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História da Educação Física Quando você pensa em educação física o que lhe vem à mente? Saúde ou estética podem ser as primeiras palavras a surgirem na sua ca- beça. Hoje em dia, todo mundo sabe a impor- tância da pratica de exercícios para ter uma vida saudável e contam com a ajuda dos profissionais da área. No entanto, nem sempre foi assim. A história da educação física remete a tempos remotos, mas até che- garmos aos dias atuais foram muitas transfor- mações, lutas e conquistas. O relato mais an- tigo sobre a pratica física se remetem a pré-his- tória, quando o objetivo de ter um físico mais forte era uma questão de proteção e sobrevivência. A educação física foi acompa- nhando as mudanças das diferentes épocas até chegar ao que e hoje, e sempre se transformou de acordo com os sistemas políticos, sociais, econômicos e científicos das sociedades. É fascinante descobrir e entender como se deu a evolução de uma profissão, pois o conhecimento amplia a nossa visão. Um profissional interessado e bem informado so- bre a sua área de atuação tende a se destacar no mercado e conseguir avançar na car- reira. Continue lendo o texto até o fim e conheça mais sobre a história da educação fí- sica! Como surgiu a educação física As raízes dos exercícios físicos apa- recem nas civilizações primitivas e seus objetivos eram relacionados a grandes causas humanas: luta pela existência, ritos e cultos, preparação para a guerra, jogos e práticas atléti- cas. O homem primitivo realizava movimentos naturais e assim se exercitava: subindo em uma arvore para apanhar frutos, construindo ferramentas com pedras, caminhando e correndo para caçar. Os registros da pratica da educação física em si demoraram para aparecer. No Oriente, países como a China e Índia tiveram um importante papel em sua origem. Os chineses praticavam exercícios físicos relacionados a preparação para a guerra, mas também ao uso terapêutico e higiênico. Para os indianos, eles faziam parte da doutrina de vida e estavam sempre alinhados a espiritu- alidade. O foco era fisiológico e espiritual ao mesmo tempo, como no Yoga, que ainda adici- onava técnicas de respiração e massoterapia. Buda já dizia que a educação física e o cami- nho da energia física e está atrelada a bondade e pureza de sentimentos. Os Japoneses buscavam fundamentos diversos para a pratica de exercícios físicos — na medicina, filosofia, moral, religião e também na guerra. No Egito antigo, a ginastica estava relacionada a forca, equilíbrio, flexibilidade e resistência. Nas paredes de tumbas antigas foram encontradas pinturas que faziam alusão a pratica de exercí- cios físicos. Grécia antiga, o berço da história da educação física A Grécia foi a civilização que mais contribuiu para a educação física. Berço de grandes pen- sadores, artistas e filósofos, o corpo aliado a beleza e estética tinham muito valor. O con- ceito de equilíbrio entre corpo e mente como uma busca humana fundamental foi proposto por Platão. Alguns termos muito usados nos dias de hoje por educadores físicos, como halteres, atleta, ginastica e pentatlo tem origem grega. Depois, Roma absorveu todo esse conhecimento e his- tória, mas seu olhar sobre a educação física era mais como um esporte prático e utilitá- rio, que servia a guerra. Foi lá que surgiu a expressão 'Mente sana in Corpore sano'. As transformações da educação física até os dias de hoje Na idade média, o culto ao corpo era um pecado, por conta da influência do Cristia- nismo. Isso fez com que a educação física enfrentasse uma decadência, tendo lugar apenas nos torneiros sangrentos daquela época. Já no Renascimento, ela experimenta um salto, com a valorização da beleza do corpo e da cultura física. Leonardo da Vinci foi um grande representante dessa ideia. Um grande marco na história da educação física se deu em 1423, quando Vitorino da Feltre, humanista e pedagogo, a introduziu nas escolas. Na época do Iluminismo novas ideias foram apresentadas a sociedade e a educação física foi inserida na educação in- fantil. Pestalozzi foi o primeiro educador a atentar para o fato de que uma execução perfeita levava aos objetivos pretendidos. Na contempo- raneidade, a ginastica localizada começa a surgir graças as escolas alemãs, suecas, francesas e inglesas. A Alemanha deu grande ênfase a gi- nastica como pratica militar; a Suécia as pesqui- sas cientificas; já a Franca preconizava o método naturalista; e a Inglaterra sistematizou as regras de jogos e esportes, tanto que foi a criadora de vários deles, como o futebol e o rúgbi. CHINA - Como Educação Física as origens mais remotas da história falam de 3000 A. C. lá na China. Um certo imperador guerreiro, Hoang Ti, pensando no progresso do seu povo pregava os exercícios físicos com finalidades higiênicas e terapêuticas além do caráter guerreiro. ÍNDIA - No começo do primeiro milênio, os exercícios físicos eram tidos como uma doutrina por causa das "leis de Manu", uma espécie de código civil, político, social e religioso. Eram indispensáveis às necessidades militares além do caráter fisiológico. Buda, atribuía aos exercícios o caminho da energia física, pureza dos sentimentos, bondade e conhecimento das ciências para a suprema felicidade do Nirvana, (no budismo, estado de ausência total de sofrimento). O Yoga, tem suas origens na mesma época retratando os exercícios ginásticos no livro "Yajur Veda" que além de um aprofundamento da Medicina, ensinava manobras massoterápicas e técnicas de respirar. JAPÃO - A história do desenvolvimento das civilizações sempre esbarra na importância dada à Educação Física, quase sempre ligados aos fundamentos médicos-higiênicos, fisiológicos, morais, religiosos e guerreiros. A civilização japonesa também tem sua história ligada ao mar devido à posição geográfica além das práticas guerreiras feudais: os samurais. EGITO - Dentre os costumes egípcios estavam os exercícios Gímmicos revelados nas pinturas das paredes das tumbas. A ginástica egípcia já valorizava o que se conhece hoje como qualidades físicas tais como: equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. Já usavam, embora rudimentares, materiais de apoio tais como tronco de árvores, pesos e lanças. GRÉCIA - Sem dúvida nenhuma a civilização que marcou e desenvolveu a Educação Física foi a grega através da sua cultura. Nomes como Sócrates, Platão, Aristóteles, e Hipócrates contribuíram e muito para a Educação Física e a Pedagogia atribuindo conceitos até hoje aceitos na ligação corpo e alma através das atividades corporais e da música. "Na música a simplicidade torna a alma sábia; na ginástica dá saúde ao corpo" Sócrates. É de Platão o conceito de equilíbrio entre corpo e espírito ou mente. Os sistemas metodizados e em grupo, assim como os termos halteres, atleta, ginástica, pentatlo entre outros, são uma herança grega. As atividades sociais e físicas eram uma prática até a velhice lotando os estádios destinados a isso. ROMA - A derrota militar da Grécia para Roma, não impediu a invasão cultural grega nos romanos que combatiam a nudez da ginástica. Sendo assim, a atividade física era destinada às práticas militares. A célebre frase "Mens Sana in Corpore Sano" de Juvenal vem desse período romano. IDADE MÉDIA - A queda do império romano também foi muito negativa para a Educação Física, principalmente com a ascensão do cristianismo que perdurou por toda a Idade Média. O culto ao corpo era um verdadeiro pecado sendo também chamado por alguns autores, de "Idade das Trevas". A RENASCENÇA - Como o homem sempre teve interesse no seu próprio corpo, o período da Renascença fez explodir novamente a cultura física, as artes, a música, a ciência e a literatura. A beleza do corpo, antespecaminosa, é novamente explorada surgindo grandes artistas como Leonardo da Vinci (1452-1519), responsável pela criação utilizada até hoje das regras proporcionais do corpo humano. Consta desse período o estudo da anatomia e a escultura de estátuas famosas como por exemplo a de Davi, esculpida por Michelângelo Buonarroti (1475 - 1564). Considerada tão perfeita que os músculos parecem ter movimentos. A dissecação de cadáveres humanos deu origem à Anatomia como a obra clássica "De Humani Corporis Fábrica" de Andrea Vesalius (1514-1564). A volta de Educação Física escolar se deve também nesse período a Vitorio de Feltre (1378- 1466) que em 1423 fundou a escola "La Casa Giocosa" onde o conteúdo programático incluía os exercícios físicos. ILUMINISMO - O movimento contra o abuso do poder no campo social chamado de iluminismo surgido na Inglaterra no século XVII deu origem a novas ideias. Como destaque dessa época os alfarrábios apontam: Jean- Jaques Rousseau (1712-1778) e Johann Pestalozzi (1746-1827). Rousseau propôs a Educação Física como necessária à educação infantil. Segunde ele, pensar dependia extrair energia do corpo em movimento. Pestalozzi foi precursor da escola primária popular e sua atenção estava focada na execução correta dos exercícios. IDADE CONTEMPORÂNEA - A influência na nossa ginástica localizada começa a se desenvolver na Idade Contemporânea e quatro grandes escolas foram as responsáveis por isso: a alemã, a nórdica, a francesa, e a inglesa. A alemã, influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve como destaque Johann Cristoph Friederick Guts Muths (1759-1839) considerado pai da ginástica pedagógica moderna. A derrota dos alemães para Napoleão deu origem a outra ginástica. A turnkunst, criada por Friederick Ludwig Jahn (1788-1825) cujo fundamento era a força. "Vive Quem é Forte", era seu lema e nada tinha a ver com a escola. Foi ele quem inventou a barra fixa, as barras paralelas e o cavalo, dando origem à Ginástica Olímpica. A escola voltou a ter seu defensor com Adolph Spiess (1810-1858) introduzindo definitivamente a Educação Física nas escolas alemãs, sendo inclusive um dos primeiros defensores da ginástica feminina. A escola nórdica escreve a sua história através de Nachtegall (1777-1847) que fundou seu próprio instituto de ginástica (1799) e o Instituto Civil de Ginástica para formação de professores de Educação Física (1808). Por mais que um profissional de Educação Física seja desligado da história, pelo menos algum dia já ouviu falar em ginástica sueca, um grande trampolim para o que se conhece hoje. Per Henrik Ling (1766-1839) foi o responsável por isso levando para a Suécia as idéias de Guts Muths após contato com o instituto de Nachtegall. Ling dividiu sua ginástica em quatro partes: a pedagógica - voltada para a saúde evitando vícios posturais e doenças, a militar - incluindo o tiro e a esgrima, a médica - baseada na pedagógica evitando também as doenças e a estética - preocupada com a graça do corpo. Alguns fundamentos ideológicos de Ling valem até hoje tais como o desenvolvimento harmônico e racional, a progressão pedagógica da ginástica e o estado de alegria que deve imperar uma aula. Claro, isso depende do austral e o carisma do profissional. Um do seguidores de Ling, o major Josef G. Thulin introduz novamente o ritmo musical à ginástica e cria os testes individuais e coletivos para verificação da performance. A escola Francesa teve como elemento principal o espanhol naturalizado Francisco Amoros Y Ondeano (1770-1848). Inspirado em Rabelais, Guts, Jahn e pestalozzi, dividiu sua ginástica em: Civil e Industrial, Militar, Médica e Cênica. Outro nome francês importante foi G. Dêmey (1850-1917). Organizou congresso, cursos (inclusive o Superior de Educação Física), regiu o Manual do Exército e também era adepto à ginástica lenta, gradual, progressiva, pedagógica, interessante e motivadora. O método natural foi defendido por Georges Herbert (1875-1957): correr, nadar, trepar, saltar, empurrar, puxar e etc. A nossa Educação Física, a brasileira teve grande influência na Ginástica Calistenia criada em 1829 na França por Phoktion Heinrich Clias (1782-1854). A escola inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes, tendo como principal defensor Thomas Arnold (1795-1842) embora não fosse o criador. Essa escola também ainda teve a influência de Clias no treinamento militar. A CALISTENIA - É por assim dizer, o verdadeiro marco do desenvolvimento da ginástica moderna com fundamentos específicos e abrangentes destinada à população mais necessitada: os obesos, as crianças, os sedentários, os idosos e também às mulheres. Calistenia, segundo Marinho (1980) citado por Marcelo Costa, vem do grego Kallos (belo), Sthenos (força) e mais o sufixo "ia". Com origem na ginástica sueca apresenta um divisão de oito grupos de exercícios localizados associando música ao ritmo dos exercícios que são feitos à mão livre usando pequenos acessórios para fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos. Os responsáveis pela fixação da Calistenia foram o Dr. Dio Lewis e a (A. C. M.) Associação Cristã de Moços com proposta inicial de melhorar a forma física dos americanos que mais precisavam. Por isso mesmo, deveria ser uma ginástica simples, fundamentada na ciência e cativante. Em função disso o Dr. Lewis era contra os métodos militares sob alegação que as mesmas desenvolviam somente a parte superior do corpo e os esportes atléticos não proporcionavam harmonia muscular. Em 1860 a Calistenia foi introduzida nas escolas americanas. No Brasil dos anos 60 começou a ser implantada nas poucas academias pelos professores da A. C. M. ganhando cada vez mais adeptos nos anos 70 sempre com inovações fundamentadas na ciência. Sendo assim o Dr. Willian Skarstrotron, americano de origem sueca, dividiu a Calistenia em 8 grupos diferentes do original: braços e pernas, região póstero superior do tronco, póstero inferior do tronco, laterais do tronco, equilíbrio, abdômen, ombros e escápulas, os saltitos e as corridas. Nos anos 80 a ginástica aeróbica invadiu as academias do Rio de Janeiro e São Paulo abafando um pouco a calistenia. Como na Educação Física sempre há evolução também em função dos erros e acertos. Surge então, ainda no final dos anos 80 a ginástica localizada desenvolvida com fundamentos teóricos dos métodos da musculação e o que ficou de bom da Calistenia. A ginástica aeróbica de alto impacto causou muitos micro traumatismos por causa dos saltitos em ritmos musicais quase alucinantes. A musculação surgiu com uma roupagem nova ainda nos anos 70 para apagar o preconceito que algumas pessoas tinham com relação ao Halterofilismo. Hoje, sob pretexto da criatividade, a ginástica localizada passa por uma fase ruim com alguns professores ministrando aleatoriamente, aulas sem fundamentos específicos com repetições exageradas, fato que a ciência já reprovou, principalmente se o público alvo for o cidadão comum. EDUCACAO-FÍSICA A história do esporte divide-se em três períodos: • Esporte Antigo: ate a primeira metade do século XIX. • Esporte Moderno: de 1820 a 1980. • Esporte Contemporâneo: de 1980 em diante. O homem está interligado e correlacionado ao esporte desde os primatas, quando fu- giam de animais predadores, lutavam por áreas e regiões e disputavam domínios no iní- cio das coletividades. Acredita-se que depois da alimentação, a mais antiga forma de atividade humana e a que hoje se conhece por esporte. Mas a pratica desportiva teve início remoto, onde já havia monumentos de vários estilos dos antigos egípcios, babilô- nios, assírios e hebreus com cenas de luta, jogos de bola, natação, acrobacias e dan- ças. Entre os egípcios, a luta corpo-a-corpo e com espadas surgiram por volta de 2.700 a.C.e eram exercícios com fins militares. Os outros jogos tinham caráter religioso. Campeonatos, torneios, olimpíadas, recordes, títulos, medalhas, torcidas e comemorações. A aura mítica do esporte e seus heróis - os atletas - fazem parte do dia-a-dia de bilhões de pessoas ao redor do planeta. A disputa esportiva tem o poder de colocar países inteiros em compasso de espera. O Brasil para ver os jogos da seleção na Copa do Mundo e o mesmo se repete na Argentina, na In- glaterra ou na Itália. Nações dos cinco continentes acompanham as transmissões de provas e partidas dos Jogos Olímpicos, mesmo que seus esportistas não tenham qual- quer chance de Vitoria. A longa história do esporte ajuda a entender como um fenô- meno surgido há milênios se perpetuou no imaginário do homem. Inicialmente, a pratica esportiva está ligada aos exércitos e as guerras. Aprimorar e desenvolver a forca física do soldado, além de significar mais chances de vitória nas batalhas, serve para de- monstrar a superioridade de um povo. Na China desenvolveu-se o Kung-fu há mais ou menos 5 mil anos. Acredita-se que foram os gregos e os persas os pioneiros na sistematização da pratica do esporte. A luta corpo-a-corpo e com espadas. Na Idade Média, com o crescimento da forca do Cristianismo, que pregava mais a purificação da alma do que a do corpo, o esporte en- trou em uma fase de estagnação, pois foi um período de guerras e conquistas. Na Re- nascença (século XVI e XVII), com o surgimento do Humanismo, a Educação Física foi revivida.Com a conquista da Grécia Antiga pelos romanos, em456 a.C, os jogos olímpi- cos entram em declínio. A proposta de integrar os cidadãos em competições marcadas pela cordialidade cede espaço a disputas cada vez mais violentas. A última Olimpíada da Era Antiga acontece em 393 d.C, quando o imperador romano Teodosio I proíbe a realização de festas para adoração de deuses. A partir do século IV, passando por toda a Idade Média, o esporte vive um período de estagnação, principalmente no Ocidente. O cristianismo prega a purificação da alma; o corpo, colocado em segundo plano, serve mais as penitencias do que ao desenvolvimento de aptidões esportivas. A Educação Fí- sica, pelo menos na perspectiva adotada na Grécia antiga, desaparece ou e praticada de forma isolada por pequenos grupos. A retomada do esporte se da lentamente. O Humanismo, nos séculos XVI e XVII, re- descobre a importância a atividade física. As bases dos conceitos modernos de esporte surgem na Europa do século XVIII, quando a Educação Física volta a ser sistematizada. No século seguinte, em Oxford(Inglaterra), se dá a reforma dos conceitos desportivos, com a definição das regras para os jogos. A padronização dos regulamentos das dispu- tas favorece a internacionalização do esporte. No fim do século XIX, ha três linhas Doutrinarias de atividade física: a ginastica nacionalista (alemã), que valoriza aspectos ligados ao patriotismo e a ordem; a ginastica medica (sueca), voltada para fins terapêu- ticos e preventivos; e o movimento do esporte(inglês), que introduz a concepção mo- derna de esporte e impulsiona a restauração do movimento olímpico, com o barão Pi- erre de Coubertin. Esta última linha prevalece e leva a realização da primeira Olimpíada da Era Mo- derna em 1896, em Atenas. A primeira metade do século passado e marcada por um desenvolvimento lento do esporte. Duas guerras mundiais (1914/1918 e 1939/1945), a revolução comunista de 1917, o crack da Bolsa de Nova York em 1929 criam dificulda- des em escala planetária para o treinamento de atletas, a realização de competições e viagens das equipes. Por causa das guerras mundiais, três edições dos Jogos Olímpi- cos foram canceladas -1912, 1940 e 1944. Neste quadro de relativo marasmo, a Asso- ciação Crista de Mocos (ACM) se destaca nos Estados Unidos, criando novas modali- dades esportivas – como o basquete e o vôlei ou inovando com as concepções pionei- ras de ginastica de conservação. Na segunda metade do século XX, notadamente entre1950 e 1990, o esporte e sa- cudido por uma nova realidade. A concepção do "Ideário Olímpico" e sua máxima de "o importante e competir" saem de cena. A Guerra Fria estimula o uso ideológico do es- porte, colocando em segundo plano o fair play. A simples pratica esportiva deixa de ser relevante, pois o que importa e o rendimento, o resultado. Inicia-se um rápido processo de profissionalização dos atletas, alçados a condição de estrelas da mídia e heróis naci- onais. A corrida em busca de recordes e títulos faz com que organismos internacionais lancem manifestos denunciando a exacerbação da competição e alertando os governos para as novas responsabilidades do Estado no que se refere as atividades físicas. Os textos destacam a necessidade de garantir a população em geral - e não apenas aos atletas - condições que levem a democratização do esporte. A última década do século passado revela a aceleração das mudanças na pratica esportiva. Consolida-se a ideia de esporte como direito de todos. Grupos até então pouco atendidos na questão da ati- vidade física ganham mais atenção. Dois exemplos de tal transformação são a terceira idade e a pessoa portadora de deficiência. Amplia-se o próprio conceito de esporte, desmembrado em esporte-participação (lazer) e esporte de rendimento (competição). O papel do Estado também se altera. Ele deixa de apenas tutelar as atividades esportivas. Passa a investir em recursos hu- manos e científicos. Além disso, no campo do alto rendimento, da atenção especial as questões éticas, como o combate ao doping. No caso do esporte de alto rendimento, percebe-se o avanço da logica mercantilista. Provas, partidas e torneios são espetáculos; atletas, produtos em exibição. Equipes de futebol, atletismo, vôlei ou basquete funcionam como uma espécie de grande compa- nhia artística, com astros (atletas) milionários e shows (partidas ou provas) que mobili- zam a mídia e o público. Estimuladas pela cobertura das TVs, novas modalidades ga- nham importância. Os chamados esportes radicais (surfe, skate, kitesurfe, bicicross, motocross, entre outros) proporcionam imagens de impacto e conquistam novos fãs a cada dia. Além disso, multiplicam-se os "esportes-filhotes", derivações de modalidades amplamente difundidas. Vôlei de praia, futsal e beach soccer são alguns exemplos do fenômeno. No século XVIII e quando surgem as bases dos conceitos modernos do es- porte de hoje. Até o Século XIX, porem, tudo o que se entendia como esporte era a Educação Física sistematizada. Foi quando em Oxford, na Inglaterra, iniciou-se o pro- cesso de reforma estrutural dos conceitos desportivos, surgindo então as primeiras regras definidas de jogos. Logo depois, houve a internacionalização deste conceito, quando nasceu definitivamente o esporte moderno. História das Olimpíadas As Olimpíadas, ou Jogos Olímpicos, constituem nos dias de hoje um dos eventos mais populares e prestigiados em todo o mundo. Essa popularidade e esse prestígio devem-se à grande co- nexão que as Olimpíadas têm com a massa de espectadores que acompa- nham as competições tanto presenci- almente nos estádios e arenas quanto pela televisão. Entretanto, a história dos Jogos Olímpicos é um tanto com- plexa. A imagem que deles temos hoje em dia foi construída a partir do fim do século XIX, mas suas origens remontam à Grécia Antiga. Origem das Olimpíadas As Olimpíadas originaram-se por volta do século VIII a.C., no contexto da antiga Hé- lade, isto é, o conjunto das cidades-estado da Grécia Clássica. A realização dos jogos ocorria na cidade de Olímpia – por isso o nome “Olimpíadas” –, para onde os cidadãos das outras cidades peregrinavam a fim de participarem das competições. O primeiro atleta a vencer uma prova em Olímpia teria sido Corobeu, em 776a.C. – a prova era de corrida. Dentro da tradição mitológica, os jogos de Olímpia foram criados pelo herói Hércu- les, filho do deus Zeus com uma mortal. Hércules foi obrigado pela deusa Hera a realizar https://mundoeducacao.uol.com.br/educacao-fisica/os-jogos-olimpicos.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/educacao-fisica/os-jogos-olimpicos.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/educacao-fisica/os-jogos-olimpicos.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/civilizacao-grega.htm doze trabalhos considerados impossíveis. O quinto desses trabalhos consistia em limpar os currais do rei Áugias, que continha milhares de animais e não era limpo há mais de 30 anos. Após conseguir realizar o feito, Hércules decidiu inaugurar um festival esportivo em Olímpia, em homenagem a seu pai, Zeus. Essa explicação mitológica organizava o entendimento que se tinha sobre o esporte olím- pico à época. Sempre que os jogos eram abertos, havia todo um rito de sacrifício de animais a Zeus e cada competição tinha em dada medida alguma relação com o culto a essa divindade. Modalidades esportivas antigas Entre os esportes praticados nas antigas olimpíadas, estavam as corridas, chama- das de drómos, e suas modalidades. Em algumas delas, o atleta devia correr por cerca de 190 metros vestido com a armadura e as armas de um hoplita (soldado da linha de frente dos combates). Em termos de corridas, havia também as bigas e quadrigas. As primeiras eram carros de combate tracionados por dois cavalos; as segundas, por quatro cavalos. Havia ainda o péntatlhon (semelhante ao pentatlo atual), que reunia cinco es- portes: 1) salto, 2) lançamento de disco, 3) lançamento de dardo, 4) corrida e 5) luta. É interessante destacar que as modalidades de lutas também eram bastante peculi- ares. Havia, por exemplo, a palé, que era algo próximo da atual luta greco-romana, isto é, sem socos e pontapés. Além da palé, o pýgme, comparado ao pugilato (boxe) con- temporâneo, mas mais agressivo. Destaca-se ainda o mais devastador de todos, o pan- crácio, que consistia em uma espécie de “vale-tudo”, que incluía cotoveladas, joelhadas, torções, cabeçadas etc. Restauração dos Jogos Olímpicos na modernidade Após o fim da Hélade, no mundo antigo, as Olimpíadas caíram no esquecimento durante sécu- los. Outros esportes foram se desenvolvendo no in- terior de cada civilização, mas não havia algo que tivesse a envergadura da celebração dos jogos de Olímpia. A restauração das práticas esportivas em um festival como as antigas Olimpíadas só foi feito na década de 1890 por um aristocrata e pedagogo suíço chamado Pierre de Frédy, mais conhecido como Barão de Coubertin. O Barão de Coubertin acreditava que a prática do esporte devia ser estimulada na sociedade contemporânea, sobretudo entre os jovens. Além disso, era interessante que houvesse uma organização internacional de jogos esportivos que ajudasse a promover a “paz entre as nações”, já que aquele contexto (de transição do século XX para o século XXI) estava carregado de rivalidades entre as potências imperialistas. O projeto de Coubertin previa também o resgate dos símbolos das Olimpíadas antigas, como o acendimento da chama olímpica etc. Para que tudo fosse feito da melhor forma, a realização da primeira edição deveria ser na Grécia. Com a ajuda de Demetrius Vike- las, Coubertin e os demais membros do comitê geral conseguiram organizar os primeiros Jogos Olímpicos modernos no verão de 1896, na cidade de Atenas, capital da Grécia. JOGOS PARALÍMPICOS, SUA HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA PARA A INCLUSÃO O esporte adaptado para deficientes surgiu no começo do século XX, com atividades esportivas para jovens com deficiências auditivas. Mais tarde, em 1920, iniciaram-se atividades como natação e atletismo para deficientes visuais. Para portadores de deficiências físicas, o esporte adaptado só começou a ser utilizado após a Segunda Guerra Mundial, para reabilitação e inserção social dos soldados que voltavam para casa mutilados. Inicialmente, a intenção era oferecer uma alternativa de tratamento aos indivíduos que sofreram traumas medulares durante o conflito. Entretanto, em 1944, por meio de um convite do Governo Britânico, o neurologista e neurocirurgião alemão Ludwig Guttmann, que escapara da perseguição aos judeus na Alemanha nazista, inaugurou um centro de traumas medulares dentro do Hospital de Stoke Mandeville. É neste ponto da história que o desenvolvimento e fomento do esporte paraolímpico ganharia força. Em 1948, Guttmann decidiu organizar competições esportivas envolvendo veteranos da Segunda Guerra Mundial com ferimentos na medula espinhal em Stoke Mandeville, England. Eram os primeiros jogos para atletas com deficiência fisíca. No mesmo ano, no dia da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, os jogos de Mandeville Stoke foram lançados e a primeira competição para atletas em cadeira de rodas foi organizada. Participaram 16 atletas veteranos de guerra, 14 homens e duas mulheres. Quatro anos depois, atletas dos Países Baixos juntaram-se aos jogos; e assim o evento internacional, hoje conhecido como Paraolimpíada, nasceu. Os jogos olímpicos especiais para atletas com deficiência foram organizados pela primeira vez em Roma em 1960, imediatamente após os Jogos Olímpicos. Eles são considerados os primeiros jogos Paraolímpicos. Cerca de 400 atletas vindos de 23 países competiram em 8 esportes, 6 deles ainda inclusos no programa de competição Paraolímpica (tênis de mesa, arco e flecha, basketball, natação, esgrima e atletismo). Desde então, os Jogos Paraolímpicos são organizados a cada quatro anos, sempre no mesmo ano dos Jogos Olímpicos. Fruto do crescimento do esporte adaptado, em 1964, foi criada a Organização Internacional de Esportes para Deficientes (ISOD). Outros grupos com deficiência foram incluídos em Toronto, em 1976. No mesmo ano, os primeiros Jogos Paraolímpicos de Inverno aconteceram na Suécia. Em 1988, os Jogos Paraolímpicos de Verão em Seul marcaram uma mudança significativa, que permanece até hoje: os jogos Olímpicos e Paraolímpicos foram realizados no mesmo local. Desde 1960, foram organizados 11 Jogos Paraolímpicos de Verão e 7 Jogos Paraolímpicos de Inverno. A 11ª Paraolimpíada de Verão foi realizada com sucesso em Sydney, Austrália, e a 8ª Paraolimpíada de Inverno foi realizada em março de 2002, na cidade de Lago Salt, EUA. Os jogos Paraolímpicos evoluíram e hoje, depois apenas dos Jogos Olímpicos, são o principal evento esportivo mundial. O Esporte Adaptado no Brasil surgiu em 1958. Atualmente é administrado por 6 grandes instituições: A ABDC (Associação Brasileira de Desporto para Cegos), a ANDE (Associação Nacional de Desporto para Excepcionais), a ABRADECAR (Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas), a ABDA (Associação Brasileira de Desportos para Amputados), a ABDEM (Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais) e a CBDS (Confederação Brasileira de Desportos para Surdos). O papel do esporte na vida das pessoas com deficiência O esporte é um veículo para a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade. Nos aspectos físicos e motores, o esporte melhora a condição cardiovascular dos praticantes, aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora e o equilíbrio. No aspecto social , o esporte proporciona a oportunidade de sociabilização com pessoas portadoras e não portadoras de deficiências, torna o indivíduo mais independente para a realização de suas atividades diárias e faz com que a sociedade conheça melhor as potencialidades dessas pessoas especiais. No aspecto psicológico, o esporte melhora a auto-confiança e a auto- estima das pessoas portadoras de deficiência, tornando-as mais otimistas e seguras para alcançarem seus objetivos.ESPORTES ADAPTADOS Que praticar esportes é fundamental para a saúde, todo mundo sabe. Para pessoas com deficiência, a prática é ainda mais importante. As diversas modalidades melhoram a condição cardiovascular de quem as pratica, aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e o repertório motor. Além disso, o esporte proporciona a oportunidade de sociabilização e torna quem tem deficiência mais independente, melhorando a autoconfiança e elevando a autoestima. Embora seja uma modalidade recente, o esporte adaptado surgiu na primeira década do século XX, há quase 100 anos. As primeiras atividades competitivas eram voltadas a jovens com deficiência auditiva, que participavam de modalidades coletivas. Alguns anos depois, foram adaptadas atividades para jovens com deficiência visual, especialmente a natação e o atletismo. Para pessoas com deficiências físicas, o esporte foi adaptado ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando soldados voltaram para os seus países com mutilações e outras deficiências. No Brasil, a prática surgiu por volta de 1960. O País está cada vez mais conquistando seu espaço em competições. Recentemente, nossos atletas tiveram o melhor rendimento brasileiro dos jogos Parapan-americanos Site externo em toda a história da competição. A delegação chegou a incríveis 257 medalhas, sendo 109 de ouro, 74 de prata e outras 74 de bronze. O segundo lugar no quadro geral, o Canadá, não chegou à metade das medalhas de ouro brasileiras, com apenas 50 conquistadas. Existem alguns critérios na hora da adaptação da modalidade. É aconselhável que o espaço (quadra, campo, pista, etc.) seja limitado e bem sinalizado, sem qualquer tipo de obstáculo que possa dificultar a locomoção dos atletas. Os materiais utilizados também devem ser apropriados para cada tipo de modalidade e deficiência. Além disso, algumas regras são alteradas para que atendam melhor ao perfil e às limitações de cada deficiência para que se tenha o máximo de igualdade entre os atletas. Confira abaixo as modalidades mais usuais e melhor adaptáveis, de acordo com cada deficiência: Deficiência visual: atletismo, ciclismo, futebol, judô, natação, goalball, hipismo, halterofilismo e esportes de inverno. Deficiência auditiva: atletismo, basquetebol, ciclismo, futebol, handebol, natação, vôlei, natação, e muitas outras (quase as mesmas das pessoas sem deficiência, pois não existem grandes limitações dos deficientes auditivos). Deficiência física: atletismo, arco e flecha, basquetebol em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol para amputados e paralisados cerebrais, halterofilismo, hipismo, iatismo, natação, rugby, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, voleibol sentado e para amputados e modalidades de inverno. ALGUMAS DEFINIÇÕES http://www.toronto2015.org/ http://www.toronto2015.org/ Futebol de 5 Praticado por atletas cegos, o futebol de 5, ao que tudo indica, surgiu na Espanha, por volta da década de 1920. No Brasil, há indícios de que era praticado durante a década de 1950 por cegos que jogavam com latas. A modalidade só entrou para o programa dos Jogos Paraolímpicos em Atenas- 2004. E o Brasil é, até hoje, o único campeão. O futebol de 5 é disputado em uma quadra que segue as medidas do futsal, com algumas alterações nas regras tradicionais. Os atletas de linha usam vendas nos olhos para evitar qualquer vantagem dos que apresentem percepção luminosa, enquanto o goleiro consegue enxergar normalmente. A partida é composta por dois tempos de 25 minutos cada, com intervalo de 10 minutos. O som dos guizos do interior da bola orienta os jogadores. Este é um esporte inclusivo e pode ser praticado com pessoas com ou sem deficiência. No Curso Impulsiona Esporte Futebol de 5, você irá conhecer um pouco mais sobre a história dessa modalidade, regras e dicas de como aplicá-la com seus alunos. Goalball Desenvolvido especificamente para deficientes visuais, o Goalball é o único esporte paralímpico não adaptado. Foi criado em 1946, pelo austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, que tinham como objetivo reabilitar e socializar os veteranos da Segunda Guerra Mundial que ficaram cegos. Durante os Jogos de Toronto (1976), a modalidade foi apresentada como um esporte de alto rendimento. Uma partida de Goalball acontece entre em duas equipes com três atletas cada com o objetivo de fazer gols. Durante o jogo os atletas têm a função de arremessar e defender. A bola arremessada deve tocar em determinadas áreas da quadra para que o lance seja considerado válido. O Goalball é um esporte baseado na percepção tátil e, principalmente auditiva, por isso não pode haver barulho enquanto a bola está em jogo. Este é outro esporte inclusivo, que poder aplicado com alunos com deficiência e sem. Para saber como, acesse nosso curso Impulsiona Esporte Goalball. Vôlei sentado: um esporte para todos https://impulsiona.org.br/futebol-de-5/ https://impulsiona.org.br/impulsiona-esporte-goalball/ https://impulsiona.org.br/impulsiona-esporte-goalball/ O voleibol sentado é um esporte divertido, empolgante e emocionante para quem assiste e, também, para quem está dentro da quadra jogando. Uma alta dose de espírito de equipe, habilidade, estratégia e garra são características necessárias para a sua prática. O vôlei sentado pode ser jogado por atletas de ambos os sexos, portadores de deficiência física, mas também pode ser praticado por pessoas que não possuem deficiência. O mais legal é que pode ser praticado por meninos e meninas ao mesmo tempo. A EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL Os índios - No Brasil colônia - Os primeiros habitantes, os índios, deram pouca contribuição a não ser os movimentos rústicos naturais tais como nadar, correr atrás da caça, lançar, e o arco e flecha. Nas suas tradições incluem-se as danças, cada uma com significado diferente: homenageando o sol, a lua, os Deuses da guerra e da paz, os casamentos etc. Entre os jogos incluem-se as lutas, a peteca, a corrida de troncos entre outras que não foram absorvidas pelos colonizadores. Sabe-se que os índios não eram muito fortes e não se adaptavam ao trabalho escravo. Os negros e a capoeira - Sabe-se que vieram para o Brasil para o trabalho escravo e as fugas para os Quilombos os obrigava a lutar sem armas contra os capitães-do-mato, homens a mando dos senhores de engenho que entravam mato a dentro para recapturar os escravos. Com o instinto natural, os negros descobriram ser o próprio corpo uma arma poderosa e o elemento surpresa. A inspiração veio da observação da briga dos animais e das raízes culturais africanas. O nome capoeira veio do mato onde entrincheiravam-se para treinar. "Um estranho jogo de corpo dos escravos desferindo coices e marradas, como se fossem verdadeiros animais indomáveis". São algumas das citações de capitães-do-mato e comandantes de expedições descritas nos poucos alfarrábios que restaram. Rui Barbosa mandou queimar tudo relacionado à escravidão. Brasil Império - Em 1851 a lei de n.º 630 inclui a ginástica nos currículos escolares. Embora Rui Barbosa não quisesse que o povo soubesse da história dos negros, preconizava a obrigatoriedade da Educação Física nas escolas primárias de secundárias praticada 4 vezes por semana durante 30 minutos. Brasil República - Essa foi uma época onde começou a profissionalização da Educação Física. As políticas públicas - Até os anos 60 o processo ficou limitado ao desenvolvimento das estruturas organizacionais e administrativas específicas tais como: Divisão de Educação Física e o Conselho Nacional de Desportos. Os anos 70, marcado pela ditadura militar, a Educação Física era usada, não para fins educativos, mas de propaganda do governosendo todos os ramos e níveis de ensino voltada para os esportes de alto rendimento. Nos anos 80 a Educação Física vive uma crise existencial à procura de propósitos voltados à sociedade. No esporte de alto rendimento a mudança nas estruturas de poder e os incentivos fiscais deram origem aos patrocínios e empresas podendo contratar atletas funcionários fazendo surgir uma boa geração de campeões das equipes Atlântica Boa Vista, Bradesco, Pirelli entre outras. Nos anos 90 o esporte passa a ser visto como meio de promoção à saúde acessível a todos manifestada de três formas: esporte educação, esporte participação e esporte performance. A Educação Física finalmente regulamentada é de fato e de direito uma profissão a qual compete mediar e conduzir todo o processo. Os passos da profissão: 1946 - Fundada a Federação Brasileira de Professores de Educação Física. 1950 a 1979 - Andou meio esquecida com poucos e infrutíferos movimentos. 1984 - Apresentado 1º projeto de lei visando a regulamentação da profissão. 1998 - Finalmente a 1º de setembro assinada a lei 9696 regulamentando a profissão com todos os avanços sociais fruto de muitas discussões de base e segmentos interes- sados. Literatura Consultada: 1) Costa, Marcelo Gomes - Ginástica localizada. Ed. Sprint, 2ª edição, R.J.1998. 2) Silva N.Pithan Atletismo Ed. Cia Brasil editora 2ª Ed. São Paulo Após todas essas transformações ao longo da história da educação física, ela vem sendo cada vez mais estudada, organizada e reconhecida, ganhando espaço e cunho cientifico, indispensável para a sua evolução. No Brasil, há uma história de lutas e con- quistas que culminaram na regulamentação da profissão. O processo teve início nos anos 40, quando profissionais, preocupados com o cres- cente número de educadores não habilitados exercendo a profissão, iniciaram um movi- mento em direção a sua regulamentação. O movimento nacional pela regulamentação do profissional de educação física iniciou em 1995 e culminou com o sucesso de seus objetivos em 1998, quando a profissão foi finalmente regulamentada. Até a década de 50, a educação física era voltada para a área medica e militar, que a via como uma forma de aprimoramento da raça e ajudava a criar homens fortes e sau- dáveis. Naquela época, o Brasil importava sistemas de ginastica de países como Ale- manha, Suécia e Franca. Na década de 70, com o boom do nacionalismo, o governo passou a obrigar a educação física no ensino fundamental e médio. Atualmente, a educação física e obrigatória nas escolas, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Com o surgimento de novas propostas pedagógicas, a disci- plina pode se integrar a elas respaldada pela atual Lei de Diretrizes e Bases. Fora das escolas, o esporte e visto como negócio, diante do culto ao corpo perfeito que nossa so- ciedade vive. E por conta disso que se multiplicam o número de academias com essa promessa. Educação Física é uma disciplina que visa o aperfeiçoamento, controle e manutenção da saúde do corpo e da mente do ser humano. Consiste em um conjunto de atividades físicas planejadas e estruturadas para promover o condicionamento físico de crianças, jovens e adultos através da prática de diferentes modalidades esportivas. As aulas de Educação Física são orientadas por um profissional formado no curso superior de Educação Física, cujas matérias estão ligadas essencialmente às Ciências Biológicas e da Saúde. O profissional sai com preparação para o ensino pedagógico e para atuar principalmente em ambientes escolares. O curso de Educação Física é diferente de um curso de Ciências do Esporte, pois o profissional do Esporte trabalha na preparação física de atletas e equipes, na gestão e organização de eventos esportivos etc. No sistema de ensino a disciplina de Educação Física é obrigatória a todos os alunos. O programa oficial do Ministério da Educação pretende promover uma diversidade de conteúdos que devem ser trabalhados com os alunos ao longo do percurso escolar. Os três blocos estruturados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são: 1. Ginásticas, jogos, esportes e lutas: englobam os esportes individuais e coletivos, jogos tradicionais, lutas e ginásticas diversas; 2. Atividades rítmicas e expressivas: aulas de expressão corporal como teatro e dança seja ela, clássica, contemporânea, folclórica, popular e de salão; 3. Conhecimentos sobre o corpo: aulas teóricas envolvendo conceitos de anatomia e outros aspectos referentes às relações com o corpo em diferentes culturas. As tendências pedagógicas da Educação Física Escolar Tendência Higienista (até 1930) Esta tendência foi bastante influenciada pela medicina e pela eugenia. Esta concep- ção possuía como preocupação principal os hábitos de higiene e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico quanto o moral, a partir do exercício. A medicina teve um papel estratégico no desenvolvimento da Educação Física. Para o autor, os saberes e práticas da Educação Física passam a sofrer influências dos sa- beres da área médica, buscando uma legitimação científica, principalmente na área bio- médica, como todos os saberes relativos ao corpo. Possuía como característica a utilização da ginástica calistênica, os professores eram da área médica, não havia interação entre alunos e professor, os mais fracos e doentes eram excluídos das aulas e não havia nenhuma interação com as questões pedagógi- cas da escola. O tema saúde era uma preocupação da elite da época, que temendo contaminações, utilizou a Educação Física como um meio de doutrinar as classes mais baixas, no sen- tido de fiscalizar e promover a assepsia corporal. Tal fiscalização era realizada no início das aulas quando era realizada a inspeção, momento em que os alunos deveriam mos- trar aos professores a limpeza corporal – unhas, cabelos, pescoço, braços e pernas. Alunos com qualquer tipo de doença eram eliminados das aulas, aqueles que estives- sem demonstrando qualquer tipo de impureza – roupa suja, unhas a fazer, etc., eram sumariamente excluídos. As blusas do uniforme da prática de Educação Física deve- riam ser brancas, fato até hoje usualmente corriqueiro nas aulas da disciplina, tal cor foi admitida por representar a pureza e a limpeza. Tendência Militarista (1930 – 1945) Totalmente biologicista, esta tendência expressa a forma como os professores com- preendiam os alunos, considerando-os de forma homogênea. Com a implantação do Estado Novo, na década de 30, a escola passa a sofrer transformações nos programas das disciplinas. Assim, os professores de Educação Física passam a atuar recorrendo a filosofia da militarização, institucionalizando os corpos de seus alunos e renegando o aspecto educacional da prática. A Educação Física Militarista passa a ser influenciada pelas questões bélicas. As pre- ocupações com eventuais guerras e o envolvimento do país nestes conflitos chegam à Educação Física com avidez. O período militarista se configura entre o final da Primeira e a Segunda Guerra Mundial, portanto, uma época de conturbações políticas. Havia a necessidade de preparar futuros jovens para possíveis envios de tropas à guerra, assim o governo brasileiro encara a Educação Física como um meio de treina- mento para os alunos. As aulas passam a ser ministradas, em sua maioria, por milita- res. Exercícios como polichinelo, abdominal, flexão de braço, corridas, defesa pessoal, instruções militares e ginásticas passam a configurar como conteúdos da Educação Fí- sica escolar. A relação aluno-professor abandona a postura paciente-médico, como era conside- rada na tendência Higienista, e passa a vigorar como recruta-sargento. Não há diálogo entre ambos. Os fundamentos do nazismo e do fascismo, em ascensão na Europa, também são percebidos. O nacionalismo exacerbadoe reproduzido através de hinos e canções de amor à pátria, a preocupação com a limpeza da raça, o racismo, o culto ao belo e a exclusão dos ditos inferiores passam a serem situações frequentes nas ses- sões de Educação Física. O tema saúde era abordado somente na prática, na construção de futuros soldados, fortes e doutrinados, capazes de representar a pátria em combates. Havia a exclusão dos mais fracos e incapazes, pois a eugenia ainda era preconizada como meio de sele- ção dos melhores. Para que o Brasil fosse à guerra, como de fato acabou ocorrendo, necessitávamos de jovens saudáveis e dispostos. Tendência Pedagogicista (1945 – 1964) Após a Segunda Guerra Mundial, com a derrota do nazi-facismo e a vitória dos alia- dos, a Educação Física passa a sofrer a influência do liberalismo americano, assim como grande parte do mundo ocidental. Nos Estados Unidos a Educação Física recorria a jogos e brincadeiras, ginásticas, lutas e esportes, principalmente o basquetebol e o voleibol, conteúdos logo assimilados pela disciplina no Brasil. Ainda no campo da ativi- dade física, os americanos passaram a investir em programas de exercícios físicos e na formação de atletas. No Brasil, com o crescimento da escola pública, a Educação Física recebe impulsos da ideologia desenvolvimentista do Governo de Juscelino Kubitscheck e passa a se in- tegrar pela primeira vez nas questões pedagógicas na escola. Neste período, a Educação Física passa a ser o centro vivo da escola, responde a preparação de alunos para festas, torneios, desfiles, formação de bandas musicais, en- tre outras. A participação dos alunos é mais inclusiva. Pela primeira vez a saúde passa a ser discutida de forma teórica e assuntos como primeiros socorros, higiene, prevenção de doenças e alimentação saudável são incor- porados às aulas de Educação Física. Entretanto, no período ainda não se notava uma preocupação com a saúde coletiva, e sim individual. Não havia discussões sobre lazer, moradia, emprego e saneamento, condições básicas para a saúde, na visão da Saúde Coletiva. Tendência Esportivista (1964 – 1985) Em 1º de abril de 1964, no Brasil, os militares tomam o poder e a partir de então, ins- talam um governo onde as pessoas com idéias contrárias eram rigorosamente punidas com perseguições, cadeia, exílio e morte. A censura passa a ser exercida e ocorrem a fiscalização de sindicatos, entidades estudantis e partidárias. Nesse mesmo período, o Brasil consegue vários resultados expressivos no esporte como o tricampeonato da seleção brasileira de futebol, no México em 1970. O povo co- memorava nas ruas as vitórias brasileiras. O governo patrocinava as festas e desta forma percebeu que a população adorava esportes e que, com a atenção direcionada às disputas, afastava-se das discussões políticas. Assim, os militares resolvem incenti- var a prática esportiva, com objetivos claros: descobrir novos talentos e transformar o Brasil em potência olímpica. Porém havia objetivos escusos: ao praticar esportes a po- pulação se ocupava e deixava de lado as preocupações com o governo. Para atingir os objetivos traçados, o governo resolve então apoiar a prática de espor- tes na escola e a Educação Física se torna o alvo prefeito. A partir deste momento a Educação Física, que buscava um avanço como meio educativo, na tendência Pedago- gicista, retorna ao biologicismo. Os professores agora deveriam deixar de lado os as- pectos sociais, educativos e afetivos e se preocupar somente com o rendimento e o aprimoramento das habilidades esportivas. A Educação Física passa a ser dominada pelos esportes, melhor, passa a ser sinô- nimo de esportes. Há uma exclusão generalizada daqueles que não possuem habilida- des, a competição passa a ser o objetivo do processo. A relação professor-aluno passa a ser técnico-atleta. O período que compreende esta tendência na Educação Física é de 1964 a 1985. Nesta tendência da Educação Física a saúde, física, se torna um tema importante, pois é necessário atender aos futuros atletas. A fisiologia e o treinamento esportivo, principalmente, atingem um grande desenvolvimento. Tendência Popular (1985 – atualidade) A década de 80 faz fervilhar os movimentos populares. O Movimento Sanitário cresce nos municípios e se organiza. Em 1986, na já comentada 8ª Conferência Nacional de Saúde, ocorre o reconhecimento do Conceito Ampliado de Saúde, que entende saúde como um conjunto de situações que vão além do biológico, incluindo o social, o cultural e o econômico. A Educação Física pautada na tendência Popular é dominada pelos anseios operá- rios de ascensão na sociedade. Conceitos como inclusão, participação, cooperação, afetividade, lazer e qualidade de vida passam a vigorar nos debates da disciplina. O aluno, depois de um longo período, desde a tendência Pedagogicista, entre 1945 e 1964, passa a ser parte do processo, sendo ouvido, podendo sugerir e criticar. A saúde como tema deste período da Educação Física engloba diversos assuntos como o sedentarismo, as doenças sexualmente transmissíveis, o combate às drogas e os primeiros socorros. A força do biologicismo, tão presente em outras tendências da Educação Física, pa- rece declinar. Lesões, traumas, estresse, e uso de drogas para aumentar o rendimento direcionam a atenção da população para os efeitos do esportivismo e de sua busca pelo alto rendimento. Somente a dedicação aos exercícios não são suficientes para a prevenção de doenças cardíacas. A afirmação produz um efeito devastador na Educa- ção Física, que inicia então uma nova leitura do seu papel como produtora de saúde. Porém a Educação Física na verdade, entra em crise epistemológica. O que fazer? Não se respira mais os ares do Higienismo e sua assepsia corporal; não se pretende mais produzir futuros soldados, como preconizava o a tendência Militarista; não há a necessidade de produzir atletas, pois a escola não possui esta função, como queria a tendência Esportivista.