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Aula 2- O DESENVOLVIMENTO DA DENTIÇÃO DECÍDUA 1. Objetivos: ● compreender a cronologia e sequência de irrompimento decíduo; ● entender como são os espaços nesta dentadura; ● reconhecer as características de normalidade da oclusão nos 3 planos (sagital, vertical e transversal). –> O tratamento interceptor das más oclusões pode iniciar-se precocemente, ainda na dentadura decídua. Por esse motivo, os ortodontistas devem compreender os processos biológicos que regulamentam o desenvolvimento da dentição decídua. –> Os aspectos de normalidade da oclusão na dentadura decídua norteiam as metas terapêuticas das intervenções precoces. 2. Cronologia: 1) início da odontogênese (6 semanas de vida intrauterina); 2) irrompimento do 1° dente decíduo (6 meses); 3) dentição decídua completa (2,5-3 anos). -> No aspecto biológico da odontogênese, pode-se dizer que o homem é difiodonte; -> A dentição decídua é composta por 20 dentes; -> A sincondrose sinfisiana mineraliza-se e desaparece por volta dos 6 meses, tornando a mandíbula um osso ímpar. -> Após a irrupção completa dos dentes decíduos, em regra, a relação dente-osso não mais se altera. -> O crescimento do arco alveolar precede a irrupção clínica dos dentes decíduos, mostrando magnitude suficiente para prover o alinhamento dentário em 89% dos casos. -> Os segundos pré-molares iniciam a sua mineralização em média aos 3 anos de idade, Radiografia panorâmica aos 5 anos de idade mostrando a presença dos 20 dentes decíduos irrompidos e de 28 germes dos dentes permanentes. Os terceiros molares formam-se mais tardiamente, entre 8 e 12 anos de idade. 3. Por que reconhecer o desenvolvimento da normalidade da dentição decídua? 1) algumas más oclusões são tratadas na dentição decídua; 2) é conhecendo o normal que se trata o anormal; 3) o normal é a meta terapêutica- os aptos da normalidade da oclusão na dentadura decidida norteiam as metas terapêuticas das intervenção precoces. 4. Sequência de irrompimento mais comum: 1. incisivos inferiores centrais 2. incisivos superiores centrais 3. incisivos superiores laterais 4. incisivos inferiores loterias 5. 1° molares 6. caninos e 7° os molares -> As variações cronológicas e sequenciais são muito comuns, portanto, não indicam intervenções ou más-oclusões. Assim como não influenciam o padrão morfológico da oclusal. -> A formação completa dos dentes ocorre de 6 a 12 meses após o irrompimento. -> A ortodontia utiliza 3 referências biológicas indicativas do desenvolvimento: 1. Idade dentária: qual a dentadura? mista ou permanente? 2. idade cronológica: quantos anos? -> A preocupação com atrasos muito grandes refere-se à possibilidade de agenesias dos dentes decíduos. A presença dos germes dentários pode ser confirmada pelo abaulamentos gengivais. 5. Questões: -> Por que apinhamento intraósseo ao nascimento na região anterior dos arcos dentários, quando os dentes decíduos ainda não irromperam? Pelo reduzido tamanho da face. No primeiro semestre de vida, os arcos dentários crescem aceleradamente no sentido transversal e sagital, garantindo o espaço para a irrupção de todo o conjunto. -> O que é mais comum na dentição decídua: ● Diastemas: são mais comuns e inferem um pior prognóstico para o alinhamento dos incisivos permanentes. ● Apinhamento: baixa prevalência e não requer intervenções. -> No que infere a presença de anomalias na dentição decídua? A presença de anomalias na dentição decídua constitui um indicador de risco para a recorrência de anomalias na dentição permanente. ● agenesia, supranumerário, geminação, fusão -> A fusão e a geminação representam as anomalias dentárias mais frequentes na dentição decídua. 6. Normalidade na dentição decídua: 1. Relação de classe I de caninos ● ponta do canino superior oclui entre o inferior e o 1° molar inferior; 2. Relação terminal dos molares decíduos ● reto ou mesial suave; 3. Transpasse horizontal positivo> ● incisivos superiores à frente dos inferiores - 0 a 3mm 4. Transpasse vertical positivo: ● incisivos superiores cobrindo o mo s incisivos inferiores. . -> De modo similar à dentadura permanente, na dentadura decídua existem alguns referenciais oclusais para a definição da normalidade ● A relação sagital interarcos dentários é traduzida pela relação dos caninos decíduos. - A relação normal de caninos é aquela na qual a ponta de cúspide do canino superior oclui exatamente na ameia entre o canino e o primeiro molar inferior decíduo. Portanto, a relação cúspide-ameia dos caninos define a relação sagital normal entre os arcos dentários decíduos ou a relação Classe I. ● O segundo referencial da oclusão normal na denta- dura decídua volta-se para a relação dos interincisivos e refere-se à presença de trespasses horizontal e vertical positivos. ● O terceiro e último referencial de normalidade consiste na presença da relação interarcos caixa-tampa, com o arco inferior totalmente dentro do superior. Para garantir a relação caixa tampa, o arco superior deve apresentar dimensões transversais maiores que o arco inferior Oclusão normal na dentadura decídua: 1. Relação caninos Classe I (A e C); 2. Trespasse horizontal e vertical positivos e normais (A a C); 3. Relação caixa-tampa com o arco superior envolvendo o arco inferior (B). Esta última referência de normalidade ocorre quando o arco superior apresenta dimensões transversas maiores que as do arco inferior (D e E). As características intra-arco na dentadura permanente, como a presença ou ausência de diastemas e a presença de apinhamento, não constituem referência de normalidade. As três situações intra-arco são consideradas normais na dentadura decídua, sendo a presença de diastemas a situação mais frequente, seguida pela ausência de diastemas (com alinhamento dos incisivos) e pelo apinhamento dentário. -> As cúspides vestibulares dos dentes superiores ocluem por vestibular dos dentes inferiores, enquanto as cúspides linguais dos dentes superiores repousam sobre o sulco central da face oclusal dos molares inferiores. -> Na dentadura decídua, a relação sagital interarcos é definida pela relação de caninos. Na oclusão normal ou na maloclusão Classe I, a ponta de cúspide ou centro da coroa dos caninos superiores oclui na ameia entre o canino e o primeiro molar inferiores decíduos. Quando a ponta de cúspide ou o centro da coroa dos caninos superiores oclui por mesial do ponto de contato entre canino e primeiro molar inferiores, caracteriza-se a maloclusão Classe II. A oclusão do canino superior por distal da ameia em que ele deveria ocluir define a maloclusão Classe III. -> A ausência ou presença de diastemas não definem normalidade ou anormalidade. A ausência deles apenas infere um pior prognóstico para o alinhamento dos incisivos permanentes na fase de dentadura mista. Na presença de espaçamentos generalizados, a chance de alinhamento espontâneo dos incisivos permanentes na dentadura mista é maior do que em crianças sem espaçamento na dentadura decídua. -> O apinhamento dos incisivos decíduos, presente em 11% das crianças, não caracteriza, isoladamente, a maloclusão, uma vez que não requer intervenção. Portanto, os referenciais interarcos dentários, e não as características intra-arco dentárias, são considerados na definição da oclusão normal na dentadura decídua. -> A relação oclusal correlaciona-se com o padrão facial na maioria dos casos. -> As crianças com relação de caninos Classe I geralmente demonstram um padrão facial que infere proporção entre a maxila e a mandíbula no sentido sagital. -> As características de normalidade da face na criança na fase da dentadura decídua consistem, em uma análise frontal, na presença de selamento labial e na ausência de assimetrias faciais. -> Padrão I, traduzido por suave convexidade facial com adequada projeção malar, ângulo nasolabial harmônico, lábio superior posicionado suavemente à frente do lábio inferior, sulco mentolabial bem delineado e linha mento-pescoço proporcional -> A maloclusão Classe II na dentadura decídua caracteriza-se pela relação caninos ClasseII, com a ponta de cúspide do canino superior ocluindo à frente da ameia distal do canino inferior. A maloclusão Classe II, em regra, está presente na criança com Padrão II que remete à discrepância sagital entre a maxila e a mandíbula e caracteriza-se por um perfil facial moderadamente ou acentuadamente convexo. ● Tanto a relação de caninos quanto o padrão facial tendem a manter-se estáveis ao longo do crescimento facial. Uma vez Classe II/Padrão II na dentadura decídua, provavelmente Classe II/ Padrão II na dentadura permanente -> O Padrão III caracteriza-se por um perfil com convexidade muitas vezes reduzida, associado a deficiência na projeção zigomática, lábio inferior à frente do lábio superior e linha mento-pescoço alongada. -> A maloclusão Classe III na dentadura decídua expressa-se pela relação de caninos Classe III, com a ponta de cúspide do canino superior ocluindo atrás da ameia distal do canino inferior. ● Quase sempre há compatibilidade entre a relação sagital inter-arcos e o padrão facial, e essa regra tem a sua exceção mais frequente no Padrão III. Crianças com Padrão III podem demonstrar uma relação caninos Classe I ou Classe II. -> Portanto, a maloclusão não constitui uma irregularidade exclusiva da dentadura permanente. As irregularidades oclusais e faciais já se expressam desde a dentadura decídua, com uma prevalência expressiva. A oclusão normal é identificada em somente um quarto das crianças na fase de dentadura decídua. -> A frequência de maloclusão no estágio da dentadura decídua equivale a 73,3%. As prevalências de maloclusão Classes I, II e III equivalem a 47,8%, 49,6% e 2,6%, respectivamente, enquanto os padrões I, II e III são evidentes em 63,2%, 33,1% e 3,7% das crianças, nesta ordem. -> A irregularidade oclusal mais comum nesse estágio do desenvolvimento oclusal consiste na mordida aberta anterior(27,9%), na mordida cruzada posterior unilateral (11,6%) e na associação de mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior (6,9%). A mordida aberta anterior consiste na irregularidade oclusal mais frequente na dentadura decídua, abrangendo um pouco mais que um quarto das crianças nessa fase. Mordida cruzada posterior unilateral funcional. Essa irregularidade oclusal apresenta-se, de forma isolada, em uma prevalência de aproximadamente 11% na dentadura decídua. -> A mordida cruzada anterior é observada em 3,5% das crianças, enquanto a mordida cruzada posterior bilateral apresenta frequência de 1,1%. Todas essas maloclusões podem (e devem) ser tratadas a partir dos 5 anos de idade, com exceção da maloclusão Classe II, que recebe interceptação em idades mais avançadas, em regra no período tardio da dentadura mista. A associação da mordida cruzada posterior unilateral com a mordida aberta anterior está presente em aproximadamente 7% das crianças no estágio de dentadura decídua. 7. Características da dentadura decídua análise intrabucal e funcional: 7.1 ANÁLISE TRANSVERSAL: 1. Linha mediana; 2. Apinhamento; 3. Diastemas; 4. Diastemas primatas na maxila; 5. Diastemas primatas na mandíbula. 7.1.2. Linha mediana: -> Na maxila: é uma linha imaginária traçada pela porção posterior da rafe palatina até a região da papila interincisiva; -> Na mandíbula: é uma linha imaginária traçada entre o ponto de inserção do freio lingual seguindo posteriormente pelo ponto de projeção do plano da rafe palatina. -> Relação interarcadas- linha mediana: É a relação existente entre o encontro das duas linhas medianas da maxila e mandíbula, podendo apresentar-se coincidente ou desviada para o lado direito ou esquerdo. 7.1.3. Apinhamento: -> Quando presente na região anterior da dentadura decídua, é um fator indicativo de futura falta de espaço na região nas dentaduras mista e permanente. 7.1.4. Diastemas fisiológicos na dentadura decídua: -> Diastemas primatas na maxila: localizados entre incisivos laterais e caninos -> Diastemas primatas na mandíbula: localizados entre os caninos e primeiros molares. 7.2. RELAÇÃO INTERARCADAS: 1. Arcos de Baume 2. Linha mediana dentária 3. Avaliação transversal de oclusão 4. Análise sagital 4.1. relação entre caninos decíduos 4.2. relação molar ou plano terminal