outro. Essa 
assertiva permite considerar também a possibilidade de uma infinidade de argumentos 
relativos aos valores que (ainda) podem ser preconizados com a prática esportiva. 
Jogos eletrônicos... 
Esse tema pode apresentar-se como uma perspectiva interessante de ser 
abordada na EF escolar. Nesse caso, é importante considerar que mesmo escolas 
públicas já apresentam uma estrutura que paulatinamente vem incorporando 
laboratórios de informática em seu cotidiano. Essa assertiva deve-se muito mais a 
partir de minhas experiências com formação permanente/continuada de professores 
de escolas públicas de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, do que em 
dados oficiais. Embora considere equivocada a ideia (simplificada) de que os jogos 
eletrônicos estão presentes na vida de todos os alunos, que eles não brincam 
mais, entre outros chavões que carecem de maior contextualização, penso que as 
escolas vêm implementando esforços na direção de socializar as possibilidades de 
acesso à tecnologia. Portanto, explorar o conhecimento que se apresenta nos jogos 
eletrônicos, merece maior atenção da EF escolar. Como bem afirma Costa (2006), os 
educadores devem estar atentos para não se tornarem vulneráveis ante as linguagens 
e conhecimentos tecnológicos não dominados por eles, mas dominados pelos 
estudantes. No que se refere às possibilidades que os jogos eletrônicos representam 
em situações de aula, é possível considerar uma gama de conhecimentos presentes, 
por exemplo, no jogo Fifa13, em que podem ser abordados: sistemas de jogo e equilíbrio 
entre atacar e defender (o “técnico” precisa “armar” seu time); regras (número de 
substituições, punições, infrações, entre outros); organização esportiva (fórmulas 
de campeonatos/torneios, eliminatória simples, dupla, chaves, todos contra todos 
etc.); acordos internos entre os envolvidos (tempo, fórmula de disputa, calendário 
etc.); sem contar na destreza motora para concatenar as exigências do jogo com 
os procedimentos e operações realizadas no joystick ou no teclado do computador. 
116
Mesmo que se perceba certa diabolização dos jogos eletrônicos, como se fossem 
essencialmente “do mal” e “alienantes”, considero que é preciso compreender melhor 
como lidar com as possibilidades que eles podem representar. O fato é que eles 
seduzem crianças, jovens e adultos de diferentes camadas sociais, o que pode servir 
como justificativa para um olhar mais atento da EF escolar sobre as considerações 
aqui estabelecidas.
FASE III – Tematizações sugeridas para o 9º. Ano (ou 8ª. Série) do Ensino 
Fundamental e o Ensino Médio (I, II e III anos), aproximadamente dos 14 aos 17 anos 
Aprofundamento técnico-tático… Nessa fase escolar, a tradição construída 
no âmbito do esporte institucionalizadoocupa um espaço mais central no conteúdo 
desenvolvido nas aulas, articulando desde conhecimentos “periféricos” até conhecimentos 
específicos. Inicialmente, para abordar essa fase, considero necessário compreender 
conceitualmente técnica e tática a partir de uma relação de indissociabilidade, em que 
elas se apresentam nas situações corriqueiras do jogo na aula. Ampliar a compreensão 
dos fenômenos pela linguagem pode permitir uma ampliação das relações dos seres 
humanos entre si e com o mundo. Bem como ampliar as possibilidades de intervenção 
pedagógica começa pela ampliação da percepção da complexidade do fenômeno em 
questão. Nessa direção, compreender a técnica a partir de uma ampliação do prisma 
de percepção pode promover desdobramentos importantes no “chão da quadra/sala 
de aula”. Lembrando Boukharaeva, citado por Fensterseifer (2001), “a técnica é o meio 
de solução dos problemas e não um objetivo em si mesmo” (p. 255). Portanto, jogar 
coletivamente exige uma relação de indissociabilidade entre técnica e tática, resgatando 
a compreensão grega da tecné16, proporcionando uma amplitude das possibilidades 
de ação, no sentido de instrumentalizar o estudante a resolver problemas inerentes 
ao jogo. Pode ser pensado a partir da construção de situações com modificação de 
algumas estruturas (número de jogadores, tamanho de quadra), com superioridade/ 
inferioridade numérica, com “curingas”, entre outros. A preocupação com o rendimento 
dos estudantes deve ser considerada, visto que o aluno precisa aprender mais do 
que sabe nas experiências de aula. Para isso, também é necessário compreender 
“rendimento” como a possibilidade de resolver, com sucesso, problemas do cotidiano, 
nesse caso, desafios do futsal/futebol. Daí a importância de ressaltar que nas aulas de 
EF é preciso considerar o rendimento do aluno, mas considerando essa expressão com 
uma conotação diferente da compreensão hegemônica de rendimento (deslocando o 
epicentro da aula de um lês-se-fair ou de um rendimento máximo, para um rendimento 
possível). Mesmo assim, concordando com Freire (2003), situações lúdicas deverão 
continuar a fazer parte das propostas de aula, porém, a ênfase nesse momento terá 
como referência o conhecimento específico. 
117
FASE IV – Tematização sugerida para as diferentes fases escolares, com 
níveis de complexidade definidos de acordo com cada contexto 
Jogos de Salão... 
Jogos de salão são considerados aqueles desenvolvidos em espaços fechados, 
com representações reduzidas de jogadores (o botão, no futebol de botão, por exemplo), 
tabuleiros (dama, por exemplo), implementos (tais como a raquete do tênis de mesa), 
com menor amplitude de movimento que os jogos normalmente desenvolvidos em 
aulas de EF na quadra/ campo. Considero que este seja um conteúdo de riqueza 
muito grande. É possível perceber, em diferentes contextos, a presença corriqueira dos 
jogos de salão em aulas de EF (quando chove, quando é muito frio ou calor, quando a 
quadra não está acessível, entre outros). Obstante a isso, também corriqueiramente 
é explorado muito mais no sentido “ocupativo” e recreativo do que no sentido de um 
conhecimento importante a ser ensinado. Essa é uma questão que percebo como 
importante: jogos de salão possuem um grande arcabouço de conhecimentos técnicos 
e culturais. Sem contar que podem representar outras formas de ensinar elementos 
dos “futebóis”. Como exemplo, no caso do jogo de botão, a técnica e tática também se 
fazem presentes, de outra forma, mas sempre presentes. Assim, o tema “jogos de salão” 
pode superar uma “atividade” de caráter meramente “ocupativo” e pode representar, em 
uma proposta séria, um conhecimento digno de ser ensinado em um contexto escolar, 
fruto de um planejamento e de uma hierarquização de saberes (culturais e técnicos) 
a serem tratados pedagogicamente em aulas. Concordando com Costa (2006), essas 
experiências podem contribuir com o rompimento da necessidade de brincar com 
objetos, passando para o brincar com os outros, o que, indubitavelmente, trata-se de 
uma nobre tarefa a ser tratada pela EF escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS... 
A amplitude dos conhecimentos presentes nos “futebóis” pode originar vários 
conteúdos a serem trabalhados em aula. Isso corrobora com as ideias apresentadas por 
Vago (1996) com relação à possibilidade de construir uma cultura escolar para o ensino 
do esporte. Considero que esse processo se dá em meio a uma tensão permanente entre 
aquilo que existe e precisa ser ensinado (tradição) e aquilo que pode ser construído (em 
aberto). Este texto procura participar do movimento de pensar e propor perspectivas 
para lidar com essas questões na EF escolar, a fim de contribuir com a construção de uma 
nova cultura para o ensino dos “futebóis”. É possível considerar esse esforço análogo 
a um processo de alfabetização, nesse caso, um processo de alfabetização esportiva, 
que pode permitir, a partir de uma abordagem crítica e da tematização de diferentes 
conhecimentos presentes nos “futebóis”, uma apropriação significativa dessa parcela 
da cultura corporal de movimento, no sentido de possibilitar ao aluno relacionar-se com 
ela em diferentes situações, permitindo a ele, como afirma Betti (2003), possibilidades 
de usufruir essa cultura de maneira crítica e autônoma.
118
É importante considerar, nesse contexto, que as fronteiras entre jogo e esporte 
não são tão rígidas como comumente parece. As relações entre um e outro dependem de 
diversos aspectos, entre eles, os códigos, sentidos e significados que se constroem nas 
relações entre os jogadores. Essa relação paradoxal merece maior aprofundamento da 
comunidade acadêmica, de novos estudos que ampliem a compreensão de fenômenos 
tão complexos e imbricados. Outro ponto de chegada deste texto, que pode originar 
novas investidas, reside na questão de que precisamos avançar no esforço de construir 
propostas curriculares para o ensino da EF escolar, com níveis de complexidade 
crescente e com hierarquização dos conhecimentos a serem abordados nos 12 anos 
escolares, no sentido de superar o “jogar pelo jogar”, as “atividades recreativas” ou aulas 
de caráter “ocupativo”, para, em seu lugar, construir coletivamente uma EF que possa 
enfrentar proficuamente os desafios e problemas que a angustiam. Cabe destacar que, 
para isso, não é necessário deixar de jogar ou se divertir nas aulas de EF, mas sim, 
entender que a função da EF escolar não é simplesmente constituir espaço para divertir 
e deixar jogar. Ainda assim, é preciso considerar que abrir espaço para a vivência lúdica 
nas aulas significa, como princípio, marcar no próprio corpo experiências da “vida vivida”, 
deixando marcas, saberes e conhecimentos que nunca mais se perdem. Finalizando, 
os pressupostos apresentados podem contribuir com novos olhares que venham a 
avançar no movimento de construir propostas de ensino na EF escolar, contribuindo 
com o trabalho de professores e professoras, ampliando o movimento de interlocução 
entre teoria e prática, dilema tão presente no cotidiano da EF brasileira.
FONTE: REZER, R. Pressupostos orientadores para o ensino dos “futebóis” na educação física 
escolar... Cadernos de Formação RBCE, Rio de Janeiro, v. 1 p. 71-87, 2009.
119
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento elaborado coletivamente 
que visa orientar a elaboração dos currículos das escolas. 
• A Educação Física é parte integrante da área de Linguagens, tendo seus objetivos e 
competências a serem desenvolvidas ao longo das três etapas da educação básica: 
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. 
• O conteúdo Esporte recebe maior evidência no período do Ensino Fundamental, 
devendo este ser trabalhado a partir de suas divisões e potencialidades pedagógicas. 
• Apesar de não serem tratados especificamente pelo documento da Base, o conteúdo 
Esporte deve ser trabalhado de forma introdutória na etapa da Educação Infantile de 
forma aprofundada, analítica e crítica na etapa do Ensino Médio.
120
1 A partir do que aprendemos sobre a elaboração e os objetivos da constituição 
da Base Nacional Comum Curricular para as escolas brasileiras, assinale a 
alternativa CORRETA:
a) ( ) O principal objetivo da BNCC é definir diretrizes e conteúdos sobre o que é 
ensinado nas escolas do Brasil, sendo considerado como currículo obrigatório da 
educação básica.
b) ( ) A BNCC estabelece os objetivos de aprendizagem que se quer alcançar, por meio 
da definição de competências e habilidades essenciais, enquanto o currículo irá 
determinar como esses objetivos serão alcançados, traçando as estratégias 
pedagógicas mais adequadas.
c) ( ) A BNCC é um documento que determina as diretrizes e conteúdos sobre o que 
é ensinado nas escolas do Brasil, englobando desde a Educação Infantil até o 
Ensino Superior.
d) ( ) A BNCC determina os objetivos de aprendizagem que se quer alcançar, sendo 
considerado como currículo obrigatório da educação básica.
2 Vimos que no documento da BNCC a Educação Física encontra-se na área de 
Linguagens, sendo que suas definições e objetivos atravessam diversos campos 
de experiências e aprendizagens no contexto da educação básica. A partir desta 
afirmação, analise as sentenças a seguir:
I- Para a Educação Infantil, o documento da BNCC não traz direcionamentos específicos 
para a Educação Física, portando não deve ser trabalhado o conteúdo Esportes.
II- Nas etapas de educação básica, da Educação Infantil ao Ensino Superior, a temática 
dos Esportes deve ser trabalhada, exclusivamente, a partir de suas práticas e 
gestos técnicos.
III- Na última etapa da educação básica, o Ensino Médio, a BNCC para a Educação Física 
orienta que os alunos experimentem novas brincadeiras, esportes, danças, lutas, 
ginásticas e práticas corporais de aventura, sendo desafiados a refletir sobre essas 
práticas de modo social ou cultural.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
AUTOATIVIDADE
121
3 A partir do que aprendemos sobre as competências específicas da Educação 
Física para o Ensino Fundamental, classifique V para as sentenças verdadeiras e 
F para as falsas:
( ) Um dos objetivos da Educação Física é compreender a origem da cultura 
corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e 
individual dos aprendizes.
( ) A Educação Física não busca Interpretar e recriar valores, sentidos e significados 
atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam. 
( ) Um dos objetivos da Educação Física é identificar as formas de produção 
dos preconceitos, compreender seus efeitos e combater posicionamentos 
discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 Disserte sobre as potencialidades pedagógicas para o ensino dos esportes a partir 
das habilidades que privilegiam as oito dimensões do conhecimento.
5 A partir da leitura complementar do texto “Pressupostos orientadores para o ensino 
dos “futebóis” na Educação Física escolar”. Disserte sobre as possibilidades de 
transformação didático-pedagógica para o ensino dos esportes no contexto escolar.
122
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Palestra Sport, 1992.
126
127
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 
DOS ESPORTES
UNIDADE 3 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reconhecer as novas tendências em pedagogia do esporte;
• identificar as novas abordagens em pedagogia do esporte;
• selecionar as principais bases teóricas em pedagogia do esporte;
• relacionar teoria e prática;
• aplicar conteúdo prático em pedagogia do esporte.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – NOVAS TENDÊNCIAS EM PEDAGOGIA DO ESPORTE
TÓPICO 2 – NOVAS ABORDAGENS EM PEDAGOGIA DO ESPORTE
TÓPICO 3 – ORIENTAÇÕES DIDÁTICO-METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DOS ESPORTES
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
128
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 3!
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129
TÓPICO 1 — 
NOVAS TENDÊNCIAS EM PEDAGOGIA 
DO ESPORTE
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo à terceira unidade do nosso Livro Didático 
da disciplina Pedagogia do Esporte, e já que estamos iniciando nossa última etapa de 
estudos, vamos introduzir você aos temas que serão abordados.
Vamos lá?
A unidade 3 tem como tema central apresentar atuais definições teórico-
conceituais sobre pedagogia do esporte e trazer orientações didáticas para sua 
aplicabilidade no contexto da Educação Física Escolar. 
Para atendermos a estes objetivos organizamos para você três tópicos de estudos.
No Tópico 1, abordaremos sobre as novas tendências em pedagogia do esporte, 
sendo este dividido em:
• Pedagogia tradicional x pedagogia nova.
• Princípios das novas tendências em pedagogia do esporte.
• Ensino de habilidades para a vida por meio do esporte.
 
No Tópico 2, apresentaremos novas abordagens em pedagogia do esporte, 
sendo este dividido em:
• A iniciação esportiva universal.
• O jogo como processo de ensino-aprendizagem. 
Por fim, no Tópico 3, traremos orientações didático-metodológicas para o ensino 
dos esportes no contexto da Educação Física Escolar, sendo este dividido em:
• Planejamento: o que, por que e como ensinar?
• Estratégias e possibilidades de intervenções na prática da Educação Física Escolar.
• Ferramentas de avaliação do ensino.
130
LEMBRETE
O Livro Didático será seu guia de estudos! Nele vamos encontrar o conteúdo 
necessário para aprendizagem, autoatividades, dicas e encaminhamentos 
para você buscar se aprofundar no tema apresentado.
Neste primeiro tópico vamos recordar o conteúdo que estudamos na Unidade 1 e 
aprofundar nossos conhecimentos em pedagogia do esporte.
Você está preparado?
2 PEDAGOGIA TRADICIONAL X PEDAGOGIA NOVA
DICA
Antes de iniciar, faça uma releitura sobre as principais correntes teóricas 
da pedagogia do esporte, que estudamos no Tópico 2 da Unidade 1 deste 
Livro Didático.
Já sabemos que, em resumo, o método de ensino tradicional, ou concepção 
pedagógica tradicional, é aquela em que a figura do professor é representada de forma 
autoritária e transmissora de um saber fragmentado, desfocado do contexto sociocultural 
dos aprendizes. Além disso, sua base do processo didático é dedutiva e universal, na qual 
os alunos são elementos passivos em seu processo de ensino e aprendizagem.
Enquanto isso, as novas tendências pedagógicas buscam justamente superar 
estes princípios limitantes, conforme mostramos no quadro a seguir:
131
QUADRO 1 – PEDAGOGIA TRADICIONAL X PEDAGOGIAS INOVADORAS
PEDAGOGIA DO ESPORTE TRADICIONAL PEDAGOGIA DO ESPORTE INOVADOR
Centrada na técnica 
(ensina com atividades/treinos)
Centrada na lógica tática 
(ensina por meio de jogos)
Busca reproduzir modelos 
(padrões e técnica perfeita)
Busca criar situações diversificadas 
(estimula processos criativos)
Repetição de movimentos para automação
Explora movimentos para enriquecer acervo 
de soluções, gerando condutas motoras
Busca mecanizar o gesto 
(jogadores como robôs pré-programados)
Busca humanizar o gesto (cada jogador cria a 
sua técnica e conduta motora)
Produz pobre acervo de possibilidades de 
respostas e tomadas de decisões
Produz rico acervo de possibilidades de 
respostas e tomadas de decisões (motoras, 
cognitivas, afetivas, sociais, morais, éticas etc.)
Descarta a solução eficaz, partindo da 
solução eficiente
Parte da solução eficaz para transformá-la 
em solução eficiente
Necessita de pré-requisitos
Não necessita de pré-requisitos (aprende a 
partir do que já sabe)
Seletivo e restrito Aberto
Gera dependência Possibilita autonomia
FONTE: Adaptado de Brasil (2004)
IMPORTANTE
Independentemente do método escolhido, as novas tendências 
pedagógicas buscam construir ambientes positivos de aprendizagens, 
adaptando conteúdos de ensino ao contexto sociocultural dos aprendizes. 
Além disso, o professor atua na função de mediador do conhecimento, 
sendo o aprendiz guiado pelo caminho das descobertas.
No sentido de buscar melhor explicar o quadro anterior, podemos afirmar 
que a pedagogia tradicional de ensino dos esportes é prioritariamente centrada no 
processo de ensino e aprendizagem da técnica, buscando a padronização de gestos e 
comportamentos motores, ou seja, é uma metodologia tecnicista que defende a ideia 
de que para aprender a jogar os esportes é necessário primeiramente dominar um certo 
número de movimentos estereotipados e classificados como universais.132
NOTA
Não estamos desconsiderando a importância da técnica nos esportes, 
sobretudo naqueles que exigem movimentos precisos, refinados e 
sincronizados como no caso do atletismo, ginásticas, natação, entre outros. 
Estudos em biomecânica e cinesiologia, em paralelo ao avanço tecnológico 
contribuíram significativamente para as avaliações de movimentos, o 
aperfeiçoamento técnico e a redução dos riscos de lesões em atletas de 
alta performance e amadores.
FIGURA 1 – FASES BIOMECÂNICAS DA CORRIDA
FONTE: <https://blog.focoradical.com.br/voce-sabe-quais-sao-as-fases-da-corrida/>. 
Acesso em: 14 fev. 2022.
A perspectiva tradicional traz a ideia de que para se aprender determinada 
modalidade esportiva é necessário dividir as partes do esporte e trabalhar separadamente 
suas técnicas, estratégias táticas, componentes físicos, entre outros elementos. Ou 
seja, o processo de ensino e aprendizagem ocorre a partir da soma de todas as partes 
que compõem o objeto a ser estudado. 
Por exemplo, em uma aula de handebol, retiram-se os gestos técnicos do jogo 
(arremesso, controle de bola, passe, entre outros) e os ensinam de maneira analítica 
(separada do contexto do jogo), para depois, ao final da aula, pensar em juntá-los para 
se ter com isso uma melhora no jogo formal. 
Ainda nesta perspectiva, o melhor professor só será capaz de ensinar se 
dominar perfeitamente os movimentos exigidos pelo jogo, reforçando a noção 
tecnicista deste modelo.
133
A metodologia tradicional enxerga o processo de ensino e aprendizagem 
como um quebra-cabeças, no qual a soma das partes busca representar o todo, e se 
pensarmos nos planos de aulas que se pautam nesta abordagem encontramos esses 
divididos em três ou quatro partes:
• 1ª Parte: destinada para alongamentos e aquecimento.
• 2ª Parte: destinada para o ensino de uma ou mais técnicas do esporte.
• 3ª Parte: destinada para a realização do jogo formal no caso dos esportes coletivos ou 
experimentações no caso dos esportes individuais.
• 4ª Parte: destinada para a volta à calma, roda de conversa, entre outros.
Você deve estar familiarizado com este modelo de aula, correto?
Existe até uma máxima divulgada pelos defensores do modelo tecnicista, em que 
os jogadores iniciantes devem repetir e reproduzir os movimentos até sua automação 
(ou automatização), para que quando exigidos no jogo não seja necessário pensar. 
INTERESSANTE
Utiliza-se como analogia o processo de aprendizagem de um aprendiz de 
condutor de veículos, que após passar pelas aulas da autoescola e mecanizar 
os movimentos de aceleração, trocas de marchas etc. acaba memorizando 
o comportamento e dirigindo seu veículo de forma automática, sem pensar 
previamente nas ações que está realizando. Ora... será que um jogo de 
basquetebol, que envolve relações entre adversários, companheiros, regras, 
torcida, pressão por resultados, entre outros elementos, é possível de ser 
comparado ao simples fato de ligar um carro e se deslocar para o trabalho?
A partir dessas ideias, a pedagogia tradicional tem potencial para produzir 
excepcionais jogadores no que diz respeito ao domínio de um restrito acervo de 
habilidades motoras. Assim, por exemplo, se falássemos do ensino do futebol, 
poderíamos dizer que ela produziria excelentes malabaristas com a bola nos pés e 
limitados jogadores no quesito resolução de problemas, principalmente em um jogo que 
exige uma conduta motora diferente e aleatória a cada nova situação desencadeada 
pelo acaso de sua desordem e complexidade. 
Dando sequência, podemos dizer que a pedagogia tradicional descarta o fato 
de que, principalmente, nos jogos coletivos seu processo de organização sistêmico não 
pressupõe uma conduta motora a priori. Ou seja, essa conduta motora é construída 
à medida que os jogadores interpretam a sempre nova situação-problema e buscam 
solucioná-la a partir de suas competências e habilidades. 
134
Segundo Araújo (2008) a valorização do gesto técnico eficiente acaba por impedir 
que os iniciantes jogadores desenvolvam suas respectivas condutas motoras que irão 
enriquecer suas habilidades, ao mesmo tempo em que desenvolvem competência 
interpretativa. Nesse sentido, parte-se de um hipotético gesto eficiente em detrimento 
de um possível gesto eficaz. 
Por fim, a pedagogia tradicional exige pré-requisitos, logo é seletiva, pois aqueles 
que não conseguirem reproduzir os movimentos serão considerados como não aptos. 
Desta forma, são os aprendizes que se adaptam às exigências da aula e não o contrário. 
Ao final do processo de ensino-aprendizagem teremos cada vez mais jogadores 
dependentes, que necessitam de respostas prontas dadas por alguém de fora (exterior 
ao jogo), que deverão ser seguidas sem questionamento, pois sempre foi assim e assim 
deverá continuar a ser (ARAÚJO, 2008).
IMPORTANTE
Vimos que o modelo de aula tradicional têm por objetivo reproduzir 
movimentos por meio da repetição e automatização de gestos e 
comportamentos. Em outros termos, formam-se jogadores que repetem 
movimentos de maneira mecânica. Podemos dizer isso porque esse 
processo impede que os alunos criem suas próprias estratégias e 
repertórios técnicos.
Contrariamente ao que foi apresentado anteriormente, as abordagens 
inovadoras se centram no ensino da lógica do esporte em detrimento dos seus 
movimentos particulares. Não que elas não considerem a existência de técnicas 
esportivas (movimentos específicos que aparecem com mais frequência nos jogos), 
mas essas, ao invés de estarem evidenciadas e enfatizadas no início do processo de 
ensino, são alocadas para o final, pois assim se prioriza que os alunos construam seus 
movimentos, a partir de particulares interpretações, que gerarão condutas motoras 
diversificadas, e consequentemente um rico acervo de possibilidades de respostas para 
os jogos.
135
FIGURA 2 – BRINCANDO DE ATLETISMO (SALTOS)
FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/8561/pequenos-campeoes>. Acesso em: 14 fev. 2022.
Do ponto de vista prática, é possível pensar que este modelo busca incluir 
todos os aprendizes no processo de ensino-aprendizagem de determinada modalidade 
esportiva, pois ela parte daquilo que sabe para aquilo que se pode alcançar.
FIGURA 3 – COBRANÇA DE PÊNALTI EM AULA INCLUSIVA
FONTE: <https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/professor-inclui-aluno-cadeirante-em-jogo-e-
video-viraliza/54041>. Acesso em: 14 fev. 2022.
136
Ao invés de os alunos aprenderem movimentos específicos e estereotipados por 
repetição exaustiva, eles são instigados, por meio de situações-problemas, a explorar e 
criar suas próprias respostas e condutas motoras como forma devolutiva às exigências 
do esporte, caracterizando não a automação mais sim a humanização dos gestos. 
Os professores nas abordagens inovadoras não devem dar respostas prontas 
aos seus alunos, e muito menos ensinar perdendo de vista o real contexto do esporte a 
que se propõem ensinar. Ou seja, ensina-se a jogar um determinado esporte jogando. 
Se o objetivo é ensinar a jogar basquete, por exemplo, obviamente não se 
partirá de filas para o desenvolvimento da bandeja, mas de sua compreensão lógica no 
interior do processo de organização específico gerado pelo jogo de basquete, e assim 
cria-se um jogo que exigirá do aluno pensar e executar um gesto similar à bandeja 
(caracterizando-se um gesto eficiente, que ao longo do processo de ensino irá se tornar 
eficaz à medida que o jogador amplia o seu nível de competência interpretativa).
IMPORTANTE
Os alunos iniciam o processo de ensino-aprendizagem com exatamente 
aquilo que sabem, ficando por responsabilidade do professor adequar sua 
aula no nível de competência e habilidade de seus alunos. Com isso, as 
aulas são sempre destinadas a todos, não exigindo pré-requisitos.
Enfim, a todo momento as abordagens inovadoras priorizam a autonomia 
e a tomada de consciência das ações engendradas ao longo do processo de ensino 
dos esportes. Alunos autônomos e detentores de ricos acervos de possibilidades 
de respostas para osjogos, consequentemente, desenvolverão sobremaneira suas 
respectivas inteligências para o jogo e, concomitantemente, para o mundo, pois só 
formaremos um cidadão independente (porém consciente de sua dependência social), 
responsável e crítico, quando esse se entender consciente e competente para agir, 
interagir e ressignificar a realidade em seu entorno (BRASIL, 2004).
3 PRINCÍPIOS DAS NOVAS TENDÊNCIAS EM 
PEDAGOGIA DO ESPORTE 
Num contexto atual, entre as principais tendências da Educação, o que mais se 
destaca é sua relação com as tecnologias. Ferramenta esta que deve ser utilizada para 
potencializar o processo de ensino-aprendizagem, tanto de novos professores (cursos, 
lives, plataforma de ensino a distância, entre outros) quanto para o próprio ensino dos 
esportes (análise de vídeos, marketing e mídia esportiva, produção de conteúdos etc.).
137
E o que vem sendo observado na prática efetiva do professor de Educação 
Física nas escolas é que nem sempre o professor se preocupa com o método no seu 
planejamento. Ou seja, o professor trabalha apenas com um rol de atividades e não se 
dá conta da importância do método para que esse conteúdo possa levá-lo a atingir 
seu objetivo. 
É preciso considerar a associação entre estes elementos, ou como na visão 
de Libâneo (2002) os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se 
relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de garantir aos alunos uma 
aprendizagem significativa.
Para Almeida (2017), são considerados inovadores os docentes de Educação 
Física que conseguem diminuir a distância entre o grande avanço teórico da área 
nas últimas décadas, principalmente após as propostas pedagógicas que foram 
elaboradas durante o movimento renovador, e a dificuldade de materializar essas 
mudanças na organização da prática pedagógica no chão da escola. O autor ainda 
ressalta que esses professores estão criando uma nova tradição para o componente, 
já que planejam e organizam as suas ações didáticas sem tratar de forma separada o 
pensamento e o movimento. 
Neste sentido, tratamos os princípios das novas tendências em Pedagogia do 
Esporte a partir de três referenciais: o técnico-tático, o socioeducativo e o histórico-
cultural. 
 Pois, ao pensarmos uma Pedagogia do Esporte que, segundo Machado; Galatti; 
Paes (2014) se direcione nos caminhos da formação da cidadania e da autonomia 
dos alunos, é fundamental a inclusão deste terceiro referencial, que reforça os outros 
dois já existentes, direcionando processos de ensino, vivências e aprendizagens de 
modalidades esportivas que respeitam a integralidade do esporte e, sobretudo, de 
quem o prática.
• Referencial técnico-tático: diz respeito à organização e sistematização 
pedagógica das modalidades esportivas para a vivência e prática das mesmas, 
além da escolha metodológica para sua aplicação e o ensino de suas técnicas, 
estratégias táticas e regras.
• Referencial socioeducativo: diz respeito ao trato com valores e modos de 
comportamento no processo de ensino, vivências, aprendizagens e do próprio 
treinamento esportivo. Diversos autores compartilham que ensinar o esporte deve 
estar balizado com a formação de cidadãos críticos, autônomos, capazes de produzir, 
reproduzir e ressignificar a cultura esportiva.
• Referencial histórico-cultural: este referencial objetiva resgatar no trabalho do 
pedagogo do esporte questões que fazem parte da história de cada modalidade, já 
que o esporte é um patrimônio cultural da humanidade construído e ressignificado 
constantemente pela sociedade, e que precisa ser compreendido pela mesma. 
138
IMPORTANTE
Fique atento caro acadêmico! Para o esporte ser um dos contribuintes para 
a formação integral do aluno-jogador, é fundamental que as aulas sejam 
pautadas de forma equilibrada nos três referenciais citados anteriormente: 
no metodológico, no socioeducativo, também no histórico-cultural.
Seguindo estas diretrizes, o aprendiz tem condições de percorrer seu caminho 
ligado ao esporte de maneiras distintas, conforme interesses pessoais e possibilidades 
de alcance, podendo atuar futuramente como atleta profissional, árbitro, comentarista 
ou jornalista esportivo, empresário esportivo, espectador e consumidor crítico, dirigente, 
praticante de esporte como ferramenta de lazer, professor de Educação Física, treinador 
esportivo, dentre outras opções em que a formação estará pautada tanto na parte 
físico-motora, quanto na afetivo-social e também na histórico-cultural (MACHADO; 
GALATTI; PAES, 2014).
ATENÇÃO
Se o método de trabalho escolhido não faz parte da reflexão que envolve 
o ato de planejar, corre-se o risco de cometer alguns equívocos que são 
capazes de comprometer uma abordagem de ensino dos esportes de 
natureza crítica. Fique atento aos exemplos a seguir e tente fazer uma 
comparação com as aulas que você costuma presenciar!
Dimensões pedagógicas dos esportes (BRASIL, 2004):
• Alunos em fila: muito se critica a forma linear de atividade como sendo uma 
forma mecânica, repetitiva e distante da realidade da situação de aprendizagem 
de determinado jogo, para se ensinar um esporte qualquer. Vamos imaginar um 
professor de futebol que opta pelo trabalho em fila (estafeta) para o fundamento 
de condução da bola. Esse professor organiza duas colunas de alunos, cada uma 
delas com uma bola e que, ao sinal, os alunos que se encontram no início da fila 
devem iniciar a condução da bola, percorrer uma distância de aproximadamente 
dez metros, contornar um obstáculo (cone), retornar à sua coluna, passar a bola 
para o segundo aluno e se localizar no último lugar da fila aguardando a sua vez. 
Normalmente a estafeta supõe uma disputa entre as duas colunas para garantir a 
motivação. Podemos indicar uma série de equívocos, como, por exemplo, o fato de 
que o trabalho em fila em nada se assemelha com o jogo em si. Outro problema desse 
método de trabalho é o fato de o aluno ter apenas alguns minutos de atividade e ficar, 
a maior parte do tempo, esperando a próxima vez de atuar. Nesse caso, o professor, 
139
muitas vezes, se esquece que o seu objetivo era o de proporcionar a vivência da 
condução da bola no jogo de futebol e passa a se preocupar com a disciplina dos 
alunos que saem da fila para melhor visualizar a disputa do companheiro e que gritam 
motivando a vitória da sua equipe. É bastante comum que, quando isso acontece, o 
professor interrompa a atividade para reorganizar a fila e se distancie do seu objetivo 
inicial. Podemos aproveitar o mesmo exemplo para abordar o fato de que para a 
divisão das duas equipes é necessário que o professor se preocupe em evitar que 
ocorra, pelos alunos, uma seleção dos mais aptos e a rejeição daqueles alunos que 
não apresentam habilidade com o material utilizado, ou que, por algum motivo, se 
diferenciam do grupo. Ou seja, é necessário buscar uma forma de trabalho que não 
se afaste da essência do jogo.
• Associação do erro com derrota: na prática de um determinado esporte, muitas 
vezes o erro pode significar um ponto para a equipe adversária. Entretanto, nas 
nossas aulas devemos considerar que o erro faz parte do aprendizado do aluno. 
Vamos utilizar o exemplo de uma aula de voleibol em que o professor opta por 
trabalhar com o jogo de vôlei em si, e que o aluno, por algum motivo, erra o saque. É 
preciso considerar que, além da angústia de errar, pode existir uma certa reclamação 
do grupo que acaba por agravar a preocupação desse aluno que errou e, em virtude 
da preocupação exagerada, acaba por repetir o movimento inadequado e erra outras 
vezes. Pode ocorrer, nesse caso, um sentimento de incompetência por parte de 
quem errou e a classificação de que é um mal jogador por parte do grupo. O professor 
quando opta por trabalhar nessa perspectiva deve resguardar a diferença entre sua 
aula e a prática daquele esporte com o seu conjunto de regras, para que possa dar 
ao erro uma conotação de aprendizado e não a de derrota. Uma sugestão é que, a 
cada erro,o professor intervenha corrigindo ou adequando o movimento, sem que 
tal intervenção possa favorecer alguma equipe. Para tanto é necessário deixar claro, 
desde o início, que o objetivo da aula não é o resultado do jogo, mas sim que aquele 
jogo contribua para o aprendizado.
• Limitação das aulas pela ausência de quadra ou material: muitos professores são 
levados a pensar que uma boa aula depende de um local adequado e farto material. 
Na verdade, seria ótimo se todas as condições fossem perfeitas. Entretanto, a falta 
de uma quadra não pode impedir o trabalho do professor, que deve buscar analisar 
as condições da escola e de suas imediações. Se não existe espaço suficiente para 
uma aula de futebol, vôlei ou atletismo, verifique se estas modalidades não podem ser 
praticadas em um terreno ao lado, em uma praia ou em um campo próximos. Outro 
aspecto que costuma limitar algumas metodologias é a falta de material. Nesse caso 
é preciso verificar se é possível utilizar material alternativo como, por exemplo, bolas 
improvisadas a partir de meias velhas. É importante deixar a imaginação funcionar 
antes de abandonar um projeto.
• O professor não se ocupa de todos os alunos: outro equívoco identificado em 
alguns métodos é o fato de o professor não se preocupar com todo o grupo que 
trabalha. O método adotado, além de ser utilizado para melhor desenvolver o 
conteúdo, deve considerar o número de alunos e a natureza do terreno onde se está 
trabalhando, de forma a garantir que o professor possa estar atento a cada um de 
seus alunos individualmente e o desenvolvimento do grupo como um todo. 
140
É preciso refletir antes de adotar ou recusar qualquer prática!
NOTA
Outro aspecto a ser discutido é a confusão que se faz em torno dos termos 
autoritarismo e autoridade. Quando falamos em autoritarismo queremos 
evidenciar o exagero ou uma concepção exacerbada e rígida. De fato, é 
bastante questionado o autoritarismo presente nas práticas antigas de 
professores e treinadores esportivos que, neste texto, estamos tratando 
de métodos tradicionais. Sabemos por ver ou por ouvir dizer que, além 
dos castigos físicos, alguns desses professores agrediam fisicamente 
os seus alunos e exigiam em troca a passividade e a subserviência. 
Continuamos criticando severamente a prática desses professores, 
entretanto queremos deixar claro que combater o autoritarismo não 
significa abrir mão da autoridade diante do grupo de aprendizes, que é 
inerente ao papel do professor.
O uso da autoridade, sobretudo no papel das novas tendências pedagógicas, é 
esperado daquele que dá direção ao processo de ensino e aprendizagem, e a negação 
desta autoridade pode resultar em aspectos negativos no desenvolvimento do trabalho 
pedagógico do professor. 
O professor lança mão da autoridade desde o momento que decide que 
conteúdo trabalhar, até quando se faz necessário conter algum excesso por parte do 
aluno. É necessário buscar o equilíbrio para evitar que o uso da autoridade resulte na 
prática do autoritarismo!
4 ENSINO DE HABILIDADES PARA A VIDA POR MEIO 
DO ESPORTE
Para finalizar este tópico e reforçar a noção de que o esporte é capaz de trazer 
uma perspectiva de Desenvolvimento Positivo de Jovens (DPJ), que surge para valorizar 
os talentos, as qualidades e os interesses da juventude para potencializar um futuro 
de sucesso, associando valores técnico-táticos, socioeducativos e histórico-culturais, 
vamos apresentar esta perspectiva de ensino e trazer exemplos práticos para as aulas 
(MILISTEDT et al., 2020).
A perspectiva do DPJ tem por finalidade elencar estratégias que favoreçam a 
transição adequada da juventude para uma vida adulta saudável e bem-sucedida. Tais 
estratégias se concentram em estruturar ambientes capazes de promover experiências 
positivas aos aprendizes.
141
São nesses ambientes que os alunos estabelecem relações, afloram suas 
potencialidades e estão aptos a desenvolver domínios de comportamento. Esses 
domínios podem ser definidos como 5Cs que, nomeadamente, são: competência, 
confiança, conexão, caráter e cuidado (MILISTEDT et al., 2020).
FIGURA 4 – OS 5Cs
FONTE: Milistedt et al. (2020, p. 7)
Sob a perspectiva do DPJ, o desenvolvimento dos 5C’s representa a eficiência 
dos ambientes que se propõem em favorecer comportamentos positivos na juventude. 
Uma vez desenvolvidos, os jovens estão aptos a praticá-los em situações da vida 
diária, contribuindo com o convívio em sociedade. Essa contribuição representa 
o sexto “C” e passa a ser reconhecido como o resultado final do processo de DPJ 
(MILISTEDT et al., 2020).
142
FIGURA 5 – CONTRIBUIÇÃO DOS 5Cs
FONTE: Milistedt et al. (2020, p. 8)
ATENÇÃO
Reconhecida a importância de desenvolver os 5Cs no ambiente educacional, 
o questionamento a ser respondido é: quais ambientes permitem o 
desenvolvimento dos 5Cs e podem potencializar o DPJ?
Para responder a esse questionamento, iniciamos identificando os ambientes em 
que os jovens se encontram inseridos. De maneira geral, a família e a escola são exemplos 
de ambientes onde estes estão engajados por mais tempo durante a juventude. Para 
além desses ambientes, atividades organizadas como programas de orientação das artes, 
apoio acadêmico, serviço comunitário e o esporte, também podem ser identificados pelo 
que é denominado como estruturas do DPJ (MILISTEDT et al., 2020).
Ressalta-se que a simples inserção nessas estruturas é, por muitas vezes, 
insuficiente para que os jovens desenvolvam os 5Cs necessários ao DPJ. Para isso, 
essas estruturas devem possuir clima emocionalmente seguro e positivo aos jovens e 
adotar estratégias intencionais que favoreçam o desenvolvimento dos 5Cs. 
143
Desse modo, as estruturas devem possuir agentes com a iniciativa de favorecer 
os domínios de comportamento. Esses agentes são reconhecidos como recursos do 
DPJ. Assim, considerando a família, a escola e o esporte como exemplos de estruturas 
do DPJ, identificamos os pais, os professores e os treinadores esportivos, como os 
recursos presentes nessas estruturas
FIGURA 6 – AMBIENTES FAVORÁVEIS AO DESENVOLVIMENTO
FONTE: Milistedt et al. (2020, p. 9)
O esporte enquanto estrutura do DPJ tem se destacado entre outras atividades 
organizadas por ser uma atividade atrativa e ter grande chance de obter a fidelidade 
participativa dos jovens. Além disso, o esporte se apresenta como uma atividade com 
a capacidade de despertar a motivação e exigir a concentração de seus praticantes 
(MILISTEDT et al., 2020). 
Esses aspectos são fundamentais para favorecer a aprendizagem das 
competências relacionadas aos 5Cs. Visualizar o desenvolvimento dos 5Cs por meio do 
esporte também se justifica por algumas características de seu contexto. A presença e 
a necessidade do respeito às regras, companheiros e adversários, retratam normas de 
condutas sociais exigidas aos jovens praticantes durante a prática esportiva. Compor 
equipes em esportes coletivos aflora o senso de pertencimento a grupos e potencializa 
a cooperação e o trabalho em equipe. Por sua vez, a iniciativa e a tomada de decisão 
são competências exigidas perante a complexidade e aleatoriedade das ações dentro 
de um contexto esportivo (MILISTEDT et al., 2020). 
144
IMPORTANTE
Mesmo diante de tais características, a má estruturação e orientação 
do esporte podem oferecer experiências negativas e desenvolver 
comportamentos desfavoráveis ao DPJ. Por esse motivo, a estruturação 
de programas e instituições esportivas baseadas intencionalmente para 
promover o DPJ tende a favorecer resultados positivos. Tal intencionalidade 
pode ser evidenciada por meio da elaboração de diretrizes que tornem 
seus objetivos explícitos (MILISTEDT et al., 2020).
Comportamentos positivos, atitudes, competências, valores e habilidades para 
a vida (life skills) são componentes essenciais do DPJ para auxiliar crianças e jovens em 
desafios da vida diária (MILISTEDT et al., 2020). 
Exemplos de habilidades para a vida incluem: controle emocional, disciplina, 
gestão de tempo,honestidade, liderança, respeito, trabalho em equipe, entre outras. 
Quando estas são aplicadas somente no contexto esportivo, são nomeadas de habilidades 
esportivas. Contudo, quando são transferidas para contextos além do esporte (como 
casa, escola e comunidade), tornam-se habilidades para a vida (MILISTEDT et al., 2020).
FIGURA 7 – TRANSFERÊNCIA DE APRENDIZADOS
FONTE: Milistedt et al. (2020, p. 15)
No intuito de promover o ensino destes elementos no âmbito esportivo, 
pedagogos devem buscar integrá-los com os aspectos técnico-táticos presentes nas 
sessões de treino. Assim, o ensino de habilidades para a vida pode ser realizado de 
maneira explícita ou implícita. 
145
O ensino explícito de habilidades para a vida compreende ações sistematizadas 
do professor para promover a discussão e prática destas no contexto esportivo e a 
facilitação da transferência para outros contextos. Já o ensino implícito representa a 
ausência de ações do treinador neste sentido e a aprendizagem de habilidades para 
a vida como consequência do envolvimento de praticantes neste ambiente de regras, 
desafios e interações sociais (MILISTEDT et al., 2020).
Sugestões didáticas para o ensino de habilidades para a vida por meio dos 
esportes (MILISTEDT et al., 2020):
• Aproveite situações espontâneas para o ensino de habilidades para a vida.
• Cultive um clima de aula positivo.
• Envolva os alunos no processo da aula.
• Tenha um comportamento exemplar.
146
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As diferenças conceituais básicas entre a pedagogia tradicional do ensino dos 
esportes e as novas tendências pedagógicas.
• Que as novas tendências pedagógicas possuem métodos ativos que buscam 
construir ambientes positivos de aprendizagens, adaptando conteúdos de ensino ao 
contexto sociocultural dos aprendizes. 
• Os princípios das novas tendências em Pedagogia do Esporte se dão a partir de três 
referenciais: o técnico-tático, o socioeducativo e o histórico-cultural. 
• O esporte é capaz de trazer uma perspectiva de Desenvolvimento Positivo de 
Jovens (DPJ), que surge para valorizar os talentos, as qualidades e os interesses 
da juventude para potencializar um futuro de sucesso, associando valores técnico-
táticos, socioeducativos e histórico-culturais.
147
RESUMO DO TÓPICO 1
1 Aprendemos neste tópico de estudos que quando falamos em autoritarismo 
queremos evidenciar o exagero ou uma concepção exacerbada e rígida, de fato é 
bastante questionado o autoritarismo presente nas práticas antigas de professores 
e treinadores esportivos que, neste texto, estamos tratando de práticas pedagógicas 
tradicionais. A partir desta afirmação, a alternativa CORRETA:
a) ( ) O professor ou treinador esportivo deve fazer uso de sua autoridade, sobretudo 
para garantir a disciplina em aula, devendo, inclusive, utilizar castigos e punições 
como forma de exemplos aos demais aprendizes.
b) ( ) O professor ou treinador esportivo não deve fazer uso de sua autoridade em aula, 
devendo deixar o ambiente de ensino e aprendizagem livre e aberto aos aprendizes.
c) ( ) O professor ou treinador esportivo deve fazer uso da autoridade e, sobretudo no 
papel das novas tendências pedagógicas, é esperado que ele de a direção ao 
processo de ensino e aprendizagem, já que a negação desta autoridade pode 
resultar em aspectos negativos no desenvolvimento do trabalho pedagógico 
do professor.
d) ( ) O professor ou treinador esportivo deve fazer uso de sua autoridade de forma 
autoritária, sobretudo no papel da pedagogia tradicional, que historicamente 
mostrou sua eficiência no processo de ensino e aprendizagem dos alunos.
2 Vimos que a metodologia tradicional enxerga o processo de ensino e aprendizagem 
como um quebra-cabeças, no qual a soma das partes busca representar o todo, e 
se pensarmos nos planos de aulas que se pautam nesta abordagem encontramos 
esses divididos em três ou quatro partes. Com base nessas definições, analise as 
sentenças a seguir:
I- Tradicionalmente as aulas de Educação Física são divididas em: parte de 
alongamentos e aquecimentos, parte destinada para o ensino de uma ou mais 
técnicas do esporte, parte destinada para a realização do jogo formal no caso dos 
esportes coletivos ou experimentações no caso dos esportes individuais e parte 
destinada para a volta à calma, roda de conversa, entre outros.
II- Nas abordagens inovadoras, ao invés de os alunos aprenderem movimentos 
específicos e estereotipados por repetição exaustiva, eles são instigados, por meio 
de situações-problemas, a explorar e criar suas próprias respostas e condutas 
motoras como forma devolutiva às exigências do esporte, caracterizando não a 
automação mais sim a humanização dos gestos.
III- Nas abordagens inovadoras, por serem contrárias ao método tradicional de ensino 
dos esportes, as aulas não possuem conexão com a realidade do aprendiz, ocorrendo 
o ensino das técnicas a partir da imitação de gestos motores padrões. 
AUTOATIVIDADE
148
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 Sobre o ensino dos esportes a partir dos princípios das novas tendências pedagógicas, 
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) As abordagens inovadoras se centram no ensino da lógica do esporte em detrimento 
dos seus movimentos particulares. Não que elas não considerem a existência de 
técnicas esportivas (movimentos específicos que aparecem com mais frequência 
nos jogos), mas essas, ao invés de estarem evidenciadas e enfatizadas no início 
do processo de ensino, são alocadas para o final, pois assim se prioriza que os 
alunos construam seus movimentos, a partir de particulares interpretações, que 
gerarão condutas motoras diversificadas, e consequentemente um rico acervo de 
possibilidades de respostas para os jogos.
( ) Do ponto de vista prática, é possível pensar que este modelo não busca incluir 
todos os aprendizes no processo de ensino-aprendizagem de determinada 
modalidade esportiva, pois ela parte daquilo que o professor sabe para aquilo que 
o aluno deve aprender.
( ) Os princípios das novas tendências em Pedagogia do Esporte se dão a partir de três 
referenciais: o técnico-tático, o socioeducativo e o histórico-cultural. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
 
4 A partir daquilo que estudamos, disserte sobre os possíveis equívocos presentes no 
ato de planejar uma aula de Educação Física baseado nas dimensões pedagógicas 
tradicionais de ensino dos esportes. 
5 Aprendermos que os esportes possuem potencialidades para serem trabalhados a 
partir do ensino de habilidades para a vida, termo chamado na literatura de Life Skills. 
Neste contexto, disserte sobre a perspectiva do Desenvolvimento Positivo de Jovens 
apresentada neste tópico de estudos.
149
NOVAS ABORDAGENS EM PEDAGOGIA 
DO ESPORTE
1 INTRODUÇÃO
UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 
Olá, acadêmico! Vamos dar continuidade aos nossos estudos em Pedagogia do 
Esporte, este é o segundo tópico da Unidade 3 do nosso Livro Didático.
LEMBRETE
Vimos na Unidade 1, que nas décadas de 1970 e 1980, os métodos de ensino-
aprendizagem dos esportes passaram a ser repensados, sobretudo a partir 
da crítica ao modelo tecnicista e analítico e, consequentemente, com a criação 
de pedagogias ativas que colocavam o aprendiz o no centro do processo de 
ensino-aprendizagem.
No início dos anos 1980, uma publicação revolucionou a concepção pedagógica 
do ensino dos esportes. Apresentado por Bunker e Thorpe (1982), o Teaching Games for 
Understanding (TGfU), traduzido como ensino do jogo pela compreensão, se consolidou 
por apresentar as seguintes características:
• Do ensino centrado na tarefa (analítico) para o ensino centrado no aluno.
• Do ensino a partir daprogressão tática para a aprendizagem técnica.
• Do ensino a partir da compreensão do esporte (conhecimento tático declarativo).
• Da ação do professor que objetiva questionar e demandar do aluno via análise da 
situação de aprendizagem.
Para Greco et al. (2020), o conceito original do TGfU se espalhou pelo mundo 
e emergiram adaptações e modificações que, apoiadas na matriz inicial, apresentam 
diferentes interpretações relacionadas as questões culturais e específicas de cada 
modalidade esportiva.
Em síntese, no final dos anos 1990, quando já consolidadas as bases dos 
métodos ativos de ensino-aprendizagem dos esportes, com premissas oriundas da 
psicologia, da relação cognição-cérebro-aprendizagem, das interações aprendiz-
tarefa-ambiente, somadas aos pressupostos do diálogo das funções executivas com 
a aprendizagem e das descobertas nas neurociências, se apresentam à comunidade 
acadêmica novos conceitos pedagógicos e metodológicos para o ensino dos esportes 
(GRECO et al., 2020).
150
Para aprofundarmos neste tópico de estudos selecionamos duas importantes 
abordagens pedagógicas baseadas em métodos ativos de ensino-aprendizagem dos 
esportes no contexto escolar, sendo estas:
• A iniciação esportiva universal
• O jogo como eixo do processo de ensino-aprendizagem
DICA
Antes de iniciar, faça uma releitura sobre as principais metodologias de 
ensino-aprendizagem dos esportes que estudamos no tópico 2 da Unidade 
1 deste Livro Didático.
Você está preparado?
2 A INICIAÇÃO ESPORTIVA UNIVERSAL
O método da Iniciação Esportiva Universal (IEU) direciona-se principalmente para 
crianças e adolescentes de quatro a 14 anos de idade. Sendo considerado um método 
ativo de ensino-aprendizagem por ter seu foco centrado no aprendiz, na aprendizagem 
incidental, na descoberta guiada, na integração dos processos de aprendizagem tática 
e motora e na ação tática de jogar (GRECO et al., 2020).
Segundo Greco et al. (2015), o jogar para aprender jogando da IEU promove a 
criatividade, amplitude e complexidade crescente da percepção, produção e busca por 
soluções no ambiente de desenvolvimento dos esportes.
Para Lages (2018), a IEU constitui-se como uma proposta pedagógica que 
descreve um processo metodológico referenciado prioritariamente nos processos de 
aprendizagem incidental. A proposta metodológica da IEU sugere uma interação de 
conteúdos nos momentos A-B ou seja, de aprendizagem tática (A) e de aprendizagem 
motora (B), e de progressão desse conteúdos no momento do treinamento tático 
e técnico (C). De forma que todos eles conformam um A-B-C que se apresenta em 
interação, momentos e relacionados entre si por um aspecto em comum, os Jogos de 
Inteligência e Criatividade Tática (JICT).
151
Os JICT ocupam destaque na proposta da IEU, por um lado, por ser uma proposta 
de resgate das brincadeiras e jogos populares que as crianças têm acesso nos mais 
diversos locais (campos, pátios, praias, ruas etc.), por outro, pela adaptação desses jogos 
na sua lógica tática às exigências táticas (processos cognitivos de percepção, atenção, 
memória) e motoras (especialmente, coordenativas) presentes nas modalidades 
esportivas, configurando-se numa base de experiências afetivas, cognitivas, motoras e 
sociais fundamentais ao desenvolvimento das crianças (GRECO, 2012). 
IMPORTANTE
Os métodos ativos em geral, assim como a IEU, se fomentam no 
selecionamento de atividades associadas pela tríade: objetivos-conteúdos-
método. Ou seja, jogar por si só, sem mediação ou planejamento, pode 
não provocar a aprendizagem esperada pelo professor.
Para alcançar os objetivos em IEU, a função do professor caminha a partir da 
intencionalidade pedagógica, por meio do selecionamento de atividades que provocarão 
o aprendizado incidental dos aprendizes.
NOTA
Aprendizagem incidental é quando o aprendiz se abre para as oportunidades 
já existentes e as que ainda virão para descobrir, se aprofundar e criar. 
Neste método, o professor é responsável por criar, de forma intencional, um 
ambiente de aprendizagem incidental.
Como dito anteriormente, o método da IEU utiliza na organização do processo 
de ensino-aprendizagem-treinamento incidental a metáfora de uma alfabetização 
esportiva ABC-D (GRECO et al., 2015; GRECO et al., 2020) no qual:
• A: quais conteúdos a serem ensinados? (estrutura substantiva).
• B: quando ensinar determinados conteúdos? (estrutura temporal).
• C: como ensinar os conteúdos? (estrutura metodológica).
• D: finalidade intencional a partir dos elementos presentes nas respostas universais 
sobre o método ABC (Jogos de Inteligência e Criatividade Tática).
152
No jogo do ABC-D da IEU, a concepção metodológica (C) se constrói nas 
interações entre os processos de aprendizagem tática ao treinamento tático (A), da 
aprendizagem perceptivo-motora ao treinamento técnico (B) e do treinamento técnico-
tático (C). Na prática, estes processos se relacionam e estimulam via JICT (D). A proposta 
se constrói didaticamente idealizada numa sequência de alfabetização esportiva, um 
jogo do ABC-D no qual se objetiva desenvolver a leitura tática do jogo via aprendizagem 
tático-técnica (GRECO et al., 2015; GRECO et al., 2020).
DICA
Você sabe por que este método é universal? Pois a proposta se direciona 
ao universo dos diferentes tipos de esportes que estudamos no tópico 2 da 
Unidade 2 deste Livro Didático, vale a pena você retomar esta leitura!
Neste método se descarta uma sequência padronizada de exercícios ou 
de jogos previamente fabricados para que todos os realizem da mesma forma. Ao 
contrário, sugere-se que o professor adapte as atividades e jogos a realidade cultural 
e de movimentos da criança e do próprio esporte em uma organização compartilhada 
entre professor-aprendiz, preconizando a variedade das atividades em substituição a 
monótonas repetições (GRECO et al., 2015; GRECO et al., 2020).
Mas como operacionalizar a atenção do aprendiz em ações de jogo para que 
ocorra o bom desempenho técnico-tático? Greco et al. (2020) preconiza de duas formas:
• Por meio do direcionamento da atenção do aprendiz: exercícios que incentivem a 
criança a descobrir os sinais relevantes ao jogo, por exemplo, quando deve sair de sua 
posição no campo para realizar a abordagem de marcação ao adversário, ou qual a 
posição do corpo mais adequada para iniciar determinadas ações que proporcionem 
maiores chances de acerto técnico.
• Por meio do desvio da atenção do aprendiz: retirando a atenção da situação ou 
do movimento, adicionando tarefas por meio de atividades em que a tomada de 
decisão e/ou a motricidade estejam sobre pressão. No handebol, por exemplo, realizar 
lançamentos por cima de um obstáculo que dificulta a visão, ou realizar o lançamento 
a determinado ângulo, sinalizado pelo goleiro (pressão tempo e precisão). Realizar 
passes entre jogadores com duas bolas, com defensor. Realização de tarefas alheias 
ao movimento durante sua execução, como a realização de operações matemáticas 
(por exemplo, o treinador pergunta, 7x2? durante o arremesso no basquetebol), ou 
colocar locais a se observar durante a realização motora. 
153
Quando falamos em estruturação de aulas a partir da IEU destacamos que 
o processo de ensino-aprendizagem se centra no aprendiz, a aula se inicia com 
jogos e brincadeiras de abordagens táticas, realiza-se também exercícios técnicos 
coordenativos, e volta-se ao jogo. Logo, neste modelo, se veiculam jogos reduzidos 
em igualdade ou superioridade numérica para facilitar ao aprendiz a compreensão dos 
princípios táticos comuns dos diferentes grupos ou famílias de esportes (GRECO et al., 
2015; GRECO et al., 2020).
Na proposta, contempla-se também uma interação da aprendizagem tática 
(desenvolvimento das capacidades táticas, e das estruturas funcionais gerais e 
direcionadas) com os processos direcionados a aprendizagem motora (desenvolvimento 
da coordenação e das famílias de habilidades). Os processos de aprendizagem motora 
visam a facilitação adaptativa ao treinamento técnico(GRECO, 2012; CARLOS et al., 
2018; LAGES, 2018). 
Segundo a proposta, o saber “o que fazer” relaciona-se com a compreensão da 
situação, compreender a lógica do jogo, realizar a denominada “leitura” tática do jogo 
(GRECO, 2012), e implica no desenvolvimento da capacidade tática do praticante (para 
tal que este gradativamente consiga declarar de forma verbal e/ou escrita qual a melhor 
decisão a ser tomada e o porquê) (GRECO, 2012; CARLOS et al., 2018; LAGES, 2018). 
O saber “como fazer”, corresponde com o processo de aprendizagem motora, 
ou seja, realizar a ação motora, que na IEU refere-se a aprendizagem motora a ser 
desenvolvida por meio do processo de ensino-aprendizagem-treinamento das 
capacidades coordenativas, indicado para a faixa etária de 04 até 12-14 anos (GRECO, 
2012), e das famílias de habilidades esportivas (CARLOS et al., 2018; LAGES, 2018).
INTERESSANTE
Para Greco et al. (2020), no alto nível de rendimento esportivo o treinamento 
tático-técnico objetiva a melhoria da tomada de decisão e adequada solução 
motora para obter o resultado (nem sempre representada pelo movimento 
ideal). Nos jogos esportivos coletivos, por exemplo, realizar uma técnica 
implica relacionar a tomada de decisão, com o grau de dificuldade da 
tarefa (condições do atleta realiza-la), com a situação de jogo (parâmetro 
decisional). Particularmente, nos esportes de invasão, de rede e de combate, 
o comportamento decisional está impregnado de intencionalidade.
Destacamos também sobre as possibilidades e variedades presentes em 
tarefas de aula. Na IEU emerge a necessidade de recorrer ao uso de diferentes materiais 
(bambolês, bancos, bolas coletes, colchão, cordas, cones, sacolas, entre outros) e 
de diferentes habilidades como arremessar, correr, saltar e se equilibrar, para fins de 
desenvolvimento da coordenação das habilidades corporais e esportivas via motricidade 
(CARLOS et al., 2018; LAGES, 2018).
154
FIGURA 8 – JOGO COOPERATIVO
FONTE: <https://gge.com.br/web/confira-as-fotos-das-turmas-do-7-ano-no-projeto-jogos-
cooperativos-juntos-somos-mais-fortes/>. Acesso em: 14 fev. 2022.
O “jogar para aprender” no paradigma da IEU tem como pressupostos básicos 
fortalecer a aquisição de experiências cooperativas, com a valorização do engajamento 
social via jogo, a experimentação de forma livre, com recurso ao resgate de jogos 
da cultura popular (utilizando, por exemplo, brincadeiras de pegar e esconder), que 
se remodelam apropriados ao nível de cada participante, com objetivo a facilitar a 
compreensão de futuros problemas específicos do esporte (GRECO et al., 2015; GRECO 
et al., 2020).
As atividades com esse objetivo referenciam-se na proposta da Escola da Bola, 
formulada por Kröger e Roth (2002), a qual se pauta em exercícios que objetivam relacionar 
as informações captadas do ambiente (por meio dos sentidos: visual, tátil, acústico, 
sinestésico e vestibular) com as emergências necessárias à motricidade (resposta 
motora), isto é, das características condições de pressão presentes no ambiente para 
realizar a ação (ou seja, do conjunto de condicionantes da motricidade, tempo, precisão, 
organização ou simultaneidade, complexidade ou sequência, variabilidade e carga). 
Como segundo conteúdo, também referenciado em Kröger e Roth (2002), no 
processo de aprendizagem motora, se apresentam atividades direcionadas a melhorar 
as denominadas famílias de habilidades esportivas, consideradas como um conjunto 
de atividades que objetivam por meio de sua práxis a melhoria das habilidades 
técnicas (KRÖGER; ROTH, 2002) na realização de ações nos esportes. As mesmas 
estão relacionadas ao conjunto de modalidades esportivas, e constituem a base para o 
posterior aprendizado das técnicas do esporte a ser escolhido (GRECO, 2012).
155
O aprendiz, enquanto arquiteto ativo da sua própria aprendizagem, se desenvolve 
percebendo sinais relevantes nas estratégias táticas dos jogos e gradativamente 
melhora sua execução motora. Ou seja, ocorre a melhoria da coordenação técnica e da 
interpretação sobre as estratégias táticas presentes nas famílias dos esportes a partir 
do crescente aumento do nível de complexidade das tarefas propostas pelo professor 
(GRECO et al., 2015; GRECO et al., 2020).
Nos jogos com bola, por exemplo, a IEU defende a construção da gradativa das 
interações entre o aprendiz e a bola, com o espaço, com o colega, com o adversário, com 
o contexto da situação (tomada de decisão tática). Se recorre aos parâmetros comuns 
(universais) dos jogos esportivos coletivos, a bola, o espaço, o objetivo do jogo (cestas, 
gols, metas etc.), os colegas, os adversários, o público, a arbitragem, as regras do 
jogo, entre outros (BAYER, 1994). Tomando como referências modificações e variações 
básicas gerais em relação aos espaços de jogo, tempos, regras de ação, número de 
jogadores, técnicas exigidas, estratégias táticas de ação e tomadas de decisão (GRECO 
et al., 2015; GRECO et al., 2020).
IMPORTANTE
O ABC-D que trabalha a organização do processo de aprendizagem do como 
fazer do aprendiz constitui-se dos tópicos de desenvolvimento das famílias 
dos esportes e de exigências na coordenação de habilidades motoras. 
Nos processos de ensino-aprendizagem-treinamento não se objetiva 
desenvolver a técnica, na acepção de um modelo ideal de movimento, e sim 
formas gestuais que se realizem de forma espontânea, experimentando, 
para permitir uma ampla bagagem de experiências motoras, de forma que 
o aprendiz possa relacionar a ação adequada na tríade tempo-espaço-
energia para resolver questões motoras em situações de tomadas de 
decisão (GRECO et al., 2020).
Vale lembrar que a coordenação é necessária não somente para a aprendizagem 
dos esportes, mas também na vida cotidiana, como por exemplo, andar de bicicleta, 
dirigir um automóvel, entre outras ações comuns da rotina.
DICA
Os modelos de ensino-aprendizagem pela compreensão dos jogos, 
particularmente o TGfU e IEU se disseminaram timidamente no Brasil, nesse 
contexto observa-se a notoriedade da obra de Gonzalez e Bracht (2012) intitulada 
Metodologia do Ensino dos Esportes Coletivos. Vale a pena você conferir!
156
3 O JOGO COMO EIXO DO PROCESSO DE 
ENSINO-APRENDIZAGEM
Para finalizarmos esta etapa de estudos vamos aprofundar nosso 
conhecimento sobre o uso do jogo como eixo do processo de ensino-aprendizagem-
treinamento dos esportes.
LEMBRETE
Vimos que na fase de iniciação esportiva a criança encontra-se em construção do seu 
repertório motor, portanto, é preciso levar em consideração aspectos importantes para 
o sistema ensino-aprendizagem-treinamento, tais como o fato de não existir um padrão 
único de execução das habilidades técnicas (se existisse, por exemplo, não 
seriam inventados novos dribles no futebol!), neste sentido, o sistema ensino-
aprendizagem-treinamento na fase de iniciação esportiva deve ser estruturado 
a partir da experimentação, com estímulos de caráter aberto e variado. Além 
disso, o brincar é o modo primário pelo qual as crianças aprendem sobre 
seus corpos e potencialidades de movimento, logo, o jogo e a brincadeira 
devem ser o ponto de partida na elaboração do seu plano de aula.
Conforme aprendemos na Unidade 1, um dos principais métodos que utiliza o 
jogo como eixo central do processo de ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes 
é chamado de pedagogia do jogo. 
Proposta desenvolvida pelo professor Alcides Scaglia e colaboradores 
na Universidade Estadual de Campinas. Tendo como pressuposto fundamental a 
compreensão do jogo como um sistema complexo com propriedades específicas e com 
uma lógica de funcionamento própria, que exige de quem joga o seu reconhecimento. 
Para isso é necessário que o jogador (aprendiz) possua um saber estratégico-tático-
técnico, que se manifesta no ato de jogar, como uma ação intencional, em um ambiente 
de jogo que pressupõe a existência de quatro características básicas:
• Desafio.
• Desequilíbrio.
• Imprevisibilidade. 
• Representação.
Em outras palavras, o jogo nãose restringe apenas às suas características 
funcionais (lógica interna) e estruturais (adversários, bola, companheiros, espaço, 
meta e regras do esporte) da atividade, como é concebido pelo método tradicional. 
Mas, é como um estado, ou seja, um estado de imersão e de engajamento do aprendiz, 
chamado na literatura de estado de jogo, em que o jogador está entregue e focado 
em solucionar o problema proposto pelo jogo, valendo-se para isto de seus principais 
recursos estratégicos, táticos e técnicos (qualidades e habilidades) (THIENGO, 2020).
157
Em síntese, a pedagogia do jogo transporta o jogo de uma instância objetiva e 
o traz para a esfera da subjetividade. Portanto, na pedagogia do jogo, a aprendizagem 
significativa ocorre quando as atividades acontecem na intersecção entre o ambiente 
de aprendizagem (caracterizado pela organização e planejamento dos respectivos 
conteúdos) e o ambiente do próprio jogo (THIENGO, 2020).
IMPORTANTE
Crianças aprendem mais quando o brinquedo as envolve afetivamente, ou 
ainda, quando estão interessadas pelo brinquedo e pela brincadeira!
FIGURA 9 – JOGO DA MEMÓRIA DOS ESPORTES
FONTE: O autor (2019)
As crianças apropriam-se de forma ativa, por meio do processo de internalização, 
dos comportamentos e relações sociais e dos acervos materiais e simbólicos dos 
contextos socioculturais (VIGOTSKI, 2014). Nesse sentido, Vigotski (2014) e Elkonin (2009) 
estabelecem que as práticas de mediação são fundamentais para a aprendizagem, uma 
vez que as crianças aprendem e se desenvolvem a partir da interação com seus pares, 
familiares e educadores e da manipulação e ressignificação de objetos e elementos 
semióticos. Desse modo, o jogo é uma atividade cultural, produtora de significados, 
valores e gestos, que são apreendidos pelas crianças em consonância com a conjuntura 
na qual se constituem (FABIANI; SCAGLIA, 2018).
158
Para Huizinga (1996), o jogo pode ser considerado como uma atividade livre não 
séria, mas que é capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total para seu meio. 
Caillois (1990) também define o jogo como uma atividade livre, incerta, 
improdutiva e fictícia. 
Embora o jogo se apresente como uma atividade livre como defendido 
anteriormente, para Suits (1967) o conceito de jogo aponta a importância das regras 
específicas, tornando-as indissociáveis do objetivo do jogo, pois estas regem as 
condições necessárias para o objetivo ser alcançado, ou seja, a possibilidade de vitória 
do jogo só existe quando o jogo é jogado e não se pode jogar sem que se obedeça a 
suas regras.
As reflexões de Suits (1967) agregam as ideias defendidas por Freire (2002), 
afirmando que não pode considerar qualquer manifestação ao jogo, sendo que o seu ato 
de jogar revela o jogo, em que este só será jogo quando for jogado plenamente pelos seus 
jogadores, por meio do desafio, do desequilíbrio, da imprevisibilidade e da representação. 
Além disso, Freire e Scaglia (2003) apresentam o jogo como uma categoria 
maior que esportes e brincadeiras. Para os autores o jogo é uma espécie de simulação 
da realidade com um caráter lúdico, que se manifesta quando as pessoas praticam 
esportes, quando lutam, quando dançam, quando fazem ginástica e também quando 
brincam. Portanto, para se ter uma compreensão do jogo, deve-se compreender a sua 
totalidade, permear as áreas do conhecimento que ele faz parte (FREIRE, 2002; SCAGLIA 
et al., 2013) e com isso, entender o jogo em uma perspectiva sistêmica e complexa, 
sendo que é o contexto (ambiente) que determina o que é jogo. 
IMPORTANTE
Cabe destacar, que o jogo no âmbito da escola não é comumente utilizado 
como um recurso pedagógico para o processo de ensino e de aprendizagem, 
mas sim como uma mera distração para os alunos (FREIRE, 2002), sem que 
se compreenda a seriedade deste fenômeno complexo. Para que haja uma 
ruptura paradigmática, é fundamental termos em mãos as teorias que 
sustentam o jogo como um fenômeno sistêmico complexo, sendo este 
investigado e utilizado em sua totalidade.
Encontramos em Pereira et al. (2018) definições atuais sobre a relação entre 
jogo e Educação Física.
Para o autor, apesar de o jogo ter suas inúmeras facetas, e maneiras de ser 
conceituado, um local onde é utilizado como recurso norteador para a aprendizagem 
dos educandos é a escola!
159
Contudo, Freire (2002) destaca que a escola utiliza o jogo de maneira indevida, 
utilizando-o na maioria das vezes fora do currículo, como uma espécie de recreação, ou 
também como forma de sedução para ensinar conteúdos de sala de aula que o educador 
não conseguiu, sem se preocupar com seu trato pedagógico. Isso se caracteriza pelo 
fato de que a escola ainda se preocupa apenas com parte da aprendizagem, não se 
detendo no significado dos conteúdos, o que realmente os educandos irão aprender e 
como farão isso. 
Muitos educadores não utilizam o jogo em suas aulas por medo de perder o 
controle sobre seus educandos, ou também por não compreenderem este fenômeno, 
optando por estratégias de ensino mais rígidas e monótonas. 
Conforme Brougére (1998), o jogo necessita ser valorizado pelos educadores, ser 
apresentado aos educandos, deixar que se jogue plenamente, sendo este construído e 
modificado por seus jogadores, e com isso suprir uma necessidade básica da criança na 
escola, que é o ato de jogar. 
No que tange ao contexto da Educação Física, o jogo como uma função 
educativa está ao alcance do educador, podendo ser trabalhado em todas as faixas 
etárias e níveis de ensino, mas havendo um equilíbrio entre a função educativa e a sua 
função lúdica (KISHIMOTO, 1994). 
Nesse equilíbrio, o educador pode fornecer ao educando diversas possibilidades 
de jogo e, com isso, poder estimular a criatividade e expressar sua personalidade que 
emerge pelo desejo de jogar. Em suma, Freire (2002) afirma que a criança tem o desejo 
de jogar e, quando resolve o problema estabelecido, é uma satisfação de conquista. O 
autor exemplifica que quando uma criança consegue fazer, por exemplo, um pião girar, 
é similar ao sentimento de conquista que emerge quando uma situação problema do 
jogo é resolvida. 
Segundo Pereira et al. (2018), este aprendizado deve ser movido pela satisfação, 
seduzindo o educando pelo caráter lúdico, por isso, o jogo apresenta contribuições 
pedagógicas tão variadas para o processo de ensino e de aprendizagem como 
evidenciamos abaixo:
• A aula fica centrada no educando, pois ele é quem irá resolver as situações problemas 
que emergem a partir de leituras complexas destas situações de jogo.
• As habilidades motoras e cognitivas surgem pelo confronto com os problemas 
decorrentes do jogo.
• As regras podem ser construídas coletivamente, como também podem ser geradas 
pelas circunstâncias do jogo.
• Desenvolve a criatividade e a autonomia de seus praticantes.
• Gera liberdade de expressão e escolha.
• O conhecimento prévio do educando é considerado.
160
• O jogo é desafio
• O jogo não deixa esquecer o que foi aprendido e faz a manutenção do que se aprendeu.
• Promove a superação.
• Promove interação dos seus praticantes.
• Tem caráter imprevisível gerando tensão e atenção
Para que estes resultados sejam alcançados, as aulas devem ser sistematizadas 
explorando todas as vertentes de conteúdos da Educação Física a serem trabalhados 
(SCAGLIA, 2007; PEREIRA et al., 2016). 
Nesse contexto, a Educação Física apresenta diversos conteúdos que podem 
ser desenvolvidos por meio do jogo, por exemplo: 
• Jogo associado aos esportes e pré-desportivos.
• Jogo associado as danças.
• Jogo associado as ginásticas.
• Jogo associado as lutas.
• Jogos e brincadeiras tradicionais.
• Jogos cooperativos.
• Jogos eletrônicos.
• Jogos de tabuleiro e salão.
O jogo engajado a uma prática organizada e sistematizada é um elemento 
estratégico pedagógico ao alcance do professor. Os conteúdos têm relação entre 
eles e podem ser trabalhados pelas semelhanças, características, repetição de jogos, 
variações e o aumento da complexidade dos jogos.O educador que irá sistematizar 
este conteúdo, encontrando jogos para desenvolvê-los, diminuindo ou aumentando o 
nível de complexidade de acordo com os seus educandos e com a realidade em que 
se encontra. 
Em síntese, existem inúmeras possibilidades em inserir o jogo de maneira séria 
no cenário da educação, mais precisamente se tratando da Educação Física Escolar, 
se configuram à medida que se compreende o jogo em sua totalidade, atribuindo este 
fenômeno a um sistema complexo, que oferece um ambiente de aprendizado como 
também reflexões sobre a sua utilização de maneira apropriada, não o restringindo de 
seus jogadores principais, as crianças e adolescentes (PEREIRA et al., 2018).
Portanto, os processos de ensino, vivência e aprendizagem do jogo, constituintes 
da pedagogia do jogo, desenvolvem-se na relação do ambiente de jogo, engajamento 
decorrente do ato de jogar e da ludicidade, com o ambiente de aprendizagens, 
competências e conhecimentos engendrados no jogo de maneira intencional ou 
incidental a partir das relações (FABIANI; SCAGLIA, 2018).
161
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As novas abordagens em pedagogia do esporte sustentam-se nos processos 
de aprendizagem incidental (do aprendiz), fundamentado por métodos ativos e 
intencionais do professor. 
• O método da Iniciação Esportiva Universal tem como base o ABC-D para o processo 
de ensino-aprendizagem-treinamentos dos esportes individuais e coletivos. 
• A pedagogia do jogo proporciona uma ampla e variada gama de possibilidades de 
ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes a partir dos princípios do desafio, 
desequilíbrio, imprevisibilidade e da representação.
• As novas abordagens em pedagogia do esporte atuam em construção e interação 
entre conteúdos, objetivos e métodos, com diversidade de campos de aplicação, 
postulando o princípio do processo de ensino-aprendizagem-treinamento a partir do 
jogar para aprender e aprender jogando.
162
1 Vimos que o método da Iniciação Esportiva Universal (IEU) direciona-se 
principalmente para crianças e adolescentes de quatro a 14 anos de idade. Sendo 
considerado um método ativo de ensino-aprendizagem por ter seu foco centrado 
no aprendiz, na aprendizagem incidental, na descoberta guiada, na integração dos 
processos de aprendizagem tática e motora e na ação tática de jogar. A partir desta 
afirmação, assinale a alternativa CORRETA sobre as características do processo 
metodológico da IEU:
a) ( ) A proposta metodológica da IEU sugere padronizações das ações técnico-táticas 
durante o processo de ensino-aprendizagem-treinamento de novas habilidades 
esportivas. De forma que todos eles conformam um A-B-C que se apresenta 
em interação, momentos e relacionados entre si por um aspecto em comum, os 
Jogos de Inteligência e Criatividade Tática (JICT).
b) ( ) A proposta metodológica da IEU sugere adaptações de conteúdos nos momentos 
de aprendizagem tática e aprendizagem motora, além de progressões desses 
conteúdos no momento do treinamento especializado para tal modalidade. 
De forma que todos os aprendizes devam seguir o modelo padrão de ensino-
aprendizagem-treinamento dos saberes da modalidade trabalhada.
c) ( ) A proposta metodológica da IEU sugere uma interação de conteúdos nos 
momentos A-B ou seja, de aprendizagem tática (A) e de aprendizagem motora 
(B), e de progressão desse conteúdos no momento do treinamento tático e 
técnico (C). De forma que todos eles conformam um A-B-C que se apresenta 
em interação, momentos e relacionados entre si por um aspecto em comum, os 
Jogos de Inteligência e Criatividade Tática (JICT).
d) ( ) A proposta metodológica da IEU sugere uma interação de conteúdos nos 
momentos A-B ou seja, de aprendizagem tática (A) e de aprendizagem motora 
(B), e de progressão desse conteúdos no momento do treinamento tático e 
técnico (C). De forma que todos os aprendizes devam seguir o modelo padrão de 
ensino-aprendizagem-treinamento dos saberes da modalidade trabalhada.
2 Quando falamos em planejamento e estruturação de aulas de Educação Física a 
partir das características dos métodos ativos em pedagogia do esporte, sobretudo 
da IEU, colocamos em pauta a ruptura do modelo de aula tradicional. A partir desta 
afirmação, analise as sentenças a seguir:
I- Nas aulas a partir da IEU destacamos que o processo de ensino-aprendizagem 
se centra no aprendiz. A aula se inicia com jogos e brincadeiras de abordagens 
táticas, realiza-se também exercícios técnicos coordenativos, e volta-se ao jogo. 
Logo, neste modelo, utilizam-se atividades seriadas, com objetivos exclusivamente 
voltados para a aprendizagem de habilidades técnico-motoras dos aprendizes.
AUTOATIVIDADE
163
II- Nas aulas a partir da IEU destacamos que o processo de ensino-aprendizagem se 
centra na tarefa estabelecida pelo professor. A aula se inicia com jogos e brincadeiras 
de abordagens táticas, realiza-se também exercícios técnicos coordenativos, e 
volta-se ao jogo. Logo, neste modelo, se veiculam atividades seriadas de princípios 
técnicos e táticos que padronizam os comportamentos do aprendiz.
III- Nas aulas a partir da IEU destacamos que o processo de ensino-aprendizagem se 
centra no aprendiz. A aula se inicia com jogos e brincadeiras de abordagens táticas, 
realiza-se também exercícios técnicos coordenativos, e volta-se ao jogo. Logo, neste 
modelo, se veiculam jogos reduzidos em igualdade ou superioridade numérica para 
facilitar ao aprendiz a compreensão dos princípios táticos comuns dos diferentes 
grupos ou famílias de esportes.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 A pedagogia do jogo tem como pressuposto fundamental a compreensão do jogo 
como um sistema complexo com propriedades específicas e com uma lógica de 
funcionamento própria, que exige de quem joga o seu reconhecimento. Para isso 
é necessário que o jogador (aprendiz) possua um saber estratégico-tático-técnico, 
que se manifesta no ato de jogar, como uma ação intencional, em um ambiente de 
jogo que pressupõe a existência de quatro características básicas. A partir desta 
afirmação, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) As quatro principais características do jogo são: competitividade, desequilíbrio, 
imprevisibilidade e representatividade.
( ) As quatro principais características do jogo são: desafio, desequilíbrio, 
imprevisibilidade e representatividade.
( ) As quatro principais características do jogo são: desafio, desequilíbrio, disputas e 
representatividade.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
164
4 Vimos que na pedagogia do jogo o aprendizado deve ser movido pela satisfação, 
seduzindo o educando pelo caráter lúdico, por isso o jogo apresenta contribuições 
pedagógicas tão variadas para o processo de ensino e de aprendizagem. A partir desta 
afirmação disserte sobre as evidencias positivas apresentadas por Pereira et al. (2018), 
trazendo exemplos de conteúdos que podem ser desenvolvidos por meio do jogo.
5 Vimos que as novas abordagens em pedagogia do esporte são criadas a partir da 
crítica ao modelo tradicional de ensino, sobretudo a partir da década de 1980. Fato este 
que fez emergir diversos métodos, conhecidos atualmente por métodos inovadores 
ou ativos de aprendizagem. Neste contexto, disserte sobre o método pioneiro e 
as caraterísticas básicas que contribuíram para a crítica ao modelo tradicional de 
ensino dos esportes que contribuíram para a elaboração da IEU e pedagogia do jogo 
estudadas neste tópico. 
165
TÓPICO 3 - 
ORIENTAÇÕES DIDÁTICO-METODOLÓGICAS 
PARA O ENSINO DOS ESPORTES
1 INTRODUÇÃO
UNIDADE 3
 Olá, acadêmico! Chegamos ao último tópico de estudos de nosso Livro Didático 
da disciplina Pedagogia doEsporte.
Para o fechamento desta Unidade, vamos trazer para você orientações didático-
metodológicas para o ensino dos esportes, sobretudo a partir de conceitos, definições e 
exemplos práticos de atividades para as aulas de Educação Física Escolar.
Para dar conta dos objetivos, dividimos este tópico em outros três subtópicos, 
sendo estes:
• Planejamento: o que, por que e como ensinar?
• Estratégias e possibilidades de intervenções na prática da Educação Física Escolar.
• Ferramentas de avaliação do ensino.
Ao final deste tópico, traremos também uma leitura complementar, além do 
resumo e de autoatividades que nos ajudam a fixar o conteúdo estudado.
IMPORTANTE
Caro acadêmico, as orientações didático-metodológicas apresentadas 
neste tópico de estudos visam contribuir para elaboração do seu 
planejamento de ensino, trazendo orientações de como sistematizar suas 
propostas. O plano de estudos aqui apresentado servirá de apoio para 
auxiliar no enfrentamento dos desafios diários das relações pedagógicas 
no contexto escolar que você irá enfrentar, que vão desde a seleção 
de conteúdos ao cumprimento da missão institucional na qual você 
estará inserido profissionalmente, tendo em vista a importância e a 
intencionalidade do ato de educar.
166
2 PLANEJAMENTO: O QUE, POR QUÊ E COMO ENSINAR?
Planejar em Pedagogia do Esporte implica relacionar conteúdos, objetivos e os 
métodos de ensino que já estudamos, com o nível de conhecimento e rendimento do 
aprendiz, considerando, principalmente:
• As faixas etárias (fase temporal) dos aprendizes. 
• A frequência e a duração de aulas por semana.
• As instalações e os materiais disponíveis.
• O contexto cultural da escola, do professor e do aprendiz.
• O tipo de esportes a ser trabalhado (combate, invasão, técnico combinatório etc.).
IMPORTANTE
Nossa principal argumentação em favor do planejamento é que este nível 
de organização facilita a nossa tarefa. É bastante angustiante assumirmos 
um trabalho e não sabermos exatamente como atuar!
Em síntese, o planejamento é uma preparação prévia de como você deve agir 
perante as suas aulas ou, como costumamos dizer, é um ato que representa uma 
antecipação dos resultados do trabalho docente. 
Existem basicamente três formas de planejamento que devem garantir uma 
estreita articulação interna e devem ser realmente utilizados como instrumentos de 
ação, sendo estes:
 
• O plano da escola.
• O plano de ensino.
• O plano de aula. 
A seguir vamos ver cada uma destas três formas de planejamento. 
O plano da escola, chamado atualmente de Projeto-Político-Pedagógico (PPP), 
existe desde a década de 1980, profissionais da área da educação escolar se ocuparam 
em desenvolver novos instrumentos de planejamento para dar conta da complexidade 
da prática educativa.
167
LEMBRETE
Vimos na Unidade 2 que existem documentos que orientam os currículos 
escolares, dentre eles se destacam os PCNs e a BNCC, que trazem 
apontamentos gerais e instruções para a construção e execução dos 
planejamentos das unidades escolares em todo o território nacional.
O PPP é uma importante iniciativa no sentido de construir a identidade de uma 
instituição, na medida em que define claramente o tipo de ação educativa que se quer 
realizar (GUEDES, 2021). 
A elaboração do PPP é sempre um processo coletivo e democrático entre 
membros que compõem a instituição e a comunidade educativa, não sendo caracterizado 
como um documento definitivo, ou seja, ele se atualiza e se aperfeiçoa com o passar do 
tempo, de maneira a garantir sempre uma releitura da realidade da escola. Sendo que o 
diagnóstico e a programação são revistos a cada ano.
A abrangência diz respeito ao fato de que o PPP funciona como uma espécie de 
“guarda-chuva” para outros projetos, atuando, para tanto, como uma referência geral ao 
corpo docente e a comunidade escolar (GUEDES, 2021). 
Segundo Vasconcellos (2002), o PPP tem as seguintes finalidades: 
• Ajudar a construir a unidade (e não a uniformidade), superando o caráter fragmentário 
das práticas em educação e a mera justaposição.
• Colaborar na formação dos participantes.
• Dar um referencial de conjunto para a caminhada; aglutinar pessoas em torno de 
uma causa comum; gerar solidariedade e parceria. 
• Diminuir o sofrimento; aumentar o grau de realização/concretização (e, portanto, de 
satisfação) do trabalho. 
• Fortalecer o grupo para enfrentar conflitos, contradições e pressões, avançando 
na autonomia (“caminhar com as próprias pernas”) e na criatividade (descobrir o 
próprio caminho). 
• Possibilitar a continuidade da linha de trabalho na instituição. 
• Propiciar a racionalização dos esforços e recursos, utilizados para atingir os fins 
essenciais do processo educacional. 
• Resgatar a intencionalidade da ação, possibilitando a (re)significação do trabalho.
• Ser um canal de participação efetiva; superar as práticas autoritárias e/ou 
individualistas. Ajudar a superar as imposições ou disputas de vontades individuais 
na medida em que há um referencial construído coletivamente. 
• Ser um instrumento de transformação da realidade; resgatar a potência da coletividade 
e gerar esperança ao grupo de trabalho. 
168
Já o plano de ensino é a organização das unidades didáticas e pode ser 
elaborado para um ano ou para um semestre letivo. 
Sua elaboração deve representar o momento de reflexão a respeito do trabalho 
pedagógico e a concepção pessoal do professor a respeito do papel da escola, devendo 
este conter:
• Objetivos gerais.
• Objetivos específicos.
• Unidades temáticas a serem trabalhadas.
• Metodologia.
• Ferramentas de avaliação.
IMPORTANTE
A coerência de um bom plano de ensino se dá a partir da associação 
desses elementos! Tanto os objetivos gerais e específicos, quanto 
a unidade temática selecionada, a metodologia aplicada e quanto a 
ferramenta de avaliação selecionada, devem convergir no mesmo sentido 
do PPP da escola.
Por fim, no plano de aula é aquilo que podemos chamar de um detalhamento do 
plano de ensino. 
A orientação para o objetivo de uma aula vem do plano de ensino, enquanto os 
conteúdos explicitados, também no plano de ensino, são desmembrados e detalhados 
para serem trabalhados em uma ou mais aulas. 
O planejamento das aulas é fundamental tanto para orientar as ações do 
professor quanto para viabilizar reavaliações, adequações e aprimoramentos em relação 
à realidade concreta em que se dá a ação educativa. 
Para a elaboração das aulas, é preciso ter bastante claro os objetivos gerais, 
a sequência dos conteúdos e o desenvolvimento metodológico, explicitados no plano 
de ensino. 
De acordo com esse entendimento, podemos afirmar que o plano de ensino 
passa a ser um documento bastante consultado pelo professor durante o ano. É a 
partir dessa contínua consulta que o professor vai garantir que cada aula seja uma 
continuação da anterior!
169
LEMBRETE
Para fechar este tópico, vamos relembrar questões fundamentais para a 
elaboração de um bom planejamento em Pedagogia do Esporte.
O que ensinar do esporte? 
O que deve ser ensinado é, além do aprendizado do jogo em si e de seus 
fundamentos dentro do seu contexto, a aquisição de condutas motoras (ampliando-
se o repertório de possibilidades de respostas para os jogos), e o entendimento do 
esporte como um fator cultural (por consequência, humano), estimulando sentimentos 
de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade (FREIRE, 2003; FREIRE; 
SCAGLIA, 2003). 
Valores éticos, sociais e morais também devem ser ensinados, para que se 
possa fazer do aprendiz um agente transformador do seu tempo, preocupado com 
uma cidadania que lhe permita viver consciente e mais autonomamente possível em 
qualquer que seja o caminho do esporte escolhido por ele a seguir (FREIRE, 2003; 
FREIRE; SCAGLIA, 2003).
Para quem ensinar esportes? 
No interior da escola o esporte deve ser ensinado a todos! 
Todos os alunos dentro de uma sala de aula têm o direito de aprender e com 
igualdades de condições. 
ATENÇÃO
Um número significativode profissionais que se envolvem com o esporte 
infantil e juvenil acredita ser difícil pensar que o esporte escolar possa ter 
outras características, outros objetivos, além de revelar talentos nacionais. 
Para esses é mais fácil, e com melhores resultados, “ensinar” na escola só os 
mais talentosos, os mais altos, os mais fortes (BRASIL, 2004).
Aprendemos que não cabe mais aos profissionais de Educação Física 
reproduzir esse pensamento, pois mais importante que revelarmos recordistas 
infantis, é possibilitar o acesso criando condições a todos os alunos de desenvolverem 
uma cultura esportiva (BRASIL, 2004). 
170
Inserido nesse processo, nada impede o craque de se desenvolver e os outros de 
se beneficiarem dos proveitos que o esporte traz. Contudo os dois devem sair do processo 
de ensino, conscientes de suas respectivas ações, em seus respectivos contextos. 
Portanto, por que ensinar esportes na escola? 
Em síntese, para adquirir uma cultura esportiva e um hábito que se carregará 
para toda a vida. O esporte, se ensinado e aprendido bem, o aprendiz só colherá 
satisfação e proveito de sua prática, tanto se ele se tornar um especialista, como um 
praticante amador, ou mesmo um espectador, tendo a possibilidade de assumir uma 
posição autônoma e crítica diante do fenômeno esportivo. 
IMPORTANTE
Obviamente, queremos mostrar que aprender a jogar futebol, por exemplo (ou qualquer 
outro esporte), não é diferente de aprender matemática ou português na escola, 
pedagogicamente analisando (BRASIL, 2004).
Para finalizar, vamos ver um exemplo de planejamento participativo nas séries iniciais do 
Ensino Fundamental a partir do relato retirado de Farias et al. (2019, p. 7): 
“Tenho construído ao longo de nove anos de docência, lecionando em algumas redes de 
ensino no Estado de São Paulo, uma forma de atuar que objetiva promover a criticidade 
das crianças sobre as manifestações corporais em suas dimensões sociopolítico/culturais. 
Todavia, nem sempre foi assim. Ao sair da faculdade e adentrar nas salas reais, com turmas 
heterogêneas, recorri aos circuitos, às aulas sem discussões, a aprendizagem motora, ou 
seja, a reprodução e movimento. Hoje, após quatro anos de estudos, me aprofundando 
em literaturas que discutem as práticas pedagógicas e mais expressivamente tendo 
contato com outros/as colegas de docência, venho aprendendo a rever minha forma de 
atuar, deixando de ser um mero reprodutor de práticas, muitas vezes descontextualizadas 
e, passando a reconhecer os conhecimentos que as crianças trazem como ponto inicial 
para ampliar e aprofundar as discussões sobre as manifestações da cultura corporal. 
Atualmente busco a compreensão da EFE (Educação Física Escolar) como um componente 
curricular da Educação Básica, antes vista como algo sempre deslocado na escola, como 
algo diferente. A maior alteração que ocorreu na minha prática pedagógica foi a de planejar 
os conteúdos que serão tematizados com a estratégia do planejamento participativo. 
Nesse sentido, ao ter contato com os/as estudantes na primeira aula, criei formas para 
que as crianças possam participar efetivamente do que será planejado para aquele ano 
letivo. Com isso, trago algumas cenas do meu cotidiano escolar, em forma de relato de 
experiência, que foi realizado em uma escola pública municipal da cidade de Santo André 
- SP, com uma turma de 5º ano, no segundo semestre de 2017. A minha relação com essa 
turma já dura há três anos. Assim sendo, ressalto que as crianças inicialmente tinham 
grande resistência à minha forma de entender a Educação Física na escola, pois, diferente 
daquilo que eles/as estavam acostumados, eu trago para a sala de aula discussões de 
elementos que estão além da dimensão procedimental dos conteúdos. Esse fato provocou 
um grande estranhamento e até confusão para os/as estudantes. Diante desse cenário, 
se apropriando dos pensamentos de Paulo Freire (1979), um trabalho de descodificação e 
codificação foi iniciado para que as crianças pudessem ampliar a ideia de Educação Física 
vivenciada antes da minha chegada, e juntos, professor e alunos/as, de forma dialogada, 
fomos construindo um olhar mais qualificado sobre as práticas corporais. Tivemos que 
rever aquilo que as crianças conheciam por EFE, pois elas nunca tinham tratado os 
171
conhecimentos do componente curricular de forma a discutir, interpretar e buscar se 
aprofundar sobre as tematizações. Antes da minha chegada nessa escola, tudo era feito 
de forma bem mecânica, ou seja, as crianças eram conduzidas até a quadra, realizavam 
a atividade proposta pelo educador e eram entregues na sala após o termino da aula. 
O objetivo da aula era simplesmente colocar as crianças em movimento. Então, a ideia 
foi desenvolver e estimular a participação mais efetiva das crianças na elaboração e 
concretização das aulas de EFE, dando voz a elas para que pudessem entender na prática 
como esse diálogo seria possível, tomando a práxis como elemento central, onde o/a 
docente de Educação Física precisa promover vivências, debates e estudos de diferentes 
aspectos das práticas corporais, possibilitando a sua transformação constante junto às 
crianças (FRANÇOSO; NEIRA, 2014). Para dar o primeiro passo, solicitei que cada criança 
deveria ter um caderno de registros, onde conseguisse registrar os conhecimentos que 
foram aprendidos durante as aulas, ou seja, esse instrumento seria um dos elementos 
em que os discentes, de forma autoral, construiriam suas anotações de itens que eles 
considerassem importantes. É claro que, como toda criança que vive em um sistema 
que pouco estimula sua autonomia e criatividade, no início do trabalho os/as estudantes 
queriam copiar aquilo que eu ia pontuando no quadro. Esse é um processo que tenho tido 
dificuldade de romper, mas em passos pequenos, estou estimulando que os/as discentes 
registrem os conhecimentos mais importantes e que façam sentido para eles, acabando 
com a concepção de cópia daquilo que o docente escreve na lousa. A utilização do 
caderno de registro já é uma prática que venho realizando há algum tempo e colhido bons 
frutos com essa estratégia didática. Iniciei o projeto educativo trazendo as possibilidades 
temáticas que a EFE possui, então, em sala de aula, comecei algumas discussões sobre a 
prática de alguns jogos e esportes em si e quais os outros elementos que estão para além 
do fazer, e que necessitam de atenção para entender de fato as diferentes manifestações 
da cultura corporal. Nessa lógica, de forma intencional, destaquei os jogos, brincadeiras e 
os esportes, já que fui percebendo nas falas das crianças, em momentos descontraídos no 
pátio da escola e também fora da aula de EFE, que queriam aprender sobre determinados 
jogos e esportes. Essa percepção acabou e transformando em uma forma de mapear 
o interesse deles/as. Para dar andamento no planejamento e na sequência de aulas, 
solicitei que os alunos e as alunas realizassem uma pesquisa com os familiares sobre 
jogos que eles praticavam quando crianças, além de pontuar se essa prática era realizada 
predominantemente por meninas ou meninos. A intenção 
dessa atividade era fazer os/as discentes dialogarem com os 
seus familiares sobre elementos de sua história de vida, como 
um recordatório, além de trazer assuntos que pudessem ser 
discutidos nas aulas de Educação Física como, por exemplo, 
as gestões de gênero. Notei que 23 crianças, em um universo 
de 28, retornaram na próxima aula com a pesquisa realizada. 
Me reuni com os/as discentes ais uma vez em sala para 
organizar nossas próximas aulas e tarefas, tais como trabalho 
em grupo, avaliações e debates. Nesse momento, solicitei que 
cada estudante contasse os resultados da sua pesquisa com a 
família. Utilizando o caderno de registros, cada aluno e aluna 
foi narrando sua experiência, criando assim uma lista de jogos 
que seriam utilizados no planejamento das aulas. Essa forma de 
construir o planejamento tem sido extremamente significativa 
na minha prática pedagógica e maisainda para as crianças. 
Após a exposição de todos/as, eu parabenizei o empenho na 
tarefa e informei que estava estruturado nosso planejamento, 
então, utilizando o caderno de registro, eles anotaram cada 
jogo, autor, onde a cada aula esse/a aluno/a deverá se organizar 
para apresentar o jogo, suas regras, seus materiais e mediar 
a efetivação do mesmo. No momento de apresentação dos 
discentes eu me torno um mediador do processo de ensino e 
aprendizagem (FARIAS et al., 2019).
172
3 ESTRATÉGIAS E POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÕES 
NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Neste subtópicos vamos conversar sobre estratégias e possibilidades de 
intervenções práticas para a Educação Física Escolar. 
Veja o exemplo no quadro a seguir:
QUADRO 2 – POSSÍVEIS TEMAS ESPECÍFICOS PARA A PRÁTICA DE 
JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS
Temas
Competências/
Objetivos
Estratégias de 
prática
Dinâmicas Exemplos
Basquetebol;
Handebol;
Futsal;
Voleibol.
Conhecer a história, 
as regras básicas 
e as lógicas de 
cada modalidade, 
focando suas 
especificidades de 
forma introdutória.
Exercícios;
Situações de jogo;
Jogo modificado;
Jogo formal.
Vivência da 
modalidade 
específica 
dentro das 
condições 
contextuais 
do aprendiz.
Adaptações 
dos espaços, 
estruturas, 
tempos e regras 
do jogo formal.
FONTE: Adaptado de Galatti (2006, p. 70-71)
Vamos aos exemplos práticos?
Ao partir da premissa de que qualquer processo de ensino-aprendizagem que 
se pauta na interação deva iniciar exatamente algo que o aluno já domina, nada mais 
coerente do que começar a ensinar esportes na escola por meio dos inúmeros jogos da 
cultura popular.
Jogo dos 10 passes (BRASIL, 2004): 
• Esse jogo consiste numa disputa entre duas equipes, sendo que o objetivo dessas é 
trocar dez passes consecutivos, sem a interceptação da outra, marcando desse modo 1 
ponto. Não existe alvo, ou melhor, o alvo seria a realização de dez trocas de passe. 
Uma análise superficial diria que esse é um jogo simples, mas um olhar mais 
atento logo descobrirá que esse talvez seja o jogo mais importante para aqueles que um 
dia queiram realmente aprender sobre jogo de invasão. 
173
FIGURA 10 – JOGO DOS 10 PASSES
FONTE: http://moveinet.weebly.com/jogos-preacute-desportivos1.html>.
 Acesso em: 17 fev. 2022.
O jogo dos 10 passes é um jogo de basquete sem alvos, um jogo de futebol sem 
gols e feito com as mãos, ou um jogo de hockey, entre tantas outras possibilidades. 
A lógica do passe executada no jogo dos 10 passes é a mesma entre os diversos 
tipos de esportes de invasão, atribuindo a ele noções de cooperação, comunicação, 
deslocamentos, precisão, marcação etc. 
Se o jogo por si só já apresenta essas qualidades pedagógicas, com algumas 
adaptações e variações se potencializa em muito o aprendizado dos jogos coletivos que 
se objetiva, tanto se for executado com os pés ou com as mãos, por exemplo. 
Alterando-se o espaço do jogo (diminuindo ou aumentando), criar-se-á 
situações-problema que possibilitarão o surgimento de passes mais longos ou passes 
mais curtos e rápidos. Limitando ainda mais o número de passes, aumenta-se a 
velocidade e a dificuldade do jogo. Reduzindo o número de toques que os jogadores 
podem dar na bola, levará ao surgimento de um número muito maior de tabelas e 
passes de primeira. Mas as possibilidades do jogo dos 10 passes não param por aqui. 
Pode-se criar outras situações-problema que, como a tradicional, mantêm a essência 
de todos os jogos de invasão, possibilitando o aprendizado de suas técnicas dentro do 
seu real contexto. 
Como por exemplo: 
• Jogo dos 10 passes com três campos: são demarcados três campos do mesmo 
tamanho (o tamanho deverá ser de acordo com os objetivos específicos). Inicia-se 
apenas em um (da direita ou esquerda), as duas equipes jogam entre si, aquele que 
conseguir trocar dez passes primeiro ganha o espaço de mais um campo (ou seja, 
agora o espaço aumentou, gerando novas organizações táticas, tanto para a defesa 
quanto para o ataque). A outra equipe, se pegar a bola, deve voltar ao campo inicial, 
174
pois ainda não pode utilizar o campo dois. Dessa forma o jogo segue, sendo que 
a cada dez passes aumenta-se o tamanho. Ganha o jogo a equipe que conseguir 
marcar pontos (dez passes) no espaço menor (1 campo), médio (2 campos) e grande 
(3 campos). Vale destacar que esse jogo pode ser feito com as mãos ou com os 
pés, com bolas de diferentes tamanhos, pesos e formas (bola de rúgbi ou futebol 
americano). 
• Jogo dos 10 passes com gols e alvos: já neste jogo a organização é a mesma, 
porém, uma pequena alteração nas regras traz consequências riquíssimas para o 
processo de ensino-aprendizagem, pois aqui uma das equipes para marcar seu 
ponto, deverá trocar dez passes consecutivos sem interceptação, mas a outra deverá 
somente marcar gol ou acertar o alvo definido (sem que para isso tenha de trocar 
“x” números de passes). Este jogo, logicamente, levará os aprendizes a construírem 
diferentes organizações táticas para obtenção de sucesso no jogo. As situações 
geradas pelo jogo levarão aqueles que devem manter a posse de bola a não o fazer 
próximo do gol e sim, do lado oposto, pois dessa forma não correm o risco de, ao 
perderem a bola, sofrerem imediatamente um gol. Então, à medida que os alunos 
compreenderem a lógica do jogo, certamente assim procederão. 
• Jogo dos 10 passes com gols (ou alvos): nessa variação as equipes só podem 
marcar pontos (acertar o alvo) depois de trocar dez passes. Esse alvo pode ser um 
gol (pequeno ou grande), um arco (pensando na ideia do estímulo ao uso da sola 
dos pés para o jogo de futsal), uma cesta de basquete, um cone, ou seja, qualquer 
objeto definido pelo grupo ou professor de acordo com os objetivos específicos. E 
não necessariamente uma equipe deva defender um e atacar o outro, talvez seja 
interessante quebrar com esta lógica tradicional e permitir marcar pontos em 
quaisquer dos alvos. Essa modificação possibilitaria a criação de novas ações e 
pensamentos táticos diversificados sobre o jogo, exigindo novas regras de ações.
Outro exemplo:
• Pega-pega com bola e pique: possui movimentos e representações, com grande 
semelhança e proximidade com outros jogos que se valem de corridas, perseguições, 
gingas e ludibriações, como movimentos determinantes para a execução de uma de 
suas mais importantes técnicas, o drible. Uma criança que sabe jogar pega-pega terá 
apenas de aprender a manipular a bola para realizar com eficiência o seu drible. O 
mesmo vale para os jogos que exigem o uso dos pés para a realização de seus dribles. 
Assim, aprender o pega-pega poderia ser considerado pré-requisito para os dribles 
futuros nos jogos de invasão. 
Tomando o pega-pega como exemplo, utilizamos como ferramenta inicial 
no processo de ensino-aprendizagem dois preceitos pedagógicos fundamentais. O 
primeiro se refere ao fato de partir de um jogo já conhecido pelos alunos. Conhecido no 
sentido de eles já dominarem o jogo e sua lógica. Já o segundo diz respeito ao fato com 
o qual iniciamos esta reflexão, ou seja, a lógica, a dinâmica e parte da organização do 
jogo que são muito semelhantes às ações desenvolvidas nos jogos de invasão. 
175
Todavia, apesar de a ação de driblar em todos os jogos de invasão ser semelhante, 
existem particularidades que distinguem os dribles do jogo de basquete dos exigidos 
no jogo de handebol. A mesma reflexão pode ser aplicada para os dribles executados 
no jogo de futebol de campo em relação aos realizados no jogo de futsal. E serão essas 
particularidades que garantirão as especificidades das ações em cada jogo de invasão.
Para isso, o pega-pega pode ser realizado também das seguintes maneiras: 
• Pega-pega com bolas e piques: pegador sem bola, fugitivos com bola, arcos 
espalhados pelo chão, campo reduzido delimitado. Pegador corre para pegar fugitivos, 
enquanto eles podem utilizar os arcos espalhados com piques (local onde não podem 
ser pegos). Quem for pego entrega a sua bola, quem deixar a bola sair doespaço 
delimitado vira pegador também. 
• Pega-pega do pegador com bola: nesta variação o campo também deve ser 
delimitado e pequeno, os fugitivos correm sem bola, já o pegador deve pegá-los com 
a bola nos pés (junto ao pé). 
Nestes dois exemplos, as situações-problema geradas pelo jogo fazem 
com que os alunos sejam levados a utilizar mais a sola dos pés (técnica comum em 
praticantes de futsal), pois se assim não procederem não conseguirão controlar a bola 
dentro do espaço delimitado, nem muito menos escapar mudando constantemente de 
direção sem estar com ela sob os pés. Consequentemente, o professor não precisa 
necessariamente explicar ou mesmo exigir que seus alunos utilizem a sola dos pés, nem 
muito menos criar um jogo em que, pela sua funcionalidade, corra-se o risco de perder 
suas características essenciais, dentre as quais a ludicidade e a liberdade de expressão, 
fazendo com que o jogo se transforme numa série repetitiva e monótona de atividades. 
Enfim, cabe ao professor, com seus conhecimentos a respeito dos jogos e suas 
respectivas lógicas, em consonância com seus objetivos dentro do processo de ensino-
aprendizagem dos esportes coletivos e individuais construir inúmeras outras variações.
Para uma aula que, seguindo uma organização didático-pedagógica, possa dar 
conta de todo o conhecimento destacado anteriormente, sugerimos sua divisão em partes, 
as quais não devem ser entendidas como etapas, mas sim momentos inter-relacionados 
que privilegiem o aprendizado do conhecimento previamente destacado pelo plano de 
ensino. Para tanto, se o tempo de aula for de noventa minutos ou mais, apresentamos como 
sugestão a divisão da aula em cinco partes estritamente dependentes uma das outras e, 
concomitantemente, interligadas às aulas anteriores e posteriores. 
A primeira é destinada à formação de uma roda de conversa na qual o professor 
expõe e explica a aula, trazendo sempre um tema a ser discutido (como, por exemplo, 
alguma coisa importante que aconteceu no futebol ou no esporte em geral, que o 
professor vê como necessário para os alunos refletirem e discutirem sobre o ocorrido, 
tomando consciência e desenvolvendo o espírito crítico). Nesse momento, o professor 
176
pode também propor que os alunos destaquem jogos/brincadeiras que eles conheçam, 
os quais atendam às exigências do tema de aula escolhido. É importante destacar a 
necessidade de interação dos alunos na construção das aulas, e essa primeira parte 
caracteriza-se como um dos momentos mais oportunos, não o único, pois a interação 
deve acontecer sempre que possível nas aulas. 
Exemplos de conversas nas rodas de conversas iniciais:
• Resgatando a aula anterior: o que aconteceu na aula passada, por que fizemos 
isso e aquilo? por que jogamos determinado jogo para desenvolver certo tema? 
• Conectando a aula: explicações sobre o tema da aula de hoje e suas ligações com 
a aula anterior e também com a próxima aula. 
• Tema esportivo polêmico: algum fato importante que aconteceu na semana e 
que precisa ser discutido com os alunos (por exemplo: brigas entre jogadores, brigas 
entre torcedores, problemas no esporte local, dirigentes corruptos etc.). 
• Recortes de jornal: discutir temas a partir da leitura de pequenas matérias 
publicadas em jornais ou revistas (essas podem ser trazidas pelo professor como 
também pelos alunos).
Na segunda parte realiza-se um jogo adaptado dando-se ênfase a uma das 
particularidades do jogo, de preferência a última trabalhada na aula passada, pois em 
cada aula se destacam dois fundamentos para serem trabalhados (nessa parte pode-
se aplicar por exemplo um jogo de futebol com a restrição aos jogadores de dar apenas 
dois toques na bola, pois assim joga futebol, mas enfatiza-se mais o fundamento de 
passe do que os demais, porém, sem excluí-los). 
Outros exemplos de jogos para a segunda parte da aula: 
• Handfute: jogo realizado com as mãos, porém as finalizações devem ser feitas com 
os pés. Os jogadores movimentam-se como no jogo de handebol (com seus passes, 
dribles e trifásicos), todavia para se marcar o gol um jogador deve ajeitar a bola para 
outro finalizá-la, porém isto deve acontecer sem que a bola caia no chão (se isso 
acontecer, deve-se pegar a bola com as mãos). Os jogadores podem controlar a bola 
antes do chute e também podem finalizar dentro da área. Os times não têm um goleiro 
apenas, pois, com a regra que permite o uso das mãos, todos podem desempenhar 
tal função. Não é permitido o gol de cabeça, nem tirar a bola das mãos do adversário. 
• Jogo de toques regressivos: divisão da turma em equipes. Inicia-se o jogo como o 
futebol, com as mesmas regras básicas, ou seja, com quantidade ilimitada de toques 
na bola para cada jogador, porém, a cada gol convertido a equipe terá os seus toques 
individuais (de cada jogador) reduzidos. Após o primeiro gol, cada jogador da equipe 
que converteu deve dar até 6 toques na bola (a outra equipe ainda não terá seus 
toques limitados, somente após marcar o seu gol). Depois do segundo, cinco, do 
terceiro, quatro e assim sucessivamente, até uma das equipes converter o gol com a 
permissão de se dar apenas um toque na bola. 
177
Já na terceira parte, exercita-se uma das habilidades do futebol, ou seja, 
uma nova não enfatizada na aula anterior (porém esses jogos enfatizam um ou outro 
fundamento sem excluir os demais e perder a proximidade com o contexto em que esse 
fundamento será utilizado no jogo de futebol formal). Portanto, pode-se conceber que 
as partes (fundamentos técnicos) devam ser ensinadas jogando. 
Um exemplo de jogo para a terceira parte da aula: 
• Base 4: divide-se a turma em duas equipes. Uma equipe se dispõe em fila ao lado do 
gol e a outra se espalha na quadra. O campo é organizado da mesma forma que o Base 
4, ou seja, risca-se no chão quatro pequenas bases, que devem ser percorridas pelos 
jogadores para obtenção dos pontos. O primeiro jogador da fila chuta para qualquer lugar 
(menos para trás) e sai correndo para percorrer as bases (nesse jogo não tem piques, 
assim ele não pode parar em nenhuma das bases). O segundo da fila vira goleiro. O time 
espalhado pela quadra deve recuperar a bola sem utilizar as mãos e tentar marcar o gol 
no goleiro (do time da fila). Se marcarem o gol antes de o jogador completar as quatro 
bases, ele estará queimado (eliminado apenas da rodada). Se o goleiro agarrar a bola 
em definitivo, o jogador nem precisa completar a corrida, pois já marcou o ponto. Agora 
se chutarem a bola para fora o corredor deverá parar na base à frente mais próxima. 
Rebote do goleiro, o jogo continua. Na sequência do jogo, o goleiro (segundo da fila) vira 
chutador/corredor, dando lugar ao terceiro da fila assumir as funções de seu protetor. 
Novamente, após todos chutarem e serem goleiros, troca-se. O final do jogo deverá ter 
seu número de rodadas estipulado antes do início.
FIGURA 11 – BASE 4
FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/34496680>. Acesso em: 17 fev. 2022.
178
No quarto momento deve-se realizar novamente o jogo formal de futebol que 
pode conter ou não algumas regras adaptadas. Enfim, se os alunos buscam aprender 
a jogar futebol, os mesmos devem sair da aula com a sensação de que jogaram muito 
futebol (em todas as partes da aula), configurando-se um processo de ensino do jogo 
pelo jogo.
Exemplos de jogos para a quarta parte da aula:
• Jogo formal: duas equipes divididas jogando o futebol com suas regras básicas, 
porém sem a exigências oficiais, principalmente a do impedimento. 
• Jogo das 4 traves: são constituídos quatro metas nas extremidades laterais da 
quadra. A turma é dividida em duas equipes (ou mais). O jogo desenvolvesse com 
as regras básicas do futebol, porém as equipes não têm metas determinadas para 
defender ou atacar. Mas a cada gol convertido a equipe poderá optar em marcar um 
ponto ou contratar um jogador da outra equipe. 
A aula se encerra sempre com uma roda de conversa, momento em que ela é 
discutida e avaliada pelo grupo em conjuntocom o professor, além da possibilidade de 
o professor encaminhar algum trabalho que deve ser desenvolvido em casa, como, por 
exemplo, assistir a um determinado jogo e analisar determinadas situações, ou mesmo 
trazer para próxima aula um jogo inventado para o desenvolvimento de determinadas 
habilidades para o futebol, ou, então, fazer uma análise crítica da ação de determinado 
jogador de futebol em certo contexto.
Exemplos de possíveis tarefas que podem ser realizadas pelos alunos sobre 
o futebol:
• Assistir ao futebol pela TV: analisar os comentários do narrador e do comentarista 
e comparar ao que está acontecendo de verdade no jogo. 
• Assistir ao futebol no campo: a partir de um roteiro, analisar a função de 
determinados jogadores dos dois times, ou (dependendo da idade) fazer observações 
e comentários sobre o esquema tático adotado pelas equipes para posteriormente 
compará-los com os divulgados pelos jornais. 
• Brincar de rebatida: reunir os amigos e encontrar um espaço em casa, na rua, na 
praça, no bairro... locais que ofereçam condições para que o jogo aconteça. 
• Criar jogos de bola com os pés: criar jogos para o ensino do futebol que serão 
utilizados nas próximas aulas. 
• Futebol e minha vida: escrever uma redação sobre a importância do futebol na sua 
vida, levando em consideração as pessoas com quem convive diariamente (pais, tios, 
vizinhos...) 
• Futebol e sociedade: escrever sua opinião sobre as relações entre o futebol e a 
sociedade ao seu redor. 
• Futebol solitário: descobrir uma forma de jogar futebol sozinho em casa. 
• Pesquisa sobre torcidas: por que pessoas torcem para um time e não por outro? 
Por que os torcedores brigam em razão do resultado de uma partida de futebol? 
179
NOTA
Trouxemos uma ilustração para pensarmos a intervenção prática em aulas 
de futebol e esportes de invasão. A partir dessas orientações didático-
metodológicas você será capaz de criar suas próprias estratégias de 
ensino-aprendizagem!
Por fim, o fato de o professor poder organizar sua aula em uma, duas, três ou 
mais partes dependerá do tempo de aula, da dinâmica organizacional desencadeada 
pela motivação dos próprios alunos e, principalmente, dos objetivos elencados pelo 
professor ou pelo grupo para ser atingido. 
4 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE ENSINO
De acordo com as concepções críticas atuais, a avaliação não é apenas a 
realização de provas e a atribuição de notas, na medida em que uma mensuração 
quantitativa serve também para oferecer dados que devem ser submetidos a uma 
apreciação qualitativa.
Freire (2003) propõe uma possível forma de avaliação objetiva dos alunos em 
meio ao seu processo de aprendizagem do jogo. Essa avaliação tem por finalidade 
mensurar de forma qualitativa e quantitativa a evolução dos aprendizes, por meio de 
observações subjetivas de aulas e competições e testes práticos específicos, segundo 
os fundamentos do esporte em contexto de jogo.
Segundo Libâneo (2002), a avaliação é um componente do processo de ensino 
que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar 
a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de 
decisões em relação às atividades didáticas seguinte. 
De acordo com este mesmo autor, a avaliação cumpre as funções Pedagógico-
Didáticas, de diagnóstico e de controle. 
A seguir vamos explicar cada uma das funções:
• Controle é aquela função à qual já estamos habituados, que é a de controlar 
quantitativamente o avanço do aprendiz, ou seja, a nota. 
• Diagnóstica é a função da avaliação que permite ao professor saber o nível inicial do 
aluno e, a partir daí, acompanhar o seu crescimento. 
• Pedagógico-didática é a função da avaliação que permite ao aluno assimilar e fixar o 
que existe de essencial no conteúdo ensinado.
180
É necessário considerar que também na Educação Física e no Esporte a 
avaliação deve atender a tais funções. Um bom sinal identificado entre os professores 
da área é o fato de que a participação é apontada como critério de avaliação, o 
que sinaliza para um aspecto qualitativo na prática avaliativa. Entretanto é preciso 
considerar que as funções pedagógico-didática e diagnóstica da avaliação é que vão 
pontuar uma nova prática na Educação Física e no Esporte
Outra ferramenta potencial de avaliação e auto avaliação é relatar experiências 
nas aulas de Educação Física Escolar.
Ao escrever um relato de experiência, o professor reflete sobre as suas ações 
pedagógicas, adquirindo maior compreensão do processo de ensino e aprendizagem 
e das situações didático-pedagógicas que foram vivenciadas naquele período letivo. 
Além disso, esses professores colocam a sua prática pedagógica em domínio público, 
permitindo que outros possam aprender com as suas ações didáticas e produzir críticas 
construtivas sobre o seu trabalho (CONTRERAS, 2016).
Também nos cabe ressaltar que durante muitas décadas os pesquisadores 
que lecionavam nas Universidades ou os “especialistas” que atuavam nas instâncias 
administrativas de diferentes redes de ensino foram os responsáveis por escrever os 
currículos e materiais didáticos para embasar a prática pedagógica dos professores 
que atuavam na escola. Por conta disso, muitos professores foram considerados 
despreparados para sistematizar a sua prática pedagógica com autonomia e criticidade 
(NEIRA, 2017).
Entretanto, ainda na visão de Neira (2017), aquilo que acontece efetivamente 
nas escolas é bem mais complexo do que qualquer previsão que ocorra por aqueles que 
elaboram as políticas educacionais, já que a escola é um ambiente repleto de histórias 
e os professores são narradores, personagens e autores das experiências didáticas que 
organizam cotidianamente durante as suas aulas.
Assim, concordando com Bracht (2017) que diz que o cotidiano da escola é 
marcado por contradições, particularidades, necessidades e interesses diversos e, 
quando os professores publicam na literatura científica relatos de experiência que 
rompem com a tradição físico-esportiva da área, esses professores se tornam produtores 
de conhecimento e elaboradores de experiências e não meros aplicadores das ideias de 
seus pares. 
Outro ponto importante a ser considerado é que ao relatar os projetos educativos 
que ocorrem nas aulas de EFE, não estamos apresentando somente situações exitosas 
que aconteceram nas experiências educativas, pois os profissionais que trabalham 
na escola vivenciam dificuldades diversas em âmbito social, cultural, institucional, 
organizacional e pedagógico que prejudicam a sua atuação profissional (MALDONADO; 
SILVA, 2017). 
181
É por conta de todas essas questões abordadas que acreditamos no potencial 
das experiências pedagógicas que estão correndo em escolas espalhadas por todo o 
Brasil e defendemos a ação do professor pesquisador.
182
A DIFERENÇA ENTRE DRIBLAR OU FINTAR UM CONE E UMA PESSOA
João Batista Freire
Rafael Castellani
A escola não é a Rua. Tampouco a rua é a escola. A rua é outro ambiente, com 
outra orientação, outro modo de fazer as coisas, e onde as relações se estabelecem de 
outra forma. Diferente. Nem melhor, nem pior. Aprender a controlar bem a bola em uma 
brincadeira de rua, não significa que fazer do mesmo jeito na escola levará ao mesmo 
resultado. Principalmente porque não será possível fazer do mesmo jeito. A Rua, isto 
é, o espaço de convivência de crianças (mas também de adolescentes e adultos em 
diversas situações), tem características irreprodutíveis.
Quando a prática da Rua vai para a aula na escola – por exemplo, uma brincadeira 
– ela é, ou deveria ser, pedagogizada. Significa que servirá a propósitos diferentes, porque 
a escola, ou qualquer outra instituição de ensino, tem compromissos com a sociedade 
fora dela mesma. Ela prepara conscientemente para uma vida em sociedade (mesmo 
que esse trabalho não seja bem feito); a Rua não tem essa orientação. A brincadeira 
de Rua esgota-se nela mesma, é jogo apenas, isto é, aquele tipo de acontecimento 
que não temqualquer compromisso além dele mesmo. Isso não quer dizer que as 
aprendizagens da Rua não terão repercussões em diversas outras situações ao longo 
do tempo futuro, inclusive na escola. Porém, na Rua não há esse propósito, afinal, a Rua 
não é uma instituição cujos propósitos e ideologias estão declarados.
Mais especificamente no caso do Futebol, quando o ensino é institucionalizado, 
tal como se busca fazer principalmente nas escolas de futebol e categorias de base 
dos clubes, é possível ocorrer uma orientação pedagógica totalmente desvinculada da 
cultura da Rua, assim como é possível também adotar uma orientação pedagógica que 
procura reproduzir a Rua ou tê-la como referência.
É comum vermos, independente da instituição/espaço na qual se ensina o 
futebol às crianças e adolescentes, cones dispostos simetricamente em filas para serem 
fintados ou driblados. Vale ressaltar que tal prática também é notada, com frequência, 
no âmbito do futebol profissional com adultos. Diante destas circunstâncias, não há 
risco, não há mobilidade nos cones, não há ameaças, não há um tempo imprevisível 
para realizar a finta ou drible, não há tensão, não há diversão, não há jogo. O cone 
simplesmente fica ali, inerte, no lugar em que o colocaram, dócil, não mais que uma 
LEITURA
COMPLEMENTAR
183
referência para repetições mecânicas de gestos previamente determinados. Sua 
função é simular a presença de uma pessoa, algo que nem de longe consegue. Quando 
muito, resta, para quebrar a monotonia, uma ou outra fantasia que meninos e meninas 
produzam, intimamente, sem que ninguém saiba disso além deles mesmos.
Julgam os inventores da tal pedagogia do cone, que isso levará os praticantes 
ao conhecimento e desenvolvimento de determinadas ações técnicas relacionadas ao 
futebol, tal qual a finta, drible, condução, entre outras.  Há método nisso, claro, mesmo 
que esse método não habite a consciência do inventor. Nada se faz sem método. Trata-
se de um método de transmissão, pura e simples. Um professor ou treinador diz para um 
aluno ou atleta repetir o gesto de contornar os cones, porque, dessa maneira, o aluno/
atleta repetidor aprenderá a conduzir a bola e driblar um adversário. O adversário, no 
caso, é o cone, e o repetidor terá que realizar um enorme esforço criativo (talvez consiga, 
talvez não) para imaginar que o cone é seu adversário. É esperado pelo inventor, ou mero 
reprodutor, da pedagogia do cone que, como resultado desses exercícios, os jogadores 
(repetidores), quando estiverem participando de um jogo contra um time adversário, 
possam aplicar o conhecimento de conduzir e fintar cones diante de pessoas de carne 
e osso.
Há algum sentido nisso? Com tal procedimento os meninos e meninas 
aprenderão o difícil gesto de fintar e driblar adversários em jogos de futebol? Sim, é 
impossível que nada se aprenda agindo dessa maneira. Os pés dos meninos e meninas 
se ajustarão ao gesto, que ficará mais refinado. Há um objetivo nisso que orientará o 
modo de tocar a bola, de se ajustar a ela, de mantê-la sob controle enquanto a pessoa 
muda de direção etc. As repetições filtrarão o gesto, eliminarão resíduos e, ao final, 
algum conhecimento restará. Alguns dirão que o gesto técnico estará refinado! Ainda 
assim, de que forma se espera que crianças e jovens se envolvam em exercícios como 
esse? Com alegria e prazer? Ou com tédio e impaciência diante do “interminável” tempo 
de espera nas filas?
Porém, é bom que se esclareça: embora ocorra alguma aprendizagem a 
respeito da arte de fintar, driblar ou conduzir a bola, neste caso específico, essa arte 
se aplica, antes de tudo, aos cones, não às pessoas. Considerando que cones são 
pouco semelhantes às pessoas, quando, no jogo, no lugar de cones houver adversários 
de carne e osso, a generalização desse conhecimento será, provavelmente, muito 
pequena, ou insignificante. Convenhamos que é bem diferente fintar um cone e fintar 
uma pessoa! Ou seja, de que adianta um(a) jogador(a) possuir uma técnica refinada para 
determinados gestos se este não poderá ser reproduzido no contexto do jogo?
Imaginemos agora outra situação: meninas e meninos aprendendo a fintar ou 
driblar pessoas. Uma professora propôs um jogo em que seus alunos serão incentivados 
a fintar ou driblar e conduzir uma bola durante uma prática muito divertida. Eles tentam 
fazer gols, mas há mais defensores que atacantes. E qualquer gol feito após uma finta 
vale o dobro.
184
Como difere esta situação da anterior, em que os praticantes (sejam eles crianças, 
adolescentes e até mesmo adultos que já praticam o futebol profissionalmente) tinham 
que conduzir a bola e fintar ou driblar cones, não é mesmo?! Os adversários não estão 
dispostos estaticamente em filas. O risco de perder a bola é permanente, os adversários 
não param de se movimentar, o tempo para agir é mínimo, a imprevisibilidade é a marca 
de todas as ações, a tensão é constante, mas, ainda assim cria diversão, há jogo, há 
alegria, há prazer. Os adversários são de carne e osso, não ficam inertes, dóceis e os 
gestos de quem vai fintar não podem ser previamente determinados.
Imaginemos, também, que, na mesma aula/treino, a criança viveu, não uma, 
mas dez ou quinze situações em que teve que enfrentar um adversário e decidiu fintá-
lo. A cada vez, seus gestos, mesmo sendo semelhantes a gestos anteriores, não eram 
iguais. Não eram iguais, porque seus oponentes eram diferentes, a posição no espaço 
era diferente, as reações dos adversários eram sempre diferentes, e porque ela, a 
cada vez, mantinha uma relação estreita com o adversário, suas reações tornavam-se 
sempre diferentes. Algumas vezes ela conseguia fintar, em outras não, e tudo isso se 
incorporava ao seu baú de repertórios, ao seu leque de oportunidades. Em uma única 
aula ela acumulou em seu repertório, talvez, centenas de novos movimentos, somente 
em relação à finta. Claro que todos esses movimentos guardam semelhanças, pois têm 
em comum o gesto mais geral da finta (ou drible), mas que, na vida de ações práticas, 
não existe; é apenas um esquema geral que une todas as ações de fintar, pois nunca um 
gesto para fintar será igual a qualquer gesto anterior.
Seguramente, a criança que fintava pessoas repetiu muito mais vezes o gesto de 
fintar, durante uma aula, que a criança que fintava cones, mas em ambas as situações, 
as repetições eram de caráter completamente diferentes.
Sob nosso entendimento, é muito mais significativo o enriquecimento das 
coordenações que formam a habilidade de fintar (ou driblar e conduzir a bola, por 
exemplo) quando se trata de fintar pessoas. Sem contar que consideramos apenas o 
plano das coordenações motoras. Sequer discutimos (e isso deverá ser feito em outro 
momento), por exemplo, o plano afetivo, afinal, não é preciso ter coragem para fintar um 
cone, mas é preciso ter coragem para fintar uma pessoa. Um cone não dá medo, uma 
pessoa pode dar, e assim por diante.
Tentemos traduzir em um exemplo aquilo que vimos buscando explicitar. 
Imagine uma menina, criança, de apenas nove anos de idade, chamada Cinara. Cinara 
tinha frequentado durante seis meses uma escola de futebol. Nessa escola de futebol, 
seus maiores oponentes eram cones. E ela aprendeu a fintar cones. Tornou-se exímia 
dribladora de cones. Mas Cinara pediu para deixar a escola de futebol depois do primeiro 
jogo contra a equipe de outra escola de futebol, pois ela não conseguiu driblar ninguém 
e nem marcou gols. Deu “tudo errado” e saiu do jogo chateada. Sua mãe ouviu falar de 
uma escola de futebol que as crianças adoravam e matriculou Cinara nessa outra escola. 
Ela começou a aprender a jogar futebol de outro jeito, não havia cones, parecia mais 
185
difícil, mas a professora inventava um monte de brincadeiras de driblar e as crianças se 
divertiam muito. Erravam bastante e, num primeiro momento, Cinara errava muito mais 
do que quando driblava cones, mas também acertava bastante. Quando foram fazer o 
primeiro jogo contra outra equipe, Cinara conseguiu driblarvárias vezes e saiu muito 
feliz do jogo. Até hoje ela está nessa escola de esporte.
Quando a Cinara, ou qualquer outra criança, jovem ou adulto em fase de 
aprendizagem, conduz a bola durante o jogo e para na frente do adversário, ela pode 
ter várias opções, mas tem um tempo mínimo para se colocar diante de tais opções e 
escolher a melhor. Isso não quer dizer que, conscientemente, colocará à sua frente todas 
as opções de gestos que acumulou. Trata-se de um processo quase que inteiramente 
inconsciente. Vamos supor que ela tenha escolhido como melhor opção fintar seu 
oponente. Novamente, vale ressaltar, o adversário não é um cone, é uma pessoa e tem 
um tamanho diferente de todos os outros adversários. Seu oponente se mexe, ele não 
fica parado como um cone, e isso dificulta tudo. Cinara experimenta se mover para o 
lado direito, o adversário faz o mesmo e a cerca, ela volta, para, movimenta-se para 
frente e volta, imediatamente sai pela esquerda, para, retrocede, avança pela esquerda 
de novo e consegue enganar seu(sua) rival. Ao contrário do que ocorria quando tinha 
que driblar um cone, ela fez, não um, mas dezenas de gestos diferentes. Teve êxito, 
mas poderia não ter tido. Mas se fracassasse, o enriquecimento de seu repertório para 
fintar, ainda assim, seria enorme. Cada gesto feito ficou guardado, como em um banco 
de dados. Nas próximas vezes em que ela tiver que enfrentar a situação de fintar, poderá 
recorrer a um repertório maior que nas vezes anteriores.
Na rua dribla-se ou finta-se cones? Não! Aprende-se a fintar e driblar os adversários 
na rua? Muito! Então, o que podemos levar pedagogicamente da rua para as escolas e clubes 
onde se almeja o aprendizado ou aperfeiçoamento do futebol? Esperamos ter respondido a 
esta pergunta no decorrer deste texto.
FONTE: https://universidadedofutebol.com.br/2020/12/18/a-diferenca-entre-driblar-ou-fintar-
um-cone-e-uma-pessoa/
186
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A importância do planejamento relacionado aos conteúdos, objetivos e métodos de 
ensino com o contexto do ambiente escolar. 
• Alternativas para estruturação e organização dos planos de ensino e de aulas na 
Educação Física Escolar.
• Adquiriu ferramentas básicas para criação de atividades para suas intervenções 
práticas em Pedagogia do Esporte.
• A importância do uso de diferentes ferramentas de avaliação sobre o processo de 
ensino-aprendizagem.
187
1 A partir do que estudamos sobre as ferramentas de avaliação do processo de ensino-
aprendizagem assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O relato de experiências é ferramenta de avaliação e auto avaliação pouco 
utilizada para a compreensão do processo de ensino e aprendizagem e das 
situações didático-pedagógicas que foram vivenciadas no período letivo.
b) ( ) Na Educação Física Escolar as ferramentas de avaliação devem atender, 
exclusivamente, aspectos do aprendizado técnico conceitual dos esportes.
c) ( ) O relato de experiências é uma importante ferramenta de avaliação e auto 
avaliação, pois, ao escrever um relato de experiência, o/a docente reflete sobre as 
suas ações pedagógicas, adquirindo maior compreensão do processo de ensino 
e aprendizagem e das situações didático-pedagógicas que foram vivenciadas 
naquele período letivo.
d) ( ) Na Educação Física Escolar as ferramentas de avaliação devem priorizar aspectos 
do aprendizado técnico conceitual dos esportes.
2 Considerando que planejar em Pedagogia do Esporte implica relacionar conteúdos, 
objetivos e métodos de ensino com o nível de conhecimento e rendimento do 
aprendiz, analise as sentenças a seguir sobre o que deve ser levado em conta no 
planejamento do professor:
I- As faixas etárias (fase temporal) dos aprendizes; a frequência e a duração de aulas 
por semana; as instalações e os materiais disponíveis.
II- O contexto cultural da escola, do professor e do aprendiz; o tipo de esportes a ser 
trabalhado.
III- A organização de equipes para disputas de torneios e participações em eventos 
esportivos; o aperfeiçoamento das técnicas e a busca pela alta performance nos 
diferentes esportes.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
 
AUTOATIVIDADE
188
3 A partir daquilo que estudamos, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para 
as falsas, sobre por que ensinar esportes na escola:
( ) Para inserir o espírito competitivo, fundamental para os futuros profissionais que 
estarão inseridos no mercado de trabalho, em qualquer área ou carreira escolhida.
( ) Para adquirir hábitos saudáveis e desenvolver o espírito competitivo, tornando o 
aprendiz capaz de se tornar um adulto disciplinado e individualista.
( ) Para adquirir uma cultura e um hábito para a vida, pois se ensinado e aprendido 
bem, esse aprendiz só colherá satisfação e proveito de sua prática esportiva, tanto 
se ele se tornar um especialista, como um praticante amador do esporte, ou mesmo 
um espectador, tendo a possibilidade de assumir uma posição autônoma e crítica 
diante do fenômeno esportivo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 O PPP é uma importante iniciativa no sentido de construir a identidade de uma 
instituição, na medida em que define claramente o tipo de ação educativa que se 
quer realizar. A elaboração do PPP é sempre um processo, ou seja, nunca é definitiva. 
Ela se aperfeiçoa com o passar do tempo, de maneira a garantir sempre uma releitura 
da realidade da escola, a partir dessa afirmação disserte sobre as finalidades do PPP 
na escola.
5 Para uma aula que, seguindo uma organização didático-pedagógica, possa dar 
conta do conhecimento estudado ao longo deste tópico, sugerimos sua divisão em 
partes, as quais não devem ser entendidas como etapas, mas sim momentos inter-
relacionados que privilegiem o aprendizado do conhecimento previamente destacado 
pelo plano de ensino. Neste contexto, disserte sobre as etapas sugeridas.
189
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