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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROlogo-cecierj-cederjPB.jpgLogotipo Descrição gerada automaticamente CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO Curso de Licenciatura em Pedagogia – modalidade EAD Disciplina: História da Educação Coordenador: Maria de Lourdes da Silva Nome: Pérola Ferreira de Lima Polo: Nota = Teresópolis AD1 História da Educação 2024.1 Questão 1: Descreva a proposta pedagógico-didática dos missionários jesuítas, com especial atenção às diferenças entre a educação dos pobres e dos índios e a educação das elites coloniais. (1,0 p.) A proposta pedagógico-didática dos missionários jesuítas durante o período colonial na América Latina foi marcada por uma abordagem que visava não apenas a catequese, mas também a educação formal das populações locais, incluindo tanto os índios quanto os colonos e seus descendentes. No entanto, havia diferenças significativas na forma como essa educação era conduzida, dependendo do grupo social e étnico em questão. Para os índios, os jesuítas desenvolveram um método educacional conhecido como "educação reducional". Este sistema tinha como objetivo principal converter os índios ao cristianismo, ao mesmo tempo em que lhes proporcionava educação básica em língua, matemática e ofícios práticos. Os missionários acreditavam que, ao incorporar os nativos à cultura europeia, estariam promovendo sua "civilização". No entanto, essa educação estava intimamente ligada à ideia de submissão e controle dos povos nativos, muitas vezes resultando na perda de suas próprias tradições e identidade cultural. Por outro lado, a educação oferecida às elites coloniais seguia um modelo mais próximo do europeu, com foco em estudos humanistas, retórica, filosofia e teologia. Essa educação, ministrada em escolas e universidades dirigidas pelos jesuítas, visava formar líderes e administradores para a sociedade colonial, perpetuando assim a estrutura de poder estabelecida. As elites coloniais tinham acesso a um ensino mais avançado e refinado, voltado para prepará-las para assumir posições de destaque na administração civil e religiosa. Essas diferenças refletiam não apenas as demandas e expectativas sociais de cada grupo, mas também os interesses e objetivos específicos dos colonizadores. Enquanto a educação dos índios visava principalmente à sua conversão e submissão, a educação das elites coloniais era voltada para a manutenção e reprodução do sistema de dominação colonial. Fontes: Boxer, C. R. (1962). The Portuguese Seaborne Empire, 1415-1825. Hutchinson. Bethell, L. (Ed.). (1984). The Cambridge History of Latin America: Volume 1, Colonial Latin America. Cambridge University Press. “Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval”. Em seu “Manifesto antropófago”, do qual foi retirado esse trecho, Oswald de Andrade defende que reprocessemos criticamente o legado cultural europeu, sem nos submetermos. Cite as práticas e táticas que as comunidades indígenas e quilombolas vêm desenvolvendo para questionar o pensamento colonial que ressoa no espaço-tempo das escolas, conforme a aula 2. (1,0 p.) As comunidades indígenas e quilombolas têm desenvolvido uma série de práticas e táticas para questionar o pensamento colonial que persiste no espaço-tempo das escolas. Algumas dessas estratégias incluem: Resgate e valorização das tradições e saberes ancestrais: Muitas comunidades têm buscado resgatar e valorizar suas línguas, costumes, práticas agrícolas, medicina tradicional e outras formas de conhecimento que foram suprimidas ou marginalizadas durante o período colonial. Isso é feito através de projetos de revitalização cultural, festivais, oficinas e ensino nas próprias comunidades. Educação intercultural e bilíngue: Muitas escolas indígenas e quilombolas têm adotado abordagens pedagógicas que integram os conhecimentos tradicionais com o currículo escolar formal. Isso inclui o ensino da língua materna e o reconhecimento da pluralidade de saberes como parte do processo educacional. Resistência à imposição de currículos e práticas eurocêntricas: As comunidades têm lutado contra a imposição de currículos e práticas educacionais que reproduzem estereótipos e visões eurocêntricas da história, cultura e sociedade. Isso pode envolver protestos, ocupações de escolas, campanhas de conscientização e pressão política por políticas educacionais mais inclusivas e respeitosas. Fortalecimento da autonomia e autodeterminação educacional: As comunidades têm buscado cada vez mais o controle sobre seus próprios sistemas educacionais, através da criação de escolas autônomas, conselhos escolares comunitários e parcerias com instituições de ensino superior e organizações da sociedade civil que compartilham de seus valores e objetivos. Essas práticas e táticas refletem uma resistência ativa e criativa contra o legado colonial na educação, buscando afirmar e fortalecer as identidades culturais e os direitos das comunidades indígenas e quilombolas. Ao rejeitarem a passividade e o assimilacionismo, essas comunidades estão construindo caminhos alternativos e mais justos para a educação em seus contextos específicos. Fonte: Aula 2 do curso "Educação para as Relações Étnico-Raciais" Questão 2: A expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal abriu caminho para o projeto educacional pombalino. O ensino organizado por Pombal, entre 1759 e 1822, teve seus fundamentos, ambições e também limites, ou seja, as distâncias entre as formulações legais e as reformas, na prática, conforme os textos “A escolarização no Brasil: cultura e história da educação”, da aula 1, e o texto “A construção da escola pública no Rio de Janeiro imperial”, da aula 3. Com base nisso, marque V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas e justifique as falsas. (4,0 p.) 1. ( F ) A expulsão dos jesuítas foi justificada, em boa parte, em função dos jesuítas atuarem na defesa dos índios, pela boa fase financeira vivida pelo Império lusitano e porque os portugueses responsabilizavam a Companhia de Jesus pelo atraso cultural português. Justifique: Embora a expulsão dos jesuítas tenha sido motivada por várias razões, como disputas de poder político e econômico, e a suposta influência excessiva da Companhia de Jesus sobre assuntos coloniais, a justificativa de que a expulsão ocorreu em parte devido à defesa dos índios pelos jesuítas não é precisa. Na verdade, muitos jesuítas foram expulsos por se oporem às práticas coloniais injustas e abusivas contra os povos indígenas, mas essa não foi a razão principal ou oficial da expulsão. 2. ( F ) O Marquês de Pombal deu início à escola privada e de caráter religioso no Brasil. Justifique: O Marquês de Pombal, em suas reformas educacionais, não deu início à escola privada e de caráter religioso no Brasil. Pombal foi responsável por uma série de reformas que visavam centralizar o controle do ensino sob a égide do Estado e diminuir a influência da Igreja Católica na educação. Ele promoveu a criação de escolas públicas laicas, com o objetivo de formar cidadãos mais leais ao Estado e menos influenciados pela religião. Portanto, a afirmação é falsa. 3. ( V ) As reformas educacionais impostas pelo Marquês de Pombal, em Portugal e nas Colônias, dividiam o ensino em estudos maiores e menores. Os estudos maiores, referente às Universidades, foram implantados no Brasil neste período. Justifique: As reformas educacionais promovidas pelo Marquês de Pombal incluíram a divisão do ensino em estudos maiores e menores. Os estudos maiores se referiam às universidades, e Pombal buscou implantá-los também no Brasil durante seu período de governo. Isso fazia parte de sua estratégia de centralizar e modernizar o sistema educacional, expandindo a educação superior para além de Portugal. Portanto, a afirmação é verdadeira. 4. ( F ) Pombal deu início às aulas régias, que funcionavam na casa dos professores concursados. Essa escola recebia apenas meninos. Justifique:O estabelecimento das aulas régias não foi uma iniciativa de Pombal. Na verdade, as aulas régias foram criadasem Portugal no século XVIII, antes do governo de Pombal, como parte de uma política para fornecer educação primária pública. Essas aulas eram destinadas tanto a meninos quanto a meninas, embora frequentemente as escolas separassem os sexos. Além disso, as aulas régias funcionavam em prédios públicos, não nas casas dos professores concursados. Portanto, a afirmação é falsa. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Questão 3: Os povos originários do Brasil lutam há 524 anos pelo reconhecimento dos seus territórios, de sua cultura, de sua existência. Eles conformam uma parte da sociedade brasileira que ainda não foi aceita e assimilada. As temporalidades indígenas persistem sendo desrespeitadas. Desde a colonização até os dias atuais, o tempo é usado como um mecanismo de violação dos direitos desses povos, como na “tese do marco temporal”. Observados em seu habitat e cultura, esses povos vivem um tempo diferente do restante da sociedade que precisa ser conhecido e compreendido. Para a História, o tempo é matéria essencial por onde se constroem os entendimentos das diferentes experiências humanas. E, ao contrário do que se pensa normalmente, o tempo não é o mesmo para todos, tendo diferentes sentidos e significados conforme os povos, sociedades e civilizações. Para os povos originários brasileiros, “o mundo é feito de infinitas narrativas e perspectivas sobre a vida, a cultura, a memória e a história” (Vídeo MASP Acessibilidade). Entre esses povos e o restante da sociedade brasileira há maneiras diferentes de conceber o tempo, a vida, as relações, a existência. O acima, extraído da exposição “Histórias indígenas”, no MASP, em cartaz até o dia 25 de fevereiro de 2024, nos convoca a pensar sobre a temporalidade e descobrir outras formas de conceber o tempo, a natureza, a existência. Nesta questão, é pedido que o aluno opere reflexão a partir do vídeo mencionado e do texto “Tempo e História”, de Raquel Glezer sobre os seguintes pontos: (4,0 p) Como a civilização Ocidental concebe o tempo e por que essa concepção se tornou hegemônica? A civilização ocidental concebe o tempo de forma linear e progressiva, com uma ênfase na ideia de progresso e desenvolvimento ao longo do tempo. Essa concepção se tornou hegemônica devido à influência do pensamento judaico-cristão e das tradições filosóficas gregas, que fundamentaram a visão de uma história que se desenrola em direção a um objetivo final, como a salvação religiosa ou o avanço da humanidade rumo à modernidade. Além disso, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia na Europa moderna contribuiu para consolidar essa visão linear do tempo, com um foco na ideia de progresso e evolução. Essa concepção hegemônica do tempo tende a desconsiderar outras formas de compreender o tempo, como as cíclicas ou não lineares, presentes em diversas culturas não ocidentais. Como a História reflete sobre o tempo? Como essa reflexão ajuda a minimizar as desigualdades, hierarquias e dominações inscritas nas relações entre os povos? A História reflete sobre o tempo de diversas maneiras, reconhecendo a complexidade e pluralidade das experiências temporais humanas. Ao considerar diferentes perspectivas históricas e temporais, a disciplina histórica pode ajudar a minimizar as desigualdades, hierarquias e dominações inscritas nas relações entre os povos. Isso ocorre ao desafiar a visão eurocêntrica e linear do tempo, incorporando narrativas e temporalidades não ocidentais na análise histórica. Ao reconhecer e valorizar as múltiplas formas de conceber o tempo, a História contribui para uma compreensão mais inclusiva e respeitosa das culturas e sociedades não ocidentais, promovendo o diálogo intercultural e a justiça histórica. Recomendamos atenção aos critérios de avaliação! Não serão aceitas paráfrases elaboradas de forma incorreta, cópia integral ou parcial de textos da disciplina ou de sites, colagens de parágrafos de diferentes fontes. Todas as citações devem constar entre aspas e é obrigatório indicar as fontes e listar as referências. Você deve mostrar-se autor(a) de seu texto. Desenvolva a argumentação relacionando-a aos textos lidos, aos vídeos e a outros materiais. Terão pontuação reduzida as respostas que não mencionarem a bibliografia do curso como referência e que não permitirem a identificação das fontes bibliográficas e dos recursos utilizados. Espera-se que as respostas contemplem as questões de forma específica e propositiva, de modo dissertativo-argumentativo. Lembre-se de listar todas as referências pesquisadas. Bons Estudos!