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Leo Cunha É na rapidez de um piscar de olhos que o poeta captura a poesia do momento. Assim como um pescador, ele precisa ser certeiro – no caso, para transformar ideias em palavras e provocar encantamento. A poesia se faz num pescar de olhos Ilustrações Andrea Ebert Jogue a isca e repare como o dia a dia está repleto de ideias e sentimentos para serem pescados e tornar nossa vida mais poética. SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_Capa_Aluno.indd 1SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_Capa_Aluno.indd 1 11/25/21 11:19 AM11/25/21 11:19 AM eu pensava que à noite o sol ia dormir que o sol ia pra casa que ia lá pra China que o sol virava lua que acabava a pilha que punha capa preta que a montanha engolia que o sol também ficava com saudade de mim. SAUDADE 6 P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 6P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 6 11/25/21 11:16 AM11/25/21 11:16 AM Sabe onde fica o futuro? Em cima da nuvem depois do sol além da lua bem atrás da curva do céu É pra lá que a gente vai quando cresce e vira adulto astronauta cientista maluco FUTURO 7 P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 7P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 7 11/25/21 11:16 AM11/25/21 11:16 AM RUÍDO URBANO Fecha esse vidro, menina, senão a gente se ensopa na tempestade de buzinas. 26 P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 26P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 26 11/25/21 11:16 AM11/25/21 11:16 AM PARA SAIR DE UM LABIRINTO deixe pelo caminho um novelo de linha espalhe no chão migalhas de pão desenhe um mapa bem caprichado ou simplesmente devore as paredes 27 P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 27P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 27 11/25/21 11:16 AM11/25/21 11:16 AM P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 28P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 28 11/25/21 11:16 AM11/25/21 11:16 AM DESCOBER TA Cristóvão e Cabral estavam cada qu al à busca de uma rima. — O que rima com semente? — O que rima com raiz? (Não sei se você sabia que os d ois gostavam d e terra mais do que de poesia.) Mas como não encontraram uma rim a pra semente nem out ra para raiz eles dois se con tentaram com um continente e um pa ís... 30 P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 30P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 30 11/25/21 11:16 AM11/25/21 11:16 AM Tenho dever de m atemá tica. Dei bo beira! Essa t arefa é enig mátic a. Deu b ranco ! Precis o de u ma aj uda r ápida . Dei um jeito! Vou a pelar pra in formá tica. Deu c erto! Achei um s ite qu e é um a dád iva. Deu jo go! Mas n ão ten ho um a senh a váli da. Deu z ebra! E tem um v írus n essa p ágina . Deu a louca ! Escap ei num passe de m ágica. Deu s amba ! Mas b em ag ora m inha m áquin a deu p ane! PAN E E CIRC O P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 31P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 31 11/25/21 11:16 AM11/25/21 11:16 AM PALHAÇADA O palhaço Guarabira só de birra de pirraça dá um espalho dá um espirro joga água no pirralho P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 38P3_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_003a039_Miolo.indd 38 11/25/21 11:16 AM11/25/21 11:16 AM 48 OS AUTORES LEO CUNHA é mineiro de Bocaiuva e mora em Belo Horizonte. É casado e pai da Sofia e do André. Ele fez faculdade de Jornalismo e Publicidade e seguiu estudando. Fez pós-graduação em Literatura Infantil e Juvenil e em Artes/Cinema. Leo conta que, desde pequeno, “a poesia sempre morou” na sua casa e, por isso, se acha uma pessoa de sorte. Ele lembra de A arca de Noé, de Vinícius de Morais, Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles, e Lili inventa o mundo, de Mario Quintana, entre tantos outros livros. Também se recorda dos disquinhos coloridos que havia na época, com clássicos como “Chapeuzinho Vermelho” e “João e Maria”, recontados em versos pelo cantor e compositor Braguinha. O gosto pela leitura e por histórias o acompanhou na vida adulta. Ele já escreveu mais de 60 livros, entre literatura infantil e juvenil, crônica e poesia. Também publicou contos e poemas em diversas antologias (obras que reúnem textos de vários autores) e peças teatrais, além de ter traduzido mais de 30 livros de literatura infantil e juvenil do inglês e do espanhol para o português. Os livros de Leo Cunha receberam diversos prêmios, como João-de-Barro, Jabuti, Nestlé, Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), Biblioteca Nacional, Adolfo Aizen e Concurso Nacional de Histórias Infantis do Paraná. O autor também escreveu peças de teatro infantil e dezenas de letras de música, em parceria com outros compositores. Atualmente, Leo dá aulas em universidades. ANDREA EBERT nasceu em São Paulo e fez faculdade de Moda. Atuou como produtora de moda em revistas e em emissoras de TV. Em 2002, iniciou a carreira como ilustradora em agências de publicidade e design e nas principais editoras do Brasil. Quando criança, ela conta que gostava de desenhar e de brincar com quebra-cabeças, o que influenciou algumas das ilustrações que faz até hoje, que são fragmentadas e cheias de traços e cores. Ela também gostava de desenhar árvores, principalmente galhos e ramos. Como tinha dificuldade com a escrita, a ilustração era uma forma de se comunicar. Atualmente, Andrea mora em Lisboa, Portugal, e faz ilustrações para o Brasil e para países da Europa. Sobre ilustrar livros para crianças, o que mais a encanta é o desafio de “dizer e não dizer”. “A ilustração não pode ‘entregar o jogo’, mostrar tudo o que o texto está querendo falar, mas tem que ‘cochichar’ – dar pistas para que a gente possa entender e fazer a nossa própria interpretação”, afirma. Neste livro, ela diz que “jogou com as cores onde as palavras não podem dizer e com as formas onde os versos desejam alcançar”. Entre as décadas de 1960 e 1980, disquinhos coloridos com a narração de histórias infantis faziam a alegria das crianças. Eles eram tocados em aparelhos chamados de vitrolas. A c e rv o d o a u to r/ A rq u iv o d a e d it o ra A c e rv o p e s s o a l/ A rq u iv o d a e d it o ra R e p ro d u ç ã o /M a r d e P a lh a P5_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_PARATEXTOS.indd 48P5_SARAIVA EDUCACAO_A poesia se faz num pescar de olhos_PNLD2023_PARATEXTOS.indd 48 11/25/21 11:18 AM11/25/21 11:18 AM