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@tamipaivas tamirespaiiva@hotmail.com MICROBIOTA SUBSTRATO HOSPEDEIRO CÁRIE DENTE Etiologia e Patogênese BIOFILME DIETA (SACAROSE) Keys 1960 - Primeiro relato da cárie dentária como doença multifatorial. Fatores para o desenvolvimento da doença: - Hospedeiro (dentes e saliva) - Microbiota (microorganismos - biofilme dentário) - Substrato (dieta - especificamente sacarose) Diagrama proposto por Keys, 1960 Para explicar os fatores etiológicos determinantes da doença cárie MICROBIOTA SUBSTRATO HOSPEDEIRO TEMPO Diagrama de Newbrun, 1978 Para explicar os fatores etiológicos determinantes da doença cárie CÁRIE DENTE Etiologia e Patogênese BIOFILME DIETA (SACAROSE) Fatores para o desenvolvimento da doença: - Hospedeiro (dentes e saliva) - Microbiota (microorganismos - biofilme dentário) - Substrato (dieta - especificamente sacarose) - Tempo (3 fatores anteriores quando associados, necessitam de um período de tempo para favorecer a desmineralização) Newbrun, 1978 - Acrescentou o fator tempo nessa interação, como importante para o desenvolvimento do primeiro sinal da doença. Diagrama adaptado de Manji & Fejerskov, 1960 Para explicar os fatores etiológicos determinantes (círculo interno) e modificadores (círculo externo) da doença cárie Etiologia e Patogênese Manji & Fejerskov, 1990 Fatores determinantes: - Hospedeiro (dentes e saliva) - Microbiota (microorganismos - biofilme) - Substrato (dieta - especificamente sacarose) - Tempo (3 fatores anteriores quando associados, necessitam de um período para desfavorecer a desmineralização) Fatores modificadores: - Sociais - Econômicos - Comportamentais Atitudes Saliva fluxo Tempo Saliva (composição) Depósitos microbianos pH Dente Dente Depósitos microbianos pH Flúor Dieta Composição Frequência Capacidade Tampão Açúcar remoção Etiologia e Patogênese • A cárie dentária é uma doença dinâmica, mediada pelo biofilme, que resulta em processos de desmineralização e remineralização dos tecidos dentários (processo DES-RE), culminando com o sinal clínico da doença – a lesão cariosa. • A doença cárie é influenciada por outros fatores de risco, como: genética, estilo de vida e aspectos socioeconômicos e culturais. • O consumo frequente de açúcar, em especial a sacarose, ocorre uma alteração no balanço da microbiota residente no biofilme, processo denominado DISBIOSE (desequilíbrio). • Essa disbiose do biofilme dentário vem acompanhada pelo domínio de bactérias Acidogênicas (produtoras de ácidos a partir do metabolismo anaeróbico do açúcar), Acidúricas (vivem bem em ambiente ácido) e produtoras de polissacarídeos extracelulares (PEC). Etiologia e Patogênese Simbiose: relação entre duas espécies diferentes de organismos que são interdependentes. Uma ganha benefícios da outra ou uma relação entre diferentes espécies em que ambos os organismos em questão se beneficiam da presença do outro. Disbiose: alterações na composição quantitativa ou qualitativa da microbiota. As alterações podem levar a interações alteradas entre os microrganismos do hospedeiro ou ao equilíbrio homeostático que pode contribuir para um estado de doença frequentemente com inflamação. • Os PEC (polissacarídeos extracelulares) aumentam o potencial de aderência entre bactérias, servem como reserva energética, protegem as bactérias contra agentes antimicrobianos e dificultam a remoção mecânica pela higienização. Os microrganismos associados à doença cárie estão presentes em cavidades bucais livres de cárie. Portanto, sugere-se que a cárie é causada por desequilíbrio da microbiota “disbiose”, associada a repetidas diminuições de pH após frequente ingestão de açúcar. A produção de ácido por meio da metabolização de nutrientes pelas bactérias do biofilme e consequente baixa do pH, é o fator responsável pela desmineralização do tecido dentário que pode resultar na formação da lesão de cárie. Fatores da Doença Cárie Doença Cárie: É uma doença complexa causada pelo desequilíbrio no balanço entre o mineral do dente e o fluido do biofilme. A produção de ácido por meio da metabolização de nutrientes pelas bactérias do biofilme e, consequente baixa do pH, é o fator responsável pela desmineralização do tecido dentário que pode resultar na formação da lesão de cárie. Risco de Cárie: Há probabilidade de um indivíduo desenvolver pelo menos certo número de lesões cariosas, atingindo um determinado estágio de progressão durante um período específico, desde que os fatores continuem inalterados durante o período em questão. É a probabilidade de aparecimento de lesões cariosas. • O paciente pode ser classificado em: Alto, Médio ou Baixo risco de cárie. • Obs: Um paciente pode ser de alto risco (inúmeros fatores negativos concorrendo para o aparecimento das lesões), porém não apresentar suas consequências, as lesões cariosas. Lesão de Cárie: É o sinal clínico da doença cárie, podendo ser distribuídos em uma escala que inicia com a perda mineral em nível ultraestrutural até a total destruição do dente. Atividade ou Incidência de Cárie: É a velocidade da progressão das lesões cariosas. Representa o número de novas lesões por unidade de tempo. Porém, para avaliar a atividade, deve-se levar em conta não somente o número de lesões, como também as características delas: se Agudas ou Crônicas. • Caso um grande nº de lesões se desenvolva num período curto de tempo, a atividade será considerada alta. • O paciente poderá ser classificado como de: Alta, Média ou Baixa atividade de cárie Fatores da Doença Cárie: dizem respeito a quaisquer agentes que podem influenciar o aparecimento da lesão cariosa, inclusive as interações entre estes devem ser consideradas como fatores, para os quais tenha sido estabelecida uma associação entre causa e efeito – no caso, a lesão cariosa. Placa Dentária • A diversidade da microflora oral aumenta durante os primeiros meses de vida. Os colonizadores iniciais são intitulados “espécies pioneiras” que são: Streptococcus salivarius, Streptococcus mitis e Streptococcus oralis. Em seguida surgem os anaeróbios Gram - : Prevotella melaninogenica, Fusobacterium nucleatum e Veillonella spp. • Quando em simbiose (equilíbrio) com o hospedeiro, traz poucas consequências às estruturas dentárias ou aos tecidos de suporte, pois apresentam, predominantemente, espécies inócuas ao hospedeiro, como: Streptococcus salivarius e o Streptococcus oralis. • Com a erupção dos dentes, criam-se novos nichos para a colonização microbiana, pois os dentes fornecem as únicas superfícies do corpo que não se renova, na qual a microbiota residente pode normalmente aderir, o que resulta em acúmulo não perturbado de uma grande massa de bactérias, especialmente em locais de estagnação. • Em outros locais, a descamação assegura que a carga microbiana sobre as superfícies das mucosas seja relativamente baixa. Biofilme dentário: é um aglomerado de microrganismos que colonizam a superfície dentária, incorporados em uma matriz rica em polímeros de carboidratos produzidos pelos próprios microrganismos, além de proteínas, DNAe, íons e água. S. mutans e S. sanguis só são encontrados após erupção dos dentes Fatores da Doença Cárie • A presença de microrganismos (biofilme) na superfície dental é pré-requisito para o desenvolvimento das lesões de cárie, porém, a sua existência não é suficiente para que haja lesão de cárie. A cavidade oral de um recém-nascido é estéril, mas com o passar dos meses a quantidade de microrganismos aumenta gradativamente. • Streptococcus mutans é uma bactéria altamente cariogênica, porém a cárie pode ocorrer na sua ausência. Dentre as capazes de levar à lesão de cárie dentária são: lactobacilos, bifidobactérias e Scardovia spp. → Uma dieta rica em sacarose pode mudar a composição da microbiota, gerando baixo pH, capaz de inibir o crescimento de muitas bactérias orais encontradas na placa, selecionando, deste modo, as espécies mais acidúricas. Todos esses fatores aumentariam a probabilidade de desenvolvimento de lesões cariosas. • Capacidade acidogênica:a produção de ácido é determinante fundamental para a patogenicidade, sendo responsável pela desmineralização do esmalte na etapa inicial da cárie, é um pré-requisito essencial para que um microrganismo seja considerado cariogênico; • Capacidade acidúrica: sobrevivência do microrganismo em pH ácido, permitindo que desenvolva as suas atividades metabólicas em ambientes de pH baixo, tais como sulcos e fissuras dos dentes. Saliva: É um fluído complexo presente na boca, que fica em contato direto com dentes e mucosa oral, sendo produzido predominantemente por 3 pares de glândulas salivares: Parótida, Submandibular e Sublingual. Secreção e Composição Componentes: Água: 99.5% Matéria Orgânica: 0.3% Matéria Inorgânica: 0.2% Bactérias residentes na cavidade bucal Células epiteliais descamadas Resíduos transitórios originados da alimentação Produção diária: varia de 0,5 a 1,0 litro - Digestão de carboidratos - Lubrificação dos tecidos duros e moles da cavidade oral: facilitando a mastigação - Formação do bolo alimentar - Deglutição - Diluição das substâncias introduzidas na boca e subsequente remoção - Efeito antibacteriano - Neutralização e tamponamento dos ácidos dos alimentos ou produzidos pelo biofilme - Saturação de íons cálcio e fosfato inorgânico em relação ao dente: o que possibilita interferir no processo de desmineralização e remineralização dos dentes Funções O fluxo salivar e a composição da saliva podem variar devido à influência de diversos fatores como: Sexo, idade, ritmo circadiano e circanual, estado emocional, influências hormonais, doenças agudas, disfunção mastigatória, grau de hidratação do corpo, posição do corpo, dieta, má nutrição, ação de drogas, radioterapia, estímulo mecânico, gustatório e psicológico e duração do estímulo. Limpeza fisiológica através de seu fluxo - As taxas de fluxo normais para saliva não estimulada: 0,2 e 0,5 ml/min - Pacientes com redução do fluxo salivar (xerostomia) podem apresentar aumento na prevalência de cárie, pois o processo de remineralização é alterado, favorecendo a desmineralização, porém com uma boa higiene e dieta não cariogênica, essa alteração na prevalência é minimizada. Papel no desenvolvimento da Cárie Equilíbrio da microbiota bucal - Realizado através da ação combinada de proteínas antimicrobianas da saliva, como a lisozima, lactoferrina, aglutininas e as imunoglobulinas. - O esmalte em contato com a saliva forma uma camada de proteínas e glicoproteínas denominada película adquirida, que se forma após a erupção dentária. Efeito-tampão - A Capacidade-Tampão da Saliva (CTS) é a propriedade de a saliva manter o seu potencial Hidrogeniônico (pH) constante a 6,9-7,0, é um importante fator de resistência à cárie dental, pois age neutralizando os ácidos bucais. Participação no processo DES-RE: • A saliva cobre o dente através da película, sob condições fisiológicas (pH 7,4), há equilíbrio dinâmico, em que as trocas iônicas entre esmalte e meio ambiente acontecem, porém, a quantidade de íons que é perdida pelo esmalte (DES) é igual ou muito parecida com a que o meio ambiente fornece (RE). • Para que a saliva e o fluido da placa estejam numa saturação menor em relação à hidroxiapatita, é necessário atingir um pH “crítico” de 5,5 no esmalte, onde haverá predomínio da desmineralização . • Com o uso do flúor, o “pH crítico” é de 4,5 (mais baixo) atrasando o processo. • Na dentina, o pH crítico é de 6,2-6,3. Papel no desenvolvimento da Cárie Relação entre os minerais dentais e os fluidos bucais em jejum e após a exposição a carboidratos fermentáveis • Constantes quedas no pH, pela manutenção da acidez por períodos mais longos, farão com que NÃO haja tempo hábil para retornar ao pH inicial, de modo que as sucessivas desmineralizações acontecerão, o que aumentará a suscetibilidade à cárie dentária (inicialmente apresentará - lesões brancas no esmalte e amolecidas na dentina) • Ao contrário, quando o meio bucal se torna supersaturado em relação à hidroxiapatita, ocorrerá a remineralização, a qual é possível até mesmo quando já apresenta sinais iniciais de cárie em esmalte. Os dentes passam por uma maturação pós-eruptiva, portanto, são expostos na cavidade bucal e gradativamente realizarão trocas com os fluidos bucais no processo DES-RE. • Dentes recém-irrompidos são mais suscetíveis à desmineralização do que aqueles que já passaram pelas frequentes remineralizações. • Outra característica relacionada aos dentes corresponde aos locais de maior suscetibilidade, pela morfologia ou posição, locais onde há depósitos microbianos que não foram removidos, o que aumenta a predisposição ao aparecimento da lesão. Fatores Relativos • A dieta tem papel-chave no processo carioso. • As bactérias presentes no biofilme metabolizam os carboidratos, gerando ácidos como produtos, os quais são capazes de levar à desmineralização dos tecidos dentários. Isso acontece porque, após o consumo de açúcar, o pH do biofilme cai bruscamente, e em 10 minutos chega ao seu ponto mínimo, retornando ao seu valor basal após 45 a 60 minutos. • A frequência dessa queda abaixo dos valores críticos leva ao predomínio dos processos de desmineralização em relação à remineralização, aumentando a chance de aparecimento da lesão de cárie. Os Carboidratos podem ser armazenados na forma de: • Polissacarídeos Intracelulares (PIC): que podem ser formados por diversos açúcares e são reservas utilizadas no metabolismo bacteriano em momentos de escassez. • Polissacarídeos Extracelulares (PEC): que advêm da metabolização exclusiva da sacarose e atuam na adesão bacteriana, aumentando a porosidade da matriz do biofilme, o que confere à sacarose o título de açúcar mais cariogênico. Fatores da Doença Cárie Os alimentos mais rapidamente metabolizados pelas bactérias do biofilme são os açúcares. A glicose, maltose, frutose e sacarose levam a quedas de pH semelhantes, com diferença só observada na lactose – na qual a queda do pH é menor. Curva do pH do biofilme após a ingestão de diferentes açúcares Fonte: Adaptada de BUSATO; MALTZ, 2014 • Alimentos, como o leite e os seus derivados, principalmente o queijo, possuem efeito protetor contra a cárie, em razão da presença de cálcio, fosfato e caseína. No leite, mesmo possuindo lactose, esse açúcar é pouco cariogênico ou apresenta efeito nulo na ocorrência da cárie; • O leite materno contém mais lactose e menores concentrações de cálcio e fosfato que o leite de vaca, sugerindo ser mais cariogênico. • Adoçantes não calóricos: sacarina, ciclamato e aspartame não são metabolizados pelas bactérias do biofilme, não tem relação com a cárie. • Adoçantes calóricos: sorbitol e o xilitol, apesar de serem metabolizados pelas bactérias, causam leve queda de pH insuficiente para atingir o pH crítico da desmineralização. O xilitol reduz a contagem de S. mutans, sendo capaz de levar a uma menor produção de ácidos pelo biofilme, com menor número de bactérias cariogênicas, devido a isto, alguns dentifrícios adicionaram esse componente em sua fórmula. Através dessa curva é possível observar o que acontece após a ingestão de alimentos cariogênicos: uma queda abaixo do pH crítico. A frequência de alimentação rica em carboidratos causará repetição contínua dessa curva, com períodos maiores de desmineralização e maior susceptibilidade à cárie. Curva de Stephan após alta frequência de consumo de alimentos ricos em carboidratos Fonte: FEJERSKOV; NYVAD; KIDD, 2017 - A cárie dentária é uma doença crônica que progride de forma muito lenta, na maioria dos indivíduos. Raramente é autolimitante e, na ausência de intervenções, progride até destruir totalmente a estrutura dentária A doença pode afetar todas as estruturas do dente, o esmalte, a dentina e o cemento. Essa destruição localizada nesses tecidos duros é o sinal clínico da doença, a lesão cariosa. Aspectos Clínicos e Histopatológicos • Esses sinais clínicos podem ser inseridos em uma escala, variando desde as primeiras perdas minerais, em nível ultraestrutural (estágiosubclínico), os primeiros sinais visíveis (lesão branca) e assim, até a destruição total dos tecidos dentários. Estágios das perdas minerais observadas clinicamente Progressão das perdas inerais em relação ao tempo 1. Determinar a integridade superficial de uma lesão: cavitada ou não cavitada 2. Estado de atividade com base nas características superficiais: ativas ou inativas Classificação 1. Localização anatômica - Lesão de cárie coronária - Lesão de cárie radicular 2. Sítio anatômico - Lesão de superfície lisa (cárie de esmalte ou de cemento) - Lesão de fossas e fissuras 3. Presença de cavidade - Cárie cavitada - Cárie não cavitada 4. Tecido envolvido - Cárie de esmalte - Cárie de dentina - Cárie de cemento 5. Atividade - Cárie aguda (ativa) - Cárie crônica (inativa) 6. Presença ou não de restauração prévia - Lesão primária: atingiu a superfície pela 1ª vez - Lesão secundária: ocorre ao redor de uma restauração (recorrente ou recidiva) 7. Quanto à profundidade - Incipiente: penetra parcialmente no esmalte - Moderada: penetra mais profundamente mas não atinge a JAD - Avançada: atravessa a JAD mas não atinge a câmara pulpar - Profunda: penetra o esmalte e dentina, aproximando-se da polpa - Quando ocorre a erupção do dente na cavidade oral, o esmalte apresenta-se mineralizado, porém, nos primeiros 4 anos após a erupção dentária, o dente sofre a maturação pós-eruptiva do esmalte, por meio da aquisição de íons de cálcio e fosfatos pela saliva. Nesse período ele apresenta um risco maior de desenvolver lesões de cárie, pela incompleta maturação do esmalte. Após a aquisição desses íons, o esmalte dentário apresenta maior dureza, portanto, maior resistência aos ataques ácidos. - As lesões de cárie se desenvolvem nos locais onde se permite que os depósitos bacterianos formem biofilmes que não são frequentemente removidos ou desorganizados por forças mecânicas. Esses depósitos ocorrem ao longo da margem gengival, nos nichos interproximais, nos sistemas de fossas e fissuras, em ranhuras e outros locais de difícil acesso para higienização – denominadas áreas de estagnação. Características O período de maior risco para o aparecimento de lesões cariosas é: Entre o início da erupção, até atingir a oclusão funcional - O esmalte é derivado do componente ectodérmico do germe dental, é avascular e acelular e não pode responder às lesões. - Após permanecerem 14 dias com biofilme completamente inalterado, as alterações do esmalte tornam-se macroscopicamente visíveis após secagem com ar, caracterizando-se como alterações esbranquiçadas e opacas, representando o primeiro sinal clínico da cárie dentária. Associada a isto tem-se uma lesão subsuperficial formada pela desmineralização. Diagnóstico clínico: profilaxia – secagem – isolamento relativo – boa iluminação Alterações no Esmalte Lesão Inicial em Esmalte Mancha ativa Branca – opaca - rugosa Mancha inativa Branca – brilhante - lisa - Após 3 a 4 semanas com biofilme inalterado, as alterações clinicamente detectáveis podem ser imediatamente visualizadas, sem a secagem com ar. A perda mineral localizada sob a superfície externa torna-se mais extensa e em constante aumento. A lesão de mancha branca apresenta uma característica superficial calcária que lembra o giz, tornando- -o opaco, já que perde a sua aparência brilhante. - A aparência clínica dessas lesões ou manchas brancas é causada pela perda da subcamada de esmalte, resultando na perda da translucidez. Alterações no Esmalte Lesão Inicial em Esmalte Em um corte longitudinal e microscópico apresenta 4 zonas distintas: I. Zona superficial pseudointacta, rica em fluoreto, com volume de poros menor que 1% (profundidade de 20 a 50 micra); II. Corpo da lesão, com maior perda mineral, maior que 5% (profundidade de 30 a 110 micra); III. Zona escura, pois apresenta-se escurecida quando examinada em microscopia e contém de 2 a 4% do volume de poros; IV. Zona translúcida, mais interna, com poucos poros grandes; - A dentina e as células dentinárias, os odontoblastos, são partes integrantes do órgão pulpar e, portanto, considerados um tecido vital, com reações de defesa específicas aos estímulos nocivos externos. Reações do Complexo Dentinopulpar Progressão em Dentina: - As alterações da dentina durante a progressão da lesão devem ser entendidas considerando a progressão da lesão no esmalte, sendo que a reação de defesa inicial e mais comum do órgão pulpar é a esclerose dentinária, que corresponde à deposição de minerais ao longo e no interior dos túbulos dentinários, resultando em uma obliteração gradual. Invasão bacteriana: - Bactérias necessitam de nutrientes do meio bucal, são encontradas na biomassa com número reduzido nos túbulos dentinários. Processo de perda de cristais: - Ácidos penetram nos túbulos dentinários antes da invasão bacteriana > destruição da matriz da dentina > fibras colágenas são danificadas de forma reversível no processo de dissolução. - Continuação da produção de ácidos: dissolve cristais da dentina peritubular e intertubular. - Continuação da produção de ácidos: quebra as ligações intermoleculares das fibras colágenas de forma irreversível. Reação de defesa da dentina: - Dissolução altera os cristais de hidroxiapatita. - Cristais remanescentes com baixa resistência e baixa densidade. - Túbulos dentinários são bloqueados por precipitado desses cristais. - Cristais originados da dentina peri e intertubular. - Processo conhecido como esclerose dentinária (hipermineralização) > clinicamente observa-se descoloração amarelo-amarronzada na dentina. Reações do Complexo Dentinopulpar Progressão em Dentina: Esclerose tubular: - Acelera o desgaste dos dentes, ela está relacionada à idade e ao resultado de estímulos leves do ambiente bucal mediados pelo esmalte, ela é resultado da mineralização inicial do espaço peritubular seguida por calcificação do processo odontoblástico, ou por calcificação intracitoplasmática inicial seguida de mineralização secundária periodontoblástica. - A esclerose tubular inicial é observada antes de a frente avançada da lesão de esmalte atingir a junção amelodentinária (descoloração marrom). Inflamação pulpar: - É uma resposta imunológica de baixa intensidade, caracterizada por resposta celular inflamatória crônica. - Uma vez que a carga bacteriana total em uma cavidade de cárie seja reduzida, tal reação pode regredir gradualmente. No entanto, se os microrganismos invadirem o tecido pulpar, uma resposta inflamatória aguda será criada, com acúmulo de leucócitos neutrófilos e o início da formação de microabscessos – neste momento será atingido um ponto sem retorno e tratamentos endodônticos estarão indicado. Reações do Complexo Dentinopulpar Progressão em Dentina: 1. Dentina reacional 2. Reação esclerótica ou zona translúcida 3. Zona de desmineralização 4. Zona de invasão bacteriana e destruição 5. Direção dos prismas periféricos CT: Linha central transversal. Progressão da Lesão Proximal: Reações do Complexo Dentinopulpar 1. Dentina reacional na interface para a polpa 2. Reação esclerótica ou zona translúcida 3. Zona de desmineralização 4. Zona de invasão bacteriana e destruição 5. Linhas pontilhadas indicando a direção dos prismas Progressão da Lesão Oclusal: Quando o ápice de uma lesão de esmalte atinge a junção amelodentinária, a parte superficial da dentina sofre desmineralização, que clinicamente pode ser vista como descoloração amarelo-acastanhada dos tecidos moles, a qual pode ser resultado das mudanças bioquímicas da dentina colágena em razão da desmineralização. Reações do Complexo Dentinopulpar - A cárie em dentina do tipo aguda, clinicamente, apresenta-se com cor clara, variando de amarelo a castanho claro, com consistência macia, friável e como uma massa de aparência necrótica. - Comumente, mostra-se sensível aos doces, ao frio e aos ácidos, com progresso rápido que normalmente expõe a polpa, pois a dentina sob a camada superficial é descalcificada e sensível. Carie Aguda em Dentina:Amarronzada Amolecida Úmida Desmoronamento da crista marginal no dente decíduo: em função da anatomia, induz que a cárie está muito profunda -> 90% dos casos - Terapia pulpar Características Clínicas Cárie Crônica em Dentina: - A cárie crônica possui superfície escura e de consistência endurecida. O progresso da lesão é lento e intermitente, e a dentina sob a superfície é indolor, esclerótica e pigmentada. - A sua cor escura decorre da presença de produtos bacterianos, da proteólise, bem como advindos do meio bucal. A natureza crônica dessa cárie promove a formação da dentina esclerótica, com acelerada deposição de dentina peritubular, obliterando os túbulos dentinários e levando à redução na permeabilidade dentinária. Dentina esclerosada após remoção total de tecido cariado Lesão crônica Características Clínicas Cárie Radicular: - A cárie da superfície radicular é composta por manifestações clínicas que vão desde áreas pequenas e levemente amolecidas e descoloridas até áreas extensas, amarelada ou amarronzada, amolecidas ou duras, as quais, eventualmente, podem circundar a superfície radicular inteira. Podem ser: - Cavitadas ou não cavitadas - Ativas ou inativas Lesão inativa Lisa com alteração na coloração (marrom ou preta) Lesão ativa Amolecida Amarelada Características Clínicas Uma das causas da cárie na primeira infância, ou cárie com crescimento descontrolado, está em permitir que bebês e crianças pequenas durmam com uma mamadeira, a prevalência relatada varia de 2,5% a 15% Características das lesões de cárie induzidas por mamadeira • Lesões de cárie com crescimento descontrolado que afetam os dentes superiores anteriores. • As lesões aparecem depois nos dentes posteriores, tanto nos primeiros molares decíduos inferiores e nos superiores. • Os caninos são menos afetados do que os primeiros molares por causa da erupção tardia. • Os dentes anteriores inferiores não são afetados. acredita-se que isso se deva ao fluxo salivar e à posição da língua. A mamadeira é usada frequentemente como chupeta para fazer a criança dormir. • Longos períodos de exposição ao substrato cariogênico. Se isso envolver uma mamadeira, o bico dela fica próximo das superfícies palatinas dos dentes superiores anteriores por até 8 horas. Outros hábitos como ‘‘beliscar’’ (comer algo constantemente) também coloca muitas crianças em risco, incluindo o uso de copos e garrafas com canudos anexados, o que permite com que elas perambulem ao mesmo tempo em que os têm à boca. • Baixo fluxo salivar à noite e neutralização reduzida. • História de cárie ativas e não tratadas nos pais — particularmente na mãe. Controle • Interrupção do hábito • Aconselhamento dietético. • Possível uso de produtos antimicrobianos. • Aplicação de flúor. • Constituição dos dentes restauráveis. Isso pode envolver restaurações com ionômeros de vidro, coroas de resina composta e/ou coroas de aço inoxidável. • Extrações, se necessárias: a perda dos dentes superiores anteriores não resultará em perda de espaço se os caninos já irromperam, a fala se desenvolverá normalmente, se os dentes posteriores tiverem de ser extraídos, os pais precisarão ser informados sobre a possível perda de espaço, e uma avaliação deve ser efetuada para determinar se um mantenedor de espaço deve ser usado Objetivos principais: - Análise dos sintomas relatados pelo paciente; - Avaliação dos sinais da doença; - Exame clínico (visual e tátil) e exames complementares (radiografia e transluminação) O objetivo do diagnóstico da doença cárie é proporcionar uma atenção integral e personalizada, relacionada aos fatores etiológicos, garantindo um tratamento ideal. O diagnóstico de cárie abrange três pontos principais: - Avaliação do risco de cárie - Diagnóstico de atividade de cárie - Detecção das lesões cariosas Avaliação de Risco Individual de Cárie Dentária - Avaliamos a atividade de cárie para determinar o risco de desenvolvimento e progressão das lesões, de modo que possamos estipular o tratamento preventivo e/ou terapêutico adequado a cada caso. Identificação das Lesões de Cárie - É essencial que a superfície dentária esteja limpa, seca e bem iluminada. As opções de exames para diagnóstico são inúmeras e podemos considerá-las desde clássicas até as mais modernas, que serão detalhadas a seguir. Inspeção Visual - Trata-se do método mais antigo, porém mais indicado e fundamental para avaliar a atividade de cárie, identificando as lesões cariosas. É rápido, de fácil execução, mais confortável para o paciente e rotineiramente utilizado na prática clínica, sendo considerado indispensável para a decisão apropriada sobre o tratamento. Inspeção Tátil-Visual - É a associação da inspeção visual combinada com a sondagem, que pode ser empregada para remover o biofilme das superfícies dentárias e examinar a textura das lesões. A sonda exploradora era utilizada para o exame, mas caiu em desuso. Por ser pontiaguda, causava defeitos traumáticos irreversíveis na superfície dental, ocasionando maior susceptibilidade à evolução de novas lesões, sendo considerada invasiva. - Uma alternativa viável à substituição da sonda exploradora pontiaguda na inspeção tátil-visual foi a sonda OMS (ball-point), que não provoca danos em superfícies desmineralizadas. É útil na remoção de biofilme dental e na análise de textura da superfície dental. A: Criança de 3 anos com acumulo espesso de placa bacteriana ao longo da margem gengival das superfícies vestibulares que recobrem as lesões de cárie ativas. B: Lesões de cárie inativas nas superfícies vestibulares dos incisivos centrais superiores em uma criança de 5 anos. C: Criança de 5 anos, com canino superior decíduo com lesão de cárie cavitada ativa ao longo da margem gengival. D: Incisivos superiores em uma criança de 5 anos, lesões de cáries inativa, opacas, brancas e estreitas, localizadas 1 a 2mm das margens gengivais, uma das lesões exibe uma cavidade grande dura a sondagem, um exemplo de lesão cavitada inativa. E: Criança de 2 anos, com primeiro molar inferior decíduo com 2 lesões de cárie ativas cavitadas, borda opaca branca periférica de esmalte circundando as cavidades. F: Criança de 6 anos. Primeiros molares inferiores decíduos com lesões cavitadas ativas na superfícies distais e disto-oclusais. G - H: Criança de 2 anos, com lesões de cárie cavitadas, parcialmente ativas, extensas e circundando os dentes, chamadas cáries de mamadeiras. Objetivo: Detectar e avaliar a severidade das lesões de cárie e tem como vantagens a detecção de lesões iniciais e a oportunidade de subdividir as lesões cavitadas de acordo com a gravidade. Internacional Caries Detection and Assessment IMPORTANTE: Para a realização do ICDAS a superfície dental necessita estar limpa e iluminada. Primeiramente, os dentes são avaliados úmidos; depois são secos por apenas 5 segundos com a seringa tríplice e reexaminados. 1. Inicialmente, o examinador identifica se o dente está hígido, selado, restaurado, se apresenta coroa ou se está ausente. 2. Em seguida, as superfícies são analisadas com o auxílio da sonda OMS e classificadas em relação à severidade das lesões cariosas, utilizando uma escala ordinal de 0-6, indicando de superfície hígida até cavitação extensa. Critério I (pontos) Característica visual 0 Dente sadio 1 Modificação inicial de esmalte evidente após secagem 2 Alteração de esmalte perceptível sem secagem 3 Cavitação identificada em esmalte sem tecido dentinário visível ou sombreamento 4 Sombreamento da dentina com ou sem cavitação em esmalte 5 Cavitação com exposição da dentina 6 Cavitação extensa com exposição da dentina Sistema Internacional de detecção e avaliação de cárie Internacional Caries Detection and Assessment Escores: LESÃO EM ESMALTE 0 – Dente sadio, não pode apresentar alteração na translucidez do esmalte após a secagem. 1 – Lesão inicial em esmalte sem cavitação após secagem. 2 – Lesão inicial em esmalte sem cavitação mais profunda sem secagem (dente úmido). 3 – Prováveldescontinuidade no esmalte, que pode ser uma microcavidade ou perda de contorno do sulco, porém, sem atingir dentina. LESÃO EM DENTINA 4 – Lesões que já atingiram dentina, mas que ainda estão recobertas por esmalte, não estando evidenciada na cavidade bucal (progressão da lesão é menor, pois biofilme não entra em contato direto com dentina). 5 – Lesões mais preocupantes com exposição de dentina, quando a cavidade se apresenta com esmalte opaco ou escurecido, e com menos da metade da superfície com dentina evidenciada. 6 – Cavidade bastante extensa, com perda de estrutura de dentina evidente. Internacional Caries Detection and Assessment Avaliação da Atividade das Lesões de Cárie CÓDIGOS DO ICDAS 1, 2 ou 3 Ativa: esmalte com opacidade, esbranquiçado, amarelado, perda de brilho e rugosidade à leve sondagem. Área de estagnação de placa. Inativa: esmalte esbranquiçado, amarronzado ou escurecido, com aspecto brilhante, duro e liso à leve sondagem. Fora de regiões de acúmulo de placa. CÓDIGO DO ICDAS 4 Provavelmente ativa CÓDIGOS DO ICDAS 5 e 6 Ativa: cavidade mostrando ao fundo tecido amolecido à sondagem Inativa: cavidade mostrando ao fundo aspecto brilhante e duro à sondagem Internacional Caries Detection and Assessment Diagnóstico e Decisão de Tratamento Dente sadio ICDAS escore 0: nenhum tratamento* Lesões inativas ICDAS escore 1 e 2: tratamento não operatório Lesões ativas ICDAS escore 1 e 2: tratamento não operatório ICDAS escore 3, 4 e 5: tratamento operatório ou não operatório ICDAS escore 6: tratamento operatório A inspeção tátil-visual, embora seja um método fundamental, apresenta alguns problemas, como não conseguir detectar lesões de cárie ocultas e interproximais. Com isto são necessários outros exames complementares para o diagnóstico: • Radiografia • Eletrocondutividade • Transluminação • Fluorescência Prevenção Primária Promoção de saúde: • Educação em saúde bucal • Educação para exames dentários periódicos • Bom padrão de nutrição, fases de desenvolvimento da vida regulares • Atenção ao desenvolvimento pessoal Proteção específica: • Atenção à higiene oral pessoal • Uso de controles ambientais, como fluoretação da água, ATF e outros • Proteção contra riscos ocupacionais e de lazer, como uso de protetores bucais • Uso de nutrientes essenciais específicos (no qual o flúor é um) • Proteção contra agentes carcinogênicos, tais como medidas antifumo Prevenção Secundária Diagnóstico precoce e tratamento imediato: • Medidas de achados clínicos, tais como radiografias • Proteção nos exames, tal como programas de proteção ao câncer bucal • Sistemas de retorno às consultas • Tratamento da doença cárie • Limpeza profissional dos dentes • Eliminação de infecções • Encaminhamento para especialidades odontológicas Prevenção Terciária Incapacidade funcional: • Encaminhamento para tratamento e controle das cáries dentais e doença periodontal e prevenção de maiores complicações e sequelas; • Encaminhamento para reabilitação oral para restaurar função e estética; • Encaminhamento para Tratamento de outras doenças e condições orais. Reabilitação: • Educação dos indivíduos para o uso apropriado de dentaduras; • Educação pré e pós-cirúrgica para pacientes de cirurgia oral. Educação em Saúde A Educação em Saúde como ferramenta da promoção da Saúde deve ser abordada em sua perspectiva transformadora, remetendo a Práticas Educativas Dialógicas baseadas na construção compartilhada do conhecimento, no respeito ao saber popular e na construção de alternativas de transformação das condições de vida e de saúde da população. Controle da Dieta • Uma dieta rica em açúcar, principalmente, a sacarose, com potencial cariogênico maior que outros açúcares, favorece a colonização de bactérias, aumentando a viscosidade do biofilme e favorecendo sua aderência aos tecidos dentários. • O controle da dieta para efeitos de prevenção da doença cárie tem como objetivo produzir modificações qualitativas e quantitativas no substrato, de modo que seu potencial cariogênico sofra alta redução. • O aconselhamento dietético aos pacientes odontológicos deve ser enfático e personalizado, estando em consonância com as recomendações dietéticas para a saúde geral do paciente. Educação em Saúde Controle Mecânico do Biofilme • O biofilme dental é formado por uma massa, rica em polissacarídeos e glicoproteínas salivares firmemente aderidas às faces dentárias ou a possíveis estruturas que estejam presentes na cavidade oral. • A escovação, realizada com eficiência, é o principal fator de controle do crescimento microbiano. • A limpeza mecânica por meio de escova dentária e dentifrício é o método mais eficaz, simples e comum para o controle da placa. Associado a isso, os dentifrícios auxiliam, diminuindo o acúmulo do biofilme, favorecendo a resistência dos dentes contra a cárie, removendo manchas, resíduos alimentares e refrescando a boca. • Geralmente, para ser efetiva, uma escova dentária deve apresentar cabeça pequena, cabeça e cabo num só plano, cerdas do mesmo tamanho, macias, com pontas redondas e polidas, distribuindo-se na forma multitufo. Educação em Saúde Utilização de Fluoretos • O íon flúor sob a forma de fluoretos tem sido utilizado como medida de maior impacto para o controle do desenvolvimento da cárie dentária. Embora seu uso isolado não impeça o desenvolvimento de lesões de cárie, mas sim limite sua progressão,. • 5,5 deve ser considerado o pH crítico para o esmalte de um indivíduo ou população não exposta diariamente a nenhuma das formas de fluoretos. • Quando existe exposição ao flúor, o pH crítico cai para 4,5 (o que indica maior dificuldade para ocorrer a desmineralização) e, assim, entre esse valor e 5,5, ao mesmo tempo em que o dente perde minerais na forma de hidroxiapatita, uma certa quantidade dos íons cálcio de fosfatos dissolvidos retornam ao dente na forma de fluorapatita, a simples presença de flúor no meio é um fator para redução da desmineralização do esmalte-dentina. O uso do flúor deve ser realizado de maneira racional (máxima prevenção/menor risco), considerando os vários meios, benefícios e segurança, relacionados a como obter uma exposição apropriada ao flúor, que garanta os benefícios de redução de cárie sem maiores preocupações com riscos. Conhecer o mecanismo de ação do flúor é imprescindível para nortear a correta indicação de uso a partir das diferentes vias de administração. Podem ser: sistêmicos (ingeridos) e tópicos (age localmente quando em contato com os dentes) Orientações de Práticas Alimentares As principais orientações para os hábitos alimentares saudáveis, importantes para a promoção de saúde geral e bucal englobam: • Estimular o aleitamento materno exclusivo até os 06 meses de idade e após iniciar a introdução de diversos tipos de alimentos sólidos saudáveis gradualmente; • Introdução de sacarose o mais tardiamente possível, de preferência somente após os 2 anos de idade, para que a criança conheça o sabor natural dos alimentos; • Manter intervalos regulares entre as refeições, possibilitando o retorno do pH salivar à neutralidade, equilibrando o processo natural de desmineralização e remineralização que acontece na superfície dentária. Uma das principais ações a serem adotadas é identificar hábitos alimentares cariogênicos e orientar o paciente sobre a intensidade e frequência de consumo, contribuindo para melhorar a qualidade de vida do paciente. Controle de Higiene • Medidas de higiene bucal objetivam a remoção do biofilme dentário em níveis aceitáveis, uma vez que a sua atividade metabólica pode ocasionar a perda de estrutura mineral e o sangramento gengival. Existe uma associação positiva entre a deficiência de higiene bucal e a prevalência da doença cárie. • A escovação dentária utilizando escova e fio dental é o recurso mecânico mais adotado de controle do biofilme dental em razão do baixo custo, da conveniência e eficácia. E quando associado ao uso de dentifrício fluoretado, torna-se o método mais simples e difundido de administraçãotópica de fluoretos, sendo um dos principais responsáveis pela redução de cárie dentária dos últimos tempos. Cada componente da escova apresenta determinada função que auxiliará na remoção do biofilme dental, a ideal precisa possuir as seguintes características: • Tufos com o mesmo comprimento de cerda • Haste e cabeça localizadas no mesmo eixo • Cerdas de náilon macia • Cabeça pequena • Sejam leves e de fácil higienização • Impermeáveis à umidade • Apresentarem baixo custo e serem eficientes e duráveis • Lesões cariosas de características similares podem ter diferentes abordagens. • Uma técnica menos invasiva pode ser a escolhida para um paciente cujo núcleo familiar é colaborador quanto às medidas de controle dos hábitos de dieta e higiene bucal, bem como ao comparecimento aos retornos periódicos. • Ao contrário, em famílias pouco colaborativas, podem ser necessárias abordagens mais invasivas, pela impossibilidade de acompanhamento do tratamento realizado. Todo paciente deverá, portanto, ser submetido à modificação dos fatores da doença cárie, e quando avaliado quanto às lesões de cárie, classificar conforme a sua característica: não invasivos, minimamente invasivos, invasivos. Não invasivos Não remoção de tecido cariado Controle da dieta, controle de higiene, agentes que potencializam a remineralização Minimamente invasivos Perda mínima de tecido dentário Controle da dieta, controle de higiene, selantes e os infiltrantes resinosos Invasivos Remoção de tecido dentário Controle da dieta, controle de higiene, restauração • Estratégias que não incluem remoção de tecido dentário são denominadas não invasivas e abrangem o controle do biofilme dental e de dieta cariogênica, além da utilização de agentes potencializadores de remineralização. • O emprego de fluoretos é apontado como um método importante não invasivo no controle de lesões de cárie ativas não cavitadas em esmalte. • A aplicação tópica de verniz de fluoreto de sódio a 5%, equivalente a 22.600 ppm de flúor, é simples, rápida e remineraliza as lesões, reduzindo a progressão de desmineralização do esmalte. • A aplicação do verniz de flúor deve ser realizada preferencialmente após as refeições e recomenda-se uma alimentação leve e líquida, sem escovar os dentes nas 12 horas seguintes, possibilitando melhor aderência da película do verniz. - São materiais adesivos com base de resina ou cimento de ionômero de vidro que apresentam a capacidade de escoar nas fossas e fissuras, penetrando nas microporosidades do esmalte dentário previamente condicionado por um ácido, criando “tags”, que são projeções de resina. • Após a polimerização do selante, quando bem adaptado e retido, forma-se uma película resistente e contínua, cujo objetivo é proporcionar uma barreira mecânica que dificulte o acúmulo de biofilme dental nas superfícies oclusais dos dentes, facilitando a higienização. • São classificados conforme a presença de fluoreto, matizes e podem ser ativados quimicamente ou fotopolimerizados, cuja vantagem é um melhor controle de tempo de trabalho. Indivíduos • Experiência anterior e/ou atual de cárie • Crianças com limitações físicas ou intelectuais • Dieta cariogênica • Higiene bucal inadequada Dentes • Macromorfologia dental que favoreça o maior acúmulo e/ou dificuldade de remoção do biofilme dental • Dentes com hipoplasia ou defeitos de mineralização do esmalte • Molares permanentes nos primeiros anos após a irrupção Superfícies • Superfícies oclusais hígidas (são mais vulneráveis à doença cárie) • Lesão não cavitada em esmalte (condição mais propensa à progressão da cárie) Ação deve ser individualizada Presença de lesão de cárie • Educação em saúde com reforços no controle de dieta e de higiene • Definição do tipo de lesão, extensão e localização são importantes para os próximos passos Tratamento expectante • Educação em saúde com reforços no controle da dieta e de higiene Exame clínico e radiográfico Quanto ao tipo de atividade da lesão Inativa Quanto a extensão Esmalte Dentina Quanto a localização Face livre Oclusal Proximal Face livre Oclusal Proximal Tratamento Controle Controle Controle Restauração e controle Selante, restauração e controle Infiltrante, restauração e controle Ativa Quanto a extensão Esmalte Dentina Quanto a localização Face livre Oclusal Proximal Face livre Oclusal Proximal Tratamento Controle e remineralização Selante e controle Infiltrante e controle Restauração e controle Selante, restauração e controle Infiltrante, restauração e controle Contato: tamirespaiiva@hotmail.com @tamipaivas 1. BUSATO, A. L. S.; MALTZ, M. Cariologia: aspectos de dentística restauradora. São Paulo: Artes Médicas, 2014. (Série Abeno: Odontologia Essencial – Parte Clínica). 2. CORRÊA, M. S. N. P. Odontopediatria: na primeira infância. 4. ed. São Paulo: Santos, 2017. 3. FELDENS, C. A.; KRAMER, P. F. Cárie dentária na infância: uma abordagem contemporânea. São Paulo: Santos, 2013. 4. MAGALHÃES, A. C. et al. Cariologia: da base à clínica. Barueri, SP: Manole, 2021. 5. MALTZ, M. et al. Cariologia: conceitos básicos, diagnóstico e tratamento não restaurador. São Paulo: Artes Médicas, 2016. (Série Abeno: Odontologia Essencial – Parte Clínica). 6. MASSARA, M. L. A.; RÉDUA, P. C. B. Manual de referência para procedimentos clínicos em odontopediatria. São Paulo: Santos, 2017. 7. RAGGIO, D. P.; BONIFÁCIO, C. C.; IMPARATO, J. C. P. Tratamento Restaurador Atraumático (ART): realidades e perspectivas. São Paulo: Santos, 2011 8. Aulas Ministradas pelo Professor Gerson, ano de 2021 pela Universidade Cidade de São Paulo – UNICID Atenção: É PROIBIDA A VENDA E COMPARTILHAMENTO DESSE RESUMO SEM AUTORIZAÇÃO LEI nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. mailto:tamirespaiiva@hotmail.com Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52