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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL – INPI JVG COMÉRCIO E MANUTENÇÃO ELÉTRICA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 11.263.777/0001-65, já qualificada nos autos do processo administrativo em epígrafe, não se conformando com o indeferimento do pedido de registro de marcas, publicado na RPI 2751, de 26 de setembro de 2023, vem perante Vossa Excelência, por meio de seu procurador signatário interpor o presente RECURSO, pelo que passa a expor e ao final requerer o quanto segue: Consoante se depreende da decisão em apreço, o pedido de registro da marca “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS” fora indeferido com fulcro no inciso XIX do artigo 124 da LPI considerando-se, para tanto, os processos n. 912319259, da marca ALPHAGARY, e 825894204, da marca ALFA, além, com registros em classes de produtos com suposta afinidade mercadológica1: 1 Art. 124 - Não são registráveis como marca: XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia Processo: 927647370 Marca: “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS” Apresentação: Mista Classe: NCL (11) 19 Indeferimento: RPI 2751 de 26/11/2023 I - DA DECISÃO RECORRIDA Considerando que já analisados os critérios de liceidade, veracidade e distintividade da Recorrente, sem menoscabo aos argumentos trazidos na decisão recorrida, entende a recorrente que marca proposta apresenta TODOS os requisitos de registrabilidade, senão vejamos: A empresa JVG COMÉRCIO E MANUTENÇÃO ELÉTRICA LTDA foi fundada em 01/10/2011, com o objetivo de atuar no ramo de fabricação, instalação, manutenção e comércio de aparelhos e equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica, bem como de máquinas, aparelhos e materiais elétricos em geral. A empresa possui um quadro de funcionários qualificados e experientes, que realizam serviços de engenharia elétrica com qualidade e segurança. A empresa conta ainda com uma loja de materiais elétricos, onde oferece produtos das melhores marcas do mercado. A empresa possui as seguintes atividades econômicas principais e secundárias: Fabricação de aparelhos e equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica (CNAE 27.31-7-00); Manutenção e reparação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos não especificados anteriormente (CNAE 33.13-9-99); Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos para uso geral não especificados anteriormente (CNAE 33.14-7-10); Instalação e manutenção elétrica (CNAE 43.21-5-00); Comércio varejista de material elétrico (CNAE 47.42-3-00); Reparação e manutenção de equipamentos eletroeletrônicos de uso pessoal e doméstico (CNAE 95.21-5-00). II - DA RECORRENTE A empresa possui um site institucional ( http://alphaeletrica.ind.br/ ), onde divulga seus serviços, projetos, clientes e parceiros, como podemos perceber: A empresa também possui uma página no Facebook ( https://www.facebook.com/people/Alpha-Automa%C3%A7%C3%A3o-de- http://alphaeletrica.ind.br/ https://www.facebook.com/people/Alpha-Automa%C3%A7%C3%A3o-de-Sistemas/100071175793882/ Sistemas/100071175793882/ ), onde interage com seus seguidores, compartilha novidades, dicas e promoções. A empresa é reconhecida no mercado pela sua competência, seriedade e comprometimento com a satisfação dos seus clientes. A empresa busca constantemente aprimorar seus processos, investir em tecnologia e inovação, e oferecer soluções personalizadas para cada necessidade. Nesse sentido, buscando a proteção legal, a marca de natureza mista “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS” foi legalmente depositada em nome da RECORRENTE em 12 (doze) Classes nesta Autarquia, visando a proteção total das atividades de produtos e serviços, bem como resguardar a segurança de utilização do conjunto da marca, conforme podemos perceber: https://www.facebook.com/people/Alpha-Automa%C3%A7%C3%A3o-de-Sistemas/100071175793882/ Aqui queda-se o primeiro ponto de análise, no sentido de apontar que dos depósitos 04 (quatro) foram concedidos, sendo que a depositante, ora Requerente efetuou todos os processos de registro visando a proteção integral de seu modelo de negócio, especificando em cada Classe um produto e/ou serviço próprio, visando assim, assegurar os direitos de propriedade sobre o nome e figura da marca “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS” de forma completa. Na Classe NCL (11) 19 para assinalar suas especificações como “Painéis elétricos [não metálicos]; - Postes não metálicos para linhas de transmissão de energia”. Portanto, trata-se a RECORRENTE de pessoa legitimada a requerer registro de marca na classificação internacional escolhida, conforme Lei nº 9.279: “Art. 128 - Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou de direito privado. II.I – DAS ESPECIFICAÇÕES DO PROCESSO Parágrafo 1o.- As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativo à atividade que exerçam efetiva e licitamente, de modo direto ou através de empresas que controlem direta ou indiretamente, declarando, no próprio requerimento, esta condição, sob as penas da lei.” Por fim, sinala que a RECORRENTE espera o provimento do presente processo de registro de marcas para poder atuar na área a qual assinalou em suas especificações, anteriormente detalhadas. Todo depósito de pedido de registro de marca é precedido de uma criteriosa análise, que objetiva identificar se o signo pretendido preenche ou não os requisitos de registrabilidade. São vários filtros, que vão desde a direta e objetiva análise de liceidade e veracidade da marca, quanto a análise, mais subjetiva, do grau de distintividade e disponibilidade. Além da legislação aplicável a espécie, os precedentes do próprio INPI são fundamentais para conferir segurança jurídica ao crivo de registrabilidade de um signo marcário, validando e servindo de regra e guia aos depósitos de marcas. Inobstante as avaliações de registrabilidade sejam adjetivadas pela subjetividade, sempre se busca uma segurança relativa nos precedentes do próprio INPI que, de ordinário, representa a orientação e entendimento do Instituto em casos análogos. É importante mencionar, que antes de pleitear a proteção marcaria auferida, a Requerida realizou uma busca criteriosa no banco de dados do Instituto de Propriedade Industrial - INPI, e somente realizou o depósito da sua marca, após certificar-se de estarem presentes todos os requisitos exigidos em lei a respeito da registrabilidade do seu sinal distintivo. III. NO MÉRITO III. I - DOS PARADIGMAS E DA SEGURANÇA JURÍDICA Desta forma, o que se espera, é que as decisões futuras guardem relação com as antigas, estabilizando o sistema, com fulcro no princípio da confiança, já que os precedentes causam expectativas legítimas aos usuários. Neste sentido, a decisão de indeferimento da marca: ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, sob a alegação de que ela reproduz ou imita, em todo ou em parte marca alheia registrada, destoa de diversos outros registros semelhantes concedidos por este órgão federal, e merece ser afastada, conforme restará demonstrado. Na decisão que indeferiu o presente processo de registro, a Julgadora entendeu que a Recorrente atendeu aos requisitos de “liceidade, veracidade e distintividade”. Apontamento este acertado, haja vista que quando do depósito, foram verificadas todas os requisitos formais objetivos e subjetivos para o depósito. Ora, quando se há de analisar a disponibilidade do conjuntomarcário, não se pode apenas quedar-se a verificar se há um elemento de conjunto em caráter de colidência, ainda mais em marcas amplamente diluídas perante o consumidor, bem como nesta Autarquia. ALPHA, por si, não pode gerar efeito de colidência nos termos do artigo 124, XIX, da LPI, caso não incida em COLIDÊNCIA TOTAL. Isso porque, quando se pesquisa a radical ALPHA nas consultas do INPI, mesmo na “EXATA”, existem 146 (cento e quarenta e seis) processos: E desses 146 (cento e quarenta e seis), são 23 (vinte e três) deferidos: III.II – DA DISPONIBILIDADE DO CONJUNTO “ALPHA AUTOMAÇÃO” Nesse sentido, quando se busca por ALPHA, na “Radical”, são apontados 4114 (quatro mil cento e quatorze) processos depositados: Assim, não há razão para apontar com exatidão o número exato de processos deferidos com esta radical, apenas apontar o número expressivo de depósitos de pedidos envolvendo a mesma expressão “ALPHA”. Claro que com essa evidente diluição da expressão, há de se analisar a DISPONIBILDIADE de conjuntos marcários para assinalar produtos e/ou serviços, e, para isso, se pesquisa o radical “ALPHA AUTOMAÇÃO”: Nessa pesquisa, mesmo na “Radical”, pode se perceber que não há qualquer outro pedido envolvendo essas palavras, para além da Recorrente: São os mesmos 12 (doze) processos depositados pelo Recorrente, conforme supramencionado no tópico “II - DA RECORRENTE”. Portanto o radical ALPHA AUTOMAÇÃO é completamente disponível, não podendo o julgador quedar-se a analisar tão somente o “ALPHA”, eis que este é diluído perante o consumidor, bem como nesta Autarquia. Além disso, por fim, assinala que o complemento ao radical ora em debate, seja ele “DE SISTEMAS ELÉTRICOS” é apenas um direcionamento aos serviços apresentados ao consumidor, sendo esta parte genérica e descritiva, apenas servindo para assinalar os serviços, complementando a forma de apresentação da marca. Outrossim, ressalvadas as particularidades e peculiaridades de cada processo de registro, entende a Requerente pela aplicação do princípio da isonomia dos julgamentos, aplicando a este caso a especialidade das marcas, bem como a análise do conjunto figurativo e nominativo do radical próprio para assinalar seus produtos e serviços. O Manual de Marcas desse Instituto, em seu item 5.9.1, estabelece que a apreciação de uma possível colidência “leva em conta a capacidade distintiva do conjunto em exame, inibindo a apropriação a título exclusivo de III.III - ANÁLISE DOS CONJUNTOS DE MARCAS COMO UMA TOTALIDADE INDIVISÍVEL E COM DISTINÇÃO SUFICIENTE ENTRE ELES sinais genéricos, necessários, de uso comum ou carentes de distintividade em virtude da sua própria constituição” (grifou-se). Trata-se de uma análise do conjunto marcário como um todo, o tout indivisible, do direito francês. Isso quer dizer que os elementos das marcas não devem ser analisados em sua individualidade, mas sim o conjunto marcário como um todo. Clóvis da COSTA RODRIGUES, citando as decisões do CPI/45, ensinava o seguinte: “b) De mais a mais, em se tratando de examinar se uma marca imita a outra, devem as duas ser apreciadas conforme a impressão de conjunto deixada no observador. Um ou outro elemento isolado da marca não influi, se se encontra basicamente diferenciada a impressão do conjunto. c) A marca dessa Requerente nº 25.545, de 1928, cuja cópia se anexa, é complexa, formada pelos vários elementos ali descritos, constituindo um conjunto, do qual não pode sua propriedade destacar qualquer dos elementos que o constituem, e elegê-lo, a seu critério, como sendo elemento essencial e característico de sua marca; quando, em verdade, o que a deve caracterizar é a fisionomia do conjunto, o seu aspecto geral, jamais esse ou aquele dos seus elementos componentes considerados isoladamente.”2 No mesmo sentido, na percepção quase poética de MERLEAU-PONTY, na análise entre dois objetos: “não percebemos de início as folhas, depois a árvore; não ouvimos inicialmente as notas, depois a melodia; é o conjunto da árvore ou da melodia que é inicialmente percebida; e é nele [o conjunto] que aprendemos a distinguir as folhas ou as notas”3. Feitas tais considerações, a análise da distintividade entre as marcas aqui em exame não deve ser feita em suas minúcias, em seus detalhes separadamente considerados, mas sim analisando-se o seu todo, toda a impressão do conjunto perante o consumidor. É que, ao deferir o registro de uma marca, o que o INPI faz não é conceder a exclusividade de utilização de cada um de seus elementos individualmente considerados, mas sim a exclusividade de utilização de todo aquele conjunto, como um todo, incluídos os elementos nominativos, figurativos, disposição espacial, jogo de cores, tipografia utilizada etc. 2 RODRIGUES, Clóvis da Costa. Concorrência Desleal, Rio de Janeiro: Peixoto, 1945, p. 201 3 MERLEAU-PONTY, Phénomélogie de la Perception. Paris: Gallimard, 1945, p. 46 O próprio Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de enfrentar o tema, deixando claro que a análise de distintividade não pode ignorar o conjunto marcário como um todo: “(...) 4. A marca mista é aquela constituída pela combinação de elementos nominativos e figurativos ou de elementos nominativos, cuja grafia se apresente de forma estilizada. Embora, em principio, seja admissível o registro de uma mesma marca nominativa para produtos de classes diversas, o mesmo já não se dá com as marcas mistas, pois nessas a imagem de um produto passa necessariamente para o outro na percepção visual do consumidor, ou seja, no caso de marca mista, a parte figurativa e estilizada não pode coincidir com a do produto/serviço em confronto. 4.1 A proteção que o registro marcário visa a conferir ao titular da marca comercial é quanto ao seu conjunto. A despeito de o aproveitamento parasitário ser repelido pelo ordenamento jurídico pátrio, independentemente de registro, tal circunstância é de ser aferida a partir do cotejo, pelo conjunto, das marcas comerciais, sendo desimportante o elemento nominativo, individualmente considerado, sobretudo nas marcas de configuração mista, como é a que foi registrada pela autora. (...)” (REsp 1211752/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 27/05/2015) Dito isso, apesar do termo em comum “ALPHA”, este que diluído e amplamente utilizada por inúmeras empresas, a utilização do conjunto “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS” pela Recorrente diferencia-se no elemento fonético, bem como na especialização dos serviços. Sobre esse último aspecto, sabe-se que o que a LPI veda não é a identidade ou semelhança pura e simples das marcas, mas sim aquela que seja “suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia”, conforme claramente estabelecido no inciso XIX do art. 124. Sobre esse detalhe, confira- se os dizeres da doutrina: “A parte final do inciso é de suma importância e concretiza a preocupação do legislador em evitar excessos ou injustiças na aplicação da proibição legal. Com efeito, o dispositivo obriga o examinador a analisar, no caso concreto, a possibilidade de confusão ou associação entre as marcas, uma vez que, dependendo das circunstâncias fáticas, duas marcas idênticas ou semelhantes, identificando produtos ou serviços da mesma natureza, podem conviver pacificamente, sem induzir consumidores a erro.” Em um aparente conflito de marcas, além da análise do conjunto marcário como um todo, é fundamental identificar a possibilidade ou não de sinais (o que não acontece no presente caso), acaso ela não seja apta a causar confusão ou associação entre as marcas no mercado consumidor,não há que se falar na impossibilidade de convivência entre elas. Isto posto uma vez afastada qualquer semelhança entre os conjuntos marcários de cada um dos sinais aqui em análise, não há que se falar em infringência ao disposto no art. 124, XIX, da LPI. Como se notará adiante, não resta dúvida, portanto, de que a marca da Recorrente possui sim, de maneira absoluta e inequívoca, suficiente distintividade, e não há mesmo nenhum motivo para impedir o registro de seu pedido em comento, vez que as marcas em comento SÃO COMPLETAMENTE DIFERENTES não havendo a mínima associação entre as mesmas. Não obstante o fato dos registros impeditivos já conviverem, existem outras marcas que também se fazem presentes (e registradas) no mesmo ramo de mercado, que assim como todas as outras mencionadas no quadro acima, também convivem entre si e com àquelas citadas como supostamente impeditivas. Ressalte-se que na busca pelo radical "ALPHA" ou “ALFA” na classe 19 localizamos diversos: III.III.I – DAS SUPOSTAS ANTERIORIDADES APONTADAS PELO JULGADOR Entende a recorrente que a situação se aplica da mesma forma no presente caso, considerando que o INPI permitiu a coexistência pacífica de várias marcas formadas pelo mesmo radical (algumas registradas antes do registro mencionado na decisão em questão), acreditamos que não se deve exigir da Recorrente uma distância maior do que a concedida aos demais proprietários de marcas. Portanto, está Autarquia deve permitir, como já permitiu, a coexistência das marcas em questão, caso contrário, estaria violando o princípio constitucional da Isonomia e a Segurança Jurídica de suas decisões. Dessa forma, diante de tantas marcas registradas na mesma classe, contendo de diversas composições diferentes dos termos “ALFA/ALPHA” em comum, torna evidente a impossibilidade de erro, dúvida ou associação entre as marcas por parte do consumidor. Com efeito, o consumidor jamais virá a confundir ou associar a famosa marca da Recorrente com todas as outras já registradas contendo o elemento em comento, pois as marcas não são conflitantes, conforme se pode observar abaixo: O apontamento desta digressão é assinalado na forma em que a marca anterior impeditiva apresenta figura completamente diversa da requerida pela Recorrente. Nesse sentido, a “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, a “ALFA”, a “ALPHAGARY” não são idênticas e/ou colidentes, considerando os critérios estabelecidos pela Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), que regula o direito marcário no Brasil. Destaca-se que o sobredito dispositivo legal não encontra incidência no presente caso, visto que as APRESENTAÇÕES DAS MARCAS são completamente DISTINTAS, conforme se observa através da comparação entre o conjunto imagem que compõe a marca da Recorrente e a marca das anterioridades, de tal sorte que NÃO causam nenhum tipo de confusão ao público consumidor, por se tratar de uma diluição de marca, assim como as especificações são diferentes, pois a recorrente pretende o registro classe NCL 11 , com a especificação em: É nesse sentido que na análise da registrabilidade, devem ser confrontados, não apenas os elementos nominativos das marcas, mas o conjunto que estes formam com os elementos pictóricos, sendo que neste sentido entenderam não haver colidências, tampouco infrações aos dispositivos legais por parte da Recorrente. ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS Painéis elétricos [não metálicos]; - Postes não metálicos para linhas de transmissão de energia ALPHAGARY Materiais de construção, não metálicos; Materiais de construção, não metálicos ALFA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO (NÃO METÁLICOS); TUBOS RÍGIDOS NÃO METÁLICOS; ASFALTO, PICHE E BETUME; CONSTRUÇÕES TRANSPORTÁVEIS NÃO METÁLICAS; MONUMENTOS NÃO METÁLICOS. Dessa forma observa-se que a apresentação da Recorrente na forma mista, conduz a um grau ainda mais amplo de distintividade entre as marcas em cotejo. E mais, basta que esse grau de novidade seja relativo para que seja possível o deferimento do registro de uma marca; não se exigindo, segundo as normas de diretrizes de análise de marcas, a novidade absoluta. Para isso, assinala o Superior Tribunal de Justiça: É neste sentido que a o radical, de uso comum “ALPHA” deve ser analisado, pois se trata de vocábulo de uso comum, devendo ser apreciado no conjunto marcário “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, combinado de seu caráter figurativo único: Observa-se da imagem acima, que a marca apresenta figura artística criada com o fim exclusivo de ser usada como marca em conjunto com o elemento nominativo, contendo características próprias e formando um sinal distintivo totalmente exclusivo, utilizada para a identificação do seu produto. Cabe referir, que o exame sobre a distintividade de um sinal marcário, deve levar em consideração todos os seus elementos reunidos, e não se limitar a analisar isoladamente os elementos nominativos que compõem o conjunto marcario. Nesse particular, já que a marca, objeto do pedido de registro em testilha, foi requerida na forma MISTA, o sinal em apreço, comtempla suficiente cunho de originalidade e distintividade. É justamente neste sentido que os tribunais entendem: “MARCA – REGISTRO – INEXISTÊNCIA DE POSSIBILIDADE DE ERRO OU CONFUSÃO. “As marcas devem ser sempre examinadas sob o seu aspecto de conjunto, incluindo-se nesse exame a sua formação figurativa, gráfica e fônica, procurando-se nesse confronto, a possibilidade de erro ou engano prejudiciais ao consumidor e, por outro lado, a intenção de concorrência não lícita que a lei reprime. Não se pode, positivamente, cindir o nome todo, para se dizer que houve infração aos requisitos legais e, consequentemente, vir-se o órgão administrativo impedido de conceder o registro à autora. É que a marca deve ser examinada em seu aspecto global e se indagar, essencialmente, sobre o elemento típico que a diferencia das demais.” TFR – 5ª Turma – Ac. n.º 38.484/SP (sem grifos no original) Logo, a distintividade do sinal marcário da Recorrente, é alcançado com a utilização da expressão do conjunto “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, assim como pode ser alcançado com qualquer outra expressão, considerada genérica quando analisada isoladamente, desde que agregada com outros elementos diferenciadores. Assim, seria um contrassenso dar um tratamento diferenciado à marca da Recorrente, devendo ela beneficiar-se da possibilidade de coexistência que assiste aos titulares dos registros anteriores. Ora, exigir que marcas novas guardem uma distância maior do que as outras, já registradas, guardam entre si, é um tanto ilógico, bem como injusto. Esta consideração encontra apoio na chamada “Teoria da Distância”, desenvolvida pela doutrina alemã e amplamente reconhecida no direito marcário de inúmeros países. Com efeito, dentro de um determinado ramo de atividade não se pode exigir que a marca nova mantenha uma distância (entendida como grau de diferenciação) maior em relação a outras marcas, pertencentes a titulares diferentes, do que estas mantêm entre si. Data máxima vênia, imaginar que o consumidor vai confundir ou associar as origens dos produtos com as marcas COMPLETAMENTE DIFERENTES que já convivem pacificamente, é subestimar sua inteligência!! Desta forma, não pode a marca da Recorrente participar de qualquer exame de colidência que não a considere de forma intrínseca, vez que possui características novas e distintivas, como também de forma extrínseca, tendo em vista todo o cenário demonstrado pelas marcas já existentes! Nesse sentido, muito embora o termo “ALPHA” seja amplamente empregado por empresas para designar seus produtos e serviços,neste caso a IMPRESSÃO DE CONJUNTO é de grau completamente distinto das anterioridades apontadas pelo julgador. A recorrente ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, que busca o registro para: “Painéis elétricos [não metálicos]; - Postes não metálicos para linhas de transmissão de energia” Essas especificações são voltadas exclusivamente para a instalação de postes para linha de transmissão de energia! Isso é o suficiente para a identificar os produtos e destinos das quais fazem parte do conjunto de negócios de produtos e serviços oferecidos pela ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, operando em um setor distinto e fornece produtos que são claramente diferentes das outras empresas mencionadas, a saber: ALPHAGARY , para identificar materiais de construção não metálicos! III.IV – DO PÚBLICO-ALVO – SUFICIENTE GRAU DE DISTINTIVIDADE PELOS PRODUTOS APRESENTADOS ALFA para identificar materiais de construção não metálicos, como piches, asfalto, construções transportáveis não metálicas e monumentos. Embora ambos os setores envolvam aparelhos elétricos, a natureza dos produtos é fundamentalmente diferente, no sentido de que embora haja uma sobreposição no uso de aparelhos elétricos e eletrônicos, os produtos são distintos e servem a propósitos completamente diferentes. É de duvidar da capacidade de discernimento do consumidor apontando que não conseguiria distinguir empresas que forneçam materiais de construção não metálicos e materiais de construção a base de piche, argamassa, para a construção de monumentos da Requerida, que fornece equipamentos de forma única para grandes empresas do ramo de energia elétrica, e nesse caso painéis elétricos não metálicos, e postes não metálicos para linhas de transmissão de energia. Portanto, é altamente improvável que os consumidores confundam essas empresas ou seus produtos. Cada empresa opera em um setor distinto e fornece produtos que são claramente diferentes tanto em forma quanto em função. Além disso, o nome completo da empresa, “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, é bastante descritivo e indica claramente o tipo de produtos que a empresa fornece. Modernamente o direito administrativo, assim como os demais ramos do direto, sofreram uma transformação, este fenômeno é conhecido como “constitucionalização do direito”, pois todas as áreas foram levadas a patamares constitucionais. Com essa transformação, diversos institutos que anteriormente eram tratados na legislação infraconstitucional, passaram a ser disciplinados na própria constituição federal. IV. DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO E DA FORÇA VINCULANTE DOS PRINCÍPIOS Conforme Rafael Carvalho, o fenômeno da constitucionalização do ordenamento jurídico abalou alguns dos mais tradicionais dogmas do Direito Administrativo, a saber: a) a redefinição da ideia de supremacia do interesse público sobre o privado e a ascensão do princípio da ponderação de direitos fundamentais. Neste sentido, a constitucionalização do direito administrativo, criou um sistema onde os princípios fundamentais irradiam cada vez mais seus efeitos para a seara administrativa, devendo ser observados a isonomia, a razoabilidade, a proporcionalidade, e também a proteção da confiança. Todo ordenamento brasileiro deve ser lido com as lentes da constituição federal, e isso se deve ao fato de que com o advento da mesma, os princípios foram levados a patamares superiores, sendo equiparados as regras. Neste sentido, com base nos princípios da isonomia, da proporcionalidade e da razoabilidade, assim como o princípio da proteção da confiança, a recorrente espera que seu sinal distintivo receba o mesmo tratamento que os demais sinais semelhantes ao seu. Sob o crivo dos citados princípios, que devem reger as relações tratadas por este órgão federal, pois integrante da administração direta do Estado, e, portanto, prestador de um serviço público, a recorrente espera que seja dispensado tratamento igualitário, sem distinções entre os administrados. Assinala-se aqui, que no presente processo de registro de marca da RECORRENTE não foram apresentadas OPOSIÇÕES por marcas terceiras, demonstrando a possibilidade da existência e convivência pacífica entre todas e quaisquer marcas com o radical “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, eis que específicas em cada segmento de mercado. VII - DO PEDIDO VI – PROVIMENTOS E DISPOSIÇÕES FINAIS À VISTA DO EXPOSTO, protesta o recorrente pelo recebimento e provimento do presente recurso para, reformada a decisão recorrida, DEFERIR o pedido de registro da marca “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, na NCL (11) 19, modalidade mista, processo nº 927647370. Ijuí/RS, 3 de novembro de 2023. LUIZ FERNANDO SOARES COSTA OAB/RS nº 66.119 Ricardo De Luca Rossetto Assessor de Marcas