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Estruturas Isostáticas Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Glauco F. Bianchini Prof. Me. Gabriel Baião Revisão Textual: Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas • Apresentar ao aluno o cálculo das reações nas diferentes estruturas, aprofundando o conceito de equilíbrio de corpos rígidos. OBJETIVO DE APRENDIZADO • Introdução; • Cálculo das Reações em Vigas; • Cálculo das Reações em Arcos; • Cálculo das Reações em Pórticos; • Cálculo das Reações em Treliças; • Conceituação dos Tipos de Esforços Solicitantes; • Compreensão do Processo de Traçado dos Diagramas; • Calculando com Diferentes Configurações e Diferentes Tipos de Vigas; • Elementos Estruturais. UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Introdução Os vínculos restringem os graus de liberdade de movimento das estruturas, provo- cando forças reativas conhecidas como reações de apoio. Nas estruturas isostáticas, o número de vínculos é essencialmente o necessário para impedir o deslocamento da estrutura. O conjunto de cargas aplicadas, mais as reações de apoio formam um sistema em equilíbrio onde não ocorrem movimentações na vertical e horizontal e rotações dos elementos (ΣFx = 0; ΣFy = 0; ΣM = 0) (MACHADO JR., 1999). As cargas atuantes aplicadas nas estruturas são concentradas ou distribuídas, podendo ser classificadas em permanentes e acidentais. • Cargas permanentes: atuam constantemente por toda a vida útil da estrutura, consistem dos pesos dos vários membros estruturais e dos pesos de quaisquer ob- jetos que sejam permanentemente ligados à estrutura. Para edifícios, as cargas permanentes incluem os pesos dos pilares, das vigas e lajes, dos revestimentos, das paredes etc. (HIBBELER, 2013); • Cargas acidentais: também conhecidas como cargas variáveis, são aquelas que po- dem ou não atuar na estrutura, podendo ser estáticas, como a ação do vento, empuxo de terra ou água, sobrecargas (cargas de construção, pessoas, veículos); ou dinâmicas, como o efeito de frenagem ou aceleração de veículos, variações de tráfegos e veículos, impactos laterais ou efeitos de tremores de terra (HIBBELER, 2013). Tabela 1 – Lembrete: tabela de carregamentos distribuídos Carregamento distribuído Força resultante Uniforme q = cte L L/2 L/2 R = qL Triangular q L 2L/3 L/3 R = qL/2 Trapezoidal q2 q1 L A B L L/2 R1=q1L R2=(q2– q1)L/2 L/3 q2 – q1 q1 BA A B Qualquer q(x) dx L O Aplicada no C.G. do diagrama de q(x) R x L R=∫L q(x) dx Fonte: Adaptada de ALMEIDA, 2009 8 9 A combinação entre as cargas permanentes e acidentais determinam os esforços que atuam na estrutura. Para isso, faz-se necessário o conhecimento prévio dos pesos específicos dos materiais e equipamentos que serão utilizados nas estruturas. O exemplo 1 traz um processo de cálculo para a determinação das ações atuantes nas estruturas. Exemplo 1 A viga do piso da Figura 1 é usada para suportar a largura de 1,80 m de uma laje de concreto armado (γc = 25 kN/m³), tendo uma espessura de 10 cm. A laje serve como uma porção do forro para o andar de baixo e, portanto, sua parte de baixo é revestida com gesso (0,24 kN/m²). Além disso, uma parede de bloco de concreto (16,50 kN/m³) de 2,40 m de altura e 30 cm de espessura está assentada diretamente sobre a viga. Deter- mine a carga por metro atuante, considerando uma viga de 14x40 de concreto armado. Laje de concreto: 25 (kN/m³) x 1,80 (m) x 0,10 (m) = 4,50 kN/m Forro de gesso: 0,24 (kN/m²) x 1,80 (m) = 0,43 kN/m Parede de bloco: 16,50 (kN/m³) x 2,40 (m) x 0,30 m = 11,88 kN/m Viga: 25 (kN/m³) x 0,14 (m) x 0,40 (m) = 1,40 kN/m _________________________________________________________________ Carga total (P kN/m): = 18,21 kN/m Figura 1 – Ilustração do esquema estático Fonte: Acervo do Conteudista Para o processo de determinação das reações, deve-se produzir o Diagrama de Corpo Livre (DCL), representando as cargas atuantes e as reações originadas pelas vinculações. Essas são incógnitas, que serão obtidas através de cálculo pela aplicação das condições de equilíbrio de uma estrutura. Quando as estruturas possuírem vinculações internas (ar- ticulações), isolam-se os elementos estruturais, com todas as forças aplicadas incluindo as incógnitas já calculadas, e para cada elemento é aplicada a condição de equilíbrio. Importante! Convenção de sinais Positivo • Reações verticais que atuam de baixo para cima; • Reações horizontais que atuam da esquerda para a direita; • Giro no sentido horário. + 9 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Vamos entender melhor a ideia da convenção de sinais. Disponível em: https://youtu.be/W2v2-392y2M Importante! Todas as medidas utilizadas nas representações das estruturas estão em metros. Cálculo das Reações em Vigas As estruturas apresentadas nesta unidade serão utilizadas nas próximas para deter- minação de seus esforços internos (N, V e M). Vigas Biapoiadas Carga Concentrada Seja a viga biapoiada da Figura 2 submetida a uma carga concentrada P, atuante a dois metros do apoio A. A B 2 4 P = 40 kN/m Figura 2 – Viga biapoiada com carga concentrada O primeiro passo para início da resolução é a criação do Diagrama de Corpo Livre (DCL – Figura 3) e, a partir das definições e nomenclaturas utilizadas para as forças desconhecidas, aplica-se as equações de equilíbrio (ΣMa = 0; ΣFy = 0; ΣFx = 0) obtendo os valores das reações de apoio: P = 40 kN/m 42 Rva Rha DCL Rvb Figura 3 – DCL – Viga biapoiada com carga concentrada 10 11 Vamos desenvolver esse exercício no link, disponível em: https://youtu.be/9TfrQO56ngQ P = 18,21 kN/m A B 7 Figura 4 – Viga biapoiada com carga uniformemente distribuída Agora já estamos aptos a desenvolver esse exercício, pegue seu papel e caneta e acesse o link, disponível em: https://bit.ly/3vyFz0v Carga Distribuída Triangular Considere a viga biapoiada da Figura 5, submetida a uma carga distribuída triangular: 60kN 6 A B Figura 5 – Viga biapoiada com carga distribuída triangular Agora já estamos aptos a desenvolver esse exercício, pegue seu papel e caneta e acesse o link, disponível em: https://bit.ly/3tXNTGo Carga Momento Quando ocorre a aplicação da carga momento, as reações de apoio tendem a ser equivalentes a um binário, de mesma intensidade e sentidos contrários. Na Figura 6, é apresentada uma estrutura submetida à carga momento. M = 18kN.m 6 A B Figura 6 – Viga biapoiada com carga momento 11 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/3u6F8Kx Exemplo 2 Determine as reações de apoio na estrutura apresentada. As Figuras 7 e 8 apresen- tam o esquema estático com as cargas e o DCL respectivamente. F = 60 kN P = 21 kN/m M = 18 kN.m BA 1,10 2,00 2,90 Figura 7 – Viga biapoiada com diferentes cargas atuantes F = 60 kN Fr = 60,90 kN RvbRva Rha 1,10 2,00 1,45 1,45 M = 18 kN.m Figura 8 – DCL – Viga biapoiada com diferentes cargas atuantes Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/32QfmOw Vigas Engastadas ou em Balanço Assim como nas vigas biapoiadas, o procedimento de cálculo é o mesmo, produz-se o DCL e aplicam-se as equações de equilíbrio. A única diferença para as vigas engastadas é a presença do momento no engaste como reação. As Figuras 9 e 10 apresentam uma estrutura engastada e seu DCL com as mesmas cargas utilizadas no exemplo 2. F = 60 kN P = 21kNm 2,00 2,901,10 A M = 18kN.m Figura 9 – Viga engastada 12 13 F = 60 kN Fr = 60,90kN M = 18 kN.m 1,451,452,001,10 Ma Rha Rva Figura 10 – DCL – Viga engastada Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/2QY1rmX Na estrutura apresentada, as cargas são as mesmas aplicadas noExemplo 2, porém, as vinculações são diferentes, ambas as estruturas são isostáticas, mas com reações ex- ternas totalmente diferentes. Na prática, essas estruturas são nomeadas como estruturas em balanço, muito utilizadas por arquitetos por sua estética. Estruturas em balanço nem sempre precisam estar engastadas, podem estar biapoia- das, deixando de possuir um momento como incógnita. As Figuras 11 e 12 apresentam uma viga biapoiada em balanço e seu DCL respectivamente. F = 60kN P = 20kN/m 1,50 7 BA 1,50 Figura 11 – Viga biapoiada com balanços F = 60kN Rha Rva Rvb 1,50 3,5 3,5 0,75 0,75 Fr 1 = 140kN Fr 2 = 30kN Figura 12 – DCL – Viga biapoiada com balanços Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/3tTEcJd 13 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Vigas Gerber As vigas gerber são associações de vigas com estabilidade própria e com outras apoiadas sobre a primeira, que fornecem estabilidade ao conjunto. Para resolver a estru- tura, basta fazer sua decomposição nas vigas que a constituem, iniciando o processo de resolução àquelas sem estabilidade própria e, após, às dotadas de estabilidade própria, para as cargas que lhe estão diretamente aplicadas, acrescidas, para essas últimas, das forças transmitidas pelas articulações (SUSSEKIND, 1981). As Figuras 13 e 14 forne- cem um modelo de viga gerber carregada e seu DCL. P = 20 kN/m 3,50 1,00 2,50 A CB D Figura 13 – Viga gerber Fr1 = 70 kN Rhb Rha Rva Rvb Rhb Fr2 = 20kN Fr3 = 50kN RvdRvc 1,251,250,5 0,51,751,75 Figura 14 – DCL – Viga gerber Vamos desenvolver esse exercício completo nos links: • Estruturas Isostáticas – Aula 18 – Reações de Apoio – Exercício 8 – Parte 1. Disponível em: https://bit.ly/3gC9Kzz • Estruturas Isostáticas – Aula 19 – Reações de Apoio – Exercício 8 – Parte 2. Disponível em: https://bit.ly/3gKCwhl Cálculo das Reações em Arcos Elementos ou barras com eixos curvos são denominados de arcos. A presença dos elementos curvos não altera o processo de resolução visto anteriormente, a não ser pelo fato dos sistemas locais das barras curvas terem os eixos x tangentes e os eixos y perpendiculares aos eixos das barras (ALMEIDA, 2009). As Figuras 15, 16, 17 e 18 apresentam alguns tipos de arcos. 14 15 y A B x Figura 15 – Arco biapoiado y A B C x Figura 16 – Arco tri-articulado – mod. 1 y A B Tirante C x Figura 17 – Arco tri-articulado atirantado A B C y x Figura 18 – Arco tri-articulado – mod. 2 Arco biapoiado Considere a estrutura apresentada na Figura 19, trata-se de um arco biarticulado sub- metido a um carregamento uniformemente distribuído. O processo de cálculo adotado é o mesmo utilizado para a resolução das vigas. A 4,00 P = 21 kN/m B Figura 19 – Arco biarticulado Assim como nas vigas, faz-se a produção do DCL (Figura 20), determinando a Força resultante decorrente da carga distribuída, e inicia-se o processo de resolução. 15 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Fr1 = 84 kN 2,00 2,00 Rha Rva Rvb Figura 20 – DCL – Arco biarticulado Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/2QrmuhQ Arco Tri-articulado O arco tri-articulado é caracterizado pela presença da articulação. Seu processo de resolução é o mesmo adotado para vigas Gerber, fazendo a separação dos elementos e aplicando as equações de equilíbrio. Nas Figuras 21 e 22, apresentam-se um modelo de arco tri-articulado e de sua decomposição através do DCL. A B 4,00 P = 21kN/m 2, 00 C Figura 21 – Arco tri-articulado Rva Rha Rvc Rvb Rhb Rhc Fr1 = 42kN Fr2 = 42kN 2, 00 Rvb 1 1 1 1 Figura 22 – DCL – Arco tri-articulado 16 17 Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/3ew9W0C Arco Tri-articulado Atirantado O arco tri-articulado atirantado surge da necessidade de estabilizar uma estrutura hipoestática e deslocável através da utilização de um tirante. Sem a presença do tirante, a estrutura não teria estabilidade, inviabilizando a sua utilização. No processo de verifi- cação geométrica da estrutura, o tirante entra na conta das barras (b = 2.n + 3.c) como sendo uma barra. No processo de cálculo, ele é substituído por duas forças (N) de mes- ma intensidade, porém, de sentidos opostos. As Figuras 23 e 24 apresentam um arco tri-articulado atirantado carregado e seu DCL, substituindo o tirante por duas forças de mesma intensidade, porém, de sentidos opostos. A B 4,00 Tirante P = 21kN/m 2, 00 1 C Figura 23 – Arco tri-articulado atirantado Rva Rha Rvc Rvb NN Rhb Fr1 = 42kN Fr2 = 42kN 2, 00 Rvb 1 1 1 1 Figura 24 – DCL – Arco tri-articulado atirantado Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/3nomAT9 Cálculo das Reações em Pórticos Pórticos são estruturas lineares, coplanares, unidos por nós rígidos, podendo existir articulações entre eles. Trata-se de um quadro aberto, podendo ser considerado uma 17 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas única chapa. Necessitam de três barras vinculares não concorrentes para restringir os movimentos nos planos. O processo de cálculo continua sendo o mesmo apresentado até o momento, havendo uma semelhança muito grande com arcos (MACHADO JR., 1999). As Figuras 25, 26, 27 e 28 apresentam alguns modelos de pórticos. Figura 25 – Pórtico biapoiado – mod.1 Fonte: Acervo do Conteudista Figura 26 – Pórtico tri-articulado Fonte: Acervo do Conteudista Figura 27 – Pórtico tri-articulado atirantado Fonte: Acervo do Conteudista Figura 28 – Pórtico biapoiado – mod.2 Fonte: Acervo do Conteudista Pórtico Biapoiado As Figuras 25 e 28 apresentam pórticos biapoiados, porém, com configurações de quadros diferentes. Ambos são denominados pórticos simples, ainda que o segundo apresente um elemento inclinado. Devido a essa particularidade, opta-se pelo seu deta- lhamento. As Figuras 29 e 30 apresentam um pórtico solicitado por cargas verticais e horizontais e seu DCL. Figura 29 – Pórtico biapoiado Fonte: Acervo do Conteudista Figura 30 – DCL – Pórtico biapoiado Fonte: Acervo do Conteudista 18 19 Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/3vjT7wz Pórtico Tri-articulado O pórtico tri-articulado é caracterizado pela presença da articulação. Assim como nos arcos e vigas, sua resolução acontece através da análise geral da estrutura e depois da análise dos elementos isolados. As Figuras 31 e 32 apresentam um modelo de pórti- co tri-articulado submetido a cargas verticais e horizontais e o DCL da estrutura. Figura 31 – Pórtico tri-articulado Fonte: Acervo do Conteudista Figura 32 – DCL – Pórtico tri-articulado Fonte: Acervo do Conteudista Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/32MxxEG Pórtico Tri-articulado Atirantado A presença do tirante na estrutura torna o pórtico estável. Sem o tirante, o pórtico seria classificado como hipoestático e sem estabilidade. Assim como especificado para arcos, no processo de verificação geométrica da estrutura, o tirante entra na conta das barras (b = 2.n + 3.c) como sendo uma barra. No processo de cálculo, ele é substituído por duas forças (N) de mesma intensidade, porém, de sentidos opostos. As Figuras 33 e 34 apresen- tam um pórtico tri-articulado atirantado carregado e seu DCL, substituindo o tirante por duas forças de mesma intensidade, porém, de sentidos opostos. 19 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Figura 33 – Pórtico tri-articulado atirantado Fonte: Acervo do Conteudista Figura 34 – DCL – Pórtico tri-articulado atirantando Fonte: Acervo do Conteudista Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/3eDRLGq Cálculo das Reações em Grelhas As grelhas são estruturas planas submetidas a carregamentos que atuam perpen- dicularmenteao plano da estrutura. As grelhas isostáticas são classificadas quanto às condições de apoio em grelhas engastadas (Figura 35) e grelhas triapoiadas (Figura 36). Durante o processo de cálculo das grelhas, uma nova incógnita surge no processo de cálculo, que é a presença do momento torsor (ALMEIDA, 2009). Quais as diferenças de momento e momento torsor? Veja, disponível em: https://bit.ly/2QXIyk2 Figura 35 – Grelha engastada Fonte: Acervo do Conteudista Figura 36 – Grelha triapoiada Fonte: Acervo do Conteudista 20 21 Grelha Engastada São estruturas caracterizadas pelo aparecimento do momento torsor (Figura 37). Apesar disso, o procedimento de cálculo das reações continua sendo o mesmo, através da aplicação das equações de equilíbrio. Note que para a determinação do momento Ma, deve-se considerar não mais um ponto, mas sim o alinhamento da estrutura (eixo). Analisando os pontos ADE, percebe-se que esses estão alinhados e que todas as cargas que atuam nesse alinhamento não causam momento no ponto A. Essa mesma análise deve ser feita para o momento torsor, considerando o alinhamento dos pontos AB. Figura 37 – DCL – Grelha engastada Fonte: Acervo do Conteudista Assista Estruturas Isostáticas - Aula 28 - Reações de Apoio - Exercício 16 - Grelha Triapoiada. Disponível em: https://youtu.be/PaBlpMstpi8 Grelha Tri-apoiada Diferentemente do que ocorre na estrutura engastada, na estrutura tri-apoiada, as reações que aparecem são somente as reações verticais e horizontais, de tal forma que, devido ao carregamento perpendicular ao plano, não se tem a presença de reações ho- rizontais (nulas). A Figura 38 apresenta a grelha da Figura 36 em seu DCL. Figura 38 – DCL – Grelha tri-apoiada Fonte: Acervo do Conteudista 21 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/3nnGtK5 Cálculo das Reações em Treliças As treliças são estruturas compostas de barras ou elementos retos, com orientações diversas, interligadas por nós. Podem ser estruturas planas ou espaciais – sendo esse primeiro objeto de estudo desta disciplina. Os nós permitem as rotações entre os ele- mentos, e não há a presença de excentricidade. A Figura 39 apresenta uma treliça muito utilizada em estrutura de cobertura – treliça howe. Figura 39 – Treliça Howe Fonte: Acervo do Conteudista Para o procedimento de cálculo, produz-se o DCL e aplica-se as equações referentes às condições de equilíbrio. A Figura 40 apresenta o DCL. Figura 40 Fonte: Acervo do Conteudista Vamos desenvolver esse exercício completo no link, disponível em: https://bit.ly/32TsLVO Agora que entendemos os cálculos das reações de apoio, podemos partir para a aná- lise interna das estruturas e entender como funciona todo o processo de detalhamento e traçado dos diferentes diagramas. 22 23 Antes de iniciar o próximo raciocínio, iremos fazer um brainstorm sobre alguns dos assuntos estudados. O que aprendemos até agora? Veja no link, disponível em: https://bit.ly/3vnSnqq Conceituação dos Tipos de Esforços Solicitantes O estudo das forças internas causadas pela interação entre os pontos ou as partículas que constituem os elementos estruturais é realizado através da análise dos esforços solicitantes. Esse estudo é útil para compreender o comportamento interno da estrutura quando solicitada por um carregamento e para identificar se o projetado resistirá ou não a ele. Essa análise determina a seção mais perigosa e propensa à ruptura, ou seja, estabele- cendo a seção que deverá ser analisada e estudada. Com a determinação da seção mais solicitada, calcula-se a tensão atuante naquele ponto, comparando-a às tensões limites do material que a constitui (NETO, 2006). Essa identificação é de extrema importância ao engenheiro que diante dessa análise possui a capacidade de indicar os materiais que deverão ser utilizados na construção da estrutura, ou mesmo estabelecer a carga máxima que determinada estrutura possui condições de suportar. Os esforços internos de uma estrutura caracterizam as ligações internas de tensões, ou seja, são integrais de tensões ao longo da seção transversal de um elemento. Representam o efeito de forças e momentos entre duas porções de uma estrutura reticulada, resultantes de um corte em seção transversal. Os esforços internos correspondentes de cada lado da seção seccionada são iguais e de sentidos contrários (Figura 41), respeitando a terceira Lei de Newton (MACHADO JR., 1999). Figura 41 – Representação dos esforços internos Fonte: Acervo do Conteudista 23 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Como pode-se observar, na Figura 41 há uma viga biapoiada, seccionada transversal- mente em S1 e S2; a fim de se manter em equilíbrio após o corte transversal, há a ne- cessidade do surgimento dos esforços internos, norteados pelas condições de equilíbrio do corpo rígido. Para a seção representada, impedindo o deslocamento horizontal, há a presença do esforço axial ao corte – esforço normal (Ns); impedindo o deslocamento vertical, há a presença do esforço cortante (Vs); impedindo a rotação, há a presença do momento fletor (Ms). Qualquer que seja o procedimento adotado ao cálculo dos esforços internos, sempre ocorrerá o somatório de forças e momentos, tornando conveniente a determinação de uma convenção de sinais que está relacionada aos esforços internos na estrutura – dife- rentemente daquela convenção vista na Unidade anterior. Vamos discutir mais? Então veja o link, disponível em: https://bit.ly/3tVXbCP Esforço Normal (N) O esforço normal (N) é convencionado positivo quando o sentido da força é o de sair da seção, ou seja, sempre que o esforço normal gerar tração, será positivo. Caso o sentido da força seja de entrar na seção, ou seja, gerar compressão, será negativo (Figura 42). Figura 42 – Convenção de sinais: esforços normais (N) Fonte: Acervo do Conteudista Esforço Cortante (V) A convenção de sinais ao esforço cortante independe da posição da seção em relação ao corte. Se a resultante de forças aplicadas na parte à esquerda do corte provocar ten- dência de rotação horária em relação à seção, a cortante será positiva (Figura 43); se a resultante das forças aplicadas à esquerda do corte provocar tendência de giro anti- -horário, a cortante será negativa (MACHADO JR., 1999). Repare que ao se analisar um elemento submetido ao corte, o surgimento de um binário de forças (V) causa uma tendência de giro na seção, sendo anti-horário (V – negativa), ou horário (v – positiva). Figura 43 – Convenção de sinais: esforços cortantes (V) Fonte: Acervo do Conteudista 24 25 Momento Fletor (M) O sinal do momento fletor está relacionado à curvatura da peça fletida e ao sentido dos eixos xy. O momento fletor positivo provoca na peça fletida uma curvatura em que o centro de curvatura O fica em sentido contrário ao eixo y. Se o momento resultante das forças aplicadas no lado à esquerda do corte tiver sentido horário, o momento fletor na seção será positivo; se o momento resultante das forças aplicadas no lado esquerdo do corte tiver sentido anti-horário, o sinal do momento fletor na seção será negativo. A regra inversa deve ser aplicada na direita: momento resultante das forças aplicadas à direita e com sentido horário, resultará negativo; momento resultante das forças aplicadas à direita e com sentido anti-horário, resultará positivo (Figura 44) (MACHADO JR., 1999). Figura 44 – Convenção de sinais: momento fletor (M) Fonte: Acervo do Conteudista Importante! Diferentemente do que acontece com as outras engenharias, por conveniência, na Enge- nharia Civil os sinais dos momentos fletores são adotados com sentidos inversos – por isso, ao consultar outras bibliografias, você poderá encontrar diagramas de momentos fletores com sentidos inversos. Essa conveniência da Engenharia Civil decorre da aproximação dos diagramas de momentos fletores aosentido de deslocamento e esforços nas estruturas. Como pode-se observar, os esforços solicitantes estão relacionados a determinada se- ção transversal; logo, alterando-se o ponto de análise, mudam-se os esforços, de modo que uma seção pode ser mais solicitada do que outras. Tal variação, seção por seção, necessita ser representada e apresentada ao engenheiro para que avalie a estrutura como um todo. A representação dos esforços é realizada por meio de diagramas dos esforços solici- tantes, onde cada esforço solicitante recebe uma representação gráfica. Para início da produção dos diagramas, torna-se necessária a classificação da estrutura e o cálculo das reações e dos esforços atuantes em determinadas seções. As duas primeiras etapas do processo de criação dos diagramas já foram estudadas nas unidades anteriores, enquanto para a produção dos diagramas serão utilizadas as es- truturas analisadas e calculadas nesta Unidade, iniciando, assim, as análises das seções. 25 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Compreensão do Processo de Traçado dos Diagramas Antes de iniciar o processo de cálculo dos esforços internos e traçar os diagramas, torna-se necessário habituar-se à utilização da convenção de sinais, ou seja, como uti- lizar a convenção e as seções transversais de estudo. Assim, serão aqui apresentadas situações de cálculo de forma detalhada, habituando-o(a) ao procedimento do traçado. O primeiro passo para início da construção dos diagramas é a determinação da linha de eixo da estrutura, sendo o próximo passo a determinação dos sentidos positivo e negativo. Para a compreensão desse processo, as estruturas serão analisadas individual- mente com relação aos seus esforços. Diagrama Normal (N) Analisando o diagrama de esforços normais, tudo que fica acima da linha de eixo da estrutura é positivo e tudo que fica abaixo é negativo. O procedimento de referência para essa determinação é a seção de análise, tal como se vê nas seções apresentadas nas Figuras 45 e 46: Figura 45 – Trecho submetido à compressão Fonte: Acervo do Conteudista Na estrutura apresentada, o trecho AB está submetido a uma força axial de 10 kN orientada para a esquerda, a fim de manter o equilíbrio; surge, então, uma reação de 10 kN no apoio A, orientada para a direita. Dessa forma, ΣFx = 0, mantendo a condi- ção de equilíbrio respeitada. Com a aplicação da carga e o surgimento da reação, fica claro que o trecho AB está submetido ao esforço de compressão, enquanto o trecho BC não possui esforços normais. A ausência de esforço normal no trecho BC decorre da possibilidade de translação do apoio C, este que possui a capacidade de se movimentar horizontalmente, não gerando esforços nesse intervalo. Como o trecho AB está submetido à compressão, essa representação deve ser reali- zada através do diagrama de esforço normal. No ponto A, a estrutura recebe uma carga de compressão de 10 kN, representada para baixo no diagrama, seguindo constante até 26 27 encontrar a carga aplicada de 10 kN no ponto B. A sua representação fica abaixo da linha de eixo por ser uma carga de compressão, convencionada como negativa. Alterando-se o sentido de aplicação da carga de 10 kN no ponto B, o diagrama de esforços muda de sentido, passando para o lado de cima da linha de eixo da estrutura e representado que o trecho está submetido à tração. A Figura 46 apresenta a alteração do sentido da força e a sua mudança no diagrama: Figura 46 – Trecho submetido à tração Fonte: Acervo do Conteudista Diagrama Cortante (V) O diagrama de esforços cortantes segue a mesma lógica dos sinais dos esforços normais, ou seja, tudo que é positivo fica representado acima da linha de eixo da estru- tura, e tudo que é negativo fica representado abaixo da linha de eixo da estrutura. Esse diagrama pode ser obtido de forma direta, percorrendo a estrutura e seguindo os sinais das cargas aplicadas nos pontos. A Figura 47 apresenta uma estrutura e o seu diagrama: Figura 47 – Viga biapoiada com balanços: representação de esforço cortante Fonte: Acervo do Conteudista 27 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas O procedimento de traçado do diagrama deve seguir a convenção de sinais. A análise começa do balanço com a aplicação da carga concentrada de 60 kN, a qual está aplica- da à esquerda da estrutura no sentido de cima para baixo que, segundo a convenção de sinais, torna-o negativo (Figura 43). Ao caminhar no sentido do apoio A, carga alguma está aplicada, logo, o diagrama se mantém constante nesse trecho. Ao chegar no apoio A, encontra uma reação orientada para cima, com intensidade de 139,65 kN. Como possuía 60 kN para baixo do eixo, ao se somar 139,65 kN para cima, gera uma cortante positiva de 79,65 kN. No meio do vão e no balanço após o apoio B, temos a aplicação da carga distribuída de 20 kN/m, gerando um decréscimo gradual da cortante, ou seja, a cada metro caminhado na estrutura, a cortante decresce 20 kN. Devido a esse decréscimo, a cortante fica incli- nada, saindo do ponto A com 79,65 kN positiva e decaindo até o apoio B, quando chega com 60,35 kN. Nesse apoio, recebe a carga de reação de 90,35 kN, resultando em uma cortante positiva de 30 kN. Na região do balanço, a carga continua distribuída e ao final da estrutura a cortante se torna zerada, garantindo o equilíbrio da estrutura. Diagrama Momento Fletor (M) Diferentemente do que acontece nos diagramas de esforços normais e cisalhantes, o sentido positivo do momento fletor é representado abaixo da linha de eixo, e o sentido negativo acima da linha de eixo. A reprodução do diagrama de momento fletor reflete exa- tamente qual face do elemento estrutural está submetida à tração, ou seja, onde estiver o diagrama estará a tração. A partir dessa característica, pode-se determinar se o diagrama será representado para baixo ou para cima da linha de eixo. As Figuras 48 e 49 represen- tam uma viga Gerber com o seu respectivo diagrama e duas seções de análise: Figura 48 – Viga Gerber: diagrama de momento Fonte: Acervo do Conteudista 28 29 Figura 49 – Viga Gerber: análise de seções S1 e S2 Fonte: Acervo do Conteudista A representação do diagrama de momento fletor na Figura 48 demonstra que no tre- cho AB ocorre tração na face inferior do elemento, no BCD há inversão da tração, pas- sando a acontecer em sua grande maioria da estrutura na face superior. Essa relação é apresentada na Figura 49, quando realiza análises das seções S1 e S2, indicando o local do elemento submetido à tração. Essa representação é feita de forma direta, utilizando a convenção de sinais e a análise do momento à direita e esquerda do elemento. Repare que Ms1 está situado à direita do elemento e possui sentido de giro anti-horário, causan- do momento positivo. Na representação da seção S2, Ms2 está localizado à esquerda do elemento e possui sentido de giro horário, causando momento negativo. Todas as representações aqui mencionadas buscam apresentar uma forma de com- preensão e preconcepção do traçado dos diagramas, afinal, estruturas simples podem ter os seus diagramas traçados de maneira direta, analisando as solicitações e reações. Para estruturas complexas, torna-se necessária a análise em diversos pontos, em múlti- plas seções de corte. Para o início da análise através das seções de corte serão apresen- tadas diferentes vigas com a aplicação dos cortes transversais. Calculando com Diferentes Configurações e Diferentes Tipos de Vigas Vimos até aqui como calcular as reações de apoio e a teoria sobre os esforços internos. Todos os exercícios realizados podem ser encontrados resolvidos, e com as devidas explicações, na playlist, disponível em: https://bit.ly/3ew3A13 29 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Os esforços internos são essenciais para o entendimento do comportamento da nossa estrutura e o correto posicionamento dos materiais e da geometria (dimensionamento),garantindo estabilidade e segurança para todos os componentes e elementos do sistema utilizado para a construção. Elementos Estruturais O estudo do comportamento da estrutura à partir da análise da convenções dos elementos estruturais como compressões, trações, análise de vãos e outros, podem ser encontrados na playlist, disponível em: https://bit.ly/2QXNsNY 30 31 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Mecânica vetorial para engenheiros: estática BEER, F. P.; JOHNSTON JUNIOR, E. R. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. v. 1. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. (e-book) Mecânica técnica e resistência dos materiais MELCONIAN, S. Mecânica técnica e resistência dos materiais. 19. ed. São Paulo: Érica, 2012. (e-book) Fundamentos de resistência dos materiais PINHEIRO, A. C. F. B.; CRIVELARO, M. Fundamentos de resistência dos materiais. Rio de Janeiro: LTC, 2016. (e-book) Ação do vento para efeitos de cálculo de edificações WAHRHAFTIG, A. de M.; BRASIL, R. M. L. R. F.; DA SILVA, M. A. Ação do vento para efeitos de cálculo de edificações. Revista Téchne, n. 165, dez. 2010. 31 UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio e Esforços Internos em Vigas Referências ALMEIDA, M. C. F. de. Estruturas Isostáticas. São Paulo: Oficina de textos, 2009. (e-book) HIBBELER, R. C. Análise das estruturas. 8. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2013. MACHADO JR., E. F. Introdução à isostática. São Carlos: EESC – USP, Projeto Reenge, 1999. SUSSEKIND, J. C. Curso de análise estrutural. v. 1. 6. ed. Porto Alegre-Rio de Janeiro: Globo, 1981. 32