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Lista de Redação – Gramática – Morfologia (Classe de
palavras) – 93 Questões [Difícil]
Questão 01)
“Procedamos acurada e pachorrentamente ao estudo [...] da gramática,
porque na melhor das hipóteses, não ficaremos sabendo coisa alguma...” O
autor tem razão diante de afirmativa como:
a) “O emprego facultativo do infinito flexionado. REGRA: Quando o
infinito, apesar de não ter sujeito próprio [...] exprime, contudo, uma ação
exercida por um agente que conhecemos do contexto e ao qual esta se
atribui, pode ser flexionado ou invariável, embora freqüentemente se dê
preferência ora a uma, ora a outra, das duas formas do infinito.”1
b) “SUBSTANTIVO é a palavra com que designamos ou nomeamos os seres
em geral. São, por conseguinte, substantivos:
a) os nomes de pessoas, animais, vegetais, lugares e coisas: Maria, cão,
ipê, Brasil, livro;
b) os nomes de ações, estados e qualidades, tomados como seres:
colheita, patriotismo, velhice, bondade, largura.”2
c) “Os adjetivos se caracterizam morfologicamente por receberem as
mesmas marcas de gênero e número que distinguem os nomes, com a
diferença de que estas marcas, no adjetivo, resultam de regras de
concordância.”3
d) “Os substantivos, todos os artigos, a maioria dos adjetivos, alguns
numerais e alguns pronomes podem sofrer uma variação de forma para
dar idéia de UM ou MAIS DE UM. A isto nós chamamos de FLEXÃO DE
NÚMERO.”4
e) “RAIZ é o morfema comum a várias palavras de um mesmo grupo lexical,
portador da significação básica desse grupo de palavras. Assim em claro,
clarear, aclarar, esclarecer, esclarecimento e clarividência, a raiz é clar-.
Em livro, livrinho, livreiro, livraria e livresco, a raiz é livr-.” 5
1 MAURER JR., Theodoro Henrique. O infinito flexionado português. São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968. p. 153.
2 CUNHA, Celso. Gramática do português contemporâneo. 9. ed. rev. Rio
de Janeiro: Padrão, 1981. p. 121.
3 LEMLE, Miriam. Análise sintática. São Paulo: Ática, 1984. p. 97.
4 TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensi-
no de gramática no 1o e 2o graus. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997. p.
144.
5 ROCHA, Luiz Carlos de Assis. Estruturas morfológicas do português. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 1998. p. 102.
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Questão 02)
Texto
Não é raro ouvirmos que alguém(ref.1) “subiu lá em cima” ou “saiu lá
fora”. Certamente(ref.2), reconhecemos tais formas como viciosas(ref.3), e,
muitas vezes, elas se transformam em motivo de riso. No nível culto da
língua, são inadmissíveis. Que pensar de alguém(ref.4) que(ref.5) tenha
sofrido uma “hemorragia de sangue” ou participado de um “plebiscito
popular”? A esse tipo de construção chamamos pleonasmo, palavra
grega(ref.6) que significa superabundância.
(Folha de S. Paulo. Pleonasmo: “vício” ou estilo?. Thaís Nicoleti de Camargo).
I. Alguém, ref. 1, é um pronome indefinido adjetivo e certamente, ref. 2, um
advérbio.
II. Viciosas, ref. 3, é um adjetivo e que, ref. 5, um pronome interrogativo.
III. Grega, ref. 6, é um adjetivo e alguém, ref. 4, um pronome indefinido
substantivo.
Das afirmações acima,
a) apenas I está correta.
b) apenas II está correta.
c) apenas III está correta.
d) apenas I e II estão corretas.
e) apenas II e III estão corretas.
Questão 03)
O pronome se tem o mesmo significado e a mesma função nas frases
abaixo? Explique.
— Os recém-casados se amavam intensamente: os olhares que trocaram
após a cerimônia anunciaram vivamente a dedicação de cada um ao seu
consorte.
— A matrona feriu-se ao tropeçar no tapete estendido na varanda.
— Romualdo arrependeu-se de ter tocado no tema, especialmente diante de
Marisa.
Questão 04)
Em cada um dos períodos abaixo, há um espaço a ser preenchido. Conforme
o sentido da frase, preencha o espaço exclusivamente com um dos seguintes
pronomes:
• que ou
• cujo ou cuja.
Quando for o caso, utilize antes do pronome a preposição adequada.
Exemplo
Era uma informação ________ ela não confiava muito.
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Resposta:
Era uma informação em que ela não confiava muito.
a) Chegou cedo. Aproximou-se da escrivaninha ____ havia feito alusão
durante o encontro com Bentinha.
b) Laurita participa da reunião. Seu interlocutor é pessoa __ __ ela
desconfia, por isso não se põe a gosto.
c) O jovem doutor depositou calmamente o instrumento ____ trabalhara
durante a breve cirurgia.
d) Apresse-se! Deixe a roupa aí mesmo, na mesa ____ se encontrava antes.
e) Manuela, ____ mãe o enteado sempre se referia com doces palavras,
entrou a discorrer sobre outros assuntos.
Questão 05)
De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim é capaz de ser o menor.
Tem bico redondo e rabo curto e é todo verde, mas o macho tem umas penas
azuis para enfeitar. Três filhotes, cada um mais feio que o outro, ainda sem
penas, os três chorando. O menino levou-os para casa, inventou comidinhas
para eles; um morreu, outro morreu, ficou um.
(Rubem Braga)
Das afirmações sobre o verbo assinalado em “que tem no Brasil”, qual a
única INCORRETA?
a) É um uso típico da variante popular da língua.
b) Pode ser corretamente substituído por há.
c) Seu valor semântico difere daquele que apresenta nas demais
ocorrências.
d) É um verbo impessoal cujo objeto direto é o pronome que.
e) Pode ser corretamente substituído por existe.
Questão 06)
As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde
longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas,
as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as
intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado,
coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto,
vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus olhinhos
furantes de azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, entre
os dentes ralos, não comentasse com malícia estridente.
(Eça de Queirós, A ilustre Casa de Ramires)
No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de artigos indefinidos
têm como efeito, respectivamente,
a) atribuir às personagens traços negativos de caráter; apontar Oliveira
como cidade onde tudo acontece.
b) acentuar a exclusividade do comportamento típico das personagens;
marcar a generalidade das situações que são objeto de seus comentários.
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c) definir a conduta das duas irmãs como criticável; colocá-las como
responsáveis pela maioria dos acontecimentos na cidade.
d) particularizar a maneira de ser das manas Lousadas; situá-las numa
cidade onde são famosas pela maledicência.
e) associar as ações das duas irmãs; enfatizar seu livre acesso a qualquer
ambiente na cidade.
Questão 07)
No texto, o particípio suposto expressa uma idéia de:
a) causa.
b) finalidade.
c) tempo.
d) concessão.
e) conformidade.
Questão 08)
Assinale a opção que apresenta, respectivamente, a correta classificação
gramatical de:
mais só que
a) advérbio / palavra denotativa / pronome relativo.
b) advérbio / pronome indefinido / pronome relativo.
c) pronome indefinido / advérbio / conjunção integrante.
d) pronome indefinido / palavra denotativa / pronome relativo.
e) palavra denotativa / advérbio / conjunção integrante.
Questão 09)
Assinale a opção que apresenta as respectivas funções da palavra “se”
empregada em: “...podendo-se mesmo dizer...” e “...vê-se substituída...”
a) Partícula de realce; pronome reflexivo.
b) Índice de indeterminação do sujeito; partícula de realce.
c) Pronome apassivador;pronome apassivador.
d) Parte integrante do verbo; parte integrante do verbo.
e) Parte integrante do verbo; pronome apassivador.
Questão 10)
Assinale a opção que descreve corretamente uma das ocorrências de formas
pronominais nos seguintes fragmentos:
(1) Ninguém tinha ensinado Porto a desenhar, mas a gente é assim mesmo:
tem coisas que a gente já nasce sabendo. (Angélica)
(2) Maria desenrolou um pedaço de corda (era fina, de náilon), experimentou
ela no dedo, alisou-alisou, espiou ela bem de perto, experimentou ela no
pé (Corda bamba)
(3) Pronto, era só isso. – Sentou (Angélica)
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a) Emprego de “a gente” com função de objeto direto (ou indireto).
b) Emprego de pronome pessoal reto com função de objeto.
c) Emprego de “a gente” em períodos iniciados com pronome indefinido para
manter a indeterminação do sujeito.
d) Ênclise de pronome oblíquo.
e) Elipse de pronome reflexivo com verbo pronominal.
Questão 11)
Beber é mal, mas é muito bom.
(FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S.Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.)
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
a) adjetivo.
b) substantivo.
c) pronome.
d) advérbio.
e) preposição.
Questão 12)
Durante a Copa do Mundo deste ano, foi veiculada, em programa esportivo
de uma emissora de TV, a notícia de que um apostador inglês acertou o
resultado de uma partida, porque seguiu os prognósticos de seu burro de
estimação. Um dos comentaristas fez, então, a seguinte observação: “Já vi
muito comentarista burro, mas burro comentarista é a primeira vez.” Percebe-
se que a classe gramatical das palavras se altera em função da ordem que
elas assumem na expressão.
Assinale a alternativa em que isso NÃO ocorre:
a) obra grandiosa
b) jovem estudante
c) brasileiro trabalhador
d) velho chinês
e) fanático religioso
Questão 13)
Muitas palavras podem atuar nas frases como representantes de diferentes
classes e exercer, portanto, diferentes funções sintáticas. Tendo em mente
esta informação,
a) Determine, com base em características formais da frase em que se
encontra, a classe de palavras em que se enquadra a palavra eias,
empregada por Guimarães Rosa no sétimo parágrafo do trecho citado;
b) Considerando que, no quarto período do antepenúltimo parágrafo de seu
texto, Graciliano Ramos representou três palavras visualmente por meio
das letras dobradas rr, ll e ss, reescreva esse período, substituindo tais
letras dobradas pelas palavras correspondentes.
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Questão 14)
Corte na Aldeia
– A minha inclinação em matéria de livros (disse ele), de todos os que
estão presentes é bem conhecida; somente poderei dar agora de novo a
razão dela. Sou particularmente afeiçoado a livros de história verdadeira, e,
mais que às outras, às do Reino em que vivo e da terra onde nasci; dos Reis
e Príncipes que teve; das mudanças que nele fez o tempo e a fortuna; das
guerras, batalhas e ocasiões que nele houve; dos homens insignes, que, pelo
discurso dos anos, floresceram; das nobrezas e brasões que por armas,
letras, ou privança se adquiriram. [...]
– Vós, senhor Doutor (disse Solino) achareis isso nos vossos cartapácios;
mas eu ainda estou contumaz. Primeiramente, nas histórias a que chamam
verdadeiras, cada um mente segundo lhe convém, ou a quem o informou, ou
favoreceu para mentir; porque se não forem estas tintas, é tudo tão misturado
que não há pano sem nódoa, nem légua sem mau caminho. No livro fingido
contam-se as cousas como era bem que fossem e não como sucederam, e
assim são mais aperfeiçoadas. Descreve o cavaleiro como era bem que os
houvesse, as damas quão castas, os Reis quão justos, os amores quão
verdadeiros, os extremos quão grandes, as leis, as cortesias, o trato tão
conforme com a razão. E assim não lereis livro em o qual se não destruam
soberbos, favoreçam humildes, amparem fracos, sirvam donzelas, se
cumpram palavras, guardem juramentos e satisfaçam boas obras. [...]
Muito festejaram todos o conto, e logo prosseguiu o Doutor:
– Tão bem fingidas podem ser as histórias que merecem mais louvor que
as verdadeiras; mas há poucas que o sejam; que a fábula bem escrita (como
diz Santo Ambrósio), ainda que não tenha força de verdade, tem uma ordem
de razão, em que se podem manifestar as cousas verdadeiras.
(Francisco Rodrigues Lobo, "Corte na Aldeia")
No trecho de Corte na Aldeia, focaliza-se uma discussão sobre dois
conceitos – o de história verdadeira, defendido pela personagem “Doutor”, e
o de história fingida (livro fingido), defendido pela personagem “Solino”.
Depois de reler o trecho atentamente,
a) estabeleça, segundo as noções de cada interlocutor, o que querem dizer
com história verdadeira e história fingida;
b) aponte dois adjetivos da fala de Solino cujo significado comprova o fato
de a personagem utilizar, entre outros, o critério moral para defender seu
ponto de vista.
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Questão 15)
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:
Não ______cerimônia, _____ que a casa é _____ e _____ à vontade.
a) faças - entre - tua - fique
b) faça - entre - sua - fique
c) faças - entra - sua - fica
d) faz - entra - tua - fique
e) faça - entra - tua – fique
Questão 16)
Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, traz como subtítulo
“auto de natal pernambucano”. Sabendo-se que a palavra auto “designa
toda peça breve, de tema religioso ou profano, em circulação durante a
Idade Média”
(Massaud Moisés, Dicionário de Termos Literários), responda:
a) Explique o porquê das adjetivações “de natal” e “pernambucano”,
contidas no subtítulo, considerando o enredo da peça.
b) Qual é o sentido do adjetivo “severina” aplicado a “morte e vida”?
c) Comumente usa-se a expressão “vida e morte”; no título da peça de
João cabral, entretanto, a seqüência é “morte e vida”. Explique o porquê
dessa inversão.
Questão 17)
Não é fácil viver entre os insanos.
Erra quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo o mar de enganos,
Ser louco cos demais, que ser sisudo.
Gregório de Matos
No segundo terceto,
a) ser louco e ser sisudo representam a unidade desejada pelo eu poético.
b) ser sisudo constitui o segundo termo de uma comparação.
c) há de ser expressa condição.
d) o que, no segmento que é melhor, equivale a “o qual”.
e) há de ser mudo permaneceria no singular se ocorresse a forma “os
prudentes varões”.
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Questão 18)
Há no Brasil grandíssimas matas de árvores agrestes, cedros, carvalhos,
vinháticos, angelins e outras não conhecidas em Espanha, de madeiras
fortíssimas para se poderem fazer delas fortíssimos galeões e, o que mais é,
que da casca de algumas se tira a estopa para se calafetarem e fazerem
cordas para enxárcia e amarras, do que tudo se aproveitam os que querem
cá fazer navios, e se pudera aproveitar el-rei se cá os mandara fazer.
Obs.: enxárcia – conjunto de cabos e degraus roliços feitos de cabo (‘corda’),
madeira ou ferro, que sustentam mastros de embarcações a vela
Considerando sempre o contexto, assinale a alternativa correta.
a) Substituindo “haver” por “existir”, na frase Há no Brasil grandíssimas
matas de árvores, a forma correta é: “Existe no Brasil”.
b) Em grandíssimas matas de árvores agrestes, o termo destacado
estabelece relação de “constituição”.
c) Em se tira a estopa para se calafetarem, o segmento destacado expressa
idéia de “meio com o qual se obtém um certo resultado”.
d) Nas linhas finais, aparecem dois pronomes os (os que querem;os
mandara fazer), e eles têm o mesmo referente.
e) A frase se cá os mandara fazer traz subentendida a seguinte idéia: el-rei
é um dos que efetivamente aproveitam tudo das árvores encontradas no
Brasil.
Questão 19)
Assinale a alternativa em que a palavra “como” assume a mesma função que
exerce em como fosse trazido à sua presença um pirata.
a) Como você conseguiu chegar até aqui?
b) Como todos podem ver, a situação não é das melhores.
c) Não só leu os livros indicados, como também outros de interesse
pessoal.
d) Como não telefonou, resolvi procurá-lo pessoalmente.
e) O arquiteto projetou o jardim exatamente como lhe pediram.
Questão 20)
O homem disse QUE tinha de ir embora - antes queria me ensinar uma coisa
muito importante:
- Você quer conhecer o segredo de ser um menino feliz para o resto da vida?
- Quero - respondi.
O segredo se resumia em três palavras, QUE ele pronunciou com
intensidade, mãos nos meus ombros e olhos nos meus olhos:
- Pense nos outros.
Na hora achei esse segredo meio sem graça. SÓ bem mais tarde vim a
entender o conselho QUE tantas vezes na vida deixei de cumprir. Mas que
sempre deu certo quando ME lembrei de segui-LO, fazendo-me feliz como
um menino.
SABINO, Fernando. "O menino no espelho". 64 ed. Rio de Janeiro: Record,
2003, p. 17-18.
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Considerando o texto, é CORRETO afirmar que:
01. os pronomes destacados no trecho: "sempre deu certo quando ME
lembrei de segui-LO fazem referência, respectivamente, ao menino
Fernando e ao homem Fernando.
02. o fragmento: "Mas que sempre deu certo quando ME lembrei de segui-
LO" aponta uma causa cuja conseqüência está presente em: "fazendo-
me feliz como um menino".
04. o trecho: "SÓ bem mais tarde vim a entender o conselho QUE tantas
vezes na vida deixei de cumprir" pode ser substituído por: "bem mais
tarde É QUE vim a entender o conselho que tantas vezes na vida deixei
de cumprir", já que tanto a expressão SÓ como É QUE são recursos
lingüísticos indicadores de ênfase.
08. a expressão verbal "deixei de cumprir" foi empregada para indicar
anterioridade ao marco temporal passado "vim a entender" .
16. a palavra QUE nas três ocorrências destacadas no texto está
funcionando como pronome relativo, pois ao mesmo tempo em que liga
orações também aponta para um antecedente.
Questão 21)
TEXTO
Longe de tudo
É livres, livres desta vã matéria,
longe, nos claros astros peregrinos
que havemos de encontrar os dons divinos
e a grande paz, a grande paz sidérea.
Cá nesta humana e trágica miséria,
nestes surdos abismos assassinos
teremos de colher de atros destinos
a flor apodrecida e deletéria.
O baixo mundo que troveja e brama
só nos mostra a caveira e só a lama,
ah! só a lama e movimentos lassos...
Mas as almas irmãs, almas perfeitas,
hão de trocar, nas Regiões eleitas,
largos, profundos, imortais abraços.
(SOUSA, Cruz e. "Poesias completas". Florianópolis: Fundação
Catarinense de Cultura, 1981. p. 158)
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O texto confronta dois espaços para marcar a oposição "corpo e alma".
a) Retire do texto os dois advérbios que explicitam esses dois espaços.
b) Transcreva duas expressões formadas por adjetivo(s) e substantivo que
caracterizem esses espaços, identificando a que espaço cada uma se
refere.
Questão 22)
TEXTO 1
Ilusão Universitária
Houve um tempo em que, ao ser admitido numa faculdade de direito, um
jovem via seu futuro praticamente assegurado, como advogado, juiz ou
promotor público. A situação, como se sabe, é hoje bastante diversa.
Mudaram a universidade, o mercado de trabalho e os estudantes, muitos dos
quais inadvertidamente compram a ilusão de que o diploma é condição
necessária e suficiente para o sucesso profissional.
A proliferação dos cursos universitários nos anos 90 e 2000 é a um só
tempo sintoma e causa dessas mudanças. Um mercado de trabalho cada
vez mais exigente passou a cobrar maior titulação dos jovens profissionais.
Com isso, aumentou a oferta de cursos e caiu a qualidade.
O fenômeno da multiplicação das faculdades e do declínio da qualidade
acadêmica foi especialmente intenso no campo do direito. Trata-se, afinal,
de uma carreira de prestígio, cujo ensino é barato. Não exige muito mais do
que o professor, livros, uma lousa e o cilindro de giz.
Existem hoje 762 cursos jurídicos no país. Em 1993, eles eram 183. A
OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acaba de divulgar a lista das
faculdades recomendadas. Das 215 avaliadas, apenas 60 (28%) receberam
o "nihil obstat". A Ordem levou em conta conceitos do provão e os resultados
do seu próprio exame de credenciamento de bacharéis.
A verdade é que nenhum país do mundo é constituído apenas por
advogados, médicos e engenheiros. Apenas uma elite chega a formar-se
nesses cursos. No Brasil, contudo, criou-se a ilusão de que a faculdade abre
todas as portas. Assim, alunos sem qualificação acadêmica para seguir
essas carreiras pagam para obter diplomas que não Ihes serão de grande
valia. É mais sensato limitar os cursos e zelar por sua excelência, evitando
paliativos como o exame da Ordem, que é hoje absolutamente necessário
para proteger o cidadão de advogados incompetentes - o que só confirma as
graves deficiências do sistema educacional.
("Folha de S. Paulo", 29/01/2004)
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TEXTO 2
A Universidade é só o começo
Na última década, a universidade viveu uma espécie de milagre da
multiplicação dos diplomas. O número de graduados cresceu de 225 mil no
final dos anos 80 para 325 mil no levantamento mais recente do Ministério
da Educação em 2000.
A entrada no mercado de trabalho desse contingente, porém, não vem
sendo propriamente triunfal como uma festa de formatura. Engenheiros e
educadores, professores e administradores, escritores e sobretudo
empresários têm sussurrado uma frase nos ouvidos dessas centenas de
milhares de novos graduados: "O diploma está nu".
Passaporte tranqüilo para o emprego na década de 80, o certificado
superior vem sendo exigido com cada vez mais vistos.
Considerado um dos principais pensadores da educação no país, o
economista Cláudio de Moura Castro sintetiza a relação atual do diploma
com o mercado de trabalho em uma frase: "Ele é necessário, mas não
suficiente". O raciocínio é simples. Com o aumento do número de graduados
no mercado, quem não tem um certificado já começa em desvantagem.
Conselheiro-chefe de educação do Banco Interamericano de
Desenvolvimento durante anos, ele compara o sem-diploma a alguém "em
um mato sem cachorro no qual os outros usam armas automáticas e você
um tacape". Por outro lado, o economista- educador diz que ter um fuzil, seja
lá qual for, não garante tanta vantagem assim nessa floresta.
Para Robert Wong, o diagnóstico é semelhante. Só muda a metáfora.
Principal executivo na América do Sul da Korn/Ferry International, maior
empresa de recrutamento de altos executivos do mundo, ele equipará a
formação acadêmica com a potência do motor de um carro.
Equilibrados de mais acessórios, igualado o preço, o motor pode
desempatar a escolha do consumidor. "Tudo sendo igual, a escolaridade faz
a diferença."
Mas assim como Moura Castro, o head hunter defende a idéia de que um
motor turbinado não abre automaticamente as portas do mercado. Wong
conta que no mesmo dia da entrevista à Folha [Jornal "Folha de S. Paulo"]
trabalhava na seleção de um executivo para uma multinacional na qual um
dos principais candidatos não tinha experiência acadêmica. "É um self-made
man."
Brasileiro nascido na China, Wong observa que é em países como esses,
chamados "em desenvolvimento", que existem mais condições hojepara o
sucesso de profissionais como esses, de perfil empreendedor. (...)
(Cassiano Elek Machado: A universidade é só o começo. "Folha de S.
Paulo", 27/07/2002. Disponível na Internet:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse. Data de acesso: 24/08/2004)
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Assinale a opção que não traduz uma interpretação condizente com os
valores dos advérbios terminados em mente.
a) A admissão no curso de direito quase garantia uma carreira futura, como
advogado, juiz ou promotor público. (Texto 1, 1º parágrafo)
b) Muitos estudantes não estão advertidos quanto à ilusão de que o diploma
é a chave do sucesso profissional. (Texto 1, 1º parágrafo)
c) De todos os cursos superiores, os cursos de direito foram os que mais
se multiplicaram nos últimos anos. (Texto 1, 3º parágrafo)
d) Não há dúvida de que o exame da OAB deve ser mantido nos dias atuais.
(Texto 1, 5º parágrafo)
e) A entrada dos graduados no mercado de trabalho não pode ser
considerada, nos últimos anos, uma grande vitória. (Texto 2, 2º
parágrafo)
Questão 23)
"No telefone, a primeira pessoa é a que fala; a segunda é a que não ouve; e
a terceira é a Light."
Em apenas uma alternativa, Mendes Fradique NÃO carnavalizou:
a) As pessoas gramaticais mais conhecidas são: Mario Barreto, João
Ribeiro, Laudelino Freire, Assis Cintra.
b) VÓS é forma de que se servem os homens de letras em alocuções
acadêmicas. Ex.: Entrade, macêbado, de onde vindes vós?
c) NÓS é usado pelas pessoas que não conhecem o seu lugar. Ex.: "Nós
só aceitamos reclamações na Companhia", diz o homem do gás,
referindo-se à Light.
d) Os pronomes pessoais do plural são: NÓS, VÓS, ELES ou ELAS.
e) Eles são os que marcham. Elas são as mulheres deles.
Questão 24)
Na sua intenção carnavalizadora, Mendes Fradique, ao tratar do substantivo,
mescla a nomenclatura usual com o que lhe serve ao propósito humorístico.
Em termos de Nomenclatura Gramatical Brasileira - e apenas em termos dela
- ele somente NÃO inovou em:
a) O substantivo pode ser PRÓPRIO ou de ALUGUEL. O substantivo é
'próprio' quando nomeia pessoa. Ex.: Presidente da República, Prefeito,
Ministro etc. Esses substantivos só não nomeiam pessoa quando a
pessoa não tem pistolão. O substantivo é de 'aluguel' quando o morador
paga a renda ao senhorio...
b) O substantivo pode ser REAL ou ABSTRATO. É 'real' quando se
relaciona com o rei ou quando serve de padrão monetário. O substantivo
é 'abstrato' quando não passa de conversa fiada. Ex.: Câmbio estável,
plataforma governamental, opinião pública, soberania popular,
democracia, sorte grande, camarão de empada, Tesouro Nacional, etc.
c) Os substantivos variam desinencialmente [também] em caso... Ex.: João
come frutas. JOÃO é aí um caso nominativo. Maria lê jornais. MARIA é
aí um caso nominativo. Excetuam-se: Pedro toma o trem da Central,
porque aí Pedro é um caso perdido.
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d) Quanto ao gênero, podem os substantivos ser MASCULINOS,
FEMININOS ou NEUTROS. Masculino: Mesquita Cabral; feminino:
Marion; neutro: preguiça, que é comum ao masculino e ao feminino.
e) O substantivo pode ser SIMPLES ou COMPOSTO. O substantivo é
'simples' quando é simples mesmo. Ex.: café pequeno. É 'composto'
quando acompanhado de entrepitíveis. Ex.: média com pão quente.
Questão 25)
"Procedamos acurada e pachorrentamente ao estudo [...] da gramática,
porque na melhor das hipóteses, não ficaremos sabendo coisa alguma..."
O autor tem razão diante de afirmativa como:
a) "Os adjetivos se caracterizam morfologicamente por receberem as
mesmas marcas de gênero e número que distinguem os nomes, com a
diferença de que estas marcas, no adjetivo, resultam de regras de
concordância."
b) "SUBSTANTIVO é a palavra com que designamos ou nomeamos os
seres em geral. São, por conseguinte, substantivos: a) os nomes de
pessoas, animais, vegetais, lugares e coisas: Maria, cão, ipê, Brasil, livro;
b) os nomes de ações, estados e qualidades, tomados como seres:
colheita, patriotismo, velhice, bondade, largura."
c) "O EMPREGO FACULTATIVO DO INFINITO FLEXIONADO. REGRA:
Quando o infinito, apesar de não ter sujeito próprio [...] exprime, contudo,
uma ação exercida por um agente que conhecemos do contexto e ao
qual esta se atribui, pode ser flexionado ou invariável, embora
freqüentemente se dê preferência ora a uma, ora a outra, das duas
formas do infinito."
d) Os SUBSTANTIVOS, todos os ARTIGOS, a maioria dos ADJETIVOS,
alguns NUMERAIS e alguns PRONOMES podem sofrer uma variação de
forma para dar idéia de UM ou MAIS DE UM. A isto nós chamamos de
FLEXÃO DE NÚMERO."
e) "RAIZ é o morfema comum a várias palavras de um mesmo grupo lexical,
portador da significação básica desse grupo de palavras. Assim em "claro,
clarear, aclarar, esclarecer, esclarecimento e clarividência", a raiz é 'clar-'.
Em "livro, livrinho, livreiro, livraria e livresco", a raiz é 'livr-'.
Questão 26)
Marque a opção que preenche corretamente todas as lacunas numeradas,
tomando como base o trecho a seguir.
"os olhos extáticos alçavam-se cheios de esplendor e serenidade; os seios,
que até ali apenas arfavam como as ondas de um lago em tranqüila noite de
luar, começaram de ofegar, túrgidos e agitados, como oceano encapelado"
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a) (1) predicativo; (2) alçar; (3) verbo transitivo; (4) os; (5) adjunto.
b) (1) adjunto; (2) arfar; (3) verbo intransitivo; (4) se; (5) objeto direto.
c) (1) predicativo; (2) arfar; (3) verbo intransitivo; (4) que; (5) sujeito.
d) (1) predicativo; (2) começar; (3) verbo transitivo; (4) que; (5) objeto direto.
e) (1) adjunto; (2) começar; (3) verbo transitivo; (4) se; (5) objeto indireto.
Questão 27)
No verso "Nosso passado de ABSURDOS GLORIOSOS" (v.7), substantivo
e adjetivo se associam de forma a criar uma figura que se caracteriza pelo(a):
a) emprego de palavras desnecessárias ao sentido da frase.
b) ênfase no exagero da verdade das coisas.
c) interpenetração de planos sensoriais diferentes.
d) relação de semelhança entre o sentido denotativo e o sentido conotativo
do texto.
e) reunião de idéias contraditórias num só pensamento.
Questão 28)
As palavras INCOMPREENSÍVEL e INFREQÜENTÍSSIMOS possuem o
mesmo prefixo com valor semântico idêntico. Porém, seus sufixos
apresentam funções distintas, uma vez que - (í)vel forma adjetivo a partir de:
a) verbo e -íssimo atribui um valor de grau ao adjetivo.
b) verbo e -íssimo atribui um valor de grau ao substantivo.
c) substantivo e -íssimo atribui um valor de grau ao adjetivo.
d) substantivo e -íssimo forma adjetivo a partir de adjetivo.
e) adjetivo e -íssimo forma adjetivo a partir de verbo.
Questão 29)
Leia as frases a seguir.
I. AQUI continua um paraíso.
II. AQUI ele chegou em 1930.
III. AQUI onde ele mora viveu José de Alencar.
IV. AQUI faz muito calor.
Em relação aos termos destacados, pode-se afirmar que:
a) expressam informação secundária, em I, III e IV.
b) indicam a posição próxima do ouvinte, em II e III.
c) assumem a mesma função na frase, em I, II e III.
d) há uma preposição implícita, em II, III e IV.
e) os termos assumem a mesma função, em I, II e IV.
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Questão 30)
Assinale a alternativa em que a presença/ausência da preposição acarreta
alteração semântica:
a) Meu filho sempre aspirou ao ar puro aqui do "campus". / Meu filho sempre
aspirou o ar puro aqui do "campus."
b) Meu filho sempre assistiu a futebol pela tv. / Meu filho sempre assistiu
futebol pela tv.
c) Meu filho sempre obedeceu a seus superiores. / Meu filho sempre
obedeceu seus superiores.
d) Meu filho sempre precisou de que o amparassem. / Meu filho sempreprecisou que o amparassem.
e) Meu filho sempre necessitou de que o amparassem. / Meu filho sempre
necessitou que o amparassem.
Questão 31)
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele
possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele
durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que
era um modelo. Argüiam-no de avareza, e cuido que tinham razão; mas a
avareza é apenas a exageração de uma virtude e as virtudes devem ser
como os orçamentos: melhor é o saldo que o "deficit". Como era muito seco
de maneiras tinha inimigos, que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único
fato alegado neste particular era o de mandar com freqüência escravos ao
calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só
mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente
contrabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco
mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode
honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de
relações sociais.
(Machado de Assis, "Memórias póstumas de Brás Cubas")
O efeito expressivo obtido em "ferozmente honrado" resulta de uma
inesperada associação de advérbio com adjetivo, que também se verifica
em:
a) sorriso maliciosamente inocente.
b) formas graciosamente curvas.
c) sistema singularmente espantoso.
d) opinião simplesmente abusada.
e) expressão profundamente abatida.
Questão 32)
Observe os períodos a seguir e escolha a alternativa correta em relação à
idéia expressa, respectivamente, pelas conjunções ou locuções SEM QUE,
POR MAIS QUE, COMO, CONQUANTO, PARA QUE.
1. Sem que respeites pai e mãe, não serás feliz.
2. Por mais que corresse, não chegou a tempo.
3. Como não tivesse certeza, preferiu não responder.
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4. Conquanto a enchente lhe ameaçasse a vida, Gertrudes negou-se a
abandonar a casa.
5. Mandamos colocar grades em todas as janelas para que as crianças
tivessem mais segurança.
a) Condição, concessão, causa, concessão, finalidade.
b) Concessão, causa, concessão, finalidade, condição.
c) Causa, concessão, finalidade, condição, concessão.
d) Condição, finalidade, condição, concessão, causa.
e) Finalidade, condição, concessão, causa, concessão.
Questão 33)
De acordo com a Lei Federal nº 2749/56, o emprego oficial de nome
designativo de cargo público deve, quanto ao gênero, atender ao sexo do
funcionário a quem se refira, e não ficar sempre no masculino como era de
praxe até então. Assinale a frase que admitiria o cargo na forma masculina,
por ser genérico.
a) Minha prima é escriturária-digitadora do Ministério da Fazenda.
b) Não sei se a deputada Fulana de Tal se recandidatou à Câmara.
c) Ela exerce o cargo de professora alfabetizadora.
d) Foi nomeada juíza a Drª Fulana de Tal.
e) Maria da Silva, Técnica em Educação desta Universidade, vem requerer...
Questão 34)
Os fragmentos de textos que se seguem utilizam em sua estrutura
construções com o pronome LHE.
FRAGMENTO I –
“A imprensa é a vista da Nação. Por ela a Nação acompanha o que lhe passa
ao perto e ao longe, exerga o que lhe malfazem, devassa o que ocultam e
tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou
nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa,
e se acautela do que ameaça.” Rui Barbosa
FRAGMENTO II –
“Eu lhe vejo linda. Eu lhe chamo de A, lhe chamo de B. Lhe digo isso, lhe
digo aquilo. Lhe dou rosas, lhe ofereço colo. Só nunca lhe digo que lhe amo,
que lhe quero e que por isso estou aqui.” Carlos Martel
Considerando a semelhança entre a situação de produção e circulação dos
textos e o nível de escolaridade do leitor,faça o que se pede:
a) O que difere o emprego do lhe do 1º fragmento do seu emprego no 2º
fragmento?
b) Justifique a sua resposta.
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Questão 35)
Assinale a opção em que NÃO está correta a relação adjetivo / substantivo:
a) colubrino / pombo
b) vulpino / raposa
c) potâmico / rio
d) hircino / bode
e) cunicular / coelho
Questão 36)
Assinale a opção em que o pronome relativo exerce a função sintática de
predicativo:
a) Com tais atitudes demonstras claramente o patife que sempre foste.
b) A proposta que recusaste era de fato verdadeiramente indecorosa.
c) Ninguém desconhece do que ainda és capaz.
d) Na floresta amazônica há milhares de plantas que têm aplicação
medicinal.
e) Com grandes sacrifícios, finalmente adquiri o pequeno apartamento em
que hoje moro.
Questão 37)
Observe, com atenção, as duas propagandas abaixo (Texto V e Texto VI),
publicadas, respectivamente, na Revista Cláudia, nº 8, de agosto de 2006, p.
22, e na Revista VEJA, em sua edição de 2 de agosto de 2006, p. 67.
Texto V
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Texto VI
Agora, responda.
a) As duas propagandas focalizam algumas mudanças na concepção
tradicional dos gêneros feminino e masculino. Apresente, de maneira
sucinta, as modificações propostas nos textos. Justifique sua resposta,
utilizando elementos gráfico-visuais, conceituais e lingüísticos presentes
nas propagandas.
Texto V:
Modificação proposta:
Justificativa
Texto VI:
Modificação proposta:
Justificativa
b) Leia, novamente:
“Vem aí mais uma edição do PRÊMIO CLÁUDIA (...)” (Texto V)
O elemento destacado no trecho acima (aí) normalmente faz referência a
lugar, como se pode observar no seguinte exemplo: “Como estão as
coisas aí?”; “Você viu o meu livro por aí?”.
Responda, considerando a leitura da propaganda da revista.
b.1) Qual é o significado do termo aí no trecho destacado acima (Texto
V)?
b.2) Reescreva o trecho destacado, substituindo o termo aí por outro que
expresse, claramente, o significado intencionado.
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Questão 38)
Em “ A física, a química e a biologia nos forneceram hipóteses que são muito
melhores que as oferecidas por qualquer crença em outras dimensões”, “que”
(a primeira ocorrência) pode ser analisado das formas abaixo, EXCETO:
a) Substitui o substantivo “hipóteses”.
b) É classificado como pronome relativo.
c) Inicia uma oração subordinada adjetiva.
d) Funciona como sujeito da oração.
e) É classificado como conjunção.
Questão 39)
Leia os seguintes versos, extraídos de uma canção de Dorival Caymmi.
Balada do rei das sereias
O rei atirou
Sua filha ao mar
E disse às sereias:
– Ide-a lá buscar,
Que se a não trouxerdes
Virareis espuma
Das ondas do mar!
Foram as sereias...
Quem as viu voltar?...
Não voltaram nunca!
Viraram espuma
Das ondas do mar.
a) Aponte, na fala do rei (primeira estrofe), um efeito expressivo obtido por
meio do emprego da segunda pessoa do plural.
b) Sem alterar o sentido, reescreva a fala do rei, passando os verbos para a
3ª pessoa do plural e substituindo, por outra, a conjunção que.
Questão 40)
Encontram-se, abaixo, a transcrição de parte de uma transmissão de jogo de
futebol, trecho de uma canção e uma manchete de notícia.
TEXTO 1
Na marca de 36 minutos do primeiro tempo do jogo, pode abrir o marcador o
time da Itapirense. A Esportiva precisa da vitória. Tomando posição o camisa
9 Juary. É a batida de penalidade máxima. Faz festa a torcida. Fica no centro
do gol o goleiro Cléber. Partiu Juary com a bola para a esquerda, tocou, é
gol. Gol da Esportiva! E o Mogi Mirim tem posse de bola agora, escanteio
pela direita. 39 minutos, Juan na cobrança do escanteio para o Mogi Mirim,
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chutou, cruzou, cabeceiaAnderson Conceição e é gol. Foi aos 39 minutos do
primeiro tempo, Juan pra cobrança do lado direito, subiu, desviou de cabeça
o zagueiro Anderson Conceição, bola pro fundo da rede do goleiro Brás da
Itapirense. Cutucou pro fundo da rede Anderson Conceição, camisa 4.
(Transcrição adaptada de trecho da transmissão da partida entre Mogi Mirim
Esporte Clube e Itapirense em 04/10/2008. Disponível no Podcast “Mogi
Mirim Esporte Clube”, em www.mogimirim.com.br)
TEXTO 2
“Cotidiano” (Chico Buarque)
Todo dia ela faz
Tudo sempre igual
Me sacode
Às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca
De hortelã (...)
TEXTO 3
“Presidente visita amanhã a Estação Antártica”
(Imprensa Nacional, em www.in.gov.br, 15/02/2008)
a) Nos três textos ocorrem verbos no tempo presente. Entretanto, seu uso
descreve as ações de formas diferentes. Compare o uso do presente nos
textos 1 e 2, e mostre a diferença. Faça o mesmo com os textos 2 e 3.
Explique.
b) O encadeamento narrativo do texto 1 é construído pela alternância entre
verbos no presente e no passado.
Justifique a presença exclusiva do passado no último parágrafo,
considerando que se trata de uma transmissão de jogo de futebol.
Questão 41)
Em uma passagem do livro O que é o tempo?, o matemático e filósofo inglês
Gerald James Whitrow nos diz o seguinte:
A primeira questão é a origem da ideia de que o tempo é uma espécie de
progressão linear medida pelo relógio e pelo calendário. Na civilização
moderna, esse conceito de tempo domina de tal forma a nossa vida que
parece ser uma necessidade inevitável do pensamento. Mas isso está longe
de ser verdade. (...) A maioria das civilizações anteriores à nossa, nos últimos
200 a 300 anos, tendia a considerar o tempo essencialmente cíclico na
natureza. À luz da história, nossa concepção de tempo é tão excepcional
quanto a nossa rejeição ao mágico.
Embora nossa ideia de tempo seja uma das características peculiares do
mundo moderno, a importância que damos a ele não é inteiramente
desprovida de precedente cultural. Nem tampouco o presente calendário
gregoriano – assim chamado em homenagem ao papa Gregório XIII, que o
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introduziu em março de 1582 – é o mais preciso de todas as civilizações.
Nosso calendário, por muito sofisticado que seja, não é tão exato quanto
aquele criado, há mais de mil anos, pelos sacerdotes maias da América
Central. O ano gregoriano é um tanto longo demais, e o erro chega a três
dias em dez mil anos. A duração do ano dos astrônomos maias pecava por
ser um tanto curta demais, mas o erro era de apenas dois dias em dez mil
anos.
De todos os povos que conhecemos, os maias eram os mais obcecados
pela idéia de tempo. Enquanto na Antiguidade européia considerava-se que
os dias da semana eram influenciados pelos principais corpos celestes –
Saturn-day, Sun-day, Moon-day (dia de Saturno, dia do Sol, dia da Lua e
assim por diante) –, para os maias cada dia era por si só divino. Todos os
monumentos e altares eram erigidos para marcar a passagem do tempo,
nenhum glorificava governantes ou conquistadores. Os maias viam as
divisões do tempo como cargas transportadas por uma hierarquia de
portadores divinos que personificavam os números pelos quais os vários
períodos – dias, meses, anos, décadas e séculos – se distinguiam.
Apesar dessa constante preocupação com os fenômenos temporais e da
incrível exatidão de seu calendário, os maias nunca chegaram à ideia de
tempo como a jornada de um portador com a sua carga. Seu conceito de
tempo era mágico e politeísta. Embora a estrada na qual os portadores
divinos caminhassem em revezamento não tivesse começo nem fim, os
eventos ocorriam em um círculo representado por períodos recorrentes de
serviço a cada deus na sucessão dos portadores. Dias, meses, anos, e assim
por diante, eram membros dos grupos que caminhavam em revezamento
pela eternidade. A carga de cada deus era o presságio para o intervalo de
tempo em questão. Num ano a carga podia ser a seca, no outro, uma boa
colheita. Pelo cálculo dos deuses que estariam caminhando juntos em um
determinado dia, os sacerdotes podiam determinar a influência combinada
de todos os caminhantes, e assim prever o destino da humanidade.
A hierarquia dos ciclos de cada divisão de tempo levou os maias a dedicar
mais atenção ao passado que ao futuro. Esperava-se que a história se
repetisse em ciclos de 260 anos, e que os eventos significativos tendessem
a seguir um padrão geral pré-ordenado. Por exemplo, a religião cristã
introduzida pelos espanhóis era identificada com a adoração de um culto
alienígena imposto aos maias vários séculos antes. Os eventos passados,
presentes e futuros mesclavam-se, na visão global dos maias, porque
resultavam da mesma carga divina do ciclo de 260 anos.
Extraído e adaptado de WHITROW, G. J. O que é o tempo? Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003, p.15-17.
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a) Para comparar a visão de tempo dos maias à nossa moderna concepção,
o autor do texto evoca duas imagens geométricas distintas. Diga quais
são elas e, com base no texto, explique por que servem para descrever a
diferença fundamental entre as duas ideias de tempo comparadas.
b) Retire do texto um período que contrarie a seguinte afirmação: Nunca
houve sociedade que tenha dado ao tempo um lugar tão central como a
nossa.
c) Forme um único período com as orações abaixo, utilizando para isso o
pronome relativo cujo. Faça as adaptações necessárias.
Não vemos a relação entre passado, presente e futuro da mesma forma
que os maias.
O conceito de tempo dos maias era mágico e politeísta.
Questão 42)
Concebido como uma homenagem ao escritor João Guimarães Rosa, no
cinquentenário de Grande Sertão: Veredas, o romance Nhô Guimarães, de
Aleilton Fonseca, apresenta uma linguagem de forma imaginativa, em que o
personagem, ao narrar histórias e causos em boa parte inspiradas no
imaginário popular brasileiro e no vasto universo rosiano, relembra seu velho
amigo Nhô Guimarães.
TEXTO I
O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as
pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que
elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a
vida me ensinou. Isso que me alegra montão.
Guimarães Rosa, Grande Sertão:Veredas.
TEXTO II
Ah, meu senhor, a vida é cheia de espanto. A gente pisca, uma coisa
acontece! Já lhe aconteceu de sua natureza amarrar, empatando fazer uma
coisa? Isso tem gente que repele. Eu não insisto se dentro de mim uma voz
me fala. Desmanchar viagem, desistir de negócio, mudar de caminho,
descobrir a intenção de certos amigos. É uma voz da gente, lá dentro,
tentando dizer o futuro. Eu digo e repito ao senhor: escute seu
pressentimento. É um conselho que a gente dá de si para si mesmo, ou revela
aos outros, para prevenir certos fatos.
Aleilton Fonseca. Nhô Guimarães.
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a) Os Textos I e II apresentam marcas linguístico-discursivas que
caracterizam uma interlocução do narrador. Transcreva, de cada um dos
textos, um fragmento que apresenta essas marcas de interlocução,
identifique-as e justifique seu emprego.
b) Na progressão de sentido no fragmento de Nhô Guimarães (Texto II), há
uma frase do narrador que sintetiza o seu discurso. Transcreva essa frase
e explique o seu sentido no texto.
Questão 43)
Leia o poema de Mauro Mota.
Ausência
Vestias diante do espelho
o vestido de viagem,
e o espelho partiu-se ao meio
querendo prender-te a imagem.
(Canto ao Meio)
Ao reescrever o poema, empregando como sujeito explícito o pronome Elas,
tem-se:
Elasvestiam diante do espelho
os vestidos de viagem,
e o espelho partiu-se ao meio
querendo ______ a imagem.
A expressão que preenche corretamente a lacuna, de acordo com o
português padrão, é:
a) prendê-la.
b) prendê-las.
c) prender-vos.
d) prender-lhe.
e) prender-lhes.
Questão 44)
Assinale a alternativa em que a passagem do imperativo afirmativo para o
imperativo negativo está correta.
a) Sai daqui. / Não saies daqui.
b) Deixai vir a mim as crianças. / Não deixeis vir a mim as crianças.
c) O pão nosso nos dai hoje. / O pão nosso não nos dês hoje.
d) Escreve ao diretor. / Não escreva ao diretor.
e) Apõe a assinatura! / Não aponheis a assinatura!
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Questão 45)
Reponda os itens a seguir.
a) O fragmento, a seguir, é uma reflexão do protagonista Paulo Honório, do
romance São Bernardo.
A verdade é que não me preocupo muito com o outro mundo. Admito
Deus, pagador celeste dos meus trabalhadores, mal remunerados cá na
terra, e admito o diabo, futuro carrasco do ladrão que me furtou uma vaca
de raça. Tenho portanto um pouco de religião, embora julgue que, em
parte, ela é dispensável num homem. Mas mulher sem religião é horrível.
(RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2012. p.155.)
A partir do fragmento, discorra sobre o sentido de religião para o
protagonista do romance. Refira-se, pelo menos, a uma passagem da
obra para ilustrar sua resposta.
b) Considere a citação retirada do conto A hora e vez de Augusto Matraga
a seguir.
Sou um desgraçado, mãe Quitéria, mas o meu dia há-de chegar!
(ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p.387.)
Considere, agora, que esse enunciado fosse redigido da seguinte
maneira:
O meu dia há-de chegar, mas sou um desgraçado, mãe Quitéria!
Explique como os sentidos são diferentes em cada um dos enunciados
e qual é o papel desempenhado pela conjunção “mas” na construção
desses sentidos.
Questão 46)
Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação da partícula “se”,
na sequência em que aparece no período abaixo.
O maquinista se perguntava se a próxima parada seria tão tumultuada
quanto a primeira, com aquelas pessoas todas se debatendo, os bilhetes
avolumando nas mãos do cobrador, os reclamos que se ouviam dos mais
exaltados.
a) objeto indireto – conectivo integrante – parte do verbo – partícula
apassivadora
b) objeto direto – conectivo integrante – pronome reflexivo – partícula
apassivadora
c) objeto direto – conjunção integrante – pronome recíproco –
indeterminação do sujeito
d) objeto indireto – conjunção integrante – pronome reflexivo – partícula
apassivadora
e) objeto direto – conectivo integrador – pronome oblíquo – partícula
apassivadora
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Questão 47)
“Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes
o tratamento de ‘você’, se dirigiu ao autor chamando-o ‘o senhor’ ”.
A análise morfossintática das palavras grifadas, na sequência em que
aparecem, está correta na alternativa:
a) conjunção integrante, adjunto adverbial, partícula apassivadora,
pronome pessoal oblíquo
b) sujeito, pronome relativo, pronome pessoal, artigo definido
c) pronome relativo, conjunção integrante, objeto direto, pronome
substantivo
d) pronome relativo, adjunto adverbial, pronome oblíquo, objeto direto
e) objeto direto, pronome locativo, sujeito, artigo definido
Questão 48)
“TONHO (NERVOSO) – Estou te pedindo, Paco. [...] (CHORANDO) Minha
vida é uma merda, eu já não aguento mais. Me esquece. Não quer trocar o
sapato, não troca. Mas cala essa boca. Será que você não compreende? Eu
estudei, posso ser alguma coisa na puta da vida. Estou cansado de tudo
isso. De comer mal, de dormir nessa joça, de trabalhar no mercado, de te
aturar. Estou farto! [...].”
(MARCOS, Plínio. Dois perdidos numa noite suja:
peça em dois atos. 3. ed. São Paulo: Parma, 1984. p. 87).
Justifique o uso do pronome “me” em posição proclítica no fragmento de
texto acima.
TEXTO: 1 - Comum à questão: 49
UM SONHO DE SIMPLICIDADE
Então, de repente, no meio dessa desarrumação feroz da vida urbana, dá
na gente um sonho de simplicidade. Será um sonho vão? Detenho-me um
instante, entre duas providências a tomar, para me fazer essa pergunta. Por
que fumar tantos cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem
falta. São uma necessidade que inventei. Por que beber uísque, por que
procurar a voz de mulher na penumbra ou os amigos no bar para dizer coisas
vãs, brilhar um pouco, saber intrigas?
Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente
um ataque de pudor, me surpreendendo assim, a escolher um pano colorido
para amarrar ao pescoço.
A vida bem poderia ser mais simples. Precisamos de uma casa, comida
simples, mulher, quê mais? Que se possa andar limpo e não ter fome, nem
sede, nem frio. Para que beber tanta coisa gelada? Antes eu tomava a água
fresca da talha, e a água era boa. E quando precisava de um pouco de
evasão, meu trago de cachaça.
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Que restaurante ou boate me deu o prazer que tive na choupana daquele
velho caboclo do Acre? A gente tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a
rede afundando os pés na lama, na noite escura, e isso era bom. Quando
ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a barraca, no
meio do mato e, chegamos à choça de um velho seringueiro. Ele acendeu
um fogo, esquentamos um pouco junto do fogo, depois me deitei, numa
grande rede branca - foi um carinho ao longo de todos os músculos
cansados. E então ele me deu um pedaço de peixe moqueado e meia caneca
de cachaça. Que prazer em comer aquele peixe, que calor bom em tomar
aquela cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre grilos e vozes
distantes de animais noturnos.
Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas urbanas,
inaugurar de repente uma vida de acordar bem cedo? Outro dia vi uma linda
mulher, e senti um entusiasmo grande, uma vontade de conhecer mais
aquela bela estrangeira: conversamos muito, essa primeira conversa longa
em que a gente vai jogando um baralho meio marcado, e anda devagar,
como a patrulha que faz um reconhecimento. Mas para quê, essa eterna
curiosidade, essa fome de outros corpos e outras almas?
Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso
ganhar a vida de outro jeito, não assim, nesse comércio de pequenas pilhas
de palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas... Seria
preciso fazer algo de sólido e de singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar
a terra, algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo, mas deixasse a
alma sossegada e limpa.
Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. É apenas um
instante. O telefone toca. Um momento! Tiramos um lápis do bolso para
tomar nota de um nome, um número... Para que tomar nota? Não precisamos
tomar nota de nada, precisamos apenas viver - sem nome, nem número,
fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.
(BRAGA, Rubem. In: 200 crônicas escolhidas, 3 ed. Rio de Janeiro: Record,
1979. p.262-3.)
Questão 49)
É INADEQUADA, quanto à relação de coesão com a oração anterior, a
análise do conectivo grifado na alternativa:
a) ...”Detenho-me um instante, entre duas providências a tomar, para me
fazer essa pergunta.”...
[finalidade]
b) ...”Quando ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a
barranca, no meio do mato,”...
[tempo]
c) ...”outro dia vi uma linda mulher, e senti um entusiasmo grande,”...
[adição]
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d) ...”Mas para instaurar uma vida mais simples esábia, então seria preciso
ganhar a vida de outro jeito,”...
[concessão]
e) ...”Seria preciso fazer... algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo,
mas deixasse a alma sossegada e limpa.”
[oposição]
TEXTO: 2 - Comum à questão: 50
Neste momento, o bordado está pousado em cima do console e o
interrompi para escrever, substituindo a tessitura dos pontos pela das
palavras, o que me parece um exercício bem mais difícil.
Os pontos que vou fazendo exigem de mim uma habilidade e um
adestramento que já não tenho. Esforço-me e vou conseguindo vencer
minhas deficiências. As palavras, porém são mais difíceis de adestrar e vêm
carregadas de uma vida que se foi desenrolando dentro e fora de mim, todos
esses anos. São teimosas, ambíguas e ferem. Minha luta com elas é uma
luta extenuante. Assim, nesse momento, enceto duas lutas: com as linhas e
com as palavras, mas tenho a certeza que, desta vez, estou querendo chegar
a um resultado semelhante e descobrir ao fim do bordado e ao fim desse
texto, algo de delicado, recôndito e imperceptível sobre o meu próprio destino
e sobre o destino dos seres que me rodeiam. Ontem, quando entrei no
armarinho para escolher as linhas, vi-me cercada de pessoas com quem não
convivia há muito tempo, ou convinha muito pouco, de cuja existência tinha
esquecido. Mulheres de meia-idade que compravam lãs para bordar
tapeçarias, selecionando animadamente e com grande competência os
novelos, comparando as cores com os riscos trazidos, contando os pontos
na etamine, medindo o tamanho do bastidor. Incorporei-me a elas e comecei
a escolher, com grande acuidade, as tonalidades das minhas meadas de
linha mercerizada. Pareciam pequenas abelhas alegres (...), levando a sério
as suas tarefas. (...) Naquelas mulheres havia alguma coisa preservada, sua
capacidade de bordar dava-lhes uma dignidade e um aval. Não queria que
me discriminassem, conversei com elas de igual para igual, mostrando-lhes
os pontos que minha pequena mão infantil executara.
(JARDIM, Rachel. O penhoar chinês. 4 ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
1990.)
Questão 50)
A preposição de contida nas opções abaixo NÃO estabelece relação de
posse em:
a) “... a tessitura dos pontos ...” (1° período).
b) “... ao fim do bordado ...” (7° período).
c) “... o destino dos seres ...” (7° período).
d) “... pessoas (...) de cuja existência ...” (8° período)
e) “... tamanho do bastidor.” (9° período).
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TEXTO: 3 - Comum à questão: 51
Luta de Classes
Não é que dona Maria de Lurdes (Malu) não entenda, é que lhe explicam
mal as coisas. Por exemplo. Uma noite ela perguntou para o
marido que história era aquela de luta de classes e o marido, já meio
dormindo, respondeu:
_ São os empregados contra nós.
No dia seguinte, dona Malu já olhou para a Ernestina, 20 anos com a
família, de outro jeito.
_ Que foi, dona Malu?
_ Nada, nada.
No almoço, dona Malu pediu mais detalhes ao marido.
_ O que é que os empregados querem?
_ O quê, Malu?
_ Os empregados. O que é que eles querem de nós?
O marido respirou fundo e ia começar a responder quando Ernestina
entrou na sala do almoço e dona Malu o deteve com um gesto. Não na
frente do inimigo.
Ernestina voltou para a cozinha. O marido de dona Malu se serviu de
guisadinho, mas não chegou a levar a primeira garfada à boca.
_ Pare! – gritou dona Malu, que tivera um súbito e terrível pensamento:
vidro moído na comida.
_Por quê, Malu?
_ Não toque nessa comida!
_ Como é que eu vou almoçar sem tocar na comida?
_ Vamos almoçar fora.
_ Que história é essa, Malu. Logo hoje que a Ernestina fez o meu prato
preferido!
_ Justamente por isso. De noite eu faço guisadinho para você.
_ Eu prefiro o guisadinho da Ernestina.
Mas dona Malu já começara a limpar a sua mesa. Ernestina fez cara feia
quando viu o seu guisado voltar, intocado, para a cozinha. Em 20
anos, era a primeira vez que acontecia aquilo.
_ Não gostaram, é?
_ Não tenho que lhe dar satisfações.
A senhora anda muito engraçada.
_ Veja como fala.
_ O que é que eu faço para o jantar?
_ Nada. Pode tirar o resto do dia.
Ernestina murmurou alguma coisa, emburrada.
_ Que foi? _ perguntou dona Malu.
_ Se a senhora não está satisfeita comigo...
_ Eu? Você é que está contra nós!
_ Eu, dona Malu?
_ Não finja. Pelo menos tenha a hombridade de lutar de frente.
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Nem Ernestina nem dona Malu sabiam o que queria dizer hombridade e
ficou por isso mesmo. Ernestina também não sabia que luta era
aquela, mas se dona Malu queria briga, ia ter briga. Não seria a primeira
vez.
_ A senhora está me despedindo?
Dona Malu pensou um pouco. Afinal, eram 20 anos. Mesmo que Ernestina
tivesse, finalmente, revelado a sua duplicidade, 20 anos eram 20
anos. E seria melhor ter o inimigo dentro de casa, onde ele podia ser
controlado.
_ Não está despedida. Mas de agora em diante, eu faço a comida. Você
só limpa a casa e lava os pratos. Não faz nem o cafezinho.
_ Está bem.
Era a guerra. Ou uma trégua declarada. Passaram a conviver de cara
fechada, dona Malu e Ernestina. Uma vez o marido de dona Malu foi
pego em flagrante na cozinha pedindo para Ernestina fazer um dos seus
pudins de laranja escondido. Foi tachado de traidor de sua classe.
Dona Malu passou a cozinhar, sob olhar crítico e, às vezes, os risos
abafados, de Ernestina. E na noite em que dona Malu viu na televisão
um filme de espionagem em que um agente infiltrado em território inimigo
mandava mensagens de rádio para suas forças com um
transmissor secreto, correu a dar uma busca no quarto de Ernestina. Não
encontrou nenhum transmissor mas, por via das dúvidas,
impugnou um radinho de pilha.
(Luís F. Veríssimo – Novas Comédias da Vida Privada - L&PM,1996)
Questão 51)
“Uma vez o marido de dona Malu foi pego em flagrante na cozinha pedindo
para Ernestina fazer um dos seus pudins de laranja escondido.”
Assinale a alternativa que apresenta o elemento do texto a que se refere a
palavra sublinhada:
a) marido
b) pudim
c) fazer
d) pedindo
e) pego
TEXTO: 4 - Comum à questão: 52
Morte e Vida Severina
O meu nome é Severino
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
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Severino de Maria;
Como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença é que a morte severina ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
Iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
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a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história da minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
(João Cabral M. Neto – Morte e Vida Severina – Ed. Nova. Fronteira – 1997
– adaptado)
Questão 52)
Assinale a alternativa que indica o tipo de circustância indicada pelas
palavras sublinhadas em “morremos de morte igual, mesma morte
severina”:
a) causa
b) modo
c) conseqüência
d) explicação
e) conclusão
TEXTO: 5 - Comum à questão: 53
Estudo do centro de cibernética da Universidade de Warwick, na Inglaterra,
revela que os videogames e controles remotos estimulam mudanças na
coordenação motora dos jovens. Os dedos polegares da chamada geração
Atari, de até 25 anos, estariam mais ágeis que os indicadores. Foram
observados jovens de nove cidades de vários continentes. Os cientistas
explicam que a interação entre o homem e a tecnologia provoca mudanças
tanto nos equipamentos tecnológicos quanto no corpo humano.
Revista Veja
Questão 53)
Assinale a alternativa correta.
a) O emprego da expressão a chamada geração Atari evidencia que o rótulo
foi atribuído à geração pelos cientistas.
b) Em estariam mais ágeis, a forma verbal denota que o redator atribui a
responsabilidade pela informação aos cientistas.
c) O termo vários é adequado para quantificar continentes, já que o número
destes é impreciso.
d) O uso das formas verbais revela e explicam demonstra que as
informações divulgadas já fazem parte do senso comum.
e) No contexto, mudanças equivale a “aperfeiçoamentos”, tanto
tecnológicos quanto fisiológicos.
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TEXTO: 6 - Comum à questão: 54
A notícia saiu no "The Wall Street Journal": a "ansiedade superou a
depressão como problema de saúde mental predominante nos EUA". Para
justificar o absurdo, o autor da matéria recorre a um psicoterapeuta e a um
sociólogo. O primeiro descreve "ansiedade como condição dos
privilegiados" que, livres de ameaças reais, se dão ao luxo de "olhar para
dentro" e criar medos irracionais; o segundo diz que "vivemos na era mais
segura da humanidade" e, no entanto, "desperdiçamos bilhões de dólares em
medos bem mais ampliados do que seria justificável". Sem meias palavras,
os peritos dizem algo mais ou menos assim: os americanos estão nadando
em riqueza e, como não têm do que se queixar, adquiriram o costume
neurótico de desentocar medos irracionais para projetá-los no admirável
mundo novo ao redor.
A explicação impressiona pela ingenuidade ou pela má-fé. Ninguém
contrai o "Mau hábito" de olhar para dentro de si do dia para a noite. A
obsessão consigo não é um efeito colateral do modo de vida atual; é um dos
seus mais indispensáveis ingredientes. O crescimento exagerado do
interesse pelo "mundo interno" e pelo corpo é a contrapartida do desinteresse
ou hostilidade pelo "mundo externo" e pelos outros. Diz o catecismo: só confie
em seu corpo e em sua mente. O resto é concorrente; o resto está sempre
cobiçando e disputando seu emprego, seu sucesso, seu patrimônio e sua
saúde. Sentir medo e ansiedade, em condições semelhantes, é um estado
emocional perfeitamente racional e inteligível.
Em bom português, sentir-se condenado a jamais ter repouso físico ou
mental, sob pena de perder a saúde, a longevidade, a forma física, o
desempenho sexual, o emprego, a casa, a segurança na velhice, pode ser
um inferno em vida para os pobres ou para os ricos. Os candidatos à
ansiedade são, assim, bem mais numerosos e bem menos ociosos do que
pensam o psicoterapeuta e o sociólogo.
(Adaptado de: COSTA, J.F. A ansiedade da opulência.
"Folha de São Paulo", 19 de março de 2000.)
Questão 54)
Considere as seguintes afirmações acerca do uso de artigos.
I. Caso tivéssemos uma condição em vez de "condição" haveria alteração
no sentido global da frase
II. O artigo indefinido "uns" poderia substituir o definido "os", sem que
houvesse alteração no sentido da frase em questão.
III. As duas ocorrências do artigo definido o anteposto às palavras
"psicoterapeuta" e "sociólogo" poderia ser substituídas por um indefinido
sem mudar o sentido da frase.
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Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
TEXTO: 7 - Comum à questão: 55
Por amor à Pátria
“O que é mesmo a Pátria?
Houve, com certeza, uma considerável quantidade de brasileiros(as) que,
na linha da própria formação, evocaram a Pátria com critérios puramente
geográficos: uma vastíssima porção de terra, delimitada, porém, por tratados
e convenções. Ainda bem quando acrescentaram: a Pátria é também o
Povo, milhões de homens e mulheres que nasceram, moram, vivem, dentro
desse território.
Outros, numerosos, aprimoraram essa noção de Pátria e pensaram nas
riquezas e belezas naturais encerradas na vastidão da terra. Então, a partir
das cores da bandeira, decantaram o verde das florestas, o azul do
firmamento espelhado no oceano, o amarelo dos metais escondidos no
subsolo. Ufanaram-se legitimamente do seu país ou declararam, convictos,
aos filhos jovens, que jamais hão-de ver país como este.”
Questão 55)
No textoI, as expressões Ainda bem e Então podem ser substituídas,
respectivamente, sem prejuízo semântico, por:
a) Finalmente e Portanto.
b) Felizmente e Por isso.
c) Embora e Por conseguinte.
d) Por sorte e Conquanto.
e) Malgrado e Porquanto.
TEXTO: 8 - Comum à questão: 56
“Não se pode dizer que a medida é ruim porque foi feita pelo presidente. Ao
contrário, temos que dizer que é boa e torcer para que ele tome outras
medidas boas.”
(Declaração de Luiz Inácio Lula da Silva, líder do PT, sobre a iniciativa do
presidente Fernando Henrique Cardoso
de reduzir os impostos para a microempresa. - Folha de S. Paulo, 8 de
novembro de 1996).
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Questão 56)
a) Tal como foi formulado, o primeiro período da declaração de Lula poderia
significar “Nós não temos o direito de dizer que a medida é ruim, pois foi
o Presidente quem a tomou”. Este segundo sentido é certamente
involuntário por parte do parlamentar. Reformule a declaração de Lula de
modo a eliminar este segunfo sentido.
b) Preservando o sentido que Lula quis atribuir à afirmação, reformule o
período usando a conjunção mas.
c) Escreva uma continuação apropriada à primeira afirmação de Lula,
supondo que ela tivesse o sentido apontado no item a.
TEXTO: 9 - Comum à questão: 57
ROMANCE II OU DO OURO INCANSÁVEL
Mil bateias vão rodando
sobre córregos escuros;
a terra vai sendo aberta
por intermináveis sulcos;
infinitas galerias
penetram morros profundos.
De seu calmo esconderijo,
o ouro vem, dócil e ingênuo;
torna-se pó, folha, barra,
prestígio, poder, engenho...
É tão claro! - e turva tudo:
honra, amor e pensamento.
Borda flores nos vestidos,
sobe a opulentos altares,
traça palácios e pontes,
eleva os homens audazes,
e acende paixões que alastram
sinistras rivalidades.
Pelos córregos, definham
negros, a rodar bateias.
Morre-se de febre e fome
sobre a riqueza da terra:
uns querem metais luzentes,outros, as redradas pedras.
Ladrões e contrabandistas
estão cercando os caminhos;
cada família disputa
privilégios mais antigos;
os impostos vão crescendo
e as cadeias vão subindo.
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Por ódio, cobiça, inveja,
vai sendo o inferno traçado.
Os reis querem seus tributos,
- mas não se encontram vassalos.
Mil bateias vão rodando,
mil bateias sem cansaço.
Mil galerias desabam;
mil homens ficam sepultos;
mil intrigas, mil enredos
prendem culpados e justos;
já ninguém dorme tranqüilo,
que a noite é um mundo de sustos.
Descem fantasmas dos morros,
vêm almas dos cemitérios:
todos pedem ouro e prata,
e estendem punhos severos,
mas vão sendo fabricadas
muitas algemas de ferro.
(MEIRELES, Cecília. "Poesias completas". Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1974.)
Questão 57)
peneiras de madeira
depuradas, selecionadas
Quando lemos um texto, devemos estar atentos, entre outras coisas, à
seleção dos substantivos, verbos, adjetivos e conectivos diversos utilizados
na interligação das informações.
a) Nas duas primeiras estrofes do texto, a poetisa representa a extração do
ouro mediante oito adjetivos, que formam dois grupos semanticamente
contrastantes. Aponte os adjetivos componentes de cada um desses
grupos.
b) "É tão claro! - e turva tudo:" (v. 11) e "já ninguém dorme tranqüilo, / que
a noite é um mundo de sustos". (v. 41 - 42)
Nos exemplos acima, as respectivas conjunções podem ser substituídas
por outras sem que se altere o sentido original do enunciado. Reescreva
estes exemplos substituindo convenientemente cada conjunção.
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TEXTO: 10 - Comum à questão: 58
LIRA VIII
Marília, de que te queixas?
De que te roubou Dirceu
O sincero coração?
Não te deu também o seu?
E tu, Marília, primeiro
Não lhe lançaste o grilhão?
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?
Em torno das castas pombas,
Não rulam ternos pombinhos?
E rulam, Marília, em vão?
Não se afagam c'os biquinhos?
E a prova de mais ternura
Não os arrasta a paixão?
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?
Já viste, minha Marília,
Avezinhas, que não façam
Os seus ninhos no verão?
Aquelas, com quem se enlaçam,
Não vão cantar-lhes defronte
Do mole pouso, em que estão?
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?
Se os peixes, Marília, geram
Nos bravos mares, e rios,
Tudo efeitos de Amor são.
Amam os brutos impios*,
A serpente venenosa,
A onça, o tigre, o leão.
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?
As grandes Deusas do Céu
Sentem a seta tirana
Da amorosa inclinação.
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Diana, com ser Diana,
Não se abrasa, não suspira
Pelo amor de Endimião?
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?
Desiste, Marília bela,
De uma queixa sustentada
Só na altiva opinião.
Esta chama é inspirada
Pelo Céu; pois nela assenta
A nossa conservação.
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro:
Ediouro, 1997.)
* aqueles que não têm piedade
Questão 58)
O sentido de um texto deve muito às relações expressas pelas unidades
gramaticais, como as preposições e as desinências verbais de número e
pessoa.
a) Nos versos "Não se afagam c'os biquinhos?" (texto I, v. 13) e "Diana, com
ser Diana," (texto I, v. 40), a mesma preposição com exprime relações
adverbiais distintas. Indique a relação de sentido que essa preposição
exprime em cada verso citado.
b) As formas verbais "roubou" (texto I, v. 2) e "são" (texto I, v. 30) se
apresentam respectivamente na terceira pessoa do singular e do plural.
Justifique, com base no texto, essa diferença sintática.
TEXTO: 11 - Comum à questão: 59
A Maria recuou dous passos e pôs-se em guarda, pois também não era das
que se receava com qualquer cousa.
– Tira-te lá, ó Leonardo!
– Não chames mais pelo meu nome, não chames... que tranco-te esta boca
a socos...
– Safa-te daí! quem te mandou pôr-se aos namoricos comigo a bordo?
Isto exasperou o Leonardo; a lembrança do amor aumentou-lhe a dor da
traição e o ciúme e a raiva de que se achava possuído transbordaram em
socos sobre a Maria, que depois de uma tentativa inútil de resistência,
desatou a correr, a chorar e a gritar (...).
(Manuel Antônio de Almeida. Adaptado)
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Questão 59)
Safa-te daí! quem te mandou pôr-se aos namoricos comigo a bordo?
A função sintática da palavra quem no trecho é de:
a) objeto direto.
b) adjunto adnominal.
c) sujeito.
d) agente da passiva.
e) complemento nominal.
TEXTO: 12 - Comum à questão: 60
Desenvolveu-se nos Estados Unidos, nos meios intelectuais que defendem
as minorias, a idéia do "politicamente correto" - ou seja, a substituição de
termos com conotação preconceituosa por outros carregados de positividade.
Assim, a própria palavra "negro" não seria desejável, devendo-se preferir
"afro-americano". O mesmo vale para várias outras palavras, como
"deficiente", "solteirão" - em suma, todo termo que possa dar a entender uma
falha, um defeito. E isso se acentua quando comunidades fortes - como os
homossexuais da Califórnia - interferem em roteiros de filmes, ou quando
figuras históricas são condenadas mediante critérios morais fora de sua
época (como sucedeu quando um condado da Luisiana resolveu que
nenhuma escola pública de sua jurisdição deveria ostentar o nome de quem
tivesse possuído escravos - o que eliminava, por exemplo, Thomas
Jefferson). Tudo isso parece exagerado e, no Brasil, é apresentado como
ridículo............., há que destacar o que é positivo no chamado politicamente
correto: a idéia - óbvia para qualquer lingüista, psicólogo ou psicanalista - de
que a linguagem não é neutra, mas expressa, produz e reproduz uma visão
de mundo. Se a linguagem não se limita a traduzir fatos, mas tende a
expressar o pontos de vista, é preciso expô-los e eventualmente combatê-
los. Aqui está o que a zombaria contra o politicamente correto dissimula:
ele reage contra velhas idéias conservadoras. O que dizem ainda hoje
nossos livros escolares, a despeito de elogiáveis iniciativas (inclusive
oficiais), sobre o negro e o índio? Quantos preconceitos não rodam por aí,
moldando a mente das criança assim como moldaram as nossas? Antes de
se zombar dos exageros de certos movimentos norte - americanos, não seria
preciso romper cumplicidade que ata nossa opinião pública a quem incita à
violência nas rádios matutinas, a quem ridiculariza e humilha a mulher nos
programas de humor? Se alguma cultura pode dar-se ao luxo de achar risível
o excesso nos direitos humanos, não é a nossa, certamente.
(Adaptado de: RIBEIRO, R.J. "A sociedade contra o social". São Paulo: Cia
das Letras, 2000.)
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Questão 60)
Vários pronomes do texto retomam elementos anteriormente referidos.
Assinale a alternativa em que a associação entre o pronome e o elemento
substituído está INCORRETA.
a) que - meios intelectuais
b) sua - figuras históricas
c) sua - escola pública
d) los - pontos de vista
e) ele - o politicamente correto
TEXTO: 13 - Comum à questão: 61
Leia atentamente:
A poesia, ao contrário da filosofia, não é um conhecimento teórico da
natureza humana, mas imita, narrativa ou dramaticamente, ações e
sentimentos, feitos e virtudes, situações e vícios dos seres humanos. Noentanto, a poesia é diferente da história, embora esta também seja uma
narrativa de feitos humanos e de situações, das virtudes e dos vícios dos
humanos narrados. A diferença está no fato de que AQUELA visa, por meio
de uma pessoa ou de um fato, a falar dos humanos em geral (cada pessoa
[…] não é ela em sua individualidade, mas é ela como exemplo universal,
positivo ou negativo, de um tipo humano) e a falar de situações em geral (por
meio, por exemplo, do relato dramático de uma guerra, fala sobre a guerra),
enquanto ESTA se refere à individualidade concreta de cada pessoa e de
cada situação. A poesia trágica não fala de Édipo ou de Eletra, mas de um
destino humano; a epopéia não fala de Helena, Ulisses ou Agamenon, mas
de tipos humanos. A história, ao contrário, fala de pessoas singulares e
situações particulares. Por isso, diz Aristóteles, a poesia está mais próxima
da filosofia do que da história, já que esta nunca se dirige ao universal.
(Marilena Chauí, Introdução à História da Filosofia. pp. 336-337)
Questão 61)
As palavras que estão em maiúsculas foram introduzidas no trecho acima
em substituição a duas palavras-chave para a exposição que faz M. Chauí
das idéias de Aristóteles referentes a distintas formas de conhecimento. Um
leitor atento será capaz de identificar as palavras que estavam no texto
original, a partir apenas da leitura do trecho aqui apresentado.
a) substitua as palavras em maiúsculas pelas palavras que estavam no
texto original.
b) de acordo com o texto, como podem ser caracterizadas as formas de
conhecimento referidas por essas palavras?
c) com base neste texto, a que se dirige a filosofia, segundo Aristóteles?
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TEXTO: 14 - Comum à questão: 62
A cara do preconceito
O racismo brasileiro é uma coisa curiosa. Que existe, todo mundo sabe.
Mas é tão disfarçado, tão camuflado, que se torna difícil detectar sua
existência. Agora, um estudo realizado pela Universidade Federal
Fluminense e patrocinado pela Fundação Ford vem dar uma boa
contribuição para retirar a máscara da suposta tolerância. .....1..... pessoas
objeto do estudo .....2..... sete fotos. A primeira era a de um homem
obviamente branco; a última, de um obviamente negro. Entre elas, situações
intermediárias. Perguntava-se então qual das fotos correspondia mais
provavelmente a um advogado, a um taxista, a um preguiçoso, a um
criminoso. O resultado é aquele que poderíamos imaginar. Advogado tem de
ser, de preferência, branco (professor também). Pardos e pretos são,
preferencialmente, pobres. Brancos são mais inteligentes. E assim por
diante.
Pergunta: isso é preconceito ou é o simples resultado da observação?
Pretos e pardos são, de fato, mais pobres - assim como, na Idade Média, os
judeus eram os usurários. Mas .....3..... de situações .....4..... quais as
pessoas são empurradas. Constatá-lo é o primeiro passo para mudar o
preconceito.
Preconceito começa quando alguém diz: "Fulano tem de ser pobre,
porque é negro. Está no sangue dele." (ou no genoma, para usar um termo
mais moderno). Isto não é só ignorância, muitas vezes corresponde .....5.....
interesses. Foi baseado neste pressuposto que a escravatura resistiu tanto
tempo no Brasil.
Para mudar essa situação, é preciso mostrar que negros ou pardos
podem, sim, ser advogados e professores. A solução é o sistema de cotas
no ensino superior? Talvez esteja aí o ponto de partida para mudar uma
situação inadmissível para um país que tem um pouco de vergonha na cara.
SCLIAR, M. A cara do preconceito. "Zero Hora", 28/08/2002
Questão 62)
A palavra destacada em "QUE existe, todo mundo sabe." e na frase
..................................... pertencem à mesma classe gramatical.
a) QUE maravilha! Será a Universidade da diversidade!
b) É preciso mostrar QUE as minorias também são capazes.
c) O racismo é tão disfarçado QUE às vezes fica difícil evidenciar sua
existência.
d) Os resultados das pesquisas sobre o racismo foram aqueles QUE se
previam.
e) QUE se poderia esperar de uma sociedade assim tão marcada pela
desigualdade?
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TEXTO: 15 - Comum à questão: 63
TEMPO-SERÁ
(01) A Eternidade está longe
(02) (Menos longe que o estirão1
(03) Que existe entre o meu desejo
(04) E a palma da minha mão).
(05) Um dia serei feliz?
(06) Sim, mas não há de ser já:
(07) A Eternidade está longe,
(08) Brinca de tempo-será.
Manuel Bandeira
In Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro,
Nova Aguilar, 1977, p.278.
1estirão – caminhada longa, distância longa, estirada.
Questão 63)
Da relação entre os versos 05, 06 e 08, assevera- se corretamente que:
a) a questão temporal é importante para as mãos do ser humano desejoso
de saber a sua sorte.
b) as circunstâncias de tempo futuro constantes dos versos 05, 06 e 08
relacionam-se diretamente à circunstância de finalidade constante do
verso 07.
c) o “estirão” existente entre o desejo e a palma da mão significa a linha da
vida de acordo com a quiromancia.
d) o “brincar de tempo-será” relaciona-se ao fato de que o
tempo/temporalidade do ser humano frente à Eternidade é extremamente
ínfimo/a.
e) a interrogação constante do verso “Um dia serei feliz?” revela a dúvida
do poeta em relação ao desejo de realizar o estirão.
TEXTO: 16 - Comum à questão: 64
MARCELO BERABA
Desejo de matar
1 RIO DE JANEIRO - A TV Globo estreou mais uma série importada que
enaltece os grupos de extermínio. Esta agora chama-se "Angel" e conta
a história de um vampiro bom que sai pela cidade eliminando vampiros
maus. Para isso, o herói vampiro conta com a ajuda de três pessoas, uma
delas ¨delegada de polícia.
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2 Parece que esta série é apenas um tapa-buraco na programação da
emissora, que nem fez muito alarde com o filme. Mas não é a primeira vez
que a TV explora o tema. Teve uma, "Justiça Cega", em que um juiz,
inconformado com as amarras da lei, fazia justiça com as próprias mãos.
3 O justiceiro passava o dia de toga examinando processos e à noite
montava numa moto e saía matando os bandidos que tinha sido obrigado
a inocentar por falta de provas.
4 A mensagem desses filmes é sempre a mesma. Não é possível combater
o crime com os instrumentos que a sociedade coloca à disposição da
Justiça e das polícias. É preciso montar polícias e justiças paralelas, que
usem as mesmas armas e recursos imorais dos criminosos.
5 "Angel" e seus vampiros permitem várias interpretações. Uma delas é
simples: o combate ao crime já não é tarefa para homens comuns. Os
criminosos estão cada vez mais sofisticados. São seres mutantes. Juízes
e policiais comuns, por mais bem preparados que estejam, não dão conta
do recado.
6 A série é lixo e não tem a menor importância. O problema é na vida real,
quando as empresas acham normal buscar formas de convivência com o
narcotráfico. Quando o Estado acha normal que o crime organizado
monte banquinhas de apostas no meio das calçadas. E quando o sistema
penitenciário ajuda a organização dos presos para evitar rebeliões.
7 Pensando bem, não há por que se espantar com "Angel" e similares se
as deformações que procuram legitimar fazem parte do nosso cotidiano.
("Folha de São Paulo", 9 de março de 2001.)
Questão 64)
Analise os segmentos a seguir, observando as palavras identificadas através
de números.
- "[...] eliminando ...VAMPIROS ... maus"
- "[...] o herói ...VAMPIRO ... conta com a ...AJUDA ... de três pessoas"
- "[...] o sistema penitenciário ...AJUDA ... a organização dos presos"
- "[...] usem as mesmas armas e recursos imorais dos ...CRIMINOSOS ..."
- "[...] Os ...CRIMINOSOS... estão cada vez mais sofisticados"É correto afirmar que
a) 1 e 2 pertencem à mesma classe.
b) 3 e 4 são verbos.
c) 5 e 6 pertencem à mesma classe.
d) 1 qualifica um substantivo.
e) 6 é um adjetivo.
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TEXTO: 17 - Comum à questão: 65
Houve um fenômeno de democratização estética nas cinco partes sábias do
mundo. Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadro de carneiros que não
fosse de lã mesmo, não prestava.(...) Veio a pirogravura. As meninas de
todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas
as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de
olho virado – o artista fotógrafo.
Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta
parnasiano.
Manifesto da Poesia Pau-Brasil – Oswald de Andrade
Questão 65)
Assinale a alternativa correta.
a) A forma plural de já havia o poeta parnasiano corresponde, de acordo
com a norma culta, a “já haviam poetas parnasianos”.
b) A forma passiva analítica de Instituíra-se o naturalismo é “O naturalismo
era instituído”.
c) As meninas de todos os lares ficaram artistas tem como pressuposto que
elas já eram artistas, mas não consagradas.
d) Em Veio a pirogravura e Apareceu a máquina fotográfica, os verbos
regem objeto direto.
e) O travessão, no final do primeiro parágrafo ( – o artista fotógrafo ), marca
elipse de verbo.
TEXTO: 18 - Comum à questão: 66
Euclides da Cunha morreu, aos 43 anos de idade, em 15 de agosto de
1909, por volta das dez e meia de uma manhã chuvosa de domingo, em
tiroteio com os cadetes Dinorá e Dilermando Cândido de Assis, amante de
sua mulher. Saía no mesmo dia a entrevista que dera para Viriato Corrêa,
da Ilustração Brasileira, em sua casa na Rua Nossa Senhora de
Copacabana. A entrevista foi dada em um domingo, Viriato e Euclides
conversaram, almoçaram e passearam descalços na praia. Era sol e era
azul.
Roberto Ventura
Questão 66)
Sobre a oração Euclides da Cunha morreu, aos 43 anos de idade, em 15 de
agosto de 1909, por volta das dez e meia de uma manhã chuvosa de
domingo, em tiroteio com os cadetes Dinorá e Dilermando Cândido de Assis,
amante de sua mulher, é correto afirmar que:
a) o verbo que apresenta é transitivo indireto.
b) o trecho em negrito introduz circunstância espacial.
c) seus termos essenciais vêm antes da primeira vírgula.
d) o trecho em negrito é um aposto.
e) apresenta adjunto adverbial de instrumento: em tiroteio
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TEXTO: 19 - Comum à questão: 67
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
(João Cabral de Melo Neto, "Morte e vida severina")
Questão 67)
a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza, em "a fábrica" e "se
fabrica", um substantivo e um verbo que têm o mesmo radical.
Cite da estrofe outro exemplo desse mesmo recurso expressivo.
b) A expressividade dos seis últimos versos decorre, em parte, do jogo de
oposições entre palavras.
Cite desse trecho um exemplo em que a oposição entre as palavras seja
de natureza semântica.
TEXTO: 20 - Comum à questão: 68
Texto I
Idéias íntimas (fragmento)
[...] Ali na alcova
Em águas negras se levanta a ilha
Romântica, sombria à flor das ondas
De um rio que se perde na floresta...
Um sonho de mancebo e de poeta,
El-Dorado de amor que a mente cria
Como um Éden de noites deleitosas...
Era ali que eu podia no silêncio
Junto de um anjo... Além o romantismo!
(Álvares de Azevedo)
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Texto II
Pensão familiar
Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.
(Manuel Bandeira, de Libertinagem)
Questão 68)
Assinale a alternativa correta.
a) Em “Era ali que eu podia no silêncio / Junto de um anjo”, o emprego do
imperfeito do indicativo justifica-se pelo fato de indicar uma ação já
realizada em tempo anterior.
b) Em “O sol acaba de crestar as boninas”, em comparação com “Os
girassóis/ amarelo! / resistem”, o emprego do presente do indicativo
indica duas ações que se mantêm e se prolongam no futuro.
c) Nos dois versos iniciais de “Pensão familiar” a elipse dos verbos
contribui para expressar a falta de ação no ambiente que surge aos
olhos do poeta como entediante.
d) Em “Ali na alcova/ Em águas negras se levanta a ilha/ Romântica” e em
“Um gatinho faz pipi”, o emprego do presente do indicativo foi utilizado
em substituição ao pretérito perfeito, pois ambas as ações já estavam
totalmente realizadas.
e) Em “A tiririca sitia os canteiros chatos”, do Texto IV, e “El-Dorado de
amor que a mente cria”, do Texto III, os imperfeitos do indicativo
correspondem, respectivamente, a sitiar e crer.
TEXTO: 21 - Comum à questão: 69
Ela saltou no meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas
e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa
sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante;
já correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer
toda, como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que
se não toma pé e nunca encontra fundo. Depois, como se voltasse à vida
soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as
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pernas, descendo, subindo, sem nunca parar os quadris, e em seguida
sapateava, miúdo e cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os
braços, que dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca enquanto a carne lhe
fervia toda, fibra por fibra, titilando.
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço, 25ª ed. São Paulo, Ática, 1992, p. 72-3.)
Questão 69)
Neste trecho, o efeito de movimento rápido é obtido por verbos empregados
no tempo ou modo:
a) pretérito perfeito do indicativo.
b) pretérito imperfeito do subjuntivo.
c) presente do indicativo.
d) infinitivo.
e) gerúndio.
TEXTO: 22 - Comum à questão: 70
NO RASTRO DA FALA
Se fizéssemos uma lista dos dez maiores mistérios
da humanidade, certamente o surgimento da linguagem se destacaria.
A linguagem verbal é marca forte, constitutiva, distintiva da nossa espécie.
Por isso, a discussão de suas origens está intrinsecamente ligada às
discussões da origem da própria espécie humana. Dispomos hoje de boa
quantidade de fósseis, fornecedores de evidência material interessante para
hipóteses sobre os longos e complexos caminhos da evolução até 05o
surgimento do Homo sapiens.
Temos, por exemplo, indícios convincentes de que nossa espécie se
originou nas savanas do leste da África e se espalhou pelo planeta seguindo
rotas que levaram à Europa e à Ásia e desta à América e à Oceania. Essas
rotas têm sido estabelecidas em parte pelo estudo do DNA das populações.
10Com base nestes dados, os paleontólogos têm sugerido que o Homo
sapiens surgiu na terra há aproximadamente 100 mil anos, embora se calcule
que o ramo hominídeo dos primatas tenha se separado há 6 milhões de anos
ou mais.
Igualmente, dispomos hoje de precioso acervode objetos criados pelos
humanos (ferramentas e utensílios domésticos, por exemplo) e de registros
pictóricos que nos 15permitem sustentar hipóteses plausíveis sobre os
caminhos percorridos pela humanidade na construção de sua cultura material
e simbólica.
Seguindo essas pistas, os antropólogos costumam registrar um
florescimento cultural bastante significativo por volta de 50 mil anos atrás.
Para alguns, este florescimento cultural, inimaginável sem a linguagem, é
indício de que ela já estava plenamente estruturada 20naquela época.
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Ao confrontar a data do surgimento da espécie com a do florescimento da
cultura, há lingüistas que defendem a hipótese de que a linguagem teve
desenvolvimento vagaroso, crescendo em complexidade ao longo dos
milênios.
Outros, porém, consideram intrínseca a relação entre a espécie e a
linguagem e 25prodigioso o processo pelo qual um bebê se torna um falante.
Afinal, uma criança não começa a falar por simples imitação ou por puro
aprendizado a partir de um estágio zero, como se o cérebro fosse uma caixa
vazia. Por isso, defendem que a linguagem como a conhecemos surgiu junto
com a espécie e está relacionada a uma mutação radical no conglomerado
de genes dos hominídeos mais antigos.
30No momento, a Lingüística não tem nenhuma base para optar entre
essas hipóteses. A linguagem falada é um bem imaterial. Assim, de seu
passado nada sobrou. Não temos, por exemplo, o menor indício de como
teria sido o estágio semiótico imediatamente anterior à linguagem
propriamente humana, isto é, aquela anterior à nossa linguagem. (...)
[FARACO, Carlos Alberto. No rastro da fala. Revista Discutindo Língua
Portuguesa, ano 1, n. 3, p. 18-21. (fragmento adaptado)]
Questão 70)
O vocábulo “humanos” (linha 13), com relação a “primatas” (linha 12), guarda
uma relação de:
a) hiponímia;
b) hiperonímia;
c) homonímia;
d) sinonímia;
e) polissemia.
TEXTO: 23 - Comum à questão: 71
TEXTO V
Canção da Moça-Fastasma de Belo Horizonte
Eu sou a Moça-Fastasma
que espera na Rua do Chumbo
o carro da madrugada.
Eu sou branca e longa e fria,
a minha carne é um suspiro
na madrugada da serra.
Eu sou a Moça-Fastasma
O meu nome era Maria,
Maria-Que-Morreu-Antes.
(...)
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Morri sem ter tido tempo
de ser vossa, como as outras.
Não me conformo com isso,
e quando as polícias dormem
em mim e fora de mim,
meu espectro itinerante
desce a serra do Curral,
vai olhando as casas novas,
ronda as hortas amorosas
(Rua Cláudio Manuel da Costa),
pára no Abrigo Ceará,
não há abrigo. Um perfume
que não conheço me invade:
é o cheiro do vosso sono
quente, doce, enrodilhado
nos braços das espanholas...
Oh, deixai-me dormir convosco.
E vai, como não encontro
nenhum dos meus namorados,
que as francesas conquistaram,
e que beberam todo o uísque
existente no Brasil
(agora dormem embriagados),
espreito os carros que passam
com choferes que não suspeitam
da minha brancura e fogem.
Os tímidos guardas-civis,
coitados! um quis me prender.
Abri-lhe os braços... Incrédulo,
me apalpou. Não tinha carne
e por cima do vestido
e por baixo do vestido
era a mesma ausência branca,
um só desespero branco...
Podeis ver: o que era corpo
Foi comido pelo gato.
(...)
ANDRADE, Carlos Drummomd de. Antologia Poética. 16 ed.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1983, p. 38-39
Questão 71)
Na 3ª estrofe, a Moça-Fantasma afirma que espreita os carros que passam.
a) Por que ela faz isso?
b) Destaque a palavra que, no plano gramatical, introduz a causa de a Moça-
Fantasma espreitar os carros que passam.
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TEXTO: 24 - Comum à questão: 72
Texto I
Ética dos advogados e ensino jurídico
Diante da crescente evidência de envolvimento de advogados com
traficantes, é razoável e até necessário que a OAB reveja seus mecanismos
de controle do exercício da profissão. Que acione com mais vigor sua
Comissão de Ética, 5como quer seu presidente, Roberto Busato. Mas serão
essas comissões suficientes? Ou estão elas também aprisionadas pela
armadilha tradicional – a dificuldade estrutural de qualquer corporação em
controlar a si mesma? Dificuldade não exclusiva dos advogados, mas de
qualquer corporação: 10médicos, juízes e políticos, por exemplo.
Aliás, foi justamente a evidência de que as corregedorias judiciais eram
insuficientes para controlar o comportamento ético-disciplinar dos
magistrados que levou o ministro Cézar Peluso, ao defender a
constitucionalidade do Conselho 15Nacional de Justiça, a ressaltar: "(...) os
atuais instrumentos orgânicos de controle ético-disciplinar dos juízes, porque
praticamente circunscritos às corregedorias, não são de todo eficientes,
sobretudo nos graus superiores de jurisdição (...)". A tarefa é difícil. Exige
mais do que controles internos 20corporativos.
Nessa perspectiva, surgiu proposta de tornar obrigatória a disciplina Ética
Profissional nas faculdades de Direito. A proposta, aparentemente adequada,
deve ser vista com cuidado. Mais importante do que ensinar ética é praticar
um 25comportamento ético. Isso quer dizer que uma escola de Direito só tem
legitimidade para ensinar ética se tiver antes implantado a prática cotidiana
da ética entre professores, alunos e funcionários. Tiver antes implantado a
educação como prática da ética, parafraseando o grande educador Paulo
30Freyre, quando pregava a educação como prática da liberdade.
Infelizmente, em grande número de faculdades de Direito existem práticas
antiéticas de muitos alunos e até de alguns professores. Práticas que, nesta
crise de perda de indignação do brasileiro, de tão corriqueiras, parecem até
normais. Dou 35exemplo de duas: a cola na prova e o plágio no trabalho de
curso.
Qual a política efetiva que as escolas têm para controlar a cola? Que
punições ou reeducação as escolas têm para o aluno que é pego colando?
No nível institucional, 40provavelmente nenhuma. Tudo fica ao arbítrio do
professor cansado, sem formação didática renovada, mal pago, a dar aula a
um número excessivo de alunos empacotados numa sala, em situação que
a boa didática jamais recomendaria. A ele cabe decidir se o aluno vai perder
a questão, perder a 45prova, ou apenas laisser passer.
Isso é suficiente? Difícil dizer. As estratégias para violação se
sofisticaram. A cola tradicional, olhar e copiar a prova do aluno ao lado,
insinuante, quase provocativa, que se autoconvida, dá lugar a "métodos"
mais sofisticados, celulares 50e outros meios eletrônicos. Tudo facilitado pelo
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fato de que a prova pede mais a memorização da doutrina alheia do que o
raciocínio original do aluno.
O plágio em trabalhos escritos está em ascensão. Culpa do Google, da
familiaridade das novas gerações de alunos 55com a tecnologia de busca na
internet, e da facilidade de se atribuir a autoria de um texto. Essa situação é
agravada pelo fato de que os trabalhos de disciplinas e de conclusão de curso
são, sobretudo, pesquisas bibliográficas, estruturadas pelo que o professor
Luciano de Oliveira chama de ideologia 60da "manualização". Assim como a
maioria dos manuais de Direito são apenas uma colagem de autores, textos,
doutrinas e jurisprudência sem necessariamente maior arte, assim também
são os trabalhos de classe e de conclusão de curso. A pesquisa dos alunos
começa e termina nos manuais 65de sempre.
Incluir, pois, um curso de ética profissional no currículo pode nos levar a
um paradoxo. O currículo ensinando ética, e o aluno praticando a antiética,
ao usar a tecnologia para plagiar autores e colar nas provas e trabalhos do
curso. Em outras70palavras: não vamos resolver o grave problema do
comportamento antiético de alguns advogados tornando obrigatório o ensino
de uma nova disciplina – Ética Profissional – num ambiente marcado pela
cola e plágio.
Temos o mesmo problema nas disciplinas de ética 75profissional nos
cursos de formação dos juízes. Não raramente, essas disciplinas se
transformam em discussões filosóficas ou dogmáticas europeizadas.
Raramente se estruturam a partir da análise crítica dos problemas éticos
disciplinares que existem em seus próprios tribunais.
80Soluções existem. Há escolas privadas, no Brasil e no exterior, onde os
alunos assinam, além do contrato de prestação de serviços educacionais
com a faculdade, um código de ética que se obriga a respeitar. Algumas
escolas já têm Conselhos de Ética, nos quais a cola e o plágio são
85discutidos e julgados por alunos, professores e funcionários: as sanções
vão desde a advertência até a expulsão, passando pela perda da bolsa.
Razões pragmáticas favorecem uma postura mais rigorosa. O aluno que
cola pode apresentar um currículo igual ou 90melhor do que aquele que se
esforçou sozinho. Isso é concorrência desleal num mundo em que é cada vez
mais difícil obter emprego. Em algumas escolas, os alunos estão se
conscientizando e contribuindo para o controle ético de seus colegas. Sem
falar que está em jogo o próprio nome e 95reputação da escola – o que
também começa a ser percebido pelos alunos. De uma maneira ou de outra,
o mercado empregador acaba descobrindo quais as escolas que facilitam a
aprovação do aluno e quais as que exigem um comportamento mais ético
profissionalmente.
(Joaquim Falcão. Correio Braziliense, 20/7/06)
Questão 72)
Isso (L.25) e (n)esta (L.33) são pronomes demonstrativos que exercem no
texto, respectivamente, função:
a) anafórica e dêitica.
b) anafórica e catafórica.
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c) catafórica e anafórica.
d) dêitica e anafórica.
e) dêitica e catafórica.
TEXTO: 25 - Comum à questão: 73
Leia o fragmento abaixo, do conto A cartomante de Machado de Assis.
Depois, responda à pergunta.
“Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser
amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele,
correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de
sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos,
onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das
Mangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da
Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.”
Questão 73)
O texto oferece condições para indicar, com precisão, o significado do
pronome o na seguinte oração: “... não só o estava ...”. Diga qual é esse
significado. Explique qual defeito de estilo Machado de Assis evitou ao utilizar
o pronome o.
TEXTO: 26 - Comum à questão: 74
Veja abaixo alguns versos da canção Língua, de Caetano Veloso. A seguir,
responda às perguntas sobre ela.
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
5A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
10Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
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Questão 74)
Assinale a alternativa correta.
a) Prosódia significa desenvolvimento do texto de um livro ou de um
documento, conservando as idéias originais.
b) Nos versos 5 e 6, confusões e profusão são sinônimos.
c) Ao final do último verso transcrito, não há ponto de interrogação porque
não há pergunta.
d) Que, palavra que inicia o sétimo verso, é uma conjunção e é anafórica de
confusões.
e) Prosódia significa pronúncia regular das palavras, com a devida
acentuação.
TEXTO: 27 - Comum à questão: 75
Texto 01
A DISTÂNCIA ENTRE LÍNGUA E DIALETO
Uma das distinções mais nebulosas da lingüística continua criando
polêmica entre os curiosos
O Brasil, freqüentemente se diz, é um país de sorte porque, apesar das
dimensões continentais, aqui não há dialetos – todos falamos a mesma
língua. Também é comum ouvir que as línguas européias têm muitos dialetos
ou que na África as línguas oficiais (dos colonizadores) convivem com
dialetos nativos. O que é, então, língua e dialeto?
05Para o lingüista Max Weinreich, “língua é um dialeto com um exército e
uma marinha”. Não está longe da verdade. Afinal, a tradicional distinção entre
língua e dialeto está fundada em critérios mais políticos do que lingüísticos.
Língua é um sistema de comunicação formado por sons vocais (fonemas),
que se agrupam para formar unidades dotadas de significado (morfemas),
que se agrupam para 10formar palavras, que se agrupam (ih, ficou monótono!)
para formar frases, que se agrupam para formar textos.
Do ponto de vista estritamente lingüístico não há nada que distinga língua
de dialeto. Ambos os sistemas têm léxico (um inventário de palavras) e
gramática (conjunto de regras de como as palavras se combinam para formar
frases, parágrafos e textos).
15Quem fala um idioma nacional e um dialeto regional é tão bilíngüe
quanto quem fala dois idiomas. Então por que alguns sistemas são chamados
de idiomas e outros, não?
Dialeto vem do grego dialektos, composto de dia, “através”, e léktos, “fala”.
Seria, segundo alguns, uma espécie de fala “atravessada”, um linguajar
defeituoso, não conforme às normas do falar estabelecidas pelos gramáticos.
A primeira definição de dialeto (que por 20sinal, teria inspirado as posteriores)
baseava-se numa visão preconceituosa que a elite ateniense do período
clássico tinha em relação à fala tanto das camadas populares quanto dos
estrangeiros (não-atenienses, inclusive gregos de cidades vizinhas).
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Hoje, costuma-se chamar de dialeto qualquer expressão lingüística que
não seja reconhecida como língua oficial de um país. Assim, um dialeto pode
ser tanto uma 25variedade lingüística regional do idioma oficial quanto uma
língua sem qualquer parentesco com ele.
BIZOCCHI, Aldo. A distância entre língua e dialeto. Revista Língua,ano 2, nº
14, dezembro de 2006. pp 54-57.
Questão 75)
O vocábulo “língua”, em relação à palavra “português”, guarda uma relação
de:
a) hiponímia;
b) hiperonímia;
c) sinonímia;
d) homonímia;
e) polissemia.
TEXTO: 28 - Comum à questão: 76
1“Rosálio chega, afinal, traz vida nos olhos claros, traz sua caixa de livros, um
simples saco de plástico com seus trapos de vestir e, noutra sacola nova,
dessas bacanas, de loja, traz um vestido bonito, muito alegre e colorido com
flores vermelhas e azuis, que você, Irene, agora vai ser a minha ajudante na
arte de contar casos, vai bem bonita 5para a praça encantar muitos ouvintes
e cuidar da sacoref. onde vai chover dinheiro, que temos que estar bonitos
para o povo se agradar. Tira também do pacote uma camisa estampada com
as mesmas cores vivas que quem vai vestir é ele, combinando com um
chapéu que o faz parecer gaiato, comprado numa barraca de coisas de
carnaval, pois Rosálio sabe bem que o povo quer alegria, quer rir e chorar
sentido, 10escapar do todo dia tão apressado e cinzento, quer provar da vida
livre quando ouvir suas palavras, quer poder levar para casa uma história
para contar, assim como antigamente, nos sertões que atravessou, disseram
que se levava folheto para alegrar toda a família e os vizinhos, se ali tivessem,
por sorte, alguém que soubesse ler.”
REZENDE, Maria Valéria. O vôo da guará vermelha.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 145-146.
Questão 76)Considerando o Texto, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. Há um contraste temporal entre as histórias que o povo ouve no presente
e pode recontar em casa, e aquelas que eram lidas em folhetos, para
familiares e vizinhos, no passado.
02. As palavras subref.das em “escapar do todo dia tão apressado e cinzento”
(ref. 10) e “alegrar toda a família” (refs. 12-13) estão usadas com o mesmo
sentido, significando “dia inteiro” e “família inteira”.
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04. Os termos subref.dos a seguir desempenham a mesma função
sintática: “saco de plástico” (ref. 2), “trapos de vestir” (ref. 2), “provar da
vida livre” (ref. 10).
08. Em “vai bem bonita para a praça” (refs. 4-5) e “vai chover dinheiro” (ref.
5), o verbo ir funciona diferentemente: no primeiro caso, significa deslocar-
se de um lugar para outro, e no segundo, é um auxiliar que indica tempo
futuro.
16. Em “cuidar da sacoref. onde vai chover dinheiro” (ref. 5), onde é um
pronome relativo que se refere a dinheiro.
32. Se em “alguém que soubesse ler” (ref. 13) a forma verbal soubesse fosse
substituída por sabia, não haveria alteração do significado temporal.
64. A palavra se está funcionando como conjunção condicional nas duas
ocorrências: “se levava folheto” (ref. 12) e “se ali tivessem” (ref. 13).
TEXTO: 29 - Comum à questão: 77
INSTRUÇÃO: Considere uma passagem de um romance do escritor
naturalista brasileiro Aluísio Azevedo (1857-1913).
Afinal conseguiram chegar. Mas, ah! quando a pobre Magdá, toda trêmula
e exausta de forças já no tope da pedreira, defrontou com o pavoroso abismo
que se precipitava debaixo de seus pés, soltou um grito rápido, fechou os
olhos, e teria caído para trás, se o Conselheiro não lhe acode tão a tempo.
– Magdá, minha filha! Então! então!
Ela não respondeu.
– Está aí! está aí o que eu receava! Lembrar-se de subir a estas alturas!...
E agora a volta...?
– Pode vossência ficar tranqüilo por esse lado, arriscou um dos
cavouqueiros, que se havia aproximado, a coçar a cabeça. – Se vossência
quiser, eu cá estou para pôr esta senhora lá embaixo, sem que lhe aconteça
a ela a menor lástima.
– Ainda bem! respondeu S. Exa. com um suspiro de desabafo.
O trabalhador que se ofereceu para conduzir Magdá era um moço de vinte
e tantos anos, vigoroso e belo de força. Estava nu da cintura para cima e a
riqueza dos seus músculos, bronzeados pelo sol, patenteava-se livremente
com uma independência de estátua. Os cabelos, empastados de suor e pó
de pedra, caíam-lhe em desordem sobre a testa e sobre o pescoço, dando-
lhe à cabeça uma satírica feição de sensualidade ingênua.
– Vamos! Vamos! apressou o Conselheiro, entregando-lhe a filha.
O rapaz passou um dos braços na cintura de Magdá e com o outro a
suspendeu de mansinho pelas curvas dos joelhos, chamando-a toda contra
o seu largo peito nu. Ela soltou um longo suspiro e, na inconsciência da
síncope, deixou pender molemente a cabeça sobre o ombro do cavouqueiro.
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E, seguidos de perto pelo velho, lá se foram os dois, abraçados, descendo,
pé ante pé, a íngreme irregularidade do caminho.
Era preciso toda atenção e muito cuidado para não rolarem juntos; o moço
fazia prodígios de agilidade e de força para se equilibrar com Magdá nos
braços. De vez em quando, nos solavancos mais fortes, o pálido e frio rosto
da filha do Conselheiro roçava na cara esfogueada do trabalhador e tingia-se
logo em cor-de-rosa, como se lhe houvera roubado das faces uma gota
daquele sangue vermelho e quente. Ela afinal teve um dobrado respirar de
quem acorda, e entreabriu com volúpia os olhos. Não perguntou onde estava,
nem indagou quem a conduzia; apenas esticou nervosamente os músculos
num espreguiçamento de gozo e estreitou-se em seguida ao peito do rapaz,
unindo-se bem contra ele, cingindo-lhe os braços em volta do pescoço com
a avidez de quem se apega nos travesseiros aquecidos para continuar um
sono gostoso e reparador. E caiu depois num fundo entorpecimento,
bambeando as pálpebras; os olhos em branco, as narinas e os seios
ofegantes; os lábios secos e despregados, mostrando a brancura dos dentes.
Achava-se muito bem no tépido aconchego daquele corpo de homem; toda
ela se penetrava do calor vivificante que vinha dele; toda ela aspirava, até
pelos poros, a vida forte daquela vigorosa e boa carnadura, criada ao ar livre
e quotidianamente enriquecida pelo trabalho braçal e pelo pródigo sol
americano. Aquele calor de carne sã era uma esmola atirada à fome do seu
miserável sangue.
E Magdá, sentindo no rosto o resfolegar ardente e acelerado do
cavouqueiro, e nas carnes macias da garganta o roçagar das barbas dele,
ásperas e maltratadas, gemia e suspirava baixinho como se estivessem a
acarinhá-la depois de longa e assanhada pugna de amor.
Quando o moço, já embaixo, a depôs num banco de pedra que ali havia,
a enferma abriu de todo os olhos, deixou escapar um grito e cobriu logo o
rosto com as mãos. Agora não podia encarar com aquele homem de corpo
nu que ali estava defronte dela, a tirar com os punhos o suor que lhe escorria
em bagas pela testa.
Chorou de pejo.
O seu pudor e o seu orgulho revoltaram-se, sem que ela soubesse
determinar a razão por quê. Uma cólera repentina, um sôfrego desejo de
vingança, enchiam-lhe a garganta com um novelo de soluços. O pranto
parecia sufocá-la quando rebentou.
– Eu magoei-a, ó patroazinha?... perguntou o trabalhador com humildade,
quase sem poder vencer ainda o cansaço. E o imprudente tocou com a mão
no ombro de Magdá, procurando, coitado, dar-lhe a perceber o quanto estava
consumido por vê-la chorar daquele modo. Ela estremeceu toda e fugiu com
o corpo, nem que se houvessem chegado um ferro em brasa; e abraçou-se
ao pai, escondendo no peito deste os soluços que agora borbotavam sem
intermitência.
(Aluísio Azevedo. O homem. São Paulo:
Livraria Martins Editora, 1970. p. 94-97.)
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Questão 77)
No final do primeiro parágrafo, o narrador empregou “acode”, presente do
indicativo, quando a correlação usual com as demais formas verbais exigiria
o pretérito imperfeito do subjuntivo, “acudisse”. Essa quebra da correlação,
todavia, é feita intencionalmente pelo narrador, com o objetivo de produzir um
efeito expressivo. Releia o parágrafo e explique esse efeito expressivo
causado pelo emprego do presente do indicativo.
TEXTO: 30 - Comum à questão: 78
(fragmento):
1[...] há um espaço tratado com carinho especial, que ganhou 2isolamento
no teto. É o laboratório de informática, onde 16 3computadores são
disputados por 1,1 mil alunos, muitos deles 4filhos de moradores de favelas
próximas e até acampados da 5reforma agrária. O laboratório foi preparado
para receber nas 6próximas semanas 15 pontos de banda larga gratuitos.
[...]
Hugo Marques. Internet rápida nas escolas. Revista ISTO É,
São Paulo: Editora Três, ano 31, 02 de julho, 2008, p. 60.
Questão 78)
Analise as proposições abaixo, e coloque V para a verdadeira e F para a
falsa.
( ) A expressão “um espaço tratado com carinho especial” (ref. 1) funciona
como sujeito da oração.
( ) A palavra “muitos” (ref. 3) é parte de um sintagma de base pronominal,
por isso é variável.
( ) O termo “que” (ref. 1) é um relativo que tem como antecedente a
construção sintática “carinho especial”.
Marque a alternativa correta.
a) V F V
b) V F F
c) V V F
d) F V V
e) F V F
TEXTO: 31 - Comum à questão: 79
A escola ficava no fim da rua, num casebre de palha com biqueiras de
telha, caiado por fora. Dentro – unicamente um grande salão, com casas de
marimbondos no teto, o chão batido, sem tijolo.
De mobiliário, apenas os bancos e as mesas estreitas dos alunos, a
grandemesa do professor e o quadro-negro arrimado ao cavalete.
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A minha decepção começou logo que entrei.
Eu tinha visto aquela sala num dia de festa, ressoando pelas vibrações de
cantos, com bandeirinhas tremulantes, ramos e flores sobre a mesa. Agora
ela se me apresentava tal qual era: as paredes nuas, cor de barro, sem coisa
alguma que me alegrasse a vista.
Durante minutos fiquei zonzo, como a duvidar de que aquela fosse a casa
que eu tanto desejara.
E os meus olhinhos inquietos percorriam os cantos da sala, à procura de
qualquer coisa que me consolasse. Nada. As paredes sem caiação, a mobília
polida de preto – tudo grave, sombrio e feio, como se a intenção ali fosse
entristecer a gente. (...)
Tentei encarar o professor e um frio esquisito me correu da cabeça aos
pés. O que eu via era uma criatura incrível, de cara amarrada, intratável e
feroz.
Os nossos olhos cruzaram-se. Senti uma vontade louca de fugir dali.
Pareceu-me estar diante de um carrasco.
(Viriato Correa, Cazuza)
Questão 79)
A visão da escola, pelo enunciador, oscila de um plano fantasioso – motivado
pelas peculiaridades de um dia de festa – para um plano realista, de que
decorre uma decepção flagrante. Identifique uma palavra, no fragmento, que
é utilizada em sua forma normal e no diminutivo, representando a situação
de desejo e a situação crua da chegada à sala de aula, explicitando os efeitos
de sentido que o uso do diminutivo cumpre, no contexto.
TEXTO: 32 - Comum à questão: 80
1Voltou dali a duas semanas, aceitou casa e comida sem outro estipêndio,
salvo o que 2quisessem dar por festas. Quando meu pai foi eleito deputado e
veio para o Rio de 3Janeiro com a família, ele veio também, e teve o seu
quarto ao fundo da chácara. 4Um dia, reinando outra vez febres em Itaguaí,
disse-lhe meu pai que fosse ver 5a nossa escravatura. José Dias deixou-se
estar calado, suspirou e acabou confessando 6que não era médico. Tomara
este título para ajudar a propaganda da nova escola, e 7não o fez sem estudar
muito e muito; mas a consciência não lhe permitia aceitar mais 8doentes.
9― Mas, você curou das outras vezes.
10― Creio que sim; o mais acertado, porém, é dizer que foram os remédios
indicados nos 11livros. Eles, sim, eles, abaixo de Deus. Eu era um charlatão...
Não negue; os motivos do 12meu procedimento podiam ser e eram dignos; a
homeopatia é a verdade, e, para servir à 13verdade, menti; mas é tempo de
restabelecer tudo.
14Não foi despedido, como pedia então; meu pai já não podia dispensá-lo.
Tinha o dom 15de se fazer aceito e necessário; dava-se por falta dele, como
de pessoa da família. 16Quando meu pai morreu, a dor que o pungiu foi
enorme, disseram-me; não me 17lembra. Minha mãe ficou-lhe muito grata, e
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não consentiu que ele deixasse o 18quarto da chácara; ao sétimo dia, depois
da missa, ele foi despedir-se dela.
19― Fique, José Dias.
20― Obedeço, minha senhora.
21Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de
louvor.
22Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da
cama.
23"Esta é a melhor apólice", dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa
autoridade 24na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia
opinar obedecendo. Ao cabo, 25era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é
ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma 26subalterna; as cortesias que
fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa 27durava-lhe muito;
ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, 28ele
trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e
modesta.
29Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à
sobremesa, ou 30explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio,
dos pólos e de 31Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à
Europa, e confessava 32que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha
amigos em Lisboa, mas a nossa 33família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.
34― Abaixo ou acima? perguntou-lhe tio Cosme um dia.
35― Abaixo, repetiu José Dias cheio de veneração.
36E minha mãe, que era religiosa, gostou de ver que ele punha Deus no
devido lugar, 37e sorriu aprovando. José Dias agradeceu de cabeça. Minha
mãe dava-lhe de quando 38em quando alguns cobres. Tio Cosme, que era
advogado, confiava-lhe a cópia de 39papéis de autos.
Machado de Assis. Dom Casmurro. Em
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1429.
Acesso em 08/09/08
Questão 80)
Na ref. 5 do excerto, escravatura é exemplo de recurso de estilo em que:
a) se muda a construção sintática no meio do enunciado.
b) se toma o substantivo abstrato pelo concreto.
c) a palavra expressa oposição.
d) a concordância é feita com a idéia que a palavra expressa e não com a
sua forma gramatical.
e) se utiliza do exagero para evidenciar uma idéia.
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http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1429
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TEXTO: 33 - Comum à questão: 81
Tempo da camisolinha
1Toda a gente apreciava os meus cabelos cacheados, tão lentos! e eu me
envaidecia deles, mais que isso, os adorava por causa dos elogios. Foi por
uma tarde, me lembro bem, que meu pai suavemente murmurou uma
daquelas suas decisões irrevogáveis: “É preciso cortar os cabelos desse
menino.” Olhei de um lado, de outro, procurando um apoio, um jeito de fugir
daquela 5ordem, muito aflito. Preferi o instinto e fixei os olhos já lacrimosos
em mamãe. Ela quis me olhar compassiva, mas me lembro como si fosse
hoje, não aguentou meus últimos olhos de inocência perfeita, baixou os dela,
oscilando entre a piedade por mim e a razão possível que estivesse no
mando do chefe. Hoje, imagino um egoísmo grande da parte dela, não
reagindo. As camisolinhas, ela as conservaria ainda por mais de ano, até que
se acabassem feitas trapos. Mas 10ninguém percebeu a delicadeza da minha
vaidade infantil. Deixassem que eu sentisse por mim, me incutissem aos
poucos a necessidade de cortar os cabelos, nada: uma decisão à antiga,
brutal, impiedosa, castigo sem culpa, primeiro convite às revoltas íntimas: “é
preciso cortar os cabelos desse menino”.
Tudo o mais são memórias confusas ritmadas por gritos horríveis, cabeça
sacudida com 15violência, mãos enérgicas me agarrando, palavras aflitas me
mandando com raiva entre piedades infecundas, dificuldades irritadas do
cabeleireiro que se esforçava em ter paciência e me dava terror. E o pranto,
afinal. E no último e prolongado fim, o chorinho doloridíssimo, convulsivo,
cheio de visagens próximas atrozes, um desespero desprendido de tudo,
uma fixação emperrada em não querer aceitar o consumado.
20Me davam presentes. Era razão pra mais choro. Caçoavam de mim: choro.
Beijos de mamãe: choro. Recusava os espelhos em que me diziam bonito.
Os cadáveres de meus cabelos guardados naquela caixa de sapatos: choro.
Choro e recusa. Um não conformismo navalhante que de um momento pra
outro me virava homem-feito, cheio de desilusões, de revoltas, fácil para
todas as ruindades. De noite fiz questão de não rezar; e minha mãe, depois
de várias tentativas, 25olhou o lindo quadro de Nossa Senhora do Carmo, com
mais de século na família dela, gente empobrecida mas diz-que nobre, o
olhou com olhos de imploração. Mas eu estava com raiva da minha madrinha
do Carmo.
E o meu passado se acabou pela primeira vez. Só ficavam como
demonstrações desagradáveis dele, as camisolinhas. Foi dentro delas,
camisolas de fazendinha barata (a gloriosa, de veludo, 30era só para as
grandes ocasiões), foi dentro ainda das camisolinhas que parti com os meus
pra Santos, aproveitar as férias do Totó sempre fraquinho, um junho.
MÁRIO DE ANDRADE
Contosnovos. São Paulo: Martins; Belo Horizonte: Itatiaia, 1980.
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Questão 81)
Mário de Andrade é um escritor conhecido pela adjetivação expressiva e
original que utiliza em seus textos, como nos exemplos sublinhados abaixo:
Toda a gente apreciava os meus cabelos cacheados, tão lentos! (ref. 1)
palavras aflitas me mandando com raiva entre piedades infecundas, (ref.
10-15)
Descreva o valor expressivo dos dois adjetivos e explique por que o emprego
de cada um deles é peculiar.
TEXTO: 34 - Comum à questão: 82
Texto A
1[Zeferino] Continuou em seguida:
2– Oh, senhô! Quando dona Luiza começô a benzedura, ela mesma entrô
num desassossego 3tão grande que eu mais a Joana fiquemo até com os
pêlo dos braço arrepiado. Chegava na 4janela do quarto, olhava pro mar, ia
nos canto da casa, espiava pro chão, saía pro terrero, 5olhava pra riba do
telhado, dava uma volta, entrava de novo na casa, sempre resmungando
6sozinha um podê de palavra que a gente não conseguia entendê. Depois se
assentô em riba da 7caixa de guardá as ropa do menino e garrô fumá um
cigarro de palha de milho.
8– E o menino?
9– Pra encurtá a conversa, isso se repetiu por muntos dias e mais de uma
vez ela varou a noite, 10queimando palha de alho, pra cortá de vez o podê
das bruxa. Daí, a cada dia que passava, o 11menino começô a melhorá, as
mancha da pele foram sumindo e hoje ele taí, como o senhor 12pode vê,
formoso, que ninguém diz que esteve embruxado.
13Fiz algumas perguntas mais, principalmente sobre dados pessoais de
Zeferino e da sua família.
14Depois disso achei que possuía material suficiente sobre o assunto que
buscava.
SILVEIRA DE SOUZA, J. P. O folheto. In: CARDOZO, F.J.; MIGUEL, S.
(Orgs.). 13 Cascaes. Florianópolis: Fundação Cascaes, 2008. p. 103.
Texto B
1Sim, ele se via compelido a acreditar na existência de algum fluido negativo,
de algum encosto 2ruim, de um algo específico de natureza oculta, azedando
a sua sorte naquela questão da 3Astronildes. Ele por certo sempre
desdenhara essas coisas de crendices, jamais se ligara 4nessas bobagens
de quebrantos, de bruxedos, de filtros mágicos e de encomendas, de rezas-
5forte, ao contrário de muitas pessoas do seu relacionamento, mas agora
esse seu ceticismo 6fraquejava.
VASCONCELLOS, A. S. A Vitrina de Luzbel.
Florianópolis: Insular, 2004. p. 102.
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Questão 82)
Considerando os textos A e B, assinale o que estiver CORRETO.
01. Em ambos os textos, há um transcurso temporal do passado para o
presente, perceptível no uso de verbos e advérbios: no texto A, o
personagem Zeferino relata uma série de fatos que culminam no
momento presente de sua fala; no texto B, o narrador conclui o relato de
acontecimentos passados se situando no presente da narrativa.
02. No texto A, na primeira fala de Zeferino, a sequência com verbos no
pretérito imperfeito (chegava, olhava, ia, espiava, saía, olhava, dava,
entrava) indica que essas ações se repetiam, refletindo o grande
desassossego da benzedeira.
04. A preposição “para”, representada no texto A pelas formas pro (para + o)
e pra, é usada com sentido de finalidade na primeira ocorrência subref.
da no texto (ref. 4), e com sentido de direção na segunda (ref. 10).
08. O período “Depois se assentô em riba da caixa de guardá as ropa do
menino e garrô fumá um cigarro de palha de milho” (refs. 6-7), pode ser
reescrito, na variedade padrão da língua, sem que haja mudança
relevante de sentido, como “Depois se sentou em cima da caixa de
guardar as roupas do menino e de lá apanhou para fumar um cigarro de
palha de milho.”
16. No texto B, as palavras “compelido” (ref. 1) e “ceticismo” (ref. 5) podem
ser substituídas, sem prejuízo de sentido, por “impelido” e “crença”,
respectivamente.
32. No texto A, as palavras “senhô” (ref. 2), “cortá” (ref. 10) e “podê” (ref. 6),
representando a fala de Zeferino, estão acentuadas por serem oxítonas
terminadas em –o, –a e –e, respectivamente.
TEXTO: 35 - Comum à questão: 83
O espelho
[...]
1Sendo talvez meu medo a revivescência de impressões atávicas? O
espelho inspirava receio supersticioso aos primitivos, aqueles povos com a
idéia de que o reflexo de uma pessoa fosse a alma. Via de regra, sabe-o o
senhor, é a superstição fecundo ponto de partida para a pesquisa. A alma
do espelho – anote-a – esplêndida metáfora. Outros, aliás, 5identificavam a
alma com a sombra do corpo; e não lhe terá escapado a polarização: luz –
treva. Não se costumava tapar os espelhos, ou voltá-los contra a parede,
quando morria alguém da casa? Se, além de os utilizarem nos manejos de
magia, imitativa ou simpática, videntes serviam-se deles, como da bola de
cristal, vislumbrando em seu campo esboços de futuros fatos, não será
porque, através dos espelhos, parece que o tempo muda de direção 10e de
velocidade? Alongo-me, porém. Contava-lhe...
[...]
ROSA, Guimarães. Primeiras estórias. 50ª ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 122
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Questão 83)
Assinale a alternativa incorreta, levando em consideração o texto.
a) Em “Não se costumava tapar os espelhos, ou voltá-los contra a parede,
quando morria alguém da casa?” (ref. 5) as palavras destacadas, na
morfologia, são classificadas, sequencialmente, como advérbio de
negação, conjunção integrante, artigo indefinido, advérbio, pronome
indefinido e preposição.
b) Em “e não lhe terá escapado a polarização: luz – treva” (ref. 5), há uma
antítese, figura de linguagem comum na obra roseana.
c) No período “Não se costumava tapar os espelhos, ou voltá-los contra a
parede...” (ref. 5) a oração destacada traz uma ideia de alternância.
d) Anafórico é o termo que se refere a outro enunciado anteriormente.
Sendo assim, a palavra “deles” (ref. 5) constitui uma anáfora de
“espelhos” (ref. 5).
e) Em “Outros, aliás, identificavam a alma com a sombra do corpo” (refs. 1
e 5), se a oração for assim reescrita: Outros identificavam a alma com a
sombra do corpo, aliás, não se altera o sentido da oração no texto.
TEXTO: 36 - Comum à questão: 84
OS CAVALINHOS CORRENDO...
1- Eu não queria que terminasse assim.
2Ouvi muitas vezes a frequentadores de cinema esse comentário ao filme
a que acabavam de 3assistir. A fita lhes agradara até certo trecho, ia tudo
muito bem... mas findava de um jeito que 4desiludira o espectador. E, mais
poderosa que tudo, erguia-se, dura e inflexível, a sua inconformação:
5- Eu não queria que terminasse assim.
6Isto me ocorre a propósito de um poema - o “Rondó dos Cavalinhos”, de
Manuel Bandeira. 7Também na poesia, que é vida, e vida funda, há da parte
do leitor o direito de querer torcer a direção 8das coisas, para ajeitá-las ao
mundo particular da sua sensibilidade. O leitor de poesia pode muito 9bem
não querer que o poema tenha acabado assim... E pode até não querer que
o poeta haja sentido 10ou pensado assim como pensou ou sentiu.
11Este último caso é o meu em relação àquele poema de Bandeira. Uns
versos batizados “Rondó 12dos Cavalinhos” e que principiam desta maneira:
13“Os cavalinhos correndo”...
14- que lembrança viriam suscitar em mim? A de uma corrida de pequenos
cavalos, ou mesmo de 15cavalos grandes liricamente reduzidos a
cavalinhos? Não. O que esses versos num momento me 16trouxeram aos
olhos foram os cavalinhos do carrossel, aqueles cavalinhos de pau,
firmemente presos, 17e em que, no entanto, a gente realizava as mais
prodigiosas viagens, imensas viagens circulares 18obrigadas a música de
harmônica, e com paisagens humanas – pessoas que em redor nos fitavam,
19encantadas, talvez invejosas.
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20Ora, a imaginação, escanchada nessescavalinhos da meninice não quis
mais apear-se, não ouviu 21o apito que anunciava o fim da corrida. A corrida
era longa, muito longa, sem fim: “Os cavalinhos 22correndo”... E, ao passo
que o mundo se enchia desse lirismo infantil, a gente grande, os homens
23feitos e práticos, alheios a cavalinhos, comiam, grosseiros como cavalões:
“E nós, cavalões, comendo”...
14Ora, Manuel Bandeira, o suposto dono do poema, disse-me que este
nada tem que ver com os 25cavalinhos de carrossel; refere-se aos cavalos
do Jóquei Clube. Os versos foram escritos após um 26almoço de despedida
a Alfonso Reyes no restaurante do hipódromo da Gávea. Enquanto se
27banqueteavam, os cavalões assistiam à corrida dos cavalos de carne e
osso, a alguma distância. 28Naturalmente a distância, aliada à ternura pelos
bichos que se matavam para gozo ou proveito dos 29homens, apequenava-
os poeticamente em cavalinhos. E, vendo aquilo, Bandeira teria começado a
30ver também o mundo correr, girar, como giravam os animais na pista.
31Assim, ou mais ou menos assim, se formou o poema na fantasia de
Bandeira. São estes os seus 32cavalinhos.
33Assim como assim, se há um poema carregado de sugestões líricas
bastantes para lhe 34assegurarem grande colaboração leitores, será esse
“Rondó dos Cavalinhos”.
Aurélio Buarque de Holanda. http://www. Academia.org.br/abl . Adaptado.
Questão 84)
Sobre os verbos empregados nesse texto, é correto afirmar:
a) No trecho “que desiludira o espectador”, o verbo se refere a uma ação
anterior a outra já terminada.
b) Na locução verbal “acabavam de assistir” (ref. 2 e 3), verifica-se a ideia
de término de uma ação recente.
c) Em “Isto me ocorre” e em “O leitor de poesia pode muito bem”, o presente
indica fatos simultâneos ao momento da enunciação.
d) No contexto, o tempo verbal de “teria começado” (ref. 29) serve para
indicar a certeza de um fato posterior a outro.
e) Nos dois versos de Manuel Bandeira citados no texto, ocorre a chamada
“licença poética”, uma vez que, aí, o uso do gerúndio contraria a norma
culta.
TEXTO: 37 - Comum à questão: 85
Sua excelência
[O ministro] vinha absorvido e tangido por uma chusma de sentimentos
atinentes a si mesmo que quase lhe falavam a um tempo na consciência:
orgulho, força, valor, satisfação própria etc. etc.
Não havia um negativo, não havia nele uma dúvida; todo ele estava
embriagado de certeza de seu valor intrínseco, das suas qualidades
extraordinárias e excepcionais de condutor dos povos. A respeitosa atitude
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de todos e a deferência universal que o cercavam, reafirmadas tão
eloquentemente naquele banquete, eram nada mais, nada menos que o sinal
da convicção dos povos de ser ele o resumo do país, vendo nele o
solucionador das suas dificuldades presentes e o agente eficaz do seu
futuro e constante progresso.
Na sua ação repousavam as pequenas esperanças dos humildes e as
desmarcadas ambições dos ricos.
Era tal o seu inebriamento que chegou a esquecer as coisas feias do seu
ofício... Ele se julgava, e só o que lhe parecia grande entrava nesse
julgamento.
As obscuras determinações das coisas, acertadamente, haviam-no
erguido até ali, e mais alto levá-lo-iam, visto que, só ele, ele só e
unicamente, seria capaz de fazer o país chegar ao destino que os
antecedentes dele impunham.
(Lima Barreto. Os bruzundangas. Porto Alegre: L&PM, 1998, pp. 15-6)
Questão 85)
O emprego da forma de tratamento “Sua excelência”, no título do texto,
indica que o enunciador está
a) falando do ministro, o que equivaleria a dizer: “ele”.
b) se referindo diretamente ao ministro, como se dissesse a este: “você”.
c) falando do ministro, o que equivaleria a tratá-lo por “vós”.
d) se referindo diretamente ao ministro, como se dissesse a este: “tu”.
e) falando ao ministro e ao leitor, o que equivaleria a dizer “vocês”.
TEXTO: 38 - Comum à questão: 86
RECEITA DE MULHER
As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de
[haute couture*
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul,
[como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas
[pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no
[terceiro minuto da aurora.
Vinicius de Moraes.
* “haute couture”: alta costura.
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Questão 86)
Tendo em vista o contexto, o modo verbal predominante no excerto e a razão
desse uso são:
a) indicativo; expressar verdades universais.
b) imperativo; traduzir ordens ou exortações.
c) subjuntivo; indicar vontade ou desejo.
d) indicativo; relacionar ações habituais.
e) subjuntivo; sugerir condições hipotéticas.
TEXTO: 39 - Comum à questão: 87
1[...] E tenho encontrado homens bons de serviço que você nem acredita.
Altair mesmo foi um desses. Quando começou a trabalhar comigo não
conhecia nem um parafuso da Mercedinha, que era o caminhão que a gente
usava lá na Rio-Bahia. E ele, com aquele jeito de ficar rindo e passando o
pente no cabelo, foi aprendendo, aprendendo, que no fim 5conhecia o carro
igual a mim. E dava tão certo a gente trabalhar um com o outro que, quando
um carro enguiçava, eu mandava o motorista ir trabalhar num dos nossos, e
nós dois resolvíamos o caso num instante. A gente trabalhava junto sem um
atrapalhar o que o outro estava fazendo. Até no escuro, sem luz, a gente
trabalhava. Passamos muito tempo juntos e fizemos muita coisa que ele
estava lembrando lá na casa dele. Como aquele 10negócio da dona Olga, e
que eu estava achando que não era coisa para ele ficar falando ali na frente
da mulher dele. E falando como se a coisa fosse só comigo e que, na
verdade, havia sido ele quem ficara como se fosse o dono da casa da dona
Olga. Fora ele quem, no fim, tomara conta e quem ficara mandando, e até
dizendo quanto a gente tinha que pagar. E tudo tinha sido ideia dele.
FRANCA JUNIOR, Oswaldo. Jorge, um brasileiro.
10ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, pp. 85/86.
Questão 87)
Em “casa dele”, “mulher dele” e “ideia dele” (ref. 5 e 10), o emprego da
palavra dele, em vez do possessivo sua, contribuiu para evitar uma confusão
quanto ao ser possuidor.
Assinale a alternativa em que, eliminando-se o seu e empregando-se o dele
após o substantivo, essa confusão (ambiguidade) também é evitada.
a) Jorge, o Altair está procurando o seu irmão.
b) Altair disse a Jorge que levou o seu documento.
c) Jorge achava que Altair não deveria fazer o seu serviço naquele dia.
d) Jorge falou a Altair que, no seu aniversário, faria uma festa.
e) Jorge disse a Altair que ficava feliz por causa do seu dom no preparo de
comida.
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TEXTO: 40 - Comum à questão: 88
Leia a tirinha abaixo.
(Folha de S.Paulo, 22.03.2012.)
Questão 88)
A frase do segundo quadrinho – Não mo apresentais? –, reescrita com o
verbo na 3.ª pessoa do singular, em conformidade com a norma-padrão,
assume a seguinte forma:
a) Não apresenta ele pra mim?
b) Não apresenta-me ele?
c) Não o apresenta para mim?
d) Não apresenta-o à mim?
e) Não lhe apresenta a mim?
TEXTO: 41 - Comum à questão: 89
Arte e sociedade
1 Se as obras de arte podem ser apreciadas em si 2 mesmas, como objetos
estéticos, também podem iluminar 3 aspectos essenciais das sociedades em
que surgem.As 4 pinturas rupestres, legados pré-históricos, ilustram hábitos
5 cotidianos dos nossos ancestrais caçadores, assim como a 6 arte digital
dos nossos dias terá valor documental daqui a 7 algumas décadas. Sem o
interesse comercial dos portugueses, 8 que levava as caravelas aos mares
desconhecidos, 9 não haveria assunto para que o grande poema de Camões
10 se associasse ao espírito da Renascença. Sem aderir ao 11 mecanicismo
da relação direta entre causa e efeito, há que 12 se considerar o diálogo entre
o artista e a formação social 13 em que vive.
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14 Por falar em diálogos: os de Platão, além dos temas 15 específicos de
que tratam, provocam nossa curiosidade 16 acerca da convivência entre os
mitos clássicos e o racionalismo 17 dos gregos. As brancas e geométricas
colunas 18 dos templos, um legado arquitetônico, não parecem ter 19 pouco
a ver com os raios de um Zeus furioso instalado no 20 Olimpo? Bem por isso,
para corroer a magia e a mitologia 21 que estão no homem, Karl Marx, no
século XIX, fará pouco 22 dos raios divinos numa época em que já se
inventara o 23 para-raios e se propunha uma nova relação entre capital e 24
trabalho.
25 Pode-se cantar o triunfo da solução técnica sobre a 26 ineficácia da
magia, mas não sobre o poder da arte: ainda 27 no século XIX, efeitos vivos
das grandes revoluções do 28 século anterior – a Industrial e a Francesa – se
farão sentir 29 nos romances românticos ou realistas, cujo centro 30 dramático
está no cotidiano da vida burguesa. E algumas 31 conquistas da tecnologia,
como o processo fotográfico 32 (registro e revelação) e a gravação
fonográfica, repercutirão 33 decisivamente sobre as artes, abrindo caminho
para novas 34 linguagens, como as reunidas pelo cinema.
35 Para ficarmos no Brasil, nossa literatura, a princípio 36 pouco mais que
decalque das literaturas estrangeiras, 37representou o índio e o escravo, o
aristocrata e o comerciante, 38 seguindo ainda no rumo dos grandes ciclos 39
econômicos e produzindo obras em que se reconhecem a 40 mina, o
engenho, a usina, a exportação de café, de cacau, 41 de borracha. E os
movimentos de rebelião não ficaram sem 42 expressivos registros: Canudos
e a revolução farroupilha, 43 rompendo os limites de seus espaços
geográficos, 44 alcançaram a amplidão de belas páginas de Euclides da 45
Cunha e de Érico Veríssimo.
46 A última palavra da relação entre arte e sociedade está 47 se
evidenciando no campo da informática: há experiências 48 de multimídia, que
agregam digitalização e robótica, por 49 exemplo, na produção de poemas.
Também há, num movimento 50 contrário, quem prefira lamentar essa
profusão de 51 linguagens em nome da perda da simplicidade. Por razões 52
ecológicas, ou por outros motivos, há um esforço de retorno 53 à natureza
que lembra (guardadas as diferenças) o prestígio 54 do bucolismo em pleno
Iluminismo setecentista. Enquanto 55 isso, os decibéis crescentes dos shows
e das ba- 56 ladas hipnotizam multidões de jovens que não fazem 57 questão
de ouvir mugidos de vaca, como ignoram Bach ou 58 Mozart.
59 Tocou-se aqui no cinema de passagem, mas talvez 60 seja o caso de
elegê-lo como a grande arte da época 61 moderna e contemporânea: um
filme já é um fenômeno 62 multimídia, e assisti-lo numa sala de projeção é
mais que 63 ter contato com uma obra: é participar de um rito social 64
marcante. No cinema, os recursos da física e da química se 65 associam, o
som e a imagem se casam, a narrativa se faz 66 interpretação humana, os
traços expressivos dos atores 67 ocupam a tela toda, e a ilusão de verdade
é quase palpável. 68 No cinema, o tempo que corre na ficção entra no tempo
69 real: quando o nosso ótimo filme acaba, somos devolvidos 70 a uma
realidade indesejável...
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71 Não, não esquecemos a televisão: embora se discuta o 72 quanto de
arte é imediatamente associável a esse veículo, 73 é impossível deixar de
reconhecer a revolução cultural 74 promovida por essa telinha doméstica na
vida moderna. 75 Aproveitando um imediatismo que era exclusivo do rádio, a
76 televisão adquiriu meios técnicos para se fazer onipresente 77 e servir
como testemunha viva da História: um dos eventos 78 paradigmáticos disso
é, certamente, o de 11 de setembro, 79 espécie de apocalipse ao vivo para o
mundo. Numa simplória 80 telenovela, temas graves ganham discussão,
preconceitos 81 ganham ou perdem força, mas nada pode ser 82 inocente
quando propagado para milhões de 83 telespectadores.
84 Há quem imagine que os livros de História poderiam 85 abrir um pouco
mais de espaço para as linguagens que a 86 arte e a cultura encontraram em
cada momento da 87 civilização: presume-se que essas interpretações
ajudam, e 88 muito, a entender a complexidade dos fatos. Há mesmo 89 uma
tendência, entre historiadores, para buscar na vida 90 cotidiana (incluindo-se
aí as representações artísticas) o 91 sentido mesmo da caminhada de um
grupo social, ou de 92 toda uma sociedade. Somente dessa forma se dariam
a 93 conhecer aspectos da vida de certos grupos nômades, 94 como os dos
ciganos, ou alternativas de sociabilidade, 95 como a dos hippies. Em
qualquer caso, havendo um pincel, 96 um lápis, uma câmera digital ou um
microcomputador, é 97 certo que alguém, por alguma razão, criará alguma
coisa 98 que diga algo do tempo em que vive.
(Gregório Teles de Lima, inédito)
Questão 89)
A análise das formas verbais no último parágrafo legitima o seguinte
comentário:
a) (Refs. 84 e 85) poderiam abrir expressa fato altamente improvável, pois
quem remete a uma única pessoa a imaginar o que poderia ocorrer com
os livros de História.
b) (Ref. 86) no contexto de hipótese em que foi usada, a forma encontraram
adquire o valor de “encontrariam”, não expressando ação realmente
realizada.
c) (Ref. 88) substituindo a entender por formulação equivalente quanto à
forma e ao sentido, obtém-se corretamente “a que se entendam”.
d) (Ref. 95) havendo expressa a circunstância que determina a criação
referida nas linhas finais do texto.
e) (Refs. 96 e 97) o presente do indicativo em é certo define que todas as
ações citadas no período final sejam consideradas na sua certeza, quer
em referência ao presente, quer ao passado ou ao futuro.
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TEXTO: 42 - Comum à questão: 90
O que se transcreve abaixo é trecho inicial do romance Diário da queda, do
escritor gaúcho Michel Laub, em capítulo intitulado “Algumas coisas que sei
sobre o meu avô”.
1
1 Meu avô não gostava de falar do passado. O que 2 não é de estranhar, ao
menos em relação ao que 3 interessa: o fato de ele ser judeu, de ter chegado
ao 4 Brasil num daqueles navios apinhados, o gado para 5 quem a história
parece ter acabado aos vinte anos, ou 6 trinta, ou quarenta, não importa, e
resta apenas um tipo 7 de lembrança que vem e volta e pode ser uma prisão
8 ainda pior que aquela onde você esteve.
2
1 Nos cadernos do meu avô não há qualquer 2 menção a essa viagem. Não
sei onde ele embarcou, se 3 ele arrumou algum documento antes de sair, se
tinha 4 dinheiro ou alguma indicação sobre o que encontraria 5 no Brasil. Não
sei quantos dias durou a travessia, se 6 ventou ou não, se houve uma
tempestade de 7 madrugada [...].
(São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 8)
Questão 90)
Considerado o bloco 1, é correto afirmar:
a) (Refs. 1 e 2) o pronome demonstrativo em O que não é de estranhar
remete ao que está citado depois dos dois-pontos, na linha 3.
b) (Refs. 2 e 3) dando outra forma ao segmento em relação ao que
interessa, “ao menos em relação aquilo que interessa” manteria a
correção e o sentido originais.
c) (Ref. 5) o emprego de quem evidencia que a palavragado está
empregada em sentido conotativo.
d) (Refs. 6 e 7) em resta apenas um tipo de lembrança que vem e volta, o
termo destacado retoma exclusivamente lembrança.
e) (Ref. 8) em aquela onde você esteve, o pronome destacado indica
estritamente a pessoa com quem o narrador dialoga, não sendo possível
considerá-lo pronome indefinido, que, nesse caso, equivaleria a “uma
pessoa não identificada” ou “alguém”.
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TEXTO: 43 - Comum à questão: 91
Empresas usam redes sociais para atrair consumidores
01 As redes sociais — canais online de troca de 02 conteúdo, como Twitter,
Facebook e You Tube — vêm 03 alterando a forma como as pessoas se
relacionam e 04 têm acesso à informação em todo o mundo. A velocidade 05
com que circulam dados, críticas e elogios sobre toda 06 sorte de assuntos
chegou a tal nível, que ninguém 07 que dependa, em algum grau, da opinião
pública pode 08 dar-se ao luxo de ficar de fora do processo. Políticos, 09 por
exemplo, têm se esmerado em interagir com os 10 usuários dessas
ferramentas interativas. Para 11 acompanhar gostos, sentimentos, reações e
desejos 12 dos clientes, empresas também têm sido obrigadas a 13 esquecer
a época em que marcar presença na internet 14 significava ter um site. É
preciso estar por toda parte. 15 No Distrito Federal, empresários estão se
adaptando à 16 nova realidade, e já existe até consultoria para ajudar a 17
cuidar da imagem virtual.
18 O fenômeno das mídias sociais com a força que 19 elas possuem nos
dias de hoje é recente. O serviço de 20 microblog Twitter, por exemplo,
atualmente o canal mais 21 popular dentre todos, foi criado em 2006 e, no
Brasil, só 22 se tornou realmente conhecido poucos anos depois. 23
Entretanto, no universo das redes da web, as coisas 24 acontecem tão
rapidamente, que quem deseja seguir o 25 ritmo é forçado a tomar decisões
antes mesmo de 26 entender o que está se passando.
27 Foi o que aconteceu com a artista plástica e 28 empresária brasiliense
Mariana Dap, proprietária da loja 29 de peças de design Mercado Cobogó.
Mariana, que 30 organizava exposições, abriu um espaço fixo de vendas 31
na Asa Norte, no ano passado. Na época, sabia, por 32 intermédio de amigos,
que ferramentas da rede mundial 33 de computadores começavam a se
mostrar eficazes na 34 divulgação de negócios. Ainda sem ter muita
intimidade 35 com as mídias, resolveu ousar. “Comecei a fuçar com a 36 ajuda
deles e decidi que ia fazer tudo de graça, usando 37 esse tipo de canal”,
conta.
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38 Atualmente, não é exagero dizer que a empresa 39 da artista plástica
está espalhada por toda parte.
BRANCO, Mariana. Empresas usam redes sociais para atrair consumidores.
Correio Braziliense, Brasília, 6 set. 2011. Disponível
em:<http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2010/05/
23/interna_cidadesdf,193950/index.shtml>. Acesso em: 6 set. 2011.
Questão 91)
É uma informação sem suporte gramatical o que se declara sobre o termo
transcrito em
01. O conector “que” (l. 6) introduz a consequência do que foi anunciado na
oração anterior.
02. O vocábulo “também” (l. 12) expressa a mesma ideia que “até” (l. 16).
03. Os termos “realmente” (l. 22) e “rapidamente” (l. 24) denotam modo.
04. O verbo “fuçar” (l. 35), usado em sentido figurado, conota curiosidade.
05. A oração reduzida “dizer” (l. 38) exerce função subjetiva no contexto em
que se encontra.
TEXTO: 44 - Comum à questão: 92
Texto I
Espaço e tempo
Tanto Aristóteles quanto Newton acreditavam no tempo absoluto. Isto é,
acreditavam que se pode, sem qualquer ambiguidade, medir o intervalo de
tempo entre dois eventos, e que o resultado será o mesmo em qualquer
mensuração, desde que se use um relógio preciso. O tempo é independente
e completamente separado do espaço. Isso é no que a maioria das pessoas
acredita; é o consenso. Entretanto, tivemos que mudar nossas ideias sobre
espaço e tempo. Ainda que nossas noções, aparentemente comuns,
funcionem a contento quando lidamos com maçãs ou planetas, que se
deslocam comparativamente mais devagar, não funcionam absolutamente
para objetos que se movam à velocidade da luz, ou em velocidade próxima
a ela. […]
Entre 1887 e 1905 houve várias tentativas [...] de explicar o resultado de
experimentos [...] com relação a objetos que se contraem e relógios que
funcionam mais vagarosamente quando se movimentam através do éter.
Entretanto, num famoso artigo, em 1905, um até então desconhecido
funcionário público suíço, Albert Einstein, mostrou que o conceito de éter
era desnecessário, uma vez que se estava querendo abandonar o de tempo
absoluto. Ponto semelhante foi abordado poucas semanas depois por um
proeminente matemático francês, Henri Poincaré. Os argumentos de
Einstein eram mais próximos da Física do que os de Poincaré, que abordava
o problema como se este fosse matemático. Einstein ficou com o crédito da
nova teoria, mas Poincaré é lembrado por ter tido seu nome associado a uma
parte importante dela.
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O postulado fundamental da teoria da relatividade, como foi chamada, é
que as leis científicas são as mesmas para todos os observadores em
movimento livre, não importa qual seja sua velocidade. Isso era verdadeiro
para as leis do movimento de Newton, mas agora a ideia abrangia também
outras teorias e a velocidade da luz: todos os observadores encontram a
mesma medida de velocidade da luz, não importa quão rápido estejam se
movendo. Essa simples ideia tem algumas consequências notáveis: talvez a
mais conhecida seja a equivalência de massa e energia, contida na famosa
equação de Einstein E=mc2 (onde E significa energia; m, massa e c, a
velocidade da luz); e a lei que prevê que nada pode se deslocar com mais
velocidade do que a própria luz. Por causa da equivalência entre energia e
massa, a energia que um objeto tenha, devido a seu movimento, será
acrescentada à sua massa. Em outras palavras, essa energia dificultará o
aumento da velocidade desse objeto. [...]
Uma outra consequência igualmente considerável da teoria da
relatividade é a maneira com que ela revolucionou nossos conceitos de
tempo e espaço. Na teoria de Newton, se uma vibração de luz é enviada
de um lugar a outro, observadores diferentes deverão concordar quanto ao
tempo gasto na trajetória (uma vez que o tempo é absoluto), mas nem
sempre concordarão sobre a distância percorrida pela luz (uma vez que o
espaço não é absoluto). Dado que a velocidade da luz é apenas a distância
que ela percorre, dividida pelo tempo que leva para fazê-lo, diferentes
observadores poderão atribuir diferentes velocidades à luz. Segundo a teoria
da relatividade, por outro lado, todos os observadores deverão concordar
quanto à rapidez da trajetória da luz. Podem, entretanto, não concordar com
a distância percorrida, tendo então, que discordar também quanto ao tempo
gasto no evento. O tempo gasto é, no final das contas, apenas a velocidade
da luz – sobre a qual os observadores concordam – multiplicada pela
distância que a luz percorreu – sobre a qual eles não concordam. Em outras
palavras, a teoria da relatividade sela o fim do conceito de tempo absoluto!
Parece que cada observador pode obter sua própria medida de tempo, tal
como registrada pelo seu relógio, e com a qual relógios idênticos, com
diferentes observadores, não concordam necessariamente.
HAWKING, Stephen W. Uma breve história do tempo.
São Paulo: Círculo do livro, 1988. p.30-33. (adaptado)
Texto II
Inércia: a Primeira Lei de Newton
As leis de Newton tratam da relação entre força e movimento. A primeira
pergunta que elas procuram responder é: “O que acontece com o
movimento de um corpo livre daação de qualquer força?”
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Podemos responder a essa pergunta em duas partes. A primeira trata do
efeito da inexistência de forças sobre o corpo parado ou em repouso. A
resposta é quase óbvia: se nenhuma força atua sobre o corpo em repouso,
ele continua em repouso. A segunda parte trata do efeito da inexistência de
forças sobre o corpo em movimento. A resposta, embora simples, já não é
óbvia: se nenhuma força atua sobre o corpo em movimento, ele continua
em movimento. Mas que tipo de movimento? Como não há força atuando
sobre o corpo, a sua velocidade não aumenta, nem diminui, nem muda de
direção. Portanto o único movimento possível do corpo na ausência de
qualquer força atuando sobre ele é o movimento retilíneo uniforme.
A primeira lei de Newton reúne ambas as respostas num só enunciado:
um corpo permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme se
nenhuma força atuar sobre ele. Em outras palavras, a Primeira Lei de
Newton afirma que, na ausência de forças, todo corpo fica como está:
parado se estiver parado, em movimento se estiver em movimento (retilíneo
uniforme). Daí essa lei ser chamada de Princípio da Inércia.
O que significa inércia?
Inércia, na linguagem cotidiana, significa falta de ação, de atividade,
indolência, preguiça ou coisa semelhante. Por essa razão, costuma-se
associar inércia a repouso, o que não corresponde exatamente ao sentido
que a Física dá ao termo. O significado físico de inércia é mais abrangente:
inércia é “ficar como está”, ou em repouso ou em movimento. Devido à
propriedade do corpo de “ficar como está” depender de sua massa, a inércia
pode ser entendida como sinônimo de massa.
GASPAR, Alberto. Física: Mecânica. 1. ed.
São Paulo: Ática, 2001. p. 114-115. (adaptado)
Texto III
Paciência
Composição : Lenine e Dudu Falcão
(1) Mesmo quando tudo pede
(2) Um pouco mais de calma
(3) Até quando o corpo pede
(4) Um pouco mais de alma
(5) A vida não para...
(6) Enquanto o tempo
(7) Acelera e pede pressa
(8) Eu me recuso, faço hora
(9) Vou na valsa
(10) A vida tão rara...
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(11) Enquanto todo mundo
(12) Espera a cura do mal
(13) E a loucura finge
(14) Que isso tudo é normal
(15) Eu finjo ter paciência...
(16) O mundo vai girando
(17) Cada vez mais veloz
(18) A gente espera do mundo
(19) E o mundo espera de nós
(20) Um pouco mais de paciência...
(21) Será que é tempo
(22) Que lhe falta para perceber?
(23) Será que temos esse tempo
(24) Para perder?
(25) E quem quer saber?
(26) A vida é tão rara
(27) Tão rara...
(28) Mesmo quando tudo pede
(29) Um pouco mais de calma
(30) Até quando o corpo pede
(31) Um pouco mais de alma
(32) Eu sei, a vida não para
(33) A vida não para, não...
(34) Será que é tempo
(35) Que lhe falta para perceber?
(36) Será que temos esse tempo
(37) Para perder?
(38) E quem quer saber?
(39) A vida é tão rara
(40) Tão rara...
(41) Mesmo quando tudo pede
(42) Um pouco mais de calma
(43) Até quando o corpo pede
(44) Um pouco mais de alma
(45) Eu sei, a vida não para
(46) A vida não para...
(47) A vida não para...
Disponível em:<http://www.vagalume.com.br/lenine/paciencia.html> Acesso em
01 jun 11.
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Questão 92)
Observe:
“Coesão referencial é aquela que cria, no interior do texto, um sistema de
relação entre palavras e expressões, permitindo que o leitor identifique os
referentes sobre os quais se fala no texto.
Coesão sequencial é aquela que cria, no interior do texto, condições para
que o discurso avance.”
ABAURRE, Maria Luiza M. & PONTARA,
Marcela. Gramática: Texto: Análise e construção de sentido.
São Paulo: Moderna,2006. P. 242 (adaptado)
Nos 03 (três) fragmentos destacados a seguir, algumas palavras fazem a
coesão referencial e outras a coesão sequencial
Fragmento 1
“Essa simples ideia tem algumas consequências notáveis: talvez a mais
conhecida seja a equivalência de massa e energia, contida na famosa
equação de Einstein E=mc2 (...)”. (Texto I, 3º parágrafo)
Fragmento 2
“Como não há força atuando sobre o corpo, a sua velocidade não aumenta,
nem diminui, nem muda de direção. Portanto o único movimento possível
do corpo na ausência de qualquer força atuando sobre ele é o movimento
retilíneo uniforme.” (Texto II, 2 º parágrafo)
Fragmento 3
“um corpo permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme se
nenhuma força atuar sobre ele.” (Texto II, 3º parágrafo)
Indique a opção em que se fez uma ANÁLISE EQUIVOCADA dos elementos
coesivos destacados nos fragmentos acima.
a) O uso de flexões do modo subjuntivo seja (fragmento 1) e atuar
(fragmento 3), antecedidas pelo advérbio talvez e pela conjunção se,
respectivamente, são exemplos de coesão sequencial.
b) O uso do pronome essa (fragmento 1), que retoma um fato explicado
anteriormente, e a substituição do termo corpo (fragmento 3) pelo
pronome ele são exemplos de coesão referencial.
c) O vocábulo como (fragmento 2) é uma conjunção que se refere ao
substantivo corpo e o vocábulo sua (fragmento 2) é um pronome
possessivo também relacionado ao substantivo corpo. Os dois
elementos analisados são exemplos de recursos coesivos sequenciais.
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d) A conjunção portanto (fragmento 2) introduz uma ideia conclusiva em
relação ao que foi enunciado anteriormente; a conjunção se (fragmento
3) introduz uma oração condicional e poderia ser substituída pela
locução desde que sem prejuízo de significado. Ambas são exemplos
de coesão sequencial.
e) Como (fragmento 2) é uma conjunção subordinativa e, portanto, um
recurso coesivo sequencial.
TEXTO: 45 - Comum à questão: 93
O Relógio
Quem é que sobe as escadas
Batendo o liso degrau?
Marcando o surdo compasso
Com uma perna de pau?
5 Quem é que tosse baixinho
Na penumbra da antessala?
Por que resmunga sozinho?
Por que não cospe e não fala?
Por que dois vermes sombrios
10 Passando na face morta?
E o mesmo sopro contínuo
Na frincha1 daquela porta?
Da velha parede triste
No musgo roçar macio:
15 São horas leves e tenras
Nascendo do solo frio.
Um punhal feriu o espaço...
E o alvo sangue a gotejar;
Deste sangue os meus cabelos
20 Pela vida hão de sangrar.
Todos os grilos calaram
Só o silêncio assobia;
Parece que o tempo passa
Com sua capa vazia.
25 O tempo enfim cristaliza
Em dimensão natural;
Mas há demônios que arpejam2
Na aresta do seu cristal.
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No tempo pulverizado
30 Há cinza também da morte:
Estão serrando no escuro
As tábuas da minha sorte.
Joaquim Cardozo
Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2007.
1 frincha − abertura
2 arpejar − tocar harpa
Questão 93)
Deste sangue os meus cabelos (v. 19) / Pela vida hão de sangrar. (v. 20)
Mas há demônios que arpejam (v. 27) / Na aresta do seu cristal. (v. 28)
Os verbos sublinhados nesses exemplos estão flexionados na terceira
pessoa − do plural ou do singular − de acordo com regras de sintaxe
características da norma escrita culta da língua portuguesa.
Justifique a flexão de pessoa e número do verbo em cada ocorrência
sublinhada.
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GABARITO:
1) Gab: A
2) Gab: E
3) Gab:
• Em “Os recém-casados se amavam intensamente”, o pronome se é alvo
do verbo amar (VTD), logo objeto direto, e significa que os “recém-
casados” se amavam um ao outro.
• Em “a matrona feriu-se ao tropeçar”,o pronome se é alvo do verbo ferir
(VTD), portanto objeto direto, e tem sentido reflexivo, uma vez que retoma
o sujeito “a matrona”.
• Em “Romualdo arrependeu-se”, o pronome se perdeu a função sintática
de objeto, sendo parte integrante do verbo pronominal, porém indica certa
idéia reflexiva.
4) Gab:
a) Chegou cedo. Aproximou-se da escrivaninha __a que__ havia feito
alusão durante o encontro com Bentinha.
b) Laurita participa da reunião. Seu interlocutor é pessoa __de que __ ela
desconfia, por isso não se põe a gosto.
c) O jovem doutor depositou calmamente o instrumento __com que__
trabalhara durante a breve cirurgia.
d) Apresse-se! Deixe a roupa aí mesmo, na mesa __em que__ se
encontrava antes.
e) Manuela, __a cuja__ mãe o enteado sempre se referia com doces
palavras, entrou a discorrer sobre outros assuntos.
5) Gab: E
6) Gab: B
7) Gab: D
8) Gab: A
9) Gab: A
10) Gab: B
11) Gab: B (defeituoso)
Pressupondo que Millôr Fernandes não tenha cometido o engano de grafar
mal por mau, a palavra, tal como ele a empregou, só poderia ser um
substantivo, pois as outras possibilidades morfossintáticas de mal – advérbio
ou conjunção – não teriam cabimento na frase dada. Assim, mal seria
equivalente a um mal, uma doença, um pecado. O que não se entende é o
motivo de, na formulação do teste, a Banca Examinadora ter perguntado
sobre "o caso específico da frase de Millôr", como se houvesse alguma
especificidade no emprego de mal como substantivo. Por outro lado, se a
Banca considerou que, "no caso específico", mal vale como adjetivo, então
não se trata de nada diferente de um erro de grafia. De qualquer forma, um
teste defeituoso.
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12) Gab: A
13) Gab:
a) A palavra “eia”, originalmente uma interjeição, é transformada em
substantivo no trecho em questão. Tal substantivação é facilmente
perceptível, dado que a palavra substantivada encontra-se articulada (“os
eias”).
b) “O seu diálogo é rebuscadamente natural: desdenha o recurso ingênuo
de cortar esses, eles e erres finais, deturpar flexões, e aproximar-se,
tanto quanto possível, da língua do interior.”
14) Gab:
a) • “história verdadeira”: a História que registra os acontecimentos reais,
conforme comprova o primeiro trecho do texto;
• “história fingida”: a história imaginada, inventada, criada pela
imaginação: “No livro fingido contam-se as cousas como era bem que
fossem e não como sucederam.”
b) “as damas quão castas , os Reis quão justos ”: os adjetivos grifados
revelam o critério moral na defesa do ponto de vista de Solino.
15) Gab: B
16) Gab:
a) O retirante Severino atravessa, a pé, o estado de Pernambuco. Segue
o Capibaribe, até chegar aos mangues do Recife. Assiste a situações de
morte e miséria. Isso lhe mina as esperanças, faz com que ele considere
o suicídio. Ao chegar a seu destino, Severino assiste ao nascimento de
um menino, fato que lhe restitui a vontade de viver e lutar. É por isso que
a peça se caracteriza como um auto “de natal” (adjetivo que é cognato
de nascer); o nascimento da criança é nuclear; e “pernambucano” por
transcorrer num dos vários estados (Pernambuco) assolados pela
miséria.
b) “Severina”é um adjetivo criado por João Cabral, derivado de um nome
próprio usual naquela região. Serve para designar a triste igualdade de
condições que nivela os homens pobres nordestinos dos, que lutam
contra um meio hostil, em que a fome e a miséria campeiam. A
semelhança nas condições de vida e de morte desses homens é
adjetivada como “severina”.
c) A inversão da seqüência usual dos termos “morte e vida” se dá em
função da trajetória do protagonista, que se vê, primeiramente, às voltas
com epidósios que envolvem morte, como as cenas dos “Irmãos das
Almas”, a das “Excelências”, a da “Mulher da Janela”, a do “Funeral de
um Lavrador” e a do Diálogo dos Coveiros”. Somente no final ele assiste
à renovação do espetáculo da vida, com o nascimento do menino.
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17) Gab: B
18) Gab: B
19) Gab: D
20) Gab: 14
21) Gab:
a) Os dois vocábulos são "cá" e "longe".
b) As expressões possíveis formadas por adjetivo(s) e por substantivo que
caracterizam esses espaços são as seguintes:
- Espaço do corpo ("cá"): vã matéria; humana e trágica miséria; surdos
abismos assassinos; atros destinos; flor apodrecida e deletéria; baixo
mundo; movimentos lassos
- Espaço da alma ("longe"): claros astros peregrinos; dons divinos;
grande paz; grande paz sidérea; almas irmãs; almas perfeitas; regiões
eleitas; largos, profundos, imortais abraços.
22) Gab:E
23) Gab: D
24) Gab:E
25) Gab: C
26) Gab: C
27) Gab: E
28) Gab: A
29) Gab: B
30) Gab: A
31) Gab:A
32) Gab: A
33) Gab: C
34) Gab:
35) Gab: A
36) Gab: A
37) Gab:
a) Gabarito correspondente à leitura do texto V-
O candidato deve apontar para a modificação operada, no texto da
propaganda, na concepção tradicional do feminino, atento a noção de
gênero, uniforme indicação do enunciado. Além disso deverá apontar as
pistas textuais que sustentam essa sua leitura .Para obter a pontuação
máxima nesse item, exigiu-se do aluno uma escrita clara, coerente e
formalmente adequada.
Exemplo:
MP: A propaganda descreve a mulher a partir de características que há
tempos atrás não diziam respeito ao universo feminino, como, por
exemplo, a qualificação de guerreira.
J: A propaganda exibe a imagem de uma mulher com asa, livre,
independente, além de enumerar adjetivos tradicionalmente atribuídos
aos homens.
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Em seguida, apresentamos outros padrões de respostas mais
recorrentes, com sua respectiva pontuação:
O candidato identifica a modificação proposta pela propaganda de forma
bastante adequada, mas não aponta as pistas que a justificassem, ou
seja, atende parcialmente ao que foi solicitado.
O candidato parafraseia devidamente o texto da propaganda, sinalizando
modificações na concepção do feminino, mas não explicita essas
modificações.
O candidato limita-se a parafrasear o que esta em negrito no texto
(independente, sem deixar de ser mulher’’),sem considerar as outras
pistas textuais.
O candidato comete erros de leitura ou mesmo interpreta erroneamente o
enunciado.
Exemplos: proposta de modificação do conteúdo do texto da propaganda;
afirmação do que o objetivo da mesma seria “acabar com o preconceito
contra a mulher”.
Gabarito correspondente a leitura do texto VI
O candidato deve apontar para a modificação operada, na concepção
tradicional do masculino, atento à noção de gênero, conforme indicação
do enunciado. Além disso, deverá apontar as pistas textuais que
sustentam essa sua leitura .Para obter a pontuação máxima nesse item,
exigiu-se, ainda, uma escrita clara, coerente e formalmente adequada.
Apresentamos abaixo um exemplo do que seria uma resposta completa.
Exemplo:
MP: O homem moderno, identificado tradicionalmente com a figura do
provedor, passa assumir funções normalmente atribuídas às mulheres,
como a de cuidar dos filhos.
J: A propaganda exibe a imagem de um homem que, ao mesmo tempo
que fala ao celular, o que sugere que ele esta trabalhando, cuida do filho,
transformação que e considerada uma evolução do homem.
Em seguida, apresentamos outros padrões de respostas mais
recorrentes, com sua respectiva pontuação:
O candidato identifica a modificação proposta pela propaganda de forma
bastante adequada, mas não aponta as pistas que a justificassem, ou
seja, atende parcialmente ao que foi solicitado.
O candidato parafraseia devidamente o texto da propaganda, sinalizando
modificações na concepção do masculino, mas não explicita essasmodificações.
O candidato limita-se a descrever a imagem da propaganda sinalizando,
e não explicitando, uma transformação operada no homem.
O candidato comete erros de leitura ou mesmo interpreta erroneamente o
enunciado.
Exemplos: proposta de modificação do conteúdo do texto da propaganda;
afirmação de que “o homem só se preocupa com a vaidade”.
b) Segunda parte: o candidato devera fazer a distinção entre o “aí” de tempo
o de espaço.Enumeramos abaixo os padrões recorrentes de respostas e
sua respectiva pontuação:
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b1. O candidato devera perceber e explicitar a noção de tempo ou tempo
próximo.
b1. O candidato deixa implícita a noção de tempo através de paráfrases
verbais.Exemplos: “está próximo de acontecer”, “vai se realizar”, “está
para chegar” etc.
b1. O candidato aponta o “aí” como indicador de espaço físico.
b2. O candidato deverá substituir o “aí” por advérbio de mesmo valor.Os mais
encontrados foram: logo, em pouco tempo, em futuro próximo, em breve.
b2. O candidato não substitui somente o “aí”, conforme proposta do
enunciado, mas opera modificações em toda a estrutura da frase.
b2. Substituição por palavra ou expressão de outro valor que não o de tempo.
38) Gab: E
39) Gab:
a) A segunda pessoa do plural conota solenidade, formalidade e
antiguidade. Esses três sentidos são adequados ao contexto imaginário
de uma balada (“composição poética popular antiga”, numa das acepções
registradas no Houaiss) em que um rei formula uma ordem solene. Além
disso, o emprego da segunda pessoa também se justifica porque, sendo
típico da tradição literária, ele conota “literariedade”. Uma outra razão,
agora de natureza formal, é que a segunda pessoa possibilita a elipse do
pronome pessoal e, portanto, presta-se a uma formulação mais sintética
e elegante do que a terceira pessoa, que exige a presença do pronome
pessoal, sob pena de imprecisão ou ambigüidade, como se pode notar na
resposta seguinte.
b) Vão lá buscá-la, pois (porque), se não a trouxerem, (vocês) virarão
espuma das ondas do mar.
40) Gab:
a) Espera-se que o candidato seja capaz de perceber que o modo como um
evento se desenrola no tempo não tem a ver, exclusivamente, com a
forma verbal.
Comparação entre Textos 1 e 2
No caso da narração esportiva, o uso do presente apresenta uma
coincidência entre o tempo em que o enunciado é dito e o tempo em que
o evento ocorre. Trata-se, portanto, da descrição de um evento em tempo
real.
No caso da letra de música Cotidiano, os enunciados indicam ação
habitual; portanto, apesar de a forma verbal estar no presente, marca uma
ação que ocorreu antes do enunciado e que se repete.
Comparação entre Textos 2 e 3
A habitualidade, já comentada, que se encontra na letra de música,
contrasta com o que ocorre na manchete de notícia, em que a ação,
embora relatada no tempo presente, refere-se ao futuro.
b) No texto 1, normalmente, o tempo presente coincide com o evento
descrito e o passado com a retomada da descrição de um evento há
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pouco ocorrido. O candidato deverá notar que, por se tratar de uma
transmissão radiofônica de jogo de futebol, a oscilação em relação ao
tempo se deve, sobretudo, pela necessidade de descrição de ações
concomitantes à própria narração e a retomada de ações. No último
parágrafo, há uso exclusivo do tempo passado porque o locutor do jogo
retoma a descrição do gol já ocorrido.
41) Gab:
a) As duas imagens geométricas que o autor evoca são a linha reta e o
círculo. A linha reta descreve bem a concepção de tempo da civilização
moderna, porque tendemos a percebê-lo como algo que se desenvolve
de modo seqüencial e unidirecional. O círculo, por sua vez, caracteriza
bem a visão dos maias, porque estes pensavam o tempo como algo que
recorre ou retorna periodicamente, num tipo de movimento que encontra
no círculo uma imagem bastante usual.
b) “Embora nossa idéia de tempo seja uma das características peculiares do
mundo moderno, a importância que damos a ele não é inteiramente
desprovida de precedente cultural”. OU: “De todos os povos que
conhecemos, os maias eram os mais obcecados pela idéia de tempo”.
c) Não vemos a relação entre passado, presente e futuro da mesma forma
que os maias, cujo conceito de tempo era mágico e politeísta.
42) Gab:
a) Entre outras possibilidades de exemplos, destacamos:
Nos dois textos, as marcas de interlocução são expressas pelo emprego
do pronome como vocativo:
Texto I: O senhor… mire, veja: o emprego do pronome de tratamento
como vocativo e o emprego de formas no imperativo identificando a
interlocução entre as pessoas do discurso.
Texto II: Ah, meu senhor, a vida é cheia de espanto.
Ocorre o emprego de formas no imperativo identificando a interlocução
entre as pessoas do discurso: No
Texto I “… mire, veja”
No Texto II “escute seu pressentimento”
No Texto II: o emprego do pronome de terceira pessoa “Já lhe aconteceu”
que equivale a “você”/ “a ti” e de tratamento “digo e repito ao senhor” que
são elementos discursivos de interlocução
b) Eu digo e repito ao senhor: escute o seu pressentimento.
Explicação:
O argumento de evitar fazer coisas, mudar de caminho, por causa de uma
“voz da gente, lá dentro, tentando dizer o futuro” desemboca no conselho
do narrador: “escute o seu pressentimento”.
43) Gab: E
44) Gab: B
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45) Gab:
Conteúdo: Pressupõe leitura da obra São Bernardo, de Graciliano Ramos. A
partir de um fragmento, o candidato irá discorrer sobre o tema “religião”,
fortemente discutido na obra. Conjunções e conexões de sentidos. Análise e
explicação dos efeitos de sentidos provocados pela mudança de posição da
conjunção “mas” em um enunciado de Guimarães Rosa.
a) Em São Bernardo, Paulo Honório representa o capitalista insensível,
cujas ações são guiadas por valores materialistas que visam a alcançar
seus objetivos, sendo o maior deles a posse e a manutenção da Fazenda
São Bernardo. Nesse sentido, utiliza-se dos elementos tradicionais do
cristianismo, tais como céu e inferno, Deus e diabo, salvação e perdição,
como instrumentos de alienação. Por este viés pragmático e utilitário, a
religião serve para favorecer e legitimar sua visão particular de justiça:
no céu, seus trabalhadores campesinos oprimidos por ele com baixos
salários seriam finalmente recompensados, enquanto no inferno o diabo
castigaria o ladrão que o lesou com o furto de uma vaca. No contexto do
romance, para o protagonista corroído pelos ciúmes em relação à
esposa Madalena e pela constatação da ausência de religiosidade nela,
a religião também serviria como um freio aos vícios humanos,
especialmente o adultério: “mulher sem religião é horrível”.
b) A conjunção adversativa “mas” desempenha papel fundamental na
construção dos sentidos dos dois enunciados. Como se sabe, essa
conjunção une proposições de sentidos contrários, adversos. Assim, se
a primeira proposição tem sentido positivo, a segunda terá sentido
negativo e vice-versa. Com isso, a utilização do “mas” nos enunciados
cria sentidos muito distintos. Na primeira proposição (“Sou um
desgraçado, mãe Quitéria, mas o meu dia há-de chegar!”), a primeira
ideia tem valor negativo, e a segunda, positivo. Com isso, cria-se no
enunciado o sentido de um futuro melhor do que o presente; uma
expectativa positiva em relação à vida. Na segunda proposição (“O meu
dia há-de chegar, mas sou um desgraçado, mãe Quitéria!”), o sentido é
inverso: a primeira ideia tem valor positivo, e a segunda, negativo. Dessa
forma, mesmo com um futuro possivelmente melhor do que o presente,
a situação negativa presente é reiterada e prevalece. Toda essa criação
discursiva só foi possível pela utilizaçãoda conjunção adversativa e pela
inversão das proposições. Como se percebe, o uso do “mas” foi
essencial para a criação dos efeitos de sentidos nos enunciados.
46) Gab: A
47) Gab: D
48) Gab:
O pronome oblíquo me em posição proclítica, no início da oração “Me
esquece”, se caracteriza como uma marca de linguagem coloquial. Dessa
forma, pretende-se dar a impressão de realidade, aproximando-se a fala do
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personagem à de uma pessoa que poderia estar naquela situação de
comunicação (de nervosismo, de choro), em que não haveria preocupação
com o rigor da norma culta. Assim, optou-se pelo registro informal em
detrimento do registro formal, que implicaria o uso de ênclise e que,
consequentemente, não se adequaria à situação apresentada no fragmento.
49) Gab: D
50) Gab: A
51) Gab: C
52) Gab: B
53) Gab: B
54) Gab: A
55) Gab: B
56) Gab:
a) O fato de a medida ter sido tomada pelo presidente não basta para que
se possa dizer que ela é ruim.
b) A medida foi adotada pelo presidente, mas isso não é suficiente para
dizer que seja ruim.
c) Assim, temos que dizer que é boa e esperar sempre outras medidas
boas.
57) Gab
a) 1º grupo: escuros, intermináveis, infinitos e profundos.
2º grupo: calmo, dócil, ingênuo e claro.
b) É tão claro! - mas turva tudo:
Já ninguém dorme tranqüilo, / pois (porque) a noite é um mundo de
sustos.
58) Gab:
a) No primeiro: a preposição com indica meio, instrumento.
No segundo: a preposição com indica concessão ou oposição.
b) Roubou concorda com o sujeito: "Dirceu".
São concorda com o predicativo do sujeito: "efeitos de amor"
59) Gab: C
60) Gab: C
61) Gab:
a) O termo “AQUELA” substitui “a poesia”, enquanto “ESTA” substitui “a
história”.
b) A poesia é uma forma de conhecimento que, por meio do singular, fala
do homem em geral; a história é uma forma de conhecimento que trata
do particular enquanto particular.
c) A filosofia se dirige ao universal.
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62) Gab: B
63) Gab: D
64) Gab: C
65) Gab: E
66) Gab: C
67) Gab:
a) Nota-se o mesmo recurso em "fio" e "desfiar", ou seja, substantivo e
verbo formados a partir de um mesmo radical.
b) Exemplo de oposição semântica se dá entre os termos explosão e
franzina ou explosão e pequena. A palavra "explosão" cria a expectativa
de potência, amplitude, grandiosidade; os adjetivos franzina (o mesmo
que enfraquecida, débil) e pequena contrariam essa expectativa,
configurando a oposição semântica.
68) Gab: C
69) Gab: E
70) Gab: A
71) Gab:
a) Porque ela não encontra nenhum dos seus namorados.
b) Como
72) Gab: A
73) Gab:
O pronome o é um anafórico que, além de ter como referência um masculino
singular, pode também funcionar como um pronome neutro (= isto) cujo
referente é um enunciado inteiro, como é o caso deste trecho de A
Cartomante: o = “certo de ser amado”. O defeito de estilo que Machado de
Assis procurou evitar é o da repetição.
74) Gab: E
75) Gab: B
76) Gab: 41
77) Gab:
A quebra da correlação verbal, com o presente do indicativo (chamado
presente narrativo) empregado no lugar do pretérito imperfeito do subjuntivo,
sugere que a intenção do narrador foi presentificar e atualizar a cena,
tornando-a vívida para o leitor, intensificando a expressão do momento de
medo e perigo por que passavam as personagens.
78) Gab: D
79) Gab:
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Trata-se da palavra olhos e do diminutivo olhinhos. Quando busca encontrar
na sala algo que correspondesse a seu sonho, o narrador se refere a seus
“olhinhos inquietos”, numa expressão em que o diminutivo indica afetividade
e reforça o sentido de vivacidade acrescentado pelo adjetivo. Em “nossos
olhos cruzaram-se” seria descabido e até ridículo o diminutivo, que exprimiria
ternura, quando se trata de confronto com a dura realidade e, em decorrência,
desolação e medo.
80) Gab: B
81) Gab:
Lentos: dá destaque ao movimento dos cabelos.
Porque normalmente é empregado para qualificar a duração de algo, que não
é o caso dos cabelos. Infecundas: enfatiza a ideia de que as piedades foram
inúteis, não tiveram efeito.
Porque não costuma ser empregado para caracterizar um sentimento, mas a
terra, os animais, os homens.
82) Gab: 35
83) Gab: A
84) Gab: B
85) Gab: A
86) Gab: C
87) Gab: A
88) Gab: C
89) Gab: D
90) Gab: C
91) Gab: 03
92) Gab: C
93) Gab:
hão: o verbo está na 3ª pessoa do plural, concordando com o sujeito “os
meus cabelos”.
há: o verbo está na 3ª pessoa do singular por ser impessoal/a oração não
tem sujeito.
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