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POLÍTICAS EDUCACIONAISO interesse político, econômico e social pode interferir e modificando as decisões do governo sobre as Políticas Públicas. AULA 01 - POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS EDUCACIONAIS POLÍTICAS PÚBLICAS "Política pública é tudo o que um governo faz e deixa de fazer, com todos os impactos de suas ações e de suas omissões" (AZEVEDO apud OLIVEIRA, 2010, p.8). "As políticas públicas podem ser definidas como conjuntos de disposições, medidas e procedimentos que traduzem a orientação política do Estado e regulam as atividades governamentais relacionadas às tarefas de interesse público" (LUCCHESE, 2002, p.3). Organismos políticos e sociedade civil Necessidades da sociedade Tomada de decisões Normatização Legislação As políticas públicas envolvem todos os grupos de necessidades da sociedade civil. Elas determinam o padrão de proteção social implementado pelo Estado, voltadas em princípio à redistribuição dos benefícios sociais (INEP, 2006, p.165).Por que o governo não investe mais na Educação Básica? Qual é o interesse em querer manter a população não crítica? "A sociedade é dinâmica, o Estado e a educação também o são e, em função disso, configuram-se de forma diferente em cada contexto histórico. Portanto, para compreendê-los, precisamos situá-los como expressão do movimento da sociedade, fugindo das concepções abstratas e a-históricas" (ZANARDINI e ORSO, 2008, p. 102). POLÍTICAS EDUCACIONAIS "A intenção de uma política educacional pode ser clara e visível, ou então obscura e camuflada. Conhecendo a intenção de uma política educacional, poderá ser compreendido outro aspecto que a envolve - o poder" (BRUINI, s.d.). "Da forma que modernamente se configurou, o direito à educação pode ser traduzido basicamente em dois aspectos: a oportunidade de acesso e a possibilidade de permanência na escola, mediante educação com nível de qualidade semelhante para todos. O direito à educação traz uma potencialidade emancipadora do ponto de vista individual e igualitária do ponto de vista social, visto que a sua afirmação parte do pressuposto que a escolarização é niveladora das desigualdades do ponto de partida" (ARAÚJO, 2011, p.287). - Manifesto dos Pioneira da Educação Nova, de 1932: primeiro documento a apresentar prioridades e metas educacionais. - Lei n° 4.024, de 20 de dezembro de 1961: Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.1932 - Denuncia a falta de qualidade nas escolas brasileiras 1971 - Retrocesso à educação, preocupada com a formação da mão-de-obra - Ditadura Militar - Lei n° 5.692, de 11 de agosto de 1971: Fixa Diretrizes e Bases para o Ensino de 1° e 2° graus e dá outras providências. - Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996: Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Quando a educação assume uma forma organizada e definida de acordo com fins e interesses que se tem em relação aos educandos implicados no processo, a política educacional passa a existir. [...] Como se observa, há uma íntima implicação entre educação e política educacional. No entanto, ainda que a política educacional atue sobre a educação, não se pode afirmar que ela exerça um domínio sobre ela, pois é a "educação como prática social que ultrapassa a escola e que pode alterar e interferir na política educacional" (MARTINS, 1994, p. 9). CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. 9ed. Barueri: Editora Manole, 2014. (Páginas 1-13) TERRA, Márcia de Lima (Org.). Políticas públicas e educação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016. (Páginas 71-78) MARCHI JUNIOR, W. "Sacando" o voleibol: do amadorismo à espetacularização da modalidade no Brasil (1970-2000). Tese de Doutorado. Campinas, 2001. Assim como houve expressivo investimento no voleibol brasileiro após as Olimpíadas de Moscou, em 1980, faz-se necessário maior investimento na política da educação tendo em vista que o acesso à educação possibilita ao educando buscar uma ampliação de sua consciência social e atingir autonomia. Contudo, atualmente, ainda se mostra necessário o contínuo incentivo e aprimoramento aos esportes no Brasil. Para Bourdieu, a televisão exerce uma forma particular de violência simbólica. A televisão determina uma construção social da realidade, portadora de capacidade social mobilizadora ou desmobilizadora. Em certo aspecto, torna-se arbitrária quanto ao acesso à existência social ou política. Um princípio a ser destacado na seleção da programação televisiva é a busca do sensacional, do espetacular. Nessa elaboração, invariavelmente, são empregadas, futilidades para conquistar índices de audiência. Entretanto, essas futilidades ocultam e subtraem momentos preciosos para outros assuntos, que poderiam se tornar mais importantes. MARQUES, R. Esporte: um fenômeno heterogêneo: estudo sobre o esporte e suas manifestações na sociedade contemporânea. Movimento, 2007. O artigo expõe que assim como em outras manifestações culturais, a prática esportiva apresenta grande elasticidade semântica e oferece disponibilidade para usos diferentes, ou até opostos (BOURDIEU, 1990). O esporte é um fenômeno sociocultural que transmite valores de acordo com o sentido dado à prática, exercendo influência sobre hábitos e comportamentos em nossa sociedade. Toda manifestação cultural carrega um significado formativo que é compartilhado por determinada comunidade ou grupo (HABERMAS, 1987) e, por isso, seu entendimento não pode ser reduzido a uma única forma de expressão; é preciso considerar seus diferentes contextos (STIGGER, 2002). Acredita-se, portanto, que o esporte tem um componente de aprendizado relevante, sendo possível afirmar que é indissociável da educação (SANTANA, 2005). A prática esportiva é caracterizada pelo sentido aplicado à modalidade em questão, ou seja, as razões e objetivos da atividade. Segundo Bracht (1997), o esporte se coloca em nossa sociedade sob duas formas de manifestação quanto ao sentido: alto rendimento ou atividade de lazer. Afirma-se (MARQUES et al. 2006) que esta segunda pode se apresentar tanto como uma prática influenciada por normas do ambiente profissional, como de uma maneira ressignificada. O esporte de alto rendimento é pautado na comparação direta e análise objetiva de performances através da valorização do resultado. Já o esporte como atividade de lazer não é homogêneo e se caracteriza pelo não-profissionalismo; apresentam duas maneiras diferentes de manifestar-se: (a) com normas do alto rendimento: as regras fixas e padronizadas valorizam o jogo e não o jogador, transmitindo, assim, os mesmos valores do ambiente profissional, como a segregação e a busca por vencedores; e (b) esporte ressignificado: a atividade é moldada para atender aos objetivos, expectativas e capacidades dos participantes. O esporte como lazer, na forma ressignificada, transmite valores como autovalorização e reconhecimento de capacidade individuais próprias, provocando uma influência positiva ao disponibilizar vivências coletivas, valorizar a competição sem rivalidade, criticar à violência em competições, além de incentivar à não-discriminação de sexo, raça ou características físicas. Conclui-se que é de extrema importância considerar os valores que o esporte transmite em qualquer forma de manifestação, principalmente, em processos educacionais nos quais o esporte pode estar inserido. IV SIGPE | Conferência: Temas emergentes que impactam na gestão das entidades esportivas (09/05/2019) O esporte universitário não tem o reconhecimento que merece. Falta de mulheres em cargos de chefia. O esporte também é educação. Falta de infraestrutura e segurança em espaços públicos para que haja a prática do esporte. Talentos nascem e morrem por causa da evasão escolar. ONG's acabam fazendo o papel do Estado na tentativa de suprir deficiências de profissionais e recursos por causa da demanda. A demanda social tem grande impacto nas políticas públicas. Todos se mantêm omissos diante de suas responsabilidades. Políticas públicas só existem porque são necessárias. AULA 02 – HISTÓRICO DA ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO SITEMAEDUCACIONAL BRASILEIRO Para podermos debater a questão das políticas públicas em educação no Brasil é fundamental conhecermos a perspectiva histórica de como foi desenvolvida a organização e estruturação do sistema educacional. Precisamos ter em mente que os objetivos iniciais do ensino no Brasil estavam longe de primar pela qualidade. E isso influenciou até os dias atuais a forma como é planejada e formalizada a educação escolar na nossa sociedade. ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL - Período Colonial (1500-1822) - Império (1822-1889) - República (1889 – dias atuais) PERÍODO COLONIAL - 1549: chegada dos padres jesuítas, sendo assim, um marco na educação brasileira. Durante o Período Colonial, entre os anos de 1549 e 1759, os jesuítas foram os responsáveis pela estruturação do ensino brasileiro. Eles tinham dois objetivos principais: a catequização dos nativos e a educação dos filhos dos senhores de engenho. "Os jesuítas tiveram praticamente o monopólio do ensino regular escolar a partir de Nóbrega, e chegaram a fundar vários colégios visando à formação de religiosos" (GHIRALDELLI JUNIOR, 2009). - A Igreja Católica divulgava o Cristianismo e a cultura europeia. - Os principais objetivos dos jesuítas era a catequização e a alfabetização para se garantir um domínio da população nativa do Brasil. - Todo o processo da colonização do Brasil foi baseado unicamente na exploração das riquezas naturais e da mão-de-obra para Portugal, e não no investimento para uma independência. - Ratio Studiorum – plano de estudos da Companhia de Jesus. A Ratio Studiorum era composta por um conjunto de regras que abrangia desde a organização escolar e os métodos de ensino até a rígida observância da doutrina católica. A Ration Studiorum pode ser considerada a base da pedagogia tradicional. Nesta metodologia, o aluno torna-se apenas um ouvinte e espectador do processo de ensino-aprendizagem, enquanto o professor assume o centro. Toda a atividade pedagógica é centrada no professor, ao aluno cabe ouvir, ler e repetir as informações transmitidas em aula. - Educação elitista = educação excludente, sendo apenas para os filhos dos colonos. Uma vez concluído o ensino secundário, os jovens que desejassem continuar seus estudos deveriam fazê-lo na Europa, como Medicina na Universidade de Montpellier na França e Direito na Universidade de Coimbra em Portugal. As mulheres, nativos e africanos estavam excluídos do acesso a esse grau de instrução. - Trabalho intelectual (trabalho valorizado e procurado pela elite) x trabalho manual (relacionado com o trabalho escravo e, por isso, era tido como um trabalho inferior). - REFORMA POMBALINA: 1759, expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo), sob a acusação de praticarem comércio ilegal e incitarem as populações contra o governo, e institui as aulas régias, buscando desassociar a educação da religião, promovendo uma escola pública e laica. Buscava-se o estímulo ao racionalismo e o combate à influência da Igreja, contudo o novo sistema mante o ensino religioso nas escolas. Com a morte do monarca D. José I, Marquês de Pombal, acusado de corrupção, perdeu o poder - foi o fim da Era Pombalina. - Após a vinda de D. João VI para o Brasil, em 1808, houve o despertar do interesse pelo curso superior nas classes dominantes. Com isso, buscava-se formar uma elite colonial mais competente (com melhor formação), atendendo os interesses sociais do próprio Estado. Porém, mesmo com decretos e outras ações para eliminar a Companhia de Jesus, a estrutura educacional por eles criada atravessa os períodos Colonial, Imperial e Republicano. IMPÉRIO - Com a Revolução Industrial no final do século XVIII, o capitalismo industrial entra em choque com o sistema colonial. - Em 1824, foi outorgada a Primeira Constituição do Brasil, influenciada pelas Constituições francesa de 1791 e espanhola de 1812. Influenciada pelos ideais da Revolução Francesa, a Constituição de 1824 buscava uma educação para todos, mas não é uma lei que entra em detalhes sobre a qualidade do ensino. - As províncias eram responsáveis pelo ensino primário (escola de ler, escrever e contar). Já o ensino secundário fica abandonado, sendo assumido pela iniciativa particular. E a responsabilidade pela oferta do ensino superior fica a cargo do Império. REPÚBLICA - Abolição da escravatura em 1888, pela Lei Imperial n° 3.353, conhecida como Lei Áurea. - Primeira Constituição da República em 1891, que vai continuar com a descentralização das escolas, dividindo a função entre os estados, e atribui à educação a tarefa heroica de promover a reconstrução da sociedade. - Há uma diferença entre a escola para moças e rapazes. - 1930: Criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública. - 1932: Manifesto dos Pioneiros e reformas de ensino. - Regressão da educação com o Ensino Técnico em 1970; - 1988: Constituição da República Art. 205 – “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. - 1996: Lei de Diretrizes e Bases n° 9.394. TERRA, Márcia de Lima (Org.). História da Educação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. Capítulo 3 – A História da Educação no Brasil Os jesuítas receberam do monarca português D. João III, O Piedoso, a incumbência de converter à santa fé católica os “povos selvagens” da colônia americana. Na verdade, como em tantas outras ocasiões, a “salvação de almas para o Reino de Deus” servia de pretexto para a busca de poder, glória e fortuna de Portugal. Durante esse período, os nativos – os verdadeiros donos da terra – permaneceram reduzidos ao papel de coadjuvante imprensados entre a cruel exploração do colonizador e a “proteção” não menos explorada dos jesuítas. Os jesuítas dominaram a cultural, a educação e orientação religiosa da colônia por 210 anos. Com isso, é possível perceber a importância e extensão do trabalho dos jesuítas na colônia. As escolas de primeiras letras eram escolas nas aldeias, onde os jesuítas ensinavam os nativos a ler e escrever. Em 1553, chegou ao Brasil José de Anchieta (1534-1597). O jesuíta espanhol foi o mais importante missionário e ficou conhecido como ‘O Apóstolo do Brasil’, sendo beatificado pelo Papa João Paulo II em 1980. A mão de obra dos africanos substituiria o nativo na economia escravocrata. O Reinado Joanino foi marcado pela ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder na Europa e a fuga para o Brasil de D. João VI com a família real e a Corte portuguesa. A tentativa de estender a educação para toda a população com o Método Lancaster de ensino monitorial criado pelo britânico Joseph Lancaster (1778-1838) fracassou por razões técnicas, políticas e principalmente econômicas, em virtude da pobreza do país. É importante mencionar que o desinteresse e a evasão nesse período eram grandes em função da baixa qualidade do ensino. O Imperador D. Pedro II considerava a educação um assunto de suma importância nacional. Ele via também na educação um meio para fortalecer o sentimento de identidade nacional brasileira. Apesar de seu empenho e amor pela cultural, não teve êxito em seus esforços para estender a educação gratuita a todos os seus súditos. O modelo educacional que caracterizou o seu reinado privilegiava a educação da elite em prejuízo da educação popular. Em meio à disputa entre o ensino particular e público, a educação brasileira no Segundo Reinado continuava a se defrontar com problemas ligados à realidade socioeconômica do país. Contrariando a tendência mundial de educação laica, registou-se no Brasil a criação de escolas religiosas. Com o fim da Monarquia, acentuaram-se as disputas pelo poder político entre os segmentos sociais e os grupos econômicos. Durante o período conhecido como Primeira República (1889-1930), o ensino secundário passou por cincos reformas de âmbito nacional, com o objetivo de implantar um currículounificado para todo o país. Já o ensino superior manteve os problemas e deficiências dos tempos imperiais – poucas instituições, carentes de recursos, com predomínio do ensino profissionalizante. Políticas educacional no Brasil: desafios do estado na construção da qualidade da educação O processo econômico, político e cultural introduzido no Brasil no período colonial, encontraram ressalvas em um modelo de educação que fortalecia e legitimava o domínio português. As ideias pedagógicas, de modo mais acentuado, durante a ação dos jesuítas entre 1549 e 1759, correspondiam aos ideais da ordem religiosa, assentados numa pedagogia tradicional, visando à catequização e a instrução. Longe de ser uma educação com propósitos de emancipação, a conversão dos indígenas à fé católica, camuflava a real sujeição a que estes foram submetidos. Os ensinamentos jesuíticos serviram de instrumento de exploração e imposição sutil de costumes, conhecimentos e valores europeus, resultando na dominação cultural, política e religiosa. Esse “choque cultural” interferiu profundamente no campo da educação, gerando um sistema de ensino elitizado, aristocrático e excludente. Durante a Reforma Pombalina até a Constituição de 1988, o governo empreendeu esforços para oferecer uma “educação de qualidade”, contudo não criaram medidas suficiente para garantir o padrão de qualidade, sendo que este padrão nunca foi claramente definido. Nesse sentido, cabe aqui retomar os questionamentos feitos por Freitas (2004, p.667), "o que é qualidade? Qual o padrão de qualidade? Como aferir a qualidade do ensino? Como estabelecê-lo com propriedade? Como garantir um determinado padrão de qualidade do ensino e que contribuição pode dar a avaliação?”. Evidencia-se, portanto, que as ações acabam sendo voltadas a atender ao interesse do Estado, logo, da classe dominante, reforçando, assim, as relações de exploração. Os impactos que sentimos atualmente na educação brasileira remonta ao período colonial, razão pela qual até hoje a qualidade da educação é um tema recorrente. Urge o avanço na qualidade social da educação, mas para que isso aconteça é necessário pensar no aluno em sua totalidade, isto é, entender os fatores que interferem em seu desempenho. Radio Studiorum: uma análise sobre o método pedagógico dos jesuítas A Companhia de Jesus foi criada por Inácio de Loyola em Paris, em 1534 [no contexto da Contrarreforma], sendo oficializado como uma nova ordem religiosa em 1540 pelo Papa Paulo III. O Ratio Studiorum é um código de leis que tinham por incumbência nortear as atividades pedagógicas e de catequização da Companhia dentro dos colégios até a extinção da ordem em 1773 (NETO; MACIEL; LAPOLLI, 2012). Também era considerado como um manual prático de regras a serem rigorosamente cumpridas. O Ratio contava com inúmeras metodologias didáticas que auxiliavam os professores nas suas atividades diárias, sendo assim, se utilizavam do método ativo, da preleção, do erudito e exercícios de memorização. E como forma de estimular os alunos apropriavam-se da emulação, punição, premiações, desafios e as riventadas. Castigos corporais só eram aplicados em última instância, quando advertências verbais não eram suficientes para manter a disciplina. Houve iniciativas individuais na produção de documentos, mas não algo em comum e de caráter permanente para toda a Ordem. Todos os documentos produzidos eram transitórios e aplicados em algumas obras educacionais específicas (STORK, 2016). Posto isto, a primeira versão do método foi apresentada em 1585 e aprovada em 1586. O projeto foi revisto em 1591 e apresentava 837 regras dentro das 400 páginas. Somente em 1599 foi apresentada a versão definitiva do método, contendo 467 regras em 208 páginas (NETO; MACIEL; LAPOLLI, 2012). As regras do Ratio Studiorum fundamentavam-se nas normas do Colégio Romano e tinha como orientação filosófica Aristóteles e São Tomás de Aquino e foi fortemente influenciado pelo Movimento da Renascença. Segundo Saviani (2008), o plano de organização de estudos contido no Ratio Studiorum possuía uma essência universalista e elitista. AULA 03 - LEGISLAÇÃO E REFORMAS EDUCACIONAIS ANTERIORES À LDB 9394/96 A sistematização do ensino no Brasil teve seu início no período de colonização, e a educação não era prioridade para os governantes. Durante muito tempo, tivemos uma educação escolar elitista e excludente. E, com base no Plano Nacional da Educação (2014), podemos afirmar que ainda não conseguimos garantir a oferta de uma educação de qualidade para todos. Segundo Cotrim (1993): "A carência de recursos econômicos das províncias, aliada principalmente à falta de interesse das elites regionais pela educação do povo e pela democratização do saber, fez com que nunca se organizasse no Brasil uma eficiente rede de escolas públicas de níveis primário e secundário. Isso, apesar da infinidade de projetos de leis, de reformas oficiais do ensino, da elaboração de belos planos destinados a permanecer apenas em belas palavras". É importante conhecermos a trajetória e a finalidade que a educação assumiu em nosso país ao longo dos anos. Esse conhecimento nos permite compreender por que ainda discutimos questões como acesso e permanência dos alunos na educação básica e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL Constituição de 1824: - Liberdade de ensino; - Instrução primária gratuita a todas, mas não havia os recursos financeiros necessários para manter essa garantia. - Proposta de criar um sistema popular e gratuito para todos os cidadãos. Porém, na prática, a educação continuava elitista. 1827 - Primeira Lei sobre o Ensino Elementar: - Vigência até 1889; - Criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugarejos; - Escola de meninas: cidades e vilas mais populosas; - Método Lancaster - ensino mútuo. Filhos da elite estudavam na Europa, por isso não havia uma preocupação com a qualidade de educação que era ofertada no Brasil. Surgimento das escolas particulares (ensino secundário). 1835 - Fundação da Escola Normal de Niterói: Os professores licenciados preferiam lecionar nas escolas particulares por causa da melhor remuneração. - Mantêm o modelo educacional elitista; - Educação popular (ensino primário e profissional); - O ensino secundário nas escolas públicas foi proibido às mulheres; - Nas escolas particulares, elas eram aceitas em salas separadas. A educação secundária para mulheres era compatível com sua função na época – aprendiam disciplinas ligadas à vida doméstica, à maternidade e à religião. A ideia era que elas não precisavam saber mais do que era ensinado no primário. Os conteúdos intelectuais e científicos eram um privilégio masculino. Constituição de 1891 - Primeira Constituição Republicana - Descentralização do ensino primário - alfabetizar o povo brasileiro; - Ensino secundário: currículo unificado para todo o país; - Ensino superior - responsabilidade da União; - Ensino profissionalizante: magistério para as moças e escola técnica para os rapazes; - Preocupação dos governantes e políticos com a instrução pública, enquanto necessária à construção de um Estado democrático e fundamentada na crença do papel da educação, como instrumento de reforma política. 1893 - Criação dos Grupos Escolares - Ensino seriado (separados por idade e pelo conhecimento que possuem); - Aulas simultâneas e progressivas. 1930 - Criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública; - Secretaria de Educação dos Estados. 1931/1932: Reforma Francisco Campos (1° Ministro da Educação) Ensino Secundário - 2 ciclos: - Fundamental de 5 anos (comum a todos); - Complementar de 2 anos (com aulas específicas para Ensino Jurídico, Medicina e Engenharia). Normas para admissão de professores; Surgimento do cargo de Inspeção do ensino. 1932: Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova - Assinado por 26 educadores e escritores. É considerado o primeiro documento a exigir uma educação de qualidade para todos; - Buscava uma renovação da educação, exigindo uma educaçãopública, gratuita, obrigatória e laica; - Inspirado nas teses escolanovistas de John Dewey. LEI DE DIRETRIZES E BASES 4024/61 Constituição de 1946: Apenas o ensino primário oficial é gratuito a todos (Art. 168). Lei n° 4.024/61 - 13 anos para a sua aprovação. - Ensino primário: mínimo de 4 séries anuais. Alunos a partir dos 7 anos; Supletivo: para adolescentes e adultos. - Adaptação dos métodos, respeitando a diversidade local; - Obrigatoriedade do ensino primário; - Escolas pré-primárias: crianças menores de 7 anos (maternais e jardins de infância); - Primário: 4 anos; - Ginasial: 4 anos; - Colegial: 3 anos; - Superior: graduação e pós-graduação. Art. 20. Na organização do ensino primário e médio, a lei federal ou estadual atenderá: a) à variedade de métodos de ensino e formas de atividade escolar, tendo-se em vista as peculiaridades da região e de grupos sociais; b) ao estímulo de experiências pedagógicas com o fim de aperfeiçoar os processos educativos. Art. 34. O ensino médio será ministrado em dois ciclos, o ginasial e o colegial, e abrangerá, entre outros, os cursos secundários, técnicos e de formação de professores para o ensino primário e pré-primário. Art. 38. Na organização do ensino de grau médio serão observadas as seguintes normas: I - Duração mínima do período escolar: a) cento e oitenta dias de trabalho escolar efetivo, não incluído o tempo reservado a provas e exames; b) vinte e quatro horas semanais de aulas para o ensino de disciplinas e práticas educativas [...]. VI - frequência obrigatória, só podendo prestar exame final, em primeira época, o aluno que houver comparecido, no mínimo, a 75% das aulas dadas. Art. 52. O ensino normal tem por fim a formação de professores, orientadores, supervisores e administradores escolares destinados ao ensino primário e o desenvolvimento dos conhecimentos técnicos relativos à educação da infância. Art. 88. A educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade. Art. 92 a 96 - Recursos para a educação = financiamento para a educação. LEI DE DIRETRIZES E BASES 5692/71 O processo de elaboração foi durante a Ditadura Militar. - Amplia o ensino obrigatório de quatro para oito anos. - Lei com tendência tecnicista (retrocesso para a educação). Concepção da educação como meio eficiente de preparação de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho. "Enquanto o liberalismo presente na LDB 4024 preocupava-se mais com a qualidade da educação, os fins educacionais, as aspirações da personalidade individual, a cultura geral, o tecnicismo das leis 5540 e 5692 passou a enfatizar, respectivamente, a quantidade da educação pela ampliação massiva de escolas, os métodos da tecnologia educacional, as necessidades socioeconômicas do mercado de trabalho, a formação técnico-profissionalizante" (COTRIM, 1993). CONSTITUIÇÃO DE 1988 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. [...] PÓLITICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL: TECENDO FIOS A trajetória histórica das políticas educacionais no Brasil parece revelar uma nítida ligação com a forma conservadora e patrimonialista com a qual o Estado e a sociedade brasileira foram sendo forjados. Considerando que a economia se centrava na escravidão e o ensino era destinado predominantemente à elite da sociedade, não é de espanto que a preocupação com o direito à educação veio aparecer tardiamente. Segundo a autora do artigo, foi somente no final do século XIX e início do século XX, no contexto da Primeira República, que a educação começou a ser vista como necessária ao desenvolvimento do país. Ao longo do transcorrer histórico do Brasil, diversas leis e decretos foram criados, sempre havendo grandes expectativas e indicativos de que trariam profundas mudanças para a estrutura da educação, mas a teoria e a prática não se tornam indissociáveis, porque a educação fica constantemente entre continuidades e rupturas de diferentes governos que visam objetivos diferentes, logo a educação fica em segundo plano, pois não a consideram uma prioridade de Estado. Segundo Santos [autora do artigo], a LDB de 1961 causou prejuízos para a educação, especialmente no que se refere à sua ampliação, pois fortaleceu o setor privado e limitou a expansão do ensino público. Algumas medidas implantas: 2004: Programa Universidade Para Todos (PROUNI); 2007: Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI); 2007: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização do Magistério (FUNDEB); 2007: Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). MANIFESTOS. Recife: Editora Massangana [Coleção Educadores], 2010. Para Fernando Haddad, é possível dizer que o atual estágio da educação brasileira (2007) representa uma retomada dos ideais presentes no Manifesto dos Pioneiros de 1932 e no Manifesto dos Educadores de 1959: "Na hierarquia dos problemas de uma nação, nenhum sobreleva em importância, ao da educação". AULA 04 - LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL - LDB 9394/96 Em sua obra, Terra (2016) comenta sobre a importância e abrangência dessa lei: "Foi aprovada durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 20 de dezembro de 1996, após uma longa tramitação no Congresso Nacional, iniciada em 1988. [...] De lá para cá, essa lei sofreu diversas emendas legislativas com o objetivo de contemplar as políticas educacionais". A LDB é um conjunto de leis que rege o sistema educacional em vigor no país. A legislação nela contida é aplicável em todo território nacional. Dentro da hierarquia das leis, a LDB está abaixo apenas da Constituição Federal. Todas as demais leis educacionais devem estar em sintonia com a LDB. Os princípios apresentados pela LDB estão em consonância com os que são propostos na Constituição Federal, nos artigos 205 e 206. É possível perceber alguns avanços trazidos por essa lei, dentre eles: a ampliação da educação básica - agora incluindo a Educação Infantil e o Ensino Médio -, a descentralização do ensino, a previsão do financiamento da educação, a criação do pisosalarial dos profissionais da educação e a busca pela permanência do aluno na escola e a garantia da qualidade da educação ofertada. Entretanto, algumas reflexões são pertinentes. Uma vez promulgada a lei é preciso refletir nas reais condições para sua aplicação, pois há um espaço muito grande entre o discurso proclamado e a prática vivida. Sabemos das condições das escolas brasileiras, das condições de trabalho do professor, do atendimento e suporte oferecido pelo poder público, nos mais diversos rincões deste Brasil tão desigual. Talvez devamos nos perguntar como se dá o ensino para o pleno desenvolvimento do aluno, preparação para o trabalho e cidadania nas escolas do interior do nordeste ou das regiões ribeirinhas da região norte, onde os alunos andam de barco e a pé por quilômetros para chegar à escola, que por sua vez, não tem merenda, com um só professor, trabalhando no sistema multisseriado, fazendo todas as funções, de docente a merendeira, com salário irrisório, mas garantindo a única oportunidade de escolarização para aquela clientela. Existe um enorme abismo entre as intenções e as realizações (FUNDAMENTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO, 2013). Cerqueira (2009) afirmou que apesar da LDB apresentar um caráter inovador, ela ainda é "insuficiente para atender as necessidades de melhorias do sistema educacional, no sentido de melhoria da qualidade do ensino brasileiro frente às tendências econômicas do país, porém se mostrando eficaz no que tange a regulamentação da educação nacional". LEGISLAÇÃO - Constituição Federal - 1988: artigos 205 a 214 específicos e relacionados a área da educação no Brasil. - Lei de Diretrizes e Bases - 9394/96: nove títulos e 92 artigos. - Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica. - Plano Nacional de Educação. - Base Nacional Comum Curricular. ESTRUTURA DA LDB I - Da Educação; II - Dos princípios e fins da Educação Nacional; III - Do direito à educação e do dever de educar; IV - Da organização da Educação Nacional; V - Dos níveis e das modalidades de educação e ensino: composição dos níveis escolares, educação básica, educação profissional, educação superior, educação especial; VI - Dos profissionais da educação; VII - Dos recursos financeiros; VIII - Das disposições gerais; IX - Das disposições transitórias. DIREITO À EDUCAÇÃO Art. 205 da Constituição Federal de 1988. LDB - Art. 2°: A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A LDB reproduz os princípios constitucionais relativos à educação, mas introduz princípios novos, de natureza complementar. O art. 2° da LDB reafirma que a educação é responsabilidade da família e do Estado, como prevê a CF de 1988. Ou seja, há uma consonância entre as leis. PRINCÍPIOS DO ENSINO ESCOLAREm relação aos princípios da educação nacional, por exemplo, o Art.3 da LDB n°9394/96 mantém o preceito de liberdade de ensino. Art. 206 da Constituição Federal de 1988. LDB - Art. 3 [...] X - valorização da experiência extraescolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais; XII - consideração com a diversidade étnico-racial; XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. EDUCAÇÃO - DEVER DO ESTADO Art. 208 da Constituição Federal de 1988. Art. 4° e 5° da LDB. A rigor, não dispomos de um sistema único de ensino. Essa forma descentralizada de organização dos sistemas de ensino no Brasil é resultante do sistema federativo de organização político-administrativa do país. Segundo Cury (2002): "A Constituição, ao invés de criar um sistema nacional de educação, como o faz com o sistema financeiro nacional, com o sistema nacional de emprego ou com o sistema único de saúde, opta por pluralizar os sistemas de ensino". Sendo assim, o art. 211 da Constituição estabelece:A LDB ajuda a explicar por que não existe um sistema de ensino unificado nacionalmente, mas sim um sistema de educação descentralizado. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. [...] § 2° Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.A LDB mantém a descentralização do ensino. § 3° Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e Médio. [...] LDB - Art. 8° a 11 Ensino Superior: É de competência da União, podendo ser oferecido por Estados e Municípios, desde que estes já tenham atendido os níveis pelos quais é responsável em sua totalidade. Cabe a União autorizar e fiscalizar as instituições privadas de ensino superior. Cury (2002) chama a atenção para a falta de regulamentação específica do mencionado regime de colaboração e para as desigualdades existentes entre os membros da Federação: "Um dos obstáculos para a realização deste modelo federado é a desproporção existente entre os estados do Brasil seja sob o ponto de vista de recursos financeiros, seja do ponto de vista de presença política, seja do ponto de vista de tamanho, demografia e recursos naturais". ESPECIFICIDADES DA LEI - Educação Especial (Lei n° 12.796/13): Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 1° Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. - Educação a distância; - Educação indígena; - Formação docente (inicial e continuada dos professores, valorização dos profissionais); - Da educação profissional técnica de nível médio: Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializados em educação profissional. - Educação de jovens e adultos: Art. 37. [...] § 1° Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. - Educação profissional e tecnológica: Art. 39 § 2° A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: I - de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II - de educação profissional técnica de nível médio; III - de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação. - Ensino Médio: Art. 24 I - A carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; § 1° A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas de carga horária, a partir de 2 de março de 2017. BRUEL, Ana Lorena de Oliveira. Políticas e Legislação da Educação Básica no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2012. (Páginas 96-118) CF também conhecida como Constituição cidadã. A CF de 88 representou certos avanços em relação à educação, sobretudo porque, pela primeira vez na história da educação brasileira, definiu a responsabilidade do poder público em todos os níveis de ensino, focalizando sua ação na garantia do direito ao ensino fundamental. A educação básica é definida pela LDB n° 9394/96 como o nível da educação escolar que abrange as etapasde educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. O conceito de educação básica, instituído pela LDB, representou um avanço significativo em relação à compreensão sobre a forma como o ensino deve se organizar. O art. 21 estabelece que a educação escolar é composta pela educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, e educação superior. Para Cury (2002): "A educação básica é um conceito mais do que inovador para um país que, por séculos, negou, de modo elitista e seletivo, a seus cidadãos o direito ao conhecimento pela ação sistemática da organização escolar". O processo de tramitação da LDB n° 9394/96 no Congresso Nacional: oito anos de disputa árdua entre interesses sociais, políticos e econômicos divergentes. Da mesma forma como no período de elaboração da Lei n° 4024/61, grupos com interesses econômicos divergentes se enfrentaram na disputa pelos recursos públicos a serem investidos na educação. As instituições privadas de ensino transformaram a educação em prestação de serviço. A autora conclui que a LDB representa a orientação política adotada pelo governo federal na década de 1990. TEERA, Márcia de Lima (Org.) Políticas Públicas e Educação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016 (Páginas 35-63) A LDB é o marco legal responsável pela reestruturação do sistema educacional do Brasil após a Constituição Federal de 1988. O atual sistema de ensino é composto pela educação básica em suas três etapas (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), a educação profissional técnica de nível médio, a educação de jovens e adultos (EJA), a educação profissional e tecnológica, o ensino superior e a educação especial. A LDB regulamenta os princípios e as normas constitucionais relativos à Educação. Dessa forma, é importante esclarecer que a LDB trata especificamente sobre a educação escolar, e não sobre a educação em geral. O art. 19 da LDB esclarece que as instituições de ensino públicas são aquelas criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público; já as instituições privadas são aquelas mantidas e administradas por pessoas físicas (indivíduos) ou jurídicas (empresas) de direito privado. O art. 20 classifica as instituições privadas de ensino em quatro categorias: i. particulares em sentido estrito; ii. comunitárias; iii. confessionais; e, iv. filantrópicas. Na tentativa de combater a evasão escolar, o ensino médio passou a integrar a educação básica. Ao mesmo tempo, as emendas acrescentadas à LDB permitem que qualquer pessoa volte a estudar fora da idade adequada e propõem a atualização e o aperfeiçoamento dos currículos escolares, inclusive do ensino médio. Tudo isso deve contribuir para a universalização do ensino médio e a garantia de um ensino público de qualidade. A seção IV-A da LDB é dedicada inteiramente à educação profissional técnica. Essa seção, que não existia no texto original, foi incluída pela Lei n° 11.741/2008. A principal novidade é a concepção de um ensino técnico-profissional articulado e integrado aos diferentes níveis e modalidades de educação, incluindo o acesso ao ensino superior. Em geral, todas as legislações anteriores trataram a questão de maneira isolada, com ênfase apenas nas formações profissional e técnica, sem oferecer soluções para a continuidade dos estudos em nível superior. O Art. 37 da LDB afirma que a educação de jovens e adultos (EJA) é destinada àqueles que não ingressaram na escola na idade regular ou não deram continuidade aos estudos no ensino fundamental e médio. A União tem a responsabilidade de garantir recursos orçamentários para as instituições federais de ensino superior. De acordo com o Art. 55 da LDB, "caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas" (BRASIL, 1996). Texto de Luciana Alvarez (2016). A LDB carrega virtudes e defeitos muito próximos aos da própria educação brasileira, onde a prática não é atrelada à teoria. Por exemplo: a LDB traz a preocupação com a educação dos povos nativos do Brasil, além de determinar o respeito aos processos próprios de aprendizagem desses povos. Também traz a inclusão da obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e dos povos nativos (Lei n° 11.645/08). A LDB ajudou a promover a inclusão de alunos nos sistemas público e privado, além de classificar a educação como direito público e subjetivo (art. 5°), ou seja, é um direito de todos. Contudo a educação não é laica, como prevê a CF de 1988. - 2006: o ensino fundamental passa a ter duração de nove anos (Lei n° 11.274/06). - 2008: vários pontos em relação ao ensino técnico, profissional e tecnológico foram modificados (Lei n° 11.741/08). - 2013: a ampliação da chamada “educação básica”. A Lei n° 12.796/13, diz que o Estado brasileiro tem o dever de garantir educação básica obrigatória e gratuita a todas as crianças e jovens, dos 4 aos 17 anos de idade, ou seja, da pré-escola até a conclusão do ensino médio. Por fim, a LDB é uma colcha de retalhos que reflete os conflitos e contradições da sociedade brasileira - "o que precisa mudar hoje é a realidade, não a lei". AULA 05 - PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE) LEGISLAÇÃO A Lei n° 13.005/14 institui o Plano Nacional de Educação 2014-2024. No plano, composto por 10 diretrizes, 20 metas e 254 estratégias, estão definidos os objetivos e metas para o ensino em todos os níveis - infantil, fundamental, médio e superior - a serem executados até 2024. O PNE está previsto no artigo 214 da Constituição Federal de 1988 e na LDB (Lei 9394/96) no artigo 9°. Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do País; VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto.- O PNE é uma política de Estado, e não um programa restrito a um governo. - Não tem como prever leis e trabalhar com programas e iniciativas se não tiver como garantir a aplicação de toda essa teoria. Logo, essa meta é a base de todas as ações que venham buscar a implementação. Art. 9° A União incumbir-se-á de: I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; [...]. DIRETRIZES DO PNE Esse é o segundo Plano Nacional de Educação aprovado por lei. O primeiro PNE (2001-2010) foi instituído pela Lei n° 10.172/01. Segundo Silva (2014), pela primeira, o Plano Nacional de Educação era instituído por lei. Com isso, responsabilidade jurídica foi gerada e as ações para o alcance das metas passaram a ser exigíveis. O plano aprovado por lei deixa de ser uma mera carta de intenções para ser um rol de obrigações, passando a ser imperativo para o setor público. Em dezembro de 2010 foi encaminhado o projeto do Plano Nacional de Educação (decênio 2011-2020) para o Congresso. A proposição do segundo PNE passou a tramitar na Câmara dos Deputados como Projeto de Lei n° 8.035/10. O PNE foi analisado e discutido amplamente por diversos educadores e especialistas, tornando o debate educacional mais produtivo e significativo, o que possibilitou a adequação de diversas metas e estratégias previstas no plano. Após muita análise e reestruturação, o PNE foi aprovado em 3 de junho de 2014. As diretrizes apresentadas no PNE 2014-2024 são: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoçãoda cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos (as) profissionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. METAS DO PNE O PNE ao estipular as 20 metas e suas respectivas estratégias apresenta, a todos os envolvidos no processo escolar, "[...] um horizonte para o qual os esforços dos entes federativos e da sociedade civil devem convergir com a finalidade de consolidar um sistema educacional capaz de concretizar o direito à educação em sua integralidade, dissolvendo as barreiras para o acesso e a permanência, reduzindo as desigualdades, promovendo os direitos humanos e garantindo a formação para o trabalho e para o exercício autônomo da cidadania" (PNE, 2015). ACOMPANHAMENTO DO PNE "[...] a garantia do direito à educação requer que ela seja significativa, isto é, dotada de qualidade que transforme a vida dos indivíduos e que esses, por sua vez, sejam capazes de modificar positivamente a sociedade. Monitorar se esse processo tem ocorrido, avaliar a sua qualidade e a das políticas que o respaldam é parte constitutiva da própria realização do direito à educação" (PNE, 2015). Art. 5° A execução do PNE e o cumprimento de suas metas serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações periódicas, realizados pelas seguintes instâncias: I - Ministério da Educação (MEC); II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal; III - Conselho Nacional de Educação (CNE); IV - Fórum Nacional de Educação. [...] § 2° A cada dois anos, ao longo do período de vigência deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP publicará estudos para aferir a evolução no cumprimento das metas estabelecidas no Anexo desta Lei, com informações organizadas por ente federado e consolidadas em âmbito nacional, tendo como referência os estudos e as pesquisas de que trata o art. 4°, sem prejuízo de outras fontes e informações relevantes. AULA 06 - DIRETRIZES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA MARCO LEGAL - Constituição Federal de 1988; - Lei de Diretrizes e Bases - 9394/96;São documentos que vão nortear a ação docente em sala de aula. - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica - DCN's (2013); - Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2017); - Referenciais Curriculares Nacionais - RCN's (1998); - Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN's (1997). DCN’s e BNCC Diante da necessidade de atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, instituídas pela Resolução CNE/CEB n° 02/98, o Conselho Nacional de Educação, por meio da Resolução CNE/CEB n° 4/2010, instituiu as Novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (DCN’s). As Novas Diretrizes Curriculares da Educação Básica buscam prover os sistemas educativos de instrumentos para que crianças, adolescentes, jovens e adultos que ainda não tiveram a oportunidade, possam se desenvolver plenamente, recebendo uma formação de qualidade correspondente à sua idade e nível de aprendizagem, respeitando suas diferentes condições sociais, culturais, emocionais, físicas e étnicas. Ou seja, as diretrizes buscam promover a equidade de aprendizagem, garantindo que conteúdos básicos sejam ensinados para todos os alunos, sem deixar de levar em consideração os diversos contextos nos quais eles estão inseridos. As Diretrizes Curriculares Nacionais são um conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na organização, na articulação, no desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas. Essas diretrizes estabelecem a base nacional comum, responsável por orientar a organização, articulação, o desenvolvimento e a avaliação das propostas pedagógicas de todas as redes de ensino brasileiras. Já Resolução CNE/CP n° 2/2017, institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica. A BNCC define as aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da educação básica - de forma progressiva e por áreas de conhecimento. "A Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil. A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva" (MEC-BNCC, 2017). "A BNCC é um documento que estabelece com clareza o conjunto de aprendizagens essenciais e indispensáveis a que todos os estudantes, crianças, jovens e adultos, têm direito. Com ela, redes de ensino e instituições escolares públicas e particulares passam a ter uma referência nacional obrigatória para a elaboração ou adequação de seus currículos e propostas pedagógicas. Essa referência é o ponto ao qual se quer chegar em cada etapa da Educação Básica, enquanto os currículos traçam o caminho até lá" (BNCC, 2018). As Diretrizes Curriculares Nacionais e a Base Nacional Comum Curricular estão embasadas na Constituição Federal, art. 210, e na Lei de Diretrizes e Bases, art. 9° e 26. Art. 9 [...] IV - Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; Art 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas caraterística regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.PCN's (Ensino Fundamental - 1997, e Ensino Médio - 2000) PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN's) "Considerado o ponto de partida para o trabalho docente, norteia as atividades realizadas na sala de aula. Constituem um referencial de qualidade para a educação no Ensino Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menos contato com a produção pedagógica atual" (PCN's, 1997). RCN's (Educação Infantil - 1998). REFERENCIAIS CURRICULARES NACIONAIS (RCN's) A LDB 9394/96 foi a primeira lei a considerar a Educação Infantil como etapa inicial da Educação Básica. "Apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de cresceram como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas crianças, dosconhecimentos da realidade social e cultural" (RCN's, 1998). Os RCN's estão divididos em três volumes: i. Introdução: reflexão sobre creches e pré-escolas no Brasil, e concepções de criança, e de educação. ii. Formação pessoal e social: processos de construção da identidade e autonomia das crianças. iii. Conhecimento de mundo: seis documentos referentes aos eixos de trabalho, orientados para a construção das diferentes linguagens pelas crianças e para as relações que estabelecem com os objetos de conhecimento: movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade e matemática. O "Referencial é um guia de orientação que deverá servir de base para discussões entre profissionais de um mesmo sistema de ensino ou no interior da instituição, na elaboração de projetos educativos singulares e diversos. Estes volumes pretendem contribuir para o planejamento, desenvolvimento e avaliação de práticas educativas que considerem a pluralidade e diversidade étnica, religiosa, de gênero, social e cultural das crianças brasileiras, favorecendo a construção de propostas educativas que respondam às demandas das crianças e seus familiares nas diferentes regiões do país" (RCN's, 1998). INTERRELAÇÃO DOS DOCUMENTOS "Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são diretrizes separadas por disciplinas elaboradas pelo governo federal e não obrigatórias por lei. Elas visam subsidiar e orientar a elaboração ou revisão curricular. [...] Já as Diretrizes Curriculares Nacionais são normas obrigatórias para a Educação Básica que têm como objetivo orientar o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino, norteando seus currículos e conteúdos mínimos. Assim, as diretrizes asseguram a formação básica, com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), definindo competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio" (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2018). TERRA, Márcia de Lima (Org.). Políticas Públicas e Educação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016. (Páginas 49-67). É importante destacar duas medidas recentes muito importantes para a educação brasileira: o Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso Nacional em 2014 (Lei n° 13.005/14), e a Base Nacional Comum Curricular, divulgada em 2016. Ambas devem construir para a construção de um sistema nacional de educação integrado e para a melhoria da qualidade do ensino. As Diretrizes e Bases da Educação Nacional expõem os princípios e normas gerais que regem a educação brasileira. Conforme redação dada pela Lei n° 12.796, de 2013, ao art. 26 da LDB, "[...] os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos". O art. 27 apresenta as diretrizes para os conteúdos curriculares da educação básica: I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; III - orientação para o trabalho; IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais. AULA 07 - AÇÕES AFIRMATIVAS E A POLÍTICA EDUCACIONAL O QUE SÃO AÇÕES AFIRMATIVAS? "Ações afirmativas são medidas especiais e temporárias, tomadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidade e tratamento, bem como compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros" (Ministério da Justiça, 1996). Desde 1990, o governo brasileiro vem desenvolvendo programas de ações afirmativas para superar as desigualdades sociais, raciais e econômicas, na tentativa de promover a inclusão e a justiça. Esses programas atendem grupos diversos, como negros, nativos, pessoas com deficiência, pessoas financeiramente carentes etc. ASPECTOS LEGAIS A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e o artigo 5° da Constituição Federal de 1988 estabelece que somos todos iguais perante a lei. Portanto, é vedado qualquer tipo de discriminação, seja racial, social ou econômica, sendo assegurados os direitos de crianças e adolescentes, mulheres e idosos, pessoas com deficiência, populações nativas e quilombolas. Segundo Lenza (2015): o "Art. 5° assevera que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Com essa igualdade ou também chamada de isonomia busca-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades, para que nenhuma diferença, seja ela econômica, cultural, social ou política influencie na prestação da tutela jurisdicional". ASPECTOS HISTÓRICOS Os acontecimentos históricos ao longo dos séculos favoreceram determinados grupos e desprivilegiaram outros, contribuindo, nos dias de hoje, para uma exclusão social, política e econômica dessas minorias. Segundo Seppir: "É assim que nasce uma política de ação afirmativa. Após a leitura de um diagnóstico sociocultural histórico, há a comprovação estatística das desigualdades existentes e da necessidade de reparos. Após o diagnóstico e o planejamento de uma política de ação afirmativa, os gestores governamentais encaminham a legislação, monitoram sua aprovação e implementação". INCLUSÃO SOCIAL Segundo Mendes (2015): a "Inclusão social é oferecer aos mais necessitados oportunidades de acesso a bens e serviços, dentro de um sistema que beneficie a todos e não apenas aos mais aptos. Uma escola pode ser considerada inclusiva, quando não faz distinção entre pessoas, não seleciona ou diferencia com base em julgamentos de valores como 'perfeitos e não perfeitos', 'normais e anormais', 'iguais ou desiguais'. Um ambiente escolar inclusivo é aquele que proporciona uma educação voltada para todos, de forma que qualquer aluno que dela faça parte tenha um ambiente livre de preconceitos, que estimule suas potencialidades e a formação de uma consciência crítica". Quanto à Educação Especial, a LDB 9394/96 dedica um capítulo a essa questão (Artigos 58, 59, 59-A e 60). Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 1° Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2° O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3° A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4° e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; [...]. De acordo com Hein (2016), o importante é compreender que essas leis, projetos e programas que visam atender essa minorias devem ser concebidas partindo do princípio de que "a educação especial deve tornar-se uma aliada da escola regular, oferecendo à criança com necessidades especiais os serviços e recursos de que precisa para participar do processo de ensino-aprendizagem com as demais". Contudo, muitas críticas foram realizadas em relação à inclusão escolar da forma como foi operacionalizada. Segundo Angelucci (2011), a mesma política que propõe a inclusão decrianças e jovens com necessidades especiais é uma experiência “deformada de convivência, que tem servido, até o momento, mais para reafirmar o sentimento de inviabilidade de uma educação conjunta para todos do que para construir possibilidades". Cabe a nós, educadores, portanto, conhecermos todo o processo de inclusão, a legislação pertinente, a realidade de cada instituição escolar e sua respectiva comunidade escolar e trabalharmos de forma significativa, consciente e proativa, buscando desenvolver um trabalho de qualidade a todos os nossos alunos. SOMOS TODOS IGUAIS? Para Santos (2003), "[...] temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduz as desigualdades". POLÍTICA DE AVALIAÇÕES Segundo Arroyo (2010): "Sistemas nacionais e internacionais de avaliação expõem e confrontam as desigualdades educativas entre coletivos e escolas públicas e privadas, entre municípios, estados, nações, Norte-Sul. Avaliações das desigualdades educacionais medidas e quantificadas cada vez com maior requinte e expostas pela mídia, mostrando a vergonha das diversidades de qualidade de nossas educação; mostrando, sobretudo, os coletivos sociais, regionais, raciais, do campo, que desmerecem a qualidade de nosso sistema educacional público. As desigualdades educacionais como vergonha nacional, como mancha e expressão de nosso atraso. Até como causa de nosso subdesenvolvimento nacional, regional, social, cultural, político e econômico. A cada proclamação enfática dos resultados das avaliações, o próprio Estado reconhece que nossos sonhos de reduzir as desigualdades estão distantes". LEIS E PROGRAMAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS Algumas ações afirmativas implantadas por lei atendem aos grupos étnicos (negros e nativos). Essas questões foram tratadas na Lei n° 10.639/2003 (torna obrigatório o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana), e na Lei n° 11.645/2008 (inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultural Afro-brasileira e Indígena). São exemplos de ações afirmativas destinadas a alunos financeiramente carentes: a Lei n° 12.711/2012 (Lei de Cotas no Ensino Superior para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas), e a Lei n° 11.096/2005 (que regulamenta o Prouni). São exemplos de programas de ações afirmativas: Programa Institucional de Iniciação Científica nas Ações Afirmativas (PIBIC-AF); Programa de Extensão Universitária (PROEXT); Selo Educação para a Igualdade Racial; Projeto A Cor da Cultura; Programa Bolsa Permanência; Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias do Nascimento. Segundo Arroyo (2010): "[...] as vítimas das nossas históricas desigualdades sociais, étnicas, raciais, de gênero, campo, periferias se fazem presentes, afirmativas, incômodas, não apenas nas escolas, mas na dinâmica social e política. A relação educação-desigualdades, tão abstrata e genérica, exige ser recolocada na concretude dos coletivos feitos desiguais, reagindo às desigualdades e se apresentando e afirmando como sujeitos políticos, de políticas, de afirmações positivas". Percebe-se, assim, a necessidade de políticas educacionais que visem realmente atender à essa população, que apesar de ser considerada minoria, tem os mesmos direitos garantidos por lei. HEIN, Ana Catarina Angeloni. Organização e Legislação da Educação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016. (Páginas 128-146). As políticas públicas inclusivas vêm ao longo das últimas décadas propondo modificações importantes na maneira como a educação especial é conduzida no Brasil. No Brasil, o primeiro marco legal foi em 1961, quando houve a promulgação da Lei n° 4.024, que em um de seus títulos trata Da Educação de excepcionais. Apesar da ideia ser boa, os mecanismos de inclusão efetiva ainda não estavam presentes. Com a LDB e a Declaração de Salamanca de 1994, a educação especial deixa de tentar "normalizar" a pessoa com deficiência e passa a tentar atendê-la de forma integrada às demais, desde a educação infantil até o ensino superior. O objetivo da educação especial é tornar-se uma aliada da escola regular, oferecendo para a criança com necessidades especiais os serviços e recursos de que precisa para participar do processo de ensino-aprendizagem com as demais. Sendo assim, desde a LDB, os serviços educacionais especializados não devem ser pensados de maneira separada da estrutura político-pedagógica comum a todos. Segundo Fernandes (2013), a educação especial deve apresentar três objetivos principais: i. Apoiar a inclusão, auxiliando professor e aluno no ensino regular com os recursos materiais, físicos e humanos de que precisam; ii. Complementar o currículo nacional comum com conteúdos, metodologias e práticas diferenciadas durante o contraturno; iii. Acrescentar atividades de aprofundamento para enriquecer o currículo para os alunos superdotados. A partir de 2009, o objetivo é integrar a educação especial aos demais níveis e modalidades do ensino. Os recursos humanos, materiais e tecnológicos que viabilizam a educação especial devem fazer parte da prática do professor no dia a dia, ajudando alunos com e sem deficiência. Pois o lema não é excluir quem não se encaixa, mas adaptar o ensino até que todos sejam incluídos no processo educativo. O objetivo é, com o tempo, promover a união completa entre o ensino especial e o regular para fazer que ambos passem a compor um único sistema de educação (FERNANDES, 2013). Segundo Fernandes (2013), a educação especial também deve ser parte integrante da EJA, da educação profissional e tecnológica, bem como da educação nativa, já que alunos com deficiências podem estar presentes em qualquer uma dessas modalidades e têm o direito ao suporte de que precisam para concluir sua escolarização com sucesso. Então, quando falarmos em educação especial, não devemos pensar em um modelo educacional que serve apenas para atender a pessoas com deficiência, mas em uma abordagem pedagógica que busca incluí-las em todas as modalidades de ensino. A expressão "necessidades educacionais especiais" foi usada oficialmente pela primeira vez na década de 1970, na Inglaterra, pela pesquisadora Mary Warmock. A autora realizou um estudo sobre as causas do fracasso escolar. Para surpresa de muitos, a principal causa não eram os problemas de aprendizagem (somente 2% da população investigada apresentava dificuldades permanentes, como deficiências, distúrbios emocionais e problemas de linguagem). As principais causas do fracasso escolar encontradas pela pesquisadora foram fatores socioeconômicos, como: fome, maus tratos, drogas etc. Já no Brasil, a expressão “necessidades especiais” foi introduzida pela LDB de 1996, que também tentou deslocar o foco da deficiência para o atendimento das necessidades do aluno. Com isso, é possível perceber que qualquer aluno pode ter necessidades especiais ao longo de sua escolarização e precisar de recursos alternativos para atendê-las. Não faltam leis nacionais e acordos internacionais para estabelecer os direitos das pessoas com deficiência. O governo brasileiro assinou os principais documentos internacionais sobre políticas de inclusão escolar. Porém, como alerta Fernandes (2013), a simples existência de leis e resoluções não é o bastante para transformar de vez a realidade. A desigualdade no acesso à educação e às riquezas de nosso país só vai ser revertida quando o que é dito na lei for transformado em prática social. Atualmente, o grande desafio no campo da inclusão escolar é garantir que a escola pública seja capaz de oferecer um ensino de qualidade para todos os alunos, mostrando-se atenta ao ritmo e às necessidades de aprendizagem de cada um deles. Como afirma Ziliotto (2015), em seu livro Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, é um erro achar que a deficiência se encontra apenas no indivíduo. Na verdade,a deficiência se faz no ambiente em que o sujeito se insere, na falta de estímulos e de resposta adequada da sociedade às suas necessidades. Por isso, quando olhamos para a escola e para a sociedade de hoje, é fácil constatar que ainda há um longo caminho a ser percorrido para chegarmos à inclusão estabelecida pelas leis e pelos acordos internacionais. A educação inclusiva parte do pressuposto de que o currículo deve ser igual para todos os alunos, pois eles, enquanto cidadãos, têm direito ao acesso às mesmas oportunidades de aprendizado. Portanto, as políticas curriculares devem ser construídas para favorecer a inclusão de todos no sistema regular de ensino, porque a inclusão não depende de um currículo especial e facilitado, mas de uma abordagem pedagógica disposta a trabalhar com a diversidade. VIÉGAS, Lygia de Souza; ANGELUCCI, Carla Biancha (Org.). Políticas Públicas em Educação: uma análise crítica a partir da psicologia escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. (Páginas 187-222). image1.png image2.png image3.png