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Débora de Jeová Fernandes A INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO REGULAR MOCOCA - SP 2023 FAVENI FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE DÉBORA DE JEOVÁ FERNANDES A INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO REGULAR Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título especialista em EDUCAÇÃO ESPECIAL COM ÊNFASE EM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL MOCOCA - SP 2023 SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 6 2 - CAPÍTULO I – REFERNCIAL TEÓRICO .................................................................... 6 CONCEITOS DE DEFICIÊNCIA ..................................................................... 6 2.1 - A SÍNDROME DE DOWN ..................................................................................... 7 2.2 - A SÍNDROME DE DOWN NA HISTÓRIA ............................................................. 8 2.3 - O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN ............... 9 2.4 - A INCLUSÃO ESCOLAR .................................................................................... 11 3 - CAPÍTULO II – MÉTODO DE PESQUISA ................................................................ 12 4 - CAPÍTULO III – A INCLUSÃO DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NA ESCOLA REGULAR ...................................................................................................... 13 4.1 – A PRÁTICA DOCENTE NA INCLUSÃO ESCOLAR DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN .............................................................................................. 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 17 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 18 A INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO COM SINDROME DE DOWN NO ENSINO REGULAR Débora de Jeová Fernandes1, Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho. Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). RESUMO – Este estudo propõe uma análise aprofundada sobre a relevância da inclusão de alunos com Síndrome de Down no ambiente educacional regular, visando assegurar sua formação integral e desenvolvimento pleno. Embora o desenvolvimento e a aprendizagem possam ocorrer em um ritmo mais gradual em comparação com o padrão considerado convencional, resultados notáveis são alcançados quando há estímulo adequado. Este trabalho busca destacar a importância não apenas da inclusão, mas também do estímulo personalizado como uma abordagem fundamental para maximizar o potencial educacional desses alunos. Destacam-se as bases legais que respaldam a inclusão na educação, com uma análise aprofundada dos principais aspectos jurídicos, notadamente a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394/96 de 1996. Este estudo também propõe uma reflexão sobre a prática docente no contexto educacional inclusivo, enfatizando a necessidade de uma formação continuada e sensibilidade por parte dos professores. Esses profissionais devem desenvolver as atividades de modo a valorizar o aluno, evitando estigmatizações associadas à sua deficiência. O resultado deste trabalho evidencia a importância de proporcionar uma educação de qualidade que não apenas integre, mas inclua efetivamente o aluno com Síndrome de Down. É crucial que as instituições escolares se reorganizem, oferecendo condições não apenas de acesso, mas também de permanência para alunos com necessidades educacionais especiais em seu ambiente, adaptando-se ao aluno. Essa abordagem busca não apenas a integração, mas a real inclusão, reconhecendo e atendendo às singularidades de cada estudante. PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Down. Educação. Inclusão. Deficiência 1 debora.deborafer2019@gmail.com 1 - INTRODUÇÃO O presente trabalho fundamenta-se em pesquisa bibliográfica e tem como propósito a compreensão de diversos aspectos relacionados à Síndrome de Down, abrangendo temas como a ocorrência da diferenciação genética, características específicas da síndrome, o desenvolvimento da criança e a inclusão escolar. Para alcançar esse objetivo, foram consultados autores especializados na temática da inclusão escolar e da Síndrome de Down. Nessa perspectiva, identificamos que a Síndrome de Down, também conhecida como trissomia do cromossomo 21, é uma alteração genética resultante da presença de um cromossomo adicional no par 21. Importante ressaltar que a Síndrome de Down não é uma doença em si, embora possa acarretar complicações de saúde, sendo as mais comuns relacionadas ao sistema cardíaco. Vale destacar que não existe um tratamento direto para a síndrome, mas sim para as questões de saúde correlatas. Segundo a pesquisa em questão, a deficiência intelectual está presente em todos os casos de Síndrome de Down, e, de maneira geral, as características físicas são bastante similares, podendo ser identificadas desde o nascimento. Diante desse contexto, torna-se evidente a necessidade de estímulos e atendimento especializado para o desenvolvimento dessas crianças, cujo ritmo de aprendizado costuma ser mais gradual em comparação com crianças que seguem padrões considerados "normais". Nesse sentido, é imperativo que a escola proporcione condições ideais de aprendizagem, acesso e permanência na educação para esse grupo diversificado, pois, apesar de aparentemente homogêneo, apresenta singularidades que demandam abordagens educacionais adaptadas. O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicos ou culturais e crianças de outros grupos e zonas desfavorecidos ou marginalizados. (Brasil, 1997, p.17 e 18). Nessa perspectiva, educação e inclusão são práticas indissociáveis; contudo, ainda hoje, geram discussões acaloradas em torno da implementação efetiva da prática escolar inclusiva e dos desafios inerentes ao processo de ensino-aprendizagem das crianças com necessidades educacionais. No âmbito desse debate, a criança com Síndrome de Down, historicamente rotulada como "mongoloide" ou "deficiente mental", é agora reconhecida como um indivíduo que, apesar das diversas capacidades intelectuais, requer atendimento especializado para desencadear seu potencial máximo. Neste contexto, é incumbência do Estado assegurar esse processo por meio de suas leis, consolidando o compromisso com a promoção de uma educação inclusiva e equitativa. DESENVOLVIMENTO 2 -CAPÍTULO I – REFERNCIAL TEÓRICO CONCEITOS DE DEFICIÊNCIA O Decreto nº. 3.298 de 1999 da legislação brasileira conceitua a pessoa com deficiência sendo aquela que possui alguma perda ou anormalidade de ordem física, anatômica ou psicológica. Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se: I – deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II – deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III – incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar social e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Nesse contexto, podemos definir o termo "deficiência" como qualquer perda ou anormalidade nas estruturas ou funções fisiológicas, psicológicas ou anatômicas de um indivíduo, capaz de resultar em limitações ou incapacidades no desempenho convencional de atividades específicas. As pessoas com deficiência formam um grupo heterogêneo, composto por indivíduos portadores de deficiências físicas, mentais, sensoriais, visuais ou múltiplas deficiências (duas ou mais deficiências). Nesse sentido, torna-se imperativo considerar a diversidade dessas necessidades para desenvolver ações que sejam pertinentes e eficazes. 2.1 - A SÍNDROME DE DOWN A Síndrome de Down figura entre os transtornos globais mais frequentes, sendo que no Brasil, a cada 700 nascidos vivos, um indivíduo nasce com essa síndrome. A trissomia do cromossomo 21, uma alteração genética resultante da presença de um cromossomo adicional no par 21, confere às pessoas com Síndrome de Down um total de 47 cromossomos, em contraste com a maioria da população, que carrega 46. É crucial compreender que a Síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma condição genética que acarreta, entre outros aspectos, deficiência intelectual. Ademais, os problemas de saúde associados não ocorrem de maneira uniforme, nem de forma obrigatória. Podem incluir defeitos cardíacos, questões sanguíneas (como anemia, policitemia, leucemia), problemas auditivos, maior propensão à pneumonia, hipotireoidismo, distúrbios de visão, apneia do sono, alterações dentárias, complicações na coluna, entre outros. Figura 01: Cariótipo do indivíduo com Síndrome de Down. Fonte: Google imagens. O diagnóstico da Síndrome de Down pode ser realizado durante a gestação, por meio de um exame de ultrassom morfológico realizado entre a 11ª e a 14ª semana, que avalia a translucência nucal, uma medida na região da nuca do feto. No entanto, a confirmação ocorre por meio de exames de amniocentese e biópsia do vilo corial. Após o nascimento, é possível realizar um exame clínico do cariótipo para confirmar ou descartar a presença da Síndrome de Down. Entre as principais características físicas associadas à síndrome estão raiz nasal achatada, baixa estatura, mãos pequenas e dedos curtos, hipotonia muscular, língua protrusa, prega palmar única (prega simiesca), olhos amendoados com linha ascendente, dobras da pele nos cantos internos, pescoço curto e manchas de Brushfield na íris, entre outros (GRIFFITHS, 2006, citado por CASTRO, FERRARI, 2013). Além disso, alguns indivíduos com Síndrome de Down podem enfrentar dificuldades na linguagem, mas é importante ressaltar que a deficiência intelectual é uma das características mais presentes, variando de leve a severa. Infelizmente, essa variação muitas vezes leva a conclusões equivocadas, rotulando as crianças com essa síndrome como "incapazes" de aprender e desenvolver autonomia intelectual, afetiva e social. Em geral, as crianças com Síndrome de Down apresentam fenótipos semelhantes, e tais características podem ser observadas desde o nascimento. Quanto ao comportamento e desenvolvimento, não há um padrão previsível, uma vez que ambos não dependem exclusivamente da alteração cromossômica, mas também envolvem outros fatores como potencial genético, condições socioeconômicas, entre outros. 2.2 - A SÍNDROME DE DOWN NA HISTÓRIA A trajetória histórica da Síndrome de Down (SD) remonta a períodos distantes, conforme Schwartzman (1999) destaca. Em sociedades antigas, como na Idade Média, crianças nascidas com anomalias eram frequentemente consideradas fruto de uniões demoníacas, resultando em seu abandono e eventual morte, pois eram percebidas como uma ameaça à sociedade. Por volta de 1500 a.C. a 300 d.C., na região do Golfo do México, os Olmecas, uma civilização antiga, retrataram em sua cultura, por meio de desenhos e esculturas, pessoas com Síndrome de Down, destacando suas características físicas distintas em relação ao povo Olmeca (SCHWARTZMAN, 1999, p. 3). Segundo Werneck (1995), a história oficial da Síndrome de Down teve início no século XIX. Até então, pessoas com deficiência intelectual eram tratadas como um grupo homogêneo, recebendo cuidados, medicações e tratamentos similares, pois as causas e particularidades de cada deficiência não eram devidamente consideradas. Foi somente em 1866 que o médico pediatra britânico John Langdon Down descreveu pela primeira vez as características distintivas das pessoas com Síndrome de Down. Ele notou semelhanças em algumas crianças, filhas de pais europeus, com características próprias da população da Mongólia. Como forma de reconhecimento, a síndrome recebeu o nome de um de seus sobrenomes. “Down acreditava que a condição que agora chamamos de síndrome de Down era um retorno a um tipo racial mais primitivo. Ao reconhecer nas crianças afetadas uma aparência oriental, Down criou o termo “mongolismo” e chamou a condição, inadequadamente de “idiota mongoloide”. Hoje sabemos que as implicações raciais são incorretas. Por essa razão e também por causa das conotações étnicas negativas dos termos mongol, mongoloide e mongolismo, terminologia desse tipo deve ser definitivamente evitada”. (SIEGFRIED,1993, p. 48 e 49). Em 1959, Jerôme Lejeune revelou uma descoberta crucial ao identificar que a origem da Síndrome de Down é de natureza genética. Até então, o entendimento sobre a síndrome estava restrito apenas às observações das características que a indicavam. 2.3 - O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN O desenvolvimento de uma criança é influenciado por diversos fatores, que podem se originar no âmbito social, econômico ou genético. No caso da criança com Síndrome de Down, essa dinâmica não é exceção, pois geralmente seguem um padrão, embora em um ritmo mais gradual. Segundo Holle (1979) observa, indivíduos com a síndrome costumam apresentar estatura menor e um desenvolvimento físico e mental mais tardio em comparação com seus pares sem a síndrome. Além disso, o desenvolvimento motor e da linguagem também sofre atrasos notáveis. Nesse contexto, a estimulação precoce da criança com Síndrome de Down pode resultar em impactos positivos significativos em seu desenvolvimento psicomotor, proporcionando maiores chances de progresso. Bebês com a síndrome frequentemente exibem uma diminuição do tônus muscular (hipotonia), devido à imaturidade do sistema nervoso central, tornando a fisioterapia uma aliada valiosa no processo de desenvolvimento, incluindo habilidades como segurar a cabeça, sentar, engatinhar, ficar de pé e andar. O desenvolvimento motor não é restrito apenas à maturação do sistema nervoso; ele é também moldado por fatores comportamentais e ambientais. Ao nascer, a criançaainda não tem seu Sistema Nervoso Central totalmente desenvolvido. Sua interação com o mundo, percebido pelos sentidos, cria uma dinâmica de aprendizado que facilita sua adaptação contínua ao meio em que vive, conforme destaca Goldberg (2002). Ainda persiste atualmente uma concepção equivocada de que todas as crianças com Síndrome de Down (SD) se desenvolvem de maneira idêntica, apresentando as mesmas limitações cognitivas, motoras e orgânicas. No entanto, sabemos que cada pessoa, com ou sem síndrome, possui condições de desenvolvimento singulares. Embora as pessoas com SD possam levar uma vida normal e desempenhar tarefas cotidianas como qualquer outra, é inegável que apresentam algumas limitações, muitas vezes necessitando de apoio para a aprendizagem. Vale ressaltar que, por meio de estímulos apropriados, essas pessoas têm o potencial de se desenvolver de maneira plena (SCHWARTZMAN, 1999). Mesmo diante de extensos estudos e experiências acumuladas ao longo dos anos, ainda não podemos determinar com precisão o nível de desenvolvimento e autonomia que uma criança alcançará na vida adulta. Contudo, há um consenso entre os profissionais envolvidos no acompanhamento da saúde e educação de crianças com SD quanto à importância da qualidade de vida e autonomia do sujeito, especialmente diante de estímulos precoces e inclusão social. Assim, a família desempenha um papel fundamental ao oferecer oportunidades para que a criança realize tarefas cotidianas de forma independente, como tomar banho, preparar seu próprio lanche ou arrumar o quarto. No entanto, é crucial respeitar as limitações individuais e, ao mesmo tempo, desenvolver as habilidades e potencialidades específicas de cada criança com SD. 2.4 - A INCLUSÃO ESCOLAR A exclusão de pessoas com deficiência, ou mesmo aquelas que apresentam características consideradas diferentes do padrão socialmente aceito, tem raízes profundas na história. No início do século XX, essa exclusão se consolidou com o surgimento de instituições específicas, como escolas de educação especial e centros de reabilitação, que retiravam essas pessoas do convívio social. Uma mudança nesse cenário começou a ocorrer no final da década de 60, impulsionada por movimentos que buscavam a inserção de pessoas com deficiência na educação, esporte e lazer, rompendo com a ideia de segmentação (SAAD, 2003). Inicialmente, a inserção das pessoas com deficiência na sociedade era abordada sob a perspectiva de integração, buscando sua reabilitação para que pudessem participar plenamente da vida social. Nesse contexto, a responsabilidade recaía sobre a pessoa em se adaptar à sociedade, e não o contrário. A partir dos anos 80, surgiu o movimento de inclusão, liderado por intelectuais, pessoas com deficiência, familiares e apoiadores, uma vez que a integração se mostrou insatisfatória diante da persistente discriminação (SAAD, 2003). Em 1994, durante a Conferência Mundial da UNESCO sobre Necessidades Educacionais Especiais, o movimento pela educação inclusiva ganhou destaque global. A educação passou a ser encarada como uma questão de direitos humanos, demandando uma reavaliação das escolas e da educação, bem como a implementação de ajustes para assegurar que todos os indivíduos com deficiência ou necessidades especiais pudessem participar plenamente das instituições educacionais (KARAGIANNIS; STAINBACK, W.; STAINBACK, S., 1999). Nessa mesma conferência, a Declaração de Salamanca foi elaborada, oferecendo diretrizes essenciais para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais alinhados com o movimento de inclusão social. Conforme a Declaração de Salamanca: Cada criança tem o direito fundamental à educação, e deve ter a oportunidade de conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem; cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias; os sistemas de educação devem ser planejados e os programas educativos implementados tendo em vista a vasta diversidade destas características e necessidades; as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades; as escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação adequada à maioria das crianças e promovem a eficiência, numa ótima relação custo qualidade de todo o sistema educativo (BRASIL, 1994, p.8-9). No Brasil, a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 são exemplos de legislação que respaldam o direito à educação para todos. Essas leis conferem preferência ao atendimento de pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares de ensino. No entanto, é importante observar que essa legislação não estabelece a obrigatoriedade do ensino regular para essas pessoas e até contempla a possibilidade de escolarização em outros contextos, conforme destacado por Mendes (2006). 3 - CAPÍTULO II – MÉTODO DE PESQUISA O presente trabalho foi concebido a partir de uma pesquisa bibliográfica, na qual a utilização de textos, leitura e reflexão sobre os temas relacionados foram fundamentais para dar suporte à sua elaboração. A abordagem adotada é qualitativa exploratória, visando compreender os fenômenos em seu caráter subjetivo, sem a intenção de medir, enumerar ou quantificar os resultados, tampouco utilizando estatísticas como método de estudo da problemática. O objetivo é alcançar uma compreensão profunda das análises variáveis, a descrição de hipóteses e o levantamento de dados relacionados à compreensão comportamental. Segundo Gil (2007, p. 17), a pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem como propósito fornecer respostas para os problemas propostos, tornando-se, assim, um meio de investigação em busca de soluções para uma questão específica. Nesse contexto, é crucial delimitar o tema e as hipóteses da pesquisa. Lakatos e Marconi (2009) destacam que toda pesquisa deve ter um objetivo bem definido para orientar o que será procurado e o que se pretende alcançar. Os métodos empregados para conduzir esta pesquisa envolveram a definição do tema, a delimitação do problema, a seleção bibliográfica, a leitura dos materiais escolhidos e a exposição dos resultados obtidos. 4 - CAPÍTULO III – A INCLUSÃO DO ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NA ESCOLA REGULAR Os avanços nos tratamentos, especialmente na cirurgia cardíaca, contribuíram para o notável aumento na expectativa de vida das pessoas com Síndrome de Down a partir da segunda metade do século XX. Esse progresso impulsionou a implementação de programas educacionais focados na autonomia, qualidade de vida e futuro profissional dessas pessoas. A conscientização da sociedade sobre a valorização da diversidade humana e a garantia de igualdade de oportunidades desempenham um papel crucial na promoção da inclusão. Uma escola inclusiva, que respeita as diferenças e reconhece as necessidades e potencialidades dos alunos, é fundamental para construir a consciência de cidadania. A escola, enquanto espaço de interação, convivência e aprendizagem, desempenha um papel crucial na construção da consciência de cidadania. Uma escola inclusiva, nesse sentido, respeita as diferenças, acolhe a diversidade e reconhece as necessidades e potencialidades dos seus alunos, proporcionando suporte e igualdade de oportunidades para todos (BRASIL, 2004). A educação tem, nesse cenário, papel fundamental, sendo a escola o espaço no qual se deve favorecer, a todos os cidadãos, o acesso ao conhecimento e o desenvolvimentode competências, ou seja, a possibilidade de apreensão do conhecimento historicamente produzido pela humanidade e de sua utilização no exercício efetivo da cidadania. (BRASIL, 2004, p. 7). Figura 02: Aluno com Síndrome de Down. Fonte: Google imagens. A educação inclusiva busca promover a interação entre todos os envolvidos, acolhendo a diversidade sem exceção e possibilitando a integração plena com o outro (CAVALCANTE, 2005). No âmbito da inclusão, a participação na sociedade é estendida a todos, respeitando suas respectivas diferenças. No caso específico das crianças com Síndrome de Down, o processo de inclusão preconiza que, preferencialmente, elas sejam matriculadas em escolas e classes regulares desde os primeiros anos de vida, permitindo que compartilhem experiências com outras crianças que não possuem a síndrome. Esta abordagem visa proporcionar um ambiente inclusivo e enriquecedor para o desenvolvimento de todos os estudantes, alinhando-se com os princípios estabelecidos pela Lei 13.146/2015. Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurando sistema educacional inclusivo em todos os níveis de aprendizado ao longo da vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem (BRASIL, 2015). A Declaração Universal dos Direitos Humanos assegura o direito à educação, destacando a necessidade de proporcionar acesso à educação para todos. No âmbito nacional, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 206, preconiza a "igualdade de condições de acesso e permanência na escola", tornando responsabilidade do Estado garantir a oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE), preferencialmente na rede regular de ensino. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) reforça o direito à educação e à matrícula de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, priorizando a inclusão na rede regular de ensino. Uma educação de qualidade proporciona benefícios ao longo da vida, e para aqueles que possuem a Síndrome de Down, não é diferente. Além de oferecer condições para a aquisição de conhecimentos curriculares, a escolarização contribui para o desenvolvimento das áreas psicoafetivas e de socialização. A convivência entre pessoas com diferentes especificidades dentro da escola regular torna-se um fator crucial no processo de ensino e aprendizagem. 4.1 – A PRÁTICA DOCENTE NA INCLUSÃO ESCOLAR DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN Assim como qualquer outro aluno, aquele com Síndrome de Down possui potencialidades que precisam ser desenvolvidas. Nesse contexto, o papel do professor se torna crucial no processo de aprendizagem. A formação continuada deve ser uma constante na vida profissional do educador, e a escola deve oferecer meios para oportunizar esse desenvolvimento, visando beneficiar os alunos com atendimento especializado. Contudo, ainda é evidente a falta de preparo de muitas escolas e profissionais da educação para receber e oferecer condições adequadas de aprendizagem aos alunos com necessidades educacionais. Além disso, muitos pais enfrentam desafios ao não enxergarem seus filhos com deficiência como capazes de se desenvolver e aprender, perpetuando a visão distorcida no contexto de inclusão, o que acaba por prejudicar a criança ao limitar seu potencial. Os fatores cruciais para uma verdadeira inclusão na educação passam pela consciência da plasticidade do cérebro em todas as crianças, o planejamento diário de atividades, a cooperação, a execução de propostas lúdicas e a diversidade de materiais, entre outros. Propostas como as de Reis e Silva (2011) sugerem que: O professor deve, portanto, aprimorar conhecimentos sobre como lidar com as características individuais (habilidades, necessidades, interesses, experiências, etc.) de cada aluno, a fim de planejar aulas que levem em conta tais informações e necessidades. (REIS e SILVA, 2011, p. 11). Nesse contexto, um tema que merece constante debate é a formação do professor para lidar com alunos que possuem necessidades educacionais especiais. Segundo Almeida (2007, p.336), "formar o professor é muito mais do que informar e repassar conceitos; é prepará-lo para um outro modo de educar, que altere sua relação com os conteúdos disciplinares do educando." Sob essa perspectiva, Xavier (2002) enfatiza que: A construção da competência do professor para responder com qualidade às necessidades educacionais especiais de seus alunos em uma escola inclusiva, pela mediação da ética, responde à necessidade social e histórica de superação das práticas pedagógicas que discriminam, segregam e excluem, e, ao mesmo tempo, configura, na ação educativa, o vetor de transformação social para equidade, a solidariedade, a cidadania. (XAVIER, 202, p. 19). O professor desempenha um papel fundamental no processo de inclusão, assim como a escola como um todo e toda a comunidade escolar. A inclusão do aluno com necessidades educacionais especiais vai além da sua permanência junto aos demais alunos; implica numa reorganização do sistema educacional, na revisão de concepções e paradigmas educacionais. Isso possibilita o desenvolvimento cultural, social e cognitivo do aluno, respeitando suas especificidades e atendendo suas reais necessidades (GLAT e NOGUEIRA, 2002). No processo educativo dos alunos com necessidades especiais, o papel da família e da escola é de extrema importância. É necessário garantir que a aprendizagem ocorra de maneira ética, democrática e cidadã. Portanto, cabe aos profissionais da educação dar o primeiro passo para que a parceria entre a escola e a família ocorra de forma efetiva. Na construção de uma sociedade inclusiva, é preciso, antes de qualquer coisa, uma mudança no pensamento das pessoas e na estrutura da sociedade. Isso requer tempo, sendo a própria família o elemento que desencadeará essa transformação, influenciando, por consequência, a sociedade como um todo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre as contribuições deste trabalho, destaca-se a abordagem da Síndrome de Down, um dos transtornos globais mais comuns no Brasil, caracterizado como uma condição genética que pode resultar em desafios de saúde e deficiência intelectual. Contudo, observamos que a inclusão de alunos com Síndrome de Down no ensino regular revela-se benéfica, promovendo ganhos no desenvolvimento cognitivo e social, tanto para as crianças com deficiência quanto para aquelas sem. No entanto, esse processo ainda é percebido como um desafio significativo para as escolas e professores. A legislação respalda a inclusão escolar, mas não a torna obrigatória, deixando espaço para que alunos com necessidades educacionais especiais permaneçam em escolas exclusivas para educação especial. Diante desse cenário, há um longo caminho a percorrer para efetivar a educação inclusiva. Assim, cabe às escolas agir de maneira proativa, aceitando e integrando os alunos em seu ambiente, valorizando e aceitando suas diferenças, partindo do pressuposto de que a diversidade é inerente a todos. Nesse sentido, é imperativo uma mudança de paradigmas no modelo educacional, buscando oferecer uma educação fundamentada na cidadania e equidade. Reconhecendo que teoria e prática são complementares, é evidente que a falta de conhecimento teórico pode limitar e prejudicar a transformação no atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais. Portanto, a pesquisa enfatiza que a atuação docente desempenha um papel crucial no processo de inclusão, sendo essencial que os professores ampliem seus conhecimentos e continuem a investir em sua formação, uma vez que os saberes teóricos fundamentam suas ações e planejamentos.REFERÊNCIAS ALMEIDA, Dulce Barros de et al. 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