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O revisionismo ao qual o texto se refere é o estudo e a reinterpretação de um acontecimento histórico, baseado em uma possível ambiguidade e im- parcialidade na descrição de fatos na historiografia. A expressão “negacio- nismo histórico” também pode ser usada para se referir ao revisionismo que rejeita evidências maciças de um acontecimento. É o caso de correntes que negam o Holocausto, por exemplo. Nesse sentido, os documentos e o próprio método científico da história são negados. Ao evidenciar que provavelmente muitas pessoas sabiam ou ao menos suspeitavam que o regime nazista estava exterminando uma grande quan- tidade de pessoas consideradas indesejadas, o texto nos leva a refletir so- bre como a população civil pode, em determinadas ocasiões, compactuar com atos de violência realizados pelo Estado. A filósofa Hannah Arendt (1906-1975), pensadora judia de origem alemã que elaborou vários estu- dos sobre teoria e filosofia política, descreveu o conceito da “banalidade do mal” para tratar desse tema. Ao ser convidada por uma revista dos Estados Unidos para cobrir o julgamento do carrasco nazista Adolf Eichmann, em Jerusalém (Israel), em 1962, ela se propôs a refletir sobre o que levaria o ser humano a realizar crimes atrozes sem nenhum aparente constran- gimento, que foi o que revelaram as respostas do acusado (seu relato re- dundou em cinco artigos para a revista The New Yorker e posteriormente no livro Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal). Ela encontrou a resposta no “mal banal”, um tipo de mal que não tem ori- gem na maldade em si, mas na falta de pensamento crítico que leva muitas pessoas a simplesmente aceitar tudo o que lhes é imposto, agindo como se fossem máquinas desprovidas de razão e sentimento, sem refletir sobre o que isso realmente significa, sem questionar quais serão as consequên- cias de sua ação ou omissão. O regime nazista determinou que judeus e outras minorias deveriam ser perseguidos porque ameaçavam o ideal de raça pura ariana e a maioria da população não questionou, foi conivente, e, com o passar do tempo, isso se tornou banal, resultando na morte de 6 milhões de judeus, além de outras minorias. ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. • Com base no texto acima, podemos nos questionar sobre nossa sociedade atual: quais condutas violentas são conhecidas da população e por que muitas vezes as pessoas não as denunciam ou não se manifestam contra elas? Veja respostas e orientações no Manual do Professor. Conversa Nega•‹o. Direção: Mick Jackson. Estados Unidos e Reino Unido, 2016. A escritora e historiadora Deborah E. Lipstadt luta para provar a verdade histórica de que o Holocausto realmente ocorreu quando David Irving a processa por difamação. Saber NÃO ESCREVA NO LIVRO R e p ro d u ç ã o /S o n y P ic tu re s 61 V5_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap2_046a083.indd 61V5_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap2_046a083.indd 61 9/24/20 9:14 AM9/24/20 9:14 AM DIÁLOGOS NÃO ESCREVA NO LIVROVeja respostas e orientações no Manual do Professor. 1. Leia o trecho a seguir. [...] O monstro da guerra total do século XX não nasceu já do seu tamanho. Contudo, de 1914 em diante, as guerras foram inquestionavelmente guerras de massa. Mesmo na Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha mobilizou 12,5% de seus homens para as Forças Armadas, a Alema- nha 15,4 %, e a França quase 17%. [...] Podemos observar de passagem que um tal nível de mobilização de massa, durante anos, não pode ser mantido, a não ser por uma eco- nomia industrializada de alta produtividade e – ou alternativamente – em grande parte nas mãos de setores não combatentes da popula- ção. As economias agrárias tradicionais não podem em geral mobilizar uma proporção tão grande de sua força de trabalho, a não ser sazo- nalmente, pelo menos na zona temperada, pois há momentos no ano agrícola em que todos os braços são necessários (por exemplo, para a co- lheita). Mesmo em sociedades industriais, uma tão grande mobilização de mão de obra impõe enormes tensões à força de trabalho, motivo pelo qual as guerras de massa fortaleceram o poder do trabalhismo organizado e produziram uma revolução no emprego de mulheres fora do lar: temporariamente na Primeira Guerra Mun- dial, permanentemente na Segunda. Também neste caso, as guerras do século XX foram guerras de massa, no sentido de que usa- ram, e destruíram, quantidades até então in- concebíveis de produtos durante a luta. [...] Mas a produção também exigia organização e administração – mesmo sendo seu objetivo a destruição racionalizada de vidas humanas de maneira mais eficiente, como nos campos de ex- termínio alemães. Falando em termos mais ge- rais, a guerra total era o maior empreendimento até então conhecido do homem, e tinha de ser conscientemente organizado e administrado. HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 51-52. Agora, faça o que se pede. a) A Primeira Guerra Mundial foi a primeira “guerra total” da História. Em que aspecto ela se diferenciou das guerras anteriores? b) Basta uma guerra produzir muitos mortos e envolver muitos países para que ela seja classificada como uma “guerra total”? c) Por que a “guerra total” é característica das sociedades altamente industrializadas? 2. Observe a imagem a seguir. Depois, resolva a atividade proposta. Litografia produzida na França entre 1914 e 1918 na qual se lê: “Os alsacianos e lorenos são franceses!”. R e p ro d u • ‹ o /C o le • ‹ o p a rt ic u la r a) qual era a situação das regiões da Alsácia- -Lorena no período em que a gravura foi pu- blicada? b) quais atrativos possuía a Alsácia-Lorena que justificassem as disputas por seus territórios? Pesquise em enciclopédias, livros ou sites. c) Na gravura, a Alsácia-Lorena é corporificada como uma mulher. Descreva-a, atentando para suas vestimentas, expressão facial, atitude e postura corporal. d) A gravura dá alguma pista do que ocasionou o aprisionamento da Alsácia-Lorena? Explique. 62 V5_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap2_046a083.indd 62V5_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap2_046a083.indd 62 9/24/20 9:14 AM9/24/20 9:14 AM