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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE 
INDUSTRIAL – INPI 
 
 
JVG COMÉRCIO E MANUTENÇÃO ELÉTRICA LTDA, pessoa jurídica 
de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 11.263.777/0001-65, 
já qualificada nos autos do processo administrativo em 
epígrafe, não se conformando com o indeferimento do pedido 
de registro de marcas, publicado na RPI 2751, de 26 de 
setembro de 2023, vem perante Vossa Excelência, por meio de 
seu procurador signatário interpor o presente RECURSO, pelo 
que passa a expor e ao final requerer o quanto segue: 
 
 
Consoante se depreende da decisão em apreço, o pedido de registro 
da marca “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS” fora indeferido com 
fulcro no inciso XIX do artigo 124 da LPI considerando-se, para tanto, os 
processos n. 912319259, da marca ALPHAGARY, e 825894204, da marca ALFA, 
além, com registros em classes de produtos com suposta afinidade 
mercadológica1: 
 
 
 
 
1 Art. 124 - Não são registráveis como marca: XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com 
acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, 
suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia 
Processo: 927647370 
Marca: “ALPHA AUTOMAÇÃO DE 
SISTEMAS ELÉTRICOS” 
Apresentação: Mista 
Classe: NCL (11) 19 
Indeferimento: RPI 2751 de 26/11/2023 
 
I - DA DECISÃO RECORRIDA 
 
 
 
Considerando que já analisados os critérios de liceidade, veracidade e 
distintividade da Recorrente, sem menoscabo aos argumentos trazidos na 
decisão recorrida, entende a recorrente que marca proposta apresenta TODOS 
os requisitos de registrabilidade, senão vejamos: 
 
 
A empresa JVG COMÉRCIO E MANUTENÇÃO ELÉTRICA LTDA foi fundada 
em 01/10/2011, com o objetivo de atuar no ramo de fabricação, instalação, 
manutenção e comércio de aparelhos e equipamentos para distribuição e 
controle de energia elétrica, bem como de máquinas, aparelhos e materiais 
elétricos em geral. 
A empresa possui um quadro de funcionários qualificados e experientes, 
que realizam serviços de engenharia elétrica com qualidade e segurança. A 
empresa conta ainda com uma loja de materiais elétricos, onde oferece 
produtos das melhores marcas do mercado. 
A empresa possui as seguintes atividades econômicas principais e 
secundárias: 
Fabricação de aparelhos e equipamentos para distribuição e controle de energia 
elétrica (CNAE 27.31-7-00); 
Manutenção e reparação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos não 
especificados anteriormente (CNAE 33.13-9-99); 
Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos para uso geral não 
especificados anteriormente (CNAE 33.14-7-10); 
Instalação e manutenção elétrica (CNAE 43.21-5-00); 
Comércio varejista de material elétrico (CNAE 47.42-3-00); 
Reparação e manutenção de equipamentos eletroeletrônicos de uso pessoal e 
doméstico (CNAE 95.21-5-00). 
 
II - DA RECORRENTE 
 
 
A empresa possui um site institucional ( http://alphaeletrica.ind.br/ ), 
onde divulga seus serviços, projetos, clientes e parceiros, como podemos 
perceber: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A empresa também possui uma página no Facebook ( 
https://www.facebook.com/people/Alpha-Automa%C3%A7%C3%A3o-de-
http://alphaeletrica.ind.br/
https://www.facebook.com/people/Alpha-Automa%C3%A7%C3%A3o-de-Sistemas/100071175793882/
 
 
Sistemas/100071175793882/ ), onde interage com seus seguidores, compartilha 
novidades, dicas e promoções. 
A empresa é reconhecida no mercado pela sua competência, 
seriedade e comprometimento com a satisfação dos seus clientes. A empresa 
busca constantemente aprimorar seus processos, investir em tecnologia e 
inovação, e oferecer soluções personalizadas para cada necessidade. 
Nesse sentido, buscando a proteção legal, a marca de natureza mista 
“ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS” foi legalmente depositada em 
nome da RECORRENTE em 12 (doze) Classes nesta Autarquia, visando a 
proteção total das atividades de produtos e serviços, bem como resguardar a 
segurança de utilização do conjunto da marca, conforme podemos perceber: 
 
 
 
https://www.facebook.com/people/Alpha-Automa%C3%A7%C3%A3o-de-Sistemas/100071175793882/
 
 
 
 
Aqui queda-se o primeiro ponto de análise, no sentido de apontar que 
dos depósitos 04 (quatro) foram concedidos, sendo que a depositante, ora 
Requerente efetuou todos os processos de registro visando a proteção integral 
de seu modelo de negócio, especificando em cada Classe um produto e/ou 
serviço próprio, visando assim, assegurar os direitos de propriedade sobre o 
nome e figura da marca “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS” de 
forma completa. 
 
Na Classe NCL (11) 19 para assinalar suas especificações como “Painéis 
elétricos [não metálicos]; - Postes não metálicos para linhas de transmissão de 
energia”. 
 
Portanto, trata-se a RECORRENTE de pessoa legitimada a requerer 
registro de marca na classificação internacional escolhida, conforme Lei nº 
9.279: 
 
“Art. 128 - Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou 
jurídicas de direito público ou de direito privado. 
II.I – DAS ESPECIFICAÇÕES DO PROCESSO 
 
 
Parágrafo 1o.- As pessoas de direito privado só podem requerer registro 
de marca relativo à atividade que exerçam efetiva e licitamente, de 
modo direto ou através de empresas que controlem direta ou 
indiretamente, declarando, no próprio requerimento, esta condição, 
sob as penas da lei.” 
 
 
Por fim, sinala que a RECORRENTE espera o provimento do presente 
processo de registro de marcas para poder atuar na área a qual assinalou em 
suas especificações, anteriormente detalhadas. 
 
 
 
Todo depósito de pedido de registro de marca é precedido de uma 
criteriosa análise, que objetiva identificar se o signo pretendido preenche ou 
não os requisitos de registrabilidade. 
São vários filtros, que vão desde a direta e objetiva análise de liceidade 
e veracidade da marca, quanto a análise, mais subjetiva, do grau de 
distintividade e disponibilidade. 
Além da legislação aplicável a espécie, os precedentes do próprio INPI 
são fundamentais para conferir segurança jurídica ao crivo de registrabilidade 
de um signo marcário, validando e servindo de regra e guia aos depósitos de 
marcas. 
Inobstante as avaliações de registrabilidade sejam adjetivadas pela 
subjetividade, sempre se busca uma segurança relativa nos precedentes do 
próprio INPI que, de ordinário, representa a orientação e entendimento do 
Instituto em casos análogos. 
É importante mencionar, que antes de pleitear a proteção marcaria 
auferida, a Requerida realizou uma busca criteriosa no banco de dados do 
Instituto de Propriedade Industrial - INPI, e somente realizou o depósito da sua 
marca, após certificar-se de estarem presentes todos os requisitos exigidos em 
lei a respeito da registrabilidade do seu sinal distintivo. 
III. NO MÉRITO 
III. I - DOS PARADIGMAS E DA SEGURANÇA JURÍDICA 
 
 
Desta forma, o que se espera, é que as decisões futuras guardem 
relação com as antigas, estabilizando o sistema, com fulcro no princípio da 
confiança, já que os precedentes causam expectativas legítimas aos usuários. 
Neste sentido, a decisão de indeferimento da marca: ALPHA 
AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, sob a alegação de que ela reproduz ou 
imita, em todo ou em parte marca alheia registrada, destoa de diversos outros 
registros semelhantes concedidos por este órgão federal, e merece ser 
afastada, conforme restará demonstrado. 
 
Na decisão que indeferiu o presente processo de registro, a Julgadora 
entendeu que a Recorrente atendeu aos requisitos de “liceidade, veracidade 
e distintividade”. 
Apontamento este acertado, haja vista que quando do depósito, foram 
verificadas todas os requisitos formais objetivos e subjetivos para o depósito. 
Ora, quando se há de analisar a disponibilidade do conjuntomarcário, 
não se pode apenas quedar-se a verificar se há um elemento de conjunto em 
caráter de colidência, ainda mais em marcas amplamente diluídas perante o 
consumidor, bem como nesta Autarquia. 
ALPHA, por si, não pode gerar efeito de colidência nos termos do artigo 
124, XIX, da LPI, caso não incida em COLIDÊNCIA TOTAL. 
Isso porque, quando se pesquisa a radical ALPHA nas consultas do INPI, 
mesmo na “EXATA”, existem 146 (cento e quarenta e seis) processos: 
 
 
 
E desses 146 (cento e quarenta e seis), são 23 (vinte e três) deferidos: 
 
III.II – DA DISPONIBILIDADE DO CONJUNTO “ALPHA AUTOMAÇÃO” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido, quando se busca por ALPHA, na “Radical”, são 
apontados 4114 (quatro mil cento e quatorze) processos depositados: 
 
 
 
Assim, não há razão para apontar com exatidão o número exato de 
processos deferidos com esta radical, apenas apontar o número expressivo de 
depósitos de pedidos envolvendo a mesma expressão “ALPHA”. 
Claro que com essa evidente diluição da expressão, há de se analisar a 
DISPONIBILDIADE de conjuntos marcários para assinalar produtos e/ou serviços, 
e, para isso, se pesquisa o radical “ALPHA AUTOMAÇÃO”: 
 
 
 
Nessa pesquisa, mesmo na “Radical”, pode se perceber que não há 
qualquer outro pedido envolvendo essas palavras, para além da Recorrente: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São os mesmos 12 (doze) processos depositados pelo Recorrente, 
conforme supramencionado no tópico “II - DA RECORRENTE”. 
Portanto o radical ALPHA AUTOMAÇÃO é completamente disponível, 
não podendo o julgador quedar-se a analisar tão somente o “ALPHA”, eis que 
este é diluído perante o consumidor, bem como nesta Autarquia. 
Além disso, por fim, assinala que o complemento ao radical ora em 
debate, seja ele “DE SISTEMAS ELÉTRICOS” é apenas um direcionamento aos 
serviços apresentados ao consumidor, sendo esta parte genérica e descritiva, 
apenas servindo para assinalar os serviços, complementando a forma de 
apresentação da marca. 
Outrossim, ressalvadas as particularidades e peculiaridades de 
cada processo de registro, entende a Requerente pela aplicação do 
princípio da isonomia dos julgamentos, aplicando a este caso a 
especialidade das marcas, bem como a análise do conjunto figurativo e 
nominativo do radical próprio para assinalar seus produtos e serviços. 
 
 
O Manual de Marcas desse Instituto, em seu item 5.9.1, estabelece que 
a apreciação de uma possível colidência “leva em conta a capacidade 
distintiva do conjunto em exame, inibindo a apropriação a título exclusivo de 
III.III - ANÁLISE DOS CONJUNTOS DE MARCAS COMO UMA TOTALIDADE 
INDIVISÍVEL E COM DISTINÇÃO SUFICIENTE ENTRE ELES 
 
 
sinais genéricos, necessários, de uso comum ou carentes de distintividade em 
virtude da sua própria constituição” (grifou-se). 
Trata-se de uma análise do conjunto marcário como um todo, o tout 
indivisible, do direito francês. Isso quer dizer que os elementos das marcas não 
devem ser analisados em sua individualidade, mas sim o conjunto marcário 
como um todo. Clóvis da COSTA RODRIGUES, citando as decisões do CPI/45, 
ensinava o seguinte: 
 
“b) De mais a mais, em se tratando de examinar se uma marca imita a outra, devem 
as duas ser apreciadas conforme a impressão de conjunto deixada no observador. 
Um ou outro elemento isolado da marca não influi, se se encontra basicamente 
diferenciada a impressão do conjunto. c) A marca dessa Requerente nº 25.545, de 
1928, cuja cópia se anexa, é complexa, formada pelos vários elementos ali descritos, 
constituindo um conjunto, do qual não pode sua propriedade destacar qualquer dos 
elementos que o constituem, e elegê-lo, a seu critério, como sendo elemento 
essencial e característico de sua marca; quando, em verdade, o que a deve 
caracterizar é a fisionomia do conjunto, o seu aspecto geral, jamais esse ou aquele 
dos seus elementos componentes considerados isoladamente.”2 
 
No mesmo sentido, na percepção quase poética de MERLEAU-PONTY, 
na análise entre dois objetos: 
“não percebemos de início as folhas, depois a árvore; não ouvimos inicialmente as 
notas, depois a melodia; é o conjunto da árvore ou da melodia que é inicialmente 
percebida; e é nele [o conjunto] que aprendemos a distinguir as folhas ou as notas”3. 
 
Feitas tais considerações, a análise da distintividade entre as marcas 
aqui em exame não deve ser feita em suas minúcias, em seus detalhes 
separadamente considerados, mas sim analisando-se o seu todo, toda a 
impressão do conjunto perante o consumidor. 
É que, ao deferir o registro de uma marca, o que o INPI faz não é 
conceder a exclusividade de utilização de cada um de seus elementos 
individualmente considerados, mas sim a exclusividade de utilização de todo 
aquele conjunto, como um todo, incluídos os elementos nominativos, 
figurativos, disposição espacial, jogo de cores, tipografia utilizada etc. 
 
2 RODRIGUES, Clóvis da Costa. Concorrência Desleal, Rio de Janeiro: Peixoto, 1945, p. 201 
3 MERLEAU-PONTY, Phénomélogie de la Perception. Paris: Gallimard, 1945, p. 46 
 
 
O próprio Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de 
enfrentar o tema, deixando claro que a análise de distintividade não pode 
ignorar o conjunto marcário como um todo: 
 
“(...) 4. A marca mista é aquela constituída pela combinação de 
elementos nominativos e figurativos ou de elementos nominativos, cuja 
grafia se apresente de forma estilizada. Embora, em principio, seja 
admissível o registro de uma mesma marca nominativa para produtos 
de classes diversas, o mesmo já não se dá com as marcas mistas, pois 
nessas a imagem de um produto passa necessariamente para o outro 
na percepção visual do consumidor, ou seja, no caso de marca mista, 
a parte figurativa e estilizada não pode coincidir com a do 
produto/serviço em confronto. 4.1 A proteção que o registro marcário 
visa a conferir ao titular da marca comercial é quanto ao seu conjunto. 
A despeito de o aproveitamento parasitário ser repelido pelo 
ordenamento jurídico pátrio, independentemente de registro, tal 
circunstância é de ser aferida a partir do cotejo, pelo conjunto, das 
marcas comerciais, sendo desimportante o elemento nominativo, 
individualmente considerado, sobretudo nas marcas de configuração 
mista, como é a que foi registrada pela autora. (...)” (REsp 1211752/PR, 
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO 
BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 27/05/2015) 
 
 
Dito isso, apesar do termo em comum “ALPHA”, este que diluído e 
amplamente utilizada por inúmeras empresas, a utilização do conjunto “ALPHA 
AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS” pela Recorrente diferencia-se no 
elemento fonético, bem como na especialização dos serviços. 
Sobre esse último aspecto, sabe-se que o que a LPI veda não é a 
identidade ou semelhança pura e simples das marcas, mas sim aquela que seja 
“suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia”, conforme 
claramente estabelecido no inciso XIX do art. 124. Sobre esse detalhe, confira-
se os dizeres da doutrina: 
 
“A parte final do inciso é de suma importância e concretiza a 
preocupação do legislador em evitar excessos ou injustiças na 
aplicação da proibição legal. Com efeito, o dispositivo obriga o 
examinador a analisar, no caso concreto, a possibilidade de confusão 
ou associação entre as marcas, uma vez que, dependendo das 
circunstâncias fáticas, duas marcas idênticas ou semelhantes, 
identificando produtos ou serviços da mesma natureza, podem 
conviver pacificamente, sem induzir consumidores a erro.” 
 
Em um aparente conflito de marcas, além da análise do conjunto 
marcário como um todo, é fundamental identificar a possibilidade ou não de 
sinais (o que não acontece no presente caso), acaso ela não seja apta a causar 
confusão ou associação entre as marcas no mercado consumidor,não há que 
se falar na impossibilidade de convivência entre elas. 
 
 
Isto posto uma vez afastada qualquer semelhança entre os conjuntos 
marcários de cada um dos sinais aqui em análise, não há que se falar em 
infringência ao disposto no art. 124, XIX, da LPI. 
 
 
Como se notará adiante, não resta dúvida, portanto, de que a marca 
da Recorrente possui sim, de maneira absoluta e inequívoca, suficiente 
distintividade, e não há mesmo nenhum motivo para impedir o registro de seu 
pedido em comento, vez que as marcas em comento SÃO COMPLETAMENTE 
DIFERENTES não havendo a mínima associação entre as mesmas. 
Não obstante o fato dos registros impeditivos já conviverem, existem 
outras marcas que também se fazem presentes (e registradas) no mesmo ramo 
de mercado, que assim como todas as outras mencionadas no quadro acima, 
também convivem entre si e com àquelas citadas como supostamente 
impeditivas. 
Ressalte-se que na busca pelo radical "ALPHA" ou “ALFA” na classe 19 
localizamos diversos: 
 
 
III.III.I – DAS SUPOSTAS ANTERIORIDADES APONTADAS PELO JULGADOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entende a recorrente que a situação se aplica da mesma forma 
no presente caso, considerando que o INPI permitiu a coexistência pacífica de 
várias marcas formadas pelo mesmo radical (algumas registradas antes do 
registro mencionado na decisão em questão), acreditamos que não se deve 
exigir da Recorrente uma distância maior do que a concedida aos demais 
proprietários de marcas. 
Portanto, está Autarquia deve permitir, como já permitiu, a 
coexistência das marcas em questão, caso contrário, estaria violando o 
princípio constitucional da Isonomia e a Segurança Jurídica de suas decisões. 
Dessa forma, diante de tantas marcas registradas na mesma 
classe, contendo de diversas composições diferentes dos termos “ALFA/ALPHA” 
em comum, torna evidente a impossibilidade de erro, dúvida ou associação 
entre as marcas por parte do consumidor. 
Com efeito, o consumidor jamais virá a confundir ou associar a 
famosa marca da Recorrente com todas as outras já registradas contendo o 
elemento em comento, pois as marcas não são conflitantes, conforme se pode 
observar abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O apontamento desta digressão é assinalado na forma em que 
a marca anterior impeditiva apresenta figura completamente diversa da 
requerida pela Recorrente. 
Nesse sentido, a “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, 
a “ALFA”, a “ALPHAGARY” não são idênticas e/ou colidentes, considerando os 
critérios estabelecidos pela Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), que 
regula o direito marcário no Brasil. 
Destaca-se que o sobredito dispositivo legal não encontra 
incidência no presente caso, visto que as APRESENTAÇÕES DAS MARCAS são 
completamente DISTINTAS, conforme se observa através da comparação entre 
o conjunto imagem que compõe a marca da Recorrente e a marca das 
anterioridades, de tal sorte que NÃO causam nenhum tipo de confusão ao 
público consumidor, por se tratar de uma diluição de marca, assim como as 
especificações são diferentes, pois a recorrente pretende o registro classe NCL 
11 , com a especificação em: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É nesse sentido que na análise da registrabilidade, devem ser 
confrontados, não apenas os elementos nominativos das marcas, mas o 
conjunto que estes formam com os elementos pictóricos, sendo que neste 
sentido entenderam não haver colidências, tampouco infrações aos dispositivos 
legais por parte da Recorrente. 
ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS 
ELÉTRICOS 
Painéis elétricos [não metálicos]; - 
Postes não metálicos para linhas de 
transmissão de energia 
 ALPHAGARY 
Materiais de construção, não metálicos; 
Materiais de construção, não metálicos 
 ALFA 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO (NÃO METÁLICOS); 
TUBOS RÍGIDOS NÃO METÁLICOS; ASFALTO, PICHE 
E BETUME; CONSTRUÇÕES TRANSPORTÁVEIS NÃO 
METÁLICAS; MONUMENTOS NÃO METÁLICOS. 
 
 
Dessa forma observa-se que a apresentação da Recorrente na forma 
mista, conduz a um grau ainda mais amplo de distintividade entre as marcas 
em cotejo. E mais, basta que esse grau de novidade seja relativo para que seja 
possível o deferimento do registro de uma marca; não se exigindo, segundo as 
normas de diretrizes de análise de marcas, a novidade absoluta. 
Para isso, assinala o Superior Tribunal de Justiça: 
 
É neste sentido que a o radical, de uso comum “ALPHA” deve ser 
analisado, pois se trata de vocábulo de uso comum, devendo ser apreciado no 
conjunto marcário “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, combinado 
de seu caráter figurativo único: 
 
Observa-se da imagem acima, que a marca apresenta figura artística 
criada com o fim exclusivo de ser usada como marca em conjunto com o 
elemento nominativo, contendo características próprias e formando um sinal 
distintivo totalmente exclusivo, utilizada para a identificação do seu produto. 
Cabe referir, que o exame sobre a distintividade de um sinal marcário, 
deve levar em consideração todos os seus elementos reunidos, e não se limitar 
a analisar isoladamente os elementos nominativos que compõem o conjunto 
marcario. 
 
 
Nesse particular, já que a marca, objeto do pedido de registro em 
testilha, foi requerida na forma MISTA, o sinal em apreço, comtempla suficiente 
cunho de originalidade e distintividade. 
 
É justamente neste sentido que os tribunais entendem: 
 
“MARCA – REGISTRO – INEXISTÊNCIA DE POSSIBILIDADE DE ERRO OU 
CONFUSÃO. “As marcas devem ser sempre examinadas sob o seu aspecto 
de conjunto, incluindo-se nesse exame a sua formação figurativa, gráfica 
e fônica, procurando-se nesse confronto, a possibilidade de erro ou 
engano prejudiciais ao consumidor e, por outro lado, a intenção de 
concorrência não lícita que a lei reprime. Não se pode, positivamente, 
cindir o nome todo, para se dizer que houve infração aos requisitos legais 
e, consequentemente, vir-se o órgão administrativo impedido de 
conceder o registro à autora. É que a marca deve ser examinada em seu 
aspecto global e se indagar, essencialmente, sobre o elemento típico que 
a diferencia das demais.” TFR – 5ª Turma – Ac. n.º 38.484/SP (sem grifos no 
original) 
 
Logo, a distintividade do sinal marcário da Recorrente, é alcançado 
com a utilização da expressão do conjunto “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS 
ELÉTRICOS”, assim como pode ser alcançado com qualquer outra expressão, 
considerada genérica quando analisada isoladamente, desde que agregada 
com outros elementos diferenciadores. 
Assim, seria um contrassenso dar um tratamento diferenciado à marca 
da Recorrente, devendo ela beneficiar-se da possibilidade de coexistência que 
assiste aos titulares dos registros anteriores. Ora, exigir que marcas novas 
guardem uma distância maior do que as outras, já registradas, guardam entre 
si, é um tanto ilógico, bem como injusto. 
Esta consideração encontra apoio na chamada “Teoria da Distância”, 
desenvolvida pela doutrina alemã e amplamente reconhecida no direito 
marcário de inúmeros países. 
Com efeito, dentro de um determinado ramo de atividade não se pode 
exigir que a marca nova mantenha uma distância (entendida como grau de 
diferenciação) maior em relação a outras marcas, pertencentes a titulares 
diferentes, do que estas mantêm entre si. 
 
 
Data máxima vênia, imaginar que o consumidor vai confundir ou 
associar as origens dos produtos com as marcas COMPLETAMENTE DIFERENTES 
que já convivem pacificamente, é subestimar sua inteligência!! 
 Desta forma, não pode a marca da Recorrente participar de qualquer 
exame de colidência que não a considere de forma intrínseca, vez que possui 
características novas e distintivas, como também de forma extrínseca, tendo 
em vista todo o cenário demonstrado pelas marcas já existentes! 
Nesse sentido, muito embora o termo “ALPHA” seja amplamente 
empregado por empresas para designar seus produtos e serviços,neste caso a 
IMPRESSÃO DE CONJUNTO é de grau completamente distinto das anterioridades 
apontadas pelo julgador. 
 
A recorrente ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS 
ELÉTRICOS, que busca o registro para: 
“Painéis elétricos [não metálicos]; - Postes 
não metálicos para linhas de transmissão 
de energia” 
 
Essas especificações são voltadas exclusivamente para a 
instalação de postes para linha de transmissão de energia! 
Isso é o suficiente para a identificar os produtos e destinos das 
quais fazem parte do conjunto de negócios de produtos e serviços oferecidos 
pela ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, operando em um setor 
distinto e fornece produtos que são claramente diferentes das outras empresas 
mencionadas, a saber: 
ALPHAGARY , para identificar materiais de 
construção não metálicos! 
 
III.IV – DO PÚBLICO-ALVO – SUFICIENTE GRAU DE DISTINTIVIDADE PELOS 
PRODUTOS APRESENTADOS 
 
 
ALFA para identificar materiais de construção não metálicos, como 
piches, asfalto, construções transportáveis não metálicas e monumentos. 
 
Embora ambos os setores envolvam aparelhos elétricos, a natureza dos 
produtos é fundamentalmente diferente, no sentido de que embora haja uma 
sobreposição no uso de aparelhos elétricos e eletrônicos, os produtos são 
distintos e servem a propósitos completamente diferentes. 
É de duvidar da capacidade de discernimento do consumidor 
apontando que não conseguiria distinguir empresas que forneçam materiais 
de construção não metálicos e materiais de construção a base de piche, 
argamassa, para a construção de monumentos da Requerida, que fornece 
equipamentos de forma única para grandes empresas do ramo de energia 
elétrica, e nesse caso painéis elétricos não metálicos, e postes não metálicos 
para linhas de transmissão de energia. 
Portanto, é altamente improvável que os consumidores 
confundam essas empresas ou seus produtos. Cada empresa opera em um 
setor distinto e fornece produtos que são claramente diferentes tanto em forma 
quanto em função. Além disso, o nome completo da empresa, “ALPHA 
AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, é bastante descritivo e indica 
claramente o tipo de produtos que a empresa fornece. 
 
Modernamente o direito administrativo, assim como os demais ramos do 
direto, sofreram uma transformação, este fenômeno é conhecido como 
“constitucionalização do direito”, pois todas as áreas foram levadas a 
patamares constitucionais. 
Com essa transformação, diversos institutos que anteriormente eram 
tratados na legislação infraconstitucional, passaram a ser disciplinados na 
própria constituição federal. 
IV. DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO E DA FORÇA 
VINCULANTE DOS PRINCÍPIOS 
 
 
 Conforme Rafael Carvalho, o fenômeno da constitucionalização do 
ordenamento jurídico abalou alguns dos mais tradicionais dogmas do Direito 
Administrativo, a saber: a) a redefinição da ideia de supremacia do interesse 
público sobre o privado e a ascensão do princípio da ponderação de direitos 
fundamentais. 
Neste sentido, a constitucionalização do direito administrativo, criou um 
sistema onde os princípios fundamentais irradiam cada vez mais seus efeitos 
para a seara administrativa, devendo ser observados a isonomia, a 
razoabilidade, a proporcionalidade, e também a proteção da confiança. 
Todo ordenamento brasileiro deve ser lido com as lentes da constituição 
federal, e isso se deve ao fato de que com o advento da mesma, os princípios 
foram levados a patamares superiores, sendo equiparados as regras. Neste 
sentido, com base nos princípios da isonomia, da proporcionalidade e da 
razoabilidade, assim como o princípio da proteção da confiança, a recorrente 
espera que seu sinal distintivo receba o mesmo tratamento que os demais sinais 
semelhantes ao seu. 
Sob o crivo dos citados princípios, que devem reger as relações tratadas 
por este órgão federal, pois integrante da administração direta do Estado, e, 
portanto, prestador de um serviço público, a recorrente espera que seja 
dispensado tratamento igualitário, sem distinções entre os administrados. 
 
 
Assinala-se aqui, que no presente processo de registro de marca 
da RECORRENTE não foram apresentadas OPOSIÇÕES por marcas terceiras, 
demonstrando a possibilidade da existência e convivência pacífica entre todas 
e quaisquer marcas com o radical “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS 
ELÉTRICOS”, eis que específicas em cada segmento de mercado. 
 
 
VII - DO PEDIDO 
VI – PROVIMENTOS E DISPOSIÇÕES FINAIS 
 
 
À VISTA DO EXPOSTO, protesta o recorrente pelo recebimento e 
provimento do presente recurso para, reformada a decisão recorrida, DEFERIR 
o pedido de registro da marca “ALPHA AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS”, 
na NCL (11) 19, modalidade mista, processo nº 927647370. 
 
 
Ijuí/RS, 3 de novembro de 2023. 
 
LUIZ FERNANDO SOARES COSTA 
OAB/RS nº 66.119 
 
Ricardo De Luca Rossetto 
Assessor de Marcas

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