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Pne����og�� Blo�� I Aul� 01- Pne����og��- Ava���ção c�íni�� do pa����te co� do��ças do ap����ho re���r��óri� –Anamnese →Identificação ● Idade; ● Sexo; ● Raça; ● Religião; ● Composição familiar: existe um gatilho genético muito potente em doenças pulmonares. →Antecedente ocupacional detalhado ● Partículas; ● Gases tóxicos; ● Produtos químicos. Obs: Manutenção de freios, jateamento de areia, queima de biomassa, manutenção de caixa d 'água, indústria de fibrocimento, mineração. →Antecedentes pessoais ● Sintoma na infância; ● Adoecimentos prévios: Infecções. Pacientes que já tiveram tuberculose ou pneumonia podem ter maior probabilidade de desenvolverem bronquiectasia; ● Diagnósticos de autoimunidade: a maioria das doenças reumáticas têm suas primeiras manifestações no sistema respiratório, por isso são solicitados o “reumatograma”; ● Cirurgia ou trauma torácicos; ● Medicações de uso contínuo; ● Uso de drogas; ● Vacinação: quanto mais completo o esquema vacinal, menor a probabilidade do desenvolvimento de doenças graves. –Tabagismo ● Investigar se o paciente deseja parar com o vício; ● Cálculo da carga tabágica: número de maços por dia x número de anos de tabagismo (1 maço tem 20 cigarros; ● Alguns cigarros eletrônicos correspondem ao consumo de 46 maços de cigarro convencional; –Queixa principal Os sintomas mais frequentes são: ● Tosse; ● Dispneia; ● Hemoptise; ● Dor torácica; ● Sibilância. a-) Hemoptise É preciso, inicialmente, avaliar a quantidade de sangue que o paciente escarrou para estratificar o risco do paciente. ● Hemoptise maciça: > 600 mL em 24 horas, mas com a perda de 200 mL já pode causar instabilidade; ● É preciso diferenciar a origem da hemoptise (TGI, VAS), se o sangue é arterial (sangue vivo e contínuo) ou venoso (sangue mais enegrecido e pode ser contido). Além disso é importante avaliar se os sintomas foram precedidos de náuseas e vômitos ou tosse; b-) Dispneia A dispneia é uma sensação de desconforto associada à respiração. Não sendo necessária a presença de taquipneia e uso de musculatura acessória. Está associada à limitação de atividades físicas que gera o descondicionamento e, assim, a perpetuação do quadro, ou seja, um ciclo vicioso. Para avaliar a intensidade da dispneia, utiliza-se a escala mMRC. Escala Sintomas 0 Tenho falta de ar ao realizar exercício intenso 1 Tenho falta de ar quando apresso o meu passo, ou subo escada ou ladeira 2 Preciso parar algumas vezes Maríli� Mir���� San���� 2 Pne����og�� quando ando no meu passo, ou ando mais devagar com uma pessoa da minha idade 3 Preciso parar muitas vezes devido à falta de ar quando ando perto de 100 metros, ou poucos minutos de caminhada no plano 4 Sinto tanta falta de ar que não saio de casa, ou preciso de ajuda para me vestir ou tomar banho. Obs:Outra opção para essa avaliação é o NYRA. →Etiologia da dispneia ● Pulmonar; ● Parede torácica; ● Hematológicas; ● Neuromusculares; ● Cardiovasculares. →Passo a passo para diagnóstico diferencial 1. Cronologia: aguda (4-8 semanas) ou crônica; 2. Continuidade: contínua ou em crise; 3. Se é prévio ou não; 4. Questionar a influência do esforço e da postura: a. Ortopneia (ao se deitar); b. DPN (semelhante à ortopneia, mas demora para acontecer); c. Bendopneia (ao fazer movimentos de reverência); d. Trepopneia (piora em um decúbito lateral específico); e. Platipneia (ao sentar); é comum em paciente com insuficiência hepática. 5. Sintomas associados a. Tosse; b. Chiado; c. Hemoptise; d. Expectoração; e. Dor torácica; 6. Exposições e gatilhos a. Fumaças; b. Viagens; c. Aeroalérgenos; d. Contactantes; e. Ocupacionais. 7. Sintoma Sistêmico a. Edema de membro inferior; b. Febre; c. Desorientação. 8. Outros diagnósticos a. Cardiopatias; b. Pneumopatias; c. HAS; d. Obesidade; e. TEV prévio; f. Diabetes; g. Autoimunidade. c-) Sibilância Sibilância é a queixa do paciente e o sibilo é o que é verificado ao exame físico, sendo um achado para obstrução de via aérea inferior. O estridor é um achado para obstrução de via aérea superior. d-) Dor torácica O pulmão não possui receptores nervosos, apenas a pleura parietal. Então só patologias que encostem nessa estrutura podem desencadear processos dolorosos. Para descartar diagnósticos diferenciais é preciso, no mínimo, um exame de imagem associado a um eletrocardiograma (preferencialmente seriado). Maríli� Mir���� San���� 3 Pne����og�� –Exame Físico 1. Inspeção; 2. Percussão; 3. Palpação; 4. Ausculta; 5. Insonação (USG). a-) Inspeção →Estática ● Avaliação das mãos: mãos de mecânico, baqueteamento digital, fenômeno de Raynaud, cianose; ● Tipos de tórax: abaulamentos, retrações e cicatrizes; →Dinâmica ● Tipos respiratórios: tóraco- abdominal; torácico ou abdominal; ● Frequência respiratória: varia com a idade; ● Ritmos respiratórios: eupneia, taquipnéia, bradipneia, apneia, hiperpneia, Cheyne-Stokes (IC grave), Biot (lesão de bulbo), Kussmaul (acidose metabólica); ● Tiragem: a musculatura interna é a de expiração e a musculatura externa é a inspiração. Depressão inspiratória dos espaços intercostais e das regiões supraesternal e infraclavicular que ocorrem em toda inspiração; b-)Palpação →Expansibilidade ● Abaixo das escápulas no dorso; ● Acima das clavículas; ● Na linha inframamária. →Frêmito Tóraco-vocal ● Aumentado em meios sólidos, mas para isso é necessária uma via aérea pérvia; ● Em consolidações há aumento do frêmito, mas em derrames há uma redução do frêmito. c-) Percussão ● Dígito-digital: apenas o punho se movimenta. A ponta do dedo médio da mão direita golpeia a falange distal do dedo médio da mão esquerda, que encontra-se repousado na região a ser percutida; ● Sinal de Signorelli: percussão na coluna vertebral para avaliação de derrame pleural. d-) Ausculta ● Som traqueal: escutado nas vias principais; são escutadas a inspiração e expiração completa; ● Som pulmonar normal: murmúrio vesicular; é escutada a inspiração completa e o final da expiração. →Sons Contínuos ● Sopro brônquico: semelhante ao som traqueal normal. Indica a presença de via aérea ao redor de parênquima pulmonar consolidado; ● Estridor: som musical, agudo, mais audível na via aérea superior. Significa obstrução de via aérea superior, intrínseca ou extrínseca; ● Sibilos: Som musical, agudo, audível na inspiração e expiração. Significa obstrução de via aérea inferior, limitação de fluxo (asma); ● Roncos: Som grave, similar ao ronco (ao dormir). Pode estar presente na inspiração, expiração ou ambos. Corresponde a colapso anormal de via aérea ou mobilização de secreções, sofre modificação com a tosse; é inespecífico. →Sons Descontínuos Maríli� Mir���� San���� 4 Pne����og�� ● Estertores finos: Curtos, audíveis ao final da inspiração e eventualmente à expiração. O som não se transmite pela boca. Sem relação com secreção, não sofre alteração com a tosse. Pode estar relacionados a lesões intersticiais fibróticas, infecciosas agudas ou edema pulmonar cardiogênico; ● Estertores grossos: Curtos, audíveis ao final da inspiração e durante a inspiração. O som se transmite pela boca. Indica abertura intermitente da via aérea, sofre alteração com a tosse. Representa a presença de secreções na via aérea. ● Grasnido: Som inspiratório agudo, tipo “pio de gaivota”. Pode ocorrer em acometimentos bronquiolares, na via aérea distal. Descrito em pneumonias de hipersensibilidade e bronquiolites. Aul� 02- Pne����og��- Ava���ção do pa����te co� to��� c�ôni�� –Introdução A tosse é um mecanismo de defesa do organismo, com a função de expulsar elementos que causem irritação ou inflamação das vias aéreas. O início deste reflexo dá-se pelo estímulo irritativo que sensibiliza os receptores difusamente localizados na árvore respiratória , e posteriormente ele é enviado à medula. Materiais inalados ou excesso de muco, por aumento de produção ou deficiência de depuração, são gatilhos para o início da tosse. A tosse possui três fases: ● Inspiratória (a entrada de ar); ● Compressiva (fechamento da glote); ● Expiratória(abertura da glote). Não só doenças pulmonares desencadeiam tosse, visto que diversos órgãos, como o intestino, possuem receptores da tosse. Estes receptores podem ser mecânicos, químicos e térmicos e são ativados de acordo com os estímulos que captam. →Definição ● Aguda: dura até 3 semanas; ● Subaguda: de 3 a 8 semanas; ● Crônica: acima de 8 semanas. →Complicações da tosse ● Dor torácica; ● Rouquidão; ● Incontinência urinária; ● Vômitos; ● Síncope; ● Fratura de costela. –Etiologia A tosse é uma das causas mais comuns de procura por atendimento médico e pode estar relacionada a uma grande variedade de doenças pulmonares e extrapulmonares. A seguir, lista-se as principais causas de tosse de acordo com sua classificação em tempo: a-)Tosse Aguda ● Infecções do trato respiratório superior ou inferior; ● Exacerbação de doenças crônicas; ● Exposição ambientais/ ocupacionais. b-) Tosse Subaguda ● Tosse pós-infecciosa; ● Exacerbações de doenças crônicas; ● Coqueluche; Maríli� Mir���� San���� 5 Pne����og�� ● Tuberculose. Obs: Paciente com tosse ativa há mais de 3 semanas faz-se uma cultura de escarro para rastreio de tuberculose. c-) Tosse crônica ● Síndrome da tosse de vias aéreas superiores; ● Asma; ● DRGE; ● Tabagismo. A tosse produtiva geralmente está presente em doenças como bronquite crônica, asma, bronquiectasia, pneumonia e outros. Um quadro de tosse seca muito comum se dá pelo uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), sobretudo o captopril. Isso se dá pelo acúmulo de bradicinina no pulmão. →Causas menos comuns ● Uso de IECAS; ● Doenças intersticiais; ● Asma ocupacional. –Avaliação e tratamento A avaliação inicial da tosse inclui história e exame físico detalhado. A terapia destinada a uma etiologia específica deve ser administrada com base em pistas da avaliação inicial. Os quadro agudos são geralmente auto-limitados e referentes a infecções de vias aéreas superiores. Na suspeita de pneumonia bacteriana, a antibioticoterapia está indicada. Em tosses que persistem por mais de 3 semanas deve-se dar atenção especial para a possibilidade de uma etiologia pós-infecciosa. →Sinais de alarme: ● Febre, sudorese noturna ou perda de peso; ● Escarro purulento; ● Hemoptise; ● Dispneia e alterações focais; ● Imunossupressão. A partir desses sinais de alarme, é preciso exames de imagem para a avaliação do paciente. –Avaliação da tosse crônica A tosse crônica é aquela com duração maior que 8 semanas. As causas mais comuns de tosse crônica são a asma, a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), a síndrome da tosse das vias aéreas superiores (STVAS ou UACS) e a bronquite eosinofílica não-asmática. Esses diagnósticos podem estar presentes isolados ou em combinação, e apresentar-se apenas como tosse, sem nenhum outro achado clínico associado. a-) Anamnese ● Duração; ● Expectoração e aspecto ● Sintomas associados; ● Fatores agravantes; ● Evolução; ● Antecedentes pessoais; ● Medicação (IECAS e DPP-4); ● Antecedentes familiares; ● Exposições ambientais e ocupacionais. b-) Exame físico ● Sinais de atopia (fáceis atópicas/alérgicas: linhas de Dennie Morgan, comprimento nasal, boca aberta); ● Mucosa nasal e congestão nasal; ● Orofaringe; ● Ausculta pulmonar. –Tabagismo/DPOC ● Paciente tabagista deve ser orientado quanto à cessação; ● Tosse predomina pela manhã, pode ser produtiva em pequena quantidade; ● É essencial solicitar exames de imagem. –Uso de IECA ● Não é dose dependente e pode ocorrer horas e meses após início da medicação; Maríli� Mir���� San���� 6 Pne����og�� ● Cessação da tosse em um período de 1 a 4 semanas após a suspensão; ● Pode sensibilizar o reflexo da tosse e potencializar outras doenças crônicas; ● É suspensa a medicação e posteriormente faz uma nova avaliação com 3 meses. –Principais doenças →Vias Aéreas Superiores a-) Rinite ● Espirros; ● Rinorreia (anterior e posterior); ● Congestão nasal; ● Prurido nasal; ● Tosse. b-) Rinossinusite ● Congestão nasal; ● Drenagem nasal posterior (comumente purulenta); ● Dor ou pressão facial; ● Cefaléia; ● Hiposmia. →Rinite Alérgica ● Risco aumenta em pacientes com eczema ou asma. Pode ter associação com conjuntivite alérgica; ● Prurido nasal; ● Mucosa nasal pálida e edematosa; ● Pode ser intermitente, sazonal ou persistente; ● Tratamento é feito com lavagem nasal, cessação da exposição ao alérgeno (ácaros, pelos de animais, roedores, baratas, mofo, pólens). A farmacoterapia pode ser feita com anti-histamínicos para casos leves ou esporádicos (fexofenadina, cetirizina, loratadina) e em casos persistentes é utilizado o corticóide nasal (mometasona, fluticasona, budesonida) por, pelo menos, 3 meses. →Rinite Crônica Não Alérgica ● Paciente acima de 20 anos; ● Congestão nasal e gotejamento pós-nasal; ● Irritações, variações climáticas, comida quente ou apimentada; ● Lavagem nasal/ corticoide spray. →Rinossinusite Crônica ● RC com polipose nasal, RC fúngica e RC sem polipose nasal; ● Fatores de risco: rinite alérgica, asma, AERD, tabagismo, imunodeficiência, fibrose cística, discinesia ciliar, vasculite; ● Exames para caracterizar a RC são a videonasofibroscopia e/ou TC de seios da face; ● O tratamento é baseado no controle da inflamação e edema. Lavagem nasal, corticoide nasal, corticoide oral, montelucaste, tratamento cirúrgico, imunobiológicos. c-) Asma ● Causa importante em adultos e principal causa em crianças; ● Pode ser acompanhada de dispneia/sibilância ou sintomas isolado (asma tosse-variante); ● Histórico de atopia, histórico familiar de asma; ● Exames: espirometria (sendo negativa, não exclui asma) / teste de broncoprovocação/ teste terapêutico; ● O pilar do tratamento é o corticoide inalatório com um broncodilatador; d-) Bronquite Eosinofílica Não Asmática ● Tosse crônica responsiva ao uso de corticóide; ● Pacientes não fumantes sem evidência objetiva funcional de ASMA. e-)DRGE Maríli� Mir���� San���� 7 Pne����og�� ● Geralmente acompanhada de disfonia, azia/pirose, gosto amargo em boca; ● Exames: pHmetria/ endoscopia (verifica a presença de esofagite); ● Refluxo laringofaríngeo; ● Sinais de alarme: perda de peso, sintomas de refratariedade; ● Tratamento é feito com medidas comportamentais, além de IBP, procinéticos ou tratamento cirúrgico; →Outras causas menos frequentes a-)Bronquiectasia ● Dilatação permanente dos brônquios; ● Sintoma de tosse frequente, podendo ser seca ou produtiva; ● Pode ser sequelar, infecciosa e secundária a doenças sistêmicas (fibrose cística, discinesia ciliar, vasculites); ● O exame solicitado é o TC de tórax. b-) Aspiração Pulmonar ● Fatores de risco: doenças neurológicas, demências; ● Tosse após a alimentação; ● Avaliação fonoaudiológica. c-)Doenças pulmonares intersticiais ● Fibrose pulmonar; d-) Tosse Refratária Crônica ● Tosse crônica idiopática ou síndrome de hipersensibilidade a tosse; ● Globus, dispneia e disfonia; ● Dx de exclusão. ● O tratamento é com dextrometorfano. Aul� 03- Pne����og��- As�a –Introdução “Asma é uma doença heterogênea, geralmente caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas. É definida pela história de sintomas respiratórios (...) que variam ao longo do tempo e de intensidade, justamente com limitação variável do fluxo aéreo expiratório.” GINA, 2023. Na asma ocorrem episódios de obstrução reversível ao fluxo expiratório, os quais variam sua frequência e intensidade de forma espontânea ou em resposta ao tratamento. O conceito mais importante acerca dessa doença é o entendimento de que existe inflamação crônica nas vias aéreas inferiores, mesmo quando o paciente se encontra assintomático. Trata-se de um tipo especial de inflamação que, por mecanismos ainda pouco compreendidos, gera hipersensibilidade a diferentes estímulos, os quais desencadeiam broncoespasmos. Nos pacientes que não recebem o tratamento adequado, a persistência desse processo inflamatório crônico e da resposta degenerativa que o acompanha leva ao fenômeno de remodelamento brônquico, que resulta em alterações estruturaisirreversíveis. –Fisiopatologia A principal alteração fisiopatológica da asma é a obstrução variável e reversível ao fluxo aéreo, que ocorre de forma predominante na fase expiratória da respiração. Isso acontece principalmente devido ao broncoespasmo, mas também em consequência ao edema da mucosa e à hipersecreção de muco no lúmen da via aérea. Isso ocorre porque o alérgeno entra em contato com as células dendríticas que o apresenta aos linfócitos T. Em um indivíduo normal, a via será feita pelo Th1 que secretam IL-1, IL-6 e TNF-alfa, estimulando a produção de IgM e IgG, além de atraírem e ativarem neutrófilos e macrófagos visando a eliminação completa do antígeno e a criação de uma memória imunológica protetora. A resposta Th1 se traduz clinicamente nas reações inflamatórias agudas habituais. Maríli� Mir���� San���� 8 Pne����og�� Já no caso do paciente asmático, a resposta será pela via Th2 que secreta IL-4, IL-5 e IL-13. A IL-5 recruta eosinófilos, enquanto IL-4 e IL-13 estimulam a produção de IgE pelos linfócitos B (que após secretada se liga à superfície de mastócitos e basófilos, tornando estas células hipersensíveis ao antígeno em questão, liberando histamina). A asma pode seguir a via inflamatória ou a via constrictora. O paciente com a doença crônica vai atuando na via inflamatória de forma mais lenta, enquanto a crise aguda atua diretamente de forma mais rápida na liberação de histamina. A resposta constrictora passa por hiperresponsividade e por hipersensibilidade. A quantidade de antígeno para a ativação da reação alérgica e para a forte atividade celular é menor no paciente com asma do que em indivíduos normais. Os gatilhos podem ser aeroalérgenos, infecções virais, exercícios (broncoespasmo induzido por exercício), mudanças do tempo, fumaças, o epitélio do gato/cachorro (não é o pelo). Com as alterações de forma prolongada, os brônquios começam a sofrer modificações como o aumento da musculatura, constrição do brônquio, edema de mucosa, aumento na produção de muco por aumento das glândulas. Obs: Parâmetro Espirométrico O parâmetro espirométrico mais afetado é o volume expiratório forçado no 1º segundo (VEF1), que diminui subitamente. A relação VEF1/CVF (índice de Tiffeneau) se reduz, atingindo a faixa dos distúrbios obstrutivos da ventilação. O pico de fluxo expiratório (PFE), que pode ser medido com aparelhos portáteis, também diminui, sendo, entretanto, um parâmetro menos fidedigno que o VEF1 medido por espirometria convencional. A resistência das vias aéreas aumenta, e pode ocorrer hiperinsuflação pulmonar, com aumento do volume residual pulmonar. →Principais sintomas: ● Dispneia; ● Sibilos; ● Tosse com ou sem expectoração; ● Opressão torácica; ● Limitação ao fluxo aéreo: a inspiração é maior do que a expiração; Obs:A obstrução é variável, ou seja, os sintomas são variáveis em duração e em intensidade. –Fenótipos da asma a-)Asma alérgica: ● Geralmente se inicia na infância em pacientes com história pessoal ou familiar de atopia; ● A via aérea é infiltrada por eosinófilos (inflamação eosinofílica); ● Respondem muito bem ao uso de corticóide; b-)Asma não alérgica: ● Tem início tardio (adulto, mulheres); ● Não está associada à atopia; ● A infiltração pode ser por neutrófilos, eosinófilos ou mesmo ter pouca celularidade; ● A resposta ao corticoide tende a ser menor. c-)Asma de início tardio: ● Surge na vida adulta, principalmente em mulher na transição da menopausa; Maríli� Mir���� San���� 9 Pne����og�� ● A infiltração da via aérea pode ser por neutrófilos, eosinófilos ou pode ter pouca celularidade (paucigranulocítica); ● Dificilmente responde à corticoide isoladamente; d-)Asma com limitação fixa do fluxo aéreo: ● Paciente com asma a muito tempo sem o tratamento; ● Remodelamento da via aérea, torna-o menos responsivo ao tratamento; ● Não vai responder na espirometria (paciente é incapaz de realizar o teste); e-)Asma relacionada com obesidade ● O aumento do IMC aumenta a prevalência de asma. –Fatores de risco ● História familiar e/ou pessoal de atopia; ● Teoria da higiene (crianças que não tiveram contato com alérgenos, tendem a ter asma); ● Infecções respiratórias nos primeiros anos de vida; ● Exposição ocupacional (na asma tardia, sempre funciona como um diagnóstico diferencial). –Diagnóstico 1-) Padrão sintomático compatível →Mais de um tipo de queixa respiratória concomitante: ● Dispneia ● Chiado ● Tosse ● Opressão torácica Geralmente,é caracterizada por mais de 1 sintoma com piora à noite ou ao amanhecer, que variam ao longo do tempo e em intensidade com gatilhos específicos. →Sintomas que não sugerem asma: ● Tosse isolada (exceto em crianças); ● Expectoração mucóide crônica; ● Dispneia associada a parestesias ou lipotimia; ● Dor torácica anginosa; ● Dispneia esforço-induzida associada a estridor inspiratório; 2-) Limitação do fluxo aéreo A quantificação da obstrução reversível ao fluxo aéreo requer a realização de exames complementares. Os principais métodos utilizados e seus respectivos critérios diagnósticos são: a-)Espirometria com prova broncodilatadora: ● VEF1 e VEF1/CVF < LIN; ● Melhora significativa da função pulmonar após broncodilatador; ● Melhora significativa da função pulmonar após 4 semanas de tratamento. b-)Testes de provocação ● Teste de exercício; ● Teste de broncoprovocação. c-)Peak flow ● Média da variação diurna do PFE > 10% (2 medidas); Obs: Quanto maior a variação do VEF1 ou do PFE, maior a confiabilidade do diagnóstico de asma. Obs: A espirometria é o método diagnóstico de escolha, devendo ser realizada sempre que possível. Contudo, dado seu maior custo e menor disponibilidade, a OMS recomenda que sistemas de saúde com poucos recursos financeiros priorizem o uso de fluxômetros portáteis para diagnóstico e acompanhamento da asma. →Outros exames Não são para diagnósticos, apenas para confirmar o tipo de asma. Maríli� Mir���� San���� 10 Pne����og�� a-)Comprovação da resposta Th2 exagerada: ● Hemograma ● IgE total e Rast ou Prick test para inalantes; ● Celularidade do escarro b-)Tomografia de tórax ● Não é solicitada com frequência; ● É utilizada para dúvida diagnóstica ou para uma avaliação da gravidade; ● As aéreas mais enegrecidas são as mais prejudicadas, pois o ar está aprisionado no pulmão; ● Solicitar em expiração e em inspiração; ● Achado: árvore em brotamento→ preenchimento do bronquíolo por secreção da via aérea. Pode ser achada em tuberculose, CA, pneumonia. É comum em pacientes mais secretivos. →Poucos disponíveis: ● FeNO; ● Oscilometria. –Algoritmo de diagnóstico Diante de uma suspeita de asma, é preciso entender se os sintomas são compatíveis com o quadro, caso sejam inicia-se a investigação da história clínica detalhada associada ao exame físico que, sendo sugestivos, abrem porta para perguntar se o paciente já faz uso ou não de medicação de controle para asma. Caso não faça, o próximo passo é performar espirometria com prova broncodilatadora que, sendo positiva, será o indicador para o início do tratamento Os pacientes que já estão em uso de medicação, possuem 3 variáveis: Se… a-) Variabilidade de sintomas respiratórios e variabilidade de limitação ao fluxo: diagnóstico confirmado. b-) Variabilidade de sintomas respiratórios mas sem variabilidade de limitação ao fluxo de ar, considerar repetir a PFP após suspensão de broncodilatadores ou na presença de sintomas: checar a variabilidade de VEF1 e resposta ao broncodilatador. →A suspensão dos medicamentos varia de acordo com a classe destes, sendo da seguinte forma: ● SABA (salbutamol): suspende 4 horas antes do teste; ● LABA (formoterol): suspende 12 horas antes do teste; ● LAMA(tiotrópio): suspende 24 horas antes do teste; ● Corticóide uma vez ao dia: suspende 36 horas antes. ● Corticóide duas vezes ao dia: suspende 24 horas antes. c-)Poucos sintomas respiratórios, função pulmonar normal e ausência de variabilidade de limitação ao fluxo de ar: considerar desmame da dose de CI: se sintomas ressurgem e função pulmonarpiora, confirma-se asma; se sintomas não mudarem, suspender CI e reavaliar em até 12 meses. –Tratamento →Objetivos Maríli� Mir���� San���� 11 Pne����og�� ● Controle dos sintomas ● Redução de riscos futuros ○ Exacerbação; ○ Limitação persistente ao fluxo aéreo; ○ Efeitos medicamentosos adversos. →Terminologia a-) Manutenção: medicação prescrita para uso contínuo. A principal droga é o corticóide inalatório (CI); ● Formoterol + Budesonida; b-)Controladoras: medicações que objetivam controle dos sintomas e redução de riscos; c-)Alívio: medicações que objetivam alívio rápido dos sintomas. A principal droga é o LABA inalatório; d-)Anti-inflamatório de alívio: medicação para alívio que contém CI em baixa dose e broncodilatador de rápida ação; e-) MART: terapia de manutenção e alívio CI + formoterol. →Redução e alívio dos sintomas Para a redução de riscos as principais droga são os corticóides, como fluticasona, budesonida, beclometasona, mometasona,e seus análogos além deles podem ser usados os antileucotrienos (medicação de suporte), imunobiológicos (omalizumabe, mepolizumabe, benralizumabe). Para o alívio dos sintomas são usados os agonistas beta 2 adrenérgicos, sendo eles o SABA (salbutamol e fenoterol e terbutalina) e LABA (formoterol, salmeterol, vilanterol, olodaterol, indacaterol), além dos antagonistas muscarínicos SAMA (ipratrópio) e LAMA (tiotrópio, glicopirrónio, umeclidínio). As metilxantinas (aminofilina, bamifilina, teofilina) são proscritas. Obs: o formoterol tem ação imediata, sendo a melhor opção. Os corticóides inalatórios atuam reduzindo a inflamação e a hiperresponsividade brônquica, controlando os sintomas, melhorando a função pulmonar e reduzindo o risco futuro de exacerbações. A associação de LABA a um CI resulta em um efeito sinérgico desses dois medicamentos, que possibilita maior eficácia anti-inflamatória e melhor controle da asma, com menor dose de CI e, consequentemente, com menos efeitos adversos. O formoterol e o salmeterol são os LABA disponíveis no SUS, ambos com efeito broncodilatador de 12 horas. Diferem no início da ação, o formoterol tem início de ação rápido em 5 minutos, enquanto o salmeterol tem seu início de ação após 20 minutos. O uso de beta-2-agonista de curta duração (SABA) em monoterapia no tratamento da asma é contraindicado por causa do risco de morte. O uso excessivo de SABA (> 3 canisters no ano) está associado ao maior risco de exacerbações e >1 canister por mês a risco de morte por asma. Assim, nenhum paciente com asma deve receber apenas SABA como tratamento. →GINA 2023 Quanto mais sintomas, mais medicações o paciente utilizará. a-)Caminho preferencial Degrau 1-2 ● O paciente tem sintomas por menos de 4 dias na semana; ● O tratamento é feito na crise com corticoide inalatório (CI) baixas doses + formoterol; Maríli� Mir���� San���� 12 Pne����og�� Degrau 3 ● Paciente com sintomas por mais de 4 dias na semana; ● Paciente que começou a acordar a noite ao menos 1 vez na semana; ● O tratamento é feito com doses baixas de CI (uso contínuo) + formoterol; Degrau 4 ● Função pulmonar alterada (espirometria ou pico de força expiratória); ● Acordando com falta de ar por mais de uma vez na semana; ● Sintomas diários; ● O tratamento é feito com dose média a alta de CI (uso contínuo) + formoterol; Degrau 5 ● Paciente não responde à terapia; ● O tratamento é feito com corticóide em altas doses (uso contínuo) + formoterol + encaminhar para especialista; Obs: Em pacientes que têm intolerância ao formoterol, faz-se o caminho alternativo b-)Caminho alternativo “A opção do formoterol é o SABA.” Degrau 1-2 ● Alternativa: utilizar para alívio sintomático conforme a necessidade: CI de baixa dose + SABA; ● Alternativa: utilizar para alívio sintomático conforme a necessidade apenas SABA. Degrau 3 ● Alternativa: uso diário de CI de dose média; ● Alternativa: Uso diário de CI baixas doses + antileucotrieno; ● Em situações que necessitam de alívio sintomático: a-)CI baixa dose + LABA;b-)LABA inalatório; c-) CI+ SABA; Degrau 4 ● Alternativa: uso diário de CI de dose alta; ● Alternativa: adicionar ao esquema tiotrópio ou antileucotrieno; ● Em situações que necessitem de alívio sintomático imediato: a-) CI baixa dose + LABA; b-) SABA inalatório; c-) CI + SABA; Degrau 5 ● Alternativa: CO em baixa dose para manutenção + esquema da via preferencial; ● Em situações que necessitem de alívio sintomático: a-) CI baixa dose + LABA; b-) SABA inalatório; c-)CI baixa dose + SABA –Avaliação de controle e seguimento →Fatores que influenciam no controle de asma ● Adesão ao tratamento e técnica inalatória; ● Tabagismo; ● Exposição ambiental e ocupacional; ● Uso de drogas que dificultam o tratamento (AAS, BB); Sanar Flix:Lembre-se das palavras DIA, NOITE, LIMITAÇÃO e RESGATE para acessar o controle da asma (referente às últimas quatro semanas). Pontue um ponto para cada critério alterado: sintomas diurnos > 2x; uso de resgate > 2x na semana; sintomas noturnos a qualquer momento; limitação para atividades a qualquer momento por asma. Pontuação: 0 ponto: asma controlada; 1-2 pontos: asma parcialmente controlada; 3-4 pontos: asma não controlada. Na asma parcialmente ou não Maríli� Mir���� San���� 13 Pne����og�� controlada, o aumento da etapa de tratamento está indicado. →Questionários ● GINA ● ACQ-7 (é o que precisa saber) ● ACT –Classificando a gravidade da asma ● Asma leve: step 1-2 ● Asma moderada: step 3 ● Asma difícil de tratar: step 4 ● Asma grave: step 5. Tratamento correto, mas com grande quantidade de medicamentos. Obs: Se o paciente não está respondendo ao tratamento, é necessário revisar o diagnóstico e tratar outras causas (DRGE, rinossinusite e polipose nasal, asma induzida por exercício etc) que podem estar influenciando a crise. Caso, ainda assim, não haja melhora, deve-se encaminhar para o especialista. –Quando iniciar o step-down ● Paciente com asma bem controlada e função pulmonar por pelo menos 3 meses; ● Se exacerbação no último ano ou limitação persistente ao fluxo aéreo, realizar desmame apenas se possibilidade de seguimento próximo; ● Evitar desmame durante infecções respiratórias, viagens ou gravidez; ● Redução de 25-50% da dose do CI a cada 3 meses. –Exacerbações Exacerbações de asma são episódios de piora progressiva dos sintomas e da função pulmonar em relação ao estado prévio do paciente importantes o bastante a ponto de justificar mudanças imediatas na conduta terapêutica. →Fatores de risco ● História de uma ou mais exacerbações no último ano; ● Má adesão terapêutica e/ou técnica inalatória incorreta; ● Exposição à fumaças de cigarro ou agentes nocivos; ● Hipersecreção brônquica; ● Pacientes que não estão em uso de CI; ● Sinusite crônica; ● Tratamento incorreto. →Risco de morte ● Histórico de crise anterior que exigiram IOT e AVM; ● Internação ou idas a emergência no último ano; ● Uso frequente ou recente de corticoide oral; ● Uso superior a 1 canister mensal de SABA; ● Alergia alimentar e broncoespasmo. –Identificação do paciente a-)Piora aguda ● Sintomas: a identificação se torna mais sensível; ● Função pulmonar: a identificação se torna mais específica (VEF1 ou PFE). –Quão grave é a exacerbação ? a-) Leve ou moderada ● Fala frases completas; ● Prefere sentar a deitar; ● FR aumentada; ● Não usa MM acessória; ● FC entre 100-120 bpm; ● SpO2 em AA entre 90-95%. b-) Grave ● Frases entrecortadas; ● Senta-se curvado para frente ● FR> 30; ● Uso de MM acessória; ● FC > 120 bpm; ● SpO2 em AA <90%; ● PFE maior ou igual a 50%; –Auto-manejo e os planos de ação Pacientes bem instruídos e engajados que realizem automonitorização dos sintomas e da função pulmonar, em geral, são guarnecidos com planos escritos sobre Maríli� Mir���� San���� 14 Pne����og�� como identificar e proceder diante de uma exacerbação da doença. Neste plano estão contidas orientações quanto ao uso de drogas de resgate e critérios para aumento da terapia de controle. a-)Todos os pacientes vão precisar (por 1 ou 2 semanas):● Aumentar a dose das medicações de alívio; e/ou ● Aumentar o número da medicação de controle; ● Revendo a resposta em 48 horas. b-)Sintomas mais intensos, PFE< 60% ou ausência de melhora em 48 horas: ● Adicionar prednisona 40-50 mg/dia; ● Buscar ajuda médica. –Exacerbação leve ou moderada ● Quem tira o paciente da crise é o broncodilatador SABA (salbutamol 4-10 jatos, via espaçador, de 20 em 20 minutos na primeira hora); ● Critérios de alta: melhora dos sintomas, melhora do PFE para > 60-80%, SpO2> 94%; ● Orientações: começar ou fazer step-up da medicação de controle, manter prednisona oral por 5-7 dias e reavaliar idealmente em 48 horas; ● O paciente vai fazer uso em casa de CO + CI + formoterol, depois faz a reavaliação. –Exacerbação grave ● Avaliação no exame físico: sinais vitais, fatores complicadores, sinais sugestivos de outros diagnósticos; ● Avaliação objetiva: PFE ou VEF1, gasometria arterial, radiografia de tórax (na suspeita de diagnósticos alternativos); ● Tratamento: SABA + SAMA (salbutamol 4-10 jatos, via espaçador, de 20 em 20 minutos na primeira hora + ipratrópio do mesmo jeito); ● Sempre fazer inicialmente uso de corticóide inalatório em dose alta e em via oral (prednisona 40-60 mg ou dose semelhante EV); oxigênio se necessário; ● Se o paciente associou o broncoespasmo a alimentação ou sem tem angioedema ou outro sinal de alergia, é prescrito a epinefrina/adrenalina IM; Obs: DOSE DE MEDICAMENTOS: →Refratários ● Faz-se o sulfato de magnésio (2g de sulfato de magnésio a 10%, endovenoso); Maríli� Mir���� San���� 15 Pne����og�� ● Se não melhorar, faz-se terbutalina 0,5 mg/mL SC de 6/6 horas. ● A preferência é sempre via inalatória. →VNI (uso de máscara) ● Usar na ausência total de contra-indicação, por 30 min-2 horas. →Quando intubar ● PCR; ● Rebaixamento do nível de consciência; ● Fadiga progressiva da musculatura acessória; ● Arritmias graves; ● Tórax silente; ● Hipoxemia grave; ● Falha em reverter acidose respiratória grave. Aul� 04- Pne����og��- Ava���ção da ra����rafi� de tóra� e noções de to���r�fia –Radiologia Fisiológica de Tórax Ao iniciar a avaliação radiológica da cavidade torácica é preciso ter algumas noções básicas de anatomia e de estruturas pertencentes a ela. A abordagem inicial segue a seguinte sistematização: 1. Estrutura óssea; 2. Partes moles; 3. Mediastino; 4. Coração; 5. Vias aéreas e pulmões; 6. Principais vasos torácicos. Conceitos importantes antes… →Densidades básicas ● Ar: preto; ● Metal: branco; ● Partes moles, ossos e músculos : cinza. →Técnicas de exame a-)Póstero-anterior (PA) ● Muito utilizada para avaliação torácica, pois evita, na medida do possível, magnificação do coração e alterações estruturais adjacentes; b-)Perfil esquerdo ● Costuma ser solicitada junto com a incidência em PA, pois possibilita uma visão dimensional melhor das estruturas c-)Ântero-posterior (AP) ● É resguardada para pacientes que não conseguem se locomover adequadamente, estão acamados; ● Não é tão confiável, pois as estruturas estão mais longe do filme radiográfico, de forma que os raios-X, que são divergentes, ao entrarem anteriormente favorecem um aumento da área cardíaca, não sendo possível avaliar essa área de maneira totalmente fidedigna. d-)Decúbito lateral ou de Laurell ● É utilizada quando há alguma lesão que muda sua posição ao alterar a posição do paciente; ● Ex: derrame maior que 10 cm. e-)Ápico-lordótica ● Serve para melhorarmos a visualização dos ápices pulmonares, ou seja, o paciente assume uma posição que favorece a retirada das clavículas do campo de avaliação radiológica; ● É útil caso o radiologista tenha dúvidas quanto a doenças e patologias que acometem os ápices pulmonares. f-)Oblíqua ● É realizada quando precisamos visualizar e caracterizar melhor as lesões parcialmente encobertas por demais estruturas ou até mesmo para avaliação da área cardíaca em casos de imagens duvidosas; ● Avaliação de partes ósseas. Maríli� Mir���� San���� 16 Pne����og�� 1.Estruturas ósseas Obs: As estruturas ósseas são um fator para avaliar a qualidade da radiografia, que deve ter o pulmão em inspiração, quando o pulmão está insuflado, espera-se que na radiografia encontre-se 6 ou mais costelas anteriores ou 10 ou mais costelas posteriores. Além disso, a coluna vertebral serve de parâmetro para avaliação da penetração do raio-x, a boa visualização desta indica qualidade na radiografia. Má penetração de raio-x As clavículas, quando alinhadas, simbolizam um posicionamento correto do filme durante a realização da radiografia. 2.Partes Moles Consistem em pele, gordura subcutânea e músculos. As bordas laterais do músculo esternocleido- mastóideo são prontamente visualizadas na maioria dos pacientes. A visualização de gordura normal nas fossas supraclaviculares e as sombras de pele e gordura subcutânea paralelas às clavículas ajudam a excluir massas, linfonodopatias ou edema nesta região. As duas sombras mamárias devem ser avaliadas rotineiramente para detectar evidências de mastectomia anterior ou de massa com distorção. As partes moles laterais da parede torácica devem ser imagens hiperdensas (brancas) lisas, simétricas e homogêneas. 3.Mediastino É a região localizada entre os campos pleuropulmonares e que cresce no sentido craniocaudal, da abertura superior do tórax ao diafragma. Na radiografia, encontramos alguns contornos principais do mediastino, como: →Contornos Direitos ● Contorno do átrio direito; ● Contorno da veia cava superior; ● Contorno da veia cava inferior. →Contornos Esquerdos ● Contorno do arco da aorta; Maríli� Mir���� San���� 17 Pne����og�� ● Contorno do tronco pulmonar; ● Contorno atrial esquerdo. ● Contorno do ventrículo esquerdo. Obs: É importante entender as relações que o esôfago mantém com o átrio esquerdo. Em casos de um considerável aumento atrial esquerdo, esse aumento acabará abaulando o esôfago do paciente, não sendo estranho que um paciente com grande aumento de átrio esquerdo se queixe de disfagia no seu quadro clínico. Um exame via trato gastrointestinal para avaliar indiretamente um aumento atrial esquerdo que é o esofagograma com uso de contraste a base de bário. Mediastino O mediastino pode ser sistematizado didaticamente em segmentos. O mediastino superior e inferior, que se separam na vértebra T5. O mediastino inferior é ainda subdividido nas porções anterior, média e posterior. →Mediastino anterior Inclui todas as estruturas por trás do esterno e anteriores ao coração e grandes vasos. →Mediastino médio Compreende o pericárdio e o seu conteúdo, o arco aórtico e grandes artérias proximais, artérias e veias pulmonares centrais, traqueia e brônquios principais. →Mediastino posterior Localizado posteriormente ao pericárdio e inclui esôfago, a aorta descendente, as veias ázigo e hemiázigo, o ducto torácico e os nervos intercostais. As estruturas que estão contidas no mediastino podem sofrer alterações, provocando o alargamento do mediastino, estabelecido com o diâmetro mediastinal na altura do arco aórtico maior que 8 cm. Alargamento do mediastino 4.Coração Ao avaliar as dimensões da área cardíaca a fim de determinar se há um aumento dos limites normais ou de uma cardiomegalia, utiliza-se o índice cardiotorácico traça-se uma linha vertical média no centro na coluna vertebral, e Maríli� Mir���� San���� 18 Pne����og�� uma linha com dois pontos horizontais de uma costela a outra para se mensurar a largura total do tórax (DI), em seguida mediu-se o diâmetro máximo cardíaco traçando a maior medida de cada lado do coração a partir da linha média, essas medidas foram denominadas de DMD para o lado direito e DME para o esquerdo, onde a somatória destes valores foi dividida pelo valor referente a largura total do tórax. Os valores iguais ou inferiores a 0,5 representam ICT normais enquanto que valores acima de 0,5 sugerem cardiomegalia instalada. Outra forma de avaliar… Pode ser feito a partir de uma linha tangente à borda do átrio direito e outra à borda do ventrículo esquerdo,conectando esses dois pontos, a linha originária é transcrita para um hemitórax e se esta ultrapassar as dimensões do hemitórax para qual foi transcrita há um aumento de área cardíaca. 5.Vias aéreas e pulmões a-) Vias aéreas A traqueia é um cilindro oco composto por uma série de anéis cartilaginosos em forma de C. Os anéis são completados posteriormente por uma faixa plana de músculo e tecido conjuntivo denominada membrana traqueal posterior. Na radiografia de tórax, a traqueia é vista como hipotransparência (escura) cilíndrica verticalmente orientada que se estende da porção superior da cartilagem cricóide e inferior ao brônquio principal. Um ligeiro desvio da traqueia para a direita depois de penetrar no tórax pode ser um achado radiológico normal. Traquéia em radiografia em AP O sistema brônquico exibe um padrão de ramificação de dicotomia assimétrica, com os ramos brônquicos de um brônquio maior variando em comprimento. O brônquio principal direito é consideravelmente mais curto do que o brônquio principal esquerdo. Os brônquios terminais podem ser observados como uma sombra em anel nas radiografias de tórax. Brônquios na tomografia computadorizada Os pulmões são divididos por fissuras interlobares que são invaginações da pleura visceral. À direita, a fissura horizontal separa o lóbulo médio em sua porção superior. A fissura oblíqua separa o lobo inferior do lobo superior na porção superior e do lobo médio na porção inferior. O pulmão esquerdo é dividido nos lobos superior e inferior pela fissura oblíqua esquerda. O Maríli� Mir���� San���� 19 Pne����og�� lobo superior esquerdo é análogo ao lobo superior e médio direito combinados. O interstício pulmonar é o arcabouço do pulmão e, como tal, fornece suporte para as vias respiratórias e para os vasos pulmonares. Ele tem início no hilo e se estende perifericamente para a pleura visceral. 6. Vasos torácicos O hilo representa a junção do pulmão com o mediastino e é composto pelas veias pulmonares do lobo superior e ramos da artéria pulmonar e seus brônquios correspondentes. A forma do hilo direito na radiografia em PA tem sido comparada à de um V de lado, com a abertura apontando para a direita. A porção superior do V é composta principalmente pela divisão anterior e posterior do tronco da veia pulmonar superior direita. Vermelho: Hilo direito; Azul: Hilo esquerdo –Padrões básicos no raio-x de tórax a-)Padrão alveolar ● Caracterizado por opacidade homogênea, que pode variar, de acordo com a extensão; ● Pode ser pequena, segmentar e até mesmo ocupar todo o espaço aéreo. b-)Padrão Hilar ● Aumento dos gânglios no hilo do pulmão; Maríli� Mir���� San���� 20 Pne����og�� ● Diferentes etiologias podem estar associadas como inflamações (sarcoidose, silicose), neoplasias, infecções (tuberculose, histoplasmose); ● Não confundir aumento do diâmetro dos componentes vasculares do hilo (em uma hipertensão pulmonar, por exemplo) com um padrão de acometimento hilar (infecções, neoplasias); À esquerda: hipertensão pulmonar e com aumento do diâmetro vascular do hilo; à direita: acometimento hilar típico c-)Padrão intersticial ● Caracterizado por atingir o interstício pulmonar; ● Pode se apresentar como reticular (formato de rede), micronodular (nódulos bem pequenos) e reticulonodular (formato de rede + micronódulos) –Achados radiográficos nas doenças torácicas a-)Opacidade Pulmonar →Doenças alveolares Os padrões de opacidade alveolar desenvolvem-se quando o ar normalmente presente no interior dos alvéolos terminais do pulmão é substituído por material com densidade de tecido mole, como sangue, transudato, exsudato ou células neoplásicas. Inicialmente, a opacidade é pouco marginada porque o processo de preenchimento do espaço aéreo se estende de maneira irregular para envolver os espaços aéreos adjacentes, criando uma interface irregular com feixe de raios-X. Quando os espaços aéreos se tornam opacos em virtude do material celular e líquido intra-alveolar, os brônquios normalmente aerados se tornam visíveis como hipotransparência tubulares chamadas aerobroncograma. Raramente uma condição intersticial grave que invade os alvéolos pode produzir um aerobroncograma; isso é mais observado em casos de sarcoidose alveolar. Um padrão de opacidade que representa um processo de preenchimento alveolar de modo confiável é o padrão em “asa de morcego” ou “borboleta”. Nesse padrão, as opacidades ocupam as regiões centrais do pulmão e se estendem lateralmente até fazer uma borda de forma abrupta antes de alcançar as porções periféricas do pulmão. Hemitórax →Atelectasia Significa expansão incompleta. Descreve qualquer condição em que ocorra a perda de volume pulmonar, e geralmente, mas não invariavelmente, Maríli� Mir���� San���� 21 Pne����og�� está associado a um aumento da densidade radiográfica. A atelectasia pode ser: Tipos Achados Lobar Deslocamento de uma fissura interlobar; Desvio lateral da traquéia, coração ou estruturas hilares e mediastinais; Aumento da transparência com atenuação de marcações vasculares pulmonares. Segmentar Atelectasia de um ou vários segmentos de um lobo; Opacidade varia de fina linear a opacidade em cunha; Melhor visualizada na TC. Sub.Segm Em lâmina; Opacidades lineares em forma de bandas, associadas à hipoventilação; Tende a ocorrer em bases pulmonares; Atelectasia lobar com demarcação de fissura oblíqua Atelectasia subsegmentar →Doenças intersticiais Opacidades intersticiais são produzidas por processos que provocam o espessamento dos compartimentos intersticiais do pulmão. A existência de sangue, água, tumor, células, tecido fibroso, ou qualquer combinação destes elementos, pode tornar visível o espaço intersticial em radiografias. Geralmente em radiografias convencionais, as opacidades intersticiais são divididas em padrão reticular, retículo nodular, nodular e linear. Obs: O padrão linear é o espessamento do interstício que circunda as estruturas broncovasculares, produzindo opacidades lineares paralelas que se irradiam a partir do hilo quando visualizadas em comprimento ou “bainhas” peribrônquicas, quando visualizadas de frente. Doença intersticial linear em edema pulmonar Maríli� Mir���� San���� 22 Pne����og�� →Nódulo pulmonar Refere-se a uma opacidade arredondada bem definida no interior do pulmão, medindo menos de 3 cm de diâmetro. Uma opacidade arredondada maior do que 3 cm de diâmetro é denominada massa pulmonar. b-) Hipotransparência pulmonar A hipotransparência do pulmão pode ser localizada ou difusa. Lesões hipotransparentes localizadas no pulmão, incluem cavidades, cistos, bolhas, vesículas e pneumatoceles. c-) Derrame Pleural O aspecto do derrame pleural depende do volume de líquido existente, da posição do paciente durante o exame radiográfico e da existência ou não de aderências entre as pleuras visceral e parietal. Pequenas quantidades de líquido pleural inicialmente formam uma coleção entre o lobo inferior e o diafragma em uma localização infrapulmonar. à medida que mais líquido se acumula, ele se derrama nos seios costofrênicos posterior e lateral. Aul� 05- Pne����og��- Ces��ção do Tab����mo –Introdução ● Tabagismo é uma doença crônica e a maior causa evitável de doença e morte no mundo; ● Matou mais de 100 milhões de pessoas no século XX e poderá matar um bilhão no século XXI; ● O cigarro possui mais de sete mil produtos tóxicos (pelo menos 69 cancerígenas). A nicotina é promotora de grave dependência química; ● O tabagismo é um transtorno mental e comportamental secundário ao uso de substâncias psicoativas derivadas do tabaco pelo CID-10; ● O tabagismo ativo causa e/ou agrava mais de 50 doenças especialmente cardiovasculares, neurovasculares, respiratórias e diversos tipos de câncer. O que mais mata pelo uso de cigarro é infarto e AVC; –Dependência O tabagismo está associado aos estímulos ambientais, aos hábitos pessoais, às condições psicossociais e a própria ação da nicotina. A nicotina, contida nos derivados do tabaco, representa a principal responsável peladependência química, que, por sua vez,apresenta três mecanismos: a-)Reforço Positivo ● A liberação de dopamina no sistema mesolímbico, área de recompensa cerebral, resulta em sensação prazerosa; ● A ação dos receptores colinérgicos do tipo nicotínicos proporcionam a redução do apetite, o aumento da disposição, do estado de alerta e da atenção, modificando o estado emocional e comportamental do tabagista; ● Além da liberação de: norepinefrina, acetilcolina e beta-endorfina. Maríli� Mir���� San���� 23 Pne����og�� b-)Condicionamento ● Desencadeado por estímulos ambientais e emoções positivas e negativas associadas ao consumo do tabaco, como acender um cigarro após tomar café ou em momentos de tensão ou de alegria; ● Depois de algumas repetições, essas associações tornam-se constantes, de modo que, toda vez que o tabagista toma uma xícara de café ou está triste ou alegre ele tem o desejo de fumar; ● Outras associações são: fumar e ingerir bebidas alcoólicas, fumar e falar ao telefone, fumar e escrever, fumar e assistir ou fumar depois de comer. c-)Reforço Negativo ● Manutenção do consumo do tabaco para evitar o desconforto proporcionado pelos sintomas da síndrome de abstinência (disforia, aumento do apetite, irritabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade etc); O consumo contínuo da nicotina faz o cérebro adaptar-se e passar a precisar de doses cada vez maiores para manter o nível de satisfação anterior (a tolerância à droga). Diversos genes se associam com adição à nicotina, estando associados a maior probabilidade de dependência à nicotina. –Abstinência x Fissura ● A abstinência ocorre em pico entre 1 e 3 três dias após a cessação; duram com maior intensidade por 3 a 4 semanas; ● A fissura dura em torno de 5 minutos e é caracterizada por uma intensa vontade de fumar; ● O paciente com fissura pode se beneficiar fazendo atividades que o distraia nos próximos 5 minutos; ● Os sintomas da abstinência podem ser: mal-estar, fraqueza geral, tontura tristeza, depressão, cefaléia, tremores, constipação, distúrbios do sono, agressividade; –Benefícios da cessação ● Melhora do olfato e paladar; ● Melhora do pigarro e da voz; ● Melhora da tosse e dos outros sintomas respiratórios; ● Melhora da capacidade cardiorrespiratória e física em geral; ● Melhora da aparência da pele e redução de rugas de expressão; ● Redução dos riscos de exacerbação, complicações e mortes de doenças; ● Redução do risco de infecções; ● Redução de complicações pós-operatórias; ● Redução do risco de cânceres; Obs: Não faz rastreio de CA de pulmão em paciente que parou de fumar a mais de 15 anos, pois o risco é diminuído em relação aos que pararam a menos de 15 anos. Estes fazem rastreio anual. A Maríli� Mir���� San���� 24 Pne����og�� tomografia é resguardada para quem tem carga tabágica de, ao menos, 20 maços/ano; →Considerações básicas ● Acolher o fumante com empatia, trazendo esperança e evitar confrontamento; ● Abordagem centrada na pessoa; ● Identificação de situações de risco/recaídas e o desenvolvimento de estratégicas de enfrentamento (habilidades comportamentais); ● Orientar sobre dependência e abstinência, fases de mudança de comportamento, malefícios do tabagismo, benefícios da cessação; ● Orientar sobre medicamentos; ● Parabenizar pela cessação e ajudar a evitar recaídas. –Apoio geral ● Perguntar; ● Avaliar; ● Aconselhar; ● Preparar. –Apoio intensivo ● Individual ou em grupos; ● Sessões semanais no primeiro mês; ● Quinzenais no segundo mês; ● Ao menos um encontro no final do terceiro mês; ● Equipe multidisciplinar. –Avaliação clínica ● Principais sinais e sintomas de doenças tabaco relacionadas (bronquiolite, por exemplo); ● História tabágica, grau de dependência, presença de fumantes na família; ● Moléstias atuais e pregressas, especialmente as relacionadas com saúde mental; ● Medicações em uso e potencial de interações com medicamentos para cessar o tabagismo; ● Consumo de álcool e outras drogas; ● Hábitos de vida. –Escala de Dependência Definir o grau de dependência à nicotina é um importante elemento da avaliação dos tabagistas que querem cessar cessar esse hábito. Para essa avaliação, foi desenvolvido o Teste de Fagerstrom, constituído de seis perguntas. Uma soma acima de 6, indica que, provavelmente, o paciente sofre de uma síndrome de abstinência significativa. ● 0-2: muito baixa; ● 3-4: baixa ● 5: média ● 6-7: elevada; ● 8-10: muito elevada. Obs:Nos estágios baixos, provavelmente não será preciso o uso de medicamentos, diferentemente dos níveis moderado a alto. –Estágios de motivação ● Você acha que o cigarro pode trazer problemas para a sua saúde? ● Você já tentou parar de fumar? ● Você já pensou em parar de fumar? Maríli� Mir���� San���� 25 Pne����og�� →Estágios de motivação e ações motivacionais –Orientações a-)Terapia cognitivo-comportamental ● Alterar o comportamento: mudar rotinas e evitar hábitos que levem a fumar, após as refeições; retirar-se da mesa e escovar os dentes imediatamente; retirar os estímulos visuais (cinzeiro, isqueiros); evitar locais com pessoas fumando; terapias para estresse e ansiedade; ● Medidas para fissura: ocupar a mão ou a boca (mascar chiclete, cortar cenouras como cigarro, beber água gelada); ● Alterar pensamento; b-)Medicamentos de primeira linha O uso de fármacos representa um recurso adicional no tratamento do tabagismo quando a abordagem comportamental é insuficiente pela presença de elevado grau de dependência à nicotina. A farmacoterapia, geralmente está recomendada quando: ● O paciente fuma 20 ou mais cigarros por dias; ● O paciente fuma o primeiro cigarro até 30 minutos após acordar e, consome, no mínimo, 10 cigarros diários; ● O paciente apresenta o teste de Fagerstrom acima de 5; ● O paciente tentou parar com a abordagem cognitivo-comporta- mental e não conseguiu, devido a sintomas de abstinência insuportável; ● Não existem contraindicações clínicas aos fármacos propostos. Os fármacos com evidência de eficácia são classificados em nicotínicos e não nicotínicos. Na Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), a bupropiona e a vareniclina são consideradas medicamentos de primeira linha, enquanto a nortriptilina e a clonidina são de segunda linha no tratamento. 1.Terapia de reposição de nicotina A TRN visa à substituição da nicotina do cigarro por doses menores e mais seguras, reduzindo a fissura e outros sintomas da abstinência. Maríli� Mir���� San���� 26 Pne����og�� →Adesivos ● Adesivos de 21, 14, e 7 mg; ● Cada cigarro equivale a 1mg, mas é preferível não exceder os 21 mg no adesivo; ● Faz a redução de dose a cada 4 semanas; ● Aplicar 1 adesivo pela manhã em área sem pelos e sem exposição ao sol. Rodiziar local de aplicação; ● Efeitos colaterais: eritema e infiltração da derme. Além de sialorréia, náuseas, vômitos, diarréia e insônia; →Goma de mascar ● 2 a 4 mg; usadas isoladas em pacientes com baixa dependência ou fumantes de poucos cigarros ou associada para fissura com outros medicamentos; ● O máximo é de 15 a 20 unidades por dia; ● Não ingerir bebidas ou alimentos 15 minutos antes ou durante o uso; ● Mascar até surgir o sabor característico e, em seguida, relaxar entre a gengiva e a bochecha; ● Efeitos colaterais: lesões de gengiva, sialorréia, gosto ruim, amolecimento dentário; ● Evitar pacientes com úlceras péptica ativa; 2.Bupropiona ● Bloqueia a recaptação neuronal de dopamina, norepinefrina e menor intensidade da serotonina; ● Dose 150 mg pela manhã por 3 dias e já no quarto dia, faz-se 1 comprimido manhã e tarde (300mg); ● Iniciar 7 dias antes da data marcada para cessação; ● Recomenda-se o uso por até 12 semanas. Não há evidências suficientes quanto aos efeitos colaterais do uso prolongado da bupropiona para prevenir a recaída; ● Efeitos adversos: reduz reflexos, cefaleia, agitação, ansiedade, tremores, insônia, boca seca e convulsões; ● Contra-indicações absolutas: histórico de convulsões, grávidas, alcoólatras; ● Contra-indicações relativas: HAS não controlada, hipoglicemianteoral/insulina, paciente em uso de carbamazepina, barbitúricos, fenitoína, antipsicóticos, teofilina, corticosteróides sistêmicos; 3.Vareniclina Maríli� Mir���� San���� 27 Pne����og�� ● Liga-se nos receptores nicotínicos alfa3 beta2 e libera dopamina e outros neurotransmissores (efeito agonista) e impede a ligação da nicotina (efeito antagonista competitivo); ● Atualmente não é mais disponível no mercado; ● Pode dar náusea e sonolência. –Perspectiva ● Cytisine Cline (ESTUDAR). –Cigarro Eletrônico ● Dispositivos eletrônicos para fumar (DEF); ● Levam a uma maior dependência de nicotina, provoca aumento da iniciação do uso de cigarros, aumento do estresse oxidativo, causam inflamação de epitélios e endotélios, fazem lesão do DNA, aterogênese. ● O tratamento atualmente segue com orientações semelhantes ao tabagismo com abordagem ao paciente mais jovem. Aul� 06- Pne����og��- D�O� –Introdução A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma condição pulmonar heterogênea caracterizada por sintomas respiratórios crônicos (dispneia, tosse, produção de escarro, exacerbações) devido a anormalidades das vias aéreas (bronquite, bronquiolite) e/ou alvéolos (enfisema) que causam obstrução persistente, e geralmente progressiva, do fluxo de ar. –Epidemiologia ● É a 3ª causa de mortalidade a nível mundial; ● 90% destas ocorrendo em países de baixa e média renda; ● É uma doença prevenível e tratável; ● É uma doença heterogênea; –Causas e fatores de risco A DPOC resulta de interações genéticas e ambientais que ocorrem ao longo da vida do indivíduo e que podem levar a danos nos pulmões e/ou alterar seu processo normal de desenvolvimento/ envelhecimento. Os principais fatores de risco de exposição ambiental que levam à DPOC são tabagismo, a inalação de partículas e gases tóxicos nos domicílios e a poluição atmosférica. O principal fator de risco genético (embora raro) identificado para DPOC é a mutação do gene SERPINA1, que leva à deficiência de alfa-1-antitripsina (se localiza no lobo panacinar). Desconfia-se dessa deficiência quando o paciente não é tabagista, é jovem e não tem exposição a outros poluentes. Na DPOC, ocorre resposta inflamatória anormal dos pulmões a inalação de partículas ou gases nocivos, a qual provoca anormalidades das vias aéreas (bronquite, bronquiolite) e/ou alvéolos (enfisema); →Síntese dos fatores de risco ● Tabagismo; ● Fogão a lenha; ● Carvoaria; ● Soldador; ● Poluição do ar; ● Deficiência da alfa-1-antitripsina (mais comum em pessoas jovens); ● Idade (idosos); ● Asma e hiperreatividade brônquica; Maríli� Mir���� San���� 28 Pne����og�� ● Infecções de repetição; –Carga tabágica –Fisiopatologia A inflamação das vias aéreas na DPOC é caracterizada por um infiltrado celular composto predominantemente por neutrófilos e macrófagos, sendo a eosinofilia menos comum. Atualmente, a ação de linfócitos CD8 (supressores/ citotóxicos) e monócitos /macrófagos vem sendo descrita como parte importante do processo inflamatório. Esse processo mediado por CD8 recruta neutrófilos e leva à destruição da parede elástica por um desequilíbrio de elastase neutrofílica versus antielastase, sendo o principal mecanismo do componente enfisematoso da doença. A fisiopatologia da DPOC engloba 3 mecanismos principais para a manifestação da doença: 1.inflamação crônica com desequilíbrio entre proteases, antiproteases e estresse oxidativo, os quais geram destruição dos alvéolos e capilares pulmonares, aprisionamento aéreo e aumento do espaço morto. 2. esse processo leva à inadequação da relação ventilação/ perfusão, hiperinsuflação pulmonar estática e dinâmica, o que culmina com o aparecimento de sintomas. Essa inflamação crônica resulta na proliferação das células caliciais e hipertrofia das glândulas submucosas, causando, assim, 3. hipersecretividade de muco e estreitamento das pequenas vias aéreas. A maior resistência das vias respiratórias aumenta o trabalho de respiração. A hiperinsuflação pulmonar, embora diminua a resistência das vias respiratórias, também aumenta o esforço respiratório. A força expiratória depende em grande parte da elasticidade pulmonar, que está diminuída na DPOC. Trata-se do fenômeno do aprisionamento de ar que promove um aumento do volume residual, da capacidade residual funcional e da capacidade pulmonar total. A dispneia durante o exercício físico no paciente com DPOC pode ser explicada pela hiperinsuflação dinâmica. a-)Enfisema ● Fumo: estimulação dos macrófagos para a liberação de substâncias químicas dos neutrófilos e redução da atividade de inibidores da elastase; ● Neutrófilos: enzima lisossomal elastase; ● Destruição da elastina e colágeno tipo IV; ● Destruição da parede alveolar resultando no aprisionamento de ar. b-)Bronquite ● Hipertrofia das glândulas mucosas dos brônquios; ● Via áerea preenchida de muco; ● Alterações no lúmen (obstrução). Maríli� Mir���� San���� 29 Pne����og�� Obs: Na maioria das vezes, os pacientes não se apresentam como um Pink Puffer ou um Blue Bloater estereotípico, mas sim com uma combinação das duas apresentações clínicas, e por isso esta nomenclatura não tem sido mais utilizada. –O que pode obstruir? ● Secreção; ● Hipertrofia; ● Perda de tração radial por destruição do parênquima. –Quadro clínico a-)Dispneia A dispneia crônica é o sintoma mais característico da DPOC. A tosse com produção de escarro está presente em até 30% dos pacientes. Esses sintomas podem variar diariamente e podem aparecer muitos anos antes do desenvolvimento de obstrução do fluxo de ar. Indivíduos que apresentam esses sintomas, particularmente aqueles com fatores de risco para DPOC, devem ser analisados em busca das causas subjacentes. Obs: Um indivíduo pode buscar atendimento médico tanto por causa dos sintomas respiratórios crônicos quanto por um episódio agudo e transitório de exacerbação dos sintomas respiratórios. (SEMPRE INVESTIGAR DPOC). b-)Tosse crônica A tosse crônica é geralmente o primeiro sintoma de DPOC e é frequentemente considerada pelo paciente como uma consequência esperada do tabagismo e/ou exposição ambiental. Inicialmente, a tosse pode ser intermitente, mas posteriormente ela pode estar presente todos os dias, geralmente ao longo do dia. A tosse crônica na DPOC pode ser produtiva ou não. Em alguns casos, uma obstrução significativa do fluxo aéreo pode se desenvolver sem a presença de tosse. Obs: A síncope durante a tosse pode ocorrer em pacientes com DPOC grave devido ao rápido aumento da pressão intratorácica durante as crises prolongadas de tosse. As crises de tosse podem causar também fraturas das costelas, que são, às vezes, assintomáticas. c-)Produção de escarro Pacientes com DPOC apresentam pequenas quantidades de muco firme ao tossir. A produção regular de escarro por três ou mais meses em dois anos consecutivos é a definição de bronquite crônica, mas essa é uma definição um pouco arbitrária e não reflete a ampla variação na produção de escarro que ocorre na DPOC. →Outros sintomas ● Expectoração; ● Sibilância; ● Infecções de repetição; ● Cor pulmonale (aumento da resistência da artéria pulmonar, o Maríli� Mir���� San���� 30 Pne����og�� ventrículo direito tenta segurar a pressão, causando sinais de edema, falta de ar, congestão); –Diagnóstico O diagnóstico da DPOC deve ser considerado em qualquer paciente com dispneia, tosse crônica ou produção de escarro, histórico de infecções recorrentes do trato respiratório inferior e/ou histórico de exposição a fatores de risco para a doença, mas a espirometria forçada mostrando a presença do índice de tiffeneau <0,7, pós-broncodilatador, é obrigatória para o estabelecimento do diagnóstico. a-)Espirometria ● Distúrbio ventilatório obstrutivo: o paciente demora mais tempo para expirar o ar; ● Relação VEF!/CVF pós broncodilatador deve ser menor que 0,7 (70%); ● Técnica correta: presença de platô e pico; ● Avalia a severidade do diagnóstico e pode funcionar como acompanhamento clínico; ● A espirometria deve ser solicitada com prova broncodilatadora; ● O VEF1pós-broncodilatador não é utilizado para confirmação diagnóstica, e sim para o estadiamento espirométrico de DPOC, sendo também o melhor parâmetro para estimar a gravidade da doença. –Atenção! GOLD 2023 ● Pré-DPOC: com relação menor do que 0,7, mas com sintomas e /ou alterações estruturais e/ou anormalidades; –Exames complementares a-)Radiografia Radiografia de tórax evidenciando hiperinsuflação pulmonar. ● Observa-se hiperlucência dos campos pulmonares; ● Rebaixamento das cúpulas diafragmáticas; ● Pobreza vascular; ● Coração em gota; ● Aumento do diâmetro ântero-posterior. b-)Tomografia ● É indicada para diagnóstico diferencial; ● Rastreio de câncer de pulmão: mais de 45 anos de idade, com carga tabágica maior que 20 anos-maços e que tenham parado de fumar há menos de 15 anos; Maríli� Mir���� San���� 31 Pne����og�� ● Utilizada para avaliação de procedimentos para redução de volume pulmonar. →Enfisema ● É visto apenas na tomografia; ● Na tomografia, ele se apresenta sem parede bem definida, diferentemente do cisto; ● Pode ser centrolobular ou parasseptal (não significa necessariamente uma doença); ● É possível visualizar espessamento de paredes brônquicas; c-)Alfa-1-antitripsina ● A deficiência é genética; ● Sua deficiência representa aumento da degradação da elastina pulmonar; ● Também se relaciona com doença hepática; ● Quando confirmada que está baixa, faz uma avaliação genética; –Estadiamento 1.Classificação baseada no VEF1 pós prova broncodilatadora. Após a classificação de gravidade, estratifica-se a DPOC a partir da avaliação combinada da intensidade da dispneia e no histórico de exacerbação nos últimos 12 meses. 2.Escala mMRC: maior ou igual que 2 indica que o paciente é sintomático. Quanto à exacerbação, pacientes com histórico de duas ou mais exacerbações no ano anterior ou uma internação por exacerbação da DPOC são considerados exacerbadores frequentes e merecem tratamento farmacológico para preveni-las. 3.Escala CAT: maior que 10 indica que o paciente é sintomático (opção ao mMRC). Maríli� Mir���� San���� 32 Pne����og�� Assim, define-se a classificação final da DPOC inicialmente com estadiamento GOLD baseado no VEF1 pós-broncodilatador e após pela combinação de sintomas e exacerbações –Exacerbação →2 ou mais exacerbações moderadas a graves ou 1 exacerbação com necessidade de internação hospitalar. ● Leve: uso de broncodilatadores de curta ação; ● Moderada: necessidade de antibiótico; ● Graves: Necessidade de tratamento hospitalar. –Tratamento →Objetivos ● Reduzir sintomas: a principal droga são os broncodilatadores; ● Reduzir riscos: previne a progressão da doença, previne e trata as exacerbações e reduz a mortalidade.; →Todos os pacientes ● Cessação do tabagismo ou exposição ambiental; ● Vacinação (antipneumocócica, influenza, coqueluche, covid, zoster–paciente >50 anos); ● Avaliação de oxigenoterapia (saturação <88 indica gasometria); recomendações de oxigenoterapia para casa: 1.PaO2 menor ou igual a 55 mmHg ou SatO2 menor que 88% com ou sem hipercapnia, 2.PaO2 56-59 mmHg ou saturação 89% associada a hipertensão pulmonar, e/ou edema periférico, sugestivo de insuficiência cardíaca congestiva, ou policitemia (hematócrito >55%); é recomendada a utilização por mais de 15 horas com alvo de saturação maior ou igual a 90%; ● Atividade física ou reabilitação pulmonar (trabalha a musculatura); ● Tratar comorbidades; Maríli� Mir���� San���� 33 Pne����og�� →Tratamento medicamentoso Obs:Metilxantinas não se utiliza mais. a-)Paciente Grupo A ● Broncodilatador; ● Formoterol; ● mMRC 0-1; CAT < 10; b-)Grupo B ● LABA + LAMA; ● Fenoterol + tiotrópio; ● mMRC > 2, CAT > 10; c-)Grupo E ● LABA + LAMA; ● Fenoterol + tiotrópio; ● Considerar LABA + LAMA + CI se eosinófilos periféricos >300 em paciente exacerbador,ou em exacerbações frequentes já em uso de LABA e LAMA, ou paciente com asma, ou internação no último ano; ● CIS são contraindicados em pneumonias de repetição e eosinófilo <100. →Dispneia ● Se paciente com monoterapia, faz a duo; ● Se ele já estava em duo, pode trocar de dispositivo, implementar ou escalar o tratamento não farmacológico, investigar outras causas. →Exacerbação ● LABA ou LAMA; ● Se os eosinófilos maior que 300, faz LABA + LAMA, faz-se ICS; além disso, se o paciente for refratário ao tratamento LABA+LAMA ou se já for asmático, o tratamento com ICS associado deve ser feito também; ● Se bronquite crônica (tosse produtiva por mais de 3 vezes ao ano) ou FEV1< 50%, faz roflumilaste; ● Se eosinófilos entre 100 e 300 considerar o uso de ICS; ● Se eosinófilos <100, faz-se uso de roflumilaste ou azitromicina; ● Azitromicina preferencialmente em ex-fumantes ou exacerbações frequentes; →Outras opções de tratamento ● Ventilação não invasiva domiciliar (PCO2 maior que 53 mmHg); ● Tratamento cirúrgico; ● Transplante pulmonar; ● Cuidados paliativos. –Redução de mortalidade ● Tripla terapia; ● Cessação de tabagismo; ● VNI em hipercapnia. –Exacerbação da DPOC ● A exacerbação da DPOC é um evento caracterizado por piora da Maríli� Mir���� San���� 34 Pne����og�� dispneia e/ou da tosse e secreção nos últimos 14 dias, acompanhada de taquipneia e/ou taquicardia e é frequentemente associada ao aumento de inflamação local e sistêmica causada por infecção, poluição ou algum outro insulto às vias aéreas; ● Momento de piora aguda ou subaguda dos sintomas habituais; ● A principal causa de exacerbação da DPOC são infecções virais e em segundo, as bacterianas (H.Influenzae, pneumococo e moraxella); ● Associada a: maior mortalidade, piora dos sintomas de base e função pulmonar, aceleração da perda de função, piora da qualidade de vida; –Diagnóstico Critérios de Anthonisen —Perguntas para exacerbação ● Piorou a dispneia? ● Aumentou o escarro? ● Piorou a purulência? →Abordagem inicial ● Reconhecer a gravidade do paciente: uso de musculatura acessória, cianose, presença de edema periférico, acidose respiratória, instabilidade hemodinâmica, movimentos paradoxais; ● Broncodilatador: 2 a 4 puffs de SABA a cada 20 minutos na primeira hora; em casos graves (3 critérios de Anthonisen), associar anticolinérgico (ipratrópio); corticóide VO ou EV na primeira hora do atendimento; ajustar doses após conforme a gravidade; ● Oxigenioterapia: saturação entre 88-90% , dispositivo e fluxo necessário para manter saturação superior a 90%; ● O excesso de oxigênio pode causar acidose, por retenção de carbono; ● Suporte ventilatório: VNI (BIPAP) é indicada com desconforto respiratório acentuado, falha do cateter, acidose respiratória; ● As contraindicações a VNI: parada respiratória, instabilidade hemodinâmica (PA baixa, cianose de extremidades), não cooperativo, rebaixamento do nível de consciência; ● Indicações de ATB(Clavulin ou Ceftriaxona): escarro purulento, quando todos os 3 critérios de Anthonisen estão presentes, quando dois dos critérios e um deles é o escarro purulento e quando há necessidade por agravamento e na oxigenoterapia; infecções causadas por haemophilus, streptococcus, moraxella; na doença grave (paciente com internação recente ou em uso de corticoide ou imunossupressão, ventilação mecânica) lembrar de pseudomonas e enterobactérias; ● UTI: Maríli� Mir���� San���� 35 Pne����og�� ● Alta: educação do paciente, instruir tratamento de manutenção e uso de medicações inalatórias; orientar retorno; medicações a serem utilizados nos primeiros dias após a alta; ● VNI com falha: pH menor que 7,25 e frequência acima de 25 irpm. Aul� 07- Pne����og��- Es�i��m���i� –Introdução A espirometria é o método mais difundido e de maior aplicabilidade na prática pneumológica. Sua função básica é medir os fluxos e as capacidades pulmonares. Tem como principais resultados os distúrbios ventilatórios restritivos e os obstrutivos. –Indicações da espirometria ● Diagnóstica: Tosse, sibilância, dispneia, aperto no peito; ● Quantificativa: avaliar as doenças; ● Avaliação pré-operatória; ● Monitorização: resposta aos broncodilatadores; ● Exposição:ocupacionais e ambientais, rastreamento em todos os fumantes; ● Disfunção ou incapacidade: programas de reabilitação. –Definições A espirometria permite medir o volume de ar inspirado e expirado e os fluxos respiratórios, sendo especialmente útil a análise dos dados derivados da manobra expiratória forçada. Nesta, o paciente, após uma inspiração máxima, realiza uma expiração forçada, em geral, por 6 a 10 segundos até geral um platô da curva tempo, obtendo curvas volume-tempo e fluxo-volume. →Volumes Pulmonares a-)Volume corrente (VC ou VT): o volume respirado normalmente; b-)Volume de reserva inspiratória (VRI): é o volume de ar máximo inalado após uma inspiração basal. c-)Volume de reserva expiratória (VRE): é o volume de ar máximo eliminado após uma expiração basal. d-)Volume residual (VR):representa o volume de ar que permanece no pulmão após uma expiração máxima. É um dado identificado apenas pela pletismografia, não sendo possível apenas com a espirometria simples. →Capacidade Inspiratória (CI): VRI + VC. Tem relação direta com pacientes com DPOC, que possuem um aumento da CI. →Capacidade Vital Forçada (CVF): VRI + VC + VRE. Não entra na soma o volume residual. →Capacidade pulmonar total (CPT): é a quantidade de ar nos pulmões após uma inspiração máxima. É um dado identificado apenas pela pletismografia, não sendo possível apenas com a espirometria simples. –Curva a-)Fluxo-Volume Maríli� Mir���� San���� 36 Pne����og�� ● Para cima: expiração; ● Para baixo: inspiração; ● Mostra que o fluxo é máximo logo no início da expiração, próximo à CPT, havendo redução dos fluxos à medida que o volume pulmonar se aproxima do VR; ● PFE (Pico de fluxo expiratório): no começo o ar sai muito rápido e com o passar dos segundos, a velocidade vai diminuindo; representa a porção esforço-dependente da curva, porque podem ser aumentados com maior esforço por parte do paciente; ● Os fluxos após a expiração dos primeiros 30% da CVF são máximos após um esforço expiratório modesto e representam a chamada porção relativamente esforço-independente da curva; ● CVF: quando expira 50% da CVF, chama-se CVF-50%, quando se expira 75% de CVF-75% e assim segue-se; ● O VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo): é a quantidade de ar eliminada no primeiro segundo na manobra expiratória forçada; ● Quase todo o volume pulmonar sai no primeiro segundo; ● O VEF1 representa o fluxo das grandes vias aéreas e o CVF o fluxo das pequenas vias aéreas; ● É preciso ter um pico de fluxo expiratório, e o PFE tem que ser 2x maior que o VEF1; ● Reduções significativas no fluxo ou no volume são facilmente discerníveis na curva fluxo-volume. A forma da curva expiratória em indivíduos normais demonstra uma linha reta ou discretamente côncava para o eixo de volume; ● Em indivíduos com distúrbio obstrutivo, o fluxo é diminuído particularmente em baixos volumes pulmonares, havendo, com a progressão da obstrução, uma concavidade maior, em forma de cadeira de praia; ● Nos distúrbios ventilatórios restritivos, a curva fluxo-volume apresenta-se com aspecto íngreme, em forma de dedo de luva ou chapéu de bruxa; b-)Volume-Tempo Maríli� Mir���� San���� 37 Pne����og�� ● Quando a curva atinge o platô, demarca-se a CVF; ● O platô é por ao menos 2 segundos sem variação na reta e em crianças 1 segundo; ● Se há um bom PFE sem um VEF1 de boa qualidade, mas não há platô, considera-se a espirometria. –Critérios de reprodutibilidade Quantas vezes o paciente consegue reproduzir o exame, sem variações significativas entre os valores (<150 mL). –Distúrbios Ventilatórios A espirometria possui geralmente duas etapas: fase pré-broncodilatadora (utilizada para a confecção do laudo) e a fase pós-broncodilatadora, realizada cerca de 15 minutos após a administração de 400 mcg de salbutamol (SABA). No diagnóstico espirométrico, a comparação dos valores obtidos com os valores teóricos ou previstos para o paciente pode demonstrar alterações, caracterizando os distúrbios ventilatórios (obstrutivo e restritivo). –Avaliação da espirometria (Passo a Passo SANARFLIX) 1. Checar as curvas volume-tempo e fluxo-volume: observar PFE, bem como a duração do teste por 6 segundos, com sustentação de uma fase de platô; 2. Observar relação VEF1/CVF pré-BD e compará-la com LIN: valores abaixo do LIN devem ser considerados como portadores de distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO), e naqueles com valores acima do LIN, deve-se seguir o passo 3; 3. Observar isoladamente VEF1 e CVF se apresentarem valores pré-broncodilatadores abaixo ou acima do LIN: se existir redução proporcional de VEF1 e CVF abaixo do LIN, e o valor de CVF for superior a 50% em mulheres e 60% nos homens, há um distúrbio ventilatório inespecífico (deve-se seguir com pletismografia). Se essa redução de CFV for abaixo de 50% nas mulheres e abaixo de 60% nos homens, podemos denominar sugestivo de distúrbio ventilatório restritivo (DVR). Neste cenário, prosseguir com o passo 5; 4. Ao definir o DVO pela relação VEF1/CVF reduzida, devemos observar isoladamente o CVF, se abaixo ou acima do LIN. Se valor abaixo do mínimo, considera-se DVO com CVF reduzida (e isto pode acontecer por distúrbio misto: obstrução + restrição; ou por aprisionamento aéreo: DVO mais severo). Essa diferenciação pode ser feita calculando a diferença entre os percentuais previstos para CVF e para o VEF1 pré-broncodilatador: se >12% é DVO com CVF reduzida por provável aprisionamento de ar (hiperinsuflação associada), se <12%, considera-se distúrbio misto; 5. Avaliar a resposta ao BD: são consideradas respostas broncodilatadoras positivas valores: VEF1 após BD com ganho maior ou igual a 200 mL e 7% do previsto; CVF com ganho maior ou igual a 200mL e 7% do previsto; a-)Obstrutivo →Conceito Maríli� Mir���� San���� 38 Pne����og�� ● A via aérea é mais estreita; ● Esforço maior para a mobilização do conteúdo; ● Tempo para esvaziar será mais longo; →Espirometria ● Curva em cadeira de praia: o paciente demora mais tempo para expirar todo o ar; ● CVF pode estar normal (frequentemente) ou reduzida; ● VEF1 reduzido. Isoladamente, não faz o diagnóstico de obstrução, mas é usado para graduar sua intensidade; ● VEF1/CVF encontra-se reduzida e faz-se o diagnóstico de certeza de obstrução; ● VEF1/CVF normal com TEF 25-75% aumentando e/ou FEF 25-75%/CVF diminuído: podem significar obstrução incipiente das vias respiratórias, se houver sintomas respiratórios ou correlação com história de tabagismo, asma, bronquiectasia ou bronquiolite obliterante; ● FEF 25-75%: este fluxo, medido na curva volume-tempo, caracteristicamente diminui em DVO; ● Se a manobra tiver atingido 10 segundos, não é necessário que o platô seja atingido; b-)Restritivo ● Conteúdo pulmonar reduzido; ● Pouco esforço necessário; ● Tempo para esvaziar será mais curto; →Espirometria ● Normalmente não se classifica o paciente como restritivo só pela espirometria; ● Curva em dedo de luva ou em chapéu de bruxa: o paciente rapidamente esvazia os pulmões por ter menos volume; ● VEF1 e CVF proporcionalmente baixos. –Compreendendo os distúrbios ventilatórios a-)Hiperinsuflação ● Aumento do volume residual e da capacidade vital forçada; ● DPOC; b-)Restrição ● Diminuição do CVF e do VR; ● Fibrose; c-)Misto ou Combinado ● Aumento da VR e diminuição da CVF; ● Ocorre pela sobreposição dos achados espirométricos de um distúrbio ventilatório obstrutivo com um distúrbio restritivo; ● Fibrose, enfisema; d-)Aprisionamento aéreo ● A via aérea está fechada, fazendo com que haja um maior volume residual em relação à capacidade vital; ● Asma. Maríli� Mir���� San���� 39 Pne����og�� –Procurando o Distúrbio Ventilatório Obstrutivo (DVO) (AULA) ● Checar cabeçalho: sexo e altura são as variáveis que mais alteram os valores preditos e, em menor porporção raça e idade também influenciam; ● Sempre comparar com o limite inferior da normalidade do paciente; →Primeiro Passo ● VEF1/CVF: se estiver baixa é um sinal de um DVO, se estiver proporcional é mais provávelde ser DVR; →Observar se as seguintes relações estão reduzidas, se sim, segue o passo 2: ● FEF 25-75%/CVF: ● FEF25-75% elevado; ● Se VEF1/CVF e FEF25-75%/CVF estiver baixo, já se classifica como DVO; →Segundo Passo ● Avaliar o VEF1 isoladamente e classificar DVO; ● VEF1 menor igual a 40%: grave; 41-59%: moderado; maior que 60% e menor que o LIN: leve; ● Se não tiver essas características, diz-se: relação VEF1/CVF está isoladamente reduzida; ● Se as relações estiverem normais, analisa-se os dois isoladamente. Se os dois estiverem reduzidos, diz-se: redução proporcional de VEF1 e CVF; →Terceiro Passo ● Se CVF reduzida, faz-se CVF% menos VEF1% e se < 12%: sugestivo de distúrbio combinado; CVF%-VEF1>25%: DVO com CVF reduzida. –Se não houver evidência de DVO ● Se VEF1 e CVF reduzidos: redução proporcional de VEF1 e CVF; ● Se VEF1 normal ou reduzido e CVF reduzida o paciente pode ter DVR se a CVF for menor ou igual a 50% em mulheres ou 60% em homens, história de doença restritiva VEF1%-CVF% , ausência de resposta ao BD; ● Se classificar como DVR, classifica-se pela CVF: menor igual a 50%: grave, entre 51-64%: moderado e maior ou igual a 65%: leve; –Prova Broncodilatadora ● Realizada apenas em qualidade A ou B; ● Realiza-se salbutamol 400mcg. Após 15-20 minutos, repete-se a espirometria; ● Compara-se os valores pré-broncodilatador com os do pós broncodilatador: VEF1 e CVF: aumento de 7% e 200mL: resposta significativa; aumento de 10% ou mais do VEF1: resposta acentuada; normalização funcional: todos os calores (exceto o PFE) se tornam superiores ao LIN, inclusive as relações. Maríli� Mir���� San���� 40 Pne����og�� →Prova Broncodilatadora Blo�� I� Aul� 08- Pne����og��- Der���� Ple���� –Revisando Fisiologia (Guyton) A membrana pleural é membrana serosa, perosa e mesenquimal, da qual, transudam, continuamente, pequenas quantidades de líquido intersticial para o espaço pleural. Esses líquidos carreiam proteínas teciduais, dando ao líquido pleural, sua aparência mucóide, que é o fator que permite o fácil deslizamento dos pulmões em movimento. A quantidade total de líquido em cavidade pleural normalmente é pequena, de somente alguns mililitros. Sempre que essa quantidade de líquido aumenta e começa a fluir para a cavidade pleural, o excesso de líquido é bombeado para fora pelos vasos linfáticos que se abrem diretamente da cavidade pleural para 1.Mediastino; 2.Superfície superior do diafragma; 3-Superfícies laterais da pleura parietal. Portanto, o espaço pleural (o espaço entre as pleuras parietal e visceral) é considerado espaço potencial, porque normalmente é tão estreito que de modo óbvio não é um espaço físico. →Pressão negativa no líquido pleural A força negativa, gerada fora dos pulmões, sempre é necessária para mantê-los expandidos. Essa força é gerada pela pressão negativa no espaço pleural normal. A causa básica dessa pressão negativa é o bombeamento de líquido do espaço pelos vasos linfáticos. Como a tendência normal de colapso dos pulmões é de aproximada- mente 4 mmHg, a pressão do líquido pleural deve ser no mínimo de 4 mmHg para manter os pulmões expandidos. Medidas gerais demonstram que essa pressão é, em geral, de 7 mmHg, o que significa alguns milímetros de mercúrio mais negativos do que a pressão de colapso dos pulmões. –Introdução O derrame é análogo ao líquido do edema nos tecidos e, pode ser chamado de “edema da cavidade pleural”. As causas do derrame são as mesmas causas do edema em outros tecidos, incluindo: ● Bloqueio da drenagem linfática da cavidade pleural; ● Insuficiência cardíaca, que causa pressões capilares periféricas e Maríli� Mir���� San���� 41 Pne����og�� pulmonar muito altas, levando à excessiva transudação de líquidos para a cavidade pulmonar; ● Diminuição acentuada da pressão coloidosmótica do plasma, permitindo a transudação excessiva de líquidos ou aumento da pressão hidrostática; ● Infecção ou qualquer outra causa de inflamação nas superfícies da cavidade pleural, que aumenta a permeabilidade das membranas capilares e permite o rápido acúmulo de proteínas plasmáticas e de líquido na cavidade; ● Passagem de líquido a partir do espaço peritoneal. –Quadro Clínico O quadro clínico dependerá da doença base e do volume do derrame pleural. Assim, cada morbidade que se associa ao derrame pleural apresenta tanto dados clínicos inerentes ao seu processo patológico (edema periférico, DPN, como por exemplo na IC) quanto relativos à presença de líquidos no espaço pleural, gerando compressão do parênquima pulmonar adjacente. A presença de derrame pleural gera sintomas como dispneia aos esforços e tosse, seca ou produtiva. Em casos de derrames volumosos, pode ser referida pelo paciente a piora da dispneia, conforme o decúbito lateral que adote, o que caracteriza a trepopneia. Dor pleural pode estar presente por inflamação pleural (incomum nos transudatos) e, habitualmente, é bem localizada, piorando com a inspiração profunda (dor tipo pleurítica). –Exame Físico ● Diminuição da expansibilidade torácica; ● Submacicez à percussão torácica; ● Redução do frêmito toracovocal; ● Ausculta diminuída ou abolida. Obs: A principal confusão diagnóstica ao exame físico deve-se à presença de atelectasia. Existem dois sinais clínicos que, quando presentes, ajudam a diferenciar derrame da atelectasia pelo exame físico, Sinal de Signorelli, que indica macicez à percussão da coluna torácica, característica de derrames pleurais e Sinal de Lemos Torres, abaulamento do espaço intercostal à expiração (MedCel 2022). →Exame de imagem a-)Radiografia de tórax: ● O aspecto clássico do derrame é a opacidade homogênea nos segmentos inferiores; ● Parábola de Damoiseau caracteriza líquido livre na cavidade pleural; ● Incidência em Laurell para avaliar se o líquido muda de posição; ● Na incidência de Laurell, se for percebida mais de 10 mm ou 1 cm de desvio na coluna, o derrame é puncionado; Obs: Para identificar a presença de líquido, é necessário acúmulo não desprezível: mínimo de 250-500 mL de Maríli� Mir���� San���� 42 Pne����og�� líquido na radiografia em posteroanterior e de 75-100 mL no perfil. b-)USG: ● Na presença do Sinal de Plankton provavelmente tem-se um derrame complicado (talvez exsudativo); ● A USG é mais sensível que a TC para avaliação de septação (derrame empiematoso); c-)TC: ● É mais fácil ser visualizado na janela de mediastino. →Quando deve-se puncionar um derrame? Deve ser sempre, desde que a causa não seja óbvia. O padrão ouro da punção é aquela guiada por USG (permite a visualização em tempo real da passagem da agulha para o espaço pleural). Quando feita às cegas, punciona-se o 2º EIC abaixo da escápula na borda superior da costela inferior, com a agulha sempre em posição perpendicular à pele. Atingindo o espaço pleural com saída de líquido, deve-se retirar a agulha e introduzir o jelco, com retirada posterior do mandril, mantendo apenas o cateter plástico. Pode-se retirar todo o líquido, mas é prudente não ser mais de 1500 mL por vez, pela possibilidade de edema pulmonar de reexpansão. A toracocentese pode ser diagnóstica ou de alívio e, a partir do aspecto do líquido, tem-se os: citrinos (mais benignos), leitoso (quilotórax), pus (empiema), hemorrágico (neoplásico), pode-se fazer diagnósticos. Obs: Na suspeita de IC e outras causas de derrame transudato, não realizar toracocentese, nem diagnóstica e nem de alívio; deve-se tentar manejo de terapia clínica e reavaliar. Em caso de dúvida diagnóstica, sempre realizar toracocentese, pois, na maioria das vezes, a análise do líquido pleural é a principal ferramenta diagnóstica. Para alívio de sintomas nos derrames exsudativos também sempre se deve realizar a toracocentese. Maríli� Mir���� San���� 43 Pne����og�� Obs: A toracocentese não apresenta contraindicações absolutas, mas têm contraindicações relativas como uso de anticoagulantes, deformidades torácicas graves, lesões de pele no local da punção →O que fazer com o líquido? ● Dosar no líquido: DHL, proteínas totais, pH,celularidade, glicose, GRAM e cultura, colesterol, (quilotórax) células neoplásicas, ADA (tuberculose); ● No sangue deve-se também dosar DHL, proteínas totais, pH, celularidade, glicose, GRAM e cultura, colesterol, (quilotórax) células neoplásicas, ADA (tuberculose). –Critérios de Light ● Proteína da pleura/proteína do sangue > a 0,5 ou DHL da pleura/DHL do sangue > a 0,6 ou DHL maior do que ⅔ do valor de referência confirma exsudato; ● Exsudato: tendem a complicar; pneumonia, tuberculose, neoplasias, colagenoses, TEP; ● Transudato: líquido que sobrou, não complicam; IC, cirrose, síndrome nefrótica, TEP; ● Falso exsudato: O uso de diuréticos concentra a quantidade DHL, passando a impressão de aumento de DHL; e nessas situações pode-se utilizar da proteína do sangue/proteína da pleural >3,1 e/ou albumina do sangue/ albumina da pleura >1,2; Obs: Cerca de 80% dos derrames relacionados ao TEP são exsudativos. O aspecto citológico pode variar de acordo com a duração do derrame, predominando polimorfonucleares na fase inicial e linfócitos em uma fase mais tardia. –Celularidade ● Predomínio neutrofílico: parapneumônico, TEP; processos agudos; ● Predomínio linfocítico: tuberculose, neoplasia; processos crônicos; em mais de 80% de linfócitos chama a atenção para linfoma e artrite reumatóide; ● Na tuberculose, neoplasia e AR, ADA vai estar entre 40-60 e a glicose < 30, redução da concentração de proteínas, redução do DHL, pH baixo; paciente jovem; ● Na suspeita de tuberculose deve-se investigar BAAR, TRM-TB, cultura (no líquido); ● Na suspeita de neoplasia deve-se fazer pesquisa de células neoplásicas (no líquido); ● O padrão ouro na diferenciação das três patologias é a biópsia pleural. –Derrame Pleural Parapneumônico ● Associado à pneumonias; ● Nem sempre é preciso puncionar o derrame parapneumônico (se seguir o achado de Laurel ou piora do quadro, faz-se a punção); ● Com a punção do derrame, pode-se encontrar o derrame simples (citrino, pH > 7,2, DHL < 1000 e glicose > 40; ATB), derrame complicado (citrino ou turvo, pH < 7,2, DHL > 1000 e glicose <40; ATB + drenagem torácica e dependendo do caso vai ter intervenção cirúrgica) e o derrame empiematoso (pus, gram e culturas, septação ou loculações; drenagem torácica + intervenção cirúrgica + ATB); Maríli� Mir���� San���� 44 Pne����og�� ● Evolução do empiema: fase exsudativa, fase fibrinopurulenta e fase de organização; ● Exsudato não significa derrame complicado, um refere-se aos critérios de light e o derrame complicado tem relação com um líquido citrino ou turvo, pH < 7,2, DHL >1000 UI/L e glicose <40 mg/dL e sem melhora clínica e laboratorial após antibiotico- terapia. Obs SanarFlix: O derrame pleural complicado deve ser drenado precocemente, caso contrário, procedimentos maiores, incluindo toracotomia e descorticação pulmonar, podem ser necessários. Radiografia de tórax mostrando derrame pleural volumoso, ou com nível hidro-aéreo, ou com loculações, ou com sinais de espessamento pleural sugerem o diagnóstico de derrames complicados e a necessidade de drenagem torácica. Obs SanarFlix: Mesmo que o paciente ainda apresente alguns sintomas persistentes durante a antibioticoterapia, se houver resolução da febre e não houver outras disfunções, mantém-se o tratamento base. De forma geral, não faz drenagem torácica em derrame pleural parapneumônico não complicado. –Derrames Específicos a-)Quilotórax ● Ruptura do ducto torácico; ● Neoplasia, tumores, tuberculose; ● O líquido não sedimenta após centrifugação, diferenciando-se do empiema; ● Precisa do tratamento cirúrgico. b-)Hidrotórax Hepático ● Na maioria o derrame é à direita e está, geralmente, associado à ascite; ● É normal puncionar a ascite e o derrame sumir, pois é por fístula diafragmática. c-)Derrame Pleural Congestivo ● Bilateral e maior à direita; ● Opacidade em asa de borboleta; ● Vaso maior do que o brônquio (sinal de congestão); ● Espessamento septal; ● Esse derrame só é puncionado se for unilateral ou se tiver dor torácica ou febre; ou se não responder à terapia. d-)Derrame Pleural Pancreático ● Sempre à esquerda, associado à cistos pancreáticos; ● Amilase está aumentada; ● O tratamento é a toracocentese seriadas ou toracotomia; e-)Síndrome de Meigs ● Derrame pleural à direita associado à massa pélvica e à ascite; ● É uma condição clínica rara, definida como a associação de derrame pleural, ascite e fibroma ovariano; ● Tem ressecção do tumor. f-)Derrame Neoplásico Recidivado Maríli� Mir���� San���� 45 Pne����og�� Aul� 09- Pne����og��- Pne����i� –Definição Guyton O termo “pneumonia” inclui qualquer condição inflamatória pulmonar em que alguns ou todos os alvéolos são preenchidos com líquido e hemácias. Um tipo comum de pneumonia é a bacte- riana, causada, mais frequentemente por pneumococos. Essa doença se inicia como a infecção alveolar; a membrana pulmonar fica inflamada e muito porosa, de modo que o líquido e até mesmo hemácias e leucócitos escapam da corrente sanguínea para o interior dos alvéolos. Assim, os alvéolos infectados ficam, progressivamente, cheios de líquidos e células, e a infecção se dissemina pela extensão das bactérias ou dos vírus de alvéolo em alvéolo. Por fim, grandes áreas dos pulmões, alguns lobos inteiros ou até mesmo todo um pulmão ficam “consolidados”, o que significa que estão preenchidos com líquido e detritos celulares. Em pessoas com pneumonia, a função das trocas gasosas dos pulmões diminui em diferentes estágios da doença. Nos estágios iniciais, o processo pneumônico pode estar localizado em apenas um pulmão, com redução da ventilação alveolar, enquanto o fluxo sanguíneo, pelos pulmões, continua o mesmo. O sangue que passa pelo pulmão aerado é 97% saturado pelo O2, enquanto ao passar pelo pulmão não aerado, a saturação diminui para 60%. Portanto, a saturação média do sangue bombeado pelo coração esquerdo na aorta é de apenas 78%, o que é bem abaixo do normal. –Diferença básica entre Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) e Pneumonia Hospitalar A PAC se apresenta em menos de 48 horas após a internação, diferente da pneumonia hospitalar que se manifesta após as 48 horas. –Epidemiologia ● Causa extrema importante de morte por doenças infecciosas no mundo; ● 2,5 milhões de mortes em 2019; ● Mais de 600 mil internações. –Fisiopatologia A pneumonia, na verdade, é resultado da proliferação microbiana em nível alveolar e a resposta do hospedeiro a esses patógenos. A microaspiração de micro-organismos da via aérea superior, associada à falha dos mecanismos de defesa do hospedeiro geralmente é responsável pelo desenvolvimento da pneumonia. Microaspirações ocorrem principalmente durante o sono na população idosa e em pacientes com rebaixamento do nível de consciência. →Causas de Pneumonia Maríli� Mir���� San���� 46 Pne����og�� ● Contaminação do trato respiratório inferior; ● Microaspiração; ● Inalação de gotículas/aerossóis; ● Macroaspiração (paciente demenciado, etilista, paralisado); ● Disseminação por contiguidade ou hematogênica. Obs SanarFlix: Existe uma relação de coinfecção entre o S.aureus e o vírus influenza A subtipo H1N1, por isso, na suspeita de pneumonia viral por H1N1, deve-se fazer cobertura para pneumococo e S.aureus, já que há uma probabilidade maior que os S.aureus se tornem invasivos no organismo sob a presença do H1N1. Obs SanarFlix: Quando a pneumonia é desencadeada devido a broncoaspiração, os microrganismos anaeróbios são os principais agentes causadores, pois eles estão mais presentes na flora gastrointestinal. →Mecanismos de defesa ● Epiglote e laringe; ● Complemento e imunoglobulinas; ● Opsonização e fagocitose; ● Ação ciliar; ● Peptídeos antimicrobianos e defensinas; ● Proteína A e C do surfactante. Obs: Quando a quantidade do inóculo infeccioso e a virulência do agente infeccioso for superior a ponto de impedir o funcionamento eficaz dos mecanismos de defesa, a pneumonia vai se manifestar. –Fatores de risco –PAC A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é uma doença de grande morbimortalidade,definida como um processo infeccioso agudo do parênquima pulmonar. Esta é diagnosticada em pacientes que estejam fora do ambiente hospitalar ou nos quais ela se manifeste em até 48 horas após a admissão. →Agente etiológico a-) Comuns ● Gram-positivo: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus; ● Gram-negativo: Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, enterobacteria; ● Germes atípicos: Legionella pneumophila, Mycoplasma, Chlamydophila pneumoniae. b-)Infrequentes ● Gram-positivo: Staph. aureus meticilino-resistente; ● Gram-negativo: Enterobactéria; ● Fungos; ● Vírus; ● Parasitas: Strongyloides stercoralis, Toxoplasma gondii. Maríli� Mir���� San���� 47 Pne����og�� Obs: MedCel 2022: A PAC deve ser tratada pensando-se em Streptococcus pneumoniae como causador principal, dado que este é predominante em todos os três grupos (ambulatório, enfermaria e UTI) independentemente da gravidade. Obs: SanarFlix infecção por Legionella deve ser suspeitada em caso de exposição a fonte de água contaminada, exposição a solo ou terra para vasos em locais com alta incidência de infecção por essa bactéria. Pacientes de risco para esse tipo de infecção são os idosos, tabagistas, com doenças crônicas, como DPOC, DAC e doença renal. Obs: Falha de resposta com beta-lactâmico também deve levantar a suspeita de infecção por Legionella (lembre-se que o tratamento empírico para Legionella deve ser feito com macrolídeo ou fluoroquinolona ou doxiciclina, todos em monoterapia) →Sintomatologia O quadro clínico típico reúne os sintomas clássicos de tosse, dispneia, febre, calafrios, expectoração e dor torácica. Estes são os mais frequentes de qualquer pneumonia. Entretanto, a ausência desses sintomas não exclui sua presença. A tosse pode não ser produtiva, produtiva ou, até mesmo, tingida de sangue. Vale ressaltar que tosse com escarro hemoptóico é também achado bastante frequente em pneumonias. Pneumonia com hemoptise maciça chama a atenção para Staphylococcus aureus resistente à meticilina. Caso a pleura esteja envolvida, outros sintomas podem ocorrer, como queixa importante de dor torácica. Sintomas gastrointestinais, como náusea, vômito e diarreia, podem aparecer em até 20% dos casos. Em idosos, os sinais podem ser bastante inespecíficos, sem febre e outros sintomas. Eles podem abrir o quadro já de forma grave, com choque séptico e insuficiência respiratória. →Exame físico O exame físico é absolutamente inespecífico, apresentando sensibilidade de 58% e especificidade de 67% apenas. A presença de sinais, ao exame físico, irá depender basicamente da extensão da consolidação pulmonar e também se há ou não derrame pleural. A presença de estertores crepitantes à ausculta é a principal alteração na semiologia respiratória a corroborar o diagnóstico de pneumonia bacteriana, mas a presença desse sinal clínico à ausculta não é patognomônica de pneumonia. O exame físico pode evidenciar a presença de descompensação de comorbidades, principalmente cardiológicas. A pneumonia aumenta a inflamação e a atividade pró-coagulante. As complicações cardiológicas incluem IAM, arritmia cardíaca e descompensação de IC. →Diagnóstico O diagnóstico de pneumonia envolve, além de quadro clínico compatível, a evidência de infiltrado pulmonar nos exames radiológicos, Maríli� Mir���� San���� 48 Pne����og�� lembrando que a tomografia de tórax tem maior sensibilidade do que a radiografia. ● Quadro clínico compatível; ● Infiltrado novo em exame de imagem Obs: Idosos, crianças e imunodeprimidos podem ter apresentações clínicas atípicas. →Exame de imagem Qualquer suspeita de PAC requer uma imagem do tórax. A escolha da radiografia de tórax como primeira a ser feita na investigação radiológica considera o baixo custo, a fácil disponibilidade e a baixa radiação. Tem-se visto, cada vez mais, a solicitação direta da TC de tórax, mas é imprescindível que a investigação se inicie pela radiografia de tórax, sempre em PA e perfil. A radiografia de tórax também é solicitada para avaliar a possibilidade de imagens retrocardíacas e pneumonias muito difíceis de serem vistas na PA. →Finalidade dos exames de imagem: ● Avaliar extensão das lesões, detectar complicações e auxílio no diagnóstico diferencial; ● Na indisponibilidade, iniciar antimicrobianos diante de diagnóstico clínico. a-)Radiografia ● São observadas consolidações; ● As características radiográficas podem ficar sobrepostas, dificultando a confirmação de diagnóstico etiológico, ou seja, tem seu uso limitado. ● Sinal da Silhueta. b-)USG ● Melhor sensibilidade e acurácia que a radiografia de tórax; ● Achados de broncogramas aéreos, padrão intersticiais, lesões subpleurais e anormalidades na linha pleural; ● Grande utilidade na emergência, indivíduos restritos ao leito, gestantes e na orientação de procedimentos invasivos; c-)TC de tórax ● Método com maior sensibilidade; ● Útil quando há baixa acurácia em outros métodos (obesos, imunossuprimidos, alterações radiológicas prévias); ● Auxilia nos diagnósticos diferenciais; ● Maior custo, necessidade de transporte do paciente, menor disponibilidade; →Avaliação da Gravidade Maríli� Mir���� San���� 49 Pne����og�� a-)Exames laboratoriais ● Marcadores inflamatórios: PCR, procalcitonina; ● Avaliação de distúrbios hidroeletrolíticos; b-)PSI ● I ou II: tratamento ambulatorial ● III: avaliar se é melhor fazer tratamento ambulatorial ou fazer a internação ● IV ou V: tratamento em internação. c-)Curb-65 ● Confusão mental; ● Uremia acima de 50 mg/dL; ● Frequência respiratória: >30 irpm; ● PA: PAS<90 mmHg ou PAD < 60 mmHg; ● Idade > 65 anos. Obs: O CURB e o PSI não são determinantes para internação em UTI. d-)CRB-65 (CURB sem ureia) →Critérios de internação em UTI a-)Critérios Maiores (um único indica UTI) ● Necessidade de ventilação invasiva; ● Choque séptico necessitando de vasopressor. b-)Critérios Menores (quatro critérios já indica UTI) ● FR maior que 30 irpm; ● Relação PO2/FiO2 menor que 250; ● Infiltrados pneumônico múltiplos na radiografia de tórax; ● Ureia sérica maior que 50 mg/dL; ● Leucopenia menor que 4.000; ● Plaquetopenia menor que 100.000; ● Hipotermia menor que 36º; ● Hipotensão requerendo infusão agressiva de fluídos. →Microbiologia ● Cultura de escarro, hemocultura; Maríli� Mir���� San���� 50 Pne����og�� ● Cultura de lavado broncoalveolar ou aspirado traqueal em pacientes graves; ● Cultura do líquido pleural em caso de derrame pleural puncionável; ● Antígeno urinário para legionella e pneumococo; ● Métodos de PCR: auxiliam no diagnóstico dos quadros respiratórios virais e bactérias atípicas Ao escolher o antibiótico, considerar: ● Patógeno mais provável; ● Fatores de risco individuais; ● Doenças associadas; ● Fatores epidemiológicos, alergias e relação custo-eficácia; –Tratamento a-)Pacientes ambulatoriais →Condição: Sem comorbidades, sem uso de antibióticos, sem fator de risco para resistência, sem contraindicação ou história de alergia a essas drogas. ● Amoxicilina (7 dias) ou amoxicilina + clavulanato (7 dias) ou macrolídeos (azitromicina ou claritromicina; 3 dias); →Condição: Com fatores de risco, doença mais grave, uso recente de antibióticos ● B-lactâmicos + macrolídeo (5-7 dias). →Condição: Em caso de alergia a B-lactâmico/macrolídeo ● Moxifloxacino ou levofloxacino ou gemifloxacino (5-7 dias). Obs: Levofloxacino pode causar ruptura de aorta e pode mascarar tuberculose . →Fatores de risco para tratamento duplo ● Doença pulmonar crônica; ● IC: ● Doença hepática crônica; ● Doença renal; ● Etilismo; ● Neoplasia maligna; ● Asplenia. b-)Tratamento de pacientes internados em enfermaria ● Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) ou ampicilina/sulbactam + 01 macrolídeo (azitromicina ou claritromicina) (7-10 dias) ou; ● Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) ou amoxicilina + clavulanato (7-10 dias) ou; ● Levofloxacino ou moxifloxacino ou gemifloxacino em monoterapia (5-7 dias); c-)Tratamento de pacientes internados em UTI● Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) ou ampicilina/sulbactam + 01 macrolídeo (azitromicina ou claritromicina) (7-14 dias)ou; ● Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) + quinolona respiratória (7-14 dias). Obs: SanarFlix: Em caso de pneumonia com falha de tratamento, com quadros recorrentes na mesma localização, o uso da broncoscopia com lavado broncoalveolar e cultura pode ajudar no diagnóstico etiológico para ajuste adequado do tratamento. →Fatores de risco para pseudomonas ou BGN ● Uso prévio de antibióticos (especialmente EV) há 90 dias; ● Colonização prévia por bactéria multirresistente; Maríli� Mir���� San���� 51 Pne����og�� ● Internação >48 horas na última semana; ● Imunossupressão; ● Bronquiectasia, DPOC grave; ● Uso de corticóide sistêmico por tempo prolongado. Obs: Em pseudomonas faz-se dupla cobertura. Obs: Em pacientes não graves, faz-se a cultura e aguarda exames para decidir o novo antibiótico. Já em casos graves, inicia-se a cobertura para germes resistentes e aguarda a cultura. →Fatores de risco para MRSA ● Infiltrados cavitários ou necrose; ● Presença de cateter venoso central; ● Influenza concomitante; ● Neutropenia; ● Derrame pleural aumentando rapidamente; ● Pneumonia grave em paciente jovem saudável; ● Exantema eritematoso, pústulas na pele. Obs: Em pacientes não graves, faz-se a cultura e aguarda exames para decidir o novo antibiótico. Já em casos graves, inicia-se a cobertura para germes resistentes e aguarda a cultura. Obs: O surfactante do pulmão inativa a daptomicina. a-)Uso de corticóide ● Usado em choque séptico refratário, pneumonia por COVID associado a hipoxemia, indicações específicas como asma, DPOC e doenças autoimunes; ● Pneumonia grave? Não se sabe. ● Contraindicado: pacientes com pneumonias internados na ausência de sepse ou com pneumonia por influenza. –Evolução ● A febre e a leucocitose tendem a resolver entre 48-72 horas; ● Em caso de boa resposta, avaliar transição para via oral (se possível) e alta. –Alta Critérios para alta ● Procalcitonina sérica <0,1 mcg/dL pode ser usada para suspender antibiótico; ● Critérios: temperatura <37,5º, FR<24 irpm, FC< 100 bpm, PAS > 90 mmHg, SatO2 > 90%, retorno Maríli� Mir���� San���� 52 Pne����og�� ao status mental de base e capacidade de se alimentar sem assistência. →Informações que devem ser dadas na alta →Ainda sobre evolução… ● Em caso de falha terapêutica, pensar: diagnóstico etiológico equivocado, resistência antimicrobiana, complicações e diagnósticos diferenciais. ● Controle de imagem: apenas em sintomas persistentes, fazendo screening de câncer de pulmão. Não é indicado em pacientes que tiveram evolução favorável (na prática pode ser solicitado). –Pneumonias de Repetição ● Primeiro passo: avaliar se os diagnósticos estavam corretos e pensar na possibilidade de diagnósticos diferenciais; ● Em se tratando de pneumonias realmente, avaliar: presença de fatores de risco, avaliar fatores anatômicos e avaliar a imunidade do paciente. –Pneumonia Aspirativa ● Associada a macroaspirações; ● Não é necessário realizar cobertura de anaeróbio de rotina, exceto se houver abscesso pulmonar presente; ● Tratamento com Ceftriaxona + Azitromicina. –Pneumonia associada a cuidados de saúde ● Relacionados a cuidados na área da saúde (acessos, internações); ● Maior utilização de antibióticos de amplo espectro sem melhores desfechos. –Pneumonia hospitalar Considera-se pneumonia hospitalar a que tem início das manifestações após 48 horas de internação hospitalar, sendo possível ainda estar associada à ventilação mecânica (quando inicia-se após 48 horas de IOT). Possui quadro clínico similar ao da PAC, mas é importante ficar atento à: ● Surgimento de febre; ● Leucocitose; ● Modificações da quantidade ou aspecto da secreção; ● Início/piora de desconforto respiratório ou hipoxemia; ● Surgimento de infiltrados pulmonares. →Diagnóstico ● Quadro compatível + surgimento ou piora de novos infiltrados em exames de imagem. Obs: Marcadores biológicos como PCR e procalcitonina não devem ser utilizados para diagnóstico, mas podem ser utilizados para acompanhamento. Maríli� Mir���� San���� 53 Pne����og�� –Tratamento Obs: É importante conhecer o perfil microbiano e de resistência do local, discutido junto com o CCIH. →Fatores de risco para germes resistentes ● Uso de ATB IV nos últimos 90 dias; ● Colonização ou cultura positiva. a-)Sem alto risco de mortalidade e sem fatores que aumentem a probabilidade de MRSA Uma das opções ● Piperacilina + tazobactam; ● Cefepime; ● Levofloxacino; ● Imipenem ou meropenem. b-)Não apresenta alto risco de mortalidade, mas com fatores que aumentam a probabilidade de MRSA Uma das opções ● Piperacilina + tazobactam; ● Cefepime ou ceftriaxona; ● Levofloxacino ou ciprofloxacino; ● Imipenem ou meropenem; ● Aztreonam. Obs: Plus com Vancomicina com o (considere uma dose alta em doença grave) ou com Linezolida. c-)Alto risco de mortalidade ou recepção de antibióticos intravenosos durante os 90 dias anteriores Duas das opções, evitar 2 B-lactâmicos ● Piperacilina + tazobactam; ● Cefepime ou ceftazidime; ● Levofloxacino ou ciprofloxacino; ● Imipenem ou meropenem; ● Amicacina ou gentamicina ou tobramicina; ● Aztreonam. Obs: Plus com Vancomicina com o (considere uma dose alta em doença grave) ou com Linezolida. →Fatores de risco para germes resistentes ● Uso de ATB IV nos últimos 90 dias; ● Choque séptico; ● SARA; ● 5 dias ou mais de hospitalização; ● TSR aguda. →Tratamento empírico sugerido Maríli� Mir���� San���� 54 Pne����og�� Aul� 10- Pne����og��- Em�o��� Pul����r –Introdução Embolia Pulmonar (EP) é a obstrução de vasos da circulação arterial pulmonar causada pela impactação de partículas (formadas por qualquer material insolúvel). Na prática médica, a maioria dos casos é devido ao tromboembolismo venoso (TEV), uma entidade que tem como base a trombose venosa profunda (TVP) e como complicação aguda o tromboembolismo pulmonar (TEP). –Fisiopatologia da EP A embolia ocorre quando uma parte do trombo (ou ele todo) se desloca do seu local de origem, indo parar na circulação pulmonar. A súbita instalação de hipovolemia no parênquima pulmonar dá origem a regiões bem ventiladas e mal perfundidas, aumentando o espaço morto fisiológico; Ao mesmo tempo, áreas do parênquima distantes do território hipoperfundido começam a sofrer atelectasia, devido a uma importante queda na produção do surfactante. Isso é possível porque a isquemia dos ácinos alveolares libera uma série de mediadores inflamatórios os quais atuarão nas proximidades do segmento afetado, inibindo os pneumócitos tipo II no tecido pulmonar saudável. Assim, a principal consequência da embolia é a hipoxemia, devido a um importante desequilíbrio VQ. As áreas do pulmão que estão bem perfundidas não estão livres do efeito do TEP, pelo contrário, elas desenvolvem atelectasia e broncoespasmo, e se tornam hipoventiladas e é justamente nessas áreas que ocorre o shunt direita-esquerda intrapulmonar, isto é, o sangue desoxigenado atravessa o pulmão sem receber oxigênio. A principal consequência cardiocirculatória é o aumento da resistência vascular do pulmão, que se manifesta como hipertensão pulmonar aguda. O ventrículo direito, que é acostumado a trabalhar com baixas pressões e não tolera aumentos súbitos e intensos em sua pós-carga, e diante do aumento da resistência será preciso uma maior pressão para o transporte de sangue. Maríli� Mir���� San���� 55 Pne����og�� O ventrículo direito se dilata perante aumentos em sua pós-carga, na tentativa de manter seu débito (Frank-Starling). Porém, se o aumento na pós-carga for muito intenso, o débito do ventrículo direito diminui e, consequentemente, ocorre um infarto agudo de VD. Isso justifica os níveis séricos elevados de troponina e BNP. –Fisiopatologia da mortalidade O TEP não mata por hipoxemia, mas sim por choque cardiogênico. A oclusão dos vasos pulmonares leva à vasoconstrição hipóxica do local obstruído.Esse processo leva a uma resistência dos vasos pulmonares ao ventrículo direito e, consequentemente, inflamação miocárdica, isquemia do ventrículo direito e, por fim, choque obstrutivos por redução da perfusão. –Fatores de risco a-) FR Forte b-) FR Moderado c-)FR Fraco –Clínica ● Dor torácica ventilatório- dependente; ● Dispneia em degrau; ● Síncope (>10%); ● Sinais de TVP; ● Taquicardia: quando ausente, pouco provável que seja TEP; ● Hemoptise: quando presente, aproxima muito o diagnóstico, mas ausente não afasta; ● Tosse/Febre. –Escore de Probabilidade Clínica ● Wells; ● Genebra; ● Years; ● PERC; ● Gestalt clínica: reconhecimento imediato. a-)PERC ● De exclusão: quando todos estiverem negativos, o paciente provavelmente não tem TEP; ● Não é indicado utilizar individualmente! ● Só funciona se todas as respostas forem não. b-) Wells Maríli� Mir���� San���� 56 Pne����og�� c-) Genebra →D-dímero ● É um subproduto da fibrinólise que pode aumentar em diversas situações como em pacientes com câncer, gestantes e maiores de 80 anos; ● É um exame que perde sua especificidade na gestação e no puerpério; ● O limite inferior, na maioria dos laboratórios, é 500; ● Ajuste pela idade: idade x 10 ug/L >50 anos; aumenta a sensibilidade e a especificidade; paciente de 80 anos vai ter um limite inferior de 800 (exemplo). d-)YEARS ● Diagnóstico baseado em algoritmo dependente de exame de imagem (angio-tomografia) e do d-dímero; ● Qualquer um dos critérios (sintomatologia) positivos já tem positividade do teste; ● Aos critérios, faz-se as análises do d-dímero e, assim, faz-se a classificação de positividade, negatividade para TEP ou necessidade de exame de imagem. –Exame Complementar a-) Rx de Tórax ● Sinal de infarto pulmonar: Corcova de Hampton ou sinal de miolo de pão; ● Abaulamento do 2º AIC (artéria coronária congesta). Obs SanarFlix: No TEP, a radiografia de tórax e a ausculta geralmente estão normais. Em caso de hipóxia e dispneia de início súbito, sem doença pulmonar de base, a hipótese de TEP deve ser sempre considerada, ainda mais em pessoas com fatores de risco, como imobilização e cirurgias recentes. b-)ECG ● Exclui SCA com SST; Maríli� Mir���� San���� 57 Pne����og�� ● Frequentemente normal ou com taquicardia sinusal; ● Padrão S1Q3 ou S1Q3T3: onda S profunda em D1, onda Q negativa em D3 e onda T negativa em D3; achado muito específico, mas pouco sensível. c-) Angiotomografía de tórax ● Padrão-ouro; ● É um exame muito sensível e específico para detectar TEP. Entretanto, antes de se solicitar esse exame, é comum primeiramente avaliar a probabilidade clínica e a dosagem de D-dímero, que é uma investigação menos invasiva; ● Faz diagnóstico de exclusão (dissecção aórtica, pneumotórax, pneumonias e neoplasias); ● Consegue avaliar multidetectores (trombos subsegmentares); ● Aumento do VD em relação ao VE, por sobrecarga; o septo IV, que antes era curvo, se retifica e fica com formato de D; ● O contraste traz risco para o feto (deve-se pesar o risco-benefício na gestação). d-) ECO ● Ausência de sobrecarga ou DVD exclui EP aguda como causa de choque; ● É um exame indispensável para pacientes com instabilidade hemodinâmica. Nos estáveis de baixo risco, é dispensável na maioria dos casos (SANARFLIX); ● Útil no diagnóstico diferencial do choque: tamponamento cardíaco, disfunção valvar, disfunção segmentar ou global de VE, dissecção de aorta, hipovolemia; ● Na presença de DVD sem outra causa evidente para a instabilidade: considerar EP de alto risco e realizar reperfusão primária; ● O único achado ecocardiográfico patognomônico de TEP é a presença de trombos móveis em cavidades direitas, tronco e/ou ramo de artéria pulmonar (SANARFLIX); ● Se não houver repercussão hemodinâmica, o ECO tende a ser normal. –ECO →Achados no ECO a-)Aumento do VD no eixo paraesternal longo. b-)Aumento do VD com relação ao VD/VE basal > 1 e sinal de McConnel, na vista de 4 câmeras. Obs: Sinal de McConnell: Há um padrão regional de disfunção do Ventrículo Direito, com imobilidade da parede lateral, mas o movimento normal do ápice. c-) Retificação do septo interventricular, vista no eixo paraesternal curto. Maríli� Mir���� San���� 58 Pne����og�� d-) Distensão da veia cava inferior com diminuição da colapsibilidade inspiratória. Obs: A dilatação na cava na inspiração aumenta e a expiração diminui. Quando há sobrecarga de VD, a cava permanece sempre dilatada. e-) TAPSE diminuído com medida no modo-M < 16mm. →Marcadores Cardíacos ● Troponina; ● BNP ou NT-Pró-BNP; Obs: Não servem para o diagnóstico de TEP (são insensíveis e inespecíficos), porém são muito úteis na estratificação de risco dos pacientes com TEP definido. Níveis elevados de troponinas indicam a ocorrência de microlesões miocárdicas na parede do VD, secundárias à sobrecarga aguda dessa câmera. O aumento de BNP também está relacionado à dilatação ventricular, e quando combinado com altos níveis de troponina, constitui-se em poderoso instrumento de avaliação do prognóstico. –Diagnóstico SanarFlix: O diagnóstico de TEP é feito com base nos achados clínicos e exames complementares, como o D-dímero e angiotomografia de tórax. O escore de Wells é um escore utilizado para avaliar a probabilidade de TEP e inclui os seguintes critérios: ● Achados físicos sugestivos de TVP (3 pontos); ● Nenhum diagnóstico diferencial que explique a doença (3 pontos); ● FC > 100 (1,5 ponto); ● Cirurgia recente ou imobilização (1,5 ponto); ● História prévia de TVP ou TEP (1,5 ponto); ● Hemoptise (1 ponto); ● Câncer (1 ponto). Pontuação < 2, indica baixa probabilidade, pontuação ≥ 2 e < 6 indica média probabilidade e pontuação > 6, sugere alta probabilidade de TEP. ● Na suspeita clínica de EP avalia o PERC e a probabilidade clínica (gestalt, Wells ou genebra); se o PERC for negativo e a probabilidade clínica for menor que 15% a EP é excluída; ● Se a probabilidade for baixa (<15%) e houver um ou mais itens do PERC positivo ou uma probabilidade moderada (15-40%), faz-se o d-dímero. Se D-dímero, se Wells for baixo ou critérios de Years ausentes (usar limite de D-dímero de 1000 mg/mL), Maríli� Mir���� San���� 59 Pne����og�� exclui-se EP, mas se Wells >4 ou critério de Years presente (usar limite de d-dímero ajustado para idade) faz-se um exame de imagem, ● Probabilidade alta tem-se EP (>40%) ou Wells >6 ou Genebra > 10; solicita-se exame de imagem. –Índice de Gravidade a-) PESI b-) HESTIA ● Quando negativo, indica baixo risco; ● Critérios de alta (se tiver um deles presente, não pode dar alta). –Estratificação de risco Na estratificação de risco do paciente com tromboembolismo pulmonar, deve-se considerar os fatores associados a pior prognóstico: hipoalbuminemia, apneia obstrutiva do sono, síncope e baixa pressão arterial. Além de avaliar com atenção a função do ventrículo direito, já que a presença de disfunção ventricular direita é um preditor independente de mortalidade. a-) Baixo Risco ● Sem instabilidade hemodinâmica, clínica indicativa, disfunção de VD e marcadores cardíacos normais; b-) Moderado Risco ● Intermediário baixo: ou disfunção de VD ou elevação dos marcadores cardíacos positivos; ● Intermediário alto: ambos positivos. c-) Alto Risco ● Se tiver instabilidade hemodinâmica. –Decisão Clínica ● Alto risco: terapia de reperfusão imediata; ● EP de risco intermediário: admissão, monitorização e HBPM em dose terapêutica, mas com objetivo profilático; ● EP de baixo risco: HESTIA 0 ou PESI simplificado 0 ou avaliação implícita e segmento especializado rápido. –Tratamento a-)Baixo risco ● Anticoagulação oral: DOAC, de preferência rivaroxabana e apixabana (podem ser feitas diretamente sem a necessidade de heparina prévia), ou dabigatrana Maríli� Mir���� San���� 60 Pne����og�� ou edoxaban; apixabana tem o nível de sangramento menor, mas é preciso ser feita 2x ao dia; ● Warfarina é a nível do SUS, mas tem o malefício pois é necessário avaliar o INR entre 2 e 3 com seguimento a cada 15 dias, matem parenteral atéINR alvo; b-) Para não baixo risco ● HBPM: Enoxaparina 1mg/kg/dose DC de 12/12 horas; ● HNF para paciente de alto risco, em bomba de infusão e em ambiente de UTI, com TTPa coletado de 4/4 horas. c-) Terapia de Reperfusão: alto risco de morte ● Indicações: choque cardiogênico ou hipotensão persistente (PAS<90 ou queda > 40 mmHg por mais de 15 minutos) ou que necessitam de inotrópicos ou colapso circulatório na presença de síncope ou RCP; ● Contraindicações: cirurgia maior recente (<10 dias), sangramento ativo, trauma maior (< 2 semanas), neoplasia intracraniana, lesão vascular cerebral conhecida, AVC isquêmico (<3 meses), qualquer histórico de hemorragia intracraniana; ● Alteplase: suspender anticoagulação durante a infusão do trombolítico; quando o paciente é de alto risco, já inicia com a enoxaparina; ● A janela de trombólise pode ser de até 14 dias, então pode ser feita durante esse período. Obs SanarFlix: A trombólise não muda mortalidade hospitalar, mas assegura melhora clínica e diminui as chances de descompensação. Obs SanarFlix- Tratamento →Situações Paciente com TEP e baixo risco de mortalidade→ Pacientes baixo risco tem como principal manejo a realização de tratamento ambulatorialmente de preferência com um novo anticoagulante oral. Paciente com instabilidade hemodinâmica por TEP→ Nós realizamos inicialmente a trombólise e compensação clínica após. Paciente com TEP associado a sobrecarga de ventrículo direito ao ecocardiograma e troponina normal→ Paciente aqui tem uma sobrecarga que indica um quadro mais importante, necessitando assim de anticoagulação intra hospitalar com enoxaparina 1 mg/kg de 12/12 h. Paciente com TEP associado a sobrecarga de ventrículo direito ao ecocardiograma e elevação de troponina→ paciente com disfunção miocárdica secundária ao TEP, podendo evolui com outras alterações, assim devemos realizar transferência para a unidade de terapia Intensiva e anticoagulação com heparina. Paciente com dor torácica, dispneia e dessaturação em pós-operatório imediato de neurocirurgia, apresenta TEP na angiotomografia de tórax→ pela abordagem recente com risco de sangramento não podemos abordar quimicamente esse paciente com anticoagulação, sendo então indica a colocação de filtro de veia cava. Maríli� Mir���� San���� 61 Pne����og�� –Risco de Recorrência a-)Baixo risco ● Anticoagulação por 3 a 6 meses. b-)Intermediário risco ● Anticoagulação estendida >6 meses. c-)Alto risco ● Anticoagulação por tempo indeterminado. Obs SanarFlix: O objetivo de prolongar a duração do tratamento é prevenir a recorrência de TVP. O risco será menor se a TVP ocorrer na presença de fatores de risco reversíveis, como cirurgias, e maior se a TVP for idiopática ou na presença de câncer. Aul� 11- Pne����og��-Tub����lo�� Pul����r –Agente etiológico ● M.tuberculosis: bacilo de Koch (bK); ● BAAR, aeróbio, com parede celular rica em lipídios (ácidos micólicos e arabinogalactano); por ser aeróbio, ela costuma acometer mais os lobos superiores que não mais ventilados; ● Tem baixa permeabilidade, reduz eficácia do antibiótico. –Transmissão da tuberculose (TB) ● Paciente com tuberculose pulmonar ou laríngea elimina bacilos através de aerossóis oriundos da fala, tosse ou espirro; ● Paciente com tuberculose não tratada é fonte de contaminação para mais pessoas; ● Após a infecção pelo bacilo, cerca de 5% (sobretudo crianças) evoluem com tuberculose primária e, cerca de 95% conseguem ter o controle da replicação evoluindo com tb pós-primária; ● A quantidade de pessoas que entram em contato com o bacilo é alta, mas a manifestação é baixa; ● Fatores de risco: pessoas vivendo em situações de rua, HIV, presidiários e indígenas. –Diagnóstico ● Suspeita clínica + exame de imagem + teste microbiológico. –Quadro Clínico ● Tosse de > 2 a 3 semanas associada a febre, sudorese noturna, perda de peso ou hemoptise; ● Alguns pacientes podem não ter febre ou perda de peso, restando a tosse persistente como suspeita clínica; ● Paciente com alto risco de tuberculose (HIV, morador de rua, imunossuprimidos), se já houver algum sintoma respiratório, já se desconfia; ● Se o paciente tiver HIV desconfia-se quando há tosse e febre inexplicáveis; ● Paciente de alto risco associado a pneumonia deve ser suspeitada quando a pneumonia não for resolvida após 7 dias de tratamento; ● Suspeita-se de tb em paciente alto risco quando houver achados nos exames de imagem sugestivos. →Pessoa que, durante a estratégia programática de busca ativa, apresenta tosse por 3 semanas ou mais, deve ser investigada para tuberculose através de exames bacteriológicos. –Exames de imagem a-)Radiografia de tórax ● Pode haver opacidade do lobo superior; ● TB primária: pode não ter localização típica (ápices), pode ter linfonodomegalia; Maríli� Mir���� San���� 62 Pne����og�� ● TB pós-primária: opacidade com cavitação em lobos superiores, mas pode haver outros achados não específicos; ● Paciente HIV com CD4 muito baixo pode apresentar tuberculose miliar, que são vários micronódulos espalhados pelo pulmão. Normalmente a baciloscopia não é positiva, mas já começa o tratamento; ● TB latente: nódulo calcificado e/ou linfonodo; geralmente não evolui para a TB ativa. b-)Tomografia de Tórax ● Geralmente não é necessária para o diagnóstico ou manejo; ● É possível observar a parede pulmonar espessada; ● Árvore em brotamento: não é específica para TB, mas é um sinal de alerta para ela. –Testes Microbiológicos ● Baciloscopia do escarro (BAAR); ● Cultura para micobactéria; ● Testes moleculares: PCR ou TRM-TB; ● Quando não for possível os listados acima: biópsia. Obs: O ideal é fazer os três iniciais. a-)Baciloscopia do escarro ● Mais barato, rápido e acessível; ● Menos sensível (sendo preciso muitos bacilos para identificar); ● Outras bactérias podem positivar, como as micobactérias; ● O ideal é coletar duas amostras; ● Baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico de tuberculose; ● É indicada para: sintomático respiratório, em caso de suspeita clínica e/ou radiológico ou para acompanhamento (mensal) em pacientes em tratamento; ● Quanto mais positivo, mais bacilo tem na amostra. b-)Testes moleculares ● Detectam o DNA do M.tuberculosis e mutações associadas à resistência a medicamentos; ● É um diagnóstico rápido (2 a 48 horas); ● Não é feito para acompanhamento, pois depois do contato, ela sempre positiva; ● Permite fazer identificação de resistência à rifampicina; ● Tem uma boa especificidade (88-98%) e boa sensibilidade (75-95%). c-)Cultura de escarro ● Método mais sensível: identifica até quando tem pouca bactéria; ● Não é o de primeira escolha porque é um teste demorado (2-8 semanas); ● É utilizado mais para guiar o tratamento. →Diagnóstico Histopatológico ● Empregado em TB pulmonar que se apresente como doença difusa ou TB extrapulmonar; ● Pode ser identificado granuloma com necrose caseosa/bacilo; ● É preciso se atentar, porque a ausência de necrose caseosa não afasta a suspeita, mas é preciso pensar em diagnósticos diferenciais. →Teste lipoarabinomanana ● É utilizado para pacientes com AIDS que têm maior frequência de apresentações atípicas ou paucibacilares; ● Um dos critérios para se utilizar do teste é CD4 < 100 associado a Maríli� Mir���� San���� 63 Pne����og�� sintomas ou imagem sugestiva de TB; ● É disponibilizado pelo SUS. Obs: Paciente que não tem escarro, pode-se fazer o escarro induzido ou broncoscopia ou biópsia. –Diagnóstico Diferencial ● Neoplasias; ● Micobactérias; ● Infecções fúngicas; ● Infecções bacterianas. –Tratamento →Escolha do esquema ● Atividade bactericida precoce; ● Prevenção de bacilos resistentes; ● Atividade esterilizante. →Esquema a-)Fase Intensiva ● Objetivo: redução da população bacilar, eliminação dos bacilos com resistência natural com medicações de alto poder bactericida; ● Medicamentos: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol (RIPE); ● Tempo de tratamento por 2 meses. b-)Fase de Manutenção ● Objetivo: eliminação de bacilos latentes ou persistentes,redução da possibilidade de recidivas e medicações com alto poder bactericida e esterilizante; ● Medicações: Rifampicina e Isoniazida; ● Por 4 meses. →Esquema para adultos e adolescentes (>10 anos) →Considerações sobre o tratamento ● Deve ser feito por 6 meses, exceto as formas meningo encefálicas e osteoarticular; ● Uma vez iniciado, tratamento não deve ser interrompido; ● Em casos individualizados 1-baciloscopias de acompanhamento negativas, com evolução clínica e/ou radiológica insatisfatória; 2-baciloscopia positiva no 5º ou no 6º mês de tratamento, com boa evolução; 3- evidência de múltiplas cavidades, especialmente se baciloscopia positiva ao final do 2º mês→o tratamento poderá ser prolongado. –Modalidades de tratamento a-) Diretamente observado (TDO) ● Todos os dias úteis ou 3 vezes na semana; ● Deverá conter ao menos 24 doses na fase intensiva; ● Deverá conter ao menos 48 doses na fase de manutenção. b-) Hospitalar ● Utilizada para avaliar as seguintes condições: ● TB meningoencefálica; ● Intolerância incontrolável ambulatorialmente; ● Estado geral incompatível; ● Intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas; ● Vulnerabilidade social. Maríli� Mir���� San���� 64 Pne����og�� –Seguimento a-)Clínico ● Para todos os casos, solicita-se baciloscopia mensal; ● Se estiver positivo no 5-6º mês indica falha no tratamento. b-)Bacteriológico ● Se a baciloscopia for positiva no 2º mês, deve-se fazer uma cultura para micobactéria e TS; ● Faz-se o RIPE por mais 30 dias; ● Se o TS for positivo ou sem resultado e evolução satisfatória, faz-se RI por mais 4 meses; ● Se a evolução for insatisfatória (não melhora, baciloscopia positiva e atividade radiológica) encaminha o paciente para o serviço de referência. c-)Radiológico ● Pode ser realizado ao final do 2º mês; ● Se a evolução clínica for favorável, deve-se realizar outro exame radiológico apenas ao final do tratamento ou a qualquer momento a critério clínico. –Acompanhamento Clínico ● Busca ativa de queixas, sinais e sintomas que indicam evolução e/ou regressão; ● Monitoramento do peso; ● Acompanhar função hepática, função renal e glicemia; ● Monitoramento da adesão; ● Ofertar testagem para HIV: o paciente precisa autorizar o teste. –Controle bacteriológico ● Baciloscopia na TB pulmonar; ● Espera-se que a negativação da baciloscopia ocorra ao final da 2º semana de tratamento; ● Pacientes com exame bacteriológico positivo, devem ter pelo menos 2 baciloscopia negativas na fase de manutenção para comprovar cura, uma no decorrer da fase de manutenção e outra no final do tratamento; ● O TRM-TB não deve ser utilizado para controle de tratamento, mas é útil na investigação de resistência à rifampicina. –Reações Adversas a-) Menores (não precisa suspender tratamento) ● Mudanças na coloração da urina; ● Intolerância gástrica: evitar pantoprazol para não interferir na absorção; ● Alterações cutâneas; ● Icterícia; ● Artralgia. b-) Maiores (suspende o tratamento) ● Idade>50 anos; ● Dependência química ao álcool (ingestão diária> 80g); ● Desnutrição (perda de 15% do peso corporal); ● História de doença hepática prévia; Maríli� Mir���� San���� 65 Pne����og�� ● Coinfecção pelo vírus HIV em fase avançada; ● Neurite óptica. Obs: Isoniazida reduz a absorção da vitamina B6, se o paciente tiver queixa de neuropatia periférica, repõe. Mas se for gestante, etilista, diabéticos já repõe sem sintomas. –Tratamento em situações especiais ● Tratamento feito a nível de APS; ● Exceto em pacientes com HIV; a-)Gestação ● Tratamento segue o mesmo; ● Chama atenção apenas pela reposição de B6; ● Não há contraindicação na amamentação, desde que a mãe não seja portadora de mastite tuberculosa. b-)Hepatopatias ● Alguns dos medicamentos anti-TB apresentam hepatotoxicidade que pode ser potencializada pelas interações medicamentosas e o uso de doses acima das preconizadas; ● Por isso, é importante considerar o peso durante todo o tratamento para evitar dose excessiva; ● Nos primeiros meses de tratamento pode ocorrer elevação assintomática dos níveis séricos das enzimas hepáticas, sem clínica ou necessidade de interrupção ou alteração do esquema; ● Interrompe-se, se as enzimas hepáticas estiverem 5x maior que o VR e na ausência de sintomas digestivos ou 3x o VR e com sintomas dispépticos ou icterícia; ● Se for o caso da interrupção, se houver redução das enzimas hepáticas e resolução dos sintomas, reintroduz o esquema básico, primeiro RI e com o intervalo de 3-7 dias a isoniazida e com o mesmo intervalo a pirazinamida; a reintrodução de cada medicamento deve ser precedida da análise da função hepática; ● Se não tiver ausência de redução (3x o limite superior da normalidade dentro de 4 semanas) ou em casos de tuberculose grave, disfunção hepática e/ou cirrose prévia, faz-se o esquema alternativo. c-)Nefropatias ● O ajuste no tratamento segue o clearance de creatinina; ● Se o clearance < 30 mL/min, faz-se o esquema básico da seguinte forma: ● Fase intensiva: RIPE na 2ª, 4ª e 6ª e RI na 3ª, 5ª, sábado e domingo; Maríli� Mir���� San���� 66 Pne����og�� ● Fase de manutenção: RI diariamente; ● Se o paciente tiver feito hemodiálise, após o procedimento já pode iniciar o esquema. d-)Diabetes ● É importante ficar atento às complicações referentes ao tratamento de ambas as doenças; ● Diabetes retarda a resposta microbiológica, ou seja, diminui as taxas de cura, aumenta o número de recaídas e, assim, promove mais evolução para TB resistente; ● É importante fazer TDO, controle glicêmico e controle do tratamento da TB por meio das baciloscopias mensais; ● Rifampicina aumenta o metabolismo dos hipoglicemiantes; ● Isoniazida pode diminui a ação da metformina, e se o controle glicêmico não for atingido, é importante pensar em fazer o tratamento da DM por insulinoterapia; ● Se houver demora na negativação das baciloscopias: considera-se prolongar a fase de manutenção por três meses; ● Metas glicêmicas: HbA1c < 7, glicemia de jejum entre 70-130 e pós-prandial abaixo de 180 mg/dL; piridoxina 50mg/dia durante o tratamento com isoniazida para diminuir os riscos de neuropatia periférica. e-)Infecção pelo HIV ● Quanto mais baixa a imunossupressão, maior o risco de apresentações extrapulmonares da tuberculose; ● Diante do paciente com HIV o tratamento para TB deve ser imediato, todas as PVHIV com TB ativa devem receber TARV, oportunamente, independente da contagem de CD4, tendo em vista que melhora a sobrevida, a qualidade de vida e reduz a mortalidade; ● Devem ser utilizados os esquemas padronizados para o tratamento da TB na população geral. podendo ser prolongada a fase de manutenção a depender da evolução bacteriológica; ● Paciente deve ficar em TDO; ● Momento ideal para iniciar o TARV em pacientes com TB: 1-virgens de tratamento antirretroviral com CD4< 50 o início deve ser em até duas semanas após o início do tratamento da TB; 2-CD4>50: o início da TARV no início da fase de manutenção do tratamento da TB (8 ª semana). –Tratamento da Infecção Latente pelo M.tuberculosis ● Pessoas infectadas pelo M.tuberculosis que não apresentam TB ativa; ● Teste PPD, IFN gama. Maríli� Mir���� San���� 67 Pne����og�� Aul� 12- Pne����og��- Do�nças Pul����re� In�e�s����a�s –Introdução ● Acometimento nos tecidos que são sustentação aos pulmões; ● Estão relacionadas ao cigarro, autoimunidade, medicação, ocupações. →Diagnóstico ● O diagnóstico é baseado na avaliação clínica; ● A TC pode sugerir uma alteração específica; ● Outras opções são a LBA, broncoscopia, PFP, exames laboratoriais. →Doenças restritivas ● Doença que reduz a capacidade pulmonar total, que se relaciona a doenças intersticiais, obesidade; ● Doenças que reduzem o volume do pulmão; ● Na espirometria: VEF1/CVF normais e um dos seguintes: CVF, <50%, FEF25-75-%/CVF >150% ou diagnóstico clínico de doença restritiva; ● Pletismografia: redução da capacidade total. →Exames de imagem ● No exame de imagem é possível ver doenças fibróticas (faveolamento, opacidades reticulares,bronquiectasias de tração ou distorção arquitetural); ● E doenças não fibróticas, como consolidações, vidro fosco, micronódulos, nódulos e mosaico. →Exames Laboratoriais ● Exames laboratoriais: pesquisa de anticorpos; ● Doença intersticial associada a achados autoimunes. –Discussão multidisciplinar ● Pneumologista; ● Reumatologista; ● Radiologista; ● Patologista. –Doenças Intersticiais Doenças Reumáticas Autoimunes ● Normalmente tratado com rituximabe; ● É obrigatório fazer a investigação de tuberculose latente para iniciar o tratamento; ● Se PPD ou incra positivo, trata tb latente e após 30 dias, inicia-se o Maríli� Mir���� San���� 68 Pne����og�� imunobiológico em conjunto com o profissional reumatologista. a-)Esclerose Sistêmica ● Doença rara, heterogênea caracterizada por disfunção endotelial e vasculopatia de pequenos vasos, autoimunidade, disfunção fibroelástica e subsequente fibrose, que pode acometer múltiplos órgãos, incluindo pele, rins; ● Forma cutânea difusa: extenso envolvimento da pele com extensão da esclerose cutânea proximal aos punhos estendendo-se ao tórax; ● Forma cutânea limitada: Mãos, extremidades, distais, rosto e pescoço. Manifestações vasculares, incluindo a hipertensão pulmonar e a síndrome de CREST (calcinose cutânea, fenômeno de Raynaud, dismotilidade esofágica, esclerodactilia e telangiectasia); Esclerodermia da mão: pele brilhante com apagamento de marcas normais secundárias e estiramento, chamada de esclerodactilia, é vista nesta imagem. ● Padrão tomográfico: padrão de pneumonia intersticial não específica; pode haver acometimento esofágico; o refluxo pode contribuir para as alterações; b-)Artrite Reumatóide ● Doença sistêmica autoimune caracterizada pelo comprometimento articular simétrico, acarretando sinovite erosiva; ● Pode se manifestar de forma extra-articular, sendo o pulmão uma importante forma deste comprometimento; ● Exame de imagem: pneumonia intersticial usual: não há muito vidro fosco, há mais achados que sugerem fibrose; podem haver áreas de bronquiectasias; ● A artrite reumatóide pode acometer qualquer área do pulmão, causando áreas de micronódulos; ● Pode causar nódulos reumáticos com distribuição periférica com tendência a escavar e o diagnóstico diferencial é TB, infecções fúngicas e neoplasia; ● Pode ter acometimento pleural, com linfócito aumentado e glicose baixa. Maríli� Mir���� San���� 69 Pne����og�� c-)Miopatias Inflamatórias ● Grupo heterogêneo de doenças, com diferentes marcadores e prognósticos. Incidência varia de 2 a 10 casos por milhão de habitantes; ● Apresentam-se clinicamente com fraqueza muscular, mialgia, artralgia, mãos de mecânico, fenômeno de Raynaud, doença pulmonar intersticial ou lipossubstituição muscular na USG ou RNM; ● Aumento das enzimas musculares e presença de anticorpos; ● O anti Jo-1 é o mais disponível, presente em até 70%; ● O que chama a atenção é o achado clínico em mão de mecânico; ● Padrão tomográfico: padrão de pneumonia intersticial não específica. –Pneumonite de Hipersensibilidade ● É o resultado de uma inflamação imunologicamente induzida do parênquima pulmonar (especificamente envolvendo alvéolos, bronquíolos terminais e interstício) que ocorre, em indivíduos suscetíveis; ● Atualmente é classificada em fibrótica e não fibrótica; ● Associada a pássaros, mofo, óleos, feno; →Diagnóstico ● Inclui a história de exposição, exame de imagem ou com lavado broncoalveolar; ● TC: achados que predominam nos ápices dos pulmões, as bases são poupadas, pode ter sinais de bronquiolite; nódulos centrolobulares profusos mal definidos, em vidro fosco; ● Sinal das três intensidades, avaliadas pela TC. →Diagnóstico ● Exposição convincente a antígeno + tomografia típica: diagnóstico confirmado; ● Exposição não encontrada + tomografia típica; ● Exposição encontrada + tomografia não típica; ● Exposição encontrada + tomografia atípica: pensar em diagnósticos diferenciais. Obs: Complementar a investigação com lavado broncoalveolar (avaliação de linfócitos >30%) ou biópsia pulmonar. →Tratamento ● Afastamento do antígenos; ● Em doença inflamatória e extensa: prednisona na dose de 0,5-1 mg/Kg/dia por 4-6 semanas seguida de redução gradual até 3 meses de tratamento; ● Se a dose necessária para controle exceder 10 mg/dia, deve-se considerar a associação de poupadores de corticóide (azatioprina ou micofenolato de sódio); Maríli� Mir���� San���� 70 Pne����og�� ● Doença fibrótica não extensa: corticóide aumenta sobrevida e reduz a progressão; ● Doença fibrótica e extensa: a resposta a prednisona é pobre e é preciso avaliar a necessidade de antifibróticos e transplante pulmonar; ● Outras medidas: reabilitação cardiopulmonar, manejo de comorbidades, vacinações e oxigenoterapia. –Fibrose Pulmonar Idiopática ● É a mais comum das pneumonias intersticiais idiopáticas; ● Doença rara; ● Pneumonia intersticial crônica, fibrosante progressiva; ● Acomete principalmente indivíduos mais velhos e do sexo masculino; ● É incomum antes dos 50 anos; ● Fatores de risco: tabagismo, exposição a poeiras metálicas, póde de madeira e atividades rurais; ● Formas familiares é prevalente de 2-20% de todos os casos da FBI. →Fisiopatologia ● Há alguma agressão ao pulmão e isso desencadeia a diferenciação do fibroblasto que forma o colágeno; ● O colágeno se deposita no interstício, causando fibrose. →Sinais e sintomas ● Os sintomas mais comuns são dispnéia e tosse seca; ● Caráter progressivo com perda irreversível da função pulmonar devido a fibrose; ● O tempo de início dos sintomas até o diagnóstico que varia entre 6 a 24 meses; ● Na ausculta pulmonar, a presença de estertores em velcro está presente em mais de 90% dos casos; ● O Hipocratismo digital é observado em torno de 30-40% dos casos e é um marcador de pior prognóstico. →Diagnóstico ● É necessário um padrão de pneumonia intersticial usual (PIU) na TC; ● É preciso uma combinação dos padrões radiológicos e histológicos, em pacientes submetidos à bi´psia cirúrgica; ● É preciso excluir outras causas; ● Avaliar uso de drogas. →TC a-)PIU Definitivo ● Predomínio de alterações na base; ● Presença de faveolamento. b-)PIU Provável ● Acometimento em bases; ● Sem faveolamento típico. c-) PIU Alternativo ● Presença de vidro fosco, sinais de aprisionamento aéreo; ● Não há achados consistentes; Maríli� Mir���� San���� 71 Pne����og�� ● Pensar em outros diagnósticos. →Tratamento farmacológico ● Antifibróticos: medicações caras; pirfenidona (posologia com mais dosagens) e nintedanib (1 cp, 2x/dia); ● Cessação do tabagismo, vacinação, manejo de comorbidades… –Doenças Pulmonares Induzidas por Drogas →Fisiopatologia ● Toxicidade direta pela droga; ● Reação idiossincrática; ● Inibição de fatores reparadores; ● Liberação de radicais livres com aumento do estresse oxidativo; ● Indução de autoimunidade. →Epidemiologia ● Doença heterogênea; ● Há muita subnotificação dos casos; ● Medicações de alta incidência: bleomicina, inibidores de checkpoint imune; ● Grupos mais acometidos: pacientes que já têm doença autoimune. →Diagnóstico a-)Nitrofurantoína ● Agente antimicrobiano utilizado para o tratamento e profilaxia de infecções urinárias; ● A maioria dos pacientes são mulheres (85-95%); pacientes idosos (entre 60 e 70 anos de idade); ● Forma aguda é a mais comum, quando comparada à crônica. →Quadro Clínico a-)Agudo ● Febre; ● Dispneia; ● Tosse; ● e/ou rash; ● Média de início de sintomas entre 7-8 dias após a exposição. b-)Crônica ● Dispneia; ● Tosse; ● Fadiga; ● Média de início de sintomas é de anos a meses. →Diagnóstico 1. Avaliação laboratorial: exclusão de causas infecciosas, cardíacas e reumatológicas. Eosinofilia é um achado comum; 2. Diagnóstico da forma aguda: quadro clínico compatível, histórico de exposição e melhora com a descontinuação da droga. Melhora dos sintomas 48 a 72 horas após a retirada da droga; 3. Diagnóstico da forma crônica: histórico de exposição, padrão restritivo na PFP e opacidades reticulares e/ouvidro fosco nas TCs. →Tratamento ● Retirada da droga; ● Corticoterapia nos casos sintomáticos. b-)Amiodarona ● Antiarrítmico de ampla utilização na prática clínica; ● Pneumonite intersticial é a forma mais comum de apresentação. Geralmente, ocorre após 2 meses do uso e com doses que excedem 400mg ao dia; Maríli� Mir���� San���� 72 Pne����og�� ● Pneumonia eosinofílica, pneumonia em organização, SARA, hemorragia alveolar difusa, nódulos e massas pulmonares, derrame pleural. →Quadro Clínico ● Início insidioso de tosse não produtiva e dispnéia. Febre pode estar presente. Ao exame, é comum estertores em velcro bilaterais; ● Avaliação laboratorial: exclusão de causas infecciosas, cardiológicas e autoimunes. →Tratamento ● Retirada da droga; ● Corticoterapia nos casos sintomáticos. Aul� 13- Pne����og��- Gas����ri� Ar�e���l- Pri����a Par�� –Fisiologia Ácido-Bases (Guyton) a-)Suas definições e significados O íon hidrogênio é próton único livre, liberado do átomo de hidrogênio. Moléculas contendo átomos de hidrogênio que podem liberar íons hidrogênio são conhecidas como ácidos, como o ácido clorídrico (HCl), que se ioniza na água formando íons hidrogênio (H+) e íons cloreto (Cl-). A base é um íon ou uma molécula capaz de receber um H+. Por exemplo, HCO3– é base porque pode se combinar com H+ para formar H2CO3. b-)Concentração de H+ e o pH A concentração plasmática de H+, normalmente, se mantém dentro de limites estreitos. O pH está relacionado com a concentração real de H+ pela seguinte fórmula: A partir dessa fórmula, é possível concluir que o pH está relacionado inversamente com a concentração de H+; portanto, o pH baixo corresponde à concentração de H+ elevada, e o pH alto corresponde à concentração de H+ baixa. c-)Defesas contra variações da concentração do H+: pulmões e rins Existem dois sistemas primários que regulam a concentração de H+ nos líquidos corporais, para evitar acidose ou alcalose: (1): o centro respiratório, que regula a remoção de CO2 (e, portanto, de H2CO3) do líquido extracelular; e (2) os rins, que podem excretar tanto urina ácida quanto alcalina, reajustando a concentração de H+ no líquido extracelular para níveis normais, durante a acidose ou a alcalose. O sistema respiratório, age em questão de minutos eliminando o CO2 e, por conseguinte, H2CO3 do corpo. Esta evita a concentração de H+ se altere muito, até que a resposta mais lenta, os rins, consiga eliminar o excesso de ácido ou base do corpo. Embora a resposta dos rins seja relativamente mais lenta, se comparada às outras defesas, durante o período de horas a vários dias, eles são, sem dúvida, os sistemas reguladores ácido-base mais potentes. →Equação de Handerson-Hasselbalch A partir da equação de Henderson- Hasselbalch, fica claro que o aumento na concentração de HCO3− faz com que o pH aumente, deslocando o equilíbrio ácido-base no sentido da alcalose. Um aumento na Pco2 faz com que o pH diminua, deslocando o equilíbrio ácido-base no sentido da acidose. A concentração de bicarbonato é regulada, basicamente, pelos rins, enquanto a Pco2 no líquido extracelular é controlada pela intensidade respiratória. Maríli� Mir���� San���� 73 Pne����og�� Ao aumentar a intensidade respiratória, os pulmões removem CO2 do plasma, e ao diminuir, elevam a Pco2. A homeostasia ácido-base fisiológica normal resulta dos esforços coordenados de ambos os órgãos, pulmões e rins, e distúrbios ácido- base ocorrem quando um ou ambos os mecanismos estão comprometidos, alterando assim a concentração de bicarbonato ou a Pco2 no líquido extracelular. A acidose causada por diminuição primária da concentração de bicarbonato é denominada acidose metabólica, enquanto a alcalose causada por aumento primário da concentração de bicarbonato é denominada alcalose metabólica. A acidose ocasionada por elevação da Pco2 é denominada acidose respiratória, enquanto a alcalose causada por diminuição da Pco2 é denominada alcalose respiratória. →O aumento da concentração de H+ estimula a ventilação pulmonar A ventilação alveolar aumenta até 4-5 vezes a normal quando o pH cai, assim como um aumento no pH do plasma causa uma redução da ventilação alveolar. A variação da ventilação por unidade de pH é bem maior em níveis reduzidos do pH, comparada aos níveis elevados de pH. A razão desse fenômeno é que, quando a ventilação alveolar diminui devido ao aumento do pH, a quantidade de oxigênio acrescentada ao sangue a pressão parcial do oxigênio (Po2) no sangue também caem, o que estimula a ventilação. Portanto, a compensação respiratória ao aumento do pH não é tão efetiva quando a resposta à redução do pH. O sistema respiratório age como controlador por feedback negativo típico da concentração de H+. Ou seja, sempre que a concentração de H+ eleva acima do normal, o sistema respiratório é estimulado e a ventilação alveolar aumenta. Esse mecanismo reduz a Pco2 no líquido extracelular e diminui a concentração de H+ de volta aos valores normais. Por outro lado, se a concentração de H+ cai abaixo do normal, o centro respiratório é inibido, a ventilação alveolar diminui, e a concentração de H+ aumenta de volta aos valores normais. Entretanto, anormalidades na respiração podem também causar mudanças na concentração de H+. Por exemplo, o comprometimento da função pulmonar, como no enfisema grave, diminui a capacidade dos pulmões de eliminar CO2, o que provoca um acúmulo de CO2 no líquido extracelular e uma tendência à acidose respiratória. Além disso, a capacidade de responder à acidose fica comprometida, pois as reduções compensatórias da Pco2, que normalmente ocorreriam por meio de Maríli� Mir���� San���� 74 Pne����og�� aumento da ventilação, estão prejudicadas. Nessas circunstâncias, os rins representam o único mecanismo fisiológico remanescente para fazer o pH retornar ao normal depois de já ter ocorrido o tamponamento químico inicial no líquido extracelular. –Indicações ● Avaliar a ventilação, equilíbrio ácido-base e oxigenação; ● Avaliar resposta do paciente à terapia instituída; ● Avaliação diagnóstica; ● Monitorização da gravidade. –Coleta do sangue arterial ● Punção clássica na artéria radial, com bisel para cima, agulha heparinizada; ● O teste de Allen avalia a perviedade do sistema ulnar; ● Pode ser realizada em outras artérias como a femoral, braquial, pediosa, etc; ● Em pacientes mais graves, é preferencial colher a femoral por sua maior extensão; ● É importante avaliar a coloração do sangue para que não tenha ocorrido a coleta de sangue venoso. –Valores de referência →Detalhes Importantes Obs: O valor de referência da CO2 (35-45) é o normal somente para os valores normais de BIC. Se acidose metabólica, é importante fazer o valor de referência de CO2 esperado. Cálculo do PCO2 esperado é [(1,5 x HCO3) +8] +/- 2. A partir disso, o novo valor de referência será utilizado para avaliar se há também acidose respiratória, por exemplo. Obs: Na alcalose metabólica o cálculo do PCO2 esperado é: (BIC +15) +/- 2. A partir disso, o novo valor de referência será utilizado para avaliar se há também acidose respiratória, por exemplo. Obs: Em alcalose respiratória utiliza-se o método de “2 e 5” para avaliar o HCO3 esperado.Em acidose respiratória, utiliza-se o método de “1 e 4” para avaliar o HCO3 esperado. →Regra “1 e 4”- Acidose Respiratória 1. Faz-se uma média dos valores de referência do PCO2 (35-45) e HCO3 (22-26), resultando em 40 e 24, retrospectivamente; 2. Com o PCO2 do paciente, avalia-se, a partir da média do valor de referência (40), quantas casas decimais o valor subiu; 3. A cada casa decimal que o PCO2 sobe, adiciona-se 1 no valor de referência do HCO3 (24). Um outro cálculo é feito a parte, adicionando-se 4 ao valor de referência de HCO3 (24); 4. Os resultados encontrados a partir de 1 e 4, geram uma escala para avaliar se há um distúrbio agudo ou crônico. Quanto mais próximo o Maríli� Mir���� San���� 75 Pne����og�� HCO3 do paciente estiver do extremo inferior, será um distúrbio agudo, quanto mais distantes, será umdistúrbio crônico. →Regra “2 e 5”- Alcalose Respiratória 1. Faz-se uma média dos valores de referência do PCO2 (35-45) e HCO3 (22-26), resultando em 40 e 24, retrospectivamente; 2. Com o PCO2 do paciente, avalia-se, a partir da média do valor de referência (40), quantas casas decimais o valor subiu; 3. A cada casa decimal que o PCO2 sobe, adiciona-se 2 no valor de referência do HCO3 (24). Um outro cálculo é feito a parte, adicionando-se 5 ao valor de referência de HCO3 (24); 4. Os resultados encontrados a partir de 2 e 5, geram uma escala para avaliar se há um distúrbio agudo ou crônico. Quanto mais próximo o HCO3 do paciente estiver do extremo inferior, será um distúrbio agudo, quanto mais distantes, será um distúrbio crônico. Obs: Em casos em que o pH é normal, mas com alterações de CO2 e HCO3, considera-se como um distúrbio compensatório. Maríli� Mir���� San���� 76