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Doc. 2 A reação dos nobres contra os 
jacques (camponeses)
“Na fortaleza, chamada ‘Mercado de Meaux’, estavam a 
mulher, a infanta e a irmã do delfim, com cerca de trezentas 
damas e seus filhos. A cidade abriu suas portas, instalando 
mesas nas ruas com pão, carne e vinho — os jacques faziam 
saber que esperavam esse tipo de recepção sempre que 
entravam numa cidade. As donzelas, quando ‘viram tal 
quantidade de gentes, sentiram medo e terror’. [...]
Com cerca de quarenta lanças [...], os cavaleiros, tendo à 
frente 25 cavaleiros de armaduras e galhardetes de prata [...], 
entraram na ponte. Provavelmente na ânsia da luta, os jacques 
imprudentemente decidiram avançar naquele estreito espaço, 
onde sua superioridade numérica não podia prevalecer [...].
Os cavaleiros os ‘mataram como bestas’ — no sentido 
medieval, besta pode ser qualquer animal irracional [...], 
e morreram naquele dia cerca de sete mil. Meaux foi sa-
queada e incendiada, com todos os vilãos do burgo dentro, 
e ainda ardeu durante duas semanas, ‘... foi posteriormente 
condenada por crime de lesa-majestade e eliminada como 
comuna independente.’ [...] Com essa vitória, os nobres 
ganharam confiança e a Jacquerie foi reprimida.”
COSTA, Ricardo da. Revoltas camponesas na Idade Média. 
1358: a violência da Jacquerie na visão de Jean Froissart. 
Disponível em www.ricardocosta.com. Acesso em 1o jul. 2009
Os jacques são massacrados em Meaux, iluminura 
das Crônicas de Froissart, 1358. Jean Froissart foi um 
dos mais importantes cronistas da França medieval. 
Biblioteca Nacional da França, Paris.
 Observe a iluminura e leia o texto [doc. 2].
a) Descreva a cena representada.
b) Baseando-se no texto e na imagem, comente a visão 
do autor sobre os camponeses e os nobres.
QUESTÃO
As revoltas camponesas
No ano de 1358, no reino da França, estouraram 
violentas sublevações camponesas. Essas revoltas, 
genericamente conhecidas como Jacqueries, nasce-
ram como um movimento espontâneo que rapida-
mente evoluiu para uma contestação generalizada 
dos privilégios da nobreza rural. Na Inglaterra e na 
Itália, também aconteceram rebe liões do mesmo 
tipo, opondo nobres e camponeses numa terrível 
onda de violência.
A revolta espalhou-se pela área próxima à cidade 
de Paris e atingiu regiões no norte da França. Ao final, 
os nobres controlaram a situação com certa facilida-
de, favorecidos por sua superioridade militar e pela 
ajuda que receberam de nobres de outras regiões 
da França. A repressão foi violenta. Cerca de 20 mil 
camponeses morreram na revolta [doc. 2].
As revoltas urbanas
Aos conflitos no campo seguiram-se outros 
também nas cidades, formando uma espécie de 
aliança entre a burguesia e os camponeses contra 
a nobreza e o clero. Na região de Flandres, houve 
violentos embates, como o que aconteceu entre 
1323 e 1328 envolvendo artesãos, camponeses e 
também proprietários rurais ricos, que se subleva-
ram contra o aumento de impostos e o pagamento 
do dízimo para o clero. Outras revoltas urbanas, 
• Jacqueries. “Jacques”, nome comum entre as camadas 
populares (e que pode ser traduzido como “Tiago”), 
passou, com o tempo, a ser o termo empregado pela 
nobreza para designar o camponês.
como a dos assalariados de Florença (1378), a dos 
tecelões de Gand (1381) e a dos pobres de Paris 
(1382), ocorreram também contra as famílias ricas 
que governavam as cidades.
As revoltas estavam relacionadas ao controle da 
administração das cidades. A burguesia citadina, 
que havia conquistado capital econômico, passou 
a reivindicar também poder político, desejando que 
seu prestígio social correspondesse ao seu poder 
econômico. Em toda parte, o descontentamento 
espontâneo dos despossuídos foi explorado em 
proveito da burguesia, que aspirava a unir o poder 
econômico ao poder político. As revoltas urbanas, 
assim como as camponesas, foram esmagadas.
As revoltas populares não provocaram uma ruptura 
social significativa. A aristocracia permaneceu sendo 
a camada social dominante, desfrutando de privilégios 
e exercendo poder sobre os governos locais.
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CONTROVÉRSIAS
Na crise do sistema feudal, ocorrida entre os 
séculos XIV e XV, uma nova camada social em plena 
ascensão desempenhou um importante papel: a 
burguesia, formada por mercadores, donos de ofi-
cinas artesanais e banqueiros. Os textos a seguir 
mostram duas posições com relação à valorização 
do lucro e da riqueza na sociedade medieval.
lluminura do século XIV representando banqueiros italianos 
praticando empréstimos no interior de um banco. Observe 
o cofre e os livros contábeis utilizados na prática bancária. 
Biblioteca Britânica, Londres.
“Assim justificado e mesmo exaltado, o mercador me-
dieval pode dar livre curso ao seu gênio. Os seus objetivos 
são a riqueza, os negócios, a glória. [...] O amor pelo dinheiro 
permanece sua paixão fundamental. [...] ‘O mercador’, diz 
Cotrugli, ‘deve governar-se e governar os seus negócios duma 
maneira racional, para atingir o seu fim que é a fortuna.’
Todos os mercadores sobre os quais se debruçaram os 
historiadores da Idade Média nutrem este amor arrebatado 
pelo dinheiro, desde os banqueiros de Arras, de quem Adam 
de La Halle disse no século XIII: ‘aí se ama demasiado o 
dinheiro’, desde os florentinos, descritos por Dante como 
‘uma gente cúpida, invejosa, orgulhosa’, amante do florim 
– essa ‘flor maldita que extraviou as ovelhas e os cordeiros’ 
–, até os mercadores de Toulouse e Rouen do século XV. 
Todos eles pensam como um certo mercador florentino do 
século XIV: ‘A tua ajuda, a tua defesa, a tua honra, o teu 
proveito é o dinheiro’. E. M. Mollat, ao estudar os grandes 
mercadores normandos do fim da Idade Média, pôde falar 
do ‘dinheiro, fundamento duma sociedade’.
Para acumular esse dinheiro é preciso ter a paixão dos 
negócios, o gosto de fazer frutificar o capital, espírito e ini-
ciativa. No seu Livro dos bons costumes, o florentino Paolo 
di Messer Pace da Certaldo aconselha: ‘Se tendes dinheiro, 
não estejais inativos; não o guardeis estéril convosco, porque 
mais vale agir, mesmo que dele se não tire proveito, que 
ficar passivo, igualmente sem proveito.’ [...].
Assim se esboça uma ética mercantil, perfeitamente 
mundana e laica. Define-se por uma moral dos negócios 
que os manuais para uso dos mercadores [...] explicitaram 
com toda a clareza. 
Ao mercador pede-se prudência, percepção dos seus 
interesses, desconfiança relativamente ao outro, temor de 
perder dinheiro, experiência.”
LE GOFF, J. Mercadores e banqueiros da Idade Média. Lisboa: 
Gradiva, s.d. p. 64-67. In: MARQUES, Adhemar e outros. História 
Moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2008. p. 35-36.
Texto 1
“Uma avaliação do pensamento econômico e social da 
Idade Média deve [...] levar em conta o desprezo com que 
as populações encaravam a atividade e o espírito comercial. 
O modo de vida medieval baseava-se nos costumes e nas 
tradições. Sua viabilidade dependia da aceitação desses 
costumes por parte dos membros da sociedade e, conse-
quentemente, do lugar que cabia cada um no seio dessa 
sociedade. Onde prevalece a ética comercial capitalista, a 
avareza, o egoísmo, a cobiça e a ambição material ou social 
são consideradas pela maioria dos homens como qualidades 
inatas. Contudo, na Idade Média, tais motivações eram 
rechaçadas e denunciadas como indignas [...].
A ética paternalista cristã condenava com severidade 
a cobiça e a acumulação de riquezas. A doutrina do justo 
preço servia como freio a essa atitude gananciosa e social-
mente perigosa. Como nos dias de hoje, naqueles tempos, 
a acumulação de riquezas materiais implicava a acumulação 
de poder e facilitavaa mobilidade social ascendente que 
teria, por fim, efeitos profundamente destrutivos para o 
sistema medieval, na medida em que acabaria dissolvendo 
as relações de status que formavam a espinha dorsal da 
sociedade feudal.”
HUNT, E. K.; SHERMAN, H. J. História do pensamento 
econômico. Petrópolis: Vozes, 1987. p. 19-20.
Texto 2
 1. Por que condenar uma mentalidade voltada para 
as atividades comerciais, para o lucro e a acumu-
lação de riquezas contribuía para a manutenção 
da estrutura social medieval?
 2. Quais as diferenças entre a mentalidade medie-
val e a dos mercadores? Como isso é evidenciado 
no texto 1?
QUESTÕES
A burguesia e a crise do feudalismo
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Seção 9.3
 Objetivo
 Reconhecer os 
desdobramentos 
históricos da expansão 
do Império Otomano na 
Europa Oriental.
 Termos e conceitos
• Império otomano
• Queda de 
Constantinopla
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As conquistas otomanas 
e a queda de Constantinopla
 O poder do Império Otomano
Os turcos ou turcomanos são povos de religião muçulmana que não são ára-
bes. Inicialmente, eles viviam como nômades nas planícies da Eurásia e, por volta 
do século X, muitos grupos turcos se converteram ao islã. O processo de ocu-
pação da Anatólia pelas tribos turcomanas pode ser mais bem compreendido 
se pensarmos que o islã proibia o ataque e a pilhagem contra muçulmanos. 
Dessa forma, regiões como a Síria e a Mesopotâmia não interessavam aos 
turcos, enquanto a Anatólia bizantina (cristã) lhes parecia o lugar ideal.
A expansão dos turcos foi favorecida pela emergência, no final do século XIII, 
de um Estado militar, forte e bem estruturado, no leste da Anatólia. Liderados 
pelo guerreiro Otoman I (de quem o nome Império Otomano teria se originado), 
o exército turco conquistou toda a Ásia Menor e atingiu o Estreito de Dardanelos, 
que garantia o controle da passagem da Ásia para a Europa [docs. 1 e 2].
As novas regiões conquistadas transformaram-se em províncias do Império 
Otomano, e a população passou a pagar tributos ao sultão, monarca absoluto 
que governava com a ajuda de um vizir e um conselho que se reunia cerca de 
quatro vezes por semana. A administração do Império se orientava de acordo 
com o Corão. No entanto, havia certa liberdade religiosa. Os judeus e os cristãos 
tinham direito à hospitalidade e à proteção, desde que concordassem em pagar 
as taxas que os distinguiam dos muçulmanos. Para se livrar do pagamento dessas 
taxas, parte da comunidade cristã acabou se convertendo ao islã.
• Vizir. Conselheiro ou 
ministro do sultão.
ÁUSTRIA
AZERBAIJÃO
POLÔNIA
UCRÂNIA
REPÚBLICA
DE VENEZA
REINO
DE NÁPOLES
SICÍLIA
SARDENHA
BÓSNIA
SÉRVIA
HUNGRIA
MOLDÁVIA
BESSARÁBIA
BULGÁRIA
ANATÓLIA
MACEDÔNIA
MESOPOTÂMIA
GEÓRGIA
CURDISTÃO
ARMÊNIA
PALESTINA
EGITO
FEZZAN AL-WAHAT
TUNÍSIA RHODES
GERMÂNIA
KARAMÂNIAKARASI
PODÓLIA
TRÁCIA
VALACHIE
DAGUESTÃO
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Rio Eufrates
Rio Tigre
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Roma
Trípoli
Ghadamés
Alexandria
Andrinóplia
Constantinopla
Jerusalém
Medina
Meca
Cairo
Chipre
Milão
No século XV
Na metade do século XIV
O Império Otomano
Na segunda metade do século XIV
Capitais sucessivas
Do século XVI ao XVIIFonte: DUBY, Georges. Atlas 
historique mondial. Paris: 
Larousse, 2003. p. 178.
360 km
Expansão do Império otomano (1301-1520) Doc. 1 
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