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Neuropsicologia Princípios de Avaliação Neuropsicológica Estudo e abordagem das diferentes funções cognitivas: memória PROF.ª DRA. RAQUEL LUIZA SANTOS DE CARVALHO raquel.carvalho@unigranrio.edu.br Lembrando... O que é Neuropsicologia? Quais seus objetivos? • Relações entre sistema nervoso central, funcionamento cognitivo e comportamento. • Interface com diversas áreas acadêmicas. • Principais objetivos no contexto clínico: auxiliar no diagnóstico diferencial de quadros neurológicos e neuropsiquiátricos; investigar a natureza e o grau de alterações cognitivas e comportamentais; monitorar a evolução de quadros neurológicos e psiquiátricos, tratamentos clínicos medicamentosos e cirúrgicos; planejar e monitorar programas de reabilitação voltados para as alterações cognitivas, comportamentais e de vida diária dos pacientes. (MIOTTO, 2018) Lembrando... Importante! “(...) a avaliação neuropsicológica não se limita à mera aplicação e correção de testes cognitivos. Ela possibilita o raciocínio de hipóteses diagnósticas, identifica de maneira pormenorizada o tipo e a extensão da alteração cognitiva, discrimina as funções cognitivas preservadas e comprometidas, a presença de alteração comportamental e de humor, bem como o impacto que as mesmas têm em atividades de vida diária (AVDs), ocupacional, social e pessoal do indivíduo.” (MIOTTO, 2018) “ ” (MÄDER, 1996) Lembrando... Um breve histórico da Neuropsicologia: • Os papiros de Edwin Smith. • Hipótese cardíaca X Hipótese cerebral. • A escola localizacionista: pesquisas sobre a subdivisão e localização de centros específicos da linguagem. • Vygotsky e Luria: plasticidade; sistemas funcionais dinâmicos e perspectiva a partir da mente humana. • Avanço das técnicas de neuroimagem. (HAMDAM; PEREIRA, RIECHI, 2011; MIOTTO, 2018) A avaliação neuropsicológica Quais são as etapas da avaliação neuropsicológica? A entrevista clínica • Componente mais importante do exame neuropsicológico, fundamental para definição das hipóteses clínicas que serão testadas no exame neuropsicológico, melhor delineamento para essa testagem e fatores relevantes para o prognóstico do caso. • O tripé: observações coletadas ao longo do exame + correção/interpretação de instrumentos de avaliação objetiva e entrevista clínica. • A forma como as perguntas são realizadas, o direcionamento da entrevista e a profundidade com que cada tópico deve ser abordado variam em função da idade do entrevistado. • Modelo semiestruturado: conjunto predeterminado de perguntas e flexibilidade necessária para abordar outros tópicos ou questões que possam surgir durante o processo. (PAULA; COSTA, 2016) A entrevista clínica • História do quadro atual, alterações no plano cognitivo e comportamental, início, frequência e intensidade das alterações ou sintomas, bem como sobre o impacto nas atividades de vida diárias, ocupacional, educacional, social e pessoal. • Funcionamento pré-mórbido ou prévio: História clínica pregressa dos pacientes e familiares. Uso de substâncias. Grau de escolaridade, escola frequentada, nível cultural e social, ocupação prévia e atual. • Essas informações devem ser obtidas ou confirmadas por um familiar ou cuidador, principalmente em caso de pacientes com alterações de memória, linguagem, funcionamento intelectual, comportamento, possível doença degenerativa e em casos de crianças e adolescentes. • Antes do início da avaliação, saber se o paciente está sob uso de medicamento que pode interferir nos resultados dos testes, se apresenta fadiga, insônia, deficiências motoras ou sensoriais, colaboração reduzida e agitação. (MIOTTO, 2018) Existe um “modelo” para a entrevista clínica? Memória PROFA. RAQUEL L. S. DE CARVALHO RAQUEL.CARVALHO@UNIGRANRIO.EDU.BR Memória: definição • Função multifacetada (a memória não é unitária), mediada por processos que são conduzidos por circuitarias neurais diferentes. • Meio pelo qual você recorre às suas experiências passadas a fim de usar essas informações no presente. • Adquirir habilidades e hábitos (escrever, andar de bicicleta, pintar), reconhecer objetos e pessoas tomar decisões com base no passado, etc. Estágios da memória 1) Informação sensorial 2) Aquisição da Informação/ Decodificação ou “coding” 3) Armazenamento ou “storing” 4) Recuperação / Evocação ou “retrieval” Curto Prazo Longo Prazo (Baddeley,Wilson&Watts, 1995; Kuppert & Piercy, 1982; Mc Dowall, 1984; Posner & Petersen, 1990) Estágio inicial da memória. Decodificação pode ser intensificada pela fragmentação ou categorização da informação. Aquisição/Decodificação Problemas de memória secundários aos déficits de decodificação implicam na interrupção do entendimento, organização e categorização do material a ser lembrado. Transferência da memória transitória para uma forma ou local do cérebro para retenção permanente ou acesso. Pode ser interrompido por problemas no aprendizado. Armazenamento Procura ou ativação dos traços existentes de memória. Requer o monitoramento da precisão e da adequação da memória trazida do armazenamento. Ligada ao lobo frontal (formação, memória para ordem temporal e iniciação da recordação). Recordação Memória de Longo Prazo Memória Declarativa ou Explícita Memória Episódica Representa nossa capacidade de resgatar eventos do passado, considerando onde, quando e o que ocorreu. A memória episódica está relacionada ao sistema de resgate de informações vivenciadas pelo sujeito (eventos pessoais – casamento, formaturas, término de um relacionamento). É tudo que você lembra, associa-se a tempo ou lugar em particular. Memória semântica • Conhecimentos acerca do mundo, significado de palavras, conhecimentos gerais, nomes de lugares, acontecimentos sobre o mundo. • É tudo que você sabe, não há associação com eventos da sua vida, quando ou onde você aprendeu. Memória Não-Declarativa ou Implícita Capacidade de adquirir gradualmente uma habilidade perceptomotora ou cognitiva através da exposição repetida a uma atividade específica. Independe da consciência. Depende de sistemas diferentes daqueles envolvidos na memória declarativa (núcleos da base). Doença de Parkinson: déficits específicos em sua capacidade de aprender habilidades de procedimentos que não são explicadas pela perda de coordenação motora (envolvem os gânglios da base e circuitos associados). Amnésia Anterógrada ◦ Perda da capacidade de reter acontecimentos após a lesão ou doença Retrógrada ◦ Perda da capacidade de evocar informações antigas Global Transitória ◦ Dificuldade para recuperar informações anteriores ao evento (minutos ou horas) e posteriores. Indivíduo apresenta comportamento normal. Curso benigno. Lesões em diferentes estruturas cerebrais podem gerar direta ou indiretamente prejuízos de memória Uma das funções mais sensíveis à lesão cerebral Amnésia: perda parcial ou total da memória: ◦ Anterógrada (novas informações após a lesão) ◦ Retrógrada (informações anteriormente aprendidas) ◦ Específica ◦ Inespecífica ◦ Confabulação*:falsos traços de memória ◦ Amnésia Global Transitória Caso H.M. (BEAR et al., 2002) https://www.youtube.com/watch?v=W0TTQroCjoQ Paciente HM Amnésia retrógrada de aproximadamente 10 anos. Amnésia anterógrada profunda. Memória imediata e memória operacional normais. Completamente incapaz de criar novas memórias de longo prazo. • Aprendizado sobre diferenças entre memória declarativa e não-declarativa. • Memória declarativa (explícita) envolve resgate consciente de eventos e informações. HM perdeu esta capacidade. • Memória não-declarativa (procedimentos) compreende a capacidade de adquirir e desempenhar novos comportamentos. Estava preservada em HM. Memória de curto prazo Memória Operacional Segundo Baddley (1974) o modelo compreenderia e substituiria o conceito de memória de curto prazo. Baddley (1986): Sistema de capacidade limitada que permite retenção temporária e manipulação de informaçõesnecessárias para tarefas complexas, como por exemplo, compreensão, aprendizagem e raciocínio. “ Responsável pelo armazenamento de curto prazo e pela manipulação on-line da informação necessária para as funções cognitivas superiores, como linguagem, planejamento e solução de problemas” Cohen et al, 1997 “Raciocínio e compreensão são tarefas que dependem da memória operacional” A proposição de novos tipos de memória Memória Prospectiva Relacionada com o futuro. “Lembrar de lembrar”. Necessitamos prever. Região pré-frontal. Concluindo... https://www.youtube.com/watch?v=XpZlYp1-B5I Codificação Armazenamento Recuperação (busca ativa ou reconhecimento) Referências: Referências: Referências: Referências: Referências: