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Hemorragias Apresentação O termo hemorragia se refere a perda de sangue do sistema circulatório, devido ao rompimento dos vasos sanguíneos. A gravidade da hemorragia deve ser medida pela quantidade e rapidez com que o sangue é perdido. São hemorragias típicas aquelas que ocorrem após acidentes ou traumatismos, rompimento de um aneurisma ou de varizes, esfoladura da pele, entre outras situações, que rompem os vasos sanguíneos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a identificar hemorragias, reconhecendo seus sinais e sintomas, além de saber como se portar frente a uma situação hemorrágica. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar hemorragias. • Reconhecer os sinais e sintomas clássicos de hemorragias.• Descrever o atendimento a pacientes com hemorragias.• Infográfico Para uma melhor organização, as hemorragias são classificadas em arteriais — venosas e capilares — e, para fins de primeiros socorros, em internas e externas. As hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de choque e morte, já as lentas e crônicas, por exemplo, por meio de uma úlcera, causam anemia. Acompanhe o Infográfico a seguir que apresenta as principais diferenças entre elas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/2bb2dc7f-428e-44e9-9acc-4421827f8268/943a230a-c601-40cf-8480-569a1ad81bcb.jpg Conteúdo do livro As hemorragias podem desenvolver condições bastante graves. Em geral, as pequenas são contidas por compressão direta na própria ferida e curativo compressivo, porém, uma grande não controlada, principalmente se for uma hemorragia arterial, pode levar a vítima à morte em menos de cinco minutos, devido à redução do volume intravascular e à hipóxia cerebral. Para aprofundar seu conhecimento, faça a leitura do capítulo Hemorragias, da obra Primeiros Socorros, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. PRIMEIROS SOCORROS Márcio Haubert Hemorragias Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as hemorragias. Reconhecer os sinais e sintomas clássicos de hemorragias. Descrever o atendimento aos pacientes com hemorragias. Introdução A hemorragia é causada pela perda de sangue em decorrência de um trauma, corte ou ferimento que acomete a parte interna ou externa do corpo humano, ocasionando o rompimento de artérias, veias ou capilares. Com a ocorrência de uma ruptura dos vasos, sem haver a interrupção desse vazamento, o equilíbrio sanguíneo do corpo fica comprometido, podendo levar a situações graves e colocando em risco a vida da vítima acometida. Neste capítulo, você aprenderá a identificar as hemorragias, seus sinais e sintomas, e saberá como se portar em uma situação hemorrágica. Hemorragias A hemorragia está relacionada diretamente à perda de sangue por meio de ferimentos, pelas cavidades naturais do corpo, como nariz, boca, ouvido, etc. e pode ser interna quando resultante de um traumatismo ou do rompimento de vasos sanguíneos. As hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de choque e morte, já as lentas e crônicas, por exemplo, por meio de uma úlcera, causam anemia. O sangue corresponde a 7 a 8% do peso corporal de uma pessoa, e seu volume varia conforme a massa corporal. Por exemplo, uma pessoa de 75 kg tem 5 a 6 litros de sangue. A perda desse volume sanguíneo é importante, principalmente pela perda de plasma, sendo que todas as pessoas necessitam de um volume mínimo para manter o aparelho cardiovascular trabalhando de modo eficiente à vida. Classificação Para uma melhor organização, as hemorragias são classifi cadas em arteriais, venosas e capilares e, para fi ns de primeiros socorros, em internas e externas. Hemorragia arterial: o sangue oxigenado apresenta coloração verme- lho vivo e, com a pressão das batidas do coração, sai do ferimento em jatos, que as acompanham. Uma artéria lesada pode produzir grandes jatos de sangue, esvaziando rapidamente o suprimento necessário à circulação no organismo. Esta hemorragia é menos frequente, porém, mais grave e precisa de atendimento imediato para sua contenção e seu controle. Hemorragia venosa: o sangue venoso, já destituído de oxigênio, é vermelho-escuro e tem menos pressão do que o arterial, mas, como as paredes das veias possuem grande capacidade de distensão, ele pode acumular-se dentro delas. Com isso, o sangue de uma veia calibrosa rompida pode jorrar em profusão. Esta hemorragia ocorre com maior frequência, mas é de controle mais fácil, pois o sangue sai com menor pressão e mais lentamente. Hemorragia capilar: o sangramento sai em gotas e ocorre em todos os ferimentos. Embora seja abundante no início, a perda de sangue é, em geral, desprezível. Por exemplo, uma pancada brusca pode romper os capilares sob a pele, causando sangramento no interior dos tecidos, chamados de hematoma. Hemorragia interna: trata-se de sangramentos que não são visíveis, por vazarem em uma cavidade, como intestino ou interior do crânio. Ela pode ser causada por lesões como fraturas ou ferimentos profundos ou, também, espontaneamente, por exemplo, um sangramento proveniente de uma úlcera de estômago perfurada. É uma situação muito grave, porque, embora não saia do corpo, o sangue deixa de fazer parte da circulação, podendo evoluir para choque ou exercer pressão, quando acumulado, lesando órgãos como pulmões e cérebro. Essa hemorragia pode, ainda, ter alguns sinais e sintomas, por exemplo, hematomas extensos sobre o abdome; tosse com expectoração espumosa e san- guinolenta; vômitos com sangue vivo ou “borra de café”; fezes com Hemorragias2 sangue vivo ou “cor de piche”; urina avermelhada ou marrom; além de sintomas sistêmicos, como dor, palidez, suores abundantes, pulso fraco, pele fria, confusão mental e agitação, que refletem a intensidade do sangramento. Hemorragia externa: trata-se de quando o sangue é eliminado para o exterior do organismo, como acontece em qualquer ferimento externo, ou quando se processa nos órgãos internos que se comunicam com o exterior, por exemplo, o tubo digestivo, os pulmões ou as vias urinárias. Na hemorragia interna, a perda de sangue não é evidente, mas pode ser vista pelos sinais que o paciente apresenta, como palidez, suor frio, tontura, pulso fraco, lábios e dedos arroxeados e sede. As vítimas de acidentes automobilísticos, por exemplo, podem apresentar lesões internas causadas pelo impacto do veículo e, por não terem sangramentos externos, são subestimadas. Sinais e sintomas hemorrágicos As hemorragias podem desenvolver condições bastante graves. Em geral, as pequenas são contidas por compressão direta na própria ferida e curativo compressivo, porém, uma grande não controlada, principalmente se for uma hemorragia arterial, pode levar a vítima à morte em menos de cinco minutos, devido à redução do volume intravascular e à hipóxia cerebral. Os sinais e sintomas apresentados em casos de hemorragia variam de acordo com quantidade de sangue perdido, velocidade do sangramento, estado prévio de saúde e idade da vítima, como você pode observar no Quadro 1. Quantidade de sangue perdido: quanto maior for a quantidade, mais graves serão as hemorragias. Geralmente, essa perda de sangue não pode ser medida, mas estimada por meio da avaliação do acidentado, que demonstra sinais de choque compensado ou descompensado. Velocidade hemorrágica: quanto mais rápidas forem as hemorragias, menos eficientes serão os mecanismos compensatórios do organismo. Um indivíduo pode suportar a perda de um litro de sangue que ocorre em período de horas, mas não tolera essa mesma perda se ela acontecer 3Hemorragias em minutos. Ela não pode ser medida, mas estimada por meio de dadosclínicos do acidentado. Estado prévio de saúde: os pacientes desidratados e com outras pato- logias circulatórias, hematológicas ou sistêmicas têm um maior risco de apresentarem piores prognósticos em relação aos indivíduos hígidos. Idade da vítima: as pessoas que se encontram nos extremos das idades, como crianças e idosos, têm um maior risco de apresentarem quadros mais graves associados às hemorragias. Fonte: Adaptado de Brasil (2003). Quantidade de sangue perdido Alterações Hemorragia classe 1: perdas de até 15% (aproximadamente 750 mL em adultos). Em geral, não causam alterações e são totalmente compensadas pelo corpo (p. ex., doação de sangue). Hemorragia classe 2: perdas maiores que 15% e menores que 30% (aproximadamente 750 a 1.500 mL). Geralmente, causam estado de choque, ansiedade, sede, taquicardia (com frequência cardíaca entre 100 e 120/min), pulso radial fraco, pele fria, palidez, suor frio, frequência respiratória maior que 20/min e enchimento capilar lentificado (maior que 2 seg). Hemorragia classe 3: perdas acima de 30% (maiores que 1.500 mL). Levam ao choque descompensado com hipotensão, alterações das funções mentais, agitação, confusão ou inconsciência, sede intensa, pele fria, palidez, suor frio, taquicardia superior a 120/min, pulso radial ausente (queda da pressão arterial), taquipneia importante e enchimento capilar lento. Hemorragia classe 4: perdas de mais de 50% do volume sanguíneo. Choque irreversível, parada cardiorrespiratória e morte. Quadro 1. Quadro clínico apresentado nas hemorragias As hemorragias externas podem não estar visíveis, ocultadas pela roupa ou pela posição do acidentado, seja por uso de roupas grossas, cuja absorção do sangue é completa, ou por ferimentos nas costas quando ele estiver deitado de Hemorragias4 costas. O sangue pode ainda ser absorvido pelo solo ou tapetes e lavado pela chuva, dificultando a avaliação do socorrista, por isso, deve-se examiná-lo completamente para averiguar se há sinais de sangramento. Os locais em que mais ocorrem hemorragias internas são tórax e abdome, por isso, observar a presença de lesões perfurantes, equimoses ou contusões na pele sobre estruturas vitais é de grande valia. Os órgãos abdominais, por sua vez, que mais frequentemente produzem sangramentos graves são fígado e baço — a presença de distensão abdominal com dor após traumatismo sugere esse tipo de hemorragia. Deve-se sempre suspeitar de hemorragia interna se o acidentado estiver envolvido em: acidente violento, sem lesão externa aparente; queda de altura; contusão contra volante ou objetos rígidos; queda de objetos pesados sobre o corpo. Atente-se, ainda, à avaliação das extremidades com deformidades dolorosas e estabilidade pélvica, pois algumas fraturas, sobretudo as de bacia e fêmur, podem produzir hemorragias internas graves e estado de choque. Outras hemorragias internas se exteriorizam, por exemplo, as do tórax, produzindo hemoptise. Já o sangramento de esôfago, estômago e duodeno podem se exteriorizar pela hematêmese ou, dependendo do volume da perda de sangue, por meio de melena. Confira a seguir os sinais e sintomas das hemorragias mais importantes. Hemorragia interna Mesmo que, a princípio, o acidentado não reclame e tente dispensar o socorro, é importante observar os seguintes sintomas: pulso fraco e rápido; pele fria; sudorese; palidez intensa e mucosas descoradas; sede acentuada; apreensão e medo; vertigens; 5Hemorragias náuseas; vômito de sangue; calafrios; estado de choque; confusão mental e agitação; “abdome em tábua” (duro não compressível); dispneia; desmaio. Hemorragia nasal (epistaxe ou rinorragia) Trata-se da perda de sangue pelo nariz, uma emergência comum que, geral- mente, resulta de um distúrbio local, mas pode decorrer de uma grave desordem sistêmica. Em muitos casos, a epistaxe não tem causa aparente e surge devido a: manipulação excessiva no plexo vascular com rompimento dos vasos por meio das unhas; diminuição da pressão atmosférica; locais altos; viagem de avião; saída de câmara pneumática de imersão ou sino de mergulho; contusão; corpo estranho; fratura da base do crânio; altas temperaturas; crise hipertensiva. Otorragia Ela é caracterizada por sangue que sai pelo conduto auditivo externo e causada por ferimento no ouvido externo, contusão por corpo estranho ou trauma. Os traumatismos cranianos podem provoca-la, quando, geralmente, o sangue vem acompanhado de liquor — nesse caso, não se deve estancar a hemorragia, mas, sim, procurar socorro médico imediatamente. Hemorragias6 Hemoptise É a perda de sangue que vem dos pulmões, por meio das vias respiratórias, em que o sangue fl ui pela boca, precedido de tosse, em pequena ou grande quantidade, de cor vermelho vivo e espumoso. Ela representa um dos mais alarmantes sinais de emergência e, ao contrário da hemorragia externa, sua fonte e sua causa exatas são, muitas vezes, desconhecidas pelas vítimas e contribuem para acentuar o medo. As causas mais frequentes de hemoptise são: bronquiectasia; tuberculose; abscesso pulmonar; tumor pulmonar; estenose da válvula mitral; embolia pulmonar; traumatismo; alergia (poeiras, vapores, gases). Além dos sintomas anteriormente descritos, o acidentado pode apresentar palidez intensa, sudorese e expressão de ansiedade e angústia, o que caracteriza a entrada em estado de choque. Hematêmese Trata-se da perda de sangue por vômito de origem gástrica ou esofagiana, comum em enfermidades como varizes do esôfago, úlcera, cirrose e esquis- tossomose. A coloração do sangue é de um vermelho rutilante (raro) ou, após ter sofrido ação do suco gástrico, escura, chamada de hematêmese em “borra de café”. Ela tem, ainda, causas mecânicas, tóxicas (arsênico, sulfureto de carbono, mercúrio) ou infl amatórias. Toda hemorragia interna que demora para se exteriorizar pode ser identifi cada pelos seguintes sinais: palidez intensa; distensão abdominal; extremidades frias e úmidas; pulso rápido e fraco. 7Hemorragias Quando o sangramento de origem gástrica se exterioriza, os sinais são iguais, porém, incluem sintomas como fraqueza, tontura, enjoo, náusea antes da perda de sangue, vômitos com sangue escuro e desmaio. Melena e enterorragia Melena se trata da perda de sangue escuro, brilhante, fétido e com aspecto de petróleo pelo orifício anal, geralmente provocada por hemorragia no aparelho digestivo alto; já enterorragia é a perda de sangue vivo pelo ânus, indicando sangramento no aparelho digestivo baixo. Assim como a hematêmese, esses tipos de sangramento se originam por doença gástrica ou devido a rompimento de varizes esofagogástricas, cirrose hepática, febre tifoide, perfuração intesti- nal, gastrite hemorrágica, retocolite ulcerativa inespecífi ca, tumores malignos do intestino e do reto, hemorroidas, etc. Metrorragia É a perda anormal de sangue pela vagina e pode ter causas variadas, como: abortamento; hemorragias do primeiro trimestre da gravidez (gravidez ectópica, etc.); traumatismos causados por violências sexuais e acidentes; tumores malignos do útero ou da vulva; hemorragia pós-parto, ocasionada pela retenção de membranas pla- centárias, ruptura e traumatismos vaginais devidos ao parto ou não; distúrbio menstrual. Hematúria Trata-se da perda de sangue juntamente à urina e ocorre em consequência de traumatismo com lesão do aparelho urinário (rins, ureter, uretra, bexiga) ou em caso de doença, como nefropatia, cálculo, infecção, tumor, processo obstrutivo ou congestivo e após intervenção cirúrgica no trato urinário. Classifi ca-se em macroscópica ou microscópica; se é visível a olho nu ou não; e em inicial, total e terminal, de acordo com a fase de micção em que aparece. Hemorragias8 Primeiros socorros Os primeiros socorros em casos de hemorragia visam a suspensãodo san- gramento e diminuição do risco de desequilíbrio sanguíneo metabólico do acidentado. O procedimento mais efi caz para estanca-lo, na maioria das vezes, é manter uma pressão sobre o local que está sangrando. Conter a hemorragia com pressão direta usando um curativo simples é o método mais indicado, porém, se não for possível, deve-se utilizar um curativo compressivo e elevar a parte atingida para que fique em um nível superior ao do coração. Não se eleva o segmento ferido se produzir dor ou se houver suspeita de lesão interna ou fratura. Caso não contenha a hemorragia, pode-se optar pelo método do ponto de pressão, que é uma técnica de pressão que consiste em comprimir a artéria lesada contra o osso mais próximo, para diminuir a afluência de sangue na região do ferimento. Em hemorragias na área do crânio, ao nível da região temporal e parietal, deve-se comprimir a artéria temporal contra o osso com os dedos indicadores, médios e anular. Nos casos de ferimento no membro superior, o ponto de pressão está na artéria braquial, localizada na face interna do terço médio do braço. Já no membro inferior, o ponto de pressão é encontrado na parte interna no terço superior, próximo à região inguinal, pela qual passa a artéria femoral, por trás dos músculos — usa-se compressão muito forte para atingi-la e diminuir a afluência de sangue. É importante manter o braço esticado para evitar cansaço excessivo e estar preparado para insistir no ponto de pressão caso a hemorragia recomece. Deve-se, ainda, manter o acidentado agasalhado com cobertores ou roupas, evitando o contato com chão frio ou úmido, e não dar líquidos quando ele estiver inconsciente ou houver suspeita de lesão no ventre ou abdome. Torniquete Existem casos graves em que a hemorragia se torna intensa, com grande perda de sangue, principalmente se foi seccionada uma artéria. Em grandes hemorragias, as quais não podem ser contidas pelos métodos de pressão direta, curativo compressivo ou ponto de pressão, torna-se necessário o uso do torniquete. Ele deve ser o último recurso usado por quem fará o socorro, devido aos perigos que surgem por sua má utilização, pois esse método im- pede totalmente a passagem de sangue pela artéria, interrompendo o fl uxo sanguíneo do membro afetado. 9Hemorragias Para a realização da técnica de torniquete, veja a Figura 1 e siga os se- guintes passos: eleve o membro ferido acima do nível do coração; use uma faixa de tecido largo, longa o suficiente para dar duas voltas no membro, deixando um espaço com pontas para amarração; aplique o torniquete logo acima da ferida; passe a tira ao redor do membro ferido, duas vezes, dando meio nó; coloque um pequeno pedaço de madeira (vareta, caneta ou qualquer objeto semelhante) no meio do nó e, em seguida, dê um nó completo no pano sobre a vareta; aperte o torniquete, girando a vareta; fixe as varetas com as pontas do pano; afrouxe o torniquete, girando a vareta no sentido contrário, a cada 10 ou 15 minutos. Figura 1. Torniquete. Fonte: Mejor con Salud (2018, documento on-line). Você deve estar consciente dos perigos decorrentes da má utilização do torniquete, considerando que a sua aplicação por tempo superior a 10 ou 15 minutos resulta em deficiência circulatória de extremidade. Nunca use fios de arame, corda, barbante, material fino ou sintético, pois eles podem cortar a Hemorragias10 pele quando pressionados. Use torniquetes em casos de hemorragias externas graves, como esmagamento mutilador ou amputação traumática. Se a hemorragia for contida, deve-se deixar o torniquete frouxo no lugar para que ele seja reapertado, caso necessário. O acidentado com torniquete tem prioridade no atendimento e deve ser acompanhado durante o transporte. Hemorragia interna Nos casos de suspeita de hemorragia interna, deve-se procurar imediatamente atendimento especializado, enquanto se mantém o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que o corpo, e as pernas elevadas para melhorar o retorno sanguíneo — esse procedimento é o padrão para prevenir o estado de choque. Já se for suspeita de fratura de crânio, lesão cerebral ou dispneia, mantém-se a cabeça elevada. Além disso, aplica-se compressas frias ou saco de gelo onde houver suspeita de hemorragia interna. Outras hemorragias Existem hemorragias que nem sempre são decorrentes de traumatismos, e sim provocadas por problemas clínicos. Veja a seguir os principais cuidados nesses tipos de sangramento. Hemorragia nasal (epistaxe ou rinorragia) As medidas para contenção devem ser aplicadas o mais rápido possível, a fi m de evitar a perda excessiva de sangue pelo nariz. Ao atender um caso de epistaxe, você precisa ter a seguinte conduta: tranquilize a vítima para que não entre em pânico, pois o nervosismo eleva os batimentos cardíacos e a pressão arterial, aumentado o sangramento; afrouxe a roupa que, por ventura, aperte o pescoço e o tórax; sente a vítima em local fresco e arejado com o tórax recostado e a cabeça levantada; verifique o pulso, se estiver forte, cheio e apresentar sinais de hiperten- são, deixe que seja eliminada certa quantidade de sangue; 11Hemorragias faça uma ligeira pressão com os dedos sobre a asa do orifício nasal pela qual flui o sangue, para que as paredes se toquem e, por compressão direta, o sangramento seja contido; incline a cabeça da vítima para trás e peça que mantenha a boca aberta; introduza um pedaço de gaze ou pano limpo torcido na narina que sangra, fazendo um tamponamento nasal, se a pressão externa não conter a hemorragia; encaminhe o acidentado para receber assistência adequada; avise o acidentado para evitar assoar o nariz durante pelo menos duas horas, a fim de não ter um novo sangramento, em caso de contenção. Hemoptise Ao atender um caso de hemoptise, você deve ter a seguinte conduta: tranquilize a vítima a fim de amenizar seu medo, pois o nervosismo eleva os batimentos cardíacos e a pressão arterial, aumentado o sangramento; deite-a de lado para prevenir o sufocamento pelo refluxo de sangue; promova conforto e repouso; oriente-a para que não fale, nem faça esforço; não demonstre apreensão; encaminhe-a com urgência a um local onde possa receber atendimento especializado. Hematêmese Ao atender um caso de hematêmese, você deve ter a seguinte conduta: mantenha a vítima em repouso em decúbito dorsal (ou lateral se estiver inconsciente) e não utilize travesseiros; não permita a ingestão de líquidos e alimentos; aplique bolsa de gelo ou compressas frias na área do estômago; encaminhe-a imediatamente ao atendimento especializado. Hemorragias12 Melena e enterorragia Ao atender um caso de melena ou enterorragia, você deve ter a seguinte conduta: tranquilize a vítima e obtenha sua colaboração; coloque-a deitada de costas; aplique bolsa de gelo sobre o abdome, na região gástrica e intestinal; aplique compressas geladas na região anal se há sangramento por hemorroidas; encaminhe-a ao atendimento especializado com urgência. Metrorragia Ao atender um caso de metrorragia em grávidas ou com suspeita de gravidez, você deve ter a seguinte conduta: mantenha a gestante em repouso, deitada, aquecida e tranquila; impeça sua deambulação e qualquer forma de esforço; conserve a totalidade do sangue e dos produtos expulsos do útero para mostrar ao médico; encaminhe-a imediatamente à assistência especializada; leve a vítima com urgência para hospitalização se o sangramento for acompanhado de forte dor abdominal, pois há suspeita de gravidez ectópica. O transporte deve ser feito com ela em repouso, se possível deitada e aquecida; não administre alimentos líquidos ou sólidos. Já em casos de hemorragias não relacionadas à gravidez: investigue o mais completamente possível a história para descartar uma possível gravidez; mantenha a vítima em repouso, deitada e procure tranquilizá-la; impeça deambulação e qualquer forma de esforço; aplique absorvente higiênico externo; aplique bolsa de gelo ou compressas geladas sobre a região pélvica; encaminhe-a à assistência especializada. 13Hemorragias Otorragia Nas otorragias simples, indica-se introduzir no ouvido um pequeno pedaço de gaze até que a hemorragia pare. É sempre conveniente encaminhar a vítima ao atendimento especializado para investigar e avaliar o sangramento. Hematúria Os casos clínicos de hematúria geralmente estão relacionados às infecções urinárias, aos cálculos renais e problemas de próstata, já as hematúrias pós- -trauma evidenciam danos aos órgãos urinários. Qualquer caso deve ser en- caminhado ao atendimento especializado. Saiba mais sobre os primeiros socorros em hemorragias no link ou no código a seguir. https://goo.gl/XQz3uq Brasil, Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. FIOCRUZ. Vice Presidência de Serviços de Referência e Ambiente. Núcleo de Biossegurança. NUBio Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz, 2003. MEJOR CON SALUD. Torniquete: cómo se hace y qué efecto tiene. [2018]. Disponível em: <https://mejorconsalud.com/torniquete-efecto/>. Acesso em: 14 jun. 2018. Hemorragias14 Leituras recomendadas COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA. Primeiros socorros em conflitos armados e outras situações de violência. Genebra: CICV, 2006. GIESEL, V. T.; TREICHEL, D. T. Fundamentos da saúde para cursos técnicos. Porto Alegre: Artmed, 2017. (Série Tekne). SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal da Saúde. Manual de prevenção de acidentes e primeiros socorros nas escolas. 2. ed. São Paulo: SMS, 2007. Disponível em: <https://www.amavi.org.br/sistemas/pagina/colegiados/codime/arquivos/2016/ Primeiros_Socorros_Manual_Prev_Acid_Escolas.pdf >. Acesso em: 14 jun. 2018. SHAH, K.; MASON, C. Procedimentos de emergência essenciais. Porto Alegre: Artmed, 2009. SILVA, D. B. S. Manual de primeiros socorros. Alfenas: UNIFENAS, 2007 STONE, C. K.; HUMPHERIES, R. L. CURRENT: medicina de emergência. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 15Hemorragias Dica do professor Os primeiros socorros, em casos de hemorragia, visam a suspensão do sangramento e diminuição do risco de desequilíbrio sanguíneo metabólico do acidentado. O procedimento mais eficaz para estancá-lo, na maioria das vezes, é manter uma pressão sobre o local que está sangrando. Confira na Dica do Professor como realizar esta técnica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/49c7f5a03cdcae320903c2fc87d4f8dd Exercícios 1) Estancar hemorragias é essencial para o cuidado e a sobrevivência de pacientes em uma circunstância de emergência. Uma hemorragia que acarreta a redução do volume sanguíneo circulante é causa primária de choque, situação clínica que exige conhecimentos para avaliar sinais e sintomas. Com relação a esses sinais e sintomas, marque a alternativa correta. A) Pele fria e úmida, aumento da pressão arterial, bradicardia, retardo do enchimento capilar e volume urinário aumentado. B) Poliúria, hipertensão, bradipneia e alcalose metabólica. C) Alteração da consciência, poliúria, polifagia e dislalia. D) Pele fria e úmida, pressão arterial em queda, frequência cardíaca em elevação, retardo do enchimento capilar e volume urinário diminuído. E) Polaciúria, hipertensão, bradipneia e alcalose metabólica. 2) As hemorragias são causadas pela secção dos vasos sanguíneos e respectivo extravazamento de sangue destes vasos. Os vasos sanguíneos afetados podem ser as artérias, as veias ou os capilares. Qual das hemorragias abaixo favorece a um quadro de anemia? A) Hemorragia arterial. B) Hemorragia uterina. C) Hemorragias lentas e crônicas. D) Hemorragia Interna. E) Hemorragia nasal. 3) As hemorragias podem desenvolver condições extremamente graves. Muitas hemorragias pequenas podem ser contidas e controladas por compressão direta na própria ferida e curativo compressivo. Porém, uma hemorragia grande não controlada, especialmente se for uma hemorragia arterial, pode levar a vítima à morte em menos de 5 minutos. Por que isto pode ocorrer? A) Por causa da redução do volume intravascular circulante e hipóxia cerebral. B) Por causa da anemia causada e hipóxia cerebral. C) Por causa da dor causada e pela redução do volume sanguíneo circulante. D) Por causa da diminuição da frequência cardíaca e hipóxia cerebral. E) Por causa da redução do volume intravascular circulante e desestabilização hormonal sistêmica. 4) Após um acidente que causou uma hemorragia, estimou-se que a vítima perdeu cerca de 950 ml de sangue. Com base neste dado você classifica esta hemorragia como: A) Hemorragia Classe 1. B) Hemorragia Classe 2. C) Hemorragia Classe 3. D) Hemorragia Classe 4. E) Hemorragia Classe 5. 5) Os primeiros socorros, em casos de hemorragia, visam a suspensão do sangramento e com isso a diminuição do risco de desiquilíbrio sanguíneo-metabólico do acidentado. Conter uma hemorragia com pressão direta usando um curativo simples é o método mais indicado. Porém, se não for possível, o que está indicado fazer? A) Usar curativo compressivo e o rebaixamento da parte atingida de modo que fique num nível inferior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia, pode-se optar pelo método do ponto de pressão. B) Usar curativo compressivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível superior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia use imediatamente um torniquete. C) Usar curativo oclusivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível superior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia, pode-se optar pelo método do ponto de pressão. D) Usar curativo compressivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível superior ao do coração. Elevar o segmento ferido independente se houver suspeita de lesão interna. E) Usar curativo compressivo e a elevação da parte atingida de modo que fique num nível superior ao do coração. Se com isso, ainda não for possível conter a hemorragia, pode-se optar pelo método do ponto de pressão. Na prática A Gravidez Ectópica ou tubária é uma gestação que ocorre fora do útero, geralemente dentro das tubas uterinas. É uma gestação que não pode ser concluída, pois o óvulo não se desenvolve dentro do útero, causando rompimento da tuba uterina, onde a gestação está se denvolvendo, causado como principal consequência uma hamorragia interna. Confira no Caso Clínico a seguir um exemplo de hemorragia interna. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O que precisamos saber sobre hemorragias? Acompanhe o artigo a seguir para mais informações sobre diagnóstico e evolução das hemorragias. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Hemorragia, sintomas e causas Acompanhe neste site as explicações sobre como hemorragias internas e externas se desenvolvem e seus sintomas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Tipos de hemorragia Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/293050/hemorragias+o+que+precisamos+saber.html https://www.fisioterapiaparatodos.com/p/problemas-de-circulacao/hemorragia-interna/ http://www.pereirafilho.com/2014/01/tipos-de-hemorragia/