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134 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) 
E o amor não abre caminho na noite. 
A noite é mortal, completa, sem reticências, 
a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer, 
a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes! nas 
suas fardas. 
 
A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio... 
Os suicidas tinham razão. 
Aurora, entretanto eu te diviso, 
ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascender 
e dos bens que repartirás com todos os homens. 
Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações, 
adivinho-te que sobes, 
vapor róseo, expulsando a treva noturna. 
O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos, 
teus dedos frios, que ainda se não modelaram mas que avançam 
na escuridão como um sinal verde e peremptório. 
Minha fadiga encontrará em ti o seu termo, 
minha carne estremece na certeza de tua vinda. 
O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam, 
os corpos hirtos adquirem uma fluidez, uma inocência, um perdão 
simples e macio... 
Havemos de amanhecer. 
O mundo se tinge com as tintas da antemanhã 
e o sangue que escorre é doce, de tão necessário para colorir tuas 
pálidas faces, aurora. 
Carlos Drummond de Andrade 
3ª Fase: Poesia Metafísica ou do Eu = Mundo 
Nessa fase, o eu lírico promove uma verdadeira “escavação do 
real, mediante um processo de interrogações e negações que 
conduz ao vazio que espreita o homem e ao desencanto”. O eu 
lírico mostra-se mais introspectivo, deixa de lado a tentativa de 
encontrar respostas para os problemas sociais de seu tempo, 
mostrando-se desenganado, desiludido. Assume, então, uma 
postura mais filosófica, abordando temas mais universais como o 
amor, a passagem do tempo, a velhice, a morte, o sexo, a 
religião... 
A forma também modifica-se: observa-se um processo de 
depuração da linguagem, com a busca pela palavra perfeita, o uso 
de um vocabulário mais erudito, a presença mais constante da 
métrica e da rima, a prática do soneto. 
A Máquina do Mundo 
E como eu palmilhasse vagamente 
uma estrada de Minas, pedregosa, 
e no fecho da tarde um sino rouco 
 
se misturasse ao som de meus sapatos 
que era pausado e seco; e aves pairassem 
no céu de chumbo, e suas formas pretas 
 
lentamente se fossem diluindo 
na escuridão maior, vinda dos montes 
e de meu próprio ser desenganado, 
 
a máquina do mundo se entreabriu 
para quem de a romper já se esquivava 
e só de o ter pensado se carpia. 
Abriu-se majestosa e circunspecta, 
sem emitir um som que fosse impuro 
nem um clarão maior que o tolerável 
 
pelas pupilas gastas na inspeção 
contínua e dolorosa do deserto, 
e pela mente exausta de mentar 
 
toda uma realidade que transcende 
a própria imagem sua debuxada 
no rosto do mistério, nos abismos. 
 
Abriu-se em calma pura, e convidando 
quantos sentidos e intuições restavam 
a quem de os ter usado os já perdera 
 
e nem desejaria recobrá-los, 
se em vão e para sempre repetimos 
os mesmos sem roteiro tristes périplos, 
 
convidando-os a todos, em coorte, 
a se aplicarem sobre o pasto inédito 
da natureza mítica das coisas, 
assim me disse, embora voz alguma 
ou sopro ou eco ou simples percussão 
atestasse que alguém, sobre a montanha, 
 
a outro alguém, noturno e miserável, 
em colóquio se estava dirigindo: 
"O que procuraste em ti ou fora de 
 
teu ser restrito e nunca se mostrou, 
mesmo afetando dar-se ou se rendendo, 
e a cada instante mais se retraindo, 
 
olha, repara, ausculta: essa riqueza 
sobrante a toda pérola, essa ciência 
sublime e formidável, mas hermética, 
 
essa total explicação da vida, 
esse nexo primeiro e singular, 
que nem concebes mais, pois tão esquivo 
 
se revelou ante a pesquisa ardente 
em que te consumiste... vê, contempla, 
abre teu peito para agasalhá-lo.” 
 
As mais soberbas pontes e edifícios, 
o que nas oficinas se elabora, 
o que pensado foi e logo atinge 
 
distância superior ao pensamento, 
os recursos da terra dominados, 
e as paixões e os impulsos e os tormentos 
 
Aula 30 – Poesia de 30 II 
 
 
 
 
 
 
135 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
e tudo que define o ser terrestre 
ou se prolonga até nos animais 
e chega às plantas para se embeber 
 
no sono rancoroso dos minérios, 
dá volta ao mundo e torna a se engolfar, 
na estranha ordem geométrica de tudo, 
 
e o absurdo original e seus enigmas, 
suas verdades altas mais que todos 
monumentos erguidos à verdade: 
 
e a memória dos deuses, e o solene 
sentimento de morte, que floresce 
no caule da existência mais gloriosa, 
 
tudo se apresentou nesse relance 
e me chamou para seu reino augusto, 
afinal submetido à vista humana. 
 
Mas, como eu relutasse em responder 
a tal apelo assim maravilhoso, 
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio, 
 
a esperança mais mínima — esse anelo 
de ver desvanecida a treva espessa 
que entre os raios do sol inda se filtra; 
 
como defuntas crenças convocadas 
presto e fremente não se produzissem 
a de novo tingir a neutra face 
 
que vou pelos caminhos demonstrando, 
e como se outro ser, não mais aquele 
habitante de mim há tantos anos, 
 
passasse a comandar minha vontade 
que, já de si volúvel, se cerrava 
semelhante a essas flores reticentes 
 
em si mesmas abertas e fechadas; 
como se um dom tardio já não fora 
apetecível, antes despiciendo, 
 
baixei os olhos, incurioso, lasso, 
desdenhando colher a coisa oferta 
que se abria gratuita a meu engenho. 
 
A treva mais estrita já pousara 
sobre a estrada de Minas, pedregosa, 
e a máquina do mundo, repelida, 
 
se foi miudamente recompondo, 
enquanto eu, avaliando o que perdera, 
seguia vagaroso, de mãos pensas. 
Carlos Drummond de Andrade 
Amar 
Que pode uma criatura senão, 
entre criaturas, amar? 
amar e esquecer? 
amar e malamar, 
amar, desamar, amar? 
sempre, e até de olhos vidrados, amar? 
Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, 
senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, o que 
ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, 
ou simples ânsia? 
Amar solenemente as palmas do deserto. O que é entrega ou 
adoração expectante, e amar o inóspito, o cru, um vaso sem flor, 
um chão sem ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma 
ave de rapina. 
Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas 
pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na 
concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e 
mais amor. 
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a 
água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. 
Carlos Drummond de Andrade 
As sem-razões do amor 
Eu te amo porque te amo. 
Não precisas ser amante, 
e nem sempre sabes sê-lo. 
Eu te amo porque te amo. 
Amor é estado de graça 
e com amor não se paga. 
 
Amor é dado de graça, 
é semeado no vento, 
na cachoeira, no eclipse. 
Amor foge a dicionários 
e a regulamentos vários. 
 
Eu te amo porque não amo 
bastante ou demais a mim. 
Porque amor não se troca, 
não se conjuga nem se ama. 
Porque amor é amor a nada, 
feliz e forte em si mesmo. 
 
Amor é primo da morte, 
e da morte vencedor, 
por mais que o matem (e matam) 
a cada instante de amor. 
Carlos Drummond de Andrade 
A Ingaia Ciência 
A madureza, essa terrível prenda 
que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, 
todo sabor gratuito de oferenda 
sob a glacialidade de uma estela, 
 
a madureza vê, posto que a venda 
interrompa a surpresa da janela, 
o círculo vazio, onde se estenda, 
e que o mundo converte numa cela. 
 
 
 
 
 
 136 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) 
A madureza sabe o preço exato 
dos amores, dos ócios, dos quebrantos, 
e nada pode contra sua ciência 
 
e nem contra si mesma. O agudo olfato, 
o agudo olhar, a mão, livre de encantos, 
se destroem no sonho da existência. 
CarlosDrummond de Andrade 
Verdade 
A porta da verdade estava aberta, 
mas só deixava passar 
meia pessoa de cada vez. 
 
Assim não era possível atingir toda a verdade, 
porque a meia pessoa que entrava 
só trazia o perfil de meia verdade. 
E sua segunda metade 
voltava igualmente com meio perfil. 
E os meios perfis não coincidiam. 
 
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. 
Chegaram ao lugar luminoso 
onde a verdade esplendia seus fogos. 
Era dividida em metades 
diferentes uma da outra. 
 
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. 
Nenhuma das duas era totalmente bela. 
E carecia optar. Cada um optou conforme 
seu capricho, sua ilusão, sua miopia. 
Carlos Drummond de Andrade 
OS TEMAS RECORRENTES 
Ao longo de toda a sua carreira poética, alguns temas foram 
recorrentemente trabalhados: o amor, a família, a infância, a terra 
natal, a própria poesia. 
 
Confidência do Itabirano 
Alguns anos vivi em Itabira. 
Principalmente nasci em Itabira. 
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. 
Noventa por cento de ferro nas calçadas. 
Oitenta por cento de ferro nas almas. 
E esse alheamento do que na vida é porosidade e 
comunicação. 
 
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, 
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem 
horizontes. 
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, 
é doce herança itabirana. 
 
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: 
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, 
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; 
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; 
este orgulho, esta cabeça baixa... 
 
Tive ouro, tive gado, tive fazendas. 
Hoje sou funcionário público. 
Itabira é apenas uma fotografia na parede. 
Mas como dói! 
Carlos Drummond de Andrade 
Infância 
Meu pai montava a cavalo, ia para o 
campo. 
Minha mãe ficava sentada cosendo. 
Meu irmão pequeno dormia 
Eu sozinho, menino entre mangueiras 
lia história de Robinson Crusoé, 
comprida história que não acaba mais. 
No meio-dia branco de luz 
uma voz que aprendeu 
a ninar nos longes da senzala 
e nunca 
se esqueceu 
chamava para o café. 
Café preto que nem a preta velha 
café gostoso 
café bom. 
Minha mãe ficava sentada cosendo 
olhando para mim: 
- Psiu... não acorde o menino. 
Para o berço onde pousou um mosquito 
E dava um suspiro... que fundo! 
Lá longe meu pai campeava 
no mato sem fim da fazenda. 
E eu não sabia que minha história 
era mais bonita que a de Robinson Crusoé. 
Carlos Drummond de Andrade 
Procura da Poesia 
Não faças versos sobre acontecimentos. 
Não há criação nem morte perante a poesia. 
Diante dela, a vida é um sol estático, 
não aquece nem ilumina. 
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. 
Não faças poesia com o corpo, 
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão 
lírica. 
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro 
são indiferentes. 
Nem me reveles teus sentimentos, 
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem. 
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. 
 
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz. 
O canto não é movimento das máquinas nem o segredo das casas. 
Não é música ouvida de passagens; rumor do mar nas ruas junto à 
linha de espuma. 
O canto não é a natureza 
nem os homens em sociedade. 
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam. 
A poesia (não tires poesias das coisas) 
elide sujeito e objeto. 
 
Não dramatizes, não invoques, 
não indagues. Não perca tempo em mentir. 
Não te aborreças. 
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante, 
Aula 30 – Poesia de 30 II 
 
 
 
 
 
 
137 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família 
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável. 
 
Não recomponhas 
tua sepultada e merencória infância. 
Não osciles entre o espelho e a 
memória em dissipação. 
Que se dissipou, não era poesia. 
Que se partiu, cristal não era. 
 
Penetras surdamente no reino das palavras. 
Lá estão os poemas que esperam ser escritos. 
Estão paralisados, mas não há desespero, 
há calma e frescura na superfície intata. 
Ei-lo sós e mudos, em estado de dicionário, 
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. 
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. 
Espera que cada um se realize e consume 
com seu poder de palavra 
e seu poder de silêncio. 
Não forces o poema a desprender-se do limbo. 
Não colhas no chão o poema que se perdeu. 
Não adules o poema. Aceita-o 
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. 
 
Chega mais perto e contempla as palavras. 
Cada uma 
tem mil faces secretas sob a face neutra 
e te pergunta, sem interesse pela resposta, 
pobre ou terrível, que lhe deres: 
Trouxeste a chave? 
 
Repara: 
ermas de melodia e conceito, 
elas se refugiaram na noite, as palavras. 
Ainda úmidas e impregnadas de sono, 
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo. 
Carlos Drummond de Andrade 
Drummond teve a oportunidade de organizar a sua própria 
Antologia Poética e, ao fazê-lo, organizou a sua obra não em 
fases, mas por núcleos temáticos: 
 
“Ao organizar este volume, o autor não teve em mira, 
propriamente, selecionar poemas pela qualidade, nem pelas fases 
que acaso se observem em sua carreira poética. Cuidou antes de 
localizar, na obra publicada, certas características, preocupações e 
tendências que a condicionam ou definem, em conjunto. A 
Antologia lhe pareceu assim mais vertebrada e, por outro lado, 
espelho mais fiel. 
Escolhidos e agrupados os poemas sob esse critério, resultou uma 
Antologia que não segue a divisão por livros nem obedece a 
cronologia rigorosa. O texto foi distribuído em nove seções, cada 
uma contendo material extraído de diferentes obras, e disposto 
segundo uma ordem interna. O leitor encontrará assim, como 
pontos de partida ou matéria de poesia: 1) O indivíduo; 2) A terra 
natal; 3) A família; 4) Amigos; 5) O choque social; 6) O 
conhecimento amoroso; 7) A própria poesia; 8) Exercícios lúdicos; 
9) Uma visão, ou tentativa de, da existência. 
Algumas poesias caberiam talvez em outra seção que não a 
escolhida, ou em mais de uma. A razão da escolha está na tônica 
da composição, ou no engano do autor. De qualquer modo, é uma 
arrumação, ou pretende ser”. 
Carlos Drummond de Andrade 
1 - O Indivíduo: O eterno conflito entre o eu e o social. 
2 - A terra natal: Itabira, em Minas Gerais, saudades e 
vivências. 
3 - A família: As vivências íntimas do menino. 
4 - Amigos: Homenagem aos amigos reais ou intelectuais. 
5 - O choque social: A violência humana. 
6 - O conhecimento amoroso: O amor altruísta (como só ele 
poderia existir). 
7 - A própria poesia: metalinguagem. 
8 - Exercícios lúdicos: A consequência do amar e desamar. 
9 - Uma visão, ou tentativa de, a existência: O estar no mundo. 
Segundo Sergius Gonzaga, o “aspecto nuclear da obra de 
Drummond é o da reflexão existencial. Sua poesia exprime, como 
nenhuma outra no país, a angústia da alma humana frente às 
correntezas convulsas do destino. A solidão, a incomunicabilidade, 
a lógica misteriosa da existência, o fluir do tempo, a relação de 
perdas e ganhos na trajetória do homem, a luta do ser contra a 
morte e a procura uma saída redentora para o indivíduo constituem 
os principais motivos desta lírica filosófica”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 138 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) 
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 
 
Questão 01 (Unisc 2017) 
Leia atentamente o trecho do poema Cantiguinha, de Cecília Meireles, e analise as afirmativas a 
seguir. 
 
(...) 
Veio vindo a ventania, 
– te juro – 
as águas mudam seu brilho, 
quando o tempo anda inseguro. 
Quando as águas escurecem, 
– te juro – 
todos os barcos se perdem, 
entre o passado e o futuro. 
São dois rios os meus olhos, 
– te juro – 
noite e dia correm, correm, 
mas não acho o que procuro. 
MEIRELES, Cecília. Obra Poética. 2. ed. Rio de Janeiro: Jose Aguilar, 1967,p. 120. 
 
I.A exaltação da natureza, observada nos versos de Cecília Meireles, permite afirmar que sua obra 
pertence à primeira geração do Romantismo brasileiro. 
II. Nos versos de Cecília Meireles, percebe-se o tom intimista e a reflexão sobre a condição humana, 
que se dá a partir da analogia entre o rio e as lágrimas do eu lírico. 
III. A singeleza da linguagem, verificada nos versos, configura uma das principais características da 
obra de Cecília Meireles. 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. 
b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. 
c) Somente as afirmativas I e III estão corretas. 
d) Nenhuma afirmativa está correta. 
e) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
Questão 02 (Uesc 2011) 
Venturosa de sonhar-te, 
à minha sombra me deito. 
(Teu rosto, por toda parte, 
mas, amor, só no meu peito!) 
 
— Barqueiro, que céu tão leve! 
Barqueiro, que mar parado! 
Barqueiro, que enigma breve, 
o sonho de ter amado! 
 
Em barca de nuvens sigo: 
e o que vou pagando ao vento 
para levar-te comigo 
é suspiro e pensamento. 
 
— Barqueiro, que doce instante! 
Barqueiro, que instante imenso, 
não do amado nem do amante: 
mas de amar o amor que penso! 
MEIRELES, Cecília. Canções. Obra poética. 
 
A poesia de Cecília Meireles constitui “esboços de quadros metafísicos”, o que pode ser comprovado 
no texto por meio 
a) da exaltação do ente amado em sua plenitude de beleza. 
b) do sofrimento causado pelo distanciamento entre os amantes. 
c) da nostalgia de um tempo marcado pela experiência concreta do amor. 
Anotações

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