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POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS 
 
2 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS E EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
EDUCACIONAIS ........................................................................................................................ 5 
1.1. Conceito e Natureza das Políticas Públicas .............................................................. 5 
1.2. Evolução Histórica da Educação no Brasil ............................................................... 7 
1.3. Gestão Pública e Governança na Educação ............................................................. 8 
1.4. Federalismo e Regime de Colaboração na Educação .......................................... 10 
1.5. Financiamento da Educação e FUNDEB Permanente .......................................... 12 
UNIDADE 2 – ESTRUTURA LEGAL E DIRETRIZES DAS POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS ...................................................................................................................... 14 
2.1. A Constituição Federal e o Direito à Educação ...................................................... 14 
2.2. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) ................................... 15 
2.3. Planos de Educação: Nacional, Estaduais e Municipais ..................................... 17 
2.4. Gestão Democrática e Participação Social ............................................................. 19 
2.5. Educação Inclusiva e Diversidade ............................................................................. 20 
UNIDADE 3 – CURRÍCULO, AVALIAÇÃO E QUALIDADE EDUCACIONAL ............... 22 
3.1. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) .............................................................. 22 
3.2. Reforma do Ensino Médio ............................................................................................ 24 
3.3. Avaliação da Educação Básica e Superior .............................................................. 25 
3.4. Educação Profissional e Tecnológica (EPT) ........................................................... 27 
3.5. Políticas de Qualidade e Inovação na Educação ................................................... 28 
UNIDADE 4 – DESAFIOS ATUAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS DA EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA ............................................................................................................................ 30 
4.1. Equidade e Justiça Educacional ................................................................................ 30 
4.2. Valorização e Formação Docente ............................................................................... 31 
4.3. Educação e Transformação Digital ............................................................................ 32 
4.4. Sustentabilidade e Educação Ambiental .................................................................. 34 
4.5. Perspectivas Futuras: Educação 2035 ..................................................................... 35 
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 37 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 39 
 
 
 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
A educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento 
humano, social e econômico de uma nação. No contexto brasileiro, as políticas 
públicas educacionais representam o conjunto de ações planejadas e 
executadas pelo Estado com o objetivo de garantir o direito à educação de 
qualidade, equitativa e inclusiva, conforme previsto na Constituição Federal de 
1988. A consolidação dessas políticas expressa não apenas a vontade política, 
mas também o compromisso constitucional com a promoção da cidadania, da 
justiça social e do desenvolvimento sustentável. 
A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei nº 
9.394/1996, o Brasil estruturou seu sistema educacional com base em princípios 
de universalização, valorização dos profissionais da educação, gestão 
democrática e garantia de padrões mínimos de qualidade. Essas diretrizes foram 
fortalecidas por políticas complementares, como o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da 
Educação (FUNDEB), tornado permanente pela Emenda Constitucional nº 
108/2020 e regulamentado pela Lei nº 14.113/2020, além dos Planos Nacionais 
de Educação (PNEs), que estabelecem metas decenais para o avanço do ensino 
em todos os níveis. 
Nas últimas décadas, a educação brasileira tem enfrentado desafios 
complexos decorrentes de transformações sociais, tecnológicas e culturais. A 
necessidade de adaptação às novas formas de ensino-aprendizagem e o uso 
intensivo das tecnologias digitais culminaram na Lei nº 14.533/2023, que institui 
a Política Nacional de Educação Digital, ampliando o alcance das práticas 
pedagógicas inovadoras e promovendo a inclusão digital. Paralelamente, a Lei 
nº 14.888/2024, que reformula o Novo Ensino Médio, reforça a importância da 
flexibilização curricular e da formação integral dos estudantes, alinhando o 
sistema educacional às demandas contemporâneas e ao mundo do trabalho. 
Nesse cenário, compreender o funcionamento, a estrutura e a evolução 
das políticas públicas educacionais torna-se essencial para profissionais e 
estudantes da área da educação. Mais do que conhecer leis e programas, é 
preciso interpretar criticamente as estratégias governamentais, os desafios de 
implementação e os impactos reais na qualidade do ensino. A análise das 
 
4 
 
políticas deve considerar também o papel dos diferentes atores envolvidos — 
Estado, sociedade civil, instituições educacionais e organismos internacionais —
, bem como a importância da avaliação contínua e participativa como instrumento 
de aprimoramento das práticas públicas. 
Esta apostila propõe-se a oferecer uma visão abrangente e atualizada 
sobre as políticas públicas educacionais no Brasil, abordando desde seus 
fundamentos conceituais e legais até as tendências e perspectivas futuras. 
Estruturada em quatro unidades, a obra discute os princípios constitucionais, as 
diretrizes da LDB, o novo PNE (2025–2035) em construção, as reformas 
curriculares, os mecanismos de avaliação e os desafios da educação digital e 
inclusiva. Dessa forma, busca contribuir para a formação de educadores críticos, 
conscientes de seu papel na transformação da sociedade e na consolidação de 
uma educação pública de qualidade para todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS E EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS 
PÚBLICAS EDUCACIONAIS 
 
1.1. Conceito e Natureza das Políticas Públicas 
 
As políticas públicas podem ser compreendidas como um conjunto de 
ações, programas, normas e decisões tomadas pelo Estado com o objetivo de 
atender às demandas coletivas e promover o bem-estar social. Conforme Secchi 
(2013), o campo das políticas públicas envolve processos complexos de 
formulação, implementação e avaliação, influenciados por múltiplos atores 
sociais, políticos e institucionais. No contexto educacional, as políticas públicas 
têm papel estratégico, pois a educação é um direito social garantido pela 
Constituição Federal de 1988 e um instrumento de promoção da cidadania e da 
igualdade de oportunidades. 
A natureza das políticas públicas é essencialmente política e técnica. De 
um lado, reflete disputas ideológicas e interesses de grupos sociais; de outro, 
requer planejamento racional, diagnóstico de problemas e uso eficiente de 
recursos públicos. Souza (2006) explica que o ciclo das políticas públicas 
compreende etapas interdependentes — formulação, implementação, 
monitoramento e avaliação —, o que exige continuidade administrativa econsolidando como alternativas ao modelo tradicional. O Brasil já tem 
experimentado experiências inovadoras em redes públicas, com destaque para 
os programas de escolas integrais e técnicas, que combinam formação geral e 
profissional. 
A valorização do professor continuará sendo um pilar central das políticas 
futuras. O novo PNE prevê o fortalecimento das carreiras docentes, com planos 
de valorização e formação continuada articulada à prática. A integração de 
tecnologias e metodologias ativas será intensificada, exigindo políticas robustas 
de formação digital e inovação pedagógica. 
O futuro da educação também será marcado pela inteligência artificial e 
pela análise de dados educacionais. Sistemas de recomendação de conteúdos, 
tutores virtuais e diagnósticos adaptativos já estão sendo testados pelo MEC em 
parceria com universidades federais. Esses recursos podem ampliar a 
personalização da aprendizagem, desde que usados com critérios éticos e 
pedagógicos claros. 
Além da tecnologia, o futuro exige políticas intersetoriais que articulem 
educação, saúde, cultura e trabalho. O conceito de “educação ao longo da vida”, 
promovido pela UNESCO (2024), reforça que a aprendizagem deve ser contínua 
e acessível a todas as idades. Essa abordagem amplia o papel da educação 
como motor de desenvolvimento humano e social. 
Outro desafio é o fortalecimento da governança educacional. A efetividade 
do Sistema Nacional de Educação dependerá da cooperação federativa e da 
transparência na aplicação de recursos. A consolidação de um sistema baseado 
em dados, metas e responsabilidade compartilhada é essencial para alcançar as 
metas do PNE 2035. 
Em síntese, a educação brasileira caminha para um modelo mais 
inclusivo, digital e sustentável, centrado no desenvolvimento integral do cidadão. 
O futuro da educação será aquele em que a tecnologia e a humanização 
caminharão juntas, promovendo aprendizagem significativa e equitativa para 
todos. 
 
 
 
 
37 
 
CONCLUSÃO 
 
As políticas públicas educacionais representam o alicerce sobre o qual se 
constrói o direito à educação e o desenvolvimento social de uma nação. No 
contexto brasileiro, elas expressam o compromisso constitucional com a 
democracia, a equidade e a qualidade social da educação, sendo resultado de 
um processo histórico de lutas, conquistas e aperfeiçoamentos legislativos. Da 
Constituição Federal de 1988 à formulação do novo Plano Nacional de Educação 
(2025–2035), o país consolidou uma base jurídica sólida que orienta as ações 
do Estado e define metas para o avanço da educação em todos os níveis e 
modalidades. 
O percurso apresentado nesta apostila evidencia que as políticas 
educacionais não são estáticas, mas dinâmicas, adaptando-se às 
transformações econômicas, tecnológicas e culturais. A implementação da Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC), a Reforma do Ensino Médio (Lei nº 
14.888/2024), o FUNDEB permanente (Lei nº 14.113/2020) e a Política Nacional 
de Educação Digital (Lei nº 14.533/2023) exemplificam esse movimento contínuo 
de renovação. Cada uma dessas normas reflete a busca por uma educação mais 
inclusiva, moderna e capaz de preparar cidadãos críticos, criativos e conscientes 
de seu papel na sociedade. 
A análise das quatro unidades evidencia que os desafios educacionais 
contemporâneos exigem integração entre políticas, gestão e prática pedagógica. 
O fortalecimento do Sistema Nacional de Educação (Lei nº 14.214/2021), a 
valorização docente e o uso responsável das tecnologias são pilares que 
sustentam a qualidade educacional. Além disso, a sustentabilidade ambiental e 
social deve ser incorporada às políticas escolares, promovendo uma educação 
comprometida com o futuro do planeta e com o bem-estar das próximas 
gerações. 
A educação brasileira, portanto, caminha em direção a um modelo que 
une inovação e humanização. A inserção da transformação digital no cotidiano 
escolar precisa vir acompanhada de formação docente adequada, inclusão 
digital e reflexão ética sobre o uso das tecnologias. Ao mesmo tempo, a escola 
deve continuar sendo um espaço de convivência, diálogo e construção de 
valores, onde o conhecimento se articula à vida e à cidadania. Como ressalta 
 
38 
 
Libâneo (2020), educar é formar seres humanos capazes de compreender o 
mundo para transformá-lo. 
O futuro da educação, delineado pelas metas do novo PNE 2025–2035, 
aponta para a consolidação de políticas que promovam equidade, inovação e 
sustentabilidade. Isso significa garantir que todos os brasileiros, 
independentemente de sua origem, tenham acesso a oportunidades reais de 
aprendizagem ao longo da vida. A concretização dessas metas dependerá da 
cooperação entre os entes federativos, do engajamento da sociedade civil e da 
continuidade das políticas públicas como políticas de Estado, e não de governo. 
Em síntese, a construção de uma educação pública de qualidade requer 
mais do que leis e programas — exige compromisso ético, gestão democrática 
e visão de longo prazo. A escola deve ser o espaço onde se concretiza o direito 
à educação e onde se forma o cidadão consciente, solidário e participativo. 
Assim, as políticas públicas educacionais assumem papel estratégico não 
apenas na formação de indivíduos, mas na transformação da sociedade 
brasileira em direção à justiça social, à igualdade de oportunidades e ao 
desenvolvimento humano integral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 
DF: Senado Federal, 1988. 
 
BRASIL. Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017. Dispõe sobre o 
exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições de 
educação superior e dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação 
no sistema federal de ensino. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 dez. 
2017. 
 
BRASIL. Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020. Institui a Política 
Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao 
Longo da Vida. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1º out. 2020. 
 
BRASIL. Emenda Constitucional nº 108, de 26 de agosto de 2020. Torna 
permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica 
e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 27 ago. 2020. 
 
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio 
Teixeira (INEP). Relatório SAEB e IDEB 2024. Brasília, DF: MEC/INEP, 2024. 
 
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jul. 
1990. 
 
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 
bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 
1996. 
 
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação 
Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 28 abr. 1999. 
 
BRASIL. Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de 
Educação (PNE 2001–2010). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2001. 
 
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a LDB, tornando 
obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 10 jan. 2003. 
 
BRASIL. Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de 
Avaliação da Educação Superior (SINAES). Diário Oficial da União, Brasília, 
DF, 15 abr. 2004. 
 
BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a LDB para incluir no 
currículo oficial a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira 
e Indígena”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 mar. 2008. 
 
40 
 
 
BRASIL. Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008. Altera dispositivos da LDB 
para redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da Educação 
Profissionale Tecnológica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 jul. 2008. 
 
BRASIL. Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008. Regulamenta o piso salarial 
profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação 
básica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 jul. 2008. 
 
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de 
Educação (PNE 2014–2024) e dá outras providências. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 26 jun. 2014. 
 
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de 
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 jul. 2015. 
 
BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera a LDB para dispor 
sobre a Reforma do Ensino Médio. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 fev. 
2017. 
 
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de 
dados pessoais (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD). Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 15 ago. 2018. 
 
BRASIL. Lei nº 14.113, de 25 de dezembro de 2020. Regulamenta o novo 
FUNDEB. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 dez. 2020. 
 
BRASIL. Lei nº 14.214, de 6 de outubro de 2021. Institui o Sistema Nacional 
de Educação (SNE). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 out. 2021. 
 
BRASIL. Lei nº 14.533, de 11 de janeiro de 2023. Institui a Política Nacional 
de Educação Digital. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 jan. 2023. 
 
BRASIL. Lei nº 14.888, de 2 de abril de 2024. Altera a LDB e o Novo Ensino 
Médio, introduzindo novas diretrizes curriculares. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 3 abr. 2024. 
 
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Catálogo Nacional de Cursos 
Técnicos 2024. Brasília, DF: MEC, 2024. 
 
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Documento-base do Plano Nacional 
de Educação 2025–2035 (PL nº 4.493/2024). Brasília, DF: MEC, 2024. 
 
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Guia de Gestão Democrática. 
Brasília, DF: MEC, 2023. 
 
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Portal BNCC – Base Nacional 
Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2024. Disponível em: 
https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/bncc 
 
41 
 
. Acesso em: 31 out. 2025. 
 
CURY, Carlos Roberto Jamil. Política Educacional e Federalismo. São Paulo: 
Cortez, 2021. 
 
LIBÂNEO, José Carlos. Gestão Democrática e Qualidade da Educação. 
Campinas: Autores Associados, 2020. 
 
LAVALLE, Adrián Gurza. Participação e Controle Social: Novos Desafios da 
Democracia. São Paulo: Editora Unesp, 2011. 
 
SAVIANI, Dermeval. Política e Educação no Brasil Contemporâneo. 
Campinas: Autores Associados, 2022. 
 
SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise e 
Casos Práticos. 3. ed. Florianópolis: UFSC, 2013. 
 
SOUZA, Celina. Políticas Públicas: Uma Revisão da Literatura. Brasília, DF: 
ENAP, 2006. 
 
UNESCO. Relatório Global de Educação 2024: Qualidade, Equidade e 
Inovação. Paris: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência 
e a Cultura, 2024.gestão 
pública eficiente. No Brasil, a descontinuidade das políticas entre governos ainda 
é um dos grandes desafios para a consolidação de resultados sustentáveis. 
As políticas educacionais, especificamente, visam garantir a oferta, a 
permanência e a qualidade da educação em todos os níveis e modalidades de 
ensino. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) 
estabelece os princípios gerais que orientam essas ações, reforçando a 
necessidade de universalização e equidade. Já o Plano Nacional de Educação 
(Lei nº 13.005/2014) define metas decenais que orientam a execução das 
políticas educacionais, vinculando o planejamento governamental à garantia do 
direito à educação. 
O Estado, ao atuar por meio de políticas públicas, deve equilibrar 
eficiência administrativa e compromisso social. A educação, por sua natureza, 
demanda políticas de longo prazo que transcendam interesses partidários e 
priorizem o desenvolvimento humano. A Emenda Constitucional nº 108/2020, 
 
6 
 
que tornou o FUNDEB permanente, é um exemplo dessa institucionalização, 
pois garante financiamento contínuo à educação básica e estabelece critérios de 
equidade entre os entes federativos. 
 
Fonte: “Ciclo de Políticas Públicas”, página do UNE – União Nacional dos 
Estudantes/UNALE 
 
A concepção moderna de políticas públicas também incorpora o princípio 
da participação social. A formulação e a avaliação das ações governamentais 
devem envolver conselhos de educação, movimentos sociais e instituições 
representativas. Esse processo reforça a transparência, a accountability e a 
legitimidade democrática das decisões públicas. Segundo Lavalle (2011), a 
efetividade das políticas depende do engajamento cidadão e da capacidade de 
articulação entre sociedade e governo. 
No campo educacional, a natureza das políticas públicas se revela 
multidimensional, abrangendo aspectos pedagógicos, financeiros, 
administrativos e socioculturais. Políticas eficazes são aquelas capazes de 
responder aos desafios do contexto social, respeitando as diversidades regionais 
Figura 1- Ciclo das políticas públicas: 
 
7 
 
e culturais do país. A Lei nº 14.533/2023, que instituiu a Política Nacional de 
Educação Digital, amplia esse conceito ao incluir o acesso tecnológico e a 
inclusão digital como direitos educacionais fundamentais. 
Assim, compreender o conceito e a natureza das políticas públicas é 
essencial para a formação de educadores críticos e conscientes de seu papel 
social. O estudo dessas políticas permite analisar como o Estado atua na 
construção da educação pública e como as decisões governamentais impactam 
diretamente a sala de aula. Em síntese, as políticas públicas educacionais são o 
elo entre o ideal constitucional de igualdade e as práticas concretas de gestão 
educacional. 
 
1.2. Evolução Histórica da Educação no Brasil 
 
A história da educação brasileira reflete o processo de construção do 
Estado e as transformações sociais do país. Desde o período colonial, a 
educação foi marcada por desigualdades de acesso e pela influência de 
instituições religiosas. Apenas no século XX, com a ampliação do papel do 
Estado e o surgimento de movimentos sociais organizados, a educação passou 
a ser reconhecida como direito de todos. A Constituição de 1934 foi o primeiro 
marco legal a tratar da educação como responsabilidade pública, introduzindo 
princípios de gratuidade e obrigatoriedade. 
Durante o regime militar (1964–1985), o sistema educacional brasileiro 
passou por reformas voltadas à expansão do ensino técnico e à centralização 
das políticas. Entretanto, foi com o processo de redemocratização e a 
promulgação da Constituição Federal de 1988 que a educação ganhou status de 
direito social fundamental. O artigo 205 da Constituição estabeleceu a educação 
como dever do Estado e da família, assegurando o pleno desenvolvimento da 
pessoa e a qualificação para o trabalho como objetivos centrais. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) 
consolidou a estrutura do sistema educacional, definindo competências entre 
União, estados e municípios. Ela marcou a transição de um modelo centralizado 
para um regime federativo e colaborativo, que reconhece a diversidade e 
autonomia dos entes federados. A partir dessa legislação, a educação passou a 
 
8 
 
ser organizada em níveis (básico e superior) e modalidades (regular, profissional, 
especial, indígena, do campo e a distância). 
Nos anos 2000, o Brasil implementou políticas de expansão e 
democratização do acesso, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), 
o FIES e a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. 
Paralelamente, foi instituído o primeiro Plano Nacional de Educação (Lei nº 
10.172/2001), seguido do PNE 2014–2024, que estabeleceu metas claras de 
universalização, alfabetização e valorização docente. Essas iniciativas 
fortaleceram a ideia de planejamento educacional de longo prazo. 
A Emenda Constitucional nº 108/2020, que tornou o FUNDEB 
permanente, representou um avanço histórico na política educacional. O novo 
fundo não apenas ampliou os recursos destinados à educação básica, mas 
também introduziu critérios de equidade e qualidade. Essa mudança garantiu 
estabilidade financeira para os sistemas públicos e reforçou o compromisso do 
Estado com o cumprimento das metas do PNE. 
Nos últimos anos, a Lei nº 14.533/2023, que criou a Política Nacional de 
Educação Digital, e a Lei nº 14.888/2024, que revisou o Novo Ensino Médio, 
consolidaram uma nova fase da política educacional brasileira. Essa fase 
caracteriza-se pela integração entre inovação tecnológica, flexibilidade curricular 
e desenvolvimento de competências para o século XXI. Assim, a evolução 
histórica da educação no Brasil demonstra um percurso de ampliação de direitos, 
modernização de estruturas e busca permanente por equidade. 
Por fim, compreender essa trajetória é essencial para analisar 
criticamente as políticas atuais e projetar as futuras. A educação, ao longo da 
história, foi tanto instrumento de dominação quanto de libertação. Cabe às 
políticas públicas contemporâneas garantir que ela seja, de fato, um meio de 
emancipação e transformação social, conforme os princípios democráticos e 
constitucionais. 
 
1.3. Gestão Pública e Governança na Educação 
 
A gestão pública da educação envolve o planejamento, a execução e o 
monitoramento das ações estatais voltadas à melhoria da qualidade do ensino. 
Uma gestão eficaz deve ser orientada pelos princípios da eficiência, 
 
9 
 
transparência e participação, conforme estabelecido no artigo 37 da Constituição 
Federal de 1988. A governança educacional, por sua vez, compreende o 
conjunto de mecanismos e processos que asseguram a coordenação entre os 
diversos níveis de governo e instituições envolvidas na política educacional. 
De acordo com Cury (2021), a governança em educação pressupõe 
planejamento estratégico, capacidade técnica e controle social. O Ministério da 
Educação (MEC), o Conselho Nacional de Educação (CNE) e os sistemas 
estaduais e municipais de ensino têm papéis complementares na formulação e 
fiscalização das políticas públicas. Essa estrutura garante a implementação das 
diretrizes nacionais, respeitando as particularidades regionais e a autonomia dos 
entes federativos, conforme determina a Lei nº 9.394/1996 (LDB). 
A descentralização administrativa é um elemento fundamental da 
governança educacional moderna. O regime de colaboração entre União, 
estados e municípios, previsto no artigo 211 da Constituição, visa promover a 
eficiência e reduzir desigualdades regionais. Nesse contexto, o Sistema Nacional 
de Educação (Lei nº 14.214/2021) constitui um marco regulatório que fortalece a 
integração entre os entes federados e estabelece mecanismos permanentes de 
cooperação técnica e financeira. 
A gestão democrática é outroprincípio estruturante da governança 
educacional. Segundo a LDB, a comunidade escolar deve participar ativamente 
das decisões pedagógicas e administrativas, por meio de conselhos escolares, 
grêmios estudantis e conferências de educação. Essa participação fortalece o 
controle social e promove maior legitimidade às políticas públicas. Conforme 
Libâneo (2020), a gestão participativa é condição essencial para a construção 
de uma cultura de responsabilidade coletiva na escola. 
A governança educacional contemporânea também requer o uso de 
tecnologias e dados para embasar decisões. Ferramentas como o Censo 
Escolar e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) permitem o 
monitoramento de indicadores de qualidade e o acompanhamento das metas do 
PNE. A transparência desses dados contribui para o aperfeiçoamento da gestão 
e o combate à ineficiência no uso de recursos públicos. 
Além da dimensão técnica, a governança educacional possui uma 
dimensão ética e social. Os gestores devem atuar com compromisso público, 
garantindo que as decisões priorizem o interesse coletivo. A ética na 
 
10 
 
administração educacional é reforçada pela Lei de Acesso à Informação (Lei nº 
12.527/2011), que assegura à sociedade o direito de acompanhar e fiscalizar as 
ações do Estado. 
Por fim, a governança na educação é um processo contínuo de 
aperfeiçoamento institucional. Ela exige formação de gestores competentes, 
autonomia pedagógica e integração entre políticas públicas. O fortalecimento da 
gestão educacional é, portanto, condição indispensável para a efetividade das 
políticas e para a consolidação de uma educação pública de qualidade e 
socialmente referenciada. 
 
1.4. Federalismo e Regime de Colaboração na Educação 
 
O sistema federativo brasileiro organiza-se a partir da divisão de 
competências entre União, estados, Distrito Federal e municípios. Essa 
estrutura, prevista no artigo 211 da Constituição Federal de 1988, institui o 
chamado regime de colaboração, no qual cada ente federativo possui 
responsabilidades específicas na oferta, financiamento e gestão da educação. A 
União deve coordenar a política nacional de educação e assegurar a articulação 
dos sistemas; os estados atuam prioritariamente no ensino fundamental e médio; 
e os municípios na educação infantil e no ensino fundamental, em regime 
compartilhado. 
Essa distribuição de competências busca promover a eficiência 
administrativa e a equidade territorial. No entanto, o federalismo educacional 
brasileiro enfrenta desafios históricos, como desigualdades regionais e 
disparidades de capacidade técnica e financeira entre os entes. Segundo Cury 
(2021), o regime de colaboração não deve ser entendido apenas como divisão 
de tarefas, mas como um sistema de cooperação técnica, financeira e 
institucional que garanta a coesão e a qualidade do ensino em todo o país. Essa 
concepção reforça a ideia de corresponsabilidade do poder público no 
cumprimento do direito à educação. 
A criação do Sistema Nacional de Educação (SNE), pela Lei nº 
14.214/2021, representa um marco na consolidação do regime de colaboração. 
O SNE estabelece instrumentos de planejamento e articulação entre os entes 
federados, visando uniformizar padrões de qualidade e promover a equidade. 
 
11 
 
Além disso, o sistema institui instâncias de pactuação e monitoramento das 
metas do Plano Nacional de Educação (PNE), fortalecendo a gestão 
democrática e a transparência nas políticas educacionais. 
A cooperação federativa na educação também se concretiza por meio de 
fundos e programas específicos, como o FUNDEB (Lei nº 14.113/2020), que 
redistribui recursos de forma equitativa entre estados e municípios, considerando 
as desigualdades socioeconômicas e de desempenho. Outro exemplo é o 
Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que transfere recursos diretamente 
às unidades escolares para manutenção e pequenos investimentos. Esses 
mecanismos financeiros demonstram como o federalismo pode ser 
operacionalizado de forma solidária e eficiente. 
Contudo, a efetividade do regime de colaboração depende da capacidade 
de coordenação e da estabilidade institucional das políticas. Em muitos casos, a 
ausência de diálogo entre as esferas de governo gera sobreposição de 
programas, desperdício de recursos e descontinuidade de ações. A Lei nº 
14.214/2021 propõe superar essas limitações por meio de arranjos de 
desenvolvimento da educação (ADEs), que incentivam a cooperação regional e 
o compartilhamento de boas práticas de gestão e formação docente. 
O fortalecimento do federalismo cooperativo também requer uma política 
robusta de avaliação e monitoramento. O INEP desempenha papel essencial 
nesse processo ao produzir indicadores de qualidade e relatórios técnicos que 
orientam decisões governamentais. O uso de dados e evidências permite 
aprimorar a governança e sustentar o princípio da accountability educacional, 
garantindo que a sociedade acompanhe e cobre o cumprimento das metas 
públicas. 
Em síntese, o regime de colaboração constitui o eixo estruturante da 
política educacional brasileira, promovendo integração, eficiência e equidade. A 
consolidação do Sistema Nacional de Educação, associada ao FUNDEB 
permanente e ao novo PNE 2025–2035, representa um avanço significativo na 
institucionalização de um modelo cooperativo de governança. A efetivação desse 
regime é condição indispensável para o fortalecimento do pacto federativo e para 
o alcance de uma educação pública verdadeiramente democrática e de 
qualidade social. 
 
 
12 
 
1.5. Financiamento da Educação e FUNDEB Permanente 
 
O financiamento é um dos pilares centrais das políticas públicas 
educacionais, pois garante a materialização do direito à educação previsto no 
artigo 205 da Constituição Federal de 1988. Sem recursos adequados, é inviável 
assegurar infraestrutura, formação docente, materiais didáticos e programas de 
inclusão. No Brasil, o sistema de financiamento da educação baseia-se em 
princípios de redistribuição e solidariedade federativa, buscando reduzir as 
desigualdades regionais e promover a equidade entre redes de ensino. 
O principal instrumento de financiamento da educação básica é o Fundo 
de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos 
Profissionais da Educação (FUNDEB), instituído pela Lei nº 14.113/2020 e 
tornado permanente pela Emenda Constitucional nº 108/2020. O novo FUNDEB 
ampliou progressivamente a participação da União no financiamento, atingindo 
23% em 2026, e introduziu mecanismos como o Valor Aluno Ano Total (VAAT), 
que permite corrigir desigualdades na distribuição de recursos entre municípios 
mais e menos favorecidos. 
Além da redistribuição, o novo FUNDEB incorpora o conceito de equidade 
e qualidade. Parte dos recursos é vinculada ao desempenho educacional, 
incentivando as redes de ensino a melhorar seus resultados em avaliações como 
o IDEB e o SAEB. Essa vinculação, contudo, deve ser acompanhada de políticas 
de apoio técnico e formação docente, para que a busca por metas não se 
converta em práticas punitivas, mas em estímulo à melhoria contínua do ensino. 
O financiamento da educação também é garantido por outras fontes 
constitucionais. Os artigos 212 e 213 da Constituição determinam que União, 
estados e municípios devem aplicar, no mínimo, 25% de suas receitas na 
manutenção e desenvolvimento do ensino. Essa vinculação constitucional 
assegura estabilidade e previsibilidade orçamentária. No entanto, a efetividade 
desses recursos depende da boa gestão e da transparência na aplicação, 
aspectos fiscalizados pelos tribunais de contas e pelos conselhos de 
acompanhamento e controle social. 
Nos últimos anos, a ampliação do acesso ao ensino e as demandas por 
inovação tecnológica aumentaram significativamente os custos da educação 
pública. A aprovação da Lei nº 14.533/2023, que instituiu a Política Nacional de13 
 
Educação Digital, exige novos investimentos em infraestrutura tecnológica, 
conectividade e formação digital de professores. Esses desafios reforçam a 
necessidade de repensar o modelo de financiamento, incorporando critérios de 
inclusão digital e sustentabilidade tecnológica. 
A busca por fontes alternativas de financiamento também tem sido 
debatida. Parcerias público-privadas (PPPs), convênios e cooperação 
internacional são estratégias que podem complementar os investimentos 
públicos, desde que não comprometam a autonomia das redes de ensino. O 
Banco Mundial e a UNESCO, por exemplo, têm apoiado programas de 
fortalecimento da gestão educacional e da inovação pedagógica em países em 
desenvolvimento, incluindo o Brasil, sob a perspectiva da Agenda 2030 (ODS 4). 
Por fim, o financiamento da educação deve ser entendido como um 
instrumento de justiça social. Garantir recursos adequados e distribuí-los de 
forma equitativa significa assegurar oportunidades educacionais iguais para 
todos, independentemente de origem, raça ou condição socioeconômica. O 
FUNDEB permanente, aliado ao Sistema Nacional de Educação e ao novo PNE 
2025–2035, constitui o tripé que sustentará as políticas educacionais brasileiras 
na próxima década. Sua efetividade dependerá da gestão responsável, da 
transparência e do compromisso político com a qualidade e a equidade da 
educação pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
UNIDADE 2 – ESTRUTURA LEGAL E DIRETRIZES DAS 
POLÍTICAS EDUCACIONAIS 
 
2.1. A Constituição Federal e o Direito à Educação 
 
A Constituição Federal de 1988 é o marco jurídico que consolidou a 
educação como um direito social fundamental e dever compartilhado entre o 
Estado e a família. Em seu artigo 205, estabelece que a educação visa ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. Essa concepção ampliou a compreensão da 
educação como instrumento de emancipação humana e não apenas de 
formação técnica. A Constituição inaugurou, assim, um novo paradigma de 
política pública orientado pela democracia, igualdade e justiça social. 
O texto constitucional também introduziu a noção de regime de 
colaboração entre os entes federados (art. 211), assegurando que União, 
estados e municípios compartilhem responsabilidades na oferta e no 
financiamento da educação. Essa estrutura buscou descentralizar a gestão e 
aproximar as políticas públicas das realidades locais, promovendo maior 
eficiência administrativa e equidade. A Emenda Constitucional nº 108/2020, que 
tornou o FUNDEB permanente, reforçou esse princípio ao incluir critérios de 
redistribuição justa dos recursos educacionais. 
Outro avanço importante foi a garantia da gestão democrática do ensino 
público, prevista no artigo 206, inciso VI. Essa diretriz legitima a participação da 
comunidade escolar e dos conselhos de educação na formulação, execução e 
avaliação das políticas educacionais. Segundo Libâneo (2020), a gestão 
democrática fortalece o controle social e favorece a construção de uma cultura 
participativa no ambiente escolar, aproximando o Estado da sociedade civil. 
A Constituição também assegura a gratuidade do ensino público em 
estabelecimentos oficiais e o dever de aplicação mínima de 25% das receitas em 
manutenção e desenvolvimento do ensino (art. 212). Essa vinculação 
orçamentária constitui um dos pilares da política educacional brasileira, 
garantindo estabilidade financeira e evitando cortes arbitrários de recursos, 
sobretudo em períodos de crise econômica. 
 
 
15 
 
Além disso, o texto constitucional reconhece a importância da educação 
inclusiva, ao afirmar que o ensino deve promover a igualdade de condições para 
o acesso e a permanência na escola. Esse princípio fundamenta políticas 
voltadas a grupos historicamente excluídos — como pessoas com deficiência, 
populações indígenas, quilombolas e comunidades rurais — e sustenta a 
elaboração de programas nacionais de equidade. 
A Carta de 1988 também abriu espaço para a participação social na 
formulação das políticas públicas, estimulando o surgimento de fóruns e 
conferências nacionais de educação. Esse movimento deu origem ao Fórum 
Nacional de Educação (FNE), responsável por acompanhar o Plano Nacional de 
Educação e promover o diálogo entre governo e sociedade civil organizada. 
Trata-se de um avanço institucional que materializa o princípio constitucional da 
gestão participativa. 
Portanto, a Constituição Federal é o alicerce jurídico e político da 
educação brasileira. Ela define não apenas direitos e deveres, mas também os 
princípios éticos que norteiam as políticas públicas do setor. A consolidação de 
uma educação democrática, inclusiva e de qualidade depende da efetiva 
aplicação desses dispositivos constitucionais e do compromisso contínuo dos 
governos em torná-los realidade. 
 
2.2. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 
 
A Lei nº 9.394/1996, conhecida como LDB, é a espinha dorsal da 
legislação educacional brasileira. Promulgada em um contexto de 
redemocratização, ela regulamenta os artigos constitucionais relativos à 
educação, definindo os princípios, finalidades e organização do sistema de 
ensino nacional. A LDB concretiza os ideais da Constituição de 1988, 
estruturando a educação em níveis (básico e superior) e modalidades diversas, 
de modo a atender à pluralidade cultural e regional do país. 
O artigo 2º da LDB destaca que a educação é dever da família e do 
Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade 
humana. A lei assegura a igualdade de condições para o acesso e permanência 
na escola, a liberdade de aprender, ensinar e pesquisar e o pluralismo de ideias. 
Esses fundamentos consolidam a LDB como instrumento de democracia e 
 
16 
 
respeito à diversidade, princípios indispensáveis à construção de uma sociedade 
justa. 
A LDB também estabelece as bases da gestão democrática da educação 
pública, reforçando a autonomia das instituições escolares e a importância dos 
conselhos de educação como instâncias de deliberação e fiscalização. Essa 
autonomia é essencial para que as escolas possam adaptar seus projetos 
pedagógicos às especificidades locais, promovendo a descentralização 
administrativa e pedagógica. 
Desde sua promulgação, a LDB passou por importantes atualizações. 
Entre elas, destaca-se a Lei nº 13.415/2017, que instituiu o Novo Ensino Médio, 
e sua revisão pela Lei nº 14.888/2024, que incorporou novas diretrizes de 
formação integral e flexibilização curricular. Também é relevante mencionar a Lei 
nº 14.533/2023, que institui a Política Nacional de Educação Digital, integrando 
competências tecnológicas e inovação ao currículo escolar. 
No campo da inclusão, a LDB reforça os princípios da Lei Brasileira de 
Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e do Decreto nº 10.502/2020, que dispõe sobre a 
Política Nacional de Educação Especial. Essas normas visam assegurar o 
atendimento educacional especializado e o respeito à diversidade, reafirmando 
o compromisso da legislação com uma educação verdadeiramente inclusiva. 
Conforme Cury (2021), a LDB é um marco de estabilidade institucional, 
pois fornece um eixo normativo duradouro que orienta todas as demais políticas 
educacionais. Sua flexibilidade permite adaptações às transformações sociais e 
tecnológicas, garantindo a continuidade das ações governamentais. Assim, a 
LDB é mais que uma lei: é um instrumento de coesão e sustentabilidade das 
políticas públicas educacionais brasileiras. 
 
 
Fonte: 
 
17 
 
Mapa-mental/infográfico disponível em StudyMaps – “Mapa Mental sobre a 
LDB” 
 
2.3. Planos de Educação: Nacional, Estaduais e Municipais 
 
Os Planos de Educação são instrumentos de planejamento estratégico 
que orientam as políticas educacionais no Brasil. O Plano Nacional de Educação 
(PNE), instituído pela Lei nº13.005/2014, define diretrizes, metas e estratégias 
para o período de 2014 a 2024. Sua finalidade é garantir a continuidade das 
ações públicas e a coerência entre os níveis de governo. O PNE serve como 
referência obrigatória para a formulação dos Planos Estaduais e Municipais de 
Educação, assegurando que todas as esferas federativas atuem de forma 
articulada e convergente em torno de objetivos comuns. 
O PNE vigente estabeleceu 20 metas abrangendo educação infantil, 
básica, superior e pós-graduação, além de prever melhorias na formação e 
valorização docente. Contudo, relatórios do INEP (2024) indicam que grande 
Figura 2- Estrutura da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 
9.394/1996): níveis de ensino, modalidades e oferta obrigatória. 
 
18 
 
parte dessas metas não foi plenamente alcançada, especialmente as que tratam 
da universalização da pré-escola, da alfabetização na idade certa e da ampliação 
do ensino médio. A defasagem revela a importância do monitoramento contínuo 
e da revisão periódica das estratégias, para que as políticas públicas não se 
tornem meramente declarativas. 
Com o encerramento do ciclo 2014–2024, tramita no Congresso o Projeto 
de Lei nº 4.493/2024, que propõe o novo PNE 2025–2035. Esse plano enfatiza 
a educação digital, a sustentabilidade, a redução das desigualdades regionais e 
o fortalecimento da equidade racial e de gênero. Além disso, prevê metas 
específicas relacionadas à inovação pedagógica e à integração da educação 
profissional e tecnológica ao ensino médio, em consonância com a Lei nº 
14.888/2024, que reformulou o Novo Ensino Médio. 
Os Planos Estaduais e Municipais de Educação devem alinhar-se às 
diretrizes do PNE nacional, mas adaptando-se às realidades locais. Essa 
descentralização garante maior flexibilidade e permite que as políticas sejam 
mais responsivas às demandas regionais. A Lei nº 14.214/2021, que instituiu o 
Sistema Nacional de Educação (SNE), reforça essa articulação federativa, 
criando instrumentos de cooperação técnica e mecanismos de 
acompanhamento integrado entre os entes federados. 
Outro aspecto fundamental dos planos é a participação social. O processo 
de elaboração e avaliação deve envolver conselhos de educação, sindicatos, 
associações de pais e mestres e movimentos estudantis. Essa participação 
legitima as decisões e amplia o controle social sobre as metas educacionais. 
Conforme Saviani (2022), a educação só se torna verdadeiramente pública 
quando construída de forma coletiva, democrática e socialmente referenciada. 
A implementação dos planos também depende da existência de 
indicadores confiáveis de monitoramento, como o Índice de Desenvolvimento da 
Educação Básica (IDEB), o Censo Escolar e as avaliações do SAEB. Esses 
instrumentos permitem medir o progresso das metas e orientar decisões 
governamentais baseadas em evidências. A gestão por resultados é, portanto, 
um componente essencial do planejamento educacional moderno. 
Em síntese, os Planos de Educação representam o elo entre a legislação 
e a ação pública. Eles traduzem os princípios constitucionais em estratégias 
concretas, garantindo continuidade às políticas educacionais e alinhamento 
 
19 
 
entre as esferas governamentais. O sucesso do novo PNE 2025–2035 
dependerá do compromisso político dos gestores e da participação ativa da 
sociedade no acompanhamento de suas metas. 
 
2.4. Gestão Democrática e Participação Social 
 
A gestão democrática da educação pública é um princípio constitucional 
(art. 206, inciso VI) e um dos pilares da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB – Lei nº 9.394/1996). Ela pressupõe a participação ativa de 
professores, estudantes, famílias e comunidade nas decisões que envolvem a 
escola e o sistema educacional. Mais do que um modelo administrativo, a gestão 
democrática é uma prática cidadã que fortalece a autonomia das instituições e o 
controle social das políticas públicas. 
A autonomia escolar é um dos eixos dessa gestão. Ela permite que as 
instituições elaborem seus Projetos Político-Pedagógicos (PPP), adequando-os 
às necessidades locais e às diretrizes do sistema de ensino. Essa autonomia, 
contudo, deve ser acompanhada de responsabilidade e transparência. Segundo 
Libâneo (2020), a gestão democrática é efetiva quando combina liberdade de 
decisão com prestação de contas e compromisso coletivo com os resultados 
educacionais. 
Os Conselhos de Educação e os Conselhos Escolares são instâncias 
fundamentais para o exercício dessa participação. Eles atuam na formulação, 
acompanhamento e avaliação das políticas educacionais, garantindo a 
representatividade de diferentes segmentos sociais. A Lei nº 14.214/2021 (SNE) 
fortalece esses mecanismos ao prever a criação de instâncias permanentes de 
pactuação federativa, que asseguram a coordenação e o diálogo entre os níveis 
de governo e a sociedade civil. 
A realização de conferências de educação, como a CONAE (Conferência 
Nacional de Educação), também expressa a prática da gestão democrática. 
Esses espaços reúnem educadores, gestores e entidades da sociedade civil 
para discutir diretrizes nacionais e avaliar o cumprimento das metas do PNE. As 
deliberações da CONAE subsidiam a formulação de novas políticas e contribuem 
para a consolidação do controle social da educação. 
 
20 
 
Outro aspecto relevante é o uso da tecnologia e da transparência pública 
como instrumentos de democratização da gestão. O Portal do FNDE e o Sistema 
Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (SIMEC) permitem 
acompanhar o repasse e a aplicação de recursos públicos, promovendo a 
accountability educacional. Essa prática reforça a confiança entre o Estado e a 
sociedade e reduz o risco de desperdício ou mau uso de verbas. 
A gestão democrática também se relaciona com a formação continuada 
de gestores escolares. Programas como o ProGestão, coordenado pelo MEC, 
buscam qualificar diretores e coordenadores pedagógicos para liderar processos 
participativos e inovadores. Conforme Cury (2021), a liderança pedagógica é 
essencial para transformar a gestão escolar em um espaço de aprendizagem 
colaborativa e não apenas administrativa. 
Em síntese, a gestão democrática é o caminho para uma escola mais 
participativa, autônoma e inclusiva. Ela concretiza o princípio da cidadania ativa, 
articulando o trabalho coletivo e o compromisso ético com a educação pública. 
A democratização da gestão é, portanto, condição para a construção de políticas 
educacionais legítimas e sustentáveis. 
 
2.5. Educação Inclusiva e Diversidade 
 
A educação inclusiva é um princípio essencial das políticas públicas 
contemporâneas e representa o compromisso do Estado com a igualdade de 
oportunidades. A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e o Decreto nº 
10.502/2020 consolidam a Política Nacional de Educação Especial na 
perspectiva da inclusão, garantindo o direito das pessoas com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades à educação em 
ambientes regulares. Essa política reconhece que a diversidade é uma riqueza 
e que o respeito às diferenças é condição para a qualidade educacional. 
A inclusão vai além do acesso: exige condições adequadas de 
permanência e aprendizagem. Isso implica adaptações curriculares, formação 
de professores, infraestrutura acessível e recursos pedagógicos específicos. A 
Lei nº 14.533/2023 (Política Nacional de Educação Digital) também amplia esse 
conceito ao incluir a acessibilidade tecnológica como parte dos direitos 
 
21 
 
educacionais, promovendo o uso de tecnologias assistivas e plataformas digitais 
acessíveis. 
A equidade educacional também envolve o reconhecimento das 
identidades étnicas, culturais e territoriais. A Lei nº 10.639/2003, que tornou 
obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, e a Lei nº 
11.645/2008, que incluiu a temática indígena,são marcos fundamentais na 
construção de uma educação antirracista e plural. Essas legislações refletem a 
busca por um currículo que valorize as diferentes matrizes formadoras da 
sociedade brasileira. 
As políticas de educação no campo, indígena e quilombola também são 
expressões da diversidade. O Programa Nacional de Educação Escolar Indígena 
e a Política Nacional de Educação do Campo garantem respeito às 
especificidades linguísticas e culturais desses povos. Essas ações afirmam o 
direito à educação contextualizada e reforçam o caráter democrático das 
políticas públicas educacionais. 
No âmbito internacional, o Brasil é signatário da Agenda 2030 da ONU, 
especialmente do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 4), que visa 
assegurar uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos. A 
adesão a esse compromisso global reforça a responsabilidade do país em adotar 
políticas integradas de combate à exclusão e de promoção da diversidade no 
ambiente escolar. 
Conforme Saviani (2022), a educação inclusiva é mais do que uma diretriz 
pedagógica: é um projeto de sociedade, pois traduz a ideia de que o 
desenvolvimento social só é possível quando todos têm oportunidade de 
aprender e participar. Assim, a inclusão é uma dimensão ética e política das 
políticas públicas, que requer vontade governamental, recursos adequados e 
compromisso coletivo. 
A efetivação da educação inclusiva e da diversidade depende, portanto, 
da articulação entre políticas intersetoriais — educação, assistência social, 
saúde e cultura — e da formação continuada dos profissionais da educação. 
Promover uma escola plural e acolhedora é garantir o direito fundamental à 
aprendizagem e consolidar a educação como prática libertadora e 
humanizadora. 
 
 
22 
 
UNIDADE 3 – CURRÍCULO, AVALIAÇÃO E QUALIDADE 
EDUCACIONAL 
 
3.1. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 
 
 
Fonte: 
“Entenda as 10 competências gerais que orientam a BNCC” – Porvir (2018). 
 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que define os 
direitos e objetivos de aprendizagem essenciais que todos os alunos da 
educação básica devem desenvolver. Instituída pela Resolução CNE/CP nº 
2/2017, ela representa um marco na política educacional brasileira, ao 
estabelecer padrões mínimos de qualidade e orientar a elaboração dos 
currículos escolares em todo o país. A BNCC busca garantir a equidade na 
formação dos estudantes, assegurando que todos, independentemente da 
região ou contexto social, tenham acesso a uma educação de qualidade. 
Figura 3- Infográfico das 10 competências gerais da Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC) 
 
23 
 
A BNCC organiza-se em competências gerais e específicas, que orientam 
o desenvolvimento cognitivo, emocional, social e ético dos alunos. São dez 
competências gerais, que incluem aspectos como pensamento científico, 
repertório cultural, comunicação, empatia, responsabilidade e cidadania. Essas 
competências dialogam diretamente com a formação integral, prevista no artigo 
35-A da Lei nº 9.394/1996 (LDB), e com as demandas do século XXI, como o 
uso crítico da informação e das tecnologias digitais. 
Segundo Libâneo (2020), a BNCC constitui uma política de Estado que 
visa promover coerência entre currículo, formação docente e avaliação. No 
entanto, sua implementação exige um esforço conjunto das redes de ensino e a 
formação continuada de professores, para que o documento não se torne um 
instrumento meramente normativo. A adaptação dos currículos locais à BNCC 
deve respeitar a diversidade regional e cultural, permitindo que cada escola 
contextualize seus conteúdos de acordo com a realidade dos estudantes. 
A BNCC também integra a Política Nacional de Educação Digital (Lei nº 
14.533/2023), que reconhece a importância das competências digitais para a 
cidadania contemporânea. Essa política orienta o uso pedagógico das 
tecnologias e incentiva a inclusão digital, garantindo que o desenvolvimento de 
habilidades tecnológicas ocorra de forma equitativa. Assim, a BNCC amplia o 
conceito de letramento para além da leitura e escrita tradicional, incorporando o 
letramento digital como requisito essencial da formação moderna. 
A partir da BNCC, os estados e municípios passaram a elaborar seus 
próprios currículos referenciais, alinhados ao documento nacional. Esse 
movimento reforçou a autonomia federativa e a responsabilidade das redes em 
assegurar qualidade e coerência pedagógica. O processo também estimulou a 
revisão dos Projetos Político-Pedagógicos (PPPs) das escolas, promovendo 
maior integração entre as áreas do conhecimento e o desenvolvimento de 
competências socioemocionais. 
Contudo, a implementação da BNCC enfrenta desafios, como 
desigualdades regionais, carência de recursos didáticos e necessidade de 
formação docente contínua. Para Cury (2021), a efetividade da BNCC depende 
da articulação entre currículo, gestão e avaliação, de modo que os resultados 
educacionais sejam analisados com base em evidências e não apenas em 
cumprimento burocrático de metas. 
 
24 
 
Assim, a BNCC representa um avanço significativo no campo das políticas 
curriculares, mas sua consolidação requer compromisso ético, formação docente 
e investimento em infraestrutura. Ela traduz o ideal constitucional de igualdade 
de oportunidades, promovendo a integração entre conhecimento, valores e 
práticas cidadãs. 
 
3.2. Reforma do Ensino Médio 
 
A Reforma do Ensino Médio representa uma das mais profundas 
transformações recentes na educação brasileira. Inicialmente instituída pela Lei 
nº 13.415/2017 e revisada pela Lei nº 14.888/2024, ela tem como objetivo 
flexibilizar o currículo e promover uma formação mais significativa e conectada 
com o projeto de vida dos estudantes. O novo modelo busca superar a rigidez 
curricular e aproximar a escola da realidade social e profissional dos jovens. 
O novo Ensino Médio é estruturado em duas partes: a Formação Geral 
Básica, composta pelos componentes definidos na BNCC, e os Itinerários 
Formativos, que oferecem percursos personalizados de acordo com os 
interesses e aspirações dos estudantes. Essa flexibilidade permite maior 
protagonismo juvenil, possibilitando escolhas entre áreas como Linguagens, 
Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e 
Profissional. 
De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE, 2024), a reforma 
visa alinhar o currículo brasileiro às tendências internacionais de personalização 
da aprendizagem e às demandas do século XXI. No entanto, especialistas como 
Saviani (2022) alertam para o risco de desigualdade caso não haja investimento 
adequado nas redes públicas, especialmente nas regiões de menor 
infraestrutura. A autonomia de escolha só é efetiva quando há igualdade de 
condições entre as escolas. 
A Lei nº 14.888/2024 introduziu ajustes importantes, como a ampliação da 
carga horária mínima da Formação Geral Básica e o reforço das disciplinas de 
Língua Portuguesa e Matemática, assegurando a manutenção das 
competências essenciais. Também foram incluídas orientações sobre formação 
cidadã, direitos humanos e educação ambiental, ampliando a dimensão ética e 
social do novo modelo. 
 
25 
 
A reforma está articulada com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 
e com a Política Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, estabelecida 
pela Resolução CNE/CP nº 1/2024. Essa integração amplia as oportunidades de 
formação técnica e de inserção no mercado de trabalho, promovendo o equilíbrio 
entre educação geral e profissional. Assim, o novo Ensino Médio contribui para 
o desenvolvimento de competências cognitivas, socioemocionais e práticas. 
Contudo, a implementação plena dessa reforma ainda enfrenta 
resistências e desafios. A carência de professores qualificados para os 
itinerários, a necessidade de reorganização dos espaços escolares e a 
adequação dos materiais didáticos sãopontos críticos. O sucesso da reforma 
depende da cooperação federativa e da continuidade das políticas públicas 
voltadas à formação docente e ao financiamento da educação básica. 
Em síntese, a Reforma do Ensino Médio representa uma tentativa de 
modernizar o sistema educacional, tornando-o mais inclusivo, flexível e orientado 
ao futuro. Quando bem implementada, pode contribuir significativamente para a 
melhoria da qualidade e relevância do ensino, preparando os jovens para a vida 
cidadã, o trabalho e a aprendizagem permanente. 
 
3.3. Avaliação da Educação Básica e Superior 
 
A avaliação educacional é um componente essencial das políticas 
públicas, pois permite verificar a qualidade do ensino e orientar a tomada de 
decisões. No Brasil, os sistemas de avaliação foram institucionalizados pelo 
INEP, vinculado ao Ministério da Educação, e incluem instrumentos como o 
SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), o ENEM (Exame Nacional 
do Ensino Médio) e o ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos 
Estudantes). Esses exames geram dados sobre o desempenho estudantil, a 
eficiência das escolas e a eficácia das políticas educacionais. 
O SAEB, regulamentado pela Portaria MEC nº 366/2019, avalia a 
aprendizagem dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática, além de coletar 
informações sobre o contexto socioeconômico. Os resultados do SAEB são 
utilizados para calcular o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação 
Básica), indicador oficial da qualidade da educação básica. Esse índice combina 
 
26 
 
desempenho acadêmico e taxa de aprovação, permitindo o monitoramento 
contínuo das metas do PNE. 
Já o ENEM, criado em 1998, tornou-se a principal porta de entrada para 
o ensino superior público, integrando o Sistema de Seleção Unificada (SISU) e 
o Programa Universidade para Todos (ProUni). O exame também cumpre função 
diagnóstica, ao avaliar as competências e habilidades desenvolvidas durante a 
educação básica, de acordo com os referenciais da BNCC. Sua ampliação reflete 
a busca por equidade e meritocracia no acesso à universidade. 
No ensino superior, o ENADE avalia o desempenho dos estudantes 
concluintes de cursos de graduação, servindo como instrumento de regulação e 
credenciamento das instituições. Essa avaliação integra o Sistema Nacional de 
Avaliação da Educação Superior (SINAES), criado pela Lei nº 10.861/2004, que 
considera também a infraestrutura e a qualificação do corpo docente. Assim, a 
avaliação deixa de ser apenas quantitativa, passando a incluir dimensões 
qualitativas e institucionais. 
Segundo Cury (2021), a avaliação deve ser entendida como um processo 
pedagógico e não punitivo. Ela deve subsidiar políticas de melhoria da qualidade 
e orientar intervenções pedagógicas. A simples mensuração de resultados, sem 
reflexão crítica, pode gerar distorções e reforçar desigualdades, sobretudo em 
redes com condições estruturais distintas. 
Com o avanço das tecnologias, as avaliações educacionais estão 
passando por processos de modernização. O INEP vem implementando 
sistemas digitais de aplicação e expandindo o uso de avaliações adaptativas, 
que personalizam as questões conforme o desempenho do aluno. Essa 
inovação, alinhada à Lei nº 14.533/2023 (Educação Digital), representa um novo 
horizonte para a educação baseada em evidências. 
Em suma, as políticas de avaliação são fundamentais para garantir a 
transparência e a eficiência do sistema educacional. Quando bem utilizadas, elas 
servem como ferramentas de diagnóstico e melhoria contínua, fortalecendo a 
responsabilidade pública e a equidade educacional. 
 
 
 
 
27 
 
3.4. Educação Profissional e Tecnológica (EPT) 
 
A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) tem como finalidade integrar 
formação geral e técnica, promovendo o desenvolvimento de competências para 
o mundo do trabalho e para a vida cidadã. Regulamentada pela Lei nº 
11.741/2008, que alterou a LDB, e reforçada pela Resolução CNE/CP nº 1/2024, 
a EPT é parte essencial das políticas educacionais contemporâneas. Ela atende 
à necessidade de alinhar a educação às transformações tecnológicas, 
econômicas e sociais do século XXI, favorecendo a inclusão produtiva e a 
inovação. 
De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE 2014–2024), a 
ampliação da oferta de EPT constitui uma das metas estratégicas, visando a 
diversificação das oportunidades educacionais e a elevação da escolaridade 
média da população. O novo PNE 2025–2035, em elaboração, reforça a 
importância da formação técnica de nível médio articulada ao ensino regular, 
como instrumento de equidade e desenvolvimento regional. Essa perspectiva 
reconhece que a profissionalização precoce pode reduzir desigualdades e 
estimular o empreendedorismo juvenil. 
A Resolução CNE/CP nº 1/2024 introduziu avanços significativos, ao 
instituir diretrizes atualizadas para a EPT, contemplando as novas tecnologias, a 
sustentabilidade e o aprendizado ao longo da vida. Essas diretrizes estão 
alinhadas à Política Nacional de Educação Digital (Lei nº 14.533/2023), que 
promove o uso de ferramentas digitais e ambientes virtuais de aprendizagem 
como componentes estruturais da formação profissional. 
A oferta da EPT no Brasil ocorre por meio de diversas modalidades: 
cursos técnicos integrados ao ensino médio, cursos subsequentes e programas 
de qualificação profissional. As redes federais de educação profissional e 
tecnológica, compostas pelos Institutos Federais, o Colégio Pedro II e o CEFET, 
têm papel central nesse processo, oferecendo formação gratuita, de qualidade e 
articulada às demandas regionais. Além disso, parcerias com o Sistema S 
(SENAI, SENAC, SENAR e SENAT) ampliam a capilaridade das políticas de 
qualificação. 
Um dos grandes desafios da EPT é garantir que sua expansão esteja 
acompanhada da valorização dos docentes e da modernização da infraestrutura. 
 
28 
 
Para Saviani (2022), a formação profissional deve ser compreendida como parte 
de um projeto educacional amplo, que não se limite à inserção no mercado de 
trabalho, mas que promova consciência crítica, autonomia e cidadania. Assim, a 
EPT deve articular saber técnico e saber humano, evitando a fragmentação entre 
formação intelectual e prática. 
A articulação entre ensino médio e educação profissional foi fortalecida 
pela Reforma do Ensino Médio (Lei nº 14.888/2024), que permitiu a oferta de 
itinerários formativos técnicos. Essa integração potencializa o protagonismo dos 
estudantes e amplia as perspectivas de inserção no mundo do trabalho. No 
entanto, sua implementação requer investimentos contínuos em laboratórios, 
equipamentos e capacitação docente, especialmente nas redes públicas. 
Portanto, a Educação Profissional e Tecnológica representa uma ponte 
entre escola, sociedade e economia. Ela contribui para o desenvolvimento 
sustentável e para a inclusão social, promovendo oportunidades concretas de 
mobilidade e inovação. Ao integrar formação acadêmica e técnica, a EPT 
fortalece o princípio constitucional de que a educação deve preparar o cidadão 
para a vida, para o trabalho e para a participação plena na sociedade. 
 
3.5. Políticas de Qualidade e Inovação na Educação 
 
As políticas de qualidade e inovação constituem um eixo transversal das 
políticas públicas educacionais brasileiras. Elas buscam garantir que a expansão 
do acesso ao ensino seja acompanhada pela melhoria dos resultados de 
aprendizagem e pela adoção de práticas pedagógicas inovadoras. A qualidade 
da educação é entendida, conforme a LDB (Lei nº 9.394/1996), como o conjunto 
de condições que asseguram a aprendizagem efetiva, a equidade e o respeito à 
diversidade. 
Segundo Cury (2021), a qualidade da educação deve ser avaliada não 
apenas por indicadores quantitativos, mas também pela relevância social e ética 
do ensino. Nesse sentido, a avaliação educacional, o financiamento adequado e 
a formação docente são dimensões interdependentes.A melhoria da qualidade 
requer políticas consistentes de valorização profissional e de inovação curricular, 
integrando gestão democrática, tecnologias educacionais e práticas 
pedagógicas ativas. 
 
29 
 
A Política Nacional de Educação Digital (Lei nº 14.533/2023) é um marco 
recente no avanço da qualidade e inovação. Ela estabelece diretrizes para o 
desenvolvimento de competências digitais em todos os níveis de ensino e para 
o uso ético e crítico das tecnologias. Essa lei também incentiva a criação de 
ambientes virtuais de aprendizagem, a formação docente em tecnologia e a 
ampliação do acesso à conectividade nas escolas públicas, reduzindo as 
desigualdades digitais. 
Outro eixo relevante é o da inovação pedagógica, que envolve 
metodologias centradas no aluno, como a aprendizagem baseada em projetos, 
o ensino híbrido e o design thinking educacional. Essas práticas estimulam a 
autonomia e a criatividade, aproximando a escola do mundo contemporâneo. A 
BNCC e o Novo Ensino Médio (Lei nº 14.888/2024) já incorporam essas 
abordagens, promovendo a integração entre teoria e prática e o desenvolvimento 
de competências socioemocionais. 
A qualidade educacional também está diretamente relacionada ao 
monitoramento de indicadores, como o IDEB e o PISA (Programa Internacional 
de Avaliação de Estudantes), coordenado pela OCDE. O Brasil tem avançado na 
coleta e uso desses dados para orientar políticas de melhoria do ensino. No 
entanto, ainda enfrenta desafios para transformar resultados em estratégias 
efetivas, especialmente no que se refere à formação continuada e à gestão 
escolar eficiente. 
As políticas de inovação demandam, além de tecnologia, uma cultura 
organizacional aberta à mudança. É fundamental que as escolas desenvolvam 
um ambiente colaborativo, em que professores e alunos participem da 
construção do conhecimento. Programas como o Educação Conectada, do 
MEC, têm fortalecido essa cultura ao promover o uso pedagógico da internet e 
a criação de ecossistemas digitais de aprendizagem. 
Por fim, a busca por qualidade e inovação deve estar alinhada à Agenda 
2030 da ONU, particularmente ao ODS 4 – Educação de Qualidade, que orienta 
os países a garantir educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos. 
Isso exige compromisso político, financiamento sustentável e políticas 
intersetoriais que integrem educação, ciência, cultura e tecnologia. Assim, 
qualidade e inovação não são fins isolados, mas partes integrantes de um projeto 
de transformação social. 
 
30 
 
UNIDADE 4 – DESAFIOS ATUAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS 
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
 
4.1. Equidade e Justiça Educacional 
 
A equidade educacional é um dos maiores desafios das políticas públicas 
brasileiras. Embora o país tenha avançado na ampliação do acesso à escola, as 
desigualdades de qualidade e permanência persistem. O princípio da equidade, 
previsto na Constituição Federal de 1988 e reafirmado pela Lei nº 9.394/1996 
(LDB), exige que as políticas garantam condições justas de aprendizagem para 
todos, levando em conta as diferenças sociais, culturais e regionais. Segundo 
Saviani (2022), a justiça educacional é alcançada quando o sistema escolar 
reconhece e compensa as desigualdades de origem. 
As desigualdades educacionais estão diretamente relacionadas a fatores 
econômicos e territoriais. O Relatório INEP 2024 mostra que alunos de áreas 
rurais e periféricas apresentam desempenho significativamente inferior nas 
avaliações nacionais, devido a carências estruturais e falta de recursos 
pedagógicos. A equidade requer políticas focalizadas de financiamento e apoio 
técnico, como o FUNDEB (Lei 14.113/2020) e o Sistema Nacional de Educação 
(Lei 14.214/2021), que buscam reduzir disparidades entre redes e regiões. 
Outro componente da justiça educacional é o acesso à educação inclusiva 
e de qualidade para grupos historicamente excluídos: pessoas com deficiência, 
comunidades quilombolas, indígenas e populações do campo. O Decreto nº 
10.502/2020 e a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015) consolidam esse 
direito. A inclusão vai além da matrícula; requer práticas pedagógicas acessíveis, 
infraestrutura adequada e formação docente especializada. 
A dimensão racial da desigualdade educacional também é crítica. A 
implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornam obrigatórios os 
estudos da história e cultura afro-brasileira e indígena, é fundamental para 
combater o racismo estrutural. Contudo, muitos currículos ainda tratam esses 
conteúdos de forma marginal. A promoção da equidade racial na educação 
implica revisão curricular, valorização das identidades e políticas afirmativas. 
 
 
31 
 
A questão de gênero também demanda atenção. Pesquisas do IBGE 
(2023) apontam que meninas superam meninos em taxas de conclusão escolar, 
mas ainda há desigualdade na escolha de carreiras científicas e tecnológicas. 
Políticas de incentivo à participação feminina nas áreas de STEM (ciência, 
tecnologia, engenharia e matemática) são essenciais para romper estereótipos 
e promover igualdade de oportunidades. 
Garantir equidade significa assegurar tratamento desigual aos desiguais, 
oferecendo mais a quem mais precisa. Isso exige o fortalecimento de programas 
de correção de fluxo, ampliação do tempo escolar e acompanhamento 
pedagógico individualizado. A justiça educacional só será efetiva quando todos 
os estudantes tiverem acesso às condições reais de aprendizagem e 
desenvolvimento pleno. 
 
 
4.2. Valorização e Formação Docente 
 
A valorização dos profissionais da educação é requisito indispensável 
para a qualidade do ensino. A LDB e o Plano Nacional de Educação (Lei 
13.005/2014) estabelecem diretrizes para formação inicial e continuada, 
remuneração digna e carreira estruturada. Entretanto, a realidade brasileira 
ainda evidencia disparidades salariais e falta de condições adequadas de 
trabalho, sobretudo nas redes municipais. O Piso Nacional do Magistério (Lei 
11.738/2008), atualizado anualmente pelo MEC, é um avanço, mas precisa ser 
complementado por políticas de valorização integral da carreira. 
A formação docente deve articular teoria e prática. A Resolução CNE/CP 
nº 2/2019 define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de 
professores da educação básica, com ênfase no desenvolvimento de 
competências pedagógicas, tecnológicas e éticas. Essa formação deve 
contemplar a diversidade, a inclusão e o uso pedagógico das tecnologias digitais, 
conforme a Lei 14.533/2023. Para Libâneo (2020), o professor é um mediador 
da aprendizagem e um intelectual transformador, não apenas um transmissor de 
conteúdos. 
A formação continuada é fundamental para acompanhar as mudanças 
curriculares e sociais. Programas como o PARFOR (Plano Nacional de 
 
32 
 
Formação de Professores) e o Programa Residência Pedagógica têm 
contribuído para o aperfeiçoamento docente, embora ainda enfrentem limitações 
orçamentárias. A meta 15 do PNE 2014–2024 e o novo PNE 2025–2035 
reforçam a necessidade de formação em serviço, com base em redes 
colaborativas e aprendizagem permanente. 
A valorização simbólica também é essencial. O reconhecimento social da 
docência deve ser fortalecido por campanhas públicas, premiações e políticas 
de bem-estar profissional. Muitos professores enfrentam sobrecarga de trabalho, 
violência escolar e adoecimento mental. O cuidado com a saúde emocional do 
educador é parte integrante da valorização docente e requer políticas 
institucionais de apoio psicossocial. 
Com o avanço tecnológico, surge a necessidade de formação digital dos 
professores. A Política Nacional de Educação Digital (Lei 14.533/2023) 
estabelece programas de capacitação para o uso ético e pedagógico das 
tecnologias. A inserção da inteligência artificial e das plataformas de 
aprendizagem adaptativa nos ambientes escolares demanda competências 
novas e reflexão crítica sobre seus impactosna prática docente. 
Para Cury (2021), a valorização docente é um investimento, não um custo. 
Países com sistemas educacionais bem-sucedidos — como Finlândia e Coreia 
do Sul — têm em comum a valorização e a autonomia profissional do professor. 
No Brasil, essa valorização passa por políticas de carreira estruturadas, salários 
compatíveis e condições de trabalho que permitam planejamento e reflexão. 
Em síntese, a formação e a valorização dos professores são pilares da 
transformação educacional. Nenhuma reforma curricular ou tecnológica 
produzirá resultados duradouros sem o protagonismo docente, sustentado por 
políticas estáveis, continuadas e socialmente reconhecidas. 
 
4.3. Educação e Transformação Digital 
 
A transformação digital é um dos fenômenos mais impactantes das 
políticas públicas educacionais contemporâneas. A rápida evolução tecnológica 
e o avanço da inteligência artificial impuseram novos desafios à educação, 
exigindo o desenvolvimento de competências digitais e o redesenho dos 
ambientes de aprendizagem. No Brasil, a Lei nº 14.533/2023, que institui a 
 
33 
 
Política Nacional de Educação Digital, representa um marco legal nesse 
processo, ao promover a inclusão digital, a capacitação docente e o uso ético 
das tecnologias educacionais. 
A pandemia de COVID-19 (2020–2022) acelerou a adoção de 
metodologias híbridas e plataformas de ensino online, revelando tanto o 
potencial quanto as desigualdades do acesso tecnológico. Enquanto algumas 
escolas adaptaram-se rapidamente, outras enfrentaram dificuldades devido à 
falta de conectividade e infraestrutura. A política digital brasileira busca corrigir 
essas assimetrias, garantindo acesso universal à internet, equipamentos e 
conteúdos digitais acessíveis, conforme diretrizes do MEC e do Comitê Gestor 
da Internet no Brasil (CGI.br). 
De acordo com o Relatório UNESCO 2024, a transformação digital não se 
resume à substituição de práticas tradicionais por ferramentas tecnológicas, mas 
implica uma mudança de paradigma educacional. O foco passa a ser a 
aprendizagem personalizada, colaborativa e baseada em dados. A inteligência 
artificial, por exemplo, permite adaptar conteúdos às necessidades de cada 
aluno, enquanto as plataformas analíticas auxiliam gestores e professores na 
tomada de decisões pedagógicas. 
Entretanto, o uso de tecnologia deve ser acompanhado de reflexão ética 
e crítica. É fundamental discutir questões de privacidade de dados, dependência 
tecnológica e inclusão digital, garantindo que o uso das plataformas respeite a 
legislação vigente, como a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018). 
A alfabetização digital deve incluir, além das habilidades técnicas, a capacidade 
de compreender e avaliar criticamente o impacto das tecnologias na sociedade. 
O papel do professor na era digital é o de mediador e curador do 
conhecimento. A formação docente em tecnologia educacional, prevista na 
Política Nacional de Educação Digital, capacita os profissionais a integrar 
ferramentas digitais de forma criativa e pedagógica. Essa formação valoriza o 
protagonismo do professor e evita a visão tecnicista da tecnologia como mera 
substituição da mediação humana. 
A transformação digital também requer a reformulação da infraestrutura 
física e pedagógica das escolas. Espaços de aprendizagem flexíveis, 
laboratórios maker e ambientes colaborativos favorecem metodologias 
inovadoras e o desenvolvimento de competências do século XXI. Programas 
 
34 
 
como o Educação Conectada e o Computadores para Todos integram essa 
agenda, ampliando o alcance das políticas de inclusão tecnológica. 
Por fim, a transformação digital deve ser compreendida como meio e não 
como fim. A tecnologia deve servir à humanização da educação, fortalecendo a 
autonomia, a criatividade e a empatia. Como destaca Libâneo (2020), a inovação 
pedagógica é mais eficaz quando orientada por valores éticos e pela centralidade 
do aluno como sujeito ativo do processo educativo. 
 
4.4. Sustentabilidade e Educação Ambiental 
 
A educação ambiental é um componente essencial da formação cidadã e 
da construção de sociedades sustentáveis. No Brasil, sua inserção nos 
currículos é garantida pela Lei nº 9.795/1999, que institui a Política Nacional de 
Educação Ambiental, e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (Resolução 
CNE/CP nº 2/2012). A sustentabilidade tornou-se um eixo transversal das 
políticas públicas educacionais, integrando os princípios da Agenda 2030 da 
ONU, especialmente o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 4), que 
busca assegurar educação inclusiva, equitativa e de qualidade. 
A educação ambiental deve ser entendida como um processo contínuo de 
construção de valores e atitudes. Vai além do ensino sobre ecologia ou 
reciclagem, englobando a reflexão sobre consumo, justiça social, biodiversidade 
e uso responsável dos recursos naturais. Conforme Cury (2021), a 
sustentabilidade na educação envolve um compromisso ético com as futuras 
gerações e com o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação ambiental. 
A inserção da temática ambiental na escola requer práticas pedagógicas 
integradoras e interdisciplinares. Projetos como hortas escolares, coleta seletiva 
e uso racional da água contribuem para a formação de uma consciência 
ecológica. A BNCC (Resolução CNE/CP nº 2/2017) também reforça a 
importância da educação ambiental ao incluir a sustentabilidade como um tema 
transversal das competências gerais, relacionando-a ao exercício da cidadania 
e da responsabilidade social. 
A crise climática global trouxe urgência às políticas de educação para a 
sustentabilidade. O Acordo de Paris (2015) e as metas da COP28 (2023) 
 
35 
 
reforçam o papel da educação na mitigação das mudanças climáticas. Nesse 
contexto, o novo PNE 2025–2035 inclui metas específicas para a educação 
ambiental, prevendo formação docente e apoio técnico para o desenvolvimento 
de projetos escolares sustentáveis. 
A sustentabilidade também deve ser incorporada à gestão escolar. 
Escolas sustentáveis adotam práticas de eficiência energética, reaproveitamento 
de recursos e planejamento participativo. A certificação de “Escola Sustentável”, 
promovida pelo MEC, reconhece instituições que integram princípios ambientais 
ao currículo e à gestão, servindo como referência para outras redes de ensino. 
Outro aspecto relevante é a educação ambiental digital, que utiliza 
recursos tecnológicos para promover a conscientização ecológica. Plataformas 
virtuais, aplicativos e jogos educativos têm potencial para ampliar o alcance das 
práticas ambientais, especialmente entre os jovens. Essa integração reforça a 
ideia de que a sustentabilidade deve dialogar com a inovação tecnológica e com 
a transformação digital. 
Assim, a educação ambiental deve ser entendida como parte de um 
projeto civilizatório. Ao formar cidadãos críticos e conscientes de seu papel no 
planeta, a escola contribui para uma cultura de paz e sustentabilidade. Como 
destaca Saviani (2022), a educação para a sustentabilidade é a base para a 
reconstrução ética e social do futuro. 
 
4.5. Perspectivas Futuras: Educação 2035 
 
Pensar o futuro da educação brasileira implica compreender as 
transformações políticas, sociais, tecnológicas e culturais que moldarão as 
próximas décadas. O Plano Nacional de Educação 2025–2035 (em elaboração) 
constitui o principal instrumento de planejamento para o período, definindo metas 
alinhadas à Agenda 2030 da ONU e às tendências globais de inovação e 
equidade. O novo PNE enfatiza a integração entre qualidade, equidade, 
sustentabilidade e transformação digital como eixos estruturantes da política 
educacional. 
As tendências internacionais apontam para uma educação cada vez mais 
personalizada, colaborativa e orientada por competências. Modelos híbridos de 
 
36 
 
aprendizagem, escolas em rede e ensino baseado em projetos estão se

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