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PROJETO 04 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE GRAVE ANEURISMA CEREBRAL Flávia Shimeny Soares Cardoso Foz do Iguaçu - PR 2021 https://uniamerica.blackboard.com/webapps/blackboard/execute/courseMain?course_id=_10687_1 Paciente I.J.F., sexo masculino, 68 anos, chega ao Pronto Socorro do Hospital Municipal Padre Germano Lauck pelo SAMU, acompanhado de sua filha. Paciente relata início de cefaléia súbita há 1 hora, o qual tomou um comprimido de Dorflex para diminuir a dor, porém ele afirma que com o passar do tempo houve uma piora súbita, e a dor já estava insuportável, afirma ser sua pior crise de cefaléia “parece que a cabeça vai explodir”, a filha imediatamente ligou para a emergência que encaminhou o paciente direto para o PS. Além da dor, relata êmese em grande quantidade, sensibilidade a luz e tontura. A filha relata que o paciente é hipertenso e faz uso de Captopril, é elistista, tabagista, e sua família possui histórico de derrame (AVE). A 3 dias o pai relatou dor de cabeça intensa mas que melhorava com uso de analgésicos (Dorflex e Dipirona). EXAME FÍSICO: Paciente consciente, orientado, pupilas isocóricas e foto reagentes. Crânio sem lesões, pescoço rígido, mucosas hidratas e coradas. A ausculta cardíaca apresenta 2BRNF em 2T, sem sopros. A ausculta pulmonar, apresenta murmúrios vesiculares presentes, sem ruídos adventícios. Abdômen globoso, ruídos hidroaéreos presentes. Força muscular diminuída, apresenta dificuldade para deambular devido a desequilíbrio e tontura. Sinais vitais: FC – 110 bpm. FR – 22 rpm. PA 200x90 mmHg. TAx – 36,2 Cº. PACIENTE CLASSIFICADO COMO VERMELHO Fatores que determinam a prioridade: respiração inadequada, alteração nos SSVV, dor intensa, idade e histórico. Paciente encaminhado para avaliação médica que solicita tomografia computadorizada (TC) de crânio para realização o diagnóstico, com suspeita de Aneurisma Cerebral. Cortes axiais de tomografia computadorizada de crânio, que mostra hemorragia subarácnóidea. Ao receber os resultados da tomografia, o médico detecta um aneurisma cerebral rompido e solicita o encaminhamento do paciente ao Centro Cirúrgico, após cirurgia o paciente é enviado para UTI. Semana 1 - UTI Recebo plantão com paciente, Ramsay 6, couro cabeludo com presença de ferida operatória e cateter de pressão intracraniana, pupilas isofotoreagentes, mucosas normocoradas, sem presença de lesões. TOT em VM modo PS, PEEP 7, com FIO2 a 50%, FR a 19 rmp (eupneico). Normocardico (80 bmp), normotérmico (36,7ºC), hipertenso (130x80 mmHg e PAM a 97 mmHg), PIC a 30 mmHg, PPC a 73 mmHg. SNG com dieta em 30 ml/h, CVC em subclávia D duplo lúmen correndo noradrenalina em 2 ml/h e sedação padrão a 3 ml/h. AP: MV+ sem ruídos adventícios. AC: 2BRNF em 2T. AB: RHA+, abdômen plano e flácido. SVD com diurese ausente, presença de evacuação diarréica. Semana 2 - UTI Coletada gasometria arterial. Resultado: pH = 6.15, HcO3 = 19 mEq/L, PaCO2 = 40 mmHg. Gasometria aponta acidose metabólica, o qual pode ser causado pela diurese ausente e evacuação diarréica. Prescrito administração de bicarbonato de sódio. DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM Ventilação espontânea prejudicada associada a alteração no metabolismo, caracterizada por cooperação diminuída. Troca de gases prejudicada associada a desequilíbrio na relação ventilação-perfusão, caracterizado por pH arterial anormal. Risco de infecção associada a procedimento invasivo. Volume de líquidos deficiente associado perda excessiva de líquido por vias normais, caracterizada por diminuição do débito urinário. PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM Realizar monitorização respiratória; Realizar aspiração de vias aéreas SN; Realizar testes laboratoriais a beira leito; Monitorar SSVV; Realizar controle hídrico; Administrar oxigenoterapia CPM; Realizar monitoramento neurológico; Realizar reposição hídrica CPM; Administrar medicamentos CPM. Semana 3 - UTI Paciente evolui com febre (38,9 ºC), calafrios, hipotensão (100x50) e FC a 110 bmp. Aumentada a vazão da noradrenalina para 6 ml/h e realizado exame físico dirigido o qual pôde-se identificar que o CVC apresentava sinais de infecção (calor, rubor e edema). Coletado uma amostra da ponta do cateter (5 cm) e enviado para análise. Após análise do laboratório, foi constatado que o paciente possuía infecção associada ao CVC com quadro compatível para choque séptico, iniciado protocolo de sepse. DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM Integridade da pele prejudicada relacionada a hipertermia, caracterizada por área localizada quente ao toque e vermelhidão. Realizar hidratação da pele do paciente e controle hídrico; Avaliar perfusão tissular; Controle da temperatura; Administrar medicamentos CPM. Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída associada a Hipoxemia. Realizar controle da PA; Avaliar SSVV; Administrar oxigenoterapia CMP. Ventilação espontânea prejudicada associada a alteração no metabolismo, caracterizada por aumento da FC. Administrar oxigenoterapia CMP; Monitorização ácido-básica; Precaução contra broncoaspiração; Monitorar SSVV. Risco de choque associado a sepse. Monitorar estado circulatório e respiratorio; Realizar protocolo de sepse; Administrar medicamentos CPM. Hipertermia associada a sepse, caracterizada por pele quente ao toque. Administrar medicamentos CPM; Monitorar SSVV. Volume de líquidos deficiente associado a mecanismo de regulação comprometido, caracterizado por diminuição do débito urinário. Realizar reposição hídrica CPM; Realizar balanço hídrico. Semana 4 - UTI Recebo plantão com paciente, Ramsay 6, couro cabeludo com presença de ferida operatória e cateter de pressão intracraniana, pupilas midriáticas não reagentes, mucosas cianóticas, sem presença de lesões. TOT em VM modo PS, PEEP 7, com FIO2 a 70%, FR a 14 rmp (eupneico). Normocardico (80 bmp), normotérmico (36,2ºC), hipertenso (130x80 mmHg e PAM a 97 mmHg), PIC a 32 mmHg, PPC a 18 mmHg. SNG com dieta em 35 ml/h, CVC em subclávia D duplo lúmen correndo noradrenalina em 6 ml/h e sedação padrão a 3 ml/h. AP: MV+ sem ruídos adventícios. AC: 2BRNF em 2T. AB: RHA+, abdômen plano e flácido. SVD com diurese ausente, evacuação ausente. Solicitado exames laboratoriais: Uréia = 200 Sódio plasmático = 125 mEq/L Glicemia = 85 mg/dL Hemoglobina = 15 Suspeita de paciente com morte cerebral, solicitada avaliação médica que prescreve suspensão da sedação por 24h para avaliar o paciente mais fidedignamente. 24h após suspensão da sedação, paciente apresenta Glasgow 3, mantendo os mesmos parâmetros avaliados anteriormente, solicitada avaliação médica que resolve abrir protocolo de morte encefálica. PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA De acordo com o Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, o protocolo de morte encefálica contempla a execução de dois exames clínicos, um teste de apnéia e um exame complementar comprobatório. Os exames clínicos devem ser realizados por dois médicos diferentes, não envolvidos com as equipes transplantadoras e ambos devem ser capacitados em determinação de morte encefálica, conforme orientação do Concelho Federal de Medicina. Os exames clínicos devem ser realizados com um intervalo mínimo de tempo entre eles. Em adultos, o intervalo mínimo é de 1 hora. I. Exame Clínico Paciente Glasgow 3, sem resposta pupilar e córneo-palpebral. Realizado teste de reflexo óculo-cefálico o qual não apresentou movimento dentro da órbita. II. Teste de Apnéia Equipe médica solicita que o paciente seja preparado para o teste de apnéia. Realizada oxigenação do paciente com 02 a 100% por 10 minutos e coletada gasometria arterial, com resultado pH = 7,40; PaCO2 = 40 mmHg; PaO2 = 120 mmHg. Desconectado ventilador do paciente e inserido cateter de O2 com fluxo de 7 l/min, após 10 minutos não foram detectados movimentos respiratórios, coletada segunda gasometria arterial com resultado pH = 7,40; PaCO2 = 75 mmHg; PaO2 = 70 mmHg. Paciente reconectado a ventilação mecânica. Demonstrando resultado positivo para ME. III. Segundo exame clínico Realizado EEG o qual confirma ausência de atividade elétricacerebral, ou seja, não há presença dos estímulos necessários para o funcionamento do cérebro. Após a realização de todas as etapas do protocolo, o paciente foi diagnosticado com morte encefálica. CIHDOTT realiza toda as ações burocráticas documentais necessárias e comunica a família que aprova a doação de órgãos do paciente. DIAGNÓSTICOS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS Risco de hipotermia associada a dano ao hipotálamo. Manter temperatura central >35 ºC, idealmente entre 36 e 37,5º; Manter paciente aquecido através de mantas térmicas e infusão de SF 0,9% aquecida. Volume de líquidos deficiente associado a mecanismo de regulação comprometido, caracterizado por diminuição do débito urinário. Manter paciente normovolêmico. Diurese >1 ml/kg/h; Realizar BH 1h/1h. Risco de pressão arterial instável associada a desequilíbrio eletrolítico. Monitorar PAI; Iniciar drogas anti-hipertensivas sempre que PAS >180, PAD> 120 ou PAM> 95 mmHg CPM; Infundir DVA na dose necessária para atingir a meta de PA CPM; Monitorar SSVV. Desobstrução ineficaz de vias aéreas relacionado a perda do centro respiratório, caracterizado por mecanismo de tosse abolido. Manter vias aéreas livres de mucosidades realizando aspirando de secreções; Monitorar SatO2 – recomendável acima de 95%. Mobilidade no leito prejudicada relacionada a morte encefálica, caracterizada por ausência total de movimentos. Realizar banho no leito com água aquecida; Manter decúbito elevado em ângulo de 45°; Mudança de decúbito 2h/2h. Risco de infecção relacionado ao uso de cateter. Realizar curativos diários e mantê-los ocluídos; Realizar coleta de cultura sempre que houver suspeita de infecção; Manter ou iniciar antibioticoterapia apropriada se houver indicação clínica. Monitorar glicemia capilar 4h/4h. Risco de ressecamento ocular associada a lesão neurológica com perda de reflexo sensorial ou motor Manter gaze embebida com Solução Fisiológica 0,9% gelado nos olhos ou Epitezan.