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DISC. ESPEC. II – A PSICOTERAPIA INFANTO- JUVENIL: AULA 07 Profª. Esp. Mariana Moura da Silva UNIDADE 3: Atendimento infantil, Psicopatologia e Psicoterapia na Adolescência Seção 3.1: Cuidados técnicos e éticos no atendimento infanto-juvenil O lugar dos pais na psicoterapia de crianças e adolescentes ´ A família e ́ o ambiente social prima ́rio da crianc ̧a. Sem o engajamento dos pais, a psicoterapia infantil tem baixa efica ́cia, pois os pais sa ̃o capazes de promover a mudanc ̧a no ambiente. Durante o processo, sa ̃o realizadas sesso ̃es de orientac ̧a ̃o com os pais de acordo com a avaliac ̧a ̃o do psico ́logo. ´ Ao trabalhar em conjunto com os pais, o terapeuta visa promover um ambiente familiar que apoie o desenvolvimento emocional e psicológico saudável da criança ou adolescente. Isso pode envolver a criação de limites claros, o estabelecimento de rotinas consistentes e o fornecimento de apoio emocional e afetivo. A INSERÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO PSICOTERÁPICO: ASPECTOS LEGAIS ´ Artigo 8o do Código de Ética Profissional do Psicólogo - Para realizar atendimento na ̃o eventual de crianc ̧a, adolescente ou interdito, o psico ́logo devera ́ obter autorizac ̧a ̃o de ao menos um de seus responsa ́veis, observadas as determinac ̧o ̃es da legislac ̧a ̃o vigente: §1° – No caso de na ̃o se apresentar um responsa ́vel legal, o atendimento devera ́ ser efetuado e comunicado a ̀s autoridades competentes; §2° – O psico ́logo responsabilizar-se-a ́ pelos encaminhamentos que se fizerem necessa ́rios para garantir a protec ̧a ̃o integral do atendido. A INSERÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO PSICOTERÁPICO: ASPECTOS LEGAIS ´ O fato de o paciente ser dependente de um adulto, geralmente um familiar, faz com que o contrato de tratamento implique o envolvimento de pais, criança e terapeuta, visto que são os primeiros que têm a incumbência de trazer o filho para as sessões, pagar pelos honorários do profissional, ou seja, participar efetivamente da psicoterapia da criança. ´ O papel dos adultos no decorrer do tratamento, portanto, não se dá apenas no nível do mundo fantasmático; fatores de realidade se fazem igualmente presentes. A INSERÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO PSICOTERÁPICO ´ Como será a entrada e qual a participação destes na psicoterapia da criança ou adolescente? ´ Que espaço terão para colocar suas preocupações, dúvidas e ansiedades? ´ Como diferenciar suas demandas das trazidas pelo paciente em questão? ´ Deixar os pais fora do tratamento apenas suscitará fantasias e resistências que poderão criar impasses terapêuticos a respeito da terapia. ´ Manter encontros periódicos com os pais auxilia a diminuição das fantasias persecutórias, bem como, ao se aproximar da história familiar, entendendo sua dinâmica, faz com que venham à tona segredos ou aspectos ocultos, que vão se evidenciando na medida em que é construída uma relação de confiança. A INSERÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO PSICOTERÁPICO ´ Ter um olhar para a criança em separado dos pais, também, é imprescindível: a criança tem uma vida mental própria, mesmo que “atravessada” pelas projeções e pela subjetividade dos seus pais. ´ É necessário ouvir as diferentes demandas para retirar a criança de uma determinada função na estrutura familiar, pois demonstra por meio do sintoma a própria subjetividade e deve ser ouvida como sujeito de próprio discurso. ´ Devemos auxiliar na discriminação e separação desses aspectos através de contatos, que não configurem um setting de tratamento pessoal, mas sim com o intuito de conter ansiedades, estabelecer e desamarrar questões e fantasmas da história de cada família que possam estar impedindo o desenvolvimento sadio do pequeno paciente ou do adolescente. SIGILO ´ Para menores de idade, o sigilo também vale? ´ A comunicação entre o psicólogo e os pais tem um papel crucial no processo terapêutico com crianças e adolescentes. Os pais têm o direito de estar envolvidos no tratamento de seus filhos e de receber informações relevantes sobre o progresso terapêutico. ´ No entanto, é importante equilibrar a necessidade de compartilhar informações com a privacidade e sigilo do paciente. Como pode ser visto no seguinte trecho: ´ Art. 13 – “No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício”. SIGILO ´ O psicólogo pode contar aos pais são informações gerais sobre o processo terapêutico, como o objetivo da terapia, as estratégias utilizadas e o progresso geral do paciente. Essas informações ajudam os pais a entenderem como podem apoiar o processo terapêutico em casa. ´ Contudo, é crucial que os psicólogos sejam seletivos ao compartilhar informações específicas sobre o conteúdo das sessões. Afinal, o respeito à privacidade do paciente é essencial para construir uma relação de confiança. ´ Os detalhes íntimos e pessoais compartilhados pelo paciente devem ser mantidos em sigilo, a menos que haja uma necessidade clara de envolver os pais em uma questão específica de segurança ou bem-estar. ENCAMINHAMENTOS ´ Ao trabalhar com crianças e adolescentes, um psicólogo pode fazer uma variedade de encaminhamentos e indicações terapêuticas, dependendo das necessidades específicas do paciente. ´ Avaliação Psicológica: Em alguns casos, pode ser necessário realizar uma avaliação psicológica para entender melhor as necessidades do cliente e desenvolver um plano de tratamento adequado. ´ Encaminhamento para outros Profissionais: psiquiatras, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais, médico pediatra, neurologista, etc, para uma abordagem mais abrangente e integrada. ´ Intervenções Escolares: paciente com dificuldades na escola, o psicólogo pode trabalhar em colaboração com professores e orientadores escolares para implementar estratégias de apoio educacional. ESTILOS PARENTAIS ´ Referem-se a um padra ̃o global de características da interac ̧a ̃o dos pais com os filhos que geram um clima emocional na relac ̧a ̃o. Costuma ter forte influe ̂ncia da família de origem dos pais. ´ Quatro estilos parentais: autorita ́rio, permissivo, negligente e autoritativo (democra ́tico ou participativo). ´ AUTORITÁRIOS: Pais rigorosos, poucos empa ́ticos, pouco afetuosos, usam regras rígidas estabelecidas sem a participac ̧a ̃o dos filhos. O descumprimento dessas regras gera punic ̧a ̃o, física algumas vezes. Priorizam a obedie ̂ncia, restringem a autonomia e desconsideram o ponto de vista do filho. Promove fragilizac ̧a ̃o do vínculo, rebeldia ou submissa ̃o, transtornos de ansiedade e depressa ̃o. ESTILOS PARENTAIS ´ PERMISSIVOS: Caracteriza-se pela ause ̂ncia de regras e reforc ̧o positivo contínuo, alta afetividade, baixa exige ̂ncia e receptividade diante de quaisquer desejos e ac ̧o ̃es dos filhos. Priorizam o afeto e a superprotec ̧a ̃o. Promove baixa tolera ̂ncia a ̀ frustrac ̧a ̃o, falta de empatia, egocentrismo. ´ NEGLIGENTES: Caracteriza-se pela ause ̂ncia de regras, baixa exige ̂ncia, baixa afetividade e interac ̧a ̃o. Os pais priorizam continuamente outros aspectos da vida, e na ̃o a parentalidade. Buscam se esquivar da responsabilidade de educar. Esse estilo promove baixa autoestima, transtornos de conduta, depressa ̃o. ESTILOS PARENTAIS ´ AUTORITATIVOS: Caracteriza-se por empatia, respeito e acolhimento a ̀ crianc ̧a. Os comportamentos inadequados sa ̃o vistos como oportunidade de ensinar, e na ̃o como motivo de castigo. Os pais utilizam regras claras, da ̃o exemplos adequados, proporcionam autonomia e afeto. Promovem desenvolvimento socioemocional sauda ́vel, diminuic ̧a ̃o de comportamentos problema ́ticos e fortalecimento de vínculo. ´ A orientação aos pais é uma parte essencial do processo terapêutico para crianças e adolescentes, pois capacita os pais a apoiarem seus filhos de maneira eficaz, promovendo o bem-estar emocional e o desenvolvimento saudável da família como um todo. Promoçãode práticas parentais adequadas: intervenções em educação parental ´ Identicac ̧a ̃o das pra ́ticas parentais: identificar quais pra ́ticas parentais sa ̃o adequadas e quais podem ser melhoradas. ´ Psicoeducac ̧a ̃o: informac ̧o ̃es sobre as conseque ̂ncias das pra ́ticas parentais negativas. ´ Ressignicac ̧a ̃o do modelo de criac ̧a ̃o: auxiliar os pais na reflexa ̃o sobre as pra ́ticas parentais presentes na educac ̧a ̃o deles. ´ Descric ̧a ̃o detalhada do comportamento esperado: e ́ necessa ́rio que o psico ́logo explique detalhadamente como os pais devem se comportar diante das situac ̧o ̃es desafiadoras que a crianc ̧a apresenta. Promoção de práticas parentais adequadas: intervenções em educação parental ´ Encenac ̧a ̃o: o psico ́logo pode utilizar de troca dos pape ́is para mostrar aos pais como os filhos se sentem. ´ Utilizac ̧a ̃o de meta ́foras e recursos terape ̂uticos: dina ̂micas, vídeos, livros, textos etc. ´ Listas de comportamentos: realizar lista de comportamentos desafiadores e de comportamentos esperados no futuro. ´ Sesso ̃es em conjunto: pai e/ou ma ̃e realizam sessa ̃o junto com a crianc ̧a a fim de promover a escuta da crianc ̧a. ´ Treino de habilidades sociais: promover habilidades relacionadas a ̀ assertividade e ao controle da raiva. PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS NA ADOLESCENCIA ´ Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou que, em jovens de 15 a 19 anos, o estado de saúde mental é responsável por 16% da carga global de doenças. Dada a intrínseca relação entre esses números e o comprometimento da saúde na vida adulta, os transtornos mentais na adolescência é um dos temas de maior preocupação da Saúde Pública. ´ A mesma pesquisa da OMS citada acima afirma que metade dos problemas mentais começa aos 14 anos, e que o suicídio na adolescência é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos. ´ Esses dados são confirmados pelo Jornal da USP que destacou a prevalência de 13% de desequilíbrios psiquiátricos em escolares. Destes, apenas 19,3% foram submetidos a tratamento no ano anterior à pesquisa. PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS NA ADOLESCENCIA ´ transtorno de déficit de atenção e hiperatividade [TDAH]; ´ transtorno de conduta e transtorno desafiador opositivo; ´ transtornos relacionados ao estresse - psicossomática; ´ transtorno obsessivo-compulsivo; ´ transtornos de ansiedade; ´ transtornos do humor; ´ esquizofrenia.