Diálogos em Ciências Humanas Mundo em movimento (121)

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Espaço é poder
O território sob domínio de cada Estado é um fa-
tor de poder. Durante muito tempo e até pouco de-
pois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), essa 
foi a principal perspectiva da Geopolítica, que pas-
sou a incorporar outros elementos de análise sobre 
a disputa pelo poder em razão da transformação da 
racionalidade técnica e econômica do mundo.
A apropriação do espaço, ou seja, a capacidade 
de mobilizar recursos naturais, capital humano e 
capital técnico existentes e de tirar proveito de sua 
localização estratégica, transforma seu poder po-
tencial em poder efetivo. Nas palavras do geógrafo brasileiro Milton Santos:
As configurações territoriais são o conjunto dos sistemas naturais, her-
dados por uma determinada sociedade, e dos sistemas de engenharia, isto 
é, objetos técnicos e culturais historicamente estabelecidos. As configura-
ções territoriais são apenas condições. Sua atualidade, isto é, sua signifi-
cação real, advém das ações realizadas sobre elas.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil: territórios e sociedade no início do século XXI. 
Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 248.
Portanto, os atributos espaciais devem ser avaliados em conjunto e de 
acordo com o contexto histórico, que altera a relevância deles. Também de-
pendem da capacidade financeira e técnica da sociedade. Leia a seguir outra 
explicação dada por Milton Santos sobre o entendimento dos fenômenos so-
ciais por meio do espaço:
Objetos geográficos
Os objetos que interessam à Geografia não são apenas objetos móveis, mas 
também imóveis, tal uma cidade, uma barragem, uma estrada de rodagem, 
um porto, uma floresta, uma plantação, um lago, uma montanha. Tudo isso 
são objetos geográficos. Esses objetos geográficos são do domínio tanto do que 
se chama a Geografia Física como do domínio que se chama a Geografia Hu-
mana e através da história desses objetos, isto é, da forma como foram produ-
zidos e mudam, essa Geografia Física e essa Geografia Humana se encontram.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 
São Paulo: Hucitec, 1996. p. 59.
Capital humano: conjunto de 
conhecimentos, experiências 
e capacidades que permitem 
às pessoas realizar atividades 
com diferentes graus de 
complexidade.
Capital técnico: conjunto de 
objetos e meios que permitem 
às pessoas realizar atividades 
com diferentes graus de 
complexidade.
Ao longo da História, muitos 
territórios foram dominados. 
Ainda hoje, é uma situação 
que provoca diversos 
conflitos.
1. Na terminologia de Milton Santos, os objetos naturais seriam aqueles originados pela força da natureza, 
e os objetos técnicos, aqueles que resultam da ação humana. Destaque os principais objetos naturais e 
técnicos presentes no município onde você mora. Dos objetos técnicos citados, quais são os mais antigos e 
permanecem na paisagem do município? Eles mantêm suas funções originais?
2. Como você avalia a quantidade de objetos técnicos no município em que você vive? Eles são numericamente 
maiores que os objetos naturais e ocupam uma área maior? E em comparação com as cidades vizinhas? 
Veja as respostas no Manual do Professor.
Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO
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Conceitos relacionados ao espaço 
geográfico
Alguns conceitos são polissêmicos, ou seja, têm diferentes significados. 
Variam ao longo da História e de acordo com o tema estudado e dependem da 
fundamentação teórico-metodológica de quem os utiliza. Além disso, muitos 
conceitos são expressos por palavras comuns do dia a dia, o que pode difi-
cultar sua compreensão, tomando coisas diferentes como sinônimas. Então, 
para evitar que isso ocorra, é necessário diferenciar e organizar os principais 
conceitos utilizados no estudo e na interpretação do espaço geográfico, isto 
é, seus recortes analíticos: lugar, região e território.
À medida que as sociedades transformam a natureza, produzem e orga-
nizam o espaço geográfico. Uma parte dessas transformações materializa-
-se nas paisagens; outra parte, não (aquilo que é imaterial). Então, podemos 
dizer que o espaço geográfico é formado tanto pela sociedade quanto pela 
paisagem, esta última permanentemente apropriada e transformada pelo 
trabalho humano. É um conjunto de fixos (ruas, edifícios, rios, morros, etc.) 
e fluxos (informações, leis, ordens, capital, etc.), agindo uns sobre os outros, 
dando sentido ou, ainda, transformando uns aos outros. 
Lugar é a parcela do espaço geográfico na qual as pessoas se relacionam 
e estabelecem laços afetivos com parentes, amigos, colegas, vizinhos, etc. e 
com a paisagem. É no lugar que são construídas as relações de cooperação e 
de conflito e é nele que desenvolvemos nossa identidade cultural e territorial.
Os locais frequentados no 
dia a dia são aqueles que 
definem o lugar vivido por 
cada pessoa, que ali transita 
com facilidade e identifica sua 
localização e as distâncias dos 
demais locais que conhece e 
frequenta. Praça na cidade de 
Pelotas (RS), 2020.
Região pode ser conceituada como determinada área da superfície ter-
restre com extensão variável e características próprias que a diferenciam 
de outras regiões, de acordo com o critério utilizado para sua definição. A 
região pode ser natural, quando o critério de distinção é a paisagem natural; 
ou geográfica, se a diferenciação for política, econômica, social ou cultural. 
Apesar de ser uma área que compreende certa especificidade, não é neces-
sariamente homogênea, ou seja, internamente há particularidades.
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