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FINANÇAS CORPORATIVAS
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Valdecir Knuth
Indaial - 2021
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jairo Martins
Jóice Gadotti Consatti
Marcio Kisner
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
K74f
Knuth, Valdecir
Finanças corporativas. / Valdecir Knuth. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
185 p.; il.
ISBN 978-65-5646-189-2
ISBN Digital 978-65-5646-188-5
1. Administração financeira. - Brasil. II. Centro Universitário Leonar-
do da Vinci.
CDD 658.15
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Demonstrações Financeiras ........................................................7
CAPÍTULO 2
A Função das Finanças ...............................................................79
CAPÍTULO 3
Valor da Empresa ......................................................................137
APRESENTAÇÃO
No mundo dos negócios é preciso lidar com o dinamismo do mercado e, no
caso das indústrias, também com os processos produtivos e compreender os
resultados desse dinamismo e seus reflexos na empresa.
Os movimentos da economia, as oscilações das taxas cambiais, uma
possível recessão econômica, por exemplo, são situações que requerem do
gestor financeiro conhecimento e capacidade de propor soluções para a empresa.
As soluções que o gestor financeiro decide, junto à equipe, passam pelo crivo
da diretoria e devem ser sempre negociadas e, se possível, com previsões para
que se possa visualizar algum cenário futuro que eventualmente possa ocorrer na
empresa e implementar ajustes, se forem necessários.
No transcorrer do Capítulo 1, você estudará os fundamentos da Contabilidade
e o processo de reconhecimento das atividades e ações da empresa, que
possuem seu reflexo financeiro e monetário reconhecidos em contas do
Ativo, Passivo ou no resultado de Lucro ou de Prejuízo. Essa é a importância
de se reconhecer na contabilidade o resultado das decisões dos gestores da
empresa, elas podem atribuir resultados positivos ou negativos, dependendo da
qualidade da informação contábil recebida. Neste capítulo, você estudará como
efetivar um registro contábil e se este possui alguma finalidade predeterminada
como investimento em Imobilizado, ou se serão gastos em demais atividades
operacionais da empresa. Você conhecerá alguns relatórios que a Contabilidade
emite e como os gestores podem fazer uso desses relatórios.
No Capítulo 2, você estudará a importância do papel do gestor financeiro
como orientador para a análise dos resultados, além daquilo que a Contabilidade
oferece. Por exemplo, você estudará o cálculo da inflação de uma empresa,
visto que a taxa da inflação oficial divulgada pelo Banco Central não reflete a
realidade da própria empresa. Esta metodologia é muito interessante para que
o gestor financeiro possa contribuir para o reajuste dos preços das mercadorias
da empresa, assim como promover melhorias para a previsão dos resultados
financeiros. Ainda neste capítulo, você estudará algumas ferramentas da
matemática financeira, como taxa de juros, prazo de negociação e valor presente.
Você também aprenderá a aplicar as planilhas referentes à “melhor opção de
compra”, que também se encontra nesse capítulo e que podem ser aplicadas para
negociar prazos e valores das compras com os fornecedores de acordo com o
melhor custo de compra possível. Nem sempre o menor preço do produto é o mais
barato. Por fim, a aplicação da Taxa Interna de Retorno (TIR) em alguns cenários
propostos neste capítulo proporcionará excelentes opções para a avaliação do
fluxo de caixa gerado ou previsto, de acordo com investimentos realizados em
determinado projeto de investimentos.
No Capítulo 3, você estudará a aplicação do conceito do valor da empresa
e demais ferramentas para a sua avaliação. A abordagem deste tema é muito
interessante, pois permite saber o cálculo do valor de uma empresa que está em
vias de negociação, de compra ou venda, de fusão ou incorporação, assim como
cisão se algum sócio resolver sair da sociedade. Não se pode simplesmente
atribuir o valor contábil para a divisão do valor do Patrimônio Líquido da empresa
para cada sócio, mas, sim, a riqueza que esse sócio contribuiu para o crescimento
da empresa. Nada mais justo do que cada um receber pela participação do
crescimento da empresa no mercado.
Leia cada capítulo com atenção e desenvolva todas as atividades de
estudo, mas lembre-se: os conteúdos apresentados neste livro de estudos têm
a finalidade de enriquecer os seus conhecimentos e aumentar a capacidade
de implementar essas ferramentas aqui estudadas na vida profissional, o que
resultará na melhoria da gestão financeira e, consequentemente, na melhoria dos
resultados da empresa. Busque mais informações e procure sempre se atualizar,
pois as exigências do mercado nos reservam desafios constantes e a busca do
conhecimento aliada à determinação e ao saber-fazer é fundamental.
Tenha um excelente estudo!
Prof. Valdecir Knuth
CAPÍTULO 1
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer os conceitos da contabilidade e sua relação com a gestão
empresarial.
• Saber o que deve estar relacionado com a escrituração contábil na empresa
para fomentar as informações para decisão.
• Saber da necessidade em conhecer quais são as demais demonstrações
contábeis e fi nanceiras existentes para contribuir na gestão das empresas.
• Elaborar estudos e simulações para compreender a relação da estrutura
contábil e fi nanceira na geração do Balanço Patrimonial.
• Realizar registros contábeis hipotéticos para perceber o impacto de cada
evento na situação patrimonial da empresa.
• Fazer comparativos entre os demais demonstrativos contábeis existentes
e compreender a riqueza na geração de informações para os gestores das
empresas.
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Finanças CorporatiVas
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DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá, caro acadêmico!
Conhecer os principais aspectos que norteiam a administração fi nanceira de
uma empresa é requisito fundamental para o gestor fi nanceiro atual. A evolução
dos procedimentos empresariais que envolvem transações fi nanceiras ultrapassou
o limite da estrutura interna organizacional e transformou as empresas em
sistemas integrados com a realidade econômica nacional e mundial. Dessa forma,
a complexidade das decisões exige o mapeamento monetário de todas as ações
empresariais como forma de otimizar a distribuição de recursos e agregar mais
valor ao negócio.
É fundamental que os gestores das empresas, os investidores e outros
interessados (fornecedores, bancos, sindicatos e governos) busquem informações
fi dedignas para fazerem análises e emitirem opiniões sobre a avaliação do
desempenho econômico e fi nanceiro das empresas. Essas informações devem
ser extraídas das Demonstrações Financeiras, também conhecidas sob a
denominação de Demonstrações Contábeis.
O estudo relacionado com a área contábil requer conhecimentos específi cos
e, portanto, somente um profi ssional contador, com registrono CRC (Conselho
Regional de Contabilidade) de cada unidade da federação brasileira (Estado), tem
a responsabilidade técnica para assumir e responder legal e criminalmente pelas
informações contábeis da empresa por ele elaboradas.
Neste contexto, apresentaremos, neste livro de estudos, os conceitos, as
aplicações e as análises que potencialmente as Demonstrações Financeiras
ou Demonstrações Contábeis podem proporcionar aos gestores e demais
interessados nas informações extraídas deste relatório.
No enfoque da administração fi nanceira, o gestor defi ne o controle de caixa
com base nas informações que são pertinentes à atividade empresarial e no tempo
necessário para a tomada de decisão. Dessa forma, podem ser encontrados
controles de caixa diários, semanais, quinzenais ou mensais. Entretanto, quanto
maior for o prazo de controle, maior será o risco na tomada de decisão fi nanceira
em razão de imprevistos que podem vir a ocorrer.
10
Finanças CorporatiVas
2 A CONTABILIDADE PARA A
GESTÃO DA EMPRESA
As informações utilizadas a partir da Contabilidade pelos gestores da empresa
são muito importantes, visto que além de serem fi dedignas, precisam atender
exigências legais em sua estruturação e apresentação. Estas informações são
padronizadas e devem ser compreensíveis para que os profi ssionais de outras
áreas (leigos em contabilidade) possam compreender os resultados da empresa
ali contidos.
Com relação à compreensibilidade, Iudícibus et al. (2010, p. 37) dizem o
seguinte:
Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas
demonstrações contábeis é que elas sejam prontamente
entendidas pelos usuários. Para esse fi m, presume-se que
os usuários tenham um conhecimento razoável dos negócios,
atividades econômicas e contabilidade e a disposição de
estudar as informações com razoável diligência. Todavia,
informações sobre assuntos complexos que devam ser
incluídas nas demonstrações contábeis por causa da sua
relevância para as necessidades de tomada de decisão pelos
usuários não devem ser excluídas em nenhuma hipótese,
inclusive sob o pretexto de que seria difícil para certos usuários
entendê-las.
O principal tipo de informação que pode ser extraído das
Demonstrações Contábeis (ou Financeiras) está voltado a avaliar
se a empresa possui liquidez nos seus ativos para honrar com os
compromissos assumidos fi nanceiramente com terceiros. Também
avaliar a evolução do resultado (lucro ou prejuízo) em relação ao
investimento realizado pelos sócios/proprietários ou investidores ao
longo do tempo, pois é importante que a empresa gere riqueza para
otimizar o caixa para pagar as suas contas e remunerar o capital
investido de forma contínua, duradoura e ascendentemente.
Outro tipo de informação para avaliar é a capacidade de
geração do caixa da empresa. Esta é a parte mais importante que
o gestor empresarial deve considerar na avaliação das informações
contábeis.
Dessa forma, os conhecimentos aplicados à área de fi nanças corporativas
abrangem a economia, a contabilidade, o mercado de capitais, a controladoria, a
O principal tipo de
informação que
pode ser extraído
das Demonstrações
Contábeis (ou
Financeiras) está
voltado a avaliar
se a empresa
possui liquidez
nos seus ativos
para honrar com
os compromissos
assumidos
fi nanceiramente com
terceiros.
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DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Por quê? É justamente na capacidade da geração de caixa que
a empresa pode gerar liquidez em longo prazo. Isso quer dizer que a
empresa pode gerar mais dinheiro (riqueza) ao longo do tempo para
quitar os seus compromissos fi nanceiros com terceiros (fornecedores,
governo, empregados ou instituições fi nanceiras) e assim, ao gerar
riqueza, poderá continuar investindo na pesquisa de novos produtos,
conquistar expansão de mercado e fortalecer o que talvez seja o mais
importante: sua MARCA. Quanto mais forte a marca do produto ou
a empresa no mercado, mais ela conseguirá atingir o seu mercado
consumidor. Com maior alavancagem das vendas, maiores são as
oportunidades para a melhoria nos resultados da empresa, e o gestor
fi nanceiro deverá estar preparado para administrar esses resultados.
estatística, a administração fi nanceira, a psicologia e o planejamento estratégico.
A consolidação dessas informações propicia a análise situacional e gerencial dos
procedimentos de trabalho, o qual envolve recursos fi nanceiros e oferece suporte
aos administradores na condução dos negócios. O administrador tem como
prerrogativa conseguir direcionar as funções da administração fi nanceira para
obter melhores resultados e maximizar o patrimônio empresarial.
Quando tratamos da marca da empresa ou a marca do produto, nos
deparamos com uma vasta gama de nomes que nos vêm à cabeça. Muitas
marcas existem há muitos anos, outras já não existem mais e assim por diante.
Aproveite esse momento que estamos tratando de um assunto
um pouco diferente do material de estudos, mas que tem forte
infl uência na geração da riqueza das empresas, que são as marcas.
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=HvLNO1LZdZI. O
vídeo aborda a história das grandes marcas no mundo. Aproveite
para compreender o que os seus idealizadores pensavam no início
dos seus projetos empreendedores. Assista!
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Finanças CorporatiVas
Afi nal, para quem as informações da contabilidade serão
úteis? As informações da contabilidade são muito importantes para
vários tipos de usuários – que são as pessoas físicas ou jurídicas,
públicas ou privadas, internas ou externas – que possuem interesse
na empresa ou entidade, tais como: administradores, sócios ou
acionistas, empregados, fornecedores, fi nanciadores e demais
credores, clientes, governos nos diversos níveis, integrantes do
mercado fi nanceiro e de capitais, além dos meios de comunicação e
do público em geral.
Retornando ao nosso tema, as informações extraídas da contabilidade
tornaram-se cada vez mais importantes para a gestão empresarial, tanto para os
usuários internos (principalmente os sócios e administradores, que necessitam
entender a saúde econômica, fi nanceira e buscar o equilíbrio entre as ações
atuais adotadas na empresa e a oportunidade de consolidar a inserção da
empresa no mercado no futuro) como para os usuários externos (que são os
investidores minoritários, para garantir a remuneração dos dividendos no papel de
sócios minoritários), os fi nanciadores, que são os bancos, os fornecedores, que
possuem interesse em saber se a empresa possui liquidez para pagar os seus
compromissos fi nanceiros, os governos, que têm alta motivação arrecadatória e
fi scalizatória, e o público em geral, pois as empresas promovem o crescimento
social nas cidades onde estão instaladas e também a geração de empregos.
Dessa forma, as informações servem como parâmetros para a análise da
evolução da empresa e seu crescimento em participação no mercado.
Segundo Araújo (2009, p. 5-6), “em geral, toda pessoa, física ou jurídica,
possui algum patrimônio; logo, podemos dizer que todos se interessam pela
informação contábil”.
Afi nal de contas, qual a importância dessas informações contábeis para os
usuários da contabilidade? Vejamos:
• Os proprietários: todo empresário, que pode ser um acionista
ou quotista, necessita saber se as diretrizes traçadas estão
sendo seguidas e se os objetivos da empresa estão sendo
alcançados. [...]
• Os administradores: por meio da Contabilidade, os
13
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
administradores poderão realizar o devido planejamento de
suas ações, assim como acompanhar os resultados, uma vez
que a maioria das decisões de uma empresa envolve aspectos
fi nanceiros. [...]
• Os fornecedores de bens e serviços:aquele que vende bens
ou presta serviços a prazo necessita saber se o seu cliente
possui condições fi nanceiras necessárias para liquidar a
operação na data combinada. [...]
• Os banqueiros: os bancos [...], para conceder crédito a
seus clientes, precisarão proceder à devida análise cadastral
e contábil para se assegurarem de que a concessão de
empréstimo não gerará prejuízos.
• O governo: [...] a principal fonte de arrecadação de receita
para os três níveis de governo (federal, estadual e municipal)
são os tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria).
A maioria deles é calculada com base nas informações
fornecidas pela Contabilidade. [...]
• Os sindicatos: os empregados também constituem um
dos principais interessados pelas informações contábeis,
principalmente no que se refere às questões salariais e de
participação nos lucros.
• Os economistas: esses profi ssionais somente poderão
realizar suas análises macro e microeconômicas se souberem
utilizar devidamente as informações contábeis.
• Os auditores: os profi ssionais de auditoria são contratados
para emitir uma opinião sobre a adequação ou não dos
demonstrativos contábeis (ARAÚJO, 2009, p. 5-6).
Podemos observar as necessidades dos usuários da Contabilidade e suas
respectivas fi nalidades de obterem a riqueza de informações na análise das
demonstrações contábeis no quadro a seguir.
QUADRO 1 – USUÁRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Usuários Internos
Sócios e gestores
- Aumentar ou reduzir investimentos.
- Aumentar o capital ou emprestar recursos.
- Expandir ou reduzir as operações.
- Comprar/vender à vista ou a prazo.
Usuários Externos
Instituições fi nan-
ceiras
- Conceder ou não empréstimos.
- Estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa, prazo e garantias).
Clientes e for-
necedores em
geral
- Avaliação com vista à concessão ou não de crédito, em que valor e
a que prazo.
- Informações sobre a continuidade operacional da entidade, especial-
mente quando têm um relacionamento a longo prazo com ela, ou
dela dependem como fornecedor importante.
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Finanças CorporatiVas
Investidores
- Adquirir ou não o controle acionário.
- Investir ou não em ações na bolsa de valores.
- Avaliação do risco inerente ao investimento e potencial de retorno
proporcionado (dividendos).
Comissão de Va-
lores Mobiliários
- Observar se as demonstrações contábeis de uma empresa de capital
aberto respondem aos requisitos legais do mercado de valores mo-
biliários, como periodicidade de apresentação, padronização e trans-
parência.
Poder Judiciário - Solicitação e apreciação objetiva de perícia.
F i s c a l i z a ç ã o
tributária
- Buscar indícios de sonegação de impostos.
Comissões de lic-
itação
- Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do capital de giro
próprio, da solidez econômico-fi nanceira, buscando identifi car se há
garantia acessória para o início ou continuidade no fornecimento dos
bens ou serviços.
- O Art. 31, da Lei Federal nº 8.666/93, prevê que o uso de índices ex-
traídos das demonstrações contábeis limitar-se-á à demonstração da
capacidade fi nanceira do licitante com vistas aos compromissos que
terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato.
Empregados e
sindicatos
- Informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empre-
gadores (solvência, distribuição de lucros etc.).
- Avaliação da capacidade que tem a entidade de prover sua remuner-
ação, seus benefícios de aposentadoria e oferta de oportunidades de
emprego.
FONTE: Silva (2010, p. 8)
Você sabe como são geradas as informações contábeis? A
preparação e a elaboração das informações contábeis devem ser
feitas com muito cuidado. As informações contábeis são geradas por
meio da utilização dos relatórios contábeis, porém não são todos os
relatórios que são obrigatórios por lei. Um relatório gerencial quando
apresenta a margem de contribuição por unidade produzida (ou um
relatório de orçamento anual) é um relatório gerencial interno, ou
seja, não há a obrigatoriedade de apresentar e confi gurar essas
informações para o atendimento legal.
Um relatório
gerencial quando
apresenta a margem
de contribuição por
unidade produzida
(ou um relatório de
orçamento anual)
é um relatório
gerencial interno.
15
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Um exemplo do fl uxo de informações pode ser o seguinte:
A Contabilidade solicita informações dos demais departamentos
e diretorias da empresa cada departamento processa as
informações necessárias e envia para a diretoria da sua área
para a aprovação ou ajustes a Contabilidade recebe todas as
informações necessárias e as processa a Contabilidade emite
relatórios para as diretorias e gerências da empresa para avaliarem
os resultados em níveis de gestão, sendo a diretoria com relatórios
sintéticos e gerências com relatórios analíticos.
Na sociedade em que vivemos atualmente, temos que considerar vários
cenários econômicos, que podem variar de acordo com as necessidades do
mercado, tais como: a guerra dos preços do petróleo e os problemas de saúde
pública, que são fatos não controláveis. Os administradores precisam ter a
capacidade de prever cenários adversos ou favoráveis ao mercado em que atuam
e, além disso, quando necessário, realizar mudanças rápidas para se adaptar à
nova realidade e assim manterem a sobrevivência das suas empresas.
Sobre a guerra dos preços do petróleo, acesse o link: https://
www.gazetadopovo.com.br/mundo/que-desencadeou-nova-guerra-
precos-petroleo/.
Sobre a pandemia do coronavírus, que estagnou o mercado
mundial, acesse o link: https://www.bbc.com/portuguese/
internacional-51766452.
Com base nessas duas notícias, é possível perceber que a sobrevivência
das empresas requer constante acompanhamento das suas atividades no
mercado. Isso é possível com a implantação de Controles Internos para identifi car
e acompanhar os mercados principais em que o país possui acordos bilaterais
e que possam trazer os melhores resultados para as empresas, e os mercados
alternativos em que o país também possui acordos bilaterais, mas que possam
manter as atividades da empresa no caso de algum colapso no mercado
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Finanças CorporatiVas
principal. Como exemplo, se a empresa possui determinados custos fi xos, deverá
ocorrer o mínimo de produção necessária para manter esses custos fi xos, ou
seja, os mercados secundários ainda poderiam ajudar a empresa a se manter
em funcionamento para cobrir esses custos fi xos (além dos custos variáveis da
produção).
Assim, a auditoria nas empresas é fundamental para validar as informações
referentes a custos, preços e tributação. Isso corrobora com a geração de
informações reais e seguras para os gestores.
De acordo com Anthony (1960, p. 2-5 apud IUDÍCIBUS, 1998, p. 24-25),
entre tantas outras, a informação contábil possui a fi nalidade de controle e
planejamento.
Focaliza com bastante propriedade as implicações deste item
[informação contábil]. Embora tais fi nalidades possam ser
catalogadas de várias formas, serão aqui agrupadas em duas
básicas:
Finalidade de controle.
Finalidade de planejamento.
Controle pode ser conceituado como um processo pelo qual a
alta administração se certifi ca, na medida do possível, de que
a organização está agindo em conformidade com os planos
e políticas traçados pelos donos do capital e pela própria alta
administração. [....]
Planejamento, por sua vez, é o processo de decidir que curso
de ação deverá ser tomado para o futuro.
Normalmente, o processo de planejamento consiste em
considerar vários cursos alternativos de ação e decidir qual o
melhor.
Portanto, a contabilidade tem importante função no controle
e planejamento das operações da empresa, e o resultado das
suas atividades é mensurado de forma quantitativa,devendo ser
constantemente avaliado para que os gestores possam tomar
medidas para manter a empresa em constante desenvolvimento no
mercado.
Essas avaliações devem contemplar cenários em crescimento no mercado
e também cenários em declínio no mercado. Isso quer dizer que os gestores
sempre deverão utilizar as informações contábeis e projetar resultados em um
mercado otimista e em um mercado pessimista.
Portanto, a
contabilidade
tem importante
função no controle
e planejamento
das operações
da empresa, e
o resultado das
suas atividades é
mensurado de forma
quantitativa.
17
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
2.1 ESTRUTURA CONTÁBIL E
FINANCEIRA
Vamos compreender a composição da estrutura contábil e fi nanceira de
uma empresa. É essencial conhecer essa composição, pois é nessa estrutura de
contas contábeis que o gestor da empresa pode “ler” e compreender de que forma
se encontra a saúde econômica e fi nanceira da empresa, gerando um equilíbrio
entre os valores registrados em cada grupo de contas.
As teorias relacionadas à administração fi nanceira detalham, de modo geral,
o objetivo que se pretende atingir no contexto global no qual a empresa está
inserida. Entretanto, o objetivo resumido não refl ete a gama de ações, estratégias
e métodos aplicados para que ele seja alcançado.
O equilíbrio patrimonial é proporcionado pelo conceito de uma balança com
dois pratos (um em cada lado), em que do lado esquerdo podemos encontrar o
ATIVO e do lado direito o PASSIVO, conforme podemos observar na Figura 1, e
o equilíbrio é alcançado quando os dois lados tiverem valores iguais. Contudo,
geralmente, o Ativo e o Passivo apresentam valores diferentes e, nesse caso, a
balança obviamente pende para um dos lados. O peso (valor) que for colocado
para obter o equilíbrio sufi ciente chama-se Patrimônio Líquido e está no lado de
menor valor.
FIGURA 1 – EQUAÇÃO PATRIMONIAL
FONTE: Ribeiro (2009, p. 11)
Observe na fi gura que o balanço patrimonial apresenta o
“equilíbrio” dos recursos da empresa, recursos fi nanceiros que
são captados de alguma fonte de recursos e aplicados em ativos
operacionais da empresa.
Para que haja a fi scalização dos atos de gestão, ao término de
cada exercício social será elaborado o inventário e serão realizados o
balanço patrimonial e o balanço de resultado econômico.
Para que haja a
fi scalização dos
atos de gestão, ao
término de cada
exercício social
será elaborado o
inventário e serão
realizados o balanço
patrimonial e o
balanço de resultado
econômico.
18
Finanças CorporatiVas
Vários autores consideram os valores investidos no Ativo como sendo a
parte positiva de um Balanço Patrimonial e, por sua vez, o Passivo é considerado
como a parte negativa, mas na sua essência não podemos entender como sendo
ruins os aspectos do Passivo, pois estes são totalmente necessários para manter
o equilíbrio e a saúde fi nanceira da empresa. Isso se dá porque a empresa
muitas vezes não consegue gerar caixa operacional apenas com os recursos das
vendas. O prazo das vendas geralmente não cobre as necessidades do capital de
giro, pois muitos compromissos fi nanceiros da empresa precisam ser quitados no
mês seguinte ao período das suas vendas, por exemplo, impostos das vendas,
salários dos funcionários e fornecedores.
Por esse motivo, é necessária a captação de recursos fi nanceiros por
empréstimos e fi nanciamentos, e se assim não fosse, como a empresa obteria
dinheiro para pagar as suas dívidas se elas não tivessem um prazo para quitá-las
sabendo que os clientes têm prazo para pagar? Sempre faltaria dinheiro.
O Balanço Patrimonial apresenta ao gestor fi nanceiro um
retrato de como se encontram as fi nanças da empresa e verifi ca o
que a empresa possui de recursos (que na fi gura anterior representa
a parte positiva para pagar as contas do seu passivo, que representa
a parte negativa – a saída do dinheiro da empresa).
Dessa forma, a estrutura segue uma determinada lógica de
liquidez na apresentação das contas contábeis. Isso signifi ca que
primeiro são evidenciadas as contas contábeis que mais rápido se
transformam em valores monetários, ou seja, dinheiro.
2.1.1 Estrutura das contas do Ativo
Primeiramente, na estrutura das contas contábeis em um balanço
patrimonial, deve-se apresentar as contas do Ativo. Essas contas do ativo servem
como balizadores para os registros dos valores que fazem a empresa funcionar,
em outras palavras, o Ativo serve para ativar as atividades.
Em linhas gerais, as contas contábeis do Ativo compõem os Bens e Direitos
da empresa, o que é uma verdade, mas atualmente, com a expansão do mundo
corporativo em um mercado globalizado, precisamos nos preocupar com o futuro
da empresa nesse mesmo mercado. O que isso signifi ca?
O Balanço
Patrimonial
apresenta ao
gestor fi nanceiro
um retrato de como
se encontram as
fi nanças da empresa
e verifi ca o que a
empresa possui de
recursos.
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DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
A expressão Ativos da empresa tem um signifi cado muito mais
profundo que meramente a expressão ‘Bens e Direitos’. Os Ativos
apresentam o que a empresa registrou nas suas operações no
passado, dessa forma, ‘olhando para o passado’, o gestor da empresa
deve mirar o futuro e ter a capacidade de projetar a geração de caixa
futuro.
Vejamos: determinado estoque possui o valor de custo em R$
100,00. Para agregar valor ao seu produto, precisamos, a título de
exemplo, incluir as despesas fi xas em 8,00%, despesas com vendas,
incluindo comissões de vendas na ordem de 10,00%, despesas
com fretes na ordem de 2,00% e impostos das vendas em 21,25%
(12,00% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), 1,65%
do PIS (Programa de Integração Social) e 7,60% da COFINS (Contribuição ao
Financiamento da Seguridade Social)) e 14,00% de lucro. Logo, temos o seguinte
preço de vendas:
1º Passo: somar os % para incluir no preço de vendas: 8,00% + 10,00% +
2,00% + 21,25% + 14,00% = 55,25%.
2º Passo: dividir o resultado de 55,25% por 100 = 0,5525.
3º Passo: subtrair do coefi ciente 1 (100% do preço fi nal de vendas) o
coefi ciente de 0,5525 = 0,4475.
4º Passo: encontrar o preço de vendas, dividindo R$ 100,00 do custo pelo
coefi ciente do markup divisor em 0,4475 = R$ 223,46.
5º Passo: identifi car o valor do lucro do produto.
Os Ativos
apresentam o que
a empresa registrou
nas suas operações
no passado, dessa
forma, ‘olhando para
o passado’, o gestor
da empresa deve
mirar o futuro e ter
a capacidade de
projetar a geração
de caixa futuro.
O lucro de cada peça vendida será de R$ 31,28. Isso signifi ca que se a
empresa produzir e vender cerca de 10.000 itens desse produto durante o período
de um ano, a empresa gerará um caixa líquido. O lucro é a sobra de todos os
gastos para produzir e vender o produto na ordem de R$ 312.800,00.
20
Finanças CorporatiVas
6º Passo: identifi car o tempo do retorno do investimento do ativo imobilizado.
Se a empresa investiu R$ 1.251.200,00 em máquinas e o caixa líquido gerado
dessa produção é de R$ 312.800,00 por ano, signifi ca que em média a empresa
gerará riqueza própria. O investimento se pagará apenas a partir do 4º ano,
pois R$ 1.251.500,00 / R$ 312.800,00 = 4 anos. Durante os primeiros 4 anos, a
empresa deverá produzir e vender para pagar o equipamento e a partir do 4º ano
esse equipamento do Ativo Imobilizado gerará riqueza para a empresa.
O Ativo representa a parte do balanço patrimonial em que estão representados
os recursos da empresa capazes de gerar fl uxo de caixa e são representados
pelos bens e direitos, que podemos mencionar como o dinheiro em caixa e em
bancos, estoques, duplicatas a receber, equipamentos, imóveis, despesaspré-
pagas, equipamentos, veículos, até mesmo elementos intangíveis, como patentes
e ações e direitos autorais.
Segundo Ching (2003, p. 28), “um ativo pode ser defi nido como um recurso
sob controle da empresa capaz de gerar benefícios futuros (entendidos como
caixa)”.
Iudícibus et al. (2010, p. 41) fornecem maiores informações sobre o que
representam benefícios futuros:
O benefício econômico futuro embutido em um ativo é o seu
potencial em contribuir, diretamente ou indiretamente, para
o fl uxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade.
Tal potencial poderá ser produtivo, quando o recurso for
parte integrante das atividades operacionais da entidade.
Poderá também ter a forma de conversibilidade em caixa ou
equivalentes de caixa ou poderá ainda ser capaz de reduzir
as saídas de caixa, como no caso de um processo industrial
alternativo que reduza os custos da produção.
Portanto, a capacidade para a geração do caixa futuro signifi ca o quanto os
estoques que a empresa possui, aliados à efi caz gestão dos preços e à gestão
da marca do seu produto e sua capacidade na participação e permanência no
mercado, podem alavancar os resultados a longo prazo.
Segundo Marion (2012, p. 62-63), “as contas do Ativo são agrupadas de
acordo com sua rapidez de conversão em dinheiro: de acordo com seu grau de
liquidez (a capacidade de se transformar em dinheiro mais rapidamente)”.
Portanto, o Ativo Circulante no Balanço Patrimonial é composto por alguns
importantes itens, como o dinheiro em poder da empresa, incluindo os direitos
que serão recebidos em dinheiro, demais serviços ou bens e os estoques que
21
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
serão vendidos e recebidos em prazo nunca superior a 360 dias, que é o período
que representa o prazo do Ativo Circulante.
Seguindo a ordem de liquidez nas contas contábeis, as mais comuns são:
caixa e bancos, aplicações fi nanceiras, contas a receber de clientes e estoques.
Uma importante observação refere-se aos estoques, uma vez que estes são
registrados pelo seu valor de compra ou de fabricação.
Outro ponto a ser analisado são as contas a receber que, além dos valores
nominais a receber em relação à avaliação do valor da mercadoria ou produto
da empresa que tenha custado mais do que o seu atual valor de mercado, há a
necessidade de elaborar a provisão para perdas. Nas Demonstrações Contábeis
em moeda de capacidade aquisitiva constante, o valor da aquisição da matéria-
prima ou fabricação dos produtos (estoques de matéria-prima que estão no
processo da fabricação) é corrigido de acordo com a sua movimentação.
O Ativo Circulante é o primeiro grupo de contas do Ativo.
A recomendação legal de que os bens e direitos sejam
classifi cados no Ativo na ordem do grau de liquidez decrescente
faz com que, no Ativo Circulante, estejam posicionados, após
o disponível, os itens que se converterão em dinheiro mais
rapidamente (até o fi nal do exercício subsequente). O Ativo
Circulante é o grupo de maior liquidez no Ativo da empresa
(MARION, 2012, p. 291).
A estrutura das contas do Ativo da empresa é devidamente evidenciada no
Balanço Patrimonial da seguinte forma:
FIGURA 2 – ESTRUTURA DAS CONTAS DO ATIVO
FONTE: Marion (2012, p. 63)
Essa estrutura é bem simples de compreender, os recursos investidos nas
contas contábeis no Ativo Não Circulante, principalmente em Máquinas e Prédios,
devem ser capazes de gerar produção e vendas que potencialmente podem se
transformar em valores de Caixa e Bancos nas contas do grupo Ativo Circulante.
22
Finanças CorporatiVas
Qual é a razão de separar Ativo Circulante e Ativo Não Circulante? Vamos
procurar a contribuição de Iudícibus et al. (2010, p. 100):
De forma geral, são classifi cáveis no Realizável a Longo
Prazo contas da mesma natureza das do Ativo Circulante que,
todavia, tenham sua realização, certa ou provável, após o
término do exercício seguinte, o que, normalmente, signifi ca
realização num prazo superior a um ano a partir do próprio
Balanço.
Isso signifi ca que as contas contábeis do Ativo Circulante representam os
valores do mês em exercício até o fi nal do exercício seguinte.
Entende-se, dessa forma, que a avaliação dos Ativos é fundamental para o
Planejamento Operacional da empresa, visto que o processo de Planejamento
Operacional se caracteriza pelo conjunto de decisões e ações dos gestores da
empresa para a elaboração e operacionalização dos planos de
estruturação dos sistemas físico-operacionais que são necessários
para a continuidade das operações de cada unidade de negócio.
Determinar a estrutura do Ativo é identifi car a quantidade e a
qualidade do Investimento. Nesse caso, signifi ca avaliar as origens e
aplicações dos recursos da empresa.
Na fi gura a seguir, veja a relação dos ativos e passivos com o
destino e a origem dos recursos.
FIGURA 3 – DESTINO E ORIGEM DE RECURSOS
Determinar a
estrutura do
Ativo é identifi car
a quantidade e
a qualidade do
Investimento. Nesse
caso, signifi ca
avaliar as origens
e aplicações
dos recursos da
empresa.
FONTE: Bruni (2010, p. 7)
O que isso representa? Isso representa que todos os recursos
da empresa em Ativos ou Investimentos estão sendo fi nanciados
pelas suas origens, que são reconhecidas pelo Passivo e Patrimônio
Líquido (PL) ou Financiamentos, pois os recursos vieram de algum
lugar.
23
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Seguindo o raciocínio da fi gura anterior, a empresa tem como destino o
estoque nos seus ativos que, se não tiverem sido pagos à vista, então vieram
de uma origem a pagar, que é o passivo. Ou podemos também entender que se
a empresa resolver destinar recursos para investimentos na construção de uma
nova fábrica ou ampliação do seu parque fabril atual (que não tenham sido pagos
à vista), a empresa estará buscando estes recursos de uma “origem” chamada
fi nanciamentos no passivo ou recursos que vieram dos sócios, que nesse caso
são do Patrimônio Líquido (PL).
Com a fi gura a seguir, entenderemos um pouco mais os conceitos de origem
e aplicação de recursos.
FIGURA 4 – ORIGEM E APLICAÇÃO – DA OPERAÇÃO AO BALANÇO PATRIMONIAL
FONTE: Reis (2006, p. 11)
Observe na fi gura que toda a operação em qualquer fato contábil tem sua
aplicação a partir de uma origem e, por conseguinte, os registros contábeis são
realizados a débito ou a crédito de acordo com as contas envolvidas na operação.
Em outras palavras, signifi ca que o estoque teve um registro a débito no grupo
de contas do ativo, pois está “destinando” a geração de riqueza da empresa, e
se este não tiver sido pago à vista, há a necessidade de efetuar o lançamento a
crédito em fornecedores nas obrigações da empresa (grupo de contas do passivo).
Estes fornecedores possuem créditos em haver da empresa, se a empresa não
pagou o fornecedor, a empresa deve para os devidos fornecedores os valores
dos estoques.
Prosseguindo o raciocínio baseado na Figura 4, observe que os bens, direitos
e despesas têm seus saldos devedores, pois são “destinados” a algum tipo de
24
Finanças CorporatiVas
De acordo com o CPC 26, Comissão de Pronunciamentos
Contábeis, as empresas devem elaborar as notas explicativas, que
precisam apresentar o seguinte:
a) A Entidade, cujas demonstrações contábeis estão em
conformidade com os pronunciamentos técnicos, interpretações e
orientações do CPC, deve declarar de forma explícita e sem reservas
essa conformidade nas notas explicativas.
b) A Entidade não deve afi rmar que suas demonstrações
contábeis estão de acordo com esses Pronunciamentos Técnicos,
Interpretações e Orientações, a menos que cumpra todos os seus
requisitos.
fi nalidade. Os saldos credores possuem suas origens em receitas de vendas, ou
patrimônio líquido, ou obrigações da empresa. Estes saldossão apurados através
do balancete que estão apresentados no balanço patrimonial no fechamento
anual do exercício social da empresa.
Essa combinação objetiva determinar a parcela ideal de investimentos em
Ativos Fixos e Capital de Giro para o negócio ou empresa a serem constituídos.
Essa talvez seja uma das decisões mais difíceis de modelar na gestão econômica
das empresas. A determinação da estrutura do ativo é consequência de uma série
de outras decisões anteriores que decorreram do planejamento estratégico.
Para se defi nir a estrutura do Ativo é necessário primeiramente defi nir uma
série de outras variáveis, o que se inicia pela defi nição do produto ou produtos a
serem fornecidos no mercado a ser explorado.
Isso envolve o processo de decisão adotado pelos gestores das empresas,
e esse processo é extremamente complexo e envolve uma série de variáveis, tais
como:
• Volume.
• Preços sugeridos de venda.
• Tecnologias.
• Processos produtivos.
• Estrutura do produto.
• Atividades a serem implementadas nos processos produtivos etc.
25
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Nesse quesito, de acordo com o CPC 26, deve-se apresentar
informação acerca da base para a elaboração das demonstrações
contábeis e das políticas contábeis específi cas utilizadas,
divulgar a informação requerida nos pronunciamentos técnicos
e prover informação adicional que não tenha sido apresentada
nas demonstrações contábeis, mas que seja relevante para sua
compreensão (CPC 26, 2011).
Você pode perceber que existem inúmeras variáveis que não estão
diretamente relacionadas com a Contabilidade. Todas essas variáveis devem
ser defi nidas com antecedência, pois a necessidade de recursos fi nanceiros
parte da estrutura do investimento operacional e do tipo de ativo (máquinas e
equipamentos) que decorre de decisões efetuadas em cada uma das variáveis
elencadas anteriormente, cada uma a seu tempo da produção.
Isso porque de acordo com o valor dos recursos fi nanceiros a serem
investidos na empresa é necessário o gestor preocupar-se com o planejamento
dos processos produtivos (administração da produção), saber quais são as
tecnologias que devem ser utilizadas nos processos produtivos de acordo com a
estrutura do produto. Isso é necessário para defi nir o Preço Sugerido de Vendas
dos produtos com o objetivo de adequar a manutenção dos investimentos e gerar
riqueza para os investidores.
Os itens patrimoniais que compõem o ativo e o passivo são classifi cados por:
• Ordem de liquidez ou realização para os ativos.
• Ordem de vencimentos ou exigibilidade para os passivos.
2.1.2 Estrutura das contas do Passivo
Uma determinada quantidade dos valores existentes na estrutura das contas
do Ativo pode estar sendo fi nanciada por terceiros. O fi nanciamento das contas
de terceiros tradicionalmente pode envolver o seguinte:
• Salários a pagar.
• Fornecedores.
• Impostos a pagar.
• Empréstimos e fi nanciamentos a pagar.
26
Finanças CorporatiVas
Sobre o reconhecimento das contas contábeis do Passivo:
Quase todos os passivos constituem obrigações, mas nem
todas as obrigações constituem passivo. De acordo com o
Financial Accounting Stardards Board (Fasb), uma obrigação
é reconhecida como um passivo quando três critérios são
atendidos:
1. A obrigação envolve um provável sacrifício futuro de
recursos – uma transferência futura de caixa, mercadorias,
ou serviços, ou a abdicação de um recebimento futuro – em
uma data específi ca ou aproximada. A empresa pode medir
com precisão razoável, o caixa-equivalente dos recursos
necessários ao atendimento da obrigação.
2. A empresa não pode evitar a transferência de recursos
citada, ou tem espaço muito pequeno sobre si.
3. A transação ou evento que gerou a obrigação já ocorreu
(STICKNEY; WEIL, 2001, p. 448).
Outra característica é a obrigatoriedade da liquidação de um compromisso do
devedor, deixando a este praticamente nenhuma alternativa senão a de liquidar a
obrigação (pagar a dívida).
De acordo com Hendriksen e Breda (1999), se uma obrigação de liquidação
de algum compromisso for mensurada em alguma demonstração contábil,
haverá o reconhecimento de um passivo. Contudo, isso não signifi ca que se não
houver a oportunidade de mensurar essa obrigação, isso obrigue os gestores da
empresa a reconhecerem esse compromisso nas contas do Passivo. Apenas,
continua sendo um Passivo não reconhecido. Enquanto não ocorrer algum evento
que justifi que a retirada dos passivos da contabilidade da entidade, eles devem
permanecer como tais. A extinção e a reestruturação de dívidas são dois eventos
apresentados pelos autores supracitados para o encerramento dos passivos da
empresa.
O caso mais simples para a extinção de uma dívida é o pagamento do valor
pelo devedor ao credor. A hipótese a ser considerada pelo uso de uma negociação
é o caso da reestruturação de alguma dívida, dessa forma, o credor perdoa parte
ou a totalidade da dívida, fi cando o devedor desobrigado com relação à parte
reestruturada da obrigação.
Assim, as obrigações das empresas, inclusive fi nanciamentos para aquisição
dos direitos do ativo imobilizado, serão classifi cadas no passivo circulante quando
vencerem até o exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem
vencimento em prazo maior.
27
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
O que signifi ca Exercício Social? O Exercício Social é adotado
por muitas empresas para encerramento em 31 de dezembro com
o intuito de coincidir com a data de encerramento determinada na
legislação fi scal, para apuração do imposto de renda com base nos
resultados das empresas apurados no ano civil (do dia 1º de janeiro
até 31 de dezembro). Nada impede de realizar um balanço societário
encerrado em 31 de outubro e outro para fi ns fi scais, em 31 de
dezembro. Isso quer dizer que o Passivo Circulante se constitui na
composição de contas contábeis que representam os valores que
a empresa possui de compromisso para pagar em até 360 dias, de
acordo com Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007.
As contas contábeis estão ordenadas de acordo com a sua exigibilidade,
sendo constituídas pelo prazo mais curto, como empréstimos, contas a pagar,
dívidas com fornecedores, impostos a recolher e provisões (são as despesas
incorridas, geradas, ainda não pagas, mas já reconhecidas pela empresa, como
imposto de renda, férias, 13° salário, salários a pagar etc.).
Segundo Marion (2012, p. 291), “são as obrigações a Curto Prazo, ou seja,
as que deverão ser liquidadas dentro do exercício social seguinte (próximo ano),
ou conforme o ciclo operacional da empresa, se este for superior a um ano”.
O Passivo não se restringe simplesmente aos valores a pagar, amparados por
contratos ou operações comerciais, mas engloba todas as obrigações da empresa
com terceiros, sejam elas previamente defi nidas monetária ou simplesmente
estimadas.
As obrigações com terceiros, em sua essência, representam a origem
de recursos aplicados na empresa, ou podemos dizer, a fonte dos ativos, e
poderíamos ainda dividir essas obrigações em três grandes grupos: Contas a
Pagar, Provisões e Contingências.
Existe a Resolução CFC nº 1.376, de 8 de dezembro de 2011, publicada
pelo DOU de 16 de dezembro de 2011, que altera a NBC TG 26 - Apresentação
das Demonstrações Contábeis. Na verdade, esta divisão tem a fi nalidade de
entendermos melhor como separar os diversos tipos de obrigações, já que todas
são registradas no mesmo grupo do Passivo. Assim, temos o seguinte:
28
Finanças CorporatiVas
• Contas a Pagar: obrigações registradas quando do recebimento
de um ativo, da contratação de uma despesa, ou entrada de
numerário, cujo pagamento será realizado futuramente com
data negociada e valor previamente conhecido. Nestescasos, a
data de pagamento e o valor a pagar são conhecidos na data do
registro da obrigação.
• Provisões: no caso das provisões, o fato que desencadeou
a obrigação já ocorreu ou ocorre no momento do seu registro,
porém o valor dessa obrigação e a data de sua liquidação são
previsíveis, dessa forma, não são exatos e defi nidos.
• Contingências: a origem de uma contingência baseia-se na
existência ou ocorrência de um fato que poderá se transformar
em perda, assim como também em uma obrigação futura, porém
isso ainda dependerá de um fato posterior, que determinará a
obrigação e, portanto, poderia ser entendida como um potencial
de obrigação, mas que ainda não o é por falta de alguns fatos
que defi nirão a situação. Em alguns casos, cabe apenas o
registro dessa provável obrigação em notas explicativas. Como
exemplos, as contingências tributária e trabalhista, que são as
mais comuns (BRASIL, 2011).
Alguns passivos provêm da atividade operacional da entidade e não podem
ser vinculados aos ativos, fi nanciando gastos que ajudarão na formação dos
lucros. Salários, encargos sociais, tributos, logística de entrega, publicidade,
serviços obtidos, entre outros, também geram obrigações para a entidade.
2.1.3 Estrutura das contas do Patrimônio
Líquido
O que envolve a estrutura das contas do Patrimônio Líquido praticamente é:
O investimento efetuado na companhia pelos acionistas, que
é representado pelo capital social. Este abrange não só as
parcelas entregues pelos acionistas como também os valores
obtidos pela sociedade e que, por decisão dos proprietários,
incorporam-se ao capital social, representando uma espécie
de renúncia a sua distribuição na forma de dinheiro ou de
outros bens (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 345).
Dessa forma, o Patrimônio Líquido equivale ao capital pró prio da entidade,
formado pelo capital nominal e os resultados acumulados (lucros ou prejuízos).
O capital nominal é formado pelo capital investido pelos sócios e proprietá rios,
conhecido como capital social da entidade.
29
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
O Capital Social possui uma representatividade mais jurídica do que
meramente econômica, já que, do ponto de vista econômico, também os lucros
não distribuídos, mesmo que ainda na forma de Reservas, representam uma
espécie de investimento dos acionistas.
A sua incorporação ao capital social é uma formalização em que os
proprietários renunciam a sua distribuição. É como se os acionistas recebessem
essas reservas e as reinvestissem na sociedade. Mesmo essa renúncia também
é relativa, já que existe a possibilidade da devolução do capital aos acionistas.
Para Iudícibus et al. (2010, p. 344), baseados na Lei nº 6.404/76, que teve
sua redação modifi cada pela Lei nº 11.941/09, o Patrimônio Líquido é dividido em:
a) Capital Social [...].
b) Reservas de Capital [...].
c) Ajustes de Avaliação Patrimonial [...].
d) Reservas de Lucros [...].
e) Ações em Tesouraria [...].
f) Prejuízos Acumulados [...].
Estudaremos, a seguir, cada um deles separadamente.
a) Capital social
O valor que deve constar do Patrimônio Líquido no subgrupo de capital é o
do capital realizado, ou seja, o total efetivamente integralizado pelos acionistas.
O artigo 182 da Lei nº 6.404/76 determina o montante subscrito pelos sócios ou
acionistas e, por dedução, a parcela ainda não realizada deve ser discriminada
nesta conta.
O capital social é dividido em alguns componentes, que são:
• Capital Subscrito: é o compromisso que os sócios ou acionistas
assumem de contribuir com certa quantia para a empresa.
• Capital Social a Realizar: signifi ca a parte do capital subscrito
que ainda não foi transformado em dinheiro ou valor monetário
pelos sócios ou acionistas.
• Capital Social Realizado: é o valor do capital subscrito
transformado em dinheiro ou valor monetário pelos sócios ou
acionistas.
30
Finanças CorporatiVas
No entanto, há algumas situações que devem ser observadas, como:
• Quando o Capital for integralizado em forma de bens, estes
deverão ser avaliados e incorporados ao patrimônio da empresa
com base no preço de mercado, por meio de laudo aprovado em
Assembleia Geral.
• Quando o capital for integralizado em créditos (valores a receber),
o subscritor responderá pela solvência do devedor perante a
sociedade.
• Quando em situações de Capital Autorizado, que podem
acontecer quando o estatuto da empresa autoriza o Conselho de
Administração a aumentar o Capital Social, independentemente
de alteração estatutária, bastando reunião do órgão e o registro
da ata respectiva na Junta Comercial.
b) Reservas de capital
De acordo com Iudíbus et al. (2010, p. 349):
As Reservas de Capitais são constituídas de valores recebidos
pela companhia e que não transitam pelo Resultado como
receitas, por se referirem a valores destinados a reforço de
seu capital, sem terem como contrapartidas qualquer esforço
da empresa em termos de entrega de bens ou de prestação
de serviços.
As Reservas de Capital são divididas em ágio na emissão de ações, reserva
especial de ágio na incorporação, alienação de partes benefi ciárias e alienação
de bônus de subscrição. Veremos a seguir cada uma delas separadamente,
conforme Iudícibus et al. (2010):
• Ágio na emissão de ações: é o valor excedente que os acionistas
pagam pelo valor das ações da empresa e o valor nominal que
está registrado na contabilidade.
• Reserva especial de ágio na incorporação: é o montante do ágio
que resulta na aquisição de uma empresa e a incorporadora
detém o controle da sua controlada.
• Alienação de partes benefi ciárias: é a formação de reserva para
resgate em até 0,1 (1 décimo) dos lucros a quem tem direito na
sociedade por esses valores.
• Alienação de bônus de subscrição: são os valores mobiliários que
podem ser alienados e que têm direito de resgate pelas partes
benefi ciárias.
31
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
c) Ajustes de Avaliação Patrimonial
Este é um assunto novo na contabilidade brasileira e merece atenção porque
trata da avaliação dos ativos em instrumentos fi nanceiros como Derivativos
(operações como Hedge ou Swap, que são termos específi cos estudados em
fi nanças empresariais). Segundo Iudícibus et al. (2010, p. 350):
A conta Ajustes de Avaliação Patrimonial foi introduzida na
contabilidade brasileira pela Lei nº 11.638/07 para receber as
contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído
a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua
avaliação a valor justo, enquanto não computadas no resultado
do exercício em obediência ao regime de competência.
d) Reservas de lucros
A empresa necessita, quando for de capital aberto, constituir alguns tipos
de reservas com base nos seus lucros gerados para garantir a perenidade dos
negócios no mercado e a segurança aos investimentos dos acionistas minoritários.
Na visão de Iudícibus et al. (2010, p. 351), reservas de lucros podem ser
defi nidas da seguinte forma:
Reservas de lucros são as contas de reservas pela apropriação
de lucros da companhia, como previsto pelo parágrafo 4º do
art. 182 da Lei nº 6.404/76. Conforme parágrafo 6º do art.
202 dessa Lei, adicionado pela Lei nº 10.303/01, caso ainda
existam lucros remanescentes, após a segregação para
pagamentos dos dividendos obrigatórios e após a destinação
para as diversas reservas de lucros, esses devem ser também
distribuídos como dividendos.
Observa-se, então, que as reservas de lucros se constituem em reservas
pela apropriação de lucros da empresa com as Demonstrações Financeiras do
Exercício (em 31/12) propostas sobre a destinação a ser dada ao Lucro Líquido
do Exercício.
e) Ações em tesouraria
As ações em tesouraria, que são ações da própria empresa por ela
adquiridas, deverão ser destacadas no balanço como redutoras da conta do
patrimôniolíquido que registrar a origem de recursos aplicados na sua aquisição.
32
Finanças CorporatiVas
Devem ser contabilizadas pelo custo de aquisição, ou seja, pelo valor que
efetivamente foram pagas. Enquanto mantidas em tesouraria não dão direito a
dividendo, nem a voto.
f) Prejuízos acumulados
Tratando-se de prejuízos acumulados, signifi ca que a empresa apurou mais
gastos que receitas, e, neste caso, na Demonstração do Resultado do Exercício,
o saldo do resultado é prejuízo acumulado, que deverá ser registrado no grupo do
Patrimônio Líquido. De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 363):
A conta Lucros ou Prejuízos Acumulados que, na maioria dos
casos, representa a interligação entre Balanço Patrimonial e
Demonstração do Resultado do Exercício, continuará sendo
utilizada pelas companhias para receber o resultado do
período, se positivo, e destiná-lo de acordo com as políticas
da empresa, servindo de contrapartida para as constituições e
reversões de reservas de lucros, assim como para a distribuição
de dividendos, mas no balanço patrimonial, só poderá aparecer
quando tiver saldo negativo, e será denominada de Prejuízos
Acumulados.
2.1.4 Estrutura das contas do Resultado
Nesta etapa, faremos uma abordagem sobre a composição de dois grandes
grupos das contas do resultado, mais precisamente sobre Receitas e Despesas
(Despesas também estão denominadas como Gastos ou Custos).
Existem várias defi nições de receitas, todas compreensíveis, mas nenhuma
tão ampla a ponto de defi nir o lado do reconhecimento para o usuário interno
(gestor) e o reconhecimento para o usuário externo (governo e acionistas).
A diferença entre o balancete e esses demonstrativos está na forma de
apresen tação das contas. O balanço patrimonial será um sumário das contas
do ativo e pas sivo, sempre demonstrado de forma sintética. Já a demonstração
dos resultados apresentará as contas de resultado (receitas, custos e despesas)
de modo a evidenciar os vários níveis de geração dos resultados do período
e também será um demonstrati vo com informações sumarizadas a partir do
balancete de verifi cação.
Genericamente, podemos dizer que receita corresponde a um acréscimo no
ativo, resultante de diversos tipos de atividades em um determinado momento, e
que possam alterar o patrimônio líquido. Conclui-se que uma receita (operacional
ou não) seja uma operação mensurável em dinheiro que leve a um acréscimo no
33
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
patrimônio líquido.
Entretanto, a Receita não inclui todos os acréscimos nos ativos como:
a) O reconhecimento de numerários por venda a dinheiro é receita
porque o resultado líquido da venda implica alteração do
patrimônio líquido.
b) O reconhecimento de numerários por empréstimo tomado e/ou o
valor de um ativo comprado a dinheiro não são receitas porque
não alteram o patrimônio líquido.
A receita deve ser contabilizada obedecendo ao princípio da competência e
da sua realização, ou seja, deve ser contabilizada a receita independentemente
se já foi recebida na data de fechamento do balanço.
A receita é considerada realizada quando ocorrer a efetiva transferência dos
produtos ou serviços ao adquirente, gerando assim a saída da mercadoria do
estoque da empresa que está vendendo. O que representam as Despesas? As
Despesas representam a utilização ou consumo de bens e serviços, objetivando
a produção de receita. Nesse caso, esse é um gasto necessário para a obtenção
da receita para a empresa.
Não existe receita gerada sem despesa correspondente, e o
inverso também pode ser compreendido como não existem despesas
sem a correspondente geração das receitas de vendas, no entanto,
se isso ocorrer, há fortes indícios de falhas na gestão. Se as Receitas
de Vendas reduzem, as Despesas ou Gastos obrigatoriamente
devem reduzir também sob o risco de a empresa sofrer impacto na
NCG (Necessidade do Capital de Giro).
34
Finanças CorporatiVas
Então, as Despesas podem ser consideradas como os encargos necessários
para comercializar os bens ou serviços, que são o objetivo da atividade
principal da empresa, bem como para a manutenção da estrutura industrial,
independentemente da frequência que ocorre.
A necessidade de capital de giro da empresa (NCG) se dará da seguinte
forma: como exemplo, a empresa possui nos seus ativos o valor de Contas a
Receber em R$ 506,00, o valor dos Estoques em R$ 3.008,00, o valor total dos
Ativos Circulantes em R$ 3.514,00, a conta de Fornecedores do Passivo na ordem
de R$ 2.355,00 e Salários com seus encargos na ordem de R$ 1.774,00, o que
perfaz um total de R$ 4.129,00. Isso signifi ca que a empresa possui uma dívida
maior do que os ativos na ordem de R$ 615,00, portanto, há uma necessidade de
capital de giro em R$ 615,00.
A despesa, sendo direta ou indiretamente necessária para a geração da
receita de vendas da empresa, não está associada à prestação do serviço ou à
produção do bem e desta forma não é agregada ao custo do produto. A despesa
é considerada como Despesas Operacionais por estar relacionada às áreas
de apoio, que são: Administração, Finanças e Comercial. Por esse motivo, os
gestores confundem os custos da produção com despesas de produção.
Veja na Figura 5 como se comportam as diferenças de atividades entre o
setor industrial e o setor administrativo e de que forma se comportam os gastos
para cada área.
FIGURA 5 – DIFERENÇA ENTRE O SETOR INDUSTRIAL E O SETOR ADMINISTRATIVO
FONTE: O autor
35
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Na verdade, devemos sempre ter o seguinte cuidado:
• Gastos na PRODUÇÃO devem ser considerados CUSTOS.
• Gastos na ADMINISTRAÇÃO GERAL da empresa, incluindo o
setor de vendas e o setor fi nanceiro, devem ser considerados
como DESPESAS.
Portanto, os custos são os gastos que compõem um produto e as despesas
são todos os gastos necessários para a empresa obter receitas. São os esforços
que a empresa tem para fazer a “máquina” girar.
Na continuidade dos estudos referentes ao Custo, este é o valor que a
empresa gasta para produzir um bem, direito ou serviço. Por conseguinte, é
também o montante do preço da matéria-prima, mão de obra e outros encargos
para a produção de bens ou serviços, incorridos no processo interno da empresa.
Podemos dividir os custos basicamente em dois tipos, a serem considerados
na produção:
• Custos Diretos (matéria-prima, mão de obra direta, outros
materiais diretos etc.).
• Custos Indiretos (supervisão, depreciação, manutenção etc.),
que não são possíveis de mensuração em nível de produto.
Veja a sistemática dos custos no processo da geração dos resultados das
empresas, conforme a seguinte fi gura.
FIGURA 6 – DIAGRAMA DO FLUXO DE CUSTOS
FONTE: Stickney e Weil (2001, p. 343)
36
Finanças CorporatiVas
Custos, então, são os valores correspondentes dos elementos necessários
à composição de um produto ou serviço. Representam agregação de esforços na
cadeia produtiva e provocam a mais-valia.
Um liquidifi cador serve como exemplo. Ele se compõe de diversos elementos,
tais como: matérias-primas, materiais secundários, embalagem, mão de obra do
pessoal da produção, energia elétrica consumida na área produtiva, depreciação
dos equipamentos utilizados no processo industrial, entre outros, que juntos
resultam neste utensílio.
Portanto, podemos entender que os custos são os gastos atribuídos na
transformação e produção de novos produtos utilizando os bens materiais da
empresa, como a matéria-prima e demais componentes necessários ao processo
industrial, para transformar e/ou criar outros tipos de bens materiais. Veja na
Figura 7 um exemplo de agregação de valor para a produção de um determinado
bem.
FIGURA 7 – INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO
FONTE: O autor
Os gastos genericamente representam todosos valores
desembolsados ou que gerarão desembolsos futuros, relativos a
compromissos assumidos, representativos de custos, despesas ou
investimentos.
Os gastos podem ser aplicados em todos os bens e serviços
adquiridos, não importando a forma de pagamento, seja com matéria-
prima, material de expediente, máquinas, veículos ou contratação
de serviços em geral. Esses gastos podem ser aplicados tanto na
produção como na área administrativa e de vendas.
Os gastos
genericamente
representam
todos os valores
desembolsados
ou que gerarão
desembolsos
futuros, relativos
a compromissos
assumidos,
representativos de
custos, despesas ou
investimentos.
37
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Gasto é o sacrifício, normalmente em moeda, que a entidade
faz para a obtenção de um produto ou serviço. Pode ser a entrega de
numerário ou assumir um compromisso para pagar em data posterior.
2.2 RELATÓRIOS CONTÁBEIS
Não é raro ocorrerem situações em que as informações contábeis podem
encontrar-se distorcidas por falta de evidências nos registros contábeis a partir de
fontes seguras para a sua geração. Por esse motivo, acarretam risco no sistema
de controle interno da empresa e falta de informações contábeis fi dedignas.
No centro das ações está a existência de um sistema seguro e objetivo de
controles internos. Quando possuímos controles internos bem gerenciados, é
possível atingir os objetivos estratégicos traçados, visando garantir retorno dos
investidores e desenvolver capacidades de se antecipar às ameaças. É importante
sempre agir com rapidez diante das oportunidades e demandas do mercado.
A essência do controle interno é a intercalação de um agente preventivo no
fl uxo do processo, de modo a balizar as ações, para que essas se desenvolvam
nos limites e padrões predeterminados.
A informação deve revelar o sufi ciente para que o usuário se sinta seguro
sobre a situação econômica e fi nanceira da empresa para a devida análise de
um determinado período. Por isso, a contabilidade sempre vem acompanhada de
alguns atributos indispensáveis e que são importantes para se fazer uma análise:
1) Confi abilidade: as informações devem ser transparentes
e não podem em hipótese alguma ocultar fatos ou atos
administrativos que prejudiquem a perenidade da empresa
no mercado.
2) Tempestividade: todos e quaisquer eventos contábeis
devem ser registrados no ato do acontecimento, para evitar
possíveis “esquecimentos”. Os sistemas integrados de
contabilidade contribuem para cumprir a tempestividade,
pois muitas empresas realizam a apuração do resultado
contábil em até 3 dias úteis.
3) Compreensibilidade (ser entendido): sobre este atributo, a
Resolução do Conselho Federal de Contabilidade, CFC nº 1.121,
Confi abilidade: as
informações devem
ser transparentes
e não podem em
hipótese alguma
ocultar fatos ou
atos administrativos
que prejudiquem
a perenidade
da empresa no
mercado.
38
Finanças CorporatiVas
de 28 de março de 2008, que aprova a NBC T1, diz o seguinte:
25. Uma qualidade essencial das informações apresentadas
nas demonstrações contábeis é que elas sejam prontamente
entendidas pelos usuários. Para esse fi m, presume-se que os
usuários tenham um conhecimento razoável dos negócios,
atividades econômicas e contabilidade e a disposição de
estudar as informações com razoável diligência. Todavia,
informações sobre assuntos complexos que devam ser
incluídas nas demonstrações contábeis por causa da sua
relevância para as necessidades de tomada de decisão pelos
usuários não devem ser excluídas em nenhuma hipótese,
inclusive sob o pretexto de que seria difícil para certos usuários
as entenderem (BRASIL, 2008b).
4) Comparabilidade (poder fazer comparação da evolução
patrimonial): a Resolução do CFC nº 1.121, de 28 de março de
2008, diz o seguinte:
39. Os usuários devem poder comparar as demonstrações
contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fi m de
identifi car tendências na sua posição patrimonial e fi nanceira e
no seu desempenho. Os usuários devem também ser capazes
de comparar as demonstrações contábeis de diferentes
entidades a fi m de avaliar, em termos relativos, a sua posição
patrimonial e fi nanceira, o desempenho e as mutações
na posição fi nanceira. Consequentemente, a mensuração
e apresentação dos efeitos fi nanceiros de transações
semelhantes e outros eventos devem ser feitos de modo
consistente pela entidade, ao longo dos diversos períodos, e
também por entidades diferentes (BRASIL, 2008b).
Além disso, devemos nos preocupar com a fi nalidade que o usuário dará à
informação contábil. Para Stickney e Weil (2001), deve-se refl etir sobre o preparo
das demonstrações fi nanceiras de acordo com a fi nalidade da informação, pois
cada usuário necessita de informações específi cas. Sobre esse assunto, os
autores refl exionam o seguinte:
As empresas deveriam preparar suas demonstrações
fi nanceiras tendo como objetivo as necessidades específi cas
de informação de cada um dos usuários apresentados? Ou
deveriam preparar um conjunto de demonstrações fi nanceiras
“gerais”? Preparar demonstrações específi cas para cada
usuário provavelmente atenderia mais adequadamente as
necessidades deste – implicando um custo certamente proibitivo,
para a empresa que está elaborando as demonstrações e para
terceiros que tenham necessidades de outras informações. A
incorporação de informação de que vários usuários necessitam
de um único conjunto de demonstrações poderia aumentar sua
extensão e complexidade, a ponto de eventualmente difi cultar
sua compreensão.
Outra questão, associada à anterior, relaciona-se com o nível
39
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
de conhecimento de contabilidade que as empresas deveriam
pressupor que os usuários têm. Demonstrações fi nanceiras e
notas explicativas detalhadas poderiam fornecer informação
útil para os analistas do mercado de capitais, mas poderiam
confundir investidores “passivos”, que somente se preocupam
com os dividendos que recebem da empresa (STICKNEY;
WEIL, 2001, p. 34).
Os autores ainda apresentam um resumo do processo de elaboração e
apresentação de demonstrações fi nanceiras, de acordo com os seus objetivos,
conforme a fi gura a seguir.
FIGURA 8 – RESUMO DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO E
APRESENTAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
FONTE: Stickney e Weil (2001, p. 39)
Perceba que cada demonstrativo contábil possui determinado objetivo, como
o Balanço Patrimonial, que tem por objetivo fornecer informações referentes aos
recursos econômicos fi nanceiros da empresa aos seus usuários.
A fi nalidade é saber como ‘anda a saúde’ fi nanceira da empresa para decidir
sobre os direitos e alocação destes recursos nas suas atividades. Por conseguinte,
temos as demais informações contábeis que demonstram sua utilidade nos
diversos tipos de objetivos.
40
Finanças CorporatiVas
2.2.1 Balanço Patrimonial
Podemos visualizar na Figura 9 a composição das contas contábeis dos
ativos e despesas, como a dos passivos, patrimônio líquido e receitas. Observe
como se apresenta em linhas gerais a estrutura de um balanço patrimonial.
FIGURA 9 – BALANÇO PATRIMONIAL
FONTE: Marion (2012, p. 63)
A primeira parte: Ativo (A) – é a parte positiva, composta de bens e direitos.
A segunda parte: Passivo (P) – é a parte negativa, composta das obrigações
com terceiros. A terceira parte: Patrimônio Líquido (PL) ou Situação Líquida (SL)
– é a parte diferencial (diferença) entre o Ativo e o Passivo.
O PL representa as obrigações da entidade com os sócios, considerado
como Passivo Não Circulante.
Veja na fi gura a seguir a relação entre as atividades das empresas, o balanço
patrimonial e a demonstração do resultado.
41
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRASCapítulo 1
1 Com relação aos Ativos da empresa, o que signifi ca a mensuração
do benefício econômico futuro de uma empresa?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_________________________________________________.
FIGURA 10 – RELAÇÃO ENTRE AS ATIVIDADES DAS EMPRESAS, O
BALANÇO PATRIMONIAL E A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
FONTE: Stickney e Weil (2001, p. 29)
Podemos observar que todos os objetivos e estratégias da empresa
estão pautados nos investimentos que a empresa realiza de acordo com os
Financiamentos que ela busca para fomentar as suas operações (que têm
como resultado o Lucro Líquido, que é um dos objetivos da empresa). Estes
fi nanciamentos, investimentos e operações são controlados no Balanço
Patrimonial da empresa em contas de Ativos e Passivos.
Com isso, encerramos a Contabilidade para a gestão da empresa.
42
Finanças CorporatiVas
2 A apuração do resultado contábil na empresa para fi ns de
apresentação e cumprimento de ordem legal é realizada em
períodos e denomina-se Exercício Social. Discorra sobre o que
representa o Exercício Social.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________.
3 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
Agora, estudaremos a escrituração contábil. Vamos conhecer os registros
contábeis, a estrutura de um balancete de verifi cação e aprender como podem
ser apresentados os balanços sucessivos para a análise e avaliação.
3.1 LIVROS CONTÁBEIS
Quando é constituída a empresa, há a obrigatoriedade em
utilizar alguns livros, em que serão registradas todas as operações
referentes as suas atividades.
Nas empresas existe o Livro Diário, no qual, como o
próprio nome já diz, estão registradas todas as operações que
aconteceram no dia a dia da empresa, em ordem cronológica, com
individualização, clareza e caracterização do documento respectivo.
Nas empresas
existe o Livro Diário,
no qual, como o
próprio nome já diz,
estão registradas
todas as operações
que aconteceram
no dia a dia da
empresa, em ordem
cronológica, com
individualização,
clareza e
caracterização
do documento
respectivo.
43
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
É como um Livro de Bordo utilizado pelos capitães nos navios?
O termo não é exatamente esse, mas como no Livro de Bordo do
navio há a obrigatoriedade de registrar todos os eventos que o navio
está sujeito na sua navegação diária. Dessa forma, o Livro Diário da
empresa também serve para registrar diariamente os atos e fatos
contábeis que a empresa está sujeita. É como se a empresa fosse
um navio na rota comercial no globo terrestre.
O diário, portanto, é um livro obrigatório que está previsto:
• no novo Código Civil, pela Lei nº 10.406/2002, art. 1.180;
• no Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/1999),
em seu art. 258; e
• na Lei das S.A. (Lei nº 11.638/2007), em seus artigos 100, 176 e
177.
Há de se observar também que, de acordo com o art. 258 do Regulamento do
Imposto de Renda, de 26 de março de 1999, o Livro Diário poderá ser substituído
por folhas numeradas seguidamente, quando empregadas na escrituração
mecanizada, devendo o livro ou folhas do Diário conter termos de abertura e de
encerramento, submetidos à autenticação do órgão competente do Registro do
Comércio, ou seja, onde foi registrado o ato constitutivo da empresa (BRASIL,
1999).
Esse Livro Diário deverá possuir autenticação, que é um registro (assinatura)
adquirido junto ao órgão competente do Registro na Junta Comercial. A
autenticação é sempre realizada na primeira folha do Livro Diário, ou seja, no
termo de abertura, fazendo com que, dessa forma, o livro não seja alterado em
nenhuma hipótese.
Deve-se fi car atento para que no termo de abertura e de encerramento do
Livro Diário conste a fi nalidade a que se destina o livro, o número de ordem, o
número de folhas, a fi rma individual ou o nome da sociedade a que pertença, o
local da sede ou estabelecimento, o número e data do arquivamento dos atos
constitutivos no órgão de registro do comércio e o número de registro no Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).
44
Finanças CorporatiVas
Os termos de abertura e encerramento serão datados e assinados pelo
comerciante ou por seu procurador e por contador legalmente habilitado, ou seja,
que tenha registro no CRC (Conselho Regional de Contabilidade) da sua unidade
federativa.
O novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002), em seu art. 1.179, § 2º, dispensa
o empresário da pequena empresa da escrituração contábil. A legislação fi scal
dispensa as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, assim
como as microempresas e empresas de pequeno porte, da escrituração contábil,
desde que mantenham escrituração em Livro Caixa e Registro de Inventário
(BRASIL, 2002).
Apesar de as empresas desse porte estarem dispensadas da escrituração
contábil, a utilização do Livro Diário é essencial a todas as empresas que detêm
patrimônio, tendo em vista que a escrituração contábil é uma ferramenta da
administração dos negócios das empresas.
A entidade deve manter um sistema de escrituração uniforme dos seus
atos e fatos administrativos por intermédio de processo manual, mecanizado ou
eletrônico. A escrituração será executada:
• em idioma e moeda corrente nacional;
• em forma contábil (partidas dobradas);
• em ordem cronológica de dia, mês e ano (o Livro Diário poderá
ser escriturado por meio de partidas mensais, resumida ou
sintética, com valores totais que não excedam a operações
de um mês, desde que haja escrituração analítica lançada em
registros auxiliares;
• com ausência de espaço em branco, entrelinhas, borrões,
rasuras, emendas ou transportes para as margens;
• com base em documentos de origem externa ou interna ou, na
sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a
prática de atos administrativos.
A terminologia utilizada deve expressar o verdadeiro signifi cado das
transações. O uso de códigos e/ou abreviaturas nos históricos dos lançamentos
é admitido, desde que permanentes e uniformes, devendo constar, em elenco
identifi cador, do Livro Diário ou de registro especial revestido das formalidades
extrínsecas.
No caso de ser adotada a escrituração contábil mecanizada ou eletrônica,
os formulários contínuos, numerados mecânica ou tipografi camente, serão
destacados e encadernados em forma de livro.
45
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Veja na Figura 11 um modelo de Livro Diário, e, em seguida, uma breve
explanação sobre a sua importância para as atividades da auditoria.
FIGURA 11 – MODELO DE LIVRO DIÁRIO
FONTE: O autor
Observe que no livro diário há a especifi cação da data de operação. O dia
da semana nesse caso não é obrigatório, mas sugerimos nesse modelo para que
se possam identifi car possíveis operações decorridas nos fi ns de semana, visto
que certa parcela das empresas no mercado não possui atividades nos fi ns de
semana.
O histórico se refere à operação contábil. É importante ressaltar que
esse histórico seja o mais completo possível para poderidentifi car o nome do
fornecedor, o número da nota fi scal, entre outros itens que facilitarão o trabalho
para localizar as informações.
Na próxima coluna, encontra-se o DÉBITO. Na ordem dos registros contábeis
é seguro primeiro identifi car o Destino do recurso fi nanceiro. Por exemplo, no
dia 2 de março de 2020 houve um Destino no valor de R$ 135,25 com material
de escritório (é interessante manter a descrição contábil para realizar eventuais
auditorias). Em contrapartida, o registro CRÉDITO evidencia a origem desse
recurso, que foi utilizado para liquidar o compromisso fi nanceiro no momento da
aquisição do material de expediente.
Devemos atentar que o Livro Diário é o único livro ofi cial
utilizado pelos auditores para evidenciarem as suas opiniões com
relação à segurança do sistema de controle interno da empresa.
Os demais relatórios são a DRE (Demonstração do Resultado do
Exercício) e o BP (Balanço Patrimonial), que são utilizados para
assegurar a confrontação dos indicadores de liquidez para evidenciar
a continuidade dos negócios da empresa no mercado.
Salários a Pagar
Empréstimo a Pagar
46
Finanças CorporatiVas
Verifi caremos como se confi gura um Sistema de Contabilidade como
ferramenta para a elaboração dos relatórios contábeis.
3.1.1 Sistema de contabilidade
Existem variados conceitos relacionados com a área de Sistemas de
Informações Contábeis e sua verdadeira aplicação como auxílio na elaboração
das informações para os gestores.
Com o uso de sistemas integrados de gestão (Enterprise Resource
Planning, co nhecidos pela sigla ERP), o processo de geração da informação
foi se aprimorando. Tais sistemas integram todas as áreas organizacionais da
contabilidade, de for ma que todos os fatos que interferem sobre o patrimônio e o
resultado fi nanceiro da entidade são captados e estão disponíveis aos usuários a
qualquer tempo.
Os gestores empresariais possuem profunda preocupação com a emissão
dos relatórios que possuem informações dos valores orçados e realizados da
empresa.
O Sistema Contábil compreende normas e procedimentos próprios da
empresa. Para ser efi ciente, deve ser escolhido o Sistema que mais será
adequado na emissão dos relatórios. Um bom controle interno do fl uxo das
operações poderá apurar se o Sistema Contábil é efi caz a ponto de permitir a
averiguação da exatidão e da confi abilidade das informações geradas.
“Duas situações defi nem fundamentalmente a importância do controle interno
com relação aos sistemas de informações contábeis: (a) o grau de confi abilidade
das informações geradas; e (b) o grau de segurança nas manipulações de
elementos controladores do sistema contábil operativo” (MAGALHÃES; LUNKES,
2000, p. 62).
Sem esses segmentos no controle interno, torna-se difícil e inviável avaliar o
desempenho do Sistema Contábil na empresa.
Os sistemas de informações contábeis podem ser vistos como sendo um
subconjunto do sistema de informações global da empresa. Os sistemas de
informações se integram segundo as necessidades no ambiente operacional e
mercadológico em que a empresa atua, sendo então o SIC um componente da
área de controladoria fi nanceira e contábil.
47
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Os SICs são geralmente classifi cados como sendo sistemas
transacionais justamente por servirem ao nível operacional, com
processamento e armazenamento em determinados períodos,
geralmente a cada mês, pelas transações rotineiras necessárias para
a condução dos negócios.
À medida que a organização é automatizada, novas funções
podem ser agregadas aos SICs, pois outros níveis de informações se
tornam necessários.
O uso da informação contábil é ponto fundamental como
ferramenta na condução dos negócios da empresa, pois os gestores
que buscam a efi ciência e efi cácia empresarial tomam decisões com
o uso dos relatórios contábeis.
A necessidade de informação, aliada à contabilidade, é o elemento vital para
a agilidade de um sistema de informação contábil. Assim, é tarefa da contabilidade
mostrar o lado “informativo” das informações contábeis.
Horngren (1985) afi rma que o sistema contábil é o principal e também o mais
confi ável sistema de informações quantitativas em quase todas as organizações.
Para tanto, ele deve fornecer dados que auxiliem a gestão de uma empresa a
alcançar suas metas de acordo com o planejado, além de permitir a avaliação
e a análise dos resultados, com busca de informações nos relatórios gerenciais
gerados pelo sistema.
Ainda, segundo Horngren (1985), este sistema deveria fornecer informações
para os cinco objetivos seguintes:
• Objetivo 1: formulação das estratégias gerais e dos planos de longo
prazo. Inclui desenvolvimento de novos produtos e investimentos
em ativos tangíveis (equipamentos) e intangíveis (marcas, patentes
ou recursos humanos), e, frequentemente, envolve a elaboração de
relatórios específi cos.
• Objetivo 2: decisões de alocação de recursos com ênfase no produto
e no cliente tanto quanto no preço. Envolve com frequência relatórios
sobre a rentabilidade dos produtos ou serviços, categorias de marcas,
clientes, canais de distribuição etc.
• Objetivo 3: planejamento e controle de custo das operações e atividades.
Envolve relatórios sobre receitas, custos, ativos, fábricas e outras áreas
de responsabilidade.
Os SICs são
geralmente
classifi cados como
sendo sistemas
transacionais
justamente por
servirem ao nível
operacional, com
processamento e
armazenamento
em determinados
períodos,
geralmente a cada
mês.
48
Finanças CorporatiVas
• Objetivo 4: mensuração da performance e avaliação das pessoas.
Envolve a comparação dos resultados obtidos com os planejados. Pode
estar baseado em medidas fi nanceiras ou não fi nanceiras.
• Objetivo 5: adequação com a regulamentação externa e as exigências
legais de publicação dos demonstrativos. Regulamentações e estatutos
tipicamente prescrevem os métodos contábeis a serem seguidos.
Desse modo, o sistema de informação contábil deve atender às diferentes
necessidades dos seus usuários, que podem ser internos ou externos à
organização.
Cabe ressaltar que a contabilidade se originou como um sistema de
informação que tinha o proprietário do patrimônio da empresa como o seu único
usuário. Com o passar do tempo, surgiram os usuários externos da contabilidade
na forma de credores (banqueiros), o próprio estado (governo), os investidores
não controladores (acionistas minoritários) e a sociedade em geral (sindicatos,
clientes, partidos políticos, empregados, entre outros).
A contabilidade pode ser descrita como um sistema de registro, informação,
controle e avaliação, destinado a prover seus usuários, notadamente as
empresas, com demonstrações e análises de natureza econômica, fi nanceira,
física e de produtividade para fi nalidades específi cas, e destinada primariamente
aos cotistas/acionistas, aos fi nanciadores da empresa, ao fi sco e à comunidade
em geral. Ela fornece dados essenciais relacionados às atividades, para que as
pessoas os utilizem na tomada de suas decisões.
Nesse sentido, o Balanço Patrimonial retrata a posição patrimonial e
fi nanceira; a Demonstração do Resultado retrata o desempenho econômico; a
Demonstração do Fluxo de Caixa retrata a movimentação de recursos (dinheiro)
no período e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido mostra a
movimentação da riqueza no período.
A informação contábil precisa ser compreensiva, isto
é, completa, e retratar todos os aspectos contábeis de
determinada operação ou conjunto de eventos ou operações.
Não se devem compensar créditos com débitos, ou direitos
e obrigações. Todo o aspecto de uma operação que afeta o
patrimônio precisaser levado em conta (IUDÍCIBUS; MARION,
2000, p. 64).
Tendo cada empresa necessidades específi cas, o sistema de relatórios
deverá ser elaborado de modo a atender tais necessidades. Há praticamente uma
infi nidade de tipos de relatórios. Dentre eles, poder-se-ia destacar:
49
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
a) Relatórios para supervisores: são os relatórios que dizem respeito
à produtividade de um número reduzido de trabalhadores sob a
responsabilidade de um supervisor. Tais relatórios evidenciam a atuação
real em comparação com a planejada, bem como as causas de tais
variações. Isso auxilia os supervisores no controle das suas atividades
presentes e no planejamento das futuras.
b) Relatórios para superintendentes: à medida que se passa para escalões
superiores à hierarquia da administração, os relatórios deverão ser menos
detalhados. Os dados devem ser fornecidos diária ou semanalmente, a
fi m de que tenham noção da situação geral da empresa e possam tomar
decisões em tempo, quando for preciso.
c) Relatório para gerente: estes relatórios devem ser diários e comparados
com os dados planejados no mês ou ano anterior.
d) Relatórios para vice-presidente e diretores: a cúpula administrativa não
se interessa pelos detalhes, visto que os resultados globais constituem a
meta fi nal da empresa.
Veja, a partir da próxima tabela, as características para a geração de
informações com qualidade.
TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DA BOA INFORMAÇÃO
DOS RELATÓRIOS CONTÁBEIS E GERENCIAIS
Características Defi nições
Precisa
A informação precisa não tem erros. Em alguns
casos, a informação imprecisa é gerada pela en-
trada de dados incorretos no processo de transfor-
mação, isto é comumente chamado de entra lixo,
sai lixo.
Completa
A informação completa contém todos os fatos im-
portantes. Por exemplo, um relatório de investi-
mento que não inclui todos os custos importantes
não está completo.
Econômica
A informação também deve ser de produção rela-
tivamente econômica. Os tomadores de decisões
devem sempre fazer um balanço do valor da infor-
mação com o custo de sua produção.
50
Finanças CorporatiVas
Flexível
A informação fl exível pode ser usada para diversas
fi nalidades. Por exemplo, a informação de quanto
se tem de estoque disponível de uma determinada
peça pode ser usada por representantes de ven-
das no fechamento de uma venda, por um gerente
de produção para determinar se mais estoque é
necessário, e por um diretor fi nanceiro para deter-
minar o valor total que a empresa tem investido em
estoques.
Confi ável
A informação confi ável pode ser dependente. Em
muitos casos, a confi abilidade da informação de-
pende da confi abilidade do método de coleta dos
dados. Quer dizer, a confi abilidade depende da
fonte da informação.
Relevante
A informação relevante é importante para o toma-
dor de decisões. Por exemplo, a informação de que
os preços da madeira de construção devem cair
pode não ser relevante para o fabricante de chips
de computador.
Simples
A informação deverá ser simples, não deve ser
exageradamente complexa. A informação sofi s-
ticada e detalhada pode não ser necessária. Na
verdade, informações em excesso podem causar
sobrecarga de informações quando um tomador de
decisões tem informações demais e não consegue
determinar o que realmente é importante.
Em tempo
A informação em tempo certo é enviada quando
necessária. Saber as condições do tempo da sem-
ana passada não ajudará a decidir qual agasalho
deve vestir hoje.
Verifi cável
Finalmente, a informação deve ser verifi cável, isto
signifi ca que se pode checá-la para saber se está
correta, talvez checando várias fontes da mesma
informação.
FONTE: Stair (1998, p. 6)
Para a implantação de um sistema de informações na empresa, faz-
se necessário utilizar recursos tecnológicos sempre de última geração, com
atualização de todos os procedimentos que deverão ser executados pelo sistema
e acompanhamento constante dos resultados.
51
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Magalhães e Lunkes (2000, p. 54) apresentam que:
As características gerais das informações, contidas ou
geradas pelos sistemas contábeis, podem ser dados
fi nanceiros ou dados de desempenho, de maneira que cabe à
gerência, por meio de suas necessidades de planejamento e
controle, expressar e analisar as condições de uso e torná-las
compatíveis aos diversos setores para decisão.
Veja na tabela seguinte o que um bom sistema contábil deve conter para a
execução dos relatórios.
TABELA 2 – PRESSUPOSTOS BÁSICOS NA ELABORAÇÃO DO
SISTEMA DE INFORMAÇÕES CONTÁBIL-GERENCIAIS
Procedimentos Características
Necessidade de Informação
A necessidade da informação alinhada
ao absoluto respaldo ao contador e ao
seu sistema é o elemento vital para o
sucesso de um sistema de informação
contábil. Caso esses conceitos de ut-
ilidade e necessidade da informação
contábil não estejam imediatamente
presentes no ambiente da cúpula ad-
ministrativa da entidade, é tarefa do
contador fazer nascer e crescer essa
mentalidade gerencial. Para isso, é
necessário apenas o conhecimento
profundo da Ciência Contábil e de seu
papel informativo – gerencial.
Planejamento e Controle
O sistema de informação exige plane-
jamento para a produção dos relatóri-
os, para atender plenamente aos
usuários. É necessário saber o conhe-
cimento contábil de todos os usuários
e construir relatórios com enfoques
distintos para os diferentes níveis de
usuários. Dessa forma, será possível
efetuar o controle posterior. Só poderá
ser controlado aquilo que é aceito e
entendido. Além disso, se o sistema
de informações gerenciais não for at-
ualizado periodicamente, poderá fi car
numa situação de descrédito perante
seus usuários.
FONTE: Padoveze (1997, p. 38)
52
Finanças CorporatiVas
A informação contábil deve necessariamente ser signifi cativa para os
problemas decisórios do usuário (relevância) e não custar mais para ser produzida
do que o valor esperado de sua utilização (economicamente). Por outro lado,
como uma atividade decisória específi ca determina as necessidades, a relevância
está em direta inter-relação (adaptação) com o contexto decisório dessa decisão
e com as atitudes e preferências de quem assumirá a decisão.
A informação contábil, na apresentação dos relatórios precisos no processo
de tomada de decisões como medidores de rentabilidade e produtividade na
empresa, deverá também apresentar o valor do custo da informação com relação
ao benefício que ela está proporcionando à empresa, não devendo ter como
resultado o custo maior que o benefício da informação, pois poderá ser ilusório o
seu processo de auxílio na tomada de decisões.
Por esse motivo, verifi caremos quais são as funções e características de um
bom sistema contábil integrado.
TABELA 3 – FUNÇÕES E CARACTERÍSTICAS
Funções da Informação Características
Controle Operacional
Fornece informações (feedback) so-
bre a efi ciência e a qualidade das
tarefas executadas.
Custeio do produto e do cliente
Mensura os custos dos recursos
para se produzir, vender e entregar
um produto ou serviço aos clientes.
Controle Administrativo Fornece informações sobre o de-
sempenho de gerentes e de uni-
dades operacionais.
Controle Estratégico
Fornece informações sobre o de-
sempenho fi nanceiro e competitivo
de longo prazo, condições de mer-
cado, preferências dos clientes e in-
ovações tecnológicas.
FONTE: Atkinson et al. (2000, p. 45)
Caso ocorram divergências nas informações geradas, ações imediatas de
alçada corretiva e preventiva devem ser implantadas.
53
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Muito se fala sobreos benefícios proporcionados pela integração entre
os sistemas de informações das organizações. Sem dúvida, os sistemas se
tornam mais úteis se forem integrados. Essa percepção, embora óbvia, tem
consequências práticas em termos de qualidade de informações e defi nições de
erros.
A fi gura a seguir apresenta a integração de vários módulos de sistemas de
informações de uma empresa.
FIGURA 12 – INTEGRAÇÃO DOS SISTEMAS DE
INFORMAÇÕES COM O SISTEMA CONTÁBIL
FONTE: Frezatti (2000, p. 74)
O fato de uma informação ter uma única entrada no sistema, o
compartilhamento de dados e mesmo o potencial e agilidade no processo da
informação serão essenciais à qualidade para o seu gerenciamento.
Quanto aos objetivos a serem atendidos na avaliação de controles
internos em processamento eletrônico de dados, estes estão relacionados com:
completabilidade e correção dos dados processados, segurança física dos
programas, equipamentos e dos arquivos, backup, plano de recuperação de
dados efi ciente e testes contínuos.
54
Finanças CorporatiVas
Padoveze (1997) descreve três pontos fundamentais para que um sistema de
informações contábeis tenha validade perene dentro de uma entidade, conforme
podemos verifi car na tabela seguir:
TABELA 4 – PONTOS FUNDAMENTAIS DO SISTEMA
DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL GERENCIAL
Fundamentos do Sistema Descrição
Operacionalidade
As informações devem ser coletadas,
armazenadas e processadas de forma
operacional. O fundamento da operacio-
nalidade signifi ca que todos os que tra-
balham com a informação contábil devem
saber e sentir que estão operando com
dados reais, signifi cativos, práticos e
objetivos; conseguidos, armazenados e
processados de forma prática e objetiva.
Com isso, teremos uma utilização geren-
cial, ou seja, prática e objetiva (relatórios
práticos e objetivos).
Integração e Navegabilidade dos Dados
Sistema de informação integrado quando
todas as áreas necessárias para o geren-
ciamento da informação contábil estejam
abrangidas por um único sistema de infor-
mação contábil. Todos devem utilizar um
mesmo e único sistema de informação. O
que caracteriza um sistema de contabili-
dade integrado é a “navegabilidade” dos
dados. A partir do momento que um dado
é coletado, ele deverá ser utilizado em
todos os segmentos do sistema de infor-
mação contábil.
Custo da Informação
O sistema de informação contábil deve
ser analisado na relação de custo x
benefício para a empresa, devendo o
sistema de informações contábeis geren-
ciais apresentar uma situação de custo
abaixo dos benefícios que proporciona à
empresa.
FONTE: Padoveze (1997, p. 40)
O sistema de informação contábil gerencial, tendo como foco sua agilidade
para apresentar resultados de forma ágil e efi caz, deverá seguir padrões
55
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
estabelecidos com acompanhamento dos resultados obtidos pelos usuários,
para o processo de gestão, bem como uma análise do custo-benefício que está
apresentando para a empresa.
O relatório contábil é um trabalho escrito semelhante a outros
documentos. A sua apresentação exterior é muito importante,
portanto, deverá ser sucinto e objetivo. O bom relatório é em geral
elaborado de acordo com as necessidades de informações solicitadas
pelos usuários, que internamente podem ser denominados de
Balancete Contábil de verifi cação e para os usuários externos como
Balanço Patrimonial.
Estudaremos, a seguir, um importante relatório interno, que é denominado de
Balanço Patrimonial.
3.1.2 Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que apresenta o conjunto
dos bens e direitos que estão no Ativo e as obrigações que estão no Passivo
e Patrimônio Líquido. Por esse motivo, a denominação de Balanço Patrimonial
possibilita a ideia de equilíbrio entre os recursos que constam no grupo de contas
do ativo e passivo.
Marion (2008, p. 52) afi rma que “o Balanço Patrimonial é o mais
importante relatório gerado pela contabilidade. Através dele, pode-se
identifi car a saúde fi nanceira e econômica da empresa no fi m do ano
ou em qualquer data prefi xada”.
O Balanço refl ete a posição do conjunto patrimonial em
determinado instante, ou seja, é um relatório estático, parado.
Podemos defi nir Balanço Patrimonial como a representação estática
do patrimônio, a fotografi a fi nanceira da entidade, pois é nele que
encontraremos a informação necessária para dar um diagnóstico
prévio da entidade.
Dessa forma, o Balanço Patrimonial pode ser considerado como
um dos principais relatórios da Contabilidade, pois é com seu uso que
Podemos
defi nir Balanço
Patrimonial como
a representação
estática do
patrimônio, a
fotografi a fi nanceira
da entidade,
pois é nele que
encontraremos
a informação
necessária para
dar um diagnóstico
prévio da entidade.
56
Finanças CorporatiVas
podemos realizar uma análise mais criteriosa sobre o comportamento da saúde
econômica e fi nanceira de uma empresa.
É importante que se busque complementar as informações das análises das
informações que constam no Balanço Patrimonial com o uso dos indicadores de
liquidez, solvência e giro da empresa.
Conforme Iudícibus e Marion (2002, p. 187), “[...] o Balanço é uma sombra do
passado que se projeta para o futuro. Os analistas deverão fazer as estimativas
necessárias para ajustar o Balanço às mudanças nas expectativas e transações”.
Com o uso do Balanço Patrimonial é possível observar possíveis mudanças
que se fazem necessárias na empresa para adequar a sua participação no
mercado.
De que forma podem ser essas mudanças? São inúmeras e podemos citar
como sendo físicas, fi nanceiras ou econômicas, muitas vezes atribuídas por
fatores externos à empresa, ou seja, a empresa não tem controle sobre isso
e está sujeita a se readaptar sempre. Por exemplo: variação da taxa cambial,
bloqueios econômicos determinados pela insatisfação por algum motivo de algum
país parceiro em algum bloco econômico, entre outros fatores.
Conforme Padoveze (2000), o fato de o Balanço Patrimonial ser um relatório
que apresenta o patrimônio de uma entidade em um determinado período
avaliado é um cenário que pode ser alterado constantemente, pois a cada novo
fato contábil, o cenário econômico e fi nanceiro da empresa se altera. Com isso
teremos um novo cenário com novos saldos no Balanço Patrimonial.
Dentre os principais requisitos de um balanço, destacam-se:
a) Cabeçalho: no qual constará o nome da empresa, o título da
demonstração contábil e sua respectiva data de encerramento,
geralmente, em 31 de dezembro do ano que está sendo encerrado o
resultado da empresa.
b) Corpo: aqui constarão o ativo e o passivo da empresa, que são
constituídos pelos bens, direitos e obrigações. A Lei das Sociedades por
Ações dispõe que as demonstrações para cada exercício social devem
ser publicadas com duas colunas para que seja possível comparar a
movimentação de valores de um período para outro.
c) Redução de dígitos: muitas vezes, grandes companhias possuem
grandes fi nanceiras e os valores possuem vários dígitos na sua
apresentação. Desta forma, a legislação prevê que não há a necessidade
de apresentar todos os dígitos nos valores, podendo ser ignorados,
57
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
tanto os dígitos dos centavos como em milhares (,000). Por exemplo,
os números podem ser mensurados no Balanço Patrimonial como R$
198.567.654,98; podem-se eliminar os três dígitos (654) e os centavos
(,98) e permanecer o valor de R$ 198.567, mas há a obrigatoriedade
de apresentar no Balanço Patrimonial a expressão que os valores
estão apresentados em milhares (ou em $ mil). Em casos excepcionais,
quando forem eliminados seis dígitos, deve-se colocar a expressão“em
$ milhões” no cabeçalho.
Para você ter uma ideia do modelo de um Balanço Patrimonial
real, sugerimos a você pesquisar o site da empresa WEG S.A.,
disponível em: https://br.investing.com/equities/weg-on-ej-nm-
balance-sheet. Você pode clicar nas demais abas: fl uxo de caixa,
indicadores fi nanceiros, dividendos, entre outros.
FIGURA 13 – BALANÇO SUCESSIVO TRIMESTRAL – WEG S.A.
FONTE: <https://br.investing.com/equities/weg-on-ej-nm-
balance-sheet>. Acesso em: 10 maio 2020.
Você também pode observar que nesse mesmo relatório apresentado no site
anteriormente mencionado, há balanços sucessivos trimestrais, com fechamentos
contínuos a cada 3 meses como: 30/06/2019, 30/09/2019, 31/12/2019 e
31/03/2020.
Qual é a importância disso? Quando o gestor precisa avaliar os impactos
econômicos e fi nanceiros que ocorrem nas empresas, aguardar um ano pode
58
Finanças CorporatiVas
se tornar extremamente moroso, ou até perigoso para as análises dos gestores
internos quanto aos investidores externos. Desta forma, uma excelente alternativa
é apresentar os resultados da empresa apurados em espaço de tempo menor,
como a cada 3 meses (trimestral).
Para o uso dos Balanços Sucessivos, o gestor tem a capacidade de avaliar
sequencialmente os resultados a cada ano de uma empresa. Veja no quadro a
seguir um modelo de um Balanço Sucessivo.
QUADRO 2 – BALANÇO SUCESSIVO ANUAL
FONTE: O autor
Observe que a vantagem de se utilizar um Balanço Sucessivo está em avaliar
a evolução ou redução dos recursos que constam em cada conta patrimonial, isso
é uma importante ferramenta para projetar os próximos resultados de acordo com
as “tendências” que a empresa apresentou e que podem se repetir nos próximos
períodos. Tendências essas com resultados positivos, como o Lucro gerado, bem
como o Prejuízo gerado. No modelo do quadro anterior você pôde observar a
evolução do prejuízo da empresa ao longo dos três exercícios sociais, o aumento
exercício
Instituições
advocatícios
Aplicações
exercício
Depósitos
recuperáveis
biológicos
Intangíveis
Instituições
Instituições
Obrigações
Obrigações
Honorários
Honorários
advocatícios
advocatícios
Obrigações tributárias
Provisão contingências
avaliação
Prejuízos
59
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
1 Qual é o livro obrigatório que as empresas necessitam utilizar para
o registro de todas as suas operações quando são constituídas?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________.
2 As empresas, ao encerrarem um exercício social, apuram o
seu resultado e o apresentam em um demonstrativo contábil
denominado Balanço Patrimonial. Discorra sobre o Balanço
Patrimonial.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.
dos passivos da empresa (dívidas) e a redução dos ativos da empresa (bens e
direitos).
Com esse cenário, o gestor deve se preocupar e avaliar essas tendências
históricas, projetar nos períodos e buscar soluções efetivas para que a empresa
volte a alavancar resultados nos próximos períodos.
Com isso, estudaremos outros modelos de demonstrações contábeis.
4 OUTRAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS
Agora, estudaremos outros tipos de demonstrações contábeis que
corroboram para os estudos das informações contábeis. Esses demonstrativos
contábeis são obrigatórios por lei, pela Lei das Sociedades Anônimas.
60
Finanças CorporatiVas
Valor adicionado: representa a riqueza criada pela empresa
de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os
insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado
recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e
transferido à entidade.
Receita de venda de mercadorias, produtos e serviços:
representa os valores reconhecidos na contabilidade a esse título
pelo regime de competência e incluídos na demonstração do
resultado do período.
Outras receitas: representam os valores que sejam oriundos,
principalmente, de baixas por alienação de ativos não circulantes, tais
como resultados na venda de imobilizado, de investimentos e outras
transações incluídas na demonstração do resultado do exercício
que não confi guram reconhecimento de transferência à entidade de
riqueza criada por outras entidades.
4.1 DVA – DEMONSTRAÇÃO DO
VALOR ADICIONADO
Representa um dos elementos componentes do Balanço Social e tem por
fi nalidade evidenciar a riqueza gerada pela entidade e sua distribuição durante
um determinado período.
Os dados são obtidos principalmente a partir da demonstração de resultados
e deve levar em conta a estrutura conceitual básica para a elaboração e
apresentação das demonstrações contábeis – Resolução CFC nº 1.121/08
(BRASIL, 2008b).
A partir da convergência das demonstrações contábeis às normas
internacionais, a DVA (Demonstração do Valor Adicionado) foi preparada pelo
Pronunciamento Técnico CPC 09 e aprovada pelo CFC através da Resolução nº
1.138/08 – NBC T 3.7 e Deliberação CVM nº 557/08.
61
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
4.1.1 Características das informações
da DVA
A DVA está fundamentada em conceitos macroeconômicos,
buscando apresentar, eliminados os valores que representam dupla
contagem, a parcela de contribuição que a entidade tem na formação
do Produto Interno Bruto (PIB). Essa demonstração apresenta o
quanto a entidade agrega de valor aos insumos adquiridos de terceiros
e que são vendidos ou consumidos durante determinado período.
Existem, todavia, diferenças temporais entre os modelos contábil
e econômico no cálculo do valor adicionado. A ciência econômica,
para cálculo do PIB, baseia-se na produção, enquanto a contabilidade
utiliza o conceito contábil da realização da receita, isto é, baseia-se no
regime contábil de competência. Como os momentos de realização
da produção e das vendas são normalmente diferentes, os valores
calculados para o PIB por meio dos conceitos oriundos da Economia e os da
Contabilidade são naturalmente diferentes em cada período. Essas diferenças
serão tanto menores quanto menores forem as diferenças entre os estoques
inicial e fi nal para o período considerado. Em outras palavras, admitindo-se a
inexistência de estoques inicial e fi nal, os valores encontrados com a utilização de
conceitos econômicos e contábeis convergirão.
Para os investidores e outros usuários, essa demonstração proporciona
o conhecimento de informações de natureza econômica e social e oferece a
possibilidade de melhor avaliação das atividades da entidade dentro da sociedade
na qual está inserida. A decisão de recebimento por uma comunidade (Município,
Estado e a própria Federação) de investimento pode ter nessa demonstração
um instrumento de extrema utilidade e com informações que, por exemplo, a
demonstração de resultado por si só não é capaz de oferecer.
A DVA elaborada por segmento (tipos de clientes, atividades, produtos, área
geográfi ca e outros) pode representar informações ainda mais valiosas no auxílio
da formulação de predições e, enquanto não houver uma norma específi ca sobre
segmentos, sua divulgação é incentivada.
A empresa deve elaborar a DVA e apresentá-la como parte integrante das
suas demonstrações contábeis divulgadas ao fi nal de cada exercício social.
A DVA deve proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis
informações relativas à riqueza criada pela entidade em determinado período e a
A DVA está
fundamentadaem conceitos
macroeconômicos,
buscando
apresentar,
eliminados os
valores que
representam dupla
contagem, a parcela
de contribuição
que a entidade
tem na formação
do Produto Interno
Bruto (PIB).
62
Finanças CorporatiVas
forma como tais riquezas foram distribuídas.
4.1.2 Formação da riqueza pela própria
entidade
Primeiramente, a formação da riqueza da empresa é gerada pelas vendas de
mercadorias, produtos e serviços – inclui os valores dos tributos incidentes sobre
essas receitas (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde
ao ingresso bruto ou faturamento bruto, mesmo quando na demonstração do
resultado tais tributos estejam fora do cômputo dessas receitas.
Outro item que podemos mencionar como base para a geração da riqueza
pela própria entidade são as “Outras receitas”, que da mesma forma que o item
anterior, inclui os tributos incidentes sobre essas receitas.
A conta da Provisão para créditos de liquidação duvidosa inclui os valores
relativos à constituição e reversão dessa provisão, que também estão mensuradas
na geração da riqueza da empresa.
4.1.3 Insumos adquiridos de terceiros
• Custo dos produtos e dos serviços vendidos: inclui os valores das
matérias-primas adquiridas junto a terceiros e contidas no custo do
produto vendido, das mercadorias e dos serviços vendidos adquiridos
de terceiros. Não inclui gastos com pessoal próprio, pois os gastos com
pessoal próprio já estão reconhecidos na distribuição da riqueza, com a
área de Pessoal.
• Materiais, energia, serviços de terceiros, entre outros: incluem
valores relativos às despesas originadas da utilização desses bens,
utilidades e serviços adquiridos junto a terceiros. Nos valores dos custos
dos produtos e mercadorias vendidos, materiais, serviços, energia etc.
consumidos, devem ser considerados os tributos incluídos no momento
das compras (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), recuperáveis
ou não. Esse procedimento é diferente das práticas utilizadas na
demonstração do resultado.
• Perda e recuperação de valores ativos: inclui valores relativos aos
ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados,
investimentos etc. Também devem ser incluídos os valores reconhecidos
no resultado do período, tanto na constituição quanto na reversão de
63
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
provisão para perdas por desvalorização de ativos, conforme aplicação
da NBC T 19.10 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos (se no
período o valor líquido for positivo, deve ser somado).
• Depreciação, amortização e exaustão: inclui a despesa ou o custo
contabilizado no período.
4.1.4 Valor adicionado recebido em
transferência
Podem ocorrer situações de geração da riqueza da empresa motivadas por
transferência, as quais podem pautar-se em:
a) Resultado de equivalência patrimonial: o resultado da equivalência pode
representar receita ou despesa; se despesa, deve ser considerado como
redução ou valor negativo.
b) Receitas fi nanceiras: inclui todas as receitas fi nanceiras, inclusive as
variações cambiais ativas, independentemente de sua origem.
c) Outras receitas: inclui os dividendos relativos a investimentos avaliados
ao custo, aluguéis, direitos de franquia etc.
4.1.5 Distribuição da riqueza
A segunda parte da DVA deve apresentar de forma detalhada como a riqueza
obtida pela entidade foi distribuída. Os principais componentes dessa distribuição
serão apresentados a seguir:
• Pessoal: valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício
na forma de: a) Remuneração direta – representada pelos valores
relativos a salários, 13º salário, honorários da administração (inclusive
os pagamentos baseados em ações), férias, comissões, horas extras,
participação de empregados nos resultados etc. b) Benefícios –
representados pelos valores relativos à assistência médica, alimentação,
transporte, planos de aposentadoria etc. c) FGTS – representado pelos
valores depositados em conta vinculada dos empregados.
• Impostos, taxas e contribuições: valores relativos ao imposto de
renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições ao INSS (incluídos
aqui os valores do Seguro de Acidentes do Trabalho) que sejam ônus
do empregador, bem como os demais impostos e contribuições a que
a empresa esteja sujeita. Para os impostos compensáveis, tais como
ICMS, IPI, PIS e COFINS, devem ser considerados apenas os valores
64
Finanças CorporatiVas
devidos ou já recolhidos, e representam a diferença entre os impostos
e contribuições incidentes sobre as receitas e os respectivos valores
incidentes sobre os itens considerados como ‘insumos adquiridos de
terceiros’. Esses Impostos, Taxas e Contribuições podem ser assim
classifi cados: a) Federais – inclui os tributos devidos à União, inclusive
aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Estados,
Municípios, Autarquias etc., tais como: IRPJ, CSSL, IPI, CIDE, PIS,
COFINS. Inclui também a contribuição sindical patronal; b) Estaduais
– inclui os tributos devidos aos Estados, inclusive aqueles que são
repassados no todo ou em parte aos Municípios, Autarquias etc., tais
como o ICMS e o IPVA; c) Municipais – inclui os tributos devidos aos
Municípios, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte
às Autarquias, ou quaisquer outras entidades, tais como o ISS e o IPTU.
• Remuneração de capitais de terceiros: valores pagos ou creditados
aos fi nanciadores externos de capital. Temos, nesse caso: a) Juros –
inclui as despesas fi nanceiras, inclusive as variações cambiais passivas,
relativas a quaisquer tipos de empréstimos e fi nanciamentos junto
a instituições fi nanceiras, empresas do grupo ou outras formas de
obtenção de recursos. Inclui os valores que tenham sido capitalizados
no período; b) Aluguéis – inclui os aluguéis (inclusive as despesas com
arrendamento operacional) pagos ou creditados a terceiros, inclusive
os acrescidos aos ativos; c) Outras – inclui outras remunerações que
confi gurem transferência de riqueza a terceiros, mesmo que originadas
em capital intelectual, tais como royalties, franquia, direitos autorais etc.
• Remuneração de capitais próprios: valores relativos à remuneração
atribuída aos sócios e acionistas. a) Juros sobre o capital próprio
(JCP) e dividendos – inclui os valores pagos ou creditados aos sócios
e acionistas por conta do resultado do período, ressalvando-se os
valores dos JCP transferidos para a conta de reserva de lucros. Devem
ser incluídos apenas os valores distribuídos com base no resultado do
próprio exercício, desconsiderando-se os dividendos distribuídos com
base em lucros acumulados de exercícios anteriores, uma vez que já
foram tratados como “lucros retidos” no exercício em que foram gerados.
b) Lucros retidos e prejuízos do exercício – inclui os valores relativos
ao lucro do exercício destinados às reservas, inclusive os JCP quando
tiverem esse tratamento. Nos casos de prejuízo, esse valor deve ser
incluído com sinal negativo. c) As quantias destinadas aos sócios e
acionistas na forma de JCP, independentemente de serem registradas
como passivo (JCP a pagar) ou como reserva de lucros, devem ter o
mesmo tratamento dado aos dividendos no que diz respeito ao exercício
a que devem ser imputadas.
65
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Vamos apresentar um modelo de DVA (Demonstração do Valor Adicionado),
que pode ser aplicado para empresas em geral.
QUADRO 3 – MODELO I – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR
ADICIONADO – EMPRESAS EM GERAL
DESCRIÇÃO
Em
milhares de
reais
20X1
Em
milhares
de reais
20X0
1 – RECEITAS
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2) Outras receitas
1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios
1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Re-
versão/ (Constituição)
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
(inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e COF-
INS)
2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços
vendidos
2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.3) Perda / Recuperação de valores ativos
2.4) Outras (especifi car)
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA EN-
TIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊN-
CIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas fi nanceiras
6.3) Outras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)
8.1) Pessoal
8.1.1 – Remuneração direta
8.1.2 – Benefícios
8.1.3 – F.G.T.S.
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.2.1 – Federais
8.2.2 – Estaduais
8.2.3 – Municipais
8.3) Remuneração de capitais de terceiros
66
Finanças CorporatiVas
8.3.1 – Juros
8.3.2 – Aluguéis
8.3.3 – Outras
8.4) Remuneração de capitais próprios
8.4.1 – Juros sobre o capital próprio
8.4.2 – Dividendos
8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício
8.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros retidos
(só p/ consolidação)
(*) O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.
FONTE: O autor
4.2 DFC – DEMONSTRAÇÃO DO
FLUXO DE CAIXA
Fluxo de caixa é o conjunto de todas as movimentações fi nanceiras da
empresa, ou seja, o caixa, as contas a receber, as contas a pagar e o controle
bancário. Pode ser usado, também, como um tipo de orçamento das entradas
e saídas futuras de dinheiro. Em outras palavras, é o registro e controle sobre a
movimentação do caixa de qualquer empresa. Demonstra as entradas e saídas
de recursos fi nanceiros que ocorrem em determinados períodos de tempo.
Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 351), “o objetivo primário
da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é prover informações relevantes
sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos
durante um determinado período”. Além disso, assume um importante papel no
planejamento fi nanceiro das empresas, constituindo-se em uma prática que deve
ser constantemente revisada, atualizada e utilizada na tomada de decisões.
Conforme Autran e Coelho (2003, p. 106), “a DFC é um demonstrativo que
tem como objetivo evidenciar a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa e
também a aplicação de todo o dinheiro que saiu dos cofres da empresa”. É um
instrumento essencial para que a empresa possa ter agilidade e segurança em
suas atividades fi nanceiras, podendo refl etir com precisão a situação econômica
da empresa, em termos de futuro fi nanceiro.
O fl uxo de caixa permite ao administrador fi nanceiro planejar, organizar,
coordenar, dirigir e controlar os recursos fi nanceiros de sua empresa para
determinado período.
67
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
4.2.1 Aspectos gerais
A demonstração do fl uxo de caixa se tornou obrigatória no Brasil a partir da
Lei nº 11.638/07 para as sociedades com patrimônio líquido de R$ 2.000.000,00 ou
mais. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu o Pronunciamento
Técnico CPC 03, com relação às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 7
(IASB).
Esse Pronunciamento foi aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) através da Deliberação nº 547/08, aplicável às companhias abertas, e pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução nº 1.125/08
– NBC T 3.8. Tem o objetivo de exigir o fornecimento de informações sobre as
alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa de uma empresa por meio
de uma demonstração que classifi que os fl uxos de caixa durante os períodos
provenientes das atividades operacionais, de investimento e de fi nanciamento
(BRASIL, 2008a).
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 03, as empresas que
possuem um capital social superior a dois milhões de reais têm obrigação
de preparar uma demonstração de fl uxo de caixa e apresentá-la como parte
integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao fi nal de cada
período. Para as demais sociedades, isto é opcional (CPC 03, 2010).
4.2.2 Função do fl uxo de caixa e sua
utilização nas empresas
O fl uxo de caixa possibilita a visualização de quando a empresa terá dinheiro
sobrando ou faltando na conta em um determinado período de tempo. Desse modo,
é possível projetar as entradas e saídas, ajustando-as conforme a necessidade,
tornando possível avaliar o passado e planejar o futuro. Neste sentido, uma
de suas principais funções é antever problemas de falta de recursos no caixa,
evitando uma crise de liquidez nas empresas ou pelo menos minimizando seus
efeitos. Com uma gestão efi ciente do caixa é possível diminuir a necessidade de
capital de giro, reduzir as despesas fi nanceiras e, consequentemente, aumentar
a lucratividade.
Frezatti (2006, p. 24) destaca que:
É muito comum em uma situação crítica de falta de liquidez de
uma empresa a priorização do caixa. Empresas em difi culdades
68
Finanças CorporatiVas
de negócios, concordatárias e/ou que estejam tentando evitar
a falência colocam-se desesperadamente nas mãos do fl uxo
de caixa para perseguir a saída de sua difi culdade.
Por isso, é importante adquirir uma cultura de utilização permanente desta
ferramenta nas empresas, com análise criteriosa das informações fornecidas.
De acordo com Autran e Coelho (2003, p. 106), “para se elaborar uma
demonstração de fl uxo de caixa é importante identifi car as principais ações
realizadas pelas empresas que aumentam e diminuem o caixa, e também aquelas
em que o caixa não sofre qualquer tipo de alteração”.
Você sabe como funciona um fl uxo de caixa? Um fl uxo de caixa é sempre
projetado dentro de um determinado tempo, que pode ser de uma semana, um
mês, um ano ou outro período conforme a necessidade da empresa, mas é
importante ressaltar que quanto maior o tempo, menor o grau de precisão dos
dados.
Entre um fl uxo de caixa projetado e o realizado podem existir pequenas
variações, mas se houver muitas discrepâncias, é importante verifi car o que
aconteceu.
Um fl uxo de caixa recebe informações fi nanceiras de todas as áreas da
empresa, necessitando de uma disciplinada e correta alimentação dos dados
de forma contínua. Dados, como recebimentos, pagamentos e despesas com
pessoal, com serviços de terceiros, com juros e impostos devem ser enviados
de forma correta. Para facilitar o trabalho é bom colocar tudo em uma planilha
eletrônica, o uso do computador facilita bastante.
4.2.3 Estrutura do Fluxo de Caixa
Um fl uxo de caixa deve conter um determinado grau de detalhamento para
uma perfeita análise das informações. Para isso, é importante observar a sua
estrutura operacional e fi nanceira. Os fl uxos operacionais envolvem todos os
gastos relacionados com a produção e comercialização dos bens
e serviços da empresa. Os fl uxos de investimentos envolvem a
aquisição e venda de ativos que serão utilizados na produção de
bens ou serviços, a concessão e o recebimento de empréstimos,
as movimentações relativas às aplicações fi nanceiras e as
participações em outras empresas.
Os fl uxos
operacionais
envolvem todos os
gastos relacionados
com a produção e
comercialização dos
bens e serviços da
empresa.
69
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
As entradas de atividades de investimentos envolvem o recebimento de
empréstimos concedidos, o recebimento por resgate de aplicações fi nanceiras, o
recebimento por vendas de participações acionárias em outras empresas, entre
outros.
As saídas de atividades de investimentos envolvem situações, como o
desembolso por concessão de empréstimos, o pagamento para aquisição de
títulos fi nanceiros e o pagamento para aquisiçãode participação acionária em
outras empresas.
Os fl uxos de fi nanciamento equalizam o somatório dos demais fl uxos, pois
quando há sobras de recursos, existe saída para aplicação e quando há falta de
caixa, existe resgate de investimento ou mesmo captação de recursos.
4.2.4 Métodos para a elaboração da
demonstração dos fl uxos de caixa
• Método direto
Este método possibilita a geração de informações a partir de critérios
técnicos e sem interferência da legislação fi scal. Por isso é possível buscar os
registros diretos das operações da empresa para compor o fl uxo de caixa. Sua
função principal é classifi car os recebimentos e pagamentos de uma empresa
com a utilização das partidas dobradas.
A respeito da demonstração do fl uxo de caixa por este método, Iudícibus,
Martins e Gelbcke (2000, p. 355) abordam que:
O método direto explicita as entradas e saídas
brutas de dinheiro dos principais componentes das
atividades operacionais, como o recebimento das
vendas de produtos e serviços e os pagamentos
a fornecedores e empregados. O saldo fi nal das
operações expressa o volume líquido de caixa
provido ou consumido pelas operações durante
um período.
Por esse motivo, torna-se de fácil compreensão e evidência
a movimentação do caixa com bastante clareza, disponibilizando
O método direto
explicita as
entradas e saídas
brutas de dinheiro
dos principais
componentes
das atividades
operacionais, como
o recebimento
das vendas de
produtos e serviços
e os pagamentos
a fornecedores e
empregados.
70
Finanças CorporatiVas
diariamente as informações. Isso facilita a implantação de uma cultura de
utilização do fl uxo de caixa pelo administrador.
Contudo, o método direto não possui somente vantagens, também existem
algumas desvantagens, como o custo adicional para classifi car os recebimentos
e pagamentos e a falta de experiência dos profi ssionais das áreas contábil e
fi nanceira em usar as partidas dobradas para classifi car os recebimentos e
pagamentos. Esse fl uxo de caixa pelo método direto é igualmente aplicado como
o método indireto, porém este atribui maior coleta de dados em relação ao método
indireto, ou seja, o seu custo de elaboração é maior e possui a mesma fi nalidade
de gestão que o fl uxo de caixa pelo método indireto.
QUADRO 4 – MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DO
FLUXO DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETO
Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Recebimentos de clientes
Pagamentos a fornecedores e empregados
Caixa gerado pelas operações
Juros pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
Fluxos de caixa das atividades de investimento
Compra de ativo imobilizado
Recebido pela venda de imobilizado
Juros recebidos
Dividendos recebidos
Caixa líquido usado nas atividades de investimento
Fluxos de caixa das atividades de fi nanciamento
Recebido pela emissão de ações
Recebido por empréstimo a longo prazo
Pagamento de passivo por lease
Dividendos pagos*
71
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
Caixa líquido usado nas atividades de fi nanciamento
Aumento líquido ao caixa e equivalentes de caixa
Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa ao fi m do período
(*) Esse valor também pode ser apresentado no fl uxo de caixa das atividades
operacionais.
FONTE: O autor
• Método indireto
O método indireto é utilizado nas circunstâncias em que as empresas
relatam as informações do fl uxo de caixa líquido das atividades operacionais
indiretamente. Nesse caso, ajusta-se o lucro líquido para reconciliá-lo ao fl uxo
de caixa das atividades operacionais e se eliminam os efeitos de todos os
deferimentos e pagamentos operacionais passados e de todas as provisões
de recebimentos e pagamentos operacionais futuros, além de todos os itens
que são incluídos no lucro líquido que não afetam recebimentos e pagamentos
operacionais.
Este método apresenta um custo baixo pelo fato de necessitar apenas
da utilização de algumas informações obtidas na contabilidade, dos balanços
patrimoniais do início e do fi nal do período e da demonstração de resultados. Além
disso, possibilita a conciliação do lucro contábil com o fl uxo de caixa operacional
líquido e mostra como se compõe a diferença.
Sua desvantagem é que não elimina todas as distorções quando há
interferência da legislação fi scal. Além disso, a transformação do fl uxo de caixa do
regime de competência para o regime de caixa pode gerar distorções no resultado
do caixa operacional por causa de operações realizadas pelo caixa efetivo, se
esta transformação for realizada apenas uma vez por ano.
72
Finanças CorporatiVas
QUADRO 5 – MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO
DE CAIXA PELO MÉTODO INDIRETO
Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição social
Ajuste por:
Depreciação
Perda cambial
Renda de investimentos
Despesas de juros
Aumento nas contas a receber de clientes e outros
Diminuição nos estoques
Diminuição em contas a pagar - fornecedores
Caixa proveniente das operações
Juros pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
Fluxos de caixa das atividades de investimento
Compra de ativo imobilizado
Recebido pela venda de equipamento
Juros recebidos
Dividendos recebidos
Caixa líquido usado nas atividades de investimento
Fluxos de caixa das atividades de fi nanciamento
Recebido pela emissão de ações
Recebido por empréstimo a longo prazo
Pagamento de passivo por lease
Dividendos pagos*
73
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
1 A DVA (Demonstração do Valor Adicionado) é um demonstrativo
utilizado com o objetivo de mensurar a geração e a distribuição
da riqueza gerada pela empresa. Quais são os conceitos
macroeconômicos aos quais está fundamentada a DVA?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.
2 Qual é a desvantagem na elaboração da DFC
(Demonstração do Fluxo de Caixa) pelo método indireto?
R.:_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
Caixa líquido usado nas atividades de fi nanciamento
Aumento líquido ao caixa e equivalentes de caixa
Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa ao fi m do período
(*) Esse valor também pode ser apresentado no fl uxo de caixa das atividades
operacionais.
FONTE: O autor
Observe que os dois métodos apresentam as informações contábeis do
Fluxo de Caixa da empresa de forma diferente.
O Fluxo de Caixa pelo método direto inicia-se pela apuração do caixa gerado
pelas cobranças das duplicatas dos clientes da empresa, e o Fluxo de Caixa pelo
método indireto inicia pela apuração do lucro líquido ou prejuízo do exercício e se
torna uma ferramenta de uso gerencial bem interessante, pois pode-se apurar o
caixa operacional a partir do resultado da empresa.
74
Finanças CorporatiVas
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
____________________________.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Com isso, fi nalizamos o Capítulo 1. Nesse capítulo, você conheceu a
composição das contas patrimoniais da empresa, como o Ativo, o Passivo e o
Patrimônio Líquido, e as contas do resultado, como as Receitas e as Despesas.
A partir disso, foi possível estudar a escrituração contábil,os fundamentos de um
bom sistema contábil para uso na empresa e suas premissas e contribuição como
fonte de informação para os gestores.
Por fi m, foram apresentados alguns demonstrativos contábeis utilizados nas
empresas, sua forma e apresentação para facilitar o seu uso e aplicação pelos
gestores para tomarem as decisões necessárias ao melhor resultado econômico
das empresas.
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com a Lei nº 11.638/2007. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.
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75
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
BRASIL. Resolução CFC nº 1.121, de 28 de março de 2008. Aprova a NBC T
1 - Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações
Contábeis. 2008b. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/
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Finanças CorporatiVas
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RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral fácil. 5. ed. ampl. e atual. São Paulo:
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77
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Capítulo 1
STAIR, R. M. Princípios de sistemas de informação: uma abordagem
gerencial. Rio de Janeiro: LTC, 1998.
STICKNEY, C. P.; WEIL, R. L. Contabilidade fi nanceira: uma introdução aos
conceitos, métodos e usos. Trad. de José Evaristo dos Santos. São Paulo: Atlas,
2001.
78
Finanças CorporatiVas
CAPÍTULO 2
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
• Saber qual é a relação da economia e mercado com a função fi nanceira da
empresa.
• Aplicar os conhecimentos dos cálculos fi nanceiros para as decisões de
investimentos e fi nanciamentos na empresa.
• Conhecer de que forma a empresa realiza os investimentos em projetos de
renovação e expansão.
• Elaborar estudos práticos com cálculos na HP 12C para aplicar as decisões de
fi nanciamentos e investimentos na empresa.
• Analisar projetos com aplicação das ferramentas de Análise do Valor Presente
Líquido.
• Avaliar a melhor opção em compras de insumos utilizando a metodologia do
PV – Valor Presente da Matemática Financeira.
• Analisar projetos com aplicação das ferramentas de Análise da Taxa Interna de
Retorno.
• Compreender a melhor decisão na escolha entre dois projetos de investimentos
da empresa.
80
Finanças CorporatiVas
81
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O papel do administrador fi nanceiro é prover oportunidades para que a
empresa alcance os melhores resultados na gestão dos seus ativos fi nanceiros.
Neste sentido, é primordial que o gestor fi nanceiro, além de utilizar as
informações contábeis, que foram estudadas no Capítulo 1 deste livro de estudos,
busque aprimorar e aplicar os seus conhecimentos especifi camente na área de
fi nanças. Por isso, apresentaremos a você as principais funções do administrador
fi nanceiro e sua relação com a contabilidade, com a economia e com o mercado.
Assim, a importância da disciplina Finanças Corporativas está na necessidade
de aperfeiçoar e atualizar constantemente as empresas e os profi ssionais
envolvidos na gestão fi nanceira no que diz respeito às informações cruciais
sobre o mundo dos negócios. As empresas podem ser vistas como sistemas
globalizados, cujos propósitos se vinculam à interação de mercados nacionais e
internacionais na busca da otimização de resultados econômicos. Tal observação
nos leva a entender os motivos pelos quais esse estudo é recomendado no
trabalho empresarial.
Para tanto, há a necessidade de aprimorar seus conhecimentos sobre o
cálculo da infl ação, bem como sua aplicação e impacto no resultado da empresa.
É fundamental conhecer o mecanismo do cálculo da infl ação por causa da
desvalorização da moeda nacional ao longo do tempo. Os valores investidos na
empresa sofrem a desvalorização e tornam necessário o reajuste do preço de
vendas dos produtos.
Uma das ferramentas é a aplicação dos conceitos da matemática fi nanceira.
Além da apuração do custo do dinheiro no tempo, apresentaremos neste capítulo
as vantagens de se conhecer essa ferramenta na negociação das compras das
matérias-primas. Confi ra, é muito interessante.
Ao fi nal, ainda com a utilização da matemática fi nanceira, estudaremos o
comportamento dos projetos de investimento e sua aplicação para compreendero comportamento da Taxa Interna de Retorno (TIR) no Valor Presente Líquido
(VPL).
82
Finanças CorporatiVas
2 ORGANIZAÇÃO DA FUNÇÃO
FINANCEIRA
Muitas vezes nos questionamos sobre o que representam as
Finanças e qual sua relação com as atividades das empresas, ou
das pessoas, uma vez que esta área envolve a gestão dos recursos
fi nanceiros.
Para as empresas, as Finanças possuem relação com a
estrutura do capital investido, e se esse capital investido gera
o retorno desejado. A análise do retorno desejado nesses
investimentos dá-se com a aplicação de ferramentas de avaliação, como Payback
Descontado, Taxa Interna de Retorno, entre outras ferramentas.
As decisões de investimentos são as ações realizadas na escolha da melhor
alternativa para a aplicação dos recursos disponíveis, tanto no ambiente interno
quanto no externo da organização, objetivando benefícios fi nanceiros futuros, já
considerando a análise de risco e retorno.
Portanto, Finanças é uma área em que se necessita de conhecimentos e
práticas das pessoas envolvidas com essas atividades, que contribuem para
agregar valor ao capital investido. Contudo, é importante sempre estar alerta para
que a busca pela excelência nos resultados econômicos seja sempre cumprida
com respeito à ética empresarial.
Ross, Westerfi eld e Jordan (2002, p. 23) corroboram que “na terminologia
das fi nanças, ao se fazer investimento em ativos, tais como estoques, máquinas,
instalações e mão de obra, o montante de dinheiro aplicado em ativos deve ser
contrabalançado por um montante equivalente em termos de fi nanciamento”.
Isso signifi ca que as origens dos recursos fi nanceiros necessários para
investimentos podem advir dos recursos dos sócios sob a forma de Capital Social
(Capital Próprio) ou de empréstimos e fi nanciamentos, como Capital de Terceiros.
Dando continuidade, Gropelli e Nikbakht (2005, p. 3-4) afi rmam que:
Finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos
e fi nanceiros para maximizar a riqueza ou o valor total de
um negócio. Mais especifi camente, ao usar o valor presente
líquido (fl uxo de caixa futuro, descontado o valor presente
Para as empresas,
as Finanças
possuem relação
com a estrutura do
capital investido,
e se esse capital
investido gera o
retorno desejado.
83
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
menos os custos originais) para medir a rentabilidade,
uma empresa maximiza a riqueza investindo em projetos e
adquirindo ativos cujos retornos combinados produzem os
lucros mais altos possíveis com menores riscos. Na realidade,
ninguém realmente sabe quando a riqueza máxima é atingida,
embora ela seja entendida como a meta fi nal de toda empresa.
Uma maneira de descobrir a riqueza de uma empresa é por
intermédio do preço de sua ação ordinária.
Podemos compreender que a gestão das fi nanças nas empresas envolve
um conjunto de conhecimentos voltados para otimizar os valores investidos nas
empresas. Com isso, buscou-se a contribuição de Ross, Westerfi eld e Jordan
(2002, p. 23), que reforçam essa ideia:
Imaginemos que você decida montar uma empresa para
fabricar bolas de tênis. Para esse fi m, contrata gerentes para
adquirir matéria-prima e organiza um grupo de empregados
para produzir e vender as bolas de tênis. Na terminologia de
fi nanças, faz investimento em ativos, tais como estoques,
máquinas, instalações e mão de obra. O montante de dinheiro
aplicado em ativos deve ser contrabalançado por um montante
equivalente em termos de fi nanciamento. Ao começar a vender
bolas de tênis, sua empresa estará gerando caixa. Essa é a
base da criação de valor. A fi nalidade da empresa é criar valor
para você, seu proprietário. O valor está refl etido no arcabouço
do modelo simples de balanço patrimonial da empresa.
É perfeitamente notório que a essência dos estudos das fi nanças nas
empresas está unicamente relacionada com o objetivo de gerar riqueza em
relação ao valor investido. Em outras palavras, em Finanças nas empresas, o
objetivo é gerar caixa e aumentar a riqueza do investidor, pois ao se investir em
um mercado capitalista, o foco é o aumento no retorno de investimentos.
2.1 RELAÇÃO COM A ECONOMIA
Os estudos da área de fi nanças estão profundamente interligados com os
estudos da economia. Dessa forma, o estudo da economia, os movimentos dos
mercados internacionais e a política econômica de vários países são fatores
fundamentais para que o gestor fi nanceiro possa pautar as suas decisões.
O mercado de commodities, por exemplo, tem profunda
infl uência na economia e nas empresas. Um exemplo de commodities
que tem impacto direto nos resultados das empresas é o petróleo,
que é cotado no mercado internacional e seu valor refl ete na bomba
de combustível, que, por sua vez, tem impacto no valor do frete de
transporte de produtos, do transporte coletivo urbano, interurbano e
interestadual, entre outros.
O mercado de
commodities, por
exemplo, tem
profunda infl uência
na economia e nas
empresas.
84
Finanças CorporatiVas
O valor de R$ 500,00 que representa um aumento nos gastos
realizados para a entrega do produto ao cliente inicialmente era de
0,50% (R$ 500,00 / R$ 100.000,00) e aumentou para 1,00% (R$
1.000,00 / R$ 100.000,00). Esse mesmo valor do gasto com frete
em relação ao valor do lucro, que antes era de 2,56% (R$ 500,00 /
R$ 19.500,00), agora mais que dobrou o gasto com frete em relação
ao novo valor do lucro gerado, passando para 5,26% (R$ 1.000,00
/ R$ 19.000,00). Faça as contas, fi ca o desafi o. Isso ocorre pela
proporcionalidade inversa do lucro ser menor que o valor gasto do
frete, se compararmos o valor gasto do frete em relação às vendas.
O valor das vendas está inalterado de um cenário para outro, e o
valor do lucro reduz de um cenário para outro.
O motivo é bem simples, como o valor do custo do frete está diretamente
relacionado com o valor do produto posto no cliente, isso representa um impacto
na margem de lucro gerado na venda do produto.
O equilíbrio para essa disparidade entre receita e custo está no ajuste de
preços dos produtos da empresa (aumento dos preços), visto que geralmente
as empresas não absorvem os impactos dos custos dos produtos e serviços
controlados pelo mercado. Em Economia, isso se chama Paridade do Poder
de Compra, pois as variações cambiais nos commodities exercem impacto nos
preços de vendas no mercado internacional.
Vejamos um exemplo: o valor da venda é de R$ 100.000,00, os custos
da produção são de R$ 65.000,00 e as despesas gerais e administrativas
representam o valor de R$ 15.000,00. Por sua vez, o valor gasto na entrega do
produto ao cliente é de R$ 500,00, logo, o lucro da venda é de R$ 19.500,00.
No entanto, se houver uma majoração do valor do frete de R$ 500,00 para R$
1.000,00, o valor do lucro reduz para R$ 19.000,00.
Por isso, o administrador fi nanceiro deve conhecer economia, custos,
fi nanças, contabilidade e inúmeras outras áreas para que possa criar novos
cenários e assim tomar decisões mais efi cazes para o bom desenvolvimento da
empresa e melhor lucratividade.
Vejamos! Como fazer com que esse valor do frete, que sofreu alteração pelo
valor do petróleo negociado no mercado internacional, não tenha tanto impacto
85
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Você deve se perguntar se há valores que não são contabilizados
e que podem exercer infl uência signifi cativa nas decisões do gestor
fi nanceiro. Sim. Por exemplo, a perspectiva do aumento da taxa
cambial do dólar futuro, se a empresa importa 70% de toda a matéria-
prima para a produção.
Essas previsões podem estar registradas no Orçamento
Empresarial, mas não na Contabilidade, pois a Contabilidade
registra eventospassados. Por esse motivo, o gestor fi nanceiro deve
conhecer inclusive a Controladoria e o Orçamento Empresarial.
no resultado da empresa? Vamos conhecer as relações da área de fi nanças com
o mercado, cliente, preço e qualidade. Temos de avaliar o poder de decisões do
gestor fi nanceiro, que também exercerá infl uência na negociação das compras e
na negociação das venda com sugestões de taxas de juros a serem negociadas,
entre outras.
2.2 RELAÇÃO COM A CONTABILIDADE
O administrador fi nanceiro sempre deve tomar as decisões com base nas
informações geradas pela contabilidade. Não existe outra ferramenta a não ser
o Balanço Patrimonial, que permite identifi car a estrutura patrimonial e fi nanceira
da empresa, a Demonstração do Resultado do Exercício, que permite apurar o
resultado econômico da empresa, e os demonstrativos contábeis complementares
que a contabilidade fornece, como a DVA (Demonstração do Valor Adicionado),
que permite identifi car a riqueza gerada e aplicada pela empresa, e a DFC
(Demonstração do Fluxo de Caixa), que permite identifi car o valor do caixa
operacional gerado pela empresa.
Isso pode gerar um equívoco em compreender o campo de atuação do gestor
fi nanceiro? Precisamos ter esse cuidado, enquanto o contador evidencia fatos
passados, também deverá ajudar o gestor fi nanceiro nas previsões orçamentárias
de acordo com o orçamento de tendências (que é a análise da ocorrência dos
resultados anteriores que potencialmente podem exercer infl uência nas previsões
futuras).
Na visão de Groppelli e Nikbakht (2005, p. 13):
86
Finanças CorporatiVas
Administradores fi nanceiros empregam os contadores
para preparar os demonstrativos fi nanceiros que fornecem
informações sobre a lucratividade – Demonstrativo do
Resultado do Exercício – e sobre a posição fi nanceira da
empresa – Balanço Patrimonial. Já o Demonstrativo de Fluxo
de Caixa é um relatório que fornece uma análise detalhada da
maneira como o caixa foi gerado e indica como foi utilizado na
condução de cada fase do negócio. Como consequência, esse
demonstrativo fornece outra ferramenta importante para os
administradores que procuram controlar e entender os fatores
externos e as políticas internas que infl uenciam os fl uxos de
caixa da empresa.
Isso signifi ca que é o contador que deverá gerar as informações para que
o gestor fi nanceiro possa executar os diversos cenários possíveis que possam
infl uenciar as atividades da empresa, interpretando e prospectando esses
cenários. É possível afi rmar que a área da Contabilidade e a área das Finanças
sempre devem trabalhar juntas.
2.3 FUNÇÕES DO GERENTE
FINANCEIRO
A macroeconomia e os fatores macroambientais afetam todas as empresas e
não especifi camente uma ou outra em especial.
Os fatores microambientais estão sujeitos às atividades internas da
empresa, por exemplo, contratos de pessoal, processos administrativos e
de produção, políticas de marketing, entre outros. Neste ambiente, o gestor
fi nanceiro possui controle das ações e encontrará os potenciais e fragilidades que
poderão benefi ciar ou prejudicar os negócios da empresa. Por sua vez, os fatores
macroambientais da empresa estão relacionados com o mercado externo, por
exemplo, a política tributária e econômica em que a empresa está sujeita e não
possui controle sobre essas ações.
Por isso, não adianta o gestor fi nanceiro deixar de admitir eventuais fracassos
nas suas decisões, uma vez que surgem situações novas que podem ocorrer sem
que a empresa ou a pessoa no papel do gestor fi nanceiro possa ter gerência.
A Contabilidade Gerencial engloba a contabilidade fi nanceira, aliada com
cálculos da previsão dos custos e ponto de equilíbrio, para que os gestores
possam tomar decisões com base em números que estão além da contabilidade
tradicional. Por exemplo, o lucro gerado por região onde a empresa possui
negócios. A informação do lucro está na DRE (Demonstração do Resultado
do Exercício) e deve ser distribuído de acordo com a região. Esta é única e
87
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
exclusivamente para o uso interno da diretoria ou gerência.
A Contabilidade Financeira é elaborada para os usuários externos e os
relatórios são elaborados e dispostos de acordo com a legislação em vigor.
Uma greve de alguma categoria profi ssional ou uma pandemia gerada por
algum tipo de contágio que afeta a saúde pública e necessite isolar ou fechar
fronteiras, não está sob a alçada dos gestores das empresas. Nestes casos,
muitas decisões são provocadas pelos governantes públicos com o objetivo de
evitar ao máximo consequências danosas na saúde das pessoas e preservar
vidas. No entanto, estas decisões podem provocar impactos na economia e na
saúde fi nanceira da empresa.
Como contornar isso? Possivelmente, com a manutenção das
reservas fi nanceiras ao longo do tempo. Outros fatores, como novas
tecnologias para o controle e gestão da produção, logística, custos
de transporte e armazenagem, custos dos produtos, podem gerar
diferenciais nos resultados das empresas.
Hoji (2000, p. 25) reforça que “a administração fi nanceira dentro
de uma empresa é exercida por pessoas ou grupo de pessoas que
podem ter diferentes denominações, como: vice-presidente de
fi nanças, diretor fi nanceiro, controller e gerente fi nanceiro”.
2.3.1 Meta do gerente fi nanceiro
Uma das principais metas do gestor fi nanceiro com relação ao controle
fi nanceiro está em avaliar a necessidade da captação de novos recursos
fi nanceiros frente às variações dos custos da produção da empresa, impactos,
como a variação do preço do barril de petróleo ou da taxa de câmbio. A margem de
lucro poderá ser afetada por esses fatores, assim como decisões governamentais
com alterações nas alíquotas dos impostos ou encargos trabalhistas.
Utilizando como exemplo os impostos das vendas, esses são variáveis e se
o governo decidir aumentar as alíquotas dos impostos, haverá menor margem de
lucro gerado, pois nem sempre é possível uma empresa aumentar os preços de
vendas. No caso contrário, a empresa terá maior sobra no lucro do produto e o
aumento na lucratividade da empresa se tornará melhor.
Outro aspecto importante é a análise do mercado que o gestor fi nanceiro
deve realizar, pois em vários momentos a concorrência poderá infl uenciar
na determinação dos preços dos produtos na sua empresa, e também afetará
Outros fatores,
como novas
tecnologias para o
controle e gestão da
produção, logística,
custos de transporte
e armazenagem,
custos dos produtos,
podem gerar
diferenciais nos
resultados das
empresas.
88
Finanças CorporatiVas
a margem da lucratividade da empresa. O gestor fi nanceiro, com os demais
membros da equipe da direção da empresa, deverá saber o que o cliente deseja
encontrar, se é meramente o preço ou a qualidade do produto.
O que não pode ocorrer é pensar que todo o conhecimento adquirido junto ao
cliente seja o sufi ciente para criar um cenário. Isso não é verdade, as reações e
as emoções das pessoas alteram a cada momento, e, nesse caso, a experiência
adquirida no passado ajuda, mas não substitui a necessidade em acompanhar as
mudanças no comportamento do consumidor.
O gestor fi nanceiro deve ter o preparo sufi ciente em um campo chamado
“negociação”, pois o relacionamento com as instituições fi nanceiras deve ser o
mais próximo possível, mas sempre preparado em negociar as melhores linhas
de crédito para a empresa, objetivando reduzir ao máximo o impacto dos gastos
de fi nanciamento no resultado da empresa.
O gestor fi nanceiro deve ter conhecimento sobre o risco fi nanceiro. Em muitos
casos, as alterações das taxas básicas de juros podem infl uenciar decisões, que
envolvem decidir entremanter uma reserva fi nanceira emergencial, mesmo que a
rentabilidade não seja interessante, ou investir na produção da empresa.
Outro aspecto que o gestor fi nanceiro deverá conhecer, mas não
necessariamente dominar, é o planejamento tributário, pois junto ao seu contador,
deverá compreender qual é o melhor enquadramento tributário da empresa, se
é o Lucro Real ou o Lucro Presumido, em função da opção limitada ao teto do
faturamento anual.
Acesse o seguinte link e avalie os tipos de enquadramento
tributário para fi ns de conhecimento. Para maiores detalhes, converse
com o seu contador. Disponível em: http://www.portaltributario.com.
br/noticias/lucroreal_presumido.htm.
Cada tipo de enquadramento tributário possui diferentes alíquotas e
condições para o crédito tributário nas compras das matérias-primas e o débito
tributário nas vendas dos produtos.
89
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
2.3.2 Maximizar a riqueza do acionista
O que se espera do ‘valor percebido’ para o cliente é a satisfação
que determinado produto ou serviço tenha proporcionado com relação
a quanto o cliente pagou por ele.
Frequentemente, pensamos que o preço do produto mais barato
irá satisfazer as necessidades do cliente. Isso nem sempre é possível,
pois as necessidades e o poder aquisitivo das pessoas são totalmente
diferentes.
Talvez possamos relacionar com a tomada de preços, muito
utilizada em processo de licitação de obras ou serviços públicos, mas pode muito
bem se adequar à iniciativa privada. Realizar cotações é interessante, porém,
deve-se atribuir o conceito de “custo“ pelo retorno da qualidade gerada.
Se o cliente necessita do conserto de um encanamento e paga R$ 50,00 a
valores atuais e logo estragou, esse serviço tornou-se extremamente caro para o
cliente, não pelo valor desembolsado apenas, mas por todo o novo transtorno em
reservar tempo, limpeza e falta de oportunidade para desenvolver o trabalho em
decorrência do aguardo da disponibilidade do serviço do encanador.
Outrossim, se o serviço realizado por outros profi ssionais tivesse sido
cobrado por R$ 150,00 e não tivesse ocorrido nenhum problema posterior,
signifi ca que o valor agregado ao cliente superou todas as suas expectativas e
a margem de lucro da empresa potencialmente pode ser maior. Geralmente isso
ocorre, o tipo e o valor dos materiais utilizados podem ser os mesmos, mas a
técnica na execução do serviço por esses profi ssionais é diferente.
O valor que pode ser aceitável passa por alguns fatores, como a base de
experiência do cliente com determinado setor do mercado e com as mercadorias
(o cliente sabe o que quer em termos de qualidade, preço e tecnologia).
Os gestores das empresas, inclusive o gestor fi nanceiro, possuem várias
difi culdades ao fi xar metas para a empresa como um todo. Isso é motivado
fundamentalmente por infl uência do marketing, que provoca as rápidas mudanças
e necessidades dos clientes.
Sistemas contábeis mais sofi sticados requerem plataformas robustas para
que possam funcionar. Por exemplo: na internet, atualmente, usa-se fi bra ótica,
tecnologia 5G, entre outras tecnologias.
O que se espera
do ‘valor percebido’
para o cliente é
a satisfação que
determinado produto
ou serviço tenha
proporcionado com
relação a quanto o
cliente pagou por
ele.
90
Finanças CorporatiVas
1 Os estudos da área de fi nanças estão interligados com os estudos
da economia?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_______________________.
2 No caso de uma grave crise no mercado, gerada por alguma
pandemia ou restrições de mercado, os gestores se veem
envolvidos com difíceis cenários para a geração do caixa. Para
evitar o aumento do endividamento é salutar tomar algumas
providências ao longo do tempo. Como contornar isso?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________.
Quanto custa atualizar os sistemas? Esse valor é compensado ao longo
do tempo de uso? Há a necessidade de atualização constante? Essas e outras
indagações infl uenciam diretamente as decisões do gestor fi nanceiro, que não
conseguirá ser um verdadeiro expert em todas as áreas do conhecimento. Por
isso, esse profi ssional precisa conversar com todos os níveis da direção da
empresa.
3 CÁLCULOS FINANCEIROS
Um dos principais “vilões” da economia e principalmente das fi nanças é
a infl ação. Por isso, estudaremos alguns aspectos conceituais e um modelo
conceitual para a apuração da infl ação interna da empresa. É uma proposta real e
aplicável, pois o índice ofi cial da infl ação divulgado pelo Banco Central nem sempre
está de acordo com a realidade da empresa. Assim, o modelo apresentado neste
livro contribuirá para as projeções fi nanceiras futuras e oportunizará reajustes dos
preços sugeridos de vendas.
Outro ponto importante está relacionado com a diferença existente entre os
prazos negociados junto aos fornecedores e os prazos de vendas concedidos aos
91
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
clientes, que se tornam relevantes na medida em que os valores são infl uenciados
pelo custo do dinheiro no tempo.
Isso signifi ca que os prazos obtidos nas compras dos fornecedores, no
pagamento dos salários e encargos sociais que incidem na folha de pagamento,
dos tributos, entre outros e os prazos para recebimento dos valores das vendas
devem ser considerados nos cálculos dos preços sugeridos de venda. Com isso,
aumenta a responsabilidade e a preocupação do gestor fi nanceiro em conhecer
profundamente esse tema.
3.1 DEFINIÇÃO DE INFLAÇÃO
A infl ação é defi nida como o aumento generalizado e constante dos preços
(dos custos, dos serviços, dos produtos), resultando na perda do poder aquisitivo
da moeda. É considerada apenas um fenômeno monetário, causada pelas novas
emissões do papel-moeda pelo Banco Central do país, que injetadas no sistema
fi nanceiro, elevam os meios de pagamentos, sob a rápida propagação do efeito
multiplicador da moeda escritural. Também pode ocorrer com o aumento de défi cit
público.
Na sociedade civil, também é forte o impacto da infl ação, pois se a renda
das famílias reduz, estas deixarão de consumir produtos ou serviços mais caros
e de qualidade superior e migrarão para o consumo de produtos com menor
valor agregado, que irão satisfazer as necessidades básicas. Famílias com renda
elevada conseguem administrar melhor essa situação.
Hoji (2000, p. 55) afi rma o seguinte: “pode-se defi nir a infl ação, de forma
simplista, como sendo o aumento generalizado de preços, que provoca a redução
do poder aquisitivo da moeda. Se ocorrer a redução generalizada de preços, esse
fenômeno econômico se chama defl ação”. Se a infl ação provoca o aumento de
preços, a redução da infl ação também pode provocar impacto na economia.
No Brasil, onde os preços variaram em torno de 80% ao mês, em 1994, e,
atualmente, chegaram a patamares de menos de 10% ao ano, pode ocasionar,
segundo Silva e Jorge (1999, p. 231-232):
1. Uma ameaça para o sistema bancário, em virtude da perda
dos rendimentos derivados da aplicação fi nanceira dos saldos
de contas de depósitos à vista de seus correntistas, saldos
estes não remunerados ou não corrigidos.
2. Uma oportunidade para as empresas mais competitivas,
em virtude da maior facilidade de comparações de preços por
parte dos consumidores, em situação de maior estabilidade de
preços.
92
Finanças CorporatiVas
3. Oportunidade para vendas a prazo, em virtude de maior
previsibilidade por parte dos demandantes.
4. Oportunidades para negócios que competem com grandes
supermercados, diante do fatode que, sob condições de
estabilidade de preços, os consumidores podem mudar de
hábito, passando de uma prática de realização de grandes
compras mensais para outras de compras amiúde. Neste
caso, poderão ser benefi ciados os empreendimentos menores,
estrategicamente localizados junto à sua clientela.
Infl ação é o aumento generalizado de preços, que provoca a redução
do poder aquisitivo da moeda.
Defl ação é a redução generalizada de preços.
Estagfl ação é a situação em que o produto nacional (ou produto
per capita) não mantém nível de crescimento à altura do potencial
econômico do país.
3.2 CONSEQUÊNCIAS DA INFLAÇÃO
Os danos causados pela infl ação são tremendamente
devastadores à economia de uma nação, da família e das empresas.
Por isso, o gestor fi nanceiro deve acompanhar constantemente
os efeitos infl acionários, pois pode gerar grandes impactos nos
resultados da empresa. Estes impactos estão relacionados com
a perda do poder aquisitivo da moeda, pois se a empresa atua no
mercado com preços fi xos de forma temporária, talvez um ano sem
incorrer nos reajustes dos preços terá impacto progressivo do custo
da manutenção das atividades da empresa. Se os custos aumentam e a empresa
não consegue repassar esses aumentos para os seus produtos, os gestores
deverão repensar o modelo do produto ou negócio. Se determinado produto está
saturado no mercado, não há como agregar valor a ele.
Segundo Possamai (2003, p. 25), “as mesmas consequências atingem
também as instituições cujos rendimentos são decorrentes de juros prefi xados
auferidos através de títulos de crédito emitidos pelo governo ou por empresas do
setor fi nanceiro”.
Os danos causados
pela infl ação são
tremendamente
devastadores à
economia de uma
nação, da família e
das empresas.
93
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
A empresa sofrerá com as distorções no mercado de crédito, os efeitos
das taxas de juros no mercado fi nanceiro, cobradas pelos bancos, estão
acompanhando as taxas de infl ação do país e se a empresa não reavaliar a política
das cobranças do custo fi nanceiro pelas vendas a prazo, as consequências
podem ser irreversíveis.
Possamai (2003, p. 25) aborda que “credores são duramente atingidos e
os devedores benefi ciados. Quando as taxas de juros passam a ser negativas,
aumentam as pressões sobre as fontes de crédito, mas estas, em contrapartida,
não disporão de recursos ao nível da demanda”.
Outro impacto está relacionado às alterações na área de investimentos
produtivos, a infl ação retira recursos fi nanceiros da empresa de forma gradativa
e que poderiam ser aplicados em atividades produtivas. Muitas vezes esses
recursos fi nanceiros acabam convergindo para fi ns especulativos.
Possamai (2003, p. 25) observa que:
A infl ação intensa de rentabilidade desencoraja o setor
privado a investir em indústria de base, devido aos longos
prazos de maturação desse tipo de empreendimento. Esses
desvios reduzem a expansão possível de emprego e induzem
a aplicações que possibilitem o lucro de curto prazo ou que
protejam o patrimônio pessoal, de que são exemplos típicos as
transferências imobiliárias.
A infl ação tem forte impacto também no equilíbrio da balança de pagamentos,
pois a desvalorização da moeda nacional, a valorização da taxa de câmbio
da moeda estrangeira e a necessidade de maior volume de importação de
produtos fazem com que no momento do pagamento das operações de câmbio,
o desembolso se torne muito maior. A consequência pode impactar no nível do
emprego e da economia do país. Esse problema somente pode ser revertido caso
ocorrer a desvalorização da taxa de câmbio.
O aumento interno dos preços e as taxas mais aceleradas
do que as de outros países com os quais se mantêm relações de
comércio podem estimular a importação e desestimular a exportação.
94
Finanças CorporatiVas
Outro ponto relevante sobre a infl ação está relacionado com as distorções no
papel orientador do mercado, pois em economias de livre iniciativa empresarial,
o movimento dos preços e das forças de mercado é um fator para orientação
das atividades do mercado. Com os preços estáveis, o aumento do preço de
determinado produto signifi ca que a oferta é insufi ciente para atender à demanda.
Se o mercado sinalizar a diminuição do preço de determinado produto, pode
representar o excesso de oferta no mercado. Como os empresários geralmente
se orientam por essas sinalizações de mercado, serão estimulados à produção de
produtos com demanda insufi ciente. No entanto, um processo infl acionário intenso
pode distorcer esse papel orientador do mercado, prejudicando a efi ciência do
sistema empresarial.
As principais consequências da infl ação no mercado de uma nação estão
praticamente relacionadas com a perda do poder aquisitivo da moeda, o mercado
de crédito se torna impraticável para a empresa, o investimento na produção se
torna inviável, pois não há condições de planejar o exato volume das demandas
do mercado e o excedente fi nanceiro é utilizado como especulação no mercado
fi nanceiro.
Ratti (2001, p. 47) contribui que, “em linguagem elementar, a infl ação nada
mais é do que uma elevação contínua de todos os preços, motivada por um
excesso de crescimento dos meios de pagamento, em relação ao crescimento
dos bens e serviços à disposição do público”.
Isso signifi ca que com os preços estáveis, o aumento do preço de
determinado produto indica que a oferta é insufi ciente para atender à demanda.
Por outro lado, a diminuição do preço de determinado produto pode representar o
excesso de oferta no mercado.
3.2.1 Tipos de infl ação e seus
mecanismos de controle
Como já estudamos, a infl ação exerce efeito devastador na economia de um
país, assim como nas empresas e nas famílias em geral.
Existem praticamente dois tipos diferentes de infl ação, a infl ação de custos,
que é um processo infl acionário ocasionado ou intensifi cado pelo aumento dos
custos de produção, especialmente dos salários ou dos preços das matérias-
primas. Temos também a infl ação de demanda, que é ocasionada pelo aumento
dos rendimentos. Isso ocorre quando os meios de pagamento crescem além da
capacidade de crescimento da economia ou, antes que a produção esteja em
95
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
plena capacidade, impedindo que a maior demanda decorrente do aumento dos
rendimentos seja atendida. Com isso, aumentam os preços e, por consequência,
os salários e os rendimentos em geral, formando uma espiral infl acionária
(POSSAMAI, 2003).
A intensidade da infl ação determina o aumento de preços, em infl ação
rastejante, esta é caracterizada por uma leve e quase imperceptível expansão
geral dos preços. Por sua vez, a infl ação galopante ou hiperinfl ação é
caracterizada por uma violenta expansão do nível geral dos preços.
Segundo Ratti (2001, p. 49), a infl ação “galopante é aquela que se inicia com
uma taxa superior a 10% ao ano e vai rapidamente subindo a cada ano, atingindo
taxas de três dígitos (200, 300, 500 por cento ao ano)”.
As medidas do combate à infl ação são defi nidas pelo conjunto de ações
tomadas pelo governo do país com o objetivo de atuar e infl uir sobre o mecanismo
da produção, distribuição e consumo de bens e serviços, denominados de política
econômica.
O alcance e o conteúdo de uma política econômica variam de acordo com
cada país, dependendo do grau de diversifi cação de sua economia, da natureza
do regime social e do nível de atuação dos grupos de pressão (partidos, sindicatos,
associações de classe e movimento de opinião pública).
Existem três tipos de políticas econômicas que atuam no combate à infl ação:
A política estrutural está voltada para a modifi caçãoda estrutura
econômica do país (podendo chegar até mesmo a alterar a
forma de propriedade vigente), regulando o funcionamento
do mercado (proibição de monopólios e trustes) ou criando
empresas públicas, regulamentando os confl itos trabalhistas,
alterando a distribuição de renda ou nacionalizando empresas
estrangeiras.
A política de estabilização conjuntural visa à superação de
desequilíbrios ocasionais. Pode envolver tanto uma luta contra
a depressão como combater a infl ação ou a escassez de
determinados produtos.
A política de expansão tem por objetivo a manutenção ou
a aceleração do desenvolvimento econômico. Nesse caso,
podem ocorrer reformulações estruturais alfandegárias e maior
rigor na política cambial contra a concorrência estrangeira
(POSSAMAI, 2003, p. 27-28, grifo do autor).
A política econômica depende da própria visão que os governantes têm do
papel do Estado no conjunto da sociedade de acordo com critérios políticos e
ideológicos.
96
Finanças CorporatiVas
No Brasil, as políticas econômicas das últimas décadas, buscando a
estabilização da economia, fi zeram com que fossem implementados diversos
planos, como: o Plano Cruzado (1986), o Plano Bresser (1987), o Plano Verão
(1989), o Plano Collor (1990), o Plano Collor II (1991) e o Plano Real (1994).
O Estado exerce sua atividade através de uma série de medidas que visam
ao desenvolvimento econômico e consequente controle da infl ação, conforme
Possamai (2003, p. 28, grifo do autor).
Política Fiscal: defi ne e aplica os impostos e taxas sobre os
agentes econômicos; com base na Receita Fiscal, defi ne os
gastos do Governo; infl ui na política monetária, em especial
no fl uxo de caixa e na concessão de créditos dos agentes
econômicos.
Política Monetária: conjunto de medidas adotadas pelo
governo visando adequar os meios de pagamentos disponíveis
às necessidades da economia do país.
Política Cambial: defi ne o valor externo da moeda; controla
os fl uxos de moeda estrangeira; impacta o valor interno da
moeda.
Política de Rendas: controla os fatores de produção, como
salários, encargos, distribuição de resultados da atividade
econômica, sistemas de preços.
3.2.2 Índices de infl ação
O índice ideal da infl ação para ser apurado é a infl ação da própria empresa
ou a medida da infl ação da própria família ou de uma determinada comunidade. O
Banco Central divulga o índice da infl ação ofi cial, porém, é um parâmetro geral da
nação. Deve haver outros parâmetros de âmbito regional para medir a infl ação.
Muitos fatores impactam na medida infl acionária adotada. Além da infl ação
do custo e da infl ação da demanda, conforme já estudamos, há também a classe
social, onde pessoas da sociedade com poder aquisitivo mais elevado sofrem
menos os impactos infl acionários no seu consumo de bens e serviços. Por sua
vez, classes sociais mais baixas sofrem profundo impacto com relação a esses
aspectos, pois as necessidades básicas sofrem alto grau de impacto infl acionário,
muitas vezes motivadas pelo aumento na procura por esses bens e serviços.
A própria emigração das áreas do interior do país para os grandes centros
urbanos pode acarretar aumento no impacto infl acionário, pois o aumento do
número de pessoas pressiona o aumento das ofertas de bens e serviços, que
muitas vezes as empresas não estão preparadas para atender.
Por motivos de ordem prática, muitos índices foram criados e estão sendo
utilizados. Para se medir a variação dos preços dos produtos fi nais consumidos
97
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
pela população, usam-se índices de custo de vida (ICV) ou de preços ao
consumidor (IPC), tendo como base os hábitos de consumo de uma família padrão
(para toda a sociedade ou para certa classe). Para se medir a variação dos preços
nos insumos e fatores de produção (e demais produtos intermediários), usam-se
índices de preços ao produtor ou, em termos agregados, o índice de preços ao
atacado (IPA).
No Brasil, a infl ação é medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado
(IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas, pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC), elaborado pelo IBGE, e pelo Índice de Preço ao Consumidor
(IPC), medido pela FIPE.
3.2.3 Como calcular a infl ação da
empresa
Vamos apresentar um modelo de como apurar a infl ação de uma empresa. A
proposta é bem simples, contudo, devemos buscar outras áreas de conhecimento,
como a área de Custos. Se ocorrer o aumento dos custos da produção, os
produtores reduzirão a oferta desses bens no mercado, que, por sua vez, com a
redução da oferta, os bens sofrerão aumento de preço para o consumidor fi nal.
Portanto, nesse cenário, a economia desse país teria que se deparar com uma
infl ação de custos.
Em Custos, precisamos identifi car os insumos consumidos para a produção
em determinada Ficha Técnica da produção, levar essas quantidades para uma
nova base de dados e apurar a proporcionalidade no seu consumo.
Isso signifi ca dizer que cada componente utilizado para a produção de
determinado produto representa um peso relativo nesse processo e, por fi m, a
somatória de todos os pesos relativos totaliza 100% dos insumos para a produção
total. Vejamos um exemplo prático com o estudo do seguinte quadro.
98
Finanças CorporatiVas
QUADRO 1 – APURAÇÃO DA TAXA DE INFLAÇÃO DA EMPRESA
FONTE: O autor
Vamos entender a sistemática para a apuração da infl ação da empresa.
Primeiro devemos separar os principais insumos utilizados no processo industrial
e apurar o custo da produção ou compra entre dois períodos, que nesse caso
utilizamos como exemplo o quadro de portas no primeiro item do quadro anterior.
Esse quadro de portas em 31/07 tinha o custo da compra em R$ 3,8915 por
unidade e esse mesmo item da produção custava em 31/08 o valor de R$ 4,2500.
Isso signifi ca que ocorreu a variação percentual no seu custo de um período para
outro em 9,2124%. Logo, R$ 4,2500 / R$ 3,8915 = 1,092124. Deve-se descontar
1 desse coefi ciente, pois precisamos apenas conhecer a variação, que é de
0,092124.
Como estamos apurando a infl ação em percentual, multiplicaremos o
coefi ciente de 0,092124 por 100 e teremos o % em 9,2124% na variação dos
custos da matéria-prima.
Não podemos simplesmente defi nir como taxa da infl ação da empresa esse
percentual em 9,2124%, mas compreender qual é o seu impacto como peso
relativo no produto fi nal.
99
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Esse quadro de portas representa a ordem de 15,65% do componente
utilizado no processo até fi nalizar o produto. Portanto, se a variação dos custos
está em 9,2124% e o peso relativo da participação desse produto no processo
fi nal do produto pronto representa 15,65%, apenas multiplicaremos esses valores.
Assim, teremos 9,2124% (variação dos custos) x 15,65% (participação da
matéria-prima no produto fi nal) = 1,4417% de infl ação apenas para essa matéria-
prima do quadro de portas.
Esse procedimento deve ser adotado para todos os insumos do quadro
anterior, e cada percentual da variação dos custos deve ser multiplicado pelo
peso relativo de cada insumo no produto fi nal.
Observe que o total do peso relativo de cada insumo (participação de cada
matéria-prima no produto fi nal) deve fechar em 100%, que é o produto fi nalizado
com todos os insumos correspondentes a sua produção.
3.3 O CUSTO DO DINHEIRO NO
TEMPO
As fi nanças apenas são defi nidas pela gestão do dinheiro no tempo. É preciso
saber o momento certo para a empresa aplicar os recursos excedentes do caixa,
ou de captar recursos fi nanceiros no mercado, e essa linha tênue entre aplicar e
captar recursos fi nanceiros se chama tempo, período. O impacto fi nanceiro, tanto
no mercado interno como no mercado externo se chama taxa, pois cadapaís
possui o seu ambiente econômico.
Vários cálculos fi nanceiros requerem apenas operações simples e manuais,
mas à medida que aumenta a complexidade para apurar determinados valores,
há a necessidade de utilizar aplicativos específi cos da área fi nanceira ou a própria
calculadora fi nanceira.
Avalie o cálculo, a seguir, na condição de juros compostos. Observe que o
juro é somado ao valor inicial no cálculo dos juros do período seguinte. Exemplo:
R$ 100,00 + 3,00% = R$ 103,00 + 3,00% = R$ 106,09 + 3,00% = R$ 109,27 +
3,00% = R$ 112,55.
Esse é o impacto dos juros sobre juros, e o profi ssional atuante na área
das fi nanças deve dominar essa técnica para saber o seu efeito no resultado da
empresa.
100
Finanças CorporatiVas
A linha do tempo, ou o período, nos remete ao presente e ao futuro distante
por um intervalo de dias, meses ou anos. Nesta linha do tempo, entre um valor
presente e outro futuro, os montantes são corrigidos por uma taxa preestabelecida.
No campo da área fi nanceira, existem algumas abreviaturas, cujo signifi cado
será apresentado a seguir:
VP ou PV = Valor Presente ou Present Value.
VF ou FV = Valor Futuro ou Future Value.
n ou N = tempo, medido em número de dias, semanas, quinzenas, mês ou
anos.
i ou I = % de juros, que podem ser por dia, semanal, quinzenal, mensal ou
anual.
Pagto = Pagamento (de prestação, por exemplo).
Diariamente, o BACEN (Banco Central do Brasil) divulga a taxa de rendimento
de algum fundo, como a caderneta de poupança ou CDI (Certifi cado de Depósito
Interbancário). Vamos supor que o rendimento, considerando juros e correção
monetária, foi de 0,60% a.m. (ao mês), agora o saldo é de R$ 1.006,00, sendo
que R$ 6,00 foi o rendimento. Para o próximo mês, a base de cálculo será o
saldo de R$ 1.006,00. Tecnicamente, a aplicação tem como base a capitalização
composta (juros sobre juros).
Acompanhe a projeção do valor futuro da aplicação no quadro a seguir em
um período de 12 meses a uma taxa de correção em 0,60% ao mês:
QUADRO 2 – PROJEÇÃO DE VALOR FUTURO ANUAL SEM DEPÓSITOS
FONTE: O autor
101
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Do exemplo anterior (Quadro 2), vamos supor que este dinheiro foi aplicado
há um ano e que em cada um dos meses o rendimento da poupança foi de 0,60%
a.m. No término deste primeiro ano de aplicação, o montante total da aplicação
é de R$ 1.074,42, e neste caso a taxa de correção foi de 7,44% a.a. (ao ano).
Apenas com o depósito inicial de R$ 1.000,00, com uma correção fi xa de 0,60%
a.m., obtivemos durante um ano o rendimento de R$ 74,42, ou seja, 7,442% a.a.
Se esse valor é interessante ou não, você deverá comparar com os diversos
índices de remuneração dos ativos fi nanceiros disponíveis no mercado com a
variação do ouro, do mercado de ações na Bolsa de Valores, entre outros.
Vale lembrar que o gestor fi nanceiro deve optar pelas operações de aplicação
dos ativos fi nanceiros disponíveis no mercado apenas na condição de aplicar o
excedente dos recursos fi nanceiros do caixa. Não pode deixar de investir nas
atividades operacionais da empresa, criando a falsa expectativa de ganhos
fi nanceiros no mercado, pois o mercado fi nanceiro serve para manter o valor do
dinheiro no tempo, que é corroído pela taxa de infl ação.
Agora vamos considerar que, além de um depósito inicial de R$ 2.000,00,
sejam aplicados mais R$ 200,00 em cada um dos meses subsequentes, e ainda a
uma taxa de 0,75% a.m. Qual será o nosso saldo daqui a um ano?
QUADRO 3 – EXEMPLO DE POUPANÇA ANUAL COM DEPÓSITOS
FONTE: O autor
O rendimento de R$ 238,37 durante o período dos 12 meses com depósitos
mensais de R$ 100,00 totalizaram o valor de R$ 1.200,00. Isso ocorreu pelo efeito
dos juros sobre juros, e quanto mais longo for o período da aplicação, maior será
102
Finanças CorporatiVas
o retorno fi nanceiro, contanto que esse retorno fi nanceiro não seja menor que a
taxa de infl ação.
Você pode observar que o rendimento das aplicações fi nanceiras sempre é
inferior à taxa de juros paga nos empréstimos.
No ambiente empresarial, o gestor fi nanceiro precisa ter a capacidade de
lidar com estas variáveis, que são o valor presente e o valor futuro, tanto nas
atividades operacionais como nas de investimento e de fi nanciamento.
O orçamento empresarial visa projetar os resultados com base na perspectiva
da produção, das horas disponíveis dos funcionários contratados e das despesas
gerais e administrativas orçadas. O orçamento fi nanceiro busca prever resultados
futuros, com a aplicação da projeção de taxas de juros para trazer o valor futuro
à base do valor presente. Por exemplo, o valor do lucro é projetado para o mês
de dezembro, mas deve ser avaliado para o início do ano, com o uso do cálculo
do valor presente. As bases para a avaliação e análise são diferentes. O valor
do lucro de R$ 100.000,00 hoje, como exemplo, não possui o mesmo poder de
compra para o mês de dezembro do período anual avaliado.
Procure analisar alguns produtos, avalie o seu valor à vista e as
demais condições de pagamentos oferecidas pela empresa. Verifi que
o quanto é pago de juros.
3.4 A CALCULADORA FINANCEIRA HP
12C
No mercado fi nanceiro é utilizado o método do cálculo dos juros compostos
na prática dos fi nanciamentos e investimentos. Essa é a tradicional prática dos
juros sobre juros. Nesse tipo de modalidade, para correção dos contratos dos
fi nanciamentos (ou aplicações fi nanceiras, se for o caso), os juros incidem sobre
o capital inicial e os demais valores dos juros acumulam durante todo o período
negociado, inclusive sobre os valores dos juros dos períodos anteriores.
103
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
De acordo com Kuhnen e Bauer (1994, p. 69), “em capitalização composta,
os juros aumentam a cada período de capitalização exatamente o valor dos juros
produzidos pelos juros do período imediatamente anterior”.
Conforme Hoji (2000, p. 70), no regime de juros compostos, “[...] os juros
produzidos em cada período são integrados ao capital constituído no início dos
respectivos períodos, para produzirem novos juros nos períodos seguintes, ou
seja, no regime de juros compostos, incidem juros sobre capital inicial e sobre os
próprios juros”.
Como a prática dos cálculos dos juros está bastante difundida na atualidade
e muitos profi ssionais precisam dominar essa área do conhecimento, eles utilizam
uma maneira prática, que é o uso da calculadora fi nanceira HP 12C.
FIGURA 1 – CALCULADORA FINANCEIRA HP 12 C
FONTE: <https://play.google.com/store/apps/details?id=com.
hp.hp12c&hl=pt_BR>. Acesso em: 2 maio 2020.
Observe que na primeira fi leira, nas cinco primeiras teclas (da esquerda
para a direita), o gestor fi nanceiro faz uso dessas funções para calcular os juros
compostos. Veja a função de cada tecla a seguir:
n – tecla utilizada para registrar o período contratual.
I – utilizada para registrar a taxa negociada no contrato.
PV – utilizada para registrar o capital inicial ou o valor presente ou atual do
contrato.
PMT – utilizada para registrar os valores das prestações negociadas.
FV – utilizada para registrar o valor futuro ou o montante do fi nal do contrato.
104
Finanças CorporatiVas
Fique atento! A regra para o cálculo dos juros simples é
exatamente a mesma a ser adotada para o cálculo dos juros
compostos.
• Se a taxa negociada no contrato for mensal, o período a
ser calculado também deverá estar especifi cado em meses. Por
exemplo: temos uma taxa negociada em 3% ao mês por um período
de 45 dias. A taxa a ser registrada para o cálculo será 3% ao mês e o
período a ser registrado para o cálculo deverá ser apurado utilizando
os dias e dividindo por 30 dias do mês. Logo, 45 dias dividido por 30
dias, o resultado será o período de 1,5 mês.
• A taxa, se estiverinformada em percentual, deverá ser dividida
por 100 para formar um algarismo decimal ou unitário.
3.5 COMO CALCULAR O PERÍODO “N”
Quando for calculado o período de um contrato de fi nanciamento, esse
termo “período” é denominado pela letra “n”, que determina o tempo de duração
da transação fi nanceira. Esse período pode ser diário, mensal, anual ou outro
previamente especifi cado em contrato.
Vamos buscar a contribuição em Kuhnen e Bauer (1994, p. 70), que afi rmam
que “são intervalos de tempo preestabelecidos, fi ndos os quais são calculados os
juros que, somados ao capital, formam um novo valor atual, valor presente, capital
(PV), para o próximo período, ou melhor, para o próximo intervalo”.
Como apurar o período “n” utilizando a fórmula? É importante dominar essa
ferramenta, pois no caso de o profi ssional não “ter em mãos” uma calculadora HP
12C, é sempre viável conhecer as técnicas dos mesmos procedimentos, porém,
utilizando fórmulas.
A fórmula do tempo (n) é a seguinte:
105
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Logo:
ln = Logaritmo Neperiano ou Natural
FV = Future Value (Valor Futuro)
PV = Present Value (Valor Presente ou Atual)
i = Taxa
n = Número de Períodos
Exemplo: a empresa de Tecidos Leve e Solto realizou um investimento
com capital inicial de R$ 58.000,00, e este valor foi aplicado a uma taxa de juros
composta de 1,00% ao mês e, após determinado período, resultou no valor fi nal
de R$ 63.433,75. Identifi que por quantos meses o valor fi cou aplicado.
• NOTA: dividir a taxa por 100 e lançar os dados na fórmula.
106
Finanças CorporatiVas
Esse tipo de operação exigirá conhecimentos sobre o logaritmo
natural ou logaritmo neperiano (ln).
Para isso, deve-se primeiro dividir o montante (FV) pelo valor
presente (PV). O próximo passo é dividir a taxa por 100 e somar o
resultado a 1 para extrair também o logaritmo natural.
Para encerrar a operação é necessário dividir o primeiro
resultado pelo segundo resultado encontrado.
Na calculadora científi ca, a tecla Ln (logaritmo natural) fi ca ao
lado da tecla log.
Na planilha eletrônica EXCEL, o Ln é localizado em “INSERIR
FUNÇÃO MATEMÁTICA E TRIGONOMÉTRICA.
Na calculadora fi nanceira HP 12C, esta operação pode ser realizada da
seguinte forma:
Tecle ON – para ligar a calculadora.
F CLx – primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória.
n = (esse é o resultado que se deseja apurar)
i = 1,0
PV = 58.000,00 CHS (para transformar número positivo em número negativo)
FV = 63.433,75
Ou
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx – primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória.
58.000,00 CHS PV
63.433,75 FV
1,0 i
Tecle n (o resultado para ser encontrado será 9. Portanto, 9 meses).
107
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Atente que ao registrar o valor de entrada no PV, deve-se
primeiramente pressionar a tecla CHS para inserir o sinal negativo (-)
e, depois, a tecla PV. Exemplo: 58.000 CHS PV.
Outra peculiaridade da calculadora fi nanceira HP 12C é que o
tempo é arredondado, pois não existe período fracionado.
3.6 COMO CALCULAR O VALOR E A
TAXA DE JUROS “I”
A remuneração de um contrato de empréstimo é realizada com a negociação
de um percentual, que se chama taxa.
Com a aplicação da fórmula para apurar a taxa, temos que desenvolver os
seguintes passos:
Vamos prosseguir com o exemplo anterior, porém, nesse caso, iremos apurar
a taxa. Lembre-se, quando apuramos o período no exemplo anterior, utilizamos a
taxa em 1%.
Vamos conferir o resultado com a utilização da fórmula.
Foi aplicado no regime de juros compostos um capital no valor de R$
58.000,00, que, após 9 meses, obteve um rendimento totalizando um montante de
R$ 63.433,75. Apure qual foi a taxa de aplicação mensal.
108
Finanças CorporatiVas
Observe que, conforme o cálculo anterior, o primeiro passo é dividir o
montante (FV) pelo valor presente (PV). Depois, elevar o resultado da divisão de
1 pelo tempo (esse tempo é expresso em meses). O próximo passo é elevar os
resultados encontrados, subtrair 1 do novo resultado encontrado e multiplicar o
resultado fi nal por 100. Assim, encontra-se o percentual (%) da taxa de juros.
O mesmo tipo de cálculo pode ser realizado com a utilização da calculadora
fi nanceira HP 12C, pressionando as seguintes teclas:
F CLx Primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória.
n = 9
i = (é o resultado a ser encontrado)
PV = 58.000,00 CHS (para transformar número positivo em número negativo)
FV = 63.433,75
Ou
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx Primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória.
109
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
58.000,00 CHS PV
63.433,75 FV
9 n
Tecle i
O resultado apresentado será 1,00, que é o % de juros mensais negociado
no seu contrato.
Devemos tomar o cuidado de sempre registrar o capital com
valor negativo (CHS PV) e o valor futuro (FV) com sinal positivo na
calculadora fi nanceira HP 12C.
3.7 COMO CALCULAR O VALOR
PRESENTE “PV”
Em fi nanças corporativas, o Valor Presente ou Capital Inicial investido é
utilizado para avaliar o rendimento ao longo de um tempo, ou se você souber
o valor fi nal retornado para a empresa, é possível apurar o valor investido
inicialmente utilizando as demais premissas, como taxa de juros e período de
investimento. Sua fórmula é a seguinte:
FV = PV XX (1 + i)n
Isso quer dizer que ao investir determinado valor e multiplicá-lo pela
somatória do coefi ciente 1 (100% do valor fi nal) com a taxa aplicada elevada à
potência do período, é possível apurar o valor futuro, ou se você tiver o valor
futuro, a taxa negociada e o período negociado, você consegue apurar o valor
presente ou capital inicial investido.
Vejamos o seguinte exemplo:
Determinado investidor resolveu aplicar um valor de capital e obteve de
montante o valor de R$ 158.114,80.
Pergunta-se: qual é o valor inicial aplicado, ao considerar o tempo da
aplicação em 3 anos, com a taxa de 2,5% ao mês no regime de juros compostos?
110
Finanças CorporatiVas
Nunca se esqueça de primeiro somar 1 + 0,025, que é o
coefi ciente dos 100% do capital inicial, justamente o que se quer
descobrir somado ao percentual de rendimento ao mês. Em seguida,
elevar este resultado ao número de meses do período que está sendo
apurado, que nesse exemplo é de 36 meses. Com este resultado,
aplicar o conceito da matemática básica, que é colocar em evidência
o PV separado dos numerais. Desta forma, o PV passa para antes
do sinal de igual e os valores permanecem depois do sinal de igual.
Exemplo: PV = R$ 158.114,80 / 2,432535316. Feito isso, o resultado
apurado para o valor presente é de R$ 65.000,00.
Vamos ao desenvolvimento do cálculo com a utilização da seguinte fórmula:
• Ajuste de tempo para mês: 3 anos = 36 meses (3 x 12).
• Não podemos esquecer de transformar a taxa em algarismo
decimal (2,50/100 = 0,0250).
FV = PV XX (1 + i)n
R$ 158.114,80 = PV XX (1 + 0,0250)36
R$ 158.114,80 = PV XX 2,432535316
PV = R$ 158.114,80 / 2,432535316
PV = R$ 65.000,00
Os procedimentos para a resolução do cálculo com o uso da calculadora
fi nanceira HP 12C seguem os seguintes passos:
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx Pressionar F depois CLx para limpeza de memórias.
Período = 36 n
Taxa = 2,50 i
Valor Futuro (já conhecido) = 158.114,80 CHS FV (aperte a tecla CHS antes do
111
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
FV para efetuar o registro com valor negativo, pois o que se quer descobrir é o
valor do investimento inicial, que resultará em valor positivo).
Tecle PV (o resultado apurado para o valor presente é de R$ 80.000,00).
Ao pressionar a última tecla com o PV (valor presente), é
possível apurar a prova real com o processoinverso. Registre o
capital encontrado no PV (65.000 CHS PV) e apure o montante FV
para verifi car se o resultado é R$ 158.114,80.
3.8 COMO CALCULAR O VALOR
FUTURO “FV”
Outro item muito interessante que se pode apurar com o uso da calculadora
fi nanceira HP 12C ou pela fórmula é o valor fi nal do investimento, ou seja, quanto
rendeu o valor aplicado acrescido ao valor dos juros desse rendimento.
Dessa forma, o valor futuro ou montante é igual ao capital inicial acrescido ao
valor dos juros gerados durante o período aplicado.
A fórmula é a seguinte:
Vejamos um exemplo:
Apure o montante da aplicação de determinado capital de R$ 100.000,00 a
uma taxa de 3,25% ao mês durante 2 anos no regime de juros compostos.
• Ajuste do tempo para mês: 2 anos = 24 meses.
• Ajuste da taxa em percentual para número decimal: 3,25/100 =
0,0325.
112
Finanças CorporatiVas
Ao utilizarmos a fórmula, teremos o seguinte resultado como valor futuro.
FV = PV XX (1 + i)n
FV = R$ 100.000,00 XX (1 + 0,0325)24
FV = R$ 100.000,00 XX 2,154574164
FV = R$ 215.457,42
Nesse procedimento, devemos tomar cuidado para que no primeiro passo
seja somado o percentual dos juros ao coefi ciente 1, para gerar o montante.
Nesse caso, somar (1 + 0,0325) para, em seguida, elevar o resultado
encontrado a 24 (que é o número de meses, pois a taxa também é mensal).
Em seguida, multiplique o valor encontrado pelo capital para apurar o
montante fi nal.
Ao realizarmos os procedimentos para apurarmos o mesmo resultado dessa
mesma operação, porém, com o uso da calculadora fi nanceira HP 12C, podemos
fazer o cálculo da seguinte forma:
Tecle ON: para ligar a calculadora.
Período = 24 n
Taxa = 3,25 i
Valor Presente (já conhecido) = - 100.000,00 (deve-se digitar 100.000,00 CHS
PV para registrar o valor negativo)
PMT = 0,00
FV = R$ 215.457,42
Sempre limpe a memória com o comando F CLx para apagar registros
anteriores antes de iniciar o cálculo.
O ideal é registrar o PV com sinal negativo. É uma particularidade da
calculadora HP 12C, uma vez que no valor fi nal apresentará o resultado positivo.
Ao registrar o valor no PV, deve-se digitar o valor do capital, em seguida,
pressionar a tecla CHS (a calculadora HP 12C registrará a entrada com sinal
negativo), depois, pressionar a tecla PV. Exemplo: 100.000 CHS PV.
Todos esses exemplos de cálculos fi nanceiros nos permitem encontrar
o percentual dos juros, ou do período aplicado, valor inicial aplicado ou valor
acumulado fi nal. Além disso, em fi nanças corporativas, existem algumas decisões
que o gestor fi nanceiro pode tomar ao negociar prazos ou ainda contribuir com
o setor de compras da empresa por intermédio de avaliação e identifi cação de
113
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
uma melhor opção para aceitar ou não determinada condição para aquisição de
mercadoria. Aprenderemos esses conceitos e ferramentas com o uso de planilhas
a seguir.
3.9 DECISÕES SOBRE COMPRAS A
PRAZO (QUAL É A MELHOR OPÇÃO)
Os conhecimentos adquiridos com relação aos prazos de recuperação dos
tributos e do custo do dinheiro nos permitem uma melhor avaliação das alternativas
de compras. Por sua vez, a avaliação da melhor alternativa de compra deve ser
precedida de cálculos específi cos e que levam em consideração os prazos e
também o custo do dinheiro no tempo. Antes de fazer qualquer comparativo, para
conhecer a melhor opção de compras, faz-se necessário verifi car quais cálculos
devem ser realizados e entendê-los, conforme demonstraremos a seguir.
QUADRO 4 – CUSTO LÍQUIDO DE AQUISIÇÃO DE MERCADORIA
PARA REVENDA A VALOR PRESENTE. COMERCIAL VAREJISTA
SITUADO NO ESTADO DE SANTA CATARINA
FONTE: O autor
Para entendimento dos dados que integram o Quadro 4, serão apresentados
os seguintes esclarecimentos essenciais.
Os campos “sombreados” em cinza são os que deverão ser preenchidos ou
alterados em função da realidade envolvida.
114
Finanças CorporatiVas
O exemplo refere-se a uma empresa comercial varejista optante pela
tributação do lucro pela alternativa lucro real.
A taxa fi nanceira utilizada no exemplo de 1,20% ao mês é hipotética. A cada
cálculo é recomendável verifi car qual a % (percentagem) a ser considerada.
Verifi que com o seu gerente fi nanceiro.
Os tributos passíveis de crédito dependem das circunstâncias da compra e
destinação dos produtos.
Tratando-se de empresa supermercadista, por exemplo, a recuperação do
IPI não é aplicável, e os percentuais de tributos e os dias de prazo para recuperá-
los deverão ser periodicamente confi rmados com o seu prestador de serviços
contábeis.
Afi nal, para que servem estes cálculos? Qual é a utilidade? Para responder a
essas questões, mais algumas perguntas são necessárias:
• Há mais fornecedores no mercado para este mesmo produto?
• São fabricantes ou distribuidores/atacadistas?
• Estão enquadrados no Simples Nacional, Lucro Real ou Lucro
Presumido?
• Estão localizados dentro ou fora do estado?
• Quais preços estão praticando?
• Quantos dias de prazo estão concedendo para pagamento da fatura?
• O fornecedor vende FOB ou CIF (quem paga o frete? O comprador ou o
vendedor?)?
• Sendo vários, de qual destes fornecedores é mais vantajoso comprar?
A importância dos cálculos a valor presente está no fato de que
apenas as mesmas unidades de medida são comparáveis entre si, o
que é relevante numa decisão de compra.
De acordo com o modelo proposto, o valor da matéria-prima
adquirida em 15/04/2020 é de R$ 12,94, acrescido do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados) em 15%, o que perfaz um valor de
R$ 1,941 do IPI.
Por sua vez, o valor da peça em R$ 12,94, acrescido do valor
do IPI em R$ 1,941, representa o valor total em R$ 14,881, que é o valor total da
nota fi scal a ser paga ao fornecedor em 28 dias, porém, o objetivo desse cálculo é
saber seu real valor na data zero, ou seja, pelo valor presente.
A importância dos
cálculos a valor
presente está
no fato de que
apenas as mesmas
unidades de medida
são comparáveis
entre si, o que é
relevante numa
decisão de compra.
115
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Assim, o valor de R$ 14,881 trazidos ao valor presente em 28 dias representa
um valor à vista ou na data zero em R$ 14,716.
O mesmo ocorre com o valor do frete, que tem o seu vencimento em 15
dias e, ao trazer a valor presente, o seu custo da compra é diferente do valor que
consta no conhecimento do frete.
O crédito do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) se
dará apenas em 25 dias, pois como a mercadoria foi adquirida em 15/04/2020 e o
crédito do ICMS ocorrerá apenas no dia 10/05, signifi ca que esse crédito tributário
será realizado apenas em 25 dias.
A mesma situação ocorrerá para o PIS (Programa de Integração Social) e
a COFINS (Contribuição ao Financiamento da Seguridade Social), que tem o
vencimento no dia 25/05/2020 e, portanto, o crédito tributário ocorrerá em 40 dias.
Diante disso, há a necessidade de realizar o cálculo do custo a valor presente da
compra da mercadoria adquirida por uma empresa do comércio varejista. Neste
caso, a empresa varejista não tem direito para o crédito tributário do IPI, apenas
do ICMS, PIS e COFINS.
Sobre o cálculo do valor presente do produto com o IPI, temos:
Vamos esclarecer o passo a passo do cálculo a valor presente do produto:
1) O valor dos produtos, acrescido do IPI, está na ordem de R$ 14,881,
que deve ser dividido por 1 + a taxa do período, elevado à potência do
período, que são 28 dias.
2) O valor de R$ 14,881 deverá ser dividido por 1,0120 (taxa de 1,20%
116
Finanças CorporatiVas
ao mês transformado em numerais decimais em 1,0120). O coefi ciente
1,0120 deverá ser elevado à potência de um período mensal, ou seja,
28 dias dividido por 30 dias, que representam o resultado de 0,93333
meses.
3) O resultadode 1,0120 elevado à potência de 0,93333 apurará o valor de
1,011195539.
4) Por fi m, o valor do produto em R$ 14,881 deverá ser dividido por
1,011195539.
5) O resultado apurado será de 14,716 como valor à vista ou na data 0
(zero).
O valor do ICMS, do PIS e da COFINS segue a mesma sistemática do valor
do produto. Vejamos os cálculos do ICMS.
Vamos esclarecer o passo a passo do cálculo a valor presente do produto:
1) O valor do ICMS destacado na nota fi scal é de R$ 1,578, que deve ser
dividido por 1 + a taxa do período, elevado à potência do período, que são
25 dias para ocorrer o crédito tributário do ICMS (crédito tributário ocorre
no fato gerador do pagamento da guia do ICMS pela diferença entre o
valor apurado do ICMS das Vendas descontado o ICMS das Compras).
Nota: no ato da Compra existe o Crédito tributário futuro quando ocorrer
o pagamento da guia respectiva do ICMS.
2) O valor de R$ 1,578 deverá ser dividido por 1,0120 (taxa de 1,20% ao
mês transformada em numerais decimais se transforma em 1,0120). O
coefi ciente 1,0120 deverá ser elevado à potência de um período mensal,
ou seja, 25 dias dividido por 30 dias, que representam o resultado de
0,83333 meses.
117
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
3) O resultado de 1,0120, elevado à potência de 0,83333, apurará o valor
de 1,009990046.
4) Por fi m, o valor do produto em R$ 1,578 deverá ser dividido por
1,009990046.
5) O resultado apurado será de 1,562 como valor à vista ou na data 0
(zero).
Não faremos o desenvolvimento dos cálculos do valor do Frete,
PIS e COFINS, uma vez que a operacionalização matemática é a
mesma.
Ao fi nal desse exemplo do valor da compra, apuramos o respectivo valor à
vista, ou na data 0 (zero) em R$ 11,986.
Esses cálculos permitirão comparar cotações de preços obtidas de
fornecedores diversos e defi nir de qual deles comprar, desde que as características
e qualidade do produto sejam as mesmas.
Apenas alguns alertas e/ou lembretes:
• É o empreendedor que defi ne qual taxa fi nanceira considerar nos
cálculos. Ele conhece a sua condição e conhece também quais taxas
fi nanceiras estão sendo praticadas naquele momento pelo mercado,
tanto para emprestar quanto para aplicar dinheiro.
• O direito ou não aos créditos de tributos e correspondentes percentagens
dependem de fatores, que entre outros, podem ser:
º É uma microempresa ou empresa de pequeno porte, enquadrada no
Simples Nacional?
º É uma empresa que tributa seus resultados pelo lucro real, ou optante
pela tributação dos resultados pelo lucro presumido?
º A que se destina o produto ou mercadoria adquirida (industrialização,
revenda ou consumo)?
º Caso se destine à industrialização, o produto fi nal será ou não alcançado
pelo IPI?
º Os dias de prazo para recuperação dos tributos precisam ser
periodicamente revisados com o seu prestador de serviços contábeis.
Avalie todos esses casos com o seu contador.
118
Finanças CorporatiVas
A decisão quanto à taxa fi nanceira a ser utilizada é uma questão controversa:
a) Taxa (%) de remuneração das aplicações no mercado fi nanceiro; e/ou
b) Taxa (%) que onera os empréstimos tomados no mercado fi nanceiro.
Há momentos em que se recomenda a adoção da primeira alternativa e
outros em que se recomenda a segunda. Como terceira alternativa, pode-se
ainda utilizar a taxa líquida interna, a qual resulta da soma algébrica dos encargos
fi nanceiros, diminuídos das receitas fi nanceiras.
Vamos utilizar três opções de compras e avaliar qual seria a melhor?
Com esta operação você poderá compreender da maneira mais prática e
objetiva possível de que forma o gestor fi nanceiro da empresa pode contribuir
para a negociação das compras.
QUADRO 5 – PLANILHA PARA CÁLCULO DO CUSTO LÍQUIDO DE
AQUISIÇÃO DE MERCADORIA PARA INDUSTRIALIZAÇÃO A VALOR
PRESENTE E IDENTIFICAÇÃO DA MELHOR OPÇÃO DE COMPRA
FONTE: O autor
Conforme se percebe no quadro anterior, o preço mais alto, que é o do
Fornecedor “B”, da fábrica RRR, do Rio Grande do Sul, nem sempre será o de
119
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Observe que as maiores diferenças não estavam entre os
valores dos produtos ou dos percentuais dos impostos e do frete.
Muito menos nos prazos do crédito tributário e nem do frete. O
diferencial que levou a esse interessante resultado foi o prazo
negociado com o fornecedor. Lembre-se: o segredo está em negociar
maiores prazos com o fornecedor. É melhor pagar os fornecedores
com prazos maiores e receber os valores dos clientes com prazos
menores. Isso gera CAIXA. Difi cilmente as transportadoras negociam
prazos muito maiores e os créditos tributários possuem suas datas
fi xadas em lei.
maior custo. Propositalmente, na simulação feita, o maior preço acabou sendo o
custo mais baixo. Você poderia responder por quê? Leia a resposta a seguir.
Antes de prosseguir, apenas reforçaremos que a sistemática do cálculo a
valor presente de cada item nas três cotações segue exatamente as mesmas
regras que foram estudadas no exemplo da compra à vista, que resultou no valor
de R$ 11,986, que foi estudado anteriormente.
Como se pode observar, são muitas as variáveis que precisam ser
consideradas simultaneamente.
Pergunta-se: a sua empresa vem realizando tais cálculos? O preenchimento
dos dados nos espaços “sombreados” em cinza no quadro anterior requer
extrema atenção. Qualquer erro conduzirá à conclusão não correta e poderá
causar prejuízo à empresa.
Nas empresas em geral, normalmente os valores envolvidos com compras
são signifi cativos, isto é, envolvem grande soma de dinheiro. No exemplo do
Quadro 5, utilizamos valores com menos casas decimais apenas a título de
exemplo. A recomendação é: calcular com profi ssionalismo e com os cuidados
requeridos, sem nunca se esquecer de continuamente verifi car as possíveis
alterações na legislação fi scal com o seu prestador de serviços contábeis.
120
Finanças CorporatiVas
1 Em que momento o gestor fi nanceiro deverá se preocupar em
aplicar os recursos fi nanceiros do caixa em opções de fundos de
investimentos no mercado fi nanceiro?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________.
2 Ao negociar com os fornecedores as compras das matérias-
primas para a empresa, qual é o aspecto mais importante a ser
levado em consideração para decidir a melhor opção de compra?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.
4 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Agora, estudaremos a viabilidade de investimentos em determinados ativos
da empresa. O objetivo é perceber se tais projetos possuem o mesmo grau de
retorno e por que esse tipo de investimento se torna atrativo. Para que a empresa
possa apresentar um retorno interessante, é salutar que os gestores mantenham
um determinado valor em recursos de capital de giro, que pode estar mensurado
em estoques para gerar vendas futuras, ou contas a receber de clientes para
geração de caixa ao longo dos meses, ou até mesmo alguma reserva fi nanceira
em conta bancária para suprir necessidades urgentes.
Primeiramente, estudaremos os dois tipos de projetos de investimentos, que
são os projetos independentes e os mutuamente excludentes.
Os projetos independentes não possuem nenhuma correlação nas decisões
da escolha por um projeto ou outro, por exemplo, a escolhaentre dois modelos de
caminhão para entrega. Martins e Assaf Neto (1986, p. 415) afi rmam que:
121
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
[...] para que dois ou mais projetos de investimentos sejam
considerados como independentes, duas situações deverão
simultaneamente ocorrer:
a) A possibilidade física de implementação de um projeto não
anula uma possível aceitação de outros.
b) Os benefícios produzidos por um projeto não infl uenciam
(e também não são infl uenciados) as decisões (aceitar ou
rejeitar) que vierem a ser tomadas com relação aos demais.
Também temos no campo dos estudos das fi nanças corporativas os projetos
mutuamente excludentes, os quais recebem esta denominação por serem
exclusivos. Ao se aceitar um projeto, automaticamente se elimina o outro.
Essa decisão somente é possível ao se avaliar se determinado projeto
é mais vantajoso que o outro e, por fi m, acaba eliminando os menos viáveis
fi nanceiramente, por exemplo, um projeto de expansão da produção.
Na afi rmação de Martins e Assaf Neto (1986, p. 415), “investimentos
mutuamente exclusivos ocorrem quando a aceitação de uma proposta elimina
totalmente a possibilidade de implementar outra”.
Em fi nanças corporativas, os métodos de avaliação dos projetos são
utilizados para saber o retorno de um investimento, avaliando se determinado
projeto está em condições de ser viável ou não para o investidor.
Projetos de investimentos devem ser considerados com o uso de cálculos do
tempo de retorno de um investimento, saber em quanto tempo o projeto gerará
caixa para a empresa.
De acordo com o orçamento de investimentos, o gestor fi nanceiro deverá
saber quanto aplicará de capital em um projeto, além de saber a identifi cação
da capacidade instalada e a previsão das receitas de vendas e dos gastos. Com
esses dados, já é possível identifi car em quanto tempo (meses ou anos) esse
investimento se paga com a geração do caixa para a empresa.
Bodie, Kane e Marcus (2000, p. 141) afi rmam que:
Uma vez determinados os objetivos e as limitações, pode ser
formulada uma política de investimento que sirva ao investidor.
Essa política deve refl etir um perfi l de risco/retorno apropriado,
assim como as necessidades para liquidez, geração de renda
e posicionamento tributário.
122
Finanças CorporatiVas
Tanto o gestor fi nanceiro como o investidor ou o empreendedor deverão
conhecer o mercado de atuação, a política tributária, o mercado concorrente,
as taxas de câmbio, entre outras áreas que poderão afetar a avaliação de
investimentos.
4.1 ORÇAMENTO DE CAPITAL
O orçamento de capital envolve uma análise detalhada da geração do fl uxo
de caixa projetado como forma de analisar e selecionar o projeto de investimentos
mais viável a ser implantado. O gestor fi nanceiro pode estar à frente da decisão
de investir em um projeto mais barato, mas pode acontecer de o retorno do
investimento ser muito mais demorado do que um projeto que requer investimento
elevado com geração de retorno mais rápido. Contudo, é necessário saber se a
empresa possui os recursos fi nanceiros disponíveis para o investimento de valor
maior.
O orçamento visa justamente planejar algo para o futuro, com o objetivo de
prever oportunidades satisfatórias futuras, e a busca pela melhor alternativa reside
naquela que melhor se adapta à empresa ao se realizar diversas comparações
dos resultados projetados em vários projetos.
Para Kuhnen e Bauer (1994, p. 387), “o conceito de Análise de Investimentos
pode hoje ser um conjunto de técnicas que permitem a comparação entre os
resultados de tomada de decisões referentes a alternativas diferentes de uma
maneira científi ca”.
Quando realizamos os estudos do Ativo no Capítulo 1 deste livro de estudos,
verifi camos que os investimentos são reconhecidos contabilmente no grupo do
Imobilizado, em contas contábeis com a descrição de: máquinas e equipamentos,
veículos, prédios ou móveis e utensílios.
Os recursos alocados nestes tipos de Imobilizado são enormes, envolvem
um elevado valor em dinheiro, mas são importantes para a empresa por estarem
ligados única e exclusivamente às atividades operacionais da empresa.
Os investidores e os gestores fi nanceiros devem sempre se questionar se
esses investimentos realmente valem a pena, se realmente trazem o retorno
desejado, e por assim dizer, tornar esse volume de investimentos como sendo
viável e rentável.
123
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
De acordo com Kuhnen e Bauer (1994, p. 387), “neste sentido é que muitos
autores consideram que a Engenharia Econômica é, em boa parte, uma aplicação
das técnicas de Matemática Financeira nos problemas de tomada de decisões,
envolvendo análise de investimentos, substituição de equipamentos e mesmo o
estudo da depreciação”.
Para o investidor tomar alguma decisão com relação a investir em
determinado imobilizado ou não, deverá sempre avaliar alguns aspectos como:
a) se é viável o investimento e se este permitirá ampliar o mercado da empresa,
b) se os investimentos em novas máquinas serão mais compensadores que os
atuais gastos com manutenção das máquinas que a empresa já possui, c) se
novos produtos dependem de novas tecnologias ou não, ou se é possível criar
novos produtos com o maquinário que a empresa já possui, d) se os novos
investimentos terão impacto ambiental.
Além disso, existem tipos diferentes de projetos de investimentos, mas isso é
o que veremos a seguir.
4.1.1 Payback
O Payback é uma interessante ferramenta para a análise de investimentos,
pois apura o tempo do retorno dos investimentos, adotando perspectivas de
retorno de investimentos com taxa de atratividade ao custo do capital investido e
não pode estar muito além ou aquém das taxas praticadas pelos órgãos ofi ciais,
como o Banco Central.
Não existe nenhum acordo entre os investidores que entendem que um
investimento somente é viável se a taxa de risco e retorno seja inferior ou superior
a 6% ao ano, ou 8% ao ano, entre outros aspectos.
A avaliação desse retorno deve estar relacionada única e exclusivamente
com a área de atuação da empresa, pois há segmentos de mercado que exigem
altos volumes de investimentos e outros nem tanto.
Caso um investidor/empreendedor queira ganhar, por exemplo, 11% ao ano,
líquido de impostos, aplicando seus recursos numa empresa, poderá fazer as
seguintes contas:
124
Finanças CorporatiVas
QUADRO 6 – REMUNERAÇÃO COMPARATIVA DO INVESTIMENTO
FONTE: O autor
Uma atividade comercial (loja ou supermercado), via de regra, exige menor
investimento que o requerido para uma indústria. Na atividade comercial, o
giro tende a ser mais rápido comparativamente com o que ocorre na atividade
industrial. Em uma hipotética indústria têxtil o processo produtivo poderá se iniciar
com a conversão do algodão em fi o e na sequência em tecido, tecido estampado,
tecido cortado e fi nalmente lençol. Em um supermercado, hipoteticamente, os
produtos entram e são vendidos em curto espaço de tempo, sem demanda de
processamentos adicionais.
O faturamento de um supermercado, comparando-se ao de uma
indústria que recebeu idêntico montante de investimento, deverá ser
signifi cativamente maior em razão do giro das vendas.
Para atingir o mesmo ganho anual, via atividade empresarial,
faz-se necessário comparar o investimento feito com a receita
estimada/orçada para o exercício sob apreciação. Encontrar-se-á,
desta maneira, o percentual (%) de lucro líquido a ser praticado,
calculado com base no faturamento.
Quando o assunto é lucro líquido, entende-se lucro fi nal, ou
seja, aquele encontrado depois de deduzidos os tributos devidos. Recomenda-
se discutir este assunto com o seu contador, pois lucrotem também conceito
contábil.
O lucro tem relação com os preços de venda, e este, no contexto das
organizações, vem sofrendo mudanças signifi cativas. A condução dos negócios
mudou completamente no mundo, resultante do progresso nas comunicações e
O faturamento de
um supermercado,
comparando-se ao
de uma indústria
que recebeu
idêntico montante
de investimento,
deverá ser
signifi cativamente
maior em razão do
giro das vendas.
125
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
informática. O avanço permite a transmissão, em tempo real, de desenhos, fotos,
gráfi cos etc., sem difi culdades para imprimi-los no local de destino.
Com isso, o potencial fornecedor que antes, por necessidade de comunicação
com o cliente, tinha que estar próximo, a partir destes avanços, pode estar
fi sicamente em qualquer local geográfi co do planeta.
Sem dúvidas, os progressos signifi cativos e com as reduções nos custos de
utilização destes recursos de comunicação, as organizações passaram a poder
transmitir dados, independentemente de seu porte. Todas puderam começar a
fazer negócios de forma mais dinâmica.
A dinâmica nas negociações atuais é diferente das anteriores, caracterizando,
entre outros aspectos, que:
• os preços de venda são valores fi nitos. Não se consegue praticar valores
superiores aos aceitos pelo mercado globalizado;
• o lucro, antes dependente, tornou-se dominante e faz “guerra” para
garantir o seu espaço, conforme determinado pelo investidor; e
• os custos e despesas, que se não bem controlados, tornam-se infi nitos,
passaram a exigir atenção maior daquela que até então se praticou.
O quadro a seguir mostrará estes conceitos.
QUADRO 7 – A BUSCA DO “SEU” ESPAÇO
FONTE: O autor
4.1.2 Método payback descontado
(PBD)
Como os recursos alocados no investimento não são gratuitos, devemos
incluir seus custos ao longo do prazo da análise do projeto de investimento. Há
duas maneiras de incluir os custos:
126
Finanças CorporatiVas
• Acumulação do Valor Presente em cada ano do projeto.
• Saldo do Projeto com carregamento anual dos juros.
Vamos nos ater apenas ao primeiro método, que consiste em incluir o custo
de capital ao longo do prazo de análise do projeto de investimento. Na prática,
signifi ca trazer todas as entradas do fl uxo de caixa para a data t = 0, ou, em
outras palavras, trazê-las para um valor presente.
Exemplo: calcular o payback descontado considerando que o custo
de capital da empresa é de 12% a.a. e o prazo máximo aceito para retorno do
investimento é de 4 anos:
QUADRO 8 – EXEMPLO DE PAYBACK DESCONTADO
FONTE: O autor
Fórmula matemática para calcular o valor presente:
Cálculo pela HP 12:
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx – pressionar F depois CLx para limpeza de memórias.
120.000 CHS FV
12 i
1 n
PV? – 107.143
127
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Para calcular os demais valores, basta inserir o novo valor em PV e o novo
período em “n”. A taxa permanece a mesma. Pergunta-se o novo PV.
Exemplo: continuando o exercício, para saber o valor presente de R$
150.000 do ano 2:
Cálculo pela HP 12:
Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx – pressionar F depois CLx para limpeza de memórias.
150.000 ENTER CHS FV
2 n
PV? – 119.579
Para apurar o PBD, devemos utilizar o último ano do fl uxo de caixa negativo
e somar ao resultado da divisão entre o valor desse fl uxo de caixa negativo
(transformá-lo em saldo positivo) pela próxima entrada do fl uxo de caixa a valor
presente, que está no ano 6.
PBD = 5 + 5.994 = 5 + 0,7 = 5,07 anos (0,07 de 12 meses) = 0,84 de 1 mês,
91.194 0.84 x 30 = 25 dias.
Signifi ca que o investimento se pagará em 5 anos e 25 dias.
Critério do método do Payback Descontado: o procedimento para aplicar o
método do payback descontado é equivalente ao procedimento realizado no caso
do PBS. Começamos por estabelecer o prazo máximo tolerado pela empresa
para recuperar o capital investido. Por exemplo, se o prazo tolerado for igual a 3,5
anos, para que um projeto seja aceito deve apresentar um valor de PBD menor
ou igual a 3,5 anos. Resumindo:
• Se PBD do projeto < PBD máximo, deve-se aceitar o projeto.
• Se PBD do projeto = PBD máximo, deve-se aceitar o projeto.
• Se PBD do projeto > PBD máximo, deve-se rejeitar o projeto.
Análise do método do PBD: a vantagem do método do PBD é considerar o
valor do dinheiro no tempo, pois o cálculo do PBD é realizado considerando o
custo de capital da empresa. Esse resultado tem os seguintes signifi cados:
• O valor do PBD pode ser interpretado como o prazo de recuperação do
investimento remunerado no valor da taxa de juros que representa o
custo de capital.
128
Finanças CorporatiVas
• O método do PBD continua tendo as desvantagens de não considerar
todos os capitais do fl uxo de caixa, de ter que defi nir de forma subjetiva o
prazo máximo tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência
de aceitar projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar
projetos de maior maturação e alta rentabilidade.
4.1.3 VPL - Valor Presente Líquido
Essa técnica possibilita comparar todas as entradas e saídas de dinheiro na
data inicial de um determinado projeto, mas devemos descontar os valores de
entradas futuras do fl uxo de caixa a uma taxa de juros que remunera o custo de
capital investido.
Para Autran e Coelho (2003, p. 144), “o VPL é uma técnica que procura
identifi car o valor líquido atual de um investimento futuro. Para isso, estabelece-
se uma taxa, chamada de taxa de desconto ou custo oportunidade, para deduzir
os custos que reduziriam os ganhos que tal investimento traria”.
Isso signifi ca que se em determinadas circunstâncias o VPL é positivo
VPL > 0, então a soma na data T = 0 de todo o fl uxo de caixa das entradas
previstas é maior que o valor inicial investido.
De acordo com a teoria do Orçamento de Capital estudada neste capítulo, ao
trabalhar com estimativas futuras de um projeto, é possível identifi car se o capital
inicial investido pode ser recuperado ou não.
O critério do método do VPL para demonstrar a viabilidade do projeto é o
valor presente (T=0) das entradas do fl uxo de caixa previsto ser maior que o valor
presente das saídas (o investimento inicial) calculado com a taxa de juros que
remunera o capital inicial investido.
Esse método do VPL (Valor Presente Líquido) é semelhante ao método do
payback descontado (PBD), pois o saldo fi nal do projeto é o retorno do valor
inicialmente investido, é o que sobra no fl uxo de caixa.
129
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Se um projeto de investimento é aceito pelo método de apuração
do PBD, o valor do VPL deverá ser positivo, isto é VPL > 0.
Vamos apurar um exemplo de investimento inicial de R$ 550.000,00 e fl uxos
líquidos de caixa. Verifi que se esse projeto é viável, sabendo que a taxa de custo
de capital é de 10% a.a.
QUADRO 9 – EXEMPLO DE INVESTIMENTO INICIAL
FONTE: O autor
Se o cálculo for efetuado na calculadora HP 12C, deve-se proceder da
seguinte forma:
F REG
R$ 550.000,00 CHS g Cfo
R$ 125.000,00 g CFj
R$ 152.000,00 g CFj
R$ 210.000,00 g CFj
R$ 235.000,00 g CFj
R$ 154.000,00 g CFj
130
Finanças CorporatiVas
R$ 187.000,00 g CFj
R$ 89.000,00 g CFj
10 i f NPV → R$ 254.390,05.
Se o VPL > 0, então o capital investido no valor de R$ 550.000,00,
considerando a taxa de juros de 10% a.a., está sendo recuperado e está gerando
o lucro extra (na data T=0) de R$ 254.390,05, correspondente ao VPL. Portanto,
o retorno deste projeto é maior que 10%. Signifi ca que a empresa aumentará sua
riqueza em R$ 254.390,05 se aceitar o projeto.
4.1.4 TIR - Taxa Interna de Retorno
A TIR é um método que tem profundarelação de análise com o método do
Valor Presente Líquido (VPL), sendo que a sua aplicação consiste em apurar a
taxa de retorno fi nanceiro de um projeto.
Ao ser aplicada em um orçamento empresarial, a TIR visa apurar se o retorno
do investimento é interessante comparado com o retorno desejado dos acionistas.
Conforme Kuhnen e Bauer (1994, p. 413), a taxa interna de retorno é:
A taxa que anula o saldo dos valores atuais do fl uxo de caixa.
Quando analisamos diversas alternativas de investimentos
pelo método de Taxa Interna de Retorno, é necessário
equipararmos o investimento inicial, ou seja, aplica-se a
diferença de investimento (A MENOR) pela taxa mínima de
atratividade nas mesmas condições do investimento base.
Na abordagem de Martins e Assaf Neto (1986, p. 38), “[...] a
TIR, na realidade, é a taxa de desconto que, quando aplicada a uma
série de pagamentos ou recebimentos, gera um resultado igual ao
valor presente (VP) da operação”. Complementando, para Dantas
(1996, p. 105), “a taxa interna de retorno é o segundo método mais
utilizado para calcular a viabilidade de um investimento. Dado o valor
futuro, ela varia inversamente com o valor presente”.
a TIR, na realidade,
é a taxa de desconto
que, quando
aplicada a uma série
de pagamentos ou
recebimentos, gera
um resultado igual
ao valor presente
(VP) da operação”.
Por este método, enquanto o valor da TIR for maior que o valor
do custo de capital (k), o projeto deve ser aceito.
131
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Prosseguiremos com o exemplo do cálculo anterior. Utilizaremos os mesmos
dados e também faremos simulações com outros cenários referentes ao valor da
TIR e da taxa de desconto utilizada.
QUADRO 10 – EXEMPLO DE CÁLCULO
FONTE: O autor
Após apertar a sequência das teclas f NPV na calculadora HP 12C, aperte
as teclas f IRR para apurar a TIR do projeto. Observe que a TIR apurada está em
132
Finanças CorporatiVas
22,8100220234% durante o projeto de 7 anos. Isso quer dizer que a TIR deve
sempre ser MAIOR que a taxa de desconto do cálculo do custo do capital para
gerar o VPL em R$ 254.390,05.
Agora, faremos uma nova simulação, desta vez, utilizando hipoteticamente a
taxa de desconto com a mesma taxa da TIR. Vamos verifi car como fi cará o VPL
do período?
QUADRO 11 – SIMULAÇÃO
FONTE: O autor
133
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
Veja que interessante, não existe riqueza gerada, pois a taxa de desconto é
exatamente o mesmo percentual da taxa de desconto do custo do capital.
Agora, faremos uma nova simulação, em que utilizaremos hipoteticamente
o valor venal (original) das entradas do fl uxo de caixa, exatamente no mesmo
valor do investimento do projeto, aplicando a mesma taxa de desconto utilizada
no cenário da letra (a). Vamos verifi car como fi cará o VPL e a TIR do período?
QUADRO 12 – NOVA SIMULAÇÃO
FONTE: O autor
134
Finanças CorporatiVas
1 Como pode ser interpretado o PBD (Payback Descontado) na
análise de investimentos?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.
2 Ao realizar a análise de investimentos de uma empresa, e a taxa
de desconto aplicada ao custo de remuneração do capital for
exatamente o mesmo percentual apurado na TIR (Taxa Interna
do Retorno), qual é o comportamento do VPL (Valor Presente
Líquido)?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.
Observe o interessante comportamento desse fl uxo de caixa.
Se o valor das entradas do fl uxo de caixa venal (original) for igual ao valor do
investimento inicial do projeto, sendo a taxa de desconto de 10% ao ano, o valor
do VPL fi cará negativo em R$ 284.889,48, nesse caso, houve DESTRUIÇÃO DA
RIQUEZA. Por conseguinte, e não poderia ser diferente, a TIR (Taxa Interna de
Retorno) é exatamente 0 (ZERO).
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nesse capítulo você estudou as características da infl ação e seu impacto
na economia e um interessante modelo para apurar a taxa da infl ação interna
da empresa, pois muitas vezes a taxa ofi cial divulgada pelo Banco Central não
condiz com a realidade da empresa.
Você também teve a oportunidade de estudar a matemática fi nanceira
aplicada em cálculos para avaliar investimentos e fi nanciamentos, suas taxas
de juros, período apurado, valor futuro e valor presente. As ferramentas da
matemática fi nanceira podem auxiliar na tomada de decisões de compras, com
o uso das taxas negociadas e o valor presente do custo da compra. Com essa
135
A FUNÇÃO DAS FINANÇAS Capítulo 2
ferramenta, o gestor fi nanceiro pode avaliar se é interessante pagar à vista as
compras das matérias-primas ou negociar maiores prazos de pagamentos com
seus fornecedores.
Por fi m, na avaliação de investimentos na parte que se relaciona com
a análise do VPL (Valor Presente Líquido) e da taxa da TIR (Taxa Interna de
Retorno), você teve a oportunidade de avaliar alguns cenários de projetos de
investimentos, comparando as entradas do fl uxo de caixa juntamente à taxa de
desconto, VPL e TIR.
REFERÊNCIAS
AUTRAN, M.; COELHO, C. U. F. Básico de contabilidade e fi nanças. Rio de
Janeiro: Senac Nacional, 2003.
BODIE, Z.; KANE, A.; MARCUS, A. J. Fundamentos de investimentos. Trad. de
Robert Brian Taylor. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
DANTAS, A. Análise de investimentos e projetos aplicada à pequena
empresa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996.
GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração fi nanceira. 2. ed. Trad. de
Célio Knipel Moreira. São Paulo: Saraiva, 2005.
GUDIN, E. Princípios da economia monetária. 9. ed. Rio de Janeiro: Agir,
1979.
HOJI, M. Administração fi nanceira: uma abordagem prática: matemática
fi nanceira aplicada, estratégias fi nanceiras, análise, planejamento e controle
fi nanceiro. São Paulo: Atlas, 2000.
KUHNEN, O. L.; BAUER, U. L. Matemática fi nanceira aplicada e análise de
investimentos. São Paulo: Atlas, 1994.
MARTINS, E.; ASSAF NETO, A. Administração fi nanceira: as fi nanças das
empresas sob condições infl acionárias. São Paulo: Atlas, 1986.
POSSAMAI, A. Apostila de Economia. Jaraguá do Sul: UNERJ – Fundação
Educacional Regional Jaraguaense, 2003.
RATTI, B. Comércio internacional e câmbio. 10. ed. São Paulo: Aduaneiras,
2001.
136
Finanças CorporatiVas
ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D. Princípios de
administração fi nanceira. São Paulo: Atlas, 2002.
SILVA, F. G. da; JORGE, F. T. Economia aplicada à administração. São Paulo:
Futura, 1999.
CAPÍTULO 3
VALOR DA EMPRESA
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer qual é a relação do CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital)
como fator determinístico na geração da riqueza da empresa.
• Entender qual é o melhor momento para a empresa captar mais recursos de
capital próprio ou de capital de terceiros para seus projetos de investimentos.
• Compreender de que forma o fl uxo de caixa descontado pode contribuir com
informações para a avaliação da empresa.
• Elaborar cálculos do efeito tributário do imposto de renda e da contribuição
social no Custo Médio Ponderado de Capital.
• Apurar a necessidade de Capital de Giro da empresa a partir das informações
contábeis da empresa.
• Apurar o valor da empresa com uso da metodologia do fl uxo de caixa
descontado.
138
Finanças CorporatiVas
139
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Muitas vezes, é possível acompanhar movimentos do mercado
em que as empresas são negociadas entre si. Esse tipo de negociação
ocorre quando as empresasatingem a alavancagem fi nanceira
sufi ciente para que possam garantir algum potencial de negociação.
A alavancagem fi nanceira é a otimização dos resultados ou
da rentabilidade com busca de recursos fi nanceiros no mercado.
Se o valor das ações aumenta, a empresa consegue alavancar o
seu resultado e assim trabalhar com recursos de terceiros. É uma
característica que envolve o aumento da rentabilidade com maior
uso do capital de terceiros. Em outras palavras, o capital de terceiros
possui maior participação na estrutura de capital da empresa.
Isso signifi ca que empresas promissoras podem ter ou alcançar um valor
signifi cativo no mercado, e isso faz com que a concorrência adquira essa empresa
para evitar que outro concorrente assim o faça. Como exemplo, os gestores
de uma empresa A estão avaliando a aquisição de uma empresa B antes que
os gestores de uma empresa C adquiram a empresa B, sendo realizada essa
operação de negociação antes do fechamento do negócio entre as respectivas
empresas A e B.
Vejamos:
Gestores da empresa A estudam adquirir a empresa B por R$ 1.000.000,00.
Gestores da empresa C estudam adquirir a empresa B por R$ 1.100.000,00.
Logo, quem irá alavancar a melhor proposta? Nesse caso, os gestores da
empresa C têm a melhor proposta e assim poderão “sair à frente” na negociação
em relação à empresa A. Isso não é uma concorrência desleal, mas sim o poder
econômico com interesse nas possibilidades de incorporar as tecnologias da
empresa B em C. Quem ganha com essa negociação?
Existem grandes possibilidades de os antigos proprietários da empresa B
permanecerem com vantagens, afi nal de contas existe certa “disputa” no bom
sentido entre os gestores de duas empresas para viabilizar a sua aquisição. Não
que isso seja uma regra, pois muitas vezes os valores exagerados que se pedem
em uma negociação dessas podem frustrar qualquer interessado.
Esse tipo de
negociação
ocorre quando as
empresas atingem
a alavancagem
fi nanceira sufi ciente
para que possam
garantir algum
potencial de
negociação.
140
Finanças CorporatiVas
Dando continuidade, qual é o método que se utiliza para apurar o valor de
uma empresa? Como alguém consegue atribuir que determinada empresa tenha
um valor estipulado?
Desta forma, neste Capítulo 3, serão estudadas ferramentas que
possibilitarão a compreensão sobre o que pode ser considerado como viável para
a atribuição de valor para as empresas.
2 CMPC - CUSTO MÉDIO
PONDERADO DE CAPITAL
O chamado CMPC ou Custo Médio Ponderado de Capital talvez seja a
ferramenta mais apropriada para o início dos estudos da Avaliação de Empresas.
Isso porque as fi nanças das empresas praticamente estão alicerçadas no âmbito
da negociação.
O custo médio ponderado é considerado outro critério para
controlar os estoques. O custo a ser contabilizado representa uma
média dos custos de aquisição para as funções empresariais.
De acordo com Santos (2005, p. 76), “o CMPC corresponde
à média ponderada das taxas de custo das diversas fontes de
fi nanciamento a longo prazo que integram a estrutura de capital da
empresa”.
A negociação para captar recursos fi nanceiros tem o propósito
de fomentar as atividades operacionais da empresa, pois como
muitas vezes o giro do ciclo das contas a receber das empresas é
mais longo que o ciclo do giro das contas a pagar, há a necessidade
de buscar recursos fi nanceiros do mercado ou do capital próprio.
O custo médio
ponderado é
considerado
outro critério
para controlar os
estoques. O custo
a ser contabilizado
representa uma
média dos custos
de aquisição
para as funções
empresariais.
A negociação para
captar recursos
fi nanceiros tem
o propósito
de fomentar
as atividades
operacionais da
empresa.
141
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
2.1 ESTRUTURA DO CAPITAL DA
EMPRESA
A estrutura de capital de uma empresa está em avaliar como esta realiza a
combinação entre os dois principais tipos de fontes de capitais.
FIGURA 1 – BALANÇO PATRIMONIAL
FONTE: O autor
Podemos observar que as contas contábeis compostas de Fornecedores,
Salários a Pagar e Impostos a Recolher (Passivos Operacionais) totalizam o valor
de R$ 155.000,00 e isso representa um montante de 17,82% em relação ao total
do ativo em R$ 870.000,00.
Com isso, podemos avaliar que os Passivos Financeiros compostos pelas
contas de Empréstimos a Pagar (Passivo Circulante e Passivo Não Circulante) e
Patrimônio Líquido totalizam o valor de R$ 715.000,00, que representam 82,18%.
Logo, na estrutura fi nanceira da empresa que fi nancia as contas do Ativo, a
maior parte provém dos Passivos Financeiros. Não é uma situação ruim, visto que
a maior parte dos recursos fi nanceiros provém do Patrimônio Líquido (capital dos
sócios) e também não representa um signifi cativo endividamento com capital de
terceiros.
Nesse caso, a fonte de capital mais comum é o capital de terceiros, que
representa as dívidas e fontes de fi nanciamento da empresa via bancos ou
instituições fi nanceiras em geral, e, por sua vez, o capital próprio é a parte
do capital que os sócios ou acionistas investem na empresa.
Segundo Santos (2005, p. 77):
142
Finanças CorporatiVas
O princípio mais importante a ser seguido quando se calcula
o CMPC é que ele tem de ser consistente com o modelo de
avaliação e com a defi nição do fl uxo de caixa a ser descontado.
Por isso, os avaliadores devem se ater aos seguintes passos
para calculá-lo:
• Considerar a média ponderada dos custos de todas as
fontes de capital (dívidas, ações etc.), já que o fl uxo de
caixa representa o caixa disponível para remunerar todos os
provedores de capital.
• Ser calculado depois de todos os impostos, já que o fl uxo de
caixa também é calculado depois de todos os impostos.
• Usar taxas de retorno nominais derivadas de taxas de juros
reais e da infl ação esperada.
• Levar em conta os riscos sistemáticos assumidos pelos
investidores, tendo em vista que cada um deles espera um
retorno que compense o risco assumido.
• Empregar valores de mercado ao se ponderar o custo de
cada fonte de capital, já que os valores de mercado refl etem
a verdadeira composição do capital empregado, o que não
ocorre com o valor contábil.
• Poder variar ao longo do período de projeção do fl uxo de
caixa, em função de mudanças esperadas nos fatores de
natureza sistemática (infl ação, juros, câmbio etc.) e na
estrutura da empresa.
Considerando esses aspectos, é fundamental compreendermos o custo de
capital próprio e o custo de capital de terceiros para a apuração do CMPC e, por
conseguinte, o uso desse indicador para a apuração do resultado operacional ou
valor da empresa.
2.1.1 Custo do capital próprio
O capital próprio, como o próprio nome já especifi ca, é o valor que os sócios
investem na empresa sob a forma de capital social.
O Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) é determinado pelo gestor para
encontrar o lucro mínimo desejado, que representa a remuneração ao capital
investido (custo de capital próprio). O PEE auxilia o gestor a entender o quanto
ele precisa vender para ter o retorno do capital investido, o que pode gerar lucro
ou prejuízo.
O Custo do Capital Próprio ou CAPM (Capital Asset Pricing Model) é
basicamente traduzido como sendo a taxa de retorno requerida pelos proprietários
da empresa, ou nada mais nada menos que o custo do capital próprio.
143
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Com base em Santos (2005, p. 79), “o CAPM postula que o custo de
oportunidade do capital ordinário seja igual ao retorno sobre os títulos livres de
risco (TLR) mais o risco sistemático da empresa (ß) multiplicado pelo preço de
mercado do risco, ágio ou prêmio pelo risco (TRM–TLR), mais o risco país (Ê)”.
Então, isso signifi ca que há a necessidadede apurar uma série de variáveis
até encontrarmos o coefi ciente do custo do capital próprio. Na verdade, temos
que apurar a equação do CAPM, que segundo Santos (2005, p. 79), é a seguinte:
“CAPM = {TLR+[ß(TRM–TLR)]+Ê}”.
Vejamos o que cada sigla representa:
CAPM = Custo do Capital Próprio.
TLR = Taxa Livre de Risco.
ß = Beta (volatilidade da empresa em relação ao mercado).
TRM = Taxa de Retorno do Mercado.
Ê = Risco País.
A taxa livre de risco pode ser considerada como sendo a taxa de remuneração
isenta de risco e é sempre calculada em função do investimento de menor risco
disponível no mercado.
Segundo Santos (2005, p. 79):
Nesse contexto, o parâmetro adotado em análises fi nanceiras
é o U.S. Treasure Bonds de 30 anos, por ser considerado,
internacionalmente, como o indicador que apresenta um
dos menores graus de risco e estar lastreado pelo aval da
economia mais rica do mundo. Essa é a taxa que melhor refl ete
as expectativas de longo prazo do mercado para a infl ação e é
a menos afetada por desbalanceamento de oferta e demanda
e intervenções de curto prazo.
Outro aspecto importante que deve ser mencionado ao tratar do
custo de capital próprio envolve a apuração do coefi ciente beta ß.
O coefi ciente beta tem por objetivo uma medida estatística
que permite apurar o nível de volatilidade do valor das ações em
comparação à carteira do mercado.
O custeio variável é um método de apropriação dos custos que
separa os custos fi xos e apropria somente os custos variáveis, ou
seja, aqueles que se alteram conforme o volume de produção.
O custeio variável
é um método de
apropriação dos
custos que separa
os custos fi xos e
apropria somente
os custos variáveis,
ou seja, aqueles
que se alteram
conforme o volume
de produção.
144
Finanças CorporatiVas
O coefi ciente beta permite identifi car qual é o risco sistemático da própria
empresa ou do ramo de atuação.
Entende-se por risco sistemático ou não diversifi cável aquele
atribuível a fatores de mercado que afetam todas as empresas
e, por isso, não pode ser eliminado por meio da diversifi cação.
Fatores, como guerra; infl ação; taxa de juros; câmbio; eventos
públicos etc. respondem pelo risco sistemático. Quanto maior
o Índice de Volatilidade da empresa (ß), maior o risco do
investimento (SANTOS, 2005, p. 80).
Para uma melhor compreensão, buscou-se em Gitman (2001, p. 218) o
seguinte quadro da classifi cação do coefi ciente beta:
QUADRO 1 – COEFICIENTES DE BETA SELECIONADOS
E SUAS INTERPRETAÇÕES
FONTE: Gitman (2001, p. 218)
É importante reforçar que empresas com negociação expressiva na bolsa de
valores e que sempre estão entre as mais avaliadas no mercado de ações como
opções interessantes para a compra e venda das ações, para a apuração do seu
coefi ciente beta, é necessário calcular a regressão dos retornos (que podemos
ajustar ao período diário, semanal ou mensal, entre outros) comparando-a em
relação ao índice de mercado selecionado durante o mesmo período, porém,
em anos anteriores durante um período de três a cinco anos como uma maior
margem de segurança para fi ns comparativos.
Para que seja possível apurar o coefi ciente beta, é necessário adotar a
fórmula da covariância do retorno dos ativos em relação ao retorno do mercado,
dividido pela variância do retorno do mercado.
Conforme Stumpf (2020, s.p., grifo do autor):
Covariância: é uma medida que avalia como as variáveis X
e Y se inter-relacionam de forma linear, ou seja, como Y
varia em relação a uma determinada variação de X. Quando
a Covariância é positiva, duas variáveis tendem a variar na
mesma direção, isto é, se uma sobe, a outra tende a subir e
145
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
vice-versa. Já se a Covariância for negativa, duas variáveis
tendem a variar em direções opostas, isto é, se uma sobe a
outra tende a cair e vice-versa.
Quanto mais próxima de zero for menor a possibilidade de
se identifi car um comportamento interdependente entre as
variáveis. Ela estando entre duas variáveis pode ser obtida de
dados de variância.
Portanto, a fórmula do coefi ciente beta é a seguinte:
Nessa fórmula, temos:
Cov = Covariância
RA = Retorno do Ativo
RM = Retorno do Mercado
VarRM = Variância do Retorno do Mercado
Para apurar a fórmula beta, primeiramente é necessário
identifi car, a partir dos resultados publicados pelas demonstrações
fi nanceiras da empresa, quais são os retornos dos ativos da empresa.
Em seguida, é identifi cado com a aplicação de uma fórmula (Retun
On Assets), conforme a sigla em inglês:
ROA = (Lucro Líquido / Ativo Total) x 100
Com relação ao retorno do mercado, este é o retorno da carteira de todas
as ações negociadas no mercado da Bolsa de Valores. No caso do Brasil, existe
o índice Bovespa (ou Ibovespa), que mede a variação das ações negociadas em
determinados períodos. O Ibovespa é o índice cotado pelos papéis negociados na
B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) e é apresentado conforme a fi gura a seguir.
Para apurar a
fórmula beta,
primeiramente
é necessário
identifi car, a partir
dos resultados
publicados pelas
demonstrações
fi nanceiras da
empresa, quais são
os retornos dos
ativos da empresa.
146
Finanças CorporatiVas
FIGURA 2 – ÍNDICES DA BOLSA DE VALORES
FONTE: Adaptada de Frontini (2020)
Observe na fi gura anterior que o índice Ibovespa está em – 2,24%, ou seja,
com retorno negativo, mas você deve pesquisar quais são os índices que foram
apurados nos últimos 6 meses para utilizarmos como exemplo no cálculo para a
apuração do coefi ciente beta.
Exemplifi cando, utilizaremos os seguintes valores hipotéticos referentes aos
Retornos sobre os Ativos e o Retorno da Carteira do Mercado de uma determinada
empresa. Utilizaremos como exemplo um período com 6 semestres.
QUADRO 2 – RETORNOS DOS ATIVOS E O RETORNO DA CARTEIRA DO MERCADO
FONTE: O autor
147
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Ao identifi carmos o retorno sobre os Ativos da empresa, assim como o retorno
do mercado de uma determinada carteira de ações negociadas, devemos apurar
as respectivas médias de cada retorno. Nesse caso, para o Retorno da Empresa
ou RME (Rentabilidade Média da Empresa), faremos a seguinte operação:
• RME (Rentabilidade Média da Empresa) = (7,00% + 4,00% + 10,00% +
8,00% + 6,00% + 5,00%) / 6
• RME (Rentabilidade Média da Empresa) = 40,00% / 6
• RME (Rentabilidade Média da Empresa) = 6,6667%
Devemos proceder da mesma forma para apurarmos a RMM (Rentabilidade
Média do Mercado), ou seja, apurarmos a média dos seis períodos do retorno da
carteira de ações.
• RMM (Rentabilidade Média do Mercado) = (8,00% + 3,00% + 10,00% +
8,00% + 8,00% + 7,00%) / 6
• RMM (Rentabilidade Média do Mercado) = 44,00% / 6
• RMM (Rentabilidade Média do Mercado) = 7,3333%.
No próximo passo, apuraremos a diferença entre o RE (Retorno da Empresa)
e o RME (Retorno Médio da Empresa), com a seguinte fórmula: RE (–) RME para
cada um dos períodos.
A margem de segurança, portanto, é um instrumento para a tomada de
decisão, pois por meio desse processo, é possível quantifi car o total de excedente,
o que impacta nas decisões sobre a lucratividade e a rentabilidade do negócio.
Vamos apurar os seguintes resultados:
• RE ( - ) RME = 1º semestre = 7,0000% ( - ) 6,6667% = 0,3333%
• RE ( - ) RME = 2º semestre = 4,0000% ( - ) 6,6667% = (- 2,6667%)
• RE ( - ) RME = 3º semestre = 10,0000% ( - ) 6,6667% = 3,3333%
• RE ( - ) RME = 4º semestre = 8,0000% ( - ) 6,6667% = 1,3333%
• RE ( - ) RME = 5º semestre = 6,0000% ( - ) 6,6667% = (- 0,6667%)
• RE ( - ) RME = 6º semestre = 5,0000% ( - ) 6,6667% = (- 1,6667%)
Devemos realizar a mesma operação com o RM (Retorno do Mercado).
Nesse caso, apuraremos a diferença entre o RM (Retorno do Mercado) e o RMM
(Retorno Médio do Mercado), com a seguinte fórmula: RM (–) RMM para cada um
dos períodos.Vamos apurar os seguintes resultados:
148
Finanças CorporatiVas
• RM ( - ) RMM = 1º semestre = 8,0000% ( - ) 7,3333% = 0,6667%
• RM ( - ) RMM = 2º semestre = 3,0000% ( - ) 7,3333% = (- 4,333%)
• RM ( - ) RMM = 3º semestre = 10,0000% ( - ) 7,3333% = 2,6667%
• RM ( - ) RMM = 4º semestre = 8,0000% ( - ) 7,3333% = 0,6667%
• RM ( - ) RMM = 5º semestre = 8,0000% ( - ) 7,3333% = 0,6667%
• RM ( - ) RMM = 6º semestre = 7,0000% ( - ) 7,3333% = (- 0,3333%)
O próximo passo para a identifi cação do coefi ciente beta é apurarmos a
Variância, que é apurada pela potência ao quadrado da diferença que apuramos
anteriormente entre o RM (Retorno do Mercado) (-) o RMM (Retorno Médio do
Mercado).
Vamos apurar os seguintes resultados:
• (RM - RMM)2 = 1º semestre = 0,6667%2 = variância 0,004444%
• (RM - RMM)2 = 2º semestre = (- 4,3333%2) = variância 0,187778%
• (RM - RMM)2 = 3º semestre = 2,6667%2 = variância 0,071111%
• (RM - RMM)2 = 4º semestre = 0,6667%2 = variância 0,004444%
• (RM - RMM)2 = 5º semestre = 0,6667%2 = variância 0,004444%
• (RM - RMM)2 = 6º semestre = (- 0,3333%2) = variância 0,001111%
Com esses resultados apurados, devemos somar a ocorrência da variância
em todos os períodos apurados. Desta forma, temos:
Total da Variância = 0,004444% + 0,187778% + 0,071111% + 0,004444% +
0,004444% + 0,001111%
Total da Variância = 0,273333%.
O próximo passo para a identifi cação do coefi ciente beta é apurarmos a
Covariância da seguinte forma:
(RE Retorno da Empresa ( - ) RME Retorno Médio da Empresa) x
(RM Retorno do Mercado ( - ) o RMM Retorno Médio do Mercado)
Vamos apurar os seguintes resultados:
• (RE - RME) x (RM – RMM) = 1º semestre = 0,3333% x 0,6667% =
covariância 0,002222%
• (RE - RME) x (RM – RMM) = 2º semestre = (- 2,6667%) x (- 4,3333%) =
covariância 0,115556%
149
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
• (RE - RME) x (RM – RMM) = 3º semestre = 3,3333% x 2,6667% =
covariância 0,088889%
• (RE - RME) x (RM – RMM) = 4º semestre = 1,3333 x 0,6667% =
covariância 0,008889%
• (RE - RME) x (RM – RMM) = 5º semestre = (- 0,6667%) x 0,6667% =
covariância (- 0,004444%)
• (RE - RME) x (RM – RMM) = 6º semestre = (- 1,6667%) x (- 0,3333%) =
covariância 0,005556%
Com esses resultados apurados, devemos somar a ocorrência da covariância
em todos os períodos apurados.
A identifi cação da lucratividade se dá pela apuração do lucro líquido
do período em relação às Receitas de Vendas da empresa, e, por sua vez, a
rentabilidade é o resultado do lucro líquido da empresa dividido pelo Capital
Social investido pelos sócios e investidores na empresa.
Desta forma, temos:
Total da Variância = 0,002222% + 0,115556% + 0,088889% + 0,008889% +
(- 0,004444%) + 0,005556%.
Total da Variância = 0,216667%
Realizados esses cálculos, agora podemos apurar o coefi ciente beta. Então,
aplicaremos a fórmula:
Com o resultado da covariância em 0,216667% e a variância em 0,273333%,
faremos a divisão desses resultados para identifi car o coefi ciente beta.
Logo,
Beta = covariância / variância
Beta = 0,216667% / 0,273333%
Beta = 0,792683
150
Finanças CorporatiVas
Se o resultado do coefi ciente beta apurado está entre 0,50 e
1,00, representa que o resultado do retorno dos ativos da empresa
está seguindo o mesmo ritmo do retorno do mercado. Se o coefi ciente
beta está positivo, representa um bom equilíbrio dos resultados a
serem avaliados na empresa.
Apurado esse resultado do coefi ciente beta, partiremos para a identifi cação
do custo de capital de terceiros.
2.1.2 Custo do capital de terceiros
Quando estamos relacionando os investimentos à captação de terceiros,
primeiramente nos vêm à mente os recursos fi nanceiros dos bancos. De fato, é
exatamente isso, mas devemos aprofundar esse conceito.
De acordo com Assaf Neto (2017, p. 55), “o custo do capital de terceiros
(ou custo da dívida) é um custo explícito, mensurado pela taxa de desconto que
iguala, em determinado momento, as entradas com as saídas de caixa”.
Como o mercado fi nanceiro é diversifi cado e muitas instituições fi nanceiras
estão em busca de clientes, existe uma diversidade de taxas de remunerações de
empréstimos e fi nanciamentos.
A lucratividade corresponde ao excedente após deduzidos os
gastos totais, enquanto a rentabilidade é o retorno do investimento
do capital dos sócios no negócio.
Outro fator preponderante que deve ser avaliado no momento da
captação dos recursos de terceiros está relacionado com os prazos
de vencimentos dos contratos. Em muitos casos, para determinados
projetos de expansão dos negócios, há um prazo de carência para o
início da liquidação das parcelas do valor principal.
Em pesquisas sobre o custo de capital de terceiros, é importante
avaliarmos os conceitos dos juros. A formação dos juros é estudada de acordo
com duas teorias: a) a teoria das expectativas não viesadas e; b) teoria de
preferência pela liquidez.
A lucratividade
corresponde ao
excedente após
deduzidos os gastos
totais, enquanto
a rentabilidade
é o retorno do
investimento do
capital dos sócios no
negócio.
151
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Buscaremos a contribuição de Assaf Neto (2017, p. 57) sobre a teoria das
expectativas não viesadas:
A teoria das expectativas sugere que as taxas de juros de
longo prazo representem a média geométrica das taxas de
curto prazo previstas para todo o horizonte de tempo do título
de maior maturidade. Assim, pode-se entender pela teoria que
a taxa de juros a termo é consequência das expectativas das
taxas de juros correntes previstas.
O pressuposto básico da teoria das expectativas não viesadas
é que a estrutura a termo das taxas de juros equivale à média
geométrica das taxas de juros de curto prazo (correntes) e
futuras. Em outras palavras, a teoria admite que as taxas de
juros de longo prazo sejam balizadas pelas taxas de curto
prazo previstas para o futuro.
Vamos supor que uma empresa negociou algum empréstimo à taxa de
juros de 8,16% ao ano ou pela descapitalização em 4% ao semestre. Para essa
operação, devemos pegar 8,16% e dividir por 100, e teremos um coefi ciente de
0,0816.
Se utilizarmos a fórmula da descapitalização, teremos:
((1,0816(1/2)) - 1)
(1,08160,50) -1
(1,04) -1
0,04 x 100
4,00% ao semestre.
Na HP 12C temos os seguintes passos:
f CLX
f 6
1 ENTER 2 / ENTER
STO 1
8,16 ENTER 100 /
0,081600 ENTER 1 +
RCL 1
YX
1,04 (resultado no visor)
1,04 ENTER 1 –
0,04 ENTER 100 x
4,00 % ao semestre
152
Finanças CorporatiVas
Essa mesma empresa negociou um outro empréstimo com uma taxa de
3,50% ao semestre, e existe uma expectativa de taxa de juros para o segundo
semestre na ordem de 4,50%.
Vamos aos cálculos:
[(1,0816 / 1,035) – 1]
[(1,045) – 1]
0,045 x 100
4,50%
Analisando, há uma forte probabilidade que a taxa negociada no futuro possa
ter uma oscilação para mais de 4,00% ao semestre, ou seja, 4,50% ao semestre.
Aqui existe uma certa arbitrariedade na expectativa das taxas negociadas,
e se houver essa probabilidade de ocorrer uma maior taxa de juros no segundo
semestre (4,50% é maior que 3,50%), é muito provável que os administradores
fi nanceiros negociem os seus compromissos contratuais para longo prazo
tentando manter a taxa de 4,00% ao semestre, mas na expectativa futura.
No entanto, é certo que as expectativas futuras não são controláveis,
ou seja, o mercado muda, o mundo muda, há a possibilidade de ocorrer o
rompimento de acordos comerciais bilaterais no comércio internacional, guerras,
pandemias, entre outros aspectos que são totalmente imprevisíveis. Levando em
consideração este aspecto, existe a teoria de preferência de liquidez, conforme
Assaf Neto (2017, p. 58):
A teoria de preferência pela liquidez surge pela necessidade
de se compensar a incertezaassociada dos títulos de longo
prazo. Pelo enunciado dessa teoria, essa estrutura a termo
das taxas de juros apresenta geralmente uma curva com
inclinação positiva (inclinação para cima). A inclinação negativa
(inclinação para baixo) indica uma redução esperada das taxas
de juros à vista no futuro.
Nesse caso, o que costuma ocorrer é uma avaliação do risco de crédito, que
são pontuações desenvolvidas por agências de rating.
Essas agências não avaliam apenas os riscos de crédito das
empresas, mas também o risco de crédito dos governos, países que
buscam recursos fi nanceiros nos bancos mundiais, FMI, entre outros.
153
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
As agências de rating emitem avaliações sobre o potencial de risco da perda
de crédito pela inadimplência. Segundo Assaf Neto (2017, p. 60):
As agências classifi cadoras de risco, como Moody´s, Standard
& Poor´s (S&P), Fitch, entre outros, divulgam os ratings sobre
o risco para títulos de dívida de longo prazo, com maturidade
mínima de um ano. Essas medidas exprimem a possibilidade
de uma obrigação não ser honrada de acordo com as condições
previamente contratadas.
Essas classifi cações de risco possuem algumas escalas ou graduações
e são divididas em grau de investimento e grau especulativo. Buscaremos a
contribuição de Assaf Neto (2017, p. 61) para melhor compreender a escala de
rating, conforme quadro a seguir:
QUADRO 3 – RATINGS E OPINIÕES DA STANDARD & POOR´S
G
ra
u
de
In
ve
st
im
en
to
AAA Rating mais elevado. Capacidade extremamente forte para
honrar compromissos fi nanceiros.
AA Capacidade muito forte para honrar compromissos fi nanceiros.
A Forte capacidade para honrar compromissos fi nanceiros, porém
é de alguma forma suscetível a condições econômicas adver-
sas e a mudanças circunstanciais.
BBB Capacidade adequada para honrar compromissos fi nanceiros,
porém mais sujeito a condições econômicas adversas.
BBB - Nível mais baixo da categoria de grau de investimento pelos
participantes de mercado.
G
ra
u
Es
pe
cu
la
tiv
o
BB + Grau mais alto da categoria de grau especulativo pelos partici-
pantes de mercado.
BB Menos vulnerável no curto prazo, porém enfrenta atualmente
grande suscetibilidade a condições adversas de negócios, fi -
nanceiras e econômicas.
B Mais vulnerável a condições adversas de negócios, fi nanceiras
e econômicas, porém atualmente apresenta capacidade para
honrar compromissos fi nanceiros.
CCC Atualmente vulnerável e dependente de condições favoráveis
de negócios, fi nanceiros e econômicos para honrar seus com-
promissos fi nanceiros.
CC Atualmente fortemente vulnerável.
C Um pedido de falência foi registrado ou ação similar impetrada,
porém os pagamentos das obrigações fi nanceiras continuam
sendo realizados.
D Inadimplente em seus compromissos fi nanceiros.
FONTE: Assaf Neto (2017, p. 61)
154
Finanças CorporatiVas
Como podemos observar, existem diversas graduações para avaliar se
determinadas carteiras de ativos são propensas para investimentos ou estão
enquadradas como ativos meramente especulativos.
É importante frisar que investir em ativos especulativos não é caracterizado
como atividade criminosa, porém devemos estar atentos que a euforia que o
mercado propõe para especular pode colocar em risco os investimentos e perder
recursos fi nanceiros.
A seguir, identifi caremos o efeito do imposto de renda da pessoa jurídica com
relação à captação dos recursos fi nanceiros, tanto do custo do capital próprio
quanto do custo do capital de terceiros.
2.1.3 Efeito do Imposto de Renda
Pessoa Jurídica nas taxas de captação
de recursos
Quando abordamos o efeito do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, é necessário enfatizar que esse
efeito se aplica única e exclusivamente para as empresas enquadradas no regime
tributário do Lucro Real.
Segundo Nasrallah (2016), os encargos fi nanceiros de empréstimos
contraídos para fi nanciar as atividades da pessoa jurídica, em regra, são dedutíveis
como despesas operacionais para fi ns de apuração do lucro real, desde que a
efetividade do empréstimo seja comprovada e os encargos fi nanceiros sejam os
usuais no mercado.
Em função da dedutibilidade dos juros contratados pelo capital
de terceiros, entende-se que o efeito da taxa a ser apurada no custo
de captação médio deve ser líquido do efeito do IRPJ e CSLL.
Defi ne-se o Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda (LAJIR)
como sendo o lucro operacional, que é apurado antes dos resultados
fi nanceiros, que são aqueles sem a inclusão das receitas ou
despesas fi nanceiras.
Então vamos apurar o custo do capital de terceiros com relação
à identifi cação do valor da empresa que hipoteticamente estamos
avaliando.
Defi ne-se o Lucro
Antes de Juros e
Imposto de Renda
(LAJIR) como sendo
o lucro operacional,
que é apurado antes
dos resultados
fi nanceiros, que
são aqueles
sem a inclusão
das receitas
ou despesas
fi nanceiras.
155
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
É interessante separar a apuração do valor da empresa em dois
períodos.
1) O período do crescimento, que é uma estimativa durante alguns
exercícios sociais, em que os gestores planejam o crescimento da
empresa. É uma forma de estabelecer uma estratégia para consolidar
a empresa no mercado.
2) Este segundo período poderíamos chamar de período da
estabilidade, pois é extremamente essencial criar uma perspectiva
da valorização da empresa a partir do período do crescimento para o
infi nito, pois pelo princípio contábil da continuidade, a empresa não
possui prazo para encerrar as atividades.
Vamos supor que o custo do capital de terceiros da empresa no período do
crescimento é de 2,75% ao ano. O efeito tributário do IRPJ e da CSLL é de 34%.
As alíquotas que compõem os 34% do IRPJ e da CSLL são as
seguintes:
• IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) = 15%.
• Adicional do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) = 10%
(para empresas com lucro tributável superior a R$ 20.000,00 ao
mês).
• CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) = 9%.
Para apurarmos o efeito tributário sobre a taxa de captação de recursos de
terceiros, faremos a seguinte operação:
Primeiramente, dividiremos a taxa de 2,75% por 100 para estabelecermos a
sequência dos cálculos em numerais decimais, nesse caso, o coefi ciente da taxa
de capital de terceiros será de 0,0275.
Agora, faremos a aplicação do efeito tributário.
CT (L.IR.) = Taxa de Captação CT x (1 – IRPJ e CSLL)
CT (L.IR.) = 0,0275 x (1 – 0,34)
156
Finanças CorporatiVas
CT (L.IR.) = 0,0275 x (0,66)
CT (L.IR.) = 0,01815
Nesse caso, a taxa líquida do imposto de renda pessoa jurídica e contribuição
social sobre o lucro líquido em relação à taxa de captação de terceiros é de
0,01815.
Se a empresa tomar emprestado recursos fi nanceiros a título de empréstimos
e fi nanciamentos na ordem de R$ 22.285.720,00, o valor dos juros em 2,75%
ao ano é de R$ 613.250,00. Isso signifi ca que desse valor de R$ 612.857,30 a
empresa deixará de pagar IRPJ e CSLL no valor de R$ 208.371,48. Essa é a
economia tributária.
Com relação aos dividendos pagos aos sócios e acionistas, conforme o
Portal Tributário (c2020), esses não possuem impacto tributário.
Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a
partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas
tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não estão sujeitos à
incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do
imposto de renda do benefi ciário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no país ou
no exterior (BRASIL, 1995).
Com relação à captação de recursos de capital próprio, este possui os
pagamentos de dividendos aos sócios e investidores, ou seja, não utilizaremoso
efeito tributário na captação de recursos de capital próprio.
Utilizaremos o valor dos investimentos retratado como Capital Social
dos sócios e investidores na ordem de R$ 12.000.000,00, sendo a taxa para
remuneração de dividendos de 3,50% ao ano.
2.2 APURAÇÃO DO RESULTADO
OPERACIONAL DA EMPRESA
Realizadas as identifi cações dos valores obtidos de captação de recursos
de capital próprio e de capital de terceiros e as devidas taxas de remuneração,
vamos apurar o Resultado Operacional da Empresa.
Total do Capital de Terceiros: R$ 22.285.720,00
Total de Capital Próprio: R$ 12.000.000,00
Taxa de remuneração de Capital de Terceiros (bruta) = 0,0275
Taxa de remuneração de Capital Próprio (bruta) = 0,0350
157
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Beta = 0,792683 (conforme apurado em Custo do Capital Próprio)
Risco de Mercado = 5,00% (responsabilidade dos investidores)
Apuraremos a taxa do Custo Médio Ponderado de Capital com o objetivo de
identifi car qual é o valor do Resultado Operacional.
Conforme o Dicionário Financeiro (c2020, s.p.):
A alavancagem fi nanceira é medida pela capacidade em
aumentar o lucro da empresa, ao se aumentarem os custos
fi xos por meio deste processo. Este meio de alavancagem
está associado ao patamar de endividamento que se envolve
o negócio, em conjunto ao aumento percentual do lucro líquido
que vai para os sócios ou acionistas. Assim, o conceito de
alavancagem fi nanceira relaciona o capital que a empresa toma
de terceiros para “alavancar” o lucro por ação, como o capital
próprio do negócio, caso a operação seja bem-sucedida.
Com relação ao Custo Médio Ponderado de Capital do Capital de Terceiros,
temos o seguinte resultado:
CMPC CT = (Valor CT / Total Captado) x Taxa CT
CMPC CT = (R$ 22.285.720,00 / R$ 34.285.720,00) x 0,0275
CMPC CT = 0,6500 x 0,0275 = 0,017875
CMPC CP = (Valor CP / Total Captado) x (Taxa CP + (Beta x Prêmio Risco))
CMPC CP = (R$ 12.000.000,00 / R$ 34.285.720,00) x (0,0350 + ((0,792683
x 0,05))
CMPC CP = 0,3500 x (0,0350 + 0,03963)
CMPC CP = 0,3500 x 0,07463
CMPC CP = 0,026122
Com a apuração do CMPC CT e CMPC CP, podemos apurar o CMPC total
do período apurado.
CMPC CT = 0,017875
CMPC CP = 0,026122
CMPC TOTAL = 0,017875 + 0,026122
CMPC TOTAL = 0,043997
Esse é o efeito do custo remuneratório total da captação dos recursos
fi nanceiros da empresa para o período de crescimento.
A seguir, identifi caremos qual é o resultado operacional da empresa projetado
para o período do primeiro exercício social e, assim, poderemos apurar o valor da
empresa.
158
Finanças CorporatiVas
2.3 APURAÇÃO DO RESULTADO
OPERACIONAL E EFEITOS
REMUNERATÓRIOS
Como a empresa possui um total de investimentos na ordem de R$
34.285.720,00, podemos apurar o valor do Resultado Operacional durante o
primeiro exercício social do período de crescimento. Para isso, utilizaremos
o valor total investido e há a necessidade de aplicar a taxa do CMPC TOTAL
apurado anteriormente. Dessa forma, o resultado operacional mínimo apurado
será de R$ 1.508.467,06.
Memória de cálculo:
Valor total da captação de recursos para a empresa x CMPC TOTAL.
R$ 34.285.720,00 x 4,3997%
R$ 1.508.467,06
Portanto, é com esse valor mínimo que os gestores da empresa deverão
pautar as decisões para remunerar na seguinte ordem:
1) Custo de Capital de Terceiros.
2) Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido.
3) Custo de Capital Próprio.
Observe a seguinte apuração do resultado como prova real.
FIGURA 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO OPERACIONAL
FONTE: O autor
159
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Observe que esta é uma interessante proposta para a empresa conseguir
honrar os compromissos com todos os envolvidos no cenário dos investimentos
e, por fi m, não correr o risco de enquadrar-se como investimento especulativo,
porém, nenhuma empresa poderá se manter ao longo dos anos apurando apenas
esse resultado.
Vamos supor que a empresa poderá atingir o valor de receitas de vendas
durante um determinado período na ordem de R$ 15.000.000,00.
FIGURA 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
FONTE: O autor
É possível verifi car que com esse valor de vendas em R$ 15.000.000,00
a empresa consegue remunerar os impostos das vendas na ordem de 21,25%
(ICMS 12%, PIS 1,65% e COFINS 7,60%) que, aplicados no valor da Receita
Bruta de Vendas, totaliza R$ 3.187.500,00.
Em seguida, há a necessidade de identifi car o valor da Receita de Vendas
Líquida que, na verdade, é a base que a empresa utiliza para remunerar as suas
atividades da produção e administração.
Nesse caso, utilizamos hipoteticamente o percentual de 67% para a empresa
viabilizar a sua produção. Lembrando que para apurar o custo do produto, a
empresa incorrerá em:
160
Finanças CorporatiVas
a) Custo direto: custo da matéria-prima.
b) Custo direto: custo da mão de obra direta utilizada no processo da
produção.
c) Custo direto: energia elétrica utilizada no processo da produção.
d) Custo indireto: mão de obra utilizada para a supervisão industrial.
e) Custo indireto: energia elétrica utilizada para a iluminação do setor
produtivo.
f) Custo indireto: aluguel de máquinas e equipamentos utilizados no
processo produtivo e o aluguel das dependências fabris.
O que integra o valor da matéria-prima e da mão de obra direta é expresso
pelo custo primário soma desses dois custos. Já o custo direto é assim chamado
porque se considera como se fosse exclusivo para a elaboração de determinado
tipo de bem ou de serviço.
É importante ressaltar que no que se refere à área de custos
da produção, você tem a proposta desses estudos em disciplina
específi ca de custos.
A empresa está incorrendo hipoteticamente em um valor de despesas
operacionais na ordem de 8% das receitas líquidas de vendas.
As despesas fi nanceiras referentes à captação de recursos de terceiros e
também a remuneração dos dividendos aos investidores seguem as propostas de
negociação abordadas neste capítulo.
É importante lembrar do efeito do IRPJ e CSLL reconhecidos no Lucro Antes
do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido na ordem de
34%.
Com essa proposta de receita de vendas, temos o Resultado Operacional
(Lucro Operacional) no valor de R$ 2.953.125,00, que será utilizado como valor
base para a apuração do Valor da Empresa (Valuation).
A seguir, estudaremos a importância do Capital de Giro e como contribui para
a manutenção da segurança dos recursos fi nanceiros da empresa.
161
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
1 No papel do gestor fi nanceiro, qual é o fator preponderante que
deve ser avaliado no momento da captação dos recursos de
terceiros?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.
2 Qual é a relação dos juros de capital de terceiros quanto ao
benefício tributário do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_________________________________________________.
3 FUNDAMENTOS DO CAPITAL DE
GIRO
Agora, estudaremos os fundamentos do capital de giro e sua real importância
nas empresas.
A prática da adoção do capital de giro e seus refl exos nos estoques estão
em minimizar os impactos na aquisição da matéria-prima em épocas de alta
variação cambial, caso parte da matéria-prima da empresa forimportada. Outro
fator que pode ter profundo refl exo nos estoques são os estados de greve de
algumas categorias profi ssionais, nesse caso, para evitar a falta de matéria-prima
para a produção, as empresas necessitam manter um bom nível de recursos
em estoques para promover e garantir as vendas da empresa. Isso não quer
dizer que a empresa precisa manter altos níveis de estoques de matéria-prima,
mas sim níveis consideráveis para evitar desabastecimento da empresa e,
consequentemente, reduzir o capital de giro.
162
Finanças CorporatiVas
Muito se tem falado no cotidiano dos aspectos do capital de giro ou
necessidades do capital de giro, mas sobre qual aspecto isso está diretamente
relacionado?
A relação da administração do capital de giro está intrínseca à gestão dos
ativos circulantes da empresa. Lembrando que os ativos circulantes englobam
as contas contábeis em caixa, em um período de até um ano, a qual a empresa
realiza seus recursos fi nanceiros.
As contas contábeis dos ativos circulantes são caixa (propriamente dito),
as contas bancárias em que a empresa efetua suas aplicações fi nanceiras, os
valores constantes em duplicatas a receber, ou clientes a receber e, por fi m, a
conta de estoques de mercadorias.
Para a apuração do capital de giro, o gestor fi nanceiro precisa avaliar o
quanto a empresa possui de compromissos fi nanceiros assumidos e reconhecer
as contas contábeis do passivo circulante.
O passivo circulante, por sua vez, engloba todas as contas contábeis, em
que a empresa reconhece as suas dívidas a serem pagas (liquidadas) em um
período de um ano (o mesmo período do ativo circulante).
As contas do passivo circulante da empresa são basicamente compostas por
salários a pagar, impostos a recolher, duplicatas a pagar, contas diversas a pagar,
empréstimos e fi nanciamentos bancários a pagar em até um ano.
Podem ocorrer variações nas nomenclaturas dessas contas contábeis de
empresa para empresa, mas isso é irrelevante para a compreensão do tema.
Durante o processo das atividades operacionais, a empresa compra
mercadorias ou matéria-prima, estoca essa matéria-prima, produz novas
mercadorias, os produtos acabados retornam para o estoque de produtos
acabados, vende os produtos e recebe as duplicatas dos clientes.
Esse é basicamente o coração fi nanceiro da empresa. Isso porque a CDG
(Capital de Giro) está em não conseguir manter mais valores no seu Ativo
Circulante em relação ao Passivo Circulante.
A fórmula para o CDG ou CCL (Capital Circulante Líquido) é Ativo Circulante
( - ) Passivo Circulante.
163
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Se o valor do CCL for positivo, ou seja, mais valores em Ativo Circulante
do que em contas do Passivo Circulante, signifi ca que a empresa possui parte
desses valores do Ativo Circulante sendo fi nanciados pelo Passivo Não Circulante
ou pelo Patrimônio Líquido da Empresa.
Avaliaremos a seguinte situação, a empresa possui no seu Balanço
Patrimonial a seguinte composição das contas contábeis:
• Ativo Circulante = R$ 125.000,00
• Ativo Não Circulante = R$ 320.000,00
• Total do Ativo = R$ 445.000,00
• Passivo Circulante = R$ 90.000,00
• Passivo Não Circulante = R$ 170.000,00
• Patrimônio Líquido = R$ 185.000,00
• Total do Passivo e Patrimônio Líquido = R$ 445.000,00
Dessa forma, se aplicarmos a fórmula do CCL, temos:
• CCL = Ativo Circulante ( - ) Passivo Circulante
• CCL = R$ 125.000,00 ( - ) R$ 90.000,00
• CCL = R$ 35.000,00
É possível avaliar que o CCL positivo em R$ 35.000,00 pode estar sendo
fi nanciado pelo Passivo Não Circulante ou o Patrimônio Líquido, ou um ou outro,
no seu valor total dos R$ 35.000,00 ou em parte, porém, em caso inverso, ou seja,
com o valor do CCL negativo, signifi ca que o Passivo Circulante está fi nanciando
investimentos no imobilizado da empresa.
Se aplicarmos o mesmo conceito das contas patrimoniais, porém, alterando
a composição dos seus valores, temos:
• Ativo Circulante = R$ 100.000,00
• Ativo Não Circulante = R$ 345.000,00
• Total do Ativo = R$ 445.000,00
• Passivo Circulante = R$ 170.000,00
• Passivo Não Circulante = R$ 90.000,00
• Patrimônio Líquido = R$ 185.000,00
• Total do Passivo e Patrimônio Líquido = R$ 445.000,00
164
Finanças CorporatiVas
Dessa forma, se aplicarmos a fórmula do CCL, temos:
• CCL = Ativo Circulante ( - ) Passivo Circulante
• CCL = R$ 100.000,00 ( - ) R$ 170.000,00
• CCL = (- R$ 70.000,00)
É possível observar que cerca de R$ 70.000,00 do Passivo Circulante estão
fi nanciando os valores investidos no Ativo Não Circulante, que na maioria das
vezes é imobilizado da empresa.
O administrador fi nanceiro sempre precisa estar atento para que as suas
decisões culminem para que a empresa possa sempre manter mais recursos em
contas de ativos com alta liquidez. Essas contas são principalmente caixa, bancos
e aplicações fi nanceiras, comparado ao valor total do seu Ativo. Isso representará
maior liquidez imediata e menor risco de endividamento.
Para uma melhor compreensão do risco de endividamento, buscaremos a
contribuição de Cadore (2009, s.p.):
O risco de endividamento neste caso será calculado pelo Grau
de Alavancagem Financeira dado pela fórmula:
GAF = LAJIR /LAJIR – Juros
Onde o LAJIR e os juros são obtidos dentro do balanço
patrimonial.
Sabe-se que quanto maior o risco maior o retorno.
Podemos ter então o investimento numa determinada empresa,
parte de Capital Próprio e parte de Capital de Terceiros, neste
caso, quanto maior a participação do Capital de Terceiros maior
será o endividamento e, consequentemente, maior o retorno.
Vejamos as duas situações a seguir:
1ª Situação com 100% de Capital Próprio.
Capital = R$ 600,00
LAJIR = R$ 70,00
GAF = LAJIR / LAJIR (–) Juros
GAF = 70 / 70 (–) 0
GAF = 1
Neste caso, o Risco de Endividamento não existe, pois para
haver risco de endividamento o GAF deverá ser > 1.
2ª Situação com 30% de Capital de Terceiros (seja ele de Curto
ou Longo Prazo).
Capital Terceiros = R$ 180,00
Capital Próprio = R$ 420,00
LAJIR = R$ 70,00
Juros = 10%
165
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Se a empresa possui valores em duplicatas a receber em até
36 meses, signifi ca que 2/3 desses valores recebíveis não estarão
disponíveis para liquidar compromissos fi nanceiros que vencem no
mês seguinte ao fato gerador da venda.
Contas que vencem no próximo mês são praticamente de
fornecedores, que em muitos casos não concedem prazos maiores
que 30 ou 45 dias, impostos das vendas, que vencem no mês
seguinte ao fato gerador das vendas da empresa, energia elétrica,
que vence no mês seguinte, salários dos funcionários, que também
vencem no 5º dia útil do mês seguinte.
Assim, temos vários exemplos de casos que se o gestor da
empresa não manter um bom valor de Capital de Giro em aplicações
fi nanceiras, esta corre o risco de realizar operações de desconto de
duplicatas para antecipar os valores recebíveis dos clientes, porém
incorrerá em despesas com juros.
Juros = Capital de Terceiros x 10%
Juros = 180,00 x 10%
Juros = 18,00
GAF = LAJIR /LAJIR – Juros
GAF = 70,00 / 70,00 (-) 18,00
GAF = 1,35%
Nota-se que o grau de alavancagem fi nanceira é > 1, isto
indica que existe endividamento, podemos afi rmar então que o
retorno sobre o capital próprio é maior, mas nunca esquecendo
que risco e retorno percorrem juntos, onde quanto > o risco >
o retorno.
A postura do administrador é manter uma administração conservadora.
Decisões contrárias, como manter um maior volume de recursos fi nanceiros em
ativos com giro mais longo, como duplicatas a receber de longo prazo (Ativo Não
Circulante também comporta essa composição de conta contábil) ou em estoques,
podem gerar maior risco de a empresa não conseguir liquidar pontualmente seus
compromissos fi nanceiros de curto prazo.
166
FinançasCorporatiVas
Uma operação de desconto de duplicatas nada mais é que uma operação
de empréstimo com garantias de duplicatas a receber da empresa. O risco de
endividamento é maior e a administração passa a ser mais agressiva.
3.1 CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO
Muito tem sido utilizado o termo de Capital de Giro Líquido ou CGL, que
representa a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.
No caso de o Ativo Circulante ser maior que o Passivo Circulante, como no
exemplo da seção anterior, em que:
• Ativo Circulante = R$ 125.000,00
• Ativo Não Circulante = R$ 320.000,00
• Total do Ativo = R$ 445.000,00
• Passivo Circulante = R$ 90.000,00
• Passivo Não Circulante = R$ 170.000,00
• Patrimônio Líquido = R$ 185.000,00
• Total do Passivo e Patrimônio Líquido = R$ 445.000,00
Dessa forma, se aplicarmos a fórmula do CCL, temos:
• CCL = Ativo Circulante ( - ) Passivo Circulante
• CCL = R$ 125.000,00 ( - ) R$ 90.000,00
• CCL = R$ 35.000,00
• CGL = R$ 35.000,00
Nesse caso, o CGL (Capital de Giro Líquido) é de R$ 35.000,00 positivos.
Hoji (2004, p. 119) afi rma que “a diferença entre o ativo corrente (ativo circulante)
e o passivo corrente (passivo circulante) é o capital circulante líquido (CCL), ou
capital de giro líquido (CGL)”.
Pode ocorrer a situação de a empresa apresentar o valor do Capital de Giro
Líquido negativo, quando:
• Ativo Circulante = R$ 100.000,00
• Ativo Não Circulante = R$ 345.000,00
• Total do Ativo = R$ 445.000,00
• Passivo Circulante = R$ 170.000,00
• Passivo Não Circulante = R$ 90.000,00
• Patrimônio Líquido = R$ 185.000,00
• Total do Passivo e Patrimônio Líquido = R$ 445.000,00
167
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Dessa forma, se aplicarmos a fórmula do CCL, temos:
• CCL = Ativo Circulante ( - ) Passivo Circulante
• CCL = R$ 100.000,00 ( - ) R$ 170.000,00
• CCL = (- R$ 70.000,00)
• CGL = (- R$ 70.000,00)
Ainda há a possibilidade de ocorrer Capital de Giro Nulo, em que os valores
do Ativo Circulante e do Passivo Circulante são iguais, porém essa situação é
extremamente rara ou quase inexistente de ocorrer. A dinâmica do Fluxo de Caixa
é infl uenciada pelo seguinte movimento do Ativo Circulante:
FIGURA 5 – DINÂMICA DO FLUXO DE CAIXA
FONTE: O autor
Esse ciclo praticamente determina a alimentação dos recursos do Capital de
Giro, pois é essencial que o Gestor Financeiro mantenha a geração das compras
das matérias-primas com o caixa próprio, ou seja, o caixa gerado pelas cobranças
das vendas da empresa.
3.2 CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO
Outro aspecto que o gestor fi nanceiro precisa estar atento é a geração e
manutenção do Capital de Giro Próprio, ou CGP. O CGP possui sua relevância
na estrutura das fi nanças empresariais, pois é pelo valor do Capital Social que a
empresa praticamente consegue manter o fi nanciamento das atividades do ativo
circulante.
A sistemática é avaliar o valor total pela fórmula: Capital de Giro Próprio =
Patrimônio Líquido – Ativo Não Circulante.
Não é incomum acontecer de os gestores fi nanceiros algumas vezes não
darem a importância devida para o investimento em capital de giro, pois a
maior preocupação geralmente está em avaliar a necessidade das compras
para as atividades administrativas, como aquisição de material de expediente
168
Finanças CorporatiVas
e mobiliários para as salas administrativas. Em alguns casos, a preocupação é
deixar a aparência da recepção da empresa e demais ambientes “convidativa”, em
outras palavras, “chique”. Não que isso esteja totalmente errado, pois a primeira
impressão é o cartão de visitas da empresa para os clientes e fornecedores. No
entanto, se o gestor fi nanceiro não se preocupar em utilizar os recursos do capital
de giro próprio para a aquisição da matéria-prima e honrar os prazos das entregas
dos produtos aos clientes, em breve a empresa poderá adentrar em um nível de
endividamento que poderá falir a empresa antes mesmo de ela estar no período
de maturação, ou vamos chamar de período de estabilidade.
O termo “período de estabilidade” é o que será utilizado para estimarmos o
valor da empresa para a projeção ao infi nito, pois um dos princípios que deveriam
ser adotados para além da contabilidade, incluindo os gestores fi nanceiros, é o da
continuidade, sem prazo para encerrar as atividades.
A maior difi culdade que o gestor fi nanceiro pode encontrar ao avaliar a
quantidade em valores do capital de giro para a empresa manter como uma
possível reserva, varia de acordo com muitos fatores, como o porte da empresa,
questões climáticas, coleções de acordo com o que a moda estipula, se tratarmos
de empresas têxteis, entre muitos outros fatores que somente a percepção dos
gestores pode defi nir.
Não existe um número ou uma base exata ou padrão para ser adotado,
mas neste capítulo será estipulado um percentual fi ctício apenas a título de
exemplifi cação acadêmica.
3.3 FORMAÇÃO DA RESERVA DO
CAPITAL DE GIRO
Agora, estipularemos um determinado montante para a formação da reserva
do capital de giro.
É importante ressaltar que a reserva do capital de giro não terá as mesmas
características da criação das Reservas do Patrimônio Líquido, como a Reserva
Legal, a Reserva Estatutária, a Reserva de Contingência, entre outras.
A reserva de Capital de Giro é uma estimativa de um determinado percentual
em relação ao montante das Receitas de Vendas, e esse valor será transferido de
uma conta contábil chamada Banco Conta Movimento para Aplicação Financeira
de Liquidez Imediata, com a seguinte contabilização:
169
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
D – (Ativo Circulante) – Aplicação Financeira de Liquidez Imediata.
C – (Ativo Circulante) – Banco Conta Movimento.
A conta movimento não gera alteração na estrutura patrimonial da empresa,
pois envolve movimentações entre duas contas contábeis do Ativo Circulante. A
conta contábil para a reserva do capital de giro deverá sempre ser utilizada em
caso de necessidades e sempre ser reposta para a criação de uma segurança
fi nanceira.
Portanto, a reserva é uma transferência real, da conta corrente para uma
conta de aplicação fi nanceira, e serve como uma segurança para evitar a falta de
recursos fi nanceiros para fi nanciar as atividades diárias da empresa.
Apenas uma boa gestão do fl uxo de caixa pode evitar um desencaixe de
valor relevante para a formação da reserva do capital de giro, e que não coloque
em risco o resultado da empresa, induzindo o gestor fi nanceiro a captações de
recursos fi nanceiros e ao pagamento desnecessário de juros sobre capital de
terceiros.
Estipularemos um percentual de 20% sobre as Receitas de Vendas Brutas
da empresa, apenas a título de exemplo para esse livro de estudos.
Como foi mencionado anteriormente, vários aspectos podem infl uenciar na
determinação do percentual e da base para a criação da reserva, que pode ser
a Receita de Vendas Brutas, o saldo de Duplicatas a Receber, o valor do Lucro
Operacional gerado, entre outros.
Vamos supor que o valor das Receitas de Vendas Brutas da empresa em
20X0 é de R$ 15.000.000,00 e a empresa tem uma previsão de crescimento de
3% durante os próximos 5 anos, que podemos assim defi nir como o Período do
Crescimento.
Essa taxa de crescimento (TC) de 3% ao ano se estenderá até 20X5.
Também há a necessidade de estipular a taxa de crescimento (TC) em 1,85%,
a partir do ano 20X6, que nesse livro de estudos será tratado como Período da
Estabilidade.
O valor da reserva do capital de giro pode assim ser determinado, conforme
o quadro a seguir.
170
Finanças CorporatiVas
QUADRO 4 – DETERMINAÇÃO DO VALOR DA
RESERVA DO CAPITAL DE GIRO
FONTE: O autor
A lógica para o desenvolvimento dessa previsão para a formação da reserva
do capital de giro está em aplicar o percentual de 20% sobre as receitas de
vendas brutas a partir da base inicial, queaqui foi defi nido como 20X0.
Há diversas possibilidades para determinar o valor do investimento em
Capital de Giro. Conforme Assaf Neto (2017, p. 251), “o investimento necessário
(ou adicional) em giro é calculado sobre as receitas adicionais de vendas, ou seja,
sobre as variações previstas desses valores. A estimativa da empresa é que esse
investimento deve corresponder a 30% das variações das vendas”.
Essas diferenças entre determinar um percentual variam de acordo com
a realidade da empresa, alguns segmentos empresariais talvez nem tenham
condições de realizar as reservas do capital de giro durante determinados
períodos do ano, pois os investimentos em equipamentos se tornam tão elevados
que incapacitam a elaboração dessa reserva em alguns momentos.
Para um exemplo, Assaf Neto (2017, p. 251) contribui:
Alguns tipos de empresas, como de tecnologia, por exemplo,
podem apresentar fl uxos de caixa disponíveis negativos
em alguns períodos. Isso revela que a necessidade de
investimentos desse segmento de negócio supera a capacidade
de geração de caixa operacional, devendo a empresa socorrer
com fontes externas de recursos.
O que se observa no Quadro 4 com a descrição de Variação Capital de Giro
signifi ca a quantia em dinheiro que deverá ser transferida da conta corrente da
empresa para a conta de aplicação fi nanceira em cada exercício social (cada
ano) e assim manter um saldo atualizado para cada período observado, e, assim,
em 20X6, o valor estaria hipoteticamente em R$ 3.542.162,00 (os valores em
centavos foram suprimidos por limitação de espaço).
171
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
1 No papel do gestor fi nanceiro, qual é o fator preponderante que
deve ser avaliado no momento da captação dos recursos de
terceiros?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_________________________________________________.
2 É possível ao gestor fi nanceiro avaliar se o valor do CCL é
positivo? Em quais circunstâncias isso ocorre?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_______________________.
Observe que há um aumento no valor venal para a formação da
Reserva do Capital de Giro, mas isso ocorre em função da aplicação
da taxa de crescimento sempre positiva. O gestor fi nanceiro deverá
estar atento em determinados períodos em que a taxa de crescimento
pode reduzir, ou se transformar em taxa de recessão, e assim o
percentual ser negativo em algum período. O ideal é aplicar taxas de
crescimento ou taxas de recessão para cada exercício social.
A seguir, será defi nido o Fluxo de Caixa Livre, que é a base para a
determinação do valor da empresa.
172
Finanças CorporatiVas
4 VALUATION EMPRESARIAL
Agora serão apresentadas algumas premissas para a apuração do valor da
empresa, ou seja, o valuation.
Quando o gestor de custos estima os gastos produtivos e produz de acordo
com o seu planejado, a empresa consegue equilibrar os gastos com as receitas
obtidas sem precisar se endividar, porém, quando não ocorre um planejamento
adequado dos custos, as chances de aumentarem os custos e prejudicar a saúde
fi nanceira da empresa são maiores.
Essa avaliação passa pela adoção dos critérios da apuração do Custo Médio
Ponderado de Capital (CMPC), de acordo com o custo de remuneração do Capital
Próprio e do Capital de Terceiros, que estudamos anteriormente.
4.1 FCD - FLUXO DE CAIXA
DESCONTADO PARA AVALIAÇÃO DO
VALOR DA EMPRESA
Para a presente determinação do valor da empresa, será tomado por base
o que trata a Deliberação CVM nº 644, de 2 de dezembro de 2010, que aprova o
Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC) sobre ativo intangível. No seu inciso 41, letra (a), determina o seguinte
(CVM, 2010):
41. As entidades envolvidas na compra e venda de ativos
intangíveis podem desenvolver técnicas para mensurar
indiretamente os seus valores justos. Essas técnicas podem
ser utilizadas para a mensuração inicial de ativo intangível
adquirido em combinação de negócios se o seu objetivo for
estimar o valor justo e se refl etirem operações e práticas
correntes no setor a que esses ativos pertencem. Estas
técnicas incluem, conforme o caso:
(a) desconto de fl uxos de caixa futuros líquidos do ativo [...].
Existem outros meios para avaliar o valor da empresa, porém, como o
presente livro de estudos aborda temas relacionados com Finanças Corporativas,
será aplicado o método conforme exposto na citação anterior.
Pode-se entender que é fundamental iniciar esse procedimento com a
apresentação de um fl uxo de caixa por período anual.
173
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Não podemos esquecer as premissas já abordadas anteriormente, em que
devemos aplicar o percentual da taxa de crescimento durante os primeiros 5 anos,
denominado Período do Crescimento, em 3% ao ano, e da taxa de crescimento
(TC) em 1,85% para o Período da Estabilidade.
Em primeiro lugar, o gestor fi nanceiro deverá identifi car a partir dos relatórios
fi nanceiros qual é o valor do Lucro Operacional para o ano de 20X0, que
estipularemos em R$ 2.953.125,00.
O percentual do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica), assim como a
CSLL (Contribuição Social para o Lucro Líquido), está em 34% aplicado sobre o
Lucro Operacional, que nesse caso seria o tradicional Lucro Antes do Imposto de
Renda.
A seguir, apuraremos o Fluxo de Caixa Livre, que é a base para a elaboração
das projeções do fl uxo de caixa descontado para o período do crescimento nos
primeiros 5 anos.
4.1.1 Fluxo de caixa livre
Nesta etapa, faremos o desenvolvimento do Fluxo de Caixa Livre para o
planejamento do valor da empresa. É necessário identifi car qual é o valor da
Depreciação do ano de 20X0, pois o valor da Depreciação não é desembolsável,
entre outras palavras, é uma sobra para o caixa da empresa.
O planejamento é uma ferramenta administrativa que auxilia
o gestor para tomar decisões futuras antecipadas. Dessa forma, o
gestor de custos deve utilizá-la para gerenciar os custos a fi m de
minimizá-los e maximizar as receitas.
174
Finanças CorporatiVas
Nesse caso, o valor identifi cado para a Depreciação para 20X0 é de R$
220.000,00. Outro ponto importante que o gestor fi nanceiro deve observar ao
avaliar o Fluxo de Caixa de uma empresa refere-se às Despesas de Capital.
Conforme Reis (2018), as despesas de capital, ou no inglês conhecidas
como capital expenditure (CAPEX), são itens importantíssimos de serem
acompanhados dentro de um demonstrativo de fl uxo de caixa.
O acompanhamento das despesas de capital é uma tarefa fundamental para
todo gerente de empresa que deseja ser efi ciente na sua alocação de recursos.
O que são despesas de capital? Despesas de capital se referem aos gastos
relacionados à aquisição e manutenção de bens, realização de obras, compra de
imóveis e concessão de empréstimos.
Esses tipos de investimentos, também conhecidos como CAPEX, são
frequentemente utilizados no momento em que uma empresa deseja atualizar ou
aumentar o seu escopo de atuação. Dentre os investimentos de capital, podemos
ter os seguintes exemplos:
• Compra de máquinas elétricas para uma fábrica.
• Conserto do telhado de um prédio.
• Aquisição de veículos.
• Construção de uma nova fábrica.
Com as informações disponíveis para a apuração da previsão do fl uxo de
caixa livre (FCL), é possível elaborar o quadro a seguir:
QUADRO 5 – FLUXO DE CAIXA LIVRE
FONTE: O autorDe acordo com o ano Base Inicial de 20X0, ao identifi car o Lucro Operacional
175
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
da empresa, deve-se aplicar o percentual do IRPJ e CSLL de 34% sobre esse
resultado. Nesse caso, R$ 2.953.125,00 x 34% = R$ 1.004.063,00 de IRPJ e
CSLL.
Em seguida, é necessário somar o valor da depreciação ao fl uxo de
caixa em função desse valor não ser desembolsável. O valor da Depreciação
não é determinado com base em algum percentual ou coefi ciente, mas sim, a
Depreciação é o valor que a Contabilidade reconheceu como custo ou despesa
durante o período em referência.
Estipulamos que as Despesas de Capital para o ano Base Inicial serão de
R$ 290.000,00. Esse é um valor projetado para o CAPEX (Capital Expenditure)
durante o período, com base nas necessidades para esse tipo de investimento.
Cada gestor fi nanceiro deverá avaliar as necessidades para a projeção do CAPEX
da sua empresa, pois há várias razões que devem ser levadas em conta.
Na variação do capital de giro para o ano Base Inicial de 20X0, presume-se
que parte do saldo da Reserva do Capital de Giro é de R$ 3.000.000,00, conforme
visto anteriormente.
O gestor fi nanceiro deverá tomar alguns cuidados ao projetar o Fluxo de
Caixa Livre durante os próximos períodos.
Há a necessidade em atentar para a atualização de todas as contas com
taxa de crescimento constante durante os 5 primeiros períodos, principalmente
para a conta da depreciação, porque apesar da depreciação ser reconhecida
de forma linear (mesmo valor histórico) durante a vida útil do equipamento, há
a possibilidade de a empresa adquirir mais equipamentos para as atividades
operacionais e assim, a cada nova aquisição ao preço de mercado, o valor da
depreciação a cada ano também sofre alterações.
É importante ressaltar que o cálculo apresentado para o fl uxo de caixa não
envolve a padronização da DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa) pelo método
direto ou indireto, conforme o CPC 03. Visto que a DFC (Demonstração do Fluxo
de Caixa) pelo método direto apresenta a geração do caixa pelas cobranças
realizadas, e o método indireto apresenta a geração do caixa iniciando pelo lucro
líquido. Na proposta deste livro de estudos, o fl uxo de caixa utilizará a base do
Lucro Operacional antes dos eventos das despesas de capital, entre outras.
O fl uxo de caixa estará assim composto para as projeções para os próximos
cinco anos à taxa de 3% de crescimento:
176
Finanças CorporatiVas
• 20X1
Lucro Operacional = R$ 2.953.125 x 1,03 = R$ 3.041.719
IRPJ e CSLL s/ Lucro Operac. = R$ 1.004.063 x 1,03 = R$ 1.034.184
Depreciação = R$ 220.000 x 1,03 = R$ 226.600
Despesas de Capital = R$ 290.000 x 1,03 = R$ 298.700
• 20X2
Lucro Operacional = R$ 3.041.719 x 1,03 = R$ 3.132.970
IRPJ e CSLL s/ Lucro Operac. = R$ 1.034.184 x 1,03 = R$ 1.065.210
Depreciação = R$ 226.600 x 1,03 = R$ 226.600 x 1,03 = R$ 233.398
Despesas de Capital = R$ 298.700 x 1,03 = R$ 307.661
• 20X3
Lucro Operacional = R$ 3.132.970 x 1,03 = R$ 3.226.959
IRPJ e CSLL s/ Lucro Operac. = R$ 1.065.210 x 1,03 = R$ 1.097.166
Depreciação = R$ 226.600 x 1,03 = R$ 233.398 x 1,03 = R$ 240.400
Despesas de Capital = R$ 307.661 x 1,03 = R$ 316.891
• 20X4
Lucro Operacional = R$ 3.226.959 x 1,03 = R$ 3.323.768
IRPJ e CSLL s/ Lucro Operac. = R$ 1.097.166 x 1,03 = R$ 1.130.081
Depreciação = R$ 226.600 x 1,03 = R$ 240.400 x 1,03 = R$ 247.612
Despesas de Capital = R$ 316.891 x 1,03 = R$ 326.398
• 20X5
Lucro Operacional = R$ 3.323.768 x 1,03 = R$ 3.423.481
IRPJ e CSLL s/ Lucro Operac. = R$ 1.130.081 x 1,03 = R$ 1.163.984
Depreciação = R$ 226.600 x 1,03 = R$ 247.612 x 1,03 = R$ 255.040
Despesas de Capital = R$ 326.398 x 1,03 = R$ 336.189
Todas as projeções para o fl uxo de caixa sofreram variações.
Não foram colocados os valores da variação do capital de
giro, pois as variações já foram apresentadas anteriormente neste
capítulo.
177
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Vale lembrar que ainda é necessário projetar o fl uxo de caixa livre para o ano
de 20X6 ao infi nito. Desta forma, devemos utilizar os resultados do ano de 20X5 e
projetar os valores com a taxa de crescimento ao infi nito em 1,85%.
O gestor fi nanceiro precisa reavaliar esses valores a cada ano, desta forma,
outras perspectivas da taxa de crescimento podem ocorrer.
• 20X6... infi nito
Lucro Operacional = R$ 3.423.481 x 1,0185 = R$ 3.486.616
IRPJ e CSLL s/ Lucro Operac. = R$ 1.163.984 x 1,0185 = R$ 1.185.517
Depreciação = R$ 226.600 x 1,03 = R$ 255.040 x 1,0185 = R$ 259.759
Despesas de Capital = R$ 336.189 x 1,0185 = R$ 342.409
Isso nos permite apurar os valores do fl uxo de caixa ao longo desses períodos
e identifi car os seguintes saldos:
• 20X1 = R$ 1.845.434
• 20X2 = R$ 1.900.797
• 20X3 = R$ 1.957.821
• 20X4 = R$ 2.016.556
• 20X5 = R$ 2.077.053
• 20X6 = R$ 2.154.308
Nesse caso, a previsão para o fl uxo de caixa livre está sendo apresentada
com valores ascendentes, ou seja, com projeções positivas, conforme podemos
observar no gráfi co a seguir.
GRÁFICO 1 – PREVISÃO FLUXO DE CAIXA LIVRE
FONTE: O autor
Todo gestor fi nanceiro fi cará satisfeito com essa capacidade para geração
do fl uxo de caixa positivo, o que lhe renderia oportunidades para potenciais
reconhecimentos, caso se confi gurasse na realidade, porém, na avaliação do
valor da empresa, devemos aplicar o conceito do CMPC (Custo Médio Ponderado
178
Finanças CorporatiVas
de Capital) na fórmula do valor presente, entre outras palavras, fl uxo de caixa
descontado.
4.1.2 Apuração do fl uxo de caixa
descontado e valor da empresa
Agora, faremos a apuração do fl uxo de caixa descontado, bem como a
apuração do valor da empresa tanto no período do crescimento quanto no período
infi nito.
Outrossim, buscaremos algumas informações que já foram abordadas neste
livro de estudos e que ofereçam condições para o desenvolvimento desta etapa
do trabalho.
Já o custeio por departamento visa mensurar como são apropriados os
custos alocados por departamentos ou centros de custos. Dessa forma, o
centro de custo corresponde aos setores, departamentos, seções, repartições,
entre outros termos similares, em que são alocados e apropriados os custos
indiretamente nos bens e serviços da empresa. Além disso, compreendemos o
custeio por processo, ou produção contínua, como é conhecido. Nesse processo,
a apropriação dos custos ocorre mediante os totais de produção, e não por
unidades produzidas. Já no custeio por ordem de produção, em que a produção é
realizada sob encomenda, os custos são apropriados por unidade.
O coefi ciente do CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital) no período do
crescimento que foi estudado anteriormente é de 0,043997 ou 4,3997%.
Assaf Neto (2017, p. 6) esclarece o motivo para a adoção dessa prática:
O lucro genuíno existe na parte que exceder o custo de capital
(remuneração mínima exigida pelos investidores pelo risco
assumido). A simples existência de lucro não é indicação de
criação de valor, a empresa deve considerar na apuração de
seus resultados todos os custos de fi nanciamento, inclusive a
remuneração mínima exigida pelos seus acionistas. A criação
desse valor econômico de forma sustentada para os acionistas
é a essência da missão de uma empresa e sua principal
responsabilidade social.
Deveremos aplicar a fórmula do valor presente, que também estudamos no
Capítulo 2 deste livro de estudos.
179
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
A fórmula é: PV = FV / ( 1+ i ) n
Aplicaremos esta fórmula para todos os exercícios sociais.
• 20X1
R$ 1.845.434 / ( 1 + 0,043997 ) 1
R$ 1.845.434 / ( 1,043997 )
R$ 1.767.663
• 20X2
R$ 1.900.797 / ( 1 + 0,043997 ) 2
R$ 1.900.797 / ( 1,089930 )
R$ 1.743.963
• 20X3
R$ 1.957.821 / ( 1 + 0,043997 ) 3
R$ 1.957.821 / ( 1,137883 )
R$ 1.720.582
• 20X4
R$ 2.016.556 / ( 1 + 0,043997 ) 4
R$2.016.556 / ( 1,187947 )
R$ 1.697.514
• 20X5
R$ 2.077.053 / ( 1 + 0,043997) 5
R$ 2.077.053 / ( 1,240213 )
R$ 1.674.755
Com a apuração desses valores durante o período proposto, agora podemos
apurar o valor da empresa durante o período do crescimento. Neste caso, o total
do período é assim apresentado:
R$ 1.767.663 + R$ 1.743.963 + R$ 1.720.582 + R$ 1.697.514 + R$ 1.674.755
R$ 8.604.477
O valor da empresa apurado para o período do crescimento é de R$
8.604.477, porém, se avaliarmos com bastante cuidado a geração do fl uxo de
caixa livre a valor presente, podemos observar a seguinte situação:
180
Finanças CorporatiVas
GRÁFICO 2 – PREVISÃO FLUXO DE CAIXA LIVRE A VALOR PRESENTE
FONTE: O autor
De acordo com o gráfi co anterior, observa-se que o valor do fl uxo de caixa
reduz consideravelmente.
Importante: a atratividade de investir em uma empresa
é baseada em sua capacidade futura de gerar riqueza.
Em operações de fusões e aquisições de empresas, por
exemplo, o fundamento da avaliação recai sobre os benefícios
econômicos positivos esperados, ou seja, sobre os valores
agregados futuros que excedem o custo de capital (ASSAF
NETO, 2017, p. 2).
Nesse ponto, o gestor fi nanceiro deverá tomar algumas precauções.
Analisando o gráfi co anterior e comparando com a contribuição de Assaf Neto,
podemos destacar alguns pontos muito importantes.
A capacidade futura de gerar caixa está ocorrendo, pois os valores estão
positivos, sendo encontrados benefícios econômicos positivos esperados.
Igualmente, isso corrobora apenas em parte para que esses valores
econômicos agregados futuros excedem o custo de capital.
Os valores do fl uxo de caixa descontado estando positivos, sofrem
signifi cativa redução ao longo do tempo projetado.
O gestor fi nanceiro deverá fi car muito atento ao que se refere ao CMPC
(Custo Médio Ponderado de Capital) apurado no período do crescimento, que é
de 4,39997% ao ano, o que é bem superior à taxa de crescimento da empresa
durante esse mesmo período, que é de 3,00% ao ano.
Há algumas alternativas que devem ser tomadas, como o aumento da
participação das vendas da empresa no mercado nacional e internacional, mas
que pode ser inviável em períodos de crise, ou que ocorrem negociações para
estipular reduzidas taxas de remuneração aos sócios ou terceiros.
181
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
Isso requer muita experiência em negociação. Ainda é necessário apurar
o CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital) da empresa em questão para o
período infi nito.
Essa é uma nova premissa para a apuração do valor da empresa para esse
período. Existe a grande probabilidade que a empresa, após o período de 5 anos,
consiga aumentar a participação do capital próprio e o capital de terceiros nos
seus investimentos.
A participação do capital próprio nos investimentos totais da empresa para
o período infi nito está em 55% e a participação do capital de terceiros é de 45%.
Taxa de remuneração de Capital Próprio (bruta) = 0,04750
Beta = 0,00, como estamos avaliando o período para o infi nito, então não
existem subsídios sufi cientes para apurar um novo coefi ciente beta para o futuro.
Nesse caso, o coefi ciente beta será 0,00, será neutro, conforme estudamos no
início deste capítulo.
Risco de Mercado = 5,00% (responsabilidade dos investidores)
Iremos apurar a taxa do Custo Médio Ponderado de Capital com o objetivo
de identifi car qual é o coefi ciente a ser aplicado para a mensuração do valor da
empresa ao infi nito.
CP Período Estabilidade = 0,04750 + 0,05000 = 0,09750
CT Período Estabilidade = 0,03500
Composição da participação de cada investimento para a apuração do
CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital) para o período da Estabilidade.
CMPC CP = 0,09750 x 0,55 = 0,05363
CMPC CT = 0,03500 x 0,45 = 0,01575
Somando os dois coefi cientes, temos:
CMPC Total = CMPC CP + CMPC CT
CMPC Total = 0,05363 + 0,01575
CMPC Total = 0,06938
182
Finanças CorporatiVas
Apurados esses valores, é possível aplicarmos a fórmula para identifi car o
valor da empresa para o período infi nito.
Um padrão serve como parâmetro a ser seguido e que pode ser
comparado, no presente, com algum fato que ocorreu no passado.
Neste caso, estudaremos aqui a comparação entre o custo padrão
e o custo real. Por meio desse processo, é possível compreender
como apropriar os custos, entender sua fi nalidade no ambiente
empresarial, bem como acompanhar as variações do custo padrão.
Para a aplicação da fórmula, devemos primeiramente identifi car os seguintes
coefi cientes:
CMPC Total Período Infi nito = 0,06938
Taxa Crescimento do Período Infi nito = 0,01850
CMPC Total Período Infi nito ( - ) Taxa Crescimento do Período Infi nito =
0,06938 ( - ) 0,01850
CMPC Total Período Infi nito ( - ) Taxa Crescimento do Período Infi nito =
0,05088
CMPC Total Período do Crescimento = 1,240213
Com a aplicação da fórmula:
Fluxo de Caixa Livre Período Infi nito / (CMPC Total Período Infi nito ( - ) Taxa
Crescimento do Período Infi nito) / CMPC Total Período do Crescimento
R$ 2.154.308 / 0,05088 / 1,24021
R$ 34.143.439
Com isso, apuramos o valor da empresa para o período infi nito. Se somarmos
os valores apurados da empresa para o período do crescimento e para o período
infi nito, teremos:
R$ 8.604.477 + R$ 34.143.439
Total = R$ 42.747.916
Isso signifi ca que em caso de alguma negociação para a venda
da empresa, esta será avaliada em R$ 42.747.916 + R$ 12.000.000
do capital social, totalizando R$ 54.747.916.
Nos Estados Unidos, esse valor apurado para a empresa
em função da sua riqueza gerada se chama Goodwill, no Brasil, a
nomenclatura é ágio na emissão de ações.
Um padrão serve
como parâmetro
a ser seguido
e que pode ser
comparado, no
presente, com
algum fato que
ocorreu no passado.
Nos Estados
Unidos, esse valor
apurado para a
empresa em função
da sua riqueza
gerada se chama
Goodwill, no Brasil,
a nomenclatura é
ágio na emissão de
ações.
183
VALOR DA EMPRESA Capítulo 3
1 O que signifi cam as Despesas de Capital dentro do CAPEX nas
empresas?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.
2 Se o gestor fi nanceiro perceber que o valor do fl uxo de caixa livre,
descontado a valor presente, está reduzindo, será necessário
buscar algumas alternativas. Quais seriam essas possíveis
alternativas para a melhoria dos resultados?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Você teve a oportunidade de estudar nesse capítulo como se estrutura o
capital fi nanceiro de uma empresa. Assim, vimos que um dos principais aspectos
a serem considerados no cálculo do custo de capital próprio está em avaliar o
coefi ciente beta, que é um coefi ciente utilizado no mercado de ações para medir o
comportamento do resultado da empresa com relação à segurança da negociação
das ações na Bolsa de Valores. O coefi ciente beta é bastante interessante por
medir o custo de capital como forma de remuneração aos acionistas.
Além desses aspectos da avaliação da empresa com relação ao
comportamento do mercado, estudamos a importância de identifi car o valor do
Capital de Giro da empresa, como forma de assegurar a capacidade da liquidez
dos ativos em relação aos passivos. O Capital de Giro é fundamental para garantir
reservas fi nanceiras, e neste livro de estudos você teve a oportunidade de estudar
possíveis exemplos para implantar a reserva de Capital de Giro naempresa.
Para a avaliação do valor da empresa, é imprescindível que o gestor
fi nanceiro estruture um Fluxo de Caixa Livre, que é um modelo específi co para
184
Finanças CorporatiVas
determinar a capacidade da geração da riqueza da empresa ao longo dos anos.
Nesse modelo, optou-se por adotar o critério do fl uxo de caixa descontado, que
é uma das premissas indicadas pela Deliberação CVM nº 644, de 2 de dezembro
de 2010, que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC) sobre ativo intangível.
Você teve a oportunidade, com o uso de gráfi cos, de saber que se a empresa
tiver um custo de capital que excede o potencial de riqueza gerada ao longo do
tempo, apesar do fl uxo de caixa descontado permanecer positivo, este reduz ao
longo do tempo e, em algum momento futuro, a empresa não terá mais condições
de gerar riqueza, e isso poderá comprometer a estabilidade da empresa no
mercado se não forem adotadas algumas medidas, que você teve a oportunidade
de estudar nesse livro de estudos.
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São Paulo: Atlas, 2017.
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