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Gabarito Unidade Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo Desafio Dores psicológicas afetam cada vez mais as pessoas, e a falta de informação sobre tais dores, de modo geral, faz com que não tenham, por vezes, um tratamento capaz de romper com o conformismo, especialmente quando não recorrem à ajuda profissional adequada. Dentre as múltiplas disfuncionalidades e transtornos, em termos teóricos, a fobia social, ou transtorno de ansiedade social (TAS), pode ser compreendida como o medo excessivo e persistente, reconhecido como irracional, de situações sociais ou de desempenho (falar ou comer em público) nas quais o indivíduo é submetido a pessoas (estranhas ou não) ou ao seu provável julgamento. Os psicólogos em atuação clínica e com formação em terapia cognitivo-comportamental podem desenvolver diferentes planejamentos terapêuticos para indivíduos com esse tipo de acometimento, contemplando avaliação, psicoeducação, identificação de pensamentos disfuncionais, reestruturação cognitiva, exposição gradual, treinamento de habilidades sociais, prevenção e manutenção do progresso. A TCC trabalha diretiva e colaborativamente na reestruturação cognitiva que, antes da intervenção, causou algum tipo de sofrimento psicológico no indivíduo. Pensamentos automáticos e/ou crenças distorcidas impedem esse indivíduo de ser protagonista em sua vida, identificando e buscando o seu bem-estar, ou seja, geram comportamentos disfuncionais. Por isso, esse ciclo pensamento-emoção-comportamento precisa ser reconstruído quando, fundado em sofrimento, impede o indivíduo de desenvolver até as suas habilidades sociais. Analise o caso descrito a seguir: Você é o terapeuta de Fernanda e busca ressignificar os padrões de pensamento da paciente nessa situação específica de falar em público (queixa). Sabendo que, nesse processo, o comportamento confirma o pensamento, como faria isso por meio do mesmo esquema? Padrão de resposta esperado Se o comportamento confirma o pensamento, então é preciso ajudar o paciente a reconhecer e mudar seus pensamentos inadequados para reduzir o quadro de ansiedade e romper o padrão de evitação a fim de desenvolver a habilidade social esperada. Respostas possíveis: Pensamento: todos nós tememos o novo, e todos em volta percebem o nosso medo. Mas se nos preparamos para esses desafios, o medo se transforma em êxito. Emoção: a ansiedade mantém a atenção na realização e no resultado, não é algo ruim. Comportamento: vencida a ansiedade no desafio, o comportamento de bem-estar confirma o pensamento do novo e do êxito em vencer desafios. Exercícios 1. A prática clínica abrange uma série de decisões e ações ao profissional psicólogo no âmbito das relações com o seu contexto, incluindo instituições, pares ou futuros clientes. Ao atuar em clínica particular, após mapear suas competências e tomar decisões, é importante para o psicólogo que utiliza a terapia cognitivo-comportamental informar e publicizar suas capacidades. Isso inclui: C. demarcar um nicho de atuação específico, informando quais problemas e populações atende para atrair potenciais clientes e colegas. O psicólogo que utiliza a TCC deve demarcar um nicho de atuação específico, informando seu público-alvo, crianças, idosos e/ou adolescentes, bem como identificar problemas específicos como objeto de trabalho, como transtorno alimentar ou dependência química, para citar alguns. Isso ajuda a atrair potenciais clientes e colegas que necessitam dos serviços oferecidos pelo profissional. Para o psicólogo que deseja fazer atendimentos on-line, é obrigatório o cadastro no e-Psi, site do Conselho Federal de Psicologia (CFP), regulamentado pela Resolução nº 4 do CFP, de 26 de março de 2020. A publicidade indiscriminada e sem foco em um nicho de atuação específico pode não ser eficaz e pode atrair clientes que não se encaixam no perfil do psicólogo. A publicidade offline é importante, mas, hoje em dia, a divulgação on-line também é fundamental para alcançar mais pessoas. A publicidade exagerada e a enfatização da superioridade em relação a outros profissionais não são práticas éticas nem recomendadas pelos princípios éticos estabelecidos pelo Conselho Federal de Psicologia. Restringir a comunicação pessoal pode limitar o alcance do profissional, uma vez que a divulgação on-line oferece mais oportunidades de atingir um público mais amplo. 2. Uma das práticas que constituem a relação entre profissionais de saúde mental é a supervisão, pois ela é uma atividade profissional diferente de outras atuações do psicólogo e exige competências próprias. Por isso, considera-se necessário o treinamento do supervisor tanto em competências específicas para essa prática quanto em competências clínicas. Sobre a supervisão, acompanhe o diálogo a seguir: Supervisionado: Olá, bom dia! Hoje, eu gostaria de discutir um caso que estou atendendo há algumas semanas. É uma cliente que apresenta sintomas de ansiedade social e tem dificuldades em interagir com outras pessoas em ambientes sociais. Supervisor: Bom dia! Claro, podemos discutir o caso. Fale um pouco mais sobre essa cliente e como tem sido o tratamento até o momento. Supervisionado: [...] ela é uma mulher de 30 anos, e sua ansiedade social tem sido bastante debilitante para ela. Ela evita situações sociais, mesmo em contextos mais informais, e isso tem afetado seu trabalho e relacionamentos pessoais. Inicialmente, trabalhamos na identificação de seus pensamentos automáticos negativos durante as interações sociais. Supervisor: Foi um bom início [...], identificar os pensamentos automáticos é fundamental na TCC. Ela tem sido receptiva com o tratamento, de forma geral? Ela está conseguindo aplicar as estratégias que vocês trabalham nas sessões? [...] A supervisão clínica na terapia cognitivo-comportamental (TCC) é um processo: D. colaborativo, em que o supervisor e o supervisionado trabalham em conjunto para discutir casos, técnicas terapêuticas e aprimorar habilidades. A supervisão clínica na terapia cognitivo-comportamental (TCC) é um processo colaborativo em que o supervisor e o supervisionado trabalham juntos para discutir casos clínicos, técnicas terapêuticas e aprimorar habilidades clínicas. O supervisor oferece orientação e feedback, mas também incentiva o supervisionado a compartilhar suas experiências, desafios e insights na prática clínica. É um espaço seguro e enriquecedor em que ambos os profissionais se beneficiam do aprendizado mútuo e da troca de conhecimentos. A supervisão não é exclusiva para psicólogos em formação; profissionais experientes também podem se beneficiar dela para o aprimoramento contínuo de suas habilidades clínicas. A supervisão não deve ocorrer apenas em situações de dificuldades; é um processo contínuo que pode abordar diversos aspectos da prática clínica. O supervisor leva em consideração tanto os aspectos técnicos quanto as experiências pessoais do supervisionado durante o processo de supervisão. Também não deve oferecer respostas prontas, mas incentivar a reflexão e o desenvolvimento autônomo do supervisionado como terapeuta. 3. Na prática clínica em terapia cognitivo-comportamental, por meio da técnica mindfulness, ou atenção plena, o terapeuta ensina o cliente a cultivar uma atitude de curiosidade e aceitação em relação aos seus pensamentos, emoções e sensações físicas no momento presente, sem julgamentos e atravessamentos. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando o cliente está enfrentando ansiedade social e medo de falar em público. Durante a terapia, ele pratica mindfulness, concentrando-se no momento presente e observando suas sensações corporais, pensamentos e emoções relacionados a essa situação. Ele não julga essas experiências, apenas as observa com curiosidade e aceitação. Ao praticar regularmente, ele desenvolve uma maior consciência de seus padrões de pensamento e emoções em relação à ansiedade social. Com o tempo, o cliente se torna menos identificado com seus pensamentos ansiosos e ganha mais controle sobre suas respostas emocionais.Isso permite que ele enfrente a ansiedade social de maneira mais adaptativa, reduzindo seu impacto negativo e permitindo uma abordagem mais tranquila e equilibrada ao falar em público. No percurso histórico de evolução da TCC em três ondas, é possível situar a utilização da técnica de mindfulness na: E. terceira onda, que considera contexto e funções dos fenômenos psicológicos. Primeira onda (1950): foco no comportamento observável e não no pensamento; mudanças de comportamento por meio do condicionamento clássico e da aprendizagem operante (Pavlov). Segunda onda (1960): foco nos componentes cognitivos; modelo reunindo técnicas comportamentais e cognitivas; mudança de comportamentos disfuncionais por meio da intervenção terapêutica. Terceira onda (1990): foco além dos resultados, considerando o contexto e as funções dos fenômenos psicológicos; fundamentada em abordagem empírica e princípios; variados modelos de intervenção (foco nos princípios de aceitação, mindfulness e consciência plena, livre de julgamentos); mudança de comportamento mais voltada – e ampliada – para os sofrimentos humanos. 4. A TCCi, ou terapia cognitivo-comportamental pela internet, é uma modalidade de tratamento psicoterapêutico que utiliza recursos on-line para fornecer suporte terapêutico e intervenções com base nos princípios da TCC. Essa abordagem terapêutica utiliza a tecnologia da internet para oferecer psicoterapia de forma acessível e flexível, permitindo que os pacientes tenham acesso ao tratamento em qualquer lugar e a qualquer momento. Sobre a TCCi, assinale a alternativa correta: E. Possibilita o acesso permanente, oferece interação atrativa e inclui suporte e orientação do terapeuta em diferentes meios de comunicação. A terapia cognitivo-comportamental realizada pela internet (TCCi) oferece algumas vantagens, como a disponibilidade permanente de acesso ao tratamento. Além disso, a TCCi é projetada com características interativas, proporcionando uma experiência de tratamento mais dinâmica e envolvente ao paciente. Para garantir o envolvimento e a continuidade do tratamento, os terapeutas oferecem suporte e orientação por intermédio de diferentes meios de comunicação, como vídeo e/ou consultas telefônicas. Essa abordagem pode tornar o tratamento mais acessível e conveniente para os pacientes, e pode contribuir para a eficácia do tratamento nos mais diferentes casos. A TCCi pode envolver supervisão, especialmente quando aplicada por profissionais em formação. A supervisão é uma parte importante do treinamento em terapias cognitivo-comportamentais e ajuda a garantir a qualidade do tratamento. Além disso, embora a TCCi possa ser mais acessível em termos de disponibilidade e flexibilidade de horários, ainda é necessária a participação de um terapeuta qualificado para orientar o paciente durante o tratamento. Os terapeutas oferecem suporte e orientação contínuos aos pacientes, possibilitando a aplicação das técnicas terapêuticas e a adaptação do tratamento às necessidades individuais, para além da psicoeducação. A TCCi segue um modelo específico de intervenção que visa à modificação de pensamentos, emoções e comportamentos disfuncionais para melhorar o bem-estar do paciente, com base nos princípios da terapia cognitivo-comportamental. 5. Desde os anos 1960, quando foi introduzida no campo teórico e prático da psicologia, a TCC experimenta avanços importantes. Inicialmente desenvolvida por Aaron Beck, a TCC representou uma mudança teórica significativa na compreensão e no tratamento de transtornos emocionais, concentrando-se na relação entre pensamentos, emoções e comportamentos. Desde então, a abordagem cognitivo-comportamental tem se consolidado como uma das principais correntes terapêuticas, sendo amplamente aplicada em diversos contextos e transtornos psicológicos, incluindo depressão, ansiedade, fobias, transtorno bipolar, entre outros. Sobre pesquisa e prática em TCC, assinale a alternativa correta: C. A difusão da TCC no Brasil está relacionada com a tradução e publicização de seus princípios ao senso comum. No campo da pesquisa, a TCC tem se destacado pela construção e desenvolvimento de um sólido programa de investigação com evidências de sua eficácia terapêutica. Diversos estudos têm demonstrado a validade e a efetividade da TCC em diferentes populações e condições clínicas, contribuindo para o seu reconhecimento como uma terapia com base em evidências. Rangé et al. (2011) assinala ainda três aspectos para consolidar e difundir a TCC no Brasil: a confiabilidade nos resultados da pesquisa clínica, a publicação da produção científica em revistas especializadas e a popularidade alcançada na mídia com a comunicação para os leigos de seus princípios. No Brasil, a integração entre os modelos cognitivo e comportamental inicia a partir dos anos 1970, mas somente no início dos anos 1990 é que, como movimento, se configura a integração desses dois modelos com estudos sobre a ansiedade, com crescimento da popularidade dessas terapias cognitivas no país. Foram predominantes as vertentes construtivista e cognitivo-comportamental em São Paulo e de reestruturação cognitiva e cognitivo-comportamental no Rio de Janeiro. As pesquisas sobre terapia comportamental continuam sendo um desafio para o estudo do comportamento humano, pois é uma área em que terapeuta e paciente trabalham em conjunto na aplicação dos princípios básicos do comportamento e na verificação de quaisquer mudanças originadas ou não desses princípios. No contexto escolar, a TCC pode trabalhar, por exemplo, com as crenças do educador sobre o seu papel e desempenho no processo educacional com crianças ou adolescentes vítimas de violência, ressignificando suas percepções sobre situações afetivas e comportamentais. image1.jpeg