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1 
 
 
ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS 
PEDIÁTRICAS 
1 
 
 
Sumário 
 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3 
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 4 
O ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO CONTEXTO DO SUS .......... 7 
A EMERGÊNCIA EM PEDIATRIA E AS ESPECIFICIDADES DESSE 
ATENDIMENTO ................................................................................................. 9 
GERÊNCIA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM NA PERSPECTIVA DA 
INTEGRALIDADE NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA ....................................... 11 
DEFININDO AS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS...... 16 
RECONHECIMENTO E PRIMEIRO ATENDIMENTO AO PACIENTE 
GRAVEMENTE ENFERMO ............................................................................. 17 
EDUCAÇÃO PERMANENTE NA ENFERMAGEM ................................ 34 
MELHORES PRÁTICAS DE ATUAÇÃO NO TRABALHO ..................... 35 
O TRABALHO DA ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA NA 
PERSPECTIVA DOS ACOMPANHANTES ...................................................... 36 
A GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE: RECURSOS MATERIAIS E 
ESTRUTURA FÍSICA ....................................................................................... 39 
ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM PEDIATRIA . 43 
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO SEGUNDO PRIORIDADES ................... 45 
SALA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA ...................................... 52 
OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE)
 ......................................................................................................................... 54 
OVACE EM PEDIATRIA: CONDUTA DO ENFERMEIRO ..................... 55 
PARADA CARDIORESPIRATÓRIA....................................................... 60 
SUPORTE DE VIDA EM PEDIATRIA – RCP ........................................ 65 
RCP EM CRIANÇAS (1-8 ANOS) .......................................................... 66 
COMPRESSÃO TORÁCICA EM MAIORES DE 8 ANOS E EM ADULTOS 
TRAUMA .......................................................................................................... 67 
2 
 
 
ABERTURA DE VIAS AÉREAS NO TRAUMA ...................................... 67 
TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO ............................................. 68 
TRAUMATISMO TORÁCICO ................................................................ 70 
CONVULSÃO ........................................................................................ 71 
ABORDAGEM DAS CONVULSÕES NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA 73 
TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA DAS QUEIMADURAS ................... 76 
CHOQUE ............................................................................................... 78 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 89 
 
 
 
 
3 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A cada ano morrem cerca de 12 milhões de crianças, antes de chegar aos 
cinco anos de idade, muitas delas, durante o primeiro ano de vida, sobretudo nos 
países em desenvolvimento. Sete, de cada dez, dessas mortes devem-se a 
infecções respiratórias agudas (principalmente pneumonia), à diarréia, ao 
sarampo, à malária ou desnutrição, e, frequentemente, a uma combinação 
dessas afecções. 
Quando está na fase aguda da doença ou de acidentes, a criança chega 
aos serviços emergenciais com alto risco para a morte, exigindo da equipe de 
assistência o desenvolvimento de suas potencialidades para prover o 
atendimento emergencial. Cabe à equipe de enfermagem a responsabilidade 
pelos cuidados intensivos ao paciente crítico, por meio da avaliação permanente, 
da vigilância, e da realização de procedimentos e técnicas que complementam 
a terapêutica médica. Deve dispor igualmente de protocolos para a assistência 
de enfermagem, garantindo a continuidade de um trabalho integrado com a 
equipe médica, atuando na orientação e no acolhimento dos familiares. 
Nas situações emergenciais, a criança é quase sempre a principal vítima, 
necessitando de uma atenção especial, dadas as peculiaridades biológicas e 
psicológicas e as características próprias desse grupo populacional no país, 
sujeito aos agravos decorrentes das doenças prevalentes na infância, 
necessitando de recursos materiais e humanos especializados para o 
atendimento emergencial. 
Diversos fatores colocam a criança em 
situação de risco. Entre as causas que demandam 
assistência nas unidades de atendimento pediátrico 
estão as doenças respiratórias, os estados 
convulsivos, as intoxicações, os acidentes e 
traumas, provocando, muitas vezes, a parada 
cardiorrespiratória, que constitui a emergência 
médica de maior importância na área pediátrica. Os processos infecciosos, 
parasitários e traumáticos, na maioria das vezes, constituem as principais causas 
5 
 
 
de ingresso a essas unidades. Os profissionais que atuam na unidade de 
emergência devem receber treinamento específico, tanto técnico e científico, 
quanto uma educação continuada voltada para o autoconhecimento, o que exige 
deles domínio de suas próprias emoções e conhecimento de seus limites e de 
suas possibilidades. Por outro lado, a angústia e a ausência de informações aos 
familiares são também fontes de tensão nesse ambiente. 
O atendimento em emergência cardiorrespiratória e em ressuscitação 
cardiopulmonar desenvolve-se, a partir da década de 60 do século passado, por 
meio de programas e procedimentos estandarizados, decorrentes de propostas 
de organizações internacionais para o treinamento em urgências e em medidas 
de técnicas básicas e avançadas. Na década de 80, foi padronizado o 
atendimento pediátrico e neonatal para ressuscitação cardiopulmonar (RCP) 
denominado Suporte Básico de Vida e Suporte Avançado de Vida Pediátrico. 
Esses cursos de treinamento em RCP pediátrica foram introduzidos no Brasil, a 
partir de 1998, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, em convênio com a 
Sociedade Brasileira de Pediatria, priorizando a capacitação do profissional 
médico e, posteriormente, dos profissionais de enfermagem. 
Os serviços de pronto atendimento, sobretudo nos grandes centros 
urbanos, recebem alta demanda de pacientes, e a tendência da equipe é 
trabalhar com rapidez e eficácia para minimizar as situações de risco de vida. 
Diante de uma criança em situação de risco iminente, ocorre, nesses 
profissionais e, sobretudo, na equipe de enfermagem, uma diversidade de 
respostas subjetivas, produto de uma reação intensa a essas experiências e das 
relações que se estabelecem com a criança e sua família, como consequência 
da sensibilidade característica dos seres humanos e, em especial, dos 
profissionais que atuam no serviço pediátrico. 
Está previsto no Códigode Ética dos Profissionais de Enfermagem nas 
responsabilidades e deveres nas relações com a pessoa, família e coletividade, 
“Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de 
enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou 
imprudência. 
6 
 
 
Art. 13 - Avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica, ética 
e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, quando capaz de 
desempenho seguro para si e para outrem. 
Art. 14 - Aprimorar os conhecimentos técnicos, científicos, éticos e 
culturais, em benefício da pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento 
da profissão”. 
 
 
 
 
7 
 
 
 
O ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO 
CONTEXTO DO SUS 
O objetivo das políticas públicas, enquanto ação é minimizar as 
desigualdades sociais sejam elas raciais, culturais, econômicas, sociais e outras, 
oferecendo a todos um tratamento específico conforme as suas necessidades. 
Em se tratando de políticas públicas, para atender as necessidades das crianças, 
a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, trouxe 
condições favoráveis para criação de programas públicos visando à saúde da 
criança. Em seu artigo 11 é assegurado o atendimento integral à saúde da 
criança e do adolescente, por intermédio do SUS, garantindo o acesso universal 
e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da 
saúde. 
Nas últimas décadas, um dos marcos mais importante e marcante nas 
transformações pelas quais vem passando o sistema de saúde brasileiro ocorreu 
em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, na qual foi determinado 
que a saúde é direito de todos e dever do Estado e cria o SUS. Este só foi 
regulamentado, no entanto, pelas Leis Orgânicas da Saúde nº 8080, de 19 de 
setembro de 1990 e nº 8142, de 28 de dezembro de 1997. A partir daí a saúde 
no Brasil passa por um processo contínuo de mudanças na tentativa de 
consolidar este sistema e criar propostas que atendam a população de maneira 
humanizada e ética. 
A Norma Operacional da Assistência à Saúde/SUS 01/2002 dispõe sobre 
a formação de níveis de complexidade, as responsabilidades financeiras dos 
setores com cada nível e como deve se dar a articulação entre os níveis 
devidamente hierarquizados. Estrutura-se, então, uma rede descentralizada e 
hierárquica em três níveis de atenção: nível primário (postos e centros de saúde), 
considerada a porta de entrada dos usuários da rede de saúde; nível secundário 
(unidades mistas, ambulatórios geral, hospitais locais e regionais); e nível 
terciário (ambulatórios especialistas, hospitais especializados e hospitais de 
especialidades). 
8 
 
 
Visando garantir aos pacientes a integralidade e acesso aos serviços, é 
importante que haja um sistema de comunicação e inter-relação entre os 
diferentes níveis. O sistema de referência e contrarreferência é um mecanismo 
administrativo, em que os serviços estão organizados de forma a possibilitar o 
acesso a todos os serviços existentes no SUS pelas pessoas que procuram as 
unidades básicas de saúde. 
Essas unidades são, portanto, a porta de entrada para o serviço de maior 
complexidade, caso haja necessidade do usuário. Asssim, as unidades de maior 
complexidade são chamadas de unidades de referência. O usuário atendido na 
unidade básica, quando necessário, é referenciado (encaminhado) para unidade 
de maior complexidade a fim de receber o atendimento de que necessita; quando 
finalizado o atendimento dessa necessidade especializada, ele deve ser 
contrarreferenciado, ou seja, o profissional deve encaminhar o usuário para a 
unidade de origem para que a continuidade do atendimento seja feita. 
A Política Nacional de Atenção às Urgências preconiza a integração entre 
a rede básica de saúde local, permitindo que o usuário tenha acesso aos 
serviços de saúde nos diversos níveis de complexidade. Deixa claro que as 
equipes de atenção às urgências vinculadas ao SUS devem estar em constante 
aperfeiçoamento para atender os usuários de acordo com os princípios da 
integralidade e humanização. Assim sendo, serviços de emergência devem estar 
organizados para atender às crianças e suas famílias, independentemente da 
situação de saúde, e encaminhá-los após o atendimento para os serviços de 
saúde de acordo com as suas necessidades. A Portaria nº 3.390, de 27 de 
dezembro de 2013, que institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar 
(PNHOSP) no âmbito do SUS, estabeleceu as diretrizes para organização do 
componente hospitalar da Rede da Atenção à Saúde (RAS), cuja finalidade é 
promover o aprimoramento dos processos assistenciais e gerenciais na atenção 
hospitalar, mediante planejamento cooperativo e solidário entre as esferas 
governamentais, com vistas à qualificação e resolutividade da atenção. 
Em seu Capitulo I, Artigo 4º, a PNHOSP define que os hospitais que 
prestam ações e serviços no âmbito do SUS constituem-se como um ponto ou 
conjunto de pontos de atenção, cuja missão e perfil assistencial devem ser 
definidos conforme o perfil demográfico e epidemiológico da população e de 
9 
 
 
acordo com o desenho da RAS locorregional, vinculados a uma população de 
referência com base territorial definida, com acesso regulado e atendimento por 
demanda referenciada e ou espontânea. No parágrafo 2º, por sua vez, fica 
definido que os hospitais se constituem, além da assistência, em espaços de 
educação, formação de recursos humanos, pesquisa e avaliação de tecnologias 
em saúde para a RAS. 
 
A EMERGÊNCIA EM PEDIATRIA E AS 
ESPECIFICIDADES DESSE ATENDIMENTO 
 
Com a grande demanda de pacientes na qual o serviço de emergência 
tem se deparado, o papel do profissional de enfermagem, junto com a sua 
equipe, é o de prestar uma assistência rápida e resolutiva para minimizar as 
situações de risco de vida. A especificidade dos pacientes pediátricos encontra-
se, principalmente, na maior dificuldade em verbalizar suas angústias e 
sofrimentos durante sua internação, requerendo que o profissional de 
enfermagem compreenda e acolha não apenas a criança doente como também 
sua subjetividade em se expressar. 
A criança e sua família, quando procuram pelo serviço de emergência, 
necessitam de uma atenção especial em razão das suas características 
psicobiológicas próprias desse grupo populacional que, em muitos casos, estão 
sujeitos aos agravos decorrentes das doenças que se manifestam na infância. 
Esse tipo de atendimento exige recursos materiais e humanos especializados e 
preparados para que a situação de 
saúde da criança não se agrave. 
Muitos são os fatores que 
colocam a criança em risco. Entre as 
causas que necessitam da assistência 
nas unidades de atendimento de EP 
estão as doenças respiratórias, as 
intoxicações, os estados convulsivos e 
10 
 
 
os acidentes e traumas, que provocam, muitas vezes, a parada 
cardiorrespiratória, que é a emergência de maior importância na pediatria. 
O atendimento por livre demanda ainda é muito frequente, principalmente 
nos serviços vinculados ao SUS, onde são também frequentados por crianças 
com doenças mais simples, e as famílias os utilizam como porta de entrada do 
sistema, provocando elevada procura pelo serviço e interferindo no atendimento 
aos pacientes agudos. 
Na assistência pediátrica, que envolve média e alta complexidade, como 
também a cronicidade e gravidade dos casos, os profissionais devem considerar 
a incorporação constante de novos conhecimentos sobre doenças raras, sobre 
limitações do desenvolvimento e maturação dos pacientes, e o uso de 
tecnologias de ponta. Além disso, é importante a valorização do saber do 
paciente pediátrico sobre o seu processo de adoecimento, sobre as relações 
vivenciadas durante a sua internação e sobre o seu direito de expressão, 
fornecendo subsídios para que o profissional de saúde possa refletir e repensar 
acerca de suas práticas comvistas a uma assistência integral e acolhedora. 
Neste movimento de reflexão, cabe destacar que nas emergências 
pediátricas, o foco da atenção é prioritariamente, mas não exclusivamente, a 
criança, pois esta tem direito a um acompanhante, que também deve ser alvo da 
assistência. Assim, o processo de trabalho da equipe de enfermagem deve estar 
centrado na prática assistencial, educativa e na administração do serviço de 
saúde, bem como na necessidade de cuidar das crianças em situação de 
emergência e seus acompanhantes. 
Neste contexto, o processo de trabalho em saúde se dá no momento do 
encontro profissional-usuário sendo, portanto, um trabalho vivo em ato. Isto é, 
trata-se do encontro entre os acompanhantes e as crianças atendidas na EP com 
os profissionais de saúde. Além disso, o processo de trabalho em saúde envolve 
a configuração de uma complexa rede com os elementos relativos aos sujeitos 
(necessidades, desejos, interesses), às redes sociais (modo de produção, 
mecanismos de modelação ideológica) e à própria gestão dos serviços de saúde 
(políticas públicas, financiamentos, estratégias de gestão). 
11 
 
 
Portanto, destaca-se que as ações de enfermagem não estão restritas a 
procedimentos técnicos, há grande valorização do cuidado humanizado prestado 
à criança hospitalizada e ao seu familiar cuidador. Neste momento, podemos 
inferir que o enfermeiro como líder da equipe defronta-se com vários desafios 
para o gerenciamento do cuidado no serviço de emergência; portanto, além de 
conhecimento técnico e cientifico, deve ter habilidade para organizar o trabalho, 
adequando-o às condições de atendimento disponíveis à quantidade e gravidade 
do quadro clinico dos pacientes que procuram este serviço. 
 
 
GERÊNCIA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM NA 
PERSPECTIVA DA INTEGRALIDADE NA EMERGÊNCIA 
PEDIÁTRICA 
 
O hospital moderno é uma organização complexa que incorpora o avanço 
constante de conhecimentos e tecnologia, no qual diferentes profissionais 
ligados à área de saúde exercem suas atividades. Entre eles, o enfermeiro é um 
dos responsáveis pela assistência prestada ao cliente e desempenha funções 
administrativas e assistenciais com vistas à realização do cuidado. Para a 
realização destas funções, o enfermeiro adapta constantemente o seu processo 
de trabalho, ao mesmo tempo em que tem o usuário como eixo central de suas 
ações. A tomada de decisão permeia o processo de trabalho do enfermeiro 
cotidianamente e é considerada a função que caracteriza o desempenho da 
gerência. 
Gerência é a arte de pensar, de decidir e de agir. É a arte de fazer 
acontecer, de obter resultados que podem ser definidos, previstos, analisados e 
avaliados, mas que tem que ser alcançados pelas pessoas em uma interação 
humana constante. A gerência constitui um importante instrumento para a 
efetivação de políticas, incorporando um caráter articulador e integrativo, ou seja, 
a ação gerencial é determinada e determinante do processo de organização de 
12 
 
 
saúde e fundamental na efetivação de políticas sociais e, em específico, as da 
saúde. 
Consideramos, então, que a gerência é a maneira de utilizar diversos 
recursos organizacionais, quais sejam: humano, materiais, financeiros, de 
informação e tecnologia, para alcançar objetivos e atingir elevado desempenho. 
É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos 
organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e 
eficaz. O planejamento é a primeira função administrativa, porque sem 
planejamento não se pratica gerência. O planejamento se inicia à medida que se 
determinam objetivos a serem alcançados, se definem estratégias e políticas de 
ação e se detalham planos para conseguir alcançar os objetivos. 
Desta forma, é estabelecida uma sequência de decisões que incluem a 
revisão dos objetivos propostos, alimentando um novo ciclo de planificação. 
Logo, o princípio básico para uma boa gestão é o planejamento, já que é 
a partir dele que se norteia todo o processo gerencial e dá suporte para a tomada 
de decisão para implementar atividades. 
Quando o planejamento é bem feito, o trabalho é realizado com qualidade, 
com o melhor uso dos recursos humanos e materiais e há, também, um melhor 
controle de custos. 
Outra função gerencial é a organização, que significa “estabelecer a 
estrutura para executar os planos, 
determinando o tratamento mais adequado a 
ser dado ao paciente e agrupar as atividades 
para atingir as metas da unidade. Incluem, 
também, o trabalho dentro da estrutura da 
organização, a compreensão e utilização do 
poder e da autoridade. A direção, enquanto 
uma das funções gerenciais, implica em 
várias atividades relacionadas com o recurso 
humano e por isso é através dela que são 
tomadas decisões, emitidas as ordens, 
13 
 
 
orientações e supervisão do esforço dos subordinados, no sentido de alcançar 
os objetivos definidos no planejamento . 
O controle é a função administrativa, que tem a ver com o planejado e o 
realizado, ou seja, com o desejado e o obtido, com o orçado e o efetivado. Dessa 
forma, o controle fecha o ciclo aberto pelo planejamento. A essência do controle 
reside na verificação se a atividade controlada está ou não alcançando os 
resultados desejados. Parte-se do princípio de que estes resultados foram 
previstos e precisam ser controlados. A ssim, o controle pressupõe a existência 
de objetivos e de planos, pois não se pode controlar sem planos que definam o 
que deve ser feito. 
O enfermeiro no seu dia a dia realiza junto a sua equipe funções de 
planejamento, organização, direção e controle. A execução de cada uma dessas 
funções ocorre em maior ou menor frequência, mas todas estão presentes. 
A gerência em enfermagem é uma atividade que facilita a integração entre 
a equipe de saúde a fim de tornar possível o processo de cuidar, seja ele 
individual ou coletivo. Para o exercício da gerência requerido por este estudo, 
buscou-se base teórica dentro da ciência da administração e usou-se as funções 
administrativas para o processo de trabalho da gerência em enfermagem. 
Nessa perspectiva, o planejamento como um instrumento do processo de 
trabalho gerencial pode ser definido como a arte de fazer escolhas e de elaborar 
planos para favorecer um processo de mudança. Compreende, assim, um 
conjunto de conhecimentos práticos e teóricos ordenados de modo a possibilitar 
a interação com a realidade, programar as estratégias e as ações necessárias 
para alcançar os objetivos e metas desejadas e pré-estabelecidas. 
As transformações ocorridas nos setores político, econômico, social e 
cultural da sociedade, bem como o surgimento de novas tecnologias, têm levado 
as organizações hospitalares a buscarem novas concepções gerenciais, a fim 
de se tornarem mais eficientes e eficazes no atendimento das doenças e seus 
clientes. O gerenciamento em enfermagem pode ser historicamente 
contextualizado a partir da segunda metade do século XX. Desde este período, 
o trabalho da enfermagem é organizado de modo que o saber administrativo e a 
14 
 
 
prática propriamente dita são dissociados, ou seja, separe-se a organização e a 
execução do cuidado. 
A partir deste ponto é possível distinguir o processo de cuidar do processo 
de gerenciar: o primeiro expressa a execução dos cuidados de enfermagem para 
a obtenção do atendimento integral com vistas às necessidades de saúde da 
população, o segundo tem como objetivo a organização do trabalho e os 
recursos humanos necessários à efetivação de tal cuidado. 
Analisando o cuidado como cerne do processo do trabalho de 
enfermagem, compreende-se que o gerenciamento pressupõe a qualidade do 
mesmo, e que, portanto, a cisão entre as dimensões assistencial e gerencial 
compromete o alcance do cuidado, acarretando conflitos no trabalho deste 
profissional com sua prática, na relação com a equipe de enfermageme com a 
equipe multiprofissional. Conceitualmente, a gerência do cuidado envolve uma 
relação dialética entre o saber fazer gerenciar e o saber fazer cuidar, o que 
possibilita, assim, uma interface entre eles na prática profissional. 
Caracteriza-se por ações expressivas e instrumentais de cuidado direto e 
indireto, além de articulação e interface dos aspectos técnicos, políticos, social, 
comunitário, de desenvolvimento da cidadania e organizacionais, que envolvem 
a práxis do enfermeiro em cenário hospitalar, nos diferentes níveis hierárquicos 
e em quaisquer instituições de saúde. As ações da gerência do cuidado de 
enfermagem estão relacionadas às ações do cuidado direto e àquelas do 
cuidado indireto, de caráter instrumental, caracterizadas por ações que 
requerem habilidades técnicas e gerenciais. 
Elas têm o intuito de planejar o ambiente terapêutico, inclusive 
equipamentos e materiais necessários, possuindo caráter expressivo, que 
englobam aspectos subjetivos, além de influenciar e serem influenciadas pelos 
aspectos objetivos que envolvem a Sistematização da Assistência de 
Enfermagem (SAE) e a organização do trabalho da equipe de enfermagem. 
Ambas são ações realizadas pelo enfermeiro, de forma integrada e articulada, 
com o objetivo de oferecer um cuidado sistematizado de qualidade aos usuários 
do serviço em saúde. 
15 
 
 
As várias funções desempenhadas pelo enfermeiro – cuidar, educar, 
coordenar, colaborar e supervisionar – devem ser desenvolvidas de maneira 
integrada e, portanto, indissolúvel uma das outras. Tendo em vista um 
atendimento integral a coordenação do cuidado, é um dos papeis mais 
importantes em um ambiente hospitalar, visto que, entre suas atribuições, o 
enfermeiro possibilita a integração entre os serviços e outros profissionais da 
equipe multiprofissional. 
As atividades gerenciais do enfermeiro devem ter como finalidade o 
alcance de um cuidado de qualidade, visto ser este o traço principal do processo 
de trabalho da enfermagem. Dessa forma, na medida em que o gerenciamento 
de enfermagem está articulado com a prática do cuidado, ambos voltados para 
o atendimento das necessidades de saúde, ele pode contribuir com o cuidado 
integral e com o alcance da integralidade da atenção. Neste movimento de 
reflexão, o trabalho gerencial do enfermeiro tem potencial para redefinir o modelo 
de atenção, pois permite a produção do cuidado, por meio de ações que visam 
à intervenção em saúde, incidindo exatamente no momento operacional. 
Para tanto, o enfermeiro deve amparar o seu processo de trabalho 
utilizando tecnologias gerenciais, a fim de tornar-se um agente de mudança da 
realidade dos serviços de enfermagem das instituições de saúde, de forma que 
o cuidado gerenciado nas instituições seja capaz de extrapolar o tecnicismo, 
incorporando conhecimentos e atitudes de maneira racional e sensível. 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
DEFININDO AS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIAS 
PEDIÁTRICAS 
 
Concordando com Santos et al “[...] a situação de emergência é 
geralmente assustadora, ela necessita das mais rápidas e melhores formas de 
pensar e agir, pois a palavra emergência são eventos inesperados e que pedem 
atendimento imediato no qual devemos enfrentá-los e fazer a coisa certa com 
rapidez e eficiência”. 
As situações de emergência na infância são traumáticas, tanto para a 
criança quanto para os pais e familiares, pelo risco iminente de morte e devido à 
necessidade de intervenção imediata pela equipe de saúde, onde por vezes 
estão focados no atendimento deixando os familiares de lado e sem notícias do 
quadro do paciente até a estabilização do mesmo. 
Para conseguir atender com seriedade, comprometimento, ética e 
habilidade é importante que os profissionais possuam conhecimento atualizado 
acerca das condutas a serem tomadas no momento da emergência para 
assegurar uma assistência livre de danos, bem como negligencia, imprudência 
ou imperícia. 
 
 
17 
 
 
RECONHECIMENTO E PRIMEIRO ATENDIMENTO 
AO PACIENTE GRAVEMENTE ENFERMO 
 
O reconhecimento dos sinais e sintomas que demonstram gravidade nos 
pacientes da faixa etária pediátrica e adolescente é de suma importância no 
prognóstico. O atendimento precoce pode evitar a evolução para uma parada 
cardiorrespiratória (PCR), choque, insuficiência respiratória ou piora do quadro 
clínico vigente. Os gastos públicos com o tratamento diminuem, assim como a 
possibilidade de complicações e de sequelas. 
A educação da comunidade é fundamental para a aquisição de uma 
postura coerente frente ao paciente doente, facilitando o contato com o 
profissional de saúde e melhorando as condições de atendimento. Esse 
processo pode ocorrer através de palestras, divulgação de cartazes e cartilhas, 
contato com agentes de saúde e com os Centros de Saúde através do 
“acolhimento”, inclusão de disciplinas educativas para a saúde nas escolas. A 
comunidade em geral deveria receber orientações quanto ao suporte básico de 
vida (atendimento à parada cardiopulmonar, desobstrução de vias aéreas 
superiores), primeira abordagem em eventos súbitos (crises convulsivas, 
afogamento, traumas, intoxicações, etc.), assim como orientações para 
prevenção de acidentes e intoxicações, uso de drogas ilícitas e identificação de 
abusos sexuais, maus-tratos na infância e adolescência. A disponibilização e 
treinamento para o uso de aparelhos de desfibrilação automática externa (DAE) 
em locais turísticos ou de fluxo aumentado de pessoas (grandes empresas, 
shoppings, centros comerciais ou de lazer) poderia levar a um impacto positivo 
na sobrevivência e diminuição de sequelas. 
O treinamento do profissional de saúde para o reconhecimento dos sinais 
e sintomas de gravidade é prioritário. Muitas vezes a demanda para o 
atendimento é grande e pequenos detalhes podem passar despercebidos. A 
segurança para tomar a decisão certa diante de um paciente grave é obtida com 
a experiência profissional. A discussão de casos clínicos simulados ou que já 
ocorreram nas equipes ou centros de saúde pode contribuir para o crescimento 
profissional. 
18 
 
 
A organização da rede de atendimento e de referência, do transporte 
adequado aos locais de encaminhamento determina a melhora da abordagem. 
O contato e a disponibilidade de um serviço de suporte avançado de vida 
(hospitais, centros de terapia intensiva) propiciam uma melhor evolução para o 
paciente. 
A participação da comunidade, do profissional de saúde e a organização 
dos serviços de saúde constituem o que é chamado elo de sobrevivência na 
cadeia de atendimento aos pacientes. 
 
SINAIS E SINTOMAS DE GRAVIDADE 
 
Vários sinais e sintomas podem estar presentes, mas, algumas vezes, o 
evento pode ser súbito. Os pacientes podem apresentar sinais de choque, de 
insuficiência respiratória ou de piora de um quadro clínico preestabelecido. 
A observação e a atenção dos profissionais de saúde e dos pais ou 
cuidadores da criança permitem a percepção de que “algo está errado”. A 
informação adequada durante a anamnese e o exame minucioso é que 
permitirão o diagnóstico precoce. A partir daí uma atenção diferenciada deve ser 
dada a esse paciente. 
As medidas iniciais a serem tomadas dependerão do quadro clínico, mas 
uma folha de PCR (TABELA 1) deve ser preenchida, a estabilização do paciente 
deve ser mantida (através de suporte básico e, se necessário, avançado). 
O exame deve ser sequencial e frequente, adotando-se a avaliação pelo 
“ABC” (TABELA 2). 
Os dados devem ser anotados em prontuário médico. 
 
19 
 
 
 
 
20 
 
 
 
Os sinais e sintomas de alerta na criança e no adolescente devem ser 
avaliados (TABELA 3), assim como nos neonatos (TABELA 4) e nos lactentes 
(TABELA 5). Devemos estar atentos aos diagnósticos diferenciais nos lactentes 
de aparência séptica (TABELA 6). A medida da pressão arterial deve ser 
avaliada, estando atentos para se mantera PA sistólica acima do percentil 5 
(TABELA 7). 
 
21 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
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CONDUTA 
 
25 
 
 
Uma história sucinta com dados relevantes à história da doença atual 
deve ser colhida rapidamente. É também importante saber se o paciente é 
portador de doença crônica, se está usando medicamento contínuo ou fazendo 
algum tratamento médico. Após estabilização, uma história detalhada deve ser 
colhida. 
Dependendo de uma avaliação sumária do “ABC“, as medidas de suporte 
de vida, se necessárias, devem ser tomadas (TABELA 8). As medidas 
terapêuticas específicas devem ser instituídas de acordo com a doença 
determinante. A oxigenoterapia deve ser iniciada nos pacientes gravemente 
enfermos até que o quadro clínico seja esclarecido e a monitorização da 
saturimetria, se possível, seja instituída. Devem ser avaliadas: necessidade de 
intubação traqueal e de ventilação mecânica; a monitorização da freqüência 
cardíaca, da PaCO2, da pressão venosa central. 
 
 
Exames complementares devem ser solicitados dependendo do quadro 
clínico do paciente. Em quadros infecciosos: hemograma completo, PCR, 
culturas, sorologias específicas, urina rotina, radiografias, liquor, ultra-
sonografia, tomografias. Em caso de alteração renal: uréia, creatinina, 
26 
 
 
ionograma. Se insuficiência respiratória: gasometria arterial, radiografia de tórax. 
A gasometria arterial pode auxiliar no diagnóstico e classificação da gravidade 
do quadro (TABELA 9). 
Caso o paciente esteja desidratado gravemente, ele deve ser reidratado 
antes da coleta da gasometria arterial, do hemograma e do ionograma. Outros 
exames que podem ser necessários: dosagem de sódio urinário, prova de função 
hepática, coagulograma, estudos hemodinâmicos, ecocardiograma, dosagem de 
tóxicos, uréia e creatinina. Algumas medidas adicionais podem estar indicadas: 
medida da diurese (pesagem da fralda, coletor urinário, sonda uretral), cálculo 
de anions gap, monitorização da pressão intracraniana. 
Contatos, se necessário, com os serviços de transporte e de atendimento 
para suporte avançado de vida ou internação em enfermaria devem ser 
mantidos. O paciente tem que ser estabilizado para o transporte. Os familiares 
ou responsáveis devem ser comunicados sobre a gravidade do caso. O 
acompanhamento médico é obrigatório e regulamentado por lei do Conselho 
Federal de Medicina. 
 
SITUAÇÕES ESPECIAIS 
 
Descreveremos algumas situações que são comuns nos pacientes 
gravemente enfermos: desequilíbrio ácido-básico e hidroeletrolítico, insuficiência 
renal aguda, norteando os cuidados iniciais a serem tomados. 
27 
 
 
 
CORREÇÃO DE DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS E HIDROELETROLÍTICOS 
GRAVES 
 
O choque hipovolêmico é discutido no capítulo específico e pode ser 
secundário à desidratação grave. 
Os distúrbios eletrolíticos devem ser tratados com urgência naqueles 
casos que coloquem o paciente em risco. Vamos abordar os distúrbios do sódio 
e do potássio por serem os mais comuns e os que levam a repercussões clínicas 
mais graves. 
Sempre devemos ter em mente que a faixa de normalidade dos íons varia 
muito dependendo da faixa etária; portanto, devemos consultar tabelas com 
esses valores para não abordarmos o paciente de forma inadequada. O estado 
clínico do paciente, se está hidratado ou não, em anasarca ou não, e a diurese, 
assim como a função renal e adrenal, também devem ser considerados. A 
anamnese, assim como uso de medicamentos, é fundamental para tentarmos 
estabelecer a causa e detectar doenças crônicas prévias. Descreveremos abaixo 
os principais sinais clínicos e o tratamento que deve ser instituído de urgência. 
 
HIPERPOTASSEMIA 
É definida como K+ sérico acima de 5,5 mEq/L na criança maior e superior 
a 6 mEq/L nos RN. 
É importante tentarmos detectar a causa (diminuição da capacidade renal 
de excreção de K+, aumento exógeno ou endógeno, pseudo- hipercalemia), 
pedir outros exames afins (uréia, creatinina, urina rotina, K+ e Na+ urinários). É 
indispensável a realização do ECG. As alterações ao ECG mais comuns são: 
onda T em tenda, diminuição da amplitude da onda P, alargamento do QRS e da 
onda T (podendo se fundir, gerando uma onda em “sino”). As arritmias que 
podem ocorrer são: bloqueio AV total, taquicardia ventricular, flutter e parada 
cardíaca por fibrilação ou assistolia. O paciente pode apresentar sintomas 
28 
 
 
neuromusculares, como fraqueza muscular, parestesias, paralisia flácida 
ascendente. 
A abordagem terapêutica pode ser feita por meio de uma das seguintes 
formas: 
(1) Gluconato de cálcio 10%: 0,5 a 1 ml/Kg, administrado de forma lenta 
(10 a 15 minutos), podendo ser repetido após cinco a dez minutos. O paciente 
deve ser monitorizado através de monitor cardíaco e ausculta cardíaca. O efeito 
é imediato e dura 30 a 60 minutos. 
(2) Glicose: 0,5 a 1 g/Kg EV em 15 a 30 minutos, ou solução polarizante, 
ou seja, glicose mais insulina (1 unidade de insulina para cada 3 g de glicose). 
O efeito inicial ocorre entre cinco e dez minutos e dura de quatro a seis horas. 
(3) Bicarbonato de sódio a 8,4%: 1 a 2 mEq/Kg, diluído 1:1, administrado 
EV em 5-10 minutos. O efeito inicial ocorre entre cinco e dez minutos e pode ter 
duração de duas horas. Pode-se repetir a infusão. 
(4) Agonistas ß2 adrenérgicos podem ser utilizados por via inalatória ou 
EV, nas mesmas doses para a crise asmática (vide capítulo específico), mas 
podem levar a arritmias cardíacas e produzir efeitos mal controlados sobre a 
concentração de K+. 
(5) Diurético de alça: furosemida na dose de 0,5-2 mg/Kg/dose, se função 
renal preservada, ou se ainda houver resposta diurética. 
(6) Uso de resinas de troca de K+, como o “Sorcal“, na dose de 0,5-1,0 g/ 
Kg/dose, em três a seis doses diárias, por via oral ou enema. 
(7) Diálise peritoneal ou hemodiálise: dependendo da evolução do 
paciente ou falta de resposta terapêutica. 
 
HIPOPOTASSEMIA 
É definida quando o potássio sérico está abaixo de 3,5 mEq/L. As 
principais manisfestações clínicas são: neuromusculares (fraqueza, 
rabdomiólise, paralisias), alterações do ECG (depressão do segmento ST, 
29 
 
 
depressão da onda T, presença de onda U), alterações cardíacas (necrose do 
miocárdio, ICC, contrações atriais ou ventriculares prematuras, aumento da 
resposta às catecolaminas), renais (aumento da produção de amônia e 
reabsorção de bicarbonato, redução do ritmo de filtração glomerular, proteinúria), 
metabólicas (distúrbios na secreção de insulina, balanço nitrogenado negativo), 
gastrointestinais (náuseas, vômitos, íleo paralítico, dor abdominal, hiporexia). 
O tratamento dependerá do nível sérico. 
Na forma leve (3 a 3,5 mEq/ L), deve-se aumentar a ingestão oral ou no 
soro, caso o paciente esteja com a via oral suspensa. 
Na forma moderada (2,5 – 3 mEq/L), pode-se administrar por via oral o 
xarope de KCl a 6% (0,8 mEq de K+ em 1 mL) ou a ampola de KCl (1,34 mEq 
em 1 mL) na dose de 2-4 mEq/Kg/dia. 
Na forma grave (< 2,5 mEq/L) a correção deve ser EV na dose de 0,2 -
0,6 mEq/Kg/h, em quatro a seis horas, com reavaliações da dosagem sérica. Em 
veias periféricas, a concentração do K+ no soro deve ser de, no máximo, 60-70 
mEq/L; no caso de acesso venoso central pode-se chegar até a 80-100 mEq/L, 
preferencialmente diluído em água bidestilada, pois as soluções glicosadas 
podem liberar insulina e propiciar a entrada do K+ para o intracelular, levando a 
uma demora do equilíbrio entre o intra e o extracelular. 
HIPERNATREMIA 
 
A hipernatremia é definida como sódio sérico acima de 150 mEq/L, 
podendo levar ao óbito ou seqüelas neurológicas. O paciente pode estar 
hidratado, desidratado ou hiper-hidratado. As manifestações cardiovasculares 
são pouco expressivas. As causas podem ser por excesso de aporte de sal, 
perdas (insensíveis, renais ou gastrointestinais) ou aporte inadequado deágua. 
O tratamento pode ser realizado da seguinte forma: 
(1) Hipernatremia crônica (com mais de 24 horas de instalação), em 
paciente desidratado: (a) na presença de choque: SF 20 ml/Kg EV em 20 
minutos, reavaliando o paciente seqüencialmente; (b) sem sinais de choque: SF 
+ SGI a 1:1 em velocidade de infusão de 10 ml/ Kg/h, em seis horas. 
30 
 
 
(2) Hipernatremia crônica em paciente normovolêmico: SF + SGI a 1:1, a 
4-6 ml/Kg/h até que o sódio atinja 160 mEq/L. 
Pode-se fazer uma estimativa do volume necessário para essa redução 
com a seguinte fórmula: 
 
Onde: Vf representa a soma do volume inicial (Vi) com o volume 
adicionado (Va). O Vi é obtido multiplicando-se 0,6 x peso em Kg do paciente. O 
Va é o volume de solução a ser adicionado capaz de reduzir o Na+ até 160 
mEq/L. [Na+]i é o sódio do paciente. [Na+]a é o sódio presente na solução a ser 
adicionada, ou seja SF contém 150 mEq/L de Na+ e a solução 1:1 contém 75 
mEq/L de Na+. 
Simplificando-se a fórmula, obtemos: 
 
A correção deve ser lenta, ou seja, em 6 a 24 horas. Se o distúrbio for 
crônico (mais de 24 horas de instalação), deve-se reduzir a [Na+] numa taxa de 
queda inferior a 0,7 mEq/L/h. Se o distúrbio for agudo utiliza-se o uso de 
10ml/Kg/h da solução. 
(3) Se hipernatremia hiperaguda (com menos de 12 horas de instalação) 
sintomática ou sódio sérico acima de 180 mEq/L, recomenda-se administrar SGI 
num volume capaz de reduzir a [Na+] até 170 mEq/L. O volume é calculado a 
partir do déficit de água livre (DAL), pela seguinte fórmula: 
 
Na prática é estabelecido que será necessário 4 mL/Kg de SGI para cada 
1mEq/L de redução na [Na+]. 
31 
 
 
(4) Se houver insuficiência renal associada, avaliar a necessidade de uso 
de método dialítico. 
 
HIPONATREMIA 
 
A hiponatremia é definida como uma redução do sódio abaixo dos níveis 
considerados normais. É importante avaliarmos se está existindo saída de água 
da célula, saída de sódio do compartimento extra para o intracelular, retenção 
de água (como na Síndrome de Secreção Inapropriada de Hormônio 
Antidiurético – SHIAD), perda de sódio (através do rim, trato gastrointestinal ou 
pelo suor). Os principais sintomas e sinais são neurológicos, como edema 
cerebral, convulsões, coma, fraqueza, câimbras, fadiga. 
O tratamento varia conforme o quadro clínico do paciente, o seu estado 
de hidratação, o valor do sódio sérico e a osmolaridade sérica, como visto 
abaixo: 
(1) Paciente hidratado e com sódio sérico acima de 120 mEq/L: restrição 
hídrica (uso de 2/3 do aporte). 
(2) Paciente hidratado e com sódio sérico menor que 120 mEq/L, em 
paciente assintomático: restrição hídrica e uso de diuréticos de alça. 
(3) Paciente sintomático e com sódio sérico menor que 120 mEq/L: 
devemos elevar o sódio sérico até 120-125 mEq/L em uma velocidade de 
aumento de 1 a 2 mEq/L/hora, dependendo da volemia do paciente. 
Se estado de choque, administrar solução fisiológica de 20 mL/Kg a cada 
20 minutos. Se o paciente estiver desidratado, mas sem sinais de choque, 
administrar solução fisiológica em diluição 1:1 com soro glicosado isotônico, a 
10 ml/Kg/h. Se o paciente estiver hipervolêmico ou normovolêmico, administrar 
NaCL a 3%, com concentração de 0,5 mEq/ ml (dilui-se 15ml de NaCl a 20% em 
85 ml de água destilada), até que o sódio atinja 125 mEq/L, por um período médio 
de quatro horas. 
32 
 
 
(4) Paciente sintomático e com distúrbio hiperagudo: a correção pode ser 
mais rápida até que se atinja 120-125 mEq/L numa velocidade de infusão de até 
5 mEq/Kg/h. 
(5) Paciente sintomático, mas com distúrbio crônico (tempo de instalação 
superior a 48 horas): infusão de 0,5 mEq/Kg/h até que se atinja sódio sérico de 
120-125 mEq/L. 
(6) Se insuficiência renal, deve-se avaliar a necessidade de método 
dialítico. 
(7) Se o sódio sérico for maior que 120 e inferior a 130 mEq/L, a correção 
pode ser realizada de forma lenta em 24 a 48 horas. 
Para se fazer o cálculo do volume de solução a ser infundido na correção 
da hiponatremia, pode-se utilizar a seguinte fórmula: 
 
Distúrbios ácido-básicos 
O distúrbio ácido-básico que mais nos preocupa é a acidose metabólica. 
Ela deve ser tratada conforme o resultado da gasometria arterial e pelo cálculo 
do volume de bicarbonato que deve ser administrado, pela seguinte fórmula: 
 
A diluição da solução de bicarbonato de sódio a 8,4% deve ser de 1:4 ou 
1:5 em soro glicosado a 5% ou em água bidestilada (ABD). O tempo de correção 
deve ser dependente da gravidade do caso, em geral em 6 a 24 horas, sendo a 
metade do déficit administrado em duas, quatro ou seis horas. Nova gasometria 
deve ser solicitada para controle. 
Caso o paciente esteja muito grave ou não seja possível a coleta da 
gasometria arterial, pode ser administrado o bicarbonato de forma empírica. A 
dose de 1 mEq/Kg em diluição 1:1 pode ser indicada a pacientes em parada 
cardiopulmonar prolongada ou em choque de difícil resposta a volume e agentes 
inotrópicos. 
33 
 
 
 
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 
Definimos insuficiência renal aguda (IRA) como o quadro de diminuição 
abrupta da filtração glomerular, com acúmulo dos produtos de degradação 
metabólica e desenvolvimento de azotemia. A oligúria pode estar presente, e 
mais raramente a anúria. Em 30% a 80% dos casos, o volume urinário mantém-
se dentro dos limites normais. Considera-se oligúria quando o volume urinário é 
inferior a 300 ml/m2/dia (aproximadamente 1,0 ml/Kg/h em RN e lactentes, e 0,5 
ml/Kg/h em crianças maiores). A IRA pode ser definida em oligúrica e não-
oligúrica. A IRA não-oligúrica é encontrada em pacientes com necrose tubular 
aguda. A anúria é um sinal de mau prognóstico, juntamente com a presença de 
leucocitose, plaquetopenia, distúrbios neurológicos ou respiratórios e 
necessidade de diálise. O acompanhamento evolutivo da diurese e dos níveis de 
escórias é fator importante na definição da conduta e do prognóstico. A creatinina 
sérica tem ampla variação dependendo da faixa etária e, em RN, da idade 
gestacional e dos dias pós-nascimento. 
A IRA pode ser classificada em pré-renal (depleção volumétrica e 
disfunção cardíaca), renal (doenças congênitas ou adquiridas) e pós-renal 
(doenças congênitas ou adquiridas). 
Para a abordagem diagnóstica é importante avaliarmos a causa de base, 
mas, em geral, solicita-se a dosagem de uréia e creatinina séricas, ionograma, 
hemograma completo, coagulograma, urina rotina. Pode-se fazer o cálculo da 
fração excretada de sódio, relação entre sódio urinário e a razão entre creatinina 
urinária e sérica. Dependendo da etiologia poderemos solicitar urocultura, ultra-
sonografia renal. A biópsia renal está indicada naqueles casos como a IRA de 
etiologia não identificada, de duração superior a três semanas e induzida por 
drogas. 
A abordagem terapêutica em geral é: 
(1) Prevenção de novas agressões renais. 
(2) Reposição de perdas líquidas e sangüíneas. 
(3) Correção de distúrbios metabólicos e ácido-básicos. 
34 
 
 
(4) Adequação da nutrição e dos níveis de fosfato e potássio 
administrados. 
(5) Reajuste de medicamentos e retirada de agentes nefrotóxicos. 
(6) Controle hidroeletrolítico com restrição hídrica nos pacientes 
hipervolêmicos ou naqueles que persistem em oligúria ou anúria, sem resposta 
adequada ao uso de diuréticos (furosemida 1-2 mEq/Kg/ dose, inicialmente). 
Deve-se manter um aporte hídrico de 300 ml/ m2 /dia (30 ml/Kg/dia no RN), 
acrescido das perdas mensuráveis. 
(7) Controle da pressão arterial. 
(8) Avaliação da necessidade do uso de diálise peritoneal ou hemodiálise. 
A diálise está indicada nos casos de: 
(1) hiperpotassemia grave e refratária ao tratamento clínico; 
(2) sobrecarga hídrica levando a edema agudo de pulmão, ICC, 
hipertensão arterial; 
(3) acidose grave e persistente (bicarbonato < 12 mEq/L e pH < 7,2); 
(4) complicações da uremia (Uréia > 150-200 mg/ dl); 
(5) hipocalcemiasintomática com fosfato sérico aumentado. 
 
EDUCAÇÃO PERMANENTE NA ENFERMAGEM 
 
De acordo com Ministério da Saúde “A Educação Permanente é 
aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao 
cotidiano das organizações e ao trabalho. Propõe que os processos de educação 
dos trabalhadores da saúde se façam a partir da problematização do processo 
de trabalho, e considera que as necessidades de formação e desenvolvimento 
dos trabalhadores sejam pautadas pelas necessidades de saúde das pessoas e 
populações. Os processos de educação permanente em saúde têm como 
35 
 
 
objetivos a transformação das práticas profissionais e da própria organização do 
trabalho”. 
A enfermagem pela sua essência e formação está vinculada a educação. 
De alguma maneira sempre está orientando um paciente quanto aos cuidados 
ao utilizar suas medicações, bem como aos familiares a cuidarem em casa de 
dispositivos instalados no o que constata que educação e a enfermagem são 
indissociáveis. 
A educação permanente pode direcionar para a melhoria da assistência 
de enfermagem, promovendo a satisfação profissional e melhorando as 
condições no trabalho. 
 
 
MELHORES PRÁTICAS DE ATUAÇÃO NO TRABALHO 
 
Cada profissional é responsável pelo trabalho que desenvolve de acordo 
com os recursos materiais e/ou humanos oferecidos pela instituição onde atua. 
Nesta ótica, pressupõe que para que o profissional, preste uma 
assistência dentro dos preceitos éticos da profissão e com qualidade, necessita 
ser treinado/qualificado/aprimorado melhorando assim suas práticas de atuação. 
“Todo investimento em treinamento e qualificação de pessoal, quando 
bem planejado e desenvolvido, é capaz de produzir mudanças positivas no 
desempenho das pessoas”. 
36 
 
 
Para alcançar as melhores práticas se faz necessário “considerar o 
trabalhador de saúde um ser cognoscente, corresponsável pelo suprimento de 
suas necessidades e pelo estabelecimento relações entre os membros da 
equipe, fortalece a noção de que este sujeito lida com o conhecimento, aprende, 
troca, elabora, reelabora, transforma o conhecimento explícito em tácito e o tácito 
em explícito. Como membro de uma organização, é capaz de articular 
conhecimento e, nesse vai e vem das relações, melhorar as práticas de saúde e 
de cuidado.” 
 
O TRABALHO DA ENFERMAGEM EM 
EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA NA PERSPECTIVA DOS 
ACOMPANHANTES 
 
Nas ultimas décadas, as emergências hospitalares públicas pediátricas 
viveram períodos de superlotação, pois a demanda era maior que a oferta de 
serviço. Isso aconteceu, pois nestes locais eram atendidas situações que não 
configuram emergência em saúde e poderiam ter sido resolvidas em locais de 
menor complexidade, como a atenção básica. A elevada proporção de crianças 
com problemas de saúde passíveis de serem solucionados no nível primário de 
atenção e que enchem os hospitais trazem repercussões ao processo de 
trabalho da equipe de enfermagem. 
Nas emergências pediátricas, o foco da atenção é prioritariamente, mas 
não exclusivamente a criança, pois esta tem direito a um acompanhante, que 
também deve ser alvo da assistência. Nestes locais, o processo de trabalho da 
equipe de enfermagem deve estar centrado na prática assistencial, educativa e 
na administração do serviço de saúde, bem como, na necessidade de cuidar das 
crianças em situação de emergência e seus acompanhantes. 
Neste sentido, o processo de trabalho em saúde se dá no momento do 
encontro profissional-usuário sendo, portanto, um trabalho vivo em ato. Isto é, 
trata-se do encontro entre os acompanhantes e as crianças atendidas na 
emergência pediátrica hospitalar com os profissionais de saúde. Além disso, o 
37 
 
 
processo de trabalho em saúde envolve a configuração de uma complexa rede 
com os elementos relativos aos sujeitos (necessidades, desejos, interesses), às 
redes sociais (modo de produção, mecanismos de modelação ideológica) e à 
própria gestão dos serviços de saúde (políticas públicas, financiamento, 
estratégias de gestão). 
Cuidar da clientela pediátrica requer do profissional, o cuidado técnico e 
o cuidado subjetivo que envolve a singularidade, a individualidade e a forma 
como a criança expressa seus sentimentos e emoções. Assim, quando a mesma 
se encontra em situação de risco de morte, em uma unidade de emergência, é 
necessário um plano de cuidado de enfermagem, que contemple os cuidados 
necessários e indispensáveis para manutenção da vida, bem como promover 
atenção ao seu acompanhante. 
A ausência de relação humanizada entre profissionais assistencialistas, 
especificamente o enfermeiro, no tocante à criança e o acompanhante pode 
alterar o processo de trabalho da equipe de enfermagem de maneira a trazer 
repercussões negativas na recuperação clínica da criança, prolongando o 
período de permanência no hospital, acentuando as suas fragilidades e 
comprometendo a assistência prestada. 
Na tentativa de melhorar a resolutividade nos serviços de emergências 
hospitalares, o governo federal criou no ano de 2011, a Rede de Atenção as 
Urgências e Emergências (RUE) no âmbito do SUS, que encontrou reforço para 
sua implementação com o Programa SOS Emergência, em 2012. 
A criação e a efetivação de novas politicas públicas na reorganização dos 
serviços de urgência e emergência, na lógica do atendimento em rede, refletem 
diretamente na prática assistencial, no processo de trabalho e no cuidado de 
enfermagem. 
A área de conhecimento do gerenciamento de enfermagem, onde 
localiza-se o processo de trabalho da equipe de enfermagem, vem sendo 
estudada pela perspectiva do enfermeiro, focado na preocupação no processo 
ensino aprendizado, na capacitação dos profissionais de enfermagem através 
da educação em saúde, na qualidade da assistência, com foco no processo e 
produto8. Outros estudos abordaram primordialmente o gerenciamento dos 
38 
 
 
serviços hospitalares de assistência a adultos, e não conferiram visibilidade ao 
processo de trabalho de enfermagem no setor de emergência pediátrica através 
do acompanhante da criança, que também é um usuário do serviço. 
No âmbito internacional, os estudos demonstraram que o foco estava na 
família e nos profissionais de saúde, com maior preocupação no atendimento de 
emergência na atenção primária e com cuidados domiciliares as crianças, a fim 
de evitar atendimentos de emergência desnecessários. 
Mediante a invisibilidade do processo de trabalho de enfermagem no setor 
de emergência pediátrica, frente a perspectiva do acompanhante, ainda, no 
contexto das novas políticas públicas de reorganização das redes de atenção às 
emergências, justifica-se a realização deste estudo. A questão que norteou este 
estudo foi: Quais são as percepções dos acompanhantes sobre o trabalho da 
equipe de enfermagem no atendimento a criança em situação de emergência? 
Sendo assim, objetivou-se: analisar o processo de trabalho da equipe de 
enfermagem no cuidado de crianças em situação de emergência na perspectiva 
do acompanhante. Pediátrica estes devem ser realizados em sala e local 
próprios e separados do atendimento de adultos, sendo respeitada a dimensão 
de 8,5m por leito. 
O ambiente de trabalho também deve ser um lugar seguro para que os 
profissionais de saúde possam prestar assistência de modo rápido e eficaz. Nas 
emergências pediátricas a iluminação natural e a artificial são de extrema 
importância, pois ambas bem projetadas podem originar estímulos 
tranquilizadores e acolhedores nas crianças e acompanhantes, atendendo parte 
da necessidade de bem estar biológico e psicológico. Um setor de trabalho 
saudável para a equipe de enfermagem deve ser bem iluminado, visto que o 
cuidado desenvolvido por esses profissionais é por vezes cansativo e envolve 
esforço físico, evitando a fadiga e o esforço visual desnecessário. 
É importante ter em mente que quando os usuários escolhemos serviços 
de saúde onde desejam ser atendidos, o fazem com base na área geográfica, 
na resolutividade, na qualidade, na agilidade, no acesso, no acolhimento 
prestado e pelas informações disponíveis em sua rede. Deste modo, a rede 
assume papel importante, na manifestação das necessidades, desejos e 
39 
 
 
interesses, bem como, no modo de produção e mecanismos de modelação 
ideológica dos indivíduos que a compõe. 
Os indivíduos inseridos na rede social dos acompanhantes de crianças 
atendidas na emergência pediátrica também podem ser corresponsáveis por 
romper com o modelo ideológico de responsabilização da assistência, apenas 
por parte dos profissionais e gestores. Os usuários do SUS devem ser ativos e 
atuantes na construção de um sistema de saúde melhor, através do controle 
social e atividades de fiscalização. Os acompanhantes das crianças, na 
qualidade de usuários, devem ter voz ativa e representativa no Conselho 
Nacional de Saúde, na ouvidoria hospitalar, e no encontro como os profissionais 
de saúde, fortalecendo assim a rede. Assim, profissionais gestores e usuários 
buscam um modelo de produção de saúde que seja revertido em resolutividade 
na assistência. 
 
A GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE: RECURSOS 
MATERIAIS E ESTRUTURA FÍSICA 
 
No contexto da emergência pediátrica, os profissionais de enfermagem 
são fundamentais na gestão e no processo de trabalho. Assim, o enfermeiro, 
como responsável pela equipe de enfermagem e detentor de conhecimento 
clínico, deve ser o responsável pelo fluxo de atendimento dos usuários de acordo 
com acolhimento e classificação de risco. A reorganização no atendimento da 
emergência pediátrica, seguindo os protocolos estabelecidos e priorizando o 
atendimento dos casos graves, pode contribuir para a diminuição do risco de 
morte e para o aumento da expectativa de vida. 
Em nosso país, não existe a obrigatoriedade dos enfermeiros que 
trabalham nos setores de emergência serem especialistas ou capacitados na 
área. Entretanto, ele deve prestar uma assistência dentro dos preceitos éticos 
da profissão, com qualidade e comprometido em melhorar cada vez mais o 
cuidado prestado à criança e em atender aos interesses do usuário. No processo 
de trabalho, o enfermeiro e sua equipe devem ser competentes, treinados, 
40 
 
 
qualificados, melhorando assim sua prática de atuação. Pois, o trabalho em 
situação de risco eminente de morte exige um cuidado rápido, interativo, 
complementar e multiprofissional. 
Diferente da realidade brasileira, nos Estados Unidos, é obrigatório que o 
enfermeiro faça o curso de dois anos de capacitação antes de desenvolver sua 
prática assistencial em unidades de emergência pediátricas para só então poder 
trabalhar neste setor. 
Neste país, ainda existem várias equipes de enfermeiros que trabalham 
na emergência pediátrica, dividindo a assistência em áreas, como por exemplo: 
equipe de ressuscitação cardiopulmonar, de acessos venosos e entre outras. 
A equipe de enfermagem é permanente e constante nos serviços de 
emergência pediátrica. Esses profissionais são os responsáveis por manter o 
padrão no atendimento, gerenciar riscos e garantir a qualidade. Com base nas 
falas dos acompanhantes de criança atendidas em situação de emergência, 
identificou-se que a ideologia do processo de trabalho está centrada na rapidez 
do atendimento, na atenção e na capacidade dos enfermeiros em prestar o 
cuidado humanizado, o que não requer, necessariamente, dedicar mais tempo à 
criança, ou ter condições de trabalho ideais. Basta, portanto, saber dirigir 
palavras de conforto e segurança, dar real atenção à pessoa, conversar com ela, 
e deixar que se manifeste. 
A humanização no processo de trabalho de enfermagem também 
manifesta-se através de uma comunicação efetiva, que é adequada quando 
ocorre de modo individualizado, sempre que os profissionais relacionam-se com 
os acompanhantes de um modo carinhoso, amoroso, respeitoso e 
desenvolvendo escuta sensível. Assim, se estabelece uma relação de ajuda, 
confiança e cria-se um vínculo entre os profissionais, crianças e acompanhantes, 
o que facilita o processo do cuidado. Deste modo, a comunicação é um meio de 
tornar o atendimento de emergência menos traumático. 
Assim, tem-se que o modelo de cuidado e gestão em saúde predominante 
ainda é o curativo, não devendo, neste sentido, excluir a oportunidade de 
trabalhar os aspectos relativos à prevenção. Existe uma maior valorização da 
doença, com a necessidade da busca pelo atendimento de emergência, que por 
41 
 
 
muitas décadas superlotou os hospitais. Foi necessário o investimento em 
políticas públicas específicas, como Humaniza SUS, Rede de Urgência e 
Emergência e o SOS Emergência para garantir o acesso aos hospitais nos casos 
realmente de emergência. Apesar de avanços e investimentos também na 
Atenção Primária em Saúde, o modelo preventivo ainda é emergente em nosso 
país. 
A gestão dos serviços de saúde é inerente ao processo de trabalho da 
equipe de enfermagem. Aspectos como a infraestrutura hospitalar e o mobiliário 
interferem na assistência prestada. A manutenção dos bens duráveis, bem como 
a adequação para o perfil da clientela atendida é de responsabilidade dos 
gestores em saúde e dos enfermeiros. 
Cabe a este profissional gerir as unidades de emergências e identificar 
deficiências no acesso, eficiência e qualidade nos atendimentos, bem como 
discutir, negociar e decidir acerca da alocação dos recursos financeiros do 
hospital Ainda, no que se refere à estrutura e os recursos físicos no setor de 
emergência pediátrica, estes devem proporcionar um ambiente seguro para a 
criança, seu acompanhante e profissional de saúde. Deste modo, almeja-se uma 
assistência livre de riscos e sem agravos a situação de vulnerabilidade a qual a 
criança já está exposta. 
A manutenção da segurança da criança aumenta quando a equipe de 
enfermagem recebe treinamento constante. Assim, é capaz de prever as 
possíveis ameaças advindas dos riscos relacionados à segurança do paciente, 
como: erros de medicação, uso inadequado e/ou falta de equipamentos, 
recursos humanos, no que se refere à falta de habilidade técnica, bem como, na 
comunicação ineficiente entre os diferentes profissionais de saúde e 
acompanhantes. Na tentativa de minimizar os riscos na segurança do paciente, 
a equipe de enfermagem deve receber treinamento por meio de simulações do 
cuidado ao usuário. Esta modalidade apresenta como vantagem identificar 
ameaças latentes na segurança do paciente, identificar lacunas no 
conhecimento dos profissionais, e reforçar comportamentos de trabalho positivos 
em equipe. 
42 
 
 
Para os acompanhantes deste estudo, a segurança da criança é garantida 
com o uso de mobiliário como cama e berços com grades que funcionem e 
evitem o risco de queda. Além disso, a disponibilidade, funcionalidade e número 
adequado de monitores e aparelhos para assistência em saúde, também foram 
apontados como inerentes ao processo de trabalho da equipe de enfermagem 
no cuidado de crianças em situação de emergência. 
As camas e berços, bem como os monitores devem ser estar em número 
e tamanho adequados, em perfeita condição para uso, garantindo conforto, 
privacidade e recuperação em segurança. A disposição deste mobiliário e 
material deve ser uma ferramenta facilitadora do processo de trabalho, das 
relações interpessoais entre usuário e equipe de modo acolhedor, resolutivo e 
humano. 
Os recursos tecnológicos, como os monitores auxiliam no atendimento da 
criança e devem estar funcionando em quantitativo adequado ao número de 
leitos. A imprevisibilidade dos recursos materiais e equipamentos para o cuidado 
de enfermagem, além de dificultar o planejamento das ações, por vezes, expõem 
o usuário ao improviso, riscos e o trabalhador às situações constrangedoras. 
A legislação brasileira que regulamenta o funcionamentodos hospitais 
determina nos artigos 50 a 55 que as unidades de emergência devem dispor de 
materiais e equipamentos adequados a complexidade do serviço, necessários 
ao atendimento de sua demanda, devendo estar devidamente regularizados 
junto a esse órgão. 
Na unidade devem constar instruções escritas referentes à utilização de 
equipamentos e materiais, manutenções preventivas e corretivas nos 
equipamentos e uma reserva operacional, segundo fabricante ou serviço de 
engenharia da instituição. 
A estrutura hospitalar também deve garantir privacidade e conforto ao 
usuário, além de ser um local limpo, livre de fontes de contaminação. Em 
hospitais com atendimento de emergência. 
 
43 
 
 
ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 
EM PEDIATRIA 
 
O acolhimento, a partir desta proposta, se torna uma prática técnico 
assistencial que pressupõe a formação qualificada e responsável dos servidores, 
visando assim, desconstituir a prática vigente de filas, uma vez que acolhimento 
também significa facilitação de acesso da população aos serviços de saúde e 
também o oferecimento de assistência adequada. O objetivo primordial do 
Acolhimento e Classificação de Risco nos serviços de urgência e emergência é 
definir prioridades de atendimento. 
Para tanto, a classificação de risco parte do princípio que os usuários 
(crianças) que procuram a emergência pediátrica e têm suas queixas/sinais e 
sintomas classificados como emergentes deverão ser atendidos nas áreas 
previamente definidas como vermelha, que deverá estar devidamente equipada 
e destinado ao recebimento, avaliação e estabilização das emergências, onde 
este atendimento se dará imediatamente após a sua entrada na unidade, sem 
nenhum tipo de espera. 
Os pacientes classificados em suas queixas como urgentes pela equipe 
de acolhimento deverão ser atendidos nas áreas previamente denominadas 
amarela. Os atendimentos nos serviços de urgência são orientados pelos sinais 
e sintomas apresentados pelos pacientes, visando selecionar os que possuem 
maior prioridade. A cor amarela classifica o atendimento como urgente. 
As queixas classificadas como urgentes, mas que não levam a riscos 
eminentes de vida terão atendimento nas áreas previamente denominadas 
verde. 
Os casos agudos, mas que não representam risco eminente de vida, após 
avaliação e classificação pela equipe de acolhimento, deverão ser atendidos no 
ambulatório, nas áreas denominadas azul, onde após a classificação de risco os 
profissionais de acordo com a necessidade do paciente se dão para esperar para 
um atendimento no PSF ou Ambulatório. 
44 
 
 
O enfermeiro tem sido o profissional indicado para avaliar e classificar o 
risco dos pacientes que procuram os serviços de urgência, devendo ser 
orientado por um protocolo direcionador. 
O Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) em pediatria 
consiste em uma avaliação dos pacientes de forma dinâmica, ágil e humanizada 
embasado em um protocolo, possibilitando identificação de sinais de alerta, 
apresentação de doenças ou agravos conferindo uma atenção centrada no nível 
de complexidade e não na ordem de chegada. Ou seja, podendo melhorar o 
atendimento nas portas de entrada das unidades de urgência e emergência 
pediátricas (MAGALHAES et al., 2011). 
Considera-se que a assistência de enfermagem a criança na triagem de 
um serviço de emergência deve ser um atendimento amplo, abrangendo os 
dados trazidos pela família, tentando extrair rapidamente suas necessidades 
principais. Porém, é muitas vezes nesse momento que o enfermeiro peca, a 
avaliação da criança focada na ectoscopia e no exame físico dirigido nas queixas 
sinalizadas pelos pais, cuidadores ou responsáveis. Tal processo configura-se 
como imprescindível, uma vez que o paciente e/ou responsável é incapaz de 
identificar casos de emergência ou usa de má fé para se beneficiar da facilidade 
que esse serviço oferece, refletindo no tempo de espera e na superlotação das 
emergências. (GATTI, 2004). 
A avaliação da criança como um todo é fundamental para realizar uma 
boa avaliação primaria. Perguntas sobre comportamento da criança incluindo 
apetite, eliminações e variabilidade das respostas das crianças são valiosas 
(MAURER, 2010). 
De acordo com Rodrigues, Pedroso e Oliveira (2008), as orientações para 
classificação de risco de crianças com ate 11 anos, 11 meses e 29 dias, segue 
o mesmo princípio da classificação do adulto ou seja, categoriza em quatro níveis 
identificando com quatro cores. Porém apresenta algumas especificidades 
importantes em pediatria. Segue abaixo os grupos de Sinais e Sintomas 
categorizados por cada cor: 
45 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO SEGUNDO PRIORIDADES 
 
VERMELHO – Atendimento imediato 
ALTO RISCO DE VIDA: 
Atendimento imediato no serviço de emergência 
• Parada cardiorrespiratória; 
• Dor torácica aguda de início súbito com irradiação, acompanhada 
de sudorese, náuseas, vômitos, dispnéia, cianose e/ou qualquer dor torácica 
com duração superior a 30 minutos, sem melhora com repouso; 
• Cefaléia intensa de início súbito ou rapidamente progressiva, 
acompanhada de sinais ou sintomas neurológicos, (parestesias, alteração do 
campo visual, dislalia, afasia) com ou sem alteração dos sinais vitais; 
• Trauma crânio encefálico com Escala de Coma de Glasgow < 8 
(inconsciência, dificuldade respiratória, vômito, otorragia e/ou crise convulsiva); 
• Trauma raquimedular; 
• Trauma de face com sangramento ativo e/ou Escala de Coma de 
Glasgow ≤ 12; 
• Trauma torácico associado a desconforto respiratório; 
46 
 
 
• Politraumatizado grave com Escala de Coma de Glasgow ≤ 12 ; 
• Fratura exposta e/ou trauma fechado de ossos longos e pelve; 
• Politraumatizado com sinais de choque (hipotensão, taquicardia, 
sudorese, taquipnéia); 
• Crise hipertensiva PA Sistólica ≥240 mmHg e/ou PA diastólica ≥ 
130 mmHg sem sintomatologia; 
• Hipotensão PA sistólica < 80 mmHg; 
• Perda de consciência, escala de coma de Glasgow < 8; 
• Desconforto respiratório grave (dispnéia, taquipnéia, tiragem sub 
ou intercostal, estridor em repouso, batimentos das asas do nariz em crianças < 
2 meses). 
• FR > 31ipm com comorbidades; 
 
VERMELHO 
• FR > 36 ipm sem comorbidades; 
• Crise convulsiva – inclusive pós-crise imediata (menor de 2 horas); 
• Ferimento por arma de fogo em crianças; 
• Ferimento por arma branca em crianças; 
• Sangramentos abundantes não controláveis; 
• Hematêmese/melena/enterorragia associado a sinais de choque; 
• Intoxicações exógenas com alterações dos sinais vitais e Escala de 
Coma de Glasgow ≤ 14; 
• Crianças vítimas de afogamento; 
• Obstrução de vias aéreas por corpo estranho; 
• Paciente apresentando história importante de alergia, associado a 
edema de face, dificuldade respiratória. 
47 
 
 
• Queimaduras com área corpórea superior a 15% de extensão e/ou 
queimadura com comprometimento das vias aéreas superiores; 
• Desidratação grave – dificuldade de ingesta hídrica, boca seca, 
mucosas ressecadas, letargia. 
• Cefaléia intensa acompanhada de rigidez de nuca, abaulamento 
das fontanelas (crianças), febre e vômito em jato. 
• Criança portadora de diabetes descompensada (HGT≥ 270mg/dl) 
associado a náuseas, vômitos, hálito cetônico, confusão mental e coma. 
• Vítimas de eletrocussão; 
• Criança com Hipertermia TAX ≥ 37,8ºC com história de convulsão 
devido febre; 
• Criança com TAX ≥ 39,5ºC sem histórico de crise convulsiva 
associada à febre; 
• Acidente com animais peçonhentos; 
• Lesão ocular química aguda; 
• Lesão ocular penetrante; 
• Perda total aguda da visão; 
• Acidente com material biológico; 
• Vítimas de abuso sexual; 
• Estados de alteração mental associadas às alterações 
comportamentais, agitações psicomotoras, nível de agressividade alterado, 
discurso delirante, alucinações, mania de perseguição com risco à própria vida 
ou àvida de outros; 
Observação: Na presença de algum dos sinais anteriores. 
 
LARANJA – Atendimento em 10 min 
Atendimento rápido. 
48 
 
 
O paciente deverá ser encaminhado imediatamente à sala de consulta de 
enfermagem para classificação de risco. 
 
• Politraumatizado com Escala de Coma de Glasgow entre 13 e 15, 
sem alterações de sinais vitais; 
• Trauma cranioencefálico leve (Escala de Coma de Glasgow entre 
13 e 15); 
• Trauma de membros em idoso/criança/portador de necessidades 
especiais/ crianças menores de 2 anos com dor intensa (exceto ossos longos e 
pelve); 
• Luxações com 
comprometimento neuro vascular (dor 
intensa, edema, cianose, perfusão tecidual 
diminuída); 
• Dor/ cólica abdominal intensa; 
 
AMARELO – Em até 60 min 
• Dor/cólica lombar intensa; 
• Dor torácica moderada com melhora ao repouso; 
• Hematêmese e melena sem sinais de choque; 
• Epistaxe associada a alteração dos sinais vitais; 
• Crise asmática – tosse, sibilos e dispnéia recorrente; 
• Paciente apresentando processo alérgico com prurido intenso, 
bolhas ou eritema disseminado; 
• Crise hipertensiva (PA Sistólica ≥180 mmHg e ou PA diastólica ≥ 
110 mmHg), sem sintomatologia; 
• Hipotensão com PA sistólica < 90 mmHg 
49 
 
 
• Diabetes descompensada ≥ a 181 mg/dl com sintomas, e ou < 70 
mg/dl associado a sintomas; 
• Diabetes descompensada ≥ 251 mg/dl e ≤ 350 mg/dl sem sintomas; 
• Tontura associada à náusea, vômito, sudorese, palidez e distúrbio 
da marcha; 
• Diarréia e vômito com sinais de desidratação moderada; 
• Lesão apresentando sangramento moderado; 
• Dores articulares, petéquias, mialgias, e alteração dos sinais vitais 
(hipertermia, taquicardia, taquipneia, hipotensão); 
• Convulsão nas últimas 24 horas; 
• Intoxicação medicamentosa, com manifestações físicas, com 
presença de sudorese, taquicardia, elevação dos níveis pressóricos; 
• Intoxicações exógenas sem alteração de sinais vitais e ECG 15; 
• Imunodeprimidos com Tax ≥ 37,8; 
• Dores agudas, hemorragias bucais, abcessos orais, traumatismos. 
(protocolo da odontologia); 
• Criança com Hipertermia TAX ≥ 38,5ºC a ≤ 39,4ºC sem história de 
convulsão; 
• Hipotermia TAX ≤ 35ºC; 
• Queimaduras com superfície corporal ≥ 10% e ≤ 15 % de extensão 
sem comprometimento de vias aéreas, sem alterações hemodinâmicas; 
• Lesões lacerantes por animais não peçonhentos; 
• Criança com dor intensa com fácies de sofrimento; • Dispnéia com 
FR ≥ 25 ipm; 
• Criança de 2 meses a 1 ano com FR ≥ 60 ipm a ≤ 69 ipm; 
• Criança de 1 a 5 anos com FR ≥ 50 ipm a ≤ 59 ipm; 
• Criança > de 5 anos com FR ≥ 40 ipm a ≤ 49 ipm; 
50 
 
 
• Estados de alteração mental associadas a risco moderado de 
agredir outros, e ou risco moderado de se agredir; 
• Dor de ouvido moderada ou intensa com secreção purulenta, com 
presença ou não de tumefação; 
• Tumorações evidentes (abscesso); 
• Queixas respiratórias de pequena 
intensidade com FR > 20 e ≤ 24ipm 
• Dor/ cólica abdominal moderada sem 
alteração dos sinais vitais. 
 
VERDE – Em até 120 min 
 
• Dor/cólica lombar, acompanhada de disúria, hematúria, febre, com 
irradiação ou não para região abdominal; 
• Cefaléia aguda ou subaguda, sem sinais de alerta, associada a 
náuseas e/ou vômitos, com presença de foto e fonofobia; 
• Insônia associada à recusa de ingesta e débito do autocuidado. 
• Lesões por animais não peçonhentos superficiais; 
• Lesões infectadas de pele; 
• Irritação ocular e prurido; 
• Queimaduras recentes apresentando inflamação, infecção e ou dor 
moderada; 
• Paciente apresentando processo alérgico com inflamação local, 
prurido ou dor leve se evento recente; 
• Edemas de membros em crianças; • Diarréia e vômito com sinais 
leves de desidratação; 
• Criança com TAX ≥ 37 a 37.4ºC (febrícula); 
51 
 
 
• Criança com TAX ≥ 37.5 a 38.4ºC (febre); 
• Presença de corpo estranho (em cavidades) sem sintomatologia; 
• Diarréia (acima de 4x) sem sinais de desidratação; 
• Sintomas Gripais (cefaléia e/ou coriza e/ou febre e/ou mialgia - sem 
dispnéia); 
• Tosse com ou sem expectoração há 3 semanas ou mais; 
• Troca de sonda com ou sem obstrução avaliação do Enfermeiro 
avaliação do cirurgião/ plantonista e prescrição enfermeiro da urgência; 
AZUL – Em até 240 min 
Pacientes a serem atendidos no ambulatório e/ou E.S.F. com queixas e 
ou doenças crônicas, ou pacientes que procuram atendimento com fins de 
promoção e prevenção a saúde. 
Recomendações - os atendimentos do ambulatório e/ou E.S.F. deverão 
seguir os níveis de prioridades, abaixo relacionados, para os agendamentos e 
atendimentos nos serviços de apoio diagnóstico e ambulatorial (Farmácia, 
laboratório, chequinho, aerosol, curativo, injeção, imunização, etc.). 
• Lesões não infectadas de pele; 
• Escabiose; 
• Unha encravada sem sinais flogísticos; 
• Retirada de ponto; 
• Tosse seca sem outros sintomas associados; 
• Solicitação de risco cirúrgico; 
• Atestados médicos assintomáticos; 
• Solicitação e/ou troca de receita. 
A presença de queixas associadas aos níveis de prioridades definem a 
ordem de atendimento. 
REVISÃO- Classificação de risco de acordo com protocolo de Manchester: 
52 
 
 
Vermelho: Emergência - risco de morte – 
imediato. 
Laranja: Muito urgente - até 10 min 
Amarelo: Urgente - até 1h (60 min) 
Verde: Pouco urgente - até 2h (120 min) 
Azul: Não urgente - até 4 h ( 240 min) 
 
 
SALA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA 
Recebimento da criança, com a imediata acomodação na mesa de exames e 
retirada de toda a roupa e outros objetos 
pessoais. Avaliação concomitante das 
condições neurológicas: alerta, respondendo 
ou não a estímulos verbais e dolorosos, 
inconsciente. 
2. Ventilação com máscara e ambu: 
aspirações de secreções orais. 
3. Massagem cardíaca externa se for o 
caso. 
4. Infantes: 100 compressões/minuto. 
5. Crianças maiores: 80-100 compressões/minutos. 
6. Monitorização cardíaca e estabelecimento de uma via de acesso 
venosa, com coleta de sangue para exames laboratoriais. 
7. Oferta de material para a intubação endotraqueal e fixação do tubo. 
8. Passagem de sonda nasogástrica. 
9. Administração de drogas e soluções. 
53 
 
 
10. Controle de pulsos carotídeos, femorais e braquiais. 
11. Apresentação de material para procedimentos médicos invasivos: 
dissecção de veia, drenagem de tórax, cateter em subclávia etc. 
12. Estabilização de fraturas e proteção a ferimentos. 
13. Cateterismo vesical de demora. 
14. Controle da temperatura. 
15. Apresentação de material para a desfibrilação, se necessário (ajuste 
da carga elétrica). 
16. Registro de traçados eletrocardiográficos. 
17. Apresentação e instalação, com o médico, do aparelho para a 
ventilação mecânica. 
18. Anotações de enfermagem. Preparo da criança para a transferência: 
UTI ou Sala de repouso e Observação. 
 
PONTOS IMPORTANTES NA ASSISTÊNCIA 
1. Vigilância constante; 
2. Ventilação; 
3. Fixação do tubo endotraqueal; 
4. Preparo da pele para a punção intraóssea; 
5. Combate à hipotermia; 
6. Posição no leito; 
7. Restrições no leito; 
8. Acompanhante; 
9. Administração de drogas e soluções; 
10. Transporte. 
54 
 
 
OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPOS 
ESTRANHOS (OVACE) 
 
OVACE consiste na obstrução de vias aéreas causada por aspiração de 
corpo estranho, geralmente localizado na laringe ou traqueia. A aspiração de 
corpo estranho é a quinta principal causa de morte nos EUA, com risco 
aumentado em pacientes idosos. 
Ao prestar atendimento a uma pessoa com OVACE, o enfermeiro deve 
classificar o grau de obstrução e em seguida realizar manobras de desobstrução 
conforme a faixa etária. 
 
CLASSIFICAÇÃO DA OBSTRUÇÃO 
Obstrução leve: capacidade de emitir sons, chorar e tossir. 
Obstrução severa: dificuldade de respirar de início súbito, incapacidade 
de chorar ou o faz de maneirasilenciosa. Inconsciência. 
 
 
55 
 
 
OVACE EM PEDIATRIA: CONDUTA DO ENFERMEIRO 
 
Obstrução leve com bebê consciente: não realizar nenhuma 
intervenção para a desobstrução, apenas pegar o bebê no colo em pé e permitir 
que ele tussa. Observar evolução. 
Obstrução severa com bebê consciente: sentar-se, pôr o bebê sobre 
um dos antebraços, estando esse apoiado sobre a coxa, posicionando a mão 
próxima ao mento, com os dedos próximos às clavículas e fúrcula. Realizar uma 
inclinação de maneira que a cabeça fique em nível inferior aos membros. 
Realizar 5 golpes com a região hipotênar entre as escápulas, virar o bebê e 
realizar 5 compressões torácicas na região intermamilar. Repetir o procedimento 
até perda de consciência ou expelir o corpo estranho. 
Obstrução severa com perda de consciência: interromper os golpes na 
região dorsal, posicionar o paciente em decúbito dorsal em uma superfície rígida; 
checar pulso, caso pulso ausente realizar RCP; caso pulso presente, realizar 
compressões torácicas com objetivo de remoção do corpo estranho; abrir vias 
aéreas e realizar inspeção; remover corpo estranho se possível; caso corpo 
estranho não ser localizado, realizar uma insuflação; caso de insucesso no 
momento da insuflação, posicionar melhor a cabeça e considerar laringoscopia 
direta e remoção com pinça (se disponível, utilizar pinça de Magill); casos de 
insucesso no meio extra-hospitalar, manter compressões torácicas até expulsão 
do corpo estranho ou caso evolua para PCR, realizar manobras de reanimação 
cardiopulmonar. Logo que possível, transportar para hospital logo que possível. 
Em ambiente intra-hospitalar, considerar cricotireoidostomia por punção. 
Após o restabelecimento da permeabilidade da via aérea, o paciente pode 
retornar para casa ou permanecer por 6h a 24h em observação hospitalar. 
 
ATENDIMENTO 
1. Perguntar à vítima consciente: Você está engasgado? 
2. Se a vítima acenar positivamente com a cabeça 
56 
 
 
3. Abrir vias aéreas 
4. Inspecionar a boca e remover objetos se houver 
5. Não elevar a língua e mandíbula 
6. Não realizar varredura digital às cegas 
7. Se vítima consciente: manobra de Heimlich 
8. Se vítima inconsciente: RCP sem compressões abdominais. 
 
 
 
 
 
 
57 
 
 
MANOBRA DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS 
 
 
 
1. O médico deve recorrer, sempre que possa ao auxílio dos Raios X. 
2. Se confirmado, a conduta será sempre manter a criança em repouso, 
se possível em jejum ou com alimentação líquida, até que o broncoscopista 
possa selecionar o material adequado e retirar o corpo estranho por via 
endoscópica. 
3. Na grande maioria das vezes, os corpos estranhos podem ser retirados 
das vias aéreas por meio da laringoscopia e broncoscopia. 
 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO 
1. Auriculares 
2. Nasais 
1. Esofágicos 
2. Laríngeos e traqueais 
3. Brônquicos 
 
 
58 
 
 
CONDUTA NA EMERGÊNCIA 
✓ Remoção no canal auditivo externo: é de fácil execução, utilizando-se 
aspiração, alça de arame, cureta ou pinça. Pode-se usar irrigação para objetos 
que não sejam vegetais. Afogue um inseto vivo com óleo mineral ou álcool a 
95% antes de retirá-lo. 
✓ Antes de tentar remover um corpo estranho nasal, contenha a criança 
com a cabeça imobilizada, anestesie a mucosa nasal com spray de lidocaína a 
4%, reduza o edema com gotas nasais de fenilefrina a 0,5% e proceda à sucção 
das secreções para aumentar a visualização do objeto. O uso de uma cureta ou 
pequena pinça “jacaré” em geral é bem-sucedido. 
✓ O tratamento de um corpo estranho esofágico é remoção durante 
esofagoscopia. 
✓ O tratamento dos corpos estranhos na laringe ou traqueia é 
controverso. Se o paciente tem algum grau de dificuldade respiratória, convoque 
um anestesista e um otorrinolaringologista e experimente um golpe abdominal. 
 
INDICAÇÕES PARA INTERNAÇÃO 
1. Corpo estranho esofágico, traqueal ou brônquico. 
2. Corpo estranho no canal auditivo externo, nariz ou laringe que não foi 
removido durante o atendimento de emergências. 
 
59 
 
 
 
 
 
60 
 
 
 
 
PARADA CARDIORESPIRATÓRIA 
 
Define-se como Parada Cardiorrespiratória (PCR) a interrupção súbita e 
brusca da circulação sistêmica e/ou da respiração. 
Pires (2006) afirma que a parada cardiopulmonar é a cessação da 
circulação e da respiração; é reconhecida pela ausência de pulso e apneia em 
um paciente inconsciente. 
O mesmo autor diz que as manobras de ressuscitação cardiopulmonar 
(RCP) foram introduzidas na década de 1950, quando se verificou que a 
ressuscitação, após a parada cardíaca era de fato possível. Até alguns anos 
atrás, nada era feito quando da ocorrência da parada cardiorrespiratória, devido 
a uma crença infundada, vigente na época, de que nada poderia ser feito por 
esses pacientes. 
OS PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS QUE PRECEDEM UMA PCR 
SÃO: 
61 
 
 
• Dor torácica 
• Sudorese 
• Tontura 
• Escurecimento visual 
• Perda de consciência 
• Alterações neurológicas 
• Sinais de baixo débito cardíaco 
• Parada de sangramento prévio 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
• Inconsciência; 
• Ausência de movimentos respiratórios; 
• Ausência de pulsos em grandes artérias ou ausência de sinais de 
circulação. 
 
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA 
• Verificar pulso braquial em lactentes e carotídeo ou femoral em 
crianças. 
• Cianose e palidez cutânea. 
 
TRATAMENTO 
• Iniciar a Reanimação Cardiopulmonar (RCP) com C-A-B 
(compressões torácicas, vias aéreas, respiração). 
– Compressões torácicas em uma frequência de 100 a 120/min. 
– Recomenda-se que a profundidade da compressão torácica em uma 
criança seja de 5 cm e em bebês (exceto recém-nascidos) seja de 4 cm. 
62 
 
 
– A proporção é de 30:2 (compressões: ventilação) se houver apenas um 
socorrista. Se constatada a ausência do pulso carotídeo em vítima de PCR, 
devem-se iniciar imediatamente as compressões torácicas, sendo recomendado 
atualmente realizar trinta compressões torácicas com pausa para duas 
ventilações de resgate. 
Caso haja dois ou mais socorristas, a proporção passa a ser de 15:2 
(massagem: ventilação). – Ventilação com reanimador manual e máscara ou 
intubação traqueal com fonte de oxigênio a 100%. 
• Utilizar o desfibrilador assim que ele estiver disponível, o que 
significa interromper as compressões torácicas para que o desfibrilador verifique 
o ritmo e dê o choque se necessário. 
• Para conseguir êxito na realização de RCP, o socorrista deve 
realizar uma frequência mínima de cem compressões por minuto, deprimindo o 
tórax com profundidade mínima de cinco centímetros e promovendo o alívio do 
tórax após cada compressão. 
– A desfibrilação em crianças deve ser feita com dose inicial de 2 J/kg. 
A desfibrilação não é indicada em todos os casos. É indicada em 
fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso. Assistolia e atividade 
elétrica sem pulso não é indicada. 
– Se houver refratariedade ao primeiro choque, aumentar a energia para 
4 J/kg ou subir até um máximo de 10 J/kg. Aplique 1 choque e reinicie a RPC 
imediatamente por cerca de 2 min. 
• Aplicar adrenalina 0,1 ml/kg da concentração 1:10.000 durante a 
RCP; repetir a cada 5 min. 
• Após retorno à circulação espontânea, devem ser usados 
vasopressores em infusão contínua para manter a pressão arterial da criança 
acima do 5º percentil para a idade. O objetivo de saturação de oxigênio é de 94 
a 99%, evitando-se fortemente que ocorra hipoxemia e limitando a ocorrência de 
hipercapnia. 
63 
 
 
• Os sinais premonitórios da PCR são taqui ou bradipnéia, alteração 
da consciência e do ritmo cardíaco. 
 
 
64 
 
 
 
 
 
65 
 
 
SUPORTE DE VIDA EM PEDIATRIA – RCP 
 
 
Sequência do ABC 
1. Manobras de RCP 
2. A – Abertura das vias aéreas 
(Airway) 
3. B – Respiração (Breathing) 
4. C – Circulação (Circulation) 
 
 
 
66 
 
 
 
 
 
RCP EMCRIANÇAS (1-8 ANOS) 
1. RCP em crianças desta idade é similar aos adultos, a compressão e 
ventilação são também 30:2. Há, no entanto 3 diferenças. 
2. Se você estiver sozinho deve executar RCP durante dois minutos antes de 
ligar 192. 
3. Use uma só mão para efetuar as compressões torácicas. 
4. Pressione o esterno e faça-o baixar 2 a 3 centímetros (1/3 do seu diâmetro). 
Se o lactente (0-12 meses) ou a criança maior de (1-8 anos) não responde e 
você está sozinho, comece a RCP imediatamente. Continue por um minuto e 
então chame por socorro. 
✓ Avaliando a consciência 
✓ Abertura de vias aéreas 
✓ Abertura de vias aéreas 
✓ Ver-ouvir-sentir 
67 
 
 
✓ Respiração boca/nariz/boca em lactentes 
✓ Compressão torácica em lactentes 
 
 
COMPRESSÃO TORÁCICA EM MAIORES DE 8 ANOS E 
EM ADULTOS TRAUMA 
1. É uma das principais causas de morte nos pacientes pediátricos. 
2. Mais comuns: 
3. Crânio-encefálico 
4. Tórax 
5. Abdômen 
 
 
ABERTURA DE VIAS AÉREAS NO TRAUMA 
FONTES DO TRAUMA 
1. Infante (1-12 meses): queimaduras, uso indevido de equipamentos, quedas 
do berço. 
2. 1ª infância (1-3 anos): queda de altura, acidentes em brinquedos, 
envenenamentos (ingestão de substâncias tóxicas). 
3. Pré-escolar e escolar (4-12 anos): atropelamentos, acidentes com 
bicicletas, acidentes na prática de esportes. 
4. Adolescentes (13-18 anos): acidentes em veículos motorizados, em 
bicicletas, em práticas esportivas, ferimentos por armas. 
 
68 
 
 
TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO 
 
O TCE define-se como uma alteração resultante de uma energia 
mecânica causada por uma força externa que possui como resultado alterações 
a nível anatômico e/ou funcional do encéfalo e suas envolturas, de forma precoce 
ou tardia, permanente ou transitória. 
 
O TCE é classificado em diferentes pontos: segundo o tipo de lesão 
encefálica (focal ou difusa), segundo a integridade meníngea (aberto ou 
fechado), local da fratura (base ou extremidade), grau de compromisso 
neurológico aplicando a escala de coma de Glasgow, sendo esta última a 
classificação de maior relevância clínica permitindo dirigir o manejo adequado. 
A escala de Coma de Glasgow (ECG) classifica TCE como: leve (13-15), 
moderado (9-12) ou grave (3-8). 
As lesões causadas pelo TCE podem ser divididas entre primárias e 
secundárias: 
- As primárias podem ser decorrentes do traumatismo direto (lesões 
extracranianas, fraturas, hematoma extradural) e do cisalhamento/aceleração-
desaceleração (hematoma subdural, hemorragia subaracnóidea, lesão axonal 
difusa); 
69 
 
 
 
- As secundárias são decorrentes de eventos sistêmicos (hipotensão, 
hipóxia, distúrbios eletrolíticos) ou intracranianos (edema cerebral, hipertensão 
intracraniana 
- HIC, alterações perfusionais). 
 
Revisando: 
 
1. TCE é resultante quase sempre de quedas, acidentes automobilísticos 
ou agressões físicas. 
2. São frequentes as hemorragias intracranianas, provocadas por ruptura 
de vasos. 
3. Alguns ferimentos, como fraturas com “afundamento”, fraturas abertas, 
hemorragias epidurais e subnutrais, indicam sempre intervenção cirúrgica. 
4. A avaliação neurológica da criança pode ser feita através da escala de 
Coma de Glasgow modificada. 
70 
 
 
TRAUMATISMO TORÁCICO 
Mais frequente na pré-infância e idade escolar, com o aparecimento de 
contusões pulmonares, rupturas de brônquios, fraturas de costelas e lesões de 
esôfago (mais ocasionalmente). 
A caixa torácica da criança é mais complacente, permitindo no trauma 
maior transferência de energia para as estruturas intratorácicas. Com isso, 
devemos suspeitar de contusões pulmonares ou hemorragias, mesmo sem 
qualquer lesão aparente ou fratura de costelas, dependendo do tipo de acidente. 
Na suspeita de lesão torácica, os pacientes devem ser divididos em dois 
grupos: os com lesões que envolvem risco iminente de vida (deterioração rápida 
dos sinais clínicos) e, portanto, necessitam tratamento emergencial (se 
necessário até interrompendo as manobras de reanimação), e os com lesões 
potencialmente letais, que devem ser observados com avaliações clínicas 
repetidas e monitorização. 
No exame clínico devemos observar sinais de desconforto respiratório 
(frequência respiratória, frequência cardíaca, padrão respiratório), simetria da 
parede torácica, retrações de fúrcula, intercostal ou subcostal, ausculta pulmonar 
e percussão torácica, níveis de oxigenação através da oximetria de pulso 
(hipoxemia com saturação parcial de O2 menor de 90 %). É imprescindível 
nestes pacientes a suplementação de oxigênio com frações inspiradas de 100%. 
 
 
 
 
 
 
 
71 
 
 
CONVULSÃO 
 
Convulsões geralmente são eventos assustadores para quem os assiste 
e é uma importante causa de visita à emergência pediátrica. 
Uma crise epiléptica é um sinal de anormalidade na função do cérebro, 
representada por descargas elétricas anormais e excessivas de um grupo de 
neurônios que geram manifestações clínicas súbitas, tais como alteração ou 
perda da consciência, uma atividade motora anormal, distúrbios de 
comportamento, disfunção autonômica e sintomas sensoriais/sensitivos. 
Convulsões são as crises epilépticas com manifestações motoras. As 
crises de ausência, assim como aquelas com sintomas exclusivamente 
sensitivos, visuais ou auditivos, são denominadas crises não convulsivas. 
 
 
 
72 
 
 
AS CRISES EPILÉPTICAS PODEM SE MANIFESTAR DE DIFERENTES 
FORMAS: 
 a) CRISES FOCAIS - as crises parciais simples podem provocar 
alterações visuais, percepções auditivas alteradas, movimentos clônicos ou 
tônicos de um lado do corpo e alterações na sensibilidade, como parestesias e 
dor. Algumas crianças apresentam crises versivas, caracterizadas pela rotação 
da cabeça e olhos para um lado. A criança mantém a consciência preservada 
durante todo o episódio. Já na crise parcial complexa há alteração da 
consciência, podendo até dar a impressão que a criança está alerta, mas sem 
conseguir se controlar, fazendo movimentos de forma automática, que podem se 
manifestar como movimentos de mastigação, andar sem rumo ou ainda falar de 
modo incompreensível ou até atos mais complexos destituídos de contexto. Não 
há lembrança do que aconteceu ao término da crise; 
 
 b) CRISES GENERALIZADAS - são caracterizadas por perda da 
consciência, sem recordação do episódio pelo paciente. A crise tônico-clônica 
generalizada consiste em contrações musculares mantidas (tônicas) em todo o 
corpo, seguida de contrações alternadas por um breve relaxamento, rítmicas e 
repetitivas (clônicas). A criança vira os olhos e pode apresentar salivação 
excessiva, respiração ofegante e urinar. Algumas crianças apresentam apenas 
crise tônica, sem o componente clônico e vice-versa. As crises atônicas são 
manifestadas por quedas, em que o corpo se encontra amolecido. Nas crises 
mioclônicas há contrações musculares semelhantes a choques nos membros. A 
crise de 'ausência' é tipicamente representada pela perda de contato com o meio. 
A criança fica com o olhar fixo associado a piscamentos e automatismos orais 
ou manuais, com duração de segundos, podendo ser difícil de ser percebida. 
Alguns pacientes inicialmente apresentam uma crise focal com generalização 
secundária; 
 c) CRISES DESCONHECIDAS - nestas é impossível identificar o 
tipo, por falta de informações adequadas dos familiares. 
73 
 
 
 
 
ABORDAGEM DAS CONVULSÕES NA 
EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA 
 
A maioria das convulsões são breves, autolimitadas e cessam antes da 
chegada da criança ao serviço de emergência, não requerendo qualquer 
tratamento com anticonvulsivantes. Naqueles cuja convulsão se autorresolveu, 
a conduta inicial é verificar a segurança do paciente durante o período pós-crise. 
A abordagem inicial para uma criança que chega em convulsão na 
emergência deve ser rápida e inclui estender cuidadosamente a mandíbula paramanter as vias aéreas pérvias, monitorar sinais vitais e saturação de O2, exame 
cardiorrespiratório, oxigenoterapia (e se necessário intubação), medir a glicemia, 
cálcio, magnésio, hemograma completo, testes de função hepática e gasometria 
arterial, estabelecer acesso venoso e avaliar a história do episódio e exame 
físico. 
74 
 
 
A história clínica é o primeiro passo para a diferenciação entre eventos 
epiléticos e não epilépticos, assim como no reconhecimento do tipo de crise para 
um manejo apropriado. É fundamental o tratamento das causas reversíveis de 
convulsões como hiponatremia, hipoglicemia, hipocalcemia, hipomagnesemia e 
hipertensão, assim como o controle da hipertermia quando presentes. 
A conduta terapêutica medicamentosa inicial tem o objetivo de 
interromper a convulsão o mais rápido possível, reduzindo a chance do estado 
de mal epiléptico. A primeira classe de drogas a ser utilizada é a dos 
benzodiazepínicos (diazepam ou midazolam), que pode ser repetida se 
necessário a cada cinco minutos, até o máximo de três doses. Deve-se checar 
se o material para reanimação está disponível. No caso de ausência de acesso 
venoso, o diazepam pode ser administrado por via retal. 
Deve-se ter o cuidado de avaliar se foram administrados 
benzodiazepínios antes da chegada à emergência, lembrando que o excesso 
deste medicamento pode produzir insuficiência respiratória. A tabela 1 apresenta 
doses, vias de administração e principais efeitos adversos das drogas 
anticonvulsivantes. 
 
ORIENTAÇÕES PARA A FAMÍLIA NA ALTA 
 
Nesse momento, é fundamental a orientação familiar. Ela deve ser 
informada sobre a possibilidade de recorrência e os cuidados imediatos que 
devem ser tomados neste caso. Recomendar que os pais procurem manter a 
calma, deitem a criança em decúbito lateral, virando a cabeça para o lado para 
que a saliva ou vômito possa escorrer de sua boca e prevenir o risco de 
aspiração. Oferecer alguma proteção para a cabeça, afrouxar as roupas, 
especialmente em volta do pescoço, não introduzir nenhum objeto na boca ou 
mesmo a mão para tentar puxar a língua da criança e não oferecer líquidos e 
nem medicamentos pela boca. 
75 
 
 
Em caso de crise febril, não dar banho gelado e nem fazer compressas 
geladas ou com álcool. A água deve ser morna, com temperatura inferior à do 
corpo da criança e o banho deve ser supervisionado em tempo integral. 
É desejável que os pais observem atentamente os detalhes do que 
acontece durante o episódio e, caso a crise não cesse em até cinco minutos, a 
criança deve ser levada para atendimento em um serviço de emergência.15 Um 
recurso atual que poderá ajudar imensamente na classificação do tipo de crise 
ou mesmo distinguir entre eventos convulsivos e manifestações não epilépticas 
é orientar os pais a filmar o episódio, uma vez que muitas crises já cessaram na 
chegada da criança à emergência. 
A indicação para a prescrição de medicamento antiepiléptico deve ser 
criteriosa, pois frequentemente essas drogas estão associadas à presença de 
efeitos adversos. Portanto, deve-se ter o cuidado de não expor as crianças a 
riscos desnecessários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
76 
 
 
TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA DAS 
QUEIMADURAS 
 
A queimadura é caracterizada como toda lesão no tecido de revestimento 
do corpo humano causado por agentes térmicos (frio, calor e eletricidade), 
químicos, radiação ionizante e ferimentos abrasivos. 
 
Para determinarmos a gravidade de uma queimadura devemos sempre 
considerar a profundidade da queimadura, extensão corporal queimada, 
localização da queimadura, idade da vitima, presença de outras enfermidades 
anteriores, tipo da queimadura (elétrica, química ou térmica), queimadura em 
toda a circunferência de algum membro ou pescoço. 
 
A vitima deve ser classificada grave ou grande queimado quando possuir: 
 Queimadura de 3º grau presente em mais de 10% da superfície 
corporal (adulto e criança); 
77 
 
 
 Queimadura de 2º grau presente em mais de 25% da superfície 
corporal se adulto; 
 Queimadura de 2º grau presente em mais de 20% da superfície 
corporal se criança. 
São consideradas também queimaduras graves aquelas que acontecem 
nas seguintes regiões: 
 
 Região genital; 
 Nos pés e nas mãos; 
 Na face; 
 Nas articulações. 
 
 Figura : Extensão da superfície queimada 
 
 TRATAMENTO IMEDIATO DE EMERGÊNCIA 
 Retire os pertences da vítima, como anéis, pulseiras e relógios, pois 
podem ficar mais apertados se houver edema (guarde com você ou entregue a 
um familiar); 
78 
 
 
 Resfrie rapidamente o local com água fria (A água retira a fonte térmica 
que está causando a queimadura, servindo para não agravar a lesão e 
diminuindo dor); 
 Cubra a lesão com pano limpo e úmido; 
 Nas queimaduras de segundo grau em mãos, pés, zonas genitais, 
faces e naquelas que abrangem mais de 10 a 15 % da superfície corporal, 
encaminhar sempre assistência médica com urgência; 
 Verifique sinais vitais, pois a vítima pode entrar em estado de choque. 
Se este for o caso, trate o choque. Se houver necessidade, faça o RCP; 
 Mantenha liberadas as vias aéreas e certifique-se de que a vítima 
respira bem, principalmente quando existem queimaduras na face; 
No translado ao hospital permaneça fazendo as avaliações e observação 
para uma continuidade completa a nível hospitalar. 
 
 CHOQUE 
 
Choque é uma síndrome clínica, com etiologia e níveis de 
comprometimento variados, caracterizado por alterações circulatórias e 
metabólicas de natureza evolutiva, cujas características dependem do estágio 
em que se encontra, do tipo de insulto que o ocasionou e da resposta individual 
de cada paciente. Embora sua definição exata necessite meios diagnósticos 
sofisticados, acredita-se que ele reflete uma inadequação do organismo em 
suprir os tecidos com uma quantidade adequada de sangue saturado de 
oxigênio. 
O choque se caracteriza por déficit agudo de oxigênio nas células, que 
resulta em metabolismo anaeróbico e acidose láctica. Para compreensão 
adequada da fisiopatologia do choque e dos fundamentos de seu tratamento é 
essencial que se conheça o conceito de transporte de oxigênio. 
 
79 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE 
 
O choque é classificado segundo a etiologia em hipovolêmico, 
cardiogênico, distributivo, obstrutivo e séptico. Entretanto, esta classificação 
representa uma simplificação, porque as etiologias frequentemente se 
sobrepõem. 
 
CHOQUE HIPOVOLÊMICO 
 
Caracteriza-se por volume intravascular inadequado relativo ao espaço 
vascular. A hipovolemia é a principal causa de choque em crianças, resultante 
de desidratação, hemorragia e perdas para o terceiro espaço, decorrentes do 
aumento da permeabilidade capilar (p.ex., sepse, queimaduras). A hipovolemia 
relativa ocorre em situações de vasodilatação sistêmica com aumento da 
capacidade vascular, como sepse e anafilaxia. 
 
Os sinais clínicos do choque hipovolêmico são: 
• Taquicardia, pressão arterial normal (choque compensado) ou 
diminuída (choque descompensado); 
• Diminuição da pressão de pulso; 
• Pulsos finos. 
• Tempo de enchimento capilar prolongado (> 2 segundos); 
• Pele fria, pálida ou marmórea; 
• Diaforese; 
• Alteração do estado mental; 
• Oligúria. 
• Dor de cabeça constante, que pode ir piorando; 
80 
 
 
• Cansaço excessivo e tontura; 
• Náuseas e vômitos; 
• Pele muito pálida e fria; 
• Confusão; 
• Dedos e lábios azulados; 
• Sensação de desmaio. 
 
CHOQUE CARDIOGÊNICO 
 
Resulta de disfunção miocárdica. As causas incluem as cardiomiopatias, 
os distúrbios do ritmo, as cardiopatias congênitas e as lesões traumáticas do 
coração. 
Ocorre na incapacidade de o coração bombear um volume de sangue 
suficiente para atender às necessidades metabólicas dos tecidos. (FIOCRUZ, 
2003, p. 47) 
O choque cardiogênico se caracteriza por baixo débito cardíaco e alta 
resistênciavascular sistêmica. A diminuição do débito cardíaco leva à liberação 
de mediadores neurohumorais, que resulta em aumento da resistência vascular 
sistêmica e da pós-carga do ventrículo esquerdo. 
Desta forma, os mecanismos compensatórios do choque cardiogênico 
podem ter efeitos deletérios, porque o aumento da pós-carga do ventrículo 
esquerdo pode deteriorar ainda mais a função miocárdica. 
81 
 
 
 
O reconhecimento do choque cardiogênico se inicia pela história 
cuidadosa. Relatos típicos incluem: 
✓ aumento do esforço respiratório; 
✓ dificuldades de alimentação; 
✓ dispneia às mamadas; 
✓ sudorese excessiva 
✓ baixo ganho pôndero-estatural; 
✓ infecções respiratórias frequentes (em crianças com cardiopatias 
congênitas com hiperfluxo pulmonar). 
 
Ao exame físico, pode-se observar: 
✓ taquicardia; 
82 
 
 
✓ ritmo de galope; 
✓ taquipneia; 
✓ extremidades frias; 
✓ pulsos finos; 
✓ cianose; 
✓ diaforese; 
✓ estertores crepitantes; 
✓ sibilos (pelo edema pulmonar - "asma cardíaca"); 
✓ hepatomegalia 
✓ estase jugular (em crianças maiores); 
✓ edema periférico (manifestação tardia de insuficiência cardíaca em 
crianças). 
 
Em recém-nascidos, as obstruções congênitas da via de saída do 
ventrículo esquerdo se manifestam por choque cardiogênico nas duas primeiras 
semanas de vida, por ocasião do fechamento do canal arterial. 
Em crianças com coarctação de aorta grave ou interrupção do arco 
aórtico, além dos sinais de choque, observa-se diferencial importante de pressão 
arterial e de intensidade dos pulsos entre os membros superiores e os inferiores 
(pressão arterial mais baixa nos membros inferiores que nos membros 
superiores e diminuição da amplitude ou ausência dos pulsos femorais). 
Como os mecanismos compensatórios do choque cardiogênico podem 
deteriorar ainda mais a função miocárdica, a fase compensada do choque 
cardiogênico pode não ser observada; geralmente, o paciente apresenta-se 
hipotenso. 
 
 
83 
 
 
CHOQUE DISTRIBUTIVO 
Caracteriza-se pela distribuição inadequada de sangue aos tecidos que 
resulta em má perfusão tecidual, geralmente secundária a alterações do tônus 
vasomotor. 
As causas de choque distributivo incluem: 
✓ anafilaxia; 
✓ anestesia espinhal ou epidural; 
✓ secção de medula; 
✓ disfunção grave do cérebro e do tronco cerebral; 
✓ uso inapropriado de vasodilatador. 
No choque anafilático, há vasodilatação sistêmica, aumento da 
permeabilidade capilar com hipovolemia relativa e vasoconstricção pulmonar. 
Os sinais e sintomas incluem: 
✓ agitação; 
✓ náuseas e vômitos; 
✓ urticária; 
✓ angioedema; 
✓ desconforto respiratório com estridor ou sibilos; 
✓ hipotensão; 
✓ taquicardia. 
 
No choque neurogênico, a perda da inervação simpática da musculatura 
lisa da parede vascular resulta em vasodilatação. 
O paciente apresenta: 
84 
 
 
✓ hipotensão com alargamento da pressão de pulso; 
✓ sem taquicardia compensatória, porque a inervação simpática do 
coração também está comprometida. 
 
CHOQUE OBSTRUTIVO 
Caracteriza-se por débito cardíaco adequado na vigência de volume 
intravascular e função miocárdica normais em decorrência de obstrução 
mecânica à entrada e/ou saída de sangue do coração. As causas de choque 
obstrutivo são pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco e embolia 
pulmonar maciça. 
SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SRIS), 
SEPSE E CHOQUE SÉPTICO 
A SRIS caracteriza a resposta inflamatória independente da causa. 
É definida pela presença de duas ou mais das seguintes condições, uma 
das quais deve ser alteração da temperatura ou da contagem de leucócitos: 
• Febre ou hipotermia 
• Taquicardia 
• Taquipneia 
• Hemograma com leucocitose, leucopenia ou desvio à esquerda. 
 
Sepse é a SRIS na presença de infecção (suspeita ou confirmada). 
Choque séptico é definido pela sepse associada a alterações da 
perfusão sistêmica: 
✓ Alteração do nível de consciência (irritabilidade, sonolência), 
✓ oligúria (diurese < 1mL/kg/h ou < 12 mL/ m2/h) 
✓ acidose láctica. 
85 
 
 
 
O choque séptico pode ser hipodinâmico ou frio (com baixo débito 
cardíaco), caracterizado por extremidades frias, tempo de enchimento capilar > 
2 segundos e diminuição da pressão de pulso, ou hiperdinâmico ou quente (com 
alto débito cardíaco e baixa resistência vascular sistêmica), caracterizado por 
extremidades quentes, avermelhadas e alargamento da pressão de pulso. 
 
RESUMO: 
Hipovolêmico: Redução do volume circulante em decorrência 
de hemorragia, perda de fluídos, diarreia, entre outros. Ocorre a redução da pré-
carga e, consequentemente, da Pressão Venosa Central (PVC) e da Pressão 
Capilar Pulmonar em Cunha (PCPC). 
Distributivo: Vasodilatação ou má distribuição do fluxo regional, como na 
sepse ou anafilaxia. 
Cardiogênico: Falha de contratilidade, como ocorre em miocardites ou 
cardiopatias congênitas. 
86 
 
 
Obstrutivo: Redução do débito cardíaco secundário a um inadequado 
enchimento ventricular. 
Dissociativo: Diminuição da capacidade de liberação de O2 para os 
tecidos. 
Séptico: Hipotensão persistente induzida pela sepse apesar de 
ressuscitação fluídica. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Podendo ser aplicado com todos os profissionais de saúde dos 
estabelecimentos de saúde devido à temática ser relevante não somente aos 
técnicos de enfermagem. A adesão as melhores práticas de atuação profissional 
pode ser a alternativa para aprimorar a qualidade dos serviços de saúde, em 
especial da Enfermagem. A importância de manter atualizar os conhecimentos 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um sistema em constante 
estruturação e consolidação que não se reduz apenas ao tratamento da doença 
como foco do modelo, a prevenção de doenças e a promoção de saúde, bem 
como a reabilitação. Isto implica em muitos desafios pela defesa da vida e 
garantia da saúde a todos os usuários. Neste contexto de construção do SUS 
observam-se grandes e várias questões, mas também necessitam de mudanças 
e aperfeiçoamentos (NASCIMENTO et al, 2011). 
A pediatria é a área da saúde dedicada à assistência a criança, 
adolescentes e pré-adolescentes, até 11 anos, 11 meses e 29 dias. Triagem é o 
primeiro contato dos profissionais com o paciente, é onde se inicia o acolhimento 
mostrando disponibilidade e passando confiança. 
A triagem pediátrica para Fernandes (2010) é o contato inicial com a 
criança e com os pais, é importante explicar para eles que a prioridade do 
atendimento é por gravidade e não por ordem de chegada, e que a cor atribuída 
não significa necessariamente ter de ficar o tempo de espera máximo referente 
a essa cor, que são: vermelha, amarela, verde e azul, determinadas pelo 
Protocolo de Manchester. 
87 
 
 
Em 2004 com início do Programa Nacional de Humanização (PNH) o 
HUMANIZA-SUS, trouxe em suas diretrizes uma estratégia de modificação do 
processo de trabalho em saúde utilizando as ferramentas do acolhimento e da 
avaliação com classificação de risco (BRASIL, 2004). 
O acolhimento é uma ação tecno-assistencial que prevê a mudança na 
relação entre os profissionais e os usuários, através de parâmetros técnicos, 
éticos, humanitários e de solidariedade. Acolher é buscar, atender de forma 
holística a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e 
assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas 
mais adequadas aos usuários (MERHY, 2008). 
A classificação de risco é um instrumento que, além de organizar a fila de 
espera e proporcionar uma ordem de atendimento que não a ordem de chegada, 
tem também outros objetivos importantes, como: garantir o atendimento imediato 
do usuário com grau de risco elevado; informar o paciente que não corre risco 
imediato, assim como a seus familiares, sobre o tempo provável de espera; 
promover o trabalho em equipe por meio da avaliação contínua do processo;dar 
melhores condições de trabalho para os profissionais pela discussão da 
ambiência e implantação do cuidado horizontalizado; aumentar a satisfação dos 
usuários e, principalmente, possibilitar e instigar a pactuação e a construção de 
redes internas e externas de atendimento. (NASCIMENTO et al, 2011). 
O processo de trabalho de enfermagem no setor de emergência pediátrica 
tem como base ideológica a premissa de salvar vidas; a humanização através 
da conversa, e do explicar o procedimento a criança e ao acompanhante. 
O enfermeiro tem papel primordial na assistência a saúde da criança, 
devendo reconhecer os sinais e sintomas, apresentados, ou seja, aferir sinais 
vitais e anotar o que o usuário refere. Todo o processo de acolhimento com 
classificação de risco deve ser registrado, possibilitando a avaliação da 
resolutividade, da qualidade do serviço e da caracterização da demanda. 
A equipe de enfermagem deve exercer algumas habilidades importantes, 
para realizar um bom acolhimento com classificação de risco, como: 
comunicação, boa interação com os profissionais da unidade, com os usuários 
88 
 
 
e família, paciência, compreensão, habilidade organizacional, agilidade, 
julgamento crítico, ética e solidariedade. 
O processo de cuidar em pediatria, pela sua especificidade, determina 
que o enfermeiro desenvolva as suas capacidades para responder com 
competência à singularidade do ato de cuidar a criança em parceria com os pais. 
Podemos dizer que na parceria é enfatizada a importância dos pais para 
o desenvolvimento integral da 
criança, mas para o 
desenvolvimento do próprio cuidado 
também. 
É valorizada a parentalidade 
no processo de cuidar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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