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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃOHISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
UNIDADE 1 – CONCEITOS DE EDUCAÇÃO E HISTÓRIAUNIDADE 1 – CONCEITOS DE EDUCAÇÃO E HISTÓRIA
Autor(a): Jair Rodrigues da SilvaAutor(a): Jair Rodrigues da Silva
Revisor(a): Maria da Conceição Fernandes de FrançaRevisor(a): Maria da Conceição Fernandes de França
INICIAR
1.1 Conceitos de educação e história e a importância de estudar a história da
Educação para a ação dos futuros educadores
Nessa primeira seção, vamos abordar os conceitos de educação e, posteriormente, de história. Conceituar esses
termos têm grande significado para a formação de educadores e educadoras.
Abordaremos, em seguida, a importância do estudo da história da educação, sendo esse nosso objetivo maior em
toda a disciplina: realizar a reflexão sobre como os processos históricos influenciam nos modos como concebemos a
educação.
Acreditamos que é por meio da consciência crítica, tanto do que é educação, quanto do que é história e,
principalmente, sobre a importância de estudar a história da educação, que futuros docentes podem exercer sua
prática em sala de aula de modo efetivo.
1.1.1 Conceituando educação
Quais os significados para o termo educação ? A palavra permite diversas interpretações e significados a depender
do contexto em que se utiliza. De modo geral, educação se refere ao ensino . Seja esse desenvolvido em instâncias
formais ou não formais. De fato, é regra geral o entendimento que educação não se restringe apenas à escola.
Esse conceito de educação, que não é restrito à escola, é o que vamos discutir na seção. Pensando nas sociedades
pré-históricas, ou seja, nas sociedades tribais, não havia uma organização de escola tal como conhecemos
atualmente e nem parecida.
Todavia podemos dizer seguramente que a educação era presente no cotidiano dessas sociedades. Isso porque as
pessoas passavam o conhecimento sobre a vida como modo de sobrevivência. O conhecimento era passado a partir
das interações familiares e em comunidade. Os mais novos aprendiam lições importantes para sua própria
sobrevivência. Lições referentes aos alimentos, perigos etc. Sendo assim, a educação era exercida como atividade
fundamental para a manutenção da vida.
Nesse contexto, não havia um lugar privilegiado para a atividade de ensino-aprendizado, assim, podemos entender
Introdução
Caro(a) estudante,
Nesta unidade, vamos conhecer e debater os conceitos de educação e história. Nosso objetivo maior nesta primeira
unidade será o de refletir sobre a história da educação.
Como futuros educadores, é de fundamental importância conhecermos os principais processos históricos que fizeram
a educação ser constituída como vemos hoje. Portanto vamos abordar períodos históricos da evolução educacional
e, ao longo da disciplina, nos deteremos na história da educação brasileira.
Inicialmente, é necessário que nos identifiquemos como seres históricos que somos. Isso porque produzimos e
vivenciamos história durante nossa ação de ser e estar no mundo. Somos sujeitos históricos à medida que nos
relacionamos em sociedade e dela participamos.
Conhecer a história da educação é uma importante etapa de formação dos professores. É necessário ter consciência
crítica dos processos evolutivos e dos diferentes momentos históricos da educação, o que sem dúvidas nos conduziu
aos sistemas de ensino e os modos de conceber as atividades de ensino-aprendizagem como conhecemos e
praticamos na atualidade.
Bons estudos!
que se tratava de uma educação não formal, como ainda é comum nos dias de hoje. Ainda sobre sociedades tribais,
Aranha (2006) disse:
Estamos tão acostumados com a escola que às vezes nos parece estranho o fato de que essa
instituição não existiu sempre, em todas as sociedades. Nos demais capítulos, veremos as
condições do aparecimento da escola, as transformações ao longo do tempo, e também a
relação indissolúvel entre ela e o modo pelo qual os indivíduos interagem para produzir a sua
existência (ARANHA, 2006, p. 32).
É possível entender que, de modo geral, as sociedades primitivas não possuíam um Estado, sem correr risco de cair
no etnocentrismo, que é o risco de julgar uma sociedade tendo como referência a cultura, como menciona Aranha
(2006). Dizemos que as sociedades antigas não tinham necessidade de instituições como bancos, hospitais, escolas
etc. Diante dessa perspectiva, essas sociedades não se ressentiam da falta dessas instituições, incluindo a escola.
Quando se tratava da educação das crianças, o modo de ensino era por meio do exemplo, da atividade prática. Em
um ambiente assim, não havia um ente especial destinado à tarefa de ensinar. Aranha (2006) ressalta que:
Nas comunidades tribais as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos nas
atividades diárias e nos rituais. Tanto nas tribos nômades como naquelas que já se
sedentarizaram, para se ocupar com a caça, a pesca, o pastoreio ou a agricultura, as crianças
aprendem “para a vida e por meio da vida”, sem que ninguém esteja especialmente destinado
para a tarefa de ensinar (ARANHA, 2006, p. 35).
Entretanto, como foi dito, não é por isso que a relação de ensino e aprendizado deixava de existir no cotidiano
dessas comunidades. A educação estava presente como uma atividade permanente. Como uma ação de se
constituir um sujeito histórico e de produzir história. Essas sociedades eram prioritariamente orais, mas, ainda assim,
deixaram registradas ao longo de séculos seus conhecimentos. Seus registros eram feitos por meio da pintura
rupestre, pintadas em cavernas que, ainda hoje, preservam suas marcas, conforme exemplo da Figura 1.
Figura 1 – Pintura rupestre: Curva de las manos, Argentina. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/10/2020.
#PraCegoVer : Fotografia da pintura rupestre “Cueva de las manos”, feita há
aproximadamente 9.000 anos por indígenas locais, na atual Argentina. A parede, na qual as
figuras foram pintadas, é pedregosa e da cor bege. Uma cena de caça está representada. Na
parte superior há, em preto, formas de animais galopando, provavelmente guanacos, caça
comum na época. Em meio aos guanacos, há figuras em amarelo, designando os membros da
tribo coordenando a caça. Abaixo dos sete animais correndo em bando, há um desenho na
cor vermelha, três círculos (um dentro do outro), designando uma ferramenta de caça. Do
lado direito à ferramenta, há a marca de uma mão, também em vermelho. Em volta dessa mão,
marcas de respingos em tinta vermelha.
Como atestado de sua atividade, inclusive educacional, as pinturas rupestres mostram a relação do homem
“primitivo” com a natureza e seus costumes em suas comunidades, a Figura 1 remonta aparentemente à caça (as
aspas indicam que pelo fato de ser de uma sociedade da Pré-história, não necessariamente é classificada como
primitivo, em um sentido pejorativo da palavra), conforme destaca Aranha (2006).
No Brasil, é possível encontrar sítios arqueológicos com pinturas rupestres em diversos Estados. Essas pinturas
testemunham a ação da sociedade pré-histórica e são também um registro de ação educativa, mesmo antes de sua
descoberta.
Educação pode ser compreendida como um ato indissociável da experiência humana. Desse modo, o conceito de
educação se torna perene, pois, de modo geral, estamos sempre aprendendo e ensinando algo, e isso, não se dá de
modo isolado.
O educador Paulo Freire (1921-1997) defendeu que aprendemos e ensinamos mediatizados pela experiência
humana. Em suas palavras, “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si,
mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 1987, p. 79).
VOCÊ QUER LER?
Recomendamos a leitura dos livros Pedagogia da autonomia e Pedagogia do oprimido , de Paulo Freire.
Trata-se de livros de grande importância para a formação de educadores, trazendo um conteúdo histórico da
pedagogia brasileira. Em especial, Pedagogia da autonomia se trata de um “manual” da prática docente, ou
seja, é um livro sobre o ato de ensinar e suas exigências a todo educador e educadora consciente da
importância da ética e do compromisso com a relação ensino-aprendizagem.No pensamento de Freire (1996), a educação existe à medida em que agimos e nos relacionamos. Como também
aprendemos por meio dos conhecimentos científicos adquiridos pela humanidade ao longo de toda a história. Assim,
a educação se converte em um ato essencial e comum a todos os povos em diferentes épocas.
Desde que a família e a sociedade se constituíram, a educação é parte indissociável de sua cultura. Muitas vezes
funciona como um ato informal de construção de conhecimento, como em um exemplo de coisas que nossos
familiares nos ensinaram. Como Bittar (2009) afirma:
Desde que os homens passaram a viver em sociedade a educação esteve presente, ou seja,
todos os agrupamentos humanos, em qualquer nível de seu desenvolvimento, praticaram e
praticam a educação, primeiramente, no ambiente familiar. Foi assim que aconteceu nas
sociedades da Antiguidade, que existiram milênios antes do nascimento de Jesus. Dessa
forma, educação não é o mesmo que escola. Esta última é uma invenção da humanidade no
seu processo histórico para difundir conhecimento de forma sistematizada (BITTAR, 2009, p.
17).
O conceito essencial de educação permanece o mesmo desde a Antiguidade. Ou seja, a palavra educação está
intimamente ligada à ação de aprender e ensinar. Mas, ao longo do tempo, essa concepção ganhou novas
interpretações e significados. É presumível que essa evolução aconteça, haja vista que o mundo em suas relações
evoluiu. No tocante de nosso objeto de estudo, a história da educação, igualmente evoluiu.
Para nossos dias, qual o significado de educação? Atualmente, a educação, para algumas pessoas, não se separa
mais de escola. Outros veem nela um dever, uma obrigatoriedade. Veremos, nas próximas unidades, que a
educação, no Brasil, era um privilégio de poucos. Mas, e hoje, qual a concepção de educação?
VOCÊ QUER VER?
O Documentário – Caminhos da educação , apresentado pela TV Justiça, inicia com uma grande provocação
a todos os profissionais da educação; comparando a escola a uma linha de montagem que não admite
“atrasos” e é regulada pelo tempo. Caminhos da educação é uma fonte de inspiração para os futuros
docentes e sobre a escola que temos na atualidade e a que queremos para as futuras gerações.
Na Pré-história, como vimos, a educação era para a vida e sobre a vida, de modo que tinha como primazia conduzir
o sujeito à autonomia, para que pudesse sobreviver no ambiente hostil em que as pessoas viviam. Outro viés de
autonomia está em Pedagogia da Autonomia , do educador Paulo Freire. Nessa obra, Freire defende que aquele que
ensina, também, aprende ao ensinar, pois a educação é um ato dialógico .
Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina ensina
alguma coisa a alguém. Por isso é que, do ponto de vista gramatical, o verbo ensinar é um
verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto direto – alguma coisa – e um objeto
indireto – a alguém (FREIRE, 1996, p. 23).
Resumidamente, pode-se dizer que a educação é um ato inerente à ação humana, e sempre existiu, desde as
primeiras sociedades. É claro que o conceito de educação foi ganhando diferentes interpretações e, também, porque
não dizer, evoluções ao longo da história. E você, o que pensa? Concorda com as definições até aqui?
1.1.2 Conceituando história
Seguindo em nossa disciplina, passamos agora ao objetivo de conceituar o termo história, para tanto, iniciamos com
uma citação do educador Paulo Freire, na qual o autor nos fala sobre a experiência de estarmos no mundo como
sujeitos históricos.
O fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me põe numa posição em
face do mundo que não é de quem nada tem a ver com ele. Afinal, minha presença no mundo
não é a de quem se adapta mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não
ser apenas objeto, mas sujeito também da História (FREIRE, 1996, p. 54).
Esse conceito de sermos sujeitos históricos é defendido por diferentes pesquisadores. Entre eles, Aranha (2006)
aborda nossa ação de estar no mundo enquanto seres produtores de história.
Somos seres históricos, já que nossas ações e pensamentos mudam no tempo, à medida que
enfrentamos os problemas não só da vida pessoal, como também da experiência coletiva. É
assim que produzimos a nós mesmos e a cultura a que pertencemos. Cada geração assimila a
herança cultural dos antepassados e estabelece projetos de mudança (ARANHA, 2006, p. 6).
Pensar a história significa refletir sobre nossa própria existência. Significa também problematizar sobre o futuro, de
modo a ter referências para não perpetuar discursos e injustiças históricas. Como nos casos dos povos indígenas e
africanos, por exemplo.
Ao estudar o percurso histórico da humanidade, podemos ressignificar um olhar de cuidado para a manutenção das
tradições e cultura de um povo e de seus territórios. Essa é uma ação de estar no mundo pertinente à ação dos
educadores e educadoras.
Olhar para a história é desvendar nossos olhos para compreender o passado, problematizar o presente e planejar o
futuro. Sobretudo quando nosso objeto de estudo é a história da Educação, tema que merece destaque na tarefa de
formação de professores(as).
Afinal, o que é história?
Segundo o artigo de Lee (2011), história é:
A História diz respeito ao estudo do passado e não do futuro. Mas algum conhecimento sobre
o passado nos dá um alcance (mesmo que ligeiro) sobre o futuro. Esse alcance não é
fortalecido pela tentativa de fazer da história uma fonte pseudocientífica de predições: ela
somente tem alguma coisa distinta a oferecer quando nos reportamos a ela (LEE, 2011, p. 37).
Nas palavras de Lee (2011), história remete ao passado, entretanto, com vistas ao futuro. Um futuro que se quer
consciente, a partir das referências do passado. Daí a sua importância como atividade essencial para as sociedades.
O estudo da história se faz elementar no ato educativo.
Todavia, história sem educação inexiste, pois a primazia da história é nos ensinar com a experiência, com o saber
acumulado pela ação humana.
Desse modo, conclui-se que educação e história não se separam. Ao contrário, é pela ação da primeira e a
consciência da segunda que se constrói o fazer docente. Por isso, temos a necessidade tão fortemente de, na
formação de docentes, comungar a história da educação.
1.1.3 A importância de estudar história da educação
Como visto, estudar a história da educação consiste em uma tarefa essencial para educadores e educadoras. Uma
ação de considerar os aspectos históricos durante seu fazer docente. Isso porque, ao se ministrar sobre a
colonização do Brasil, pode-se referir erroneamente aos africanos traficados, muitas vezes de modo ingênuo,
utilizando-se o termo escravos para nomeá-los; ao passo que o condizente seria utilizar o termo escravizados. Essa
diferença pode parecer tênue, mas está carregada de sentidos.
Figura 2 – Escultura representando a libertação de escravos. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/10/2020.
#PraCegoVer : Fotografia de uma escultura sobre a libertação dos escravos. Sob um céu azul
sem nuvens, há uma mulher negra com um turbante laranja, posicionada à altura do peitoral
de um homem, observando-o. Ele também é negro, possui cabelos curtos e cacheados, e está
com os braços erguidos ao céu, segurando duas correntes quebradas, como se houvesse
acabado de arrebentá-las com as forças dos braços.
As pessoas que foram trazidas, pelo uso da força, ao Brasil não eram escravos em sua origem. O fato de serem
submetidas ao trabalho escravo é uma condição imposta a esses seres humanos. Portanto, estavam escravizados,
mas não foram escravos por opção.
Outro exemplo é atribuir aos indígenas um rótulo de pessoas primitivas e sem cultura. Ou, por falta de conhecimento,
aceitar o argumento que as mulheres de épocas passadas preferiam todas estar à margem do estudo, como na
época em que as escolas eram somente para homens.
O que queremos enfatizar é que o educador tem a incumbência de conhecer a história. Ainda que não seja um
historiador por natureza,seu discurso e suas ações devem conter uma prática, nas palavras de Freire (1996),
inacabada. E, por conseguinte, imbuída de curiosidade, de ética, de inteligência, de luta contra os descaminhos.
Naturalmente, o que de maneira permanente me ajudou a manter esta certeza foi a
compreensão da História como possibilidade e não como determinismo, de que decorre
necessariamente a importância do papel da subjetividade na História, a capacidade de
comparar, de analisar, de avaliar, de decidir, de romper e por isso tudo, a importância da ética
e da política (FREIRE, 1996, p. 145).
Por fim, concluindo nosso estudo sobre a importância de se estudar a história da educação, deixamos como reflexão
final a contribuição de Aranha (2006), a respeito dessa necessidade primária para a formação docente:
Da mesma maneira, com a história da educação construímos interpretações sobre as
maneiras pelas quais os povos transmitem sua cultura e criam as instituições escolares e as
teorias que as orientam. Por isso, é indispensável que o educador consciente e crítico seja
capaz de compreender sua atuação nos aspectos de continuidade e de ruptura em relação
aos seus antecessores, a fim de agir de maneira intencional e não meramente intuitiva e ao
acaso (ARANHA, 2006, p. 07).
Chegamos ao fim da primeira seção de nossa disciplina. Esperamos que os conceitos discutidos aqui tenham sido
significativos para você e sua prática, ou ainda, prática futura como docente. Seguramente, os assuntos discutidos
aqui têm notória importância para a formação de educadores e educadoras.
Reflita: você concorda com os conceitos que abordamos? Quais suas opiniões?
Teste seus conhecimentos
Atividade não pontuada.
1.2 A educação na Pré-história e a educação na Antiguidade
Chegamos à segunda seção da disciplina e a partir de agora, conscientes da importância do estudo da história da
educação para a formação de educadores e educadoras, podemos olhar para a história munidos da consciência
inquietante sobre como os fatores históricos vão influenciar nossos discursos e práticas na educação. Em especial,
queremos destacar que foi nas comunidades da Pré-história que a educação em seu estado primeiro floresceu: o de
aprender junto ao outro.
1.2.1 Educação na Pré-história
Como vimos anteriormente, o ato de educar sempre fez parte dos agrupamentos humanos como uma atividade
elementar de manutenção da vida e da autonomia dos entes de um grupo.
Vale ressaltar que as sociedades tribais da Pré-história possuíam diferentes modos de organização social, de viver e
agir sobre a natureza. Não podemos generalizar todas as diversas sociedades tribais agindo e intervindo na natureza
de igual modo. Todavia, é consenso que o modo místico e divino como viam as forças da natureza é uma marca que
predominavam em diferentes povos antigos.
O modo como se relacionavam em comunidade e as formas de conceber a educação era coletiva e homogênea, não
havia supremacia.
A organização social das tribos baseia-se em uma estrutura que mantêm homogêneas as
relações, sem a dominação de um segmento sobre o outro. Mesmo que a divisão de tarefas
leve as pessoas a exercerem funções diferentes, o trabalho e o seu produto são sempre
coletivos. Também as atividades das mulheres adquirem um caráter social, por não se
restringirem ao mundo doméstico (ARANHA, 2006, p. 35).
O ensino prático dos mais jovens abrangia a formação para a vida. Era uma formação integral para o indivíduo
exercer sua autonomia na comunidade. Geralmente, esse conhecimento não tinha imposição e o tempo de
assimilação de cada indivíduo poderia ser respeitado. Isso porque não havia um sistema que regulava o tempo e
impunha condições.
O conhecimento era passado de geração a geração de modo prático e oral, pois ainda não havia a escrita. A relação
mítica com a natureza imprimia especial relação do homem com os elementos da natureza. Nesse contexto,
podemos destacar os ritos de passagem, da infância para a vida adulta para citar um exemplo.
Outros ritos que podemos destacar se relacionam ao nascimento e a morte. O conhecimento e aprendizado dos
diferentes ritos obedeciam sempre à própria vivência. Portanto, todo o conhecimento era, além de útil para a vida em
sociedade, significativo, pois para aprender era necessária uma experiência real por parte do indivíduo com seu
objeto de conhecimento.
Podemos supor que, nesse sistema de ensino, não havia uma teoria dos conhecimentos. Não havia o ensinamento
teórico e sistematizado sobre a técnica de pescar, por exemplo. Semelhantemente, todos os indivíduos tinham
acesso aos diversos conhecimentos disponíveis na sociedade. O que trazia oferta de conhecimento e de
oportunidade para todos.
Outro fator especial é que os entes daquela sociedade faziam diversos afazeres para o bem comum do grupo. Nesse
contexto, era necessário aprender diversas atividades. Era comum ter mais de um “mestre” que ensinava o ofício ao
“aprendiz”. Para aprender era necessário, podemos crer, vivenciar a partir do ponto de vista de cada “mestre”, que
era necessariamente um parceiro mais experiente daquela cultura.
Ainda não havia um ente destinado ao ofício de ensinar. Como já dito, os indivíduos daquela sociedade faziam
diversas atividades. Esse tipo de organização nos remete à cultura indígena brasileira, o que nos leva a crer que a
relação de ensino e aprendizagem já existia, no Brasil, muito antes da colonização.
Como vimos, uma forma de registro era a pintura rupestre nas paredes das cavernas. Essas pinturas remetiam aos
afazeres daquela comunidade e seu registro servia como modo de ensinamento, não só aos mais jovens, mas
possivelmente para outras gerações, perpetuando, assim, a cultura daquele povo.
1.3 Educação na Antiguidade
Com a criação da escrita, os modos de ensinar sofrem grandes mudanças. Nessa parte da história da humanidade a
vida nas sociedades tribais começa a dar espaço a organizações maiores, pois as cidades começam a surgir e, com
isso, há maiores necessidades de controle das atividades, conforme define Aranha (2006). É possível depreender
que o modo de passar o conhecimento também mudou.
A escrita surge como uma necessidade da administração dos negócios, à medida que as
atividades se tornam mais complexas. As transformações técnicas e o aparecimento das
cidades e decorrência da produção excedente e da comercialização alteraram as relações
humanas e o modo de sua sociabilidade. Com o tempo, enquanto nas tribos a organização
social era homogênea, indivisa, foram criadas hierarquias devido a privilégios de classes, e
no trabalho apareceram formas de servidão e escravismo; as terras de uso comum passaram
a ser administradas pelo Estado, instituição criada para legitimar o novo regime de
propriedade; a mulher, que na tribo desempenhava destacado papel social, ficou restrita ao
lar, submetida a rigoroso controle da fidelidade, a fim de se garantir a herança apenas para os
filhos legítimos (ARANHA, 2006, p. 35).
Se antes o conhecimento era disponível a todos, agora, os interesses se sobrepõem ao bem comum, defendido nas
antigas sociedades tribais. Ainda de acordo com Aranha (2006), a educação passou a atender interesses de parcelas
menores das sociedades e relações de poder se estabelecem.
É o início do surgimento das classes sociais e dos papéis definidos nas novas cidades. Já não é mais possível que
as mulheres tenham autonomia no meio social, ao contrário disso, fica-lhe outorgado o papel doméstico e de
procriação. Desse modo, percebemos que a educação passa a ser para poucos.
Nesse momento, surgiu a escravidão e o direito de posse de terras, animais etc. Portanto, o conhecimento
necessário para manter esses bens, já não poderia ser ensinado a todos os entes da comunidade. Foi preciso criar
modos de perpetuar as posses e a hegemonia, e o conhecimento era o modo de manutenção dessas elites que
surgiam. A educação começou a ser restrita e excludente.
Finalmente o saber, antes aberto a todos, tornou-se patrimônio e privilégio da classe
dominante. Nessemomento surgiu a necessidade da escola, para que apenas alguns
iniciados tivessem acesso ao conhecimento. Se analisarmos atentamente a história da
educação, veremos como a escola, ao elitizar o saber, tem desempenhado um papel de
exclusão da maioria (ARANHA, 2006, p. 35).
Esse modelo de educação, excludente e de manutenção dos privilégios passou a se assemelhar com os sistemas
educacionais que conhecemos atualmente. O que evidencia que a história da educação é marcada por
desigualdades e injustiças sociais ao longo de sua trajetória. Essas transformações marcaram de modo contundente
o processo de ensino.
Em todo esse tempo, não vimos ainda aparecer a instituição escolar. Vamos nos deter ainda na época da
Antiguidade e falar sobre as sociedades grega e romana. Para tanto vamos recorrer à obra de Bittar (2009, p. 16):
As primeiras notícias que temos sobre a escola nos mostram que só tinham direito a
frequentá-la os filhos das classes sociais privilegiadas. Foi assim no Egito, cuja supremacia
foi reconhecida pelos gregos, educadores dos romanos, e pelas posteriores manifestações
cristãs. As duas culturas – greco-romana e cristã – incorporaram elementos do Oriente
Próximo, reconhecendo nos egípcios a origem da cultura, da sabedoria, da instrução.
Vemos em Bittar (2009) que a escola nasceu com o objetivo de manutenção de interesses das classes sociais
privilegiadas, e era destinada a passar sabedoria e conhecimento para que, quem o detivesse pudesse controlar a
vida nas sociedades. Vimos aqui que a escola surgiu em virtude do interesse das classes superiores e que
procuravam, assim, a hegemonia.
Bittar (2009) nos mostra que foi assim desde os egípcios, passando pela cultura greco-romana até a educação de
influência cristã que, no Brasil, foi a precursora das primeiras escolas nos tempos da colonização brasileira por
Portugal, tendo seu início em 1530.
Nas sociedades gregas predominavam a separação de educação por classes sociais, em especial aquela destinada
às classes dominantes com o objetivo de manutenção do poder de controlar a sociedade.
Antes de tudo, predominava a separação dos processos educativos segundo as classes
sociais, porém, menos rígidos e com tendência à democracia. Também nessa sociedade de
base escravista, encontraremos um modelo educativo para a classe dominante com o
objetivo de formá-la para as tarefas de poder. Em contrapartida, para os trabalhadores,
nenhuma escola, só o treinamento para o trabalho (BITTAR, 2009, p. 17).
Guardadas as devidas proporções, seriam essas as bases que deram origem aos sistemas educacionais
contemporâneos que temos, ou seja, ofertar uma educação apenas elementar e técnica para os trabalhadores e o
ensino superior para as classes sociais mais privilegiadas. Olhando para esse sistema educacional greco-romano, e
de outras épocas futuras, é impossível não remeter à nossa contemporaneidade.
É importante notar como o nosso presente educacional é a soma das atividades educacionais de épocas passadas.
Como produto dessa soma, o que podemos herdar são práticas cristalizadas na oferta de educação. Práticas
cristalizadas que deram suporte para dois tipos de ensino: o destinado ao povo e o destinado à elite.
Devemos, em nossa análise, não cometer generalizações e pressupor que todos os sistemas educacionais do
passado e os nossos sistemas educacionais claramente privilegiam às classes sociais tidas como superiores. Essa
ação incorreria em uma análise apenas superficial do percurso histórico da educação.
Uma questão de destaque que fazemos na história da educação se dá na educação familiar. Quando não havia a
instituição escolar, havia a instituição familiar. Desde a pré-história as famílias se encarregavam de ensinar aos filhos
o aprendizado necessário para a sobrevivência e autonomia na sociedade e no ambiente hostil a que eram
submetidos. Mais tarde, quando havia a sociedade dividida em classes, as famílias mais abastadas contratavam
mestres para ensinar seus filhos, isso desde os egípcios e gregos.
As famílias que não tinham condições, na maioria dos casos, educavam seus filhos para que seguissem seus ofícios
e, assim, a ordem de classes estabelecida se mantinha. É claro que, não podemos generalizar, indicando que toda a
história da educação ocorreu desse modo.
Ao logo do tempo, nas sociedades gregas da Antiguidade, a escrita passou a ser mais acessível, permitindo que
fosse difundida não apenas ao serviço reservado dos escribas.
1.3.1 Educação na Antiguidade oriental
Avançando ao longo da história da educação, vamos falar sobre a educação no Oriente e conhecer importantes
aspectos históricos dessas culturais. Acontece que, com o avanço das sociedades tribais e o surgimento das
primeiras cidades às margens de grandes rios, as sociedades chamadas fluviais se desenvolveram. Conforme a
pesquisa de Aranha (2006, p. 46):
Há cerca de 5 mil anos teve início o que podemos chamar de civilização nas regiões banhadas
por rios. Por isso, os historiadores a conheceram como civilizações fluviais (ou sociedades
hidráulicas), uma vez que, nessas planícies incrustadas nos desertos, a terra se tornava fértil
e o curso d’água favorecia o intercâmbio de mercadores. Assim surgiram a Mesopotâmia (às
margens dos rios Tigre e Eufrates), o Egito (“uma dádiva do Nilo”), a Índia (rios Indo e
Ganges) e a China (rios Yangtsé e Hoang-Ho).
Cronologia das primeiras civilizações (datas aproximadas)
» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto
Esse cenário natural era propício para que houvesse desenvolvimento social e econômico, e junto a esse cenário, os
modos de educação também se desenvolveram. O que essas diferentes culturas tinham em comum era a forma de
governo teocrático. Isso é, atribuíam, fosse ao imperador ou ao rei, um poder de divindade, como se fossem filhos de
grandes divindades e, por isso, detinham o poder absoluto.
Esse aspecto histórico-cultural tinha grande influência sobre a sociedade. Já passada a era das tribos, em que tudo
era de todos, agora prevalecia a criação de um Estado e suas formas de controle sobre o povo e a criação de
classes desde os escravos até a realeza. O Estado, por meio de poder teocrático da “divindade” controlava os meios
de produção e as regras de convivência social.
É claro que nessa ordem social, a educação passou a ser restrita e os papéis sociais passaram a ser definidos com
maior clareza. Nesse momento, surgiu uma classe privilegiada que estava entre a “divindade” e o povo. Tratava-se
de dirigentes, administradores desses Estados, uma classe que detinha altos privilégios e gozava de grande
importância nas sociedades. Eram esses, segundo Aranha (2006), sacerdotes, funcionários dos governos e escribas.
Paralelo ao surgimento dos Estados nesses países do Oriente, estava uma criação humana que mudaria os rumos
da educação e da história, a invenção da escrita . Inicialmente ligada às figuras, a criação da linguagem escrita com
o tempo evoluiu da representação por imagens para a representação dos sons emitidos por meio da fala.
Costuma-se chamar de pictográfica a escrita que representa figuras, enquanto em um nível
maior de abstração, a escrita ideográfica representa objetos e ideias. Escritas como os
hieróglifos egípcios, os caracteres cuneiformes da Mesopotâmia e os ideogramas chineses
são ideográficas, ainda quando passaram por etapas anteriores de registro pictográfico, mais
presas à imagem. Já as escritas fonéticas decompõem as palavras em unidades sonoras:
neste caso, libertados da figura, do objeto e da ideia, os sinais diminuem drasticamente de
quantidade para registrar apenas os sons em infinitas composições possíveis. A escrita
fonética ainda pode ser silábica (um sinal para a sílaba) ou alfabética (um sinal para cada
letra) (ARANHA, 2006, p. 49).
A escrita era um importante fator de controle das produções dos Estados e também um modo de elitização, pois nem
todos podiam aprender o ofício de escriba. Portanto, o acesso à aprendizagem da escrita era uma atividade muito
bem-vista nas sociedadese, como vimos, restrita. Todavia, a evolução do sistema de escrita pelos fenícios
possibilitou a ampliação de acesso a esse universo, até então, muito restrito.
A escrita, no entanto, difundiu-se muito mais no segundo milênio, por volta de 1500 a.C. (data
incerta), quando os fenícios inventaram a escrita fonética alfabética, ou a aperfeiçoaram, não
se sabe bem. O termo alfabeto, inicialmente formado pelas primeiras letras fenícias aleph e
bet, é composto das letras gregas alpha (α) e beta (β). Os 22 sinais permitem as mais
diferentes combinações, tornando bem mais práticos o uso e a aprendizagem da escrita
(ARANHA, 2006, p. 51).
Com a avanço do acesso à escrita, o conhecimento pode ser mais difundido através dos séculos, até que, com o
passar do tempo, pudesse chegar para mais pessoas e perdesse seu aspecto “divino”.
Os fenícios destacaram-se como exímios navegadores e excelentes negociantes, e a invenção
do alfabeto facilitava enormemente os registros das transações comerciais. A simplificação
da escrita contribuiu para que ela deixasse de ser monopólio de uma minoria e perdesse aos
poucos o caráter sagrado (ARANHA, 2006, p. 51).
 Egito Mesopotâmia China Índia Israel
Esse conhecimento chegou aos gregos, que o difundiram ainda mais, de modo que séculos a frente, chegasse até
nós. Isso dada a grandiosa influência da cultura grega para a formação da nossa língua portuguesa e outras línguas
de origem latina, como o italiano, para citar apenas um exemplo.
É importante compreender que a divisão em classes, após a criação dos Estados, criou hierarquias rígidas e relegou
privilégios às classes superiores e exclusão de conhecimentos e de direitos aos pobres e aos escravizados. De modo
que o conhecimento, ainda que com a criação e o avanço da escrita, era para poucos. Os privilégios dessa época
deixaram claro que o desenvolvimento da educação esteve associado fortemente à exclusão.
O conhecimento restrito é uma marca histórica que caminhou desde a criação das sociedades orientais e ocidentais
e que persiste até os dias atuais. Compreender esses fatos históricos, é sem dúvidas, uma parte importante para a
formação inicial e continuada de professores e professoras.
Ainda falando das sociedades orientais e do processo privilegiado de acesso ao conhecimento, vejamos mais
características desse período, ainda citando Aranha (2006), cuja pesquisa dá base ao nosso estudo.
Em decorrência, estabeleceu-se uma diferenciação entre os destinados aos estudos do
sagrado e da administração e aqueles voltados ao adestramento para os diversos ofícios
especializados. Teve início, então, o dualismo escolar, que destina um tipo de ensino para o
povo e outro para os filhos dos nobres e de altos funcionários. A grande massa era excluída
da escola e submetida à educação familiar informal (ARANHA, 2006, p. 52).
O caminhar evolutivo da educação trilha o acesso ao conhecimento como forma de ascensão e status social, mas
ainda exclusivo. Não havia escola para o povo. O conhecimento para todos sempre foi uma marca a ser conquistada,
desde as mais antigas civilizações.
A princípio o conhecimento da escrita era bastante restrito, devido ao seu caráter sagrado e
esotérico. Com o tempo, aumentou o número dos que procuravam instrução, embora apenas
os filhos dos privilegiados conseguissem atingir os graus superiores (ARANHA, 2006, p. 52).
A partir do surgimento das primeiras civilizações orientais é que vemos a evolução da história da educação. Para
tanto, vamos falar brevemente sobre essas culturas históricas.
» China
A cultura chinesa se mostra, ainda nos dias atuais, com traços fortemente tradicionais. Na China antiga, o saber
pertencia aos mandarins que, segundo Aranha (2006), tinham a confiança direta do imperador e, assim, eram os que
cuidavam das atribuições do Estado que regia a sociedade com regras rígidas.
A história da China revela uma das mais tradicionalistas culturas mantidas sem grandes
mudanças mesmo até tempos recentes. É inevitável que a educação também reproduzisse
esse caráter conservador, voltado para a transmissão da sabedoria contida nos livros
clássicos, ainda que burilada por interpretações posteriores de outros sábios (ARANHA, 2006,
p. 59).
Da cultura chinesa antiga, destacam-se os sábios Lao Tsé e Confúcio, ambos do século VI a.C., cuja influência gerou
forte impacto na cultura chinesa. Como nas outras culturas, o ensino também era voltado para as classes superiores
e ao povo era dado o saber manual do aprendizado das oficinas.
A educação elementar visava ao ensino do cálculo e à alfabetização, muito difícil e demorada
devido ao caráter complexo da escrita chinesa. A formação moral baseava-se na transmissão
dos valores dos ancestrais. Tudo era feito de maneira rigorosa e dogmática, com ênfase nas
técnicas de memorização (ARANHA, 2006, p. 60).
» Egito
Possivelmente a mais antiga das sociedades do oriente, a cultura egípcia se desenvolveu às margens do rio Nilo.
Sua cultura mística, ainda hoje, guarda segredos não desvendados, apesar do descobrimento de novos sarcófagos e
objetos históricos.
A Figura 3 mostra a riqueza de detalhes das obras pertencentes à cultura egípcia.
Figura 3 – Hieróglifos do Egito antigo com faraó e Ankh. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/10/2020.
#PraCegoVer : Fotografia de um hieróglifo egípcio. A parede em que os símbolos estão
esculpidos é alaranjada. Em primeiro plano estão quatro figuras. No canto esquerdo, trajado
em roupas típicas da civilização egípcia, está um servo, com as duas mãos estendidas ao
faraó. No centro da imagem, o faraó observa o servo, enquanto segura a Ankh, a cruz egípcia,
(símbolo da vida eterna). Ao lado direito do faraó está Osíris, o deus dos mortos, com as
mãos em frente ao próprio peito, segurando um cajado e um açoite. Por último, do lado direito
de Osíris, está o deus Hórus, que tem cabeça de falcão e corpo de ser humano, empunhando
um cajado na mão esquerda. Atrás das quatro figuras, em segundo plano, há 15 repartições
verticais esculpidas na parede. Cada repartição, de cima para baixo, dispõe hieróglifos
diversos.
O conhecimento gerado na cultura egípcia antiga impressiona devido ao seu alto grau de elevação. Os egípcios
conheciam as áreas de medicina e astrologia, sem falar do conhecimento arquitetônico, levando em conta a
construção das pirâmides, que permitia o grande desenvolvimento de sua cultura. Segundo Aranha (2006), o
conhecimento era voltado para o desenvolvimento de questões práticas da sociedade.
Apesar do forte teor religioso da cultura egípcia, as informações eram muito práticas, como o
cálculo da ração das tropas em campanha, o número de tijolos necessários para uma
construção e complicados problemas de geometria destinados à agrimensura. Extensas listas
de plantas e animais indicavam significativo conhecimento de botânica, zoologia, mineralogia
e geografia (ARANHA, 2006, p. 53).
A cultura egípcia já preconizava o surgimento de escolas, mas não como conhecemos hoje. A figura do mestre
ensinava poucos alunos, mais uma vez acentuando que a educação era para os mais privilegiados da cultura, em
templos e casas. Não havia ainda o prédio escolar, mas já se admitia uma relação de ensino-aprendizado entre
professor e alunos.
As escolas eram frequentadas por pouco mais de vinte alunos cada uma, segundo as raras
informações de que dispomos. Apesar de já se perceber a institucionalização das escolas,
elas não funcionavam em prédios especialmente construídos para essa função, mas sim nos
templos e em algumas casas. Os mestres sentavam-se em uma esteira e os alunos ao redor
dele, muitas vezes ao ar livre, “sob uma figueira”, como atesta a rica iconografia egípcia. Os
textos eram aprendidos mediante a repetição mnemônica, isto é, pela leitura em voz alta, em
conjunto, para facilitar a memorização. O ensino autoritário tinha por finalidade curvar o aluno
à obediência (ARANHA, 2006, p. 53).
» Índia
A cultura indiana possui características que permanecem até os dias atuais. Nascidapor volta de 2000 a.C., às
margens dos rios sagrados Indo e Ganges, a cultura hindu influencia não só a sociedade indiana, mas também
outras culturas mundo afora.
Um fator preponderante na cultura da Índia se dá pela hierarquização da sociedade por meio de castas, de modo que
a segregação imposta pela mesma é severa e não permite que o conhecimento seja para todos.
Se nas civilizações orientais as divisões de classe foram marcantes, na Índia estabeleceram
extrema discriminação. A população era dividida em castas fechadas: os brâmanes
(sacerdotes), os xátrias (guerreiros e magistrados), os vaicias (agricultores e mercadores), os
sudras (artesãos) e os párias (servos dedicados aos serviços considerados mais humildes).
Devido à crença de que todos saíram do corpo do deus Brahman, os brâmanes eram
considerados mais importantes por terem sido gerados da cabeça do deus. No outro extremo,
os párias, por nem sequer terem origem divina, não pertenciam a nenhuma casta e por isso
eram intocáveis e reduzidos a uma condição miserável. Segundo tão rígida hierarquia, que
predeterminava as condições de casamentos e a escolha de profissões, a educação também
era discriminadora, privilegiando os brâmanes. Encaminhados por mestres, eles aprendiam
os textos sagrados dos Vedas e dos Upanishads (ARANHA, 2006, p. 57-58).
Nessa cultura havia a figura do mestre e da escola, não como conhecemos, mas, de modo geral, somente as castas
superiores tinham acesso aos estudos superiores. A hierarquização não permitia aos grupos inferiores terem acesso
nem mesmo à educação elementar. O budismo (criado por Sidarta Gautama, conhecido como Buda, que significa “o
iluminado”), que tem como destaque a relação mestre e discípulo, exerce grande influência em toda a cultura
indiana, e, também, como dito, em diferentes países.
» Mesopotâmia
A civilização da Mesopotâmia surgiu por volta do final do quarto milênio a.C., à beira dos rios Tigre e Eufrates. Pouco
se sabe sobre os modos de transmissão de educação, provavelmente, segundo Aranha (2006), de início o ensino se
dava na instituição familiar. Sua cultura também, à semelhança dos egípcios, era bem desenvolvida para a época.
Eles tinham conhecimentos medicinais, calendários lunares, astronômicos e dispunham de bibliotecas e ferramentas
forjadas a partir do bronze. A influência mística tinha forte aspecto em sua cultura.
Mais tarde, houve a criação de escolas públicas para impor a cultura dos assírios, que haviam dominado a Babilônia.
O sacerdócio, assim como no Egito, exercia forte influência cultural. De acordo Aranha (2006), houve a criação de
ricas bibliotecas e de centros de ensino superior.
Também proliferaram ricas bibliotecas no interior dos templos, em que os “livros” eram
tabuletas ou cilindros gravados com caracteres cuneiformes e versavam sobre os mais
diversos assuntos.
À semelhança do Egito, destacava-se a cultura da poderosa classe sacerdotal, depositária do
saber e encarregada da educação. A escola formava os escribas, incumbidos de ler e copiar
os textos religiosos usando a difícil escrita. Por isso, o aprendizado era longo, minucioso e
voltado para a preservação dessa cultura milenar. Os escribas tinham a função de registrar
inclusive as transações comerciais, e foi desse modo que ficamos sabendo da intensa
atividade comercial internacional dos mesopotâmios (ARANHA, 2006, p. 55-56).
1.3.2 Educação na Antiguidade ocidental
Falamos agora sobre duas grandes civilizações que em muito influenciaram a formação da nossa cultura brasileira.
Isso porque a Grécia é denominada como o berço da cultura ocidental, bem como a civilização de Roma e a grande
expansão de seu império. Contribuições, sobretudo, na formação de nossa língua portuguesa a partir da língua
latina, difundida por meio da cultura greco-romana. Vale dizer que nos deteremos em alguns aspectos da rica história
dessas grandes civilizações ocidentais, dada a complexidade de detalhes e extensão das mesmas.
» Grécia
Conhecida como berço da cultura ocidental, a Grécia tem extensa e complexa história. Apesar de ser formada por
diversas cidades-estado, todas tinham uma mesma religião e língua, portanto, estava, de certo modo, unificada. A
Grécia teve diferentes períodos históricos, sendo que:
Os gregos se distinguiam dos demais povos, denominando sua terra de Hellás, ou Hélade, a
si mesmos de helenos e aos outros, pejorativamente, de bárbaros. Só mais tarde essa região
recebeu a designação latina de Graii, de que derivou Graecia (que se lê Grécia).Vejamos como
se constituiu esse povo de marcante influência na civilização ocidental até os tempos
presentes (ARANHA, 2006, p. 73-74).
Periodização da história da Grécia antiga
» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto
Fonte: ARANHA, 2006, p. 74. (Adaptado).
Como visto, a história da Grécia é complexa e com diferentes períodos históricos. Entretanto, é importante destacar a
criação das pólis . No relato histórico, a criação das pólis se deu no final do período arcaico, sendo que:
No final do período arcaico, várias lutas denunciavam a crise social e política que resultou do
conflito entre a aristocracia rural e os setores populares representados pelos comerciantes
em ascensão. As leis escritas, decorrentes das reformas do legislador Sólon, favoreceram o
acesso dos ricos comerciantes ao poder, e no final do século VI a.C. as reformas de Clístenes
deram condições para o nascimento, no século seguinte, de uma nova ordem política, a
democracia (ARANHA, 2006, p. 77).
Ao que Aranha (2006) completa:
A pólis se constituiu com a autonomia da palavra. Não mais a palavra mágica dos mitos,
concedida pelos deuses, mas a palavra humana do conflito, da argumentação. A expressão da
individualidade por meio do debate engendrou a política, libertando o indivíduo dos desígnios
divinos, para que ele próprio pudesse tecer seu destino na praça pública. A instauração dessa
ordem humana deu origem ao cidadão da pólis (ARANHA, 2006, p. 78).
No contexto da pólis, surgiu a criação do conceito de paideia , que remete à formação integral do ser humano, um
termo da cultura grega que não encontra tradução por ser muito amplo e carregado de significados.
A ênfase dada à formação integral deu origem a um conceito de complexa definição, ou seja,
à paideia, palavra que teria sido cunhada por volta do século V a.C., mas que exprimia um
ideal de formação constante no mundo grego. De início significava apenas educação dos
meninos (pais, paidós, “criança”). Com o tempo adquiriu nuanças que a tornaram
intraduzível. O helenista Werner Jaeger, que escreveu uma obra com esse nome (Paideia), diz:
“Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização, cultura, tradição,
 Civilização micênica Tempos homéricos Período arcaico
 
Período clássico Período helenístico
literatura ou educação; nenhuma delas, porém, coincide realmente com o que os gregos
entendiam por paideia (ARANHA, 2006, p. 82-83).
Ainda assim, a paideia, apesar de ter como ideal a formação integral do ser humano, não se restringia aos escravos
e, tampouco, aos que tinham essa formação integral se ocupavam de tarefas relegadas aos escravos. De acordo
com Aranha (2006), somente mais tarde, no Iluminismo, por volta do século XVIII, é que houve uma tentativa de
educação universal para todos.
É importante ressaltar que a Grécia foi o berço de grandes filósofos, conforme apresentado a seguir.
Filosofia grega
» Clique nas setas ou arraste para visualizar o conteúdo
» Roma
Com as conquistas e expansão do Império Romano, a cultura greco-romana se expandiu aos continentes da Europa,
África, Ásia e Oriente Médio e levou consigo a influência da língua latina, para citar um exemplo dos impactos que se
fazem notórios até os dias de hoje. Relatar a história do Império Romano dentro de nossa disciplina, assim como da
cultura grega é uma tarefa difícil, dada a complexidade de ambas. Por esse motivo, vamos nos deter nos aspectos
educacionais.
Cronologia do Império Romano
» Clique nasabas para saber mais sobre o assunto
O aspecto relativo à educação, que destacamos do Império Romano, é relativo à sua característica de expansão e
dominação de outras culturas. Entretanto quando da dominação da Grécia, Roma incorporou muito da rica cultura
grega, chegando à fusão das culturas, gerando a cultura greco-romana. Um aspecto de fusão cultural se deu com a
língua latina (própria dos romanos), mas que não foi imposta aos gregos e sim incorporada à cultura, gerando mais
tarde, como já dissemos, uma fusão entre ambas as culturas. Sobretudo, destacamos como característica da cultura
romana a humanitas , sendo que:
A cultura universalizada pode ser expressa na palavra humanitas — no sentido literal de
humanidade e, mais propriamente, de educação, cultura do espírito —, algo equivalente à
paideia grega. Distingue-se desta, no entanto, por se tratar de uma cultura
predominantemente humanística e sobretudo cosmopolita e universal, buscando aquilo que
caracteriza o ser humano, em todos os tempos e lugares. Essa concepção, muito valorizada
por Cícero, não se restringia ao ideal do sábio, muitas vezes inalcançável, mas se estendia à
formação do indivíduo virtuoso, como ser moral, político e literário (ARANHA, 2006, p.132).
A característica geral da pedagogia romana era de formar o cidadão racional, capaz de participar de sua sociedade,
de pensar e se expressar racionalmente. De acordo com Aranha (2006), Roma era uma sociedade que ainda
mantinha o trabalho escravo e os mestres trabalhavam para formar o cidadão romano. Seu trabalho tinha o objetivo
de formação intelectual das elites dominantes.
As culturas grega e romana são complexas e apresentam ricos detalhes que colaboraram para moldar a história da
humanidade, desse modo, fica claro que o assunto não se esgota aqui. Todavia, o estudo sobre essas civilizações
antigas agregam e embasam os conhecimentos necessários para o exercício da educação.
Teste seus conhecimentos
Atividade não pontuada.
1.4 A educação na Idade Média
O processo histórico da Idade Média tem cerca de mil anos, desde a queda do Império Romano até a tomada da
Constantinopla. Assim como nos demais períodos históricos que estudamos, não será possível passar uma visão
República (de 509 a 27 a.C.) Império (de 27 a.C. a 476 d.C.)
Os primeiros filósofos surgiram nas colônias gregas da Jônia e na Magna Grécia. Ao iniciar o
processo de separação entre a filosofia e o pensamento mítico, ocupavam-se com questões
cosmológicas sobre os elementos constitutivos de todas as coisas.
SOCRÁTICOS OU CLÁSSICOS (SÉCULOS V E IV A.C.)
Desse período, fazem parte o próprio Sócrates, seu discípulo Platão e, posteriormente, o discípulo
deste, Aristóteles e, também, os sofistas são dessa época.
PÓS-SOCRÁTICOS (SÉCULOS III E II A.C.)
Após a morte do imperador Alexandre, teve início o helenismo e surgiram as correntes filosóficas do
estoicismo e do epicurismo.
ampla e detalhada dos acontecimentos em tão longa história. Portanto, nos deteremos aos principais processos
educacionais ocorridos na época.
Acontecimentos históricos da Idade Média
» Clique nas setas ou arraste para visualizar o conteúdo
Uma característica fundamental desse tempo é a implementação do regime dos senhores feudais e o crescimento do
cristianismo como religião oficial dos territórios romanos.
A transição da Antiguidade para a Idade Média se deu com a implantação do sistema feudal e
produção e com a consolidação do cristianismo com uma nova visão de mundo. Esse
processo foi longo e, resumidamente, teve os seguintes passos: 1- desde a morte de Jesus,
acontecimento que que se convencionou datar de século I d. C., as suas ideias e pregações,
especialmente por meio do apóstolo Paulo, se expandiram por todo o território do Império
Romano, vindo a se constituir no cristianismo, que se tornou religião oficial do mundo
romano em 391; 2- devido às sucessivas crises políticas, econômicas (escravismo) e sociais
(cristianismo), em 395 ocorrerá a divisão do Império em Ocidente e Oriente, e em 476 d.C. será
deposto o último imperador do Ocidente [...] (BITTAR, 2009, p. 25).
Com a nova visão de um Deus único, onipotente e onisciente, grandes mudanças são estabelecidas gradualmente,
como a substituição da paideia grega pela educação cristã. Com vistas a formar o cristão para esse novo mundo, a
educação perdeu seu ideal de formação do cidadão e passou a ser ministrada pela Igreja Católica, por meio de seus
padres. Segundo Bittar (2009), a Igreja Católica detinha todo o poder diante de uma sociedade quase toda
analfabeta, era a Igreja quem determinava o que podia ou não ser lido.
Com a ideia da paideia de Cristo superando a grega, a educação passou a ter um caráter judaico-cristão e, de modo
geral, o objetivo de uma escola para a elite é suprimido em razão de uma escola que contemplasse também as
camadas populares da sociedade, mas isso em tese, pois muitos padres também eram analfabetos. Nesse contexto,
novas ideias passam a vigorar na história da educação. Se a Igreja tencionava estender educação para as camadas
populares em escolas católicas, que escolas eram essas e quem as frequentava?
Ora, numa sociedade que vivia uma transição do escravismo para o feudalismo e na qual a
vida urbana declinava em favor de atividades no campo (produção feudal), eram muito poucas
as cidades, e o empobrecimento cultural enorme. Assim, dois tipos de “escola” foram
predominantes: 1) nos centros urbanos, as catedrais, onde se ensinava o alfabeto e nas quais
as crianças de classes sociais populares, antes segregadas, passavam a aprender o alfabeto;
2) nos mosteiros (cenóbios), longe da vida urbana, e nos quais viviam reclusas as ordens
religiosas, praticava-se a formação para os próprios quadros da igreja. Nesta última
modalidade de educação, era frequente que as crianças de origem humilde, escravas de
ultramar, fossem resgatadas pelos mosteiros, além daquelas que lhes eram oferecidas pelos
pais (chamadas oblatos). Em ambos os casos, a educação tinha caráter de aculturação, isto é,
o seu objetivo era formar o cristão (BITTAR, 2009, p. 26-27).
Vale aqui fazermos um recorte para refletirmos sobre o termo aculturação . O processo de aculturação, em linhas
gerais, consiste em “civilizar” os nativos e torná-los cristãos. Processo pelo qual os índios passaram na ocasião da
colonização do Brasil e que deu início ao longo período de catequização realizado pelos padres jesuítas.
Nesse recorte, o termo aculturação remete ao processo de imposição da cultura cristã em detrimento da cultura de
origem da pessoa. Com o objetivo de “livrar a pessoa de sua ignorância para conhecer a verdade”. Esse processo
consistiu em uma das marcas do ensino de origem cristã. Voltando à escola da Idade Média, o objetivo maior era o
de formar o cristão. Para tanto a escola cristã utilizava métodos que iam da memorização constante ao castigo para
os que não cumpriam as regras.
OCIDENTE E IMPÉRIO DO ORIENTE
395 (ainda, na Antiguidade).
IDADE MÉDIA
De 476 (queda do Império Romano do Ocidente) a 1453 (tomada de Constantinopla pelos turcos).IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE
(OU IMPÉRIO BIZANTINO)
De 395 a 1453.
EXPANSÃO ISLÂMICA
Iniciada no século VII; na Europa, o último reduto islâmico, em Granada (Espanha), foi
reconquistado pelos cristãos, em 1492.
Importante salientar que, na Idade Média, foram criadas as universidades, e eram nessas instituições que se obtinha
a licença para docência, o que pode ser considerado uma semelhança com o curso de Pedagogia atual.
As universidades, a princípio, eram simplesmente encontros entre as duas partes
interessadas no conhecimento, uma corporação de estudantes e mestres funcionando no
interior das catedrais; portanto, houve uma continuidade entre escolas episcopais (nas
catedrais) e universidades, que também nasceram sob o poder da igreja católica. Era ela
quem concedia, com exame prévio de títulos de estudos, a autorização para ensinar (licença
docente) (BITTAR, 2009, p. 28).
No contexto histórico da Idade Média, é importanteregistrar o aparecimento da classe burguesa. Se antes havia a
Igreja Católica e de outro lado os senhores feudais, com o avanço da história e o surgimento de cidades livres, os
burgueses buscavam seus interesses e entre eles estava o de uma educação livre do julgo da Igreja. Em decorrência
desse processo, foram criadas escolas livres, nas quais se buscava o ensino de habilidades práticas para esse novo
mundo que se iniciava.
Influenciadas pelo comércio que se expandia, as novas escolas procuravam atender interesses da vida prática e
social. Nessas escolas, o ensino do latim foi substituído pela língua local e a aprendizagem deixou de ser
exclusivamente religiosa. Essas eram as escolas seculares, as “escolas do mundo”. Não havia um lugar específico
para essas escolas, que podiam ser na casa dos mestres, nas esquinas ou em salas alugadas para esse fim.
O princípio geral dessas escolas era o de formar para os ofícios, uma vez que o comércio e suas atividades estavam
em ascensão. Como podemos observar em Aranha (2006), o ensino ganhava um contorno inédito, a formação
específica para o serviço.
Nas cidades, os servos libertos se ocupavam com diversos ofícios: alfaiate, ferreiro, boticário,
sapateiro, tecelão, marceneiro etc. Com o incremento do comércio, expandiram-se algumas
das atividades que antes estavam reduzidas ao necessário para o consumo da própria
comunidade. As técnicas foram aperfeiçoadas, sobretudo quando as Cruzadas
proporcionaram maior contato com o Oriente. Mais exigente, a sociedade medieval começava
a se interessar pelo luxo e pelo conforto.
Organizaram-se então ascorporações de ofício (ou grêmios), segundo as quais nada podia ser
produzidosem regulamentação rigorosa. Na cidade, essas corporações determinavam,
paracada profissão, o material a ser usado, o processo de fabricação, o preço doproduto, o
horário de trabalho e as condições de aprendizagem (ARANHA, 2006, p.168-169).
É importante dizer que a educação da Igreja Católica e as que denominamos como escolas voltadas para os ofícios
coexistiam, ou seja, uma não anulou a outra, mas novos tempos e novas exigências surgiram com novos objetivos
educacionais e sociais. Nesse sentido, as universidades também se desenvolviam e ganhavam características
voltadas para o fazer social, que influenciava os objetivos burgueses com cursos nas áreas de medicina, filosofia,
teologia e das leis. Nessas universidades, havia a necessidade de provas para adquirir o título de licenciado,
bacharel e doutor.
Sobre as instituições de ensino superior, Aranha (2006) apresenta um breve histórico:
A universidade mais antiga de que se tem notícia talvez seja a de Salerno, na Itália, que
oferecia o curso de medicina, desde o século X. No final do século XI (em 1088) foram criadas
a Universidade de Bolonha, na Itália, especializada em direito, e, no século seguinte, a de
teologia, em Paris. Na Inglaterra destacam-se a de Cambridge e a de Oxford, com
predominante interesse pelos estudos científicos como matemática, física astronomia. Outras
foram criadas em Montpellier, Salamanca, Roma e Nápoles. Nos territórios germânicos, as
universidades de Praga, Viena, Heidelberg e Colônia só apareceram no final do século XIV. Ao
longo da Idade Média foram fundadas mais de oitenta na Europa Ocidental (ARANHA, 2006, p.
172).
Como vimos, a educação sofreu mudanças importantes no período da Idade Média, desde as escolas cristãs até o
surgimento das escolas não religiosas e das universidades que ganharam grande destaque no cenário social.
Muito bem, vamos encerrando a primeira unidade de nossa disciplina. Você concorda que a educação avançou
desde a pré-história? Quais são suas opiniões? Ainda é certo que muito temos que avançar até os dias atuais. No
contexto que descrevemos até aqui, o Brasil nem havia sido “descoberto”, mas vamos chegar lá!
Síntese
Nesta unidade, conhecemos os conceitos de educação e história. Vimos que educação transcende a definição de
escola, pois aprender e ensinar faz parte da essência humana e já existia essa relação desde as comunidades pré-
históricas. Em história, compreendemos que ela nos ensina a entender o presente e olhar para o futuro considerando
a herança cultural da humanidade e, desse modo, conscientes de nossas ações, possamos continuar a praticar as
tradições de nossos antepassados ou romper com as mesmas. Vimos também a importância de se estudar a história
da educação para a formação de novos educadores(as). Além disso, conhecemos o caminho evolutivo da educação
durante os períodos históricos, compreendido desde a Pré-história até o Império Romano, os modos como as
escolas foram concebidas e as relações de interesse que foram aos poucos forjando os processos educacionais.
SAIBA MAIS
Título: Escritos de Marilena Chaui | O que é cultura?
Postado por: Grupo Autêntica
Ano: 2018
Comentário: Nessa palestra, a filósofa Marilena Chauí nos dá uma aula sobre a definição de cultura.
Esse conceito de cultura, se junta aos conceitos de educação e história, discutidos nesta unidade.
Onde encontrar? Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-YQcFNoiDMw >.
Título: Cultura é o quê?
Autora: Daniele Canedo
Ano: 2009
Comentário: Nesse artigo científico, a pesquisadora Canedo aborda os conceitos e definições de
cultura.
Onde encontrar? Disponível em: < http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf >.
Título: Por que é importante estudar História da Educação?
Postado por: Nova Escola
Ano: 2013
Comentário: Entrevista com o educador emérito Demerval Saviani que aborda o conceito-chave da
nossa disciplina, ou seja, a importância da história da educação.
Onde encontrar? Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=qxXk9ZWrXTc >.
Referências bibliográficas
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DOCUMENTÁRIO - Caminhos da educação . Postado por TV Justiça Oficial. (28min. 17s.). son. color. port.
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ESCRITOS de Marilena Chaui | O que é cultura? Postado por Grupo Autêntica. (10min. 02s.). son. color. port.
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POR QUE é importante estudar História da Educação? Postado por Nova Escola. (3min. 13s.). son. color. port.
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=qxXk9ZWrXTc >. Acesso em: 30 out. 2020.
https://www.youtube.com/watch?v=-YQcFNoiDMw
http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=qxXk9ZWrXTc
http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=tsvDLtxMD5A
https://www.youtube.com/watch?v=-YQcFNoiDMw
https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/25834/17271
https://www.youtube.com/watch?v=qxXk9ZWrXTc

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