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1 ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 4 O ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO CONTEXTO DO SUS .......... 7 A EMERGÊNCIA EM PEDIATRIA E AS ESPECIFICIDADES DESSE ATENDIMENTO ................................................................................................. 9 GERÊNCIA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM NA PERSPECTIVA DA INTEGRALIDADE NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA ....................................... 11 DEFININDO AS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS...... 16 RECONHECIMENTO E PRIMEIRO ATENDIMENTO AO PACIENTE GRAVEMENTE ENFERMO ............................................................................. 17 EDUCAÇÃO PERMANENTE NA ENFERMAGEM ................................ 34 MELHORES PRÁTICAS DE ATUAÇÃO NO TRABALHO ..................... 35 O TRABALHO DA ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA NA PERSPECTIVA DOS ACOMPANHANTES ...................................................... 36 A GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE: RECURSOS MATERIAIS E ESTRUTURA FÍSICA ....................................................................................... 39 ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM PEDIATRIA . 43 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO SEGUNDO PRIORIDADES ................... 45 SALA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA ...................................... 52 OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE) ......................................................................................................................... 54 OVACE EM PEDIATRIA: CONDUTA DO ENFERMEIRO ..................... 55 PARADA CARDIORESPIRATÓRIA....................................................... 60 SUPORTE DE VIDA EM PEDIATRIA – RCP ........................................ 65 RCP EM CRIANÇAS (1-8 ANOS) .......................................................... 66 COMPRESSÃO TORÁCICA EM MAIORES DE 8 ANOS E EM ADULTOS TRAUMA .......................................................................................................... 67 2 ABERTURA DE VIAS AÉREAS NO TRAUMA ...................................... 67 TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO ............................................. 68 TRAUMATISMO TORÁCICO ................................................................ 70 CONVULSÃO ........................................................................................ 71 ABORDAGEM DAS CONVULSÕES NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA 73 TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA DAS QUEIMADURAS ................... 76 CHOQUE ............................................................................................... 78 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 89 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 INTRODUÇÃO A cada ano morrem cerca de 12 milhões de crianças, antes de chegar aos cinco anos de idade, muitas delas, durante o primeiro ano de vida, sobretudo nos países em desenvolvimento. Sete, de cada dez, dessas mortes devem-se a infecções respiratórias agudas (principalmente pneumonia), à diarréia, ao sarampo, à malária ou desnutrição, e, frequentemente, a uma combinação dessas afecções. Quando está na fase aguda da doença ou de acidentes, a criança chega aos serviços emergenciais com alto risco para a morte, exigindo da equipe de assistência o desenvolvimento de suas potencialidades para prover o atendimento emergencial. Cabe à equipe de enfermagem a responsabilidade pelos cuidados intensivos ao paciente crítico, por meio da avaliação permanente, da vigilância, e da realização de procedimentos e técnicas que complementam a terapêutica médica. Deve dispor igualmente de protocolos para a assistência de enfermagem, garantindo a continuidade de um trabalho integrado com a equipe médica, atuando na orientação e no acolhimento dos familiares. Nas situações emergenciais, a criança é quase sempre a principal vítima, necessitando de uma atenção especial, dadas as peculiaridades biológicas e psicológicas e as características próprias desse grupo populacional no país, sujeito aos agravos decorrentes das doenças prevalentes na infância, necessitando de recursos materiais e humanos especializados para o atendimento emergencial. Diversos fatores colocam a criança em situação de risco. Entre as causas que demandam assistência nas unidades de atendimento pediátrico estão as doenças respiratórias, os estados convulsivos, as intoxicações, os acidentes e traumas, provocando, muitas vezes, a parada cardiorrespiratória, que constitui a emergência médica de maior importância na área pediátrica. Os processos infecciosos, parasitários e traumáticos, na maioria das vezes, constituem as principais causas 5 de ingresso a essas unidades. Os profissionais que atuam na unidade de emergência devem receber treinamento específico, tanto técnico e científico, quanto uma educação continuada voltada para o autoconhecimento, o que exige deles domínio de suas próprias emoções e conhecimento de seus limites e de suas possibilidades. Por outro lado, a angústia e a ausência de informações aos familiares são também fontes de tensão nesse ambiente. O atendimento em emergência cardiorrespiratória e em ressuscitação cardiopulmonar desenvolve-se, a partir da década de 60 do século passado, por meio de programas e procedimentos estandarizados, decorrentes de propostas de organizações internacionais para o treinamento em urgências e em medidas de técnicas básicas e avançadas. Na década de 80, foi padronizado o atendimento pediátrico e neonatal para ressuscitação cardiopulmonar (RCP) denominado Suporte Básico de Vida e Suporte Avançado de Vida Pediátrico. Esses cursos de treinamento em RCP pediátrica foram introduzidos no Brasil, a partir de 1998, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, em convênio com a Sociedade Brasileira de Pediatria, priorizando a capacitação do profissional médico e, posteriormente, dos profissionais de enfermagem. Os serviços de pronto atendimento, sobretudo nos grandes centros urbanos, recebem alta demanda de pacientes, e a tendência da equipe é trabalhar com rapidez e eficácia para minimizar as situações de risco de vida. Diante de uma criança em situação de risco iminente, ocorre, nesses profissionais e, sobretudo, na equipe de enfermagem, uma diversidade de respostas subjetivas, produto de uma reação intensa a essas experiências e das relações que se estabelecem com a criança e sua família, como consequência da sensibilidade característica dos seres humanos e, em especial, dos profissionais que atuam no serviço pediátrico. Está previsto no Códigode Ética dos Profissionais de Enfermagem nas responsabilidades e deveres nas relações com a pessoa, família e coletividade, “Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. 6 Art. 13 - Avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica, ética e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, quando capaz de desempenho seguro para si e para outrem. Art. 14 - Aprimorar os conhecimentos técnicos, científicos, éticos e culturais, em benefício da pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da profissão”. 7 O ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO CONTEXTO DO SUS O objetivo das políticas públicas, enquanto ação é minimizar as desigualdades sociais sejam elas raciais, culturais, econômicas, sociais e outras, oferecendo a todos um tratamento específico conforme as suas necessidades. Em se tratando de políticas públicas, para atender as necessidades das crianças, a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, trouxe condições favoráveis para criação de programas públicos visando à saúde da criança. Em seu artigo 11 é assegurado o atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do SUS, garantindo o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. Nas últimas décadas, um dos marcos mais importante e marcante nas transformações pelas quais vem passando o sistema de saúde brasileiro ocorreu em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, na qual foi determinado que a saúde é direito de todos e dever do Estado e cria o SUS. Este só foi regulamentado, no entanto, pelas Leis Orgânicas da Saúde nº 8080, de 19 de setembro de 1990 e nº 8142, de 28 de dezembro de 1997. A partir daí a saúde no Brasil passa por um processo contínuo de mudanças na tentativa de consolidar este sistema e criar propostas que atendam a população de maneira humanizada e ética. A Norma Operacional da Assistência à Saúde/SUS 01/2002 dispõe sobre a formação de níveis de complexidade, as responsabilidades financeiras dos setores com cada nível e como deve se dar a articulação entre os níveis devidamente hierarquizados. Estrutura-se, então, uma rede descentralizada e hierárquica em três níveis de atenção: nível primário (postos e centros de saúde), considerada a porta de entrada dos usuários da rede de saúde; nível secundário (unidades mistas, ambulatórios geral, hospitais locais e regionais); e nível terciário (ambulatórios especialistas, hospitais especializados e hospitais de especialidades). 8 Visando garantir aos pacientes a integralidade e acesso aos serviços, é importante que haja um sistema de comunicação e inter-relação entre os diferentes níveis. O sistema de referência e contrarreferência é um mecanismo administrativo, em que os serviços estão organizados de forma a possibilitar o acesso a todos os serviços existentes no SUS pelas pessoas que procuram as unidades básicas de saúde. Essas unidades são, portanto, a porta de entrada para o serviço de maior complexidade, caso haja necessidade do usuário. Asssim, as unidades de maior complexidade são chamadas de unidades de referência. O usuário atendido na unidade básica, quando necessário, é referenciado (encaminhado) para unidade de maior complexidade a fim de receber o atendimento de que necessita; quando finalizado o atendimento dessa necessidade especializada, ele deve ser contrarreferenciado, ou seja, o profissional deve encaminhar o usuário para a unidade de origem para que a continuidade do atendimento seja feita. A Política Nacional de Atenção às Urgências preconiza a integração entre a rede básica de saúde local, permitindo que o usuário tenha acesso aos serviços de saúde nos diversos níveis de complexidade. Deixa claro que as equipes de atenção às urgências vinculadas ao SUS devem estar em constante aperfeiçoamento para atender os usuários de acordo com os princípios da integralidade e humanização. Assim sendo, serviços de emergência devem estar organizados para atender às crianças e suas famílias, independentemente da situação de saúde, e encaminhá-los após o atendimento para os serviços de saúde de acordo com as suas necessidades. A Portaria nº 3.390, de 27 de dezembro de 2013, que institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) no âmbito do SUS, estabeleceu as diretrizes para organização do componente hospitalar da Rede da Atenção à Saúde (RAS), cuja finalidade é promover o aprimoramento dos processos assistenciais e gerenciais na atenção hospitalar, mediante planejamento cooperativo e solidário entre as esferas governamentais, com vistas à qualificação e resolutividade da atenção. Em seu Capitulo I, Artigo 4º, a PNHOSP define que os hospitais que prestam ações e serviços no âmbito do SUS constituem-se como um ponto ou conjunto de pontos de atenção, cuja missão e perfil assistencial devem ser definidos conforme o perfil demográfico e epidemiológico da população e de 9 acordo com o desenho da RAS locorregional, vinculados a uma população de referência com base territorial definida, com acesso regulado e atendimento por demanda referenciada e ou espontânea. No parágrafo 2º, por sua vez, fica definido que os hospitais se constituem, além da assistência, em espaços de educação, formação de recursos humanos, pesquisa e avaliação de tecnologias em saúde para a RAS. A EMERGÊNCIA EM PEDIATRIA E AS ESPECIFICIDADES DESSE ATENDIMENTO Com a grande demanda de pacientes na qual o serviço de emergência tem se deparado, o papel do profissional de enfermagem, junto com a sua equipe, é o de prestar uma assistência rápida e resolutiva para minimizar as situações de risco de vida. A especificidade dos pacientes pediátricos encontra- se, principalmente, na maior dificuldade em verbalizar suas angústias e sofrimentos durante sua internação, requerendo que o profissional de enfermagem compreenda e acolha não apenas a criança doente como também sua subjetividade em se expressar. A criança e sua família, quando procuram pelo serviço de emergência, necessitam de uma atenção especial em razão das suas características psicobiológicas próprias desse grupo populacional que, em muitos casos, estão sujeitos aos agravos decorrentes das doenças que se manifestam na infância. Esse tipo de atendimento exige recursos materiais e humanos especializados e preparados para que a situação de saúde da criança não se agrave. Muitos são os fatores que colocam a criança em risco. Entre as causas que necessitam da assistência nas unidades de atendimento de EP estão as doenças respiratórias, as intoxicações, os estados convulsivos e 10 os acidentes e traumas, que provocam, muitas vezes, a parada cardiorrespiratória, que é a emergência de maior importância na pediatria. O atendimento por livre demanda ainda é muito frequente, principalmente nos serviços vinculados ao SUS, onde são também frequentados por crianças com doenças mais simples, e as famílias os utilizam como porta de entrada do sistema, provocando elevada procura pelo serviço e interferindo no atendimento aos pacientes agudos. Na assistência pediátrica, que envolve média e alta complexidade, como também a cronicidade e gravidade dos casos, os profissionais devem considerar a incorporação constante de novos conhecimentos sobre doenças raras, sobre limitações do desenvolvimento e maturação dos pacientes, e o uso de tecnologias de ponta. Além disso, é importante a valorização do saber do paciente pediátrico sobre o seu processo de adoecimento, sobre as relações vivenciadas durante a sua internação e sobre o seu direito de expressão, fornecendo subsídios para que o profissional de saúde possa refletir e repensar acerca de suas práticas comvistas a uma assistência integral e acolhedora. Neste movimento de reflexão, cabe destacar que nas emergências pediátricas, o foco da atenção é prioritariamente, mas não exclusivamente, a criança, pois esta tem direito a um acompanhante, que também deve ser alvo da assistência. Assim, o processo de trabalho da equipe de enfermagem deve estar centrado na prática assistencial, educativa e na administração do serviço de saúde, bem como na necessidade de cuidar das crianças em situação de emergência e seus acompanhantes. Neste contexto, o processo de trabalho em saúde se dá no momento do encontro profissional-usuário sendo, portanto, um trabalho vivo em ato. Isto é, trata-se do encontro entre os acompanhantes e as crianças atendidas na EP com os profissionais de saúde. Além disso, o processo de trabalho em saúde envolve a configuração de uma complexa rede com os elementos relativos aos sujeitos (necessidades, desejos, interesses), às redes sociais (modo de produção, mecanismos de modelação ideológica) e à própria gestão dos serviços de saúde (políticas públicas, financiamentos, estratégias de gestão). 11 Portanto, destaca-se que as ações de enfermagem não estão restritas a procedimentos técnicos, há grande valorização do cuidado humanizado prestado à criança hospitalizada e ao seu familiar cuidador. Neste momento, podemos inferir que o enfermeiro como líder da equipe defronta-se com vários desafios para o gerenciamento do cuidado no serviço de emergência; portanto, além de conhecimento técnico e cientifico, deve ter habilidade para organizar o trabalho, adequando-o às condições de atendimento disponíveis à quantidade e gravidade do quadro clinico dos pacientes que procuram este serviço. GERÊNCIA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM NA PERSPECTIVA DA INTEGRALIDADE NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA O hospital moderno é uma organização complexa que incorpora o avanço constante de conhecimentos e tecnologia, no qual diferentes profissionais ligados à área de saúde exercem suas atividades. Entre eles, o enfermeiro é um dos responsáveis pela assistência prestada ao cliente e desempenha funções administrativas e assistenciais com vistas à realização do cuidado. Para a realização destas funções, o enfermeiro adapta constantemente o seu processo de trabalho, ao mesmo tempo em que tem o usuário como eixo central de suas ações. A tomada de decisão permeia o processo de trabalho do enfermeiro cotidianamente e é considerada a função que caracteriza o desempenho da gerência. Gerência é a arte de pensar, de decidir e de agir. É a arte de fazer acontecer, de obter resultados que podem ser definidos, previstos, analisados e avaliados, mas que tem que ser alcançados pelas pessoas em uma interação humana constante. A gerência constitui um importante instrumento para a efetivação de políticas, incorporando um caráter articulador e integrativo, ou seja, a ação gerencial é determinada e determinante do processo de organização de 12 saúde e fundamental na efetivação de políticas sociais e, em específico, as da saúde. Consideramos, então, que a gerência é a maneira de utilizar diversos recursos organizacionais, quais sejam: humano, materiais, financeiros, de informação e tecnologia, para alcançar objetivos e atingir elevado desempenho. É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz. O planejamento é a primeira função administrativa, porque sem planejamento não se pratica gerência. O planejamento se inicia à medida que se determinam objetivos a serem alcançados, se definem estratégias e políticas de ação e se detalham planos para conseguir alcançar os objetivos. Desta forma, é estabelecida uma sequência de decisões que incluem a revisão dos objetivos propostos, alimentando um novo ciclo de planificação. Logo, o princípio básico para uma boa gestão é o planejamento, já que é a partir dele que se norteia todo o processo gerencial e dá suporte para a tomada de decisão para implementar atividades. Quando o planejamento é bem feito, o trabalho é realizado com qualidade, com o melhor uso dos recursos humanos e materiais e há, também, um melhor controle de custos. Outra função gerencial é a organização, que significa “estabelecer a estrutura para executar os planos, determinando o tratamento mais adequado a ser dado ao paciente e agrupar as atividades para atingir as metas da unidade. Incluem, também, o trabalho dentro da estrutura da organização, a compreensão e utilização do poder e da autoridade. A direção, enquanto uma das funções gerenciais, implica em várias atividades relacionadas com o recurso humano e por isso é através dela que são tomadas decisões, emitidas as ordens, 13 orientações e supervisão do esforço dos subordinados, no sentido de alcançar os objetivos definidos no planejamento . O controle é a função administrativa, que tem a ver com o planejado e o realizado, ou seja, com o desejado e o obtido, com o orçado e o efetivado. Dessa forma, o controle fecha o ciclo aberto pelo planejamento. A essência do controle reside na verificação se a atividade controlada está ou não alcançando os resultados desejados. Parte-se do princípio de que estes resultados foram previstos e precisam ser controlados. A ssim, o controle pressupõe a existência de objetivos e de planos, pois não se pode controlar sem planos que definam o que deve ser feito. O enfermeiro no seu dia a dia realiza junto a sua equipe funções de planejamento, organização, direção e controle. A execução de cada uma dessas funções ocorre em maior ou menor frequência, mas todas estão presentes. A gerência em enfermagem é uma atividade que facilita a integração entre a equipe de saúde a fim de tornar possível o processo de cuidar, seja ele individual ou coletivo. Para o exercício da gerência requerido por este estudo, buscou-se base teórica dentro da ciência da administração e usou-se as funções administrativas para o processo de trabalho da gerência em enfermagem. Nessa perspectiva, o planejamento como um instrumento do processo de trabalho gerencial pode ser definido como a arte de fazer escolhas e de elaborar planos para favorecer um processo de mudança. Compreende, assim, um conjunto de conhecimentos práticos e teóricos ordenados de modo a possibilitar a interação com a realidade, programar as estratégias e as ações necessárias para alcançar os objetivos e metas desejadas e pré-estabelecidas. As transformações ocorridas nos setores político, econômico, social e cultural da sociedade, bem como o surgimento de novas tecnologias, têm levado as organizações hospitalares a buscarem novas concepções gerenciais, a fim de se tornarem mais eficientes e eficazes no atendimento das doenças e seus clientes. O gerenciamento em enfermagem pode ser historicamente contextualizado a partir da segunda metade do século XX. Desde este período, o trabalho da enfermagem é organizado de modo que o saber administrativo e a 14 prática propriamente dita são dissociados, ou seja, separe-se a organização e a execução do cuidado. A partir deste ponto é possível distinguir o processo de cuidar do processo de gerenciar: o primeiro expressa a execução dos cuidados de enfermagem para a obtenção do atendimento integral com vistas às necessidades de saúde da população, o segundo tem como objetivo a organização do trabalho e os recursos humanos necessários à efetivação de tal cuidado. Analisando o cuidado como cerne do processo do trabalho de enfermagem, compreende-se que o gerenciamento pressupõe a qualidade do mesmo, e que, portanto, a cisão entre as dimensões assistencial e gerencial compromete o alcance do cuidado, acarretando conflitos no trabalho deste profissional com sua prática, na relação com a equipe de enfermageme com a equipe multiprofissional. Conceitualmente, a gerência do cuidado envolve uma relação dialética entre o saber fazer gerenciar e o saber fazer cuidar, o que possibilita, assim, uma interface entre eles na prática profissional. Caracteriza-se por ações expressivas e instrumentais de cuidado direto e indireto, além de articulação e interface dos aspectos técnicos, políticos, social, comunitário, de desenvolvimento da cidadania e organizacionais, que envolvem a práxis do enfermeiro em cenário hospitalar, nos diferentes níveis hierárquicos e em quaisquer instituições de saúde. As ações da gerência do cuidado de enfermagem estão relacionadas às ações do cuidado direto e àquelas do cuidado indireto, de caráter instrumental, caracterizadas por ações que requerem habilidades técnicas e gerenciais. Elas têm o intuito de planejar o ambiente terapêutico, inclusive equipamentos e materiais necessários, possuindo caráter expressivo, que englobam aspectos subjetivos, além de influenciar e serem influenciadas pelos aspectos objetivos que envolvem a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a organização do trabalho da equipe de enfermagem. Ambas são ações realizadas pelo enfermeiro, de forma integrada e articulada, com o objetivo de oferecer um cuidado sistematizado de qualidade aos usuários do serviço em saúde. 15 As várias funções desempenhadas pelo enfermeiro – cuidar, educar, coordenar, colaborar e supervisionar – devem ser desenvolvidas de maneira integrada e, portanto, indissolúvel uma das outras. Tendo em vista um atendimento integral a coordenação do cuidado, é um dos papeis mais importantes em um ambiente hospitalar, visto que, entre suas atribuições, o enfermeiro possibilita a integração entre os serviços e outros profissionais da equipe multiprofissional. As atividades gerenciais do enfermeiro devem ter como finalidade o alcance de um cuidado de qualidade, visto ser este o traço principal do processo de trabalho da enfermagem. Dessa forma, na medida em que o gerenciamento de enfermagem está articulado com a prática do cuidado, ambos voltados para o atendimento das necessidades de saúde, ele pode contribuir com o cuidado integral e com o alcance da integralidade da atenção. Neste movimento de reflexão, o trabalho gerencial do enfermeiro tem potencial para redefinir o modelo de atenção, pois permite a produção do cuidado, por meio de ações que visam à intervenção em saúde, incidindo exatamente no momento operacional. Para tanto, o enfermeiro deve amparar o seu processo de trabalho utilizando tecnologias gerenciais, a fim de tornar-se um agente de mudança da realidade dos serviços de enfermagem das instituições de saúde, de forma que o cuidado gerenciado nas instituições seja capaz de extrapolar o tecnicismo, incorporando conhecimentos e atitudes de maneira racional e sensível. 16 DEFININDO AS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS Concordando com Santos et al “[...] a situação de emergência é geralmente assustadora, ela necessita das mais rápidas e melhores formas de pensar e agir, pois a palavra emergência são eventos inesperados e que pedem atendimento imediato no qual devemos enfrentá-los e fazer a coisa certa com rapidez e eficiência”. As situações de emergência na infância são traumáticas, tanto para a criança quanto para os pais e familiares, pelo risco iminente de morte e devido à necessidade de intervenção imediata pela equipe de saúde, onde por vezes estão focados no atendimento deixando os familiares de lado e sem notícias do quadro do paciente até a estabilização do mesmo. Para conseguir atender com seriedade, comprometimento, ética e habilidade é importante que os profissionais possuam conhecimento atualizado acerca das condutas a serem tomadas no momento da emergência para assegurar uma assistência livre de danos, bem como negligencia, imprudência ou imperícia. 17 RECONHECIMENTO E PRIMEIRO ATENDIMENTO AO PACIENTE GRAVEMENTE ENFERMO O reconhecimento dos sinais e sintomas que demonstram gravidade nos pacientes da faixa etária pediátrica e adolescente é de suma importância no prognóstico. O atendimento precoce pode evitar a evolução para uma parada cardiorrespiratória (PCR), choque, insuficiência respiratória ou piora do quadro clínico vigente. Os gastos públicos com o tratamento diminuem, assim como a possibilidade de complicações e de sequelas. A educação da comunidade é fundamental para a aquisição de uma postura coerente frente ao paciente doente, facilitando o contato com o profissional de saúde e melhorando as condições de atendimento. Esse processo pode ocorrer através de palestras, divulgação de cartazes e cartilhas, contato com agentes de saúde e com os Centros de Saúde através do “acolhimento”, inclusão de disciplinas educativas para a saúde nas escolas. A comunidade em geral deveria receber orientações quanto ao suporte básico de vida (atendimento à parada cardiopulmonar, desobstrução de vias aéreas superiores), primeira abordagem em eventos súbitos (crises convulsivas, afogamento, traumas, intoxicações, etc.), assim como orientações para prevenção de acidentes e intoxicações, uso de drogas ilícitas e identificação de abusos sexuais, maus-tratos na infância e adolescência. A disponibilização e treinamento para o uso de aparelhos de desfibrilação automática externa (DAE) em locais turísticos ou de fluxo aumentado de pessoas (grandes empresas, shoppings, centros comerciais ou de lazer) poderia levar a um impacto positivo na sobrevivência e diminuição de sequelas. O treinamento do profissional de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas de gravidade é prioritário. Muitas vezes a demanda para o atendimento é grande e pequenos detalhes podem passar despercebidos. A segurança para tomar a decisão certa diante de um paciente grave é obtida com a experiência profissional. A discussão de casos clínicos simulados ou que já ocorreram nas equipes ou centros de saúde pode contribuir para o crescimento profissional. 18 A organização da rede de atendimento e de referência, do transporte adequado aos locais de encaminhamento determina a melhora da abordagem. O contato e a disponibilidade de um serviço de suporte avançado de vida (hospitais, centros de terapia intensiva) propiciam uma melhor evolução para o paciente. A participação da comunidade, do profissional de saúde e a organização dos serviços de saúde constituem o que é chamado elo de sobrevivência na cadeia de atendimento aos pacientes. SINAIS E SINTOMAS DE GRAVIDADE Vários sinais e sintomas podem estar presentes, mas, algumas vezes, o evento pode ser súbito. Os pacientes podem apresentar sinais de choque, de insuficiência respiratória ou de piora de um quadro clínico preestabelecido. A observação e a atenção dos profissionais de saúde e dos pais ou cuidadores da criança permitem a percepção de que “algo está errado”. A informação adequada durante a anamnese e o exame minucioso é que permitirão o diagnóstico precoce. A partir daí uma atenção diferenciada deve ser dada a esse paciente. As medidas iniciais a serem tomadas dependerão do quadro clínico, mas uma folha de PCR (TABELA 1) deve ser preenchida, a estabilização do paciente deve ser mantida (através de suporte básico e, se necessário, avançado). O exame deve ser sequencial e frequente, adotando-se a avaliação pelo “ABC” (TABELA 2). Os dados devem ser anotados em prontuário médico. 19 20 Os sinais e sintomas de alerta na criança e no adolescente devem ser avaliados (TABELA 3), assim como nos neonatos (TABELA 4) e nos lactentes (TABELA 5). Devemos estar atentos aos diagnósticos diferenciais nos lactentes de aparência séptica (TABELA 6). A medida da pressão arterial deve ser avaliada, estando atentos para se mantera PA sistólica acima do percentil 5 (TABELA 7). 21 22 23 24 CONDUTA 25 Uma história sucinta com dados relevantes à história da doença atual deve ser colhida rapidamente. É também importante saber se o paciente é portador de doença crônica, se está usando medicamento contínuo ou fazendo algum tratamento médico. Após estabilização, uma história detalhada deve ser colhida. Dependendo de uma avaliação sumária do “ABC“, as medidas de suporte de vida, se necessárias, devem ser tomadas (TABELA 8). As medidas terapêuticas específicas devem ser instituídas de acordo com a doença determinante. A oxigenoterapia deve ser iniciada nos pacientes gravemente enfermos até que o quadro clínico seja esclarecido e a monitorização da saturimetria, se possível, seja instituída. Devem ser avaliadas: necessidade de intubação traqueal e de ventilação mecânica; a monitorização da freqüência cardíaca, da PaCO2, da pressão venosa central. Exames complementares devem ser solicitados dependendo do quadro clínico do paciente. Em quadros infecciosos: hemograma completo, PCR, culturas, sorologias específicas, urina rotina, radiografias, liquor, ultra- sonografia, tomografias. Em caso de alteração renal: uréia, creatinina, 26 ionograma. Se insuficiência respiratória: gasometria arterial, radiografia de tórax. A gasometria arterial pode auxiliar no diagnóstico e classificação da gravidade do quadro (TABELA 9). Caso o paciente esteja desidratado gravemente, ele deve ser reidratado antes da coleta da gasometria arterial, do hemograma e do ionograma. Outros exames que podem ser necessários: dosagem de sódio urinário, prova de função hepática, coagulograma, estudos hemodinâmicos, ecocardiograma, dosagem de tóxicos, uréia e creatinina. Algumas medidas adicionais podem estar indicadas: medida da diurese (pesagem da fralda, coletor urinário, sonda uretral), cálculo de anions gap, monitorização da pressão intracraniana. Contatos, se necessário, com os serviços de transporte e de atendimento para suporte avançado de vida ou internação em enfermaria devem ser mantidos. O paciente tem que ser estabilizado para o transporte. Os familiares ou responsáveis devem ser comunicados sobre a gravidade do caso. O acompanhamento médico é obrigatório e regulamentado por lei do Conselho Federal de Medicina. SITUAÇÕES ESPECIAIS Descreveremos algumas situações que são comuns nos pacientes gravemente enfermos: desequilíbrio ácido-básico e hidroeletrolítico, insuficiência renal aguda, norteando os cuidados iniciais a serem tomados. 27 CORREÇÃO DE DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS E HIDROELETROLÍTICOS GRAVES O choque hipovolêmico é discutido no capítulo específico e pode ser secundário à desidratação grave. Os distúrbios eletrolíticos devem ser tratados com urgência naqueles casos que coloquem o paciente em risco. Vamos abordar os distúrbios do sódio e do potássio por serem os mais comuns e os que levam a repercussões clínicas mais graves. Sempre devemos ter em mente que a faixa de normalidade dos íons varia muito dependendo da faixa etária; portanto, devemos consultar tabelas com esses valores para não abordarmos o paciente de forma inadequada. O estado clínico do paciente, se está hidratado ou não, em anasarca ou não, e a diurese, assim como a função renal e adrenal, também devem ser considerados. A anamnese, assim como uso de medicamentos, é fundamental para tentarmos estabelecer a causa e detectar doenças crônicas prévias. Descreveremos abaixo os principais sinais clínicos e o tratamento que deve ser instituído de urgência. HIPERPOTASSEMIA É definida como K+ sérico acima de 5,5 mEq/L na criança maior e superior a 6 mEq/L nos RN. É importante tentarmos detectar a causa (diminuição da capacidade renal de excreção de K+, aumento exógeno ou endógeno, pseudo- hipercalemia), pedir outros exames afins (uréia, creatinina, urina rotina, K+ e Na+ urinários). É indispensável a realização do ECG. As alterações ao ECG mais comuns são: onda T em tenda, diminuição da amplitude da onda P, alargamento do QRS e da onda T (podendo se fundir, gerando uma onda em “sino”). As arritmias que podem ocorrer são: bloqueio AV total, taquicardia ventricular, flutter e parada cardíaca por fibrilação ou assistolia. O paciente pode apresentar sintomas 28 neuromusculares, como fraqueza muscular, parestesias, paralisia flácida ascendente. A abordagem terapêutica pode ser feita por meio de uma das seguintes formas: (1) Gluconato de cálcio 10%: 0,5 a 1 ml/Kg, administrado de forma lenta (10 a 15 minutos), podendo ser repetido após cinco a dez minutos. O paciente deve ser monitorizado através de monitor cardíaco e ausculta cardíaca. O efeito é imediato e dura 30 a 60 minutos. (2) Glicose: 0,5 a 1 g/Kg EV em 15 a 30 minutos, ou solução polarizante, ou seja, glicose mais insulina (1 unidade de insulina para cada 3 g de glicose). O efeito inicial ocorre entre cinco e dez minutos e dura de quatro a seis horas. (3) Bicarbonato de sódio a 8,4%: 1 a 2 mEq/Kg, diluído 1:1, administrado EV em 5-10 minutos. O efeito inicial ocorre entre cinco e dez minutos e pode ter duração de duas horas. Pode-se repetir a infusão. (4) Agonistas ß2 adrenérgicos podem ser utilizados por via inalatória ou EV, nas mesmas doses para a crise asmática (vide capítulo específico), mas podem levar a arritmias cardíacas e produzir efeitos mal controlados sobre a concentração de K+. (5) Diurético de alça: furosemida na dose de 0,5-2 mg/Kg/dose, se função renal preservada, ou se ainda houver resposta diurética. (6) Uso de resinas de troca de K+, como o “Sorcal“, na dose de 0,5-1,0 g/ Kg/dose, em três a seis doses diárias, por via oral ou enema. (7) Diálise peritoneal ou hemodiálise: dependendo da evolução do paciente ou falta de resposta terapêutica. HIPOPOTASSEMIA É definida quando o potássio sérico está abaixo de 3,5 mEq/L. As principais manisfestações clínicas são: neuromusculares (fraqueza, rabdomiólise, paralisias), alterações do ECG (depressão do segmento ST, 29 depressão da onda T, presença de onda U), alterações cardíacas (necrose do miocárdio, ICC, contrações atriais ou ventriculares prematuras, aumento da resposta às catecolaminas), renais (aumento da produção de amônia e reabsorção de bicarbonato, redução do ritmo de filtração glomerular, proteinúria), metabólicas (distúrbios na secreção de insulina, balanço nitrogenado negativo), gastrointestinais (náuseas, vômitos, íleo paralítico, dor abdominal, hiporexia). O tratamento dependerá do nível sérico. Na forma leve (3 a 3,5 mEq/ L), deve-se aumentar a ingestão oral ou no soro, caso o paciente esteja com a via oral suspensa. Na forma moderada (2,5 – 3 mEq/L), pode-se administrar por via oral o xarope de KCl a 6% (0,8 mEq de K+ em 1 mL) ou a ampola de KCl (1,34 mEq em 1 mL) na dose de 2-4 mEq/Kg/dia. Na forma grave (< 2,5 mEq/L) a correção deve ser EV na dose de 0,2 - 0,6 mEq/Kg/h, em quatro a seis horas, com reavaliações da dosagem sérica. Em veias periféricas, a concentração do K+ no soro deve ser de, no máximo, 60-70 mEq/L; no caso de acesso venoso central pode-se chegar até a 80-100 mEq/L, preferencialmente diluído em água bidestilada, pois as soluções glicosadas podem liberar insulina e propiciar a entrada do K+ para o intracelular, levando a uma demora do equilíbrio entre o intra e o extracelular. HIPERNATREMIA A hipernatremia é definida como sódio sérico acima de 150 mEq/L, podendo levar ao óbito ou seqüelas neurológicas. O paciente pode estar hidratado, desidratado ou hiper-hidratado. As manifestações cardiovasculares são pouco expressivas. As causas podem ser por excesso de aporte de sal, perdas (insensíveis, renais ou gastrointestinais) ou aporte inadequado deágua. O tratamento pode ser realizado da seguinte forma: (1) Hipernatremia crônica (com mais de 24 horas de instalação), em paciente desidratado: (a) na presença de choque: SF 20 ml/Kg EV em 20 minutos, reavaliando o paciente seqüencialmente; (b) sem sinais de choque: SF + SGI a 1:1 em velocidade de infusão de 10 ml/ Kg/h, em seis horas. 30 (2) Hipernatremia crônica em paciente normovolêmico: SF + SGI a 1:1, a 4-6 ml/Kg/h até que o sódio atinja 160 mEq/L. Pode-se fazer uma estimativa do volume necessário para essa redução com a seguinte fórmula: Onde: Vf representa a soma do volume inicial (Vi) com o volume adicionado (Va). O Vi é obtido multiplicando-se 0,6 x peso em Kg do paciente. O Va é o volume de solução a ser adicionado capaz de reduzir o Na+ até 160 mEq/L. [Na+]i é o sódio do paciente. [Na+]a é o sódio presente na solução a ser adicionada, ou seja SF contém 150 mEq/L de Na+ e a solução 1:1 contém 75 mEq/L de Na+. Simplificando-se a fórmula, obtemos: A correção deve ser lenta, ou seja, em 6 a 24 horas. Se o distúrbio for crônico (mais de 24 horas de instalação), deve-se reduzir a [Na+] numa taxa de queda inferior a 0,7 mEq/L/h. Se o distúrbio for agudo utiliza-se o uso de 10ml/Kg/h da solução. (3) Se hipernatremia hiperaguda (com menos de 12 horas de instalação) sintomática ou sódio sérico acima de 180 mEq/L, recomenda-se administrar SGI num volume capaz de reduzir a [Na+] até 170 mEq/L. O volume é calculado a partir do déficit de água livre (DAL), pela seguinte fórmula: Na prática é estabelecido que será necessário 4 mL/Kg de SGI para cada 1mEq/L de redução na [Na+]. 31 (4) Se houver insuficiência renal associada, avaliar a necessidade de uso de método dialítico. HIPONATREMIA A hiponatremia é definida como uma redução do sódio abaixo dos níveis considerados normais. É importante avaliarmos se está existindo saída de água da célula, saída de sódio do compartimento extra para o intracelular, retenção de água (como na Síndrome de Secreção Inapropriada de Hormônio Antidiurético – SHIAD), perda de sódio (através do rim, trato gastrointestinal ou pelo suor). Os principais sintomas e sinais são neurológicos, como edema cerebral, convulsões, coma, fraqueza, câimbras, fadiga. O tratamento varia conforme o quadro clínico do paciente, o seu estado de hidratação, o valor do sódio sérico e a osmolaridade sérica, como visto abaixo: (1) Paciente hidratado e com sódio sérico acima de 120 mEq/L: restrição hídrica (uso de 2/3 do aporte). (2) Paciente hidratado e com sódio sérico menor que 120 mEq/L, em paciente assintomático: restrição hídrica e uso de diuréticos de alça. (3) Paciente sintomático e com sódio sérico menor que 120 mEq/L: devemos elevar o sódio sérico até 120-125 mEq/L em uma velocidade de aumento de 1 a 2 mEq/L/hora, dependendo da volemia do paciente. Se estado de choque, administrar solução fisiológica de 20 mL/Kg a cada 20 minutos. Se o paciente estiver desidratado, mas sem sinais de choque, administrar solução fisiológica em diluição 1:1 com soro glicosado isotônico, a 10 ml/Kg/h. Se o paciente estiver hipervolêmico ou normovolêmico, administrar NaCL a 3%, com concentração de 0,5 mEq/ ml (dilui-se 15ml de NaCl a 20% em 85 ml de água destilada), até que o sódio atinja 125 mEq/L, por um período médio de quatro horas. 32 (4) Paciente sintomático e com distúrbio hiperagudo: a correção pode ser mais rápida até que se atinja 120-125 mEq/L numa velocidade de infusão de até 5 mEq/Kg/h. (5) Paciente sintomático, mas com distúrbio crônico (tempo de instalação superior a 48 horas): infusão de 0,5 mEq/Kg/h até que se atinja sódio sérico de 120-125 mEq/L. (6) Se insuficiência renal, deve-se avaliar a necessidade de método dialítico. (7) Se o sódio sérico for maior que 120 e inferior a 130 mEq/L, a correção pode ser realizada de forma lenta em 24 a 48 horas. Para se fazer o cálculo do volume de solução a ser infundido na correção da hiponatremia, pode-se utilizar a seguinte fórmula: Distúrbios ácido-básicos O distúrbio ácido-básico que mais nos preocupa é a acidose metabólica. Ela deve ser tratada conforme o resultado da gasometria arterial e pelo cálculo do volume de bicarbonato que deve ser administrado, pela seguinte fórmula: A diluição da solução de bicarbonato de sódio a 8,4% deve ser de 1:4 ou 1:5 em soro glicosado a 5% ou em água bidestilada (ABD). O tempo de correção deve ser dependente da gravidade do caso, em geral em 6 a 24 horas, sendo a metade do déficit administrado em duas, quatro ou seis horas. Nova gasometria deve ser solicitada para controle. Caso o paciente esteja muito grave ou não seja possível a coleta da gasometria arterial, pode ser administrado o bicarbonato de forma empírica. A dose de 1 mEq/Kg em diluição 1:1 pode ser indicada a pacientes em parada cardiopulmonar prolongada ou em choque de difícil resposta a volume e agentes inotrópicos. 33 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA Definimos insuficiência renal aguda (IRA) como o quadro de diminuição abrupta da filtração glomerular, com acúmulo dos produtos de degradação metabólica e desenvolvimento de azotemia. A oligúria pode estar presente, e mais raramente a anúria. Em 30% a 80% dos casos, o volume urinário mantém- se dentro dos limites normais. Considera-se oligúria quando o volume urinário é inferior a 300 ml/m2/dia (aproximadamente 1,0 ml/Kg/h em RN e lactentes, e 0,5 ml/Kg/h em crianças maiores). A IRA pode ser definida em oligúrica e não- oligúrica. A IRA não-oligúrica é encontrada em pacientes com necrose tubular aguda. A anúria é um sinal de mau prognóstico, juntamente com a presença de leucocitose, plaquetopenia, distúrbios neurológicos ou respiratórios e necessidade de diálise. O acompanhamento evolutivo da diurese e dos níveis de escórias é fator importante na definição da conduta e do prognóstico. A creatinina sérica tem ampla variação dependendo da faixa etária e, em RN, da idade gestacional e dos dias pós-nascimento. A IRA pode ser classificada em pré-renal (depleção volumétrica e disfunção cardíaca), renal (doenças congênitas ou adquiridas) e pós-renal (doenças congênitas ou adquiridas). Para a abordagem diagnóstica é importante avaliarmos a causa de base, mas, em geral, solicita-se a dosagem de uréia e creatinina séricas, ionograma, hemograma completo, coagulograma, urina rotina. Pode-se fazer o cálculo da fração excretada de sódio, relação entre sódio urinário e a razão entre creatinina urinária e sérica. Dependendo da etiologia poderemos solicitar urocultura, ultra- sonografia renal. A biópsia renal está indicada naqueles casos como a IRA de etiologia não identificada, de duração superior a três semanas e induzida por drogas. A abordagem terapêutica em geral é: (1) Prevenção de novas agressões renais. (2) Reposição de perdas líquidas e sangüíneas. (3) Correção de distúrbios metabólicos e ácido-básicos. 34 (4) Adequação da nutrição e dos níveis de fosfato e potássio administrados. (5) Reajuste de medicamentos e retirada de agentes nefrotóxicos. (6) Controle hidroeletrolítico com restrição hídrica nos pacientes hipervolêmicos ou naqueles que persistem em oligúria ou anúria, sem resposta adequada ao uso de diuréticos (furosemida 1-2 mEq/Kg/ dose, inicialmente). Deve-se manter um aporte hídrico de 300 ml/ m2 /dia (30 ml/Kg/dia no RN), acrescido das perdas mensuráveis. (7) Controle da pressão arterial. (8) Avaliação da necessidade do uso de diálise peritoneal ou hemodiálise. A diálise está indicada nos casos de: (1) hiperpotassemia grave e refratária ao tratamento clínico; (2) sobrecarga hídrica levando a edema agudo de pulmão, ICC, hipertensão arterial; (3) acidose grave e persistente (bicarbonato < 12 mEq/L e pH < 7,2); (4) complicações da uremia (Uréia > 150-200 mg/ dl); (5) hipocalcemiasintomática com fosfato sérico aumentado. EDUCAÇÃO PERMANENTE NA ENFERMAGEM De acordo com Ministério da Saúde “A Educação Permanente é aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho. Propõe que os processos de educação dos trabalhadores da saúde se façam a partir da problematização do processo de trabalho, e considera que as necessidades de formação e desenvolvimento dos trabalhadores sejam pautadas pelas necessidades de saúde das pessoas e populações. Os processos de educação permanente em saúde têm como 35 objetivos a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho”. A enfermagem pela sua essência e formação está vinculada a educação. De alguma maneira sempre está orientando um paciente quanto aos cuidados ao utilizar suas medicações, bem como aos familiares a cuidarem em casa de dispositivos instalados no o que constata que educação e a enfermagem são indissociáveis. A educação permanente pode direcionar para a melhoria da assistência de enfermagem, promovendo a satisfação profissional e melhorando as condições no trabalho. MELHORES PRÁTICAS DE ATUAÇÃO NO TRABALHO Cada profissional é responsável pelo trabalho que desenvolve de acordo com os recursos materiais e/ou humanos oferecidos pela instituição onde atua. Nesta ótica, pressupõe que para que o profissional, preste uma assistência dentro dos preceitos éticos da profissão e com qualidade, necessita ser treinado/qualificado/aprimorado melhorando assim suas práticas de atuação. “Todo investimento em treinamento e qualificação de pessoal, quando bem planejado e desenvolvido, é capaz de produzir mudanças positivas no desempenho das pessoas”. 36 Para alcançar as melhores práticas se faz necessário “considerar o trabalhador de saúde um ser cognoscente, corresponsável pelo suprimento de suas necessidades e pelo estabelecimento relações entre os membros da equipe, fortalece a noção de que este sujeito lida com o conhecimento, aprende, troca, elabora, reelabora, transforma o conhecimento explícito em tácito e o tácito em explícito. Como membro de uma organização, é capaz de articular conhecimento e, nesse vai e vem das relações, melhorar as práticas de saúde e de cuidado.” O TRABALHO DA ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA NA PERSPECTIVA DOS ACOMPANHANTES Nas ultimas décadas, as emergências hospitalares públicas pediátricas viveram períodos de superlotação, pois a demanda era maior que a oferta de serviço. Isso aconteceu, pois nestes locais eram atendidas situações que não configuram emergência em saúde e poderiam ter sido resolvidas em locais de menor complexidade, como a atenção básica. A elevada proporção de crianças com problemas de saúde passíveis de serem solucionados no nível primário de atenção e que enchem os hospitais trazem repercussões ao processo de trabalho da equipe de enfermagem. Nas emergências pediátricas, o foco da atenção é prioritariamente, mas não exclusivamente a criança, pois esta tem direito a um acompanhante, que também deve ser alvo da assistência. Nestes locais, o processo de trabalho da equipe de enfermagem deve estar centrado na prática assistencial, educativa e na administração do serviço de saúde, bem como, na necessidade de cuidar das crianças em situação de emergência e seus acompanhantes. Neste sentido, o processo de trabalho em saúde se dá no momento do encontro profissional-usuário sendo, portanto, um trabalho vivo em ato. Isto é, trata-se do encontro entre os acompanhantes e as crianças atendidas na emergência pediátrica hospitalar com os profissionais de saúde. Além disso, o 37 processo de trabalho em saúde envolve a configuração de uma complexa rede com os elementos relativos aos sujeitos (necessidades, desejos, interesses), às redes sociais (modo de produção, mecanismos de modelação ideológica) e à própria gestão dos serviços de saúde (políticas públicas, financiamento, estratégias de gestão). Cuidar da clientela pediátrica requer do profissional, o cuidado técnico e o cuidado subjetivo que envolve a singularidade, a individualidade e a forma como a criança expressa seus sentimentos e emoções. Assim, quando a mesma se encontra em situação de risco de morte, em uma unidade de emergência, é necessário um plano de cuidado de enfermagem, que contemple os cuidados necessários e indispensáveis para manutenção da vida, bem como promover atenção ao seu acompanhante. A ausência de relação humanizada entre profissionais assistencialistas, especificamente o enfermeiro, no tocante à criança e o acompanhante pode alterar o processo de trabalho da equipe de enfermagem de maneira a trazer repercussões negativas na recuperação clínica da criança, prolongando o período de permanência no hospital, acentuando as suas fragilidades e comprometendo a assistência prestada. Na tentativa de melhorar a resolutividade nos serviços de emergências hospitalares, o governo federal criou no ano de 2011, a Rede de Atenção as Urgências e Emergências (RUE) no âmbito do SUS, que encontrou reforço para sua implementação com o Programa SOS Emergência, em 2012. A criação e a efetivação de novas politicas públicas na reorganização dos serviços de urgência e emergência, na lógica do atendimento em rede, refletem diretamente na prática assistencial, no processo de trabalho e no cuidado de enfermagem. A área de conhecimento do gerenciamento de enfermagem, onde localiza-se o processo de trabalho da equipe de enfermagem, vem sendo estudada pela perspectiva do enfermeiro, focado na preocupação no processo ensino aprendizado, na capacitação dos profissionais de enfermagem através da educação em saúde, na qualidade da assistência, com foco no processo e produto8. Outros estudos abordaram primordialmente o gerenciamento dos 38 serviços hospitalares de assistência a adultos, e não conferiram visibilidade ao processo de trabalho de enfermagem no setor de emergência pediátrica através do acompanhante da criança, que também é um usuário do serviço. No âmbito internacional, os estudos demonstraram que o foco estava na família e nos profissionais de saúde, com maior preocupação no atendimento de emergência na atenção primária e com cuidados domiciliares as crianças, a fim de evitar atendimentos de emergência desnecessários. Mediante a invisibilidade do processo de trabalho de enfermagem no setor de emergência pediátrica, frente a perspectiva do acompanhante, ainda, no contexto das novas políticas públicas de reorganização das redes de atenção às emergências, justifica-se a realização deste estudo. A questão que norteou este estudo foi: Quais são as percepções dos acompanhantes sobre o trabalho da equipe de enfermagem no atendimento a criança em situação de emergência? Sendo assim, objetivou-se: analisar o processo de trabalho da equipe de enfermagem no cuidado de crianças em situação de emergência na perspectiva do acompanhante. Pediátrica estes devem ser realizados em sala e local próprios e separados do atendimento de adultos, sendo respeitada a dimensão de 8,5m por leito. O ambiente de trabalho também deve ser um lugar seguro para que os profissionais de saúde possam prestar assistência de modo rápido e eficaz. Nas emergências pediátricas a iluminação natural e a artificial são de extrema importância, pois ambas bem projetadas podem originar estímulos tranquilizadores e acolhedores nas crianças e acompanhantes, atendendo parte da necessidade de bem estar biológico e psicológico. Um setor de trabalho saudável para a equipe de enfermagem deve ser bem iluminado, visto que o cuidado desenvolvido por esses profissionais é por vezes cansativo e envolve esforço físico, evitando a fadiga e o esforço visual desnecessário. É importante ter em mente que quando os usuários escolhemos serviços de saúde onde desejam ser atendidos, o fazem com base na área geográfica, na resolutividade, na qualidade, na agilidade, no acesso, no acolhimento prestado e pelas informações disponíveis em sua rede. Deste modo, a rede assume papel importante, na manifestação das necessidades, desejos e 39 interesses, bem como, no modo de produção e mecanismos de modelação ideológica dos indivíduos que a compõe. Os indivíduos inseridos na rede social dos acompanhantes de crianças atendidas na emergência pediátrica também podem ser corresponsáveis por romper com o modelo ideológico de responsabilização da assistência, apenas por parte dos profissionais e gestores. Os usuários do SUS devem ser ativos e atuantes na construção de um sistema de saúde melhor, através do controle social e atividades de fiscalização. Os acompanhantes das crianças, na qualidade de usuários, devem ter voz ativa e representativa no Conselho Nacional de Saúde, na ouvidoria hospitalar, e no encontro como os profissionais de saúde, fortalecendo assim a rede. Assim, profissionais gestores e usuários buscam um modelo de produção de saúde que seja revertido em resolutividade na assistência. A GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE: RECURSOS MATERIAIS E ESTRUTURA FÍSICA No contexto da emergência pediátrica, os profissionais de enfermagem são fundamentais na gestão e no processo de trabalho. Assim, o enfermeiro, como responsável pela equipe de enfermagem e detentor de conhecimento clínico, deve ser o responsável pelo fluxo de atendimento dos usuários de acordo com acolhimento e classificação de risco. A reorganização no atendimento da emergência pediátrica, seguindo os protocolos estabelecidos e priorizando o atendimento dos casos graves, pode contribuir para a diminuição do risco de morte e para o aumento da expectativa de vida. Em nosso país, não existe a obrigatoriedade dos enfermeiros que trabalham nos setores de emergência serem especialistas ou capacitados na área. Entretanto, ele deve prestar uma assistência dentro dos preceitos éticos da profissão, com qualidade e comprometido em melhorar cada vez mais o cuidado prestado à criança e em atender aos interesses do usuário. No processo de trabalho, o enfermeiro e sua equipe devem ser competentes, treinados, 40 qualificados, melhorando assim sua prática de atuação. Pois, o trabalho em situação de risco eminente de morte exige um cuidado rápido, interativo, complementar e multiprofissional. Diferente da realidade brasileira, nos Estados Unidos, é obrigatório que o enfermeiro faça o curso de dois anos de capacitação antes de desenvolver sua prática assistencial em unidades de emergência pediátricas para só então poder trabalhar neste setor. Neste país, ainda existem várias equipes de enfermeiros que trabalham na emergência pediátrica, dividindo a assistência em áreas, como por exemplo: equipe de ressuscitação cardiopulmonar, de acessos venosos e entre outras. A equipe de enfermagem é permanente e constante nos serviços de emergência pediátrica. Esses profissionais são os responsáveis por manter o padrão no atendimento, gerenciar riscos e garantir a qualidade. Com base nas falas dos acompanhantes de criança atendidas em situação de emergência, identificou-se que a ideologia do processo de trabalho está centrada na rapidez do atendimento, na atenção e na capacidade dos enfermeiros em prestar o cuidado humanizado, o que não requer, necessariamente, dedicar mais tempo à criança, ou ter condições de trabalho ideais. Basta, portanto, saber dirigir palavras de conforto e segurança, dar real atenção à pessoa, conversar com ela, e deixar que se manifeste. A humanização no processo de trabalho de enfermagem também manifesta-se através de uma comunicação efetiva, que é adequada quando ocorre de modo individualizado, sempre que os profissionais relacionam-se com os acompanhantes de um modo carinhoso, amoroso, respeitoso e desenvolvendo escuta sensível. Assim, se estabelece uma relação de ajuda, confiança e cria-se um vínculo entre os profissionais, crianças e acompanhantes, o que facilita o processo do cuidado. Deste modo, a comunicação é um meio de tornar o atendimento de emergência menos traumático. Assim, tem-se que o modelo de cuidado e gestão em saúde predominante ainda é o curativo, não devendo, neste sentido, excluir a oportunidade de trabalhar os aspectos relativos à prevenção. Existe uma maior valorização da doença, com a necessidade da busca pelo atendimento de emergência, que por 41 muitas décadas superlotou os hospitais. Foi necessário o investimento em políticas públicas específicas, como Humaniza SUS, Rede de Urgência e Emergência e o SOS Emergência para garantir o acesso aos hospitais nos casos realmente de emergência. Apesar de avanços e investimentos também na Atenção Primária em Saúde, o modelo preventivo ainda é emergente em nosso país. A gestão dos serviços de saúde é inerente ao processo de trabalho da equipe de enfermagem. Aspectos como a infraestrutura hospitalar e o mobiliário interferem na assistência prestada. A manutenção dos bens duráveis, bem como a adequação para o perfil da clientela atendida é de responsabilidade dos gestores em saúde e dos enfermeiros. Cabe a este profissional gerir as unidades de emergências e identificar deficiências no acesso, eficiência e qualidade nos atendimentos, bem como discutir, negociar e decidir acerca da alocação dos recursos financeiros do hospital Ainda, no que se refere à estrutura e os recursos físicos no setor de emergência pediátrica, estes devem proporcionar um ambiente seguro para a criança, seu acompanhante e profissional de saúde. Deste modo, almeja-se uma assistência livre de riscos e sem agravos a situação de vulnerabilidade a qual a criança já está exposta. A manutenção da segurança da criança aumenta quando a equipe de enfermagem recebe treinamento constante. Assim, é capaz de prever as possíveis ameaças advindas dos riscos relacionados à segurança do paciente, como: erros de medicação, uso inadequado e/ou falta de equipamentos, recursos humanos, no que se refere à falta de habilidade técnica, bem como, na comunicação ineficiente entre os diferentes profissionais de saúde e acompanhantes. Na tentativa de minimizar os riscos na segurança do paciente, a equipe de enfermagem deve receber treinamento por meio de simulações do cuidado ao usuário. Esta modalidade apresenta como vantagem identificar ameaças latentes na segurança do paciente, identificar lacunas no conhecimento dos profissionais, e reforçar comportamentos de trabalho positivos em equipe. 42 Para os acompanhantes deste estudo, a segurança da criança é garantida com o uso de mobiliário como cama e berços com grades que funcionem e evitem o risco de queda. Além disso, a disponibilidade, funcionalidade e número adequado de monitores e aparelhos para assistência em saúde, também foram apontados como inerentes ao processo de trabalho da equipe de enfermagem no cuidado de crianças em situação de emergência. As camas e berços, bem como os monitores devem ser estar em número e tamanho adequados, em perfeita condição para uso, garantindo conforto, privacidade e recuperação em segurança. A disposição deste mobiliário e material deve ser uma ferramenta facilitadora do processo de trabalho, das relações interpessoais entre usuário e equipe de modo acolhedor, resolutivo e humano. Os recursos tecnológicos, como os monitores auxiliam no atendimento da criança e devem estar funcionando em quantitativo adequado ao número de leitos. A imprevisibilidade dos recursos materiais e equipamentos para o cuidado de enfermagem, além de dificultar o planejamento das ações, por vezes, expõem o usuário ao improviso, riscos e o trabalhador às situações constrangedoras. A legislação brasileira que regulamenta o funcionamentodos hospitais determina nos artigos 50 a 55 que as unidades de emergência devem dispor de materiais e equipamentos adequados a complexidade do serviço, necessários ao atendimento de sua demanda, devendo estar devidamente regularizados junto a esse órgão. Na unidade devem constar instruções escritas referentes à utilização de equipamentos e materiais, manutenções preventivas e corretivas nos equipamentos e uma reserva operacional, segundo fabricante ou serviço de engenharia da instituição. A estrutura hospitalar também deve garantir privacidade e conforto ao usuário, além de ser um local limpo, livre de fontes de contaminação. Em hospitais com atendimento de emergência. 43 ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM PEDIATRIA O acolhimento, a partir desta proposta, se torna uma prática técnico assistencial que pressupõe a formação qualificada e responsável dos servidores, visando assim, desconstituir a prática vigente de filas, uma vez que acolhimento também significa facilitação de acesso da população aos serviços de saúde e também o oferecimento de assistência adequada. O objetivo primordial do Acolhimento e Classificação de Risco nos serviços de urgência e emergência é definir prioridades de atendimento. Para tanto, a classificação de risco parte do princípio que os usuários (crianças) que procuram a emergência pediátrica e têm suas queixas/sinais e sintomas classificados como emergentes deverão ser atendidos nas áreas previamente definidas como vermelha, que deverá estar devidamente equipada e destinado ao recebimento, avaliação e estabilização das emergências, onde este atendimento se dará imediatamente após a sua entrada na unidade, sem nenhum tipo de espera. Os pacientes classificados em suas queixas como urgentes pela equipe de acolhimento deverão ser atendidos nas áreas previamente denominadas amarela. Os atendimentos nos serviços de urgência são orientados pelos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes, visando selecionar os que possuem maior prioridade. A cor amarela classifica o atendimento como urgente. As queixas classificadas como urgentes, mas que não levam a riscos eminentes de vida terão atendimento nas áreas previamente denominadas verde. Os casos agudos, mas que não representam risco eminente de vida, após avaliação e classificação pela equipe de acolhimento, deverão ser atendidos no ambulatório, nas áreas denominadas azul, onde após a classificação de risco os profissionais de acordo com a necessidade do paciente se dão para esperar para um atendimento no PSF ou Ambulatório. 44 O enfermeiro tem sido o profissional indicado para avaliar e classificar o risco dos pacientes que procuram os serviços de urgência, devendo ser orientado por um protocolo direcionador. O Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) em pediatria consiste em uma avaliação dos pacientes de forma dinâmica, ágil e humanizada embasado em um protocolo, possibilitando identificação de sinais de alerta, apresentação de doenças ou agravos conferindo uma atenção centrada no nível de complexidade e não na ordem de chegada. Ou seja, podendo melhorar o atendimento nas portas de entrada das unidades de urgência e emergência pediátricas (MAGALHAES et al., 2011). Considera-se que a assistência de enfermagem a criança na triagem de um serviço de emergência deve ser um atendimento amplo, abrangendo os dados trazidos pela família, tentando extrair rapidamente suas necessidades principais. Porém, é muitas vezes nesse momento que o enfermeiro peca, a avaliação da criança focada na ectoscopia e no exame físico dirigido nas queixas sinalizadas pelos pais, cuidadores ou responsáveis. Tal processo configura-se como imprescindível, uma vez que o paciente e/ou responsável é incapaz de identificar casos de emergência ou usa de má fé para se beneficiar da facilidade que esse serviço oferece, refletindo no tempo de espera e na superlotação das emergências. (GATTI, 2004). A avaliação da criança como um todo é fundamental para realizar uma boa avaliação primaria. Perguntas sobre comportamento da criança incluindo apetite, eliminações e variabilidade das respostas das crianças são valiosas (MAURER, 2010). De acordo com Rodrigues, Pedroso e Oliveira (2008), as orientações para classificação de risco de crianças com ate 11 anos, 11 meses e 29 dias, segue o mesmo princípio da classificação do adulto ou seja, categoriza em quatro níveis identificando com quatro cores. Porém apresenta algumas especificidades importantes em pediatria. Segue abaixo os grupos de Sinais e Sintomas categorizados por cada cor: 45 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO SEGUNDO PRIORIDADES VERMELHO – Atendimento imediato ALTO RISCO DE VIDA: Atendimento imediato no serviço de emergência • Parada cardiorrespiratória; • Dor torácica aguda de início súbito com irradiação, acompanhada de sudorese, náuseas, vômitos, dispnéia, cianose e/ou qualquer dor torácica com duração superior a 30 minutos, sem melhora com repouso; • Cefaléia intensa de início súbito ou rapidamente progressiva, acompanhada de sinais ou sintomas neurológicos, (parestesias, alteração do campo visual, dislalia, afasia) com ou sem alteração dos sinais vitais; • Trauma crânio encefálico com Escala de Coma de Glasgow < 8 (inconsciência, dificuldade respiratória, vômito, otorragia e/ou crise convulsiva); • Trauma raquimedular; • Trauma de face com sangramento ativo e/ou Escala de Coma de Glasgow ≤ 12; • Trauma torácico associado a desconforto respiratório; 46 • Politraumatizado grave com Escala de Coma de Glasgow ≤ 12 ; • Fratura exposta e/ou trauma fechado de ossos longos e pelve; • Politraumatizado com sinais de choque (hipotensão, taquicardia, sudorese, taquipnéia); • Crise hipertensiva PA Sistólica ≥240 mmHg e/ou PA diastólica ≥ 130 mmHg sem sintomatologia; • Hipotensão PA sistólica < 80 mmHg; • Perda de consciência, escala de coma de Glasgow < 8; • Desconforto respiratório grave (dispnéia, taquipnéia, tiragem sub ou intercostal, estridor em repouso, batimentos das asas do nariz em crianças < 2 meses). • FR > 31ipm com comorbidades; VERMELHO • FR > 36 ipm sem comorbidades; • Crise convulsiva – inclusive pós-crise imediata (menor de 2 horas); • Ferimento por arma de fogo em crianças; • Ferimento por arma branca em crianças; • Sangramentos abundantes não controláveis; • Hematêmese/melena/enterorragia associado a sinais de choque; • Intoxicações exógenas com alterações dos sinais vitais e Escala de Coma de Glasgow ≤ 14; • Crianças vítimas de afogamento; • Obstrução de vias aéreas por corpo estranho; • Paciente apresentando história importante de alergia, associado a edema de face, dificuldade respiratória. 47 • Queimaduras com área corpórea superior a 15% de extensão e/ou queimadura com comprometimento das vias aéreas superiores; • Desidratação grave – dificuldade de ingesta hídrica, boca seca, mucosas ressecadas, letargia. • Cefaléia intensa acompanhada de rigidez de nuca, abaulamento das fontanelas (crianças), febre e vômito em jato. • Criança portadora de diabetes descompensada (HGT≥ 270mg/dl) associado a náuseas, vômitos, hálito cetônico, confusão mental e coma. • Vítimas de eletrocussão; • Criança com Hipertermia TAX ≥ 37,8ºC com história de convulsão devido febre; • Criança com TAX ≥ 39,5ºC sem histórico de crise convulsiva associada à febre; • Acidente com animais peçonhentos; • Lesão ocular química aguda; • Lesão ocular penetrante; • Perda total aguda da visão; • Acidente com material biológico; • Vítimas de abuso sexual; • Estados de alteração mental associadas às alterações comportamentais, agitações psicomotoras, nível de agressividade alterado, discurso delirante, alucinações, mania de perseguição com risco à própria vida ou àvida de outros; Observação: Na presença de algum dos sinais anteriores. LARANJA – Atendimento em 10 min Atendimento rápido. 48 O paciente deverá ser encaminhado imediatamente à sala de consulta de enfermagem para classificação de risco. • Politraumatizado com Escala de Coma de Glasgow entre 13 e 15, sem alterações de sinais vitais; • Trauma cranioencefálico leve (Escala de Coma de Glasgow entre 13 e 15); • Trauma de membros em idoso/criança/portador de necessidades especiais/ crianças menores de 2 anos com dor intensa (exceto ossos longos e pelve); • Luxações com comprometimento neuro vascular (dor intensa, edema, cianose, perfusão tecidual diminuída); • Dor/ cólica abdominal intensa; AMARELO – Em até 60 min • Dor/cólica lombar intensa; • Dor torácica moderada com melhora ao repouso; • Hematêmese e melena sem sinais de choque; • Epistaxe associada a alteração dos sinais vitais; • Crise asmática – tosse, sibilos e dispnéia recorrente; • Paciente apresentando processo alérgico com prurido intenso, bolhas ou eritema disseminado; • Crise hipertensiva (PA Sistólica ≥180 mmHg e ou PA diastólica ≥ 110 mmHg), sem sintomatologia; • Hipotensão com PA sistólica < 90 mmHg 49 • Diabetes descompensada ≥ a 181 mg/dl com sintomas, e ou < 70 mg/dl associado a sintomas; • Diabetes descompensada ≥ 251 mg/dl e ≤ 350 mg/dl sem sintomas; • Tontura associada à náusea, vômito, sudorese, palidez e distúrbio da marcha; • Diarréia e vômito com sinais de desidratação moderada; • Lesão apresentando sangramento moderado; • Dores articulares, petéquias, mialgias, e alteração dos sinais vitais (hipertermia, taquicardia, taquipneia, hipotensão); • Convulsão nas últimas 24 horas; • Intoxicação medicamentosa, com manifestações físicas, com presença de sudorese, taquicardia, elevação dos níveis pressóricos; • Intoxicações exógenas sem alteração de sinais vitais e ECG 15; • Imunodeprimidos com Tax ≥ 37,8; • Dores agudas, hemorragias bucais, abcessos orais, traumatismos. (protocolo da odontologia); • Criança com Hipertermia TAX ≥ 38,5ºC a ≤ 39,4ºC sem história de convulsão; • Hipotermia TAX ≤ 35ºC; • Queimaduras com superfície corporal ≥ 10% e ≤ 15 % de extensão sem comprometimento de vias aéreas, sem alterações hemodinâmicas; • Lesões lacerantes por animais não peçonhentos; • Criança com dor intensa com fácies de sofrimento; • Dispnéia com FR ≥ 25 ipm; • Criança de 2 meses a 1 ano com FR ≥ 60 ipm a ≤ 69 ipm; • Criança de 1 a 5 anos com FR ≥ 50 ipm a ≤ 59 ipm; • Criança > de 5 anos com FR ≥ 40 ipm a ≤ 49 ipm; 50 • Estados de alteração mental associadas a risco moderado de agredir outros, e ou risco moderado de se agredir; • Dor de ouvido moderada ou intensa com secreção purulenta, com presença ou não de tumefação; • Tumorações evidentes (abscesso); • Queixas respiratórias de pequena intensidade com FR > 20 e ≤ 24ipm • Dor/ cólica abdominal moderada sem alteração dos sinais vitais. VERDE – Em até 120 min • Dor/cólica lombar, acompanhada de disúria, hematúria, febre, com irradiação ou não para região abdominal; • Cefaléia aguda ou subaguda, sem sinais de alerta, associada a náuseas e/ou vômitos, com presença de foto e fonofobia; • Insônia associada à recusa de ingesta e débito do autocuidado. • Lesões por animais não peçonhentos superficiais; • Lesões infectadas de pele; • Irritação ocular e prurido; • Queimaduras recentes apresentando inflamação, infecção e ou dor moderada; • Paciente apresentando processo alérgico com inflamação local, prurido ou dor leve se evento recente; • Edemas de membros em crianças; • Diarréia e vômito com sinais leves de desidratação; • Criança com TAX ≥ 37 a 37.4ºC (febrícula); 51 • Criança com TAX ≥ 37.5 a 38.4ºC (febre); • Presença de corpo estranho (em cavidades) sem sintomatologia; • Diarréia (acima de 4x) sem sinais de desidratação; • Sintomas Gripais (cefaléia e/ou coriza e/ou febre e/ou mialgia - sem dispnéia); • Tosse com ou sem expectoração há 3 semanas ou mais; • Troca de sonda com ou sem obstrução avaliação do Enfermeiro avaliação do cirurgião/ plantonista e prescrição enfermeiro da urgência; AZUL – Em até 240 min Pacientes a serem atendidos no ambulatório e/ou E.S.F. com queixas e ou doenças crônicas, ou pacientes que procuram atendimento com fins de promoção e prevenção a saúde. Recomendações - os atendimentos do ambulatório e/ou E.S.F. deverão seguir os níveis de prioridades, abaixo relacionados, para os agendamentos e atendimentos nos serviços de apoio diagnóstico e ambulatorial (Farmácia, laboratório, chequinho, aerosol, curativo, injeção, imunização, etc.). • Lesões não infectadas de pele; • Escabiose; • Unha encravada sem sinais flogísticos; • Retirada de ponto; • Tosse seca sem outros sintomas associados; • Solicitação de risco cirúrgico; • Atestados médicos assintomáticos; • Solicitação e/ou troca de receita. A presença de queixas associadas aos níveis de prioridades definem a ordem de atendimento. REVISÃO- Classificação de risco de acordo com protocolo de Manchester: 52 Vermelho: Emergência - risco de morte – imediato. Laranja: Muito urgente - até 10 min Amarelo: Urgente - até 1h (60 min) Verde: Pouco urgente - até 2h (120 min) Azul: Não urgente - até 4 h ( 240 min) SALA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA Recebimento da criança, com a imediata acomodação na mesa de exames e retirada de toda a roupa e outros objetos pessoais. Avaliação concomitante das condições neurológicas: alerta, respondendo ou não a estímulos verbais e dolorosos, inconsciente. 2. Ventilação com máscara e ambu: aspirações de secreções orais. 3. Massagem cardíaca externa se for o caso. 4. Infantes: 100 compressões/minuto. 5. Crianças maiores: 80-100 compressões/minutos. 6. Monitorização cardíaca e estabelecimento de uma via de acesso venosa, com coleta de sangue para exames laboratoriais. 7. Oferta de material para a intubação endotraqueal e fixação do tubo. 8. Passagem de sonda nasogástrica. 9. Administração de drogas e soluções. 53 10. Controle de pulsos carotídeos, femorais e braquiais. 11. Apresentação de material para procedimentos médicos invasivos: dissecção de veia, drenagem de tórax, cateter em subclávia etc. 12. Estabilização de fraturas e proteção a ferimentos. 13. Cateterismo vesical de demora. 14. Controle da temperatura. 15. Apresentação de material para a desfibrilação, se necessário (ajuste da carga elétrica). 16. Registro de traçados eletrocardiográficos. 17. Apresentação e instalação, com o médico, do aparelho para a ventilação mecânica. 18. Anotações de enfermagem. Preparo da criança para a transferência: UTI ou Sala de repouso e Observação. PONTOS IMPORTANTES NA ASSISTÊNCIA 1. Vigilância constante; 2. Ventilação; 3. Fixação do tubo endotraqueal; 4. Preparo da pele para a punção intraóssea; 5. Combate à hipotermia; 6. Posição no leito; 7. Restrições no leito; 8. Acompanhante; 9. Administração de drogas e soluções; 10. Transporte. 54 OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE) OVACE consiste na obstrução de vias aéreas causada por aspiração de corpo estranho, geralmente localizado na laringe ou traqueia. A aspiração de corpo estranho é a quinta principal causa de morte nos EUA, com risco aumentado em pacientes idosos. Ao prestar atendimento a uma pessoa com OVACE, o enfermeiro deve classificar o grau de obstrução e em seguida realizar manobras de desobstrução conforme a faixa etária. CLASSIFICAÇÃO DA OBSTRUÇÃO Obstrução leve: capacidade de emitir sons, chorar e tossir. Obstrução severa: dificuldade de respirar de início súbito, incapacidade de chorar ou o faz de maneirasilenciosa. Inconsciência. 55 OVACE EM PEDIATRIA: CONDUTA DO ENFERMEIRO Obstrução leve com bebê consciente: não realizar nenhuma intervenção para a desobstrução, apenas pegar o bebê no colo em pé e permitir que ele tussa. Observar evolução. Obstrução severa com bebê consciente: sentar-se, pôr o bebê sobre um dos antebraços, estando esse apoiado sobre a coxa, posicionando a mão próxima ao mento, com os dedos próximos às clavículas e fúrcula. Realizar uma inclinação de maneira que a cabeça fique em nível inferior aos membros. Realizar 5 golpes com a região hipotênar entre as escápulas, virar o bebê e realizar 5 compressões torácicas na região intermamilar. Repetir o procedimento até perda de consciência ou expelir o corpo estranho. Obstrução severa com perda de consciência: interromper os golpes na região dorsal, posicionar o paciente em decúbito dorsal em uma superfície rígida; checar pulso, caso pulso ausente realizar RCP; caso pulso presente, realizar compressões torácicas com objetivo de remoção do corpo estranho; abrir vias aéreas e realizar inspeção; remover corpo estranho se possível; caso corpo estranho não ser localizado, realizar uma insuflação; caso de insucesso no momento da insuflação, posicionar melhor a cabeça e considerar laringoscopia direta e remoção com pinça (se disponível, utilizar pinça de Magill); casos de insucesso no meio extra-hospitalar, manter compressões torácicas até expulsão do corpo estranho ou caso evolua para PCR, realizar manobras de reanimação cardiopulmonar. Logo que possível, transportar para hospital logo que possível. Em ambiente intra-hospitalar, considerar cricotireoidostomia por punção. Após o restabelecimento da permeabilidade da via aérea, o paciente pode retornar para casa ou permanecer por 6h a 24h em observação hospitalar. ATENDIMENTO 1. Perguntar à vítima consciente: Você está engasgado? 2. Se a vítima acenar positivamente com a cabeça 56 3. Abrir vias aéreas 4. Inspecionar a boca e remover objetos se houver 5. Não elevar a língua e mandíbula 6. Não realizar varredura digital às cegas 7. Se vítima consciente: manobra de Heimlich 8. Se vítima inconsciente: RCP sem compressões abdominais. 57 MANOBRA DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS 1. O médico deve recorrer, sempre que possa ao auxílio dos Raios X. 2. Se confirmado, a conduta será sempre manter a criança em repouso, se possível em jejum ou com alimentação líquida, até que o broncoscopista possa selecionar o material adequado e retirar o corpo estranho por via endoscópica. 3. Na grande maioria das vezes, os corpos estranhos podem ser retirados das vias aéreas por meio da laringoscopia e broncoscopia. APRESENTAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO 1. Auriculares 2. Nasais 1. Esofágicos 2. Laríngeos e traqueais 3. Brônquicos 58 CONDUTA NA EMERGÊNCIA ✓ Remoção no canal auditivo externo: é de fácil execução, utilizando-se aspiração, alça de arame, cureta ou pinça. Pode-se usar irrigação para objetos que não sejam vegetais. Afogue um inseto vivo com óleo mineral ou álcool a 95% antes de retirá-lo. ✓ Antes de tentar remover um corpo estranho nasal, contenha a criança com a cabeça imobilizada, anestesie a mucosa nasal com spray de lidocaína a 4%, reduza o edema com gotas nasais de fenilefrina a 0,5% e proceda à sucção das secreções para aumentar a visualização do objeto. O uso de uma cureta ou pequena pinça “jacaré” em geral é bem-sucedido. ✓ O tratamento de um corpo estranho esofágico é remoção durante esofagoscopia. ✓ O tratamento dos corpos estranhos na laringe ou traqueia é controverso. Se o paciente tem algum grau de dificuldade respiratória, convoque um anestesista e um otorrinolaringologista e experimente um golpe abdominal. INDICAÇÕES PARA INTERNAÇÃO 1. Corpo estranho esofágico, traqueal ou brônquico. 2. Corpo estranho no canal auditivo externo, nariz ou laringe que não foi removido durante o atendimento de emergências. 59 60 PARADA CARDIORESPIRATÓRIA Define-se como Parada Cardiorrespiratória (PCR) a interrupção súbita e brusca da circulação sistêmica e/ou da respiração. Pires (2006) afirma que a parada cardiopulmonar é a cessação da circulação e da respiração; é reconhecida pela ausência de pulso e apneia em um paciente inconsciente. O mesmo autor diz que as manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) foram introduzidas na década de 1950, quando se verificou que a ressuscitação, após a parada cardíaca era de fato possível. Até alguns anos atrás, nada era feito quando da ocorrência da parada cardiorrespiratória, devido a uma crença infundada, vigente na época, de que nada poderia ser feito por esses pacientes. OS PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS QUE PRECEDEM UMA PCR SÃO: 61 • Dor torácica • Sudorese • Tontura • Escurecimento visual • Perda de consciência • Alterações neurológicas • Sinais de baixo débito cardíaco • Parada de sangramento prévio CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS • Inconsciência; • Ausência de movimentos respiratórios; • Ausência de pulsos em grandes artérias ou ausência de sinais de circulação. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA • Verificar pulso braquial em lactentes e carotídeo ou femoral em crianças. • Cianose e palidez cutânea. TRATAMENTO • Iniciar a Reanimação Cardiopulmonar (RCP) com C-A-B (compressões torácicas, vias aéreas, respiração). – Compressões torácicas em uma frequência de 100 a 120/min. – Recomenda-se que a profundidade da compressão torácica em uma criança seja de 5 cm e em bebês (exceto recém-nascidos) seja de 4 cm. 62 – A proporção é de 30:2 (compressões: ventilação) se houver apenas um socorrista. Se constatada a ausência do pulso carotídeo em vítima de PCR, devem-se iniciar imediatamente as compressões torácicas, sendo recomendado atualmente realizar trinta compressões torácicas com pausa para duas ventilações de resgate. Caso haja dois ou mais socorristas, a proporção passa a ser de 15:2 (massagem: ventilação). – Ventilação com reanimador manual e máscara ou intubação traqueal com fonte de oxigênio a 100%. • Utilizar o desfibrilador assim que ele estiver disponível, o que significa interromper as compressões torácicas para que o desfibrilador verifique o ritmo e dê o choque se necessário. • Para conseguir êxito na realização de RCP, o socorrista deve realizar uma frequência mínima de cem compressões por minuto, deprimindo o tórax com profundidade mínima de cinco centímetros e promovendo o alívio do tórax após cada compressão. – A desfibrilação em crianças deve ser feita com dose inicial de 2 J/kg. A desfibrilação não é indicada em todos os casos. É indicada em fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso. Assistolia e atividade elétrica sem pulso não é indicada. – Se houver refratariedade ao primeiro choque, aumentar a energia para 4 J/kg ou subir até um máximo de 10 J/kg. Aplique 1 choque e reinicie a RPC imediatamente por cerca de 2 min. • Aplicar adrenalina 0,1 ml/kg da concentração 1:10.000 durante a RCP; repetir a cada 5 min. • Após retorno à circulação espontânea, devem ser usados vasopressores em infusão contínua para manter a pressão arterial da criança acima do 5º percentil para a idade. O objetivo de saturação de oxigênio é de 94 a 99%, evitando-se fortemente que ocorra hipoxemia e limitando a ocorrência de hipercapnia. 63 • Os sinais premonitórios da PCR são taqui ou bradipnéia, alteração da consciência e do ritmo cardíaco. 64 65 SUPORTE DE VIDA EM PEDIATRIA – RCP Sequência do ABC 1. Manobras de RCP 2. A – Abertura das vias aéreas (Airway) 3. B – Respiração (Breathing) 4. C – Circulação (Circulation) 66 RCP EMCRIANÇAS (1-8 ANOS) 1. RCP em crianças desta idade é similar aos adultos, a compressão e ventilação são também 30:2. Há, no entanto 3 diferenças. 2. Se você estiver sozinho deve executar RCP durante dois minutos antes de ligar 192. 3. Use uma só mão para efetuar as compressões torácicas. 4. Pressione o esterno e faça-o baixar 2 a 3 centímetros (1/3 do seu diâmetro). Se o lactente (0-12 meses) ou a criança maior de (1-8 anos) não responde e você está sozinho, comece a RCP imediatamente. Continue por um minuto e então chame por socorro. ✓ Avaliando a consciência ✓ Abertura de vias aéreas ✓ Abertura de vias aéreas ✓ Ver-ouvir-sentir 67 ✓ Respiração boca/nariz/boca em lactentes ✓ Compressão torácica em lactentes COMPRESSÃO TORÁCICA EM MAIORES DE 8 ANOS E EM ADULTOS TRAUMA 1. É uma das principais causas de morte nos pacientes pediátricos. 2. Mais comuns: 3. Crânio-encefálico 4. Tórax 5. Abdômen ABERTURA DE VIAS AÉREAS NO TRAUMA FONTES DO TRAUMA 1. Infante (1-12 meses): queimaduras, uso indevido de equipamentos, quedas do berço. 2. 1ª infância (1-3 anos): queda de altura, acidentes em brinquedos, envenenamentos (ingestão de substâncias tóxicas). 3. Pré-escolar e escolar (4-12 anos): atropelamentos, acidentes com bicicletas, acidentes na prática de esportes. 4. Adolescentes (13-18 anos): acidentes em veículos motorizados, em bicicletas, em práticas esportivas, ferimentos por armas. 68 TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO O TCE define-se como uma alteração resultante de uma energia mecânica causada por uma força externa que possui como resultado alterações a nível anatômico e/ou funcional do encéfalo e suas envolturas, de forma precoce ou tardia, permanente ou transitória. O TCE é classificado em diferentes pontos: segundo o tipo de lesão encefálica (focal ou difusa), segundo a integridade meníngea (aberto ou fechado), local da fratura (base ou extremidade), grau de compromisso neurológico aplicando a escala de coma de Glasgow, sendo esta última a classificação de maior relevância clínica permitindo dirigir o manejo adequado. A escala de Coma de Glasgow (ECG) classifica TCE como: leve (13-15), moderado (9-12) ou grave (3-8). As lesões causadas pelo TCE podem ser divididas entre primárias e secundárias: - As primárias podem ser decorrentes do traumatismo direto (lesões extracranianas, fraturas, hematoma extradural) e do cisalhamento/aceleração- desaceleração (hematoma subdural, hemorragia subaracnóidea, lesão axonal difusa); 69 - As secundárias são decorrentes de eventos sistêmicos (hipotensão, hipóxia, distúrbios eletrolíticos) ou intracranianos (edema cerebral, hipertensão intracraniana - HIC, alterações perfusionais). Revisando: 1. TCE é resultante quase sempre de quedas, acidentes automobilísticos ou agressões físicas. 2. São frequentes as hemorragias intracranianas, provocadas por ruptura de vasos. 3. Alguns ferimentos, como fraturas com “afundamento”, fraturas abertas, hemorragias epidurais e subnutrais, indicam sempre intervenção cirúrgica. 4. A avaliação neurológica da criança pode ser feita através da escala de Coma de Glasgow modificada. 70 TRAUMATISMO TORÁCICO Mais frequente na pré-infância e idade escolar, com o aparecimento de contusões pulmonares, rupturas de brônquios, fraturas de costelas e lesões de esôfago (mais ocasionalmente). A caixa torácica da criança é mais complacente, permitindo no trauma maior transferência de energia para as estruturas intratorácicas. Com isso, devemos suspeitar de contusões pulmonares ou hemorragias, mesmo sem qualquer lesão aparente ou fratura de costelas, dependendo do tipo de acidente. Na suspeita de lesão torácica, os pacientes devem ser divididos em dois grupos: os com lesões que envolvem risco iminente de vida (deterioração rápida dos sinais clínicos) e, portanto, necessitam tratamento emergencial (se necessário até interrompendo as manobras de reanimação), e os com lesões potencialmente letais, que devem ser observados com avaliações clínicas repetidas e monitorização. No exame clínico devemos observar sinais de desconforto respiratório (frequência respiratória, frequência cardíaca, padrão respiratório), simetria da parede torácica, retrações de fúrcula, intercostal ou subcostal, ausculta pulmonar e percussão torácica, níveis de oxigenação através da oximetria de pulso (hipoxemia com saturação parcial de O2 menor de 90 %). É imprescindível nestes pacientes a suplementação de oxigênio com frações inspiradas de 100%. 71 CONVULSÃO Convulsões geralmente são eventos assustadores para quem os assiste e é uma importante causa de visita à emergência pediátrica. Uma crise epiléptica é um sinal de anormalidade na função do cérebro, representada por descargas elétricas anormais e excessivas de um grupo de neurônios que geram manifestações clínicas súbitas, tais como alteração ou perda da consciência, uma atividade motora anormal, distúrbios de comportamento, disfunção autonômica e sintomas sensoriais/sensitivos. Convulsões são as crises epilépticas com manifestações motoras. As crises de ausência, assim como aquelas com sintomas exclusivamente sensitivos, visuais ou auditivos, são denominadas crises não convulsivas. 72 AS CRISES EPILÉPTICAS PODEM SE MANIFESTAR DE DIFERENTES FORMAS: a) CRISES FOCAIS - as crises parciais simples podem provocar alterações visuais, percepções auditivas alteradas, movimentos clônicos ou tônicos de um lado do corpo e alterações na sensibilidade, como parestesias e dor. Algumas crianças apresentam crises versivas, caracterizadas pela rotação da cabeça e olhos para um lado. A criança mantém a consciência preservada durante todo o episódio. Já na crise parcial complexa há alteração da consciência, podendo até dar a impressão que a criança está alerta, mas sem conseguir se controlar, fazendo movimentos de forma automática, que podem se manifestar como movimentos de mastigação, andar sem rumo ou ainda falar de modo incompreensível ou até atos mais complexos destituídos de contexto. Não há lembrança do que aconteceu ao término da crise; b) CRISES GENERALIZADAS - são caracterizadas por perda da consciência, sem recordação do episódio pelo paciente. A crise tônico-clônica generalizada consiste em contrações musculares mantidas (tônicas) em todo o corpo, seguida de contrações alternadas por um breve relaxamento, rítmicas e repetitivas (clônicas). A criança vira os olhos e pode apresentar salivação excessiva, respiração ofegante e urinar. Algumas crianças apresentam apenas crise tônica, sem o componente clônico e vice-versa. As crises atônicas são manifestadas por quedas, em que o corpo se encontra amolecido. Nas crises mioclônicas há contrações musculares semelhantes a choques nos membros. A crise de 'ausência' é tipicamente representada pela perda de contato com o meio. A criança fica com o olhar fixo associado a piscamentos e automatismos orais ou manuais, com duração de segundos, podendo ser difícil de ser percebida. Alguns pacientes inicialmente apresentam uma crise focal com generalização secundária; c) CRISES DESCONHECIDAS - nestas é impossível identificar o tipo, por falta de informações adequadas dos familiares. 73 ABORDAGEM DAS CONVULSÕES NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA A maioria das convulsões são breves, autolimitadas e cessam antes da chegada da criança ao serviço de emergência, não requerendo qualquer tratamento com anticonvulsivantes. Naqueles cuja convulsão se autorresolveu, a conduta inicial é verificar a segurança do paciente durante o período pós-crise. A abordagem inicial para uma criança que chega em convulsão na emergência deve ser rápida e inclui estender cuidadosamente a mandíbula paramanter as vias aéreas pérvias, monitorar sinais vitais e saturação de O2, exame cardiorrespiratório, oxigenoterapia (e se necessário intubação), medir a glicemia, cálcio, magnésio, hemograma completo, testes de função hepática e gasometria arterial, estabelecer acesso venoso e avaliar a história do episódio e exame físico. 74 A história clínica é o primeiro passo para a diferenciação entre eventos epiléticos e não epilépticos, assim como no reconhecimento do tipo de crise para um manejo apropriado. É fundamental o tratamento das causas reversíveis de convulsões como hiponatremia, hipoglicemia, hipocalcemia, hipomagnesemia e hipertensão, assim como o controle da hipertermia quando presentes. A conduta terapêutica medicamentosa inicial tem o objetivo de interromper a convulsão o mais rápido possível, reduzindo a chance do estado de mal epiléptico. A primeira classe de drogas a ser utilizada é a dos benzodiazepínicos (diazepam ou midazolam), que pode ser repetida se necessário a cada cinco minutos, até o máximo de três doses. Deve-se checar se o material para reanimação está disponível. No caso de ausência de acesso venoso, o diazepam pode ser administrado por via retal. Deve-se ter o cuidado de avaliar se foram administrados benzodiazepínios antes da chegada à emergência, lembrando que o excesso deste medicamento pode produzir insuficiência respiratória. A tabela 1 apresenta doses, vias de administração e principais efeitos adversos das drogas anticonvulsivantes. ORIENTAÇÕES PARA A FAMÍLIA NA ALTA Nesse momento, é fundamental a orientação familiar. Ela deve ser informada sobre a possibilidade de recorrência e os cuidados imediatos que devem ser tomados neste caso. Recomendar que os pais procurem manter a calma, deitem a criança em decúbito lateral, virando a cabeça para o lado para que a saliva ou vômito possa escorrer de sua boca e prevenir o risco de aspiração. Oferecer alguma proteção para a cabeça, afrouxar as roupas, especialmente em volta do pescoço, não introduzir nenhum objeto na boca ou mesmo a mão para tentar puxar a língua da criança e não oferecer líquidos e nem medicamentos pela boca. 75 Em caso de crise febril, não dar banho gelado e nem fazer compressas geladas ou com álcool. A água deve ser morna, com temperatura inferior à do corpo da criança e o banho deve ser supervisionado em tempo integral. É desejável que os pais observem atentamente os detalhes do que acontece durante o episódio e, caso a crise não cesse em até cinco minutos, a criança deve ser levada para atendimento em um serviço de emergência.15 Um recurso atual que poderá ajudar imensamente na classificação do tipo de crise ou mesmo distinguir entre eventos convulsivos e manifestações não epilépticas é orientar os pais a filmar o episódio, uma vez que muitas crises já cessaram na chegada da criança à emergência. A indicação para a prescrição de medicamento antiepiléptico deve ser criteriosa, pois frequentemente essas drogas estão associadas à presença de efeitos adversos. Portanto, deve-se ter o cuidado de não expor as crianças a riscos desnecessários. 76 TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA DAS QUEIMADURAS A queimadura é caracterizada como toda lesão no tecido de revestimento do corpo humano causado por agentes térmicos (frio, calor e eletricidade), químicos, radiação ionizante e ferimentos abrasivos. Para determinarmos a gravidade de uma queimadura devemos sempre considerar a profundidade da queimadura, extensão corporal queimada, localização da queimadura, idade da vitima, presença de outras enfermidades anteriores, tipo da queimadura (elétrica, química ou térmica), queimadura em toda a circunferência de algum membro ou pescoço. A vitima deve ser classificada grave ou grande queimado quando possuir: Queimadura de 3º grau presente em mais de 10% da superfície corporal (adulto e criança); 77 Queimadura de 2º grau presente em mais de 25% da superfície corporal se adulto; Queimadura de 2º grau presente em mais de 20% da superfície corporal se criança. São consideradas também queimaduras graves aquelas que acontecem nas seguintes regiões: Região genital; Nos pés e nas mãos; Na face; Nas articulações. Figura : Extensão da superfície queimada TRATAMENTO IMEDIATO DE EMERGÊNCIA Retire os pertences da vítima, como anéis, pulseiras e relógios, pois podem ficar mais apertados se houver edema (guarde com você ou entregue a um familiar); 78 Resfrie rapidamente o local com água fria (A água retira a fonte térmica que está causando a queimadura, servindo para não agravar a lesão e diminuindo dor); Cubra a lesão com pano limpo e úmido; Nas queimaduras de segundo grau em mãos, pés, zonas genitais, faces e naquelas que abrangem mais de 10 a 15 % da superfície corporal, encaminhar sempre assistência médica com urgência; Verifique sinais vitais, pois a vítima pode entrar em estado de choque. Se este for o caso, trate o choque. Se houver necessidade, faça o RCP; Mantenha liberadas as vias aéreas e certifique-se de que a vítima respira bem, principalmente quando existem queimaduras na face; No translado ao hospital permaneça fazendo as avaliações e observação para uma continuidade completa a nível hospitalar. CHOQUE Choque é uma síndrome clínica, com etiologia e níveis de comprometimento variados, caracterizado por alterações circulatórias e metabólicas de natureza evolutiva, cujas características dependem do estágio em que se encontra, do tipo de insulto que o ocasionou e da resposta individual de cada paciente. Embora sua definição exata necessite meios diagnósticos sofisticados, acredita-se que ele reflete uma inadequação do organismo em suprir os tecidos com uma quantidade adequada de sangue saturado de oxigênio. O choque se caracteriza por déficit agudo de oxigênio nas células, que resulta em metabolismo anaeróbico e acidose láctica. Para compreensão adequada da fisiopatologia do choque e dos fundamentos de seu tratamento é essencial que se conheça o conceito de transporte de oxigênio. 79 CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE O choque é classificado segundo a etiologia em hipovolêmico, cardiogênico, distributivo, obstrutivo e séptico. Entretanto, esta classificação representa uma simplificação, porque as etiologias frequentemente se sobrepõem. CHOQUE HIPOVOLÊMICO Caracteriza-se por volume intravascular inadequado relativo ao espaço vascular. A hipovolemia é a principal causa de choque em crianças, resultante de desidratação, hemorragia e perdas para o terceiro espaço, decorrentes do aumento da permeabilidade capilar (p.ex., sepse, queimaduras). A hipovolemia relativa ocorre em situações de vasodilatação sistêmica com aumento da capacidade vascular, como sepse e anafilaxia. Os sinais clínicos do choque hipovolêmico são: • Taquicardia, pressão arterial normal (choque compensado) ou diminuída (choque descompensado); • Diminuição da pressão de pulso; • Pulsos finos. • Tempo de enchimento capilar prolongado (> 2 segundos); • Pele fria, pálida ou marmórea; • Diaforese; • Alteração do estado mental; • Oligúria. • Dor de cabeça constante, que pode ir piorando; 80 • Cansaço excessivo e tontura; • Náuseas e vômitos; • Pele muito pálida e fria; • Confusão; • Dedos e lábios azulados; • Sensação de desmaio. CHOQUE CARDIOGÊNICO Resulta de disfunção miocárdica. As causas incluem as cardiomiopatias, os distúrbios do ritmo, as cardiopatias congênitas e as lesões traumáticas do coração. Ocorre na incapacidade de o coração bombear um volume de sangue suficiente para atender às necessidades metabólicas dos tecidos. (FIOCRUZ, 2003, p. 47) O choque cardiogênico se caracteriza por baixo débito cardíaco e alta resistênciavascular sistêmica. A diminuição do débito cardíaco leva à liberação de mediadores neurohumorais, que resulta em aumento da resistência vascular sistêmica e da pós-carga do ventrículo esquerdo. Desta forma, os mecanismos compensatórios do choque cardiogênico podem ter efeitos deletérios, porque o aumento da pós-carga do ventrículo esquerdo pode deteriorar ainda mais a função miocárdica. 81 O reconhecimento do choque cardiogênico se inicia pela história cuidadosa. Relatos típicos incluem: ✓ aumento do esforço respiratório; ✓ dificuldades de alimentação; ✓ dispneia às mamadas; ✓ sudorese excessiva ✓ baixo ganho pôndero-estatural; ✓ infecções respiratórias frequentes (em crianças com cardiopatias congênitas com hiperfluxo pulmonar). Ao exame físico, pode-se observar: ✓ taquicardia; 82 ✓ ritmo de galope; ✓ taquipneia; ✓ extremidades frias; ✓ pulsos finos; ✓ cianose; ✓ diaforese; ✓ estertores crepitantes; ✓ sibilos (pelo edema pulmonar - "asma cardíaca"); ✓ hepatomegalia ✓ estase jugular (em crianças maiores); ✓ edema periférico (manifestação tardia de insuficiência cardíaca em crianças). Em recém-nascidos, as obstruções congênitas da via de saída do ventrículo esquerdo se manifestam por choque cardiogênico nas duas primeiras semanas de vida, por ocasião do fechamento do canal arterial. Em crianças com coarctação de aorta grave ou interrupção do arco aórtico, além dos sinais de choque, observa-se diferencial importante de pressão arterial e de intensidade dos pulsos entre os membros superiores e os inferiores (pressão arterial mais baixa nos membros inferiores que nos membros superiores e diminuição da amplitude ou ausência dos pulsos femorais). Como os mecanismos compensatórios do choque cardiogênico podem deteriorar ainda mais a função miocárdica, a fase compensada do choque cardiogênico pode não ser observada; geralmente, o paciente apresenta-se hipotenso. 83 CHOQUE DISTRIBUTIVO Caracteriza-se pela distribuição inadequada de sangue aos tecidos que resulta em má perfusão tecidual, geralmente secundária a alterações do tônus vasomotor. As causas de choque distributivo incluem: ✓ anafilaxia; ✓ anestesia espinhal ou epidural; ✓ secção de medula; ✓ disfunção grave do cérebro e do tronco cerebral; ✓ uso inapropriado de vasodilatador. No choque anafilático, há vasodilatação sistêmica, aumento da permeabilidade capilar com hipovolemia relativa e vasoconstricção pulmonar. Os sinais e sintomas incluem: ✓ agitação; ✓ náuseas e vômitos; ✓ urticária; ✓ angioedema; ✓ desconforto respiratório com estridor ou sibilos; ✓ hipotensão; ✓ taquicardia. No choque neurogênico, a perda da inervação simpática da musculatura lisa da parede vascular resulta em vasodilatação. O paciente apresenta: 84 ✓ hipotensão com alargamento da pressão de pulso; ✓ sem taquicardia compensatória, porque a inervação simpática do coração também está comprometida. CHOQUE OBSTRUTIVO Caracteriza-se por débito cardíaco adequado na vigência de volume intravascular e função miocárdica normais em decorrência de obstrução mecânica à entrada e/ou saída de sangue do coração. As causas de choque obstrutivo são pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco e embolia pulmonar maciça. SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SRIS), SEPSE E CHOQUE SÉPTICO A SRIS caracteriza a resposta inflamatória independente da causa. É definida pela presença de duas ou mais das seguintes condições, uma das quais deve ser alteração da temperatura ou da contagem de leucócitos: • Febre ou hipotermia • Taquicardia • Taquipneia • Hemograma com leucocitose, leucopenia ou desvio à esquerda. Sepse é a SRIS na presença de infecção (suspeita ou confirmada). Choque séptico é definido pela sepse associada a alterações da perfusão sistêmica: ✓ Alteração do nível de consciência (irritabilidade, sonolência), ✓ oligúria (diurese < 1mL/kg/h ou < 12 mL/ m2/h) ✓ acidose láctica. 85 O choque séptico pode ser hipodinâmico ou frio (com baixo débito cardíaco), caracterizado por extremidades frias, tempo de enchimento capilar > 2 segundos e diminuição da pressão de pulso, ou hiperdinâmico ou quente (com alto débito cardíaco e baixa resistência vascular sistêmica), caracterizado por extremidades quentes, avermelhadas e alargamento da pressão de pulso. RESUMO: Hipovolêmico: Redução do volume circulante em decorrência de hemorragia, perda de fluídos, diarreia, entre outros. Ocorre a redução da pré- carga e, consequentemente, da Pressão Venosa Central (PVC) e da Pressão Capilar Pulmonar em Cunha (PCPC). Distributivo: Vasodilatação ou má distribuição do fluxo regional, como na sepse ou anafilaxia. Cardiogênico: Falha de contratilidade, como ocorre em miocardites ou cardiopatias congênitas. 86 Obstrutivo: Redução do débito cardíaco secundário a um inadequado enchimento ventricular. Dissociativo: Diminuição da capacidade de liberação de O2 para os tecidos. Séptico: Hipotensão persistente induzida pela sepse apesar de ressuscitação fluídica. CONSIDERAÇÕES FINAIS Podendo ser aplicado com todos os profissionais de saúde dos estabelecimentos de saúde devido à temática ser relevante não somente aos técnicos de enfermagem. A adesão as melhores práticas de atuação profissional pode ser a alternativa para aprimorar a qualidade dos serviços de saúde, em especial da Enfermagem. A importância de manter atualizar os conhecimentos O Sistema Único de Saúde (SUS) é um sistema em constante estruturação e consolidação que não se reduz apenas ao tratamento da doença como foco do modelo, a prevenção de doenças e a promoção de saúde, bem como a reabilitação. Isto implica em muitos desafios pela defesa da vida e garantia da saúde a todos os usuários. Neste contexto de construção do SUS observam-se grandes e várias questões, mas também necessitam de mudanças e aperfeiçoamentos (NASCIMENTO et al, 2011). A pediatria é a área da saúde dedicada à assistência a criança, adolescentes e pré-adolescentes, até 11 anos, 11 meses e 29 dias. Triagem é o primeiro contato dos profissionais com o paciente, é onde se inicia o acolhimento mostrando disponibilidade e passando confiança. A triagem pediátrica para Fernandes (2010) é o contato inicial com a criança e com os pais, é importante explicar para eles que a prioridade do atendimento é por gravidade e não por ordem de chegada, e que a cor atribuída não significa necessariamente ter de ficar o tempo de espera máximo referente a essa cor, que são: vermelha, amarela, verde e azul, determinadas pelo Protocolo de Manchester. 87 Em 2004 com início do Programa Nacional de Humanização (PNH) o HUMANIZA-SUS, trouxe em suas diretrizes uma estratégia de modificação do processo de trabalho em saúde utilizando as ferramentas do acolhimento e da avaliação com classificação de risco (BRASIL, 2004). O acolhimento é uma ação tecno-assistencial que prevê a mudança na relação entre os profissionais e os usuários, através de parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade. Acolher é buscar, atender de forma holística a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas mais adequadas aos usuários (MERHY, 2008). A classificação de risco é um instrumento que, além de organizar a fila de espera e proporcionar uma ordem de atendimento que não a ordem de chegada, tem também outros objetivos importantes, como: garantir o atendimento imediato do usuário com grau de risco elevado; informar o paciente que não corre risco imediato, assim como a seus familiares, sobre o tempo provável de espera; promover o trabalho em equipe por meio da avaliação contínua do processo;dar melhores condições de trabalho para os profissionais pela discussão da ambiência e implantação do cuidado horizontalizado; aumentar a satisfação dos usuários e, principalmente, possibilitar e instigar a pactuação e a construção de redes internas e externas de atendimento. (NASCIMENTO et al, 2011). O processo de trabalho de enfermagem no setor de emergência pediátrica tem como base ideológica a premissa de salvar vidas; a humanização através da conversa, e do explicar o procedimento a criança e ao acompanhante. O enfermeiro tem papel primordial na assistência a saúde da criança, devendo reconhecer os sinais e sintomas, apresentados, ou seja, aferir sinais vitais e anotar o que o usuário refere. Todo o processo de acolhimento com classificação de risco deve ser registrado, possibilitando a avaliação da resolutividade, da qualidade do serviço e da caracterização da demanda. A equipe de enfermagem deve exercer algumas habilidades importantes, para realizar um bom acolhimento com classificação de risco, como: comunicação, boa interação com os profissionais da unidade, com os usuários 88 e família, paciência, compreensão, habilidade organizacional, agilidade, julgamento crítico, ética e solidariedade. O processo de cuidar em pediatria, pela sua especificidade, determina que o enfermeiro desenvolva as suas capacidades para responder com competência à singularidade do ato de cuidar a criança em parceria com os pais. Podemos dizer que na parceria é enfatizada a importância dos pais para o desenvolvimento integral da criança, mas para o desenvolvimento do próprio cuidado também. É valorizada a parentalidade no processo de cuidar. 89 REFERÊNCIAS PIVA, Jefferson P.; LAGO, Patrícia M.; GARCIA, Pedro Celiny R.. Emergência pediátrica no Brasil: a consolidação da área de atuação para o pediatra. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre , v. 93, supl. 1, p. 68-74, 2017 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021- 75572017000700068&lng=en&nrm=iso>.access on 02 Sept. 2020. http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2017.07.005. TACSI, Yolanda Rufina Condorimay; VENDRUSCOLO, Dulce Maria Silva. A assistência de enfermagem em serviço de emergência pediátrica. Rev. Latino-Am. 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