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FINANÇAS CORPORATIVAS
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Valdecir Knuth
Indaial - 2021
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jairo Martins 
Jóice Gadotti Consatti
Marcio Kisner
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
K74f
 Knuth, Valdecir
 Finanças corporativas. / Valdecir Knuth. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 185 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-189-2
 ISBN Digital 978-65-5646-188-5
1. 	Administração	financeira.	-	Brasil.	II.	Centro	Universitário	Leonar-
do da Vinci.
 
CDD 658.15
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Demonstrações	Financeiras ........................................................7
CAPÍTULO 2
A	Função	das	Finanças ...............................................................79
CAPÍTULO 3
Valor	da	Empresa ......................................................................137
APRESENTAÇÃO
No mundo dos negócios é preciso lidar com o dinamismo do mercado e, no 
caso das indústrias, também com os processos produtivos e compreender os 
resultados	desse	dinamismo	e	seus	reflexos	na	empresa.
Os movimentos da economia, as oscilações das taxas cambiais, uma 
possível recessão econômica, por exemplo, são situações que requerem do 
gestor	financeiro	conhecimento	e	capacidade	de	propor	soluções	para	a	empresa.
As	soluções	que	o	gestor	financeiro	decide,	junto	à	equipe,	passam	pelo	crivo	
da diretoria e devem ser sempre negociadas e, se possível, com previsões para 
que	se	possa	visualizar	algum	cenário	futuro	que	eventualmente	possa	ocorrer	na	
empresa	e	implementar	ajustes,	se	forem	necessários.
No	transcorrer	do	Capítulo	1,	você	estudará	os	fundamentos	da	Contabilidade	
e o processo de reconhecimento das atividades e ações da empresa, que 
possuem	 seu	 reflexo	 financeiro	 e	 monetário	 reconhecidos	 em	 contas	 do	
Ativo,	 Passivo	 ou	 no	 resultado	 de	 Lucro	 ou	 de	Prejuízo.	 Essa	 é	 a	 importância	
de se reconhecer na contabilidade o resultado das decisões dos gestores da 
empresa, elas podem atribuir resultados positivos ou negativos, dependendo da 
qualidade	da	 informação	contábil	 recebida.	Neste	capítulo,	você	estudará	como	
efetivar	um	registro	contábil	e	se	este	possui	alguma	finalidade	predeterminada	
como investimento em Imobilizado, ou se serão gastos em demais atividades 
operacionais	da	empresa.	Você	conhecerá	alguns	relatórios	que	a	Contabilidade	
emite e como os gestores podem fazer uso desses relatórios.
No	Capítulo	 2,	 você	 estudará	 a	 importância	 do	 papel	 do	 gestor	 financeiro	
como	orientador	para	a	análise	dos	resultados,	além	daquilo	que	a	Contabilidade	
oferece.	 Por	 exemplo,	 você	 estudará	 o	 cálculo	 da	 inflação	 de	 uma	 empresa,	
visto	 que	 a	 taxa	 da	 inflação	 oficial	 divulgada	 pelo	 Banco	Central	 não	 reflete	 a	
realidade da própria empresa. Esta metodologia é muito interessante para que 
o	gestor	financeiro	possa	contribuir	para	o	reajuste	dos	preços	das	mercadorias	
da empresa, assim como promover melhorias para a previsão dos resultados 
financeiros.	 Ainda	 neste	 capítulo,	 você	 estudará	 algumas	 ferramentas	 da	
matemática	financeira,	como	taxa	de	juros,	prazo	de	negociação	e	valor	presente.	
Você	 também	 aprenderá	 a	 aplicar	 as	 planilhas	 referentes	 à	 “melhor	 opção	 de	
compra”, que também se encontra nesse capítulo e que podem ser aplicadas para 
negociar prazos e valores das compras com os fornecedores de acordo com o 
melhor custo de compra possível. Nem sempre o menor preço do produto é o mais 
barato.	Por	fim,	a	aplicação	da	Taxa	Interna	de	Retorno	(TIR)	em	alguns	cenários	
propostos	 neste	 capítulo	 proporcionará	 excelentes	 opções	 para	 a	 avaliação	 do	
fluxo	de	caixa	gerado	ou	previsto,	de	acordo	com	 investimentos	 realizados	em	
determinado	projeto	de	investimentos.
No	Capítulo	3,	você	estudará	a	aplicação	do	conceito	do	valor	da	empresa	
e demais ferramentas para a sua avaliação. A abordagem deste tema é muito 
interessante,	pois	permite	saber	o	cálculo	do	valor	de	uma	empresa	que	está	em	
vias de negociação, de compra ou venda, de fusão ou incorporação, assim como 
cisão se algum sócio resolver sair da sociedade. Não se pode simplesmente 
atribuir	o	valor	contábil	para	a	divisão	do	valor	do	Patrimônio	Líquido	da	empresa	
para cada sócio, mas, sim, a riqueza que esse sócio contribuiu para o crescimento 
da	 empresa.	 Nada	 mais	 justo	 do	 que	 cada	 um	 receber	 pela	 participação	 do	
crescimento da empresa no mercado.
Leia cada capítulo com atenção e desenvolva todas as atividades de 
estudo, mas lembre-se: os conteúdos apresentados neste livro de estudos têm 
a	 finalidade	 de	 enriquecer	 os	 seus	 conhecimentos	 e	 aumentar	 a	 capacidade	
de	 implementar	 essas	 ferramentas	 aqui	 estudadas	 na	 vida	 profissional,	 o	 que	
resultará	na	melhoria	da	gestão	financeira	e,	consequentemente,	na	melhoria	dos	
resultados da empresa. Busque mais informações e procure sempre se atualizar, 
pois	as	exigências	do	mercado	nos	reservam	desafios	constantes	e	a	busca	do	
conhecimento	aliada	à	determinação	e	ao	saber-fazer	é	fundamental.	
Tenha um excelente estudo!
Prof. Valdecir Knuth
CAPÍTULO 1
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer os conceitos da contabilidade e sua relação com a gestão 
empresarial.
•	 Saber	o	que	deve	estar	 relacionado	com	a	escrituração	contábil	na	empresa	
para fomentar as informações para decisão.
• Saber da necessidade em conhecer quais são as demais demonstrações 
contábeis	e	fi	nanceiras	existentes	para	contribuir	na	gestão	das	empresas.
• Elaborar estudos e simulações para compreender a relação da estrutura 
contábil	e	fi	nanceira	na	geração	do	Balanço	Patrimonial.
•	 Realizar	 registros	 contábeis	 hipotéticos	 para	 perceber	 o	 impacto	 de	 cada	
evento na situação patrimonial da empresa.
•	 Fazer	 comparativos	 entre	 os	 demais	 demonstrativos	 contábeis	 existentes	
e compreender a riqueza na geração de informações para os gestores das 
empresas.
8
 Finanças	CorporatiVas
9
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá,	caro	acadêmico!	
Conhecer	os	principais	aspectos	que	norteiam	a	administração	fi	nanceira	de	
uma	empresa	é	requisito	fundamental	para	o	gestor	fi	nanceiro	atual.	A	evolução	
dos	procedimentos	empresariais	que	envolvem	transações	fi	nanceiras	ultrapassou	
o limite da estrutura interna organizacional e transformou as empresas em 
sistemas integrados com a realidade econômica nacional e mundial. Dessa forma, 
a	complexidade	das	decisões	exige	o	mapeamento	monetário	de	todas	as	ações	
empresariais como forma de otimizar a distribuição de recursos e agregar mais 
valor ao negócio.
É fundamental que os gestores das empresas, os investidores e outros 
interessados (fornecedores, bancos, sindicatos e governos) busquem informações 
fi	dedignas	 para	 fazerem	 análises	 e	 emitirem	 opiniões	 sobre	 a	 avaliação	 do	
desempenho	econômico	e	 fi	nanceiro	das	empresas.	Essas	 informações	devem	
ser extraídas das Demonstrações Financeiras, também conhecidas sob a 
denominação	de	Demonstrações	Contábeis.
O	estudo	relacionado	com	a	área	contábil	requer	conhecimentos	específi	cos	
e,	portanto,	 somente	um	profi	ssional	 contador,	 com	 registrono	CRC	 (Conselho	
Regional de Contabilidade) de cada unidade da federação brasileira (Estado), tem 
a responsabilidade técnica para assumir e responder legal e criminalmente pelas 
informações	contábeis	da	empresa	por	ele	elaboradas.
Neste contexto, apresentaremos, neste livro de estudos, os conceitos, as 
aplicações	 e	 as	 análises	 que	 potencialmente	 as	 Demonstrações	 Financeiras	
ou	 Demonstrações	 Contábeis	 podem	 proporcionar	 aos	 gestores	 e	 demais	
interessados nas informações extraídas deste relatório.
No	enfoque	da	administração	fi	nanceira,	o	gestor	defi	ne	o	controle	de	caixa	
com	base	nas	informações	que	são	pertinentes	à	atividade	empresarial	e	no	tempo	
necessário	 para	 a	 tomada	 de	 decisão.	 Dessa	 forma,	 podem	 ser	 encontrados	
controles	de	caixa	diários,	semanais,	quinzenais	ou	mensais.	Entretanto,	quanto	
maior	for	o	prazo	de	controle,	maior	será	o	risco	na	tomada	de	decisão	fi	nanceira	
em razão de imprevistos que podem vir a ocorrer.
10
 Finanças	CorporatiVas
2 A CONTABILIDADE PARA A 
GESTÃO DA EMPRESA
As informações utilizadas a partir da Contabilidade pelos gestores da empresa 
são	muito	 importantes,	 visto	 que	 além	 de	 serem	 fi	dedignas,	 precisam	 atender	
exigências legais em sua estruturação e apresentação. Estas informações são 
padronizadas	e	devem	ser	compreensíveis	para	que	os	profi	ssionais	de	outras	
áreas	(leigos	em	contabilidade)	possam	compreender	os	resultados	da	empresa	
ali contidos.
Com	 relação	 à	 compreensibilidade,	 Iudícibus	 et al. (2010, p. 37) dizem o 
seguinte:
Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas 
demonstrações	 contábeis	 é	 que	 elas	 sejam	 prontamente	
entendidas	 pelos	 usuários.	 Para	 esse	 fi	m,	 presume-se	 que	
os	usuários	tenham	um	conhecimento	razoável	dos	negócios,	
atividades econômicas e contabilidade e a disposição de 
estudar	 as	 informações	 com	 razoável	 diligência.	 Todavia,	
informações sobre assuntos complexos que devam ser 
incluídas	 nas	 demonstrações	 contábeis	 por	 causa	 da	 sua	
relevância	para	as	necessidades	de	tomada	de	decisão	pelos	
usuários	 não	 devem	 ser	 excluídas	 em	 nenhuma	 hipótese,	
inclusive	sob	o	pretexto	de	que	seria	difícil	para	certos	usuários	
entendê-las. 
O principal tipo de informação que pode ser extraído das 
Demonstrações	 Contábeis	 (ou	 Financeiras)	 está	 voltado	 a	 avaliar	
se a empresa possui liquidez nos seus ativos para honrar com os 
compromissos	assumidos	 fi	nanceiramente	 com	 terceiros.	Também	
avaliar	 a	 evolução	 do	 resultado	 (lucro	 ou	 prejuízo)	 em	 relação	 ao	
investimento	realizado	pelos	sócios/proprietários	ou	investidores	ao	
longo do tempo, pois é importante que a empresa gere riqueza para 
otimizar o caixa para pagar as suas contas e remunerar o capital 
investido de forma contínua, duradoura e ascendentemente.
Outro tipo de informação para avaliar é a capacidade de 
geração do caixa da empresa. Esta é a parte mais importante que 
o gestor empresarial deve considerar na avaliação das informações 
contábeis.
Dessa	 forma,	os	conhecimentos	aplicados	à	área	de	fi	nanças	corporativas	
abrangem a economia, a contabilidade, o mercado de capitais, a controladoria, a 
O principal tipo de 
informação que 
pode ser extraído 
das Demonstrações 
Contábeis (ou 
Financeiras) está 
voltado a avaliar 
se a empresa 
possui liquidez 
nos seus ativos 
para honrar com 
os compromissos 
assumidos 
fi nanceiramente com 
terceiros.
11
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Por	quê?	É	justamente	na	capacidade	da	geração	de	caixa	que	
a empresa pode gerar liquidez em longo prazo. Isso quer dizer que a 
empresa pode gerar mais dinheiro (riqueza) ao longo do tempo para 
quitar	os	seus	compromissos	fi	nanceiros	com	terceiros	(fornecedores,	
governo,	empregados	ou	 instituições	fi	nanceiras)	e	assim,	ao	gerar	
riqueza,	poderá	continuar	investindo	na	pesquisa	de	novos	produtos,	
conquistar	expansão	de	mercado	e	fortalecer	o	que	talvez	seja	o	mais	
importante: sua MARCA. Quanto mais forte a marca do produto ou 
a	empresa	no	mercado,	mais	ela	conseguirá	atingir	o	seu	mercado	
consumidor. Com maior alavancagem das vendas, maiores são as 
oportunidades para a melhoria nos resultados da empresa, e o gestor 
fi	nanceiro	deverá	estar	preparado	para	administrar	esses	resultados.
estatística,	a	administração	fi	nanceira,	a	psicologia	e	o	planejamento	estratégico.	
A	consolidação	dessas	informações	propicia	a	análise	situacional	e	gerencial	dos	
procedimentos	de	trabalho,	o	qual	envolve	recursos	fi	nanceiros	e	oferece	suporte	
aos administradores na condução dos negócios. O administrador tem como 
prerrogativa	 conseguir	 direcionar	 as	 funções	 da	 administração	 fi	nanceira	 para	
obter melhores resultados e maximizar o patrimônio empresarial.
Quando tratamos da marca da empresa ou a marca do produto, nos 
deparamos	 com	 uma	 vasta	 gama	 de	 nomes	 que	 nos	 vêm	 à	 cabeça.	 Muitas	
marcas	existem	há	muitos	anos,	outras	já	não	existem	mais	e	assim	por	diante.
Aproveite esse momento que estamos tratando de um assunto 
um pouco diferente do material de estudos, mas que tem forte 
infl	uência	na	geração	da	riqueza	das	empresas,	que	são	as	marcas.	
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=HvLNO1LZdZI. O 
vídeo aborda a história das grandes marcas no mundo. Aproveite 
para compreender o que os seus idealizadores pensavam no início 
dos	seus	projetos	empreendedores.	Assista!
12
 Finanças	CorporatiVas
Afi	nal,	 para	 quem	 as	 informações	 da	 contabilidade	 serão	
úteis? As informações da contabilidade são muito importantes para 
vários	 tipos	de	usuários	–	que	são	as	pessoas	 físicas	ou	 jurídicas,	
públicas ou privadas, internas ou externas – que possuem interesse 
na empresa ou entidade, tais como: administradores, sócios ou 
acionistas,	 empregados,	 fornecedores,	 fi	nanciadores	 e	 demais	
credores, clientes, governos nos diversos níveis, integrantes do 
mercado	fi	nanceiro	e	de	capitais,	além	dos	meios	de	comunicação	e	
do público em geral.
Retornando ao nosso tema, as informações extraídas da contabilidade 
tornaram-se cada vez mais importantes para a gestão empresarial, tanto para os 
usuários	 internos	 (principalmente	 os	 sócios	 e	 administradores,	 que	 necessitam	
entender	 a	 saúde	 econômica,	 fi	nanceira	 e	 buscar	 o	 equilíbrio	 entre	 as	 ações	
atuais adotadas na empresa e a oportunidade de consolidar a inserção da 
empresa	 no	 mercado	 no	 futuro)	 como	 para	 os	 usuários	 externos	 (que	 são	 os	
investidores	minoritários,	para	garantir	a	remuneração	dos	dividendos	no	papel	de	
sócios	minoritários),	os	fi	nanciadores,	que	são	os	bancos,	os	fornecedores,	que	
possuem interesse em saber se a empresa possui liquidez para pagar os seus 
compromissos	fi	nanceiros,	os	governos,	que	têm	alta	motivação	arrecadatória	e	
fi	scalizatória,	e	o	público	em	geral,	pois	as	empresas	promovem	o	crescimento	
social nas cidades onde estão instaladas e também a geração de empregos. 
Dessa	 forma,	 as	 informações	 servem	 como	 parâmetros	 para	 a	 análise	 da	
evolução da empresa e seu crescimento em participação no mercado.
Segundo	Araújo	 (2009,	 p.	 5-6),	 “em	 geral,	 toda	 pessoa,	 física	 ou	 jurídica,	
possui algum patrimônio; logo, podemos dizer que todos se interessam pela 
informação	contábil”.
Afi	nal	de	contas,	qual	a	 importância	dessas	 informações	contábeis	para	os	
usuários	da	contabilidade?	Vejamos:
•	Os	proprietários:	todo	empresário,	que	pode	ser	um	acionista	
ou quotista, necessita saber se as diretrizes traçadas estão 
sendo	 seguidas	 e	 se	 os	 objetivos	 da	 empresa	 estão	 sendo	
alcançados. [...]
• Os administradores: por meio da Contabilidade, os 
13
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
administradores	 poderão	 realizar	 o	 devido	 planejamento	 de	
suas ações, assim como acompanhar os resultados, uma vez 
que a maioria das decisões de uma empresa envolve aspectos 
fi	nanceiros.	[...]
• Os fornecedores de bens e serviços:aquele que vende bens 
ou presta serviços a prazo necessita saber se o seu cliente 
possui	 condições	 fi	nanceiras	 necessárias	 para	 liquidar	 a	
operação na data combinada. [...]
• Os banqueiros: os bancos [...], para conceder crédito a 
seus	clientes,	precisarão	proceder	à	devida	análise	cadastral	
e	 contábil	 para	 se	 assegurarem	 de	 que	 a	 concessão	 de	
empréstimo	não	gerará	prejuízos.
• O governo: [...] a principal fonte de arrecadação de receita 
para os três níveis de governo (federal, estadual e municipal) 
são os tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria). 
A maioria deles é calculada com base nas informações 
fornecidas pela Contabilidade. [...]
• Os sindicatos: os empregados também constituem um 
dos	 principais	 interessados	 pelas	 informações	 contábeis,	
principalmente	 no	 que	 se	 refere	 às	 questões	 salariais	 e	 de	
participação nos lucros.
•	 Os	 economistas:	 esses	 profi	ssionais	 somente	 poderão	
realizar	suas	análises	macro	e	microeconômicas	se	souberem	
utilizar	devidamente	as	informações	contábeis.
•	Os	auditores:	os	profi	ssionais	de	auditoria	são	contratados	
para emitir uma opinião sobre a adequação ou não dos 
demonstrativos	contábeis	(ARAÚJO,	2009,	p.	5-6).
Podemos	observar	as	necessidades	dos	usuários	da	Contabilidade	e	suas	
respectivas	 fi	nalidades	 de	 obterem	 a	 riqueza	 de	 informações	 na	 análise	 das	
demonstrações	contábeis	no	quadro	a	seguir.
QUADRO 1 – USUÁRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Usuários Internos
Sócios e gestores
- Aumentar ou reduzir investimentos.
- Aumentar o capital ou emprestar recursos.
- Expandir ou reduzir as operações.
-	Comprar/vender	à	vista	ou	a	prazo.
Usuários Externos
Instituições	fi	nan-
ceiras 
- Conceder ou não empréstimos. 
- Estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa, prazo e garantias).
Clientes e for-
necedores em 
geral
-	Avaliação	com	vista	à	concessão	ou	não	de	crédito,	em	que	valor	e	
a que prazo.
- Informações sobre a continuidade operacional da entidade, especial-
mente quando têm um relacionamento a longo prazo com ela, ou 
dela dependem como fornecedor importante. 
14
 Finanças	CorporatiVas
Investidores
-	Adquirir	ou	não	o	controle	acionário.
- Investir ou não em ações na bolsa de valores.
- Avaliação do risco inerente ao investimento e potencial de retorno 
proporcionado (dividendos).
Comissão de Va-
lores	Mobiliários
-	Observar	se	as	demonstrações	contábeis	de	uma	empresa	de	capital	
aberto respondem aos requisitos legais do mercado de valores mo-
biliários,	como	periodicidade	de	apresentação,	padronização	e	trans-
parência.
Poder	Judiciário -	Solicitação	e	apreciação	objetiva	de	perícia.
F i s c a l i z a ç ã o 
tributária	
- Buscar indícios de sonegação de impostos.
Comissões de lic-
itação
- Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do capital de giro 
próprio,	da	solidez	econômico-fi	nanceira,	buscando	 identifi	car	se	há	
garantia acessória para o início ou continuidade no fornecimento dos 
bens ou serviços.
- O Art. 31, da Lei Federal nº 8.666/93, prevê que o uso de índices ex-
traídos	das	demonstrações	contábeis	limitar-se-á	à	demonstração	da	
capacidade	fi	nanceira	do	licitante	com	vistas	aos	compromissos	que	
terá	que	assumir	caso	lhe	seja	adjudicado	o	contrato.
Empregados e 
sindicatos
- Informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empre-
gadores (solvência, distribuição de lucros etc.).
- Avaliação da capacidade que tem a entidade de prover sua remuner-
ação, seus benefícios de aposentadoria e oferta de oportunidades de 
emprego.
FONTE: Silva (2010, p. 8)
Você	 sabe	 como	 são	 geradas	 as	 informações	 contábeis?	 A	
preparação	 e	 a	 elaboração	 das	 informações	 contábeis	 devem	ser	
feitas	com	muito	cuidado.	As	informações	contábeis	são	geradas	por	
meio	da	utilização	dos	relatórios	contábeis,	porém	não	são	todos	os	
relatórios que são obrigatórios por lei. Um relatório gerencial quando 
apresenta a margem de contribuição por unidade produzida (ou um 
relatório de orçamento anual) é um relatório gerencial interno, ou 
seja,	 não	 há	 a	 obrigatoriedade	 de	 apresentar	 e	 confi	gurar	 essas	
informações para o atendimento legal.
Um relatório 
gerencial quando 
apresenta a margem 
de contribuição por 
unidade produzida 
(ou um relatório de 
orçamento anual) 
é um relatório 
gerencial interno.
15
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Um	exemplo	do	fl	uxo	de	informações	pode	ser	o	seguinte:
A Contabilidade solicita informações dos demais departamentos 
e diretorias da empresa  cada departamento processa as 
informações	 necessárias	 e	 envia	 para	 a	 diretoria	 da	 sua	 área	
para	 a	 aprovação	 ou	 ajustes	 a Contabilidade recebe todas as 
informações	 necessárias	 e	 as	 processa	 a Contabilidade emite 
relatórios para as diretorias e gerências da empresa para avaliarem 
os resultados em níveis de gestão, sendo a diretoria com relatórios 
sintéticos e gerências com relatórios analíticos.
Na	 sociedade	 em	 que	 vivemos	 atualmente,	 temos	 que	 considerar	 vários	
cenários	 econômicos,	 que	 podem	 variar	 de	 acordo	 com	 as	 necessidades	 do	
mercado, tais como: a guerra dos preços do petróleo e os problemas de saúde 
pública,	 que	 são	 fatos	 não	 controláveis.	 Os	 administradores	 precisam	 ter	 a	
capacidade	de	prever	cenários	adversos	ou	favoráveis	ao	mercado	em	que	atuam	
e,	além	disso,	quando	necessário,	realizar	mudanças	rápidas	para	se	adaptar	à	
nova realidade e assim manterem a sobrevivência das suas empresas.
Sobre a guerra dos preços do petróleo, acesse o link: https://
www.gazetadopovo.com.br/mundo/que-desencadeou-nova-guerra-
precos-petroleo/.
Sobre a pandemia do coronavírus, que estagnou o mercado 
mundial, acesse o link: https://www.bbc.com/portuguese/
internacional-51766452.
Com base nessas duas notícias, é possível perceber que a sobrevivência 
das empresas requer constante acompanhamento das suas atividades no 
mercado.	Isso	é	possível	com	a	implantação	de	Controles	Internos	para	identifi	car	
e acompanhar os mercados principais em que o país possui acordos bilaterais 
e que possam trazer os melhores resultados para as empresas, e os mercados 
alternativos em que o país também possui acordos bilaterais, mas que possam 
manter as atividades da empresa no caso de algum colapso no mercado 
16
 Finanças	CorporatiVas
principal.	Como	exemplo,	se	a	empresa	possui	determinados	custos	fi	xos,	deverá	
ocorrer	 o	mínimo	 de	 produção	 necessária	 para	manter	 esses	 custos	 fi	xos,	 ou	
seja,	 os	mercados	 secundários	 ainda	 poderiam	ajudar	 a	 empresa	 a	 se	manter	
em	funcionamento	para	cobrir	esses	custos	fi	xos	(além	dos	custos	variáveis	da	
produção).
Assim, a auditoria nas empresas é fundamental para validar as informações 
referentes a custos, preços e tributação. Isso corrobora com a geração de 
informações reais e seguras para os gestores.
De acordo com Anthony (1960, p. 2-5 apud IUDÍCIBUS, 1998, p. 24-25), 
entre	 tantas	 outras,	 a	 informação	 contábil	 possui	 a	 fi	nalidade	 de	 controle	 e	
planejamento.
Focaliza com bastante propriedade as implicações deste item 
[informação	 contábil].	 Embora	 tais	 fi	nalidades	 possam	 ser	
catalogadas	de	várias	formas,	serão	aqui	agrupadas	em	duas	
básicas:	
Finalidade de controle.
Finalidade	de	planejamento.
Controle pode ser conceituado como um processo pelo qual a 
alta	administração	se	certifi	ca,	na	medida	do	possível,	de	que	
a	 organização	está	 agindo	em	conformidade	 com	os	 planos	
e políticas traçados pelos donos do capital e pela própria alta 
administração. [....] 
Planejamento, por sua vez, é o processo de decidir que curso 
de	ação	deverá	ser	tomado	para	o	futuro.	
Normalmente,	 o	 processo	 de	 planejamento	 consiste	 em	
considerar	vários	cursos	alternativos	de	ação	e	decidir	qual	o	
melhor. 
Portanto, a contabilidade tem importante função no controle 
e	 planejamento	 das	 operações	 da	 empresa,	 e	 o	 resultado	 das	
suas atividades é mensurado de forma quantitativa,devendo ser 
constantemente avaliado para que os gestores possam tomar 
medidas para manter a empresa em constante desenvolvimento no 
mercado. 
Essas	avaliações	devem	contemplar	cenários	em	crescimento	no	mercado	
e	 também	 cenários	 em	 declínio	 no	 mercado.	 Isso	 quer	 dizer	 que	 os	 gestores	
sempre	 deverão	 utilizar	 as	 informações	 contábeis	 e	 projetar	 resultados	 em	um	
mercado otimista e em um mercado pessimista. 
Portanto, a 
contabilidade 
tem importante 
função no controle 
e planejamento 
das operações 
da empresa, e 
o resultado das 
suas atividades é 
mensurado de forma 
quantitativa.
17
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
2.1 ESTRUTURA CONTÁBIL E 
FINANCEIRA
Vamos	 compreender	 a	 composição	 da	 estrutura	 contábil	 e	 fi	nanceira	 de	
uma empresa. É essencial conhecer essa composição, pois é nessa estrutura de 
contas	contábeis	que	o	gestor	da	empresa	pode	“ler”	e	compreender	de	que	forma	
se	encontra	a	saúde	econômica	e	fi	nanceira	da	empresa,	gerando	um	equilíbrio	
entre os valores registrados em cada grupo de contas.
As	teorias	relacionadas	à	administração	fi	nanceira	detalham,	de	modo	geral,	
o	 objetivo	 que	 se	 pretende	 atingir	 no	 contexto	 global	 no	 qual	 a	 empresa	 está	
inserida.	Entretanto,	o	objetivo	resumido	não	refl	ete	a	gama	de	ações,	estratégias	
e	métodos	aplicados	para	que	ele	seja	alcançado.
O equilíbrio patrimonial é proporcionado pelo conceito de uma balança com 
dois pratos (um em cada lado), em que do lado esquerdo podemos encontrar o 
ATIVO e do lado direito o PASSIVO, conforme podemos observar na Figura 1, e 
o equilíbrio é alcançado quando os dois lados tiverem valores iguais. Contudo, 
geralmente, o Ativo e o Passivo apresentam valores diferentes e, nesse caso, a 
balança obviamente pende para um dos lados. O peso (valor) que for colocado 
para	obter	o	equilíbrio	sufi	ciente	chama-se	Patrimônio	Líquido	e	está	no	lado	de	
menor valor.
FIGURA 1 – EQUAÇÃO PATRIMONIAL
FONTE: Ribeiro (2009, p. 11)
Observe	 na	 fi	gura	 que	 o	 balanço	 patrimonial	 apresenta	 o	
“equilíbrio”	 dos	 recursos	 da	 empresa,	 recursos	 fi	nanceiros	 que	
são captados de alguma fonte de recursos e aplicados em ativos 
operacionais da empresa.
Para	que	haja	a	fi	scalização	dos	atos	de	gestão,	ao	término	de	
cada	exercício	social	será	elaborado	o	inventário	e	serão	realizados	o	
balanço patrimonial e o balanço de resultado econômico.
Para que haja a 
fi scalização dos 
atos de gestão, ao 
término de cada 
exercício social 
será elaborado o 
inventário e serão 
realizados o balanço 
patrimonial e o 
balanço de resultado 
econômico.
18
 Finanças	CorporatiVas
Vários	 autores	 consideram	 os	 valores	 investidos	 no	 Ativo	 como	 sendo	 a	
parte positiva de um Balanço Patrimonial e, por sua vez, o Passivo é considerado 
como a parte negativa, mas na sua essência não podemos entender como sendo 
ruins	os	aspectos	do	Passivo,	pois	estes	são	totalmente	necessários	para	manter	
o	 equilíbrio	 e	 a	 saúde	 fi	nanceira	 da	 empresa.	 Isso	 se	 dá	 porque	 a	 empresa	
muitas vezes não consegue gerar caixa operacional apenas com os recursos das 
vendas. O prazo das vendas geralmente não cobre as necessidades do capital de 
giro,	pois	muitos	compromissos	fi	nanceiros	da	empresa	precisam	ser	quitados	no	
mês seguinte ao período das suas vendas, por exemplo, impostos das vendas, 
salários	dos	funcionários	e	fornecedores.
Por	 esse	 motivo,	 é	 necessária	 a	 captação	 de	 recursos	 fi	nanceiros	 por	
empréstimos	e	fi	nanciamentos,	e	se	assim	não	 fosse,	como	a	empresa	obteria	
dinheiro	para	pagar	as	suas	dívidas	se	elas	não	tivessem	um	prazo	para	quitá-las	
sabendo que os clientes têm prazo para pagar? Sempre faltaria dinheiro. 
O	 Balanço	 Patrimonial	 apresenta	 ao	 gestor	 fi	nanceiro	 um	
retrato	de	como	se	encontram	as	fi	nanças	da	empresa	e	verifi	ca	o	
que	a	empresa	possui	de	recursos	(que	na	fi	gura	anterior	representa	
a parte positiva para pagar as contas do seu passivo, que representa 
a parte negativa – a saída do dinheiro da empresa).
Dessa forma, a estrutura segue uma determinada lógica de 
liquidez	 na	 apresentação	 das	 contas	 contábeis.	 Isso	 signifi	ca	 que	
primeiro	são	evidenciadas	as	contas	contábeis	que	mais	rápido	se	
transformam	em	valores	monetários,	ou	seja,	dinheiro.
2.1.1 Estrutura das contas do Ativo
Primeiramente,	 na	 estrutura	 das	 contas	 contábeis	 em	 um	 balanço	
patrimonial, deve-se apresentar as contas do Ativo. Essas contas do ativo servem 
como balizadores para os registros dos valores que fazem a empresa funcionar, 
em outras palavras, o Ativo serve para ativar as atividades.
Em	linhas	gerais,	as	contas	contábeis	do	Ativo	compõem	os	Bens	e	Direitos	
da empresa, o que é uma verdade, mas atualmente, com a expansão do mundo 
corporativo em um mercado globalizado, precisamos nos preocupar com o futuro 
da	empresa	nesse	mesmo	mercado.	O	que	isso	signifi	ca?
O Balanço 
Patrimonial 
apresenta ao 
gestor fi nanceiro 
um retrato de como 
se encontram as 
fi nanças da empresa 
e verifi ca o que a 
empresa possui de 
recursos.
19
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
A	expressão	Ativos	da	empresa	 tem	um	signifi	cado	muito	mais	
profundo que meramente a expressão ‘Bens e Direitos’. Os Ativos 
apresentam o que a empresa registrou nas suas operações no 
passado, dessa forma, ‘olhando para o passado’, o gestor da empresa 
deve	mirar	o	futuro	e	ter	a	capacidade	de	projetar	a	geração	de	caixa	
futuro.
Vejamos:	 determinado	 estoque	 possui	 o	 valor	 de	 custo	 em	R$	
100,00. Para agregar valor ao seu produto, precisamos, a título de 
exemplo,	incluir	as	despesas	fi	xas	em	8,00%,	despesas	com	vendas,	
incluindo	 comissões	 de	 vendas	 na	 ordem	 de	 10,00%,	 despesas	
com	 fretes	na	ordem	de	2,00%	e	 impostos	das	vendas	em	21,25%	
(12,00%	de	ICMS	(Imposto	sobre	Circulação	de	Mercadorias	e	Serviços),	1,65%	
do	PIS	 (Programa	de	 Integração	Social)	 e	7,60%	da	COFINS	 (Contribuição	ao	
Financiamento	da	Seguridade	Social))	e	14,00%	de	lucro.	Logo,	temos	o	seguinte	
preço de vendas:
1º	Passo:	somar	os	%	para	incluir	no	preço	de	vendas:	8,00%	+	10,00%	+	
2,00%	+	21,25%	+	14,00%	=	55,25%.
2º	Passo:	dividir	o	resultado	de	55,25%	por	100	=	0,5525.
3º	 Passo:	 subtrair	 do	 coefi	ciente	 1	 (100%	 do	 preço	 fi	nal	 de	 vendas)	 o	
coefi	ciente	de	0,5525	=	0,4475.
4º	Passo:	encontrar	o	preço	de	vendas,	dividindo	R$	100,00	do	custo	pelo	
coefi	ciente	do	markup	divisor	em	0,4475	=	R$	223,46.
5º	Passo:	identifi	car	o	valor	do	lucro	do	produto.
Os Ativos 
apresentam o que 
a empresa registrou 
nas suas operações 
no passado, dessa 
forma, ‘olhando para 
o passado’, o gestor 
da empresa deve 
mirar o futuro e ter 
a capacidade de 
projetar a geração 
de caixa futuro.
O	 lucro	 de	 cada	 peça	 vendida	 será	 de	 R$	 31,28.	 Isso	 signifi	ca	 que	 se	 a	
empresa produzir e vender cerca de 10.000 itens desse produto durante o período 
de	um	ano,	a	empresa	gerará	um	caixa	 líquido.	O	 lucro	é	a	sobra	de	 todos	os	
gastos	para	produzir	e	vender	o	produto	na	ordem	de	R$	312.800,00.
20
 Finanças	CorporatiVas
6º	Passo:	identifi	car	o	tempo	do	retorno	do	investimento	do	ativo	imobilizado.	
Se	a	empresa	 investiu	R$	1.251.200,00	em	máquinas	e	o	caixa	 líquido	gerado	
dessa	produção	é	de	R$	312.800,00	por	ano,	signifi	ca	que	em	média	a	empresa	
gerará	 riqueza	 própria.	 O	 investimento	 se	 pagará	 apenas	 a	 partir	 do	 4º	 ano,	
pois	R$	1.251.500,00	/	R$	312.800,00	=	4	anos.	Durante	os	primeiros	4	anos,	a	
empresa	deverá	produzir	e	vender	para	pagar	o	equipamento	e	a	partir	do	4º	ano	
esse	equipamento	do	Ativo	Imobilizado	gerará	riqueza	para	a	empresa.
O Ativo representa a parte do balanço patrimonial em que estão representados 
os	 recursos	da	empresa	 capazes	de	gerar	 fl	uxo	de	 caixa	e	 são	 representados	
pelos bens e direitos, que podemos mencionar como o dinheiro em caixa e em 
bancos, estoques, duplicatas a receber, equipamentos, imóveis, despesaspré-
pagas, equipamentos, veículos, até mesmo elementos intangíveis, como patentes 
e ações e direitos autorais. 
Segundo	Ching	(2003,	p.	28),	“um	ativo	pode	ser	defi	nido	como	um	recurso	
sob controle da empresa capaz de gerar benefícios futuros (entendidos como 
caixa)”.
Iudícibus et al. (2010, p. 41) fornecem maiores informações sobre o que 
representam benefícios futuros:
O benefício econômico futuro embutido em um ativo é o seu 
potencial em contribuir, diretamente ou indiretamente, para 
o	 fl	uxo	 de	 caixa	 ou	 equivalentes	 de	 caixa	 para	 a	 entidade.	
Tal	 potencial	 poderá	 ser	 produtivo,	 quando	 o	 recurso	 for	
parte integrante das atividades operacionais da entidade. 
Poderá	também	ter	a	 forma	de	conversibilidade	em	caixa	ou	
equivalentes	de	caixa	ou	poderá	ainda	ser	capaz	de	 reduzir	
as saídas de caixa, como no caso de um processo industrial 
alternativo que reduza os custos da produção. 
Portanto,	a	capacidade	para	a	geração	do	caixa	futuro	signifi	ca	o	quanto	os	
estoques	que	a	empresa	possui,	aliados	à	efi	caz	gestão	dos	preços	e	à	gestão	
da marca do seu produto e sua capacidade na participação e permanência no 
mercado, podem alavancar os resultados a longo prazo.
Segundo	Marion	 (2012,	 p.	 62-63),	 “as	 contas	 do	Ativo	 são	 agrupadas	 de	
acordo com sua rapidez de conversão em dinheiro: de acordo com seu grau de 
liquidez (a capacidade de se transformar em dinheiro mais rapidamente)”.
Portanto, o Ativo Circulante no Balanço Patrimonial é composto por alguns 
importantes itens, como o dinheiro em poder da empresa, incluindo os direitos 
que serão recebidos em dinheiro, demais serviços ou bens e os estoques que 
21
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
serão vendidos e recebidos em prazo nunca superior a 360 dias, que é o período 
que representa o prazo do Ativo Circulante.
Seguindo	a	ordem	de	 liquidez	nas	contas	contábeis,	as	mais	comuns	são:	
caixa	e	bancos,	aplicações	fi	nanceiras,	contas	a	receber	de	clientes	e	estoques.	
Uma importante observação refere-se aos estoques, uma vez que estes são 
registrados pelo seu valor de compra ou de fabricação.
Outro ponto a ser analisado são as contas a receber que, além dos valores 
nominais	a	 receber	em	 relação	à	avaliação	do	valor	da	mercadoria	ou	produto	
da	empresa	que	tenha	custado	mais	do	que	o	seu	atual	valor	de	mercado,	há	a	
necessidade	de	elaborar	a	provisão	para	perdas.	Nas	Demonstrações	Contábeis	
em moeda de capacidade aquisitiva constante, o valor da aquisição da matéria-
prima ou fabricação dos produtos (estoques de matéria-prima que estão no 
processo da fabricação) é corrigido de acordo com a sua movimentação.
O Ativo Circulante é o primeiro grupo de contas do Ativo. 
A	 recomendação	 legal	 de	 que	 os	 bens	 e	 direitos	 sejam	
classifi	cados	no	Ativo	na	ordem	do	grau	de	liquidez	decrescente	
faz	com	que,	no	Ativo	Circulante,	estejam	posicionados,	após	
o disponível, os itens que se converterão em dinheiro mais 
rapidamente	 (até	 o	 fi	nal	 do	 exercício	 subsequente).	 O	Ativo	
Circulante é o grupo de maior liquidez no Ativo da empresa 
(MARION, 2012, p. 291).
A estrutura das contas do Ativo da empresa é devidamente evidenciada no 
Balanço Patrimonial da seguinte forma:
FIGURA 2 – ESTRUTURA DAS CONTAS DO ATIVO
FONTE: Marion (2012, p. 63)
Essa estrutura é bem simples de compreender, os recursos investidos nas 
contas	contábeis	no	Ativo	Não	Circulante,	principalmente	em	Máquinas	e	Prédios,	
devem ser capazes de gerar produção e vendas que potencialmente podem se 
transformar em valores de Caixa e Bancos nas contas do grupo Ativo Circulante.
22
 Finanças	CorporatiVas
Qual é a razão de separar Ativo Circulante e Ativo Não Circulante? Vamos 
procurar a contribuição de Iudícibus et al. (2010, p. 100):
De	 forma	 geral,	 são	 classifi	cáveis	 no	 Realizável	 a	 Longo	
Prazo contas da mesma natureza das do Ativo Circulante que, 
todavia,	 tenham	 sua	 realização,	 certa	 ou	 provável,	 após	 o	
término	do	exercício	 seguinte,	 o	que,	normalmente,	 signifi	ca	
realização num prazo superior a um ano a partir do próprio 
Balanço.
Isso	 signifi	ca	 que	as	 contas	 contábeis	 do	Ativo	Circulante	 representam	os	
valores	do	mês	em	exercício	até	o	fi	nal	do	exercício	seguinte.
Entende-se, dessa forma, que a avaliação dos Ativos é fundamental para o 
Planejamento	Operacional	 da	 empresa,	 visto	 que	 o	 processo	 de	Planejamento	
Operacional	se	caracteriza	pelo	conjunto	de	decisões	e	ações	dos	gestores	da	
empresa para a elaboração e operacionalização dos planos de 
estruturação	dos	sistemas	 físico-operacionais	que	são	necessários	
para a continuidade das operações de cada unidade de negócio.
Determinar	a	estrutura	do	Ativo	é	 identifi	car	a	quantidade	e	a	
qualidade	do	Investimento.	Nesse	caso,	signifi	ca	avaliar	as	origens	e	
aplicações dos recursos da empresa.
Na	fi	gura	a	seguir,	veja	a	relação	dos	ativos	e	passivos	com	o	
destino e a origem dos recursos. 
FIGURA 3 – DESTINO E ORIGEM DE RECURSOS
Determinar a 
estrutura do 
Ativo é identifi car 
a quantidade e 
a qualidade do 
Investimento. Nesse 
caso, signifi ca 
avaliar as origens 
e aplicações 
dos recursos da 
empresa.
FONTE: Bruni (2010, p. 7)
O que isso representa? Isso representa que todos os recursos 
da	 empresa	 em	 Ativos	 ou	 Investimentos	 estão	 sendo	 fi	nanciados	
pelas suas origens, que são reconhecidas pelo Passivo e Patrimônio 
Líquido (PL) ou Financiamentos, pois os recursos vieram de algum 
lugar. 
23
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Seguindo	 o	 raciocínio	 da	 fi	gura	 anterior,	 a	 empresa	 tem	 como	 destino	 o	
estoque	nos	 seus	 ativos	 que,	 se	 não	 tiverem	sido	 pagos	 à	 vista,	 então	 vieram	
de uma origem a pagar, que é o passivo. Ou podemos também entender que se 
a empresa resolver destinar recursos para investimentos na construção de uma 
nova	fábrica	ou	ampliação	do	seu	parque	fabril	atual	(que	não	tenham	sido	pagos	
à	vista),	a	empresa	estará	buscando	estes	 recursos	de	uma	 “origem”	chamada	
fi	nanciamentos	no	passivo	ou	 recursos	que	vieram	dos	sócios,	que	nesse	caso	
são do Patrimônio Líquido (PL).
Com	a	fi	gura	a	seguir,	entenderemos	um	pouco	mais	os	conceitos	de	origem	
e aplicação de recursos.
FIGURA 4 – ORIGEM E APLICAÇÃO – DA OPERAÇÃO AO BALANÇO PATRIMONIAL
FONTE: Reis (2006, p. 11)
Observe	na	fi	gura	que	 toda	a	operação	em	qualquer	 fato	contábil	 tem	sua	
aplicação	a	partir	de	uma	origem	e,	por	conseguinte,	os	registros	contábeis	são	
realizados a débito ou a crédito de acordo com as contas envolvidas na operação. 
Em	outras	palavras,	signifi	ca	que	o	estoque	 teve	um	registro	a	débito	no	grupo	
de	contas	do	ativo,	pois	está	 “destinando”	a	geração	de	riqueza	da	empresa,	e	
se	este	não	tiver	sido	pago	à	vista,	há	a	necessidade	de	efetuar	o	lançamento	a	
crédito em fornecedores nas obrigações da empresa (grupo de contas do passivo). 
Estes fornecedores possuem créditos em haver da empresa, se a empresa não 
pagou o fornecedor, a empresa deve para os devidos fornecedores os valores 
dos estoques.
Prosseguindo o raciocínio baseado na Figura 4, observe que os bens, direitos 
e	despesas	 têm	seus	saldos	devedores,	pois	 são	 “destinados”	a	algum	 tipo	de	
24
 Finanças	CorporatiVas
De acordo com o CPC 26, Comissão de Pronunciamentos 
Contábeis,	as	empresas	devem	elaborar	as	notas	explicativas,	que	
precisam apresentar o seguinte: 
a)	 A	 Entidade,	 cujas	 demonstrações	 contábeis	 estão	 em	
conformidade com os pronunciamentos técnicos, interpretações e 
orientações do CPC, deve declarar de forma explícita e sem reservas 
essa conformidade nas notas explicativas. 
b)	 A	 Entidade	 não	 deve	 afi	rmar	 que	 suas	 demonstrações	
contábeis	 estão	 de	 acordo	 com	 esses	 Pronunciamentos	 Técnicos,	
Interpretações e Orientações, a menos que cumpra todos os seus 
requisitos. 
fi	nalidade.	Os	saldos	credores	possuem	suas	origens	em	receitas	de	vendas,	ou	
patrimônio líquido, ou obrigações da empresa. Estes saldossão apurados através 
do balancete que estão apresentados no balanço patrimonial no fechamento 
anual do exercício social da empresa. 
Essa	combinação	objetiva	determinar	a	parcela	 ideal	de	 investimentos	em	
Ativos Fixos e Capital de Giro para o negócio ou empresa a serem constituídos. 
Essa	talvez	seja	uma	das	decisões	mais	difíceis	de	modelar	na	gestão	econômica	
das empresas. A determinação da estrutura do ativo é consequência de uma série 
de	outras	decisões	anteriores	que	decorreram	do	planejamento	estratégico.
Para	se	defi	nir	a	estrutura	do	Ativo	é	necessário	primeiramente	defi	nir	uma	
série	de	outras	variáveis,	o	que	se	inicia	pela	defi	nição	do	produto	ou	produtos	a	
serem fornecidos no mercado a ser explorado.
Isso envolve o processo de decisão adotado pelos gestores das empresas, 
e	esse	processo	é	extremamente	complexo	e	envolve	uma	série	de	variáveis,	tais	
como:
• Volume.
• Preços sugeridos de venda. 
• Tecnologias. 
• Processos produtivos. 
• Estrutura do produto. 
• Atividades a serem implementadas nos processos produtivos etc. 
25
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Nesse quesito, de acordo com o CPC 26, deve-se apresentar 
informação acerca da base para a elaboração das demonstrações 
contábeis	 e	 das	 políticas	 contábeis	 específi	cas	 utilizadas,	
divulgar a informação requerida nos pronunciamentos técnicos 
e prover informação adicional que não tenha sido apresentada 
nas	 demonstrações	 contábeis,	 mas	 que	 seja	 relevante	 para	 sua	
compreensão (CPC 26, 2011).
Você	 pode	 perceber	 que	 existem	 inúmeras	 variáveis	 que	 não	 estão	
diretamente	 relacionadas	 com	 a	 Contabilidade.	 Todas	 essas	 variáveis	 devem	
ser	 defi	nidas	 com	 antecedência,	 pois	 a	 necessidade	 de	 recursos	 fi	nanceiros	
parte	 da	 estrutura	 do	 investimento	 operacional	 e	 do	 tipo	 de	 ativo	 (máquinas	 e	
equipamentos)	que	decorre	de	decisões	efetuadas	em	cada	uma	das	variáveis	
elencadas anteriormente, cada uma a seu tempo da produção.
Isso	 porque	 de	 acordo	 com	 o	 valor	 dos	 recursos	 fi	nanceiros	 a	 serem	
investidos	na	empresa	é	necessário	o	gestor	preocupar-se	com	o	planejamento	
dos processos produtivos (administração da produção), saber quais são as 
tecnologias que devem ser utilizadas nos processos produtivos de acordo com a 
estrutura	do	produto.	Isso	é	necessário	para	defi	nir	o	Preço	Sugerido	de	Vendas	
dos	produtos	com	o	objetivo	de	adequar	a	manutenção	dos	investimentos	e	gerar	
riqueza para os investidores.
Os	itens	patrimoniais	que	compõem	o	ativo	e	o	passivo	são	classifi	cados	por:	
• Ordem de liquidez ou realização para os ativos. 
• Ordem de vencimentos ou exigibilidade para os passivos. 
2.1.2 Estrutura das contas do Passivo
Uma determinada quantidade dos valores existentes na estrutura das contas 
do	Ativo	pode	estar	sendo	fi	nanciada	por	terceiros.	O	fi	nanciamento	das	contas	
de terceiros tradicionalmente pode envolver o seguinte:
•	 Salários	a	pagar.
• Fornecedores.
• Impostos a pagar.
•	 Empréstimos	e	fi	nanciamentos	a	pagar.
26
 Finanças	CorporatiVas
Sobre	o	reconhecimento	das	contas	contábeis	do	Passivo:
Quase todos os passivos constituem obrigações, mas nem 
todas as obrigações constituem passivo. De acordo com o 
Financial Accounting Stardards Board (Fasb), uma obrigação 
é reconhecida como um passivo quando três critérios são 
atendidos:
1.	 A	 obrigação	 envolve	 um	 provável	 sacrifício	 futuro	 de	
recursos – uma transferência futura de caixa, mercadorias, 
ou serviços, ou a abdicação de um recebimento futuro – em 
uma	data	 específi	ca	 ou	 aproximada.	A	 empresa	 pode	medir	
com	 precisão	 razoável,	 o	 caixa-equivalente	 dos	 recursos	
necessários	ao	atendimento	da	obrigação.
2. A empresa não pode evitar a transferência de recursos 
citada, ou tem espaço muito pequeno sobre si.
3.	A	 transação	 ou	 evento	 que	 gerou	 a	 obrigação	 já	 ocorreu	
(STICKNEY; WEIL, 2001, p. 448). 
Outra característica é a obrigatoriedade da liquidação de um compromisso do 
devedor, deixando a este praticamente nenhuma alternativa senão a de liquidar a 
obrigação (pagar a dívida).
De acordo com Hendriksen e Breda (1999), se uma obrigação de liquidação 
de	 algum	 compromisso	 for	 mensurada	 em	 alguma	 demonstração	 contábil,	
haverá	o	reconhecimento	de	um	passivo.	Contudo,	isso	não	signifi	ca	que	se	não	
houver a oportunidade de mensurar essa obrigação, isso obrigue os gestores da 
empresa a reconhecerem esse compromisso nas contas do Passivo. Apenas, 
continua sendo um Passivo não reconhecido. Enquanto não ocorrer algum evento 
que	justifi	que	a	retirada	dos	passivos	da	contabilidade	da	entidade,	eles	devem	
permanecer como tais. A extinção e a reestruturação de dívidas são dois eventos 
apresentados pelos autores supracitados para o encerramento dos passivos da 
empresa.
O caso mais simples para a extinção de uma dívida é o pagamento do valor 
pelo devedor ao credor. A hipótese a ser considerada pelo uso de uma negociação 
é o caso da reestruturação de alguma dívida, dessa forma, o credor perdoa parte 
ou	 a	 totalidade	 da	 dívida,	 fi	cando	 o	 devedor	 desobrigado	 com	 relação	 à	 parte	
reestruturada da obrigação.
Assim,	as	obrigações	das	empresas,	inclusive	fi	nanciamentos	para	aquisição	
dos	direitos	do	ativo	imobilizado,	serão	classifi	cadas	no	passivo	circulante	quando	
vencerem até o exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem 
vencimento em prazo maior.
27
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
O	que	signifi	ca	Exercício	Social?	O	Exercício	Social	é	adotado	
por muitas empresas para encerramento em 31 de dezembro com 
o intuito de coincidir com a data de encerramento determinada na 
legislação	fi	scal,	para	apuração	do	imposto	de	renda	com	base	nos	
resultados	das	empresas	apurados	no	ano	civil	(do	dia	1º	de	janeiro	
até	31	de	dezembro).	Nada	impede	de	realizar	um	balanço	societário	
encerrado	 em	 31	 de	 outubro	 e	 outro	 para	 fi	ns	 fi	scais,	 em	 31	 de	
dezembro. Isso quer dizer que o Passivo Circulante se constitui na 
composição	 de	 contas	 contábeis	 que	 representam	 os	 valores	 que	
a empresa possui de compromisso para pagar em até 360 dias, de 
acordo com Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. 
As	 contas	 contábeis	 estão	 ordenadas	 de	 acordo	 com	 a	 sua	 exigibilidade,	
sendo constituídas pelo prazo mais curto, como empréstimos, contas a pagar, 
dívidas com fornecedores, impostos a recolher e provisões (são as despesas 
incorridas,	geradas,	ainda	não	pagas,	mas	já	reconhecidas	pela	empresa,	como	
imposto	de	renda,	férias,	13°	salário,	salários	a	pagar	etc.).
Segundo	Marion	(2012,	p.	291),	“são	as	obrigações	a	Curto	Prazo,	ou	seja,	
as que deverão ser liquidadas dentro do exercício social seguinte (próximo ano), 
ou conforme o ciclo operacional da empresa, se este for superior a um ano”.
O Passivo não se restringe simplesmente aos valores a pagar, amparados por 
contratos ou operações comerciais, mas engloba todas as obrigações da empresa 
com	 terceiros,	 sejam	 elas	 previamente	 defi	nidas	 monetária	 ou	 simplesmente	
estimadas.
As obrigações com terceiros, em sua essência, representam a origem 
de recursos aplicados na empresa, ou podemos dizer, a fonte dos ativos, e 
poderíamos ainda dividir essas obrigações em três grandes grupos: Contas a 
Pagar, Provisões e Contingências.
Existe a Resolução CFC nº 1.376, de 8 de dezembro de 2011, publicada 
pelo DOU de 16 de dezembro de 2011, que altera a NBC TG 26 - Apresentação 
das	 Demonstrações	 Contábeis.	 Na	 verdade,	 esta	 divisão	 tem	 a	 fi	nalidade	 de	
entendermos	melhor	como	separar	os	diversos	tipos	de	obrigações,	já	que	todas	
são registradas no mesmo grupo do Passivo. Assim, temos o seguinte:
28
 Finanças	CorporatiVas
• Contas a Pagar: obrigações registradas quando do recebimento 
de um ativo, da contratação de uma despesa, ou entrada de 
numerário,	 cujo	 pagamento	 será	 realizado	 futuramente	 com	
data negociada e valor previamente conhecido. Nestescasos, a 
data de pagamento e o valor a pagar são conhecidos na data do 
registro da obrigação.
• Provisões: no caso das provisões, o fato que desencadeou 
a	 obrigação	 já	 ocorreu	 ou	 ocorre	 no	momento	 do	 seu	 registro,	
porém o valor dessa obrigação e a data de sua liquidação são 
previsíveis,	dessa	forma,	não	são	exatos	e	defi	nidos.
• Contingências: a origem de uma contingência baseia-se na 
existência	ou	ocorrência	de	um	 fato	que	poderá	se	 transformar	
em perda, assim como também em uma obrigação futura, porém 
isso	 ainda	 dependerá	 de	 um	 fato	 posterior,	 que	 determinará	 a	
obrigação e, portanto, poderia ser entendida como um potencial 
de obrigação, mas que ainda não o é por falta de alguns fatos 
que	 defi	nirão	 a	 situação.	 Em	 alguns	 casos,	 cabe	 apenas	 o	
registro	dessa	provável	obrigação	em	notas	explicativas.	Como	
exemplos,	 as	 contingências	 tributária	 e	 trabalhista,	 que	 são	 as	
mais comuns (BRASIL, 2011).
Alguns passivos provêm da atividade operacional da entidade e não podem 
ser	 vinculados	 aos	 ativos,	 fi	nanciando	 gastos	 que	 ajudarão	 na	 formação	 dos	
lucros.	 Salários,	 encargos	 sociais,	 tributos,	 logística	 de	 entrega,	 publicidade,	
serviços obtidos, entre outros, também geram obrigações para a entidade.
2.1.3 Estrutura das contas do Patrimônio 
Líquido
O que envolve a estrutura das contas do Patrimônio Líquido praticamente é:
O investimento efetuado na companhia pelos acionistas, que 
é representado pelo capital social. Este abrange não só as 
parcelas entregues pelos acionistas como também os valores 
obtidos	pela	sociedade	e	que,	por	decisão	dos	proprietários,	
incorporam-se ao capital social, representando uma espécie 
de renúncia a sua distribuição na forma de dinheiro ou de 
outros bens (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 345).
Dessa forma, o Patrimônio Líquido equivale ao capital pró prio da entidade, 
formado	pelo	capital	nominal	e	os	resultados	acumulados	(lucros	ou	prejuízos).	
O	capital	nominal	é	 formado	pelo	capital	 investido	pelos	sócios	e	proprietá	rios,	
conhecido como capital social da entidade.
29
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
O	 Capital	 Social	 possui	 uma	 representatividade	 mais	 jurídica	 do	 que	
meramente	econômica,	 já	que,	do	ponto	de	vista	econômico,	também	os	lucros	
não distribuídos, mesmo que ainda na forma de Reservas, representam uma 
espécie de investimento dos acionistas. 
A sua incorporação ao capital social é uma formalização em que os 
proprietários	renunciam	a	sua	distribuição.	É	como	se	os	acionistas	recebessem	
essas reservas e as reinvestissem na sociedade. Mesmo essa renúncia também 
é	relativa,	já	que	existe	a	possibilidade	da	devolução	do	capital	aos	acionistas.
Para Iudícibus et al. (2010, p. 344), baseados na Lei nº 6.404/76, que teve 
sua	redação	modifi	cada	pela	Lei	nº	11.941/09,	o	Patrimônio	Líquido	é	dividido	em:
a) Capital Social [...].
b) Reservas de Capital [...].
c)	Ajustes	de	Avaliação	Patrimonial	[...].
d) Reservas de Lucros [...].
e) Ações em Tesouraria [...].
f)	Prejuízos	Acumulados	[...].
Estudaremos, a seguir, cada um deles separadamente.
a) Capital social
O valor que deve constar do Patrimônio Líquido no subgrupo de capital é o 
do	capital	realizado,	ou	seja,	o	total	efetivamente	integralizado	pelos	acionistas.	
O artigo 182 da Lei nº 6.404/76 determina o montante subscrito pelos sócios ou 
acionistas e, por dedução, a parcela ainda não realizada deve ser discriminada 
nesta conta.
O capital social é dividido em alguns componentes, que são:
• Capital Subscrito: é o compromisso que os sócios ou acionistas 
assumem de contribuir com certa quantia para a empresa.
• Capital Social a Realizar:	signifi	ca	a	parte	do	capital	subscrito	
que	ainda	não	 foi	 transformado	em	dinheiro	ou	valor	monetário	
pelos sócios ou acionistas.
• Capital Social Realizado: é o valor do capital subscrito 
transformado	 em	 dinheiro	 ou	 valor	 monetário	 pelos	 sócios	 ou	
acionistas.
30
 Finanças	CorporatiVas
No	entanto,	há	algumas	situações	que	devem	ser	observadas,	como:
• Quando o Capital for integralizado em forma de bens, estes 
deverão ser avaliados e incorporados ao patrimônio da empresa 
com base no preço de mercado, por meio de laudo aprovado em 
Assembleia Geral.
• Quando o capital for integralizado em créditos (valores a receber), 
o	 subscritor	 responderá	 pela	 solvência	 do	 devedor	 perante	 a	
sociedade.
• Quando em situações de Capital Autorizado, que podem 
acontecer quando o estatuto da empresa autoriza o Conselho de 
Administração a aumentar o Capital Social, independentemente 
de	alteração	estatutária,	bastando	reunião	do	órgão	e	o	registro	
da	ata	respectiva	na	Junta	Comercial.
b) Reservas de capital
De acordo com Iudíbus et al. (2010, p. 349):
As Reservas de Capitais são constituídas de valores recebidos 
pela companhia e que não transitam pelo Resultado como 
receitas, por se referirem a valores destinados a reforço de 
seu capital, sem terem como contrapartidas qualquer esforço 
da empresa em termos de entrega de bens ou de prestação 
de serviços.
As	Reservas	de	Capital	são	divididas	em	ágio	na	emissão	de	ações,	reserva	
especial	de	ágio	na	 incorporação,	alienação	de	partes	benefi	ciárias	e	alienação	
de bônus de subscrição. Veremos a seguir cada uma delas separadamente, 
conforme Iudícibus et al. (2010):
• Ágio na emissão de ações: é o valor excedente que os acionistas 
pagam pelo valor das ações da empresa e o valor nominal que 
está	registrado	na	contabilidade.
•	 Reserva	especial	de	ágio	na	incorporação:	é	o	montante	do	ágio	
que resulta na aquisição de uma empresa e a incorporadora 
detém o controle da sua controlada.
•	 Alienação	de	partes	benefi	ciárias:	é	a	formação	de	reserva	para	
resgate em até 0,1 (1 décimo) dos lucros a quem tem direito na 
sociedade por esses valores.
•	 Alienação	de	bônus	de	subscrição:	são	os	valores	mobiliários	que	
podem ser alienados e que têm direito de resgate pelas partes 
benefi	ciárias.	
31
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
c) Ajustes de Avaliação Patrimonial
Este é um assunto novo na contabilidade brasileira e merece atenção porque 
trata	 da	 avaliação	 dos	 ativos	 em	 instrumentos	 fi	nanceiros	 como	 Derivativos	
(operações como Hedge ou Swap,	 que	 são	 termos	 específi	cos	 estudados	 em	
fi	nanças	empresariais).	Segundo	Iudícibus	et al. (2010, p. 350):
A	 conta	Ajustes	 de	Avaliação	 Patrimonial	 foi	 introduzida	 na	
contabilidade brasileira pela Lei nº 11.638/07 para receber as 
contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído 
a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua 
avaliação	a	valor	justo,	enquanto	não	computadas	no	resultado	
do exercício em obediência ao regime de competência.
d) Reservas de lucros
A empresa necessita, quando for de capital aberto, constituir alguns tipos 
de reservas com base nos seus lucros gerados para garantir a perenidade dos 
negócios	no	mercado	e	a	segurança	aos	investimentos	dos	acionistas	minoritários.	
Na visão de Iudícibus et al. (2010, p. 351), reservas de lucros podem ser 
defi	nidas	da	seguinte	forma:
Reservas de lucros são as contas de reservas pela apropriação 
de	 lucros	da	companhia,	como	previsto	pelo	parágrafo	4º	do	
art.	 182	 da	 Lei	 nº	 6.404/76.	 Conforme	 parágrafo	 6º	 do	 art.	
202 dessa Lei, adicionado pela Lei nº 10.303/01, caso ainda 
existam lucros remanescentes, após a segregação para 
pagamentos dos dividendos obrigatórios e após a destinação 
para as diversas reservas de lucros, esses devem ser também 
distribuídos como dividendos. 
Observa-se, então, que as reservas de lucros se constituem em reservas 
pela apropriação de lucros da empresa com as Demonstrações Financeiras do 
Exercício (em 31/12) propostas sobre a destinação a ser dada ao Lucro Líquido 
do Exercício.
e) Ações em tesouraria
As ações em tesouraria, que são ações da própria empresa por ela 
adquiridas, deverão ser destacadas no balanço como redutoras da conta do 
patrimôniolíquido que registrar a origem de recursos aplicados na sua aquisição. 
32
 Finanças	CorporatiVas
Devem	ser	contabilizadas	pelo	custo	de	aquisição,	ou	seja,	pelo	valor	que	
efetivamente foram pagas. Enquanto mantidas em tesouraria não dão direito a 
dividendo, nem a voto. 
f) Prejuízos acumulados
Tratando-se	de	prejuízos	acumulados,	signifi	ca	que	a	empresa	apurou	mais	
gastos que receitas, e, neste caso, na Demonstração do Resultado do Exercício, 
o	saldo	do	resultado	é	prejuízo	acumulado,	que	deverá	ser	registrado	no	grupo	do	
Patrimônio Líquido. De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 363):
A	conta	Lucros	ou	Prejuízos	Acumulados	que,	na	maioria	dos	
casos, representa a interligação entre Balanço Patrimonial e 
Demonstração	 do	Resultado	 do	Exercício,	 continuará	 sendo	
utilizada pelas companhias para receber o resultado do 
período,	se	positivo,	e	destiná-lo	de	acordo	com	as	políticas	
da empresa, servindo de contrapartida para as constituições e 
reversões de reservas de lucros, assim como para a distribuição 
de	dividendos,	mas	no	balanço	patrimonial,	só	poderá	aparecer	
quando	tiver	saldo	negativo,	e	será	denominada	de	Prejuízos	
Acumulados.
2.1.4 Estrutura das contas do Resultado
Nesta etapa, faremos uma abordagem sobre a composição de dois grandes 
grupos das contas do resultado, mais precisamente sobre Receitas e Despesas 
(Despesas também estão denominadas como Gastos ou Custos).
Existem	várias	defi	nições	de	receitas,	todas	compreensíveis,	mas	nenhuma	
tão	 ampla	 a	 ponto	 de	 defi	nir	 o	 lado	 do	 reconhecimento	 para	 o	 usuário	 interno	
(gestor)	e	o	reconhecimento	para	o	usuário	externo	(governo	e	acionistas).
A	 diferença	 entre	 o	 balancete	 e	 esses	 demonstrativos	 está	 na	 forma	 de	
apresen	tação	 das	 contas.	 O	 balanço	 patrimonial	 será	 um	 sumário	 das	 contas	
do	ativo	e	pas	sivo,	sempre	demonstrado	de	forma	sintética.	Já	a	demonstração	
dos	resultados	apresentará	as	contas	de	resultado	(receitas,	custos	e	despesas)	
de	 modo	 a	 evidenciar	 os	 vários	 níveis	 de	 geração	 dos	 resultados	 do	 período	
e	 também	 será	 um	 demonstrati	vo	 com	 informações	 sumarizadas	 a	 partir	 do	
balancete	de	verifi	cação.
Genericamente, podemos dizer que receita corresponde a um acréscimo no 
ativo, resultante de diversos tipos de atividades em um determinado momento, e 
que possam alterar o patrimônio líquido. Conclui-se que uma receita (operacional 
ou	não)	seja	uma	operação	mensurável	em	dinheiro	que	leve	a	um	acréscimo	no	
33
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
patrimônio líquido.
Entretanto, a Receita não inclui todos os acréscimos nos ativos como:
a)	O	reconhecimento	de	numerários	por	venda	a	dinheiro	é	receita	
porque o resultado líquido da venda implica alteração do 
patrimônio líquido.
b)	O	reconhecimento	de	numerários	por	empréstimo	tomado	e/ou	o	
valor de um ativo comprado a dinheiro não são receitas porque 
não alteram o patrimônio líquido.
A receita deve ser contabilizada obedecendo ao princípio da competência e 
da	sua	realização,	ou	seja,	deve	ser	contabilizada	a	receita	independentemente	
se	já	foi	recebida	na	data	de	fechamento	do	balanço.	
A receita é considerada realizada quando ocorrer a efetiva transferência dos 
produtos ou serviços ao adquirente, gerando assim a saída da mercadoria do 
estoque	da	empresa	que	está	vendendo.	O	que	representam	as	Despesas?	As	
Despesas	representam	a	utilização	ou	consumo	de	bens	e	serviços,	objetivando	
a	produção	de	receita.	Nesse	caso,	esse	é	um	gasto	necessário	para	a	obtenção	
da receita para a empresa.
Não existe receita gerada sem despesa correspondente, e o 
inverso também pode ser compreendido como não existem despesas 
sem a correspondente geração das receitas de vendas, no entanto, 
se	isso	ocorrer,	há	fortes	indícios	de	falhas	na	gestão.	Se	as	Receitas	
de Vendas reduzem, as Despesas ou Gastos obrigatoriamente
devem reduzir também sob o risco de a empresa sofrer impacto na 
NCG (Necessidade do Capital de Giro).
34
 Finanças	CorporatiVas
Então,	as	Despesas	podem	ser	consideradas	como	os	encargos	necessários	
para	 comercializar	 os	 bens	 ou	 serviços,	 que	 são	 o	 objetivo	 da	 atividade	
principal da empresa, bem como para a manutenção da estrutura industrial, 
independentemente da frequência que ocorre.
A	 necessidade	 de	 capital	 de	 giro	 da	 empresa	 (NCG)	 se	 dará	 da	 seguinte	
forma: como exemplo, a empresa possui nos seus ativos o valor de Contas a 
Receber	em	R$	506,00,	o	valor	dos	Estoques	em	R$	3.008,00,	o	valor	total	dos	
Ativos	Circulantes	em	R$	3.514,00,	a	conta	de	Fornecedores	do	Passivo	na	ordem	
de	R$	2.355,00	e	Salários	com	seus	encargos	na	ordem	de	R$	1.774,00,	o	que	
perfaz	um	total	de	R$	4.129,00.	Isso	signifi	ca	que	a	empresa	possui	uma	dívida	
maior	do	que	os	ativos	na	ordem	de	R$	615,00,	portanto,	há	uma	necessidade	de	
capital	de	giro	em	R$	615,00.
A	 despesa,	 sendo	 direta	 ou	 indiretamente	 necessária	 para	 a	 geração	 da	
receita	de	vendas	da	empresa,	não	está	associada	à	prestação	do	serviço	ou	à	
produção do bem e desta forma não é agregada ao custo do produto. A despesa 
é	 considerada	 como	 Despesas	 Operacionais	 por	 estar	 relacionada	 às	 áreas	
de apoio, que são: Administração, Finanças e Comercial. Por esse motivo, os 
gestores confundem os custos da produção com despesas de produção.
Veja	 na	Figura	 5	 como	 se	 comportam	as	 diferenças	 de	 atividades	 entre	 o	
setor industrial e o setor administrativo e de que forma se comportam os gastos 
para	cada	área.
FIGURA 5 – DIFERENÇA ENTRE O SETOR INDUSTRIAL E O SETOR ADMINISTRATIVO
FONTE: O autor
35
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Na verdade, devemos sempre ter o seguinte cuidado:
• Gastos na PRODUÇÃO devem ser considerados CUSTOS.
• Gastos na ADMINISTRAÇÃO GERAL da empresa, incluindo o 
setor	 de	 vendas	 e	 o	 setor	 fi	nanceiro,	 devem	 ser	 considerados	
como DESPESAS.
Portanto, os custos são os gastos que compõem um produto e as despesas 
são	todos	os	gastos	necessários	para	a	empresa	obter	receitas.	São	os	esforços	
que	a	empresa	tem	para	fazer	a	“máquina”	girar.
Na continuidade dos estudos referentes ao Custo, este é o valor que a 
empresa gasta para produzir um bem, direito ou serviço. Por conseguinte, é 
também o montante do preço da matéria-prima, mão de obra e outros encargos 
para a produção de bens ou serviços, incorridos no processo interno da empresa.
Podemos dividir os custos basicamente em dois tipos, a serem considerados 
na produção:
• Custos Diretos (matéria-prima, mão de obra direta, outros 
materiais diretos etc.).
• Custos Indiretos (supervisão, depreciação, manutenção etc.), 
que não são possíveis de mensuração em nível de produto.
Veja	a	sistemática	dos	custos	no	processo	da	geração	dos	 resultados	das	
empresas,	conforme	a	seguinte	fi	gura.
FIGURA 6 – DIAGRAMA DO FLUXO DE CUSTOS
FONTE: Stickney e Weil (2001, p. 343)
36
 Finanças	CorporatiVas
Custos,	então,	são	os	valores	correspondentes	dos	elementos	necessários	
à	composição	de	um	produto	ou	serviço.	Representam	agregação	de	esforços	na	
cadeia produtiva e provocam a mais-valia. 
Um	liquidifi	cador	serve	como	exemplo.	Ele	se	compõe	de	diversos	elementos,	
tais	como:	matérias-primas,	materiais	secundários,	embalagem,	mão	de	obra	do	
pessoal	da	produção,	energia	elétrica	consumida	na	área	produtiva,	depreciação	
dos	 equipamentos	 utilizados	 no	 processo	 industrial,	 entre	 outros,	 que	 juntos	
resultam neste utensílio. 
Portanto, podemos entender que os custos são os gastos atribuídos na 
transformação e produção de novos produtos utilizando os bens materiais da 
empresa,	como	a	matéria-prima	e	demais	componentes	necessários	ao	processo	
industrial,	 para	 transformar	 e/ou	 criar	 outros	 tipos	 de	 bens	 materiais.	 Veja	 na	
Figura 7 um exemplo de agregação de valor para a produção de um determinado 
bem.
FIGURA 7 – INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO
FONTE: O autor
Os gastos genericamente representam todosos valores 
desembolsados ou que gerarão desembolsos futuros, relativos a 
compromissos assumidos, representativos de custos, despesas ou 
investimentos. 
Os gastos podem ser aplicados em todos os bens e serviços 
adquiridos,	não	importando	a	forma	de	pagamento,	seja	com	matéria-
prima,	 material	 de	 expediente,	 máquinas,	 veículos	 ou	 contratação	
de serviços em geral. Esses gastos podem ser aplicados tanto na 
produção	como	na	área	administrativa	e	de	vendas.
Os gastos 
genericamente 
representam 
todos os valores 
desembolsados 
ou que gerarão 
desembolsos 
futuros, relativos 
a compromissos 
assumidos, 
representativos de 
custos, despesas ou 
investimentos. 
37
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Gasto é o sacrifício, normalmente em moeda, que a entidade 
faz para a obtenção de um produto ou serviço. Pode ser a entrega de 
numerário	ou	assumir	um	compromisso	para	pagar	em	data	posterior.
2.2 RELATÓRIOS CONTÁBEIS
Não	 é	 raro	 ocorrerem	 situações	 em	que	 as	 informações	 contábeis	 podem	
encontrar-se	distorcidas	por	falta	de	evidências	nos	registros	contábeis	a	partir	de	
fontes seguras para a sua geração. Por esse motivo, acarretam risco no sistema 
de	controle	interno	da	empresa	e	falta	de	informações	contábeis	fi	dedignas.		
No	centro	das	ações	está	a	existência	de	um	sistema	seguro	e	objetivo	de	
controles internos. Quando possuímos controles internos bem gerenciados, é 
possível	 atingir	 os	 objetivos	 estratégicos	 traçados,	 visando	garantir	 retorno	dos	
investidores	e	desenvolver	capacidades	de	se	antecipar	às	ameaças.	É	importante	
sempre agir com rapidez diante das oportunidades e demandas do mercado.
A essência do controle interno é a intercalação de um agente preventivo no 
fl	uxo	do	processo,	de	modo	a	balizar	as	ações,	para	que	essas	se	desenvolvam	
nos limites e padrões predeterminados.
A	 informação	deve	 revelar	o	sufi	ciente	para	que	o	usuário	se	sinta	seguro	
sobre	a	 situação	econômica	e	 fi	nanceira	da	empresa	para	a	devida	análise	de	
um determinado período. Por isso, a contabilidade sempre vem acompanhada de 
alguns	atributos	indispensáveis	e	que	são	importantes	para	se	fazer	uma	análise:	
1)	 Confi	abilidade:	 as	 informações	 devem	 ser	 transparentes	
e não podem em hipótese alguma ocultar fatos ou atos 
administrativos	que	prejudiquem	a	perenidade	da	empresa	
no mercado. 
2)	 Tempestividade:	 todos	 e	 quaisquer	 eventos	 contábeis	
devem ser registrados no ato do acontecimento, para evitar 
possíveis	 “esquecimentos”.	 Os	 sistemas	 integrados	 de	
contabilidade contribuem para cumprir a tempestividade, 
pois muitas empresas realizam a apuração do resultado 
contábil	em	até	3	dias	úteis.	
3) Compreensibilidade (ser entendido): sobre este atributo, a 
Resolução do Conselho Federal de Contabilidade, CFC nº 1.121, 
Confi abilidade: as 
informações devem 
ser transparentes 
e não podem em 
hipótese alguma 
ocultar fatos ou 
atos administrativos 
que prejudiquem 
a perenidade 
da empresa no 
mercado. 
38
 Finanças	CorporatiVas
de 28 de março de 2008, que aprova a NBC T1, diz o seguinte:
25. Uma qualidade essencial das informações apresentadas 
nas	demonstrações	contábeis	é	que	elas	sejam	prontamente	
entendidas	pelos	usuários.	Para	esse	fi	m,	presume-se	que	os	
usuários	 tenham	 um	 conhecimento	 razoável	 dos	 negócios,	
atividades econômicas e contabilidade e a disposição de 
estudar	 as	 informações	 com	 razoável	 diligência.	 Todavia,	
informações sobre assuntos complexos que devam ser 
incluídas	 nas	 demonstrações	 contábeis	 por	 causa	 da	 sua	
relevância	para	as	necessidades	de	tomada	de	decisão	pelos	
usuários	 não	 devem	 ser	 excluídas	 em	 nenhuma	 hipótese,	
inclusive	sob	o	pretexto	de	que	seria	difícil	para	certos	usuários	
as entenderem (BRASIL, 2008b).
4) Comparabilidade (poder fazer comparação da evolução 
patrimonial): a Resolução do CFC nº 1.121, de 28 de março de 
2008, diz o seguinte:
39.	 Os	 usuários	 devem	 poder	 comparar	 as	 demonstrações	
contábeis	 de	 uma	 entidade	 ao	 longo	 do	 tempo,	 a	 fi	m	 de	
identifi	car	tendências	na	sua	posição	patrimonial	e	fi	nanceira	e	
no	seu	desempenho.	Os	usuários	devem	também	ser	capazes	
de	 comparar	 as	 demonstrações	 contábeis	 de	 diferentes	
entidades	a	fi	m	de	avaliar,	em	termos	relativos,	a	sua	posição	
patrimonial	 e	 fi	nanceira,	 o	 desempenho	 e	 as	 mutações	
na	 posição	 fi	nanceira.	 Consequentemente,	 a	 mensuração	
e	 apresentação	 dos	 efeitos	 fi	nanceiros	 de	 transações	
semelhantes e outros eventos devem ser feitos de modo 
consistente pela entidade, ao longo dos diversos períodos, e 
também por entidades diferentes (BRASIL, 2008b). 
Além	disso,	devemos	nos	preocupar	com	a	fi	nalidade	que	o	usuário	dará	à	
informação	contábil.	Para	Stickney	e	Weil	(2001),	deve-se	refl	etir	sobre	o	preparo	
das	demonstrações	fi	nanceiras	de	acordo	com	a	fi	nalidade	da	 informação,	pois	
cada	 usuário	 necessita	 de	 informações	 específi	cas.	 Sobre	 esse	 assunto,	 os	
autores	refl	exionam	o	seguinte:	
As empresas deveriam preparar suas demonstrações 
fi	nanceiras	tendo	como	objetivo	as	necessidades	específi	cas	
de	 informação	 de	 cada	 um	 dos	 usuários	 apresentados?	Ou	
deveriam	preparar	um	conjunto	de	demonstrações	fi	nanceiras	
“gerais”?	 Preparar	 demonstrações	 específi	cas	 para	 cada	
usuário	 provavelmente	 atenderia	 mais	 adequadamente	 as	
necessidades deste – implicando um custo certamente proibitivo, 
para	a	empresa	que	está	elaborando	as	demonstrações	e	para	
terceiros que tenham necessidades de outras informações. A 
incorporação	de	informação	de	que	vários	usuários	necessitam	
de	um	único	conjunto	de	demonstrações	poderia	aumentar	sua	
extensão	e	complexidade,	a	ponto	de	eventualmente	difi	cultar	
sua compreensão. 
Outra	questão,	associada	à	anterior,	relaciona-se	com	o	nível	
39
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
de conhecimento de contabilidade que as empresas deveriam 
pressupor	que	os	usuários	têm.	Demonstrações	fi	nanceiras	e	
notas explicativas detalhadas poderiam fornecer informação 
útil para os analistas do mercado de capitais, mas poderiam 
confundir	investidores	“passivos”,	que	somente	se	preocupam	
com os dividendos que recebem da empresa (STICKNEY; 
WEIL, 2001, p. 34). 
Os autores ainda apresentam um resumo do processo de elaboração e 
apresentação	de	demonstrações	fi	nanceiras,	de	acordo	com	os	seus	objetivos,	
conforme	a	fi	gura	a	seguir.
FIGURA 8 – RESUMO DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO E 
APRESENTAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
FONTE: Stickney e Weil (2001, p. 39)
Perceba	que	cada	demonstrativo	contábil	possui	determinado	objetivo,	como	
o	Balanço	Patrimonial,	que	tem	por	objetivo	fornecer	informações	referentes	aos	
recursos	econômicos	fi	nanceiros	da	empresa	aos	seus	usuários.	
A	fi	nalidade	é	saber	como	‘anda	a	saúde’	fi	nanceira	da	empresa	para	decidir	
sobre os direitos e alocação destes recursos nas suas atividades. Por conseguinte, 
temos	 as	 demais	 informações	 contábeis	 que	 demonstram	 sua	 utilidade	 nos	
diversos	tipos	de	objetivos.
40
 Finanças	CorporatiVas
2.2.1 Balanço Patrimonial
Podemos	 visualizar	 na	 Figura	 9	 a	 composição	 das	 contas	 contábeis	 dos	
ativos e despesas, como a dos passivos, patrimônio líquido e receitas. Observe 
como se apresenta em linhas gerais a estrutura de um balanço patrimonial.
FIGURA 9 – BALANÇO PATRIMONIAL
FONTE: Marion (2012, p. 63)
A primeira parte: Ativo (A) – é a parte positiva, composta de bens e direitos. 
A segunda parte: Passivo (P) – é a parte negativa, composta das obrigações 
com terceiros. A terceira parte: Patrimônio Líquido (PL) ou Situação Líquida (SL) 
– é a parte diferencial (diferença) entre o Ativo e o Passivo. 
O PL representa as obrigações da entidade com os sócios, considerado 
como Passivo Não Circulante.
Veja	na	fi	gura	a	seguir	a	relação	entre	as	atividades	das	empresas,	o	balanço	
patrimonial e a demonstração do resultado.
41
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRASCapítulo 1 
1	Com	relação	aos	Ativos	da	empresa,	o	que	signifi	ca	a	mensuração	
do benefício econômico futuro de uma empresa?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_________________________________________________.
FIGURA 10 – RELAÇÃO ENTRE AS ATIVIDADES DAS EMPRESAS, O 
BALANÇO PATRIMONIAL E A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
FONTE: Stickney e Weil (2001, p. 29)
Podemos	 observar	 que	 todos	 os	 objetivos	 e	 estratégias	 da	 empresa	
estão pautados nos investimentos que a empresa realiza de acordo com os 
Financiamentos que ela busca para fomentar as suas operações (que têm 
como	 resultado	 o	 Lucro	 Líquido,	 que	 é	 um	 dos	 objetivos	 da	 empresa).	 Estes	
fi	nanciamentos,	 investimentos	 e	 operações	 são	 controlados	 no	 Balanço	
Patrimonial da empresa em contas de Ativos e Passivos.
Com isso, encerramos a Contabilidade para a gestão da empresa.
42
 Finanças	CorporatiVas
2	 A	 apuração	 do	 resultado	 contábil	 na	 empresa	 para	 fi	ns	 de	
apresentação e cumprimento de ordem legal é realizada em 
períodos e denomina-se Exercício Social. Discorra sobre o que 
representa o Exercício Social.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________.
3 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
Agora,	 estudaremos	 a	 escrituração	 contábil.	 Vamos	 conhecer	 os	 registros	
contábeis,	a	estrutura	de	um	balancete	de	verifi	cação	e	aprender	como	podem	
ser	apresentados	os	balanços	sucessivos	para	a	análise	e	avaliação.	
3.1 LIVROS CONTÁBEIS
Quando	 é	 constituída	 a	 empresa,	 há	 a	 obrigatoriedade	 em	
utilizar alguns livros, em que serão registradas todas as operações 
referentes as suas atividades.
Nas	 empresas	 existe	 o	 Livro	 Diário,	 no	 qual,	 como	 o	
próprio	 nome	 já	 diz,	 estão	 registradas	 todas	 as	 operações	 que	
aconteceram no dia a dia da empresa, em ordem cronológica, com 
individualização, clareza e caracterização do documento respectivo.
Nas empresas 
existe o Livro Diário, 
no qual, como o 
próprio nome já diz, 
estão registradas 
todas as operações 
que aconteceram 
no dia a dia da 
empresa, em ordem 
cronológica, com 
individualização, 
clareza e 
caracterização 
do documento 
respectivo.
43
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
É como um Livro de Bordo utilizado pelos capitães nos navios? 
O termo não é exatamente esse, mas como no Livro de Bordo do 
navio	há	a	obrigatoriedade	de	registrar	todos	os	eventos	que	o	navio	
está	sujeito	na	sua	navegação	diária.	Dessa	forma,	o	Livro	Diário	da	
empresa também serve para registrar diariamente os atos e fatos 
contábeis	que	a	empresa	está	sujeita.	É	como	se	a	empresa	fosse	
um navio na rota comercial no globo terrestre.
O	diário,	portanto,	é	um	livro	obrigatório	que	está	previsto:
• no novo Código Civil, pela Lei nº 10.406/2002, art. 1.180; 
• no Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/1999), 
em seu art. 258; e 
• na Lei das S.A. (Lei nº 11.638/2007), em seus artigos 100, 176 e 
177. 
Há	de	se	observar	também	que,	de	acordo	com	o	art.	258	do	Regulamento	do	
Imposto	de	Renda,	de	26	de	março	de	1999,	o	Livro	Diário	poderá	ser	substituído	
por folhas numeradas seguidamente, quando empregadas na escrituração 
mecanizada,	devendo	o	livro	ou	folhas	do	Diário	conter	termos	de	abertura	e	de	
encerramento,	 submetidos	à	autenticação	do	órgão	competente	do	Registro	do	
Comércio,	 ou	 seja,	 onde	 foi	 registrado	 o	 ato	 constitutivo	 da	 empresa	 (BRASIL,	
1999).
Esse	Livro	Diário	deverá	possuir	autenticação,	que	é	um	registro	(assinatura)	
adquirido	 junto	 ao	 órgão	 competente	 do	 Registro	 na	 Junta	 Comercial.	 A	
autenticação	 é	 sempre	 realizada	 na	 primeira	 folha	 do	 Livro	Diário,	 ou	 seja,	 no	
termo	de	abertura,	 fazendo	com	que,	dessa	forma,	o	 livro	não	seja	alterado	em	
nenhuma hipótese.
Deve-se	fi	car	atento	para	que	no	 termo	de	abertura	e	de	encerramento	do	
Livro	Diário	conste	a	fi	nalidade	a	que	se	destina	o	 livro,	o	número	de	ordem,	o	
número	de	folhas,	a	fi	rma	individual	ou	o	nome	da	sociedade	a	que	pertença,	o	
local da sede ou estabelecimento, o número e data do arquivamento dos atos 
constitutivos no órgão de registro do comércio e o número de registro no Cadastro 
Nacional	de	Pessoas	Jurídicas	(CNPJ).
44
 Finanças	CorporatiVas
Os termos de abertura e encerramento serão datados e assinados pelo 
comerciante	ou	por	seu	procurador	e	por	contador	legalmente	habilitado,	ou	seja,	
que tenha registro no CRC (Conselho Regional de Contabilidade) da sua unidade 
federativa.
O novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002), em seu art. 1.179, § 2º, dispensa 
o	empresário	 da	pequena	empresa	da	escrituração	 contábil.	A	 legislação	 fi	scal	
dispensa	 as	 pessoas	 jurídicas	 tributadas	 com	 base	 no	 lucro	 presumido,	 assim	
como	as	microempresas	e	empresas	de	pequeno	porte,	da	escrituração	contábil,	
desde	 que	 mantenham	 escrituração	 em	 Livro	 Caixa	 e	 Registro	 de	 Inventário	
(BRASIL, 2002).
Apesar de as empresas desse porte estarem dispensadas da escrituração 
contábil,	a	utilização	do	Livro	Diário	é	essencial	a	todas	as	empresas	que	detêm	
patrimônio,	 tendo	 em	 vista	 que	 a	 escrituração	 contábil	 é	 uma	 ferramenta	 da	
administração dos negócios das empresas. 
A entidade deve manter um sistema de escrituração uniforme dos seus 
atos e fatos administrativos por intermédio de processo manual, mecanizado ou 
eletrônico.	A	escrituração	será	executada:
• em idioma e moeda corrente nacional; 
•	 em	forma	contábil	(partidas	dobradas);	
•	 em	ordem	cronológica	de	dia,	mês	e	ano	(o	Livro	Diário	poderá	
ser escriturado por meio de partidas mensais, resumida ou 
sintética, com valores totais que não excedam a operações 
de	 um	mês,	 desde	 que	 haja	 escrituração	 analítica	 lançada	 em	
registros auxiliares; 
• com ausência de espaço em branco, entrelinhas, borrões, 
rasuras, emendas ou transportes para as margens; 
• com base em documentos de origem externa ou interna ou, na 
sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a 
prática	de	atos	administrativos.
A	 terminologia	 utilizada	 deve	 expressar	 o	 verdadeiro	 signifi	cado	 das	
transações. O uso de códigos e/ou abreviaturas nos históricos dos lançamentos 
é admitido, desde que permanentes e uniformes, devendo constar, em elenco 
identifi	cador,	do	Livro	Diário	ou	de	 registro	especial	 revestido	das	 formalidades	
extrínsecas. 
No	caso	de	ser	adotada	a	escrituração	contábil	mecanizada	ou	eletrônica,	
os	 formulários	 contínuos,	 numerados	 mecânica	 ou	 tipografi	camente,	 serão	
destacados e encadernados em forma de livro.
45
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Veja	 na	 Figura	 11	 um	modelo	 de	 Livro	 Diário,	 e,	 em	 seguida,	 uma	 breve	
explanação	sobre	a	sua	importância	para	as	atividades	da	auditoria.
FIGURA 11 – MODELO DE LIVRO DIÁRIO
FONTE: O autor
Observe	que	no	livro	diário	há	a	especifi	cação	da	data	de	operação.	O	dia	
da semana nesse caso não é obrigatório, mas sugerimos nesse modelo para que 
se	possam	identifi	car	possíveis	operações	decorridas	nos	fi	ns	de	semana,	visto	
que	certa	parcela	das	empresas	no	mercado	não	possui	atividades	nos	fi	ns	de	
semana.
O	 histórico	 se	 refere	 à	 operação	 contábil.	 É	 importante	 ressaltar	 que	
esse	 histórico	 seja	 o	mais	 completo	 possível	 para	 poderidentifi	car	 o	 nome	 do	
fornecedor,	o	número	da	nota	fi	scal,	entre	outros	itens	que	facilitarão	o	trabalho	
para localizar as informações.
Na próxima coluna, encontra-se o DÉBITO.	Na	ordem	dos	registros	contábeis	
é	 seguro	 primeiro	 identifi	car	 o	Destino	 do	 recurso	 fi	nanceiro.	 Por	 exemplo,	 no	
dia 2 de março de 2020 houve um Destino	no	valor	de	R$	135,25	com	material	
de	escritório	(é	 interessante	manter	a	descrição	contábil	para	realizar	eventuais	
auditorias). Em contrapartida, o registro CRÉDITO evidencia a origem desse 
recurso,	que	foi	utilizado	para	liquidar	o	compromisso	fi	nanceiro	no	momento	da	
aquisição do material de expediente.
Devemos	 atentar	 que	 o	 Livro	 Diário	 é	 o	 único	 livro	 ofi	cial	
utilizado pelos auditores para evidenciarem as suas opiniões com 
relação	 à	 segurança	 do	 sistema	 de	 controle	 interno	 da	 empresa.	
Os demais relatórios são a DRE (Demonstração do Resultado do 
Exercício) e o BP (Balanço Patrimonial), que são utilizados para 
assegurar a confrontação dos indicadores de liquidez para evidenciar 
a continuidade dos negócios da empresa no mercado.
Salários	a	Pagar
Empréstimo a Pagar
46
 Finanças	CorporatiVas
Verifi	caremos	 como	 se	 confi	gura	 um	 Sistema	 de	 Contabilidade	 como	
ferramenta	para	a	elaboração	dos	relatórios	contábeis.
3.1.1 Sistema de contabilidade
Existem	 variados	 conceitos	 relacionados	 com	 a	 área	 de	 Sistemas	 de	
Informações	Contábeis	 e	 sua	 verdadeira	 aplicação	 como	auxílio	 na	elaboração	
das informações para os gestores.
Com o uso de sistemas integrados de gestão (Enterprise Resource 
Planning, co nhecidos pela sigla ERP), o processo de geração da informação 
foi	 se	 aprimorando.	 Tais	 sistemas	 integram	 todas	 as	 áreas	 organizacionais	 da	
contabilidade, de for ma que todos os fatos que interferem sobre o patrimônio e o 
resultado	fi	nanceiro	da	entidade	são	captados	e	estão	disponíveis	aos	usuários	a	
qualquer tempo.
Os gestores empresariais possuem profunda preocupação com a emissão 
dos relatórios que possuem informações dos valores orçados e realizados da 
empresa.
O	 Sistema	 Contábil	 compreende	 normas	 e	 procedimentos	 próprios	 da	
empresa.	 Para	 ser	 efi	ciente,	 deve	 ser	 escolhido	 o	 Sistema	 que	 mais	 será	
adequado	 na	 emissão	 dos	 relatórios.	 Um	 bom	 controle	 interno	 do	 fl	uxo	 das	
operações	 poderá	 apurar	 se	 o	Sistema	Contábil	 é	 efi	caz	 a	 ponto	 de	 permitir	 a	
averiguação	da	exatidão	e	da	confi	abilidade	das	informações	geradas.		
“Duas	situações	defi	nem	fundamentalmente	a	importância	do	controle	interno	
com	relação	aos	sistemas	de	informações	contábeis:	(a)	o	grau	de	confi	abilidade	
das informações geradas; e (b) o grau de segurança nas manipulações de 
elementos	controladores	do	sistema	contábil	operativo”	(MAGALHÃES;	LUNKES,	
2000, p. 62).
Sem	esses	segmentos	no	controle	interno,	torna-se	difícil	e	inviável	avaliar	o	
desempenho	do	Sistema	Contábil	na	empresa.
Os	 sistemas	 de	 informações	 contábeis	 podem	 ser	 vistos	 como	 sendo	 um	
subconjunto	 do	 sistema	 de	 informações	 global	 da	 empresa.	 Os	 sistemas	 de	
informações se integram segundo as necessidades no ambiente operacional e 
mercadológico em que a empresa atua, sendo então o SIC um componente da 
área	de	controladoria	fi	nanceira	e	contábil.	
47
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Os	 SICs	 são	 geralmente	 classifi	cados	 como	 sendo	 sistemas	
transacionais	 justamente	 por	 servirem	 ao	 nível	 operacional,	 com	
processamento e armazenamento em determinados períodos, 
geralmente	a	cada	mês,	pelas	transações	rotineiras	necessárias	para	
a condução dos negócios. 
À medida que a organização é automatizada, novas funções 
podem ser agregadas aos SICs, pois outros níveis de informações se 
tornam	necessários.	
O	 uso	 da	 informação	 contábil	 é	 ponto	 fundamental	 como	
ferramenta na condução dos negócios da empresa, pois os gestores 
que	buscam	a	efi	ciência	e	efi	cácia	empresarial	tomam	decisões	com	
o	uso	dos	relatórios	contábeis.
A	necessidade	de	informação,	aliada	à	contabilidade,	é	o	elemento	vital	para	
a	agilidade	de	um	sistema	de	informação	contábil.	Assim,	é	tarefa	da	contabilidade	
mostrar	o	lado	“informativo”	das	informações	contábeis.	
Horngren	(1985)	afi	rma	que	o	sistema	contábil	é	o	principal	e	também	o	mais	
confi	ável	sistema	de	informações	quantitativas	em	quase	todas	as	organizações.	
Para tanto, ele deve fornecer dados que auxiliem a gestão de uma empresa a 
alcançar	 suas	metas	de	acordo	com	o	planejado,	 além	de	permitir	 a	avaliação	
e	a	análise	dos	resultados,	com	busca	de	informações	nos	relatórios	gerenciais	
gerados pelo sistema.
 Ainda, segundo Horngren (1985), este sistema deveria fornecer informações 
para	os	cinco	objetivos	seguintes:	
•	 Objetivo	 1:	 formulação	 das	 estratégias	 gerais	 e	 dos	 planos	 de	 longo	
prazo. Inclui desenvolvimento de novos produtos e investimentos 
em ativos tangíveis (equipamentos) e intangíveis (marcas, patentes 
ou recursos humanos), e, frequentemente, envolve a elaboração de 
relatórios	específi	cos.
•	 Objetivo	 2:	 decisões	 de	 alocação	 de	 recursos	 com	ênfase	 no	 produto	
e no cliente tanto quanto no preço. Envolve com frequência relatórios 
sobre a rentabilidade dos produtos ou serviços, categorias de marcas, 
clientes, canais de distribuição etc.
•	 Objetivo	3:	planejamento	e	controle	de	custo	das	operações	e	atividades.	
Envolve	relatórios	sobre	receitas,	custos,	ativos,	fábricas	e	outras	áreas	
de responsabilidade.
Os SICs são 
geralmente 
classifi cados como 
sendo sistemas 
transacionais 
justamente por 
servirem ao nível 
operacional, com 
processamento e 
armazenamento 
em determinados 
períodos, 
geralmente a cada 
mês.
48
 Finanças	CorporatiVas
•	 Objetivo	 4:	 mensuração	 da	 performance	 e	 avaliação	 das	 pessoas.	
Envolve	a	comparação	dos	resultados	obtidos	com	os	planejados.	Pode	
estar	baseado	em	medidas	fi	nanceiras	ou	não	fi	nanceiras.
•	 Objetivo	5:	adequação	com	a	regulamentação	externa	e	as	exigências	
legais de publicação dos demonstrativos. Regulamentações e estatutos 
tipicamente	prescrevem	os	métodos	contábeis	a	serem	seguidos.
Desse	modo,	o	sistema	de	 informação	contábil	deve	atender	às	diferentes	
necessidades	 dos	 seus	 usuários,	 que	 podem	 ser	 internos	 ou	 externos	 à	
organização.
Cabe ressaltar que a contabilidade se originou como um sistema de 
informação	que	tinha	o	proprietário	do	patrimônio	da	empresa	como	o	seu	único	
usuário.	Com	o	passar	do	tempo,	surgiram	os	usuários	externos	da	contabilidade	
na forma de credores (banqueiros), o próprio estado (governo), os investidores 
não	 controladores	 (acionistas	minoritários)	 e	 a	 sociedade	 em	geral	 (sindicatos,	
clientes, partidos políticos, empregados, entre outros). 
A contabilidade pode ser descrita como um sistema de registro, informação, 
controle	 e	 avaliação,	 destinado	 a	 prover	 seus	 usuários,	 notadamente	 as	
empresas,	 com	 demonstrações	 e	 análises	 de	 natureza	 econômica,	 fi	nanceira,	
física	e	de	produtividade	para	fi	nalidades	específi	cas,	e	destinada	primariamente	
aos	cotistas/acionistas,	aos	fi	nanciadores	da	empresa,	ao	fi	sco	e	à	comunidade	
em	geral.	Ela	fornece	dados	essenciais	relacionados	às	atividades,	para	que	as	
pessoas os utilizem na tomada de suas decisões. 
Nesse sentido, o Balanço Patrimonial retrata a posição patrimonial e 
fi	nanceira;	 a	 Demonstração	 do	Resultado	 retrata	 o	 desempenho	 econômico;	 a	
Demonstração do Fluxo de Caixa retrata a movimentação de recursos (dinheiro) 
no período e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido mostra a 
movimentação da riqueza no período.
A	 informação	 contábil	 precisa	 ser	 compreensiva,	 isto	
é,	 completa,	 e	 retratar	 todos	 os	 aspectos	 contábeis	 de	
determinada	operação	ou	conjunto	de	eventos	ou	operações.	
Não se devem compensar créditos com débitos, ou direitos 
e obrigações. Todo o aspecto de uma operação que afeta o 
patrimônio precisaser levado em conta (IUDÍCIBUS; MARION, 
2000, p. 64).
Tendo	 cada	 empresa	 necessidades	 específi	cas,	 o	 sistema	 de	 relatórios	
deverá	ser	elaborado	de	modo	a	atender	tais	necessidades.	Há	praticamente	uma	
infi	nidade	de	tipos	de	relatórios.	Dentre	eles,	poder-se-ia	destacar:
49
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
a) Relatórios para supervisores: são os relatórios que dizem respeito 
à	 produtividade	 de	 um	 número	 reduzido	 de	 trabalhadores	 sob	 a	
responsabilidade de um supervisor. Tais relatórios evidenciam a atuação 
real	 em	 comparação	 com	 a	 planejada,	 bem	 como	 as	 causas	 de	 tais	
variações. Isso auxilia os supervisores no controle das suas atividades 
presentes	e	no	planejamento	das	futuras.
b)	 Relatórios	para	superintendentes:	à	medida	que	se	passa	para	escalões	
superiores	à	hierarquia	da	administração,	os	relatórios	deverão	ser	menos	
detalhados.	Os	dados	devem	ser	fornecidos	diária	ou	semanalmente,	a	
fi	m	de	que	tenham	noção	da	situação	geral	da	empresa	e	possam	tomar	
decisões em tempo, quando for preciso.
c)	 Relatório	para	gerente:	estes	relatórios	devem	ser	diários	e	comparados	
com	os	dados	planejados	no	mês	ou	ano	anterior.
d) Relatórios para vice-presidente e diretores: a cúpula administrativa não 
se interessa pelos detalhes, visto que os resultados globais constituem a 
meta	fi	nal	da	empresa.
Veja,	 a	 partir	 da	 próxima	 tabela,	 as	 características	 para	 a	 geração	 de	
informações com qualidade.
TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DA BOA INFORMAÇÃO 
DOS RELATÓRIOS CONTÁBEIS E GERENCIAIS
 Características 																	Defi	nições
 
Precisa
A informação precisa não tem erros. Em alguns 
casos, a informação imprecisa é gerada pela en-
trada de dados incorretos no processo de transfor-
mação, isto é comumente chamado de entra lixo, 
sai lixo.
 
Completa
A informação completa contém todos os fatos im-
portantes. Por exemplo, um relatório de investi-
mento que não inclui todos os custos importantes 
não	está	completo.
 
Econômica
A informação também deve ser de produção rela-
tivamente econômica. Os tomadores de decisões 
devem sempre fazer um balanço do valor da infor-
mação com o custo de sua produção.
50
 Finanças	CorporatiVas
 
Flexível
A	informação	fl	exível	pode	ser	usada	para	diversas	
fi	nalidades.	Por	exemplo,	a	 informação	de	quanto	
se tem de estoque disponível de uma determinada 
peça pode ser usada por representantes de ven-
das no fechamento de uma venda, por um gerente 
de produção para determinar se mais estoque é 
necessário,	e	por	um	diretor	fi	nanceiro	para	deter-
minar o valor total que a empresa tem investido em 
estoques.
 
Confi	ável
A	 informação	confi	ável	pode	ser	dependente.	Em	
muitos	 casos,	 a	 confi	abilidade	 da	 informação	de-
pende	da	confi	abilidade	do	método	de	coleta	dos	
dados.	 Quer	 dizer,	 a	 confi	abilidade	 depende	 da	
fonte da informação. 
 
Relevante
A informação relevante é importante para o toma-
dor de decisões. Por exemplo, a informação de que 
os preços da madeira de construção devem cair 
pode não ser relevante para o fabricante de chips 
de computador.
 
Simples
A	 informação	 deverá	 ser	 simples,	 não	 deve	 ser	
exageradamente	 complexa.	 A	 informação	 sofi	s-
ticada	 e	 detalhada	 pode	 não	 ser	 necessária.	 Na	
verdade, informações em excesso podem causar 
sobrecarga de informações quando um tomador de 
decisões tem informações demais e não consegue 
determinar o que realmente é importante.
 
Em tempo
A informação em tempo certo é enviada quando 
necessária.	Saber	as	condições	do	tempo	da	sem-
ana	 passada	 não	 ajudará	 a	 decidir	 qual	 agasalho	
deve	vestir	hoje.
 
Verifi	cável
Finalmente,	a	informação	deve	ser	verifi	cável,	isto	
signifi	ca	que	se	pode	checá-la	para	saber	se	está	
correta,	 talvez	checando	várias	 fontes	da	mesma	
informação.
FONTE: Stair (1998, p. 6)
Para a implantação de um sistema de informações na empresa, faz-
se	 necessário	 utilizar	 recursos	 tecnológicos	 sempre	 de	 última	 geração,	 com	
atualização de todos os procedimentos que deverão ser executados pelo sistema 
e acompanhamento constante dos resultados.
51
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Magalhães e Lunkes (2000, p. 54) apresentam que:
As características gerais das informações, contidas ou 
geradas	 pelos	 sistemas	 contábeis,	 podem	 ser	 dados	
fi	nanceiros	ou	dados	de	desempenho,	de	maneira	que	cabe	à	
gerência,	por	meio	de	suas	necessidades	de	planejamento	e	
controle,	expressar	e	analisar	as	condições	de	uso	e	torná-las	
compatíveis aos diversos setores para decisão.
Veja	na	tabela	seguinte	o	que	um	bom	sistema	contábil	deve	conter	para	a	
execução dos relatórios.
TABELA 2 – PRESSUPOSTOS BÁSICOS NA ELABORAÇÃO DO 
SISTEMA DE INFORMAÇÕES CONTÁBIL-GERENCIAIS
Procedimentos Características
Necessidade de Informação
A necessidade da informação alinhada 
ao absoluto respaldo ao contador e ao 
seu sistema é o elemento vital para o 
sucesso de um sistema de informação 
contábil.	Caso	esses	conceitos	de	ut-
ilidade e necessidade da informação 
contábil	 não	 estejam	 imediatamente	
presentes no ambiente da cúpula ad-
ministrativa da entidade, é tarefa do 
contador fazer nascer e crescer essa 
mentalidade gerencial. Para isso, é 
necessário	 apenas	 o	 conhecimento	
profundo	da	Ciência	Contábil	e	de	seu	
papel informativo – gerencial.
Planejamento	e	Controle
O sistema de informação exige plane-
jamento	para	a	produção	dos	relatóri-
os, para atender plenamente aos 
usuários.	É	necessário	saber	o	conhe-
cimento	contábil	de	todos	os	usuários	
e construir relatórios com enfoques 
distintos para os diferentes níveis de 
usuários.	Dessa	 forma,	será	possível	
efetuar	o	controle	posterior.	Só	poderá	
ser controlado aquilo que é aceito e 
entendido. Além disso, se o sistema 
de informações gerenciais não for at-
ualizado	periodicamente,	poderá	fi	car	
numa situação de descrédito perante 
seus	usuários.
FONTE: Padoveze (1997, p. 38)
52
 Finanças	CorporatiVas
A	 informação	 contábil	 deve	 necessariamente	 ser	 signifi	cativa	 para	 os	
problemas	decisórios	do	usuário	(relevância)	e	não	custar	mais	para	ser	produzida	
do que o valor esperado de sua utilização (economicamente). Por outro lado, 
como	uma	atividade	decisória	específi	ca	determina	as	necessidades,	a	relevância	
está	em	direta	inter-relação	(adaptação)	com	o	contexto	decisório	dessa	decisão	
e	com	as	atitudes	e	preferências	de	quem	assumirá	a	decisão.	
A	informação	contábil,	na	apresentação	dos	relatórios	precisos	no	processo	
de tomada de decisões como medidores de rentabilidade e produtividade na 
empresa,	deverá	também	apresentar	o	valor	do	custo	da	informação	com	relação	
ao	 benefício	 que	 ela	 está	 proporcionando	 à	 empresa,	 não	 devendo	 ter	 como	
resultado	o	custo	maior	que	o	benefício	da	informação,	pois	poderá	ser	ilusório	o	
seu processo de auxílio na tomada de decisões.
Por	esse	motivo,	verifi	caremos	quais	são	as	funções	e	características	de	um	
bom	sistema	contábil	integrado.
TABELA 3 – FUNÇÕES E CARACTERÍSTICAS
Funções da Informação Características
Controle Operacional
Fornece informações (feedback) so-
bre	 a	 efi	ciência	 e	 a	 qualidade	 das	
tarefas executadas.
Custeio do produto e do cliente
Mensura os custos dos recursos 
para se produzir, vender e entregar 
um produto ou serviço aos clientes.
Controle Administrativo Fornece informações sobre o de-
sempenho de gerentes e de uni-
dades operacionais.
Controle Estratégico
Fornece informações sobre o de-
sempenho	 fi	nanceiro	 e	 competitivo	
de longo prazo, condições de mer-
cado, preferências dos clientes e in-
ovações tecnológicas.
FONTE: Atkinson et al. (2000, p. 45)
Caso ocorram divergências nas informações geradas, ações imediatas de 
alçada corretiva e preventiva devem ser implantadas.
53
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Muito se fala sobreos benefícios proporcionados pela integração entre 
os sistemas de informações das organizações. Sem dúvida, os sistemas se 
tornam mais úteis se forem integrados. Essa percepção, embora óbvia, tem 
consequências	práticas	em	termos	de	qualidade	de	informações	e	defi	nições	de	
erros. 
A	fi	gura	a	seguir	apresenta	a	integração	de	vários	módulos	de	sistemas	de	
informações de uma empresa.
FIGURA 12 – INTEGRAÇÃO DOS SISTEMAS DE 
INFORMAÇÕES COM O SISTEMA CONTÁBIL
FONTE: Frezatti (2000, p. 74)
O fato de uma informação ter uma única entrada no sistema, o 
compartilhamento de dados e mesmo o potencial e agilidade no processo da 
informação	serão	essenciais	à	qualidade	para	o	seu	gerenciamento.
Quanto	 aos	 objetivos	 a	 serem	 atendidos	 na	 avaliação	 de	 controles	
internos em processamento eletrônico de dados, estes estão relacionados com: 
completabilidade e correção dos dados processados, segurança física dos 
programas, equipamentos e dos arquivos, backup, plano de recuperação de 
dados	efi	ciente	e	testes	contínuos.
54
 Finanças	CorporatiVas
Padoveze (1997) descreve três pontos fundamentais para que um sistema de 
informações	contábeis	tenha	validade	perene	dentro	de	uma	entidade,	conforme	
podemos	verifi	car	na	tabela	seguir:
TABELA 4 – PONTOS FUNDAMENTAIS DO SISTEMA 
DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL GERENCIAL
Fundamentos do Sistema Descrição
 Operacionalidade
As informações devem ser coletadas, 
armazenadas e processadas de forma 
operacional. O fundamento da operacio-
nalidade	 signifi	ca	 que	 todos	 os	 que	 tra-
balham	com	a	informação	contábil	devem	
saber e sentir que estão operando com 
dados	 reais,	 signifi	cativos,	 práticos	 e	
objetivos;	 conseguidos,	 armazenados	 e	
processados	de	forma	prática	e	objetiva.	
Com isso, teremos uma utilização geren-
cial,	ou	seja,	prática	e	objetiva	(relatórios	
práticos	e	objetivos).
Integração e Navegabilidade dos Dados
Sistema de informação integrado quando 
todas	as	áreas	necessárias	para	o	geren-
ciamento	da	informação	contábil	estejam	
abrangidas por um único sistema de infor-
mação	contábil.	Todos	devem	utilizar	um	
mesmo e único sistema de informação. O 
que caracteriza um sistema de contabili-
dade	integrado	é	a	“navegabilidade”	dos	
dados. A partir do momento que um dado 
é	 coletado,	 ele	 deverá	 ser	 utilizado	 em	
todos os segmentos do sistema de infor-
mação	contábil.
 Custo da Informação
O	 sistema	 de	 informação	 contábil	 deve	
ser analisado na relação de custo x 
benefício para a empresa, devendo o 
sistema	de	informações	contábeis	geren-
ciais apresentar uma situação de custo 
abaixo	dos	benefícios	que	proporciona	à	
empresa.
FONTE: Padoveze (1997, p. 40)
O	sistema	de	informação	contábil	gerencial,	tendo	como	foco	sua	agilidade	
para	 apresentar	 resultados	 de	 forma	 ágil	 e	 efi	caz,	 deverá	 seguir	 padrões	
55
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
estabelecidos	 com	 acompanhamento	 dos	 resultados	 obtidos	 pelos	 usuários,	
para	o	processo	de	gestão,	bem	como	uma	análise	do	custo-benefício	que	está	
apresentando para a empresa. 
O	relatório	contábil	 é	um	 trabalho	escrito	semelhante	a	outros	
documentos. A sua apresentação exterior é muito importante, 
portanto,	deverá	ser	sucinto	e	objetivo.	O	bom	relatório	é	em	geral	
elaborado de acordo com as necessidades de informações solicitadas 
pelos	 usuários,	 que	 internamente	 podem	 ser	 denominados	 de	
Balancete	Contábil	de	verifi	cação	e	para	os	usuários	externos	como	
Balanço Patrimonial. 
Estudaremos, a seguir, um importante relatório interno, que é denominado de 
Balanço Patrimonial.
3.1.2 Balanço Patrimonial
O	Balanço	Patrimonial	é	a	demonstração	contábil	que	apresenta	o	conjunto	
dos bens e direitos que estão no Ativo e as obrigações que estão no Passivo 
e Patrimônio Líquido. Por esse motivo, a denominação de Balanço Patrimonial 
possibilita a ideia de equilíbrio entre os recursos que constam no grupo de contas 
do ativo e passivo. 
Marion	(2008,	p.	52)	afi	rma	que	“o	Balanço	Patrimonial	é	o	mais	
importante relatório gerado pela contabilidade. Através dele, pode-se 
identifi	car	a	saúde	fi	nanceira	e	econômica	da	empresa	no	fi	m	do	ano	
ou	em	qualquer	data	prefi	xada”.	
O	 Balanço	 refl	ete	 a	 posição	 do	 conjunto	 patrimonial	 em	
determinado	 instante,	 ou	 seja,	 é	 um	 relatório	 estático,	 parado.	
Podemos	defi	nir	Balanço	Patrimonial	como	a	representação	estática	
do	 patrimônio,	 a	 fotografi	a	 fi	nanceira	 da	 entidade,	 pois	 é	 nele	 que	
encontraremos	 a	 informação	 necessária	 para	 dar	 um	 diagnóstico	
prévio da entidade. 
Dessa forma, o Balanço Patrimonial pode ser considerado como 
um dos principais relatórios da Contabilidade, pois é com seu uso que 
Podemos 
defi nir Balanço 
Patrimonial como 
a representação 
estática do 
patrimônio, a 
fotografi a fi nanceira 
da entidade, 
pois é nele que 
encontraremos 
a informação 
necessária para 
dar um diagnóstico 
prévio da entidade. 
56
 Finanças	CorporatiVas
podemos	realizar	uma	análise	mais	criteriosa	sobre	o	comportamento	da	saúde	
econômica	e	fi	nanceira	de	uma	empresa.
É	importante	que	se	busque	complementar	as	informações	das	análises	das	
informações que constam no Balanço Patrimonial com o uso dos indicadores de 
liquidez, solvência e giro da empresa.
Conforme	Iudícibus	e	Marion	(2002,	p.	187),	“[...]	o	Balanço	é	uma	sombra	do	
passado	que	se	projeta	para	o	futuro.	Os	analistas	deverão	fazer	as	estimativas	
necessárias	para	ajustar	o	Balanço	às	mudanças	nas	expectativas	e	transações”.	
Com o uso do Balanço Patrimonial é possível observar possíveis mudanças 
que	 se	 fazem	 necessárias	 na	 empresa	 para	 adequar	 a	 sua	 participação	 no	
mercado.
De que forma podem ser essas mudanças? São inúmeras e podemos citar 
como	 sendo	 físicas,	 fi	nanceiras	 ou	 econômicas,	 muitas	 vezes	 atribuídas	 por	
fatores	 externos	 à	 empresa,	 ou	 seja,	 a	 empresa	 não	 tem	 controle	 sobre	 isso	
e	 está	 sujeita	 a	 se	 readaptar	 sempre.	 Por	 exemplo:	 variação	 da	 taxa	 cambial,	
bloqueios econômicos determinados pela insatisfação por algum motivo de algum 
país parceiro em algum bloco econômico, entre outros fatores.
Conforme Padoveze (2000), o fato de o Balanço Patrimonial ser um relatório 
que apresenta o patrimônio de uma entidade em um determinado período 
avaliado	é	um	cenário	que	pode	ser	alterado	constantemente,	pois	a	cada	novo	
fato	contábil,	o	cenário	econômico	e	fi	nanceiro	da	empresa	se	altera.	Com	isso	
teremos	um	novo	cenário	com	novos	saldos	no	Balanço	Patrimonial.
Dentre os principais requisitos de um balanço, destacam-se: 
a) Cabeçalho:	 no	 qual	 constará	 o	 nome	 da	 empresa,	 o	 título	 da	
demonstração	 contábil	 e	 sua	 respectiva	 data	 de	 encerramento,	
geralmente,	 em	 31	 de	 dezembro	 do	 ano	 que	 está	 sendo	 encerrado	 o	
resultado da empresa.
b) Corpo: aqui constarão o ativo e o passivo da empresa, que são 
constituídos pelos bens, direitos e obrigações. A Lei das Sociedades por 
Ações dispõe que as demonstrações para cada exercício social devem 
ser	 publicadas	 com	 duas	 colunas	 para	 que	 seja	 possível	 comparar	 a	
movimentação de valores de um período para outro.
c) Redução de dígitos: muitas vezes, grandes companhias possuem 
grandes	 fi	nanceiras	 e	 os	 valores	 possuem	 vários	 dígitos	 na	 sua	
apresentação.	Desta	forma,	a	legislação	prevê	que	não	há	a	necessidade	
de apresentar todos os dígitos nos valores, podendo ser ignorados, 
57
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
tanto os dígitos dos centavos como em milhares (,000). Por exemplo, 
os	 números	 podem	 ser	mensurados	 no	Balanço	Patrimonial	 como	R$	
198.567.654,98; podem-se eliminar os três dígitos (654) e os centavos 
(,98)	 e	 permanecer	 o	 valor	 de	R$	 198.567,	mas	 há	 a	 obrigatoriedade	
de apresentar no Balanço Patrimonial a expressão que os valores 
estão	apresentados	em	milhares	(ou	em	$	mil).	Em	casos	excepcionais,	
quando	forem	eliminados	seis	dígitos,	deve-se	colocar	a	expressão“em	
$	milhões”	no	cabeçalho.	
Para você ter uma ideia do modelo de um Balanço Patrimonial 
real, sugerimos a você pesquisar o site da empresa WEG S.A., 
disponível	 em:	 https://br.investing.com/equities/weg-on-ej-nm-
balance-sheet.	 Você	 pode	 clicar	 nas	 demais	 abas:	 fl	uxo	 de	 caixa,	
indicadores	fi	nanceiros,	dividendos,	entre	outros.
FIGURA 13 – BALANÇO SUCESSIVO TRIMESTRAL – WEG S.A.
FONTE:	<https://br.investing.com/equities/weg-on-ej-nm-
balance-sheet>. Acesso em: 10 maio 2020.
Você também pode observar que nesse mesmo relatório apresentado no site 
anteriormente	mencionado,	há	balanços	sucessivos	trimestrais,	com	fechamentos	
contínuos a cada 3 meses como: 30/06/2019, 30/09/2019, 31/12/2019 e 
31/03/2020.
Qual	 é	 a	 importância	 disso?	Quando	 o	 gestor	 precisa	 avaliar	 os	 impactos	
econômicos	 e	 fi	nanceiros	 que	 ocorrem	 nas	 empresas,	 aguardar	 um	 ano	 pode	
58
 Finanças	CorporatiVas
se	tornar	extremamente	moroso,	ou	até	perigoso	para	as	análises	dos	gestores	
internos quanto aos investidores externos. Desta forma, uma excelente alternativa 
é apresentar os resultados da empresa apurados em espaço de tempo menor, 
como a cada 3 meses (trimestral).
Para o uso dos Balanços Sucessivos, o gestor tem a capacidade de avaliar 
sequencialmente	os	resultados	a	cada	ano	de	uma	empresa.	Veja	no	quadro	a	
seguir um modelo de um Balanço Sucessivo.
QUADRO 2 – BALANÇO SUCESSIVO ANUAL
FONTE: O autor
Observe	que	a	vantagem	de	se	utilizar	um	Balanço	Sucessivo	está	em	avaliar	
a evolução ou redução dos recursos que constam em cada conta patrimonial, isso 
é	uma	importante	ferramenta	para	projetar	os	próximos	resultados	de	acordo	com	
as	“tendências”	que	a	empresa	apresentou	e	que	podem	se	repetir	nos	próximos	
períodos. Tendências essas com resultados positivos, como o Lucro gerado, bem 
como	 o	Prejuízo	 gerado.	No	modelo	 do	 quadro	 anterior	 você	 pôde	 observar	 a	
evolução	do	prejuízo	da	empresa	ao	longo	dos	três	exercícios	sociais,	o	aumento	
exercício
Instituições
advocatícios
Aplicações
exercício
Depósitos
recuperáveis
biológicos
Intangíveis
Instituições
Instituições
Obrigações
Obrigações
Honorários
Honorários
advocatícios
advocatícios
Obrigações tributárias
Provisão contingências
avaliação
Prejuízos
59
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
1 Qual é o livro obrigatório que as empresas necessitam utilizar para 
o registro de todas as suas operações quando são constituídas?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________.
2 As empresas, ao encerrarem um exercício social, apuram o 
seu	 resultado	 e	 o	 apresentam	 em	 um	 demonstrativo	 contábil	
denominado Balanço Patrimonial. Discorra sobre o Balanço 
Patrimonial.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.
dos passivos da empresa (dívidas) e a redução dos ativos da empresa (bens e 
direitos).
Com	esse	cenário,	o	gestor	deve	se	preocupar	e	avaliar	essas	 tendências	
históricas,	projetar	nos	períodos	e	buscar	soluções	efetivas	para	que	a	empresa	
volte a alavancar resultados nos próximos períodos.
Com	isso,	estudaremos	outros	modelos	de	demonstrações	contábeis.
4 OUTRAS DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS
Agora,	 estudaremos	 outros	 tipos	 de	 demonstrações	 contábeis	 que	
corroboram	para	 os	 estudos	 das	 informações	 contábeis.	 Esses	 demonstrativos	
contábeis	são	obrigatórios	por	lei,	pela	Lei	das	Sociedades	Anônimas.
60
 Finanças	CorporatiVas
Valor adicionado: representa a riqueza criada pela empresa 
de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os 
insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado 
recebido	 em	 transferência,	 ou	 seja,	 produzido	 por	 terceiros	 e	
transferido	à	entidade.
Receita de venda de mercadorias, produtos e serviços: 
representa os valores reconhecidos na contabilidade a esse título 
pelo regime de competência e incluídos na demonstração do 
resultado do período.
Outras receitas:	 representam	os	valores	que	sejam	oriundos,	
principalmente, de baixas por alienação de ativos não circulantes, tais 
como resultados na venda de imobilizado, de investimentos e outras 
transações incluídas na demonstração do resultado do exercício 
que	não	confi	guram	reconhecimento	de	transferência	à	entidade	de	
riqueza criada por outras entidades.
4.1 DVA – DEMONSTRAÇÃO DO 
VALOR ADICIONADO
Representa um dos elementos componentes do Balanço Social e tem por 
fi	nalidade	evidenciar	a	 riqueza	gerada	pela	entidade	e	sua	distribuição	durante	
um determinado período.
Os dados são obtidos principalmente a partir da demonstração de resultados 
e	 deve	 levar	 em	 conta	 a	 estrutura	 conceitual	 básica	 para	 a	 elaboração	 e	
apresentação	 das	 demonstrações	 contábeis	 –	 Resolução	 CFC	 nº	 1.121/08	
(BRASIL, 2008b).
A	 partir	 da	 convergência	 das	 demonstrações	 contábeis	 às	 normas	
internacionais, a DVA (Demonstração do Valor Adicionado) foi preparada pelo 
Pronunciamento Técnico CPC 09 e aprovada pelo CFC através da Resolução nº 
1.138/08 – NBC T 3.7 e Deliberação CVM nº 557/08.
61
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
4.1.1 Características das informações 
da DVA
A	 DVA	 está	 fundamentada	 em	 conceitos	 macroeconômicos,	
buscando apresentar, eliminados os valores que representam dupla 
contagem, a parcela de contribuição que a entidade tem na formação 
do Produto Interno Bruto (PIB). Essa demonstração apresenta o 
quanto a entidade agrega de valor aos insumos adquiridos de terceiros 
e que são vendidos ou consumidos durante determinado período.
Existem,	todavia,	diferenças	temporais	entre	os	modelos	contábil	
e	 econômico	 no	 cálculo	 do	 valor	 adicionado.	A	 ciência	 econômica,	
para	cálculo	do	PIB,	baseia-se	na	produção,	enquanto	a	contabilidade	
utiliza	o	conceito	contábil	da	realização	da	receita,	isto	é,	baseia-se	no	
regime	 contábil	 de	 competência.	Como	os	momentos	 de	 realização	
da produção e das vendas são normalmente diferentes, os valores 
calculados para o PIB por meio dos conceitos oriundos da Economia e os da 
Contabilidade são naturalmente diferentes em cada período. Essas diferenças 
serão tanto menores quanto menores forem as diferenças entre os estoques 
inicial	 e	 fi	nal	 para	 o	 período	 considerado.	 Em	 outras	 palavras,	 admitindo-se	 a	
inexistência	de	estoques	inicial	e	fi	nal,	os	valores	encontrados	com	a	utilização	de	
conceitos	econômicos	e	contábeis	convergirão.
Para	 os	 investidores	 e	 outros	 usuários,	 essa	 demonstração	 proporciona	
o conhecimento de informações de natureza econômica e social e oferece a 
possibilidade de melhor avaliação das atividades da entidade dentro da sociedade 
na	qual	está	inserida.	A	decisão	de	recebimento	por	uma	comunidade	(Município,	
Estado e a própria Federação) de investimento pode ter nessa demonstração 
um instrumento de extrema utilidade e com informações que, por exemplo, a 
demonstração de resultado por si só não é capaz de oferecer.
A	DVA	elaborada	por	segmento	(tipos	de	clientes,	atividades,	produtos,	área	
geográfi	ca	e	outros)	pode	representar	informações	ainda	mais	valiosas	no	auxílio	
da	formulação	de	predições	e,	enquanto	não	houver	uma	norma	específi	ca	sobre	
segmentos, sua divulgação é incentivada.
A	empresa	deve	elaborar	a	DVA	e	apresentá-la	como	parte	 integrante	das	
suas	demonstrações	contábeis	divulgadas	ao	fi	nal	de	cada	exercício	social.
A	 DVA	 deve	 proporcionar	 aos	 usuários	 das	 demonstrações	 contábeis	
informações	relativas	à	riqueza	criada	pela	entidade	em	determinado	período	e	a	
A DVA está 
fundamentadaem conceitos 
macroeconômicos, 
buscando 
apresentar, 
eliminados os 
valores que 
representam dupla 
contagem, a parcela 
de contribuição 
que a entidade 
tem na formação 
do Produto Interno 
Bruto (PIB).
62
 Finanças	CorporatiVas
forma como tais riquezas foram distribuídas.
4.1.2 Formação da riqueza pela própria 
entidade
Primeiramente, a formação da riqueza da empresa é gerada pelas vendas de 
mercadorias, produtos e serviços – inclui os valores dos tributos incidentes sobre 
essas	 receitas	 (por	 exemplo,	 ICMS,	 IPI,	PIS	e	COFINS),	 ou	 seja,	 corresponde	
ao ingresso bruto ou faturamento bruto, mesmo quando na demonstração do 
resultado	tais	tributos	estejam	fora	do	cômputo	dessas	receitas.
Outro item que podemos mencionar como base para a geração da riqueza 
pela	própria	entidade	são	as	“Outras	receitas”,	que	da	mesma	forma	que	o	item	
anterior, inclui os tributos incidentes sobre essas receitas.
A conta da Provisão para créditos de liquidação duvidosa inclui os valores 
relativos	à	constituição	e	reversão	dessa	provisão,	que	também	estão	mensuradas	
na geração da riqueza da empresa.
4.1.3 Insumos adquiridos de terceiros
• Custo dos produtos e dos serviços vendidos: inclui os valores das 
matérias-primas	 adquiridas	 junto	 a	 terceiros	 e	 contidas	 no	 custo	 do	
produto vendido, das mercadorias e dos serviços vendidos adquiridos 
de terceiros. Não inclui gastos com pessoal próprio, pois os gastos com 
pessoal	próprio	já	estão	reconhecidos	na	distribuição	da	riqueza,	com	a	
área	de	Pessoal.
• Materiais, energia, serviços de terceiros, entre outros: incluem 
valores	 relativos	 às	 despesas	 originadas	 da	 utilização	 desses	 bens,	
utilidades	e	serviços	adquiridos	junto	a	terceiros.	Nos	valores	dos	custos	
dos produtos e mercadorias vendidos, materiais, serviços, energia etc. 
consumidos, devem ser considerados os tributos incluídos no momento 
das	 compras	 (por	 exemplo,	 ICMS,	 IPI,	 PIS	 e	 COFINS),	 recuperáveis	
ou	 não.	 Esse	 procedimento	 é	 diferente	 das	 práticas	 utilizadas	 na	
demonstração do resultado.
• Perda e recuperação de valores ativos: inclui valores relativos aos 
ajustes	 por	 avaliação	 a	 valor	 de	 mercado	 de	 estoques,	 imobilizados,	
investimentos etc. Também devem ser incluídos os valores reconhecidos 
no resultado do período, tanto na constituição quanto na reversão de 
63
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
provisão para perdas por desvalorização de ativos, conforme aplicação 
da	 NBC	 T	 19.10	 –	 Redução	 ao	 Valor	 Recuperável	 de	 Ativos	 (se	 no	
período o valor líquido for positivo, deve ser somado). 
• Depreciação, amortização e exaustão: inclui a despesa ou o custo 
contabilizado no período.
4.1.4 Valor adicionado recebido em 
transferência
Podem ocorrer situações de geração da riqueza da empresa motivadas por 
transferência, as quais podem pautar-se em: 
a) Resultado de equivalência patrimonial: o resultado da equivalência pode 
representar receita ou despesa; se despesa, deve ser considerado como 
redução ou valor negativo. 
b)	 Receitas	 fi	nanceiras:	 inclui	 todas	 as	 receitas	 fi	nanceiras,	 inclusive	 as	
variações cambiais ativas, independentemente de sua origem. 
c) Outras receitas: inclui os dividendos relativos a investimentos avaliados 
ao custo, aluguéis, direitos de franquia etc.
4.1.5 Distribuição da riqueza
A segunda parte da DVA deve apresentar de forma detalhada como a riqueza 
obtida pela entidade foi distribuída. Os principais componentes dessa distribuição 
serão apresentados a seguir:
• Pessoal: valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício 
na forma de: a) Remuneração direta – representada pelos valores 
relativos	a	 salários,	 13º	 salário,	 honorários	da	administração	 (inclusive	
os pagamentos baseados em ações), férias, comissões, horas extras, 
participação de empregados nos resultados etc. b) Benefícios –
representados	pelos	valores	relativos	à	assistência	médica,	alimentação,	
transporte, planos de aposentadoria etc. c) FGTS – representado pelos 
valores depositados em conta vinculada dos empregados.
• Impostos, taxas e contribuições: valores relativos ao imposto de 
renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições ao INSS (incluídos 
aqui	os	valores	do	Seguro	de	Acidentes	do	Trabalho)	que	sejam	ônus	
do empregador, bem como os demais impostos e contribuições a que 
a	 empresa	 esteja	 sujeita.	 Para	 os	 impostos	 compensáveis,	 tais	 como	
ICMS, IPI, PIS e COFINS, devem ser considerados apenas os valores 
64
 Finanças	CorporatiVas
devidos	ou	 já	 recolhidos,	e	 representam	a	diferença	entre	os	 impostos	
e contribuições incidentes sobre as receitas e os respectivos valores 
incidentes sobre os itens considerados como ‘insumos adquiridos de 
terceiros’. Esses Impostos, Taxas e Contribuições podem ser assim 
classifi	cados:	a)	Federais	–	inclui	os	tributos	devidos	à	União,	inclusive	
aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Estados, 
Municípios,	 Autarquias	 etc.,	 tais	 como:	 IRPJ,	 CSSL,	 IPI,	 CIDE,	 PIS,	
COFINS. Inclui também a contribuição sindical patronal; b) Estaduais 
– inclui os tributos devidos aos Estados, inclusive aqueles que são 
repassados no todo ou em parte aos Municípios, Autarquias etc., tais 
como o ICMS e o IPVA; c) Municipais – inclui os tributos devidos aos 
Municípios, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte 
às	Autarquias,	ou	quaisquer	outras	entidades,	tais	como	o	ISS	e	o	IPTU.
• Remuneração de capitais de terceiros: valores pagos ou creditados 
aos	 fi	nanciadores	 externos	 de	 capital.	 Temos,	 nesse	 caso:	 a)	 Juros	 –	
inclui	as	despesas	fi	nanceiras,	inclusive	as	variações	cambiais	passivas,	
relativas	 a	 quaisquer	 tipos	 de	 empréstimos	 e	 fi	nanciamentos	 junto	
a	 instituições	 fi	nanceiras,	 empresas	 do	 grupo	 ou	 outras	 formas	 de	
obtenção de recursos. Inclui os valores que tenham sido capitalizados 
no período; b) Aluguéis – inclui os aluguéis (inclusive as despesas com 
arrendamento operacional) pagos ou creditados a terceiros, inclusive 
os acrescidos aos ativos; c) Outras – inclui outras remunerações que 
confi	gurem	transferência	de	riqueza	a	terceiros,	mesmo	que	originadas	
em capital intelectual, tais como royalties, franquia, direitos autorais etc.
• Remuneração de capitais próprios:	 valores	 relativos	 à	 remuneração	
atribuída aos sócios e acionistas. a) Juros sobre o capital próprio 
(JCP) e dividendos – inclui os valores pagos ou creditados aos sócios 
e acionistas por conta do resultado do período, ressalvando-se os 
valores	dos	JCP	transferidos	para	a	conta	de	reserva	de	lucros.	Devem	
ser incluídos apenas os valores distribuídos com base no resultado do 
próprio exercício, desconsiderando-se os dividendos distribuídos com 
base	 em	 lucros	 acumulados	 de	 exercícios	 anteriores,	 uma	 vez	 que	 já	
foram	tratados	como	“lucros	retidos”	no	exercício	em	que	foram	gerados.	
b) Lucros retidos e prejuízos do exercício – inclui os valores relativos 
ao	lucro	do	exercício	destinados	às	reservas,	 inclusive	os	JCP	quando	
tiverem	 esse	 tratamento.	 Nos	 casos	 de	 prejuízo,	 esse	 valor	 deve	 ser	
incluído com sinal negativo. c) As quantias destinadas aos sócios e 
acionistas	na	 forma	de	JCP,	 independentemente	de	serem	 registradas	
como	passivo	 (JCP	a	 pagar)	 ou	 como	 reserva	 de	 lucros,	 devem	 ter	 o	
mesmo tratamento dado aos dividendos no que diz respeito ao exercício 
a que devem ser imputadas. 
65
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Vamos apresentar um modelo de DVA (Demonstração do Valor Adicionado), 
que pode ser aplicado para empresas em geral. 
QUADRO 3 – MODELO I – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR 
ADICIONADO – EMPRESAS EM GERAL
DESCRIÇÃO
Em
milhares de 
reais
20X1
Em
milhares
de reais
20X0
1 – RECEITAS
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2) Outras receitas
1.3)	Receitas	relativas	à	construção	de	ativos	próprios
1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Re-
versão/ (Constituição)
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
(inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e COF-
INS)
2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços 
vendidos
2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.3) Perda / Recuperação de valores ativos
2.4)	Outras	(especifi	car)
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA EN-
TIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊN-
CIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2)	Receitas	fi	nanceiras
6.3) Outras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)
8.1) Pessoal
8.1.1 – Remuneração direta
8.1.2 – Benefícios
8.1.3 – F.G.T.S.
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.2.1 – Federais
8.2.2 – Estaduais
8.2.3 – Municipais 
8.3) Remuneração de capitais de terceiros
66
 Finanças	CorporatiVas
8.3.1	–	Juros
8.3.2 – Aluguéis
8.3.3 – Outras
8.4) Remuneração de capitais próprios
8.4.1	–	Juros	sobre	o	capital	próprio
8.4.2 – Dividendos
8.4.3	–	Lucros	retidos	/	Prejuízo	do	exercício
8.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros retidos 
(só p/ consolidação)
 (*) O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.
FONTE: O autor
4.2 DFC – DEMONSTRAÇÃO DO 
FLUXO DE CAIXA
Fluxo	 de	 caixa	 é	 o	 conjunto	 de	 todas	 as	 movimentações	 fi	nanceiras	 da	
empresa,	ou	seja,	o	caixa,	as	contas	a	 receber,	as	contas	a	pagar	e	o	controle	
bancário.	 Pode	 ser	 usado,	 também,	 como	 um	 tipo	 de	 orçamento	 das	 entradas	
e saídas futuras de dinheiro. Em outras palavras, é o registro e controle sobre a 
movimentação do caixa de qualquer empresa. Demonstra as entradas e saídas 
de	recursos	fi	nanceiros	que	ocorrem	em	determinados	períodos	de	tempo.		
Segundo	 Iudícibus,	Martins	 e	Gelbcke	 (2000,	 p.	 351),	 “o	 objetivo	 primário	
da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é prover informações relevantes 
sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos 
durante um determinado período”. Além disso, assume um importante papel no 
planejamento	fi	nanceiro	das	empresas,	constituindo-se	em	uma	prática	que	deve	
ser constantemente revisada, atualizada e utilizada na tomada de decisões. 
Conforme	Autran	e	Coelho	(2003,	p.	106),	“a	DFC	é	um	demonstrativo	que	
tem	como	objetivo	evidenciar	a	origem	de	todo	o	dinheiro	que	entrou	no	caixa	e	
também a aplicação de todo o dinheiro que saiu dos cofres da empresa”. É um 
instrumento essencial para que a empresa possa ter agilidade e segurança em 
suas	atividades	fi	nanceiras,	podendo	refl	etir	com	precisão	a	situação	econômica	
da	empresa,	em	termos	de	futuro	fi	nanceiro.	
O	 fl	uxo	 de	 caixa	 permite	 ao	 administrador	 fi	nanceiro	 planejar,	 organizar,	
coordenar,	 dirigir	 e	 controlar	 os	 recursos	 fi	nanceiros	 de	 sua	 empresa	 para	
determinado período.
67
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
4.2.1 Aspectos gerais
A	demonstração	do	fl	uxo	de	caixa	se	tornou	obrigatória	no	Brasil	a	partir	da	
Lei	nº	11.638/07	para	as	sociedades	com	patrimônio	líquido	de	R$	2.000.000,00	ou	
mais.	O	Comitê	de	Pronunciamentos	Contábeis	(CPC)	emitiu	o	Pronunciamento	
Técnico	CPC	03,	com	relação	às	Normas	Internacionais	de	Contabilidade	IAS	7	
(IASB).
Esse	 Pronunciamento	 foi	 aprovado	 pela	 Comissão	 de	 Valores	 Mobiliários	
(CVM)	através	da	Deliberação	nº	547/08,	aplicável	às	companhias	abertas,	e	pelo	
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução nº 1.125/08 
–	NBC	T	3.8.	Tem	o	objetivo	de	exigir	o	 fornecimento	de	 informações	sobre	as	
alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa de uma empresa por meio 
de	 uma	 demonstração	 que	 classifi	que	 os	 fl	uxos	 de	 caixa	 durante	 os	 períodos	
provenientes	 das	 atividades	 operacionais,	 de	 investimento	 e	 de	 fi	nanciamento	
(BRASIL, 2008a).
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 03, as empresas que 
possuem um capital social superior a dois milhões de reais têm obrigação 
de	 preparar	 uma	 demonstração	 de	 fl	uxo	 de	 caixa	 e	 apresentá-la	 como	 parte	
integrante	 das	 suas	 demonstrações	 contábeis	 divulgadas	 ao	 fi	nal	 de	 cada	
período. Para as demais sociedades, isto é opcional (CPC 03, 2010). 
4.2.2	Função	do	fl	uxo	de	caixa	e	sua	
utilização nas empresas
O	fl	uxo	de	caixa	possibilita	a	visualização	de	quando	a	empresa	terá	dinheiro	
sobrando ou faltando na conta em um determinado período de tempo. Desse modo, 
é	possível	projetar	as	entradas	e	saídas,	ajustando-as	conforme	a	necessidade,	
tornando	 possível	 avaliar	 o	 passado	 e	 planejar	 o	 futuro.	 Neste	 sentido,	 uma	
de suas principais funções é antever problemas de falta de recursos no caixa, 
evitando uma crise de liquidez nas empresas ou pelo menos minimizando seus 
efeitos.	Com	uma	gestão	efi	ciente	do	caixa	é	possível	diminuir	a	necessidade	de	
capital	de	giro,	reduzir	as	despesas	fi	nanceiras	e,	consequentemente,	aumentar	
a lucratividade. 
Frezatti (2006, p. 24) destaca que: 
É muito comum em uma situação crítica de falta de liquidez de 
uma	empresa	a	priorização	do	caixa.	Empresas	em	difi	culdades	
68
 Finanças	CorporatiVas
de	negócios,	concordatárias	e/ou	que	estejam	tentando	evitar	
a	 falência	colocam-se	desesperadamente	nas	mãos	do	fl	uxo	
de	caixa	para	perseguir	a	saída	de	sua	difi	culdade.
Por isso, é importante adquirir uma cultura de utilização permanente desta 
ferramenta	nas	empresas,	com	análise	criteriosa	das	informações	fornecidas.			
De	 acordo	 com	 Autran	 e	 Coelho	 (2003,	 p.	 106),	 “para	 se	 elaborar	 uma	
demonstração	 de	 fl	uxo	 de	 caixa	 é	 importante	 identifi	car	 as	 principais	 ações	
realizadas pelas empresas que aumentam e diminuem o caixa, e também aquelas 
em que o caixa não sofre qualquer tipo de alteração”.
Você	sabe	como	funciona	um	fl	uxo	de	caixa?	Um	fl	uxo	de	caixa	é	sempre	
projetado	dentro	de	um	determinado	tempo,	que	pode	ser	de	uma	semana,	um	
mês, um ano ou outro período conforme a necessidade da empresa, mas é 
importante ressaltar que quanto maior o tempo, menor o grau de precisão dos 
dados. 
Entre	 um	 fl	uxo	 de	 caixa	 projetado	 e	 o	 realizado	 podem	 existir	 pequenas	
variações,	 mas	 se	 houver	 muitas	 discrepâncias,	 é	 importante	 verifi	car	 o	 que	
aconteceu. 
Um	 fl	uxo	 de	 caixa	 recebe	 informações	 fi	nanceiras	 de	 todas	 as	 áreas	 da	
empresa, necessitando de uma disciplinada e correta alimentação dos dados 
de forma contínua. Dados, como recebimentos, pagamentos e despesas com 
pessoal,	 com	 serviços	 de	 terceiros,	 com	 juros	 e	 impostos	 devem	ser	 enviados	
de forma correta. Para facilitar o trabalho é bom colocar tudo em uma planilha 
eletrônica, o uso do computador facilita bastante.
4.2.3 Estrutura do Fluxo de Caixa
Um	fl	uxo	de	caixa	deve	conter	um	determinado	grau	de	detalhamento	para	
uma	 perfeita	 análise	 das	 informações.	 Para	 isso,	 é	 importante	 observar	 a	 sua	
estrutura	 operacional	 e	 fi	nanceira.	 Os	 fl	uxos	 operacionais	 envolvem	 todos	 os	
gastos relacionados com a produção e comercialização dos bens 
e	 serviços	 da	 empresa.	 Os	 fl	uxos	 de	 investimentos	 envolvem	 a	
aquisição e venda de ativos que serão utilizados na produção de 
bens ou serviços, a concessão e o recebimento de empréstimos, 
as	 movimentações	 relativas	 às	 aplicações	 fi	nanceiras	 e	 as	
participações em outras empresas.
Os fl uxos 
operacionais 
envolvem todos os 
gastos relacionados 
com a produção e 
comercialização dos 
bens e serviços da 
empresa.
69
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
As entradas de atividades de investimentos envolvem o recebimento de 
empréstimos	concedidos,	o	recebimento	por	resgate	de	aplicações	fi	nanceiras,	o	
recebimento	por	vendas	de	participações	acionárias	em	outras	empresas,	entre	
outros.
As saídas de atividades de investimentos envolvem situações, como o 
desembolso por concessão de empréstimos, o pagamento para aquisição de 
títulos	 fi	nanceiros	 e	 o	 pagamento	 para	 aquisiçãode	 participação	 acionária	 em	
outras empresas.
Os	fl	uxos	de	fi	nanciamento	equalizam	o	somatório	dos	demais	fl	uxos,	pois	
quando	há	sobras	de	recursos,	existe	saída	para	aplicação	e	quando	há	falta	de	
caixa, existe resgate de investimento ou mesmo captação de recursos.
4.2.4 Métodos para a elaboração da 
demonstração	dos	fl	uxos	de	caixa	
• Método direto
Este método possibilita a geração de informações a partir de critérios 
técnicos	e	sem	 interferência	da	 legislação	fi	scal.	Por	 isso	é	possível	buscar	os	
registros	diretos	das	operações	da	empresa	para	compor	o	fl	uxo	de	caixa.	Sua	
função	 principal	 é	 classifi	car	 os	 recebimentos	 e	 pagamentos	 de	 uma	 empresa	
com a utilização das partidas dobradas. 
A	 respeito	da	demonstração	do	 fl	uxo	de	 caixa	por	este	método,	 Iudícibus,	
Martins e Gelbcke (2000, p. 355) abordam que:
O método direto explicita as entradas e saídas 
brutas de dinheiro dos principais componentes das 
atividades operacionais, como o recebimento das 
vendas de produtos e serviços e os pagamentos 
a	fornecedores	e	empregados.	O	saldo	fi	nal	das	
operações expressa o volume líquido de caixa 
provido ou consumido pelas operações durante 
um período. 
Por	 esse	 motivo,	 torna-se	 de	 fácil	 compreensão	 e	 evidência	
a movimentação do caixa com bastante clareza, disponibilizando 
O método direto 
explicita as 
entradas e saídas 
brutas de dinheiro 
dos principais 
componentes 
das atividades 
operacionais, como 
o recebimento 
das vendas de 
produtos e serviços 
e os pagamentos 
a fornecedores e 
empregados.
70
 Finanças	CorporatiVas
diariamente as informações. Isso facilita a implantação de uma cultura de 
utilização	do	fl	uxo	de	caixa	pelo	administrador.
Contudo, o método direto não possui somente vantagens, também existem 
algumas	desvantagens,	como	o	custo	adicional	para	classifi	car	os	recebimentos	
e	 pagamentos	 e	 a	 falta	 de	 experiência	 dos	 profi	ssionais	 das	 áreas	 contábil	 e	
fi	nanceira	 em	 usar	 as	 partidas	 dobradas	 para	 classifi	car	 os	 recebimentos	 e	
pagamentos.	Esse	fl	uxo	de	caixa	pelo	método	direto	é	igualmente	aplicado	como	
o método indireto, porém este atribui maior coleta de dados em relação ao método 
indireto,	ou	seja,	o	seu	custo	de	elaboração	é	maior	e	possui	a	mesma	fi	nalidade	
de	gestão	que	o	fl	uxo	de	caixa	pelo	método	indireto.	
QUADRO 4 – MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DO 
FLUXO DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETO
Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Recebimentos de clientes 
Pagamentos a fornecedores e empregados 
Caixa gerado pelas operações
Juros	pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
Fluxos de caixa das atividades de investimento
Compra de ativo imobilizado
Recebido pela venda de imobilizado
Juros	recebidos
Dividendos recebidos
Caixa líquido usado nas atividades de investimento
Fluxos de caixa das atividades de fi nanciamento
Recebido pela emissão de ações
Recebido por empréstimo a longo prazo
Pagamento de passivo por lease
Dividendos pagos*
71
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
Caixa líquido usado nas atividades de fi nanciamento
Aumento líquido ao caixa e equivalentes de caixa
Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa ao fi m do período
(*)	Esse	valor	também	pode	ser	apresentado	no	fl	uxo	de	caixa	das	atividades	
operacionais.
FONTE: O autor
• Método indireto
O	 método	 indireto	 é	 utilizado	 nas	 circunstâncias	 em	 que	 as	 empresas	
relatam	 as	 informações	 do	 fl	uxo	 de	 caixa	 líquido	 das	 atividades	 operacionais	
indiretamente.	Nesse	 caso,	 ajusta-se	 o	 lucro	 líquido	 para	 reconciliá-lo	 ao	 fl	uxo	
de caixa das atividades operacionais e se eliminam os efeitos de todos os 
deferimentos e pagamentos operacionais passados e de todas as provisões 
de recebimentos e pagamentos operacionais futuros, além de todos os itens 
que são incluídos no lucro líquido que não afetam recebimentos e pagamentos 
operacionais.
Este método apresenta um custo baixo pelo fato de necessitar apenas 
da utilização de algumas informações obtidas na contabilidade, dos balanços 
patrimoniais	do	início	e	do	fi	nal	do	período	e	da	demonstração	de	resultados.	Além	
disso,	possibilita	a	conciliação	do	lucro	contábil	com	o	fl	uxo	de	caixa	operacional	
líquido e mostra como se compõe a diferença.
Sua	 desvantagem	 é	 que	 não	 elimina	 todas	 as	 distorções	 quando	 há	
interferência	da	legislação	fi	scal.	Além	disso,	a	transformação	do	fl	uxo	de	caixa	do	
regime de competência para o regime de caixa pode gerar distorções no resultado 
do caixa operacional por causa de operações realizadas pelo caixa efetivo, se 
esta transformação for realizada apenas uma vez por ano.
72
 Finanças	CorporatiVas
QUADRO 5 – MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO 
DE CAIXA PELO MÉTODO INDIRETO
Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição social
Ajuste	por:
Depreciação
Perda cambial
Renda de investimentos
Despesas	de	juros
Aumento nas contas a receber de clientes e outros
Diminuição nos estoques
Diminuição em contas a pagar - fornecedores
Caixa proveniente das operações
Juros	pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
Fluxos de caixa das atividades de investimento
Compra de ativo imobilizado
Recebido pela venda de equipamento
Juros	recebidos
Dividendos recebidos
Caixa líquido usado nas atividades de investimento
Fluxos de caixa das atividades de fi nanciamento
Recebido pela emissão de ações
Recebido por empréstimo a longo prazo
Pagamento de passivo por lease
Dividendos pagos*
73
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
1 A DVA (Demonstração do Valor Adicionado) é um demonstrativo 
utilizado	com	o	objetivo	de	mensurar	a	geração	e	a	distribuição	
da riqueza gerada pela empresa. Quais são os conceitos 
macroeconômicos	aos	quais	está	fundamentada	a	DVA?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.
2 Qual é a desvantagem na elaboração da DFC 
(Demonstração do Fluxo de Caixa) pelo método indireto?
R.:_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
Caixa líquido usado nas atividades de fi nanciamento
Aumento líquido ao caixa e equivalentes de caixa
Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa ao fi m do período
(*)	Esse	valor	também	pode	ser	apresentado	no	fl	uxo	de	caixa	das	atividades	
operacionais.
FONTE: O autor
Observe	 que	 os	 dois	 métodos	 apresentam	 as	 informações	 contábeis	 do	
Fluxo de Caixa da empresa de forma diferente.
O Fluxo de Caixa pelo método direto inicia-se pela apuração do caixa gerado 
pelas cobranças das duplicatas dos clientes da empresa, e o Fluxo de Caixa pelo 
método	indireto	inicia	pela	apuração	do	lucro	líquido	ou	prejuízo	do	exercício	e	se	
torna uma ferramenta de uso gerencial bem interessante, pois pode-se apurar o 
caixa operacional a partir do resultado da empresa.
74
 Finanças	CorporatiVas
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
____________________________.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Com	 isso,	 fi	nalizamos	 o	 Capítulo	 1.	 Nesse	 capítulo,	 você	 conheceu	 a	
composição das contas patrimoniais da empresa, como o Ativo, o Passivo e o 
Patrimônio Líquido, e as contas do resultado, como as Receitas e as Despesas. 
A	partir	disso,	foi	possível	estudar	a	escrituração	contábil,os	fundamentos	de	um	
bom	sistema	contábil	para	uso	na	empresa	e	suas	premissas	e	contribuição	como	
fonte de informação para os gestores.
Por	fi	m,	foram	apresentados	alguns	demonstrativos	contábeis	utilizados	nas	
empresas, sua forma e apresentação para facilitar o seu uso e aplicação pelos 
gestores	para	tomarem	as	decisões	necessárias	ao	melhor	resultado	econômico	
das empresas. 
REFERÊNCIAS
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75
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
BRASIL. Resolução CFC nº 1.121, de 28 de março de 2008. Aprova a NBC T 
1 - Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações 
Contábeis.	2008b.	Disponível	em:	http://www.normaslegais.com.br/legislacao/
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RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral fácil. 5. ed. ampl. e atual. São Paulo: 
Saraiva, 2009.
SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações 
contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
77
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1 
STAIR, R. M. Princípios de sistemas de informação: uma abordagem 
gerencial.	Rio	de	Janeiro:	LTC,	1998.	
STICKNEY, C. P.; WEIL, R. L. Contabilidade fi nanceira: uma introdução aos 
conceitos,	métodos	e	usos.	Trad.	de	José	Evaristo	dos	Santos.	São	Paulo:	Atlas,	
2001.
78
 Finanças	CorporatiVas
CAPÍTULO 2
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
•		 Saber	 qual	 é	 a	 relação	da	economia	e	mercado	 com	a	 função	 fi	nanceira	 da	
empresa.
•	 Aplicar	 os	 conhecimentos	 dos	 cálculos	 fi	nanceiros	 para	 as	 decisões	 de	
investimentos	e	fi	nanciamentos	na	empresa.
•	 Conhecer	 de	 que	 forma	 a	 empresa	 realiza	 os	 investimentos	 em	 projetos	 de	
renovação e expansão. 
•	 Elaborar	estudos	práticos	com	cálculos	na	HP	12C	para	aplicar	as	decisões	de	
fi	nanciamentos	e	investimentos	na	empresa.
•	 Analisar	projetos	com	aplicação	das	ferramentas	de	Análise	do	Valor	Presente	
Líquido.
• Avaliar a melhor opção em compras de insumos utilizando a metodologia do 
PV	–	Valor	Presente	da	Matemática	Financeira.
•	 Analisar	projetos	com	aplicação	das	ferramentas	de	Análise	da	Taxa	Interna	de	
Retorno.
•	 Compreender	a	melhor	decisão	na	escolha	entre	dois	projetos	de	investimentos	
da empresa.
80
 Finanças	CorporatiVas
81
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O	 papel	 do	 administrador	 fi	nanceiro	 é	 prover	 oportunidades	 para	 que	 a	
empresa	alcance	os	melhores	resultados	na	gestão	dos	seus	ativos	fi	nanceiros.
Neste	 sentido,	 é	 primordial	 que	 o	 gestor	 fi	nanceiro,	 além	 de	 utilizar	 as	
informações	contábeis,	que	foram	estudadas	no	Capítulo	1	deste	livro	de	estudos,	
busque	aprimorar	e	aplicar	os	seus	conhecimentos	especifi	camente	na	área	de	
fi	nanças.	Por	isso,	apresentaremos	a	você	as	principais	funções	do	administrador	
fi	nanceiro	e	sua	relação	com	a	contabilidade,	com	a	economia	e	com	o	mercado.
Assim,	a	importância	da	disciplina	Finanças	Corporativas	está	na	necessidade	
de	 aperfeiçoar	 e	 atualizar	 constantemente	 as	 empresas	 e	 os	 profi	ssionais	
envolvidos	 na	 gestão	 fi	nanceira	 no	 que	 diz	 respeito	 às	 informações	 cruciais	
sobre o mundo dos negócios. As empresas podem ser vistas como sistemas 
globalizados,	cujos	propósitos	se	vinculam	à	interação	de	mercados	nacionais	e	
internacionais na busca da otimização de resultados econômicos. Tal observação 
nos leva a entender os motivos pelos quais esse estudo é recomendado no 
trabalho empresarial.
Para	 tanto,	 há	 a	 necessidade	 de	 aprimorar	 seus	 conhecimentos	 sobre	 o	
cálculo	da	infl	ação,	bem	como	sua	aplicação	e	impacto	no	resultado	da	empresa.	
É	 fundamental	 conhecer	 o	 mecanismo	 do	 cálculo	 da	 infl	ação	 por	 causa	 da	
desvalorização da moeda nacional ao longo do tempo. Os valores investidos na 
empresa	 sofrem	 a	 desvalorização	 e	 tornam	 necessário	 o	 reajuste	 do	 preço	 de	
vendas dos produtos.
Uma	das	ferramentas	é	a	aplicação	dos	conceitos	da	matemática	fi	nanceira.	
Além da apuração do custo do dinheiro no tempo, apresentaremos neste capítulo 
as vantagens de se conhecer essa ferramenta na negociação das compras das 
matérias-primas.	Confi	ra,	é	muito	interessante.
Ao	 fi	nal,	 ainda	 com	 a	 utilização	 da	matemática	 fi	nanceira,	 estudaremos	 o	
comportamento	dos	projetos	de	investimento	e	sua	aplicação	para	compreendero comportamento da Taxa Interna de Retorno (TIR) no Valor Presente Líquido 
(VPL).
82
 Finanças	CorporatiVas
2 ORGANIZAÇÃO DA FUNÇÃO 
FINANCEIRA
Muitas vezes nos questionamos sobre o que representam as 
Finanças e qual sua relação com as atividades das empresas, ou 
das	pessoas,	uma	vez	que	esta	área	envolve	a	gestão	dos	recursos	
fi	nanceiros.
Para as empresas, as Finanças possuem relação com a 
estrutura do capital investido, e se esse capital investido gera 
o	 retorno	 desejado.	 A	 análise	 do	 retorno	 desejado	 nesses	
investimentos	dá-se	com	a	aplicação	de	ferramentas	de	avaliação,	como	Payback	
Descontado, Taxa Interna de Retorno, entre outras ferramentas.
As decisões de investimentos são as ações realizadas na escolha da melhor 
alternativa para a aplicação dos recursos disponíveis, tanto no ambiente interno 
quanto	no	externo	da	organização,	objetivando	benefícios	fi	nanceiros	futuros,	já	
considerando	a	análise	de	risco	e	retorno.
Portanto,	 Finanças	 é	 uma	 área	 em	que	 se	 necessita	 de	 conhecimentos	 e	
práticas	 das	 pessoas	 envolvidas	 com	 essas	 atividades,	 que	 contribuem	 para	
agregar valor ao capital investido. Contudo, é importante sempre estar alerta para 
que	a	busca	pela	excelência	nos	resultados	econômicos	seja	sempre	cumprida	
com	respeito	à	ética	empresarial.
Ross,	Westerfi	eld	e	 Jordan	 (2002,	p.	 23)	 corroboram	que	 “na	 terminologia	
das	fi	nanças,	ao	se	fazer	investimento	em	ativos,	tais	como	estoques,	máquinas,	
instalações e mão de obra, o montante de dinheiro aplicado em ativos deve ser 
contrabalançado	por	um	montante	equivalente	em	termos	de	fi	nanciamento”.
Isso	 signifi	ca	 que	 as	 origens	 dos	 recursos	 fi	nanceiros	 necessários	 para	
investimentos podem advir dos recursos dos sócios sob a forma de Capital Social 
(Capital	Próprio)	ou	de	empréstimos	e	fi	nanciamentos,	como	Capital	de	Terceiros.
Dando	continuidade,	Gropelli	e	Nikbakht	(2005,	p.	3-4)	afi	rmam	que:
Finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos 
e	 fi	nanceiros	 para	 maximizar	 a	 riqueza	 ou	 o	 valor	 total	 de	
um	negócio.	Mais	especifi	camente,	ao	usar	o	valor	presente	
líquido	 (fl	uxo	 de	 caixa	 futuro,	 descontado	 o	 valor	 presente	
Para as empresas, 
as Finanças 
possuem relação 
com a estrutura do 
capital investido, 
e se esse capital 
investido gera o 
retorno desejado.
83
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
menos os custos originais) para medir a rentabilidade, 
uma	 empresa	 maximiza	 a	 riqueza	 investindo	 em	 projetos	 e	
adquirindo	 ativos	 cujos	 retornos	 combinados	 produzem	 os	
lucros mais altos possíveis com menores riscos. Na realidade, 
ninguém	realmente	sabe	quando	a	riqueza	máxima	é	atingida,	
embora	ela	seja	entendida	como	a	meta	fi	nal	de	toda	empresa.	
Uma maneira de descobrir a riqueza de uma empresa é por 
intermédio	do	preço	de	sua	ação	ordinária.	
Podemos	 compreender	 que	 a	 gestão	 das	 fi	nanças	 nas	 empresas	 envolve	
um	conjunto	de	conhecimentos	voltados	para	otimizar	os	valores	investidos	nas	
empresas.	 Com	 isso,	 buscou-se	 a	 contribuição	 de	 Ross,	Westerfi	eld	 e	 Jordan	
(2002, p. 23), que reforçam essa ideia:
Imaginemos que você decida montar uma empresa para 
fabricar	bolas	de	tênis.	Para	esse	fi	m,	contrata	gerentes	para	
adquirir matéria-prima e organiza um grupo de empregados 
para produzir e vender as bolas de tênis. Na terminologia de 
fi	nanças,	 faz	 investimento	 em	 ativos,	 tais	 como	 estoques,	
máquinas,	instalações	e	mão	de	obra.	O	montante	de	dinheiro	
aplicado em ativos deve ser contrabalançado por um montante 
equivalente	em	termos	de	fi	nanciamento.	Ao	começar	a	vender	
bolas	de	 tênis,	sua	empresa	estará	gerando	caixa.	Essa	é	a	
base	da	criação	de	valor.	A	fi	nalidade	da	empresa	é	criar	valor	
para	você,	seu	proprietário.	O	valor	está	refl	etido	no	arcabouço	
do modelo simples de balanço patrimonial da empresa. 
É	 perfeitamente	 notório	 que	 a	 essência	 dos	 estudos	 das	 fi	nanças	 nas	
empresas	 está	 unicamente	 relacionada	 com	 o	 objetivo	 de	 gerar	 riqueza	 em	
relação ao valor investido. Em outras palavras, em Finanças nas empresas, o 
objetivo	é	gerar	caixa	e	aumentar	a	riqueza	do	investidor,	pois	ao	se	investir	em	
um mercado capitalista, o foco é o aumento no retorno de investimentos.
2.1 RELAÇÃO COM A ECONOMIA
Os	estudos	da	área	de	fi	nanças	estão	profundamente	 interligados	com	os	
estudos da economia. Dessa forma, o estudo da economia, os movimentos dos 
mercados	 internacionais	 e	 a	 política	 econômica	 de	 vários	 países	 são	 fatores	
fundamentais	para	que	o	gestor	fi	nanceiro	possa	pautar	as	suas	decisões.	
O mercado de commodities, por exemplo, tem profunda 
infl	uência	na	economia	e	nas	empresas.	Um	exemplo	de	commodities	
que tem impacto direto nos resultados das empresas é o petróleo, 
que	é	cotado	no	mercado	internacional	e	seu	valor	refl	ete	na	bomba	
de combustível, que, por sua vez, tem impacto no valor do frete de 
transporte de produtos, do transporte coletivo urbano, interurbano e 
interestadual, entre outros. 
O mercado de 
commodities, por 
exemplo, tem 
profunda infl uência 
na economia e nas 
empresas. 
84
 Finanças	CorporatiVas
O	valor	de	R$	500,00	que	representa	um	aumento	nos	gastos	
realizados para a entrega do produto ao cliente inicialmente era de 
0,50%	 (R$	 500,00	 /	 R$	 100.000,00)	 e	 aumentou	 para	 1,00%	 (R$	
1.000,00	 /	 R$	 100.000,00).	 Esse	mesmo	 valor	 do	 gasto	 com	 frete	
em	relação	ao	valor	do	lucro,	que	antes	era	de	2,56%	(R$	500,00	/	
R$	19.500,00),	agora	mais	que	dobrou	o	gasto	com	frete	em	relação	
ao	novo	valor	do	 lucro	gerado,	passando	para	5,26%	(R$	1.000,00	
/	 R$	 19.000,00).	 Faça	 as	 contas,	 fi	ca	 o	 desafi	o.	 Isso	 ocorre	 pela	
proporcionalidade inversa do lucro ser menor que o valor gasto do 
frete,	se	compararmos	o	valor	gasto	do	frete	em	relação	às	vendas.	
O	 valor	 das	 vendas	 está	 inalterado	 de	 um	 cenário	 para	 outro,	 e	 o	
valor	do	lucro	reduz	de	um	cenário	para	outro.
O	motivo	é	bem	simples,	como	o	valor	do	custo	do	 frete	está	diretamente	
relacionado com o valor do produto posto no cliente, isso representa um impacto 
na margem de lucro gerado na venda do produto.
O	equilíbrio	para	essa	disparidade	entre	 receita	e	 custo	está	no	ajuste	de	
preços dos produtos da empresa (aumento dos preços), visto que geralmente 
as empresas não absorvem os impactos dos custos dos produtos e serviços 
controlados pelo mercado. Em Economia, isso se chama Paridade do Poder 
de Compra, pois as variações cambiais nos commodities exercem impacto nos 
preços de vendas no mercado internacional.
Vejamos	 um	 exemplo:	 o	 valor	 da	 venda	 é	 de	 R$	 100.000,00,	 os	 custos	
da	 produção	 são	 de	 R$	 65.000,00	 e	 as	 despesas	 gerais	 e	 administrativas	
representam	o	valor	de	R$	15.000,00.	Por	sua	vez,	o	valor	gasto	na	entrega	do	
produto	ao	cliente	é	de	R$	500,00,	 logo,	o	 lucro	da	venda	é	de	R$	19.500,00.	
No	entanto,	se	houver	uma	majoração	do	valor	do	 frete	de	R$	500,00	para	R$	
1.000,00,	o	valor	do	lucro	reduz	para	R$	19.000,00.	
Por	 isso,	 o	 administrador	 fi	nanceiro	 deve	 conhecer	 economia,	 custos,	
fi	nanças,	 contabilidade	 e	 inúmeras	 outras	 áreas	 para	 que	 possa	 criar	 novos	
cenários	e	assim	tomar	decisões	mais	efi	cazes	para	o	bom	desenvolvimento	da	
empresa e melhor lucratividade.
Vejamos!	Como	fazer	com	que	esse	valor	do	frete,	que	sofreu	alteração	pelo	
valor do petróleo negociado no mercado internacional, não tenha tanto impacto 
85
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Você	deve	se	perguntar	se	há	valores	que	não	são	contabilizados	
e	que	podem	exercer	infl	uência	signifi	cativa	nas	decisões	do	gestor	
fi	nanceiro.	 Sim.	 Por	 exemplo,	 a	 perspectiva	 do	 aumento	 da	 taxa	
cambial	do	dólar	futuro,	se	a	empresa	importa	70%	de	toda	a	matéria-
prima para a produção.
Essas previsões podem estar registradas no Orçamento 
Empresarial, mas não na Contabilidade, pois a Contabilidade 
registra	eventospassados.	Por	esse	motivo,	o	gestor	fi	nanceiro	deve	
conhecer inclusive a Controladoria e o Orçamento Empresarial.
no	resultado	da	empresa?	Vamos	conhecer	as	relações	da	área	de	fi	nanças	com	
o mercado, cliente, preço e qualidade. Temos de avaliar o poder de decisões do 
gestor	fi	nanceiro,	que	também	exercerá	infl	uência	na	negociação	das	compras	e	
na	negociação	das	venda	com	sugestões	de	taxas	de	juros	a	serem	negociadas,	
entre outras.
2.2 RELAÇÃO COM A CONTABILIDADE
O	administrador	 fi	nanceiro	 sempre	deve	 tomar	as	decisões	 com	base	nas	
informações geradas pela contabilidade. Não existe outra ferramenta a não ser 
o	Balanço	Patrimonial,	que	permite	identifi	car	a	estrutura	patrimonial	e	fi	nanceira	
da empresa, a Demonstração do Resultado do Exercício, que permite apurar o 
resultado	econômico	da	empresa,	e	os	demonstrativos	contábeis	complementares	
que a contabilidade fornece, como a DVA (Demonstração do Valor Adicionado), 
que	 permite	 identifi	car	 a	 riqueza	 gerada	 e	 aplicada	 pela	 empresa,	 e	 a	 DFC	
(Demonstração	 do	 Fluxo	 de	 Caixa),	 que	 permite	 identifi	car	 o	 valor	 do	 caixa	
operacional gerado pela empresa.
Isso pode gerar um equívoco em compreender o campo de atuação do gestor 
fi	nanceiro?	 Precisamos	 ter	 esse	 cuidado,	 enquanto	 o	 contador	 evidencia	 fatos	
passados,	também	deverá	ajudar	o	gestor	fi	nanceiro	nas	previsões	orçamentárias	
de	acordo	com	o	orçamento	de	 tendências	 (que	é	a	análise	da	ocorrência	dos	
resultados	anteriores	que	potencialmente	podem	exercer	infl	uência	nas	previsões	
futuras).
Na visão de Groppelli e Nikbakht (2005, p. 13):
86
 Finanças	CorporatiVas
Administradores	 fi	nanceiros	 empregam	 os	 contadores	
para	 preparar	 os	 demonstrativos	 fi	nanceiros	 que	 fornecem	
informações sobre a lucratividade – Demonstrativo do 
Resultado	 do	 Exercício	 –	 e	 sobre	 a	 posição	 fi	nanceira	 da	
empresa	–	Balanço	Patrimonial.	Já	o	Demonstrativo	de	Fluxo	
de	Caixa	é	um	relatório	que	fornece	uma	análise	detalhada	da	
maneira como o caixa foi gerado e indica como foi utilizado na 
condução de cada fase do negócio. Como consequência, esse 
demonstrativo fornece outra ferramenta importante para os 
administradores que procuram controlar e entender os fatores 
externos	e	as	políticas	 internas	que	 infl	uenciam	os	fl	uxos	de	
caixa da empresa.
Isso	signifi	ca	que	é	o	contador	que	deverá	gerar	as	 informações	para	que	
o	gestor	 fi	nanceiro	possa	executar	os	diversos	 cenários	possíveis	que	possam	
infl	uenciar	 as	 atividades	 da	 empresa,	 interpretando	 e	 prospectando	 esses	
cenários.	É	possível	afi	rmar	que	a	área	da	Contabilidade	e	a	área	das	Finanças	
sempre	devem	trabalhar	juntas.
2.3 FUNÇÕES DO GERENTE 
FINANCEIRO
A macroeconomia e os fatores macroambientais afetam todas as empresas e 
não	especifi	camente	uma	ou	outra	em	especial.	
Os	 fatores	 microambientais	 estão	 sujeitos	 às	 atividades	 internas	 da	
empresa, por exemplo, contratos de pessoal, processos administrativos e 
de produção, políticas de marketing, entre outros. Neste ambiente, o gestor 
fi	nanceiro	possui	controle	das	ações	e	encontrará	os	potenciais	e	fragilidades	que	
poderão	benefi	ciar	ou	prejudicar	os	negócios	da	empresa.	Por	sua	vez,	os	fatores	
macroambientais da empresa estão relacionados com o mercado externo, por 
exemplo,	a	política	tributária	e	econômica	em	que	a	empresa	está	sujeita	e	não	
possui controle sobre essas ações.
Por	isso,	não	adianta	o	gestor	fi	nanceiro	deixar	de	admitir	eventuais	fracassos	
nas suas decisões, uma vez que surgem situações novas que podem ocorrer sem 
que	a	empresa	ou	a	pessoa	no	papel	do	gestor	fi	nanceiro	possa	ter	gerência.
A	 Contabilidade	 Gerencial	 engloba	 a	 contabilidade	 fi	nanceira,	 aliada	 com	
cálculos	 da	 previsão	 dos	 custos	 e	 ponto	 de	 equilíbrio,	 para	 que	 os	 gestores	
possam tomar decisões com base em números que estão além da contabilidade 
tradicional. Por exemplo, o lucro gerado por região onde a empresa possui 
negócios.	 A	 informação	 do	 lucro	 está	 na	 DRE	 (Demonstração	 do	 Resultado	
do Exercício) e deve ser distribuído de acordo com a região. Esta é única e 
87
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
exclusivamente para o uso interno da diretoria ou gerência.
A	 Contabilidade	 Financeira	 é	 elaborada	 para	 os	 usuários	 externos	 e	 os	
relatórios são elaborados e dispostos de acordo com a legislação em vigor.
Uma	greve	de	alguma	categoria	profi	ssional	ou	uma	pandemia	gerada	por	
algum	 tipo	 de	 contágio	 que	 afeta	 a	 saúde	 pública	 e	 necessite	 isolar	 ou	 fechar	
fronteiras,	 não	 está	 sob	 a	 alçada	 dos	 gestores	 das	 empresas.	 Nestes	 casos,	
muitas	decisões	são	provocadas	pelos	governantes	públicos	com	o	objetivo	de	
evitar	 ao	 máximo	 consequências	 danosas	 na	 saúde	 das	 pessoas	 e	 preservar	
vidas. No entanto, estas decisões podem provocar impactos na economia e na 
saúde	fi	nanceira	da	empresa.
Como contornar isso? Possivelmente, com a manutenção das 
reservas	fi	nanceiras	ao	longo	do	tempo.	Outros	fatores,	como	novas	
tecnologias para o controle e gestão da produção, logística, custos 
de transporte e armazenagem, custos dos produtos, podem gerar 
diferenciais nos resultados das empresas.
Hoji	(2000,	p.	25)	reforça	que	“a	administração	fi	nanceira	dentro	
de uma empresa é exercida por pessoas ou grupo de pessoas que 
podem ter diferentes denominações, como: vice-presidente de 
fi	nanças,	diretor	fi	nanceiro,	controller	e	gerente	fi	nanceiro”.	
2.3.1	Meta	do	gerente	fi	nanceiro
Uma	 das	 principais	 metas	 do	 gestor	 fi	nanceiro	 com	 relação	 ao	 controle	
fi	nanceiro	 está	 em	 avaliar	 a	 necessidade	 da	 captação	 de	 novos	 recursos	
fi	nanceiros	 frente	às	 variações	dos	custos	da	produção	da	empresa,	 impactos,	
como	a	variação	do	preço	do	barril	de	petróleo	ou	da	taxa	de	câmbio.	A	margem	de	
lucro	poderá	ser	afetada	por	esses	fatores,	assim	como	decisões	governamentais	
com alterações nas alíquotas dos impostos ou encargos trabalhistas.
Utilizando	como	exemplo	os	impostos	das	vendas,	esses	são	variáveis	e	se	
o	governo	decidir	aumentar	as	alíquotas	dos	impostos,	haverá	menor	margem	de	
lucro gerado, pois nem sempre é possível uma empresa aumentar os preços de 
vendas.	No	caso	contrário,	a	empresa	terá	maior	sobra	no	lucro	do	produto	e	o	
aumento	na	lucratividade	da	empresa	se	tornará	melhor.	
Outro	 aspecto	 importante	 é	 a	 análise	 do	mercado	 que	 o	 gestor	 fi	nanceiro	
deve	 realizar,	 pois	 em	 vários	 momentos	 a	 concorrência	 poderá	 infl	uenciar	
na	 determinação	 dos	 preços	 dos	 produtos	 na	 sua	 empresa,	 e	 também	afetará	
Outros fatores, 
como novas 
tecnologias para o 
controle e gestão da 
produção, logística, 
custos de transporte 
e armazenagem, 
custos dos produtos, 
podem gerar 
diferenciais nos 
resultados das 
empresas.
88
 Finanças	CorporatiVas
a	 margem	 da	 lucratividade	 da	 empresa.	 O	 gestor	 fi	nanceiro,	 com	 os	 demais	
membros	da	equipe	da	direção	da	empresa,	deverá	saber	o	que	o	cliente	deseja	
encontrar, se é meramente o preço ou a qualidade do produto.
O	que	não	pode	ocorrer	é	pensar	que	todo	o	conhecimento	adquirido	junto	ao	
cliente	seja	o	sufi	ciente	para	criar	um	cenário.	Isso	não	é	verdade,	as	reações	e	
as emoções das pessoas alteram a cada momento, e, nesse caso, a experiência 
adquirida	no	passado	ajuda,	mas	não	substitui	a	necessidade	em	acompanhar	as	
mudanças no comportamento do consumidor.
O	gestor	 fi	nanceiro	 deve	 ter	 o	 preparo	 sufi	ciente	 em	um	 campo	 chamado	
“negociação”,	pois	o	 relacionamento	com	as	 instituições	fi	nanceiras	deve	ser	o	
mais próximo possível, mas sempre preparado em negociar as melhores linhas 
de	crédito	para	a	empresa,	objetivando	reduzir	ao	máximo	o	impacto	dos	gastos	
de	fi	nanciamento	no	resultado	da	empresa.
O	gestor	fi	nanceiro	deve	ter	conhecimento	sobre	o	risco	fi	nanceiro.	Em	muitos	
casos,	as	alterações	das	taxas	básicas	de	juros	podem	infl	uenciar	decisões,	que	
envolvem	decidir	entremanter	uma	reserva	fi	nanceira	emergencial,	mesmo	que	a	
rentabilidade	não	seja	interessante,	ou	investir	na	produção	da	empresa.
Outro	 aspecto	 que	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 deverá	 conhecer,	 mas	 não	
necessariamente	dominar,	é	o	planejamento	tributário,	pois	junto	ao	seu	contador,	
deverá	compreender	qual	é	o	melhor	enquadramento	 tributário	da	empresa,	se	
é o Lucro Real ou o Lucro Presumido, em função da opção limitada ao teto do 
faturamento anual. 
Acesse o seguinte link e avalie os tipos de enquadramento 
tributário	para	fi	ns	de	conhecimento.	Para	maiores	detalhes,	converse	
com o seu contador. Disponível em: http://www.portaltributario.com.
br/noticias/lucroreal_presumido.htm. 
Cada	 tipo	 de	 enquadramento	 tributário	 possui	 diferentes	 alíquotas	 e	
condições	para	o	crédito	 tributário	nas	compras	das	matérias-primas	e	o	débito	
tributário	nas	vendas	dos	produtos.
89
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
2.3.2 Maximizar a riqueza do acionista
O que se espera do ‘valor percebido’ para o cliente é a satisfação 
que determinado produto ou serviço tenha proporcionado com relação 
a quanto o cliente pagou por ele.
Frequentemente, pensamos que o preço do produto mais barato 
irá	satisfazer	as	necessidades	do	cliente.	Isso	nem	sempre	é	possível,	
pois as necessidades e o poder aquisitivo das pessoas são totalmente 
diferentes.
Talvez possamos relacionar com a tomada de preços, muito 
utilizada em processo de licitação de obras ou serviços públicos, mas pode muito 
bem	 se	 adequar	 à	 iniciativa	 privada.	 Realizar	 cotações	 é	 interessante,	 porém,	
deve-se	atribuir	o	conceito	de	“custo“	pelo	retorno	da	qualidade	gerada.
Se	o	cliente	necessita	do	conserto	de	um	encanamento	e	paga	R$	50,00	a	
valores atuais e logo estragou, esse serviço tornou-se extremamente caro para o 
cliente, não pelo valor desembolsado apenas, mas por todo o novo transtorno em 
reservar tempo, limpeza e falta de oportunidade para desenvolver o trabalho em 
decorrência do aguardo da disponibilidade do serviço do encanador.
Outrossim,	 se	 o	 serviço	 realizado	 por	 outros	 profi	ssionais	 tivesse	 sido	
cobrado	 por	 R$	 150,00	 e	 não	 tivesse	 ocorrido	 nenhum	 problema	 posterior,	
signifi	ca	que	o	valor	agregado	ao	cliente	superou	 todas	as	suas	expectativas	e	
a margem de lucro da empresa potencialmente pode ser maior. Geralmente isso 
ocorre, o tipo e o valor dos materiais utilizados podem ser os mesmos, mas a 
técnica	na	execução	do	serviço	por	esses	profi	ssionais	é	diferente.
O	valor	que	pode	ser	aceitável	passa	por	alguns	 fatores,	como	a	base	de	
experiência do cliente com determinado setor do mercado e com as mercadorias 
(o cliente sabe o que quer em termos de qualidade, preço e tecnologia).
Os	 gestores	 das	 empresas,	 inclusive	 o	 gestor	 fi	nanceiro,	 possuem	 várias	
difi	culdades	 ao	 fi	xar	 metas	 para	 a	 empresa	 como	 um	 todo.	 Isso	 é	 motivado	
fundamentalmente	por	infl	uência	do	marketing,	que	provoca	as	rápidas	mudanças	
e necessidades dos clientes.
Sistemas	 contábeis	mais	 sofi	sticados	 requerem	plataformas	 robustas	 para	
que	possam	funcionar.	Por	exemplo:	na	 internet,	atualmente,	usa-se	fi	bra	ótica,	
tecnologia 5G, entre outras tecnologias. 
O que se espera 
do ‘valor percebido’ 
para o cliente é 
a satisfação que 
determinado produto 
ou serviço tenha 
proporcionado com 
relação a quanto o 
cliente pagou por 
ele.
90
 Finanças	CorporatiVas
1		 Os	estudos	da	área	de	fi	nanças	estão	interligados	com	os	estudos	
da economia? 
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_______________________.
2 No caso de uma grave crise no mercado, gerada por alguma 
pandemia ou restrições de mercado, os gestores se veem 
envolvidos	com	difíceis	cenários	para	a	geração	do	caixa.	Para	
evitar o aumento do endividamento é salutar tomar algumas 
providências ao longo do tempo. Como contornar isso? 
R.:____________________________________________________
___________________________________________________.
Quanto custa atualizar os sistemas? Esse valor é compensado ao longo 
do	tempo	de	uso?	Há	a	necessidade	de	atualização	constante?	Essas	e	outras	
indagações	 infl	uenciam	 diretamente	 as	 decisões	 do	 gestor	 fi	nanceiro,	 que	 não	
conseguirá	ser	um	verdadeiro	expert	em	 todas	as	áreas	do	conhecimento.	Por	
isso,	 esse	 profi	ssional	 precisa	 conversar	 com	 todos	 os	 níveis	 da	 direção	 da	
empresa.
3 CÁLCULOS FINANCEIROS
Um	 dos	 principais	 “vilões”	 da	 economia	 e	 principalmente	 das	 fi	nanças	 é	
a	 infl	ação.	 Por	 isso,	 estudaremos	 alguns	 aspectos	 conceituais	 e	 um	 modelo	
conceitual	para	a	apuração	da	infl	ação	interna	da	empresa.	É	uma	proposta	real	e	
aplicável,	pois	o	índice	ofi	cial	da	infl	ação	divulgado	pelo	Banco	Central	nem	sempre	
está	de	acordo	com	a	realidade	da	empresa.	Assim,	o	modelo	apresentado	neste	
livro	contribuirá	para	as	projeções	fi	nanceiras	futuras	e	oportunizará	reajustes	dos	
preços sugeridos de vendas.
Outro	ponto	importante	está	relacionado	com	a	diferença	existente	entre	os	
prazos	negociados	junto	aos	fornecedores	e	os	prazos	de	vendas	concedidos	aos	
91
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
clientes,	que	se	tornam	relevantes	na	medida	em	que	os	valores	são	infl	uenciados	
pelo custo do dinheiro no tempo.
Isso	 signifi	ca	 que	 os	 prazos	 obtidos	 nas	 compras	 dos	 fornecedores,	 no	
pagamento	dos	salários	e	encargos	sociais	que	incidem	na	folha	de	pagamento,	
dos tributos, entre outros e os prazos para recebimento dos valores das vendas 
devem	ser	considerados	nos	cálculos	dos	preços	sugeridos	de	venda.	Com	isso,	
aumenta	a	responsabilidade	e	a	preocupação	do	gestor	fi	nanceiro	em	conhecer	
profundamente esse tema.
3.1 DEFINIÇÃO DE INFLAÇÃO
A	infl	ação	é	defi	nida	como	o	aumento	generalizado	e	constante	dos	preços	
(dos custos, dos serviços, dos produtos), resultando na perda do poder aquisitivo 
da	moeda.	É	considerada	apenas	um	fenômeno	monetário,	causada	pelas	novas	
emissões	do	papel-moeda	pelo	Banco	Central	do	país,	que	injetadas	no	sistema	
fi	nanceiro,	elevam	os	meios	de	pagamentos,	sob	a	rápida	propagação	do	efeito	
multiplicador	da	moeda	escritural.	Também	pode	ocorrer	com	o	aumento	de	défi	cit	
público.
Na	sociedade	civil,	 também	é	 forte	o	 impacto	da	 infl	ação,	pois	se	a	 renda	
das famílias reduz, estas deixarão de consumir produtos ou serviços mais caros 
e de qualidade superior e migrarão para o consumo de produtos com menor 
valor	agregado,	que	irão	satisfazer	as	necessidades	básicas.	Famílias	com	renda	
elevada conseguem administrar melhor essa situação.
Hoji	 (2000,	 p.	 55)	 afi	rma	 o	 seguinte:	 “pode-se	 defi	nir	 a	 infl	ação,	 de	 forma	
simplista, como sendo o aumento generalizado de preços, que provoca a redução 
do poder aquisitivo da moeda. Se ocorrer a redução generalizada de preços, esse 
fenômeno econômico se chama defl ação”.	Se	a	 infl	ação	provoca	o	aumento	de	
preços,	a	redução	da	infl	ação	também	pode	provocar	impacto	na	economia.	
No	Brasil,	onde	os	preços	variaram	em	torno	de	80%	ao	mês,	em	1994,	e,	
atualmente,	chegaram	a	patamares	de	menos	de	10%	ao	ano,	pode	ocasionar,	
segundo	Silva	e	Jorge	(1999,	p.	231-232):	
1.	Uma	ameaça	para	o	sistema	bancário,	em	virtude	da	perda	
dos	rendimentos	derivados	da	aplicação	fi	nanceira	dos	saldos	
de	 contas	 de	 depósitos	 à	 vista	 de	 seus	 correntistas,	 saldos	
estes não remunerados ou não corrigidos.
2. Uma oportunidade para as empresas mais competitivas, 
em virtude da maior facilidade de comparações de preços por 
parte dos consumidores, em situação de maior estabilidade de 
preços.
92
 Finanças	CorporatiVas
3. Oportunidade para vendas a prazo, em virtude de maior 
previsibilidade por parte dos demandantes.
4. Oportunidades para negócios que competem com grandes 
supermercados, diante do fatode que, sob condições de 
estabilidade de preços, os consumidores podem mudar de 
hábito,	 passando	 de	 uma	 prática	 de	 realização	 de	 grandes	
compras mensais para outras de compras amiúde. Neste 
caso,	poderão	ser	benefi	ciados	os	empreendimentos	menores,	
estrategicamente	localizados	junto	à	sua	clientela.
Infl	ação	é	o	aumento	generalizado	de	preços,	que	provoca	a	redução	
do poder aquisitivo da moeda. 
Defl	ação	é	a	redução	generalizada	de	preços.	
Estagfl	ação	 é	 a	 situação	 em	 que	 o	 produto	 nacional	 (ou	 produto	
per	 capita)	não	mantém	nível	 de	crescimento	à	altura	do	potencial	
econômico do país. 
3.2 CONSEQUÊNCIAS DA INFLAÇÃO
Os	 danos	 causados	 pela	 infl	ação	 são	 tremendamente	
devastadores	à	economia	de	uma	nação,	da	família	e	das	empresas.	
Por	 isso,	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 deve	 acompanhar	 constantemente	
os	 efeitos	 infl	acionários,	 pois	 pode	 gerar	 grandes	 impactos	 nos	
resultados da empresa. Estes impactos estão relacionados com 
a perda do poder aquisitivo da moeda, pois se a empresa atua no 
mercado	com	preços	fi	xos	de	forma	temporária,	talvez	um	ano	sem	
incorrer	nos	reajustes	dos	preços	terá	impacto	progressivo	do	custo	
da manutenção das atividades da empresa. Se os custos aumentam e a empresa 
não consegue repassar esses aumentos para os seus produtos, os gestores 
deverão	repensar	o	modelo	do	produto	ou	negócio.	Se	determinado	produto	está	
saturado	no	mercado,	não	há	como	agregar	valor	a	ele.
Segundo	 Possamai	 (2003,	 p.	 25),	 “as	 mesmas	 consequências	 atingem	
também	 as	 instituições	 cujos	 rendimentos	 são	 decorrentes	 de	 juros	 prefi	xados	
auferidos através de títulos de crédito emitidos pelo governo ou por empresas do 
setor	fi	nanceiro”.
Os danos causados 
pela infl ação são 
tremendamente 
devastadores à 
economia de uma 
nação, da família e 
das empresas. 
93
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
A	 empresa	 sofrerá	 com	 as	 distorções	 no	 mercado	 de	 crédito,	 os	 efeitos	
das	 taxas	 de	 juros	 no	 mercado	 fi	nanceiro,	 cobradas	 pelos	 bancos,	 estão	
acompanhando	as	taxas	de	infl	ação	do	país	e	se	a	empresa	não	reavaliar	a	política	
das	 cobranças	 do	 custo	 fi	nanceiro	 pelas	 vendas	 a	 prazo,	 as	 consequências	
podem ser irreversíveis.
Possamai	 (2003,	 p.	 25)	 aborda	 que	 “credores	 são	 duramente	 atingidos	 e	
os	devedores	benefi	ciados.	Quando	as	 taxas	de	 juros	passam	a	ser	negativas,	
aumentam as pressões sobre as fontes de crédito, mas estas, em contrapartida, 
não disporão de recursos ao nível da demanda”.
Outro	 impacto	 está	 relacionado	 às	 alterações	 na	 área	 de	 investimentos	
produtivos,	a	infl	ação	retira	recursos	fi	nanceiros	da	empresa	de	forma	gradativa	
e que poderiam ser aplicados em atividades produtivas. Muitas vezes esses 
recursos	fi	nanceiros	acabam	convergindo	para	fi	ns	especulativos.	
Possamai (2003, p. 25) observa que:
A	 infl	ação	 intensa	 de	 rentabilidade	 desencoraja	 o	 setor	
privado a investir em indústria de base, devido aos longos 
prazos de maturação desse tipo de empreendimento. Esses 
desvios reduzem a expansão possível de emprego e induzem 
a aplicações que possibilitem o lucro de curto prazo ou que 
protejam	o	patrimônio	pessoal,	de	que	são	exemplos	típicos	as	
transferências	imobiliárias.
A	infl	ação	tem	forte	impacto	também	no	equilíbrio	da	balança	de	pagamentos,	
pois	 a	 desvalorização	 da	 moeda	 nacional,	 a	 valorização	 da	 taxa	 de	 câmbio	
da moeda estrangeira e a necessidade de maior volume de importação de 
produtos	fazem	com	que	no	momento	do	pagamento	das	operações	de	câmbio,	
o desembolso se torne muito maior. A consequência pode impactar no nível do 
emprego e da economia do país. Esse problema somente pode ser revertido caso 
ocorrer	a	desvalorização	da	taxa	de	câmbio.
O aumento interno dos preços e as taxas mais aceleradas 
do que as de outros países com os quais se mantêm relações de 
comércio podem estimular a importação e desestimular a exportação.
94
 Finanças	CorporatiVas
Outro	ponto	relevante	sobre	a	infl	ação	está	relacionado	com	as	distorções	no	
papel orientador do mercado, pois em economias de livre iniciativa empresarial, 
o movimento dos preços e das forças de mercado é um fator para orientação 
das	 atividades	 do	 mercado.	 Com	 os	 preços	 estáveis,	 o	 aumento	 do	 preço	 de	
determinado	produto	signifi	ca	que	a	oferta	é	insufi	ciente	para	atender	à	demanda.	
Se o mercado sinalizar a diminuição do preço de determinado produto, pode 
representar	o	excesso	de	oferta	no	mercado.	Como	os	empresários	geralmente	
se	orientam	por	essas	sinalizações	de	mercado,	serão	estimulados	à	produção	de	
produtos	com	demanda	insufi	ciente.	No	entanto,	um	processo	infl	acionário	intenso	
pode	 distorcer	 esse	 papel	 orientador	 do	mercado,	 prejudicando	 a	 efi	ciência	 do	
sistema empresarial.
As	 principais	 consequências	 da	 infl	ação	 no	mercado	 de	 uma	 nação	 estão	
praticamente relacionadas com a perda do poder aquisitivo da moeda, o mercado 
de	crédito	se	torna	impraticável	para	a	empresa,	o	investimento	na	produção	se	
torna	inviável,	pois	não	há	condições	de	planejar	o	exato	volume	das	demandas	
do	mercado	e	o	excedente	fi	nanceiro	é	utilizado	como	especulação	no	mercado	
fi	nanceiro.
Ratti	(2001,	p.	47)	contribui	que,	“em	linguagem	elementar,	a	 infl	ação	nada	
mais é do que uma elevação contínua de todos os preços, motivada por um 
excesso de crescimento dos meios de pagamento, em relação ao crescimento 
dos	bens	e	serviços	à	disposição	do	público”.
Isso	 signifi	ca	 que	 com	 os	 preços	 estáveis,	 o	 aumento	 do	 preço	 de	
determinado	produto	indica	que	a	oferta	é	insufi	ciente	para	atender	à	demanda.	
Por outro lado, a diminuição do preço de determinado produto pode representar o 
excesso de oferta no mercado.
3.2.1	Tipos	de	infl	ação	e	seus	
mecanismos de controle
Como	já	estudamos,	a	infl	ação	exerce	efeito	devastador	na	economia	de	um	
país, assim como nas empresas e nas famílias em geral.
Existem	praticamente	dois	tipos	diferentes	de	infl	ação,	a	infl	ação	de	custos,	
que	é	um	processo	 infl	acionário	ocasionado	ou	 intensifi	cado	pelo	aumento	dos	
custos	 de	 produção,	 especialmente	 dos	 salários	 ou	 dos	 preços	 das	 matérias-
primas.	Temos	também	a	infl	ação	de	demanda,	que	é	ocasionada	pelo	aumento	
dos rendimentos. Isso ocorre quando os meios de pagamento crescem além da 
capacidade	 de	 crescimento	 da	 economia	 ou,	 antes	 que	 a	 produção	 esteja	 em	
95
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
plena capacidade, impedindo que a maior demanda decorrente do aumento dos 
rendimentos	seja	atendida.	Com	isso,	aumentam	os	preços	e,	por	consequência,	
os	 salários	 e	 os	 rendimentos	 em	 geral,	 formando	 uma	 espiral	 infl	acionária	
(POSSAMAI, 2003).
A	 intensidade	 da	 infl	ação	 determina	 o	 aumento	 de	 preços,	 em	 infl	ação	
rastejante,	 esta	 é	 caracterizada	 por	 uma	 leve	 e	 quase	 imperceptível	 expansão	
geral	 dos	 preços.	 Por	 sua	 vez,	 a	 infl	ação	 galopante	 ou	 hiperinfl	ação	 é	
caracterizada por uma violenta expansão do nível geral dos preços.
Segundo	Ratti	(2001,	p.	49),	a	infl	ação	“galopante	é	aquela	que	se	inicia	com	
uma	taxa	superior	a	10%	ao	ano	e	vai	rapidamente	subindo	a	cada	ano,	atingindo	
taxas de três dígitos (200, 300, 500 por cento ao ano)”.
As	medidas	 do	 combate	 à	 infl	ação	 são	 defi	nidas	 pelo	 conjunto	 de	 ações	
tomadas	pelo	governo	do	país	com	o	objetivo	de	atuar	e	infl	uir	sobre	o	mecanismo	
da produção, distribuição e consumo de bens e serviços, denominados de política 
econômica. 
O alcance e o conteúdo de uma política econômica variam de acordo com 
cada	país,	dependendo	do	grau	de	diversifi	cação	de	sua	economia,	da	natureza	
do regime social e do nível de atuação dos grupos de pressão (partidos, sindicatos, 
associações de classe e movimento de opinião pública).
Existem	três	tipos	de	políticas	econômicas	que	atuam	no	combate	à	infl	ação:
A política estrutural	está	voltada	para	a	modifi	caçãoda	estrutura	
econômica do país (podendo chegar até mesmo a alterar a 
forma de propriedade vigente), regulando o funcionamento 
do mercado (proibição de monopólios e trustes) ou criando 
empresas	públicas,	 regulamentando	os	confl	itos	 trabalhistas,	
alterando a distribuição de renda ou nacionalizando empresas 
estrangeiras. 
A política de estabilização conjuntural	visa	à	superação	de	
desequilíbrios ocasionais. Pode envolver tanto uma luta contra 
a	 depressão	 como	 combater	 a	 infl	ação	 ou	 a	 escassez	 de	
determinados produtos. 
A política de expansão tem	 por	 objetivo	 a	 manutenção	 ou	
a aceleração do desenvolvimento econômico. Nesse caso, 
podem	ocorrer	reformulações	estruturais	alfandegárias	e	maior	
rigor na política cambial contra a concorrência estrangeira 
(POSSAMAI, 2003, p. 27-28, grifo do autor).
A política econômica depende da própria visão que os governantes têm do 
papel	 do	Estado	 no	 conjunto	 da	 sociedade	 de	 acordo	 com	 critérios	 políticos	 e	
ideológicos. 
96
 Finanças	CorporatiVas
No Brasil, as políticas econômicas das últimas décadas, buscando a 
estabilização	 da	 economia,	 fi	zeram	 com	 que	 fossem	 implementados	 diversos	
planos, como: o Plano Cruzado (1986), o Plano Bresser (1987), o Plano Verão 
(1989), o Plano Collor (1990), o Plano Collor II (1991) e o Plano Real (1994).
O Estado exerce sua atividade através de uma série de medidas que visam 
ao	 desenvolvimento	 econômico	 e	 consequente	 controle	 da	 infl	ação,	 conforme	
Possamai (2003, p. 28, grifo do autor). 
Política Fiscal: defi	ne	e	aplica	os	impostos	e	taxas	sobre	os	
agentes	econômicos;	com	base	na	Receita	Fiscal,	defi	ne	os	
gastos	do	Governo;	 infl	ui	 na	política	monetária,	 em	especial	
no	 fl	uxo	 de	 caixa	 e	 na	 concessão	 de	 créditos	 dos	 agentes	
econômicos. 
Política Monetária: conjunto	 de	 medidas	 adotadas	 pelo	
governo visando adequar os meios de pagamentos disponíveis 
às	necessidades	da	economia	do	país.
Política Cambial: defi	ne	o	valor	externo	da	moeda;	controla	
os	 fl	uxos	 de	moeda	 estrangeira;	 impacta	 o	 valor	 interno	 da	
moeda.
Política de Rendas: controla os fatores de produção, como 
salários,	 encargos,	 distribuição	 de	 resultados	 da	 atividade	
econômica, sistemas de preços.
3.2.2	Índices	de	infl	ação
O	índice	ideal	da	infl	ação	para	ser	apurado	é	a	infl	ação	da	própria	empresa	
ou	a	medida	da	infl	ação	da	própria	família	ou	de	uma	determinada	comunidade.	O	
Banco	Central	divulga	o	índice	da	infl	ação	ofi	cial,	porém,	é	um	parâmetro	geral	da	
nação.	Deve	haver	outros	parâmetros	de	âmbito	regional	para	medir	a	infl	ação.
Muitos	fatores	impactam	na	medida	infl	acionária	adotada.	Além	da	infl	ação	
do	custo	e	da	infl	ação	da	demanda,	conforme	já	estudamos,	há	também	a	classe	
social, onde pessoas da sociedade com poder aquisitivo mais elevado sofrem 
menos	os	 impactos	 infl	acionários	no	seu	consumo	de	bens	e	serviços.	Por	sua	
vez, classes sociais mais baixas sofrem profundo impacto com relação a esses 
aspectos,	pois	as	necessidades	básicas	sofrem	alto	grau	de	impacto	infl	acionário,	
muitas vezes motivadas pelo aumento na procura por esses bens e serviços.
A	própria	emigração	das	áreas	do	interior	do	país	para	os	grandes	centros	
urbanos	 pode	 acarretar	 aumento	 no	 impacto	 infl	acionário,	 pois	 o	 aumento	 do	
número de pessoas pressiona o aumento das ofertas de bens e serviços, que 
muitas vezes as empresas não estão preparadas para atender.
Por	motivos	de	ordem	prática,	muitos	 índices	 foram	criados	e	estão	sendo	
utilizados.	Para	se	medir	a	variação	dos	preços	dos	produtos	fi	nais	consumidos	
97
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
pela população, usam-se índices de custo de vida (ICV) ou de preços ao 
consumidor	(IPC),	tendo	como	base	os	hábitos	de	consumo	de	uma	família	padrão	
(para toda a sociedade ou para certa classe). Para se medir a variação dos preços 
nos	insumos	e	fatores	de	produção	(e	demais	produtos	intermediários),	usam-se	
índices de preços ao produtor ou, em termos agregados, o índice de preços ao 
atacado (IPA).
No	 Brasil,	 a	 infl	ação	 é	 medida	 pelo	 Índice	 Geral	 de	 Preços	 –	 Mercado	
(IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas, pelo Índice Nacional de Preços ao 
Consumidor (INPC), elaborado pelo IBGE, e pelo Índice de Preço ao Consumidor 
(IPC), medido pela FIPE.
3.2.3	Como	calcular	a	infl	ação	da	
empresa
Vamos	apresentar	um	modelo	de	como	apurar	a	infl	ação	de	uma	empresa.	A	
proposta	é	bem	simples,	contudo,	devemos	buscar	outras	áreas	de	conhecimento,	
como	 a	 área	 de	 Custos.	 Se	 ocorrer	 o	 aumento	 dos	 custos	 da	 produção,	 os	
produtores reduzirão a oferta desses bens no mercado, que, por sua vez, com a 
redução	da	oferta,	os	bens	sofrerão	aumento	de	preço	para	o	consumidor	fi	nal.	
Portanto,	nesse	cenário,	a	economia	desse	país	 teria	que	se	deparar	com	uma	
infl	ação	de	custos.
Em	Custos,	precisamos	identifi	car	os	insumos	consumidos	para	a	produção	
em determinada Ficha Técnica da produção, levar essas quantidades para uma 
nova base de dados e apurar a proporcionalidade no seu consumo.
Isso	 signifi	ca	 dizer	 que	 cada	 componente	 utilizado	 para	 a	 produção	 de	
determinado	produto	 representa	um	peso	 relativo	nesse	processo	e,	por	 fi	m,	a	
somatória	de	todos	os	pesos	relativos	totaliza	100%	dos	insumos	para	a	produção	
total.	Vejamos	um	exemplo	prático	com	o	estudo	do	seguinte	quadro.
98
 Finanças	CorporatiVas
QUADRO 1 – APURAÇÃO DA TAXA DE INFLAÇÃO DA EMPRESA
FONTE: O autor
Vamos	 entender	 a	 sistemática	 para	 a	 apuração	 da	 infl	ação	 da	 empresa.	
Primeiro devemos separar os principais insumos utilizados no processo industrial 
e apurar o custo da produção ou compra entre dois períodos, que nesse caso 
utilizamos como exemplo o quadro de portas no primeiro item do quadro anterior.
Esse	quadro	de	portas	em	31/07	tinha	o	custo	da	compra	em	R$	3,8915	por	
unidade	e	esse	mesmo	item	da	produção	custava	em	31/08	o	valor	de	R$	4,2500.	
Isso	signifi	ca	que	ocorreu	a	variação	percentual	no	seu	custo	de	um	período	para	
outro	em	9,2124%.	Logo,	R$	4,2500	/	R$	3,8915	=	1,092124.	Deve-se	descontar	
1	 desse	 coefi	ciente,	 pois	 precisamos	 apenas	 conhecer	 a	 variação,	 que	 é	 de	
0,092124.
Como	 estamos	 apurando	 a	 infl	ação	 em	 percentual,	 multiplicaremos	 o	
coefi	ciente	 de	 0,092124	 por	 100	 e	 teremos	 o	%	 em	 9,2124%	na	 variação	 dos	
custos da matéria-prima. 
Não	podemos	simplesmente	defi	nir	como	taxa	da	infl	ação	da	empresa	esse	
percentual	 em	 9,2124%,	 mas	 compreender	 qual	 é	 o	 seu	 impacto	 como	 peso	
relativo	no	produto	fi	nal.
99
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Esse	 quadro	 de	 portas	 representa	 a	 ordem	 de	 15,65%	 do	 componente	
utilizado	no	processo	até	fi	nalizar	o	produto.	Portanto,	se	a	variação	dos	custos	
está	em	9,2124%	e	o	peso	 relativo	da	participação	desse	produto	no	processo	
fi	nal	do	produto	pronto	representa	15,65%,	apenas	multiplicaremos	esses	valores.
Assim,	 teremos	 9,2124%	 (variação	 dos	 custos)	 x	 15,65%	 (participação	 da	
matéria-prima	no	produto	fi	nal)	=	1,4417%	de	infl	ação	apenas	para	essa	matéria-
prima do quadro de portas.
Esse procedimento deve ser adotado para todos os insumos do quadro 
anterior, e cada percentual da variação dos custos deve ser multiplicado pelo 
peso	relativo	de	cada	insumo	no	produto	fi	nal.
Observe que o total do peso relativo de cada insumo (participação de cada 
matéria-prima	no	produto	fi	nal)	deve	fechar	em	100%,	que	é	o	produto	fi	nalizado	
com todos os insumos correspondentes a sua produção.
3.3 O CUSTO DO DINHEIRO NO 
TEMPO
As	fi	nanças	apenas	são	defi	nidas	pela	gestão	do	dinheiro	no	tempo.	É	preciso	
saber o momento certo para a empresa aplicar os recursos excedentes do caixa, 
ou	de	captar	recursos	fi	nanceiros	no	mercado,	e	essa	linha	tênue	entre	aplicar	e	
captar	recursos	fi	nanceiros	se	chama	tempo,	período.	O	impacto	fi	nanceiro,	tanto	
no mercado interno como no mercado externo se chama taxa, pois cadapaís 
possui o seu ambiente econômico.
Vários	cálculos	fi	nanceiros	requerem	apenas	operações	simples	e	manuais,	
mas	à	medida	que	aumenta	a	complexidade	para	apurar	determinados	valores,	
há	a	necessidade	de	utilizar	aplicativos	específi	cos	da	área	fi	nanceira	ou	a	própria	
calculadora	fi	nanceira.
Avalie	o	cálculo,	a	seguir,	na	condição	de	juros	compostos.	Observe	que	o	
juro	é	somado	ao	valor	inicial	no	cálculo	dos	juros	do	período	seguinte.	Exemplo:	
R$ 100,00	+	3,00%	=	R$ 103,00	+	3,00%	=	R$ 106,09	+	3,00%	=	R$ 109,27	+	
3,00%	=	R$ 112,55.
Esse	 é	 o	 impacto	 dos	 juros	 sobre	 juros,	 e	 o	 profi	ssional	 atuante	 na	 área	
das	fi	nanças	deve	dominar	essa	técnica	para	saber	o	seu	efeito	no	resultado	da	
empresa.
100
 Finanças	CorporatiVas
A linha do tempo, ou o período, nos remete ao presente e ao futuro distante 
por um intervalo de dias, meses ou anos. Nesta linha do tempo, entre um valor 
presente e outro futuro, os montantes são corrigidos por uma taxa preestabelecida. 
No	campo	da	área	fi	nanceira,	existem	algumas	abreviaturas,	cujo	signifi	cado	
será	apresentado	a	seguir:
VP ou PV = Valor Presente ou Present Value.
VF ou FV = Valor Futuro ou Future Value.
n ou N = tempo, medido em número de dias, semanas, quinzenas, mês ou 
anos.
i	ou	I	=	%	de	juros,	que	podem	ser	por	dia,	semanal,	quinzenal,	mensal	ou	
anual.
Pagto = Pagamento (de prestação, por exemplo).
Diariamente, o BACEN (Banco Central do Brasil) divulga a taxa de rendimento 
de	algum	fundo,	como	a	caderneta	de	poupança	ou	CDI	(Certifi	cado	de	Depósito	
Interbancário).	 Vamos	 supor	 que	 o	 rendimento,	 considerando	 juros	 e	 correção	
monetária,	 foi	de	0,60%	a.m.	(ao	mês),	agora	o	saldo	é	de	R$	1.006,00,	sendo	
que	R$	 6,00	 foi	 o	 rendimento.	 Para	 o	 próximo	mês,	 a	 base	 de	 cálculo	 será	 o	
saldo	de	R$	1.006,00.	Tecnicamente,	a	aplicação	tem	como	base	a	capitalização	
composta	(juros	sobre	juros).	
Acompanhe	a	projeção	do	valor	futuro	da	aplicação	no	quadro	a	seguir	em	
um	período	de	12	meses	a	uma	taxa	de	correção	em	0,60%	ao	mês:	
QUADRO	2	–	PROJEÇÃO	DE	VALOR	FUTURO	ANUAL	SEM	DEPÓSITOS
FONTE: O autor
101
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Do exemplo anterior (Quadro 2), vamos supor que este dinheiro foi aplicado 
há	um	ano	e	que	em	cada	um	dos	meses	o	rendimento	da	poupança	foi	de	0,60%	
a.m. No término deste primeiro ano de aplicação, o montante total da aplicação 
é	de	R$	1.074,42,	e	neste	caso	a	 taxa	de	correção	 foi	de	7,44%	a.a.	 (ao	ano).	
Apenas	com	o	depósito	inicial	de	R$	1.000,00,	com	uma	correção	fi	xa	de	0,60%	
a.m.,	obtivemos	durante	um	ano	o	rendimento	de	R$	74,42,	ou	seja,	7,442%	a.a.
Se	esse	valor	é	interessante	ou	não,	você	deverá	comparar	com	os	diversos	
índices	 de	 remuneração	 dos	 ativos	 fi	nanceiros	 disponíveis	 no	mercado	 com	 a	
variação do ouro, do mercado de ações na Bolsa de Valores, entre outros. 
Vale	lembrar	que	o	gestor	fi	nanceiro	deve	optar	pelas	operações	de	aplicação	
dos	ativos	fi	nanceiros	disponíveis	no	mercado	apenas	na	condição	de	aplicar	o	
excedente	 dos	 recursos	 fi	nanceiros	 do	 caixa.	 Não	 pode	 deixar	 de	 investir	 nas	
atividades operacionais da empresa, criando a falsa expectativa de ganhos 
fi	nanceiros	no	mercado,	pois	o	mercado	fi	nanceiro	serve	para	manter	o	valor	do	
dinheiro	no	tempo,	que	é	corroído	pela	taxa	de	infl	ação.
Agora	vamos	considerar	que,	além	de	um	depósito	 inicial	de	R$	2.000,00,	
sejam	aplicados	mais	R$	200,00	em	cada	um	dos	meses	subsequentes,	e	ainda	a	
uma	taxa	de	0,75%	a.m.	Qual	será	o	nosso	saldo	daqui	a	um	ano?	
QUADRO 3 – EXEMPLO DE POUPANÇA ANUAL COM DEPÓSITOS
FONTE: O autor
O	rendimento	de	R$	238,37	durante	o	período	dos	12	meses	com	depósitos	
mensais	de	R$	100,00	totalizaram	o	valor	de	R$	1.200,00.	Isso	ocorreu	pelo	efeito	
dos	juros	sobre	juros,	e	quanto	mais	longo	for	o	período	da	aplicação,	maior	será	
102
 Finanças	CorporatiVas
o	retorno	fi	nanceiro,	contanto	que	esse	retorno	fi	nanceiro	não	seja	menor	que	a	
taxa	de	infl	ação.
Você	pode	observar	que	o	rendimento	das	aplicações	fi	nanceiras	sempre	é	
inferior	à	taxa	de	juros	paga	nos	empréstimos.	
No	 ambiente	 empresarial,	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 precisa	 ter	 a	 capacidade	 de	
lidar	 com	estas	 variáveis,	 que	 são	 o	 valor	 presente	 e	 o	 valor	 futuro,	 tanto	 nas	
atividades	operacionais	como	nas	de	investimento	e	de	fi	nanciamento.	
O	orçamento	empresarial	visa	projetar	os	resultados	com	base	na	perspectiva	
da	produção,	das	horas	disponíveis	dos	funcionários	contratados	e	das	despesas	
gerais	e	administrativas	orçadas.	O	orçamento	fi	nanceiro	busca	prever	resultados	
futuros,	com	a	aplicação	da	projeção	de	taxas	de	juros	para	trazer	o	valor	futuro	
à	base	do	valor	presente.	Por	exemplo,	o	valor	do	lucro	é	projetado	para	o	mês	
de	dezembro,	mas	deve	ser	avaliado	para	o	início	do	ano,	com	o	uso	do	cálculo	
do	valor	presente.	As	bases	para	a	avaliação	e	análise	são	diferentes.	O	valor	
do	lucro	de	R$	100.000,00	hoje,	como	exemplo,	não	possui	o	mesmo	poder	de	
compra para o mês de dezembro do período anual avaliado.
Procure	analisar	alguns	produtos,	avalie	o	seu	valor	à	vista	e	as	
demais	condições	de	pagamentos	oferecidas	pela	empresa.	Verifi	que	
o	quanto	é	pago	de	juros.	
3.4 A CALCULADORA FINANCEIRA HP 
12C
No	mercado	fi	nanceiro	é	utilizado	o	método	do	cálculo	dos	juros	compostos	
na	prática	dos	fi	nanciamentos	e	 investimentos.	Essa	é	a	 tradicional	prática	dos	
juros	 sobre	 juros.	 Nesse	 tipo	 de	modalidade,	 para	 correção	 dos	 contratos	 dos	
fi	nanciamentos	(ou	aplicações	fi	nanceiras,	se	for	o	caso),	os	juros	incidem	sobre	
o	capital	inicial	e	os	demais	valores	dos	juros	acumulam	durante	todo	o	período	
negociado,	inclusive	sobre	os	valores	dos	juros	dos	períodos	anteriores.
103
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
De	acordo	com	Kuhnen	e	Bauer	(1994,	p.	69),	“em	capitalização	composta,	
os	juros	aumentam	a	cada	período	de	capitalização	exatamente	o	valor	dos	juros	
produzidos	pelos	juros	do	período	imediatamente	anterior”.
Conforme	Hoji	 (2000,	 p.	 70),	 no	 regime	de	 juros	 compostos,	 “[...]	 os	 juros	
produzidos em cada período são integrados ao capital constituído no início dos 
respectivos	 períodos,	 para	 produzirem	 novos	 juros	 nos	 períodos	 seguintes,	 ou	
seja,	no	regime	de	juros	compostos,	incidem	juros	sobre	capital	inicial	e	sobre	os	
próprios	juros”.
Como	a	prática	dos	cálculos	dos	juros	está	bastante	difundida	na	atualidade	
e	muitos	profi	ssionais	precisam	dominar	essa	área	do	conhecimento,	eles	utilizam	
uma	maneira	prática,	que	é	o	uso	da	calculadora	fi	nanceira	HP	12C.
FIGURA 1 – CALCULADORA FINANCEIRA HP 12 C
FONTE: <https://play.google.com/store/apps/details?id=com.
hp.hp12c&hl=pt_BR>. Acesso em: 2 maio 2020.
Observe	 que	 na	 primeira	 fi	leira,	 nas	 cinco	 primeiras	 teclas	 (da	 esquerda	
para	a	direita),	o	gestor	fi	nanceiro	faz	uso	dessas	funções	para	calcular	os	juros	
compostos.	Veja	a	função	de	cada	tecla	a	seguir:
n – tecla utilizada para registrar o período contratual. 
I – utilizada para registrar a taxa negociada no contrato.
PV – utilizada para registrar o capital inicial ou o valor presente ou atual do 
contrato.
PMT – utilizada para registrar os valores das prestações negociadas.
FV	–	utilizada	para	registrar	o	valor	futuro	ou	o	montante	do	fi	nal	do	contrato.
104
 Finanças	CorporatiVas
Fique	 atento!	 A	 regra	 para	 o	 cálculo	 dos	 juros	 simples	 é	
exatamente	 a	 mesma	 a	 ser	 adotada	 para	 o	 cálculo	 dos	 juros	
compostos. 
• Se a taxa negociada no contrato for mensal, o período a 
ser	 calculado	 também	 deverá	 estar	 especifi	cado	 em	 meses.	 Por	
exemplo:	temos	uma	taxa	negociada	em	3%	ao	mês	por	um	período	
de	45	dias.	A	taxa	a	ser	registrada	para	o	cálculo	será	3%	ao	mês	e	o	
período	a	ser	registrado	para	o	cálculo	deverá	ser	apurado	utilizando	
os dias e dividindo por 30 dias do mês. Logo, 45 dias dividido por 30 
dias,	o	resultado	será	o	período	de	1,5	mês.
•	A	taxa,	se	estiverinformada	em	percentual,	deverá	ser	dividida	
por	100	para	formar	um	algarismo	decimal	ou	unitário.	
3.5	COMO	CALCULAR	O	PERÍODO	“N”
Quando	 for	 calculado	 o	 período	 de	 um	 contrato	 de	 fi	nanciamento,	 esse	
termo	“período”	é	denominado	pela	letra	“n”,	que	determina	o	tempo	de	duração	
da	 transação	 fi	nanceira.	 Esse	 período	 pode	 ser	 diário,	mensal,	 anual	 ou	 outro	
previamente	especifi	cado	em	contrato.		
Vamos	buscar	a	contribuição	em	Kuhnen	e	Bauer	(1994,	p.	70),	que	afi	rmam	
que	“são	intervalos	de	tempo	preestabelecidos,	fi	ndos	os	quais	são	calculados	os	
juros	que,	somados	ao	capital,	formam	um	novo	valor	atual,	valor	presente,	capital	
(PV), para o próximo período, ou melhor, para o próximo intervalo”.
Como	apurar	o	período	“n”	utilizando	a	fórmula?	É	importante	dominar	essa	
ferramenta,	pois	no	caso	de	o	profi	ssional	não	“ter	em	mãos”	uma	calculadora	HP	
12C,	é	sempre	viável	conhecer	as	técnicas	dos	mesmos	procedimentos,	porém,	
utilizando fórmulas.
A fórmula do tempo (n) é a seguinte:
105
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Logo:
ln = Logaritmo Neperiano ou Natural 
FV = Future Value (Valor Futuro)
PV = Present Value (Valor Presente ou Atual) 
i = Taxa
n = Número de Períodos
Exemplo: a empresa de Tecidos Leve e Solto realizou um investimento 
com	capital	inicial	de	R$	58.000,00,	e	este	valor	foi	aplicado	a	uma	taxa	de	juros	
composta	de	1,00%	ao	mês	e,	após	determinado	período,	resultou	no	valor	fi	nal	
de	R$	63.433,75.	Identifi	que	por	quantos	meses	o	valor	fi	cou	aplicado.	
• NOTA: dividir a taxa por 100 e lançar os dados na fórmula.
106
 Finanças	CorporatiVas
Esse	tipo	de	operação	exigirá	conhecimentos	sobre	o	logaritmo	
natural ou logaritmo neperiano (ln). 
Para isso, deve-se primeiro dividir o montante (FV) pelo valor 
presente (PV). O próximo passo é dividir a taxa por 100 e somar o 
resultado a 1 para extrair também o logaritmo natural. 
Para	 encerrar	 a	 operação	 é	 necessário	 dividir	 o	 primeiro	
resultado pelo segundo resultado encontrado. 
Na	calculadora	científi	ca,	a	 tecla	Ln	 (logaritmo	natural)	fi	ca	ao	
lado da tecla log.
 Na planilha eletrônica EXCEL, o Ln	é	localizado	em	“INSERIR	
 FUNÇÃO  MATEMÁTICA E TRIGONOMÉTRICA.
Na	 calculadora	 fi	nanceira	 HP	 12C,	 esta	 operação	 pode	 ser	 realizada	 da	
seguinte forma:
Tecle ON – para ligar a calculadora.
F CLx – primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória. 
n	=	(esse	é	o	resultado	que	se	deseja	apurar)
i = 1,0
PV = 58.000,00 CHS (para transformar número positivo em número negativo)
FV = 63.433,75 
Ou
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx – primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória. 
58.000,00 CHS PV
63.433,75 FV
1,0 i
Tecle n (o	resultado	para	ser	encontrado	será	9.	Portanto,	9	meses).
107
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Atente que ao registrar o valor de entrada no PV, deve-se 
primeiramente pressionar a tecla CHS para inserir o sinal negativo (-) 
e, depois, a tecla PV. Exemplo: 58.000 CHS PV.
Outra	peculiaridade	da	calculadora	fi	nanceira	HP	12C	é	que	o	
tempo é arredondado, pois não existe período fracionado. 
3.6 COMO CALCULAR O VALOR E A 
TAXA	DE	JUROS	“I”
A remuneração de um contrato de empréstimo é realizada com a negociação 
de um percentual, que se chama taxa.
Com a aplicação da fórmula para apurar a taxa, temos que desenvolver os 
seguintes passos:
Vamos prosseguir com o exemplo anterior, porém, nesse caso, iremos apurar 
a taxa. Lembre-se, quando apuramos o período no exemplo anterior, utilizamos a 
taxa	em	1%.
Vamos conferir o resultado com a utilização da fórmula.
Foi	 aplicado	 no	 regime	 de	 juros	 compostos	 um	 capital	 no	 valor	 de	 R$	
58.000,00, que, após 9 meses, obteve um rendimento totalizando um montante de 
R$	63.433,75.	Apure	qual	foi	a	taxa	de	aplicação	mensal.	
108
 Finanças	CorporatiVas
Observe	 que,	 conforme	 o	 cálculo	 anterior,	 o	 primeiro	 passo	 é	 dividir	 o	
montante (FV) pelo valor presente (PV). Depois, elevar o resultado da divisão de 
1 pelo tempo (esse tempo é expresso em meses). O próximo passo é elevar os 
resultados encontrados, subtrair 1 do novo resultado encontrado e multiplicar o 
resultado	fi	nal	por	100.	Assim,	encontra-se	o	percentual	(%)	da	taxa	de	juros.
O	mesmo	tipo	de	cálculo	pode	ser	realizado	com	a	utilização	da	calculadora	
fi	nanceira	HP	12C,	pressionando	as	seguintes	teclas:
F CLx Primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória. 
n = 9
i = (é o resultado a ser encontrado)
PV = 58.000,00 CHS (para transformar número positivo em número negativo)
FV = 63.433,75 
Ou
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx Primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória. 
109
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
58.000,00 CHS PV
63.433,75 FV
9 n
Tecle i 
O	resultado	apresentado	será	1,00,	que	é	o	%	de	juros	mensais	negociado	
no seu contrato.
Devemos tomar o cuidado de sempre registrar o capital com 
valor negativo (CHS PV) e o valor futuro (FV) com sinal positivo na 
calculadora	fi	nanceira	HP	12C.
3.7 COMO CALCULAR O VALOR 
PRESENTE	“PV”
Em	 fi	nanças	 corporativas,	 o	 Valor	 Presente	 ou	 Capital	 Inicial	 investido	 é	
utilizado para avaliar o rendimento ao longo de um tempo, ou se você souber 
o	 valor	 fi	nal	 retornado	 para	 a	 empresa,	 é	 possível	 apurar	 o	 valor	 investido	
inicialmente	 utilizando	 as	 demais	 premissas,	 como	 taxa	 de	 juros	 e	 período	 de	
investimento. Sua fórmula é a seguinte:
FV = PV XX	(1	+	i)n
Isso	 quer	 dizer	 que	 ao	 investir	 determinado	 valor	 e	 multiplicá-lo	 pela	
somatória	do	coefi	ciente	1	(100%	do	valor	fi	nal)	com	a	taxa	aplicada	elevada	à	
potência do período, é possível apurar o valor futuro, ou se você tiver o valor 
futuro, a taxa negociada e o período negociado, você consegue apurar o valor 
presente ou capital inicial investido.
Vejamos	o	seguinte	exemplo:	
Determinado investidor resolveu aplicar um valor de capital e obteve de 
montante	o	valor	de	R$	158.114,80.	
Pergunta-se: qual é o valor inicial aplicado, ao considerar o tempo da 
aplicação	em	3	anos,	com	a	taxa	de	2,5%	ao	mês	no	regime	de	juros	compostos?
110
 Finanças	CorporatiVas
Nunca	 se	 esqueça	 de	 primeiro	 somar	 1	 +	 0,025,	 que	 é	 o	
coefi	ciente	 dos	 100%	 do	 capital	 inicial,	 justamente	 o	 que	 se	 quer	
descobrir somado ao percentual de rendimento ao mês. Em seguida, 
elevar	este	resultado	ao	número	de	meses	do	período	que	está	sendo	
apurado, que nesse exemplo é de 36 meses. Com este resultado, 
aplicar	o	conceito	da	matemática	básica,	que	é	colocar	em	evidência	
o PV separado dos numerais. Desta forma, o PV passa para antes 
do sinal de igual e os valores permanecem depois do sinal de igual. 
Exemplo: PV = R$	158.114,80	/	2,432535316.	Feito	isso,	o	resultado	
apurado	para	o	valor	presente	é	de	R$	65.000,00.
Vamos	ao	desenvolvimento	do	cálculo	com	a	utilização	da	seguinte	fórmula:	
•	 Ajuste	de	tempo	para	mês:	3	anos	=	36	meses	(3	x	12).
• Não podemos esquecer de transformar a taxa em algarismo 
decimal (2,50/100 = 0,0250). 
FV = PV XX (1 + i)n
R$	158.114,80 = PV XX (1	+	0,0250)36
R$	158.114,80 = PV XX 2,432535316
PV = R$	158.114,80	/	2,432535316
PV = R$	65.000,00
Os	 procedimentos	 para	 a	 resolução	 do	 cálculo	 com	 o	 uso	 da	 calculadora	
fi	nanceira	HP	12C	seguem	os	seguintes	passos:
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx Pressionar F depois CLx para limpeza de memórias. 
Período = 36 n
Taxa = 2,50 i
Valor Futuro (já conhecido) = 158.114,80 CHS FV (aperte a tecla CHS antes do 
111
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
FV para efetuar o registro com valor negativo, pois o que se quer descobrir é o 
valor	do	investimento	inicial,	que	resultará	em	valor	positivo).	
Tecle PV (o	resultado	apurado	para	o	valor	presente	é	de	R$	80.000,00).
Ao pressionar a última tecla com o PV (valor presente), é 
possível apurar a prova real com o processoinverso. Registre o 
capital encontrado no PV (65.000 CHS PV) e apure o montante FV
para	verifi	car	se	o	resultado	é	R$	158.114,80.
3.8 COMO CALCULAR O VALOR 
FUTURO	“FV”
Outro item muito interessante que se pode apurar com o uso da calculadora 
fi	nanceira	HP	12C	ou	pela	fórmula	é	o	valor	fi	nal	do	investimento,	ou	seja,	quanto	
rendeu	o	valor	aplicado	acrescido	ao	valor	dos	juros	desse	rendimento.
Dessa forma, o valor futuro ou montante é igual ao capital inicial acrescido ao 
valor	dos	juros	gerados	durante	o	período	aplicado.
A fórmula é a seguinte: 
Vejamos	um	exemplo:
Apure	o	montante	da	aplicação	de	determinado	capital	de	R$	100.000,00	a	
uma	taxa	de	3,25%	ao	mês	durante	2	anos	no	regime	de	juros	compostos.	
•	 Ajuste	do	tempo	para	mês:	2	anos	=	24	meses.	
•	 Ajuste	da	 taxa	em	percentual	para	número	decimal:	3,25/100	=	
0,0325. 
112
 Finanças	CorporatiVas
Ao utilizarmos a fórmula, teremos o seguinte resultado como valor futuro. 
FV = PV XX (1 + i)n
FV = R$	100.000,00 XX (1	+	0,0325)24
FV = R$	100.000,00 XX 2,154574164
FV = R$	215.457,42
Nesse procedimento, devemos tomar cuidado para que no primeiro passo 
seja	somado	o	percentual	dos	juros	ao	coefi	ciente	1,	para	gerar	o	montante.
Nesse	 caso,	 somar	 (1	 +	 0,0325)	 para,	 em	 seguida,	 elevar	 o	 resultado	
encontrado a 24 (que é o número de meses, pois a taxa também é mensal). 
Em seguida, multiplique o valor encontrado pelo capital para apurar o 
montante	fi	nal.	
Ao realizarmos os procedimentos para apurarmos o mesmo resultado dessa 
mesma	operação,	porém,	com	o	uso	da	calculadora	fi	nanceira	HP	12C,	podemos	
fazer	o	cálculo	da	seguinte	forma:	
Tecle ON: para ligar a calculadora.
Período = 24 n
Taxa = 3,25 i
Valor Presente (já conhecido) = - 100.000,00 (deve-se digitar 100.000,00 CHS 
PV para registrar o valor negativo)
PMT = 0,00 
FV	=	R$	215.457,42
Sempre limpe a memória com o comando F CLx para apagar registros 
anteriores	antes	de	iniciar	o	cálculo.
O ideal é registrar o PV com sinal negativo. É uma particularidade da 
calculadora	HP	12C,	uma	vez	que	no	valor	fi	nal	apresentará	o	resultado	positivo.
Ao registrar o valor no PV, deve-se digitar o valor do capital, em seguida, 
pressionar a tecla CHS	 (a	 calculadora	 HP	 12C	 registrará	 a	 entrada	 com	 sinal	
negativo), depois, pressionar a tecla PV. Exemplo: 100.000 CHS PV. 
Todos	 esses	 exemplos	 de	 cálculos	 fi	nanceiros	 nos	 permitem	 encontrar	
o	 percentual	 dos	 juros,	 ou	 do	 período	 aplicado,	 valor	 inicial	 aplicado	 ou	 valor	
acumulado	fi	nal.	Além	disso,	em	fi	nanças	corporativas,	existem	algumas	decisões	
que	o	gestor	fi	nanceiro	pode	tomar	ao	negociar	prazos	ou	ainda	contribuir	com	
o	setor	de	compras	da	empresa	por	 intermédio	de	avaliação	e	 identifi	cação	de	
113
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
uma melhor opção para aceitar ou não determinada condição para aquisição de 
mercadoria. Aprenderemos esses conceitos e ferramentas com o uso de planilhas 
a seguir.
3.9 DECISÕES SOBRE COMPRAS A 
PRAZO (QUAL É A MELHOR OPÇÃO)
Os conhecimentos adquiridos com relação aos prazos de recuperação dos 
tributos e do custo do dinheiro nos permitem uma melhor avaliação das alternativas 
de compras. Por sua vez, a avaliação da melhor alternativa de compra deve ser 
precedida	 de	 cálculos	 específi	cos	 e	 que	 levam	 em	 consideração	 os	 prazos	 e	
também o custo do dinheiro no tempo. Antes de fazer qualquer comparativo, para 
conhecer	a	melhor	opção	de	compras,	faz-se	necessário	verifi	car	quais	cálculos	
devem ser realizados e entendê-los, conforme demonstraremos a seguir.
QUADRO 4 – CUSTO LÍQUIDO DE AQUISIÇÃO DE MERCADORIA 
PARA	REVENDA	A	VALOR	PRESENTE.	COMERCIAL	VAREJISTA	
SITUADO NO ESTADO DE SANTA CATARINA
FONTE: O autor
Para entendimento dos dados que integram o Quadro 4, serão apresentados 
os seguintes esclarecimentos essenciais.
Os	campos	“sombreados”	em	cinza	são	os	que	deverão	ser	preenchidos	ou	
alterados em função da realidade envolvida.
114
 Finanças	CorporatiVas
O	 exemplo	 refere-se	 a	 uma	 empresa	 comercial	 varejista	 optante	 pela	
tributação do lucro pela alternativa lucro real.
A	taxa	fi	nanceira	utilizada	no	exemplo	de	1,20%	ao	mês	é	hipotética.	A	cada	
cálculo	 é	 recomendável	 verifi	car	 qual	 a	 %	 (percentagem)	 a	 ser	 considerada.	
Verifi	que	com	o	seu	gerente	fi	nanceiro.
Os	tributos	passíveis	de	crédito	dependem	das	circunstâncias	da	compra	e	
destinação dos produtos.
Tratando-se de empresa supermercadista, por exemplo, a recuperação do 
IPI	não	é	aplicável,	e	os	percentuais	de	tributos	e	os	dias	de	prazo	para	recuperá-
los	 deverão	 ser	 periodicamente	 confi	rmados	 com	 o	 seu	 prestador	 de	 serviços	
contábeis.
Afi	nal,	para	que	servem	estes	cálculos?	Qual	é	a	utilidade?	Para	responder	a	
essas	questões,	mais	algumas	perguntas	são	necessárias:
•	 Há	mais	fornecedores	no	mercado	para	este	mesmo	produto?
• São fabricantes ou distribuidores/atacadistas?
• Estão enquadrados no Simples Nacional, Lucro Real ou Lucro 
Presumido?
• Estão localizados dentro ou fora do estado?
• Quais preços estão praticando?
• Quantos dias de prazo estão concedendo para pagamento da fatura?
• O fornecedor vende FOB ou CIF (quem paga o frete? O comprador ou o 
vendedor?)?
•	 Sendo	vários,	de	qual	destes	fornecedores	é	mais	vantajoso	comprar?
A	importância	dos	cálculos	a	valor	presente	está	no	fato	de	que	
apenas	as	mesmas	unidades	de	medida	são	comparáveis	entre	si,	o	
que é relevante numa decisão de compra.
De acordo com o modelo proposto, o valor da matéria-prima 
adquirida	em	15/04/2020	é	de	R$	12,94,	acrescido	do	IPI	(Imposto	
sobre	Produtos	Industrializados)	em	15%,	o	que	perfaz	um	valor	de	
R$	1,941	do	IPI.
Por	sua	vez,	o	valor	da	peça	em	R$	12,94,	acrescido	do	valor	
do	IPI	em	R$	1,941,	representa	o	valor	total	em	R$	14,881,	que	é	o	valor	total	da	
nota	fi	scal	a	ser	paga	ao	fornecedor	em	28	dias,	porém,	o	objetivo	desse	cálculo	é	
saber	seu	real	valor	na	data	zero,	ou	seja,	pelo	valor	presente.
A importância dos 
cálculos a valor 
presente está 
no fato de que 
apenas as mesmas 
unidades de medida 
são comparáveis 
entre si, o que é 
relevante numa 
decisão de compra.
115
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Assim,	o	valor	de	R$	14,881	trazidos	ao	valor	presente	em	28	dias	representa	
um	valor	à	vista	ou	na	data	zero	em	R$	14,716.
O mesmo ocorre com o valor do frete, que tem o seu vencimento em 15 
dias e, ao trazer a valor presente, o seu custo da compra é diferente do valor que 
consta no conhecimento do frete.
O crédito do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) se 
dará	apenas	em	25	dias,	pois	como	a	mercadoria	foi	adquirida	em	15/04/2020	e	o	
crédito	do	ICMS	ocorrerá	apenas	no	dia	10/05,	signifi	ca	que	esse	crédito	tributário	
será	realizado	apenas	em	25	dias.
A	mesma	situação	ocorrerá	para	o	PIS	 (Programa	de	 Integração	Social)	e	
a COFINS (Contribuição ao Financiamento da Seguridade Social), que tem o 
vencimento	no	dia	25/05/2020	e,	portanto,	o	crédito	tributário	ocorrerá	em	40	dias.	
Diante	disso,	há	a	necessidade	de	realizar	o	cálculo	do	custo	a	valor	presente	da	
compra	da	mercadoria	adquirida	por	uma	empresa	do	comércio	varejista.	Neste	
caso,	a	empresa	varejista	não	tem	direito	para	o	crédito	tributário	do	IPI,	apenas	
do ICMS, PIS e COFINS.
Sobre	o	cálculo	do	valor	presente	do	produto	com	o	IPI,	temos:
Vamos	esclarecer	o	passo	a	passo	do	cálculo	a	valor	presente	do	produto:
1)	 O	 valor	 dos	 produtos,	 acrescido	 do	 IPI,	 está	 na	 ordem	de	R$	14,881,	
que	deve	ser	dividido	por	1	+	a	taxa	do	período,	elevado	à	potência	do	
período, que são 28 dias.
2)	 O	 valor	 de	 R$	 14,881	 deverá	 ser	 dividido	 por	 1,0120	 (taxa	 de	 1,20%	
116
 Finanças	CorporatiVas
ao	mês	transformado	em	numerais	decimais	em	1,0120).	O	coefi	ciente	
1,0120	deverá	ser	elevado	à	potência	de	um	período	mensal,	ou	seja,	
28 dias dividido por 30 dias, que representam o resultado de 0,93333 
meses.
3)	 O	resultadode	1,0120	elevado	à	potência	de	0,93333	apurará	o	valor	de	
1,011195539.
4)	 Por	 fi	m,	 o	 valor	 do	 produto	 em	 R$	 14,881	 deverá	 ser	 dividido	 por	
1,011195539.
5)	 O	 resultado	 apurado	 será	 de	 14,716	 como	 valor	 à	 vista	 ou	 na	 data	 0	
(zero).
O	valor	do	ICMS,	do	PIS	e	da	COFINS	segue	a	mesma	sistemática	do	valor	
do	produto.	Vejamos	os	cálculos	do	ICMS.
Vamos	esclarecer	o	passo	a	passo	do	cálculo	a	valor	presente	do	produto:
1)	 O	valor	do	ICMS	destacado	na	nota	fi	scal	é	de	R$	1,578,	que	deve	ser	
dividido	por	1	+	a	taxa	do	período,	elevado	à	potência	do	período,	que	são	
25	dias	para	ocorrer	o	crédito	tributário	do	ICMS	(crédito	tributário	ocorre	
no fato gerador do pagamento da guia do ICMS pela diferença entre o 
valor apurado do ICMS das Vendas descontado o ICMS das Compras). 
Nota:	no	ato	da	Compra	existe	o	Crédito	tributário	futuro	quando	ocorrer	
o pagamento da guia respectiva do ICMS.
2)	 O	valor	de	R$	1,578	deverá	ser	dividido	por	1,0120	(taxa	de	1,20%	ao	
mês transformada em numerais decimais se transforma em 1,0120). O 
coefi	ciente	1,0120	deverá	ser	elevado	à	potência	de	um	período	mensal,	
ou	 seja,	 25	dias	dividido	por	 30	dias,	 que	 representam	o	 resultado	de	
0,83333 meses.
117
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
3)	 O	resultado	de	1,0120,	elevado	à	potência	de	0,83333,	apurará	o	valor	
de 1,009990046.
4)	 Por	 fi	m,	 o	 valor	 do	 produto	 em	 R$	 1,578	 deverá	 ser	 dividido	 por	
1,009990046.
5)	 O	 resultado	 apurado	 será	 de	 1,562	 como	 valor	 à	 vista	 ou	 na	 data	 0	
(zero).
Não	faremos	o	desenvolvimento	dos	cálculos	do	valor	do	Frete,	
PIS	 e	COFINS,	 uma	 vez	 que	 a	 operacionalização	matemática	 é	 a	
mesma. 
Ao	fi	nal	desse	exemplo	do	valor	da	compra,	apuramos	o	respectivo	valor	à	
vista,	ou	na	data	0	(zero)	em	R$	11,986.
Esses	 cálculos	 permitirão	 comparar	 cotações	 de	 preços	 obtidas	 de	
fornecedores	diversos	e	defi	nir	de	qual	deles	comprar,	desde	que	as	características	
e	qualidade	do	produto	sejam	as	mesmas.
Apenas alguns alertas e/ou lembretes:
•	 É	 o	 empreendedor	 que	 defi	ne	 qual	 taxa	 fi	nanceira	 considerar	 nos	
cálculos.	 Ele	 conhece	 a	 sua	 condição	 e	 conhece	 também	quais	 taxas	
fi	nanceiras	 estão	 sendo	 praticadas	 naquele	 momento	 pelo	 mercado,	
tanto para emprestar quanto para aplicar dinheiro.
• O direito ou não aos créditos de tributos e correspondentes percentagens 
dependem de fatores, que entre outros, podem ser: 
º É uma microempresa ou empresa de pequeno porte, enquadrada no 
Simples Nacional? 
º É uma empresa que tributa seus resultados pelo lucro real, ou optante 
pela tributação dos resultados pelo lucro presumido?
º A que se destina o produto ou mercadoria adquirida (industrialização, 
revenda ou consumo)?
º	 Caso	se	destine	à	industrialização,	o	produto	fi	nal	será	ou	não	alcançado	
pelo IPI?
º Os dias de prazo para recuperação dos tributos precisam ser 
periodicamente	 revisados	 com	 o	 seu	 prestador	 de	 serviços	 contábeis.	
Avalie todos esses casos com o seu contador.
118
 Finanças	CorporatiVas
A	decisão	quanto	à	taxa	fi	nanceira	a	ser	utilizada	é	uma	questão	controversa:
a)	Taxa	(%)	de	remuneração	das	aplicações	no	mercado	fi	nanceiro;	e/ou
b)	Taxa	(%)	que	onera	os	empréstimos	tomados	no	mercado	fi	nanceiro.
Há	 momentos	 em	 que	 se	 recomenda	 a	 adoção	 da	 primeira	 alternativa	 e	
outros em que se recomenda a segunda. Como terceira alternativa, pode-se 
ainda utilizar a taxa líquida interna, a qual resulta da soma algébrica dos encargos 
fi	nanceiros,	diminuídos	das	receitas	fi	nanceiras.
Vamos utilizar três opções de compras e avaliar qual seria a melhor? 
Com	 esta	 operação	 você	 poderá	 compreender	 da	maneira	mais	 prática	 e	
objetiva	 possível	 de	 que	 forma	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 da	 empresa	 pode	 contribuir	
para a negociação das compras. 
QUADRO 5 – PLANILHA PARA CÁLCULO DO CUSTO LÍQUIDO DE 
AQUISIÇÃO DE MERCADORIA PARA INDUSTRIALIZAÇÃO A VALOR 
PRESENTE E IDENTIFICAÇÃO DA MELHOR OPÇÃO DE COMPRA
FONTE: O autor
Conforme se percebe no quadro anterior, o preço mais alto, que é o do 
Fornecedor	“B”,	da	fábrica	RRR,	do	Rio	Grande	do	Sul,	nem	sempre	será	o	de	
119
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Observe que as maiores diferenças não estavam entre os 
valores dos produtos ou dos percentuais dos impostos e do frete. 
Muito menos nos prazos	 do	 crédito	 tributário	 e	 nem	 do	 frete.	 O	
diferencial que levou a esse interessante resultado foi o prazo
negociado	com	o	fornecedor.	Lembre-se:	o	segredo	está	em	negociar	
maiores prazos com o fornecedor. É melhor pagar os fornecedores 
com prazos maiores e receber os valores dos clientes com prazos 
menores.	Isso	gera	CAIXA.	Difi	cilmente	as	transportadoras	negociam	
prazos	muito	maiores	e	os	créditos	 tributários	possuem	suas	datas	
fi	xadas	em	lei.
maior custo. Propositalmente, na simulação feita, o maior preço acabou sendo o 
custo mais baixo. Você poderia responder por quê? Leia a resposta a seguir.
Antes	 de	 prosseguir,	 apenas	 reforçaremos	 que	 a	 sistemática	 do	 cálculo	 a	
valor presente de cada item nas três cotações segue exatamente as mesmas 
regras	que	foram	estudadas	no	exemplo	da	compra	à	vista,	que	resultou	no	valor	
de	R$	11,986,	que	foi	estudado	anteriormente.
Como	 se	 pode	 observar,	 são	 muitas	 as	 variáveis	 que	 precisam	 ser	
consideradas simultaneamente.
Pergunta-se:	a	sua	empresa	vem	realizando	tais	cálculos?	O	preenchimento	
dos	 dados	 nos	 espaços	 “sombreados”	 em	 cinza	 no	 quadro	 anterior	 requer	
extrema	 atenção.	 Qualquer	 erro	 conduzirá	 à	 conclusão	 não	 correta	 e	 poderá	
causar	prejuízo	à	empresa.
Nas empresas em geral, normalmente os valores envolvidos com compras 
são	 signifi	cativos,	 isto	 é,	 envolvem	 grande	 soma	 de	 dinheiro.	 No	 exemplo	 do	
Quadro 5, utilizamos valores com menos casas decimais apenas a título de 
exemplo.	A	 recomendação	é:	 calcular	 com	profi	ssionalismo	e	 com	os	 cuidados	
requeridos,	 sem	 nunca	 se	 esquecer	 de	 continuamente	 verifi	car	 as	 possíveis	
alterações	na	legislação	fi	scal	com	o	seu	prestador	de	serviços	contábeis.	
120
 Finanças	CorporatiVas
1		 Em	 que	momento	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 deverá	 se	 preocupar	 em	
aplicar	os	recursos	fi	nanceiros	do	caixa	em	opções	de	fundos	de	
investimentos	no	mercado	fi	nanceiro?	
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________.
2 Ao negociar com os fornecedores as compras das matérias-
primas para a empresa, qual é o aspecto mais importante a ser 
levado em consideração para decidir a melhor opção de compra?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.
4 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Agora, estudaremos a viabilidade de investimentos em determinados ativos 
da	empresa.	O	objetivo	é	perceber	se	 tais	projetos	possuem	o	mesmo	grau	de	
retorno e por que esse tipo de investimento se torna atrativo. Para que a empresa 
possa apresentar um retorno interessante, é salutar que os gestores mantenham 
um determinado valor em recursos de capital de giro, que pode estar mensurado 
em estoques para gerar vendas futuras, ou contas a receber de clientes para 
geração	de	caixa	ao	longo	dos	meses,	ou	até	mesmo	alguma	reserva	fi	nanceira	
em	conta	bancária	para	suprir	necessidades	urgentes.
Primeiramente,	estudaremos	os	dois	tipos	de	projetos	de	investimentos,	que	
são	os	projetos	independentes	e	os	mutuamente	excludentes.
Os	projetos	independentes	não	possuem	nenhuma	correlação	nas	decisões	
da	escolha	por	um	projeto	ou	outro,	por	exemplo,	a	escolhaentre	dois	modelos	de	
caminhão	para	entrega.	Martins	e	Assaf	Neto	(1986,	p.	415)	afi	rmam	que:
121
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
[...]	 para	 que	 dois	 ou	mais	 projetos	 de	 investimentos	 sejam	
considerados como independentes, duas situações deverão 
simultaneamente ocorrer:
a)	A	possibilidade	física	de	implementação	de	um	projeto	não	
anula uma possível aceitação de outros.
b)	Os	benefícios	 produzidos	 por	 um	projeto	 não	 infl	uenciam	
(e	 também	 não	 são	 infl	uenciados)	 as	 decisões	 (aceitar	 ou	
rejeitar)	que	vierem	a	ser	tomadas	com	relação	aos	demais.					
Também	temos	no	campo	dos	estudos	das	fi	nanças	corporativas	os	projetos	
mutuamente excludentes, os quais recebem esta denominação por serem 
exclusivos.	Ao	se	aceitar	um	projeto,	automaticamente	se	elimina	o	outro.
Essa	 decisão	 somente	 é	 possível	 ao	 se	 avaliar	 se	 determinado	 projeto	
é	 mais	 vantajoso	 que	 o	 outro	 e,	 por	 fi	m,	 acaba	 eliminando	 os	 menos	 viáveis	
fi	nanceiramente,	por	exemplo,	um	projeto	de	expansão	da	produção.	
Na	 afi	rmação	 de	 Martins	 e	 Assaf	 Neto	 (1986,	 p.	 415),	 “investimentos	
mutuamente exclusivos ocorrem quando a aceitação de uma proposta elimina 
totalmente a possibilidade de implementar outra”. 
Em	 fi	nanças	 corporativas,	 os	 métodos	 de	 avaliação	 dos	 projetos	 são	
utilizados para saber o retorno de um investimento, avaliando se determinado 
projeto	está	em	condições	de	ser	viável	ou	não	para	o	investidor.	
Projetos	de	investimentos	devem	ser	considerados	com	o	uso	de	cálculos	do	
tempo	de	retorno	de	um	investimento,	saber	em	quanto	tempo	o	projeto	gerará	
caixa para a empresa.
De	 acordo	 com	o	 orçamento	 de	 investimentos,	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 deverá	
saber	 quanto	 aplicará	 de	 capital	 em	um	projeto,	 além	de	 saber	 a	 identifi	cação	
da capacidade instalada e a previsão das receitas de vendas e dos gastos. Com 
esses	 dados,	 já	 é	 possível	 identifi	car	 em	quanto	 tempo	 (meses	 ou	 anos)	 esse	
investimento se paga com a geração do caixa para a empresa.
Bodie,	Kane	e	Marcus	(2000,	p.	141)	afi	rmam	que:
Uma	vez	determinados	os	objetivos	e	as	limitações,	pode	ser	
formulada uma política de investimento que sirva ao investidor. 
Essa	política	deve	refl	etir	um	perfi	l	de	risco/retorno	apropriado,	
assim como as necessidades para liquidez, geração de renda 
e	posicionamento	tributário.	
122
 Finanças	CorporatiVas
Tanto	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 como	 o	 investidor	 ou	 o	 empreendedor	 deverão	
conhecer	 o	 mercado	 de	 atuação,	 a	 política	 tributária,	 o	 mercado	 concorrente,	
as	 taxas	 de	 câmbio,	 entre	 outras	 áreas	 que	 poderão	 afetar	 a	 avaliação	 de	
investimentos.
4.1 ORÇAMENTO DE CAPITAL
O	orçamento	de	capital	envolve	uma	análise	detalhada	da	geração	do	fl	uxo	
de	caixa	projetado	como	forma	de	analisar	e	selecionar	o	projeto	de	investimentos	
mais	viável	a	ser	implantado.	O	gestor	fi	nanceiro	pode	estar	à	frente	da	decisão	
de	 investir	 em	 um	 projeto	 mais	 barato,	 mas	 pode	 acontecer	 de	 o	 retorno	 do	
investimento	ser	muito	mais	demorado	do	que	um	projeto	que	requer	investimento	
elevado	com	geração	de	retorno	mais	rápido.	Contudo,	é	necessário	saber	se	a	
empresa	possui	os	recursos	fi	nanceiros	disponíveis	para	o	investimento	de	valor	
maior.
O	orçamento	visa	justamente	planejar	algo	para	o	futuro,	com	o	objetivo	de	
prever oportunidades satisfatórias futuras, e a busca pela melhor alternativa reside 
naquela	que	melhor	se	adapta	à	empresa	ao	se	realizar	diversas	comparações	
dos	resultados	projetados	em	vários	projetos.
Para	Kuhnen	e	Bauer	(1994,	p.	387),	“o	conceito	de	Análise	de	Investimentos	
pode	 hoje	 ser	 um	 conjunto	 de	 técnicas	 que	 permitem	 a	 comparação	 entre	 os	
resultados de tomada de decisões referentes a alternativas diferentes de uma 
maneira	científi	ca”.
Quando realizamos os estudos do Ativo no Capítulo 1 deste livro de estudos, 
verifi	camos	que	os	 investimentos	 são	 reconhecidos	 contabilmente	no	grupo	do	
Imobilizado,	em	contas	contábeis	com	a	descrição	de:	máquinas	e	equipamentos,	
veículos, prédios ou móveis e utensílios.
Os recursos alocados nestes tipos de Imobilizado são enormes, envolvem 
um elevado valor em dinheiro, mas são importantes para a empresa por estarem 
ligados	única	e	exclusivamente	às	atividades	operacionais	da	empresa.
Os	 investidores	e	os	gestores	fi	nanceiros	devem	sempre	se	questionar	se	
esses investimentos realmente valem a pena, se realmente trazem o retorno 
desejado,	e	por	assim	dizer,	 tornar	esse	volume	de	 investimentos	como	sendo	
viável	e	rentável.	
123
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
De	acordo	com	Kuhnen	e	Bauer	(1994,	p.	387),	“neste	sentido	é	que	muitos	
autores consideram que a Engenharia Econômica é, em boa parte, uma aplicação 
das	 técnicas	de	Matemática	Financeira	nos	problemas	de	 tomada	de	decisões,	
envolvendo	análise	de	investimentos,	substituição	de	equipamentos	e	mesmo	o	
estudo da depreciação”.
Para o investidor tomar alguma decisão com relação a investir em 
determinado	 imobilizado	ou	não,	deverá	sempre	avaliar	alguns	aspectos	como:	
a)	se	é	viável	o	investimento	e	se	este	permitirá	ampliar	o	mercado	da	empresa,	
b)	se	os	 investimentos	em	novas	máquinas	serão	mais	compensadores	que	os	
atuais	 gastos	 com	manutenção	 das	máquinas	 que	 a	 empresa	 já	 possui,	 c)	 se	
novos produtos dependem de novas tecnologias ou não, ou se é possível criar 
novos	 produtos	 com	 o	 maquinário	 que	 a	 empresa	 já	 possui,	 d)	 se	 os	 novos	
investimentos terão impacto ambiental.
Além	disso,	existem	tipos	diferentes	de	projetos	de	investimentos,	mas	isso	é	
o que veremos a seguir. 
4.1.1 Payback
O	Payback	é	uma	interessante	ferramenta	para	a	análise	de	investimentos,	
pois apura o tempo do retorno dos investimentos, adotando perspectivas de 
retorno de investimentos com taxa de atratividade ao custo do capital investido e 
não	pode	estar	muito	além	ou	aquém	das	taxas	praticadas	pelos	órgãos	ofi	ciais,	
como o Banco Central.
Não existe nenhum acordo entre os investidores que entendem que um 
investimento	somente	é	viável	se	a	taxa	de	risco	e	retorno	seja	inferior	ou	superior	
a	6%	ao	ano,	ou	8%	ao	ano,	entre	outros	aspectos.
A avaliação desse retorno deve estar relacionada única e exclusivamente 
com	a	área	de	atuação	da	empresa,	pois	há	segmentos	de	mercado	que	exigem	
altos volumes de investimentos e outros nem tanto.
Caso	um	investidor/empreendedor	queira	ganhar,	por	exemplo,	11%	ao	ano,	
líquido	 de	 impostos,	 aplicando	 seus	 recursos	 numa	 empresa,	 poderá	 fazer	 as	
seguintes contas: 
124
 Finanças	CorporatiVas
QUADRO 6 – REMUNERAÇÃO COMPARATIVA DO INVESTIMENTO
FONTE: O autor
Uma	atividade	comercial	(loja	ou	supermercado),	via	de	regra,	exige	menor	
investimento que o requerido para uma indústria. Na atividade comercial, o 
giro	 tende	a	ser	mais	 rápido	comparativamente	com	o	que	ocorre	na	atividade	
industrial.	Em	uma	hipotética	indústria	têxtil	o	processo	produtivo	poderá	se	iniciar	
com	a	conversão	do	algodão	em	fi	o	e	na	sequência	em	tecido,	tecido	estampado,	
tecido	 cortado	 e	 fi	nalmente	 lençol.	 Em	 um	 supermercado,	 hipoteticamente,	 os	
produtos entram e são vendidos em curto espaço de tempo, sem demanda de 
processamentos adicionais. 
O faturamento de um supermercado, comparando-se ao de uma 
indústria	que	recebeu	idêntico	montante	de	investimento,	deverá	ser	
signifi	cativamente	maior	em	razão	do	giro	das	vendas.
Para atingir o mesmo ganho anual, via atividade empresarial, 
faz-se	 necessário	 comparar	 o	 investimento	 feito	 com	 a	 receita	
estimada/orçada	 para	 o	 exercício	 sob	 apreciação.	 Encontrar-se-á,	
desta	 maneira,	 o	 percentual	 (%)	 de	 lucro	 líquido	 a	 ser	 praticado,	
calculado com base no faturamento.
Quando	 o	 assunto	 é	 lucro	 líquido,	 entende-se	 lucro	 fi	nal,	 ou	
seja,	aquele	encontrado	depois	de	deduzidos	os	 tributos	devidos.	Recomenda-
se discutir este assunto com o seu contador, pois lucrotem também conceito 
contábil.	
O lucro tem relação com os preços de venda, e este, no contexto das 
organizações,	vem	sofrendo	mudanças	signifi	cativas.	A	condução	dos	negócios	
mudou completamente no mundo, resultante do progresso nas comunicações e 
O faturamento de 
um supermercado, 
comparando-se ao 
de uma indústria 
que recebeu 
idêntico montante 
de investimento, 
deverá ser 
signifi cativamente 
maior em razão do 
giro das vendas.
125
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
informática.	O	avanço	permite	a	transmissão,	em	tempo	real,	de	desenhos,	fotos,	
gráfi	cos	etc.,	sem	difi	culdades	para	imprimi-los	no	local	de	destino.	
Com isso, o potencial fornecedor que antes, por necessidade de comunicação 
com o cliente, tinha que estar próximo, a partir destes avanços, pode estar 
fi	sicamente	em	qualquer	local	geográfi	co	do	planeta.
Sem	dúvidas,	os	progressos	signifi	cativos	e	com	as	reduções	nos	custos	de	
utilização destes recursos de comunicação, as organizações passaram a poder 
transmitir dados, independentemente de seu porte. Todas puderam começar a 
fazer	negócios	de	forma	mais	dinâmica.
A	dinâmica	nas	negociações	atuais	é	diferente	das	anteriores,	caracterizando,	
entre outros aspectos, que:
•	 os	preços	de	venda	são	valores	fi	nitos.	Não	se	consegue	praticar	valores	
superiores aos aceitos pelo mercado globalizado;
•	 o	 lucro,	 antes	 dependente,	 tornou-se	 dominante	 e	 faz	 “guerra”	 para	
garantir o seu espaço, conforme determinado pelo investidor; e 
•	 os	custos	e	despesas,	que	se	não	bem	controlados,	tornam-se	infi	nitos,	
passaram a exigir atenção maior daquela que até então se praticou.
O	quadro	a	seguir	mostrará	estes	conceitos.
QUADRO	7	–		A	BUSCA	DO	“SEU”	ESPAÇO
FONTE: O autor
4.1.2 Método payback descontado 
(PBD)
Como os recursos alocados no investimento não são gratuitos, devemos 
incluir seus custos	ao	longo	do	prazo	da	análise	do	projeto	de	investimento.	Há	
duas maneiras de incluir os custos:
126
 Finanças	CorporatiVas
•	 Acumulação	do	Valor	Presente	em	cada	ano	do	projeto.
•	 Saldo	do	Projeto	com	carregamento	anual	dos	juros.
Vamos nos ater apenas ao primeiro método, que consiste em incluir o custo 
de	capital	ao	 longo	do	prazo	de	análise	do	projeto	de	 investimento.	Na	prática,	
signifi	ca	 trazer	 todas	 as	 entradas	 do	 fl	uxo	 de	 caixa	 para	 a	 data	 t	 =	 0,	 ou,	 em	
outras palavras, trazê-las para um valor presente.
Exemplo: calcular o payback descontado considerando que o custo 
de	capital	da	empresa	é	de	12%	a.a.	e	o	prazo	máximo	aceito	para	 retorno	do	
investimento é de 4 anos:
QUADRO 8 – EXEMPLO DE PAYBACK DESCONTADO
FONTE: O autor
Fórmula	matemática	para	calcular	o	valor	presente:	
Cálculo	pela	HP	12:
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx – pressionar F depois CLx para limpeza de memórias. 
120.000 CHS FV
12 i
1 n
PV? – 107.143
127
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Para calcular os demais valores, basta inserir o novo valor em PV e o novo 
período	em	“n”.	A	taxa	permanece	a	mesma.	Pergunta-se	o	novo	PV.
Exemplo:	 continuando	 o	 exercício,	 para	 saber	 o	 valor	 presente	 de	 R$	
150.000 do ano 2:
Cálculo	pela	HP	12:
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx – pressionar F depois CLx para limpeza de memórias. 
150.000 ENTER CHS FV
2 n
PV? – 119.579 
Para	apurar	o	PBD,	devemos	utilizar	o	último	ano	do	fl	uxo	de	caixa	negativo	
e	 somar	 ao	 resultado	 da	 divisão	 entre	 o	 valor	 desse	 fl	uxo	 de	 caixa	 negativo	
(transformá-lo	em	saldo	positivo)	pela	próxima	entrada	do	fl	uxo	de	caixa	a	valor	
presente,	que	está	no	ano	6.	
PBD	=	5	+				5.994	=	5	+	0,7	=	5,07	anos	(0,07	de	12	meses)	=	0,84	de	1	mês,	
 91.194 0.84 x 30 = 25 dias.
Signifi	ca	que	o	investimento	se	pagará	em	5	anos	e	25	dias.
Critério do método do Payback Descontado: o procedimento para aplicar o 
método do payback descontado é equivalente ao procedimento realizado no caso 
do	 PBS.	 Começamos	 por	 estabelecer	 o	 prazo	máximo	 tolerado	 pela	 empresa	
para recuperar o capital investido. Por exemplo, se o prazo tolerado for igual a 3,5 
anos,	para	que	um	projeto	seja	aceito	deve	apresentar	um	valor	de	PBD	menor	
ou igual a 3,5 anos. Resumindo:
•	Se	PBD	do	projeto	<	PBD	máximo,	deve-se	aceitar	o	projeto.
•	Se	PBD	do	projeto	=	PBD	máximo,	deve-se	aceitar	o	projeto.
•	Se	PBD	do	projeto	>	PBD	máximo,	deve-se	rejeitar	o	projeto.
Análise	do	método	do	PBD:	a	vantagem do método do PBD é considerar o 
valor do dinheiro no tempo,	pois	o	cálculo	do	PBD	é	realizado	considerando	o	
custo	de	capital	da	empresa.	Esse	resultado	tem	os	seguintes	signifi	cados:
• O valor do PBD pode ser interpretado como o prazo de recuperação do 
investimento	 remunerado	 no	 valor	 da	 taxa	 de	 juros	 que	 representa	 o	
custo de capital. 
128
 Finanças	CorporatiVas
• O método do PBD continua tendo as desvantagens de não considerar 
todos	os	capitais	do	fl	uxo	de	caixa,	de	ter	que	defi	nir	de	forma	subjetiva	o	
prazo	máximo	tolerado	e,	ainda,	a	empresa	continuará	com	a	tendência	
de	aceitar	 projetos	 de	 curta	maturação	e	 baixa	 rentabilidade	e	 rejeitar	
projetos	de	maior	maturação	e	alta	rentabilidade.	
4.1.3 VPL - Valor Presente Líquido
Essa técnica possibilita comparar todas as entradas e saídas de dinheiro na 
data	 inicial	 de	 um	determinado	projeto,	mas	devemos	descontar	 os	 valores	 de	
entradas	futuras	do	fl	uxo	de	caixa	a	uma	taxa	de	juros	que	remunera	o	custo	de	
capital investido. 
Para	Autran	 e	 Coelho	 (2003,	 p.	 144),	 “o	 VPL	 é	 uma	 técnica	 que	 procura	
identifi	car	o	valor	líquido	atual	de	um	investimento	futuro.	Para	isso,	estabelece-
se uma taxa, chamada de taxa de desconto ou custo oportunidade, para deduzir 
os custos que reduziriam os ganhos que tal investimento traria”.
Isso	 signifi	ca	 que	 se	 em	determinadas	 circunstâncias	 o	VPL	 é	 positivo	
VPL	 >	 0,	 então	 a	 soma	 na	 data	T	 =	 0	 de	 todo	 o	 fl	uxo	 de	 caixa	 das	 entradas	
previstas é maior que o valor inicial investido. 
De acordo com a teoria do Orçamento de Capital estudada neste capítulo, ao 
trabalhar	com	estimativas	futuras	de	um	projeto,	é	possível	identifi	car	se	o	capital	
inicial investido pode ser recuperado ou não.
O	critério	do	método	do	VPL	para	demonstrar	a	viabilidade	do	projeto	é	o	
valor	presente	(T=0)	das	entradas	do	fl	uxo	de	caixa	previsto	ser	maior	que	o	valor	
presente	das	saídas	 (o	 investimento	 inicial)	 calculado	com	a	 taxa	de	 juros	que	
remunera o capital inicial investido. 
Esse método do VPL (Valor Presente Líquido) é semelhante ao método do 
payback	 descontado	 (PBD),	 pois	 o	 saldo	 fi	nal	 do	 projeto	 é	 o	 retorno	 do	 valor	
inicialmente	investido,	é	o	que	sobra	no	fl	uxo	de	caixa.
129
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Se	um	projeto	de	investimento	é	aceito	pelo	método	de	apuração	
do	PBD,	o	valor	do	VPL	deverá	ser	positivo,	isto	é	VPL	>	0.	
Vamos	apurar	um	exemplo	de	investimento	inicial	de	R$	550.000,00	e	fl	uxos	
líquidos	de	caixa.	Verifi	que	se	esse	projeto	é	viável,	sabendo	que	a	taxa	de	custo	
de	capital	é	de	10%	a.a.
QUADRO 9 – EXEMPLO DE INVESTIMENTO INICIAL
FONTE: O autor
Se	 o	 cálculo	 for	 efetuado	 na	 calculadora	 HP	 12C,	 deve-se	 proceder	 da	
seguinte forma:
F REG
R$	550.000,00	CHS	g	Cfo
R$	125.000,00	g	CFj
R$	152.000,00	g	CFj
R$	210.000,00	g	CFj
R$	235.000,00	g	CFj
R$	154.000,00	g	CFj
130
 Finanças	CorporatiVas
R$	187.000,00	g	CFj
R$	89.000,00		g	CFj
10	i		f	NPV	→		R$	254.390,05.	
Se	 o	 VPL	 >	 0,	 então	 o	 capital	 investido	 no	 valor	 de	 R$	 550.000,00,	
considerando	a	taxa	de	juros	de	10%	a.a.,	está	sendo	recuperado	e	está	gerando	
o	lucro	extra	(na	data	T=0)	de	R$	254.390,05,	correspondente	ao	VPL.	Portanto,	
o	retorno	deste	projeto	é	maior	que	10%.	Signifi	ca	que	a	empresa	aumentará	sua	
riqueza	em	R$	254.390,05	se	aceitar	o	projeto.	
4.1.4 TIR - Taxa Interna de Retorno
A	TIR	é	um	método	que	tem	profundarelação	de	análise	com	o	método	do	
Valor Presente Líquido (VPL), sendo que a sua aplicação consiste em apurar a 
taxa	de	retorno	fi	nanceiro	de	um	projeto.
Ao ser aplicada em um orçamento empresarial, a TIR visa apurar se o retorno 
do	investimento	é	interessante	comparado	com	o	retorno	desejado	dos	acionistas.	
Conforme Kuhnen e Bauer (1994, p. 413), a taxa interna de retorno é:
A	taxa	que	anula	o	saldo	dos	valores	atuais	do	fl	uxo	de	caixa.	
Quando analisamos diversas alternativas de investimentos 
pelo	 método	 de	 Taxa	 Interna	 de	 Retorno,	 é	 necessário	
equipararmos	 o	 investimento	 inicial,	 ou	 seja,	 aplica-se	 a	
diferença de investimento (A MENOR) pela taxa mínima de 
atratividade nas mesmas condições do investimento base.
Na	 abordagem	de	Martins	 e	Assaf	Neto	 (1986,	 p.	 38),	 “[...]	 a	
TIR, na realidade, é a taxa de desconto que, quando aplicada a uma 
série de pagamentos ou recebimentos, gera um resultado igual ao 
valor presente (VP) da operação”. Complementando, para Dantas 
(1996,	p.	105),	“a	taxa	interna	de	retorno	é	o	segundo	método	mais	
utilizado para calcular a viabilidade de um investimento. Dado o valor 
futuro, ela varia inversamente com o valor presente”.
a TIR, na realidade, 
é a taxa de desconto 
que, quando 
aplicada a uma série 
de pagamentos ou 
recebimentos, gera 
um resultado igual 
ao valor presente 
(VP) da operação”.
Por este método, enquanto o valor da TIR for maior que o valor 
do	custo	de	capital	(k),	o	projeto	deve	ser	aceito.
131
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Prosseguiremos	com	o	exemplo	do	cálculo	anterior.	Utilizaremos	os	mesmos	
dados	e	também	faremos	simulações	com	outros	cenários	referentes	ao	valor	da	
TIR e da taxa de desconto utilizada.
QUADRO 10 – EXEMPLO DE CÁLCULO
FONTE: O autor
Após apertar a sequência das teclas f NPV na calculadora HP 12C, aperte 
as	teclas	f	IRR	para	apurar	a	TIR	do	projeto.	Observe	que	a	TIR	apurada	está	em	
132
 Finanças	CorporatiVas
22,8100220234%	durante	o	projeto	de	7	anos.	 Isso	quer	dizer	que	a	TIR	deve	
sempre	ser	MAIOR	que	a	taxa	de	desconto	do	cálculo	do	custo	do	capital	para	
gerar	o	VPL	em	R$	254.390,05.
Agora, faremos uma nova simulação, desta vez, utilizando hipoteticamente a 
taxa	de	desconto	com	a	mesma	taxa	da	TIR.	Vamos	verifi	car	como	fi	cará	o	VPL	
do período?
QUADRO 11 – SIMULAÇÃO
FONTE: O autor
133
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
Veja	que	interessante,	não	existe	riqueza	gerada,	pois	a	taxa	de	desconto	é	
exatamente o mesmo percentual da taxa de desconto do custo do capital.
Agora, faremos uma nova simulação, em que utilizaremos hipoteticamente 
o	 valor	 venal	 (original)	 das	 entradas	 do	 fl	uxo	 de	 caixa,	 exatamente	 no	mesmo	
valor	do	investimento	do	projeto,	aplicando	a	mesma	taxa	de	desconto	utilizada	
no	cenário	da	letra	(a).	Vamos	verifi	car	como	fi	cará	o	VPL	e	a	TIR	do	período?
QUADRO 12 – NOVA SIMULAÇÃO
FONTE: O autor
134
 Finanças	CorporatiVas
1 Como pode ser interpretado o PBD (Payback Descontado) na 
análise	de	investimentos?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________. 
2		 Ao	realizar	a	análise	de	investimentos	de	uma	empresa,	e	a	taxa	
de desconto aplicada ao custo de remuneração do capital for 
exatamente o mesmo percentual apurado na TIR (Taxa Interna 
do Retorno), qual é o comportamento do VPL (Valor Presente 
Líquido)?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.
Observe	o	interessante	comportamento	desse	fl	uxo	de	caixa.
Se	o	valor	das	entradas	do	fl	uxo	de	caixa	venal	(original)	for	igual	ao	valor	do	
investimento	inicial	do	projeto,	sendo	a	taxa	de	desconto	de	10%	ao	ano,	o	valor	
do	VPL	fi	cará	negativo	em	R$	284.889,48,	nesse	caso,	houve	DESTRUIÇÃO	DA	
RIQUEZA. Por conseguinte, e não poderia ser diferente, a TIR (Taxa Interna de 
Retorno) é exatamente 0 (ZERO).
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nesse	 capítulo	 você	 estudou	 as	 características	 da	 infl	ação	 e	 seu	 impacto	
na	 economia	 e	 um	 interessante	modelo	 para	 apurar	 a	 taxa	 da	 infl	ação	 interna	
da	empresa,	pois	muitas	vezes	a	 taxa	ofi	cial	divulgada	pelo	Banco	Central	não	
condiz com a realidade da empresa.
Você	 também	 teve	 a	 oportunidade	 de	 estudar	 a	 matemática	 fi	nanceira	
aplicada	 em	 cálculos	 para	 avaliar	 investimentos	 e	 fi	nanciamentos,	 suas	 taxas	
de	 juros,	 período	 apurado,	 valor	 futuro	 e	 valor	 presente.	 As	 ferramentas	 da	
matemática	fi	nanceira	podem	auxiliar	na	 tomada	de	decisões	de	compras,	com	
o uso das taxas negociadas e o valor presente do custo da compra. Com essa 
135
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2 
ferramenta,	 o	gestor	 fi	nanceiro	pode	avaliar	 se	é	 interessante	pagar	à	 vista	as	
compras das matérias-primas ou negociar maiores prazos de pagamentos com 
seus fornecedores.
Por	 fi	m,	 na	 avaliação	 de	 investimentos	 na	 parte	 que	 se	 relaciona	 com	
a	 análise	 do	 VPL	 (Valor	 Presente	 Líquido)	 e	 da	 taxa	 da	 TIR	 (Taxa	 Interna	 de	
Retorno),	 você	 teve	 a	 oportunidade	 de	 avaliar	 alguns	 cenários	 de	 projetos	 de	
investimentos,	comparando	as	entradas	do	fl	uxo	de	caixa	 juntamente	à	taxa	de	
desconto, VPL e TIR.
REFERÊNCIAS
AUTRAN, M.; COELHO, C. U. F. Básico de contabilidade e fi nanças. Rio de 
Janeiro:	Senac	Nacional,	2003.
BODIE,	Z.;	KANE,	A.;	MARCUS,	A.	J.	Fundamentos de investimentos. Trad. de 
Robert Brian Taylor. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
DANTAS, A. Análise de investimentos e projetos aplicada à pequena 
empresa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996.
GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração fi nanceira. 2. ed. Trad. de 
Célio Knipel Moreira. São Paulo: Saraiva, 2005. 
GUDIN, E. Princípios da economia monetária.	9.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Agir,	
1979. 
HOJI,	M.	Administração fi nanceira: uma	abordagem	prática:	matemática	
fi	nanceira	aplicada,	estratégias	fi	nanceiras,	análise,	planejamento	e	controle	
fi	nanceiro.	São	Paulo:	Atlas,	2000.
KUHNEN, O. L.; BAUER, U. L. Matemática fi nanceira aplicada e análise de 
investimentos. São Paulo: Atlas, 1994. 
MARTINS, E.; ASSAF NETO, A. Administração fi nanceira:	as	fi	nanças	das	
empresas	sob	condições	infl	acionárias.	São	Paulo:	Atlas,	1986.
POSSAMAI, A. Apostila de Economia.	Jaraguá	do	Sul:	UNERJ	–	Fundação	
Educacional	Regional	Jaraguaense,	2003.
RATTI, B. Comércio internacional e câmbio. 10. ed. São Paulo: Aduaneiras, 
2001.
136
 Finanças	CorporatiVas
ROSS,	S.	A.;	WESTERFIELD,	R.	W.;	JORDAN,	B.	D.	Princípios de 
administração fi nanceira. São Paulo: Atlas, 2002.
SILVA,	F.	G.	da;	JORGE,	F.	T.	Economia aplicada à administração. São Paulo: 
Futura, 1999.
CAPÍTULO 3
VALOR DA EMPRESA
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer qual é a relação do CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital) 
como fator determinístico na geração da riqueza da empresa.
• Entender qual é o melhor momento para a empresa captar mais recursos de 
capital	próprio	ou	de	capital	de	terceiros	para	seus	projetos	de	investimentos.
•	 Compreender	de	que	forma	o	fl	uxo	de	caixa	descontado	pode	contribuir	com	
informações para a avaliação da empresa.
•	 Elaborar	 cálculos	 do	 efeito	 tributário	 do	 imposto	 de	 renda	 e	 da	 contribuição	
social no Custo Médio Ponderado de Capital.
• Apurar a necessidade de Capital de Giro da empresa a partir das informações 
contábeis	da	empresa.
•	 Apurar	 o	 valor	 da	 empresa	 com	 uso	 da	 metodologia	 do	 fl	uxo	 de	 caixa	
descontado.
138
 Finanças	CorporatiVas
139
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Muitas vezes, é possível acompanhar movimentos do mercado 
em que as empresas são negociadas entre si. Esse tipo de negociação 
ocorre	 quando	 as	 empresasatingem	 a	 alavancagem	 fi	nanceira	
sufi	ciente	para	que	possam	garantir	algum	potencial	de	negociação.	
A	 alavancagem	 fi	nanceira	 é	 a	 otimização	 dos	 resultados	 ou	
da	 rentabilidade	 com	 busca	 de	 recursos	 fi	nanceiros	 no	 mercado.	
Se o valor das ações aumenta, a empresa consegue alavancar o 
seu resultado e assim trabalhar com recursos de terceiros. É uma 
característica que envolve o aumento da rentabilidade com maior 
uso do capital de terceiros. Em outras palavras, o capital de terceiros 
possui maior participação na estrutura de capital da empresa.
Isso	 signifi	ca	 que	 empresas	 promissoras	 podem	 ter	 ou	 alcançar	 um	 valor	
signifi	cativo	no	mercado,	e	isso	faz	com	que	a	concorrência	adquira	essa	empresa	
para evitar que outro concorrente assim o faça. Como exemplo, os gestores 
de uma empresa A estão avaliando a aquisição de uma empresa B antes que 
os gestores de uma empresa C adquiram a empresa B, sendo realizada essa 
operação de negociação antes do fechamento do negócio entre as respectivas 
empresas A e B.
Vejamos:
Gestores	da	empresa	A	estudam	adquirir	a	empresa	B	por	R$	1.000.000,00.
Gestores	da	empresa	C	estudam	adquirir	a	empresa	B	por	R$	1.100.000,00.
Logo,	quem	 irá	alavancar	a	melhor	proposta?	Nesse	caso,	os	gestores	da	
empresa	C	têm	a	melhor	proposta	e	assim	poderão	“sair	à	frente”	na	negociação	
em	relação	à	empresa	A.	Isso	não	é	uma	concorrência	desleal,	mas	sim	o	poder	
econômico com interesse nas possibilidades de incorporar as tecnologias da 
empresa B em C. Quem ganha com essa negociação?
Existem	 grandes	 possibilidades	 de	 os	 antigos	 proprietários	 da	 empresa	 B	
permanecerem	 com	 vantagens,	 afi	nal	 de	 contas	 existe	 certa	 “disputa”	 no	 bom	
sentido entre os gestores de duas empresas para viabilizar a sua aquisição. Não 
que	isso	seja	uma	regra,	pois	muitas	vezes	os	valores	exagerados	que	se	pedem	
em uma negociação dessas podem frustrar qualquer interessado.
Esse tipo de 
negociação 
ocorre quando as 
empresas atingem 
a alavancagem 
fi nanceira sufi ciente 
para que possam 
garantir algum 
potencial de 
negociação. 
140
 Finanças	CorporatiVas
Dando continuidade, qual é o método que se utiliza para apurar o valor de 
uma empresa? Como alguém consegue atribuir que determinada empresa tenha 
um valor estipulado?
Desta forma, neste Capítulo 3, serão estudadas ferramentas que 
possibilitarão	a	compreensão	sobre	o	que	pode	ser	considerado	como	viável	para	
a atribuição de valor para as empresas.
2 CMPC - CUSTO MÉDIO 
PONDERADO DE CAPITAL
O	 chamado	 CMPC	 ou	 Custo	 Médio	 Ponderado	 de	 Capital	 talvez	 seja	 a	
ferramenta mais apropriada para o início dos estudos da Avaliação de Empresas. 
Isso	porque	as	fi	nanças	das	empresas	praticamente	estão	alicerçadas	no	âmbito	
da negociação.
O custo médio ponderado é considerado outro critério para 
controlar os estoques. O custo a ser contabilizado representa uma 
média dos custos de aquisição para as funções empresariais.
De	 acordo	 com	Santos	 (2005,	 p.	 76),	 “o	 CMPC	 corresponde	
à	 média	 ponderada	 das	 taxas	 de	 custo	 das	 diversas	 fontes	 de	
fi	nanciamento	a	longo	prazo	que	integram	a	estrutura	de	capital	da	
empresa”.
A	negociação	para	captar	recursos	fi	nanceiros	tem	o	propósito	
de fomentar as atividades operacionais da empresa, pois como 
muitas vezes o giro do ciclo das contas a receber das empresas é 
mais	longo	que	o	ciclo	do	giro	das	contas	a	pagar,	há	a	necessidade	
de	buscar	recursos	fi	nanceiros	do	mercado	ou	do	capital	próprio.
O custo médio 
ponderado é 
considerado 
outro critério 
para controlar os 
estoques. O custo 
a ser contabilizado 
representa uma 
média dos custos 
de aquisição 
para as funções 
empresariais.
A negociação para 
captar recursos 
fi nanceiros tem 
o propósito 
de fomentar 
as atividades 
operacionais da 
empresa.
141
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
2.1 ESTRUTURA DO CAPITAL DA 
EMPRESA
A	estrutura	de	capital	de	uma	empresa	está	em	avaliar	como	esta	realiza	a	
combinação entre os dois principais tipos de fontes de capitais. 
FIGURA 1 – BALANÇO PATRIMONIAL
FONTE: O autor
Podemos	 observar	 que	 as	 contas	 contábeis	 compostas	 de	 Fornecedores,	
Salários	a	Pagar	e	Impostos	a	Recolher	(Passivos	Operacionais)	totalizam	o	valor	
de	R$	155.000,00	e	isso	representa	um	montante	de	17,82%	em	relação	ao	total	
do	ativo	em	R$	870.000,00.
Com isso, podemos avaliar que os Passivos Financeiros compostos pelas 
contas de Empréstimos a Pagar (Passivo Circulante e Passivo Não Circulante) e 
Patrimônio	Líquido	totalizam	o	valor	de	R$	715.000,00,	que	representam	82,18%.
Logo,	na	estrutura	fi	nanceira	da	empresa	que	fi	nancia	as	contas	do	Ativo,	a	
maior parte provém dos Passivos Financeiros. Não é uma situação ruim, visto que 
a	maior	parte	dos	recursos	fi	nanceiros	provém	do	Patrimônio	Líquido	(capital	dos	
sócios)	e	também	não	representa	um	signifi	cativo	endividamento	com	capital	de	
terceiros.
Nesse caso, a fonte de capital mais comum é o capital de terceiros, que 
representa	 as	 dívidas	 e	 fontes	 de	 fi	nanciamento	 da	 empresa	 via	 bancos	 ou	
instituições	 fi	nanceiras	 em	 geral,	 e,	 por	 sua	 vez,	 o	 capital	 próprio	 é	 a	 parte	
do capital que os sócios ou acionistas investem na empresa.
Segundo Santos (2005, p. 77):
142
 Finanças	CorporatiVas
O princípio mais importante a ser seguido quando se calcula 
o CMPC é que ele tem de ser consistente com o modelo de 
avaliação	e	com	a	defi	nição	do	fl	uxo	de	caixa	a	ser	descontado.	
Por isso, os avaliadores devem se ater aos seguintes passos 
para	calculá-lo:
• Considerar a média ponderada dos custos de todas as 
fontes	 de	 capital	 (dívidas,	 ações	 etc.),	 já	 que	 o	 fl	uxo	 de	
caixa representa o caixa disponível para remunerar todos os 
provedores de capital.
•	Ser	calculado	depois	de	todos	os	impostos,	já	que	o	fl	uxo	de	
caixa também é calculado depois de todos os impostos.
•	Usar	taxas	de	retorno	nominais	derivadas	de	taxas	de	juros	
reais	e	da	infl	ação	esperada.
•	 Levar	 em	 conta	 os	 riscos	 sistemáticos	 assumidos	 pelos	
investidores, tendo em vista que cada um deles espera um 
retorno que compense o risco assumido.
• Empregar valores de mercado ao se ponderar o custo de 
cada	fonte	de	capital,	 já	que	os	valores	de	mercado	refl	etem	
a verdadeira composição do capital empregado, o que não 
ocorre	com	o	valor	contábil.
•	 Poder	 variar	 ao	 longo	 do	 período	 de	 projeção	 do	 fl	uxo	 de	
caixa, em função de mudanças esperadas nos fatores de 
natureza	 sistemática	 (infl	ação,	 juros,	 câmbio	 etc.)	 e	 na	
estrutura da empresa.
Considerando esses aspectos, é fundamental compreendermos o custo de 
capital próprio e o custo de capital de terceiros para a apuração do CMPC e, por 
conseguinte, o uso desse indicador para a apuração do resultado operacional ou 
valor da empresa.
2.1.1 Custo do capital próprio
O	capital	próprio,	como	o	próprio	nome	já	especifi	ca,	é	o	valor	que	os	sócios	
investem na empresa sob a forma de capital social.
O Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) é determinado pelo gestor para 
encontrar	 o	 lucro	 mínimo	 desejado,	 que	 representa	 a	 remuneração	 ao	 capital	
investido (custo de capital próprio). O PEE auxilia o gestor a entender o quanto 
ele precisa vender para ter o retorno do capital investido, o que pode gerar lucro 
ou	prejuízo.	
O Custo do Capital Próprio ou CAPM (Capital Asset Pricing Model) é 
basicamente	traduzido	como	sendo	a	taxa	de	retorno	requerida	pelos	proprietários	
da empresa, ou nada mais nada menos que o custo do capital próprio. 
143
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Com	 base	 em	 Santos	 (2005,	 p.	 79),	 “o	 CAPM	 postula	 que	 o	 custo	 de	
oportunidade	do	capital	ordinário	seja	 igual	ao	retorno	sobre	os	 títulos	 livres	de	
risco (TLR)	mais	 o	 risco	 sistemático	 da	 empresa	 (ß)	multiplicado	 pelo	 preço	 de	
mercado	do	risco,	ágio	ou	prêmio	pelo	risco	(TRM–TLR), mais o risco país (Ê)”.
Então,	isso	signifi	ca	que	há	a	necessidadede	apurar	uma	série	de	variáveis	
até	encontrarmos	o	 coefi	ciente	do	 custo	do	 capital	 próprio.	Na	 verdade,	 temos	
que apurar a equação do CAPM, que segundo Santos (2005, p. 79), é a seguinte: 
“CAPM	=	{TLR+[ß(TRM–TLR)]+Ê}”.
Vejamos	o	que	cada	sigla	representa:
CAPM = Custo do Capital Próprio.
TLR = Taxa Livre de Risco.
ß	=	Beta	(volatilidade	da	empresa	em	relação	ao	mercado).
TRM = Taxa de Retorno do Mercado.
Ê = Risco País.
A taxa livre de risco pode ser considerada como sendo a taxa de remuneração 
isenta de risco e é sempre calculada em função do investimento de menor risco 
disponível no mercado.
Segundo Santos (2005, p. 79): 
Nesse	contexto,	o	parâmetro	adotado	em	análises	fi	nanceiras	
é o U.S. Treasure Bonds de 30 anos, por ser considerado, 
internacionalmente, como o indicador que apresenta um 
dos menores graus de risco e estar lastreado pelo aval da 
economia	mais	rica	do	mundo.	Essa	é	a	taxa	que	melhor	refl	ete	
as	expectativas	de	longo	prazo	do	mercado	para	a	infl	ação	e	é	
a menos afetada por desbalanceamento de oferta e demanda 
e intervenções de curto prazo. 
Outro aspecto importante que deve ser mencionado ao tratar do 
custo	de	capital	próprio	envolve	a	apuração	do	coefi	ciente	beta	ß.
O	 coefi	ciente	 beta	 tem	 por	 objetivo	 uma	 medida	 estatística	
que permite apurar o nível de volatilidade do valor das ações em 
comparação	à	carteira	do	mercado.
O	custeio	variável	é	um	método	de	apropriação	dos	custos	que	
separa	 os	 custos	 fi	xos	 e	 apropria	 somente	 os	 custos	 variáveis,	 ou	
seja,	aqueles	que	se	alteram	conforme	o	volume	de	produção.
O custeio variável 
é um método de 
apropriação dos 
custos que separa 
os custos fi xos e 
apropria somente 
os custos variáveis, 
ou seja, aqueles 
que se alteram 
conforme o volume 
de produção.
144
 Finanças	CorporatiVas
O	coefi	ciente	 beta	 permite	 identifi	car	 qual	 é	 o	 risco	 sistemático	da	própria	
empresa ou do ramo de atuação. 
Entende-se	por	risco	sistemático	ou	não	diversifi	cável	aquele	
atribuível a fatores de mercado que afetam todas as empresas 
e,	por	isso,	não	pode	ser	eliminado	por	meio	da	diversifi	cação.	
Fatores,	como	guerra;	infl	ação;	taxa	de	juros;	câmbio;	eventos	
públicos	etc.	respondem	pelo	risco	sistemático.	Quanto	maior	
o	 Índice	 de	 Volatilidade	 da	 empresa	 (ß),	 maior	 o	 risco	 do	
investimento (SANTOS, 2005, p. 80). 
Para uma melhor compreensão, buscou-se em Gitman (2001, p. 218) o 
seguinte	quadro	da	classifi	cação	do	coefi	ciente	beta:
QUADRO 1 – COEFICIENTES DE BETA SELECIONADOS 
E SUAS INTERPRETAÇÕES
FONTE: Gitman (2001, p. 218)
É importante reforçar que empresas com negociação expressiva na bolsa de 
valores e que sempre estão entre as mais avaliadas no mercado de ações como 
opções interessantes para a compra e venda das ações, para a apuração do seu 
coefi	ciente	beta,	é	necessário	calcular	a	 regressão	dos	 retornos	 (que	podemos	
ajustar	 ao	 período	 diário,	 semanal	 ou	mensal,	 entre	 outros)	 comparando-a	 em	
relação ao índice de mercado selecionado durante o mesmo período, porém, 
em anos anteriores durante um período de três a cinco anos como uma maior 
margem	de	segurança	para	fi	ns	comparativos.
Para	 que	 seja	 possível	 apurar	 o	 coefi	ciente	 beta,	 é	 necessário	 adotar	 a	
fórmula	da	covariância	do	retorno	dos	ativos	em	relação	ao	retorno	do	mercado,	
dividido	pela	variância	do	retorno	do	mercado.
Conforme Stumpf (2020, s.p., grifo do autor):
Covariância:	 é	 uma	medida	 que	 avalia	 como	 as	 variáveis	X	
e	 Y	 se	 inter-relacionam	 de	 forma	 linear,	 ou	 seja,	 como	 Y	
varia em relação a uma determinada variação de X. Quando 
a	Covariância	é	positiva,	duas	variáveis	 tendem	a	variar	na	
mesma direção, isto é, se uma sobe, a outra tende a subir e 
145
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
vice-versa.	Já	se	a	Covariância	 for negativa,	duas	variáveis	
tendem a variar em direções opostas, isto é, se uma sobe a 
outra tende a cair e vice-versa.
Quanto mais próxima de zero for menor a possibilidade de 
se	 identifi	car	 um	 comportamento	 interdependente	 entre	 as	
variáveis.	Ela	estando	entre	duas	variáveis	pode	ser	obtida	de	
dados	de	variância.
Portanto,	a	fórmula	do	coefi	ciente	beta	é	a	seguinte:
Nessa fórmula, temos:
Cov	=	Covariância
RA = Retorno do Ativo
RM = Retorno do Mercado
VarRM	=	Variância	do	Retorno	do	Mercado
Para	 apurar	 a	 fórmula	 beta,	 primeiramente	 é	 necessário	
identifi	car,	 a	 partir	 dos	 resultados	 publicados	 pelas	 demonstrações	
fi	nanceiras	da	empresa,	quais	são	os	retornos	dos	ativos	da	empresa.	
Em	seguida,	é	 identifi	cado	com	a	aplicação	de	uma	 fórmula	 (Retun 
On Assets), conforme a sigla em inglês:
ROA = (Lucro Líquido / Ativo Total) x 100
Com relação ao retorno do mercado, este é o retorno da carteira de todas 
as ações negociadas no mercado da Bolsa de Valores. No caso do Brasil, existe 
o índice Bovespa (ou Ibovespa), que mede a variação das ações negociadas em 
determinados períodos. O Ibovespa é o índice cotado pelos papéis negociados na 
B3	(Brasil,	Bolsa,	Balcão)	e	é	apresentado	conforme	a	fi	gura	a	seguir.
Para apurar a 
fórmula beta, 
primeiramente 
é necessário 
identifi car, a partir 
dos resultados 
publicados pelas 
demonstrações 
fi nanceiras da 
empresa, quais são 
os retornos dos 
ativos da empresa. 
146
 Finanças	CorporatiVas
FIGURA 2 – ÍNDICES DA BOLSA DE VALORES
FONTE: Adaptada de Frontini (2020)
Observe	na	fi	gura	anterior	que	o	índice	Ibovespa	está	em	–	2,24%,	ou	seja,	
com retorno negativo, mas você deve pesquisar quais são os índices que foram 
apurados	nos	últimos	6	meses	para	utilizarmos	como	exemplo	no	cálculo	para	a	
apuração	do	coefi	ciente	beta.
Exemplifi	cando,	utilizaremos	os	seguintes	valores	hipotéticos	referentes	aos	
Retornos sobre os Ativos e o Retorno da Carteira do Mercado de uma determinada 
empresa. Utilizaremos como exemplo um período com 6 semestres.
QUADRO 2 – RETORNOS DOS ATIVOS E O RETORNO DA CARTEIRA DO MERCADO
FONTE: O autor 
147
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Ao	identifi	carmos	o	retorno	sobre	os	Ativos	da	empresa,	assim	como	o	retorno	
do mercado de uma determinada carteira de ações negociadas, devemos apurar 
as respectivas médias de cada retorno. Nesse caso, para o Retorno da Empresa 
ou RME (Rentabilidade Média da Empresa), faremos a seguinte operação:
•	 RME	(Rentabilidade	Média	da	Empresa)	=	(7,00%	+	4,00%	+	10,00%	+	
8,00%	+	6,00%	+	5,00%)	/	6
•	 RME	(Rentabilidade	Média	da	Empresa)	=	40,00%	/	6
•	 RME	(Rentabilidade	Média	da	Empresa)	=	6,6667%
Devemos proceder da mesma forma para apurarmos a RMM (Rentabilidade 
Média	do	Mercado),	ou	seja,	apurarmos	a	média	dos	seis	períodos	do	retorno	da	
carteira de ações.
•	 RMM	(Rentabilidade	Média	do	Mercado)	=	(8,00%	+	3,00%	+	10,00%	+	
8,00%	+	8,00%	+	7,00%)	/	6
•	 RMM	(Rentabilidade	Média	do	Mercado)	=	44,00%	/	6
•	 RMM	(Rentabilidade	Média	do	Mercado)	=	7,3333%.
No próximo passo, apuraremos a diferença entre o RE (Retorno da Empresa) 
e o RME (Retorno Médio da Empresa), com a seguinte fórmula: RE (–) RME para 
cada um dos períodos.
A margem de segurança, portanto, é um instrumento para a tomada de 
decisão,	pois	por	meio	desse	processo,	é	possível	quantifi	car	o	total	de	excedente,	
o que impacta nas decisões sobre a lucratividade e a rentabilidade do negócio.
Vamos apurar os seguintes resultados:
•	 RE	(	-	)	RME	=	1º	semestre	=	7,0000%	(	-	)	6,6667%	=	0,3333%
•	 RE	(	-	)	RME	=	2º	semestre	=	4,0000%	(	-	)	6,6667%	=	(-	2,6667%)
•	 RE	(	-	)	RME	=	3º	semestre	=	10,0000%	(	-	)	6,6667%	=	3,3333%
•	 RE	(	-	)	RME	=	4º	semestre	=	8,0000%	(	-	)	6,6667%	=	1,3333%
•	 RE	(	-	)	RME	=	5º	semestre	=	6,0000%	(	-	)	6,6667%	=	(-	0,6667%)
•	 RE	(	-	)	RME	=	6º	semestre	=	5,0000%	(	-	)	6,6667%	=	(-	1,6667%)
Devemos realizar a mesma operação com o RM (Retorno do Mercado). 
Nesse caso, apuraremos a diferença entre o RM (Retorno do Mercado) e o RMM 
(Retorno Médio do Mercado), com a seguinte fórmula: RM (–) RMM para cada um 
dos períodos.Vamos apurar os seguintes resultados:
148
 Finanças	CorporatiVas
•	 RM	(	-	)	RMM	=	1º	semestre	=	8,0000%	(	-	)	7,3333%	=	0,6667%
•	 RM	(	-	)	RMM	=	2º	semestre	=	3,0000%	(	-	)	7,3333%	=	(-	4,333%)
•	 RM	(	-	)	RMM	=	3º	semestre	=	10,0000%	(	-	)	7,3333%	=	2,6667%
•	 RM	(	-	)	RMM	=	4º	semestre	=	8,0000%	(	-	)	7,3333%	=	0,6667%
•	 RM	(	-	)	RMM	=	5º	semestre	=	8,0000%	(	-	)	7,3333%	=	0,6667%
•	 RM	(	-	)	RMM	=	6º	semestre	=	7,0000%	(	-	)	7,3333%	=	(-	0,3333%)
O	 próximo	 passo	 para	 a	 identifi	cação	 do	 coefi	ciente	 beta	 é	 apurarmos	 a	
Variância,	que	é	apurada	pela	potência	ao	quadrado	da	diferença	que	apuramos	
anteriormente entre o RM (Retorno do Mercado) (-) o RMM (Retorno Médio do 
Mercado).
Vamos apurar os seguintes resultados:
• (RM - RMM)2	=	1º	semestre	=	0,6667%2	=	variância	0,004444%
• (RM - RMM)2 =	2º	semestre	=	(-	4,3333%2)	=	variância	0,187778%	
• (RM - RMM)2 =	3º	semestre	=	2,6667%2	=	variância	0,071111%
• (RM - RMM)2 =	4º	semestre	=	0,6667%2	=	variância	0,004444%
• (RM - RMM)2 =	5º	semestre	=	0,6667%2	=	variância	0,004444%
• (RM - RMM)2 =	6º	semestre	=	(-	0,3333%2)	=	variância	0,001111%
Com	esses	resultados	apurados,	devemos	somar	a	ocorrência	da	variância	
em todos os períodos apurados. Desta forma, temos:
Total	da	Variância	=	0,004444%	+	0,187778%	+	0,071111%	+	0,004444%	+	
0,004444%	+	0,001111%
Total	da	Variância	=	0,273333%.
O	 próximo	 passo	 para	 a	 identifi	cação	 do	 coefi	ciente	 beta	 é	 apurarmos	 a	
Covariância	da	seguinte	forma:
(RE Retorno da Empresa ( - ) RME Retorno Médio da Empresa) x 
(RM Retorno do Mercado ( - ) o RMM Retorno Médio do Mercado)
Vamos apurar os seguintes resultados:
•	 (RE	 -	 RME)	 x	 (RM	 –	 RMM)	 =	 1º	 semestre	 =	 0,3333%	 x	 0,6667%	 =	
covariância	0,002222%
•	 (RE	-	RME)	x	(RM	–	RMM)	=	2º	semestre	=	(-	2,6667%)	x	(-	4,3333%)	=	
covariância	0,115556%	
149
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
•	 (RE	 -	 RME)	 x	 (RM	 –	 RMM)	 =	 3º	 semestre	 =	 3,3333%	 x	 2,6667%	 =	
covariância	0,088889%
•	 (RE	 -	 RME)	 x	 (RM	 –	 RMM)	 =	 4º	 semestre	 =	 1,3333	 x	 0,6667%	 =	
covariância	0,008889%
•	 (RE	-	RME)	x	 (RM	–	RMM)	=	5º	semestre	=	(-	0,6667%)	x	0,6667%	=	
covariância	(-	0,004444%)
•	 (RE	-	RME)	x	(RM	–	RMM)	=	6º	semestre	=	(-	1,6667%)	x	(-	0,3333%)	=	
covariância	0,005556%
Com	esses	resultados	apurados,	devemos	somar	a	ocorrência	da	covariância	
em todos os períodos apurados.
A	 identifi	cação	 da	 lucratividade	 se	 dá	 pela	 apuração	 do	 lucro	 líquido	
do	 período	 em	 relação	 às	Receitas	 de	Vendas	 da	 empresa,	 e,	 por	 sua	 vez,	 a	
rentabilidade é o resultado do lucro líquido da empresa dividido pelo Capital 
Social investido pelos sócios e investidores na empresa. 
Desta forma, temos:
Total	da	Variância	=	0,002222%	+	0,115556%	+	0,088889%	+	0,008889%	+	
(-	0,004444%)	+	0,005556%.
Total	da	Variância	=	0,216667%
Realizados	esses	cálculos,	agora	podemos	apurar	o	coefi	ciente	beta.	Então,	
aplicaremos a fórmula:
Com	o	resultado	da	covariância	em	0,216667%	e	a	variância	em	0,273333%,	
faremos	a	divisão	desses	resultados	para	identifi	car	o	coefi	ciente	beta.
Logo,
Beta	=	covariância	/	variância
Beta	=	0,216667%	/	0,273333%
Beta = 0,792683
150
 Finanças	CorporatiVas
Se	 o	 resultado	 do	 coefi	ciente	 beta	 apurado	 está	 entre	 0,50	 e	
1,00, representa que o resultado do retorno dos ativos da empresa 
está	seguindo	o	mesmo	ritmo	do	retorno	do	mercado.	Se	o	coefi	ciente	
beta	 está	 positivo,	 representa	 um	 bom	 equilíbrio	 dos	 resultados	 a	
serem avaliados na empresa.
Apurado	esse	resultado	do	coefi	ciente	beta,	partiremos	para	a	identifi	cação	
do custo de capital de terceiros.
2.1.2 Custo do capital de terceiros
Quando	 estamos	 relacionando	 os	 investimentos	 à	 captação	 de	 terceiros,	
primeiramente	nos	vêm	à	mente	os	recursos	fi	nanceiros	dos	bancos.	De	fato,	é	
exatamente isso, mas devemos aprofundar esse conceito.
De	 acordo	 com	Assaf	 Neto	 (2017,	 p.	 55),	 “o	 custo	 do	 capital	 de	 terceiros	
(ou custo da dívida) é um custo explícito, mensurado pela taxa de desconto que 
iguala, em determinado momento, as entradas com as saídas de caixa”.
Como	o	mercado	fi	nanceiro	é	diversifi	cado	e	muitas	 instituições	fi	nanceiras	
estão em busca de clientes, existe uma diversidade de taxas de remunerações de 
empréstimos	e	fi	nanciamentos.
A lucratividade corresponde ao excedente após deduzidos os 
gastos totais, enquanto a rentabilidade é o retorno do investimento 
do capital dos sócios no negócio.
Outro fator preponderante que deve ser avaliado no momento da 
captação	dos	recursos	de	terceiros	está	relacionado	com	os	prazos	
de vencimentos dos contratos. Em muitos casos, para determinados 
projetos	de	expansão	dos	negócios,	há	um	prazo	de	carência	para	o	
início da liquidação das parcelas do valor principal.
Em pesquisas sobre o custo de capital de terceiros, é importante 
avaliarmos	os	conceitos	dos	 juros.	A	 formação	dos	 juros	é	estudada	de	acordo	
com duas teorias: a) a teoria das expectativas não viesadas e; b) teoria de 
preferência pela liquidez.
A lucratividade 
corresponde ao 
excedente após 
deduzidos os gastos 
totais, enquanto 
a rentabilidade 
é o retorno do 
investimento do 
capital dos sócios no 
negócio.
151
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Buscaremos a contribuição de Assaf Neto (2017, p. 57) sobre a teoria das 
expectativas não viesadas:
A	 teoria	 das	 expectativas	 sugere	 que	 as	 taxas	 de	 juros	 de	
longo prazo representem a média geométrica das taxas de 
curto prazo previstas para todo o horizonte de tempo do título 
de maior maturidade. Assim, pode-se entender pela teoria que 
a	taxa	de	juros	a	termo	é	consequência	das	expectativas	das	
taxas	de	juros	correntes	previstas.
O	pressuposto	básico	da	teoria	das	expectativas	não	viesadas	
é	que	a	estrutura	a	termo	das	taxas	de	juros	equivale	à	média	
geométrica	 das	 taxas	 de	 juros	 de	 curto	 prazo	 (correntes)	 e	
futuras. Em outras palavras, a teoria admite que as taxas de 
juros	 de	 longo	 prazo	 sejam	 balizadas	 pelas	 taxas	 de	 curto	
prazo previstas para o futuro.
Vamos	 supor	 que	 uma	 empresa	 negociou	 algum	 empréstimo	 à	 taxa	 de	
juros	de	8,16%	ao	ano	ou	pela	descapitalização	em	4%	ao	semestre.	Para	essa	
operação,	devemos	pegar	8,16%	e	dividir	por	100,	e	teremos	um	coefi	ciente	de	
0,0816.
Se utilizarmos a fórmula da descapitalização, teremos:
((1,0816(1/2)) - 1)
(1,08160,50) -1
(1,04) -1
0,04 x 100
4,00%	ao	semestre.
Na HP 12C temos os seguintes passos:
f CLX
f 6
1 ENTER 2 / ENTER
STO 1
8,16 ENTER 100 /
0,081600	ENTER	1	+
RCL 1 
YX
1,04 (resultado no visor)
1,04 ENTER 1 –
0,04 ENTER 100 x
4,00	%	ao	semestre
152
 Finanças	CorporatiVas
Essa mesma empresa negociou um outro empréstimo com uma taxa de 
3,50%	ao	semestre,	e	existe	uma	expectativa	de	 taxa	de	 juros	para	o	segundo	
semestre	na	ordem	de	4,50%.
Vamos	aos	cálculos:
[(1,0816 / 1,035) – 1]
[(1,045) – 1]
0,045 x 100
4,50%
Analisando,	há	uma	forte	probabilidade	que	a	taxa	negociada	no	futuro	possa	
ter	uma	oscilação	para	mais	de	4,00%	ao	semestre,	ou	seja,	4,50%	ao	semestre.
Aqui existe uma certa arbitrariedade na expectativa das taxas negociadas, 
e	se	houver	essa	probabilidade	de	ocorrer	uma	maior	taxa	de	juros	no	segundo	
semestre	(4,50%	é	maior	que	3,50%),	é	muito	provável	que	os	administradores	
fi	nanceiros	 negociem	 os	 seus	 compromissos	 contratuais	 para	 longo	 prazo	
tentando	manter	a	taxa	de	4,00%	ao	semestre,	mas	na	expectativa	futura.
No	 entanto,	 é	 certo	 que	 as	 expectativas	 futuras	 não	 são	 controláveis,	
ou	 seja,	 o	 mercado	 muda,	 o	 mundo	 muda,	 há	 a	 possibilidade	 de	 ocorrer	 o	
rompimento de acordos comerciais bilaterais no comércio internacional, guerras, 
pandemias, entre outros aspectos que são totalmente imprevisíveis. Levando em 
consideração este aspecto, existe a teoria de preferência de liquidez, conforme 
Assaf Neto (2017, p. 58):
A teoria de preferência pela liquidez surge pela necessidade 
de se compensar a incertezaassociada dos títulos de longo 
prazo. Pelo enunciado dessa teoria, essa estrutura a termo 
das	 taxas	 de	 juros	 apresenta	 geralmente	 uma	 curva	 com	
inclinação positiva (inclinação para cima). A inclinação negativa 
(inclinação para baixo) indica uma redução esperada das taxas 
de	juros	à	vista	no	futuro.
Nesse caso, o que costuma ocorrer é uma avaliação do risco de crédito, que 
são pontuações desenvolvidas por agências de rating. 
Essas agências não avaliam apenas os riscos de crédito das 
empresas, mas também o risco de crédito dos governos, países que 
buscam	recursos	fi	nanceiros	nos	bancos	mundiais,	FMI,	entre	outros.
153
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
As agências de rating emitem avaliações sobre o potencial de risco da perda 
de crédito pela inadimplência. Segundo Assaf Neto (2017, p. 60):
As	agências	classifi	cadoras	de	risco,	como	Moody´s,	Standard	
&	Poor´s	(S&P),	Fitch,	entre	outros,	divulgam	os	ratings	sobre	
o risco para títulos de dívida de longo prazo, com maturidade 
mínima de um ano. Essas medidas exprimem a possibilidade 
de uma obrigação não ser honrada de acordo com as condições 
previamente contratadas.
Essas	 classifi	cações	 de	 risco	 possuem	 algumas	 escalas	 ou	 graduações	
e são divididas em grau de investimento e grau especulativo. Buscaremos a 
contribuição de Assaf Neto (2017, p. 61) para melhor compreender a escala de 
rating, conforme quadro a seguir:
QUADRO	3	–	RATINGS	E	OPINIÕES	DA	STANDARD	&	POOR´S
G
ra
u 
de
 In
ve
st
im
en
to
AAA Rating mais elevado. Capacidade extremamente forte para 
honrar	compromissos	fi	nanceiros.
AA Capacidade	muito	forte	para	honrar	compromissos	fi	nanceiros.
A Forte	capacidade	para	honrar	compromissos	fi	nanceiros,	porém	
é de alguma forma suscetível a condições econômicas adver-
sas e a mudanças circunstanciais.
BBB Capacidade	adequada	para	honrar	compromissos	fi	nanceiros,	
porém	mais	sujeito	a	condições	econômicas	adversas.
BBB - Nível mais baixo da categoria de grau de investimento pelos 
participantes de mercado.
G
ra
u 
Es
pe
cu
la
tiv
o
BB + Grau mais alto da categoria de grau especulativo pelos partici-
pantes de mercado.
BB Menos	 vulnerável	 no	 curto	 prazo,	 porém	enfrenta	atualmente	
grande	 suscetibilidade	 a	 condições	 adversas	 de	 negócios,	 fi	-
nanceiras e econômicas.
B Mais	vulnerável	a	condições	adversas	de	negócios,	fi	nanceiras	
e econômicas, porém atualmente apresenta capacidade para 
honrar	compromissos	fi	nanceiros.
CCC Atualmente	vulnerável	e	dependente	de	condições	 favoráveis	
de	negócios,	fi	nanceiros	e	econômicos	para	honrar	seus	com-
promissos	fi	nanceiros.
CC Atualmente	fortemente	vulnerável.
C Um pedido de falência foi registrado ou ação similar impetrada, 
porém	 os	 pagamentos	 das	 obrigações	 fi	nanceiras	 continuam	
sendo realizados.
D Inadimplente	em	seus	compromissos	fi	nanceiros.
FONTE: Assaf Neto (2017, p. 61)
154
 Finanças	CorporatiVas
Como podemos observar, existem diversas graduações para avaliar se 
determinadas carteiras de ativos são propensas para investimentos ou estão 
enquadradas como ativos meramente especulativos.
É importante frisar que investir em ativos especulativos não é caracterizado 
como atividade criminosa, porém devemos estar atentos que a euforia que o 
mercado propõe para especular pode colocar em risco os investimentos e perder 
recursos	fi	nanceiros.
A	seguir,	identifi	caremos	o	efeito	do	imposto	de	renda	da	pessoa	jurídica	com	
relação	 à	 captação	 dos	 recursos	 fi	nanceiros,	 tanto	 do	 custo	 do	 capital	 próprio	
quanto do custo do capital de terceiros.
2.1.3 Efeito do Imposto de Renda 
Pessoa	Jurídica	nas	taxas	de	captação	
de recursos
Quando	 abordamos	 o	 efeito	 do	 Imposto	 de	 Renda	 da	 Pessoa	 Jurídica	 e	
da	Contribuição	Social	 sobre	o	 Lucro	 Líquido,	 é	 necessário	 enfatizar	 que	esse	
efeito se aplica única e exclusivamente para as empresas enquadradas no regime 
tributário	do	Lucro	Real.
Segundo	 Nasrallah	 (2016),	 os	 encargos	 fi	nanceiros	 de	 empréstimos	
contraídos	para	fi	nanciar	as	atividades	da	pessoa	jurídica,	em	regra,	são	dedutíveis	
como	despesas	operacionais	para	fi	ns	de	apuração	do	 lucro	 real,	desde	que	a	
efetividade	do	empréstimo	seja	comprovada	e	os	encargos	fi	nanceiros	sejam	os	
usuais no mercado.
Em	função	da	dedutibilidade	dos	 juros	contratados	pelo	capital	
de terceiros, entende-se que o efeito da taxa a ser apurada no custo 
de	captação	médio	deve	ser	líquido	do	efeito	do	IRPJ	e	CSLL.
Defi	ne-se	o	Lucro	Antes	de	Juros	e	Imposto	de	Renda	(LAJIR)	
como sendo o lucro operacional, que é apurado antes dos resultados 
fi	nanceiros,	 que	 são	 aqueles	 sem	 a	 inclusão	 das	 receitas	 ou	
despesas	fi	nanceiras.
Então vamos apurar o custo do capital de terceiros com relação 
à	 identifi	cação	 do	 valor	 da	 empresa	 que	 hipoteticamente	 estamos	
avaliando.
Defi ne-se o Lucro 
Antes de Juros e 
Imposto de Renda 
(LAJIR) como sendo 
o lucro operacional, 
que é apurado antes 
dos resultados 
fi nanceiros, que 
são aqueles 
sem a inclusão 
das receitas 
ou despesas 
fi nanceiras.
155
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
É interessante separar a apuração do valor da empresa em dois 
períodos. 
1) O período do crescimento, que é uma estimativa durante alguns 
exercícios	 sociais,	 em	que	os	gestores	planejam	o	 crescimento	da	
empresa. É uma forma de estabelecer uma estratégia para consolidar 
a empresa no mercado. 
2) Este segundo período poderíamos chamar de período da 
estabilidade, pois é extremamente essencial criar uma perspectiva 
da valorização da empresa a partir do período do crescimento para o 
infi	nito,	pois	pelo	princípio	contábil	da	continuidade,	a	empresa	não	
possui prazo para encerrar as atividades.
Vamos supor que o custo do capital de terceiros da empresa no período do 
crescimento	é	de	2,75%	ao	ano.	O	efeito	tributário	do	IRPJ	e	da	CSLL	é	de	34%.
As	alíquotas	que	compõem	os	34%	do	IRPJ	e	da	CSLL	são	as	
seguintes:
•	 IRPJ	(Imposto	de	Renda	Pessoa	Jurídica)	=	15%.
•	 Adicional	 do	 IRPJ	 (Imposto	 de	Renda	 Pessoa	 Jurídica)	 =	 10%	
(para	empresas	com	lucro	tributável	superior	a	R$	20.000,00	ao	
mês).
•	 CSLL	(Contribuição	Social	sobre	Lucro	Líquido)	=	9%.
Para	apurarmos	o	efeito	tributário	sobre	a	taxa	de	captação	de	recursos	de	
terceiros, faremos a seguinte operação:
Primeiramente,	dividiremos	a	taxa	de	2,75%	por	100	para	estabelecermos	a	
sequência	dos	cálculos	em	numerais	decimais,	nesse	caso,	o	coefi	ciente	da	taxa	
de	capital	de	terceiros	será	de	0,0275.
Agora,	faremos	a	aplicação	do	efeito	tributário.
CT (L.IR.)	=	Taxa	de	Captação	CT	x	(1	–	IRPJ	e	CSLL)
CT (L.IR.) = 0,0275 x (1 – 0,34)
156
 Finanças	CorporatiVas
CT (L.IR.) = 0,0275 x (0,66)
CT (L.IR.) = 0,01815
Nesse	caso,	a	taxa	líquida	do	imposto	de	renda	pessoa	jurídica	e	contribuição	
social	 sobre	 o	 lucro	 líquido	 em	 relação	 à	 taxa	 de	 captação	 de	 terceiros	 é	 de	
0,01815.
Se	a	empresa	tomar	emprestado	recursos	fi	nanceiros	a	título	de	empréstimos	
e	 fi	nanciamentos	 na	 ordem	de	R$	 22.285.720,00,	 o	 valor	 dos	 juros	 em	2,75%	
ao	ano	é	de	R$	613.250,00.	 Isso	signifi	ca	que	desse	valor	de	R$	612.857,30	a	
empresa	deixará	 de	pagar	 IRPJ	e	CSLL	no	 valor	 de	R$	208.371,48.	Essa	é	 a	
economia	tributária.
Com relação aos dividendos pagos aos sócios e acionistas, conforme o 
Portal	Tributário	(c2020),	esses	não	possuem	impacto	tributário.
Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a 
partir	 do	mês	de	 janeiro	de	1996,	pagos	ou	creditados	pelas	pessoas	 jurídicas	
tributadas	com	base	no	lucro	real,	presumido	ou	arbitrado,	não	estão	sujeitos	à	
incidência	do	 imposto	de	 renda	na	 fonte,	nem	 integrarão	a	base	de	cálculo	do	
imposto	de	renda	do	benefi	ciário,	pessoa	física	ou	jurídica,	domiciliado	no	país	ou	
no exterior (BRASIL, 1995).
Com	 relação	 à	 captação	 de	 recursos	 de	 capital	 próprio,	 este	 possui	 os	
pagamentos	de	dividendos	aos	sócios	e	investidores,	ou	seja,	não	utilizaremoso	
efeito	tributário	na	captação	de	recursos	de	capital	próprio.	
Utilizaremos o valor dos investimentos retratado como Capital Social 
dos	 sócios	 e	 investidores	 na	 ordem	 de	 R$	 12.000.000,00,	 sendo	 a	 taxa	 para	
remuneração	de	dividendos	de	3,50%	ao	ano.
2.2 APURAÇÃO DO RESULTADO 
OPERACIONAL DA EMPRESA
Realizadas	 as	 identifi	cações	 dos	 valores	 obtidos	 de	 captação	 de	 recursos	
de capital próprio e de capital de terceiros e as devidas taxas de remuneração, 
vamos apurar o Resultado Operacional da Empresa.
Total	do	Capital	de	Terceiros:	R$	22.285.720,00
Total	de	Capital	Próprio:	R$	12.000.000,00
Taxa de remuneração de Capital de Terceiros (bruta) = 0,0275
Taxa de remuneração de Capital Próprio (bruta) = 0,0350
157
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Beta = 0,792683 (conforme apurado em Custo do Capital Próprio)
Risco	de	Mercado	=	5,00%	(responsabilidade	dos	investidores)
Apuraremos	a	taxa	do	Custo	Médio	Ponderado	de	Capital	com	o	objetivo	de	
identifi	car	qual	é	o	valor	do	Resultado	Operacional.
Conforme	o	Dicionário	Financeiro	(c2020,	s.p.):	
A	 alavancagem	 fi	nanceira	 é	 medida	 pela	 capacidade	 em	
aumentar o lucro da empresa, ao se aumentarem os custos 
fi	xos	 por	 meio	 deste	 processo.	 Este	 meio	 de	 alavancagem	
está	associado	ao	patamar	de	endividamento	que	se	envolve	
o	negócio,	em	conjunto	ao	aumento	percentual	do	lucro	líquido	
que vai para os sócios ou acionistas. Assim, o conceito de 
alavancagem	fi	nanceira	relaciona	o	capital	que	a	empresa	toma	
de	terceiros	para	“alavancar”	o	lucro	por	ação,	como	o	capital	
próprio	do	negócio,	caso	a	operação	seja	bem-sucedida.
Com relação ao Custo Médio Ponderado de Capital do Capital de Terceiros, 
temos o seguinte resultado:
CMPC CT = (Valor CT / Total Captado) x Taxa CT
CMPC	CT	=	(R$	22.285.720,00	/	R$	34.285.720,00)	x	0,0275
CMPC CT = 0,6500 x 0,0275 = 0,017875
CMPC	CP	=	(Valor	CP	/	Total	Captado)	x	(Taxa	CP	+	(Beta	x	Prêmio	Risco))
CMPC	CP	=	(R$	12.000.000,00	/	R$	34.285.720,00)	x	(0,0350	+	((0,792683	
x 0,05))
CMPC	CP	=	0,3500	x	(0,0350	+	0,03963)
CMPC CP = 0,3500 x 0,07463 
CMPC CP = 0,026122
Com a apuração do CMPC CT e CMPC CP, podemos apurar o CMPC total 
do período apurado.
CMPC CT = 0,017875
CMPC CP = 0,026122
CMPC	TOTAL	=	0,017875	+	0,026122
CMPC TOTAL = 0,043997
Esse é o efeito do custo remuneratório total da captação dos recursos 
fi	nanceiros	da	empresa	para	o	período	de	crescimento.
A	seguir,	identifi	caremos	qual	é	o	resultado	operacional	da	empresa	projetado	
para o período do primeiro exercício social e, assim, poderemos apurar o valor da 
empresa.
158
 Finanças	CorporatiVas
2.3 APURAÇÃO DO RESULTADO 
OPERACIONAL E EFEITOS 
REMUNERATÓRIOS
Como	 a	 empresa	 possui	 um	 total	 de	 investimentos	 na	 ordem	 de	 R$	
34.285.720,00, podemos apurar o valor do Resultado Operacional durante o 
primeiro exercício social do período de crescimento. Para isso, utilizaremos 
o	 valor	 total	 investido	 e	 há	 a	 necessidade	 de	 aplicar	 a	 taxa	 do	CMPC	TOTAL	
apurado anteriormente. Dessa forma, o resultado operacional mínimo apurado 
será	de	R$	1.508.467,06.
Memória	de	cálculo:
Valor total da captação de recursos para a empresa x CMPC TOTAL.
R$	34.285.720,00	x	4,3997%
R$	1.508.467,06
Portanto, é com esse valor mínimo que os gestores da empresa deverão 
pautar as decisões para remunerar na seguinte ordem:
1) Custo de Capital de Terceiros.
2)	 Imposto	de	Renda	Pessoa	Jurídica	e	Contribuição	Social	sobre	o	Lucro	
Líquido.
3) Custo de Capital Próprio.
Observe a seguinte apuração do resultado como prova real.
FIGURA 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO OPERACIONAL
FONTE: O autor
159
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Observe que esta é uma interessante proposta para a empresa conseguir 
honrar	os	compromissos	com	todos	os	envolvidos	no	cenário	dos	investimentos	
e,	por	fi	m,	não	correr	o	 risco	de	enquadrar-se	como	 investimento	especulativo,	
porém,	nenhuma	empresa	poderá	se	manter	ao	longo	dos	anos	apurando	apenas	
esse resultado.
Vamos	supor	que	a	empresa	poderá	atingir	 o	 valor	de	 receitas	de	vendas	
durante	um	determinado	período	na	ordem	de	R$	15.000.000,00.
FIGURA 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
FONTE: O autor
É	 possível	 verifi	car	 que	 com	 esse	 valor	 de	 vendas	 em	 R$	 15.000.000,00	
a	empresa	consegue	 remunerar	os	 impostos	das	vendas	na	ordem	de	21,25%	
(ICMS	 12%,	PIS	 1,65%	 e	COFINS	 7,60%)	 que,	 aplicados	 no	 valor	 da	Receita	
Bruta	de	Vendas,	totaliza	R$	3.187.500,00.
Em	seguida,	há	a	necessidade	de	 identifi	car	o	valor	da	Receita	de	Vendas	
Líquida que, na verdade, é a base que a empresa utiliza para remunerar as suas 
atividades da produção e administração.
Nesse	caso,	utilizamos	hipoteticamente	o	percentual	de	67%	para	a	empresa	
viabilizar a sua produção. Lembrando que para apurar o custo do produto, a 
empresa	incorrerá	em:
160
 Finanças	CorporatiVas
a) Custo direto: custo da matéria-prima.
b) Custo direto: custo da mão de obra direta utilizada no processo da 
produção.
c) Custo direto: energia elétrica utilizada no processo da produção.
d) Custo indireto: mão de obra utilizada para a supervisão industrial.
e) Custo indireto: energia elétrica utilizada para a iluminação do setor 
produtivo.
f)	 Custo	 indireto:	 aluguel	 de	 máquinas	 e	 equipamentos	 utilizados	 no	
processo produtivo e o aluguel das dependências fabris.
O que integra o valor da matéria-prima e da mão de obra direta é expresso 
pelo	custo	primário	soma	desses	dois	custos.	Já	o	custo	direto	é	assim	chamado	
porque se considera como se fosse exclusivo para a elaboração de determinado 
tipo de bem ou de serviço.
É	 importante	 ressaltar	 que	no	que	 se	 refere	à	área	de	 custos	
da produção, você tem a proposta desses estudos em disciplina 
específi	ca	de	custos.
A	 empresa	 está	 incorrendo	 hipoteticamente	 em	 um	 valor	 de	 despesas	
operacionais	na	ordem	de	8%	das	receitas	líquidas	de	vendas.
As	despesas	 fi	nanceiras	 referentes	 à	 captação	de	 recursos	 de	 terceiros	 e	
também a remuneração dos dividendos aos investidores seguem as propostas de 
negociação abordadas neste capítulo.
É	importante	lembrar	do	efeito	do	IRPJ	e	CSLL	reconhecidos	no	Lucro	Antes	
do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido na ordem de 
34%.
Com essa proposta de receita de vendas, temos o Resultado Operacional 
(Lucro	Operacional)	no	valor	de	R$	2.953.125,00,	que	será	utilizado	como	valor	
base para a apuração do Valor da Empresa (Valuation).
A	seguir,	estudaremos	a	importância	do	Capital	de	Giro	e	como	contribui	para	
a	manutenção	da	segurança	dos	recursos	fi	nanceiros	da	empresa.
161
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
1		 No	papel	do	gestor	fi	nanceiro,	qual	é	o	fator	preponderante	que	
deve ser avaliado no momento da captação dos recursos de 
terceiros?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.
2		 Qual	 é	 a	 relação	 dos	 juros	 de	 capital	 de	 terceiros	 quanto	 ao	
benefício	 tributário	 do	 Imposto	 de	 Renda	 Pessoa	 Jurídica	 e	
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_________________________________________________.
3 FUNDAMENTOS DO CAPITAL DE 
GIRO
Agora,	estudaremos	os	fundamentos	do	capital	de	giro	e	sua	real	importância	
nas empresas.
A	prática	da	adoção	do	capital	de	giro	e	seus	 refl	exos	nos	estoques	estão	
em minimizar os impactos na aquisição da matéria-prima em épocas de alta 
variação cambial, caso parte da matéria-prima da empresa forimportada. Outro 
fator	 que	 pode	 ter	 profundo	 refl	exo	 nos	 estoques	 são	 os	 estados	 de	 greve	 de	
algumas	categorias	profi	ssionais,	nesse	caso,	para	evitar	a	falta	de	matéria-prima	
para a produção, as empresas necessitam manter um bom nível de recursos 
em estoques para promover e garantir as vendas da empresa. Isso não quer 
dizer que a empresa precisa manter altos níveis de estoques de matéria-prima, 
mas	 sim	 níveis	 consideráveis	 para	 evitar	 desabastecimento	 da	 empresa	 e,	
consequentemente, reduzir o capital de giro.
162
 Finanças	CorporatiVas
Muito se tem falado no cotidiano dos aspectos do capital de giro ou 
necessidades	do	capital	de	giro,	mas	sobre	qual	aspecto	 isso	está	diretamente	
relacionado?
A	relação	da	administração	do	capital	de	giro	está	 intrínseca	à	gestão	dos	
ativos circulantes da empresa. Lembrando que os ativos circulantes englobam 
as	contas	contábeis	em	caixa,	em	um	período	de	até	um	ano,	a	qual	a	empresa	
realiza	seus	recursos	fi	nanceiros.
As	 contas	 contábeis	 dos	 ativos	 circulantes	 são	 caixa	 (propriamente	 dito),	
as	 contas	bancárias	em	que	a	empresa	efetua	 suas	aplicações	 fi	nanceiras,	 os	
valores	constantes	em	duplicatas	a	 receber,	ou	clientes	a	 receber	e,	por	fi	m,	a	
conta de estoques de mercadorias.
Para	 a	 apuração	 do	 capital	 de	 giro,	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 precisa	 avaliar	 o	
quanto	a	empresa	possui	de	compromissos	fi	nanceiros	assumidos	e	reconhecer	
as	contas	contábeis	do	passivo	circulante.
O	passivo	circulante,	por	 sua	vez,	engloba	 todas	as	contas	contábeis,	em	
que a empresa reconhece as suas dívidas a serem pagas (liquidadas) em um 
período de um ano (o mesmo período do ativo circulante).
As contas do passivo circulante da empresa são basicamente compostas por 
salários	a	pagar,	impostos	a	recolher,	duplicatas	a	pagar,	contas	diversas	a	pagar,	
empréstimos	e	fi	nanciamentos	bancários	a	pagar	em	até	um	ano.
Podem	 ocorrer	 variações	 nas	 nomenclaturas	 dessas	 contas	 contábeis	 de	
empresa para empresa, mas isso é irrelevante para a compreensão do tema.
Durante o processo das atividades operacionais, a empresa compra 
mercadorias ou matéria-prima, estoca essa matéria-prima, produz novas 
mercadorias, os produtos acabados retornam para o estoque de produtos 
acabados, vende os produtos e recebe as duplicatas dos clientes.
Esse	é	basicamente	o	coração	fi	nanceiro	da	empresa.	 Isso	porque	a	CDG	
(Capital	 de	 Giro)	 está	 em	 não	 conseguir	 manter	 mais	 valores	 no	 seu	 Ativo	
Circulante em relação ao Passivo Circulante.
A fórmula para o CDG ou CCL (Capital Circulante Líquido) é Ativo Circulante 
( - ) Passivo Circulante.
163
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Se	 o	 valor	 do	CCL	 for	 positivo,	 ou	 seja,	mais	 valores	 em	Ativo	Circulante	
do	que	em	contas	do	Passivo	Circulante,	signifi	ca	que	a	empresa	possui	parte	
desses	valores	do	Ativo	Circulante	sendo	fi	nanciados	pelo	Passivo	Não	Circulante	
ou pelo Patrimônio Líquido da Empresa.
Avaliaremos a seguinte situação, a empresa possui no seu Balanço 
Patrimonial	a	seguinte	composição	das	contas	contábeis:
•	 Ativo	Circulante	=	R$	125.000,00
•	 Ativo	Não	Circulante	=	R$	320.000,00
•	 Total	do	Ativo	=	R$	445.000,00
•	 Passivo	Circulante	=	R$	90.000,00
•	 Passivo	Não	Circulante	=	R$	170.000,00
•	 Patrimônio	Líquido	=	R$	185.000,00
•	 Total	do	Passivo	e	Patrimônio	Líquido	=	R$	445.000,00
Dessa forma, se aplicarmos a fórmula do CCL, temos:
• CCL = Ativo Circulante ( - ) Passivo Circulante
•	 CCL	=	R$	125.000,00	(	-	)	R$	90.000,00
•	 CCL	=	R$	35.000,00
É	possível	 avaliar	que	o	CCL	positivo	em	R$	35.000,00	pode	estar	 sendo	
fi	nanciado	pelo	Passivo	Não	Circulante	ou	o	Patrimônio	Líquido,	ou	um	ou	outro,	
no	seu	valor	total	dos	R$	35.000,00	ou	em	parte,	porém,	em	caso	inverso,	ou	seja,	
com	o	valor	do	CCL	negativo,	signifi	ca	que	o	Passivo	Circulante	está	fi	nanciando	
investimentos no imobilizado da empresa.
Se aplicarmos o mesmo conceito das contas patrimoniais, porém, alterando 
a composição dos seus valores, temos:
•	 Ativo	Circulante	=	R$	100.000,00
•	 Ativo	Não	Circulante	=	R$	345.000,00
•	 Total	do	Ativo	=	R$	445.000,00
•	 Passivo	Circulante	=	R$	170.000,00
•	 Passivo	Não	Circulante	=	R$	90.000,00
•	 Patrimônio	Líquido	=	R$	185.000,00
•	 Total	do	Passivo	e	Patrimônio	Líquido	=	R$	445.000,00
164
 Finanças	CorporatiVas
Dessa forma, se aplicarmos a fórmula do CCL, temos:
• CCL = Ativo Circulante ( - ) Passivo Circulante
•	 CCL	=	R$	100.000,00	(	-	)	R$	170.000,00
•	 CCL	=	(-	R$	70.000,00)
É	possível	observar	que	cerca	de	R$	70.000,00	do	Passivo	Circulante	estão	
fi	nanciando	 os	 valores	 investidos	 no	Ativo	Não	Circulante,	 que	 na	maioria	 das	
vezes é imobilizado da empresa.
O	 administrador	 fi	nanceiro	 sempre	 precisa	 estar	 atento	 para	 que	 as	 suas	
decisões culminem para que a empresa possa sempre manter mais recursos em 
contas de ativos com alta liquidez. Essas contas são principalmente caixa, bancos 
e	aplicações	fi	nanceiras,	comparado	ao	valor	total	do	seu	Ativo.	Isso	representará	
maior liquidez imediata e menor risco de endividamento.
Para uma melhor compreensão do risco de endividamento, buscaremos a 
contribuição de Cadore (2009, s.p.): 
O	risco	de	endividamento	neste	caso	será	calculado	pelo	Grau	
de Alavancagem Financeira dado pela fórmula:
GAF	=	LAJIR	/LAJIR	–	Juros
Onde	 o	 LAJIR	 e	 os	 juros	 são	 obtidos	 dentro	 do	 balanço	
patrimonial.
Sabe-se que quanto maior o risco maior o retorno. 
Podemos ter então o investimento numa determinada empresa, 
parte de Capital Próprio e parte de Capital de Terceiros, neste 
caso, quanto maior a participação do Capital de Terceiros maior 
será	o	endividamento	e,	consequentemente,	maior	o	retorno.
Vejamos	as	duas	situações	a	seguir:
1ª	Situação	com	100%	de	Capital	Próprio.
Capital	=	R$	600,00
LAJIR	=	R$	70,00
GAF	=	LAJIR	/	LAJIR	(–)	Juros
GAF = 70 / 70 (–) 0
GAF = 1
Neste caso, o Risco de Endividamento não existe, pois para 
haver	risco	de	endividamento	o	GAF	deverá	ser	>	1.
2ª	Situação	com	30%	de	Capital	de	Terceiros	(seja	ele	de	Curto	
ou Longo Prazo).
Capital	Terceiros	=	R$	180,00
Capital	Próprio	=	R$	420,00
LAJIR	=	R$	70,00
Juros	=	10%
165
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Se a empresa possui valores em duplicatas a receber em até 
36	meses,	 signifi	ca	que	2/3	desses	valores	 recebíveis	não	estarão	
disponíveis	para	 liquidar	compromissos	fi	nanceiros	que	vencem	no	
mês seguinte ao fato gerador da venda.
Contas que vencem no próximo mês são praticamente de 
fornecedores, que em muitos casos não concedem prazos maiores 
que 30 ou 45 dias, impostos das vendas, que vencem no mês 
seguinte ao fato gerador das vendas da empresa, energia elétrica, 
que	vence	no	mês	seguinte,	salários	dos	funcionários,	que	também	
vencem no 5º dia útil do mês seguinte.
Assim,	 temos	 vários	 exemplos	 de	 casos	 que	 se	 o	 gestor	 da	
empresa não manter um bom valor de Capital de Giro em aplicações 
fi	nanceiras,	esta	corre	o	risco	de	realizar	operações	de	desconto	de	
duplicatas para antecipar os valores recebíveis dos clientes, porém 
incorrerá	em	despesas	com	juros.
Juros	=	Capital	de	Terceiros	x	10%
Juros	=	180,00	x	10%
Juros	=	18,00
GAF	=	LAJIR	/LAJIR	–	Juros
GAF = 70,00 / 70,00 (-) 18,00
GAF	=	1,35%
Nota-se	 que	 o	 grau	 de	 alavancagem	 fi	nanceira	 é	 >	 1,	 isto	
indica	que	existe	endividamento,	podemos	afi	rmar	então	que	o	
retorno sobre o capital próprio é maior, mas nunca esquecendo 
que	risco	e	retorno	percorrem	juntos,	onde	quanto	>	o	risco	>	
o retorno.
A postura do administrador é manter uma administração conservadora. 
Decisões	contrárias,	como	manter	um	maior	volume	de	recursos	fi	nanceiros	em	
ativos com giro mais longo, como duplicatas a receber de longo prazo (Ativo Não 
Circulante	também	comporta	essa	composição	de	conta	contábil)	ou	em	estoques,	
podem gerar maior risco de a empresa não conseguir liquidar pontualmente seus 
compromissos	fi	nanceiros	de	curto	prazo.
166
 FinançasCorporatiVas
Uma operação de desconto de duplicatas nada mais é que uma operação 
de empréstimo com garantias de duplicatas a receber da empresa. O risco de 
endividamento é maior e a administração passa a ser mais agressiva.
3.1 CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO
Muito tem sido utilizado o termo de Capital de Giro Líquido ou CGL, que 
representa a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.
No caso de o Ativo Circulante ser maior que o Passivo Circulante, como no 
exemplo da seção anterior, em que:
•	 Ativo	Circulante	=	R$	125.000,00
•	 Ativo	Não	Circulante	=	R$	320.000,00
•	 Total	do	Ativo	=	R$	445.000,00
•	 Passivo	Circulante	=	R$	90.000,00
•	 Passivo	Não	Circulante	=	R$	170.000,00
•	 Patrimônio	Líquido	=	R$	185.000,00
•	 Total	do	Passivo	e	Patrimônio	Líquido	=	R$	445.000,00
Dessa forma, se aplicarmos a fórmula do CCL, temos:
• CCL = Ativo Circulante ( - ) Passivo Circulante
•	 CCL	=	R$	125.000,00	(	-	)	R$	90.000,00
•	 CCL	=	R$	35.000,00
•	 CGL	=	R$	35.000,00
Nesse	caso,	o	CGL	(Capital	de	Giro	Líquido)	é	de	R$	35.000,00	positivos.	
Hoji	(2004,	p.	119)	afi	rma	que	“a	diferença	entre	o	ativo	corrente	(ativo	circulante)	
e o passivo corrente (passivo circulante) é o capital circulante líquido (CCL), ou 
capital de giro líquido (CGL)”.
Pode ocorrer a situação de a empresa apresentar o valor do Capital de Giro 
Líquido negativo, quando:
•	 Ativo	Circulante	=	R$	100.000,00
•	 Ativo	Não	Circulante	=	R$	345.000,00
•	 Total	do	Ativo	=	R$	445.000,00
•	 Passivo	Circulante	=	R$	170.000,00
•	 Passivo	Não	Circulante	=	R$	90.000,00
•	 Patrimônio	Líquido	=	R$	185.000,00
•	 Total	do	Passivo	e	Patrimônio	Líquido	=	R$	445.000,00
167
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Dessa forma, se aplicarmos a fórmula do CCL, temos:
• CCL = Ativo Circulante ( - ) Passivo Circulante
•	 CCL	=	R$	100.000,00	(	-	)	R$	170.000,00
•	 CCL	=	(-	R$	70.000,00)
•	 CGL	=	(-	R$	70.000,00)
Ainda	há	a	possibilidade	de	ocorrer	Capital	de	Giro	Nulo,	em	que	os	valores	
do Ativo Circulante e do Passivo Circulante são iguais, porém essa situação é 
extremamente	rara	ou	quase	inexistente	de	ocorrer.	A	dinâmica	do	Fluxo	de	Caixa	
é	infl	uenciada	pelo	seguinte	movimento	do	Ativo	Circulante:
FIGURA 5 – DINÂMICA DO FLUXO DE CAIXA
FONTE: O autor
Esse ciclo praticamente determina a alimentação dos recursos do Capital de 
Giro, pois é essencial que o Gestor Financeiro mantenha a geração das compras 
das	matérias-primas	com	o	caixa	próprio,	ou	seja,	o	caixa	gerado	pelas	cobranças	
das vendas da empresa. 
3.2 CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO
Outro	 aspecto	 que	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 precisa	 estar	 atento	 é	 a	 geração	 e	
manutenção	do	Capital	de	Giro	Próprio,	ou	CGP.	O	CGP	possui	sua	relevância	
na	estrutura	das	fi	nanças	empresariais,	pois	é	pelo	valor	do	Capital	Social	que	a	
empresa	praticamente	consegue	manter	o	fi	nanciamento	das	atividades	do	ativo	
circulante.
A	sistemática	é	avaliar	o	valor	 total	pela	 fórmula:	Capital	de	Giro	Próprio	=	
Patrimônio Líquido – Ativo Não Circulante.
Não	 é	 incomum	 acontecer	 de	 os	 gestores	 fi	nanceiros	 algumas	 vezes	 não	
darem	 a	 importância	 devida	 para	 o	 investimento	 em	 capital	 de	 giro,	 pois	 a	
maior	 preocupação	 geralmente	 está	 em	 avaliar	 a	 necessidade	 das	 compras	
para as atividades administrativas, como aquisição de material de expediente 
168
 Finanças	CorporatiVas
e	mobiliários	para	as	salas	administrativas.	Em	alguns	casos,	a	preocupação	é	
deixar	a	aparência	da	recepção	da	empresa	e	demais	ambientes	“convidativa”,	em	
outras	palavras,	“chique”.	Não	que	isso	esteja	totalmente	errado,	pois	a	primeira	
impressão é o cartão de visitas da empresa para os clientes e fornecedores. No 
entanto,	se	o	gestor	fi	nanceiro	não	se	preocupar	em	utilizar	os	recursos	do	capital	
de giro próprio para a aquisição da matéria-prima e honrar os prazos das entregas 
dos	produtos	aos	clientes,	em	breve	a	empresa	poderá	adentrar	em	um	nível	de	
endividamento	que	poderá	falir	a	empresa	antes	mesmo	de	ela	estar	no	período	
de maturação, ou vamos chamar de período de estabilidade.
O	termo	“período	de	estabilidade”	é	o	que	será	utilizado	para	estimarmos	o	
valor	da	empresa	para	a	projeção	ao	infi	nito,	pois	um	dos	princípios	que	deveriam	
ser	adotados	para	além	da	contabilidade,	incluindo	os	gestores	fi	nanceiros,	é	o	da	
continuidade, sem prazo para encerrar as atividades.
A	 maior	 difi	culdade	 que	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 pode	 encontrar	 ao	 avaliar	 a	
quantidade em valores do capital de giro para a empresa manter como uma 
possível reserva, varia de acordo com muitos fatores, como o porte da empresa, 
questões	climáticas,	coleções	de	acordo	com	o	que	a	moda	estipula,	se	tratarmos	
de empresas têxteis, entre muitos outros fatores que somente a percepção dos 
gestores	pode	defi	nir.
Não existe um número ou uma base exata ou padrão para ser adotado, 
mas	 neste	 capítulo	 será	 estipulado	 um	 percentual	 fi	ctício	 apenas	 a	 título	 de	
exemplifi	cação	acadêmica.
3.3 FORMAÇÃO DA RESERVA DO 
CAPITAL DE GIRO
Agora, estipularemos um determinado montante para a formação da reserva 
do capital de giro.
É	importante	ressaltar	que	a	reserva	do	capital	de	giro	não	terá	as	mesmas	
características da criação das Reservas do Patrimônio Líquido, como a Reserva 
Legal,	a	Reserva	Estatutária,	a	Reserva	de	Contingência,	entre	outras.
A reserva de Capital de Giro é uma estimativa de um determinado percentual 
em	relação	ao	montante	das	Receitas	de	Vendas,	e	esse	valor	será	transferido	de	
uma	conta	contábil	chamada	Banco	Conta	Movimento	para	Aplicação	Financeira	
de Liquidez Imediata, com a seguinte contabilização:
169
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
D – (Ativo Circulante) – Aplicação Financeira de Liquidez Imediata.
C – (Ativo Circulante) – Banco Conta Movimento.
A conta movimento não gera alteração na estrutura patrimonial da empresa, 
pois	envolve	movimentações	entre	duas	contas	contábeis	do	Ativo	Circulante.	A	
conta	contábil	para	a	reserva	do	capital	de	giro	deverá	sempre	ser	utilizada	em	
caso de necessidades e sempre ser reposta para a criação de uma segurança 
fi	nanceira.
Portanto, a reserva é uma transferência real, da conta corrente para uma 
conta	de	aplicação	fi	nanceira,	e	serve	como	uma	segurança	para	evitar	a	falta	de	
recursos	fi	nanceiros	para	fi	nanciar	as	atividades	diárias	da	empresa.
Apenas	 uma	 boa	 gestão	 do	 fl	uxo	 de	 caixa	 pode	 evitar	 um	desencaixe	 de	
valor relevante para a formação da reserva do capital de giro, e que não coloque 
em	risco	o	resultado	da	empresa,	 induzindo	o	gestor	fi	nanceiro	a	captações	de	
recursos	 fi	nanceiros	 e	 ao	 pagamento	 desnecessário	 de	 juros	 sobre	 capital	 de	
terceiros.
Estipularemos	um	percentual	de	20%	sobre	as	Receitas	de	Vendas	Brutas	
da empresa, apenas a título de exemplo para esse livro de estudos.
Como	foi	mencionado	anteriormente,	vários	aspectos	podem	infl	uenciar	na	
determinação do percentual e da base para a criação da reserva, que pode ser 
a Receita de Vendas Brutas, o saldo de Duplicatas a Receber, o valor do Lucro 
Operacional gerado, entre outros.
Vamos supor que o valor das Receitas de Vendas Brutas da empresa em 
20X0	é	de	R$	15.000.000,00	e	a	empresa	tem	uma	previsão	de	crescimento	de	
3%	durante	os	próximos	5	anos,	que	podemos	assim	defi	nir	como	o	Período	do	
Crescimento.
Essa	 taxa	 de	 crescimento	 (TC)	 de	 3%	 ao	 ano	 se	 estenderá	 até	 20X5.	
Também	há	a	necessidade	de	estipular	a	 taxa	de	crescimento	 (TC)	em	1,85%,	
a	partir	do	ano	20X6,	que	nesse	livro	de	estudos	será	tratado	como	Período	da	
Estabilidade.
O valor da reserva do capital de giro pode assim ser determinado, conforme 
o quadro a seguir.
170
 Finanças	CorporatiVas
QUADRO 4 – DETERMINAÇÃO DO VALOR DA 
RESERVA DO CAPITAL DE GIRO
FONTE: O autor 
A lógica para o desenvolvimento dessa previsão para a formação da reserva 
do	 capital	 de	 giro	 está	 em	 aplicar	 o	 percentual	 de	 20%	 sobre	 as	 receitas	 de	
vendas	brutas	a	partir	da	base	inicial,	queaqui	foi	defi	nido	como	20X0.
Há	 diversas	 possibilidades	 para	 determinar	 o	 valor	 do	 investimento	 em	
Capital	de	Giro.	Conforme	Assaf	Neto	(2017,	p.	251),	“o	investimento	necessário	
(ou	adicional)	em	giro	é	calculado	sobre	as	receitas	adicionais	de	vendas,	ou	seja,	
sobre as variações previstas desses valores. A estimativa da empresa é que esse 
investimento	deve	corresponder	a	30%	das	variações	das	vendas”.
Essas diferenças entre determinar um percentual variam de acordo com 
a realidade da empresa, alguns segmentos empresariais talvez nem tenham 
condições de realizar as reservas do capital de giro durante determinados 
períodos do ano, pois os investimentos em equipamentos se tornam tão elevados 
que incapacitam a elaboração dessa reserva em alguns momentos.
Para um exemplo, Assaf Neto (2017, p. 251) contribui:
Alguns tipos de empresas, como de tecnologia, por exemplo, 
podem	 apresentar	 fl	uxos	 de	 caixa	 disponíveis	 negativos	
em alguns períodos. Isso revela que a necessidade de 
investimentos desse segmento de negócio supera a capacidade 
de geração de caixa operacional, devendo a empresa socorrer 
com fontes externas de recursos.
O que se observa no Quadro 4 com a descrição de Variação Capital de Giro 
signifi	ca	a	quantia	em	dinheiro	que	deverá	ser	 transferida	da	conta	corrente	da	
empresa	 para	 a	 conta	 de	 aplicação	 fi	nanceira	 em	 cada	 exercício	 social	 (cada	
ano) e assim manter um saldo atualizado para cada período observado, e, assim, 
em	 20X6,	 o	 valor	 estaria	 hipoteticamente	 em	R$	 3.542.162,00	 (os	 valores	 em	
centavos foram suprimidos por limitação de espaço).
171
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
1		 No	papel	do	gestor	fi	nanceiro,	qual	é	o	fator	preponderante	que	
deve ser avaliado no momento da captação dos recursos de 
terceiros?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_________________________________________________.
2		 É	 possível	 ao	 gestor	 fi	nanceiro	 avaliar	 se	 o	 valor	 do	 CCL	 é	
positivo?	Em	quais	circunstâncias	isso	ocorre?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_______________________.
Observe	que	há	um	aumento	no	valor	venal	para	a	formação	da	
Reserva do Capital de Giro, mas isso ocorre em função da aplicação 
da	taxa	de	crescimento	sempre	positiva.	O	gestor	fi	nanceiro	deverá	
estar atento em determinados períodos em que a taxa de crescimento 
pode reduzir, ou se transformar em taxa de recessão, e assim o 
percentual ser negativo em algum período. O ideal é aplicar taxas de 
crescimento ou taxas de recessão para cada exercício social.
A	 seguir,	 será	 defi	nido	 o	 Fluxo	 de	 Caixa	 Livre,	 que	 é	 a	 base	 para	 a	
determinação do valor da empresa.
172
 Finanças	CorporatiVas
4 VALUATION EMPRESARIAL
Agora serão apresentadas algumas premissas para a apuração do valor da 
empresa,	ou	seja,	o	valuation.
Quando o gestor de custos estima os gastos produtivos e produz de acordo 
com	o	seu	planejado,	a	empresa	consegue	equilibrar	os	gastos	com	as	receitas	
obtidas	sem	precisar	se	endividar,	porém,	quando	não	ocorre	um	planejamento	
adequado	dos	custos,	as	chances	de	aumentarem	os	custos	e	prejudicar	a	saúde	
fi	nanceira	da	empresa	são	maiores.
Essa avaliação passa pela adoção dos critérios da apuração do Custo Médio 
Ponderado de Capital (CMPC), de acordo com o custo de remuneração do Capital 
Próprio e do Capital de Terceiros, que estudamos anteriormente.
4.1 FCD - FLUXO DE CAIXA 
DESCONTADO PARA AVALIAÇÃO DO 
VALOR DA EMPRESA
Para	a	presente	determinação	do	valor	da	empresa,	será	tomado	por	base	
o que trata a Deliberação CVM nº 644, de 2 de dezembro de 2010, que aprova o 
Pronunciamento	Técnico	CPC	04	(R1)	do	Comitê	de	Pronunciamentos	Contábeis	
(CPC) sobre ativo intangível. No seu inciso 41, letra (a), determina o seguinte 
(CVM, 2010):
41. As entidades envolvidas na compra e venda de ativos 
intangíveis podem desenvolver técnicas para mensurar 
indiretamente	os	 seus	 valores	 justos.	Essas	 técnicas	podem	
ser utilizadas para a mensuração inicial de ativo intangível 
adquirido	 em	 combinação	 de	 negócios	 se	 o	 seu	 objetivo	 for	
estimar	 o	 valor	 justo	 e	 se	 refl	etirem	 operações	 e	 práticas	
correntes no setor a que esses ativos pertencem. Estas 
técnicas incluem, conforme o caso: 
(a)	desconto	de	fl	uxos	de	caixa	futuros	líquidos	do	ativo	[...].
Existem outros meios para avaliar o valor da empresa, porém, como o 
presente livro de estudos aborda temas relacionados com Finanças Corporativas, 
será	aplicado	o	método	conforme	exposto	na	citação	anterior.
Pode-se entender que é fundamental iniciar esse procedimento com a 
apresentação	de	um	fl	uxo	de	caixa	por	período	anual.
173
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Não	podemos	esquecer	as	premissas	 já	abordadas	anteriormente,	em	que	
devemos aplicar o percentual da taxa de crescimento durante os primeiros 5 anos, 
denominado	Período	do	Crescimento,	em	3%	ao	ano,	e	da	taxa	de	crescimento	
(TC)	em	1,85%	para	o	Período	da	Estabilidade.
Em	primeiro	lugar,	o	gestor	fi	nanceiro	deverá	identifi	car	a	partir	dos	relatórios	
fi	nanceiros	 qual	 é	 o	 valor	 do	 Lucro	 Operacional	 para	 o	 ano	 de	 20X0,	 que	
estipularemos	em	R$	2.953.125,00.
O	percentual	do	 IRPJ	 (Imposto	de	Renda	Pessoa	Jurídica),	assim	como	a	
CSLL	(Contribuição	Social	para	o	Lucro	Líquido),	está	em	34%	aplicado	sobre	o	
Lucro Operacional, que nesse caso seria o tradicional Lucro Antes do Imposto de 
Renda.
A seguir, apuraremos o Fluxo de Caixa Livre, que é a base para a elaboração 
das	projeções	do	fl	uxo	de	caixa	descontado	para	o	período	do	crescimento	nos	
primeiros 5 anos.
4.1.1 Fluxo de caixa livre
Nesta etapa, faremos o desenvolvimento do Fluxo de Caixa Livre para o 
planejamento	 do	 valor	 da	 empresa.	 É	 necessário	 identifi	car	 qual	 é	 o	 valor	 da	
Depreciação	do	ano	de	20X0,	pois	o	valor	da	Depreciação	não	é	desembolsável,	
entre outras palavras, é uma sobra para o caixa da empresa.
O	 planejamento	 é	 uma	 ferramenta	 administrativa	 que	 auxilia	
o gestor para tomar decisões futuras antecipadas. Dessa forma, o 
gestor	 de	 custos	 deve	 utilizá-la	 para	 gerenciar	 os	 custos	 a	 fi	m	 de	
minimizá-los	e	maximizar	as	receitas.	
174
 Finanças	CorporatiVas
Nesse	 caso,	 o	 valor	 identifi	cado	 para	 a	 Depreciação	 para	 20X0	 é	 de	 R$	
220.000,00.	 Outro	 ponto	 importante	 que	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 deve	 observar	 ao	
avaliar	o	Fluxo	de	Caixa	de	uma	empresa	refere-se	às	Despesas	de	Capital.
Conforme Reis (2018), as despesas de capital, ou no inglês conhecidas 
como capital expenditure (CAPEX), são itens importantíssimos de serem 
acompanhados	dentro	de	um	demonstrativo	de	fl	uxo	de	caixa.
O acompanhamento das despesas de capital é uma tarefa fundamental para 
todo	gerente	de	empresa	que	deseja	ser	efi	ciente	na	sua	alocação	de	recursos.
O que são despesas de capital? Despesas de capital se referem aos gastos 
relacionados	à	aquisição	e	manutenção	de	bens,	realização	de	obras,	compra	de	
imóveis e concessão de empréstimos.
Esses tipos de investimentos, também conhecidos como CAPEX, são 
frequentemente	utilizados	no	momento	em	que	uma	empresa	deseja	atualizar	ou	
aumentar o seu escopo de atuação. Dentre os investimentos de capital, podemos 
ter os seguintes exemplos:
•	 Compra	de	máquinas	elétricas	para	uma	fábrica.
• Conserto do telhado de um prédio.
• Aquisição de veículos.
•	 Construção	de	uma	nova	fábrica.
Com	as	 informações	 disponíveis	 para	 a	 apuração	 da	 previsão	 do	 fl	uxo	 de	
caixa livre (FCL), é possível elaborar o quadro a seguir:
QUADRO 5 – FLUXO DE CAIXA LIVRE
FONTE: O autorDe	acordo	com	o	ano	Base	Inicial	de	20X0,	ao	identifi	car	o	Lucro	Operacional	
175
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
da	empresa,	deve-se	aplicar	o	percentual	do	 IRPJ	e	CSLL	de	34%	sobre	esse	
resultado.	 Nesse	 caso,	 R$	 2.953.125,00	 x	 34%	 =	 R$	 1.004.063,00	 de	 IRPJ	 e	
CSLL.
Em	 seguida,	 é	 necessário	 somar	 o	 valor	 da	 depreciação	 ao	 fl	uxo	 de	
caixa	 em	 função	 desse	 valor	 não	 ser	 desembolsável.	 O	 valor	 da	 Depreciação	
não	 é	 determinado	 com	base	 em	algum	percentual	 ou	 coefi	ciente,	mas	 sim,	 a	
Depreciação é o valor que a Contabilidade reconheceu como custo ou despesa 
durante o período em referência.
Estipulamos que as Despesas de Capital para o ano Base Inicial serão de 
R$	290.000,00.	Esse	é	um	valor	projetado	para	o	CAPEX	(Capital Expenditure) 
durante o período, com base nas necessidades para esse tipo de investimento. 
Cada	gestor	fi	nanceiro	deverá	avaliar	as	necessidades	para	a	projeção	do	CAPEX	
da	sua	empresa,	pois	há	várias	razões	que	devem	ser	levadas	em	conta.
Na variação do capital de giro para o ano Base Inicial de 20X0, presume-se 
que	parte	do	saldo	da	Reserva	do	Capital	de	Giro	é	de	R$	3.000.000,00,	conforme	
visto anteriormente.
O	 gestor	 fi	nanceiro	 deverá	 tomar	 alguns	 cuidados	 ao	 projetar	 o	 Fluxo	 de	
Caixa Livre durante os próximos períodos.
Há	a	necessidade	em	atentar	 para	 a	 atualização	de	 todas	as	 contas	 com	
taxa de crescimento constante durante os 5 primeiros períodos, principalmente 
para a conta da depreciação, porque apesar da depreciação ser reconhecida 
de	 forma	 linear	 (mesmo	valor	histórico)	durante	a	vida	útil	 do	equipamento,	há	
a possibilidade de a empresa adquirir mais equipamentos para as atividades 
operacionais e assim, a cada nova aquisição ao preço de mercado, o valor da 
depreciação a cada ano também sofre alterações.
É	importante	ressaltar	que	o	cálculo	apresentado	para	o	fl	uxo	de	caixa	não	
envolve a padronização da DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa) pelo método 
direto ou indireto, conforme o CPC 03. Visto que a DFC (Demonstração do Fluxo 
de Caixa) pelo método direto apresenta a geração do caixa pelas cobranças 
realizadas, e o método indireto apresenta a geração do caixa iniciando pelo lucro 
líquido.	Na	proposta	deste	 livro	de	estudos,	o	fl	uxo	de	caixa	utilizará	a	base	do	
Lucro Operacional antes dos eventos das despesas de capital, entre outras. 
O	fl	uxo	de	caixa	estará	assim	composto	para	as	projeções	para	os	próximos	
cinco	anos	à	taxa	de	3%	de	crescimento:
176
 Finanças	CorporatiVas
• 20X1
Lucro	Operacional	=	R$	2.953.125	x	1,03	=	R$	3.041.719
IRPJ	e	CSLL	s/	Lucro	Operac.	=	R$	1.004.063	x	1,03	=	R$	1.034.184
Depreciação	=	R$	220.000	x	1,03	=	R$	226.600
Despesas	de	Capital	=	R$	290.000	x	1,03	=	R$	298.700
• 20X2
Lucro	Operacional	=	R$	3.041.719	x	1,03	=	R$	3.132.970
IRPJ	e	CSLL	s/	Lucro	Operac.	=	R$	1.034.184	x	1,03	=	R$	1.065.210
Depreciação	=	R$	226.600	x	1,03	=	R$	226.600	x	1,03	=	R$	233.398
Despesas	de	Capital	=	R$	298.700	x	1,03	=	R$	307.661
• 20X3
Lucro	Operacional	=	R$	3.132.970	x	1,03	=	R$	3.226.959
IRPJ	e	CSLL	s/	Lucro	Operac.	=	R$	1.065.210	x	1,03	=	R$	1.097.166
Depreciação	=	R$	226.600	x	1,03	=	R$	233.398	x	1,03	=	R$	240.400
Despesas	de	Capital	=	R$	307.661	x	1,03	=	R$	316.891
• 20X4
Lucro	Operacional	=	R$	3.226.959	x	1,03	=	R$	3.323.768
IRPJ	e	CSLL	s/	Lucro	Operac.	=	R$	1.097.166	x	1,03	=	R$	1.130.081
Depreciação	=	R$	226.600	x	1,03	=	R$	240.400	x	1,03	=	R$	247.612
Despesas	de	Capital	=	R$	316.891	x	1,03	=	R$	326.398
• 20X5
Lucro	Operacional	=	R$	3.323.768	x	1,03	=	R$	3.423.481
IRPJ	e	CSLL	s/	Lucro	Operac.	=	R$	1.130.081	x	1,03	=	R$	1.163.984
Depreciação	=	R$	226.600	x	1,03	=	R$	247.612	x	1,03	=	R$	255.040
Despesas	de	Capital	=	R$	326.398	x	1,03	=	R$	336.189
Todas	as	projeções	para	o	fl	uxo	de	caixa	sofreram	variações.
Não foram colocados os valores da variação do capital de 
giro,	 pois	 as	 variações	 já	 foram	 apresentadas	 anteriormente	 neste	
capítulo.
177
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Vale	lembrar	que	ainda	é	necessário	projetar	o	fl	uxo	de	caixa	livre	para	o	ano	
de	20X6	ao	infi	nito.	Desta	forma,	devemos	utilizar	os	resultados	do	ano	de	20X5	e	
projetar	os	valores	com	a	taxa	de	crescimento	ao	infi	nito	em	1,85%.
O	gestor	fi	nanceiro	precisa	reavaliar	esses	valores	a	cada	ano,	desta	forma,	
outras perspectivas da taxa de crescimento podem ocorrer.
•	 20X6...	infi	nito
Lucro	Operacional	=	R$	3.423.481	x	1,0185	=	R$	3.486.616
IRPJ	e	CSLL	s/	Lucro	Operac.	=	R$	1.163.984	x	1,0185	=	R$	1.185.517
Depreciação	=	R$	226.600	x	1,03	=	R$	255.040	x	1,0185	=	R$	259.759
Despesas	de	Capital	=	R$	336.189	x	1,0185	=	R$	342.409
Isso	nos	permite	apurar	os	valores	do	fl	uxo	de	caixa	ao	longo	desses	períodos	
e	identifi	car	os	seguintes	saldos:
•	 20X1	=	R$	1.845.434
•	 20X2	=	R$	1.900.797
•	 20X3	=	R$	1.957.821
•	 20X4	=	R$	2.016.556
•	 20X5	=	R$	2.077.053
•	 20X6	=	R$	2.154.308
Nesse	caso,	a	previsão	para	o	fl	uxo	de	caixa	 livre	está	sendo	apresentada	
com	valores	ascendentes,	ou	seja,	com	projeções	positivas,	conforme	podemos	
observar	no	gráfi	co	a	seguir.
GRÁFICO 1 – PREVISÃO FLUXO DE CAIXA LIVRE
FONTE: O autor 
Todo	gestor	 fi	nanceiro	 fi	cará	 satisfeito	 com	essa	 capacidade	para	geração	
do	 fl	uxo	 de	 caixa	 positivo,	 o	 que	 lhe	 renderia	 oportunidades	 para	 potenciais	
reconhecimentos,	 caso	 se	 confi	gurasse	 na	 realidade,	 porém,	 na	 avaliação	 do	
valor da empresa, devemos aplicar o conceito do CMPC (Custo Médio Ponderado 
178
 Finanças	CorporatiVas
de	Capital)	 na	 fórmula	 do	 valor	 presente,	 entre	 outras	 palavras,	 fl	uxo	 de	 caixa	
descontado.
4.1.2	Apuração	do	fl	uxo	de	caixa	
descontado e valor da empresa
Agora,	 faremos	 a	 apuração	 do	 fl	uxo	 de	 caixa	 descontado,	 bem	 como	 a	
apuração do valor da empresa tanto no período do crescimento quanto no período 
infi	nito.
Outrossim,	buscaremos	algumas	informações	que	já	foram	abordadas	neste	
livro de estudos e que ofereçam condições para o desenvolvimento desta etapa 
do trabalho.
Já	 o	 custeio	 por	 departamento	 visa	 mensurar	 como	 são	 apropriados	 os	
custos alocados por departamentos ou centros de custos. Dessa forma, o 
centro de custo corresponde aos setores, departamentos, seções, repartições, 
entre outros termos similares, em que são alocados e apropriados os custos 
indiretamente nos bens e serviços da empresa. Além disso, compreendemos o 
custeio por processo, ou produção contínua, como é conhecido. Nesse processo, 
a apropriação dos custos ocorre mediante os totais de produção, e não por 
unidades	produzidas.	Já	no	custeio	por	ordem	de	produção,	em	que	a	produção	é	
realizada sob encomenda, os custos são apropriados por unidade.
O	coefi	ciente	do	CMPC	(Custo	Médio	Ponderado	de	Capital)	no	período	do	
crescimento	que	foi	estudado	anteriormente	é	de	0,043997	ou	4,3997%.
Assaf	Neto	(2017,	p.	6)	esclarece	o	motivo	para	a	adoção	dessa	prática:
O lucro genuíno existe na parte que exceder o custo de capital 
(remuneração mínima exigida pelos investidores pelo risco 
assumido). A simples existência de lucro não é indicação de 
criação de valor, a empresa deve considerar na apuração de 
seus	resultados	todos	os	custos	de	fi	nanciamento,	inclusive	a	
remuneração mínima exigida pelos seus acionistas. A criação 
desse valor econômico de forma sustentada para os acionistas 
é a essência da missão de uma empresa e sua principal 
responsabilidade social.
Deveremos aplicar a fórmula do valor presente, que também estudamos no 
Capítulo 2 deste livro de estudos.
179
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
A	fórmula	é:	PV	=	FV	/	(	1+	i	)	n
Aplicaremos esta fórmula para todos os exercícios sociais.
• 20X1
R$	1.845.434	/	(	1	+	0,043997	)	1
R$	1.845.434	/	(	1,043997	)
R$	1.767.663
• 20X2
R$	1.900.797	/	(	1	+	0,043997	)	2
R$	1.900.797	/	(	1,089930	)
R$	1.743.963
• 20X3
R$	1.957.821	/	(	1	+	0,043997	)	3
R$	1.957.821	/	(	1,137883	)
R$	1.720.582
• 20X4
R$	2.016.556	/	(	1	+	0,043997	)	4
R$2.016.556	/	(	1,187947	)
R$	1.697.514
• 20X5
R$	2.077.053	/	(	1	+	0,043997)	5
R$	2.077.053	/	(	1,240213	)
R$	1.674.755
Com a apuração desses valores durante o período proposto, agora podemos 
apurar o valor da empresa durante o período do crescimento. Neste caso, o total 
do período é assim apresentado:
R$	1.767.663	+	R$	1.743.963	+	R$	1.720.582	+	R$	1.697.514	+	R$	1.674.755
R$	8.604.477
O	 valor	 da	 empresa	 apurado	 para	 o	 período	 do	 crescimento	 é	 de	 R$	
8.604.477,	 porém,	 se	 avaliarmos	 com	bastante	 cuidado	 a	 geração	 do	 fl	uxo	 de	
caixa livre a valor presente, podemos observar a seguinte situação:
180
 Finanças	CorporatiVas
GRÁFICO 2 – PREVISÃO FLUXO DE CAIXA LIVRE A VALOR PRESENTE
FONTE: O autor 
De	acordo	com	o	gráfi	co	anterior,	observa-se	que	o	valor	do	fl	uxo	de	caixa	
reduz consideravelmente.
Importante: a atratividade de investir em uma empresa 
é baseada em sua capacidade futura de gerar riqueza. 
Em operações de fusões e aquisições de empresas, por 
exemplo, o fundamento da avaliação recai sobre os benefícios 
econômicos	 positivos	 esperados,	 ou	 seja,	 sobre	 os	 valores	
agregados futuros que excedem o custo de capital (ASSAF 
NETO, 2017, p. 2).
Nesse	 ponto,	 o	 gestor	 fi	nanceiro	 deverá	 tomar	 algumas	 precauções.	
Analisando	o	gráfi	co	anterior	e	comparando	com	a	contribuição	de	Assaf	Neto,	
podemos destacar alguns pontos muito importantes.
A	 capacidade	 futura	 de	 gerar	 caixa	 está	 ocorrendo,	 pois	 os	 valores	 estão	
positivos, sendo encontrados benefícios econômicos positivos esperados.
Igualmente, isso corrobora apenas em parte para que esses valores 
econômicos agregados futuros excedem o custo de capital.
Os	 valores	 do	 fl	uxo	 de	 caixa	 descontado	 estando	 positivos,	 sofrem	
signifi	cativa	redução	ao	longo	do	tempo	projetado.
O	 gestor	 fi	nanceiro	 deverá	 fi	car	 muito	 atento	 ao	 que	 se	 refere	 ao	 CMPC	
(Custo Médio Ponderado de Capital) apurado no período do crescimento, que é 
de	4,39997%	ao	ano,	o	que	é	bem	superior	à	taxa	de	crescimento	da	empresa	
durante	esse	mesmo	período,	que	é	de	3,00%	ao	ano.
Há	 algumas	 alternativas	 que	 devem	 ser	 tomadas,	 como	 o	 aumento	 da	
participação das vendas da empresa no mercado nacional e internacional, mas 
que	pode	ser	 inviável	em	períodos	de	crise,	ou	que	ocorrem	negociações	para	
estipular reduzidas taxas de remuneração aos sócios ou terceiros.
181
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
Isso	 requer	 muita	 experiência	 em	 negociação.	Ainda	 é	 necessário	 apurar	
o CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital) da empresa em questão para o 
período	infi	nito.
Essa é uma nova premissa para a apuração do valor da empresa para esse 
período. Existe a grande probabilidade que a empresa, após o período de 5 anos, 
consiga aumentar a participação do capital próprio e o capital de terceiros nos 
seus investimentos.
A participação do capital próprio nos investimentos totais da empresa para 
o	período	infi	nito	está	em	55%	e	a	participação	do	capital	de	terceiros	é	de	45%.
Taxa de remuneração de Capital Próprio (bruta) = 0,04750
Beta	=	0,00,	 como	estamos	avaliando	o	período	para	o	 infi	nito,	então	não	
existem	subsídios	sufi	cientes	para	apurar	um	novo	coefi	ciente	beta	para	o	futuro.	
Nesse	caso,	o	coefi	ciente	beta	será	0,00,	será	neutro,	conforme	estudamos	no	
início deste capítulo.
Risco	de	Mercado	=	5,00%	(responsabilidade	dos	investidores)
Iremos	apurar	a	taxa	do	Custo	Médio	Ponderado	de	Capital	com	o	objetivo	
de	identifi	car	qual	é	o	coefi	ciente	a	ser	aplicado	para	a	mensuração	do	valor	da	
empresa	ao	infi	nito.
CP	Período	Estabilidade	=	0,04750	+	0,05000	=	0,09750
CT Período Estabilidade = 0,03500
Composição da participação de cada investimento para a apuração do 
CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital) para o período da Estabilidade.
CMPC CP = 0,09750 x 0,55 = 0,05363
CMPC CT = 0,03500 x 0,45 = 0,01575
Somando	os	dois	coefi	cientes,	temos:
CMPC	Total	=	CMPC	CP	+	CMPC	CT
CMPC	Total	=	0,05363	+	0,01575
CMPC Total = 0,06938
182
 Finanças	CorporatiVas
Apurados	esses	valores,	é	possível	aplicarmos	a	 fórmula	para	 identifi	car	o	
valor	da	empresa	para	o	período	infi	nito.
Um	padrão	serve	como	parâmetro	a	ser	seguido	e	que	pode	ser	
comparado, no presente, com algum fato que ocorreu no passado. 
Neste caso, estudaremos aqui a comparação entre o custo padrão 
e o custo real. Por meio desse processo, é possível compreender 
como	 apropriar	 os	 custos,	 entender	 sua	 fi	nalidade	 no	 ambiente	
empresarial, bem como acompanhar as variações do custo padrão.
Para	a	aplicação	da	fórmula,	devemos	primeiramente	identifi	car	os	seguintes	
coefi	cientes:
CMPC	Total	Período	Infi	nito	=	0,06938
Taxa	Crescimento	do	Período	Infi	nito	=	0,01850
CMPC	 Total	 Período	 Infi	nito	 (	 -	 )	 Taxa	 Crescimento	 do	 Período	 Infi	nito	 =	
0,06938 ( - ) 0,01850
CMPC	 Total	 Período	 Infi	nito	 (	 -	 )	 Taxa	 Crescimento	 do	 Período	 Infi	nito	 =	
0,05088
CMPC Total Período do Crescimento = 1,240213
Com a aplicação da fórmula:
Fluxo	de	Caixa	Livre	Período	Infi	nito	/	(CMPC	Total	Período	Infi	nito	(	-	)	Taxa	
Crescimento	do	Período	Infi	nito)	/	CMPC	Total	Período	do	Crescimento
R$	2.154.308	/	0,05088	/	1,24021
R$	34.143.439
Com	isso,	apuramos	o	valor	da	empresa	para	o	período	infi	nito.	Se	somarmos	
os valores apurados da empresa para o período do crescimento e para o período 
infi	nito,	teremos:
R$	8.604.477	+	R$	34.143.439
Total	=	R$	42.747.916
Isso	signifi	ca	que	em	caso	de	alguma	negociação	para	a	venda	
da	empresa,	esta	será	avaliada	em	R$	42.747.916	+	R$	12.000.000	
do	capital	social,	totalizando	R$	54.747.916.
Nos Estados Unidos, esse valor apurado para a empresa 
em função da sua riqueza gerada se chama Goodwill, no Brasil, a 
nomenclatura	é	ágio	na	emissão	de	ações.
Um padrão serve 
como parâmetro 
a ser seguido 
e que pode ser 
comparado, no 
presente, com 
algum fato que 
ocorreu no passado. 
Nos Estados 
Unidos, esse valor 
apurado para a 
empresa em função 
da sua riqueza 
gerada se chama 
Goodwill, no Brasil, 
a nomenclatura é 
ágio na emissão de 
ações.
183
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
1		 O	que	signifi	cam	as	Despesas	de	Capital	dentro	do	CAPEX	nas	
empresas?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.
2		 Se	o	gestor	fi	nanceiro	perceber	que	o	valor	do	fl	uxo	de	caixa	livre,	
descontado	 a	 valor	 presente,	 está	 reduzindo,	 será	 necessário	
buscar algumas alternativas. Quais seriam essas possíveis 
alternativas para a melhoria dos resultados?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Você teve a oportunidade de estudar nesse capítulo como se estrutura o 
capital	fi	nanceiro	de	uma	empresa.	Assim,	vimos	que	um	dos	principais	aspectos	
a	 serem	considerados	no	 cálculo	do	 custo	de	 capital	 próprio	está	em	avaliar	 o	
coefi	ciente	beta,	que	é	um	coefi	ciente	utilizado	no	mercado	de	ações	para	medir	o	
comportamento	do	resultado	da	empresa	com	relação	à	segurança	da	negociação	
das	ações	na	Bolsa	de	Valores.	O	coefi	ciente	beta	é	bastante	 interessante	por	
medir o custo de capital como forma de remuneração aos acionistas.
Além desses aspectos da avaliação da empresa com relação ao 
comportamento	 do	mercado,	 estudamos	a	 importância	 de	 identifi	car	 o	 valor	 do	
Capital de Giro da empresa, como forma de assegurar a capacidade da liquidez 
dos ativos em relação aos passivos. O Capital de Giro é fundamental para garantir 
reservas	fi	nanceiras,	e	neste	livro	de	estudos	você	teve	a	oportunidade	de	estudar	
possíveis exemplos para implantar a reserva de Capital de Giro naempresa.
Para a avaliação do valor da empresa, é imprescindível que o gestor 
fi	nanceiro	estruture	um	Fluxo	de	Caixa	Livre,	que	é	um	modelo	específi	co	para	
184
 Finanças	CorporatiVas
determinar a capacidade da geração da riqueza da empresa ao longo dos anos. 
Nesse	modelo,	optou-se	por	adotar	o	critério	do	fl	uxo	de	caixa	descontado,	que	
é uma das premissas indicadas pela Deliberação CVM nº 644, de 2 de dezembro 
de 2010, que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) do Comitê de 
Pronunciamentos	Contábeis	(CPC)	sobre	ativo	intangível.
Você	teve	a	oportunidade,	com	o	uso	de	gráfi	cos,	de	saber	que	se	a	empresa	
tiver um custo de capital que excede o potencial de riqueza gerada ao longo do 
tempo,	apesar	do	fl	uxo	de	caixa	descontado	permanecer	positivo,	este	reduz	ao	
longo	do	tempo	e,	em	algum	momento	futuro,	a	empresa	não	terá	mais	condições	
de	 gerar	 riqueza,	 e	 isso	 poderá	 comprometer	 a	 estabilidade	 da	 empresa	 no	
mercado se não forem adotadas algumas medidas, que você teve a oportunidade 
de estudar nesse livro de estudos.
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Atlas, 2017.
ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 3. ed. São 
Paulo: Atlas, 2002.
BRASIL. Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Altera a legislação do 
imposto	de	renda	das	pessoas	jurídicas,	bem	como	da	contribuição	social	sobre	
o	lucro	líquido,	e	dá	outras	providências.	Disponível	em:	http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l9249.htm.	Acesso	em:	29	jan.	2021.
CADORE, D. Risco do endividamento. 2009. Disponível em: https://
administradores.com.br/artigos/risco-do-endividamento. Acesso em:	27	jul.	2020.
CVM. Deliberação CVM nº 644, de 2 de dezembro de 2010. Aprova o 
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Disponível	em:	https://www.dicionariofi	nanceiro.com/alavancagem-operacional-e-
fi	nanceira/.	Acesso	em:	29	jul.	2020.			
185
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3 
FRONTINI, P. Ibovespa inicia ano com forte alta: B3 dispara. 2020. Disponível 
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GITMAN,	L.	J.	Princípios da administração fi nanceira: essencial. 2. ed. Porto 
Alegre: Bookman, 2001.
HOJI,	M.	Administração fi nanceira:	uma	abordagem	prática.	2.	ed.	São	Paulo:	
Atlas, 2004.
NASRALLAH, A. C. São indedutíveis do IRPJ e CSLL despesas 
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com.br/2016/09/afac/#:~:text=Os%20encargos%20fi	nanceiros%20de%20
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STUMPF, K. CPA 20	–	covariância,	correlação	e	coefi	ciente	de	determinação:	as	
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br/covariancia-correlacao-e-coefi	ciente-de-determinacao-as-variaveis-e-as-suas-
relacoes/.	Acesso	em:	29	jul.	2020.

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