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EDUCANDO PARA A PAZ
FORMANDO MULTIPLICADORES DO BEM
HELOÍSA MARIA DOS SANTOS TOLEDO
LUIS FERNANDO CRESPO
WELDER LANCIERI MARCHINI
LUIZ CARLOS RAMOS
ESTUDO DO SER HUMANO 
CONTEMPORÂNEO
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Criar, falar e conviver
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UNIDADE 2
CRIAR, FALAR E CONVIVER
INTRODUÇÃO
Nesta unidade II, daremos continuidade aos nossos estudos sobre o ser humano con-
temporâneo e suas interações entre indivíduos e com o mundo. Trataremos de impor-
tantes temas que nortearão as discussões e problematizações relacionadas à forma 
como homens e mulheres têm se organizado e convivido em sociedade, em suas rela-
ções privadas e públicas. 
Partindo da concepção de Homo faber, iremos, inicialmente, explorar os aspectos rela-
cionados ao desenvolvimento do mundo do trabalho, a complexidade das técnicas e as 
relações com o mundo tecnológico contemporâneo. Na sequência, ao abordar o Homo 
loquens, discutiremos a importância da língua, da linguagem e da comunicação nas 
interações entre os indivíduos e os ambientes que os cercam e, dessa forma, nas dife-
rentes concepções de se articular o pensamento, as interpretações e construções que 
fazemos de nós, individualmente e coletivamente, mas, também, em relação ao mundo.
Por fim, iremos tratar do Homo socialis, ou seja, dos aspectos interativos entre os in-
divíduos, suas formas de sociabilidade, de cooperação. Para avançarmos no tema, 
importantes elementos serão trazidos para a discussão, tais como as relações entre 
política e ideologia, mas também as concepções de governo e poder. Todas essas di-
mensões sociais dos indivíduos são extremamente importantes para se compreender 
os problemas da atualidade e, também, para que possamos, conjuntamente, encontrar 
caminhos mais cooperativos, empáticos e que apresentem possibilidades de constru-
ções coletivas de mundos possíveis que sejam mais justos e igualitários para todos. 
Boas discussões e bons estudos!
1. A CRIAÇÃO DO MUNDO HUMANO – TÉCNICA E TRABALHO
1.1. DO NATURAL PARA O HUMANO
Dentro de uma cozinha, em um grande restaurante, a chef coordena os trabalhos: são 
diferentes pessoas que cuidam de diversos processos – iniciais ou para finalização dos 
pratos. À mesa dos clientes, os pratos chegam com alimentos transformados que pouco 
se parecem com o que pode ser encontrado in natura.
O responsável por atender às mesas começa a servir um grupo de advogados que se 
reunia para celebrar a finalização e o sucesso em um processo. Eles riam e falavam 
sobre as construções de argumentos embasados na legislação e sobre como faltou 
técnica aos adversários. Acima de tudo, diziam que a lei não pode estar acima da vida. 
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Estudo do Ser Humano Contemporâneo
Tratava-se de um processo movido por um grupo de médicos que, dentro de uma situ-
ação extrema, passaram por cima de um determinado protocolo médico – ação sem a 
qual não seria possível salvar a vida de dois pacientes que estavam em estado grave, 
esperando por um procedimento de alto risco.
O que, exatamente, essa cena tem a ver com os estudos desta unidade? Vamos pen-
sar! Comece refletindo sobre as ideias apresentadas no mapa a seguir:
Figura 01. Mapa Mental – Homo faber
Fonte: elaborada pelo autor.
1.2 - A MÃO E A TRANSFORMAÇÃO DO MUNDO
A imagem que, possivelmente, melhor simboliza a transformação do mundo é a imagem 
da mão. Por meio de ações, majoritariamente manuais, o ser humano foi transformando 
o mundo – foi construindo o seu próprio mundo. De início, a necessidade é o que levou 
os grupos humanos a transformarem o lugar onde habitavam, para tirar mais proveito 
do que a natureza oferecia e para moldar o que era oferecido, de modo a adequá-lo a 
seu modo de vida. Não mudou apenas a ordem visível ou as macroestruturas de orga-
nização do planeta: ele interveio, de modo significativo, no interior daquilo que se pode 
chamar vida. Ao ser humano, enquanto animal que produz e constrói um mundo, dá-se 
o nome de homo faber, podemos entender que essa é uma de suas dimensões.
O que é a vida? Todo o conhecimento humano se desenvolve por meio de conceitos 
criados a partir da experiência que ele tem junto ao mundo. Nesse sentido, depois de 
elaborado um determinado conceito, as novas experiências passam a ser catalogadas 
de acordo com ele – até o momento que ele se mostre insuficiente em suas definições. 
Com a vida acontece o mesmo: dizer o que é a vida ou onde ela está depende de uma 
conceituação assumida previamente. Mas o próprio conceito de vida pode passar por 
revisão. Você já ouviu falar em vyda?
Homo faber
conceitos
desejo 
humano
técnicainstrumento
aprimoramento
vencer a 
natureza
tecnologiaaplicação 
de técnicas
na atualidade
tecnologias 
digitais
modificação 
da vida
exploração qual o 
limite?
novo 
trabalho
novas 
necessidades
muda a 
essência
em todos 
os âmbitos
velocidade
vigilância
prolonga a 
vida
o que é?dimensão 
humana
o animal 
que faz
transforma 
o mundo
cria 
técnica
realiza 
trabalho
consequências
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Criar, falar e conviver
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O Homo sapiens reescreveu as regras do jogo. Essa espécie singular de 
macacos conseguiu mudar em 70 mil anos o ecossistema global de modo 
radical e sem precedente. O impacto que causamos já é comparável com 
o da idade do gelo e dos movimentos tectônicos. Em um século ele pode 
superar o do asteroide que exterminou os dinossauros 65 milhões de anos 
atrás. (HARARI, 2016, p. 81)
O impacto do agir humano sobre o planeta é algo a ser considerado como base para 
o entendimento da vida contemporânea – principalmente, porque nascemos em um 
contexto que é consequência histórica, da qual nem sempre temos clara essa ideia. As 
coisas estão do modo como estão, mas não, necessariamente, são como estão – ou, 
pelo menos, não foram sempre.
Entenda a ideia de vyda, disponível no link a seguir:
Disponível em: https://youtu.be/6vqEl_jxIxI
SAIBA MAIS
Acesso em: 19 abr. 2021.
SAIBA MAIS
O professor Yuval Harari é autor de livros importantes para o entendimento do modo como o 
ser humano transformou o mundo; o conhecimento de sua obra é basilar para a compreen-
são do que é o ser humano contemporâneo.
Tendo isso em mente, sugerimos que assista à entrevista dada por Harari, em 11 de novem-
bro de2019, ao programa Roda Vida, da TV Cultura:
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pBQM085IxOM&t=647s
Clique aqui e acesse o
VÍDEO
Acesso em: 19 abr. 2021.
https://www.youtube.com/watch?v=pBQM085IxOM&t=647s
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Estudo do Ser Humano Contemporâneo
Com sua mão, não apenas foi possível ao ser humano alcançar e tocar, mas desenvol-
ver um novo modo de fazer a natureza aparecer. E o processo se dá de maneira con-
tínua: algo natural é transformado, dando origem a outro elemento, que, por sua vez, 
levará a novas transformações.
É simples pensar, por exemplo, que, um dia, o Homo sapiens encontrou e conseguiu 
dominar o fogo e conseguiu perceber que era possível cozinhar batatas; mas as batatas 
servidas no restaurante da cena apresentada, possivelmente, não são iguais àquelas 
de milhares de anos. Faz-se as batatas aparecerem de outro modo, segundo o desejo 
humano. Para isso, há técnicas que são observadas pela chef.
SAIBA MAIS
Assista ao programa Biotecnologia na produção de alimentos | Ciência é Tudo, da TVBRA-
SIL. Será possível perceber de que modo a produção de alimentos deixou de ser o que era 
há séculos ou milênios – não se trata mais de, simplesmente, plantar e cozinhar batatas:
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2YV-dT52LQg
Clique aqui e acesse o
VÍDEO
Acesso em: 19 abr. 2021.
1.3 A TÉCNICA
Todas as áreas profissionais desenvolvem técnicas. Seja o profissional da gastronomia, 
desenvolvendo novas maneiras de extrair corantes naturais; seja o da farmácia, bus-
candodiferentes maneiras de isolar o princípio ativo de um medicamento encontrado 
em uma planta; seja o da engenharia e da medicina, desenvolvendo dispositivos que 
possibilitam cirurgias em minúsculas estruturas corporais. Enfim, em qualquer área na 
qual se pretenda atuar, há desenvolvimento constante de técnicas e tecnologias que 
permitem ao ser humano intervir no mundo de maneira sempre mais eficaz. A cada mo-
mento, tais intervenções conseguem tocar a realidade em seu detalhe. Posto nas pala-
vras de Battista Mondin (1997, p. 197), o “ [...] progresso técnico do homem é efetuado 
pela criação de instrumentos sempre mais perfeitos, que colocam a mão em condições 
de fazer compreender as suas múltiplas capacidades de domínio sobre a matéria”.
https://www.youtube.com/watch?v=2YV-dT52LQg
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Criar, falar e conviver
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O entendimento sobre o modo como a 
técnica é desenvolvida e passa a tomar 
parte no fazer humano é fundamental, 
pois acaba alterando a própria relação do 
ser humano com o mundo. Por exemplo, 
na cena apresentada no início desta uni-
dade, é possível perceber que, por meio 
da técnica, o mundo não mais se apre-
senta de modo natural, seja no preparo 
dos alimentos pela gastronomia, no modo 
como a linguagem e a argumentação se apresentam pelo direito ou, ainda, pela ma-
neira como é possível agir sobre o corpo humano por meio das técnicas da medicina.
A técnica faz aparecer o mundo para o ser humano. Nesse sentido, o aparecer do 
mundo passa a ser dirigido pelo animal racional. Ou seja: tudo que existe – animado ou 
inanimado –, tem sua existência afetada pelo desejo humano. Isso é um perigo quando 
o ser humano, em seu poder fazer, passa a se entender como senhor de tudo o que 
existe, como se tudo fosse feito para ele.
Há um pensador contemporâneo que muito se dedicou a esta temática: Martin Heideg-
ger (1889-1976). Em sua obra A questão da técnica, Heidegger (2001, p. 17) afirma que
[a] técnica não é, portanto, um simples meio. A técnica é uma forma de de-
sencobrimento. Levando isso em conta, abre-se diante de nós todo um outro 
âmbito para a essência da técnica. Trata-se do âmbito do desencobrimento, 
isto é, da verdade.
Há, assim, outros conceitos a partir dos quais pode ser pensada a técnica, tal qual 
desencobrimento e verdade. A técnica é uma maneira de fazer o mundo aparecer, mos-
trando a verdade de suas possibilidades em tudo aquilo que é desencoberto, ou seja, 
que aparece à luz da verdade.
Figura 02. Mão robô
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Saiba mais sobre esta reflexão dentro da filosofia heideggeriana lendo o artigo: Martin Heide-
gger e a técnica, disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/ss/v5n3/a04v5n3.pdf
SAIBA MAIS
Acesso em: 19 abr. 2021.
A TECNOLOGIA
Tecnológico é tudo aquilo que pode ser utilizado como meio de aplicação de inúmeras 
técnicas sobre o mundo. Dessa forma, enquanto a técnica é um meio de fazer aparecer 
o mundo, a tecnologia pode ser associada ao modo como enxergamos a totalidade do 
mundo em seu aparecer e como o ser humano pode nele intervir.
https://www.scielo.br/pdf/ss/v5n3/a04v5n3.pdf
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Estudo do Ser Humano Contemporâneo
O desenvolvimento das tecnologias é, assim, algo verdadeiramente significativo. Mas 
não é possível, simplesmente, aceitar tudo o que aparece a cada dia – é necessário 
questionar para onde caminha a humanidade neste âmbito.
SAIBA MAIS
Consideremos a medicina, como exemplo. Assim, sugerimos que assista ao vídeo 3 Ino-
vações Que Estão Mudando a Medicina, apresentado pelo médico Carlos Eurico em seu 
canal no Youtube:
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=f6opnMOxGJQ
Clique aqui e acesse o
VÍDEO
Acesso em: 19 abr. 2021.
Toda intervenção é necessária? De que modo ela afeta o mundo?
A tecnologia está totalmente ligada ao existir humano, e as “[...] mudanças tecnológicas 
que se operam no mundo, articulando-o na transformação ininterrupta, conduzem o 
homem a um destino, e é este que devemos procurar inquirir do futuro, qual poderá ser” 
(SCANTIMBURGO, 2000, p. 42).
Pensar o futuro humano passa a ser, de certa forma, pensar o futuro do mundo como 
um todo, que se dá por meio da tecnologia. Busque rememorar diferentes filmes que 
trazem a temática do desenvolvimento tecnológico como centro e identifique quais ele-
mentos são comuns a eles. Tais elementos já podem ser enxergados em sua vida coti-
diana, ainda que de modo incipiente?
https://www.youtube.com/watch?v=f6opnMOxGJQ
https://www.youtube.com/watch?v=f6opnMOxGJQ
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Envolvendo diferentes temas e problemas, embora sempre tendo como pano de fundo 
o mundo tecnológico, a série Black Mirror (Netflix, 2011) apresenta interessantes ideias 
sobre possibilidades futuras. Trata-se de uma distopia, mas cujos elementos podem ser 
observados em certo número na contemporaneidade. As distopias podem ser fantasias, 
mas tomam base no que já existe. Não deixe de assistir, ao menos, alguns episódios!
BLACK MIRROR (Netflix, 2011) – veja a sinopse de todos os episódios da série no link a seguir:
https://g1.globo.com/pop-arte/blog/legendado/post/2019/06/18/black-mirror-todos-os-
-episodios-do-melhor-para-o-pior.ghtml
SAIBA MAIS
Acesso em: 19 abr. 2021.
1.4. O TRABALHO NA SOCIEDADE TECNOLÓGICA
O trabalho humano pode ser entendido como o uso de energias físicas e mentais com 
a finalidade de produzir aquilo que o ser humano entende como necessidade – no prin-
cípio, a necessidade era apenas a sobrevivência. Por meio do trabalho, um mundo foi 
moldado, e aquilo o que foi descoberto e desenvolvido (técnica e tecnologia) passou a 
dirigir as ações humanas; as próprias necessidades passaram a ser outras, depois que 
as primeiras foram sanadas.
Em uma concepção pura de trabalho como “uso da força para um fim”, é possível en-
tender que o trabalho veio antes da técnica – pois o ser humano, primeiro, gastou suas 
energias de modo aleatório, com a finalidade de alcançar algum bem; só depois é que 
ele percebeu que havia maneiras diversas de se alcançar os mesmos objetivos (mais 
rápidas e efetivas). Assim, o trabalho levou à técnica para, depois, ser redesenhado por 
ela, por meio das diferentes tecnologias existentes.
Na sociedade contemporânea – e desde muito tempo – o trabalho não é simplesmente 
um fazer com uma finalidade, pelo contrário, ele foi assumido como um dos pilares do 
viver em sociedade.
https://g1.globo.com/pop-arte/blog/legendado/post/2019/06/18/black-mirror-todos-os-episodios-do-melhor-para-o-pior.ghtml
https://g1.globo.com/pop-arte/blog/legendado/post/2019/06/18/black-mirror-todos-os-episodios-do-melhor-para-o-pior.ghtml
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Podemos entender, de maneira muito evi-
dente, que, se vivemos em uma sociedade 
que é tecnológica, todos os modos segun-
do os quais atuamos no mundo serão mar-
cados pela tecnologia. A vida profissional 
também é marcada pela influência tecno-
lógica, não importando o ramo seguido – 
desde as relações de trabalho até a produ-
ção e oferta de produtos e serviços. Você 
já pensou sobre como sua pretendida pro-
fissão conduz a tecnologia (ou é conduzi-
da por ela) envolvida em seu fazer?
Como exemplo, retome os envolvidos na cena do início deste conteúdo temático – fa-
lamos do profissional da gastronomia e do profissional da medicina; agora, podemos 
pensar o profissional do direito. Seriam os advogados afetados pela tecnologia?
E esses advogados não precisam ser necessariamente humanos. Filmes e séries de 
televisão dão a impressão de que os advogados passam seus dias no tribunal gritando 
“Objeção” e fazendo discursos apaixonados. Mas em geral, o que eles fazem é con-
sultar arquivos intermináveis, à procura de precedentes, brechas e minúsculas peças 
de evidências potencialmente relevantes. Alguns se ocupam em tentar imaginar o que 
aconteceu na noite em que João Ninguém foi morto, ou na elaboração de um gigan-tesco contrato de negócios que protegerá seu cliente em qualquer eventualidade con-
cebível. Qual será o destino de todos esses advogados quando algoritmos sofisticados 
SAIBA MAIS
Para entender mais sobre o trabalho e como ele influenciou a produção social e cultural, 
assista ao vídeo História do emprego e relações de trabalho no mundo:
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=f6opnMOxGJQ
Clique aqui e acesse o
VÍDEO
Acesso em: 19 abr. 2021.
Figura 03. Cotidiano tecnologico
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 https://www.youtube.com/watch?v=f6opnMOxGJQ
https://www.youtube.com/watch?v=hfcp6qSjqxg
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de busca forem capazes de localizar mais precedentes em um dia do que o faria um 
humano em toda a sua vida, e quando scanners de cérebro forem capazes de revelar 
mentiras e enganações só com o apertar de um botão? [...] O que isso fará com milhões 
de advogados, juízes, policiais e detetives? Pode ser que tenham de voltar para a esco-
la e aprender uma nova profissão. (HARARI, 2016, p. 316)
Existe técnica para bem argumentar? Claro. A técnica de argumentação – 
que é algo de singular importância para o direito – pode, ainda, depender do 
tempo na prática profissional. Mas a agilidade no levantamento de elemen-
tos importantes para o conteúdo da argumentação será (ou já é) alterada 
pela tecnologia de dados.
Não é possível entender o ser humano contemporâneo sem problematizar a construção 
de seu mundo – esta que se deu e ainda se dá. É por meio do trabalho que o ser hu-
mano aperfeiçoou técnicas e desenvolveu tecnologias – tudo com o objetivo central de 
fazer do mundo um lugar habitável.
Conforme o homem afirma a sua autonomia, o trabalho assume um signi-
ficado sutilmente antropológico: serve para formar e aperfeiçoar o homem. 
Voltaire recomendava a todos que desenvolvessem algum trabalho, com a 
finalidade de contribuir com o próprio sustento e para o bem-estar da huma-
nidade. O trabalho, de fato, elimina três grandes males: o aborrecimento, o 
vício e a necessidade. (MONDIN, 1997, p. 194)
Podemos entender, então, que o processo de humanização foi acompanhado pelo de-
senvolvimento do trabalho e, a partir de determinado momento na história, pelo desen-
volvimento da técnica – os três em relação de reciprocidade. O trabalho e a técnica são 
constituintes da dimensão Homo faber do ser humano.
2. O ANIMAL QUE SE COMUNICA
2.1 LÍNGUA, LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO COMO PROBLEMA
Em uma reunião de emergência, deu-se uma discussão na empresa. Ocorreu que, no 
fim do prazo, percebeu-se que o programa desenvolvido deveria gerar determinados 
resultados, mas isso não estava acontecendo. O setor financeiro foi quem solicitou o 
desenvolvimento de um recurso para facilitar a lida com fluxos de caixa, já que a empre-
sa crescera e o setor passara a trabalhar com números vultuosos.
O gerente financeiro questionou seu assistente, querendo saber se era possí-
vel certificar-se de que os responsáveis no setor de TI haviam entendido as ne-
cessidades. Em uma análise geral, o gerente percebeu que seu assistente não 
usava corretamente os termos para os objetos e ações da área financeira. Ao mes-
mo tempo, constatou-se que a definição de funcionalidade (setor de TI) fora fei-
ta por quem não estava mais na organização; além disso, o que chegara ao pro-
gramador veio com vários problemas na linguagem de programação utilizada. 
Ou seja, o setor financeiro estava mesmo com problemas.
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Estudo do Ser Humano Contemporâneo
A partir da situação apresentada, é possível pensar problemas relacionados ao tema 
proposto para esta unidade: a comunicação. Falar uma língua – ainda que seja nativa 
– parece algo simples e puramente objetivo, mas muitos problemas surgem por conta 
do uso e da interpretação.
Ademais, além da linguagem natural (falada pelas pessoas), a situação apresenta o uso de 
uma linguagem artificial, que é a linguagem de programação. No conjunto, ainda aparece 
problema no conhecimento de termos e na própria comunicação entre os personagens.
O ser humano fala e desenvolve a linguagem – esta dimensão de seu existir é cha-
mada Homo loquens –, que será tratada a partir de agora. Comece refletindo a partir 
do mapa a seguir:
Figura 04. Mapa Mental – Homo loquens
Fonte: elaborada pelo autor.
A TRADUÇÃO DO MUNDO EM PALAVRA
O ser humano é um animal e todo animal é um organismo vivo. Por meio de complexos 
processos, os organismos vivos se reproduzem e transmitem a vida. Quando o conjunto 
de células se torna vida, o organismo sofre influência de tudo o que o mundo oferece. 
Assim, de acordo com os estímulos do mundo, os seres vivos em geral dão uma respos-
ta direta e automática (como ação-reação). Ocorre que uma espécie animal se desen-
volveu e chegou à racionalidade; com isso, o animal humano não apenas vive, mas tem 
consciência de que vive e de que existe um mundo. O ser humano está no mundo – é 
um mundo que ele não construiu nem escolheu; ele, simplesmente, está.
Em virtude dos estímulos que recebe e de sua complexa capacidade de pensamento, 
o ser humano não apenas responde ao mundo, mas traduz o mundo todo por meio de 
representações. O primeiro ato de representar é o nomear – o ser humano dá nome 
às coisas e ações; ou seja, ele traduz a experiência de mundo em uma linguagem que 
permite partilhar a experiência em um mesmo mundo.
Homo Ioquens
conceitos
nomear reconhecer coisas
linguagem
natural
artificial
línguasímbolos e regras
o que é?
dimensão 
humana
“falar” e 
interagir
partilhar a 
realidade
comunicação
exteriorizar-se
transmitir
importância
relação 
social
identidadeassumir uma fala
contato com o 
diferente
níveis de 
linguagem
atualidades
redes sociais
necessidades profissionais
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Criar, falar e conviver
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O ATO DE NOMEAR
Em primeiro lugar, é importante enxergar que a pessoa, mesmo antes de dar nome ao 
mundo – ou aprendê-lo –, já tem seu próprio nome. Uma das primeiras experiências de 
reconhecimento de si dá-se por meio do próprio nome: “eu sei quem sou e percebo que 
existo, pois tenho nome” – claro que isso não é consciente, pois falamos de crianças 
desde os primeiros dias de vida –; aos poucos, a criança vai se acostumando com o 
nome que tem. A coisa que tem nome é uma substância e o nome é um substantivo.
No YouTube, assista ao filme O enigma de Kaspar Hauser (1974, Werner Herzog). Perceba 
de que modo a linguagem se apresenta como problema e solução na história.
SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
Você já percebeu que aparece como preocupação para uma mãe a escolha do nome de seu 
filho ou filha? Tem de significar algo? É moderno ou antigo? Pode ser motivo de chacota? 
Perceba que o nome vai trazer uma identidade à pessoa. Os nomes têm sentido?
Veja que curiosa é a formação dos nomes dos animais em alemão no link a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=VQ-Nb6Y4gn0
Clique aqui e acesse o
VÍDEO
Acesso em: 14 abr. 2021.
Aos poucos, a criança vai dando nome às coisas, antes mesmo de aprender que ela já 
tem um nome. É o nome que permite ao ser humano ter uma experiência com o mun-
do – significa entender que sem nome as coisas não podem ser consideradas. Nesse 
sentido, é significativo o poema A palavra, de Stefan George, do qual apresentamos os 
dois últimos versos
https://www.youtube.com/watch?v=VQ-Nb6Y4gn0
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A ideia do poeta supracitado é a de que sem nome as coisas não aparecem na existên-
cia; sem nomear, o ser humano não consegue experienciar o mundo. Nomear é um ato 
racional em que o ser humano atribui uma palavra a cada coisa; o nome tem que ser 
único, pois, sem isso, há confusão quando se quer falar do mundo.
Triste assim eu aprendi a renunciar:
Nenhuma coisa que seja onde a palavra faltar.
(GEORGE, 1919 apud HEIDEGGER, 2012, p. 174)
SAIBA MAIS
Assista na íntegra ao programa Café Filosófico, promovido pela CPFL Cultural, no qual a 
filósofa e psicanalista VivianeMosé fala do poder da palavra no ato de nomear o mundo, 
disponível no link a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=YuQ8sXoTCbQ
Clique aqui e acesse o
VÍDEO
Acesso em: 14. abr. 2021.
2.2 O MUNDO INDIVIDUAL E O MUNDO COLETIVO
O mundo passou a ser, então, nomeado; mas uma criança vai crescendo e perce-
bendo que já existem nomes definidos para as coisas. Disso, podemos entender que 
a língua é algo imposto, como algo que deve ser seguido de determinado modo. A 
situação apresentada no início desta unidade mostrou que, quando não se chega a 
um ponto comum dos nomes das coisas, não se consegue atingir objetivos propostos. 
Afinal, a língua é um fato social.
https://www.youtube.com/watch?v=YuQ8sXoTCbQ
https://www.youtube.com/watch?v=YuQ8sXoTCbQ
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Criar, falar e conviver
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Aprendemos a viver e a conviver sempre a partir de uma língua, ou seja, por meio de 
um conjunto de nomes para coisas e ações que funcionam de um modo determinado. 
Não significa que a língua seja algo totalmente fixo e rígido, mas existe uma estrutura 
que muda muito lentamente. Assim, dentro de um contexto, de uma língua, há um nome 
certo para cada coisa.
Retome a situação apresentada no início desta unidade: o assistente não usava cor-
retamente os nomes para as ações e objetos do âmbito financeiro, impossibilitando de 
estarem os envolvidos em uma mesma situação; é como se cada um estabelecesse 
um mundo para si. A vida coletiva é a atuação conjunta de diferentes indivíduos, tendo 
alguns objetivos comuns – sendo o maior deles a possibilidade da própria vida; nessa 
atuação, dão-se inúmeros jogos de linguagem.
Émile Durkheim (1858-1917) entende que o objeto de estudos da sociologia é o fato social, 
pois “[...] toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo 
uma coerção exterior: ou então, que é geral no âmbito de uma sociedade tendo, ao mes-
mo tempo, uma existência própria, independentemente das suas manifestações individuais”. 
(DURKHEIM, 2001, p. 40).
– Pesquise mais sobre o fato social e procure entender onde mais ele pode ser verificado na 
vida social!
PARA REFLETIR
Leia o artigo “Nomear é trazer à existência: a onomástica (de crianças e de bichos) e os ape-
lidos na produção da pessoa Capuxu”, de autoria de Emilene Leite de Sousa. Nele, a autora 
pondera que:
“No sertão é comum atribuir-se nome aos bichos, não havendo inominados. Não apenas os 
animais domésticos, como gatos, cachorros, mas todas as espécies animais que habitam 
com o povo o mesmo espaço são nomeadas, como vacas e bois, jumentos e até cabras. Esta 
é a regra no sertão, onde o que não tem nome não existe!” (SOUSA, 2004, p. 87)
Para conferir o artigo na íntegra, visite: 
https://revistas.ufpr.br/campos/article/view/40373
SAIBA MAIS
Acesso em: 14 abr. 2021.
https://revistas.ufpr.br/campos/article/view/40373
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A COMUNICAÇÃO E A LINGUAGEM COMO JOGO
Imagine a seguinte situação: duas pessoas 
jogando xadrez e uma terceira pessoa, que 
não sabe jogar, assistindo à partida. Esta úl-
tima enxerga as jogadoras movendo peças 
de um lado para outro no tabuleiro, às ve-
zes retirando uma peça, às vezes mais ou 
menos preocupada com a peça que foi reti-
rada, e outras ações; ela enxerga e conse-
gue descrever tudo que vê, mas ela saberia 
jogar? Não. Pois ela não sabe as regras do 
jogo, ou seja, o funcionamento.
Na linguagem acontece o mesmo. Se você não faz parte daquele âmbito ou grupo que 
partilha aquela língua (ou linguagem profissional), não é simples tomar parte no jogo. 
Pense nas frases abaixo (você as entende?):
Figura 05. Xadrez
Fo
nt
e:
 1
23
R
F.
 ` “Temos de cuidar do mise en place”.
 ` “Só existem ‘10’ tipos de pessoas: as que entendem números binários e as que 
não entendem números binários”.
A primeira frase é facilmente entendida na Gastronomia, enquanto a segunda, na Com-
putação – se você não pertence a nenhuma destas áreas, faça uma busca para en-
tender as duas frases. Cada frase é elemento de um jogo, e se você não conhece as 
regras, os nomes e os objetos aos quais eles se referem – e se não praticar – você não 
consegue participar. O autor que tratou desse jogo foi Ludwig Wittgenstein (1889-1951) 
a apresentou que
[a] expressão jogo de linguagem deve aqui realçar o fato de que falar uma 
língua é uma parte de uma atividade ou de forma de vida. Imagina a multi-
plicidade dos jogos de linguagem nestes exemplos e em outros: dar ordens 
e agir de acordo com elas; descrever um objeto a partir do seu aspecto ou 
das suas medidas; construir um objeto a partir de uma descrição (desenho); 
relatar um acontecimento; fazer conjecturas sobre o acontecimento; formar 
e examinar uma hipótese; representação dos dados de uma experiência 
através de tabelas e diagramas; inventar uma história, lê-la; representação 
teatral; cantar numa roda; resolver advinhas; fazer uma piada, contá-la [...]. 
(WITTGENSTEIN, 1995, p.189)
Afinal, os modos como lidamos com a realidade e seus diversos objetos se mos-
tram como jogos de linguagem; por meio de tais jogos, faz-se a comunicação hu-
mana. Imagine uma conversa sua dentro de sua casa, com seus familiares: as pa-
lavras, os objetos e os modos de falar são específicos daquele pequeno círculo de 
pessoas que se relacionam. Possivelmente, se você for comparar com uma amiga, o 
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que ocorre na casa dela é diverso, pois o jogo é outro. Tomando a situação no início 
da unidade, é possível entender que no âmbito financeiro há um jogo de linguagem, 
enquanto no da TI há outro.
Perceba quantos problemas podem surgir em uma grande empresa, na qual diferentes seto-
res se relacionam para oferecer um serviço. A preocupação com a comunicação – para me-
lhorá-la – nem sempre está presente na formação profissional, mas é de suma importância 
que se entenda esta ideia de jogo.
LIBRAS é língua ou linguagem?
Essa é uma pergunta muito comum – e muito fácil de responder: vem de uma comunidade, 
de um contexto? Há nomes determinados para objetos? Há regras fixas de funcionamento?
Então, LIBRAS é língua! Por sinal, na atualidade, é possível perceber que as políticas de 
inclusão têm feito de LIBRAS uma necessidade, especialmente para algumas áreas, como a 
educação. Você já sabe LIBRAS?
PARA REFLETIR
SAIBA MAIS
2.3 LÍNGUAS, LINGUAGENS E A FALA HUMANA
De algum modo, o ser humano sempre fala. Falar não significa emitir sons, mas assumir 
um modo de estar no mundo e expressar o entendimento que se tem de tal mundo.
O homem fala. Falamos quando acordados e em sonho. Falamos continua-
mente. Falamos mesmo quando não deixamos soar nenhuma palavra. Fa-
lamos mesmo quando ouvimos e lemos. Falamos igualmente quando não 
ouvimos e não lemos e, ao invés, realizamos um trabalho ou ficamos à toa. 
Falamos sempre de um jeito ou de outro. Falamos porque falar nos é natural. 
Falar não provém de uma vontade especial. Costuma-se dizer que por natu-
reza o homem possui linguagem. [...] [A] linguagem é o que faculta o homem 
a ser o ser vivo que ele é enquanto homem. Enquanto aquele que fala, o 
homem é: homem. (HEIDEGGER, 2012, p. 7)
Posto de outro modo, diferente de outros animais, o ser humano caracteriza-se como 
aquele que fala. Perceba que Heidegger alarga o entendimento comum de ‘fala’; para 
este autor, não se fala apenas ao serem emitidos sons. A linguagem permite a fala huma-
na, permite a comunicação entre os próprios indivíduos e entre eles e o mundo. Por estar 
no âmbito da linguagem (do mesmo modo como o peixe está na água) e falar, o ser hu-
mano organiza sua fala em uma língua. Língua é o conjunto de nomes dados a objetos e a 
ações, organizado a partir de determinadas regras e produto de uma comunidade social.
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LÍNGUA NATURAL E LINGUAGEM ARTIFICIAL
Por que houve problema no desenvolvimento do recurso pedido pelo setor financeiro? 
Será que não falavama mesma língua? Entre outras coisas, algo importante para se 
conhecer é a diferença entre a língua natural – aprendida e falada ‘naturalmente’ dentro 
de uma comunidade – e a linguagem artificial – que é uma criação humana para deter-
minadas finalidades, por exemplo, no âmbito da programação de computadores.
O mundo contemporâneo é marcado pelas tecnologias digitais, e o computador não 
é apenas uma ferramenta para trabalho, mas para muito do que se faz na vida diária. 
Todas as ações que um computador realiza são determinadas por comandos feitos em 
uma linguagem específica (há diversas linguagens), que pode ser ‘compreendida’ por 
qualquer computador do mundo.
A cunho de exemplo: se você quiser fazer uma conversão de temperatura, de graus Cel-
sius para graus Fahrenheit, você poderia fazer uma conta ou, simplesmente, olhar para 
um termômetro. Agora, veja como deveriam ser os comandos (na linguagem PYTHON) 
para que um computador o fizesse:
Figura 06. Exemplo de programação em python
Fonte: elaborada pelo autor.
Parece estranho? Para quem conhece o jogo, não é. Para quem vai para a área de 
computação, é o mais comum com o que se pretende atuar profissionalmente. Mas 
lembremos: a linguagem artificial é uma criação para que a máquina responda àquilo 
que o pensamento humano determina. Logo, significa que toda linguagem parte de uma 
base que é a linguagem natural para, depois, chegar a ser uma linguagem diferente, 
com estrutura diversa.
O ser humano se encontra no âmbito da linguagem – é por meio dela que ele pode sair 
de si e ter contato com o mundo. “A linguagem permite-lhe trocar com os outros as suas 
ideias próprias, os próprios sentidos, os próprios projetos” (MONDIN, 1997, p. 165). Ao 
longo do tempo, o modo de lidar com a linguagem foi se diversificando, de acordo com 
as necessidades individuais, culturais e mesmo profissionais.
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Possivelmente, você se utiliza de diferentes linguagens em seu cotidiano – pense na 
linguagem de WhatsApp, com palavras abreviadas (vc, qd, qm...) ou com os emojis:
Figura 07. Emojis
Fonte: 123RF.
Isso indica que, de todo modo, o ser humano vai buscar um caminho de saída de si, 
por meio da linguagem. Entender o ser humano contemporâneo é, também, perceber 
como a linguagem se torna problema e merece atenção. Homo loquens é a dimensão 
humana do ser que fala.
3. A ORGANIZÇÃO DO MUNDO HUMANO
3.1. QUANDO O PRINCIPAL É A COOPERAÇÃO
No início do ano letivo, na sala dos professores, a diretora apresenta um projeto aos 
docentes. Trata-se de uma proposta de cunho social, elaborada por uma Organização 
Não Governamental (ONG), cujo objetivo principal é trazer a comunidade para a escola 
e oferecer um curso de letramento digital. A escola deve trabalhar a conscientização 
da comunidade por meio dos alunos – o que deve ser feito nas aulas. A ONG já havia 
conseguido patrocinadores para a manutenção dos equipamentos e contratação de 
professores e técnicos em informática que deveriam conduzir todo o processo.
De início, a comunidade não participou efetivamente, estando restrita apenas aos ado-
lescentes que já eram alunos. Porém, depois de alguns meses, alguns familiares pas-
saram a frequentar o curso. Chegando ao final do ano, muitas pessoas da comunidade 
não apenas aproveitavam o que era oferecido no curso, mas também passavam a ofe-
recer seu tempo para o trabalho na escola, de forma voluntária, percebendo diversas 
necessidades da comunidade.
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Veja que o sucesso do trabalho se deu por conta de ações em conjunto – o trabalho 
organizado com uma finalidade única, coletiva. Na verdade, o sucesso excedeu aquilo 
que era o projeto inicial. Ações como a descrita apenas têm êxito por conta de uma 
dimensão humana que é a sociabilidade – tema principal a ser tratado nesta unidade: o 
homo socialis. Comece vendo o mapa abaixo – que ideias ele já desperta?
Figura 08. Mapa Mental – Homo socialis
Homo socialis
o que é?
dimensão convivência
cooperação
propriedadeprivilégio
conflitos
desigualdade
objetivos 
comuns
conceitos
sociabilidade
bem comumparticipação
socialização
ideologia
política
organização
poder
governo
contrato 
social
dificuldades
Fonte: elaborada pelo autor.
A VIDA COLETIVA – A SOCIEDADE
O ser humano convive com outros da mesma espécie em diferentes âmbitos. É possí-
vel entender que viver coletivamente, em um determinado espaço, seja fruto de uma 
opção humana. Entretanto, aquilo que permite este viver é uma dimensão natural. O 
ser humano vive coletivamente e, do modo como a vida foi organizada, com o passar 
do tempo, não há a opção de viver só, isoladamente. “A dimensão privada praticamente 
desapareceu. [...]. O isolacionismo, hoje, não é possível”. (MONDIN, 1997, p. 156)
Mas, desde quando o ser humano vive de modo coletivo? Hobbes, Locke e Rousseau foram 
pensadores que se debruçaram sobre o que teria levado os seres humanos à vida coletiva. 
Não é possível determinar o momento exato no tempo, mas é importante entender quais 
mudanças se deram neste processo.
Leia na íntegra o texto de Josuel S. P. Ribeiro, intitulado Os contratualistas em questão. Em 
cada seção, o autor busca entender os conceitos principais de cada pensador, permitindo 
refletir melhor sobre as possíveis diferenças entre a sociedade e um estágio anterior, quando 
não se vivia coletivamente (estado de natureza).
RIBEIRO, Josuel Stenio da Paixão. Os Contratualistas em questão: Hobbes, Locke e 
Rousseau. Prisma Jurídico, v. 16, n. 1, p. 2-21, 2017.
SAIBA MAIS
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Criar, falar e conviver
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Como deve se dar a cooperação na sociedade? Cada grupo social vai desenvolvendo 
maneiras de se viver, a partir das quais são transmitidos valores e regras. E todas as 
pessoas vão aprendendo como se fosse algo natural aquele conjunto de regras – ima-
gine uma criança aprendendo que deve ser uma boa criança (e o que significa isso), 
a partir do que a família a ensina. Por meio dos chamados processos de socialização 
primários e secundários a pessoa vai aprendendo o que é a vida em sociedade e de que 
modo ela deve ser para bem participar.
Disponível em: https://periodicos.uninove.br/prisma/issue/view/254
Acesso em: 14 abr. 2021.
De qualquer modo, a vida coletiva apenas é possível pela capacidade e pelo desejo de 
se construir um espaço comum de convivência – não o desejo de um, mas de todos. 
Isso significa que a cooperação é algo que está na base da vida social.
Mamíferos sociais como elefantes e chimpanzés cooperam de maneira mui-
to mais flexível do que abelhas, porém só o fazem com um número pequeno 
de amigos e membros da família. Sua cooperação se baseia em conheci-
mento pessoal. Se eu sou um chimpanzé e você um chimpanzé e eu quero 
cooperar com você, preciso conhecê-lo pessoalmente: que tipo de chimpan-
zé você é? Você é um chimpanzé legal? É um chimpanzé malvado? Como 
posso cooperar com você se não o conheço? Por tudo o que sabemos, so-
mente os Sapiens são capazes de cooperar de modos muito flexíveis com 
um grande número de estranhos. Essa capacidade concreta – e não uma 
alma eterna ou algum tipo único de consciência – explica nosso domínio 
sobre o planeta Terra. (HARARI, 2016, p. 139)
Podemos entender, então, que o ser humano apenas conseguiu chegar ao lugar de 
poder na Terra por conta de todas as ações serem realizadas de modo cooperativo.
Como exemplo, pense sobre a situação apresentada no início da unidade. De quantas ações 
coletivas você já participou ativamente? Você entende que um caminho profissional é, justa-
mente, colaborar com os outros indivíduos em busca de uma sociedade melhor?
PARA REFLETIR
Você entende, então, que aquilo que você é, enquanto indivíduo em uma sociedade, é uma 
construção? Seus gostos, modos de vestir e de ser, tudo é aprendido dentro de um contexto 
social e cultural.
SAIBA MAIS
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A aprendizagem sobre os valores e comportamentos de um grupo social pode se dar de 
diferentes maneiras para diferentes culturas. Mesmo dentro de um mesmo país, é impor-
tante entender que a aprendizagem se dá pelo contexto da comunidade na qual a pessoa 
vive. Como exemplo, pode ser pensada a instrução de uma criança que vive em uma 
cidade da região Sul do Brasil, outra criança que vive em uma comunidade quilombola 
no Sudeste, ou outra criança que vive em uma comunidade indígena do Norte do país.
Para entender melhor como se dão os processos de socialização, leia na íntegra o artigo A 
particularidade do processo de socialização contemporâneo. Nele, Maria da Graça J. Setton 
busca entender o conceito, mas pensá-lo na contemporaneidade.
SETTON, Maria da Graça Jacintho. A particularidade do processo de socialização contempo-
râneo. Tempo soc. São Paulo, v. 17, n. 2, p. 335-350, nov. 2005. 
Acesso em: 14 abr. 2021.
Disponível em: https://bit.ly/3BcOb1M
Leia sobre o processo de socialização de uma criança indígena ao acessar o link a seguir:
SAIBA MAIS
GRUBITS, S.; FREIRE, H. B. G.; NORIEGA, J. A. V.. Influência de aspectos sociais e culturais 
na educação de crianças indígenas. Psico-USF, v. 14, n. Psico-USF, 2009 14(3), set. 2009. 
3.2 POLÍTICA E IDEOLOGIA
Para que servem a política e, consequentemente, o governo? A partir das ideias ante-
riores, a primeira constatação a ser feita é a de que não é possível pensar, hoje, uma 
vivência humana fora do meio social, pois, ainda que se busque viver longe da sociedade, 
dificilmente um indivíduo seria independente de tudo o que fora construído socialmente. 
Assim, o ser humano vive coletivamente. Contudo, se cada um pudesse fazer tudo para 
satisfazer suas necessidades e seus desejos, a vida seria impossível, já que isso levaria à 
invasão do espaço individual. Então, é preciso organizar a comunidade humana – política 
é o nome dado ao modo de organizar a vida coletiva. A política cuida do âmbito público.
https://bit.ly/3BcOb1M
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Como não é possível ao ser humano dizer que tenha encontrado o caminho da ver-
dade, as pessoas defendem posturas que acreditam serem as melhores para aquele 
âmbito. Por exemplo, na política: as diferentes concepções aparecem na formação dos 
diferentes partidos. Os chamados partidos de esquerda, de centro ou de direita diferem 
nas concepções sobre a melhor forma de organizar a vida em sua esfera pública – 
cada um tem sua ideologia.
Você sabe o que é ideologia? Trata-se de um termo desgastado por conta de um uso 
sem rigor. Ou seja, tendo sido tomado em diferentes acepções (muitas vezes com sen-
tido pejorativo), o termo acabou perdendo seu sentido mais próprio. De maneira geral, 
o termo ‘ideologia’ pode ser entendido como o estudo das ideias – de um conjunto de 
ideias que se formam a partir de um contexto, da relação de sujeitos com o mundo que 
vivenciam. “Ideologia”, então, não tem um sentido negativo? Não.
PARA REFLETIR
“Política é coisa de ladrão... ladrão que está no poder”. Possivelmente, você já deve ter 
ouvido esta frase ou outra com o mesmo sentido; mas é um pensamento muito raso – 
principalmente para quem está no Ensino Superior. Um primeiro passo para desenvolver 
melhores ideias é entender o que é a política em essência. Para isso, comece assistindo ao 
vídeo produzido pela Escola Virtual de Cidadania, da Câmara dos Deputados.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lcdqEIPalbM
Clique aqui e acesse o
VÍDEO
Acesso em: 14 abr. 2021.
– Você consegue perceber de que modo a situação do início da unidade é plenamente polí-
tica? Pense nisso...
https://www.youtube.com/watch?v=lcdqEIPalbM
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GOVERNO E PODER
Ao considerarmos a necessidade de que a vida seja organizada, precisamos entender 
que são os próprios indivíduos que a devem organizar. Nesse sentido, um governo 
deve ser formado para garantir que a organização social seja preservada. Aqueles que 
tomam parte no governo – no caso brasileiro, por eleição direta – detêm um poder, a 
eles transferido pelos indivíduos da comunidade.
Leia o artigo Ideologia: uma breve história do conceito, de Marcus V. Mazzari:
Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ea/v26n75/25.pdf
SAIBA MAIS
Acesso em: 14 abr. 2021.
Você percebe que estamos falando do poder público, mas este entendimento pode ser apli-
cado a diferentes círculos de vivência coletiva? Isso acontece, porque o ser humano é um 
animal político (zóon politikon, segundo Aristóteles). Assim, se você pensar a organização 
dentro de uma família, dentro de uma religião, dentro de uma escola, sempre vai encon-
trar relações políticas – não significa que a política do governo esteja dentro da religião 
ou da família, mas que a própria religião se dá como uma relação política, que a própria 
família se dá como uma relação política etc., pois toda vivência humana se dá dentro da 
dimensão do homo socialis.
PARA REFLETIR
Mas quem está no governo e, consequentemente, detém poder, corre o risco de não 
condizer com aquilo que é o esperado e acabar buscando interesses diversos, que não 
sejam os interesses públicos, coletivos. Como o poder está em suas mãos, o perigo de 
abuso é constante e é necessário que a comunidade social esteja atenta. Qual é, então, 
o ideal de um bom governante?
Platão (2014, p. 63) entende que “[...] a maior punição no caso de alguém que não 
deseja governar é ser governado por alguém pior do que ele próprio”. Por esse motivo, 
o bom cidadão que escolhe governar apenas o faz por necessidade social – e Platão 
entende que a pessoa com mais condições de fazê-lo seja aquela que se dedica ao 
filosofar, pois isso evitaria perder-se pelo fascínio do poder.
Manter uma cidade em ordem, de modo que cada um exerça sua função de 
forma adequada, é necessário para que ela seja educada. E, para essa fun-
ção, aparece o governante. A ele caberá o papel de legislador e educador de 
todos. Logo, a ele será dado o poder de determinar a função de cada um, de 
acordo com a potência que cada um demonstrar em seu percurso educativo. 
(LEITE, 2015, p. 60)
https://www.scielo.br/pdf/ea/v26n75/25.pdf
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O poder de um governante vai até o limite do que significa atuar para o bem comum. 
Trata-se de fazer a gestão das ações que, no todo, permitem melhores condições de 
vida coletiva. O governante propõe a organização, mas quem deve realizá-la é a comu-
nidade toda. O envolvimento da comunidade pode ser percebido na situação apresen-
tada no início desta unidade.
Figura 09. Comunidade e governo
Fonte: 123RF.
3.3 O HOMO SOCIALIS, AS RELAÇÕES CONFLITUOSAS E A 
PROPRIEDADE PRIVADA
Na vida cotidiana, muitos conflitos surgem exatamente por conta das diferentes possibi-
lidades que os indivíduos têm de sustentar suas vidas. Conflitos não devem ser apaga-
dos – eles devem aparecer e mostrar a força que têm para levar a uma revisão do modo 
de vida coletiva. Um conflito indica que algo pode não estar bom para todas as pessoas.
Pense em um ambiente de trabalho: quando tudo está sempre bom, pode ser que o 
conflito esteja sendo evitado.
Os conflitos sempre aparecem quando são tomados interesses diversos, advindos de 
diferentes pessoas. Ao se considerar uma sociedade como a reunião de diversas pes-
soas, então, o conflito aparecerá necessariamente – não existe vivência social sem 
conflito. A função de um governo é garantir que, mesmo com conflitos, a vida coletiva 
seja possível; dizendo de outro modo, é fazer com que os conflitos não sejam motivo de 
falta de condições de vida. E as condições de vida (possibilidade de sustentar a vida) 
dentro de uma comunidade deveriam ser as mesmas para todos os indivíduos.
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Segundo Rousseau (1983), a maior fonte de conflitosé a propriedade privada
[...] que, tendo cercado um terreno, se lembrou de dizer: Isto é meu, e encon-
trou pessoas bastante simples para o acreditar, foi o verdadeiro fundador da 
sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores 
não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou 
tampando os buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes. “Livrai-vos de 
escutar esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são 
para todos, e a terra de ninguém!”. Parece, porém, que as coisas já tinham 
chegado ao ponto de não mais poder ficar como estavam: porque essa ideia 
de propriedade, dependendo muito de ideias anteriores que só puderam 
nascer sucessivamente, não se formou de repente no espírito humano [...]. 
(ROUSSEAU, 1983, p. 91)
O pensador entende que, depois das diferenças físicas – que são naturais –, a grande 
diferenciação se dá pela posse. Assim, a propriedade privada leva às desigualdades so-
ciais. Não se consegue reconhecer um indivíduo sem entender sua origem social; ou seja, 
suas possibilidades de vida são determinadas por sua origem, que é determinada pela 
posse material. As condições de vida são fruto de uma condição socialmente construída.
PARA REFLETIR
Assista na íntegra ao documentário Brasil – país dos privilégios, da série Desigualdade 
Global, no canal Folha de São Paulo, disponível em:
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PGgVZAZJKwY
Clique aqui e acesse o
VÍDEO
Acesso em: 14 abr. 2021.
CONCLUSÃO
O ser humano contemporâneo, na vivência de sua dimensão social, enfrenta inú-
meros problemas. Em tese, viver em sociedade deveria ser a possibilidade de uma 
vida com menos dificuldades, principalmente para sanar as necessidades mais bási-
cas de abrigo e alimentação. Mas, na organização da vida coletiva, as desigualdades 
surgem e são perpetuadas.
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Dizer que o ser humano é Homo socialis não significa apenas que ele tem a capacidade 
de conviver, mas que ele tem condições de fazer acontecer uma vida melhor 
coletivamente. Ações como a da ONG que buscava oferecer letramento digital para a 
comunidade são um tipo mais próprio de ação do ser social.
Mesmo quando se escolhe um caminho profissional, trata-se de uma escolha que res-
ponde a certos anseios da comunidade. Um profissional é aquele que põe à disposição 
seu trabalho para um bem que está acima de uma realização unicamente individual.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo: Moderna, 1993.
ÁVILA, Fernando Bastos de. Pequena enciclopédia de moral e civismo. 3. ed. Rio de Janeiro: FENAME, 1982.
BÍBLIA. Português. A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1981.
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leonardoboff.com/site/vista/outros/eco-espiritualidade.htm>. Acesso em: 29 jun. 2013.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2008. p. 113.
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez, 1983.
SCHAFF, Adam. A definição funcional de ideologia e o problema do “fim do século da ideologia”.
L’Homme et la societé: Revista Internacional de Pesquisas e Sínteses Sociológicas, Série Documentos, São 
Paulo, n. 2, Ed. Documentos, 1968.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Tratado logico-filosófico: Investigações filosóficas. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1987

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