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Profa. Dra. Estefânia Viano da Silva e-mail: estefania.silva@facunicamps.edu.br Estereoquímica mailto:estefania.silva@facunicamps.edu.br QUIRALIDADE: palavra grega cheir, que significa mão. Isomerismo: Isômeros Constitucionais e Estereoisômeros Os isômeros são diferentes compostos que têm a mesma fórmula molecular. Os isômeros constitucionais têm a mesma fórmula molecular, mas diferentes conectividades, significando que seus átomos estão conectados em uma ordem diferente. Os estereoisômeros não são isômeros constitucionais. Os estereoisômeros têm seus átomos ligados na mesma sequência (a mesma constituição), mas eles diferem no arranjo dos seus átomos no espaço. A forma cis e trans dos alcenos são estereoisômeros, da mesma forma que as formas cis e trans de moléculas cíclicas substituídas. ESTEREOISÔMEROS ESTEREOISÔMEROS (C7H14) ESTEREOISÔMEROS (C8H16) Os estereoisômeros podem ser divididos em duas categorias gerais: ENANTIÔMEROS e DIASTEREOISÔMEROS. ENANTIÔMEROS são estereoisômeros cujas moléculas são imagens especulares não superponíveis. DIASTEREOISÔMEROS são estereoisômeros cujas moléculas não são imagens especulares uma da outra. Os isômeros cis- e trans-1,2- dicloroeteno, são estereoisômeros que são diastereoisômeros ESTEREOISÔMEROS → DIASTEREOISÔMEROS Examinando as fórmulas estruturais para o cis e trans-1,2-dicloroeteno, vemos que eles têm a mesma fórmula molecular (C2H2Cl2) e a mesma conectividade. Mas seus átomos têm um arranjo diferente no espaço que não é inter- convertível entre si (devido a grande barreira de energia de rotação da ligação dupla carbono-carbono), tornando-os estereoisômeros. Além disso eles são estereoisômeros que não são imagens superponíveis um do outro, consequentemente eles são diastereoisômeros e não enantiômeros. Os isômeros cis e trans dos cicloalcanos fornecem-nos outro exemplo de estereoisômeros que são diastereoisômeros. Têm a mesma fórmula molecular (C8H16), a mesma seqüência de ligação com seus átomos, mas diferentes arranjos dos átomos no espaço No cis ambos grupos metila estão ligados no mesmo lado do anel, enquanto no trans estão ligados em lados opostos. Além disso, as posições dos grupos metila não podem ser interconvertidas através de mudanças conformacionais. Consequentemente: esses compostos são estereoisômeros e não são imagens especulares um do outro, portanto são classificados como diastereoisômeros. 1- Qual das seguintes substâncias apresenta isomerismo geométrico? a) Somente II b) Somente III c) Somente I e II d) Somente I e III e) Somente III e IV Exercício SUBDIVISÃO DE ISÔMEROS ISÔMEROS Compostos diferentes com a mesma fórmula molecular ISÔMEROS CONSTITUCIONAIS Isômeros cujos átomos têm uma conectividade diferente ESTEREOISÔMEROS Isômeros que têm a mesma conectividade mas que diferem no arranjo de seus átomos no espaço. ENANTIÔMEROS Estereoisômeros que são imagens especulares não-superponíveis um do outro DIASTEROISÔMEROS Estereoisômeros que não são imagens especulares um do outro. Enantiômeros e Moléculas Quirais Enantiômeros: ocorrem apenas com compostos cujas moléculas são quirais. Uma molécula quiral é definida como aquela que não é superponível com a sua imagem. Os estereoisômeros de alcenos não são quirais, enquanto que o isômero trans-1,2-dimetilciclopentano é quiral. Uma molécula quiral e a sua imagem especular são chamadas de uma par de enantiômeros. A relação entre elas é definida como enantiomérica. As moléculas (e objetos) que são superponíveis com suas imagens especulares são aquirais (no sentido de não quiral). Basta observar a não superponibilidade dos objetos e suas imagens especulares. A quiralidade de moléculas pode ser demonstrada com compostos relativamente simples. Considere, por exemplo, o 2- butanol: Até agora apresentamos a fórmula do 2-butanol como se representasse apenas um composto. Mas o 2-butanol é quiral, portanto existem na realidade dois 2-butanóis que são estereoisômeros do tipo enantiômeros. Se o Modelo I é mantido na frente do espelho, o Modelo II é visto na imagem e vice-versa Os Modelos I e II não são superponíveis entre si; conseqüentemente, eles representam moléculas diferentes, mas isoméricas. Uma vez que os Modelos I e II são imagens especulares não-superponíveis, as moléculas que eles representam são enantiômeros. Modelo I Modelo II Como sabemos quando esperar a possibilidade de enantiômeros? Uma maneira (mas não é a única) é aceitar que um par de enantiômeros é sempre possível para moléculas que contêm um átomo tetraédrico com quatro grupos diferentes ligados a ele. *Centro de quiralidade → centro ou carbono estereogênico * Antigamente chamado de átomo quiral ou assimétrico ou estereocentro. Uma propriedade importante dos enantiômeros como essa é que interconvertendo-se quaisquer dois grupos no átomo tetraédrico que contém quatro grupos diferentes, converte- se um enantiômero no outro. Ex: Interconvertendo-se o grupo hidroxila e o átomo de hidrogênio, converte-se um enantiômero no outro. Uma vez que a interconversão de dois grupos no C2 converte um estereoisômero em outro, o C2 é um exemplo do que é chamado de carbono estereogênico. Um carbono estereogênico é definido como um átomo de carbono contendo grupos de tal natureza que uma interconversão de quaisquer dois grupos produzirá um estereoisômero. Os átomos de carbono do cis- e trans-1,2-dicloroeteno são exemplos de carbonos estereogênicos trigonais planos porque uma interconversão de grupos em qualquer átomo também produzirá um estereoisômero (diastereoisômero). Em geral, qualquer posição onde uma interconversão de grupos leva a um estereoisômero é chamada de um centro estereogênico. Quando abordamos a interconversão de grupos como esta, devemos tomar cuidado em observar o que estamos descrevendo é algo que fazemos em um modelo molecular ou algo que fazemos no papel. Uma interconversão de grupos em uma molécula real, se ela puder ser feita, necessita de quebra de ligações covalentes, e isso é algo que necessita de um fornecimento grande de energia. Isso significa que os enantiômeros, como os enantiômeros do 2-butanol não se interconvertem espontaneamente. Sempre que uma molécula contiver um único centro de quiralidade necessariamente existirão compostos enantioméricos. Se todos os átomos tetraédricos em uma molécula têm dois ou mais grupos ligados que são iguais, a molécula não tem um átomo de carbono estereogênico. A molécula é superponível com a sua imagem especular e é aquiral. Ex. 2-propanol Exercício Importância Biológica da Quiralidade A origem das propriedades biológicas relacionadas à quiralidade é geralmente comparada à especificidade de nossas mãos para as luvas respectivas delas. A especificidade de ligação para uma molécula quiral em um sítio de receptor quiral só é favorável de uma maneira. Se a molécula ou o sítio biológico receptor tivesse a lateralidade errada, a resposta fisiológica natural (Ex. impulso neural, catálise de reação) não ocorreria. Um diagrama mostrando como apenas um aminoácido pode interagir de uma maneira ótima com um sítio ligante hipotético (por ex. uma enzima). Por causa do carbono tetraédrico estereogênico do aminoácido, ligação de três pontos pode ocorrer com o alinhamento apropriado para apenas um dos dois enantiômeros. TALIDOMIDA A atividade das drogas contendo carbonos pode variar similarmente entre os enantiômeros, algumas vezes com conseqüências sérias e trágicas. Antes de 1963 o fármaco talidomida foi usado para aliviar os sintomas de enjôo em mulheres grávidas. 1963 – descobriu-se que a talidomida era a causa de defeitos de nascimentos horríveis em muitas crianças nascidas após o uso da droga. TALIDOMIDA → efeito teratogênico A talidomida ficou disponível no Brasil, comercializadacom os seguintes nomes comerciais: Ectiluram®, Ondosil®, Sedalis®, Sedim®, Verdil® e Slip® TESTES PARA QUIRALIDADE: PLANOS DE SIMETRIA • A maneira insuperável de testar a quiralidade molecular é construir modelos da molécula e de sua imagem especular e então determinar se elas são superponíveis. → Se os dois modelos são superponíveis a molécula que eles representam é aquiral. → Se os modelos não são superponíveis, então as moléculas que eles representam são quirais. • Podemos aplicar esse teste com modelos reais, como acabamos de descrever, ou aplicá-lo desenhando estruturas tridimensionais e tentar superpô-las em nossas mentes. Entretanto, existem outros caminhos que nos auxiliarão no reconhecimento de moléculas quirais. Arg249 Cys166 Glu336 His194 Gln200 Ala198 TESTES PARA QUIRALIDADE: PLANOS DE SIMETRIA Baseado na ausência na molécula de determinados elementos de simetria. Uma molécula não será quiral, por exemplo, se ela possui um plano de simetria. Um plano de simetria (também chamado de plano especular) é definido como um plano imaginário que divide uma molécula de tal forma que as duas metades da molécula são imagens especulares uma da outra. O plano pode passar pelos átomos, entre os átomos ou por ambos Todas as moléculas com um plano de simetria são aquirais. (a)O 2-cloropropano tem um plano de simetria e a molécula é aquiral. (b)O 2-clorobutano não possui um plano de simetria e a molécula é quiral. Nomenclatura de Enantiômeros: O Sistema R,S Os dois enantiômeros do 2-butanol têm o seguinte nome IUPAC: 2- butanol ou álcool sec-butílico. Mas, somente este nome não é suficiente, pois têm-se dois compostos diferentes (estereoisômeros) com nomes iguais. R.S. Cahn (Inglaterra), C. K. Ingold (Inglaterra) e V. Prelog (Suíça) desenvolveram um sistema que, quando adicionado ao sistema IUPAC, resolvem a questão da nomenclatura para estereoisômeros. Esse sistema chamado de sistema R,S ou sistema Cahn- Ingold-Prelog, é largamente utilizado e oficialmente aceito pela IUPAC. Assim, um enantiômero é o (R)-2-butanol e ou outro enantiômero o (S)-2-butanol. R e S vem do latim –rectus (R) (direita) e sinister (S) (esquerda). Diz-se que estas moléculas têm configurações opostas no C2. Nomenclatura de Enantiômeros: O Sistema R,S As configurações (R) e (S) são assinaladas com base no seguinte procedimento: 1. Em cada um dos quatro grupos ligados ao carbono estereogênico é assinalada uma prioridade ou preferência a, b, c ou d. A prioridade é primeiramente atribuída com base no número atômico que está diretamente ligado ao carbono estereogênico. Ao grupo com menor número atômico é dada a menor prioridade, d. Ao grupo com o próximo número atômico mais alto, é dada a próxima mais alta, c, e assim por diante. !!!! Atenção no caso de isótopos, o isótopo de maior massa atômica tem a maior prioridade. O oxigênio tem o maior número atômico dos quatro átomos ligados ao carbono e a ele é atribuída a maior prioridade, a. O hidrogênio tem o menor número atômico e a ele é atribuída a prioridade mais baixa, d. Uma prioridade não pode ser atribuída para o grupo metila e para o grupo etila por essa abordagem, porque o átomo que está diretamente ligado ao carbono estereogênico é um átomo de carbono em ambos os grupos 2. Quando uma prioridade não pode ser atribuía com base no número atômico dos átomos que estão diretamente ligados ao átomo de carbono estereogênico, então o próximo conjunto de átomos nos grupos não atribuídos é examinado. Esse processo é continuado até que uma decisão possa ser tomada. Assinalamos uma prioridade no primeiro ponto de diferença Quando examinamos o grupo metila do enantiômero, I, descobrimos que o próximo conjunto de átomos consiste em três átomos de hidrogênio (H, H, H). No grupo etila, I, o próximo conjunto de átomos consiste em um átomo de carbono e dois átomos de hidrogênio (C, H, H). O carbono tem um número atômico maior que o hidrogênio, assim atribuímos o grupo etila a maior prioridade, b, e ao grupo etila a menor prioridade, c, (C, H, H) > (H, H, H). 3. Agora giramos a molécula (ou o modelo) de tal modo que o grupo com a menor prioridade, d, esteja apontado para longe de nós: 4. Então traçamos um caminho a partir de a para b para c. Se à medida que fizermos isso, o sentido de nosso dedos (ou caneta) é horário, o enantiômero é denominado (R). Se o sentido é antihorário o enântiomero é denominado (S). Baseado nisso, o enântiomero do 2-butanol, I, é o (R)-2-butanol: Exercício e) 5- Qual é configuração absoluta do aldeído seguinte? C HO H CH CH2OH O 6- Atribua as configurações R e S para os compostos seguintes? Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22: Exercício Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42: Exercício Slide 43